jornal atenção 10ª edição

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www.jornalatencao.org.br R$ 0,50 solidário: R$ 1,00 2ª quinzena de maio de 2011 Edição Nº 10 STF reconhece as uniões homossexuais {Pág 05} Empreiteiras abusam dos trabalhores na construção civil {Pág 03} Denúncia! Condições precárias de trabalho nas escolas de Educação Infantil de Campinas Uruguai acaba com Lei de Anistia {Pág 06} NAVES MÃE: Segundo Dr. Hélio, estas creches são as melhores coisas que já se viu em educação. Mas a realidade dos trabalhadores não é a mesma vista pelo prefeito. Pág {04} Saiba como montar um grêmio estudantil - {Pág 13} Honda demite 400 trabalhadores em Sumaré - pág 15 suplemento Infantil

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Jornal Atenção

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Page 1: Jornal Atenção 10ª Edição

www.jornalatencao.org.br

R$ 0,50solidário: R$ 1,00

2ª quinzena de maio de 2011Edição Nº 10

STF reconhece as uniões homossexuais{Pág 05}

Empreiteiras abusam dos trabalhores na construção civil{Pág 03}

Denúncia!

Condições precárias de trabalho nas escolas de Educação Infantil de Campinas

Uruguai acaba com Lei de Anistia{Pág 06}

NAVES MÃE: Segundo Dr. Hélio, estas creches são as melhores coisas que já se viu em educação. Mas a realidade dos trabalhadores não é a mesma vista pelo prefeito. Pág {04}

Saiba como montar um grêmio estudantil - {Pág 13}

Honda demite 400 trabalhadoresem Sumaré - pág 15

suplemento Infantil

Page 2: Jornal Atenção 10ª Edição

02 /opinião

Jornal Atenção – Publicação da Associação Centro de Memória Operária e Popular - Tiragem: 5.000 exemplares Edição Coletiva - [email protected] jornalatencao.org.brTelefone: (19) 3854 7798 / 3832 8831 / 3864 2624

Queremos que o nosso jornal seja também seu, que ele seja NOSSO. Por isso convidamos você leitor a participar. Pretendemos que esse jornal seja quinzenal, por isso sua ajuda é muito importante. Assine o jornal Atenção. Procure um de nossos colaboradores ou entre em contato pelo e-mail

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A Honda demite milhares. Por toda a parte vemos lu-tas e mais lutas. Os sem terra continuam lutando, os sem teto continuam lutando. Os trabalhadores da fábrica ocupada Flaskô completam 8 anos de luta. A juventude luta. O povo luta. Mesmo que pareça que o go-

Jornal Atenção um jornal para o trabalhador

verno tem atendido ao povo. Mesmo que a Dilma diga que vai acabar com a pobreza to-dos sabem que na realidade o problema ainda se mantém quando os patrões continu-am ganhando, isto significa que a exploração continua aumentando contra os tra-balhadores.

LinksmsT - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terrawww.mst.org.br/

mTsT - Movimentos dos Trabalhadores Sem-Tetowww.mtst.org/

Coletivo de Comunicadores Populares - comunicadorespopulares.org

Coletivo miséria - miseriahq.blogspot.com/

Passa Palavra - passapalavra.info/

Fábricas Ocupadas - www.fabricasocupadas.org.br

Centro de memória Operária e Popular - www.memoriaoperaria.org.br

Na rede

Cansado de Faustão, Gugu, novela e afins. Acesse: www.youtube.com/watch?v=1svnQfMRB5Q&feature=player_embedded e assista o programa Entrando na Mente.

Produzido pela TV Flaskô

Page 3: Jornal Atenção 10ª Edição

03/campinas

Nos últimos meses, o aumento considerável das obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) devido à preparação para a Copa e as Olimpíadas so-mado às obras do programa “Minha casa, Minha vida” levou a um aquecimento do setor da construção civil.

As grandes empreiteiras festejam o aumento dos lu-cros, mas não se contentam apenas com os benefícios concedidos pelo Estado bra-sileiro. Como todo capitalis-ta, buscam elevar ao máximo a lucratividade. E têm feito isso a partir de uma prática que é infelizmente recorren-te no mercado de trabalho

Trabalho escravo na construção civil na região de Campinas

brasileiro: a exploração de trabalho escravo e degradan-te.

É essa situação alarman-te que temos observado no setor da construção civil em Campinas e região. Pode-mos observar nos noticiá-rios locais nos últimos meses diversas denúncias de más condições de trabalho e de utilização de trabalho escra-vo em obras da região. Na maior parte das vezes esses trabalhadores são jovens en-tre 18 e 15 anos trazidos das regiões norte e nordeste do país que aceitam vir a Cam-pinas devido às promessas falsas de bons salários e me-lhores condições de vida. Refeitório do alojamento onde ficavam os trabalhadores

O caso da empreiteira Mestra Engenharia

Esse foi o caso da empreiteira Mestra Engenharia que trouxe 26 trabalhado-res do Maranhão com a promessa de um salário de mais de R$ 2.000 por mês. Os trabalhadores foram encontrados em um alojamento precário em Campi-nas, com péssimas condições de higiene e sem camas para dormir. A construto-ra Goldfarb, responsável pela obra, se comprometeu a pagar o hotel para os trabalhadores, porém estes teriam que retornar a sua cidade de origem. Três empreiteiros chegaram a ser presos por

aliciamento de trabalhadores.

Essa é só mais uma das 25 denúncias de trabalho escravo recebidas pelo Mi-nistério Público no primeiro trimestre de 2011. É um aumento de 50% dos ca-sos em comparação ao ano passado.

25 Denúncias de trabalho escravo foram recebidas no primeiro trimestre

CPI da escravidão em Campinas

Perante esses casos ina-ceitáveis foi instalada uma CPI para apurar casos de escravidão em obras da construção civil em Campi-nas. Contudo, no dia 14/04 a reunião para instalar a CPI não ocorreu por falta de quorum (é preciso ter um mínimo de vereadores pre-sentes na sessão da Câma-ra para que se possa tomar

decisões). Essa foi uma cla-ra demonstração de descaso com a questão por parte dos vereadores da cidade. Acom-panharemos as posteriores investigações e ações do po-der público local. Precisamos eliminar essa prática e criar meios para combater defini-tivamente as empreiteiras e construtoras que se utilizam do trabalho escravo.

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/campinas04

Todas as crianças de 0 a 6 anos têm o direito a ser cuidadas e educadas para que se desenvolvam em todos os aspectos: físico, emocional, ético, intelectual. Além da família, a escola tem um papel importantíssimo no processo de educação das crianças pequenas.

Para cumprir bem o seu papel, uma escola exige várias condições: prédios adequados, confortáveis e seguros; materiais pedagógicos estimulantes, como brinquedos e livros variados; alimentação segundo as necessidades de cada faixa etária e, principalmen-te, professores bem formados e com condições de trabalho adequadas.

No Brasil o atendimento escolar às crianças de 0 a 6 anos sempre foi mui-to pequeno, mas nas últimas décadas vem crescendo pela pressão das famí-lias sobre os governos.

Cabe aos governos municipais construir e manter as escolas de edu-cação infantil.

Em Campinas, nos últimos 20

anos foi se construindo uma rede de creches e EMEIs (Escolas de Educa-ção Infantil) que, mesmo com muitos problemas, foi sendo uma referência de qualidade para o Brasil.

Porém, a partir de 2006 o prefeito Dr. Hélio de Oliveira Santos vem im-plementando uma política de cons-truir creches e entregar para entida-des assistenciais administrar. Estas

NAVES MÃE: precarização das condições de trabalho nas escolas de Educação Infantil de Campinas

entidades são escolhidas por uma co-missão toda indicada pelo Secretário de Educação (cargo de confiança do Prefeito).

Ao assumir as creches, estas enti-dades assistenciais se tornam respon-sáveis pela contratação de professores e outros funcionários e têm também autonomia para escolher os métodos de ensino e as propostas pedagógicas.

A prefeitura repasse um recurso financeiro para a entidade gerenciar a creche.

O nome dado pelo prefeito Dr. Hé-lio a este projeto é NAVE MÃE. Se-gundo ele, estas creches são as melho-res coisas que já se viu em educação! Mas observamos na realidade que isso não é verdade. Vejamos como as naves mães funcionam:

1. As entidades assisten-ciais que administram estas creches pagam baixíssimos salários aos profissionais (muito abaixo do que a prefei-tura paga aos seus fun-cionários, nas creches públicas municipais);

2. Os professores, nem sempre formados para a função, são forçados a jornadas exaustivas e es-tressantes, cuidando o dia inteiro de turmas superlo-tadas (na maioria das ve-zes com mais de 30 crian-ças para um único adulto acompanhar, ensinar, cui-dar). Há relatos de profis-sionais que são forçados a fazerem horas extras todos os dias, colocando em risco sua saúde e a segurança das crianças.

3. Na jornada de trabalho destes profissionais fal-ta tempo para planejar e avaliar coletivamente seu trabalho (o que é garantido nas escolas públicas municipais, as-sim como nas escolas particulares onde estu-dam os filhos das elites).

4. A maioria das entida-des que assumem as creches NAVES MÃE são dirigidas por grupos religiosos, e então os professores são obriga-dos a passarem para as crianças os valores de determinadas religiões que não são as de suas famílias.

Diante de tudo isso, muitos profissionais entram para trabalhar nestas creches terceirizadas e saem assim que podem, em busca de outro trabalho, onde possam receber melhores salários sem tantos riscos de adoecerem por estresse.

Os pais que tem seus filhos nas creches, sejam elas públicas ou terceirizadas, devem estar atentos à qualidade do trabalho desenvolvido. Precisam par-ticipar das reuniões com os educadores e se juntar a eles na exigência de condições de trabalho. Estas condições interferem no atendimento às crianças.

É claro que os professores e todos os outros tra-balhadores que estão hoje trabalhando nestas Na-ves Mãe buscam fazer o melhor que podem.

Mas um profissional estressado, doente, descon-tente e preocupado com ter que pagar suas contas e não ter um salário decente para isso vai ter muito mais dificuldade de desenvolver seu trabalho.

Foto: Divulgação PMC

Comofunciona:

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05/brasil

O Supremo Tribunal Fede-ral, ao julgar duas ações de in-constitucionalidade, reconhe-ceu que as uniões entre pessoas do mesmo sexo são legítimas pela nossa Constituição e de-vem ser regulamentadas e pro-tegidas pelo estado. A reper-cussão na imprensa nacional e internacional foi enorme, e muitas pessoas parecem acre-ditar que esta decisão a partir de agora garante todos os di-reitos aos homossexuais e que a homofobia já está derrotada.

Não se pode negar que a decisão do STF é um avanço, na medida em que a corte ju-dicial mais alta do País afirma com todas as letras que não há nenhum fundamento para que se negue às uniões entre pesso-as do mesmo sexo os mesmos direitos das uniões heterosse-xuais. Isso coloca por terra os pretensos argumentos ado-tados pelos setores conserva-dores – religiosos ou não – de que a regulamentação destes direitos coloca em risco a ins-tituição familiar, posto que as uniões homossexuais passam a ser reconhecidas como uma das diversas espécies de “famí-lia”.

A decisão do Supremo, to-davia, por maior que seja seu alcance e extensão, não deso-briga o Congresso Nacional de aprovar uma legislação que reconheça expressamente as

STF reconhece as uniões homossexuais

uniões entre pessoas do mes-mo sexo como uniões estáveis portadoras de direitos e obri-gações. Não se pode considerar devidamente garantido esse direito sem que se altere o Có-digo Civil e se corrija aquela inconstitucionalidade aponta-da pelo Tribunal.

Por outro lado, e essa é uma reflexão prioritária para nós, temos a convicção de que por mais importantes que sejam as leis – e isso nos faz lutar por elas – não basta aprovamos le-gislações e cairmos na ilusão de que a pura e simples vigência de normas que proíbam a ho-mofobia e afirmem direitos das pessoas lésbicas, gays, bissexu-ais, travestis e transexuais, será capaz de superar esta forma de discriminação.

A Lei de Crimes Raciais (Lei Cão, nº 7.716/89) já tem

mais de 20 anos de vigência e sabemos como foram pouquís-simas as condenações por ra-cismo em nosso País até hoje, e o quanto ainda sofremos com esta chaga cotidianamente. E o mesmo vale para a violência contra a mulher, seja pela expe-riência já de mais de 3 décadas das DDMs (Delegacias de De-fesa da Mulher) ou pela mais recente Lei Maria da Penha. Como dizia o poeta Drum-mond, “As leis não bastam. Os lírios não nascem da lei”.

A luta contra a homofobia, para que possa de fato ser exi-tosa, não pode ser dissociada do combate à superação de todas as outras opressões, tais como o racismo, o machismo, e as desigualdades sociais. Por isso gritamos tantas vezes nas ruas: “Contra a homofobia nossa luta é todo dia”!

E agora?

/sumaré

No Jardim Maria Antonia está em fase de construção a Associação de Moradores de Bairro. É o bairro mais popu-loso de Sumaré e com quase um século de vida nunca teve uma associação. Somente agora que a atual diretoria e os membros estão conseguin-do construir uma Associação de grande porte, com área de lazer e esporte.

Para que a Associação seja

Moradores do Maria Antônia lutam por Associação

concretiza é necessária a aju-da dos moradores com força de trabalho e doação de ma-terial.

O custo de vida dos mo-radores do bairro está mui-to alto, principalmente para quem usa o próprio veículo para trabalhar sentido Cam-pinas, já que o bairro não tem saída para a rodovia e quem paga por isso são os trabalha-dores assalariados.

Dia 23 – Bairro Nova Veneza (Cisne)Dia 24 – Bairro PicermoDia 26 – Bairro Maria Antonia – salão da Associação de MoradoresDia 30 – Área Cura, 18h30, Flaskô Fábrica OcupadaDia 31 – Bairro Matão

CoNfErêNCiA NACioNAL dA SAúdE (mAio) Em SumAré, CoNfirA oS LoCAiS E AS dAtAS:

Servidores da saúde de Su-maré protestaram no dia 20 de maio, em frente à Pre-feitura sob a justificativa de que unidades básicas de atendimento e da saúde da família vão ser fechadas.Os servidores também re-clamam da redução do prê-mio para os profissionais

Servidos da Saúde protestam na Prefeitura de Sumaré

do PSF (Programa de Saúde da Família), argumentando que há verba federal para o pagamento das equipes, o que não justificaria a redu-ção da premiação de 50% para 5%, prêmio que seria pago para todos os servido-res da saúde e não apenas aos do PSF..

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/mundo06

No começo de abril o Se-nado do Uruguai revogou a Lei de Anistia, o que provocou uma divisão na Frente Ampla, que é a coalizão centro-es-querda que governa o país. A "Lei de Caducidade Punitiva do Estado", como é chamada a lei de anistia lá, isentava os militares e policiais de serem julgados por crimes cometi-dos durante a ditadura (1973- 1985).

A revogação foi aprovada por 17 votos a 16, o que mos-tra o quanto as forças ligadas ao regime militar ainda con-tinuam no interior do Estado influenciando a política.

Uruguai acaba com Lei de Anistia

É a lei que perdoa e anula as condenações de todos aqueles que come-teram crimes políticos ou praticados por motivação

No Brasil a ditadura durou de 1964 a 1985 e a Lei de Anistia foi feita dentro deste perí-odo, em 1979. Ou seja, os próprios envolvidos na ditadura já trataram de fazer uma lei que os perdoaria de todos os crimes que tivessem co-

José mujica, presidente do Uruguai

O deputado Felipe Miche-lini, filho do senador Zelmar Michelini, assassinado em Buenos Aires em 1976, consi-derou a votação de terça-feira "histórica". "É preciso elimi-nar essa lei definitivamen-te do ordenamento jurídico uruguaio", disse.

O presidente José Mujica está sofrendo pressões para vetar (proibir) essa aprovação de acabar com a Lei de Anis-ta, mas prometeu que não o fará, caso ela passe na Câma-ra, por respeito às decisões do Congresso. "Sou contra os vetos presidenciais, por prin-cípio", disse.

o que é a Lei de anistia?

E no Brasil?

política na época da dita-dura.

No Uruguai ela se cha-ma “Lei de Caducidade Punitiva do Estado” e per-

doa os crimes cometidos até 1º de março de 1985 por militares e policiais, movidos por motivos polí-ticos ou em cumprimento às suas funções e ordena-das por aqueles que atua-ram durante o período.

metido. A lei continua váli-da até hoje.

Neste ano foi proposta uma “Comissão da verda-de”, que buscaria escla-recer os casos de tortura, morte, desaparecimentos forçados, ocultação de cadáveres e quem foram os responsáveis por isso.

No entanto, mesmo sa-bendo quem foram os cul-pados, se a Lei de Anistia continuar em vigor, ela permite que os torturado-res e militares ditadores continuem andando sol-tos por aí e às vezes in-clusive ocupando cargos de decisão no governo.

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07/mundo

Não é só por aqui que os movimentos sociais dos tra-balhadores e estudantes são reprimidos. Mesmo em paí-ses ricos, como na Inglaterra, a polícia criminaliza manifes-tantes. Na onda de protestos em Londres que vem desde março, grupos que ocupavam lojas em ruas chiques foram presos, ainda que estivessem se manifestando pacifica-mente e sem danos às lojas. A polícia inglesa prendeu mais de 150 pessoas em um dia, e agora usa imagens das câme-ras de segurança da cidade para prender ainda mais!

Mais de 250 mil pessoas saíram às ruas no dia 26 de março para protestar contra os cortes no orçamento do governo. A marcha foi orga-

Repressão pra inglês ver!

Trabalhador Socialista - Pare todos os cortes, lute por todo emprego. Nós não pagamos pela crise deles.

nizada por vários setores da sociedade como sindicatos, organizações de estudantes e partidos políticos. Pessoas de todas as idades expressando sua indignação com os rumos de sua sociedade.

Esses cortes pretendem reduzir a ajuda à estudantes, idosos e às partes mais pobres e frágeis da população. Como sempre, enquanto os ricos pa-gam cada vez menos impos-tos, o povo perde seus direi-tos para equilibrar as contas. Ao mesmo tempo, o governo inglês gasta milhões de dóla-res em mísseis e bombas para sua “ajuda humanitária” na Líbia. Mas, em casa, o povo continua lutando, e mais pro-testos estão a caminho agora em maio!

Por toda a Europa, dezenas de milhares de pessoas estão em luta para que os agricultores e as agricultoras continuem podendo guardar e selecionar as suas se-mentes. Pretendem, assim, pre-servar a diversidade das semen-tes que têm alimentado os seres humanos desde há milénios, que são a base da nossa existência e são essenciais para a soberania alimentar.

Contudo, esses cidadãos estão enfrentando grandes cartéis, que estão decididos a alcançar o con-trole mundial da produção e co-mércio de sementes. Para acabar

Privatização das sementes

com a autonomia dos agricultores, esses cartéis têm recorrido a meios como a engenharia genética, as patentes sobre a fauna e flora, e a introdução de taxas sobre a repro-dução de sementes. Além disso, as novas “biotecnologias”, como a tecnologia terminadora que pro-duz sementes estéreis, colocarão os agricultores na total dependên-cia dos seus fornecedores.

Temos que exigir a defesa dos direitos humanos à alimentação e ao cultivo de sementes tradicio-nais para que não fiquemos futu-ramente reféns dos interesses de empresas multinacionais.

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08 /cultura

Como o Grupo Engenho pensa o teatro?

Dia 15 de abril o grupo de te-atro Engenho veio de São Paulo apresentar a peça Em Pedaços na fábrica ocupada Flaskô. Eles possuem um teatro móvel que atualmente está próximo ao metrô Carrão, na Zona Leste de São Paulo. O Engenho resolveu fica ali para dialogar com este público da periferia.

O Engenho Teatral vive na contramão: ao contrário dos filmes americanos e das nove-las brasileiras, não representa o mundo como conflito de perso-nagens. Nem sempre histórias pessoais, fábulas, dão conta de relações fundamentais entre os homens. A vida não se resume a isso.

O açúcar, o ouro ou o café

brasileiro já foram as princi-pais mercadorias do mundo. O que ficou dessa riqueza para escravos, mineiros, colonos? A quem serviu essa exploração desenfreada? Hoje, vivemos novamente situação semelhan-te: a descoberta de petróleo em camadas profundas do nosso litoral (no chamado pré-sal) aponta para um novo surto de riquezas absurdas. Quem vai levar isso?

O Engenho se pergunta: interessa representar essa ques-tão no palco? E ela se explica através do caráter e das rela-ções afetivas e pessoais do pre-sidente da Petrobrás, da Shell ou do presidente do Brasil? As histórias, briguinhas e intrigas “Peça Em Pedaços do grupo Engenho”

nos moldes do filme ameri-cano e da novela dão conta de questões como essa, que são fundamentais em nossa vida e destino?

Aos 52 anos, o ator, cineasta e diretor palestino-israelense Juliano Mer Khamis foi assassinado. Ele morava em Jenin, na Cisjordânia, e defendia um Estado bi-nacional, ou seja, que Israel se man-tivesse um Estado único onde judeus e palestinos possam viver juntos e em paz.

Desde 2006 é diretor de teatro do es-paço Teatro da Liberdade e dedicava-se a trazer o poder da arte e da auto-expres-são aos jovens palestinos.

Ele falava da construção de um espa-ço autônomo - tanto emocional e físico - para as crianças do campo de Jenin, traumatizadas pelos ataques de Israel e da ocupação. Jenin foi conhecida como “capital terror” de Israel durante a Segun-

Teatro da Liberdade na Cisjordânia

Juliano Mer Khamis (29/05/1958 – 04/04/2011) no Teatro da Liberdade

da Intifada (ou levante), começando em 2000, por causa do número de atentados suicidas. Juliano diz que a Terceira Intifa-da palestina deve ser cultural, com “poe-sia, música, teatro, câmeras e revistas”.

O Teatro da Liberdade foi um proje-to comunitário que evoluiu para incluir exposições de arte, teatro-terapia, cursos de cinema e uma sala de informática. Atualmente, no meio de um plano de expansão, o teatro foi palco de execuções provocantes usando peças para desafiar o poder, a corrupção, o conservadoris-mo e o tradicionalismo.

Juliano foi morto por um homem ar-mado e mascarado que o esperava fora do Teatro da Liberdade.

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/fábrica de cultura e esportes 09

TODAs ATIVIDADEs GRATUITAsMAIS INFORMAÇÕES: [email protected] ou (19) 3832-8831

A Associação Dib de Es-portes, associada à Fábrica de Esportes e Cultura da Flaskô, participa com seus atletas de diversas competições.

Atletas da Associação DIB Esportes ganham medalhas em competições

Dia 03 de abril de 2011 participaram do Campeona-to Regional de Judô em Divi-nolândia, onde ganharam 5 medalhas.

CINEFLASKÔ26/05 (qui) às 18h30 DAENS – UM GRITO DE JUSTIÇANa cidade de Aalst, norte da Bélgica, um grupo de trabalhadores vive em condições miseráveis, vítimas da ex-ploração da indústria de tecidos onde estão empregados. A situação começa a mudar quando um padre revolucionário é transferido para a cidade e assume a igreja local.

31/05 (ter) às 18h30 SEGUNDA-FEIRA AO SOLUma cidade portuária no Norte, que há muito tempo voltou as costas ao cam-po e que se rodeou de indústrias que a fizeram crescer desproporcionalmente. Um grupo de homens desempregados que todos os dias percorre as suas ruas. E que falam das suas coisas e se riem, de tudo e de nada em especial, espe-rançosos, tranquilos, na manhã de uma segunda-feira ao sol.

FlaskôPLEX04/06 (sab) às 18h30PIRATAS DO CARIBE 4 NAVEGANDO EM ÁGUAS MISTERIOSAS O capitão Jack Sparrow (Johnny Depp) reencontra uma mulher de seu passa-do (Penélope Cruz) e não sabe se está diante de um novo romance ou sendo usado para encontrar a famosa Fonte da Juventude. Mas quando ele sobe a bordo do navio do lendário Barba Negra (Ian McShane), Sparrow descobre que se envolveu numa grande e inesperada aventura. 141 min.

E dia 11 de abril de 2011 par-ticiparam da VIII Copauadi Mu-barac de Judô, onde ganharam 25 medalhas, ficando em 6º lugar na classificação geral.

Atletas da Associação DIB de Esportes, associada à Fábrica de Esportes e Cultura, que competiram dia 16 de abril no Cam-peonato Interestadual em Vargem Grande - Da esquerda para a direita: Jhoni da Silva (vice-campeão juvenil super ligeiro) | Lucas Nunes (vice-campeão pré-juvenil super ligeiro) | Giordano Marçal Zancheta (Campeão pré-juvenil pesado) | Amilto Gustavo Caminski (5º colocado juvenil ligeiro)

PeçaPEÇA DE TEATRO GRATUITAônibus gratuito saindo da Flaskô às 19h R. Marcos Dutra Perei-ra, 300 - Pq Bandeiran-tes - Sumaré/SP

Mais informações: (19) 3832-8831www.fabricasocupadas.org.brcultura@fabricasocupadas.org.br

Page 10: Jornal Atenção 10ª Edição

10 /artes

Coletivo M

iséria: Para ler m

ais charges entre em m

iseriahq.blogspot.comP

ara ler mais tirinhas entre em

tirasdamiseria.blogspot.com

A FOmEEsta é a fome. Um animaltodo canino e olho.Ninguém o engana ou distrai.Não se farta em uma mesa.Não se contentacom um almoço ou uma ceia.Anuncia sempre sangue.Ruge como leão, aperta como jibóia,pensa como pessoa.O exemplar que aqui se oferecefoi caçado na Índia (subúrbios de Bombaim),mas existe em estado mais ou menos selvagemem outras muitas partes.Não se aproxime.

BURGUEsEsNão me dão pena os burgueses vencidos.E quando penso que vão me dar pena,aperto bem os dentes e fecho bem os olhos.Penso em meus longos dias sem sapatos nem rosas.Penso em meus longos dias sem chapéus nem nuvens.Penso em meus longos dias sem camisas nem sonhos.Penso em meus longos dias com minha pele proibi-da.Penso em meus longos dias.Não passe, por favor. Isto é um clube.A relação está cheia.Não há vaga no hotel.O senhor saiu.Precisa-se de meninas.Fraude nas eleições.Grande baile para cegos.Saiu o Prêmio Maior em Santa Clara.Bingo para órfãos.O cavalheiro está em Paris.A senhora marquesa não recebe.Enfim, eque tudo recordo e como tudo recordo,que porra me pede você pra fazer?E, além do mais, pergunte-lhes.Estou seguro que tambémrecordarão.

Nicolás Guillén (Cuba, 1902-1989)Guillén é conhecido como maior poeta cubano ao lado de José Martí. Foi um dos maiores defenso-res da revolução cubana assim que ela aconteceu em 1959. Suas poesias falam da revolução cuba-na, da luta dos negros e do amor.

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suplemento Infantil

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Durante a visita de Alan Woods à Fábrica Ocupada Flaskô, os jovens que participam

da oficina de quadrinhos realizaram desenhos durante o evento.

Confira os trabalhos!

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Page 14: Jornal Atenção 10ª Edição

AGENDINHAcine-infantil04 de junho

9 – A SALVAÇÃO Em um mundo devastado pela ganância do homem, sobraram apenas máquinas e estranhos bonecos de tecido. 9 desperta no laboratório de seu criador e, desorienta¬do, deixa o local. Ele encontra 2, que o conserta para que possa também falar. Logo ambos são atacados por uma máquina, que leva 2 como prisioneiro. 9 encontra outros bonecos, que o levam para seu esconderijo. Lá ele conhece 1, líder dos bone¬cos, que prega que eles devam se esconder até que as máquinas deixem de funcio¬nar. Só que 9 deseja resgatar 2 e tenta convencer outros bonecos a ajudá-lo em sua missão. 79 min.

Page 15: Jornal Atenção 10ª Edição

0911/direitos

dois pesos e duas medidas2ª Parte - Lei para rico e Lei para pobre: A criminalização da pobreza!

Um jovem da periferia é preso com 5 (cinco) gramas de cocaína. Disse na de-legacia e em juízo que se tratava de uso próprio, pois, infelizmente, é dependen-te. Durante o processo, o único elemen-to para dizer que o crime é de tráfico é o que dizem os policiais, que, isolada-mente, devem ter seu depoimento rela-tivizado. O Juiz, após ouvir o jovem, em meio aos diversos processos que julga no dia, tratando os casos como “mais um simples bloco de papel” simplesmente condena-o pelo crime de tráfico à 5 (cin-co) anos de prisão! Ou seja, 5 gramas de cocaína equivale a 5 anos de prisão! Um absurdo! Infelizmente, isso ocorre dia-riamente. O pobre usuário de droga será em sua esmagadora maioria condenado pelo crime de tráfico. Se for primário, e

O tratamento no caso da lei de drogas

menor de 21 anos, a pena será de 1 ano e 8 meses de prisão. É batata! Se for reinci-dente, 5 anos!

A lei 11.343 de 2006 surgiu para a “sociedade” como um suposto avanço, onde descriminalizaria o uso de entor-pecentes. O usuário não responderia por um crime, mas tal conduta seria tratada como saúde pública. Ótimo! Saudamos este posicionamento, mas denunciamos desde o princípio, que na prática, o que viria seria um aumento das prisões por tráfico, especialmente em casos de pe-quena traficância, pois o pobre na perife-ria, usuário de drogas seria enquadrado por tráfico, e não teria o tratamento de saúde pública que a lei diz. O tratamento seria desigual entre o jovem pobre usuá-rio e os jovens da burguesia. Foi isso que

Primeiro, você, jovem usu-ário de drogas, esperamos que você consiga se libertar desta “fuga”, e busque na uni-dade de classe, ao ver a vida dura que todos os que estão ao se redor levam, veja que a luta para transformar esta in-justa sociedade depende da ação organizada e coletiva contra os poderosos desta so-ciedade. Não busque as saí-das individuais e frágeis.

Segundo, enquanto você ainda não consegue se liber-

Mas como combater?

ocorreu, tanto é que diminuiu o número de presos por porte e uso de drogas na periferia. Para a lei, viraram tudo trafi-cante. Por outro lado, a burguesia, que fomenta o uso da droga e financia o seu tráfico, acha tudo isso ótimo. Ela crimi-naliza o pobre, e quando algum de seus

representantes é pego com droga, é tra-tado diferentemente, como saúde pú-blica, como um dependente que precisa ser tratado. Trata-se de um grave caso do tratamento desigual da lei. Dois pesos e duas medidas. É um absurdo que precisa ser combatido.

tar das drogas, infelizmente, fique esperto, pois quando preso com drogas, ou mesmo quando os policiais armarem para você (infelizmente isso é o que mais ocorre), saiba que será muito difícil comprovar que você é apenas um usuá-rio. Para a lei, na prática, você é um perigoso traficante, e que deverá ficar preso por mui-to tempo. E a partir daí, cara, infelizmente, não só viverá na cadeia a melhor escola do crime, como verá que esta so-

ciedade, dividida entre ricos e pobres, não está nem aí para você, e que os direitos e as leis são para poucos. Mas de-pois, quando você sair da pri-são, e tentar recomeçar sua vida, não dê qualquer brecha, não bobeie, pois os policiais, representando a burguesia, estarão de olho e qualquer va-cilo, bimba... prisão de novo, e aí não adianta falar que é usu-ário de novo, não, cara. É trá-fico, e agora, será reincidente. A pena será de 5 anos, mes-mo que você estivesse ali, só para curtir suas 5 gramas de cocaína.

Por estas coisas, cama-rada, estamos com a cam-panha: “Mano não mate, mano não morra. Paz en-tre nós, guerras aos senho-res”. Aos senhores do ca-pital, desta burguesia que comanda esta sociedade. Para combatê-la, junte-se à classe trabalhadora é ela que produz a riqueza nes-

A luta é de classes!ta sociedade. Tudo passa pela mão de um operário. Sem ele, a burguesia não vive. Será assim que derru-baremos esta desigualdade e estas leis. E aí teremos verdadeira igualdade entre os seres humanos, e não estas hipócritas leis que estão aí para perpetuar a exploração e desigualdade.

Política antidrogas deve focar grande traficante e não usuários

Foto: ultimainstancia.com.br

Page 16: Jornal Atenção 10ª Edição

12 /juventude

Karl Marx escreveu no sé-culo XIX que no capitalismo existe uma luta de classes. Nós, trabalhadores, temos muitos direitos sociais e um deles é a educação. Contudo, se prestar-mos Atenção, veremos que pa-gamos por muitos desses “di-reitos”, ou seja, existe educação na rede pública, mas sabemos bem o quanto sua qualidade é precária. Justamente por esse mundo desigual e onde a edu-cação é uma mercadoria é que surge como alternativa a edu-cação popular.

A maior parte dos que en-tram na universidade pública são os que têm mais dinheiro, já que para passar no vestibu-lar é necessário pagar colégios muito caros e não há vagas para todos. por isso, é preciso lutar pra que mais pobres, que estudaram em escolas públicas, possam entrar na universidade pública. Em vários estados do Brasil e mais especificamen-te na região de Campinas/SP surgem, então, os chamados cursinhos populares. Em geral, o objetivo desses cursinhos é preparar jovens da classe traba-lhadora para ingressar em cur-sos superiores, principalmente em universidades públicas, e fazer a luta por universidade pública pra todos.

Na cidade de Valinhos, existe há um ano o cursinho

A educação popular e os cursinhos da região

popular Josué de Castro que funciona num espaço solida-riamente cedido pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região. Além do cursinho, os funcionários públicos da cida-de, as domésticas e outros gru-pos utilizam o sindicato para se organizar nas lutas.

Os educadores do cursi-nho são estudantes voluntários da Unicamp e Usp e o curso é totalmente gratuito. No início de 2011, foi realizado um en-contro com companheiros da região: cursinho Triu de Barão Geraldo, grupo de teatro Cas-sandra, MTD e MST Campi-nas, cursinho Lima Barreto de Guarulhos, Universidade

Popular de Campinas, Camará coletivo de comunicadores po-pulares, cursinho Parque Oziel, Coletivo Miséria além de edu-cadores independentes.

Os cursinhos buscam o in-gresso de jovens de baixa renda à universidade pública e fazer a formação política que organiza a classe trabalhadora. A bur-guesia está unificada nos apa-relhos de Estado e no judiciário que reprimem as nossas mobi-lizações. E nós trabalhadores, como nos organizamos? Te-mos feito isso, mas essa ques-tão continua em aberto. Não basta apenas o compromisso com o vestibular, mas também estar ao lado dos trabalhadores

na mesma luta de classes de que falava Marx!

A educação popular é do povo trabalhador e para o povo trabalhador. Sem grades em es-colas que se parecem mais com prisões e sem um adestramen-to que faz dos jovens e crianças fantoches do capitalismo. Mui-tos se entregam e não lutam contra a opressão que sofrem através do trabalho. Buscamos mudar isso logo na educação de base.

Sérgio Vaz diz: “não con-funda briga com luta, briga tem hora para acabar, a luta é para uma vida inteira”.Lutar é uma opção de vida! Fazemos o que nos dá alegria e clamam nos-

sos corações. Somos muitos e estamos nos organizando, aos poucos, é verdade, mas como irmãos trabalhadores prosse-guimos numa luta iniciada no passado e que levamos adiante como um compromisso revo-lucionário.

Para saber mais sobre cursinhos populares na região de Campinas entre em contato pelos e-mails: [email protected] (com Moacir ou Silas) ou [email protected] (Paulo, Vinícius ou Rodolfo) “O segredo da vitória é o povo.” Carlos Marighela.

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/juventude 13

O grêmio nasce e se organiza como uma voz de reivindicação dos alunos para com a direção e reitoria das esco-las e universidades, respectivamente, assim como uma ligação dos próprios estudantes com a comunidade. É a luta pelos interesses estudantis, sem fins lucrativos, que visa o melhora-mento pedagógico cultural, desportivo e social, assim como, a luta pelo bem-estar e qualidade predial para os alunos representados.

Esta prática vai mais além do que uma simples reunião grupal, ela garan-te que os alunos não fiquem a mercê de decisões autoritárias impostas pela direção e caiam em burocracias que impeçam e possam ferir o crescimento dos alunos dentro dessas instituições de ensino. Como por exemplo, o impe-dimento da direção sobre a decisão de um projeto pedagógico que não seja o apresentado pela própria escola.

Essas organizações estudantis lu-tam não apenas dentro das escolas e universidades, mas também ganham

Grêmio Estudantil: A luta pelos direitos democráticos

as ruas em reivindicações de âmbito nacional para garantir investimentos para educação e impedir o sucatea-mento do ensino.

Hoje a maior bandeira dos grê-mios escolares de ensino médio/téc-nico é a luta contra a burocratização das diretorias para com seus projetos assim como o arquivamento de tais. E no caso universitário é a luta contra a desqualificação do ensino público, o aumento dos investimentos para re-cuperação dos prédios e a participação dos alunos na escolha de novos rei-tores, constituindo assim uma gestão popular com tomadas de decisões po-pulares.

Enfim, ao longo da história as ma-nifestações populares estudantis e suas organizações foram o alicerce de gran-des movimentos revolucionários em todo o mundo, então é próprio desses alunos o direito a reivindicação e o controle maior sobre o ambiente esco-lar ganhando voz e construindo uma escola democrática.

1. Organize um grupo pró-grêmio, com pessoas interessadas em construir o grêmio. Você pode fazer isso através de um informativo na escola e reuni-ões para debater a importância de um grêmio e as lutas que ele pode puxar;

2.Monte uma proposta de estatuto do grêmio voltado para as necessida-des dos estudantes da escola. Você pode achar facilmente na Internet modelos de estatuto para grêmio.

3.Monte uma comissão eleitoral que irá coordenar o processo de eleição para o grêmio. Essa comissão vai organizar uma Assembléia Geral, onde deverá ser aprovado o Estatuto e eleita a nova diretoria do grêmio.

4.Para que o grêmio possa ter acesso a todos os seus direitos e obrigações, é importante que se registre o seu estatuto em cartório.

Como moNtAr um Grêmio?

se precisar de ajuda entre em contato com o jornal atenção: [email protected]

GuiA

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Quem não se comunica, se estrumbica!

A frase que dá título a esta matéria era dita repeti-damente pelo famoso Cha-crinha. Nada mais verdadei-ro! Conseguir se comunicar é fundamental pra todo ser humano. No mundo em que vivemos, comunicar-se com muitas pessoas através de ins-trumentos de comunicação de massa é também essencial. Poder dizer o que você e seu grupo pensam sobre as ques-tões importantes da nossa sociedade é um direito que deveria ser garantido pelo Estado através da utilização popular das TVs, jornais, rá-dios.

Mas, infelizmente, vive-

O Coletivo de Comunicadores PopularesO Coletivo de Comunicadores(as) Populares nasce para lu-

tar contra essa dominação, buscando criar canais de comuni-cação popular entre os movimentos sociais e os trabalhadores; surge da necessidade de lutar contra a criminalização dos mo-vimentos sociais realizada pela grande mídia; surge do desejo de falar, de ter voz, de quebrar o enorme silêncio que nos é imposto.

Os Comunicadores Populares constroem junto com outros movimentos o jornal que você tem em suas mãos, o Atenção. Também organiza todo ano a Mostra Luta, mostra de vídeos, fotografias, poesias e quadrinhos sobre a luta e a realidade dos trabalhadores.

Para saber mais da mostra acesse: www.mostraluta.org.

O direito à comunicação está em poucas mãos:· Globo possui 97 TVs - 87 rádios - 20 jornais; · SBT possui 94 TVs - 71 rádios - 15 jornais; · Band possui 43 TVs - 76 rádios - 9 jornais; · Record possui 45 TVs - 52 rádios - 8 jornais; · Rede TV! possui 15 TVs - 19 rádios - 3 jornais· Quantas TVs, rádios ou jornais você tem ou pode participar?

O que é a Comunicação Popular?Na comunicação popular, os meios de comunicação

deixam de ser instrumentos de dominação de poucos para se tornarem formas de educação e organização po-pular para transformação social.

mos em uma sociedade em que o lucro está acima dos di-reitos comuns. A comunica-ção não fica fora dessa lógica. No Brasil, apenas seis famílias (Civita, Marinho, Frias, Saad, Abravanel e Sirotsky) produ-zem a quase totalidade da in-formação que chega aos 191 milhões de habitantes.

Quase sem fiscalização, concentram em suas mãos um poder gigantesco de ma-nipulação (TVs, jornais, rá-dios), contrariando a legisla-ção federal que proíbe tanta concentração. Para garantir seus lucros e os de seus inves-tidores, essas famílias mos-tram as lutas dos movimen-

tos sociais, que vão contra seus interesses, como crimes, distorcem a realidade vivida pelos trabalhadores.

Em Campinas, não é di-ferente: a Rede Anhanguera de Comunicação (RAC) é dona dos meios impressos na cidade e região. São seus os jornais Correio Popular, Diário do Povo, Notícia Já, Gazeta do Cambuí, Gazeta de Piracicaba, Gazeta de Ri-beirão. É com esse poder que deformam a opinião pública tratando, em geral, as mani-festações populares como ca-sos de polícia. Mas o que po-demos fazer para mudar essa situação?

Participe também desta luta! Venha botar a boca no trombone!

Site: www.comunicadorespopulares.orgEmail: [email protected]

14 /juventude

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15

iNCENtivo?

O Ministério Público Fede-ral (MPF) anunciou a abertura de inquérito civil para investigar os incentivos fiscais concedidos pelo governo federal à Gren-dene. A empresa é a principal acionista da Vulcabras/Azaleia, que fechou unidade em Parobé. O MPF quer que a Grendene devolva aos cofres públicos in-centivos do governo federal.

Somente nos últimos dois anos a Grendene recebeu do BNDES cerca R$ 3 bilhões, emprestados a juros inferiores a 4% ao ano. “Além de demitir em

Azaleia demite no Brasil e compra empresa na Índia

Mais de 800 trabalha-dores foram demitidos da na fábrica Azaleia, na cida-de de Parobé-RS. O motivo alegado pelos patrões foi à concorrência, no mercado nacional, dos calçados pro-duzidos no exterior, facilita-das pelo câmbio.

Outro motivo foi a compra

de uma empresa indiana pela Azaleia, onde serão investi-dos mais de US$ 50 milhões, a empresa fabricara cabedais para calçados esportivos (a parte superior do calçado) para complementar a produ-ção das outras 28 unidades fabris da companhia localiza-das no Brasil e Argentina.

massa no Estado do Rio Grande do Sul, o grupo Grendene insta-la, possivelmente com o dinhei-ro do erário federal, fábricas no exterior, a exemplo da Índia”.

ExPLorAção

Demissão no Brasil e contra-tação na Índia. A Azaleia com-prou uma fábrica em Chennai na Índia. A unidade de Chen-nai emprega mil trabalhadores, porém pretende aumentar esse número para 5 mil em um ano e meio. As razões do desloca-mento é a exploração da bara-tíssima mão de obra do país.

A Honda do Brasil anun-ciou, neste mês de maio, a demissão de 400 trabalha-dores da fábrica de Sumaré (SP). Além da redução em seu quadro, a marca tam-bém informou a redução de sua produção em 50%.

A desculpa da montado-ra é que as medidas foram tomadas devido aos refle-xos do terremoto no Japão, ocorrido em março. O Sin-dicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região entrou

Honda demite 400 trabalhadores em Sumaré

com uma ação no Tribunal Regional do Trabalho, con-testando a decisão da multi-nacional.

Os representantes dos trabalhadores discutem com a montadora sobre os efeitos da decisão da matriz de re-duzir a fabricação a partir de junho, o que faria com que a Honda abrisse mão de um dos três turnos diários. Desde então, trabalhadores pararam a produção, em protesto.

dEmiSSão Por tELEGrAmA

O sindicato dos me-talúrgicos pretende ain-da entrar com uma ação de assédio moral coletivo contra a Honda no Minis-tério Público Estadual. “A fábrica não avisou o sindi-cato. Os demitidos foram informados por telegrama, enquanto os trabalhadores ainda estavam em greve”, afirma o presidente.

Terremoto no Japão e falta de peças são as desculpas da montadora

800 trabalhadores foram demitidos no Rio Grande do Sul

/trabalho 15

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16 /trabalho

Greve dos terceirizados da USP

A terceirização surgiu com o objetivo de enxugar os gastos das empresas frente a competitividade intercapita-lista e se mantém precarizan-do a relação de trabalho em prejuízo dos trabalhadores.

Nos fins dos anos 70, o modelo fordista/keynesia-no, tanto nos países centrais como nos periféricos, co-meça a ruir. Cessa o desen-volvimento econômico con-tinuado, com seus ganhos crescentes de produtividade, que era o fator de sustenta-ção e legitimação política e social desse Estado do bem-estar social.

O capital respondeu à cri-se dando início a um processo de reorganização do capital e

mais uma vez está provado o absurdo das terceirizações

de seu sistema ideológico e político de dominação, cujos contornos mais evidentes fo-ram o advento do neolibera-lismo, com a privatização do Estado, a desregulamentação dos direitos do trabalho e a desmontagem do setor pro-dutivo estatal. Com isso, vie-ram as contratações de força de trabalho por meio de in-termediações, são as chama-das terceirizações.

Diversos são os prejuízos decorrentes da terceirização, dentre os quais destaca-se a segregação dos trabalhadores terceirizados do ambiente de trabalho. São relegados à in-visibilidade. Sofrem com o distanciamento entre a em-presa para a qual presta servi-

ços mas, também, mal conhe-cem aquele que os contratou. Permanecem num limbo ju-rídico e têm que se deparar com a falta de capital da em-presa contratante e o descaso da empresa tomadora de ser-viços, esta última “dá de om-bros” para situação, como se não tivesse nada ver com isso.

No setor público a situa-ção é ainda mais grave e mais absurda. Ora, se a terceiriza-ção surgiu com o objetivo de dar azo à competitividade entre empresas no sistema capitalista, o que justifica a contratação por empresas interpostas no setor público?

Recentemente o STF jul-gou constitucional o art. 71 da Lei 8666/, o qual retira

qualquer responsabilidade da Administração Pública que contrata por meio de terceirizadas. Ao contrá-rio do entendimento que já havia sido pacificado pelo TST (Tribunal Superior do Trabalho), o qual não é era dos melhores, pois confe-ria à Administração Públi-ca apenas responsabilidade subsidiária (e não solidária), o STF retirou do Poder Pú-blico toda responsabilidade por empresas contratadas que em sua maioria, salvo raras exceções, são incapazes de garantir o pagamento dos direitos dos trabalhadores contratados.

Diante disso, os traba-lhadores terceirizados da

USP (entidade pública) es-tão diante de um impasse jurídico. Por um lado a em-presa que os contratou alega não ter dinheiro para lhes pagar os salários atrasados. Do outro lado, a reitoria da USP afirma que sua atitude (de “não estou nem aí”) está respaldada por lei, e agora também está respaldada pelo Supremo Tribunal Federal.

A esses trabalhadores não resta alternativa a não ser sair da invisibilidade da melhor forma que a classe trabalha-dora pode fazer: unindo-se e realizando manifestações. Foram quatro semanas de manifestações em frente à reitoria da universidade, o que resultou no pagamento dos seus salários pela pró-pria USP (real beneficiária dos serviços prestados pelas trabalhadores terceirizadas).

No entanto, as trabalhado-ras até semana passada ainda não tinham conseguido dar entrada no seguro desempre-go (alegam que há um for-mulário errado) e nem rece-beram os 40% sobre o fundo de garantia de multa pela de-missão sem justa causa.

Por tudo isso, concluímos que o fenômeno da terceiri-zação é absurdo e afronta a dignidade humana, sendo mais que urgente eliminá-lo de nossa realidade.

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/luta pela terra 17

No dia 16 de abril, cerca de 250 integrantes do MST (Mo-vimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) ocuparam uma fazenda de 12.000 hecta-res do governo do Estado de São Paulo, vinculada à Secre-taria do Meio Ambiente, no município de Itapetininga, região de Sorocaba.

A área está sendo utilizada

MST ocupa área pública utilizada por grandes empresas

irregularmente por empresas, como Eucatex, Duratex, Su-zano e Votorantim Celulose e Papel (VCP), para a extra-ção de celulose e madeira. As famílias acampadas na área denunciam a exploração de terras públicas estaduais por grandes empresas privadas e exigem a retomada para a Re-forma Agrária.

Há mais de 5.000 litros de agrotóxicos em um dos gal-pões da área, utilizados no plantio de eucalipto e pinus.

Os trabalhadores da fa-

zenda são obrigados a extrair a resina durante mais de 10 horas por dia, recebendo por produção. Muitas delas não recebem nem um salario mí-nimo por mês. Muitos traba-lhadores possuem doenças respiratórias e de pele por causa do uso de produtos tó-xicos na plantação de eucalip-to e na retirada da resina.

As famílias acampadas reivindicam que a área seja transformada num assenta-mento que produza alimen-tos saudáveis, sem veneno para todos os trabalhadores do campo e da cidade.

A reintegração de posse saiu no dia 20 de abril, no fi-nal da tarde. As famílias dei-xaram o local no dia 21.

12 mil hectares do governo de sP eram utilizados irregularmente por em-presas privadas

Um novo Código Flores-tal está em debate na câ-mara dos deputados. A ideia do novo Código é modificar a lei para facilitar a vida dos grandes fazendeiros , abrindo brechas para a maior devas-tação das florestas e para a diminuição das áreas de pre-servação próximas aos rios, topos de morros e encostas íngremes.

Dentre outras medidas, o

Novo Código Florestal brasileiroterá impacto devastador

Só com o desmatamento das mar-gens dos rios vamos perder uma área florestal igual a 2 milhões de campos de futebol. A liberação de gases do efeito estufa poderá aumentar em 13 vezes. Milhares de espécies de ani-mais desaparecerão.

Os desastres com inundações e deslizamentos de terra deverão ser cada vez mais freqüentes. E assim o Brasil entra na contramão da história. Enquanto isso, os fazendeiros e em-

novo Código Florestal deverá: 1) diminuir a área de pre-

servação obrigatória nas bei-ras de rios (de 30m para 15m);

2) diminuir a área de re-serva florestal obrigatória nas propriedades .

3) perdoar as penas dos criminosos que desmataram as florestas;

4) liberar o desmatamento e ocupação de áreas frágeis como as encostas e morros.

tamanho do problema:presários aplaudirão o governo e co-memorarão o engrandecimento dos seus bolsos às custas da população.

27 deputados que são a favor do Novo Código são fazendeiros latifun-diários que buscam ser absolvidos de diversas multas que sofreram por des-matamento e outros crimes ambein-tais. Concluímos que estão apenas defendendo seus interesses pessoais ao invés de pensar no bem-estar da população.

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18 /galeria - trabalhadores e trabalhadoras

sUIÇA - Policiais detém ativista durante as manifestações em Zurique

CUBA: Milhares de pessoas participam da marcha pelo Dia do Trabalho em Havana

IRAQUE: Trabalhadores participam de comício em Bagdá

RÚSSIA - Membros do movimento de esquerda marcham durante passeata em Moscou

Page 23: Jornal Atenção 10ª Edição

CUBA: Soldados cubanos participam de marcha na praça da Revolução, em Havana

UCRÂNIA - manifestantes de esquerda participam de comício no centro de Kiev

TURQUIA - Mulher é ferida durante manifestações em Ancara

BRASIL - Protesto do Dia do Trabalho na praça da Sé, centro de São Paulo, é marcado por confrontos entre trabalhadores e policiais

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20 /fábricas ocupadas

Em junho a fábrica ocupa-da Flaskô completa oito anos de luta. São oito anos de luta em defesa dos empregos e do parque fabril. São oito anos de luta pela estatização sob o con-trole dos trabalhadores.

Mais do que isso, são oito anos de luta demonstrando na prática que a Flaskô é do povo. E por isso é uma obrigação do

No dia 10 de junho, às 18 horas, acontecerá um ato/debate na Flaskô sobre o Controle Operário e a luta pelo socialismo. Coroando estes oito anos os trabalha-dores contarão com a pre-sença de Estevan Volkov, neto de Leon Trotsky que foi dirigente da Revolução Russa de 1917.

CArAvANA A BrASíLiA E AudiêNCiA No SENAdo fEdErAL

A Usina Catende é uma usina falida pelos patrões e onde existe uma luta mui-to grande de seus mais de 3 mil trabalhadores em defe-sa dos empregos.

No último mês o Minis-tro Gilberto Carvalho levou a proposta de compra da Usina pelo Petrobrás, o que significa a sua estatização.

Flaskô completa 8 anos e leva a luta ao senado federal

novo governo Dilma dar uma saída positiva estatizando-a.

Os operários nestes oito anos provaram que a unidade, a determinação, a resistência e a independência da classe ope-rário diante dos patrões e dos governos é a única perspectiva.

Os acordos com os patrões, os latifundiários apenas po-dem trazer a miséria para a

classe trabalhadora. Pois mes-mo que melhora a vida com a economia se desenvolvendo classe trabalhadora apenas fica com as migalhas dos bancos, das multinacionais e do agro-negócio. Por isso os operários da Flaskô exigem a estatização da fábrica, por isso eles estão unidos com sua classe em luta contra os patrões.

Em 14 de junho a Comis-são de Direitos Humanos do Senado fará uma audiência pública para discutir a luta da Flaskô. Será às 9 horas da

manhã. Os trabalhadores da Flaskô fazem um chamado a todos para que participem da caravana.

Entrem em contato até

oito de junho, enviando nome completo e RG para participar. Os ônibus sairão da fábrica no inicio da tarde de 13 de junho.

Neto de Trotsky visitará Flaskô

O debate tem a intenção de mostrar que a revolução russa ainda esta viva e que a luta da Flaskô é apenas um elo da tradição da clas-se operário no seu caminho da revolução, que exproprie os patrões realmente colo-que o mundo organizado segundo os interesses dos trabalhadores.

Dilma diz que Petrobrás pode comprar usina Catende

Isto é uma ótima saí-da para os trabalhadores e inclusive mostra que a luta dos trabalhadores da Flaskô por sua estatização tem uma luz. Pois se pode na Catende, pode na Flaskô também.

Os trabalhadores da Flaskô estão juntos com os trabalhadores da Catende.