leituras no percurso escolar : um olhar sobre o pré-escolar
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UIPCDE - Unidade de Investigação em Psicologia Cognitiva do Desenvolvimento e da Educação
Leituras no Percurso Escolar – Um olhar sobre o Pré-escolar.
Lourdes Mata [email protected];
IV Encontro das Bibliotecas Escolares de Oeiras – Leituras no Percurso Escolar, Outubro 2007
INTRODUÇÃO – Literacia Emergente
Valorização das concepções emergentes de literacia.
O que se entende por literacia emergente?
Alguns trabalhos têm mostrado a importância destas concepções precoces, sobre o processo de aprendizagem e as atitudes que se desenvolvem face à leitura e à escrita
Resultados em Leitura
Funcionalidade
Conceptualizações
Convenções Alves Martins, 1996
Início da escolaridade Final do 1º ano
Concepções Precoces e suas Implicações
Atribuição de significAdo à escritA
Concepções Precoces e suas Implicações
Atribuição de significAdo à escritA
Concepções Precoces e suas Implicações
cArActerísticAs do Acto de leiturA
Existência de um suporte de escrita
Olhar, movimento dos lábios,mensagem oral
Concepções Precoces e suas Implicações
critérios pArA o que se pode ou não ler
Simbologia, quantidade de caracteres utilizados, variedade nos símbolos utilizados
Acho que não. Acho que tem aqui uns que são números.
M847LT9Sim. Porque tem muitas letras e não são iguais.
TOBAE
Pode. Não está nada errado.PJEROLISim. Não tem letras iguais e não é muito pequena.
OTB
Não. Porque tem coisas erradas.Não. Só tem duas letrasCE
Sim. Porque é grande e não tem nada que esteja errado.
GFOBEIASLMANão. Porque tem muitas iguais.
BABAB
Não. Porque tem coisas de cartas. Não. Porque tem duas iguais.CECE
Não. Não está nada de escrever.Pode. Porque há mais letras.TO
Não Porque tem coisas que não é de escrever.
Não. Porque tem letras repetidas.
CCCC
Não. Porque não está coisas certas.
M ANão. Porque só tem duas letras.
EE
Não. Porque tem coisas que não é de escrever.
Não. Porque só está uma letra.B
Mariana, 5 anos
Concepções Precoces e suas Implicações
critérios pArA o que se pode ou não ler
Concepções Precoces e suas Implicações
estrAtégiAs diversificAdAs
Vanessa
‘Um macaco com uma banana’
Sofia
‘Macaco’ porque aqui está um macaco
Luisa
‘Ma-ca-co’- fazendo correspondência com as 3 primeiras letras. ‘O resto não sei
Filipa
‘Ba... banana’ porque aqui está um macaco e uma banana e o macaco não começa por B. Banana começa por B e acaba por A.
MACACO
Concepções Precoces e suas Implicações
estrAtégiAs diversificAdAs
Sofia
‘Coelho’, ‘cenoura’ porque aqui está um coelho e uma cenoura.
Luisa
‘Co-e-lhi-nho’- fazendo correspondência com as 4 primeiras letras. ‘O resto não sei
Filipa
‘Aqui é ‘O’ e aqui deve ser coelho porque tem um C. O resto não sei.
Vanessa
‘Um coelho e com uma cenoura’
O coelho é guloso
Concepções Precoces e suas Implicações
sentimentos positivos fAce à leiturA
Concepções Precoces e suas Implicações
motivAções pArA A leiturA
• Desde muito cedo se desenvolvem atitudes e motivações face à leitura e escrita
• As motivações são multifacetadas
• Inicialmente são elevadas
• Com o desenvolvimento vão-se tornando mais complexas
• Decréscimo dos níveis motivacionais ao longo da escolaridade
Concepções Precoces e suas Implicações
motivAções pArA A leiturA
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
Autoconceito Prazer Valor Motivação
Concepções Precoces e suas Implicações
motivAções pArA A leiturA
Dimensões Estudos
A N O
Curiosidade
Competição
Autoconceito/ Eficácia
Reconheci mento
Razões Sociais
Valor Prazer
Mata, Alves Martins &
Formosinho, 2002
JI /
1º
Monteiro & Mata, 2002
1º
ao
4º
Monteiro & Mata, 2002
5º ao 9º
Concepções Precoces e suas Implicações
envolvimento com A leiturA
‘Pequenos leitores envolvidos’
Iniciativa e curiosidade
Exploram e interpretam o escrito
Interagem socialmente em torno da leitura
Hábitos e rotinas de leitura
Leitura de histórias
Concepções Precoces e suas Implicações
Wells (1988) Ouvir histórias
Conhecimentos de literacia aos 5 anos
Compreensão leitora aos 7 anos
Sénéchal e LeFévre (2002) Leitura de histórias
Vocabulário aos 5 anos
Níveis de leitura no 3º ano
Impacto da leitura de histórias no desenvolvimento das crianças.
MÉTODO - Participantes
Estudo 1 - 450 crianças e 351 pais.
Estudo 2 – 44 crianças e 44 pais
Estudo 3 - 90 crianças
No total dos estudos participaram 584 crianças e 395 pais.
MÉTODO - Instrumentos
Pais
• Questionário de caracterização (tempo, idade de início e frequência).
• Conhecimento de literatura para a infância (medida indirecta)(Listagem de autores e listagem de títulos – 30 verdadeiros e 10 falsos
misturados
1. Um ladrão debaixo da cama __________ ____ 2. O foguetão encarnado ____________________ 3. Galinha ruiva ______________________ 4. Bolinha vai à escola_____________________ 5. A galinha ensonada _____________________ 6. Uma nuvem entre telhados ___________ ____ 7. Ursos sobre rodas____ ______________ ____ 8. O Coelhinho branco______ __________ ____ 9. A porquinha asseada ____________________
MÉTODO - Instrumentos
Crianças
Caracterização das Conceptualizações – ‘escrita inventada’
Conhecimento da Funcionalidade da Linguagem Escrita
Entrevista e Pranchas
Conhecimento de literatura para a infância
Personagem Título Conteúdo
RESULTADOS – Estudo 1
Leitura de Histórias na Família
2,217,9
22,7
24,9
24,4
7,9
<10' 10' a 20' 20' a 40' 40' a 60' 1h a 2h + 2h
Tempo médio semanal – idade pré-escolar
RESULTADOS – Estudo 1
Leitura de Histórias na Família
Idade de Início
28,2
28,4
114,1 0,7
27,7
0-12meses 1 ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos
RESULTADOS – Estudo 1
Conhecimentos emergentes de
literacia
Tempo
Idade de Início
Quantidade de Livros
Literatura Infância
HÁBITOS
RESULTADOS – Estudo 2
Nº Livros
Literatura Infância (pais)
Conhecimento de Histórias - Filhos Vocabulário
Estudo 2 - Mata & Matos 2005
Frequência Leitura
RESULTADOS – Estudo 3
Funcionalidade
Conhecimento de Histórias - Filhos
Conceptualizações
Literacia Emergente
Concepções Precoces e suas Implicações
Podemos concluir sobre a efectiva relação entre hábitos de leitura de histórias e emergência da literacia nas crianças.
Esta relação é não só evidente ao nível das conceptualizações das crianças sobre a linguagem escrita, mas também sobre outros aspectos como as suas características motivacionais e a sua percepção sobre a funcionalidade da linguagem escrita.
Assim os benefícios da leitura de histórias, podem ir muito além do apontado por alguns autores enquanto actividade lúdica no desenvolvimento da criatividade, do prazer e até na construção da identidade da criança e nas relações entre os elementos da família.
Hábitos de leitura
Motivação
Motivação
Motivação
Motivação
Hábitos
Hábitos
Hábitos
Hábitos
Literacia emergente
Resultados
Resultados
Resultados
Resultados
Pré-escolar
1º e 2º ano
6º ao 9º ano
10º ano
Considerações Finais
Se considerarmos:
• que os hábitos e o prazer pela leitura podem ser desenvolvidos desde muito cedo
• que estes hábitos desenvolvidos precocemente têm impacto em fases posteriores.
• que os hábitos de leitura e a motivação, estão significativamente associados com os resultados na aprendizagem.
Então desde cedo podemos e devemos contribuir significativamente para a promoção de práticas de leitura de histórias frequentes e participadas que promovam o prazer e o valor da leitura.
Considerações Finais
Importante:
• Criar oportunidades para ouvir leitura fluente
•Criar oportunidades para explorar o livro e a leitura
• Proporcionar modelos de leitores envolvidos.
Deste modo:
Desenvolve-se a curiosidade pelos livros e a leitura
Desenvolvem-se conceitos sobre a escrita e a leitura
Desenvolvem-se atitudes positivas e motivações diversificadas face à leitura.
Considerações Finais
Oportunidades
Reconhecimento
Interacções
Modelos
Hannon, 1995
Se tivermos presentes estes quatro eixos conseguimos contribuir significativamente para o
Desenvolvimento das leituras no percurso escolar mesmo ainda no pré-escolar