jornal outrolhar | edição 16 | maio de 2008

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pág. 10 Viçosa busca recursos para finalizar o Parque Municipal do Cristo, um dos pontos turísticos ainda desvalorizados da cidade. Fotografia: Diego Abdou/Arte: Pato Domingues O CRISTO EM BUSCA DE REDENÇÃO ( ( comportamento )) Sua opinião é diferente? Saiba por quê. pág. 07 ( ( entretenimento )) Luz, ação e emoção: enfim, TEATRO! pág. 05 ( ( esporte )) Conheça o esporte em que pisar no chão é falta pág. 12 ( ( entrevista )) A arte de construir a arte. O que faz um luthier? pág. 15 ( ( opinião )) Propagandas estão mais sóbrias a partir de agora pág. 03 JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - JORNALISMO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA VIÇOSA - MAIO DE 2008 - ANO 05 - NÚMERO 15 O CRISTO EM BUSCA DE REDENÇÃO

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O Jornal-Laboratório OutrOlhar é uma produção de alunos do Curso de Comunicação Social/Jornalismo da Universidade Federal de Viçosa. A edição nº 16 foi produzida sob orientação do professor Joaquim Lannes.

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pág. 10

Viçosa busca recursos para finalizar o Parque Municipal do Cristo, um dos pontos

turísticos ainda desvalorizados da cidade.

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O CRISTO EM BUSCA

DE REDENÇÃO

(( comportamento ))

Sua opinião é diferente?

Saiba por quê.

pág. 07

(( entretenimento ))

Luz, ação e emoção:enfim,

TEATRO!

pág. 05

(( esporte ))

Conheça o esporte em que pisar no chão é

falta

pág. 12

(( entrevista ))

A arte de construir a arte.O que faz um

luthier?

pág. 15

(( opinião ))

Propagandas estão mais

sóbrias a partir de agora

pág. 03

JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - JORNALISMO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSAVIÇOSA - MAIO DE 2008 - ANO 05 - NÚMERO 15

O CRISTO EM BUSCA

DE REDENÇÃO

(( opinião ))

JOSÉ TARCÍSIO FILHO

Ao Leitor

Mais uma edição, mais um final de semestre e a sensação de dever cum-prido. A presente edição é fruto de um ano inteiro de atividades acadêmi-cas e pedagógicas visando a prática e a fixação das teorias aprendidas, em diversos conteúdos do Curso, volta-das para o jornalismo impresso. Trata-se de um trabalho en-volvendo a fértil criatividade dos es-tudantes, necessariamente adequadas e direcionadas ao Projeto Pedagógi-co-laboratorial Outro Olhar e aos Pa-drões de Qualidades voltados ao en-sino e aprendizado no setor. E mais, planejamento, produção individual e em grupo, idealização de pautas, ava-liações constantes das ações, prospec-ção de informações, revisão, edição, montagem e finalização de matérias no campo jornalístico. Tudo isso, pa-ralelamente a uma forte cobrança de prazos, posturas acadêmicas e profis-sionais, quanto o ato e implicações de se fazer jornal. Há de se destacar ainda a pre-ocupação constante em atingir e aten-der o público-alvo para o qual o Outro Olhar é direcionado: estudantes do ní-vel médio das escolas públicas de Vi-çosa. Para tal, ao longo do processo, diversos contatos diretos são feitos com os leitores no sentido de aferir o feedback resultante da leitura e do manuseio de nossas edições sucessi-vas. O resultado: mais quatro edi-ções deste veículo que prima pelas preocupações de ensinar a fazer jornal, também de se fazer um jornalismo de qualidade, fixando as teorizações per-tinentes e, finalmente, atuando com problemas reais os quais, depois de formados, nossos alunos defrontarão no dia-a-dia do mercado de trabalho.Uma excelente leitura para todos.

Prof. Joaquim Sucena Lannes

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As discusões sobre o download ilegal de músicas é constante. De um lado estão as pessoas que condenam esta prática, do outro, estão aqueles que não se importam em fazer suas “playlists’ com conteúdo considerado ilegal. Mas quais seriam as vantagens e desvantagens de baixar, ou não, as polêmicas MP3’s?

A troca de arquivos pela internet começou com o programa Napster no final dos anos 90. Em menos de um ano, a sua popularização chamou a atenção dos artistas, e é claro, das gravadoras. Cantores e bandas consagradas, como Metallica e Madonna, se irritaram ao ver suas faixas, ainda não liberadas para o público, sendo veiculadas neste programa. Ao mesmo tempo, artistas que até então não tinham seu trabalho divulgado, puderam mostrar ao mundo suas músicas, é o caso da banda inglesa Radiohead.

O pioneirismo do Napster custou caro. Em

menos de três anos, seu sistema foi desativado, o principal motivo foi o enorme número de processos provenientes de artistas e gravadoras. Mas o chute inicial já tinha sido dado. A partir daquele momento, diversos programas de troca de arquivos surgiram na web, e parar a propagação dos MP3’s se tornou irreversível.

Quem perde com isso são as gravadoras, e, em menor escala, os artistas. Calcula-se que as redes de trocas cheguem a dar um prejuízo de 4,2 bilhões a indústria fonográfica. Este dinheiro poderia ser investido em novas tecnologias e até mesmo ser repassado para os cantores e bandas. Muitas pessoas também não percebem, mas as músicas adquiridas pela internet não tem a mesma qualidade do CD. Som com qualidade maior só mesmo pelo disco digital (é até possível pegar pela internet, mas o grande tamanho inviabiliza o processo).

E quem ganha com os downloads ilegais de MP3?

Podemos afirmar que quase todas as pessoas que baixam este tipo de arquivo. Enquanto o CD “Thriller” do Michael Jackson é vendido a R$ 34,90 nas lojas, podemos baixá-lo, a custo zero, em menos de uma hora através do LimeWire ou Emule (programas de troca de arquivos). Tudo isso em dois cliques.

Para tentar “diminuir” os prejuízos, as gravadoras estão entrando em um novo mercado. Hoje em dia, o CD está sendo disponibilizado pela internet, e o internauta pode escolher qual faixa quer comprar, o preço é mais em conta, cerca de R$ 2,49 por música. Mas esta prática está longe de se tornar popular. Adquirindo um CD completo pela internet, a pessoa irá pagar no mínimo vinte reais. E ainda há uma desvantagem, pois neste caso, a faixa vem com qualidade inferior a de um CD, e igual a de um arquivo proveniente de um programa de trocas. As gravadoras continuarão buscando alternativas para poder

conter os prejuízos p r o v o c a d o s pela difusão do formato MP3. Isto será difícil, pois os artistas já estão fazendo o possível para não depender dessas empresas. E tentar convencer as pessoas a voltarem aos velhos hábitos de pagar para ouvir músicas, está longe de se tornar uma realidade.

E o dilema continua...

Jornal Laboratório produzido pela turma de 2006 do Curso de Comuni-cação Social – Jornalismo da Univer-sidade Federal de Viçosa

Endereço: Vila Giannetti, casa 39, campus universitário CEP 36570-000 – Viçosa MGTel: 3899-2878 – [email protected]

ReitorProf. Carlos Sigueyuki Sediyama

Diretor do Centro de Ciências Hu-manas, Letras e ArtesProf. Walmer Faroni

Chefe do Departamento de Artes e Humanidades

Prof. Fábio Faria Mendes

Coordenador do Curso de Comuni-cação SocialProfª. Kátia Fraga

Jornalista-responsávelJoaquim Sucena Lannes – MT/RJ 13173

EditoresAna Maria Pereira, Debora Antunes, Pablo Pereira, Gabriele Maciel, Gisele Nishiyama, Inês Amorim, Mário Vítor Filho, Tatiana Duarte

Revisão de textoAgnaldo Montesso, Gabriele Maciel, Inês Amorim, Talita Aquino

Coordenação de diagramação, arte e revisão finalFelipe Menicucci, Pato Domingues, Tim Gouveia

RedaçãoAgnaldo Montesso, Ana Maria Pereira, Ana Paula Nunes, Aramis Assis, Bárba-ra Gegenheimer, Carolina Reis, Débora Antunes, Débora Bravo, Diego Alves,

Diego Tarlis, Eloah Monteiro, Felipe Menicucci, Felipe Pedroza, Fernanda Couto, Fernanda Mendes, Fernanda Torquato, Gabriele Maciel, Gisele Nishiyama, Inês Amorim, José Tarcísio Filho, Joséllio Carvalho, Kirna Nasci-mento, Luciana Melo, Lúcio Érico, Ma-nuella Rezende, Marcela Sia, Mariana Azevedo, Mário Vítor Filho, Maristella Paiva, Mônica Bento, Pablo Pereira, Pato Domingues, Paula Chaves, Sabri-na Areias, Samira Calais, Saulo Rios, Savana Brito, Talita Aquino, Tatiana

Duarte, Tim Gouveia, Vagner Ribeiro, Zana Ferreira.

FinalizaçãoLuciana Melo e Thiago Araújo

ImpressãoDivisão de Gráfica UniversitáriaTiragem 1500 exemplaresOs textos assinados não refletem a opinião da Instituição ou do Curso e são de inteira responsabilidade de seus autores.

OUTR ((O)) LHAR

O fim do Napster não foi o sudificente para conter os programas de troca de arquivos em MP3

Reprodução

Problema ou solução? Esta pergunta resume muito da questão que envolve o projeto do Governo Federal de transposição do Rio São Francisco. Com uma extensão de 2,8 mil km e drenando uma área de quase 641.000 km², o Rio São Francisco passa por diversos estados que integram a região do semi-árido. E é justamente para suprir a necessidade de água desses lugares que o projeto encontra justificativa.

Intitulado “Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional” e com um orçamento de R$ 4,5 bilhões, consiste na transposição de parte da água do São Francisco para abastecimento de açudes e outros pequenos rios da região nordestina. Crê-se que esta é a única alternativa para sanar os problemas de ordem hídrica enfrentados pela região. Em tese, o

projeto de transposição facilitaria o acesso da população à água além de possibilitar o desenvolvimento de atividades agrícolas, comerciais

e industriais. Isso tudo seria bastante

positivo. Entretanto a realidade é

um pouco diferente. Primeiramente é necessário ressaltar que se trata de uma obra cara e que, ao contrário do discurso utilizado,

não vai atingir toda a região afetada pela seca. Na realidade irá atingir cerca de 5% da área do

semi-árido e 0,3% da população que ali vive. Além disso, tem-se aí mais um problema já que dentro dessa pequena parcela de 0,3% da população, grande parte corresponde aos grandes latifundiários do Nordeste. Levando em conta que o projeto prevê passar pelas grandes fazendas, como garantir que a o acesso à água será democratizado? Questiona-se também o fato de que a transposição irá afetar o ecossistema não só do próprio São Francisco, mas também dos demais rios envolvidos na transposição.

Mesmo não sendo um projeto novo (tem sido discutido desde Dom Pedro II), a transposição do Rio São Francisco, ao gerar tantas e ferrenhas críticas, parece ser ainda bastante incipiente, tratado de maneia simplista. E para que não se torne uma solução para poucos e um problema para a maioria é necessário um pouco mais de prudência.

(( opinião ))

Transposição do Velho Chico: problema ou solução?MANUELLA REZENDE

Bebida alcoólica é coisa de adultoFELIPE MENICUCCI

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E o dilema continua...

Nas ruas da cidade de Viçosa, manifestação contrária à transposição do Rio São Francisco

Caranguejos simpáticos, tartarugas que fazem embaixadinhas, atrizes famosas e músicas animadas que não saem da cabeça. É difícil associar esses personagens e recursos publicitários em produtos para jovens? Não. O problema está aí. Geralmente, são os produtos voltados para o público adulto que lança mão desses recursos, principalmente as bebidas alcoólicas.

Todos sabem dos malefícios do álcool no organismo, além de ser inquestionável que as bebidas alcoólicas não são indicadas para menores de 18 anos. Mas é justamente esse tipo de público que é mais atraído pelas propagandas coloridas, alegres e que fazem “um brinde à vida”.

A indústria do álcool e da propaganda gasta cerca de 30 bilhões por ano em publicidade e marketing, segundo dados do

Conselho de Comunicação Social do Congresso Brasileiro. Com essa exposição tão intensa, os jovens

desde cedo são acostumados a conviver com bebida, e podem até se tornar alcoólatras

quando adultos. Os pais também contribuem para agravar o quadro, quando deixam, por exemplo,

o filho beber a “espuminha” da cerveja.

O Governo Federal

adiantou em abril de 2008 o projeto de lei que limita as agências publicitárias no que diz respeito ás propagandas de bebidas alcoólicas, principalmente a cerveja. A partir de então, o horário de veiculação das peças publicitárias fica restrito no período das 06hs às 21hs. Além disso, os comerciais deverão conter frases como “produto destinado a adultos”, juntas com a já conhecida “aprecie com moderação” e “se beber, não dirija”.

Assim, as propagandas vão continuar, mas deixando bem claro qual o tipo de público que querem atingir. Essa conscientização com base na lei deixa claro a intenção de mudar não somente as propagandas de bebidas, como também a de cigarro. É preciso ficar claro para a população que se faz necessário separar o que é pra jovem e o que é coisa de adulto.

Diego A

lvesR

eprodução

crítica à mídia

A boa leitura por um bom preçoMARCELA SIA DE LIMA

Todo mundo sabe dos benefícios de uma boa leitura. Ou pelo me-nos já ouviu falar. Ler é um há-bito divertido e interessante. En-riquece culturalmente o leitor e ajuda na formação do senso críti-co e estímulo do raciocínio. Mas, na hora de comprar um livro, nos deparamos com um problema: o preço. Geralmente, livros cus-tam caro e isso é um dos moti-vos que desestimulam a leitura. Mas, se o problema é o preço, existe uma solução! Os sebos. Os sebos são lugares onde são vendidos livros, dvds, cds e discos de vinil. A maioria é usada. E, ao contrário do que muitos pensam, os sebos pos-suem livros em ótimo estado. Pode-se encontrar um livro no-vinho em folha por um preço bem melhor do que em livrarias. Mas se os sebos são tão úteis, por que existe um preconceito com eles? Provavelmente pelo nome sebo. Esse nome surgiu há mui-to tempo atrás, na época em que

ainda não existia luz elétrica e as pessoas liam à luz de velas. Fato que acabava por deixar os livros li-teralmente “ensebados”. O que, fe-lizmente, não acontece mais hoje. Pelo contrário, os livros não têm por que ficarem sujos. Aliás, quem costuma freqüentar, doar e com-

prar livros de sebos, geralmente tem muito cuidado com os livros. Em um sebo pode-se en-contrar raridades, livros didáticos e até lançamentos. Muitas pessoas doam livros novos, que acabaram de ler e não lhes interessa mais. Adquire um lançamento, novinho

e por um preço bem inferior. O sebo Achei! que fica no centro de Viçosa possui um acer-vo variado de livros, cds, vinis e dvds. Lá são encontrados livros para todos os gostos. A dona do sebo, Ma-ria Aparecida, estima que existam milhares de livros nas pratelei-ras. Segundo ela, eles trazem livros de San-ta Catarina e de São Paulo. Além de rece-berem doações e com-prarem livros usados. “Não adian-ta oferecer um livro que não esteja em bom estado, as pes-

soas não vão querer comprar.” – Afirmou a dona do sebo. Ela contou ainda que sempre vai ha-ver um livro que é uma relíquia para alguém. Os sebos são uma alternativa para quem quer diver-são e cultura por um bom preço.

Que tal assistir a um bom filme, sem pagar nada, e ainda entrar em contato com obras e títulos que muitas vezes não ocupam um es-paço significativo nas salas de ci-nema convencionais? Muita gente não sabe, mas o Cine Clube Car-cará, localizado no porão do Cen-tro de Vivências da Universidade, proporciona essa experiência. Os Cine Clubes são es-paços em que seus associados e freqüentadores tem a oportunida-de de apreciar e discutir o cinema, não única e exclusivamente como objeto de entretenimento. O Cine Clube Carcará foi fundado no ano de 1969 em plena ditadura militar, com o objetivo de proporcionar um grande debate político, social e cultural, a partir da exibição de filmes. Já no ano de 2003, o Carca-rá passou por reformas e adquiriu a atual configuração com cadei-ras, telão e equipamento de som. Hoje, o Carcará conta com uma programação exten-sa e diversa com filmes exibi-

dos praticamente todo os dias. Existem alguns projetos como o Fã Cine, o Cine Volta ao Mun-do e o Anime, que inseridos dentro da progrmação do Cine Clube, proporcionam um gran-de conhecimento sobre cinema.

Apesar de ser localizado dentro da Universidade, o Car-cará é aberto a toda comunidade viçosense. André Laguna, co-ordenador da programação e do grupo operacional do Cine Clube Carcará, salienta a importância do

Cine Clube para a comu-nidade. “De uma forma geral, as cidades do in-terior carecem de uma programação eficiente. O único cinema comer-cial que dispomos tem uma grade naturalmente atrasada e com pouquís-simos títulos interessan-tes. O Carcará é uma alternativa gratuita para as pessoas que se sentem sufocadas por essa falta de opções”, diz Laguna.

José Jorge, estudante do primeiro ano do ESEDRAT, é freqüen-tador assíduo do Cine Clube Carcará e afir-ma que encontrou no Carcará uma opor-

tunidade de ver filmes que são pensados e analisados e que não estão em evidência. O Cine Clube Carca-rá, é uma boa opção de lazer aliada a cultura. Fique ligado na programação do Carcará.

Cultura, cinema e diversão em um só lugarSAULO RIOS

Sebos apresentam diversão, lazer, cultura e entretenimento em bom estado, por um preço mais acessível

Marcela Sia de Lim

a

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(( entretenimento ))

Alunos assistem à sessão de quinta-feira no Cine Clube Carcará: diversão e entretenimento gratuito

Saulo Rios

O visual é sem graça e o nome menos chamativo ainda: su-doku, uma abreviação de “suuji wa dokushin ni kagiru”, que se aproxima no português de “dígi-tos devem permanecer únicos”! É um quebra-cabeça numérico que para praticá-lo, bastam ape-nas papel, lápis e muita paciência. Pode até ter um nome estranho, mas é uma brincadei-ra simples, econômica e diver-tida, e por isso, tem ameaçado a hegemonia de clássicos como as palavras-cruzadas, muito úteis nas horas vagas e princi-palmente na hora do recreio! Sudoku consiste em pre-encher uma grade de 81 espaços dividida em nove blocos. O obje-tivo do jogo é completar os espa-ços em branco com algarismos de 1 a 9, de modo que cada número apareça apenas uma vez na linha, grade e coluna. Nenhum número pode ser repetido e todos os núme-ros de 1 a 9 devem estar presentes. O jogador pode escolher

entre níveis de dificuldade: fácil, médio, difícil são os mais comuns, mas existem ainda etapas como “muito fácil” e “incrivelmente difícil”. Os mais mirabolantes en-volvem letras e números e são cha-mados godokus. A diferença entre os níveis no sudoku está na quan-tidade de quadrados já preenchi-dos e na disposição dos números Para jogá-lo não é neces-sário utilizar cálculos ou conhe-cimentos matemáticos, entretanto é preciso ter raciocínio lógico e alguns minutinhos livres para pe-gar o jeito do jogo! O professor de matemática Plínio Balduino acredita que o sudoku é um pas-satempo que estimula a atividade mental, um verdadeiro exercício para o cérebro e em conseqüên-cia disso, pode provocar melhoras no raciocínio lógico e são van-tajosos para manter a memória. O estudante Jonas Sil-va pratica sudoku há 5 anos. Co-nheceu o jogo através de amigos e desde então passou a jogar du-rante os intervalos de aula. Ele

alega que sudoku é um jogo sim-ples que prende a atenção e acre-dita que a partir do sudoku adqui-riu mais facilidade para atividades que tem que decifrar códigos. Apesar de ser uma cria-ção norte-americana, o jogo su-doku se tornou popular no Japão, onde os caça-palavras possuem uma barreira: os ideogramas (kan-jis). O sudoku (ou “number pla-ce”, nos EUA) voltou ao mundo ocidental em 2004, quando o jor-nal britânico “The Times” decidiu publicá-lo na sua seção de “puzz-

les”. Hoje a mania se espalhou, sendo a Inglaterra o país mais vi-ciado neste tipo de entretenimento.Como toda febre, sudoku se en-contra em vários lugares e de di-versos formatos: em jornais, jogos de celulares, internet. Nas bancas, os preços variam de R$ 1,99 a R$ 10. Diversos sites disponibi-lizam sudoku on-line e de graça. Para quem tem medo de ganhar mais um vício, Jo-nas serve como alerta. “De vez em quando eu enjôo, daí volto para a vida normal”.

“Subo nesse palco”TALITA AQUINO

A cortina está fechada, as luzes apagadas ou em meio-tom. O ba-rulho lá fora deixa as mãos sua-das e um frio na barriga. Foi um dia todo de preparação e, antes dele, horas e mais horas de ensaio. Uma voz na coxia diz: “Quebre a perna!”. A partir daí, só o sor-riso no rosto vai conter o turbi-lhão interior. A cortina se abre e dezenas de pessoas esperam, ansiosas, para viverem os so-nhos que você está produzindo. Isso é o teatro... e ainda mais! Para quem trabalha com teatro a mais de 30 anos, essa re-presentação artística é nada mais, nada menos, que a própria vida. O professor de teatro Luciano Cin-tra começou em Belo Horizonte onde praticamente vivia disso. Para ele o teatro “faz parte da formação, para que as pessoas na área acadêmica tenham também uma vivência na área cultural. Que seja pelo teatro, pela dan-ça, pela música. Não que elas se

tornem atores ou atrizes, mas se soltem mais, percam a inibição e se sintam com mais disposi-ção a criar dentro da sua área, mais confiança e auto-estima”. Da mesma forma, a es-tudante Alexa Costa, acredita que fazer teatro é muito interessante, e verificou isso com os colegas da oficina teatral. “Pessoas tími-das e travadas evoluíram muito, mais auto-confiantes, sentindo-se capaz, com potencial. A auto-aceitação também é muito im-portante, sempre ouvia alguém falando ‘Nunca me imaginei fazendo isso e eu posso’. Elas aprendem a se desinibir”, afirma. Luciano chama a nossa atenção para o fato de que mes-mo o teatro sendo tão bacana, não é se pode esquecer da base: a disciplina. “No teatro a gente trabalha muito com a disciplina, e na vida profissional das pesso-as, se elas não tiverem disciplina, concentração e cooperativismo não irão crescer”. E tudo isso como uma vivência que interfere

até no cotidiano, segundo Alexa agora fica muito mais disposta para fazer as coisas, para estudar, depois dos ensaios. “É como um esporte. Me distraio da vida, solto meu corpo. Me faz muito bem!”. E quem ainda vai dizer

que não gosta de teatro? Fazer te-atro distrai, diverte e ainda ensina um monte de coisas, como histó-ria, geografia, expressão corpo-ral, literatura. Porque não entrar nessa também? Que abram-se as cortinas e “quebrem a perna”!

Sudoku: o quebra-cabeça do novo séculoBÁRBARA GEGENHEIMER

05

(( entretenimento ))B

árbara Gegenheim

er

Paciência, concentração e raciocínio são essenciais para a prática do Sudoku

Eu não sabia. E você? O significado da expressão “quebre aperna” (break a leg) é muito tumultuado, algunsdizemque esteja ligado ao sentidode “leg” (per-na),queserefereàpartelateraldopalcoondefi-camascortinasouacordaqueaslevantaeabaixa.Nesse sentido, o significado é a expectativa queos aplausos dopúblico sejam tantos que levemoteatro abaixo. Ou que as cortinas sejam levanta-das e abaixadas tantas vezes para os atores rece-beremosaplausos,queacordaacabesequebrando.

Masnasuperstiçãoteatral,desejar“boasorte”atraiprecisamenteoinverso:oazar.Ocorretoédese-jar“quebreaperna”,conformeatradiçãoanglo-saxã.

Reprodução

Sexta-feira, último horário, estômago roncando e nada de saber a resposta da últi-ma questão da prova. Numa situação dessas e até mes-mo em outras muito menos complicadas, os alunos adotam uma solução bem simples: colar. O ato de dar uma espiadinha na respos-ta do colega às vezes vira tão normal, que até mesmo nas questões que o aluno sabe responder, ele prefere conferir com o colega. Por que será que isso acontece? A psicóloga Rita de Cás-sia de Souza explica que o ato de colar pode estar relacionado com a sensação de perigo e risco, a qual o adolescente gosta de experimen-tar. Mas ela ressalta que a cola é estimulada principalmente pelo tipo de avaliação que é dada. “Em geral se utiliza um modelo de mui-ta memorização, quando a idéia deveria ser interpretar, reelaborar. Não repetir”, enfatiza. Rita, como

professora do Departamento de Educação da UFV, faz avaliações em que os alunos podem colaborar uns com os outros. Para ela, o co-nhecimento deve ser compartilha-do, pois assim se formar cidadãos. E isso pode ser compro-vado através dos próprios estu-dantes. Um estudante de um colé-gio de método rígido, afirma que na sua escola a cola não resolve. “Quem cola não passa aqui, você tem que saber de verdade” afir-

ma. Já uma aluna de outro colégio, cujo método de memorização se aplica, admite a existência da cola, mas não explica o porquê dela.

E é na hora da cola que a criati-vidade floresce. Várias técnicas são desenvolvidas para enganar o professor: escre-ver em código na

carteira, escrever a resposta nas costas da cadeira da frente, na borracha, na régua... E para as questões fechadas, vários sinais com as mãos são bolados para manter um grupo de ami-gos todos com a mesma respos-ta. Mas, a psicóloga Rita lembra que quando a avaliação é seleti-va, como no caso do vestibular, todos os cuidados devem ser to-mados para que ninguém respon-da o que não sabe de verdade.

(( comportamento ))

O mal do século XXI atinge os jovensINÊS AMORIM

Competição. Essa palavra define o mundo em que vi-vemos. Hoje em dia, para se estar inseri-do no mercado de trabalho, não basta ter ensino médio completo, precisa-se também que se tenha domínio de idiomas, conhecimentos de informática, ensino superior, pós-gradu-ação... E, para se tor-nar esse super profis-sional que o mercado exige, desde cedo, a criança começa a ser preparada. Não é raro conhecer crianças e adolescentes que fazem curso de inglês, espanhol, infor-mática, alguma aula de música, além, é claro, de uma atividade física. Não é raro também conhe-cer aqueles que façam tudo isso ao mesmo tempo. Ou seja, além da escola (que já toma boa parte do

dia, diga-se de passagem), o jovem ainda tem a outra parte do seu dia completamente tomada por outras atividades. Resultado: desde cedo a pessoa desenvolve o que muitos especialistas já classificaram com o mal do século XXI: o estresse. Porém, para a pedagoga Simone Mendes, o estresse é re-sultado da cobrança que é feita em cima das atividades desenvol-

vidas pelo jovem, além da falta de organização do tempo: “quando os horários são or-ganizados e os jo-vens fazem o que gostam sem altas expectativas, as atividades fluem sem estresse, afi-nal os jovens têm 7 dias para divi-direm tudo o que têm para fazer. Enfim, o stress acontece quan-do não há pra-

zer nas atividades e não por conta de acumulo, e, é claro que eles devem ter mo-mentos de lazer para relaxar”. Se você se identificou com a matéria acima, fica a dica: organize seus horários, desen-volva atividades das quais gosta e veja o lado divertido daquilo que se faz, afinal de contas, é do seu futuro que estamos falando...

Os problemas de uma espiadinhaZANA FERREIRA

06

Uma loja, muitas roupas e vá-rias épocas. Esse é o cenário de um brechó, um estabelecimento comercial onde se compram e vendem objetos antigos e usados. Em um brechó há todos os estilos e tendências, sendo possível encontrar desde artefa-tos de décadas passadas até rou-pas da moda, por preços baixos e acessíveis. A origem vem do século XIX, no Rio de Janeiro, quando um homem chamado Belchior criou a primeira loja de roupas e objetos de segunda mão. A procura por brechós vem aumentando nos últimos anos, principalmente por parte do público jovem. Enquanto alguns procuram uma maneira única de se vestir, sem se deixar escravizar por tendências, outros buscam um meio de gastar menos dinheiro com roupas e acessórios. É o caso da estudante Danielle Soares. Ela conta que já comprou muita roupa barata e de qualidade em brechós. “Bom que sobra dinhei-rinho pra ser investido em outras coisas, como baladinha”, diz. A proprietária de um dos brechós de Viçosa, Maria Inês, afirma que o local é freqüentado por todo tipo de pessoas. De acor-do com ela o preconceito diminuiu e aquela idéia de que em brechó só têm coisa velha está acabando. Muita gente não sabe, mas além de ser uma opção barata de com-pra, para muitas pessoas o brechó é útil na hora de pagar as contas. Maria Inês lembra que muitos estudantes pagam suas despesas como, por exemplo, o xérox, com o dinheiro da ven-da de suas roupas esquecidas no armário. Para vender ou comprar, o brechó vem se tor-nando um opção freqüente dos jovens. Além disso, criar seu estilo com épocas diferentes é uma opção que não está dispon-vível nas lojas convencionais.

Viagem no tempo e na

modaFERNANDA MENDES

Inês Am

orimZana Ferreira

Conferir a resposta dos colegas é um comportamento dos alunos

Falta de organização e excesso de atividades gera estresse para os jovens

“E depois de vestir o sapatinho em Cinderela o príncipe a tomou como sua esposa e eles viveram felizes para sempre.” Em algum momento da vida toda menina já pensou em encontrar um prín-cipe encantado como na histó-ria da Cinderela, da Branca de Neve, ou da Bela Adormecida.Tradicionalmente, o casamen-to desde a adolescência come-ça a fazer parte do imaginário uma garota, que já pensa na festa, nos enfeites e principal-mente em seu vestido de noiva. Antigamente era comum casar ainda jovem, com 16-19 anos, mas atualmente a escolha de construir uma família acon-tece mais tarde. Mulheres optam pelo matrimônio quando chegam nas idades entre 25 e 30 anos. Isso ocorre, segundo a psicóloga Patrícia Santanna, por motivos mercadológicos. A mulher quer ser agente da história e passa a valorizar a questão profissional. Além disso, vê-se diante da di-

ficuldade de construir e manter uma família e, por isso, planejam com cuidado a fim de enfrentar a vida conjugal e ter estabilidade para a provável vinda de um filho. E é dessa maneira que pensam a maioria das jovens. “Eu quero casar sim, acho que toda mulher pensa em casamen-to. Mas ela deve ser independen-te economicamente pra só depois casar”, conclui a estudante de 16

anos Patrícia Cunha. O casamen-to ocorre em duas esferas: a civil e a religiosa. Na esfera civil, o casal encontra estabilidade eco-nômica e social concedida pelo contrato que ambos assinam. A importância da questão religiosa, aliada a cultura do país, dá-se pelo benefício que essa con-cede ao casal através da benção, garantindo que o casal possa viver na intimidade sem ofender a moral.

No entanto, é comum haver a união entre o casal sem o casamento. Patrícia Santanna acredita que isso acontece devido às relações familiares do mundo moderno: “ A educação dos jovens não é como antes. Os pais não fi-cam todo tempo com os filhos e a informatização (computadores, video games) afasta ainda mais os filhos dos pais, fazendo com que não haja muita relação entre os familiares e, com isso, o ado-lescente começa a traçar contrava-lores e pensar no por quê casar”. Desde antigamente o papel do homem na família é de provedor, o que explica que eles se casem com mais de 25 anos, além de ser o ponto onde são ca-pazes de serem verdadeiros prín-cipes, mais maduros, aptos a ter mais responsabilidades, como as financeiras e administrativas. É a configuração feminina que teve mudança. Mas apesar de quere-rem casar com 20 ou 28 anos, o buquê e o vestido sempre estarão presentes nos sonhos das meninas.

Contrariando o senso comumPAULA CHAVES

Você á leu a revistinha da “Turma da Mônica” em que o personagem “Do Contra” aparece agindo de forma com-pletamente oposta aos outros? Assim como ele, as pes-soas que se incluem no chamado contra-senso são geralmente ape-lidadas de “do contra”. É comum encontrá-las em diversas situações do cotidiano, como na escola ou no trabalho. N a adolescência esse tipo de postura é per-cebido mais facilmente, pois é nes-sa etapa que tendem a acontecer os conflitos pela busca da iden-tidade. O ado-lescente passa a

questionar regras e crenças que eram naturalmente aceitas. Se-gundo a psicóloga Grasiela Go-mide, não é possível generalizar o que leva a pessoa a ter esse com-portamento de essência contradi-tória. “Em alguns casos pode ser uma dificuldade de lidar com as diferenças; em outros, o medo da

rejeição fica mais eviden-te; ou ainda pode ser a

forma que pessoa en-controu para ser

percebida”, a f i r m a Grasiela. Quan-

do a pessoa dita “do contra” o r i e n -ta sua v i d a o b j e -

t i v a n d o unicamente

ser diferente dos outros,

ela deixa de

ter sua própria personalidade e passa a viver a partir da negação do outro. Ela torna-se uma pessoa inflexível, que raramente descarta sua opinião, tentando atribuí-la sem levar os demais em conside-ração. Porém, o “do contra” pode ter atitudes saudáveis. Muitas ve-zes ele prefere anali-sar as situações de outras pers-pectivas para só depois opi-nar ou agir de acordo com as soluções que en-caixarem m e l h o r em seus valores. M a -t h e u s Frossard, es tudante do Ensino Médio, con-sidera-se di-

ferente. Ele concorda com a frase “Toda unanimidade é burra” e age de forma coerente com seu estilo de vida. “Tento analisar as situa-ções de todos os ângulos para não cair na alienação”, diz Matheus.Independente de ser “do contra” ou não, o interessante é ter conteú-

do para poder argumen-tar com propriedade. Nem sempre o senso-comum vai estar certo, mas isso não quer di-zer que ele estará sem-pre errado. Por isso, o objetivo não deve ser contrariá-lo, mas sim opinar e agir de acordo com nossos valores, sa-bendo ouvir e respeitar a opinião dos outros.

Da brincadeira de casinha à realidadeCAROLINA REIS

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(( comportamento ))

Mesmo numa sociedade moderna, muitos jovens ainda se interessam pelo casamento

Carolina R

eis

Ilustração: Tim G

ouveia

08

O que você pensa sobre meio ambiente?LUCIANA MELO E MÁRIO VÍTOR FILHO

Reprodução

(( meio ambiente ))

Renovar as florestas é uma questão de responsabilidade ambientalLUCIANA MELO

Sabe este jornal que você está se-gurando agora? Pois é, com certe-za o papel que propiciou sua pro-dução e de vários outros tem a base de sua matéria-prima na celulose. Por isso é importante nos ques-tionarmos sobre a importância do reflorestamento. Será que conse-guiríamos suprir de outra forma os benefícios do uso desse recurso na-tural que é madeira de outra forma? Que a preservação de matas nativas é fundamental para o meio ambiente todos sabemos, mas qual é o papel do reflores-tamento nesse processo caóti-co em que vive nosso planeta? O reflorestamento é a prática de se replantar árvores nativas em áreas onde anterior-mente existiam florestas e espé-cies vegetais. Quando o plantio é feito através de espécies exóticas, ou seja, aquelas não encontradas na região anteriormente, o pro-cesso é nomeado florestamento. A recuperação de áreas

supostamente perdidas através do plantio ou replantio de árvores, é

uma importante alternativa para o combate do aquecimento global.

Em sua fase de cres-cimento, as árvores demandam

uma quantidade de carbono sig-nificativa para se desenvolver e acabam tirando esse elemento da atmosfera, porém quando morrem, em seu estado de decomposição, liberam o gás carbônico que acu-mularam durante toda suas vidas. Mas existem processos que podem amenizar esse efeito “colateral”. Quando retiramos de uma floresta uma árvore adulta, sem esperar que a mesma apo-dreça, podemos adiar a liberação de CO2. Na fabricação de mó-veis, por exemplo, o carbono que iria para a atmosfera se man-tém aprisionado na madeira por muito mais tempo, até que ele seja descartado. É o que afirma o Engenheiro Florestal e professor da Universidade Federal de Vi-çosa Haroldo Nogueira de Paiva. Ainda existem alter-nativas para que o nosso pla-neta se desenvolva sem o des-truirmos, basta utilizarmos de forma responsável os recursos que temos em nossas mãos.

As pilhas e baterias são um grave problema ambiental por serem con-sideradas lixo químico altamente perigoso. Quando descartadas ina-dequadamente, como em lixões ou aterros sanitários, elas liberam componentes tóxicos, causando sérios danos ao meio ambien-te, contaminando o solo, cursos d’água, lençóis freáticos, etc. Devido aos componen-tes tóxicos (cádmio, chumbo e mercúrio) as pilhas podem afe-tar também a qualidade do adu-bo obtido na compostagem do lixo orgânico e sua queima em incineradores liberam esses re-síduos nocivos à saúde humana. Esses metais pesados entram na cadeia alimentar e se acumulam nos organismos das pessoas. Segundo o engenheiro agrônomo Luiz Eduardo Gomes, professor da UFV, os elementos tóxicos contidos nas pilhas e ba-terias podem afetar a saúde hu-mana de várias formas, como no caso do mercúrio. Altos teores

de mercúrio podem prejudicar o cérebro, o fígado, o desenvolvi-mento dos fetos e causar vários distúrbios neuropsiquiátricos.

Uma resolução do Con-selho Nacional do Meio Ambien-te (CONAMA) publicada em 1999, proíbe o lançamento das

pilhas e baterias em desuso ao céu aberto, tanto em áreas urba-nas como rurais, além da queima desses materiais a céu aberto ou em equipamentos não adequa-dos e seu lançamento em cursos d’água, praias, manguezais, ter-renos baldios, etc. Elas devem ser entregues, após o uso, aos esta-belecimentos que as comerciali-zam ou à rede de assistência téc-nica autorizada pelas indústrias. Em Viçosa, existem al-guns pontos de recolhimento de pilhas e baterias usadas. O Pro-jeto Reciclar, que funciona no Centro de Ensino e Extensão da UFV, e as lojas que comerciali-zam aparelhos celulares são lo-cais que recebem estes produtos. Segundo a vendedora de uma rede de lojas de celulares Karine Domingues Rodrigues, menos de 1% do que é vendido em Viçosa é devolvido para as lojas. Descartar bateriais e pilhas em lugares autorizados diminui os impactos negativos causados ao meio ambiente e ao ser humano.

Saiba o que se deve fazer com pilhas e baterias usadasARAMIS ASSIS

Ter consciência ambiental e saber o que fazer para preservar e proteger o meio ambiente é o que se espera de todas as pessoas, principalmente dos adolescen-tes e jovens. A questão agora deixa de ser um assunto secundário e traz à tona discussões sobre a sobrevivência huma-na no planeta. Uma opinião superficial não é mais aceitável e ações concretas com resultados efetivos se tornaram in-dispensáveis. Inúmeras empresas já percebe-ram isso e seja por modismo ou não, criaram setores ou departamentos desti-nados a preservação do meio ambiente. A moda da responsabilidade social ago-ra é apresentada com um novo nome, responsabilidade sócio-ambiental. Nessa edição do Jornal OutrO-lhar, fomos às ruas ouvir vocês jovens e saber o que a juventude pensa sobre meio ambiente, além de des-cobrimos o que vocês tem feito sobre esse assunto.

Leia abaixo o que algumas me-ninas da mesma faixa etária que você disseram como resposta a pergunta: o que você pensa sobre meio ambiente?

Thalita Rody Machado - 16 anos“Ter consciência ambiental é quando cada um de nós fazemos nossa par-te respeitando o meio ambiente. Não acho que as pessoas tenham que dedicar todo seu tempo a uma conscientização em massa, desde que tente influenciar ao menos aqueles que são próximos. A educação deve começar a partir de coi-sas básicas como, por exemplo, não jo-gar cigarros acessos próximo a áreas de risco de incêndio, ou mesmo jogar lixo no cão ou evitar a compra de produtos que possuam embalagens que demoram a decompor.”Dhiuliene Borges Alves - 18 anos

“A consciência ambiental parte mesmo da formação dentro de casa, pois acre-dito que na maioria das vezes os filhos seguem o exemplo dos pais, ou seja, se você adquiriu uma consciência ambien-tal na sua formação é muito mais prová-vel que isto faça parte da sua vida, pois por força do hábito você vai fazer o que é certo. Por mais que se saiba que não se pode conscientizar o mundo fazendo nossa parte talvez nós estejamos dando o exemplo para que cada vez mais pes-soas façam também.”

Tâmara Dayane Silva - 15 anos“Quem tem consciência ambiental não joga lixo no chão, evita a poluição, ou seja, respeita o meio ambiente. Eu acho que faço a minha parte, apesar de saber que nem sempre tem essa oportunida-de, como é o caso da coleta seletiva em viçosa, que não existe na maioria da cidade. Tento transmitir aquilo que sei, às vezes puxo a orelha de alguns que jogam lixo no chão tendo um lixo logo do lado.”

(( meio ambiente ))

Renovar as florestas é uma questão de responsabilidade ambientalLUCIANA MELO

Sabe este jornal que você está se-gurando agora? Pois é, com certe-za o papel que propiciou sua pro-dução e de vários outros tem a base de sua matéria-prima na celulose. Por isso é importante nos ques-tionarmos sobre a importância do reflorestamento. Será que conse-guiríamos suprir de outra forma os benefícios do uso desse recurso na-tural que é madeira de outra forma? Que a preservação de matas nativas é fundamental para o meio ambiente todos sabemos, mas qual é o papel do reflores-tamento nesse processo caóti-co em que vive nosso planeta? O reflorestamento é a prática de se replantar árvores nativas em áreas onde anterior-mente existiam florestas e espé-cies vegetais. Quando o plantio é feito através de espécies exóticas, ou seja, aquelas não encontradas na região anteriormente, o pro-cesso é nomeado florestamento. A recuperação de áreas

supostamente perdidas através do plantio ou replantio de árvores, é

uma importante alternativa para o combate do aquecimento global.

Em sua fase de cres-cimento, as árvores demandam

uma quantidade de carbono sig-nificativa para se desenvolver e acabam tirando esse elemento da atmosfera, porém quando morrem, em seu estado de decomposição, liberam o gás carbônico que acu-mularam durante toda suas vidas. Mas existem processos que podem amenizar esse efeito “colateral”. Quando retiramos de uma floresta uma árvore adulta, sem esperar que a mesma apo-dreça, podemos adiar a liberação de CO2. Na fabricação de mó-veis, por exemplo, o carbono que iria para a atmosfera se man-tém aprisionado na madeira por muito mais tempo, até que ele seja descartado. É o que afirma o Engenheiro Florestal e professor da Universidade Federal de Vi-çosa Haroldo Nogueira de Paiva. Ainda existem alter-nativas para que o nosso pla-neta se desenvolva sem o des-truirmos, basta utilizarmos de forma responsável os recursos que temos em nossas mãos.As áreas submetidas a processos de reflorestamento através de plantas exóticas podem comprometer o meio ambiente e as espécies nativas

Luciana Melo

Conheça a vegetação de nossas florestas

Cerrado: 19,94%Campo: 6,60%

Campo cerrado: 2,56%Cerrado Stricto Sensu: 9,48%

Cerradão: 0,61%Veredas: 0,69%

Mata Atlântica: 10,33%Campo Rupestre: 1,05%

Floresta Estacional Semidecidual: 8,90%Floresta Ombrófila: 0,38%

Caatinga(Floresta Estacional Decidual): 3,48%

Fonte: IEF Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais

As pilhas e baterias são um grave problema ambiental por serem con-sideradas lixo químico altamente perigoso. Quando descartadas ina-dequadamente, como em lixões ou aterros sanitários, elas liberam componentes tóxicos, causando sérios danos ao meio ambien-te, contaminando o solo, cursos d’água, lençóis freáticos, etc. Devido aos componen-tes tóxicos (cádmio, chumbo e mercúrio) as pilhas podem afe-tar também a qualidade do adu-bo obtido na compostagem do lixo orgânico e sua queima em incineradores liberam esses re-síduos nocivos à saúde humana. Esses metais pesados entram na cadeia alimentar e se acumulam nos organismos das pessoas. Segundo o engenheiro agrônomo Luiz Eduardo Gomes, professor da UFV, os elementos tóxicos contidos nas pilhas e ba-terias podem afetar a saúde hu-mana de várias formas, como no caso do mercúrio. Altos teores

de mercúrio podem prejudicar o cérebro, o fígado, o desenvolvi-mento dos fetos e causar vários distúrbios neuropsiquiátricos.

Uma resolução do Con-selho Nacional do Meio Ambien-te (CONAMA) publicada em 1999, proíbe o lançamento das

pilhas e baterias em desuso ao céu aberto, tanto em áreas urba-nas como rurais, além da queima desses materiais a céu aberto ou em equipamentos não adequa-dos e seu lançamento em cursos d’água, praias, manguezais, ter-renos baldios, etc. Elas devem ser entregues, após o uso, aos esta-belecimentos que as comerciali-zam ou à rede de assistência téc-nica autorizada pelas indústrias. Em Viçosa, existem al-guns pontos de recolhimento de pilhas e baterias usadas. O Pro-jeto Reciclar, que funciona no Centro de Ensino e Extensão da UFV, e as lojas que comerciali-zam aparelhos celulares são lo-cais que recebem estes produtos. Segundo a vendedora de uma rede de lojas de celulares Karine Domingues Rodrigues, menos de 1% do que é vendido em Viçosa é devolvido para as lojas. Descartar bateriais e pilhas em lugares autorizados diminui os impactos negativos causados ao meio ambiente e ao ser humano.

Saiba o que se deve fazer com pilhas e baterias usadasARAMIS ASSIS

Reprodução

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Viçosa tenta melhorar a imagem turística do CristoDIEGO ALVES

Através do Projeto de Lei nº 1450, instituído em 2001, foi implantado em Viçosa o Parque Municipal do Cristo. O parque fica localizado entre os bairros Bom Jesus e Bela Vista, em um ponto alto, para que a imagem do Cristo Redentor sir-va como uma espécie de proteção para cidade. Porém, o que era para ser um ponto turístico, se tornou um local perigoso, de difícil acesso e circundado pela criminalidade. Um dos fatores que pro-piciam a formação desse cenário é a demora na construção de toda a obra. Além da bela imagem do redentor, o projeto prevê uma área de lazer, praça de alimen-tação e outros atrativos. A chefe do Departamento do Meio Am-biente da Prefeitura Municipal de Viçosa, Edivânia Rosa Evan-gelista, é uma das idealizadoras desse projeto, que é uma parceria entre a Prefeitura, a ONG Am-biente Brasil e o Instituto Es-tadual de Florestas (IEF/MG). Segundo Edivânia, a

construção desse Parque Muni-cipal do Cristo pode trazer mui-tos benefícios para a população. “Nós estamos buscando recursos no Ministério do Turismo para concluir as obras. O local con-tará com pista de skate, quadra poliesportiva, além de entradas

controladas por guaridas. Com certeza a comunidade viçosen-se poderá usufruir dessas de-pendências”, explica Edivânia. A intenção do Depar-tamento de Meio Ambiente é re-tomar as obras antes do término do primeiro semestre desse ano.

O passo inicial é promover o plantio do terreno, que se encontra em estado de degradação, no intuito de promover a preservação am-biental. “É necessá-rio fazer o plantio do terreno, que se encontra sem ve-getação, e o cerca-mento do local, para que a área seja deli-mitada e possamos ter um melhor con-trole. Depois dessas primeiras medidas, iremos construir as outras instala-ções”, completou a

chefe do Departa-mento de Meio Ambiente. Com o término da cons-trução, a expectativa é de que o parque possa reverter a má fama adquirida e que o Cristo Redentor possa receber de bra-ços abertos os seus visitantes.

O futuro de Viçosa são as empresas da cidade. Mas por que você precisa sa-ber disso? Ora, você tam-bém é o futuro de Viçosa! Pense bem: a maioria dos universitários chega ao município, estuda, se for-ma e vai embora. Por isso, é bom que você se ligue no que acontece na eco-nomia local. A juventude re-conhece que o cenário econômico aqui ainda não é favorável. “A ci-dade tem poucas opor-tunidades aos futuros profissionais. Por isso, muitos vão para cidades como Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Juiz de Fora, entre outras, com o objetivo de conse-guir um emprego de acordo com o que quer”, argumenta Mariana de Santis, aluna do 3º ano do En-sino Médio do Colégio Carmo. Em Viçosa, existem

os Arranjos Produtivos Locais (APLs) de Apicultura e Café. A cidade também é sede dos Pólos de Excelência em Biotecnologia, Florestas e Tecnologia da Informa-ção. Eles formam a união de vá-rias empresas que trabalham com os mesmos produtos e/ou serviços

dentro de um mesmo espaço geo-gráfico. Os APLs e Pólos mantêm vínculos de articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si, contando também com apoio de instituições locais como governo, associações empresariais, institui-ções de crédito, ensino e pesquisa.

De acordo com o Secre-tário de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia de Viçosa, Carlos Floriano de Moraes, é muito importante que o jovem se interesse pela economia municipal. “A nos-sa cidade é cheia de jovens talentos. Elas só vão embo-ra porque não encontram oportunidades. Mas isso está mudando: hoje a pessoa tem que observar, pesquisar e in-terpretar o mercado da cida-de. A partir dessa análise, o jovem deve procurar se espe-cializar nas áreas com mais demanda de profissionais”, afirma o Secretário Moraes. Viçosa, por exemplo, possui vagas para postos de inovação tecnológica.

Por isso, é importante se adaptar para não ter que sair da cidade em busca de emprego ou ficar desempregado. Basta procurar informações sobre as áreas mais requisitadas da cidade e correr atrás. Você é quem vai ganhar!

Inovação e progresso esperam por vocêJOSÉLLIO CARVALHO

Prefeitura de Viçosa tenta atrair um maior número de visitantes ao Parque Municipal do Cristo Redentor

Diego A

lves

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(( cidade ))

No futuro, as empresas de Viçosa terão que se organizar em APLs para ter sucesso no mundo comercial

Joséllio Carvalho

Você fica sabendo so-bre um fato ilegal per-to de sua casa. Porém você tem medo de con-tar para alguém e se en-volver em um ambiente perigoso. O que fazer? Para solucionar estes casos é que foi cria-do o Disque-Denúncia. O programa é a ferramenta atual mais eficaz no com-bate à violência do Estado. Através do número 181, a Polícia recebe ligações 24 horas por dia sobre possíveis ações crimino-sas a serem investigadas. Porém, o ser-viço é pouco difundido na população, que ainda não conhece seu funcionamento por completo. O processo se dá da seguinte maneira: o cidadão faz sua denúncia por telefone e é ouvido por um profissional espe-cialmente treinado para esse tipo de atendimento. Ele irá fazer algu-

mas perguntas sobre o fato apenas para melhor apuração da polícia e nunca perguntará algo que possa identificar quem está ligando. Para garantir o sigilo absoluto, o Dis-que-Denúncia tem um sistema de criptografia que impede o rastrea-mento do número do telefone de

onde a chamada está sendo feita. Segundo o cabo Welling-ton da Silva, a Polícia Militar viçosense recebe cerca de 30 li-gações por mês, o que é muito pouco se comparado ao número de delitos. “Uma denúncia por dia é um número baixíssimo para

uma cidade como Viçosa, pois nosso trabalho é feito basicamente das denúncias da população. É importante também os jovens se cons-cientizarem com relação ao trote, que atrapalha muito o serviço, podendo fazer com que a Polícia perca segun-dos preciosos e fatalmente atrase o salvamento de uma vítima”, ressalta o militar. Para que haja redução da violência, é necessário encontrar os criminosos. É aí que você entra. Quando uma pessoa liga e denun-cia, ela está tomando uma atitude de cidadania no sentido de auxiliar a po-lícia a combater o crime.

O Disque-Denúncia é o elo entre você e as autoridades. É o instrumento que deve ser utili-zado pelo povo para fazer valer seu direito à segurança e à paz. Você não precisa dizer seu nome. Basta dizer o que você sabe.Por isso, seja cidadão e ligue 181.

PROERD diminui a criminalidade entre os jovensVAGNER RIBEIRO

Formação através do ensinamento de valo-res como a cidadania e a amizade. É o que o Proed faz nas es-colas de todo o país. Trabalhan-do sobre os pilares da família, escola e polícia militar, o Programa Educacio-nal de Resistência às Drogas, implantado a menos de um ano em Viçosa, já colhe resultados expres-sivos. Criado nos EUA para diminuir a incidência de jovens na criminalidade, a resposta é repeti-da em várias cidades do Brasil. “No início, os alunos que começaram tinham certo receio com os professores do curso que vão sempre fardados às escolas. Mas com o passar do tempo nos tornamos muito próximos dos es-

tudantes, participando ativamente da vida e dos problemas deles”, explica a cabo Medina, uma das responsáveis do projeto em Viçosa. Atualmente o programa é aplicado em 37 turmas da rede pública municipal e estadual da cidade para alunos da quarta e

quinta série do ensino fundamen-tal. Nas comunidades em que as crianças participam do projeto, observa-se não só à diminuição do número de usuários de drogas, mas também a redução da crimi-nalidade em geral. A novidade do programa viçosense é o trabalho

com os alunos especiais. São três turmas da APAE. “As crianças especiais tem uma capacidade de aprendizado incrível. São pessoas com idade men-tal diferente das demais, mas que vem tendo grande aceitação e participação.” Afirma a soldado Fabia-na, que também é res-ponsável pelo programa. Nas aulas, são explicados desde os efeitos das drogas até o valor cidadão utiliza-dos no combate às drogas. O policial responsável pelas aulas do programa, além de passar por um curso preparatório, é um voluntário que tem alguns critérios analisados con-

duta ética, moral e profissional. O Proerd viçosense com-pleta um ano em agosto. A meta atual é atingir a formação de mil alunos por semestre usando a prevenção como principal foco de combate ao uso de drogas.

Telefone permite o combate a violência com privacidadePABLO PEREIRA

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(( cidade ))

O ‘181’ é usado para investigações mais detalhadas; mas em casos de urgência, o ‘190’ é o mais adequado

Pablo PereiraM

ontagem: Vagner R

ibeiro

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Disciplina. Respeito. Autoco-nhecimento. Tranqüilidade. Para quem não sabe, esses são alguns dos benefícios que as artes mar-ciais, bem usuais no Brasil, po-dem proporcionar. Pra-ticar karatê, judô, kung fu, taekwondo, dentre outros, acaba integran-do o corpo e a mente, trazendo resultados físicos e espirituais. Existe, portan-to, uma estreita relação entre as artes marciais e as filosofias orientais que se tornam visíveis a partir de sua práti-ca. Isso ocorre já que esses esportes em sua maioria foram inven-tados como forma de combate à guerra, em que não eram utilizadas armas e no qual a disciplina e a hierar-quia eram seus principais pilares. “Conseguir juntar os três pólos que são o espiritu-

al, o físico e o mental, através dos movimentos, fazem a gente chegar no ponto de equilíbrio”. De acordo com o treinador e atleta da LUVE de Karatê, Magno Ya-maguchi, esses são os princípios

das artes marciais que acabam não diferindo muito entre elas. E esses aprendizados podem auxiliar no dia-a-dia dos praticantes. Um exemplo é a pro-

fessora de Taekwondo na UFV, Mariane Barreto, que afirma que a prática do esporte a auxilia na con-quista de uma maior autocontrole principalmente nas competições que participa, ajudando no con-

trole do corpo e na concentração. Esses espor-tes hoje em dia são encontrados de norte a sul do Brasil, sendo que pessoas de várias faixas etárias, desde crianças de cinco ou até senhores de 80 anos podem pra-ticá-los. E com o propósito de auxiliar na bus-ca pela perfeição do movimento e

do autocontrole, as artes marciais proporcionam um estilo de vida e a aprendizagem da auto defesa, de maneira a melhorar em todos os aspectos a vida de quem o pratica.

A busca do equilíbrio nas artes marciais

Jogadores na área, a bola pas-sando, batendo na rede e mar-cando um gol. Futebol? Han-debol? Não, Pólo Aquático! Esse esporte surgiu na segunda metade do século XIX, em Londres, e os primeiros regis-tros de suas regras são de 1876. O “water pólo”, como era conheci-do, chegou ao Brasil no começo da década de 1910, sendo que o primeiro jogo internacional da equipe brasileira aconteceu em 1919, na Baía de Guanabara, quan-do o Brasil venceu a Argentina. A Baía de Guanabara não é uma piscina, certo? E essa é uma das características do pólo aquático: ele pode ser praticado em ‘águas livres’, ou seja, represas, rios, e até mesmo no mar. Para compe-tições oficiais, no entanto, são utilizadas piscinas com medidas pré-estabelecidas. São 20 me-tros de largura por 20 de com-primento, e com pelo menos dois metros de profundidade. De acordo com Mário

Alino Borges, responsável pelo Serviço de Esporte e Lazer da UFV, o pólo aquático foi uma das primeiras atividades des-portivas da Universidade, sendo praticado até mesmo na repre-sa. O esporte, entretanto, não é muito conhecido ou divulgado. Para Daniel Veiga Dias, treinador da equipe da LUVE (As-sociação Atlética Acadêmica da UFV), o pólo aquático é um espor-te completo e desafiante, uma vez que os atletas não podem encostar os pés no chão nem se apoiar nas bordas da piscina, e só se deve dominar a bola com uma das mãos (ape-nas o go-leiro pode encostar as duas mãos na bola). Além dis-so, cada

time pode ficar no máximo 35 segundos com a bola antes de atirá-la a gol. Por exigir tanto dos atletas, cada partida de pólo aquático é dividida em quatro períodos curtos, de sete minutos, sendo que o cronômetro só conta o tempo de bola em jogo. A prática do pólo aquáti-co proporciona melhorias respira-tórias e é um ótimo exercício físi-co. Por isso é recomendado para todas as idades, seja para quem quer se profissionalizar ou para quem procura apenas se divertir!

O futebol e sua história emViçosa

ANA PAULA NUNES

Que o futebol está presente na vida dos brasileiros, isso ninguém pode negar. Mas, o que poucos sabem é como ele surgiu aqui em Viçosa. A prática dessa mo-dalidade começou em novembro de 1906 e entre seus praticantes estavam Luiz Lopes Gomes (Lu-linha), Randolpho Sant’Anna, João Simplício Lopes (Joãozico), Luiz Megale e Pedro Galvão. No entanto, esses vi-çosenses só foram conhecer as regras do futebol quando o Se-bastião Ramos Castro veio de Ubá, em dezembro de 1906, para ensiná-los. Bem, depois de conhecerem as regras do jogo os praticantes resolveram for-mar o primeiro time da cidade, o “Foot-Ball Club Viçosa”. Mui-tos dos jogadores desse primeiro time viçosense ajudaram com a fundação do segundo clube da cidade, o “Destemido Viçosen-se Foot-Ball Club”, em 1913. Hoje, Viçosa possui além dos muitos times não regis-trados que jogam aos finais de se-mana, duas ligas desportivas em funcionamento: a Liga Esportiva de Viçosa (LEV) que foi fun-dada em 1960, mas oficialmen-te registrada em 1979, e a Liga Municipal de Desportos de Vi-çosa (LMDV) formada em 1997. Segundo José Mario Rangel, jornalista e presidente da Liga Esportiva de Viçosa de 2000 a 2004, o futebol em Viçosa sem-pre passou por crises, principal-mente, por questões políticas. E, mesmo com essas dificuldades, o futebol viçosense já teve sua fase de glória, especialmente, na década de 70 quando participou de campeonatos de maior desta-que. Mas, como qualquer outro esporte, o que o mantém vivo é a paixão daqueles que o praticam.

MARISTELLA PAIVA

Sem tocar o chão ou apoiar nas beiradasMÔNICA BENTO

A prática do esporte Taekwondo auxilia no físico e na mente dos alunos.

Maristella Paiva

(( esporte ))

Equipe da LUVE treina pólo aquático nas noites de terça e quinta.

Mônica B

ento

Se você acha que é coisa de filme de ficção um homem saltar de um prédio a outro, ou escalar paredes, é porque não conhece o Le Parkour (palavra inspirada no francês par-cour, que significa percurso). O esporte que mais cresce entre a garotada, utiliza-se de elementos urbanos como corrimões, escadas e muros, ou qualquer outro obs-táculo que se ponha no caminho, como instrumento para sua prática. Apesar de ser pouco co-nhecido aqui em Viçosa, o esporte existe desde a década de 80, quan-do o francês David Belle resolveu levar para as ruas da França as téc-nicas de salvamento dos bombei-ros e dos combatentes da Guerra do Vietnã, que seu pai, bombeiro e ex-combatente, havia lhe ensinado. Foi por causa da Internet e de alguns filmes como “13º Dis-trito”, onde Belle apareceu trans-pondo barreiras, que o Parkour se tornou conhecido nos quatro can-tos do Mundo, conquistando mui-tos adeptos. O estudante Lydson

Henrique Garcia, de 16 anos, co-nheceu o esporte depois de assis-tir um vídeo na Internet, quando pas-sou então, a p r a t i cá - lo . Depois de dois anos, ele destaca que a pratica do Parkour trouxe bene-fícios não só para sua saú-de, mas tam-bém em sua vida pessoal. “O parkour me ajuda a superar as barreiras que encontro na minha vida t a m b é m . Eu sempre penso que eu posso ir além, supe-

rar os limites”, conclui. Mas não vá sair por aí

escalando paredes! Antes, é im-portante que haja muito treino e dedição para que você consiga fazer os movimentos de forma segura. E foi pensando no aper-feiçoamento da prática do espor-te que Júlio de Andrade, 20 anos, fundou a Free Spirit, primeira equipe de Parkour de Viçosa, que aos domingos se reúne na UFV para treinar. Assim, para evitar tombos e escoriações, Júlio res-salta que o Parkour deve ser praticado com cautela e de modo a respeitar os limites do corpo. Apesar dos perigos, os parkours, apaixonados por adre-nalina, continuam ousando e ex-perimentando cada vez mais na busca por movimentos e saltos mais altos e mais difíceis de se fazer. Qualquer semelhança com o famoso personagem do Homem Aranha, não é mera coincidência.

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O sonho de nove em cada dez garotos brasileiros é ser jogador de futebol e, mesmo em cidades menores como Viçosa, não poderia ser diferen-te. E é atrás desse sonho que muitos garotos pro-curam as chamadas es-colinhas de futebol. Na cidade existem, apenas entre as que funcionam com voluntários, mais de dez projetos que trei-nam e ensinam as táti-cas e técnicas do esporte para crianças e jovens. Apesar do sonho da maioria dos garotos, com a concorrência cada vez mais acirrada, a chan-ce de se tornar profissio-nal vem para pouquíssi-mos. Mas nem por isso o trabalho das “escolinhas” perde a importância. As lições des-ses grupos vão muito

além dos escanteios e chutes a gol. No projeto “Forman-do Craques”, cujas atividades são reali-zadas no distrito de São José do Triunfo, ocorrem constante-mente palestras de conscientização so-bre assuntos que vão desde a importância do estudo aos peri-gos do alcoolismo.

Para o coorde-nador geral, Antônio Elias Cardoso, tão importante quanto ensinar o futebol é repassar para os jovens valores que eles levem para fora dos gramados. E, segundo ele, os seus esforços têm dado resultado: “os garotos que partici-pam do projeto não brigam e não se en-

volvem com nada de errado na comunidade”, conta com orgulho. O coordenador do “Vi-çosa Esporte e Lazer” (VEL), co-nhecido como Duca, também dá testemunho de como esse envolvi-mento com o esporte muda o com-portamento e o destino de muitas crianças. Duca conta que vários pais já foram agradecer a ele pela mudança de comportamento dos filhos, e que já houve casos em que a criança abandonou compa-nhias perigosas e caminhos duvi-dosos para freqüentar os treinos do VEL. E para ele essa é a melhor recompensa e a maior motivação . E é o trabalho de voluntá-rios como Duca, Antônio Elias, e tantos outros, que tornam possível que as atividades dessas “escoli-nhas” sejam gratuitas, ou tenham apenas taxas simbólicas de manu-tenção, possibilitando o acesso de todas as classes sociais ao esporte e a diversão, que socializam e in-tegram. São verdadeiras escolas de vida, que formam não apenas cra-ques, mas acima de tudo cidadãos.

Quando o obstáculo é bem vindoGABRIELE MACIEL

Escolinhas de futebol: aula dentro e fora de campoMARIANA AZEVEDO

(( esporte ))

O Le Parkour transforma qualquer caminho em praça de esporte

Gabriele M

aciel

Quer praticar?É só procurar os meninos da Free

Spirit aos domingos, às 16h. Eles se reunem no Centro de Vivência.

Entre uma jogada e outra, crianças aprendem lições para a vida.

Felipe Menicucci

Quem não sonha em ter um pós-doutorado em seu currículo? Mui-tos pensam que essa titulação é almejada por todos. Mas, será que é assim mesmo? Não é todo mundo que sonha em ter um “Dr.” na frente do nome. Muitas vezes a qualida-de do profissional não está na titu-lação, mas sim na dedicação e no amor a profissão. Maria Cristina é um exemplo claro de que só titula-ção não é motivo para felicidade. Ela é pós-doutora em Engenharia de Alimentos e largou todo o estu-do para se dedicar ao Yoga.

OutrOlhar: Como foi a sua for-mação de graduação na Enge-nharia?Maria Cristina: Desde criança a gente escutou a questão de ex-celência, sair bem nos estudos, fazer as atividades mais difíceis, se destacar em tudo. Eu lembro

que quando fui fazer vestibular, meu pai escolheu o curso. Eu fiz o curso sem pensar muito no que es-tava acontecendo, preocupada em estudar e tirar nota alta. Foi auto-mático, o meu objetivo era atender a expectativa familiar. Passei pela graduação, formei e subentendia-se no meu tempo (em 94) que eu faria mestrado.

OO: O que a levou a abando-nar a Engenharia de Alimen-tos? MC: Terminei o mestrado no final de 96, aí comecei a mudar fisicamente, comecei a emagre-cer, a comer muito pouco, a fu-mar muito. Aquela vida que eu levei concentrada em estudos, na engenharia (detalhe que eu sempre detestei matemática), e depois no mestrado, quando fui defender a tese, que percebi que eu tinha perdido um pouco do in-teresse por aquilo tudo e estava

cansada. Fui fazer doutorado na Unicamp, em 97, então, percebi que fazia sem gostar do meu tema. Em 2000 que eu comecei a mani-festar sintomas de depressão. Um ano depois fui me sentindo desa-nimada, cansada, chega uma hora que você não consegue mais fazer nada, perde a vontade.

OO: Como e quando começou a se interessar pelo Yoga?MC: Voltei pra Viçosa, licen-ciei do doutorado por motivo de

saúde, e um amigo me sugeriu a fazer Yoga. Comecei a praticar e gostei. Gostei de uma forma mais profunda, pela primeira vez senti prazer em alguma coisa que eu fazia. Antes de estudar o Yoga, eu fui terminar o doutorado, defendi minha tese e fui direto para Ouro Preto para o curso que havia co-

meçado. Comecei a estudar o Yoga mais voltado para a me-ditação. Depois fui estudar o Shiva Yoga, que era funda-mentada na filosofia indiana.

OO: Para você, quais são os efeitos mais importantes na prática do Yoga?MC: Em primeira instância reduz a ansiedade, o estresse mental, é o efeito principal que as pessoas notam com

pouco tempo de prática, a consci-ência corporal, aumento da capa-cidade respiratória e da flexibili-dade muscular.

(( entrevista ))

Ser Doutora nem sempre é prazerosoDÉBORA BRAVO

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Desde 2003 todas as esco-las públicas e particulares são obrigadas por lei a ensinar os conteúdos relacionados à história e à cultura africana. Os alunos deveriam aprender sobre o continente afri-cano, seu povo, suas lutas no Bra-sil, contribuições na formação da nossa sociedade e, sobretudo, sobre a cultura negra brasileira. Cinco anos depois, ainda existem muitos alunos que ainda não conhecem as contribuições dos descendentes de africanos para a construção da história e sociedade do Bra-sil. Principalmente pela falta de material específico e de pro-fissionais que conheçam bem essa parte da nossa história. Mas enquanto o go-verno não resolve o proble-ma, Mestre Garnizé faz a sua parte: ensina capoeira, respei-to e tradições da cultura negra.

Quando criança, Luis Carlos Vitor, o Mestre Garnizé, ganhou um livro que ensinava os

movimentos da capoeira. Mas foi aos treze anos, que teve o primeiro

contato com uma roda de verdade. O episódio foi o seguin-te: naquela época, vendendo pi-

colé nas ruas, escutou outro moleque dizer que ia parar de vender picolés mais cedo, para ir para a capoeira. Es-perto, seguiu o menino e na-quele dia espreitou a roda por uma janela, a partir daí, se apaixonou e começou a pra-ticar capoeira todos os dias. Aos dezoito anos, passou a freqüentar o grupo de capo-eira da Universidade Federal de Viçosa e em 1982, com 22, se tornou o mestre desse gru-po e professor no Colégio de Viçosa. Chegou a ser nome-ado diretor da Liga Univer-sitária Viçosense de Esportes - LUVE, mas percebeu que a sociedade precisava dele. Foi então que, em no-vembro de 1982, fundou a

Associação de Capoeira Guerrei-ros de Zumbi onde, até hoje, en-

sina os jovens de Viçosa a lutar capoeira, respeitar ao próximo e a manter viva a cultura negra. Nas aulas, o mestre bus-ca oferecer uma formação cul-tural e cidadã através do que ele sebe de melhor: jogar capoeira. Faz questão de que todos os seus alunos estejam matriculados nas escolas e indo bem nas aulas. Quando quer dar algum recado ou advertência prefere usar a música, acredita que as-sim os alunos entendem melhor o que ele quer dizer. Algumas músicas falam sobre temas da história de nosso país, como a Guerra do Paraguai; outras, sobre amor e valentia. Para o mestre, a música além de educar, cumpre o papel de preservar a cultura. Além da capoeira tam-bém são oferecidas aulas de ma-culelê, samba de roda, dança afro e encenadas peças, que narram a história de nosso país, como o “boi da mata” e a “puxada de rede”.

A capoeira de Garnizé ensina respeito e cultura afroFERNANDA TORQUATO

Maria Cristina se descobriu no Yoga

Emerson R

odrigues

Mestre Garnizé reparte o que a capoeira o ensinou

Fernanda Torquato

Segunda-feira, umas cinco da tar-de. Estou sentado em frente ao nº 452 da rua do Leão, ao lado de Marcos Andersen, 24, que tam-bém esperava Antônio de Pádua Gomide, 53, de quem é parceiro e pupilo na arte da luthieria. Marcos me falava da sua recente incursão no ramo quan-do, de repente, dobra a esquina um fusca azul. “Ó ele chegando aí”. Do fusquinha celeste desce um senhor de semblante tão sério quanto a voz que me atendeu ao telefone algumas horas antes. Muito simpático, o Pati, como é conhecido, logo me con-vida para entrar. Já em sua casa, enquanto alimenta seus peixes, Pati me conta está em Viçosa a 38 anos e que o interesse por fabricar instrumentos musicais nasceu em 80, quando começou a dar aulas de violão para jovens. Inconformado por alguns

alunos abandonarem a música por causa de violões inadequados para o aprendizado, ele começou fazendo apenas pequenos ajustes. “Os pais acham que devem com-prar um instrumento bara-to para o filho porque ele ainda está iniciando, mas a qualidade é tão ruim que os alunos se sentem deses-timulados a aprender”. Pati, que desde 90 parou de dar aulas de mú-sica para dedicar-se apenas à construção de instrumen-tos, admite que prefere to-car do que fazer violões, sua especialidade. “Eu até faço cavaquinhos, violas, mas gosto mesmo é de violão. É o que eu gosto de tocar.” Foi após um curso de férias que passou a confeccionar minuciosamente instrumentos artesanais. “Fui o primeiro a me formar no Curso de Restauração

de Instrumentos Antigos em São João Del Rey, que foi o primeiro da área no Brasil (risos)”. É com orgulho que Pati fala de seu mestre e amigo, Ro-

berto Gomes, “o maior luthier do mundo”, com quem divide o projeto-sonho da Companhia do Violão Ecológico. Sem esconder o desgosto pelo fato do projeto de ter sido por ora adiado, ele re-vela que a idéia da Companhia é

construir violões utilizando ape-nas árvores plantadas, sem extrair madeira nativa. Porém, o adiamento não o impede de continuar com suas

ações para pre-servação das florestas. “Che-ga a ser imoral o que o dinheiro e as indústrias – principalmen-te as de móveis – têm causado às florestas. Pra ter uma idéia, depois que a tv passou de uma reportagem so-

bre madeiras nobres, em 96, teve um monte de gente derrubando jacarandá do quintal e batendo na minha porta. Sem documentação eu não compro. Uso madeira da demolição de casas e estou sem-pre plantando minhas mudinhas”.

O mercado empreendedor já não tem mais limites de idade. Hoje em dia, o jovem que decidir ser um empreendedor verá vários outros iguais a ele. O mercado de trabalho rejuvenesceu. O programa de televisão “O Aprendiz”, apresentado pelo empresário Roberto Justus, busca encontrar jovens talentos para tra-balharem na empresa do apresen-tador. Fato marcante no programa é que a maioria dos participantes tem entre 20 e 35 anos. Com ape-nas 24 anos, Mariana Reis, já era diretora executiva de uma empre-sa de energia. Natural de Porto Alegre, RS, foi a segunda coloca-da do reality show “O aprendiz 4” e com sua dedicação e experiên-cias anteriores chegou tão longe na competição.

OutrOlhar:Quando você estudava no ensino médio, você já pensava

no seu futuro profissional?M.R:Mesmo no ensino médio já me lembro de planos que fazia para meu futuro. Além da escola, procurei cursos extra-curricula-res. Ler muito! Sempre! A leitura engrandece o homem. Fora isso, procurava atividades que me co-locavam em contato com pessoas diferentes do meu círculo social o que ajuda no futuro a tratar com todo o tipo de situações e facilita

o aumento de sua rede de relacio-namentos.

OO:Que conselhos você dá para os estudantes que acham que atin-gir seus objetivos parece ser im-possível?M.R:Auto-confiança e força de vontade. Temos, no Brasil vários casos de pessoas que saíram de classes sociais baixas, com poucas perspectivas e muitas dificuldades, e hoje são grandes empresários no Brasil. E por último, disciplina. Independentemente se estamos falando de estudos ou trabalho, a disciplina ajuda-nos a alcançar mais facilmente nossos objetivos.

OO:Como você diferencia O Aprendiz de outros Reality show’s? O programa pode inspirar os jovens?M.R:São pessoas diferentes tendo que vencer desafios novos todos os dias. Cobrança o tempo todo.

Os jovens podem avaliar as ati-tudes dos participantes e pensar como fariam se estivessem no lu-gar deles.

OO:Como você avalia o ditado “no pain, no gain” (“sem esforço não há ganho”)M.R:Alguma coisa cai do céu além da chuva? Alguma vez ba-teram na sua porta oferecendo-lhe trabalho? A chave do sucesso é sempre buscar novos desafios e não temê-los. Cada vez que supe-ramos um desafio estamos mais fortes e mais sábios. Uma pessoa aprende muito mais com fracassos do que com sucessos. M.R:Lembrem-se sempre de con-fiar em vocês mesmos! E também que sorte nada mais é do que a competência de agarrar uma opor-tunidade. Quando mais você tra-balha e se esforça, mais “sortudo” você é.

O que vou ser quando crescer?TATIANA DUARTE

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(( entrevista ))

“Aprender um instrumento tem começo, não tem fim”PATO DOMINGUES

Pati, que planta árvores para colher a arte, tratando a madeira dos violões

Pato Dom

ingues

Mariana, durante “O Aprendiz”

Reprodução

Pense na importância que a ciên-cia tem em sua vida: a comida, roupas, seus acessórios, a maquia-gem das meninas, aquele remédio de gripe, a TV, o mp3, o computa-dor. Tudo em sua volta tem encai-xes, eletricidade, modelos, quí-mica, tecnologia ou vários destes juntos! A ciência está tão presente no seu dia-a-dia, que você nem se dá conta do processo por trás do descobrimento de muitos dos ele-mentos “não-naturais” à sua volta. A ciência nasceu de observações e dúvidas sobre a natureza. Isso mesmo, quando o homem das cavernas – aquele das aulinhas de ciência, nômade, que catava no chão seu alimento e caçava os animais para ter car-ne e agasalho – começou a notar a natureza como meio de facilitar sua vida, criou, por exemplo, a primeira faca de pedra lascada. O que se notou foi que, quanto mais e melhor o homem modificava a natureza a seu fa-vor, mais complexa e cientí-

fica ela se tornava. E para ser melhor entendida, a ciência foi se moldando e sendo dividida:

Química, Biologia, Física, Ma-temática e outras tantas que são encaradas como se fossem ape-nas matérias escolares, mas que,

em seus níveis especializados, apresentam linguajar específi-co e excesso de termos técnicos.

É aí que entra a im-prensa, como “tradutora”, ou pelo menos, mediadora en-tre os cientistas e a população.

Neste jornal, por exem-plo, você está lendo, agora mes-mo, a página destinada exclusi-vamente para tratar de ciência e tecnologia. O grupo responsável por escrever sobre este tema é chamado de Editoria de Ciên-cia e Tecnologia. Segundo Jorge Duarte, ex-vice-presidente da Associação Brasileira de Jor-nalismo Científico, “a editoria é importante porque catalisa e simboliza o esforço do jornal em tornar regular e consistente o tra-tamento dos temas de ciências”. Não é uma tarefa simples, mas com as devidas técnicas e cui-dados, o jornalista consegue levar até você, um modo de entender assuntos complicados, porém, de grande importância para sua vida. Para quem escreve so-bre ciência, Duarte dá a dica:“Acho que os cuidados em escre-ver sobre ciência são os mesmos de qualquer área. Ouvir o máximo de fontes qualificadas e de visões diferentes, ser claro, objetivo, escrever pensando no público”.

Selma Fernandes chega à rua de sua casa após um dia de trabalho e uma companhia já lhe espera toda

animada no portão. Trata-se de Biubiu, um cachorro que é capaz de fazer com que todo o cansaço e stress enfrentados na rotina di-

ária sejam esquecidos. Assim como Selma, muitas pes-

soas cultivam uma grande relação com cães e cui-

dam deles c o m o

um verdadeiro membro da famí-lia. Mas como se explica a origem de tanto amor? Para o veterinário José Antônio Viana, a explicação para esse sentimento tem íntima rela-ção com a cumplicidade que sur-giu da relação mútua entre o ser humano e o ancestral do cão, ou seja, o lobo. Dessa forma, o ho-mem garantia o alimento para os lobos e estes lhe protegiam e au-xiliavam na caça. Além disso, o veterinário ainda ressalta que essa cumplicidade tornou-se ainda maior por não haver reprovação entre as partes, já que no relacio-namento entre o cão e o ser huma-no apenas um fala, e o outro ouve sem reprimir o seu companheiro. Pesquisas científicas também mostram que esse amor é desencadeado pelo fato de, ao mantermos contato com os ani-mais, o nosso corpo liberar uma substância, chamada endorfina,

que é considerada o hormônio do prazer, uma espécie de relaxante natural que alivia as dores e pro-porciona o bom humor. Outro fa-tor verificado é que durante a evo-lução, o instinto maternal do ser humano foi despertado, sendo co-mum nos apegarmos às crianças. E os filhotes de cães nos tocam também por isso, pois eles apre-sentam características infantis, como: dependência, disposição para brincadeiras e afagos, além de uma aparência “fofa”. Selma reafirma essas constatações e garante que real-mente há uma relação de amor, ou melhor, de cumplicidade com Biu-biu, a ponto de ela tratá-lo como um filho, e se preocupar quando o cachorro adoece. Ele, por sua vez, não deixa de retribuir, pois a ouve atentamente, além de ser capaz de acalmá-la e permanecer ao seu lado quando percebe que ela está triste ou doente. I

(( ciência e tecnologia ))

omo a ciência pode explicar o amor pelos animaisSABRINA AREIAS

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O papel da ciência: jornais levam o tema aos leitoresTIM GOUVEIA

Montagem

: Tim G

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