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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE NUTRIÇÃO DEPARTAMENTO DE ALIMENTOS E NUTRIÇÃO CURSO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS LEONARDO DE OLIVEIRA SANTOS ALTERNATIVAS PARA REDUÇÃO DE CLORETO DE SÓDIO EM HAMBÚRGUER Cuiabá - MT Agosto / 2014

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Page 1: LEONARDO DE OLIVEIRA SANTOS...O cloreto de sódio (NaCl) em alimentos vem sendo utilizado com tanta frequência, que esse composto passou a ser chamado de sal de cozinha destacando-se

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE NUTRIÇÃO

DEPARTAMENTO DE ALIMENTOS E NUTRIÇÃO

CURSO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS

LEONARDO DE OLIVEIRA SANTOS

ALTERNATIVAS PARA REDUÇÃO DE CLORETO DE SÓDIO EM HAMBÚRGUER

Cuiabá - MT

Agosto / 2014

Page 2: LEONARDO DE OLIVEIRA SANTOS...O cloreto de sódio (NaCl) em alimentos vem sendo utilizado com tanta frequência, que esse composto passou a ser chamado de sal de cozinha destacando-se

LEONARDO DE OLIVEIRA SANTOS

ALTERNATIVAS PARA REDUÇÃO DE CLORETO DE SÓDIO EM HAMBÚRGUER

Trabalho de Conclusão de Curso apresentando ao

Curso de Ciência e Tecnologia de Alimentos da

Faculdade de Nutrição da Universidade Federal de

Mato Grosso como requisito parcial para obtenção

do título de Bacharel em Ciência e Tecnologia de

Alimentos.

Orientadora: Prof. Dra. Cleise Sigarini

Cuiabá – MT

Agosto / 2014

Page 3: LEONARDO DE OLIVEIRA SANTOS...O cloreto de sódio (NaCl) em alimentos vem sendo utilizado com tanta frequência, que esse composto passou a ser chamado de sal de cozinha destacando-se

LEONARDO DE OLIVEIRA SANTOS

ALTERNATIVAS PARA REDUÇÃO DE CLORETO DE SÓDIO EM HAMBÚRGUER

Trabalho de Conclusão de Curso apresentando ao

Curso de Ciência e Tecnologia de Alimentos da

Faculdade de Nutrição da Universidade Federal de

Mato Grosso como requisito parcial para obtenção

do título de Bacharel em Ciência e Tecnologia de

Alimentos.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dra. Cleise Sigarini

Universidade Federal de Mato Grosso

Prof. Msc. Wanessa Costa Silva Faria

Universidade Federal de Mato Grosso

Prof. Msc. Mendalli Froelich

Universidade Federal de Mato Grosso

Cuiabá (MT), 06 de agosto de 2014.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter me concedido sabedoria e força para realizar este sonho.

À minha família, por estar sempre presente, dando apoio, incentivo e carinho.

À Universidade Federal de Mato Grosso e à Faculdade de Nutrição.

À minha orientadora, Profª Drª Cleise Sigarini, por compartilhar seus conhecimentos, por

incentivar e acreditar no meu trabalho, pelo exemplo profissional e pessoal.

Aos professores e funcionários do Departamento de Alimentos e Nutrição que de alguma

forma participaram da realização deste trabalho.

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A felicidade não está em viver, mas em saber viver.

Não vive mais o que mais vive, mas o que melhor

vive.

(Mahatma Gandhi)

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SANTOS, Leonardo de Oliveira. Alternativas para Redução de Cloreto de Sódio em

Hambúrguer. (38 fls). Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Ciência e

Tecnologia de Alimentos) – Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá – MT, 2014.

RESUMO

A busca por alimentos que apresentem melhor perfil nutricional tem levado as indústrias de processamento de produtos cárneos a rever suas formulações visando reduzir o teor de sódiopresente nos alimentos, uma vez que a ingestão excessiva de sódio vem sendo associado ao desenvolvimento de doenças como, hipertensão e doenças cardiovasculares. No entanto, as indústrias se deparam com um grande desafio ao reformular estes produtos, e manter as características de segurança, estabilidade, sabor e demais atributos característicos em produtos cárneos. Neste contexto, o objetivo do estudo foi fazer um levantamento bibliográfico das alternativas para redução do teor de cloreto de sódio (NaCl) em hambúrguer, uma vez que o mesmo tornou-se opção crescente entre a população em virtude da maior praticidade e menor tempo de preparo em relação as refeições tradicionais. No entanto, tal reformulação pode levar a uma depreciação do sabor salgado, desenvolvimento de residual metálico, amargo e gosto adstringente, cores e texturas modificadas, mudanças na estabilidade microbiológica e vida útil. A literatura tem abordado estratégias para a redução de NaCl em produtos cárneos, como por exemplo: a redução dos níveis de NaCl adicionados, o uso de substitutos como sais de cloreto de potássio (KCl), cloreto de cálcio (CaCl2) e cloreto de magnésio (MgCl2), realçadores e/ou mascaradores de sabor, outros ingredientes como fosfatos, otimização da forma física do NaCl, novas técnicas de processamento ou modificações dos processos já utilizados e possíveis combinações entre as abordagens citadas.

Palavras-chaves: “sódio; substitutos; hambúrguer; hipertensão; doenças cardiovasculares”.

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SANTOS, Leonardo de Oliveira. Alternativas para Redução de Cloreto de Sódio em

Hambúrguer. (38 fls). Conclusion of course work (Bachelor Degree in Food Science and

Technology) – Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá - MT, 2014.

ABSTRACT

The search for food which has a better nutritional profile has made meat processing industries to review their product formulations to reduce the content of sodium in their food, since excessive sodium intake has been associated with the development of diseases such as, hypertension and cardiovascular diseases. However, industries have been facing with a major challenge to reformulate those products, and maintain the safety features, stability, flavor and other attributes characteristic in meat products. In this context, the target of the study was to review the literature of the alternatives to cut down on the content of sodium chloride (NaCl)in burger since it became a choice between increasing population due to greater convenience and less preparation time compared to traditional meals. Nevertheless, that reformulation can lead to a depreciation of the salty flavor, development of metallic residual bitter and astringent, like colors and modified textures, changes in microbiological stability and lifetime. The literature has discussed strategies for the reduction of NaCl in meat products, such as: the reduction of NaCl added, use of salt substitutes like potassium chloride (KCl), calcium chloride (CaCl2) chloride and magnesium (MgCl2) enhancers and / or taste masking, other ingredients such as phosphates, optimization of the physical form of the NaCl, new processing techniques, or modifications of the processes that have already been used and combinations of the approaches above.

Key-Word: “sodium; substitutes; hamburger; hypertension and cardiovascular diseases”.

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LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

ABIA - Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação

ANVISA -Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CaCl2- Cloreto de cálcio

CaCO3 - Carbonato de cálcio

Cl– - Íon de cloreto

CRA - Capacidade de retenção de água

FSA - Food Standards Agency

FSAI - Ireland´s Food Safety Autority

g – Grama

GMP - Guanilato dissódico

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IMP - Inosinato dissódico

KCl - Cloreto de Potássio

mg - Miligrama

MgCl2 - Cloreto de magnésio

MgCO3 - Carbonato de magnésio

MgSO4 - Sulfato de magnésio

MS - Ministério da Saúde

MSG - Glutamato monossódico

Na - Sódio

Na+ - Íon de sódio

NaCl - Cloreto de sódio

OMS - Organização Mundial da Saúde

pH - Potencial de hidrogênio

POF - Pesquisa de Orçamentos Familiares

RDC - Resolução da Diretoria Colegiada

TACO - Tabela Brasileira de Composição de Alimentos

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................ 10

2 OBJETIVOS................................................................................................................. 13

2.1 Objetivo Geral ....................................................................................................... 13

2.2 Objetivo Específicos .............................................................................................. 13

3 REVISÃO DE BIBLIOGRAFIA .................................................................................. 14

3.1 Consumo de alimentos industrializados.................................................................. 14

3.2 Aumento no consumo de sal e suas consequências ................................................. 14

3.3 Hambúrguer........................................................................................................... 16

3.4 Ingredientes das formulações e suas funções.......................................................... 16

3.5 Funções tecnológicas do cloreto de sódio nas propriedades sensoriais dos produtos cárneos ............................................................................................................................. 18

3.6 Efeito do sal na textura dos produtos cárneos ......................................................... 19

3.7 Funções tecnológicas do sal na vida de prateleira dos produtos cárneos ................. 20

3.8 Principais substitutos de cloreto de sódio em produtos cárneos .............................. 22

3.9 Estudos de substituição ou redução de cloreto de sódio em produtos cárneos ......... 26

4 CONCLUSÃO.............................................................................................................. 29

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................... 30

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1 INTRODUÇÃO

O cloreto de sódio (NaCl) em alimentos vem sendo utilizado com tanta frequência,

que esse composto passou a ser chamado de sal de cozinha destacando-se por inúmeras

aplicações tecnológicas (GARCIA, BOLOGNESI, SHIMOKOMAKI, 2013). O sódio (Na)

constitui a menor fração (23g) da massa molecular do NaCl (58,5g), este íon é o principal

responsável por despertar preocupação dos consumidores, principalmente de produtos

industrializados devido aos efeitos prejudiciais à saúde que acompanham seu consumo

excessivo (LESSA1, 2010 apud GARCIA, BOLOGNESI, SHIMOKOMAKI, 2013).

A definição de sal para consumo humano, segundo a Agência Nacional de Vigilância

Sanitária (ANVISA), refere-se ao “cloreto de sódio cristalizado extraído de fontes naturais,

adicionado obrigatoriamente de iodo”. O produto deve apresentar-se sob a forma de cristais

brancos, com granulação uniforme, ser inodoro e ter sabor salino-salgado próprio. Além

disso, não pode apresentar sujidades, microrganismos patogênicos ou outras impurezas.

Podem ser adicionados ao sal aditivos, como minerais (antiumectantes), desde que nos limites

estabelecidos pela legislação (BRASIL, 1975).

A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística – IBGE, avaliou o consumo alimentar individual dentro e fora do domicílio, o que

permitiu conhecer a ingestão habitual de alimentos, de valor energético e de nutrientes da

população brasileira. Os dados obtidos entre 2008 e 2009, demostram que 83% dos meninos

de 10 a 13 anos das áreas urbanas consomem sódio acima do nível máximo de ingestão

tolerável de 2.200mg em comparação aos 76% das áreas rurais. Para a faixa etária de 19 a 59

anos, a proporção de indivíduos com ingestão de sódio acima de 2.300mg permaneceu

elevada em ambos os sexos, acima de 85% e de 70% nas áreas urbanas e acima de 85% e de

65% nas áreas rurais entre homens e mulheres, respectivamente.

A elevada concentração de sódio na dieta está relacionada ao desenvolvimento de

doenças cardiovasculares e aumento a hipertensão arterial representando importante fator de

risco, que é considerado um problema de saúde pública por sua magnitude e dificuldade no

1 LESSA, I. Hipertensão arterial sistêmica no Brasil: tendência temporal. Cadernos de Saúde Pública, v. 26, n. 8, p. 1470- 1471, 2010.

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seu controle (LAW2et al., 1991 apud BARBOSA, 2009). Segundo Desmond (2006), o

consumo de sódio ultrapassou em aproximadamente três vezes o valor diário recomendado

pelas autoridades de saúde pública e órgãos regulatórios.

Segundo o Informe Técnico No 50/2012 da ANVISA, os grupos de alimentos mais

consumidos pela população com maiores médias de consumo de energia (como biscoitos

recheados, salgadinhos industrializados, pizza e refrigerantes) também estão relacionados a

dietas com elevado consumo de gorduras saturadas, açúcar e sal, bem como de ingestão

insuficiente de fibras, refletindo um padrão inadequado de alimentação, que constitui fator de

risco para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis como doenças do

coração, obesidade, neoplasias, entre outras.

Com a mudança dos hábitos alimentares da população, onde as refeições tradicionais

foram sendo substituídas por refeições que proporcionam maior praticidade e rapidez. Foram

sendo introduzidos no mercado alimentos que reduzem o tempo de preparo e consumo destes

(LIMA&OLIVEIRA, 2005). A necessidade de se buscar refeições fora de casa, prontas para o

consumo, produzidas em grande escala e que fossem rápidas e baratas como os hambúrgueres,

tornou para população uma opção crescente as lanchonetes do tipo trailer localizados nas ruas,

assim como as redes de restaurantes fast food (Levrè et al., 2000; Tavares & Serafini, 2003;

Lima &Oliveira, 2005; Fattori et al., 2005).

Conforme a Legislação específica (BRASIL, 2000) o hambúrguer é um produto

cárneo industrializado obtido da carne moída dos animais de açougue, adicionado ou não de

tecido adiposo e ingredientes, moldado e submetido a processo tecnológico adequado. Deve

conter em sua formulação como ingrediente obrigatório carne e como ingredientes opcionais

gordura animal ou vegetal, água, sal, proteínas de origem animal e/ou vegetal, leite em pó,

açúcares, maltodextrina, aditivos intencionais, condimentos, aromas e especiarias, vegetais,

queijos e outros recheios.

Com o objetivo conscientizar a população sobre os prejuízos à saúde, a ANVISA por

meio da RDC 24/2010, regulamentou a promoção de informações à população sobre

alimentos que contém proporções elevadas de açúcar, gordura trans, sódio ou bebidas com

baixo teor nutricional. A referida resolução define alimento com elevada concentração de

sódio os produtos com quantidade igual ou superior a 400 mg de sódio por 100 g ou 100 mL

(BRASIL, 2010).

2 LAW, N.; FROST, C.; WALD, N. By how much does dietary salt reduction lower blood pressure. I – Analysis of observational data among populations. British Medical Journal, v. 302, p. 811 – 815, 1991.

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Segundo a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO), a cada 100g de

hambúrguer de bovino cru apresenta em média 869 mg de sódio, já o mesmo produto frito,

apresenta aproximadamente 1252 mg de sódio. O resultado das análises realizado pela

Pesquisa de Orçamentos Familiares em hambúrguer bovinos disponíveis no mercado,

apresentaram um teor médio de 701mg/100g com resultados variando entre 134mg até 1.120

mg. A diferença entre os produtos com maior e menor teor de sódio foi de 8,4 vezes.

Em 2008, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reduziu o limite de ingestão de sal

para 5g/dia/pessoa, ou seja (2g/dia/pessoa de sódio) que era anteriormente de 6g/dia/pessoa

estabelecido pela Food Standards Agency (FSA).

No entanto, a redução de cloreto de sódio na formulação de produtos industrializados,

normalmente é acompanhada do decréscimo de sabor salgado perceptível e flavor

(RUUSUNEN & PUOLLANNE, 2005). Para vencer este desafio atualmente, pode-se citar

alternativas como: diminuição da adição do cloreto de sódio ao produto; substituição total ou

parcial do cloreto de sódio por outros sais clorados (KCl, MgCl2 e CaCl2), substituição de

parte do cloreto de sódio por sais não clorados, como os fosfatos ou por modificação dos

processos ou por combinações dos itens acima (TERRELL3, 1983 apud HORITA, 2010).

Devido o papel do sódio no desenvolvimento da hipertensão quando consumido em

excesso, órgãos de saúde pública e autoridades regulatórias têm recomendado a redução do

consumo desse elemento mineral na dieta. Assim, para profissionais da área de alimentos é

um assunto de interesse que fornecerá subsídios para o desenvolvimento de novos produtos

que atendam às necessidades da população minimizando a possibilidade de desenvolvimentos

de doenças crônicas não transmissíveis.

3 TERRELL, R. N. Reducing the sodium content of processed meats. Food Technology, v.37, p.66−71, 1983.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

O presente trabalho tem como objetivo fazer uma revisão de literatura sobre

alternativas para redução dos teores de cloreto de sódio em produtos cárneos, com ênfase em

hambúrgueres.

2.2 Objetivos Específicos

Apresentar os principais substitutos o cloreto de sódio já utilizado em pesquisas com

produtos cárneos.

Apresentar as principais funções do cloreto de sódio dentro das formulações de

produtos cárneos, e o desafio que a indústria de alimentos enfrenta para reduzir o teor

de sódio nos alimentos.

Além disso, apontar os efeitos negativos que os substitutos do cloreto de sódio podem

conferir ao alimento e quais as alternativas para minimizar esses impactos.

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3 REVISÃO DE BIBLIOGRAFIA

3.1 Consumo de alimentos industrializados

Os produtos industrializados ocupam uma parcela cada vez maior do mercado de

alimentos, em função das mudanças culturais e econômicas determinadas pela vida

profissional, industrialização, profissionalização das mulheres e diminuição do tempo

disponível para a preparação de alimentos, levaram a substituição das refeições que

proporcionam maior praticidade e rapidez. Com isso foram sendo introduzidos no mercado

alimentos que reduzem o tempo de preparo e consumo destes (LIMA & OLIVEIRA, 2005).

Segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (ABIA) e do

Instituto de Pesquisa AC Nielsen, os alimentos que apresentaram maior crescimento de

vendas a partir de 1994 foram as preparações prontas para o consumo, as sopas desidratadas e

o macarrão instantâneo, demonstrando uma forte tendência à escolha de produtos mais

elaborados.

Com uma taxa de crescimento anual acima de 10%, os serviços de fast foods têm

levado ao aumento de 1,7kg/pessoa/ano para 5,4kg no consumo de alimentos preparados

(LEAL, 2010).

Assim, o aumento no consumo de alimentos industrializados, somado ao

sedentarismo, vem contribuindo para o agravamento do risco de desenvolvimento de diversas

doenças crônicas não transmissíveis de grande importância para a saúde pública nacional

(BERMUDEZ & TUCKER, 2003).

3.2 Aumento no consumo de sal e suas consequências

Há alguns anos a ingestão de sal era abaixo 0,25g ao dia, mas atualmente com o

aumento no consumo de alimentos processados que se tornou habito da população moderna o

consumo de sal vem aumentando consideravelmente, chegando a mais de 75% o consumo

proveniente de alimentos industrializados (EATON & KONNER, 1985).

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O sistema fisiológico do ser humano é programado geneticamente para um baixo

consumo de sal, abaixo 0,25g por dia, estudos recentes onde o consumo de sal está em torno

de 9 a 12g por dia, mostra que o sal passa pelo fígado e é excretado na urina, tendo como

consequência desse alto consumo, o aumento da pressão arterial, doenças cardiovasculares,

renais e o risco de desmineralização dos ossos (DE WARDENER & MACGREGOR, 2002).

Segundo He & Macgregor (2007), os estudos para evidenciar as possíveis causas da

hipertensão arterial e sua relação com o consumo de sal partem de estudos epidemiológicos,

em grupos isolados, tratamentos experimentais, estudos com animais e experimentos

genéticos.

Sabry (2007) considera que a hipertensão está entre as doenças mais crônicas,

constituindo-se um problema de saúde pública, atingindo aproximadamente um bilhão de

indivíduos no mundo. Para ser considerado hipertensão o valor da pressão sistólica deve ser

acima de 140mm Hg e a diastólica deve ser acima de 90 mmHg (CHEN et al., 2009).

Segundo Mackay (2007), cerca de 16 milhões de pessoas no mundo morrem de doenças

cardiovasculares, quase 8 milhões dessas mortes são atribuídas a hipertensão. A relação do

sódio com a doença hipertensiva é conhecida por muito tempo e aceita por quase todos os

órgãos oficiais, recomendando, inclusive, a diminuição do consumo de sal como medida

preventiva contra a hipertensão. Estudos apontam evidências que o alto consumo de sódio

pode contribuir no desenvolvimento de doenças como derrame, hipertrofia ventricular

esquerda, problemas renais e albuminuria, câncer no estômago, cálculo renal e

desmineralização dos ossos (WANDENER & MAC GREGOR, 2002).

Segundo Molina et al. (2003), o consumo médio de sal entre os brasileiros está em

torno de 12,6g, superando a recomendação estipulada pela Organização Mundial da Saúde, de

no máximo 5g por dia.

Dos produtos industrializados, a carne e os produtos cárneos representam a segunda

maior contribuição da ingestão de sódio na dieta com aproximadamente 20,8% do consumo

diário, a maior contribuição para a ingestão de sódio vem do consumo de produtos cárneos

industrializados (PHILIPS, 2003).

A adição de cloreto de sódio durante a elaboração dos produtos cárneos é a principal

fonte, outros ingredientes também contribuem para o aumento no teor de sódio na elaboração

como, o tripolifosfato de sódio contém 31,2% de sódio, nitrato de sódio (27,1%), ascorbato ou

eritorbato de sódio (11,6%), nitrito de sódio (33,2%), glutamato monossódico (13,6%),

mesmo sendo utilizados em pequenas quantidades (MAURER,1983). Já Breidenstein (1982),

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afirma que a adição de 2% de cloreto de sódio em produto cárneo, contribui com 79% de

sódio no produto final.

3.3 Hambúrguer

O hambúrguer teve origem na Alemanha, na cidade de Hamburgo. A partir da década

de 20 proliferou-se nos Estados Unidos, onde mais tarde nos anos 50 chegou ao Brasil

tornando-se um alimento popular depois que passou a ser produzido pela primeira rede de fast

food (NASCIMENTO4 et al., 2005 apud BOMDESPACHO, 2010).

Pelo Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Hambúrguer (BRASIL,

2000) “entende-se por hambúrguer o produto cárneo industrializado, obtido de carne moída

dos animais de açougue, adicionado ou não de tecido adiposo e ingredientes, moldado e

submetido a processo tecnológico adequado”. “Trata-se de produto cru, semi-frito, cozido,

frito, congelado ou resfriado” de acordo com sua classificação. São ingredientes obrigatórios

utilizados na confecção do hambúrguer apenas carnes de diferentes espécies de animais de

açougue. Sendo os opcionais: gordura animal, gordura vegetal, água, sal, proteínas de origem

animal e/ou vegetal, leite em pó, açúcares, malto dextrina, aditivos intencionais, condimentos,

aromas e especiarias, vegetais, queijos, outros recheios”.

Os hambúrgueres devem atender alguns parâmetros físicos e químicos: gordura

(máxima) 23,0%; proteína (mínimo) 15,0%; carboidratos totais 3,0%; teor de cálcio (máximo

base seca) 0,1% em produto cru e 0,45% em produto cozido, conferindo assim ao produto

características sensoriais próprias que envolvem textura, cor, sabor, odor específico do

alimento (BRASIL, 2000).

3.4 Ingredientes das formulações e suas funções

Conforme a Legislação específica (BRASIL, 2000) o hambúrguer tem como

ingrediente obrigatório carne e como ingredientes opcionais gordura animal ou vegetal, água,

sal, proteínas de origem animal e/ou vegetal, leite em pó, açúcares, maltodextrina, aditivos

intencionais, condimentos, aromas e especiarias, vegetais, queijos e outros recheios. A adição

4 NASCIMENTO, M. G. F.; OLIVEIRA, C. Z. F.; NASCIMENTO, E. R. Hambúrguer: evolução comercial e padrões microbiológicos. Bol. Centro Pesq. Process. Alim., v. 23, n. 1, p. 59-79, 2005.

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de tais ingredientes e a proporção utilizada por cada empresa é o que fornece as características

sensoriais únicas a cada marca. Para Pardi et al. (1996), devem ser adicionado também sal

(1%), glutamato monossódico (0,2%) e as especiarias, como páprica, pimenta-da-jamaica,

noz-moscada, alho e cebola.

O cloreto de sódio solubiliza as proteínas (actina e miosina), tornando-as disponível

como emulsificante (COSTA, 2004). Outros ingredientes adicionados ajudam a melhorar o

sabor, fatiabilidade e rendimento no cozimento.

A proteína de soja pode ser utilizada na formulação devido a sua capacidade de

retenção de água (CRA) e emulsificação da gordura, pois aumenta a estabilidade do produto

formando a liga ao reter os líquidos livre na massa (COSTA, 2004).

Outro ingrediente opcional frequentemente utilizado na formulação de hambúrguer é a

farinha de trigo, por aumentar a capacidade de retenção de água e emulsionar gordura.

Condimentos como alho, cebola, pimenta do reino atuam na promoção de sabor e aroma, além

de alguns possuir propriedades antioxidantes, emulsionantes além de inibir o efeito

enzimático das bactérias (CRUZ & PEREIRA5, 2010 apud ALMEIDA, 2011). A lubrificação

da massa cárnea ocorre pela adição da água, que também solubiliza as proteínas miofibrilares,

melhorando a emulsão e melhorando a textura e suculência do produto final (COSTA, 2004).

Um dos maiores desafios para as indústrias de produtos industrializados, é oferecer

produto de qualidade atendendo os requisitos nutricionais, visando alimentos de alto valor

protéico e baixos níveis de colesterol e cloreto de sódio (VITALI6, 1997 apud ALMEIDA,

2011). Por tanto, torna-se imprescindível o estudo das propriedades funcionais e os fatores

que podem influenciar a matéria-prima buscando a satisfação dos clientes e os bons resultados

econômicos (OLIVO7, 2001apud ALMEIDA, 2011).

5 CRUZ, P. B.; PEREIRA, C. A. M. Avaliação da presença de antimicrobianos naturais em condimentos industrializados. Rev. Simbio-Logias, São Carlos, v.3, n.5, p.1-7, 2010.

6 VITALI, A. A. Novas tendências em processamento de alimentos. Bol. da SBCTA: Campinas, SP, v.31, n.1, p.15-16, jan.-jun./1997.

7 OLIVO, R.; SHIMOKOMAKI, M. Carnes no caminho da pesquisa. Cocal do Sul: Imprimir, 2001, 155p.

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3.5 Funções tecnológicas do cloreto de sódio nas propriedades sensoriais dos

produtos cárneos

Um dos sentidos que permite o ser humano a diferenciar os gostos é o paladar, por

meio de botões gustativos agrupados que formam uma estrutura denominada de papila

gustativa que podem ser visualidades sobre a língua. As células dos botões gustativos

apresentam em sua superfície microvilosidades onde se encontram os receptores, que são

proteínas específicas para identificar diferentes gostos. Detectando gostos primários como

doce, salgado, ácidos, amargo e umami (SMITH & MARGOLSKEE).

A percepção do sabor salino é devido a presença dos íons Na+ e Cl– que promovem

melhora no sabor de produtos cárneos, além de possuir outra importante propriedade que é de

poder reduzir a percepção do sabor amargo (RUUSUNEN et al., 2005).

Bertino et al. (1982), afirmam que a quantidade de sal preferida por cada pessoal está

associada aos níveis habituais de consumo, onde um indivíduo que passa a seguir uma dieta

com baixo teor de sal durante um tempo, ele passa a ter preferência por produtos com baixo

teor de sal. Porém, se habituar com o consumo reduzido de sal não é uma tarefa fácil, já que

as pessoas se adaptam rapidamente ao gosto salgado.

Um dos problemas detectados com produtos cárneos com baixo teor de sal é que além

de ser perceptível o decréscimo do sabor salgado, ocorrer simultaneamente um decréscimo de

outros sabores característicos (RUUSUNEN & PUOLANNE, 2005). Alguns estudos

comprovam que o percentual de gordura de um produto cárneo pode interferir a percepção de

salinidade proporcionada pelo cloreto de sódio, quanto menor for o teor de gordura, mais se

sobre sai o sabor salgado (MATULIS8et al., 1995 apud SANTOS, 2011).

A utilização do cloreto de potássio por cloreto de sódio é limitado em função do sabor

amargo que este proporciona. Por isso, vários compostos inibidores do sabor amargo têm sido

recomendados para ser adicionados (HAGA9et al., 1984 apud HORITA, 2010). Quando esses

compostos são misturados ocorre interferência nas células receptores gustativas e o sabor

amargo é mascarado (BRESLIN & BEAUCHAMP, 1995).

8 MATULIS, R. J.; MCKEITH, F. K.; SUTHERLAND, J. W.; BREWER, M. S. Sensory characteristics of frankfurters as affected by fat, salt and pH. Journal of Food Science, v.60, n.1, p.42–47, 1995.

9 HAGA, F.; KOMINE, H., KONDO, E.; KUWANO, N. Study on effect of seasoning with potassium salts by sensory test. Japanese Journal of Nutrition, v.42, n.2, p.225-324. 1984.

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19

3.6 Efeito do sal na textura dos produtos cárneos

A solubilização das proteínas miofibrilares da carne é uma das principais funções que

o sal desempenha quando adicionado em produtos cárneos. Apesar de ser insolúvel em baixa

concentração de sal, a actina e a miosina são solúveis em altas concentrações. Sendo essa

umas das principais características pretendida na textura de produtos cárneos (MATTEWS &

STRONG, 2005).

A extração das proteínas miofibrilares aumenta a CRA, influenciando diretamente a

textura do produto. Para a formação do gel para o cozimento, ocorre uma melhora nas

propriedades de ligação de água e gordura dos produtos cárneos. As perdas durante o

cozimento podem ser diminuídas conferindo maciez e suculência ao produto quando ocorre o

aumento na CRA (DESMOND, 2006).

Assim, o sal é essencial para a formação da textura dos produtos cárneos devido os

seus efeitos de retenção de gordura e água, em emulsões de carne a proteínas solubilizadas na

fase continua forma uma película nos glóbulos de gordura, retendo a água durante o

cozimento (MONAHAN & TROY, 1997).

Ham (1972), explicou a propriedade de ligação do cloreto de sódio com água, onde

propôs que os íons cloreto se ligam preferencialmente às moléculas de proteínas, ocorrendo

uma repulsão entre cargas negativas e promovendo um “swelling” (entumescimento) dos

miofilamentos e os íons sódio formam uma densa camada iônica em torno dos filamentos.

Whiting (1984), concluiu que emulsões elaboradas com um nível reduzido de sal

(menor que 2%) têm redução na capacidade de retenção de água. A força de gel decresce

gradualmente quando o sal é reduzido de 3,5% para 1,5% e ocorre liberação de gordura em

emulsões com menos de 1% de sal.

Offer & Knight (1988), concluíram que, após a cominuição, as miofibrilas são

expostas a muitas associações com outras moléculas, especialmente na presença de fosfatos.

Em produtos emulsionados, pode ocorrer a ligação direta do sal, água e fosfatos aos

miofilamentos em toda extensão da massa (PUOLANNE et al., 2001).

Vadehra et al. (1973), estudaram várias concentrações de sal na capacidade de

retenção de água em pedaços de frango. Com o aumento na concentração de sal, as perdas no

cozimento diminuem e 2% de sal é um ótimo nível, demostrando assim o efeito benéfico do

cloreto de sódio na capacidade de ligação entre os pedaços de carne.

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3.7 Funções tecnológicas do sal na vida de prateleira dos produtos cárneos

A utilização do sal para preservar os alimentos antecede a utilização de outros meios

disponíveis atualmente como a refrigeração e embalagens. Apesar de outros métodos indicar

que o teor de sal pode ser reduzido, o sal ainda é considerado como um componente essencial

na preservação de produtos cárneos curados (MATTEWS & STRONG, 2005). Apenas reduzir

a utilização do cloreto de sódio nos produtos sem associar ao uso de outros meios, pode

significar redução da vida de prateleira do produto (SOFOS10, 1984 apud HORITA, 2010).

Conforme pode ser observado em estudo realizado por Whiting et al. (1984), conclui-

se que ao reduzir o sal de 60% para 1,5% ocorreu um rápido aumento na microbiana natural

de produtos emulsionados tipo frankfurters. Em experimento realizado por Terrell (1983),

reduzindo o nível de sal de 50% para 1,25% em carne de suíno, houve um aumento no

crescimento de Lactobacillus spp.

Segundo Jay (2005), o cloreto de sódio presente no alimento promove um grande

efeito antimicrobiano, através da redução da atividade de água do meio, plasmólise da célula

bacteriana devido ao diferencial osmótico e morte da célula por perda de fluídos celulares.

Deste modo, a adição de cloreto de sódio favorece as condições de crescimento de

microrganismos gram-positivos e inibe gram-negativas (Salmonella ssp. e Escherichia coli),

podendo ser tóxico para algumas bactérias por criar um desequilíbrio eletrolítico dentro da

célula bacteriana (LÜCKE11, 1998 apud SANTOS, 2011).

Shelef & Seiter (1993), afirma que o cloreto de sódio ainda apresenta outros

mecanismos de inibição para o desenvolvimento microbiológico, como limitar a solubilidade

da célula microbiana, alteração de pH, toxicidade do sódio e dos íons cloreto e interferência

nas enzimas celulares.

Já em embalagens a vácuo o sal tem um importante papel que é dificultar a

proliferação do Clostridium botulinum e estender a vida de prateleira do produto. Em

produtos refrigerados o sal ajuda a prevenir o desenvolvimento da Listeria monocytogenes

outro patógeno de extrema importância em saúde pública (MATTEWS & STRONG, 2005).

10 SOFOS, J.N. Antimicrobial effects of sodium and others ions in foods: a review, Journal of Food Safety, v. 6, p. 45-78, 1984.

11 LUCKE, F. K. Fermented sausages. In B.J.B. Wood, Micro- biology of fermented foods, London: Blackie Academic and Professional, 2ª ed., pp. 441- 483, 1998.

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Gelabert et al. (2003), encontraram baixas contagens de microrganismos patogênicos

como Listeria monocytogenes, Clostridium sulfito redutores e Staphylococcus aureus, em

estudo que avaliou o efeito da substituição de 40% do cloreto de sódio por cloreto de potássio,

lactato de potássio e glicina em embutidos fermentados e em lombo suíno seco-curado.

Em alguns produtos onde o cloreto de sódio é adicionado com a finalidade de conferir

sabor, o sal é classificado como antimicrobiano indireto. No caso de produtos secos e

defumados uma grande quantidade de sal é adicionada, sendo que a vida útil destes produtos

depende apenas da adição do sal, sendo classificados como antimicrobiano direto. Segundo

Ravishankar & Juneja (2000), a quantidade de cloreto de sódio necessária para prevenir o

desenvolvimento microbiano está em torno de 16,5% de sal e conduz a atividade de água para

0,90, o que dificulta a aceitação do consumidor sendo necessária a combinação com outras

técnicas de preservação.

Segundo Horita (2010), a substituição do sal por outros compostos que diminuem a

atividade de água do produto, pode afetar o sabor que ainda é a principal barreira. O lactato de

sódio (ou de potássio) tem sido estudado como alternativa na substituição do sódio, já que

além de diminuir a atividade de água, atua também reduzindo o pH podendo ser mais efetivo

que o sódio. Betts et al. (2007), também afirmam que a inclusão do lactato em carnes curadas

inibe o desenvolvimento de Clostridium botulinum e Listeria monocytogenes.

Vários compostos com propriedades preservativas podem ser utilizados combinados

com o sal em alimentos. Os sais de ácidos orgânicos são frequentemente adicionados para

abaixar o pH dos alimentos e reduzir o crescimento de fungos. Segundo Sofos & Busta

(1983), algumas espécies de bolores podem ser inibidas pelos sorbatos, como Brettanomyces,

Candida, Cryptococcus, Saccharomyces, Zygosaccharomyces, Debaromyces, Alternaria,

Aspergillus, Cladosporium, Penicillium e Fusarium. Algumas bactérias também podem ser

inibidas pelos sorbatos, como Bacillus, Clostridium, Enterobacter, Pseudomonas, Salmonella

e Serratia. Lueck (1980), afirma que o benzoato de sódio usado em produtos com pH baixos,

apresentam efeito inibidor contra bolores e leveduras, incluindo a inibição da produção de

aflatoxinas. Muitas bactérias podem ser inibidas pelo benzoato de sódio, mas clostrídios e

bactérias ácido-lácticas são resistentes. O propionato possui efeito semelhante aos sorbatos e

benzoatos.

Outros estudos propõem a utilização de antimicrobianos naturais como extratos de

vegetais, mostarda, cebola, alho e ainda óleos essenciais de plantas que podem inibir o

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desenvolvimento de muitos microrganismos reduzindo o sal sem diminuir a segurança do

produto (NYCHAS12, 1995 apud HORITA, 2010).

3.8 Principais substitutos de cloreto de sódio em produtos cárneos

A correlação positiva entre ingestão de sódio e pressão arterial, tem levado a indústria

de produtos cárneos a buscar alternativas através de novas tecnologias, para compensar todas

as funções que o cloreto de sódio possui dentro da formulação dos produtos. Este contexto,

tem levado a várias estratégias por parte dos vários pesquisadores (GOU et al., 1996). No

entanto, a reformulação destes produtos pode levar a uma depreciação do sabor salgado,

desenvolvimento de residual metálico, amargo e gosto adstringente, cores e texturas

modificadas, alteração da atividade enzimática em produtos fermentados, mudanças na

estabilidade microbiológica e vida útil de produtos cárneos (TOLDRÁ13, 2006 apud

SANTOS, 2011).

Segundo Ruusunen (2005) a literatura vem abordando estratégias para a redução de

cloreto de sódio em produtos cárneos, como por exemplo: a redução dos níveis de NaCl

adicionados, o uso de substitutos como sais de cloreto de potássio (KCl), cloreto de cálcio

(CaCl2) e cloreto de magnésio (MgCl2), realçadores e/ou mascaradores de sabor, outros

ingredientes como fosfatos, otimização da forma física do NaCl, novas técnicas de

processamento ou modificações dos processos já utilizados e possíveis combinações entre as

abordagens citadas acima.

O potássio e o sódio são componentes necessários para manter o equilíbrio do

organismo, no entanto, eles possuem efeito contrário sobre a saúde, já que o potássio não tem

relação com o aumento da pressão arterial e doença cardiovascular (GOU et al., 1996). Vários

estudos indicam que um consumo de potássio através da dieta pode exercer efeito protetor em

indivíduos que apresentam pressão arterial elevada, redução da excreção urinária de cálcio e

proteção a estrutura óssea (ALIÑO et al., 2009; LEMANN et al., 1993).

12 NYCHAS, G.J.E. Natural antimicrobials from plants. In New Methods of Food Preservation, G.W. Gould (ed.) p.58-89. Blackie Academic & Professional, Glasgow. 1995.

13 TOLDRÁ, F. DRY-CURED HAM. IN: HUI, Y. H.; CASTELL-PEREZ, E.; CUNHA, L. M.; GUERRERO-LEGARRETA, I.; LIANG, H. H.; LO, Y. M.; MARSHALL, D. L.; NIP, W. K.; SHAHIDI, F.; SHERKAT, F. R.; WINGER, J.; YAM, K. L. (Eds.), Handbook of food science, technology, 2006.

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Segundo Desmond (2006), o cloreto de potássio (KCl) é a melhor alternativa para

substituir o cloreto de sódio em produtos cárneos reduzindo o seu teor, já que a eficiência

antimicrobiana do KCl é equivalente ao NaCl sendo considerado também um ingrediente

seguro (LAMBERT, 2008).

Entretanto, sua limitação fica por conta do sabor amargo (GUÀRDIA et al., 2008).

Segundo TERRELL (1983) e PASIN et al. (1989), misturas de 50:50 cloreto de sódio e

cloreto de potássio em solução causaram o aumento do sabor metálico, perda do sabor salgado

e gosto adstringente, o que exige maiores estudos para sua aplicação em produtos cárneos.

Comaposada et al. (2007), relatam que a substituição do NaCl por KCl pode influenciar no

processo de secagem de embutidos fermentados, ao interferir na redução da atividade de água

destes produtos.

Segundo Kilcast & Den Ridder (2007), existem estudos atuais que buscam minimizar

o sabor amargo e metálico através do uso combinado do cloreto de potássio com outros sais

supressores do sabor amargo, como glutamato monossódico, sulfato de magnésio e

aminoácidos. Entretanto, a FSAI (Ireland´s Food Safety Autority) ressalta que o uso de

cloreto de potássio oferece risco a certos grupos vulneráveis como os portadores de diabetes,

insuficiência renal crônica.

A mistura de sais de cloreto tais como KCl, CaCl2 e MgCl2 tem sido usado como

alternativa para melhorar as propriedades negativas do cloreto de potássio (ZANARDI et al.,

2010). Ruusunen et al. (2005), enfatizam que o uso das mesmas misturas de sais constitui uma

boa maneira de reduzir o teor de sódio em produtos cárneos. A mesma percepção do sabor

salino pode ser conseguida com um teor baixo de sódio.

Como exemplo dessas misturas pode-se citar o Pansalt®, um substituto patenteado do

cloreto de sódio utilizado como ingrediente na indústria ou como sal caseiro, oferece um

sabor muito próximo do sal comum, porém com metade dos níveis de sódio. Presente no

mercado finlandês desde 1987, quase metade do sódio é substituído por cloreto de potássio,

sulfato de magnésio e pelo aminoácido essencial hidrocloreto de L-lisina. O fabricante afirma

que o uso patenteado do aminoácido realça o sabor salino e atua como supressor do sabor

residual amargo do potássio e do magnésio. No entanto, Ruusunen et al. (2005), indicam que

os íons Mg+2 neste sal reagem com os fosfatos adicionados dando origem a um sal insolúvel,

sendo o Pansalt® mais adequado a produtos sem fosfato.

Ingredientes como o fosfato podem ser utilizados como substituto do NaCl, quando

adicionados em embutidos cárneos, já que desempenham importantes funções como, aumento

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da capacidade de retenção de água, maior rendimento do processo e melhor ligação entre as

proteínas miofibrilares da carne ao atuar em sinergismo com o cloreto de sódio (DESMOND,

2006). Outros ingredientes que apresentam características tecnológicas idênticas as dos

fosfatos vem sendo utilizados em conjunto com outros substitutos de sal em produtos cárneos,

pode-se citar como exemplos: fibras, gomas, hidrocoloides e amidos (COLLINS14, 1997 apud

SANTOS, 2011).

A adição de fosfatos em produtos cárneos reduz o efeito negativo proporcionado por

baixas concentrações de cloreto de sódio como propriedades sensoriais e tecnológicas

(capacidade de retenção de água e gordura) e praticamente não aumenta a concentração do

sódio do produto (BARBUT et al., 1988). Os efeitos positivos no uso de fosfatos no entanto,

depende de alguns fatores como, o tipo e concentração, pH do produto, teor de cloreto de

sódio, presença de outros inibidores (nitritos e sorbatos) e tratamento térmico utilizado

(HORITA, 2010). Segundo Jiménez-Colmenero et al. (2001), o uso do cloreto de sódio

pode ser reduzido em até 50% com o uso de fosfatos.

Alguns sais orgânicos são amplamente utilizados pelas indústrias de carnes para

aumentar a vida útil do produto, potencializar o sabor e prevenir o desenvolvimento de

microrganismos patogênicos. Como exemplo pode ser citado os sais de lactato de sódio e de

potássio. No estudo proposto por Devlieghere et al. (2009), foi possível a redução de até 40%

do cloreto de sódio utilizando-se lactato de sódio e diacetato de sódio em produto cárneo

cozido sem afetar a vida útil do produto.

Há também disponível comercialmente vários realçadores e supressores de sabor

amargo, como extratos de leveduras, lactatos, glutamato monossódico, nucleotídeos e glicina.

A principal função dos realçadores de sabor é ativar receptores na boca e garganta que ajudem

a compensar a redução de sal (DESMOND, 2006) e ressaltar o sabor salino. O glutamato

monossódico (MSG) apresenta baixo conteúdo de sódio (1/3 do cloreto de sódio) que

combinado com sua habilidade de realçar o sabor do alimento, torna-o uma escolha eficiente

em produtos com baixo teor de sódio (HORITA, 2010). Com a função de reduzir a atividade

de água em produtos cárneos e realçar o sabor salgado, a glicina vem sendo utilizada em

produtos com baixo teor de sódio como foi evidenciado por Gelabert et al. (2003), em

embutido cárneo fermentado.

14 COLLINS, J. E. Reducing salt (sodium) levels in process meat poultry and fish products. In A. M. Pearson & T. R. Dutson (Eds.), Advances in meat research. Production and processing of healthy meat,poultry and fish products). London: Blackie Academic & Professional, v.11, pp. 283–297, 1997.

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Campagnol et al. (2011), também enfatizam que alguns ingredientes têm sido

utilizados como realçadores de sabor na indústria de alimentos, demonstrando potencial de

aplicação em produtos cárneos com teor reduzido de sódio. Como exemplo são citados o

glutamato monossódico e os 5’ ribonucleotídeos, inosinato dissódico (IMP) e guanilato

dissódico (GMP). Estes ingredientes, desenvolvem o sabor umami na qual pela ação sinérgica

entre o glutamato monossódico e 5’ ribonucleotídeos melhoram a qualidade e intensidade de

sabor nos alimentos (ZHANG et al., 2008).

Searby15 2006 apud Santos 2001, afirma que extratos de levedura podem ser usados

com mascaradores de sabor em produtos cárneos com baixo teor de sal, porém, níveis

elevados podem conferir sabor indesejável em alguns produtos.

Uma outra alternativa para a redução do cloreto de sódio é a adição do cloreto de

cálcio, que também pode ser uma fonte de cálcio na alimentação, porém, sua limitação fica

por conta da possibilidade de promover alterações sensoriais no produto final devido ao sabor

amargo intenso que pode proporcionar (HORITA, 2010). Em estudo realizado por Lawless et

al. (2003), foi constatado uma redução na percepção do sabor amargo utilizando-se

supressores do sabor amargo (sucrose e ácido cítrico) juntamente com o cloreto de cálcio.

A carragena pode ser adicionada para promover propriedades de textura e rendimento

do produto. No experimento proposto por Totosaus et al. (2004), para reduzir sódio (2,5 para

1,5%) e gordura (15 para 10%) simultaneamente dos produtos cárneos emulsionados utilizou-

se a carragena e outros sais como o cloreto de potássio e de cálcio. A análise sensorial indicou

que a formulação contendo 1,5% NaCl, 0,5 % KCl e 0,01% CaCl2 foi similar a controle em

suculência e dureza.

Outra técnica que pode ser citada na elaboração de produtos cárneos com baixo teor de

cloreto de sódio, é o uso da tecnologia de alta pressão e o uso de carnes na fase pré-rigor.

Segundo Cheftel & Culioli (1997), altas pressões promovem características funcionais às

proteínas e promovem a melhora na capacidade de retenção de água. Carnes no estado pré-

rigor têm funcionalidade superior em termos da extração das proteínas miofibrilares e

capacidade de retenção de água (CLAUS & SORHEIM, 2006).

Pesquisas apontam que a percepção do sal na forma sólida é afetada pelo tamanho e

forma do cristal. O sal floculado se mostrou mais funcional em termos de ligação com a água,

15 SABRY, M.O.D.S.; SAMPAIO, H. A. C.; SILVA, M.G.C. Consumo Alimentar de indivíduos hipertensos:uma comparação com o Plano DASH. Revista Brasileira de Nutrição Clínica; v. 22, n.2, p.121-126. 2007.

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aumentando o pH, aumentando a solubilização da proteína e maior rendimento no cozimento

em sistemas modelos (16CAMPBELL, 1979 apud DESMOND, 2006).

As estratégias para redução de sódio em produtos cárneos representam um grande

desafio tecnológico, principalmente nas características de textura, sabor e vida de útil dos

produtos. Essa alteração requer reformulação do produto original, seja no incremento de

outros ingredientes ou na modificação dos processos.

3.9 Estudos de substituição ou redução de cloreto de sódio em produtos

cárneos

Para reduzir o cloreto de sódio na formulação dos produtos industrializados, se faz

necessário encontrar compostos que apresentam efeitos similares sensoriais, tecnológicos e

conservantes, tendo como opções alguns compostos como sais de cloreto, fosfatos, lactatos,

hidrocolóides dentre outros (PSCZOLA17,1999 apud HORITA, 2010).

Atualmente, inúmeros estudos de substituição ou redução do teor de cloreto de sódio

em produtos cárneos, como embutidos emulsionados, produtos cárneos fermentados,

presuntos e outros. O objetivo desta reformulação é não só reduzir o teor de sódio em

produtos cárneos, mas também minimizar os efeitos negativos na qualidade do produto e

segurança dos produtos cárneos (SANTOS, 2011). Pesquisas indicam que a substituição entre

25-40% de cloreto de sódio em produtos cárneos é aceitável em relação à percepção do sabor

(PRINCE, 1997; DESMOND, 2006).

Em embutidos emulsionados estudos apontam modificações na qualidade final dos

produtos com teor reduzido de sódio. Com a finalidade de melhorar a estabilidade da emulsão

e rendimento destes produtos, diversos pesquisadores utilizaram o fosfato como ingrediente

na formulação (WHITING, 1984; PUOLANNE et al., 2001).

Segundo Xiong (2000), a redução e/ou substituição de NaCl em embutidos

emulsionados pode modificar algumas propriedades de emulsificação, como a solubilização

das proteínas miofibrilares. A adição de cloreto de potássio associada com alguns tipos de

16 CAMPBELL, J.F. Binding properties of meat blends, effects of salt type, blending time and post-blending storage. Ph.D. Thesis, Michigan State University. 1979.

17 PSZCZOLA, D.E. Ingredients that get to meat to matter. Food Technology, v.53, n.4, p.62-74. 1999.

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hidrocoloides, fibras, entre outros pode auxiliar no processo de formação de emulsão,

altamente dependente do tipo de íons presentes na massa cárnea (THERKLENSEN, 1993).

Em estudo feito por Jiménez-Colmenero & Carballo (2005), a combinação de

caseinato, fibra de trigo, transglutaminase e cloreto de potássio em salsichas tipo Frankfurt

melhoraram as propriedades de emulsificação e diminuíram a perda de peso, porém os

parâmetros de mastigabilidade e elasticidade foram inferiores as salsichas sem redução de

NaCl.

De modo semelhante, García-García & Totosaus (2008), verificaram a interação entre

goma locuste, amido de batata, K-carragena e a substituição de NaCl por KCl e CaCl 2 em

salsichas. O tratamento com amido de batata afetou negativamente a gelatinização do amido,

interferindo na capacidade de retenção de água e textura das salsichas. Por outro lado, apesar

da utilização de goma locuste e K-carragena proporcionar pequenas alterações na cor das

salsichas, apresentaram boa interação com os sais de cloreto (KCl e CaCl2).

Em estudo realizado por Aliño et al.(2010), a mistura de sais de cloreto na substituição

parcial de NaCl em presuntos crus, aumentou o tempo de secagem devido a menor diminuição

da atividade de água quando comparados ao produto tradicional. Este comportamento foi

observado somente quando utilizados íons divalentes (Ca 2+ e Mg 2+).

Schoene et al. (2009), realizaram uma substituição parcial de NaCl por sal mineral

(50% NaCl, 44.5% KCl, 4% MgSO4, 1% CaCO3; 0.5% MgCO3 e 1.5% de carbonatos

insolúveis em água) em salsichas de fígado, carne moída, costeletas curadas e defumadas,

linguiças grelhadas, linguiças de frango do tipo Bologna e almôndegas de peru cozidas e

verificaram que apesar da redução de cloreto de sódio, a concentração de magnésio e potássio

aumentou drasticamente para a obtenção de um sabor salgado similar ao padrão. Frye et al.

(1986), em seus estudos substituíram em 50% o cloreto de sódio por KCl em presuntos e

concluíram uma boa aceitação sensorial, além de conseguir um efeito ligante nas partículas do

produto.

Ruusunen et al. (1999), em um estudo realizado com o uso de fosfatos em linguiças do

tipo Bologna concluíram que é possível reduzir o conteúdo de cloreto de sódio de 1,95% para

1,4% do peso total sem perdas significativas de sabor. Em produtos cárneos reestruturados,

foi observado que na cominuição com adição de fosfatos houve uma perda de peso por cocção

bastante acentuada, quando o teor de sal se encontrava entre 0 e 1% (KENNEY & HUNT,

1990). Matlock et al. (1984), verificaram que o uso de fosfato em produtos reestruturados

aumentou significativamente as propriedades sensoriais dos produtos após o cozimento, como

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sabor, suculência e coesão, mas para diminuir a rancidez de tais produtos foi necessário

utilizar o tripolifosfato de sódio.

Além do uso de fosfatos e polifosfatos, outra maneira de reduzir os teores de cloreto

de sódio em carnes se faz pelo uso da transglutaminase. Esta é uma enzima que tem a

capacidade de formar ligações isopeptídicas entre os resíduos de lisina e glutamina em

proteínas, introduzindo ligações cruzadas intra e intermoleculares (FULLADOSA et al.,

2009). A adição de transglutaminase tem sido proposta como um meio de induzir a

gelificação da proteína muscular, reduzindo ou eliminando a necessidade de acrescentar NaCl

(KURAISHI et al., 1997). Por apresentar tais propriedades, é utilizada na indústria de

produtos cárneos, em produtos reestruturados e alguns embutidos, com a finalidade de

substituir parcialmente o NaCl.

De acordo com Ruusunen & Puolanne (2005), o cloreto de sódio pode ser substituído

nas formulações de hambúrguer por outros sais como o cloreto de potássio e cloreto de

magnésio. Apesar da substituição por esses sais poder trazer gosto metálico, no experimento

realizado obteve-se sucesso com boa aceitação dos julgadores.

O cloreto de potássio é o mais utilizado em redução/substituição do sódio em

alimentos, por apresentam propriedades similares ao cloreto de sódio. No entanto, misturas de

50:50 cloreto de sódio e cloreto de potássio em solução causam aumento do sabor metálico e

perda do sabor salgado e gosto adstringente, podendo limitar seu uso (TERRELL, 1983).

Devido a influência que os cátions provenientes de dietas ricas em potássio possa

exercer sobre o processo hipertensivo, e auxiliando na redução da pressão arterial, e ainda

diminuindo a incidência de acidentes vasculares cerebrais, recomenda-se a ingestão de dietas

ricas neste mineral. Estudos realizados em hipertensos utilizando um sal composto de 50% de

NaCl e de 50% de KCl confirmaram que a suplementação de potássio nos pacientes em

tratamento não-farmacológicos teve efeito hipotensor (LOTAIF, 1990).

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4 CONCLUSÃO

O cloreto de sódio pode ser substituído parcialmente com o uso de outros compostos

como sais de cloreto, fosfatos, lactatos, hidrocolóides dentre outros, no entanto cada um

desses ingredientes e aditivos apresenta várias propriedades a serem otimizadas.

Como alternativa para a redução do teor de NaCl em formulações de hambúrguer, se

despontam a substituição do NaCl por KCl que possui propriedades semelhantes, e a adição

de realçadores e supressores de sabor amargo/metálico como extratos de leveduras, lactatos,

glutamato monossódico, nucleotídeos e glicina.

Neste contexto, a redução de cloreto de sódio em produtos cárneos representa um

desafio para a indústria de carnes, uma vez que o mesmo além de proporcionar o sabor

salgado característico desempenha importantes funções tecnológicas e de estabilidade. No

entanto, este tipo de reformulação torna-se necessário para que os produtos cárneos façam

parte de uma dieta com menor teor de sódio.

Deste modo, a redução ou substituição de cloreto de sódio em hambúrgueres requer

muitos estudos a fim de garantir uma qualidade tecnológica, sensorial e microbiológica dos

produtos reformulados.

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