josé marques luiz - poesias

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O Ervateiro José Marques Luiz Numa manhã como tantas, Sem sol e sem nevoeiro, O asfalto sujo de lixo, Com aspecto de chiqueiro, Quem surgiu antes do sol, Viu que sumiu o ervateiro! II Serraram os pés da Estátua, Sinal de toda a labuta De homens valentes da história Que viveram nessa luta De extrair erva nativa Do meio da mata bruta. III Foi numa noite azarada De inspiração do capeta Que o cão mandou que no CAM Se preparasse a carreta, O grupo destruidor, A motosserra e a marreta. IV Tombado o pobre Ervateiro, Já traçada a triste sina, Sob as estrelas chorando, Ao clarão da lua albina, Aos entulhos foi lançado, Nos fundos de uma oficina!

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Page 1: José Marques Luiz - Poesias

O Ervateiro

José Marques Luiz

Numa manhã como tantas, Sem sol e sem nevoeiro,O asfalto sujo de lixo,

Com aspecto de chiqueiro,Quem surgiu antes do sol,Viu que sumiu o ervateiro!

II

Serraram os pés da Estátua,Sinal de toda a labuta

De homens valentes da históriaQue viveram nessa lutaDe extrair erva nativa

Do meio da mata bruta.

III

Foi numa noite azaradaDe inspiração do capeta

Que o cão mandou que no CAMSe preparasse a carreta,

O grupo destruidor, A motosserra e a marreta.

IV

Tombado o pobre Ervateiro,Já traçada a triste sina,

Sob as estrelas chorando,Ao clarão da lua albina,

Aos entulhos foi lançado,Nos fundos de uma oficina!

V

Page 2: José Marques Luiz - Poesias

Houve protestos severosDe artistas, de historiadores,

Do povo que estremeceuCom aquela cena de horrores,Enquanto os puxas do CAM

Desmanchavam – se em louvores

VI

Pra acalmar o povo aflitoE aplacar a crueldade,

O CAM prometeu na imprensaReparar toda a maldade,Recolocando o Ervateiro

Num dos parques da cidade.

VII

Como em conversa do CAMJá pouca gente acredita,

Deu no que deu a promessaQue as mentes já não agita,

O Ervateiro está jogadoNuma sujeira maldita!

VIII

“Que a história vá para o inferno,Que a arte fiquei acolá!”

É Assim que pensa essa genteQue o cão inspira por cá,

Ninguém mantenha esperançaQue a estatua saia de lá!

IX

Promessas é que se viuNos meses da eleição,

Mas tudo se abandonouNo exercício da gestão,

Destruiu-se , degradou-se,O abraço virou traição.

X

Page 3: José Marques Luiz - Poesias

Pobre gente aflita aguardaQue o tempo passe ligeiro,

Que a banda Lira retorne,Quando houver um timoneiro

Neste barco hoje à deriva,Já na sina do Ervateiro!

José Marques LuizAdvogado – Professor

Email: [email protected]