jornal da sbhci

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1 Publicação Trimestral da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista Ano XII • Número 3 Julho a Setembro de 2009 64 o Congresso da SBC Programa de Educação Continuada da SBHCI reuniu 482 cardiologistas em Salvador PROJETO DIRETRIZES SBC Renovação e ampliação constantes permeando as recomendações clínicas no Brasil ENTREVISTA COM RON WAKSMAN O cardiologista israelense conversou com os repórteres da SBHCI no Congresso 2009

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Publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista. Ed. 44 - 03/2009.

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Page 1: Jornal da SBHCI

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Publicação Trimestral da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista

Ano XII • Número 3

Julho a Setembro de 2009

64o Congresso da SBCPrograma de Educação

Continuada da SBHCI reuniu 482 cardiologistas em Salvador

PROJETODIRETRIZES SBC

Renovação e ampliação constantes permeando as recomendações

clínicas no Brasil

EnTREvISTa COmROn wakSmanO cardiologista israelense conversou com os repórteres da SBHCI no Congresso 2009

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Page 3: Jornal da SBHCI

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RENOVAÇÃO DO PROJETO DIRETRIZES SBC

28

PEC-SBHCI NA SBC: PROJETO CONSOLIDADO

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ENTREVISTA RON WAKSMAN

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CONGRESSO SBHCI 2010: A CAMINHO DE BELO HORIZONTE

6

índice

PALAVRA DO PRESIDENTE

4 A Conquista da Certificação Profissional: Um Passo Definitivo Rumo à Independência Pessoal

INTERNAS | NOTíCIAS DA SBHCI

6 Congresso SBHCI 2010: A caminho de Belo Horizonte 8 Curso de Revisão 2009: Ampliado e atualizado 10 Prova de Título 2009: Inscrições abertas 12 Equipe SBHCI ganha novos reforços 14 Simpósio Norte–Nordeste 2009: Debate, palestra e eleição 15 PEC–GO: Além das expectativas

MATéRIA DE CAPA | PEC-SBHCI NA SBC

16 Projeto consolidado

QUALIDADE PROfISSIONAL

18 Câmara Técnica: Lista fechada 20 CoopeCárdio: Valorizando os honorários médicos

GIRO PELO BRASIL | SBHCI NO ESPíRITO SANTO

24 Do improviso ao reconhecimento nacional

Ex-PRESIDENTE | HEITOR GHISSONI CARVALHO

26 Em primeira pessoa

SBC | DIRETRIZES

28 Renovação do Projeto Diretrizes SBC

ENTREVISTA | REPÓRTERES SBHCI

32 Ron Waksman

REPÓRTER INTERNACIONAL | ESC 2009 – BARCELONA

34 O maior do mundo

QUALIDADE DE VIDA

38 Relaxar é preciso

OPINIÃO

42 Uma equação simples

AGENDA

43 Eventos, contatos e expediente

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palavra do presidente

A Conquista da Certificação Profissional: Um Passo Definitivo Rumo à Independência Pessoal

P rezados colegas, saudações.Nestes 25 anos de prática profissional dedicados à cardiologia e ao intervencionismo, a oportuni-

dade única de estar integrado a um centro de formação reconhecido não somente no Brasil como na América Latina, o Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, pos-sibilitou a observação de um enorme “caleidoscópio de matizes” humanas oriundas de quase todos os Estados brasileiros, promotores das mais diversas formações pessoais e acadêmicas.

A busca do indivíduo para o reconhecimento profissional e a independência na prescrição do ato médico é instintiva, e intensa, domina o ser e o faz dedicar-se por inteiro ao aprendizado da técnica. As histórias de vitórias são, feliz-mente, muito mais frequentes que as de derrotas. Mas as derrotas ainda ocorrem, e me promovem tristeza. “É nadar e morrer na praia”, como se diz popularmente. Mas será que todos estariam realmente aptos a “nadar”?

Desde o início do ano 2000, o Conselho Federal de Me-dicina (CFM) e a Associação Médica Brasileira (AMB) dele-garam às sociedades de especialidades médicas a árdua e nobre tarefa de certificar seus novos profissionais, não mais permitindo outras formas de se obter a titulação que não aquela executada mediante provas teórica e teórico-práti-ca, universais, para as quais se é convocado ou convidado por meio de edital público para o exame.

O jovem ou a jovem cardiologista intervencionista não será mais tão noviço(a) ao se deparar com o exame final, que irá lhe conferir a liberdade de efetivar os procedimentos diagnósticos e intervencionistas cardiovasculares no terri-tório brasileiro. Nesse momento o profissional terá acumu-lado no mínimo 12 anos de ensino stricto sensu, e pelo me-nos cinco de concursos seletivos com gabaritos e elevado nível de competitividade.

Mas desde o vestibular para o ingresso na universidade, desses cinco os dois últimos (especialista em cardiologia e área de atuação em hemodinâmica e cardiologia inter-vencionista) serão aqueles decisivos. Como a conquista de uma grande montanha, ultrapassados os vales e as colinas ainda abaixo do azul das nuvens, estará diante da neces-sidade de subir mais alto ainda, e penetrar a zona nobre de uma montanha, seus colos e gretas, que o levarão ao cume profissional. Essa conquista jamais será uma aventu-

ra bem-sucedida sem o devido planejamento. Aquele que assim percebe a medicina e a formação profissional jamais ingressará no mundo acima das nuvens, nunca poderá de-monstrar, para os demais pares, que é capaz de atuar com independência e soberania. Estará aprisionado, ficará a de-pender de outros, por vezes, para sempre, sem a autono-mia plena para responsabilizar-se pelos atos que praticará.

A obtenção do Título de Especialista em Cardiologia (TEC), exarado em concurso anual pela Sociedade Brasi-leira de Cardiologia (SBC), será o passo primeiro rumo ao pico mais alto, fundamental, pois nossa origem é clínica, e a prática clínica intervencionista irá requerer a proficiência na aplicação dos preceitos e diretrizes cardiológicos. Trata-se de exame com taxas de aprovação, em média, inferiores a 50% dos participantes. Ultrapassando “o colo sul da car-diologia”, o pico do Sagarmatha estará então visível, e não mais escondido por entre as nuvens.

A temporada para a escalada ao Sagarmatha do cardio-logista intervencionista está próxima e se inicia em 19 de outubro, convocado por meio de edital preparado pela nos-sa Comissão Permanente de Certificação (CPC). O edital é aprovado pela SBC e pela AMB e estará disponível no portal eletrônico de nossa entidade (www.sbhci.org.br). O dia autorizado para o empuxo final está estabelecido, 15 de novembro de 2009, mas somente estarão aptos para a escalada final aqueles que já obtiveram acesso ao “colo sul”, o TEC.

Uma pergunta pode surgir: é importante obter o Certifi-cado de Área de Atuação em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (HCI)? Não pestanejo ao afirmar que sim! Sim, colegas, o certificado de HCI será o visto carimbado em seu passaporte para seguir em frente e, de escalada em escalada, de desafio em desafio, construir a prática profis-sional diária, engalanar-se, revestir-se do reconhecimento necessário para seguir a propedêutica, terapêutica para com os seus pacientes, de modo independente, com reco-nhecimento federativo, conferindo aptidão para aprender, ensinar, questionar, criticar, exercer a “cidadania” médica por completo.

Aqueles que não logram obter esse acesso estarão sem-pre à mercê de ataques predatórios oriundos de aprovei-tadores do trabalho médico submisso, algemados a um médico isoladamente ou a outros médicos, e, qual em uma

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Luiz Alberto MattosPresidente da SBHCI

CCCCCCoooooonnnnnnnnfffffffiiiiiiiaaaaaannnnnnçççççaaaaa

R. Gomes de Carvalho, 1507 cj. 151 e 152 - Vl. OlímpiaSão Paulo, SP - CEP.: 04547-005 Tel.: 3594 3800

www.terumo.com.brwww.terumo.com.br

NOBORI PK - 20 Pacientes

NOBORI 1 - 363 Pacientes

NOBORI CORE - 107 Pacientes

NOBORI CORE - Estudo Endotelial 43 Pacientes

NOBORI Japão - 340 Pacientes

NOBORI 2 - 3074 Pacientes

COMPARE II - 2700 Pacientes

SECURITY - 4000 Pacientes

BASKET PROVE - 2300 Pacientes

bbbbbbaaaaaasssssseeeeeeeaaaaaaaddddddaaaaaa eeeeeemmmmm êêênnnnccccciiiiiaaaaassssddddêêêêêênnnn aaEEEEvvvvvviiidddddd aaaddd cccêêênnn iii sssEEEvvviiiddd sssEEEE ddddd aaaassssEEE êêêê ccc aaasssEEE êêê iiiiii

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galé, obrigados a remar pelos mares que outros ordenarem, sem direito pleno à escolha de seus caminhos e à conquista e ao usufruto dos mais de dez anos despendidos na forma-ção profissional.

A certificação pelos métodos atuais poderá ser motivo de crítica e ações de cerceamento do acesso por meio de con-cursos casuísticos, o que será sempre condenável e com-batido com firmeza pelos dirigentes e órgãos reguladores médicos. Um exame deverá ser sempre imparcial, preten-dendo ser justo, avaliando-se com equilíbrio, maturidade, qualificação, elaboração dedicada de profissionais aptos ao exercício do ensino médico devidamente transparente, para todos, validando e assim fortalecendo o processo. Vale ressaltar que o reconhecimento dos pares e de uma entidade médica para sua comissão de preparação de pro-vas de certificação é o selo de recompensa mais precioso, que, aliado à humildade do exercício da crítica, elevará o valor da conquista.

E por que ainda alguns morrem “ao chegar à praia”? Possivelmente em decorrência das formações tíbias, ca-quéticas, que podem estar presentes já desde a origem do curso de formação médica, até da não realização de um programa de pós-graduação lato sensu qualificada, adi-cionada, por vezes, à falta de preceptoria adequada ou, ainda, como consequência dos defeitos de personalidade. Sob as descritas situações, esse médico ficará distante das características necessárias à absorção dos conhecimentos verticais que compõem o universo de uma área de atua-ção. A humildade para aprender e superar as deficiências, a dedicação e a superação extrema serão fundamentais para que, então, um dia, seja possível se unir aos demais, no alto do Sagarmatha.

Do alto de uma íngreme montanha a vista é estupenda, e sempre nos permite vislumbrar novos horizontes, visões nunca antes observadas dos vales mais rasteiros. E a cada horizonte seguinte e infinito estarão os pacientes, nosso bem maior, a nos aguardar.

“Se no planalto não há nem montanhas nem vales, os rebanhos não mais encontrarão abrigo; se a planície já não é mais plana, será ruim para a semeadura; mas se as pes-soas são iguais, iguais a seus dirigentes, todas as coisas ruins serão superadas, para que então a felicidade possa

se espalhar por todo o Tibete!” Gezar’s Gattin Dugmo

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internas notícias da sbhci

O Congresso SBHCI 2010 começou a ser dese-nhado. No dia 18 de agosto, a Comissão Cientí-fica eleita para a gestão 2010-2011 esteve reuni-

da em São Paulo, na sede da Sociedade, sob o comando do atual presidente Luiz Alberto Mattos (SP), para discutir o andamento da organização do evento. Para esta edição do Congresso, a organização está sendo feita de maneira híbrida, com membros do Departamento Científico da atu-al e da futura gestões, para que, desde já, os novos dire-tores participem das decisões estratégicas e se envolvam com a organização e a logística do evento.

O local escolhido para sediar o evento é o Expominas (www.expominas.com.br), em Belo Horizonte (MG), um moderno centro de exposições construído com caracte-rísticas arquitetônicas e funcionais encontradas em even-tos internacionais. A 15 minutos do Aeroporto da Pampu-lha e a 50 minutos do Aeroporto Tancredo Neves, o local ainda tem acesso rápido à região onde estão os principais hotéis da cidade e o transporte será facilitado, porque a locomoção ocorrerá em horário de contrafluxo.

A SBHCI reservou um pavilhão, com 15 mil metros quadrados, para realizar o evento nos dias 22, 23 e 24

de julho de 2010. Além do espaço destinado aos parcei-

ros, a Sociedade terá a sua disposição quatro ambien-tes para aulas, palestras, simpósios e suporte. A arena principal, ambiente amplo, com pé-direito de 14 metros, três mezaninos e capacidade para 2 mil pessoas, será preparada em bancada escolar, acomodando 600 ca-deiras, e será chamada de sala Ouro Preto. Dentro do pavilhão será construída a sala Araxá, com 300 lugares, que abrigará as aulas de doenças cardiovasculares ad-

quiridas e tornará a área reservada aos parceiros com movimentação constante durante os três dias do even-to. Ainda haverá outras três salas. O Departamento de Enfermagem estará na sala Mariana, com 450 lugares. A sala Diamantina terá capacidade para 210 pessoas, que assistirão às aulas de cardiopatias congênitas e defeitos estruturais cardíacos. Os temas relacionados a doenças cardiovasculares adquiridas serão ministrados na sala Sabará, para 300 congressistas.

O programa científico também foi discutido na reu-nião, que durou cerca de quatro horas. A missão pro-posta pela Comissão é marcar o Congresso 2010 com espírito de renovação. Nomes de importantes convida-dos internacionais foram colocados em discussão, bem como a manutenção da qualidade e da quantidade de

A caminho de Belo HorizonteCONGRESSO SBHCI 2010

O sucesso do Congresso SOLACI & SBHCI 2009 exige que a Comissão Científica se prepare para manter a qualidade e superar as expectativas do evento do próximo ano

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casos ao vivo nacionais e internacionais transmitidos via satélite. A Comissão encerrou o encontro animada com as decisões tomadas e pronta para desenvolver um trabalho excepcional, atingindo o objetivo de man-ter os associados informados e atualizados com o esta-do da arte da cardiologia intervencionista.

Além de Luiz Alberto Mattos, estiveram na reunião Alexandre Abizaid (SP), membro da Comissão Científi-ca; Maurício Barbosa (MG), presidente da SBHCI 2010-2011; Fábio Sândoli de Brito (SP), diretor científico da gestão 2010-2011; Fernando Stucchi Devito (SP), coor-denador de Temas Livres; Marcos Antonio Marino (MG), atual diretor de Intervenções Extracardíacas; Francisco Chamié (RJ), diretor da SBHCI 2010-2011; Costantino Costantini Ortiz (PR) e Expedito Eustáquio Ribeiro Lima (SP), ambos membros da Comissão Científica; Ivanise Maria Gomes (SP), presidente do Departamento de En-fermagem 2010-2011; Alexsandra Gama, coordenadora de eventos da SBHCI; e Aline Rodrigues, que está auxi-liando o Departamento Científico.

O trabalho de organização do Congresso continuará com reuniões mensais até o final de 2009. A data limi-te para submissão de pesquisas como Temas Livres ficou estabelecida. Será de 1o de dezembro de 2009 a 29 de março de 2010. Apontamos duas alterações marcantes para o evento do ano que vem. A primeira é a mudança de data para meados de julho, devido à realização da copa do mundo de futebol, evento es-portivo que hipnotiza os brasileiros. A outra novidade é a criação do Departamento de Eventos da SBHCI, gerenciado por Alexsandra Gama, o que promove au-tonomia plena à Sociedade para as diversas contrata-ções que compõem um evento da complexidade de nosso Congresso.

Na página ao lado, reunião de gerenciamento estratégico, logístico e científicopara tomada de decisões dedicadas ao Congresso 2010. Nesta página, Luiz Alberto Mattos apresenta aos representantes das empresas parceiras as primeiras informações do evento que acontecerá em Belo Horizonte (MG).

22/24 Julho 2010ExpominasBelo Horizonte

No dia 25 de agosto, representantes dos parceiros que

apoiam eventos, ações e projetos da SBHCI estiveram

reunidos no Mercure Grand Hotel São Paulo Ibirapuera

para conhecer detalhes do Congresso 2010. A reunião

teve a coordenação de Luiz Alberto Mattos, presiden-

te da SBHCI, e contou com a presença de Maurício

Barbosa (MG), presidente da SBHCI 2010-2011, Fábio

Sândoli de Brito (SP), diretor científico da SBHCI 2010-

2011, e Marcos Antonio Marino (MG), atual diretor de

Intervenções Extracardíacas e presidente do próximo

Congresso, além da participação de cerca de 35 pes-

soas de 21 empresas parceiras.

A ocasião permitiu avaliar as propostas de patrocí-

nio aplicadas no evento. Não houve queixas sobre

o Congresso passado, o que demonstra êxito pleno

em todas as iniciativas. Foi o caso dos simpósios-

satélites, mesas-redondas e transmissão via satélite

de casos ao vivo locais e internacionais. A valiosa

opinião dos convidados permitiu avaliar alguns pon-

tos dos projetos e propostas que serão apresentados

na Reunião de Concessão de Cotas de Patrocínio,

que acontecerá em 3 de novembro no Mercure Grand

Hotel São Paulo Ibirapuera.

Agende–seReunião de Concessão de Cotas de Patrocínio

Data: 3/11

Horário: 13h00

Local: Mercure Grand Hotel São Paulo Ibirapuera

Rua Joinville, 515 – São Paulo, SP

Informações: www.congressosbhci.com.br/2010

[email protected]

(11) 3849-5034 / (11) 7633-0897 (Alexsandra Gama)

Parceiros em foco

Page 8: Jornal da SBHCI

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terá início às 8h15, com a apresentação feita por: Sa-muel Silva da Silva (PR), coordenador da Comissão Per-manente de Certificação da SBHCI; Luiz Alberto Mattos (SP), presidente da Sociedade; Pedro A. Lemos Neto (SP), diretor científico; e João Fernando Ferreira (SP), coordenador da Comissão Julgadora de Título de Espe-

cialista em Cardiologia da So-ciedade Brasileira de Cardio-logia. O dia terá programação intensa, encerrada apenas às 19 horas. No sábado, dia 14, as aulas terão início às 8h30 e

serão concluídas após as 18 horas. O programa com-pleto, com todas as aulas e médicos participantes, está disponível no Portal da SBHCI e todos receberão Disco Compacto (CD) com todo o conteúdo apresentado.

O Curso de Revisão da SBHCI está registrado na Co-missão Nacional de Acreditação da Associação Médica Brasileira e é recomendado não só àqueles que pretendem prestar a prova para obtenção do Certificado de Área de Atuação em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, mas a todos os médicos interessados em renovar ou em conhecer um pouco mais acerca de nossa área de atuação.

A prova para obtenção do Certificado de Área de Atuação será realizada no dia 15 de no-vembro, às 8h30, também no Mercure Grand Hotel São Paulo Ibirapuera.

Ampliado e atualizado

CURSO DE REVISÃO 2009

O Curso de Revisão da SBHCI foi atualizado e as inscrições pela Internet estão abertas desde 8 de setembro

Inscrições abertas de 8/9 a 6/11 pelo Portal da SBHCI

Agende–seInscrições: de 8/9 a 6/11

Local: Mercure Grand Hotel São Paulo Ibirapuera – Rua Joinville, 515 – São Paulo, SP vagas: Limitadas a 180 pessoas

Informações: [email protected] (11) 3849-5034 (Aline Rodrigues)

M inistrado de maneira dinâmica, objetiva e es-clarecedora, o programa da edição 2009 do Curso de Revisão da SBHCI foi desenvolvido

de forma a proporcionar maior rendimento, promovendo a renovação do conhecimento científico com base em evidências robustas para todos os profissionais da área de saúde que atuam em cardio-logia intervencionista. O conteú-do das aulas, ministradas por 51 cardiologistas, partirá dos prin-cípios dos exames diagnósticos e seguirá até os avanços mais recentes relacionados à cardiologia intervencionista.

As aulas, divididas em nove módulos, ocorrerão nos dias 13 e 14 de novembro no Mercure Grand Hotel São Paulo Ibirapuera, na capital paulista, e não mais no So-fitel. As inscrições, para quem não as fizer pela Internet entre 8 de setembro e 6 de novembro, serão abertas às 7 horas do dia 13 de novembro e encerradas 60 minutos depois. Como as vagas estão limitadas a 180 pessoas, a recomendação é para que a inscrição seja antecipada e feita pelo Portal da SBHCI (www.sbhci.org.br).

No dia 13 de novembro, sexta-feira, a programação

internas notícias da sbhci

8 pontos

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Tópicos da programação13 de novembro, sexta-feira

14 de novembro, sábado

* Comprovação por meio do registro no Conselho Regional de Medicina no ato da inscrição.** Comprovação por meio do registro laboral respectivo no ato da inscrição no local.

Módulo I

Módulo VI

Módulo V

Módulo II

Módulo VII

Módulo III

Módulo VIII

Módulo IV

Módulo IX

Categorias Valor Inscrições

7h00 - 8h00 Abertura da secretaria e inscrições

8h15 - 8h30 Objetivos do Curso Anual de Revisão em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista de 2009

8h30 - 10h30 Intervenção Percutânea nos Defeitos Estruturais e Congênitos do Coração

10h30 - 11h30 Intervalo

8h30 - 10h30 Fundamentos do Exame Diagnóstico e Intervencionista

10h30 - 11h00 Intervalo

11h30 - 12h30 Recomendações para Qualidade Profissional

11h00 - 12h30 Métodos Adjuntos Diagnósticos e Intervencionistas

12h30 - 13h00 Miniconferência de Almoço

13h00 - 13h30 Intervalo

12h30 - 13h15 Farmacologia Adjunta e Intervenção Coronária Percutânea

13h15 - 14h00 Intervalo

13h30 - 16h00 Intervenção Coronária Percutânea – Indicações Clínicas

16h00 - 16h30 Intervalo

14h00 - 16h15 Dispositivos Adjuntos e Stents Coronários

16h15 - 16h45 Intervalo

16h30 - 19h00 Intervenção em Válvulas e Procedimentos Extracardíacos

16h45 - 18h15 Intervenção Coronária Percutânea nas Diversas Morfologias Angiográficas: "Como Eu Devo Tratar"

18h15 Encerramento

R$ 300 8/9 a 6/11

R$ 600 No local

Enfermagem e outros profissionais da saúde**

R$ 300 Somente no local, mediante disponibilidade de vagas

Médico(a)*

Verifique o programa completo, com todas as aulas e médicos participantes, no Portal www.sbhci.org.br

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A Comissão Permanente de Certificação (CPC) da SBHCI já está com tudo pronto para a Prova de Título 2009. O edital foi publicado no dia 18 de

setembro e as inscrições antecipadas serão feitas ex-clusivamente pela Internet, de 19 a 30 de outubro.

A prova teórica acontecerá das 8h30 às 11h30 do dia 15 de novembro no Mercure Grand Hotel São Paulo Ibi-rapuera, na capital paulista. Às 12h30 terá início a prova teórico-prática, prevista para ser concluída em até duas horas. O resultado será divulgado no Portal da SBHCI (www.sbhci.org.br) a partir das 16 horas do dia 8 de de-zembro. As notas, porém, serão informadas no Portal individualmente a cada candidato, que terá acesso ex-

clusivo ao sistema por meio de seu RG e CPF. Somente os aprovados poderão solicitar à Secretaria da SBHCI a inscrição para a prova prática. A prova deverá ser feita em até seis meses após a divulgação do resultado das provas teórica e teórico-prática.

Samuel Silva da Silva (PR), coordenador da CPC, falou à equipe do Jornal da SBHCI sobre novidades e mudanças e dá as dicas sobre como se preparar para o teste.

Como é o processo de trabalho da CPC para preparar a prova de certificação?

A preparação de uma prova tem início no primeiro tri-mestre do ano e compreende várias etapas: elaboração

Inscrições abertasPROVA DE TíTULO 2009

Samuel Silva da Silva (PR), coordenador da Comissão Permanente de Certificação, falou sobre mudanças e novidades para a prova deste ano.

O edital referente à Prova de Título 2009 está disponível no Portal da SBHCI (www.sbhci.org.br) e traz as regras para inscrição e execução das provas teórica, teórico-prática e prática

internas notícias da sbhci

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11

de questões pelos 14 membros da CPC; encaminhamento das questões para a assessoria pedagógica (OFFICIUM); análise feita pela OFFICIUM quanto à forma do material produzido, com eventuais sugestões de modificações no texto das questões; análise pelo colegiado da CPC da perti-nência dos temas e conteúdos abordados na questão com relação ao programa oficial da prova; e classificação de cada questão pré-aprovada quanto a seu grau de relevân-cia – escala de 1 a 5 – e estimativa de seu grau de dificul-dade – fácil, médio ou difícil. Essa classificação permitirá a organização da prova, que terá metade das questões sele-cionadas pertencentes ao grau médio de dificuldade, 25% que sejam classificadas como fáceis e 25%, difíceis. Além do trabalho individual de cada membro da CPC em elabo-rar suas questões, são necessárias de três a quatro reuni-ões presenciais do colegiado sob supervisão de assessoria pedagógica, antecedendo a realização da prova, para que todo esse processo possa ser desenvolvido.

Existem mudanças e novidades para a prova de certificação de 2009?

Como política de fortalecimen-to dos Centros de Treinamento, na análise do currículo será atri-buída pontuação aos candidatos egressos dos centros credencia-dos pela SBHCI. Esse credenciamento, obtido por atu-alização de cadastro, representa a primeira etapa de um processo de certificação específico, que incluirá, ainda este ano, a realização de avaliação online com os atuais residentes e que terá continuidade com outras ações. Na prova teórico-prática será adotada a modalidade de questões discursivas, em substituição à de questões de múltipla escolha. Essa modalidade será adotada para im-pedir o viés acarretado pela presença de cinco alterna-tivas, como possíveis interpretações. O método foi em-pregado com sucesso na prova específica, realizada este ano, com candidatos da área de cardiologia pediátrica. Em sua correção é adotado o mesmo critério utilizado em redações nos concursos de vestibular. Trata-se do método de correção que demanda a apreciação de dois avaliadores, atuando em condição duplo-cega – desco-nhecimento do nome do candidato e da nota atribuída pelo outro avaliador –, com a utilização de um check list elaborado pela CPC, sendo a nota final representada pela média aritmética de ambas as avaliações. Essa mo-dificação metodológica, que é mais laboriosa, também é mais eficiente, pois permite a avaliação das diversas nuances nos desempenhos individuais quando compa-rada ao método usado anteriormente. Como desvanta-gem, teremos um necessário retardo na divulgação da lista com os nomes dos candidatos aprovados.

Como foi a preparação da prova de certificação de 2009? a CPC teve alguma preocupação em especial, como não deixar de fora determinados temas ou atualizações recentes?

Toda a fase que inclui a elaboração, a análise técnica e a classificação das questões originais do banco de dados para a prova de 2009 já foi concluída. Estamos organizando os casos editados para a prova teórico-prática. Como o conteúdo do temário de uma Prova de Certificação da SBHCI é muito amplo, todos os itens que o compõem não podem ser contemplados numa mesma prova. Pelo fato de a data de sua realização ser posterior à do Congresso da SBHCI e dos maiores eventos científicos internacionais e de a seleção final das questões só ocorrer um mês antes da data da pro-va, há a garantia de atualidade e pertinência das ques-tões selecionadas. Compete ao colegiado da CPC fazer adequada escolha das questões, para contemplar uma

amostra representativa dos itens do programa, conferindo à prova a qualificação de ter boa validade de conteúdos.

Como deve ser o preparo dos candidatos?

Na primeira fase do proces-so de seleção, para a prova

teórica, todos os candidatos, por já serem Especialis-tas em Cardiologia, estão familiarizados com essa mo-dalidade de avaliação. Quanto à prova teórico-prática, a utilização de casos editados viabilizou uma técnica para melhor avaliar competências, como a habilidade de interpretar imagens e a de tomada de decisões. Essa modalidade, em provas passadas, revelou ser de acei-tação unânime entre os candidatos e não deve acarre-tar maiores preocupações. Quanto à prova prática, que tem a obrigatoriedade de ser feita em até seis meses para os aprovados na primeira fase, recomendo a ob-servância dos itens que compõem a Ficha Estruturada de Avaliação para a Prova Prática, que é parte integran-te do Edital de Abertura de Inscrição ao Processo de Avaliação para Obtenção do Certificado de Atuação na Área de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista.

“Quanto à prova teórico-prática, a utilização de

casos editados viabilizou uma técnica para melhor

avaliar competências.”

Agende–seInscrição: de 19/10 a 30/10, somente pelo Portal da SBHCIData: 15/11Horário: 8h30Local: Mercure Grand Hotel São Paulo Ibirapuera Rua Joinville, 515 – São Paulo, SP Informações: www.sbhci.org.br

[email protected] (11) 3849-5034 (Kelly C. Peruzi)

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A SBHCI sempre contou com a assessoria de empresas especializadas em organização de eventos. Porém, as experiências dos últimos

anos mostraram à atual Diretoria que era urgente e necessária a contratação de uma profissional para cuidar de todas as ações externas da Sociedade, como Programa de Educação Continuada (PEC), Simpósios e o Congresso anual. Na ponta do lápis, os benefícios estão na garantia da qualidade, pla-nejamento e controle interno de todos os detalhes dos eventos organizados durante o ano, em espe-cial o Congresso, que vem crescendo em estrutura e qualidade, o que exige foco e dedicação para seu preparo por mais de 12 meses. A contratada para a função é Alexsandra Gama. Paulistana, atua na área de turismo e eventos há 11 anos. Ela é conhecida de alguns sócios, esteve no Congresso do Rio de Janeiro e, desde o dia 24 de agosto, assumiu seu posto no Departamento de Eventos. Sua primeira missão foi enfrentar a organização do PEC durante o Congresso da Sociedade Brasileira de Cardiologia, realizado em Salvador (BA) no dia 13 de setembro, e já está envolvida com os preparativos do Congresso 2010, que acontecerá em Belo Horizonte (MG).

Aline Rodrigues passa a atuar na organização do Departamento Científico. Ela será responsável por organização, confirmações e conferência de todo o material relacionado às programações científicas, como Curso de Revisão e Temas Livres. E Kelly C. Peruzi chega para integrar a equipe e assumir o De-partamento de Sócios.

Equipe SBHCI ganha novos reforços

EQUIPE SBHCI

Maior mudança está na criação do Departamento de Eventos

internas notícias da sbhci

Alexsandra Gama assume a área de eventos da SBHCI e Kelly C. Peruzi passa a cuidar do atendimento aos sócios.

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SOCIEDADE BRASILEIRA DE HEMODINÂMICA E CARDIOLOGIA INTERVENCIONISTA

Avanços Recentes da Cardiologia Intervencionista: Onde Estamos em 2009

XIX Congresso Paraense de Cardiologia15/10/2009 • 12h40 às 14h00

Hotel Crowne Plaza em Belém (PA), Auditório Central

Coordenadores

Heloisa Guimarães (Pa) wilson a. Pimentel Filho (SP)

Debatedores

Paulo Toscano (Pa) Gederson Rossato (RO)marcelo Queiroga Lopes (PB)

Boas-vindas e Objetivos

wilson a. Pimentel Filho (SP)

Caso Clínico 1Revascularização Percutânea Após o Infarto Agudo do MiocárdioJosé klauber Roger Carneiro (CE)Hospital do Coração de Sobral, CE

Estado da Arte da Revascularização Percutânea em Multiarteriais: do Tronco da Coronária Esquerda aos Diabéticos

wilson a. Pimentel Filho (SP) Beneficência Portuguesa de São Paulo, SP

Caso Clínico 2

Revascularização Percutânea em Diabéticos MultiarteriaisJosé Ribamar Costa Júnior (SP) Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, São Paulo, SP

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Debate, palestra e eleição

SIMPÓSIO NORTE-NORDESTE 2009

Itamar Ribeiro de Oliveira (RN) e Marcelo Queiroga Lopes(PB), atual e futuro presidentes da Sociedade de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista do Norte-Nordeste.

Questões práticas foram o foco do IV Simpósio da Sociedade de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista do Norte-Nordeste

Cerca de 100 cardiologistas intervencionistas, além de clínicos e cirurgiões, ocuparam prati-camente todo o auditório reservado para o IV

Simpósio da Sociedade de Hemodinâmica e Cardiolo-gia Intervencionista do Norte-Nordeste (SNNEHCI), re-alizado no dia 30 de junho durante o XXIX Congresso da Sociedade Norte-Nordeste de Cardiologia, que este ano ocorreu em Natal (RN).

O número de participantes no evento comprova o crescente interesse da comunidade de cardiologistas das Regiões Norte e Nordeste pelos avanços de nossa área de atuação. O foco principal das atividades foi o caráter prático, marcado pelas movimentadas apresen-tações de casos editados, permeados por miniconfe-rências, que abordaram os pontos principais do estado da arte em cardiologia intervencionista.

A programação científica, coordenada pelo diretor científico da SNNEHCI, José Klauber Roger Carneiro (CE), buscou uma abordagem teórica e prática sobre a doença arterial coronária, desde seus aspectos clínicos e técnicas de imagenologia cardíaca, invasivas ou não, até a melhor forma de decisão terapêutica, em especial na escolha do método mais adequado de revascularização do miocárdio em cada situação. Entre os casos clínicos apresentados, destaca-se a discussão da aplicação do escore SyNTAX e do Euroscore, que auxiliam na seleção de pacientes para intervenção coronária percutânea pri-mária ou cirurgia de revascularização do miocárdio. Ao todo, foram apresentados 12 casos clínicos editados.

Sob o comando de Ludmilla Ribeiro de Oliveira (RN), o simpósio teve ainda a participação de convidados na-

cionais, como os cardiologistas Luiz Alberto Mattos (SP), presidente da SBHCI, Costantino Ortiz Costantini (PR), Gilson Soares Feitosa (BA), Sergio Montenegro (PE), An-tônio Carlos Souza (SE) e Brivaldo Markman Filho (PE).

O evento também foi palco do pleito para a composi-ção da nova Diretoria da Sociedade, sendo eleita a cha-pa integrada pelos associados Marcelo Queiroga Lopes (PB), presidente; José Breno de Souza Filho (PE), diretor administrativo; Ludmilla Ribeiro de Oliveira (RN), direto-ra financeira; Nelson Antonio Moura de Araújo (PE), di-retor científico; e Francisco Cláudio Couto Falcão (CE), diretor de Defesa Profissional.

Ao final do simpósio, os sócios da SNNEHCI parti-ciparam de assembleia presidida pelo atual presiden-te, Itamar Ribeiro de Oliveira (RN), que fez breve relato das principais ações realizadas nos quatro anos de sua gestão. Entre elas estão a constituição da Sociedade e a implementação das atuais bases institucionais. Se-gundo Oliveira, o trabalho desenvolvido pela Diretoria foi a consequência de mais de duas décadas de atua-ção dos cardiologistas intervencionistas pioneiros nas Regiões Norte e Nordeste, a exemplo de Heitor Ghis-soni Carvalho (BA), Gilvan Oliveira Dourado (AL), José Nogueira Paes Junior (CE) e José Maria Pereira Gomes (PE), entre outros.

Após agradecer sua equipe pela lealdade e compro-misso societário, Oliveira passou a palavra ao presiden-te eleito, Marcelo Queiroga Lopes, que se comprometeu a dar continuidade ao trabalho atual, sempre no intuito de ampliar as perspectivas da especialidade na região, em parceria com a SBHCI.

internas notícias da sbhci

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Além das expectativas PEC–GO

Participação ativa da plateia foi essencial para o sucesso do Programa de Educação Continuada da SBHCI em Goiânia

No dia 21 de agosto, foi realizada a edição do Programa de Educação Continuada (PEC) du-rante o XVII Congresso Goiano de Cardiolo-

gia, em Goiânia (GO). Como a edição de 2008 foi de grande sucesso, já era esperado um evento de conteú-do e público bastante qualificados. Porém, essa edição foi além das expectativas, em razão da grande contri-buição de aproximadamente 90 colegas do Estado de Goiás. Com elevado nível científico, os cardiologistas participaram dos debates de forma intensa, marca re-gistrada da Sociedade Goiana de Cardiologia.

Sob a coordenação do presidente eleito da SBHCI para o biênio 2010-2011, Maurício Barbosa (MG), foram apresentados dois casos clínicos. O primeiro, aborda-do por José Armando Mangione (SP), tratou da ques-tão controversa sobre a revascularização nos pacientes diabéticos multiarteriais. O assunto gerou movimenta-ção bastante intensa entre debatedores e plateia, que discutiu o tema com grande competência. Para conso-lidar o tema, a palestra “Avanço da Intervenção Coroná-ria Percutânea: da Farmacologia Adjunta ao Desafio da Reperfusão Ótima”, ministrada por Alexandre Schaan de Quadros (RS), trouxe notável contribuição às ques-tões levantadas durante o debate gerado pelo primeiro caso apresentado.

O segundo caso clínico, que tratou de revasculariza-ção após o infarto do miocárdio, foi apresentado por José Antonio Marin-Neto (SP). O assunto trouxe à tona

os mais importantes aspectos que envolvem esse tema sempre presente nos congressos da especialidade e no dia-a-dia da prática médico-cardiológica. O momento também contou com a participação efusiva dos deba-tedores convidados: Aguinaldo Figueiredo de Freitas Júnior (GO), Eduardo Formiga (GO), Ricardo S. Nacruth (GO) e Salvador Rassi (GO), além de outros médicos na plateia, como Anis Rassi Junior (GO).

Ao final do evento, os participantes acompanharam a palestra de Fernando Stucchi Devito (SP), com o tema “Revascularização Percutânea na Doença Coronária Múltipla e no Tronco da Coronária Esquerda São Limita-ções Já Superadas?”, sumarizando os conceitos mais recentes dessa temática com grande potencial de inter-ferência na rotina de revascularização de nossa era.

Fernando Stucchi Devito (SP), Maurício Barbosa (MG), JoséAntonio Marin-Neto (SP), José Armando Mangione (SP) eMaurício Lopes Prudente (GO).

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matéria de capa pec-sbhci na sbc

Projeto consolidadoPEC-SBHCI no 64o Congresso da Sociedade Brasileira de Cardiologia, realizado em Salvador (BA), renova o interesse dos cardiologistas clínicos[Luiz Alberto Mattos (SP), presidente]

O 64o Congresso da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) foi realizado entre os dias 12 e 16 de setembro, no Centro de

Convenções de Salvador, na capital baiana. Esse megaevento latino-americano de cardiologia reuniu mais de 6 mil médicos e um número expressivo de expositores. O evento foi superlativo ao dispor de 18 salas em atividades simultâneas, acionando todas as áreas de atuação e grupos de estudo da SBC em agenda científica com 12 horas de trabalho durante cada um dos cinco dias do programa. No entanto, a dispersão de público ainda é um desafio para que a agenda científica seja absorvida, uma vez que com-pete com o congraçamento social e empresarial que o evento proporciona aos médicos.

A SBHCI, mais uma vez, acreditou no potencial

desse evento e projetou nova edição do Programa de Educação Continuada (PEC), em sala exclusiva, efetivado no domingo, dia 13 de setembro. Para 2009, a administração da SBHCI investiu em uma sala com 500 assentos, o dobro de vagas em com-paração ao evento de Curitiba (PR) de 2008.

Renovando o interesse dos cardiologistas clíni-cos e intervencionistas, observou-se que a maioria dos assentos foi ocupada nas quase duas horas de evento dedicado. Congregamos 482 médicos em uma única sala. O evento foi considerado de suces-so superlativo, pois os médicos procuram eventos que respondam a suas dúvidas da prática clínica de modo isento, transparente e dotado da análise críti-ca necessária, valorizando o que, de fato, é efetivo, acautelando ações ainda controversas e projetando

O Programa de Educação Continuada da SBHCI durante o Congresso da SBC em Salvador, na Bahia, reuniu 482 cardiologistas.

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o futuro imediato da prática clínica intervencionista. O evento transcorreu de modo dinâmico, mas com serenidade absoluta, o que denota que um dos obje-tivos, a busca por consensos, está sendo atingido.

A programação foi gerenciada pelo cardiologista intervencionista José Carlos Raimundo Brito (BA), presidente do 64o Congresso da SBC e atual secre-tário da Saúde do Município de Salvador. Os deba-tedores principais, Gilson S. Feitosa (BA) e Denilson Albuquerque (RJ), discutiram os dois casos clínicos apresentados por Expedito E. Ribeiro (SP) e Marce-lo Queiroga Lopes (PB), abordando os desafios da revascularização percutâna na evidência da doen-ça coronária multiarterial. Houve ainda duas aulas complementares: a primeira abordou as perguntas e respostas para as dúvidas e desafios mais frequen-tes relacionados à farmacologia adjunta à prática da intervenção coronária percutânea; e a segunda dis-correu sobre fronteiras da prática intervencionista, estenoses no tronco da coronária esquerda e diabé-ticos. As aulas foram ministradas, respectivamente, por Luiz Alberto Mattos (SP), presidente da SBHCI, e Rogério Sarmento-Leite (RS), diretor de Comuni-cação da SBHCI.

Os PECs se consolidam como evento obrigatório, com a finalidade de integrar e intensificar a trans-missão do conhecimento médico, compartilhando-o entre cardiologistas e intervencionistas e acompa-nhando o calendário de eventos dedicados da SBC, em âmbito tanto nacional como regional. Em 2009 foram programadas cinco edições, das quais duas aconteceram em grandes eventos cardiológicos bra-sileiros – nos Congressos da Sociedade de Cardio-logia do Estado de São Paulo (SOCESP) e da SBC – e três, em eventos regionais de relevância – nos Estados do Rio Grande do Sul e Goiás, já efetivadas, e o último, no Pará.

Para 2010 a SBHCI pretende seguir com essa ativi-dade, certamente renovando temário e palestrantes para seguir captando o nicho de dúvida e interesse pelo debate entre os diversos aspectos relaciona-dos à prática da cardiologia e às melhores opções diagnósticas e terapêuticas voltadas para as doen-ças adquiridas cardiovasculares. A estratégia se-guirá o projeto iniciado em 2008 e consolidado em 2009, ou seja, aquisição de espaço próprio nos dois megaeventos nacionais de cardiologia (SOCESP e SBC) e por adesão, em eventos regionais. A essên-cia dos PECs é exercitar o mais precioso conheci-mento que acumulamos e renovamos diariamente, o da clínica cardiológica, pois muito antes de nos tornarmos intervencionistas somos todos cardiolo-gistas clínicos.

No alto, Expedito E. Ribeiro (SP). Na imagem central, Rogério Sarmento-Leite (RS). Acima, da esquerda para a direita, Rogério Sarmento-Leite (RS), Expedito E. Ribeiro (SP), Gilson Soares Feitosa (BA), Denilson Albuquerque (RJ), José Carlos Brito (BA), Marcelo Queiroga Lopes (PB) e Luiz Alberto Mattos (SP).

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qualidade profissional

N o dia 7 de agosto, a Câmara Técnica de Implantes da Associação Médica Brasileira (AMB) e do Conselho Federal de Medicina

(CFM) realizou a última reunião para definir a relação de próteses, órteses e materiais especiais utilizados em hemodinâmica e cardiologia intervencionista. Com o auxílio de Francisco Chamié (RJ), diretor de Inter-venções em Cardiopatias Congênitas da gestão 2010-2011, de Marcos Antonio Marino (MG), atual diretor de Intervenções Extracardíacas, e de Marco Vugman Wainstein (RS), diretor de Intervenções Extracardía-cas da gestão 2010-2011, Luiz Antonio Gubolino (SP), atual diretor de Qualidade Profissional da SBHCI, par-ticipou, ao longo da gestão 2006-2009, de todos os encontros realizados para esse propósito.

A Câmara Técnica de Implantes foi criada pela AMB em janeiro de 2005 com a missão de uniformi-zar nomenclaturas da Agência Nacional de Saúde Su-plementar e do Sistema Único de Saúde em relação

a órteses e próteses. Ao longo de cinco anos, foram promovidos cerca de 20 encontros para discutir a clas-sificação existente e elaborar uma lista que fosse atu-alizada com todos os materiais e novas tecnologias disponíveis. “Foi trabalhoso”, afirma Gubolino. “Mas é compensador saber que o resultado desse trabalho será de grande valia e muito útil para gestores da saú-de pública e privada, auditores dos planos de saúde suplementar e, o mais importante, no atendimento a pacientes em todo o Brasil.”

De acordo com a AMB, após a divulgação da lista, a Câmara Técnica de Implantes terá como missão ava-liar novos procedimentos e auxiliar a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a rastrear implantes uti-lizados e a criar o sistema de notificação de materiais defeituosos. O resultado final vai além da divulgação das listas. O propósito maior é evitar prejuízos aos pa-cientes, como a criação de eventuais precedentes para a recusa de cobertura por alguns planos de saúde.

Lista fechada

A última reunião da Câmara Técnica da AMB/CFM teve a participação de Luiz Antonio Gubolino (SP), na plateia, representando a SBHCI e a SBC.

A relação de próteses, órteses e materiais especiais utilizados em hemodinâmica e cardiologia intervencionista e prescritos no tratamento percutâneo das doenças adquiridas e congênitas do coração está finalizada

CâMARA TéCNICA

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Fonte: http://www.amb.org.br/teste/inst_ct_implantes.html

Esta é a lista oficial para hemodinâmica e cardiologia

intervencionista publicada e divulgada após a con-

clusão dos trabalhos da Câmara Técnica de Implan-

tes da Associação Médica Brasileira.

Próteses InternasDispositivo permanente ou transitório, que substitui

total ou parcialmente um membro, órgão ou tecido.

Implantada Total ou Parcialmente por Ato Percutâneo

1. Próteses cardíacas1.1. Prótese valvar aórtica autoexpansível

1.2. Prótese valvar aórtica expandida por balão

1.3. Prótese valvar pulmonar autoexpansível

1.4. Prótese valvar pulmonar expandida por balão

Órteses InternasDispositivo permanente ou transitório, utilizado para

auxiliar as funções de um membro, órgão ou tecido,

evitando deformidades ou sua progressão e/ou com-

pensando insuficiências funcionais

1. Stents coronários1.1. Metálicos convencionais

1.2. Farmacológicos (eluídos de fármacos)

1.3. Revestidos para correção de perfurações

e aneurismas

2. Stents não–coronários2.1. Carótidas

2.1.1. Autoexpansíveis

2.1.2. Expandidos por balão

2.1.3. Revestidos para correção de perfurações

e aneurismas

2.2. Vertebral

2.2.1. Autoexpansíveis

2.2.2. Expandidos por balão

2.2.3. Revestidos para correção de perfurações

e aneurismas

2.3. Troncos supra-aórticos

2.3.1. Autoexpansíveis

2.3.2. Expandidos por balão

2.3.3. Revestidos para correção de perfurações

e aneurismas

2.4. Aorta

2.4.1. Autoexpansíveis

2.4.2. Expandidos por balão

2.4.3. Revestidos para correção de perfurações

e aneurismas (próteses bifurcadas ou não)

2.5. Artéria pulmonar

2.5.1. Metálicos (autoexpansíveis ou por balão)

2.5.2. Revestidos para correção de perfurações

e aneurismas

2.6. Artéria renal

2.6.1. Expandidos por balão

2.6.2. Autoexpansíveis

2.6.3. Revestidos para correção de perfurações

e aneurismas

2.7. Artérias ilíacas

2.7.1. Autoexpansíveis

2.7.2. Expandidos por balão

2.7.3. Revestidos para correção de perfurações

e aneurismas

2.8. Artérias femorais

2.8.1. Autoexpansíveis

2.8.2. Expandidos por balão

2.8.3. Revestidos para correção de perfurações

ou aneurismas

3. Dispositivos para correção de defeitos congênitos ou adquiridos3.1. Dispositivos implantáveis para correção de

defeitos do septo interatrial (CIA/FOP)

3.2. Dispositivos implantáveis para correção de

defeito do septo interventricular

3.3. Dispositivos implantáveis para correção de

canal arterial persistente

Trabalho concluído

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qualidade profissional

A Diretoria de Qualidade Profissional da SBHCI, por intermédio de Luiz Antonio Gubolino, en-trevista Nelson Antonio de Moura Araújo, sócio

titular da SBHCI (PE) e membro da Comissão Perma-nente de Certificação, atual coordenador de cardiologia intervencionista da Cooperativa de Trabalho dos Médi-cos Cardiologistas de Pernambuco, a CoopeCárdio.

Quais os objetivos da Cooperativa de Trabalho dos médicos Cardiologistas de Pernambuco,

a CoopeCárdio?Congregar médicos cardiologistas do Estado de Pernam-buco para prestar serviços médicos de forma terceirizada; possibilitar aos cooperados a priorização da atenção ao pa-ciente e às atividades inerentes ao bom desempenho profis-sional, liberando-os dos afazeres burocráticos; e representar seus cooperados na negociação de contratos com entida-des públicas e privadas para a concessão de assistência cardiológica de alto nível. A prioridade é atuar na defesa dos interesses socioeconômicos de seus associados.

Quando a CoopeCárdio foi criada e quantos cooperados congrega?

Em 1995 e congrega mais de 300 associados.

Quando se iniciou o movimento de agregação dos profissionais e dos procedimentos relacionados à cardiologia intervencionista?

Em agosto de 2008.

Quais foram as motivações principais?A falta de transparência no pagamento dos honorários médicos e a falta de autonomia do intervencionista para realizar procedimentos afins nos vários serviços de hemodinâmica da cidade do Recife e do Estado de Pernambuco. Também teve peso a percepção da crescente desvalorização dos serviços prestados por todos os intervencionistas ao longo dos anos – quer seja valor de honorários ou valor de procedimentos complexos aplicados ao paciente, além da grande dependência do intervencionista da relação hospital/convênio médico, sem possibilidade de participação na negociação de pacotes que incluíam seus próprios honorários à revelia dele.

Qual a adesão inicial dos intervencionistas pernambucanos?

Cem por cento dos intervencionistas.

Existe algum critério mínimo para inclusão de um novo cooperado?

Ser cardiologista intervencionista aspirante da SBHCI indi-cado por outro cooperado.

É necessário pagar para ser um cooperado? Qual o valor?

Sim. O valor é de R$ 1.200,00 como capital social. Aquela é sua cota-parte, que integra o capital social. Na Unimed Recife, por exemplo, o valor da cota-parte,

Valorizando os honorários médicos[Luiz Antonio Gubolino (SP), diretor de Qualidade Profissional]

Ponte Princesa Isabel e Rua Aurora, no Recife (PE), cidade que abriga a CoopeCárdio.

Foto

: Div

ulga

ção

COOPECáRDIO

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hoje, é de R$ 41.000,00; quando entrei, foram apenas dez salários mínimos. A cooperativa tem um capital social e o cooperado estará integrando esse capital. O mesmo ocorre quando você entra em uma sociedade que já existe e compra uma parte dessa sociedade. Na CoopeCárdio, a cota-capital estabelecida é dividida em 12 parcelas de R$ 100,00, e esse valor pode inclusive ser reduzido ou majorado pela assembleia. Ao sair, o cooperado em dia com a cooperativa recebe sua parte correspondente de volta.

Quais as vantagens já observadas relacionadas à cobrança dos honorários?

O poder de negociação dos valores de honorários por procedimento com convênios e seguradoras, o que majorou 100% dos valores pagos anteriormen-te; a cobrança de honorários independentemente da conta hospitalar; e a cobrança de honorários independentemente do local de realização do exa-me. Cito ainda outros pontos, como a cobrança de honorários por procedimento individualizado, o co-nhecimento do real valor dos honorários cobrados por procedimento, a previsão da data de pagamento dos honorários (em geral em período inferior a dois meses), a agilidade e a maior representatividade para contestar glosas, e a defensoria jurídica para cobrança de honorários não pagos.

Quantos convênios e seguradoras acataram a ação conjunta dos cooperados e qual a tabela aplicada segundo a Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos médicos (CBHPm)?

Há vários convênios já celebrados anteriormente à adesão dos intervencionistas e cerca de uma dezena buscou cre-denciamento desde o início do movimento. A motivação maior do convênio para se credenciar com a CoopeCárdio é o paciente que reivindica o valor do reembolso dos hono-rários, que, antes, eram cobrados geralmente com a conta hospitalar. A edição da CBHPM é negociada distintamente com cada convênio ou seguradora. Existem credenciamen-tos utilizando a CBHPM 5a edição banda média com órgão público, a CBHPM 4a edição com redutor com operadora privada, assim como planos de saúde contratados para a parte clínica que não são para a hemodinâmica e vice-versa. Por outro lado, daqueles pacientes com convênios sem credenciamento com a CoopeCárdio são cobrados reembolsos, tanto no consultório como na hemodinâmica. O movimento trouxe maior representatividade à CoopeCár-dio, e assim novos convênios e operadoras têm procura-do a cooperativa para negociação e credenciamento. Um exemplo é o Bradesco Saúde, cujo número de segurados tem aumentado muito na região, graças ao boom industrial de Suape. Atualmente estamos na fase final de negociação

para a hemodinâmica com essa seguradora, que, historica-mente, não tinha qualquer pretensão de se credenciar co-nosco. Não havia também credenciamento da cooperativa com a CAMED Saúde. A CoopeCárdio, então, se aproxi-mou dessa seguradora para negociações, graças à hemo-dinâmica. A CAMED propôs envolver a parte clínica desde que adotássemos a CBHPM com redutor, o que não ocor-reria em um eventual contrato apenas com o Departamento de Hemodinâmica. Hoje, firmamos (toda a CoopeCárdio) contrato com essa seguradora com acréscimo substancial de vidas à cooperativa, graças a uma decisão do departa-mento em aceitar a proposta em prol de todos.

as seguradoras de saúde de grande relevância nacional, Bradesco Saúde e Sulamérica, não têm acatado as cooperativas. Como proceder?

Bradesco Saúde está em negociação para credenciamen-to em breve, e SulAmérica não tem interesse. Os segura-dos dessas empresas em geral não têm tido dificuldades para apresentar reembolso, uma vez que recebem os va-lores de honorários cobrados antes de 30 dias.

Os segurados dessas operadoras são obrigados a pagar com seus próprios recursos e providenciar, por conta própria, o respectivo reembolso. Esse é um procedimento correto e ético? Em caso de recusa, como proceder?

O paciente sempre é comunicado sobre a existência de honorários, caso seu convênio ou seguradora não sejam credenciados à CoopeCárdio, e há um período de 30 dias para o pagamento desses honorários. Em caso de recusa do paciente, o procedimento eletivo não é realizado até que o paciente perceba que todos os intervencionistas têm a mesma posição. Em caso de urgência, o familiar do pa-ciente é informado sobre os honorários e avisado de que o procedimento em apreço será realizado com todo o rigor técnico, independentemente do pagamento. Nesse caso, o procedimento nunca é suspenso por recusa de pagamen-to dos honorários. Há assessoramento jurídico permanente aos cooperados. O paciente está sempre em primeiro lugar.

Como a CoopeCárdio se transpõe para a posição do paciente? Como agir em caso de carência de recursos por parte do segurado?

Nos procedimentos eletivos em pacientes portadores de convênios médicos são cobrados os honorários de acor-do com a CBHPM 4a edição banda média. Caso o pacien-te não possa pagar, ele deve recorrer ao convênio para garantir o pagamento. Nas urgências, o procedimento é realizado sempre que indicado pelo assistente.

Os intervencionistas são, na origem, cardiologistas e vários também atuam na clínica cardiológica.

Foto

: Div

ulga

ção

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O Conselho Regional de Medicina do Estado de São

Paulo (CREMESP) defende o cooperativismo médico

e é contra as cooperativas criadas única e exclusiva-

mente para fazer a terceirização da mão-de-obra, pois

estas suprimem os direitos trabalhistas e fragilizam o

vínculo de trabalho. Segundo Sílvia Helena Mateus

(SP), conselheira e segunda-secretária do CREMESP,

uma vez que a cooperativa realiza um trabalho de for-

ma ética, não há como intervir negativamente no exer-

cício da medicina. “O maior exemplo é a cooperativa

do Sistema Unimed, em que o médico está dentro de

seu próprio consultório, exercendo a medicina, sem a

interferência de ninguém em sua autonomia e condu-

ta”, afirma a conselheira. “É diferente de uma coope-

rativa que gera a terceirização da mão-de-obra, pois

esta é criada para fazer o contrato entre pessoas jurí-

dicas, tentando excluir os direitos trabalhistas e a pre-

carização do vínculo de emprego.” A posição do CRE-

MESP é que um dos objetivos das cooperativas seja

a captação da clientela no mercado para os médicos

cooperados. Para tanto, de acordo com o Conselho,

não há sentido em criar uma cooperativa que ofereça

apenas uma especialidade médica, pois isso caracte-

rizaria a intermediação da mão-de-obra e implicaria a

falta de transparência das atividades reais dessa coo-

perativa. Para a conselheira do CREMESP, isso ainda

pode dificultar a vida dos profissionais da medicina.

“Se o médico não se filiar a uma cooperativa, ele não

consegue trabalhar em determinado local, o que não

é regular nem é legal”, afirma. “Ele tem de se afiliar por

livre e espontânea vontade.” Para combater as coo-

perativas médicas que não atuam de forma ética, o

CREMESP criou a Câmara de Cooperativismo, onde

as principais associações médicas discutem o assun-

to, inclusive com o Ministério Público do Trabalho, no

intuito de tentar acabar com as falsas cooperativas.

O que diz o CREMESP

Como diferenciar essas situações em que o colega é credenciado para atendimento clínico para manter essa prerrogativa?

O Departamento de Hemodinâmica foi criado na coopera-tiva por meio da mudança do estatuto. Antes de se tornar um intervencionista, o cooperado necessita comprovar capacitação em cardiologia clínica. Para prestar atendi-mento intervencionista, o cooperado precisa comprovar capacitação técnica. A CoopeCárdio reconhece ambas as situações.

Como os intervencionistas cooperados recebem seus honorários e com qual retardo?

Recebem por depósito bancário em conta corrente em três datas durante o mês: dias 10, 20 e 30. Há retardo de aproximadamente 40 a 50 dias para o recebimento dos honorários.

Os valores são recebidos de modo integral ou a cooperativa aplica alguma taxa administrativa para repasse dos valores ao médico? O recebimento é como pessoa física ou jurídica?

O recebimento é como pessoa física. O valor integral dos honorários sofre redução de impostos e mais um valor máximo por cooperado por mês para manter as ativida-des administrativas básicas da cooperativa. Existe um es-calonamento, isto é, se você ganha mais, você paga mais até um teto mensal, que, hoje, é de R$ 550,00. Existe uma taxa de manutenção de R$ 50,00 para quem ganha menos de R$ 600,00. Há faixas de dedução para manutenção da CoopeCárdio, cujos porcentuais listo a seguir:

A fundação do Departamento de Hemodinâmica trouxe aumento expressivo do faturamento, volume de cobran-ças, glosas, e reformas estruturais, inclusive da sede: aumento de cinco para sete funcionários, equipamentos (novo servidor), computador e funcionários dedicados ao Departamento. A CoopeCárdio tem um número muito bai-xo de glosas mensais e um índice ótimo de pagamento dessas glosas. Vale salientar que o escalonamento desses valores é mutável de acordo com a deliberação da assem-bleia e está em vigor para a hemodinâmica desde outubro,

Faturamento mensal manutenção

Até R$ 600,00 R$ 50,00

R$ 601,00 a R$ 1.800,00 R$ 50,00 + 3% do faturamento

R$ 1.801,00 a R$ 3.000,00 R$ 50,00 + 4% do faturamento

> R$ 3.000,00 R$ 50,00 + 5% do faturamento atéR$ 550,00

Taxas administrativas da CoopeCárdio (PE)

qualidade profissional

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O Conselho Federal de Medicina (CFM) é a favor

das cooperativas médicas de especialidade, pois

acredita que elas reúnam médicos altamente ca-

pacitados e são importantes para que a popula-

ção tenha à disposição um serviço de qualidade.

De acordo com José Hiran Gallo (RO), tesoureiro

do CFM e coordenador da Comissão de Coope-

rativismo Médico, a cooperativa de especialidade

é mais organizada. “Existiam aquelas Unimeds

como cooperativas gerais, só que hoje elas se

descaracterizaram, transformando-se em opera-

doras de planos de saúde”, afirma. “As coope-

rativas médicas de especialidade reunidas têm

facilidade de negociação, dão melhores condi-

ções para o médico e, automaticamente, visam ao

melhor atendimento para a população.” Embora

o CFM seja enfático ao não discutir o conteúdo

dos estatutos, existe um trabalho de fiscalização

para que as cooperativas cumpram o código de

ética médica. Os organizadores de uma coopera-

tiva são obrigados a registrá-la no Conselho Fe-

deral e a ter um diretor técnico responsável. “Nós

verificamos se a cooperativa está dentro da lei e

se realmente preconiza o cooperativismo”, afirma

Gallo. “Outra preocupação é quando o médico

se envolve apenas no cooperativismo, pois aca-

ba não tendo uma estabilidade.” Por conta disso,

a Comissão de Cooperativismo Médico incentiva

as cooperativas a criarem um fundo para o pro-

fissional ter condições de sustento caso precise

se afastar por motivos de doença. Para Gallo, a

grande vantagem está no fato de que não exis-

te um intermediador que ganhará dinheiro com o

médico. “O tratamento é igualitário, a remunera-

ção é igual para todos e, sendo assim, o atendi-

mento também é melhor.”

O que diz o CfM

quando do início das cobranças. Estamos em período de transição e, na medida em que consolidarmos o fluxo de caixa, os porcentuais e os valores de manutenção podem mudar. Segundo o Financeiro da CoopeCárdio, o fatu-ramento tem coberto as despesas com poucas sobras, lembrando que a cooperativa não tem fins lucrativos. Auditorias para análise do faturamento confrontado com os gastos são continuamente realizadas e o movimento financeiro está à disposição dos interessados.

Existe a possibilidade de a CoopeCárdio se transformar em um modelo de gestão padrão Unimed, ou seja, a empresa modifica pouco a pouco o foco de sua gestão e passa a privilegiar mais a ação empresarial que a do cooperado?

No momento, nossa grande motivação é receber honorá-rios justos e ter representatividade e autonomia para tra-balhar onde houver pacientes com indicação de procedi-mento intervencionista em nossa cidade e Estado.

Os médicos integrantes devem cumprir algum contrato? Como procedem com eventuais não-aderências às normativas decisórias?

Um termo de compromisso-pacto, assinado pelos in-tervencionistas e registrado em cartório, foi enviado ao Sindicato, ao Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (CREMEPE) e à Associação Médica Bra-sileira (AMB). Concordamos em disciplinar, por meio de processo ético no CREMEPE, caso feríssemos o movimento. Além do mais, a própria cooperativa tem um estatuto que defende os interesses de todos os en-volvidos. Assim, o bem comum está preservado acima do interesse individual.

Quais as expectativas futuras e os planos imediatos? O modelo poderia ser transportado para outros Estados?

O objetivo atual é consolidar a unidade dos intervencio-nistas em prol da solução de problemas comuns, como melhoria dos valores dos honorários médicos por proce-dimento, manutenção da autonomia do intervencionista para executar o ato médico onde for preciso, e ampliar ao máximo o pool de entidades credenciadas. Há um forte desejo de que todos os procedimentos intervencio-nistas realizados em âmbito público ou privado possam ser feitos por meio da cooperativa, ampliando assim sua atuação para todos os níveis de assistência ao paciente. O Brasil tem dimensão continental e realidades regionais muito distintas. O Departamento de Hemodinâmica da CoopeCárdio não planeja ser modelo, mas acredita no cooperativismo como promotor de valores éticos de ho-nestidade, transparência, responsabilidade social e com-promisso entre os associados.

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A cardiologia intervencionista do Espírito Santo segue em crescimento e renovação constantes

giro pelo brasil sbhci no espírito santo

Do improviso ao reconhecimento nacional

O ano era 1967. O local, uma sala de radiografia e radioscopia improvisada do Sanatório Getúlio Vargas, em Vitória, no Espírito Santo. Nesse cená-

rio, um grupo de médicos realizava procedimentos de cate-terismo cardíaco direito e angiografias das veias cavas. Era o início da cardiologia intervencionista no Estado capixaba.

Esses primeiros passos foram dados por Luis Gonzáles Alvarado, que tinha como seguidores Antonio Louro Cos-ta e Terezinha Camanho Camargo, além dos estudantes Pedro Abílio Reseck, Luis Alberto Tavares e Luis Mauro Ferreira do Nascimento. Hoje, o Sanatório Getúlio Vargas é chamado de Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes e a sala improvisada foi substituída por centros ci-rúrgicos aptos a prestar serviços de cardiologia intervencio-nista em 12 hospitais em sete cidades do Estado e capazes de receber a demanda de pacientes de outras regiões do País. “Hoje, não há necessidade de o capixaba ir para outro Estado para resolver qualquer problema em cardiologia”, afirma Bruno Moulin Machado, responsável pelo Serviço de Hemodinâmica do Hospital Meridional. “Inclusive, assis-timos doentes do sul da Bahia, do leste de Minas Gerais e de algumas cidades do norte do Rio de Janeiro.” Mas para alcançar esse status foram necessárias quatro décadas de esforços pessoais e profissionais e muitos investimentos no desenvolvimento da atividade no Espírito Santo.

Em 1967, Pedro Abílio Reseck era estudante do grupo que atuava naquela sala improvisada. Hoje, sendo o res-ponsável pela hemodinâmica do Instituto de Cardiologia do Espírito Santo e do Hospital Santa Rita de Cássia, am-bos em Vitória, ele pondera e reconhece que os serviços estão bem estruturados. O Estado está respaldado com

equipamentos modernos para realizar desde exames diagnósticos até as mais complexas intervenções per-cutâneas e cirúrgicas, como transplante cardíaco, tendo atendimento descentralizado também no interior.

Bruno Moulin afirma que, ao longo destes 42 anos de história, os hemodinamicistas do Estado capixaba têm colaborado fortemente com o desenvolvimento da espe-cialidade, até mesmo em outros Estados. Antes de ir para Natal (RN), Itamar Ribeiro de Oliveira e Ludmilla Almeida da Rocha trabalharam no Espírito Santo. Gilvan Dourado, pioneiro em Alagoas, e Marcos Marino, atuando em Minas Gerais, encorpam a lista de profissionais capixabas em outros Estados.

Em 1988, o Espírito Santo foi escolhido como sede do X Congresso da SBHCI (então Departamento de Hemo-dinâmica e Angiocardiografia da Sociedade Brasileira de Cardiologia – DHA-SBC) e são raras as gestões que não contam com a colaboração de ao menos um capixaba. O Conselho Deliberativo da Sociedade teve como represen-tante Pedro Abílio Reseck, nos períodos de 1992 a 1994 e de 2000 a 2002, e Alaor de Queiroz, de 2004 a 2006, presidente do X Congresso da SBHCI. Atualmente, Bruno Moulin está em seu segundo mandato no Conselho Deli-berativo, apoiando a Diretoria comandada pelo presidente Luiz Alberto Mattos. No Conselho Fiscal, Antenório Aiolfi esteve presente por dois mandatos consecutivos, de 2002 a 2006, enquanto Bruno Moulin foi diretor de Defesa Pro-fissional de 2003 a 2006, na gestão presidida por Ronal-do Bueno. Airton Arruda foi editor do Portal da SBHCI, de 2004 a 2006, e foi o editor do portal da SOLACI, na gestão de Alexandre Abizaid.

Na imagem à esquerda, Paulo Loureiro, Vitor Loureiro e Antenório Aiolfi, do Hospital de Vila Velha. Na imagem ao centro, Denis Moulin Bayerl, Renato Giestas Serpa, Vinícius Fraga Mauro, Walkimar U. Veloso, Pedro Abílio Ribeiro Reseck, Felipe Bortot César e Roberto de Almeida Cesar formam a equipe do Instituto de Cardiologia do Espírito Santo, em Vila Velha. Na imagem à direita, sala de hemodinâmica do São Bernardo Apart Hospital, em Colatina.

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Crescendo e desenvolvendo

Ahistória da hemodinâmica e da cardiologia inter-

vencionista do Espírito Santo está arraigada ao

crescimento e desenvolvimento da estrutura hos-

pitalar e da especialidade. Atualmente, 12 hospitais em

sete cidades possuem a estrutura adequada para aten-

dimentos da especialidade. Confira a história de cada um

desses locais e a trajetória de seus precursores.

Vitória, a capital capixaba Centro Integrado de atenção à Saúde – Cias (Unimed vitória) Responsável: Alaor de QueirozSite: www.unimedvitoria.com.brTelefone: (27) 3335-5050 Hospital Universitário Cassiano antonio de moraes – HucamResponsável: Alaor de QueirozSite: portal.ufes.br/node/49Telefone: (27) 4009-1001

Instituto de Cardiologia do Espírito Santo – ICES e Hospital Santa Rita de CássiaResponsável: Pedro Abílio Ribeiro ReseckSite: www.instituto-es.org.br e www.santarita.org.brTelefone: (27) 3325-5352

A Grande Vitória Bioimagem Cardiovascular do Hospital Santa mônicaResponsável: Paulo LoureiroSite: www.hospitalsantamonica.orgTelefone: (27) 3320-3500Cidade: Vila Velha

Hospital Evangélico de vila velhaResponsável: Roberto de Almeida CésarSite: www.hevv.com.brTelefone: (27) 2121-3777 Cidade: Vila Velha

Hospital meridional – Intercath meridionalResponsável: Bruno Moulin MachadoSite: www.hospitalmeridional.com.brTelefone: (27) 3346-2000 Cidade: Cariacica

Hospital metropolitano Responsável: Antenório AiolfiSite: www.metropolitano.org.brTelefone: (27) 2104-7000Cidade: Serra

vitória apart HospitalResponsável: Walkimar U. VelosoSite: www.vitoriaaparthospital.com.brTelefone: (27) 3201-5555Cidade: Serra vila velha HospitalResponsável: Vitor Gomes BarretoSite: www.vilavelhahospital.com.brTelefone: (27) 2127-8772 Cidade: Vila Velha

Pelo interior do Espírito Santo

Hospital Unimed noroesteResponsável: João Eduardo Tinoco de PaulaSite: www.unimednoc.com.brTelefone: (27) 2102-3000Cidade: Colatina

Instituto do Coração Dr. Elias antônio – InCor CachoeiroResponsável: Paulo José Ferreira SoaresSite: www.incorci.comTelefone: (27) 3521-8025Cidade: Cachoeiro de Itapemirim São Bernardo apart HospitalResponsável: João Eduardo Tinoco de PaulaSite: www.saobernardoaparthospital.com.brTelefone: (27) 3723-2000Cidade: Colatina

Unicor Espírito SantoResponsável: João Eduardo Tinoco de PaulaSite: www.portalunicor.com.brTelefone: (27) 3264-7700Cidade: Linhares

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ex-presidente heitor ghissoni carvalho

Em primeira pessoa

Heitor Ghissoni Carvalho (BA) colaborou para implantar e expandir a hemodinâmica na Bahia.

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N asci em 1944, em uma pequena cidade chamada Santo Amaro da Purificação (BA). Meus pais eram descendentes de italianos,

pessoas com poucos recursos financeiros. Minha mãe se dedicava a cuidar dos filhos e aos afazeres domésticos. Meu pai sempre trabalhou em usinas de açúcar, todas localizadas no Recôncavo Baiano, onde vivi até a adolescência.

Minha vida de garoto era típica de quem morava no interior da Bahia. Estudava, jogava futebol em cam-pos de pelada, caçava passarinhos, tinha um cavalo utilizado em longas e frequentes cavalgadas. Em Ter-ra Nova, havia um hospital, considerado modelo para a época, inteiramente mantido pelos proprietários da usina de açúcar. Um dos médicos, meu padrinho de crisma, morava em nossa casa. Por essa razão, mui-tas vezes me levava ao hospital. Talvez aí tenha nas-cido o desejo de ser médico.

Após o término do ginásio e curso científico no Colégio Central da Bahia, já morando em Salvador, estava realmente decidido a ser médico. Em 1964, ingressei na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Salvador, a mais antiga das faculdades de medicina do Brasil

Havia na faculdade um professor de propedêutica clínica, Augusto Mascarenhas, cardiologista e muito amigo de Cantídio Moura Campos Filho, coordenador de Residência Médica do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em São Paulo. Por recomendação de Augusto Mascarenhas, cheguei ao Instituto para ser residente em 1970. Após concluir a residência em cardiologia clínica por dois anos, fiz resi-dência de hemodinâmica, permanecendo na instituição por mais dois anos e sete meses. Por ser residente de hemodinâmi-ca, a convivência com J. Eduardo Sousa e Valmir Fontes ficou ainda mais próxima e tenho hoje a felicidade de tê-los como amigos, o que é uma grande satisfação.

Tenho ainda outra grande satisfação. Foi chegar em Salvador em setembro de 1974, desenvolver a hemodinâmica, até então incipiente, e ensinar o que aprendi a José Carlos Brito. A partir daí, juntos, passamos a formar outros colegas, que

hoje integram nosso grupo e são destaques na espe-cialidade, e construímos a história da hemodinâmica na Bahia.

Tive uma longa passagem e grande participação em sociedades médicas de especialidades em cardiolo-gia. Por personalidade e sem presunção, considero ter a qualidade de agregar. Tenho ainda a clara noção de que as instituições estão acima do interesse pes-soal e devem estar imunes a qualquer tipo de pressão para beneficiar sem mérito quem quer que seja. Foi com esse conceito que ingressei na Sociedade Brasi-leira de Cardiologia – Seção Bahia (SBC-BA), fazendo parte de um grupo de cardiologistas jovens e idealis-tas que decidiu dar novos rumos à entidade, até por respeito aos notáveis cardiologistas que a fundaram.

Minha passagem como presidente da SBHCI foi um período de fraterna convivência e tudo o que con-seguimos deve ser creditado, em igual parcela, ao trio Ghissoni, Gilberto Nunes (secretário) e Francisco Estella (diretor financeiro). Entre as conquistas mais importantes estão a transferência da Central Nacio-nal de Intervenções Cardiovasculares (CENIC) para a sede da SBHCI, a criação do portal eletrônico, a aproximação da Sociedade com o Ministério da Saú-de, e a realização de dois congressos nacionais.

Apesar de todos esses fatos, considero que minhas maiores conquistas profissionais são o respeito e a ami-zade de meus colegas, e o esforço no sentido de me manter atualizado e de ter a oportunidade de oferecer a meus pacientes sempre o que julgo ser o melhor.

Heitor Ghissoni Carvalho, presidente da SBHCI na gestão 1996-1998, deixa a tradicional entrevista de lado e nos conta um pouco de sua história de vida e trajetória profissional

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A o aceitar o convite de Antonio Carlos Palandri Chagas, atual presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), para ocupar o cargo de co-

ordenador de Normatizações e Diretrizes, o soteropolitano Jadelson Andrade assumiu o desafio de levar o conheci-mento produzido pela entidade por meio das Diretrizes a todos os cardiologistas do País. Em entrevista concedida à equipe do Jornal da SBHCI, ele afirma que a missão ainda está em andamento, mas o sucesso já é evidente. As Diretrizes da SBC vêm sendo referidas nacionalmente em congressos e debates e, em breve, serão discutidas em âmbito internacional.

Como e quando se iniciou seu trabalho de divulgação das Diretrizes da SBC?

O projeto surgiu quando fui convidado pelo atual presi-dente da SBC, Antonio Carlos Palandri Chagas, a assumir a Coordenação de Normatizações e Diretrizes da SBC. Na oportunidade, avaliamos o perfil das Diretrizes e obser-vamos que já havia uma consistência muito significativa no trabalho realizado pelas Diretorias e pelos coordena-dores anteriores no que concerne à qualidade científica dos documentos produzidos. Dentro dessa análise, pude-mos observar um problema. Apesar de ter consistência e respeitabilidade científica, as Diretrizes não chegavam

Renovação do Projeto Diretrizes SBC

Jadelson Andrade (BA), coordenador de Normatizações e Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia na gestão 2008-2011.

O Projeto Diretrizes SBC segue sendo ampliado e atualizado de modo cons-tante, assimilando as novas evidências dos ensaios clínicos mais recentes e transmitindo-as como recomendações para a prática clínica brasileira

sbc diretrizes

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ao cardiologista na forma como deveriam. Considerando que as Diretrizes têm como propósito maior aproximar da prática clínica as informações expressas nas evidências científicas e recomendações na forma como os pacientes devem ser avaliados e tratados, entendemos ser inapro-priado que esse instrumento tão valioso de divulgação do conteúdo científico da cardiologia brasileira não fosse utilizado pela maioria dos cardiologistas do Brasil. Nem mesmo os formadores de opinião, ao fazerem suas apre-sentações em congressos, citavam as Diretrizes brasilei-ras, optando invariavelmente por citar as Diretrizes inter-nacionais. Levada essa questão à Diretoria, foi proposto o desafio de divulgar as Diretrizes e torná-las parte do dia-a-dia de todo cardiologista brasileiro. A partir desse desafio, criamos o Projeto de Divulgação de Diretrizes. A primeira ação foi voltar a publicar as Diretrizes sob a forma impres-sa em papel. Após essa etapa, passamos a desenvolver o projeto propriamente dito.O Projeto de Divulgação de Diretrizes teve três vertentes implementadas. A primeira, a Sala de Diretrizes, é uma ati-vidade que ocorre no Congresso Brasileiro de Cardiologia, na qual, durante os três dias do Congresso, seis diferen-tes Diretrizes são debatidas. A sessão, que tem duração de uma hora para cada Diretriz, prevê a participação de 40 cardiologistas que assistem à apresentação feita por um dos editores de uma das Diretrizes. O editor debate o tema de forma interativa e, quando termina, o cardiologis-ta é conduzido a uma sala contígua, onde pode acessar e imprimir a Diretriz. O participante poderá ainda respon-der a um questionário eletrônico e se acertar 70% das perguntas sobre a Diretriz que acabou de debater recebe uma premiação científica. A Sala de Diretrizes aconteceu pela primeira vez no Congresso Brasileiro de Cardiologia, realizado em Curitiba (PR), em 2008, e teve grande acei-tação, com formação de filas na entrada das salas. A Sala de Diretrizes tem por objetivo divulgar a Diretriz ao colega que vai ao Congresso, mas tínhamos que atingir também o cardiologista que não pode participar do evento. Criamos, então, o segundo braço do projeto, que foi a ela-boração do pocket book. Trata-se de um livro de bolso, que pode ser carregado no jaleco, onde o cardiologista encontra, de forma resumida, dez das principais Diretrizes publicadas pela SBC de 2004 a 2009, buscando atender a todas as possibilidades com que eles se defrontam no consultório. Cerca de 6 mil exemplares do pocket book foram distribuídos gratuitamente no Congresso e, poste-riormente, mais 5 mil foram enviados aos cardiologistas que não estiveram em Curitiba. Atualmente, estamos ela-borando a edição 2009 do pocket book, em que estarão inseridas as Diretrizes publicadas neste último ano. O terceiro braço do projeto foi uma sessão chamada Dire-trizes em Debate, inicialmente projetada para ocorrer nos congressos de Sociedades Regionais e Departamentos da

SBC, mas que pelo seu sucesso estará também incluída no próximo Congresso da SBC, em Salvador (BA). Nessa sessão são apresentadas dez questões sobre a Diretriz que estiver sendo debatida. Lança-se uma questão e o moderador solicita que o cardiologista responda, utilizando um aparelho interativo. O primeiro cardiologista da plateia que responder corretamente é identificado e solicitado a explicar o porquê de sua resposta. Com isso, provocamos a plateia a interagir. Depois da resposta, o moderador so-licita a um dos dois editores da Diretriz presentes à mesa que amplie o universo da resposta àquela questão, utili-zando no máximo três slides, e o cardiologista da plateia que acertou a questão recebe, então, um prêmio de cará-ter científico. Nesse terceiro braço nós fazemos com que a Diretriz chegue a outros Estados, por meio das Regionais e Departamentos da SBC. Então, o colega que não foi ao Congresso Brasileiro e que, por alguma razão, não teve acesso ao pocket book, pode participar do debate. O fato é que esse projeto tem atingido seu objetivo de co-locar as Diretrizes na ordem do dia e do pensamento dos 11 mil cardiologistas associados à SBC.

Quantas Diretrizes já foram editadas pela SBC até o momento?

Desde que assumimos, a SBC tem 28 diferentes Diretrizes editadas e muitas novas estão surgindo ou sendo atuali-zadas. Hoje estamos providenciando a atualização de dez Diretrizes e seis novas estão sendo construídas.

Qual delas apresenta o maior número de atualizações?

As Diretrizes que abordam temas em que novas evidên-cias estão sempre surgindo são as mais frequentemente atualizadas. Dentre elas, destacam-se: Insuficiência Car-díaca, Angina, Hipertensão Arterial e Dislipidemias.

as Diretrizes da SBC realmente têm sido incorporadas nas clínicas?

Esse projeto tem um ano e meio e pretendemos fazer uma avaliação nos próximos meses. Será uma avaliação obje-tiva. Mas temos observado que as Diretrizes estão sendo citadas em congressos de forma muito mais consistente.

além da divulgação, que outras ações foram e estão sendo feitas?

Estamos trabalhando em Diretrizes compartilhadas com outras especialidades e com sociedades internacionais. Alguns exemplos são a Diretriz de Cardiogeriatria, que está sendo feita conjuntamente com a Sociedade Ame-ricana de Cardiogeriatria, e a I Diretriz Latino-americana de Cardiopatia Chagásica. Estamos desenvolvendo um banco de dados com perguntas e respostas comenta-das sobre as Diretrizes, que deverá gerar um CD para

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ser distribuído a todos os cardiologistas, e que deverá ser incluído no Portal da SBC.

a associação médica Brasileira (amB) tem divulgado um grande projeto nacional de Diretrizes. a SBC, com sua expertise reconhecida no assunto, foi acionada. a SBC terá alguma participação nesse grande projeto de normatização dos diversos atos médicos nos âmbitos federativo e nacional? De que maneira?

Sim, mesmo porque a SBC tem uma posição bastante destacada em relação às outras sociedades de especia-lidades nesse aspecto. Esse projeto da AMB, que vem sendo conduzido por Fabio Jatene, é extraordinariamente positivo. Já recebemos da AMB solicitações em relação a algumas Diretrizes de interesse geral, como Insuficiência Cardíaca e Hipertensão, e estaremos interagindo de forma a que a AMB tenha acesso às normatizações da SBC.

Quais são as recomendações para a atualização de uma Diretriz? Existe uma periodicidade? Quais são os parâmetros?

Depende da área de atuação da Diretriz. A atualização é proporcional ao surgimento de novas evidências. As Dire-trizes podem ser atualizadas total ou parcialmente. O que norteia isso são as evidências científicas de novas condu-tas, tanto diagnósticas como terapêuticas, publicadas na literatura médica, respaldada por trabalhos clínicos, estu-dos e registros que demonstrem que a conduta médica deva ser modificada.

a SBHCI lançou recentemente a segunda edição de suas Diretrizes Clínicas e de Qualidade Profissional. Qual a análise crítica de ambos os documentos?

São documentos de extrema relevância e trouxeram informações bastante expressivas, tanto do ponto de vista de conduta diagnóstica como de intervenção te-rapêutica percutânea. Eu considero um documento de grande valor científico não só para quem atua na área, mas também para o cardiologista clínico, que precisa dessa informação para indicar o procedimento de in-tervenção percutânea e discutir a melhor conduta para obter os melhores resultados em relação àquilo que está sendo realizado com benefício final para o pa-ciente, e para o hemodinamicista, que tem na Diretriz um instrumento valioso de atualização de seu procedi-mento. É um documento de porte internacional. Acho importante recomendar aos cardiologistas clínicos que acessem esse documento, porque a decisão da intervenção percutânea no paciente deve ser produto da interação entre o clínico e o intervencionista, e os

dados expressos na Diretriz uniformizam o pensamen-to científico e, consequentemente, a conduta. Não há como contrapor evidências consubstanciadas que es-tão publicadas nesse documento.

Quais projetos e recomendações futuras, como coordenador de normatizações e Diretrizes da SBC, o senhor deixa?

O Projeto de Divulgação é fundamental que continue, que possa ser ampliado, e, ainda, que surjam outros braços do projeto. Já estamos elaborando algumas sugestões para as próximas gestões da SBC. Penso que a criação de um fundo financeiro de Diretrizes para suportar a atualização, a publicação e a divulgação é uma situação interessante, porque reduz o conflito de interesses da indústria. É neces-sário buscar outras fontes de recursos, como no Ministério da Saúde, em órgãos públicos e privados, e em fundações, para que a SBC possa, ao gerir esse fundo, dispor dos re-cursos necessários para a construção e a elaboração das Diretrizes. Essa é uma recomendação que eu faria.

O senhor é candidato à Presidência da SBC. Quais as evidências que considera relevantes para assumir a gerência máxima dos cardiologistas brasileiros?

Ocupei diversos cargos na Seção Bahia da SBC (SBC-BA), meu Estado, tendo contribuído para o crescimento de nossa Sociedade. Posteriormente, assumi a presidên-cia do Departamento de Ergometria (DERC), logo após ter sido presidente de sua Comissão Científica. No exercício desse cargo, tive a oportunidade de criar o Simpósio In-ternacional do Departamento de Ergometria no Congres-so Brasileiro de Cardiologia, que até hoje é um sucesso de participação. Essas ações no DERC certamente con-tribuíram para que Felipe Simão, em sua gestão como presidente da SBC, me convidasse para ser coordenador dos Departamentos da Sociedade. Desenvolvi um traba-lho aproximando os Departamentos da SBC. Ocupei um cargo na Comissão Científica do Congresso da SBC, na

sbc diretrizes

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condição de coordenador de Departamentos, e nessa época propus à Diretoria a criação do Pré-Congresso, ati-vidade que ocorre aos sábados no Congresso Brasileiro de Cardiologia e que se tornou extremamente importante para a SBC e para seu Congresso anual. Apoiamos, nessa época, a criação do Departamento de Imagem na SBC, atendendo ao desejo dos colegas que atuavam nas áreas de ressonância em cardiologia, tomografia computadori-zada em cardiologia, medicina nuclear e ecocardiografia. Esses profissionais estavam reunidos em grupos isolados e a ideia de agrupá-los em um grande Departamento me pareceu algo extremamente positivo, e isso hoje está se tornando realidade. Todas essas ações foram muito gra-tificantes, porque vêm sendo efetivadas na SBC. Depois, veio o convite para coordenar as Normatizações e Diretri-zes, na atual gestão. Essas experiências adquiridas na SBC, somadas ao fato de ter presidido a Associação Baiana de Medicina e de ter sido vice-presidente da AMB na gestão de Eleuses Paiva, con-feriram a maturidade necessária para que eu aceitasse o desafio de me candidatar à Presidência da SBC, contando com o apoio de meu Departamento e de grandes lideran-ças da cardiologia brasileira.

Como é seu projeto?É produto de observações feitas pelos diversos Estados de todo o País, ouvindo os cardiologistas quanto a suas necessidades e aspirações. Esse projeto está publicado no website www.estoucomjadelson.com.br e está aber-to a sugestões, para que possamos construir um projeto que reflita o pensamento de todos os cardiologista asso-ciados. O projeto já tem alguns pontos macro muito bem definidos. O que tem me deixado muito gratificado é que os colegas estão acessando, manifestando seu apoio e, o mais importante, fazendo sugestões que estão sendo apropriadas para serem incorporadas ao projeto definiti-vo. Um dos aspectos importantes é a formação do banco de dados epidemiológico. A intenção é propor a criação do Comitê de Epidemiologistas em Cardiologia na SBC, com a finalidade de criar o banco de dados das doenças cardiovasculares no Brasil.Outro aspecto refere-se à Diretoria de Pesqui-sa, que existe hoje mas que é nosso propósito dar uma abrangência maior ao criar suportes por meio de relacionamento mais amplo entre SBC e Ministério da Saúde, Conselho Nacio-nal de Desenvolvimento Científico e Tecnoló-gico (CNPq) e Coordenação de Aperfeiçoa-mento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), para oferecer interatividade e maior suporte às instituições que realizam pesquisas no Bra-sil e estimular a criação de novos centros de pesquisa em cardiologia. Entendo que, dessa

forma, a Diretoria de Pesquisa da SBC estará em condições de fomentar a realização de estudos multicêntricos nacio-nais (registros), criando maior identidade da pesquisa brasi-leira em cardiologia, que, embora já seja excelente, precisa ser ampliada.Um terceiro aspecto é o Programa de Educação Continu-ada. É preciso ampliar esse programa da SBC, levando os simpósios para o interior do Brasil, de forma que a in-formação chegue ao cardiologista que está no interior do País e que precisa mais frequentemente de maior contato com os formadores de opinião.A atenção ao jovem cardiologista é uma das ações que consideramos prioritárias. O que se observa é que o cardio-logista, ao se formar, durante a residência, se associa à SBC porque precisa fazer o concurso para o título de especialis-ta e depois desaparece. Compreendemos ser necessário criar um mecanismo de atração a esses jovens, oferecen-do bolsas da SBC aos que se destacarem cientificamente, criando mecanismos que facilitem seu relacionamento com instituições nacionais e internacionais e favorecendo a pós-graduação desse jovem cardiologista. Também é nossa intenção propor à SBC a criação de uma Diretoria de Ação Social. Levar o conhecimento à popula-ção por meio da elaboração de projetos de atenção social em cardiologia para serem executados pelos órgãos gover-namentais. Muitas vezes ouvi do Ministério da Saúde e das Secretarias de Saúde: “Temos recursos, temos interesse, mas não temos o projeto”. Quem tem que fazer o projeto é quem tem o conhecimento, e isso é de domínio da SBC. Por fim, será nosso propósito aproximar cada vez mais a SBC da AMB, desenvolvendo ações conjuntas que pos-sam trazer melhores condições de trabalho e de remune-ração para o cardiologista brasileiro. Pretendemos atiçar a AMB, que é quem deve executar essas ações, cobrar, estar junto e buscar com a AMB alternativas que possam favorecer esse lado de remuneração e de melhoria da qua-lidade assistencial do cardiologista brasileiro. Isso aprendi a fazer na Presidência da Associação Baiana de Medicina e na Vice-Presidência da AMB.

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D iretor associado da Divisão de Cardiologia no Washington Hospital Center, em Washington DC (Estados Unidos), e diretor das áreas de

angioplastia experimental e tecnologias emergentes do Cardiovascular Research Institute, na mesma cidade, Waksman é um dos mais importantes nomes da cardio-logia intervencionista mundial. Autor ou coautor de 310

publicações, 230 artigos e ao menos 20 capítulos de di-versos livros técnicos, é também editor ou coeditor de seis livros de cardiologia. Guilherme Ferragut Attizzani e Pedro Beraldo tiveram a rara oportunidade de entrevistar esse profissional simpático e atencioso, cujas pesquisas mais recentes incluem ultrassom intravascular, stens bio-absorvíveis e biodegradáveis, e terapias celulares.

Ron Waksman

O cardiologista intervencionista israelense, radicado nos Estados Unidos, Ron Waksman esteve no Brasil em junho para participar do Congresso SOLACI & SBHCI 2009, realizado no Rio de Janeiro (RJ), e concedeu entrevista exclusiva aos repórteres SBHCI

[Guilherme Ferragut Attizzani (SP) e Pedro Beraldo (sp), coeditores do Portal da SBHCI]

entrevista repórteres sbhci

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Qual a real utilidade do escore SYnTaX em nossa prática diária?

Temos que encarar o escore SyNTAX não como uma religião, mas como uma ferramenta para ajudar a dife-renciar quais pacientes se beneficiariam da angioplastia com stents farmacológicos ou da cirurgia de revascula-rização do miocárdio. Há outros fatores que devem ser levados em consideração, como a presença de diabetes ou a possibilidade de utilização de terapia antiplaquetá-ria dual. O escore SyNTAX é uma ferramenta que nos ajuda a mensurar o grau de complexidade da doença arterial coronária. Outro ponto interessante a respeito desse estudo é o fato de praticamente não ter havido critérios de exclusão. Assim, alguns pacientes recebe-ram 9, 10 ou até 15 stents farmacológicos no procedi-mento, o que não reflete nossa prática diária, já que, em geral, se tivéssemos um paciente que necessitasse do implante de 10 stents farmacológicos, provavelmen-te seria encaminhado de pronto para revascularização do miocárdio e não seria randomizado. Bom senso é sempre importante. Creio que pacientes com escore SyNTAX baixo se beneficiam da angioplastia, ainda te-nho dúvidas quanto aos indivíduos com escore SyNTAX moderado, e os que apresentam escore SyNTAX alto se beneficiam da revascularização do miocárdio. Se você tem um paciente de 91 anos com escore SyNTAX de 35, há de pensar em qualidade de vida, pois esse indivíduo pode ter mais dois anos de vida e passar nove meses em centros de reabilitação. Dessa forma, provavelmen-te é melhor tratar esse paciente com angioplastia.

no uso do ultrassom intracoronário é imperativo monitorar o implante de stents no tronco de coronária esquerda não protegido?

Em nosso serviço somos favoráveis ao uso do ultrassom intracoronário para implantar stents farmacológicos, es-pecialmente no tronco de coronária esquerda, onde faze-mos uso dessa ferramenta em 70% dos casos. Esse é um território delicado e que não perdoa erros. Acho que o uso do ultrassom intracoronário nos permite otimizar a escolha e o implante do stent, oferecendo a possibilidade de realizarmos um estudo detalhado da anatomia do tron-co de coronária esquerda. Deve, portanto, ser imperativo. É claro que o procedimento pode ser feito sem o auxílio do ultrassom intracoronário, mas, sem dúvida, é melhor dispor dessa ferramenta para fazê-lo.

O senhor tem preferência por algum stent farmacológico em subgrupos específicos, como diabéticos ou lesões de tronco de coronária esquerda? Há um efeito de classe dessas endopróteses?

Não acho que os stents farmacológicos sejam iguais. Não

há dados robustos de comparação direta entre tais dispo-sitivos no tronco de coronária esquerda como em outros cenários clínicos. Os dados mais substanciais que temos até o momento são com o stent Taxus™, mas eu gosta-ria de ver resultados com o Xience V™/Promus™ em um novo estudo comparando stents farmacológicos versus tratamento padrão, pois trata-se verdadeiramente de stents de nova geração e isso nos ajudaria a entender onde a an-gioplastia do tronco de coronária esquerda deve chegar, pois, até o momento, ela é considerada classe III. Ou seja, é inapropriada. Para que isso mude, necessitamos de um estudo randomizado com poder estatístico para estabele-cer diferenças entre o tratamento padrão e a angioplastia. Até lá, será muito difícil mudar a classificação. Gostaria que esse estudo fosse realizado com stents farmacológicos de nova geração. Em nosso serviço temos a tendência de utili-zar, por exemplo, em vasos com maior grau de calcificação, o stent Cypher™ porque precisamos “quebrar” o cálcio. Se identificamos um possível problema com a aderência à terapia antiplaquetária dual, utilizamos normalmente o Endeavor™, pois, aparentemente, exibe menores taxas de trombose muito tardia ou é menos dependente dessa tera-pia. Entretanto, não há dados robustos que sustentem tais condutas. Trata-se, sobretudo, de percepção, e o mesmo vale para o diabetes, situação na qual alguns consideram que o stent Taxus™ seria mais eficaz que os stents com eluição de drogas da família limus. Teremos alguns dados do estudo SPIRIT IV disponíveis no futuro, pois há um sub-grupo de diabéticos, com aproximadamente 700 pacientes, nos quais se está comparando a utilização do stent Xien-ce V™ ao Taxus™. Há outro estudo sendo conduzido no Japão, que está fazendo a comparação do uso do stent Cypher™ ao Taxus™ em diabéticos. Até termos esses re-sultados, não diria que um dispositivo é superior ao outro nesse cenário clínico.

Como o senhor realiza o seguimento dos pacientes que recebem implante de stent farmacológico no tronco de coronária esquerda e por quanto tempo recomenda a terapia antiplaquetária dual a esses indivíduos?

A princípio, recomendamos a terapia antiplaquetária com ácido acetilsalicílico e clopidogrel por 12 meses. Se os pa-cientes a toleram de forma satisfatória, mantemos indefini-damente. Caso ocorra intolerância ou o paciente não possa arcar com os custos do clopidogrel, em geral suspendemos o tienopiridínico e mantemos o ácido acetilsalicílico indefini-damente. Não temos o hábito de submeter tais pacientes a reestudo angiográfico rotineiro, mas os encorajamos a rea-lizar algum teste funcional, em geral, a cada seis meses. Em casos de maior complexidade, como quando utilizamos dois ou três stents, realizamos o seguimento angiográfico, mesmo que o indivíduo esteja assintomático.

Ron Waksman

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repórter internacional esc 2009 - barcelona

O maior do mundoLuiz Alberto Mattos, Marcelo Queiroga Lopes e Pedro Beraldo participaram da edição 2009 do Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia, em Barcelona, na Espanha, e fizeram a cobertura do evento, com suporte de Guilherme Attizzani

[Luiz Alberto Mattos (SP), presidente]

A edição 2009 do Congresso da Sociedade Eu-ropeia de Cardiologia (European Society of Cardiology – ESC) foi realizada em Barcelo-

na, na Espanha, entre 29 de agosto e 2 de setembro. Foi um congresso superlativo, logrando obter, pela primeira vez, o status de maior evento cardiológico em público. Eram mais de 30 mil pessoas, entre pro-fissionais da saúde e expositores, participando do congresso. O feito é expressivo, tendo em vista o domínio norte-americano, que perdurou por muitos anos. Tal grandiosidade é resultado da confluência de diversos fatores científicos e sociais. O terroris-mo ocorrido nos Estados Unidos, em 2001, criou barreiras restritivas a diversos povos e, associado à abertura do Leste Europeu, confluiu para que profis-sionais da América Latina, do Oriente Médio e do sul da Ásia, além dos antigos membros da Cortina de Ferro, migrassem para o evento europeu.

O evento foi pragmático, no sentido de ter ofer-tado pouquíssimo conforto ao congressista – sem transporte dedicado, pouca informação local e ra-ras acomodações para descanso. Em contrapartida, promoveu sessões em salas adequadas, com audio-visual primoroso e debates clínicos enriquecedores. O enfoque clínico foi muito atrativo, espalhado em diversas sessões de atualização curricular, mesas-redondas, muitas sessões de temas livres e apre-sentações intituladas “Como eu trato”. A arquitetu-ra do programa é muito semelhante à que fazemos no Brasil. Seu grande diferencial tem sido a atração para os principais investigadores desfilarem seus ensaios mais recentes, de grande relevância.

Novos antiplaquetários em altaEste ano, o destaque foi outorgado aos novos

medicamentos antiplaquetários e anticoagulantes,

assim como às novas estratégias de prescrição. Como foco de aplicação maior, destacamos a inter-venção coronária percutânea, o implante de stents coronários. O clopidogrel tem sido o principal pilar para manutenção da permeabilidade dos stents co-ronários, principalmente no tratamento de pacientes na vigência de síndromes coronárias agudas. Seu mecanismo de ação é a biotransformação hepática, promovendo o bloqueio irreversível da ativação pla-quetária (ADP), após a aderência do receptor P2y12. Os paraefeitos principais estão relacionados ao pró-prio mecanismo de ação, que envolve mecanismo complexo em duplo estágio por meio de ativação do citocromo P-450, suscetível a interferências gené-ticas, com respostas distintas individuais e intera-ção com outros fármacos, como os bloqueadores da bomba de prótons.

Luiz Alberto Mattos e Pedro Beraldo foram a Barcelona, na Espanha, e fizeram a cobertura do Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia.

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Eram mais de 30 mil pessoas, entre profissionais da saúde e expositores. O feito é expressivo, tendo em vista o domínio

norte-americano, que perdurou por muitos anos.

Além do prasugrel, fabricado pela Eli Lilly, já libe-rado para a prática clínica (síndrome coronária agu-da com ou sem supra do segmento ST na vigência de implante de stents coronários), adiciona-se agora o ticagrelor, produzido pela Astra-Zeneca, avaliado em ensaio clínico fase 3, com mais de 18 mil pacien-tes. Sua principal vantagem é a ação direta na ini-bição do difosfato de adenosina sem estágios inter-mediários ou biotransformação. É mais potente que os concorrentes e, o melhor, reversível em menos de 24 horas após sua suspensão. Em síntese, o ensaio comprova redução de 16%, em comparação aos pa-cientes submetidos ao clopidogrel, na ocorrência do

objetivo composto (óbito, infarto e acidente vascular cerebral), sem elevar o sangramento, o que é uma vantagem em relação ao prasugrel. Também obser-varam redução de cerca de 30% na ocorrência de trombose dos stents. Seguindo a máxima conheci-da de que não existe medicamento sem paraefeito, observam-se novos paraefeitos, como elevação da creatinina (discreta), dispneia e possível bradicardia, que não promoveram relevância ou risco aos pacien-tes analisados. Um seguimento clínico mais dilatado é necessário para aferir a segurança tardia.

O tripé de antiagregantes dedicados à prática da intervenção coronária percutânea se comporá, do-

O Congresso 2009 da Sociedade Europeia de Cardiologia ofereceu pouco conforto aos congressistas, mas proporcionou conteúdo primoroso e enriquecedor.

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ravante, de clopidogrel, prasugrel e ticagrelor. São aguardados ensaios futuros, e o novo medicamento altera o paradigma de que maior eficiência antipla-quetária não necessariamente eleva o risco de san-gramento. Nossos pacientes agradecem.

MegaensaioSalim yusuf, professor da Universidade McMas-

ter em Toronto, no Canadá, nos brindou com mais um megaensaio dedicado a uma das entidades de maior prevalência na cardiologia, a síndrome coro-nária aguda com supra do segmento ST. O OASIS-7 é, de fato, um ultraesforço mundial. Mais de 25 mil pacientes foram submetidos à estratégia de revas-cularização imediata após o diagnóstico da síndro-me coronária aguda. O ensaio corrobora uma prá-tica já crescente, a dose de ataque do clopidogrel (600 mg), mas promove uma dúvida futura. Deve-mos prescrever a dose dupla diária por uma semana desse fármaco (150 mg) adicionalmente? O estudo forneceu respostas, mas, infelizmente, gerou nova pergunta, na medida em que a estratégia de maior dose de ataque foi seguida do dobro da dose de manutenção e mais sangramentos ocorreram.

Creio que fortalecemos a dose de ataque, mas me sentirei inseguro em manter 150 mg para todos

os pacientes por causa dos riscos de sangramento. A análise de subgrupos sinaliza maiores vantagens para o tratamento da síndrome coronária aguda com supra do segmento ST, mulheres, fumantes e com idade inferior a 65 anos. A estratificação futura e a identificação desses beneficiários maiores serão ne-cessárias, pela observação de sangramentos mais pronunciados.

Stents coronários: no fresh news on the front!Em relação aos stents, nenhuma novidade mar-

cante, a não ser o lançamento pela Abbott do Xience Prime®, nova geração do Xience V®, e sua versão similar da Boston Scientific. As vantagens propa-gadas são relacionadas à alteração do sistema de entrega coronário, tornando-o ainda mais versátil e flexível, mantendo o mesmo sistema de polímero e fármaco.

O ensaio ISAR-TEST 4 alimenta a durabilidade similar dos stents farmacológicos dotados de polí-mero bioabsorvível se comparados com os conven-cionais duráveis, com cifras de perda luminal tardia similares e, dessa maneira, taxas de necessidade de repetir a revascularização tardia roçando o dígi-to único. O seguimento tardio (dois anos) do ensaio LEADERS, que avalia stents eluidores do fármaco

Vista do Parque Güell, em Barcelona, que recebeu mais de 30 mil pessoas entre médicos e profissionais da indústria durante o Congresso 2009 da Sociedade Europeia de Cardiologia.

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repórter internacional esc 2009 - barcelona

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biolimus, apresentado no Transcatheter Cardiovas-cular Therapeutics (TCT) 2009 após o fechamento desta edição do Jornal da SBHCI, poderá corrobo-rar esses achados em um ensaio clínico dotado de rigor científico elogiável. O caminho pode ser esse: polímeros somente para liberação do fármaco nos meses iniciais e, depois, retorno ao estado de um stent metálico não-farmacológico. Atentemos que as taxas de trombose ainda não foram comprovada e significativamente menores, mas as amostras não exibiam poder estatístico para tal missão. Este será, certamente, o foco futuro de investimento e de valo-rização clínica.

Um exemplo a ser seguidoNesse congresso, a Sociedade Europeia de Cardio-

logia soube fortalecer seus diversos membros da co-munidade do Velho Mundo, tornando sua revista cien-tífica, European Heart Journal, ainda mais valorizada com publicações fast track, permitindo o acesso on-line gratuito durante um ano a todos os congressistas inscritos. Aí está um bom exemplo da aplicação cor-reta dos recursos: benfeitoria aos sócios e valorização de sua revista científica.

Uma sociedade médica que se preza deve manter sempre esse binômio maior no altar sagrado e sempre

se perguntar, por meio de seus gestores, o que mais pode ser feito para seus sócios. Entidades médicas não podem ser o espelho de um ou de alguns, os ge-rentes transitórios, mas o maior leque de cores possí-vel. As cores de seus diferentes membros, com seus diversos matizes, canalizadas para um fulcro único: seu fortalecimento. Esse é o lema que a SBHCI procu-ra seguir. É o nosso mantra, sempre repetido.

Em 2010, o Congresso será realizado em Estocol-mo, na Suécia. Não esperem encontrar por lá o frio glacial típico do norte europeu. Estaremos no fim do verão no hemisfério, época em que as temperatu-ras ainda estão elevadas. Um clima excelente para aproveitar ao máximo outro evento superlativo em conteúdo científico.

www.escardio.org

ESCCongrESS2010 28 AuguSt - 1 SEptEmbEr

Agende–seCongresso da Sociedade Europeia de Cardiologia - ESC 2010Tema: Doença Coronária Arterial: dos Genes aos Resultados

Data: 28/8/2010 a 1o/9/2010Local: Estocolmo, Suécia Inscrições: a partir de 31/5/2010 Informações: www.escardio.org

A cidade de Estocolmo, na Suécia, será palco do Congresso 2010 da Sociedade Europeia de Cardiologia.

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qualidade de vida

Há tempos o estresse virou um colega de trabalho dos médicos. Lidar com ele parece algo próximo do impossível, mas especialistas no assunto afirmam que é uma tarefa mais simples e fácil do que muitos imaginam

Médicos têm dificuldades para manter um esti-lo de vida saudável e assumir as práticas que prescrevem para seus pacientes. A afirmação

é presença constante nos relatórios de indicadores de saúde e estilo de vida desenvolvidos por empresas como a americana Buck Consultants, que realizam pesquisas mundiais sobre programas de saúde e bem-estar no am-biente de trabalho. Não se trata pura e simplesmente de desleixo, mas da consequência de um círculo vicioso no qual os médicos são inseridos desde o fim da faculdade. É possível superá-lo? Sim, mas não sem despender es-forço, paciência e persistência.

A rotina de um médico tende a tornar-se desenfreada no momento em que ele termina a faculdade. Enquanto o es-tudante de medicina ainda consegue ir à academia, bater bola aos finais de semana e sair com a turma de amigos, o profissional recém-formado passa a encarar um desafio que vai persegui-lo eternamente: manter equilíbrio e inte-gração entre as dimensões de seu bem-estar físico, social, emocional, espiritual e intelectual diante de tantos compro-missos profissionais.

O primeiro impacto geralmente acontece durante a resi-dência médica, que exige carga horária pesada, plantões noturnos estafantes, dois a três locais de trabalho diferen-tes e, muitas vezes, abdicação de finais de semana e fe-riados. A atividade física é a primeira a ser eliminada. Em

Relaxar é preciso

seguida vem a interferência na alimentação. Seus amigos já não conseguem encontrá-lo. O residente volta-se cada vez mais para o aprendizado e, quase sem perceber, a qualida-de de vida se esvai. De acordo com a avaliação dos níveis de estresse psicológico em médicos realizada por Maria Alice D’Avila Becker (AM) e Marilise Katsurayama (AM) no hospital da Universidade Federal do Amazonas, 70% dos residentes entrevistados demonstraram características ex-plícitas de estresse, como níveis baixos de realização pes-soal, níveis médios de exaustão emocional e forte propen-são a alterações de personalidade.

A seguir vem a especialização, que requer mais estudo e dedicação e traz de carona a necessidade de concentração e dedicação até mais intensa que o período de residência. Ao final da jornada, passaram-se anos de preparação para a entrada efetiva no mercado de trabalho e, consequente-mente, a agenda deu lugar à rotina.

De acordo com Alberto Ogata (SP), médico, mestre em medicina e economia da saúde e presidente da Associação Brasileira de Qualidade de Vida, a rotina dos profissionais da saúde, independentemente da especialidade, é uma si-tuação preocupante. “O dia-a-dia dos médicos com gran-de carga de trabalho associado a questões relacionadas a reconhecimento, valorização profissional, apoio e suporte para as atividades pode propiciar nível elevado de estresse e acarretar sérias repercussões para a saúde”, afirma. Essa

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Relaxar é precisotensão leva o médico ao esgotamento físico e psicológico.

Nabil Ghorayeb (SP), médico cardiologista e especialista em medicina do esporte e qualidade de vida, entende que o mercado de trabalho na área da saúde no Brasil está cada vez mais insuflado de profissionais, o que gera a necessida-de de se trabalhar mais que o recomendado para garantir seu espaço. “Os convênios estão dominando o mercado e, com isso, o médico acaba ganhando mal”, diz Ghorayeb.

Elisabete Fernandes Almeida (SP), médica especia-

lista em projetos de Educação Médica Continua-

da, elaborou alguns métodos de relaxamento para

quem quer – e precisa – se esforçar um pouco mais

para ter uma vida zen.

Reeduque sua respiraçãoDiferentemente das crianças, a maioria dos adultos

respira “pelo peito”. A cada momento que o adulto

inspira, o peito se expande; e a cada vez que expira,

o peito se contrai. Crianças, contudo, geralmente

respiram pelo diafragma. Procure inspirar profunda-

mente até encher o peito e expandir o diafragma

e depois expire todo o ar pela boca, lentamente.

Sempre que perceber um momento de tensão se

aproximar, lembre-se de respirar corretamente.

Relaxe seu corpoEleve o nível de tensão em um grupo muscular,

como perna ou braço, contraindo o músculo e, de-

pois, relaxando-o. Concentre-se em deixar a tensão

ir embora em cada músculo. Então, trabalhe outro

grupo muscular. Após algumas repetições, a tensão

de esvai, como em uma boa massagem.

Repetição de palavrasFunciona como um mantra. Escolha uma palavra

ou frase como se fosse uma “deixa” para você re-

laxar e, então, repita-a constantemente. Enquanto

repetir a palavra ou frase, tente respirar profunda e

lentamente e pense em algo que lhe dê sensação

de bem-estar. É um exercício de concentração e pa-

ciência. Somente a prática mostrará que a técnica

funciona.

Imaginação canalizadaEsse método resume-se em deitar-se tranquilamen-

te e imaginar-se em um ambiente calmo e prazeroso.

Se levar esse método a sério, poderá experimentar

as sensações como se realmente estivesse nesse

lugar. Por exemplo, imagine-se deitado em uma

praia. Visualize o céu todo azul, o cheiro do mar, o

barulho das ondas e o frescor da brisa em sua pele.

As mensagens que seu cérebro recebe, conforme

você visualiza a cena, ajudarão a relaxar.

Corpo são, mente sã

“Ele é obrigado a trabalhar o máximo para poder ganhar o mínimo, sustentar a família, manter a atualização científica e ainda ter qualidade de vida.” Segundo Ghorayeb, esses dados contrariam o padrão proposto pelas sociedades mé-dicas brasileiras, que apontam como ideal o atendimento clínico de quatro pacientes a cada 60 minutos. A teoria é bastante diferente da prática e o estresse ganha terreno.

É possível identificar um profissional em apuros? Sim.

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Segundo Ghorayeb, o médico estressado tende a ser bra-vo, agressivo, explode facilmente e o relacionamento com os colegas é prejudicado. “Ele não frequenta a vida social, não vai mais a congressos, que, além de aumentar a ami-zade, trazem relaxamento”, afirma o cardiologista. No en-tanto, é a autoavaliação que pode fazer diferença na vida do indivíduo.

Há quanto tempo sua vida social se resume a encontros casuais nos corredores da clínica ou do hospital? Qual o maior período em que conseguiu se manter afastado do trabalho? Quando o celular toca, a primeira coisa em que pensa é: “outra emergência”? As respostas para essas per-guntas podem ser o indício de que é hora de parar e refletir sobre seu comportamento. Para superar o desafio de unir a vida profissional e pessoal de forma saudável é preciso rever valores e princípios, estabelecer limites e fazer plane-jamento de vida.

Um dos segredos para se ter uma vida com qualidade é ser firme no propósito de mudar os próprios hábitos. A so-lução pode estar na mudança de atitudes que transformem a realidade a sua volta, de forma que o profissional que tiver relacionamentos saudáveis, buscar novos conhecimen-tos e habilidades, cultivar valores e princípios éticos e tiver comportamentos preventivos conseguirá ter força e energia para produzir cada vez mais e melhor em sua carreira.

Uma ferramenta importante para quem deseja lidar me-lhor com o estresse é a prática de um esporte. “Quem pratica atividades físicas desenvolve melhor seus relacio-namentos, pois assume uma personalidade mais fácil para se trabalhar em equipe”, diz Ghorayeb. Mas quais esportes ou atividades físicas são adequados? A resposta é: não há restrições. Do boxe às sessões de ioga, qualquer atividade física é válida, desde que haja disciplina para exercê-la com regularidade.

Se esporte não faz seu gosto, Elisabete Fernandes Almei-da, médica especialista em projetos de Educação Médica Continuada tanto para médicos como para a população em geral, sugere alternativas. Ela é enfática ao afirmar que es-ses profissionais não podem prevenir todas as causas do estresse, mas podem modificar a forma como reagem a es-sas situações com a prática do relaxamento. “São técnicas que auxiliam nos estados de estresse, tensão muscular ou, ainda, como meio revigorante que atua beneficamente na saúde física, mental e emocional”, diz a médica. Para Elisa-bete, o relaxamento aumenta o autocontrole ao lidar com situações estressantes. “As técnicas de relaxamento aju-dam a controlar física e emocionalmente as necessidades diárias, bem como a manter o profissional alerta, vigoroso e produtivo”, afirma.

Praticar esporte, manter alimentação saudável, dormir um período razoável de horas, sair com amigos, dedicar tempo à família. Você conhece algum colega que con-segue fazer tudo isso e não deixar o trabalho de lado?

Para um profissional que vive de superar situações de emergência e intercorrências parece impossível, mas os especialistas em qualidade de vida dizem que é algo mais simples e fácil do que muitos imaginam. É uma questão de praticar os bons hábitos que ajudam a al-cançar equilíbrio emocional e autocontrole até mesmo nos momentos mais tensos do dia.

qualidade de vida

15 passos para viver de bem com a vida

A lista a seguir pode parecer simplória e até banal.

Mas arrisque-se a levá-la a sério. No começo, verá

que parece impossível segui-la à risca. Com paciên-

cia e persistência, ela se tornará parte de sua rotina

e, naturalmente, sua vida se tornará mais leve e o

estresse será algo mais fácil de lidar.

1 Respeite-se.

2 Simplifique sua vida.

3 Faça o que é mais importante primeiro.

4 Passe mais tempo com pessoas que melhorem seu humor.

5 Delegue, procure ajuda para realizar as atividades mais estressantes.

6 Não leve os problemas do trabalho para casa ou os problemas de casa para o trabalho.

7 Desenvolva sua tolerância e flexibilidade para melhor se adaptar às constantes mudanças do mundo de hoje.

8 Aprenda a dizer não.

9 Faça algum exercício físico. Você pode começar dando uma boa alongada ao acordar.

10 Vá mais cedo para a cama.

11 Alimente-se bem no café da manhã e no almoço e faça lanches intermediários.

12 Reduza o consumo de cafeína.

13 Tire algum tempo para si, mesmo que seja apenas um dia. Se conseguir tirar férias, melhor ainda.

14 Pare por vários pequenos intervalos durante o dia, dê uma olhada pela janela, respire fundo e se alongue.

15 Leia um livro, veja um filme, dance, jogue bola, faça um passeio.

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de julho de2010

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Apoio:

Page 42: Jornal da SBHCI

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opinião

Uma equação simples

A mudança no sistema de saúde americano traz à tona a discussão sobre conduta ético-profissional e obrigação de justificar procedimentos [Marcelo Cantarelli (SP), editor]

A outra parte da gordura de gastos deve-se à ga-nância, em que médicos, por exemplo, fazem um procedimento desnecessário para aumentar

o preço. (...) Irritadas com a constante acusação de que são responsáveis pelos altos preços, as seguradoras de saúde divulgaram cobranças absurdas que recebem de médicos. (...) No contra-ataque, os médicos dizem que as seguradoras pagam pouco, quando pagam. Em al-guns Estados, é comum que um médico seja também dono de um laboratório (...) para ganhar em duas fren-tes. Existem casos de profissionais que recebem das clínicas um salário para remeter seus pacientes até elas. À ganância, claro, aliam-se as fraudes.” Retirado do artigo “A medicina mais cara do mundo”, publicado pela revista Veja em 19 de agosto, o trecho fala sobre a discussão da reforma do sistema de saúde dos Es-tados Unidos. A reportagem afirma que os gastos com a saúde norte-americana ultrapassam 16% do produto interno bruto (PIB) – cerca de US$ 2,2 trilhões –, divi-didos entre os sistemas público e privado, este último com pouco mais da metade desse custo.

A discussão traz à tona as razões para o aumento em relação aos dados de 1960, quando os gastos com a saú-de naquele país giravam em torno de 5,2% do PIB. Entre as alegações estão o crescimento e envelhecimento da população, o maior acesso à saúde, e a maior oferta de tecnologia, leitos hospitalares e médicos especialistas, au-mentando a utilização do sistema pelos usuários. Embora no Brasil os gastos sejam menores, os problemas são si-milares aos dos Estados Unidos, sobretudo na cardiologia intervencionista. Exemplo disso é o tratamento do infarto agudo, que, em 1960, era fundamentalmente sintomáti-co, agregava baixo custo, mas não oferecia redução de mortalidade, com índice de 50%. Hoje, temos a angio-

plastia primária como a mais efetiva forma de tratamento, diminuindo a mortalidade para menos de 5%, graças aos avanços tecnológico e científico.

É verdade que o tratamento atual tem custo mais elevado, mas conquistamos um objetivo maior: salvar vidas. Nossa área de atuação, como poucas na medici-na, requer materiais importados e caros, por isso temos papel importante sobre o custo final do tratamento. No entanto, não estamos isolados no processo, que en-volve a indústria, distribuidores, hospitais e agentes fi-nanciadores da saúde pública e suplementar. O avanço da ciência e tecnologia como fator impactante sobre a redução da mortalidade cardiovascular é inegável, mas não podemos impedir seu acesso àqueles que têm o direito constitucional à vida.

Os desvios de conduta ético-profissional de alguns mé-dicos – como os relatados pela reportagem – podem não ser exclusividade dos americanos, nem justificam o alto gasto com a saúde, mas tais atos nos obrigam cada vez mais a dar satisfações sobre a necessidade de nossos pro-cedimentos, assim como dos materiais que utilizamos.

Seria mais fácil manter o tratamento de 1960; porém, como médicos embasados em diretrizes e evidências, de-vemos fazer o melhor pelo paciente. Não há conflito de interesses quando o interesse é o paciente.

E o custo com a saúde? A equação no papel é simples: indústria e distribuidores fornecem a um custo justo, logo clínicas e hospitais repassam um valor honesto. As empre-sas da saúde suplementar cobram e pagam preços justos. A saúde pública recebe o que lhe é merecido e repassa um valor íntegro aos prestadores. E a nós, médicos, basta um honorário igualmente justo. Do papel para a prática, o caminho passa por vontade, trabalho, ética e transparên-cia nas relações e dedicação a nosso bem maior: a vida.

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Gestão 2006-2009Presidente: Luiz Alberto Mattos (SP) • Diretor Admi-nistrativo: Marcelo Antônio Cartaxo Queiroga Lopes (PB) • Diretor Financeiro: Hélio Roque Figueira (RJ) • Diretor Científico: Pedro Alves Lemos Neto (SP) • Di-retor de Comunicação: Rogério Sarmento-Leite (RS) • Diretor de Qualidade Profissional: Luiz Antonio Gubo-lino (SP) • Diretor de Educação Médica Continuada: José Antonio Marin-Neto (MG) • Diretor de Interven-ções Extracardíacas: Marcos Antônio Marino (MG) • Diretor de Intervenções em Cardiopatias Congênitas: César A. Esteves (SP) • Editores Jornal da SBHCI: César Rocha Medeiros (RJ), Luciana Constant Daher (GO), Marcelo de Freitas Santos (PR), Marcelo José Cantarelli (SP)Gerência Adm. e Financeira: Norma Cabral [email protected]: Alexsandra [email protected]: Eleni [email protected]ífico: Aline [email protected] CENIC e Sócios: Kelly Cristina [email protected]: Iris Ribeiro [email protected] TI: Leandro [email protected] Beira Rio, 45 – cjs. 71 e 74 – Vila OlímpiaCep 04548-050 – São Paulo, SPFone: (11) 3849-5034

Jornal da SBHCI é uma publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista – SBHCI. Os textos assinados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não re-fletem necessariamente a opinião da SBHCI.

Edição e jornalista resp.: André Ciasca, mtb 31.963Reportagem: Carla CiascaProjeto gráfico e direção de arte: Manoela TourinhoRevisão: CEV - Casa Editorial VenturaFotos: Gislene Simonetti e arquivo SBHCITiragem: 9.500 exemplares

take-a-coffee Comunicação www.take-a-coffee.com Fone: (11) 3571-5353 Email: [email protected] Skype: take.a.coffee

agenda

Mês Dia Evento

Outubro

4 a 7

15

25 a 27

Venice Arrhythmias 2009 Veneza, Itáliawww.venicearrhythmias.org

PEC-PA XIX Congresso Paraense de Cardiologia Belém, PA www.sbhci.org.br

6th International Meeting on Intensive Cardiac Care Tel-Aviv, Israel www.isas.com.il/cardiac-care2009/

Novembro

3 a 4

11 a 13

13 e 14

14 a 18

15

20 e 21

3rd Indo-European Course on RevascularizationParis, Françawww.indoeurocardiologycourse.com

XIII Encuentro Internacional de Investigaciónen EnfermeríaAlicante, Espanhaencuentros.isciii.es/alicante2009

Curso Anual de Revisão em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista 2009 – SBHCI São Paulo, SP www.sbhci.org.br

American Heart Association Scientific Sessions 2009 (AHA)Orlando, Estados Unidosscientificsessions.americanheart.org/

Prova de Título 2009 – SBHCI São Paulo, SP www.sbhci.org.br

3rd Imaging & Physiology Summit 2009 Seul, Coreia do Sulwww.imaging-physiology.com/2009

Dezembro

4 e 5

4 e 5

6 a 8

Endovascular Summit 2009 Bueno Aires, Argentinawww.endovascularsummit.net

IX Simpósio Internacional de Cardiologia IntervencionistaCardioIntervCuritiba, PRwww.cardiointerv.com/

ICI Meeting 2009 – Innovations in Cardiovascular Interventions Tel-Aviv, Israelwww.congress.co.il/ici2009

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