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IT CEPD 001 1 Centro de Estudos e Pesquisa de Desastres. IT CEPD 001 ESTIMATIVA DO QUANTITATIVO DE INDIVÍDUOS EM MULTIDÕES. MARÇO de 2006

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IT CEPD 001

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Centro de Estudos e Pesquisa de Desastres.

IT CEPD 001ESTIMATIVA DO QUANTITATIVO DE

INDIVÍDUOS EM MULTIDÕES.

MARÇO de 2006

IT CEPD 001

PORTARIA No de 30 de março de 2006.

Aprova a Instrução Técnica CEPD 001 – ESTIMATIVA DO QUANTITATIVO DE INDIVÍDUOS EM MULTIDÕES, 1a Edição, 2006.

O Coordenador Geral do Sistema de Defesa Civil, no uso de suas atribuições resolve:

Art. 1o: Aprovar a Instrução Técnica CEPD 001 – ESTIMATIVA DO QUANTITATIVO DE INDIVÍDUOS EM MULTIDÕES, 1a Edição, 2006.

Art. 2 o: Determinar que esta Portaria entre em vigor na data de sua publicação.

João Carlos Mariano Santana CostaCoordenador Geral do Sistema de Defesa Civil.

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IT CEPD 001

IT CEPD 001ESTIMATIVA DO QUANTITATIVO DE INDIVÍDUOS EM

MULTIDÕES.Centro de Estudos e Pesquisa de Desastres.

Autor: Bruno Engert RizzoIlustrações: Bruno Engert RizzoRevisão técnica: Alexander Georgiadis

Davi Figueiredo BeckerJosenir dos Santos Luiz Claudio Macedo TraninLuis Fernando de Oliveira TeixeiraManoel Augusto Santos de OliveiraSilvana Maria Malízia Alves Ferreira

NOTA.

Solicita-se aos usuários desta Instrução Técnica a apresentação de críticas e sugestões que tenham por objetivo aperfeiçoa-la ou corrigir eventuais erros.

A correspondência pode ser enviada ao Centro de Estudos e Pesquisa de Desastres na Av. Visconde de Santa Isabel, 32, Vila Isabel. CEP 20560-120 Rio de Janeiro – RJ, ou via correio eletrônico ao endereço [email protected].

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IT CEPD 001

PREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIROSECRETARIA DE GOVERNO

COORDENAÇÃO GERAL DO SISTEMA DE DEFESA CIVILCENTRO DE ESTUDOS E PESQUISA DE DESASTRES

COORDENADOR: Evandro Sarno CoutoDIRETOR ADMINISTRATIVO: Josenir dos SantosDIRETOR TÉCNICO: Bruno Engert RizzoEQUIPE TÉCNICA: Alexander Geordiadis

Davi Figueiredo BeckerLuiz Claudio Macedo TraninLuis Fernando de Oliveira TeixeiraManoel Augusto Santos de OliveiraSilvana Maria Malízia Alves Ferreira

Copyright 2006 do autor.Todos os direitos desta edição reservados à Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro

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IT CEPD 001

AGRADECIMENTO.

Agradecemos a Guarda Municipal, que com elevado espírito de cooperação colocou à disposição seu pessoal. O profissionalismo e a disciplina dos funcionários foram relevantes para elaboração dessa IT.

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IT CEPD 001ÍNDICE1 – Introdução 072 – Objetivo 073 – Conceitos básicos 083.1 – Cartografia 083.1.1 – Croqui 083.1.2 – Aerofoto 103.1.3 – Ortofoto 123.1.4 – Ortofotocarta 133.1.5 – Planta cadastral 143.1.6 – Fotografia aeroespacial 153.1.7 – Projeto de empreendimento 153.1.8 – Planta de arquitetura e mapa 163.1.9 – Recursos cartográficos no município do RJ 163.2 – Escala 163.3 – Escala gráfica 174 – Noções de fotografia 184.1 – Foto vertical 194.2 – Foto oblíqua baixa 204.3 – Foto oblíqua alta 214.4 – Minimizando distorções 224.5 – Reconhecimento de fotos 245 – Referências para montagem da escala 255.1 – Ruas, avenidas e construções como referências 265.2 – Veículos como referências 275.3 – O corpo humano como referência 296 – Definições 316.1 – Estimativa de T (densidade ou taxa de ocupação) 326.2 – Taxas de ocupação típicas 336.3 – Emprego de fotos aéreas verticais 436.4 – Estimativa de M (mancha) 467 – Estimativa oficial do quantitativo de indivíduos numamultidão 478 – Estimativa expedita com foto oblíqua 499 – Exemplos 499.1 – Foto vertical 499.2 – Foto oblíqua 559.3 – Show dos Rolling Stones em Copacabana 56

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IT CEPD 0011 – INTRODUÇÃO.

Cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Recife, entre outras, têm sido palco de grandes eventos que concentram público com cada vez mais freqüência.

Estimar o número de indivíduos que compõe uma multidão é de fundamental importância para a COSIDEC e mesmo para administradores de eventos.

A experiência tem mostrado que os quantitativos têm sido superestimados o que pode levar a conseqüências indesejadas.

Quanto mais precisa essa estimativa, tanto mais eficiente será o planejamento das medidas de resposta numa eventual crise.

Além disso, é importante avaliar com relativa precisão o quantitativo de pessoas em aglomerações, sejam elas decorrentes de eventos ou situações emergenciais, de forma a evitar a desinformação que pode conduzir a resultados não desejados, especulações ou mesmo a manipulações.

Também é fundamental, para comparações e estudos, que exista uma padronização técnica da metodologia para essas avaliações.

Cabe mencionar que a literatura sobre o assunto é muito escassa. O assunto é dominado por analistas de foto interpretação, principalmente da área militar, porém não existem métodos ostensivamente divulgados.

2 - OBJETIVO.

A presente Instrução Técnica – IT CEPD 001 tem o objetivo de apresentar técnicas para estimar o quantitativo de indivíduos em multidões e criar uma metodologia para gerar informações oficiais confiáveis.

Os princípios quais reunidos também se aplicam a planejamentos que envolvam aglomerações de pessoas e demandem estimativas de ocupação de área em função de público esperado.

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IT CEPD 0013 - CONCEITOS BÁSICOS.

Todas as técnicas aqui apresentadas demandam conhecimentos elementares de cartografia e fotointerpretação.

Segue uma breve apresentação de conceitos básicos sobre esses tópicos, onde só serão abordados os aspectos estritamente essenciais ao entendimento e aplicação dessa IT.

3.1 – Cartografia.

Cartografia é um conjunto de técnicas que visam à elaboração, redação e reprodução de cartas geográficas e mapas.

Atualmente existe uma imensa gama de produtos e informações acessíveis no mercado. Com a banalização da imagem obtida por fotos aeroespaciais, existem hoje fotos de boa resolução disponíveis gratuitamente na Internet através de site como o Google Earth.

Para aplicação dessa IT é importante conhecer os seguintes recursos.- Croqui ou desenho esquemático.- Aerofoto. - Ortofoto.- Ortofotocarta.- Planta cadastral.- Fotografia aeroespacial.- Projeto de empreendimento.

Segue uma breve apresentação desses meios.

3.1.1 - Croqui.

Nessa IT croqui será definido como uma representação local de uma área, sem fidelidade de escala. Pode ser retirada de um guia de ruas e complementado com medidas locais ou obtido por um levantamento de campo expedito feito com trena, bússola ou outro instrumento.

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Figura 1 - Reprodução parcial de guia de ruas. (Guia 1998 Quatro Rodas)

Atualmente guias de ruas são desenvolvidos com base em plantas cadastrais. Entretanto, podem apresentar distorções de medidas que levam a erros grosseiros. A escala da maioria dos guias é da ordem de 1 : 12000 a 1 : 15000.

Na falta de uma fonte mais confiável o guia de rua pode ser um instrumento valioso, desde que seja complementado com medidas locais como largura de ruas, dimensões de quarteirões entre outras.

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IT CEPD 0013.1.2 – Aerofoto.

A aerofoto é uma foto tirada de uma aeronave, podendo ter escala definida ou não. As fotos tiradas com equipamento profissional, controle de altitude, verticalidade e objetiva especial produzem fotos verticais em escala. As fotos tiradas com equipamento amador, sem controle de altitude e com objetiva comum, produzem fotos sem escala definida.

Figura 2 – Parte de uma foto aérea feita com câmera profissional.

Quando são conhecidos altitude do vôo e objetiva da câmera, a escala da foto é determinada pela relação f (objetiva) / H (altura de vôo). Normalmente todas essas informações vêm impressas na foto.

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Cabe ressaltar que a foto em preto e branco, apesar de normalmente menosprezada pelo fotografo amador, permite trabalhar com seu negativo, o que facilita a contagem de pessoas numa multidão. As áreas próximas ao chão, pouco expostas à luz, porém não ocupadas por pessoas ficam escuras numa foto normal. No negativo essas áreas ficam brancas e as cabeças das pessoas, mais expostas a luz que os ombros, ficam pretas e sobressaem no fundo claro. Além disso, as cabeças ocupam uma projeção menor que o restante do corpo e as áreas de sombra, o que as realça.

Figura 3 – parte da foto da figura 2 em negativo.

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IT CEPD 0013.1.3 – Ortofoto.

A ortofoto é uma fotografia aérea restituída de forma a corrigir distorções decorrentes de relevos e da projeção cônica inerente ao processo fotográfico. Na ortofoto, a projeção cônica da foto aérea é transformada em uma projeção ortogonal. Através desse processo, todos os objetos fotografados mantém suas proporções com os objetos homólogos. Um conjunto de ortofotos permite montar um mosaico através do qual se cobre grandes áreas.

Figura 4 – Reprodução parcial da ortofoto 17B-043 fornecida pelo IPP.

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IT CEPD 0013.1.4 – Ortofotocarta.

A ortofotocarta é a reprodução de uma ortofoto ou de um mosaico complementados com informações tais como curvas de nível, altimetria, reticulado, identificação de acidentes, dados marginais e outras.

Figura 5 – Reprodução parcial de uma ortofotocarta.

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IT CEPD 0013.1.5 - Planta cadastral.

A planta cadastral é a reprodução de uma carta a partir de fotos aéreas restituídas. Normalmente são utilizadas para cadastro imobiliário ou outras aplicações que demandem fidelidade e precisão.

Figura 6 - Reprodução parcial da planta cadastral 287F-1-I fornecida pelo IPP.

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IT CEPD 0013.1.6 - Fotografia aeroespacial.

A fotografia aeroespacial é um recurso que vem se popularizando e atualmente já existem até fotos de áreas urbanas disponíveis gratuitamente na internet. O Google Earth é uma ferramenta de trabalho interessante nesse sentido.

Figura 7 – Foto aeroespacial de Copacabana obtida no Google Earth.

3.1.7 - Projeto de empreendimento.

Grandes empreendimentos como vilas olímpicas, complexos comercias e outros, demandam projetos específicos que permitam ter uma visão global de todas as instalações e construções.

Apesar de ser um documento de precisão boa é necessário verificar se tudo que foi projetado efetivamente foi construído. Para tal é interessante consultar um documento denominado “como

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IT CEPD 001construído” que normalmente é elaborado no final da execução e tem por objetivo documentar a obra como efetivamente foi executada.

3.1.8 - Planta de arquitetura e mapa.

A planta de arquitetura é pouco útil como material de consulta para o trabalho objeto essa IT, pois normalmente é desenvolvida para empreendimentos isolados.

O mapa praticamente não tem utilidade no âmbito dessa IT, pois é elaborado para cobrir grandes áreas e sua escala não tem a precisão necessária.

3.1.9 - Recursos cartográficos no município do Rio de Janeiro.

No Rio de Janeiro o Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos é o órgão responsável pela cartografia da cidade. Todo território do município do Rio de Janeiro encontra-se mapeado em escala 1: 10000 e 1:2000. O acervo de fotos, plantas e mapas pode ser consultado pela Internet ou diretamente no Instituto Pereira Passos.

3.2 – Escala.

Escala é a relação constante entre as medidas de um modelo (li) e as medidas homólogas do objeto (Li) representado por esse modelo.

A tabela 1 indica algumas escalas usuais:

Finalidade Escalas usuaisPlanta de arquitetura 1:50 a 1:200Planta de empreendimento 1:500 1:1000 1:2000Aerofoto 1:1000 1:8000 1:20000Ortofoto 1:2000 1:10000Planta cadastral 1:2000 1:10000

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IT CEPD 001Foto aeroespacial 1:1000 a 1:20000Mapa 1:200000 a 1:10000000

Tabela 1 – Escalas usuais

Note-se que essas são escalas usuais, podendo-se encontrar escalas menores ou maiores. Muitas vezes, de acordo com a necessidade a escala é determinada pelo usuário.

No trabalho de fotointerpretação, quando são empregadas fotos sem escala conhecida, a escala é determinada de acordo com elementos disponíveis, o que, via de regra, leva a escalas com números decimais.

3.3 - Escala gráfica.

A representação gráfica de uma escala numérica é chamada de escala gráfica. Sua utilidade se torna evidente quando é colocada em local apropriado no desenho, pois nos casos de reprodução, eventuais deturpações, ampliações ou reduções do mesmo, mantém-se as mesmas proporções. Tal também ocorre com dilatação e retração do papel, no qual o desenho foi realizado.

Além disso, a escala gráfica fornece, rapidamente, sem necessidade de cálculos, o valor real das medidas executadas sobre o desenho, qualquer que tenha sido a redução ou ampliação sofrida por este.

Figura 8 – Construção de escala.

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IT CEPD 001A figura 8 é um problema típico onde a partir de um desenho ou foto qualquer com dimensões reais conhecidas, calcula-se a escala que depois é representada graficamente.

É fundamental saber identificar objetos na foto que não tenham sofrido distorções que deturpem demasiadamente a escala.

4 – NOÇÕES DE FOTOGRAFIA.

Um dos recursos mais importantes para estimar o número de pessoas que compõem uma multidão é a fotografia.

A fotografia combinada com qualquer recurso cartográfico e informações de campo, permitem fazer estimativas bastante precisas.

Não se trata aqui da foto aérea para confecção de mosaicos ou ortofoto, que demanda equipamento caro e sofisticado, mas sim das fotos amadoras tiradas com câmeras comuns como fonte complementar de informação. Essas fotos podem ser tiradas do alto de edificações, elevações naturais ou mesmo de helicópteros.

A seguir serão apresentadas algumas noções de fotografia para evitar que esse recurso tão importante seja mal utilizado e induza a erros.

A foto para esse trabalho deve ser de boa qualidade, com o mínimo de distorções possível.

São requisitos fundamentais:- nitidez (foco);- contraste;- iluminação adequada;- em máquinas digitais: boa resolução (quanto maior melhor);- objetiva adequada.

Atualmente, tanto as câmeras digitais como as analógicas disponíveis no mercado resolvem foco, iluminação e contraste automaticamente com bom resultado.

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IT CEPD 001Quanto à objetiva, é preciso lembrar que algumas lentes geram distorções inaceitáveis.

Quanto mais curta a objetiva, tanto maior será o ângulo por ela coberto. Entretanto, maior será também a distorção radial.

Figura 9 – Cobertura com objetivas 35 mm, 50 mm e 80 mm.

Quanto à inclinação do eixo ótico as fotos podem ser:- vertical.- oblíqua baixa.- oblíqua alta. 4.1 - Foto vertical

Considera-se vertical a foto cujo eixo ótico tenha uma inclinação máxima de até 3o com a perpendicular ao plano do solo. A foto vertical é facilmente identificável pois no ponto que coincide com o centro ótico só é visível a projeção horizontal do objeto fotografado. Com equipamento amador, dificilmente se consegue tirar fotos verticais, pois nivelar a câmera fotográfica dentro da aeronave sem recursos é praticamente impossível. Ainda assim, com um pouco de prática, é possível tirar fotos quase verticais, principalmente com câmeras adaptadas a níveis de bolha.

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IT CEPD 001Conforme já mencionado, a fotografia aérea vertical é uma projeção cônica, ou seja, os objetos deformam-se no sentido radial a partir do centro da fotografia. Quanto mais curta a objetiva, tanto maior será a distorção. A figura 10 ilustra essa distorção em apenas um plano.

Figura 10 – Distorção radiais de proporções na foto.

4.2 - Foto Oblíqua baixa.

A foto obliqua baixa é utilizada para reconhecimentos locais. Permite avaliar proporções e principalmente elevações. Tecnicamente considera-se oblíqua baixa, a foto cuja inclinação do eixo ótico em relação à horizontal seja próximo a 30o.

Figura 11 - Foto oblíqua baixa.

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4.3 - Foto oblíqua alta.

É excelente para mostrar em profundidade aquilo que se deseja registrar. No caso específico do registro da mancha formada por uma multidão de pessoas, a foto oblíqua alta fornece informações referenciais que permitem localizar a mancha e seus diversos planos em profundidade.

Figura 12 – Foto oblíqua alta

As fotos oblíquas são facilmente identificáveis, pois sempre mostram um plano de elevação dos objetos fotografados e distorções de paralelismo com pontos de fuga e uma linha de horizonte.

A figura 13 ilustra uma foto vertical, onde proporções e ângulos se mantém constantes e uma foto oblíqua, onde linhas paralelas se tornam convergentes e os ângulos distorcem.

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Figura 13 – Distorção de dimensões e geração de desproporções.

4.4 - Minimizando distorções.

Conforme mencionado, cada tipo de foto tem seu emprego. Fotos verticais mantém proporções e são apropriadas para contagem de pessoas numa mancha, principalmente na determinação da densidade.

Fotos oblíquas são mais acessíveis e permitem definir limites da mancha com relativa precisão, desde que não sejam muito baixas.

Em fotos verticais tiradas com máquinas como aquelas normalmente encontradas no mercado, para minimizar erros de escala devido à distorções radiais, uma regra simplificada, porém prática consiste em dividir a foto em 5 partes. A área central gera poucas distorções, as adjacentes, distorções aceitáveis. O perímetro externo deve ser desprezado.

Recomenda-se também não empregar objetivas curtas como grande angular ou “olho de peixe”.

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Figura 14 – Proporções de aproveitamento de fotos.

Caso seja necessário cobrir uma área maior que aquela visível na parte central da foto, recomenda-se tirar várias fotos com superposição de aproximadamente 50% e depois fazer a montagem como se fosse uma foto panorâmica.

Figura 15 - Composição de foto.

Para montagem da foto, corta-se a metade da área superposta em cada uma das fotos.

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IT CEPD 001Para que essa fotocomposição tenha resultados minimamente satisfatórios, é necessário que todas sejam tiradas da mesma altura, com a mesma objetiva e que sejam o mais verticais possíveis.

4.5 - Reconhecimento de fotos.

Quando se obtém uma foto, sem que se tenha informações sobre altura do vôo, objetiva e ângulo de inclinação do eixo da objetiva, uma análise da mesma permite algumas conclusões.

Fotos verticais sempre apresentam um ponto onde só se vê uma projeção horizontal, sem qualquer elevação. Ver figura 16.

Nessa foto o centro ótico é provavelmente o ponto marcado com uma cruz vermelha. A foto é vertical, pois conforme se pode notar, na lateral direita é possível ver um trecho da parede em elevação. Na lateral esquerda idem. No centro apenas se vê uma linha grossa que é provavelmente um muro, do qual não se vê nada a não ser a projeção horizontal.

Além disso, pelo fato da elevação ser pouco visível, conclui-se que essa foto foi tirada de um ponto relativamente alto.

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Figura 16 – Foto vertical com centro marcado com uma cruz vermelha.

Fotos verticais baixas apresentam grande distorção das linhas paralelas verticais.

Fotos oblíquas sempre apresentam elevações e pontos de fuga, ou seja, linhas que na realidade são paralelas, na foto são convergentes.

5 – REFERÊNCIAS PARA MONTAGEM DE ESCALAS.

Quando a foto não tem escala definida, o que é recorrente em fotos tiradas sem controle ou equipamento profissional, é necessário montar a escala em função de referências conhecidas.

Qualquer referência que apareça na foto com poucas distorções e tenha medidas conhecidas serve para montar a escala. Nesse sentido, as referências foram agrupadas em 3 categorias:

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IT CEPD 001- referências excelentes que permitem a construção de escalas muito precisas;- referências de média precisão;- referências de baixa precisão.

Referências excelentes:- larguras de avenidas, ruas e calçadas;- comprimentos de trechos de ruas entre quarteirões;- grandes dimensões que podem ser identificadas na carta e na

foto do evento.

Referências de média precisão:- veículos - mobiliário urbano;

Referências de baixa precisão:- corpo humano.

Estimativas oficiais devem ser feitas com referências excelentes.

Nota: especificamente no estudo de fotos oblíquas, o corpo humano apesar de ser uma referência de baixa precisão, gera bons resultados.

A seguir serão fornecidas algumas referências típicas, que podem ser empregadas na falta de medida de referência aferida.

5.1 – Ruas, avenidas e construções como referências.

Essas referências são tidas como excelentes pelo fato de apresentarem dimensões maiores e por ser fácil conhecer a verdadeira grandeza com precisão, bastando para tal consultar uma aerofoto ou carta em escala 1:2000 ou em caso de necessidade obter a medida “in loco”.

Convém lembrar, que quanto maior o trecho identificado como referência, tanto menor será o erro associado a escala montada.

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IT CEPD 0015.2 - Veículos como referências.

Veículos são referências de média precisão. Uma vez identificado o modelo e a marca, suas dimensões podem ser obtidas em catálogos ou bancos de dados. A precisão fica prejudicada apenas pelas dimensões dos veículos que não sendo muito grandes numa foto, podem produzir erros de grafismo da ordem de 3% a 5% dependendo da escala.

Dentre os veículos mais interessantes para referência de escala estão os ônibus urbanos. A única dificuldade é a identificação do modelo através da foto aérea.

O ideal seria manter um banco de dados com fotos verticais e fichas técnicas com perfis e dimensões fornecidas pelo fabricante.

A tabela 2 de dimensões de veículos não está completa e apresenta apenas alguns dos veículos atualmente em fabricação.

Exemplo de fichas para banco de dados:

Figura 17 – Dimensões de veículos com foto aérea

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Veículo Dimensões (mm)A B C D

Chevrolet Vectra 1458 1728 2703 4618Fiat Stilo 1540 1756 2600 4253Fiat Marea 1434 1741 2540 4393Fiat Pálio 1434 1634 2373 3827Ford Focus 1447 1840 2640 4342Ford Ranger Super Cab. 1755 1763 3192 5154Ford Ranger Cab. Dupla 1779 1763 3192 5125Ford Ecosport 1620 1730 2490 4230GM Corsa Sedan 1420 1608 2443 4056GM Celta 1439 1614 2360 3735Renault Mégane Sedan 1435 1698 2580 4436Renault Scénic 1615 1719 2580 4169Renault Trafic Longo 2545 1905 3200 4890Renault Clio 1425 1639 2472 3772Renault Zafira 1629 1742 2703 4317Renault Picasso 1637 1751 2760 4276Toyota Hilux 1810 1835 2085 5255VW Kombi 2040 1720 2400 4505VW Golf 1580 1759 2578 4206VW Gol 1410 1650 2460 3930

Tabela 2 – Dimensões de veículos.

Nota: As dimensões fornecidas na tabela 2 podem apresentar pequenas variações. (Em alguns casos foram encontradas informações conflitantes em fichas técnicas dos veículos aqui apresentados).

É interessante notar, que a dimensão da largura dos veículos varia pouco dentro das categorias. Ou seja, Um veículo de passeio tem largura aproximada de 1,65 m e os utilitários 1,80 m.

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Figura 18 – Dimensões de ônibus

Veículo Dimensões (mm)A B C D

CAIO Apache S21 3260 2500 Variável VariávelCAIO Apache STD 3150 2500 5950 12100

Tabela 3 – Dimensões de ônibus.

5.3 - O corpo humano como referência.

O corpo humano é uma referência de baixa precisão, pois suas dimensões variam consideravelmente de um indivíduo para o outro, de acordo com genotipo, sexo, idade, e etnia. O povo brasileiro ainda não apresenta um padrão antropométrico típico. A maioria dos brasileiros têm a altura entre 1,65 m até 1,80 m, podendo se encontrar indivíduos mais altos e mais baixos que esses extremos. Além disso as dimensões do corpo humano são pequenas em relação à dimensão da foto, o que por si gera um erro de grafismo grande na construção da escala.

Entretanto, no âmbito dessa IT, as medidas médias se aplicam, principalmente na análise de fotos oblíquas com um primeiro plano

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IT CEPD 001muito próximo da câmera. Nesse caso, a medida da largura do crânio (C) é a mais útil e sempre que possível, na falta de referências mais precisas, deve ser aquela escolhida.

A tabela 4 apresenta medidas antropométricas básicas .

Figura 19 - Dimensões médias do corpo humano utilizadas em projetos. Ver tabela 4.

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Dimensão Adulto (mm)

A 410B 900C 160D 1750E 2250F 820G 180H 1610I 300

Tabela 4 – Dimensões médias

O ideal seria conhecer as variações máximas dessas medias para homens e mulheres. Tais variações permitiriam conhecer o erro máximo na construção da escala.

6 – DEFINIÇÕES. Para evitar falhas na comunicação relativa ao assunto objeto dessa IT ou mesmo interpretação inadequada de termos, esses serão tecnicamente definidos. Essas definições valem apenas para essa IT.

Multidão – Aglomeração de pessoas.T (densidade ou taxa de ocupação) – Quantidade de pessoas por m2.M (mancha) – Área delimitadas pela projeção horizontal coberta pela multidão.Q (quantitativo de pessoas) – Número total de pessoas que compõem a multidão.E (erro) – Erro máximo esperado.

Estimar o quantitativo de pessoas que formam uma multidão pode ser feito por métodos precisos ou expeditos.

Seja qual for o método, tudo se resume a uma relação que envolve a área da mancha e a taxa de ocupação na mesma.

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IT CEPD 001De forma genérica:

Independente do método escolhido, a dificuldade será avaliar com precisão os parâmetros M e T.

Caso a mancha seja composta por áreas com densidades distintas, é necessário subdividir a mancha em áreas menores, cada uma correspondendo a um taxa de ocupação.

6.1 – Estimativa de T (densidade ou taxa de ocupação)

A densidade é o parâmetro que pode induzir ao maior erro no quantitativo final, pois uma pequena variação nessa taxa propaga um erro percentual elevado.

Uma densidade estimada de forma equivocada facilmente leva a um erro inaceitável e não é difícil cometer tal erro. A diferença entre 5 pessoas/m2 e 8 pessoas/m2 aparentemente é pequena, mas representa um erro de 60%. Quando multiplicado por uma área grande pode significar um erro da ordem de centenas de milhares.

A densidade pode ser estimada por observação “in loco” ou por fotointerpretação. Essa última técnica traz resultados bastante precisos, porém necessita de referências de escala que permitam determinar a verdadeira grandeza de elementos constantes da foto. A foto tem uma vantagem adicional uma vez que gera documentação incontestável. Conforme já mencionado, servem como referências de escala veículos, fachadas, ou qualquer padrão cujas dimensões reais sejam conhecidas e apareçam na foto. Uma vez construída a escala é possível estimar a densidade com bastante precisão.

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IT CEPD 0016.1.1 - Taxas de ocupação típicas.

Considerando ambientes abertos e indivíduos adultos de estatura média, é praticamente impossível atingir a taxa de 10 pessoas/m2.

Excepcionalmente, em ambientes confinados como veículos de transportes coletivos superlotados talvez seja possível chegar a essa taxa por um reduzido espaço de tempo.

Portanto, em nenhuma hipótese será considerada densidade igual ou superior a 10 pessoas/m2 para aglomerações de adultos. Público mesclado, composto por crianças e adultos também não chega a 10 pessoas/m2.

A única exceção é o público composto exclusivamente por crianças onde podem ocorrer densidades ligeiramente superiores. Entretanto é rara a ocorrência de grandes eventos onde o público seja exclusivamente infantil.

Segue uma descrição das taxas passíveis de ocorrência em diversas situações com fotografias tiradas numa área de 3,0 m x 3,0 m indicada por um reticulado vermelho nas fotos.

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IT CEPD 0019 pessoas /m2 – ocorrência excepcional em áreas confinadas.

Essa taxa excepcionalmente ocorre em transportes coletivos superlotados ou pequenas áreas em ambientes confinados e por pouco tempo. Em áreas abertas essa taxa é impossível de ser atingida. Além de ser fisicamente difícil, essa densidade chega a ser claustrofóbica.

Portanto, em nenhuma hipótese essa densidade será utilizada em áreas abertas ou grandes eventos.

8 pessoas /m2 – ocorrência raríssima em áreas confinadas.

Essa taxa não ocorre em eventos muito menos em grandes extensões, porém é possível em condições excepcionais e transitórias, como áreas de acesso a estádios ou situações similares em locais confinados. Na prática, 8 pessoas/m2 chega a ser extremamente incômodo e insuportável por um período prolongado uma vez que as pessoas ficam completamente imobilizadas.

Do ponto de vista do controle de uma multidão essa taxa deve ser evitada, pois qualquer incidente pode se transformar em desastre.

Vale lembrar também que é praticamente impossível retirar uma pessoa de uma mancha dessa densidade em caso de emergência. Essa taxa é tão difícil de ser atingida em áreas desconfinadas, que não foi possível obter uma foto.

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IT CEPD 0017 pessoas /m2 – ocorrência rara em áreas confinadas.

Essa taxa é rara em áreas confinadas e raríssima em áreas desconfinadas, onde só ocorre de forma pontual e localizada.

Em eventos dificilmente ocorre a não ser no perímetro imediatamente adjacente ao acontecimento e em condições excepcionais.

A figura 21 mostra uma área com uma taxa de 7 pessoas/m2, onde é possível notar que as pessoas já estão espremidas e sem mobilidade. A foto também mostra que é praticamente impossível aumentar a densidade.

Figura 20 - Densidade = 7 pessoas /m2.

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IT CEPD 0016 pessoas /m2 – ocorrência máxima em áreas desconfinadas.

A observação tem mostrado que na prática, essa é a taxa máxima que ocorre em áreas desconfinadas. É rara, porém ocorre em eventos disputados no cinturão de pessoas que formam o perímetro imediatamente adjacente ao acontecimento. Essa densidade não se sustenta em profundidade numa mancha.

Figura 21 – Densidade = 6 pessoas /m2

Essa densidade talvez ocorra num perímetro máximo de 5 m a 10 m em torno do local onde o evento acontece.

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IT CEPD 0015 pessoas /m2 – ocorrência pouco freqüente em áreas extensas.

Essa taxa ocorre em eventos concorridos, porém somente no perímetro privilegiado adjacente ao cinturão de pessoas que cerca o acontecimento. Nas áreas mais afastadas a densidade tende a ser menor. O espaço entre as pessoas é reduzido, ficando a mobilidade extremamente reduzida.

Figura 22 – Densidade = 5 pessoas/m2.

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IT CEPD 0014 pessoas /m2 – ocorrência normal em áreas extensas.

Essa densidade ocorre em shows e eventos que concentram grande público. Normalmente essa é a taxa da grande massa de público na área intermediária da mancha. Note-se que não há espaço que permita a passagem de pessoas, mas é possível ver algumas áreas vazias. Essa densidade dificilmente ocorre em deslocamentos de massas.

Figura 23 – Densidade = 4 pessoas/m2.

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IT CEPD 0013 pessoas /m2 – ocorrência mais freqüente em áreas extensas.

Essa é a densidade média mais freqüente em shows e eventos que concentram grande público. Normalmente ocorre nas áreas periféricas da mancha. Eventualmente ocorre em blocos de carnaval ou outros eventos similares.

Figura 24 – Densidade = 3 pessoas/m2.

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IT CEPD 0012 pessoas /m2 – ocorrência freqüente em deslocamentos.

Essa taxa normalmente ocorre em multidões em deslocamentos como passeatas e comícios. Eventualmente ocorre em eventos, nas áreas mais afastadas dos acontecimentos.

Figura 25 – Densidade = 2 pessoas/m2.

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IT CEPD 0011 pessoas /m2 – ocorrência freqüente em formaturas.

Essa taxa normalmente ocorre em formaturas ou mesmo deslocamentos para comícios.

Figura 26 – Densidade = 1 pessoas/m2.

É interessante notar que essas taxas são dinâmicas. Uma passeata que durante o deslocamento tem uma densidade que varia de 1 a 2 pessoas/m2, quando chega ao local ou ponto de encontro se concentra passando a assumir o comportamento de massa estática com densidade que chega a 3 pessoas/m2 e no máximo 4 pessoas/m2.

A figura 27 mostra as diversas densidades de forma a permitir uma comparação visual mais clara.

Uma das técnicas expeditas para estimar a densidade da mancha é exatamente a comparação visual, onde se procura identificar os vazios e as distancias entre cabeças.

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IT CEPD 001

Figura 27 – Comparação visual de densidades.

Quando são analisadas fotos oblíquas é importante lembrar que não cabem 2,5 pessoas de frente, lado a lado em um metro.

Na figura 28 algumas das pessoas na primeira linha estão desalinhadas e algumas estão semiperfiladas, o que mostra que não cabem sete pessoas de estatura média numa linha de 3,0 m.

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Figura 28 – Foto frontal mostrando densidade máxima em uma linha.

6.2 - Emprego de fotos aéreas verticais.

O emprego de fotos aéreas verticais para estimativa da densidade é um método de boa precisão e de fácil aplicação.

O método consiste em identificar na foto da mancha qualquer dimensão cuja verdadeira grandeza seja conhecida. Com base nessa dimensão e na escala da foto é possível construir um reticulado, que uma vez plotado sobre a mancha permite fazer uma contagem precisa.

Na prática, como a mancha dificilmente apresenta uma densidade homogênea, é necessário subdividi-la em áreas representativas e estimar as respectivas densidades médias.

As áreas podem ser calculadas eletronicamente ou por processos geométricos, com subdivisão em reticulados.

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IT CEPD 001A mancha deve ser dividida no mínimo em três áreas distintas. A saber:- área adjacente aos acontecimentos;- área principal;- periferia.

O critério para essa divisão é a densidade representativa.

6.3 - Emprego de fotos oblíquas.

As fotos oblíquas apresentam uma dificuldade adicional, pois as grandezas se deformam conforme a profundidade do plano apresentado na foto devido ao efeito de perspectiva com um ponto de fuga no horizonte.

Tal dificuldade implica em construir uma escala que varia com a profundidade dos planos apresentados na foto. Essa escala em forma de teia de aranha depende da inclinação da foto e pode levar a erros grosseiros, principalmente quando o final da mancha se confunde com o ponto de fuga.

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IT CEPD 001Figura 29 – Foto obliqua com mancha terminando próximo ao ponto de fuga.

A construção da escala é um processo gráfico e na prática só serve para estimativas expeditas, pois só é possível visualizar bem os primeiros planos.

O processo gráfico consiste em:- identificar o ponto de fuga e o horizonte na foto. - traçar uma linha do centro na parte inferior da foto ao ponto de

fuga. Este é eixo da foto;- lançar as linhas de fuga, espaçadas de metro em metro. Quando

a largura da rua é conhecida, esse processo é simples, pois basta escolher dois planos em profundidades distintas, traçar linhas perpendiculares ao eixo da rua e dividir a rua em segmentos proporcionais a 1 m;

- sobre o eixo, no primeiro plano, marcar profundidades de 1,0 m. O mais fácil é utilizar cabeças visíveis de frente na foto e em fila na direção das linhas de fuga;

- marcados os três ou cinco primeiros metros é possível verificar em que proporção as distâncias relativas a um metro diminuem sobre o eixo da foto;- desenhar o reticulado nas linhas de fuga centrais. - contar o número de segmentos entre linhas de fuga e o número de teias desenhadas sobre o eixo central;- estimar a densidade média de um retículo;- multiplicar o número de segmentos entre linhas de fuga pelo número de retículos, pela densidade média.

Na prática esse processo só é empregado quando não se dispõe de outras informações que permitam calcular a área da mancha com mais precisão.

6.4 – Estimativa de M (mancha).

A mancha pode ser estimada por métodos mais expeditos ou precisos conforme o objetivo desejado.

Uma estimativa oficial para divulgação de um balanço de um evento ou mesmo para estudo que venha a subsidiar futuros planejamentos

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IT CEPD 001deve ser feita com cálculo preciso de áreas e determinação de densidades médias em pelo menos 25 áreas representativas.

Uma estimativa local para avaliação de uma situação emergencial pode ser menos precisa, desde que a informação seja empregada com critério.

Para plotar a mancha é necessário lançar mão de informações de campo que podem ser obtidas por reconhecimento local com fotografias terrestres ou com fotografias aéreas.

O reconhecimento consiste em fotografar vários trechos ao longo da mancha de forma a documentar toda sua extensão e densidades. É importante registrar pontos facilmente identificáveis na planta cadastral ou base cartográfica utilizada.

Podem servir como referência local:ruas, construções, monumentos, pontos de inflexões de avenidas ou quaisquer outras informações que constem das plantas e sejam identificáveis no campo.

Uma vez identificados os limites da mancha, ela pode ser plotada numa planta cadastral 1:2000 ou em outro meio de forma que se possa calcular a área com precisão.

No caso das plantas cadastrais digitalizadas, é possível calcular a área eletronicamente.

A situação mais simples é uma mancha com contornos claramente definidos e uma taxa de ocupação T, uniforme.

Caso a mancha apresente áreas com taxas de ocupações distintas, que é o mais comum, a mancha deve ser subdividida em áreas menores, cada uma correspondendo a uma taxa de ocupação.

Nesse caso a quantidade de pessoas Q será calculada pela expressão que se segue:

Onde:

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IT CEPD 001Q = quantidade de indivíduosMi = subárea iTi = taxa de ocupação correspondente subárea i.i = 1 até número total de áreas subdivididas.

Não existe limite máximo para o número de subdivisão de áreas, sendo 3 o mínimo.

7 - ESTIMATIVA OFICIAL DO QUANTITATIVO DE INDIVÍDUOS NUMA MULTIDÃO NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO.

O objetivo dessa IT é criar um padrão de informação confiável baseado numa metodologia técnica.

As estimativas oficiais deverão seguir o padrão a seguir descrito.

Base cartográficaPodem ser utilizados os seguintes recursos:- planta cadastral 1:2000 ou - foto aérea 1:2000 ou - ortofotocarta na escala 1:2000.

Delimitação da mancha

A mancha pode ser delimitada por:- fotografia aérea sem controle de escala ou - reconhecimento local de todo perímetro com documentação de fotos oblíquas.

Determinação das densidades médias

Para definir as densidades médias devem ser escolhidos no mínimo 25 pontos. Em manchas superiores 100000 m2 esse número deve aumentar na proporção de 1 foto adicional para cada 10000 m2. As fotos serão tiradas de forma representativa, devendo ter no mínimo:- 5 fotos do cinturão que cerca o evento- 5 fotos na área adjacente de alta densidade- 5 fotos na área de média densidade;- 5 fotos da área de baixa densidade;- 5 fotos da área periférica da mancha.

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Processo de contagem.

A mancha deverá ser plotada na planta, carta ou foto. Os pontos das fotos relativas às densidades representativas, devem ser indicados na carta.

As áreas serão dividias segundo as densidades representativas para cálculo da quantidade de indivíduos.

O valor final representado pelo somatório de áreas x densidades deverá ser indicado juntamente com o erro provável associado a estimativa.

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IT CEPD 0018 - ESTIMATIVA EXPEDITA COM FOTO OBLÍQUA.

Fotos oblíquas não servem para estimativas precisas, pois a perspectiva dificulta a construção do reticulado.

Entretanto para estimativas expeditas, a foto obliqua pode ser empregada, sendo necessário construir um reticulado em forma de teia de aranha.

9 - EXEMPLOS

Para ilustrar a aplicação dos métodos aqui descritos foram inseridos três exemplos que foram parcialmente desenvolvidos.

9.1 - Exemplo 1 – Foto vertical

A figura 31 representa uma fotografia aérea reduzida que mostra uma zona urbana, onde na área demarcada em vermelho, existe um comício com aglomeração de público.

A foto original foi tirada na escala 1:4000. Entretanto, a título de exercício a foto será ampliada e sua escala será construída com um veículo como se não fosse conhecida a priori.

Figura 30 – Foto aérea reduzida de comício em zona urbana.

A área onde há concentração de público foi ampliada e está representado na figura 31.

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Figura 31 – Área A1 ampliada, onde existe concentração de público.

Nesta foto foram ampliadas e demarcadas com contornos vermelhos três áreas distintas, denominadas B1, B2 e B3.

A primeira – B1 – no centro da foto é a área em torno do palanque onde será determinada a densidade máxima da mancha.

A segunda – B2 – no quadrante inferior direito, mostra uma área de estacionamento de veículos. Nela será destacado um veículo para determinação da escala gráfica.

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IT CEPD 001A terceira – B3 – na parte inferior da foto, indica uma área com densidade visivelmente menor que a área B1.

Construção da escala a partir de um veículo.

O ideal e mais preciso seria partir de uma largura de avenida para construção da escala. Entretanto, estamos supondo que essa dimensão seja desconhecida em verdadeira grandeza.

Figura 32 – Área B2 delimitada por contorno vermelho, ampliada. Na lateral esquerda da foto está indicado o veículo de passeio utilizado para montagem da escala gráfica.

Note-se que essa foto mostra detalhes como veículos, largura de avenida e calçada que permitem estabelecer uma escala gráfica precisa, desde que suas dimensões sejam conhecidas em verdadeira grandeza. Sendo essa foto de um local desconhecido, não existem grandezas como largura de ruas ou outras conhecidas.

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Figura 33 – Construção de escala gráfica e reticulado a partir de uma dimensão conhecida. Nesse caso, largura padrão média de um veículo de passeio.

A partir dessa escala, constrói-se um reticulado no qual é feita uma contagem amostral de pessoas por área, chegando-se a uma densidade média.

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Figura 34 – Desenho do reticulado em escala sobre a foto.

Caso seja necessário e a foto tenha qualidade, a mesma pode ser ampliada para facilidade da contagem.

Figura 35 – Retículo de 5,0 m x 5,0 m ampliado, onde cada unidade mede 1,0 m.

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Figura 36 – Retículo com contagem de pessoas.

Neste reticulado de 5,0 m x 5,0 m, há 78 a 82 pessoas, sendo 80 pessoas o quantitativo mais provável, com um erro de 2,5%.

Considerando a área de 25 m2 chega-se a uma densidade de 3,2 pessoas/m2 o que é uma densidade normal em comícios. Esse processo teria que ser repetido em outras áreas representativas conforme aquela delimitada como B3 na figura 32.

Feita a contagem das densidades representativas, seria necessário identificar as áreas representativas na mancha para multiplicar densidades x áreas.

Aspectos importantes.

A título de exercício a escala foi construída por um processo gráfico através de comparações de medidas reais de um veículo com suas dimensões correspondentes na fotografia. A medida mais confiável seria uma largura de rua conhecida ou aferida no local. Vale lembrar novamente, que quanto maior a referência, tanto menor será o provável erro da escala.

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Além disso, uma vez calculadas as densidades médias, é conveniente comparar os resultados obtidos com densidades típicas para avaliar a consistência dos resultados.

9.2 - Exemplo 2 – Foto oblíqua.

Este exemplo tem o objetivo de mostrar a contagem de indivíduos através de uma foto em perspectiva.

Seguidos os passos

Figua 37 – Reticulado em forma de teia de aranha.

Nesta foto que aqui aparece reduzida, foram contados 22 segmentos entre linhas de fuga e 40 planos em profundidade (Nessa foto os 40 planos não são visíveis). A densidade média é da ordem de 4,0 pessoas /m2 a 4,5 pessoas /m2, não chegando em nenhuma hipótese a 5 pessoas /m2.

Tal levaria a estimativa dessa mancha a um número provável de 22 x 40 x 4,5 = 3960 indivíduos com um erro de aproximadamente 10%.

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IT CEPD 001Nesse exemplo, a contagem dos planos em profundidade não é muito precisa, pois o final da mancha quase coincide com o ponto de fuga.

Havendo informação local, quanto a profundidade e largura da mancha, essa estimativa pode ser checada pelo simples cáclulo da área da mancha multiplicada pela densidade média.

9.3 - Exemplo 3 – Show dos Rooling Stones em Copacabana.

A título de exercício foi feita uma avaliação do show dos Rolling Stones, pois tal evento gerou estimativas com diferenças de até 100 %. Alguns jornais divulgaram um público estimado da ordem de 2 milhões de indivíduos, outras organizações divulgaram 1,5 milhão de expectadores e outras ainda 1 milhão de expectadores.

Lamentavelmente não foi feito o trabalho de campo para coleta de informações que possam levar a uma estimativa precisa. O presente exercício foi feito com base em fotografias de jornais e depoimentos com o objetivo de chegar a um número máximo, que dificilmente teria sido ultrapassado.

As informações coletadas e a seguir descritas, serviram como base para geração das hipóteses que levaram as contorno.- A mancha se estendeu do Copacabana Palace até o Meridien chegando nesse ponto com densidade reduzida.- Após o Meridien havia pessoas, porém a densidade era muito baixa.- Densidade máxima no cinturão em torno do palco dificilmente chegou a taxa de 5,5 pessoas/m2.

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Figura 38 - Cinturão em torno do palco.

Figura 39 – Mancha em toda extensão.

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A análise dessa foto leva à conclusão que mesmo no cinturão em torno do palco, a densidade dificilmente chegou a 5,5 pessoas/m2. Pessoas com braços levantados e acenando, ocupam mais espaço que pessoas com braços abaixados.

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Figura 40 – Trecho na areia com baixa densidade de multidão.

Seguem as hipóteses que compõem a condição de contorno.

1 - O reticulado foi lançado desde a linha d’água até a fachada dos prédios. Essa hipótese não ocorre ao longo de toda extensão da mancha. Muitos prédios têm grades e poucas pessoas se dispõem a ficar na água, como mostra a foto da figura 40.

2 – A faixa de areia junto à linha d’água foi considerada ocupada.

3 – Todas as áreas como palco, instalações e aquelas destinadas a serviços foram consideradas integralmente ocupadas.

4 – A área foi calculada por processo de discretização em áreas de 20m x 20m. (Poderia ter sido feito por processo eletrônico).

Todas essas hipóteses tendem a maximizar o número de indivíduos presentes. Tal foi feito de forma a calcular o limite superior.

As áreas foram divididas em:

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IT CEPD 001azul claro – densidade muito baixacinza claro - baixa densidadecinza escura – média densidadeazul – alta densidade

Figura 41 – Mancha de público dividia em áreas de diferentes densidades.

Cor Área( m2)Azul claro 27200Cinza claro 84800Cinza escuro 76800Azul escuro 44800TOTAL 233600

Tabela 5 – Quadro de áreas.

Número máximo de indivíduos presentes.

O número máximo de pessoas presentes é uma hipótese remota, porém foi estimado de forma a servir como limite superior. Nessa

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IT CEPD 001hipótese foi considerada a densidade de 5,5 pessoas /m2 em toda área azul, o que seria muito pouco provável.

Cor Área( m2) Densidade IndivíduosAzul claro 27200 1 27200Cinza claro 84800 4 339200Cinza escuro 76800 5 384000Azul escuro 44800 5,5 246400TOTAL 233600 996800

Tabela 6 – Número máximo de indivíduos.

Número mais provável de indivíduos presentes.

O número mais provável é aquele que considera taxas de ocupação normais em eventos muito concorridos. Nessa hipótese adotou-se uma taxa média de 5 pessoas/m2 para toda área azul. A área mais densa junto ao palco é compensada pela área de palco onde a densidade é praticamente nula.

Cor Área( m2) Densidade IndivíduosAzul claro 27200 1 27200Cinza claro 84800 3 254400Cinza escuro 76800 4 307200Azul escuro 44800 5 224000

TOTAL 233600 812800Tabela 7 – Número mais provável de indivíduos.

Número mínimo de indivíduos presentes.

Esse é o número que pode ser considerado o limite inferior.

Nessa hipótese a densidade da área azul foi considerada igual a 5 pessoas/m2 e 2 pessoas/m2 na área cinza claro. Na foto 39 a densidade média seria ainda menor.

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Cor Área( m2) Densidade IndivíduosAzul claro 27200 1 27200Cinza claro 84800 2 169600Cinza escurao 76800 4 307200Azul escuro 44800 5 224000

TOTAL 233600 728000Tabela 8 – Número mínimo de indivíduos

Conclusão.

A avaliação do público estimado na mancha seria de 812800 12% pessoas.

Considerando indivíduos presentes nos prédios no trecho da orla próximo ao Copacabana Palace e em embarcações, a estimativa máxima de público total talvez chegue a pouco mais de 1000 000 de indivíduos.

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