leandro josé da silva - ufsj | universidade federal de ... · aos técnicos do laboratório de...

179
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA Leandro José da Silva Estudo experimental e numérico das propriedades mecânicas de compósitos poliméricos laminados com fibras vegetais São João Del Rei, 2011

Upload: truongkhuong

Post on 23-Dec-2018

225 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

Leandro José da Silva

Estudo experimental e numérico das

propriedades mecânicas de compósitos

poliméricos laminados com fibras

vegetais

São João Del Rei, 2011

Leandro José da Silva

Estudo experimental e numérico das

propriedades mecânicas de compósitos

poliméricos laminados com fibras

vegetais

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado da Universidade Federal de São João del-Rei, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Mecânica

Área de Concentração: Materiais e Processos de Fabricação

Orientador: Vânia Regina Velloso Silva Co-orientador: Túlio Hallak Panzera

São João Del Rei, 2011.

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA

F178p

Silva, Leandro José da

Estudo experimental e numérico das propriedades mecânicas de compósitos poliméricos laminados com fibras vegetais/ Leandro José da Silva – São João del Rei - MG, 2011.

Rei.

Dissertação/Tese - Universidade Federal de São João del

Orientador: Vânia Regina Velloso Silva

1. Compósitos 2. Fibras de sisal 3. fibras de bananeira 4. sílica 5. planejamento experimental 6. análise micromecânica

7. simulação numérica I. Título.

Titulo em Inglês: Experimental and numerical study of mechanical properties of polymeric composites made of natural fibres.

Palavras-chave em Inglês: Composites, sisal fibres, Banana fibres, silica, full factorial design, micromechanical analysis and numerical simulation.

Área de concentração: Materiais e Processos de fabricação Titulação: Mestrado Banca examinadora: Juan Carlos Campos Rubio, Valdir Mano, Vânia

Regina Veloso Silva, Túlio Hallak Panzera Data da defesa: 25/03/2011 Programa de Pós-Graduação: Engenharia Mecânica

iii

iv

Dedico este trabalho aos meus familiares especialmente meus pais Maria Aparecida Maia Silva e Francisco Augusto da Silva.

v

Agradecimentos

Este trabalho não poderia ser terminado sem a ajuda de diversas pessoas às

quais presto minha homenagem:

À Professora Doutora Vânia Regina Velloso Silva do corpo docente do

departamento de Engenharia Mecânica, pela orientação deste trabalho, por sua

amizade, dedicação e por acompanhar meus passos desde a graduação.

Ao Professor Doutor Túlio Hallak Panzera do corpo docente do departamento de

Engenharia Mecânica, por ter aceitado ser o co-orientador deste trabalho, por sua

orientação, competência, comprometimento, amizade e por fazer parte da banca

examinadora desta dissertação de mestrado.

Ao Professor Doutor Juan Carlos Campos Rubio do corpo docente do

departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Minas Gerais, pelo

interesse, apoio, por permitir a realização de ensaios mecânicos no Laboratório de

Usinagem da UFMG, e por fazer parte da banca examinadora desta dissertação de

mestrado.

Ao Professor Doutor Valdir Mano do corpo docente do departamento de ciências

naturais por fazer parte da banca examinadora desta dissertação de mestrado.

Ao ex-Professor Doutor do corpo docente do departamento de Engenharia

Mecânica Avelino Manuel da Silva Dias, pelos ensinamentos e amizade.

Ao Professor Doutor André Luis Christoforo do corpo docente do departamento de

Engenharia Mecânica, pela amizade, interesse e por sua valiosa colaboração e

parceria nos trabalhos de simulação numérica.

Ao Professor Doutor Frederico Ozanan Neves do corpo docente do departamento

de Engenharia Mecânica e coordenador do programa de pós-graduação em

Engenharia Mecânica, pelos ensinamentos e sua prontidão em auxiliar no

desenvolvimento desta dissertação.

vi

Aos Alunos do curso de graduação em Engenharia Mecânica Silvana Campos e

José Carlos Nogueira Filho, pela valiosa contribuição na fabricação dos corpos de

prova dos compósitos e ensaios mecânicos.

Ao aluno do curso de graduação em Engenharia Mecânica Marcos Estevão

Assumpção pela contribuição nas simulações numéricas dos compósitos.

Aos técnicos do Laboratório de caracterização mecânica Francisco Marcelino da

Silva e Emílio Dias Moreira pela valiosa colaboração nos ensaios mecânicos

preliminares e definitivos dos compósitos.

À CAPES – Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior,

pela concessão da bolsa de mestrado.

Aos colegas, professores e funcionários do curso de pós-graduação em

Engenharia Mecânica pela convivência neste período, especialmente Jader dos Santos

Miranda, Mônica Jaques e Alessandra Olinda de Carvalho pela espontaneidade e

disposição em ajudar.

Aos colegas da AEURC - Associação dos Estudantes Universitários de Resende

Costa, pelos momentos de descontração, amizade e companheirismo durante as

viagens diárias de Resende Costa à São João del Rei.

Finalmente, mas não por último, gostaria de registrar meus agradecimentos a

todos meus familiares, especialmente aos meus pais Francisco Augusto da Silva e

Maria Aparecida Maia Silva pelo incentivo em todos os momentos da minha vida.

vii

"Você nunca sabe que resultados virão da sua ação. Mas se você não fizer nada, não existirão resultados." (Mahatma Gandhi).

viiiviii

Resumo

O objetivo deste trabalho é estudar o comportamento mecânico de compósitos, obtidos

de resina epóxi (com e sem adição de micropartículas de sílica e anidrido maléico),

reforçados com fibras de sisal e fibras de bananeira. A metodologia experimental foi

baseada no planejamento fatorial completo de experimentos. Foram realizadas análise

micromecânica e simulação numérica por meio do método de elementos finitos. Os

fatores investigados foram os tipos de fibra vegetal (sisal e bananeira), a fração

volumétrica de fibras (30% e 50%), a fração mássica de micropartículas de sílica (0%,

20% e 33%) e a fração mássica de anidrido maléico (0% e 2%). Os compósitos

fabricados com fibras de sisal apresentaram maior resistência mecânica, enquanto os

fabricados com fibras de bananeira exibiram maior rigidez, principalmente os

compósitos fabricados com 30% de fibras. Embora o fator experimental “adição de

sílica” tenha exibido efeito significativo sobre as variáveis respostas analisadas, o

mesmo não atuou como fase reforçadora, reduzindo a resistência mecânica dos

compósitos e aumentando a densidade, a porosidade e a absorção de água. O anidrido

maléico não afetou a adesão interfacial matriz/fibra em ambos os compósitos de fibras

de sisal e bananeira. Entretanto, a análise micromecânica revelou boa adesão

interfacial nos compósitos fabricados com 30% de fibras, principalmente os compósitos

de fibras de sisal. A análise numérica confirmou a boa adesão fibra/matriz dos

compósitos fabricados com 30% de fibras e a pequena influência do coeficiente de

Poisson da fibra no comportamento mecânico global do material compósito,

principalmente os compósitos fabricados com fibras de bananeira.

Palavras-Chave: Compósitos, fibras de sisal, fibras de bananeira, sílica, planejamento

experimental, análise micromecânica e simulação numérica.

ixix

Abstract

This work aims to study the mechanical behaviour of composites, made of epoxy resin

(modified or not with silica microparticles and maleic anhydride), reinforced with sisal

fibres and banana fibres. The experimental methodology was carried out based on full

factorial design. A micromechanical analysis and a numerical simulation using the finite

element method were also performed. The investigated factors were: the type of fibres

(sisal and banana fibres), the volume fraction of fibres (30% and 50%), the weight

fraction of silica microparticles (0%, 20% and 33%) and the weight fraction of maleic

anhydride (0% and 2%). The composites manufactured with sisal fibres presented

higher mechanical strength, while the composites with banana fibres exhibited higher

stiffness, mainly the composites with 30% of fibres. Despite the experimental factor

“silica addition” has exhibited significant effect on the responses, there was no effect as

a reinforced phase, decreasing the mechanical strength of the composites, besides

increasing the density, the porosity and the water absorption. The maleic anhydride did

not improve the interfacial adhesion between matrix and fibres for both composites

made with sisal and banana fibres. However, the micromechanical analysis revealed a

good interfacial adhesion for the composites made with 30% of fibres, mainly those

laminated with sisal fibres. The numerical analysis confirmed perfect adhesion between

fibres and matrix of the composites manufactured with 30% volume of fibres and a weak

effect of fibre’s Poisson ratio on mechanical behaviour of the composites, especially

those with Banana fibres.

Key Words: Composites, sisal fibres, banana fibres, silica, full factorial design,

micromechanical analysis and numerical simulation.

xx

Lista de Figuras

2.1 Classificação dos materiais compósitos quanto ao tipo de reforço 07

2.2

Orientação do reforço no compósito

08

2.3

Laminado simétrico com camadas em diferentes orientações

08

2.4

Estrutura Química de uma resina epóxi diglicidil éter do bisfenol-A

(DGEBA)

12

2.5

Estrutura Química de uma resina epóxi diglicidil éter do bisfenol-F

(DGEBF)

12

2.6

Estrutura Química de uma resina epóxi bromada

13

2.7

Estrutura Química de uma resina epóxi flexível

13

2.8

Constituição de uma fibra vegetal elementar

16

2.9

Estrutura do mero da celulose

16

2.10

Estrutura molecular do anidrido Maléico

23

2.11

Mecanismo de reação química da fibra natural e matriz MAPP

25

2.12

Reação da fibra natural com o anidrido maléico e reação da resina

fenólica com a fibra tratada

28

2.13

Plantação de sisal, folha de sisal e ampliação mostrando os tipos

de fibras na folha de sisal

30

2.14

Esquema ilustrativo de uma bananeira

35

2.15

Pseudocaule da bananeira e suas bainhas foliares

36

2.16

Máquina desfibradora e processo de desfibramento da bainha foliar

37

2.17 Mecanismo esquemático da propagação da trinca no compósito

híbrido matriz/partícula/fibra

44

xixi

2.18 Mercedes Classe A e a fibra de bananeira e possibilidade de

aplicação de compósitos naturais em máquinas agrícolas

46

2.19

Gráfico de resíduos “quatro em um”

52

2.20

Volume representativo do compósito alumínio/δ-Al2O3

56

2.21

Micrografia da superfície de fratura de um compósito reforçado por

fibras unidirecionais (esquerda) e o modelo de elementos finitos

gerado contendo 20 fibras com remoção de camadas para potencial

fratura

56

2.22

Modelo de compósito sem interfase e com interfase para simulação

numérica

57

2.23

Resultados experimentais e numéricos pra o ensaio de tração dos

compósitos reforçados com fibras de juta

58

3.1

Mecha de fibras de sisal

60

3.2

Corte do Pseudocaule da bananeira, corte das bainhas foliares em

tiras de 3 – 5 cm de largura, retirada da camada interna das bainhas,

bainhas após três semanas submersas em água, raspagem da parte

não fibrosa da bainha, Penteamento das bainhas, secagem das

fibras ao sol e fibras limpas e secas

61

3.3

Corpo de prova para ensaios nas fibras

66

3.4

Aspecto das matrizes A – F da Tabela 3.4

67

3.5

Moldes de silicone para corpos de prova de tração e flexão

68

3.6

Aspecto dos corpos de prova de tração, flexão e compressão

69

3.7

Estrutura de madeira utilizada para alinhamento das fibras de sisal

70

3.8

Corpos de prova de tração para os compósitos fabricados com fibra

de sisal

71

3.9

Seqüência da laminação dos compósitos com fibras de bananeira

72

xii

3.10 Corpos de prova de tração e flexão dos compósitos de fibra de

bananeira

73

3.11

Ensaio de tração nos compósitos de fibra de sisal

74

3.12

Fibra de sisal sendo ensaiada

75

3.13

Ensaio de flexão nos compósitos com fibra de sisal

76

3.14

Câmara de vácuo para ensaio de densidade aparente

79

3.15

Modelo bidimensional dos compósitos e elemento finito Plane182

82

3.16

Elemento finito Solid 185 do ANSYS

83

3.17

Fotografia obtida por MEV da seção transversal do corpo de prova

do compósito fabricado com fibras de sisal

83

3.18

Fotografia obtida por MEV da seção transversal do corpo de prova

do compósito fabricado com fibras de bananeira

84

3.19

Modelo tridimensional dos compósitos com fibra de sisal e porção

representativa simulada

85

3.20

Modelo tridimensional dos compósitos com fibra de bananeira e

modelo discretizado

85

4.1

Gráfico Tensão X Deformação para a fibra de sisal

88

4.2

Gráfico Tensão X Deformação para a fibra de bananeira

88

4.3

Efeito da adição de anidrido maléico na resina epóxi

89

4.4

Gráficos da densidade e porcentagem de poros abertos e absorção

de água das matrizes

90

4.5

Gráficos da Resistência e módulo de elasticidade das matrizes

92

4.6

Gráfico Tensão x Deformação para resina epóxi

93

4.7

Gráfico Força x Deflexão para resina epóxi

94

4.8 Gráficos de resíduos 4 em 1 para a resistência à tração dos

compósitos

97

xiiixiii

4.9 Efeito da interação Tipo de fibra*Fração volumétrica sobre a média

da resistência à tração dos compósitos

98

4.10

Efeito da interação Fração volumétrica*Aditivo químico sobre a

média da resistência à tração dos compósitos

98

4.11

Efeito da interação Tipo de fibra*Adição de sílica*Aditivo químico

sobre a média da resistência à tração dos compósitos

99

4.12

Gráficos de resíduos para o módulo de elasticidade dos

compósitos

100

4.13

Efeito da interação Tipo de fibra*Fração volumétrica*Adição de

sílica*Aditivo químico sobre a média do módulo de elasticidade dos

compósitos

101

4.14

Gráficos de resíduos para a resistência à flexão dos compósitos

103

4.15

Efeito da interação Tipo de fibra*Fração volumétrica sobre a média

da resistência à flexão dos compósitos

104

4.16

Efeito da interação Tipo de fibra*Adição de sílica sobre a média da

resistência à flexão dos compósitos

105

4.17

Efeito da interação Tipo de fibra*Aditivo Químico sobre a média da

resistência à flexão dos compósitos

105

4.18

Efeito da interação Fração volumétrica*Adição de sílica*Aditivo

Químico sobre a média da resistência à flexão dos compósitos

106

4.19

Gráficos de resíduos para o módulo de elasticidade em flexão dos

compósitos

107

4.20

Efeito da interação Tipo de fibra*Aditivo Químico sobre a média do

módulo de flexão dos compósitos

108

4.21 Efeito da interação Tipo de fibra*Fração volumétrica*Adição de

sílica sobre a média do módulo de flexão dos compósitos

109

xivxiv

4.22 Efeito da interação Fração volumétrica*Adição de sílica*Aditivo

químico sobre a média do módulo de flexão dos compósitos

110

4.23

Gráficos de resíduos para a densidade volumétrica dos compósitos

111

4.24

Efeito da interação Tipo de fibra*Fração volumétrica sobre a média

da densidade volumétrica dos compósitos

111

4.25

Gráficos de resíduos para a densidade aparente dos compósitos

112

4.26

Efeito da interação Tipo de fibra*Fração volumétrica*Adição de sílica

sobre a média da densidade aparente dos compósitos

113 4.27 Efeito da interação Tipo de fibra*Fração volumétrica*Aditivo químico

sobre a média da densidade aparente dos compósitos 114

4.28

Efeito da interação Tipo de fibra*Adição de sílica*Aditivo químico

sobre a média da densidade aparente dos compósitos

115

4.29

Gráficos de resíduos para a porosidade aparente dos compósitos

116

4.30

4.31

Efeito do fator principal Aditivo químico (D) sobre a média da

porosidade aparente dos compósitos

Efeito da interação Tipo de fibra*Fração volumétrica sobre a média

da porosidade aparente dos compósitos

116

117

4.32

Efeito da interação Fração de fibras*Adição de sílica sobre a média

da porosidade aparente dos compósitos

118

4.33

Gráficos de resíduos para a absorção de água dos compósitos

119

4.34

Efeito do Tipo de fibra sobre a média da absorção de água dos

compósitos

119

4.35

Efeito do Aditivo químico sobre a média da absorção de água dos

compósitos

120

4.36 Efeito da interação Adição de sílica*Aditivo químico sobre a média

da porosidade aparente dos compósitos

120

xvxv

4.37 Comparativo entre a análise micromecânica e os resultados

experimentais para os compósitos fabricados com a fibra de

sisal

123

4.38

Comparativo entre a análise micro mecânica e os resultados

experimentais para os compósitos fabricados com a fibra de

bananeira

126

4.39

Fotografias obtidas por MEV nos compósitos fabricados com fibra

de sisal e fibras de bananeira

127

4.40

Deslocamento sofrido pelo modelo numérico bidimensional dos

compósitos com fibras de sisal

128

4.41

Curvas tensão/deformação para o modelo numérico bidimensional

dos compósitos com fibras de sisal

129

4.42

Curvas tensão/deformação para o modelo numérico tridimensional

dos compósitos com fibras de sisal

131

4.43

Curvas tensão/deformação para o modelo numérico bidimensional

dos compósitos com fibras de bananeira

133

4.44 Curvas tensão/deformação para o modelo numérico tridimensional

dos compósitos com fibras de bananeira

135

xvixvi

Lista de Tabelas

2.1 Composição de fibras vegetais 18

2.2

Propriedades mecânicas de fibras vegetais

19

2.3

Propriedades típicas do anidrido maléico

23

2.4

Composição da fibra de bananeira

38

2.5

Matriz de planejamento experimental

50

3.1

Características de cura da resina epóxi RQ-0100RF

59

3.2

Propriedades gerais da areia de sílica

62

3.3 Condições experimentais, planejamento fatorial completo (233

1)

65

3.4

Composição das matrizes analisadas

67

4.1

Propriedades físicas e mecânicas das fibras de sisal e bananeira

87

4.2

Propriedades físicas das matrizes de resina epóxi

90

4.3

Propriedades mecânicas das matrizes de resina epóxi

91

4.4

Análise de Variância (ANOVA)

95

4.5

Propriedades mecânicas estimadas e experimentais

121

4.6

Deformações específicas para o compósito de fibras de sisal

– Modelo bidimensional

129

4.7

Deformações específicas para o compósito de fibras de sisal

– Modelo tridimensional

131

4.8

Deformações específicas para o compósito de fibras de bananeira

– Modelo bidimensional

133

4.9

Deformações específicas para o compósito de fibras de bananeira

– Modelo tridimensional

134

xvii

Lista de Equações

2.1 Regra da mistura 52

2.2 Parâmetro de eficiência do reforço (Halpin-tsai) 53

2.3 Parâmetro de eficiência do reforço (Halpin-tsai) 53

2.4 Modelo de Halpin-tsai 53

3.1 Densidade volumétrica 77

3.2 Volume do corpo de prova 77

3.3 Densidade aparente 78

3.4 Volume dado pelo deslocamento de água 78

3.5 Porosidade aparente 79

3.6 Absorção de água 80

3.7 Volume do corpo de prova cilíndrico 81

3.8 Deformação específica dos compósitos 86

xviiixviiixviii

Lista de Abreviaturas e Siglas

Letras Latinas

A – tipo de fibra vegetal

Ab – Absorção de água [%]

b – base do corpo de prova [cm]

B - fração volumétrica de fibras [%]

C – adição de micro partículas de sílica [%]

D – adição de anidrido maléico [%]

Dc – diâmetro do corpo de prova [cm]

e - espessura do corpo de prova [cm]

h – altura do corpo de prova [cm]

L – comprimento original do corpo de prova [mm]

m – massa do corpo de prova [g]

m1 – massa do corpo de prova seco [g]

m2 – massa da amostra saturada com água [g]

m3 – massa da amostra totalmente submersa na água [g]

P*

- propriedade efetiva do compósito [GPa]

PF – propriedade da fase fibra [GPa]

PM – propriedade da fase matriz [GPa]

VF – fração volumétrica de fibras [%]

R2

- proporção da variabilidade presente nas observações da variável resposta y [%]

Tg – Temperatura de transição vítrea [ºC]

V - volume do corpo de prova [cm3]

V1 - volume do corpo de prova dado pelo deslocamento de água [cm3]

Vc – Volume do corpo de prova cilíndrico [cm3]

VM – fração volumétrica de matriz [%]

...................................................

xixxixxix

Letras Gregas

ΔL – variação do comprimento original do corpo de prova [mm]

ε – deformação específica [mm/mm]

η – parâmetro de eficiência do reforço de Halpin-tsai

νf – coeficiente de Poisson da fibra

ξ – parâmetro de eficiência do reforço de Halpin-tsai

ρa - densidade aparente do material [g / cm3]

ρν - densidade volumétrica do material [g / cm3]

...................................................

Abreviações

ANOVA – Analysis of Variance (Análise de variância)

CMC – Compósitos de matriz cerâmica

CMM – Compósitos de matriz metálica

CMP - Compósitos de matriz polimérica

DGEBA - Diglicidil éter do bisfenol-A

DGEBF - Diglicidil éter do bisfenol-F

DOE – Design of experiments (Planejamento de experimentos)

EPI’s – Equipamentos de proteção individual

MAPP - Polipropileno modificado com anidrido maléico

MEF – Método de elementos finitos

MEV - Microscópio eletrônico de varredura

PC – Policarbonato

PE – Polietileno

PET - Poli(tereftalato de etileno)

PMMA – Poli(metacrilato)

PP – Polipropileno

PS – Poliestireno

PTV – Princípios dos trabalhos virtuais

xxxxxx

PVC - Poli(cloreto de vinila)

RTM - Moldagem por transferência de resina

...................................................

Siglas

ASTM – American Society of Testing Materials

BS – British standard

UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais

UFSJ – Universidade Federal de São João del Rei

...................................................

xxixxixxi

Sumário

1 INTRODUÇÃO 1

1.1 Comentários gerais 1

1.2 Objetivos do trabalho 3

1.3 Organização da dissertação 4

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 5

2.1 Mecânica de compósitos 5

2.1.1 Definição 5

2.1.2 Tipos e classificação 6

2.1.2.1 Matrizes Poliméricas 9

2.1.2.1.1 Resina Poliéster 11

2.1.2.1.2 Resina Epóxi 11

2.1.2.1.3 Resina Fenólica 14

2. 2 Compósitos de fibras naturais 14

2.3 Aditivos Químicos 19

2.3.1 Anidrido Maléico 23

2.4 Compósitos de fibras de sisal 28

2.4.1 A fibra de sisal 28

2.4.2 Estudos realizados: compósitos com fibras de sisal 31

xxii

2.5 Compósitos com fibra de bananeira 34

2.5.1

Fibra de bananeira

34

2.5.2

Estudos realizados: compósitos com fibras de bananeira

38

2.6

Compósitos híbridos fibra/partícula

41

2.7

Processos de fabricação

44

2.8

Aplicações

46

2.9

Planejamento Experimental

47

2.9.1

Terminologia básica

47

2.9.2

Procedimento experimental

48

2.9.3

Planejamento fatorial

49

2.10

Análise micromecânica de compósitos

52

2.11

Análise de compósitos utilizando o método de elementos finitos

53

3

MATERIAIS E MÉTODOS

59

3.1

Materiais

59

3.1.1

Fase matriz: resina Epóxi

59

3.1.2

Fase dispersa: fibra de sisal

60

3.1.3

Fase dispersa: fibra de bananeira

60

3.1.4

Fase dispersa: partículas de sílica

62

3.1.5

Anidrido Maléico

63

3.2

Planejamento experimental: escolha dos fatores e níveis experimentais

63

xxiiixxiiixxiii

3.3 Fabricação dos corpos de prova 66

3.3.1

Corpos de prova para ensaios de tração nas fibras

66

3.3.2

Corpos de prova para ensaios da fase matriz

67

3.3.3

Fabricação dos compósitos laminados

69

3.3.3.1

Compósitos reforçados com fibras de sisal

69

3.3.3.2

Compósitos reforçados com fibras de bananeira

71

3.4

Variáveis respostas

73

3.4.1

Resistência à tração e módulo de elasticidade

73

3.4.2

Resistência à flexão e módulo de flexão

75

3.4.3 Densidade volumétrica e aparente, porosidade aparente e absorção de

água 77

3.4.3.1 Densidade volumétrica 77

3.4.3.2 Densidade aparente 78

3.4.3.3 Porosidade aparente 79

3.4.3.4 Absorção de água 80

3.4.4 Propriedades das matrizes 80

3.5 Análise estatística utilizando o Minitab 81

3.6 Análise micromecânica dos compósitos 81

3.7 Simulação numérica do comportamento dos compósitos 81

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 87

xxivxxivxxiv

4.1 Determinação das propriedades das fases constituintes dos compósitos 87

4.1.1

Propriedades das fibras de sisal e fibra de bananeira

87

4.1.2

Propriedades físicas e mecânicas das matrizes

89

4.1.2.1

Efeito do anidrido maléico na resistência mecânica da resina

89

4.1.2.2

Propriedades das matrizes definitivas de resina epóxi pura e modificada

90

4.2

Ensaios mecânicos nos compósitos

94

4.2.1

Resistência à tração

96

4.2.2

Módulo de elasticidade

100

4.2.3

Resistência à flexão

102

4.2.4

Módulo de elasticidade em flexão

106

4.2.5

Densidade volumétrica

110

4.2.6

Densidade Aparente

111

4.2.7

Porosidade Aparente

115

4.2.8

Absorção de água

118

4.3

Análise micromecânica dos compósitos

121

4.3.1

Compósitos fabricados com fibras de sisal

122

4.3.2

Compósitos fabricados com fibras de bananeira

125

4.4

Simulação numérica dos compósitos

128

4.4.1

Compósitos fabricados com fibras de sisal

128

4.4.1.1

Modelo bidimensional

128

xxvxxvxxv

4.4.1.2 Modelo tridimensional 130

4.4.2

Compósitos fabricados com fibras de bananeira

132

4.4.2.1

Modelo bidimensional

132

4.4.2.2

Modelo tridimensional

134

4.4.3

Comentários finais

135

5

CONCLUSÕES

138

6

SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

140

7

TRABALHOS PRODUZIDOS

141

REFERÊNCIAS 1413

1

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

1.1 Comentários gerais

Os materiais compósitos poliméricos reforçados por fibras vegetais vêm sendo

investigados, nos últimos anos, pela comunidade científica e industrial na busca de

novos materiais que possam substituir eficientemente os materiais sintéticos em

diversas aplicações, principalmente nas indústrias da construção civil, automobilística,

aeronáutica e naval. Características inerentes aos compósitos naturais, tais como

moderada resistência mecânica associada ao baixo peso específico, baixo custo, aliada

às exigências por matérias-primas sustentáveis e renováveis têm estimulado a

realização de novas pesquisas nessa área.

As fibras vegetais são fibras lignocelulósicas com caráter hidrofílico incompatível

com a maioria dos polímeros predominantemente hidrofóbicos. Essa incompatibilidade

resulta em baixa adesão entre a matriz polimérica e as fibras vegetais, sendo este o

principal problema apresentado pelos compósitos reforçados por essas fibras.

Entretanto, tratamentos com aditivos químicos podem ser empregados, tanto nas fibras

quanto no polímero utilizado como matriz, com o intuito de aumentar a adesão na

interface matriz/reforço. Quanto maior a adesão interfacial, melhor o desempenho do

compósito, ou seja, mais efetiva é a transferência dos esforços da matriz para o

reforço, aumentando o efeito reforçador das fibras.

Diversos fatores podem influenciar nas propriedades físico-mecânicas de

compósitos reforçados por fibras vegetais, entre eles: o tipo de matriz e fibra, a fração

volumétrica das fases, o comprimento, a orientação e o tratamento da fibra, o

tratamento da fase polimérica, o processo de fabricação, entre outros. Para os

compósitos com adição de fase particulada, fatores como a natureza, o tamanho, a

geometria e a fração mássica das partículas afetam significativamente suas

propriedades.

2

Experimentos planejados podem ser úteis na identificação e verificação do efeito

desses fatores sobre as propriedades dos materiais do ponto de vista estatístico. O

planejamento fatorial é um tipo de metodologia estatística que permite verificar se os

fatores possuem efeito significativo nas respostas do material (propriedades),

permitindo, ainda, verificar possíveis interações entre os efeitos desses fatores. Com o

planejamento fatorial, vários fatores podem ser estudados simultaneamente, através de

todas as combinações possíveis entre os diversos fatores nos seus diferentes níveis,

podendo conduzir a resultados de interesse.

A dificuldade em prever o comportamento dos compósitos em uma escala

micromecânica (início de uma fratura e delaminação, danos devido ao impacto, etc.) é

a principal razão para a aplicação limitada dos compósitos, especialmente os

compósitos reforçados por fibras naturais, devido à variabilidade nas propriedades

mecânicas inerentes a essas fibras. O emprego de metodologias numéricas tem sido

importante, principalmente devido à dificuldade em prever, por meio de métodos

analíticos, o comportamento dos materiais compósitos. O método de Elementos Finitos

tem sido uma ferramenta computacional fundamental para as análises micromecânicas

de compósitos. Nessas análises, os compósitos são considerados como uma mistura

de diferentes materiais isotrópicos e anisotrópicos modelados separadamente. A

utilização do método de Elementos Finitos permite avaliar os efeitos de diversas

variáveis microestruturais, tais como a orientação das fibras, a adesão interfacial, o

desempenho da matriz na transferência de esforço e o comportamento global do

compósito.

Portanto, a inserção de aditivos químicos e fase particulada em compósitos

poliméricos de fibras vegetais, aliada à avaliação e caracterização das propriedades da

interface matriz/fibra, pode representar um avanço na investigação e emprego dos

compósitos naturais.

3

1.2 Objetivos do trabalho

O objetivo geral deste trabalho é desenvolver e estudar um material compósito de

matriz polimérica (resina epóxi), fabricado com reforço de fibras vegetais e

micropartículas de sílica, visando à obtenção de um material sustentável, de baixo

custo, com boas propriedades mecânicas que atendam aos padrões e normas técnicas

da indústria brasileira.

Os objetivos específicos estão relacionados com a verificação dos principais

fatores que podem afetar significativamente as variáveis-respostas, entre elas

resistência à tração, módulo de elasticidade, resistência à flexão, módulo de flexão,

densidade aparente e porosidade aparente dos compósitos, por meio de uma

metodologia estatística de planejamento de experimentos.

O planejamento de experimentos (DOE) e a análise de variância (ANOVA)

permitirão identificar os efeitos dos fatores experimentais sobre as propriedades dos

compósitos, entre eles tipo de fibra vegetal, fração volumétrica de fibras, fração

mássica de micropartículas de sílica e fração mássica de anidrido maléico. Poderão ser

verificados os efeitos das interações de segunda, terceira e quarta ordem entre os

fatores principais. A análise em Elementos Finitos permitirá a comparação dos

resultados numéricos com os resultados experimentais, podendo assim validar a

metodologia numérica, sendo capaz de estimar o comportamento mecânico dos

compósitos e verificar a qualidade da interface matriz/fibra.

Por meio de uma análise micromecânica será possível determinar e comparar as

propriedades efetivas de compósitos reforçados por fibra vegetais com os resultados

experimentais, verificando a eficiência da interface matriz/fibra.

Finalmente, o trabalho proposto permitirá a identificação dos efeitos dos fatores e

níveis analisados nas propriedades dos compósitos, verificando o desempenho dos

compósitos desenvolvidos.

4

1.3 Organização da dissertação

A dissertação de mestrado está dividida nos seguintes capítulos: Capítulo 1 -

Introdução, Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica, Capítulo 3 – Materiais e Métodos,

Capítulo 4 – Resultados e Discussões, Capítulo 5 – Conclusões e Capítulo 6 –

Sugestões para trabalhos futuros.

O capítulo 2 proporciona ao leitor a compreensão dos principais aspectos teóricos

relacionados ao tema do trabalho desenvolvido. Dentre os principais temas abordados

estão: mecânica de compósitos, compósitos fabricados com fibras naturais,

tratamentos e aditivos químicos em compósitos naturais, compósitos fabricados com

fibra de sisal, compósitos fabricados com fibra de bananeira, compósitos híbridos

fibra/partícula, processos de fabricação, aplicações, planejamento experimental e

análise de compósitos utilizando o método de Elementos Finitos.

O capítulo 3 exibe os materiais e métodos empregados, bem como o processo de

fabricação dos compósitos.

O capítulo 4 apresenta os resultados experimentais e numéricos, com as

respectivas análises e discussões.

O capítulo 5 traz os resultados gerais obtidos e conclusões geradas neste

trabalho.

O capítulo 6 exibe algumas sugestões colocadas pelo autor para trabalhos

futuros, visando o avanço da pesquisa dos materiais compósitos desenvolvidos.

Por fim, o capítulo 7 exibe alguns trabalhos produzidos e publicados em anais de

eventos nacionais e internacionais.

5

CAPÍTULO 2

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Mecânica de compósitos

2.1.1 Definição

Há na literatura diversas definições para a classe de materiais compósitos. A

definição mais empregada, apresentada por Daniel e Ishai (1994), define um compósito

estruturado como um sistema de materiais formado de duas ou mais fases numa

escala macroscópica, cujo desempenho mecânico e propriedades são projetados para

serem superiores àqueles dos constituintes atuando independentemente.

Uma das fases é geralmente descontínua, mais forte e resistente, sendo

denominada “fase dispersa” ou reforçador; enquanto que a fase mais fraca é contínua e

denominada “matriz”. A função da fase dispersa é oferecer resistência e rigidez ao

compósito, enquanto a matriz tem a função de envolver o reforço protegendo contra

ataques químicos, umidade, além de transferir os esforços para a fase reforçadora.

Outras definições, tal como a apresentada por Pereira (2003), define um

compósito como um material composto formado pela união de dois materiais de

naturezas diferentes, resultando em um material de desempenho superior àquele de

seus componentes tomados separadamente. O material resultante é um arranjo de

fibras, contínuas ou não, de um material resistente (reforço) que são impregnados em

uma matriz de resistência mecânica inferior às fibras.

Ainda segundo a norma ASTM D3878 (2007), compósito é uma substância

consistindo de dois ou mais materiais, insolúveis entre si, que são combinados para

formar um material de engenharia útil, exibindo certas propriedades que não se

encontram nos materiais isoladamente.

Uma fase adicional pode surgir, algumas vezes, entre a fase dispersa (reforço) e a

fase matriz, devido a interações químicas entre os materiais ou efeitos de outros

processos (PANZERA, 2003). A qualidade da interface exerce um papel fundamental

6

no desempenho de um compósito, isto porque a interface é a principal responsável

pela eficiente transferência dos esforços da matriz para o reforço.

Além do exposto acima, para o material ser classificado como um compósito é

necessário, ainda, satisfazer três critérios (DANIEL e ISHAI, 1994):

1. Ambos os constituintes devem estar presentes em proporções maiores que 5%;

2. As fases constituintes devem ter propriedades diferentes, e, portanto;

3. As propriedades do compósito devem ser notoriamente diferentes daquelas dos

materiais constituintes.

Dessa forma, um compósito consiste em um material multifásico feito

artificialmente, em contraste com um material que ocorre ou se forma naturalmente.

Além disso, as fases constituintes devem ser quimicamente diferentes e devem estar

separadas por uma interface distinta. Assim, a maioria das ligas metálicas, além de

muitos materiais cerâmicos, não se enquadra nessa definição, pois as suas múltiplas

fases são formadas como conseqüência de fenômenos naturais (PANZERA, 2003).

2.1.2 Tipos e classificação

Segundo Lima Júnior (2007), não há ainda uma classificação universal, oficial,

para os materiais compósitos. Estes materiais podem ser agrupados de acordo com a

forma, processo, tipo de matriz, tipo de reforço, entre outros critérios. Classificações

quanto à natureza da fase dispersa e da matriz, no entanto, são as mais encontradas

na literatura.

Em relação ao reforço, os compósitos podem ser classificados em compósitos

laminados (reforçados por fibras) e compósitos particulados (reforçados por partículas).

As partículas podem ser materiais metálicos, poliméricos ou cerâmicos, podendo ser

sintéticos ou naturais. Segundo Agarwal apud Lima Júnior (2007), uma partícula é

naturalmente não fibrosa, podendo ser esférica, cúbica, tetragonal, escamada ou

quaisquer outras formas regulares ou irregulares, sendo que a forma sempre será

possível de se aproximar, por abstrações matemáticas, das quatro formas

supracitadas. A fibra, por sua vez, é caracterizada pelo seu comprimento ser muito

maior que a sua seção transversal, podendo ser de origem animal, vegetal (sisal, juta,

7

bananeira etc.) ou sintética (fibras de vidro, fibras de carbono, fibras de aramida etc.). A

Figura 2.1 exibe a classificação dos compósitos em relação ao tipo de reforço em um

organograma.

Materiais

compósitos

Compósitos

reforçados por

fibras

Compósitos

particulados

Camada única Multicamada Orientação

preferencial

Orientação

Aleatória

Fibras

contínuas

Fibras

descontí-

nuas

Lamina-

dos

Hibrídos

Unidireci-

onais

Bidirecio-

nais

Orient.

Preferen-

cial

Orient.

Aleatória

Figura 2.1 - Classificação dos materiais compósitos quanto ao tipo de reforço

Nos compósitos fabricados com apenas uma camada de fibras, as fibras podem

ser classificadas em contínuas ou descontínuas (também chamadas de fibras curtas ou

Whiskers). A Figura 2.2 ilustra a orientação do reforço em função da direção de

aplicação da carga no material compósito.

Os compósitos fabricados com uma única camada de fibras contínuas são

classificados como compósitos unidirecionais, cujas fibras são alinhadas em uma dada

direção preferencial e podem também ser classificados como compósitos bidirecionais

ou multidirecionais quando fabricados com tecidos de fibras. Os compósitos laminados

são aqueles fabricados com camadas de fibras sobrepostas, sejam unidirecionais ou

multidirecionais. Conforme ilustra a Figura 2.3, dependendo das exigências de projeto,

8

a seqüência de empilhamento das lâminas no compósito laminado pode ser realizada

com as camadas em diferentes orientações (TITA, 1999).

Figura 2.2 - Orientações dos reforços no compósito: compósito particulado (a),

compósitos reforçados por fibras curtas orientadas (b) e fibras curtas aleatórias (c).

Figura 2.3 - Laminado simétrico com camadas em diferentes orientações.

Os compósitos são denominados híbridos quando são fabricados com mais de um

tipo de reforço, como por exemplo tecidos híbridos de fibras de vidro e kevlar®. Além

disso, os compósitos podem conter mais de uma fase reforçadora, tais como os

compósitos laminados de fibras de vidro reforçados com micro partículas de minerais

cerâmicos.

A matriz pode ser um material metálico, cerâmico ou polimérico. Dessa forma, os

materiais são denominados de compósitos de matriz metálica (CMM); compósitos de

matriz cerâmica (CMC); e compósitos de matriz polimérica (CMP); respectivamente.

Em geral, devido à sua ductilidade e fácil moldagem, os metais e os polímeros são

9

mais usados que os materiais cerâmicos como matriz para compósitos. De acordo com

esse critério, compósitos poliméricos são, também, mais comuns que metálicos

(PANZERA, 2003).

Em função do escopo deste trabalho, as principais características de matrizes

poliméricas serão explanadas, em especial as matrizes termorrígidas de resina epóxi.

2.1.2.1 Matrizes Poliméricas

Polímero é um composto químico de massa molar elevada, formado por muitas

moléculas simples, iguais (monômeros) ou de vários tipos diferentes, unidas umas às

outras por ligações covalentes, resultantes de muitas reações de adição ou de

condensação (substituição) consecutivas. Quando um polímero é formado a partir de

um único monômero, ele é nomeado homopolímero, e copolímero quando os

monômeros são diferentes (CANEVAROLO JÚNIOR, 2006).

Há diversas maneiras de se classificar os polímeros, sendo a classificação

conforme as características mecânicas uma das mais utilizadas na fabricação de

compósitos. De acordo com o comportamento mecânico, os polímeros podem ser

divididos em plásticos (termoplásticos ou termorrígidos, de acordo com a fusibilidade),

elastômeros (borrachas) e fibras (MANO e MENDES, 1999).

Os polímeros termoplásticos constituem a maior parte dos polímeros comerciais,

tendo como principal característica a capacidade de ser fundido diversas vezes.

Dependendo do tipo do plástico, também podem dissolver-se em vários solventes.

Logo, sua reciclagem é possível, uma característica bastante desejável nos dias de

hoje. São polímeros de alta massa molar, constituídos de cadeias lineares e, em alguns

casos, apresentam alguma ramificação. O emaranhamento das cadeias confere

integridade física ao material, sendo passíveis, entretanto, de deformação plástica

quando submetidos a tensões mecânicas (LEVY NETO e PARDINI, 2006). São

exemplos de polímeros termoplásticos o polietileno (PE), polipropileno (PP),

poli(tereftalato de etileno) (PET), policarbonato (PC), poliestireno (PS), poli(cloreto de

vinila) (PVC), poli(metacrilato de metila) (PMMA), entre outros.

1010

Polímeros termorrígidos, diferentemente dos termoplásticos, são rígidos e

apresentam ruptura frágil, sendo muito estáveis a variações de temperatura. Após a

polimerização (cura), não possuem a capacidade de se fundir novamente,

apresentando decomposição quando aquecido a altas temperaturas. Esta característica

torna a reciclagem desses polímeros bastante complicada. Na sua estrutura molecular

as moléculas formam cadeias que estão ligadas fisicamente entre si, formando uma

rede ou reticulado. Elas estão presas entre si por meio de numerosas ligações, não se

movimentando com liberdade como no caso dos termoplásticos (GORNI, 2011).

Exemplos: baquelite, usada em tomadas e no embutimento de amostras

metalográficas; poliéster usado em carrocerias, caixas d'água, piscinas, e outros, na

forma de plástico reforçado (fibra de vidro), epóxi, fenólico, etc.

Elastômero (borracha) é uma classe de polímeros intermediária aos

termoplásticos e termorrígidos. Não são fundíveis, mas apresentam alta elasticidade,

não sendo rígidos como os termorrígidos. Sua reciclagem é também complicada de

forma análoga aos termorrígidos, devido à incapacidade de fusão. A estrutura

molecular é similar à do termorrígido, mas neste caso, há menor número de ligações

entre as cadeias. Exemplos: vedações, mangueiras de borracha (GORNI, 2011).

Nos compósitos reforçados por fibras, tanto sintéticas quanto vegetais, vários

tipos de polímeros têm sido utilizados como matrizes sejam eles termoplásticos ou

termorrígidos. Quanto aos compósitos reforçados por fibras vegetais, os mais

comumente empregados são polímeros termorrígidos (poliéster, epóxi e fenólico),

devido à capacidade da polimerização poder ser realizada a baixas temperaturas,

reduzindo o risco de deterioração das fibras.

Ainda assim, termoplásticos (polietileno, poliestireno, polipropileno, etc.) são

também utilizados como matrizes em compósitos, devido à maior tenacidade à fratura,

maior resistência ao impacto, maior tolerância a danos em relação aos termorrígidos,

além da capacidade de reciclagem desses materiais (LEVY NETO e PARDINI, 2006).

O efeito de reforçamento das fibras, em geral, pode variar bastante devido a diferentes

afinidades com as matrizes acompanhada das diferenças em suas estruturas químicas

(JOSEPH et al., 1996).

1111

2.1.2.1.1 Resina Poliéster

As resinas de poliéster, segundo Levy Neto e Pardini (2006), são um grupo

de polímeros formados da reação de ácidos orgânicos dicarboxílicos e glicóis, que,

quando reagidos, dão origem a moléculas de cadeias longas lineares. A resina é dita

insaturada se um ou ambos constituintes são insaturados e a reação de síntese da

resina é uma reação de polimerização por condensação em etapas, formando um éster

e água.

As resinas de poliéster são fornecidas ao moldador na forma de um líquido

viscoso e se transforma em um sólido infusível por meio de uma reação de reticulação

ou cura. Entretanto, essa cura se processaria muito lentamente, porque as moléculas

constituem a resina de poliéster têm pequena mobilidade. De forma a agilizar a cura

pode-se usar aquecimento da resina ou mesmo a adição de um catalisador (peróxido

de metil-etil-cetona + nafteno cobalto ou dimetilanilina) quebrando as duplas reações

(insaturações).

Como há um grande número de ácidos e glicóis disponíveis, há possibilidade de

se obter grande número de resinas. Os mais comuns são: ácidos saturados (ácido

ortoftálico e isoftálico), que são mais tenazes; ácidos insaturados (ácido maléico),

possuindo muitas ligações duplas; e glicóis (etileno-glicol e propileno-glicol) que afetam

a tenacidade do polímero curado (LEVY NETO e PARDINI, 2006).

2.1.2.1.2 Resina Epóxi

As resinas epóxi são polímeros termorrígidos de alto desempenho mecânico que

contêm pelo menos dois grupos epóxi terminais conhecidos também como grupos

oxirano ou etoxilina, por molécula. As aplicações de maior vulto incluem recobrimentos

protetivos, adesivos, equipamentos para indústria química, compósitos estruturais,

laminados elétricos e encapsulados eletrônicos (LEVY NETO e PARDINI, 2006).

As resinas epóxi mais utilizadas têm como base o diglicidil éter do bisfenol A

(DGEBA). A Figura 2.4 exibe a estrutura básica desse tipo de polímero, onde as

unidades de repetição (n) podem variar de 0 a 25, podendo ser obtidas resinas líquidas

de baixa viscosidade (0<n>1), até resinas sólidas (n>1).

1212

Figura 2.4 - Estrutura química de um polímero epóxi diglicidil éter do bisfenol-A

(DGEBA) (http://www.silaex.com.br/epoxi.htm, 2011).

Atualmente, existem quatro tipos de resina comercializados

(http://www.silaex.com.br/epoxi.htm, 2011): resina epóxi à base de bisfenol A (Figura

2.4), à base de bisfenol F e/ou Novolac, resina epóxi bromada e resina epóxi flexível. A

troca do Bisfenol A pelo Bisfenol F propicia às resinas (Figura 2.5) epóxi maior número

de ligações cruzadas e melhor desempenho mecânico, químico e térmico,

principalmente quando curado com aminas aromáticas ou anidridos.

A Figura 2.6 exibe a estrutura de um polímero epóxi bromado que é uma resina à

base de Epicloridrina, Bisfenol A e Tetrabromobisfenol A com quatro moléculas

adicionais de bromo.

Figura 2.5 - Estrutura química de um polímero epóxi diglicidil éter do bisfenol-F

(DGEBF) (http://www.silaex.com.br/epoxi.htm, 2011).

1313

Figura 2.6 - Estrutura química de um polímero epóxi bromado

(http://www.silaex.com.br/epoxi.htm, 2011).

Resinas epóxi flexíveis (Figura 2.7) são resinas que possuem longas cadeias

lineares substituindo os bisfenóis por poliglicóis pouco ramificados. São resinas de

baixa reatividade que normalmente são utilizados como flexibilizantes reativos em

outras resinas, melhorando a resistência ao impacto com acréscimo da flexibilidade.

Figura 2.7 - Estrutura química de um polímero epóxi flexível

(http://www.silaex.com.br/epoxi.htm, 2011).

Uma enorme variedade de agentes de cura é empregada no processamento de

resinas epóxi. O tipo de reagente determina o tipo de reação, velocidade da reação e a

gelificação. Os agentes de cura mais comuns são amínicos divididos em aminas

alifáticas e aminas aromáticas. As alifáticas são muito reativas, exibindo tempo de gel

relativamente baixo a temperatura ambiente. As aromáticas têm menor reatividade e

necessitam de altas temperaturas (150 a 180oC) de cura. Os agentes de cura tipo

anidrido, entre eles anidrido metil nádico e anidrido ftálico, têm menor reatividade que

as aminas aromáticas, possibilitando longo tempo de utilização durante o processo. A

1414

relação epóxi/endurecedor afeta, após a cura, a transição vítrea, o módulo de

elasticidade e a resistência mecânica. Em princípio, não deve haver nenhum grupo

epóxi ou agente de cura não reagido após o processo de cura, objetivando obter

propriedades otimizadas (LEVY NETO e PARDINI, 2006).

2.1.2.1.3 Resina Fenólica

A síntese de resina fenólica é realizada pela utilização de uma mistura de

formaldeído e fenol, sendo bifuncional e trifuncional, respectivamente, tendo uma

relação 3:2 em razão molar. Exibem um tempo de cura muito curto, dificultando o

trabalho de laminação e são divididas em dois tipos: novolacas e resóis (LEVY NETO e

PARDINI, 2006). Para o processo de cura da novolaca adiciona-se um produto capaz

de fornecer o restante de formaldeído ou equivalente para a reação. Normalmente,

utiliza-se hexametileno tetramina (C6H6N4) que age com a mistura de formaldeído. As

resinas fenólicas do tipo resol são sintetizadas com catalisadores básicos e com

formaldeído na quantidade certa para reação completa. Os catalisadores alcalinos são

utilizados na síntese de resinas novolacas, mas requerem a presença de excesso de

fenol para suprir a acumulação de alcoóis fenólicos e éteres dibenzílicos que devem ser

removidos e reciclados posteriormente (LEVY NETO e PARDINI, 2006).

2. 2 Compósitos de fibras naturais

A utilização de fibras naturais como reforço em compósitos poliméricos

substituindo as fibras sintéticas, tais como a fibra de vidro, tem sido o foco de inúmeras

pesquisas nas últimas décadas. As fibras vegetais apresentam algumas vantagens

incluindo baixo custo, baixa densidade, alta resistência específica, biodegradabilidade e

menor abrasividade se comparadas com as fibras de vidro, além de serem

provenientes de fonte renovável de matéria-prima (JOSEPH et al., 1996; NABI SAHEB

e JOG, 1999; RONG et al., 2001).

De acordo com Silva (2003), devido às novas exigências legislativas quanto ao

uso e destino final das fibras sintéticas e resinas derivadas do petróleo, os materiais

1515

compósitos naturais vêm sendo uma alternativa na busca de novos materiais; além

disso, o alto preço das fibras sintéticas e a maior conscientização dos próprios

consumidores da necessidade de preservação do meio ambiente têm contribuído para

o desenvolvimento de novas pesquisas nesta área.

As fibras vegetais apresentam algumas desvantagens, tais como a

incompatibilidade com matrizes poliméricas hidrofóbicas e a tendência de formar

agregados durante o processamento, que reduzem o potencial das fibras a serem

utilizadas como reforço em polímeros. Outras desvantagens apresentadas pelas fibras

vegetais são: baixa temperatura de processamento, limitadas a aproximadamente

200ºC, falta de uniformidade de propriedades que dependem da origem das fibras, da

região do plantio e da habilidade manual durante a colheita e a alta absorção de

umidade que pode causar o “inchaço” das fibras (NABI SAHEB e JOG, 1999; SILVA,

2003).

As fibras vegetais são, geralmente, classificadas de acordo com a sua origem e

podem ser agrupadas em fibras de semente (algodão), fibras de caule (bananeira, juta,

linho, cânhamo), fibras de folhas (sisal, piaçava, curauá, abacá, henequém), fibras de

fruto (coco) e fibras de raiz (zacatão), de acordo com Morassi apud Silva (2003).

Segundo Nabi Saheb e Jog (1999), as fibras de Juta, Rami e sisal são as mais

utilizadas para compósitos poliméricos.

A composição química e a estrutura celular das fibras vegetais são bastante

complexas. A fibra é constituída de várias fibras elementares ligadas fortemente entre

si por um material de cementação constituído principalmente de lignina. Uma fibra

natural elementar é essencialmente um compósito natural no qual microfibrilas rígidas

de celulose são envolvidas em uma matriz amorfa de lignina e hemicelulose. A lignina

atua como matriz, unindo as microfibrilas, enquanto a hemicelulose age como interface

entre a lignina e as microfibrilas de celulose (NABI SAHEB e JOG, 1999; SILVA, 2003).

A Figura 2.8 mostra a constituição estrutural de uma fibra vegetal elementar

apresentando um lúmen no centro com uma parede externa espessa formada por

várias espirais de microfibrilas ao longo do eixo da fibra.

1616

Parede terciária Lumem

Microfibrilas

de celulose

cristalina

Região amorfa

constituída

principalmente

de lignina e

hemicelulose

Parede secundária S2

Ângulo espiral

Parede secundária S1

Parede primária

Figura 2.8 - Constituição de uma fibra vegetal elementar (SILVA, 2003).

A celulose, que é o principal componente das fibras vegetais e principal

responsável pela estabilidade e resistência mecânica, é um polissacarídeo linear de

alta massa molar constituído por uma cadeia molecular formada pela união de

unidades de anidro-D-glicose, ou simplesmente glicose-D. A estrutura da glicose-D é

mostrada na Figura 2.9, sendo que cada unidade contém três grupos hidroxila (-OH).

Estas hidroxilas formam ligações de hidrogênio dentro da molécula (intramolecular) e

entre moléculas de celulose (intermolecular). As ligações de hidrogênio

intermoleculares são as principais responsáveis pela cristalinidade da celulose (LIMA

JÚNIOR, 2007; SILVA, 2003).

Figura 2.9 - Estrutura do mero da celulose

As ligações de hidrogênio proporcionam natureza hidrofílica às fibras vegetais que

é incompatível com a natureza hidrofóbica da maioria dos polímeros. Este é o maior

problema da utilização de fibras vegetais como reforço em compósitos de matriz

1717

polimérica, haja vista que a natureza hidrofílica influencia tanto nas propriedades da

fibra quanto nas propriedades do compósito (SILVA, 2003). Ainda segundo Passos

(2005), fibras com grande quantidade de celulose seriam econômicas e tecnicamente

viáveis para serem usadas na produção de têxteis, papel, e como reforços em

compósitos. Entretanto, além do teor de celulose, o tipo de polímero a ser utilizado no

compósito deve ser levado em consideração.

A hemicelulose é um polissacarídeo constituído por diferentes unidades de

açúcares incluindo glicose, xilose, galactose, arabinose e manose (PASSOS, 2005). O

seu grau de polimerização é de 10 a 100 vezes menor que o da celulose e as cadeias

possuem um considerável grau de ramificação em relação à celulose (SILVA, 2003).

Normalmente, a hemicelulose atua como um elemento de ligação entre a celulose e a

lignina, não estando diretamente correlacionada à resistência e rigidez das fibras.

Fibras contendo grande concentração de hemicelulose se tornam interessantes para a

produção de açúcares e combustíveis, tal como o etanol, pelo fato da hemicelulose ser

hidrolisada mais facilmente que a celulose (PASSOS, 2005).

A lignina tem a função de unir as fibras celulósicas, formando a parede celular. É

um polímero amorfo com constituintes alifáticos e aromáticos. Sua concentração nas

fibras influencia a estrutura, as propriedades, a morfologia, a flexibilidade e a taxa de

hidrólise. Fornece resistência à compressão ao tecido celular e às fibras, enrijecendo a

parede celular e protegendo os carboidratos (açúcares) contra danos físicos e

químicos. Fibras com alto teor de lignina são de excelente qualidade e flexíveis

(PASSOS, 2005).

Outros constituintes das fibras vegetais são a pectina e componentes minerais. A

pectina, que tem função aglutinante, é um polissacarídeo rico em ácido galacturônico,

presente nas paredes celulares. Já os componentes minerais, após a incineração das

fibras, são os responsáveis pela formação das cinzas (PASSOS, 2005).

A Tabela 2.1 exibe a composição de algumas fibras vegetais especialmente

cultivadas para obtenção de fibras para reforços em compósitos, fabricação de cordas

ou de subprodutos da agricultura.

1818

Tabela 2.1 - Composição de fibras vegetais (BLEDZKI e GASSAN, 1999).

Fonte de

fibra Ângulo

espiral (º) Celulose

(%) Hemicelulose

(%) Lignina

(%) Pectina

(%) Cinzas

(%) Água

(%)

sisal

20

65,8

12

9,9

0,8

NA

10

Folha de

bananeira - 60-65 6-8 5-10 NA 4,7 10-15

Juta

8,0

64,4

12

11,8

0,2

NA

10

Rami

7,5

68,6

13,1

0,6

1,9

NA

10

Coco

45

36-43

0,15-0,25

20-45

3,0

2,7-10,2

10-12

Algodão

-

82,7

5,7

-

5,7

NA

10

Linho

10,0

64,1

16,7

2,0

1,8

NA

10

As propriedades mecânicas variam em função do tipo de fibra devido à variação

da composição e orientação das fibrilas de celulose. A Tabela 2.2 exibe as

propriedades mecânicas e características de algumas fibras vegetais em comparação

com fibras convencionais para reforçamento de compósitos. A fibra de coco possui a

menor resistência dentre as fibras vegetais, uma vez que apresenta baixo teor de

celulose e, ainda, alto ângulo espiral das fibrilas (Tabela 2.1). Quanto maior for o

alinhamento das microfibrilas da celulose ao longo do eixo da fibra, maior é a sua

resistência.

Nos compósitos reforçados por fibras vegetais, vários tipos de polímeros têm sido

utilizados como matrizes. Os mais comumente empregados são polímeros

termorrígidos como poliéster, epóxi e fenólico. A reação de polimerização desses

polímeros pode ser realizada em baixa temperatura o que evita a deterioração da fibra.

No entanto, termoplásticos como polietileno, poliestireno, polipropileno, etc., também

têm sido utilizados como matrizes. Em geral, os polímeros podem apresentar diferentes

afinidades com as fibras devido a diferenças em suas estruturas químicas. Como

conseqüência, o efeito de reforçamento das fibras nessas matrizes pode variar

bastante (JOSEPH et al.,1996). Muitas vezes, devido à incompatibilidade entre as

fibras hidrofílicas e os polímeros que são hidrofóbicos, torna-se necessária a inserção

de aditivos para aumentar a capacidade de ligação química entre as fases. Os aditivos

1919

químicos podem ser utilizados para tratamentos tanto nas fibras quanto no próprio

polímero.

Tabela 2.2 - Propriedades mecânicas de fibras vegetais (NABI SAHEB e JOG, 1999).

Fibra Diâmetro

(µm)

Densidade

(g/cm3)

Resistência à

tração (MPa)

Módulo de

Elasticidade

Alongamento

(%)

(GPa)

Algodão 16 - 21 1,5 – 1,6 287 – 597 5,5 – 12,6 7 – 8

Juta 200 1,3 393 – 773 26,5 1,5 – 1,8

Linho --- 1,5 345 – 1035 27,6 2,7 – 3,2

Cânhamo --- --- 690 --- 1,6

Rami --- 1,5 400 - 938 61,4 – 128 3,6 – 3,8

sisal 50 – 300 1,45 511 – 635 9,4 – 22 3 - 7

Coco 100 – 450 1,15 – 1,45 131 – 175 4 – 13 15 – 40

Vidro - E 8 - 14 2,5 2000 – 3500 70 1,8 – 3,2

Vidro - S 10 2,5 4590 86 5,7

Kevlar –49 12 1,48 2800 – 3792 131 2,2 – 2,8

Carbono 7 - 10 1,6 – 1,9 4000 230 - 240 1,4 – 1,8

Devido à importância desses tratamentos, os aditivos químicos serão abordados

detalhadamente na seção 2.3 deste capítulo.

2.3 Aditivos Químicos

As propriedades mecânicas de compósitos de matriz polimérica reforçada com

fibras naturais são fortemente controladas pela eficiência da adesão interfacial entre

fibra e matriz. A função principal da interface é facilitar a transferência de esforço para

as fibras por meio da matriz. Entretanto, os materiais lignocelulósicos são conhecidos

por exibir fraca adesão com resinas sintéticas. Este fato é devido, principalmente, à

presença de substâncias orgânicas e inorgânicas na superfície da fibra, o que impede o

2020

contado direto entre as moléculas da resina e da fibra e à incompatibilidade entre a

natureza polar - hidrofílica da fibra vegetal e a natureza apolar - hidrofóbica da matriz

polimérica (BISANDA, 2000).

Uma solução possível para aumentar a interação fibra/polímero é por meio da

utilização de aditivos compatibilizantes e promotores de adesão que reduzem a

absorção de umidade das fibras (KALIA et al., 2009). Pré-tratamentos das fibras podem

limpar sua superfície, modificando-as quimicamente, além de parar o processo de

absorção de umidade e aumentar a rugosidade superficial. As fibras naturais possuem

grupos hidroxilas na celulose e lignina, que são, portanto susceptíveis à modificação.

Na celulose, os grupos hidroxilas fazem ligações de hidrogênio intramoleculares,

reduzindo sua disponibilidade para interação com a matriz polimérica. As modificações

químicas podem ativar esses grupos ou podem introduzir novas espécies que podem

ligá-las eficientemente com a matriz polimérica.

Tamanho é o interesse no aumento da aplicabilidade das fibras naturais em

compósitos poliméricos que inúmeros trabalhos de pesquisa podem ser encontrados na

literatura avaliando vários tipos de aditivos químicos e tratamentos na busca da

melhoria da adesão entre a fibra vegetal e a matriz polimérica. Kalia et al. (2009), em

seu trabalho de revisão sobre pré-tratamentos de fibras naturais e sua aplicação como

material de reforço em compósitos poliméricos, apontam uma variedade de

possibilidades de modificação química na superfície da fibra. Segundo estes autores,

diversos tratamentos tais como mercerização, tratamento com isocianatos, tratamentos

à base de permanganatos, acetilação, tratamentos com silanos e peróxidos com vários

agentes de acoplamento e outros pré-tratamentos de fibras naturais têm alcançado

sucesso na melhoria da resistência das fibras, da sua relação diâmetro/comprimento e

da adesão de compósitos reforçados por fibras naturais.

A mercerização, nome dado ao tratamento alcalino de fibras vegetais, é um

método comum de produzir fibras de alta qualidade. O principal efeito do tratamento

alcalino é a desfibrilação, ou seja, quebra dos feixes de fibras em fibras menores

(KALIA et al., 2009). Esse processo diminui o diâmetro da fibra ao mesmo tempo em

que aumenta a relação comprimento/diâmetro, remove impurezas naturais e artificiais

da superfície da fibra (PAIVA e FROLLINI, 2006), levando ao desenvolvimento de uma

2121

superfície topograficamente mais rugosa que resulta em melhor adesão interfacial e um

acréscimo nas propriedades mecânicas. De acordo com Park et al. (2006), devido à

remoção da hemicelulose, lignina, pectina e ceras, o tratamento alcalino aumenta a

composição cristalina da celulose. O tratamento alcalino leva a um decréscimo no

ângulo espiral e a um aumento na orientação molecular (GASSAN e BLEDZKI, 1999).

Além disso, a mercerização aumenta o número de sítios reativos e permite melhor

molhamento das fibras (KALIA et al., 2009).

A esterificação da superfície das fibras é outro método que pode ser usado para

melhorar a interface entre a matriz e o material lignocelulósico (TSERKI et al., 2005). A

acetilação de fibras vegetais consiste em um método de esterificação bem conhecido

para introduzir plastificação nas fibras celulósicas. A acetilação, baseada na reação dos

grupos hidroxilas da parede celular com anidrido acético ou propiônico à temperatura

elevada, estabiliza as paredes celulares contra a umidade, melhorando a estabilidade

dimensional e a degradação ambiental (KALIA et al., 2009). Pré-tratamentos de fibras

com anidrido acético substituem os grupos hidroxilas da parede celular da fibra por

grupos acetila, modificando as propriedades desses polímeros de tal forma a torná-los

hidrofóbicos (menos polares) (KALIA et al., 2009, TSERKI et al., 2005). Os grupos que

reagem são as hidroxilas da lignina e hemicelulose, enquanto as hidroxilas da celulose

estão fortemente ligadas por ligações de hidrogênio, prevenindo a difusão de reagentes

e então resultando em reações de baixa extensão.

O tratamento de fibras celulósicas com peróxidos tem sido investigado devido à

fácil processabilidade e melhoria das propriedades mecânicas. Peróxidos orgânicos

tendem a se decompor facilmente em radicais livres que reagem posteriormente com

os grupos hidroxila da matriz e da celulose (KALIA et al., 2009).

Tratamentos com cloreto de benzoíla são utilizados para diminuir a natureza

hidrofílica das fibras vegetais. Geralmente, as fibras são pré-tratadas em hidróxido de

sódio com posterior inclusão de benzoíla.

O recobrimento das fibras vegetais com copolímeros é um método efetivo para a

modificação da superfície da fibra (KALIA et al., 2009). A criação de um sítio ativo na

estrutura polimérica pré-existente é a característica comum dos métodos para a síntese

de copolímeros de enxerto. Os métodos que podem ser utilizados para a geração de

2222

sítios reativos na cadeia polimérica podem ser classificados em métodos físicos,

químicos, físico-químicos, métodos com radiação e enxertamento enzimático. A técnica

de radiação com microondas para modificar as propriedades de fibras naturais na

indústria têxtil, embora ainda limitada, tem sido utilizada em plantas industriais. A

reação de compolimerização é iniciada pelos radicais livres da molécula de celulose. A

celulose é tratada em uma solução aquosa com íons selecionados e é exposta a alta

radiação de energia. A molécula de celulose é então quebrada e radicais são formados.

Posteriormente, os radicais da celulose são tratados em solução adequada (compatível

com a matriz polimérica). O copolímero resultante possui propriedades características

de ambos, da fibra celulósica e do polímero enxertado (BLEDZKI et al., 1996).

Pré-tratamentos com permanganato são conduzidos colocando as fibras em

soluções com diferentes concentrações de permanganato de potássio (KMnO4) em

acetona, durante intervalo de tempo variando de 1 a 3 minutos, tendo as fibras passado

por pré-tratamento alcalino. Como resultado, a tendência hidrofílica da fibra é reduzida,

e então, a absorção de água do compósito reforçado pela fibra vegetal é decrescida.

Outro tratamento que pode ser utilizado para criar melhor compatibilidade entre as

fibras vegetais e a matriz polimérica é o tratamento por meio de isocianatos. Estes

possuem grupos funcionais –N=C=O, que são susceptíveis a reagir com os grupos

hidroxilas da celulose e lignina, formando ligações covalentes fortes na interface

fibra/polímero (KALIA et al., 2009).

A utilização de agentes de acoplamento pode aumentar o grau de ligações

cruzadas na região de interface e oferecer adesão quase perfeita entre as fibras

vegetais e a matriz polimérica. Dentre os vários agentes de acoplamento, os agentes

silanos têm sido considerados efetivos na modificação da interface fibra natural/matriz

polimérica. As cadeias geradas pela aplicação do silano reduzem o inchaço da fibra

pela criação de uma rede cruzada devido à ligação covalente entre a matriz e a fibra.

O anidrido maléico pode ser também utilizado como agente compatibilizador entre

fibras vegetais e a matriz polimérica. Em virtude do objetivo proposto neste trabalho, o

anidrido maléico e sua utilização em compósitos poliméricos reforçados por fibras

vegetais serão tratados com maiores detalhes na seção 2.3.1.

2323

ºC 25 40 52 60 80

g/cm3 1,47 1,39 1,32 1,31 1,29

ºC 52 60 80 100 120

cP 21 18 13 9,8 6,8

2.3.1 Anidrido Maléico

A Figura 2.10 exibe a estrutura molecular do anidrido maléico, nome dado ao

composto orgânico produzido por meio da oxidação do benzeno ou outros compostos

aromáticos. As características do anidrido maléico são mostradas na Tabela 2.3.

Figura 2.10 - Estrutura molecular do anidrido Maléico

(http://pt.wikipedia.org/wiki/anidrido_maléico, 2010).

Tabela 2.3 - Propriedades típicas do anidrido maléico

(http://www.elekeiroz.com.br/anidridomaléico, 2006).

Fórmula Molecular C4H2O3

Peso molecular 98,06

110 (vaso aberto) Ponto de fulgor (ºC)

102 (vaso fechado)

Ponto de ignição (ºC) 476,67

Ponto de ebulição (ºC) (760 mmHg) 202,0

1,4% por volume de ar (inferior) e 7,1% por Limite de explosividade

Solubilidade a 25ºC

(g/100g de solvente)

volume de ar (superior)

Acetona 227,0

Clorofórmio 52,5

Benzeno 50,0

Orto – Xileno 19,4

Tolueno 23,4

Tetracloreto de carbono 0,6

Água Hidrólise lenta

Peso específico

viscosidade

2424

O anidrido maléico é utilizado na produção de resinas poliésteres e alquídicas,

que são utilizadas na produção de tintas de acabamentos; produção de resinas

maléicas, que são utilizadas na fabricação de tintas de secagem extra-rápida ao ar;

como seladores em madeira e “clears”, sendo sua principal característica melhorar o

brilho na tinta e acelerar a secagem. Há outras aplicações para o anidrido maléico

como aglutinante na fabricação de papel, ácido succínico, ácido málico, agentes

tensoativos, inseticidas e herbicidas (http://www.elekeiroz.com.br/anidridomaléico).

O anidrido maléico pode ser utilizado como aditivo em polipropileno visando

induzir modificações nas propriedades deste polímero e em materiais onde este é

adicionado. Grupos derivados do anidrido maléico enxertados nas cadeias poliméricas

têm potencialmente capacidade de evoluir para a formação de ácidos carboxílicos que,

devido ao seu caráter hidrofílico, podem interagir mais efetivamente com superfícies

inorgânicas, normalmente hidratadas. Assim, o enxerto de cadeias poliméricas em

superfícies de agentes de reforço tem sistematicamente levado a melhorias nas

propriedades mecânicas de compósitos (CARVALHO et al., 2007; LÓPEZ MANCHADO

et al., 2003).

A Figura 2.11 ilustra, esquematicamente, a reação química que ocorre entre o

grupo funcional do anidrido maléico com os grupos hidroxilas das fibras vegetais. O

peróxido inicia a formação de radicais na estrutura do polipropileno pela abstração de

hidrogênio e cisão de cadeia. Os radicais então reagem com o anidrido maléico para

formar o MAPP (polipropileno modificado com anidrido maléico) (PARK et al., 2006). O

tratamento de fibras naturais com copolímeros MAPP provê ligações covalentes na

interface. Com tal tratamento, a energia da superfície da fibra é aumentada, provendo

melhor molhamento e maior adesão interfacial (BLEDZKI et al., 1996; KALIA et al.,

2009).

2525

Polipropileno

(PP)

Peróxido

Radicais PP

anidrido maléico

(MA)

Polipropileno Maleato

(MAPP)

Fibras naturais Fibras naturais

Figura 2.11 - Mecanismo de reação química da fibra natural e matriz MAPP (PARK et

al., 2006).

O MAPP como agente de acoplamento para a modificação da superfície de fibras

de juta foi utilizado por Mohanty et al. (2004). Estes autores reportaram que o

tratamento com solução de 0,5% de MAPP em tolueno, com tempo de impregnação de

5 minutos, mostrou o melhor resultado para a fração volumétrica de fibras da ordem de

30%, tendo as fibras comprimento médio de 6 mm. Park et al. (2006) avaliaram a

interface de compósitos de matriz de polipropileno reforçados por fibras de juta tratadas

e não tratadas via solução alcalina e com agente de acoplamento silano. A matriz foi

modificada com o copolímero anidrido maléico/polipropileno (MAPP) em concentrações

variando de 0 a 5%. De acordo com os resultados obtidos por estes autores, observou-

se um aumento da energia superficial das fibras devido ao número de sítios de alta

energia introduzidos continuamente com o aumento do conteúdo de MAPP na blenda

de Polipropileno. Com o aumento desse conteúdo, a resistência ao cisalhamento na

interface da superfície da fibra e da matriz foi aumentada, devido ao aumento do

número de grupos polares introduzidos na matriz.

2626

López Manchado et al. (2003) avaliaram a adição de anidrido maléico (MAPP –

5%) em compósitos de matriz de polipropileno e fibras de linho. O polipropileno

modificado foi adicionado ao polipropileno puro, em uma fração mássica de 8%. Os

resultados apontaram que a matriz funcionalizada reduz a concentração de tensões na

interface e previne o contato fibra-fibra, que é responsável pela fratura prematura do

compósito. Foi observado que as fibras ficaram perfeitamente encapsuladas pela

matriz, não apresentando bolhas na superfície de fratura. Conseqüentemente, os

valores das propriedades mecânicas mostraram aumento considerável quando as

matrizes modificadas com anidrido maléico foram adicionadas ao compósito. Soleimani

et al. (2008) verificaram ligeiro aumento da densidade, diminuição da absorção de

água, aumento da resistência e módulo de elasticidade em tração e flexão, e aumento

da energia de impacto, utilizando 5% de agente de acoplamento (MAPP) em

compósitos de polipropileno com frações de fibra de linho de 15 e 30%.

Kim et al. (2008) utilizaram MAPP em concentrações variando de 0 a 4% como

agente compatibilizador em compósitos de polipropileno reforçados com fibra de

algodão e fibra de madeira. Com o incremento do conteúdo de MAPP, a resistência à

tração e flexão de ambos os compósitos aumentaram, devido ao aumento da interação

entre as fibras e a matriz.

O anidrido maléico é utilizado como agente de acoplamento entre as fases matriz

e reforço, tanto em compósitos fibrosos quanto em compósitos particulados.

Sombatsompop et al. (2005) avaliaram o efeito da incorporação de diferentes frações

do anidrido maléico no polipropileno (MAPP) em compósitos reforçados com serragem

de madeira. Dentre os teores de 0 a 11,1% em massa (em relação a massa do

reforço), os resultados revelaram que a concentração ótima de 2% exibiu maior módulo

de elasticidade e resistência à tração e flexão, indicando alta adesão interfacial entre a

serragem e a matriz. Essa adesão está associada aos grupos ésteres formados pela

reação química do agente de acoplamento MAPP e as partículas de serragem, e ao

emaranhamento físico das moléculas de PP provenientes do agente de acoplamento e

da matriz. Carvalho et al. (2007) utilizaram o anidrido maléico (1%) como reagente

capaz de aumentar a afinidade química entre partículas inorgânicas de ardósia e a

matriz polimérica de polipropileno. A análise das superfícies de fratura dos compósitos,

2727

visualizadas por microscopia eletrônica de varredura, permitiu observar indícios de

aumento da resistência interfacial ardósia-polipropileno quando da adição do anidrido

maléico, ainda que esse aumento não tenha sido capaz de promover aumento

significativo nos valores das propriedades mecânicas dos compósitos.

O anidrido maléico foi utilizado para esterificação de fibras curtas (2,0 - 2,5 mm)

de sisal e bananeira (NAIK e MISHRA, 2007; MISHRA e NAIK, 1998; MISHRA et al.,

2000). As fibras foram extraídas por maceração, processo no qual o pseudocaule da

bananeira e as folhas do agave (sisal) foram imersas em água durante uma semana.

As poupas do pseudocaule da bananeira e da folha de sisal foram removidas

manualmente, sendo as fibras obtidas secas ao sol. As fibras foram tratadas com o

anidrido maléico dissolvido em xileno (concentração de 2% de anidrido maléico), em

uma proporção fibra/solvente de 1:20 (massa/volume). Compósitos de resina fenólica

do tipo Novolac (MISHRA e NAIK, 1998; MISHRA et al., 2000) e polietileno de alta

densidade (NAIK e MISHRA, 2007) foram então moldados sob alta temperatura,

variando-se a pressão aplicada ao molde. Os compósitos fabricados com resina

fenólica e fibras tratadas com anidrido maléico apresentaram absorção de água cerca

de um terço da absorção apresentada pelos compósitos fabricados com fibras sem

tratamento. Segundo Mishra e Naik (1998) a absorção de água por compósitos de

fibras naturais é largamente dependente dos grupos hidroxilas (-OH) disponíveis na

superfície das fibras. No tratamento com anidrido maléico, alguns desses grupos são

esterificados e, portanto, a absorção de água fica restringida. A Figura 2.12 exibe a

provável reação química da fibra vegetal com o anidrido maléico (a) e da resina com as

fibras tratadas pelo anidrido (b). A absorção de água da resina Novolac também é

diminuída devido à adesão química com o grupo – COOH das fibras tratadas com

anidrido, utilizando nessa reação parte dos grupos hidrofílicos metila –CH2OH (MISHRA

e NAIK, 1998).

Em outro trabalho, Mishra et al. (2000) avaliaram compósitos fabricados com

variação da fração em massa de fibras de 40% a 60%. Os resultados revelaram que o

anidrido maléico agiu como agente compatibilizador entre a fibra e a matriz, diminuindo

a absorção de água e aumentando os valores das propriedades mecânicas tais como

2828

módulo de elasticidade em tração e flexão, dureza e resistência ao impacto, para todos

os níveis de fração de fibras avaliados.

Figura 2.12 - Reação da fibra natural com o anidrido maléico (a) e reação da resina

fenólica com a fibra tratada (b) (MISHRA e NAIK, 1998).

Tal como nos compósitos fabricados com a resina fenólica, os compósitos de

polietileno de alta densidade reforçados com fibras de sisal e bananeira apresentaram

redução da absorção de água com o tratamento das fibras com o anidrido maléico,

conforme os resultados apresentados por Naik e Mishra (2007).

Em virtude do escopo deste trabalho os compósitos fabricados com fibras de sisal

e bananeira serão abordados com maiores detalhes nos itens subseqüentes.

2.4 Compósitos de fibras de sisal

2.4.1 A fibra de sisal

O sisal (Agave sisalana perrine) é uma planta utilizada para fins comerciais, sendo

cultivado em regiões semi-áridas. Corresponde a aproximadamente 70% de toda a

produção comercial de fibras duras (MARTIN et al., 2009). O Brasil é o maior produtor

mundial de sisal, sendo o Rio Grande do Norte, a Paraíba e a Bahia (maior pólo

produtor e industrial do sisal do mundo) os principais estados produtores (MARTIN et

2929

al., 2009). A agaveicultura se concentra em áreas de pequenos produtores, com

predomínio do trabalho familiar. O sisal, além de constituir fonte de renda e emprego

para um grande contingente de trabalhadores, é um importante agente de fixação do

homem à região semi-árida nordestina, sendo, em algumas dessas regiões, a única

alternativa de cultivo com resultados econômicos satisfatórios. A fibra do sisal,

beneficiada ou industrializada, representa cerca de 80 milhões de dólares em divisas

para o Brasil, além de gerar mais de meio milhão de empregos diretos e indiretos

através de sua cadeia de serviços, que começa com as atividades de manutenção das

lavouras, colheita, desfibramento e beneficiamento da fibra e termina com a

industrialização e confecção de artesanato (MARTIN et al., 2009).

Do sisal, utiliza-se principalmente a fibra das folhas que, após o beneficiamento,

tem-se os fios biodegradáveis utilizados em artesanato; no enfardamento de forragens;

cordas de várias utilidades, inclusive navais; torcidos, terminais e cordéis. O sisal

também é utilizado na produção de estofos; pasta para indústria de celulose; produção

de tequila; tapetes decorativos; remédios; biofertilizantes; ração animal; adubo orgânico

e sacarias. As fibras podem ser utilizadas também na indústria automobilística,

substituindo a fibra de vidro (http://pt.wikipedia.org/wiki/sisal, 2010).

O sisal pode produzir entre 200 e 250 folhas antes de florescer. Cada folha que

mede de 6 a 10 cm de largura e 150 a 200 cm de comprimento contém

aproximadamente 700 a 1400 feixes de fibras com comprimento variando de 0,5 a 1,0

m. A folha de sisal consiste em uma estrutura composta por aproximadamente 4% de

fibras, 1% de película (cutícula), 8% de matéria seca e 87% de água. Esses materiais,

exceto as fibras, são considerados resíduos do beneficiamento, sendo utilizados como

adubo orgânico, ração animal e pela indústria farmacêutica (MARTIN et al., 2009;

SILVA et al., 2008). Ao longo da folha, são encontrados três tipos básicos de fibras: a

fibra mecânica (estrutural), a fibra arco e a fibra xilema (ver Figura 2.13). A fibra

mecânica, que confere resistência à folha, é encontrada na periferia da mesma. Seu

diâmetro equivalente está em torno de 200 µm, tendo seção transversal raramente

circular. Essas fibras são de grande importância comercial pelo fato de não

arrebentarem durante o processo de extração. As fibras arco crescem em associação

com os tecidos da planta e são usualmente encontrados no meio da folha. Tais fibras

3030

se estendem da base até o topo da planta, possuindo boa resistência mecânica. As

fibras xilema crescem opostas às fibras de arco e são conectadas a elas pelo tecido

condutor (SILVA et al., 2008).

(a) (b) (c)

Figura 2.13 - Plantação de sisal (a), folha de sisal (b) e ampliação mostrando os tipos

de fibras na folha de sisal (c) (SILVA et al., 2008).

O processo de extração da fibra de sisal, que consiste na eliminação da polpa das

fibras, pode ser feito manualmente, por maceração ou por meio de um processo

mecânico chamado de decorticamento (SALAZAR e LEÃO, 2006; SILVA et al., 2008).

No processo de decorticamento, as folhas de sisal são esmagadas pela passagem

entre duas rodas com facas sem corte (desfibrilador), de forma que somente as fibras

permanecem (SILVA et al., 2008). No nordeste brasileiro, o desfibramento é realizado

por meio de uma máquina denominada “motor de agave” ou “máquina Paraibana”. Esta

máquina desfibra em torno de 150 a 200 kg de fibra seca em um turno de 10 horas de

trabalho, desperdiçando, em média, 20 a 30% da fibra. A fibra obtida é imersa, por

período de oito a dez horas, em tanques com água limpa para a eliminação dos

resíduos da mucilagem péctica e da seiva clorofílica, que ficam aderidos à fibra de

sisal. Após a lavagem, as fibras são secas ao sol por período que varia de 8 a 10

horas. Depois de secas, as fibras são amarradas em pequenos feixes e armazenadas.

Segundo Angrizani et al. (2006), o sisal pode ter seu valor agregado multiplicado

se utilizado como reforço em compósitos poliméricos. A fibra ligno-celulósica é leve e

atóxica, apresenta altos módulo e resistência específica, custo aproximadamente dez

vezes menor que a fibra de vidro e, ao contrário desta fibra inorgânica, causa menos

danos por abrasão aos equipamentos e moldes.

3131

Entre outras vantagens do sisal pode-se apontar a facilidade de modificação

superficial, característica das fibras vegetais; sua abundância no Brasil; facilidade de

cultivo; o fato de ser um material biodegradável que provém de fonte renovável; além

de apresentar boas propriedades como isolante térmico e acústico. Estes fatores,

aliados à alta tenacidade, resistência à abrasão e ao baixo custo, tornam o sisal uma

das mais estudadas fibras naturais (ANGRIZANI et al., 2006).

No entanto, a utilização da fibra de sisal em compósitos de alto desempenho

requer o entendimento do comportamento mecânico das fibras. Segundo Silva et al.

(2008), há uma grande discrepância entre os valores reportados na literatura para a

resistência à tração e módulo de elasticidade da fibra de sisal. A variabilidade nas

propriedades dessas fibras pode ser atribuída a três fatores principais: parâmetros e

condições de teste; características das plantas; e o método de medição da seção

transversal. Dentre os parâmetros e/ou condições de teste que podem influenciar nas

propriedades mecânicas das fibras, podem ser citados a precisão dos instrumentos, o

comprimento da fibra, a velocidade de ensaio, os tipos de garras utilizados e a própria

sensibilidade do equipamento. Como características das próprias plantas entendem-se

a origem da planta, idade, tipo de processamento (processo de extração) assim como

também sua microestrutura (SILVA et al., 2008). A medição da seção transversal pode,

ainda, ocasionar variações na medida das propriedades mecânicas pelo fato da forma

indefinida da seção e pela própria variação ao longo da fibra. Martin et al. (2009)

apontaram uma variação de diâmetro da fibra de sisal acima de 65% da parte basal (0 -

30 cm) para a parte apical (90 – 120 cm) da folha do agave. Segundo estes autores, a

parte mais resistente da fibra de sisal está localizada a cerca de 30 a 60 cm da sua

base e a de menor desempenho na região apical.

2.4.2 Estudos realizados: compósitos com fibras de sisal

Há na literatura vários trabalhos envolvendo compósitos fabricados com fibras

curtas de sisal com vários tipos de polímeros. Em geral, é avaliado nesses compósitos

o efeito do comprimento da fibra, da fração volumétrica das fibras presente no material,

3232

assim como o efeito de tratamentos superficiais das fibras. Esta seção abordará alguns

trabalhos realizados sobre o estudo de compósitos reforçados por fibras de sisal.

Joseph et al. (1996) avaliaram as propriedades mecânicas de compósitos

fabricados com resina fenólica, epóxi, poliéster e de polietileno de baixa densidade,

variando o comprimento e fração volumétrica das fibras. Os resultados mostraram que

houve uma tendência de aumento dos valores das propriedades mecânicas para fibras

de maior comprimento, em que a faixa de comprimento avaliada foi de 5 a 30 mm. Para

a matriz fenólica, a maior resistência foi obtida com fibras de 30 mm. Entretanto, para a

matriz de poliéster e epóxi, os resultados apontaram decréscimo dos valores das

propriedades para o aumento do comprimento das fibras de 20 mm para 30 mm, em

virtude do maior contato entre fibras devido ao processo de fabricação. Já para a matriz

termoplástica com fibras variando de 2 a 10 mm de comprimento, um valor crítico de 6

mm foi observado, sendo este menor que nas matrizes termorrígidas, devido ao maior

limite de fluidez do polietileno. Assim, os compósitos de maior resistência mecânica

foram aqueles fabricados com os seguintes comprimentos/frações volumétricas de

fibras: 20mm/50%; 30mm/50%; 20mm/35%; 06mm/30%; para as matrizes de resina

epóxi, fenólica, poliéster e polietileno de baixa densidade; respectivamente.

Diferentemente de Joseph et al. (1996) e Kiran et al. (2007) estudaram as propriedades

mecânicas de compósitos de matriz poliéster reforçada com fibras curtas de sisal (10,

20, 30, 40, 50 e 70 mm) tratadas numa solução de 1% de NaOH por 30 minutos. Os

maiores valores de resistência mecânica foram obtidos para o compósito fabricado com

54% de fração volumétrica de fibras de sisal com comprimento de 30 mm.

Paul et al. (1997) estudaram compósitos de polietileno de baixa densidade

reforçados com fibras curtas (6 mm) de sisal testando diversos tratamentos das fibras

nas propriedades elétricas dos compósitos. Foram avaliados os tratamentos alcalino,

acetilação, peróxidos de benzoila, ácido esteárico, permanganato de potássio, e

isocianato. Os valores da constante dielétrica dos compósitos decresceram com os

tratamentos químicos devido à baixa absorção de água das fibras tratadas, e

aumentaram com o aumento da fração volumétrica das fibras. Já a resistividade

volumétrica aumentou com os tratamentos da superfície das fibras.

3333

Paiva et al. (2006) estudaram compósitos de matriz fenólica e lignofenólica

reforçados com fibras curtas de sisal (3 mm). Foram investigados os efeitos dos

tratamentos mercerização (10% NaOH), esterificação (anidrido succínico) e tratamento

com ar ionizado (corrente de descarga de 5 mA) das fibras, sobre as propriedades das

fibras e dos compósitos, principalmente propriedades térmicas. Os resultados

apontaram maior adesão interfacial para as fibras mercerizadas e esterificadas em

comparação com o tratamento com ar ionizado. No entanto, os autores sugerem que

outros testes devem ser realizados para esse último tratamento por se tratar de um

método de tratamento via seco.

Os compósitos reforçados com fibras unidirecionais têm sido investigados por

vários autores. Bisanda (2000) avaliou a influência do tratamento alcalino com hidróxido

de sódio em fibras contínuas de sisal na resistência à compressão dos compósitos

fabricados com resina epóxi. Os resultados revelaram aumento da resistência à

compressão com o aumento da fração de fibras, assim como o tratamento alcalino

proporcionou melhoria das propriedades mecânicas e físicas dos compósitos em

relação às fibras não tratadas. Rong et al. (2001) estudaram o efeito de tratamentos

químicos e físicos na fibra de sisal sobre as propriedades mecânicas de tração e flexão

de compósitos de resina epóxi com fibras contínuas, revelando que as fibras de sisal

podem ser efetivamente modificadas por tais tratamentos. Os resultados revelaram que

nos compósitos de fibras não tratadas a resistência à tração aumentou com o aumento

do percentual de fibras até 58%, acima do qual um pequeno incremento na resistência

foi apresentado. Já nos compósitos com fibras tratadas a resistência mecânica foi

maior que os de fibras não tratadas e continuou aumentando para percentuais mais

elevados de fibras. O módulo de elasticidade em tração apresentou decréscimo com o

aumento da fração de fibras tratadas. Em relação ao comportamento do compósito em

flexão, notou-se um aumento gradativo em função do teor de fibras, tanto na

resistência quanto no módulo de elasticidade dos compósitos.

Towo e Ansell (2008) estudaram o comportamento em fadiga de compósitos

reforçados por fibras unidirecionais de sisal, fabricados com matrizes poliméricas de

resina epóxi e poliéster. As fibras foram utilizadas como recebidas e mercerizadas

(tratamento alcalino com solução de 0,06 mol/L NaOH) ) em frações volumétricas de

3434

68,2% e 64,4 % para a resina poliéster e 71,5% e 68,5% para a resina epóxi,

respectivamente. Os resultados mostraram que o tratamento das fibras de sisal com

solução de hidróxido de sódio aumenta a resistência à tração dos compósitos

fabricados com resina poliéster, mas não influencia a vida do material em fadiga,

especialmente em baixos níveis de carga aplicada. Os compósitos fabricados com

resina epóxi e fibras de sisal tratadas não apresentaram aumento na vida em fadiga em

relação às fibras sem tratamento. Este comportamento pode ser atribuído à forte

adesão entre a resina epóxi e as fibras de sisal não tratadas.

Chand e Jain (2005) avaliaram o efeito da orientação da fibra sobre as

propriedades elétricas de compósitos fabricados com resina epóxi reforçada por fibras

longas de sisal (VF 20%). As direções das fibras avaliadas foram de 0o

e 90º, ou seja,

fibras paralelas e perpendiculares ao campo elétrico aplicado. Os resultados revelaram

que a constante dielétrica é maior para o compósito com fibras orientadas a 90º, devido

à maior área de contato da fibra de sisal com os eletrodos nessa orientação. A

orientação da fibra no compósito muda a estrutura do material que causa mudanças na

constante dielétrica em diferentes orientações.

2.5 Compósitos com fibra de bananeira

2.5.1 Fibra de bananeira

A fibra de bananeira é uma fibra celulósica extraída do pseudocaule da planta,

sendo classificada como uma fibra de caule com propriedades mecânicas

relativamente atrativas para utilização em materiais compósitos poliméricos. No

entanto, a extração da fibra de bananeira não é prática comum, sendo considerado um

subproduto do cultivo da banana (JOSEPH et al., 2002; MUKHOPADHYAY et al.,

2007).

A banana é uma das frutas mais importantes do mundo, tanto no que se refere à

produção quanto à comercialização, constituindo o quarto produto alimentar mais

produzido mundialmente, a seguir ao arroz, trigo e milho. As bananas formam-se em

cachos na parte superior dos "pseudocaules" da bananeira (ver Figura 2.14) que

3535

nascem de um verdadeiro caule subterrâneo (rizoma ou cormo) que chega a ter uma

longevidade de 15 anos ou mais. Depois da maturação e colheita do cacho de

bananas, o pseudocaule morre (ou é cortado), dando origem, posteriormente, a um

novo pseudocaule (SOFNNER et al., 2001).

A Índia é o maior produtor mundial de banana com mais de 16,8 milhões de

toneladas anuais, correspondendo a cerca de 20% do total produzido no planeta. O

Brasil, com 7 milhões de toneladas por ano (FIORAVANÇO, 2003), é o segundo

colocado com área plantada aproximadamente de 518020 hectares (CERQUEIRA,

2010). Segundo Moreira apud Garavello (1999), as condições de produção da

bananicultura resultam em grande quantidade de matéria vegetal acumulada no solo

após a colheita dos cachos, gerando de 180 a 200 toneladas de resíduos vegetais

(folhas, pseudocaule e engaço) por hectare, por ano, podendo provocar problemas

fitossanitários.

Figura 2.14 - Esquema ilustrativo de uma bananeira (SOFNNER, 2001)

Após o corte, o pseudocaule da bananeira pode servir como fonte de matéria-

prima para a produção de fios na indústria têxtil, fibras para reforços em compósitos,

adubo orgânico, substrato para produção de cogumelos comestíveis, alimentação

3636

animal por meio de silagem, e ainda ter suas palhas e fibras provenientes das bainhas

foliares utilizadas para produção de produtos artesanais.

A matéria-prima para o artesanato - palhas e fibras - é extraída do pseudocaule

verde, cortado após a colheita do cacho (ver Figura 2.15). As bainhas foliares são

destacadas do tronco, uma por uma, e recortadas em tiras longitudinais. Cada tira pode

ser aproveitada inteira ou ser desdobrada, retirando-se as camadas internas. Numa

mesma bainha, após o desmembramento, obtêm-se diferentes tipos de palha

(GARAVELLO, 1999).

As características das palhas também se diferenciam de acordo com a espécie,

variedade, localidade de crescimento da planta, condições edafoclimáticas e tratos

culturais, e conforme sua localização no pseudocaule. As bainhas mais externas

fornecem palhas mais escuras e mais resistentes, que se tornam mais claras e mais

frágeis à medida que se aproximam do centro do mesmo. Após a extração das palhas

do pseudocaule, elas podem ser tratadas e colocadas para secar. O material obtido é

então trabalhado com técnicas de tecelagem, cestaria e trançados, transformando-se

em tapetes, esteiras, cestos, bandejas, acessórios femininos, sandálias, bolsas,

revestimentos como cortinas, assentos de cadeiras e objetos diversos de decoração

(GARAVELLO, 1999; KULKARNI et al., 1983).

Figura 2.15 - Pseudocaule da bananeira e suas bainhas foliares

Para a obtenção de fibras pode-se utilizar processo manual ou mecânico. No

processo de extração manual, após o corte do pseudocaule, as bainhas foliares são

retiradas e passadas numa calandra manual (tipo cilindro para massas), para extração

3737

da água, colocadas sobre uma mesa e “penteadas” com garfo ou escova fina de aço

para soltar a porção não fibrosa existente entre as fibras. Esse procedimento se repete

e depois o material é lavado e pendurado em varal, onde as fibras são separadas com

as mãos e deixadas para secar.

No processo de extração por maceração as bainhas são colocadas em um tanque

com água por alguns dias, até que as fibras se separem do tecido. Muitas vezes o

material se perde por apodrecimento. Para uma fibra de qualidade é recomendável que

a água seja de boa qualidade, que a temperatura e a limpeza do tanque sejam

adequadas.

A extração mecânica da fibra de pseudocaule de bananeira depende de uma

máquina desfibradora, conforme ilustrado na Figura 2.16. O rendimento em fibras

longas secas comparado ao peso verde do pseudocaule está em torno de 1 a 1,5% por

meio deste processo de extração.

Após a operação de desfibragem, seja manual ou mecânica, recomenda-se que a

fibra de bananeira seja lavada em água para se eliminar a mucilagem residual,

melhorando a limpeza e aumentando o brilho. Também é indicada a secagem ao sol,

que age como um alvejante natural (por degradar a clorofila).

(a) (b)

Figura 2.16 - Máquina desfibradora (a) e processo de desfibramento da bainha foliar (b) (KULKARNI et al., 1983).

A Tabela 2.4 exibe a composição química da fibra de bananeira, segundo Bilba

apud Mukhopadhyay et al. (2009).

3838

Tabela 2.4 - Composição da fibra de bananeira (BILVA apud MUKHOPADHYAY et al.,

2009).

Número

Constituinte

Porcentagem

01

Celulose

31,27 ± 3,61

02 Hemicelulose 14,98 ± 2,03

03 Lignina 15,07 ± 0,66

04 Extrativos 4,46 ± 0,11

05 Umidade 9,74 ± 1,42

06 Cinzas 8,65 ± 0,10

Mukhopadhyay et al. (2009) e Kulkarni et al. (1983) estudaram a resistência

mecânica de fibras de bananeira investigando o efeito do diâmetro da fibra,

comprimento livre entre as garras e a velocidade de deformação da fibra no ensaio de

tração. Os resultados encontrados pelos primeiros autores sugerem que as fibras com

diâmetros menores apresentam maior tenacidade e comportamento mais regular se

utilizadas para aplicações em compósitos, resultado divergente de Kulkarni et al.

(1983). Em relação às outras características do teste, comprimento da fibra e

velocidade, os resultados de ambos os trabalhos estão em concordância. A resistência

diminuiu com o aumento do comprimento entre as garras, devido à maior probabilidade

de ocorrer defeitos nas fibras, levando à concentração de tensões e,

conseqüentemente, reduzindo a resistência da fibra. A taxa de deformação (velocidade

do ensaio) desempenha um papel importante na determinação da resistência da fibra,

aumentando sua tenacidade. No entanto, os resultados apontaram um valor ótimo

acima do qual a resistência diminui devido, provavelmente, à presença de defeitos na

estrutura da fibra.

2.5.2 Estudos realizados: compósitos com fibras de bananeira

A fibra de bananeira tem se mostrado com potencial para utilização no

desenvolvimento de compósitos estruturais (JÚSTIZ-SMITH et al., 2008). Conforme

3939

demonstrado por Joseph et al. (2002), compósitos de matriz termorrígida fenólica e

fibras de bananeira exibem propriedades mecânicas equivalentes às propriedades do

mesmo compósito com fibras de vidro, em termos de propriedades específicas. Ainda

segundo estes autores, a adesão interfacial é muito superior para as fibras de

bananeira devido à natureza hidrofílica da resina fenólica e da fibra de bananeira.

Pothan et al. (2006) estudaram vários tratamentos superficiais em fibra de

bananeira. A autocondensação de agentes silanos e a rede formada na vizinhança da

superfície da fibra é uma excelente ferramenta para a funcionalização da mesma,

podendo ser usada para aumentar a compatibilidade com a matriz polimérica. Segundo

esses autores, os produtos da reação dos silanos contribuem para proteger as fibras

contra absorção de água indesejada em materiais compósitos. Em um trabalho

posterior, o efeito do tratamento superficial de fibras curtas (30 mm) de bananeira em

compósitos de poliéster com fração volumétrica de fibras de 40% foi estudado por

Pothan et al. (2006). Dos agentes de modificação analisados (silanos, hidróxido de

sódio e anidrido acético), os melhores resultados foram apresentados pelo silano A174

e NaOH, mostrando maiores valores de módulo de armazenamento para os compósitos

(análise mecânico-dinâmica). Ainda de acordo com esses autores, compósitos com

melhor módulo e baixo amortecimento, ideal para a utilização como substituto de

materiais de construção, podem ser desenvolvidos com resina poliéster e fibra de

bananeira por meio do controle criterioso da interfase química.

Estudos tais como o realizado por Kiran et al. (2007) demonstram haver um

comprimento ótimo para fibras curtas de bananeira em matrizes termorrígidas, assim

como há também uma fração ótima de fibras para o melhor desempenho do compósito.

Kiran et al. (2007) apontaram maior resistência à tração para o compósito fabricado

com resina poliéster reforçada com 51% (em massa) de fibras de bananeira com 30

mm de comprimento, sendo essas fibras tratadas em solução de 1% de NaOH por 30

minutos. Resultados semelhantes foram apresentados por Joseph et al. (2002),

demonstrando maiores resistência à tração, flexão e impacto para fibras de bananeira

sem tratamento e com comprimento de 30 mm em matrizes de resina fenólica. Ainda

de acordo com esses autores, as propriedades mecânicas aumentaram com o aumento

da fração volumétrica de fibras, apresentando um valor ótimo em torno de 50%.

4040

Análise mecânico-dinâmica em compósitos de matriz poliéster reforçada por fibras

curtas de bananeira (30 mm) foi realizada por Pothan et al. (2003). Os resultados

mostraram dependência das propriedades com a fração volumétrica das fibras,

apresentando valores máximos com 40% de fibras. O módulo dinâmico mostrou

diminuição com a inserção de fibra de bananeira abaixo da temperatura de transição

vítrea, e efeito positivo em temperaturas acima de Tg. A avaliação do relaxamento de

tensão foi realizada por Pothan et al. (2004) para os mesmos compósitos de poliéster e

fibras curta de bananeira, mostrando que a fração volumétrica de 40% proporcionou o

menor valor do módulo de relaxamento de tensão.

Compósitos de matriz termoplástica têm sido também estudados para fibras de

bananeira. Balzer et al. (2007) verificaram que fibras curtas (10 mm) inseridas em

matriz de PVC rígido produzem compósito com maior resistência à tração e impacto em

comparação ao PVC puro. Foi obtido efeito de reforçamento para ambas as frações

volumétricas de fibras avaliadas de 5, 10 e 20%. No entanto, melhores resultados

foram obtidos com a fração de 10% de fibras.

Hannefa et al. (2008) estudaram compósitos híbridos de fibras de vidro e

bananeira em matriz de poliestireno, variando a proporção entre as fibras e a fração

volumétrica total. Melhores resultados foram obtidos para os compósitos fabricados

com fibra de vidro e bananeira na proporção de 70:30, sendo observado que a

resistência à tração e o módulo de elasticidade dos compósitos aumentaram com a

fração volumétrica de fibras de vidro, devido à melhor compatibilidade entre esta fibra e

o poliestireno, enquanto o alongamento na ruptura diminuiu com o aumento do teor da

fibra de vidro. Comportamento similar foi encontrado para a resistência e módulo de

flexão dos compósitos. O efeito da quantidade de fibras nos compósitos mostrou

aumento regular das propriedades até a fração de 30% de fibras.

Idicula et al. (2010) e Idicula et al. (2005) estudaram compósitos de matriz

poliéster com reforços híbridos de fibras curtas (30 mm) e aleatórias de bananeira e

sisal. Os resultados apontaram um aumento das propriedades mecânicas com o

aumento da fração volumétrica de fibras, entretanto, o maior desempenho foi obtido

com 40% de fibras. Uma maior resistência à tração foi observada para os compósitos

tendo fração de fibras de bananeira e sisal de 3:1, mostrando o efeito da adição de

4141

fibra de bananeira no reforço híbrido (IDICULA et al., 2010). Mantendo a fração de

fibras em 40% e a relação de fibras de bananeira e sisal em 1:1, diferentes

ordenamentos de camadas das fibras foram avaliados. Propriedades de impacto e

flexão foram maiores em compósitos com reforços de bicamadas sisal/bananeira.

Idicula et al. (2005) avaliaram o efeito do ordenamento de camadas em propriedades

dinâmico-mecânicas dos compósitos, revelando que o material fabricado com as fibras

de bananeira nas superfícies externas e o sisal no núcleo mostrou uma maior rigidez

(IDICULA et al., 2005) e resistência à tração (MALHOTRA et al., 2005). O reforço de

bicamada bananeira/sisal apresentou maior fator de amortecimento (IDICULA et al.,

2005) e maior resistência à flexão (MALHOTRA et al., 2005).

O efeito do ordenamento de camadas em compósitos de matriz poliéster com

reforço híbrido de fibra de vidro e bananeira foi também avaliado por Pothan et al.

(2007). Das curvas de absorção dos compósitos, pôde-se concluir que a absorção de

água é máxima para amostras fabricadas com as fibras de bananeira e fibras de vidro

totalmente misturadas; e mínima para amostras com a fibra de bananeira formando um

sanduíche entre duas camadas de fibra de vidro, devido à descontinuidade no fluxo de

solvente.

2.6 Compósitos híbridos fibra/partícula

A melhoria do desempenho mecânico de compósitos poliméricos reforçados por

fibras tem sido o foco de inúmeras pesquisas que investigam a adição de partículas e

minerais cerâmicos na fase matriz. Há na literatura diversos estudos envolvendo a

adição de nano partículas em compósitos fabricados com resina epóxi e fibras de vidro.

Estes compósitos são muito estudados devido à baixa viscosidade e longo tempo de

gel da resina epóxi, facilitando o processo de mistura das nanopartículas, além de ter

aplicação difundida nas indústrias aeronáutica e aeroespacial. Os compósitos com fibra

de vidro são largamente estudados pelo fato da fibra de vidro apresentar melhor

relação custo/resistência mecânica, em relação às fibras de carbono e aramida.

Mahrholz et al. (2009) avaliaram a adição de nanopartículas de sílica em resina

epóxi como uma nova matriz para a moldagem líquida de compósitos. A fração de sílica

4242

de 25% em massa apresentou resultados relevantes, melhorando as características da

matriz, e por sua vez aumentando o desempenho de compósitos estruturais reforçados

por fibras.

Rosso et al. (2006) avaliaram a resistência mecânica da resina epóxi ao adicionar

5% em volume de nano partículas de sílica. Foi observado que a adição de sílica foi

capaz de aumentar a rigidez e a tenacidade da fase matriz. O módulo de elasticidade

aumentou 20% e a tenacidade à fratura (K1C) aumentou 70% com a adição de sílica.

Isik et al. (2003), Yasmin et al. (2003), estudaram o efeito da adição de nano

argila em percentuais variando de 0% a 10% em massa na matriz epóxi. Isik et al.

(2003) obtiveram um valor ótimo de adição de nanoargila com o percentual de 1%,

onde uma maior resistência ao impacto, resistência à tração e deformação na ruptura

foram observados. Já o módulo de elasticidade dos nanocompósitos aumentou

gradativamente com o aumento da fração de nano argila na matriz. Yasmin et al. (2003)

observaram um efeito de reforçamento de 80% do módulo de elasticidade para a

adição de 10% de nanoargila.

Já Haque et al. (2003) e Ávila et al. (2006) estudaram o efeito dos mesmos

percentuais de nanoargila adicionados na resina epóxi em compósitos laminados

reforçados por fibras de vidro. Haque et al. (2003) estudaram além das propriedades

mecânicas, as propriedades térmicas dos nanocompósitos, observando aumento da

temperatura de decomposição e de transição vítrea dos nanocompósitos. O

cisalhamento interlaminar e a resistência à flexão apresentaram um aumento de 44% e

24%, respectivamente, com a adição de 1% de nanoargila no sistema. A tenacidade à

fratura mostrou-se ser aumentada a um percentual de 23%. Esses autores concluíram

que as propriedades termomecânicas aumentam significativamente com a adição de

baixos percentuais de nanopartículas (1-2%) e decrescem a percentuais mais elevados

(5% ou mais). Em seus estudos Ávila et al. (2006), compararam as propriedades de

rigidez e tenacidade à fratura, em que observou-se os compósitos mais rígidos com a

fração de 10% de nanoargila, entretanto o mesmo não produziu aumento da

tenacidade tal como a fração de 5%. Assim sendo, para a fração de nanoargila

variando de 0% a 10%, uma fração ótima de nanoargila em torno de 5% foi encontrada

para resistência ao impacto à baixa velocidade. Ávila et al. (2007) analisaram a

4343

influência da adição de nanoargila na matriz polimérica durante o amortecimento

estrutural, verificando mudança significativa no fator de perda de amortecimento

(damping loss factor) dos compósitos, podendo esse fato ser usado para incrementar o

desempenho dos mesmos quando submetidos a vibrações.

A adição de nanopartículas de argila na matriz polimérica apresenta melhoria

significativa na resistência à compressão de compósitos reforçados por fibras, uma vez

que as propriedades de rigidez da matriz governam o comportamento do material

quando submetido a esforços de compressão. Subramaniyan e Sun (2006) avaliaram o

efeito da modificação da matriz (resina epóxi) com adição de baixos percentuais de

nanoargila (0%, 3%, 5% e 8%). Os resultados apontaram um aumento percentual da

resistência à compressão longitudinal dos compósitos de 22% e 36% com a adição de

3% e 5% em massa de nanoargila, respectivamente.

Nanopartículas de sílica vêm sendo também investigadas para produção de nano

compósitos de fibra de vidro. Tsai e Cheng (2009) analisaram o efeito da adição de

nanosílica de 10%, 20% e 30% em massa na fase matriz, sobre a resistência à

compressão. Foi também investigado o ângulo de orientação da fibra (0°, 5°, 10°, 15° e

90°) em relação à direção de aplicação da carga no ensaio de compressão. Os

resultados mostraram aumento gradativo da resistência à compressão dos compósitos

com o aumento do percentual de nanosílica adicionada, para todos os ângulos de

orientação das fibras estudados. O maior valor de resistência à compressão foi obtido

para o compósito fabricado com fibras de vidro alinhadas na direção do carregamento e

com 30% de nanopartículas de sílica adicionadas na matriz.

Cao e Cameron (2006) investigaram a modificação da superfície da fibra de vidro

com a adição de partículas de sílica avaliando a resistência ao impacto dos compósitos

fabricados com resina epóxi. O efeito significativo das partículas de sílica na resistência

mecânica final dos compósitos foi obtido por meio de um pré-tensionamento das fibras

durante o processo de cura. Conforme ilustra a Figura 2.17, a trinca é nucleada na

matriz e se propaga tangenciando a superfície da fibra, delaminando o compósito. Ao

encontrar a partícula em seu caminho, a frente da trinca não consegue rompê-la devido

à resistência extremamente alta da mesma. Esforço adicional é então requerido para

que a trinca possa se propagar por meio da interface fibra/partícula ou da interface

4444

mais longa entre partícula/matriz. Este esforço adicional resulta em menor velocidade

de propagação da trinca e aumento da resistência mecânica final do compósito (GAO e

CAMERON, 2006).

Fibra

Aplicação do esforço Partícula

Matriz

Figura 2.17 - Mecanismo esquemático da propagação da trinca no compósito híbrido

matriz/partícula/fibra (GAO e CAMERON, 2006)

2.7 Processos de fabricação de compósitos laminados

No processamento de compósitos (moldagem), diferentemente dos materiais

metálicos e cerâmicos, a manufatura do material em si ocorre ao mesmo tempo em que

o componente é submetido à moldagem. O estabelecimento do processo adequado

para cada moldagem é determinado basicamente pelo tipo de matéria prima, tipo de

reforço e matriz, e pelo tipo de geometria do componente a ser obtido. Os processos de

fabricação podem ser manuais e/ou automatizados e a moldagem pode ser efetuada

em molde aberto ou molde fechado. Os moldes abertos podem ser do tipo macho ou

fêmea e os fechados incorporam, simultaneamente, as características dos moldes tipos

macho e fêmea (LEVY NETO e PARDINI, 2006).

Ainda de acordo com Levy Neto e Pardini (2006) os processos de fabricação

correspondem a 50 – 60% do custo total de um compósito. Este fato torna o assunto de

fundamental importância para a comunidade industrial e científica, visando à redução

dessa parcela no custo total do material.

Para os compósitos poliméricos, há diversos tipos de processos, dependendo,

principalmente, dos processos de transformação físico-química a que são sujeitas as

matrizes durante a fase de moldagem. Os principais métodos de fabricação são:

4545

moldagem manual (http://www.fibercenter.com.br/Processos/LAMINAÇÃOMANUAL.pdf,

2010), moldagem por aspersão (http://www.fibercenter.com.br/Processos/LAMINAÇÃO

Spray-Up.pdf, 2010), moldagem a vácuo, moldagem por compressão (LEVY NETO e

PARDINI, 2006), pré-impregnados (NOGUEIRA et al., 1999; PARDINI e PEREZ, 1996),

moldagem em autoclave, bobinagem contínua

(http://www.fibercenter.com.br/Processos/FilamentWinding.pdf, 2010), pultrusão

(http://www.fibercenter.com.br/Processos/Pultrusão Fiber.pdf, 2010) e moldagem por

transferência de resina (HILLER et al., 2006; ROSSELL, 2004;

http://www.fibercenter.com.br/Processos/RTM LIGHT.pdf, 2010). A moldagem manual

foi utilizada na preparação das amostras investigadas neste trabalho.

A laminação manual talvez seja o mais simples e antigo processo de fabricação

utilizado pela indústria de compósitos reforçados por fibras. Consiste em um processo

de laminação realizado em molde aberto, sendo possível produzir uma variedade de

peças com aplicações típicas em barcos, peças automotivas, dutos, piscinas, chapas

lisas ou onduladas, protótipos, tanques, etc

(http://www.fibercenter.com.br/Processos/LAMINAÇÃOMANUAL.pdf, 2010). O primeiro

passo para a fabricação é a preparação do molde que consiste na limpeza e aplicação

de desmoldante para facilitar a desmoldagem da peça (LEVY NETO e PARDINI, 2006).

Pode-se, também, recobrir a superfície do molde com gel pigmentado ou transparente,

aplicado a pincel ou a pistola, se for desejado um bom acabamento. As fibras de

reforço, juntamente com a resina previamente acelerada e catalisada, são aplicadas

posteriormente sobre o gel, assentando-se as fibras e removendo-se as bolhas de ar

com pincel ou roletes. A cura das peças pode ser realizada em estufas, se desejado,

ou à temperatura ambiente, como é mais comum

(http://www.fibercenter.com.br/Processos/LAMINAÇÃOMANUAL.pdf, 2010).

São consideradas vantagens da laminação manual o baixo investimento em

moldes, nenhuma restrição ao tamanho das peças, flexibilidade e facilidade de

modificação do projeto, baixo investimento em equipamentos e a possibilidade de

laminação em campo. Entretanto, são limitações a alta incidência de mão-de-obra,

apenas uma superfície da peça acabada e a qualidade dependente da habilidade do

laminador.

4646

2.8 Aplicações de compósitos laminados

Segundo Neto e Pardini (2006), o uso de compósitos em estruturas, e

principalmente os fabricados com fibras sintéticas de carbono, têm permitido uma

significativa redução de peso destas, bem como contribuído para melhorar as

resistências à corrosão e à fadiga de uma infinidade de componentes de aeronaves de

última geração, plataformas marítimas de petróleo, satélites, sub-marinos, foguetes,

veículos automotores, trens de alta velocidade, de artigos esportivos como raquetes de

tênis e tacos de golfe, e de implantes ortopédicos, entre outras aplicações.

De acordo com Silva (2003), os compósitos fabricados com fibras vegetais, entre

outras inúmeras aplicações, possuem um enorme potencial de aplicação na indústria

automotiva, sejam elas estruturais e não-estruturais, incentivando a redução de custo e

peso dos veículos, além dos aspectos ecológicos decorrentes da sua utilização frente

aos compósitos com fibras sintéticas. As principais aplicações dos compósitos naturais

incluem componentes internos, tais como painéis (console e traseiro), revestimento de

portas, cintos, partes acolchoadas e painéis solares (SUDDELL, 2002). É possível,

entretanto, encontrar aplicações de compósitos com fibras vegetais em peças

automotivas externas. A Figura 2.18a exibe uma foto do Mercedez Classe A, cujo

suporte para o pneu reserva é fabricado com fibras de bananeira. A Figura 2.18b ilustra

possibilidade de aplicação de compósitos fabricados com fibra de sisal em máquinas

agrícolas, segundo Silva (2007).

(a) (b)

Figura 2.18 - Mercedes Classe A e a fibra de bananeira (a)

(http://www.ecoinforme.com.br/main_noticia.asp, 2009) e possibilidades de aplicação

de compósitos naturais (b) (SILVA, 2007).

4747

2.9 Planejamento Experimental

O planejamento de experimentos, do inglês Design of Experiments (DOE),

representa um conjunto de ferramentas estatísticas que permite identificar fatores

importantes em um dado sistema ou processo, identificar e corrigir problemas, e

também identificar a possibilidade de interações entre os fatores (BUTTON, 2005). De

acordo com Hendler e Vaccaro (2007), do ponto de vista prático, apresenta-se como

uma ferramenta essencial no desenvolvimento de novos processos e no

aprimoramento de processos em utilização. Um projeto de experimentos adequado

permite, além de aprimoramentos de processos, a identificação de causas de

variabilidade de resultados, a redução de tempos de análises e dos custos envolvidos.

Apresenta-se a seguir, a terminologia básica utilizada, antes de prosseguirmos

para os principais conceitos em planejamento de experimentos.

2.9.1 Terminologia básica

Algumas terminologias importantes da análise estatística estão definidas a seguir:

- Variável resposta: o resultado de interesse registrado após a realização de um

ensaio;

- Unidade experimental: é a unidade básica para a qual será feita a medida da

resposta;

- Variáveis de processo: são aquelas controláveis pelo pesquisador e que

supostamente têm grande efeito na resposta. Podem ser divididas em duas categorias:

- Fatores: variáveis que serão investigadas no experimento;

- Variáveis fixas: variáveis que terão valores fixos no experimento;

- Variáveis de ruído: são aquelas que podem afetar a resposta, mas não são

controláveis, quer seja por impossibilidade técnica, inviabilidade econômica ou pelo

grau de perturbação na variável resposta;

- Níveis de um fator: cada um dos diferentes modos de presença de um fator no

estudo;

- Tratamento: são as combinações específicas dos níveis de diferentes fatores;

4848

- Ensaio: cada realização do experimento em uma determinada condição de

interesse;

- Aleatorização: é um método de alocação do material experimental às diversas

condições experimentais e ordenação dos ensaios de maneira aleatória. Seu propósito

é obter estimativa não tendenciosas dos efeitos dos fatores e respostas independentes;

- Replicação ou réplica: é a repetição do experimento sob as mesmas condições. É

capaz de estimar o erro experimental envolvido na diferença entre os tratamentos. 2.9.2 Procedimento experimental

Um experimento pode ser definido como um teste no qual se faz mudanças nas

variáveis de entrada de um determinado sistema ou processo. Tais mudanças, que são

propositais, permitem avaliar as alterações ocorridas na variável resposta (ou variáveis

de interesse) e ainda permitem identificar as razões das alterações ocorridas. Desta

forma, a escolha dos fatores que controlam um determinado processo/produto tem

fundamental importância em sua qualidade. Um planejamento experimental adequado

pode ser uma ferramenta útil na identificação de tais fatores.

Geralmente, um roteiro pode ser seguido na elaboração de um dado experimento,

segundo Werkema e Aguiar (1996).

1) Identificação dos objetivos do experimento;

2) Seleção da variável resposta;

3) Escolha dos fatores e seus níveis;

4) Planejamento do procedimento experimental;

5) Realização do experimento;

6) Análise de dados;

7) Interpretação dos resultados;

8) Elaboração do relatório.

4949

2.9.3 Planejamento fatorial

Nos experimentos mais simples, geralmente é realizada a comparação de

tratamentos de apenas um tipo ou fator, permanecendo os demais fatores constantes.

Entretanto, existem casos em que vários fatores devem ser estudados

simultaneamente para que possam conduzir a resultados de interesse. Para tanto, são

utilizados os experimentos fatoriais que são aqueles nos quais são estudados, ao

mesmo tempo, os efeitos de dois ou mais tipos de tratamentos ou fatores. Cada

subdivisão de um fator é denominada nível do fator e os tratamentos nos experimentos

fatoriais consistem de todas as combinações possíveis entre os diversos fatores nos

seus diferentes níveis. A alocação das unidades experimentais aos tratamentos e a

ordem de realização são feitas de modo aleatório. Assim, é possível determinar

estimativas e comparações dos efeitos dos fatores, possíveis efeitos de interação entre

os fatores e a estimativa da variância dos resultados.

Ainda, segundo Button (2005), devido ao pequeno número de ensaios utilizado no

planejamento fatorial, esse planejamento é indicado para o início do procedimento

experimental quando há necessidade de definirem-se as variáveis de influência e

estudar seus efeitos sobre a variável de resposta escolhida. O autor destaca também

que o planejamento fatorial é um modelo de efeitos fixos, assim os resultados de sua

análise não podem ser transferidos para outros níveis que não os analisados no

planejamento.

O planejamento fatorial mais comum é o planejamento composto por 2k

combinações experimentais distintas, sendo avaliados k fatores em apenas dois níveis,

nível alto (+) e nível baixo (-). Assim, Se “n” representa o número de réplicas em cada

condição experimental, o número de ensaios é dado por n x 2k. Como há somente dois

níveis para análise de cada fator, assume-se que a variável de resposta apresente

comportamento linear entre esses níveis (BUTTON, 2005).

Para o desenvolvimento deste trabalho, o planejamento envolvendo fatores com

diferentes níveis 233

1, ou seja, três fatores (A, B e C) em dois níveis (+/-) e um fator (D)

em três níveis (+/0/-), totalizando 24 condições experimentais distintas mostradas na

matriz de planejamento abaixo (Tabela 2.5), foi adotado. Em cada combinação

5050

01

A

-

B

-

C

-

D

-

02 - - + -

03 - - - 0

04 - - + 0

05 - - - +

06 - - + +

07 - + - -

08 - + + -

09 - + - 0

10 - + + 0

11 - + - +

12 - + + +

13 + - - -

14 + - + -

15 + - - 0

16 + - + 0

17 + - - +

18 + - + +

19 + + - -

20 + + + -

21 + + - 0

22 + + + 0

23 + + - +

24 + + + +

experimental podem ser realizadas “n” repetições ou réplicas. A réplica é importante

para estimar o erro experimental de uma resposta individual, cuja extensão permite a

decisão da existência ou não de efeitos significativos que possam ser atribuídos à ação

dos fatores.

Tabela 2.5 - Matriz de planejamento experimental

Planejamento fatorial – 233

1

Fatores Condições

Os efeitos significativos são mostrados em gráficos de “efeitos principais” e de

“interações”. Os primeiros são usados para comparar as variações no nível da média,

5151

investigando quais fatores possuem efeito significativo sobre a variável-resposta.

Quando diferentes níveis do fator afetam a resposta diferentemente, diz-se que um

efeito principal está presente. A “interação” existe quando a variação da média da

resposta depende do nível de um segundo fator. A visualização do efeito de interação

de dois ou mais fatores experimentais sobre a variável resposta é feita pelos gráficos

de interações, permitindo, ainda, comparar a significância relativa entre os efeitos

(WERKEMA e AGUIAR, 1996).

Outro parâmetro informado na Análise de Variância é o R2, medindo a proporção

da variabilidade presente nas observações da variável resposta y explicada pelas

variáveis preditoras presentes na equação de regressão. Segundo Montgomery (2001),

quanto mais próximo de 1 (100%) for o valor de R2, melhor é a qualidade da equação

ajustada aos dados.

Segundo Panzera (2007), para a utilização da Análise de Variância, faz-se a

suposição de independência, distribuição normal com média zero e variância constante.

Estes parâmetros podem ser verificados pelos gráficos de resíduos “quatro em um”,

exibido pelo Minitab (Figura 2.19), verificando a adequação do modelo utilizado sobre

as condições da Análise de Variância, e tornando, assim, válidas as conclusões

estabelecidas no experimento.

O gráfico de probabilidade normal, mostrado na Figura 2.19, tem o objetivo de

avaliar a suposição de normalidade, onde os pontos devem estar localizados,

aproximadamente, ao longo de uma linha reta. Pontos distantes da reta podem

representar uma fonte de erro na coleta dos dados. O gráfico de resíduos versus

valores ajustados é utilizado para detectar variância constante do erro e presença de

valores extremos (outliers). Os pontos devem apresentar um padrão aleatório, sem

pontos discrepantes em relação ao conjunto de dados. O histograma é utilizado para

avaliar a suposição de normalidade e, nesse caso, espera-se que o gráfico apresente

um comportamento, aproximadamente, simétrico com média zero. O último gráfico,

“resíduos versus ordem dos dados”, avalia a suposição de independência dos resíduos

(PANZERA, 2004).

5252

Fre

qu

ên

cia

P

erc

en

tua

l

Re

síd

uo

s

Re

síd

uo

s

*

Resíduos para Resistência

Gráfico de probabilidade normal para os resíduos Resíduos versus valores ajustados

99

90

50

10

1 -1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

0,50

0,25

0,00

-0,25

-0,50

4,5

5,0

5,5

6,0

Resíduos Valore aj ustado

6,0

4,5

3,0

1,5

0,0

Histograma de resíduos Resíduos versus ordem de dados

0,50

0,25

0,00

-0,25

-0,50

-0,6 -0,4 -0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24

Residual Ordem da observ ação

Figura 2.19 - Gráfico de resíduos “quatro em um”.

2.10 Análise micromecânica de compósitos

A determinação de propriedades de compósitos pode ser feita basicamente por

métodos analíticos partindo das propriedades individuais de seus componentes ou por

meio de ensaios mecânicos experimentais em corpos de prova padronizados.

Nos primeiros métodos de análise de laminados, chamada de análise

micromecânica de compósitos, as propriedades de cada lâmina são calculadas com

base no conhecimento prévio das propriedades individuais das fases fibra e matriz,

bem como suas proporções no compósito.

Um caso particularmente simples de análise micromecânica é a Regra da Mistura.

A Equação 2.1 exibe a formulação deste método para a estimativa das propriedades

efetivas do compósito, na direção de alinhamento das fibras, em função das

propriedades das fases fibra e matriz. Os índices f e m na Equação 2.1 indicam fase

fibra e matriz, respectivamente.

P Pf V

f P

m V

m (2.1)

5353

m f

m

A regra da mistura fornece bons resultados somente em certas situações ideais,

pois não considera as características da interface fibra/matriz. Em outras palavras,

supõe-se que a adesão entre as fases constituintes é perfeita.

Um método mais elaborado, chamado de modelo de Halpin-Tsai, foi desenvolvido

introduzindo-se dois novos coeficientes para compensar o efeito da interface no cálculo

das propriedades do compósito (HALPIN e KARDOS, 1976). As Equações 2.2 e 2.3

mostram a formulação desses coeficientes, que são calculados em função das

propriedades das fases individuais e da propriedade efetiva estimada pela regra da

mistura.

P

f

(P * P

) V f

P* (P

Pm

)

(2.2) P

m (P

f P* ) V (P

f P

m )

P

f P

m

(2.3) P

f P

m

A Equação 2.4 exibe a formulação do método Halpin-Tsai para estimativa das

propriedades efetivas de materiais compósitos, na direção de alinhamento das fibras,

ajustadas para condições de interface não perfeita.

P*

Pm

(1 ξ η Vf )

1 η Vf

(2.4)

2.11 Análise de compósitos utilizando o método de elementos finitos

Uma maneira mais abrangente de prever o desempenho de componentes

mecânicos, em relação às soluções analíticas que podem ser aplicadas, consiste no

emprego de métodos numéricos de análise, utilizados principalmente em problemas

cuja solução analítica é de difícil obtenção ou simplesmente não existe, tendo destaque

o Método dos Elementos Finitos (MEF), ferramenta matemática comumente

empregada também na análise do comportamento mecânico de materiais e de

estruturas.

5454

O MEF consiste em transformar um domínio de interesse inicialmente contínuo

em discreto, constituído por um conjunto de elementos finitos (malha) conectados por

nós, sendo a solução aproximada do problema dependente não só da escolha

adequada da malha, mas também das funções de forma utilizadas na formulação do

elemento.

O emprego das funções interpolativas do MEF em métodos energéticos como o

Princípio dos Trabalhos Virtuais (PTV), ou sobre a forma forte do problema, via Método

de Resíduos Ponderados (CHRISTOFORO et al., 2007), conduz à geração da matriz

de rigidez do elemento e, conseqüentemente, da estrutura, assim como do vetor de

deslocamentos nodais, cujos deslocamentos, incógnita primária na análise estrutural,

são obtidos mediante a resolução do sistema de equações, permitindo a determinação

das deformações, tensões e esforços nos elementos componentes da malha.

Pela versatilidade do método, uma gama enorme de geometrias pode ser

modelada, já que os elementos podem ser colocados juntos em número muito grande

de diferentes configurações. Além disso, o projetista tem flexibilidade na aplicação de

cargas e condições de contorno, tornando o MEF o método mais amplamente utilizado

em análises estruturais (TITA, 1999).

Para interpretar e avaliar o desempenho mecânico de materiais compósitos

particulados ou reforçados com fibras é utilizada uma gama de modelos matemáticos,

fundamentados na mecânica dos meios contínuos, na mecânica do dano, na mecânica

da fratura, entre outros. Entretanto, segundo Mishnaevsky Junior e Brøndsted (2009),

uma das principais razões para a aplicação limitada dos compósitos é a dificuldade em

prever o comportamento em uma escala microscópica, tais como o inicio de uma

fratura e delaminação, danos devido a impacto, etc.

Tradicionalmente, métodos de aproximação, macroscópicos e microscópicos, têm

sido considerados na análise de estruturas compósitas. Recentemente, a maioria

dessas análises é desenvolvida através de metodologias numéricas, tais como o MEF,

em razão da dificuldade em se avaliar o comportamento mecânico da estrutura

compósita por métodos analíticos.

Na aproximação macroscópica, os materiais compósitos são considerados como

homogêneos e anisotrópicos, permitindo avaliar de forma aproximada o comportamento

5555

global da estrutura. Entretanto, tal consideração implica em limitações intrínsecas na

descrição do comportamento local ao nível dos constituintes do compósito.

Na escala microscópica, os compósitos são considerados como sendo uma

mistura de diferentes materiais isotrópicos e anisotrópicos, sendo modelados

separadamente. Segundo Kim et al. (2002), a aplicação do conceito de célula unitária

tem sido amplamente utilizada na obtenção das suas propriedades efetivas, podendo

ser classificada como uma aproximação microscópica, consistindo em uma outra

metodologia de homogeneização, uma vez que assume condições idênticas para todas

as células unitárias. Assim como outras teorias, a célula unitária tem limitações em

prever o comportamento local dos constituintes dos compósitos, entretanto, a

simplicidade contida neste modelo o torna atraente, exigindo menor esforço

computacional.

Na discretização do compósito segundo o MEF, é importante a utilização de

elementos com boa complacência geométrica. Segundo Saliba (1996), quando fatores

de concentração de tensões são analisados sugere-se evitar o emprego de elementos

finitos triangulares, requerendo, para tanto, um grande refinamento de malha. Da

mesma forma, por questões de aproximação da forma, elementos de quatro nós

também são evitados, sendo o elemento de oito nós o mais adequado, em razão da

sua maior adequabilidade na aproximação de geometrias, conferindo maior e melhor

aproximação para os resultados. O MEF tem sido utilizado para analisar as interações

entre as fases constituintes no comportamento global dos compósitos.

Kang e Gao (2002) avaliaram o comportamento mecânico do compósito de matriz

metálica reforçada por fibras curtas de alumina, com diferentes orientações em relação

à direção da carga trativa aplicada, analisando diversas características das fases fibra,

matriz e interface nas propriedades dos compósitos. A Figura 2.20 exibe o modelo do

volume representativo do compósito utilizado, considerando a interface modelada como

sendo perfeita, onde a adesão interfacial é representada somente pelas propriedades

mecânicas da camada interfacial. Os resultados exibiram forte dependência entre a

transferência de esforços da matriz para as fibras, permitindo avaliar o comportamento

mecânico global dos compósitos como as características de plasticidade da matriz,

orientação das fibras, razão de aspecto das fibras e adesão interfacial.

5656

Fibra Interface

Matriz

Seção longitudinal Seção transversal

Figura 2.20 - Volume representativo do compósito alumínio/δ-Al2O3 (KANG e GAO,

2002).

Mishnaevsky Junior e Brøndsted (2009) analisaram, por simulação numérica em

compósitos de matriz polimérica reforçada com fibras de vidro, a interdependência dos

mecanismos de danos: fratura da matriz, fratura da fibra e falhas na interface/interfase

matriz/fibra. Com base na micrografia de um compósito reforçado por fibras

unidirecionais, o modelo numérico implementado consistiu na simulação de uma célula

unitária tridimensional contendo um total de 20 fibras, assim como ilustrado na Figura

2.21.

Figura 2.21 - Micrografia da superfície de fratura de um compósito reforçado por fibras

unidirecionais (esquerda) e o modelo de elementos finitos gerado contendo 20 fibras

com remoção de camadas para potencial fratura (MISHNAEVSKY JUNIOR e

BRØNDSTED, 2009).

Neste trabalho, Mishnaevsky Junior e Brøndsted avaliaram a inserção de planos

de fratura na matriz, nas fibras e na interface fibra/matriz, modelada como um terceiro

5757

material, com propriedades obtidas pela média das propriedades das fases fibra e

matriz. Os resultados revelaram não haver fissuramento na matriz próximo às fibras

com falhas na interface. Da mesma forma, na área onde longos trincamentos são

formados na matriz, as trincas nas fibras não geram danos na interface.

Também foi observado que a interface danificada causa um nível de tensão

menor nas fibras adjacentes, levando a uma situação em que outras fibras em contato

com interfaces intactas falham primeiro. Em outras palavras, pode-se dizer que as

falhas na fibra geram danos na interface, mas, as falhas na interface não geram danos

na fibra.

Shaikh e Channiwala (2006) desenvolveram um modelo analítico para prever a

resistência efetiva de compósitos de resina poliéster reforçada com fibras longas e

unidirecionais de juta. O modelo proposto para um arranjo hexagonal das fibras de juta

acrescenta um novo termo à equação de regra da mistura, que leva em consideração

as propriedades da interface. A validação desse modelo foi realizada através de

ensaios experimentais de tração uniaxial e simulação numérica no software ANSYS®. O

modelo, discretizado por elementos tetraédricos, com e sem a inserção de uma

interfase entre as fases matriz e fibra é ilustrado na Figura 2.22. A região definida como

a interfase é representada pela diminuição do diâmetro da fibra, tendo suas

propriedades determinadas pelo modelo analítico proposto por (SHAIKH e

CHANNIWALA, 2006).

Matriz

Fibra

Matriz

Interfase

Fibra

(a) (b)

Figura 2.22 - Modelo de compósito sem interface (a), e com interfase (b) para

simulação numérica (SHAIKH e CHANNIWALA, 2006).

5858

Res

istê

ncia

à t

raç

ão

(N

/m2 x 1

07)

De acordo com Shaikh e Channiwala, os resultados da simulação numérica

(Figura 2.23) apresentam boa concordância com os obtidos experimentalmente,

principalmente com a consideração da interfase entre as fibras e a matriz.

Ainda do emprego de métodos numéricos aplicados no estudo do desempenho

mecânico de materiais compósitos, outros trabalhos de relevante contribuição científica

podem ser citados, como os de Lee et al. (2007), Virk et al. (2009) e Wimmer et al.

(2009), entre outros.

Exp. Interface Sem interfase

Figura 2.23 - Resultados experimentais e numéricos pra o ensaio de tração dos

compósitos reforçados com fibras de juta (SHAIKH e CHANNIWALA, 2006).

5959

CAPÍTULO 3

MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Materiais

Os compósitos de matriz polimérica em estudo são constituídos de uma fase

matriz polimérica de resina epóxi, com e sem adição de micropartículas de sílica e

aditivo químico (anidrido maléico), e uma fase dispersa de fibras naturais unidirecionais

de sisal e bananeira. Nas seções seguintes, as principais características e propriedades

dessas matérias-primas serão detalhadas.

3.1.1 Fase matriz: resina Epóxi

A resina epóxi rígida do tipo Diglicidil Éter do Bisfenol A, de especificação RQ-

0100RF, juntamente com o agente endurecedor à base de Polieteramina (RQ-0164RF

PLUS), foram fornecidos pela empresa Alpha Resiqualy – SP. A proporção percentual

mássica e estequiométrica entre a resina e o endurecedor fornecida pelo fabricante é

de 68,97% e 31,03%; respectivamente. As características de cura da resina são

exibidas na tabela 3.1.

Tabela 3.1 - Características de cura da resina epóxi RQ-0100RF.

Reatividade Tempos de secagem

Manuseio, 120 gramas da mistura, a 25º C: 15 minutos

Cura / secagem de camadas finas com aproximadamente 2 mm de espessura: 25º C

12 horas

60º C

1,5 horas

Vitrificação final: 25º C

48 horas

60º C

3 horas

6060

3.1.2 Fase dispersa: fibra de sisal

As fibras de sisal utilizadas como fase reforçadora nos compósitos em estudo

foram utilizadas conforme recebidas da empresa sisalSul - SP. As fibras do sisal

cultivadas na Bahia foram extraídas por meio de processo mecânico de decorticação,

sendo lavadas e secas ao sol na região de cultivo. Na sede da empresa, as fibras (Tipo

A) passaram pelo processo de penteamento (limpeza) e foram embaladas, não sendo

submetidas a tratamentos químicos que modificassem as características de sua

superfície. Assim, as fibras foram utilizadas in natura na fabricação dos compósitos. A

Figura 3.1 exibe uma meada da fibra de sisal com aproximadamente 1,0 kg de fibras.

Figura 3.1 - Mecha de fibras de sisal. 3.1.3 Fase dispersa: fibra de bananeira

As fibras naturais de bananeira utilizadas são provenientes da região sudeste de

Minas Gerais, extraída da planta Musa balbisiana, variedade da bananeira comumente

nomeada como banana prata.

Após a maturação do cacho, a planta foi cortada e o pseudocaule dividido em

partes de aproximadamente 1 m de comprimento. As bainhas foram extraídas e

divididas em tiras de aproximadamente 3 - 5 cm de largura (Figuras 3.2a e 3.2b).

Conforme Garavello (1999), é possível a extração de três tipos de fibras da bananeira:

fibra externa, fibra interna e a renda. As fibras da camada mais externa são mais

resistentes, sendo, portanto, as mais indicadas para utilização como reforço em

6161

compósitos. Assim, a camada intermediária e interna não foram utilizadas para a

extração das fibras, sendo separadas conforme ilustra a Figura 3.2c.

Figura 3.2 - Corte do Pseudocaule da bananeira (a), corte das bainhas foliares em tiras

de 3 – 5 cm de largura (b), retirada da camada interna das bainhas (c), bainhas após

três semanas submersas em água (d), raspagem da parte não fibrosa da bainha (e),

Penteamento das bainhas (f), secagem das fibras ao sol (g), e fibras limpas e secas (h).

As tiras das bainhas foliares do pseudocaule da bananeira foram imersas em

água por um período de tempo variando de 01 a 03 semanas (Figura 3.2d). Após esse

6262

período, as bainhas foram raspadas e penteadas, com o auxílio de uma escova fina de

aço, produzindo mechas de fibras que posteriormente foram lavadas e secas ao sol

(ver Figuras 3.2e – 3.2g).

A etapa seguinte consistiu na eliminação manual dos resíduos remanescentes e

seleção das fibras com comprimento variando de 400 a 700 mm, obtendo-se as fibras

tais como as exibidas na Figura 3.2h.

O processo de fabricação dos corpos de prova será detalhado na seção 3.3.

3.1.4 Fase dispersa: partículas de sílica

As partículas de sílica foram fornecidas pela empresa Moinhos Gerais Ltda,

situada em Ribeirão vermelho – MG. As partículas de sílica recebidas na faixa

granulométrica compreendida entre 200 - 325 US-Tyler. Posteriormente, as partículas

foram classificadas por peneiramento na faixa 325 – 400 US-Tyler (diâmetro médio de

37 µm). A Tabela 3.2 exibe as principais propriedades da areia de sílica utilizada como

fase particulada e modificadora da rigidez da resina epóxi, na fabricação dos

compósitos.

Tabela 3.2 - Propriedades gerais da areia de sílica (CES-4. CAMBRIDGE

ENGINEERING SELECTOR).

Propriedades Gerais Unidade Limite inferior Limite superior

Densidade kg/m3 2170 2220

Módulo de Elasticidade GPa 56 74

Módulo de Cisalhamento GPa 27,9 32,3

Coeficiente de Poisson - 0,15 0,19

Dureza - Vickers HV 450 950

Resistência à tração MPa 45 155

Resistência à compressão MPa 1100 1600

Elongação % 0,1 -

Resistência à fratura Mpa/m2 0,6 0,8

Temperatura vítrea K 1230 1830

6363

3.1.5 Anidrido Maléico

O anidrido Maléico PA utilizado neste trabalho como aditivo químico tem como

objetivo promover uma melhor adesão entre as fases matriz/partícula/fibra. Os grãos de

anidrido foram moídos e classificados na faixa granulométrica de 150 - 200 US-Tyler,

sendo posteriormente adicionadas à resina epóxi na fabricação dos compósitos.

3.2 Planejamento experimental: escolha dos fatores e níveis experimentais

Os fatores de interesse possíveis de serem controlados foram selecionados com

base na teoria clássica de materiais compósitos e publicações recentes. Os seguintes

fatores foram selecionados: tipos de fibra vegetal, fração volumétrica de fibras no

compósito, adição de micropartículas de sílica e a presença do aditivo anidrido maléico

como agente compatibilizador entre a matriz e as fases de reforço.

As fibras de sisal e bananeira foram testadas como reforço por serem fibras

tradicionalmente utilizadas em compósitos poliméricos, além do potencial de cultivo e

produção dessas fibras no território brasileiro, gerando emprego e renda nas regiões

sisaleiras e de cultivo de banana.

Os teores de 30% e 50% de fibras foram escolhidos como níveis experimentais

para o fator fração volumétrica. A elevada fração de reforço foi escolhida devido ao

elevado custo da fase matriz, o que torna interessante a utilização da maior quantidade

de reforço no compósito. Além disso, laminações preliminares com várias frações de

fibras mostraram o melhor acabamento superficial do compósito com o reforço em

torno de 30% do volume total e o limite máximo de 50%, devido à alta absorção de

resina pelas fibras.

Para a determinação dos níveis de adição de micropartículas de sílica, várias

blendas resina/sílica foram fabricadas em diversas frações mássicas. O limite máximo

de 33% em massa de sílica foi obtido, uma vez que a alta viscosidade da mistura

apresentada para maiores frações impossibilita a laminação dos compósitos por

laminação manual. Dessa forma, testou-se o limite extremo de 33% e um limite

intermediário de 20% em massa de micro partículas de sílica adicionados na resina

epóxi.

6464

Os níveis de adição de anidrido (2% e 5%) foram avaliados com base em

mudanças no processo de cura da resina. Para frações mássicas de 5% de anidrido,

adicionados sobre a massa da resina e mantendo-se a proporção estequiométrica

resina/endurecedor, notou-se que as condições de cura da resina foram muito

alteradas, modificando sua consistência e coloração, além de diminuir a resistência

mecânica da mesma.

Dessa forma, foram estudados 2 tipos de fibra, 2 frações volumétricas, 3 frações

de adição de micropartículas de sílica e 2 níveis de adição de anidrido maléico, sendo

analisados pelo planejamento fatorial de experimentos, fornecendo a significância de

cada fator experimental nas variáveis de interesse que serão detalhadas nas seções

seguintes. O software estatístico Minitab versão 14 foi utilizado para o tratamento dos

dados, utilizando as ferramentas estatísticas DOE (Design of Experiment) e ANOVA

(Analysis of Variance).

O planejamento fatorial completo foi adotado no experimento, ou seja, corpos de

prova de todas as combinações possíveis dos fatores e níveis experimentais foram

fabricados e ensaiados. O planejamento fatorial do tipo 233

1 foi utilizado nesta

dissertação, fornecendo 24 combinações experimentais distintas, conforme exibido na

matriz de planejamento da Tabela 3.3.

O método de aleatorização foi adotado na etapa de preparação dos corpos de

prova, como também na etapa de realização dos ensaios. Isto permitiu uma ordenação

arbitrária das condições experimentais, evitando que efeitos de fatores não-controlados

afetassem as variáveis-respostas (BUTTON, 2005).

Considerando a adoção de duas réplicas, 24 condições experimentais, e um

mínimo de 5 corpos de prova para cada condição, 120 corpos de prova foram

preparados para cada tipo de ensaio. A réplica consiste na repetição da condição

experimental, proporcionando a estimativa do erro experimental de uma resposta

individual. A extensão desse erro é importante na decisão se existem ou não efeitos

significativos que possam atribuir à ação dos fatores (WERKEMA e AGUIAR, 1996).

6565

Tabela 3.3 - Condições experimentais, planejamento fatorial completo (233

1).

Condições

Experimentais

Tipo de fibra

Fração

Volumétrica

%

Aditivo químico

%

Adição de sílica

%

C1 sisal 30 0 0

C2 sisal 30 2 0

C3 sisal 30 0 20

C4 sisal 30 2 20

C5 sisal 30 0 33

C6 sisal 30 2 33

C7 sisal 50 0 0

C8 sisal 50 2 0

C9 sisal 50 0 20

C10 sisal 50 2 20

C11 sisal 50 0 33

C12 sisal 50 2 33

C13 bananeira 30 0 0

C14 bananeira 30 2 0

C15 bananeira 30 0 20

C16 bananeira 30 2 20

C17 bananeira 30 0 33

C18 bananeira 30 2 33

C19 bananeira 50 0 0

C20 bananeira 50 2 0

C21 bananeira 50 0 20

C22 bananeira 50 2 20

C23 bananeira 50 0 33

C24 bananeira 50 2 33

6666

3.3 Fabricação dos corpos de prova

3.3.1 Corpos de prova para ensaios de tração nas fibras

Com o objetivo de determinar as propriedades mecânicas das fibras de sisal e

bananeira, corpos de prova para ensaio de tração foram preparados com base nas

recomendações da norma ASTM D 3822 (2007), que trata da determinação de

propriedades mecânicas sob esforços de tração para fibras têxteis.

A colagem de uma proteção nas extremidades das fibras foi necessária (~10 mm

em cada extremidade), para fixação das mesmas nas garras da máquina universal de

ensaios mecânicos, sendo testados diversos materiais como proteção, conforme

mostra a Figura 3.3. Testes preliminares foram realizados observando-se o

arrancamento da fibra das proteções durante o ensaio. A melhor fixação foi obtida com

o papel cartolina (Figura 3.3d); sendo, portanto, os corpos de prova definitivos

fabricados com esse material.

(a) (b) (c) (d)

Figura 3.3 - Corpo de prova para ensaios nas fibras com as seguintes proteções: Tubo

plástico preenchido com resina epóxi (a), Fita Esparadrapo (b), Cola adesiva “durepoxi”

(c) e papel fixado com cola instantânea “Super bonder” (d).

Foi utilizado o comprimento nominal entre garras de 30 mm, sendo determinado

com base nas dimensões propostas pela norma (106) e com base em trabalhos

encontrados na literatura (MUKHOPADHYAY et al., 2009; KULKARNI et al., 1983).

6767

%

A 100 0 0

B 98 2 0

C 80 0 20

D 78,4 1,6 20

E 66,7 0 33,3

F 65,37 1,33 33,3

3.3.2 Corpos de prova para ensaios da fase matriz

Os corpos de prova para a caracterização das matrizes utilizadas na fabricação

dos compósitos foram preparados com as seguintes misturas: resina epóxi pura, resina

epóxi modificada com anidrido maléico e resina epóxi com adição de micropartículas de

sílica. A Tabela 3.4 exibe as combinações de A a F para composição das matrizes.

Tabela 3.4 - Composição das matrizes analisadas

Matriz

Resina + endurecedor

%

anidrido Maléico

%

Micro partículas de

sílica

A Figura 3.4 mostra os corpos de prova fabricados para o ensaio de compressão

com base nas condições experimentais exibidas na Tabela 3.4.

A B C D E F

Figura 3.4 - Aspecto das matrizes A – F da Tabela 3.4.

As frações apresentadas na Tabela 3.4 se referem ao percentual de cada

componente em massa. O percentual de 2% de anidrido maléico foi adicionado sobre a

massa da resina epóxi, já acrescida da proporção estequiométrica de endurecedor. Os

6868

percentuais de micro partículas de sílica foram adicionados sobre a massa da mistura

resina/anidrido maléico.

Inicialmente, a mistura resina/endurecedor foi preparada na proporção em massa

indicada pelo fabricante, sendo 100 partes da resina e 45 partes do endurecedor, o que

equivale aos percentuais de 68,97% e 31,03%; respectivamente. O anidrido maléico na

forma de pó foi adicionado na fração desejada sendo misturado manualmente até

dissolver-se. Posteriormente, o conteúdo de sílica foi adicionado misturando-se durante

o período de 5 minutos para completa homogeneização dos materiais.

As amostras foram fabricadas para os ensaios de tração e flexão nas matrizes. As

dimensões dos corpos de prova seguiram as recomendações das normas ASTM D638

(2003) e ASTM D790 (2007); respectivamente. Moldes fabricados em borracha de

silicone foram utilizados para a obtenção dos corpos de prova de tração (Figura 3.5a) e

flexão (Figura 3.5b). Tubos de PVC com diâmetro externo de 12,7 mm foram utilizados

como molde na fabricação dos corpos de prova para o ensaio de porosidade e

densidade aparente das matrizes.

(a) (b)

Figura 3.5 - Moldes de silicone para corpos de prova de tração (a) e flexão (b).

Durante o vazamento das matrizes, os moldes foram submetidos à vibração

mecânica visando aperfeiçoar o preenchimento e eliminar as bolhas de ar aprisionadas

durante o vazamento. A cura do polímero foi realizada à temperatura ambiente por

período mínimo de 24 horas. Após este período, os corpos de prova foram sacados dos

moldes passando por uma etapa de lixamento a fim de melhorar o acabamento

superficial, evitando possíveis tensões residuais. Os corpos de prova para o ensaio de

6969

densidade e porosidade das matrizes foram cortados garantindo o paralelismo das

faces e a dimensão da altura igual a duas vezes o diâmetro. A Figura 3.6 exibe os

corpos de prova obtidos para tração, flexão e porosidade.

(c)

(b)

(a)

Figura 3.6 - Aspecto dos corpos de prova de tração (a), flexão (b) e porosidade (c) para

fase matriz

3.3.3 Fabricação dos compósitos laminados

Há na literatura diversas formas de processamento de materiais compósitos

reforçados por fibras. Para o presente trabalho, o processo de moldagem manual

(Hand Lay-Up) mostrou-se bastante adequado por não requerer equipamentos

complexos, diminuindo o custo de fabricação. Além disso, segundo a literatura, esse

processo é o mais indicado para testes em laboratórios e coletas de dados (TITA,

1999).

3.3.3.1 Compósitos reforçados com fibras de sisal

Em virtude dos compósitos serem lâminas reforçadas com fibras orientadas

unidirecionalmente, um dispositivo de alinhamento das fibras foi desenvolvido. Para as

7070

fibras de sisal uma grade de madeira foi utilizada para efetuar a tecelagem das fibras,

conforme mostra a Figura 3.7.

Figura 3.7 - Estrutura de madeira utilizada para alinhamento das fibras de sisal.

A massa total de fibras foi calculada com base na diferença entre as massas da

grade antes e após a tecelagem. Baseando-se na densidade aparente média da fibra

de sisal, calculou-se o volume de fibras contido na grade.

A laminação foi possível com a inserção de uma placa de vidro entre as partes

superior e inferior do tecido de sisal garantindo um bom acabamento superficial. Além

disso, um tecido desmoldante (Armalon®) foi adicionado sobre a placa de vidro

facilitando no procedimento de desmoldagem das amostras.

Com base no volume de fibras e na área a ser laminada sobre a placa de vidro, a

matriz, tanto pura quanto modificada, foi acrescentada sobre o tecido de fibras. Por

meio de uma espátula e de um rolo desaerador realizou-se o espalhamento

homogêneo da matriz sobre o tecido de fibras. Após esse espalhamento, uma nova

placa de vidro recoberta com Armalon®

foi colocada sobre a lâmina com o objetivo de

melhorar o acabamento e planicidade da mesma.

O sistema foi mantido em temperatura ambiente para a cura dos compósitos por

24 horas. Após este período, os compósitos foram desmoldados retirando-se os corpos

de prova para os testes de tração e flexão.

Conforme recomendações da norma Bristish Standard BS 2747 (1998), proteções

nas extremidades foram coladas sobre as faces dos corpos de prova para a realização

do ensaio mecânico. Um compósito fabricado com resina epóxi e tecido bidirecional de

7171

fibras de vidro foi utilizado para estas proteções. A fixação da proteção foi realizada

com o adesivo ARALDITE®

(secagem rápida). Estas proteções têm a finalidade de

eliminar o risco de esmagamento do corpo de prova pelas garras da máquina de

ensaios mecânicos. A Figura 3.8 exibe os corpos de prova para o ensaio de tração dos

compósitos.

Figura 3.8 - Corpos de prova de tração para os compósitos fabricados com fibra de

sisal.

3.3.3.2 Compósitos reforçados com fibras de bananeira

As fibras de bananeira, por serem muito rígidas (quebradiças), foram umedecidas

para a tecelagem, visto que as mesmas devem ser amarradas nas extremidades a fim

de produzir um tecido homogêneo, sem emendas. A absorção de umidade pela

moldura de madeira impediria o cálculo correto da massa de fibras com base na

diferença das massas antes e após a tecelagem das fibras. Desta forma, uma estrutura

fabricada com barra chata e vergalhão liso de aço foi utilizada para a produção dos

compósitos com fibra de bananeira. A seqüência da laminação dos compósitos seguiu

as mesmas etapas dos compósitos com fibra de sisal. A Figura 3.9 mostra os

dispositivos utilizados no processo de laminação dos compósitos reforçados com fibra

de bananeira.

7272

(a) (b)

(c)

(d)

Figura 3.9 - Seqüência da laminação dos compósitos com fibras de bananeira: (a)

tecelagem, (b) laminação e fixação do armalon e vidro inferior, (c) vista superior e (d)

vista lateral do compósito laminado.

A Figura 3.10 exibe, respectivamente, os corpos de prova para o ensaio de tração

e flexão dos compósitos laminados com fibra de bananeira.

7373

(a) (b)

Figura 3.10 - Corpos de prova de tração (a) e flexão (b) dos compósitos de fibra de

bananeira.

3.4 Variáveis respostas

As variáveis de interesse para os compósitos poliméricos selecionados para

realização deste estudo foram: resistência à tração, módulo de elasticidade em tração,

resistência à flexão, módulo de elasticidade em flexão, densidade aparente, porosidade

aparente e absorção de água. Nos subitens seguintes uma descrição da metodologia

experimental destas variáveis será apresentada.

Cabe ressaltar que as matrizes também foram submetidas a ensaios mecânicos

visando à obtenção de suas propriedades, a saber: resistências à tração e à flexão e os

respectivos módulos elásticos, além das densidades volumétrica e aparente,

porosidade aparente e absorção de água.

3.4.1 Resistência à tração e módulo de elasticidade

As propriedades mecânicas dos compósitos que podem ser determinadas por

meio do ensaio de tração são: resistência uniaxial, módulo de elasticidade,

alongamento e coeficiente de Poisson. A resistência e o alongamento do material são

medidas tomadas no momento da ruptura do corpo de prova. A resistência à tração é

medida pelo quociente entre a carga aplicada e a área transversal do corpo de prova,

enquanto o alongamento representa o aumento percentual do comprimento da peça

sob tração. O módulo de elasticidade do compósito é medido pela razão entre a tensão

e a deformação, dentro do regime elástico, onde a deformação é totalmente reversível

e proporcional à tensão. O coeficiente de Poisson é definido como a razão negativa

7474

entre a deformação transversal e a correspondente deformação longitudinal de um

corpo de prova sob tensão uniaxial, abaixo do limite de proporcionalidade do material

(SILVA, 2003).

Algumas normas que descrevem o ensaio de tração de compósitos são a ASTM

D638 (2003), ASTM D3039 (1995) e BS EN 2747 (1998). A norma ASTM D638 é mais

indicada para este trabalho, visto que a norma ASTM D3039 é recomendada para

compósitos laminados reforçados com fibras de alto módulo. A norma inglesa British

Standard BS 2747 (1998) trata da determinação de propriedades de compósitos

reforçados por fibras de vidro.

Os ensaios de resistência à tração dos compósitos foram conduzidos seguindo as

recomendações da norma BS 2747. Os ensaios foram realizados em uma máquina de

ensaios universal Autograph com célula de carga Shimadzu com capacidade para 10

toneladas, monitorada pelo software Topazium, a uma velocidade de 2 mm/min. A

Figura 3.11 mostra fotos do ensaio de tração que foram realizados no laboratório de

usinagem do departamento de engenharia mecânica da UFMG – Universidade Federal

de Minas Gerais.

Figura 3.11 - Ensaio de tração dos compósitos de fibra de sisal.

Cabe salientar que as fases constituintes dos compósitos (matrizes e fibras) foram

também submetidas a ensaio de tração para determinação de suas propriedades

mecânicas. O ensaio de tração na fase matriz foi realizado no mesmo equipamento

usado para os compósitos, com a mesma velocidade de deslocamento do cabeçote da

7575

máquina, seguindo as recomendações da norma ASTM D638 (2003) que descreve a

obtenção de propriedades de plásticos reforçados e não reforçados.

As fibras de sisal e bananeira foram ensaiadas em uma máquina de ensaios

EMIC DL 500 com célula de carga com capacidade de 50 N, monitorada pelo software

Tesc 3.01, a uma velocidade de 3,0 mm/min. A Figura 3.12 exibe a montagem da fibra

de bananeira nas garras da máquina de ensaio.

Figura 3.12 - Ensaio de tração da fibra de bananeira.

3.4.2 Resistência à flexão e módulo de flexão

O ensaio de flexão permite a determinação da resistência à flexão e o módulo de

elasticidade sob esforços de flexão. A resistência representa a tensão máxima

desenvolvida nas fibras externas de uma barra sujeita a dobramento, no momento de

sua quebra. O módulo de elasticidade é definido igualmente ao ensaio de tração, ou

seja, a razão entre a tensão e a deformação, dentro do regime elástico. No ensaio de

flexão, as configurações de carregamento podem ser três pontos ou quatro pontos. A

flexão em quatro pontos se aplica a materiais que apresentam grande deformação até

o momento da ruptura. A norma ASTM D790 (2007) descreve o ensaio de flexão para

materiais plásticos reforçados e não reforçados.

7676

Os ensaios de flexão dos materiais em estudo deste trabalho (matrizes e

compósitos) foram realizados de acordo com a norma ASTM D790, em uma máquina

de ensaios Emic DL 500 com célula de carga com capacidade de 500 N, monitorada

pelo software Tesc 3.01. O ensaio foi conduzido a uma velocidade de deslocamento do

cabeçote da máquina de 3 mm/min. O ensaio foi realizado no laboratório de

caracterização de materiais do departamento de engenharia mecânica da UFSJ –

Universidade Federal de São João Del Rei. A Figura 3.13 exibe fotos do ensaio de

flexão dos compósitos fabricados com fibra de sisal.

(b)

(a) (c)

Figura 3.13 - Ensaio de flexão nos compósitos com fibra de sisal: (a) máquima

universal de ensaios, (b) vista superior e (c) vista inferior do punção e corpo de prova.

7777

3.4.3 Densidade volumétrica e aparente, porosidade aparente e absorção de água

3.4.3.1 Densidade volumétrica

A densidade volumétrica de um material é determinada por meio da relação

simples existente entre a massa e o volume de um corpo de prova, conforme expressa

a Equação 3.1.

m

V V

(3.1)

Em que:

ρV é a densidade volumétrica (g/cm3);

m é a massa do corpo de prova (g); e

V é o volume do corpo de prova (cm3).

Os equipamentos envolvidos na determinação da densidade volumétrica são uma

balança de precisão para a medição da massa e um paquímetro digital para efetuar a

medição indireta do volume do corpo de prova, que sendo prismático, tem seu volume

dado pela Equação 3.2.

V b h e (3.2)

Em que:

V é o volume do corpo de prova (cm3);

b é a base do corpo de prova (cm);

h é altura do corpo de prova (cm); e

e é a espessura do corpo de prova (cm).

7878

3.4.3.2 Densidade aparente

A densidade aparente considera o volume do material levando em conta os poros

abertos presentes, sendo inferior ao volume determinado pela medição indireta das

dimensões do corpo de prova no cálculo da densidade volumétrica.

A densidade aparente pode ser determinada de acordo com a norma britânica BS

10545-3 (1997), por meio do princípio de Arquimedes. Este princípio afirma que um

corpo imerso em um fluido sofre um empuxo igual ao peso do volume de fluido

deslocado pelo corpo. A densidade do corpo é igual à razão entre seu peso e o empuxo

do fluido sobre ele. Desta forma, a densidade aparente pode ser calculada a partir da

equação 3.3.

m1

a V1

(3.3)

Em que:

ρa é a densidade aparente do material (g/cm3);

m1 é a massa do corpo de prova seco (g);

V1 é o volume do corpo de prova dado pelo deslocamento de água (cm3).

O volume v1 (m3) é determinado pela Equação 3.4, considerando a densidade da

água como sendo 1000 kg/m3.

V1 m2 m3

1000kg / m3

(3.4)

Em que:

m2 é a massa da amostra saturada com água (kg);

m3 é a massa da amostra totalmente submersa na água (kg).

A saturação dos corpos de prova, onde a água deve penetrar nos poros do

material, foi garantida por meio da aplicação de vácuo em uma cúpula envolvendo o

7979

recipiente contendo os corpos de prova submersos. A Figura 3.14 mostra a montagem

da cúpula, juntamente com o manômetro e a bomba de vácuo, utilizada para manter os

corpos de prova sobre pressão constante, durante o período de 24 horas.

Figura 3.14 - Câmara de vácuo para ensaio de densidade aparente.

3.4.3.3 Porosidade aparente

A porosidade aparente é a relação entre o volume de poros abertos e o volume

externo do corpo de prova. A norma britânica BS 10545-3 (1997) estabelece o

procedimento para a determinação da porosidade aparente por meio do principio de

Arquimedes, assim como para a determinação da densidade aparente.

A Equação 3.5 estabelece a porosidade aparente em função da medição das

massas do corpo de prova seco, saturado e submerso em água. O numerador do

segundo termo da Equação 3.5 expressa o volume de poros acessíveis (abertos),

sendo dado pela diferença entre a massa do corpo de prova saturado (m2) e a massa

do corpo de prova seco (m1). O volume da porção impermeável do corpo de prova

(denominador da Equação 3.5) é dado pela diferença entre as massas da amostra seca

(m1) e submersa (m3), respectivamente.

P m

2 m

1 100

a (3.5) m

1 m

3

8080

m

3.4.3.4 Absorção de água

A absorção de água de um material é dada pelo percentual de água absorvida por

um corpo de prova após a imersão em água sobre pressão negativa constante,

conforme descrito para a determinação da densidade e porosidade aparentes. A

Equação 3.6 foi utilizada para o cálculo desta variável resposta.

A m

2 m

1 100

b (3.6) 1

Em que:

Ab é a absorção de água (%);

m1 é a massa do corpo de prova seco (g); e

m2 é a massa do corpo de prova saturado (g).

3.4.4 Propriedades das matrizes

Conforme mencionado anteriormente, ensaios mecânicos foram conduzidos nas

matrizes, (resina pura e modificada com anidrido maléico e micropartículas de sílica)

para determinação de suas propriedades.

Os ensaios de tração e flexão foram conduzidos seguindo as mesmas

configurações relatadas para os compósitos nos subitens 3.5.1 e 3.5.2,

respectivamente. A realização do ensaio de tração da resina epóxi segiu

recomendações da norma ASTM D638 (2003). Já para o ensaio de flexão em três

pontos, as recomendações da norma ASTM D 790 (2007) foram seguidas.

A determinação da porosidade e densidade aparente foi realizada por meio do

princípio de Arquimedes, tal como para os compósitos (ver subitem 3.5.3). A densidade

volumétrica foi determinada conforme o volume externo calculado pelas dimensões do

corpo de prova cilíndrico, conforme a equação 3.7.

8181

2

V D

C h C

4

(3.7)

Em que:

VC é o volume do corpo de prova cilíndrico (cm3);

DC é diâmetro do corpo de prova (cm);

h é altura do corpo de prova (cm);

3.5 Análise estatística utilizando o Minitab

O software estatístico Minitab®

(versão 14) foi utilizado para efetuar a análise

estatística dos resultados obtidos para os compósitos em estudo. As ferramentas DOE

(Design of experiments) e ANOVA (Análise de variância) foram utilizadas para a análise

das médias de cada réplica. Gráficos de efeitos principais e de interações foram

obtidos para os fatores estatisticamente significativos, assim como os gráficos de

resíduos para as variáveis respostas analisadas.

3.6 Análise micromecânica dos compósitos

Os modelos micromecânicos da regra da mistura e de Halpin-tsai descritos na

seção 2.10 foram utilizados para prever o comportamento mecânico dos compósitos

fabricados com fibras de sisal e fibras de bananeira. Com base nas propriedades

mecânicas individuais das fases fibra e matriz, tanto pura quanto modificada, o

comportamento previsto pela análise micromecânica foi comparado aos valores

experimentais do módulo de elasticidade dos compósitos. Essa comparação permitiu

verificar a qualidade da interface fibra/matriz nos laminados.

3.7 Simulação numérica do comportamento dos compósitos

Com o objetivo de avaliar a eficácia da metodologia de simulação numérica

(método de elementos finitos) em descrever o comportamento mecânico de compósitos

8282

poliméricos reforçados por fibras vegetais, foram realizados ensaios numéricos para os

materiais compósitos fabricados com 30% de fibras de sisal e bananeira, uma vez que

estes compósitos apresentaram o melhor desempenho mecânico nos ensaios

experimentais de tração.

O Pacote comercial ANSYS®

versão 12.1 foi utilizado para a análise numérica dos

compósitos utilizando elementos finitos bi e tridimensionais.

No modelo em duas dimensões as propriedades do compósito foram tomadas

como sendo as efetivas, estimadas através dos modelos de análise micromecânica:

“Regra da Mistura” e “Halpin-Tsai” (Tabela 4.5).

No modelo tridimensional, os materiais foram modelados por um conjunto de

fibras distribuídas uniformemente, com base nas imagens obtidas na microscopia

eletrônica de varredura dos compósitos testados experimentalmente. O comportamento

dos compósitos foi estudado considerando as propriedades individuais das fases fibra e

matriz, reportadas respectivamente pelas Tabelas 4.1 e 4.2.

(ou axial)

Opção triangular

Não recomendada

(ou radial)

Figura 3.15 - Modelo bidimensional dos compósitos (a), elemento finito Plane182 (b).

O modelo bidimensional, consistindo na representação com dimensões reais do

corpo de prova do ensaio experimental de tração uniaxial para ambos os materiais

compósitos, assim como o elemento finito utilizado nas simulações (Plane182) são

apresentados na Figura 3.15.

8383

A discretização dos modelos numéricos tridimensionais foi realizada com o uso do

elemento finito “Solid185” (Figura 3.16), possuindo um total de oito nós, sendo estes

localizados nos vértices do cubo, possuindo seis graus de liberdade por nó, sendo três

translações e três rotações em torno dos eixos x, y e z.

Opção prisma

Opção Tetraedro

Não recomendada

Figura 3.16 - Elemento finito Solid185 do ANSYS.

As Figuras 3.17 e 3.18 mostram respectivamente as imagens obtidas do MEV

para os compósitos com fibras de sisal e de bananeira.

Fibra Matriz

Figura 3.17 - Fotografia obtida por MEV da seção transversal do corpo de prova do

compósito fabricado com fibras de sisal.

8484

Figura 3.18 - Fotografia obtida por MEV da seção transversal do corpo de prova do

compósito fabricado com fibras de bananeira.

Baseando-se na distribuição das fibras de sisal observadas na imagem de MEV

(Figura 3.17), o modelo tridimensional completo do corpo de prova experimental foi

montado com 55 fibras orientadas paralelamente na direção de aplicação do

carregamento.

Conforme pode ser observado da Figura 3.18, o compósito com fibras de

bananeira apresentou bom alinhamento das fibras, além de um espaçamento uniforme

entre ambas. Percebe-se também maior homogeneidade da seção transversal do

compósito com fibras de bananeira em relação ao constituído por fibras de sisal.

Em razão ao enorme esforço computacional exigido para a simulação do modelo

tridimensional completo para ambos os compósitos, apenas uma pequena porção dos

corpos de prova foi utilizada. As Figuras 3.19 e 3.20 exibem respectivamente os

modelos dos compósitos com fibras de sisal e de bananeira, contendo as dimensões

reais dos corpos de prova assim como da porção de material utilizado nas simulações.

A caracterização dos materiais na simulação numérica foi realizada pelo

fornecimento das propriedades elásticas: módulo de elasticidade longitudinal e

coeficiente de Poisson.

Em função das dificuldades inerentes da experimentação para o cálculo do

coeficiente de Poisson das fibras naturais, optou-se por variar o valor desta grandeza

em um intervalo real compreendido entre 0,00 e 0,35, permitindo-se avaliar se o seu

efeito é significativo nas análises mecânicas dos compósitos, simulados com o

8585

emprego de elementos finitos tridimensionais. Para a resina epóxi (matriz), o valor do

Poisson adotado foi de 0,40, sendo extraído da obra de Tita (1999).

(a) (b)

Figura 3.19 - Modelo tridimensional dos compósitos com fibra de sisal (a), Porção

representativa simulada (b).

(a) (b)

Figura 3.20 - Modelo tridimensional dos compósitos com fibra de bananeira (a) e

modelo discretizado (b).

Além das restrições na caracterização das propriedades mecânicas dos materiais,

algumas aproximações em relação à simulação numérica devem ser apontadas,

principalmente no modelo tridimensional. Considera-se aqui o material como um arranjo

de fibras uniformemente espaçadas e perfeitamente paralelas, a matriz e o reforço

como sendo homogêneos, contínuos e isotrópicos. Além disso, a seção transversal das

8686

fibras é considerada como circular e uniforme ao longo do seu comprimento,

assumindo-se uma adesão perfeita entre as fases.

As condições de contorno utilizadas na simulação numérica do ensaio de tração

uniaxial são deslocamentos e rotações nulos em uma das extremidades (engaste fixo)

e força distribuída uniformemente aplicada sobre a seção transversal (pressão) da

outra, variando a sua intensidade de 0 a 100 MPa, com 10 incrementos de igual

magnitude. Este valor fora fixado objetivando-se garantir comportamento elástico-linear

para o material e pequena deslocabilidade nos corpos de prova dos ensaios numéricos,

premissas estas fundamentais para o desenvolvimento de projetos estruturais e

mecânicos.

Aplicando-se os incrementos de pressão no corpo de prova numérico, o software,

dentre outras variáveis estruturais de interesse, exibe os valores extremos dos

deslocamentos sofridos no sólido. Para um incremento de força, conhecido o

comprimento original do corpo (condição indeformada) e o deslocamento longitudinal

extremo, medido na direção das fibras do compósito, pode determinar a deformação

específica ( ) ou de engenharia, expressa pela Equação 3.8, sendo ∆L a variação no

comprimento original do corpo de prova, expresso em mm e L, o comprimento original,

medido em mm.

L L

(3.8)

Com o conhecimento das tensões geradas no ponto médio dos corpos de prova e

das deformações calculadas pela Equação 3.8 constroem-se as curvas tensão –

deformação para os compósitos, comparando-as com as curvas obtidas dos ensaios

experimentais de tração. A qualidade das aproximações permite avaliar, em condições

de projeto, a influência do uso das hipóteses simplificadoras de cálculo utilizadas nas

simulações dos compósitos, avaliando a condição de interface perfeita adotada entre

matriz e reforço nas simulações com elementos finitos tridimensionais e a validade da

Regra da Mistura e Halpin-Tsai através das simulações bidimensionais.

8787

CAPÍTULO 4

RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Determinação das propriedades das fases constituintes dos compósitos

4.1.1 Propriedades das fibras de sisal e de bananeira

Os valores médios das principais propriedades físicas e mecânicas foram

determinados para as fibras de sisal e de bananeira utilizadas como fase reforçadora

nos compósitos sendo exibidos na Tabela 4.1.

Tabela 4.1 - Propriedades físicas e mecânicas das fibras de sisal e bananeira

Propriedade Fibra de sisal Fibra de bananeira

Diâmetro (µm)

Densidade Aparente (g/cm3)

192,5 (±26,3)

1,41

131,1 (±17,7)

1,35

Porosidade Aparente (%) 76,21 86,69

Resistência à tração (MPa) 887 (±143) 863 (±259,5)

Módulo de Elasticidade (GPa) 16,4 (±2,51) 31,56 (±2,8)

As propriedades mecânicas obtidas para as fibras estão em concordância com os

resultados reportados na literatura, tais como os valores exibidos na Tabela 2.2 para a

fibra de sisal (ver Capítulo 2), obtidos em Nabi e Jog (1999). Os valores da densidade

aparente obtidos por meio do ensaio de Arquimedes estão condizentes com outros

resultados, variando de 1,35 a 1,45 g/cm3

(NABI e JOG, 1999) e 1,30 a 1,40 g/cm3

(MUKHOPADHYAY et al., 2009; HANEEFA et al., 2008; SAPUAN e MALEQUE,2005)

para as fibras de sisal e bananeira, respectivamente.

A Figura 4.1 exibe o comportamento mecânico da fibra de sisal submetida ao

ensaio de tração. Verifica-se um patamar de esgarçamento da fibra com subseqüente

aumento do módulo elástico. Devido à variação de inclinação da região linear da curva

tensão/deformação, o módulo de elasticidade da fibra foi calculado na primeira porção

linear da curva. Desta forma, um valor menor, ou mais conservador, do módulo de

elasticidade foi obtido.

8888

Tensão [

MP

a]

Tensão

[M

Pa]

1200

1100

1000

900

800

700

600

500

400

300

200

100

0

Módulo de

Elasticidade

Esgarçamento

0,000 0,052 0,102 0,174 0,295 0,485 0,779 1,063 1,559 2,054

Deformação [mm/mm]

Figura 4.1 - Gráfico tensão versus deformação para a fibra de sisal sob esforços de

tração.

A Figura 4.2 exibe os gráficos tensão/deformação dos corpos de prova de fibra de

bananeira, observando-se uma região de esgarçamento, assim como observado para

as fibras de sisal. Após este fenômeno, um aumento do módulo de elasticidade da fibra

de bananeira é observado, embora este esteja mais próximo do limite de resistência do

material. Da mesma forma, o módulo de elasticidade foi calculado no início da curva

tensão-deformação.

1300

1200

1100

1000

900

800

700

600

500

400

300

200

100

0

Módulo de

Elasticidade

Esgarçamento

0,000 0,001 0,002 0,003 0,005 0,007 0,010 0,014 0,019 0,025 0,031

Deformação [mm/mm]

Figura 4.2 - Gráfico tensão versus deformação para a fibra de bananeira sob esforços

de tração.

8989

Te

ns

ão

[M

Pa]

4.1.2 Propriedades físicas e mecânicas das matrizes

4.1.2.1 Efeito do anidrido maléico na resistência mecânica da resina

Com o objetivo de avaliar o efeito da adição de anidrido maléico nas propriedades

mecânicas da resina epóxi, foram realizados ensaios de tração preliminares em corpos

de prova da resina pura e modificada com a inserção de 2% e 5% em massa de

partículas de anidrido (faixa granulométrica de 150 - 200 US-Tyler). A Figura 4.3 exibe

as curvas tensão-deformação encontradas revelando o melhor comportamento

mecânico da resina epóxi modificada com a adição de 2% de anidrido, apresentando

maior resistência e rigidez em relação à resina pura. A matriz modificada com 5% de

anidrido maléico exibiu aumento significativo da tenacidade, contudo a resistência e a

rigidez diminuíram. Desta forma, o nível de 2% de anidrido foi adotado para a

fabricação dos compósitos.

40

5% Anidrido Maleico 2% Anidrido Maleico Resina Epóxi Pura

35

30

25

20

15

10

5

0

0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14 0,16 0,18 0,20 0,22 0,24

Deformação [mm/mm]

Figura 4.3 - Efeito da adição de anidrido maléico na resina epóxi sob esforços de

tração.

9090

Den

sid

ad

e (

g/c

m3)

Po

rce

nta

gem

%

4.1.2.2 Propriedades das matrizes definitivas de resina epóxi pura e modificada

Os valores médios das propriedades físicas densidade, porosidade e absorção de

água, determinadas por meio do princípio de Arquimedes para as matrizes de resina

epóxi tanto pura quanto modificadas com anidrido maléico e micropartículas de sílica

podem ser observadas na Tabela 4.2.

Tabela 4.2 - Propriedades físicas das matrizes de resina epóxi.

Formulação

Densidade

Volumétrica

Densidade

Aparente

Porosidade

Aparente

Absorção

de água

(g/cm3) (g/cm

3) (%) (%)

Epóxi Pura 1,16 (±0,01) 1,16 (±0,00) 0,30 (±0,07) 0,26 (±0,06)

2% AM

1,15 (±0,00)

1,15 (±0,00)

0,30 (±0,06)

0,26 (±0,06)

20% sílica

1,28 (±0,01)

1,28 (±0,01)

0,30 (±0,06)

0,24 (±0,05)

2% AM + 20% sílica

1,26 (±0,01)

1,27 (±0,00)

0,33 (±0,07)

0,26 (±0,05)

33% sílica

1,34 (±0,03)

1,34 (±0,02)

0,29 (±0,07)

0,22 (±0,05)

2% AM + 33% sílica

1,35 (±0,01)

1,35 (±0,01)

0,33 (±0,07)

0,25 (±0,05)

A Figura 4.4 exibe os gráficos em colunas com as barras de erro representando

os desvios padrão para as propriedades listadas na Tabela 4.2.

1,4

1,35

1,3

1,25

1,2

1,15

Volumétrica Apare nte 0,45

0,4

0,35

0,3

0,25

0,2

0,15

Porosidade Absorçã o de água

1,1

1,05

1

Epóxi Pura 2% AM 20% s ílica 2% AM +

20% s ílica

Formulação

33% s ílica 2% AM +

33% sílica

0,1

0,05

0

Epóxi Pura 2% AM 20% s ílica 2% AM +

20% s ílica

Formulação

33% s ílica 2% AM +

33% s ílica

(a) (b)

Figura 4.4 - Gráficos da densidade volumétrica e aparente (a) e porosidade aparente e

absorção de água das matrizes (b).

9191

(GPa)

Epóxi Pura 26,95 (±2,72) 0,83 (±0,05) 39,51 (±2,09) 0,751 (±0,210)

2% AM

35,73 (±0,87)

0,81 (±0,03)

44,96 (±2,37)

0,989 (±0,080)

20% sílica

26,26 (±1,36)

0,95 (±0,03)

44,00 (±3,15)

0,891 (±0,250)

2% AM + 20% sílica

19,76 (±2,08)

0,72 (±0,08)

33,41 (±3,93)

1,19 (±0,040)

33% sílica

22,54 (±2,64)

1,10 (±0,07)

44,11 (±4,42)

1,475 (±0,290)

2% AM + 33% sílica

27,33 (±0,91)

1,21 (±0,16)

24,00 (±2,84)

0,725 (±0,050)

Os dados da Tabela 4.2 e os gráficos da Figura 4.4a e 4.4b revelam que o

anidrido maléico não exerceu influência significativa nas propriedades físicas da matriz,

o que pode ser atribuído ao baixo percentual de anidrido e à proximidade nos valores

de densidade entre a resina (1,16 g/cm3) e o anidrido (1,47 g/cm

3), respectivamente.

Em relação à adição das partículas de sílica, os resultados do ensaio de

Arquimedes apontam acréscimo das densidades volumétrica e aparente, devido ao alto

percentual de partículas utilizado e à alta densidade da sílica (2,2 g/cm3), conforme

pode ser verificado na Figura 4.4a. Os resultados revelam também a baixa porosidade

e absorção de água da matriz tanto pura quanto modificada. Devido à ausência de

porosidade, os valores de densidade aparente e volumétrica são equivalentes.

A Tabela 4.3 exibe os resultados dos ensaios de tração e flexão; realizados em

corpos de prova fabricados com as matrizes investigadas neste trabalho.

Tabela 4.3 - Propriedades mecânicas das matrizes de resina epóxi.

Formulação

Resist. à tração

(MPa)

Mód. de

Elasticidade

Resist. à flexão

(MPa)

Mód. de Flexão

(GPa)

As Figuras 4.5a e 4.5b exibem os gráficos de barra com respectivos erros para as

resistências e módulos de elasticidade em tração e flexão, respectivamente.

9292

Resis

tên

cia

(M

Pa)

du

lo (

GP

a)

60 Resistência à Tração Resistência à Flexão

50

40

30

20

10

0

1,8

1,6

1,4

1,2

1

0,8

0,6

0,4

0,2

0

Módulo em tração Módulo em Flexão

Epóxi Pur a 2% AM 20% s ílica 2% AM +

20% s ílica

33% s ílica 2% AM +

33% s ílica

Epóxi Pur a 2% AM 20% s ílica 2% AM +

20% s ílica

33% s ílica 2% AM +

33% s ílica

Formulação Formulação

(a) (b)

Figura 4.5 - Gráficos da Resistência à tração (a) e módulo de elasticidade das matrizes

(b).

Os dados mostrados na Tabela 4.3 e na Figura 4.5a e 4.5b exibem o aumento da

resistência à tração com a inserção do anidrido maléico, em relação à resina epóxi

pura, sendo observada uma pequena redução do módulo de elasticidade. Para o nível

de 20% de adição de sílica, o aditivo químico diminuiu a resistência e o módulo de

elasticidade do material, sob esforços de tração. Contudo, para o nível mais alto de

adição de micropartículas de sílica (33%), os resultados apontaram uma interação entre

a sílica e o anidrido maléico aumentando os valores de resistência mecânica e módulo

de elasticidade. A Figura 4.6 mostra os gráficos tensão/deformação típicos, exibindo as

variações do módulo de elasticidade da matriz. Pode-se observar na Figura 4.6 o

aumento da tenacidade das matrizes com a adição do anidrido maléico, exceto para a

matriz contendo 33% de sílica.

Com relação à adição de micropartículas de sílica, verificou-se a redução da

resistência mecânica e o aumento do módulo elástico da matriz entre os níveis de 0%,

20% e 33%. O aumento do módulo de elasticidade pode ser atribuído principalmente à

alta rigidez da sílica incorporada na resina epóxi.

9393

Figura 4.6 - Gráfico tensão versus deformação para as matrizes poliméricas sob

esforços de tração.

Os resultados obtidos no ensaio de flexão mostrados na Tabela 4.3 e na Figura

4.5a e 4.5b revelam o aumento da resistência mecânica da resina epóxi com a adição

de 2% de anidrido maléico. Contudo, a inserção de maior conteúdo de micropartículas

de sílica (33%) na resina inibiu o efeito positivo do anidrido sobre a resistência e

módulo de elasticidade (ver Figura 4.5a e 4.5b), onde a redução dessas propriedades

pode ser observada.

A Figura 4.7 exibe o gráfico tensão/deformação para as matrizes em ensaio de

flexão em três pontos. As curvas da Figura 4.7 foram obtidas em função dos gráficos

de força/deslocamento seguindo as recomendações da norma ASTM D790 (2007). Os

dados da Tabela 4.3 e a variação da inclinação das curvas exibidas na Figura 4.7

exibem o aumento do módulo de elasticidade das matrizes com a adição de

micropartículas de sílica, o que pode ser atribuído à alta rigidez do mineral cerâmico

particulado. Pode-se verificar também pelas curvas da Figura 4.7 que a tenacidade das

9494

Te

ns

ão

[M

Pa

]

matrizes com partículas de sílica foi aumentada com a adição de anidrido maléico,

embora a resistência e o módulo de elasticidade tenham diminuído.

24

22

20

18

16

14

12

10

8

6

4

2

0 0,01 0,00 0,01 0,02 0,03 0,07 0,16 0,23 0,30 0,37

Deformação [mm/mm]

Epóxi pura 20% Sílica 2%Anidrido + 20% Sílica 33% Sílica 2% Anidrido + 33% Sílica 2% Anidrido

Figura 4.7 - Gráfico tensão versus deformação para as matrizes poliméricas sob

esforços de flexão.

Comparando-se os ensaios de tração e flexão observa-se um comportamento

divergente entre os resultados obtidos para as matrizes fabricadas com 33% de sílica e

2% de anidrido. Enquanto a resistência e o módulo de elasticidade em tração foram

aumentados com a inserção do anidrido, os mesmos em flexão diminuíram. Tal

diferença pode ser atribuída aos esforços de compressão gerados na parte superior

dos corpos de prova durante o ensaio de flexão.

4.2 Ensaios mecânicos nos compósitos

A Tabela 4.4 apresenta os resultados da Análise de Variância (ANOVA) realizada

no software Minitab para as médias das variáveis respostas investigadas para os

compósitos.

9595

ais Tração Tração Flexão

Flexão Vol. AP.

A

0,000

0,000

0,000

0,000

0,000

0,000

0,000

0,000

B

0,000

0,000

0,000

0,000

0,000

0,341

0,000

0,000

0,773 0,000 0,000 0,308

0,334

0,037

0,000

0,186

0,100

0,391

0,355

0,046

0,137

0,697

0,555

0,065

0,954

0,064

91,63% 92,38%

91,67%

94,43%

93,26%

93,11%

93,67%

Inte

raçã

o d

e

Fa

tore

s

Fa

tore

s

Pri

nc

ipa

is

Tabela 4.4 - Análise de Variância (ANOVA)

ANOVA P-valor ≤ 0,05

Fatores

Experiment

Resist. Mód.

Elast.

Resist. Mód.

Elast.

Densidade

Densidade Porosidade

Ap.

Ab. Água

C 0,000 0,000 0,042 0,050

D 0,352 0,419 0,000 0,000 0,616 0,004 0,000 0,000

AB

0,002

0,145 0,000

0,732 0,026 0,001 0,000 0,189

0,013 0,239 0,000 0,259 0,944

0,027 0,823 0,012 0,118 0,302

0,028 0,321 0,005 0,014 0,020

0,016 0,696 0,000 0,636 0,937

0,005 0,172 0,012 0,294 0,733

0,024 0,083 0,009 0,060 0,099

0,546 0,127 0,001 0,571 0,551

0,409 0,749 0,034 0,149 0,477

AC

0,007

0,001 0,009

AD

0,898

0,706 0,000

BC

0,268

0,211 0,033

BD

0,036

0,497 0,004

CD

0,000

0,053 0,583

ABC

0,146

0,573 0,197

ABD

0,792

0,862 0,138

ACD

0,005

0,690 0,545

BCD 0,896

ABCD 0,087

R2

(ajustado) 93,4%

Os fatores principais designados pelas letras A, B, C e D na Tabela 4.4

representam, respectivamente a influência dos fatores experimentais Tipo de fibra

vegetal (A), Fração volumétrica de fibras (B), Adição de micro partículas de sílica (C) e

Adição de anidrido maléico (D) na composição final do compósito. A designação

9696

formada pela composição das letras representa os efeitos de interação, por exemplo, o

conjunto ABCD representa o efeito da interação entre os fatores Tipo de fibra*Fração

volumétrica*Adição de micro partículas*Adição de anidrido maléico sobre a média das

variáveis de interesse.

Os fatores relacionados a P-valor menor ou igual a 0,05 (95% de confiabilidade)

são considerados significativos (WERKEMA e AGUIAR, 1996), sendo seus efeitos

mostrados nos gráficos de “efeitos principais” e de “interações”. Quando uma interação

de ordem superior é significativa, os efeitos principais não são avaliados

individualmente. Os gráficos de “efeitos principais” são usados para comparar as

variações no nível da média, investigando quais fatores possuem efeito significativo

sobre a variável-resposta. Gráficos de interações são usados para visualização do

efeito de interação de dois ou mais fatores experimentais sobre a variável resposta e

comparar a significância relativa entre os efeitos (WERKEMA e AGUIAR, 1996).

O valor de R2

exibido na ANOVA mede a proporção da variabilidade preditora

presente na equação de regressão. Quanto mais próximo de 1 (ou de 100%) melhor a

qualidade da equação ajustada aos dados, de acordo com Werkema e Aguiar (1996).

4.2.1 Resistência à tração

Os valores de resistência à tração dos compósitos variaram de 60 MPa a 170,50

MPa. Os fatores principais Tipo de fibra (A), Fração volumétrica (B) e Adição de sílica

(C) foram significativos, exibindo P-valor nulo (ver tabela 4.4). As interações Tipo de

fibra*Fração volumétrica (AB), Fração volumétrica*Adição de anidrido (BD), e Tipo de

fibra*Adição de sílica* Adição de anidrido (ACD) foram também significativas,

apresentando (Tabela 4.4) P-valores de 0,002; 0,036; e 0,005; respectivamente.

O valor de R2

exibido na Tabela 4.4 mostra a boa correlação dos dados obtidos

para a variável resposta resistência à tração dos compósitos. A Figura 4.8 exibe o

gráfico 4 em 1 dos resíduos de probabilidade normal para a resistência à tração dos

compósitos. Conforme abordado na seção 2.9.3 da Revisão bibliográfica, de modo

geral, o comportamento de resíduos mostra-se adequado às condições de normalidade

9797

(a) (b)

(c) (d)

Fre

qu

ên

cia

P

orc

en

tag

em

Re

síd

uo

s

Re

síd

uo

s

do experimento, exibindo distribuição normal com média próxima de zero (Figura 4.8a e

4.8c), variância constante (Figura 4.8b) e independência (Figura 4.8d).

Gráfico de Probabilidade normal dos resíduos Resíduos x Valores Ajustados

99

10 90

5

50 0

10

1

-10 -5 0

5 10

-5

-10

80 100

120

140

160

Resíduos Valores Aj ustados

Histograma dos Resíduos Resíduos x Ordem dos Dados

16 10

12 5

8 0

-5

4

-10

0 -12 -6 0 6 12 1 5 10 15 20 25 30 35 40 45

Resíduos Ordem de Observ ação

Figura 4.8 - Gráficos de resíduos 4 em 1 para a resistência à tração dos compósitos.

Conforme Werkema e Aguiar (1996), somente os fatores significativos de ordem

superior devem ser analisados. Desta forma somente os efeitos de interações serão

discutidos.

A Figura 4.9 exibe o gráfico do efeito da interação entre os fatores Tipo de fibra e

Fração volumétrica (AB) sobre a média da resistência à tração dos compósitos. A

Figura 4.9 revela a redução da resistência à tração com o aumento da fração

volumétrica de fibras de 30% para 50%. A maior resistência dos compósitos fabricados

com menor fração de fibras pode ser atribuída à facilidade de molhamento das fibras,

evitando a formação de bolhas na matriz polimérica. As reduções percentuais médias

de resistência mecânica de 17,87% e 11,46% foram observadas entre os níveis de

fração de fibras (30% e 50%) de sisal e bananeira; respectivamente.

9898

dia

da

Re

sis

tên

cia

à t

ração

(M

Pa)

dia

da R

esis

tên

cia

à T

ração

(M

Pa)

150

140

130

Tipo de fibra

Sisal

Bananeira

120

110

100

90

80

70

39,33 %

30%

34,59 %

50%

Fração Volumétrica (%)

Figura 4.9 - Efeito da interação Tipo de fibra*Fração volumétrica (AB) sobre a média da

resistência à tração dos compósitos.

A Figura 4.10 exibe o gráfico do efeito da interação Fração volumétrica de

fibras*Adição de anidrido maléico (BD) sobre a média da resistência à tração dos

compósitos. Um aumento da resistência à tração (2,4%) foi verificado com a adição do

aditivo químico nos compósitos fabricados com a fibra de sisal. O comportamento

oposto foi verificado para os compósitos com fibra de bananeira, apresentando uma

redução percentual média de 6,92% da resistência entre os teores (0% e 2%) de

anidrido presentes na matriz polimérica.

115

110

105

100

95

6,92 %

2,4 %

Fração

Volumétrica

30%

50%

0 2%

Aditivo químico (%)

Figura 4.10 - Efeito da interação Fração volumétrica*Aditivo químico (BD) sobre a

média da resistência à tração dos compósitos.

9999

O efeito da interação de terceira ordem Tipo de fibra*Adição de sílica*Aditivo

químico (ACD) sobre a média da resistência à tração dos compósitos é mostrado na

Figura 4.11. A Figura 4.11a mostra a redução da resistência mecânica com a adição de

micro partículas de sílica no compósito. Pode ser observado também o efeito do tipo de

fibra empregada como reforço nos compósitos sobre o efeito da adição de sílica. O

aumento do teor de particulado diminuiu a resistência à tração dos compósitos com

fibra de sisal, apresentando maior percentual de redução entre os níveis de 20% e 33%

de sílica. Já para os compósitos de fibra de bananeira, verificou-se maior redução da

resistência entre os teores de sílica na matriz de 0% e 20% e um ligeiro aumento da

resistência com o aumento da fração mássica de sílica para 33% em relação ao nível

de 20%.

0 20% 33% 0 2%

Tipo de fibra

(a) (b) 130

105

T i po de fi bra

Si sal

Bananei ra

Adição de s ílica

(c)

80

130

105

80

Adição

de

síl i ca

0

20%

33%

Aditivo quím ico

Figura 4.11 - Efeito da interação Tipo de fibra*Adição de sílica*Aditivo químico (ACD)

sobre a média da resistência à tração dos compósitos.

A Figura 4.11b exibe o efeito da interação Tipo de fibra*Aditivo químico (AD),

podendo-se notar a redução da resistência à tração dos compósitos com a inserção do

anidrido maléico no compósito. Em relação ao tipo de fibra, nota-se menor redução da

resistência para os compósitos fabricados com a fibra de bananeira.

Conforme discutido anteriormente, verifica-se no gráfico da Figura 4.11c a

variação pouco significativa da resistência mecânica entre os níveis de 20% e 33% de

sílica adicionada na matriz polimérica. Entretanto, o aditivo anidrido maléico mostrou-se

100100100

(c) (d)

Po

rce

nta

ge

m

Fre

qu

ên

cia

Re

síd

uo

s

Re

síd

uo

s

positivo quando inserido em conjunto com micro partículas de sílica na fração mássica

de 20%. Estes resultados indicam uma possível reação entre a sílica e o anidrido

maléico melhorando as características da interface fibra/matriz/partícula e,

conseqüentemente, a resistência mecânica do material compósito.

4.2.2 Módulo de elasticidade

Os valores do módulo de elasticidade dos compósitos variaram entre 4,53 GPa e

9,46 GPa. Assim como para a resistência à tração, os fatores principais Tipo de fibra

(A), Fração volumétrica (B) e Adição de sílica (C) foram significativos apresentando

(Tabela 4.4) P-valores nulos. A interação de ordem superior Tipo de fibra*Fração

volumétrica*Adição de sílica*Aditivo químico (ABCD) exibiu efeito significativo (P-valor

de 0,046, ver Tabela 4.4).

O valor de R2

(91,6%) exibido na ANOVA demonstra boa correlação dos dados

obtidos para o módulo de elasticidade dos compósitos. O gráfico de resíduos para o

módulo de elasticidade é exibido na Figura 4.12.

Gráfico de Probabilidade Normal dos Resíduos Resíduos x Valores Ajustados

99 0,8

90 0,4

50 0,0

10 -0,4

1 -0,8

-0,4

0,0

0,4

0,8

-0,8

5 6

7 8 9

Resíduos Valores Aj ustados

(a) (b) Histograma dos Resíduos Resíduos x Ordem dos Dados

8 0,8

6 0,4

4 0,0

2 -0,4

0 -0,6

-0,4

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

-0,8 1 5

10 15 20

25 30 35 40 45

Resíduos Ordem de Observ ação

Figura 4.12 - Gráficos de resíduos para o módulo de elasticidade dos compósitos.

101101101

(a) (b) (c)

ração Volumétrica

(d) (e)

(f)

De modo geral, a exibição de distribuição normal com média próxima de zero

(Figura 4.12a e 4.12c), variância constante (Figura 4.12b) e independência dos

resíduos (Figura 4.12d), mostram-se adequadas às condições de normalidade do

experimento

A Figura 4.13 exibe o gráfico de efeito da interação (ABCD) entre os fatores

experimentais Tipo de fibra, Fração volumétrica, Adição de micro partículas de sílica e

Adição de anidrido maléico sobre o módulo de elasticidade dos compósitos.

30% 50% 0 20% 33% 0 2%

9,0

7,5

T i po de fibra

Si sal

Tipo de fibra Bananeira

6,0

9,0

7,5

F

6,0

Fração

Vol um étrica

30%

50%

Adição de sílica

9,0

7,5

6,0

Adi ção

de

síl ica

0

20%

33%

Aditiv o químico

Figura 4.13 - Efeito da interação Tipo de fibra*Fração volumétrica*Adição de

sílica*Aditivo químico (ABCD) sobre a média do módulo de elasticidade dos

compósitos.

Diferentemente da resistência à tração, os compósitos fabricados com a fibra de

bananeira apresentaram maior desempenho que os fabricados com fibra de sisal, em

relação ao módulo de elasticidade (Figura 4.13a). Este fato pode ser atribuído ao valor

superior do módulo elástico das fibras de bananeira.

Os compósitos com maior módulo de elasticidade foram aqueles fabricados com

30% de fração volumétrica de fibras, o que pode ser atribuído à melhor condição de

molhamento das fibras pela matriz, resultando em melhor transferência de esforços e

menor volume de bolhas aprisionadas na matriz polimérica.

102102102

Os resultados plotados na Figura 4.13f, revelam a contribuição negativa da

presença de sílica na rigidez dos compósitos. Em conjunto com as fibras de bananeira,

maior redução foi observada entre os níveis 0 e 20% de micro partículas de sílica,

tendo pouca variação com o aumento da fração de 33% (Figura 4.13b). Já para as

fibras de sisal o comportamento inverso pode ser observado, ou seja, uma maior

redução entre os níveis 20% e 33% de sílica. Nota-se também na Figura 4.13d, uma

redução gradativa do módulo com o aumento da fração mássica de sílica na matriz

para os compósitos fabricados com 30% de fibras. Para a fração volumétrica de 50%

de fibras houve redução do módulo de elasticidade com a adição de 20% de sílica. No

entanto, não houve diferença significativa entre o nível intermediário e máximo de micro

partículas de sílica.

O anidrido maléico não atuou efetivamente na adesão entre fibra e matriz,

principalmente nos compósitos fabricados com 50% de fibras de bananeira, onde maior

redução do módulo de elasticidade foi observada (Figura 4.13e). Assim como para a

resistência à tração, o aditivo químico foi favorável atuando em conjunto com a sílica na

fração de 20%, exibindo um aumento do módulo de elasticidade do material, entretanto

um valor de módulo de elasticidade inferior foi obtido com a ausência de micro

partículas de sílica.

4.2.3 Resistência à flexão

No ensaio de flexão em três pontos as tensões máximas nos compósitos variaram

de 22,2 MPa a 63,1 MPa. Os resultados da análise de variância (Tabela 4.4) mostram

que os fatores principais Tipo de fibra (A), Fração volumétrica (B), Adição de sílica (C) e

Adição de anidrido maléico (D) foram significativos para esta variável resposta, exibindo

ambos os P-valores menores que 0,05. Os P-valores 0,009; 0,000 e 0,037; sublinhados

na Tabela 4.4 correspondem respectivamente às interações significativas Tipo de

fibra*Adição de sílica (AC), Tipo de fibra*anidrido maléico (AD) e Fração

volumétrica*Adição de sílica*anidrido maléico (BCD).

O valor de R2

exibido na Tabela 4.4 mostra boa correlação dos dados obtidos

para a variável resposta resistência à flexão, validando o modelo de ANOVA utilizado.

103103103

Fre

qu

ên

cia

P

erc

en

tag

em

Re

síd

uo

s

Re

síd

uo

s

O gráfico de resíduos exibido na Figura 4.14, de forma geral, apresenta distribuição

normal com média próxima de zero (Figura 4.14a e 4.12c), variância constante (Figura

4.14b) e independência dos resíduos (Figura 4.14d). Desta forma, os resíduos

mostram-se adequados às condições de normalidade do experimento.

Gráfico de Probabilidade Normal dos Resíduos Resíduos x valores ajustados

99

5,0

90 2,5

50 0,0

10

1

-5,0

-2,5

0,0

2,5

5,0

-2,5

-5,0

20

30 40 50 60

Resíduos (a)

Valores aj ustados (b)

10,0

7,5

5,0

Histograma dos resíduos Resíduos x ordem dos valores

5,0

2,5

0,0

2,5

0,0

-6

-4 -2 0 2 4 6

-2,5

-5,0

1 5

10 15

20 25 30 35

40 45

Resíduos Ordem de observ ação

(c) (d)

Figura 4.14 - Gráficos de resíduos para a resistência à flexão dos compósitos.

A Figura 4.15 exibe o efeito da interação entre os fatores Tipo de fibra e Fração

volumétrica (AB) sobre a média da resistência à flexão dos compósitos. Os compósitos

fabricados com fibras de sisal apresentaram maior resistência à flexão em comparação

com os laminados com fibras de bananeira em ambas as frações volumétricas. As

diferenças percentuais médias de 34,3% e 22,4% podem ser observadas entres os

níveis de 30% e 50% de fibras, respectivamente. Nota-se uma redução da resistência

para o maior volume de fibras no compósito (50%), sendo esta redução mais

significativa para os compósitos de fibra de sisal.

104104104

Mé d

ia d

a R

e sis

tên

cia

à f

lex ã

o (

MP

a)

55

50

45 34,3 %

40

35

30

22,9 %

Tipo de fibra

Sisal

Bananeira

30%

Fraçã o Volumétrica

50%

Figura 4.15 - Efeito da interação Tipo de fibra*Fração volumétrica (AB) sobre a média

da resistência à flexão dos compósitos.

No ensaio de flexão as tensões mais efetivas ocorrem nas fibras mais externas da

face inferior do corpo de prova. Desta forma, as propriedades da matriz polimérica

governam a resistência do compósito, ou seja, a capacidade do material resistir ao

carregamento de tração na face inferior até que a trinca seja nucleada. Assim, o

desempenho inferior dos compósitos contendo 50% de fibras pode ser explicado pela

menor quantidade de matriz na face inferior do corpo de prova, formando uma camada

polimérica mais fina. Além disso, a matriz é responsável pelo molhamento e

transferência de esforços para as fibras.

A Figura 4.16 exibe o gráfico da interação dos fatores Tipo de fibra*Adição de

sílica (AC) sobre a média da resistência à flexão dos compósitos. Embora os

compósitos fabricados com fibras de sisal apresentarem maior resistência à flexão, é

possível notar que a adição de micro partículas de sílica apresentou melhor resultado

nos compósitos com fibra de bananeira, havendo um ligeiro acréscimo da resistência

com o aumento do conteúdo de sílica adicionado na matriz polimérica.

O efeito da interação entre os fatores Tipo de fibra*Aditivo químico (AD) é exibido

na Figura 4.17. O anidrido maléico não apresentou efeito positivo em ambos os tipos

de fibras utilizados. No entanto, uma menor redução da resistência à flexão foi

observada nos compósitos fabricados com as fibras de bananeira.

105105105

dia

da R

esis

ntê

ncia

à f

lex

ão

(M

Pa

) M

é d

ia d

a R

e sis

tê n

cia

à

fle

x ã

o (

MP

a)

50

45

40 35,5 %

35

30

0

20%

Adição de sílica

23,2 %

33%

Tipo de fibra

Sisal

Bananeira

Figura 4.16 - Efeito da interação Tipo de fibra*Adição de sílica (AC) sobre a média da

resistência à flexão dos compósitos.

50

45

35,9 %

40

35

30

0

Aditivo químico

21,9 %

2%

Tipo de fibra

Sisal

Bananeira

Figura 4.17 - Efeito da interação Tipo de fibra*Aditivo Químico (AD) sobre a média da

resistência à flexão dos compósitos.

A Figura 4.18 exibe os efeitos da interação de terceira ordem Fração

volumétrica*Adição de sílica*Aditivo químico (BCD) sobre a média da resistência à

flexão dos compósitos. Para os compósitos fabricados com 20% de micro partículas de

sílica um comportamento divergente pode ser observado entre as frações volumétricas

de 30% e 50% (Figura 4.18a). Para o nível baixo da fração de fibras um ligeiro aumento

da resistência pode ser observado enquanto uma redução foi enunciada no nível 50%

de fibras (Figura 4.18a). A Figura 4.18b exibe uma menor redução da resistência

106106106

(a) (b)

(c)

ocasionada pela adição do anidrido maléico na resina para o nível mais alto de fibras

(50%) (Figura 4.18b). A interação entre a Adição de sílica e o anidrido maléico revela

uma menor redução da resistência à flexão com a adição de 20% de micro partículas

na presença do aditivo químico (Figura 4.18c). Assim, estes resultados revelam um

melhor efeito do anidrido maléico sobre a interface matriz/partícula do que sobre a

interface matriz/fibra.

Fração Volumétrica

0 20% 33% 0 2%

50

Fração

Volumétrica

40 30%

50%

Adição de sílica

30

50

Adição

de

40 sílica

0

20%

30 33%

Aditivo químico

Figura 4.18 - Efeito da interação Fração volumétrica*Adição de sílica*Aditivo Químico

(BCD) sobre a média da resistência à flexão dos compósitos.

4.2.4 Módulo de elasticidade em flexão

Os valores dos módulos de elasticidade dos compósitos em flexão variaram de

1,3 GPa a 3,8 GPa. A partir dos dados da Tabela 4.4, todos os fatores principais

apresentaram efeitos significativos sobre o módulo de flexão, exibindo P-valores

menores ou iguais a 0,05; ou seja, atendendo a um nível de significância de 95%. As

interações entre os fatores Tipo de fibra*Aditivo químico, Tipo de fibra*Fração

volumétrica*Adição de sílica e Fração volumétrica*Adição de sílica*Aditivo químico

exibiram efeito significativo, apresentando P-valores de 0,027; 0,024 e 0,000;

respectivamente (ver Tabela 4.4).

107107107

0,4 3,5

Pe

rce

nta

ge

m

Fre

qu

ên

cia

Re

síd

uo

s

Re

síd

uo

s

O valor de 91,67% encontrado para o R2

mostra uma boa correlação da equação

preditora para o módulo elástico. Os pontos distribuídos ao longo da reta no gráfico de

probabilidade normal exibido na Figura 4.19a atendem às condições de normalidade

exigidas para a realização do modelo de ANOVA adotado. O Padrão aleatório do

gráfico exibido na Figura 4.19b indica variância constante dos resultados do ensaio de

flexão para a variável resposta módulo de elasticidade. O histograma de resíduos

exibido na Figura 4.19c exibe a distribuição normal dos resíduos com média próxima de

zero. A Figura 4.19d não exibe evidência de dependência entre os termos dos

resíduos.

Gráfico de probabilidade normal dos resíduos Resíduos x valores ajustados

99 0,30

90 0,15

50 0,00

10 -0,15

1 -0,4

-0,2

0,0

0,2

-0,30

1,5

2,0

2,5

3,0

Resíduos (a) Valores aj ustados (b)

Histograma dos resíduos Resíduos x Ordem dos valores

8 0,30

6 0,15

4 0,00

2 -0,15

0 -0,2

-0,1

0,0

0,1

0,2

-0,30 1 5

10 15 20

25 30

35 40 45

Resíduos (c)

Ordem de observ ação (d)

Figura 4.19 - Gráficos de resíduos para o módulo de elasticidade em flexão dos

compósitos.

A Figura 4.20 exibe o efeito da interação entre os fatores Tipo de fibra e Aditivo

químico (AD) sobre a média do módulo de elasticidade dos compósitos. Em ambos os

compósitos de fibra de sisal e bananeira o anidrido maléico não apresentou melhora

significativa da interface matriz/fibra reduzindo o módulo de elasticidade dos

compósitos. Tal como para a resistência à flexão, menor redução do módulo elástico foi

observada entre os níveis 0% e 2% de anidrido maléico nos compósitos fabricados com

as fibras de bananeira.

108108108

dia

d

o m

ód

ulo

d

e e

last

icid

a d

e (M

Pa

)

3,0

2,8

2,6

2,4

2,2

2,0

1,8

19,2 %

0

Aditivo químico

31,5 %

2%

Tipo de fibra

Sisal

Bananeira

Figura 4.20 - Efeito da interação Tipo de fibra*Aditivo Químico (AD) sobre a média do

módulo de flexão dos compósitos.

Assim como para o módulo de elasticidade obtido no ensaio de tração, os valores

do módulo de flexão dos compósitos fabricados com fibras de bananeira foram

superiores aos dos compósitos fabricados com fibras de sisal. Este fato pode ser

atribuído à maior rigidez das fibras de bananeira em comparação com o sisal.

A Figura 4.21 mostra o efeito exercido pela interação entre os fatores Tipo de

fibra, Fração volumétrica e Adição de micro partículas de sílica (ABC) sobre o módulo

de flexão. A adição de micro partículas de sílica apresentou efeito divergente entre os

compósitos de fibras de sisal e bananeira. Enquanto a rigidez dos compósitos de

bananeira diminuiu gradativamente com a adição de sílica, a rigidez dos compósitos

com fibra de sisal apresentou um ligeiro acréscimo com a inserção da sílica,

principalmente para o nível de 20% (Figura 4.21b). A inserção de micro partículas de

sílica na matriz polimérica de resina epóxi proporciona o aumento na rigidez da mesma,

devido à alta rigidez do material cerâmico particulado. Dessa forma, os compósitos

fabricados com maior quantidade de matriz (70%) apresentaram maiores valores do

módulo de elasticidade (Figura 4.21a), principalmente aqueles com 20% de sílica

adicionada (Figura 4.21c).

109109109

30% 50% 0 20% 33%

Tipo de fibra

Fração Volumétrica

(a) (b)

(c)

3,0

2,5

2,0

3,0

2,5

2,0

Tipo de fibra

Sisal

Bananeira

Fração

Volumétrica

30%

50%

Adição de sílica

Figura 4.21 - Efeito da interação Tipo de fibra*Fração volumétrica*Adição de sílica

(ABC) sobre a média do módulo de flexão dos compósitos.

A interação significativa entre os fatores Fração volumétrica, Adição de sílica e

Adição de anidrido maléico (BCD) está apresentada na Figura 4.22. A Figura 4.22a

exibe um pequeno acréscimo do módulo de elasticidade com a adição de 20% de micro

partículas de sílica nos compósitos fabricados com 30% de fração volumétrica de

fibras. No nível mais alto de fração de fibras, a redução do módulo de elasticidade pode

ser observada, sendo maior entre os níveis de 0% e 20% de adição de sílica. Assim

como observado para a resistência à flexão, o efeito do aditivo químico na resina epóxi

foi mais evidente nos compósitos fabricados com 30% de fibras, onde maior queda na

rigidez foi apresentada (Figura 4.22b). O efeito negativo mais evidente do aditivo

químico também pode ser observado nos compósitos contendo 33% de micro

partículas de sílica na matriz, devido à queda abrupta do módulo de elasticidade

mostrada na Figura 4.22c. Para o nível de 20% de sílica a queda apresentada é

equivalente a da matriz pura com a adição do anidrido maléico.

110110110

0 20% 33% 0 2%

Fração Volumétrica

Adição de sílica

(a) (b)

(c)

3,0

2,5

2,0

3,0

2,5

Fração

Vol um étri ca

30%

50%

Adi ção

de

síl i ca

0

2,0

20%

33%

Aditivo químico

Figura 4.22 - Efeito da interação Fração volumétrica*Adição de sílica*Aditivo químico

(BCD) sobre a média do módulo de flexão dos compósitos.

4.2.5 Densidade volumétrica

A densidade volumétrica dos compósitos variou entre 0,4 g/cm3

e 1,2 g/cm3. Os

fatores principais Tipo de fibra (A), Fração volumétrica (B) e a interação Tipo de

fibra*Fração volumétrica (AB) apresentaram efeito significativo com P-valores de 0,000;

0,000 e 0,026; respectivamente.

O valor de R2

de 94,43% garante a qualidade de ajuste do modelo para os dados

de densidade volumétrica. A distribuição dos dados nos gráficos de resíduos exibidos

na Figura 4.23 validam a análise de variância realizada, devido a exibição de

distribuição normal com média próxima de zero (Figura 4.23a e 4.23c), exibição de

variância constante (Figura 4.23b) e independência (Figura 4.23d).

A Figura 4.24 exibe o efeito da interação Tipo de fibra*Fração volumétrica (AB)

sobre a média da densidade volumétrica dos compósitos. A redução da densidade

pode ser observada entre os níveis de 30% e 50% de fração volumétrica tanto de fibras

de sisal quanto de bananeira. Essa redução pode ser atribuída ao aumento da

porosidade dos compósitos com o aumento da fração volumétrica de fibras. Devido à

111111111

Po

rce

nta

ge

m

Fre

qu

en

cia

dia

da

De

nsid

ad

e V

olu

tric

a (

g/c

m3)

Re

síd

uo

s

Re

síd

uo

s

maior densidade das fibras de sisal os compósitos fabricados com tais fibras

apresentaram maior densidade que as lâminas compósitas fabricadas com fibras de

bananeira.

Gráfico de probabilidade normal dos resíduos Resíduos x Valores ajustados

99 0,08

90 0,04

50 0,00

10 -0,04

1 -0,10

-0,05

0,00

Resíduos

0,05

0,10

(a)

-0,08

0,4

0,6

0,8

Valores aj ustados

1,0

1,2

(b) Histograma dos resíduos Resíduos x Ordem dos valores

0,08

8

0,04

6

0,00 4

2 -0,04

0

-0,06

-0,03

0,00

0,03

0,06

-0,08

1 5

10 15 20

25 30

35 40 45

Resíduos Ordem de observ ação

(c) (d)

Figura 4.23 - Gráficos de resíduos para a densidade volumétrica dos compósitos.

1,1

1,0

0,9

0,8

26,5 %

28 %

Tipo de fibra

Sisal

Bananeira

0,7

0,6

30 %

0,5

30%

Fração Volumétrica

50%

Figura 4.24 - Efeito da interação Tipo de fibra*Fração volumétrica sobre a média da

densidade volumétrica dos compósitos.

4.2.6 Densidade Aparente

Os valores de densidade aparente obtidos pelo método de Arquimedes para os

compósitos variaram de 1,04 g/cm3

a 1,46 g/cm3. Os fatores principais Tipo de fibra (A),

Adição de sílica (C) e Aditivo químico (D) exerceram efeito significativo sobre a

112112112

(a) (b)

(c) (d)

Fre

qu

en

cia

P

orc

en

tag

em

Re

síd

uo

s

Re

síd

uo

s

densidade aparente, conforme pode ser observado pelos valores do P-valor, exibido na

Tabela 4.4, inferior a 0,05. As interações Tipo de fibra*Fração volumétrica*Adição de

sílica (ABC), Tipo de fibra*Fração volumétrica*Aditivo químico (ABD) e Tipo de

fibra*Adição de sílica*Aditivo químico (ACD) foram também significativas.

O valor de R2

exibido na Tabela 4.4 para a densidade aparente revela um

adequado ajuste dos dados obtidos para esta variável-resposta. O comportamento dos

resíduos (ver Figura 4.25) mostra-se adequado às condições de normalidade do

experimento de determinação da densidade volumétrica, podendo ser observados

distribuição normal com média próxima de zero (Figuras 4.25a e 4.25c), variância

constante (Figura 4.25b) e independência dos resultados (Figura 4.25d).

Gráfico de probabilidade normal dos resíduos Resíduos x Valores ajustados

99

0,050

90 0,025

50 0,000

10

1

-0,050

-0,025

0,000

0,025

0,050

-0,025

-0,050

1,0

1,1

1,2

1,3

1,4

Resíduos Valores aj ustados

Histograma dos resíduos Resíduos x Ordem dos valores

12 0,050

9 0,025

6 0,000

3

0

-0,04

-0,02

0,00

0,02

0,04

0,06

-0,025

-0,050

1 5

10 15

20 25 30

35 40 45

Resíduos Ordem de observ ação

Figura 4.25 - Gráficos de resíduos para a densidade aparente dos compósitos.

A Figura 4.26 exibe o gráfico do efeito da interação entre os fatores Tipo de fibra,

Fração volumétrica e Adição de sílica (ABC) sobre a densidade aparente dos

compósitos. A interação entre Tipo de fibra e Fração volumétrica revela um aumento da

densidade aparente entre os níveis de 30% e 50% de fibras para os compósitos

fabricados com fibras de sisal. O comportamento inverso, entretanto, foi observado

para os compósitos fabricados com fibras de bananeira, ou seja, uma redução da

densidade ocorreu entre os níveis baixo e alto de fibras no compósito (Figura 26a). A

113113113

adição de sílica nos compósitos aumentou gradativamente a densidade aparente dos

compósitos fabricados com fibras de sisal. Entretanto, nos compósitos com fibras de

bananeira a adição de sílica aumentou significativamente a densidade aparente, mas

não foi observada diferença significativa entre os níveis de 20% e 33% (Figura 4.26b).

As partículas de sílica aumentaram a densidade dos compósitos para ambos os níveis

de 30% e 50% de fibras, sendo observado um acréscimo maior entre os níveis de 0% e

20% de sílica (Figura 4.26c). Pode ser observado na Figura 4.26c que sem a adição de

sílica, os compósitos fabricados com 30% de fibras apresentaram densidade aparente

inferior aos compósitos fabricados com fração volumétrica de 50%.

30% 50% 0 20% 33%

Tipo de fibra

(a) (b) 1,35

1,25

1,15

Tipo de fibra

Sisal

Bananeira

Fração Volumétri ca

(c)

1,35

1,25

1,15

Fração

Volumétrica

30%

50%

Adição de síl ica

Figura 4.26 - Efeito da interação Tipo de fibra*Fração volumétrica*Adição de sílica

(ABC) sobre a média da densidade aparente dos compósitos.

A Figura 4.27 exibe o gráfico do efeito da interação Tipo de fibra*Fração

volumétrica*Aditivo químico (ABD) sobre a densidade aparente dos compósitos. Os

gráficos da Figura 4.27b revelam que a adição do anidrido maléico na resina epóxi

promoveu o aumento da densidade aparente dos compósitos, principalmente nos

compósitos fabricados com fibras de bananeira. Nos compósitos fabricados com 30%

de fibras, o anidrido maléico foi responsável por uma ligeira queda da densidade, ao

passo que na fração de 50% de fibras foi obtido um aumento expressivo da densidade

com a inserção do anidrido (ver Figura 4.27c).

114114114

30% 50% 0 2%

1, 36

Tipo de fibra

(a) (b) 1, 28

Tipo de fibra

Sisal

Bananeira

Fração Volumétrica

(c)

1, 20

1, 36

1, 28

1, 20

Fração

Volumétrica

30%

50%

Adi tivo quí mico

Figura 4.27 - Efeito da interação Tipo de fibra*Fração volumétrica*Aditivo químico

(ABD) sobre a média da densidade aparente dos compósitos.

A interação Tipo de fibra*Adição de sílica*Aditivo químico (ACD) tem seu efeito

representado nos gráficos exibidos na Figura 4.28. Pode ser observado que os maiores

valores de densidade aparente foram obtidos para os compósitos fabricados com a

adição de 2% de anidrido maléico e 33% de sílica na matriz polimérica (Figura 4.28c).

Além disso, pode ser notado que o anidrido maléico foi responsável pelo aumento da

densidade quando adicionado em conjunto com micro partículas de sílica. Nos

compósitos fabricados sem a presença de partículas na matriz, o anidrido promoveu

uma pequena redução nos valores de densidade aparente dos compósitos.

115115115

0 20% 33% 0 2%

Tipo de fibra

(a) (b) 1,35

1,25

1,15

Tipo de fibra

Sisal

Bananeira

Adição de síl ica

(c) 1,35

1,25

1,15

Adição

de

sílica

0

20%

33%

Aditivo quí mico

Figura 4.28 - Efeito da interação Tipo de fibra*Adição de sílica*Aditivo químico (ACD)

sobre a média da densidade aparente dos compósitos.

4.2.7 Porosidade Aparente

A porosidade aparente média dos compósitos poliméricos reforçados por fibras

unidirecionais de sisal e bananeira variou entre 17,9% e 42,5%. Todos os fatores

experimentais principais analisados apresentaram efeito significativo sobre a

porosidade aparente dos compósitos, exibindo ambos P-valor nulo (ver Tabela 4.4). As

interações Tipo de fibra*Fração volumétrica (AB) e Fração volumétrica*Adição de sílica

(BC) também exibiram efeito significativo com P-valores de 0,000 e 0,014;

respectivamente.

Os pontos distribuídos ao longo da reta no gráfico de probabilidade normal da

Figura 4.29 e o valor de 93,1% obtido para o R2

exibido na Tabela 4.4 garantem,

respectivamente, as condições de normalidade e ajuste adequado de dados para a

variável-resposta porosidade aparente dos compósitos. Pode-se notar no gráfico da

Figura 4.29c uma distribuição normal dos resíduos com média próxima de zero. A

variância constante e independência dos resultados podem ser observadas nos

gráficos das Figuras 4.29b e 4.29d, respectivamente.

116116116

s

res

Fre

qu

en

cia

P

orc

en

tag

em

dia

d

a p

oro

sid

ad

e

ap

a r

en

te

Re

síd

uo

s

Re

síd

uo

s

Gráfico de probabilidade normal dos resíduos Resíduos x Valores ajustados

99

2

90 1

50 0

10

1

-3,0

-1,5

0,0

1,5

3,0

-1

-2

20 25 30

35 40

Resíduos Valores aj ustados

(a) (b) Histograma de resíduo Resíduos x Ordem dos valo

12 2

9 1

6 0

3

0

-2 -1 0 1 2

-1

-2

1 5 10

15 20 25

30 35

40 45

Resíduos Ordem de observ ação

(c) (d) Figura 4.29 - Gráficos de resíduos para a porosidade aparente dos compósitos.

O efeito principal do fator aditivo químico é exibido na Figura 4.30. Um aumento

percentual médio de 7,3% pode ser observado entre os níveis 0% e 2% de adição do

anidrido maléico.

31,5

31,0

30,5

30,0

29,5

29,0

7,30 %

0 2%

Aditivo químico

Figura 4.30 - Efeito do fator principal Aditivo químico (D) sobre a média da porosidade

aparente dos compósitos.

O efeito da interação Tipo de fibra*Fração volumétrica (AB) exibido na Figura 4.31

revela o aumento da porosidade em função do aumento da fração de fibras,

principalmente para as fibras de sisal. Este aumento de porosidade pode ser atribuído

117117117

dia

da P

oro

sid

ad

e A

pa

ren

te (

%)

à menor quantidade de matriz nos compósitos fabricados com 50% de fibras, uma vez

que a matriz polimérica é a responsável pelo molhamento, distribuição de esforços para

as fibras e acabamento superficial. Os compósitos que apresentaram maiores valores

de porosidade correspondem aqueles fabricados com 50% de fibras de bananeira,

enquanto os de menor porosidade são os compósitos fabricados com fração

volumétrica de 30% de fibras de sisal.

38

36

34

32

30

28

26 31,5 %

24

22

20

30%

Fração Volumétrica

9,6 %

50%

Tipo de fibra

Sisal

Bananeira

Figura 4.31 - Efeito da interação Tipo de fibra*Fração volumétrica (AB) sobre a média

da porosidade aparente dos compósitos.

O efeito da interação Fração de fibras*Adição de sílica (BC) sobre a porosidade

aparente dos compósitos é mostrado na Figura 4.32. Assim como apresentado na

Figura 4.31, os compósitos fabricados com maior quantidade de fibras (50%)

apresentaram maiores valores de porosidade aparente. As diferenças percentuais

médias de 22,4%, 25,6% e 30% entre os níveis de 0%, 20% e 33% de sílica

adicionada, respectivamente, podem ser observados para os compósitos fabricados

com 30% e 50% de fibras.

A adição de micro partículas de sílica na matriz polimérica resultou em aumento

da porosidade aparente, principalmente nos compósitos fabricados com 50% de fibras.

Este fato pode ser atribuído também a menor quantidade de matriz nesses compósitos

em que uma maior influência das partículas pode ter ocorrido.

118118118

dia

d

a p

oro

sid

ad

e a

pa

ren

te

(%)

37,5

35,0

Fraç ão

Volumétric a

30%

50%

32,5

30,0

27,5

25,0

22,4 %

25,6 %

30 %

0 20%

Adiçã o de sílica

33%

Figura 4.32 - Efeito da interação Fração de fibras*Adição de sílica (BC) sobre a média

da porosidade aparente dos compósitos.

4.2.8 Absorção de água

Os compósitos reforçados por fibras naturais estudados apresentaram valores de

absorção de água variando entre 16,6% a 57,2%. O P-valor nulo exibido na análise de

variância (Tabela 4.4) indica que os fatores principais Tipo de fibra (A), Fração

volumétrica (B) e Aditivo químico (C) exerceram influência significativa sobre a

absorção de água dos compósitos. O fator principal Adição de sílica (C) não

apresentou, individualmente, efeito significativo; entretanto, a interação com o fator

Fração volumétrica (B) apresentou-se significativa (P-valor = 0,020).

A Figura 4.33 exibe o gráfico 4 em 1 dos resíduos obtidos na ANOVA para a

variável-resposta absorção de água, demonstrando adequadas condições de

distribuição normal (Figuras 4.33a e 4.33c), variância constante (Figura 4.33b) e

independência dos resíduos (Figura 4.33d). O valor de R2

(93,67%) reportado na

Tabela 4.4 demonstra que a qualidade do ajuste do modelo foi satisfatório para esta

variável-resposta.

O efeito do tipo de fibra vegetal utilizada para a produção dos compósitos é

mostrado na Figura 4.34. Os compósitos fabricados com fibras de bananeira

apresentam absorção de água superior aos de fibra de sisal, podendo ser observada a

diferença percentual média de 35%. Este comportamento indica que os compósitos

119119119

Fre

qu

en

cia

P

orc

en

tag

em

dia

da

Ab

sorç

ão

de á

gu

a (

%)

Re

síd

uo

s

Re

síd

uo

s

fabricados com fibra de bananeira sofrerão degradação por umidade antes daqueles

fabricados com fibras de sisal.

Gráfico de probabilidade normal dos resíduos Resíduos x Valores ajustados

99 4

90

2

50 0

10 -2

1

-5,0

-2,5

0,0

2,5

-4

5,0 20

30 40 50

Resíduos (a) Valores aj ustados (b)

Histograma dos resíduos Resíduos x Ordem dos valores

12 4

9 2

6 0

3 -2

0

-3,2

-1,6

0,0

1,6

3,2

-4

1 5 10 15

20 25

30 35

40 45

Resíduos (c) Ordem de observ ação (d)

Figura 4.33 - Gráficos de resíduos para a absorção de água dos compósitos.

45

40

35 %

35

30

Sisal Tipo de fibra

Bananeira

Figura 4.34 - Efeito do Tipo de fibra (A) sobre a média da absorção de água dos

compósitos.

O aumento percentual de 10,6% da absorção de água dos compósitos pode ser

observado no gráfico de efeito principal do fator Aditivo químico exibido na Figura 4.35.

Embora o anidrido maléico tenha aumentado o módulo de elasticidade dos compósitos,

o mesmo é prejudicial quanto à absorção de umidade e por sua vez indicando uma

degradação prematura dos compósitos.

120120120

dia

da

Ab

so

rçã

o d

e á

gu

a (

%)

dia

da

Ab

sorç

ã o

de á

gu

a (%

)

37

36

10,6 %

35

34

33

0 2%

Aditivo químico

Figura 4.35 - Efeito do Aditivo químico sobre a média da absorção de água dos

compósitos.

O efeito da interação entre os fatores Fração volumétrica e Adição de sílica pode

ser observado na Figura 4.36. Para o nível mais baixo de fibras naturais (30%) a adição

de partículas de sílica promoveu uma queda da absorção de água dos compósitos.

Entretanto o aumento da absorção de água foi observado para o nível alto de fração de

fibras (50%).

45

40

26,9 % 35

30

36 %

39 %

Fração

Volumétrica

30%

50%

25

0 20%

Adição de sílica

33%

Figura 4.36 - Efeito da interação Adição de sílica*Aditivo químico sobre a média da

porosidade aparente dos compósitos.

121121121

4.3 Análise micromecânica dos compósitos

A Tabela 4.5 exibe os valores dos módulos de elasticidade na direção longitudinal

das fibras obtidos experimentalmente e analiticamente por meio dos modelos de

análise micromecânica: regra da mistura e Halpin-Tsai (Equações 2.1 e 2.4,

repectivamente, exibidas na seção 2.10 da Revisão bibliográfica).

Tabela 4.5 - Propriedades mecânicas estimadas e experimentais.

Condições

experimentais

Módulo de

elasticidade

experimental

Regra da

mistura

(MPa)

Erro %

Halpin-Tsai

(MPa)

Erro

% (MPa)

C1 5722,09 5502,4 3,84 2400,04 58,06

C2 5559,53 5487 1,3 2375,9 57,26

C3 5631,96 5582,9 0,87 2526,07 55,15

C4 6158,22 5422,6 11,95 2274,82 63,06

C5 5440,33 5690 4,59 2693,27 50,49

C6 5217,41 5765,6 10,51 2810,96 46,12

C7 5912,08 8616 45,74 4923,56 16,72

C8 5029,99 8605 71,07 4902,17 2,54

C9 4978,41 8673,5 74,22 5035,14 1,14

C10 5298,55 8559 61,53 4812,64 9,17

C11 4865,96 8750 79,82 5183,07 6,52

C12 4762,36 8804 84,87 5287,1 11,02

C13 9105,00 10050,4 10,38 3769,84 58,6

C14 8650,00 10035,00 16,01 3745,51 56,7

C15 8045,00 10130,9 25,93 3896,99 51,56

C16 7685,00 9970,6 29,74 3643,72 52,59

C17 7270,00 10238,00 40,83 4065,97 44,07

C18 7850,00 10313,6 31,38 4185,11 46,69

C19 8255,00 16196,00 96,2 8720,89 5,64

C20 7920,00 16185,00 104,36 8699,31 9,84

C21 6450,00 16253,5 151,99 8833,7 36,96

C22 6940,00 16139,00 132,55 8609,05 24,05

C23 7260,00 16330,00 124,93 8983,64 23,74

C24 6565,00 16384,0 149,57 9089,35 38,45

122122122

Os módulos de elasticidade das fases individuais fibra e matriz apresentados na

Tabela 4.1 e Tabela 4.2, respectivamente, foram utilizadas para a estimativa das

propriedades efetivas dos compósitos. Os dados reportados na Tabela 4.5

compreendem os resultados para todos os compósitos analisados, ou seja, todas as

combinações possíveis dos fatores experimentais. Os valores de erro absoluto

apresentado na Tabela 4.5 correspondem à variação percentual dos resultados da

análise micromecânica em relação aos valores do módulo de elasticidade experimental.

4.3.1 Compósitos fabricados com fibras de sisal

A Figura 4.37a-f exibe o comportamento mecânico dos compósitos previsto pela

regra da mistura e pelo modelo de Halpin-Tsai, em função da fração volumétrica de

fibras de sisal, para todas as condições experimentais investigadas (C1 – C12). Os

valores experimentais médios do módulo de elasticidade foram plotados conjuntamente

aos resultados estimados para a comparação dos resultados.

A Figura 4.37a mostra a variação do módulo de elasticidade do compósito em

função da fração volumétrica de fibras de sisal, prevista para as condições

experimentais C1 e C7, ou seja, para os compósitos fabricados com a resina epóxi sem

adição de sílica e anidrido maléico. Os pontos experimentais plotados indicam os

compósitos fabricados com 30% e 50% de fibras de sisal, respectivamente. Verifica-se

que a adição de 30% de fibras promove o melhor ajuste com o modelo numérico da

regra da mistura, exibindo um erro percentual de apenas 3,84%, enquanto para o

modelo Halpin-Tsai o erro mostrado foi de 58%. Este resultado indica que a adesão

fibra/matriz no compósito com 30% de fibras pode ser considerada quase-perfeita,

ressaltando a propriedade elástica experimental ser superior à mesma prevista pelos

modelos micromecânicos.

O modelo Halpin-Tsai mostrou melhor concordância para os resultados

experimentais do compósito fabricado com 50% de fibras (ver Tabela 4.5: condição

experimental C7), demonstrando uma condição de interface imperfeita entre fibra e

matriz. Este comportamento pode ser atribuído à menor quantidade de resina presente

no laminado, a qual é responsável pelo molhamento adequado das fibras e

123123123

transferência dos esforços presentes. A maior porosidade pode ter contribuído também

para o desempenho inferior dos compósitos com maior fração de fibras.

Condições Experimentais C1 e C7 Condições Experimentais C2 e C8

(a) (b)

Condições Experimentais C3 e C9 Condições Experimentais C4 e C10

(c) (d)

Condições Experimentais C5 e C11 Condições Experimentais C6 e C12

(e) (f)

Regra da Mistura Halpin-Tsai Experimental

Figura 4.37 - Comparativo entre a análise micromecânica e os resultados experimentais

para os compósitos fabricados com a fibra de sisal.

124124124

A Figura 4.37b mostra a variação do módulo de elasticidade para os compósitos

fabricados com adição de anidrido maléico na matriz epóxi, condições experimentais

C2 e C8 (30% e 50% de fibras, respectivamente). Tal como para a resina epóxi pura, a

condição de interface pode ser considerada quase perfeita para a fração de 30% de

fibras e imperfeita para a fração de 50%. O modelo de Halpin-Tsai mostrou melhor

concordância para o compósito com 50% de fibras e a regra da mistura para o

compósito com 30%, apresentando erros de 2,54% e 1,3%, respectivamente, conforme

apresentado na Tabela 4.5.

A Figura 4.37c apresenta as curvas do módulo de elasticidade para os compósitos

fabricados com a adição de 20% em massa de sílica na matriz polimérica. Pode-se

observar excelente concordância entre os resultados previstos pela análise

micromecânica e os resultados experimentais, para adesão perfeita (30% de fibras) e

adesão imperfeita (50% de fibras). Conforme pode ser verificado pelos valores

apresentados na Tabela 4.5, o erro para o modelo de regra da mistura foi inferior a 1%

no nível mais baixo de fibras de sisal. O erro para o modelo de Halpin-Tsai foi de

apenas 1,14% para o nível mais alto de fibras, confirmando uma fraca adesão

fibra/matriz.

A Figura 4.37d mostra o comportamento previsto para o compósito de matriz

contendo 20% de sílica e 2% de anidrido maléico com as frações volumétricas de 30%

e 50% de fibra de sisal, respectivamente. Os compósitos de 30% de fibra de sisal

apresentaram excelente adesão interfacial, enquanto os compósitos com 50% de fibra

exibiram uma condição de interface imperfeita, conforme previsto pelo modelo de

Halpin-Tsai.

A Figura 4.37e exibe o comportamento dos compósitos para as condições

experimentais C5 e C11, fabricados respectivamente com 30% e 50% de fibra de sisal.

Nesses compósitos foram adicionados 33% de micro partículas de sílica na matriz

epóxi. A fração volumétrica de 30% de fibras exibiu uma melhor concordância para o

modelo da regra da mistura, enquanto a fração de 50% apresentou melhor ajuste para

o modelo de Halpin-Tsai. Embora a adição de 33% de sílica na matriz tenha

aumentado a rigidez da mesma (ver Tabela 4.3), esse comportamento não foi capaz de

promover aumento do módulo de elasticidade dos compósitos. Uma possível

125125125

explicação para esse fato pode ser creditada à redução da adesão interfacial devido à

maior quantidade de partículas na matriz. Conforme pode ser observado na Tabela 4.5,

as propriedades efetivas do compósito ficaram abaixo dos valores previstos tanto pela

regra da mistura para o compósito com 30% de fibras, quanto pelo previsto pelo

modelo de Halpin-Tsai para o compósito com 50% de fibras.

Uma variação da rigidez dos compósitos prevista pela regra da mistura e pelo

modelo de Halpin-Tsai pode ser observada na Figura 4.37f. Esses compósitos foram

fabricados com uma matriz adicionada de 33% de sílica e 2% de anidrido maléico. O

módulo de elasticidade da matriz modificada foi superior à matriz epóxi pura, (ver

Tabela 4.3). Este fato pode ser atribuído ao possível aumento de adesão entre

matriz/partícula promovido pelo anidrido maléico. No entanto, a matriz mais rígida não

produziu compósitos com maior módulo de elasticidade em relação aos compósitos

com resina epóxi pura, confirmando a hipótese da redução de adesão fibra/matriz nos

compósitos promovida pelo alto percentual de sílica adicionado.

4.3.2 Compósitos fabricados com fibras de bananeira

A Figura 4.38 exibe os gráficos comparativos entre os resultados da previsão do

módulo de elasticidade pelos modelos de análise micromecânica e os valores

experimentais obtidos para os compósitos fabricados com fibras de bananeira

(condições experimentais C13 a C24). Basicamente, as mesmas discussões realizadas

para os compósitos fabricados com fibras de sisal podem ser estendidas aos

compósitos fabricados com fibras de bananeira.

126126126

32000 32000 30000

30000

28000

28000 26000

26000

24000

24000 22000

22000

20000

20000 18000

18000

16000

16000 14000 Experim ental;

14000 Experim ental;

12000 30; 9105,00 12000 30; 8650,00 10000

10000

8000 Experim ental; 8000

Experim ental;

du

lo d

e E

lasti

cid

ad

e [

MP

a]

du

lo d

e E

lasti

cid

ad

e [

MP

a]

du

lo d

e E

lasti

cid

ad

e [

MP

a]

du

lo d

e E

lasti

cid

ad

e [

MP

a]

du

lo d

e E

lasti

cid

ad

e [

MP

a]

du

lo d

e E

lasti

cid

ad

e [

MP

a]

6000

4000 2000

0

50; 8255,00

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Fração Volumétrica %

6000

4000 2000

0

50; 7920,00

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Fração Volumétrica %

32000

30000

28000

26000

24000 22000

20000

18000

16000

Condições Experimentais C13 e C19 Condições Experimentais C14 e C20

(a) (b) 32000 30000

28000

26000

24000

22000

20000

18000

16000

14000

12000

10000

8000

6000

4000 2000

0

Experim ental;

30; 8045,00

Experim ental;

50; 6450,00

14000 12000

10000

8000

6000

4000 2000

0

Experim ental;

30; 7685,00

Experim ental;

50; 6940,00

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Fração Volumétrica %

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Fração Volumétrica %

32000 30000

28000

26000

24000 22000 20000

18000

16000

14000

12000 10000

8000

6000

4000 2000

0

Condições Experimentais C15 e C21

(c)

Experim ental;

30; 7270,00

Experimental;

50; 7260,00

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Fração Volumétrica %

32000 30000

28000

26000 24000 22000

20000

18000

16000

14000

12000 10000

8000 6000

4000 2000

0

Condições Experimentais C16 e C22

(d)

Experim ental;

30; 7850,00

Experim ental;

50; 6565,00

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Fração Volumétrica %

Condições Experimentais C17 e C23 Condições Experimentais C18 e C24

(e)

Regra da Mistura

Halpin-Tsai

(f)

Experimental

Figura 4.38 - Comparativo entre a análise micromecânica e os resultados experimentais

para os compósitos fabricados com a fibra de bananeira.

Os compósitos fabricados no nível mais baixo de fibras (30%) apresentaram

melhor concordância com o modelo da regra da mistura, enquanto os compósitos com

127127127

nível mais alto de fibras (50%) foram mais bem descritos pelo modelo de Halpin-Tsai, o

que indica a presença de uma interface inferior nestes compósitos. No entanto, é

possível verificar pelos dados da Tabela 4.5 que os valores experimentais do módulo

de elasticidade ficaram abaixo dos previstos analiticamente apresentando erros

maiores para os compósitos com fibras de bananeira que os compósitos de fibras de

sisal, em ambos os modelos micromecânicos. Este comportamento indica que a

adesão matriz/fibra nos compósitos fabricados com fibras de sisal foi superior a dos

compósitos com fibras de bananeira.

Uma das razões possíveis para o melhor ancoramento das fibras de sisal pode

ser atribuída à maior rugosidade das fibras, conforme pode ser observado nas Figuras

4.39a e 4.39b que apresentam, respectivamente, as fotografias obtidas por microscopia

eletrônica de varredura nas superfícies de fratura dos compósitos de fibra de sisal e

fibras de bananeira. O microscópio eletrônico de varredura da marca Hitachi, modelo T-

3000 operando no modo de elétrons retro espalhados foi utilizado para obtenção das

imagens da Figura 4.39.

(a) (b)

Figura 4.39 - Fotografias obtidas por MEV nos compósitos fabricados com fibra de sisal

(a) e fibras de bananeira (b).

128128128

4.4 Simulação numérica dos compósitos

Nesta seção são apresentados os resultados das deformações obtidas pelas

simulações numéricas, comparando seus valores com os advindos da experimentação,

sendo utilizado para tanto, a medida de erro absoluto. São apresentadas também as

curvas tensão-deformação.

4.4.1 Compósitos fabricados com fibras de sisal

4.4.1.1 Modelo bidimensional

A visualização do campo de deslocamentos para o modelo bidimensional de

simulação numérica do compósito fabricado com fibras de sisal é ilustrada na Figura

4.40.

Figura 4.40 - Deslocamento sofrido pelo modelo numérico bidimensional dos

compósitos com fibras de sisal.

Os valores dos deslocamentos máximos foram utilizados para a obtenção das

deformações específicas do compósito. A Tabela 4.6 exibe, para cada incremento de

129129129

pressão (força aplicada em uma unidade de superfície), os valores das deformações

específicas obtidos numericamente assim como do erro absoluto encontrado nas

aproximações.

Tabela 4.6 - Deformações específicas para o compósito de fibras de sisal – Modelo

bidimensional.

Tensão

[MPa]

Deformação específica [mm/mm]

Experimental Regra da Mistura Halpin-Tsai Módulo experimental

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0

0,0012382

0,0024142

0,0037139

0,0051052

0,0065132

0,0079355

0,0093476

0,0107663

0,0122182

0,0136916

0 Erro %

0,0018146 46,55

0,0036291 50,33

0,0054438 46,58

0,0072584 42,18

0,009073 39,30

0,0108875 37,20

0,0127021 35,89

0,0145167 34,83

0,0163313 33,66

0,0181459 32,53

0 Erro %

0,0041602 235,98

0,0083203 244,65

0,0124805 236,05

0,0166407 225,96

0,0208009 219,37

0,024961 214,55

0,0291212 211,54

0,0332814 209,12

0,0374416 206,44

0,0416017 203,85

Erro %

0,0015973 28,99

0,0031946 32,33

0,0047919 29,02

0,0063892 25,15

0,0079865 22,62

0,0095838 20,77

0,0111811 19,61

0,0127784 18,69

0,0143757 17,66

0,015973 16,66

Figura 4.41 - Curvas tensão/deformação para o modelo numérico bidimensional dos

compósitos com fibras de sisal.

A Figura 4.41 apresenta as curvas tensão-deformação dos modelos numéricos

bidimensionais (Regra da Mistura e Halpin-Tsai) juntamente com a curva proveniente

130130130

do ensaio experimental. Nesta figura apresenta-se ainda uma quarta curva, obtida

através da simulação numérica com o emprego do módulo de elasticidade advindo do

ensaio experimental.

Os dados da Tabela 4.6 e as curvas tensão-deformação ilustradas na Figura 4.41

indicam que o modelo de simulação numérica em duas dimensões, pela magnitude dos

erros encontrados entre as deformações, não foi capaz de descrever adequadamente o

comportamento dos compósitos com fibras de sisal.

O modelo de Regra da mistura mostrou-se efetivamente melhor na previsão das

propriedades elásticas do compósito quando comparados com os resultados obtidos

com o modelo de Halpin-Tsai. Esse comportamento já havia sido apontado

anteriormente (ver seção 4.3.1), devido à boa adesão entre fibra e matriz apresentada

nos compósitos fabricados com menor fração de fibras (30%).

A simulação realizada com o módulo de elasticidade medido experimentalmente

produziu melhores resultados em comparação com os métodos de análise

micromecânica. Entretanto, o erro apresentado para esta simulação ainda mostrou-se

elevado. Uma das razões para esses erros pode ser atribuída à estimativa do valor do

coeficiente de Poisson do material, obtido da regra da mistura, considerando o Poisson

da fibra de sisal nulo e da matriz de resina epóxi igual ao valor de 0,4.

4.4.1.2 Modelo tridimensional

Os resultados da simulação do modelo tridimensional do compósito fabricado com

fibras de sisal são exibidos na Tabela 4.7. Tal como observado para o modelo de

simulação bidimensional, elevados valores de erros em relação aos resultados

experimentais foram obtidos.

A Figura 4.42 exibe as curvas (tensão versus deformação) relativas aos resultados

numéricos e experimental. Os resultados do modelo tridimensional mostram que o valor

do coeficiente de Poisson da fibra de sisal não exerce influência significativa no

comportamento elástico-linear do compósito. Os valores mais próximos da deformação

específica foram obtidos considerando o valor nulo do coeficiente de Poisson da fibra

de sisal.

131131131

Ten

são

(M

Pa)

Tabela 4.7 - Deformações específicas para o compósito de fibras de sisal – Modelo

tridimensional.

Tensão

[MPa]

Deformação específica [mm/mm]

Exp.

Coeficiente de Poisson da Fibra

0 0,25 0,3 0,35

Módulo exp.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0

0,00124

0,00241

0,00371

0,00511

0,00651

0,00794

0,00935

0,01077

0,01222

0,01369

0 Erro

0,00217 75,36

0,00434 79,89

0,00651 75,40

0,00869 70,13

0,01086 66,69

0,01303 64,18

0,01520 62,60

0,01737 61,34

0,01954 59,94

0,02171 58,59

0 Erro

0,00219 76,34

0,00437 81,19

0,00656 76,67

0,00875 71,36

0,01093 67,90

0,01312 65,36

0,01531 63,78

0,01750 62,51

0,01968 61,10

0,2187 59,74

0 Erro

0,00219 76,71

0,00438 81,26

0,00656 76,74

0,00875 71,44

0,01094 67,97

0,01313 65,44

0,01532 63,85

0,01750 62,58

0,01969 61,17

0,02188 59,81

0 Erro

0,00219 76,71

0,00438 81,27

0,00656 76,75

0,00875 71,44

0,00109 67,98

0,01313 65,44

0,01532 63,86

0,01750 62,59

0,01969 61,18

0,02188 59,81

0 Erro

0,00160 28,90

0,00319 32,22

0,00479 28,92

0,00638 25,05

0,00798 22,52

0,00956 20,67

0,01117 19,52

0,01277 18,59

0,01436 17,56

0,01596 16,57

140

120

100

80

60

40

20

0

0,000 0,003 0,006 0,009 0,012 0,015 0,018 0,021

Deformação (mm/mm)

Experimental Poisson Matriz 0,4 -f ibra 0,0 Poisson Matriz 0,4 -f ibra 0,3

Poisson Matriz 0,4 -f ibra 0,25

Módulo experimental

Poisson Matriz 0,4 -f ibra 0,35

Figura 4.42 - Curvas tensão/deformação para o modelo numérico tridimensional dos

compósitos com fibras de sisal.

132132132

Assim como no caso bidimensional, o modelo tridimensional analisado não foi

capaz de representar de maneira satisfatória o comportamento mecânico real do

compósito com fibras de sisal. Este fato pode ser atribuído às diversas aproximações

utilizadas no modelo numérico, principalmente em relação à consideração da seção

circular da fibra, bem como a consideração da sua distribuição uniforme.

Conforme pode ser observado na micrografia da seção transversal do compósito

exibida na Figura 3.17, as fibras de sisal exibem uma seção transversal irregular, além

de não apresentarem um padrão de distribuição homogêneo, conforme adotado no

modelo numérico.

A Simulação tridimensional realizada com o valor do módulo de elasticidade

medido experimentalmente apresentou melhor resultado, porém também não

representou adequadamente o comportamento real do material. Uma das razões pode

ser atribuída à aproximação do coeficiente de Poisson do compósito pelo método de

regra da mistura.

Comparando-se os modelos de simulação bidimensional e tridimensional dos

compósitos, verifica-se que ambos apresentaram resultados semelhantes, conforme

pode ser observado pelos valores de erro exibidos nas Tabelas 4.6 e 4.7,

respectivamente. Assim, pode-se dizer que a simulação em duas dimensões com

propriedades estimadas pelo método de regra da mistura representa melhor o

comportamento do compósito aqui analisado.

4.4.2 Compósitos fabricados com fibras de bananeira

4.4.2.1 Modelo bidimensional

Os dados de deformação específica obtidos numericamente para os compósitos

reforçados com fibras de bananeira são exibidos na Tabela 4.8. Os dados da Tabela

4.8 revelam uma boa aproximação dos resutados numéricos, exceto para o modelo de

Halpin-Tsai. O erro entre os valores de deformação numérica e experimental

apresentam-se maiores para os níveis de tensão mais baixos, podendo ser atribuído a

uma região de acomodação da máquina de ensaios observada na curva experimental.

133133133

Tabela 4.8 - Deformações específicas para o compósito de fibras de bananeira –

Modelo bidimensional.

Tensão

[MPa]

Deformação específica [mm/mm]

Experimental Regra da Mistura Halpin Tsai Módulo Experimental

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0

0,0014857

0,0025038

0,003546

0,0045831

0,005566

0,0067838

0,0079024

0,0090065

0,0102308

0,011441

0 Erro %

0,000993438 33,13

0,001986875 20,65

0,002980313 15,95

0,00397375 13,30

0,004967109 10,76

0,005960547 12,14

0,006953984 12,00

0,007947422 11,76

0,008940859 12,61

0,009934297 13,17

0 Erro %

0,0026485 78,27

0,005297 111,56

0,0079455 124,07

0,0105939 131,15

0,0132424 137,92

0,0158909 134,25

0,0185394 134,60

0,0211879 135,25

0,0238363 132,99

0,0264848 131,49

0 Erro %

0,0010495 29,36

0,0020991 16,16

0,0031486 11,21

0,0041981 8,40

0,0052477 5,72

0,0062972 7,17

0,007347 6,25

0,0083963 6,78

0,0094458 7,67

0,0104953 8,27

A Figura 4.43 apresenta a curva tensão-deformação obtida pelo ensaio de tração

experimental bem como as curvas obtidas pelas análises numéricas desenvolvidas.

Figura 4.43 - Curvas tensão/deformação para o modelo numérico bidimensional dos

compósitos com fibras de bananeira.

134134134

Pode-se observar na Figura 4.43 que os resultados numéricos foram bem

próximos ao experimental, para o modelo de regra da mistura e com a simulação

realizada com o valor do módulo de elasticidade experimental. O modelo de Halpin-tsai

não descreveu adequadamente as propriedades do compósito, o que confirma a boa

adesão fibra/matriz dos compósitos com fibras de bananeira na fração volumétrica de

30%.

4.4.2.2 Modelo tridimensional

A Tabela 4.9 exibe os resultados de deformação específica obtidos

experimentalmente e através da simulação numérica para o modelo de compósito

tridimensional.

Da Tabela 4.9 é possível observar boa aproximação dos resultados numéricos,

exibindo erro relativo abaixo de 10%, exceto para o nível mais baixo da pressão

aplicada (10 MPa). Esse maior erro pode ser atribuído à região de acomodação da

máquina de ensaios durante a experimentação, conforme pode ser observado nas

curvas tensão-deformação exibidas na Figura 4.44.

Tabela 4.9 - Deformações específicas para o compósito de fibras de bananeira –

Modelo tridimensional.

Tensão

[MPa]

Deformação específica [mm/mm]

Resultado

Exp.

Coeficiente de Poisson da Fibra de bananeira

0,0 0,25 0,30 0,35

Módulo Exp.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0

0,00149

0,00250

0,00355

0,00458

0,00557

0,00678

0,00790

0,00901

0,01023

0,01144

0 Erro %

0,00120 18,97

0,00241 3,84

0,00361 1,85

0,00482 5,07

0,00602 8,14

0,00722 6,47

0,00843 6,64

0,00963 6,93

0,01083 5,90

0,01204 5,22

0 Erro %

0,00121 18,25

0,00243 2,98

0,00364 2,76

0,00486 6,00

0,00607 9,11

0,00729 7,42

0,00850 7,59

0,00972 7,88

0,01093 6,85

0,01215 6,16

0 Erro %

0,00122 18,21

0,00243 2,93

0,00365 2,81

0,00486 6,06

0,00608 9,16

0,00729 7,48

0,00851 7,64

0,00972 7,94

0,01094 6,90

0,01215 6,21

0 Erro %

0,00122 18,22

0,00243 2,95

0,00365 2,79

0,00486 6,04

0,00608 9,14

0,00729 7,46

0,00850 7,62

0,00972 7,92

0,01093 6,88

0,01215 6,20

0 Erro%

0,00105 29,39

0,00210 16,21

0,00315 11,25

0,00420 8,45

0,00524 5,77

0,00629 7,22

0,00734 7,08

0,00839 6,82

0,00944 7,72

0,01049 8,31

135135135

Figura 4.44 - Curvas tensão/deformação para o modelo numérico tridimensional dos

compósitos com fibras de bananeira.

Os erros calculados nestas simulações revelam a pequena influência do

coeficiente de Poisson da fibra no comportamento mecânico global do material

compósito. O resultado mais próximo foi obtido com a simulação realizada

considerando a fibra com coeficiente de Poisson nulo, resultado este de grande

relevância visto as dificuldades inerentes em se medir esta propriedade

experimentalmente, principalmente por se tratar de uma fibra vegetal.

Os resultados da simulação, realizada com o módulo de elasticidade medido

experimentalmente e considerando o coeficiente de Poisson calculado pela regra da

mistura (νf=0,0), validam o modelo numérico tridimensional implementado para o

compósito de fibras de bananeira.

4.4.3 Comentários finais

Comparando-se os valores de deformação obtidos das simulações bidimensionais

e tridimensional com os valores advindos da experimentação, verifica-se que ambos

apresentaram resultados semelhantes.

Para o caso da distribuição não homogênea das fibras, pode-se afirmar que a

simulação em duas dimensões com propriedades estimadas pelo método da Regra da

Mistura representou melhor o comportamento do compósito.

136136136

Comparando os resultados obtidos pela simulação do compósito fabricado com

fibras de sisal com os resultados do compósito fabricado com fibras de bananeira,

verifica-se que o modelo numérico implementado para o compósito com fibras de

bananeira apresentou melhores resultados, principalmente para a simulação com

elementos finitos tridimensionais. Isto pode ser atribuído à melhor uniformidade e

homogeneidade na distribuição das fibras de bananeira quando comparadas com as

fibras de sisal, assim como observado das micrografias.

De maneira geral, em função dos resultados obtidos, pode-se concluir que mesmo

utilizando-se das hipóteses simplificadoras de cálculo, sendo estas plausíveis em nível

de projeto, a simulação numérica através do Método dos Elementos Finitos pode ser

aplicada para estimar satisfatoriamente o comportamento mecânico de compósitos

poliméricos reforçados por fibras vegetais orientadas unidirecionalmente,

principalmente para o caso em que as fibras apresentam regularidade e simetria na sua

disposição.

138138138

CAPÍTULO 5

CONCLUSÕES

Este trabalho analisou as propriedades mecânicas de compósitos poliméricos

laminados com fibras de sisal e bananeira. A inserção de anidrido maléico e

micropartículas de sílica na matriz de resina epóxi foi também estudada. Os resultados,

experimentais e numéricos, mostraram que:

O Fator principal “tipo de fibra vegetal” apresentou efeito significativo sobre as

variáveis respostas: resistência à tração, resistência à flexão, módulo de

elasticidade em tração, módulo de elasticidade em flexão, densidade

volumétrica, densidade aparente, porosidade aparente e absorção de água. Os

compósitos fabricados com fibras de sisal apresentaram os maiores valores de

resistência mecânica, enquanto os compósitos fabricados com fibras de

bananeira exibiram maiores valores de rigidez.

O fator principal “fração volumétrica” individualmente ou interagindo com um ou

mais fatores exibiu efeito significativo sobre todas as variáveis respostas citadas

acima. A fração de fibras de 30% permitiu produzir compósito com maiores

resistências mecânicas, menor porosidade e menor absorção de água. Já a

densidade dos compósitos exibiu dependência com o tipo de fibra.

O fator principal “adição de micropartículas de sílica” mostrou-se significativo na

avaliação das variáveis respostas: resistência mecânica, rigidez, densidade

aparente e porosidade aparente. Entretanto, para os percentuais estudados, as

micropartículas de sílica, adicionadas na matriz de resina epóxi, não atuaram

como fase reforçadora, diminuindo a resistência mecânica e a rigidez, além de

aumentar a densidade e a porosidade dos compósitos.

O fator principal “adição de anidrido maléico”, atuando isoladamente ou

interagindo com outros fatores, apresentou efeito significativo sobre todas as

variáveis respostas estudadas, exceto sobre a densidade volumétrica. Contudo,

o percentual adicionado (2%) de anidrido maléico não foi capaz de melhorar a

adesão matriz/fibra/partícula nos compósitos, reduzindo a resistência mecânica

139139139

e aumentando os valores de densidade, porosidade e absorção de água dos

compósitos.

A análise micromecânica dos compósitos permitiu verificar melhores condições

de interface nos compósitos fabricados no nível inferior de fibras vegetais (30%),

principalmente os compósitos fabricados com fibras de sisal. O modelo da Regra

da Mistura descreve melhor compósitos com boa adesão interfacial, enquanto o

modelo de Halpin-Tsai se ajusta melhor a compósitos que apresentam fraca

adesão fibra/matriz.

A simulação numérica por meio do Método dos Elementos Finitos pode ser

aplicada para estimar satisfatoriamente o comportamento mecânico de

compósitos poliméricos reforçados por fibras vegetais orientadas

unidirecionalmente, principalmente para o caso em que as fibras apresentam

regularidade e simetria na sua disposição.

O coeficiente de Poisson da fibra vegetal apresenta pequena influência no

comportamento mecânico global do material compósito, conforme evidenciado

pelos resultados da simulação numérica utilizando elementos finitos

tridimensionais.

140140140

CAPÍTULO 6

SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Embasado nos resultados obtidos neste trabalho, algumas sugestões são, a

seguir, colocadas pelo autor a fim de promover a melhoria do desempenho mecânico e

o avanço da pesquisa dos materiais compósitos aqui estudados.

Efetuar um estudo abrangendo as transformações químicas da resina epóxi

com a inserção do anidrido maléico, verificando seu efeito e a obtenção

dos níveis de adição adequados, visando o aumento da compatibilidade da

resina epóxi com as fibras vegetais.

Estudar o comportamento mecânico de compósitos fabricados com as

fibras tratadas em uma solução de anidrido maléico observando-se as

mudanças topográficas e químicas ocorridas na superfície das fibras.

Estudar o comportamento mecânico da resina epóxi modificada com

micropartículas de sílica em baixos níveis de adição em massa (0 a 20%),

testando-se métodos mecânicos para o processo de mistura.

Estudar o comportamento mecânico de compósitos laminados fabricados

com fibras vegetais tratadas por meio do recobrimento de suas superfícies

com micropartículas de sílica, investigando o efeito do tamanho e da forma

das partículas.

Estudar o efeito da inserção de nanopartículas no comportamento

mecânico de compósitos laminados com fibras vegetais.

141141141

CAPÍTULO 7

TRABALHOS PRODUZIDOS

Com o desenvolvimento dessa dissertação, alguns trabalhos foram produzidos e

publicados em anais de eventos nacionais e internacionais. Estes trabalhos estão

enumerados a seguir:

Silva, L. J. ; Panzera T. H.; Rubio J. C. C.; Nogueira Filho J. C.; Silva V. R. V.

Avaliação do comportamento mecânico de compósitos poliméricos

reforçados por fibras de sisal através do planejamento fatorial de

experimentos. In: 65º Congresso Internacional da ABM, 2010, Rio de Janeiro -

RJ. Anais do 65º Congresso Internacional ABM, 2010. p. 1-10.

Silva, L. J.; Panzera T. H.; Silva V. R. V. Planejamento fatorial de experimentos

aplicado a compósitos poliméricos reforçados por fibras de Sisal em ensaio

de flexão. In: Encontro Nacional de Materiais e Estruturas Compósitas - ENMEC

2010, 2010, Porto. Anais do Encontro Nacional de Materiais e Estruturas

Compósitas. Porto: Universidade do Porto, 2010, Vol. 1. Silva, L. J.; Panzera T. H.; Nogueira Filho J. C.; Christoforo, A. L.; Silva V. R. V.

Estudo das propriedades mecânicas de compósitos poliméricos de fibra de

bananeira através do método de planejamento Fatorial de experimentos. In:

XIX Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos materiais, 2010, Campos

do Jordão - SP - Brasil. Anais do XIX Congresso Brasileiro de Engenharia e

Ciência dos materiais, 2010. Vol. 19. p. 4126-4135.

Silva, L. J.; Panzera T. H.; Silva V. R. V.; Christoforo, A. L. Micromechanical

Analysis of Polimeric Composites reinforced by Sisal Fibres. In: IX Encontro

da SBPMat, 2010, Ouro Preto - MG. Anais do IX Encontro da SBPMat, 2010. Vol.

01, p. 36. Silva, L. J.; Panzera T. H.; Silva V. R. V.; Christoforo, A. L.; Ferreira A. J. M. The

Use of Numerical Methodologies in the Mechanical Behaviour Analysis of

142142142

Polymeric Composites Reinforced with Vegetable Fibres. In: 16th International

Conference on Composite Structures - ICCS 16. FEUP, Porto, 2011.

143143143

REFERÊNCIAS

AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM D 3822-07. Standard

Test Method for Tensile Properties of Single Textile Fibers. 2007.

AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM D 638 - 03. Standard

Test Method for Tensile Properties of Plastics. 2003.

AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM D 790 - 07. Standard

Test Methods for Flexural Properties of Unreinforced and Reinforced Plastics and

Electrical Insulating Materials. 2007.

AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM D3039. Standard Test

Method for Tensile Properties of Polymer Matrix Composite Materials. 1995. AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM D3878-07. Standard

Terminology for composite materials. 2007. AMORIM JÚNIOR, W. F. Processamento de Placa Espessa de Compósito por meio

de Moldagem por Transferência de Resina. 2007, 232p. Tese (Doutorado) –

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ.

ANGRIZANI, C. A.; VIEIRA, C. A. B.; ZATTERA, A. J.; FREIRE, E.; SANTANA, R. M.

C.; AMICO, S. C. Influência do Comprimento da Fibra de Sisal e do Seu

Tratamento Químico nas Propriedades de Compósitos com Poliéster. 17º

CBECIMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais, 15 a 19 de

Novembro de 2006, Foz do Iguaçu, PR, Brasil.

Anidrido Maléico. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Anidrido_maléico. Acesso

em 13/08/2010.

ÁVILA, A.; DUARTE, H. V.; SOARES, M. I. The nanoclay infuence on impact response

of laminated plates. Latin American Journal of Solids and Structures, Vol. 3, p. 3-20,

2006.

144144144

ÁVILA, A.; SOARES, M. I.; NETO, A. S. A study on nanostructured laminated plates

behavior under low-velocity impact loadings. International Journal of Impact

Engineering, Vol. 34, p. 28–41, 2007.

BALZER, P. S.; VICENTE, L. L.; BRIESEMEISTER, R.; BECKER, D.; SOLDI, V.;

RODOLFO, JR. A.; FELTRAN, M. B. Estudo das Propriedades Mecânicas de um

Composto de PVC Modificado com Fibras de Bananeira. Polímeros: Ciência e

Tecnologia, vol. 17, n. 1, p. 1-4, 2007.

BISANDA, E. T. N. The Effect of Alkali Treatment on the Adhesion Characteristics of

Sisal Fibres. Applied Composite Materials, 7, p. 331–339, 2000. BLEDZKI, A. K.; REIHMANE, S.; GASSAN, J. Properties and Modification Methods for

Vegetable Fibers for Natural Fiber Composites. Journal of Applied Polymer Science,

Vol. 59, P. 1329-1336, 1996.

BLEDZKI, A.K.; GASSAN, J. Composites reinforced with cellulose based fibres.

Progress in Polymer Science, 24, p. 221–274, 1999.

BRITISH STANDARD. BS 2747. Glass fibre reinforced plastics, tensile test. 1998.

BRITISH STANDARD. BS EN ISO 10545-3. Ceramic Tiles - Part 3: Determination of

water absorption, apparent porosity, apparent relative density and bulk density. 1997. BUTTON, S. T. Metodologia para planejamento experimental e análise de

resultados. 2005. Disponível em: <http://www.fem.unicamp.br/~sergio1/pos-

graduacao/IM317/ im317.htm>. Acesso 09/2010.

CANEVAROLO JÚNIOR, S. V. Ciência dos polímeros: um texto básico para

tecnólogos e engenheiros. 2ª ed. São Paulo: Artliber Editora. 2006

CAO, Y.; CAMERON, J. Impact properties of silica particle modified glass fiber

reinforced epoxy composite. Journal of Reinforced Plastics and Composites, Vol.

25, n. 7, 2006. CARVALHO, G. M. X.; MANSUR, H. S.; VASCONCELOS, W. L.; ORÉFICE, R. L.

Obtenção de Compósitos de Resíduos de Ardósia e Polipropileno. Polímeros: Ciência

e Tecnologia, vol. 17, nº 2, p. 98-103, 2007.

145145145

CERQUEIRA, R. M. Saúde e Nutrição. Disponível em :

http://www.soulbrasil.com/index.php?lang=br&ms_lang=br&mn2_ban=nutrition&page=m

n2/nutrition/006.php. Acesso em 02/09/10.

CES-4. CAMBRIDGE ENGINEERING SELECTOR. CHAND, N.; JAIN, D. Effect of Sisal fibre orientation on electrical properties of Sisal

fibre reinforced epoxy composites. Composites: Part A, vol. 36, p. 594–602, 2005.

CHRISTOFORO, A. L.; MARCONATO, S. A. S.; OLIVEIRA, R. Z. G. Otimização

Numérica da Área das Seções Transversais dos Elementos Componentes de

Estruturas Planas do Tipo Treliça. Revista Brasileira de Biometria, v. 25, p. 57-69,

2007. DaimlerChrysler produz carros com fibra de banana. Disponível em:

<http://www.ecoinforme.com.br/main_noticia.asp?id_noticia=429&id_tipo_noticia=6&id_

secao=26>. Acesso em 17/06/2009. DANIEL, I. M.; ISHAI, O. Engineering mechanics of composite materials. New York:

Oxford University Press, 1994.

Époxi. Disponível em: http://www.silaex.com.br/epoxi.htm. Acesso em 13/09/2010. Ficha de informações de segurança de produto químico – FISPQ, Anidrido maléico.

2006. Disponível em: http://www.elekeiroz.com.br/anidridomaléico. Acesso em 10/2009. Filament Winding Composites. Disponível em:

<http://www.fibercenter.com.br/Processos/FilamentWinding.pdf>. Acesso em:

27/09/2010. FIORAVANÇO, J. C. Mercado Mundial da Banana: produção, comércio e

participação brasileira. Informações Econômicas, vol.33, n.10, 2003.

GARAVELLO, M. E. P. E. A palha e o fio da bananeira. Manual de produção.

ESALQ/USP, 1999.

GASSAN, J.; BLEDZKI, A. K. Possibilities for improving the mechanical properties of

jute/epoxy composites by alkali treatment of fibres. Composites Science and

Technology, Vol. 59, p. 1303-1309, 1999.

146146146

GORNI, A. A. Introdução aos Plásticos. Revista Plástico Industrial. Disponível em:

http://www.gorni.eng.br/intropol.html. Acesso em 22/02/2011. HALPIN, J. C.; KARDOS, J. L. The Halpin-Tsai Equations: A Review. Polymer

Engineering and Science, Vol. 16, n. 5, 1976. HANEEFA, A.; BINDU, P.; ARAVIND, I.; THOMAS, S. Studies on Tensile and Flexural

Properties of Short Banana/Glass Hybrid Fiber Reinforced Polystyrene Composites.

Journal of Composite Materials, Vol. 42, n. 15, p. 1471 -1489, 2008.

HAQUE, A.; SHAMSUZZOHA, M.; HUSSAIN, F.; DEAN, D. S2-Glass/Epoxy Polymer

Nanocomposites: Manufacturing, Structures, Thermal and Mechanical Properties.

Journal of Composite Materials, Vol. 37, n. 20, 2003.

HENDLER, M. D. C.; VACCARO, G. L. R. Projeto e Análise de Experimentos para a

Melhoria da Fabricação de Alto-falantes. In: XXVII Encontro Nacional de Engenharia

de Produção. Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 2007.

HILLER, G. R.; FILLA, J. L. JR; SCHMIDT, T. M.; AMICO, S. C. Influência das

Condições de Moldagem por Transferência de Resina (RTM) no Comportamento

Mecânico de Compósitos Poliméricos. 17º CBECIMat - Congresso Brasileiro de

Engenharia e Ciência dos Materiais, 15 a 19 de Novembro de 2006, Foz do Iguaçu, PR,

Brasil.

IDICULA, M.; JOSEPH, K.; THOMAS, S. Mechanical Performance of Short

Banana/Sisal Hybrid Fiber Reinforced Polyester Composites. Journal of Reinforced

Plastics and Composites, Vol. 29, n. 1, p. 12-29, 2010.

IDICULA, M.; NEELAKANTAN, N. R.; OOMMEN, Z.; JOSEPH, K.; THOMAS, S. A

Study of the Mechanical Properties of Randomly Oriented Short Banana and Sisal

Hybrid Fiber Reinforced Polyester Composites. Journal of Applied Polymer Science,

vol. 96, p. 1699 –1709, 2005.

ISIK, I.; YILMAZER, U.; BAYRAM, G. Impact modified epoxy/montmorillonite

nanocomposites: synthesis and characterization. Polymer, Vol. 44, p. 6371–6377,

2003.

147147147

JOSEPH, K.; VARGHESE, S.; KALAPRASAD, G.; THOMAS, S.; PRASANNAKUMARI,

L.; KOSHYH, P.; PAVITHRAN, C. Influence of Interfacial Adhesion on The Mechanical

Properties and Fracture Behaviour of Short Sisal Fibre Reinforced Polymer Composites.

European Polymer Journal. Vol. 32, n. 10, p. 1243-1250, 1996.

JOSEPH, S.; SREEKALA, M.S.; OOMMEN, Z.; KOSHY, P.; THOMAS, S. A comparison

of the mechanical properties of phenol formaldehyde composites reinforced with

banana fibres and glass fibres. Composites Science and Technology, vol. 62, p.

1857–1868, 2002. JÚSTIZ-SMITH, N. G.; VIRGO, G. J.; BUCHANAN, V. E. Potential of Jamaican banana,

coconut coir and bagasse fibres as composite materials. Materials Caracterization,

vol. 59, p. 1273-1278, 2008.

KALIA, S.; KAITH, B.S.; KAUR, I. Pretreatments of Natural Fibers and their Application

as Reinforcing Material in Polymer Composites—A Review. Polymer Engineering and

Science, 2009.

KANG, G. Z.; GAO, Q. Tensile properties of randomly oriented short δ-Al2O3 fiber

reinforced aluminum alloy composites: II. Finite element analysis for stress transfer,

elastic modulus and stress-strain curve. Composites Part A, Vol. 33, p. 657 – 667,

2002. KIM, S. J.; LEE, C. S.; YEO, H. J.; KIM, J. H.; CHO, J. Y. Direct numerical simulation of

composite structures. Journal of composite materials, Vol. 36, n. 24, p. 2765 – 2785,

2002. KIM, S.; MOON, J.; KIM, G.; HA, S. Mechanical properties of polypropylene/natural fiber

composites: Comparison of wood fiber and cotton fiber. Polymer Testing, v. 27, p.

801–806, 2008. KIRAN, C U.; REDDY, G. R.; DABADE, B. M.; RAJESHAM, S. Tensile Properties of

Sun Hemp, Banana and Sisal Fiber Reinforced Polyester Composites. Journal of

Reinforced Plastics and Composites, Vol. 26, n. 10, 2007.

148148148

KULKARNI, A. G.; SATYANARAYANA, K. G.; ROHATGI, P. K.; VIJAYAN, K.

Mechanical properties of banana fibres (Musa sepientum). Jornal of Materials

Science, vol. 18, p. 2290–2296, 1983.

Laminação à Pistola – Spray Up. Disponível em:

<http://www.fibercenter.com.br/Processos/LAMINAÇÃO Spray-Up.pdf>. Acesso em

27/09/2010.

LAMINAÇÃO MANUAL (Hand Lay Up). Disponível em:

http://www.fibercenter.com.br/Processos/LAMINAÇÃOMANUAL.pdf. Acesso em

27/09/2010. LEE, S.; WANG, S.; PHARR, G. M.; XU, H. Evaluation of interphase properties in a

cellulose fiber-reinforced polypropylene composite by nanoindentation and finite

element analysis. Composites: Part A, Vol. 38, p. 1517–1524, 2007.

LEVY NETO, F.; PARDINI, L. C. Compósitos Estruturais. Ciência e Tecnologia. Ed.

Edgard Blücher, 2006.

LIMA JÚNIOR, U. M. Fibras da Semente do Açaizeiro (Euterpe Oleracea Mart.):

Avaliação quanto ao uso como reforço de Compósitos fibrocimentícios. 2007.

Dissertação (Mestrado). Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande Do Sul.

Programa de pós-Graduação em engenharia e tecnologia de materiais. Porto Alegre,

LÓPEZ MANCHADO, M. A.; ARROYO, M.; BIAGIOTTI, J.; KENNY, J. M. Enhancement

of mechanical properties and interfacial adhesion of PP/EPDM/Flax fiber composites

using maleic anhydride as a compatibilizer. Journal of Applied Polymer Science, Vol.

90, p. 2170–2178, 2003. MAHRHOLZ, T.; STÄNGLE, J.; SINAPIUS, M. Quantitation of the reinforcement effect

of silica nanoparticles in epoxy resins used in liquid composite moulding processes.

Composites: Part A, Vol. 40, p. 235–243, 2009.

MALHOTRA, S. K.; IDICULA, M.; JOSEPH, K. THOMAS, S. Effect of Layering Pattern

on Dynamic Mechanical Properties of Randomly Oriented Short Banana/Sisal Hybrid

Fiber–Reinforced Polyester Composites. Journal of Applied Polymer Science, Vol.

97, p. 2168–2174, 2005.

149149149

MANO, E. B.; MENDES, L. C. Introdução a Polímeros. 2ª ed. – São Paulo: Editora

Blücher. 1999. MARTIN, A. R.; MARTINS, M. A.; MATTOSO, L. H. C.; SILVA, O. R. R. F.

Caracterização Química e Estrutural de Fibra de Sisal da Variedade Agave Sisalana.

Polímeros: Ciência e Tecnologia, vol. 19, n. 1, p. 40-46, 2009.

MISHNAEVSKY JUNIOR, L.; BRØNDSTED, P. Micromechanical modeling of damage

and fracture of unidirectional fiber reinforced composites: A review. Computational

Materials Science. Vol. 44, p. 1351–1359, 2009.

MISHNAEVSKY JUNIOR, L.; BRØNDSTED, P. Micromechanisms of damage in

unidirectional fiber reinforced composites: 3D computational analysis. Composites

Science and Technology, Vol. 69, p. 1036 – 1044, 2009.

MISHRA, S.; NAIK, J. B. Absorption of Steam and Water at Ambient Temperature in

Wood Polymer Composites Prepared from Agro-Waste and Novolac. Journal of

Applied Polymer Science, Vol. 68, p. 1417–1421, 1998.

MISHRA, S.; NAIK, J.B.; PATIL, Y.P. The compatibilising efect of maleic anhydride on

swelling and mechanical properties of plant-fiber-reinforced novolac composites.

Composites Science and Technology, Vol. 60, p. 1729-1735, 2000.

MOHANTY, S.; NAYAK, S.K.; VERMA, S.K.; TRIPATHY, S. S. Journal of Reinforced

Plastics and Composites, Vol. 23, p. 625, 2004.

MONTGOMERY, D. C. Design and Analysis of Experiments. 5ª ed. United States of

America: Wiley, 2001. MUKHOPADHYAY, S.; FANGUEIRO, R.; SHIVANKAR, V. Variability of Tensile

Properties of Fibers from Pseudostem of Banana Plant. Textile Research Journal,

vol. 79(5), p. 387–393, 2009.

NABI SAHEB, D.; JOG, J. P. Natural Fiber Polymer Composites: A Review. Advances

in Polymer Technology, Vol. 18, No. 4, p. 351–363, 1999.

150150150

NAIK, J.; MISHRA, B. S. Esterification Effect of Maleic Anhydride on Swelling Properties

of Natural Fiber/High Density Polyethylene Composites. Journal of Applied Polymer

Science, Vol. 106, p. 2571–2574, 2007.

NOGUEIRA, C. L.; MARLET, J. M. F.; REZENDE, M. C. Processo de Obtenção de Pré-

impregnados Poliméricos Termoplásticos Via Moldagem por Compressão a Quente.

Polímeros: Ciência e Tecnologia, p. 18-27, 1999.

PAIVA, J. M. F.; FROLLINI, E. Unmodified and Modified Surface Sisal Fibers as

Reinforcement of Phenolic and Lignophenolic Matrices Composites: Thermal Analyses

of Fibers and Composites. Macromolecular Materials Engineering. Vol. 291, p. 405–

417, 2006. PANZERA, T. H. Desenvolvimento de um material compósito cerâmico para

aplicação em mancais porosos. 2007, 193 p. Tese (Doutorado). Programa de Pós-

graduação em Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Minas Gerais,

Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte - MG.

PANZERA, T. H. Estudo do comportamento mecânico de um compósito

particulado de matriz polimérica. 2003. Dissertação (mestrado). Universidade

Federal de Minas Gerais. Escola de Engenharia. Programa de pós-graduação em

Engenharia Mecânica.

PARDINI, L. C.; PERES, R. J. C. Tecnologia de Fabricação de Pré-Impregnados para

Compósitos Estruturais Utilizados na Indústria Aeronáutica. Polímeros: Ciência e

Tecnologia, p. 32-42, 1996.

PARK, J. M.; QUANG, S. T.; HWANG, B. S.; DEVRIES, K. L. Interfacial evaluation of

modified Jute and Hemp fibers/polypropylene (PP)-maleic anhydride polypropylene

copolymers (PP-MAPP) composites using micromechanical technique and

nondestructive acoustic emission. Composites Science and Technology, Vol. 66, p.

2686–2699, 2006. PASSOS, P. R. A. Destinação sustentável de cascas de coco (cocos nucifera)

verde: obtenção de telhas e chapas de partículas. 2005. Tese de doutorado.

151151151

Universidade Federal do Rio de Janeiro. Programa de pós-graduação de engenharia.

Rio de Janeiro, RJ.

PAUL, A.; JOSEPH, K.; THOMAS, S. Effect of Surface Treatments on the Electrical

Properties of Low-Density Polyethylene Composites Reinforced with Short Sisal Fibers.

Composites Science and Technology, vol. 51, p. 67-79, 1997.

PEREIRA, J. C. Curso de projeto estrutural com materiais compósitos. 126p. 2003.

Apostila de curso. Universidade Federal de Santa Catarina.

POTHAN, L. A.; CHERIAN, B. M.; ANANDAKUTTY, B.; THOMAS, S. Effect of Layering

Pattern on the Water Absorption Behavior of Banana Glass Hybrid Composites.

Journal of Applied Polymer Science, Vol. 105, p. 2540–2548, 2007.

POTHAN, L. A.; NEELAKANTAN, N. R.; RAO, B.; THOMAS, S. Stress Relaxation

Behavior of Banana Fiber-reinforced Polyester Composites. Journal of Reinforced

Plastics and Composites, vol. 23, n. 2, p. 153 – 165, 2004.

POTHAN, L. A.; OOMMEN, Z.; THOMAS, S. Dynamic mechanical analysis of banana

fiber reinforced polyester composites. Composites Science and Technology, vol. 63,

p. 283–293, 2003.

POTHAN, L. A.; SIMON, F.; SPANGE, S.; THOMAS, S. XPS Studies of Chemically

Modified Banana Fibers. Biomacromolecules, vol. 7, n. 3, p. 892-898, 2006. POTHAN, L. A.; THOMAS, S.; GROENINCKX, G. The role of fibre/matrix interactions

on the dynamic mechanical properties of chemically modified banana fibre/polyester

composites. Composites: Part A, vol. 37, p. 1260–1269, 2006.

Pultrusão. Disponível em: <http://www.fibercenter.com.br/Processos/Pultrusão

Fiber.pdf>. Acesso em: 27/09/2010. RONG, M. Z.; ZHANG, M. Q.; LIU, Y.; YANG, G. C.; ZENG, M. H. The effect of fiber

treatment on the mechanical properties of unidirectional Sisal-reinforced epoxy

composites. Composites Science and Technology, Vol. 61, p. 1437–1447, 2001.

ROSSELL, S. M. Fluid Flow Modeling of Resin Transfer Molding for Composite

Material Wind Turbine Blade Structures. Montana State University-Bozeman, 2004.

152152152

ROSSO, P.; YE L.; FRIEDRICH, K.; SPRENGER, S. A Toughened Epoxy Resin by

Silica Nanoparticle Reinforcement. Journal of Applied Polymer Science, Vol. 100, p.

1849–1855, 2006.

RTM LIGHT “Resin Transfer Molding”- Assistida por vácuo. Disponível em:

<http://www.fibercenter.com.br/Processos/RTM LIGHT.pdf>. Acesso em: 14/09/2010.

SALAZAR, V. L. P.; LEÃO, A. L. Biodegradação das fibras de coco e de Sisal aplicadas

na indústria automotiva. Energia e Agricultura, Vol. 21, n. 2, p. 99-133, 2006.

SALIBA, J. E. Use of Finite Element in Micromechanics of Natural Composites.

Computers & Structures, Vol. 61, n. 3, 415-420, 1996.

SAPUAN, S. M; MALEQUE, M. A. Design and fabrication of natural woven fabric

reinforced epoxy composite for household telephone stand. Materials and Design, Vol.

26, p. 65–7i, 2005. SHAIKH, A. A.; CHANNIWALA, S. A. Experimental and Analytical Investigation of Jute

Polyester Composite for Long Continuous Fiber Reinforcement. Journal of Reinforced

Plastics and Composites, Vol. 25, n. 8, p. 863 – 873, 2006.

SILVA, C. A. Vegetable fibers: a possibility for industrial design of products. In:

Eccomas Thematic Conference on Mechanical Response of Composites. September

2007, Porto, Portugal. SILVA, F. A.; CHAWLA, N.; FILHO, R. D. T. Tensile behavior of high performance

natural (Sisal) fibers. Composites Science and Technology, Vol. 68, p. 3438–3443,

2008. SILVA, R. V. Compósito de resina poliuretana derivada de óleo de mamona e

fibras vegetais. 2003, 139p. Tese (Doutorado) - Escola de Engenharia de São Carlos,

Universidade de São Paulo, São Carlos.

Sisal. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sisal - Consultado em 12/03/10. SOFFNER, M. L. A. P. Produção de polpa de celulose a partir do engaço de

bananeira. 56p. 2001. Dissertação (mestrado). Escola Superior de Agricultura “Luiz de

Queiroz”. Universidade de São Paulo. Piracicaba – SP.

153153153

SOLEIMANI, M.; TABIL, L.; PANIGRAHI, S.; OPOKU, A. The effect of fiber

pretreatment and compatibilizer on mechanical and physical properties of flax fiber-

polypropylene composites. Journal of Polymers and the Environment, v.16, p. 74–82,

2008. SOMBATSOMPOP, N.; YOTINWATTANAKUMTORN, C.; THONGPIN, C. Influence of

type and concentration of maleic anhydride grafted polypropylene and impact modifiers

on mechanical properties of PP/Wood sawdust composites. Journal of Applied

Polymer Science, v. 97, p. 475–484, 2005.

SUBRAMANIYAN, A. K.; SUN, C.T. Enhancing compressive strength of unidirectional

polymeric composites using nanoclay. Composites: Part A, Vol. 37, p. 2257–2268,

2006. SUDDELL, B.C.. A Survey into the application of natural fibre composites in the

automotive industry. In: International Symposium on Natural Polymers and Composites,

4. 2002, São Pedro. Anais... São Carlos: USP, p. 455-460. TITA, V. Análise dinâmica teórica e experimental de vigas fabricadas a partir de

materiais compósitos poliméricos reforçados. 1999, 155p. Dissertação (Mestrado).

Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo. São Carlos - SP.

TOWO, A. N.; ANSELL, M. P. Fatigue evaluation and dynamic mechanical thermal

analysis of Sisal fibre–thermosetting resin composites. Composites Science and

Technology, vol. 68, p. 925–932, 2008.

TSAI, J.; CHENG, Y. Investigating Silica Nanoparticle Effect on Dynamic and Quasi-

static Compressive Strengths of Glass Fiber/Epoxy Nanocomposites. Journal of

Composite Materials, Vol. 43, n. 25, 2009.

TSERKI, V.; ZAFEIROPOULOS, N. E.; SIMON, F.; PANAYIOTOU, C. Composites,

Part A, 36, p.1110, 2005.

VIRK, A. S.; SUMMERSCALES, J.; HALL, W.; GROVE, S.M.; MILES, M.E. Design,

manufacture, mechanical testing and numerical modeling of an asymmetric composite

crossbow limb. Composites: Part B, Vol. 40, p. 249–257, 2009.

154154154

WERKEMA, M. C. C.; AGUIAR, S. Planejamento e Análise de Experimentos: Como

identificar as principais variáveis influentes em um processo. Belo Horizonte:

Fundação Christiano Ottoni, 1996

WIMMER, G.; SCHUECKER, C., PETTERMANN, H.E. Numerical simulation of

delamination in laminated composite components – A combination of a strength

criterion and fracture mechanics. Composites: Part B, Vol. 40, p. 158–165, 2009.

YASMIN, A.; ABOT, J. L.; DANIEL, I. M. Processing of clay/epoxy nanocomposites by

shear mixing. Scripta Materialia, Vol. 49, p. 81–86, 2003.