joÃo carlos-mestrado_eficiência energética em ed bancarias_170810

Upload: julianammatos

Post on 10-Jul-2015

100 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE DE BRASLIA FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO PROGRAMA DE PESQUISA E PS-GRADUAO

EFICINCIA ENERGTICA E CONFORTO AMBIENTAL NA ESCOLHA DE EDIFICAES PARA AGNCIAS DO BANCO DO BRASIL: PROPOSTA DE CRITRIOS PARA O DISTRITO FEDERAL

JOO CARLOS SIMO PEDREIRA

Braslia 2010

II

UNIVERSIDADE DE BRASLIA FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO PROGRAMA DE PESQUISA E PS-GRADUAO

EFICINCIA ENERGTICA E CONFORTO AMBIENTAL NA ESCOLHA DE EDIFICAES PARA AGNCIAS DO BANCO DO BRASIL: PROPOSTA DE CRITRIOS PARA O DISTRITO FEDERAL

JOO CARLOS SIMO PEDREIRA

Dissertao apresentada como requisito parcial obteno do grau de Mestre pelo Programa de Ps-graduao da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Braslia,UnB. Orientador: Prof Dra. Cludia Naves David Amorim

Braslia 2010

III

TERMO DE APROVAO

JOO CARLOS SIMO PEDREIRA

EFICINCIA ENERGTICA E CONFORTO AMBIENTAL NA ESCOLHA DE EDIFICAES PARA AGNCIAS DO BANCO DO BRASIL: PROPOSTA DE CRITRIOS PARA O DISTRITO FEDERALDissertao apresentada como requisito parcial obteno do grau de Mestre pelo Programa de Ps-Graduao da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Braslia, UnB

Data de defesa: 30 de agosto de 2010

Oientadora: __________________________________________ Profa. Dra. Cludia Naves David Amorim Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, UnB

Comisso Examinadora: __________________________________________ Profa. Dra. Raquel Naves Blumenschein Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, UnB

__________________________________________ Prof. Dr. Leonardo Pinto de Oliveira Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, UniCEUB

Braslia, 2010

IV

Que Deus me conceda falar com inteligncia e conceber pensamentos dignos dos dons recebidos, pois ele quem guia a Sabedoria e dirige os sbios. Em seu poder mantm a ns e nossas palavras, todo o saber e toda a cincia das tcnicas. (Livro da Sabedoria, 7:15)

V

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, que sempre me apoiaram em todas as etapas de minha formao, dando-me motivao aos estudos. minha esposa Susana, pela compreenso, carinho e amor por todos esses anos de convvio, ajudando-me e incentivando-me no crescimento profissional. Aos meus filhos, Rafael e Andr, fonte de luz e juventude que a cada dia faz com que renove minhas foras para alcanar novos horizontes. Profa. Dra. Cludia Amorim, pela compreenso, colaborao e ateno que me dedicou, direcionando o desenvolvimento deste trabalho e orientando-me sempre que precisei. Ao gerente da engenharia, Srgio Goulart, que me possibilitou ter acesso as informaes dentro do Banco do Brasil. Em especial aos colegas de Banco, Jayme Wesley, Helena, Raul Hofliger, Zito e Marcelo Pontes pelo apoio com informaes e materiais para esta pesquisa. Aos amigos do LACAM, Milena, Caio, Larissa e Jlia pela contribuio com informaes importantes sobre o RTQ-C. Aos amigos do Mestrado, Darja, Ana Maria e Flix, pelo fornecimento de dados importantes que contriburam para a qualidade deste trabalho.

VI

SUMRIO

Lista de figuras................................................................................................................XII Lista de fluxo..................................................................................................................XIII Lista de grficos.............................................................................................................XIII Lista de quadros............................................................................................................XIV Lista de tabelas...............................................................................................................XV Entidades e programas................................................................................................XVIII Resumo.........................................................................................................................XIX Abstract...........................................................................................................................XX

INTRODUO..................................................................................................................1 O PROBLEMA..................................................................................................................3 JUSTIFICATIVA................................................................................................................5 OBJETIVOS......................................................................................................................7 ORGANIZAO DO TRABALHO....................................................................................8

PARTE I - Fundamentao terica e metodolgicaCAPTULO 1 - ARQUITETURA DE AGNCIA BANCRIA DO BANCO DO BRASIL 1.1. 1.2. BREVE HISTRICO.............................................................................................12 PROGRAMA DE UMA AGNCIA BANCRIA DO BANCO DO BRASIL.............14

1.2.1. Projeto de uma agncia bancria do Banco do Brasil..........................................16

VII

1.3.

METODOLOGIA ATUAL PARA ESCOLHA DAS EDIFICAES DE AGNCIA BANCRIA...........................................................................................................22

CAPTULO 2 CLIMA E CONFORTO AMBIENTAL 2.1. CLIMA.......................................................................................................................33 2.1.1. Clima do Distrito Federal.......................................................................................34 2.1.2. Zoneamento Bioclimtico do Distrito Federal........................................................35 2.2. CONFORTO AMBIENTAL........................................................................................38 2.2.1. Conforto trmico....................................................................................................39 2.2.2. Conforto luminoso.................................................................................................41

CAPTULO 3 EFICINCIA ENEGTICA: VARIVEIS ARQUITETNICAS 3.1. VARIVEIS ARQUITETNICAS..............................................................................45 3.1.1. Forma da edificao..............................................................................................45 3.1.2. Funo da edificao............................................................................................46 3.1.3. Envoltria...............................................................................................................47 3.1.4. Radiao X Envoltria...........................................................................................53 3.1.5. Estratgias bioclimticas para edificaes no Distrito Federal.............................54

CAPTULO 4 REFERENCIAL METODOLGICO 4.1. DIAGRAMA MORFOLGICO..................................................................................56 4.2. REGULAMENTO TCNICO DA QUALIDADE DO NVEL DE EFICINCIA ENERGTICA DE EDIFCIOS COMERCIAIS, DE SERVIOS E PBLICOS (RTQC).....................................................................................................................................60 4.2.1. Pr-requisitos especficos para classificao da envoltria em Braslia ..............62

VIII

4.3. GREEN BUILDING CHALLENGE GBT (GBTool)..67 4.3.1. Estrutura do GBTool....68 4.3.2. Sistema de pontuao68 4.3.3. Sistema de Ponderaes......................................................................................68 4.3.4. Gerao de resultados do GBTool........................................................................70

PARTE II METODOLOGIA E RESULTADOSCAPTULO 5 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS DO ESTUDO 5.1. METODOLOGIA DO ESTUDO................................................................................75 5.2. DELIMITAO DO CAMPO DE ESTUDO...............................................................77 5.3. LEVANTAMENTO FOTOGRFICO DAS EDIFICAES.......................................79 5.4. ESCOLHA DAS AGNCIAS PARA ANLISE.........................................................80 5.5. METODOLOGIA UTILIZADA PARA LEVANTAMENTO DOS DADOS PARA A AVALIAO DAS AGNCIAS PELO RTQ-C.................................................................84 5.6. ANLISE DO DESEMPENHO LUMINOSO COM O SOFTWARE RELUX..............86 5.6.1. Escolha das agncias............................................................................................87 5.6.1.1. Metodologia utilizada para anlise.....................................................................87 5.7. METODOLOGIA PARA ELABORAO DA PLANILHA P4E..................................88 5.7.1. Caractersticas da Planilha P4E............................................................................90 5.7.2. Nveis e categorias de desempenho.....................................................................90 5.7.3. Sistema de pontuao da Planilha P4E................................................................96 5.7.4. Metodologias de clculos dos indicadores de desempenho.................................97 5.7.4.1. Critrios utilizados..............................................................................................97 5.8. CALIBRAO DA PLANILHA P4E COM O MINITAB 15......................................113

IX

5.9. PROPORES DOS PESOS DOS COMPONENTES DA PLANILHA P4E.........116 5.10. INSERO DOS DADOS E GERAO DOS RESULTADOS DA PLANILHA P4E................................................................................................................................116

CAPTULO 6 RESULTADOS, ANLISES E VALIDAO DA PLANILHA P4E 6.1. OBTENO DOS DADOS DAS CARACTERSTICAS DA ENVOLTRIA DAS AGNCIAS BANCRIAS..............................................................................................119 6.1.1. Nvel I Espao Urbano......................................................................................119 6.1.2. Nvel II Edifcio..................................................................................................120 6.1.3. Nvel III Agncia...............................................................................................121 6.1.4. Nvel IV Ambiente interno Sala de Auto-Atendimento (SAA)........................122 6.2. APLICAO DO RTQ-C NAS 10 AGNCIAS BANCRIAS.................................123 6.3. RESULTADOS COM AS SIMULAES COMPUTACIONAIS..............................124 6.4. APLICAO DA PLANILHA P4E E RESULTADOS..............................................131

CAPTULO 7 CONSIDERAES FINAIS E CONCLUSES 7.1. CONSIDERAES FINAIS...................................................................................135 7.2. CONCLUSES......................................................................................................137

8. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.........................................................................140 ANEXOS ANEXO A. Diagrama Morfolgico Legenda,,,,,,,,,,,,,,,,,,.............................................147 ANEXO B. Caractersticas fsicas da envoltria das 40 agncias bancrias do Banco do Brasil no DF...................................................................................................................156

X

ANEXO C. Levantamento fotogrfico de 40 agncias bancrias do Banco do Brasil no DF..................................................................................................................................158 ANEXO D. Diagrama Morfolgico das 10 agncias analisadas....................................166 ANEXO E. Aplicao do RTQ-C Planilhas das 10 agncias avaliadas......................205 ANEXO F. Planilhas auxiliares da Planilha P4E...........................................................216 ANEXO G. Resultados com as simulaes computacionais.........................................231

XI

Lista de figuras

Figura 1. Teoria dos crculos concntricos. .................................................................... 17 Figura 2. Percurso do cliente, incio................................................................................18 Figura 3. Percurso do cliente, na atualidade. ................................................................. 18 Figura 4. Layout em linha para SAA. .......... ....................................................................19 Figura 5. Layout em L para a SAA.................................................................................19 Figura 6. Planta baixa de uma agncia com a SAA........................................................20 Figura 7 Perspectiva de uma agncia com a SAA..........................................................20 Figura 8. Mapa climtico do DF, segundo classificao de Koppen. ............................. 34 Figura 9. Carta Bioclimtica Braslia. .......................................................................... 36 Figura 10. Zona Bioclimtica 4 ......... ..............................................................................37 Figura 11. Carta Bioclimtica Braslia ......................................................................... 37 Figura 12. Modelo da Etiqueta Nacional de Conservao de Energia (ENCE) para edificaes. .................................................................................................................... 61 Figura 13. Fluxograma de escolha da equao de ICenv.. .............................................. 64 Figura 14. Estrutura hierrquica do GBTool. .................................................................. 68 Figura 15. Blocos de entrada e sada e escala de valores do GBTool. .......................... 69 Figura 16. Grfico de desempenho global (esquerda) e de cada categoria de desempenho................................................................................................................... 70 Figura 17. Fluxo da criao da Planilha P4E.................................................................. 72 Figura 18. Organograma da metodologia de estudo. ..................................................... 76 Figura 19. Mapa do Distrito Federal com as Regies Administrativas RA ................. 79 Figura 20. Critrios Posio da quadra. ..................................................................... 97 Figura 21. Critrios Posio do lote na quadra. .......................................................... 98 Figura 22. Critrios Lado Frontal. ................................................................................ 98 Figura 23. Critrios Demais lados. .............................................................................. 99 Figura 24. Critrios Planta do edifcio. ........................................................................ 99 Figura 25. Critrios Ape. ............................................................................................. 99 Figura 26. Critrios Fator Forma e Fator Altura......................................................... 100

XII

Figura 27. Critrios Exposio da envoltria. ............................................................ 100 Figura 28. Cargas trmicas por orientao solar (radiaes totais dia Kcal/m 2 x dia) .. 101 Figura 29. Critrios Transmitncia trmica das paredes externas. ........................... 102 Figura 30. Critrios Transmitncia trmica da cobertura. .......................................... 102 Figura 31. Critrios Absortncia trmica paredes externas. ................................... 102 Figura 32. Critrios Absortncia trmica cobertura. ............................................... 102 Figura 33. Critrio - Percentual de Abertura da Fachada (PAF)................................... 103 Figura 34. Critrios Protees externas predominantes nas aberturas. .................... 107 Figura 35. Critrios Abertura para ventilao natural. ............................................... 108 Figura 36. Critrios Lados com abertura na edificao (exceto subsolo). ................. 109 Figura 37. Critrios Origem da fonte de luz predominante no edifcio. ...................... 110 Figura 38. Critrios Dimenso e forma da abertura predominante no andar superior. ..................................................................................................................................... 112 Figura 39. Critrios Dimenso e forma da abertura predominante no andar trreo. . 113 Figura 40. Rgua com os 9 nveis do escore final da Planilha P4E. ............................ 113 Figura 41. Sumrio do escore final da Planilha P4E (Fonte: Minitab 15). .................... 114

Lista de fluxoFluxo 1. Nveis hierrquicos da Planilha Final. ............................................................... 91

Lista de grficosGrfico 1. Fluxo da metodologia com Prospeco de Imveis. ...................................... 24 Grfico 2. Exemplo de uma avaliao de uma edificao da planilha atual. .................. 31 Grfico 3. Planilha P4E Grfico I (avaliao da Ag. Sobradinho DF). .................... 117 Grfico 4. Planilha P4E Grfico II (avaliao da Ag. Sobradinho DF). ................... 118 Grfico 5. Desempenho luminoso, nveis mximos de iluminncia (com o trreo). ..... 128 Grfico 6. Desempenho luminoso, nveis mximos de iluminncia (sem o trreo). ..... 128 Grfico 7. Desempenho luminoso, nveis mdios de iluminncia (com o trreo). ........ 129 Grfico 8. Desempenho luminoso, nveis mdios de iluminncia (sem o trreo). ........ 129

XIII

Grfico 9. Aberturas Desempenho luminoso das edificaes Planilha P4E. .......... 130 Grfico 10. Planilha P4E escores finais das edificaes das agncias bancrias. ... 132

Lista de quadrosQuadro 1. Ambientes com os nveis de segurana em uma agncia bancria. ............. 17 Quadro 2. Principais exigncias para envoltrias das edificaes. ................................ 21 Quadro 3. Iluminncia para cada grupo de tarefas visuais ........................................... 43 Quadro 4. Comparao entre AHS e AVS. .................................................................... 53 Quadro 5. Nveis e parmetros do Diagrama Morfolgico. ............................................ 57 Quadro 6. Diagrama Morfolgico Agncia Universidade de Braslia (DF). .................. 58 Quadro 7. Indicadores de desempenho de sustentabilidade ambiental- GBTool. .......... 67 Quadro 8. Relao de agncias, campo amostral. ......................................................... 78 Quadro 9. Imagens das 10 agncias selecionadas para aplicao do RTQ-C .............. 82 Quadro 10. Especificaes genricas para as fachadas das agncias. ......................... 85 Quadro 11. Nveis, subnveis e indicadores de desempenho da Planilha P4E. ............. 92 Quadro 12. Plantas de Arquitetura agncia Asa Sul 406. ......................................... 168 Quadro 13. Diagrama Morfolgico variveis da agncia Asa Sul 406 (DF). ............. 170 Quadro 14. Plantas de Arquitetura agncia Asa Sul 516. ......................................... 172 Quadro 15. Diagrama Morfolgico variveis da agncia Asa Sul 516 (DF). ............. 173 Quadro 16. Plantas de Arquitetura agncia Ceilndia Centro. .................................. 176 Quadro 17. Diagrama Morfolgico variveis da agncia Ceilndia Centro (DF). ...... 177 Quadro 18. Plantas de Arquitetura agncia Ceilndia Norte. .................................... 179 Quadro 19. Diagrama Morfolgico variveis da agncia Ceilndia Norte (DF). ........ 181 Quadro 20. Plantas de Arquitetura agncia Setor Comercial Sul. ............................. 183 Quadro 21. Diagrama Morfolgico variveis da agncia Setor Comercial Sul (DF). . 185 Quadro 22. Plantas de Arquitetura agncia Sobradinho (DF). .................................. 187 Quadro 23. Diagrama Morfolgico variveis da agncia Sobradinho (DF). .............. 189 Quadro 24. Plantas de Arquitetura agncia Taguatinga CNB 12. ............................. 191 Quadro 25. Diagrama Morfolgico variveis da agncia Taguatinga CNB 12 (DF). . 192 Quadro 26. Plantas de Arquitetura agncia Taguatinga Norte. ................................. 194

XIV

Quadro 27. Diagrama Morfolgico variveis da agncia Taguatinga Norte. ............. 196 Quadro 28. Plantas de Arquitetura agncia Taguatinga Sul. .................................... 199 Quadro 29. Diagrama Morfolgico variveis da agncia Taguatinga Sul. ................. 200 Quadro 30. Plantas de Arquitetura agncia Universidade de Braslia. ...................... 203 Quadro 31. Diagrama Morfolgico variveis da agncia Universidade de Braslia. .. 204

Lista de tabelasTabela 1. Planilha atual para escolha de edificao comercial (Fonte: LIC, Banco do Brasil, 2008a). ................................................................................................................ 26 Tabela 2. Estratgias Bioclimticas Zona 4 Braslia. ................................................ 38 Tabela 3. Iluminncia por tipo de atividade em bancos. ................................................ 43 Tabela 4. Absortncia em funo da cor. ....................................................................... 48 Tabela 5. Fator Solar (FS) das superfcies das aberturas. ............................................. 50 Tabela 6. Percentual de janela para ambientes com abertura nica. ............................. 51 Tabela 7. Quantidade de radiao solar (Wh/m2) nas superfcies da envoltria, de acordo a orientao solar. .............................................................................................. 54 Tabela 8. Tabela sntese dos pr-requisitos da envoltria. ............................................ 62 Tabela 9. Pr-requisitos para Zona Bioclimtica 4 Braslia. ........................................ 63 Tabela 10. Planilha do LACAM avaliao da Agncia Sobradinho (DF). .................... 66 Tabela 11. Planilha para Escolha de Edificaes Energeticamente Eficientes (P4E) no DF. ................................................................................................................................. 93 Tabela 12. Combinao de faces expostas da Fachada Norte x orientao solar. ...... 101 Tabela 13. Tabela de rea Ideal de Janela proporo 2 : 1 (GHISI et al, 2005). ...... 104 Tabela 14. Percentuais de aberturas por fachada e ordem por tamanho. ................... 104 Tabela 15. Tabela de notas da Fachada Principal PAF. ........................................... 105 Tabela 16. Tabela de notas das demais fachadas PAF. ........................................... 105 Tabela 17. Relao da Fachada Oeste com as demais fachadas. .............................. 106 Tabela 18. Tabela de notas para as protees solares. ............................................... 107 Tabela 19. Tabela de notas para a proteo solar marquise. ................................... 108 Tabela 20. Lados com abertura na edificao.............................................................. 109

XV

Tabela 21. Percentuais de abertura x quantidade de aberturas na edificao. ............ 110 Tabela 22. Posio da abertura no edifcio Tabela de notas (adaptao da Tabela 13). ............................................................................................................................... 111 Tabela 23. Posio da abertura no edifcio Tabela de valores com bonificao. ...... 111 Tabela 24. Resultados dos subnveis e do escore final das 10 agncias Panilha P4E. ..................................................................................................................................... 115 Tabela 25. Resultados dos subnveis e do escore final das 10 agncias, aps ajustes. ..................................................................................................................................... 115 Tabela 26. Componentes e seus respectivos valores percentuais em relao ao total. ..................................................................................................................................... 116 Tabela 27. Nveis de eficincia energtica das 10 agncias bancrias. ...................... 123 Tabela 28. Dados das envoltrias das 10 edificaes de agncia bancria Metodologia do RTQ-C (INMETRO, 2009). .................................................................. 124 Tabela 29. Percentuais de Abertura por Fachada (PAF) das 10 agncias. ................. 125 Tabela 30. Valores de absortncia trmica das edificaes. ....................................... 125 Tabela 31. Resultados dos subnveis e escore final Planilha P4E. ........................... 131 Tabela 32. Caractersticas fsicas da envoltria das 40 agncias bancrias do Banco do Brasil no DF.................................................................................................................. 157 Tabela 33. Imagens das envoltrias das agncias do Banco do Brasil no Distrito Federal. ........................................................................................................................ 159 Tabela 34. Avaliao pelo RTQ-C Agncia Asa Sul 406. .......................................... 206 Tabela 35. Avaliao pelo RTQ-C Agncia Asa Sul 516. .......................................... 207 Tabela 36. Avaliao pelo RTQ-C Agncia Ceilndia Centro. ................................. 208 Tabela 37. Avaliao pelo RTQ-C Agncia Ceilndia Norte. .................................... 209 Tabela 38. Avaliao pelo RTQ-C Agncia Setor Comercial Sul. ............................. 210 Tabela 39. Avaliao pelo RTQ-C Agncia Sobradinho. ........................................... 211 Tabela 40. Avaliao pelo RTQ-C Agncia Taguatinga CNB 12............................... 212 Tabela 41. Avaliao pelo RTQ-C Agncia Taguatinga Norte. ................................. 213 Tabela 42. Avaliao pelo RTQ-C Agncia Taguatinga Sul. ..................................... 214 Tabela 43. Avaliao pelo RTQ-C Agncia Universidade de Braslia. ...................... 215 Tabela 44. Radiaes totais por dia Kcal/m2 x dia. ...................................................... 217

XVI

Tabela 45. Combinaes possveis. ............................................................................. 218 Tabela 46. Notas das combinaes possveis. ............................................................ 219 Tabela 47. rea Ideal de Janela (AIJ) adotado. ........................................................... 220 Tabela 48. Tabela inicial clculo das notas dos percentuais de abertura. ................ 220 Tabela 49. Escala de valores Fachada Principal - Percentual de abertura das fachadas. ..................................................................................................................................... 221 Tabela 50. Escala de valores das Demais Fachadas - Percentual de abertura das fachadas. ...................................................................................................................... 222 Tabela 51. Pesos do conforto luminoso (PAF; Orientao solar e Quantidade de abertura). ...................................................................................................................... 223 Tabela 52. Pesos do conforto luminoso abertura com bonificao. .......................... 223 Tabela 53. Relao de elementos de vedao e valores de transmitncia trmica. .... 224 Tabela 54. Relao de cores (absortncia trmica). .................................................... 225 Tabela 55. Fator Solar dos principais tipos de vidro. .................................................... 226 Tabela 56. Planilha inicial pesos e valores das aberturas (Fachada Principal). ........ 227 Tabela 57. Proteo externa beiral. .......................................................................... 227 Tabela 58. Proteo externa marquise. .................................................................... 228 Tabela 59. Proteo externa brise horizontal. ........................................................... 228 Tabela 60. Proteo externa brise vertical. ............................................................... 229 Tabela 61. Proteo externa brise misto. .................................................................. 229 Tabela 62. Proteo externa valores das Demais Fachadas. ................................... 230 Tabela 63. Nveis de iluminncia agncia Ceilndia Centro (pavimento trreo). ...... 232 Tabela 64. Nveis de iluminncia agncia Ceilndia Centro (1 pavimento). ............ 233 Tabela 65. Nveis de iluminncia agncia Ceilndia Centro (mdia dos pavimentos). ..................................................................................................................................... 234 Tabela 66. Nveis de iluminncia agncia Ceilndia Norte (pavimento trreo). ........ 235 Tabela 67. Nveis de iluminncia agncia Ceilndia Norte (1 pavimento). .............. 236 Tabela 68. Nveis de iluminncia agncia Ceilndia Norte (2 pavimento). .............. 236 Tabela 69. Nveis de iluminncia agncia Ceilndia Norte (mdia dos pavimentos). 237 Tabela 70. Nveis de iluminncia agncia Sobradinho (pavimento trreo). ............... 238 Tabela 71. Nveis de iluminncia agncia Sobradinho (1 pavimento). ..................... 238

XVII

Tabela 72. Nveis de iluminncia agncia Sobradinho (2 pavimento). ..................... 239 Tabela 73. Nveis de iluminncia agncia Sobradinho (mdia dos pavimentos). ...... 240 Tabela 74. Nveis de iluminncia agncia Taguatinga CNB 12 (edificao trrea). .. 241 Tabela 75. Nveis de iluminncia agncia Taguatinga Sul (edificao trrea). ......... 242 Tabela 76. Nveis de iluminncia agncia Taguatinga Sul (trreo). .......................... 243

Entidades e programasABNT ASHRAE Associao Brasileira de Normas Tcnicas American Engineers ENCE INMET INMETRO LabEEE Etiqueta Nacional de Conservao de Energia Instituto Nacional de Meteorologia Instituto Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial Laboratrio de Eficincia Energtica em Edificaes da Universidade Federal de Santa Catarina LACAM Laboratrio de Controle Ambiental e Eficincia Energtica da Universidade de Braslia NBR PBE RTQ-C Norma Brasileira Programa Brasileiro de Etiquetagem Regulamento Tcnico da Qualidade para Eficincia Energtica dos Edifcios Comerciais, de Servios e Pblicos. Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning

XVIII

RESUMO

As edificaes de agncia bancria do Banco do Brasil, em todo o pas, h muito tempo vm sendo instaladas em edificaes alugadas e adaptadas para essa atividade. O atual processo de escolha das edificaes ainda no possui critrios objetivos em relao aos conceitos de eficincia energtica e conforto ambiental (trmico e luminoso). Este fato pode contribuir para uma escolha equivocada, considerando-se que a envoltria das edificaes pode ser avaliada em diferentes nveis de eficincia, tendo suas caractersticas como a grande responsvel pelo conforto ambiental dos usurios. Sendo assim, esse estudo apresenta os resultados que tem como objetivo delimitar critrios para a escolha de edificaes comerciais no Distrito Federal visando instalao das agncias bancrias. Inicialmente, a Metodologia utilizada compreendeu a reviso bibliogrfica sobre o tema (arquitetura de agncia bancria; eficincia energtica na arquitetura; conforto trmico e luminoso e metodologias de anlise ambiental). Posteriormente, foi realizada uma pesquisa das principais caractersticas fsicas da envoltria dessa tipologia mediante levantamento fotogrfico e os projetos arquitetnicos de 40 edificaes de agncia bancria do Banco do Brasil no DF. Com os dados obtidos foi possvel analisar a envoltria de 10 edificaes utilizando-se as ferramentas: Diagrama Morfolgico e mtodo prescritivo do Regulamento Tcnico da Qualidade do Nvel de Eficincia Energtica de Edifcios Comerciais, de Servios e Pblicos RTQ-C (INMETRO, 2009). Na terceira fase do estudo foram realizadas simulaes computacionais com o Software Relux para anlise dos nveis de iluminncia de 6 edificaes. O resultado do estudo uma Planilha para Escolha de Edificaes Energeticamente Eficientes (P4E) que visa auxiliar o corpo tcnico (arquitetos e engenheiros) do Banco do Brasil na escolha de edificaes com caractersticas de conforto ambiental e eficientes energtica. Essa planilha foi validada atravs de sua aplicao em 10 em edificaes de agncia bancria do DF e poder ser utilizada para servir de base para futuras planilhas para as demais Zonas Bioclimticas do Brasil, contribuindo assim, na escolha das edificaes em todo pas.

XIX

ABSTRACT

The branch banking buildings of Banco do Brasil nationwide have been installed in leased facilities adapted for this type of activity for a long time. The current selection process for the buildings does not have any objective criteria relative to the concepts for energy efficiency and environmental comfort (thermal and lighting). This fact may contribute to a mistaken selection, providing that the buildings envelope may be assessed by means of different levels of efficiency, being its features the primary responsible for the environmental comfort of the users. Therefore, this study presents results that aim to establish criteria for the selection of commercial buildings in the Federal District area with the purpose of the branch banking installation. At first, the used Methodology encompassed the bibliographic review on the theme (branch banking architecture; energy efficiency in the architecture, thermal and lighting comfort and environmental analysis methodologies). Secondly, a research relative to the main physical characteristics of this typology envelope was performed by means of photographic survey and the architectonic projects of 40 branch banking buildings of Banco do Brasil in the Federal District. With the collection of data it was possible to analyze the envelope of 10 buildings by using the following tools: Morphological Diagram and prescriptive method of the Regulations for Energy Efficiency Labeling of Commercial, Services and Public buildings in Brazil RTQ-C (INMETRO, 2009). In the third stage of the study, it was performed computing simulations using the Relux Software for the analysis of lighting level of 6 buildings. The outcome of the study is a Selection of Energy Efficiency Buildings Spreadsheet (P4E) with the purpose of assisting the technical body (architects and engineers) of Banco do Brasil in the selection of buildings that contain the characteristics of environmental comfort and energy efficiency. This spreadsheet was validated by means of its application in 10 branch banking buildings in the Federal District area and may be used in the future as a basis for spreadsheets in the other Bioclimatic Zones in Brazil, thus contributing for the selection of buildings nationwide.

1

INTRODUOO profissional da construo civil deve, atualmente, realizar seu projeto arquitetnico incluindo critrios que possibilitem um menor gasto energtico na edificao, alm de fazer com que a construo tenha conforto ambiental. Nem sempre a evoluo tecnolgica contribui para que a edificao seja considerada confortvel pelo usurio. Muitos fatores esto envolvidos nessa relao, principalmente o climtico. Considerando que no Brasil existem vrios climas, o processo de planejamento e execuo de arquitetura pode variar de regio para regio. Um edifcio tendo caractersticas fsicas adequadas ao clima local pode favorecer o conforto ambiental (trmico e luminoso) do ambiente interno e, assim, contribuir para um menor gasto energtico. Em decorrncia das crises energticas pelas quais o pas passou, no final do Sculo XX e incio do XXI, os rgos governamentais investiram em pesquisas com intuito de avaliar e analisar as edificaes quanto a sua qualidade na construo, principalmente em relao ao consumo energtico. A eficincia energtica na construo est diretamente relacionada obteno de um servio com baixo dispndio de energia (LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 1997). Assim, pode-se dizer que uma edificao mais eficiente que a outra quando ambas so utilizadas para realizar um mesmo tipo de servio e uma mesma funo, tendo um menor gasto energtico. Recentemente, em 2009, foi publicado o Regulamento Tcnico da Qualidade do Nvel de Eficincia Energtica de Edifcios Comerciais, de Servios e Pblicos RTQ-C (INMETRO, 2009). Esse regulamento possibilita a avaliao de edificaes quanto sua eficincia energtica, sendo considerados requisitos tcnicos. Apesar desse regulamento ainda ser voluntrio para edificaes novas e existentes, as instituies oficiais devem estar preparadas para quando o mesmo se tornar obrigatrio. Tradicionalmente, as edificaes bancrias so grandes consumidoras de energia, chegando a gastar mais que os demais servios profissionais (MASCAR & MASCAR, 1992). Isso se deve, principalmente, aos equipamentos de informtica existentes no interior das agncias e ao uso do ar condicionado.

2

O Banco do Brasil, sendo uma instituio bicentenria e rgo financeiro oficial do Governo Federal tem mais de cinco mil agncias no territrio nacional e no exterior. Com o intuito de atender futuramente esse regulamento, o processo de projeto para instalao de uma agncia bancria dever ser revisto. Atualmente, o Banco do Brasil constri poucos edifcios com o objetivo de se instalar uma agncia bancria. H, no momento, uma preferncia em alugar imveis para essa finalidade, tendo como principais fatores: a facilidade de alugar lojas ou salas comerciais no mercado imobilirio e a diminuio dos custos de manuteno com capital imobilizado. Para escolha de uma edificao para instalao de uma agncia, segue-se uma metodologia que envolve vrias unidades da instituio (Diretoria de Gesto de Segurana, Superintendncia e Diretoria de Logstica - rea de Administrao Patrimonial e Engenharia). Essa metodologia est dividida em trs fases, sendo: Mdulo I solicitao de investimento; Mdulo II relatrio final da prospeco de imveis, Mdulo III seleo do imvel. Para prospeco de um imvel, desde agosto de 2008, a equipe de arquitetos e engenheiros da Gerncia de Patrimnio, Arquitetura e Engenharia GEPAE utiliza uma planilha desenvolvida pelo arquiteto Marcelo Seferin Pontes, funcionrio do Banco, que faz parte do Mdulo I dessa metodologia (BANCO DO BRASIL, 2008a). Essa planilha utilizada para auxiliar de forma objetiva na anlise de escolha das edificaes comerciais para instalao das agncias bancrias, mediante critrios preestabelecidos pelo corpo tcnico, envolvendo as reas de arquitetura, engenharia (civil, eltrica e mecnica) e segurana bancria. Essa planilha dividida em grupos: Localizao do imvel em relao ao entorno; Fachada principal; Caractersticas gerais da edificao; Geometria da forma; Acessibilidade; Conforto ambiental e Sistemas iluminao e ar condicionado. Conforme Pontes, atualmente os grupos mais importantes na escolha de uma edificao para instalao de uma agncia bancria, so: localizao; caractersticas gerais; acessibilidade e sistemas, portanto tendo um maior peso. Porm, nessa metodologia o conforto luminoso, a geometria e a orientao da fachada principal tm um menor peso e grau de importncia nessa escolha. Entretanto, esses fatores so

3

importantes e exercem influncia na eficincia energtica e no conforto ambiental do edifcio. Mesmo durante a fase de prospeco dos imveis, deve-se levar em considerao as variveis que podero detectar se uma edificao foi bem projetada, considerando-se os fatores climticos locais e conseqentemente o conforto ambiental do ambiente construdo. Esses fatores podem contribuir para que haja uma diminuio do consumo com energia eltrica, mesmo sem ter sido, ainda, realizado retrofitting1 nas instalaes eltricas e nos equipamentos eletro-mecnicos da agncia bancria. Mediante a pesquisa realizada, foi possvel apontar as principais caractersticas fsicas das envoltrias das edificaes de agncia bancria do Banco do Brasil no Distrito Federal. Os resultados apontam para a elaborao de uma Planilha de Escolha de Edificaes Eficientes Energeticamente no DF (P4E), tendo como diferencial a preocupao o conforto luminioso. A mesma possibilitar anlise e avaliao de edifcios comerciais de at quatro pavimentos, auxiliando na tomada de deciso da planilha j existente (BANCO DO BRASIL, 2008a) e que utilizada pelo corpo tcnico da empresa. Tambm, a metodologia que foi empregada na elaborao nova planilha (P4E) poder servir de base s futuras planilhas para as demais zonas bioclimticas do Brasil.

O PROBLEMAA necessidade de se instalar rapidamente agncias em todo o territrio nacional, principalmente no perodo de expanso, e a busca por uma padronizao das fachadas, aps 1992, fez com que o Banco do Brasil adotasse padres arquitetnicos que podem estar em conflito com as caractersticas climticas regionais. Os padres construtivos utilizados pela indstria da construo civil e os atuais critrios que so adotados pela instituio na instalao das agncias, sofrem pouca ou quase nenhuma variao de regio para regio no Brasil.

Retrofitting a ao de remodelar ou atualizar o edifcio ou os seus sistemas, pela incorporao de novas tecnologias e conceitos, visando: a valorizao do imvel, a mudana de uso, o aumento da vida til e melhoria da eficincia operacional e energtica (NBR 157575-1, 2008).1

4

No final do Sculo XX, aps estudos de marketing e sob a influncia da arquitetura internacional, a instituio adotou critrios, como as fachadas de vidro na sala de Auto-Atendimento (SAA) para a instalao das agncias (HFLIGER, 2005). As aberturas com vidros temperados da SAA podem comprometer o desempenho trmico da envoltria, principalmente se no existir proteo externa nas fachadas. Outro ponto que pode contribuir para a diminuio da eficincia energtica da edificao sua orientao solar predominante na fachada principal. Uma orientao solar indesejada pode contribuir para o aumento da carga trmica no ambiente interno e conseqentemente um maior consumo de energia com a climatizao artificial. Mas tanto a falta quanto o excesso de proteo nas aberturas pode, tambm, contribuir para o consumo de energia eltrica. Esse fator pode prejudicar a iluminao natural dos ambientes internos, fazendo com que haja uma maior utilizao da iluminao artificial e aumentando o consumo energtico. No Livro de Instrues Codificadas (LIC) do Banco do Brasil existem instrues a serem seguidas para o projeto e/ou escolha de uma edificao comercial em todo o territrio nacional. Mas nos atuais critrios de escolha desses edifcios, inexistem parmetros para que a edificao tenha um bom conforto ambiental com menor gasto energtico. Alm disso, no h recomendaes sobre os percentuais das aberturas por fachada, o que poderia beneficiar o conforto luminoso e trmico no ambiente de trabalho, alm de otimizar a eficincia energtica da envoltria. Sendo assim, existem alguns questionamentos que esse trabalho se props estudar, como: Quais as caractersticas fsicas comuns das envoltrias das edificaes das agncias bancrias no DF? Em que patamar no Regulamento Tcnico da Qualidade do Nvel de Eficincia Energtica de Edifcios Comerciais, de Servios e Pblicos RTQ-C (INMETRO, 2009) esto situadas as agncias bancrias do Banco do Brasil no Distrito Federal? H um bom conforto ambiental (trmico e luminoso) nas agncias? O problema atual na metodologia de escolha de edificaes para instalao de agncias bancrias do Banco do Brasil consiste na inexistncia de parmetros objetivos

5

para optar-se por uma determinada edificao que seja mais eficiente energeticamente e possibilite a seus usurios terem qualidade ambiental (conforto trmico e luminoso). Sendo assim, o objeto de estudo se refere s agncias bancrias do Banco do Brasil localizadas no Distrito Federal, sua eficincia energtica e a qualidade ambiental (conforto trmico e luminoso).

JUSTIFICATIVAO constante aumento do consumo de energia eltrica no contexto urbano e as sucessivas crises energticas, ocorridas no final do sculo XX e em 2001, fez com que o Presidente da Repblica sancionasse a Lei n 10.295, de 17 de outubro de 2001, que dispe sobre a Poltica Nacional de Conservao e Uso Racional de Energia. Esta, em seu art 4 diz que o Poder Executivo desenvolver mecanismos que promovam a eficincia energtica nas edificaes construdas no Pas. Em decorrncia dos estudos realizados por diversos pesquisadores, em 2009, foi publicado o Regulamento Tcnico da Qualidade do Nvel de Eficincia Energtica de Edifcios Comerciais, de Servios e Pblicos RTQ-C (INMETRO, 2009) que tem como principal objetivo, aferir o nvel de eficincia energtica de uma edificao. Segundo o RTQ-C, numa edificao, dentre vrios itens, existem trs grandes fatores responsveis pelo alto consumo de energia eltrica: iluminao artificial, condicionamento mecnico do ar e a envoltria. Sendo que o ltimo elemento constitudo pelas fachadas e cobertura, o item onde o arquiteto mais pode contribuir para diminuir o gasto energtico de um edifcio (LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 1997). Segundo Lamberts, Ghisi e Ramos (2006, p. 2), as decises adotadas pelos arquitetos, ainda na fase de projeto, tm grande relevncia no desempenho trmico de uma edificao. As variveis arquitetnicas que mais influenciam na eficincia energtica da edificao, so: volumetria do edifcio, orientao das fachadas, reas, posicionamento e sombreamento de janelas, sistemas construtivos de paredes e coberturas e cores das superfcies expostas ao sol. Em estudos realizados por Signor (1999), os resultados apontam que o consumo de energia eltrica com climatizao artificial nos edifcios de escritrio pode chega ordem de 48% do total gasto e havendo uma adequao da arquitetura ao clima, pode-

6

se obter uma economia de at 30%. Ainda segundo Signor (1999), nos edifcios envidraado o seu gasto energtico pode chegar a 70% do total gasto durante o vero. Outro ponto que justifica o presente estudo o fato dos edifcios de servio bancrio consumirem 2,2 a 3,8 vezes mais que os demais servios profissionais, devido aos seus equipamentos de condicionamento de ar e da utilizao de iluminao artificial (MASCAR & MASCAR, 1992, p. 96). O Banco do Brasil, por ser uma instituio bicentenria e rgo financeiro oficial do Governo Federal, tem mais de cinco mil agncias bancrias em todo o pas. A diversidade arquitetnica nas construes comerciais e a variedade climtica no pas dificultam qualquer ao de padronizao e escolha de um edifcio para instalao de uma agncia bancria. Assim, quando o edifcio escolhido muitas vezes so necessrias reformas a fim de adequar a edificao tipologia bancria. A instituio implantou em 15/12/1990 o seu Programa de Conservao de Energia Eltrica PROCEM, que realiza retrofitting nas instalaes eltricas e nos equipamentos eletro-mecnicos (ar condicionados e elevadores), visando uma otimizao do gasto energtico na edificao. A equipe de arquitetos e engenheiros do Banco busca aprimorar a metodologia com a utilizao de uma planilha para escolha de edificaes comerciais, desde agosto de 2008. Essa planilha auxilia nas anlises e na tomada de deciso e indica qual edificao melhor se adqua a uma agncia bancria, tomando como base os critrios elaborados pelo arquiteto Marcelo Seferin Pontes (funcionrio do Banco do Brasil). Essa planilha dividida em grupos: 1 - Localizao do imvel em relao ao entorno; 2 - Fachada principal; 3 - Caractersticas gerais da edificao; 4 - Geometria da forma; 5 - Acessibilidade; 6 - Conforto ambiental; e 7 - Sistemas iluminao e ar condicionado. Porm, essa planilha tem suas limitaes em relao ao conforto ambiental e aos conceitos de eficincia energtica da arquitetura. O levantamento e a anlise das caractersticas fsicas da envoltria das edificaes das agncias bancrias no Distrito Federal podem contribuir no processo de projeto arquitetnico para essa tipologia, seja na escolha de uma edificao ou na sua remodelagem.

7

Outro ponto importante que na metodologia do RTQ-C que visa aferir o nvel de eficincia energtica da envoltria no h uma avaliao direta no conforto luminoso dos ambientes mediante a iluminao natural, principalmente os nveis de iluminncia. Sendo assim, uma edificao pode ter baixo Percentual de rea de Abertura nas Fachadas (PAF) em sua envoltria, fato que favorece seu desempenho energtico, porm prejudicando o conforto luminoso dos ambientes internos e necessitando de uma maior compensao com a utilizao da luz artificial. Portanto, a realizao de estudos da envoltria das edificaes das agncias do Banco do Brasil no Distrito Federal com aplicao do RTQ-C (INMETRO, 2009) em dez agncias bancrias e complementado a anlise com a aplicao de simulaes computacionais visando avaliar os nveis de iluminncia dos ambientes internos, possibilitou a formulao de critrios objetivos que auxiliaro na escolha de uma edificao eficiente energeticamente e com bom conforto ambiental (trmico e luminoso). Alm disso, o estudo ir propiciar instituio critrios relacionados envoltria para que haja posteriormente estudos de outras edificaes bancrias, nos demais climas brasileiros, possibilitando assim uma diminuio no consumo energtico pelo Banco do Brasil.

OBJETIVOSO desempenho em eficincia energtica de uma edificao est diretamente relacionado qualidade do projeto arquitetnico executado e na sua melhor adequao ao Zoneamento Bioclimtico Brasileiro. Dentre os fatores que influenciam a eficincia energtica na edificao, segundo o RTQ-C (INMETRO, 2009) envoltria, iluminao artificial e ar condicionado a envoltria (fachadas e cobertura) o fator onde o arquiteto tem maior atuao e tambm onde pode contribuir para uma melhor qualidade ambiental. Nesta linha de pensamento, o trabalho prope contribuir tendo como objetivo geral realizar uma anlise da envoltria das edificaes das agncias bancrias do Banco do Brasil e elaborar critrios para a instalao de agncias no Distrito Federal (DF) com maior eficincia energtica e conforto ambiental (conforto trmico e luminoso),

8

tendo como produto final a Planilha para Escolha de Edificaes Energeticamente no DF (P4E) que auxiliar na escolha de edificaes comerciais. Com relao aos objetivos especficos, busca-se: Analisar os atuais critrios de escolha das edificaes para instalao das agncias bancrias; Analisar as caractersticas da envoltria das edificaes de agncia bancria do Banco do Brasil no Distrito Federal, buscando entender o padro arquitetnico dessa tipologia; Analisar a envoltria de dez edificaes de agncias bancrias do Banco do Brasil no DF, pelo mtodo do RTQ-C, identificando o nvel de eficincia energtica; Realizar simulaes computacionais para aferir o nvel de iluminncia das edificaes para subsidiar critrios do Subnvel Desempenho Luminoso da planilha P4E; Formular critrios de eficincia energtica e conforto ambiental para escolha das edificaes para instalao das agncias bancrias no DF, organizando-os em uma planilha de auxlio escolha de edificaes comerciais (P4E); Aplicar a planilha P4E em dez edificaes de agncias bancrias do Banco do Brasil no DF como forma de validar a planilha.

ORGANIZAO DO TRABALHOAps a Introduo apresentada, o trabalho est organizado em sete captulos, estruturado em duas partes:

1 Parte: Fundamentao terica e metodolgica

Captulo 1: Arquitetura de agncia bancria do Banco do Brasil apresentado um breve histrico da arquitetura de agncia bancria do Banco do Brasil e o programa dessa tipologia. Tambm, so apresentados: a metodologia

9

atual para a escolha de edificaes para instalao de agncias bancrias; o problema atual existente e suas deficincias em relao ao conforto ambiental.

Captulo 2: Clima e conforto ambiental Esse captulo apresenta os fatores climticos pertinentes ao DF e tambm abrange as definies e caractersticas do conforto ambiental (trmico e luminoso).

Captulo 3: Eficincia energtica: variveis arquitetnicas Apresenta as variveis arquitetnicas que influenciam no desempenho energtico da envoltria.

Captulo 4: Referencial Metodolgico Nesse captulo so apresentadas as metodologias de anlises utilizadas no estudo, sendo: o Diagrama Morfolgico como mtodo de anlise de projetos; o RTQ-C, como mtodo de aferio e anlise da eficincia energticas das edificaes; o GBTool como ferramenta de avaliao e anlise dos indicadores de sustentabilidade de projeto e o software Relux como ferramenta de avaliao e anlise de desempenho luminoso do ambiente interno.

2 Parte: Metodologia e Resultados

Captulo 5: Procedimentos metodolgicos do estudo Nesse captulo, inicialmente descrita toda metodologia do estudo utilizada para a elaborao da Planilha para Escolha de Edificaes Eficientes Energeticamente (P4E) no DF. Posteriormente apresenta a Planilha P4E e assim como sua estrutura, forma de pontuao e os grficos de resultados.

Captulo 6: Resultados, Anlises e Validao da Planilha P4E So apresentados os resultados obtidos mediante: o levantamento fotogrfico e o Diagrama Morfolgico, a aplicao do RTQ-C e as simulaes computacionais. Tambm so apresentados: as propostas de melhoria para as edificaes de agncia

10

bancria; os resultados obtidos mediante a avaliao pela Planilha P4E; as anlises e discusso dos resultados.

Captulo 7: Consideraes Finais e Concluses Nesse captulo so apontadas as concluses finais do estudo para criao do novo mtodo de anlise e indicaes para estudos futuros.

Captulo 8: Referncias Bibliogrficas

Anexos:

Legenda do Diagrama Morfolgico; Planilha com as caractersticas fsicas das 40 agncias no DF; Imagens das envoltrias das 40 agncias bancrias no DF; Os diagramas morfolgicos das 10 agncias analisadas e seus projetos de arquitetura; As avaliaes das 10 agncias pelo RTQ-C; Planilhas auxiliares da Planilha Final, e Os resultados das simulaes computacionais.

11

PARTE I

FUNDAMENTAO TERICA E METODOLGICA

12

CAPTULO 1 ARQUITETURA DE AGNCIA BANCRIA DO BANCO DO BRASIL

1. ARQUITETURA DE AGNCIA BANCRIA DO BANCO DO BRASIL O Banco do Brasil por ser uma instituio bicentenria e rgo oficial do Governo Federal, sempre influenciou as demais instituies bancrias no pas, principalmente no campo poltico e econmico. No mundo atual e globalizado, as atitudes adotadas por uma instituio para minimizar os gastos energticos so de grande valor.

1.1.

BREVE HISTRICO

A edificao bancria teve origem devido necessidade dos ourives de guardar o ouro em locais seguro. As casas comerciais responsveis por essa funo emitiam um papel timbrado com o valor e o nome do proprietrio do bem que a eles tinha sido confiado. Pouco a pouco, essas instituies adquiriram muito poder nas comunidades, influenciando principalmente a economia e a poltica, bem como a arquitetura e o traado urbanstico de uma cidade (COSTA, 2000). No Brasil, em 18082, em decorrncia da abertura dos Portos e da grande quantidade de ouro em circulao, houve a necessidade de se instalar uma casa emissora de papel-moeda, criando-se assim o Banco do Brasil. A primeira agncia bancria da instituio foi implantada em prdio com arquitetura tipicamente colonial. Com o passar do tempo, as primeiras transformaes que ocorreram nessas edificaes foram em decorrncia dos movimentos

arquitetnicos de outros pases, mas sem causar grandes alteraes em suas plantas e sim em suas fachadas. Porm, nesse primeiro momento, havia apenas uma preocupao com a esttica da arquitetura, com a volumetria da edificao, que deveria se destacar no traado urbano, demonstrando assim, a sua equivalncia em importncia aos prdios religiosos,2

Ano da chegada da Coroa Portuguesa no Brasil que cria, em 12 de outubro de 1808, o Banco do Brasil na cidade do Rio de Janeiro, onde instalada a primeira agncia bancria numa casa modesta, na Rua Direita (MONTEIRO, 1985:81).

13

jurdicos e governamentais. Segundo Strher (1999, p. 114) o carter do prdio bancrio, predominante at meados do sculo XX, poderia ser definido por adjetivos como: discreto, austero, fechado, solene, pomposo, imponente e monumental. A arquitetura bancria no Brasil desde o incio, em 1808, sofreu influncias dos estilos arquitetnicos de outros pases, como: o neoclassicismo, o ecletismo, o modernismo, o corporativismo e o ps-modernismo. Nos dois primeiros estilos as modificaes ocorreram por conseqncias de um estilo arquitetnico, no havendo grandes modificaes no processo de trabalho da instituio bancria. Com relao ao Banco do Brasil, a arquitetura de suas agncias bancrias comeou a sofrer sensveis modificaes a partir da criao do Departamento de Engenharia e Arquitetura DENGE, em 1937. Mas somente aps a dcada de 50, que comeam a ficar visveis os trabalhos dos arquitetos, iniciando-se uma nova fase da arquitetura de agncia bancria do Banco do Brasil (HFLIGER, 2005). No levantamento histrico das envoltrias das agncias bancrias do Banco do Brasil, desde 1937, foi verificado que as edificaes sofreram grande transformao ao longo dos anos (PEDREIRA; AMORIM, 2009). At a dcada de 40, as edificaes tinham uma volumetria imponente, tendo como principal objetivo transmitir segurana e poder. Havia nessa poca uma predominncia de aberturas verticais e ambientes com p-direito duplo. Posteriormente, durante o auge do movimento moderno, dcadas de 50 e 60, as construes destacavam-se pelas linhas retas e pelas janelas predominantemente horizontais. Outra caracterstica marcante desse perodo a grande utilizao dos brises como dispositivo de controle da insolao nas aberturas. Porm, a poca em que houve maiores transformaes nas fachadas das agncias bancrias foi justamente aps 1970, incio da 3 Revoluo Industrial. Segundo Warschauer (2006, p. 31), a terceira revoluo comeou na dcada de 70, com a difuso do transistor, do computador e das telecomunicaes. O informacionalismo (WARSCHAUER, 2006, p. 31) transformou as formas de uma instituio produzir e sua produtividade est, atualmente, cada vez mais interligada aos avanos da cincia e da tecnologia, bem como da qualidade da informao e da administrao do processo de produo: criao do produto, consumo, distribuio, comercializao e ps-venda.

14

Essa nova revoluo trouxe uma tecnologia (computadores pessoais e internet) capaz de encurtar grandes distncias de forma mais rpida e eficaz, diminuindo a quantidade de funcionrios por agncia e conseqentemente aparecendo espaos ociosos dentro das dependncias (COSTA, 2000). Assim, as alteraes que demoravam dcadas para ocorrer nas edificaes bancrias, passaram a ser constantes e rotineiras. A dinmica da cincia da informao influenciou tambm a forma de se projetar e o conhecimento de marketing passou a ser imperativo para o arquiteto que faz parte desse mundo competitivo (COSTA, 2000, p. 45). Segundo Costa (2000, p. 46), os bancos hoje, procuram sobrepor antiga imagem de solidez e fechamento em si mesmos, um carter de modernidade, de tecnologia avanada, de transparncia. A pesquisa realizada pelo arquiteto Raul Hfliger (1999-2000) levantou vrios fatores preponderantes, que definem de forma clara a tipologia da arquitetura bancria da atualidade:Propenso ao uso, cada vez mais acentuado, do vidro nas fachadas; volumetria arquitetnica parecida com a do movimento moderno com linhas limpas e formais ou, de natureza mais complexas com formas inusitadas e distorcidas, justapostas e mltiplas resultando em expresses formais fortes que evocam conceitos de ordem/desordem e de-construo; aumento e unio da Sala de Auto-Atendimento (SAA) com o atendimento e diminuio do suporte (HFLIGER, 2005, p. 152).

Sendo assim, para uma melhor compreenso dos critrios exigidos para a escolha de uma edificao para se implantar uma agncia bancria, sero discutidos o programa de arquitetura e as variveis que determinam essa tipologia arquitetnica.

1.2.

PROGRAMA DE UMA AGNCIA BANCRIA DO BANCO DO BRASIL

At metade do sculo XX, o programa de uma agncia bancria tinha grande influncia na volumetria da edificao, fazendo com que algumas delas tivessem uma aparncia de caixa-forte (robustas e slidas), a fim de transmitir segurana. Ao longo dos anos, aconteceram alteraes em suas fachadas e nos projetos construtivos, em

15

decorrncia dos estilos arquitetnicos e das novas tecnologias construtivas (STRHER, 1999). Com o perodo da informatizao, que se iniciou no final da dcada de 1970 (COSTA, 2000, p. 68), houve gradativamente a diminuio da rea destinada aos funcionrios e o aumento da rea para o pblico. Ainda segundo Costa (2000), esse fator ficou mais evidente a partir do momento em que os bancos passaram a implantar o Terminal de Auto-Atendimento (TAA) na Sala de Auto-Atendimento (SAA). A partir de 1995, segundo Arajo (2006, p. 139) iniciou-se o maior processo de transformao j vivido pela empresa, com a criao do Programa de Automao Bancria, que visava atender uma nova realidade do mercado financeiro, altamente competitivo e agregando novo valor negocial: a velocidade de atendimento. Tambm no mesmo ano, o Departamento de Administrao do Patrimnio Imobilirio DEPIM reeditou o captulo do Livro de Instrues Codificadas (LIC) para a realizao das reformas e instalao das agncias. O captulo do LIC, referente s reformas e instalao das agncias, passou a exigir que as agncias fossem instaladas em edifcios com fachadas envidraadas, como forma de demonstrar os investimentos tecnolgicos dos equipamentos da SAA (HFLIGER, 2005). Ou seja, comeou-se a adotar a tipologia como as fachadas de vitrine de lojas de magazines onde, os produtos esto vista do cliente. A segurana das agncias seria resolvida com a utilizao de Circuitos Fechados de TV (CFTV) e da Porta Giratria Detectora de Metais (PGDM), alm, claro, de segurana armada. Segundo Costa (2000, p. 86), atualmente os projetos esto simplificados em seus programas, busca-se explorar a funcionalidade, introduzindo, entretanto, o ambiente da vitrine de produtos, o ambiente tecnolgico logo entrada do edifcio e a liberdade no remanejamento das reas internas, posibilitada pela modulao estrutural do prdio. Atualmente, na realizao de um projeto de arquitetura para agncia bancria da Rede Varejo do Banco do Brasil, o LIC prev os seguintes critrios para programa de necessidades (BANCO DO BRASIL, 2008a):

16

I) -

Dimensionamento Geral Considerar para dimensionamento da rea necessria (m) de agncias e postos:

a) O nmero de funcionrios multiplicado por 24 para agncias com at 10 funcionrios e; b) Multiplicar por 20 para agncias com mais de 10 funcionrios; c) Em ambos os casos, somar o nmero de ATM (Automatic Teller Machines) ou Terminal de Auto-Atendimento (TAA) multiplicado por 15 m.

II)

Programa de necessidades - configuram o programa mnimo para Agncias os espaos relacionados abaixo:

a) Sala de Auto-Atendimento (SAA); b) Hall de Pblico; c) Plataforma de atendimento: c.1) atendimento aos clientes; c.2) bateria de caixas; d) Suporte: d.1) Tesouraria; d.2) Sala de Uso Mltiplo; d.3) Servio de Atendimento Opcional; d.4) Almoxarifado; d.5) Sanitrios; d.6) Depsito de material de limpeza; d.7) Copa; d.8) Sala On-line, tambm chamada de telecomunicaes; d.9) Casa de mquinas de ar condicionado, e d.10) Grupo gerador.

1.2.1. Projeto de uma agncia bancria do Banco do Brasil O processo de projeto de uma agncia bancria segue uma srie de normativos que englobam desde os estudos relacionados rea econmica (financeiro, contbil,

17

administrativo, tecnolgico, marketing, etc) at os relacionados segurana bancria, que muitas vezes determinam os fluxos internos de uma agncia. Conforme Mandarini (2006), a importncia de uma rea dentro de uma agncia pode receber conceitos de acordo com a poltica de segurana de gesto de ambientes. Sendo assim, essas reas podem ter as seguintes gradaes de segurana: segurana excepcional; segurana elevada; segurana mediana; segurana rotineira e segurana perifrica (Figura 1).

Figura 1. Teoria dos crculos concntricos (Fonte: MANDARINI, 2006).

A classificao das reas de uma agncia segue a ordem decrescente de nvel de criticidade. Exemplificando, pode-se verificar no Quadro 1 como so os nveis de segurana nos ambientes de uma agncia bancria.Quadro 1. Ambientes com os nveis de segurana em uma agncia bancria. Nveis de Segurana Segurana excepcional Segurana elevada Segurana mediana Segurana perifrica Exemplos de ambientes de uma agncia tesouraria; corredores de abastecimentos de TAA; bateria de caixas. sala on-line; grupo gerador e suporte saguo das agncias destinado ao atendimento aos clientes e SAA. estacionamentos e reas externas.

1.2.1.1. Fluxos e critrios exigidos O percurso que um cliente faz fora e dentro de uma agncia bancria atualmente determinante em vrios fatores de projeto, bem como: acessibilidade, visibilidade,

18

marcao do prtico de entrada, identificao do lugar em relao ao entorno, tipologia arquitetnica, etc. O fluxo interno, que determina como o cliente pode andar dentro de uma agncia bancria para sacar dinheiro, pouco se alterou desde o incio do sculo XX. Ao se estudar o fluxo pela Figura 2 (NEUFERT, 1996, p. 259), que existia antes da incluso da SAA, a alterao que ocorreu foi apenas em relao da facilidade de se retirar pequena quantia de dinheiro nos TAAs (Figura 3). Permanece, assim, a necessidade do mesmo ir ao caixa para a retirada de grandes valores.

Figura 2. Percurso do cliente, incio

Figura 3. Percurso do cliente, na atualidade.

Sculo XX (NEUFERT, 1996, p. 259).

Em relao ao projeto de uma agncia bancria, a grande transformao ocorreu a partir de 1992, em virtude do Workshop Projeto e Linguagem que reuniu os arquitetos do Banco do Brasil, em Braslia. Esse encontro realizado pela instituio tinha como principal objetivo:fazer uma reflexo sobre o que havia sido feito at aquele momento e, principalmente, para tentar estabelecer alguns parmetros mnimos de padronizao de linguagem arquitetnica que se afinassem com a imagem que a empresa pretendia transmitir (HFLIGER, 2005, p. 118).

Paralelamente a esse evento foi produzido pela professora Christina Bezerra de Melo Juc, da Universidade de Braslia, um texto de reviso e anlise da arquitetura produzida pelo Banco do Brasil. Como produto final do Workshop, gerou-se um resumo das concluses dando origem ao Programa para a Unidade da Arquitetura do Banco do

19

Brasil PROARQ, que serviu de base para a alterao do captulo da rea de arquitetura e engenharia no LIC (BANCO DO BRASIL, 1992). A partir dessa poca, o LIC passou a relacionar as diretrizes (ambientes externo e interno) que os arquitetos devem seguir para elaborar um projeto de uma agncia bancria (BANCO DO BRASIL, 2008a). Sendo que a partir de 1995 a instalao de uma Sala de Auto-Atendimento (SAA) passou a ser ponto determinante no projeto de uma agncia. Em decorrncia disso, foi necessrio que a equipe de arquitetos do Banco realizasse um estudo para verificar qual a melhor disposio e localizao para uma SAA. Nas Figuras 4 e 5, pode-se ver duas solues diferentes na implantao do layout da SAA. A primeira em linha e a segunda em L. Na segunda, h o direcionamento do acesso principal agncia para um dos cantos da fachada, onde ficam a porta de acesso e a PGDM.

Figura 4. Layout em linha para SAA.

Figura 5. Layout em L para a SAA.

(Fonte: HFLIGER, 2005, p.138)

(Fonte: HFLIGER, 2005, p.138)

Segundo Hfliger (2005, p. 135), a disposio em L acabou sendo a mais utilizada, pois apresenta a vantagem de no cruzar as circulaes do Auto-Atendimento e de acesso da agncia, alm de unificar o Auto-Atendimento em um ambiente nico.

20

Como a disposio da SAA influencia a implantao de uma agncia, todas as demais reas e equipamentos so planejados aps essa escolha. Nas Figuras 6 e 7. pode-se ver uma planta baixa e uma perspectiva de uma agncia com 285 m2, com um layout hipottico de uma SAA (indicada com seta na cor vermelha). Segundo Costa (2000, p. 79) os novos edifcios de agncias no centralizadoras (no prestam servios para outras agncias), devem ter rea total por volta de 300 a 350 m 2, poucos compartimentos internos e elemento de comunicao comercial, orientados pelo marketing.

Figura 6. Planta baixa de uma agncia com a SAA.

Figura 7 Perspectiva de uma agncia com a SAA.

(Fonte: HFLIGER, 2005, p.137 e 138).

(Fonte HFLIGER, 2005, p.137 e 138)

Como dito anteriormente, o Livro de Instrues Codificadas (LIC) relaciona os critrios, tanto no ambiente externo quanto nos ambientes internos, para a implantao de uma agncia bancria do Banco do Brasil. Entretanto, como o foco desse estudo a envoltria da edificao, apenas as principais exigncias referentes a ela esto relacionados no Quadro 2:

21

Quadro 2. Principais exigncias para envoltrias das edificaes. Forma - Estilo - Linguagem da Edificao a) Deve-se marcar o acesso agncia com prtico, destacando-o em relao aos demais elementos da fachada. b) Utilizar coberturas que caracterizem a linguagem comercial bancria. No utilizar abbadas, cpulas e beirais com telhas aparentes. c) No utilizar elementos que configurem o provisrio, tais como toldos e coberturas removveis. D) Usar brises e marquises para reduzir carga trmica e correta adequao orientao solar. Fachadas a) Utilizar materiais em padres cromticos de cinzas e azuis. b) Deve-se considerar as peculiaridades de cada regio em relao pluviosidade, umidade e temperatura. Insolao a) Considerar as posies dos panos de vidro e dos equipamentos de TAA, evitandose a insolao e o ofuscamento. b) Posicionar os equipamentos de forma perpendicular incidncia de luz externa. Criar marquises ou brises a fim de solucionar o problema. c) No utilizar pelculas de qualquer tipo nos vidros das agncias.

Apesar de haver uma preocupao no normativo interno em relao insolao nas fachadas, pode-se constatar que ainda h indefinies quanto s diretrizes que devero ser adotadas para cada caso encontrado. Partindo-se do princpio que somente se pode utilizar brises ou marquises nas fachadas de forma a controlar a carga trmica transmitida pelas aberturas, o arquiteto do banco no tem muita opo de como solucionar os problemas de conforto trmico quando se depara com uma edificao mal projetada. Outro fator que acaba complicando na escolha do dispositivo de proteo externa que dever ser adotado so as fachadas de vidro da SAA, que esto cada vez maiores. Caso a fachada principal da SAA tenha orientao para Oeste, somente a

22

utilizao de marquise no soluciona os problemas do excesso de luminosidade e aumento da carga trmica no ambiente interno. A utilizao de padres cromticos na cores cinza e azul nas fachadas conseqncia da tentativa de padronizao da tipologia bancria e estratgia de marketing, a fim de relacionar as cores imagem do Banco do Brasil. O fato de no haver percentuais de reas a serem utilizados para cada cor pode afetar o desempenho trmico da envoltria como um todo, devido absortncia trmica da cor da fase externa da parede. Segundo o RTQ-C (INMETRO, 2009), para Braslia as cores ideais devem ser claras (absortncia abaixo de 0,4), sendo que o azul considerado cor mdia (absortncia de 0,5 a 0,7), portanto acima do recomendado. A proibio da utilizao de pelculas de qualquer tipo nos vidros das agncias pode contribuir para visibilidade, tanto externa quanto interna, mas faz com que haja um contrasenso em relao ao nvel de conforto trmico e luminoso nos ambientes internos. Apesar de existir diversos tipos de pelculas, o fato de proibi-las no parece ser a melhor alternativa, tendo em vista que comum utilizarem persianas verticais nos ambientes internos como dispositivo de controle da luz natural. Porm, mencionar no normativo que o arquiteto deve considerar os fatores climticos no significa que os mesmos sero estudados e analisados durante a fase de projeto de instalao da agncia. Alem disso, quando se est escolhendo uma edificao j pronta, tendo sido projetada e construda por profissionais que no fazem parte da equipe de arquitetos e engenheiros da instituio, resta aos profissionais do Banco somente a tarefa de reform-la para adequ-la instalao de uma agncia bancria.

1.3.

METODOLOGIA ATUAL PARA ESCOLHA DAS EDIFICAES DE AGNCIA BANCRIA

Como j foi dito inicialmente, o Banco do Brasil, atualmente, adota uma metodologia para escolha de edificaes com a serem alugadas e alteradas para instalar suas agncias bancrias. Essa metodologia, que tem como diretrizes os

23

critrios contidos no Livro de Instrues Codificadas (LIC) seguida em todo o pas pelos rgos regionais de engenharia e arquitetura da instituio. H, no momento, uma preferncia em alugar imveis para essa finalidade, em decorrncia dos seguintes fatores: necessidade de reas reduzidas para agncias, entre 300 a 500 m2; facilidade de alugar lojas ou salas comerciais no mercado imobilirio das capitais brasileiras e diminuio dos custos de manuteno com capital imobilizado. Com o intuito de se escolher uma edificao para instalao de uma agncia bancria, segue-se uma metodologia que envolve vrios rgos do Banco do Brasil: I) Diretoria de Gesto de Segurana DIGES; II) Superintendncia SUPER; III) CSL/Integrao e Logstica; IV) CSL/rea de Administrao Patrimonial e V) CSL/rea de Engenharia). Essa metodologia est dividida em trs mdulos, sendo: Mdulo I solicitao de investimento; Mdulo II relatrio final da prospeco de imveis, Mdulo III seleo do imvel. Esta exemplificada de forma simples no fluxo abaixo (Grfico 1).

24

Grfico 1. Fluxo da metodologia com Prospeco de Imveis.(Fonte: Adaptada do Livro de Instrues Codificadas do Banco do Brasil, 2009).

25

Desde agosto de 2008, a equipe de arquitetos e engenheiros da Gerncia de Patrimnio, Arquitetura e Engenharia GEPAE faz uso de ferramenta de seleo de imveis comerciais, ou seja, uma planilha desenvolvida pelo arquiteto Marcelo Seferin Pontes, funcionrio do Banco. Essa planilha executada no aplicativo Excel (plataforma Windows) e foi elaborada a partir da estrutura de pontos e avaliao da ferramenta GBTool3 que utilizada para avaliar a edificao conforme nveis de desempenho de sustentabilidade ambiental4. A planilha que o corpo tcnico utiliza auxilia nas anlises e na tomada de deciso do Mdulo I e indica qual edificao melhor se adqua a uma agncia bancria, tomando como base os critrios elaborados por Pontes. Segundo seu autor, a planilha uma tentativa de reduzir o grau de subjetividade que existia e chegar a alguma concluso com as consideraes vistas sobre a edificao vistoriada (BANCO DO BRASIL, 2008a). Essa planilha dividida em grupos (Tabela 1): 1 - Localizao do imvel em relao ao entorno; 2 - Fachada principal; 3 - Caractersticas gerais da edificao; 4 - Geometria da forma; 5 - Acessibilidade; 6 - Conforto ambiental; e 7 - Sistemas iluminao e ar condicionado.

A seguir, apresenta-se a atual Planilha de Escolha de Edificaes Comerciais para instalao de agncias bancrias do Banco do Brasil, em todo pas.

Aplicativo GBTool um software da Green Building Challenge GBC que um consrcio internacional que tem como principal objetivo desenvolver metodologias para avaliao de desempenho ambiental de edifcios. O software rodado em Excel da plataforma Windows (Microsoft) que possibilita avaliar doze indicadores de desempenho de sustentabilidade ambiental (BARROS, 2005). 4 Sustentabilidade ambiental conceito amplo que est relacionado ao conceito de sustentabilidade urbana, podendo ser atingida a partir do reconhecimento e da prtica de que os recursos ambientais so finitos. A sustentabilidade urbana somente ocorre quando h uma boa conduo dos seus vrios aspectos, como: econmico, social, poltico, infra-estrutura urbana e ambiental (GOMES DA SILVA, 2007).3

26

Tabela 1. Planilha atual para escolha de edificao comercial (Fonte: LIC, Banco do Brasil, 2008a).

27

Tabela 1. Planilha atual para escolha de edificao comercial, continuao (Fonte: LIC, Banco do Brasil, 2008a).

28

Tabela 1. Planilha atual para escolha de edificao comercial, continuao (Fonte: LIC, Banco do Brasil, 2008a).

29

Tabela 1. Planilha atual para escolha de edificao comercial, continuao (Fonte: LIC, Banco do Brasil, 2008a).

30

Tabela 1. Planilha atual para escolha de edificao comercial, continuao (Fonte: LIC, Banco do Brasil, 2008a).

Na planilha so designados pesos aos grupos, variando de 1 a 3. Conforme Pontes (BANCO DO BRASIL, 2008a), baseando-se nos projetos j realizados os grupos mais importantes na escolha, so: localizao; caractersticas gerais; acessibilidade e sistemas, portanto tendo um maior peso. O estabelecimento de pesos diferentes a cada grupo da planilha demonstra quais so os mais importantes no resultado do escore final, auxiliando assim na anlise e na tomada de deciso na escolha da edificao. Nesse caso, os grupos mais importante receberam Peso 3. Assim como o GBTool, Pontes utilizou a pontuao final do edifcio como uma derivada pela agregao ponderada sucessiva de pontuaes dos nveis hierrquicos, resultando em um acmulo sucessivo de ponderao, porm utilizando critrios e valores um tanto subjetivos. O estabelecimento de notas (-5 a 5) para os indicadores na planilha, segundo relato de Pontes, foi baseada na experincia profissional e nos projetos j realizados no Banco do Brasil para instalao das agncias bancrias. Porm os critrios estabelecidos para o Grupo Conforto Ambiental, por Pontes, no contribuem para uma real avaliao da edificao, sendo apenas abordada a possibilidade ou no de luz natural.

31

Para anlise da edificao realizada uma vistoria prvia no imvel e assim so levantados dados que sero inseridos na Planilha de Seleo de Imveis Comerciais. Aps ser realizada a tabulao de valores na planilha, ela gera um grfico que demonstra em que situao o edifcio avaliado se encontra em relao a uma melhor ou pior situao de escolha. No Grfico 2, pode-se verificar o resultado de uma aplicao da planilha atual do Banco do Brasil na avaliao da agncia Universidade de Braslia no Distrito Federal. Com os resultados apresentados em cada grupo da planilha no grfico abaixo, pode-se analisar que a linha preta (prdio avaliado) est muito prxima da melhor situao (linha verde). Isto auxilia na concluso que essa edificao atende aos requisitos para uma edificao bancria, contudo tem que haver uma melhora na sua condio do Grupo Acessibilidade, com nota igual a 21.150 99 100 66 50 0 -9 -50 -54 -100 -8 -11 -3 -2 -21 60 46 25 25 60 40 21 26 135 126

Anlise Visual

120 90

Pior situao PRDIO AVALIADO Melhor situao

Grfico 2. Exemplo de uma avaliao de uma edificao da planilha atual.(Fonte: adaptada da Planilha de Seleo de Imveis do BANCO DO BRASIL, 2009).

Porm, a planilha atual tem suas limitaes e deficincias quando se busca analisar a edificao em relao ao conforto ambiental (trmico e luminoso) e a

32

eficincia energtica. Nela, o Grupo Conforto Ambiental est subdividido em: a) iluminao natural (possvel + 50% ou 50%); sanitrios com ventilao natural (verificar a existncia e a quantidade); copa (equipamentos e conforto do mobilirio) e vestirio (verificar a existncia e equipamentos do ambiente). visvel a inexistncia de critrios mais especficos que apontem a avaliao do conforto ambiental das agncias. H uma pequena ponderao em relao ao Conforto Luminoso, solicitando ao avaliador informar se h iluminao natural em mais de 50% da rea da agncia. Mas no faz meno orientao solar dessas aberturas e problemas oriundos com o excesso de luminosidade ou a falta dela, muito menos pelo desconforto trmico causado pelo excesso de radiao solar direta que pode entrar pelas aberturas. A planilha, tambm, no foi elaborada visando avaliar uma edificao quanto eficincia energtica, mesmo porque, na poca de sua elaborao ainda no havia sido publicado o RTQ-C. Sendo assim, tem-se a necessidade de uma atualizao e a incluso de critrios que avaliem as edificaes em relao aos nveis de eficincia energtica e ao conforto ambiental.

33

Captulo 2 CLIMA E CONFORTO AMBIENTAL

Nesse captulo sero abordados o conceito de Clima e as caractersticas do clima do Distrito Federal, bem como o conforto ambiental (trmico e luminoso), com a finalidade de fundamentar o estudo em questo.

2.1. CLIMA H diversos estudos (AMORIM, 1998; BROWN & DEKAY, 2004; CORBELLA & YANNAS, 2003; CUNHA, 2006; FROTA & SSHIFFER, 1988; GIVONI, 1976; LAMBERTS, 1997; OLGYAY, 1998; RIVERO, 1986; ROMERO, 2000; VIANNA & GONALVES, 2007) que relatam sobre a importncia de se conhecer o clima da regio onde ser projetada uma edificao. Existem muitas definies para clima, citadas por diversos autores: "Clima o conjunto das condies atmosfricas que tornam um lugar da superfcie terrestre mais ou menos habitvel para os homens, animais e plantas." (KOPPEN, apud AMORIM, 1998, p. 94). Vianna e Gonalves (2001, p. 12) definem o clima como sendo a juno do macro, do meso e do microclima, que tem a soma dos fenmenos meteorolgicos modificados pelas condies da superfcie terrestre. O macro clima decorrente aos fatores climticos percebidos em diferentes regies, pases, continentes e oceanos. Enquanto que o meso e o microclima esto mais relacionados a edificao por se tratar de um ambiente mais limitado, como: um vale, o litoral, uma cidade, um parque, uma rua, um lago, etc. Segundo Rivero (1986, p. 69) entende-se por clima o conjunto de fenmenos meteorolgicos que definem a atmosfera de um lugar determinado. Esses fenmenos em conjunto com os aspectos construtivos da edificao e o ambiente urbano formam uma gama de caractersticas que tornam cada local um espao diferente, no existindo nenhum igual ao outro.

34

2.1.1. Clima do Distrito Federal O Distrito Federal (DF) est situado na regio central do pas, localizado a 15 32 Latitude Sul, mais precisamente entre as os paralelos 15 30 e 16 3 e os meridianos 47 18 e 48 17 a menos trs horas de Greenwich. Tem uma rea territorial total de 5.822,1 km2 e faz fronteira com os estados brasileiros de Gois e Minas Gerais. O clima da regio classificado como Tropical de Altitude (Cwa e Cwb), Figura 8 (FERREIRA, 1965; CODEPLAN, 2010, p. 11). Segundo Romero (2007, p. 127) h ainda uma variao na denominao do clima local, podendo ser considerado como clima tropical mido no perodo das chuvas (outubro a abril) e clima tropical seco no perodo da seca (maio a setembro). De acordo com Maciel (2002, p. 8), existe ainda uma terceira estao dentro do perodo seco, com dias ensolarados, de baixa umidade relativa, e noites frias desconfortveis, qual se refere como fria e seca, que seriam exatamente os meses de agosto e setembro. O DF est em mdia a 1.100 metros do nvel do mar e o centro de Braslia est a 1.159 metros de altitude. Segundo Amorim (1998, p. 96) este fato acentua as amplitudes de temperatura durante o dia e entre o dia e a noite.

Figura 8. Mapa climtico do DF, segundo classificao de Koppen (CODEPLAN, 1984).

Abaixo so relacionados os principais dados das Normais Climatolgicas do Distrito Federal apontados por Amorim (1998, p. 102), Maciel (2002, p. 8) e Silva (2007, p. 30): - A temperatura mxima mdia de 29,2 C (setembro); - A temperatura mnima mdia de 12,9 C (julho);

35

- A temperatura mdia anual de 21,6 C, tendo chegado a 34,5 C a mxima absoluta (outubro/1963) e a mnima absoluta chegou a 1,6 C em julho de 1975; - A amplitude mdia anual de temperatura de 11,2 C e a diria de 13,6 C; - Os ventos predominantes so de Leste (outubro a abril) com uma velocidade mdia anual de 2,7 m/s, com a segunda maior freqncia de ocorrncia para Noroeste. - Umidade relativa anual de 67%, sendo a relativa mnima absoluta de 8% (setembro); - O ndice de pluviosidade de 1552 mm ao ano, sendo dezembro o ms que mais chove com 248,6 mm; - A nebulosidade mdia mnima de 3,00 (junho a agosto) e a mxima de 8,00 (novembro e dezembro). Sendo que em maro de 7,0 e em setembro de 4,0. - A mdia de insolao durante o dia de 163 horas no perodo quente e mido (outubro a abril) e de 243 horas em mdia durante o perodo frio e seco (maio a setembro), num total de 2365 horas anuais. O ms de julho o de maior insolao com 265,3 horas. Conforme exposto nos dados acima, o clima do Distrito Federal ameno, no havendo grandes amplitudes na temperatura ao longo do dia. Existem perodos no ano que h desconforto trmico com o calor: meses de agosto e setembro devido temperatura acima de 27 C e a baixa umidade relativa do ar (chegando abaixo de 20%). O maior desconforto trmico existente em Braslia proveniente do frio. Mas, esse fator climtico mais sentido durante as madrugadas e incio das manhs, nos meses de junho e julho (Maciel, 2002). Essa caracterstica influencia pouco nas atividades bancrias, por serem de uso diurno.

2.1.2. Zoneamento Bioclimtico do Distrito Federal A abordagem bioclimtica no projeto de arquitetura h muito tempo vem sendo estudada, sendo Olgyay (1998) e Givoni (1976) os pioneiros na rea. O diagrama bioclimtico desenvolvido por Olgyay foi o primeiro a propor estratgias para que o projeto de arquitetura tenha uma melhor adaptao ao clima regional. Givoni (1976) que realizou pesquisas abordando itens que tm grande influncia no conforto trmico em uma edificao, como: atuao da umidade e da radiao solar

36

nos edifcios, efeitos da orientao, das aberturas e da ventilao, os tipos de tetos e forros, por ltimo, as propriedades termofsicas dos materiais construtivos. O objetivo principal da arquitetura bioclimtica realizar uma correta aplicao dos componentes arquitetnicos em uma edificao, a fim de possibilitar um nvel excelente de conforto ambiental com baixo consumo de energia. Para atingir esse objetivo, faz-se o uso das cartas bioclimticas, que associam informaes sobre a zona de conforto trmico, clima local e as estratgias de projeto indicadas para cada perodo do ano (BRAGA, 2007, p. 41). Nessas cartas bioclimticas existem nove zonas, que de acordo com a variao de temperatura e a umidade relativa, indicam a estratgias necessrias para alcanar conforto em um ambiente interno. As zonas de uma carta bioclimtica so: 1) conforto; 2) ventilao; 3) resfriamento evaporativo; 4) massa trmica para resfriamento; 5) ar condicionado; 6) umidificao; 7) massa trmica para aquecimento; 8) aquecimento solar passivo e 9) aquecimento artificial (Figura 9).

Figura 9. Carta Bioclimtica Braslia (Fonte: Lambert, 1999, p. 126).

A fim de se conseguir um melhor conforto trmico nas edificaes a carta prev dois tipos de estratgias: as naturais (sistemas passivos) e as artificiais (sistemas ativos). As naturais so aquelas que no se usa energia para o condicionamento ambiental: ventilao natural, resfriamento evaporativo, material construtivo com massa

37

trmica (inrcia trmica) e aquecimento passivo. As artificiais so: aquecimento artificial e ar condicionado. No Brasil, devido as suas dimenses e caractersticas climticas existem oito Zonas Bioclimticas (NBR 15220, 2005). O Distrito Federal est inserido na Zona Bioclimtica n 4 (Figuras 10 e 11).

Figura 10. Zona Bioclimtica 4 (Fonte: ABNT, NBR 15220-3, 2003).

Figura 11. Carta Bioclimtica Braslia (Fonte:ABNT, NBR 15220-3, 2003).

Para Braslia, a Tabela 2 apresenta os dados sobre conforto e desconforto trmico, bem como, as respectivas estratgias bioclimticas de projeto que devem ser adotadas, a fim de se obter um melhor conforto trmico no ambiente interno. De acordo com a Tabela 2, os principais percentuais de desconforto, como j discutido, verificam-se em decorrncia do frio, ocorrendo durante a madrugada e no incio da manh, nos meses de junho e julho. Entretanto esse fator no atinge os usurios das edificaes bancrias por causa do perodo do dia que ocorre. No caso do desconforto por calor, as estratgias de resfriamento evaporativo (8,38%) e massa trmica para resfriamento (8,29%), sendo bem utilizadas podem contribuir para a diminuio do gasto energtico. O ar condicionado indicado em apenas 0,08% dos casos.

38

Tabela 2. Estratgias Bioclimticas Zona 4 Braslia. Conforto Desconforto FRIO 36,6% Estratgias bioclimticas (%) Massa trmica para aquecimento Aquecimento solar passivo Aquecimento artificial Ventilao Resfriamento evaporativo Massa trmica para resfriamento Ar condicionado 31,3 4,37 0,99 21,2 8,38 8,29 0,08

41,20% CALOR 22,2%

Obs.: O percentual de desconforto por calor ou frio no corresponde soma das estratgias indicadas, pois os percentuais destas estratgias tambm consideram as zonas sobrepostas.(Fonte: MACIEL, 2002, p. 74).

No entanto, em edificaes comerciais e de servios, a alta carga trmica interna (ocupao e equipamentos) torna muitas vezes necessrio o uso de ar condicionado, como o caso das agncias bancrias. Em Braslia, no perodo das 13h s 18h h um maior percentual de pessoas desconfortveis com o calor, chegando a 35,7% (MACIEL, p. 75). Em relao s edificaes de agncia bancria, justamente nesse perodo (das 11 s 16 h) h uma maior quantidade de pessoas dentro das edificaes.

2.2. CONFORTO AMBIENTAL Segundo Corbella e Yannas (2003, p. 30) uma pessoa est em um ambiente fsico confortvel quando se sente em neutralidade com relao a ele. De forma mais ampla, h a definio de qualidade ambiental que segundo Piardi (apud AMORIM, 2001) considera as relaes fsicas, materiais e energticas entre a construo e o ambiente que a circunda, relacionando parmetros como o conforto ambiental interno, o consumo energtico, a segurana, o impacto ambiental da construo e do uso do edifcio, entre outros. O conforto ambiental do espao arquitetnico est diretamente ligado as condies biolgicas do ser humano e como ele interage com o espao interior de forma natural, sem haver desconforto ou prejuzo na sua sade.

39

Nesse trabalho, sero abordados apenas os confortos trmico e luminoso.

2.2.1. Conforto trmico So muitos os fatores que influenciam na sensao trmica de um indivduo dificultando encontrar-se um padro exato de conforto trmico em um ambiente de trabalho. Segundo Frota & Schiffer (1988, p. 16), as condies de conforto trmico so funo da atividade desenvolvida pelo indivduo, da sua vestimenta e das varveis do ambiente que proporcionam as trocas de calor entre o corpo e o ambiente. A NBR 16401-