istoe-sensus 14-06-2014
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Denise Abreu com 2,2% na pré-campanha eleitoral para Presidente do Brasil em 2014.TRANSCRIPT
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DENISE ABREU: 2.2% Em queda, apesar do esforço
Nova rodada da pesquisa ISTOÉ/Sensus revela declínio da candidatura de Dilma Rousseff, confirma ascensão do principal candidato da oposição, o senador Aécio Neves, e mostra que a dupla Eduardo Campos e Marina Silva continua patinando
Desde que a pesquisa ISTOÉ/Sensus, publicada no início de maio, revelou pela
primeira vez que a sucessão presidencial caminha para ser decidida em
segundo turno, o comando da campanha de Dilma Rousseff impôs à presidenta
um novo ritmo. Durante todo o mês de maio e nos primeiros dias de junho,
Dilma intensificou as entrevistas para as redes de tevê, manteve encontros
com empresários, varejistas e entidades ligadas à educação. Anunciou pacotes
de bondades para 56 setores da economia, viajou para diversos Estados,
entregou máquinas agrícolas e ambulâncias para prefeituras e inaugurou uma
sucessão de obras, nem todas acabadas. Todo o esforço, no entanto, não foi
suficiente para reverter a tendência de queda na preferência do eleitorado.
A nova pesquisa ISTOÉ/Sensus realizada entre 26 de maio e 4 de junho mostra
que a presidenta Dilma Rousseff caiu 1,8% em relação ao levantamento
anterior, passando de 34% para 32,2% das intenções de voto, num cenário em
que os chamados candidatos nanicos também são colocados. Trata-se de uma
queda no limite da margem de erro de 1,4%. A pesquisa que ouviu cinco mil
eleitores em 191 municípios de 24 Estados também mostra a tendência de
crescimento da principal candidatura da oposição. Segundo o levantamento, o
senador Aécio Neves (PSDB-MG) saltou de 19,9% para 21,5%, também no limite
da margem de erro. “As variações não são grandes, mas são significativas na
medida em que traduzem uma migração de votos para a oposição”, diz
Ricardo Guedes Ferreira Pinto, diretor do Sensus.
Num cenário em que são apresentados aos eleitores apenas os três principais
candidatos (Dilma, Aécio e o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos),
a presidenta cai de 35% para 34% das intenções de voto. Aécio varia de 23,7%
para 24,1% e Campos sai de 11% para 11,3%. O número de indecisos ou
dispostos a votar em branco aumenta 0,3%, passando de 30,4% para 30,7%.
“Esses dados, embora ainda bastante discretos, indicam que a candidatura de
Dilma pode estar começando a perder votos para Aécio”, avalia Guedes. A
mesma situação foi verificada em pesquisas qualitativas feitas pelo PSDB nas
últimas semanas. E, com base nesses dados, os tucanos planejam manter a
estratégia de crítica pesada ao governo durante as semanas da Copa. Os
caciques da campanha do PSDB avaliam que o anúncio do candidato a vice na
chapa de Aécio pode representar o mais importante fato político durante o
Mundial de Futebol e assim esperam que as próximas pesquisas tragam um
crescimento mais forte da candidatura do senador. Além disso, os tucanos
planejam ampliar a presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao
lado de Aécio. As pesquisas em poder do partido mostram que a preocupação
com a volta da inflação é a principal responsável pela migração de votos de
Dilma para Aécio e FHC representa a vitória contra a inflação.
MARINA
A ex-senadora dificulta alianças de Campos em Estados como
São Paulo e Minas, mas afirma que as convergências
são maiores que as divergências
Pelo lado do governo, a estratégia atual consiste em manter uma agenda
intensa de viagens e de inaugurações. O temor é o de que eventuais
problemas de organização na Copa possam prejudicar a presidenta. Segundo a
pesquisa ISTOÉ/Sensus, os brasileiros dão nota 4,7 para a organização do
torneio, 60,1% entendem que nos próximos dias vão ocorrer protestos e
manifestações com maior intensidade e 56,8% são favoráveis às
manifestações. De acordo com Guedes, a última pesquisa ISTOÉ/Sensus traz
uma outra variação importante quando avalia a atuação do governo. Pelo
levantamento, o índice de eleitores que julgam a gestão de Dilma como
positiva saltou de 29,6% para 34,2%. O problema é que o número de pessoas
que classifica a gestão como péssima cresceu de 31,9% para 34,6%. Diminuiu o
percentual daqueles que consideram o governo regular (34,2% no início de
maio e 29,1% no começo de junho). “Os dados mostram que há uma
radicalização. Ou seja, o eleitor ama ou odeia o governo e isso é ruim para a
candidatura da situação”, diz Guedes. Para tentar reverter esse quadro, na
última semana o comando petista decidiu intensificar a presença do ex-
presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos horários publicitários do partido para
fazer a defesa do governo e tentar mais uma vez transferir sua popularidade
para a presidenta Dilma. O comando da pré-campanha de Dilma também
buscará a partir desta semana uma maior proximidade com o chamado voto
evangélico. O partido entende que o crescimento da candidatura do pastor
Everaldo, pelo manico PSC, tire mais votos de Dilma do que dos principais
candidatos da oposição.
PRESTÍGIO
As presenças cada vez mais intensas de Lula (acima) e FHC na
disputa eleitoral ajudam a acirrar a polarização entre PT e PSDB
A pesquisa ISTOÉ/Sensus também aponta para uma série de dificuldades na
campanha de Eduardo Campos (PSB). Os dados, segundo Guedes, indicam que
o ex-governador de Pernambuco não conseguiu atrair os votos de Marina Silva
(Rede) e pode até ter perdido votos daqueles que não simpatizam com a ex-
senadora. No cenário em que são colocados também os candidatos dos
chamados partidos nanicos, Campos cai de 8,3% para 7,5% Um resultado que
tende a tensionar ainda mais o ambiente no núcleo da campanha. As
divergências entre o PSB e a Rede Sustentabilidade, de Marina Silva,
começaram a ficar evidentes durante as negociações para a montagem de
palanques estaduais. Marina tem seus candidatos preferidos e resiste a se
aliar com tucanos em diversas cidades. Anunciou que não vai subir no
palanque de Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo, apesar do apoio do PSB ao
candidato. Marina também resiste a receber apoio de empresários de diversos
setores e tem dado declarações criticando potenciais aliados. Para
simpatizantes da candidatura de Campos e integrantes da linha de frente da
candidatura socialista, as divergências entre os dois são os principais motivos
para a dificuldade de fazer o PSB decolar nas pesquisas. “A Marina é a causa
para o Eduardo seguir patinando. Uma pena”, resume o deputado Danilo
Fortes (PMDB-CE), que declarou apoio a Campos, apesar de seu partido ter
decidido manter-se na chapa nacional ao lado de Dilma.
Diante das críticas, a dupla precisou reafirmar a aliança. Na semana passada,
Marina deu declarações dizendo que os principais projetos em comum os
mantêm unidos e o principal deles é o de tentar acabar com a polarização
entre PT e PSDB. Campos, por sua vez, concedeu uma coletiva afirmando que
as declarações de Marina contrárias a algumas alianças não trazem novidades,
e que as diferenças para decidir palanques estaduais já eram esperadas. “Se
num Estado ou outro não vamos estar juntos, é uma questão meramente
estadual. Nada a ver com aliança nacional, que é muito maior”, disse ele,
tentando afastar os boatos de que estaria encomendando pesquisas para
analisar a força da sua candidatura sem a presença de Marina Silva.
Nos cenários de segundo turno, a última pesquisa ISTOÉ/Sensus confirma o
crescimento da oposição. Numa eventual disputa de Dilma com Campos, a
diferença a favor da presidenta que era de 14,4% em maio, caiu para 10,6% no
início de junho. Com Aécio a queda é de 6,7% para 5,1%. Um resultado que
surpreendeu as lideranças do PT. Isso porque nas últimas semanas a
presidenta privilegiou agendas em Minas. Este ano, Dilma esteve sete vezes no
reduto de Aécio, duas delas no último mês. Também passou por São Paulo, o
principal bunker do PSDB e maior colégio eleitoral do País. A maior presença
da presidenta no Sudeste, porém, não foi suficiente para mudar o cenário
eleitoral. A pesquisa ISTOÉ/Sensus revela que na região o preferido pelo
eleitor é o tucano, com 29,7% dos votos, contra 24,8% de Dilma.
VOTO RELIGIOSO
Candidatura do Pastor Everaldo pelo PSC obriga o
PT a buscar um discurso para atrair o voto evangélico
“A pesquisa mostra um cenário favorável à oposição. A leitura conjunta da
tendência de queda da presidenta com a radicalização em torno da aprovação
ou não de sua gestão indica que o eleitor não visualiza na candidatura do
governo a esperança de mudança”, diz Ricardo Guedes. O diretor do Sensus,
porém, avalia que após a Copa as tendências tendem a se consolidar. Hoje,
segundo a pesquisa, 56,9% dos eleitores estão interessados na eleição. Depois
do Mundial de futebol esse número será bem maior.
FOTOS: Adriano Machado / AG. ISTOÉ; Roberto Castro/ AG. ISTOÉ; GUSTAVO
MAGNUSSON/FOTOARENA/AE, PAULO PINTO/ANALITICA; Julio
Bittencourt/Valor/Folhapress; EVELSON DE FREITAS/ESTADÃO, Andre Rodrigues/Agencia
Gazeta do Povo