lima (2012) - capítulo 2

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  • 8/19/2019 Lima (2012) - Capítulo 2

    1/14

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    2/14

      o n c e i ~ a o

    Lima

    Copyright ©2012 Todos os direitos reservados a:

    o n c e i ~ a o

    Lima

    ISBN: 978-85-4160-283-9

    1• Ediyiio

    Novembro

    2012

    Direitos exclusivos

    para

    Lingua Portuguesa cedidos

    Biblioteca24horas, Seven System International Ltda.

    Rua Luis Coelho 320/

    3

    Consolayiio

    Sao Paulo SP Brasil CEP 01309-000

    11) 3259-4224

    leitor@biblio teca24horas.com

    Vendas:

    www.biblioteca24horas.com

    odos os direitos reservados. enhuma parte do conteudo deste livro podera ser

    a

    ou

    reproduzida em qualquer meio au form

    a

    seja ele impressa  digital

    - ou

    visual sem a expressa u t o r i z ~ i i o por escrito da Biblioteca24horas sob

    z

    criminais e ~ civis.

    2

  • 8/19/2019 Lima (2012) - Capítulo 2

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      o n c e i ~ a o ima

    0 NOVO MILENIO 0 NOVO PARADIGMA E A EDU-

    CACAOINOVADORA

    Muitas pessoas ainda acreditam que a

    melhor educar;ao, a educar;ao ideal, e a-

    que/a desenvolvida um a um: um profes

    sor e um a/uno. Nao se discute que edu

    car ao

    um a um } foi um processo, de fa-

    to bem eficiente. Era a e d u c ~ o dos

    principes

    em priscas eras quando o vo

    lume de informar;ao - comparado ao dos

    dias de hoje

    -

    era fnfimo e quando a sim

    ples capacidade de memoria tinha mais

    meritos. Hoje e importante saber navegar.

    A final, navegar e precisa . . Ou, em pala

    vras atuais, aprender a aprender e o mote

    nestes tempos de aceleradas transforma

    r;oes de contextos e de produr;ao de no

    vas conhecim entos. Pode-se dizer [ ..}que

    a educar;ao dos prfncipes, na sua essen

    cia, chegou ao povo MACHADO, s.d

    .,

    nao

    paginado) .

    Entrou

    em

    cena o novo paradigma hist6rico da p6s

    modernidade, surgido com a Internet e suas redes mundiais.

    Esse novo contexto digital ciber

    espac;o foi

    o responsavel

    pelo aparecimento de uma nova forma de cultura, a cibercul

    tura, que abriga uma nova forma de inteligencia coletiva da

    especie humana. 0 compartilhamento coletivo internacional

    da memoria, do pensamento, da produc;ao, da gestao e da

    comunicac;ao do planeta origina a nova sociedade do co

    nhecimento caracterizada par uma explosao quantitativa e

    qualitativa dos saberes em tempo real (online) ,

    in

    dependen

    temente de qualquer barreira geografica.

    0 advento das tecnologias digitais da informac;ao e co

    municac;ao TIC), ao provocar uma profunda mutac;ao da

    relac;ao com o saber, traz a tona a questao da nao inclusao

    digital , problematiza o ensino escolar tradicional e impoe

    uma nova visao pedag6gica voltada para

    aprender a pen-

    sar e, principalmente, aprender a aprender

    em

    ambientes

    ed ucacionais interativos, com elevado grau de participac;ao

    2

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    CiberCultura CiberLinguagem &

    i

    b

    e r

    d u c

    o

    do aluno no processo de constru9ao do conhecimento. A

    fun9ao docente

    as

    _  ume, assim , uma nova dimensao, a de

    arquiteto do saber/

    em

    que, alem de mediar o acesso ao

    cOnheciment o, ensina

    os

    homens a conviver, a respeitar a

    diversidade

    em

    todas

    as

    suas manifesta96es e a cooperar

    entre

    si

    .

    Nas

    prim itivas sociedades orais, o que havia era a comu

    nica9ao local e momentan

    ea

    , sem qualquer pretensao de

    atingir a tota

    li

    dade do mundo

    ou

    mesmo de ultrapassar o

    tempo presente. As informa96es eram sempre recebidas no

    momenta e no local de sua

    em

    issao, emissores e recepto'

    res

    da comunica9ao mergulhavam

    no

    mesmo contexto, no

    mesmo fluxo vivo, embora

    lim

    itado, de intera9ao. As duvidas

    de entendimento eram resolvidas face a face, pelo dialogo,

    as

    palavras eram completadas pelos gestos e repetidas

    quantas vezes fossem necessarias.

    0 advento da escrita

    ab

    r

    iu

    um

    espa9o de comunica9ao

    desconhecido pelas sociedades orais, no qual se tornava

    poss fvel tam

    ar

    conhecimento de mensagens geradas par

    pessoas situadas a milhares de quil6metros

    ou

    mortas des

    de seculos,

    ou

    expressando-se desde enormes distancias

    culturais ou sociais. Assim sendo, os atores da comunica9ao

    escrita nao partilhavam necessariamente a mesma situa9ao,

    nao estavam mais

    em

    intera9ao direta, ja que

    as

    condi96es

    de emissao e recep9ao das mensagens escritas permitiam

    que estas se mantivessem fora de contexto.

    A

    esc

    rita obrigou a que a men sag

    em

    se tornasse autos

    suficiente e autoexplicativa. Era preciso detalhar tudo so

    mente atraves da palavra clara, organizada e fluente. Nada

    de gestos, nada de dialogo, nada de entona9ao da fala para

    revelar pensamentos e emo96es.

    E

    que,

    no

    universo da es

    crita, o

    senti o

    da mensagem deve ser o mesmo aqui e

    acola, outrora, hoje, amanha e sempre.

    om

    isso, a escrita

    conseguiu uma universalidade que fez

    com

    que a nossa

    cultura toda estivesse apoiada nos textos, nos livros, nas

    bibl iotecas. 0 documento escrito se tornou , inclusive, a fonte

    de toda a autoridade, desbancado a palavra falada q

    ue

    , no

    2

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    5/14

    C  ceic;ao ima

    novo entender da humanidade, o vento levava  (como, de

    fato, levou).

    A

    invenc;:ao

    da escrita obrigou ao surgimento da

    primeira

    tecnologia da linguagem e da informac;ao 

    que ate entao

    era aprendida espontaneamente,

    sem

    nenhuma

    intervenc;:ao

    didatica sistematizada. Dessa forma, essa tecnologia da

    escrita obrigou ao surgimento da escola, para que houvesse

    aprendizado formal de nov

    as

    tecn icas, na o somente de

    re

    -

    cepc;:ao , mas tambem da produc;:ao de informac;:ao: a leitura,

    a interpretac;:ao, a

    traduc;:ao

    ,

    as

    gramaticas,

    os

    dicionarios, o

    esforc;:o para compor mensagens que fossem capazes de

    circular por toda a parte. Assim,

    a escola

    (tal como a co-

    nhecemos)

    e

    filha da escrita.

    Nem o posterior advento da cultura de massa (represen-

    tada basicamente pelo radio, pelo cinema e pela televisao)

    conseguiu romper com o tipo de com

    unicac;:ao

    estabelecido

    pela escrita. A verdadeira ruptura c

    om

    a pragmatica da co-

    municac;:ao estabelecida pela escrita somente aconteceu no

    li

    miar do terceiro milenio, nos anos 1990, com o surgimento

    de uma nova tecnologia, que ja provocou uma nova mudan-

    c; a

    de paradigma:

    as

    redes de computadores (especialmente

    a Web) acessadas pela Internet, em que a interconexao

    generalizada emerge como forma nova do universal. Por

    intermedio dos computadores e das redes, as pessoas mais

    diversas podem entrar em contato, apertar a mao  do mun-

    do inteiro.

    A emergencia do ciberespac;:o teve

    urn

    efeito tao radical

    sobre a pragmatica das comunicac;:oes como aconteceu , em

    seu tempo, com a

    invenc;:ao

    da escrita. Eis que os saberes

    nao se

    fi

    xam mais no pape

    l

    nao se guardam mais nos li-

    vros, nas bibliotecas, nas instituic;:oes . Migrou, definitivamen-

    te, para a

    reg

    iao virtual do ciberespac;:o, para os oceanos da

    Internet.

    Tudo esta, agora, na Internet. Todos, direta ou indireta-

    mente, dependem dela. A cada memento, inumeraveis pes-

    seas se conectam com a rede

    digital.

    ciberespac;:o ja

    se

    tornou a fonte inesgotavel do saber, o principal equipamento

    da

    in

    teligencia coletiva da humanidade, possibilitando o

    22

  • 8/19/2019 Lima (2012) - Capítulo 2

    6/14

    Ci

    berCu tur

    Ci

    berLinguagem &

    b

    e r d u c a ~ a o

    compartilhamento global de novas formas de acesso a in

    formac;:ao , de novos estilos de raciocfnio, de novos e insti

    gantes conhecimentos. Veio

    a

    luz a nova

    Sociedade do

    Conhecimento cuja explosao quantitativa e qualitativa dos

    saberes consegue intercambiar urn diluvio de informac;:6es

    em tempo real

    online),

    independentemente de qualquer

    barreira geografica. Tambem ,

    as

    possibilidades da realida

    de virtual m tres dimens6es, fazem com que a simulac;ao

    virtual tenha se tornado o modo caracterfstico de conhecer

    na nova cultura nascente.

    Ja se fala na gerac;:ao do p6s-humano  em que a gestae

    mundial (projetos tecnico-cientfficos, empresariais, operac;:ao

    do sistema financeiro, de energia, do governo etc

    .,

    alem de

    todo o conhecimento disponfvel} , acha-se toda suspensa no

    espac;:o virtual , dependente das maquinas digitais. Como se

    verifica,

    as

    novas tecnologias do ciberespac;:o ampliam e

    alteram significativam ente

    as

    principais func;:6es cognitivas

    humanas (memoria, imaginac;:ao, percepc;:ao, raciocfnio, lin

    guagem). Eis af a genese do pos-humano.

    Por sua vez a

    eb

    , evidentemente, tambem tende a mu

    dar cada vez mais rapido. Existe, inclusive, a premissa de

    que e ilusorio pensar numa versao definitiva da principal

    rede mundial. Ja vivenciamos a primeira

    gerac;:ao

    (a Web

    individual), estamos agora no auge da Web 2.0 (a

    eb

    so

    cial ou interativa) e a versao 3.0 ja existe como projeto (a

    Web semantica, inteligente  . Assim e que a cibercultura

    exprime uma grande

    mutac;:ao

    da propria essencia cultural ,

    em

    que o ciberespac;:o figura como urn incrfvel labirinto mo

    vel , sem extensao, sem plano possfvel, universal , um labirin

    to com o qual o proprio Dedalo jamais poderia ter sonhado

    (LEVY, 2003a).

    Embora o ciberespac;:o exprima a diversidade do humane

    nesta p6s-modernidade a cibercultura nao foi idealizada

    agora: ela pode ser considerada como herdeira legftima

    (embora distante) do projeto progressista dos filosofos do

    seculo XVIII , o seculo das luzes e dos idealistas da Revolu

    c;:ao

    Francesa: permitindo,

    de

    fato, a participac;:ao de todos,

    sem fronteiras, no processo mundial de intercambio de in-

      3

  • 8/19/2019 Lima (2012) - Capítulo 2

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      o n e   ~ o

    im

    a

    forma

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    8/14

    CiberCultura

    Ci

    berLinguagem i b e r E d u c a ~ a o

    dia. Nao ha tempo para hesitar, nao ha oportunidade de

    parar.

    Como fatores positives, podemos constatar verdadeiros

    milagres cientfficos e tecnol6gicos. Sao

    as

    viagens espaci

    ais, a

    decifra

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      o n c e i ~ a

    o ma

    tes respostas aos grandes desafios que vern enfrentando e

    que podem , inclusive, destruir a ra9a humana ou , no mini

    ma,

    arrasar toda a sua cultura, fazendo-a retroceder a

    um

    estagio primitive. Essas respostas, todos

    as

    esperam da

    educa9ao, a grande responsavel pelo desenvolvimento hu

    mano a qualquer tempo e

    em

    qualquer Iugar. Pelas maos

    dos professores e que se constroem o saber e a cultura

    in

    dispensaveis

    a

    I

    UyaO

    dos problemas humanos.

    Diante de

    um

    quadro tao complicado, o que

    os

    professo

    res em

    a9ao

    ou em

    formayao) poderao fazer? E mais, como

    formar professores neste milenio, para encarar tao podero

    sas contingencias? Essas sao questoes que exigem muita

    ponderayao, mas que tambem aguardam uma resposta ur

    gente, vista que nao ha tempo a perder.

    Primeiramente, e fundamental nao abrir mao das con

    quistas tecnol6gicas, feitas a duras penas, com muito suor,

    sangue e lagrimas. Portanto, e importante nunca perde-las

    de vista, lembra-las sempre e com elas dialogar.

    Em

    segui

    da, e preciso refletir bastante sabre esse terceiro milenio,

    discuti-

    lo

    muito,

    em

    todas

    as

    oportunidades e

    em

    todas

    as

    instancias: quais sao

    as

    suas principais caracterfsticas?

    Qual e a sua face positiva? Quais os seus dramas? 0 que

    ele esta a exigir de n6s, cidadaos conscientes? Diante de

    tantas indaga96es, fica-nos uma certeza: a educayao confi

    gura-se como uma via insubstituivel de mudanya, de reno

    vayao e de esperan9a.

    Paradigmas de educa9ao sao, a cada momenta e Iugar,

    subprodutos, primeiramente, das tecnologias disponfveis no

    mundo real quadro negro,

    slides  

    filme, canetas etc.

    ),

    que

    podem

    ou

    nao ser utilizados

    em

    fun9ao da cultura dominan

    te dos que detem o poder sabre o processo educacional) .

    Pode-se afirmar tambem que transforma96es na cultura ge

    ram novas tecnologias, geram

    progresso 

    Ea velha hist6ria

    do avo e da galinha

    .

    . Certamente temos que esperar mu

    danyas nos paradigmas da educa9ao como consequencia

    das rapidas transforma96es tecnol6gicas que vern ocorren

    do ja ha varios anos nos campos das comunicay6es, da

    microeletr6nica e da informatica.

    6

  • 8/19/2019 Lima (2012) - Capítulo 2

    10/14

    Ci  r

    Cultura Ci

      r

    Linguagem i b e r E d u c a ~ a o

    Antes mesmo do alvorecer deste milemio, a voz dos no

    vas profetas da renovac;:ao ja se faziam presentes: assim,

    temos as novas teorias da

    cognic;:ao

    , como as de David Au

    subel (1980; MOREIRA MASINI , 1982) e a de Rand Spiro

    (LIMA, 2004), que sintetizam e ampliam , dial6gica e dialeti

    camente, as teorias de construc;:ao do conhecimento de Jean

    Piaget e Lev Vygotski do seculo XX; a fluencia tecnol6gica

    de Seymour Papert (1994, 1996), as tecnologias da inteli

    gencia do fil6sofo Pierre Levy (1995 , 1996, 2003a, 2003b) , a

    aprendizagem das competencias

    de

    Phillippe Perrenoud

    (1995, 1999a, 1999b, 1999c, 2000, 2002) a pedagogia dos

    projetos de Fernando Hernandez (1998, 2002), a pedagogia

    da responsabilidade e da participac;:ao social praticada em

    Portugal pela Escola da Ponte, celebrada e celebrizada por

    Rubem Alves (2001

    ,

    a complexidade do mundo atual e os

    saberes necessaries para a

    educac;:ao

    contemporfmea de

    Edgard Morin (2002, 2003), a multiplicidade

    de

    vozes no

    texto, de Mikhail Bakhtin (2000), para mencionar apenas

    algumas delas.

    Tambem uma nova modalidade de educac;:ao, o ensino

    aberto, mediado pela rede mundial de computadores, vai

    ganhando forma e tomando corpo como uma estrategia das

    mais promissoras. Eis que as pr6prias instituic;:6es escolares,

    incluindo as brasileiras, estao buscando urn novo modelo

    educacional, frente as oportunidades de utilizac;:ao da Infor

    matica Educativa e da Web, para elevar substancialmente o

    numero de alunos no ensino profissionalizante, na educac;:ao

    superior e a formac;:ao continuada, algo impossfvel sem a

    Educac;:ao a Distancia.

    Nestes novos tempos, a demanda

    por

    formac;:ao

    inicial e

    continuada exige a reestruturac;:ao

    do

    sistema escolar, tendo

    por premissa o axioma p6s-moderno de que e muito mais

    facil transportar i n f o r m a ~ o e s do que deslocar pessoas

    E af que se encaixa a nova modalidade do ensino aberto

    mediado pelas redes digitais. omo ja mencionado, o este

    pe da EAD assume a

    cabec;:a

    no rol das soluc;:6es educacio

    nais, principalmente quando se trata das ultimas etapas do

    processo de ensino aprendizagem (Ensino Medio e Ensino

    7

  • 8/19/2019 Lima (2012) - Capítulo 2

    11/14

    Conce i< ao ima

    Superior).

    Em

    vez da escola presencia e estatica de tijolos,

    areia, cimento e

    cal

    , a nova sala de aula virtual e portatil ,

    onde cada qual entra a qualquer hora e de qualquer Iugar,

    subvertendo o

    espac o eo

    tempo da educac;ao tradicional.

    0 uso crescente das tecnologias digitais e das redes de

    comunicac;ao interativa esta acompanhando e ampliando

    uma profunda mutac;ao da relac;ao com o saber. As novas

    possibilidades de criac;ao coletiva, de aprendizado coopera

    tive e de colaborac;ao

    em

    rede propiciadas pelo ciberespac;o

    estao questionando o funcionamento da escola e exigindo

    um

    novo estilo de educac;ao, a Pedagogia

    2 0

    Inclusive, o

    enfoque da formac;ao de professores desloca-se, agora, da

    Didatica (ensinar a ensinar) para a Matetica

    1

    (aprender

    como se aprende) , posicionando o docente como o incenti

    vador da inteligencia coletiva dos grupos,

    com

    a tarefa es

    sencial de ensinar o aluno a aprender a aprender continua

    mente.

    0 paradigma sociocultural da humanidade esta mudando

    (ou ja mudou), disso nao temos duvidas. A rapida mutac;ao

    dos saberes e da tecnologia, a desconcertante perecibilida

    de do conhecimento, a necessidade do aprendizado perma

    nente, da

    e d u c ~ o

    durante toda a vida a descarateriza

    c ao da escola como a principal difusora de conhecimentos

    comprovam a tese de uma mudanc;a estrutural dos pilares

    sociais. E, como nos ensina a antiga sabedoria latina,

    muta-

    tis  mutandis:

    sea

    humanidade mudou, a escola tem de mu

    dar tambem .

    Alem disso, e precise praticar ur ensino reflexivo e,

    portanto, crftico. Se nao quisermos ver o homem dominado

    pe

    l

    as

    maquinas como tememos, torna-se urgente nao tratar

    os educandos como maquinas de aprender. Nao vamos,

    pais, simplesmente entupi-los de conhecimento,

    sem

    que

    os

    mesmos tenham oportunidade de refletir, de digerir essa

    massa de informac;6es disponfveis. Tambem vista que

    os

    conhecimentos estao mudando a cada instante, e precise

    1

    Ter

    mo cu

    nhado

    po

    r Seymour Papert 994)

    pa ra

    designar a arte e a

    ci

    enc ia

    de

    ensi

    na

    r a aprender.

    28

  • 8/19/2019 Lima (2012) - Capítulo 2

    12/14

    Ci

    berCultura CiberLin

    gu gem

    &

    CiberEducat;ao

    que a principal competencia humana desenvolvida na escola

    seja a competencia de aprender a aprender.

    Em

    seguida, cumpre entender que

    num

    mundo totalmen

    te interligado e globalizado, alem de sustentado por uma

    inteligencia coletiva, uma a9ao educativa individualista e um

    terrivel contrassenso. Toda a pedagogia da rede de compu

    tadores tern sido grandemente influenciada pelas teorias de

    aprendizagem que privilegiam

    ambientes educacionais

    interativos 

    com elevado grau de participa9ao do aluno no

    processo de constru(fao do conhecimento. As novas tecno

    logias, notadamente

    as

    centradas na Internet, trazem

    a

    ona

    todo um questionamento desse novo modelo educacional , o

    ensino cooperative.

    Assim , a dire9ao mais promissora (que, alias, traduz a

    perspectiva da intel igencia coletiva no campo educativo) e a

    do aprendizado cooperative assistido por computador,

    em

    que a fun9ao-mor do docente nao pode mais ser mais a

    transmissao do conhecimento, executada doravante com

    muito maior eficacia pelas ferramentas digitais da Internet.

    Sua competencia educativa deve deslocar-se para o lado do

    incentivo para aprender a pensar. Como ja mencionado, o

    docente torna-se, entao, urn an imador da inteligencia coleti

    va dos grupos: sua atividade tera como centro o acompa

    nhamento e o gerenciamento dos

    ap

    rendizados, uma espe

    cie de

    arquiteto do saber

    (RAMAL, s.d.).

    Nesse quadro, tambem ha que mudar o papel do poder

    publico, visando aos seguintes objetivos basicos e urgentes:

    • Garantir a todos os indivfduos uma forma(fao elementar

    de qualidade;

    • Possibilitar a todos

    um

    acesso aberto e gratuito ao cibe

    respayo, sem negligenciar a indispensavel media9ao hu

    mana do acesso ao conhecimento;

    • Regular e animar uma nova economia do conhecimento,

    reconhecendo que a escola dita regular nao e ab solu

    tamente a unica mediadora do saber, uma vez

    qu

    e se

    9

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    13/14

     

    o n c e i

    a o

    Li

    ma

    aprende sempre, em todos os lugares, inclusive na

    escola.

    Acima de tudo, porem , e precise ensinar

    OS

    homens a

    conviver, a respeitar a diversidade em todas as suas mani-

    festac;:6es diversidade de

    rac;:a

    de generos, de interesses,

    de pontos de vista, de atitudes, de contextos) . Mais que

    conviver, e precise ensinar os homens a

    cooperar

    entre

    si

    ,

    visto que navegamos todos num mesmo barco, o planeta

    Terra e que, ou nos salvaremos todos ou pereceremos

    juntos nesta aldeia global.

    ALVES,

    R

    A. A

    escola

    com que sempre

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