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LEVANTAMENTO DE REQUISITOS
PARA A IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS
DE GESTÃO EM EMPRESA DO SETOR
DE ALIMENTOS
Bruna Goncalves Rodrigues (UNB )
Filipe Guedes de O. Almeida (UNB )
jannayna barreto da silva (UNB )
Vaniele Guimaraes Carvalho (UNB )
Matheus Galvao Vieira Ribeiro (UNB )
Para o mercado atual, agilidade e poder de resposta são cruciais para
atender as necessidades dos clientes que, a cada dia, tornam-se mais
exigentes. Por isso, nos últimos anos, os Sistemas Integrados de
Gestão, ou ERPs, passaram a ser larggamente utilizados pelas
empresas. A literatura sobre o assunto apresenta diversos resultados
positivos e benefícios a serem obtidos com a adoção desses sistemas.
Este artigo tem como objetivo apresentar uma explicação conceitual de
um ERP em uma empresa e a identificação de requisitos para a
implantação de um ERP em uma empresa de pequeno porte.
Palavras-chaves: ERP, Requisitos, Planejamento e Controle da
Produção, QFD
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
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1. Introdução
As empresas estão buscando cada vez mais estratégias para adequarem à nova realidade do
mundo dos negócios. Assim, para que se mantenham competitivas no mercado, elas precisam
investir em tecnologias que permitam uma gestão eficiente e que tornem as informações por
elas manuseadas mais claras e precisas. Desta maneira, as organizações buscam recursos
tecnológicos como os Enterprise Resource Planning (ERP). De acordo com Buckhout et al.
(1999), um ERP é um software de planejamento dos recursos empresariais que integra as
diferentes funções da empresa para criar operações mais eficientes. Esses sistemas controlam
toda a empresa, da produção às finanças, registrando e processando tudo na engrenagem
corporativa e distribuindo a informação de maneira clara e segura, em tempo real.
Nesse contexto se insere a empresa objeto de estudo, a qual é um Buffet dedicado à criação de
bolos, maquetes, doces e bem casados vendidos e produzidos sob encomenda. Há 20 anos no
mercado, voltada para o ramo de festas, a empresa preza pelo zelo e cuidado na produção,
sendo seus processos bastante interligados e se apresentando ainda muito manuais e não
formalizados. Foi identificada então a necessidade de implantação de um software que auxilie
a integração do trabalho nas diversas áreas da empresa, como nos processos de atendimento,
estoque, produção e expedição, otimizando assim o processo produtivo, os fluxos de materiais
e de informações, além de facilitar a tomada de decisão da alta gerência.
Objetivando o detalhamento e descrição do estudo desenvolvido para delimitar os requisitos
mínimos da implantação de um software que integre os processos desta empresa, encontram-
se neste artigo a metodologia utilizada para a análise de diversos sistemas ERP e seleção dos
requisitos para implantação ou desenvolvimento desse tipo de software, considerando as
prioridades da empresa analisada. E a fim de auxiliar a equipe de implementação do software,
foi utilizado o QFD (Função de Desdobramento da Qualidade) de maneira a alinhar o ERP às
expectativas do cliente. O QFD identifica a voz do cliente e fornece mecanismos para que a
equipe de desenvolvimento trabalhe eficientemente para atender os requisitos.
2. Metodologia
Para o desenvolvimento deste estudo foram utilizados vários métodos, os quais se dividem em
três etapas. A primeira abarcou ampla revisão bibliográfica para embasamento teórico. Essa
análise consistiu em diversos referenciais, como publicações acadêmicas, artigos, revistas
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especializadas e de negócios, estudos de caso e livros de inúmeros autores discorrendo sobre
sistemas ERP’s, sendo uma metodologia para levantar informações, possibilitando o trabalho.
A segunda etapa do estudo consistiu no levantamento de dados e informações, visando o
estudo da empresa. Foram realizadas visitas técnicas com o intuito de entender e mapear todo
o processo da empresa, desde o atendimento ao cliente até a expedição do produto finalizado,
dando atenção especial às trocas de informações e fluxos de materiais.
A etapa final consistiu na identificação dos requisitos para a empresa, confrontando o
referencial teórico, a prática empresarial e o estudo de ERP’s disponíveis do mercado. Para
facilitar a classificação das relações entre os módulos de um ERP e os requisitos identificados,
nesta última etapa foi elaborada também a matriz de Função Desdobramento da Qualidade,
além da priorização dos requisitos de acordo com as necessidades do cliente.
3. Implantação de Sistemas de Gestão
A implantação de um ERP tem como objetivo principal melhorar os processos de negócios
utilizando tecnologia de informação. O software deve ser tratado como o meio para alcançar a
integração das diferentes funções da organização e a criação de operações mais eficientes.
Portanto, um processo de mudança organizacional, envolvendo tanto uma mudança nas
responsabilidades e tarefas das pessoas quanto nas relações entre as áreas da empresa, será
consequência da implantação desse sistema.
O processo de adoção do ERP compreende as etapas de seleção, aquisição, implantação e
testes. Segundo CORRÊA (1997), na etapa de seleção, onde se avalia o sistema que mais se
adequa à empresa, deve ser feita uma análise de adequação de funcionalidades para checar se
as particularidades da organização são atendidas. O autor ressalta também a necessidade do
gerenciamento ser realizado por funcionários que entendam de mudança organizacional e que
tenham apoio da alta direção, indicando prioridades estratégicas e vinculando controles e
incentivos para os envolvidos no projeto.
Não se deve esquecer-se da orientação estratégica da empresa, o sucesso na implantação de
um ERP está diretamente ligado ao alinhamento entre software, cultura e objetivos de negócio
da empresa. É uma atividade de reengenharia de alto impacto que se reflete em toda a
organização. A seleção é um processo complexo e demorado, devendo ser checadas todas as
funcionalidades do sistema e sendo necessário um treinamento conceitual e operacional,
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exploração do sistema, redesenho dos processos e assimilação da nova cultura. Processos de
reengenharia impactam toda a organização e exigem a presença dos funcionários nessa etapa.
A adoção de ERP deve ser visto como um projeto de mudança organizacional e não de
informática. Para resultados mais significativos é necessário rever a maneira atual de operação
e propor modificações visando a potencialidade da tecnologia que será implantada. A análise
de processos é uma atividade fundamental na implantação de um sistema ERP.
3.1. Função de Desdobramento da Qualidade (QFD)
Muito utilizado com o objetivo de auxiliar o processo de gestão e desenvolvimento do
produto, estabelecendo a qualidade do projeto com a satisfação do cliente, o QFD (Função de
Desdobramento da Qualidade) é um método usado para traduzir as necessidades dos clientes
em requisitos de produto e processo. O foco do QFD é capturar a voz do cliente. A equipe
deve partir da intenção do cliente e de suas expectativas para com o novo produto
(CLAUSING, 1994). O QFD permite reduzir a perda de informações e fornecer mecanismos
para que a equipe de desenvolvimento trabalhe eficientemente para atender os requisitos do
projeto. A opinião do cliente durante o desenvolvimento de um produto é uma etapa
extremamente importante. O QFD representa o que o cliente quer e como atingir seu desejo,
sendo um dos métodos sugeridos pelo PMBOK: 2012 (PROJECT MANAGEMENT
INSTITUTE, 2012) como adequados para o levantamento de requisitos de projetos.
A primeira Matriz de Qualidade (versão japonesa) ou Casa de Qualidade é o ponto de partida
do QFD. A Matriz da Qualidade é constituída pela Tabela de Desdobramento da Qualidade
Exigida e Tabela de Desdobramento de Características da Qualidade. A primeira contém as
exigências do cliente, de onde se extrai os requisitos técnicos representados na outra tabela.
Neste trabalho, será utilizada a versão mais simples da matriz QFD, englobando apenas a
“Matriz de Relacionamento”, que indica, de forma qualitativa, o quanto cada Requisito de
Qualidade afeta cada necessidade do Cliente.
3.2. Identificação e priorização dos requisitos
Para o levantamento dos requisitos do software seguiu-se um conjunto de tarefas que orientam
a classificação. Para que os requisitos identificados se aproximassem da realidade desejada
pelo cliente, foram estabelecidas inicialmente quatro funções de engenharia de requisitos:
concepção, levantamento, negociação e validação.
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a) concepção: a equipe e o cliente, por meio de reuniões e entrevistas, estabelecem requisitos,
definem restrições que influenciam no serviço prestado e tratam das principais características
e funções que precisam estar presentes para alcançar os objetivos de um futuro sistema.
b) levantamento: buscar os objetivos do sistema, o que precisa ser conseguido, como o
sistema se encaixa nas necessidades do negócio e como o sistema será usado no cotidiano.
c) negociação: reconciliação dos conflitos, ordenando os requisitos e depois discutindo os
conflitos de prioridade. Após isso, são identificados e analisados os riscos de cada requisito,
avaliando-se seu impacto no processo.
d) validação: examina a especificação para garantir que todos os requisitos tenham sido
declarados; que as inconsistências e erros tenham sido detectados e corrigidos.
4. Descrição do caso prático
4.1. Caracterização da empresa
A empresa de buffet tem seus produtos voltados para o ramo alimentício de festas, como
aniversários, casamentos e confraternizações, produzindo bolos, doces, bem casados e
maquetes. Ela fabrica mensalmente cerca de 200 mil doces, com um portfólio de mais de 400
produtos. Apesar do desenvolvimento recente da empresa, a informatização não acompanhou
o seu crescimento, os processos continuam muito manuais, possibilitando erro e desperdícios.
O buffet recebe encomendas diárias para grandes eventos, sobretudo casamentos e formaturas.
Esses pedidos são, na maioria dos casos, para serem entregues em longo prazo, de 8 a 14
meses após o contrato ter sido firmado entre o cliente e a empresa, e por se tratar de produtos
altamente perecíveis, só são produzidos na semana da entrega. A produção sob encomenda, a
perecibilidade, qualidade e prazo de entrega são fatores críticos, tornando-se necessário um
sistema que integre os processos de atendimento, estoque, produção e expedição.
Para o entendimento das áreas funcionais da empresa e a fim de se obter uma visão básica e
estruturada sobre os principais aspectos que orientam a possibilidade de implantação do ERP,
foi importante estudar os processos mapeados das principais atividades de Controle de
Produção do buffet. A empresa já possuía uma estrutura documentada da relação de suas
atividades internas, desde o atendimento até a expedição do produto final. Assim, desenhou-se
o fluxo de informações e materiais da empresa. Passou-se, então, à coleta de dados
relacionados ao detalhamento do fluxo de informações entre os departamentos da empresa.
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Esta coleta se deu através de reuniões e entrevistas formais realizadas com a equipe da
empresa. Nesses contatos obteve-se uma visão crítica da situação e a real posição das áreas da
empresa dentro do processo produtivo. A alta gerência do buffet possui entendimento a
respeito do Planejamento das Necessidades dos Materiais, o que facilitou a comunicação entre
a equipe do trabalho em questão e a empresa.
4.2. Cenário atual da empresa
Há cerca de um ano, a empresa utiliza um software voltado para o ramo de panificação. Para a
aquisição da licença deste sistema foi necessário o investimento de aproximadamente R$
3.000,00. Porém, no momento da sua aquisição, não foi feita uma análise mais detalhada de
outros softwares de modo a se encontrar o mais adequado à realidade da empresa, tampouco
um estudo de viabilidade da implantação desse software, considerando sua customização aos
procedimentos de trabalho utilizados ou à mudanças destes.
Os módulos desse software que foram adquiridos pelo Buffet foram: Vendas, Produção,
Compras, Estoque, Financeiro e Recursos Humanos. Entretanto, atualmente o sistema é
utilizado basicamente para controle de notas fiscais, não atendendo a empresa em sua
totalidade. Foi realizada uma análise sistemática do software para verificar se o mesmo atende
aos procedimentos operacionais, tendo-se chegado ao seguinte:
O Módulo de Vendas não atende às necessidades da empresa, pois não possui campo
para incluir o cadastro de pedidos. Já se tentou fazer essa alteração no software, mas
sem sucesso. Atualmente usa-se como alternativa incluir os pedidos em um campo de
observação, mas os dados não geram informação, dificultando sua localização. Neste
módulo do software em questão não há ainda a possibilidade de mudança de pedido, o
que é muito frequente, pois não existe um histórico de alterações;
O Módulo de Produção atende às necessidades da empresa em praticamente 100% (há
inclusive espaço para colocar as receitas dos doces e bolos, calculando-se a
necessidade de material);
O Módulo Financeiro atende parcialmente às necessidades da empresa, pois é utilizado
apenas para controle das notas fiscais;
O Módulo Estoque atende parcialmente às necessidades da empresa, pois não há
diferenciação entre os estoques de matéria prima, produtos prontos e de embalagens;
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O Módulo de Compras atende à demanda. Possui controle de fornecedores e cotações;
Para o Módulo de Recursos Humanos não há demanda. Apesar de este possuir
controle de ponto de funcionários, pagamento de pessoal, escalas de funcionário e
emissão de vales, ele não é utilizado.
Ainda que esse software atenda às necessidades da empresa em alguns aspectos, não tem sido
utilizado com tal finalidade. O controle da produção é feito por meio de planilhas no
Microsoft Excel: a atendente passa o pedido que foi registrado na nota de pedidos para uma
planilha, que é impressa e levada à linha de produção. O controle é feito pela Gerente de
Produção, que é responsável pela atualização dos pedidos e, consequentemente, da
programação de produção da semana. Por ser tratar de um controle manual, o risco de erro é
bem maior do que poderia acontecer caso houvesse um ERP na empresa capaz de integrar,
pelo menos, o atendimento, o estoque, a produção e a expedição dos produtos.
As dificuldades de implantação do software em uso ocorreram principalmente pelo fato de ele
ter sido desenvolvido para o ramo de panificação, possui boa avaliação por empresas do setor.
Entretanto, o Buffet possui um processo operacional diferente. Enquanto na panificação, os
produtos são fabricados com base no histórico de produção e não são relacionados a pedido,
mas produzidos para estoque, no Buffet a produção é totalmente voltada para o atendimento
de pedidos e, pelo fato de atender principalmente casamentos, há muita mudança no período
que antecede à cerimônia e a flexibilidade para a alteração e atendimento desses pedidos é
considerado um diferencial competitivo da empresa.
4.3. Descrição dos processos e Ambiente Produtivo
Com os processos já mapeados da empresa e reuniões realizadas com alguns funcionários e a
alta gerência desenhou-se o processo produtivo da empresa, desde a realização de uma venda,
passando pela manufatura dos produtos com uso da matéria prima em estoque e controle da
produção, até a expedição final. Neste fluxo, representado abaixo, as linhas pontilhadas
representam fluxo de informações e as linhas contínuas, o fluxo de materiais da empresa.
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Figura 1 - Fluxo de Materiais e Informação
Fonte: Elaborado pelo autor
4.4. Especificação de requisitos
A partir do estudo do funcionamento de cada módulo de sistemas ERP, foi possível fazer o
levantamento dos requisitos desejados pela empresa em estudo. Para isso, foi utilizado o
método da engenharia de requisitos que orienta a forma mais fiel para esse levantamento.
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a) concepção: foram feitas duas reuniões com o cliente a fim de estabelecer os requisitos e
as restrições que influenciam no serviço do buffet.
b) levantamento: a equipe se reuniu para compilar os dados passados pelo cliente e
pensar/sugerir outros pontos que poderiam não ter sido abordados.
c) negociação: em uma reunião com o cliente conciliou-se as ideias levantadas nas etapas
acima. Ordenaram-se os requisitos e discutiu-se depois, possíveis conflitos de prioridade.
d)validação: o documento final de Especificação de Requisitos foi validado com o cliente.
A identificação dos requisitos permite a priorização dos mesmos através da matriz QFD. No
projeto apresentado foram feitos dois tipos de classificações para os requisitos: os requisitos
identificados com o cliente e os módulos do ERP que a empresa em estudo deseja. Abaixo,
segue a lista de todos os requisitos que o cliente em estudo deseja que o software apresente.
Tabela 1 - Requisitos para o Buffet
Requisitos Funcionais
F.1. Realizar cadastro do cliente F.2. Realizar orçamento do pedido
F.3. Fechar pedido de compra F.4. Emitir nota fiscal
F.5. Gerar contrato F.6. Relatório de clientes fidelizados
F.7. Relatório de clientes F.8. Relatório de sazonalidade de vendas
F.9. Catálogo de produtos F.10. Inclusão e exclusão de produtos
F.11. Receita de produtos F.12. Conferência de pedido com estoque
F.13. Alerta sobre reposição de estoque F.14. Aviso de início de produção
F.15. Consulta de planejamento do dia F.16. Aviso de produto pronto para embalar
F.17. Aviso de embalagem solicitada pelo
cliente
F.18. Liberação de produto para expedição
F.19. Relatório de produtos mais
produzidos
F.20. Relatório de pedidos
F.21. de produção realizada F.22. Acompanhamento em tempo real do
andamento da atividade
F.23. Relatório de previsão de término F.24. Registro de alterações de pedidos
F.25. Alerta de contato com o cliente F.26. Relatórios de planejamento de produção
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da semana
F.27. Relatório de planejamento de entregas
da semana
F.28. Comparar produção planejada e
realizada
F.29. Registro do término de cada etapa
produtiva
F.30. Cálculo dos lead times
F.31. Alerta para manutenção de máquinas F.32. Escala de funcionários
F.33. Revisão de necessidade de horas
extras
F.34. Alteração na escala de funcionários
F.35. Contas a pagar F.36. Contas a receber
F.37. Controle bancário F.38. Fluxo de caixa
F.39. Gráfico de fluxo de caixa F.40. Cadastrar matéria prima
F.41. Controlar entrada e saída de matéria
prima
F.42. Controle de data de validade
F.43. Aviso de necessidade de compra F.44. Solicitar autorização para compra
F.45. Cadastrar fornecedores F.46. Realizar cotação de matéria prima
F.47. Relatório de horas trabalhadas F.48. Controle de solicitações de compra por
status
F.49. Curva ABC por matéria prima F.50. Curva ABC por produto final
F.51. Histórico de compras F.52. Previsão de vendas
F.53. Relatório de produtos por
departamento/cliente/evento
F.54. Acompanhamento de produtos acabados
F.55. Relatório de vencimento de produtos F.56. Tabela de preços
F.57. Relatório de pedido de compra F.58. Relatório de pedido de compra por
fornecedor
F.59. Espelho de pedido de compra F.60. Estoque em tempo real
F.61. Comparativo de mark-up
Requisitos Não-Funcionais
NF.1.Interface amigável NF.2. Interface WEB
NF.3.Integridade dos dados NF.4.Rapidez de processamento
NF.5.Integração com a leitora do cartão de
identificação
NF.6.Fácil manutenção
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Fonte: Elaborado pelo autor
4.5. A matriz QFD
A fim de tornar mais fácil e prática a visualização do cliente, é utilizada uma matriz que
apresenta as relações entre os requisitos identificados com o cliente e os módulos
selecionados para o ERP que será implantado na empresa. A Matriz QFD apresentará as
seguintes informações:
Os requisitos do cliente (os “o que”): necessidades e expectativas do cliente,
posicionadas em uma coluna no lado esquerdo;
Importância dos requisitos: são adotados valores entre 5 e 1 (5 = máx. e 1 = mín.) para
mensurar esta importância, através da hierarquização. Essa informação situa-se em
uma coluna ao lado dos requisitos do cliente;
Requisitos do projeto (os “como”): ações destinadas ao atendimento dos requisitos,
mostradas do lado direito e acima da coluna de importância;
Relacionamento dos “o que” e “como”: refletem a existência e a intensidade de
relacionamento. Na Casa da Qualidade, ficam logo abaixo dos requisitos do Projeto;
Quantificação do “como”: reflete o posicionamento da equipe para mensuração das
expectativas. Está em uma linha abaixo do relacionamento do “o que” e “como”.
As relações aqui apresentadas foram obtidas de forma qualitativa, baseando-se nas reuniões
com o cliente e em discussões da equipe com base no referencial teórico estudado e nos
softwares analisados ao longo do trabalho. Esse inter-relacionamento foi feito através de
símbolos, como sugerido na tabela abaixo:
Tabela 2 - Grau de Inter-relacionamento entre Requisitos e Módulos
Fonte: Elaborado pelo autor
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Inserida na coluna à direita dos requisitos, dentro dos círculos azuis, está o grau de
importância de cada requisito para o cliente. Nesta matriz, para mensurar esta importância
foram adotados valores entre cinco e um, onde foram atribuídos valores iguais a cinco quando
existe extrema importância para o cliente e valor um quando o requisito é irrelevante para o
cliente. Para o cálculo da importância absoluta os graus de inter-relacionamento entre
requisitos e módulos foi realizada a seguinte conversão, de acordo com Slack et al (2009):
Tabela 3 – Conversão inter-relacionamentos
Fonte: Elaborado pelo autor
A seguir encontra-se a Matriz QFD gerada a partir dos dados acima mencionados, na qual na
última linha, há a quantificação dos relacionamentos entre os requisitos e os módulos e a
importância dada pelo cliente. Com o cálculo da importância relativa de cada módulo, é
possível analisar os módulos mais importantes para o cliente, investindo neles mais esforços
na implantação do software, agregando assim maior valor para o cliente:
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Figura 2 - Função do Desdobramento da Qualidade
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Fonte: Elaborada pelo autor
4. Conclusão
Os resultados aqui apresentados serviram de insumo para a elaboração de um software próprio
de ERP por parte da empresa de Buffet estudada, possibilitando sua implantação. Para a
implentação de nova ferramenta em ambiente de trabalho, é essencial que alguns pontos
relevantes sejam observados: mudança organizacional, orientação a processos e treinamento.
Muitas empresas, inclusive o Buffet estudado, reconhecem os benefícios relacionados à
confiabilidade das informações e adoção de um sistema único para todas as áreas. A maior
dificuldade é realmente a resistência dos funcionários quanto às mudanças necessárias. As
empresas devem estar atentas ao treinamento dos usuários, pois eles serão responsáveis pela
entrada das informações, sendo fundamentais para o sucesso e boa utilização do sistema.
O uso da metodologia QFD, proporcionou um auxilio o processo de gestão de
desenvolvimento do projeto, denominado ação gerencial do planejamento da qualidade. O
método QFD permitiu apresentar para o cliente uma maneira de auxiliar o processo de
desenvolvimento do software ERP que o Buffet em estudo procura, buscando, traduzindo e
transmitindo as necessidades e desejos do cliente; garantindo qualidade durante o processo de
desenvolvimento do produto. Sendo assim, o método QFD se mostra adequado no
planejamento e controle da qualidade no desenvolvimento e implantação de software. A
análise detalhada no momento de seleção do sistema ERP, com o intuito de se escolher ou
desenvolver um sistema que ofereça em seu pacote o maior número possível de similaridade
com as atividades internas da empresa, foi essencial para o sucesso do trabalho apresentado.
REFERÊNCIAS
BUCKHOUT, S.; FREY, E.; NEMEC JR., J. Por um ERP eficaz. HSM Management. p. 30-
36, set./out. 1999.
CLAUSING, Don. Total Quality Development, ASME PRESS, 1994.
CORRÊA, Henrique L.; GIANESI, Irineu G.N.; CAON, Mauro. Planejamento,
programação e controle da produção –MRP II/ ERP: conceitos, uso e implantação.São
Paulo: Atlas, 1997.
ESTORILIO, Carla. Desdobramento da função da qualidade. Gerência de Ensino e
Pesquisa, Departamento Acadêmico de Mecânica. Junho, 2007.
RUSSOMANO, Victor Henrique. Planejamento e controle da produção. São Paulo:
Pioneira, 2000.
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SLACK, Nigel.; CHAMBERS, Stuart.; JOHNSTON, Robert . Administração da
produção.São Paulo: Atlas, 2009.