juliana basile nassin 2010

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UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA – UNIMEP FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA – FACEN CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS - LICENCIATURA JULIANA BASILE NASSIN Avaliação das Condições de Balneabilidade da Lagoa do Parque da Rua do Porto - Piracicaba/SP PIRACICABA/SP 2010

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Page 1: Juliana Basile Nassin 2010

UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA – UNIMEP

FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA – FACEN

CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS - LICENCIATURA

JULIANA BASILE NASSIN

Avaliação das Condições de Balneabilidade da

Lagoa do Parque da Rua do Porto -

Piracicaba/SP

PIRACICABA/SP

2010

Page 2: Juliana Basile Nassin 2010

2

JULIANA BASILE NASSIN

Avaliação das Condições de Balneabilidade da

Lagoa do Parque da Rua do Porto -

Piracicaba/SP

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado no Curso

de Ciências Biológicas - Licenciatura da Universidade Metodista de Piracicaba para

obtenção do título de Licenciado em Ciências Biológicas

Orientação: Prof. Dr. Fábio Braz Machado

Co-Orientação: Ivan Canale

PIRACICABA/SP

2010

Page 3: Juliana Basile Nassin 2010

3

JULIANA BASILE NASSIN

AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE BALNEABILIDADE DA LAGOA DO PARQUE

DA RUA DO PORTO - PIRACICABA/SP

Trabalho apresentado no Curso

de Ciências Biológicas -

Licenciatura da Universidade

Metodista de Piracicaba para

obtenção do título de Licenciada

em Ciências Biológicas.

Data da defesa: de de 2010.

Resultado: _______________________

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Fábio Braz Machado _________________________

Universidade Federal de São Paulo

Prof.ª Dr. ª Margarete de Fátima Costa _________________________

Universidade Metodista de Piracicaba

Page 4: Juliana Basile Nassin 2010

4

Dedico este trabalho,

simplesmente, à minha família.

Page 5: Juliana Basile Nassin 2010

5

AGRADECIMENTOS

Agradeço, por tudo:

À Deus;

À minha família, em especial ao meu pai, Ademir, que trabalhou duro para

que eu chegasse até aqui, atravessando todos os problemas e desafios; a

minha mãe, Fernanda, por seu amor incondicional; a minha avó Lygia por

entender, mesmo não entendendo direito, o nervoso passado; e

principalmente, à minha irmã Jamille, por estar sempre me ajudando nesse

trabalho, mesmo quando parecia mais cansada que eu mesma.

Ao meu muito querido, Danillo, por ouvir todos os sufocos e ter me acalmado

em todos eles;

E à todos os meus queridos, que me apoiaram ao longo da minha jornada,

cada um à sua maneira, mas sempre me incentivando a chegar exatamente

nessa fase, o final, o tão esperado sonho se realizando e fazendo feliz não

só a mim, mas também a quem realmente me quer bem.

Pela paciência, ensinamentos e conselhos:

Ao meu orientador Prof. Dr. Fábio Braz Machado,

ao meu co-orientador Ivan Canale e

à minha supervisora Prof.ª Dr.ª Kayna Agostini.

Ao Serviço Municipal de Água e Esgoto de Piracicaba

por me ceder seus laboratórios.

À Universidade Metodista de Piracicaba

por me ceder suas salas de aula e seus professores.

Page 6: Juliana Basile Nassin 2010

6

RESUMO

O presente trabalho teve por escopo um estudo analítico para apresentar as

condições de balneabilidade da Lagoa do Parque da Rua do Porto de Piracicaba.

Este estudo foi desenvolvido pelo fato da Lagoa receber inúmeros visitantes que

podem entrar em contato primário com suas águas. Assim, é imprescindível que sua

balneabilidade esteja de acordo com o que rege a Resolução nº 274/ 2000 do

Conselho Nacional do Meio Ambiente, que estabelece as características físico-

químicas, hidrobiológicas e de coliformes termotolerantes (fecais). A esse respeito

houveram análises das coletas de amostras de tal água bem como a avaliação de

dados históricos recentes. Ao final, provou-se estar ela dentro dos padrões de

salubridade.

Palavras-chave: Balneabilidade; Água; Salubridade; Limnologia; Geoquímica

Ambiental.

Page 7: Juliana Basile Nassin 2010

7

ABSTRACT

The scope of this present work was an analytical study about the conditions of

bathing at the Piracicaba`s Street Port Park Lagoon. This study was developed

because the lake receives many visitors who come in primary contact with their

water. Therefore, it is imperative that its tenor remains in accordance with Resolution

No. 274/ 2000 of the National Council of the Environment, which establishes the

physico-chemical, hydrobiological and fecal coliform conditions. That way, there was

the analysis of collected samples of such water, as well as the assessment of recent

historical data. In the end, it was proved to be within the standards of decency.

Key words: Bathing; Water; Health Commission; Limnology; Environmental

Geochemistry.

Page 8: Juliana Basile Nassin 2010

8

SUMÁRIO

RESUMO..................................................................................................................... 6

ABSTRACT ................................................................................................................. 7

1. Introdução ............................................................................................................. 10

2. Objetivo ................................................................................................................. 10

2.1. Objetivo Específico ............................................................................................. 11

3. Material e Métodos ................................................................................................ 11

3.1. Coletas das Amostras ........................................................................................ 13 3.1.1. Coleta das Amostras para Análises de Clorofila e Fitoplâncton ................... 14 3.1.2. Coleta das Amostras para Análises Físico-Químicas (pH e turbidez) .......... 14 3.1.3. Coleta das Amostras para Análises de Oxigênio Dissolvido (OD) ............... 14 3.1.4. Coleta das Amostras para Análises Bacteriológicas .................................... 15

3.2. Análise de pH ..................................................................................................... 15

3.3. Análise de Oxigênio Dissolvido .......................................................................... 15

3.4. Análise de Turbidez ............................................................................................ 16

3.5. Análise de Coliformes Termotolerantes (Fecais) ................................................ 16

3.6. Análise da Clorofila ............................................................................................ 16

3.7. Análise do Fitoplâncton e Contagem de Cianobactérias .................................... 17

4. Aspectos Geográficos da Área .............................................................................. 17

5. Resultados e Discussão ........................................................................................ 19

6. Conclusão ............................................................................................................. 26

7. Referências Bibliográficas ..................................................................................... 27

Page 9: Juliana Basile Nassin 2010

9

8. Anexo .................................................................................................................... 30

8.1. Conceitos ........................................................................................................... 30

8.1.1. Potencial Hidrogênionico (pH) ........................................................................ 30

8.1.2. Turbidez .......................................................................................................... 30

8.1.3. Oxigênio Dissolvido (O.D.) .............................................................................. 30

8.1.4. Fitoplâncton ..................................................................................................... 30

8.1.5. Cianobactérias ................................................................................................ 31

8.1.6. Clorofila-a ........................................................................................................ 31

8.1.7. Coliformes Termotolerantes ............................................................................ 31

8.1.8. Organismos Patogênicos ................................................................................ 32

8.1.9. Águas destinadas à balneabilidade ................................................................. 32 8.1.9.1. Águas próprias .......................................................................................... 32 8.1.9.2. Águas impróprias ...................................................................................... 33 8.1.9.3. Interdição de Balneários ........................................................................... 33

Page 10: Juliana Basile Nassin 2010

10

1. INTRODUÇÃO

A sociedade moderna tem, atualmente, uma crescente necessidade do uso

da água para abastecimento doméstico e industrial fazendo com que a quase

totalidade das atividades humanas seja cada vez mais dependente da

disponibilidade de água (ESTEVES, 1998 apud VALIM, 2010).

Além disto, a população humana usufrui da água com a técnica de irrigação e

como lazer. Esse tipo de atividade envolve contato primário com a água e

superfícies do corpo com nenhuma ou pouca ingestão. (ROTMAN & TRAVASSOS,

1987).

A Lagoa do Parque da Rua do Porto de Piracicaba é constantemente utilizada

para práticas esportivas como caiaque, natação e outras atividades que colocam a

pessoa em contato direto com a água.

Portanto, de acordo com a Resolução nº 274 / 2000 do CONAMA, é

necessário que haja um controle periódico da condição da água dessa lagoa, com o

objetivo de verificar as características de suas qualidades, a fim de manter a saúde e

o bem-estar da população usuária.

A discussão do tema pode proporcionar para a comunidade usuária dessa

Lagoa uma reflexão sobre as condições de balneabilidade da mesma.

O estudo das águas da Lagoa do Parque da Rua do Porto de Piracicaba - SP

é importante para a verificação de suas características de qualidade, a espelho do

que rege a Resolução nº 274 / 2000 do CONAMA.

Assim, é imprescindível uma água livre de substâncias e microrganismos

nocivos à saúde humana, ao contrário do que pode estar ocorrendo na prática, a fim

de evitar alergias, intoxicações e doenças em geral nos seus usuários.

2. OBJETIVO

O objetivo do trabalho é analisar as condições da água encontrada na Lagoa

do Parque da Rua do Porto da cidade de Piracicaba/SP, enfocando em especial a

sua balneabilidade, ou seja, a salubridade de suas águas para uso de banho e

práticas esportivas pela população.

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2.1. Objetivo Específico

O presente trabalho pretende avaliar a qualidade da água da Lagoa, com

técnicas de análises físico-químicas, hidrobiológicas e de coliformes termotolerantes,

a fim de enquadrá-la nos padrões de balneabilidade estabelecidos pela Resolução

nº 274 / 2000 do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA.

3. MATERIAL E MÉTODOS

A Lagoa pesquisada para este presente trabalho (Figura 1) está localizada em

Piracicaba, a 160 km de São Paulo- SP (acesso de carro pela Rod. dos

Bandeirantes) e a 72,9 km de Campinas- SP (acesso de carro pela Rod. dos

Bandeirantes e Rod. Luiz de Queiroz. Dentro da cidade de Piracicaba, a Lagoa se

encontra na região central, na margem esquerda no Rio Piracicaba, próximo a

Avenida Beira Rio, conforme demonstra o mapa esquemático de localização da

Figura 7.

Figura 1. Vista geral da Lagoa do Parque da Rua do Porto de Piracicaba- SP.

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Para a realização deste trabalho, foi realizado um levantamento histórico

recente (através de informações disponibilizadas pelo Serviço Municipal de Água e

Esgoto de Piracicaba – SEMAE) de dados analíticos de qualidade da água da Lagoa

do Parque da Rua do Porto. Os parâmetros de avaliação escolhidos foram:

• Coliformes termotolerantes;

• Oxigênio Dissolvido;

• pH;

• Turbidez;

• Clorofila;

• Fitoplâncton Total e Contagem de Cianobactérias.

Conforme a classificação dada para as águas recreacionais descritas pela

Resolução CONAMA nº 274 / 2000, tem-se os respectivos limites dos parâmetros de

qualidade avaliados que, se não respeitados, podem gerar efeitos adversos à saúde

de seus usuários.

Portanto foi realizado um levantamento das características de qualidade

físico-químicas, microbiológicas e hidrobiológicas que o CONAMA prescreve para

balneabilidade em corpos d’água superficiais, de modo a se verificar, então, a

adequação da lagoa in casu a esses limites, bem como apurar uma eventual

impropriedade na utilização para recreação.

Também foram pesquisadas as interferências geográficas da região, como

possíveis despejos de águas residuárias, esgotos e a influência de afluentes

contaminados.

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3.1. Coletas das Amostras

Foram pré-determinados cinco pontos de coleta no entorno da Lagoa do

Parque da Rua do Porto (Figuras 2; 3; 4; 5 e 6). As coletas foram realizadas com

frequência bimensal no período de Janeiro a Setembro de 2010.

Figura 2. Ponto de coletas nº 1 Figura 3. Ponto de coletas nº 2

Figura 4. Ponto de coletas nº 3 Figura 5. Ponto de coletas nº 4

Figura 6. Ponto de coletas nº 5

Page 14: Juliana Basile Nassin 2010

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3.1.1. Coleta das Amostras para Análises de Clorofila e Fitoplâncton

A amostragem para análise de clorofila foi realizada retirando-se a amostra de

água da superfície da Lagoa com um balde e transferindo-se a amostra para um

frasco de vidro âmbar (escuro) de 1 litro; preencheu-se apenas 2/3 do frasco com

amostra, de forma a manter ar dentro do frasco para permitir que os organismos

fitoplanctônicos (algas) permanecessem vivos e respirando até o momento da

análise no laboratório.

Para análise do fitoplâncton, retirou-se uma alíquota da amostra para análise

de clorofila e transferiu-se para outro frasco de vidro âmbar pequeno (de 200 mL),

contendo 15 gotas de lugol como preservante para os organismos (AGUDO, 1987).

3.1.2. Coleta das Amostras para Análises Físico-Químicas (pH e turbidez)

Para as análises físico-químicas (pH e turbidez) foi utilizada amostra

diretamente dos frascos coletados para análise de clorofila (amostra de água da

superfície da Lagoa).

3.1.3. Coleta das Amostras para Análises de Oxigênio Dissolvido (OD)

O procedimento realizado nas análises de oxigênio dissolvido (OD) para

amostras de água da Lagoa foram os mesmos de FUNASA (2006), no qual realizou-

se com o auxílio de um coletor de OD, em frasco de D.B.O, imergindo-se o conjunto

na água a ser amostrada, no mínimo 20 cm da superfície, a fim de não coletar

amostra saturada e aerada, e aguardando o completo enchimento do conjunto. O

frasco foi retirado do interior da garrafa coletora e tampado imediatamente,

verificando se não ocorreu aprisionamento de bolhas de ar no interior do frasco.

Ainda no local da coleta foi adicionado imediatamente 2mL de solução de sulfato

manganoso e 2 mL de reagente alcalino-iodeto-azida (para preservar a amostra até

a análise em laboratório) (APHA, 1998).

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3.1.4. Coleta das Amostras para Análises Bacteriológicas

Segundo FUNASA (2006), para coletas de amostras de água para análises

bacteriológicas foi utilizado balde, coletando-se a amostra de água diretamente da

superfície da Lagoa. Para evitar a contaminação do balde coletor e/ou da amostra

de um ponto de coleta para o outro, o balde sempre foi lavado com a própria água

do local a ser amostrado antes de se tomar a amostra. Foram utilizados frascos

plásticos esterilizados para armazenamento das amostras.

3.2. Análise de pH

Foi realizada pelo método eletrométrico (considerado padrão), que é

praticamente isento de interferentes. O eletrodo foi colocado na amostra de água

que mede diretamente o pH. Antes do uso, o equipamento foi calibrado com

soluções – tampão padrão de pH apropriadas (APHA, 1998). O modelo do aparelho

é DM-22, Digimed de propriedade do Serviço Municipal de Água e Esgoto de

Piracicaba.

3.3. Análise de Oxigênio Dissolvido

Após a coleta, em laboratório, o frasco de DBO contendo a amostra

preservada foi destampado cuidadosamente e adicionado 2 mL de fluoreto de

potássio e 2 mL de ácido sulfúrico concentrado. O frasco foi fechado e agitado muito

bem, por inversão, para dissolver completamente o material precipitado. Foram

transferidos então 200 mL do conteúdo do frasco para um erlenmeyer de 500 mL.

Em seguida, adicionou-se 1-2 mL de solução de amido e foi feita a titulação com

tiossulfato de sódio a 0,025N até o desaparecimento da cor escura. A concentração

de oxigênio dissolvido (em mg/L de O2) corresponde diretamente ao volume de

tiossulfato de sódio gasto (em mL) (APHA, 1998).

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3.4. Análise de Turbidez

Foi realizada através de metodologia nefelométrica de Santos & Sobreira

(2008), utilizando-se equipamento turbidimetro da marca HACH, modelo 2100 de

propriedade do Serviço Municipal de Água e Esgoto de Piracicaba.

3.5. Análise de Coliformes Termotolerantes (Fecais)

Para a análise de determinação quantitativa de bactérias do grupo coliformes

fecais (termotolerantes) foi realizada a técnica de fermentação em tubos múltiplos,

utilizando meio A1 (APHA, 1988). Essa técnica, segundo APHA (1992), se processa

uma única etapa e consiste na semeadura de volumes e diluições determinados em

cinco tubos de meio A1 incubados a 35 ± 0,5ºC durante 3 horas. A seguir, ficam

expostos a um período de 21 ± 2 horas a 44,5 ± 0,2ºC provocando um

enriquecimento dos organismos fermentadores da lactose.

Quando ocorre produção de gás, a partir da fermentação da lactose neste

meio, obtêm-se o resultado confirmativo positivo para a presença de bactérias desse

grupo.

A densidade de coliformes fecais (termotolerantes) é expressa em NMP / 100

mL, a qual é determinada com o auxílio de uma tabela de número mais provável

(NMP).

3.6. Análise da Clorofila

A metodologia adotada, de acordo com APHA (1992), determina as

concentrações de clorofila-a por meio de espectrofotômetro. Através das leituras das

densidades ópticas obtidas em 2 comprimentos de onda (665 e 750 nm), permite

demonstrar o potencial orgânico local de clorofila-a e o grau de eutrofização do

ambiente aquático.

O procedimento de filtração e extração da clorofila para leitura necessita ser

realizado em ambiente escuro. A filtração (250 mL da amostra de água) é feita em

filtros de fibra de vidro devidamente colocados em porta-filtros acoplados ao sistema

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de bomba de vácuo. Logo após, lavou-se os porta-filtros com água destilada e

colocou-se os filtros com o material filtrado em tubos de centrífuga, ao abrigo da luz.

A extração dos pigmentos foi feita adicionando aos tubos 10mL de etanol

80%. Os tubos contendo os filtros foram, então, aquecidos em banho-maria a 75ºC

por 5 minutos. Após o aquecimento, os mesmos tubos foram imediatamente

resfriados em um recipiente contendo cubos de gelo moídos por mais 5 minutos e o

extrato foi deixado em repouso por aproximadamente 15 horas em refrigeração (4ºC)

(Norma Holandesa, 1981).

Terminado o tempo de repouso, colocou-se o extrato em cubetas

espectrofotométricas e o mesmo foi lido contra um branco de etanol 80% (Norma

Holandesa, 1981).

3.7. Análise do Fitoplâncton e Contagem de Cianobactérias

A análise qualitativa e quantitativa da comunidade fitoplanctônica foi realizada

por método de concentração da amostra e observação em microscópio óptico. Essa

análise envolve uma estimativa do número e/ou biomassa desses organismos por

unidade de volume e do número de células de cianofíceas por mililitro de água.

Para centrifugar a amostra a 2500 rpm durante 20 minutos foi colocado 10 mL

da mesma em 2 tubos de centrífuga. Depois de centrifugada a amostra desprezou-

se parte do sobrenadante de cada um dos tubos de acordo com orientações da

Norma Técnica L5.303 da CETESB; juntou-se o conteúdo dos dois tubos de

centrífuga e essa amostra concentrada foi colocada em câmara de Sedgwick-Rafter,

para análise no microscópio.

4. ASPECTOS GEOGRÁFICOS DA ÁREA

Os estudos de imageamento por sensoriamento remoto mostraram que a

Lagoa do Parque da Rua do Porto, com cerca de 35 mil m², possui uma elongação

E-W, com 486 metros em seu maior eixo e 103 metros de largura no extremo oeste

e 50 no extremo leste. Está localizada a 130 metros do Rio Piracicaba, na margem

esquerda, na extremidade de um meandro voltado para SSW.

Page 18: Juliana Basile Nassin 2010

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As imagens também mostraram, através do satélite Landsat 7, de maio de

2003 (Figura 07), que a lagoa ocupa a planície aluvionar do rio, paralela as margens

do mendro mais próximo, o que leva a interpretação de um meandro abandonado.

Além disso, fica claro na imagem da Figura 07, a ausência de mata ciliar no entorno

da lagoa, representada por pontos amarelos na mesma figura.

Figura 7. Imagem do satélite Landsat 7, de maio de 2003, 4(B)7(G)8(R), com

destaque para a área investigada.

Os sedimentos da planície, segundo os dados de campo, corroborados com

Machado et al. (2005), são os mesmos daquelas do rio Piracicaba, depósitos

cenozóicos, arenosos e inconsolidados. Esses sedimentos ocorrem sobre rochas

sedimentares (arenitos, siltitos e argilitos) do Grupo Itararé, de idade carbonífera, por

vezes cortados por diques de diabásio da Formação Serra Geral (Cretáceo).

De fato, segundo os mesmos autores, a presença das rochas do Grupo

Itararé são aquelas responsáveis pela formação do Aqüífero Tubarão, cujo

Page 19: Juliana Basile Nassin 2010

19

potenciométrico, na área investigada, é na direção do Rio Piracicaba, e desta forma,

controlam não só a vazão do rio mas também o volume de água da represa.

Como o potencial de um aqüífero está relacionado com o volume de água

meteórica é de se esperar um menor volume de água nos meses de estiagem, no

caso de Piracicaba, clima tropical úmido, marcado por estações secas e úmidas, nos

meses de julho a agosto. Ao contrário, com maior volume de água na lagoa, nos

meses de dezembro a fevereiro, conforme demonstra a Tabela 1 cujos valores são

apontados pelo Departamento de Ciências Exatas da ESALQ-USP.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

No ano de 2010, mesmo tendo sido um ano atípico, comparado com os anos

anteriores, para índices pluviométricos, devido à estiagem que ocorreu no Sudeste

do Brasil, podem ter seus dados comparados com a Tabela 1, que apresentam seus

índices de precipitação, comparados com os meses de coletas do presente trabalho,

maiores em Janeiro/2009 e Março/2009 e o menor índice em Julho/2009.

Tabela 1. Médias de temperatura do ar e precipitação para Piracicaba no ano

de 2009.

Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano

Temperatura máxima registrada (°C)

38,5 38,5 37,0 35,0 33,8 32,8 33,0 36,0 38,2 38,4 40,2 38,5 37,6

Temperatura máxima média (°C)

29,9 30,3 30,0 28,5 26,1 25,0 25,3 27,4 28,1 29,1 29,6 29,7 28,0

Temperatura mínima média (°C)

19,0 19,1 18,3 15,5 12,1 10,4 9,6 11,1 13,5 15,7 16,8 18,2 16,6

Temperatura mínima registrada (°C)

10,2 11,2 8,8 0,8 -0,2 -1,8 -1,8 -2,6 0,7 3,0 6,6 11,6 10,7

Precipitação (mm) 229,5 182,6 143,1 63,2 54,0 42,4 28,2 29,6 60,8 110,6 130,9 198,7 1273,3

Fonte: Departamento de Ciências Exatas. Escola Superior de Agricultura Luiz de

Queiroz/ USP.

Page 20: Juliana Basile Nassin 2010

20

Na Tabela 2 observa-se que os níveis de Oxigênio Dissolvido (OD) se

apresentaram relativamente altos (≥ 5,0 mg/L) em todas as coletas realizadas,

apesar de não ser prejudicial à vida encontrada nas águas analisadas, pois Santos &

Reis apontaram que no local onde há despejo de efluentes contaminados o nível de

OD diminui, o que não foi identificado no presente trabalho.

Já os valores de pH da Lagoa, de uma forma geral, se mantiveram

ligeiramente alcalino em todas as coletas realizadas (Tabela 2). Esses valores são

considerados dentro do pedido pela Resolução nº 274/ 2000 do CONAMA (pH < 6,0

ou pH > 9,0), deste modo não lesam o ambiente aquático da Lagoa, o que corrobora

com a conclusão de Rodrigues et.al. (2009), que defendem que águas com o pH

levemente superior podem ser consideradas tipicamente alcalinas, sendo comum

em águas naturais.

Os resultados das análises de turbidez da água, de forma geral, se

apresentaram relativamente baixos; entretanto, as análises realizadas em

Setembro/2010 apresentaram valores de turbidez ligeiramente aumentados (Tabela

2), sendo as chuvas 24h antecedentes o motivo provável. Portanto não há danos

para os organismos naturais da referida Lagoa.

Os teores de clorofila-a se apresentaram bastante aumentados em todos os

períodos e pontos amostrados. Comparando-se com os valores de referência da

Tabela 5, a Lagoa estudada pode ser classificada como um ambiente eutrofizado

(clorofila >10 µg/L). Essa informação está diretamente relacionada à densidade de

organismos fitoplanctônicos observados. Observa-se também a presença de

cianobactérias nas águas da Lagoa, com densidades mais elevadas na coleta de

Janeiro/2010 (Tabela 3). Essa elevada densidade de algas também está relacionada

aos valores relativamente altos de pH e teores elevados de OD.

Com relação ao parâmetro coliformes termotolerantes (fecais), de uma forma

geral, nos meses de Março/2010 e Setembro/2010 (Tabela 4), observa-se valores

acima do limite máximo permitido pela Resolução CONAMA 274/2000 (> 1000

NMP/100 mL). Isso se deve a ocorrência de chuvas nas 24h antecedentes a coleta

(que também pode ser evidenciado pelo aumento da turbidez da água), o que

Page 21: Juliana Basile Nassin 2010

21

também foi verificado por Costa & Mendoza-Sassi (2007), apesar de no trabalho

citado a diferença ter sido não estatisticamente significante.

A Lagoa, além de fazer parte do reservatório de água subterrâneo do Rio

Piracicaba, faz parte da área de várzea desse Rio, portanto quando ocorrem

enchentes, há a mistura da água do Rio de Piracicaba com a da Lagoa. Tendo as

águas do Rio Piracicaba níveis de poluição elevados, estas vão contaminar as

águas da Lagoa. Além disso, pode haver contaminações da montante nos lençóis

freáticos da Lagoa, o que também influência na contaminação.

Como a Lagoa discutida é considerada pequena, pode haver concentrações

maiores de coliformes termotolerantes (fecais) em alguns pontos de coleta, como

mostram as Figuras 8; 9; 10; 11 e 12.

Page 22: Juliana Basile Nassin 2010

22

Tabela 2. Resultados das análises físico-químicas (pH, O.D. e turbidez), amostras coletadas na Lagoa do Parque da Rua

de Porto, Piracicaba- SP.

Mês de Coleta Ponto 1 Ponto 3 Ponto 5 pH O.D. (mg/L

O2) Turbidez

(NTU) pH O.D. (mg/L

O2) Turbidez

(NTU) pH O.D. (mg/L

O2) Turbidez

(NTU) Janeiro/2010 7,8 * 23,2 8,1 * 20,4 7,9 * 19,2 Março/2010 * * * * * * * * * Maio/2010 8,5 8,7 11,1 8,4 6,1 13,7 8,3 * 10,9 Julho/2010 * * * * * * * * *

Setembro/2010 8,6 5,8 27,0 8,6 5,3 35,6 8,6 5,0 26,4 Parâmetros pH: < 6,0 ou > 9,0 OD: < 6,0 mg/L O2 Turbidez: > 40 NTU

*Análise não realizada

Tabela 3. Resultados das análises hidrobiológicas (clorofila-a, fitoplâncton total e células de cianobactérias/ mL),

amostras coletadas na Lagoa do Parque da Rua de Porto, Piracicaba- SP.

Mês de Coleta Ponto 1 Ponto 3 Ponto 5 Clorofila-a

(µg/L) Fitoplâncton

Total (nº org/mL)

Cél. Cianobac.

/mL

Clorofila-a (µg/L)

Fitoplâncton Total (nº org/mL)

Cél. Cianobac.

/mL

Clorofila-a (µg/L)

Fitoplâncton Total (nº org/mL)

Cél. Cianobac.

/mL Janeiro/2010 50,0 9600 41000 59,8 12000 62000 45,5 12000 44000 Março/2010 * * * * * * * * * Maio/2010 62,9 12000 1900 101,8 12000 150 57,6 13100 950 Julho/2010 66,1 13500 5100 107,1 17700 1400 79,5 * *

Setembro/2010 159,8 * * 165,6 * * 187,0 * * Parâmetros Clorofila-a: > 10 µg/L Cianobactérias: 20.000 cel/ mL

*Análise não realizada

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23

Tabela 4. Resultados das análises de coliformes termotolerantes (fecais)- NMP /100mL, amostras coletadas em 5 pontos

da Lagoa do Parque da Rua de Porto, Piracicaba- SP.

Mês da Coleta Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4 Ponto 5 Janeiro/2010 30 350 170 1600 170 Março/2010 1700 3000 9000 9000 5000 Maio/2010 900 1700 300 110 500 Julho/2010 170 300 40 900 500

Setembro/2010 2200 16000 5000 3000 9000 Parâmetros <1000 NMP/ 100mL

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Figura 8. Coliformes termotolerantes (fecais)- NMP/100mL, de Janeiro/2010 nos 5 pontos de coleta da Lagoa do Parque da Rua de Porto, Piracicaba- SP.

Figura 9. Coliformes termotolerantes (fecais)- NMP/100mL, de Março/2010 nos 5 pontos de coleta da Lagoa do Parque da Rua de Porto, Piracicaba- SP.

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Figura 10. Coliformes termotolerantes (fecais)- NMP/100mL, de Maio/2010 nos 5 pontos de coleta da Lagoa do Parque da Rua de Porto, Piracicaba- SP.

Figura 11. Coliformes termotolerantes (fecais)- NMP/100mL, de Julho/2010 nos 5 pontos de coleta da Lagoa do Parque da Rua de Porto, Piracicaba- SP.

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Figura 12. Coliformes termotolerantes (fecais)- NMP/100mL, de Setembro/2010 nos 5 pontos de coleta da Lagoa do Parque da Rua de Porto, Piracicaba- SP.

6. CONCLUSÃO

Apesar da ocorrência eventual de problemas de qualidade da água da Lagoa

do Parque da Rua do Porto, pode-se considerá-la própria a sua condição de

balneabilidade.

Os problemas de qualidade verificados estão relacionados principalmente

com a ocorrência de chuvas nos dias que antecederam as coletas e que levaram ao

aumento da turbidez e dos níveis de coliformes termotolerantes. Importante destacar

também a presença eventual de cianobactérias nas águas da Lagoa, que também

podem representar risco à saúde de seus usuários.

Portanto, é necessário que haja avaliações periódicas da qualidade da água

da Lagoa do Parque da Rua do Porto comparando-a e adequando-a com o que rege

a Resolução nº 274/ 2000 do CONAMA.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CETESB. Determinação de pigmentos fotossintetizantes clorofila-a, b e c e feofitina-a. São Paulo, 1990 (Norma Técnica L5.306).

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Departamento de Ciências Exatas. ESALQ-USP. Disponível em: <http://ce.esalq.usp.br/>. Acesso em: 14 nov. 2010.

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DI BERNARDO, L. Algas e suas influências na qualidade das águas e nas tecnologias de tratamento. Rio de Janeiro, ABES, 1995.

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Decreto nº 8.468 de 8 de setembro de 1976. 1976. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/Servicos/licenciamento/postos/legislacao/Decreto_Estadual_8468_76.pdf>. Acesso em: 22 ago. 2010.

Fundação Nacional de Saúde. Cianobactérias Tóxicas na Água para Consumo Humano na Sáude Pública e Processos de Remoção em Água para Consumo Humano. Brasília: Ascom, 2003. 56 p.

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LIGHTFOOT, N.F.; MAIER, E.A. Análise Microbiológica de Alimentos e Água. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2003. 284 p.

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ROITMAM, I; TRAVASSOS, L.R. Tratado de Microbiologia. Vol. 1. São Paulo: Manole, 1987.

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SANTOS, C.R.; REIS, R.S. Avaliação do grau de poluição do Riacho Cruz das Almas e suas implicações na balneabilidade da praia. Maceió.

Secretaria de Vigilância em Saúde. Vigilância e controle da qualidade da água para consumo humano. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 212 p.

SILVA, J.C. DA; SANTANA, H.S.; ITO, S.I. Impacto Causado pela Eutrofização num Lago Urbano em Guarulhos- Perspectiva de Manejo. Guarulhos, 2010.

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VALIM, P.C.N. Avaliação das Condições de Balneabilidade do Rio São Francisco em Pirapora (MG). Pirapora, 2010.

VASÍLIO, V.A.A. Balenabilidade, índice de qualidade da água e bioensaios de toxicidade nas praias do Reservatório de Ilha Solteira/ SP. Ilha Solteira, 2006.

Page 30: Juliana Basile Nassin 2010

30

8. ANEXO

8.1. CONCEITOS

8.1.1. Potencial Hidrogênionico (pH)

O pH (potencial hidrogêniônico) representa, no meio líquido, a intensidade

das condições ácidas ou alcalinas por meio da medição da presença de íons

hidrogênio (H+). O valor do pH, que para a salubridade da vida aquática deve se

encontrar na faixa de 6 a 9, influi na distribuição das formas livre e ionizada de

diversos compostos químicos, além de contribuir para um maior ou menor grau de

solubilidade das substâncias e de definir o potencial de toxicidade de vários

elementos (Secretaria de Vigilância em Saúde, 2006).

8.1.2. Turbidez

Havendo presença de materiais em suspensão na água, pode ocorrer

interferências que diminuem a transparência e reduzem a passagem de luz através

desta. A medida do grau dessa interferência pode ser definida como turbidez da

água. Essa turbidez pode ser reduzida por sedimentação (Secretaria de Vigilância

em Saúde, 2006).

8.1.3. Oxigênio Dissolvido (O.D.)

O oxigênio dissolvido (OD) permite que os compostos químicos encontrados

na água se precipitem, armazenando-se no fundo da Lagoa. Quando não há

quantidades suficientes de OD (anaerobiose) esses compostos químicos se

encontram não oxidados, disponibilizando essas substâncias químicas para

assimilação pelos organismos que sobrevivem no ambiente (Secretaria de Vigilância

em Saúde, 2006).

8.1.4. Fitoplâncton

Uma das principais comunidades que habitam o ambiente aquático é o

fitoplâncton (algas e bactérias). Como vivem em suspensão na água por não terem

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movimentação própria, podem interferir na turbidez da mesma. Podem interferir

também no OD da água por serem organismos que produzem oxigênio (Secretaria

de Vigilância em Saúde, 2006).

8.1.5. Cianobactérias

Alguns gêneros de cianobactérias podem produzir toxinas irritantes ao

contato. Essas toxinas são conhecidas como cianotoxinas e seu contato pode

ocorrer devido à ingestão de água, contato em atividades de recreação no ambiente,

ou por consumo de pescado contaminado (Fundação Nacional de Saúde, 2003).

8.1.6. Clorofila-a

A clorofila-a é a mais comum dentre os tipos de clorofila e é comumente

encontrada em algas planctônicas, assim, é considerada um ótimo indicador da

biomassa das algas encontradas nos corpos d’água, propiciando a visualização do

grau de eutrofização do meio (Tabela 1) (Secretaria de Vigilância em Saúde, 2006).

Tabela 5. Estado Trófico em função da concentração de Clorofila-a.

Estado Trófico Concentração de clorofila-a (µg/L) Oligotrófico 0 a 4 Mesotrófico 4 a 10

Eutrófico > 10 Fonte: Di Bernardo: Algas e suas influências na qualidade das águas e nas tecnologias de

tratamento.

8.1.7. Coliformes Termotolerantes

As bactérias coliformes são o mais importante organismo indicador de

organismos patogênicos. Essas bactérias são provenientes da contaminação da

água por fezes, são facilmente identificáveis e habitam naturalmente o intestino de

animais (inclusive o ser humano), sendo, portanto, um grande apontador da

presença de esgotos domésticos na água (Secretaria de Vigilância em Saúde,

2006).

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8.1.8. Organismos Patogênicos

Os organismos patogênicos é um dos contaminantes de maior importância, e

a ocorrência de enfermidades decorrentes principalmente pela ingestão de águas

contaminadas, chamadas de enfermidades de veiculação hídrica, pela presença de

microorganismos patogênicos, geralmente de origem fecal, pode ser minimizada ou

mesmo evitada mediante práticas adequadas de saneamento (Secretaria de

Vigilância em Saúde, 2006).

8.1.9. Águas destinadas à balneabilidade

As águas destinadas à balneabilidade podem ser doces, salobras ou salinas.

Sua condição é avaliada e então dividida em duas categorias (CONAMA, Resolução

274/ 2000).

8.1.9.1. Águas próprias

A primeira categoria se refere à condição chamada própria, que por sua vez é

subdividida em excelente, muito boa e satisfatória, de acordo com a quantidade de

coliformes fecais, Escherichia coli e enterococos, encontrados em amostras colhidas

no local, conforme dispõe o artigo 2º da Resolução 274/ 2000 do CONAMA:

Art. 2º. As águas doces, salobras e salinas destinadas à balneabilidade

(recreação de contato primário) terão sua condição avaliada nas categorias

própria e imprópria.

§ 1º. As águas consideradas próprias poderão ser subdivididas nas seguintes

categorias:

a) Excelente: quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras obtidas

em cada uma das cinco semanas anteriores, colhidas no mesmo local,

houver, no máximo, 250 coliformes fecais (termotolerantes) ou 200

Escherichia coli ou 25 enterococos por l00 mililitros;

b) Muito Boa: quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras obtidas

em cada uma das cinco semanas anteriores, colhidas no mesmo local,

houver, no máximo, 500 coliformes fecais (termotolerantes) ou 400

Escherichia coli ou 50 enterococos por 100 mililitros;

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c) Satisfatória: quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras obtidas

em cada uma das cinco semanas anteriores, colhidas no mesmo local,

houver, no máximo 1.000 coliformes fecais (termotolerantes) ou 800

Escherichia coli ou 100 enterococos por 100 mililitros.

§ 2º. Quando for utilizado mais de um indicador microbiológico, as águas

terão as suas condições avaliadas, de acordo com o critério mais restritivo.

8.1.9.2. Águas impróprias

A segunda categoria de definição de tal água é a de imprópria, nos casos em

que se verificarem as ocorrências dispostas no artigo 4º da mesma Resolução, in

verbis:

§ 4º. As águas serão consideradas impróprias quando no trecho avaliado, for

verificada uma das seguintes ocorrências:

a) não atendimento aos critérios estabelecidos para as águas próprias;

b) valor obtido na última amostragem for superior a 2500 coliformes fecais

(termotolerantes) ou 2000 Escherichia coli ou 400 enterococos por 100

mililitros;

c) incidência elevada ou anormal, na Região, de enfermidades transmissíveis

por via hídrica, indicada pelas autoridades sanitárias;

d) presença de resíduos ou despejos, sólidos ou líquidos, inclusive esgotos

sanitários, óleos, graxas e outras substâncias, capazes de oferecer riscos à

saúde ou tornar desagradável a recreação;

e) pH < 6,0 ou pH > 9,0 (águas doces), à exceção das condições naturais;

f) floração de algas ou outros organismos, até que se comprove que não

oferecem riscos à saúde humana;

g) outros fatores que contra-indiquem, temporária ou permanentemente, o

exercício da recreação de contato primário.

§ 5º. Nas praias ou balneários sistematicamente impróprios, recomenda-se a

pesquisa de organismos patogênicos.

8.1.9.3. Interdição de Balneários

Há a possibilidade de justificável interdição dos balneários, realizada pelos

órgãos de controle ambiental, nos casos em que houver má qualidade das águas a

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torná-las impróprias para recreação, bem como se ocorrer alta toxicidade ou

formação de natas devido à floração de algas e outros eventos de mesmo nível,

conforme exposto no artigo 3º e seus parágrafos, da referida Resolução, transcritos

a seguir:

Art. 3º. Os trechos das praias e dos balneários serão interditados se o órgão

de controle ambiental, em quaisquer das suas instâncias (municipal, estadual

ou federal), constatar que a má qualidade das águas de recreação de contato

primário justifica a medida.

§ 1º. Consideram-se ainda, como passíveis de interdição os trechos em que

ocorram acidentes de médio e grande porte, tais como: derramamento de

óleo e extravasamento de esgoto, a ocorrência de toxicidade ou formação de

nata decorrente de floração de algas ou outros organismos e, no caso de

águas doces, a presença de moluscos transmissores potenciais de

esquistossomose e outras doenças de veiculação hídrica.

§ 2º. A interdição e a sinalização, por qualquer um dos motivos mencionados

no caput e no § 1º deste artigo, devem ser efetivadas, pelo órgão de controle

ambiental competente.

Tais ações e avaliações serão realizadas pelos órgãos de controle ambiental

competentes, como dispõe o artigo 9º da Resolução:

Art. 9º. Aos órgãos de controle ambiental compete a aplicação desta

Resolução, cabendo-lhes a divulgação das condições de balneabilidade das

praias e dos balneários e a fiscalização para o cumprimento da legislação

pertinente.