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Carla C. P. Delgado Comunicao Social Libras

A Histria dos SurdosAo longo das eras, os Surdos lutam pelo reconhecimento e pela afirmao da sua identidade, o que somente foi concretizada na era moderna. Por serem diferentes, no possurem a habilidade da audio, eram julgados como no humanos e sofreram assim diversas atrocidades e segregao.

Fatos Relatados na Historia Mundial:Antiguidade Na Antiguidade, os deficientes eram considerados invlidos e por isso eram sacrificados. Exemplificando pode se citar o fato de na antiguidade chinesa os surdos serem lanados ao mar, os gauleses os sacrificavam ao deus Teutates por ocasio da Festa do Agrico. Em Esparta, polis da Grcia antiga, os surdos eram jogados do alto dos rochedos e em Atenas eram rejeitados e abandonados nas praas pblicas ou nos campos. Aristteles, importante filosofo grego, acreditava que o pensamento era desenvolvido atravs da linguagem, e a linguagem com a fala. Assim o surdo no pensava e consequentemente no poderia ser considerado gente; humano. Essa crena, comum na poca, fazia com que, na Grcia, os Surdos no recebessem educao secular, no tivessem direitos, fossem marginalizados (juntamente com os deficientes mentais e os doentes) e que muitas vezes fossem condenados morte. J para os Romanos,influenciados pelo povo grego, os surdos que no falavam no tinham direitos legais, no podiam fazer testamentos e precisavam de um curador para todos os seus negcios. Eram considerados incapazes de gerenciar seus atos, perdiam sua condio de ser humano e eram confundidos com o retardado. Idade Mdia Na Idade Mdia, como a sociedade era muito voltada Igreja e s ideias religiosas, as pessoas comearam a ver o deficiente como algum que merecia compaixo, deixando-os viver; porm os surdos eram colocados em instituies para serem afastados da sociedade. Aos surdos era proibido receber a comunho, heranas, de votar e, enfim, de usufrurem de todos os direitos comocidados.

Santo Agostinho, filsofo e telogo cristo de profunda influncia na filosofia ocidental e no cristianismo, deu opinies com relao aos surdos que, ainda hoje no esto muito claras. Segundo Agostinho, a f somente seria obtida pela "captao" do Sermo. Para ele, "O surdo e o deficiente mental no podem crer, porque a f vem atravs do Sermo, a palavra falada.". Os que defendem Agostinho, dizem que, para ele, a Lngua de Sinais com que os surdos se comunicavam, fazia s vezes da lngua falada. Desta forma, atravs da lngua gestual, o surdo poderia apreender os ensinamentos de Jesus, tal e qual um ouvinte. Idade Moderna Apenas no sculo XVI que os ouvintes comearam a se interessar pela educao dos surdos. No perodo do Humanismo Renascentista, novas descobertas eram alcanadas atravs do estudo do corpo, dando incio s pesquisas sobre o desenvolvimento da audio. na Espanha do sculo XVI que encontramos os primeiros educadores surdos: - Bartolo Della Marca DAncona - Advogado e escritor do sculo XIV faz a primeira aluso possibilidade para que o surdo possa aprender por meio da Lngua de Sinais ou Lngua Oral. - Sculo XVI encontramos a primeira referncia s distino entre surdez e mutismo, no livro "De Inventione Dialctica" de Rodolfo Agrcola (1528). - Girolamo Cardamo (1501-1576), mdico italiano, declara que os surdos podiam e deviam receber uma instruo. Interessou-se pelo estudo do ouvido, nariz e crebro porque seu filho era surdo. - Ponce de Lon (1520-1584) Monge benedetino (On, Espanha), considerado o primeiro professor de surdos na histria e cujo trabalho serviu de base para diversos outros educadores surdos - o verdadeiro incio da educao do surdo. Educava filhos de nobres que nasciam com problemas auditivos porque, se fossem os filhos primognitos e no falassem, no receberiam a herana.> - Juan Pablo Bonet - Fillogo e soldado a servio do rei se interessou pela educao de um surdo. Luis de Velasco, irmo do capito-geral do exrcito. A famlia de Velasco tinha uma histria de surdez familiar e Ponde de Leon foi responsvel pela educao de alguns dos descendentes de Luis de Velasco. Sua famlia deve ter apresentado algumas das tcnicas de trabalho de Leon, inclusive o alfabeto manual que usava Bonet se apropriou de alguns desses mtodos. Em 1620 Bonetpublica "Reducion de las Letras Y Arte para Ensear Hablar los Mudos" em que o alfabeto manual era usado para ensinar a ler e a gramtica era ensinada por meio da Lngua de Sinais. o primeiro livro sobre educao de surdos que consiste no aprendizado do alfabeto manual e da

importncia da interveno precoce. Ele insistia em que as pessoas envolvidas com uma criana surda fossem capazes de utilizar o alfabeto manual. - Rodrigues Pereire (1715-1780) Tinha fluncia na Lngua de Sinais, mas defendia a oralizao. Utilizava os sinais para instrues, explicaes lexicais, conversaes com alunos at que pudessem se comunicar oralmente ou pela escrita - nunca publicou seus mtodos. Usava diariamente o alfabeto manual. Outras pessoas que tiveram grande importncia na histria dos surdos neste perodo foram : Johann Conrad Amman, John Wallis, Thomas Braiswood, Abe de L' epe. Idade Contempornea Depois da Revoluo Francesa e durante a Revoluo Industrial, entrou-se numa era de disputa entre os mtodos oralistas e os baseados na lngua gestual. Roch-Ambroise Cucurron Sicard foi um abade francs, famoso pelo seu trabalho como educador de Surdos; Sicard fundou a escola de Surdos de Bordus, em 1782, posteriormente sucedeu a L'pe, como diretor do instituto criado pelo mesmo, tambm apoiou a criao de vrios institutos de surdos em todo o pas. Pierre Desloges, francs, tornou-se surdo aos 7 anos, devido varola, foi defensor da lngua gestual, tendo sido autor do primeiro livro publicado por um surdo, onde revelava a sua indignao contra as ideias do Abade Deschamps, que havia publicado um livro que criticava a lngua gestual. Desloges, em seu livro, defende a ideia de que a lngua gestual (Antiga Lngua Gestual Francesa) j existia, mesmo antes do aparecimento das primeiras escolas de surdos, como criao dos surdos e sua lngua natural. J Jean Massieu foi um dos primeiros professores surdos do mundo. Laurent Clerc, surdo francs, educador, acompanhou Thomas Hopkins Gallaudet, educador ouvinte, aos EUA, onde abriram uma escola para surdos, em Abril de 1817, a Escola de Hartford. Gallaudet instituiu nessa escola a Lngua Gestual Americana, passou ainda a seu usado o ingls escrito e o alfabeto manual. Em 1830, quando Gallaudet se reformou, j existiam nos Estados Unidos cerca de 30 escolas para surdos. Edward Miner Gallaudet, filho de Thomas Gallaudet e tambm educador de surdos, lutou pela elevao do estatuto do Instituto de Colmbia a colgio. Esse colgio deu origem, em 1857, Universidade Gallaudet, onde for presidente por 40 anos. Nesse interm, Alexander Graham Bell, cientista estadunidense, trabalhava na oralizao dos surdos. Casou com uma surda, Mabel. Bell era grande defensor do oralismo e opunha-se lngua gestual e s comunidades de surdos, uma vez que as considerava como um perigo contra a sociedade. Assim sendo, Bell defendia que os surdos no deveriam poder casar entre si e deveriam obrigatoriamente frequentar escolas normais, regulares. No entanto, em 1887

Bell, no Congresso de Milo, admitiu que os surdos deveriam ser oralizados durante um ano, mas se isso no resultasse, ento poderiam ser expostos lngua gestual.[7] Esta luta entre o oralismo e a lngua gestual continua at aos nossos dias.[8] Em 1880 nasce Hellen Keller, nos Estados Unidos. Hellen ficou cega e surda aos 19 meses de idade, por causa de uma doena. Aos 7 anos Hellen havia criado cerca de 60 gestos (br: sinais) para se comunicar com os familiares. Anne Sulivan, a professora de Hellen, isolou-a do resto da famlia, conseguindo assim disciplinar e ensinar Hellen. Sullivan ensina a Hellen usando o mtodo de Tadona, que consiste em tocar os lbios e a garganta da pessoa que fala, sendo isso combinado com dactilologiana palma da mo. Hellen aprendeu a ler ingls, francs, alemo, grego e latim, atravs do braile. Aos 24 anos formou-se, em Radcliffe. Foi sufragista, pacifista e apoiante do planeamento familiar. Fundou o Hellen Keller International, uma organizao para prevenir a cegueira. Publicou muitos livros e foi galardoada por Lydon B. Johnson, com a Presidential Medal od Freedoms. No Seculo XX Em 1970 aparecem as primeiras tentativas de implantao coclear. Esse tipo de implante sempre gerou muita controvrsia nas comunidades surdas em todo o mundo. Os argumentos a favor do implante resumem-se ao acesso lngua oral, na idade crtica de aquisio, que a cirurgia simples e segura e com a possibilidade de proporcionar criana de ter uma vida social com som, e no com deficincia. No entanto, a comunidade surda, como um todo, contra a implantao coclear em crianas surdas, antes da aquisio da linguagem. Pensa a comunidade que obrigar a criana surda a ser ouvinte, mesmo no sendo, influencia outros a negligenciar necessidades e meios de apoio deficincia. Muitos mdicos recomendam que o implante coclear seja acompanhado com a lngua gestual, especialmente nos primeiros anos da criana, a fim de assegurar o pleno desenvolvimento cognitivo da criana. Segundo fontes mdicas, os riscos do implante coclear incluem: infeco, vertigem, estimulao retardada, forte exposio a campos magnticos, necessidade de acompanhamento mdico por toda a vida. Segunda Guerra Mundial Em 1920, antes da chegada dos nazis ao poder, surgiu nos EUA e na Alemanha um movimento da comunidade mdica, com apoio das sociedades em questo, em prol da esterilizao de doentes mentais e psicopatas criminosos (na Alemanha este movimento ficou conhecido como higiene racial). Em 1933, com a chegada dos nazis ao poder, este movimento teve suporte poltico. Nesse mesmo ano, na Alemanha, foi aprovada uma lei para esterilizar as pessoas portadoras de doenas genticas transmissveis, incluindo a surdez.[23][24]

Na poca, Berlim continha cerca de vinte e cinco comunidades de Surdos. Em Junho de 1933, o jornal alemo mencionou o primeiro Surdo a pertencer s S.A. e uma unidade militar composta dos Surdos; um ano mais tarde, esta unidade foi dissolvida, sob pretexto de que o grupo no reunia o perfil da imagem do nazismo ideal. Entretanto, os Surdos comearam a perder os seus direitos:

os programas recreativos para surdos foram extintos; crianas surdas foram expulsas das escolas e denunciadas s autoridades; gradualmente, as escolas de Surdos foram encerradas e convertidas em hospitais militares.

Dados comprovam que, em 1937, 95% das crianas surdas pertenciam juventude hitleriana, tendo a letra G (em alemo, inicial de gehoerlosan) marcada no ombro do casaco. Posteriormente, assim que comeou a guerra, a Alemanha passou da esterilizao para a eutansia, tanto por razes econmicas, como por razes ideolgicas. Em 1941, era comum o uso de eutansia nos hospitais, onde eram mortos bebs com deficincia, incluindo surdos.[25] Posteriormente, tornou-se comum a prtica do aborto, que era aplicada quando se suspeitava que os fetos poderiam ter deficincias congnitas, ou qualquer tipo de doena, como no caso da surdez. Poucos surdos escaparam, sobrevivendo em guetos e nos campos de concentrao na Alemanha, Polnia e Hungria.

Fatos Relatados na Historia Brasileira:Huet se formou professor e emigrou para o Brasil em 1855. Apoiado por D. Pedro II, ele fundou, no dia 26 de setembro de 1857, o Imperial Instituto de Surdos-Mudos, onde era utilizada a lngua de sinais. Porm, seguindo a tendncia determinada pelo Congresso de Milo (1880), em 1911, o INES estabeleceu o oralismo como mtodo de educao dos surdos. Hoje chamado de Instituto Nacional de Educao de Surdos (INES). Comeou alfabetizando sete crianas com o mesmo mtodo do abade L'Epe. Essa foi a primeira escola a aplicar a lngua de sinais na metodologia de ensino. Assim como a educao na Frana, a lngua de sinais no Brasil deixou de se desenvolver com o Congresso de Milo. Embora a influncia do oralismo fosse forte, os surdos brasileiros buscaram outras alternativas de se comunicarem atravs da Lngua Brasileira de Sinais (Libras). Organizaram-se em forma de associaes para viverem a sua cultura. As associaes so lugares onde h uma rica convivncia de surdos, troca de experincias, lazer, esporte e, principalmente, o fortalecimento da identidade dos surdos. Principal personagem da histria dos surdos no Brasil no um brasileiro e sim um francs: Huet nasceu em 1822 e aos 12 anos ficou surdo.