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  • Jos Carlos Morgado Hildizina Norberto

    Joana Sousa (Organizadores)

    CURRCULO, IDEOLOGIA, TEORIAS E POLTICAS EDUCACIONAIS

    Srie

    Anais dos XII Colquio sobre Questes Curriculares, VIII Colquio Luso-Brasileiro de Currculo e II Colquio Luso-

    Afro-Brasileiro de Questes Curriculares

    Recife - Pernambuco - Brasil ANPAE

    2017

  • ANPAE Associao Nacional de Polticas e Administrao da Educao Presidente Joo Ferreira de Oliveira Vice-presidentes Marcelo Soares Pereira da Silva (Sudeste) Luciana Rosa Marques (Nordeste) Regina Tereza Cestari de Oliveira (Centro-Oeste) Terezinha Ftima Andrade Monteiro dos Santos Lima (Norte) Maria de Ftima Cssio (Sul) Diretores Erasto Fortes Mendona - Diretor Executivo Pedro Ganzeli - Diretor Secretrio Leda Scheibe - Diretor de Projetos Especiais Maria Dilnia E. Fernandes - Diretora de Publicaes ngelo R. de Souza - Diretor de Pesquisa Aida Maria Monteiro Silva - Diretora de Intercmbio Institucional , Mrcia ngela da Silva Aguiar - Diretora de Cooperao Internacional Maria Vieira da Silva - Diretora de Formao e Desenvolvimento Catarina de Almeida Santos - Diretora Financeira Editora Lcia Maria de Assis, (UFG), Goinia, Brasil Editora Associada Daniela da Costa Britto Pereira Lima, (UFG), Goinia, Brasil Conselho Editorial Almerindo Janela Afonso, Universidade do Minho, Portugal Bernardete Angelina Gatti, Universidade Federal Fluminense (UFF), Niteri, Brasil Candido Alberto Gomes, Universidade Catlica de Braslia (UCB) Carlos Roberto Jamil Cury, PUC de Minas Gerais / (UFMG) Clio da Cunha, Universidade de Braslia (UNB), Braslia, Brasil Edivaldo Machado Boaventura, (UFBA), Salvador, Brasil Fernando Reimers, Harvard University, Cambridge, EUA Ins Aguerrondo, Universidad de San Andrs (UdeSA), Buenos Aires, Argentina Joo Barroso, Universidade de Lisboa (ULISBOA), Lisboa, Portugal Joo Ferreira de Oliveira, Universidade Federal de Gois (UFG), Goinia, Brasil Joo Gualberto de Carvalho Meneses, (UNICID), Brasil

  • Juan Casassus, Universidad Academia de Humanismo Cristiano, Santiago, Chile Licnio Carlos Lima, Universidade do Minho (UMinho), Braga, Portugal Lisete Regina Gomes Arelaro, Universidade de So Paulo (USP), Brasil Luiz Fernandes Dourado, Universidade Federal de Gois (UFG), Goinia, Brasil Mrcia Angela da Silva Aguiar, (UFPE), Brasil Maria Beatriz Moreira Luce, (UFRGS), Brasil Nal Farenzena, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Brasil Rinalva Cassiano Silva, (UNIMEP), Piracicaba, Brasil Sofia Lerche Vieira, Universidade Estadual do Cear (UECE), Fortaleza, Brasil Steven J Klees, University of Maryland (UMD), Maryland, EUA Walter Esteves Garcia, Instituto Paulo Freire (IPF), So Paulo, Brasil XII Colquio sobre Questes Curriculares/VIII Colquio Luso-Brasileiro de Currculo/II Colquio Luso-Afro-Brasileiro de Questes Curriculares Presidentes dos Colquios Antnio Flvio Barbosa Moreira Universidade Catlica de Petrpolis Jos Augusto de Brito Pacheco Universidade do Minho Comisso Organizadora Geral Mrcia Angela da Silva Aguiar (Universidade Federal de Pernambuco) - Coordenadora Jos Carlos Morgado ( Universidade do Minho) Geovana Mendona Lunardi Mendes (Universidade do Estado de Sta. Catarina) Isabel Carvalho Viana (Universidade do Minho) Joana Sousa (Universidade do Minho) Edilene Guimares (Instituto Federal de Pernambuco) Comit Local Ada Maria Monteiro Silva (Universidade Federal de Pernambuco) Ana de Ftima Abranches (Fundao Joaquim Nabuco) Ana Lcia Borba (Universidade Federal de Pernambuco) Alfredo Macedo Gomes (Universidade Federal de Pernambuco) Ana Lcia Flix (Universidade Federal de Pernambuco) Darci Lira (Universidade Federal de Pernambuco) Edson Francisco (Universidade Federal de Pernambuco) Edilene Guimares (Instituto Federal de Pernambuco) Janete Maria Lins de Azevedo (Universidade Federal de Pernambuco) Luciana Rosa Marques (Universidade Federal de Pernambuco) Luiz Roberto Rodrigues (Universidade Estadual de Pernambuco) Maria Helena Carvalho (Universidade Catlica de Pernambuco) Maria do Socorro Valois (Universidade Federal Rural de Pernambuco)

  • Rita Barreto Moura (SINTEPE) Mrcia Angela da Silva Aguiar (Universidade Federal de Pernambuco) Comisso Cientfica Angola: Alberto Quitembo (Universidade Katyavala Bwila) Augusto Ezequiel Afonso (Universidade de Katyavala Bwila) Ermelinda Cardoso (Universidade de Katyavala Bwila) Maria Alice Tavares (Universidade Katyavala Bwila) Cabo Verde: Ana Cristina P. Ferreira (Universidade de Cabo Verde) Bartolomeu Varela (Universidade de Cabo Verde) Moambique: Adriano Niquice (Universidade Pedaggica de Moambique) Angelo Jose Muria (Universidade Pedaggica de Moambique) Hildizina Norberto Dias (Universidade Pedaggica de Moambique) Portugal: Almerindo Afonso (Universidade do Minho) Bento Duarte da Silva (Universidade do Minho) Carlinda Leite (Universidade do Porto) Fernando Ribeiro Gonalves (Universidade do Algarve) Francisco Jos R. de Souza (Universidade dos Aores) Filipa Seabra (Universidade Aberta) Jesus Maria de Sousa (Universidade da Madeira) Jos Augusto Pacheco (Universidade do Minho) Manuela Esteves (Universidade de Lisboa) Maria Joo Mogarro (Universidade de Lisboa) Maria Palmira Alves (Universidade do Minho) Preciosa Fernandes (Universidade do Porto) Rui Vieira de Castro (Universidade do Minho) Brasil: Alfredo Veiga Neto (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) Alvaro Luiz Moreira Hyplito (Universidade Federal de Pelotas) Alfredo Macedo Gomes (Universidade Federal de Pernambuco) Alice Casimiro Lopes (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) Andr Mrcio Favacho (Universidade Federal de Minas Gerais) Antnio Carlos Amorim (Universidade Estadual de Campinas) Carlos Eduardo Ferrao (Universidade Federal do Esprito Santo) Elba Siqueira de S Barreto (Universidade de So Paulo) Elisabeth Macedo (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) Eurize Caldas Pessanha (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) Fabiany Tavares Silva (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul)

  • Genylton Odilon Rego da Rocha (Universidade Federal do Par) Ins Barbosa Oliveira (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) Jefferson Mainardes ( Universidade Estadual de Ponta Grossa) Lucola Santos (Universidade Federal de Minas Gerais) Maria Ins Marcondes de Souza (Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro) Mrcia Maria de Melo Oliveira (Universidade Federal de Pernambuco) Maria Rita Oliveira (CEFET-MG) Maria Teresa Estban (Universidade Federal Fluminense) Marlucy Alves Paraso (Universidade Federal de Minas Gerais) Nilda Alves (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) Roberto Sidnei Macedo (Universidade Federal da Bahia) Rosngela Tenrio (Universidade Federal de Pernambuco) Zlia Porto (Universidade Federal de Pernambuco)

    Coordenadores dos Painis de Comunicaes Orais

    1 Currculo e ensino superior Assis Leo IFPE Cludia da Silva Santos Sansil IFPE Edlamar Oliveira dos Santos IFPE Everaldo Fernandes da Silva - CAA/UFPE Gilvanide Ferreira de Oliveira UFRPE Mnica Lopes Folena Arajo UFRPENatlia Jimena da Silva Aguiar PPGE/UFPE 2 Currculo e escola Alcione Mainar CAA/UFPE Eugnia Paula Bencio Cordeiro IFPE Everaldo Fernandes da Silva CAA/UFPE Girleide Torres Lemos CAA/UFPE Jaileila de Arajo Santos CE/UFPE Jos Nilton de almeida - UFRPE Jos Paulino Filho FAFIRE Katharine Ninive Pinto Silva CAA/UFPE Mrcia Regina Barbosa - CE/UFPE Natlia Belarmino - CE/UFPE 3 - Currculo e educao infantil, ensino fundamental e mdio Alexandre Viana CAA/UFPE Alexandre Zarias FUNDAJ Ana Carolina Perrucci Brando CE/UFPE Ana Karina Lira CE/UFPE

  • Catherine Nnive CE/UFPE Edilson Fernandes da Silva CE/UFPE Ester Calland de Souza Rosa CE/UFPE Lavnia de Melo e Silva Ximenes CAP/CE/UFPE Ldia Cerqueira CE/UFPE Maria do Socorro Valois UFRPE Maria Jaqueline Paes de Carvalho UFRPE Pietro Manoel da Silva PPGE/UFPE Rita de Cssia Barreto de Moura PPGE/UFPE Severina Klimsa CE/UFPE 4 - Currculo e polticas educacionais Ana de Ftima Abranches FUNDAJ Conceio Gislane Nbrega de Sales CAA/UFPE Denise Maria Botelho UFRPE Denise Xavier Torres PPGE/UFPE Gabriel Lopes de Santana CE/UFPE Henrique Guimares Coutinho FUNDAJ Itamar Nunes da Silva UFPB Jos Luiz Simes CE/UFPE Jlia Calheiros CE/UFPE Ktia Silva Cunha CAA/UFPE Lucinalva Atade Andrade de Almeida CAA/UFPE Maria Jlia de Melo PPGE/UFPE Priscilla Maria Silva do Carmo PPGE/UFPE Tcia Cassiany Ferro Cavalcante CE/UFPE Tlio Augusto Velho Barreto de Arajo FUNDAJ 5 - Currculo e teorias Isabela Amblard CE/UFPE Jos Paulino P. Filho FAFIRE Ktia Silva Cunha CAA/UFPE Maria Lcia Ferreira Barbosa CE/UFPE Srgio Paulino Abranches CE/UFPE 6 - Currculo e histria social das disciplinas ngela Monteiro PPGE/DH/UFPE Jos Henrique Duarte IFPE 7 - Currculo e espaos no escolares Ada Maria Monteiro Silva CE/UFPE Clia Maria Rodrigues da Costa Pereira CE/UFPE

  • Maria Joselma do Nascimento Franco CAA/UFPE 8 - Currculo, formao e trabalho docente Alcione Alves da Silva Mainar CAA /UFPE Camila Ferreira da Silva UTFPR Carla Patrcia Acioli Lins - CAA/UFPE Conceio Gislane Nbrega Lima de Salles CAA/UFPE Elian Sandra Arajo UFRPE Emanuelle de Souza Barbosa PPGEDCOM/UFPE Etiane Valentim da Silva Herculano CE/UFPE Ezir Georg da Silva UFRPE Fernanda Guarany Mendona Leite - IFPE Gilvaneide Ferreira de Oliveira UFRPE Isabel Carvalho Viana IE/UMINHO Kthia Barbosa CE/UFPE Lada B. P. Machado CE/UFPE Lcia Carabas CE/UFPE Maria das Graas Soares da Costa FAFIRE Maria Julia de Melo PPGE/UFPE Orqudea Maria de Souza Guimares CAA/UFPE Sandra Patrcia Atade Ferreira CE/UFPE Sucuma Arnaldo - PPGE/UFPE Vilde Gomes de Menezes PPGE/UFPE 9 - Currculo e conhecimento escolar Jaqueline Barbosa CAA/UFPE Lvia Suassuna CE/UFPE Rafaella Asfora Siqueira Campos Lima CE/UFPE 10 - Currculo e avaliao Ana Lucia Borba CE/UFPE Bruna Tarcilia Ferraz UFRPE Carla Figueredo UPCEUP Girleide Torres Lemos - CAA/UFPE Katharine Nnive Pinto Silva CAA/UFPE Maria da Conceio Carrilho de Aguiar CE/UFPE 11 - Currculo e culturas Andr Ferreira CE/UFPE Fbio da Silva Paiva CE/UFPE Jos Carlos Morgado IE/UMINHO Maria da Conceio Reis CE/UFPE

  • Maria Julia de Melo PPGE/UFPE Michele Guerreiro Ferreira PPGE/UFPE 12 - Currculo e tecnologias Jos Alan da Silva Pereira PPGE/UFPE Maria Auxiliadora Padilha CE/UFPE Simone Maria Chalub Bandeira Bezerra PGECM/REAMEC 13 - Currculo e diferena Aline Renata dos Santos PPGE/UFPE Celia Maria Rodrigues da Costa Perena CE/UFPE Claudilene Maria da Silva UNILAB Delma Josefa da Silva PPGE/UFPE Fabiana Souto Lima Vidal CAP/UFPE Itamar Nunes da Silva UFPB Janssen Felipe Silva CAA/UFPE Jos Policarpo Junior CE/UFPE Karina Mirian da Cruz Valena Alves CE/UFPE Marcia Maria de Oliveira Melo CE/UFPE Rebeca Duarte UFRPE 14 - Currculo e ideologia Edilene Rocha Guimares IFPE Grasiela A. Morais P. de Carvalho GEPERGES/UFRPE 15 - Currculo e gesto da escola Alice Miriam Happ Botler CE/UFPE Lada Bezerra Machado CE/UFPE 16 - Currculo e incluso Allene Lage CAA/UFPE Maria do Carmo Gonalo Santos FAFICA Maria Zlia Santana CAV/UFPE Marlia Gabriela Menezes CE/UFPE Coordenao de Eixos Temticos Coordenao Geral: Edilene Rocha Guimares IFPE Coordenao dos Eixos 1 e 2 Monica Lopes Folena Arajo - UFRPE Coordenao dos Eixos 3 e 4 Maria do Socorro Valois Alves UFRPE Coordenao dos Eixos 5 e 6 Lucinalva Andrade Atade de Almeida CAA/UFPE Coordenao dos Eixos 7 e 9 Orqudea Maria de Souza Guimares CAA/UFPE

  • Coordenao do Eixo 8 Fernanda Guarany Mendona Leite IFPE Coordenao dos Eixo 10 a 13 - Janssen Felipe da Silva - CAA/UFPE Coordenao dos Eixos 14 e 16 Ana Paula Abrahamian de Souza UFRPE

    Sobre os Colquios de Currculo

    A partir do V Colquio sobre Questes Curriculares, realizado em Portugal, na Universidade do Minho (fevereiro de 2002), passou a organizar-se Colquio Luso-brasileiro sobre Questes Curriculares, resultado de uma parceria entre investigadores portugueses e brasileiros. Desde ento, a cada dois anos, o Colquio tem-se realizado alternadamente em Portugal e no Brasil, reunindo os mais expressivos investigadores da rea dos dois pases. O II Colquio foi realizado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2004). O III Colquio aconteceu mais uma vez na Universidade do Minho (2006) e o IV Colquio teve lugar em 2008 na Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianpolis. Em 2010, o V Colquio foi realizado em Portugal, desta vez na Faculdade de Psicologia e de Cincias da Educao da Universidade do Porto. O VI Colquio foi sediado na Faculdade de Educao da Universidade Federal de Minas Gerais e o VII Colquio, em 2014, na Universidade do Minho. Sobre a Biblioteca Anpae

    A coleo Biblioteca ANPAE constitui um programa editorial que visa a publicar obras especializadas sobre temas de poltica e gesto da educao e seus processos de planejamento e avaliao. Seu objetivo incentivar os associados a divulgar sua produo e, ao mesmo tempo, proporcionar leituras relevantes para a formao continuada dos membros do quadro associativo e o pblico interessado no campo da poltica e da gesto da educao. A coletnea Biblioteca ANPAE compreende duas sries de publicaes: Srie Livros, iniciada no ano 2000 e constituda por obras co-editadas com editoras universitrias ou comerciais para distribuio aos associados da ANPAE. Srie Cadernos ANPAE, criada em 2002, como veculo de divulgao de textos e outros produtos relacionados a eventos e atividades da ANPAE. Apoios Universidade Federal de Pernambuco/CA/ PPGE/UFPE Centro Acadmico do Agreste - UFPE Universidade do Minho Centro de Investigao em Educao, Portugal

  • Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior CAPES Associao Brasileira de Currculo ABdC Sindicato dos Trabalhadores em Educao em Pernambuco SINTEPE

    Universidades Parceiras Universidade Catlica de Petrpolis Universidade do Estado de Santa Catarina Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia de Pernambuco Universidade do Porto Universidade de Lisboa Universidade Pedaggica de Moambique Universidade Cabo-Verde, (UniCV) Universidade Katyavala Bwila, Angola

    Ficha Catalogrfica

    M847c Currculo, ideologia, teorias e polticas educacionais - Anais do XII Colquio sobre questes curriculares/VIII Colquio luso-brasileiro de currculo/II Colquio luso-afro-brasileiro de questes curriculares. Srie. Organizao: Jos Carlos Morgado, Hildizina Norberto Dias e Joana Sousa [Livro Eletrnico]. Recife: ANPAE, 2017.

    ISBN 978-85-87987-07-5Formato: PDF, 963 pginas

    1. Educao. 2. Currculo. 3. Anais. I. Morgado, Jos Carlos,II. Dias, Hildizina Norberto. III. Sousa, Joana. IV. Ttulo

    CDU 37.01(06) CDD 375

  • Organizadores Jos Carlos Morgado Professor do Instituto de Educao, Universidade do Minho. Doutor em Educao. Portugal. Hildizina Norberto Dias Professora da Universidade Pedaggica de Moambique, Doutora em Educao/ Currculo Joana Sousa: Doutoranda em Cincias da Educao, Especialidade de Desenvolvimento Curricular, Universidade do Minho Todos os arquivos aqui publicados so de inteira responsabilidade dos autores e coautores, e pr-autorizados para publicao pelas regras que se submeteram ao XII Colquio sobre Questes Curriculares/VIII Colquio Luso-Brasileiro de Currculo/II Colquio Luso-Afro-Brasileiro de Questes Curriculares. Os artigos assinados refletem as opinies dos seus autores e no as da Anpae, do seu Conselho Editorial ou de sua Direo. Endereo para correspondncia ANPAE - Associao Nacional de Poltica e Administrao da Educao Centro de Educao da Universidade Nacional de Braslia Asa Norte s/n Braslia, DF, Brasil, CEP 70.310 - 500 http://www.anapae.org.br | E-mail: [email protected] Servios Editoriais Planejamento grfico, capa e editorao eletrnica: Carlos Alexandre Lapa de Aguiar. Nossa pgina na Web: www.coloquiocurriculo.com.br Distribuio Gratuita

  • Sumrio

    Apresentao Comisso Organizadora

    23

    Currculo e polticas educacionais

    I - O plano nacional de educao e a curricularizao da extenso universitria no Brasil Alfredo Balduno Santos, Ana Maria Costa e Silva e Fbio Napoleo

    26

    II - O PIBID como componente curricular na formao de professores: limites e possibilidades Ana Jssica Corra Santos e Shirleide Pereira da Silva Cruz

    34

    III - Autonomia curricular no contexto de reformas educacionais: inflexes docentes ngela Cristina Alves Albino

    43

    IV - Diretores de escola, os desafios de uma base comum e o currculo em construo Beatriz de Basto Teixeira e Cssia do Carmo Pires Fernandes

    52

    V - Base Nacional Comum Curricular: fixaes de identidade na tentativa de um sujeito nacional Bonnie Axer, Jade Juliane Dias Mota e Nataly da Costa Afonso

    62

    VI - Educao integral: perspectiva curricular em questo Camila Costa Gigante

    69

    VII - Polticas curriculares de ampliao da jornada em pases da Amrica Latina Cibele Maria Lima Rodrigues e Sarah P. P. B. Pereira

    75

    VIII - A elaborao do novo currculo das escolas municipais de petrpolis: o contexto da produo do texto Cintia Chung Marques Corra e Cludio Castro de Jesus

    84

    IX - PNE: sentidos para a formao de professores Clarissa Craveiro e Veronica Borges

    92

  • X - Currculo, polticas e formao docente em Curitiba: algumas ponderaes Claudia Madruga Cunha

    101

    XI - A educao de jovens e adultos no Mexico: a narrao de uma campanha nacional Dafne Gonzlez Sols

    111

    XII - "A educao carioca est numa situao em que, para dar o salto de qualidade, preciso fazer uma operao de guerra": em foco as estratgias da SME/RJ Dbora Raquel Alves Barreiros

    120

    XIII - Materiais curriculares do estado de So Paulo: um recurso de implementao curricular Dbora Reis Pacheco

    129

    XIV - Pesquisas em poltica de currculo da educao fsica escolar: escopo e delineamentos Denise de Souza Destro, Ozerina Victor de Oliveira e Geniana dos Santos

    138

    XV - Currculo integrado: o oposto entre o posto e o proposto. Diana Sampaio Melo

    145

    XVI - A abordagem transdisciplinar como ferramenta de anlise para a compreenso das vozes ausentes na seleo da cultura escolar: olhares para a poltica de ensino da rede municipal do Recife Ednaldo Andrade Barros

    155

    XVII - O currculo escolar em direitos humanos: concepes, resistncias e desafios Eldon Henrique Mhl e Elisa Mainardi

    165

    XVIII - Base nacional comum curricular: o comum como negao da pluralidade Eliane Aparecida da Silva e Thas Silva Vero Theodoro

    173

    XIX - Gnero e sexualidade: uma experincia nas escolas estaduais do Cear Elis Denise Llis dos Santos

    179

    XX - Importncia da formao de jovens aprendizes do MCPO - microcrdito produtivo orientado como diferencial curricular na incluso do mercado de trabalho Fernando Antonio Arajo Cavalcanti

    188

  • XXI - PIBID: um olhar sobre sua implementao na politica de formao de professores na Universidade Federal do Acre Francisca do Nascimento Pereira Filha e Lcia de Ftima Melo

    204

    XXII - O currculo da mordaa: politicas de regulao e controle da escola pblica Francisco Thiago Silva e Lvia Freitas Fonseca Borges

    213

    XXIII - Notas sobre a condicionalidade "matrcula e frequncia escolar" prevista pelo Programa Bolsa Famlia Germana Alves de Menezes

    223

    XXIV - As polticas educacionais e o ensino em questo Guilherme Baslio e ngelo Jos Muria

    232

    XXV - Tenses no processo de produo curricular na infncia: a brincadeira sob suspeita Guilherme do Nascimento Pereira, Jade Juliane Dias Mota e Rosalva de Cssia Rita Drummond

    247

    XXVI - Diretrizes curriculares nacionais para a educao quilombola: desafios e perspectivas para sua aplicabilidade Halda Simes Silva e Diana Cibele de Assis Ferreira

    256

    XXVII - Currculo no contexto das polticas educativas em Moambique: uma anlise da normalizao e disciplinamento como discurso Helga Francisco e Jos Salinas Reginaldo

    264

    XXVIII - Currculo e polticas pblicas do socialismo (1975-1991) e do neo-liberalismo (1992-2015) em Moambique Hildizina Norberto Dias

    278

    XXIX - Educao em direitos humanos: reverberao do discurso da diversidade nas escolas da rede pblica estaduais de Pernambuco? Itamar Nunes da Silva

    287

    XXX - Anlise da poltica pblica curricular da educao bsica paulista na perspectiva de avaliao externa de sistema Ivani de Lourdes Marchesi de Oliveira

    300

  • XXXI - Polticas globais limitando a diversidade de currculos locais: como pensar/fazer currculos para contextos singulares como os territrios de risco? Jamile Trindade Freire

    309

    XXXII - Princpios educativos ou objetivos de aprendizagem? Reorientaes em torno da questo da integrao curricular Jane Bittencourt

    317

    XXXIII - Currculo: terreno de disputas e articulaes polticas? Janini Paula da Silva, Ktia Silva Cunha, Jessica Flane dos Santos Costa e Jssica Rochelly da Silva Ramos

    327

    XXXIV - Uma anlise da base nacional comum curricular - BNCC para o ensino de geografia na educao bsica Jeroaldo de Souza Santos

    336

    XXXV - A integrao curricular no ENEM: o caso das cincias da natureza Joo Henrique C. de Moura e Maria Ins Petrucci Rosa

    346

    XXXVI - Formao humana e tempos educativos nas inovaes curriculares: teorias, prticas e perspectivas Jocinete Figueiredo

    355

    XXXVII - Entre a modernizao e a poltica de responsabilizao educacional em pernambuco resumo Juliana Camila Barbosa Mendes

    363

    XXXVIII - O pacto nacional pelo fortalecimento do ensino mdio: aes de integrao do currculo do ensino mdio Julierme Antonio dos Santos

    371

    XXXIX - PIBID Impacto no encantamento com a profisso professor de geografia, da glria ao declinamento Levi Rodrigues de Miranda e Isabel C. Viana

    379

    XL - Educao menor: dilogos com a base nacional comum curricular Lilian Alves Pereira e Monique Cristina Francener Hammes Schtz

    388

    XLI - Polticas curriculares nos governos FHC, Lula e Dilma: o pleno desenvolvimento de todos os educandos em um contexto marcado pela busca de metas projetadas Luciana Nogueira da Silva

    397

  • XLII - A histria e a cultura afro-brasileira em Pernambuco: controversias e entraves das polticas educacionais Luci Maria da Silva

    407

    XLIII - Universalismo e particularismo em torno da proposta de uma base nacional comum curricular (BNCC) Marcia Betania de Oliveira

    416

    XLIV - Currculo da educao de jovens e adultos do campo: entre a formalizao e o atendimento ao paradigma da educao do campo em Pernambuco Marcos Antonio Soares da Silva e Maria Fernanda dos Santos Alencar

    425

    XLV - As propostas curriculares estaduais de fsica no brasil: suas semelhanas e diferenas Marcos Rogrio Tofoli e Yassuko Hosoume

    433

    XLVI - Polticas curriculares: implicaes no tempo curricular da educao de jovens e adultos no ensino mdio Maria Cndida Srgio

    444

    XLVII - A materializao de um novo paradigma na educao brasileira e seus reflexos no currculo escolar a partir das reformas e polticas educacionais dos anos 90 Maria do Rosrio Guedes Monteiro, Lcia Torres de Oliveira, Maria das Graas da Silva Reis e Rosa Maria Braga

    453

    XLVIII - Impacto das diretrizes curriculares nacionais definidas pela resoluo CNE/CP n 2/15, na formao de professores dos cursos de licenciatura da UFRP Maria do Socorro Lima Oliveira e Maria do Socorro Valois Alves

    461

    XLIX - Pacto nacional do ensino mdio: recontextualizao do ensino mdio inovador na 12 DIREC/Mossor-RN Maria Goretti da Silva e Joaquim Goncalves Barbosa

    470

    L - Os imaginrios neoliberais por intermdio das polticas de avaliao: impactos no currculo da educao superior brasileira Marianna Corra e Cssia Ferri

    479

  • LI A ausncia da Lei n. 10.639/03 nos currculos escolares de Itapagipe/MG: e a permanncia do racismo Maria Rita de Jesus Barbosa

    488

    LII - Base nacional comum curricular, campos de experincias e a imanncia da escola: os (im) possveis da composio curricular na educao infantil Maria Riziane Costa Prates e Suzany Goulart Loureno

    495

    LIII - Polticas afirmativas de promoo da igualdade tnico-racial para educao bsica no Brasil: aspectos da poltica nacional ps anos 90 e seus reflexos no contexto educacional local Marins Viana de Souza e Deborah de Souza Barboza

    505

    LIV - Desafios contemporneos da educao superior brasileira e implicaes curriculares Nadja Maria de Lima Costa e Ana Maria Costa e Silva

    513

    LV - Base nacional comum curricular: fixaes de identidade na tentativa de um sujeito nacional Nataly da Costa Afonso, BonnieAxer e Jade Juliane Dias Mota

    521

    LVI - De gestor a fazedor: o coordenador pedaggico e o processo de construo do projeto poltico-pedaggico Nivia Cursino

    529

    LVII - Projeto intermunicipal de escolas de tempo integral da prefeitura da cidade do Recife: uma anlise das questes curriculares Nolia Carolina Silva de Melo e Ana de Ftima Pereira de Sousa Abranches

    538

    LVIII - Informao estratgica: indicadores educacionais e os rgos de fomento Paula Regina de Moura Frana Alves

    547

    LIX - Organizao escolar brasileira: o olhar dos monitores sobre uma atividade vivenciada em sala de aula com estudantes do 1 perodo do curso de pedagogia da UFPE Rarissa Maiara Fernandes de Lira, Anderson da Mata e Souza, Julianne, Maria de Lira Silva, Vanessa Maria Anselmo e Mrcia Regina Barbosa

    572

  • LX - A formao de jovens e adultos no contexto da educao noturna baiana: compreenses formativas sobre atos de currculo e polticas curriculares? Rita de Cssia Santana de Oliveira

    580

    LXI - Educao para o sculo XXI: em pauta as diretrizes curriculares nacionais para o ensino mdio no Brasil Ronaldo de Sousa Almeida e Ludmila de Almeida Freire

    589

    LXII - Currculo e a representao das polticas pblicas no contexto espacial: o caso do norte fluminense/RJ Scheila Ribeiro de Abreu e Silva

    598

    LXIII - O desafio da qualificao para o trabalho na perspectiva do PROEJA no IFMT - poltica, fato e possibilidades Silvia Maria dos Santos Stering e Joyce Mary Adam

    608

    LXIV - Base nacional comum curricular e performatividade docente Thas Silva Vero Theodoro E Eliane Aparecida da Silva

    617

    LXV - Formao de jovens e adultos trabalhadores no estado do Rio de Janeiro: uma anlise da proposta curricular do programa nova EJA Tiago Dionisio da Silva

    624

    LXVI - A inverso da ordem de prioridades: as avaliaes sistmicas como dispositivo de controle do currculo Valria Moreira Rezende e Rogria M. R. Isobe

    633

    LXVII - A base nacional comum curricular em nmeros: uma anlise sobre a participao na construo do documento Vanessa do Socorro Silva da Costa e Marcos Vinicius Lobo Ferreira

    641

    LXVIII - Flexibilizao e consolidao das dinmicas curriculares dos cursos de licenciatura da primeira expanso da Universidade Federal de ALFENAS - UNIFAL-MG Vanja Myra Barroso Vieira da Silveira

    649

  • LXIX - Os sentidos dos discursos dos docentes acerca da poltica pblica PDE- escola considerando os resultados do IDEB, no perodo de 2007 a 2014 nas escolas pblicas do sistema municipal de Santa Rita/PB Veridiana Xavier Dantas

    658

    LXX - Currculo e polticas educativas na era da mensurao Vilma Cleucia de Macedo Jurema Freire

    667

    LXXI - Poltica de avaliao externa e reduo curricular: uma tendncia em construo? Willana Nogueira Medeiros Galvo

    676

    Currculo e teorias

    LXXII - Freire e Giroux: dilogos curriculares Alessandra Victor e Rosane Karl Ramos

    686

    LXXIII - Conhecimento escolar: entre o particular e o universal Aloana de Oliveira Pereira e Roberta Avoglio Alves Oliveira

    694

    LXXIV - Currculo mnimo: sentidos hegemnicos do significante mnimo Clarissa Bastos Craveiro e Rafaela de Sousa Paiva

    701

    LXXV - Currculo e didtica: territrios em disputa? Cleide Maria Quevedo Quixad Vian

    709

    LXXVI - A regncia do currculo de matemtica: uma racionalidade para governar modos de vida Deise Maria Xavier de Barros Souza e Marcio Antonio da Silva

    718

    LXXVII - Currculo, identidade e estratgias pedaggicas: uma anlise a partir da climatologia escolar Denizart Fortuna

    727

    LXXVIII - Currculo e minorao: margeando possibilidades no ensino de cincias Edilena Maria Corra, Maria dos Remdios de Brito e Maria Neide Carneiro Ramos

    735

  • LXXIX - Democracia e povo brasileiro no currculo de histria: fixaes e deslocamentos nas narrativas de licenciandos rika Elizabeth Vieira Frazo

    742

    LXXX - O currculo como elemento favorecedor do desenvolvimento humano na perspectiva da teoria histrico-cultural Fbio Brazier

    751

    LXXXI - A literatura e os contedos de histria da frica lusfona contempornea Ivete Batista da Silva Almeida

    760

    LXXXII - Pensando currculos com Deleuze & Guattari Janete MagalhesCarvalho e Steferson Zanoni Roseiro

    769

    LXXXIII - Base nacional comum curricular: questionando a tentativa de homogeneizao do ensino no sculo XXI a partir da teoria do discurso Jssica Rochelly da Silva Ramos , Jessica Flane dos Santos Costa, Janini Paula da Silva e Ktia Silva Cunha

    777

    LXXXIV - Crtica ao currculo educacional: entre a liberdade e a domesticao Jos Alan da Silva Pereira

    788

    LXXXV - A escola entre os mitos de Apolo e de Dioniso Juarez Melgao Valadares e Maria Clara Pereira Santos

    801

    LXXXVI - O comum e o singular na produo acadmica sobre o curso de pedagogia no colquio luso-brasileiro de curriculares Juliana Cndida dos Santos, Daniela Schiabel e Helena Maria dos Santos Felcio

    810

    LXXXVII - Eu tenho que achar um lugar para esconder as minhas vontades: sobre tentativas de invisibilizao de desejos e a potncia dos praticantes dos cotidianos escolares na produo curricular Juliana Morett Zambrotti Cunha e Dulcimar Pereira

    819

  • LXXXVIII - Currculo e as filosofias da diferena: ou sobre os possveis da produo curricular imanente Juliana Paoliello, Edson Maciel Jnior e Terezinha Maria Schuchter

    827

    LXXXIX - Analisando as polticas curriculares sobre tecnologia de informao e comunicao (TIC) a partir da teoria do discurso Lvia Moura Cardoso Bastos de Farias

    838

    XC - Tragetria histrica das concepes currculares da educao bsica no Brasil Magali Maria de Lima Ribeiro

    846

    XCI - Um estudo sobre os sentidos de currculo a partir da contribuio da teoria do discurso Maria Julia Carvalho de Melo, Maria Anglica da Silva, Priscilla Maria do Carmo, Girleide Torres Lemos e Lucinalva Andrade Ataide de Almeida

    861

    XCII - Pensando currculo como prtica de liberdade Maritza Maciel Castrillon Maldonado e Joo de Deus dos Santos

    869

    XCIII - (In)Disciplinando o currculo possibilidades curriculares ou BNCC? Regiane de Souza Costa

    877

    XCIV - Currculos entre ambiguidades, permanncias e invenes Regiane de Souza Costa

    886

    XCV - O processo de construo de um livro didtico para a disciplina currculo Regina Cli Oliveira da Cunha

    892

    XCVI - Esttica (in)visvel: uma anlise dos sentidos de esttica no currculo da educao infantil a partir de imagens Rosemari Formento Bonickoski

    901

    XCVII - Do currculo-acomplamento ou das lgicas de revezamento Steferson Zanoni Roseiro e Janete Magalhes Carvalho

    911

    XCVIII - A biopotncia dos processos de aprenderensinar no cotidiano escolar: por uma vida curricular no codificada Suzany Goulart Loureno

    919

  • Currculo e ideologia

    XCIX - O enfrentamento a cultura patriarcal como eixo estruturante do currculo escolar: anlise dos limites e desafios do Projeto Lei Maria da Penha nas escolas de Caruaru/Pernambuco merson Silva Santos e Elba Ravane Alves Amorim

    930

    C - Ideologia de gnero no currculo? O proselitismo religioso na educao pernambucana Grasiela A. Morais P. de Carvalho e Cleyton Feitosa Pereira

    939

    CI - Currculo e ideologia de gnero: dialogando sobre a diversidade sexual na escola Mrcio Luiz da Silva

    948

    CII - A dialtica negativa e o debate sobre a diferena Renata Peres Barbosa

    957

  • 23

    Apresentao

    Os XII Colquio sobre Questes Curriculares/ VIII Colquio Luso-Brasileiro de Currculo/II Colquio Luso-Afro-Brasileiro de Questes Curriculares foram realizados, simultaneamente, nos dias 31 de agosto, 1 e 2 de setembro de 2016 na Universidade Federal de Pernambuco, em Recife, Pernambuco/Brasil. Este evento que se realiza, tradicionalmente, de forma alternada, em Universidades portuguesas e Universidades brasileiras, congregou, mais uma vez, acadmicos, estudantes de ps-graduao e profissionais da rea da educao que investigam e debatem questes atinentes ao campo dos Estudos Curriculares.

    Ao mesmo tempo em que constitui um espao cientfico privilegiado

    para a socializao de estudos e pesquisas, o evento favorece um intenso intercmbio entre pesquisadores/as do Brasil, de Portugal e de Pases Africanos. A riqueza, amplitude e complexidade dos temas que foram abordados ao longo do evento contriburam para ampliar o debate necessrio ante os problemas e desafios que as questes contemporneas trazem para o campo do currculo. Sendo um espao privilegiado para a reflexo, discusso e troca de experincias, a realizao simultnea destes trs colquios propiciou, tambm, maior aprofundamento do debate entre os profissionais de Educao, em geral, e do Currculo, em particular, de diferentes pases, com destaque para os da Comunidade dos Pases de Lngua Portuguesa.

    O tema central dos Colquios CURRCULO: ENTRE O COMUM

    E O SINGULAR constituiu a referncia maior das atividades organizadas a partir de dezesseis Eixos Temticos.

    Dentre as mltiplas atividades dos Colquios destacaram-se a

    apresentao e debate de mais de seiscentos trabalhos no formato de comunicaes orais, bem como as conferncias plenrias, as discusses nas mesas redondas, as reunies de grupos de pesquisadores e reunies poltico-organizativas de entidades cientficas e as atividades culturais.

  • 24

    O evento recebeu apoio do Instituto de Educao da Universidade do Minho, da Universidade Federal de Pernambuco, da Universidade Federal Rural de Pernambuco, da Universidade de Pernambuco, do Instituto Federal de Educao Tecnolgica, da Secretaria de Educao de Pernambuco, do Sindicato dos Trabalhadores em Educao de Pernambuco, da CAPES, dentre outros. Concorreu, sobremaneira, para o sucesso dessa edio do Colquio de Currculo, o trabalho dedicado do comit cientfico, dos assessores ad-hoc e das comisses organizadoras no Brasil e em Portugal.

    Por fim, mediante a entrega destes ANAIS, a Comisso Organizadora

    socializa com o pblico as comunicaes orais que foram apresentadas e debatidas nos vrios painis, com a certeza de que mais um passo foi dado na direo do fortalecimento do campo do currculo, ao mesmo tempo em que novas questes educacionais desafiam os pesquisadores para a busca de respostas que se revelam sempre provisrias.

    Comisso Organizadora

  • 25

    CURRCULO E POLTICAS EDUCACIONAIS

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    - I -

    O PLANO NACIONAL DE EDUCAO E A CURRICULARIZAO DA EXTENSO

    UNIVERSITRIA NO BRASIL

    Alfredo Balduno Santos - UDESC (Brasil) Ana Maria Costa e Silva - UMINHO (Portugal) Fbio Napoleo - UDESC (Brasil)

    INTRODUO A Universidade pblica brasileira tem como fim a produo de conhecimentos e sua socializao junto a sociedade, o que coloca a extenso universitria em condio de destaque, considerando a sua especificidade e proximidade com a comunidade em que se insere. Neste sentido, Marscovitch (1994) observa que a extenso de suma importncia no sentido de fazer da Universidade um espao presente nos projetos nacionais de desenvolvimento e na resposta s demandas sociais.

    A atuao extensionista tem proporcionado a percepo que a IES cumpre com o princpio de que,

    [...] para a formao do profissional cidado, imprescindvel sua efetiva interao com a sociedade, seja para se situar historicamente, para se identificar culturalmente e/ou para referenciar sua formao tcnica com os problemas que um dia ter que enfrentar (NOGUEIRA, 2000, p. 120).

    Considerando o plano de gesto da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) e seu Plano de Metas, que refere excelncia com responsabilidade social, inclui-se a a formao de profissionais comprometidos para com o desenvolvimento social, capaz de refletir criticamente sobre o que est a sua volta e pensar medidas de interveno que proporcionem uma melhor qualidade de vida para o conjunto da sociedade. Desta forma, h que se

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    estabelecer, entretanto, que a extenso, alm de conjugar-se s polticas pblicas, deva estar tambm profundamente articulada com o Projeto Pedaggico Institucional (PPI) da Universidade, tendo em vista que a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extenso tem de estar alicerada no perfil de Profissional-Cidado que se quer para seus acadmicos.

    Deste modo, observa Jezine (2004), fundamental refletir, discutir e analisar as concepes ideolgicas de Universidade e extenso universitria, considerando as implicaes que estas concepes podem trazer para a prtica curricular universitria, no que se refere ao tipo de formao, de sujeitos e sociedade que se pretende desenvolver. Assim, desde que assumi a Coordenao de Extenso na UDESC, efetivamente h 6 anos, trabalhando nas polticas de extenso do Brasil, acompanhando o frum de Pr-reitores, aprovamos nas instancias da UDESC, nossa prpria Poltica de Extenso, propondo a aproximao do ensino e da pesquisa, criamos o grupo de estudos para gesto de Riscos e Desastres, aprovamos a poltica de aes afirmativas, tambm o Ncleo Extensionista Rondon da UDESC que prepara, organiza e realiza aes buscando dar fundamentao a questo da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extenso, dentre outras aes. Destacamos tambm a pesquisa j encerrada, cuja finalidade foi a de investigar, a partir da viso dos acadmicos, como a extenso universitria pode viabilizar polticas pblicas e ainda, a participao no Grupo de Extenso, Pesquisa e Ensino: Direitos Humanos e Diversidades desde 2013.

    Nesse contexto, conforme exige o Plano Nacional de Educao (PNE), Lei n 13.005 de 25 junho de 2014, que em sua meta 12.7, responsabiliza as IES a "assegurar, no mnimo, 10% (dez por cento) do total de crditos curriculares exigidos para a graduao em programas e projetos de extenso universitria, orientando sua ao, prioritariamente, para reas de grande pertinncia social".

    Somos mobilizados implementao desse processo de desenvolvimento e incentivo da extenso universitria considerando as reas definidas pela Poltica Nacional de Extenso. Diante do grande desafio para o decnio 2014 - 2024, defendemos que a extenso nas reformas universitrias dever se apresentar com um novo papel sendo contemplada tambm nos currculos dos cursos de graduao, se estabelecendo como uma opo de enfrentamento dos problemas do capitalismo global, atuando na construo da democracia, contra a excluso social, na defesa do meio ambiente e a favor da diversidade e pluralidade cultural, ou seja, urge a necessidade de procedimentos pedaggicos interdisciplinares.

  • 28

    Com isso, a UDESC por meio do Ncleo Extensionista Rondon se lana ao desafio de cumprir a lei em questo, ou seja, Lei n 13.005 de 25 junho de 2014, e o mnimo, 10% (dez por cento) para creditao da extenso universitria, considerando as atividades que so desenvolvidas semestralmente conforme passaremos a descrever.

    O NER UDESC COMO POTENCIAL PARA A CREDITAO DA EXTENSO UNIVERSITRIA

    Criado por meio da Portaria n 1192/2010, o Ncleo Extensionista Rondon NER/UDESC proporciona o intercmbio dos acadmicos e a insero da Universidade em diversos cenrios do Estado de Santa Catarina, e mesmo fora do estado, buscando-se, assim, a garantia da interdisciplinaridade, da interao entre a Universidade e a Sociedade, da qualidade e do impacto das aes de extenso no mbito da UDESC, reforando a misso da universidade diante a realidade social.

    A atuao extensionista tem proporcionado aos acadmicos a percepo de que a IES cumpre com o princpio de que imprescindvel para a formao do profissional cidado sua efetiva interao com a sociedade, seja para se situar historicamente, para se identificar culturalmente e/ou para referenciar sua formao tcnica acadmica com realidade social palpvel.

    Deste modo, o NER atua nas reas da Extenso Universitria Brasileira, onde at o momento, j realizou, doze inseres sociais, as quais denominamos Operaes, como podemos observar no mapa que segue:

  • 29

    Figura 01

    Fonte:NER UDESC, 2016. Estas operaes contabilizam a participao de 2370 acadmicos e servidores universitrios (tcnicos e professores), que por dez dias ficam imersos em diferentes municpios, vivenciando a realidade social deste municpio, considerando as oito reas da extenso universitria, a saber: sade, educao, meio ambiente, cultura, direitos humanos e justia, comunicao, tecnologia e produo e trabalho. Neste espao de imerso social, considerando as reas da extenso universitria, j mencionadas os acadmicos para alm de vivenciarem o dia a dia social, tm ainda, a oportunidade de interagirem com este grupo social, convivendo com as demandas polticas, sociais e administrativas, com uma intensidade, que de acordo com diferentes depoimentos, por certo no teriam outra oportunidade de vivenciar. As atividades so organizadas por meio de oficinas e palestras, de acordo com o que solicitado pelo municpio. Nestas doze operaes foram realizadas um total de 9.134 atividades, conforme grfico que segue:

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    Figura 02

    F

    FONTE: NER UDESC, 2016.

    ALGUNS DEPOIMENTOS QUE ILUSTRAM O IMPACTO DA ATIVIDADE PARA O ACADMICO Durante as atividades realizadas pelo NER UDESC, desde 2010, alguns depoimentos tm sido importantes para o fortalecimento das atividades, bem como, e especialmente para a percepo deste acadmico sobre o significado desta participao na composio do seu mosaico de formao. Registramos a seguir alguns destes depoimentos:

    Dentre as oficinas que realizei e participei: em um certo asilo, no vou me esquecer de cada abrao apertado que recebi, dos sorrisos dos idosos por terem algum para compartilhar uma de suas tantas histrias vividas. Nas creches e escolas, no me esquecerei daquela crianada que tem tanto, mas tanto amor para lhe dar, de uma forma to simples, to pura, de quando eles vinham e me derrubavam dando um mega montinho no "Tio Will", da hora de ir embora e os pequenos choravam pedindo para ficar mais um pouco e porque no citar, do pequeno que olha para mim e diz "Tio, coc, limpa!" haha. Levarei para vida, a histria do Jlio, um

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    cadeirante, que mostrou que no existe limitaes, os limites somos ns que impomos sobre ns mesmos, ensinou a todos que com persistncia e fora de vontade podemos chegar onde queremos, ensinou a no reclamar de algo que est ruim e sim a lutar para que melhore. Conheci 19 estranhos, hoje so amigos, irmos (Depoimento 01).

    Conforme os dias foram passando comecei a sentir diversas sensaes, quase que ao mesmo tempo. Alegria, cansao, paixo, sono, medo, disposio, coragem Um turbilho de emoes em to pouco tempo. Tirei energia que nem sabia que existia dentro de mim. Dia a dia comeamos a descobrir as potencialidades e limites um dos outros. A equipe era to diferente e igual ao mesmo tempo, completvamo-nos (Depoimento 02).

    Chegou ento fevereiro de 2014, data da operao e l eu estava. Fiz coisas inimaginveis para um Engenheiro de Petrleo. Palestra sobre sexualidade, dana, abraos na praa, Cine Rondon, e o mais marcante foi uma visita ao asilo. L haviam senhores abandonados por seus filhos e no eram poucos. Quem diria que o ser humano teria coragem de fazer isso com quem lhe concebeu (Depoimento 03).

    Costumo escutar alguns "Mas o Rondon no tem nada haver com nosso curso" de alunos de administrao pblica. Pois bem, nessa operao tive o imenso prazer de conhecer o municpio catarinense de Presidente Castello Branco, que adota a Agenda Ambiental na Administrao Pblica (A3P), sendo que j recebeu premiaes em nvel nacional por conta deste fato. Engraado foi, que A3P era um dos assuntos que mais estudei no semestre que passou, e em uma tarde, vi meus olhos brilharem ao escutar do prefeito e dos gestores municipais sobre seus projetos. Gostaria de dizer aos meus colegas: vivam o que vocs estudam; conheam uma prefeitura como esta; saiam da sala e ouam o plano de gesto municipal da boca dos prprios gestores, no s do professor, dos textos. Eu tive essa sorte, e s tenho que agradecer ao Ncleo Extensionista Rondon Udesc - NER / UDESC por me levar esses e muitos outros lugares. Sim, Rondon engloba o nosso curso (e muitos outros) (Depoimento 04).

    Os depoimentos acima, demonstram um pouco do que representa para estes acadmicos esta imerso social, revelando suas emoes, descobertas e compromisso social.

    CONSIDERAES FINAIS

    Ao tratarmos da curricularizao da extenso universitria, corroboramos com Tomaz Tadeu da Silva, quando observa que uma teoria do currculo comearia por supor que existe, l fora, esperando para ser descoberta, descrita e explicada, uma coisa chamada currculo. O currculo seria

    https://www.facebook.com/nerudesc/

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    um objeto que precederia a teoria, a qual entraria em cena para descobri-lo, descrev-lo, explic-lo (Silva, 2000, p. 11).

    Os estudos sobre currculo so recentes. Eles surgem no contexto de uma educao de massas estadunidense na dcada de 1920, principalmente a partir das ideias de Bobbitt (2004), que busca uma mudana radical no sistema educacional. Para tanto, apresenta um modelo voltado para a economia, propondo que o funcionamento da escola acontea de maneira semelhante s empresas. Bobbitt (2004) v na eficincia o sinnimo para a conquista de suas intenes e atribui ao currculo uma funo tcnica, ou seja, de organizao.

    Esse modelo se consolida na dcada de 1940 a partir das ideias de Tyler que agrega quelas j existentes um carter comportamentalista que se radicaliza na dcada de 1960, quando a tendncia tecnicista revigorada nos Estados Unidos. Enfim, os modelos tradicionais de currculo estavam restritos s questes tcnicas relacionadas ao modo de fazer, ou seja, ao como fazer o currculo.

    A concepo de currculo abarca a valorizao do saber interdisciplinar, podendo-se defini-lo como um conjunto de conhecimentos, competncias, saberes e habilidades, experincias e valores, com vistas a formao de profissionais competentes e cidados, para a sociedade do momento, considerando aspectos histricos, polticos e econmicos.

    No entanto, no podemos deixar de observar que a lgica de organizao de um currculo que contemple a extenso universitria no pode ser separada em caixinhas. Deve prever um tempo e um acontecer, um tempo dos parceiros, um tempo dos contatos, um acontecer de retomada s propostas. As possibilidades de integrao so grandes e podem ser proveitosas, mas dependem de novas redefinies, aprendizagens e de novos tipos de gestes da extenso, da pesquisa e do ensino no ensino superior (Botom, 2001).

    Deste modo, podemos afirmar que o currculo no possui neutralidade, est apoiado em um sistema de crenas e valores e tem direes que apontam para determinados resultados, tendo em vista o contexto histrico no qual se encontra inserido. Nenhuma teoria neutra ou desinteressada; estas, normalmente encontram-se implicadas em relaes de poder e interesses, com isso, acabam imprimindo sua marca no movimento e consolidao das polticas educacionais (Pacheco, 2002, 2005, 2014; Sacristn, 2013). REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS Botom, S.P. (2001). Extenso universitria: equvocos, exigncias, prioridades e perspectivas para a universidade. In Faria, D.S. (org) Construo Conceitual da

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    Extenso Universitria na Amrica Latina. Braslia: Editora Universidade de Braslia Brasil. (1996) Lei n 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educao nacional. 1996. Disponvel em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf. Acesso em: 07de maro de 2012. Marcovitch, J. (1994). Diretrizes para a Extenso Universitria na USP. Apresentado ao Conselho de Cultura e Extenso Universitria, da Pr-Reitoria de Cultura e Extenso Universitria da USP, (mimeografado) Nogueira, M. das D. P. (org.) (2000). Extenso Universitria. Diretrizes conceituais e polticas. Documentos bsicos do Frum Nacional de Pr-Reitores de Extenso das Universidades Pblicas Brasileiras 1987 2000. Belo Horizonte: PROEXT/UFMG/Frum. Pacheco, J. A. (1996). Currculo: Teoria e Prxis. Porto: Porto Editora. Pacheco, J. A. (2002). Polticas Curriculares. Porto: Porto Editora. Pacheco, J. A. (2006). Estudos Curriculares. Para a compreenso crtica da educao. Porto: Porto Editora. Pacheco, J. A. (2014). Educao, Formao e Conhecimento. Porto: Porto Editora. Sacristan, J. G. (1998). Um s conceito ou diversas concep11es de currculo? In: Gmez, A. I. P. & Sacristan, G. (1998). Compreender e transformar o ensino. Porto Alegre: 4. ed. Artes Mdicas. Sacristn, J. G. (org.) (2013). Saberes e incertezas sobre o currculo. Porto Alegre: Penso Editora.

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    - II -

    O PIBID COMO COMPONENTE CURRICULAR NA FORMAO DE PROFESSORES: LIMITES E

    POSSIBILIDADES

    Ana Jssica Corra Santos UnB (Brasil) Shirleide Pereira da Silva Cruz UnB (Brasil)

    INTRODUO

    Neste artigo analisaremos o Programa Institucional de Bolsas de Iniciao Docncia Pibid como poltica pblica de formao inicial de professores, considerando-o como componente curricular que apresenta como objetivo promover aos alunos da licenciatura a oportunidade de vivenciar o magistrio antes de sair da faculdade, alm da valorizao da pratica do magistrio.

    Nesse sentido, metodologicamente, foi utilizado o mtodo crtico-dialtico para analisar alguns documentos legais ligados ao Pibid. O mtodo se caracteriza pela compreenso da historicidade dos homens pelo movimento dialtico, percebido sob o olhar da mudana, das contradies, da totalidade e tambm buscando analisar os mais variados fenmenos para a compreenso do objeto estudado. Trivios (1987, pg. 52) afirma que a concepo materialista apresenta trs caractersticas, sendo a primeira a materialidade do mundo, ou seja, compreender que todos os fenmenos, objetos e processos que se realizem na realidade so materiais j a segunda caracterstica a matria anterior conscincia, isto , reconhecer que a cincia um reflexo da matria [...] que se constitui numa realidade objetiva e a terceira que o mundo conhecvel, ou seja, [...] o homem de conhecer a realidade se desenvolve gradualmente.

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    Compreender que conhecer a decomposio do todo, ou seja, para se compreender a realidade necessrio entender as parte para se chegar essncia. (KOSIK, 1976, p, 18).

    A POLTICA DE FORMAO DE PROFESSORES

    A formao inicial de professores um dos mecanismos mais significativos ao qual o aluno em formao tem acesso com a finalidade de apreender, significar, compreender a importncia da funo docente para tornar-se um profissional capaz de cumprir a sua funo social enquanto ser docente, ou seja, compreender todo o movimento educativo, a vida humana, as mediaes, as determinaes histricas. Nesse aspecto, a dinmica social por melhorias na educao marcada por lutas de classes que permeiam todos os avanos e retrocessos na rea educacional.

    O final do sculo XX esteve marcado pela ampliao de debates no campo da educao tendo como aspecto principal as reformas que foram (e esto sendo) implementadas no Brasil. Crises da educao, novas tecnologias educacionais, tempos de privatizaes do ensino, imposio de polticas que restringem o gasto pblico nessa rea, congelamento e reduo de salrios dos professores, flexibilizao do mercado de trabalho, nfase na dimenso instrumental e tcnica de educao, crescente volume de encargos dos/as profissionais das escolas [...] (BARROS, 2005, pag. 69)

    Situaes descritas acima demonstram que a formao de professores

    influenciada diretamente pelas reformas que aconteceram no final do sculo XX e at hoje por meio das polticas pblicas adotadas vem sofrendo interferncias diretas de organismos internacionais, locais, regionais.

    Desse modo necessrio rompermos com a lgica dos organismos internacionais da dinmica neoliberal marcada pela globalizao em que incita uma formao de professores e demandas sobre a educao e o sistema educacional numa perspectiva custo e benefcio vinculada ao produtivismo e a educao por resultado estabelecendo padres de rendimento (VEIGA, 2002). Assim, ao se pensar em formao de professores numa dimenso democrtica e emancipadora necessrio criar polticas pblicas que vo ao encontro com as necessidades histricas das classes populares em que defenda o carter emancipador do nosso povo e que corrobore para a eliminao das atuais

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    condies de trabalho e da formao de professores vigentes hoje alm do propsito de aumentar a qualidade da educao pblica (FREITAS, 2014).

    Desse cenrio, destaca-se que a formao inicial e continuada para uma educao de qualidade de suma importncia para o bom desempenho dos professores, atrelada s condies de trabalho, carreira, salrio, valorizao dos profissionais sejam cada vez mais aperfeioadas e que atualmente, a conquista de cada um desses itens, torna-se uma conquista para o campo da educao.

    necessrio frisar ainda que a formao inicial necessita de conhecimentos tericos e prticos na inteno de se ter uma formao slida, alm de proporcionar que os alunos possam fazer relaes sobre a prxis docente. Deste modo, o Pibid, um programa criado em 2007 por meio da Capes com o objetivo de possibilitar a valorizao do magistrio, bem como incentivar a docncia, alm de aproximar a educao bsica com as universidades.

    Aps a implantao da Lei de Diretrizes e Bases 9394/96, em que foi assegurado em seu art 62 a obrigatoriedade da formao em nvel superior, muitas polticas j foram implementadas, assim como muitas mudanas j se realizaram nas polticas da formao de professores e podemos observar que desde a dcada de 1990 muitas aes, principalmente, no que tange a formao inicial de professores vem sendo discutidas e implementadas.

    Nesse sentido, o Pibid uma poltica pblica do campo da educao de mbito federal em que objetiva a formao inicial e continuada de professores dos diversos tipos das licenciaturas em que o programa contempla o aluno da licenciatura com uma bolsa mensal distribudos por Instituies de Educao Superior (IES) em parceria com as escolas de educao bsica da rede pblica de ensino. Sendo assim, os objetivos do Pibid no seu Art. 3, so:

    I - incentivar a formao de docentes em nvel superior para a educao bsica; II - contribuir para a valorizao do magistrio; III - elevar a qualidade da formao inicial de professores nos cursos de licenciatura, promovendo a integrao entre educao superior e educao bsica; IV - inserir os licenciandos no cotidiano de escolas da rede pblica de educao, proporcionando-lhes oportunidades de criao e participao em experincias metodolgicas, tecnolgicas e prticas docentes de carter inovador e interdisciplinar que busquem a superao de problemas identificados no processo de ensino-aprendizagem; V - incentivar escolas pblicas de educao bsica, mobilizando seus professores como coformadores dos futuros docentes e tornando-as protagonistas nos processos de formao inicial para o magistrio; e

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    VI - contribuir para a articulao entre teoria e prtica necessrias formao dos docentes, elevando a qualidade das aes acadmicas nos cursos de licenciatura. (CAPES, 2009, pag. 1)

    Tem o intuito, ento, de inserir o estudante ainda na sua formao acadmica para o desenvolvimento de atividades pedaggicas com o acompanhamento tanto de um professor coordenador na universidade quanto de um professor coordenador na escola em que os projetos so desempenhados, viabilizando ao estudante o acesso a realidade da escola pblica promovendo assim a integrao entre a educao superior e a educao bsica.

    O PIBID E A EXTENSO UNIVERSITRIA

    Com a caracterizao descrita do Pibid observa-se a aproximao mais estreita entre as universidades e as escolas pblicas, e essa articulao tem viabilizado a troca de conhecimentos, a aplicao de projetos e metodologias inovadoras que somados com o estgio curricular obrigatrio e combinadas com a prtica docente oportuniza ao licenciando a vivncia de novas experincias que muitas vezes so desconhecidas e que visam uma reflexo sobre o ato educativo.

    Portanto, o papel desempenhado pelo Pibid nessa relao deve ser pensada num sentido de integrar esse programa como parte integrante do currculo das universidades, pois de acordo com a resoluo n 02/2015 que aborda as Diretrizes Curriculares Nacionais para formao de professores- DCNs apontam a necessidade de se promover parcerias entre as universidades e as escolas da educao bsica (BRASIL, 2015). Estabelecer o fortalecimento do relacionamento entre os professores atuantes e os futuros professores, alm disso, a resoluo prega uma maior insero dos estudantes de licenciaturas na educao bsica, priorizando a prtica docente com o objetivo de conhecer o contexto educacional nas suas dimenses sociais, polticas, culturais, econmicas e tecnolgicas para que haja uma integrao entre teoria e prtica no processo de formao de docente com a vivncia deste com o ensino, pesquisa e extenso promovido pelas universidade.

    As novas DCNs entendem necessrio no processo educativo uma relao mais profcua entre as escolas bsicas da educao e as universidades de educao superior, bem como com a ps-graduao, ou seja, todas as instituies devem trabalhar em conjunto para influenciar e ser influenciado na dinmica formativa do processo de formao inicial e continuada. Nessa mesma linha, a prpria LDB n 9.394/96 prope que a educao superior em seu art. 43 assegure

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    o desenvolvimento de atividades de extenso com o objetivo de aproximar o ensino superior da educao bsica, sendo que as universidades devem priorizar a formao e capacitao dos futuros docentes do ensino bsico.

    Assim, o Pibid insere-se como um programa de extenso universitria que promove a indissociabilidade entre a teoria e prtica para despertar a possibilidade dos docentes problematizar a realidade de uma escola, e tambm agu-los a ter olhar crtico sobre o status quo da educao bsica ao articular os saberes apreendidos na universidade e confront-los com seu cotidiano nas escolas de ensino bsico. Deste modo, percebe-se que o Pibid um programa relevante dentro da extenso universitria, no que tange ao ensino das licenciaturas, essa importncia elencada no Plano Nacional de Educao (PNE) na estratgia 12.7 da meta 12, propondo assegurar no mnimo 10% (dez por cento) do total de crditos curriculares exigidos nos cursos de graduao ofertados pelas universidades devem ser preenchidos por meio de programas e projetos de extenso universitria. Essa exigncia favorece a manuteno do Pibid dentro da extenso universitria, e, posteriormente, a possibilidade da sua incluso no componente curricular dos cursos de licenciaturas para que o docente tenha uma formao slida na perspectiva da prxis. Nesse contexto, evidencia-se que a universidade deve estimular as prticas extensionistas para manter-se conectada com a sociedade, sendo o Pibid um excelente instrumento de captao de ao e reao trazidos pelos docentes dos cursos de licenciaturas no ambiente escolar.

    Percebe-se possibilidades do Pibid na extenso universitria para conseguir realizar seus objetivos coadunando com as diretrizes definidas no Plano Nacional Extenso Universitria (2012), sendo elas: a interao dialgica, a interdisciplinaridade e a interprofissionalidade, a indissiociabilidade ensino-pesquisa-extenso, o impacto na formao do estudante e tambm impacto e transformao social. Logo, o Pibid deve ter a inteno no somente ligada a formao dos professores, mas se configurar como uma extenso universitria que promova mudanas efetivas nas comunidades em que o programa desenvolvido, seja pela ampliao do debate sobre educao bsica, seja pela introduo de novas abordagens desenvolvidas pelas universidades a serem aplicadas com sucesso no ambiente escolar.

    O amadurecimento do Pibid como poltica de pblica de formao de professores pode tanto se apresentar como extenso universitria como agregar outras modalidades curriculares no fluxo dos cursos de licenciaturas, pela via, por exemplo, da prtica como componente curricular ou como residncia pedaggica na qual o licenciando vivencia uma imerso no seu futuro espao de trabalho.

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    A insero do Pibid no currculo dos cursos deve se basear numa discusso da relevncia e do impacto que esse programa tem na formao do futuro professor, assim, para ajudar nessa discusso o autor Sacristn (1947, p. 22) afirma que o currculo faz parte, na realidade, de mltiplos tipos de prticas que no podem reduzir-se unicamente prtica pedaggica de ensino [...], a partir desse afirmao percebe-se que o Pibid atua de modo relevante na extenso universitria e que pode pleitear os seus objetivos nos currculos dos cursos de licenciaturas por facilitar a relao dialgica entre teoria e prtica ao complementar de forma atuante e dinmica na formao dos futuros docentes configurando em espao de crtica e problematizao da realidade.

    Desta feita, ao mesmo tempo em que o Pibid desencadeia uma srie de oportunidades de aprendizagens no processo de formao inicial de professores pode tambm apresentar elementos pautados por uma lgica neoliberal. Assim, essas oportunidades somente sero crticas e passveis de se configurarem como ao de transformao no momento em que as atividades desenvolvidas pelos licenciados do programa sejam refletidas dentro de um espao/tempo, no currculo do curso de formao, no favorecimento de uma anlise crtica do modo como feita a insero dos licenciados numa realidade profissional para que se construa uma forma de integrao autnoma, ou seja, os licenciados devem ter conscincia do seu papel de transformador de sua realidade local (FELICIO, GOMES E ALLAINI, 2014).

    Nessa mesma linha, reconhecer o programa como um componente curricular ter em mente o que Sacristn (1947, pag 21-22) admite:

    [...] o currculo como expresso de uma srie de determinaes polticas para prtica escolar, o currculo como contedos sequencializados em determinadas matrias, como saberes distribudos pelos professores, como campo das interaes e dos intercmbios entre professores e alunos, como partitura da prtica, etc [...]

    Nesse sentido Lopes (2004) reconhece que as polticas curriculares no so apenas os documentos escritos, mas abrange os processos de planejamento que so constitudos em mltiplos espaos da educao. Significa dizer que as polticas vo muito alm das instncias governamentais, isso no significa desconsiderar o poder da esfera governamental, mas considerar que as prticas e propostas desenvolvidas nas escolas so produtoras de sentidos para as polticas currculo. Deste modo, o Pibid como programa que compe o currculo das universidades e das escolas bsicas de educao viabilizando que os licenciando

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    e professores favorece a reflexo sobre a profissionalizao docente de forma mais ampla.

    CONSIDERAES FINAIS

    Ao longo do texto procuramos estabelecer os embasamentos das polticas curriculares e a sua importncia para a formao inicial de professores, por meio do Pibid, que vem se apresentando como um programa que desde o ano de 2007 viabiliza aos licenciandos a oportunidade de fortalecer os conhecimentos apreendidos nas universidades e ter contato com a realidade escolar, desse modo, realizando a prxis pedaggica, o que proporciona a indissiociabilidade entre o ensino, a pesquisa e a extenso.

    O Pibid, j se insere na maioria das universidades pblicas e particulares como componente curricular dos cursos de licenciatura, o que possibilita a valorizao da formao de profissionais da educao e tambm por proporcionar debates mais consistente e crticos acerca das teorias educativas, colaborando para a eliminao de prticas tradicionais, tecnicistas, pragmatistas, porm apresenta alguns limites, pois ainda um programa de governo e no uma poltica de Estado, alm de no atender todos os licenciandos das universidades, pois para participar do programa necessrio passar por uma seleo o que exclui muitos alunos de participarem dessa experincia, pois limitado o nmero de bolsas cedidas pelas Capes.

    Desse modo, fundamental entendermos que para se ter uma formao de professores de cunho emancipador e reflexivo importante se ter como princpio relao teoria e prtica, a fim de corroborar para integrar os contedos visto em sala de aula com as situaes que ocorrem nas escolas estabelecendo uma construo dialgica, na concepo da totalidade. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS BARROS, Maria Elizabeth de. Formao de Professores (as) e os desafios para a (re)inveno da escola. In: FERRAO, Carlos Eduardo (Org). Cotidiano escolar, formao de professores (as) e currculo. So Paulo: Cortez, 2005. BRASIL. Conselho Nacional de Educao. Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formao inicial em nvel superior (cursos de licenciatura, cursos de formao pedaggica para graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a formao

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    continuada. Resoluo CNE/CP n. 02/2015, de 1 de julho de 2015. Braslia, Dirio Oficial [da] Repblica Federativa do Brasil, seo 1, n. 124, p. 8-12, 02 de julho de 2015. Disponvel em: Acesso em 10 de jul. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional. LDB 9394/96. Braslia, DF: Ministrio da Educao, 1996. BRASIL. Projeto de Lei do Plano Nacional de Educao (PNE 2014-2024). Cmara dos Deputados. Braslia: 2014. Disponvel em: Acesso em: 10 de jul de 2016. CAPES (2009). Portaria n. 1.243, de 30 de dezembro de 2009. Braslia: Dirio Oficial da Unio. BRASIL. Poltica Nacional de Extenso Universitria. Maio de 2012. FELICIO, H.M.S, GOMES, C, ALLAIN, L.R. O Pibid na tica dos licenciandos: possibilidades e limites. Educao. Santa Maria, v. 39, n. 2, p.1-15, maio/ago. 2014. Dsponivel em: Acesso em 15 de jul de 2016 FREITAS, Helena Costa Lopes de. O PIBID e as polticas de formao e valorizao profissional do magistrio. In: PRADO, Eliana Guilherme do Val Toledo (Org.) Construindo parcerias entre a universidade e a escola pblica. Campinas, SP: Edies Leitura Crtica, 2014. KOSIK, Karel. Dialtica do concreto. Trad. NEVES, Clia; TORBIO, Alderico. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2010. LOPES, Alice Casemiro. Poltica curricular: continuidade ou mudana de rumo? Rev. Bras. Educ., no.26, p.109-118, Ago 2004. Disponvel em: Acesso em: 16 de jul de 2016.

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    SACRISTN, J. Gimeno. O Currculo: Uma reflexo sobre a prtica. 1 ed. Porto Alegre: Artmed, 1947. TRIVINOS, A.N.S. Introduo pesquisa em cincias sociais: a pesquisa qualitativa em educao. So Paulo: Atlas, 1987 VEIGA, Ilma Passos Alencastro. Professor: Tecnlogo do ensino ou agente social? In: VEIGA, I.P. A, AMARAL, A.L (orgs.) Formao de professores: polticas e debates. Campinas, SP: Papirus, 2002.

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    - III -

    AUTONOMIA CURRICULAR NO CONTEXTO DE REFORMAS EDUCACIONAIS: INFLEXES

    DOCENTES

    ngela Cristina Alves Albino - UFPB/Brasil

    INTRODUO

    A autonomia docente na proposio curricular uma temtica insistente no texto poltico, embora assuma intenes e sentidos diferenciados. O discurso da autonomia curricular, especialmente no Brasil, um terreno movedio e permeado de ambiguidades. Temos um currculo prescrito como modelo e referncia para as escolas e um sistema de avaliao nacional que acompanha o seu desenvolvimento, mas infelizmente com o mesmo modelo de pases bem sucedidos ainda vivenciamos uma busca incessante em reformul-lo. A insistncia em reformular documento, sem uma anlise e participao de quem est na ponta tem sido um dos fatores que prefiguram um currculo esfacelado e distante da perspectiva de um currculo projeto.

    Alguns discursos docentes acerca da autonomia curricular no momento de formulao do projeto poltico-pedaggico ajudaro a compreender algumas mudanas e permanncias na estruturao do currculo escolar. So enunciaes polticas extradas de professores de escolas pblicas que vivenciaram a onda reformista em prol de uma maior descentralizao e autonomia. As vozes sero apresentadas ao contextualizarmos modelos e gerncias polticas da agenda educacional brasileira, como espcies de conversao (PINAR 2004), no qual convergem diversas enunciaes presentes na comunicao humana.

    A fora discursiva mantm-se em torno da descentralizao dos sistemas de ensino, utilizando parmetros de eficincia, eficcia, excelncia e competitividade, oriundos da racionalidade econmica. A nfase no planejamento e na avaliao para controle de resultados da escola, em toda sua

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    multiplicidade, justificaria tal empreendimento. Alguns discursos docentes enunciam a concreticidade de tal fato em simples visita a secretaria de educao de seu municpio:

    Professora1 - Na secretaria tem muita coisa mudando... agora a gente no vai ter mais coordenadora de creche, teremos uma gerente(risos). Na verdade no tem mais coordenaes tudo agora l gerncia. Gerncia do Ensino Fundamental, Gerncia da educao Infantil...

    Esse processo de exaltao descentralizao est significado nas polticas oficiais como maior concesso de autonomia ao espao escolar. Sobre a escola recai a grande responsabilidade de reconstruir um novo percurso para o ensino com vistas a atender s novas demandas sociais. Fairclough (2001, p.100), analista crtico do discurso, acredita as formas discursivas e as estruturas sociais se influenciam mutuamente, e por indicar que os textos contm traos e pistas de rotinas sociais complexas. Para o autor, a Anlise crtica do discurso objetiva tornar visveis s relaes entre linguagem e outras prticas sociais, muitas vezes naturalizadas e opacas e, portanto, no percebidas pelos indivduos.

    No entanto, a autonomia, sob os princpios da eficincia e eficcia, deve ser entendida a partir do contexto social. Conforme Martins (2006, p.30), a compreenso do processo de autonomia permite que avaliemos a distncia e a tenso existentes entre lutas que consideramos autnomas e as instituies sociais que tm como funo garantir a reproduo das relaes de produo, pois suas possibilidades e os limites para seu exerccio so dados no conjunto de fatores subjetivos. Neste entendimento, a autonomia s pode ser definida, portanto, como relao e prtica social.

    Discursos acerca da descentralizao e da autonomia, originrias na produo, permeiam todos os nveis da gesto educacional. No Brasil, o Ministrio da Educao (MEC) assumiu a descentralizao, como base da gesto educacional, sob a discursividade de aproximar os governos locais das necessidades reais da escola, a partir das regulaes impostas pela agenda de financiamento da educao, promovidas por agncias multilaterais. Assim procuraremos destrinchar alguns desses caminhos a partir de algumas anlises de cunho poltico e lingustico sobre os discursos da autonomia.

    Esse discurso criticava, tambm, a falta de autonomia da escola e de participao da comunidade na construo e execuo do projeto poltico-pedaggico. Nesse diagnstico, fica excluda a formao e a valorizao do magistrio, como se estas, no fossem tambm, imprescindveis construo da identidade da escola. Um discurso docente bem atual, acerca da construo do

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    Projeto poltico-pedaggico vai, infelizmente, mostrar que os avanos no foram to significativos:

    P3: Olha a gente sabe que o p.p.p importante para escola porque as vezes a gente no se v muito estimulada mesmo a fazer nada. Sei l... bate um cansao de ver que os anos se passam e a nossa profisso s tem sido desvalorizada... e voc sabe, que pra gente projetar a prpria vida preciso que a gente esteja muito estimulada, imagine fazer isso com esse desrespeito que sofremos. At uma piso rasteiro desse ainda no querem pagar a gente!

    A discusso no campo da poltica educacional em torno da autonomia e descentralizao dos estabelecimentos de ensino continua, na primeira dcada dos anos 2000, ressignificada/continuada nos programas do governo Lula. O discurso democrtico mediado pela descentralizao e autonomia , ainda, a batuta que rege as polticas educativas na contemporaneidade, mas pela anlise da natureza desses princpios democrticos em instituies concretas que podemos ter condio de avaliar se estes princpios postulados esto sendo respeitados. Se os princpios e valores que o sustentam se encarnam em instituies concretas.

    METODOLOGIA

    Como foi discutido anteriormente, os processos so caracterizados por uma desobrigao do poder pblico aos problemas constituintes da prtica pedaggica e, o que posto como uma maior conferncia de autonomia aos estabelecimentos, no passa de um engodo para enxugar os quadros profissionais em nome de um trabalho coletivo.

    Assim, apresentaremos algumas analises consolidadas a partir das vozes docentes fazendo uma articulao com o contexto da poltica que enfatizam a autonomia em seu planejamento poltico.

    O documento que constitui texto final de discusso da Conferncia Nacional de Educao - CONAE que foi realizada em abril de 2010, traz como tema central: "Construindo o Sistema Nacional Articulado de Educao: o plano nacional de educao, diretrizes e estratgias de ao. Tal documento enfatizava do discurso da autonomia em todos os nveis de ensino.

    O documento final naquele contexto evidenciava uma compreenso de Sistema Nacional de Educao como provedor da educao obrigatria, direito do indivduo e dever do Estado e destaca como necessidade:

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    Projeto Pedaggico (educao bsica) e Plano de Desenvolvimento Institucional (educao superior) construdos coletivamente e que contemplem os fins sociais e pedaggicos da instituio, a atuao e autonomia escolar, as atividades pedaggicas e curriculares, os tempos e espaos de formao, a pesquisa e a extenso. (p.32).

    A gesto democrtica, entendida como princpio da educao nacional,

    segundo documento deve entrar em sintonia com as formas de participao da comunidade local e escolar. Assim, o projeto poltico-pedaggico referendado como elemento decisivo na formao de cidados crticos e compromissados com a transformao social. Esse projeto dever trazer como fundamento a autonomia como estratgia de um modelo de gesto democrtica. (p.42) Temos uma voz docente que indica que ainda h muita centralizao local na propositura de um currculo mais emancipador:

    P4: Foi alguma coisa feita mais pelos tcnicos e que deveria ser entregue na Secretaria de Educao./ Por isso que eu digo que no participei efetivamente/eu estive l/ouvi algumas reunies.../ mas dizer assim, da minha palavra mesmo, assim como os demais educadores, no foi levada em considerao(sic), visto que o corpo tcnico que elaborou./ como se fosse o P.P.P dos tcnicos.(risos)

    Ainda no item 54 do mesmo documento, ao destacar o sistema nacional articulado de educao como modo consistente de conjugar foras em prol da educao, alerta que se deve considerar a promoo da elaborao do Projeto pedaggico (educao bsica) e Plano de Desenvolvimento Institucional (educao superior) construdos coletivamente e que contemplem os fins sociais e pedaggicos da instituio, a atuao e autonomia escolar, as atividades pedaggicas e curriculares, os tempos e espaos de formao, a pesquisa e a extenso. (P.23).

    Atualmente a questo do tempo para discutir coletivamente as questes da escola so evidenciados no discurso docente quando afirma:

    P4:O trabalho sempre tumultuado. No d pra gente se debruar em um questo de cada vez. Tem sempre muito problema pra resolver. P:5Sei no a gente tem que ter muito cuidado com o nosso fazer, porque corre tanto de um lado para o outro que daqui a pouco ningum sabe quem quem(T2).

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    O documento recomenda por fim, que os prprios conceitos de autonomia, democratizao, descentralizao sejam coletivamente debatidos para que seja alcanada maior legitimidade e concretude no cotidiano.(P.27)

    Atualmente, no PNE 2014-2024, a gesto democrtica continua a aparecer como condio importante de possibilidade dos sujeitos terem acesso educao de qualidade como direito universal. A construo do Projeto poltico pedaggico no texto da CONAE um mecanismo de participao para configurar um processo de gesto democrtica e com isso contribui para a formao de cidados crticos e compromissados com a transformao social (p.59). Dentro desse projeto construdo nas instituies haver, na perspectiva do documento, possibilidades de consolidao dos fundamentos de autonomia, a qualidade social, a gesto democrtica participativa e a diversidade cultural, tnico-racial, de gnero, do campo.

    Assim, alm de reiterar a importncia do objeto da pesquisa, que so as configuraes locais da autonomia, reafirmo a importncia dos movimentos sociais e a militncia dos intelectuais crticos no processo de compreenso dos (inter)discursos que justificam uma boa educao para sua nao. Conforme Dale (2008, p.18), o currculo tem se tornado um componente crucial da escolarizao em funo de ser analisado como meio pelo qual os Estados-naes conseguem ajustar seus sistemas educacionais para atender demandas e preferncias em constante mudana.

    O currculo tem sido o meio principal mecanismo de substancializao de polticas, no entanto adverte Dale (2008) que o Estado n contexto de globalizao neoliberal no instituio e forma de governo exclusiva, pois est nesse conjunto de governao nacional o mercado e a comunidade, a esfera transnacional e a subnacional. Nesse interim temos foras sociais no contexto de globalizao vo operar supranacionalmente e transnacionalmente, ao invs de internacionalmente, para anular, desmantelar ou passar por cima das barreiras nacionais enquanto reconstri as relaes entre naes. Nesse sentido para Dale (2008, p.19):

    Ontologicamente, a globalizao neoliberal pode ser vista como um conjunto de arranjos polticos e econmicos para a organizao da economia global, impulsionada mais pela necessidade de manter o sistema capitalista e do que por quaisquer valores. A adeso aos seus princpios se d pela influncia poltica e econmica e pela percepo dos prprios interesses. Nenhum Estado-nao, nem mesmo os Estados Unidos ou a China, capaz de controlar ou

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    dirigir a economia global neste momento, e isso tem duas consequncias importantes para nossa compreenso da globalizao e do currculo.

    A autonomia que vai constituir os discursos no contexto das polticas educacionais em mbito global como se v tem uma ordem. No contexto da economia global instituies internacionais tem um efeito importante na reconfigurao dos currculos Globais-locais. O interesse global conforme apresentou Dale (2008), esto bem representados para esse fim: (G8, Frum Econmico Mundial, Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico-OCDE, Banco Mundial, Organizao Mundial do Comrcio-OMC, organizaes regionais como a Unio Europeia-UE e o Acordo de Livre Comrcio da Amrica do Norte-NAFTA). na constituio discursiva contraditria que os Estados-naes, voluntariamente, cedem parte de seu poder nacional no interesse do controle coletivo da economia global em prol de seus interesses conjuntos. Ao que parece so os espaos territoriais mais ricos que acabam sendo os agentes com maior fora no processo de globalizao.

    Apesar dos Estados se ancorarem em um discurso de que esto em busca de solues para seus problemas educacionais, tais organizaes internacionais acabam oferecendo um receiturio de como podem ser enfrentados e quais so as demandas mais urgentes a serem trabalhadas nesse campo. Se autonomia entendida nesse estudo se d em um processo de relao social, como est a autonomia do Estado brasileiro em (re)definir suas polticas a partir dos seus problemas? importante reconhecer, no atual contexto de anlise das polticas educacionais e decises curriculares que esses contornos que so desenhados por agncias internacionais que colocam a educao parte do setor mais amplo de servios no mbito de uma economia de conhecimento global (ROBERTSON; DALE, 2011).

    Os organismos internacionais so difusores de solues genricas no mbito curricular, mas o que mais importante destacar nesse estudo talvez seja a restrio quanto ao alcance do olhar sobre o local, pois tais polticas de alcance internacional acabam por reforar esquemas de legitimao de modos de ser e fazer pouco contestados e bem assimilados no contexto da prtica.

    Os processos de deciso que so vitais na configurao de um currculo mais vivo e de uma docncia mais autnoma e profissional no contexto reformador est tensionado por uma centralizao das estratgias e da epistemologia. Como acredita Popkewitz (1997, p.176) que argumenta sobre a nfase dada a flexibilidade, a individualidade e o pensamento crtico, mas posicionados dentro da ecologia do raciocnio instrumental e do individualismo

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    possessivo. Nesse sentido a discusso de padres universais justapostos contra a determinao local de estratgias pressupe definies centralizadas, o que nos move a querer entender melhor o sentido de mudana no contexto reformador.

    CONSIDERAES FINAIS

    As anlises desenvolvidas no percurso de pesquisa terico-emprica nos permitem relacionar os princpios polticos e filosficos das reformas educacionais em nvel macro e micro ao iderio neoliberal e ao positivismo, que distanciam a educao da realidade social.

    O discurso poltico documental traz o que Fairclough (2001, p.129) entende como aparente democratizao do discurso, pois envolve a reduo de marcadores explcitos de assimetria de poder entre as pessoas com poder institucional desigual, como o caso dos professores. Isso costuma ser evidente numa diversidade de domnios institucionais. A autonomia est muito bem demarcada no texto das polticas educacionais, mesmo que de forma ambivalente: autonomia como direito do docente e tambm dever na construo do PPP. Fairclough (2001, p.152) compreende que a interdiscursividade basicamente a forma como um tipo de discurso vai sendo constitudo por meio de combinao de elementos de ordens do discurso. O discurso docente tambm apresentou ambivalncias na questo da participao da construo do projeto: as professoras tm e no tm autonomia, e isso surge nos questionamentos que fazem ao longo de suas falas. Algumas tendncias de mudana de ordens de discurso apontadas por Fairclough (2001, p.247), como a comodificao, foram verificadas tanto na voz docente como no discurso das polticas educacionais. Em termos de ordens de discurso, podemos entender a comodificao como a colonizao de ordens de discurso institucionais e mais largamente da ordem de discursos societria por tipos de discursos associados produo de mercadoria (p. 255). A gesto democrtica (descentralizada e autnoma), a competncia, a habilidade e a comunidade so marcas dos discursos, mas o discurso comodificado costuma ser contraditrio, como sugeriu algumas vozes docentes. Ao mesmo tempo em que exteriorizavam o projeto como algo de dentro para fora, indicavam que sem ele ficariam como uma nave sem direo. Nos documentos como PNE (2001) e LDB (1996) as professoras so colocadas como sujeitos ativos e capazes de pensar a escola, mas historicamente so ignoradas na formulao de polticas de sua prpria formao.

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    Assim, embora a escola seja desafiada a oferecer respostas e condies s novas exigncias da reestruturao produtiva global, compreendemos que a sua ao se inscreve num local com temporalidades culturais diferenciadas, conforme as subjetividades envolvidas no seu cotidiano. Sem dvida, o tempo do capital invade o tempo do trabalho e investe na transformao da escola pblica numa organizao movida pelos princpios administrativos da gerncia empresarial.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS BRASIL. Constituio da Repblica Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. ___________. Lei no 10.172, de 09 de janeiro de 2001. Aprova o Plano Nacional de Educao e d outras providncias. Dirio Oficial da Repblica Federativa do Brasil, Poder Executivo, Braslia, DF, 2001 __________. Ministrio da Educao. FUNDESCOLA: O programa. PDE e PDDE. Disponvel em: http://www.fundescola.org.br. Acesso em: fevereiro de 2008. __________. Lei n. 9424, de 24 de dezembro de 1996. Dispe sobre o Fundo de Manuteno e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorizao do Magistrio. Disponvel em: . Acesso em: 19 fev. 2009. __________. Ministrio da Educao. Conferncia Nacional de Educao - CONAE. Construindo o Sistema Nacional articulado de Educao: o plano nacional de educao, diretrizes e estratgias de ao. Documento final. Secretaria Executiva e Adjunta. Disponvel em: http://conae.mec.gov.br/ acesso junho de 2010. CHAUI, Marilena. A universidade Operacional. Folha online 9/05/1999. Caderno Mais! Disponvel em: http://www.folha.uol.com.br. Acesso em julho 2006. CONTRERAS, Jos. A Autonomia de professores; trad: Sandra Trabucco Valenzuela. So Paulo: Cortez, 2002. DALE, Roger e ROBERTSON, Susan. Pesquisar a educao em uma era globalizante. Educao e Realidade, p. 347-363, 2011.

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    DALE, Roger. Globalizao e educao: demonstrando a existncia de uma cultura educacional mundial comum ou localizando uma agenda globalmente estruturada para a educao. Educao e sociedade, v. 25, n. 87, p. 423-460, 2004. FAIRCLOUGH, Norman. Discurso e mudana social. Coordenao de traduo: Izabel Magalhes. Braslia: Editora Universitria de Braslia, 2001. FONSECA, Marlia. O Banco Mundial como referncia para a justia social no terceiro mundo: evidncias do caso brasileiro. Rev. Fac. Educ., Jan./Jun. 1998, vol.24, no.1, p.37-69. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Paz e Terra.1996. GADOTTI, Moacir. Pressupostos do projeto poltico-pedaggico. In: MEC, Anais da Conferncia Nacional de Educao para todos. Braslia, 1994. MARTINS, ngela Maria. A descentralizao como eixo das reformas do ensino: Uma discusso da literatura. Educ. Soc. Campinas, v. 22, n. 77, 2001. MOURA, Arlete Pereira. Qualidade total e qualidade social: impactos para um novo ensino fundamental. UFRN, Natal: 2001. ___________, Desregulagens nas polticas do conhecimento oficial. In: PEREIRA, Maria Zuleide da Costa; MOURA, Arlete Pereira (Orgs), Polticas educacionais e (re)significaes do currculo. Campinas, SP: Alnea, 2006. POPKEWITZ, T. S. Reforma educacional: uma poltica sociolgica. Poder e conhecimento em educao. Trad. Beatriz Affonso Neves. Porto Alegre: Artes Mdicas, 1997. SAVIANI, Dermeval. A Superviso educacional em Perspectiva Histrica: da funo profisso mediada pela ideia. In FERREIRA, Naura S. C.(org). Superviso Educacional para Escola de Qualidade: da formao ao. So Paulo: Cortez, 1999. YOUNG, Michael. Currculo e democracia: lies de uma crtica "nova sociologia da educao". Educao & Realidade, v.14, n.1, p.29, 1989.

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    - IV -

    DIRETORES DE ESCOLA, OS DESAFIOS DE UMA BASE COMUM E O CURRCULO EM

    CONSTRUO

    Beatriz de Basto Teixeira Cssia do Carmo Pires Fernandes

    INTRODUO

    Este trabalho apresenta as respostas de 3483 diretores de escola em Minas Gerais a um survey em que foram perguntados sobre como a proposta curricular de suas escolas elaborada, quem participa desse processo, como eles mesmos atuam frente a essa tarefa eminentemente pedaggica e a que fontes recorrem para a construo do currculo escolar, alm da opinio sobre um currculo comum.

    Os Parmetros Curriculares Nacionais (PCN) foram elaborados e seguiram como uma orientao curricular que redes de ensino e escolas adotariam ou no conforme seu prprio juzo. Mesmo que o Plano Nacional de Educao (PNE), aprovado em janeiro de 2001, apresentasse como uma meta para o ensino fundamental que as escolas, no prazo de trs anos da sua publicao, formulassem projetos pedaggicos baseados na proposta curricular do Ministrio da Educao (MEC), no se pode atribuir a isso um carter de obrigatoriedade dada a um currculo nacional brasileiro.

    Observa-se que, passado o perodo de implementao dessa poltica, houve um silenciamento acadmico e governamental sobre a discusso e a proposio de orientaes curriculares mais gerais. Carlos Roberto Jamil Cury afirma, em entrevista concedida a Marques e Silva (2012, p. 10), que teria havido um erro de avaliao, da parte da crtica universitria, quanto apropriao dos PCNs, pois, eles foram uma presena rara da Unio na oferta de material

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    curricular e estariam sendo substitudos pelos kits pedaggicos. Ainda diante da ausncia de orientaes curriculares mais gerais para as redes de ensino, alguns estados, incluindo Min