jtl v05n02p06
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The Journal of Transport Literature ©2014 | BPTS | Brazilian Transport Planning SocietyTRANSCRIPT
Palavras-Chave: transporte de carga, transporte aéreo, alternativa de transporte, segurança e rapidez.
Key words: cargo transportation, air transportation, alternative of transportation, safety and speed.
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Abstract
In this work was done an analysis based on direct costs of air transportation as an alternative to road freight transport under
certain conditions, such as large number of toll and uncertain security conditions due to theft of cargo on route and arrive
destination due to poor conditions of Brazilian highways. Despite showing higher costs, air transportation has additional
advantages of being faster, secure and reliable. Also, it was done some considerations about the origin, destination and
frequency of loads by range of short, medium and long distances.
Batti, D. A. B. and Faria, C. A. (2011) Transporte aéreo - uma alternativa ao transporte rodoviário de cargas. Journal of Transport
Literature, vol. 5, n. 2, pp. 92-105.
Douglas Amaury Bez Batti, Carlos Alberto Faria
Resumo
Neste trabalho foi feito uma análise com base nos custos diretos do transporte aéreo como uma alternativa ao transporte
rodoviário de carga sob determinadas condições tais como, número expressivo de pedágios e incerteza quanto às condições de
segurança devido ao roubo de cargas durante o percurso e em chegar ao destino devido as condições precárias das rodovias
brasileiras. Apesar de apresentar custos maiores, o transporte aéreo tem vantagens adicionais por ser mais rápido, seguro e
confiável. Nesse estudo foi feito algumas considerações com relação a origem, destino e frequencia das cargas segundo faixas de
distancias curtas, médias e longas.
This paper is downloadable at www.transport-literature.org/open-access.
■ JTL|RELIT is a fully electronic, peer-reviewed, open access, international journal focused on emerging transport markets and
published by BPTS - Brazilian Transport Planning Society. Website www.transport-literature.org. ISSN 2238-1031.
* Email: [email protected].
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Journal of Transport Literature
Submitted 10 Jan 2011; received in revised form 22 Jan 2011; accepted 31 Jan 2011
Vol. 5, n. 2, pp. 92-105, Apr. 2011
Transporte aéreo - uma alternativa ao
transporte rodoviário de cargas
[Air transportation - an alternative to road transportation of cargo]
Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Brazil
B T P SB T P SB T P SB T P S
Brazilian Transportation Planning Society
www.transport-literature.org
JTL|RELITJTL|RELITJTL|RELITJTL|RELIT
ISSN 2238-1031
1. Introdução
Um dos indicadores do desenvolvimento da economia de um país é a matriz de transportes
que deve apresentar um equilíbrio no uso das modalidades de transportes em função da área
geográfica e da disponibilidade de bons rios para a navegação. A matriz brasileira de
transportes ainda apresenta predominância da modalidade rodoviária registrando mais de 60
% participação no transporte de carga. Além disso, dois pontos merecem destaque, a idade
média da frota dos veículos de carga é extremamente alta e as condições de manutenção do
pavimento das rodovias são precárias.
A falta de equilíbrio no uso das modalidades de transportes tem gerado cada vez mais
dependência no transporte rodoviário de carga penalizado o custo de vida da população
devido ao maior custo de transportes, sobretudo pelas longas distâncias viajadas (Erhart e
Palmeira, 2006).
Especialmente na região sudeste devido ao elevado número de roubos de cargas e a concessão
das rodovias que cobram valores expressivos nas praças de pedágios, o transporte aéreo
aparece como uma alternativa no transporte de carga. Os requisitos de confiabilidade,
capacidade de transporte, freqüência, rapidez e segurança dentre outros também devem ser
considerados.
Por outro lado, o transporte aéreo pode desempenhar funções estratégicas como a promoção
do desenvolvimento social e econômico. Nos países desenvolvidos e com ampla superfície
territorial, Spill (1973 apud GALLO, 2006) apresenta o transporte aéreo com a importante
função de complementar os transportes terrestres. Nos países subdesenvolvidos, onde as
barreiras geomorfológicas podem impedir a construção de infra-estrutura terrestre de
transportes (ferrovias e rodovias), o transporte aéreo pode suprir as carências e contribuir na
estruturação territorial e ocupação dos espaços.
Em geral, cada modalidade de transportes tem seu domínio de utilização por oferecer
vantagens na movimentação de cargas com relação aos fretes cobrados para determinados
produtos. Além disso, existem outros fatores intervenientes mais consistentes com as
necessidades dos clientes que também podem tornar determinadas modalidades de
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transportes, mais ou menos atrativos no processo de escolha. A seguir, será apresentado
algumas características operacionais das modalidades rodoviária e aeroviária no transporte de
carga.
2. Modalidade rodoviária
O transporte rodoviário de cargas (TRC) tem grande flexibilidade por ser a única modalidade
que pode realizar o transporte de porta a porta. Além disso, integra-se facilmente com as
demais modalidades de transportes e apresenta maior viabilidade econômica para pequenas
distâncias de viagem. Detém a maior participação na matriz de transportes no Brasil sendo
responsável por aproximadamente, 60 % da carga movimentada em toneladas x km, em nosso
País, conforme pode ser verificado na Figura 1. A idade média da frota, perto de 20 anos,
conforme previsão na Figura 2, é fator preocupante.
Figura 1: Matriz de transporte de cargas no Brasil.
Fonte: ANTAQ (2003)
Figura 2: Evolução da idade média da frota brasileira.
Fonte: COPPEAD (2002)
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Em pesquisa realizada pela CNT (2006), em 84.382 km de vias cujo estado geral está
apresentado na Tabela 1, observa-se que apenas 25,0 % do total apresentam condição ótima
ou boa, enquanto que em 75,0 % a condição vai de regular a péssimo.
Tabela 1: Estado de conservação das rodovias.
Estado geral km % Acumulado
Ótimo Bom Regular Ruim Péssimo
9.097 11.991 32.410 20.561 10.323
10,8 14,2 38,4 24,4 12,2
25,0
75,0
Total 84.382 100,0 100,0 Fonte: CNT (2006).
Segundo a COPPEAD (2002), no Brasil o número de mortes por quilômetro de rodovia varia
de 10 a 70 vezes mais que nos países desenvolvidos (como por exemplo, na Itália e Canadá,
respectivamente). Além da perda de inúmeras vidas, esse número provoca um grave problema
social, pois atinge diretamente o sistema de saúde. Esta situação tem relação direta com a
condição de conservação das rodovias.
3. Modalidade aérea
Em termos de velocidade, a modalidade aérea é a mais veloz. Considerando o tempo gasto
com os serviços de entrega, a modalidade aérea é vantajosa para distâncias médias e longas.
Além da velocidade, a segurança e comodidade também são fatores que se destacam na
modalidade aeroviária. Devido ao maior custo de transporte é mais adequada para o transporte
de mercadorias de alto valor agregado e produtos perecíveis (Calabrezi, 2005).
Um dos principais motivos do crescimento do setor aéreo deve-se ao comércio via internet
com predominância de produtos e peças frágeis, peso e volume pequenos, mas de alto valor
agregado, o comércio eletrônico encontra no transporte aéreo um forte aliado (Alban, 2002).
O alto custo de operação das aeronaves cargueiras exige grandes volumes de carga para
viabilizar economicamente o transporte aéreo (Figueiredo, 2005).
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No Brasil, o transporte aéreo tem movimentado aproximadamente 0,31 % das cargas e 2,45 %
do total de passageiros e esse volume tem crescido, gradativamente, com a economia a partir
de 1994. Conforme previsões da Boeing Corporation (2001), o movimento de carga aérea
crescerá mais rápido que o tráfego de passageiros e as previsões para os próximos vinte anos é
que o movimento de carga aérea no mundo mais que triplique no período de 1990 até 2015,
como pode ser observado na Figura 3.
RTK= Revenue Ton Kilometer (Receita em tonelada x Quilômetro)
Figura 3: Expectativa de crescimento do tráfego aéreo mundial de cargas.
Fonte: BOEING apud BNDES (2001, p.6).
O Brasil, por suas dimensões continentais, apresenta grande potencial para o desenvolvimento
do transporte aéreo. Os quatro principais centros econômicos: Porto Alegre, São Paulo, Rio de
Janeiro e Belo Horizonte distam entre si mais de 500 km, sem nenhuma alternativa ferroviária
de alta velocidade (Alban, 2002). A rota entre a Zona Franca de Manaus e São Paulo
apresenta fluxo predominante em sentido único, apesar de contar com ligações para
importações e exportações. Estima-se que o mercado de carga aérea tem capacidade para
escoar da ordem de 2,7 milhões de toneladas por ano.
4. Custos de transporte
Na engenharia de custos unitários, os componentes de custos podem ser classificados em
fixos e variáveis. Os custos fixos incidem em base de tempo e não variam proporcionalmente
ao nível de produção, enquanto que os custos variáveis incidem em base de distância e variam
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conforme o volume de serviço realizado. Segundo Wanke (2007), os custos fixos são mais
sensíveis ao transporte de commodities e/ou cargas de baixo valor agregado, enquanto que os
custos variáveis quando mais elevados forem, refletem operações em que os prazos de entrega
sejam prioridades e os produtos devem, portanto, apresentar maior valor agregado.
Em termos gerais, os custos fixos podem atingir até 36% do faturamento na modalidade
ferroviária, 23% na modalidade rodoviária e 17% na aérea enquanto que os custos variáveis,
no transporte aéreo atingem até 70%, no rodoviário até 48% e 45% nas ferrovias (De Negri e
Kubota, 2006).
Segundo Wanke (2007), dentre os vários fatores que afetam o custo do transporte de cargas
podem ser destacados os seguintes:
1. do ponto de vista do produto: volume, peso, condição de manuseio para carga/descarga,
sazonalidade, etc.
2. do ponto de vista do transporte: distância, tempo de viagem, capacidade de carga do
veículo, riscos de manuseio e durante a viagem, freqüência, etc..
Os componentes dos custos fixos (depreciação e remuneração do veículo, seguro obrigatório,
despesas com pessoal, de manutenção do veículo, etc) e dos custos variáveis (combustível,
óleos e lubrificantes, despesas com a rodagem, etc) são amplamente conhecidos e existem
manuais para auxiliar nos cálculos. A seguir estão detalhados os cálculos do custo fixo e
variável e do frete-peso do transporte rodoviário e, também, do frete aéreo.
4.1 Modalidade rodoviária
Como o objetivo é de obter uma medida de comparação entre os fretes cobrados pelas
transportadoras rodoviárias de cargas, foi utilizado o método de cálculo do custo operacional
apresentado pela NTC (2001) no “Manual de Cálculo de Custos e Formação de Preços do
Transporte Rodoviário de Cargas”. Adotando a classificação em relação à distância
percorrida, os componentes do custo estão apresentados nas Equações 1, 2, 3, 4 e 5, a seguir:
- Custo fixo mensal: CF = RC + DV + DE + SM + SO + LC + SV + SE + RCF (1)
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onde: RC é a remuneração do capital DE é a depreciação do veículo SM é o salário do motorista SO é o salário do pessoal de oficina LC é o licenciamento SV é o valor do seguro do veículo SE é o valor do seguro do equipamento RCF é o valor do seguro de responsabilidade civil e facultativo
- Custos variáveis por km: CV = PM + DC + LB + LG + PR (2)
onde:
PM são os gastos com peças, acessórios e manutenção DC é o gasto com combustível LB são os gastos com lubrificantes do motor e da transmissão LG são os gastos com a lavação do veículo PR são os gastos com pneus e recauchutagem
- O frete-peso é calculado com base na Equação 3:
(3)
onde: F é o frete-peso (R$/tonelada) X é a distância de percorrida em km A é o custo do tempo de espera durante a carga e descarga (R$/tonelada) B é o custo de transferência (R$/t.km) DI são as despesas indiretas (R$/tonelada) L é a taxa de lucro operacional adotada (%)
O fator A (custo do tempo parado para carga e descarga) e o fator B (custo de transferência
por ton x km) foram calculados, respectivamente, pelas Equações 4 e 5:
(4)
(5)
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onde: CF são os custos fixos (R$/mês) Tcd é o tempo de carga e descarga (horas) H é o número de horas trabalhadas por mês CAP é a capacidade de carga utilizada do veículo (toneladas) CV é o custo variável (R$/km); V é a velocidade (km/h).
4.1 Modalidade aeroviária
Muitas variáveis podem afetar os custos de propriedade e operacional das aeronaves
comerciais. Os dados podem estar referenciados em diferentes períodos de tempo e os
fabricantes podem ter utilizados hipóteses diferentes para elaborar as estimativas (Conklin e
de Decker, 2008). Segundo estudo apresentado pela Skyaid Organization (2001), os custos
operacionais diretos de uma aeronave estão divididos percentualmente conforme apresentado
na Tabela 2. Essa análise de custos é resultado de estudo feito com quatorze aeronaves
modernas, com mais de 50 assentos, realizando vôos de 300 milhas náuticas.
Tabela 2: Custos diretos de operação
Componentes do custo (%)
Combustível Taxas de aterrissagem Taxas de navegação Salário da tripulação Manutenção Aluguel / propriedade Seguro de casco
14 15 11 10 15 33 2
Fonte: Skyaid Organization (2001)
Conforme Oliveira (2007), o setor aéreo apresenta características de processo produtivo no
qual uma parcela considerável dos insumos é obtida a partir de importação ou têm seus preços
referenciados no mercado internacional, como por exemplo, os preços de aquisição,
arrendamento e seguros das aeronaves, combustível e peças para manutenção. Desse modo, os
custos ficam intrinsecamente vinculado às variações da taxa de câmbio.
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4. Estudo de caso
O presente estudo simula o transporte de um lote de 20 toneladas de produtos eletrônicos e
cigarros, com origem na cidade de Uberlândia e destino em importantes cidades brasileiras
distantes entre 420 – 4.000 m, aproximadamente, conforme descrito na Tabela 3.
Tabela 3 – Ligações entre Uberlândia e os destino.
Destino UF Distância
(km)
Brasília Belo Horizonte São Paulo Rio de Janeiro Florianópolis Porto Alegre Salvador Recife Fortaleza Rio Branco Manaus
DF MG SP RJ SC RS BA PE CE AC AM
420,90 538,40 614,90 915,70
1.272,80 1.671,70 1.629,80 2.293,50 2.757,30 3.109,00 3.945,50
O parâmetro para a escolha do modo de transportes é o custo total de viagem desde a origem
até o destino, ou seja, o custo de porta-a-porta. Em condições de custos totais muito
homogêneos, a decisão de escolha pode considerar outros atributos como segurança, rapidez,
confiabilidade e disponibilidade. Isso pode contribuir para que outras modalidades de
transportes possam estar inseridas em horizontes de médio e longo prazo como alternativas ao
transporte rodoviário de cargas.
Nesse estudo foram consideradas as seguintes aeronaves: (1) condição All cargo: Boeing 727-
200F e (b) condição Full Pax: Airbus A320 e Boeing 737-300, que são utilizadas pelas
companhias aéreas que atuam no aeroporto de origem (Uberlândia, MG). Nas aeronaves Full
Pax o compartimento de cargas é ocupado pela bagagem dos passageiros e o espaço restante
disponível é destinado à carga. Esse volume apresenta capacidade para transporte de 3 a 6
toneladas de carga por viagem. Em vôos fretados, a escolha da aeronave depende da
disponibilidade das companhias e da infraestrutura aeroportuária.
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Como requisito básico, as transportadoras deveriam estar situadas em Uberlândia (MG) e as
cotações foram feitos por telefone e internet. Caso a empresa concordasse em participar da
pesquisa, era marcada uma entrevista ou enviada planilha de cotação de custos por meio
eletrônico, a critério do entrevistado. As empresas estão identificadas por siglas, sendo
Empresa Rodoviária (ER) que receberam as designações ER1 e ER2 e Empresa Aeroviária
(EA) com as designações EA1 e EA2 que operam aeronaves configuradas no modo Full Pax.
A designação EA3 refere-se à empresa operando aeronave exclusivamente cargueira. Para
efeito prático, o custo do transporte nas condições especificadas neste trabalho, foi dividido
em três segmentos conforme a distância percorrida: percurso curto (até 1.000 km), percurso
médio (de 1.000 a 2.000 km) e percurso longo (de 2.000 a 4.000 km).
A Figura 4 mostra que, nas rotas curtas, as curvas de custos apresentam comportamentos
similares em ambas as modalidades de transportes; mas nas rotas de média e longa distância,
os custos da modalidade aérea crescem de forma mais acentuada do que na modalidade
rodoviária. Na Tabela 4 estão apresentados os fretes rodoviário e aéreo e a relação de
proximidade entre os valores.
Figura 4: Custo x distância percorrida.
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Tabela 4: Fretes das transportadoras.
Distância de
viagem (km)
ER2
(R$)
EA1
(R$)
EA2
(R$)
EA3
(R$)
ER2/EA1
%
ER2/EA2
%
ER2/EA3
%
0 - 500* 21.262,70 38.733,33 40.166,67 29.308,15 54,90 52,94 72,55
24.615,20 39.533,33 30.166,67 41.042,73 62,26 81,60 59,97
501 - 1.000* 26.844,70 43.533,33 34.166,67 45.145,73 61,66 78,57 59,46
33.747,10 58.333,33 46.166,67 59.013,87 57,85 73,10 57,19
1.001 - 1.500 36.909,20 113.733,33 84.166,67 79.200,63 34,13 46,12 49,01
1.501 - 2.000* 37.507,55 131.933,33 96.166,67 104.721,29 30,33 41,61 38,21
39.444,70 153.533,33 76.166,67 104.064,81 27,28 55,00 40,25
2.001 - 2.500 43.440,25 175.933,33 96.166,67 156.665,27 26,65 48,75 29,92
2.501 - 3.000 49.135,95 190.733,33 100.166,67 163.886,55 27,93 53,18 32,51
3.001 - 3.500 57.798,10 240.533,33 166.166,67 194.905,23 26,74 38,71 33,00
3.501 - 4.000 63.550,95 235.733,33 160.166,67 178.821,47 30,47 44,85 40,17
Obs: * os valores diferentes do frete referem-se a trechos com mesma origem porém com destinos diferentes.
O fato de centros como Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro estarem localizados em
raio da ordem de 1.000 km (rotas curtas), a existência de diversas praças de pedágios, o
número elevado de roubos de cargas, e conseqüentemente maiores gastos com monitoramento
e segurança, faz com que os custos da modalidade rodoviária sejam muito próximo aos da
modalidade aérea.
Nas rotas de média e longa distância, onde os pedágios são mais reduzidos e, também, contam
com menor número de roubos de carga, observa-se que o crescimento do custo de transporte
na modalidade rodoviária é mais reduzido, portanto, aumenta a diferença do custo entre as
modalidades. Tomando como base os fretes das transportadoras rodoviárias e comparados
com o valor da carga-padrão, verificou-se que, de modo geral, o custo de transporte é
proporcional à distância viajada. Nota-se, que na faixa de distância de 0 – 500 km o valor
cobrado pela ER2 representa 72,55 % do valor cobrado pela Empresa Aérea 3 (EA3) e 81,60
% do valor cobrado pela Empresa Aérea 2 (EA2); na faixa de distância de 501 – 1.000 km
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esse valor chega a 78,57 %. O frete rodoviário é sempre inferior ao frete aéreo. Porém, caso
haja regularidade de demanda é possível no fretamento de aeronaves reduzir os custos de
forma a ficarem bem mais atrativos que o frete rodoviário. O problema continua sendo o
prazo de entrega que no transporte aéreo são mais atrativos em distâncias mais longas, ou
seja, acima de 2.500 km.
Conclusões
A análise realizada comprova ainda a vantagem da modalidade rodoviária. A pequena
demanda de carga considerada nesse estudo limitou a viabilidade do transporte aéreo.
Todavia, algumas ações têm sido realizadas para aumentar a utilização de aeronaves no
transporte de cargas. Com relação à segurança, destaque especial para a modalidade
aeroviária, cujos valores com seguros são consideravelmente menores comparados aos da
modalidade rodoviária. No quesito rapidez considerando o tempo de viagem de porta-a-porta,
a modalidade rodoviária é mais eficiente nas rotas de curtas distâncias; nas médias e longas
distâncias, destaque para a modalidade aérea, principalmente se for utilizado vôos fretados.
Finalmente, a freqüência em ambas as modalidades de transporte é considerada boa, pois têm
regularidade, apesar da pequena capacidade de carga da modalidade aera por utilizar
aeronaves full pax. A grande vantagem nas rotas de curtas distâncias é para o fretamento
aéreo cujo valor do frete pode ser negociado com ampla vantagem nos casos de demanda
crescente.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de Minas Gerais
(FAPEMIG) pelo apoio recebido para o desenvolvimento deste trabalho.
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