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. - i- ~ ,-,,_.-- vi Jornal do ANO I - N~ 4 Fev/Mar - 82 1 .- . . .. .' Publicação do Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Sem i-Árido (CPATSA) JORNAL DO SEMI-ÁRIDO v.1, n.004, FEV 1982. 111""1""11"11111111"1111"11111 11111 11111111111111111111 111111111/111 39827- 4 ~-- - 't. ~ .~, , Unesco apóia projeto sobre recursos hídricos pág. 3 . Com o a pesquisa põe os pés no chão pág. 6 . Que tecnologia agrícola , S . A . d " pago9 para o em/- fi o r

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vi

JornaldoANO I - N~ 4

Fev/Mar - 82

1.-

.

.

..

.'

Publicação do Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Sem i-Árido (CPATSA)

JORNAL DO SEMI-ÁRIDO

v.1, n.004, FEV 1982.

111""1""11"11111111"1111"11111 11111 11111111111111111111 111111111/111

39827- 4~---

't.~ .~,,

Unesco apóia projetosobre recursos hídricos pág. 3 . Com o a pesquisa

põe os pés no chãopág. 6 . Que tecnologia agrícola ,

S.A .

d " pago9para o em/- fi o r

cartasArtigo

Gostarlamos de parabenizar o dr. An-tônio José Simões pelo trabalho "EstudoConjunto dos Fatores Controláveis daProdução Agrlcola" apresentado atravésdo Jornal do Sem i-Arido (Ano I, n9 2,out/nov 81) devido ao caráter de vanguar-da do mesmo e solicitar a V.Sa. que, seposslvel, nos enviasse xerox dos trabalhosmencionados no artigo ou maiores infor-mações bibliográficas para que houvessea recuperação destes por nossa parte (pIa-no 8 A 7 descrito por COCHRAN & COXe a matriz mista desenvolvida pelo profes-sor Antonio Tunent Fernandez do Colé-

gio de Post-Graduados de Chapingo-Méxi-colo

Ermor Zambello Júnior

Seção de Solos e AdubaçãoIAA/PLANALSUCAR

Araras/SP

JornaldoQ

3&lJ1Uo â)1200(!)

Centro de Pesquisa Agropecuáriado Trópico Semi-Árido

Chefe em exercício:Antônio José Simões

Chefe Adjunto Técnico:Edson Possídio

Chefe Adjunto de Apoio:Pedro Maia e Silva

Editoria Responsável:Assessoria de Imprensa e

Relações PúblicasCaixa Postal, 23

Fone: (081) 961.0165Petrolina - PE

Composiçãoe Impressão:GRAFSET LTDA.

Rua VigolvinoWanderley,245Fone: (083) 321.2090

Campina Grande - Paraíba

Tiragem:7.000 exemplares

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Jojoba

Reportamo-nos à matéria intitulada"Jojoba" publicada pelo "Jornal doSemi-Arido", Ano I, N9 3, para esclare-cer alguns tópicos pertinentes ao assunto.

o 8anco do Nordeste do BrasilS/A,através do seu Fundo de Desenvolvimen-to Cientffico e Tecnológico (FUNDEC/),vem apoiando financeiramente, sem exi-gência de retorno, o Centro de CiênciasAgrárias da Universidade Federal doCeará, na implantação de três camposexperimentais de jojoba, localizados nosmuniclpios de Maranguape,Santa Quité-ria e Pentecoste, este último com plantiosem sequeiro e i"igado, num total de 60ha.

Os tf"!Jbalhos,que se desenvolvem des-de 1979, demonstram que a cultura seadapta à região apresentando os seguin-tes pontos que consideramos de sumaimportância:

a) precocidade na floração: foram en-contradas plantas florando com apenas 12meses. Na América do Norte, habitat na-

tural, isto ocorre após três anos.

b) floração e frutificação até duas ve-zes por ano.

Dieta de Bovinos

Tivemos a satisfação de, receber nestadata o "Jornal do Semi-Arido", editado

pelo CPA TSA. Queremos parabenizar aChefia desse Centro pela qualidade dapublicação, tanto no que se refere à infor-mação veiculada quanto à sua impressão.

Um dos artigos do jornal trata da dietados bovinos na caatinga, que nos interes-sou sobremaneira.

c) plantas cultivadas há quatro anostem alcançado produtividade média de644 kg/ha, com espaçamentode 3,0 x 1,5m e 2.222 plantas fêmeas/ha. Essesnúme-rossão superioresaos citados no artigo doJornal.

A fotografia do artigo em pauta, é deum dos campos instalados na Fazenda Ex-perimental Vale do Curu da UniversidadeFederal do Ceará, na qual aparece o Pro-fessor Gladstone Monte Aragão, executordo convênio BNB/UFC e responsável pela

introdução da jojoba no Nordeste.

Certos de que estamos contribuindopara uma melhor clarezado temaJojoba,e de que estas informações servirãoparauma melhor divulgaçãoda cultura que orase instala no Nordeste, subscrevemo-nos

Atenciosamente

José Maria Eduardo NobreChefe em exerclcio do ETENE-BNB

José Alexandre Robatto OrricoCoordenador

Prof. José Braga PaivaDiretor do Centro de Ciências Agrárias,

da UFC.

Na região do Pantanal Mato-grossense,área de atuação da UEPAE de Corumbá,também necessitamos determinar a dieta

dos bovinos e a qualidade das plantasconsumidas. Neste sentido, solicitamos a

V.Sa. a gentileza de nos enviar, se for pos-slvel, cópia do projeto de pesquisa e doexperimento relativo ao referido trabalho,tendo em vista auxiliar-nos no planeja-

mento da pesquisa.

Edison Beno PottUEPAE/Corumbá

RECURSOS HIDRICOS

América Latina

e Caribe

buscam alternativas

No período de 08 a 13 de março de1982 realizou-se, na Cidade do México,sob o patrocínio da UNESCO, a Reuniãode Peritos do Projeto Regional Maiorpara Utilização e Conservação dos Recur-sos Hídricos em Áreas Rurais da América

Latina e Caribe (PRM), que reuniu trezepaíses e várias instituições internacionais,além dos Estados Unidos e Grã-Bretanha,na qualidade de observadores.

A reunião teve como objetivo elaboraruma proposta de operação do PRM a ní-vel regional, identificando os projetos-pi-lotos de investigação, ensino e demonstra-ção que deveriam fazer parte do PRM eos projetos complementares de apoio,assim como formular recomendações com

vistas a sua coordenação, e~ecução, divul-gação e financiamento.

Participaram especialistas da Argenti-na, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, CostaRica, Cuba, República Dominicana, Gua-tem~, México, Peru, Uruguai, Venezuelae representantes daUnesco, FAO, .CEPAL,BIO, IICA e do Comitê Regional de Re-cursos Hidráulicos (CRRH).

Nove pessoas compuseram a delegaçãobrasileira que participou da reunião: oEmbaixador do Brasil no México, GeraldoHolanda Cavalcante (Chefe da delegação),o Diretor da EMBRAPA, Raymundo Fon-seca Souza (Sub-chefe), além do pesquisa-dor em Manejo de Solo e Água para zonasáridas Aderaldo de Souza Silva (CPATSA),Ebis Dias Santos (EMBRATER), Benedi-to Eduardo Barbosa Pereira (PHI-CO-BRAPHI), Antônio Carlos Tatit Holtz eNelson da França Ribeiro dos Anjos(ELETROBRÁS), Josemar Xavier deMedeiros (CNPq) e José Pompeu dos San-tos (Instituto de Pesquisas Tecnológicasde São Paulo). A delegação apresentou11 projetos, que alcançaram grande recep-tividade (ver página 4).

OBJETIVOS DO PRM

Na 21? reunião da Conferência Geral

da UNESCO, que teve lugar em Belgrado,em novembro de 1980, ficou decidido olançamento do Projeto, que dará ênfase,inicialmente, às regiões áridas e semi-ári.das.

Seu objetivo principal é proporcionarmeios para o uso racional e a conserva-ção dos recursos hídricos nessas áreas, le-vando em conta as condições sócio-eco-nômicas e as capacidades técnicas dispo-níveis na população local. Com isto, pre-tende revitalizar áreas rurais, através daintegração de tecnologias tradicionais emodernas, dentro de estruturas e siste-mas apropriados a essas áreas.

° Projeto Regional Maior terá comocoórdenador geral a Oficina Regional deCiência e Tecnologia da Unesco para aAmérica Latina e Caribe (ROSTLAC),buscando uma estreita colaboração cominstituições internacionais.

Em cada país, os Comitês Nacionaispara o Programa Hidrológico Internacio-nal (PHI) serão responsáveis pela coorde-nação nacional do PRM, proporcionan-do-lhe o intercâmbio, não somente entrea ROSTLAC e os organismos nacionaisinteressados, mas também entre os Co-mitês Nacionais desses países.

° financiamento dos projetos correrá,fundamentalmente, por conta de cadapaís ou de uma fonte de financiamentointernacional, com a qual estabeleçam osconvêniosrespectivos.

A participação da UNESCO, através daROSTLAC, estará orientada para a difu-são entre os países, mediante reuniões deespecialistas em temas específicos e decoordenadores nacionais; ajuda à publica-

ção de resultados e intercâmbio de infor-mações, visita de especialistas aos projetosem andamento, a zonas demonstrativase/ou a centros de investigação;' ajudapara a organização de cursos de capacita-ção, treinamento e outras atividades com-plementares.

PROPOSTAS

Na reunião, vários participantes apre-sentaram documentos preparados porseus Comitês Nacionais para o PHI ouinstituições relacionadas com as ativida-des ;jo Projeto Regional Maior (Ver qua-dro página 4). Esses documentos referem-se a, assuntos tais como: disposição dopaís em colaborar com o PRM, informa-ções sobre projetos específicos de contri-buição ao PRM, resultados de investiga-ções, programas de cursos existentes etc.

Um total de 78 projetos, 57 dos quaisespecíficos, foram apresentados e discuti-dos. Esse material serviu de base às ativi-

dades de cinco grupos de trabalho, queapresentaram 33 propostas de projeto.

DOCUMENTO BRASilEIRO

"O Projeto Regional Maior e a RegiãoSemi-Árida do Brasil" é o título do docu-

mento apresentado pela delegação brasi-leira que participou da reunião promovidapela Unesco e organizada pelo ComitêNacional Mexicano para o Programa Hi-drológico Internacional (PHI), com a co-laboração da Comissão do Plano NacionalHidráulico e da Comissão Nacional de

Zonas Áridas daquele país.

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o documento foi elaborado pela Secre-taria Executiva da Comissão Brasileira

para o Programa Hidrológico Internacio-nal (COBRAPHI), com a colaboração dediversas entidades e organismos federais eestaduais, que atuam no Nordeste brasilei-ro, entre os quais se sobressaíram CNPq,EMBRAPA, EMBRATER, SUDENE,ELETROBRÁS, Departamento Nacionalde Águas e Energia Elétrica (DNAEE),DNOS, Secretaria Especial do Meio Ambi-ente (SEMA), DNOCS, CODEVASF,CPATSA-EMBRAPA, Fundação ServiçoEspecial de Saúde (FSESP), o ProjetoRADAMBRASIL e as Universidades Fe-

derais do Ceará, Paraíba...e Bahia.Segundo o documento, lia cooperaçao

o que o

internacional no campo da utilização econservação dos recursos hídricos em zo-nas semi-áridas, especialmente entre ospaíses da região, reveste-sede grande im-portância, pois constitui-se um valiosoinstrumento para a superação das dificul-dades sócio-econômicas que afligem aspopulações rurais destas regiõessecas.Poreste motivo, o Brasil confere alta priori-dade às suas relações com os países emdesenvolvimento,onde se deve manifestara cooperação em todos os níveis, apro-fundando, dessa maneira, a colaboraçãocom os países da América Latina e doCaribe, na área de aproveitamento dosrecursos hídricos no meio rural das regi-ões semi-áridas".

Brasilapresentouna reuniãoda Unesco

Argentina, Bollvia, República Dominicana, Guatemala,México, Peru, Uruguai, Colômbia e Venezuela foram os paísesque se declararam interessa'dos em algumas tecnologias desen-

volvidas pelo CPA TSA, apresentadas na Re~nião .de Peritossobre o Projeto Regional Maior para Utilização e Conservaçãode Recursos Hldricos na América Latina e Caribe, promovidapela Unesco, de 8 a 13 de março deste ano, na Cidade do Mé-xico.

Numa apresentação integrada, Pesquisa - Extensão, o pes-quisador Aderaldo de Souza Silva, do CPATSA-EMBRAPÁ, eo Assessorem Irrigaçãoe Drenagemparao Nordeste, ~bis DiasSantos, da EMBRA TER, descreveramsistemas de aproveita-mento de águade chuvaproveniente do escoamento superficial(para consumo humano, animal e vegetal), métodos não con-vencionais de irrigação,que utilizam potes de barroe cápsulasporosas, técnicas de exploração de vazantes e de pequenairrigaçãono Nordeste Semi-Árido, bem como os beneflciosporenciais que essas tecnologiaspodem proporcionar aos agri-cultores.

A relação dos palses interessados em cada uma das tecnolo-gias é a seguinte:

. Exploração Agrfcola de Vazantes: Argentina, Bo/lvia,República Dominicana, Guatemala, México, Peru e Uruguai;

. Sistema de Aproveitamento de água de chuva:Argentina,Bollvia, Colômbia, República Dominicana, México, Peru eUruguai;

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. Métodos não convencionais de irrigação (potes de barro e

cápsulas porosas): Argentina, Bo/lvia, México, Chile, Colôm-bia, Venezuela, Peru e República Dominicana;

. Pequena irrigação no Nordeste Semi-Árido: Argentina,Chile, Colôn,bia, República Dominicana, México, Peru, Boll-via, Venezuela, Uruguai e Guatemala.

RECEPTIVIDADE

De um modo geral, todos os projetos apresentados pela

delegação brasileira na reunião do PRM teve grande receptivi-

dade, o que deverá desencadear um intercâmbio maior entre ospalses participantes e as instituições responsáveis por esses tra-balhos no Brasil. Foram 11-os projetos brasileiros discutidosna reunião, os quais listamos a seguir:

. Sistema de aproveitamento de água de chuva atravésdo es-coamento superficial (EMBRAPA/CPATSA).

. Desenvolvimento e adaptação de sistemas de produçãopara agricultura de vazante (EMBRAPA/CPATSA e EM-BRA TER/EMATER).

. Desenvolvimento de métodos não convencionais de irriga-

ção para pequenos e médios produtores (potes de barro ecápsulas porosas).

. Pequena Irrigação no Nordeste Semi-Árido (EMBRA TER/EMA TER e EMBRAPA/CPA TSA).

. Conservação de água e sistemas de irrigação ("Xique-xique"e jato pulsante) (SUDENE/CNPq).

. Piscicultura em águas interiores (DNOCS/SUDENE).

. Desenvolvimento de áreas de sequeiro circunvizinhas aos

perlmetros irrigados do DNOCS (DNOCS)

. Manejo e conservação de solos (avaliação das característicasflsicas, qulmicas e biológicas, durante o pen'odo de cultivo(CNPq/Universidade Federal do Ceará/IPA).

. Desenvolvimento de algumas técnicas agropecuárias para a

região semi-árida (CNPq/Universidade Federal da Paraíba/NUPEÁRIDO).

. Desenvolvimento de um sistema de educação rural (CNPq/Universidade Federal do Ceará).

. Implantação de sistemas rurais de abastecimento de águapara uso doméstico (Estado do Piauf).

PESQUISA A NIVEL DE PRODUTOR

Uma metodologiaem destaque

"O ponto de partida de todo tipo deação da pesquisa aplicadadeve ser o meioreal". Defendida por Renê Tourte, Chefeda Divisãode Sistemas-Agrários, do Ins-tituto de Pesquisas Agronômicas Tropi-cais (IRAT), da França, esta opiniãotambém expressa, em síntese, o pensa-mento dos especialistas que, juntamentecom ele, estiveram em Petrolina e Ouri-curi-Pe,no período de 17 a 23 de março,para visitar os trabalhos desenvolvidospelo Centro de PesquisaAgropecuária doTrópico Semi-Árido(CPATSA),tanto noscampos experimentais como a nível deprodutor.

O objetivo básico da visita, que contoucom pesquisadoresda França, Venezuela,Equador, Nicarágua e Estados Unidos,era conhecer a metodologia empregadapelo Centro, principalmente a que se de-senvolve diretamente no meio rural, paraidentificar os problemas reais de produ-ção agrícola enfrentados pelos agriculto-res, e sugerir itinerários seguros para a

geraçãode tecnologiaapropI'ia?a.

Além dos pesquisadores René Tourte(IRAT), René Billaz e Richard GeorgesPasquis (IFARC), Duvumier Marc (Insti-tuto Nacional Agronômico), Jean YveMarchal (ORSTOM) e Hocdé Henri(OREAT), a delegação francesa 'contoucom a presença do representante doMinistério das Relações Exteriores daFrança, Henry de Cazotte.

Dos demais países, participaram ospesquisadores Michel Merllet e AlbertoZeledoir (Nicarágua), Jean Kalms, CarlosVallé Zea e Roberto Serpa Valles (Vene-zuela), Philipe Barret (Equador) SuzzaneVangharo (USA), além dos representan-tes do IICA, Sérgio Sepúlvedae RodolfoVega.

PESQUISA NO MEIO REAL

Após o Chefeemexercíciodo CPATSAAntônio José Simões, abrir a programa-ção, o pesquisador Evaristo Eduardo deMiranda apresentou o esboço dos trêsProgramas Nacionais de Pesquisa (PNPs)desenvolvidos pelo Centro, detendo-se,mais especificamente, na explanação doPrograma Nacional de Pesquisa de Ava.liação dos RecursosNaturais e Sócio-Eco-nômicos do Trópico Semi-Árido (PNP027), sob sua coordenação.

Explicou que o PNP 027 vem desen-volvendo métodos de pesçquisa a níveldo meio ~ural, "capazes de fornecer umainformação sintética e representativa so-bre os níveis, a variabilidade (no tempo eno espaço) e a qualidade dos rendimentosculturais dos pequenos e médios produto-res; e explicar as razões dos resultadosobtidos a partir de UIm'.análiseagronômi-ca das interações clima/solo/plantaltécni-cas culturais.

René Rillaz, da França, em Ouricuri-Pe.

"Diante da impossibilidade de repro-duzir-se em campo experimental toda acomplexidade de situações agrícolas exis-tentes no meio rural do TSA - acrescen-tou Eduardo de Miranda - e tendo-se em

conta que essas situações conhecem umaflutuação no tempo bastante impOrtante(transformações s6cio-econômicas, varia-ções climáticas etc), o trabalho realiza-senuma área de 8.000 km2, bastante pro-blemática, situada no alto sertão de Per-nambuco, na região centrada na cidadede Ouricuri. (Este assunto será abordado,detalhadamente, em dois artigos de auto-ria do citado pesquisador, o primeiro inse-rido fias páginas 9, 1Oe 11 desta edição).

COM OS PRODUTORES

No dia 18, os visitantes conheceramos trabalhos realizadospelo CPATSA,noscampos experimentais e, na data seguinteforam à região de Ouricuri, acompanha-dos por pesquisadores do Centro, ondetiveram oportunidade de dialogar comtécnicos do Projeto SERTANEJO e agri-cultores, em seis das 32 propriedades ru-rais atualmente acompanhadas pelo PNP027.

Os visitantes conheceram trabalhos do CPAT.S'Anos campos experimentais e a nivel de produtor, na regiiio de Ouricuri.

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Foram visitadas as propriedades dossrs. Raimundo Alves de Lima, AugustoCésar de Menezes de Ipubi, Firmo Joséde Lima, do município de Ouricuri, An-tônio Pereira Barros e Laureano de Bar-ros Cavalcante, de Bodocó, e Antão Fran-cisco do Nascimento, de Trindade.

Inicialmente, os técnicos do SERTA-NEJO apresentavam um breve históricodas propriedades e a situação atual de ca-da uma, com informações sobre área,sistemas de cultivo, manejo e proteçãode culturas, atividades pecuárias, dispo-nibilidade de financiamento, condições devida, dentre vários outros aspectos. Apósessa panorâmica, ini<;iava-seo diálogocom os produtores, que se constituiu umdos pontos altos da programação.

Nessa oportunidade, pôde-se eviden-ciar, ainda mais, a necessidade de umaação da pesquisa no meio real, para com-preendê-lo melhor e, dessa compreensão,procurar itinerários tecnológicos adequa-dos às diferentes situações agro-ecológicase sócio-econômicas do meio estudado.

PALESTRAS

Aproveitando a presença dos especia-listas visitantes para promover um inter-câmbio de idéias mais amplo, o CPATSA,além de apresentar seus trabalhos, propôs-lhes que expusessemexperiências de seuspaíses em pesquisa a nível de produtor,no que foi atendido, através de palestrasproferidas por representantes da França,Nicaráguae Venezuela.(Veja abaixo).

Excluídas as distinções condicionadaspelas especificidades de seus países deorigem e do estágio em que se encontramsuas pesquisas, os palestrantes foram unâ-nimes num ponto: a defesa de que é preci-so a pesquisa integrar agricultores, plane-jadores e agentes de desenvolvimentocomo sujeitos da própria pesquisa, e nãocomo simples objetos de observação.Dessa forma, a pesquisa deveria partir dasituação tradicional (Pesquisa __ Desen-volvimento ~ Agricultor) para um enfo-que triangular, representado no esquemaseguinte:

.

pesquisapõe os pés no chão

Comoa

Na impossibilidade de publicarmos to-das as palestras proferidas pelos represen-tantes da França, Nicarágua eVenezuela,e pela própria convergência das idéiasemitidas, reproduzimos, em parte, o pro-nunciamento de René Tourte, Chefe daDivisão de Sistemas Agrários, do Insti-tuto de Pesquisas Agronômicas Tropicais(IRAT),da França. .

Segundo Tourte, os produtores rurais,no seu conjunto, "são os que constituema agricultura e é a n{vel deles que temsucesso ou fracassa toda e qualquer ini-ciativa de desenvolvimento rural; então,esses produtores devem ser, também, osujeito principal da pesquisa aplicada'~

Com. base nesta assertiva, desenvolve-setoda a sua argumentação, da qual ex-tra{moso texto seguinte:

Apesar da unidade de produção ser oalvo principal desse tipo de pesquisa, éclaro que não devemos esquecer de queexistem, dentro dessa unidade, váriossub-sistemasque merecem ser estudados,ligados aos sistemas de cultivo, sistemasde produção animal e, também, a nívelsuperior: a inserção dessaunidade de pro-dução nas estruturas agrárias e nas comu-nidadesrurais.

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O ponto de partida de todo tipo deação de pesquisaaplicada deve ser o meioreal. Com relação ao meio rural, freqüen-temente encontram-se dois tipos de estra-tégias: a da pesquisa agropecuária na re-gião e a estratégia dos planificadores,também para esse mesmo meio. Ambasdevem repousar, inicialmente, sobre ozoneamento das situações existentes nes-sa região, como foi feito em Ouricuri,pelo CP A TSA.

Em última instância, diante de ummeio real extremamente complexo e di-versificado, tenta-se simplificarum poucoessa complexidade, num certo número deentidades ou de regiões, relativamentehomogêneas e com problemas agrícolasrelativamenteanálogos.

o PONTO DE PARTIDA DE TODO

TIPO DE AÇÃO DE PESQUISAAPLICADA DEVE SER O

MEIO REAL.

A DUPLA ABORDAGEM

Na opinião de René Tourte, a pesquisadeve ter dois tipos de abordagem, parale-los, concomitantes, mas distintos, quevisem, de um lado, aprofundar todo o

Agricultor

P""Ju;sa~ >~l.un..to

Após as palestras e debates, foi organi-zada .uma mesa-redonda para discutirem-se os passos futuros que proporcionariamum intercâmbio mais freqüente entre ospaíses participantes, sendo aprovadas pelomenos quatro recomendações:

. Realização de uma reunião similar naVenezuela, entre agosto e novembro desteano;

. Criação de um sistema de documenta-ção e bibliografia, com base no CPATSA;

. Realização de cursos e programascom financiamento de várias instituições;

. Criação de um sistema de informa-ções para transferir novos conhecimentosaos países participantes, com base noCPATSA.

René Tourte, do IRA T (França)

conhecimento do meio real e, de outro,constituir todo um referencial técnico.

Sobre o conhecimento do meio realele não detalhou muito, alegando ter sidosuficiente o que se falou sobre o trabalhodo CPATSA em Ouricuri (interação siste-ma ecológico - sistema social). Agregouapenas a sugestão de,em períodos distin-tos, esse tipo de caracterização do conhe-cimento do meio ser repetido, "para sepoder reconstituir a dinâmica desse meioe se fazer uma tipologia, que não seja umatipologia a partir do primeiro diagnóstico,mas que integre aspectos de mudança, detransformação do meio real".

No segundo aspecto, que é o da consti-tuição de um referencial técnico, "a pes-quisa agronômica deve dispor, na: regiãronde está estudando, de bases físicas con-sideráveis, para elaborar técnicas e tecno-logias sobre os problemas identificados.

INDEPENDENTE DO NIVEL DOPRODUTOR, A PESQUISADEVE SER

CAPAZ DE ESTABELECER UMDIALOGO, POIS, SE COMEÇAR ATRABALHAR SÓ COMAQUELES

QUE T~M UM CERTO NIVELCULTURAL, UMA CERTA

DISPONIBILIDADE ECONÓMICA,

PRIVILEGIARA QUEM JA TEMALGUM PRIVIL';GIO.

Além disso, deve contar com a contribui-ção e a participação dos agricultores,istoé, possuir uma rede de agricultoresdispos-tos a testar e a participar desse processode geração de inovações tecnológicas".

Esse referencial pode ser constituídoatravés de várias iniciativas: uma delas éreunir tudo o que se conseguiu produzirnessa região sobre a problemática da agri-cultura; pode-se, também, por analogia,aproveitar a experiência elaborada em ou-tras regiões com situações análogas; umaterceira iniciativa seria testar as técnicas etecnologias já disponíveis, realizando umaexperimentação na região e, ainda, poder--se-ia explorar novos sistemas de cultivo,que realmente não existissem na região.Esses pontos, integrados, poderiam levara uma espécie de modelização de cenáriospossíveis de intervenção da pesquisa naregião.

o que parece importante é que essesdois tipos de abordagem devem ser simul-tâneos e praticamente começarem juntos.Isto para que possa haver uma interaçãoentre as duas abordagens: o conhecimentodo meio pode ser testado ao nível da ex-perimentação que vai sendo sistematiza-da, e o que se for constituindo como refe-rencial técnico pode estar sendo confronta-do no meio real ao longo do processo,bem como as melhores soluções técnicas,os melhores sistemas de cultivo definidospelo referencial experimentado.

Essa confrontação se faz em váriosní-veis: a nível de campo; a nível daunidade de produção da exploração agrí-cola, dentro de todos os aspectos que elareúne; e, também, ao nível da comunida-de rural. É nesse momento que a retroali-mentação acontecerá de maneira maisforte, onde o meio real (os agricultores)vão rejeitar ou aceitar e, no caso de rejei-ções, levará a uma nova reflexão sobre oentendimento do meio real e sobre o refe-rencial técnico. É essencialque esse tipode confrontação se faça em presença e,talvez, com a participação de organismosresponsáveispelo desenvolvimentorural.É neste momento da confrontação quedeveria se instaurar aquele diálogo entreos agricultores, a pesquisa e os responsá-veispor essesorganismos.

Pesquisadores do CPATSA com agricultor da região de Ouricuri

,; ESSENCIAL O CONFRONTO DASEXPER/~NCIA;; DA PESQUISA

COM OMEIO REAL,PROPORCIONANDO UMA

OPORTUNIDADE IMPORTANTEPARA INSTAURAR-SE O DIALOGO

ENTRE AGRICUL TORES,PESQUISADORESE ORGANISMOS

RESPONSAVEISPELODESENVOL VIMENTO RURAL

EXPERIÊNCIA NA ÁFRICA

o que aconteceu na África - exempli-ficou Renê Tourte -, for muito significa-tivo, pois essecontato direto da pesquisacom. o pJ:odutor viabilizou, para este, oconhecimento de uma série de técnicas etecnologias que a pesquisadispunha e queele não imaginavaque existiam, porque amensagem que os órgãos de desenvolvi-mento levavamaté elesera extremamenteempobrecida. Então, a partir dessasalter-nativas, o produtor foi capaz de auto-ge-rar, progressivamente, a sua forma deorganizaçãoe de pressionaras instituiçõesde desenvolvimentopara que essasopçõestecnológicas fossem realmente implanta-das. E o mais importante foi o resultado:o produtor foi capaz de elaborar e definir,ele próprio, o sistema de cultivo que con-vinha à sua unidade de produção agrícola.

No caso do Sene~, havia um progra-ma nacional para vulgarizara tração ani-mal, sobretudo bovina, e os órgãos dedesenvolvimento faziam uma propostatécnica de equipamentos relativamentehomogênea para todo o país. Para esseprograma, existia uma linha de créditopara os produtores interessadosem adqui-ri-los. Acontece que essa linha de créditoera, também, homogênea, tanto para opequeno agricultor que quisessedotar suaspropriedades de um equipamento maissimples (como, por exemplo, os que vi-mos em Petrolina) quanto para os que

desejassem equipamentos mais complexos(a exemplo de outros que também pude-mos observar no CPATSA).

A pesquisa realizada a nível de produ-tor, procurando conhecer os sistemas deprodução, ajudou os agricultores a con-testarem esse tipo de política de crédito eexigirem mudanças para que ela fosse di-ferenciada, primeiro em função do tipode equipamento que estivesse sendo com-prado; por outro lado, que se criasse pos-sibilidade do produtor auto-determinarque tipo de equipamento ele consideravaconveniente comprar, nas condições dele,e não impor um pacote tecnológico.

Nos países africanos, particularmenteno Senegal, acrescentou Tourte, a pesqui-sa agronômica teve granderesponsabilida-de nessamudança de enfoque. Esseesque-ma, que já data há bastante tempo naque-le país (começou em 1968), foi possívelcom um acordo tácito real dos poderespolíticos, que viam interessena implanta-ção desse tipo de sistema, e está escritonos documentos de política agrícola deváriospaíses da Áfricado Oeste.

Na África, os projetos de desenvolvi-mento rural, as iniciativasmaiscoerentes,são, em geral, projetos financiados comuma duração de quatro anos aproximada-mente e, no fim desses projetos, consta-ta-se que os objetivos iniciais, uma sériede coisas que os sustentaram, não chega-ram aos resultadosesperados;fracassaramsob vários aspectos, levando as pessoasagerarem outros projetos e uma constata-ção feita pela pesquisa no meio real foi ade que esse tipo de desenvolvimentoruralnão levou a uma apropriação real, porparte dos produtores, das técnicas e tec-nologias que foram propostas, abandona-das ao término dessesprojetos.

No caso de se conceber a ação de de-senvolvimento rural dentro dos moldesque foram propostos anteriormente, oque se vê, em termos de adoção de tecno-logia agrícola, é uma resposta mais oumenos exponencial ao longo do tempo.-

7

Realmente, também nessescasos,nos pri-meirosanos, não se observauma mudançasignificativa, talvez a partir de quatroanos apenas 5% dos produtores tenhampassado a utilizar uma nova cultura, umnovo tipo de implemento, mas, depoisdeum certo tempo, isto entra numa expo-nencial. Há estudos que mostram, porexemplo, que ao cabo de 15 anos obteve-se uma taxa de adoção muito significativa- 40 a 50%.Numa região do Senegalon-de, em 1972, o milho era praticamentedesconhecido, há, hoje, plantios que co-brem milhares de hectares com as novasvariedadesintroduzidas, mas durante cin-co anos quasenada se viu.

René Tourte admite que, mesmo nocaso da pesquisa integrada (produtoresx pesquisadoresx desEU:1volvimentorural)houve casosde recusa total das propostasque foram feitas aos agricultores. "Mas,oque é importante nesse tipo de trabalho- destaca ele - é quesepodeentenderoporquê dessarecusa e caracterizaro moti-vo, que pode ser um problema de inser-gão da nova técnica ou tecnologia na dis-ponibilidade de trabalho que o produtor

EM REGI(jES SEMI-ARIDASOBSERVAMOS QUEO

AGRICULTOR PREFERE, ANTES,ESTABILIZAR A PRODUÇÃO

AGRICOLA A TENTARMAXIMIZA-LA E AUMENTAR

SEUS RISCOS.

rem na propriedade; pode ser que o quefoi proposto não atende às suasnecessida-des reais ou é economicamente inviável;ou, pode ser que ele simplesmente nãotenha vontade de fazer aquilo. Tal carac-terização vai realimentar a pesquisa, quedeverá reelaborar a proposição tecnológi-ca, buscando uma alternativa mais ade-quada.

Em algumasregiões semi-áridas,obser-vamos claramente a seguinte atitude doprodutor: é que, numa região de climaque tem um caráter aleatório muito gran-de de variabilidade, ele prefere muitomais a estabilidade, mesmo se ela é con-seguida com uma produtividade baixa,a ter uma performance agronômica gran-

AINCRÍYELHISTÓRIA

DOPAísQUEACREDITOU.

oBUSILENCONTROU

ASAíDA.VAMOSTODOS

CRESCER.

8

de num ano, mas que pode ser catastrófi-ca em outro ano. A atitude é de passar,antes, à estabilidade do que tentar maxi-mizar a produção e aumentar seus riscos.

I.ndependente do nível do produtor, apesquisa deve ser capaz de estabelecer umdiálogo, e esse diálogo é possível. Ela po-de trabalhar e crescer com ele, senão seriamuito perigoso, porque a pesquisa come-çaria a trabalhar só com os produtoresque tivessem um certo nível cultural, umacerta disponibilidade econômica e privile-giaria quem já tem algum privilégio. Apesquisa deve atender e trabalhar com to.das as categorias de produtores.

Finalizando, René Tourte explicouque, no caso da África, "o papel da pes-quisa não é o de organizaros produtores,suscitar essa organização, mas a atuaçãoconjunta da pesquisa a nível de produto-res pode servir de um revelador dos pro-blemas reais existentes e da adequaçãoou inadequação dos objetivos de desen-volvimento às necessidades reais dosprodutores. A pesquisa pode cumpriressepapel."

CA TI INICIAINTERCÂMBIOCOM CPA TSA

Os agrônomos Victor André de Argol-

10 Ferrão Neto e Dante Rando, respecti-vamente Coordenador e Chefe da Asses-

soria de Programação da CA TI-Coórde-nadoria de Assistência Técnica Integral,de São Paulo, estabeleceram, nos dias

um, dois e três de março, os primeiroscontatos com o CPA TSA para introduzir

e/ou testar, naquele estado, algumastecnologias desenvolvidas pelo Centro.

Em contato com a chefia e pesquisa-

dores do CPA TSA, os dirigentes da CA TIexpressaram interesse especial pelos tra-

balhos de mecanização agrlcola a traçãoanimal e de pequena irrigação.

Segundo dr. Victor Argollo, em algu-

mas regiões do Estado de São Paulo,particularmente as mais montanhosas,

com predominância de pequenos e mé-

dios agricultores, podem ser introduzidosequipamentos a tração animal desenvolvi-dos pelo CPA TSA e, atualmente, testadosem várias propriedades nordestinas. Sali-

entou, também, o desejo da CA TI derealizar alguns ensaios com o sistema de

irrigação que utiliza cápsulas porosas,em pequenas e médias propriedades pau-listas.

Além de visitarem as tecnologias doCPA TSA, mantiveram contato com um

grupo de exrensionistas: da Região Admi.nistrativa da EMA TER-BA, em Juazeiro,BA.

(I)

Que tecnologiapara o Trópico

agrícola~

Semi -Arido ?

o crescimento da produção agrope-

cuária no Nordeste do Brasil, particular-

mente na região semi-árida, "tem resulta-

do da incorporação de novas áreas. De

forma que os rendimentos f(sicos porunidade de área têm, em regra, se manti-

do constantes. Constata-se, por outro la-

do, que esta região apresenta uma baixa

taxa de adoção de novas técnicas produ-

tivas, motivo de vários trabalhos visando

à identificação dos fatores que condicio-naram tal "aversão" a inovações".

Não obstante a contribuição dos traba-

lhos para um melhor conhecimento do

processo de adoção e difusão de novas

tecnologias nas regiões estudadas por seus

autores, um fato a destacar é que pouca

atenção tem sido dada ao processo de

geração dessas tecnologias. Er;n outras

palavras, esses trabalhos pressupõem aexistência de tecnologias alternativas, sem

aprofundarem a questão da adequabilida-

de às condições agroecológicas das regiõesanalisadas.

Outro ponto fundamental, nem sem-

pre inclu(do nessas análises, é que a formacomo ocorre o desenvolvimento cient(fi-

co-tecnológico de um pa(s reflete as con-

dições em que se processa o seu desenvol-vimento global. Esse aspecto não pode serdesprezado, pois o desenvolvimento cien-t{fico-tecnológico brasileiro foi condi-cionado pelas estruturas econômico-sociaisdo pa(s. Ora, essas estruturas foram defi-nidas historicamente pela forma e nature-za das relações estabelecidas entre o Brasile a Europa, no primeiro momento, e Bra-sil-EUA, posteriormente.

Para compreender como o processobrasileiro de geração de tecnologia agrí-cola foi se sedimentando, é interessanterecorrer ao exemplo europeu. Na Europa,o desenvolvimento tecnológico da agricul-tura realizou-se, até o século XVIII e, emparte, até o século XIX, através de técni-cas agrícolas desenvolvidas pelos própriosagricultores. A contribuição da ciência àagricultura foi praticamente nula nesseperíodo. Isso se traduziu no fato de queos primeiros agrônomos tinham na com-paração dos conhecimentos produzidospor agricultores de diferentes regiões aprincipal fonte de contribuição ao pro-gresso agrícola.

É a partir dos séculos XIX e XX quea ciência vai prestar uma grande contri-buição à agricultura com o progressofeitona biologia, na química orgânica e mine-ral e na genética. Duas característicasdesta nova fase do desenvolvimentocien-tífico,tecnqlógico na Europa devem serressaltadas: a primeira é que, com o ad-vento da ciência moderna e sua aplicaçãoà agricultura, o desenvolvimentoagrícolabaseado nas experiênciasdos agricultoresperderia sua dinâmica. A outra é que atecnologia agrícola resultante da aplica-ção da ciência seria desenvolvidasobre-tudo pelo setor industrial.

CRENÇA BRASILEIRA

No Brasil, ao contrário do que ocorreuna Europa, o desenvolvimento tecnológi-co (resultante ou não da aplicação da ci-ência), assim como o desenvolvimento daprópria ciência, foi limitado pelas condi-ções em que se desenvolveu o processode colonização: a apropriação de grandesextensões de terra visando a produçãode mercadorias para o consumo externo.

1 O ecólogo Evaristo Eduardo de Miranda é coordenador do Programa Nacional de PesquiSIIdeA valiação dos Recursos Naturais e S6cio-Econômicos do Trópico Semi-Arido, do CPAToSA.

2 Márcio Bartolomeu Alves Silva, economista, é colaborador de pesquisa da Universidade FederalRural de Pernambuco e técnico da Secretaria da Fazenda desse estado.

Evaristo Eduardo de Miranda 1

Márcio Bartolomeu Alves Silva2

Uma das implicações deste processo éque a acumulação de capital se faz, sobre-tudo, ao nível do comércio, o que provo-ca um desenvolvimento mais lento das

forças produtivas. Ressalte-se tambémque no Brasil não houve condições paraque ocorresse longo processo de inven-ções acumuladas, de forma a possibilitar aobtenção e o aperfeiçoamento de instru-mentos de trabalho e novas técnicas, talqual se verificara na Europa nos séculosXVII e XVIII.

Por outro lado, o projeto de industri-alização brasileiro, intensificado princi-palmente a partir da década de cinqüenta,vai se basear na crença de que o país po-dia contar com as vantagens da utilizaçãodo conhecimento tecnológico acumuladopelas sociedades industriais ao longo deseu processo de desenvolvimento.

Esse posicionamento terá grande influ-ência sobre o desenvolvimento tecnológi-

co bras~eiro e, em particular, na geraçãode tecnologia para a agricultura, dadas asespecificidades deste setor. Implícita nes-ta crença estava a idéia da universalidadecientífica e da neutralidade tecnológica.É a partir desta hipótese que as ações doEstado no domínio da ciência e da tecno-

logia vão se orientar para a formação derecursos humanos com vistas a viabilizat

internamente a tecnologia estrangeira.

GERAR OU ADAPTAR?

Após os anos quarenta, a aplicação daciência à agricultura havia sido bastanteexplorada nos países mais avançados.Todavia, esses conhecimentos científicos,urna vez adquiridos pelos pesquisadoresbrasileiros formados no exterior, não es-tavam dissociados das mercadorias queresultavam de sua aplicação. Na medidaem que, no Brasil, urna articulação entreos institutos de pesquisa e os setores pro-dutivos industriais e agrícolas não se esta-beleceu de forma adequada, as atividadesde pesquisa se voltaram para a adaptação

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de tecnologias produzidas no exterior àscondições locais.

É necessário se reconhecer, entretanto,que a tecnologia se desenvolve na perspec-tiva da resolução de um problema concre-to em uma situação particular. Contraria-mente ao procedimento técnico, a racio-nalidade científica é geral e abstrata. Daío fato de que os benefícios de uma tecno-logia inténsiva, do tipo "revolução verde",não serem acessíveis senão aos produtoresagrícolas cujas condições de produçãopermitem sua introdução. Isso em detri-mento daqueles que se localizam em re-giões onde as condições agroecológicas eas características de suas explorações limi-tam o emprego deste tipo de tecnologia,como é o caso da região semi-árida nor-destina.

Por outro lado, grande parte das tec-nologias adotadas pelo setor agrícola -máquinas e implementos agrícolas, defen-sivos, adubos químicos, etc. - são produ-zidos pelo setor industrial, principalmentepelas empresas multinacionais. Na medidaem que a intensificação do programa derecursos humanos para o desenvolvimentocientífico-tecnológico no Brasil ocorrenum momento em que vários problemaseconômicos já haviam sido resolvidosatravés das tecnologias mencionadas, ospesquisadores brasileiros, treinados nos

países onde se produziram estas tecnolo-gias, sofreriam, certamente, as influênciasresultantes destas situações. Em outrostermos, as respostas aos problemas causa-dos pelas pragas, doenças, ervas daninhas,assim como aqueles concernentes à ferti-lidade dos solos, já estavam dadas emprincípio pelas tecnologias existentes. Aquestão, portanto, era aprofundar os co-nhecimentos científicos-tecnológicos quepossibilitassem uma melhor utilização(adaptação) destas tecnologias às condi-ções locais.

HERANCA NOCIVA

Este processo deverá se refletir na for-ma como os problemas agrícolas serãocaptados pelos pesquisadores. Em lugarde identificar os problemas da baixaprodutividade agrícola, através de umaanálise agronômica desenvolvida a partirdos Sistemas produtivos reais, onde asrestrições sócio-econômicas também se-riam consideradas, a pesquisa agronômicaorientou-se sobretudo no sentido de ava-

liar os resultados de novas técnicas agro-nômicas e insumos agropecuários.

Implícita nesta orientação estava aidéia de que a tentativa de se reproduziras condições de produção dos agricultoresnas estações experimentais constituia-se

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na alternativa metodológica mais viável eque as diferentes técnicas testadas nosexperimentos refletiam os verdadeirosproblemas agrícolas enfrentados pelosprodutores. Não obstante se reconheçauma certa capacidade dos pesquisadoresem captarem alguns dos problemas agrí-

colas das regiões onde eles atuem, não hádúvidas quanto às limitações do procedi-mento mencionado, devido, entre outrasrazões, à diversidade ecológica do espaçorural.

Em se tratando de região semi-áridanordestina, as limitações são agravadaspelo fato de suas condições agroclimáticase sócio-econômicas restringirem, em prin-cípio, o uso de grande parte da tecnologiamoderna. Convém chamar a atenção parao fato de que a inadequação da tecnologiaresultante do processo até então analisadonão deve ser atribuída apenas a ações de-senvolvidas pelo sistema de pesquisa agro-pecuária, haja visto que grande parte datecnologia agropecuária é produzida pelosetor privado, sobretudo o estrangeiro.

Assim, segundo a correta observaçãode Yuldeman, uma importante questão

do ponto de vista .tecnológico é "saberquais são as relações que existem entre,de uma parte, as idéias dos fabricantes emmatéria de rentabilidade das vendas e, deoutra, o fato de se exportar para os paísesem desenvolvimento a tecnologia utiliza-da pelos países desenvolvidos, em lugarde se elaborar uma especialmente conce-bida para estes últimos". Infere-se daí

que, não obstante os sistemas de pesquisaagrícola poderem realizar as pesquisas quese fazem necessárias para a posterior pro-

dução de determinado insumo agropecuá-rio, a decisão de fabricar os produtos de-pende de que o setor industrial os estimerentáveis.

REORGANIZACÃO

Até os anos 70, a preocupação priori-tária do governo foi o desenvolvimentoindustrial. A ausência de maiores esforçosna área da pesquisa f-gropecuária indicavaque a falta de mudanças tecnológicas sig-nificativas nesse setor não constituia um

obstáculo ao processo de acumulação decapital, centrado no setor industrial. Com

a criação da Empresa Brasileira de Pesqui-sa A'<Jfopecuária(Embrapa), em dezembrode 1972, o governo brasileiro intervémde modo decisivo na coordenação e napromoção da pesquisa agropecuária, atéentão realizada por várias instituições pú-blicas e privadas.

Essa reorganização da pesquisa noBrasil, em que pese a atuação de mui-tos pesquisadores nesse sentido, é conse-qüência da importância atribuída a partirdos anos 70 à modernização da agricultu-ra através do processo de desenvolvimen-to industrial do país, preocupação formu-lada claramente no I PND (Plano Nacio-nal de Desenvolvimento). Reforça essaevidência a formulação, nesse período,de toda uma gama de programas visandoà modernização da agricultura através desua maior integração com o setor indus-trial.

Assim, a Embrapa, órgão responsávelpela execução e pela coordenação dapesquisa agropecuária em todo o territó-

rio nacional, apesar das especificidadesdo setor agrícola, está alinhada às diretri-zes geraisda política nacionalpara a ciên-cia e a tecnologia, defmidas no PlanoBrasileiro de DesenvolvimentoCientíficoe Tecnológico. A publicação do planoocorre no momento em que a políticacientífica e tecnológica já dependia doMinistério do Planejamento, hoje Seplan,e do Conselho Nacional para o Desenvol-vimento Científico e Tecnológico(CNPq),transformado em fundação em 1974.

CASO NORDESTINO

No Nordeste, a pesCUlisaagropecuáriaestava,até então, insuficientemente estru-turada e organizada, sobretudo nas regi-ões semi-áridas (veja Box). Em que pe-se as diferentes ações e instituições depesquisa existentes no Nordeste, a com-plexidade e a diversidade das interaçõesentre os sistemas sociais e ecológicosnosemi-árido, somadas à situação de crisequase permanente vivida pelos agriculto-res da região, levaram a Embrapa a criarem 1974 o Centro de Pesquisa Agrope-cuária do Trópico Semi-Árido(CPATSA).Seu objetivo é o de executar e coordenaratividades de pesquisa, visando gerartecnologias para sistemas de produçãoeconomicamente viáveisnas diversasáreasecológicas incluídas no seu campo deatuação.

No CPATSA, como na Embrapa, oprocesso de geração de tecnologias ou de

conhecimento é visto como ~m continum,que nasce num projeto de pe~quisa inspi-rado nos problemas do agricultor e termi-na no agricultor, quando este incorporaàs suas atividades os resultados da pesqui-sa, aumentando sua renda e produtivida-de. Dada a insuficiência dos conhecimentosdisponíveis e a inadequação das tecnolo-gias disponíveis na solução de seus proble-mas, o CPATSA possui um modelo orga-nizacional que distingue três fases no pro-cesso de pesquisa: a) o levantamento e adefinição de problemas que requerem so-lução através da pesquisa; b) a geração detecnologia; e c) o estudo das interaçõesexistentes entre os resultados das pesqui-sas e sua difusão e adoção nos sistemasagrícolas. ' " ,

..

PREDICADOS E METODOS

Na opinião de Blumenschain, "o pontoinicial do processo, isto é, a definição dosproblemas que restringem as produções eprodutividades é certamente o mais im-portante, sempre, quase sempre o maiscomplexo. Ele exige dos pesquisadoresuma série de qualidades, destacando-se a

capacitação, a criatividade e a experiên-cia. A falta desses predicados pode levarmuitas vezes a enganos que afetam preju-dicialmente todo o processo de pesquisaou que restringembastante sua objetivida-de".

A pertinência dessaafirmação é parti-cularmente válida para o semi-árido,ondea simples existência de "predicados" nãogarante a identificaçãocorreta dos proble-mas, mas há sobretudo uma ausência demétodos científicos apropriados. O levan-tamento dos problemas pode e deve serobjeto de trabalhos de pesquisa e nãosimplesmente resultado de contatos espo-rádicos ou freqüentes com produtorese extensionistas. Isso porque, sobre aquestão que limita a produtividade e aprodução das culturas, agrônomos,econo-mistas, sociólogos, pesquisadores, exten-sionistase responsáveispelo levantamentorural apontam múltiplas causas, de natu-rezas diversas e freqüentemente discor-dantes.

DADOS CIRCUNSTANCIADOS

Na busca de técnicas e tecnologiascapazes de permitir o aumento da produ-tividade das culturas, a pesquisa agrope-cuária carece de informações circunstan-ciadas sobre o nível e a variabilidade(notempo e no espaço) dos rendimentos cul-

turais na região semi-árida. Rendimentoentendido como o resultado das intera-ções clima/solo/planta/técnicas culturais.Ora, essas informações exigem métodosnão tradicionais de pesquisa,adaptados àcomplexidade do espaçorural nordestino.Atualmente, o CPATSAvem desenvolven-do algunsmétodos de pesquisaagropecuá-ria a nível do meio rural, na região deOuricuri (Pemambuco), através dos quaisé possível identificar e hierarquizar osfatores e condições que limitam a produ-tividade das culturas, cujos resultados ini-ciais serão abordados em artigo posterior.

Sem reduzir o problema da produtivi-dade a questões estritamente agronômi-cas,osmétodos empregadospelo CPATSAvêm permitindo identificar os problemaspassíveisde solução técnica. Essaidentifi-cação, 'seguida de uma hierarquização,tende a alimentar os trabalhos de pesqui-sa a nível de campos experimentais e la-boratórios. Os métodos testados e confir-mados são estendidos às instituições re-gionaise às empresas estaduais de pesqui-sa do Nordeste. Conhecer o que limita aprodutividade das culturas a nível do agri-cultor vem levando o CPATSAa repensarcomo uno o processo de geração,difusãoe adoção de tecnologia agrícola no trópi-co semi-árido.Nessesentido, a questão datecnologia na e da agricultura se revelatambém terreno privilegiadopara um en-contro entre agrônomos e economistas.

PARADOXO GRAVENo Nordeste, até 1974, os trabalhos cientfficos sobre

alimentos efâm os mais escassos

No Nordeste, até 1974 o serviço públi-

co (federal e estadual) respondia por 99%da produção cient/fica no setor agricola.Trabalho elaborado conjuntamente peloMinter, Mec, Sudene, Universidade Fede.

ral do Ceará e outras instituições, publi-cado em 1976 sob o t/tulo "Produção

Cientifica no Setor Agricola do Nordes-

te", revela os graves prejulZos causadospela falta de uma coordenação dessasatividades.

Localizada sobretudo no litoral, con-centrada nos estados do Ceará,Pernam-buco e Bahia (72% dos trabalhos),a pro-dução cient/fica regional, além de insig-nificante (cercade 3 mil trabalhosrealiza-dos), era mal aproveitada (cerca de 42%dos trabalhos não publicados). Essacon-centração ocorria també,mnos temas depesquisa, quase exclusivamente dedica-dos a culturas alimentares e industriais,sem abordar pesquisas sobre a avaliaçãoe conservação dos recursos naturais da

região, questão primordial no semi-áridodo Nordeste. t interessante observartam-bém o número de pesquisas interrompi-das: de 3.420 pesquisas iniciadas, 220haviamsido interrompidas, o que significauma interrupção para cada 16 pesquisascomeçadas,

o trabalho acrescenta ainda um para-doxo não menos grave:as pesquisa sobre"cultUrasalimentt'cias", que representam38% da produção cientifica total, inclu-em-se entre as atividades como um dosmais baixos líldices de trabalhospublica-dos, ou seja, 44%. 'Tal fato", destaca odocumento, "é da maior relevância,hajavisto que, do total daprodução cient/ficanesse campo, mais da metade (56%)nãoteve seus resultados ao alcance do públi-co, implicando num alto custo social dapesquisa, mormente numa região subde-senvolvida, onde os recursos humanos,materiais e financeiros, em geral, são es-cassas",

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J. K. Gitau (ã esquerda) e Douglas Odhiambo, com o pesquisador Everaldo Porto (ao centro)

Equipe dovisita campos

Banco Mundialdo CPATSA

o Difusor de Tecnologia José de Souza Silva fala aos visitantes sobre i"igações de salvação

Para conhecer os trabalhos do Centrode Pesquisa Agropecuária do TrópicoSemi-Árido,principalmente os destinadosa pequenas e médias propriedades rurais,esteve em Petrolina, no dia sete de março,uma comitiva do BancoMundial,compos-ta pelo chefe da Divisão de Programaspara o Brasil, Hendrik van der Heijden, oex-chefe dessa Divisão, Robert Ski1lings,a Oficial de Empréstimos DominiqueLallement e os representantes do BIRDna SUDENE, Donna Dowsett e LuisCoisolo. Com eles, vieram o AssessorEs-pecial para Área de DesenvolvimentoRural, João Pessoa de Souza, Ivo Costa

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Souza, Coordenador do POLONORDES-TE, e o Coordenador Geral da UnidadeTécnica do POLO~ORDESTE, RobertoGilson da Costa Campos, todos da SUDE-NE.

Recepcionac;lpspelo chefe em exercí-cio do CPATSh:, Antônio José Simões,os visitantes dirigiram-seaos campos ex-perimentais, onde receberam explicaçõesdos pesquisadores sobre as pesquisas emmanejo de solo e água, mecanizaçãoagrí-cola a tração animal, consórcio, produçãoanimal, aproveitamento de água salinaproveniente de poço artesiano para irriga-

QUÊNIA INTERESSADO

NA PESQUISA PARA O

TRÓPICO SEM l-A RIDO

Numa visita que durou seis horas, o

Diretor de Pesquisa do Ministério da Agri-cultura do Quênia, J. K. Gitau, e o Presi-dente do Conselho de Desenvolvimento

Cientffico daquele pals afircano, DouglasOdhiambo, conheceram, no dia 10 de

março, vários trabalhos de pesquisa exe-cutados pelo CPA TSA para o Semi-Arido

brasileiro. Dessa visita também participouo dr. Hemir Maia, do Conselho Nacional

de Desenvolvimento Cientlfico. e Tecno-lógico (CNPq).

o Quênia, cuja maior parte do seu ter-ritório localiza-se em zonas áridas e semi-

-áridas, está interessado em ampliar o

intercâmbio técnico-cientlfico corr oBrasil, principalmente no que se relaciona

às atividades de pesquisa no Trópico Se-mi-Arido.

Durante a visita, os representantes afri-canos demonstraram grande interesse nas

pesquisas em manejo de solo e água e comespécies tolerantess à seca, no entantotambém mostraram~e satisfeitos com

as informações obtidas sobre mecanizaçãoagrfcola, métodos não convencionais de

i"igação, dentre outros trabalhos.

Ção, essências florestais, dentre outrostrabalhos.

UNIFORMIDADE DE AÇÃO

A visita da comitiva teve estreita liga-ção com o fato de que o Banco Mundialpresta apoio financeiro a programas dedesenvolvimento rural no Nordeste, ten-do, portanto, interesse em conhecer tec- inologias passíveis de utilização nas áreasabrangidas por esses programas. Alémdisso, desde 1979 a SUDENE delegou aoCPATSA a coordenação técnica do seg-mento de pesquisa a nível de produtor,do Projeto SERTANEJO e do POLO-NORDESTE, com o objetivo de unifor-mizar as orientações e racionalizar a

aplicação de reCFos.

Durante a visita, o Assessor Especialpara Área de DesenvolvimentoRural daSUDENE, João Pessoa de Souza, decla-rou-se surpreso com a velocidade comque os trabalhos estão se desenvolvendono Centro, que ele visitara em junho de1981.