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Traduzido do original em Inglês

The Doctrine of Election

By A. W. Pink

A presente tradução consiste somente no Capítulo 11, Its Opposition, da obra supracitada

Via: PBMinistries.org

(Providence Baptist Ministries)

Tradução por Camila Almeida

Revisão e Capa por William Teixeira

1ª Edição: Dezembro de 2014

Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida

Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, com a devida permissão

do ministério Providence Baptist Ministries, sob a licença Creative Commons Attribution-

NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License.

Você está autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer formato,

desde que informe o autor, as fontes originais e o tradutor, e que também não altere o seu conteúdo

nem o utilize para quaisquer fins comerciais.

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As Oposições à Doutrina da Eleição

Por Arthur Walkington Pink

[Capítulo 11 do livro The Doctrine of Election • Editado]

Onde quer que a doutrina da eleição seja biblicamente apresentada reunir-se-ão contra ela

com oposição feroz e clamor amargo. Tem sido assim ao longo de todo o curso desta era

Cristã, e isto, entre todas as raças e classes de pessoas. Deixe as altas prerrogativas de

Deus serem estabelecidas, deixe a soberania de Sua graça ser proclamada, deixe ser dito

aos homens que eles nada mais são do que barro nas mãos do Oleiro Divino para serem

moldados em vasos de ira ou vasos de misericórdia, conforme bem parecer aos olhos de

Deus, e no mesmo instante há um tumulto e gritos de protesto. Deixe o pregador insistir

que a criatura caída não tem qualquer direito sobre o seu Criador, que ela está diante dEle

como um criminoso condenado, e não possui nenhum direito, exceto o de ser eternamente

condenado, e deixe-o declarar que todos os descendentes de Adão são tão absolutamente

depravados que suas mentes estão em “inimizade contra Deus” e, portanto, em um estado

de insubordinação desenfreada, que seus corações são tão corruptos que não têm desejo

pelas coisas espirituais, e que suas vontades estão tão completamente sob o domínio do

mal que eles não podem converterem-se ao Senhor, e tal pregador será denunciado como

um herege.

Mas isso não deve nem surpreender e nem ser estranho para o filho de Deus. À medida

que ele se torna mais familiarizado com as Escrituras, ele descobrirá que em cada geração

os fiéis servos de Deus têm sido odiados e perseguidos, alguns por proclamar uma parte

da verdade, e alguns por proclamarem a outra parte. Quando o sol brilha sobre um monturo,

um fedor odioso é a consequência; quando os seus raios caem sobre as águas estagnadas

de um pântano, os germes insalubres são multiplicados. Mas neste caso o sol deve ser

responsabilizado? Certamente que não. Assim, quando a espada do Espírito corta pela raiz

o orgulho humano e revela que o homem é um ser caído e sujo, e o reduz a uma criatura

impotente, colocando-o no pó como um mendigo miserável, e declara que ele é totalmente

dependente do beneplácito de distinção de um Deus soberano, então há uma tempestade

de oposição evocada, e um esforço resoluto é feito para silenciar tais ensino que são

fulminantes para a carne.

O método que é geralmente seguido por aqueles que rejeitam esta verdade é a deturpação.

A doutrina da eleição é tão grande e gloriosa que para que seja produzida qualquer

oposição contra ela deve ser por meio de sua perversão. Aqueles que a odeiam nem podem

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olhar para e nem falar dela como ela realmente merece. A eleição é tratada por eles como

se não incluísse uma designação para a fé e para a santidade, como se através desta não

fôssemos conformados à imagem de Cristo; sim, como se os eleitos de Deus pudessem

continuar a cometer todo tipo de maldade e ainda ir para o céu; e que quanto aos não-

eleitos, não importa quão virtuosos eles sejam, ou quão ardentemente eles desejem e lutem

por justiça, eles certamente perecerão. Inferências falsas são esboçadas, paródias grotes-

cas são exibidas e táticas inescrupulosas são empregadas para criar preconceitos.

É por tais esforços diabólicos que os inimigos de Deus procuram distorcer e destruir esta

bendita doutrina. Eles a mancham com lama, buscam sobrecarregá-la com as coisas odio-

sas, e apresentá-la ao olhar indignado de homens como algo a ser rejeitado e abominado.

Um monstro de iniquidade é assim criado e chamado de “eleição”, e, em seguida, é apre-

sentado ao mundo como algo a ser repudiado como maligno. Assim, as multidões foram

enganadas a respeito de uma das porções mais preciosas da verdade Divina, e, assim,

alguns do próprio povo de Deus têm sido extremamente perplexos e perseguidos. Que os

adversários confessos de Cristo insultem a doutrina ensinada por Ele e Seus apóstolos é

de se esperar; mas quando aqueles que professam ser Seus amigos e seguidores se jun-

tam e falam contra esta verdade, isto serve apenas para demonstrar a astúcia da antiga

serpente, o Diabo, que nunca está mais satisfeito do que quando ele pode persuadir

Cristãos nominais a fazerem seu trabalho vil para ele. Então, que o leitor não se deixe ser

abalado por tal oposição.

A grande maioria desses opositores têm pouca ou nenhuma compreensão real a respeito

daquilo contra o que eles se levantam. Eles são, em grande parte ignorantes do que as Es-

crituras ensinam sobre o mesmo, e são demasiado preguiçosos para fazer qualquer estudo

sério sobre o assunto. Seja qual for a atenção que eles empregam para isso é em grande

parte neutralizado pelo véu do preconceito que impede a sua visão. Entretanto, quando

essas pessoas examinam a doutrina com diligência suficiente para descobrir que ela

conduz somente à santidade — santidade de coração e de vida — então eles redobram

seus esforços para arruiná-la. Quando Cristãos professos se unem com os detratores da

doutrina da eleição, a caridade nos obriga a concluir que é por causa da incapacidade de

compreender adequadamente esta doutrina. Eles têm uma visão unilateral desta verdade,

eles a veem através das lentes distorcidas, eles a contemplam a partir do ângulo errado.

Eles não conseguem ver que a eleição teve origem no amor eterno, que é a escolha de

uma companhia para a salvação eterna, que de outra forma teríamos inevitavelmente

perecido, e que esta doutrina faz com que esta companhia seja um povo disposto,

obediente e santo.

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Não vamos agora tentar cobrir toda a gama de objeções que foram interpostas contra a

doutrina da eleição, mas nossa discussão seria incompleta se as ignorássemos completa-

mente. As ações da incredulidade são sempre infinitas em número. O filho de Deus precisa

estar ocupado com algo mais proveitoso. No entanto, sentimos que devemos pelo menos

considerar brevemente aquelas objeções que o inimigo supõe serem as mais poderosas e

formidáveis. Não que nosso objetivo seja tentar convencê-los de seus erros, mas, nosso

objetivo é tentar ajudar os companheiros de fé, que, porventura tenham sido abalados,

senão tropeçado nisso. Nosso negócio não é refutar o erro, mas (em Deus) estabelecer os

nossos leitores na verdade. Contudo, para fazer isso, às vezes é necessário expor os ardis

de Satanás, e mostrar quão desprovidos de fundamentos são as mais insidiosas de suas

mentiras, e procurar remover da mente do Cristão qualquer efeito prejudicial que estas

possam ter tido sobre ele.

Antes de iniciar esta tarefa indesejável permita-me salientar que a falta de habilidade da

nossa parte para refutar as calúnias dos adversários não é uma prova de que a sua posição

é inexpugnável. Como o renomado Joseph Butler pontuou há muito tempo em sua magistral

“Analogia”: “Se a verdade está estabelecida, as objeções nada são. Esta (ou seja, a verda-

de) é fundada sobre o nosso conhecimento, e as outras em nossa ignorância”. Uma vez

que se prove que dois e dois são quatro, nenhum subterfúgio ou malabarismo com números

podem contestá-lo. “Nós nunca devemos suportar que o que sabemos seja perturbado pelo

que não sabemos”, disse aquele mestre da lógica, William Paley. Uma vez que vemos algo

ser claramente ensinado nas Escrituras Sagradas, não devemos permitir que tanto os nos-

sos próprios preconceitos ou o antagonismo dos outros abalem nossa confiança em ou a

adesão a tal ensinamento. Se estamos convencidos de que temos um “assim diz o Senhor”

sobre o que descansaremos, em nada importa se não somos capazes de mostrar o sofisma

e argumentar contra isto. Tenha a certeza de que Deus é verdadeiro, mesmo que isso signi-

fique que seremos contados como mentirosos.

Os piores inimigos contra a doutrina da eleição são os papistas, este é exatamente o que

se poderia esperar, pois a verdade da eleição nunca pode ser conciliada com o dogma dos

méritos humanos, pois este é diametralmente oposta à outra. Todo homem que é amante

de si mesmo e busca a salvação por suas próprias obras, detestará a graça soberana, e

procurará leva-la ao desprezo. Por outro lado, aqueles que foram eficazmente humilhados

pelo Espírito Santo e foram levados a perceber que eles são completamente dependentes

da misericórdia distinguidora de Deus, não desejarão e terão paciência com um sistema

que coloca a coroa de honra sobre a criatura. A história dá amplo testemunho de que Roma

detesta o próprio nome Calvinismo. “De todas as seitas pode haver alguma esperança de

obter convertidos para Roma exceto do Calvinismo”, disse recentemente “O Cardeal”

Manning. E ele estava certo, como a nossa própria época degenerada dá pleno testemu-

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nho, por enquanto nenhum Calvinista regenerado jamais vai ser fatalmente enganado pelos

ardis da mãe das prostitutas, mas milhares de “protestantes” (?) Arminianos estão correndo

anualmente para seus braços.

É um fato irrefutável que à medida que o Calvinismo encontrou cada vez menos favoreci-

mento nos principais círculos Protestantes, à medida que a soberania de Deus e Seu amor

eletivo têm sido cada vez mais retirados de seus púlpitos, que Roma tem feito progresso

significativo, ainda hoje ela deve ter, tanto na Inglaterra como nos EUA, um número maior

de seguidores do que qualquer denominação evangélica individual. Mas o que é mais triste

de tudo é que, a grande maioria dos que agora ocupam os chamados púlpitos protestantes

estão pregando as mesmas coisas que interessam a Roma. Sua insistência na liberdade

da vontade humana para fazer o bem deverá encher os líderes papistas de prazer. No

Concílio de Trento, eles anatematizaram todos os que afirmaram o contrário. Até que ponto

o fermento do papado se espalhou pode ser visto nestes “protestantes evangélicos” que se

opõem à doutrina da eleição, os quais estão agora empregando as mesmas auto-objeções

que foram usadas pelos doutores italianos há quatrocentos anos.

Mas, para chegar agora a algumas das objecções. Em primeiro lugar, tal doutrina é total-

mente irracional. Quando se adequa ao seu propósito, Roma faz uma grande pretensão de

apelar à razão humana, mas em outros momentos ela exige que seus filhos fechem os

olhos mentais e aceitem cegamente tudo o que a sua “mãe” profana tem o prazer de impor

sobre eles. No entanto, Roma não é de forma alguma a única criminosa neste momento,

uma multidão de pessoas que se consideram protestantes são culpados da mesma coisa.

Assim também quase a primeira resposta das pessoas que não fazem nenhuma profissão

religiosa, quando esta verdade lhes é apresentada ao seu conhecimento, é exclamar: “Tal

conceito definitivamente não me agrada. Se há um Deus, e se Ele tem absolutamente algo

a ver com nossas vidas presentes, eu creio que Ele vai nos dar igualmente a mesma chan-

ce, equilibrar as nossas boas ações contra as nossas más, e ter misericórdia de nós. Dizer

que Ele tem favoritos entre as Suas criaturas, e que Ele fixou o destino de cada um antes

de seu nascimento, parece-me ser ultrajante”.

Nossa primeira resposta a essa objeção é esta, isso está totalmente fora de questão. A

única questão que exige uma decisão desde o princípio é: o que dizem as Escrituras? Se

a eleição for claramente ensinada nelas, isso resolve o assunto para o filho de Deus, e o

estabelece de uma vez por todas. Se ele a entende ou não, ele sabe que Deus não pode

mentir, e que a Sua Palavra “é a verdade desde o princípio” (Salmo 119:160). Se o seu

adversário não a admite, então não há nenhum terreno comum em que eles possam se

fundamentar, e é totalmente inútil discutir o assunto com ele. Sob nenhuma circunstância

deve o Cristão deixar-se afastar da sua posição sobre a rocha inexpugnável da Sagrada

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Escritura, e descer até o chão traiçoeiro da razão humana. Só nesse plano elevado, ele po-

de resistir com sucesso às investidas de Satanás. Releia Mateus 4 e observe como Cristo

venceu o tentador.

A santa Palavra de Deus não nos induz a desejar aceitação no tribunal da razão humana.

Em vez disso, ela exige que a razão humana renda-se à sua autoridade Divina e receba

sem murmurar seu conteúdo inerrante. Ela enfática e repetidamente adverte os homens

que se eles desprezam a sua autoridade e rejeitam seus ensinamentos, devem estar certos

de sua ruína eterna. É por esta Palavra que cada um de nós deve ser pesado, medido, jul-

gado no dia vindouro; e, portanto, é parte da sabedoria humana o curvar-se para receber

com alegria as suas declarações inspiradas. A atitude suprema da correta razão, meu leitor,

é submeter-se sem reservas à sabedoria Divina e aceitar com simplicidade como de criança

a revelação que Deus nos deu graciosamente. Qualquer atitude diferente quanto a isso é

totalmente irracional — a loucura do orgulho. Como devemos ser gratos ao fato de que o

Ancião de dias [Daniel 7:22] condescende em nos instruir.

Nossa segunda resposta à objeção acima é que, em uma revelação escrita do céu devemos

esperar totalmente encontrar muita coisa que transcende o alcance das nossas pobres

mentes ligadas à terra. Qual seria o proveito de que Deus nos comunicasse apenas aquilo

que já sabíamos? As Escrituras não nos foram dadas como um campo em que a razão

pode ser exercida, o que elas exigem são a fé e a obediência. E a fé não é uma coisa inin-

teligível e cega, mas a confiança no Seu Autor, uma garantia de que Ele é muito sábio para

errar, muito justo para cometer injustiça; e, portanto, uma confiança de que Ele é infinita-

mente digno de nossa confiança e submissão à Sua santa vontade. Contudo, justamente

porque a Palavra de Deus é dirigida à fé, há muito nela que é contrário à natureza, muito

do que é muito misterioso, tanto que nos deixa maravilhados. A fé deve ser testada, para

que sua autenticidade deva ser provada. E Deus se deleita em honrar a fé: embora a Sua

Palavra não tenha sido escrita para satisfazer a curiosidade, e apesar de que muitas per-

guntas não estão ali totalmente respondidas... onde os fundamentos da fé são exercidos a

mais completa luz é concedida.

O próprio Deus é profundamente misterioso. “Eis que isto são apenas as orlas dos seus

caminhos; e quão pouco é o que temos ouvido dele!” (Jó 26:14); “Quão insondáveis são os

seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!” (Romanos 11:33). Devemos, portanto,

esperar encontrar na Bíblia muitas coisas que nos parecem estranhas: as coisas “difíceis

de entender” (2 Pedro 3:16). A criação do universo a partir do nada, com o simples decreto

do Todo-Poderoso, está além da compreensão da mente finita. A encarnação Divina trans-

cende a razão humana: “Grande é o mistério da piedade: Deus se manifestou em carne” (1

Timóteo 3:16). Que Cristo tenha sido concebido e nascido de uma mulher que não havia

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tido conhecido nenhum contato com homem, não pode ser explicado pela razão humana.

A ressurreição de nossos corpos, milhares de anos depois de terem ido ao pó é inexplicável.

Não é, portanto, mais razoável rejeitar a verdade da eleição, pelo fato de que a razão

humana não pode compreendê-la!

Em segundo lugar, uma outra objeção é que a doutrina da eleição é muito injusta. Rebeldes

contra o Soberano supremo não hesitam em acusá-lO de injustiça, porque Ele tem o prazer

de exercer Seus próprios direitos, e determinar o destino de Suas criaturas. Eles argumen-

tam que todos os homens devem ser tratados em pé de igualdade, que deve ser dada igual

oportunidade de salvação a todos. Eles dizem que, se Deus mostra misericórdia para um e

a retêm de outro, tal parcialidade é extremamente injusta. Para tal objetor nós respondemos

na linguagem da Sagrada Escritura: “Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas?

Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? Ou não tem

o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para

desonra?” (Romanos 9:20-21). E para ali nós o levamos.

Porém, mesmo algumas daquelas pessoas que pertencem ao Senhor são perturbadas por

essa dificuldade. Em primeiro lugar, então, gostaria de lembrar-lhes que Deus é “luz” (1

João 1:5), bem como “amor”. Deus é inefavelmente santo, bem como infinitamente miseri-

cordioso. Como o Santo Ser Ele abomina todo o mal, e como o governador moral de Suas

criaturas, convém a Ele manifestar eternamente o Seu ódio pelo pecado. Como o Ser gra-

cioso, Ele tem o prazer de conceder favores sobre quem não merece, e dar uma demons-

tração eterna que Ele é “o Pai das misericórdias”. Agora, na eleição esses dois propósitos

são inequivocamente realizados. Na rejeição e condenação dos não-eleitos, Deus dá prova

plena da Sua santidade e justiça, dando-lhes a devida recompensa das suas iniquidades.

Na predestinação e salvação de Seu povo escolhido, Deus faz uma exposição clara das

abundantes riquezas da Sua graça.

Suponha que Deus tivesse desejado a destruição de toda a raça humana, o que teria acon-

tecido? Isso teria sido injusto? Certamente que não. Não poderia haver nenhuma injustiça,

qualquer que fosse, em impor aos criminosos a pena da lei que eles haviam desafiadora-

mente quebrado. Mas o que, então, teria acontecido com a misericórdia de Deus? Nada,

mas a justiça inexorável teria sido exercida por um Deus ofendido, então cada descendente

de Adão caído teria inevitavelmente sido lançado no inferno. Agora, por outro lado. Suponha

que Deus decidisse abrir as comportas da misericórdia, e levar toda a raça humana para o

céu, o que teria acontecido então? O salário do pecado é a morte, a morte eterna. Mas, se

todos os homens pecassem, e ninguém morresse, isto seria prova de que a justiça Divina

nada mais era do que um nome vazio? Se Deus tivesse salvado todos os pecadores, isso

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não necessariamente inculcaria leves concepções sobre o pecado? Se todos fossem

levados ao céu, não concluiríamos que seria devido a nós, como um direito?

Pelo fato de que todos são culpados, deveriam as mãos da misericórdia Divina serem amar-

radas? Se não, se a misericórdia pode ser exercida, então Deus está obrigado a renunciar

totalmente à Sua justiça? Se Deus se apraz em exercer misericórdia sobre alguns, não

tendo esta reivindicação alguma sobre aquela, não pode Ele também mostrar-se como justo

juiz por infligir aos outros o castigo que merecem? Que mal há em um credor se ele perdoa

a dívida de um e exige o pagamento da dívida de outro? Sou injusto porque eu mostro cari-

dade a um mendigo, e recuso fazer o mesmo ao seu companheiro? Então, o grande Deus

é menos livre para transmitir Seus dons a quem Lhe agrada? Antes que a objeção acima

tenha qualquer vigor, deve ser provado que toda a criatura (pelo fato de ser uma criatura)

tem direito à bem-aventurança eterna, e que mesmo que ela caia em pecado e torne-se

rebelde contra o seu Criador, que Deus é moralmente obrigado a salvá-la. A tais absurdos

o objetor é necessariamente reduzido.

“Se a felicidade eterna fosse devida a cada homem, sem exceção, certamente a felici-

dade temporal deveria ser-lhe devida também, se eles têm direito à uma maior rei-

vindicação dificilmente esta pode ser posta em dúvida. Se o Onipotente é obrigado,

sob pena de tornar-se injusto, fazer tudo o que Ele for capaz para que cada indivíduo

seja feliz na outra vida; Ele deve ser igualmente obrigado a fazer cada indivíduo ser

feliz nesta. Mas todos os homens são felizes? Olhe ao redor do mundo e diga ‘sim’,

se puder. O Criador é, portanto, injusto? ninguém, senão Satanás sugeriria isto, nin-

guém senão seus ecos afirmariam isso. O Senhor é um Deus de verdade, e não há

nEle injustiça, justo e reto Ele é... A ordem constituída das coisas é misteriosa? Sim,

impenetrável. No entanto, o mistério das dispensações de Deus evidencia não a

injustiça do distribuidor soberano, mas a superficialidade da compreensão humana e

a falta da visão humana. Vamos, então, abraçar e reverenciar as doutrinas bíblicas da

predestinação e da providência, demos a Deus o crédito por Ele ser infinitamente

sábio, justo e bom; embora no presente Seus caminhos sejam profundos, e Seus

passos não sejam conhecidos” (Augustus Toplady, autor de “Rock of Ages”).

Por fim, deixe-se salientar que Deus nunca recusa misericórdia para qualquer um que hu-

mildemente O busca. Os pecadores são livremente convidados a abandonarem seus maus

caminhos e clamarem ao Senhor por perdão. O banquete do Evangelho está espalhado

diante deles; se eles se recusam a participar do mesmo, se ao invés disso eles detestam e

afastam-se dele com desdém, não está o sangue deles sobre suas próprias cabeças? Que

tipo de “justiça” é a que exige que Deus traga para o céu aqueles que O odeiam? Se Deus

fez um milagre da graça em você, meu leitor, e gerou em seu coração um amor por Ele,

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seja fervorosamente grato ao mesmo, e não perturbe a sua paz e alegria perguntando por

que Ele não fez o mesmo aos seus companheiros transgressores.

Em terceiro lugar, objetam que se a doutrina da eleição é verdadeira a oferta do Evangelho

não tem sentido. Aqueles que se recusam a receber a verdade da eleição Divina gostam

de dizer que a ideia de Deus ter eternamente escolhido algumas e rejeitado outras de Suas

criaturas reduziria a pregação evangélica a uma farsa. Eles argumentam que, se Deus pre-

destinou uma parte da raça humana para a perdição, a pregação do Evangelho não pode

conter nenhuma boa oferta de salvação para eles. Permita-nos em primeiro lugar salientar

que essa objeção não atinge somente o Calvinismo, mas aplica-se com a mesma força ao

Arminianismo. Os defensores do livre-arbítrio negam o caráter absoluto dos decretos Divi-

nos, mas eles afirmam a presciência de Deus. Então devolvamos a questão para eles: Co-

mo Deus, em boa fé, pode ordenar homens a se arrependerem e crerem no Evangelho,

quando Ele infalivelmente conhece de antemão os que nunca o farão? Se os objetores

supõem que a primeira objeção é irrefutável, eles encontrarão que a nossa pergunta é

irrespondível considerando os seus próprios princípios.

Seja qual for a dificuldade que possa ser apresentada neste momento — e o escritor não

tem nenhum pensamento de menosprezar esta — uma coisa é clara: a quem o Evangelho

vem, Deus é sincero ao ordenar aqueles que o ouvem a submeterem-se às suas exigências,

receberem suas boas novas, e serem salvos desse modo. Se podemos ou não perceber

como isso pode ser assim, isso é de nenhuma importância; mas a integridade do caráter

Divino deve ser preservada a todo custo. O simples fato de que somos incapazes de dis-

cernir a consistência e harmonia entre duas linhas distintas da verdade, isto certamente

não garante nossa rejeição a qualquer uma delas. A doutrina da eleição soberana é clara-

mente revelada nas Escrituras; assim também como é a genuinidade da oferta do Evan-

gelho a todos que o recebem, uma doutrina deve ser defendida, bem como a outra.

Mas, nós não criamos a nossa própria dificuldade por supor que a salvação dos homens é

o único objetivo de Deus, ou até mesmo seu propósito principal, ao enviar o Evangelho?

Mas para que outros fins, pode-se perguntar, o Evangelho foi enviado? Muitos. O primeiro

propósito de Deus no Evangelho, como em todo o mais, é a honra de Seu próprio grande

Nome e a glória de Seu Filho. No Evangelho o caráter de Deus e da excelência de Cristo

são mais plenamente revelados do que em qualquer outro lugar. Que um testemunho

universal disso deve ser feito é infinitamente apropriado. Que os homens devem conhecer

as inefáveis perfeições dAquele com quem eles têm que lidar é mui desejável. Deus, então,

é magnificado e o valor incomparável de Seu Filho é proclamado, mesmo que nenhum

pecador jamais creia e seja salvo por ele.

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Outrossim; a pregação do Evangelho é o instrumento designado nas mãos do Espírito Santo

pelo qual os eleitos são trazidos a Cristo. Deus não desdenha das agências instrumentais,

antes tem o prazer de empregá-las, Aquele que ordenou o fim, também nomeou os meios

para o atingir. Justamente porque os eleitos de Deus estão “dispersos” (João 11:52) entre

todas as nações, Ele ordenou “o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as

nações, começando por Jerusalém” (Lucas 24:47). É por ouvir o Evangelho que eles são

chamados para fora do mundo. Os eleitos de Deus por natureza são filhos da ira “como os

outros também”, eles são perdidos pecadores que necessitam de um Salvador, e à parte

de Cristo não há salvação para eles. Portanto, o Evangelho deve ser pregado e crido por

eles antes que eles possam regozijar-se no conhecimento de que seus pecados estão per-

doados. O Evangelho, então, é a grande pá de joeirar de Deus, separando o trigo do joio,

e reunindo o trigo em Seu celeiro.

Além disso, os não-eleitos ganham muito com o Evangelho, mesmo que ele não afete a

sua salvação eterna. O mundo existe por causa dos eleitos, mas todos compartilham os be-

nefícios disto. O sol brilha sobre os maus, assim como sobre os bons; chuvas refrescantes

caem sobre as terras dos ímpios tão verdadeiramente como sobre o terreno dos justos.

Assim, Deus faz com que o Evangelho chegue aos ouvidos de muitos dos não-eleitos, bem

como aos ouvidos de Seu povo favorecido. Por quê? Por se tratar de um dos seus órgãos

poderosos para manter sob controle a maldade dos homens caídos. Milhões de pessoas

que nunca foram salvas por ele, são reformadas, suas paixões são refreadas, o seu exterior

é claramente melhorado, e a sociedade torna-se mais adequada para que os santos vivam.

Compare os povos sem o Evangelho e aqueles que o têm, no caso destes últimos será

encontrado que há maior moralidade mesmo onde não há espiritualidade.

Finalmente, deve-se salientar que o Evangelho é feito como um verdadeiro teste da perso-

nalidade de todos os que o ouvem. As Escrituras declaram que o homem é uma criatura

caída, corrupta, amante do pecado. Elas insistem que a suas inclinações mentais são inimi-

zade contra Deus, que ele ama mais as trevas do que a luz, que ele não estará sujeito a

Deus em qualquer circunstância. No entanto, quem acredita em tais verdades humilhantes?

Mas a resposta que os não-eleitos dão ao Evangelho demonstra a verdade da Palavra de

Deus. Sua impenitência contínua, sua incredulidade e desobediência testemunham da sua

depravação total. Deus instruiu Moisés a ir a Faraó e pedir que Israel fosse permitido adorar

o Senhor no deserto; ainda no versículo seguinte Ele lhe disse: “Eu sei, porém, que o rei do

Egito não vos deixará ir, nem ainda por uma mão forte” (Êxodo 3:18-19). Então, por que

enviar Moisés em tal missão? Para fazer manifesta a dureza do coração de Faraó, a

teimosia de sua vontade, e da justiça de Deus na destruição de tal miserável.

Em quarto lugar, os nosso objetores alegam que a doutrina da eleição destrói a responsabi-

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lidade humana. Os Arminianos reclamam que afirmar que Deus decretou, de maneira

inalterável e fixa, a história e o destino de cada homem, aboliria a responsabilidade humana,

e que, em tal caso, o homem não seria melhor do que uma máquina. Eles insistem que a

vontade do homem deve ser livre, livre igualmente tanto para o bem como para o mal, ou

de outra forma, ele deixaria de ser um agente moral. Eles argumentam que a menos que

as ações de uma pessoa estejam livres de compulsão, e estejam de acordo com seus

próprios desejos e inclinações, ele não poderia ser justamente considerado responsável

por elas. A partir dessa premissa a conclusão a ser tirada é que ela, a criatura, e não o

Criador, é quem escolhe e decide seu destino eterno, pois se seus atos são autodetermi-

nantes, ou seja, estes não podem ser determinados por Deus.

Tal objeção é realmente uma descida às regiões escuras da filosofia e da metafísica, uma

tentativa ilusória do Inimigo para nos levar para longe do reino da revelação Divina. En-

quanto nós respeitarmos as Sagradas Escrituras, estaremos seguros, mas assim que recor-

rermos ao raciocínio humano a respeito de questões espirituais estejamos certos de que

erraremos. Deus já deu a conhecer tudo o que Ele julga como bom para nós sabermos

nesta vida, e qualquer tentativa de ser sábio acima do que está escrito nada é senão loucura

e impiedade. A partir das Escrituras é claro como um raio de sol que o homem — quer seja

considerado como não caído ou caído — é um ser responsável, e que ele deverá colher

tudo o que ele semeia, que ainda terá que prestar contas a Deus por todos os seus atos e

ser julgado em conformidade com estes; e nada deve ser permitido que enfraqueça a

impressão desses fatos solenes sobre nossas mentes.

A mesma linha de raciocínio tem sido empregada por aqueles que rejeitam a inspiração

verbal das Escrituras. Argumenta-se que tal postulado inteiramente elimina o elemento

humano da Bíblia, que se insistirmos (como este escritor, por exemplo, muito enfaticamente

o faz) que não só os pensamentos e sentimentos, mas em si a própria linguagem é Divina,

que cada palavra e sílaba dos manuscritos originais foi Deus quem inspirou, então os

escritores humanos empregados na transmissão da mensagem eram apenas autômatos.

Mas sabemos que isso é falso. Da mesma forma, com tanta demonstração de razão pode

o opositor declarar que Cristo não pode ser ao mesmo tempo Divino e humano, que se Ele

é Deus, Ele não pode ser homem, e que se ele for verdadeiramente homem, segue-se que

Ele não pode ser Deus [...].

Os livros da Bíblia foram escritos por homens, escritos por eles sob o livre exercício de suas

faculdades naturais, de tal forma que a marca de sua personalidade é claramente deixada

em suas várias contribuições. No entanto, eles não originaram nada do que foi escrito, eles

eram “inspirados pelo Espírito Santo” (2 Pedro 1:21), e assim eles estavam completamente

controlados por Ele, que sem a menor sombra de um engano ou erro teria sido cometido

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por eles, e tudo o que eles escreveram eram “as palavras que... ensinadas pelo Espírito

Santo” (1 Coríntios 2:13). O Redentor é o Filho do homem, que “em tudo era semelhante

aos irmãos” (Hebreus 2:17); ainda porque Sua humanidade esteve em união com a Sua

pessoa Divina tudo o que fazia possuía um valor único e infinito. O homem é um agente

moral, agindo de acordo com os desejos e ditames de sua natureza, ele é ao mesmo tempo

uma criatura, totalmente controlado e determinado por seu Criador. Em cada um destes

casos, os elementos Divino e humano coalescem, mas o Divino domina, contudo, ele não

excluiu o humano.

“Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é mister que venham escândalos”. Então,

certamente, pode um objetor replicar, que não pode haver culpa sobre aquele que introduz

o que é inevitável. Porém, muito diferente foi o ensinamento de Cristo: “mas ai daquele

homem por quem o escândalo vem” (Mateus 18:7). “Quando ouvirdes de guerras e de rumo-

res de guerras, não vos perturbeis; porque assim deve acontecer” (Marcos 13:7). Há um

“deve haver” para estes flagelos e acontecimentos mortais, mas que não altera a criminali-

dade dos causadores dos mesmos. Há um “até importa que haja entre vós heresias” (1

Coríntios 11:19), mas os próprios hereges são condenáveis. A absoluta necessidade e a

responsabilidade humana são, portanto, perfeitamente compatíveis, quer possamos perce-

ber sua consistência ou não.

Em quinto lugar, é objetado contra a verdade da predestinação que esta substitui a utiliza-

ção de meios e torna fúteis todos os incentivos para esforço humano. Afirma-se que, se

Deus elegeu um homem para a salvação que ele será salvo, embora ele permaneça total-

mente indiferente e continue a viver totalmente em pecado; que se ele não foi eleito, então

qualquer esforço para alcançar a vida eterna seria totalmente inútil. Diz-se que ao anunciar

aos homens que eles foram Divinamente ordenados ou para a vida ou morte por um decreto

eterno e imutável, eles imediatamente concluirão que não faz diferença alguma a forma

como se comportam, visto que nenhum destes atos podem minimamente impedir ou pro-

mover a predestinação de Deus. Assim, argumenta-se, que todos os motivos para diligência

são efetivamente neutralizados, que esta doutrina é subversiva de toda exortação à morali-

dade e espiritualidade.

Realmente esta é a mais absurda de todas as objeções. De modo algum está é uma opo-

sição à doutrina bíblica da predestinação, mas contra um conceito totalmente diferente,

idealizado nos cérebros da ignorância, ou concebido pela malignidade, a fim de levar a

verdade a ser odiava. A única espécie de predestinação a que essa objeção é aplicável,

seria uma pré-ordenação absoluta ao fim sem qualquer relação com os meios. Despojado

de toda ambiguidade, esta objeção pressupõe que Deus assegura Seus propósitos sem

empregar quaisquer agências instrumentais. Assim, quando a objeção é exposta em sua

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nudez vemos instantaneamente em que triste figura ela configura. Aqueles a quem Deus

elegeu para a salvação, Ele escolheu para a “santificação do Espírito, e fé da verdade” (2

Tessalonicenses 2:13).

O fato é que Deus decretou trazer Seus eleitos para a glória por um caminho de santifi-

cação, e por nenhum caminho além deste; e ao longo de todo o seu curso. Ele os trata co-

mo criaturas racionais e responsáveis, através de meios e motivos apropriados para atrair

o seu coração para Si mesmo. Afirmar que se forem eleitos alcançarão o céu quer sejam

santificados ou não, é algo tão tolo quanto dizer que Abraão poderia ter sido o pai de muitas

nações, embora ele tivesse morrido na infância, ou que Ezequias poderia ter vivido seus 15

anos extras sem comer ou dormir. Antes da tomada de Jericó, foi Divinamente revelado a

Josué que ele deveria ser o senhor daquele lugar (6:2), esta garantia era absoluta. Será

que, então, o líder de Israel concluiu que nenhuma ação era necessária, e que todos podiam

sentar-se e cruzar os braços? não; ele organizou a marcha em torno de suas muralhas em

obediência ao mandamento de Deus, e então o evento foi realizado em conformidade com

isso.

Passamos agora a considerar brevemente algumas das principais Escrituras usadas por

aqueles que resistem à verdade. “Entretanto, porque eu clamei e recusastes; e estendi a

minha mão e não houve quem desse atenção, antes rejeitastes todo o meu conselho, e não

quisestes a minha repreensão” (Provérbios 1:24-25). “Estendi as minhas mãos o dia todo a

um povo rebelde, que anda por caminho, que não é bom, após os seus pensamentos”

(Isaías 65:2). “Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos... e tu não quiseste!” (Mateus

23:37). É-nos dito por Arminianos que estas declarações são irreconciliáveis com o Calvi-

nismo, que estas passagens mostram claramente que a vontade de Deus pode ser resistida

e frustrada por homens. Mas certamente um Deus frustrado e derrotado não é o Deus das

Escrituras Sagradas. Extrair a partir destes versos a conclusão de que a realização dos

decretos Divinos pode falhar é totalmente errônea: eles não têm nada a ver com o propósito

eterno de Deus, mas ao invés disso, eles dizem respeito apenas Seus instrumentos exter-

nos, pela qual Ele reforça a responsabilidade do homem, testa seu caráter e torna evidente

a maldade do seu coração.

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito” (João 3:16). A

partir destas palavras é insistido que se Deus ama o mundo, então Ele deseja a salvação

de toda a raça humana, e que foi para este fim que Ele providenciou um Salvador para eles.

Aqui é um caso no qual são enganados pelo mero som de uma palavra, em vez de apurar

seu real significado. Dizer que Deus deu Seu Filho com o propósito de oferecer a salvação

para todos os filhos de Adão é manifestamente um absurdo, pois a metade deles já havia

morrido antes de Cristo nascer, e a grande maioria deles morreram na escuridão do paga-

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nismo. Onde existe o menor indício no Antigo Testamento que Deus amava os egípcios, os

cananeus, os babilônios? E onde mais no Novo Testamento há qualquer declaração de que

Deus ama toda a humanidade? O “mundo” em João 3:16 (como em muitos outros lugares)

é um termo geral, usado em contraste com Israel, que imaginava ter um monopólio sobre

a redenção. O amor de Deus se estende muito além dos limites do Judaísmo, envolvendo

os Seus eleitos dispersos por todas as nações.

“E não quereis vir a mim para terdes vida” (João 5:40). Estranho é dizer que a este único

versículo apelam aqueles que não creem na eleição de forma alguma. Eles supõem que

este verso ensina a livre vontade do homem caído para o bem, e que Cristo seriamente

pretende a salvação daqueles que O desprezam e rejeitam. Mas o que há nessas palavras

declara que Cristo realmente deseja a sua salvação? Será que elas não significam antes

que Ele estava aqui preferindo uma sentença solene contra eles? Assim, longe da elocução

de nosso Senhor implicar que estes homens tinham o poder dentro de si para virem a Ele,

elas declaram a perversidade e obstinação de suas vontades. Em vez de qualquer inclina-

ção para o Santo, eles O odiavam.

“Que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade... O

qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos” (Timóteo 2:4-6). Para entender

essas palavras elas não devem ser consideradas separadamente, mas em conexão com a

sua configuração. A partir do contexto, é inequivocamente evidente que estes “todos os ho-

mens” que Deus deseja a salvar e por quem Cristo morreu são todos os homens sem levar

em conta as distinções nacionais. O ministério de Timóteo foi exercido principalmente entre

judeus convertidos, muitos dos quais ainda mantiveram seus preconceitos raciais, de modo

que eles não estavam dispostos a submeterem-se à autoridade dos governantes pagãos.

Foi por isso que os Fariseus tinham procurado desacreditar Cristo perante todas as pes-

soas, quando Lhe perguntaram se era lícito pagar tributo a César. Paulo aqui diz a Timóteo

que os Cristãos não deveriam apenas prestar obediência aos governantes gentios, mas

que deveriam também orar por eles (vv. 1-2).

Em 1 Timóteo 2 Paulo golpeou a própria raiz do preconceito que Timóteo foi chamado a

combater. Essa lei de Moisés foi agora posta de lado, a distinção que tanto tempo havia

prevalecido entre os descendentes diretos de Abraão e o restante da humanidade estava

abolida, Deus quis a salvação dos gentios e judeus. Observe particularmente esses

detalhes. Em primeiro lugar, “Há um só Deus [ver Romanos 3:29-30], e um só Mediador

entre Deus e [não “os judeus”, mas] os homens” (v. 5). Em segundo lugar: “Qual se deu a

si mesmo em preço de redenção por todos [indefinidamente], para servir de testemunho a

seu tempo” (v. 6); quando Cristo foi crucificado, não foi geralmente entendido, nem mesmo

entre os Seus discípulos, que Ele deu a Si mesmo por gentios e judeus; mas em “a seu

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tempo” (especialmente sob o ministério de Paulo), isso foi claramente “testemunhado”. Ter-

ceiro: “Para o que... fui constituído pregador, e apóstolo, e doutor dos gentios” (v. 7). Em

quarto lugar: “Quero, pois [com autoridade apostólica], que os homens orem em todo o

lugar” (v. 8), aqueles que professam a fé em Cristo devem, imediata e definitivamente aca-

bar com suas noções e costumes Judaicos; Jerusalém já não possuía qualquer santidade

peculiar.

“Vemos... Jesus... por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse

a morte por todos” (Hebreus 2:9). Você já tomou o cuidado de verificar como essa expressão

é usada em outras partes do Novo Testamento? “Então cada um receberá de Deus o louvor”

(1 Coríntios 4:5). Isso se refere a todos da raça de Adão? Neste caso como poderia isto, a

saber, “Apartai-vos de mim, malditos” [Mateus 7:23] ser a porção de muitos? “A cabeça de

todo homem é Cristo” (1 Coríntios 11:3), ele era o Cabeça de Judas ou Nero? “Mas a ma-

nifestação do Espírito é dada a cada um” (1 Coríntios 12:7). Mas alguns são “sensuais, que

não têm o Espírito” (Judas v. 19 e cf. Romanos 8:9). É “todos” na família de Deus que são

intencionados em todas essas passagens da Epístola, observe como o “cada um” de He-

breus 2:9 é definido como “muitos filhos” (v. 10), “irmãos” (v. 11), “filhos” (vv. 12-14).

“Também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos dou-

tores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os

resgatou” (2 Pedro 2:1). Este versículo é frequentemente citado como uma tentativa de

refutar que Cristo morreu somente pelos eleitos, embora este só serve para mostrar que os

recursos desesperados de nossos adversários são reduzidos. Porque o versículo não faz

absolutamente nenhuma referência a Cristo, menos ainda à Sua morte! A palavra grega

aqui não é kúrios — o que é comumente usada quando se refere ao Senhor Jesus; mas

despotes. Os únicos lugares onde esta palavra ocorre, quando aplicada a uma pessoa

Divina, são Lucas 22:9; Atos 4:24; 2 Timóteo 2:22; Judas 4 e Apocalipse 6:10, em todas

estas passagens claramente a referência é a Deus Pai, e na maioria delas manifestamente

distinto de Cristo. “Resgatar” aqui tem referência à libertação temporal, sendo tomado a

partir de Deuteronômio 32:6. Pedro estava escrevendo para judeus que se vangloriavam

em voz alta de que eles eram um povo resgatado pelo Senhor, e, portanto, ele usou esta

expressão para agravar a impiedade desses falsos mestres que estavam entre os judeus.

“Não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se” (2 Pedro

3:9). Aqui, novamente, um falso sentido é extraído por se tirar o texto de seu contexto. A

chave para este versículo é encontrado na palavra “nós”: “o Senhor é... longânimo para

convosco”, pois Ele não quer que “alguns” deles pereçam. E quem são eles? Ora, os “ama-

dos” do versículo 1 (aqueles que mencionei no início da primeira Epístola, “eleitos segundo

a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito”), e porque Ele propôs que “todos”

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destes cheguem ao arrependimento: Ele adia a segunda vinda de Cristo (vv. 3-4). Cristo

não retornará até que o último integrante de Seu povo esteja em segurança na Arca da

Salvação.

Sola Scriptura!

Sola Gratia!

Sola Fide!

Solus Christus!

Soli Deo Gloria!

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10 Sermões — R. M. M’Cheyne

Adoração — A. W. Pink

Agonia de Cristo — J. Edwards

Batismo, O — John Gill

Batismo de Crentes por Imersão, Um Distintivo

Neotestamentário e Batista — William R. Downing

Bênçãos do Pacto — C. H. Spurgeon

Biografia de A. W. Pink, Uma — Erroll Hulse

Carta de George Whitefield a John Wesley Sobre a

Doutrina da Eleição

Cessacionismo, Provando que os Dons Carismáticos

Cessaram — Peter Masters

Como Saber se Sou um Eleito? ou A Percepção da

Eleição — A. W. Pink

Como Ser uma Mulher de Deus? — Paul Washer

Como Toda a Doutrina da Predestinação é corrompida

pelos Arminianos — J. Owen

Confissão de Fé Batista de 1689

Conversão — John Gill

Cristo É Tudo Em Todos — Jeremiah Burroughs

Cristo, Totalmente Desejável — John Flavel

Defesa do Calvinismo, Uma — C. H. Spurgeon

Deus Salva Quem Ele Quer! — J. Edwards

Discipulado no T empo dos Puritanos, O — W. Bevins

Doutrina da Eleição, A — A. W. Pink

Eleição & Vocação — R. M. M’Cheyne

Eleição Particular — C. H. Spurgeon

Especial Origem da Instituição da Igreja Evangélica, A —

J. Owen

Evangelismo Moderno — A. W. Pink

Excelência de Cristo, A — J. Edwards

Gloriosa Predestinação, A — C. H. Spurgeon

Guia Para a Oração Fervorosa, Um — A. W. Pink

Igrejas do Novo Testamento — A. W. Pink

In Memoriam, a Canção dos Suspiros — Susannah

Spurgeon

Incomparável Excelência e Santidade de Deus, A —

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Infinita Sabedoria de Deus Demonstrada na Salvação

dos Pecadores, A — A. W. Pink

Jesus! – C. H. Spurgeon

Justificação, Propiciação e Declaração — C. H. Spurgeon

Livre Graça, A — C. H. Spurgeon

Marcas de Uma Verdadeira Conversão — G. Whitefield

Mito do Livre-Arbítrio, O — Walter J. Chantry

Natureza da Igreja Evangélica, A — John Gill

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Necessário Vos é Nascer de Novo — Thomas Boston

Necessidade de Decidir-se Pela Verdade, A — C. H.

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Objeções à Soberania de Deus Respondidas — A. W.

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Oração — Thomas Watson

Pacto da Graça, O — Mike Renihan

Paixão de Cristo, A — Thomas Adams

Pecadores nas Mãos de Um Deus Irado — J. Edwards

Pecaminosidade do Homem em Seu Estado Natural —

Thomas Boston

Plenitude do Mediador, A — John Gill

Porção do Ímpios, A — J. Edwards

Pregação Chocante — Paul Washer

Prerrogativa Real, A — C. H. Spurgeon

Queda, a Depravação Total do Homem em seu Estado

Natural..., A, Edição Comemorativa de Nº 200

Quem Deve Ser Batizado? — C. H. Spurgeon

Quem São Os Eleitos? — C. H. Spurgeon

Reformação Pessoal & na Oração Secreta — R. M.

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Regeneração ou Decisionismo? — Paul Washer

Salvação Pertence Ao Senhor, A — C. H. Spurgeon

Sangue, O — C. H. Spurgeon

Semper Idem — Thomas Adams

Sermões de Páscoa — Adams, Pink, Spurgeon, Gill,

Owen e Charnock

Sermões Graciosos (15 Sermões sobre a Graça de

Deus) — C. H. Spurgeon

Soberania da Deus na Salvação dos Homens, A — J.

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Sobre a Nossa Conversão a Deus e Como Essa Doutrina

é Totalmente Corrompida Pelos Arminianos — J. Owen

Somente as Igrejas Congregacionais se Adequam aos

Propósitos de Cristo na Instituição de Sua Igreja — J.

Owen

Supremacia e o Poder de Deus, A — A. W. Pink

Teologia Pactual e Dispensacionalismo — William R.

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Tratado Sobre a Oração, Um — John Bunyan

Tratado Sobre o Amor de Deus, Um — Bernardo de

Claraval

Um Cordão de Pérolas Soltas, Uma Jornada Teológica

no Batismo de Crentes — Fred Malone

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2 Coríntios 4

1 Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;

2 Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem

falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,

na presença de Deus, pela manifestação da verdade. 3 Mas, se ainda o nosso evangelho está

encoberto, para os que se perdem está encoberto. 4 Nos quais o deus deste século cegou os

entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória

de Cristo, que é a imagem de Deus. 5 Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo

Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. 6 Porque Deus,

que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,

para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. 7 Temos, porém,

este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. 8 Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.

9 Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;

10 Trazendo sempre

por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus

se manifeste também nos nossos corpos; 11

E assim nós, que vivemos, estamos sempre

entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na

nossa carne mortal. 12

De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. 13

E temos

portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,

por isso também falamos. 14

Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará

também por Jesus, e nos apresentará convosco. 15

Porque tudo isto é por amor de vós, para

que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de

Deus. 16

Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o

interior, contudo, se renova de dia em dia. 17

Porque a nossa leve e momentânea tribulação

produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; 18

Não atentando nós nas coisas

que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se

não veem são eternas.