jornalismo esportivo e futebol: a representaÇÃo do … · do cara de coração gigante e imensa...
TRANSCRIPT
0
Guilherme Correa Luz Motta
JORNALISMO ESPORTIVO E FUTEBOL:
A REPRESENTAÇÃO DO GOLEIRO NO JORNAL ZERO HORA
Santa Maria, RS.
2017
1
Guilherme Correa Luz Motta
JORNALISMO ESPORTIVO E FUTEBOL:
A REPRESENTAÇÃO DO GOLEIRO NO JORNAL ZERO HORA
Trabalho Final de Graduação apresentado ao Curso de Jornalismo, da área de Ciências
Sociais, do Centro Universitário Franciscano, como requisito parcial para a obtenção de grau
de Bacharel em Jornalismo.
Orientador: Prof. Dr. Gilson Luiz Piber da Silva
Santa Maria,RS
2017
2
Guilherme Correa Luz Motta
JORNALISMO ESPORTIVO E FUTEBOL:
A REPRESENTAÇÃO DO GOLEIRO NO JORNAL ZERO HORA
Trabalho Final de Graduação (TFG) apresentado ao Curso de Jornalismo – Área de Ciências
Sociais, do Centro Universitário Franciscano, como requisito parcial para obtenção do grau de
Bacharel em Jornalismo.
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________
Prof. Dr. Gilson Luiz Piber da Silva
___________________________________________
Prof. Dr. Maicon Elias Kroth
___________________________________________
Prof. Me. Alexandre Maccari Ferreira
Aprovado em ....... de ..............................de 2017
4
AGRADECIMENTOS
Admito que entrei no curso de jornalismo com a mente muito pequena, não via as
minorias e era, muitas vezes, preconceituoso e arrogante com meus colegas. Falando em
colegas, muitos passaram pela minha vida, porém poucos marcaram. Os que entraram em
2013 junto comigo são os que mais guardo carinho. Laíz, que desde a época de cursinho já
conhecia, porém foi na faculdade que veio a se tornar uma das pessoas mais importantes
dentro do curso, mesmo que com algumas brigas, sempre tentou me ajudar. Como não falar
do cara de coração gigante e imensa inteligência, Pedro, o cara mais espalhafatoso da Unifra,
mas que com o passar dos anos se tornou um grande amigo que pretendo levar para fora da
vida acadêmica. Além disso, descobri um primo escondido pelos corredores do sétimo andar.
Cursava um curso diferente do meu, mas o Francesco foi e é um cara muito importante, na
maioria das vezes, minha ida ao laboratório era para conversar futebol e falar bobagem, mas a
amizade se criou facilmente. Iuri Patias, mais um dos que merecem ser citados por mim. É
daquelas pessoas sempre de bom humor, além de muito inteligente, me fez ser uma pessoa
diferente, me ajudando no crescimento como pessoa. O pequeno grande homem, Lorenzo, que
escapou de tomar um laço um dia e se tornou um grande amigo. Júlia, Miojo, Helena e toda
uma galera que foi muito importante para mim ao longo desta vida acadêmica.
Agora a vez de agradecer aqueles de fora da faculdade, os manos Bruno orelha,
Wilson, Dudu, Dois e Balão, este que sempre esteve junto nas horas boas e ruins. Tenho que
agradecer também a amizade de anos da Leti, que desde o Cilon me perturba e me atura,
mesmo com as minhas loucuras diárias. Falar de amigos é sempre lembrar daqueles da antiga,
Bruno Vieira, o cara que nunca deixei de ter contato, passou por poucas e boas e agora colhe
os frutos de muito suor e dedicação, tu merece tudo de bom, mano. Por fim, agradecer ao
amigo que sempre me apoiou e sempre quis ver meu crescimento profissional e pessoal,
Henrique Schwanck Saraiva, o Xuenki, bom mano, não tenho palavras para descrever o tão
importante tu é pra mim, muito obrigado pela tua amizade de sempre.
Por fim, falar da importância da base de tudo, a família, meus pais Glênio e Soneide,
pelo apoio e amor incondicional, relevando muitas vezes meus erros. Além deles minha irmã,
a pessoa que mais admiro nesse mundo e que sempre me ajudou com qualquer coisa que eu
precisei. Meu cunhado Léo, que assim como minha irmã, sempre se dispôs a me ajudar da
melhor maneira.
5
“O futebol não é uma questão de vida ou de morte.
É muito mais importante que isso...”
Bill Shankly
6
RESUMO
O assunto mais falado pelos brasileiros em conversas informais e um dos maiores
investimentos do país, o futebol foi o tema escolhido para esta pesquisa. A posição “mais
ingrata de todas”, a de goleiro, aquela que pode determinar o resultado de uma partida, tanto
com uma defesa ou uma falha, este foi o objeto analisado. Este trabalho procurou analisar a
representatividade do goleiro no Jornal Zero Hora. Através da análise de reportagens,
buscamos saber se a forma de representar o goleiro se parece com o restante das posições
futebolísticas, por meio de expressões e frases contidas nos títulos, subtítulos e trechos dos
materiais da editoria esportiva de ZH. Trata-se de uma pesquisa qualitativa que teve como
técnica a Análise de Conteúdo. Os materiais analisados que continham o tema central goleiro
foram selecionados entre janeiro de 2016 e outubro de 2017. Obtivemos a conclusão de que
das 15 publicações analisadas, 11 continham elogios ao goleiro, 1 continha crítica e as
restantes não possuíam elogios ou críticas em relação ao goleiro.
Palavras-Chave: Jornalismo Esportivo, Jornal Zero Hora, Futebol, Goleiro, Jornalismo
Impresso.
7
ABSTRACT:
The most talked subject by brazilians in informal conversations and one of biggest
investments in the country, soccer was the chosen theme for this research. The most
ungrateful position of all, that which can determine the outcome of a match, either with a
defense or a fault, this is the analyzed object. This work sought to analyze the
representativeness of the goalkeeper in Jornal Zero Hora. Through reports analysis, stories
and interviews, to determine how the represented form of the goalkeeper looks like to the rest
of the soccer positions, through expressions and phrases contained in the titles, subtitles and
stretchs of the materials. This is a qualitative research that has the Content Analysis as a
technique. The materials analyzed that contained the goalkeeper central theme were selected
between January 2016 and October 2017.
Key Words: Sports Jornalism, Zero Hora, Soccer, Goalkepper, Printed Jornalism
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Título reportagem Keiller................................................................................... 28
Figura 2 – Subtítulo reportagem Keiller.............................................................................. 28
Figura 3 – Título reportagem Lúcio..................................................................................... 30
Figura 4 – Subtítulo reportagem Lúcio................................................................................ 30
Figura 5 – Título reportagem Luiz....................................................................................... 32
Figura 6 – Título reportagem goleiros Internacional............................................................ 33
Figura 7 - Título Reportagem Fábio...................................................................................... 34
Figura 8 - Título reportagem Paulo Victor............................................................................. 35
Figura 9 – Subtítulo reportagem Paulo Victor........................................................................ 35
Figura 10 – Box da reportagem Paulo Victor......................................................................... 35
Figura 11 – Título reportagem Danilo Fernandes.................................................................. 37
Figura 12 – Subtítulo reportagem Danilo Fernandes............................................................. 37
Figura 13 – Título entrevista Alisson..................................................................................... 39
Figura 14 – Abertura entrevista Alisson................................................................................. 39
Figura 15 – Subtítulo entrevista Alisson................................................................................ 39
Figura 16 – Título reportagem Grohe x Atlético-PR............................................................. 40
Figura 17 – Subtítulo reportagem Grohe x Atlético-PR......................................................... 40
Figura 18 – Título reportagem Leo......................................................................................... 41
Figura 19 – Subtítulo reportagem Leo.................................................................................... 41
Figura 20 – Título entrevista Magrão..................................................................................... 42
Figura 21 – Abertura entrevista Magrão............................................................................... 42
Figura 22 – Título reportagem Grohe Brasileirão................................................................... 44
Figura 23 - Título reportagem Grohe Brasileirão................................................................... 44
Figura 24 – Abertura reportagem Grohe Brasileirão............................................................. 44
Figura 25 - Abertura reportagem Grohe Brasileirão............................................................... 44
Figura 26 – Título reportagem Matheus x Inter..................................................................... 46
Figura 27 – Título reportagem Matheus x Inter..................................................................... 46
Figura 28 – Subtítulo reportagem Matheus x Inter................................................................. 46
Figura 29 – Título reportagem Paulo Victor II....................................................................... 47
Figura 30 – Título reportagem defesa Grohe.......................................................................... 48
Figura 31 – Subtítulo reportagem defesa Grohe..................................................................... 48
Figura 32 – Box reportagem defesa Grohe............................................................................. 48
9
LISTA DE ANEXOS
ANEXO A – Entrevista feita com o editor de Esportes do Jornal Zero Hora Diego
Araújo.................................................................................................................................. 53
10
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 11
2 O JORNALISMO ESPORTIVO NO BRASIL........................................................... 13
3 O FUTEBOL COMO FENÔMENO SOCIAL........................................................... 15
4 A VIDA DE GOLEIRO................................................................................................. 17
5 O ESPORTE NO JORNAL ZERO HORA................................................................. 21
6 REPRESENTAÇÃO SOCIAL NO ESPORTE........................................................... 23
7 PERCURSO METODOLÓGICO............................................................................... 25
7.1 PESQUISA DO OBJETO......................................................................................... 26
8 ANÁLISE........................................................................................................................ 28
8.1 KEILLER SEGURA O SONHO DO HEPTA.......................................................... 28
8.2 DUREZA NOS TREINOS, DIVERSÃO NOS JOGOS........................................... 30
8.3 SÃO LUIZ................................................................................................................. 32
8.4 A MALDIÇÃO DA CAMISA 1............................................................................... 33
8.5 FALHA, ABANDONO E FIM DE PAPO PARA O GOLEIRO............................. 34
8.6 PAULO VITOR, UMA SOMBRA PARA GROHE................................................ 35
8.7 A VOLTA DO GOLEIRO VALENTE.................................................................... 37
8.8 “ESTA FOI UMA TEMPORADA PARA EXERCITAR A PACIÊNCIA”............. 39
8.9 NAS QUARTAS, MAS COM MUITO DRAMA..................................................... 40
8.10 A MAIOR CHANCE DE LEO PODE SURGIR NO CLÁSSICO......................... 41
8.11 UM GOLEIRO INTERMINÁVEL......................................................................... 42
8.12 SENHOR BRASILEIRÃO...................................................................................... 44
8.13 “FIQUEI A NOITE DE SEXTA VENDO PÊNALTIS DO INTER”...................... 46
8.14 “FIZ DE TUDO PARA VIR PARA O GRÊMIO.................................................... 47
8.15 A DEFESA QUE GANHOU O MUNDO................................................................ 48
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................... 50
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................... 52
ANEXO.................................................................................................................................. 53
11
1 INTRODUÇÃO
O futebol... amado por muitos e odiado por poucos, o esporte criado oficialmente
pelos ingleses, durante o século XIX, atualmente é a modalidade mais popular do mundo. No
Brasil, a discrepância entre o futebol e qualquer outro esporte é maior do que no restante do
mundo. O brasileiro aprende a viver o futebol desde criança. Seja por influência familiar ou
de amigos, muitos dos jovens hoje em dia sonham em ser jogador de futebol.
Por inúmeros motivos, o futebol é a paixão do brasileiro, seja pela sua popularidade ou
pela importância criada ao longo do tempo, contudo, o esporte não é unanimidade entre a
população. As maiores críticas sobre o futebol giram em torno da quantidade de dinheiro
envolvida e da violência. A expressão mais ouvida por quem não é simpatizante do esporte é
“são só 22 homens correndo atrás de uma bola”. Porém, quem é fã do futebol, não concorda
nem um pouco com isso. A paixão pelo esporte é tanta, que William Shankly, mais conhecido
como Bill Shankly, jogador e treinador escocês foi autor de uma das frases mais impactantes
sobre futebol: “Algumas pessoas acreditam que futebol é questão de vida ou morte. Fico
muito decepcionado com essa atitude. Eu posso assegurar que futebol é muito, muito mais
importante”.
Adepto ou não do futebol, é inegável que tudo que acontece no âmbito deste esporte
mobiliza multidões e consegue parar cidades. Temos como exemplo a Copa do Mundo
realizada no Brasil em 2014. A importância dada ao evento era tanta, que pessoas eram
liberadas mais cedo do trabalho, instituições paralisavam as aulas e liberavam seus alunos,
muitas cidades fechavam seu comércio mais cedo, tudo isso para assistir a um jogo de futebol.
A mobilização não aconteceu apenas no país-sede. A final da Copa do Mundo realizada no
Brasil foi vista por mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo, de acordo com a FIFA.
O futebol no Brasil ainda mantém muitas peculiaridades que a sociedade traz há
muitas décadas. O preconceito racial e sexual e o machismo ainda prevalecem neste esporte
majoritariamente masculino. Devido a sua popularidade, estudiosos e leigos no assunto
analisam a posição de maior dificuldade dentro do futebol, e a resposta geralmente é a
mesma: o goleiro. Desde sua foi introdução no futebol, é ele quem mais sofre com as críticas
e com treinamentos. Além disso, durante os jogos, vimos o goleiro parado e, de repente, surge
uma bola e ele acaba sofrendo o gol, ou seja, pode passar um jogo inteiro sem fazer nada e,
em uma jogada, sair como o vilão do time. Já vimos goleiros crucificados por apenas um
lance, goleiros consagrados errando e sendo tachados de ruins.
12
Com toda dificuldade que existe em ser goleiro e com a desvalorização da mídia
acerca disso, foi decidido analisar como a posição mais ingrata do futebol é representada em
um dos maiores jornais do RS. A pergunta central é “Como as reportagens esportivas do
jornal Zero Hora abordam a representação do goleiro de futebol”?
A decisão por esse tema é de fácil entendimento. Além do fato de que sou goleiro
desde minha infância e de que até hoje jogo, sou fã e atento observador de futebol, leio,
assisto e converso com amigos sobre tudo que é relacionado com o esporte. Mesmo com o
avanço da tecnologia e o aumento das reportagens on-line, decidi analisar o jornal impresso
Zero Hora, pois, além de ser o maior do Rio Grande do Sul e contar com profissionais
gabaritados, foi o primeiro meio de comunicação que utilizei para me informar sobre futebol.
O trabalho tem como objetivo geral analisar títulos e subtítulos de reportagens,
matérias e entrevistas que tenham como tema o goleiro. Para isso, foram selecionados alguns
textos das páginas esportivas do jornal Zero Hora de 2016 e 2017, para que seja possível a
análise do objeto em questão.
Para melhor detalhamento e aprofundamento do assunto, o trabalho foi dividido
através de capítulos, nos quais trazemos uma breve explicação de como funciona o jornalismo
esportivo no Brasil, o futebol como parte da sociedade, além da vida do goleiro e informações
sobre a editoria esportiva no jornal Zero Hora. Depois, vêm a análise dos materiais
selecionados e as considerações finais.
13
2 O JORNALISMO ESPORTIVO NO BRASIL
Com o crescimento do esporte, tornando-se cada vez mais global e envolvendo mais e
mais dinheiro, as empresas midiáticas se sentiram na obrigação de investir mais na área do
Jornalismo Esportivo. Para Silveira (2009), o interesse da imprensa pelo esporte é algo
recente e que o preconceito e a desvalorização acontecem por parte dos próprios jornalistas.
De acordo com a autora, o que mais prejudica o trabalho dos jornalistas esportivos é o fato de
o esporte ser algo que envolva um senso comum, ou seja, que todo torcedor é um técnico ou
especialista. Silveira (2009) defende o esporte, por envolver diversas modalidades, cada uma
com suas gírias e regulamentos. Ela observa que só existiria um modo de definir o Jornalismo
Esportivo, que é superespecializado. Sobre a dificuldade com a linguagem, Silveira (2009,
p.2) explica:
Outra complexidade do mundo esportivo é a sua linguagem própria. Linguagem essa
que, tamanha popularidade, algumas expressões são usadas no dia-a-dia, [...]
Algumas, entretanto, continuam específicas da modalidade. O jornalista precisa
saber o que é, por exemplo, um ippon, golpe de judô (SILVEIRA, 2009, p.2).
O jornalismo esportivo no Brasil teve início através do jornal esportivo O Atleta, no
ano de 1856, embora seu conteúdo com foco no condicionamento físico. Depois, alguns
jornais esportivos tiveram passagem na vida do brasileiro, entre eles, O Sport e O Sportsman.
Porém, o formato conhecido do jornalismo esportivo, foi adaptado no início do século
XX, no Rio de Janeiro, onde os jogos dos quatro grandes times do estado ganhavam evidência
nas páginas dos jornais. Em 1930, surge o primeiro jornal diário sobre esporte: o Jornal dos
Sports, que tinha todas suas publicações dedicadas ao esporte, porém, o já citado preconceito
era enfrentado com bravura, pois investir no jornalismo esportivo não era importante para
quem lidava com o jornalismo.
Até os dias de hoje o jornalismo esportivo é tratado de maneira diferente, tanto pela
população, ou até mesmo pela própria mídia. De acordo com Oliveira (2009, p.26) “as
publicações dedicadas inteiramente ao esporte nunca foram de grande força no jornalismo
esportivo impresso no Brasil. A maioria dos leitores prefere as editorias de esporte dos
principais jornais do país”.
O jornalismo nos seus tempos primórdios possui divisões para tratar de suas diferentes
demandas. Como o futebol é um assunto de interesse da população e com o passar dos anos
foi se revelando um negócio rentável, as empresas passaram a tratar o futebol de maneira
14
diferente. O que seria de interesse apenas dos envolvidos diretamente, como jogadores,
treinadores, dirigentes e jornalistas, passou a ser de interesse geral da população. Com a maior
proximidade dos meios de comunicação com o futebol, a popularidade no país fez com que as
transmissões aumentassem e o esporte fosse tratado como prioridade nas empresas.
A divisão nas editorias dentro dos jornais impressos também é diferente quando o
tema é esporte. Comparado com as principais editorias, o espaço destinado ao esporte é bem
maior, além disso, a localização da editoria no jornal também demonstra sua importância,
geralmente localizada no fim do jornal, onde juntamente com as páginas iniciais, são
consideradas as mais importantes.
Mesmo com a obrigação dos jornalistas de seguirem com as regras básicas do
jornalismo, como a consulta a fontes, seguir o lead e manter um texto claro e objetivo, o
jornalista esportivo tem a possibilidade de usar sua criatividade, pois as regras de elaboração
de texto não são tão duras. Além disso, o esporte não está envolvido apenas no acontecimento
em si, como por exemplo, a cobertura de um jogo, existe o pré-jogo, o pós-jogo, além da
cobertura durante a semana, dando ênfase aos fatos de uma partida.
15
3 O FUTEBOL COMO FENÔMENO SOCIAL
O futebol envolve a sociedade ao seu redor, ou seja, a cada campeonato disputado,
milhares de pessoas são movidas pelos mesmos sentimentos, de união e força. Por exemplo,
nas Copas do Mundo, a população brasileira se mobiliza em prol do mesmo objetivo, vencer.
Movimentar massas e criar a energia torcedora é um dos motivos que faz com que o futebol
seja a paixão número do Brasil. Segundo DAMATTA (1994, p.3), o futebol trouxe senso de
coletividade ao esporte brasileiro.
No Brasil o esporte como um domínio associado à competição e ao uso desinibido
do corpo teve no futebol um veículo de notável popularidade. Talvez porque o
futebol seja jogado em equipe, o que permite retomar no nível simbólico a ideia de
coletividade exclusiva, como a de uma casa de família [...] (DAMATTA, 1994, p3).
Nas questões de representação do futebol brasileiro, o autor destaca que “deste modo,
fala-se do brasileiro como esperto e malandro – aquele que sabe viver e “tirar vantagem de
tudo”- como a pessoa que tem “jogo de cintura”. Expressão que se aplica tanto a um político
populista, quanto ao bom jogador de futebol e o próprio estilo de praticar tal esporte no Brasil.
Quando se trata das dramatizações do futebol, DAMATTA (1994, p.5) diz:
É certamente por tudo isso (no caso, as representações), que o futebol tem servido
como um instrumento privilegiado de dramatização da sociedade brasileira. Primeiro
porque ele é um formidável código de interação social. De fato, o futebol ajuda uma
coletividade altamente dividida internamente a afirmar-se como uma coletividade
capaz de atuar de modo coordenado, corporadamente e de eventualmente vencer
(DAMATTA, 1994, p.5).
Ou seja, o futebol une a população, é claro que em alguns casos ocorrem brigas e
desavenças, mas o intuito desse esporte é aproximar o público que gosta da mesma
modalidade. Muitas vezes, por conta de um jogo ou de uma comemoração, desavenças e
problemas são suprimidos pelo sentimento de amor a um clube.
Outro motivo que faz com que o futebol seja a paixão nacional é o de trazer à
sociedade o sentimento de justiça, ou seja, que lá dentro do campo, todos são iguais e devem
obedecer a mesma regra, o que determina a vitória de alguma equipe é o treinamento e o
talento. “Que a aliança entre talento e desempenho pode conduzir a vitória inconteste. E, o
melhor que tudo, que as regras valem pra todos. Para os times campeões e para os times
comuns, para ricos e pobres, para negros e brancos, e para os sãos e os doentes", observa
Damatta (1994, p.17).
Ao terminar sua fala sobre dramatização, o autor explica que, indiscutivelmente
16
através do futebol, que a população brasileira pode juntar os símbolos do Estado Nacional, ou
seja, o Hino e a bandeira, elementos que sempre foram praticamente restritos aos militares.
Que ainda é o futebol que traz o patriotismo para o povo. Além disso, o autor salienta que
“foi, portanto, só com o futebol que conseguimos, no Brasil, somar Estado Nacional e
sociedade” (DAMATTA,1994, p.7).
A população brasileira ainda encara o futebol de maneira violenta, tratando muitas
vezes seu rival como inimigo, levando a morte de muitas pessoas a cada clássico espalhado
pelo país.
17
4 A VIDA DE GOLEIRO
Para alguns, apenas uma posição existente no futebol, para outros, uma pessoa que
pode decidir um jogo a seu favor ou contra. Todos conhecem a expressão “do céu ao inferno”,
pois bem, uma frase que evidencia a vida de quem joga embaixo das traves. O popular goleiro
é considerado por muitos que vivem no meio do futebol a posição mais ingrata para se
exercer. O valor do goleiro dentro de um time de futebol não deveria ser o mesmo de qualquer
outro jogador, pelo simples fato de que o gol é feito na goleira e quem é o encarregado de ser
seu guardião, é o goleiro.
Nas peladas de ruas, o pior jogador quase sempre acaba indo para o gol. Em outra
hipótese, os mais gordinhos também são colocados embaixo das traves. Isso acontece porque
quando pequena, a criança só pensa em poder driblar, chutar e fazer gol. Raramente ao ser
questionada, uma criança responderá que sonha em ser goleiro de futebol.
Para quem acha que é fácil ser goleiro, está muito enganado. O arqueiro é o primeiro a
chegar para o treino e possivelmente o último a sair. Realiza o treinamento físico da mesma
maneira que qualquer atleta e ainda são somados no seu dia-a-dia treinamentos específicos de
velocidade, agilidade, saltos e cruzamentos, tudo feito de forma exaustiva e intensa. Para se
ter a real noção da importância de treinamentos especiais aos goleiros, em 1973 surgiu o
primeiro preparador de goleiros do mundo, e foi no Brasil. Valdir Joaquim de Moraes
começou no Palmeiras e chegou a ser o preparador de goleiros da seleção brasileira.
Ter o título de posição ingrata também tem seus benefícios, como o dia do goleiro.
Criado pelos professores da Escola de Educação Física do Exército Reginaldo Pontes
Bielinski e Raul Carlesso, o dia é celebrado em 26 de abril e tem essa data escolhida para
homenagear um dos mais consagrados goleiros da história do Brasil, Ailton Correa Arruda,
mais conhecido como Manga, goleiro da seleção brasileira e de times como Grêmio,
Internacional, Sport, Botafogo e Coritiba.
Quando perguntamos a alguma pessoa que ao menos conheça o futebol e já possui
mais de 70 anos, qual o maior vilão brasileiro nas histórias das Copas do Mundo? Com
certeza a maioria esmagadora de votos seria para o goleiro Barbosa na Copa do Mundo de
1950.
O ano era 1950, o jogo entre Brasil e Uruguai marcava a final da primeira Copa do
Mundo realizada no Brasil. Aproximadamente duzentas mil lotaram o Maracanã, seu público
recorde até hoje, com a certeza da vitória da seleção brasileira. A campanha perfeita
decorrente de goleadas nas seleções da Espanha e Suécia levava à população e à imprensa a
18
garantia do título. A certeza da vitória era tamanha, que instantes antes do jogo, o então
prefeito do Rio de Janeiro, Ângelo Mendes de Morais, entoou as seguintes palavras: “Vós
brasileiros, a quem eu considero os vencedores do campeonato mundial; vós brasileiros que a
menos de poucas horas sereis aclamados campeões por milhares de compatriotas; vós que não
possuis rivais em todo o hemisfério; vós que superais qualquer outro competidor; vós que eu
já saúdo como vencedores!”. O que todos esqueceram era que se tratava de futebol,
responsável por viradas e vitórias inimagináveis.
Faltando onze minutos para o fim do jogo o placar era 1 a 1. No gol da seleção
Brasileira, Moacir Barbosa, até então incontestável na Copa.
Após o cruzamento, a bola já estava agarrada junto ao seu peito. Mas, de repente, ele
sentira um vazio em seu corpo. Faltava-lhe a bola. Numa fração de segundos a
redonda havia escapulido de suas mãos, indo parar dentro da sua meta. Uma meta
que ele defendera tantas vezes, de modo arrojado e incansável, mas que por
intermédio de suas próprias mãos era invadida. Não havia como negar. Tratava-se de
um frango histórico, tomado quando faltavam poucos minutos para terminar a
partida e a torcida já gritava “é campeão!”. Até aquele momento, sua atuação ao
longo do jogo vinha garantindo o resultado que daria o título do campeonato ao seu
clube. Porém, ele mesmo sabia que isso de nada valeria, porque após aquele lance
estranho, ganharia fama de frangueiro. Em questão de segundos ele atravessara a
ponte que separa o herói do vilão no futebol. E pouco valeriam suas ótimas atuações
anteriores, assim como as difíceis defesas praticadas naquele mesmo jogo. A face
ingrata do futebol lhe era revelada de modo bastante cruel: “se aquela última bola
não entrasse, eles diriam que eu era o melhor goleiro do Brasil, mas a bola entrou e
eles dirão que sou um frangueiro (SANT’ANNA, 2005, 145 apud COSTA,Leda,
2008, p. 82).
O conto de Sérgio Sant’Anna nos dá uma dimensão do que se passou naquele lance,
como uma bola acabou com a carreira de um goleiro. Barbosa teria razão na sua frase de duas
maneiras, se a bola realmente não tivesse entrado ou se o Brasil tivesse conseguido virar o
jogo, porque nesse caso, sua falha seria apenas uma falha e não o transformaria no vilão.
Infelizmente Barbosa não é o único e não será o último goleiro tachado como o responsável
pela derrota de seu time. Mesmo após duras críticas e a falta de poio, sua carreira durou mais
12 anos, porém o fatídico Maracanaço o assombrava todos os dias.
A autora Leda Maria da Costa é firme ao responsabilizar Barbosa não apenas por um
gol, mas pelo sofrimento de uma nação:
E ainda dizem que o Brasil é um país sem memória. Entretanto, mais de cinqüenta
anos se passaram e poucos esqueceram daquele gol de Ghiggia que tirou do Brasil a
chance de erguer pela primeira vez a taça Jules Rimet em pleno Maracanã. Nesse
estádio, construído especialmente para abrigar os jogos da IV Copa do Mundo, havia
um público estimado de duzentas mil pessoas. O Brasil contava com uma população
de 52 milhões de habitantes, mas o número de brasileiros que carregaram na
memória a história daquele 16 de julho de 1950 foi multiplicado. Memórias vividas
e imaginadas misturam-se, mas a grande maioria delas se concentra num
personagem principal: o goleiro Barbosa. Aquele que na época era considerado o
19
melhor arqueiro do país ficou marcado como o maior responsável pela derrota da
seleção (SANT’ANNA, 2005, 145 apud COSTA,Leda, 2008, p. 82).
Muitos anos após o pior dia da carreira de Barbosa, tivemos também a falha do goleiro
Colombiano René Higuita. Conhecido pela sua maneira extrovertida de atuar, como por
exemplo, ao sair driblando seus adversários e realizando defesas acrobáticas e até mesmo se
aventurando na cobranças de faltas. Assim como o goleiro brasileiro, arqueiro colombiano
teve seu pior momento da carreira também em uma Copa do Mundo. A diferença é que o jogo
em questão não se tratava de uma final em seu país. Higuita disputava as oitavas de final da
Copa do Mundo de 1990 contra Camarões, quando, em mais uma de suas loucuras, tentou sair
driblando o time adversário e acabou cedendo a Roger Milla o primeiro gol de seu país no
jogo.
Outro ponto que diferencia os lances em questão é o fato de que o gol “entregado”
pelo goleiro não foi o que determinou a vitória, pois o jogo terminou com o placar de 2 a 1 em
favor de Camarões. Higuita foi ameaçado e duramente criticado pela imprensa de seu país,
porém tudo não passou de boatos e o goleiro seguiu normalmente sua carreira, vindo a
encerrá-la somente em 2010, aos 43 anos.
O caso mais recente ocorreu na Copa do Mundo de 2010, em que, o então goleiro da
seleção Brasileira Júlio Cesar acabou falhando no primeiro gol no duelo válido pelas quartas-
de-finais contra a seleção da Holanda. Obviamente a proporção desta falha foi infinitamente
menor que a de Barbosa em 1950, mas mesmo assim a carreira do goleiro ficou manchada
após esse dia, tanto que depois da Copa de 2010, não conseguiu se firmar mais em nenhuma
equipe de ponta. Antes considerado um dos melhores do mundo, após a derrota, viu sua
carreira e seus dias como bom goleiro indo embora.
No ano de 2017 presenciamos também a contratação de um assassino por um clube do
país. Em fevereiro, o Boa Esporte Clube contratou o goleiro Bruno, preso desde 2010.
Condenado a 22 anos e 3 meses por participação no sequestro e assassinato de Eliza Samudio,
Após 7 anos preso, Bruno obteve através da justiça, um habeas corpus. Especula-se através da
imprensa mineira que o salário do atleta girava em torno de 6 mil reais. O que chamou
atenção de forma negativa foi a recepção por parte de alguns torcedores em geral. Selfies e
retratos posados com o ex-presidiário foram alvos de ataques da mídia e da população através
das redes sociais. É difícil de aceitar, que um réu confesso de um assassinado brutal seja
idolatrado por uma grande parcela do público. Porém sua passagem pelo clube de Minas
Gerais durou pouco mais de dois meses. Dia 25 de Abril, o Supremo Tribunal Federal decidiu
20
que Bruno voltaria à prisão para cumprir o restante de sua pena. Como goleiro, não tenho
dúvida sobre sua qualidade. Quando foi preso, estava em alta no Flamengo, sendo cogitado
para ir a seleção. Atuou em cinco jogos pelo Boa Esporte sofreu quatro gols, obtendo duas
vitórias, dois empates e uma derrota.
21
5 O ESPORTE NO JORNAL ZERO HORA
A Zero Hora, popularmente conhecida como ZH, é o maior jornal em circulação no
Rio Grande do Sul e um dos maiores do Brasil. Entre os jornais brasileiros se equipara a
Folha de São Paulo e ao O Globo.É controlado pelo Grupo RBS, sua edição é feita em Porto
Alegre e conta com 17 cadernos, mais de 200 jornalistas e 100 colunistas, além de possuir
uma matriz em Brasília, onde conta com correspondentes diariamente. O Jornal mantém
atualizações minuto a minuto nas redes sociais por meio do Facebook, Instagram e Twitter.
Fundado em 4 de maio 1964 pelo jornalista Ary de Carvalho, o Jornal Zero Hora
possuiu duas outras sedes até ser controlado pelo grupo RBS. A primeira delas era localizada
na Rua 7 de Setembro, já em 1968 foi inaugurada a sede na Avenida Ipiranga, no bairro da
Azenha. Inicialmente o jornal abrangia apenas a Região de Porto Alegre. Porém em 1975 o
jornal passou a adquirir espaço estadual e tornando-se em 1984 o quinto jornal mais lido do
Brasil, superando os três milhões de exemplares vendidos ao longo do mês.
Com seus primeiros exemplares custando Cr$ 35,00 e em formato tablóide, o nome
Zero Hora teve sua inspiração através do extinto Jornal chamado Última Hora. A partir de
1970 seu controle ficou a cargo de Maurício Sirotsky Sobrinho.
Um ano após sua fundação o jornal já inovou e criou novidades na área dos cadernos.
Lazer e variedades foram incluídas no caderno 2 e a parceria com a Rádio Gaúcha e a
Televisão Gaúcha foi aumentada, garantindo maiores coberturas e novas promoções.
No ano de 1979 a ZH investe na prestação de serviços e cria um caderno especial
destinado às compras, vendas, aluguéis e ofertas de produtos, o ZH Classificados. Com a sua
criação, a população tinha a possibilidade de publicar anúncios por telefone e em pontos de
venda espalhados pela cidade.
Em 1988 a produção deixou de ser artesanal e passou a ser padronizada, além disso no
mesmo ano foi criado o Clube do Assinante ZH, que possibilitava aos assinantes descontos
em diversos estabelecimentos do estado. Em 1995 o primeiro site da Zero Hora foi pro ar e no
ano seguinte toda a produção passou a ser digitalizada. O ano de 2007 marcou o início do
website ZeroHora.com, com notícias 24 horas por dia. Serviço que passou a ser cobrado a
partir do ano de 2010.
De acordo com Oliveira (2009, p.32):
O ideário da RBS, a linha editorial da Zero Hora se resume da seguinte forma:
responsabilidade empresarial, compromisso social e comunitário, ética e integridade,
defesa da democracia, da liberdade (em todos os níveis) e da igualdade, combate a
22
preconceitos, defesa da economia de mercado, da livre iniciativa, da propriedade
privada, tendo como limite o interesse social, vinculação comunitária, postura
independente, isenta e liberal, separação entre as áreas editorial e comercial e
pluralismo de opiniões. (OLIVEIRA, 2009, p.32)
O setor destinado ao esporte do Jornal é composto por 18 profissionais, entre eles 12
repórteres e seis editores. Com exceção da segunda-feira, em todos os outros dias o caderno
fica localizado ao final da edição. O caderno de esportes possui uma média de doze páginas
para a edição de segunda feira, oito páginas entre terça-feira e sexta-feira e por volta de
quinze páginas na edição conjunta de final de semana, que agrega sábado e domingo.
O editor de Esportes do Jornal Zero Hora Diego Araújo respondeu algumas perguntas que
detalham melhor como funciona esse setor da empresa. O material está em anexo no trabalho.
23
6 REPRESENTAÇÃO SOCIAL NO ESPORTE
Em seu início no Brasil, o futebol foi tratado como um simples esporte marginalizado,
Segundo Roberto Ramos, em seu livro Futebol: ideologia do poder (1984), a modalidade
surgiu como massa de manobra alienante, ou seja, que o futebol seria um modo de esconder o
que acontecia no país. Porém com o aumento da popularização através da mídia, com os
veículos de massa criando uma proximidade entre o futebol e a população em geral, o futebol
supera os problemas que não fazem respeito ao esporte. “As injustiças sociais são
minimizadas em um estádio. [...] Os salários altíssimos dos jogadores, dos grandes times,
legitimam e avalizam a ascendência social do sistema. Com isso o capitalismo se torna uma
ordem natural dentro de uma visão positivista”. ( Acker, Ana, 2010 apud RAMOS, 1984, p.
34).
O conceito de representação social tem origem européia e sua primeira aparição no
cenário literário brasileiro foi através do francês Serge Moscovici, feito em 1978 com o título
de A representação social da Psicanálise. Segundo Gama, dos Santos e Fofonca, a obra de
Moscovici diz:
A representação social refere-se ao posicionamento e localização da consciência
subjetiva nos espaços sociais, com o sentido de constituir percepções por parte dos
indivíduos. Nesse sentido, as representações de um objeto social passam por um
processo de formação entendido como um encadeamento de fenômenos interativos,
fruto dos processos sociais no cotidiano do mundo moderno. Desse modo,
Moscovici analisou os processos através dos quais os indivíduos elaboraram
explicações sobre questões sociais e como isso de alguma forma relaciona-se com a
difusão das mensagens pelos veículos de comunicação, dos comportamentos e
organização social. Nesse aspecto, o conceito de representação social trabalha com
uma gama de elementos que envolvem teorias científicas, ideologias e experiências
vivenciadas no cotidiano e também com questões ligadas à Psicologia, à Psicanálise,
à Comunicação e à Sociologia.
O futebol, por exemplo, sua representação com a população teve o seu maior
crescimento através da mídia e seus avanços. Inicialmente com a televisão e o rádio e
atualmente com a internet e o crescimento dos canais pagos de televisão, podemos analisar o
que é a representação e como sua relação com o povo pode crescer.
Marcos Alexandre em O papel das mídias na difusão das representações sociais define
que, “A comunicação, sob a perspectiva da representação social, é o fenômeno pelo qual uma
pessoa influencia ou esclarece outra que, por sua vez, pode fazer o mesmo em relação à
primeira.” O papel da comunicação na representação social é de suma importância pois é
através dos veículos midiáticos que o reflexo aparece na representação. Os elementos básicos
24
existentes na comunicação são o emissor, o receptor, a mensagem, o veículo e o código. A
facilidade na compreensão por parte das pessoas atualmente faz com que a eficiência na
recepção, interpretação e divulgação das mensagens aumente.
Temos como exemplo histórias contadas pelas pessoas mais velhas, antigamente os
meios para propagação de alguma informação eram lentos e sem a possibilidade de pesquisa.
Já atualmente temos a opção de nos informarmos sobre qualquer assunto através da internet. É
praticamente impossível no mundo de hoje, compartilhar algo sobre um determinado assunto
sem ter a chance de ter o menor conhecimento sobre ele.
25
7 PERCURSO METODOLÓGICO
A referente pesquisa será de cunho qualitativo, e para isso, será utilizado como recurso
metodológico a Análise de Conteúdo (AC). No trabalho, foram analisados títulos e subtítulos
de matérias e reportagens publicadas nas páginas da Editoria de Esportes do jornal gaúcho
Zero Hora.
A Análise de Conteúdo tomou evidência no ano de 1977, por meio da obra L’analyse
de contenu, de Laurence Bardin. De acordo com Bardin (2011, p.15), “a análise do conteúdo é
um conjunto de instrumentos de cunho metodológico em constante aperfeiçoamento, que se
aplicam a discursos (conteúdos e continentes) extremamente diversificados”.
Consequentemente, a autora caracteriza a análise de conteúdo como uma associação de
métodos de análise que se utiliza de recursos organizados e diretos de descrição do conteúdo
das mensagens. A proposta de Bardin constitui-se de algumas etapas para a consecução da
análise de conteúdo, organizadas em três fases: 1) pré-análise, 2) exploração do material e 3)
tratamento dos resultados, inferência e interpretação.
A primeira fase, a pré-analise, se trata da definição e organização do material que será
posteriormente analisado, para deixar o trabalho mais prático e funcional para o autor. Já a
segunda fase, que a autora denomina como exploração do material, é marcada pela análise dos
elementos textuais dos objetos em questão, realizando a identificação de palavras-chaves,
temas ou frases que podem ajudar na interpretação. A terceira e última fase é a de tratamento
dos resultados, inferência e interpretação. Nesta etapa, ocorrem a filtragem e a definição das
informações para análise, resultando nas interpretações. De acordo com a autora, é nessa hora
que vem à tona a intuição, a análise reflexiva e a crítica.
Para Moraes (1999) a análise de conteúdo é um método de pesquisa usado para
descrever e interpretar qualquer tipo de documento.
A análise de conteúdo constitui uma metodologia de pesquisa usada para descrever e
interpretar o conteúdo de toda classe de documentos e textos. Essa análise,
conduzindo a descrições sistemáticas, qualitativas ou quantitativas, ajuda a
reinterpretar as mensagens e a atingir uma compreensão de seus significados num
nível que vai além de uma leitura comum (MORAES, 1999, p. 9).
Segundo o autor, é possível utilizar a técnica de pesquisa não somente na
comunicação, mas em qualquer nicho de estudo que envolva análise de texto, imagem, ou
texto e imagem.
26
Entendemos que a análise de conteúdo é o modo que melhor se encaixa na nossa linha
de pesquisa e no tipo de resultados que procuramos. Essa metodologia de pesquisa faz parte
de uma busca teórica e prática, com um significado especial no campo das investigações
sociais. Constitui-se em uma análise de dados que representa uma abordagem metodológica
com características e possibilidades próprias isto porque, por mais que haja um método
teórico a ser seguido, a interpretação é individual.
Embora a percepção do objeto seja subjetiva, existem maneiras de se estudar
minuciosamente o conteúdo informativo de cada matéria, neste caso, manchete de jornal.
Moraes (1999) explica que a análise de conteúdo é uma ferramenta antiga de pesquisa, mas
que ela consegue ser utilizada nos dias atuais, pois o estudo pode ser feito em diferentes vias,
mídias, setores e grupos.
As categorias de análise foram separadas entre três: elogios ao goleiro, que analisou
qualquer palavra ou expressão que qualifique ou elogie o goleiro, elevando sua imagem
perante os leitores;2, críticas ao goleiro, que a partir do que foi analisado, identificar qualquer
expressão, palavra ou alguma frase que subjetive algo negativo sobre o referido goleiro, como
alguma falha, má atuação ou uma carreira não muito qualificada; o goleiro fala, que cita e
explica quando o goleiro fala durante o material escolhido, geralmente essa categoria é mais
vista nas entrevistas e raramente em algo que apenas apresente o goleiro aos leitores e
torcedores.
7.1 PESQUISA DO OBJETO
O estudo dos títulos e subtítulos da Zero Hora durou entre janeiro de 2016 e outubro
de 2017. Com base nos conteúdos que o jornal impresso trazia, foi feita uma seleção de
manchetes, títulos e subtítulos que traziam os goleiros como protagonistas. A escolha de um
jogador da defesa, já foi justificada no decorrer do trabalho, mas ela é ratificada pelo fato de
que, achamos apenas cerca de 30 matérias que falavam exclusivamente do tema goleiro,
sendo que desse número foram selecionadas 15 principais. Desta forma, a análise parte então
de como o jornal mostra o goleiro.
A presente pesquisa aconteceu diariamente, por meio da leitura do caderno de
esportes. Os conteúdos escolhidos obedeceram a um único critério: trazer o goleiro como
referência na matéria, não importando se a matéria é positiva ou negativa para o atleta. Por
meio do referencial teórico do estudo, foi possível desenvolver melhor a análise. Buscar como
27
é feito o esporte no Brasil, a vaidade do goleiro e percorrer esse caminho foi de suma
importância para que pudéssemos escolher a análise de conteúdo como metodologia de
pesquisa.
A partir das técnicas e conceitos referenciados pelos autores escolhidos, queremos
tornar possível a análise das palavras, termos ou frases encontradas nos materiais escolhidos
previamente e, assim, poder determinar de que maneira ocorre a representação do goleiro no
jornal Zero Hora, seja ele de maneira branda e de acordo com a realidade, ou de maneira
exacerbada e abusivamente crítica.
29
Edição: Zero Hora, segunda-feira, dia 24 de Abril de 2017.
Reportagem assinada por Leandro Behs
Elogios ao goleiro: Nesta reportagem pós-vitória do Internacional contra o Caxias pelo
campeonato Gaúcho 2017, o jovem goleiro Keiller é enaltecido no título e também no
subtítulo. As palavras “Segura”, utilizada no titulo, e “garantiu”, presente no subtítulo, dão a
noção exata do que aconteceu, no caso, o arqueiro colorado defendeu 2 pênaltis e garantiu a
classificação para a final.
Criticas ao goleiro: Nenhuma
O goleiro fala: Sim, durante a reportagem, Keiller ressalta a oportunidade de entrar na vaga do
lesionado Marcelo Lomba, lamentando a lesão do amigo. Além disso, critica o fato de não ser
possível inscrever outro goleiro para as finais.
Esta reportagem evidencia o poder de decisão de um goleiro, além da pressão exercida
sobre um jovem. Keiller, de 20 anos entrou durante o jogo na vaga de Marcelo Lomba, que já
substituía o lesionado Danilo Fernandes, e se saiu muito bem, foi fundamental no resultado de
sua equipe.
30
8.2
Figura 3 - Título reportagem Lúcio
Edição: Zero Hora, quinta-feira, dia 20 de Abril de 2017.
Reportagem assinada por Cristiano Daros
Elogios ao goleiro: Sim. Mesmo se tratando de uma reportagem sobre o dia-a-dia do goleiro
Lúcio, do Caxias, onde a prioridade não são as criticas e os elogios, a sua qualidade de
defensor de pênaltis é evidenciada pelo repórter, assim como sua liderança no time, tendo
como característica orientar muito sua defesa.
Criticas ao goleiro: Não foram feitas avaliações acerca da qualidade do goleiro, assim como
prováveis boas e más atuações, a reportagem se concentrou apenas em passar informações
sobre o goleiro.
O goleiro fala: Sim, em duas ocasiões, na primeira, Lúcio brinca que durante a semana é que
ocorre a parte séria, que no caso seriam os treinamentos, já os jogos seriam a parte da
Figura 4 - Subtítulo reportagem Lúcio
31
diversão. O segundo momento é quando o repórter cita uma característica sua, defesas de
pênaltis. Aqui o goleiro explica que esta “qualidade” dele, é muito fruto de seu trabalho
diário.
A reportagem feita com o goleiro Lúcio do Caxias, mostra um pouco do arqueiro para
os leitores. Na época, o jogo entre Inter x Caxias, válido pelo campeonato gaúcho, foi
disputado no final de semana e o goleiro estava substituindo o suspenso Marcelo Pitol. Trata-
se de uma reportagem informativa, mas mesmo assim podemos ver que o goleiro é exaltado
de certa maneira, com elogios a sua liderança e bom histórico de defesa de pênaltis.
32
8.3
Edição: Zero Hora, sábado e domingo, 8 e 9 de julho de 2017
Reportagem assinada por Luis Zini Pires
Elogios ao goleiro: O próprio título já dimensiona o teor da reportagem. Luiz, goleiro do
Criciúma é enaltecido de várias maneiras, não só nos títulos e subtítulos presentes nessa
reportagem. Chamado de santo pela sua torcida, os elogios começam antes mesmo do assunto
futebol. O Subtítulo “Homem de família” mostra um pouco sobre a vida do goleiro fora dos
campos, citando as palavras “séria e honesta”, usadas para caracterizar a vida do goleiro.
Referência em campo, este é o termo utilizado pelo repórter para definir o goleiro Luiz dentro
das quatro linhas. O capitão do time é respeitado e admirado por todos no clube e mostra que
sua experiência pode ajudar a todos, através de concelhos e dicas.
Criticas ao goleiro: Nenhuma.
O goleiro fala: Sim, várias vezes. Primeiramente cita suas inspirações, Rogério Ceni (ex São
Paulo), Marcos (ex-palmeiras) e Fábio (Cruzeiro), exemplos que, segundo o goleiro, vem
através da identificação que os mesmo possuem com seu clube. Quando o assunto foi seu
comportamento, Luiz fala sobre sua postura, sempre tentando ser um atleta tranquilo, calmo,
mas que luta muito dentro de campo, motivando sua torcida. Sobre ser uma referência dentro
Figura 5 - Título reportagem Luiz
33
de campo, o arqueiro também argumenta, contando um pouco sobre como foi ficar 12 anos
em seu ex-clube, o São Caetano, antes de vir para o Criciúma.
Reportagem que contém uma folha inteira falando bem sobre o goleiro, suas
características dentro e fora de campo. Luiz pode não ser um goleiro de fama no Brasil, mas
quem leu tudo que foi escrito sobre sua carreira, com certeza passou a admirar o goleiro.
8.4
Figura 6 - Título reportagem goleiros Internacional
Edição: Zero Hora, terça-feira, 2 de maio de 2017
Reportagem assinada por Leandro Behs
Elogios ao goleiro: Não
Criticas ao goleiro: Não
O goleiro fala: Os citados na matéria não. Porém alguns ex-goleiros do Internacional dão seus
depoimentos ilustrando a situação inusitada que ocorreu.
A reportagem tem um título bem dramático e de certa forma, forte. Após as séries de
lesões ocorridas pelos goleiros do Internacional no campeonato gaúcho, primeiro Danilo
Fernandes, depois Marcelo Lomba e posteriormente Keiller, fizeram com que até zagueiros
treinassem na posição. A tona vem à questão, como é importante o goleiro, pois mesmo com
34
um time superior e favorito, a imprensa tratou como assunto de vida ou morte o goleiro
colorado.
A palavra “maldição” dimensiona de maneira correta a situação em que o clube se
encontrava. Final de campeonato e sem nenhum goleiro com 100% de condições físicas, pois
o regulamento não permite a inscrição de um quarto goleiro.
8.5
Figura 7 - Título Reportagem Fábio
Edição: Zero Hora, quarta-feira, 31 de maio de 2017
Reportagem assinada por Lucas Balduino
Elogios ao goleiro: Não
Criticas ao goleiro: Sim, a palavra “falha”, no início do título, caracteriza a crítica do repórter
ao goleiro Fábio.
O goleiro fala: Sim, o goleiro conta que já falhou em alguns lances em outras equipes e
porque tomou a decisão de sair. Em outro momento, pede desculpas e assume toda
responsabilidade pela derrota. No último momento, ao ser questionado sobre uma possível
aposentadoria, o atleta admite dar uma refrescada na cabeça.
Fábio, de 38 anos fazia sua estreia no gol do Figueirense contra o Boa Esporte, pela
série B do campeonato brasileiro, porém após uma falha gritante no primeiro gol do
adversário, o arqueiro viu seu psicológico ir por água a baixo e fez com que sua passagem
pelo clube tivesse seu início e seu fim na mesma noite. No intervalo da partida, Fábio pediu
ao técnico para ser substituído, seu pedido foi atendido e na mesma hora o goleiro pegou um
táxi e voltou para perto de sua família.
35
A cobertura midiática da falha do goleiro foi feita de maneira correta, mostrou a falha
e deu a oportunidade do goleiro se defender e explicar o que aconteceu.
8.6
Figura 8 - Título reportagem Paulo Victor
Edição: Zero Hora, terça-feira, 11 de julho de 2017.
Reportagem assinada por Adriano de Carvalho
Elogios ao goleiro: Especificamente no título e subtítulos, não. Mas durante a reportagem, sua
velocidade, técnica e qualidade para sair jogando com os pés, foram algumas das
características elogiadas pelo repórter. Além disso, elogios quanto a presença do goleiro no
grupo gremista foram vistos ao decorrer da reportagem.
Criticas ao goleiro: Não.
Figura 9 - Box da reportagem Paulo Victor Figura 10 - Subtítulo reportagem Paulo Victor
36
O goleiro fala: Não
Adriano de Carvalho produziu uma reportagem sobre a contratação tricolor para o gol.
Paulo Victor foi contratado para fazer a famosa “sombra” para o goleiro titular Marcelo
Grohe.
Como o objetivo da reportagem era apresentar a nova contratação, não possuem
criticas ao atleta. Já as qualidades foram evidenciadas, não só pelo repórter que produziu, mas
através de depoimentos de ex-técnicos do goleiro nos seus antigos clubes. A Zero Hora tem
como hábito em suas reportagens de apresentação, exaltar o atleta para seus leitores, tentando
criar uma identificação inicial.
37
8.7
Figura 11 - Título reportagem Danilo Fernandes
Figura 12 - Subtítulo reportagem Danilo Fernandes
Edição: Zero Hora, sábado e domingo, 27 e 28 de maio de 2017
Reportagem assinada por Leandro Behs
Elogios ao goleiro: Sim, “valente” foi usado no título para mostrar a garra e força de vontade
que fizeram com que o goleiro Danilo Fernandes jogasse a final do campeonato gaúcho,
mesmo sem condições de jogo.
Criticas ao goleiro: Não.
38
O goleiro fala: Sim, Danilo conta que o jogo contra o Novo Hamburgo foi o mais difícil da
sua vida e como encarou um jogo decisivo sem condições físicas. O goleiro ainda argumenta
que foi muito prejudicado por sua condição física, que o impediu de certos movimentos, lhe
causou indecisão em algumas saídas de bola e o afetou na decisão por pênaltis.
A situação era complicada para o Internacional. Seus três goleiros estavam
machucados para a disputa da final do campeonato gaúcho. Danilo Fernandes, que havia
fraturado o dedo mínimo do pé direito, entra em campo, mesmo sem condições. A exaltação
do jornal quanto a Danilo foi muito merecida e te extrema felicidade na escolha do termo
“valente”.
39
8.8
Figura 13 - Título entrevista Alisson
Figura 14 - Abertura entrevista Alisson
Figura 15 - Subtítulo entrevista Alisson
40
Edição: Zero Hora, segunda-feira, 15 de maio de 2017.
Entrevista assinada por Rodrigo Oliveira
Elogios ao goleiro: Não
Criticas ao goleiro: Não
O goleiro fala: Sim, pois se trata de uma entrevista direta, pergunta e resposta.
A entrevista com o ex-goleiro colorado e atual titular na seleção de Tite mostra muito
bem como está à vida do arqueiro após a saída do Inter. Por se tratar de uma entrevista, a
opinião do repórter não está explícita nas suas frases, porém é perceptível a vontade do autor
em mostrar o potencial de Alisson, que na época era goleiro reserva de seu time na Itália.
8.9
Figura 16 - Título reportagem Grohe x Atlético-PR
Figura 17 - Subtítulo reportagem Grohe x Atlético-PR
Edição: Zero Hora, quinta-feira, 22 de setembro de 2016.
Reportagem assinada por Luís Henrique Benfica.
Elogios ao goleiro: Sim, no subtítulo o repórter define Marcelo Grohe como personagem do
jogo, pois defendeu três cobranças de pênaltis.
41
Criticas ao goleiro: No título e subtítulo não, porem durante a reportagem sim, já que o gol
que levou o jogo para os pênaltis tinha vindo através de uma falha de Grohe, que rebateu um
chute fraco para frente, dando o gol para André Lima.
O goleiro fala: Não.
Jogo emblemático para Grohe. Com certeza quem assiste e conhece futebol já ouviu a
expressão “do céu ao inferno”. Foi exatamente isso que aconteceu com o goleiro tricolor nas
oitavas de final da Copa do Brasil de 2016. Durante o tempo normal, Marcelo falhou no gol
do Atlético Paranaense, deixando o resultado em 1 a 0 e levando o jogo para os pênaltis. Foi
na decisão que Grohe apareceu, com três defesas, foi o herói da vaga para as quartas de final.
É claro que o jornal não se esqueceu de exaltar o goleiro, porém com tudo que
aconteceu naquele dia, poderia ter dado mais destaque no título, com algo que elevasse o
goleiro, podendo assim até mesmo o criticar nas entrelinhas, para dar ênfase sobre sua
participação.
8.10
Figura 18 - Título reportagem Leo
Figura 19 - Subtítulo reportagem Leo
Edição: Zero Hora, sexta-feira, 21 de outubro de 2016.
Reportagem assinada por Marco Souza.
Elogios ao goleiro: No título não, porém na reportagem há vários elogios, principalmente
sobre sua saída de gol, qualidade técnica e regularidade, pontos que contribuíram para sua
subida ao profissional.
Criticas ao goleiro: Não
42
O goleiro fala: Sim, o goleiro Léo comenta sobre a possibilidade de jogar o clássico e se diz
pronto e preparado.
O jovem goleiro gremista recebe a notícia de que sua maior chance na carreira poderia
vir, jogar um clássico grenal. Importante, por parte da mídia, fazer a cobertura e uma
reportagem especificamente sobre isso, abordando a trajetória de Leo e suas qualidades,
fazendo com que a torcida possa conhecer o candidato a titularidade momentânea do gol
gremista.
8.11
Figura 20 - Título entrevista Magrão
Figura 21 - Abertura entrevista Magrão
Edição: Zero Hora, sexta-feira, 1 de Setembro de 2017
Entrevista assinada por (neste caso, não possui assinatura, pois se trata apenas de uma
entrevista por telefone).
Elogios ao goleiro: Sim, no próprio título a palavra “interminável” já dimensiona o teor da
entrevista e uma das qualidades do goleiro.
43
Criticas ao goleiro: Não
O goleiro fala: Por se tratar de uma entrevista, o goleiro responde as perguntas feitas pelo
repórter.
São seis perguntas feitas ao goleiro Alessandro Rosa, o popular Magrão, um dos
goleiros mais velhos em atividade no futebol brasileiro. Como a reportagem foi feita na
véspera de um jogo do Sport contra o Grêmio, duas perguntas foram feitas sobre o jogo e
sobre a situação do time na tabela. Já as outras quatro falam da carreira do goleiro, que
mesmo aos 40 anos não pensa em parar. É muito importante que sejam feitas matérias que
exaltem os atletas exemplos, já que o arqueiro sempre se mostrou um profissional modelo aos
seus companheiros.
44
8.12
Figura 22 - Título reportagem Grohe Brasileirão
Figura 23 - Título reportagem Grohe Brasileirão
Figura 24 - Abertura reportagem Grohe Brasileirão
Figura 25 - Abertura reportagem Grohe Brasileirão
45
Edição: Zero Hora, Sábado e Domingo, 13 e 14 de maio de 2017
Reportagem assinada por Luís Henrique Benfica e Marco Souza
Elogios ao goleiro: Sim, no título e na introdução da reportagem é visível os elogios ao
goleiro. No título, “senhor” da uma referência a experiência de Marcelo Grohe em
campeonatos brasileiros. Já na introdução, o repórter faz referência aos prêmios de melhor
goleiro do campeonato nos anos de 2014 e 2015.
Criticas ao goleiro: Não
O goleiro fala: Sim, por se tratar de uma entrevista, muitas perguntas diretas foram feitas ao
goleiro.
A reportagem feita com o goleiro gremista Marcelo Grohe serve para mostrar a
identidade do arqueiro com o time. “Senhor brasileirão” faz referência ao número alto de
edições do campeonato que Marcelo participou.
46
8.13
Figura 26 - Título reportagem Matheus x Inter
Figura 27 - Título reportagem Matheus x Inter
Figura 28 - Subtítulo reportagem Matheus x Inter
Edição: Zero Hora, segunda-feira, 8 de maio de 2017
Reportagem assinada por Rodrigo Oliveira
Elogios ao goleiro: Sim, o repórter destaca que novamente o goleiro foi importante para o
time na vitória por pênaltis ao defender a cobrança de Nico Lopez, atacante do Internacional.
Criticas ao goleiro: Não
O goleiro fala: Sim, uma série de perguntas que o goleiro responde em relação ao jogo, sua
rotina de treinamento e seu futuro no futebol.
47
A reportagem de Rodrigo Oliveira detalha um pouco sobre a rotina e como foi para o
goleiro Matheus, do Novo Hamburgo, ganhar o título estadual em cima do Internacional. Por
ironia, o goleiro de 30 anos foi revelado pelo colorado, teve passagem pelo Grêmio e foi se
destacar com idade mais elevada.
8.14
Figura 29 - Título reportagem Paulo Vitor II
Edição: Zero Hora, segunda-feira, 9 de outubro 2017
Reportagem assinada por Adriano de Carvalho
Elogios ao goleiro: Não
Criticas ao goleiro: Não
O goleiro fala: Sim Paulo Vitor conta um pouco sobre como recusou um salário mais alto para
poder vir jogar no Grêmio. Além disso, falou sobre como é ser reserva de Marcelo Grohe e
tudo sobre sua carreira, desde o Flamengo até sua para a Turquia e a volta ao Brasil. A
entrevista visa salientar a importância do goleiro, que mesmo reserva, mantém sua
concentração e vontade de ajudar a equipe, goleiro sempre tem a possibilidade de atuar,
portanto Paulo Vitor mantém sua rotina de treinamentos para aproveitar as chances. Sua vinda
para o Grêmio fez com que Grohe crescesse, pois sua sombra fez com que o titular voltasse
com as boas atuações, deixando a desconfiança da torcida de lado.
48
8.15
Figura 30 - Título reportagem defesa Grohe
Figura 31 - Subtítulo reportagem defesa Grohe
Figura 32 - Box reportagem defesa Grohe
Edição: Zero Hora, sexta-feira, 27 de outubro de 2017
Reportagem assinada por Adriano de Carvalho e Luís Henrique Benfica
Elogios ao goleiro: Sim, o próprio título já enaltece a defesa feita por Marcelo Grohe contra o
Barcelona-EQU
Criticas ao goleiro: Não
O goleiro fala: Não
49
A defesa que ganhou o mundo, o título escolhido pelos repórteres é totalmente justo com
Marcelo Grohe. Contra o Barcelona-EQU em jogo válido pela semifinal da Copa Libertadores
2017, Grohe realizou uma das defesas mais bonitas da história do futebol, dito por
especialistas. O jornal inglês “The Sun” classificou o lance como “mão de Deus”, já o jornal
argentino Olé destacou a jogada como “a defesa do ano”. Nada mais justo por parte da
editoria de esportes da ZH em dar duas páginas sobre a defesa que correu jornais e programas
esportivos pelo mundo inteiro. Senti falta de alguma declaração do goleiro na reportagem,
visto que o jornal pegou falas de ex-goleiros do Grêmio, mas do principal personagem da
reportagem, nada.
50
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste Trabalho Final de Graduação (TFG), tivemos como objetivo principal analisar
os elementos textuais presentes nos títulos, subtítulos e trechos de reportagens que
identificavam o modo com que o goleiro de futebol era representado na editoria de esportes
do Jornal Zero Hora, de Porto Alegre (RS). Para atingir o objetivo proposto, foram analisadas
quinze reportagens publicadas entre janeiro de 2016 e outubro de 2017 e que tinham, como
tema central, o goleiro.
Não foram encontradas, ao longo do trabalho, outras pesquisas que tratassem do
mesmo tema, visto que, na nossa ótica, tal análise se trata de um assunto de suma importância
no meio do futebol. O fato de ser goleiro e ter a curiosidade de obter algumas respostas
aguçaram meu interesse no tema e creio que, a partir deste trabalho, muitos outros goleiros e
curiosos futebolísticos possam se basear para um aprofundamento maior. O tratamento
diferenciado por parte da imprensa em relação aos goleiros sempre me chamou atenção,
porém, não tinha tido a oportunidade de realizar algo mais intenso.
Através da análise de conteúdo, definimos três categorias para que fossem
identificados termos, expressões ou frases que caracterizassem a positividade, a negatividade
ou a neutralidade na produção do material analisado, feito pelo repórter. As categorias foram
as seguintes: elogios ao goleiro, que tratava de qualquer fala feita pelo repórter que exaltasse
o foco principal da pesquisa; críticas ao goleiro, que como o próprio nome explica, analisa
toda e qualquer expressão que negative o goleiro de alguma forma, sendo uma falha
individual, uma carreira conturbada etc; o goleiro fala, que no caso, dava a oportunidade de o
goleiro poder explicar algo citado pelo repórter, falar de sua carreira ou simplesmente
conversar sobre sua vida.
Por meio de tal análise, foi possível identificar a maneira como o goleiro é
representado pelos repórteres do Jornal Zero Hora, tanto em materiais que envolvam os
goleiros que jogam em times do Rio Grande do Sul ou quando envolve os goleiros que atuam
no restante do país e até mesmo os arqueiros da seleção brasileira.
Quando se fala em elogios ao goleiro, ou seja, com relação a comentários positivos
por parte do repórter, podemos analisar que isso ocorreu em 11 dos 15 materiais analisados
por nós. Os elogios mais frequentes foram em relação a características exclusivas de cada
goleiro, como saída de gol e velocidade, por exemplo. A falta de elogios em relação às
atuações dos goleiros em jogos chamou a atenção. Nas entrevistas, os repórteres se
51
concentraram mais em tratar do goleiro de maneira quase sempre isenta. Em 3 dos materiais
não foram encontrados críticas ou elogios ao goleiro.
A negatividade em relação ao goleiro, ou seja, críticas foram vistas em apenas 1 dos
materiais analisados, e mesmo assim, as críticas feitas foram apenas para a sua falha
individual em um jogo, que no caso, sua falha no jogo resultou na derrota do time. Além
disso, o goleiro pediu para sair no intervalo do jogo e foi direto embora da cidade.
Ponto positivo nesta análise foi o fato de o jornal dar muita voz ao goleiro, deixando
com que o mesmo contasse seu lado ou até mesmo mostrando um pouco de sua carreira
através do relato de experiências próprias, tanto no lado profissional ou até mesmo na questão
pessoal.
A construção do referencial teórico foi, talvez, a parte mais difícil deste trabalho, pois
o assunto não possui muitas referências específicas do assunto, dificultando sua escrita.
Porém, mesmo com a escassez de material, pôde se fazer, através até mesmo de referências
próprias do autor, um referencial teórico pequeno, porém, que abrangeu todos os pontos
propostos inicialmente.
Como nosso objeto analisado foi o goleiro no jornal Zero Hora, vale ressaltar que a
maneira com que o mesmo é tratado no jornal nos surpreendeu positivamente. Quando
proposto esse tema, tinha-se a ideia de que a discrepância entre a avaliação feita pelos
repórteres na produção de matérias referentes a goleiro era, de alguma maneira, diferente das
posições restantes no futebol, mas não. O que foi visto é que, mesmo com uma frequência
menor em relação as outras posições, a qualidade do material e a ética ao falar do goleiro
foram a mesma em relação ao restante. Salientando também que no jornal não foram
encontradas matérias apenas sobre os goleiros da dupla Gre-Nal ou do Rio Grande do Sul.
Foram encontrados e analisados diversos materiais que explanavam um pouco sobre goleiros
do restante do Brasil e até mesmo de alguns que já não atuam mais no país.
Julgamos ter alcançado os objetivos propostos inicialmente neste Trabalho Final de
Graduação, podendo ajudar posteriormente para pesquisas que abordem esse tema e mostre ao
leitor do jornal Zero Hora a maneira com que o goleiro é representado.
O objetivo é seguir com esta pesquisa posteriormente em um mestrado, com o intuito
de continuar avaliando a representatividade do goleiro, podendo ser em algum jornal do eixo
central do país, ou até mesmo em outra plataforma de comunicação.
52
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARDIN, Laurence (2006). Análise de conteúdo. (L. de A. Rego & A. Pinheiro, Trads.).
Lisboa: Edições 70. 2006 (Obra original publicada em 1977) .
COSTA, M. Leda. A trajetória da queda: as narrativas da derrota e os principais vilões
da seleção brasileira em Copas do Mundo. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. RJ.
2008.
DAOLIO, Jocimar. As contradições do futebol brasileiro. Faculdade de Educação Física -
Universidade Estadual de Campinas. 1998.
DAMATTA, Roberto. Antropologia do Óbvio. Notas em torno do significado social do
futebol frasileiro. USP. 1994.
FOFONCA, Eduardo; GAMA, Adriana Ferreira; SANTOS, Aline Renée Benigno dos. Teoria
das representações sociais: uma análise crítica da comunicação de massa e da mídia.
Revista eletrônica Temática. 2010
HENNIG, Andressa. Et al. Análise de conteúdo: fazemos o que dizemos? Um
levantamento de estudos que dizem adotar a técnica. Brasília. 2013.
MORAES, Roque. Análise de conteúdo. Revista Educação, Porto Alegre, v. 22, n. 37, , 1999
OLIVEIRA, Fábio. O jornal e a cobertura esportiva hoje: estratégias para fidelizar o
leitor. UNIFRA. Santa Maria. 2009.
OSELAMO, Mariana C. Padrão Globo de Jornalismo Esportivo. Famecos/PUCRS. Porto
Alegre. 2010.
RAMOS, ROBERTO. Futebol, ideologia do poder. Editora Vozes. 1984
SILVEIRA, Nathália E. da. Jornalismo Esportivo: Conceitos e práticas. Universidade
Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre. 2009
SOUTO, Sérgio. O nascimento da paixão e a gênese da derrota: Um estudo de caso sobre
o drama de Barbosa, o goleiro da Copa de 50. Salvador /BA. 2002.
WITTER, S. José. Futebol. Um fenômeno universal do século XX. Revista USP, São Paulo,
n.58, p. 161-168, junho/agosto 2003.
53
ANEXOS
ANEXO A:
● Como são selecionadas as pautas? R:Com base nos calendários de competições e
nos critérios de noticiabilidade comuns a outras áreas do jornal.
● Como funciona a distribuição de pautas entre os repórteres? R:Existe um grupo de
seis repórteres focados em dupla Gre-Nal. Os outros seis fazem as pautas
encaminhadas por editores ou pensadas por eles próprios.
● Em reportagens que envolvem goleiros, o critério se mantém o mesmo em relação aos
demais jogadores? R: Exatamente o mesmo.
● Quanto a fotografia, existe uma equipe própria de fotógrafos? R:Sim.
● São os próprios fotógrafos que editam as fotos? R:Quando estão no jogo, mandam o
material bruto a ser editado pelo coordenador da foto, na redação.
● Sugestões dos leitores geralmente são usadas na construção de pautas? Como os
leitores podem sugerir pautas? Quais os canais de comunicação? R:Sim, Os e-mails
dos editores estão nas páginas e o serviço de relacionamento do leitor é acessível
por fone e e-mail.
● Quanto ao tempo para a execução das pautas, como funciona? Existem pautas de
maior prazo para produção? R:Existem pautas para o dia, que entram no site
quando estão prontas, pautas mais trabalhadas para o final de semana e outras
mais especiais que podem levar até um mês para serem publicadas.
● Em relação aos gráficos e charges, eles são feitos por uma equipe interna ou por
freelancers? R:Equipe interna.
● Nas matérias de outras modalidades que não sejam o futebol, qual é a prioridade na
escolha e porque? R:Procuramos obedecer ao gancho jornalístico, aos
campeonatos que estão ocorrendo.
● Qual o espaço destinado ao esporte do interior do estado? R:Temos um espaço
específico para o futebol do Interior chamado de Entrevero. Acompanhamos jogo
a jogo os clubes da série b, c e d, primeira divisão, segundona e terceirona.
Também nas copinhas do segundo semestre. Acompanhamos os clubes do
Interior que jogam as principais competições, como voleisul de canoas e bento no
vôlei e caxias no basquete.