licenciamento marmorarias - es iema

8
XXX CONGRESO INTERAMERICANO DE INGENIERÍA SANITARIA Y AMBIENTAL 26 al 30 de noviembre de 2006. Punta del Este – Uruguay ASOCIACIÓN INTERAMERICANA DE INGENIERÍA SANITARIA Y AMBIENTAL - AIDIS TÍTULO ANÁLISE DA GESTÃO DA ÁGUA NAS INDÚSTRIAS DE MÁRMORES E GRANITOS NOME DOS AUTORES Marcelo Brígido Cheregati Faria de Oliveira ROXO (¹) Geógrafo, pós-graduado em Gestão Ambiental. Trabalho anterior em empresa de consultoria ambiental. Trabalho atual na equipe de licenciamento em beneficiamento de mineração no IEMA, órgão governamental ambiental do Espírito Santo, Brasil. Caroline de Andrade Vescovi Nagib MARTINS Técnóloga em Saneamento Ambiental Tainan Bezerra OLIVEIRA. Bióloga, Msc. Ciências Ambientais Ronieli Barbosa da SILVA; Tecnóloga em Saneamento Ambiental Guilherme Augusto Strutz RAMOS; Eng.ª Civil, Msc. Engenharia Ambiental Maria Claudia Lima COUTO; Eng.ª Civil, Msc. Engenharia Ambiental Endereço (1): IEMA. Rod. BR 262, Km 0 - Jardim América - Cariacica - ES 29.140-500 Brazil – Tel.: (55) 27 3136-3461, Fax. (55) 27 3136-3444 – e-mail: [email protected] RESUMO A água tem se tornado um recurso escasso em qualidade. Empresas no setor de rochas ornamentais utilizam a água intensivamente. O cenário presente e a previsão de cenários futuros nos leva a racionalizar o uso da água. A racionalização do uso da água compreende, num primeiro momento, a redução do consumo, através do não desperdício (uso não necessário). A reutilização das águas de chuva e das águas internas da empresa reduz da mesma forma seu consumo. O controle da geração de efluentes e de resíduos impacta a qualidade da água. Por fim, o uso de tecnologias menos intensivas em água ou o aprimoramento das tecnologias existentes alteram o conceito de necessidade de consumo. PALAVRAS CHAVE água, rocha ornamental, gestão ambiental

Upload: guischneider

Post on 05-Jul-2015

547 views

Category:

Documents


4 download

TRANSCRIPT

Page 1: Licenciamento Marmorarias - ES IEMA

XXX CONGRESO INTERAMERICANO DE INGENIERÍA SANITARIA Y AMBIENTAL 26 al 30 de noviembre de 2006. Punta del Este – Uruguay

ASOCIACIÓN INTERAMERICANA

DE INGENIERÍA SANITARIA Y AMBIENTAL - AIDIS TÍTULO

ANÁLISE DA GESTÃO DA ÁGUA NAS INDÚSTRIAS DE MÁRMORES E GRANITOS

NOME DOS AUTORES Marcelo Brígido Cheregati Faria de Oliveira ROXO (¹) Geógrafo, pós-graduado em Gestão Ambiental. Trabalho anterior em empresa de consultoria ambiental. Trabalho atual na equipe de licenciamento em beneficiamento de mineração no IEMA, órgão governamental ambiental do Espírito Santo, Brasil. Caroline de Andrade Vescovi Nagib MARTINS Técnóloga em Saneamento Ambiental Tainan Bezerra OLIVEIRA. Bióloga, Msc. Ciências Ambientais Ronieli Barbosa da SILVA; Tecnóloga em Saneamento Ambiental Guilherme Augusto Strutz RAMOS; Eng.ª Civil, Msc. Engenharia Ambiental Maria Claudia Lima COUTO; Eng.ª Civil, Msc. Engenharia Ambiental Endereço (1): IEMA. Rod. BR 262, Km 0 - Jardim América - Cariacica - ES 29.140-500 Brazil – Tel.: (55) 27 3136-3461, Fax. (55) 27 3136-3444 – e-mail: [email protected] RESUMO

A água tem se tornado um recurso escasso em qualidade. Empresas no setor de rochas ornamentais utilizam a água intensivamente. O cenário presente e a previsão de cenários futuros nos leva a racionalizar o uso da água. A racionalização do uso da água compreende, num primeiro momento, a redução do consumo, através do não desperdício (uso não necessário). A reutilização das águas de chuva e das águas internas da empresa reduz da mesma forma seu consumo. O controle da geração de efluentes e de resíduos impacta a qualidade da água. Por fim, o uso de tecnologias menos intensivas em água ou o aprimoramento das tecnologias existentes alteram o conceito de necessidade de consumo. PALAVRAS CHAVE água, rocha ornamental, gestão ambiental

Page 2: Licenciamento Marmorarias - ES IEMA

INTRODUÇÃO

Tendo em vista a necessidade de racionalização do uso da água, em função de sua disponibilidade, entende-se que os processos das indústrias de beneficiamento de rochas ornamentais, bem como demais empreendimentos humanos, devem ser trabalhados continuamente para a manutenção deste recurso, pois isto representa economia de custos ambiental e para o próprio processo produtivo da empresa. As indústrias de beneficiamento de rochas ornamentais operam individualmente com três processos básicos dependentes do uso da água: desdobramento dos blocos, polimento e acabamento das chapas. Esses processos exigem um grande volume do recurso hídrico, mas medidas de controle operacional e recirculação de água nos processos podem minimizar este consumo. 2. OBJETIVOS Este trabalho tem por objetivo organizar o conhecimento e divulgar as práticas de boa gestão da água abordadas no licenciamento das atividades de beneficiamento de rochas ornamentais pelo Instituto Estadual para assuntos do Meio Ambiente e Recursos Hídricos – IEMA, do Estado do Espírito Santo, Brasil. Estas práticas podem ser reproduzidas ou adaptadas a outras atividades humanas, considerando as particularidades de cada atividade. O trabalho também pretende analisar o uso da água por estas empresas. 3. METODOLOGIA UTILIZADA O trabalho foi desenvolvido a partir da observação das práticas conduzidas pelo IEMA no licenciamento das atividades em questão. A partir desta observação foi possível estabelecer pontos principais. Foram geradas conclusões a partir da organização do conhecimento, ou seja, visão de interfaces e integração destas práticas. As etapas seguintes consistem do levantamento de dados sobre consumo de água e geração de efluente nas industrias instaladas e sobre o uso das novas tecnologias no Estado, e formalização de proposta para otimizar a utilização deste recurso neste processo industrial. 4. ATIVIDADES COMPLETADAS Num primeiro momento, foram organizadas as informações sobre as formas de uso da água neste processo industrial. 5. RESULTADOS OBTIDOS A gestão dos recursos hídricos nas industrias de beneficiamento de rochas ornamentais deve ocorrer em três momentos: captação, utilização no processo produtivo, manutenção e efluentes. Além destes momentos, a gestão dos resíduos interfere na gestão hídrica dentro e fora da empresa. 5.1. A captação O Instituto Estadual para assuntos do Meio Ambiente e Recursos Hídricos – IEMA possui um setor específico na gestão dos recursos hídricos que atravessam ou se localizam no Estado do Espírito

Page 3: Licenciamento Marmorarias - ES IEMA

Santo, a Gerência de Recursos Hídricos - GRH. Este grupo está implementando a gestão dos recursos hídricos segundo bacias hidrográficas através do cadastramento e da outorga de captações/descartes em corpos hídricos. Atualmente está ocorrendo o cadastramento da captação de água em poços e nos corpos hídricos superficiais com vazão inferior a 2 l/s. Caso a captação nos corpos hídricos superficiais seja maior que a citada, é procedida a outorga. Assim como nas demais Gerencias do IEMA, a Subgerência de Licenciamento em Mineração – SLM exige em seus processos de licenciamento tal procedimento. Esta é uma forma de racionalizar o uso de recursos hídricos, prevenindo e mitigando situações de escassez. 5.2. Umectação das vias de acesso internas As empresas de beneficiamento, em sua maioria, não possuem vias internas pavimentadas. Essas vias sofrem constante movimentação de veículos que carregam os blocos de rochas, insumos e resíduos que, em períodos secos, levantam grande quantidade de material particulado. Por isto, a umectação das vias deve ser realizada, quando necessário. Em períodos úmidos, quando a geração de particulados é menor, a umectação é menos necessária. Uma alternativa à umectação das vias é a pavimentação das mesmas, reduzindo a necessidade de uso da água. 5.3. Águas externas As águas pluviais que fluem dos taludes a montante são recolhidas por canaletas que são direcionadas a um ponto de saída a jusante, afastando as águas do pátio da empresa, evitando o carreamento de materiais do processo produtivo, evitando erosão. Estes pontos concentram a água, e vertem para caixas retentoras de matérias sólidos, evitando o carreamento pontual das águas superficiais, o que por sua vez pode gerar assoreamentos pontuais de corpos d’água. Sugerimos, em alguns casos, a captação de água da chuva, para utilização nos processos industriais ou mesmo no abastecimento doméstico. Podem ser recolhidas por telhados dos galpões com caimento. A água escoa em função da inclinação formada, onde verte para calhas na base do telhado e abastece um reservatório de onde a água pode ser bombeada em direção à caixa d’água da empresa. 5.4. Efluentes domésticos Exigimos que os empreendimentos tratem seus efluentes domésticos, pois os mesmos podem conter organismos patogênicos. O tratamento recomendado pelo órgão, quando não há sistema de tratamento de esgotos na rede coletora, consiste no sistema fossa séptica - filtro anaeróbio-sumidouro (ou outra destinação). O lançamento em corpos d’água deve atender ao padrão de qualidade da água deste corpo, que é definido segundo seu uso. 5.4. Processo Produtivo

5.4.1 Lavagem dos blocos As rochas ornamentais são recebidas nas empresas na forma de blocos de 8 m³. Estes blocos são armazenados no pátio, e são lavados antes de serem serrados para a retirada se solo que por ventura foi agregado ao bloco na sua extração. Como o bloco tal como é extraído é considerado inerte segundo a norma brasileira NBR 10004:2004 – Classificação de resíduos, a água que escoa

Page 4: Licenciamento Marmorarias - ES IEMA

do bloco pode infiltrar no solo, ser desviada para um corpo d’água ou ser reutilizada, após sedimentação do material carreado na lavagem. 5.4.2 Processo de serragem A serragem dos blocos de granito tem por objetivo a produção de chapas, em geral de 2 a 3 centímetros de espessura, e consiste no movimento de lâminas de serragem paralelas que descem gradualmente, serrando o bloco. Este processo ocorre em via úmida e para aumentar o atrito, é adicionada granalha de aço ou ferro. Adiciona-se também, cal hidratada para evitar a oxidação das chapas em contato com a granalha e as lâminas. Este material, constituído de água, granalha e cal, é denominado lama denominada lama abrasiva. No processo de serragem, o pó-de-rocha é adicionado à lama. Esta lama sofre recirculação, até que esteja saturada de resíduos e então deve ser descartada para evitar o comprometimento do maquinário. O efluente proveniente da serragem deve passar por um tratamento que vise à redução da umidade, conseqüentemente do volume, o que reduz o custo com transporte para disposição final em aterros industrias ou para serem utilizados como matéria-prima em outros processos produtivos. Os principais tipos de tratamento utilizados pelas empresas do Estado são sedimentadores verticais associados ou não a leitos de secagem ou filtro-presa. Nestes tipos de tratamento uma parcela da água é recuperada podendo retornar ao processo industrial. 5.4.3 Processo de polimento, corte e acabamento A legislação estadual do Espírito Santo prevê, na LEI N.º 4.636, Art. 1º, que as indústrias de beneficiamento de mármore e granito estabelecidas neste Estado ficam obrigadas a construírem e utilizarem tanques de decantação para reutilização da água. Esta reutilização refere-se ao processo de polimento, corte e acabamento. O polimento das chapas é realizado em via úmida com máquinas manuais, semi-automáticas ou automáticas. Para polir as chapas, estas máquinas pressionam em sentido rotatório um material chamado abrasivo, que consiste num suporte plástico ou metálico que acondiciona um disco feito com material abrasivo. Este material pode ser basicamente de quatro tipos: os magnesianos, resinóides, diamantados e metálicos. O mais empregado é o magnesiano, que contém em sua composição cloretos. Após o levigamento (polimento mais bruto), são aplicadas resinas para impermeabilização das chapas. Uma vez polida a chapa, a mesma é cortada segundo o produto desejado. Este corte ocorre também por via úmida, realizado com serras, na maioria das empresas. É gerado então um efluente contendo água e pó-de-rocha. No processo de polimento, é gerado um grande volume de efluente consistindo de água, material abrasivo, resina seca e pó-de-rocha. No processo de acabamento é gerado um efluente com água, pó-de-rocha e eventualmente cola e outros produtos de acabamento. O efluente gerado no polimento e no corte e acabamento é encaminhado a tanques de decantação, em geral seqüenciais. Os sedimentos depositados no fundo dos tanques formam uma lama, podendo ser utilizado floculantes para acelerar o processo O efluente dos tanques é reutilizado no processo, conforme estabelecido pela Lei N.º 4.636. Esta medida reduz a captação externa de água promovendo um ganho ambiental e proporcionando redução de custos. O empreendedor pode optar por um sistema de tratamento alternativos, desde que comprovada sua eficiência, sendo condição para todos os tratamentos 30% de umidade final da lama, por

Page 5: Licenciamento Marmorarias - ES IEMA

questão de destinação final em aterros para resíduos classe II-A (NBR 10004:2004). Esta medida, além de aumentar o tempo de vida útil do aterro e de diminuir os riscos de vazamento no transporte, induz a empresa a reutilizar a água gerada. Todas estas medidas atenuam a interferência nos corpos d’água. 5.5. Medidas de controle 5.5.1 Impermeabilização de pisos Para que seja evitada a infiltração de materiais no solo, o que comprometeria o lençol freático, é necessário que o piso da empresa seja impermeabilizado. O piso pode receber os efluentes que escapam dos processos de serragem, polimento e corte e acabamento. Durante o processo de serragem, polimento e corte, pode ocorrer a externalização, respectivamente, da lama abrasiva, águas residuárias do polimento e do corte, materiais que se depositam sobre o piso. É pedida a construção de canaletas ao redor destes equipamentos, que drenam as água, encaminhando-as ao(s) tanque(s) de decantação. Uma vez que durante a drenagem, parte do material sólido fica retido nas canaletas, é pedido que haja manutenção das mesmas, evitando-se sua saturação. A fluidez dos efluentes que drenam pelas canaletas se relaciona com a saída desses líquidos para o piso e a áreas externas à empresa. Pisos permeáveis e canaletas entupidas podem significar a entrada de contaminantes no lençol d’água. 5.5.2. Oficina mecânica Óleos lubrificantes utilizados na manutenção dos equipamentos (teares, politrizes e máquinas de corte) podem se depositar sobre o piso, por isto recomenda-se a manutenção regular das máquinas. Efluentes oriundos de oficinas mecânicas devem ser tratados e destinados corretamente. Um sistema utilizado consiste de calhas de drenagem do piso que vertem para uma caixa separadora água/óleo, onde o óleo pode ser reaproveitado, e água retorna ao processo industrial. 5.5.3. Gestão ambiental dos insumos e suas embalagens Os insumos da produção, como cal virgem, granalha, abrasivos, resinas e oleosos devem ser armazenados sobre piso impermeável e em local coberto, evitando o comprometimento do solo e de corpos d’água. Suas embalagens, que podem conter produtos danosos à saúde do homem e dos ecossistemas, devem ser devidamente destinadas, podendo retornar ao fabricante, serem reutilizadas ou serem descartadas, respeitando sempre seu potencial contaminante. 5.5.4. Gestão dos resíduos sólidos Resíduos sólidos perigosos, não inertes e inertes (NRB: 10004:2004) devem ser armazenados de maneira segregada, em locais cobertos.

Page 6: Licenciamento Marmorarias - ES IEMA

O armazenamento conjunto destas três tipologias implica na caracterização do resíduo de menor potencial contaminante com o de maior. O descarte ou reuso destes materiais em consonância com sua caracterização original implica em riscos ao meio ambiente, sendo a água um veículo e objeto desta contaminação. 5.6. Efluentes sólidos e semi-sólidos

5.6.1. Caracterização da lama Exigimos em nosso licenciamento a caracterização da lama abrasiva, bem como os demais resíduos gerados. Testes de laboratório podem caracterizar o resíduo (Norma NBR 10004:2004) como: - perigoso (características como toxidade, patogenicidade, entre outras); - não perigoso não inerte (não se classifica como perigoso nem como inerte, podendo ter características como solubilidade, biodegradabilidade, entre outras); - inertes [amostrados de forma representativa, em contato dinâmico e estático com a água não apresentam constituintes solubilizados a concentrações (anexo da norma) superiores aos padrões de potabilidade da água excetuando-se cor, turbidez, dureza e sabor] Esta caracterização irá determinar o cuidado na disposição temporária e final da lama, e a liberação ou não da utilização da lama em um novo produto. Procurando minimizar os custos com testes de laboratório, pedimos o inventário de insumos e matérias-primas que compõe os resíduos. A definição dos elementos que compõe os resíduos orientam quais os elementos serão analisados/caracterizados no mesmo. 5.6.2. Armazenamento temporário da lama (efluente seco dos teares, politrizes, máquinas de corte e drenagem, após sedimentação) Após sedimentação nos tanques, o efluente semi-sólido pode ser armazenado no interior da empresa, até que o mesmo seja enviado a depósitos maiores ou seja reaproveitado. Estes tanques temporários devem possuir superfície impermeável, impedindo que o resíduo atinja o lençol freático. Devem ser cobertos, evitando o aporte das águas pluviais, que poderiam completar o volume do tanque. A água decantada é reaproveitada no processo industrial. 5.6.3. Transporte O transporte da lama para aterros ou reutilização deve contemplar a vedação da carga, evitando seu extravasamento para as vias, protegendo os corpos d’água a jusante das vias. 5.6.3. Aterros Industriais

5.6.3.1. Seleção de áreas para aterro O IEMA elaborou um termo de referência para aterro de resíduos de rochas ornamentais. As áreas selecionáveis para a construção de aterros não podem se situar em áreas de preservação permanente, definidas pela legislação brasileira (Resolução CONAMA nº 303/2002) como sendo, entre outras, áreas: - de charco (estas áreas, além de possuírem ecossistema diferenciado, influem diretamente na qualidade da água subterrânea, uma vez que são afloramentos do lençol d’água)

Page 7: Licenciamento Marmorarias - ES IEMA

- áreas marginais aos corpos d’água, em extensão (definida na resolução) proporcional à largura do corpo hídrico. Devem ser indicados os usos dos corpos de água próximos, bem como dos poços e outras coleções hídricas, e também os usos e ocupação do solo na região. 5.6.3.2. Aterros Dentre outros controles, o aterro deve possuir base e laterais com permeabilidade de 10-6 cm/s e distância mínima de 3m entre a base do aterro e o lençol d’água (zona não aturada do solo). Outra medida prevista é a reutilização da água residuária pelas empresas. Esta água é coletada no fundo do aterro por um sistema de calhas de drenagem e verte para uma caixa retentora de materiais sólidos. A cobertura do aterro deve ser composta, sucessivamente a partir do topo do material aterrado, por uma camada com permeabilidade de 10-6 cm/s, outra com material permeável (brita) e ao final uma camada de solo com matéria orgânica e vegetação. A água que penetra na superfície do terreno e ultrapassa a camada orgânica atinge o leito permeável, por onde drena sobre o leito “impermeável”, sendo todos estes extratos levemente inclinados. 5.6.4. Reutilização A empresa que desejar reutilizar a lama na composição de outros produtos industriais deve comprovar, por testes de laboratórios, que o produto é inerte, segundo as NBRs 10.0004, 10005, 10006 e 10007. Este cuidado evita que o novo produto, que atualmente pode ser um tijolo, bloco de concreto, cimento, entre outros, todos materiais utilizados na construção civil, contaminem o ambiente em que se insere. 6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES O setor de rochas ornamentais é um setor que utiliza intensivamente a água. O IEMA vem trabalhando no sentido da conscientização para a redução do consumo deste recurso e aumento da sua disponibilidade em qualidade. Os recursos hídricos, ao serem utilizados em um processo industrial, sofrem transformações quantitativas e qualitativas complexas. Por isto sua utilização deve ser diagnosticada e avaliada, para o subsídio de propostas que otimizem seu uso, visando à preservação dos recursos naturais. Este trabalho, no âmbito da indústria de beneficiamento de mármores e granitos, pretendeu realizar esta diagnose, para que, num segundo momento, sejam recolhidos dados sobre o consumo e geração de efluentes, a fim de se gerar uma proposta, pelo órgão ambiental do Espírito Santo, de otimização do uso destes recursos nesta atividade industrial. Os primeiros resultados já aparecem pelo aumento do número de aterros em sintonia com os ecossistemas, e o incremento na reutilização da água e reaproveitamento dos efluentes, o que ocorre muitas vezes de maneira espontânea. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. HEAT, R. C. Basic ground-water hidrology. U. S. Geological Survey Water Supply Paper 2220, Washington D. C., 1983, 84 p.

2. MAGACHO, Idenisia; SILVA, Ronielli Barbosa da. INDICADORES DE GERAÇÃO DE RESÍDUOS DO PROCESSO DE BENEFICIAMENTO DE ROCHAS ORNAMENTAIS: ESTUDO

Page 8: Licenciamento Marmorarias - ES IEMA

DE CASO EM EMPRESAS DE NOVA VENÉCIA/ES – JANEIRO A JUNHO DE 2006. Monografía do Curso de Especialização “Latu Sensu” em Gestão Ambiental do Departamento de Engenharia Ambiental do Centro Tecnógico da Universidade Federal do Espírito Santo. Vitória, 2006. 134 p.

3. NBR 10004:2004 – Resíduos sólidos – Classificação.

4. NBR 10005:2004 – Procedimento para obtenção de extrato lixiviado de resíduos sólidos.

5. NBR 10006:2004 – Procedimento para obtenção de extrato solubilizado de resíduos sólidos.

6. NBR 10007:2004 – Amostragem de resíduos sólidos.

7. RODRIGUES, Marcus Vinícius. Gestão de Empresas. Apostila do Curso MBA em Gestão Ambiental. Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, 2004.