labirinto

9
Universidade Católica Portuguesa – Faculdade de Ciências Humanas Unidade Curricular: Cultura Portuguesa Docente: Doutora Marília dos Santos Lopes Trabalho realizado por: Nuno Pires Nº 130314092 Turma 2 Irrealismo Português 0

Upload: nuno-pires

Post on 15-Apr-2016

212 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Labirinto

TRANSCRIPT

Page 1: labirinto

Universidade Católica Portuguesa – Faculdade de Ciências HumanasUnidade Curricular: Cultura Portuguesa

Docente: Doutora Marília dos Santos Lopes

Trabalho realizado por:Nuno PiresNº 130314092Turma 2

Irrealismo Português

0

Page 2: labirinto

IndiceBiografia...........................................página 2

Introdução...........................................página 3

Irrealismo Português..............................página 4 e 5

Conclusão....................................................página 5

Webgrafia......................................................página 6

1

Page 3: labirinto

Biografia

Eduardo Lourenço de Faria nasceu em 1923, em S. Pedro de Rio Seco, no distrito da Guarda. É filho de Abílio de Faria e Maria de Jesus Lourenço. Foi em S. Pedro de Rio que frequentou o ensino primário , no entanto foi em Lisboa, no Colégio Militar que concluiu o ensino secundário.

Frequentou o Curso de ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Até 1953 é professor assistente na Universidade de Coimbra. Desde então e até 1958 exerce as funções de Leitor de Língua e Cultura Portuguesa nas Universidades de Hamburgo, Heidelberg e Montpellier. Nos anos de 1958 e 1959, rege, na qualidade de Professor Convidado, a disciplina de Filosofia na Universidade Federal da Baía (Brasil). Ocupa depois o lugar de Leitor a cargo do Governo

francês nas Universidades de Grenoble e de Nice. Nesta última Universidade irá desempenhar posteriormente as funções de Maître-Assistant, cargo que manterá até à sua jubilação no ano lectivo de 1988-1989. Eduardo Lourenço é ainda Doutor Honoris Causa pelas Universidades do Rio de Janeiro (1995), Universidade de Coimbra (1996), Universidade Nova de Lisboa (1998) e Universidade de Bolonha (2006). Desde 2002 exerce as funções de administrador não executivo da Fundação Calouste Gulbenkian. Em Dezembro de 2011, foi-lhe atribuído o Prémio Pessoa. Em 2013, foi distinguido com o Prémio Jacinto do Prado Coelho pela obra Tempo da Música. Música do Tempo .

2

Page 4: labirinto

Introdução

O intuito deste trabalho é ser uma reflexão profunda apoiada em factos e episódios da história do povo português. Irei debruçar-me sobre a fragilidade da nossa nação, que foi perdurando ao longo da história sendo evidente até mesmo no dias de hoje. Ao longo dos séculos buscamos grandeza e afirmação sem ter em conta a nossa pequenez, quisemos ser grandes sem o ser realmente e acabámos por ter experiências traumáticas ao longo do tempo e nunca conseguimos realmente resolver os nossos problemas, apenas os agravamos ou os varremos para debaixo do “tapete”.

A ideia central do trabalho é confrontar dois autores que tem ideias complementares à cerca do irrealismo da imagem que o povo português tem de si mesmo. Usarei as ideias de Eduardo Lourenço presentes no texto “Labirinto da Saudade” em conjugação com outro autor, Boaventura Santos, e com o seu texto “Onze teses por ocasião de mais uma descoberta de Portugal. Neste sentido conjugarei ideias e factos de modo a compreender melhor esta temática.

Espero que seja esclarecedor e que vos levem a tirar as vossas próprias conclusões.

3

Page 5: labirinto

Irrealismo português

Portugal nasceu como um rebento frágil, que foi perdurando ao longo dos anos. Devido a essa fragilidade, os portugueses sempre acreditaram na ideia de que gozamos de uma certa proteção divina. Também muitas vezes houve uma certa elevação dos nossos feitos ao longo da história, como no caso da obra “Os Lusíadas”, que se trata simplesmente de uma ficção à cerca dos Descobrimentos.

Muitos mitos foram criados ao longo de 900 anos Tudo começou com D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal, que tinha como

objectivo adquirir a independência do condado. Reza a lenda que Jesus apareceu-lhe no campo da batalha de Ourique, batalha essa contra os mouros, nessa altura começou a prever-se grandes feitos por parte do povo português.

O mito sebastianista, que foi criado depois da batalha de Alcácer Quibir em que D.Sebastião perdeu a sua vida. O desaparecimento deste rei desencadeou uma crise de sucessão do trono, sendo que devido a isso passámos a ser governados por reis espanhóis (Dinastia Filipina). Vivíam-se tempos difíceis, o reino estava nas mãos de Castela e foi nessa altura que muitos começaram a apregoar que D.Sebastião viria numa manhã de nevoeiro para salvar o seu reino. A manhã é vista como um sinal de esperança enquanto que o nevoeiro representa a decadência da nação e um futuro muito incerto.

Mais tarde com o Padre António Vieira surgiu o mito do quinto império, mito que punha Portugal como o centro do mundo, pois este encabeçaria um império de carácter espiritual e cultural. Este mito surgiu numa altura em que se desejava que Portugal consolida-se a sua autonomia e ao mesmo tempo reata-se novamente a sua expansão no mundo

A partir destes mitos podemos perceber que muitas vezes em tempos de crise procuramos sempre a fé como forma de alento e como forma de superar as dificuldades. Estas lendas criadas espelham muito a intrínseca fragilidade que foi perdurando desde o Condado Portucalense até aos nossos dias de hoje.

Segundo Boaventura Santos, este excesso mitológico deve-se ao facto do excesso mítico de interpretação ser um “mecanismo de compensação do défice de realidade”. Um dos factos que levou a este tipo de realidade foi o facto de Portugal produzir de forma “elites culturais de raiz literária”, além disso o poder político governava para si próprio, sendo o povo apenas um súbdito do rei, faltou segundo ao autor uma classe média que pudesse fazer ligação entre o povo, as elites culturais e o poder político..

Além deste excesso mitológico, Portugal foi sempre um pais que se revelou subalterno em relação ás potências mundiais, exemplo disso foi o ultimato inglês que nos obrigou a ceder ás pressões da potencia militar e económica inglesa.

Passados largos anos, depois do 25 Abril, acabámos por ceder no que toca à independência das colónias ultramarinas. Colónias que faziam de Portugal um estado intermédio a nível europeu, Salazar muitas vezes salientou que as colónias faziam parte Portugal tal como o Minho ou a beira, mas acabámos por ceder as colónias de forma rápida depois de tantos séculos depois dos descobrimentos, há uma frase que espelho o paradoxo que é o nosso país, é uma frase de Antero Quental “Nunca povo algum absorveu tantos tesouros, ficando ao mesmo tempo tão pobre”. Com a cedência das colónias a nossa nação tinha que manter a sua sociedade de desenvolvimento intermédio, Portugal juntou-se à comunidade europeia na década de 80.

4

Page 6: labirinto

O nosso país é portanto um país heterogéneo, isto é, podemos ver que as discrepâncias sociais continuam a existir apesar de o povo português ter tido ao longo dos anos a capacidade para se adaptar a vários contextos históricos menos favoráveis.

´

5

Page 7: labirinto

Conclusão

Apesar de terem passado séculos e séculos de história, Portugal continuou sempre a ser uma nação frágil, apesar de em alguns momentos da história ter aparentado ser grande, nunca o foi realmente. Sempre fomos um povo subalterno, muitas vezes dominados por outras potências europeias. Eduardo Lourenço a certa altura compara o irrealismo português ao Carlos dos “Maias”, que tirou o seu curso de medicina, investiu no seu laboratório e consultório, e apesar dos sonhos de grandeza nunca foi um grande médico. Os Portugueses tem uma imagem irrealista de si mesmos e isso foi possível observar desde o surgimento do estado português. Afonso Henriques conquistou independência de Portugal. Com o passar dos anos a nação foi atravessando vários momentos, desde os Descobrimentos, crises de sucessão ao trono, revoluções, mas apesar de frágil continuou a subsistir. Os portugueses foram sempre capazes de grandes feitos, apesar da sua pequenez, mas nunca foram capazes de lidar com essa grandeza, nunca deixaram de pertencer a um país pequeno. Com o decorrer dos séculos podemos ver que Portugal passou por momentos em que a sua fragilidade foi posta à prova, desde o ultimato inglês, invasões francesas e por último a guerra colonial.A criação de mitos como o mito sebastianista ou do quinto império, foram dando a entender que o pais gozava de uma certa proteção divina e que o seu destino era guiado pela mão de Deus. Este tipo de mitos surgiram em momentos difíceis da nossa história dando alento aos demais. A exaltação dos heróis dos grandes acontecimentos em certa medida contribuíram para a ideia irrealistas que temos de nós mesmo e do nosso país. Em conclusão, com o avanço dos anos, fomos enfrentando desafios, fomos em busca de fama e grandeza, mas acabamos sempre por sofrer traumas e vamos repensando a nossa existência. A fragilidade com que o nosso estado nasceu continua lá, é necessário acabar ou atenuar essas fragilidades para que Portugal possa mesmo progredir e alcançar a sua grandeza.

6

Page 8: labirinto

Webgrafia:http://pt.wikipedia.org/wiki/Eduardo_Louren%C3%A7o

Bibliografia:Eduardo Loureço “Labirinto da Saudade”Boaventura Santos “ Onze teses por ocasião de mais uma descoberta de Portugal”

7