juciane araldi educacao vocal para coral...

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JUCIANE ARALDI EDUCACAO VOCAL PARA CORAL INFANTO JUVENIL PRINCiPIOS METODOLOGICOS Monografia apresenlada como requisito parcial a conclUSBo do curso de Especializa9ao em Metodologia do Ensino em Artes da Universidade Tuiuti do Parana. Orientador: Prof. Evandro de Freitas Gauna. CURITIBA 2000

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JUCIANE ARALDI

EDUCACAO VOCAL PARA CORAL INFANTO JUVENIL

PRINCiPIOS METODOLOGICOS

Monografia apresenlada como requisito parcial aconclUSBo do curso de Especializa9ao emMetodologia do Ensino em Artes da UniversidadeTuiuti do Parana.

Orientador: Prof. Evandro de Freitas Gauna.

CURITIBA

2000

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SUMARIO

RESUMO ...

INTRODUr;:Ao .

cAPiTuLo I - A PRAXIS VOCAL ...

1.1 A FORMAr;:Ao DE UM CORAL ..

1.20 CANTO CORAL E A HISTORIA ....

1.30 CANTO CORAL NO BRASIL..

1.4 ESTRUTURAr;:AO DE UM CORAL..

.. ix

. 10

. 14

. 19. .20

........................................................ 22

..................................... .25

CAPiTULO 11- A VOZ E A VIDA ...

2.1 AS CARACTERisTICAS DAS MANIFESTAcOES VOCAlS

22 A CORRELAr;:Ao ENTRE A VOZ E A EMOcAo ..

2.3 A VOZ E 0 CANTO ...

CAPiTULO III - EDUCAr;:Ao VOCAL ..

3.1 FISIOLOGIA VOCAL. ..

...... 28

.............. 30

. 32

. 35

. 37

. 393.2 HIGIENE VOCAL .41

3.3 A VOZ E A IDADE...... . ..45

3.4 0 TRABALHO VOCAL EM GRUPO... ..47

3.5 RELATOS DE EXPERIENCIA 51

CAPiTULO IV - PRINCiPIOS METODOLOGICOS ....

4.1 DESCONTRACAO

4.2 RELAXAMENTO ...

4.3 RESPIRACAo

4.4 ARTICULAr;:Ao E RESSONANCIA ..

..55

.....57

.....58

.......60

. 66

4.5 VIBRAr;:AO 70

4.6 CONSIDERAcOES SOBRE 0 AQUECIMENTO VOCAL 71

4.7 OS GESTOS MUSICAlS E A VOZ ...

CONSIDERAr;:OES FINAlS ..

. 71

. 73

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ANEXOS ...

ILUSTRAC;;Ao 1..

ILUSTRAC;;Ao 2.

ILUSTRAC;;AO 3.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ....

..76

..77

........ 78

..79

. 80

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RESUMO

Observando 0 quanta a pratica cora! e benefica e 0 quanta vern sendo utilizada,principalmente nas escolas, tern-S8 nesta pesquisa uma abordagem sobre amateria prima do canto, a voz, com enfoque a pn:itica coral infanta juvenil. Nointuito de contextualizar a voz em seus diferentes aspectos, para que a mesmaseja vista e entendida sob urn ponto de vista anatomofisiol6gico interligado com acarga emocional, no seu direcionamento ao canto coral. Partindo da problematicaque naD S8 da a importancia devida aD treinamento vocal, e que os estudosrealizados na faixa eta ria em questeo fazem parte de uma minofia, ficandorestritamente ligados ao canto IifieD e na idade adulta, tem-S8 aqui um estudosabre algumas diretrizes metodol6gicas para a educac;ao vocal no canto coralinfanto juvenil. Ap6s uma pesquisa na area da fonoaudiologia e na area de canto,observando relatos desta equipe multidisciplinar que constjtui 0 professor decanto, 0 cantor, 0 preparador vocal, 0 fonoaudi61ogo e 0 otorrinolaringologista,buscando uma viseo global dos aspectos que envolvem a voz e seudirecionamento para a canto, conclui-se que independente de idade, 0 serhumano ja possui uma predisposiQElo para educar sua voz, ainda que de formaintuitiva, e acreditando nesses fatores que se embasa este estudo, que permiteaos grupos de corais uma forma de interpreta980 vocal mais consciente.

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INTRODU~Ao

U Cantar, e cantar a beleza de ser urn eterno aprendiz" (Gonzaguinha).

A arte do canto remonta de muito5 seculos e ja passou por varias

modific890es. Com 0 canto e passive! ir alem da simples execuyao de uma

cang80 popular a uma aria.

Para muitas pessoas, saber cantar pode ser uma incognita, urn meio de

permanecer em silencio, pois 0 medo de ser taxado como desafinado au de

constatar falhas nesta habilidade neuro-sensitivomotora, faz com que

permanegam eternos ouvintes.

o tema deste estudo esta centrado na sistematizayao de estrategias

basicas para amenizar as angustias e ansiedades infanta juvenis atraves da

pnfltica vocal, alem de fornecer subsidios para a forma9ao musical.

As modalidades do canto e suas tecnicas vocais sao bastante

diversificadas. Cada civilizac;ao desenvolveu seu proprio estilo, de acordo com

sua sensibilidade e com a cultura e tradi<;8o do seu povo. 0 canto sempre

consistiu numa fonte de cultura de primeira importancia nas tradic;oes orais.

Do mito a realidade, 0 canto nunca perdeu sua func;ao pedagogica e nem

o seu poder. Orfeu conseguiu com seu canto e com 0 som de sua lira penetrar no

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II

Hades para encontrar Euridice. Homero tramou, grat;:8S ao canto, a historia e 0

misticismo de Ulisses, Aquiles e Troia.

As atividades de canto em conjunto sao encontradas desde 0 homem

primitiv~, nos rituais das tribos, na tragedia grega, no salmodiar e nas hin6dias

dos cristaos antigos e medievais, nas mais complexas tecnicas dos motetos

contrapontlsticos da Renascem;:a, nas cantatas, paix6es, oratorios e operas do

Barraco ate a atualidade, tendo como base as manifesta90es folcl6ricas e

popuJares.

Par isso, ao participar de um grupo vocal sao colocados em cena muitos

fatores no que diz respeito a voz e 0 seu born usa para este fim, revela-s8

portanto uma necessidade de S8 pensar sobre urn estudo vocal apropriado e

direcionado para os adolescentes e jovens, com intuito de que este trabalho

venha favorecE~-los e evitar-Ihes posteriores disturbios vocais.

oesta forma, a participagao em urn coral vern proporcionar ao individuo

uma serie de beneflcios, pois atraves dele torna-se possivel a aquisiyao da

musicaliza<;:ao e da pratica de trabalho em grupo.

Considerando a voz urn veiculo para as emoyoes do ser humano, os

grupos de corais possibilitam que fatores tais como: a timidez, os traumas

familiares e outros problemas de erdem emocional se torn em notaveis durante a

pratica coral, manifestando-se de forma consciente au incenseiente.

oesta forma, a voz representa a identidade e os sentimentos da pessoa, e

e seu uso no canto deve contar com certas especialidades, principal mente na

idade em que oeorrem mudangas quando a laringe ainda esta em formayao, por

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issa, torna-S8 necessaria urn born conhecimento do aparelho vocal a fim de evitar

e prevenir posteriores problemas causados por tensoes OUmau usa da voz.

Neste senti do, constata-se a importancia de saber usar 0 aparelho vocal,

e a necessidade de uma tecnica vocal adequada aos grupos de corais, e assim

desenvolve-se este trabalho que conta com algumas diretrizes metodol6gicas

sabre 0 processo com um direcionamento especifico a faixa eta ria em questao.

Para tanto, 0 primeiro capitulo desta monografia apresenta 0 estudo da

pratica coral e suas bases sociais, intelectuais e esteticas, com enfoque arealidade do canto coral infanta juvenil em eseelas, de acordo com seus

diferentes objetivos, bern como a melhor forma de direcionar a trabalho a esta

faixa etaria.

o segundo capitulo consta de uma abordagem sobre a voz e suas

caracteristicas emocionais. T rata-se, de todo 0 processo sentimental 80 qual a

voz se insere, estudando as esquemas psicomotores, mentais e corporais

interligados com a mesma.

Para finalizar, 0 terceiro e quarto capitulos apresentam 0 estudo da

fisiologia vocal da faixa eta ria em questeo, com a elaboragao de uma metodologia

adequada para conseguir os objetivos sonoras que 0 canto em grupo idealiza.

Nestes capitulos cons tam relatos de experiencias, realizados pela autora deste

trabalho com integrantes de corais, sendo apresentada, aqui, a sintese do que

tern sido utilizado nesta realidade, para ensinar os adolescentes a can tar sem

preocupac;6es e tens6es vQcais, permitindo fluir uma boa produgao vocal.

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Trata·se assim, de uma pesquisa proveniente de urn trabalho

desenvolvido em corais de uma Escola Particular, onde foi passivel constatar 0

quanta as alunos apresentam duvidas quanta ao funcionamento do aparelho

vocal e seu usa no repertorio musical, apresentando falhas no toeante a emissao

da voz e dicc;ao, alem de manifestar sensac;6es de cansac;o ap6s urn determinado

periodo de ensaio. Dentro desta realidade, foram realizados alguns exercicios

para a educ8<;80vocal para 0 canto em grupo e como resultado observaram-se

avanc;os no desempenho vocal dos integrantes.

oesta forma, pode-s8 concluir que torna-S8 imprescindivel aDs grupos de

corais prezarem par uma boa educ8c;ao vocal, para tanto, faz-s8 necessario if de

encontro aos anseios dos alunos de maneira ludica, fadl e pratica,

proporcionando-Ihes momentos de alegria e satisfa9ao com 0 canto. Diante deste

contexto, a presente pesquisa pretende contribuir como urn suporte aos regentes

de corais, sugerindo material de facil utiliza9ao e orientando como buscar

caminhos para atingir os objetivos da pratica coral.

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CAPiTULO I

A PRAXIS VOCAL

o ato de cantar e vista par muitas pessoas como urna pratica nata, na

qual somente quem e privilegiado pode desenvolver, porem, contradizendo este

pre-conceito, a cada dia cresee a preocupaC;6o das pessoas em trabalhar sua

musicalidade, quer seja par prazer au par necessidade de profissionais que

utilizam demasiadamente a voz. Neste contexto, percebe-se urn aumento na

participac;ao em carais e oportunamente a adesao 80 Videoke, considerado par

alguns como urna forma prazerosa de aprimoramento musical e grande atra~o

neste final de sEkulo.

No que diz respeito ao canto em grupo e a sua prEttiea, muitos estudos ja

(oram realizados e ainda existe margem para inumeras pesquisas, principalmente

quando S8 deseja formar urn coral. Certamente, aparecem muitos

questionamentos sobre a forrna9ao do mesmo e 0 procedimento necessario para

fazer musica par meio do canto.

A fun9ao do canto na vida das pessoas, muitas vezes assume roupagens

diferentes, par exemplo, em Sao Paulo a pSiccoterapeuta Adelina Renno, apos

trabalhar varios anos com Coral Infantil resolveu buscar urn aperfei90amento na

Alemanha e 18 conheceu uma tecnica denominada Cantoterapia, criada no inicio

do seculo pela cantara lirica sueca Valborg Werbeck Svardstrom.

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A Cantoterapia funciona como urn desbloqueio psiquico desde a

respirar;ao, ista ocorre desde 0 momento em que 0 adulto deixa a respirar;ao

costo-diafragmatica, utiliza a musculatura de ombros ate 0 seu meio de expressao

que e a emissao vocal. Segundo a psicoterapeuta, a canto funciona como urn

meio para S8 soltar, neste processo 0 instrumento e 0 corpo e 0 musico, que e a

alma, deve mante-Ia afinado,

Esta tecnica ja apresentou climos resultados, porem nela 0 canto

funciona como urn agente motivador, muito diferente da sua fun<;ao na pratica

coral, e e islc que deve estar bern claro aqueles que trabalham com 0 coro, seja

ele adulto au infanti!. Se 0 objetivo e 0 estetico, e preciso motivar as coralistas

para que sintam a music8.

Neste contexto, 0 professor de canto nao e urn terapeuta e sim urn

instrutor e motivador, e para assumir esta fun9aO, precisa estar em sintonia com 0

mundo do canto, desde a forma de vibra~o das pregas vocais ate as notas

musicais que vao soar aos ouvintes.

Esta preocupa9ao em fazer musica nao e tema apenas desta pesquisa,

muitas dessas foram feitas em outros locais, porem cada uma com enfoques e

objetivos diferentes, sempre visando 0 born usa do aparelho vocal na pratica

cora!. A titulo de contextualiza9ao, e importante ressaltar aqui algumas destas

pesquisas, cujo enfoque e a praxis vocal, au seja, a teoria e pratica de uma boa

educar;ao vocal e 0 seu direcionamento apropriado ao canto coral.

No Rio Grande do Sui, as professoras Leda Osorio Marsico e Vera Regina

Pilla Cauduro sislernatizararn urna pesquisa ern escolas de 1° Grau, invesligando

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1(,

o ensina do canto nestas instituic;6es e verificando 0 seu nivel tecnico. Dentre as

objetivos da pesquisa, uma das finalidades foi "chamar a aten<;ao dos educadores

para a necessidade de delimitar 0 campo dentro do qual a voz possa desenvolver-

S8 naturalmente, de modo a passar pel a muda vocal e atingir a plenitude da voz

adulta sem perturba¢es" (MARSICO e CAUDURO, 1978, p. 13)

Para discorrer sabre 0 tema, as autoras abordaram tapicos importantes

que explicam todas as etapas de fona<;ao, as registros e as cavidades de

ressonancia, a tessitura e a extensao vocal, bern como a classificaC;8o das vozes

e a sua educaC;8o para 0 canto em grupo.

Avaliando esta pesquisa, nota-s8 a importancia de S8 ter uma base do

funcionamento do trato vocal, para a partir disto, desenvolver 0 trabalho de canto

em grupo verdadeiramente consistente, com objetivos definidos tornando-se clara

a preocupagao com esta materia prima muitas vezes tida como simples, porem

muito complexa que e a voz.

Verificando este interesse em uma pratica Coral saudavel, 0 SESC de

Sao Paulo, em parceria com varios profissionais da area vocal - regentes,

cantores, professores de canto, fonoaudi61ogos - publicaram recentemente 0 livra

Canto, canc;ao, cantoria, contendo um material elaborado as pessoas que tern

interesse em montar uma coral infantil em sua comunidade.

Sao abordados neste livra, a qual funciona como um manual, todos as

passos para formar um Coral Infantil, desde 0 numero de participantes, faixa

eta ria ate a escolha de repertorio, andamento dos ensaios e preparagao para

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apresenta90es. 0 livre apresenta uma linguagem acessivel e objetiva, nele pode-

se perceber a grande conscientiz89E10 sabre a importancia de conhecer 0 material

vocal do cora e nao apenas cantar pelo simples prazer de cantar.

Sendo assim, esta conscientiz8ry8o deveria estar incutida em todos

aqueles que trabalham nesta area, param, sabe-S8 que na realidade nao e bern

assim que acontee8. Analisando estes fatares e ap6s algum tempo de experiemcia

no trabalho de canto coral infanta juvenil, foi verificado um novo panorama sabre

esta necessidade de estimular as cuidados com a voz e a sua adequ8ryEio ao

trabalho do COrD.

A ideia originaria deste estudo nao e a de formar regentes psicologos e

muito menDS fonoaudi6logos, uma vez que ja existem profissionais alta mente

qualificados nesta area, mas sim dar ao regente 0 suporte basico para 0 mesmo

saber ate onde deve chegar, e em qual momento deve encaminhar seus alunos a

outros profissionais.

Percebe-se que ao entrar em urn coral, 0 indivfduo chega como se nao

fosse muito diferente de cantar em casa, acompanhando a TV, 0 radio e outros

meios, porem, no decorrer dos ensaios comec;a a sentir a falta ar em algumas

frases ou entao, sensac;6es desconfortaveis ap6s 0 prolongado uso da voz,

concluindo a partir disso, que precisa dominar melhor 0 aparelho vocal, uma vez

que 0 seu dominio e constatado pela necessidade de aprender a cantar.

No entanto, esta consciencia, apos uma verifica~o, nao e vista com

muita relevancia por alguns coralistas, que par vezes insistem em cantar do jeito

que sempre cantaram, julgando ser esta a melhor forma. Esta reac;ao se da

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principal mente com adolescentes que muitas vezes manifestam rea90es de

desaprova<;ao diante dos exercicios para uma melhor emissao vocal, de tal forma

que, dian Ie destas situa<;6es precisam S8r lev ados a conhecer as objetivos de

cada exercicio e entender a sua importfmcia para uma boa execu<;8o do

repertoria a ser executa do.

Por iS50, e de suma importElncia usar de variados recursos para despertar

nestes adolescentes 0 interesse de S8 auto-conhecerem, nos aspectos

anatomofisiol6gicos da produyao vocal, porque 56 assim serila capazes de

ultrapassar as dificuldades e obler urn olimo desempenho no grupo.

Portanto, torna-S8 relevante mencionar que para reger urn coral, e

importante conhecer, ah3m da teoria, algumas tecnicas para um bam

encaminhamento, como discorre Edgar Willens, em seus relatos sabre a

formaC;80 do professora que atua na area de formaC;80 musical infantil, na qual a

canto coral se insere:

" Para poder cantar, e preciso querer cantar, e para querercantar e necessario acreditar em tudo 0 que a musica emgeral e 0 canto podem dar a crianc;a, Se 0 professor reeebeuma formac;~iO insufieiente para encaminhar a educac;aomusical da crianya, preeisa contempla-Ia, pois eabsolutamente necessario que saiba 0 que e cantar, 0 que euma crianga que canta e como ela canta", (WILLENS, 1978,p.51).

Na bibliografia existente sobre regencia coral, fica impllcita a necessidade

de conhecimento do aparelho vocal, e em se tratando da voz infanto juvenil, e

preciso, ao contrario do que muitos dizem, ter a maior cuidado com 0 repert6rio

eseelhido e os exercicios vocais utilizados, pais a voz esta ainda no pracesso de

formaC;8o e 0 seu mau usa pade acarretar problemas vocais na idade adulta,

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Paul Nitsche (in: MARSICO e CAUDURO, 1978), compara 0 professor a

urn jardineiro que protege a planta e eria condi90es favoraveis ao seu

cresci mento, deixando-a desenvolver-se par seU$ proprios meios, mas, em casa

de necessidade, a pada ou coloca-Ihe urn ponto de apoio. Torna-s8 oportuno na

educ8<;ao para a coro, que a regente saiba como e quando proceder.

oesta forma, para saber S8 a trabalho esta sendo conduzido de uma

forma adequada e precise verificar a rea<;iio dos coralistas, saber S8 estao

gostando de cantar nao e suficiente, e preciso saber tambem S8 0 repert6rio

escolhido esta de acordo com a extensaa vocal natural de cad a faixa etaria, e

tambem a predisposic;ao do grupo aquele repert6rio.

1.1 A FORMA<;:AO DE UM CORAL

Partindo dos pressupostos te6ricos de Jose Andrade (1968), afirma-se

que 0 canto coral apresenta urn alto valor educativ~ e terapeutico e S8 0 individuo

tiver a oportunidade de cantar em urn coral, esta deve ser aproveitada, pois unir 0

seu pianissimo e a sua voz com ados demais, criam uma beleza para si e para

os ouvintes, alem de permitir urn apoio na junc;ao de sua voz com 0 grupo.

Em se tratando do trabalho em grupo, Ilza Zenker Leme Joly discorre que:

"0 trabalho em grupo auxilia 0 desenvolvimento da personalidade, 0 respeito com

o proximo, 0 desenvolvimento da organizac;ao, disciplina, pontualidade,

sensibilidade e criatividade" (JOL Y. In: CRUZ, 1997, p. 10).

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Ressalta-se nessas elucida90es, como fundamental na formagiila do coral,

levar em considerag8o muitos fatores, para entao, fazer as devidas analises.

Muitos regentes reclamam do material vocal do seu coro, mas em contra partida

trabalham com numeros excessivos de participantes, condigoes ambientais

inadequadas e faixa etaria nao condicentes. Faz-s8 necessaria analisar todos as

aspectos para saber de qual ponto partir, e ter clareza dos objetivos que S8 quer

alcangar.

A titulo de contextualiz8g8o, torna-S8 importante olhar para a historia do

canto coral, procedendo com relagoes de epocas, podendo-s8 assim, en tender de

forma mais clara a linha adotada atualmente.

1.2 0 CANTO CORAL E A HISTORIA

A palavra Coro, deriva do original grego charas, a partir deste fonema

formou-se atraves do latim a termo italiano coro, 0 frances choeur, 0 ingles choir,

o alemao chor, 0 Kor dos paises baixos e 0 Kor dos eslavos.

Original mente charas representava um conjunto de aspectos que

consistia em poesia, canto e dan~a. 0 mesmo termo adotado pelo cristianismo,

significava 0 grupo da comunidade que cantava, a abside junto ao altar separada

da comunidade e do coro pelas cancelas e mais tarde, lugar onde se colocava 0

6rg80. Posteriormente 0 termo choral, que significava 0 que era executado no

lugar chamado cora.

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Segundo Mara Behlau e Maria Ines Rehder, (1997), em bora 0 canto coral

tenha atingido seu maximo desenvolvimento na musica ocidental, praticas de

canto em conjunto existem desde a Antiguidade em muitas tradic;oes folcl6ricas e

tribais.

No ocidente, os coras comegaram efetivamente no seculo VI,quando 0

papa Gregorio I Estabeleceu escolas de canto nos centros da cristandade, para

garantir adequada execug80 da musica liturgica. Ate 0 seculo XII, esse canto,

conhecido como Gregoriano, apresentava urna unica voz, usanda

preferencialmente notas agudas. Somente no seculo XV comec;aram a ser

exploradas as notas graves da tessitura.

Nos seculos XVI e XVII a musica coral expandiu-se para 81am da liturgia.

A Reforma encorajou 0 canto informal de cang6es religiosas em grupo, como os

salmos na Franga e os Hinos na Alemanha. A renascen9a italiana estimulou os

grupos de cantores amadores, os madrigais. A maior parte das apresenta90es era

feita sem acompanhamento musical, 0 canto a capella, uma tradi980 que ainda

hoje se mantem.

No seculo XVIII, os trabalhos para coral de Johann Sebastian Bach e

Georg Friedrich Handel, tiveram grande aceita980 entre os corais amadores, onde

as mulheres passaram a cantar as partes de soprano e contralto, antes

tradicionalmente destinadas aos meninos cantores.

Festivais de corais, tornaram-se muito comuns nos seculos XIX e XX,

associ ados a institui90es civis, academicas e religiosas. As especificidades

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vozes, na ten sao fisiea e nas caracteristicas acusticas da emissao, 0 que faz do

canto coral urna camplexa e rica orquestra humana.

1.30 CANTO CORAL NO BRASIL

Ap6s a I Guerra Mundial surgiram fortes tendencias de cunha

nacionalista, e desenvolveu-se no Brasil, urn enfoque maior nas raizes da musica

brasileira popular e folcl6rica. Os compositores davam-Ihe urna forma erudita,

infiuenciadas pelas escolas neo-classieas do entre-guerras (Arnold Schoemberg,

Igor Strawinski, Bela Bartok). Destacaram-se tambem, Heitor Villa-Lobos,

Lourenr;o Fernandes e Francisco Mignone.

Aparece nesta epoca, as primeiras tentativas de introduzir a canto coletive

nas eseelas com muitas vozes e instrumentos, que fcram lideradas par Joao

Gomes Jr., Fabiano Lagano e Joao Batista Juliao. Este ultimo, destaca-se pelas

suas realiza90es orieonicas, onde crieu 0 Orieao dos Presidiarios e 0 Orieao da

Escola Normal Padre Anchieta, tornando-se famosos pelas suas execu90es.

Progressivamente os orieoes come9aram a ser instituidos e 0 canto passa a ter

maior enfase nas escolas.

o en sino do canto orfeonico no Brasil, foi implantado gra9CIs aorganizayao s6lida e definitiva de Heitor Villa Lobes, que no ana de 1930,

preocupado com a descaso com que a musica era tratada nas escolas brasileiras,

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em especial no estado de Sao Paulo, elaborou urn valioso plano de educagao

musical.

Heitor Villa Lobos organizou urn repertorio adequado para a programa de

canto orfeonico, escrevendo 0 guia pratico onde S8 encontram canc;oes infantis e

populares, hines nacionais e eseelares, cang6es patri6ticas, temas amerindias,

melodias afro-brasileiras e folclore universal, pe~s de repert6rio erudito.

A partir desta epoca, as comemoragoes de datas civicas contaram com

inumeras participag6es dos estudantes, contribuindo assim para a canto coletiva,

que embora nao tivesse uma tecnica muito apurada, ja foi 0 suficiente para

despertar 0 g05tO pela musica e 0 incentivo ao nacionalismo.

No ana de 1936, Villa Lobos loi premiado em Praga par classilicar-se em

primeiro lugar no Congresso: "A Educac;:ao Musical como trago de Uniao entre os

povosn, pela sua contribuir;ao no Brasil com os seus metodos ineditos.

Em 1940, aconteceu aqui no Brasil, no Estadio Vasco da Gama no Rio de

Janeiro, uma apresentag80 com 40.000 vozes. A partir dai 0 movimento foi

acentuando-se e refletindo - se com exito no espfrito dos jovens brasileiros, pois

um des meies mais adequados a educaC;:8e civica e artistica consistia na pratica

do canto em conjunto.

Mesmo depois de todo este sucesso com 0 canto orieonico, somente em

1942 foi criado 0 Conservat6rio Nacional do Canto Orieonico, pais as escolas

precisavam de professores especializados para tal tarefa.

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As finalidades do canto oliebnico dentro do ensino regular contavam com

os seguintes objetivos, definidos pel a Portaria Ministerial numero 300, de 7 de

maio de 1946: "Oesenvolver a sensibilidade musical, proporcionar eduCa9aO do

carater e da vida social atraves da musica viva, incutir 0 senti men to civico de

disciplina escolar e convivio social entre os estudantes" (ZllLl, 1985, p.44).

Mesmo com todo 0 esfar90 de Villa Lobos para viabilizar 0 Canto oliebnico

nas escolas, nao se pode dizer que os seus objetivos foram alcan9adas

plenamente, pais 0 que faltava era 0 acesso a metodologia apropriada. Este fator

acabou por desestimular os alunos, pois os professores sem ter 0 conhecimento

do metodo acabavam par aplica-!o de forma muito tecnica, deixando de lado 0

objetivo centra! aeima mencionado. Com isto, 0 canto passou a ser aplicado nas

escolas como obrigatoriedade, mas sem resultados significativos.

A lei de Oiretrizes e Bases da Educa9E1o Naeional marcou por definitivo

uma decada no processo educacional brasileiro, atraves da lei 4024 de 20 de

dezembro de 1961. A LOB, foi responsavel por uma serie de mudan9as na

educa<;ao como um todo, vindo a se adaptar a realidade em que 0 pais se

encontrava.

No que diz respeito ao Canto, esta lei tirou a obrigatoriedade do mesmo, e

assim, somente algumas escolas continuaram com 0 seu uso, uma vez que

passou a ser uma pratica facultativa.

Segundo a Lei de Oiretrizes e Bases em seu artigo 5°

Ficam assim re!acionadas as disciplinas optativas para 0sistema federal do ensino:

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25

a) No cicio ginasial: linguas estrangeiras modernas, musicaCANTO ORFEONICO, artes industrials, artes comerciais etecnicas agricolas.b) No cicio colegial: linguas estrangeiras modernas, grego,desenho, mineralogia e geologia, estudos socials, psicologia,logica, Iiteratura, introduyao as artes, direito usual, elementosde economia, no96es de contabilidade, n090es debiblioteconomia, puericultura, higiene e didatica. (CRITERIA,1969 In:ZllLl, 1985, p.46 -7)

Gradativamente, se percebe a partir desta epoca 0 declinio da educayao

musical no sentido de sua valorizar;;:ao ao ensino. Tanto a musica quanto 0

desenho vao perdendo seu espar;;:o enquanto as artes plasticas vao tomando

corpo e sen do inseridas como elementos mais trabalhados nas aulas de

educaryao artistic8.

Sendo assim, 0 material que consta no Guia Pratico leito por Villa Lobos,

representa muito da cultura do povo brasileiro, uma vez que foi construfdo a partir

de dados coletados pelo proprio autor em suas viagens pelo Brasil, em busca de

conhecer melher a sua propria cultura.

1.4 ESTRUTURA<;:AO DE UM CORAL.

Como se pode perceber, 0 ata de cantar em grupo remonta de muitos

seculos e sempre desempenhou papeis e funryoes diferentes. Para trabalhar com

coral, sao necessarios varios conhecimentos alem de cantar, e para que 0

resultado final aconter;;:a de forma aprazivel e muito importante saber como

conduzir 0 grupo.

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26

Em todos as aspectos da vida do ser humane, e relevante a adequa9ao a

faixa etaria, portanto, 0 trabalho com 0 canto coral adulto, embora tenha as

mesmas objetivDS esteticos, assume uma roupagem diferente no toeante alinguagem a ser apresentada.

No entanto, sendo este trabalho direcionado a pratica coral infanta juvenil,

serao delimitados nas pr6ximas linhas, assuntos referentes a esta faixa etaria,

pOis para formaC;EIQ de urn coral infanta juvenil e necessario observar os

seguintes aspectos:

- Numero de participantes: De acordo com CRUZ, (1997), dificilmente pode-se

colocar em regra, tude vai de pender das condic;oes e do interesse do grupo,

porem, e aconselhavel que 0 numero nao exceda a 50 integrantes, sendo

recomendados grupos de 25 para um melhor trabalho.

- Partes de urn ensaio:

Partindo da ideia de Lucy M. Schmiti:

"0 ensaio representa a grande oportunidade de se ativarprocessos globais do pensamento humano, tats como dereflexao, compara980, reformula980, aprimoramenta,canclusaa. Abre-se par ele, a passibilldade de se vivenciar afruto do equilibria entre sentimento e racianalidade, chaveda sucesso de toda a atividade artistico-musical~. (SCHMITt.In: CRUZ, 1997, p.121)

Sabe-se que a repetic;ao e urn dos fatores relevantes nos ensaios, porem,

muitas vezes podem levar a saturac;ao. Frente a esta problernatica e importante

que a conduc;ao do ensaio acontec;a de uma forma variada, que permita urn

tempo para acomodar cada conteudo aprendido.

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27

Para tanto, e importante que a ensalo nao exceda a 1:30min, S8 for

necessaria utilizar urn tempo maior, e aconselhavel um breve intervalo.

Logo, e importante que 0 regente tenha sempre claros os objetivos para

cada atividade proposta 80 grupo, e por issa, cabe-Ihe planejar previamente e

estar aberto as possiveis mudanC;8s para que 0 grupo possa sentir entusiasmo e

nao apenas cumprimento de deveres.

Para que haja urn born desempenho do grupo, 0 ensaio deve ser dividido

em partes diferentes, sen do a primeira, uma atividade de descontra.yc3o, em

seguida, a relaxamento, essencial para aliv;ar as tensoes do dia-a-dia, logo apos

comeC;:8 a preparac;:ao vocal, esta merece urn cui dado muito especial e uma

li989130 com 0 repertorio executado.

Sendo assim, ap6s a aquecimento e preparal;Elo vocal lnicia-se a ensaio do

repertorio. As musicas, porem, merecem todo um estudo previa, as quais a

regente, ciente do material vocal do seu cora, analisa as condic;6es tecnicas do

grupo para a execuC;8o das mesmas. E importante que 0 repert6rio escolhido

apresente algumas dificuldades, porem, estas devem ser intraduzidas

gradativamente dando enfase primeiramente as musicas que possam apresentar

resultados positiv~s mais facilmente, po is e na simplicidade que sao encontrados

inumeros valores.

E com base na preocupaC;ao de se trabalhar a materia prima do canto, a

voz na pratica coral infanto-juvenil, seguem as pr6ximos capitulos, tratando a voz

em sua dimensao emocional e a fisiologia vocal aplicada a voz cantada.

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CAPiTULO II

AVOZEAVIDA

A VOZ ocupa na vida do ser humano urn papel muito especial e sendo urn

v8fculo de comunicac;ao e meio de expressao, ela age como urn espelho do eu

interior, permitindo em alguns moment OS, transmitir a inseguranc;a, 0 meda, e ate

mesma expressar felicidade diante de uma conquista par meio da sua entonac;8o.

Alem de todo 0 conjunto de expressoes envolvendo a face e 0 carpo, a

voz pode muito transmitir, pois sua comunic8c;ao S8 da pelo senti do da 8udiC;80,

peculiarmente especial par estar sempre aberto as novas sens8c;oes. Em

algumas situ8c;:oes da vida, nao e precise imagem nenhuma, S8 auvir apenas a

voz, portadora de grandes cargas emocionais, ja e 0 suficiente para S8 sentir

envolvido como S8 estivesse venda a situac;:ao.

Logo, a voz e um reflexo da personalidade do individuo, sendo facil

reconhecer a voz estereotipada de articulac;:ao dura e condutora do vendedor, 0

recitativo nasal do eterno queixoso e a voz mon6tona e sem energia do

deprimido. A voz de uma pessoa extrovertida pode caracterizar-se por variedade

na freqOencia, intensidade ou qualidade. Par outro lado, uma voz monotona, com

pouca variedade, pode caracterizar 0 individuo retraido ou solitario que nao

deseja ser perturbado.

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De acordo com COLTON e CASPER (1996), a voz humana e utitizada

tanto para atrair como para repelir pessoas, sendo que a voz suave e calmante e

mais apta para tranquilizar uma pessoa agitada do que uma voz estridente e em

alta intensidade, de forma que esta ultima pode ser eficazmente utilizada para

repelir alguem.

Ainda descrita pel as mesmos autores, a voz acupa urn posta de

instrumento que nao apenas transmite a mensagem, mas tambem acrescenta

alga ao seu senti do, "ao aprender a entender a voz, nao e suficiente apenas

entender seu funcionamento mecanico, e tambem necessario reconhecer as

importantes informac;:6es que a voz transmite sabre a seu interior" (COL TON e

CASPER, 1996, p.5).

Segundo Mara Behlau e Roberto Ziemer:

Nunca a voz leve tanto poder e tantas possibilidades de usocomo as que hoje disp6e. Atraves dos registros em discos efitas de gravacrao, do radio, do telefone e de todo 0 sistemaeletro-eletr6nico de transmissao de ondas sonoras, quasenos acostumamos com a voz sem a presencra do falante.Ouvimos a voz e ° individuo esta a nossa frente. Suaimagem viva forma-se em nossas mentes e uma serie deprojecroes, sentimentos, emocroes e julgamentos saoautomaticamenle desencadeados pelo simples fata deouvirmos. (BEHLAU e ZIEMER, 1988, p.71)

Tendo em vista estes fatores relevantes quanta ao born usa da voz nos

dias de hoje, ha outro fator que vem de uma certa forma, perturbar a boa

comunicac;:ao vocal. E possivel ver isso na competic;ao sonora instal ada nos

grandes centres urbanos, onde para ser Duvido e preciso muila forya vocal,

ficando as sons naturais, lais como passares, vento e ate mesmo urna vaz suave,

centrados nos sonhos de algum lugar tranquilo para poder se cornunicar.

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Dentre todo este espago centrado entre falar e ouvir, no do ambito da

comunicagao, tem-se nas palavras do pesquisador alemao Karl Buhler que

realizou no ana de 1934 urn dos primeiros estudos cientificos sobre audi<;ao

vocal, as seguintes funcroes da emissao humana, seja ela cantada ou falada.

Func;ao de representac;ao: a voz comunica alguma coisa, ouseja, seu uso esta relacionado ao conteudo da mensagemverbal.Func;ao de expressao: a voz revela alguma coisa do falante,como sua idade, seu nfvel s6cio-economico-cultural, seuestado emocional.Funyao de apelo: a voz deseja e provoca uma reac;ao noouvinte, 0 que significa que existe sempre uma intenc;ao,frequentemente inconsciente, no tipo de voz que se utiliza nodiscurso. (In: FERREIRA, 1988, p.72)

Sendo assim, a voz se justifica como portadora de grande parte da carga

emocional do ser humano, sendo interlocutora de muitos sentimentos e

possuidora de um grande poder de expressao perante as pessoas.

2.1 AS CARACTERisTICAS DAS MANIFESTA<;OES VOCAlS

Partindo do pressuposto de que a pessoa fala porque quer transmitir algo,

e dentro deste contexto que ele almeja ser ouvida e entendida. POis, dificilmente

em estados normais uma pessoa quer falar pelo simples ato de faze-Io, mesmo

que ninguem a escute, quer transmitir algo ainda que seja para consigo mesma,

de tal forma que sempre ha a intengao de prejelar ou demonstrar os sentimentos

instinsecos.

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.11

Fran9ais Le Huche e Andre Allali, (1999) abardam as aspectos em que a

voz exerce a980 sabre as outras pessoas nos atos de chamar alguem; dar

ordens; afirmar; informar; interrogar; realizar uma Produ9c3o vocal em publico.

Oiscorrendo rna is sabre estes aspectos, tem-se nos mesmos, a inten9aO

de perceber e ser percebido e no caso do ultimo, que diz respeito a apresenta9aO

em publico. Seja cantando, representando urna pe9a teatral, dando uma

conferencia, expondo algo ou contando hist6rias, sempre existe a relac;:ao de uma

caracteristica vocal apropriada para cada situayao.

A essas caracteristicas vocais segundo os mesmos autores, da-se 0

nome de proje<;80 vocal. Esta projeC;:8o vocal, inserida em todos os aspectos

aeima citados, no caso das apresenta<;6es em publico, pode muito interferir no

resuitado de cada explana98a au de cada interpreta98a, sendo de bastante

enfoque nestes casos, a expressividade indicada pelo tipo de projec;:ao vocal.

Esse comportamento de proje<;ao vocal, resulta da junc;:ao de quatro

elementos: a intenc;ao de atuar, a olhar, 0 soerguimento do corpo e a respirac;:8o.

o primeiro, de ordem mental, carrega consigo a 89130 vocal perante as outras

pessoas.

o olhar se orienta para a local, proximo au distante da ac;:ao vocal

empreendida. Este ato funciona como urn radar, manifestando a intenc;:ao de agir

e captar as reac;:6es do autro.

o elementa de soerguimento, explicado pel a sabedoria popular com 0

ditado· e the disse cara a cara, diz resperto a relaC;:80 do movimento corporal com

o movimento vocal e par fim, a elemento da respirac;:ao, que e 0 responsavel pela

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produryao da voz, S8 a respiraryao for bern controlacta, havera urn melhor controle

da VOl, seja ala direcionada para a fala ou para 0 canto, e quando S8 tratar de

apresentaryao ao publico, que envolve Quiros aspectos emocionais, esle controle

deve apresentar-se indispensavel.

E pertinente saber que a voz projetada nao quer dizer voz forte, pois a

mesma S8 baseia nas qualidades de inten<;8o de quem fala e nao na intensidade

vocal. De acordo com os autores "podemos dar ordens au fazer afirma<;oes com a

maxima autoridade, sem elevar absolutamente 0 volume da voz. Em alguns

casas, a voz de chamado pode ser apenas murmurada, nem par issa 0 olhar, a

verticaliz8<;ao e a respira980 abdominal estarao menDS presentes". (I.E UCHE e

ALLALI, 1999, p.19).

2.2 A CORRELACAo ENTRE A VOZ E A EMOCAo.

Atualmente 0 termo emoc;ao ocupa urn papel muito importante na

sociedade. Daniel Goleman, (1995), afirma que a sucesso na vida depende de urn

quociente emocional elevado tanto quanta au mais do que urn qUDciente de

inteligencia elevado

Para Goleman, os sociobi61ogos verificam que "em momentos decisivDS,

oeorre uma predominaneia do eoral'ao sobre a razao" (GOLEMAN, 1995, p.18).

Sao as emo90es que orientam 0 individuQ em situ890es extremas. Afirma tambem

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13

que todas as emogoes sao, em essemcia, impulsos para agir e planas

instantaneos para lidar com a vida que a evolugao infundiu.

A propria raiz da palavra emogao que em latin e movere, sendo que

mover rna is 0 prefixo e , denotam afastar-se, indicam que uma tendencia a agir

esta impHcita em toda emogao.

Em linhas gerais, 0 indivfduo possui um repert6rio emocional no qual cada

emogao desempenha uma funyao unica. De acordo com os pesquisadores sabre

o assunto, Antonio oamasio, Joseph Ledoux e Daniel Golemann, as emogoes

consideradas primarias sao: ira, tristeza, medo , prazer, amor, surpresa, nojo e

vergonha. Essas emogoes, consideradas tambem como emogoes universais, tern

um trato biol6gico muito definido, que permite ao corpo apresentar uma reayao de

acordo com 0 sentimento, este interligado a emogao.

De acordo com Antonio DAMAslO (1994), as emo,oes primarias

dependem da rede de circuitos do sistema Ifmbico, sendo a amfgdala e 0 cingulo

as persona gens principais. Ja LEDOUX (1998), em um de seus trabalhos

descobriu a posigao privilegiada da amfgdala, que serve como sentinela

emocional, segundo ele, capaz de sequestrar 0 cerebra. Esta pesquisa mostrou

que os sinais sensoriais do olho ou ouvido, viajam no cerebra primeiramente para

o talamo, depois para a amigdala; um segundo sinal do talamo e encaminhado

para 0 neocortex - 0 cerebra pens ante.

GOLEMANN, postula que:

Ha no neocortex uma serie em cascata de circuitos queregis Ira e analisa a informa~o recebida, compreendendo-ae organizando uma rea9ao. Uma das maneiras de 0neocortex agir como eficienle administrador da emo9ao -

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avaliando as react6es antes de agir - e amortecer os sinaispara a ativa<;ao enviados pela amigdala e outros centr~sIimbicos. GOLEMANN, 1995, p.24.

o mecanismo do sistema limbico nao descreve toda a gama dos

comportamentos emocionais, mas constitui ° processo basico, seguindo apos os

mecanismos de emo~oes secundarias. Desta forma, DAMAslO (1994), conclui

que a emot;8o e a combina9E10 de um pracesso avaliatorio mental, simples au

complexo, com respostas dispositivas a esse processo, em sua maioria dirigidas

ao corpo propria mente dito, resultando num estado emocional do corpot mas

tambem dirigidas ao proprio cerebra, resultando em altera90es menta is

adicionais.

Segundo Goleman (1995), a forma como 0 individuo avalia situa90es

complicadas e as respostas que obtem, sao moldados nao apenas por seus

julgamentos racionais au sua historia pessoal, mas tambem por seu passado

ancestral, te tal forma, que verificou-se, com 0 auxilio de novas tecnicas , como

cada erno<;.aoprepara 0 corpo para urn tipo de resposta:

Raiva . 0 sangue flui para as maos, os batimentos cardiacosaceJeram-se e a adrenalina gera uma puJsa<;ao para umaatua<;ao vigorosa.Medo - 0 sangue corre para os muscutos do esqueleto,como as pernas, facilitando a fuga, 0 rosto fica livido e 0corpo imobiliza-se. Os centros emocionais do cerebrodisparam hormonios que deixam 0 corpo em alerta geral,ficando a aten<;ao fixa na amearra para calcular a resposta.Amor - a afeit;ao e satisfa<;ao sexual implicam estimula<;aoparassimpatica, que e chamado de resposta derelaxamento.Noja - 0 labio superior se retorce para 0 lado e 0 nariz seenruga ligeiramente, sugerindo um tapar as narinas ou 0cuspir de uma comida estragada.Tristeza - tem como funt;ao ajudar a ajustar-se a uma perdasignificativa; acarreta uma perda de energia e deentusiasmo. Quando e profunda aproxima-se da depressao.(GOLEMAN, 1995, p.303 -304).

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Todas essas emoc;:6es sao as mesmas em todo lugar, porem 0 que difere

eo modo de agir, que e modu\ado de acordo com a cultura e experiemcia de cada

individuo.

No que diz respeito a voz, sua relac;:eo com a emoc;:ao pode ser percebida

facilmente nas situac;:6es de choro, raiva, preocupac;:ao, nas quais verifica-se uma

maior tensElO na regieo da laringe, inclusive quando ela e usada com sua fon;:a

maxima para gritar, nota-se 0 quanto e explicito na voz 0 sentimento.

Oesta forma, toda relac;:eo de entonac;:6es diferentes e tipos de emissao

vocal vistos anteriormente, se enquadram no quadro emocional do indivfduo. A

voz e a emoc;:ao nao podem ser vistas separadamente, ambas formam um

conjunto entre sentir e transmitir. No que se refere ao canto, outros fatores

aparecem, pois este necessita alem de expressar a emoc;:ao, urn controle do

aparelho vocal, para que nao ocorra nenhum disfurbio, seja este de ordem

estetica ou fisiologica.

2.3 A VOZ E 0 CANTO

A voz e urna das express6es mais ricas do ser humano e por isso revel a

aspectos de sua natureza biologica, psicologica e socio-educacionaL 0 homem

inicia sua vida com um chora, chamado cham ao nascimento, que de modo

bast ante interessante e uma produc;:eo afinada nos bebes normais, em torno de

440 Hz, exatamente a freqOencia do Lij do diapasao de afinayao dos corais. Esta

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emissao e urn sinal de sobrevivencia e da capacidade de respirar e estar no

mundo exterior. Assim, ao longa de sua vida emocional, 0 homem recebe

influencias de sua historia familiar, cultural, social e emocional.

Par Dutro lado, 0 canto acompanha 0 homem desde as primordios da

civiliz89ao. "Cantar significa emitir sons modulados seqOenciais, parem, sabe-s8

que a dimensao do canto supera qualqu8r explicayao fisiologica sobre a produyao

do gesto vocal" (BEHLAU, In: CRUZ, 1997, p. 55).

o homem primitiv~ cantava para expressar as emoc;oes, acompanhar suas

taretas de trabalho, executar rituais, enfrentar os inimigos e acalmar a ira dos

deuses. Hoje, 0 homem maderne continua cantando sozinho em casa,

acompanhando 0 radio no trans ito ou reunindo-se em corais Todas as

madalidades e estilos de canto sobrevivem ate hoje, apesar dos tempos

conturbados em que se vive. Logo, dos corais municipais aos corais religiosos,

amadores ou profissianais, infantis au da terceira idade, cantar ainda significa

muito para as pessoas.

Oiante disto, ao cantrario da voz falada que e 0 resultado da vida emocional,

a voz cantada e 0 resultado do treino, pois pressup6e 0 controle de uma serie de

estruturas para se conseguir a qualidade vocal almejada. Para algumas pessoas,

cantar e quase natural, a afina.yc3o e nata, um dom; para outros, urn trabalho de

percep9ao auditiva e musical que deve ser cuidadasamente desenvolvido antes

de conseguir uma boa emissao. Por isso, toda e qualquer tentativa de se

desenvolver a voz e bern vinda, pois cantar e urn dos atas mais humanos que

existe.

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CAPiTULO III

EDUCACii.O VOCAL 1

Tendo em vista a atributo historico vocal desde a epoca do bel canto, e as

estudos virtuDsisticos demonstrados em arias e Qutros solos, muitas vezes 0

entendimento da tecnica vocal aconteee como S8 fosse at rib uta apenas para

seguir carreira do canto lirico. Em realidade a 8stilo vocal lirico difere do popular,

no tocante a explorat;;ao da sonoridade, sendo 0 repertorio infanta juvenil,

geralmente de carater popular, exceto a institui9E10 dos Meninos Cantores, criada

na Scuola Cantorum, constituindo uma tradic;ao atraves dos tempos.

Observando a realidade atual, em coros misto$ infanta juvenis, e preciso

conhecer a voz desta faix8-etaria, em seus aspectos anatomofisiol6gicos, e usar

uma tecnica adequada, Neste contexto, a adequa<;ao se de ao repert6rio

escolhido fazendo com que os coralistas entendam como a sua voz pode ficar

mais clara, brilhante e precisa dentro do grupo vocal. Para tanto, e preciso criar

em cada coralista uma conscientiza<;ao sobre a educa<;ao vocal, para que nao

seja vista apenas como uma repeti<;ao de exercicios, sem entender para que

servem.

Optou-se substlluir a tenninologia n:CNICA VOCAL, por EDUCAc;:Ao VOCAL, uma vez que eslaultima pennite um melhor entendimento a propoSla apresentada neste trabalho.

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3X

A educac;ao vocal desenvolvida desde os tempos primordios adota

diferentes linhas, porem todas sao originarias do proprio conhecimento e

experimentac;ao de alguns cantores, e mais especificamente nos tempos atuais,

com a jungao de equipes de trabalho, incluindo fonoaudi6logos, psicologos,

otorrinolaringologistas, professores de canto, preparadores vocais e cantores.

Ap6s muitos anos de pn3tica e exercicios repetitivos, tem-se pensado e

desenvolvido adequac;oes a educac;ao vocal para 0 canto !frico e para 0 canto

popular

o que se deve entender em relagao a educac;ao vocal, e que a mesma

serve para desenvolver uma forma de cantar usando pouca ou nenhuma forc;a e

obter uma voz vigorosa e brilhante, suave ou dace, alem de variadas entonagoes.

o objetivo e de dominar 0 aparelho vocal, sem tensoes. Entre acertar e errar

existem varios caminhos que 0 aluno pode seguir, 0 importante e diminuir os

erros, procurando a melhor forma de fazer 8 voz nuir.

Sendo 8ssim, dentro do grupo coral, 8 educ8gao vocal deve se ocupar de

exercicios que motivem 0 auto-conhecimento e a sensibiliz8c;ao das diferentes

rea90es que 0 aparelho vocal sofre no decorrer dos ensaios, e tambem, nao deve

funcionar apenas como um livro de milhoes de regras inuteis que se faz sem

perceber as resultados na sua arte, nao deve ser uma prisao, mas sim, conquistar

a liberdade e a facilidade para cantar, desempenhando urn canto consciente.

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.19

3.1 FISIOLOGIA VOCAL

o som vocal e produzido pelo aparelho fonador, composto de: pulmao,

traqueia, laringe, pregas vocais, palato, lingua e labios. A voz e produzida no

chamado trato vocal, tambem conhecido como aparelho fonatario, composto

pelos argaos fonoartieulatorios, a partir de um som basieo gerado na laringe,

chama do de fonar;ao.

Este som e muito fraco, podendo ser comparado a uma guitarra sem ser

ligada na caixa. Na laringe se encontram as pregas vocais, comumente chamadas

de cordas vocais, porem sao verdadeiras pregas, paralelas ao solo, nao tendo

forma de cordas.

o sam e produzido a partir do momento em que ocorre vibrar;ao entre as

pregas vocais, vibra9ao esta conseguida alraves do fluxo de ar obtido na

respira9ao no alo da expira9ao. Assim sendo, sem 0 ar a voz nao acontece, por

isso e ele 0 combustivel da fonar;ao.

A fun,ao principal da laringe nao e a de produzir a voz, mas proteger os

pulmoes. Quando entra qualquer substancia nociva, seja pelo nariz ou boca, as

pregas vocais se unem e prolegem a laringe, esle processo denomina-se

se/amenta laringeo, e e extrema mente importanle para a sobrevivencia do

homem.

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.0

o selamento laringeo e usado tambem quando S8 precisa fazer esfor90

com os brayos, tal qual 0 de barras de ginastica, quando 0 corpo S8 desloca com

apoio dos bra<;os. Ao enfraquecimento deste processo, 0 individuo fica debilitado

podendo acorrer desvio de alimento para os pulm6es, ocasionando infec9ao

pulmonar e ate mesma morte.

Oesta forma, a fun<;8o da produ980 da voz e secunda ria, porem muito

utilizada como meio de linguagem. 0 esquema pelo qual S8 da a fonagao ocorre

da seguinte forma, segundo a fonoaudi61oga Mara Behlau:

" Para produzir a voz, sao obedecidos urna sequencia de atoscoordenados: inicialmente S8 deve inspirar, au seja, colocar 0ar dentro dos pulmoes, nesta situa~o, as pregas vocais S8afastam da linha media, permitindo que 0 ar passe livremente.Ae emitir a vez, as pregas vocais se aproximam da linhamedia, controlando e bJoqueando a saida de ar dos pulmoes,iniciande a expira~o pulmonar. 0 ar passando peJa laringe,coloca em vibra~o as pregas vocais , que estao proximasentre si. As pregas vocais, desta forma, fecham-se e abrem-se numa sequencia muito rapida, realizando os chamadosciclos vibratOrios. Quanta maior a veJocidade dos ciclosvibratorios, mais alta e a frequencia do som emitido, 0 quequer dizer que mais aguda sera a voz produzida" (BEHLAU eREHDER,1997, p. 2)

A voz produzida na laringe e cham ada fona9ao e tern urn sam diferente

daquele que se ouve natural mente. A frequemcia da voz de cada pessoa, vai

depender do numero de vibra96es que as pregas vocais fazem par segundo. Esta

frequencia depende de fatores tais como a comprimento das pregas vocais,

quanta maior, mais grave e a sam, e quanta menor, mais agudo.

o sam produzido na laringe passa par varias cavidades que funcionam

como caixa de ressonflncia, tais cavidades sao a propria laringe, faringe, boca, e

nariz, e ampliam a sam. Oesta forma sabe-se que a voz resulta do equillbrio entre

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.,duas for985, a aerodinamica, que sai dos pulmoes, e a mioelastica, que e a fon;a

muscular das pregas vocais. 0 desequllfbrio entre ambas, ocasionara em urn

problema vocal. Se houver excesso de ar, a voz saira soprosa, comumente

chamada pelos cantores de ar na VOl, e S8 80 contrario, a forc;a muscular for

maior, a voz saira comprimida.

A partir deste ponto, nas cavidades aeirna da laringe, sao produzidos os

diferentes sons de urna lingua, par meio dos articuladores encontrados nas

cavidades de ressonancia, principal mente na boca, com os movimentos da lingua,

labios, mandibula, dentes e palata. A clareza nas palavras depende da precisao

desses movimentos. ~

3.2 HIGIENE VOCAL

Ap6s conhecer como a voz humana e produzida e como funciona, faz-s8

necessaria analisar todo 0 conjunto fisiologico que esta interligado com a

produgao da voz. Sabendo que a emissao vocal acontece devido ao fluxo de ar

na expirayao e se propaga nas caixas de ressonancia existentes no corpo

humano, e precise verificar 0 andamento funcional destas partes.

Em muitos casas de alteragae vocal, 0 mati va inicial foi uma alergia nas

vias respiratorias, ou entao, em casos mais sensiveis, e ate mesmo nao

perceptiveis aos cantores, devido a habitos alimentares e de vestuario. Vale

: Uustra9ao 1 - Em anexo.

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.2

conferir a conjunto para entender em qual quadro pade S8 encontrar a alterac;ao

observadas em alguns momentos com 0 canto.

Antes de uma atividade vocal intensa, seja ela de canto ou apresentayao

de seminarias, nao e recomendado na alimentay80 0 leite e seus derivados, pois

devido a sua consistencia podem aumentar a secreC;8o impedindo urn born

desempenho vocal.

Outro habito que ja se constitui um mito popular, e 0 de chupar pastilhas

para as dores de garganta au para com bater a pigarro, usanda para este fim, as

mais fortes e mentalizadas. Ao fazer isto, esta realizando uma grande agressao

as pregas vocais, uma vez que tais pastilhas surtem urn sfeita anestesico

proporcionando aD cantor urn born desempenho, porem quando 0 sfeito pass8, a

dor pode vir em dobra, e nao so mente a dar, mas as irritac;6es que ao longo de

muito tempo podem se transformar em problemas VOcalS.

Para manter uma boa higiene vocal, deve-se levar em considerac;ao

algumas das praticas que fazem mal ao bom funcionamento do aparelho vocal,

sao elas:

a) Pigarrear: este habito deve ser evitado, pois produz um atrito entre as pregas

vocais, podendo aparecer posteriormente les6es nas mesmas;

b) Falar muito: Manter 0 aparelho vocal em um esfor,o prolongado pode resultar

em les6es. Quando for necessaria utilizar a voz em um prolongado perfodo,em

seguida deve-se descansar apos 0 seu uso pelo mesmo periodo de tempo

porque assim nao ocorrera a fadiga vocal.

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c) Falar cochichando ou sussurrando: Ao contrario do que parece, tal pratica

exerce extrema forya nas pregas vocais, podendo ser mais lesivo do que falar

com a sonoridade habitual.

d) Gritar: Para tal pratica, a laringe e utilizada em sua forya maxima, e pode

ocasionar les6es na superficie das pregas vocais, bern como hemorragias

submucosas.

e) Realizar competigao sonora: Quando esliver em locais barulhentos, evitar a

conversa prolongada, pois para se fazer ouvir sera necessario usar um volume

fora do habitual, forgando a pr6pria estrutura. 0 resultado deste desgaste,

geralmente nao e percebido durante ° usc, mas sim depois, com sensayao de

cansayo ou ate mesmo rouquidao.

f) Falar fora da frequencia habitual: A voz que identifica cada pessoa, e a

chamada frequencia habitual. Ao cantar e falar ocorre uma varia~o entre esta

frequencia, ° que nao pode acontecer e querer talar em urn frequencia mais

aguda ou grave que a habitual, que alem de soar como artificial, estara

fazendo um abuso vocal.

g) Imitar sons, vozes e ruidos: Tal pratica que algumas pessoas realizam por

dom ou pelo controle vocal que possuem, acontece geralmente em regi6es e

tessituras diferentes da habitual, podendo deixar uma sensayao de ardor e

irritayao. Para fazer tais malabarismos com a voz, e necessario certificar-se

de que nao esta sendo vocal mente prejudicado.

h) Ingerir cafeina em excesso: A cafeina, encontrada no cafe enos chas de

ervas, e refrigerantes dieteticos; al9m de estimulante, favorece 0 refluxo

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••gastroesofagico, au seja, 0 liquido acido do estomaga vern, em forma de jato,

como uma azia, para a boca, podendo ser desviado para a laringe. 0 refluxD,

por sua composi~o qufmic8, e extrema mente irritante para as sensiveis

mucosas da laringe. Portanto, deve-s8 evitar tais habitos.

i) Ambientes seeDS: A redu<;8o da umidade do ar causa 0 ressecamento do trato

vocal, r8sultando numa prodw;:aa de voz com esforyo e tensaD. Ao S8

encontrar em lug ares, em cuja umidade do ar e pequena, dave-s8 manter

hidratado temando muita agua em temperatura ambiente.

j) Descanso inadequado: 0 ato de cantar exige muito esfor~o da laringe. Esta,

se recupera, ap6s 0 seu usa, atraves de urn born descanso, especificamente 0

sono. A voz nunca esta boa apos um8 noite maldormida.

k) Tensao: Os estados de tensao prejudicam a emissao, podendo resultar em

cansac;o vocal, falta de resistencia, rouquidao e excesso de ar na voz,

ocorrendo tambem perda de notas da tessitura.

I) Furno: E de conhecimento comum, que 0 fumo e altarnente nocivo para a

laringe, entre tantos efeltos, 0 fumo causa jrritac;ao dlreta no trato vocal,

pigarro, inflamac;ao da regiao laringea, tosse e aumento de secre~o ViSCOS8.

m) Alcool: Apesar de liquidos nao passarem pela laringe, 0 alcool constitui uma

exceC;ao, principal mente os destilados, tals como a pinga, vodca e uisque. 0

seu con sumo freqOente provoca inchac;o das pregas vocals e irritaC;ao em toda

laringe. 0 alcool fermentado, vinho e cerveja, sao menos irritantes. Portanto, e

benefico evitar a ingestao de bebida alc60lica antes de cantar. 0 mito de

tomar um conhaque antes de cantar para melhorar a voz, e utopia.

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n) Mudanc;as constantes de professor de canto: e interessante sempre pratiear

aulas, pOis a analise do professor pode muilas vezes, alertar para aquilo que 0

proprio cantor nao ouve, au nao se pereebe. E importante fiear sempre com 0

mesmo professor, inumeras mudanc;as padem prejudiear a voz, uma vez que

cada professor adota uma linha diferente. A construc;ao de uma voz cantada, eum proeesso de desenvolvimento lento que exige paciencia e dedieaC;ao.

3.3 A VOZ E A IDADE

Os estudiosos dos problemas da voz observam que 0 indivfduo quando

crianc;a, tem voz bastante resistente, mas a medida que ere see a voz vai se

tornando fragil. Verifiea-se freqOentemente que as criam;as tern, em geral, 0

habito pouco saudavel de dar berros e gritos, 0 que deve ser combatido devido ao

esfarc;o vocal que exigem. Segundo Georges CANUYT, "se a laringe resiste a

esses 8sfon;os repetidos, a voz, par sua vez, come9a a tornar -S8 aspera e a

saude vocal da crian<;a fica comprometida". (in: MARSICO e CAUDURO,1978: p.

20).

A voz da erianc;a a clara e Hmpida como a de urn violino, pois as ondas

aareas forrnadas sao curtas devido ao pequeno tamanha da laringe e pregas

vocais curtas. Ate a idade de doze, treze anos, em geral, tanto a menina quanto °menino possuem uma identidade vocal referente ao timbre, poram, na puberdade,

a laringe cresce e as pregas vocais S8 alongam. Durante 0 crescimento a voz da

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menina costuma cair aproximadamente dois tons e a do rapaz 0 intervalo de uma

oitava. Chama-s8 a issa de Muda de Voz.

Nos rapazes, quando 0 cresci menta e rapido, a diferenC;:8 da voz S8 torna

acentuada, a que vern provocar alguns desajustes pel a dificuldade em S8 habituar

com a laringe que passa a adquirir duple tamanho, mudando tambern de forma. E

comum, nessa fase, perderem 0 dominic desse instrumento que S8 tornou bern

maior, apresentando suas vozes irregulares mais ou menos acentuadas.

Durante este perfodo de mutay8lo, devido as transformac;:6es, 0 som e

emitido freqOentemente pela parte superior do tuba fonador, nao entrando em

8c;:ao as demais partes, desta forma, a lingua e obrigada a realizar um movimento

de reCUD continuo, a que altera a voz ate a ponto de, as vezes, perder

campi eta mente a timbre. E devido a estes fatores que a voz dos rapazes, na

puberdade, se torna rouca, intercalada de sons incertos, fraca, em alguns

momentos abaixando-se e em outros ficando aguda.

E neste fen6meno da muda vocal, que a voz abandona a timbre infantil e

as caracteristicas pueris para amadurecer e adquirir a timbre adulto. No tocante

as atividades vocais, enquanto nao registrarem sinais indicadores desta mudam;a,

o tratamento das vozes deve ser identico para ambos os sexos.

No que diz respeito ao trabalho vocal durante 0 peri ado da muda,

destacam-se duas linhas de pensamento: de urn lado Georges Canuyt e Paul

Nitsche preconizam a sus pen sao da atividade vocal para evitar que as alterac;:oes

que ocorrem nesse perfodo se tornem permanentes, de outro lado, Rudolf

Schoch, Cooper, Mackenzie e Alberto Ream (in: MARSICO e CAUDURO, 1978: p.

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25), nao concordam com tal suspensao, argumentando estes que a interruP980

do trabalho vocal durante urn periodo mais au menes longo pode Qcasionar a

perda do interesse, enquanto aqueles dizem nao ser prejudicial 0 usa da voz

quando e feita com moderaC;8o e prudencia.

Par outro lado, Charles HOFFER (in: MARSICO e CAUDURO,1978: p. 25)

sugere que no periodo da muda vocal, os meninos sejam separados das meninas

pelo espaC;D de urn semestre ou um ana. Nesse casa, 0 professor experimentaria

trabalhar as partes musicais em pequenos grupos; por exemplo: coloearia num

grupo os alunos cujas vozes ja atravessaram 0 periodo da muda e noutro grupo,

as alunos Gujas vozes estao sofrendo a mudanrya; e por ultimo, agruparia as

meninos e meninas que ainda nao manifestaram sinais de modifica<;6es em suas

vozes infantis.

Essa fase de vida merece cuidados especiais por parte dos pais e

professores, principalmente para a homem, que pode ser atingido par defeitos

que depois, dificilmente serao dominados. No casa das men in as, a altera<;aa equase imperceptivel, uma vez que sua laringe aumenta apenas dois ter<;os,

mantendo a mesma forma.

3.4 0 TRABALHO VOCAL EM GRUPO

Cad a pessaa pas sui suas caracteristicas proprias e isso faz com que uma

seja diferente da outra. Na voz niio poderia ser diferente, cada pessoa apresenta

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."uma qualidade vocal, e deve ser valorizada de acordo com suas possibilidades,

sem distinc;ao par ser rna is au menDS aguda, ter maior ou menor extensao, e

Qutros fatores.

o convivio dic3rio permite registrar, com relativa frequencia, a presencya em

gente jovem, inclusive crian98s, de vozes roucas, envelhecidas, destimbradas e

poueo maleaveis. Para Canuyt (In: MARSICO E CAUDURO, 1978), esse fato

pode ser considerado um sinal de que as pessoas, embora dotadas pel a natureza

de urn instrumento vocal perteito, nao sabem utiliz8-lo correta e adequadamente.

Por issa, defende a cultivo da voz nas escolas desde a infancia, a fim de que a

crianc;a aprenda a servir-s8 da voz falada e cantada, aD mesma tempo em que

aprende a ler e escrever.

Nitsche acredita que "e sempre preferivel prevenir a adiar a idade adulta,

como em geral se faz a correCY80 de deformat;:6es e desgastes devidos a funcyao

vocal inadequada" (in: MARSICO e CAUDURO,1978: p. 35). Em decorrimeia,

considera um dever dos educadores manter sao e eficiente 0 6rgao que a criancya

utilizara nao s6 para cantar bem, mas tambem para se comunicar com as outros

Vista a importancia de conhecer a voz e sua producyao para cantar,

quando 0 trabalho e individual 0 direcionamento se torna mais adequado a

situa9flo, porem, quando feito em grupo, que e a caso do coral, deve-se procurar

urn meio de atingir se nao todos, a maioria.

Primeiramente e preciso despertar os cant ores para que explorem sua

voz, se oucyam, se amem cantando. Ditados tais como -"Ai, como minha voz e

horrivel!", ou "Ai professora, eu sempre desafino no agudo", au "Eu nao sei cantar,

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nao consigo fazer isto" - e outros comentarios negativ~s, funcionam como um

retardo no processo, e frente a estas situa90es e preciso despertar ao alunos para

o canto. Esta e uma das fun90es do canto coral

Tais comentarios negativos constituem uma baixa estima em rela9ao avoz e podem estar interligados com inumeros fatores psicossociais. Tendo em

vista que 0 professor de canto trabalha na lapida9ao das vozes e nao como um

terapeuta, ainda que constate e tenha a consciencia de que tais comentarios sao

oriundos de atitudes psicossomaticas, vai interagir na vida destes alunos como

um motivador para a atitude de cantar.

E preciso ajudar os coralistas acreditarem nas suas vozes, e procurar

deixar transparecer as sensa0es que muitas vezes estao guardadas dentro de si.

Cabe ao professor, motiva-Ios a se autoperceberem enquanto cantores,

integrantes de um grupo de coral E se 0 assunto e a prepara9ao vocal, devem

ser tomados os cuidados pertinentes na sua aplica9ao, de tal forma que nao haja

uma conturpa9ao dos seus reais objetivos.

Pensando estes fatores com os grupos de corais, vem 0 questionamento

de como fazer isto na pratica. Pois bem, ja delimitado 0 assunto para a idade

infanto-juvenil, e importante falar e direcionar os conteudos para uma linguagem

acessivel aos mesmos

Partindo dos fundamentos da educa9ao musical, na qual primeiramente e

enfatizada a pratica, 0 fazer e posteriormente a organiza9c3o de conteudos, assim

tambem ocorre na educa<;ao vocal. Em um primeiro momento, os alunos sao

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lev ados a conhecer auditivamente e corporalmente os fen6menos da produC;:13o

vocal e em seguida, saber os seus nomes e fun90es.

Exemplificando, ao trabalhar a respirac;:ao costo-diafragmatica, realizar

exercicios (explanados de maneira minuciosa no IV capitulo) para que sintam tal

musculatura, mesmo que para tanto, seja necessario dizer para encolher e estufar

a barriga relacionando com as movimentos da expira9ao e inspira9ao, e

posteriormente explicar sobre 0 diafragma e a sua funyao.

No aprendizado vocal, a linguagem assume urn papel de grande

relevancia, em se tratando da idade de 10 a 14 anos, e ate mesmo com corais

infantis, e interessante faze-los conhecer 0 nome e a fun9ao de cada parte que

envolve 0 aparelho fonatorio. Obviamente que 0 objetivo principal nao e ministrar

uma aula de anatomia e fisiologia vocal, mas sim oportunizar aos alunos 0

conhecimento basico que os permita saber para que serve cada exercicio

realizado durante 0 ensaio.

Frente a esta situ8c;:ao, 0 professor deve sempre manter os alunos

informados sobre as formas de preparar a voz, e e sempre importante falar sobre

a higiene vocal, para que aos poucos eles possam melhorar os seus habitos

diarios, extrema mente relevantes no desempenho doe seu processo junto ao

grupo de canto coral.

Muitos alunos nao gostam e reclamam ao desempenharem 0

aquecimento cantarolando la, la, la antes de cantar as musicas do repertorio, e ejusta mente esta consciencia que deve ser mudada, mas como faze-Io? Seria

necessario brigar e obriga-Ios a prestar aten9E10 ou tazer algum exercicio que as

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motive para tanto? Obviamente que a segunda co!oca~o e a mars coerente,

porem na pratica nem sempre S8 torna facil.

Frente a estas atitudes, 0 professor deve procurar urn melhor

encaminhamento, mas nao desistir de conscientizar as seus aluno$, No intuito de

contribuir para 0 processo, tern-S8 nas proximas linhas urn relato de experiemcias,

de algumas aulas em corais.

3.5 RELATOS DE EXPERIENCIA:

Muitos grupos de corais, par nao poderem contar com urn preparador

vocal acabam deixando de lado uma parte importantissima do ensaio que e 0

aquecimento, principal mente S8 tern alguma apresentayao em vista, ai sim, 0

aquecimento e dispensado. Pelo vista nao sao somente as coralistas que

precisam de conscientiz89E10.

Em alguns ensaios, as regentes ate fazem um breve aquecimento,

usando para isto, a forma tradicional de vocalizes3, com la, la, Ia; zum, zum, zum;

mua, mua, mua e outros. Estes, desempenham sua fun980 no auxilio a Proje9ao

vocal, porem nao constituem por si 56, urn born preparo para a canto, alem de

consistir em uma pratica monotona que pode par muitas vezes, ser responsavel

per parte da falta de metiva980 dos alunos.

3 VOCALIZE: ExercfciO vocal sem palavras, em Que 0 canto se desenvolve sobre uma ou maisvogais.

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Geralmente a formayao dos regentes e professores de musica, consiste

em estudar maneiras de chegar ate 0 aluno de uma forma prazerosa. Pois bem,

no momento em que 0 docente esta diante de uma turma, se depara com

episodios muito diferentes daqueles que aconteciam quando ainda era

academico, e sao nesses momentos que a criatividade e a propria necessidade

de ver seus objetivos atingidos, fazem com que ele busque novas maneiras, ainda

que de forma experimental, para realizar a sua pratica educacional.

No inicio do trabalho de preparayao vocal nos corais de uma Escola, os

quais sao a fonte desta pesquisa, tambem acontecia uma longa sessao de

vocalizes para aquecer. De inicio, os alunos ate gostavam, mantendo as devidas

exceyoes, porem estava se tornando algo monotono, ainda que se tentasse fazer

algumas variayoes dos exercicios nas aulas.

Apos perceber algumas dificuldades, comeyou-se a dividir 0 inicio do

ensaio em tres partes: sendo primeiramente a respiray8o, 0 combustivel para a

voz no seu controle de inspirayao e expirayao (emissao sonora), a ressonancia e

a articula<;ao, procurando fazer exercicios Iudicos.

Depois de alguns meses, toi realizada uma pequena pesquisa com os

coralistas no intuito de saber quais as sensa90es de desconforto sentidas durante

e apos as ensaios. Dentre os relatos, observou-se que grande parte dos coralistas

nao gostavam de ficar em pe durante a prepara9ao vocal, 8 apresentavam

dificuldades nos exercicios de controle respiratorio e vibra9aO.

Como S8 ve, foi passivel perceber que os abjetivos de tal pratica, nao

8stavam sendo atingidos, uma vez que a controle respiratorio e essen cia I para

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5.1

uma boa emissao vocal e as exercfcios de vibragao, sao responsaveis pela

limpeza e ate mesmo leveza na regiao fonoarticulatoria, impedindo a habito de

pigarrear e tossir, tao maletico a voz, de tal forma que se no relata constou como

sensagao de desconforto, entao e porque a entendimento na realizagao dos

mesmos estava deturpado.

Oiante desta realidade optou-se par uma busca de novas metodos para

que pudesse acontecer um cantar consciente dentro dos grupos. A partir desta

pesquisa, a parte de preparagao comegou acontecer em um menor periodo de

tempo, com espago aberto para questionamento dos alunos e um direcionamento

ao repertorio, utilizando frases do mesmo, junto com os exercfcios de emissao e

articulagao.

Apos adotar esta postura, a motivayao para a preparagao vocal teve uma

melhora de 80% e ate a conscientizagao dos alunos melhorou, pois as perguntas

foram mais freqOentes e 0 interesse em saber como proceder em determinadas

partes do repertorio tambem foi relevante.

Outro fator muito interessante e 0 encaminhamento, e preciso que 0

regente tenha 0 discernimento para saber ate onde vai a sua fungao e a partir de

que momenta deve procurar ajuda. Ao constatar muitas dificuldades vocais e

rouquidao em algum integrante e necessario contatar imediatamente as pais e

pedir que fagam uma consulta com especialistas, porque nem sempre os pais tem

esta consciencia e cabe ao regente orienta-los. No caso desta escola on de

ariginou esta proposta, ha apoio de uma fonoaudiologa, de tal forma que quando

aparece algum caso, e leito 0 seu encaminhamento, para que assim, constatado

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no inicio, fica facil a tratamento, alem do que, 0 uso indevido da voz no canto

coral, pode acarretar em uma piora no quadro.

Em grupo, nem sempre e possivel ouvir a todos, porem e importante em

algumas musicas passar perto do aluno, ouvir de perto 0 seu desempenho e com

cuidado ajuda-Io nas dificuldades. Isto deve ser feito com muita seriedade, a voz

encontra-se diretamente ligada a emoC;:90, e chamar a atenc;:ao de uma forma

agressiva au que fac;:a 0 aluno sentir-se inferior aos demars colegas pode

acarretar em um bloqueio, e para que isto nao ocorra, deve-se conversar e ajuda-

10de forma que ele sinta-se motivado a buscar a seu sam, que muitas vezes esta

escondido em si mesmo

Cabe salientar tambem que, al8m de cantar os alunos sao levades a se

ouvirem e se 8utoperceberm enquante cantores, e quando isto acontece, 0

panorama do grupe apresenta uma melhor disposiC;:90 para trabalhar 0 senti do

estetico do canto coral.

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CAPiTULO IV

PRINCiPIOS METODOLOGICOS PARA A EDUCACAO VOCAL

Sabendo da importimcia de trabalhar a voz, assim como 0 aruno e

educado pelos pais e pel a escola, nas aulas de canto coral tera que educar a sua

voz. Para tanto, faz-s8 necessario que 0 mesma tenha uma relac;ao de amizade

com a sua voz e possa sentir as diferentes reac;6es provocadas pela emissao

vocal, seja na voz falada ou na voz cantada.

Diante deste contexto, cabe aD professor proporcionar diferentes

situ8c;oes para que a aluno sinta-se sensibilizado. E importante que ele proprio

consiga detectar alguma falha no seu desempenho, isto e, que aprenda a S8 ouvir

e S8 perceber enquanto cantor. E natural que 0 Goral 0 ajude a soltar-S8 porque

nele e passivel apoiar-se na voz dos outros calegas, sem cantu do, deixar de

buscar 0 seu melhor desempenho.

E para que haja uma boa prepara<yao vocal, e preciso trabalhar toda a

musculatura que envolve 0 canto, e par isso cada parte deve ser tratada com 0

maior cuidado e seriedade, ainda que de inicio os alunos nao fac;:am direito au ate

mesmo fac;:am justamente 0 contrario do que se pede s6 para chamar a atenc;:aa,

aos paucos eles VaG se conscientizando, e 0 que e melhor, VaG percebendo

auditivamente 0 quanta fica mais bonito, quando se canta com seriedade. Para

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issa, tem-se aqui algumas sugestoes ja utilizadas na preparaC;:80 vocal para cora

infanta juvenil, que dentro de sua realidade obtiveram resultados satisfatorios.

Dentro desta preparac;:ao cabe salientar que a respirac;:ao, a postura e 0

relaxamento sao caminhos interligados que contribuirao para 0 born andamento

do todo. De acordo com Glorinha BeuttnmOller, e Nelly Laport, (1992), uma

pessoa com urna rna postura, provavelmente tera dificuldade para respirar

corretamente e e bern prov8vel que passu a tens6es em algumas areas do corpo.

Ou seja, qualquer urn desses aspectos pode afetar a outro direta au

indiretamente.

o instrumento do cantor, seu aparelho fonador, nao age isoladamente de

Qutras partes de seu corpo. Muitas vezes, quando se tern dificuldade em emitir

algum som, pensa-se somente na regiao da garganta como responsavel. Mas 0

certo e que 0 funcionamento de todo 0 corpo interfere na produyao vocal e

consequentemente na salide vocal.

Gada pessoa tern tendemcia a desenvolver tens6es em areas diferentes.

Isso vai depender de como cada urn lida com seu corpo durante a vida. 0

importante e eliminar atraves do autoconhecimento do pr6prio corpo, todo e

qualquer esforyo desnecessario a produ98o vocal. Desenvolver um trabalho

corporal regularmente pode ser muito benefico.

E para este fim que existem muitas tecnicas corporais que beneficiam ao

canto. Entre elas: Yoga, Bioenergetica, Massagem, RPG (Reestruturag8o

Postural Global), Tecnica de Alexander, entre outras. Ou ate mesmo qualquer

atividade fisica que proporcione um bem estar, aliviando as tens6es diarias pode

ser benefico.

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As areas de tensao mai5 importantes a serem observadas no cantor sao:

os ombros, a nuca, a pescogo e 0 maxilar Para urn trabalho diario de

relaxamento, antes de comegar as estudos vocais, au antes de uma

apresentagElo, seria interessante criar urna sequencia conforme as necessidades,

para que os proprios alunos possam percebr qual a sua maior area de tensao.

4.1 DESCONTRA<;AO

Os momentos de descontrag8o sao beneficos para 0 ser humano nas

mais variadas situ8goes no tocante aos ensaios de corais, tambem proporcionam

momentos agradaveis permitinda uma melhor desenvoltura par parte dos

integrantes.

Par isse, torna-S8 importante reservar urna parte do ensaio para urna

descontrag8o, que pode ser feita atraves de jog as musicals, ou jogos trazidos

pelos proprios alunos, porem previa mente selecionados pelo orientador

Ainda dentro deste momento, trazem um born resultado as atividades de

expressao corporal, podendo ser exploradas com musicas do repertorio da

Musica Popular Brasileira e S8US movimentos, atingindo assim dois pontos, 0

cultural e 0 corporal, de tal forma que ativam tambem as dinamicas de grupo,

favorecendo a uniao entre os integrantes.

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4.2 RELAXAMENTO

Como afirma Eud6sia Quinteiro:

u Na luta que travamos no dia-a-dia para sobreviver numacidade, desenvolvemos tensees musculares as mais variadase em regiees muito especificas, fortalecidas pela constanterepeti980 de uso. Essas tens6es em muito podem afetar 0desempenho vocal." "Um individuo tenso esta muitoproximo dos problemas da voz e da fala. As tens6esmusculares sao responsaveis par dificuldades respiratorias,articulatorias e demais envolvimentos da produc;ao da voz eda fala" ...."A energia psiquica flui melhor p~r urn corporelaxado. As tens6es funcionam como impedimenta dapassagem energetica".(QUINTEIRO, 1989, p. 37).

Portanto, esta etapa do ensaio e extrema mente indispensavel. 0 aluno,

assim como todo 0 ser humano, carrega consigo inumeras tensoes e as vezes

mesmo quando dorme nao consegue relaxar, portanto, para cantar, e necessario

leveza e nao ter nenhuma tensao. Seja antes ou ap6s 0 ensaio.

Neste momenta, exercicios que permitam respirar fundo, sol tar os bra90s,

fazer 0 movimento de rota9ao no pesco90, sempre enfatizando os cuidados, tais

como, fazer bern devagar, pais faz parte de urn aJongamento, sao muito bern

vindos. E mUlto born tambem, para ativar 0 espirito de grupo, um fazer massagem

no outro, para tanto a professor orienta como fazer, par exemplo: tocar piano nas

costas do colega, fazer de conta que esta esfregando com uma escova, secando

com uma toalha, depois bater nos ossiculos da coluna vertebral e assim par

diante. Outre exercicio muito born e 0 de bocejar, este ato relaxa a parte interna, a

laringe, onde ficam as pregas vocais.

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Ap6s 0 relaxamento da parte cervical, come«a a regiao facial. Neste

mom en to, as exercicios de fazer caretas esticar e puxar 0 rosto de varias

maneiras, sao muito bern vindos, e os alunos costumam desempenha-Ios com

motivagao. Usar artificios tais como, lavar bem 0 rosto, fazer uma massagem,

fazer exercicios labiais Uogar beijos), tambem apresentam 6limos resultados.

EXERCiclOS DE RELAXAMENTO:

Relaxamento dos om bros: sentado ou em pe, mantendo uma boa postura,

levantar os ombros para cima 0 mais que puder, obtendo uma ten sao, ap6s

alguns segundos deixar as ombros cairem, acontecendo 0 relaxamento ..

Fazer isso com um suspiro de alivio, deixando toda ten sao sair. Pode-se

soltar um" AAHHH!!!" bem son oro. Repetir 0 exercicio algumas vezes.

Exercicio do pendulo: deixar os joelhos f1exionados e deixar os brayos e a

cabeC;8 para baixo, soltando-os ate que parem de balangar, subir lentamente,

lembrando que a caberya sempre e a ultima, ao chegar na pOSig80 normal,

pode-se sol tar um Uh! Sonoro. Repetir algumas vezes.

Exercicio para 0 pesco90: realizar este exercicio sem ten sao, para islo, deixar

a boca levemente aberta, sem contato dos dentes. Primeiramente levar a

cabe,a para frenle (olhar para 0 chao), deixar alguns segundos e lenlamente

fazer 0 inverso, soltar a cabega para traz, (olhar para 0 teto). Ap6s algumas

repetigoes, fazer 0 exercicio soltando a cabega para um lado e para 0 outro,

lembrando que e como se a orelha fosse encostar nos om bros e nao 0 nariz,

ap6s exercitar nas quatro diregoes, realizar a movimento de rotagElo,

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lentamente, sentindo 0 alongamento da musculatura nesta regiao. Enfatizar

sempre que 0 exerdcio para ter seu real valor deve ser feite lentamente.

4.3 RESPIRA<;AO

Esta parte e extrema mente essencial para uma boa educ8yc30 vocal. Para

talar bern, e can tar bern e necessario respirar bern. Sabendo que a voz e urn

sopro, que per sua vez depende de ar, a sua produgao deve ser feita com urn

born prepare.

o ser humano nos seus primeiros anos de vida usa de uma respiragao

natural, diafragmatica, basta ver um bebe respirando, 0 que mexe e sua

barriguinha e nao os ombros. No decorrer da vida, na qual 0 ser humane cresee e

vai passando par transforma<;6es, a sua respiragao sobe e 58 aloja na parte

superior, isto devido a uma sarie de tensoes que vaa ocupando espa90 em sua

vida.

Segundo Charlote KAHLE (1966) hoje, principalmente nas grandes

cidades, somas obrigados, ja na idade de seis anos, a ficar horas sentados no

colegio, freqQentemente em salas superocupadas e abafadas. Mais tarde,

continuando os estudos, exercendo uma profissao, a nossa vida nao muda muito.

Oesta maneira, nao tendo uma compenSa9aO, os nossos pulm6es vao deixando

de inspirar profunda mente, e ° rnovimento diafragmatico e quase nul0, assim e

que usamos rna is a respira9E1o toraxica e clavicular.

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6'

Sabendo disso, e necessaria no trabalho vocal, conscientizar os canto res

a usar uma respiraC;8o adequada ao canto, podendo reeeber nomenclaturas

diferentes tais como: costodiafragmatica, abdominal-intercostal. 0 fato e que

deve-s8 encher desde a base do pulmao, suas laterais ate as costas, e sem

levantar os ombros. Esta respirag80 permitira um maior apaio e capacidade

respiratoria, urna vez que a regiao abdominal S8 expande com maior facilidade.

o principal musculo da respirac;ao e 0 diafragma, que consiste em um

grande musculo em forma de cupula de concavidade inferior, que separa a

cavidade toraxica da abdominal. Sua localiz8C;8.0 e abaixo dos pulmoes e sua

atu8gao na respirac;ao permite urn apaiD no controle de entrada e saida de ar,

controle este indispensavel para os cantores.4

o que e necessario entender em relay80 a respiray80 e que 0 diafragma

serve para ajudar no controle da saida de ar. Em exercicios de respiray80 muitas

vezes ocorre uma confus80, pairando a duvida sobre qual movimento fazer na

inspirayao e na expirac;80. E de suma importancia en tender que no ato da

inspirayao, se procura dilatar em todas as direc;oes as costelas inferiores, em

movimentos frontais e laterais. Neste momenta, 0 diafragma desce empurrando a

musculatura abdominal e intercostal que se expande. Ao realizar a expiraC;80, 0

diafragma volta a sua posic;ao inicial empurrando a ar alojado na parte inferior dos

pulmoes, fazendo com que as costelas relaxem e 0 abdomen se contraia,S

Ao trabalhar a respiraC;80 em corais infanta juvenis, fica mais claro fazer

analogias para conseguir a melhor realizaC;8o de tais movimentos, par exemplo,

4 lIustrac;ao 2 _ Em anexo.5 lIustrac;ao 3 - Em anexo.

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pedir para que imitem urn cachorro com lingua de fora, eles perceberao os

movimentos na regiao abdominal, au entaD colocar a barriga para dentro e depois

estufa-Ia, em seguida, apos dominarem as movimentos relacionar a respirag80

como uma bexiga de aniversario, quando a mesma esta cheia de ar fica estufada,

e ao sol tar 0 ar ela vai murchando, desta forma fica mais claro a processo de

contraCY8o da musculatura abdominal na produc;ao vocal.

A respirac;ao muitas vezes naD e compreendida e vista com tanta

imporiancia nos grupos de corais, e nem me sma no cotidiano. Sabe-s8 que ela evital e imprescindlvel, porem nem sempre tem-S8 a conscienda de qual a melhor

forma de faze-Ia. a ata de respirar mal, traz uma serie de disturbios no individuo,

tais como: desaten<;8o, e problemas com memoria devido a falta de oxigena<;8o

no cerebro_ No canto, ocorre esfor<;o vocal, uma vez que a vibray80 das pregas

vocais nao e controlada al9m de provocar cansa<;o nos cantores.

Para esta conscientizayao sao usados exercfcios nos ensaios, porem

para que as mesmas surtam efeito a precisa realiza-Ios tambem em casa. Par

exemplo ao deitar, fazer uma serie de 20 repeti<;oes, sendo que nesta POSiy80 a

mais facil perceber 0 movimento intercostal. Em pa, POSi<;80 na qual os cantores

costumam atuar, e importante realizar 0 exercicio em frente a 0 espelho para

perceber se a musculatura do ombro tambem esta se levantando e poder corrigir.

Apos um bom treinamento nao sera mais necessario que 0 cantor pense

em diafragma antes de respirar, esta respirag80 ja vai sendo automatica e

prevalecera nao apenas no canto, mas tambam no seu cotidiano. Apos esta

conscientizagao muitos resultados positiv~s acontecerao em menor espaC;o de

tempo, por isso e muito importante conscientizar os alunos da importancia de

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respirar bern Nas proximas linhas, serao relatados alguns dos exercicios muito

usados, que poderao ter algumas variantes e ser utilizados conforme a escolha do

profissional.

EXERCiclOS DE RESPIRACAO

1 - colocar as maos na regiao abdominal e inspirar lentamente, soltar 0 ar

lentamente procurando sentir a movimento. Relacionar 0 mesmo com uma bexiga

de aniversario, quando colocamos ar nela, fica cheia (infla), ao sol tar 0 ar ela vai

esvaziando. Esta relayao e importante, uma vez que podem aparecer duvidas

quanta ao movimento do diafragma na inspirayao e expirac;:ao.

2 - inspirar pelo nariz e soltar 0 ar pelo nariz ,

3 - inspirar e sol tar 0 ar emit indo 55. E importante que este 55 fund one como um

controle de saida do ar e nao apertado, mantendo uma pres sao interna muito

elevada.

4 - inspirar e soltar 0 ar emitindo z ou g, comandando 0 volume e a intensidade

com 0 movimento do diafragma.

5 - inspirar pelo nariz, soltar 0 ar pelo nariz, segurar por 5 segundos com 0

musculo comprimido, inspirar novamente e soltar emitindo v. Este exercfcio

proporciona urn aumento da capacidade respiratoria.

6 - imitar um cachorrinho com a lingua para fora, com as maos na regiao

abdominal para sentir 0 movimento.

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7 - Exercicio para percep~o da inspirac;ao involuntaria:

Muitas pessoas fazem muito barulho ou fon:;;:am a inspirac;ao numa

tentativa de encher mais 0 pulmao de ar. Muitas vezes, a musculatura esta muito

tensa e impede uma livre circulac;ao de ar, portanto iniciar 0 exercicio soUando

todo 0 ar murchando a barriga. Ficar alguns instantes sem ar relaxando a

musculatura deixando entao 0 ar entrar, mas sem fon;ar sua entrada. Fazer isso

algumas vezes e sera possivel perceber que nao ha necessidade de fazer esforc;o

para que 0 ar entre. Ele entrara sozinho, pois a entrada do ar e algo que acontece

naturalmente quando ha necessidade de inspirar. Esse exercicio serve tambem

para exercitar a elasticidade da musculatura abdominal para dentro e para fora.

8 - Exercicio para a ativat:;;:ao e expansao da musculatura diafragmatica e

intercostal.

Inspirar enchendo primeiramente a regiao abdominal e depois as

coste las, lateral mente. Expirar primeiramente 0 ar do abdomen e depo;s na parte

lateral das costelas. Fazer isso num movimento continuo: Inspirat:;;:ao: parte baixa

depois lateral; expirac;:ao: parte baixa e lateral.

9 - Exercicio para treinar a saida do ar com controle (apoio)

No canto, e preciso dominar 0 tempo da entrada e da saida do ar, para

tanto, e preciso dosar a saida do ar conforme 0 tamanho de uma frase musical e

a inspirat:;;:ao tambem deve estar de acordo com 0 tempo habil para faze-Io entre

uma frase e outra. Inspirar abrindo as costelas e na expirac;ao soltar 0 ar firmando

a abdomen tentando nao fechar as costelas. Na medida em que 0 ar vai

acabando, aumentar a pressao da musculatura abdominal. (esse exercicio pode

ser feito contando 0 tempo da saida do ar para ir aos poucos dominando maior

tempo na saida. Ex: sol tar 0 ar em dez segundos, depois em quinze, vinte, etc).

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Pode-se tambem acrescentar a este exerdcio a controle do tempo da entrada do

ar que muitas vezes deve ser rapida, dependendo da frase musical. Entao, alem

de contar a entrada do ar, fazer uma contagem para a inspirar;80, diminuindo a

cada vez, 0 tempo para a inspira9ao.

10 - Exercicio para treinar a pressao da saida do ar.

Quando aparece uma nota mais aguda de repente, au e preciso fazer urn

som com uma intensidade mais forte, e importante mais 0 apoio respirat6rio para

nao sobrecarregar as cordas vocais. Tomando como base 0 exercicio anterior: na

saida do ar, fazer movimentos abdomina is com pressao alternada. Na saida do ar

com urn "sssss" prolong ado, fazer ora uma pressao no abdomen, ora diminuindo

essa pres sao. Isso num mesmo sopro, sem interrup9ao. Este exercicio permite

observar que quando aumenta a pressao do abdomen, aumenta a pres sao do ar.

11 - Exercfcio para treinar a abertura das costelas:

Uma das formas para sentir a abertura lateral das costelas no canto e da

seguinte maneira: Inspirar lentamente e ao mesmo tempo levantando os brayos

na lateral ate que ele chegue a altura dos ombros. Manter por alguns segundos a

inspira9ao e observar que as costelas estarao mais abertas na lateral. Soltar 0 ar

e tentar manter as costelas abertas. Fazer uma vez a expira9aO com os bravos

ainda na lateral e depois tentar faze-Ia soltando os brac;os, mas mantendo as

coste las abertas.

ass: E preciso muito cuidado para nao tencionar os ombros enquanto e realizado

a exerdcio e tambem para nao direcionar 0 ar para a parte alta do pulmao.

Cabe salientar que a seqOencia de exercicios de 7 a 11 tern

fundamental'ao em Philippe CAMPIGNION (1996).

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Outro exercicio para sentir a abertura das costelas, mas na sua regiao

costal e sentar na ponta de uma cadeira, deixar 0 corpo cair todo para frente,

inclusive a cabega. Inspirar nesta posigao e 0 ar se direciona para a lateral e para

as costas

Nos exercicios respiratorios Ii sempre importante dar enfoque ao

movimento intercostal, inicialmente a expansao trabalhada e a frontal e

pasteriormente camega a desenvalver a musculatura da cinta abdominal ande

acorre a expansao lateral e das costas.

Nestes exercicios podem acontecer sensagoes de desconforto

inicialmente devido a oxigenagao do cerebra, porem deve-se levar em

consideragao a importElncia de fazer os exercicios corretamente incentivando-os

para que cada um faga 0 melhor de si, pois e disso que dependera 0 seu bom

desempenho vocal.

44 ARTICULACiiO E RESSONiiNCIA

A articu!agao conta com os seguintes orgaos: labios, dentes, gengivas,

maxilares, lingua e palato duro e mole. Todos estes trabalham na articulagao de

consoantes e vogais. Segundo Margaret Greene, "Alteragoes no tamanho e

forma da cavidade oral, causados por alteragoes nas posi90es relativas destas

estruturas, produzem sons que consistem em complexas andas sonoras que sao

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("

claramente distinguiveis entre si e comp6em os fonemas vogais e consoantes da

lingua falada" (GREENE, 1983, p.65)

Dentre as articuladores, cada um desempenha um papel. Os labios, com

estruturas move is que formam 0 orificio da boca sao usados na articulay80 de

sons bilabiais e labiodentais e tambem alteram a forma da cavidade oral par

variarem os graus de arredondamento e expansao, 0 que em parte contribui para

a qualidade vagal.

A lingua, por sua vez, desempenha 0 mais importante papel da

articulayao, bern como da deglutiyao. E urn membra altarnente ativa e movel,

composto de museu 1o, capaz de realizar inumeros movimentos e tambem

altera96es na forma, engrossando e afinando, esticando-se e arqueando-se, amedida que danya sua parte durante a fala. E ela, responsavel por alterar 0

tamanho e a forma das cavidades oral e faringea que atuam como ressonadores

acoplados para produzir a qualidade caracteristica das vogais e ditongos. A

maioria das consoantes e feita por movimentos da lingua contra os dentes, com

exce<;ao de: p, b, m, f, v, e a aspirado.

Ainda no contexto articulador, encontram-se 0 palato mole, que quando

elevado divide a cavidade nasal da cavidade orofaringea, importante processo

que na degluti<;ao evita a regurgita<;ao da comida pelo nariz, este processo de

eleva~o do palata tambem e muito importante na produ,80 da boa fala.

Ja os ressonadores da voz humana, sao aquelas cavidades cheias de ar

situadas acima e abaixo das pregas vocais as quais as ondas sonoras tern

acesso e de onde recebem 0 refor<;o em sua passagem para 0 ar externo. As

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cavidades torckica e traquea! formam as ressonadores subgl6ticos. 0 ventriculo e

vestibula da laringe, a faringe, camaras oral e nasal comp6em as ressonadores

supragl6ticos.

Origina-se desta parte anatomica as diferentes tipos de ressonancia na

emissao vocal, atribuidos as diferenyas entre uma pessoa e outra. Essa parte,

diz respeito a ressonancia oral, sendo de consideravel importancia entender 0

processo do ressonador nasal

A cavidade nasal e muito importante na ressonancia da voz, mostrancto

aparentemente no som vocal, quando esta em desequilfbrio, seja par obstruyEio

au par mau funcionamento. A funyao principal do ressonador nasal e agir como

urn ressonador constante e universal para a voz e e responsavel pela clareza e

beleza do tom

Apos um breve estudo sobre as cavidades de ressonancia, pode-se

observar 0 real significado de pensar a voz para frente, muito comum ouvir isto

em aulas de canto e oratoria. Uma voz ressonante consiste no ate de pensar para

onde dirigir 0 ar. 0 orador deveria ser ensinado a pensar para cima, em dire<;80 a

face, dar para fora atraves da boca e para frente.

Exercicios tais como, zunir para desenvolver a ressonancia para frente e

tom pura por sentir as vibra<;oes das ondas de ar vibrando na mascara da face e

sobre os labios levemente fechados e geralmente considerado muito benefico. 0

valor de uma instru<;80 para pensar a voz no topo da cabe<;a, esta em concentrar

a aten<;80 sobre a voz ressonante mais do que no que esta acontecendo na

laringe, e produz os ajustes musculares necessarios na garganta e boca.

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6"

o treinamento do ouvido, que acompanha tais rnetodos de ensine e de

extrema importancia, logo que as museu los da garganta, a raiz da lingua, e a

laringe nao podem ser deliberados e diretamente control ados, mas, Duvindo-se

bons padr6es de voz e tentando limite-los, eventualmente os resultados

desejados sao atingidos, principal mente par meio do controle auditivo.

EXERCiclOS DE ARTICULA<;AO E RESSONANCIA

Para ajudar na articula<;ao, fazer as exerdcios com a lingua, caloca-Ia para

fora, fazer 8stalos, passe-Ia sabre os dentes, enfim, trabalhar toda a

musculatura, explicando 0 quanta a lfngua e importante para a dic93o. Para

iSso, e 56 faze-los tentar talar com a lingua para fora, para ver S8 da para

entender alguma cais8. Certamente com esta experiencia eles vao perceber

uma das func;6es da lingua.

Trabalhar as exercicios com boca chiusa6, realizando movimentos diferentes

com a cabec;a e a corpo para sentir as diferentes cavidades de ressonancia;

Cantar as vogais A, E, I, 0, U com a posiyao da boca na vertical, mexendo

apenas a lingua;

Treinar a projec;ao do sam das vogais com impulso de Z, V, M.

6 BOCA CHIUSA: do italiano, com a boca fechada, indicagao para os cantores vocalizarem sempaJavras, mantendo os labios cerrados, mas com as dentes IIgeiramente afastados.

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4.5 VIBRAC;;AO

Dentre todos estes exercicios, urn muito importante e que deve ser feito

com cui dado, e 0 de vibra98o. Esta pode ser realizada com a lingua (emitindo

como rrrr), au labia, fazendo-os vibrar emitindo urn som leve. E imprescindfvel que

seja feito de forma leve sem manter muita presseo, 0 que pode interferir no born

andamento.

A vibrac;ao favoreee na [impeza, pois aD vibrarem as pregas vocais, a

secreyao que porventura se encontra neste lugar acaba par ser mandada para

fora, sem precisar realizar praticas, terriveis tais como pigarrear

Este exercicio de vibragao deve ser feito sempre que passivel, porem

alguns alunos nao conseguem faze-Io. Isto se da devido a fatores da propria

anatomia, que porventura influencia na hara de fazer a vibra<,;aa, e diante destes

casas deve-se incentivar para que insistam nem que de inicia sejam feitas em

pequenas repeti<;6es, com 0 tempo a sustenta<,;ao vai aumentar, uma vez que 0

controle respirat6rio tambem estara mais evoluido. Inicialmente se 0 aluno nao

consegue fazer a vibra<,;8.o com a lingua, €I impartante que fa9a com 0 labia, e no

casa de nao conseguir nenhuma das duas, insistir um pauco e fazer com Z, que

permite, em menor escala, uma vibra9aO.

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4.6 CONSIDERA<;OES SOBRE 0 AQUECIMENTO VOCAL

Aquecer a voz consiste em trabalhar a mesma para 0 ensalo. Como os

alunos ficarao urn consideravel tempo usanda a voz no ensaio e importante a

aquecer a voz, assim como 0 jagador antes de entrar em campo. Entende-S8 este

aquecimento como exercfcios com todo 0 carpa, que tern ligat;§o com a voz,

usanda os exercicios acima relacionados sempre buscando projetar a voz, sem

para ista forgar a musculatura envolvente no processo.

Par conseguinte e preciso ter em mente as objetivos de cad a atividade

proposta, e fazer com que os alunos percebam e entendam a porque de cada

exerdcio, pois desta forma estarao trabalhando no seu autoconhecimento e

sensibilizayao do aparelho vocal.

4.7 OS GESTOS MUSICAlS E A VOZ

Considerando que a voz nao deve ser tratada apenas nos seus aspectos

fisiol6gicos e funcionais, mas sim como urn movimento sonora que aeontece de

acordo corn 0 sistema emocional de cada pessoa, por isso sao perceptfveis as

variac;6es de acordo com as diferentes situac;oes enfrentadas. Sao extrema mente

relevantes as atividades que envolvarn todo a corpo.

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Dentro deste contexto, 0 usa do movimento corporal para atingir urn born

desempenho na educ8crao vocal do grupo, e urn grande artificia, Considerando

que a voz e originaria de urn movimento das pregas vocais, existem impulsos

corporais que auxiliam na sua proje9.3o. Ate mesma 0 usa de jog os ceniGOS que

permitem urna introspec98o do aluno a situ8c;oes que 0 transportam para urn

Dutro panorama, fazendo-o atraves da interpretaC;80 projetar sua voz em

diferentes entonac;6es. Tal processo e muito benefico e proporciona urn trabalho

vocal bern embasado no seu ambito sonora e articulat6rio.

Analisando 0 movimento sonora musical, a UtiliZ89.30 do gestual na sua

compreensao vern trazer muitos resultados positiv~s. Segundo Bernadete

Zagonel:

" 0 ge5to vocal, assim como 0 instrumental, e fruto de urnaa9.30 do corpo, Nao somente as cordas vocais concorrempara a produyao sonora, mas I igualmente as diversosmusculos do aparelho respirat6rio e 0 corpo em suatotalidade. Este ge5to e urna ayao global que tern umaintenr.;:.3o express iva precisa, dar a razao da palavra ge5to.Traduz urna ideia musical e a faz viver par meio do aparelhofonador e do corpo. Cathy Berberian, urna das maiorescantoras de musica contemporanea deste SEkulo, seexpressou assim: a palavra 5ugere ao pensamento urnaemoryao que age sabre a corpo e 0 corpo ajuda a voz aencontrar a cor do sam", (ZAGONEL, 1992, p.27)

Sendo assim, a jun<;.3o da expressao corporal com a expressao vocal

contribuem para a forma<;Eio musical dos coralistas, que em virtude de muitos

fatores em alguns grupos, apenas cantam sem muito enfoque a musicalizagao.

Utilizando 0 gestual, pode-se trabalhar muito na propria alfabetizayao musical do

coral.

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CONSIDERA<;OES FINAlS

Ao proceder com as pesquisas que contemplam 0 tema abordado me sse

trabalho monografico /constata-se que dentro da realidade de grupos carais, e

necessario que a preparador vocal, au 0 regente, saiba ate en de vai 0 seu papel

en quanta motivador e orientador do processo vocal especifico para a canto e no

momento em que ultrapassa 0 seu conhecimento, saber encaminhar para a

profissional adequado

Oesta maneira, para que aconte98 urn born desempenho, e necessario

verificar S8 0 profissional ao qual 0 aluno esta sendo encaminhado, atua numa

proposta interdisciplinar, para que nao ocorra urn contraste de ideias que podem

proporcionar resultados negativos.

Nestes termos, existe urn corpo de profissionais que estudam e interagem

na pratica vocal, sao eles: fonoaudi6logos, professores de canto, preparadores

vocais, cantores e otorrinolaringologistas. Cada profissional desempenha uma

funryao especifica, porem a interligaryao dos mesmos resulta em favorecimento a

educaryao vocal, uma vez que compreende 0 ambito anatomofisiol6gico e estetico

do uso da voz.

Sabendo deste contexto, e importante verificar a importancia de se ter

uma interligaryao com ambas as areas, pois devido a formary8o, muitos destes

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profissionais atuam apenas em uma area especifica e e claro, nac sao obrigados

a saber tuda, porem quando 0 assunto e a voz, seja ela direcionada para 0 canto,

a IOCU980, a aratoria, 0 teatro, deve ser vista par todos os angulos poss[veis em

busca de urn superte para as sua utilizayao no meio profissional.

Constata-se pais, que conhecer 0 material vocal do coral, pode trazer

muitas alegrias, tanto para os cantores, quanta para as professores e Quvintes, e

tudo isto, buscando uma forma prazerosa de exercitar. Como ja foi citado, 0 treino

vocal, pode nac sar mUlto bern aceito par parte dos coralistas, que par vezes 56

querem saber de cantar, pon§m a conscientizagao sobre a importancia deste

treino deve estar sempre nos objetivos dos profissionais desta area.

Considerando que os estudos vocais estao cada vez mais acessiveis, e

que no tocante a faixa etaria infanto juvenil, e preciso fazer as modifica<;oes

necessarias. Cabe ao professor testar e verificar 0 resultado de cada exercicio,

bem como buscar meios que objetivem resultados positiv~s e satisfat6rios.

Neste trabalho foram apresentadas experiencias concretas que_foram_

utilizadas e que surtiram resultados significativos, tais como: melhora na emissao

vocal do coro, afina9aO e resultado son oro do canto.

Concebendo que inexiste uma f6rmula unica para se atingir bons

resultados com 0 trabalho em corais, cada grupo tem seu carater especifico e

diante disso, cabe ao orientador direcionar a educa<;ao vocal de acordo com as

necessidades do grupo. Para isto, e mUlto interessante observar as diferentes

rea<;oes e conversar com as coralistas para concretizar mudan<;8s

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Conclui-se portanto, diante deste estudo, que a beleza dos corais infante

juvenis, tao almejada pelos orientadores, e regentes dos grupos corais, est ainterligada com a emo<;:Elo e predisposi<;:c3.o de cada coralista no ato de cantar.

Permitir e tornar 0 aluno apta a conhecer a sua voz e ter a consciemcia de como

explorar sua sonoridade, certamente possibilitara que 0 prazer de cantar seja

maior e junta mente 0 de ouvir e ser ouvido venha a ocupar igual contemplac;8o.

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ANEXOS

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ILUSTRA<;:,iiO 1

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ILUSTRAc;:tiO 2

Podomos percebcr 0 movimento de cestoios lluxll1ondo 8 entrada do or e 0suo expulsao.

Como se porecba. 0 moior ganho rosplrat6rl0 est6 no base pulmonar. Nodeslocomento do diafragma para baixo ocorre 8 suc~iio de ar pOT prcsslio

negatlva.

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ILUSTRACAo 3

o dlafragma e um grande muscul0 om forma de cupula. ~ urn divisor entret6rax 0 ElbdOmen e 9ua contrB"~O e para baixo.

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Ilustra<;ao 3 - QUINTEIRO, Eudosia Acuna. 1989. Estelica da Voz - Uma voz

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