jornal contrapontos

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ESTRADA DE S. MAMEDE, 7 — 2705-637 S. JOÃO DAS LAMPAS • PUBLICAÇÃO PERIÓDICA BIMENSAL • ANO II • JULHO DE 2006 • DISTRIBUIÇÃO GRATUITA 05 Em edição comemorativa do primeiro ano do Contrapontos, decidimos dar voz activa à presidente da 3pontos, Rita Bento, e aproveitar a oportunidade para fazer um balanço do percurso ainda recente desta associação juvenil. Não perca a entrevista, nas páginas centrais. FEIRA DO 31 FEIRA DO 31 FEIRA DO 31 FEIRA DO 31 FEIRA DO 31 12 12 12 12 12 de de de de de A A A A AGOST GOST GOST GOST GOSTO LARGO DE FONT LARGO DE FONT LARGO DE FONT LARGO DE FONT LARGO DE FONTANELAS ANELAS ANELAS ANELAS ANELAS Célula Fotográfica/Foto de Ângela Antunes Editorial Parabéns! O Contrapontos, que tem como finalidade abordar e divul- gar questões relacionadas com os temas ambiente, arte e cul- tura, completa no mês de Julho um ciclo de edições. São um total de 7 jornais, incluindo 2 edições do anteriormente desig- nado Boletim Informativo da Associação 3pontos. No seu primeiro ano, o objectivo em enriquecer o conteúdo e a imagem do jornal, bem como, angariar um público fiel, foi conseguido. Em cada edição a 3pontos preocupou-se em aumentar a qualidade e, hoje em dia, o Contrapontos é um jornal com mais páginas, interesse, design e, consequente- mente, mais leitores. Só temos a agradecer a todos os que até hoje colaboram com o jornal e aos estabelecimentos comerciais e empresas de Fontanelas e Gouveia, que permitiram celebrar o aniversário do Contrapontos com a sua edição a cores. Muito obrigado! As actividades 3pontos giram actualmente em torno da já tradicional Feira do 31, a organização do passeio de burros na Peninha, mostras de fotografia e as actividades internacionais. Realizada a visita de estudo a Chieti, Itália, onde a 3pontos foi representada por duas colaboradoras (ver nesta edição), vamos à Grécia. Nos dias 13 a 16 de Agosto haverá uma visita pre- paratória em Atenas, para um intercâmbio a realizar na ilha de Lesbos, no final de Agosto sob o tema «Re-Turn to the Rebewable Energy Souses». Foi recentemente criado um núcleo de fotografia da Asso- ciação 3pontos, designado por Célula Fotográfica (CF). Foi notório o interesse dos jovens que acompanharam as activi- dades fotográficas da Associação conduzindo à criação do grupo. O objectivo da Célula, na prática, resulta na mostra de fotografias mas igualmente importante, será o trabalho foto- gráfico em si e a discussão e sentido crítico desenvolvidos no percurso desde o clic da câmara ao escolher das «melhores» fotografias. ATENÇÃO: haverá uma alteração na data prevista para a rea- lização da próxima Feira do 31, que ao invés do dia 5 de Agosto realizar-se-á no dia 12 do mesmo mês. A 3pontos deseja-vos um agradável Verão, excelentes férias e um bom regresso!

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Jornal de expressão livre e criativa, tem como temas dominantes a Arte, o Ambiente e a Cultura. Visa dar voz à sociedade civil sintrense e não só, através de textos, fotografias, desenhos, etc. Este projecto corresponde a um núcleo de trabalho da Associação 3pontos

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Page 1: Jornal Contrapontos

ESTRADA DE S. MAMEDE, 7 — 2705-637 S. JOÃO DAS LAMPAS • PUBLICAÇÃO PERIÓDICA BIMENSAL • ANO II • JULHO DE 2006 • DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

05Em edição comemorativa

do primeiro ano

do Contrapontos, decidimos

dar voz activa à presidente

da 3pontos, Rita Bento,

e aproveitar a oportunidade

para fazer um balanço

do percurso ainda recente

desta associação juvenil.

Não perca a entrevista,

nas páginas centrais.

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EditorialParabéns!O Contrapontos, que tem como finalidade abordar e divul-

gar questões relacionadas com os temas ambiente, arte e cul-tura, completa no mês de Julho um ciclo de edições. São umtotal de 7 jornais, incluindo 2 edições do anteriormente desig-nado Boletim Informativo da Associação 3pontos.

No seu primeiro ano, o objectivo em enriquecer o conteúdoe a imagem do jornal, bem como, angariar um público fiel, foiconseguido. Em cada edição a 3pontos preocupou-se emaumentar a qualidade e, hoje em dia, o Contrapontos é umjornal com mais páginas, interesse, design e, consequente-mente, mais leitores.

Só temos a agradecer a todos os que até hoje colaboramcom o jornal e aos estabelecimentos comerciais e empresas deFontanelas e Gouveia, que permitiram celebrar o aniversáriodo Contrapontos com a sua edição a cores.

Muito obrigado!As actividades 3pontos giram actualmente em torno da já

tradicional Feira do 31, a organização do passeio de burros na

Peninha, mostras de fotografia e as actividades internacionais.Realizada a visita de estudo a Chieti, Itália, onde a 3pontos foirepresentada por duas colaboradoras (ver nesta edição), vamosà Grécia. Nos dias 13 a 16 de Agosto haverá uma visita pre-paratória em Atenas, para um intercâmbio a realizar na ilha deLesbos, no final de Agosto sob o tema «Re-Turn to theRebewable Energy Souses».

Foi recentemente criado um núcleo de fotografia da Asso-ciação 3pontos, designado por Célula Fotográfica (CF). Foinotório o interesse dos jovens que acompanharam as activi-dades fotográficas da Associação conduzindo à criação dogrupo. O objectivo da Célula, na prática, resulta na mostra defotografias mas igualmente importante, será o trabalho foto-gráfico em si e a discussão e sentido crítico desenvolvidos nopercurso desde o clic da câmara ao escolher das «melhores»fotografias.

ATENÇÃO: haverá uma alteração na data prevista para a rea-lização da próxima Feira do 31, que ao invés do dia 5 deAgosto realizar-se-á no dia 12 do mesmo mês.

A 3pontos deseja-vos um agradável Verão, excelentesférias e um bom regresso!

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Agenda

Estrada de S. Mamede, 1 — 2705-637 S. João das LampasTelef.: 96 805 79 85; e-mail: [email protected]; www.3pontos.com

Publicação periódica bimensal • Ano II • Julho de 2006 • N.o 5 • Distribuição gratuitaColaboram neste número: Ângela Antunes, Carlos Zoio, Fernanda Botelho, Fernando Cerqueira,João Vasco, Jorge Alexandre Pereira, Jorge Falcão, Jorge Telles de Menezes, Luisa Barreto,Marco Cosme, Rita Bicho, Rita Carvalho, Verónica Sousa, Verónica VieiraGrafismo: Luís BordaloComposição e paginação: Alfanumérico, Lda.Impressão e acabamento: Gráfica Manuel Barbosa & Filhos, Lda.Tiragem: 1000 exemplaresDepósito legal n.o 233 880/05

Contrapontos destina-se a dar eco das opiniões dos sócios e não sócios da Associação 3pontos— ambiente, arte, cultura, sendo uma tribuna de livre opinião e um espaço aberto a todos. Osartigos publicados responsabilizam unicamente o seu autor.

41ª Edição do Festival de SintraDe 2 de Junho a 23 de Julho1 Julho — C. C. Olga Cadaval — MariaJoão Pires, Ricardo Castro, Artur Jussen &Lucas Jussen [piano] — Portugal2 Julho — Parque de Monserrate —Gabriela Montero [piano] — Venezuela4 Julho — C. C. Olga Cadaval — MariaJoão Pires, Ricardo Castro, Artur Jussen &Lucas Jussen [piano] — Portugal6 e 7 Julho — C. C. Olga Cadaval — Com-panhia Instável, Rui Horta — Portugal8 Julho — Parque da Liberdade — Bandada Força Aérea — Portugal9 Julho — Quinta da Piedade — Lise de laSalle [piano] — França12 Julho — C. C. Olga Cadaval —Ensemble Contrapunctus e ElisabethKeusch [soprano] — Portugal14 e 15 Julho — C. C. Olga Cadaval —Hubbard Street Dance Chicago — EUA15 Julho — Quinta da Regaleira — Cris-tina Marton [piano] — Roménia16 Julho — Parque de Monserrate —Akane Sakai [piano] — Japão19 Julho — Palácio Nacional de Sintra —Mirabela Dina [piano] — Roménia21 & 22 Julho — C. C. Olga Cadaval —Companhia Olga Roriz — Portugal22 Julho — Palácio Nacional de Queluz —Concurso Internacional de Piano Vendome2006 Recital dos Prémios Especiais do Júri23 Julho — C. C. Olga Cadaval — Finaldo Concurso Internacional de PianoVendome; Orquestra Gulbenkian & Maes-tro John AxelrodHorário de bilheteira do CCOC: de terça asexta-feira, das 14:00 h às 18:00 h. Aosábado das 10:00 h às 13:00 h e das14:00 h às 18:00 h. Encerra ao domingo eà segunda-feira.Nos dias de espectáculo, uma hora antesdo seu início.Informações: 21 910 71 18Reservas: Ticketline (707 234 234,www.ticketline.sapo.pt)

Locais de venda: Centro Cultural OlgaCadaval, lojas FNAC, lojas Abreu,www.plateia.pt (tel. 21 434 63 04, de 2.a a6.a das 11:00 h às 13:00 h e das 14:00 h às18:00 h), El Corte Inglês, Livrarias Ber-trand, Livrarias Almedina.

MÚSICA

Kumpania AlgazarraConcertos agendados:8 de Julho, Serpa no Festival Noites daSerpa9 de Julho, Torres Vedras28, 29 e 30 de Julho, Léon no FestivalSoño Verde31 de Julho a 6 de Agosto — Carvalhais(S. Pedro do Sul) Festival Andanças7 de Agosto, Castelo Branco no BoomFestival11 de Agosto, Barcarena na Fábrica daPólvora12 de Agosto, Areia Branca18, 19 e 20 de Agosto, Léon no FestivalBambolé

Casino Estoril Casino EstorilConcertos com entrada livre – 5.as feiras às23:30 h — Informações: 21 466 77 00;www.casino-estoril.pt;[email protected] — dia 6, Rui Veloso; dia 13, Toran-ja; dia 20, João Pedro Pais; dia 27, PedroAbrunhosaAgosto — dia 3, Sara Tavares; dia 10,Susana Félix; dia 17, Filarmónica Gil; dia24, Delfins; dia 31, Jorge Palma

FESTIVAIS

8 de Julho, Hype@Tejo4 a 8 de Julho, XII Festival Évora Clássica4 a 18 de Julho, XXIII Festival de Almada7 a 16 de Julho, XXV Estoril Jazz — JazzNum Dia de VerãoCool Jazz Fest 2006 (concertos às 22:00 h— informações. 707 234 234)17 de Julho, Kanye West no Jardim doMarquês do Pombal — Oeiras18 de Julho, Diana Krall no Jardim doMarquês do Pombal — Oeiras

22 de Julho, Gal Costa no Jardim do Cerco— Mafra26 de Julho, KTU — Kimmo Pohjonen econvidados na Cidadela — Cascais27 de Julho, Ive Mendes na Cidadela —Cascais21 a 23 de Julho, Festival Vilar de Mouros21 a 29 de Julho, Festival Músicas doMundo3 a 6 de Agosto, Festival Sudoeste TMN20063 a 9 de Agosto, Boom Festival (Idanha-a-Nova)14 a 17 de Agosto, Festival Paredes de Coura

EXPOSIÇÕES

Exposição de Fotografia no Ar.CoNo próximo dia 4 de Julho, às 19:00 h,inauguram a sua exposição final os doisgrupos de Fotografia 3.A exposição estará patente ao público nasinstalações do Ar.Co, Rua de Santiago, 18— 1100-494 Lisboa, até ao dia 12 de Julhoe pode ser visitada todos os dias úteis entreas 10:00 h e as 20:00 h.

Espaço Cultural Casal de S. DomingosDe 3 Junho a 15 Julho — Rua AlfredoCosta, n.o 39 — 2710-523 SintraTel. 21 924 04 11Horário: de segunda-feira a sábado, das9:00 h às 12:00 h e das 14:00 h às 17:00 hExposição de pintura «A pintura é a formade arte mais explícita dos sentimentos e dopulsar duma cidade» de Alexandra SilvaJanuário

Os Meninos d’Avó, indomáveis patifes dapalavra, traficantes de ideias, contrabandis-tas de sentimentos, reúnem-se todas as pri-meiras e terceiras quartas-feiras de cadamês no restaurante Regalo da Gula, naQuinta da Regaleira, Rua Barbosa doBocage, n.o 5.

FEIRAS

Feira do 31 (organização 3pontos)Periodicidade: Todos os primeiros sábadosde cada mês de 31 dias, a partir das 9:00 hno Largo do Coreto — Fontanelas

Feira ao LargoPeriodicidade: último sábado de cada mêsdas 11:00 h às 22:00 h no Largo da IgrejaMatriz de Colares

Feira de S. Pedro de PenaferrimPeriodicidade: 2.o e 4.o domingos de cadamês, das 9:00 h às 18:00 h no LargoD. Fernando II — S. Pedro de Penaferrim

Feira de AlmoçagemePeriodicidade: 3.o domingo de cada mês noLargo Comendador Gomes da Silva, das8:00 h às 13:00 h

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CCCCContrapontos ontrapontos ontrapontos ontrapontos ontrapontos é o único jornalque não fala do mundial

Visita de estudoem Itália

Como a 3pontos, existem várias asso-ciações interessadas em mudar, inovar,ensinar e aprender sobre o mundo em quetodos vivemos.

Realizou-se uma visita de estudo de29 de Maio a 5 de Junho em Itália sobre oConsumo Crítico, tema já abordado noContrapontos, que contou com a participa-ção de dois membros da 3pontos a repre-sentar Portugal. Esta iniciativa, efectuadaatravés do programa juventude europeu,deu-nos a oportunidade de dar e receberconhecimento sobre o tema acima referidoa nível europeu.

Este evento retracta a importância deum modo de vida responsável recorrendo aum comércio alternativo e mais justo que

põe em pri-meiro plano oprodutor e osdireitos deste.Em Portugal jáexiste uma forteevolução a estenível, pois jásão muitas aslojas de comér-cio justo e asfeiras de ruacom produtoreslocais. Foi commuito prazerque a 3pontosparticipou numprojecto a este nível, dando ainda maisforça para futuros projectos a realizar,desta vez, em Portugal, no nosso concelhode Sintra. A experiência enriqueceu a

3pontos num ponto de vista cultural esocial, pois foram 6 dias de trabalho comsete países europeus. Nós, as participantes,agradecemos à 3pontos a oportunidade...

Burros e BurrosNo passado dia 24 de Junho, a 3pontos

em colaboração com a Naturanima e aReserva de Burros organizou um passeiode burros na serra de Sintra. Mais propria-mente na zona da Peninha.

Às 10 h de uma manhã caracteristica-mente fria e ventosa na região, reuniu-seum grupo de entusiastas, bem ou mal pre-parados para o baptismo burriqueiro.

No Centro de Educação Ambiental daNaturanima, foi feita uma pequena intro-dução do local no contexto do ParqueNatural Sintra-Cascais e da criação do cen-tro, seguindo-se uma

visita guiada à Capela de Nossa Senhorada Peninha.

É verdadeiramente positivo um localtantas vezes visitado, aberto agora aopúblico. Vale bem a pena!

E os asininos? ou melhor dizendo, osburros... Bem, chamemo-lhes pelos nomes.Como o passeio incluía tratamento mereci-damente VIP aos pequenos, a apresentaçãoao «Fadista», ao «Carriço», à «Rosa» ao«André», entre muitos, começou com oescovar do pêlo. Mais tímidos que os burroslá aparelhamos os bichos e seguimos serraabaixo quais gipsi na migração. A risotacomeçou na montada, pareceu-nos de ime-diato que o diálogo com o animal seria deve-ras importante. A pergunta imposta foi:

«Onde é o tavão?»

O «iô-iô», accionado pela voz e pelo puxardas rédeas, fazia parar os burros e tranquili-zava-nos. A empatia estava gerada, nãosendo estes animais extremamente sociáveis.

A rebeldia dos animais que nada têmde burros obrigou a diversas paragem, poisos pequenos comilões não dispensavam aapetitosa erva fresquinha. Teimosos, issosim, ou melhor dizendo cautelosos, commedo de arriscar ou levar a cabo algunsactos que pareçam arriscados ou perigosos.Não vá o diabo tecê-las!

Na paragem para o almoço, o nosso,houve ainda tempo para aprendermos umpouco mais sobre as plantas aromáticasque fomos identificando pelo percurso efazer o que muitos não faziam há já muitotempo: jogar com a corda e lançar o pião(bravos, os mestres do pião!).

De regresso à Peninha, desaparelha-ram-se os burros e era tempo para beber,dado que estes animais bebem cerca de 10litros a 15 litros de água por dia, já demo-rava.

E ali ficaram a pastar os previligiadosburros na serra, envoltos pela belissimapaisagem. E nós, um pouco menos burros,despedimo-nos dos amiguinhos com um…até já.

RITA BICHO

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posterior, aquando do forta-lecimento das políticas capi-talistas neo-liberais, verifi-cou-se exactamente o oposto.Perante este domínio econó-mico, como o Estado per-manece nacional e o mer-cado se globalizou, o modeloactual de dinâmicas sociaisentrou em crise. E nestecenário, Portugal não éexcepção à regra.

Tanto no nosso país,como no resto do mundo,qualquer movimento espon-tâneo da sociedade civilpode e deve contribuir paraequilibrar o sistema socialactual e é, sem dúvida, umfactor de desenvolvimentovital para qualquer democra-cia. É a partir dessas organi-zações que se pode fomentar uma cidada-nia mais consciente e melhor informadaque, por sua vez, resulta numa participaçãoactiva na vida política, em melhoresescolhas eleitorais e, consequentemente,em governos mais responsáveis.

Ao longo dos últimos 32 anos dedemocracia portuguesa, a autonomia docidadão na nossa sociedade tem-se manifes-tado maioritariamente no mercado. Queristo dizer que o conceito de cidadaniaactiva tem sido monopolizado por atitudesque salvaguardam os interesses próprios e,infelizmente, muito pouco tem sido feitopara fomentar e valorizar as verdadeirasatitudes cívicas comunitárias.

O pilar mercado, e o seu domínio sobreo Estado, tem deixado pouco espaço deactuação para desenvolver uma verdadeirasociedade civil de políticas horizontais epromotora dos interesses comuns. As con-sequências far-se-ão sentir em breve eserão tanto mais graves quanto mais demo-rada for a resposta da sociedade civil.Como tal, é premente que os cidadãos secomecem a mobilizar.

No entanto, é preciso estar atento aomodo de actuação das organizações dasociedade civil. Quando surgem movimen-tos cívicos é comum, por vezes, observar--se tentativas de partidarismo nas suaspolíticas, uma vez que actuam como meraoposição aos órgãos de decisão dos orga-

nismos estatais e acabam por servir comorampa de lançamento dos interesses parti-culares. Em nosso entender, não pode serobjectivo exclusivo da sociedade civilfazer oposição ao poder governativo, atéporque é esta que o elege. Uma sociedadecivil responsável tem consciência das suasescolhas e actua pela positiva, exigindouma melhor governação e apresentandosoluções. É por isso necessário defender oconceito que lhe é inerente, explicar aosmenos esclarecidos que a sua forma defuncionamento resulta de uma dádiva pes-soal do cidadão perante a comunidade eque o retorno dessa opção é em benefíciode todos e não apenas do indivíduo.

Nunca ninguém disse que viver emdemocracia é fácil mas, certamente, torna--se menos difícil se ela respirar equilíbrioem todos os seus pilares essenciais. É tam-bém necessário perceber que cada geraçãotem uma forma específica de agir perante asociedade e, nesse sentido, apesar de nopassado pouco se ter feito, acreditamos queas gerações mais jovens irão conseguirconstruir o que falta fazer. Ainda assim, sócom coragem, perseverança, conhecimentoe espírito crítico, bem como, união interge-racional se pode construir algo que é parabenefício de todos.

ÂNGELA ANTUNES

MARCO COSME

Em data de aniversário do boletiminformativo da 3pontos, não poderíamosdeixar de abordar um conceito que, nanossa opinião, está subjacente à associaçãoe ao Contrapontos, enquanto forma deexpressão dos seus colaboradores, talcomo a qualquer outro movimento cívicoque intervenha activamente na sociedade.Referimo-nos à noção de sociedade civil.

Originalmente utilizado no livro Ele-mento da Filosofia do Direito, pelo filó-sofo alemão Hegel, este termo referia-se àinteracção entre as ideias opostas demacro-comunidade, o estado, e a micro--comunidade, a família. Ao longo dotempo, foi utilizado de forma distinta con-soante as vertentes políticas dominantesem cada sociedade, no entanto, este con-ceito tem vindo a adquirir uma definiçãocada vez mais global.

Nas sociedades capitalistas modernas,como é a nossa, a regulação social assenta,essencialmente, em três pilares — Estado,mercado e comunidade — e é da sua boaarticulação que depende o equilíbriosocial. Aqui entende-se por sociedade civila actuação autónoma dos cidadãos que seexprime tanto no mercado como na comu-nidade. No entanto, enquanto no primeiroessa autonomia serve para defender inte-resses particulares, em comunidade existeuma obrigação política horizontal na pro-moção de interesses comuns segundo alógica de solidariedade.

Como tal, a sociedade civil comunitá-ria nasce da iniciativa pessoal de cadacidadão em participar em acções de inte-resses, propósitos e valores colectivos.A sua manifestação verifica-se em diversostipos de organizações, como as instituiçõesde caridade, organizações não governa-mentais de desenvolvimento, gruposcomunitários, associações juvenis, organi-zações feministas, grupos de auto-ajuda,movimentos sociais e grupos activistas,entre outros.

Desde longa data que a manifestaçãosocial comunitária é a estrutura commenos força e peso neste conjunto, nosentido em que toda a dinâmica e articula-ção social tem sido estabelecida por umaforte relação entre o estado e o mercado.Enquanto que, numa época com predomi-nância do capitalismo socialdemocrático,o Estado dominava o mercado, na fase

SOCIEDADE CIVILSOCIEDADE

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Rua Caminho dos Moleiros, 10Fontanelas2705-595 S. João das LampasTelef. 21 928 12 92Tm. 93 371 92 21

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Ta l h o N o v oM i g u e l E s t e v e sCARNES DE 1.A QUALIDADEENTREGAS AO DOMICÍLIO

Janeca

BarRua Caminho dos Moleiros, 6 • Fontanelas 2705-595 S. João das Lampas

No Alto da Vigia, ao pé de Colares,junto à foz do rio da Praia das Maçãs,existe um santuário romano dedicado aoSol e à Lua. O seu conhecimento remontaa 1505, quando da descoberta de três aras,descritas por Valentim Fernandes como«três colunas de pedra cortadas em formade prisma, com uma grande quantidade deletras...». O interesse gradual pelas coisasda Antiguidade levou a que este local fosseum ponto de visita obrigatório de todos oshumanistas durante o século XVI, entre osquais se contaram o próprio André deResende, a quem se ficaram a dever asprimeiras interpretaçõescríticas de geógrafos anti-gos em confronto com osmaterias arqueológicos nasua obra As Antiguidadesda Lusitania, e Franciscode Holanda. Este últimochegou mesmo a desenharo santuário, ao que sesupõe não registando ape-nas o que viu mas tambémprocurando reconstituir asua forma original.

No século XVI o que alirestava seriam ruínas emesmo essas muito sacrifi-cadas pelo tempo, peloque Francisco de Holandaparece ter exercido aquium trabalho essencialmente projectivo dearqueólogo. Após ter visitado o santuárioem 1543, tê-lo-á desenhado em 1546.Retocado em 1571 é incluído no álbum DaFábrica Que Falece à Cidade de Lisboa,dedicado a D. Sebastião. Tudo leva crerque Francisco de Holanda encontrou asruínas do Santuário, mas já envolvidas

pela areia, enterradas e destruídas, nãologrando reconhecer mais do que isso, poistê-lo-ia mencionado. Descreve o santuário«hi circulo ao redor cheo de ciposmemorias dos Eperadores de Roma», e éisso que representa: dezasseis cipos dispos-tos a espaços regulares em círculo, comum mosaico onde se encontram representa-dos o Sol e a Lua no seu centro.

A análise das epígrafes, dedicadas a Soliet Lunae, Soli Aeterno Lunae e Soli Aeterno,permite segundo Cardim Ribeiro situar operíodo de funcionamento deste santuárioentre 145 d. C. e cerca de 250 d. C., sendo

depois gradualmente abandonado. Quantoà sua estrutura, podemos apontar para queseja de ar livre — um tàmenos — delimi-tado por aras, certamente irregulares. Car-dim Ribeiro considera que, pela sua locali-zação, o «santuário do Sol e da Luaassinalava e sacralizava o limite ocidentaldo Império Romano e nessa acepção, cons-

tituía-se como um verdadeiro finis terrae,mas ao mesmo tempo, revestia-se de dife-rentes formas como simbólico axis mundi».

Ali se separavam os climas, o mundo deinfluência mediterrânica e o mundo intrin-secamente atlântico. E também naqueleponto terminava a terra pisada pelos homense iniciavam-se, perdendo-se para lá do hori-zonte, as insondáveis vastidões oceânicas,onde o próprio sol se apagava. Local privi-legiado, pois, de contacto entre o humano eo divino. Podemos ir ainda mais longe. Defacto Cardim Ribeiro, propõe uma funçãoespecial para o santuário. Supondo que os

dezasseis elementos pris-máticos desenhados porFrancisco de Holanda cor-respondessem, afinal e narealidade a apenas doze,vê-se então neste recintosagrado a imagem de umdodecatropos, ou zodíacoestático, concebido não sópara a prática religiosa,mas também para a con-sulta astrológica, então tãocara a toda a sociedaderomana. A imagem ao cen-tro do santuário do Sol e daLua, parece beneficiar estaúltima hipótese interpre-tativa.

Fica assim mais umconvite aos leitores deste boletim. Fazer apé o caminho que nos leva da Praia dasMaçãs para a Praia Pequena e aí no Alto daVigia procurar o que resta de um santuárioromano e local de culto dos nossos ante-passados.

FALCÃO AO LUAR

ESTÓRIA DA HISTÓRIA

A MAGIA DOS NOSSOS LUGARES

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Tomás Júlio Leal da Câmara nasceuem Nova Goa, na Índia, a 30 de Novembrode 1876, e faleceu na Rinchoa, junto aSintra, a 21 de Julho de 1948.

Aos quatro anos chega a Lisboa e logocomo estudante revela inclinações para odesenho, principalmente para a caricatura.

Até 1896, frequenta oInstituto de Agronomia eMedicina Veterinária, quevem a abandonar para sededicar à defesa dos seusideais republicanos.

Como caricaturistacolabora nos jornaisO Inferno — Jornal deArte e Crítica, A Marse-lhesa, A Corja e O Diabo.A sua actividade nestesjornais, com críticas vio-lentas à Monarquia e à Igreja, acaba porprovocar a suspensão destas publicações.Pela sua tendência satírica foi consideradoinimigo da instituição monárquica e for-çado a exilar-se em Madrid.

A 11 de Fevereiro de 1899 uma carica-tura sua aparece no La Vida Literaria.

Durante a sua permanência em Madridcolabora ainda em Revista Vinícola, LaNación Militar e El Album.

A partir de 1900, ano da Grande Expo-sição, fixa-se em Paris. Em 1901 o jornalde caricaturas L’Assiette au Beurre é fun-dado e Leal da Câmara pertence à suaequipa.

No primeiro ano da sua chegada a Parisfaz uma exposição na Galeria Weil conjun-tamente com Sancha e Picasso.

Em Paris colabora ainda no Rire, Fan-tasio, Souriree e Vie Parisienne.

Torna-se famoso a nível europeu tendosido o único artista português a par deEmmerico Hartwich Nunes (1888-1968) aobter, como caricaturista, contratos a longoprazo na imprensa estrangeira, durante aprimeira metade do século XX.

A implantação da República, em 5 deOutubro de 1910, faz com que regresse aPortugal.

ESTÓRIA DA HISTÓRIA

Aquilino Ribeiro que o biografou relataassim a apreciação que Leal da Câmaratinha do Portugal republicano:

«Leal da Câmara entrou na sua terra,alma cheia de páscoa, pronto a admirarumas coisas, a rectificar outras, ainda aembevecer-se naquelas que ao seu exílio

de doze anos — boa parteda sua juventude — lheamanheciam sempre corde rosa, gratas e benignas,na envolta dos sonhosfavoráveis. Nem anteci-pações, nem velhos ran-cores. Desprendido epermeável como um cate-cúmeno que vai receber opão eucarístico.

Dizia-me mais tarde,com certo ar desolado,

que achara tudo na mesma. Os homensigualmente atrasados, mais perto da IdadeMédia que da luz eléctrica que já brotavadas geradoras do Tejo, mercê de agiotasestrangeiros, mas cara como a hora damorte. O aspecto das coisas parecera-lhemais avelhentado, se era possível, como seo tempo andasse a distribuir por tudo, mastudo, a pátina que tem a seu cargo pincelar

apenas pelos penedos e pelo mais que é dedireito supor eterno. Os antigos solaresostentavam rolhos de palha nas vidraçasestilhaçadas e mais telhas a cair dos bei-rais. Tivera ao mesmo tempo a impressãoque a simpática ingenuidade do povo, tãode presépio, tão desarmada e comunica-tiva, dera lugar a uma pobreza suspicaz,além de ultra-franciscana, com malevolên-cia e ladroíce de permeio. Lázaros masraposões, o que se tornava compreensíveltendo em vista quanto andavam batidos eescarmentados. Tudo, em fim de contas,era o resultado social da obra dos gover-nantes.»

O desapontamento que o país lhe causalevam-no, em 1913, a procurar de novo asociedade parisiense.

— Então?— De volta como vê.— Aborreceu-se?— Não. Simplesmente ali ainda não

há lugar para artistas. Um homem deletras é um boémio; um pintor, escultor,desenhador, profissionais mais ou menosparasitários. Um desenho não se chamavinheta, cul de lampe, caricatura, retrato,chama-se um boneco. Todos nós lá vive-mos por favor. Somos tolerados. Faltameterem-nos a matrícula na mão.

Alguns dias após a chegada a Parisrealiza uma conferência no CercleBerthelot sobre Arte e os Novos Rumos emais tarde na Université Populaire sobrepublicidade.

Em finais de 1915, incumbido de fazera árvore genealógica de um portuguêsemigrado em França, regressa a Portugalvia Barca de Alva e fixa residência emLeça da Palmeira. «Cumprida a minhamissão, isto é, logo que o mistério Rangelesteja desvendado, o meu propósito é ras-par-me para Paris às sete partidas.»

À época no Porto pontificava umgrupo de jornalistas, poetas e ociosos,

LEAL DA CÂMARAUM CARICATURISTADE RENOME INTERNACIONAL

Page 7: Jornal Contrapontos

meios boémios, meios dados às letras e àsartes, que viviam não se sabia de quê eque alteraram os planos de Leal daCâmara. Rapidamente se tornou figuramaior deste núcleo. É de sua iniciativaque fundam o grupo Fantasistas que levaa cabo exposições várias e funda o jornalde caricaturas Miau.

Em 1923, de regresso a Lisboa, isola--se no campo e adquire um casal antigo naRinchoa, em Sintra, onde passa a residir apartir do início da década de 30. Dedica-sea representar figuras populares da zonasaloia, em desenhos e aguarelas, e encetauma colaboração com Ana de Castro Osórioilustrando os seus contos para crianças. Estaactividade leva-o a interessar-se pelosassuntos infantis, o que se revela na decora-ção de escolas, nomeadamente para os Jar-dins-Escola João de Deus.

A 16 de Setembro de 1945, Leal daCâmara inaugura na sua casa um atelier--museu como que querendo oferecer a todosa possibilidade de descobrirem e pensaremo mundo por ele visto e registado.

Pouco tempo antes da morte vê o seunome consagrado como caricaturista numa

Na feira das Mercês

exposição levada a cabo na Sociedade deNacional de Belas-Artes (6 a 14 de Feve-reiro de 1947).

Acerca desta exposição o cineasta Lei-tão de Barros disse: «Uma personalidade— uma grande personalidade, este Leal daCâmara, que domina, agora, as regiõessaloias, num retiro de Sol e de calma!Poucos artistas portugueses a têm possuídotão marcada, tão forte, tão rica e tão comu-nicativa e aliciante. Vão à Rua Barata Sal-gueiro e vejam! Esta exposição faz esque-cer muitas outras.»

Hoje há trabalhos seus espalhados porvários museus portugueses e a Casa-MuseuLeal da Câmara, na Rinchoa, testemunha oreal valor de um artista que, no seu tempo,ganhou renome internacional.

Nada melhor que escutar AquilinoRibeiro: «O seu talento de artista era opu-lentíssimo. Da caricatura transitava para apintura de género tão facilmente como umcompositor de raça passa dum impromptupara uma sonata. O manejo da água-tintaera-lhe familiar desde o início da sua car-

reira. Com o tempo, utilizou-se do óleo edo pastel. Em tudo mostrou garra se nãopersonalidade. Os pastéis que trouxe doPorto, onde estanceou durante largosmeses, descrevem-nos o velho burgo deArnaldo Gama no seu facies recatado, esseque se entrega apenas aos olhos amantesou feiticeiros. A luz, a tonalidade, o quidlocal feito de pequenos nadas, de imponde-rabilidades, ele as traduzia com o seu olhogázeo de loup-garou.»

FERNANDO CERQUEIRA

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3...: Desde quando existe, concreta-mente, a 3pontos?

Rita Bento: Se pensarmos na primeiraassembleia-geral da associação, ondeforam apresentados os objectivos do pro-jecto à comunidade local, a 3pontos existedesde Fevereiro de 2005. Antes disso, jáme tinha reunido com as pessoas maisinteressadas para, em conjunto, escrever-mos o projecto. Como sentimos, logodesde o início, um enorme apoio, tratámosimediatamente da base legal da Associação

sete meses no âmbito da educação ambien-tal, a desenvolver workshops nas escolascom os miúdos, na sequência da minhaárea de formação (engenharia ambiental),com a associação cultural Arci, na pequenacidade de Chieti. Foi um processo deaprendizagem intensivo, onde constatei, nolocal, como funciona uma associação equal o nível de importância das actividadesdesenvolvidas para a comunidade, em ter-mos de desenvolvimento ambiental e cul-tural. Depois de terminar o SVE, tinha aopção de regressar ao país de origem, ou aqualquer outro da União Europeia, e apli-car na prática o que aprendi, através dofinanciamento do Capital de Futuro.Decidi regressar porque, para desenvolveralgo novo, mais valia ser aqui, onde aindanão existia nenhuma associação. Provavel-mente o facto de tudo ter corrido bem foideterminante para ter vontade de chegar cáe transpor um pouco dessa realidade para acomunidade de Fontanelas e Gouveia.

3...: No âmbito do programa Capital deFuturo era obrigatório que o projecto adesenvolver em Portugal tivesse um carizassociativo?

RB: Não. É apenas obrigatório que otrabalho seja diferente daquele que foidesenvolvido através do SVE e, aliás, vimde Itália apenas com vontade de formar umgrupo. A ideia de criar a associação surgiudepois de conversar com alguns jovens eamigos, que têm um enorme potencialartístico e criativo. Debatemos o que pode-ríamos ou não fazer, no sentido de aprovei-tar esse potencial, ao mesmo tempo quefazíamos algo pela terra. Concluímos que amaioria tem formação em ambiente, arte ecultura. Assim descobrimos as áreas deinteresse em comum e a associação foi aforma encontrada para desenvolver as nos-sas actividades.

3...: Em retrospectiva, quais foram asprimeiras acções da 3pontos?

RB: A participação na Feira da Páscoade Fontanelas e Gouveia de 2005, comuma banca de vendas, foi a primeira inicia-

«O MEU PRAZER CONSISTEEM VER O POTENCIALDOS JOVENS APROVEITADO»

ENTREVISTA

Apesar de nunca se ter imaginado a liderar um grupode jovens, aos 26 anos, Rita Bento assume o cargode presidente da associação juvenil 3pontos — Ambiente,Arte e Cultura, sedeada em Fontanelas, desde o seu início,há pouco mais de um ano. Uma função que não escolheumas que, implicitamente, nem poderia ser desempenhadapor mais ninguém, já que a iniciativa de fundar a 3pontospartiu de si. Hoje, o orgulho que sente no percursoda Associação está estampado nos olhos, mas também,na motivação que transparece ao abordar tudoo que à 3pontos está relacionado.

para podermos começar a trabalhar. Nestemomento, apenas aguardamos a publica-ção oficial da 3pontos em Diário da Repú-blica.

3...: Como nasceu a vontade de fundaruma associação juvenil em Fontanelas eGouveia?

RB: A ideia surgiu-me depois de terfeito o Serviço de Voluntariado Europeu(SVE) em Itália, através do ProgramaJuventude, da União Europeia. Trabalhei

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tiva da associação 3pontos, porqueprecisávamos de angariar dinheiropara o registo. Depois, organizámosa Feira do Livro Usado e, maistarde, surgiu a Feira do 31. Desen-volvemos um workshop de fotogra-fia, outro de jardinagem biológica ecomeçamos, logo de imediato, aeditar o boletim Contrapontos.Como a Associação ainda só temum ano, foi tudo muito derepente…

3...: Quais são os objectivosinerentes à criação da Associação?

RB: Pretende-se exactamentedesenvolver o sentido crítico, porqueessa postura é fundamental numasociedade como a nossa. No própriofacto de olharmos para os projectos,discutirmos se são viáveis ou não,estamos, também nós, a desenvol-ver, porque reflectimos sobre as coi-sas. Na 3pontos, existe uma enormeliberdade para qualquer pessoa seexpressar. De qualquer forma, aassociação funciona numa base devoluntariado, por isso, qualquer projectoproposto tem de funcionar numa base auto-sustentável, o que obriga a uma maior ges-tão e a uma procura dos apoios necessários,sempre com a nossa ajuda, obviamente. Nofundo, trata-se de dar a oportunidade aosjovens de fazer alguma coisa, mostrar o seutrabalho aos pais, amigos e população local,ao mesmo tempo que, assim, todos vamosdesenvolvendo.

3...: O objectivo de editar o boletimContrapontos, que no presente númerocomemora o primeiro aniversário, prende--se com a necessidade de dar visibilidade àAssociação?

RB: Sim, embora esse não fosse oobjectivo principal. Como a Associação sechama, exactamente, 3pontos — Ambiente,Arte e Cultura, pretendeu-se criar umespaço onde fosse possível focar as trêsáreas de comum interesse ao grupo, aomesmo tempo que funcionasse como uminstrumento para expressar livremente opi-niões sobre qualquer uma delas. Foi umaforma que encontrámos de qualquer pessoapoder participar e ter voz activa nestasquestões. Para mim, o Contrapontos é umgrande motivo de orgulho, que tem vindoa melhorar a cada edição. Desde o início,já conseguimos aumentar o número depáginas, melhorar bastante o grafismo.Tem sido um processo de aprendizagem,porque nunca pensei envolver-me na edi-ção de um jornal, e sinto que cada novoboletim é sempre o melhor!

3...: Nesta edição especial, gostaria dedeixar alguma mensagem aos leitores doboletim?

RB: Escrevam muito! Queremos darvoz às pessoas para se expressarem e, aospoucos, incutir o espírito crítico. Àquelesque já têm essa postura, nós queremossaber o que pensam e, como tal, temosapelado, consecutivamente, para que escre-vam sem medos porque, se vier lá dofundo, com certeza, será positivo!

3...: A sua profissão está relacionadacom área do ambiente e esta é, também,uma das três das áreas de actuação da3pontos. Que as razões a levam a interes-sar-se por estas questões?

RB: Provavelmente relaciona-se com ofacto de sempre ter vivido nesta zona.Apesar de ser um cliché, a verdade é quese está sempre entre a serra e o mar e esta-belece-se uma relação muito forte com anatureza e com a terra. Vai-se a pé para apraia, está-se num instante na serra e apaisagem à volta chama por nós. A natu-reza sempre captou a minha atenção.Quando decidi continuar a estudar, escolhia área do ambiente por exclusão de partes,rejeitando as que não me interessavam. Jáno ciclo, pertenci a um grupo ambientalextra-curricular da escola, chamadoMarAmar, em que fazíamos saídas decampo e visitas de estudo sempre ligadas ànatureza, com uma grande vertenteambiental, de que sempre gostei.

3...: Que questões ambientaisdespertam mais a sua atenção epreocupação?

RB: A ausência de educaçãoambiental. Por vezes, as criançasnão têm uma relação tão directacom a natureza quanto seria desejá-vel e precisam de despertar paraeste tipo de problemáticas. Noentanto, na zona do concelho deSintra, e também, em Fontanelas eGouveia, o que me preocupa émesmo a falta de ordenamento doterritório. A educação a esse nível éfundamental, porque esta podia seruma zona característica em termosambientais e paisagísticos, noentanto, vêem-se imensos campos evinhas sem serem cultivados, bemcomo, construções e terrenos aban-donados, sem que as pessoas sedemonstrem preocupadas. Depois,há a questão da especulação imobi-liária que direcciona uma série defactores.

3...: Qual é a sua interpretaçãodo conceito de ambiente?

RB: É tudo aquilo que nos rodeia. Nãose trata de focar apenas o problema da sepa-ração dos lixos, por exemplo, mas também,de tudo o que está à volta. É a tal questãode pensar globalmente e agir localmente.Conseguir olhar tudo de uma forma geral,mas tentar fazer o possível na localidade.

3...: Que estratégias tem a 3pontosempreendido para promover a preservaçãoambiental?

RB: Desenvolvemos projectos na áreada educação ambiental com crianças,sobretudo workshops de reaproveitamentode resíduos. Depois, tentamos incrementara noção de consumo crítico que, em si,também é uma preocupação ambiental,através da realização de cada Feira do 31.É um espaço de reflexão sobre o que tam-bém se deveria fazer no supermercado ouhipermercado, onde se apela ao pensa-mento crítico em cada compra que faze-mos. Acreditamos que, sempre que seadquire um produto, é necessária umamaior preocupação a nível ambiental ereflectir, por exemplo, sobre o seu tipo deembalagem ou o consumo de energia queenvolveu a sua produção. A um nível maissocial é igualmente importante saber seesse produto é artesanal ou não e olharpara o background da empresa que ofabrica, para perceber se houve ou nãoabuso dos direitos humanos durante o seuciclo de produção. Na feira temos essapreocupação e as pessoas encontram aqui

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uma alternativa ao consumo excessivo,através do artesanato e dos produtos bioló-gicos. Ainda não conseguimos trazer ocomércio justo.

3...: Como tem sido a experiência deestar à frente de um projecto pessoal queconseguiu empreender?

RB: É uma grande responsabilidademas, no fundo, ninguém vê a 3pontoscomo a sua presidente, mas antes, comoum grupo. Claro que, quanto a mim, mefaz sentir bem e orgulhosa, além de estarmuito satisfeita com a 3pontos. O meuprazer consiste em ver o potencial dosjovens aproveitado. Claro que as reacçõespositivas em relação aos nossos eventossão óptimas e motivadoras.

3...: …mas a título pessoal, o que é quea 3pontos acrescentou à sua vida?

RB: Trouxe muito dinamismo e respon-sabilidade, assim como maior capacidadede procura e de concretização. Ensinou-me,de alguma forma, a tentar direccionar osoutros que estão à minha volta a seguir ocaminho mais activo, a concretizarem pro-jectos, a participarem e a sentirem-se maisintegrados na Associação.

3...: Considera que a associação temsido uma vitória para os jovens, no sentidoem que têm conseguido desenvolver osseus projectos?

RB: Sim, sobretudo porque, para mim,é uma grande vitória recebermos propostasde jovens de fora que procuram a 3pontospara concretizar os seus projectos. Possodizer que, muito recentemente, foi criada acélula fotográfica da 3pontos que partiu dainiciativa de um colaborador que nosconhece, mas que não pertence à direcção.Neste momento, todos os projectos que

vêm ter à 3pontos não sãoidealizados por nós, masantes, propostos por alguéme esse é um grande objectivoda Associação, porque signi-fica que as pessoas se estão amexer.

3...: Na sua opinião, atéhoje, qual tem sido a maiorconquista da Associação?

RB: O desenvolvimentoda criatividade. Geralmentenão é fácil para um grupo dejovens ter iniciativas numacomunidade rural e conse-guir todo este apoio. Conse-guimo-lo porque as pessoasnos conhecem. Ter, num anode existência, este tipo dereceptividade às nossas acti-

vidades foi muito importante.

3...: Sente que o aparecimento da3pontos foi capaz de transformar a vivên-cia em comunidade?

RB: Sim, mudou a atitude da populaçãode Fontanelas e Gouveia em relação aosjovens. Em termos de actividades, não digoque tenhamos transformado directamente aspessoas mas conseguimos que sehabituassem a nós, nos olhassemcom maior atenção e esperassemesperar algo de nós.

3...: Concorda que uma dasgrandes mais valias da associaçãotem sido o crescente relaciona-mento entre gerações?

RB: Sim, sem dúvida. A festada Páscoa é o exemplo máximodisso mesmo. Todos os anos, ésempre organizada pela colectivi-dade de Fontanelas e Gouveia,segundo o mesmo padrão. Este ano,como a 3pontos pretende mudar umpouco as coisas e como os maisjovens nunca chegavam a participara cem por cento nas festividades dacomunidade, fomos nós que progra-mamos o cartaz de sábado à noite.Colaborámos com a sociedade, quenos ajudou também, e conseguimosjuntar duas gerações distintas nafesta, para todos se divertirem. Destaforma nós participámos e permitimos queoutros também o fizessem e, antes, issonão acontecia.

3...: Ao longo deste primeiro ano deexistência, quais têm sido as principaisdificuldades da 3pontos?

RB: As dificuldades monetárias sãocomuns a qualquer tipo de associação e nós

não somos excepção. O processo de lega-lização também não foi fácil mas, feliz-mente, numa fase inicial, tivemos a ajudada Casa da Juventude da autarquia deSintra e, mais tarde, após algumas compli-cações, de um advogado e do Instituto Por-tuguês da Juventude (IPJ). Por outro lado,como somos todos muito amigos, às vezes,surgem alguns conflitos e certas dificulda-des de trabalho. O facto de todos trabalhar-mos e a associação acabar por ser um part--time proporciona que haja sempre quem sededique mais a umas coisas do que a outras.

3...: Todos os objectivos a que se pro-puseram foram concretizados?

RB: Sim, mas tenho a consciência quepodemos fazer mais e melhor e é necessá-rio trabalhar para isso.

3...: Quais são os próximos passos da3pontos?

RB: Um dos objectivos de futuro daassociação é começar a trabalhar mais comos projectos do Programa Juventude porque,neste momento, apenas participamos emintercâmbios, formações e visitas de estudonesse âmbito. Ainda não estamos aptos areceber grupos de jovens da União Europeia,seja nesses módulos ou mesmo voluntários,

mas apenas depende do nosso trabalho. Asoutras metas da 3pontos passam por angariarmais colaboradores para o Contrapontos,descobrir mais pessoas interessadas em con-cretizar os seus projectos, conseguir dar vozcrescente à nossa associação, mas também,apostar em força na sensibilização ambiental.

Entrevista conduzidapor ÂNGELA ANTUNES

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CULTURA

REFLEXÕES SOBRE UMAESTRATÉGIA CULTURALPARA SINTRAÉ imperativo criar-se a Universidade de

Sintra. Mas muito antes, teremos de come-çar pela divisão administrativa do conce-lho. Historicamente, o «império saloio»tem vindo a perder cada vez mais impor-tantes áreas da sua influência. É legítimoreivindicar o «saloiismo» de Queluz ou daPorcalhota, do Cacém, de Rio de Mouro,ou da Terrugem. Mas a contaminação«suburbanizante» reduziu drasticamente oslimites daquilo que é genuinamente«saloio». Veja-se o caso desesperado daVárzea, o impasse da Ribeira, a «suburba-nização de bom gosto» da Praia dasMaçãs, de Fontanelas, da Praia Grande, doMagoito. Sintra tem de concentrar forçasnaquilo que são as suas últimas reservas, e,para tal, deve desprender-se da carga deadministrar freguesias como Mem-Mar-tins-Algueirão, Rio de Mouro, Cacém,Massamá, a própria Portela de Sintraenquanto importante parcela da freguesiade Santa Maria e São Miguel, já perdidaspara o paradigma dominante.

Estas «freguesias» de Sintra são autên-ticas cidades criadas do quase nada ouquase tudo que era a realidade saloia, quese sobrepuseram a uma reduzida e indefesapopulação local, mas que exigem almasfrias, tecnocráticas, desenraizadas para oseu eficaz governo. Elas carecem do essen-cial, de mitos que as fundem e justifiquemexistencialmente. São demasiado jovens,se isso for algum pecado, mas Sintra, a

antiga, tem muitos pergaminhos a defen-der, muita história, muitos jardins doparaíso, e os seus governantes não pode-rão, como a evidência demonstra, ter amesma arquitectura de alma que um gover-nante saído das frias paredes do recentebetão. Quero ser inequívoco: defendo umadivisão imediata do concelho, para queSintra e a sua essência possa sobrevivertambém para os vindouros. Recuar os limi-tes, isto é aceitar «teoricamente» aquiloque já é uma realidade, para concentrarforças, parece-me o movimento estratégicoessencial para garantir a atenção extremade que Sintra necessita.

Quando falo de confluência, certa-mente que recuso em absoluto qualquerconfluência possível com o paradigma de«desenvolvimento» da aliança entre aconstrução civil e a banca. Para mim,Sintra como local de confluência significaa presença viva, actual, presentificadoranas suas formas contemporâneas, da cul-tura pré-nacional — celta, romana, bár-bara, grega — mas igualmente da culturaárabe, e, finalmente, da cultura cristã-oci-dental antes de dever ser também um labo-ratório do futuro. Sintra é um santuáriocultural, aqui deve ser promovido oecumenismo das várias formas de expres-são artística, cultural, filosófica e literária.Nós gostamos muito de jazz, mas emSintra deviam, primeiramente, ser ouvidosacordes de música árabe, medieval, grega e

romana antiga.

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comecei: a criação da Universidade deSintra. Assim, e recapitulando, a divisãoadministrativa, levaria necessariamente auma profunda reformulação das activida-des económicas, quer dos novos conce-lhos, quer de uma Sintra confinadasomente pelos limites do Parque Natural.Sintra, como é óbvio, está unicamentevocacionada para a área dos serviços cultu-rais, incluindo aqui uma concepção cultu-ral da actividade turística, e para projectosde investigação e desenvolvimento, ou sejapara actividades económicas que sejamperfeitamente compatíveis com o tesouroambiental sintrense. Ainda dentro dos con-fins do Parque temos a importante indús-tria extractora de mármores que deveriaprosseguir, mas buscando uma gradualevolução para a actividade transformadorae artística, perspectiva que se religa ànecessidade de um concurso mundialbianual de escultura e à importância deatrair artistas que tragam projectos degrande qualidade arquitectónica e escultó-rica. O passo seguinte deveria ser a substi-tuição das exportações da pedra marmóreaem bruto por um seu aproveitamento inte-gral na região e exportação, sim, mas deprodutos de arte acabados.

Seria, contudo, a Uni-versidade a principal forçaaglutinadora de projectosinovadores com estreitaligação às actividades econó-micas residentes. Como éóbvio, a Universidade traba-lharia em grande ligaçãocom um conselho científicoe cultural permanente deSintra, actuando com umagrande agilidade modular,capaz de acompanhar ecobrir as necessidades pro-fundas da realidade humanado novíssimo concelho.O seu núcleo de investiga-ção seriam os Estudos

Sintrenses — eventualmente como umapós-graduação — não numa perspectivaunicamente colectora e descritiva, mascom um cerne dinâmico que permitisseinterpretar constantemente a realidadedada na suas permanentes transformações.Uma Universidade virada para a interven-ção e, sobretudo, com os olhos postos nofuturo, capaz de atrair projectos de investi-gação pioneiros para as áreas mais diver-sas, desde que respeitassem o princípiosagrado da comportabilidade ambiental.Visto que a área rural seria, nessa reformaadministrativa, um dos três componentesessenciais da nóvel Sintra, por que nãoreanimar as tradições agrícolas da região,quase perdidas, mas com uma aproxima-ção científica e experimentalista na área daagricultura biológica, por exemplo? A Uni-versidade deveria ter como objectivo estra-tégico da sua actividade a captação de pro-jectos e vontades que significassemjustamente uma mais-valia em termos deavanço no conhecimento humano em áreasintegradas no conceito de um desenvolvi-mento sustentado.

A área florestal e os parques deveriamser igualmente objecto de estudos de van-guarda; não basta, de facto, preservar o

Renova-se uma antiga e his-tórica sala cultural de Sintra,outrora destruída pelomesmo tipo de lógica«desenvolvimentista», epespega-se, bem subsidiadapor abundantes dinheirospúblicos com uma programa-ção que nunca foi discutida eapresentada à população.Assim é muito fácil, escolhe-se por catálogo, dá-se um arintelectual, auferem-se exce-lentes salários saídos directa-mente do erário público, masmúsica antiga árabe ou celta,quem gostaria de escutarisso? adivinho já as pérfidasobjecções. Mas eu digo que sim a um fes-tival musical e dramático anual onde con-fluam todas as representações contemporâ-neas das indeléveis marcas civilizacionaisde Sintra; há tão bons intérpretes de músicaantiga celta, árabe, judaica, medieval,grega... música que ecoa nas nossas raízes,que respira nos muros e nas árvores deSintra!

Mas apesar do apelo romântico para amúsica, também penso no lugar primacialda arquitectura e da escultura na história deSintra. Se Vila Nova de Cerveira o conse-guiu, por que razão não há-de Sintra, que énaturalmente vocacionada para a arte arqui-tectónica, conseguir atrair arquitectos famo-sos, não para «betonizarem» mais, maspara, conhecendo e respeitando as idiossin-crasias, a morfologia local, contribuírempara o enriquecimento do património monu-mental e artístico de Sintra? Um concursointernacional bianual de ideias para umaarquitectura e um design actuais de expres-são romântica? Por que não tornar Sintranum expoente universal do Neo-Roman-tismo arquitectónico e escultórico mesmoque este tenha de renascer aqui das cinzas?

Retomo agora em síntese algumas dasideias expostas, para avançar por onde

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património de que somos herdeiros, massentados aos ombros dos gigantes que nosprecederam deveríamos também avistarum pouco mais além, abrirmo-nos à expe-rimentação e à inovação. Falamos, obvia-mente, da necessidade de criar estruturasde apoio à área florestal, dotadas de cabe-dal científico para fazerem enxertos na pai-sagem, enriquecendo-a com novas espéciese replantando aquelas já desaparecidas; asgerações vindouras saberiam apreciar essegesto, tal como nós hoje agradecemos aosmestres que nos antecederam pela suaousadia criadora de antanho.

Um Parque Natural como o de Sintranão é algo de inerte, senão, pelo contrário,algo de extremamente volátil, visto quenele está sobretudo em permanente actua-ção o factor humano. Por issocremos que será necessário fazerum tremendo esforço de qualifi-cação das povoações da zonarural, da área florestal e da orlamarítima. Não se trata em pri-meiro lugar de alargar os limitesde expansão dessas povoações,mas de conceder qualidade ao jáexistente, reabilitar os casais sa-loios, os moinhos, as quintasabandonadas, qualificar com cri-térios urbanos as caóticas «man-chas» que já são a Várzea,Cabriz, S. João das Lampas, aTerrugem para não falar de mui-tas outras localidades. Se é imperativoatrair projectos económicos que apostemnum turismo de habitação rural, numturismo cultural, em projectos agro-ambientais, ou em áreas de investigação edesenvolvimento, com realce para todas asactividades ambientalmente sustentáveis,então é fundamental requalificar aquiloque já está construído, e que em muitoscasos é simplesmente horrível; sem haverexpansão dos limites de construção dasfreguesias é possível aumentar o númerode habitantes do concelho unicamente pelarenovação e qualificação do já construído.

Mais uma vez nos defrontaremos aquicom o paradigma de desenvolvimentobaseado na aliança entre a construção civile a banca, que aposta essencialmente nodestruir e construir de raiz, em vez de,como é apanágio de uma sociedade desen-volvida, apostar primeiramente na recupe-ração e renovação do património jáedificado. Comprendemos que tambémnão existe conhecimento científico dispo-nível para proceder a uma renovação dequalidade, mas esse conhecimento técnicoestá internacionalmente disponível. Se jáimportamos quase tudo o que consumimos

por que não importar também conhecimen-tos que nos podem ser úteis? O caso daVila de Sintra é mesmo exemplar do quedefendo. O número de habitantes vai-sereduzindo imparavelmente, mas os edifí-cios, os andares vazios são a nota domi-nante. Há casas que foram renovadas, noâmbito do programa Recria, para evitar asua derrocada, mas que depois das obraspermaneceram fechadas. Porquê? Ora, por-que a lógica egoísta e anti-social dos seusproprietários, com a passividade das auto-ridades, assim o permite. Gostaria de veras dificuldades dos nossos políticos a ten-tarem explicar estes casos de tão desre-grada aplicação de dinheiros públicos aosseus colegas ingleses ou holandeses. Queenxovalho não passariam!

Mas quantos projectos inovadores nãopoderiam nascer nesses espaços devolutosse houvesse uma reconversão da estratégiaturística para a Vila de Sintra! Deixem-mesonhar um pouco: o Hotel Tivoli seria des-truído por implosão, e no seu lugar renasce-ria o Hotel Nunes, seu digno históricoantecessor, ligado e associado por questõesde funcionalidade ao degradadíssimo HotelNeto por meio de passagens aéreas (por-quenão ser inovador com conta, peso emedida?). Mas não se ficaria por aqui.O posto de Turismo e Galeria Municipaldeveriam ceder lugar ao antigo Hotel Costa,e a famosa Estalagem do Víctor teria de sairdas suas sombras de abandono. Certamenteque não aconteceriam aqui somente renova-ções de fachada, mas uma autêntica recons-tituição histórica dos seus interiores,seguindo eventualmente o trilho iniciadopela recuperação do renomado Lawrence’s,e a literatura, a música e a sociabilidadeestariam presentes por representação virtualda vida romântica de outrora que concedeuo carácter definitivamente artístico deSintra. Saraus literários rigorosamente àépoca, assim como à época seriam a gastro-nomia, os trajes, as encenações musicadas,

as declamações, as breves e as grandesrepresentações de «cenas da vida român-tica», reconstituição de restaurantes famo-sos, e lá fora as charretes, as bicicletas, osautomóveis não poluentes dos moradores,os autocarros amigos do ambiente que cir-culando quase em permanência faziam aligação aos interfaces na periferia.

Imagine-se Sintra com uma oferta decamas no centro da Vila dez vezes superiorà actual! Quantos postos de trabalho pode-riam ser criados, quanta população não sefixaria aqui, renovando a debilitada estru-tura demográfica! Mais ainda se pensar-mos também na dinâmica social que a Uni-versidade introduziria. Então, sim, osturistas competiriam com os locais pelasruas históricas de Sintra, os negócios, o

comércio, a intervenção culturalfloresceriam, Sintra seria um cen-tro difusor e atractor potenciado.Como se depreende, acredito emque a renovação da tradição e ocumprimento coerente na actuali-dade da verdadeira natureza evocação cultural de Sintra é quesão, no fundo, as obras de pro-gresso autêntico de que aqui senecessita.

Que melhor cenário para umare-ligação, para uma conversão,para uma revelação do queSintra? Porque não trazer de novoaté Sintra o espírito religioso,

vivendo-o no horizonte de um ecume-nismo genuíno? Pessoalmente, creio queSintra nos pode re-ligar ao Todo pelo amorda Natureza, e que é o ambiente ideal paraas grandes confraternizações regenerado-ras, para a vivência de um telurismovivificador. O piedoso alegra-se com amontanha, pois o piedoso é tranquilo,dizia o Mestre Confúcio. Abrir Sintra aoscrentes, deixar que aqui se erguessem denovo belos e singelos conventos e temploshabitados por cânticos de paz. A própriaUniversidade poderia promover esseencontro e reflexão ecuménica. Trazer denovo monges para os poucos conventosque restam, como o dos Capuchos, em vezde exibi-los como monumentos nacionaisconstantemente vandalizados, construiruma frente de resistência espiritual à galo-pante «barbárie» das obscurantistas seitasdo presente. Convidar monges de outrasreligiões a estabelecerem-se em Sintra,garantir a segurança de novos «eremitas»que queiram povoar a Serra com o seumisticismo asceta, reintroduzir tambémantigas espécies animais e vegetais entre-tanto extintas, limpar a Serra de todas asinfestantes, permitir unicamente a circula-

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ção de veículos ambientalmente compatí-veis, contando para todas estas tarefas coma boa-vontade das ordens religiosas.

Correlativamente, a questão da segu-rança em todo o Parque Natural deveria sercoordenada por uma instância superior quearticularia as várias forças e dispositivosdisponíveis. É óbvio que o Parque neces-sita de uma força policial caracterizadapela diversidade de meios para combateruma criminalidade que é sobretudo«ambiental» e «cultural», não menospre-zando o crime social. Falo de uma políciacom uma grande flexibilidade de horários,preparada para trabalhar na montanha, nosparques, nas zonas rurais e na orla marí-tima, cuja missão principal seria combatero principal foco de criminalidade que setraduz no vandalismo ambiental nas maisvariadas nuances. Uma polícia capaz defazer abortar à nascença qualquer constru-ção ilegal, uma polícia que dê caça ereprima todas as seitas obscurantistas que ànoite profanam e destroem o patrimónionatural e edificado da Serra e dos Parques.Uma polícia que nas zonas urbanas façaprevalecer a lei, impedindo o ruído diurnoe sobretudo o nocturno, os comportamen-tos anti-sociais e obscenos, a impunidadeda gritaria em torno dos bares nocturnos.Uma polícia que nesses casos não actuemais preventivamente, mas repressiva-

mente. Uma polícia que persiga todos osempreiteiros de obras que despejam osseus lixos a céu aberto em espaços públi-cos e privados, todos os caçadores furtivos,todos os automobilistas com condução cri-minosa, todos os delapidadores do patri-mónio. A segurança passa também pelapolícia saber construir relações de amizadeimparciais e não discriminatórias comtodos os elementos da população residente.A geografia física e humana do Parqueexige uma polícia com meios adaptados a

essa realidade, apta tanto para lidar comgrupos satanistas como com empreiteirosmalfeitores, apta tanto para se deslocar emmeios urbanos, como nos parques, namontanha, nas áreas rurais e orla marítima.

Resumindo, Sintra como Lugar de Con-fluência, terá uma vertente de genuínoturismo cultural, rural e ecológico, de renas-cida vida religiosa e espiritual, de fonteirradiadora de saberes através da sua Uni-versidade, de exemplar requalificaçãoambiental, de salutar segurança e preven-ção, de promotora de grandes eventos cultu-rais na observância dos princípios tradicio-nais de universalidade, uma Sintra capaz deatrair e reter inteligência e excelência emtodas as actividades económicas, científicas,tecnológicas, especialmente aquelas que serelacionem com a preservação do ambientee a experimentação sustentável, uma Sintracapaz de fazer reviver as suas tradições agrí-colas segundo modelos flexíveis, umaSintra, enfim, capaz de criar riqueza a partirdaquilo que já é a sua própria riqueza: o seuincomensurável património.

JORGE TELLES DE MENEZES

Snack-BarUnião R. D. de Fontanelas e Gouveia

Snack-BarUnião R. D. de Fontanelas e Gouveia

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Estrada de São Mamede, 1 • Fontanelas 2705-637 S. João das Lampas • Tel. 21 929 30 15

Almoços e jantares

Grelhados no carvão

Mariscos e petiscos

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Que sensação fantástica regressar deférias e encontrar o meu jardim salpicadode pequenas estrelas azuis, rodeadas deabelhas e borboletas. Estas delicadas flor-zinhas azuis em forma de estrela são asborragens que tornam a invadir-me o jar-dim multiplicando-se ano após ano e eusem coragem para as controlar.

HABITAT

A borragem (Borago officinalis) é umaplanta anual herbácea da família das bora-gináceas, coberta de pêlos que chega aatingir 60-70 cm de altura. Tem um caulepolposo e lindas flores azuis de cinco péta-las dispostas em forma de estrela durantetoda a Primavera e parte do Verão. Gostade solos pobres e desnutridos e cresceespontaneamente à beira de caminhos e emmuros velhos.

Não se sabe muito sobre a sua origem,mas julga-se originária do Mediterrâneo eNorte de África.

A HORTA E JARDIM

Propaga-se facilmente por semente.A planta aprecia uma boa exposição aoSol, mas para que as flores sejam de umazul intenso, o solo deve ser pobre.

É uma excelente fornecedora de potás-sio orgânico, cálcio e outros minerais natu-rais.

Deve cultivar a borragem nos pomarese canteiros de morangueiros, pois ajudam--se mutuamente. As abelhas gostam deprocurar alimento nas suas flores.

A BORRAGEM DÁ CORAGEM

AMBIENTE

COMPONENTES E PROPRIEDADES

A borragem é muito rica emmucilagem sendo por isso utili-zada para acalmar problemas res-piratórios e tosse.

Utilizam-se tanto as florescomo as folhas que contêm abun-dante nitrato de potássio, eficazsudorífico e diurético. As folhasdevem ser colhidas durante osmeses da floração e apenas asmais tenras e sem pêlos (se exis-tiram pêlos, estes devem ser coa-dos depois de feito o chá).

O sumo feito a partir das flo-res e folhas frescas é um exce-lente remédio e desintoxicante doorganismo e um óptimo refrescode sabor semelhante ao pepino.

As flores estimulam a suda-ção e as folhas são diuréticas.

Descobriu-se recentemente que assementes são ricas em ácido gamalino-

leico, um compo-nente também pre-sente nas sementes deonagra e muito utili-zado no combate aproblemas hormo-nais, especialmentenas mulheres, quesofrem de desequilí-brios pré-menstruaise problemas relacio-nados com a meno-pausa.

Este ácido é aindaum potente anticoa-gulante do sangue,ajudando a prevenir

problemas coronários vários, pois combateo mau colesterol.

O óleo de borragem não está tão explo-rado e comercializado como o de onagraque se encontra à venda em ervanárias etambém em algumas farmácias.

O óleo da semente da borragem podeainda ser utilizado para tratar problemasreumáticos, eczemas e outras infecçõescutâneas crónicas.

A borragem contém ainda taninos eóleos essenciais e alcalóides pirrolizidinosque quando isolados são tóxicos para ofígado.

CULINÁRIA

Na culinária utilizam-se as flores paradecorar pratos vários, e as folhas tenrascom delicado sabor a pepino podem serfritas depois de mergulhadas num pome defarinha, ovo e leite.

A folhas e flores eram utilizadas paraaromatizar o clarete (tipo de vinho tinto eoutras bebidas a que imprimem um odor apepino e um travo refrescante).

A borragem só é eficaz enquantofresca. Seca perde a maioria das suaspropriedades.

Pode fazer uma tisana, vertendo água aferver por cima das flores recém colhidas,tapando e deixando em infusão durante10 a 15 minutos.

Diz-se que a borragem dá coragem.Devido aos seus componentes, a borragemproduz no corpo uma sensação hilariante,levantando a moral e ajudando a combaterdepressões.

PRECAUÇÕES

Devido à presença de alcalóides pirro-lizidinos tóxicos, a borragem está sujeita arestrições em certos países, não tendo sido,no entanto, verificadas intoxicações devidoà ingestão desta planta. Esta precaução nãose aplica ao óleo de borragem.

FERNANDA BOTELHO

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O primeiro1. Que número tão pequeno... Que quantidade tão insignificante, se o

olharmos de um ponto de vista matemático. Por exemplo, um leão no meiode uma manada de gnus poderia saciar a sua fome, é verdade, mas também,não seria menos verdade que esse mesmo leão ficaria tão pesado que acaba-ria esmagado pela imponente força de uma manada em movimento. Outroexemplo... Imaginem uma estrela de uma constelação de um universo. Poisaqui, esse um que abordei no início do texto, começa a ganhar uma formatão grande como é o infinito e torna-se um pouco difícil avaliar, ao certo, aimportância do número um. Mas o que vos proponho é ainda mais difícil ou,talvez mesmo, impossível. Coloco-vos uma pergunta: em termos temporaiscomo se pode medir a importância do número um? Um milésimo que paratanta gente é tão insignificante que nem pensa nele, para um nadador olím-pico talvez essa seja uma fracção de tempo determinante para atingir umobjectivo de vida.

Um segundo, um minuto, uma hora, um dia, um mês... e tanto sobre o queeu poderia escrever...

No entanto, o um de que vos quero falar é o do ano de existência da nossaAssociação que, embora à vista desarmada possa parecer curto, foi repleto deempenho, dedicação trabalho e cooperação. Quando olhamos para a suaimportância os adjectivos sucedem-se... Torna-se mesmo impossível ficarindiferente, quando olhamos para trás e observamos o tanto que criámos emapenas num ano. E por tudo isto o meu maior desejo é que os próximostempos continuem a parecer pequeninos como o número um, mas gigantesem termos de conquistas como foi este belíssimo primeiro ano... Um.

CARLOS ZOIO

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Bravo

Luz uma candeia(CANTIGA)

Luz uma candeiabem rentinho ao chãopara quem vagueianuma escuridão

Quem vai passearE olha pró chãoVê luz a brilharcomo um lampião

Lampião das fadasEntre ervas molhadas...Mas que vejo, então?...

Está uma arrancadaaqui está esmagadapor mota pesadaQue sem-coração...

(Nunca percebiqual é a razãode andar por aíuma multidãocom motas pesadasassustando as fadasque tão frágeis são)

E falo às candeiasBem rentinho ao chãoPelas motas feiasLhes peço perdão

E elas me sorriemE eu fico a pensarTalvez alumiemQuem por lá passar

Talvez elas guiemQuem for a guiarE as motas paremSó por eu rezar

LUISA BARRETO

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