laura sánchez blanco - o anarcofeminismo em espanha

8/13/2019 Laura Snchez Blanco - O Anarcofeminismo Em Espanha

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Traduo pelo colectivo Book Bloc Feminista.

O Book Bloc do RDA69 um grupo de leitura informal que rene algumas vezes por ms e se debruasobre vrios textos pertinentes para a anlise dos tempos que correm.

http://bookbloc-feminista.tumblr.com/


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O ANARCOFEMINISMO EM ESPANHA: AS PROPOSTAS ANARQUISTAS DE MUJERES LIBRES

PARA CONSEGUIR A IGUALDADE DE GNERO

Laura Snchez Blanco1

RESUMO: Nas primeiras dcadas do sculo XX, as mulheres comearam a organizar-se com

vista a terem um papel mais activo na sociedade. Com o incio da II Repblica conseguiram a

sua incorporao na vida poltica, mas continuaram a ser discriminadas.

No caso especfico das anarquistas, algumas mulheres pertencentes CNT decidiram criar a sua

prpria organizao, Mujeres Libres, para reivindicarem os seus direitos e libertarem as

mulheres da sua qualidade de escravas da ignorncia, do trabalho e da sua condio sexual.

Com a ecloso da Guerra Civil Espanhola, Mulheres Livres no s lutou contra o fascismo, mas

tambm contra os anarquistas que viam a mulher to s como escrava do homem. A educao

e a formao profissional seriam os meios utilizados para capacitar as mulheres e intentar a sua

emancipao.

Palavras chave:Mujeres Libres, Anarquistas, Guerra Civil Espanhola, Emancipao, Liberdade,

Igualdade, Educao, Formao profissional, Libertao sexual.

Introduo

Nas primeiras dcadas do sculo XX, existiam duas escolas de pensamento no anarquismo

espanhol relativamente concepo das mulheres. Por um lado, a tendncia inspirada nos

escritos de Proudhon, que considerava que as mulheres s contribuam para a sociedade na sua

funo reprodutiva.2

Enquanto a outra corrente baseava-se nos escritos de Bakunin e defendia a igualdade de

gnero. A chave para a emancipao das mulheres trabalhadoras seria incorpor-las no

trabalho assalariado. Assim, lutariam ao lado dos homens nos sindicatos de forma a melhorar a

situao de todos os trabalhadores.3

Esta ltima concepo era a que prevalecia na Confederao Nacional dos Trabalhadores (CNT).

No entanto, tratava-se de uma teoria que os anarco-sindicalistas no colocaram em prtica.

1 Licenciada em Ensino (Especialidades: Educao Fsica e Educao Especial). Curso em Pedagogia. Bolseira de investigaoinscrita na Faculdade de Educao da Universidade Pontifica de Salamanca. Secretria e Tesoureira da Associao de JovensInvestigadores de Teoria e Histria da Educao. Sub-Directora do Foro de Educacin. [email protected] papel fundamental da mulher era a reproduo da espcie pelo que no poderia intervir na vida poltica, social e econmicado pas. No devia participar na produo pois as consequncias seriam negativas, aumentaria o desemprego entre ostrabalhadores e os salrios diminuiriam. A mulher tambm no possui a formao cultural ou poltica para participar na lutasocial. A sua funo deve exerc-la em casa, a maternidade era a sua principal contribuio para a sociedade. Cf. NASH, Mary:Mujeres Livres. Espanha 1936-1939, Jonathan Cape, Barcelona, 1975, 10-11. (Doravante NASH, M: Mujeres Livres..., Oc).3No Congresso de Zaragoza de Maio de 1936 Parecer sobre o Conceito Federal de Comunismo Libertrio "Como o primeiropasso da revoluo libertria consiste em garantir a independncia econmica de todos os seres, independentemente do sexo,a interdependncia criada por razes de inferioridade econmica sob o regime capitalista entre homem e mulher desaparececom ele. Entende-se, portanto, que os dois sexos sero iguais, tanto em direitos como em deveres." Citado em Paeirats Jose: LaC.N.T: en la Revolucin Espaola, Ruedo Ibrico, Parias, 1971, Volume I, 130. Tambm em M: Mujeres Libres..., Oc, 11.


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Apesar de reconhecerem a existncia de relaes de dominao e subordinao no se

preocuparam em mud-las.

Perante tal situao, as mulheres anarquistas decidiram criar a sua prpria organizao para

alcanar a igualdade no s econmica, mas tambm poltica, social e cultural. Em 1936,

Mujeres Librestorna-se a primeira organizao de mulheres em Espanha que introduz o anarco-feminismo.

Mujeres Libres e a sua luta pela emancipao

Com a proclamao da II Repblica, muitas mulheres juntam-se vida poltica e social de

Espanha. Saram s ruas para exigir os direitos que a Constituio de 1931 lhes tinha, em teoria,

concedido. Filiaram-se em partidos polticos a fim de alcanar a igualdade de participao, mas

a maioria dos homens ainda no estava pronta para partilhar o mesmo espao (poltico) com as

mulheres. No caso dos anarquistas, filiados na Confederao Nacional do Trabalho (CNT),

deixavam que as mulheres participassem em ateneus, sindicatos e organizaes, onde estas

tinham a oportunidade de se formarem politicamente, mas ao intervirem, tudo o que a sua

presena despoletava eram risos por parte dos seus companheiros.

A advogada e educadora Mercedes Comaposada, quando se props a dar aulas aos

trabalhadores, deparou-se com a seguinte situao:

"Em 1933, fui com Orobn Fernndez a uma reunio de um dos sindicatos. Procuravam de

alguma forma ajudar na preparao dos trabalhadores e pediram-me para assistir... Queriam

que desse aulas visto que no tinham professores. Mas tal foi impossvel por causa da atitude

de alguns companheiros. No levavam a srio as mulheres. H um ditado que diz: . No, era impossvel, naquele ambiente as mulheres mal

podiam falar."4

A partir deste momento, Mercedes Comaposada torna-se ciente de que para alcanar a

igualdade era necessrio criar uma organizao exclusivamente de e para mulheres. Comentou

esta ideia com a escritora Lucia Sanchez Saornil, outra anarquista que presenciou a situao

descrita por Mercedes Comaposada e juntas comearam a trabalhar em Madrid.

O secretrio da CNT, Mariano R. Vzquez, declarava no jornal Solidaridad Obrera que as

culpadas da subordinao eram as prprias mulheres, pois tinham aceite tornarem-se escravas.

Logo deviam ser as prprias a resolver os seus prprios problemas. Confrontada com estas

crticas, Lucia Sanchez Saornil respondeu com vrios artigos estabelecendo a base para o que

mais tarde se tornaria Mujeres Libres, grupo anarquista feminino.5

4ACKELSBERG, Martha. A.: Mujeres Libres. El anarquismo y la lucha por la emancipacin de las mujeres, Barcelona,Virus, 2000,111. (A seguir ACKELSBERG, M.: Mujeres Libres, Oc.).5Cfr. NASH, M: Mujeres Libres ..., Oc., 43-66.


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Em maio de 1936, Mercedes Comaposada, Luca Snchez Saornil e uma nova integrante do

grupo, Dra. Amparo Poch y Gascn, fundam a revista Mujeres Libres, na qual expressam o seu

desejo de libertar as mulheres, especialmente as trabalhadoras, da escravido a que estavam

submetidas:

Diariamente muito ouvimos sobre a liberdade dos oprimidos e a nobre causa da justia social.Mas nunca ouvimos falar, a no ser muito ocasionalmente, estes libertadores referirem-se

necessidade de declarar as mulheres integralmente livres.

A libertao/emancipao era o tema prioritrio da revista, enquanto a mulher trabalhadora

era uma escrava do trabalho, da ignorncia e da sua condio sexual. Atravs desta revista,

escrita e dirigida exclusivamente por mulheres, eram denunciados todos os casos de

discriminao incitando as mulheres a participar no projeto de emancipao.6

O ncleo inicial deste grupo anarquista reunia-se na Federao Local de Sindicatos de Madrid,

onde as mulheres comeavam o processo de formao poltica e cultural.

No final de 1934, tambm algumas mulheres anarquistas se depararam com a mesma

problemtica em Barcelona, decidindo criar o Grupo Cultural Feminino na tentativa de

encontrar solues para a discriminao de que eram alvo.7

Desta forma, tanto em Madrid como em Barcelona, as anarquistas comeavam a lutar pelos

seus direitos, dado que o apoio dos homens no era o esperado para o alcance dos seus

objectivos.

Em 1936, estes dois grupos uniram-se num s. Mercedes Comaposada foi a Barcelona e

participou numa reunio do Grupo Cultural Feminino para explicar a funo primria do grupo

anarquista de Madrid. Como resultado da reunio, as mulheres do Grupo Cultural Cultural

Feminino decidem afiliar-se a Mujeres Libres.

Como conseguir a libertao da mulher?

Tal como reconhece Mary Nash, Mujeres Libres levantou pela primeira vez em Espanha, a

problemtica da mulher numa perspectiva de classe: ou seja, a libertao feminina a partir da

perspectiva da emancipao da classe operria. Isto o que diferencia Mujeres Libresde outros

movimentos feministas burgueses, dado que nos encontramos na raiz de um feminismo

proletrio em Espanha.8Enquanto o feminismo clssico era sufragista, o anarco-feminismo

revolucionrio. Mais do que mudar leis, Mujeres Libres queria consciencializar homens para

mudar as suas mentes.

6 O grupo foi iniciado por Apolonia de Castro, Felisa de Castro, Maruja Boadas, Mara Cerdn, Nicolasa Gutirrez, SoledadEstorach, Elodia Pou e Conchita Liao. Ver BERENGER, Sara: Entre el sol y la tormenta. Revolucin, guerra y exilio de una mujerlibre, LEixam,Valencia, 2004, 211-2157ACKELSBERG, M.: Mujeres Libres, Oc., 159.

8NASH, M: Mujeres Libres ..., Oc., 8.


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A libertao da mulher operria era o objectivo prioritrio de Mujeres Libres, por aquela ser

uma escrava do trabalho, da ignorncia e da sua condio sexual. Devido a altas taxas de

analfabetismo feminino, a primeira tarefa de Mujeres Libres consistiu em proporcionar uma

educao bsica s mulheres de forma a acabar com a escravido da ignorncia.

Tambm era necessrio que tivessem uma formao profissional para conseguir um empregoque lhes permitisse a independncia econmica.9E por ltimo, a libertao sexual seria a chave

para que a mulher tivesse a mesma liberdade que o homem. O amor livre e a poligamia foram

questes defendidas pelas anarquistas contra a subordinao do casamento, j que este ltimo

convertia a mulher na escrava do marido.10 Alm disso, se a mulher era a procriadora, ela

deveria decidir quando e com quem iria ter filhos, nas suas mos deveria ficar o controlo da

natalidade.11

Entre os objectivos de Mujeres Libresa educao era de vital importncia, por ser o meio que

permitiria o reconhecimento social da mulher. A cultura tambm era necessria para que as

mulheres compreendessem o significado do anarquismo e da revoluo social.12 Os

ensinamentos disponibilizados nos Institutos de Mujeres Libresde Madrid e Valncia, e no Casal

de la Dona Treballadora de Barcelona podem ser vistos na seguinte imagem:

9NASH, M.: Rojas, Oc. 130

10A anarquista Soledad Gustavo advertia que esta postura seria aceite pelo homem para praticar o amor plural mas no caso damulher no seria consentido o homem acha bem que se propague a liberdade da mulher, mas no to bem que ela a pratique.Ao fim ao cabo, desejar a mulher do prximo, mas vedar sua GUSTAVO, Soledad: Hablemos de la mujer en La RevistaBlanca, 1, n 9, octubre 1923, 7-8.11

O controlo da natalidade despertou grand interesse na classe operria, j que seguindo ateoria de Malthus, as pessoas commenos recursos viveriam melhor com famlias mais reduzidas. Veja-se Nash, Mary: El neomaltusianismo anarquista y losconocimientos populares sobre control de natalidad em Presencia y Protagonismo, Ediciones Serbal, Barcelona, 1984, 307-34112NASH, M: Mujeres Libres ..., Oc., 27-28


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De igual modo, foram organizadas aulas de cultura geral e formao profissional nos grupos

locais de Mujeres Libres. A formao profissional tornaria possvel a incorporao das mulheres

no trabalho. Contrariamente ao que pensavam os CeNeTistas, esta organizao feminina

considerava que a incorporao da mulher no trabalho no teria como prejudicar o trabalhador

masculino. Se operrios e operrias unissem as suas foras poderiam insurgir-se contra opatronato e, dessa forma, melhorar as suas condies de trabalho.13O apoio mtuo era um dos

princpios do anarco-sindicalismo que Mujeres Libresqueria pr em prtica. Contudo, o factor

mais importante para conseguir os seus objectivos era de carcter psicolgico. Havia que

comear por mudar o lar para conseguir mudanas na sociedade, e esta tarefa de

consciencializao seria a mais difcil:

Na sua grande maioria, os companheiros, com excepo de uma dzia bem orientados, tem

uma mentalidade contaminada pelas mais caractersticas aberraes burguesas. Enquanto

reivindicam contra a propriedade, so os mais furiosos proprietrios. Enquanto se erguem

contra a escravido, so os amosmais cruis. Enquanto vociferam contra o monoplio, so os

mais ferozes monopolistas (). O ltimo escravo, uma vez transpostas as paredes do seu lar,

converte-se em rei e senhor ().14

Este texto, escrito antes de se criar o grupo, uma das numerosas queixas que Lucia Sanchez

Saornil havia j apresentado. A consciencializao entre os homens era maior desafio, pois de

nada serviria a propaganda entre as mulheres se os homens no compreendessem os fins desta

organizao feminina. Mujeres Libres, respeitando os princpios anarco-sindicalistas, no queria

algum tipo de autoridade, hierarquia ou governo dentro da CNT. No queria lderes mas sim

trabalhar em comunidades junto aos homens e em condies de igualdade.

Apesar das diversas tentativas, Mujeres Libresno conseguiu convencer os CeNeTistas, uma vez

que estes continuavam na crena de que a igualdade chegaria com o triunfo da revoluo

social.

Mujeres Libresna Guerra Civil Espanhola (1936-1939)

Durante a Guerra Civil espanhola (1936-1939), as mulheres anarquistas mobilizaram-se para

lutar contra o fascismo, mas tambm contra os prprios CeNeTistas que continuavam a

considerar que a mulher era escrava do homem. Assim, Mujeres Librestinha uma dupla luta,

uma circunstancial, de ajuda s vtimas da guerra, e outra permanente, da libertao da mulher

por ser uma escrava da ignorncia, do trabalho e da sua condio sexual. A CNT tinha-se aliado

com o governo republicano. Em Novembro de 1936, quatro ministros juntaram-se segunda

administrao do governo do Largo Caballero.

13NASH, M: Mujeres Libres ..., Oc., 29-30.

14SNCHEZ SAORNIL, Luca: A questo feminina nos nossos meios en/em Solidaridad Obrera, 15 de octubre de 1935, 2. Osartigos de Luca Snchez Saornil esto reimpressos em NASH, M: Mujeres Libres ..., Oc., 46-66.


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Trs homens e uma mulher, a anarquista Frederica Montseny, que se converteu na primeira

ministra de Sade e Assistncia Social.15 Frederica Montseny estava consciente da

discriminao que sofriam as mulheres mas no partilhava, com Mujeres Libres, a teoria de que

para superar a subordinao deveria existir uma organizao exclusivamente feminina.Frederica Montseny participou activamente na CNT e tal como a maioria dos seus

companheiros pensava que a luta para conseguir uma sociedade igualitria exigia a participao

conjunta de homens e mulheres.16

Apesar de existirem outras organizaes femininas que defendiam a causa republicana, as

Mujeres Libresno se quiseram unir, por estas estarem subordinadas aos partidos polticos dos

quais dependiam.

Em Agosto de 1937 celebrou-se o primeiro Congresso Nacional de Mujeres Libresem Valncia.

A criou-se a Federao Nacional de Mujeres Librese estabeleceram-se as bases da organizao.

Mujeres Libres ficou dividido em grupo locais, distritais e regionais. Tambm foi criado um

Comit e um Subcomit Nacionais. Este ltimo contava com seis secretarias: Organizao,

Secretaria Geral, Poltico-Social, Economia e Trabalho, Propaganda Cultural e Imprensa e

Assistncia Social.17

Com uma slida organizao, Mujeres Libres lutou pela sua autonomia e procurou ser

reconhecida como mais uma organizao do movimento libertrio. Porm, em Outubro de

1938, a CNT, a FAI e a JIJL no permitiram Mujeres Libres intervir nos programas polticos do

movimento. Os anarquistas ofereceram apoio econmico para desenvolverem as suas prprias

actividades mas, nas decises do movimento, Mujeres Libresno tinha voz nem voto.18

Apesar de todos os esforos, Mujeres Libresno pde pr em prtica todos os seus projectos,

embora tenha mobilizado umas vinte mil mulheres na sua tentativa de emancipao. Em

Fevereiro de 1939, Mujeres Libres desapareceram no exlio, mas a iniciativa que tiveram

marcou em Espanha o incio do anarco-feminismo e as suas ideias estenderam-se por outros

pases.

15 Os trs ministros foram: Juan Lpez (Comrcio); Juan Garcia Oliver (Justia); Joan Peir (Industria). Mujeres Libres

considerava que aliar-se com o governo republicano e seguir os seus mtodos ia contra os princpios anarco-sindicalistas. Como

bem explica Mary Nash: Mujeres Libres defendia que a destruio do capitalismo deveria implicar a abolio do Estado, e esta,por sua vez, supunha a dos partidos polticos ao desaparecer a sua razo de ser, ou seja a conquista do poder estatal. Assim, a

consolidao do poder operrio e as conquistas revolucionrias seriam levadas a cabo pelos sindicatos. NASH, M: Mujeres Libres..., Oc., 1816ACKELSBERG, M.: Mujeres Libres, Oc., 15317

NASH, M: Mujeres Libres ..., Oc., 14-15.18

S esperamos que a Assembleia estude o nosso relatrio e se pronuncie a nosso favor. Que nos reconhea oficialmente,como informalmente o fez muita vezes, enquanto parte integrante do movimento libertrio e nos preste o apoio e colaboraonecessria para cumprir a nossa tarefa. Relatrio que eleva a Federacin de Mujeres Libres aos Comits Nacionales delMovimiento Libertario e aos Delegados da Assembleia do mesmo, setembro de 1938, 8.


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Concluso

Mujeres Librestentou criar um novo modelo de sociedade anarco-feminista, na qual a mulher

poderia agir com plena liberdade em qualquer circunstncia.

Mas como as prprias integrantes reconheciam, nas primeiras dcadas do sculo XX, havia um

problema de consciencializao em Espanha, dado que as mulheres continuavam a sentir que asua funo primordial na vida era a de serem mes e esposas.

A concepo da famlia tradicional, nuclear e patriarcal predominava no s na direita

conservadora mas tambm nos sectores da esquerda socialista, comunista e anarquista. Alm

disso, com a chegada da Guerra Civil espanhola, a problemtica da mulher passou a ser de

segunda ordem e o objectivo principal das mulheres foi ajudar os partidos polticos dos quais

dependiam para conseguir ganhar o conflito blico.

Contudo, tal como reconhece Mary Nash, as anarquistas, na sua defesa do amor livre e da

liberdade sexual das mulheres, constituram um antecedente a ser considerado, por parte do

feminismo: a necessidade de desafiar as relaes de poder que tinham lugar no espao privado

e a propor novas formas de relao anti-autoritrias.

laura sánchez blanco - o anarcofeminismo em espanha

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