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Linguagem Documentária

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Linguagem Documentária

Page 2: linguagem documentaria

MARIA LUIZA DE ALMEIDA CAMPOS

Linguagem DocumentáriaTeorias que fundamentam sua elaboração

EdUFFEDITORA DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

Niterói, RJ - 2001

Page 3: linguagem documentaria

Copyright@2001byMariaLuizadeAlmeidaCampos

DireitosdestaediçãoreservadosàEdUFF- EditoradaUniversidadeFederalFluminense- RuaMigueldeFrias9- anexo- sobreloja-Icaraí- Niterói,RJ-CEP24.220-000- Niterói,RJ- Brasil-Tel.:(21)704-2119- Telefax:(21)621-6426-http://www.uff.br/eduff- E-mail:[email protected]

ÉproibidaareproduçãototalouparcialdestaobrasemautorizaçãoexpressadaEditora.

Normalização:AnamariaCostaCruzCopidesque:SôniapeçanhaRevisão:CacildaEggerAlfradiqueDigitação:CamillaPinheirodeSouzaCapa:JoséLuizStalleikeinMartinsProjetográfico:AnaPaulaCamposEditoraçãoeletrônica:]ussaraMooredeFigueiredoSupervisãográfica:AnaPaulaCamposeKáthiaM.P.MacedoCoordenaçãoeditorial:Rieat'doBorges

Catalogação-na-fonte(CIP)

C198 Campos,MariaLuizadeAlmeida.Linguagemdocumentária:teoriasquefundamentamsua

elaboração.- Niterói; RJ:EdUFF,2001.

133p.;21em.

ISBN85-228-0319-61.ClassificaçãoBibliográfica2.Catalogaçãoporassuntoetítulo

CDD025.48

UNIVERSIDADEFEDERALFLUMINENSE

Reitor

CíceroMauroFialhoRodriguesVice-Reitor

AntônioJosédosSantospeçanhaDiretoradaEdUFF

LauraCavalcantePadilhaComissãoEditorial

CéliaFrazãoLinharesHildetePereiradeMeioHermesdeAraújo

IvanRamalhodeAlmeidaLuizAntonioBotelhoAndrade

MagnóliaBrasilBarbosadoNascimentoMarcoAntonioTeixeiraPorto

MarleneGomesMendesReginaHelenaFerreiradeSouza

RogérioHaesbaertdaCostaSuelyDruck

VeraReginaSallesSobralVirgíniaMariaGomesdeMattosFontes

Page 4: linguagem documentaria

A minha mestraHagar,

ensinandosempre

que aprenderé secomover.

Page 5: linguagem documentaria

-AGRADECIMENTOS

"Ser um com o todo, essaé a vida do divino, esse,o céu dos homens."

Friedrich H61derlin, Hipérion, 1994

Todotrabalhodepesquisaseconfigura,emcertamedida,emumaatividadesolitária.Porém,nestecaminho,encontramosmuitosamigos

quequeremcompartilharconoscoaalegriadeconhecer,dedescobrire,porvezes,apenasdenosouvir.Assim,queroagradecerimensamenteaorientaçãoquerecebi,emtodasasfasesdeminhapesquisademestrado,deHagarEspanhaGomes.Osseusensinamentos,sempretãopertinentes,foramfundamentaisparaosmeusestudos.

Meusagradecimentosao DepartamentodeEnsinoe PesquisadoInstitutoBrasileirodeInformaçõesemCiênciae Tecnologia(IBICT),emespecialàsprofessorasLenaVaniaPinheiro,MariaNélidaGonzalezdeGomez,MariadeNazaréFreitasPereiraeRosaliFernandezdeSouza.

Ao Departamentode Documentaçãoda UniversidadeFederalFluminense,emespecialaoscolegasLecyMariaCaldasTorres,EstherLuck,AlbaMaciel,LídiaFreitas,MariaOdilaFonseca,CarlosHenrique

MarcondesdeAlmeida,MaraElianeRodrigueseJoséMariaJardim.Como

nãopoderiadeixardeser,agraéleçoaosmeusalunostodososmomentosdealegriaeleveza,importantíssimosnoatoúnicodeensinareaprender.UmcarinhoespecialàFabianadeMeioAmara!.

MeusagradecimentosàEdUFFpeloapoionestaedição.

Nãopoderiadeixardeagradeceraosmeuspais,YoneseMaria,eaosmeusqueridosirmãos,peloapoio,carinhoe incentivoem todososmomentosdeminhavida.E aosmeussogros,Antônioe Ilda,quesão

pessoasmaravilhosas.

Aomeumarido,porsuacompreensão,emtodosessesanos,Ricardoexerceuumaincansávelpaciência.Aosmeusfilhos,MarianaeTiago,agradeçoa alegriadeviver.

Page 6: linguagem documentaria

Por fim, agradeçoa todosaquelesqueparticiparam do meupercurso.Éfundamentalencontrarpessoastambémmovidaspeloamoràsabedoria.Aomeuirmão]onesAlbertodeAlmeidaeaosmeusamigos,Maria]oséBelém,VeraReginaCostaAbreu,MaríliadeAlmeidaMarch,

MariadasGraçasAugusto,SandraReginaPorto,ElianePoppeeSérgioGuida.

Page 7: linguagem documentaria

-SUMÁRIO

PREFÁCIO 11CONSPECTUS 151 INTRODUÇÃO 172 TEORIA DA CLASSIFICAÇÃOFACHADA 27

2.1 CLASSIFICAÇÃOBIBLIOGRÁFICA:análise de seu desenvolvimento 28

2.1.1 Caracterização dos esquemas descritivos 332.1.2 Caracterização dos esquemas

com base na Teoria Dinâmica 35

2.2 PRINCíPIOS DA TEORIADA CLASSIFICAÇÃOFACETADA 38

2.2.1 Universo do conhecimento e universodos assuntos 38

2.2.2 Universo de Trabalho da Classificação 442.3 ELEMENTOSDA ESTRUTURA

CLASSIFICATÓRIA 482.3.1 Unidades dassificatórias 482.3.2 Características 502.3.3 Renques e cadeias 512.3.4 Facetas 532.3.5 Categoriasfundamentais 54

3 TEORIA DA TERMINOLOGIA 593.1 AS ESCOLAS 603.2 A TEORIAGERALDA TERMINOLOGIA 663.2.1 Princípios do trabalho terminológico 71

4 TEORIA DO CONCEITO 874.1 ORIGEM DO TERMO TESAURO 874.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICADO TESAURO

DE RECUPERAÇÃO 914.2.1 Os tesauros na América do Norte 92

4.2.2 Os tesauros na Europa 954.2.3 Tendências: tesauros com

base em conceitos 994.3 PRINCíPIOS DA TEORIA DO CONCEITO 100

Page 8: linguagem documentaria

4.3.1 Modelo para a construção do conceito 1014.3.2 Categorização e relações conceituais 1034.4 TRABALHOSREALIZADOS 1054.4.1 Estudo-Piloto de Tesauro para a Deutsche

Bibliothek 1064.4.2 Experiências norte-americanas 1084.4.3 Tesauro de literatura 1084.4.4 Método Relacional 1094.4.5 Tesauro de Engenharia Civil 1114.4.6 Manual de elaboração de tesauros

monolíngües 1145 PRINCíPIOS COMUNS ENTREAS TEORIAS 117

5.1 CONCEITOS ETERMOS 117

5.1.1 Forma de abordagem onomasiológica 1175.1.2 A ligação linguagem-pensamento-realidade 1185.1.3 A questão da monossemia absoluta 1195.1.4 Imprecisão do conceito de "termo" 1195.1.5 Precisão dos termos 1205.1.6 Direção teórica para o conceito de

termo e conceito 1215.2 IMPORTÂNCIA DAS CARACTERÍSTICASDO

CONCEITO E SEU USO 1215.3 RELAÇÃOENTRECONCEITOS 1225.3.1 Relações hierárquicas x relações lógicas/

ontológicas 1235.4 SISTEMASDE CONCEITOS E SUA

APRESENTAÇÃO 1245.5 DEFINiÇÃO E SUA FINALIDADE 1255.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 126

REFERÊNCIAS 127

Page 9: linguagem documentaria

.PREFÁCIO

Linguagem documentária é uma contribuição ímpar para a

cultura bibliotecária. É a primeira obra a abordar o tema sob seu aspecto

teórico, de uma forma tão abrangente.

A professora Maria Luiza escolheu o singular, provavelmente, para

designar um instrumento de representação dos assuntos dosdocumentos

que sepode apresentar sob uma notação ou sob forma verbal. Supomos,

desta maneira, que ela queira mostrar que, em sua essência, asexpressões

"linguagem documentária verbal" e "linguagem documentária

notacional" designem instrumentos que diferem apenas em seu

revestimentoformal eque,portanto, asbasesteóricaspara realizar uma

seriam asmesmaspara realizar a outra. E isto fica bastanteclaro emseulivro.

Na Biblioteconomia, a baseestá na Teoria da Classificação. Osaudoso

padre Astério enfatizou sempre este aspecto em vários artigos, numa

tentativa de mostrar que a Classificação está viva, ao contrário do que

diziam muitos bibliotecários, que viam nos tesauros um instrumento

de substituição das Tabelas de Classificação. A professora Maria Luiza é,

de alguma forma, sua seguidora, no sentido de tentar mostrar que

classificação não se restringe a Tabelas de Classificação, mas a algo muito

mais amplo, que é a Teoria de Classificação, a qual tem múltiplas

aplicações, dentro e principalmente fora da Biblioteconomia.

Seu trabalho seinscreve numa linha européia, pouquíssimo estudada

no País, mas que se vem mostrando de grande valor para outras áreas

do conhecimento que lidam com conceitos e sua organização.

A Biblioteconomia brasileira é herdeira da Biblioteconomia norte- o

americana. Esta influência teve início nos anos 40, num movimento ;gQ)

iniciado por São Paulo. Apesar da grande contribuição daquele país, cl:

suasiniciativasnemsempreforampautadasporprincípiosteóricos..

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AClassificaçãoDecimaldeDewey,porexemplo,nuncamereceudeseuidealizadorum trabalhoqueexplicasseosprincípiossubjacentes.Oscabeçalhosdeassunto- que,deummodogeral,osautoresnãoconsideramcomolinguagemdocumentária,apesardesuafunção-sãocriadosad-hoc e têmsuabasena línguainglesa,impedindoquepaísesde outras línguas que os adotam produzam contrapartesequivalentesouadotemseusprincípiosna íntegra.Nosanos60,comaintrodução dostesaurosdocumentários,mais uma vezos norte-americanos procuram na língua a solução para a criação deinstrumentosderepresentaçãodosassuntos,recorrendoaoThesaurus

ofEnglish wordçand phrases,um interessantedicionárioanalógicodePeterMarkRoget,comomodelo.

AintroduçãodaInformáticanotratamentodainformaçãoreforçou,mais uma vez,a abordagemlingüística.Aquelesque defendemotratamentoautomáticodainformaçãofreqüentementeesquecemqueosucessodetalprocessoestánadependênciadeumadocumentaçãonummesmoidioma, e numa áreaem que a terminologia estejabemestabelecida.

Otempomostrou,noentanto,quearecuperação"automática"nãoeraassimtãosatisfatória,fatoconhecidodequantosbuscaminformaçãona Internet.

«:0;::,«:cQ)

E:JUooEQ)00

~ Na Europadosanos30, Shialy RamamritaRanganathan,um00

:§ indiano,professordeMatemáticaqueestudavaBiblioteconomiana

11Inglaterra,dá início a um movimentorevolucionário,estabelecendo

postuladosecânones,sejaparaaordenaçãofísicadoslivrosnasestantes,

Nessesentido,umaluz sefazsentir.Osengenheirosdecomputação

quedesenvolvemsojiwarepara a Redejá perceberamqueé.precisoproduzirosdocumentoseletrônicoscomalgunsrequisitosqueconfiramqualidadeecondiçõesdeserem"encontrados",assumindoquedevamser"catalogados"e "indexados"no momentodesuaprodução.Comisto, a linguagemdocumentáriavolta a ter seu lugar no cenárioinformacional.

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sejaparaaorganizaçãodasinformaçõescontidasneles.

Continuandoseutrabalho,osinglesescriamoClassificationResearchGroup;seusestudoseprojetoscontribuemtantoparadifundirasidéiasdeRanganathancomoparaaprimorarseusprincípios,jáagoranoutroambientetecnológico.

Ranganathannospresenteoucomumcorpoteóricoque,aindahoje,mantémsuaforça.O MétododeFacetatem-semostradoapropriadoparaváriasaplicaçõesnaorganização,sistematizaçãoerecuperaçãodeinformação,em ambienteautomatizadoou nãoporque,defato,elecriou um métodoparapensara organizaçãodo conhecimentocomfinalidadesbemconcretas.

DuasvertentesdesenvolvidasforadaBiblioteconomia,comoaTeoria

Geralda Terminologia,do engenheiroaustríacoEugenWüester,e aTeoriadoConceito,dapesquisadoraalemãIngetrautDahlberg,somam-seaosprincípiosdeRanganathannum corpointegradodeprincípiosparatratara informaçãoalémdosmurosdabiblioteca.

Indiretamente,Linguagemdocumentáriacontribuiparaampliaro escopoda Biblioteconomia,desinstitucionalizando-a,porqueosprincípiosdeClassificação,conformesededuzdesua leitura, são

fundamentaisemqualqueratividadequerequeiraorganização:dedados,de informação,de conhecimento.Há vários gruposprofissionaispreocupadoscom tais níveisde organização,como informáticos,educadores,professores,administradores,que lidam com questões

conceituais,com osquaisa professoraMariaLuiza tem interagido,comprovandoa pertinênciadaTeoriadaClassificaçãoparaa soluçãodeinúmerasquestões.

Elanãotemumaposiçãocorporativista:estáabertaaoconhecimentoproduzidoem outrasesferas,no caso,àscontribuiçõesdeWüestere ,2u

Dahlberg.Seu livro mostra a riquezadesta"cross fertilization" , 'tevidenciandocomocadaumadessasvertentespodeseenriquecercom a:

asoutras. .

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o corpoteóricoqueela apresentaé fruto de açãoconcretaempesquisa,ensinoeconsultoriae,sobretudo,desuacapacidadedereflexãosobreotrabalhodesenvolvido,noqualasteoriasaquiapresentadasestãoconstantementesendopostasàprova.

Didaticamentesomosapresentadosaosprincípiosdecadaumadessasvertentes.Usandoosmesmosprincípiosdeanálisee identificaçãodeconceitos,aautoranosmostraacontribuiçãodecadaumadelasecomoelaspodemsecomplementar.

Por tudoisto, Linguagem documentária é uma obraoriginal.Pela primeira vez,se encontramsistematizadose perfeitamentearticuladososprincípiosqueregemsuaelaboração.

Agora,quandonosperguntarem"ondepodemosler algosobreoassunto?",já temosoqueresponder.

Niterói,dezembrode1999

HagarEspanhaGomes

.ê,raEaJE::JUooEaJ00ra::J00c::::;.

Page 13: linguagem documentaria

r

-CONSPECTUS

Con.çpectuséo espaçoencontradoporRanganathan,no iníciodeseustrabalhos,parafalarnãodotextoquesepropunhaaescrever,masdo "pré-texto",daquelemomentoem queocorreo atodecriaçãodaescrita,domomentoemqueo sujeitosetornaautor.

Opretextodestetrabalhosecolocanoespaçodeumagrandeescassez

deestudosteórico-metodológicosnaáreaderepresentação/recuperaçãodeinformaçãono País.Alémdisso,a áreadeinformaçãotemficadofadada,viaderegra,aoespaço,quasesempre,deumsaberinstrumental.Massabe-se,também,quenãoexisteinstrumentalizaçãoquenãosejasustentadaporbasesteóricase/oumetodológicas.

Sente-sehojequeénecessáriomunir oprofissionaldestaáreanão

sódeum saberpráticomas,principalmente,deum saberteóricoquepossaoferecerascondiçõesnecessáriaspara um fazerconscientee,sobretudo,crítico(GOMES,CAMPOS,1993).Épreciso,primeiramente,buscaroconhecimentodentrodaprópriaáreadeatuação,nocaso,dentrodaprópriadocumentação.Masaindaé necessárionãosócomeçarapercebere principalmentepesquisarquaisasáreasqueauxiliam nafundamentaçãodaprópriadocumentação,comotambém,sobretudoparanósprofissionais,começara ampliaro escopodadocumentaçãoverificandodequeformaoseusaberéútil parao desenvolvimentodasoutrasáreas.

Pretende-secomestetrabalhoapresentarosautoreseseusestudos

consideradosseminais,quederambasespara a fundamentaçãodaslinguagensdocumentárias.Comoos instrumentosde representação/recuperaçãotêma funçãodepermitiracomunicaçãoentreumabasedocumental,ou informacional,e o usuário,foram buscadasbases

terminológicas,umavezqueacomunicação,nestecaso,éfeitaatravésda linguagem.

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Dessaforma, serãoapresentadas,numa perspectivahistóricaeconceitual,asTeoriasdaClassificaçãoFacetadadeShialyRamamritaRanganathan,a TeoriaGeraldaTerminologiadeEugenWüestere aTeoriadoConceitodeIngetrautDahlberg.

Busca-se,assim,um núcleocomumdeconhecimento,queenvolveas questõesdo conceito,do termo e de suasrelações,visandoaoestabelecimentodesistemasdeconceitosmaisbemestruturados,paraaelaboraçãodelinguagensdocumentárias.

(\3

:~cQ)

E:JUooEQ)OD(\3:JODc:

:.::;

11

Page 15: linguagem documentaria

.1 INTRODUÇÃO

Todo movimento existente nos Sistemas de Recuperação deInformação tem por princípio geral possibilitar a seu usuário o acesso à

informação/documentos. Nestes Sistemas, vários são, atualmente, os

instrumentos utilizados para representar o conhecimento de uma dada

área do saber. Estes instrumentos são denominados, de uma forma geral,

linguagens documentárias, como o Tesauro e os Esquemas de

Classificação, para citar apenas os mais relevantes.

Os Esquemas de Classificação e os Tesauros se apresentam ambos,

na maioria das vezes, sob duas formas: a alfabética e a sistemática. A

forma sistemática torna evidente uma estrutura de conceitos.' Esta

estrutura permite ao usuário compreender as relações que existem entre

os conceitos de uma dada área do conhecimento, o que facilita a

comunicação entre o usuário e a base de dados. Osconceitos, para serem

manipulados, necessitam de um símbolo que permita a comunicação.

Na área da documentação, o símbolo é lingüÍstico, sendo denominado

"termo de recuperação". Osconceitos e termos são, portanto, elementos

de qualquer esquema de classificação e dos tesauros.

No ambiente das comunicações científicas, as terminologias

possuem, também, conceitos e termos. Portanto, todos estes instrumentos

lidam com conceitos e termos, embora em ambientes diferentes. Os

esquemas de classificação, os tesauros e as terminologias são elaborados

em um espaço onde se dá a produção do conhecimento.

No ambiente de produção de conhecimento percebem-se dois espaços oimbricados, mas de natureza diferente: o espaço comunicacional, onde 'G.::J

as descobertas e avanços do conhecimento viram registros, através da gc:

1 Conceitoé entendidoaquicomoumelementodesignificação. .

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interaçãoentreo"gerador"deconhecimentoeo"gerador"eseuspares;eoespaçoinformacional,ondeexisteum"necessitador"deinformaçãoe umsistemapossuidordedocumentos/informação.Entreessesdoisespaçosencontra-se,anossover,oqueseriao"SistemaT" - oSistemaTerminológico- nomeadoparaumdadoSistemaC,no casoumambientecontextualizadode produção,controladopelasleis dalinguagem e da lógica. É nesteSistemaque pareceter origem aTerminologia,poiselaécriadaparapossibilitaracomunicaçãoprecisaentreos"geradores"deconhecimento.

No espaçoinformacionalverifica-sea necessidadedecriaçãodeinstrumentosquepossibilitemacomunicação,nãomaisentreospares,masentreosusuáriosdeumsistemadeinformaçãoeoprópriosistema,queseriao espaçodo tesauroedatabeladeclassificação.Porém,estesinstrumentos,para seremcriados, necessitamde uma estrutura

terminológicaqueserábuscadaemumsistematerminológico.AFigura1apresentadeformaesquemáticaessasrelações.

Assim,mesmocomfinalidadesdiferentes,osinstrumentoslidam

comelementosquepermitema comunicaçãodoconhecimento,sejaeleregistradooucomunicado:ossímboloslingüísticos.

Sistema E

Sistema C

ra.;:~c:Q)E:;]uOOEQ)cora:;]coc:::; Sistema T. Figura I EspaçosComunicacional e Informacional e suas Relações

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,oquesepretendedemonstraréqueexistemprincípioscomunsentre

a TeoriadaClassificaçãoFacetada,a1eoriaGeralda'lerminologiaeaTeoriadoConceito,quepodemcontribuirparao melhoramentodas

basesteóricasda áreaderepresentaçãoerecuperaçãodainformação.Aexistênciadeprincípioscomunsevidencia,também,a "interdisci-

plinaridade"daquestãodarepresentaçãoerecuperaçãodainformação.Percebe-se,ainda,queessasteorias,casopossuaminterfacescomoutras

áreas,como se verá mais adiante, também contribuem para oaperfeiçoamentodeoutrossaberes.

A literaturatemmostradoquea comparaçãoentreessasteoriase

seusrespectivosinstrumentostem sidode algum modoabordada.Verifica-se,contudo,queumestudosistemáticosobreprincípioscomunsataisteoriasaindanãofoi devidamenterealizado.

o queefetivamentealiteraturavemmostrandoéqueaclassificaçãoestána basedas três teorias.Na áreada Documentação,ShiyaliRamamritaRanganathanelaboraa TeoriadaClassificaçãoFacetada,na qual apresentaprincípios para a organização de conceitoshierarquicamenteestruturados.Osestudiososdessaáreacomeçamaperceberqueostesauros,comoosesquemasdeclassificação,tambémpossuemtermosquerepresentamconceitosligadosentresi, formando

um sistemadeconceitos.Campos(1986,p.85),inclusive,afirmaque"qualquerautênticotesaurocontémemsioselementosbásicosdeuma

classificação,eesseselementospoderãoassumiraformadeumatabela

declassificação".Porémaclassificação,hojeemdia,nãopodemaisser

vistanoseusentidorestritodeestruturashierárquicas.SegundoaFIO!CR-ComitêTécnicodePesquisadeClassificação(1973),"classificação"é"qualquermétododereconhecimentoderelações,genéricasououtras,entreitensde informação,não importao graudehierarquiausada,

nem se aquelesmétodossãoaplicadosem conexãocom sistemas I~

tradicionaisoucomputadorizadosdeinformação". 1Umadasáreasquetem relaçãoestreitacom a classificaçãoé a :g

Terminologia. Wüester(1981, p. 106), autor da 1eoria Geralda.

Page 18: linguagem documentaria

Terminologia, observaa "semelhançadas tarefasrealizadasnaelaboração de um tesauro e na normalização terminológica em geral",

e reconhece que deveria existir um maior intercâmbio entre as áreas.

Em outro trabalho (WÜESTER, 1971), aborda as diferenças essenciais

entre os sistemas de conceitos e as tabelas de classificação, enfatizando,

inclusive, o que possuem de semelhante à luz da Teoria Geral da

Terminologia. Em ambos os trabalhos, recomenda maior aproximação

entre documentalistas e terminólogos.

Dahlberg (1993, p.225), estudiosa da área de Filosofia, estabelece

relações não mais entre uma teoria e um instrumento, mas entre a Teoria

da Classificação Facetada e a Teoria do Conceito, por ela desenvolvida.

A Teoria do Conceito apresenta princípios que podem auxiliar na

determinação do termo e de suas relações, tanto para as tabelas de

classificaçãoquanto para os tesauros (DAHLBERG,1978).

m.;:~cQ)E~uooEQ)00m~

.~ Outrosautores,no entanto,realizaram,efetivamente,umtrabalho-'. de integração dos dois instrumentos. Em 1968, Davis (apud GOPINATH,I 1987,p. 211)publica um artigosobreaintegração devocabulárioscom

Asprimeiras constatações de semelhança entre tesauros e sistemas

de classificação se dão no âmbito da documentação, como é de se esperar.

Gupta e Tripathi (1975,C40) analisam o tesauro de Exploração eProduçãode Petróleoda UniversidadedeTulsa,que tem uma estrutura

facetada,e comprovama sua utilidade na preparação de um esquemaespecial de classificaçãopara Geofísica.Este método de trabalho é

possível pela adoção de princípios compatíveis. Gopinath e Prasad

(1975,A 37) apontam as diferenças essenciais entre esses dois

instrumentos. Observamque o tesauro tem doisplanos de trabalho - o

plano ideacionale oplano verbal;um esquemadeclassificaçãoabrange

três planos de trabalho, ou seja, o plano ideacional,o plano verbale o

plano notacional. Estesrepresentamdiferentesníveisde profundidade

de organização e podem coexistir num sistema de recuperação de

informação, complementando as eficiências ou deficiências de ume de outro.

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um esquemadeclassificação.Em 1969,a EnglishElectricCompanypublicaseu"Thesaurofacet:AthesaurusandfacetedclassificationforEngineeringandrelatedsubjects".Estetrabalhofoi desenvolvidoporJeanAitchison,membrodoCRG- ClassificationResearchGroup- daInglaterra.Atéo final dosanos50eprincípiodos60,ostesauroseram

estruturadospuramenteemordemalfabética.

Aslimitaçõesdoarranjoalfabéticolevaramaoempregodemeiosauxiliaresdaclassificaçãoqueiamdesdeosdispositivosmaisamplosatéosdetalhadosedosdispositivosauxiliaresaosintegrados(AITCHISON,1972,p.72).

Osclassificacionistasutilizaram ainda outrosdispositivosclassificatórios para os relacionamentos puramente hierárquicos.

ométodotradicionaldetesaurosparaindicarashierarquiasdetermosmaisamplosatéosmaisrestritossemostrouinsatisfatórioporquenemtodososníveisdahierarquiapodemserdispostosalfabeticamentedeumaúnicavez,ouseostermosforemdispostosalfabeticamente,nãoépossíveldistinguirosdiferentesníveishierárquicosentreeles[...] Finalmenteaanálisedefacetapodeserusadacomoumdispositivodaclassificaçãonaconstruçãodetesauros[...]. Dousodefacetasnaconstruçãodetesaurosparaumaclassificaçãototalmentefacetadacomoumtesauro,foi umpasso.OThesaurofacet[...]foiprovavelmenteumdesenvolvimentoinevitável(AITCHISON,1972).

Estenovo tipo deinstrumento tem múltiplouso:servepara catálogosconvencionais e organizações nas estantes, bem como para indexação

coordenadae uso em sistemascomputadorizados (AITCHISON,1970).

Gopinath0987, p.211)ressalta a complementaridadedas duasabordagens, pois existe uma "relação simbiótica entre um esquema de

classificação e um tesauro". O Thesaurofacet é,portanto, um marco no

desenvolvimento das linguagens documentárias pela integração da

tabela de classificação com o tesauro. Na literatura, um novo nome tem

sido usado para instrumentos que integram tesauro e classificação, o

"Classaurus" (BHATTACHARYYA,1982; FUGMANN,1990).o""Ij>:J"o

Sefoi possíveladotarprincípiosclassificatóriospara solucionar ~problemasda estruturação de conceitos,tanto nas classificações.bibliográficasquanto nos tesauros,omesmo não acontececom respeito

Page 20: linguagem documentaria

aosdescritoresou termos,suaforma,suadefinição.Asrespostasparaestasquestõestêmtido soluçõesestritamentelingüísticas.Aspalavrascompostassempreapresentamproblemasnossistemaspós-coordenados,eostesauros,num certomomento,foramvistoscomofonteparaessesdescritores.A Lingüísticaserviudebasepara o estabelecimentodepalavrascompostasemsistemasderecuperaçãoGONES,1981,p.54),maselastêmsidoinconsistentes.Asdiretrizese normaspara tesaurosoferecempropostasdesoluçãoparaos"termoscompostos"atravésdoquechamamde"fatoração"(IBICT,1985;BSI5723-1979;AFNORZ47-100,1981;UNESCO,1973;ISO2788,1986).Emum artigosobreotema,

)ones (1981) relata váriaspropostaspara tratamentode palavrascompostas,desdeCoatesatéAustin,passandopor Farradane,Leee)espersen,osquaisabordamaquestãooradopontodevistalingüístico,oradopontodevistaconceitual.Seetharama(1975)reforçaafaltadecritériosconsistentesparao estabelecimentodostermosnostesauros;noentanto,propõetambéma fatoraçãocomosolução.Naverdade,otermonecessitadeum tratamentoterminológicoe não lingüístico(DROZD,1981).Combasena Teoriado Conceito,Dahlberg(1978)desenvolveumestudosobredefiniçõesterminológicasquesevaimostrarútil aostesaurosnofuturo.

rn.;::~c(])E::JUooE(])00rn::J00C

:.:; Oprimeirotrabalhodecomparaçãosistemáticaentreterminologia

11etesaurocabeaoterminólogoLeska(1979,p. 583).Eleobservaqueos

SegundoRahmstorf(1993),asdefiniçõesterminológicasabremumcampodeestudodecomplexidadecrescente,porquepodemserúteisnãoapenasparaoscientistasdainformação,indexadores,especialistasemrecuperaçãoeoutrosespecialistasdaorganizaçãodoconhecimento,mastambémparatradutores,cientistas,engenheiros,especialistasemnormas,epistemólogos,psicólogos,engenheirosdo conhecimento,lingüistaseterminólogos.Eleapresenta,também,deformaesquemática,ao ladodasclassesdeusuários,a finalidadedasdefiniçõesparacadaclasse,osaspectosprincipais(estruturaconceitual,sintaxe,ouconceitoetc.)e opapeldadefiniçãoparacadaclassedeusuário.

Page 21: linguagem documentaria

tesaurosderecuperaçãoprecisam"expandirsuasreferênciaslexicaistornando os conceitosmais precisos,bem como definindo-os equalificando-os de acordocom seu relacionamentocom outrosdescritores".Sãoosseguintesosaspectoscomuns:

1.Ossistemasdeconceitossãocriadosparasistematizarosconceitosdeumacertaárea[...]

2. Osconceitosdosistemadeconceitossãodefinidospormeiodesuascaracterísticas[...]

3.Ossistemasdeconoeitoscomoostesaurosvisamaabrangertodososconceitos

e/outermosdeum campodeassunto[...]

4.Aestruturabásicadosistemadeconceitoséoesquemaestruturalnoqualtodososconceitosrelevantesdevemencontrarseulugarapropriado[...]

5.Cadasistemadeconceitos,especialmentecomrelaçãoadesenvolvimentos

futuros,visaaindaàcomplementaçãonoquadrodoseuâmbitotemático[...]

6.Aatividadededesenvolvimentoe aperfeiçoamentodosistemadeconoeitos

não fica forada influência dasregrasgramaticaisquegovernamosnomes

querepresentamessesconceitos[...]

Asterminologiasdevem-seapresentardeformasistemática,e não

alfabética.Esteaspectotemlevadoànecessid~dedeempregarnotação,aproximandoaterminologiadaclassificação.Oconteúdodeumconceitoé estabelecidoa partir da áreade conhecimentoe do propósitodaterminologia.Porsuanaturezasistemática,o

o''''U":J"'O

gc:

Osbancosdedadosterminológicossão,na verdade,sistemasde.-classificação,na medidaem que agrupamconceitosligados

códigodoassuntoéumdoselementosmaisimportantesnaentradadosbancosdedadosterminológicos[...] Umalistaalfabéticanãoajuda[...] Somenteumesquemadeclassificaçãopodemostraremquedetalheumcampodeassuntofoiestruturadoeocódigoajudaaverificaraamplitudecorretadoconteúdodeum conceito,especialmentequandousadocomotermodeindexação,efacilitaointercâmbioentrevárioscamposdetermos(NEDOBITY,1987,p. 12.)

Page 22: linguagem documentaria

hierarquicamente. E é a área tecnológica, responsávelpelodesenvolvimentodestesbancos,queestásuscitandoadiscussãoemtornodo carátersistemáticoda Terminologiae, conseqüentemente,daClassificação.

[Um recente]levantamentoda atividadeterminológica[h'] mostraanecessidadeda atividadeterminológicasistemáticaparamelhoraraconfiabilidadedeprodutos,processose serviços,bemcomofacilitar acooperaçãotécnicaeaeliminaçãodasbarreirascomerciais.Comoécomumnaatividadeterminológica,aestruturaçãoconceitualeaclassificaçãosãoosprincipaiscomponentesdaatividade(STREHLOW,WRIGHT,1993,p.3).

Aterminologia,porsuanaturezasistemática,aoladodaclassificação,temsidovistaem literaturamaisrecentecomocontribuindoparaodesenvolvimentodeoutrasáreasque,dealgumaforma,trabalhamcomrepresentaçãodainformação.Osprincípiosdesistematizaçãodetermos,comunsà Terminologiae à Classificação,sãofundamentaisparaosBancosde Conhecimento,uma vezque, neles,os conceitossãoestruturados,classificadose sistematizados(DZHINCHARADZE,1993,

p.127).

'"'L:~c:euE:JUo

~ Budin (1993)vê a possibilidadedeseestabeleceruma Teoriada~ Terminologiaque resultariada junção das teoriasda Ciênciada~ Informação, aplicadas à construção e uso das linguagens de:.:J documentação(sistemasdeclassificação,tesaurosetc),coma teoria.compreensivada organizaçãodo conhecimento.

Nedobityidentificanosprincípiosteóricosdaterminologiaaspectosque devemser observadospara o desenvolvimentode sistemasespecialistasedepesquisanaáreadeinteligênciaartificial,camposquelidam comconceitos,sistemasdeconceitos,ligaçõesdeconceitosetc.ConsideratambémossistemasdaclassificaçãodaCiênciadaInformação

e daTerminologia,bemcomoossistemasespecialistascombasenoconhecimento,como duaspontasde um continuum de recursosrelevantesparasíntesee interpretaçãodoconhecimento(NEDOBITY,1987).

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A problemática relativa à representaçãoda informação e doconhecimentovemsendoabordadaporváriosestudiosos,atualmente,extrapolandoo domíniodaDocumentáção.Nãosepode,entretanto,abandonarsuasprópriasteoriasrelacionadascomarepresentação,poiselassãoparteintegrantedessenovomovimento,e têmemcomumaorganizaçãodoconhecimento.

.

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-2 TEORIA DA CLASSIFICAÇÃO FACETADA

ATeoriada ClassificaçãoFacetadaé desenvolvidapor ShiyaliRamamrita Ranganathan na décadade 30, a partir da ColonClassification,tabeladeclassificaçãoelaboradaparaaorganizaçãodoacervodaBibliotecadaUniversidadedeMadras,na Índia.

Atéaquelemomento,no âmbito da Documentação,as tabelasexistentesnão apresentavamasbasesteóricasparasuaelaboração.Ranganathanfoi o primeiro! a evidenciarosprincípiosutilizadosnaelaboraçãodesuatabela,proporcionandouma verdadeirarevoluçãona áreada ClassificaçãoBibliográfica.Na verdade,ele nãoelaborasomenteum trabalhoteóricoparaexplicaraconstruçãodaTabela,masapresentauma teoriasólidae fundamentadaparadarà ClassificaçãoBibliográficaumstatus queaelevaadisciplinaindependente.

SuaTeoriaestáapresentadapraticamenteemquatroobrasbásicas:FiveLawsofLibraryScience,1931, prolegomenatoLibraryClassification,1937,Philosophyof BookClassification,1951,alémdaprópriaColonClassification, 1933.Suasobrasevidenciam,de forma bastante

contundente,a influência que a Filosofiaoriental exerceuem suaatividade.Alémdisso,suaformaçãomatemáticadeveterinfluenciado,igualmente,no desenvolvimentodesua Teoria.É estaintegraçãoextremamentepeculiar do pensamentoracional e do pensamentooriental quedá à Teoriada ClassificaçãoFacetadaum espaçotodopróprio.

<O"<O~U<Ou...o

1<0U><O

'Kumar (1981, p. 409), estudioso e professor de classificação indiano, a ~respeito do trabalho inovador de Ranganathan acrescenta que ele se ~"beneficiou dos trabalhos de Richardson, Cutter, Hulme, Brown, Sayers, Bliss De assim por diante. Ele teve a oportunidadede melhorarsua teoria ao <O

experimentá-Ia por um período de 40 anos. E formulou a Classificação dos ;;:Dois Pontos, na qual aplicou sua teoria. Testou sua teoria com a ajuda de '§princípiosnormativos. Produziuuma terminologiatécnica própria e não hesitou ~em adotá.la de outros. Além disso, sua base Bramânica e matemática deu-lhe uma mente clara e lógica [...] Como resultado, foi capaz de sistematizar.o estudo e a prática da Classificação."

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Nestecapítulo procura-sedeixarevidenteocaminhopercorridoporRanganathanparaodesenvolvimentodesuaTeoria,alémdospricípiosquearegem.

2.1 CLASSIFICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA: análise deseu desenvolvimento

A classificaçãobibliográfica2 como esquemaque permite aorganizaçãoe a recuperaçãodoconhecimentoregistradoé objetodeanálise nesta seção,a partir dos princípios estabelecidospor

Ranganathan.

Ranganathan é um dos primeiros teóricos da classificaçãobibliográficaque,aoexplicaranaturezadestaatividade,deixaevidentea necessidadede elaboraresquemasde classificaçãoque possamacompanharasmudançaseaevoluçãodoconhecimento.Segundoele,oconhecimentoé liatotalidadedasidéiasconservadaspeloserhumano"(RANGANATHAN,1967,p.81),atravésdaobservaçãodascoisas,fatoseprocessosdomundoqueocerca.

Osesquemasdeclassificaçãobibliográficateriam, assim,duplafunção:adepermitiraorganizaçãodosdocumentosnasestanteseaderepresentaroconhecimentoregistradonumadadaáreadeassunto.Este

2 Ranganathan adota a terminologia"classificação de assunto" em vez de"classificação bibliográfica": "o principal núcleo da classificação bibliográficaé a classificação de assunto. Devemos chamar este núcleo de classificaçãode assunto" (RANGANATHAN, 1967, p. 94). Para Cavalcanti, "a classificação

.!!! bibliográfica é essencialmente uma classificação de assuntos", que estão~ registrados nos documentos; estes, por sua vez, nada mais são do que o~ conhecimento produzido e registrado pelo ser humano. Uma vez que esteE tipo de classificação trata dos assuntos registrados em material bibliográfico,

g encontramos na literatura da área os termos classificação bibliográfica eO classificação de assuntos como sinônimos, para diferenciar estes esquemasE das classificações filosóficas e das ciências. Apesar de os dois termos seremgj, usados na literatura da área como termos gerais que abrangeriam todas as~ classificaçõesque visam a organizardocumentos, são usados, também, como~ termos que definem classificações específicas: "Classificação de Assunto",:.::J que foi usadopor JamesDuffBrown,1906,na Inglaterra,paradesignaro. seu esquema de classificação; e "Classificação Bibliográfica", usado por

. H.E.Bliss, em 1935, nos Estados Unidos (CAVALCANTI, 1976, p. 241-253).

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enfoque,quevisaatornarasclassificaçõesmaisdinâmicaseatualizadas,vemsendohámuito tempoconsideradoporváriosteóricosdaárea:

Emgeral,quantomaisumaclassificaçãochegaàverdadeiraordemdaciência

equantomaispróximasemantémdela,melhorseráo sistemaemais longaserásuaexistência(RICHARDSONapudPIEDADE,1983,p.66).

Deve-seterclaroemmentequeaclassificaçãodoconhecimentodeveserabasedaclassificaçãodelivros;queaúltimaobedeceemgeralàsmesmasleis,segueamesmaseqüência[...]Umaclassificaçãodelivros,nãopossorepetirmaisenfaticamente,éumaclassificaçãodoconhecimento(SAYERSapudPIEDADE,1983,p.66).

Adistinçãofeitatãofreqüentementeentreclassificaçãodoconhecimentoeclassificaçãodelivrosnãodevenoslevaraconclusõesnegativas[...]Há,naverdade,doistiposdeclassificação:deumladoalógica,naturalecientífica,deoutro ladoa prática,arbitráriae utilitária; masna classificaçãodebibliotecas,devemosunirestasduas,asduasfinalidadesdevemsercombinadas(BLISSapudPIEDADE,1983,p.66).

o melhorpensamentoatualmenteacreditaqueumaclassificaçãobibliográficaéidênticaaumaclassificaçãodoconhecimento,comalgunsajustes,devidoaomodopeloqualosassuntossãoapresentadosemlivros,masconsideraquedevemosprocuraroutrosprincípiosalémdaquelesprópriosdasclassificaçõescientíficase lógicas,poisclassificaçõescientíficasdefenômenosnaturais,baseadasemrelaçõesgênero/espéciesãosóumapartedaclassificaçãobibliográfica.Hámuitasoutrasrelaçõesnosassuntosdosdocumentos,relaçõesdapartecomo todo,dapropriedadecomseupossuidor,daaçãocomseupacienteouagente,eassimpordiante(LANGRIDGEapudPIEDADE,1983,p.66).

Ranganathanfoi, no entanto,aquelequeconseguiuestabelecerprincípiosparauma novateoriadaclassificaçãobibliográfica,eo feztendocomobaseo próprioconhecimento.

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A grandeproblemáticadosEsquemasdeClassificaçãoexistentes ~-osemprefoiaadequaçãodosassuntostratadosnosdocumentosàestrutura .!!1

classificatória existentenos esquemas.Sobreestaproblemática &Ranganathannãoéoúnicoatrabalhar,mastalvezumdosprimeirosa.tentar solucioná-Iade forma prescritiva.Em seusProlegomena

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(RANGANATHAN,1967,p. 370), apresentaa questãodo "Desen-volvimentodoUniversodeAssuntos"esuarelaçãocomo conteúdodeassuntosexistentesnosdocumentos,evidenciandoque,comoprogressoda Ciência,os livrosnão mais abordamapenasum aspectodeumassunto,mastêmum tal graudecomplexidadeque,na maioriadasvezes,tratam de vários aspectosde um problema ou reúnemconhecimentodeáreasdiversas.Sendooconhecimentoum continuum

dinâmico,eranecessáriodesenvolverumateoriaquefossecapazdesu-peraralgumasdificuldadesapresentadaspelasTabelasemuso.Porexem-plo,poderiaum assuntoserclassificado,emgeral,nastabelasemduas

áreasdiferentes?Eranecessáriaumaestruturaclassificatóriaqueprevissetaisdificuldades,comum sistemanotacionalcapazdesuperá-Ias.

Contaum deseusalunos(PALMER,AUSTIN,1971,p. 46) queRanganathan,comoalunodeBiblioteconomiaemLondres,aoestudar

aClassificaçãoDecimaldeDewey,em1925,jáseressentiadoproblemadafaltadeadequaçãodosistemaparacertosassuntos.

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E::IUooEQ)00

~ Nestesentido,paraaelaboraçãodeum EsquemadeClassificação,:5 RanganathanevideI)ciadoisespaçosdeaçãodiferenciados:oespaçodo.documentoeo espaçodoconhecimento.Parte,primeiramente,parao

Seusestudosemclassificaçãopráticano UniversityCollege,emLondres,mostraramclaramentea incapacidadedaClassificaçãoDecimalclassificardemodopreciso.Haviaumexercícioentãousado,noqualoprofessorliaonomedeumlivrocomumtítuloexpressivoeosestudantesforneciamumnúmeroapropriado.Ranganathanmuitasvezesachavaquepoderiafornecerdois:eleestavainconscientementeencontrandoumfenômenoquejáhavíamosobservado,queosassuntosdoslivroscomumentetêmmaisdeumafaceta.OsassistentesdabibliotecapúblicainglesacondicionadosaoDewey,e queformavamamaioriadosestudantes,encontravampoucadificuldade:elesestavamseguindoinconscientementeatrilhadeixadapelasbibliotecasdeondevinham[...] MasRanganathannãoestavacondicionadoetinhaumabaseintelectualcomtradiçãonopensamentoanalíticoenãopodiaaceitaroscom-promissosqueousodaClassificaçãoDecimalexigiadele[...]Sentiuqueelaerainadequadapararegistraracomplexidadecrescentedaliteratura,mesmoem1925,ecomeçoualançarumasériedecaminhosparamelhorá-Ia.

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entendimentodeste"espaçododocumento",tentandoevidenciartodaaproblemáticadamanifestaçãodoconhecimentoquesedáatravésdosassuntosdosdocumentos:quaissãoos modosde formaçãodessesassuntos,paraquea tabeladeclassificação,atravésdesuanotação,possarepresentá-Ias.Inicia, portanto,analisandoos assuntosparaidentificarseuselementosconstitutivos.Estes,enãomaisosassuntos,

passamaseraunidadedaestruturaclassificatória,capaz,então,deserdinâmica o bastantepara abarcar todosos assuntosadvindosdodesenvolvimentocientífico,comsuaspeculiaridades.

ParaseentendermelhorascontribuiçõesdeRanganathanemfacedosesquemasdeclassificaçãoexistenteséprecisoidentificara teoria'declassificaçãoqueestásubjacenteà elaboraçãodeum esquemadeclassificação.A teoriada classificaçãobibliográficapassoupor doisestágiosdeevolução:o primeiroestágioé o da teoriadescritivae o

segundo,o da teoriadinâmica(KUMAR,1981,p. 78).Defato,nãosepodeafirmar queexistauma TeoriaDescritiva.O nomefoi dadoporRanganathanparacontraporàTeoriaDinâmica.

Atéa décadade 30, os esquemasde classificaçãobibliográficosexistentes não estão elaborados de forma a acompanhar odesenvolvimentodeum "Universode assuntosdinâmico, infinito,

multidimensional, multidirecional e sempre turbulento"(RANGANATHAN,1967,p. 373), e, por isso,acabamquasesempretornando-seobsoletos,poispossuemescassaspossibilidadesdeinclusãodenovosassuntosemsuastabelas.A "teoria" subjacenteàelaboração

dosprimeirosesquemasdenomina-sedescritiva,poisdescreveo estadoatualdoconhecimentoenãotemmecanismosquepermitamatenderàsmudançasadvindasdasdiversasáreasdoconhecimento.

'""'"ãJu'"u..o''''(j>'"u<;:'ViV>'"U'"

3Segundo Kumar (1981, p. 77), "Uma teoria refere-se a um corpo organizado "de princípios. Estes princípios fornecem direção a profissionais do assunto .~tratado.Qualquerteoria,assimcomo qualquer assunto, vai ao encontro de ~um processo de crescimento e desenvolvimento. Assim, uma teoria deve ro.ser elementar por um lado e avançada por outro, dependendo do seu estágio.de desenvolvimento".

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OsClassificacionistasanterioresa Ranganathanorganizamosesquemasa partir dosassuntosrepresentativosda literaturada área,naquelemomentohistórico, isto é, os elementosconstitutivosdos

esquemassãoos assuntosrepresentadosa partir da freqüênciadeocorrênciana literatura.Sópermitem,por issomesmo,representaroconhecimentojáestabelecido.Daíadificuldadeemclassificarassuntosnovos,muitosdosquaisaindasemum nomefixado.Pode-seafirmarque,naquelesesquemas,nãoocorrea ligaçãoentreo conhecimentoeas classificações,mas entre os assuntosdos documentose asclassificações.

A partir da primeira ediçãoda Colon Classificationem 1933,

Ranganathanapresentaumanovamaneiradeelaborarclassificaçõesbibliográficas.Eleconstróium esquemaquegaranteum lugarparaosnovosassuntosquevenhamasurgircomadinâmicadoconhecimento.

Osprincípiosquepassamaregeraelaboraçãodetaisclassificaçõesestãocontidosna teoriaqueRanganathanapresentacomoTeoriaDinâmicadoConhecimento:

UmaTeoriaDinâmicaéaquelaqueécapazdeproduzirumametodologiaseguraparaoplanejamentodeumesquemadeclassificaçãobibliográfica.Talteoriapossibilitaorganizarnovosassuntoseassuntosjáconhecidosemlugaresapropriadosnoesquema,semtrazerdificuldadesparaaseqüênciaútil (KUMAR,1981,p.82).

Estateoriaé descritapela "primeira vezna segundaediçãodosProlegomenato Library Classification(publicadoem 1957).Este

.ê trabalhoapresentaa descriçãoda TeoriaDinâmicada Classificação't't!

~ Bibliográficadesenvolvidaaté 1955.Uma avançadaversãoda Teoria§ Dinâmicafoi publicadaem 1967,na formadaterceiraversãodo8 ProlegomenatoLibraryClassification"(KUMAR,1981,p.83).ComoE desenvolvimentodoseuestudopode-seobservarque,emtodootrabalho,C]) .

~ eledesenvolveprimeiramenteumaatividadepráticaparadepoisteorizar.~ sobreestaprática.Ranganathannão.apresenta,porém,ateoriadeforma-'.didática.Osprincípiosquenorteiamaelaboraçãodestetipodeesquema

estãodistribuídosportodaaterceiraediçãodoProlegomena.Naverdade,

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aTeoriaDinâmicadoConhecimentoparaaClassificaçãoBibliográficaéconstituídaportodososPostulados,PrincípioseCânonesapresentadosna terceiraedição,elaboradosparacadaum dosplanosdetrabalhoda

classificação:PlanoIdeacional,PlanoVerbalePlano~otacional.

Deumamaneirageral,aTeoriaDinâmicavemsecontraporàTeoriaDescritiva.Se,nestaúltima, seconfundema estruturada tabelae os

assuntosdosdocumentos,naquelao esquemaéelaboradoa partirdaestruturado conhecimento,com mecanismosque possibilitam aconstanteinovaçãodoconhecimento.Defato,oqueelatornapossívelé

organizaros conceitosrelevantesdasáreasrepresentadas,os quaisdevidamentecodificados(notação)ecombinadosemumaordempre-estabelecida representamosassuntosdosdocumentos.O assuntonãoestáprontono esquema;eleé construídono momentodaanálisedo

documento.Assim,seo usodaTeoriaDescritivapermiterepresentaroconhecimentoregistradodeum dadomomentohistórico,a Teoria

Dinâmica,porsuavez,vai interagircomestarealidade,já quepossuiprincípiosquenorteiamaelaboraçãodeesquemasflexíveis.

NodesenvolvimentodaTeoriaDinâmica,Ranganathanapresentaumavisãofilosóficadodesenvolvimentodoconhecimento,apartirdadefiniçãodoUniversodeConhecimentocomoumaespiralqueestáemmovimentocontínuo agregandonovosconceitos,trazendopara oUniversodeTrabalhodaClassificaçãoumaperspectivadinâmica.

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Osesquemasproduzidosdurantea vigênciada TeoriaDescritiva ~foram classificadospor Ranganathanem EsquemadeClassificação .~Enumerativa,EsquemadeClassificaçãoQuaseEnumerativa,Esquema.~

deClassificaçãoQuaseFacetada.Deformageral,estesesquemaspossuem

Aseguir,faz-seumabrevedescriçãodosesquemasqueadotamosprincípiosdaTeoriaDescritivaedaquelesqueadotam..o.sprincípiosdaTeoriaDinâmica,classificadossegundoopróprioRanganathan(1967,p.94).

2.1.1 Caracterização dos esquemas descritivos

Page 31: linguagem documentaria

umatabelabásicaquetemporfunção"enumerartodososassuntos-dopassado,dopresenteedofuturoantecipado"(RANGANATHAN,1967,p.95).Astabelassão,em geral,longas,encontrandodificuldadeem"acomodarnovosassuntosnumaposiçãoadequadacomrespeitoaosassuntosexistentes"(KUMAR,1981,p. 68). Sua basenotacionalcaracteriza-seporpossuirdígitossemanticamentericos,ondeosassuntossãoenumerados,acarretandoclassesnuméricaslongas.Nestesesquemasverifica-se,ainda,queosassuntosdosdocumentosqueexistemequevirãoaexistirsãodeterminadosapriori dacriaçãodetaisesquemas.

Nãoexiste,assim,umaseparaçãonítidaentreomomentodaelaboraçãodosesquemase,conseqüentemente,da representaçãodoestadoatualdoconhecimento,eo momentodaanálisedodocumento.

Pode-sedizerqueadiferençabásicaentreosEsquemasEnumerativo,QuaseEnumerativoe QuaseFacetado,quetomampor basea TeoriaDescritiva,équenosEsquemasEnumerativosexisteumaúnicatabela

queenumeraassuntosbásicos- suabasenotacionalé monolíticaedevecomportar todosos assuntosbásicos;nos EsquemasQuaseEnumerativosamplia-seaindamaisa tabela- queagoranãoémaissingulare passaa serprincipal- queenumeraassuntosbásicosecompostos,verificando,ainda,acriaçãodetabelasdeisoladoscomuns,4enosEsquemasQuaseFacetadosestãopresentestodososelementosdoEsquemaanterior,acrescidosdetabelasdeisoladosespeciaisedealgumaorientaçãopara a elaboraçãoda notação,queé menosmonolítica(RANGANATHAN,1967,p.95-105).

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E:JUooEQ)00'":J00

:§ 4 Isolado comum: Isolados (ver subitem "Elementos da Estrutura. Classificatória") que podem integrar assuntos compostos em todos ou quasetodos os assuntos básicos. Ex.: local, tempo.

Estesesquemasforammais tardeclassificadospor Ranganathancomopertencentesa doisperíodos:o PeríodoPré-Faceta,quedatade1876a1896,noqualosEsquemasEnumerativoseQuaseEnumerativosestãoinseridos;eo PeríodoTransiçãoparaaFaceta,quedatade1897a1932,noqualosEsquemasQuaseFacetadospodemserincluídos.

Page 32: linguagem documentaria

o PeríodoPré-Facetaé caracterizadopor Ranganathan(1978,

p. 17) a partir dos seguintespontos: 1. Uso dos conteúdosdeconhecimentooudosassuntosdoslivros- oumacropensamentos-

comobaseparaa classificaçãoe arranjodoslivrosedesuasentradasprincipaisnoscatálogosebibliografias;2.Usodeum sistemanotacionalou númerosordinaisparamecanizaro arranjodoslivrose desuasentradas;3.Usodafraçãodecimalpuranosistemanotacional.

NoPeríododeTransiçãoparaa Faceta,foi introduzidaa notaçãomista,poisosesquemasenumerativosexclusivamentemonolíticos

mostraram-seinsuficientespara acompanharas mudançasquecomeçamasurgirnoiníciodoséculoXX(RANGANATHAN,1978,p.2I),taiscomo:aacumulaçãomundialdecercade12milhõesdedocumentos- inclusiveosmicrodocumentos,a umataxaanualdecrescimentode

cercadeum milhãodedocumentos;astentativasdospróprioscientistasparaenfrentarasituaçãoeseusfracassos;eaprofissãobiblioteconômicaquenãosedesenvolveuosuficiente.

RanganathaneseusseguidoresconsideramEsquemasEnumerativosa Library of CongressClassification e a Rider's International

Classification;EsquemaQuaseEnumerativo,aDecimalClassification,de Melvil Dewey;e EsquemaQuaseFacetado,a UniversalDecimalClassification.

2.1.2 Caracterização dos esquemas com base naTeoria Dinâmica

ra"'CraQ)u. ra

AprimeiraediçãodaColonClassijication,em 1933,éconsiderada ~como o primeiro esquemade ClassificaçãoFacetadaregidapelos 'g.

uprincípios da Teoria Dinâmica do Conhecimento,muito embora ~Ranganathanafirme, mais tarde,no Prolegomena, que o termo ~"Facetada"nãofoi usadonaquelemomentoe,sim, anosmaistarde -25

(RANGANATHAN,1967,p. 106).Porém,já no primeiro ano desua '§profissãocomobibliotecário,a idéiasobreo conceitocomeçoua se ~

formaremsuamente.ContaRanganathanque,naqueleperíodo,.

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verificouqueastabelasdaCDDeLCfalhavamaonãopermitirexpansõesemsuaclassenumérica.

Naquelesanos,osprincipaisassuntosdemeuinteresseerammatemática,literaturaeeducação.Emtodosessescamposdeassuntos,viqueoEsquemaEnumerativodaCODnãopermitiaaco-extensãodaclassenumérica.AcheiqueissoerapiornoassuntoHistória.EunãopodiadizerondenaCOOestavaafalha.Eunãopodiadizerentãooqueeraumaclassificaçãofacetada.Masalgumacoisaocupavameupensamentocontinuamente.Umdiaaconteceuqueeuviumjogo"Meccano"emumadaslojasSelfridgesemLondres.Foioquemedeuapista.Issomefezsentirqueonúmerodeclassedeumassuntodeveriaserrealmentefeitopelareuniãodos"NúmerosdeFacetas"encontradosemdiversastabelasdistintas,domesmomodocomoumbrinquedoqueéfeitopelareuniãodeumavariedadedepartes.EscolhiodígitoDoisPontos(:)comoodígitoconectanteparaqualquerfacetaisolada.Posteriormente,issotambémmefezsentirqueumassuntodeveriaseranalisadoemfacetasantesqueseunúmerodeclassepudesseserconstruído(RANGANATHAN,1967,p.106).

Osprincípiosda TeoriaDinâmicainfluenciamum novotipo deClassificaçãoBibliográfica,aClassificaçãoFacetada,quenãoserárefémda "emergênciadenovosassuntos",mas,aocontrário,possibilitaráhospitalidade.AColonClassifica/ionéconsideradaoprimeiroesquemafacetado.SuasediçõesposterioresapresentamaperfeiçoamentosquelevamRanganathanaclassificarasprimeirasedições(a P em 1933,a2aem1939ea3aem1950)emRigidamenteFacetadaseasposteriores,emLivrementeFacetadas(4aed.em 19525emdiante).

OEsquemaRigidamenteFacetadosecaracterizacomoaqueleemque"as facetase suasseqüênciassãopredeterminadasparatodosos

'".;::,'"cQ)

§ 5 ParaKumar(1981,p. 72 ), sãotrêsos períodosda ColonClassification:o~ período Rigidamente Facetado, que vai da 1" à 3" edição, o período QuaseO Livremente Facetado, que vai da 4" edição até a 6" edição (1963) e o período~ Livremente Facetado, a partir da 7" edição, que ele chama de Versão 3 da~ Colon Classification. O segundo período é assim justificado: "Um esquema5b se torna quase livremente facetado porque o uso de diferentes dígitos:§ indicadorespara diversos tipos de facetas e o conceito de ciclos e níveis

removeram a rígidezsevera no número e na seqüênciadas facetas que podem. ocorrer num assunto composto. No entanto, alguma rigidez se escondia comrelação aos níveis de facetas dentro de um ciclo."

Page 34: linguagem documentaria

assuntos e acompanhamuma classebásica"(RANGANATHAN,1967,p. 107),ouseja,cadaclassebásicatemumafórmulafacetadaetodosos

elementosdafórmuladevemestarpresentesnoassunto- o que,porvezes,nãoocorre.É issoquetornao esquemarígido (KUMAR,1981,p. 72). Nestafase,Ranganathanprocuraevidenciara estruturadoconhecimento(fórmuladefaceta)decadaáreadoconhecimento(classebásica)etransferi-Iaparaoplanododocumento.Noentanto,osassuntostratadosnosdocumentosnão englobam,na maioria dasvezes,o

conhecimentocomoumtodo,e,sim,partedele.Elepercebe,então,queé necessáriosepararestruturado conhecimentoe representaçãodoassuntododocumentoparatornarosistemamaist1exível-nestecaso,

naelaboraçãodanotação.AColonClassifica/íoné,então,aprimorada,tornando-seumaClassificaçãoLivrementeFacetada.

Numesquemalivrementefacetadodeclassificação,semqualquerinfluência

dastabelasdeclassificaçãoexistentes,quaisquerquesejamasfacetasqueocorramnum assuntocomposto,elassãodescobertaspelaanáliseda facetadaqueleassunto.Aseqüênciaapropriadadasfacetasencontradasédeterminada

deacordocomospostuladoseprincípiosestabelecidos.Ostermosdasfacetas

sãoorganizadosnestaseqüência.Logo,cadatermodafacetaésubstituídoporseunúmeroda faceta.Finalmente,osnúmerosda facetasãosintetizadosno

númerodaclassecomo auxíliododígitodeconexãoapropriado.Assim,cadaassuntocompostodeterminasuasprópriasfacetas- enúmerosdeclasses.Determina,também,~uaprópriaseqüênciadefacetas.Nãohánadarígidonemnonúmeronemnasucessãodefacetas.Thdoélivre.ÉporistoqueoesquemaéchamadoClassificaçãoLivrementeFacetada.Tendoemvistaa ~

análisee a síntese,que figuram sucessivamenteno cursoda classificação, ]outronomeparaessetipodeclassificaçãoéaClassificaçãoAnalítico-Sintética.~Comoaseqüênciadefacetasdeumassuntocompostoédeterminadadeacordo ~comalgunspostuladoseprincípiosbásicosaplicáveisaqualquerassunto '(3.~composto,a fim deenfatizaressacaracterísticada classificaçãoanalítico- "g

sintética,ela é chamadade ClassificaçãoAnalítico-SintéticaGuiadapor .~PostuladosePrincípios.Deve-seenfatizarquequalquerClassificaçãoFacetada Unão é analítico-sintética a menos que seja livremente facetada .g(RANGANATHAN,1967,p.109). .êo

~As ClassificaçõesLivrementeFacetadaspassam,assim,a ser.chamadasdeAnalítico-Sintéticas.

Page 35: linguagem documentaria

2.2 PRINCíPIOS DA TEORIA DA CLASSIFICAÇÃOFACETADA

ATeoriadaClassificaçãoFacetada,comotodateoria,éum corpuscomplexo.Paraquepossasercompreendidaem todaasuaextensão,procura-seorganizarsuaexposiçãodemodo a seguirum pretensocaminhododesenvolvimentodasidéiasdeRanganathan,umavezquesuasobrasbásicas,citadasnoinÍCiodesteCapítulo,nãoo indicamnemapresentamuma disposiçãodidática. Pode-seobservarque osfundamentosquepermitemo entendimentodesuaTeoriacomoumtodoestãodistribuídosnaquelasobras.Assim,acredita-seque,parachegaraonúcleodesteestudo,istoé,aosprincípioscomunsàTeoriadaClassificação,TeoriadaTerminologiaeTeoriadoConceito,apresentedisposiçãoé amaisadequada.

2.2.1 Universo do conhecimento e universodos assuntos

Aimportânciadaproduçãodoconhecimentoea int1uênciaqueessa

produçãoexercesobreo planejamentodeesquemadeClassificaçãoBibliográficaétemarelevantenostrabalhosdeRanganathan.Oprocessoderelacionarobjetosefatoséumprocessoclassificatório,oquefazcomque Ranganathantraga essasquestõespara dentro da TeoriadaClassificação.NosProlegomena (RANGANATHAN,1967,p. 80), elediscuteo processodeformaçãodeconceitose suarelaçãocomo quedenominaUniversodasIdéiasoudoConhecimentoesuaint1uênciano

trabalhodaclassificação.rn.;::,rn

~ SegundoRanganathan,o homemdepositanamemóriaperceptosEa puros,istoé, impressõesproduzidasporqualquerentidadeatravésdeoo um sentidoprimáriosimples.Porexemplo,a luzquevemdasestrelasé

~ operceptoproduzidoporumaentidadedomundofísico- asestrelas.As~ entidadescorrelatasde um percepto,queestãofora da mente,são:.5 denominadasporRanganathandepercepção.Quandoa impressãoé.depositadanamemória,comoresultadodaassociaçãodedoisoumais. perceptospuros,formadossimultaneamenteounumasucessãorápida,

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nãotemosmaissomenteumperceptopuro,masumperceptocomposto.Comoficaclaronoexemploabaixo:

Vamosassumirqueoperceptopurodosom"COIVO",emitidosimultaneamente

pelamãe,setornaimpressonamemóriadacriançacomooperceptocomposto

"COIVOcrocitante".Vamos,alémdisso,assumirqueoperceptopurodacordo

COIVOeo perceptopuro do som "preto" emitidopelamãesejaassociadonamemóriadacriança.Entãoo perceptocomposto"COIVOépretoeelecrocita"

ou "COIVOpretocrocita"éformadonamemóriadacriança.Logo,umpercepto

compostopodeserformadopelaassociaçãodedoisou maisperceptospuros(RANGANATHAN,1967,p.80).

Nomomentoemquesãodepositadosnamemóriaosperceptospurose compostos,dá-seuma associaçãoe os conceitos se formam.Ranganathan(1967,p. 80) alertaparao fatodequea linha divisóriaentreumperceptocomposto- aqueleformadopelaaglutinaçãodeváriosperceptospuros- e o conceitoé tênue.Oprimeiro,istoé,o perceptocomposto,transitaparaoúltimo,sendosónecessáriosomaraoprocesso

deaglutinaçãooprocessodeassociação,oqueacarretaoestabelecimentoderelações.Dessaforma,éapartirdaformaçãodosconceitosquesevaiproduzirna mentedo serhumanoum quadrode identidadecomomundoqueocerca.Emummomentoposterioràformaçãodosconceitos,istoé,a partir daexistênciadeum padrãoconceitualjá estabelecido,podeocorreraassimilaçãodenovasexperiências,oquelevaaoprocesso

que Ranganathan denomina de apercepção.O conjunto destasapercepçõesdepositadasnamemóriasedá,então,apartirdosconceitosjápresentesnamemória,como acréscimodaassimilaçãodeperceptosrecentementerecebidoseconceitosrecentementeformados.

ra"'Ora~ura

LL.o

Ira

Para chegarmos,entretanto,à definição de Universode ÔConhecimentoemRanganathan,serápreciso,primeiramente,analisar ~aindaosconceitosdeidéia,informação,conhecimentoeassunto.Idéia ÕparaRanganathan(1967,p. 81)é umprodutodopensamento,da .grareflexão,da imaginação,quepassoupelointelecto,integrandocoma '§

<1J

ajudada Lógicaumaseleçãodeconjuntosdeapercepção,e/ou I-'"

diretamenteapreendidapelaintuiçãoedepositadanamemória..

Page 37: linguagem documentaria

A informaçãosedariano momentoemqueuma idéiaécomunicada

por outrosou obtida a partir do estudopessoale da investigação.ConhecimentoédefinidocomoatotalidadedeidéiasconservadaspelaHumanidade;assim,nestesentido,conhecimentopodesersinônimodeUniversode Idéias.Assuntoé um corpo de idéiasorganizadasesistematizadas,porextensãoe intensão,queincidedeformacoerenteno campodeinteresse,decompetênciaintelectualedeespecializaçãoinevitáveldeumapessoanormal (RANGANATHAN,1967,p.92).

O UniversoOriginalde Idéias,tambémchamadodeUniversodoConhecimento,não só é o local onde as idéiasconservadasestão

agrupadas,mastambémolocalondeexisteum movimentoquepropiciaum repensarconstantesobreaapreensãodasobservaçõesfeitaspeloserhumano,apartirdomundoqueocerca.OUniversodoConhecimento

éasomatotal,nomomento,doconhecimentoacumulado.Eleestásempreem desenvolvimentocontínuo.Diferentesdomíniosdo Universodo

Conhecimentosãodesenvolvidospordiferentesmétodos.OMétodoCientíficoéumdosmétodosreconhecidosdedesenvolvimento[...]OMétodoCientíficoécaracterizadopelomovimentosemfimemespiral(RANGANATHAN,1963a,,p.359).

Assim,paraexplicaro movimentodopróprioatodeconhecer,percebere sua influência sobreos esquemasde classificação,Ranganathanapresentaa EspiraldoUniversodo Conhecimento,quepossuivárias fasesno seudesenvolvimento.Por conveniênciade

referência,Ranganathan(1963a,p. 359) utiliza a denominaçãodospontoscardeaisparademonstrá-Ias:.ê

.."E(!)

E::JUo

~ ASCENDENTE - apresentaa acumulaçãode leis indutivasou~ empíricasemreferênciaaosfatosacumuladosemNadir.::J0.0 A

:.5 ZENITE- apresentaasleis fundamentaisformuladas,isto é, a.compreensãode todasasleisindutivasou empíricasacumuladasnoI Ascendentecomimplicaçõesobrigatórias.

NADIR- apresentaaacumulaçãodosfatosobtidospelaobservação,experimentaçãoe outrasformas deexperiência.

Page 38: linguagem documentaria

nãotemosmaissomenteumperceptopuro,masumperceptocomposto.Comoficaclaronoexemploabaixo:

Vamosassumirqueoperceptopurodosom"calVo",emitidosimultaneamente

pelamãe,setornaimpressonamemóriadacriançacomooperceptocomposto

"calVocrocitante".Vamos,alémdisso,assumirqueoperceptopurodacordo

calVoeo perceptopuro do som"preto" emitidopelamãesejaassociadonamemóriadacriança.Entãoo perceptocomposto"COIVOépretoeelecrocita"

ou "COIVOpretocrocita"éformadonamemóriadacriança.Logo,umperceptocompostopodeserformadopelaassociaçãodedoisou maisperceptospuros(RANGANATHAN,1967,p.80).

Nomomentoemquesãodepositadosnamemóriaosperceptospurose compostos,dá-se uma associaçãoe os conceitosse formam.Ranganathan(1967,p.80)alertaparaofatodequealinhadivisóriaentreumperceptocomposto- aqueleformadopelaaglutinaçãodeváriosperceptospuros- e o conceitoé tênue.Oprimeiro, istoé,o percepto

composto,transitaparaoúltimo,sendosónecessáriosomaraoprocessodeaglutinaçãooprocessodeassociação,oqueacarretaoestabelecimentoderelações.Dessaforma,éapartirdaformaçãodosconceitosquesevaiproduzirna mentedo serhumanoum quadrode identidadecomomundoqueocerca.Emummomentoposterioràformaçãodosconceitos,istoé,a partir daexistênciadeum padrãoconceitualjá estabelecido,podeocorreraassimilaçãodenovasexperiências,oquelevaaoprocessoque Ranganathan denomina de apercepção.O conjunto destasapercepçõesdepositadasnamemóriasedá,então,apartirdosconceitosjápresentesnamemória,como acréscimodaassimilaçãodeperceptosrecentementerecebidoseconceitosrecentementeformados.

ra"'Ora~urau.oIra

Para chegarmos,entretanto,à definição de Universode 13

ConhecimentoemRanganathan,serápreciso,primeiramente,analisar ~aindaosconceitosdeidéia,informação,conhecimentoeassunto.Idéia Dpara Ranganathan(1967,p. 81) é um produtodopensamento,da .grareflexão,da imaginação,quepassoupelointelecto,integrandocoma '§

ClJ

ajuda da Lógica uma seleçãode conjuntos de apercepção,e/ou ~

diretamenteapreendidapelaintuiçãoedepositadanamemória..

Page 39: linguagem documentaria

A informaçãosedariano momentoem queuma idéiaécomunicadapor outrosou obtida a partir do estudopessoale da investigação.

ConhecimentoédefinidocomoatotalidadedeidéiasconservadaspelaHumanidade;assim,nestesentido,conhecimentopodesersinônimodeUniversode Idéias.Assuntoé um corpo de idéiasorganizadasesistematizadas,porextensãoe intensão,queincidedeformacoerentenocampodeinteresse,decompetênciaintelectualedeespecializaçãoinevitáveldeumapessoanormal (RANGANATHAN,1967,p.92).

O UniversoOriginalde Idéias,tambémchamadodeUniversodoConhecimento,não só é o local ondeas idéiasconservadasestão

agrupadas,mastambémolocalondeexisteummovimentoquepropiciaum repensarconstantesobreaapreensãodasobservaçõesfeitaspeloserhumano,apartirdomundoqueocerca.OUniversodoConhecimento

éasomatotal,nomomento,doconhecimentoacumulado.Eleestásempreem desenvolvimentocontínuo.Diferentesdomíniosdo Universodo

Conhecimentosãodesenvolvidospordiferentesmétodos.OMétodoCientíficoéumdosmétodosreconhecidosdedesenvolvimento[...]OMétodoCientíficoécaracterizadopelomovimentosemfimemespiral(RANGANATHAN,1963a,,p.359).

Assim,paraexplicaro movimentodopróprioatodeconhecer,percebere sua influência sobreos esquemasde classificação,Ranganathanapresentaa EspiraldoUniversodoConhecimento,quepossuivárias fasesno seudesenvolvimento.Por conveniênciade

referência,Ranganathan(1963a,p. 359)utiliza a denominaçãodospontoscardeaisparademonstrá-Ias:.ê,'"

EQ)

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~ ASCENDENTE - apresentaa acumulaçãode leis indutivasou~ empíricasem referênciaaosfatosacumuladosem Nadir.:J0.0 ~

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11 compreensãode todasas leisindutivasou empíricasacumuladasnoAscendentecomimplicaçõesobrigatórias.

NADIR- apresentaa acumulaçãodosfatosobtidospelaobservação,

experimentaçãoeoutras formas deexperiência.

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DESCENDENTE- marcaa acumulaçãodas leisde deduçãonadireção das leisfundamentais deZênite.

Esses pontos cardeais produzem quatro quadrantes no ciclo daespiral, a saber:

QUADRANTE1

Situa-se entre Descendente e Nadir. Corresponde ao estágio do

desenvolvimento do domínio do Universo do Conhecimento, onde os

fatos são encontrados e registrados. Nele estão inseridos os seguintes

conceitos: experimentação, observação, concretude e particularização.

QUADRANTE2

Situa-se entre Nadir e Ascendente. Corresponde ao momento em que

as leis empíricas ou indutivas são formuladas e registradas. São osseguintes os conceitos nele inseridos: intelecto, indução, abstração,generalização.

QUADRANTE 3

Situa-se entre o Ascendente e Zênite. Corresponde ao estágio em que

as leis fundamentais são entendidas e registradas. Intuição, abstração e

generalização são conceitos inseridos,

QUADRANTE4eu

"'C

euQ)ueu

LI...

oleu

Tendo a Espiral um movimento contínuo e infinito, a cada novo 13

ciclo é necessárioreintroduzir o quadrante 1, que se torna um pouco ~eu

diferente, a saber: observações e experimentos são feitos para verificar D

empiricamente a validade de novas leis; além disso, observações e .geuexperimentossão feitoscontinuamente, conduzindo à acumulação de '§

(lJ

novos fatos empíricos. Neste movimento contínuo, verifica-se que, em t"'"

dado momento, existem contradições entre os fatos empíricos e as leis 11

Situa-se entre Zênite e Descendente. Corresponde ao momento em

que as leis dedutivas são derivadas e registradas. Os conceitos inseridos

são intelecto, particularização, dedução e concretude.

Page 41: linguagem documentaria

fundamentaisatéentãoexistentes.Temosquereconhecer,nesteinstante,aexistênciadenovasclassesdefatosedeclarara incidênciadacrisena

aplicaçãodométodocientífico.Assim,novasclassesdefatosempíricos

sãoacumuladosemNadireum novociclonaEspiralseinicia (verFig.2) (RANGANATHAN,1963a,p. 364).

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E::JUooEQ)00'"::J00c:::;

f\Jr.aD~~NrA1i

lENITH

. Figura 2 - A Espiral do Universo do Conhecimento(RANGANATHAN, 1963 a).

Page 42: linguagem documentaria

AlémdaEspiraldoConhecimentoeparaevidenciaraindamaisaligaçãoentreaproduçãodeconhecimentoeosesquemasdeclassificação,Ranganathanapresentatambéma Espiraldo DesenvolvimentodeA'Isuntos:seomovimentodaEspiraldoConhecimentopropiciaoatode

perceberosfatosqueocorremnomundofenomenal,coma EspiraldoDesenvolvimentodeAssuntosé possívelverificara relaçãoentreestepercebere a produção de conhecimento que, no nossocaso,éconhecimentoregistrado.

Apesardeestasquestõesteremum cunhofilosófico,Ranganathandeixaevidente,atodomomento,suapreocupaçãoemrelacioná-Iascomo universode trabalhoda documentação,apresentandocomo umametaespiraldo conhecimentoa espiraldouniversodeassunto.Estesassuntosseapresentame sãoanalisadosna áreadadocumentaçãoa

partir dos documentosproduzidospor um grupo de falantes dedeterminadouniversodediscurso.Dessaforma,a garantialiteráriaeadinâmica do conhecimentoandam juntas, e sãoessesfatoresquedeterminamarelaçãododocumentocomoconhecimentoeinfluenciamaelaboraçãodeesquemasclassificatóriosparaaáreadadocumentação.

A Espiraldo DesenvolvimentodeAssuntos(RANGANATHAN,1967,p. 372)é uma metaespiraldaEspiraldo Universodo Conhecimento,poiséregidapelasmesmasleisdomovimentocontínuoedodinamismoqueregema EspiraldoConhecimento.Omovimentoem espiral(verFig.3)podesercaracterizadoapartirdefatosquepodemosobservarnodesenvolvimentodenovosassuntos,asaber:novosproblemas;pesquisa

fundamental;pesquisaaplicada;projetopiloto;novasmáquinas;novosmateriais;novosprodutos;utilizaçãodestesprodutos;novosproblemas.

.

Page 43: linguagem documentaria

Figura 3 - A Espiral do Desenvolvimento de Assuntos(RANGANATHAN 1967).

<1J''::'<1JCQ)

E::JUo .O 2.2.2 Universo de trabalho da ClassificaçãoEQ)

~ NoUniversode Trabalhoda Classificação,Ranganathandemarca:§ três planos de trabalho: Plano Ideacional, Plano Verbal,Plano.Notacional. O trabalho nestes planos é mentalmente separado, cada um

. deles possuindo princípios normativos próprios, como se verá a seguir.

O Método Científico em Espiral propicia a integração constante do

conhecimento, do desenvolvimento de assuntos e a relação com a

atividade de trabalho da classificação. Ranganathan, assim, é singular

na medida em que evidencia essa dinâmica, esse movimento constante

e a possibilidade também de constantes modificações no Universo do

Conhecimento e de Assuntos que influenciam o Universo de Trabalho

da Classificação.

Page 44: linguagem documentaria

1) Plano Ideacional

O PlanoIdeacionalé o plano ondeexistea formaçãode todooprocessodopensar,poiseleserelacionacomotrabalhodamente,"queéo lugarondeseoriginamasidéias"(RANGANATHAN,1967,p.327).Éo planoda análisedosconceitos,independentementedo termoqueodenotaou do número que poderepresentá-loem uma tabeladeclassificação(KUMAR,1981,p. 17).

RanganathanapresentaoPlanoIdeacionalcomoumplanosuperior,pois,segundoele,osnúmerose aspalavrassónosinteressamporqueexisteuma idéia atrásdelas,sendoos outrosdoisplanossomentemanifestaçõesdoPlanoIdeacionalqueé invisível.

Vamosolhar uma tabelade classesou de isolados.Percebemosnúmerose

palavrasapenas.AliestãomanifestadosoPlano~rbal eo Notacional.OPlanoIdeacional não está.As idéias se escondematrás dos números que as

representame aspalavrasque asdenotam.Essesnúmerose palavrasnosinteressamsomenteporqueasidéiasestãoescondidasatrásdeles.OPlanoIdeacionaléoplanosuperior,eaindamais,elenãosemanifestaporsimesmodiretamente.EleéinvisívelcomoDeus.EétambémtãotolerantecomoDeus.

Poiselenãoforçaosoutrosalémdesuacapacidade.Eleesperacompaciência

atéelesseajustarem(RANGANATHAN,1967, p.335).

OtrabalhonoPlanoIdeacionalé interpretadoporKaula(1984,p.38)comootrabalhodeanálisedoconceito.Dizele:

rn-crnWurnu..oIrnl)ornu

<;::::'Vi.."rn

Nocapítuloaseguir,verifica-seque,naverdade,oPlanoIdeacional, S-ccomo afirma Kaula, é o plano que possibilita representaruma .êdeterminada área de conhecimento, através de seus princípios &normativos,paraorganizarosseusconceitoseformarumaestrutura.classificatória.Parece,entretanto,queRanganathan,apartirdoPlano

Umaidéiaéumconceitoque,aotomarformaconcreta,podelevaraalgumainformação.Aanálisedoconceitoéumatarefadifícilquetemqueseresgotadanaconcepçãodoesquemadeclassificação.Umconceitopodeserumisoladoouum assunto,ea identificaçãodeconceitos,suaposiçãonoUniversodeAssuntos,seu arranjo sistemático entre outros conceitos etc. fazem do trabalhoumatarefaárdua.

Page 45: linguagem documentaria

Ideacional,introduznoplanodetrabalhodaclassificaçãoapossibilidadede um mundo inteligível quesó poderámanifestar-sea partir domovimentodoPlanoVerbaledoNotacional.

2) Plano verbal

Ranganathanafirmaque

junto coma capacidadedecriar idéias,coexistea capacidadeparaodesenvolvimentodeumalinguagemarticuladacomomeiodecomunicação.Eéalinguagemquediferenciaohomemdeoutrascriaturas.Alinguagemescritafazcomqueacomunicaçãosejamaisdifundidadoquealinguagemfalada.Masa linguagemé maisperigosadoquea idéia.Homônimosesinônimos,portanto,florescemcomoervasdaninhas(RANGANATHAN,1967,p.327).

o PlanoVerbal,então,tempor funçãopermitir quea linguagempossaseruma mediadoraparaa comunicaçãodeidéiasouconceitos:

ela deveserlivredehomonímiae sinonímia,particularmenteem setratandodeumalinguagemclassificatóriaquenãoéumalinguagemnatural.

Kaulaafirma queo "trabalhonoplanoverbaltemquelevaremconsideraçãoaterminologiausadanainterpretaçãodaquelesconceitosaocomunicarocorretosignificadoea relaçãonocontextocomoutrosconceitos"(1984,p. 39). Assim,oplanoverbaléo "planodaspalavras,dosgruposdepalavras,frases,sentençase parágrafosna linguagemnatural" (KUMAR,1981,p.18).

rc

:§ 3) Plano Notacionalc:Q)E:JUooEQ)bOrc:JbO

:.5 Otrabalhono PlanoNotaciol1alestárelacionadodiretamentecom.o quefoi convencionadonoPlanoIdeacional,emboracomrestrições:

O PlanoNotacionalé o plano dosnúmerosquerepresentamosconceitos.EstePlano"seesforçaportirarosresíduosqueoPlanoVerbal

causouno PlanoIdeacional" (RANGANATHAN,1967,p. 330).Estesresíduossão,comoseviu anteriormente,oshomônimosesinônimos.

Page 46: linguagem documentaria

a relaçãoentreo PlanoNotacionaleo PlanoIdeacionaléadosenhoreocriado.Mas,assimcomoumtemqueseguirtodasasextravagânciasefantasiasdeseusenhor,tambémoPlanoNotacionaltemquedesenvolversuacapacidadeeversatilidade,comoobjetivodecomplementartotalmenteasdescobertasnoPlanoIdeacional(KAUlA,1984,p.38).

OPlanoNotacionalpermite, atravésdosseusprincípios normativos,

que o princípio da hospitalidade possa manifestar-se na estrutura

classificatória, isto é, que novosconceitoscriadosno Plano Ideacional

tenham seulugar garantido nastabelas.Elepossibilita a representação

dos assuntosexistentesnos documentose a manipulação do arranjodosdocumentos.

OPrincípiodaHospitalidadefoi considerado,inicialmente,comoa

propriedadequeum EsquemadeClassificaçãopossuipararecebernovosassuntos.Esteconceitofoi primeiramenteutilizado por Cuttere se

denominavaExpansividade.MelvilDewey,naprimeiraediçãodaDecimalClassification,aoelaboraruma notaçãoquetem porbasea notaçãodecimal, introduziu esteprincípio sem,contudo,denominá-Ioouapresentarqualquerteoriaa respeito.Assim,

oespaçoempregadonaclassificaçãodecimalparaguardarhospitalidadedanotaçãoéafixaçãodolugardevalordodígitodeumnúmero,comoseeleestivessesendousadocomoumafraçãopuramentedecimal[...]porexemplo:336representaFinançasPúblicaseficaentre33querepresentaEconomiae34querepresentaDireito[...]Aseqüênciacorretadosnúmerosordinaisdadosdeveser33,336,34,poiselesdevemserlidoscomofraçãodecimalpura(RANGANATHAN,1951 p. 19).

<'ti-o<'tiQ)U<'ti

Ranganathan,noentanto,introduzumnovoaspectoparaoconceito ~.<'tI

deHospitalidade,apresentandoa Hospitalidadeou Expansividadeem ~uMuitosPontos.OconceitoinicialdeHospitalidadesópermitiaainclusão ~denovosassuntosdentrodasclassesprincipaise subclasses;nãoera 8possívela inclusãodenovasclassesemsuabasenotacional.Assim,a .g

representaçãodoconhecimentoficavarestritaadezclassesprincipaise '§todoassuntonovoquesurgissedeveriaserclassificadodentrodessabase. ~

A Hospitalidadeou Expansividadeem MuitosPontostornapossívela .

Page 47: linguagem documentaria

introduçãodediversosmecanismosparaqueoesquemadeclassificaçãoacompanheadinâmicadoconhecimento.Sãoeles:

a) ampliaçãodabasenotacional- Ranganathanpassaa utilizarumanotaçãoalfabética,comaintroduçãododígitooitavizante;

b) ampliaçãodosrenques,poisomecanismododígitooitavizanteéintroduzidotambémnosrenques;

c) organização da estrutura classificatória em categoriasfundamentaisPMEST(Personalidade,Matéria,Energia,EspaçoeTempo)e, como conseqüência,o elementoutilizado na estruturaclassificatórianãoé maiso assuntododocumento,masosconceitos

quefazempartedesteassunto,organizadosapartirdascategoriasdentrodaáreadoconhecimento;

d) adoçãodo métodoanalítico-sintético,quepermitea separaçãoentreos momentosda elaboraçãodeesquemasdeclassificação,daanálisedodocumentoedousodoesquema.

2.3 ELEMENTOS DA ESTRUTURACLASSIFICATÓRIA

'"';::,'"ê:Q)

E::JUooE

~ 2.3.1 Unidades classificatórias::J00

:.§ Um dosprimeirospassosna elaboraçãode uma estrutura.classificatóriaéadefiniçãodasunidadesqueconstituemosistema.Essas

Qualquerteoriadeveserbaseadaemprincípiosnormativos.NaTeoria

daClassificaçãoFacetada,osprincípiosnormativossãopostuladosemváriosníveis,desdeoprocessodepensarqueohomemdesenvolvesobreo mundofenomenalqueocerca,equeinterferenoseuconhecimentoda realidade,atéo trabalhodeelaboraçãodastabelasdeclassificação.Nestaseção,sãoexaminadososelementosdaestruturaclassificatória,segundoa TeoriadeRanganathan:a organizaçãodessasunidades,apartir desuascaracterísticas,emrenquesecadeias,a distribuiçãodosrenquesecadeiasnasfacetaseaorganizaçãodasfacetasnascategorias.

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unidades,naverdade,representamosconceitosesuasrelações.NaTeoriada ClassificaçãoFacetada,asunidadesclassificatóriassãoo assuntobásicoe a idéiaisolada.Comoseobservouánteriormente,em todaa

teoriadeRanganathanoselementosestãointerligados.Definirassuntobásicoeidéiaisoladatorna-sedifícil,porqueum conceitoédependentedo outro, ou seja,não é possíveldefinir um semdefinir o outro evice-versa.

oassuntobásicoéum "assuntosemnenhumaidéiaisoladacomo

componente"(RANGANATHAN,1967,p. 83).Assuntoédefinidocomoum corposistematizadodeidéiasinseridasemumcampoespecializado(RANGANATHAN,1967,p.82).Pode-sedizer,então,queassuntobásicorepresentaas áreasmais abrangentesdo conhecimento, comoMatemática,Agricultura.Porém,nãosepodedizerqueAgriculturadeMilhorepresenteumassuntobásico,poiselepossuiaidéiaisoladaMilho.

A idéiaisoladaé "alguma idéiaou complexode idéiasajustadasparaformarum componentedeum assuntomas,em si mesma,ela

não é consideradaum assunto"(RANGANATHAN,1967,p. 83). Porexemplo,Milhodenotaumaidéiaisolada,mas,seforcombinadocom

o assuntobásicoAgricultura,forma-seo assuntoAgriculturadoMilho.O isolado(idéiaisolada)podeserconsideradoum conceito;algumasvezes,porém,funcionacomoumaunidadecombinatóriaquetemporfunçãofacilitar a formaçãoda notação.Quandoisto acontece,eleéchamado,por algunsautores(KUMAR,1981,p. 19),deespecificador.Porexemplo,naColonClassificatíon(1963),a formaçãodanotaçãoPsicologiaInfantil (S1)correspondeaoassuntobásicoPsicologia(código oS)eaoisoladoCriança(código1).Pode-sedizerqueorepresentantedo 'G.t\3

conceito,nestetipodeTabela,é a notação.Nestecaso,o isoladoé um sespecificador,istoé,um determinantedo termoPsicologia.Comisto, ~uRanganathanconseguerepresentarconceitosquenãoestãonomeados .gnalíngua,comoporexemplo,Psicologia+ Pré-adolescente,Psicologia .ê

M. o

+ emno. ~

11

Page 49: linguagem documentaria

NasuaTeoria,Ranganathanpropõequ~seidentifiquemoselementosformadoresdoassuntododocumento,parapoderdistribuí-Iasnatabela(processodeanálise),deformaaagrupá-Iasdenovo(processodesíntese)atravésdanotação,quedeverepresentaro assuntododocumento.Naverdade,istoépossívelporque,paraidentificarasunidadesquedeveriamcomporsuaTabela,elefoi aoUniversodosDocumentosafimdeverificar

comoosassuntosseapresentavamnaliteraturae,apartirdaí,estabeleceros princípios de formaçãodos assuntos:Dissecação,Laminação,AgregaçãoLivre,Superposição(RANGANATHAN,1967,p.351).

Nosassuntosdosdocumentos,algunssãoformadosporumoumaisassuntosbásicos,enquantooutrossãoformadospelacombinaçãodeassuntobásicoe isolado.Quandoo assuntododocumentopossuidoisassuntosbásicos,diz-sequeéum assuntocomplexo;quandoéformadoporum assuntobásicoe um oumaisisolados,édenominadoassunto

composto.Matemáticapara Físicos,por exemplo,é um assuntocomplexo,porqueéformadopordoisassuntosbásicos;AgriculturaemJavae Milho emJavasãoassuntoscompostos,poissãoformados,respectivamente,pelacombinaçãode assuntobásico+ isoladoe deisolado+ isolado.

A Tabelade ClassificaçãoAnalítico-Sintéticapermite apenasaorganizaçãodos isoladose dosassuntosbásicosem sua estrutura

classificatória,porqueestessãooselementosnecessáriosparaaformaçãodosassuntoscomposto'e complexo,que fazemparte do plano dodocumento.

ro

~ 2.3.2 CaracterísticasOJ

§ A Característicaé definidapor Ranganathan(1967,p. 55) como8 "um atributooualgumcomplexo".Umatributo,porsuavez,"é uma~ propriedadeou uma qualidadeou uma medidaquantitativadeumaDO

~ entidade"(KUMAR,1981,p. 14).AscaracterísticassãousadasparaDO

:§ compararoselementosclassificatórios,objetivandoformarclassese,.dentrodestas,osrenquesecadeias.

Page 50: linguagem documentaria

2.3.3 Renques e cadeias

Renquessão classes derivadasde um Universocom base em uma

única característica em algum passo de divisão para estabelecer um

arran jo completo na seqüência preferida (RANGANATHAN,1967,p.61),

ou seja, sãoclassesformadas a partir de uma única característicade

divisão, formando séries horizontais. Por exemplo: Macieira e Parreira

são elementos da Classe Árvore Frutífera, formada pela característica de

divisão- tipode árvoresfrutíferas.

Cadeia é uma seqüência formada por classes e seu universo de

deslocamento 1,2,3 etc. até um ponto desejado(RANGANATHAN,1967,

p. 63), ou seja, são séries verticais de conceitos em que cada conceito

tem uma característica a mais ou a menos, conforme a cadeiadescendente ou ascendente. Por exemplo: Macieira é um tipo de Árvore

Frutífera, que, por sua vez, é um tipo de Árvore.Neste exemplo, observa-se uma cadeia descendente.

Os renques e cadeias revelam a organização da estruturaclassificatória que é totalmente hierárquica, evidenciando as relações

hierárquicas de gênero-espécie e de todo-parte. Ranganathan desenvolve

uma série de regras (cânones) para estabelecer uma conduta uniforme

na formação dos renques e cadeias. Oscânones para a formação dos

renquessãoosda Exaustividade,da Exclusividade,da Seqüênciaútil e

da Seqüênciaconsistente.t't!

-ot't!õJUt't!

LL

oIt't!u-t't!U

<;:'ij;V1t't!

UOcânonedaExclusividadeestabelecequeoselementosformadores .g

dos renquesdevemser mutuamenteexclusivos,ou seja,nenhum .êcomponentedaestrutura(isoladoouassuntobásico) podepertencera ~maisdeumaclassenorenque.Ranganathan, destemodo,nãoaceitaa11poliierarquia. .

OcânonedaExaustividadeestabelecequeasclassesformadasporumrenquedevemserexaustivas,demodoque,sealgumtópico novosurgir, ele podeser acrescentadoà estrutura, e esta tem que terhospitalidadepara agrupá-Ionumaclasseexistenteou numaclasserecém-formada.

Page 51: linguagem documentaria

ocânonedaSeqüênciaútil eocânonedaSeqüênciaconsistentesãoexclusivosdeTabelasde Classificação.Determinama ordemmais

adequadaparaaclassificaçãoadotada.

Quantoaoscânonesparaaformaçãodecadeias,sãodedoistipos:oCânonedaExtensãoDecrescenteeoCânonedaModulação.

Ranganathan (1967, p. 174) define o Cânoneda ExtensãoDecrescenteapartirdaseguinteexplicação:"aomover-senumacadeiadescendentedoprimeiroatéo últimoelo,aextensãodasclassesoudosisoladosordenados,conformeo caso,devedecrescerea intençãodevecrescera cadapasso",isto é, segundoestecânone,a classemaisabrangentedevesempreprecedera maisespecíficaem quesedivide.Nestecânone,eleapresentaumaexplicaçãobastanteútil paratodososqueestãoenvolvidoscomo processodeclassificação,aoexplicarosconceitosdeextensãoe intenção.Realçaqueostermoscitadossãodoâmbito da Lógica,ondeexisteuma sériede discussõessobreseusignificado.Adota,então,o quechamadeuma "medidatosca"paraexplicá-losequeserveperfeitamenteaosnossospropósitos.Aextensãotempormedidaonúmerodeentidadescompreendidasnaclasseounoisolado,eaintençãotempormedidaonúmerodecaracterísticasusadas

paraa derivaçãodo UniversoOriginal.Utilizandouma terminologiaatual,pode-sedizerquea intençãodeum conceitoéa totalidadeouonúmerodascaracterísticasrelevantesqueconstituemo conceito,e a

extensãodeum conceitoé a totalidadeouo númerodeconceitosqueabarca.Acrescenta,ainda,que,num certosentido,a extensãoé uma

.2! medidaquantitativadeuma classeou deum isoladoordenado.AE intençãoéqualitativa.Q)

§ OCânonedaModulação(RANGANATHAN,1967,p. 176)temau

8 seguintedefinição:"Umacadeiadeclassesdevecompreenderumaclasse~ decadaordemqueestejaentreasordensdoprimeiroedoúltimoeloda

~ cadeia."Istoquerdizerqueaseqüênciadascaracterísticasnaformação~ doselosdacadeiadeveregistraroselosintermediários.A modulação.depende,assim,do usocorretodascaracterísticasrelevantese da

seqüênciadeempregodestascaracterísticas.

Page 52: linguagem documentaria

2.3.4 Facetas

Facetaé"um termogenéricousadoparadenotaralgumcomponente

- podeserumassuntobásicoouum isolado- deum assuntocomposto,tendo, ainda, a função de formar renques,termos e números"(RANGANATHAN,1967, p. 88). No contexto das classificaçõesespecializadas,édefinidacomoumamanifestaçãodascincocategoriasfundamentais(VICKERY,1980,p.212).Asfacetassãodedoistipos:facetasbásicasefacetasisoladas.

Afacetabásicaagrupaassuntosbásicos(áreasdoconhecimento)eafacetaisoladaagrupaisolados(conceitos).Afacetabásicaéoprimeiroelementodo contextoespecificado.Um assuntosimplestemsomente

uma facetabásica,e um assuntocompostotemuma facetabásicaeumafacetaisolada,porexemplo,AgriculturadoMilho.Opapeldafacetabásicaédirigiroclassificadorparaaáreadoconhecimento(Matemática,Lireratura,História).Paraclassificarodocumento,eleprecisadasfacetasisoladasqueseencontramnointeriordafacetabásica.

A faceta isolada pode ser uma manifestaçãodas categoriasfundamentais,por exemplo,Ensino(categoriaEnergia).Comoumelementodaformaçãodaestruturaclassificatória,elatemafunçãodeagruparosrenques,dentrodecadacategoria.Ospostuladosapresentadosanteriormentetêmafunçãodedeterminaraseqüênciadasidéiasisoladasem um assuntocomposto,no casode uma idéia isoladaserumamanifestaçãodeumadasdiferentescategoriasfundamentais,Entretanto,estespostuladosnãoauxiliamnadeterminaçãodeduasoumaisidéiasquepodemserconsideradascomofazendopartedamesmacategoriafundamental,istoé,nãoauxiliamnaseqüênciaquesedevedarquando,por exemplo,dentroda categoriaPersonalidade,tem-seduasfacetasisoladas(KUMAR,1981,p.233).

ttI"ttIãJuttIu...o

.ttIlJoottIU

~'U;VIttI

OttI"

Facetasdamesmacategoriapodemmanifestar-sedentrodomesmo .~assunto.Quandoistoacontece,énecessáriooestabelecimentodealguns &princípiosparaauxiliaremnadeterminaçãodeumaordemquegaranta.consistêncianaorganizaçãodoslivrosnasestantes.

Page 53: linguagem documentaria

2.3.5 Categorias fundamentais

OPostuladodasCategoriasé o princípionormativoadotadopara

organizar um Universo de Assuntos,ou seja, um "corpo" deconhecimentoorganizadoe sistematizado.Mapearo Universode

Assuntosé o primeiropassodo classificacionistapara elaborarumEsquemade Classificação,sejaele facetadoou enumerativo.Estaatividadetempor funçãodefinirem queníveldeextensãosedaráocorteclassificatóriodoUniversodeAssuntos.

Ranganathanconsideraomapeamentodeum UniversodeAssuntosumatarefabastantecomplexa,comoéopróprioatodeclassificar:

[...] a tarefadaclassificaçãoémapearo universomultidimensionaldosassuntosaolongodesuaatividade[...] Vimosquãotortuosaéa tarefadeterminarepriorizarumaescaladerelaçõespreferidasentretodasasidéiasisoladaseentretodososassuntos[...] Há muitas relaçõesvizinhas imediatas

entreos assuntos.Tendofixado um destesassuntosna primeira posiçãoda

linha, devemosdecidirqualseráseuvizinho imediato,qual seráseuvizinhodetransferênciadois,eassimsucessivamente.Podemosperdernoitesdesono

e aindanãoestarmospertodeumasoluçãofirme. Senãoformosestudantessériosdeclassificaçãopodemosdesistirdizendo"a classificaçãoéimpossível"

(RANGANATHA.I\j,1967,p. 395).

Paraunspoucos,aclassificaçãoémesmomarcadaporum absurdológico.Estaéa medidadamagnitudedomapeamentodoUniversodeAssuntosmultidimensionalaolongodaatividadequeéaclassificação.

.ê Omapeamentoconsiste,num primeiromomento,em sedecidira,ro

~ áreadeassuntoqueserátomadacomobaseparaa organizaçãodas§ unidadesclassificatórias(assuntobásico,isolados)naTabela,ecomou

8 essaáreaseráclassificada.RanganathanconduzseutrabalhotentandoE definir uma formaquepossibilitea análisedo UniversodeAssuntos,Q)

W poisasclassificaçõesbibliográficasatéaquelemomento- apesarde.~ seremorganizadastambémporáreasdoconhecimento/disciplina- não-'.deixavam evidentes os princípios que empregavam para o. estabelecimentodasclassese subclassesdentro decadaárea.Isto

Page 54: linguagem documentaria

provocava uma certa imobilidade, não permitindo que elasacompanhassema dinâmicadoconhecimento.Ranganathanresolvebuscarprincípioslógicosatravésdousodepostulados.

Euclidespostulouqueduaslinhasparalelasnãoseencontram.Durantequasevinteséculosninguémquestionouestepostulado.EntãovemGauss,quediz:"Comovocêsabequeelasnãoseencontram?Vocêjácaminhouaolongodelasparaverificarseufim?Eudigoqueelasseencontram- numlugarmuitodistante;vocêpodenegar?Entãoelefezseuprópriopostulado,queaslinhasparalelasseencontramemaJnbasaspontas.Qualdessespostuladospreferimos?Qualquerumquesirvaparanossopropósito;qualquerumqueauxilienossotrabalho(RANGANATHAN,1967,p.396).

Postula,então,queexisteemtodoUniversodeAssuntoscincoidéiasfundamentaisquesãoutilizadasparaadivisãodoUniverso.Arespeitodototalcinco,eleapresentao seguinteargumento:

Alguémpodeperguntar:Porqueasidéiasfundamentaispostuladassãoemnúmerodecinco?Porquenãotrês?Porquenãoseis?Istoépossível.Háliberdadeabsolutaparatodostentarem.Umapessoapodetalvezgostardeseis.Eladeveclassificarnessabasealgunsmilharesdeartigosvariados.Seelasproduziremresultadossatisfatóriosarranjandoosassuntosdosartigosaolongodeumalinha,aquelepostuladopodeseraceito.Istonãoéumamatériaaserdiscutidaexcathedrasemumtestecompletoeprolongado.Trabalharcombaseemcincoidéiasfundamentaisproduziuresultadossatisfatóriosnosvinteúltimosanos(RANGANATHAN,1967,p.398).

EstasidéiassãodenominadasCategoriasFundamentais.O termoCategoriaFundamentaléusadoporRanganathanpararepresentaridéiasfundamentaisquepermitemrecortarumUniversodeAssuntoemclasses

bastanteabrangentes.AsCategoriasFundamentaisfuncionamcomooprimeirocorteclassificatórioestabelecidodentrodeum Universode

Assuntos.Poroutrolado,sãoelasquefornecemavisãodeconjuntodosagrupamentosque ocorremna estrutura,possibilitando,assim,oentendimentoglobaldaárea.OpostuladodasCategoriasFundamentaisé apresentadoporRanganathan:

HácincoesomentecincoCategoriasFundamentais;sãoelas:Tempo,Espaço,.Energia,MatériaePel'Sonalidade.Estestermoseasidéiasdenotadassãousadas

Page 55: linguagem documentaria

estritamenteno contextodadisciplinadeclassificação.NãotêmnadaavercomseuempregoemMetafísicaou Física.Emnossocontexto,seusignificadopodeservistosomentenasdeclaraçõessobreasfacetasdeum assunto- sua

separaçãoeseqilência.Esteconjuntodecategoriasfundamentaisé,emsíntese,

denotadopelasiniciais PMEST(RANGANATHAN,1967,p. 398).

RanganathandefineascategoriasPMESTdemodoa explicá-Ias,istoé,pelaenumeraçãodealgumasdesuasfacetasquesãomanifestaçõesdasprópriascategoriasdentrodeumaáreadoconhecimento.

A categoria Tempo é definida com seu significado usual,exemplificando-acom algumasidéiasisoladasde tempocomum,asaber:milênios,séculos,décadas,anose assimpordiante.Eleprevêmanifestaçõesdeisoladosdetempodeoutrotipo,taiscomo:diaenoite,estaçõesdoano,tempocomqualidademeteorológica.

A categoriaEspaçoé tambémdefinidacomseusignificadousual,

apresentandocomosuasmanifestaçõesasuperfíciedaTerra,seuespaçointerioreexterior,comoporexemplo,continentes,países,estados,idéiasisoladasfisiográficasetc.

AcategoriaEnergiaédeentendimentoum poucomaisdifícil. Elapodeserentendidacomoumaaçãodeumaespécieououtra,ocorrendoentretodaespéciedeentidadesinanimadas,animadas,conceituaise

até intuitivas, como,por exemplo,atravésdasseguintesfacetas:problema,método,processo,operação,técnica.

A CategoriaMatériaapresentaum entendimentodecomplexidade.~ ainda maior que a da CategoriaEnergiae é assimdefinida por~ Ranganathan:Q)

E:JUooEQ)toO'":JtoOc:::J.

Aidentificação da categoria fundamental Matéria é mais difícil do que Energia.

Vê-se que suas manifestações são de duas espécies: Material e Propriedade.

Pode parecer estranho que propriedade fique junto com o material. Mas,

peguemos uma mesa como exemplo: a mesa é feita de material de madeira

ou aço, conforme o caso. O material é intrínseco à mesa, mas não é a própria

mesa. Principalmente o mesmo material também pode aparecer em muitas

outras entidades. Assim, a mesa tem a propriedade de ter dois pés e meio de

altura e a propriedade de ter um tampo meio duro. Esta propriedade é intrínseca

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àmesamasnãoéaprópriamesa.Alémdisso,amesmapropriedadepodeapareceremmuitosoutroslugares(RANGANATHAN,1967,p.400).

Assim,acategoriaMatériapodeserencaradacomoamanifestaçãode materiaisem geral, como suapropriedade,e tambémcomo oconstituintematerialdetodasasespécies.

A categoriaPersonalidadeé consideradapor RanganathancomoindefiníveI.Explicaque,seuma certamanifestaçãofor facilmentedeterminadacomonãosendoespaço,energiaou matéria,elaé vistacomo uma manifestaçãoda categoriafundamentalPersonalidade.ConsideraqueestetipodeidentificaçãodacategoriaPersonalidadeéoquedenominademétododeresíduos.Acrescentaqueestemétodopodenãoserfácilemcertoscasos,massuaexperiênciamostrouqueasidéiasisoladas vão manifestar-seem algumas das categorias acimamencionadas.Asdificuldadesencontradassãorarasnamaioriadasvezes

(RANGANATHAN,1967,p. 401). Asseguintesfacetas podem serconsideradascomomanifestaçãodacategoriaPersonalidade:bibliotecas,números,equações,comprimentosdeondasde irradiação,obrasdeengenharia,substânciasquímicas,organismose órgãos,adubos,religiões,estilosdearte,línguas,grupossociais,comunidades"(VICKERY,1980,p.212).

Para finalizar, cabeevidenciardois pontos fundamentaisnaconstruçãodesistemasdeconceitosnoâmbitodaTeoriadaClassificação

Facetada.OprimeiropontoasalientaréqueRanganathan,aoenfocarodocumentocomoumregistrodeconhecimento,trazparaoambientedadocumentaçãoapreocupaçãocomoUniversodeConhecimento.Destaforma,naestruturaelaboradaapartirdesuaTeoria,asunidadesqueaconstituemnãosãomaisosassuntosdosdocumentos,masosconceitos,

queeledenominadeisolados.Estes,reunidosporumprocessodearranjooucombinação,permitemformarqualquerassunto.

re"OreêiJureL.Lo

IreU'>reu""'Vi'"reUre

"Ore

Outropontoa salientaré queeleelaborauma sériedeprincípios .~~

quevisama permitir queessesconceitospossamserestruturadosde.formasistêmica,istoé,o§conceitosseorganizamemrenquesecadeias,

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estasestruturadasem classesabrangentes,quesãoasfacetas,e estasúltimasdentrodeumadadacategoriafundamental.Areuniãodetodas

ascategoriasformaumsistemadeconceitosdeumadadaáreadeassuntoecadaconceitono interiordacategoriaétambémamanifestaçãodessacategoria.

tU:~cQ)E:JUooEQ)0.0tU:J0.0c::J

.

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-3 TEORIADA TERMINOLOGIA

A palavra terminologia vem-seapresentandona literatura,deumaformageral,comtrêssignificadosdistintos:lumalistadetermoseseussignificados;ostermosdeumaáreadeespecialidade;eumconjuntodeprincípiosteóricos(WÜESTER,1981,p.56).

o primeirosignificadodotermonoslevaaocampodosdicionáriostécnicos,dosvocabuláriose léxicos.Assim,terminologiaé aquientendidacomoaapresentaçãoordenadadeumcertogrupodeconceitosetermosdeumaáreadeassuntoqualquer.

osegundosignificadoconsideraotermoterminologiacomoocampoqueabrangeo estudocientíficodostermosdeuma áreaparticulardeconhecimentoemumacertalíngua,e,nestecaso,apresentabastantesemelhançacoma lexicologiaespecializada,istoé,o estudocientíficodoconjuntodetermosdeumadadalíngua,emumaáreaespecializada.

Oterceirosignificadoconsideraaterminologiacomoaáreadeestudodos princípios teóricos básicospara o trabalho terminológico,denominadocomoo estudocientíficofundamentalda terminologia,istoé,aquelequepropiciaaotermoostatusdeáreadesaber,atravésdoestabelecimentodestesprincípios.Nestesentido,etimologicamente"ciênciadaterminologiasignifica:ramodosaber,disciplinacientífica,umaciênciaemsi,ciênciacomotal" (DROZD,1981,p. 117).

Nesteestudo,otermo"terminologia"éempregadocomoseuterceirosignificado,ouseja,comodisciplinacientíficaquepropiciaprincípiosmetodológicospara a elaboraçãode terminologias (sistemasdeconceitos) mais bem estruturadas para as diversas áreas doconhecimento.

~'00ooc:E

~~

"'C~

1 Lubomir Drozd, terminólogo da Escola de Praga, acrescenta mais um a '2esses três significados: aquele que denominou uma lista de nomenclatura I-'"técnica de terminologia - a Nomenclatura de Botânica, de Zoologia, de .Química (1981, p. 106).

Page 59: linguagem documentaria

oprecursordosestudosquepropiciamà terminologiao stattiSdeáreadoconhecimentofoi o engenheiroaustríacoE.Wüesterque,nosanos30,aoorganizaraTerminologiadeEletrotécnica,como objetivodegarantircomunicaçãoprecisanessecampodatécnica,terminoupordesenvolvera TeoriaGeralda Terminologiaem sua teseintituladaInternationale Sprachnormung in der Technik(NormalizaçãoInternacional da Língua no Campoda Técnica) (FELBER,1981,p. 64).Segundoestateoria,a Terminologiaseocupadosconceitosdeumalínguatécnicaou línguaespecial,osquaisserelacionamentresicomoum sistemadeconceitos.

ComapublicaçãodotrabalhodeWüesterecom adisseminaçãodesuasidéiassobrea TeoriaGeralda Terminologiaque,maistarde,éconsideradacomoparteconstituintedaCiênciadaTerminologia,váriaslinhasdepesquisaseformame seapresentamrefletidasemtrêsescolasclássicas- aEscoladeViena,aEscoladePragae aEscolaSoviéticadeTerminologia."EstasEscolaspossibilitaramaformaçãodeinstituiçõesportodoo mundo" (FELBER,1981,p.47) .

3.1 AS ESCOLAS

A EscoladeVienasurgea partir da trajetóriadeE. Wüester,seufundadore criadorda TeoriaGeralda Terminologia,na qual estãofundamentadassuasbasesteóricasemetodológicas.

E. Wüester,engenheiroaustríaco,apóster sido graduadoemEngenharia Elétrica pela Universidade Técnica de Berlim,

tO Charlottenburg,seentusiasmouporalgumasidéiasque,naAlemanha:§ do início do século,estimulavamprofissionaisde diversasáreasc:::

E (lingüistas, filósofos, documentalistas,engenheiros), inclusiveg organizaçõesprofissionais,abuscaremafundamentaçãocientíficadao terminologia.Istodeuorigemà pesquisada línguatécnicadoE~ engenheiro.Wüester,entusiastadestasidéias,defendeem 1931sua tesetO

~ dedoutorado,intitulada Internationale Sprachnormung in derc:::

:.:; Tecknick(NormalizaçãoInternacional da Língua no Campoda

.

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Técnica),publicadano mesmoano,pelaUniversidadedeStuttgart.Oseulivro

contémumadetalhadainvestigaçãodaterminologiacomoferramentadacomunicação,deacordocomanaturezadoconceito,arelaçãodeconceitos,adescriçãodosconceitos(definição),aformaçãodetermos,anormalizaçãodeconceitosetermos,ainternacionalizaçãodeconceitosetermos(FELBER,1984,p.15).

Em 1935,por recomendaçãodaAcademiaSoviéticadeCiências,otrabalhodeWüesterfoi traduzidoparao russoe tevecomoseumaiordivulgadoro terminólogosoviéticoDrezen.Assim,asidéiasdeWüester,desdeessetempo,vêminfluenciandoapesquisaterminológicanaquelepaís.ApartirdeumrepertóriofeitoporDrezen,referindo-seàimportânciadasidéiasinovadorasdotrabalhodeWüester,aUniãoSoviéticapropõeacriaçãodeum ComitêTécnicodentrodaFederaçãoInternacionaldeAssociaçõesde Normalização Nacional, que seria o "ISA-37Terminologia".Fundadoem 1936,visaà harmonizaçãodo trabalhoterminológicointernacional.Coma SegundaGuerraMundial,foramsuspensosos trabalhos,que tinham por objetivoa preparaçãodovocabulárioda ISA,com regraspara denominaçãode conceitosindependentesdalínguatécnicainternacional(FELBER,1984,p.15).

Em 1957,foi fundadoo "ComitêTécnicoTC37deTerminologia(princípios e coordenação)", da OrganizaçãoInternacional deNormalização(ISO),quecontinuoua tarefadaISA37.AISOpublicouosresultadosdostrabalhosdaISO/TC-37,de1967a 1973.Entre1972e1974, "Wüesterescreveuseu Einführung um die allgemeineTerminologielehreund terminologischeLexikographie(Introduçãoà .~TeoriaGeraldaTerminologiaeLexicografiaTerminológica),queutilizou ]>ocomobaseparasuasaulasno InstitutodeLingüística,daUniversidade.~deViena"(FELBER,1981,p. 70), ondefoi professora partirde1955. ~Estelivrofoipublicadocoma"cooperaçãodetrêsinstituiçõesaustríacas:~

a UniversidadedeTecnologiadeViena,aUniversidadedeEconomiade '8VienaeoDepartamentodeLingüísticaAplicada.Estefatoretleteocaráter ~

interdisciplinardaTerminologia"(KROMMER-BENZ,1981,p.263)..

Page 61: linguagem documentaria

Wüesterpreparouumabasede

quinhentaspublicaçõessobretemascomo:terminologia,normalizaçãoterminológica,padrãointernacionalparaterminologia,documentação,transliteração,teoriadossímbolos,classificação,teoriadetesauros,CDU,princípiosdearquivamento,lingüística,lexicologia,métodosdelexicografia,ortografia,eoutros(FELBER,1984,p.15).

Algunsdestesestudosforampublicados,outrospermaneceramemforma demanuscritoe podemseridentificadosem seuarquivodepesquisaquehojeseencontrano Infoterm- CentroInternacionalde

InformaçãoemTerminologiadaUNESCO,emViena.

Desde1931,ao retomardeseusestudosnaAlemanha,Wüesterseempenhouem organizaruma coleçãoquepudessereunir toda aliteraturaexistentesobreterminologianomundo,paraqueservissecomobaseparapesquisasnestaárea.Estabiblioteca,depoisdesuamorteem1977,foi adquiridapelo InstitutodeNormalizaçãoAustríaca,sendotransferidaparao InfotermemViena,ondesepretendeestabelecerumInstituto InternacionaldeEstudosAvançadosem TerminologiaquecontinuariaaspesquisasdeWüester(FELBER,1984,p. 15).

Aindanadécadade30,cientistaseengenheirossoviéticostomaram

conhecimentodaTeoriadaTerminologiadesenvolvidanaÁustriaporE.Wüester,atravésdeseulivroInternationaleSPrachnormungin derTechnickedeseusartigos,queforamtraduzidosparaalínguarussa.OterminólogosoviéticoDrezen,comovimosanteriormente,foi o maior

responsávelporestadisseminação,dandoimpulsoparaafundação,em~~ 1933,daEscoladeTerminologiaSoviética.Doisengenheirossoviéticos~ quetambémestiveramàfrentedestaEscolacomograndesincentivadores~ dodesenvolvimentodaáreadeTerminologianaquelepaísforamoProL8 Caplygin,membrodaAcademiadeCiênciasda UniãoSoviética,e o~ eminenteterminólogoLotte.A partir destainiciativa, foi criada aOD

~ ComissãodeTerminologiaTécnica,chamadaposteriormentedeComitêOD

:.5 deTerminologiaTécnicaeCientífica(KNTT)daAcademiadeCiências.da UniãoSoviética.SegundoFelber(1984,p. 17), a Comissãoestavapreocupadacomasseguintesquestões:

Page 62: linguagem documentaria

a) elaboraruma teoriada terminologiatécnicae científicaqueseguisseos princípios para construção dos termos técnicos eestabelecimentodesistemasdeconceitosetermos;

b) fazero trabalhovisandoàregulamentaçãoeaoestabelecimentodesistemasde termosem russoe símboloscartográficosnasprincipaisdisciplinasdatecnologia;

c) prepararesquemaspadronizados,listagensdetermosesímboloscartográficos,ecompilarcoleçõesdetermosrecomendados;

d) introduzircientistaseengenheirosnosmétodosaplicadospararegulamentara terminologiatécnicadaRússia;

e)prepararmanuais(destinadosaprofessoreseaautoresdelivroseliteraturacientífica)paraaplicaràterminologiaeàpreparaçãodenovostermos;

A.MTerpagoreve- terminólogo e presidentedo Comitê deTerminologiaTécnicaeCientífica(KNTT)em1942- apontouparaanecessidadedeseiniciaremestudosvisandoaoestabelecimentodebases

teóricasparaoSistemadeConceitos,oquepontuoutodoo trabalhodaEscolaSoviética.Vistoqueostermosnãopoderiamsertratadoscommaisdeum significado,eranecessárioter uma noçãoda naturezasistemáticadotermo(FELBER,1984,p. 18).

D.S.Lottefoi oprincipalrepresentantedestalinha depensamentoquecoloca"o termocomoum membrodeum sistematerminológicodefinidoenãocomoum objetoisolado".Avisãosistêmicafoi adotada

porque"sistemasprecisosde termossatisfazema noçãodesistemas '"adotadana literaturafilosófica,vistoquepossuemtodososatributosde ..Qum sistema - eles são estruturados, integrais, apresentam .~comportamentocomplexoetc.,podendo,então,serestudadospelos ~I-"métodosdasistemologia"(LEICHIK,1990,p.23).AinvestigaçãodeLotte .gpodeserresumidanosseguintestópicos(FELBER,1984,p. 18): .~o

Q)

· elaboraretrabalharmétodospararegulamentaçãodaterminologia.1-"

técnico-científica; .

Page 63: linguagem documentaria

· detectaralgunsdosprincipaisproblemascomo a seleçãoe aestruturadaterminologiatécnico-científica;

· estabelecimentodesistemadetermoseconceitoscientíficos;

· int1uênciadaclassificaçãonadeterminaçãodaterminologia;

· requisitodeexatidãoenão-ambigüidadeemterminologia;

· formaçãodeformascurtasdetermospelaomissãodeelementos.

ParalelamenteaosestudosdesenvolvidosnaEscolaSoviética,apartirde 1931,com asiniciativasdesenvolvidasna áreaterminológicaporE.Wüester,estudiosostchecosiniciamtambémpesquisasnosentidodepossibilitarum tratamentoterminológicoparaa línguadaciênciaedatécnica.Desdeentão,temhavidouma contínuatrocade informaçãoentrerepresentantesdasEscolasdePragaedeViena(FELBER,1984,p.17).

A Escolade Praga de Terminologia tevesua baseteórico-metodológicaestabelecidaapartirdosfundamentosdaEscoladePragadeLingüísticaFuncional,cujasteoriasestãobaseadasno trabalhodeSaussurre,queenfatizao aspectofuncionaldalíngua.Nestaépoca,osprincipaisrepresentantesdaEscoladeLingüísticafuncionalsão,segundoFelber0984, p. 16), Benes,Mathesius,Vachceke Trubetzkoy,que

encaminhavamsuaspesquisasnosentidodedefinireinvestigara línguapadrãonacionaPsobum pontodevistafuncional,comoferramentadacomunicaçãoemtodasasáreasdavidasocial,emparticularnaáreadaculturahumana,civilizaçãoetecnologia.

~.;:,~c

Q)

E:JUooEQ)00~:J00C

:.::; 2 Segundo Drozd (1981, p. 107), "a Língua Padrão Nacional é uma língua. polifuncional que serve às necessidades de comunicação de uma dada, comunidade funcional".

Foi estavisãoestruturalda lingüísticafuncional quecapacitoulingüistastchecosacompreenderemasteoriasdeWüester,incluindoarelaçãoentre linguagem-pensamento-realidadeem suasteorias,denominandoalínguadaciênciacomoumalínguaespecializada,isto

Page 64: linguagem documentaria

é, uma língua funcional que tem propósitos especiais.3O termo é

definido, aqui, como amenor unidade da língua funcional, eosistema

terminológico é conceituado como um sistema de designaçõesque

representam um sistema de conceitos.

Lubomir Drozd, atualmente o maior representant~ da Escola de Praga

de Terminologia, afirma que "a teoria da terminologia não foidiretamenteinspiradapela Lingüística, maspela necessidadededesenvolver dicionários especializados para asindústrias" (DROZD,1981,

p. 106). Uma de suas linhas de pesquisa é o desenvolvimento das bases

lingüísticas da Teoria da Terminologia.

Segundo os terminólogos de Praga, existem dois grupos de saberes

relativos aos aspectosmetodológicos na área da Terminologia: a Teoria

Geral da Terminologia e a Teoria Especial da Terminologia.

UmaTeoriaGeraldaTerminologia(Wüester)develidar comquestõesterminológicasgerais,seusresultadossendoaplicáveisa todasaslínguasrelevantes.UmaTeoriaEspecialdaTerminologiadeve"lidarcomquestõesterminológicas"dentrodeumalínguaindividual.Nãodevehaver"espaço"entreasdescobertaseprincípiosestabelecidosparaaTI GeraleEspecial:seasobservaçõesdeumaTI especialforemverdadeiras,issosignificaqueelaspertencema umarealidadeobjetivadeumadadalíngua,elasdevemseraplicáveisigualmenteaoutralíngua.Estasconclusõesforamconfirmadaseverificadaspelosresultadosobtidosnumconfrontoentreaterminologiatchecaeaalemã(DROZD,1981,p.106).

Inúmeros terminólogos, atualmente, estão envolvidos na pesquisa

básica e aplicada na Tchecoslováquia. Eles trabalham para a Academia

de Ciências, em universidades e na organização das normas tchecas

(FELBER, 1984, p. 17).

n:I'õoo

(5c:E

~3 SegundoDrozd(198,p.107),uma línguafuncionalé umasublínguade -25uma Língua Padrão Nacional, "que tem por função preencher necessidades .~específicas de comunicação dentro do campo especializado da atividade ohumana; é uma língua monofuncional. O indivíduo que se comunica num ~assunto especializado precisa de meios lingüísticos especiais que ele

11seleciona de acordo com a esfera de comunicação em que fala ou escreve". .

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3.2 A TEORIA GERALDA TERMINOLOGIA

ATeoriaGeraldaTerminologiadesenvolvidaporEugenWüesteréuma disciplinacientífica,quepossibilitauma baseparao trabalhoterminológico.ÉabasedetodasasEscolasde'1erminologia.Oobjetivodotrabalhoterminológicoéafixaçãodeconceitos,visandoàelaboraçãodedefiniçõesorgânicas,alémdeestabelecerprincípiosparaacriaçãodenovostermose possibilitar,assim,comunicaçãomaisprecisaentreespecialistasdediversasáreasdoconhecimento,noâmbitodaCiênciaedaTecnologia,emnívelnacionale internacional.

O grandeavançodadopela TGT foi sistematizarprincípiosterminológicosquederamaestaatividadeumcarátercientíficopróprio,diferenciando-ada atividadelexicográfica.Paramuitosprofissionaisenvolvidoscomasquestõesdedenominação,atéaquelemomento,nãoestava bem determinadoo campode atuaçãode cada uma dasatividades.ParaaTGT,o trabalhoterminológicoiniciacomoconceito

quepossuiuma unidadededenominaçãoqueé o termo.Um termodesignaumconceito.Destaforma;énecessáriogarantiraunificaçãodeconceitose termos,o quecaracterizaa Terminologiacomosendodenaturezaprescritiva.Porém,a esferado termoé diferentedaqueladoconceito.Oconceitoé o significadodo termo.Paraa Lexicologia,aunidadedetrabalhoéapalavra,quepodepossuirconotações.NaTGT,oconceitopertence,sempre,aumalínguaespecializada.

UmadasdiferençasfundamentaisentreaLexicologiaea pesquisa.~ terminológicaéqueaprimeiratrabalhanoâmbitodalínguanatural,~ queéfrutodeumalongaevoluçãohistóricae,devidoa isto,aspalavrasE não sãounívocase secaracterizampor apresentarempolissemia,::;

g homonímia,sinonímiaetc.Poroutro lado,a segunda-trabalhano

~ âmbitodalínguaartificial,aquientendidacomoaquelaqueseconfigura~ dentrodeumdeterminadogrupodeespecialistas,construídademaneira~ a permitiruma relaçãounívocaentreo conceitoe a denominação.A

li pesquisaterminológica,assim,selimita a situaçõesbemdefinidase

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nãopodesergeneralizada,comopor exemplo,o sistemaformal daQuímicaeaslinguagensdeprogramação(WERSIG,1981,p.285).

Outra questãoque diferencia o trabalho terminológico dolexicográficoéqueesteúltimo temporum deseusobjetivosincluir os

váriossignificadosqueuma palavraapresentano tempo.Já para aatividadeterminológicao queimportaé o usoemvigorqueo termodenota,endossadoporumadeterminadacomunidadedeespecialistas.Destaforma,aterminologiavêotermosobumpontodevistasincrônico(WÜESTER,1981,p.64).Masesteslimitesnemsempresãoclaros.

Riggs (1979,p. 150) propõetrêsparadigmasterminológicos,demonstrandoa íntima associaçãoda terminologiaanalíticacom aLexicologia,da terminologianormativacom a Conceptologiae daterminologiasintéticacoma Terminologia,atuandoestacomoponteentreaConceptologiaeaLexicologia.Cadaparadigmatemumconceitodetermo,oqueexplicariaaformadeabordagemdoproblemaemcadacaso.Porexemplo,oslexicólogossereferemasignijicadosde termo,enquantoosconceptólogosachamque"a vidaficamuitomaisfácilse,

para cadaconceito,houverum único nomenão usadopara outroconceito".Porúltimo,osestudiososnoâmbitodaterminologiasintética,numaposiçãointermediária,procuram

'"'5"0oo.~E~'"

A abordagemda TGTsecaracterizaria,segundoosparadigmas ~propostosporRiggs,comoterminologianormativa.Eraisso,certamente,'§

oqueWüesterdesejava,tantoquesuaTeoriaseajustouaosobjetivosdali

umpontodevistaque,curiosamente,aindaestásemnome.Oconceitoqueeutenhoemmenteéapossibilidadedeque,emboraumapalavratenhaumavariedadedesentidos,osentidopretendidodevaserinequivocamenteaparentenocontextoemuso,Defato,esteéo idealimplícitodetodotextocientífico.Um"elemento"químicoéconhecidodeformanão-ambíguaporquímicosebastantediferentedeum"elemento"matemático,musicaloumilitar.Quandoumapalavraevocaapenasseusentidopretendido,elanãoevocaaomesmotempotodososoutrossentidospossíveis,econtudonãoprecisaserunívoca(RIGGS,1979,p.151).

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normalizaçãotécnicaeestánabasedoComitê37daISO- FundamentosdeTerminologia.

A TGTbusca,então,estabelecerprincípiosquevisama propiciaruma correspondênciaexataentreconceitose termos,parafacilitar acomunicaçãonosváriosdomíniosdaCiênciaedaTecnologia.Umdelesé o princípio da univocidade.Estaquestãoé complexae, para osterminólogosdeformaçãolingüística,a correspondênciaúnicaentresignificante/significado- ouentredenominaçãoeconceito- serealizanostermostécnicosnovos,aneonímia.ParaosterminólogosqueseguemaTGT,noentanto,estacorrespondênciasedávianormalização,o quecaracterizaa naturezaprescritivada Terminologia.Oslingüistaspoderiamargumentarqueistoé artificial,eé,mas,segundoWüester,"Recentementefez-seumaobservaçãodasmaisimportantes:nalínguaespecializadaapoiada[porumapolíticae normastécnicas],anormaprescritivatorna-semuito rapidamentea norma descritiva"(198I,p.65).

OutroprincípiogeraldaTGTéo damonorreferencialidadequeserelacionaao fato de que "um significanteterminológico,mesmocomplexo,representanoespíritodeumespecialistadaáreaumconjuntoconceitualúnico" (RONDEAU,1981,p. 164).

.ê'<\3cQ)

E:JU

8 Kandelaki(1981,p.157),representantedaEscolaSoviética,quetem~ origemnaTeoriadeWüester,apontaparaoutraformadeabordagem~ doconceito.Elepartedostermoseafirmaqueoconjuntodossignificados01)

:5 dos termosque compõema terminologia técnicaconstituirá,por.: conseqüência,osistemadesignificadosdaterminologiatécnica.Colocaa seguintequestão:a organizaçãodo sistemade significadosda

Umavançoparaaépocafoi considerara línguacomosistema.Ostermossedefinemunsemrelaçãoaosoutros,formandoum sistema.

Napesquisaterminológicaestudam-seosconceitosenquantopartedeum sistemadeconceitos(WÜESTER,1971).Qualqueralteraçãonoconteúdode um conceito,refletidona definição,alteraosdemaisconteúdose,portanto,asrespectivasdefinições.

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terminologia é diferentedo sistemade significadosda área de assunto

correspondente? Para responder a esta pergunta, vai primeiramente ao

ambiente de formação dos conceitos:

Naliteraturacientífica,numaanáliseteórica,distingue-sehabitualmente:1)oobjeto,2)oconhecimentodoobjeto,e3)oobjetodoconhecimento[...]Atualmente,cadaumdestesconceitosestáligadoà idéiadeumsistema.

o objetoexisteindependentementedoconhecimento,é anteriora seuaparecimento.Ésistematizadopornatureza.

oconhecimentoéigualmentesistematizadopornatureza.Ocarátersistêmicodoconhecimentoéconsideradocomoaconseqüênciaimediatadanaturezasistêmicadoobjeto,doqualeleconstituioreflexo.Contudo,oreconhecimentodanaturezasistêmicadoobjetonãopodeserautomaticamenteestendidoaosfenômenosdoconhecimentoeaplicadoàcompreensãoeàexplicaçãodaestruturadoconhecimentodoobjetodado.Osistema,enquantoformadeorganizaçãodoconhecimento,porcomparaçãocomo objetoenquantosistema,possuiparticularidadesespecíficas.

[...]Oobjetodoconhecimentoéformadopelopróprioconhecimento...[mas]nãoéidênticoaoobjeto.Éumprodutodaatividadecognitivadohomeme,comocriaçãoparticulardohomem,eleésubmetidoaregrasparticularesquenãocoincidemcomasqueregemopróprioobjeto(KANDELAKI,1981,p.157),

Os objetosdo conhecimento (objetos abstratos) se exprimem no

sistema de conceitos que constitui a teoria, porque os objetosquesetornaramobjetosda teoria não são idênticos aos objetosiniciais, aosque existem na realidade, São apenas maquetes aproximadas que

colocam em relevo um único aspecto da coisa real. Em conseqüência

destecaráterlimitado,todasasteoriastêmporobjetosascoisasabstratas, ,~O()

comoo númeropara a matemática,a espécieparaa biologia.Estes -§objetosseexprimemno sistemade conceitosqueconstituia teoria,e '~esse sistema reflete a organizaçãodosobjetosem sistema de grupos ~segundocritérios da subordinação"dos particulares aosgerais" .gra(KANDELAKI,1981).Cadaconceitoocupa,então,umlugarnosistema, '§

Q)

e estelugarédeterminadono momentodaformaçãodoconceito,pondo- ~

seemevidênciaascaracterísticasgenéricaseespecíficasdosobjetos.

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expressos,o quedesvela,aomesmotempo,suanatureza.Esteaindanão é o espaçoda Terminologia, que se ocupa dos sistemasdesignificados.SegundoKandelaki(1981)sãodoisossistemas:osistema

designificadosda terminologiade formaçãonatural e o sistemade

significadosda terminologiaordenada.Oprimeirorecolhedefinições,melhor dizendo, definiçõespreliminares, as quais têm umacaracterísticaparticular.Cadaumadelasfoielaboradaparaumconceitotomadoem separado,independentementedo conteúdodosoutrosconceitosquelhesãoligados.

Épor issoquea terminologiadeformaçãonaturalfixadaporelas[asdefinições]têmlimitesmutuamenteimprecisos.Elasrefletem,deumlado,asopiniõesdasdiferentesescolaseorientaçõese,deoutro,asdiversasetapasdodesenvolvimentodaciênciarelacionada,odesenvolvimentocronológicodaformaçãodestesconceitos(KANDElAKI,1981,p.161),

Os sistemas de significados imprecisos que compõem asterminologias de formação natural "não podem servir de base para as

terminologias ordenadas concebidas para a comunicação científica. Para

esta finalidade, épreciso estabelecer uma rede de significados precisos e

únicos que responde ao nível de desenvolvimento o mais atual da ciência"

(KANDELAKl,1981,p.163), Para a ordenação, o conhecimento científico

éconsiderado como um sistema, cujos elementos são constituídos pelas

ciências particulares. Por seu turno, os conceitos que compõem estas

ciências são considerados como sistema, e a ordenação servepara separaras partes do sistema, isto é, os subsistemas e os subsubsistemas. Mas

estes conceitos fazem parte da ciência..~

~ Para Kandelaki,a atividadeterminológica tem início no glossárioCIJ

§ preliminar cujos termos compõem as terminologias de formação natural.

8 Nem todos os conceitos ali presentes pertencem ao sistema de conceitos

E da ciência, ou seja, nem todos se referem aos fundamentos da ciência,CIJ

~ somente os conceitos abstratos, gerais. Estes "representam as regras gerais:J

.se que regem seu objeto de estudo e são ligados a todas as suas teorias".-' (KANDELAKI,1981, p. 160). Deles derivam os demais. A ordenação dos

I conceitos serve,então, não apenas para tirar estesconceitos e suas relações

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maispróximas,mastambémparacompreenderasregrassegundoasquaiselesproduzemoutrosconceitos.Definindo-oslogicamente,podem-seisolarsuascaracterísticasessenciaise,com isso,fornecerasbases

paraa unificação,a divisãoeo ordenamento(GORKOVA,1980,p. 8):estaé a abordagemepistemológica.Paraostermosespecíficosusadosna comunicaçãoprática,interpreta-seo significadodo termo,sendosuficiente,muitas vezes,uma "interpretaçãoadequada":estaé aabordagempragmática. Uma estatísticadas característicasdasterminologiasindicaqueosconceitosbásicosdeumaáreanãoalcançammaisdoque10%(GORKOVA,1980,p.8).

Observa-seque a metodologia de trabalho desenvolvidaporKandelaki,queprovaqueosistemadeconceitosdaciênciaédiferentedosistemadeconceitosordenados,é menosabstratado quea TeoriaGeralda Terminologia,não sepodendodizer,no entanto,quesejacOr:J.flitantecom ela. E se justifica, quandoKandelakirespondeà

indagação.

3.2.1 Princípios do trabalho terminológico

Aseguir,sãoapresentadosprincípiosespecíficosquefundamentamo trabalhoterminológico.

Conceitos e termos

ParaaTGT,conceitoéumaunidadedepensamento,constituídodecaracterísticasquerefletemaspropriedadessignificativasatribuídasa

um objeto,ou a uma classedeobjetos.Suafinalidadeé permitir a '"ordenaçãomentaleacomunicaçãoatravésdosímbololingüísticoque '§>

é o termo.A TGTtraz,então,paraseuâmbito,a tríadelinguagem- ]pensamento-realidade,defendidaporSaussure(1987).Oconceitoéum ~

f-"-

elementodesignificaçãodotermo,querepresentaumobjetonarealidade ~empírica.Comounidadedepensamento,eleéumaconstruçãomental, .~própriadeum indivíduo,que,aoobservararealidadequeocerca,percebe&"objetosindividuais"quenelaestãoinseridos,Osobjetospodemserseres.oucoisas,qualidades,ações,locais,Aobservaçãoacabaporprivilegiar

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algunsaspectosdoobjeto,quenoníveldopensamento,istoé,naesferadoconceito,constituemacaracterísticadoconceito.

Acaracterísticaqueconstituium conceitoétambémum conceito.Atravésdelapodem-secompararconceitos,cIassificá-losemumsistemadeconceitos,sintetizá-Iosatravésdadefiniçãoedenominá-Iosatravésdostermos.Oagregadodascaracterísticasqueconstituemo conceitodeterminasuaintenção.Apartirdadeterminaçãoda intençãodocon-ceito,ouseja,dadelimitaçãodesuascaracterísticas,épossíveldeterminar,também,conceitosquepossamserrelacionadosaoconceitoemanáliseporpossuíremcaracterísticassemelhantes;emoutraspalavras,épossíveldeterminara totalidadeou o númerodeconceitosqueesteconceito

abarca,o queconstitui suaextensão(FELBER,1984,p.58).

Como a Terminologia se ocupa, sempre, de uma área deconhecimento,háumaseleçãodascaracterísticasrelevantesparaaquelaáreae,também,paraospropósitosdotrabalho.Assim,conformeaáreaeconformeopontodevistaabordado,mudamascaracterísticase,comoconseqüência,as relaçõesentre os conceitos.Ao selecionar ascaracterísticasa seremusadasparadefinirum conceito,é importanteconsiderara naturezadosistemadeconceitosa serconstruído,bem

comoasexpectativasdosusuários.Extensãoe intençãosãoformasdeapreensãoe identificaçãodoconceito,e influenciama elaboraçãodesuadefinição,comoveremosmaisadiante.

Outropontoimportantea serobservadoé o tipodecaracterística,~ quefuncionacomoumaunidadededivisãoepossibilitaaformaçãode~ classesdeconceitos(renquesecadeias),poisprivilegiaum aspectogeral~ e comum a todosos conceitosque estãoinseridosna classe.As:J

g característicassãoclassificadasda seguinteforma: características

~ intrínsecasecaracterísticasextrínsecas- elasnãosãoexcludentes,isto~ é, o objeto individual observadopodepossuir,ao mesmotempo,ê> característicasintrínsecaseextrínsecas.::J. Ascaracterísticasintrínsecassãopartesconstituintesdopróprioob-

jeto,emoutraspalavras,sãoinerentesaoobjeto,porexemplo,material,

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coretc.Ascaracterísticasextrínsecasestabelecemasrelaçõesdoobjetoobservadocomoutrosobjetos.Podemserconsideradassobdoisaspectos,

asaber:característicasdepropósito(aplicação,função,posição)eca-racterísticasdeorigem(paísdeorigem,produtor)(FELBER,1984,p.58),

Dentreelas,algumassemostramúteisàordenação:aquelasque,numaoperaçãoespecíficadeanálisedeum grupodeconceitos,sãousadasparaa definiçãoou a fixaçãodasrelaçõesentreelese,portanto,parasua ordenação.Asdemaissão consideradasnão-essenciaisparaordenação.

No processode fixação e ordenaçãodos conceitos,algumascaracterísticastêm precedênciasobreoutras. Isto ocorre entre

característicasdependentese característicasindependentes.Ascaracterísticasserãodependentesdeoutrasseestasoutrastiveremqueser previamente definidas para que as primeiras possam sercompreendidas;as característicasserão independentesquandoproduziremconceitosquepuderemserincluídosemmaisdeumaclasse,produzindopoliierarquias.

Aodefinirconceitoseposicioná-losemum sistemadeconceitos,as

característicasintrínsecassãoasprimeirasquedevemserevidenciadas,poisdeterminamsuaessência.Logoapós,obedecendoaumaordemdepreferência,asdepropósitoe,porúltimo,asdeorigem.

Outroaspectoa serobservadoquantoà questãodoconceitoéqueele,como uma unidadedepensamento,necessitade um símbololingüísticoparasercomunicado.Estaquestãoda denominaçãodosconceitosé devital importânciaparaa atividadeterminológica,pois

seuobjetivoéestabelecer,apartirdafixaçãodoconceito,um adequadosímbololingüísticoparadesigná-lo.

'"'50o

(5c'EQj

Na TGT,o termoé a unidadedecomunicaçãoquerepresentao t-;"conceitoepodeserconstituídodeumaoumaispalavras,umaletra,um .~

símbolográfico,uma abreviação,uma notação.Eleé normalmente &designadoporumespecialista,ougrupodeespecialistas,queseapropria11depalavrasou cria palavraspara determiná-Ia.Assim,o termo é

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determinadodeuma formaprescritiva.Alémdisso,"o termocomo

representantedoconceitoédependentedosistemadeconceitosnoqualestáinserido"(FELBER,1984,p.17).Portanto,aunivocidadeérelativa.

Relações entre conceitos

Osconceitosserelacionamcomoutrosconceitosemumsistemade

conceitoterminológico,poissãorepresentaçõesmentaisdasrelaçõesque ocorrementreosobjetosna realidadeempírica.Quandoestasrelaçõessãotratadasemumnívelconceitual,passamaserconsideradasrelaçõeslógicase ontológicas.Wüester(1981,p. 97) explicapor queestasrelaçõessãoassimconsideradas,asaber:

nJ'L:'nJc:E Emoutraspalavras,asrelaçõesontológicassedãoentreoconceitoe::I

g a realidade.A identificaçãodasrelaçõesentreconceitospermite,em~ primeirolugar,oentendimentodopróprioconceito,tendoemvistaque~ osconceitossedefinemunsem relaçãoaosoutros.Alémdisso,elas

~ auxiliamna formaçãodasestruturasconceituais,emespecialaquelas.:.::; queformamrenquese cadeias.Wüester(1981)apresentaum quadro, comumasíntesedaclassificaçãodasrelações(Quadro1).

A experiência mostracomoé difícilparaum grandenúmerodepessoasdistinguir asduasespéciesderelação.Contudo,um abismointransponível

separamuitobemestasduascategoriasderelaçõesconceituais.Cadaindivíduo,

porexemplo,meucãoBruno,podesersubmetidopelopensamentohumano

a diferentesgrausdeabstração.Segue-sequeum único emesmoindivíduopoderepresentarcadaum dosconceitossucessivosdeuma mesmacadeiade

abstração.MeucãoBrunoé,porexemplo,aomesmotempoumSãoBernardo,

um mamíferoeum servivo.Aocontrário,nãoexisteum indivíduoquepossa

representarao mesmotempovários grausde uma cadeiaontológicadeconceitos.Nãoseencontraráem qualquercartageográficaum pedaçodeterraquesejaaomesmotempoumaprovínciaouum cantãodestaprovíncia.

Emoutrostermos,entreconceitosexistemsomenterelaçõeslógicas,ourelaçõesdeabstração.Asrelaçõesontológicasnascemdofatodeelevarem-seaumníveldeabstraçãoasrelaçõesqueexistemnarealidadeentreosindivíduos(relaçõesônticas)fazendo-sedestasrelaçõesindividuais(porassimdizerdestesindivíduosderelações)conceitosderelação(porexemplo,acima,abaixo)(1981,p.97).

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Quadro1- ClassificaçãodasRelaçõessegundoa TGT-(Wüester,1981)

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ ~e!a5Õ!!~ 'Õ.0!:!c!!i!U2i~ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _Sistema de conceitos (ordena ão de conceitos

Relações lógicas Relações Ontológicas(relação de

abstração, relaçãode semelhanca)

2

Genérica~

t~!!~""

.QE"

::;:

Relações de contacto(relações de contigüidade)

3

Relações decoordenação (em

panicular, relações,ane-todo~15

> Concei (Q de

inclusão

Específica------Conceitodepane

Conceitoexpandido BT

<

Co;ccitõ resi;itõ - - - - NT- - - - -

~

I~C:E§Ú

Determinação

------Conjunção deconceitos------Disjunção deconceitos

11 Teoria da Terminologia

"

------integração

Relaçõesdeencadeamento (em

panicular, relações desucessão

Predecessor>,

'<

------Sucessor

------

------

------

------

Geral

7

Ascendente

Õe~c;nde~t;

------------

------

------

8 9 10 11

Ex. larvado ovo

Page 75: linguagem documentaria

Relação Lógica

Asrelaçõeslógicasresultamforçosamentedaprópriacompreensãodos conceitos.Chamam-se,também, relações de semelhança(WÜESTER,1971),desimilaridade,deabstraçãoougenéricas.Emgeral,sedividemem doisgrandesgrupos:relaçõeslógicasdecomparação,quesedãoentredoisconceitos,erelaçõesdecombinaçãológica,quesedãoentretrêsoumaisconceitos.

Asrelaçõeslógicasdecomparaçãopodemserclassificadasemquatro

tipos,a saber:hiponímialógicaou subordinaçãológica;coordenaçãológica;interseçãológica;erelaçãológicadiagonal.

Umarelaçãodehiponímialógicaocorrequandoum conceitotemtodasascaracterísticasdo outroconceito,e esteúltimo possuiumacaracterísticaadicional;pode-sedizerqueesteconceitoé umaespéciedooutro,ogênero.Assim,oconteúdodoconceitomaisrestrito(conceitosubordinado) inclui o conteúdodo conceitosuperordenado.Nasuperordenaçãode conceitos, temos,portanto, o gênero,e nasubordinação,a espécie,comopor exemplo,veículoé o gênerodeaeronave.Acoordenaçãológicaseestabelecequandoosdoisconceitosanalisadossãoespecíficosdo mesmotermogenérico,distinguindo-seentresipor umaúnicacaracterística(WÜESTER,1981,p.87).Ditodeoutraforma,elasedáentreconceitosdeum mesmorenquelógico.Arelaçãodeinterseçãológicaseapresentaquandosãocomparadosdoisconceitos,cujaintençãosóéidênticaparcialmente,istoé,nemtodasas

.~ característicassãoasmesmas,comoporexemplo,Ensino- Instrução.~ Arelaçãodiagonallógicaocorrequandoduasespéciesdeconceitosdo~ mesmogêneronãoestãoligadospor relaçãodesubordinaçãonemde~

g coordenação,comoporexemplo,balão/foguete,navio/avião.oE(])0.0ro~0.0c:

:.::;

AsrelaçõesdecombinaçãológicasãodefinidasporWüester(1981,p. 87)daseguinteforma:. Consideremostrêsconceitosquenãosãoligadosentresi,nemporumarelação

dehiponímialógica,nemporrelaçãodecoordenaçãológica.Doisdentreeles

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podementãoserconceitosdepartidaque,porsualigação(chamadatambém

decombinação),constituemum terceiroconceito(1981,p,87),

Sãotrêsasespéciesdecombinaçãológicadeconceitos:determinação,conjunçãoe disjunção.A determinaçãoocorrequandoum segundoconceitoaparecena compreensãode um primeiro conceitocomocaracterísticasuplementar,eo resultado,ouseja,o terceiroconceito,éum específicodoprimeiroconceitodepartida.Wüester(1981,p. 87)apresentaoseguinteexemplo,paraestetipoderelação:acombinaçãodosconceitosImport = importare Kaufmann= homemdenegóciosresultanoconceitoImport-Kaufmann= importador.

Quandoascaracterísticasdedoisconceitossãoreunidas,resultando

emum terceiroconceitoqueéespecíficocomumaosdoisconceitosdepartida,diz-sequeexisteumaconjunçãodeconceitos.Wüester(1981,p. 87) apresentao seguinteexemplo:a combinaçãodosconceitosIngenieur= engenheiroeKaufmann= homemdenegóciopoderesultar[emalemão]noconceitoIngenieur-Kaufmann= engenheiro-homemde negócio,Assim,um engenheiro-homemde negócioé tanto umengenheirocomoum homemdenegócio.Osconceitosformadosporconjunção de conceitosacabamformando, no momentode sua

estruturaçãoemum sistemadeconceitos,sistemaspolierárquicos(versistemadeconceitos).

A disjunçãodeconceitosé definidacomouma somalógica.Estarelaçãoocorrequando"asextensõesdosdoisconceitos,ou seja,seusespecíficos,sãoreunidas.Um exemplo:indo-europeu.Daí resultaogenéricocomumdosconceitosdepartida" (WÜESTER,1981,p. 88).Outroexemplo:homem,mulher= serhumanoadulto.

'"'50o

(5c:'E

~Asrelaçõesontológicassãorelaçõesindiretasentreconceitos,porque ~

resultamdaspropriedadesquepossuemosrepresentantesdosconceitos '§(osobjetosdomundoempírico).Caracterizam-sepelacontigüidadeno ~

tempo eno espaçoou pela conexãodecausaeefeito. .Relação ontológica

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Wüester(1981,p. 91), considerandoo usodoconceitoantologiapararepresentarestetipoderelaçãoconceitual,adverteque"o conceitodeantologiaou 'ciênciadoser'correo riscodeserum poucodelicadoparaum bomnúmerodeleitores.Masapreocupaçãocomaantologiasóapareceà medidaqueé necessárioelucidarasrelaçõesquepodemexistirentreosconceitos".Argumentaqueaterminologiatevedecriarnãoapenasostermosutilizadosnestetipoderelação,mastambémseussímbolos.Mas acrescentaque, apesarde uma das funçõesdosterminólogosseradeelaborartermos,"elesaindasevêemconstrangidosem introduzirtermosapropriados,emparticularrelaçõesparte-todo,cadeiaparte-todoesistemaparte-todo"(WÜESTER,1981,p.95).

Asrelaçõesontológicassãoclassificadasemdoisgrandesgrupos:asrelaçõesdecontactoeasrelaçõesdecausalidade.

Relação de contato

Arelaçãodecontactoéamaisimportantedasrelaçõesontológicas,queseauto-explicamapartirdasduasespéciesqueincluem:arelaçãodecoordenação(ontológica)earelaçãodeencadeamento.

Aprincipalrelaçãodecoordenaçãoéarelaçãoparte-todo,ouseja,arelaçãoentreo todoe suaspartes,ou entreasprópriaspartes,sendoconsiderada "relação espacial e por conseguinte relação desimultaneidade"(WÜESTER,1981,p.96).Elapodeocorrerentredoisconceitosouentredoisou maisconceitos.Aocomparardoisconceitosem uma relaçãodecoordenaçãoontológica,surgemquatrotiposde

:~ possibilidades:subordinaçãopartitiva,coordenaçãopartitiva,interseção~ partitivae relaçãodiagonalpartitiva.A subordinaçãopartitivaocorre

~ quandoum objetoindividualéumaparte(subordinaçãopartitiva)de8 outroobjetoqueé o todo(superordenaçãopartitiva).Estarelaçãoé~ tambémchamadade relaçãoverticalpartitiva,porqueformacadeias~ partitivas, ou seja, uma sérievertical de conceitos.Nestasérie,

:§ considerando-sedoisconceitosvizinhos,oconceitosuperiorcorresponde.aotodoeo conceitoinferioré umadesuaspartesconstitutivas,como. porexemplo,Avião- Motor.

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A relaçãodecoordenaçãopartitiva existeentredoisobjetosque

representampartede um todo comum. Estarelaçãoforma sérieshorizontaisdeconceito,sendotambémchamadasderelaçãohorizontal

deconceitospartitivos,ondeseencontramosrenquespartitivos.Umrenquepartitivoéumasériehorizontaldeconceitosquecorrespondemàspartesdeum todonum certoníveldedesagregação.Porexemplo,"fuselagemé coordenadodeasa(queestãosubordinadosa avião)"(FELBER,1984,p.62).

A relaçãointerseçãopartitiva ocorreentre dois conceitosque,comparados,possuemalgumapartecomum.Porexemplo,Biologiae

QuímicaproduzemoconceitoBioquímica.

Arelaçãodiagonalpartitivaéaquelaqueseapresentaquandoduaspartesdeum todocomumestãoem relação,e estarelaçãonãoé desubordinaçãonemdecoordenação.Porexemplo,MecânicaeQuímicasãopartesdotodoCiência.

A relaçãodeencadeamentoé uma relaçãotemporal.A principal

relaçãodeencadeamentoé a relaçãodesucessão,ouseja,relaçãodecontigüidadeno tempo,comoporexemplo,predecessorsucessor.

Relação de causalidade

Relaçãodecausalidadeéaquelaquesebaseiaemum elosucessivodecausas(WÜESTER,1981,p.96).Asprincipaisrelaçõesdecausalidadesãoasrelaçõesdeparentesco,tambémchamadaspor Felber(1984,p" 64) de relaçõesde descendência,a saber:relaçãogenealógica(pai~filho); relaçãoontogenética(ovo~larva);relaçãodesubstância "~

(urânio~rádio). Apresentaaindaoutrasrelações,taiscomo:material- iproduto(madeira~mesa);instrumental(instrumento~eseuuso). E

~Alémdeestabelecerasrelaçõesentreosconceitosemseutrabalho, ~

Wüesterreconheceanecessidadedeumaclassificaçãodosconceitoscomo "i§

baseparaaatividadeterminológica.Sendoassim,posicionaosconceitos ~

emconjuntosharmônicosaosquaisdáonomedesistemadeconceitos..

Page 79: linguagem documentaria

Sistema de conceitos

Umsistemadeconceitos,paraa TGT,é um sistemaformadoporconceitose suasrelações,quepodemser lógicase ontológicas.Arepresentaçãodosistemadeconceitosserveadiversosobjetivos,taiscomo:organizaçãoefetivado conhecimentodentro de uma dadaárea;representaçãoclaradasrelaçõesentreconceitos;revelaçãodeconceitosaindainexistentesouconceitosredundantes(sinonímia),ajudandoaassegurarum nível ótimo de normalização da terminologia;estabelecimentodeequivalênciasclarasentretermosem diferenteslínguas(ISO/DIS704).

Paraa determinaçãodeum conceito,dentrode um sistemadeconceitos,trabalham-seassuascaracterísticas,que têm um papelfundamentalnesteprocesso.Oagrupamentodeconceitossedáquandoseidentificaumacaracterísticaespecificadoracomumaosconceitos;quandoseempregaestacaracterísticacomocritérioparadivisãodosistema,diz-sequeelaéum "tipo decaracterística".

Todomembrodosistemaformaumaestruturacomníveis,chamada

dehierárquica.Aesterespeito,Wüester0981,p.98)explica:

'".~,'"1:Q)E

§ Destaforma,asrelaçõeshierárquicasformamsistemashierárquicos

~ queenvolvemsuperordenação,subordinaçãooucoordenação,podendo~ serdivisionaisou combinatórios.Ossistemasdeconceitosdivisionais'"51 sãomonoierárquicos,istoé, um único sistemaservecomoconceitoc:

:::; superordenadomaiselevadoetodososoutrossãosubordinadosaele.

11Ossistemasdeconceitoscombinatóriosformamossistemasdeconceitos

Napráticaverifica-sesertambémnecessáriodarum nomeàrelaçãoqueliga

doisconceitosquandoestesdoisconceitosnãoestãosituadosnamesmacadeia.Hátrêspossibilidades:ou estesconceitosestãocoordenados,ou sesuperpõem,

ousãoligadosporumarelaçãodiagonalnointeriordeumsistemadeconceitos.

Naterminologiachama-serelaçãoassociativatal relaçãoconceitualoumaisexatamenterelação hierárquica.Por oposição,reúnem-sesobo nomede

relaçõesdecomparaçãonão-hierárquicatodasasoutrasrelaçõesontológicas,

ou seja,todasaquelasquenãosãorelaçõesparte-todo(1981,p. 98).

Page 80: linguagem documentaria

poliierárquicos,istoé, ascaracterísticassãocombinadase o conceito

podeserestruturadoemváriashierarquias.Aapresentaçãodossistemashierárquicose poliierárquicosformao sistemadeconceitocomoum

todoe coloca,assim,emevidênciasuaeskuturana qualosconceitossãorepresentadosportermos.Asmaisimportantesrepresentaçõesgráficassãoasseguintes:

· Diagramaemárvore(temaformadeumapirâmide,ondecadatopoapresentaumacaracterísticaquepossibilitaadivisão);

· Diagramaemcadeia(formadoporváriosdiagramasemárvore);

· Diagramaemcampocircularou retangular(tabelas)(FELBER,1984,p.66).

Arespeitodaapresentaçãodosconceitos,Wüesterargumentaaindaoseguinte:

1Pode-serecorreraum planográficodosistemaparacolocarasrelaçõesemrelevo;

2Esteplanográficoésubstituído,namaioriadasvezes,porumplanoquetomaa formadeumalista;ditodeoutromodo,porumalistaseguidadeconceitos.Estalistalevaonome,igualmente,de"registrosistemático"ou"partesistemática".

2.1Ostermoscorrespondentesaumacadeiadosistemasãoinscritosnumaescala.Ostermosdeumrenquesãocolocadosunsabaixodosoutros.

2.2Àfrentedecadatermo,coloca-seumsi~o ideacional(porexemplo,umnúmero),ouumtermo,queexprimeapenasograudacadeia.

'"'50oo

, c2.3Afrentedecadatermo,coloca-seum símbolodenotaçãosistemática.'EQuandoseempregaumsistemadenotaçõesdestetipoénecessário,então, ~inscreverostermosdeforma recuada.Ossímbolos mencionados nosparágrafos -f!5

trazemigualmenteonomede"símbolosdeclassificação"(1981,p.19). .~o<1J

Ousodoplanográficoéumprocessodeorganizaçãodosconceitos, ~

nafasedeanálisedeseuentendimento.Aorganizaçãodosconceitosno.Talsímbolochama-se"símbolodegrau".

Page 81: linguagem documentaria

planopodevariaratéquesecheguea umaconclusãosobreaposiçãoadequadadoconceitonoSistemadeConceitos.Estaorganizaçãofinal éque deveserapresentadanas terminologiase é ela queforneceoselementosdadefinição.

Definição

Adefinição,naTGT,éreconhecidacomouma formadedescriçãodoconceito.Oconceitopodeserdescrito,também,porumaexplicação,casonãosejapossívelestabelecersuadefinição.Porém,adefiniçãoéachaveparaumtrabalhocientífico.Umadefiniçãoé,então,umadescriçãodeumconceitopelosignificadodeoutrosconceitosconhecidos.Elarevelaaposiçãodoconceitoemumsistemadeconceitosrelacionados,enquantoque uma explicaçãoé uma descriçãodo conceitosemconsiderar,entretanto,aposiçãodoconceitoemumsistemadeconceitos(FELBER,1984,p.73).

A definiçãona terminologia não é apenasrecolhidaentreosmembrosdeumalínguaespecial,maséfrutodaordenação/classificaçãodosconceitosem um sistemade conceitos.Assim,uma definiçãorecolhidaemum primeiromomentopodesofreralteraçõesou ajustesno processode fixaçãodo conceito,ou seja,duranteo processodeordenação/classificação(KANDELAKI,1981,p.160). A definição

resultanteéquevaideclararosignificadoqueotermodeveternaquelesistemaespecíficodeconceitos.Por isso,diz-sequea Terminologiaéprescritiva.

~~ Osconceitospodemestarligadosna definiçãopor:determinação~ (intenção)ouconjunção,disjunçãoeintegração(extensão).SãoessesEa os dois tiposmais importantespara a atividadeterminológica.Osoo elementosdadefiniçãoporintenção(oudefiniçãológicaouanalítica)

~ sãoascaracterísticasdoconceitodefinido.Oselementosdadefinição~ porextensãosãoosmembrosdaclassedoconceitodefinido.c

:::; Aordemdascaracterísticas,determinadano momentodafixação.doconceito,é amesmadadefiniçãointencional,ouseja,o termoque

Page 82: linguagem documentaria

designaogêneroimediatamentesuperior(genusproximum) vememprimeiro lugar (característicaintrínseca), seguindo-seasdemaiscaracterísticas(differentiaspecifica).Paraqueadefiniçãoassumasuapropriedadesistematizante,énecessáriomanternestepadrão.

Comoascaracterísticasdosconceitostambémsãoconceitos,devem

ter uma definição,ficandoevidenteasrelaçõesentreosconceitos.A

normaISO704(Princípiosemétodosdaatividadeterminológica),queseguea TGT,forneceelementosparaa definição,masnãoestabelece

princípios,ouseja,édescritiva.Osproblemasdadefiniçãotêmsidoobjetodeestudosdiversosna línguageral.Nalínguaespecializada,todavia,apenasrecentementecomeçouaserobjetodeestudosistemático.

Em 1982o GroupeInterdisciplinairedeRechercheScientifiqueetAppliquéeen Terminologie(GIRSTERM),no Canadá,realizaum

ColóquioInternacionaldeTerminologiasobo tema"Problemasdadefiniçãoe da sinonímiaem terminologia"(TERMIA,1982),como

objetivodediscutirespecificidadesdadefiniçãoemTerminologia,comoporexemplo:o quedefinir,comodefinir,por quedefinir,a sinonímia

dostermosversusasinonímiadaspalavras - questõesqueseapresentamno cotidianodosterminólogosno exercíciodeseutrabalho.Comoadefiniçãoé um elementofundamentalpara a Terminologia,cabe

destacaracontribuiçãodealgunsteóricosparticipantesdoColóquio.

Dahlberg(1983,p. 13),umadasteóricasmaisimportantesparaasáreasdeClassificaçãoeTerminologia,apresentaumalongaexposição

sobreocarátereosrequisitosdadefiniçãoterminoló~a, àluzdaTeoriado Conceito(ver4 ). SegundoessaTeoria,a definiçãoterminológicaseriaa definiçãoconceitual,poisela incorporaos trêselementosdoconceito,asaber,o referente,ascaracterísticaseo termo,aocontrário

dadefiniçãonominal,quecontemplaapenasotermoeumaequivalênciatextual,edadefiniçãoostensiva,queincorporaapenasoreferenteeotermo.

'"'õoo

"Oc'E

~'"".~

Umadifiniçãoconceitual(oudefiniçãoreal)éumadefiniçãonaqualo &definienscontémascaracterísticasnecessáriasdeum referentenomeadopelo.definiendum(DAHLBERG,1983,p.21). ;

Page 83: linguagem documentaria

SegundosuaTeoria,ascaracterísticasrelevantesdoconceitosão,então,oselementosconstitutivosda definição.O pontoprincipalnoestabelecimentodas definiçõesdos conceitosestá,portanto, naidentificaçãodascaracterísticas.Ela estabeleceum padrãoparadefinição,conformeacategoriadoconceito(definiçãogenérica,partitiva,funcional) (DAHLBERG,1983, p. 22). Com isto, a definiçãoterminológicaforneceriaa basepara seestabeleceremos sistemasterminológicos,uma vezque incorporaa noçãode Categorianaidentificação/definiçãodoconceito.É importanteressaltar,aqui,que,naTerminologia,adefiniçãoevidenciaoconteúdodoconceitoenãoosignificadodotermo.Natanson(1983,p.55)chamadedefiniçãológicaalgosemelhanteaoqueDahlbergchamadedefiniçãoconceitual:eleincorpora,igualmente,a noçãodeCategoriaeforneceasbasesparaoestabelecimentodasproposições.ApesardeempregarumaterminologiadiferentedaqueladeDahlberg,percebe-sequesuaabordagemsegueosmesmosprincípios.Paraele,ascategoriaslógicasé quefornecemoselementosparaumadefiniçãoprecisa:

ns

~ Outracontribuiçãorelevante,noColóquio,éadoteóricotchecoDrozdQ)

5 (1983,p.87),daEscoladeTerminologiadePraga.Pesquisadordebase

8 lingüística,eleofereceimportantesubsídioparaa questãodo termo.E Emborareconhecendo"trêsrelaçõesprincipaisdetermos"- osistemaQ)

~ deentidadesextralingüísticas(o mundoda realidade),o sistemade:J

.~ conceitoseosistemadetermos(quenomeiaosistemadeconceitos)--'.Drozdinclui apenaso sistemadeconceitoseo sistemadetermoscomo

. "os maisimportantesparaosterminólogos"no estabelecimentodas

Comefeito,antesdetrazerum "conceitualizado"àsuacategoriaexata,parece-

nosnecessárioverificartodasasdependênciaspossíveisdoconceitoemquestão

com ascategoriaslógicas,o quepoderiaevitarerroseventuaisdedefinição...

Éprecisoteremcontaqueo gelosendooresultadodocongelamentodaágua,

já nãoé a água;é um outro objeto,do pontodevistadesuaspropriedades.

Assim,deve-serelacioná-Ioà categoriadosobjetos,Ollantesa lima desuas

subcategorias,a dasmatérias.Nestaperspectiva,a definição deveriaser

formulada,porexemplo,com"Matériasólidaresultantedofenômenooudaoperaçãodocongelamentodaágua" (NATANSON,1983,p. 57).

Page 84: linguagem documentaria

detlnições,sendoestasoúnicomeiodedescobriredistinguirossinônimosterminológicos(DROZD,1983,p. 89). Reconhecequeo sistemadeconceitosémaiságilqueosistemadetermos.ParaDrozd,(1983),como

para os autoresjá citados,a definiçãoterminológicaé a definiçãoanalítica.

Ossignosdalinguagemsãomaisconstantes,mesmoqueosconteúdosdesignadostenhamsemodificadooualterado.Osconteúdosdostermos(nãomodificados)"átomo"e"molécula"sãogarantidospeladefinição,quetemumafunçãocognitiva(DROZD,1983,p.92).

O quartoe último trabalho,relativoà definiçãoapresentadonoColóquio,édeSager(1983),terminólogoinglêsdeformaçãolingüística.Elenãoconsideraapropriadofalardedefiniçõesterminológicascomoumacategoriaseparada,partindodopressupostodequeasdefiniçõesvariamdeacordocomostiposdeusuáriosdeumdadobancodetermos.

Assim,numasituaçãoótima,umúnicotipodedefiniçãopodesatisfazertodasasdiferentesnecessidadesdosusuários.Suadiscussãosebaseia

noqueeleconsidera"termo"- umaunidadeglobalparaa unidade"designaçãoeconceito".Issosignificaquea"definição"seaplicatantoàdesignaçãoquantoaoconceito.Assim,asdefiniçõessãodadasparaosconceitoseasdesignaçõessópodemserexplicadasdemodosignificativolingüisticamente(SAGER,1983,p. 114).

ParaSager,asdefiniçõesestãointimamenterelacionadascomoutros

termos(genérico,específico,associado,genéricomaisamplo),eestasrelaçõessãodeclaradasno interiordaclassificaçãodoassuntodeumadeterminadaáreado conhecimento.Eleconsideraqueos diversos

ro

métodosdedefiniçãodependemdanaturezadoconceitoeservemaos '§>diferentespropósitosda definição.Umadefiniçãoanalíticasempre grelacionaum termocom seutermosuperordenadoe podeincluir, .~também,termoscoordenados.Umadefiniçãosintéticaidentificao lugar t;;;

""O

de um conceitonum sistemade relaçõese mencionaos termos .~subordinados(SAGER,1983,p. 118).Aoenfatizar o propósitoda &definição,queestariarelacionadoàsnecessidadesdo usuário,Sager.,acreditaqueotradutornãoprecisadeumadefiniçãoparacompreender

Page 85: linguagem documentaria

o texto,vistoqueeletrabalhaapartir deum contexto.Paraele,bastaum equivalentenumbancodetermossepuderconfiarnoterminólogo,necessitandoapenasdaconfirmaçãodeumcódigodetalhadodeassuntoedeumanotadeusoparaorientá-Io.Oespecialistaconheceoconceitoquequerusareprecisaapenasrecordaraestruturaterminológicaqueexistenaqueleassunto,sejaparaverificar,sejaparacriar termos.Issopodeserfeitopor uma "definiçãoterminológica".Onão-especialistaprecisadeumaexplicaçãonaformadeumadefiniçãoenciclopédica,jáquenãosebeneficiariadenenhumoutrotipo (SAGER,1983,p. 130).

'".>:,'"c:Q)E::JUooEQ)co'"::Jcoc::.:;

.

Page 86: linguagem documentaria

.4 TEORIADO CONCEITO

A Teoriado Conceitopossibilitouuma basemais sólidapara adeterminaçãoe o entendimentodo queconsideramosconceito,parafinsderepresentação/recuperaçãodainformação.DahlbergdesenvolveestaTeorianocampodaTerminologia.Nosanos70,elademonstraapossibilidadedeadotarprincípiosparaa elaboraçãodeterminologiasnoâmbitodasCiênciasSociais(DAHLBERG,1978).Nestamesmaépoca,evidenciaaligaçãoentreaTeoriadoConceitoeaTeoriadaClassificação(DAHLBERG,1978a).Posteriormente,utiliza a TeoriadoConceitono

campo das linguagensdocumentáriasde abordagemalfabética,especificamenteparaaelaboraçãodeTesauros(DAHLBERG,1980).

OsprincípiosdaTeoriado Conceitotêm-semostradoúteisparaaelaboraçãode tesaurosporquefornecembasesseguras,tantoparaoestabelecimentoderelações,comoparasuarealizaçãonoplanoverbal,ouseja,adeterminaçãodoquesedenominatermo.SegundoestaTeoria,assoluçõesparao termoesuaformanãosãomaisopontodepartida,masopontodechegada,comoseverámaisadiante.

Nestecapítulo,procura-sedeixarevidente,alémdosprincípiosqueregema teoriadoConceito,'suaimportânciaparaa formaçãodeumcorpoteóricopróprioparaaelaboraçãodetesauros.Destaforma,seráapresentada,primeiramente,a evoluçãohistórica dostesaurosderecuperaçãoatéosdiasatuais,ondeseverificaumanovametodologiapara elaboraçãode tesauroscom baseem conceito.A seguirseráapresentadaateoriadoconceitoealgumasexperiênciasdeconstruçãodetesaurosterminológicos.

.9'Qiuc:oUo-o

Apalavra "thesaurus" etimologicamentevemdo gregoedo latim e ,êosignifica "tesouro" tendo sido usada durante muitos séculos,para ~

designar léxico, ou "tesouro depalavras", Estapalavra popularizou-se.

4.1 ORIGEM DO TERMO TESAURO

Page 87: linguagem documentaria

apartirdapublicaçãodoThesaurusoJEnglishWordçand Phrtl$es,dePeterMarkRoget,em Londres,1852. Osubtítulodeseudicionárioexpressabemo objetivo:"palavrasclassificadase arranjadasparafacilitaraexpressãodasidéiaseparaajudarnacomposiçãoliterária."

Aocontráriodostradicionaisdicionáriosdelíngua,nosquaisseparte

deumapalavraparasaberossignificadosqueelapodeter,noThesaurusdeRogetparte-sedeum significado,deuma idéia,parasechegaràspalavrasquemelhorarepresentem.Eleéum esquemadeclassificação,comum índicealfabéticoremissivo.SegundoFoskett(1985,p. 271),"seuvalorconsisteemserumaestruturadeconceitosrelacionadosentre

si,atravésdeváriossignificados;istoéquetornaRogetfamiliara todososqueseinteressampelaqualidadeeoestilonaescrita."KarenSparck-Jones,emseutrabalhoSomeThesauricHistory, resume,empoucaspalavras,oobjetivodoThesaurusdeRoget:

[u.] RogetpensouemseuThesauruscomoumaclassificaçãodeidéiasquepoderiaajudaraquelesqueprocurassempalavrasapropriadas;econsiderouaorganizaçãodemil seções,ou tópicos,expressosna TabelaSinóticadeCategoriascomoumimportantecomponentedotodo.Umapessoapoderia,emprincípio,encontrarseucaminhoparaa formulaçãodeuma idéiainicialmentenebulosaseguindoatrilhaapropriadadaárvore[daTabela]atéumaseçãoparticularondepoderiaencontrarapalavraespecíficamaisapropriadaparaexpressaraidéia(1972,p.402).

OThesaurusé organizadoemduaspartes:a primeira,comumaestruturaclassificatória,ou, como Rogetchama, um sistemadeclassificaçãodasidéias;asegunda,um índicealfabéticodos"cabeçalhostO

:§ sobos quaisocorremaspalavrase frases"(ROGET,1925,p. 383),

~ remetendoaosnúmerosquerepresentamasidéiasnapartesistemática.::JuooEQ)00tO::J00c::.::;

Apartesistemáticaéconstituídadeseiscategorias:RelaçõesAbstratas,Espaço,Matéria,Intelecto,Vontade,Afeições.

. 1. Aprimeira destas classes compreende idéias derivadas de Relações Abstratas

e mais gerais entre as coisas, tais como: Existência, Semelhança, Quantidade,

Ordem, Número, Tempo, Poder.

Page 88: linguagem documentaria

2.Asegundaclassesereferea Espaçoe suasváriasrelaçõesincluindoMovimento,oumudançadelugar.

3.Aterceiraclasseinclui todasasidéiasrelacionadasaoMundoMaterial,a

saber:PropriedadesdaMatéria,taiscomoSolidez,Fluidez,Calor,Som,Luzeosfenômenosqueelesapresentam,bemcomoassimplespercepçõesa que

elasdãoorigem.

4.AquartaclasseabarcatodasasidéiasdefenômenosrelacionadosaoIntelecto

esuasoperaçõescompreendendoaAquisição,a Retençãoea ComunicaçãodeIdéias.

5.Aquintaclasseinclui asidéiasdoexerCÍciodaVontade,ForçasVoluntárias

e Ativas tais como: Escolha, Intenção, Utilidade, Ação,Antagonismo,Propriedadeetc.

6.Asextaeúltima classecompreendetodasasidéiasderivadasdasoperações

denossasForçasMoraledoSentido,incluindonossosSentimentos,Emoções,

Paixões,SentimentosMoraise Religiosos(ROGET,1925,p. XIX).

.9'vuc:oUo

"'O

Em 1950, Hans PeterLuhn, do Research Center da IBM nos Estados .êoUnidos,foi o primeiro a utilizar o termo Thesaurus para nomear seu ~

sistema de palavras autorizadas que possuemuma estrutura de.

Em seu trabalho, Roget apresenta um "Quadro SinóticodeCategorias", no qual especifica as divisõese subdivisões de cada Categoria.

Cada uma destas divisões e subdivisões édetalhada em diversos tópicos

ou cabeçalhos de significação sob os quais as palavras são organizadas.

Os tópicos são numerados para facilitar a localização. Para mostrar com

maior individualidade as relações entre as palavras que exprimem idéias

opostas e correlatas, Roget colocou os tópicos em duas colunas paralelas

na mesma página, de forma que as expressões pudessem ser contrastadas

com aquelas que ocupavam a coluna ao lado e constituíam sua antítese.

Em muitos casos, idéias que são completamente opostas entre si admitem

uma idéia intermediária ou neutra, equidistante de ambas, sendo

expressas por termos correspondentes (ROGET, 1925, p. XXI). Por

exemplo: Identidade - Diferença - Contrariedade, Começo - Meio -Fim.

Page 89: linguagem documentaria

referênciascruzadas(FOSKEIT,1985,p.270).Luhn,aoorganizarseuSistema,percebeuqueumasimpleslistagemalfabéticanãosolucionariao problemadelocalizarapalavra/idéiamaisadequadaàrecuperação.Algumarelaçãoentreestaspalavrasdeveriaserestabelecida,paraquealista pudesseapresentaruma estruturamais sólida de referências

cruzadas;era necessáriodefinir,de algumaforma, as "famíliasdenoções"entreaspalavras,istoé,evidenciarqueidéiasafinsestavamligandouma palavraa outra.Aonomearestanovalistadepalavrasautorizadasdeuo nomede"thesaurus",influenciadopelotrabalhodeRogetque,emseudicionárioanalógico,expõeestaquestãodaseguinteforma:a revisãodeum catálogodepalavrasdesignificadoanálogovaisugerir,comfreqüência,porassociação,outrassucessõesdepensamento.Aapresentaçãodosassuntossobaspectosnovosevariadospodeexpandirgrandementeaesferadenossavisãomental(ROGET,1925,p.XVIII).

Destemodo,umnovotipodelinguagemdocumentáriaestánomeado

- o tesauroderecuperaçãodeinformação- queveiosecontraporàslistasdecabeçalhosdeassuntoeservircomoinstrumentodeauxílioaossistemasqueutilizavamum únicotermo(unitermo).Outraslistasde

termosqueapresentavamalgumarelaçãoentreelespassaramachamar-se,também,tesauro.

Vickery,nosanos60,demonstraquatrosignificadosdiferentesusadosna literaturadeCiênciadaInformaçãoparaotermo"tesauro",sendoa

interpretaçãomaiscomumadeumalistaalfabéticadepalavras,ondecadapalavraé seguidadeoutrasquea elaserelacionam(VICKERY

.~ apudFOSKEIT,1985,p.270).,'"

~ Noiníciodadécadade70,atravésdoprogramaUnisist(UNESCO,~ 1973,p. 6), a Unescodefine "tesauro"para a áreade Ciênciada8 Informação,sobdoisaspectos:E~ a) Segundoaestrutura:'"=> ,g? "E um vocabuláriocontroladoedinâmicodetermosrelacionados.:.:; semânticae genericamentecobrindo um domínio específicodo.I conhecimento."

Page 90: linguagem documentaria

b) Segundoafunção:

"É um dispositivodecontroleterminológicousadona traduçãodalinguagemnaturaldosdocumentos,dosindexadoresoudosusuários

numalinguagemdosistema(linguagemdedocumentação,linguagemdeinformação)maisrestrita."

Percebe-sea preocupaçãodaUnescoem apresentardefiniçõesquepudessematendertantoà áreadeelaboraçãodetesauro(definiçãoa),quantoà áreadeorganizaçãoerecuperaçãodeinformação(definiçãob). Estasdefinições,dealgumaforma,vêmsendoutilizadasnaliteraturaatéosdiasatuais.

4.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO TESAURODE RECUPERAÇÃO

A necessidadede elaborarcritérios que pudessemcontrolar epadronizar a linguagem de indexaçãoutilizada nos SistemasdeRecuperaçãolevouprofissionaisdeinformaçãoapercorreremdiversoscaminhosparaatingiresseobjetivo.AevoluçãohistóricadoTesaurodeRecuperação- instrumentoquereúneconceitosdeumadadaáreadoconhecimentorelacionadosentresi- podesertraçadaapartirdeduasvertentes:umaquetomanitidamentecomobaseo Unitermo- umaúnica palavra-, e a outra influenciadapelaTeoriada ClassificaçãoFacetada.

Cadaumadessaslinhasseráapresentadaaseguir,chegandoaoquedenominaremosdeTesaurocombaseemConceito.Énecessário,porém,repetiro queLancasterdeixaevidente,quandoapresentaum quadro(Figura4)daevoluçãohistóricadotesauro,nocontextodocontrolede o

vocabulário,tomadocomobasenestecapítulo:"[...] ocaminhotraçado .~c:

não podeser consideradode fato definitivo, desdeque não está 8completamenteclaroqueminfluenciouquem.Entretanto,odiagrama..g

descreveoprocessosegundominhainterpretação"(LANCASTER,1986, .êop.29).Oqueficaevidentenodiagramaéadicotomianalinhaevolutiva ~

dostesauros.Deum lado,avertentedeabordagemalfabética,degrande.

Page 91: linguagem documentaria

~o.:,~CQ)

E::JUoOEQ)00~::J00c::::;.

influência na América do Norte, e, de outro, a abordagem sistemática,

que tem seus pressupostos estabelecidos pela Classificação Facetada.

4.2.1 Os tesauros na América do Norte

Os tesauros elaborados na América do Norte, especificamente nos

Estados Unidos, foram fruto do desenvolvimento que ocorreu a partir do

Cabeçalho de Assuntos para o Unitermo; talvez fosse mais adequado

fazer referência a uma ruptura, porque se introduziu um novo modelo,estranho ao anterior.

CLASSIFICA TlON

BIBlIOGRAPHICAlPHABETICSUBJECT

INDEXING

Analylico.synlhelic (Iaceled)

(Rangan.lh.n 11930s) 1(CullerRules11876)

LislSossubjeclheadingsIIX~SI)

~

Alph.b.li<:subieclindexing

{Co.les(1969))

Unilerm(T.ub.(195111

IDuponl(1959) U.S.D.p.~.m.nl

... 01O.I.nse11960)

Alh.(19611/EJC(19641...

P,ojecllEX (196501967)

~ ~T{1967}

Thesa:ro,.cel~O lSATI ~f1~691 UnescoMonhngualgUldellnes(1970)

PRECIS : ANSI ~ ~ ~1197

\ : Z39019 ISO DIN1463 AFNOR,

~(19741 2788 119J~1 "Z47oI00

... 11974/' ,/ (um55723 '''' ""11979) ,,' /

/ ~ ("::::"";nescoMOn]~gu.19Uid.linesI19761: :

/fRevisedversion.19801

Unescomonolingual : i +Gu~.lines 119811 , , ISO5964(19851

~ ...,ISO2788{draIl2" Edi]~no1983}

Figura 4 - Evolução Histórica do Tesauro de Recuperação(LANCASTER,1986)

Page 92: linguagem documentaria

ApartirdaSegundaGuerraMundial,comodesenvolvimentocien-tíficoetecnológico,aliteraturapassouaexigirumtipoderepresentação,nos catálogos,que os cabeçalhosde assuntonão conseguiramacompanhar.Onúmerodecabeçalhossimples- constituídosporso-menteumapalavra- passouasetomarinferiorfrenteaograndenúmero

decabeçalhoscompostos- constituídospormaisdeumapalavra.Estefatoacarretoualgunsproblemasnarepresentaçãoda informação,poisaentradanoscatálogosalfabéticosé linear.Sendoassim,

alguns dos elementos dos cabeçalhos compostos não poderiam ser encontrados

diretamente, mas deveriam ser procurados indiretamente, através de entradas

adicionais (sistemas de entrada múltipla), ou por meio de índices ou remissivas.

Ademais, a existência de uma ordem de citação ou importância prefixada

separava alguns elementos de um assunto composto que, se fossem reunidos,

teriam interesse para o usuário. Mais uma vez, era necessário proceder a este

tipo de busca por meios indiretos ou fazer entradas múltiplas de acordo com

certas técnicas (FOSKETI, 1973, p.307).

Oscabeçalhoscompostoscomeçam,então,a exigir do indexadorumasériedesubterfúgiosparafacilitar a recuperaçãoda informação,que não seriamnecessáriossecadaaspectotratadono documentopudesseserum pontodeacesso.

Em1951,MortimerTaubeintroduzoSistemaUnitermo,quetinhapor principalcaracterísticaa "representaçãodo assuntoporpalavrasúnicas(uniterm)extraídasdo textodeum documentosemnenhuma

formadecontrole"(LANCASTER,1986,p.31).EsteSistemapossibilitavaa composiçãodoassuntonomomentoda recuperaçãoda informaçãoe,porestarazão,foi denominadoSistemaCoordenadoe,maistarde,

SistemaPós-Coordenado,emoposiçãoaoscabeçalhosdeassunto,que oseriamconsideradosPré-Coordenados.Noscabeçalhosdeassunto,a .~coordenaçãodosassuntossedánomomentodaindexaçãododocumento3(entrada),aocontráriodossistemaspós-coordenados,que"permitem ~transferiro atodecoordenação,ouseja,acombinaçãodoselementos .goque,juntos,formamum assuntocomposto,daetapadeentradaparaa ~

etapadesaídaoubusca"(FOSKETT,1973,p.307). .

Page 93: linguagem documentaria

Lancasterjustificao fato desero SistemaUnitermoconsiderado

responsávelpeloaparecimentodoTesauro:

o SistemaUnitermofoiprimeiramenteimplantadoatravésdousodefichasdatilografadasoumanuscritas;maistarde,foramusadossistemasdecartãoperfurado.Infelizmente,ossistemasnãotinhamqualquercontroledevocabulário,especialmenteaquelesbaseadosempalavrasúnicas,quetendiamafalharporcausadanecessidadedemanipulaçãodegrandenúmerodetermos(um problemaquedesaparecequandocomputadoressãoempregadosnarecuperaçãodainformação);isto,defato,foiexatamenteoqueaconteceu.OprimeirotesaurofoiintroduzidoparaimporcontrolenoqueeraessencialmenteumSistemaUnitermo.AinfluênciadeTaubeévisívelnograndenúmerodetermosconstituídosdepalavrasúnicasquepodemserencontradasemumdosprimeirostesauros,pelomenosnaquelesproduzidosnosEstadosUnidos;issopodetambémterinfluenciadoasprimeirasnormasparaaconstruçãodetesauros(1986, p. 31).

Emrelaçãoa"uma estruturamaissólidadereferênciascruzadas",comodesejavaLuhn,Vickery(1980,p. 141)afirmaque

asreferênciascruzadasdesenvolveram-secompletamentenostesaurosquetendemasubstituirastradicionaislistasdecabeçalhosdeassunto.Enquantoestasúltimasapresentavamagrupamentossignificativamentesimplescomoreferências"vertambém",ostesaurosusamumaanáliserelacionalmaisrefinada.

Durante a década de 60, os tesauros foram sistematicamente

aperfeiçoados.Em 1960,o CentrodeInformação do Ministério daDefesa

dos Estados Unidos (anteriormente Armed Services Technical

InformationAgency- ASTIA)produzseuprimeirolesauro.Em1961,o<O~ AmericanInstituteofChemicalEngineers(AICHE)publicao "Chemical

~ EngineeringThesaurus",queeraum derivadodiretodo trabalhodaa Dupont (ver Figura 4), primeiro tesauroa sercoclocadoà vendaoo (LANCASTER,1985,p. 31). Baseadono AICHE,o Thesaurusof

~ EngineeringTermsépublicado,em 1964,peloEngineersjoint Council~ (EjC),coma finalidadedecobrir todaa áreadeEngenharia.Noano:S seguinte,oEngineersjoint CouncileoDepartmentofDefensedosEstados

11Unidosestabeleceramum acordovisandoa reunirambosostesauros,

Page 94: linguagem documentaria

que abarcavamtemasligados à Engenharia, com considerávelparticipaçãoda indústria. Atravésdo projeto Lex, cuja metaeraestabelecerprincípioscomunsdeconstruçãoeusoe,também,criarumúnicoinstrumentoparaambasasinstituições,prepara-seum manual

deconstruçãodetesaurosepublica-seoThesaurusofEngineeringandScientijzc Terms (TEST),em 1967.Endossadoe publicado peloCommitteeon ScienceandTechnical1nformation(COSATI),órgãooficialdoFederalCouncilforScienceandTechnologydosEstadosUnidos,o manualfoi recomendadocomofonteparaa construçãodetesauros,tendo servido de basepara as diretrizes e normas produzidas,posteriormente,pelaANSI- AmericanNationalStandardizationInstitute(ANSI,1981)epelaUNESCO(1973).Porsuavez,asdiretrizesdaUnescoderamorigemàsnormasnacionaise internacionais.

4.2.2 Os tesauros na Europa

Avertenteeuropéia,mostradanodiagramadeLancaster(Figura4),desembocanaIndexaçãoAlfabéticadeAssuntos,deCoates,enoPRECIS

(PreservedContextIndexingSystem),sistemadeindexaçãoalfabéticadesenvolvidopor Austin,para o índiceimpressoda BritishNationalBibliography, trabalhos que sofreram influência da Teoria daClassificaçãodeRanganathan(LANCASTER,1986,p.33).Comojáfoivistoanteriormente,estaTeoriasebaseianopressupostodasCategoriaseéapartirdelasqueseofereceumasintaxemaisadequadaàorganização

e recuperaçãoda informaçãoemsistemaspré-coordenados,comoéocasodeCoates(paraaformaçãodoscabeçalhos)edoPRECIS(paraaformaçãodecadaentrada).

OutrodesenvolvimentonestavertenteéoThesaurofacet,queutiliza .8

a Teoria da Classificaçãode Ranganathannão somentepara a .~organizaçãodeumasintaxe(nocaso,anotação),mastambémparaa 8organizaçãodosconceitosemum dadoUniversodoConhecimento.O ..g'"domíniodeconhecimentoquepermeiaestesinstrumentoséaTeoriada '§

(lJ

ClassificaçãodeRanganathan,tendoinfluenciadotodaumageraçãoI-'-deprofissionaisinteressadosemrepresentaçãoe recuperaçãoda .

Page 95: linguagem documentaria

informação.EstateoriaseconstituiuemumdossuportesutilizadospeloClassificationResearchGroup- CRG- doqualfazemparteCoates,AustineAitchison.

O CRGtem suasedeem Londres.SeuprimeiroEncontrofoi emfevereirode 1952,tendo,nestaépoca,membroscomoAJ.Wells,B.C.Vickery,E.J.Coates,J.E.L.Farradane,D.J.Foskett,].MillseB.C.Palmer.MaistarderecebeadesãodeváriosoutrospesquisadorescomoR.A.Fairthorne,BarbaraKyle,D.W.Langridge,D.J.Campbell,D. Austin,]. Aitchison,entreoutros.Enquantogrupo,o CRGtempublicadomuito

pouco,masseusmembrossãoextremamenteativoseinfluentes(KUMAR,1981,p.480).SegundoWilsonemseusdezprimeirosanosdeatividades,o CRGseconcentroupredominantementeemtrêsáreas,asaber:

a) Desenvolvimentodeesquemasespecializadosdeclassificaçãoparaumaamplagamadeassuntos,desdeCiênciasdoSoloatéMúsica,combasena"análisedefacetas"deRanganathan.Nocursodeseutrabalhoo Grupoafastou-sedoconceitodascincocategoriasfundamentaisdeRanganathan(Personalidade,Matéria,Energia,EspaçoeTempo)atéchegaraumconjuntodecategoriasdenaturezamaispragmáticaquepossuía,noentanto,umagrandemargemdeaplicabilidade,asaber:Coisa,Tipo,Parte,Material,Propriedade,Processo,Operação,Agente,EspaçoeTempo.Estaformadeabordagemfoitambémempregadaporoutromembrodogrupo,EJ.Coates,emsuaobrasobreindexaçãoalfabéticadeassunto,quedesenvolveunoBritishTechnologyIndex.

tO.;::,tOCQ)

E~uoOEQ)00tO~00c:::J

b) PesquisasobreSistemasNotacionaisparaTabelasdeClassificação.Nestaárea,umagrandeconclusãofoiqueumanotaçãopodeserpuramenteordinal,istoé,ela nãoprecisaexpressara estruturahierárquicadaTabeladeClassificação.TalidéiaestavadefatoimplícitanosrequisitosdeBlissparaumanotaçãobreve,aplicadaatécertopontoemsuaprópriaTabela;masaidéiafoidesenvolvidadeformalógicapeloCRGatéo pontodepropor,emalgumastabelasespeciais,o usodeumanotaçãopuramenteordinal.UmdesenvolvimentodestaidéialevouàinvençãodanotaçãoordinalretroativadeCoates.. c) Análisederelaçõesentreconceitos.Nosprimeirosanosummembroemparticular,asaber,].ELFarradane,escolheuestaáreacomoáreadepesquisaeevoluiuparaoqueagoraconhecemoscomo"operadoresderelação".Estes

Page 96: linguagem documentaria

relacionadoressebasearamnumateoriadepsicologiaepensamentoeéinteressantenotarquepodiamserusadostambémparaaanálisedefacetas,emboraointentooriginaldeFarradanefosseodeusá-Ioscomoligaçõesentreostermosdalinguagemnaturalnumsistemaalfabético(1972,p.63).

Em1962a Otan- OrganizaçãodoTratadodoAtlânticoNorte-atravésda ScienceFoundation,deu à Library Associationauxíliofinanceiroparaestudara viabilidadede uma novaTabelaGeralde

Classificação.ALibraryAssociationdesignouoCRGcomoseuagentedepesquisa.Assim,o trabalhodo CRG,a partir do auxílio da Otan,

concentrou-seemtrêsáreasdepesquisa:aprimeira,adeterminaçãodeprincípiosparaacategorizaçãodeconceitos;asegunda,aordenaçãode

conceitos dentro das categorias; a terceira, a investigaçãodosrelacionamentosentreconceitos(WILSON,1972,p.65).Comosepodeobservar,aslinhasdepesquisasãopraticamenteasmesmasparaosesquemasdeclassificação.OThesaurofacetéfrutodestaspesquisas.JeanAitchison organizouprimeiramenteuma Tabelade ClassificaçãoFacetadapara a English Electric Company ("English FacetedClassificationforElectricEngineering").ApósaquartaediçãodaTabela,eladesenvolveum protetopara"casar"esteesquemacomum tesauroparaservirdeíndicealfabético(AITCHISON,1972,p. 72)

Atéo final dosanos50e iníciodosanos60,ostesaurospossuíamsomentearranjoalfabético,tipodearranjoqueeraincapazderepresentarbem asrelaçõesúteisentreos termos(RIVIER,1992,p. 72). Suaslimitaçõeslevaramaoemprego,maistarde,deprincípiosdeclassificação.Quandodesenvolveuo Thesaurofacet(nome dado ao tesauro-e-

classificaçãofacetadaparaEngenhariaeassuntoscorrelatos),Aitchison

pensouestarcriandoumanovaespéciedelinguagemderecuperação,omaspercebeuque o conceitonão era tão novo nos Sistemasde .~

c

RecuperaçãodeInformação;tratava-sedeuma técnicamaisrefinada (3de construçãode tesauro,quevemevoluindodesdea metadedos ..ganos60(AITCHISON,1972,p.72).Estatécnicamaisrefinadasedeveà .êoTeoriadaClassificação,queofereceprincípiosparamelhorposicionaro ~

conceitonosistemadeconceitos(áreadeassunto). .

Page 97: linguagem documentaria

o Thesaurofacetse apresentaem duas seções:a Tabela de

ClassificaçãoFacetadaeoTesauroAlfabético,sendoqueasduaspartessãocomplementares;seconsultadasemseparado,sãoincompletas,poiso tesauroservedeíndiceparaa tabelaque,por suavez,apresentaosconceitosde formasistemática.AitchisonrepeteestaexperiêncianoUnescoThesaurus(1977),umaclassificaçãogeralpara Educação,Ciênciae Cultura,queé bem-sucedida,apesardetratardetrêsáreastemáticas.A tabeladeclassificação,isto é, a parte sistemáticadoThesaurofacet,estruturaosconceitospor camposde assuntosmaisamplos;ela segueuma "ordemcanônica".Assim,o primeirocorteclassificatórioé por disciplinasfundamentaise cadacampoestáorganizado em facetas.A respeitodo arranjo classificatório doThesaurofacet,Aitchison(1972,p.81)argumenta:

Tradicionalmente,osesquemasdefacetaquebramosassuntosemcategorias

fundamentais. No casodo Thesaurofacetque cobre tantos camposdatecnologia,decidiu-sequeseriammantidasasdisciplinasconvencionaiscomoprincipaisagrupamentos(cabeçalhos)eaplicaraanálisedefacetasdentrodecada disciplina... Dentrode cada área,no Thesaurofacet,os termossão

distribuídosdeacordocomosprincípiosdefaceta.Istosignificaqueanatureza

dosconceitosé examinadae separadaem gruposhomogêneos,de acordo

comcaracterísticasbemdivididas[...] Numdadosubcampo,aanálisedefacetaéusadaparaagruparostermosemfacetasoucategoriasfundamentais.Estas

variamdesdeEntidades(coisas,partes),Atributos(propriedades,processos)

atéaplicaçõeseefeitos.Estasdivisõesformamaespinhadorsaldeumaestruturadetermosnoscamposdeassuntoesãomostradasnastabelas(1972,p.81).

o tesauromostraasrelaçõeshierárquicas(BT/NT)e os termos'":~ relacionadosdeoutromodoquenãoohierárquico(RT),porexemplo,~ paraosrelacionamentostodo/parteouprocesso/equipamento,ecoisa!Ea propriedade.Poroutrolado,paraconceitosqueestãonomesmocampo8 deassuntocomoPlasmaeTecnologiadoPlasma,nãohánecessidade

~deapresentaro relacionamentono tesauro,porqueesteficaclarona~ partesistemática,ouseja,natabeladeclassificaçãodeFísicadoPlasma:3 (TabelaET) (AITCHISON,1970,p. 192).

.

Page 98: linguagem documentaria

4.2.3 Tendências: tesauros com baseem conceitos

Como se viu no início desteCapítulo,o tesauro surgiu como umaruptura em relação ao cabeçalho de assunto, tomando por unidade a

palavra, em geral uma palavra técnica, ou "term" em inglês. Noentanto,

logo se percebeu que algumas palavras sozinhas eram insuficientes para

designar um conteúdo de informação. A solução foi considerar a

possibilidade de que, em alguns casos, a unidade seria um termo

composto; bases teóricas para seu estabelecimento, no entanto, não foramdesenvolvidas de forma satisfatória. Diretrizes e normas continuam a se

referir à pré-coordenação e fatoração, abordagens lingüísticas que

privilegiam a forma lexical e, portanto, variam de tesauro para tesauro,

de norma para norma e de língua para língua. De fato, os tesauros

produzidos nos Estados Unidos, dentro da linha tradicional americana

que privilegia a organização alfabética dos termos, não apresentam uma

base teórica explícita, na grande maioria. Mas seus autores avançam

em relação ao modelo anterior - o cabeçalhode assunto:a unidade de

trabalho passa a ser o termo e não o assunto; osdiferentes tiposde relação,

que nos cabeçalhos vinham sob forma de referência cruzada, se

apresentam de forma mais estruturada. No entanto, as instruções para

a seleção da unidade de trabalho ainda apresentam fortes bases

lingüísticas; aproveitá-Ias em outras línguas é sempre problemático,

porque não há uma correspondência lexical nas diferentes línguas para

a denominação de um mesmo conceito.

Os tesauros produzidos pela linha européia, mais especificamente

por membros do CRG que exploram os princípios da Teoria da

Classificação,fornecemas basespara a ordenaçãodasclassese chegam .~

a preconizar a apresentação sistemática do tesauro, além da tradicional §ordem alfabética. Em relação ao termo, no entanto, seus autores ~apresentam um comportamento semelhante ao dos autores americanos. ~

::;Esteaspectonão resolvidopelasduasgrandesvertentes- a americana ~

e a dosclassificacionistas- pareceencontrarsoluçãoa partir da década.

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de70com I. Dahlbergem sua"TeoriaAnalíticado ConceitovoltadaparaoReferente"(aquireferenciadaapenascomoTeoriadoConceito)(DAHLBERG,1978). Outra contribuição importante, tambémdeDahlberg,é a defesado usodasCategorias- preconizadasporRanganathanno âmbitodaconstruçãodeTabelasdeClassificação-comoumasoluçãoparaaorganizaçãodosconceitosnumSistemadeConceitos,nãoimportaafinalidadedeaplicação.

Verifica-se,atualmente- devidoaessacorrentequeligaaTeoriadoConceitoàTeoriadaClassificação- umatendênciaparaum novotipode tes,auro o Tesauro-com-base-em-conceito.Estenovotes,auro oumelhor,estanovametodologiaparaaelaboraçãodetesauros,está,assim,fundamentadanasquestõesqueenvolvemoconceitoeascategorias,eédenominada,no momento,TesauroTerminológico(TÁLAMOet ai,1992).Segundooprincípiodaeconomia,recomendadoparaoprocessodedenominação,adota-seestenomeparao novoconceito.

4.3 PRINCíPIOS DA TEORIA DO CONCEITO

.ê.rocQ)E:JUooEQ)

:';? SegundoDahlberg(DALHBERG,1978,p.148)"o estabelecimento:J

.W deumaequivalênciaentreotermo(odefiniendum)eascaracterísticas.-' necessáriasde um referentede um conceito(o df!/zniens),com o" propósitodedelimitar o usodo termoem um discurso"resultana

A Teoriado Conceitopossibilitouum métodopara a fixaçãodoconteúdodo conceitoe paraseuposicionamentoem um SistemadeConceitos.Oconceitonãoémaisapenasum elementodesignificaçãodotermo:o termoacabasendoumelementodopróprioconceito- o"terminum"- , quesintetizao conceitocomoumtodoepermiteacomunicação,nestecaso,verbal.Destemodo,o tratamentolingüísticodadoaotermo,nostesauros,perdeseusentido.Nãoimporta,agora,seotermoéformadopor umaou maispalavras,seé constituídopor umsubstantivoouporum substantivomaisum adjetivoetc.oqueimportaéqueeledenotaum referente.Assim,trataro termocomorepresentantedeum referente,comsuascaracterísticas,é dar a eleum tratamentoterminológico.

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de70com I. Dahlbergem sua"TeoriaAnalíticado Conceitovoltadaparao Referente"(aquireferenciadaapenascomoTeoriadoConceito)(DAHLBERG,1978). Outra contribuição importante, tambémdeDahlberg,é a defesado usodasCategorias- preconizadasporRanganathannoâmbitodaconstruçãodeTabelasdeClassificação-

comoumasoluçãoparaa organizaçãodosconceitosnum SistemadeConceitos,nãoimportaafinalidadedeaplicação.

Verifica-se,atualmente- devidoaessacorrentequeligaaTeoriadoConceitoàTeoriadaClassificação- umatendênciaparaum novotipode tesauro,o Tesauro-com-base-em-conceito.Estenovotesauro,oumelhor,estanovametodologiaparaaelaboraçãodetesauros,está,assim,

fundamentadanasquestõesqueenvolvemoconceitoeascategorias,eédenominada,no momento,TesauroTerminológico(TÁLAMOet aI,1992).Segundooprincípiodaeconomia,recomendadoparaoprocessodedenominação,adota-seestenomeparao novoconceito.

4.3 PRINCíPIOS DA TEORIA DO CONCEITO

'"'L:,'"cQ)

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~ SegundoDahlberg(DALHBERG,1978,p.148)"o estabelecimento::J

,SO deumaequivalênciaentreotermo(odrfiniendum) eascaracterísticas.-' necessáriasdeum referentedeum conceito(o d~j1niens),comoII propósitodedelimitar o usodo termoem um discurso"resultana

A Teoriado Conceitopossibilitouum métodopara a fixaçãodoconteúdodoconceitoe paraseuposicionamentoem um Sistemade

Conceitos.Oconceitonãoémaisapenasum elementodesignificaçãodotermo:o termoacabasendoumelementodopróprioconceito- o"terminum"- , quesintetizao conceitocomoumtodoepermiteacomunicação,nestecaso,verbal.Destemodo,o tratamentolingüísticodadoaotermo,nostesauros,perdeseusentido.Nãoimporta,agora,seotermoé formadopor umaou maispalavras,seé constituídopor umsubstantivoouporum substantivomaisum adjetivoetc.oqueimportaéqueeledenotaum referente.Assim,trataro termocomorepresentantedeum referente,comsuascaracterísticas,é dar a eleum tratamentoterminológico.

Page 101: linguagem documentaria

definiçãodesteconceitodentrodeum sistema.Assim,adefiniçãonãoémais colocadaem segundoplano,como um recursoauxiliar paraminimizardúvidasque,poracaso,possamvir aocorrernousodotermo;lá é inseridanotesaurocomoum tipodenotadeaplicaçãoecolocadacomoum recursoparaestabelecerasfronteirasdaintençãodoconceito.Adefiniçãopossibilita,alémdafixaçãodoconceito,seuposicionamento

nopróprioSistemadeConceitos."

4.3.1 Modelo para a construção do conceito

Dahlberg,emseustrabalhossobreaTeoriadoConceito,propõeumanovadefiniçãopara "Conceito", que vai de encontroà definiçãoapresentadapela Teoria Geral da Terminologia e adotadapelaISOrrC-37(ISO/DIS704- 1993).Define-se"Conceito",emgeral,comouma"unidadedepensamento".Estadefiniçãofoi adotada,noâmbitoda Terminologia,por Wuestere pela ISOrrC-37.Em princípio,podepareceradequada,mas,apósuma análisemaisespecíficadostermosqueacompõem- nocaso,"unidade"e "pensamento"- verifica-sequeaíseinstauraum problemadeapreensãodessesprópriosconceitosqueprecisaseridentificado.Apesardeserevidentequeconceitossãounidades,seforemconsideradoscomo "unidadesdepensamento",parece que tal unidade não será entendida de forma precisa,permanecendoalgosubjetivo,"algo queestána cabeçade alguém"(DAHLBERG,1978,p."143).Dahlbergpropõe,então,que"Conceito"sejadefinidocomo"unidadedeconhecimento",poisconhecimentopressupõeumentendimentomaisobjetivodealgoobservável,eapresentao quechamade"Modeloparaa ConstruçãodeConceitos"(Figura5).

Sabendo-sequeo homemtemcapacidadedefazerafirmações.9

corretassobreascoisasreais(itensempíricos)e sobreidéiasquesó "~existememsuamente,elepodefazerafirmaçõesverdadeirassobreesses8itens.Seoconhecimentopodeserconsideradoatotalidadedeproposições.g

tO

verdadeirassobreo mundo,existindo,em geral,nosdocumentosou "§11)

nascabeçasdaspessoas,podeparecerqueexiste,também,emtodasas...afirmaçõesverdadeiras(emtodososjulgamentos)e emtodasas _

Page 102: linguagem documentaria

'"'':.",C(IJ

E::JUoOE(IJ00'"::J00C

:.::;.

proposiçõescientíficasqueobedecema um postuladodeverdade,Istopressupõea aceitabilidadeeo reconhecimento,porindivíduosdeumamesmaáreade interesse/profissão/especialidade,dessasproposiçõescomoverdadeirase passíveisdeseremcomunicadasatravésdeumaformaverbal(DAHLBERG,1978,p. 143).Assim,aodefiniro conceitocomouma unidadedeconhecimento,quecompreendeafirmaçõesverdadeirassobreum dadoitemdereferênciarepresentadosobformaverbal,Dahlbergconsideraa existênciade trêspassosenvolvidosnaformaçãodoconceito:a) opassoreferencial,b) opassopredicacionalec)opassorepresentacional.Estespodemser"representadosgraficamentena formadeum triângulo" (DAHLBERG,1978,p. 144),

1----------------------------------------1 UNIVERSO DE ITENS: IDÉIAS, OBJETOS, :: FATOS, LEIS, PROPRIEDADES, AÇÕES ETC, 1I 11 I

1

ACERCA DO

SÍNTESE DE ASSERÇÕES EM FORMA VERBAL:TERMO OU NOME

r ~I USO DA FORMA VERBAL NO UNIVERSO I

: DOS DISCURSOS (APLICAÇÕES) :~ ~

Figura 5 - Modelo para a construção dos Conceitos(DAHLBERG,1978).

Page 103: linguagem documentaria

o Conceitoem Dahlbergé formadopor trêselementos,a saber:o

referente,ascaracterísticase a forma verbal,quepodemassimserrepresentados:

A REFERENTE

P"d""~""O"'ãO .CARACTERÍSTICASB C FORMAVERBAL~

Designação

ParaDahlberg,o processodedeterminaçãodo conceitosedá nomomentoemqueéselecionadoum itemdereferência- umreferente-

eanalisadodentrodeumdeterminadoUniverso.Apartirdaí,atribuem-sepredicadosaoreferente,selecionandocaracterísticasrelevantes.Estas

devemauxiliar noprocessodedes~gnaçãodeumaformaapropriada,quedenotaoconceito.Assim,oconceitosópodeserdeterminadoapartirdareuniãodetodosesseselementosqueo compõem.

4.3.2 Categorização e relações conceituais

.9'cvuc:oUo

Ascategoriaspossuemapropriedadedepossibilitar asistematização ~de todo o conhecimento da realidade e podem ser identificadas no 2~momentodadeterminaçãodoconceito,aosereminferidaspredicações.verdadeirasefinaisarespeitodeum itemdereferênciadestarealidade '

o 11..'10dascategoriaspara a organizaçãodeconceitosem umadeterminadaáreade interessefoi introduzidopor Ranganathannoâmbito da documentação,a partir de sua Teoriada ClassificaçãoFacetada,naqualutilizaanoçãodecategoriaparaaanálisedosassuntoscontidosnosdocumentoseparaaorganizaçãodoscomponentesdessesaSsuntos(isolados)em um sistemadeclassificação(verCapítulo2).Dahlbergutiliza,também,anoçãodecategoriasobdoisaspectos:como

um recursopara o entendimentoda naturezado conceitoe para aformaçãodeestruturasconceituais.OsdoisaspectosemDahlbergnãose apresentamde forma excludente,muito pelo contrário, sãocomplementares.

Page 104: linguagem documentaria

observada.Asafirmativasfinais devemserfeitaspassoa passoporexemplo:

Comocategorizarumjornalsemanal?Umjornalsemanaléumjornal.Umjornaléumdocumentopublicadoperiodicamente.Umdocumentopublicadoperiodicamenteéumdocumento.Umdocumentoéumveículodeinformação.Umveículodeinformaçãoéumobjetomaterial(DAHLBERG,1978a,p.21).

Ora,essas predicaçõessãoumdoselementosdoconceito- ascaracterísticas- queestãopresentesnadefinição.Características,paraDahlberg(1978a,p. 16),sãopropriedadesdosobjetosque,noníveldoconceito,passama sertambémcaracterísticasdo conceito.Elassedividemem: característicasnecessárias/essenciaise características

acidentais.Ascaracterísticasessenciaisservemparadefinir conceitos

gerais.Osconceitosespecíficoseindividuaissãodescritosadicionando-seàscaracterísticasessenciaisasacidentais.Possuemtambémuma

funçãodeessênciaconstitutiva(terumasubstância,terumaestrutura)edeessênciaconsecutiva(terumapropriedadefísica,química,elétrica).Ascaracterísticasacidentaispodemseracidentaisgerais(terumacertaforma, ter um certo defeito, ter uma certa cor) e acidentais

individualizantes(ter uma certalocalização,ter um certo tempo)(DAHLBERG,1978a,p. 16).

Ascaracterísticassãolimitadaspor relaçõesdediferentesespécies,

classificadasem quantitativase qualitativas.A espéciequantitativa.~ comparadoisconceitosdopontodevistaestritamenteformal;aquiestão~ incluídasasseguintesrelações:deidentidade,deinclusão,deinterseçãoE e dedisjunção.A espéciequalitativaconsideraos aspectosformal e:J

g material,podendoserclassificadascomo:relaçãoformaVcategorial;oE relaçãomaterial/paradigmática; relaçãosintagmáticafuncional~ (DAHLBERG,1978a,p. 18).Estaredederelaçõesconstituiosistemade:J .~ conceitos.

:.::;. A relaçãoformal-categorialdependecompletamentedaespéciedeitemdereferênciaqueseestáanalisando.Dahlberg(1978a,p.19)cita

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algumasespéciesdeitensesuascombinações:fenômeno,objetosgerais,objetosmateriais,quantidades,qualidades,comparações,operações,estados,processos,períodos,posições,lugaresnoespaço.Estarelaçãoreúneosconceitosdentrodeumamesmacategoria.Istoocorreporquetaisconceitossãotodosdemesmanatureza,ouseja,apartirdaanálisedoconceitoascaracterísticasessenciaislevamàmesmacategoria.

A relaçãomaterial-paradigmáticapermiteorganizarconceitosde

mesmanatureza,ouseja,aquelesqueestãonointeriordeumacategoria.Podeserhierárquica,partitivae de oposição.A relaçãohierárquicabaseia-sena relaçãológicadeimplicaçãoeédedoistipos:relaçãodeabstração(relaçãogênero-espécie)e relaçãolateral (relaçãodosconceitosnorenque).Arelaçãopartitivaexisteentreotodoesuaspartes,e aspartestambémpodemestarrelacionadasentresi. A relaçãodeoposiçãopodeserdetrêsespécies:relaçãodeoposiçãocontraditória,

relaçãodeoposiçãocontrária,relaçãopositiva-indiferente-negativa.

Arelaçãofuncional-sintagmáticasedáentreconceitosdediferentescategorias.Apartirdeumconceitoquedenoteumprocessoouoperação,leva a conceitosquesuplementamessasações,como na seguinteseqüência:produção-produto-produtor-compradoretc.

Dahlbergenfatizaa importânciafundamentalda Categorianaestruturaçãodoconceitoedosistemadeconceitos:

.9'Q)uc:oUo

"1:)'"

Nestaseção,registram-seasexperiênciasdeorganizaçãodetesauros]que,alémda adoçãodosprincípiosdeclassificação,incorporamas.contribuiçõesdaTenninologiae,maisespecificamente,daTeoriadoConceito.

Podemosverqueascategoriastêmumacapacidadedeestrutura:nãoapenasestruturam,defato,todososnossoselementosdeconhecimentoe unidades

doconhecimento;elasfornecem,aomesmotempo,porestemeio,oesqueleto,osossose tendõesparaestruturartodoo nossoconhecimento.Comseuuso

consciencioso,então,o corpodonossoconhecimentopodesemanterunido,

podesemover,podese manter flexível - e podecrescerorganicamente(DAHLBERG,1978a,p.34).

4.4 TRABALHOS REALIZADOS

Page 106: linguagem documentaria

4.4.1 Estudo-Piloto de Tesauro para aDeutsche Bibliothek

Em1977,Dahlbergfoiencarregadadedesenvolverumestudo-pilotocomoobjetivodeorganizarumtesaurogeralparaaDeutscheBibliothek.Ela investigouo tipoea formadostermosusados,naquelabiblioteca,para a descriçãodosassuntos,visandoa testarsuaadequaçãocomoelementosdeum tesaurogeralparabibliotecas.Em1989,publicaumestudo-pilotona áreadeEsporte,por seruma áreaquepossuíaumnúmerodetermosnãomuitoelevado(cercade130)(DAHLBERG,1980).A partir destaproposta,constrói, inevitavelmente,um sistemade

conceitos;ao mesmotempo,cria uma tabelade classificação,nomomentoemqueatribuium códigoacadaconceitona tabela.Nestaparte,queé a sistemática,eladeixaevidente,atravésda notação,asrelaçõesgenérico-específicas.Quandootermoespecíficoéconsideradonão-preferidonosistemaderecuperação,devidoàpolíticadeindexaçãoadotada,eleaparecena partesistemática,semnotação,precedidodosímbolopeculiarderemissiva.

Dahlbergempregamaissímbolosdoqueostesaurostradicionais,deixandomaisevidentesostiposderelaçãoeasdecisõesligadasàpolíticadeindexação.Osconceitosestãoorganizadosnapartesistemáticadentrodeclassestradicionaisdeassunto,no interiordasquaisosconceitosestãoorganizadosporcategorias.Apartealfabética,queéotesauroemsuaformatradicionaldeapresentação,servedeíndicetambémparaatabeladeclassificação.Nela,asrelaçõesconceituaissãotambémmuito

'" maisevidenciadasdoquenostesaurosatéentãopublicados.Dahlberg~ estabeleceumadiferençaentreostiposderelação,empregandoletrasc

~ maiúsculasparaasrelaçõesentreconceitoseletrasminúsculasparaasg relaçõesdeequivalêncialingüística.Elaevidenciaasseguintesrelações

~ conceituaisQ)00'";:)00c

:.::;

· RelaçãoGenéricadeAbstração,indicadapelossímbolos:. OOberbegriff(conceitosuperordenado)

U Unterbegriff(conceitosubordinado)

Page 107: linguagem documentaria

· Relaçãopartitiva,indicadapelossímbolos:

GGesarntbegriff(conceitoabrangente)

BBestandbegriff(conceitopartitivo)

· RelaçãodeOposição,indicadapelosímbolo:

KKomplementarbegriff(conceitocomplementar)

· RelaçãodeFunção,indicadapelosímbolo:

FFunktionsbegriff(conceitodefunção)

Asrelaçõesdeequivalêncialingüísticasãodiferenciadassegundoseutipoem:

· Termonãopreferido,indicadopelosímbolob = benutze(use)

· Termoantigo,indicadopelosímbolov = vetus(antigo)

· Termonovo,indicadopelosímbolon = novus(novo)

· Termosinônimo,indicadopelosímbolos= synonyme(sinônimo)

· Termoquasesinônimo,indicadopelosímboloq= quasisynonyme(quasesinônimo)

Ostermosespecíficosnãopreferidosemdecorrênciadapolíticadeindexaçãoadotadasãoremetidosaoconceitosuperordenado,o qualéprecedidoporumacombinaçãodesímbolos,indicandoquesetratanãodeum equivalentelingüístico(porexemplo,sinônimo),masdeumaequivalênciaartificial,exigidapelosistemaderecuperação,comoporexemplo:

Alpinistik

bOBergsteigen

Bergsteigen58423

OWandern

UAlpinistic(DAHLBERG,1980,p.62)

Page 108: linguagem documentaria

4.4.2 Experiências norte-americanas

ANasafoi pioneirana construção,detesauros,tendoempregadotécnicasdefacetação.Passadosmaisde30anos,ela continuasendo

pioneira.Buchan(1989),lexicógrafodoserviçodeinformaçãotécnicaecientíficadaNasa,registraoesforçoquevemsendofeito,desdeo iníciodadécadade80,nosentidodeincluir definiçõesdostermosdotesauro,tentandocombinardicionáriocom tesauro.Váriosoutrostesauros,ligadosa órgãosdeadministraçãofederaldosEstadosUnidos,estãoseguindoessaorientação:TheComputer DatabaseThesaurus&Dictionary, TheManagement ContentsDatabase Thesaurus&Dictionary,theEnergyDatabaseSubjectThesauruseDTICThesaurus

(DTICRetrievaland Indexing Terminology.A inclusão dedefiniçõesnostesauroséumatentativademelhorararecuperaçãodainformação."Começarcomuma estruturade tesauropodeajudarna redaçãodeumadefinição.Começarcomumadefiniçãopodeajudaracompreendermelhorahierarquiadeum termonotesauro"(BUCHAN,1989,p. 173).Odicionárioestásendovistocomoumaferramentacomplementaraotesauro.Emboraaclientelaatendidasejadealtonível,a maioriadosusuáriosnãoéespecialistaemtodososcamposeainformaçãodotesaurojunto como dicionáriotemsidovaliosa."O valordostesaurose dos

dicionáriosnãoselimita àbuscapormeiodevocabuláriocontrolado.A

buscano textoé melhoradapeloconhecimentoqueos tesaurosedicionáriostrazem"(BUCHAN,1989,p. 175).

4.4.3 Tesauro de literatura'"

~ Nosprimeirosanosdadécadade80,aBibliotecaNacionalincluiu

~ emsuaprogramaçãoumprojetoparasistematizaçãodoscabeçalhosde:J

g assunto.Issosignificavaidentificarosconceitospresentesnoscabeçalhos,~ isolá-losafim deincluí-losemum Tesauroemsuadevidaposiçãonas~ classese prescreveruma ordemdecitaçãoparaquetermos/conceitos~ formassemosassuntosdosdocumentos(cabeçalhossistematizados).A

II~ áreadeLiteraturafoi escolhidacomoPilotoporapresentarum númeroI; nãomuito elevadodetermos(aproximadamente300) (GOMESetal.,

Page 109: linguagem documentaria

1985).Foramidentificadas22facetas,sendo17dedicadasàLiteraturapropriamentedita (Teoria,Criadores,Gênerosliterários)easdemaisà

Técnica(Narrativa),Estilística(Retórica,FigurasdepensamentoeFigurasdeDicção)eVersificação.Estaseqüênciadefacetasdeveriaseradotadacomobaseparaaordemdecitaçãonaformaçãodocabeçalho.AordemPMESTpodeserali identificada:

Personalidade:AutoresMatéria:GênerosLiterários

Energia:Narrativa,EstilísticaeVersificaçãoTempo:Tabeladeperiodização

A faceta Espaçoestápresenteapenascomo qualificador paraespecificaraLiteratura:Literaturalatino-americana,Literaturaafricana,Literaturabrasileiraetc.Asdefiniçõessãoapresentadasemanexoemborasemmuita sistematização.Comesteestudo,a BibliotecaNacionalpretendiacriar um instrumentodinâmico(passíveldeincluir/excluirtermos)e prescritivo(a ordemdostermosestariadecididaapriori),eliminando,comisto,asinconsistênciaseasexceções,tãocomunsnaslistasdecabeçalhosdeassunto.

4.4.4 Método Relacional

Em 1986,Motta(1987)propõeemsuadissertaçãodeMestradoumnovométodoparaestabelecerrelaçõesemsistemasconceituais.Com

basenaTeoriadoConceito,elausaadefiniçãointencionalcomopontodepartidaparaoestabelecimentoderelaçõesconceituaise lingüísticase, também,parao mapeamentodeáreasdeassunto.AssumindoumprincípiodaTerminologia,segundooqualosconceitossedefinemuns

. em relaçãoaosoutros,formandoum sistema,elaestabelecerelaçõesentre os conceitosa partir da presença,em cada definição, decaracterísticasquetambémsãorelevantescomoconceitos,naáreade

EconomiaIndustrial. Em outraspalavras,na definição,para cadacaracterísticaquea integrae que,também,sejaum conceitodaárea,estabelece-seumarelaçãonotesauro.

Elaempregaosseguintessímbolosparaindicarasrelações:

.9'(jjuc:oUo"O'""§~

.

Page 110: linguagem documentaria

'".;::,'"CQIE:JUoOEQI00'":J00c:

:.::;.

up=remissiva dotermonãopreferido

USE =remissivaparaotermopreferido

TG=termohierárquicosuperior

TE=termohierárquicoinferior

TGP= termopartitivosuperior

TEP=termopartitivoinferior

TA= termoassociado

Apesarde mantera nomenclaturatradicional em tesauros,elaidentificaasdiversasrelaçõesnomeadascomoassociativas.Porexemplo:

· RelaçãodeCausalidade

CRESCIMENTOECONÔMICO

TADESENVOLVIMENTOECONÔMICO

· RelaçãoInstrumental

POLÍTICAMONETÁRIA

TATAXADEJUROS(instrumentodepolíticamonetária)

· RelaçãodeInfluência

POLÍTICAMONETÁRIA

TAINFLAÇÃO

· RelaçãodeOposição

EMPREGO

TADESEMPREGO

· RelaçãoInterfaceta

NÍVELDEATIVIDADEECONÔMICA

TAPOLÍTICAMONETÁRIA

Page 111: linguagem documentaria

Nesteúltimo exemplo,NÍVELDEATIVIDADEECONÔMICA,porserum dosconceitosembutidosnadefiniçãodePOLÍTICAMONETÁRIA,faz-sea associaçãoentre ambosos termos,ainda que POLÍTICAMONETÁRIAnãosejaumdosconceitosconstantesdadefiniçãodeNÍVELDEATIVIDADEECONÔMICA.Especificamentenesteexemplo,está-sediantedeumarelaçãoquesepoderiachamarde"relaçãointerfaceta",já queosdoistermosassociadospertencemaduasfacetasdistintas,ouseja,POLÍTICAMONETÁRIA,à faceta INSTRUMENTOS,e NÍVELDE

ATIVIDADEECONÔMICA,àfacetaCoisa(MOTTA,1987,p.49).

ARelaçãoInterfacetaéexplicadapelaautoradaseguintemaneira:

&tarelaçãosedáquandootennoBéa&')(JCiadoaAporqueAjáhaviasidoassociado

aBpreviamente,pelofatodeAserumadascaracterísticasdeB,esemqueseja,

necessariamente,umadascaracterísticasdeA(MOITA,1987,p.49).

· RelaçãoAtributiva(relaçãoidentificadaatravésdosatributosqueascoisaspossuem):

ECONOMIA

TANÍVELDEATIVIDADEECONÔMICA

RelaçãodeAssociaçãoImplícita (naquelescasosemquea relaçãoentreum conceitoesuacaracterísticanãoseconfiguravaemnenhumdoscasosanteriores,nem era uma relaçãológicaou partitiva, foiatribuídaestadenominação):

AGRICULTURA

TAALIMENTO

Oempregodadefiniçãosemostrouútil, também,na identificaçãodesinônimos,porexemplo:MercadodeCapitais= MercadoFinanceiro(termosquetiveramdefiniçãoidêntica).

B'ã)uc:ouo

"'C.~o~

Em 1989,atravésdo ProgramaNacionalde Bibliotecas_Universitárias-PNBU,quetemcomoumadesuasfinalidadesproveras...4.4.5 Tesaurode Engenharia Civil

Page 112: linguagem documentaria

bibliotecasuniversitáriasdeTesaurosnasdiversasáresdoconhecimento,

foi desenvolvidoum tesaurodeEngenhariaCivil.OTesaurotevecomo

baseparaseudesenvolvimentoaTabeladeClassificaçãoemEngenhariaCivil, desenvolvidaem 1987para o curso de Pós-GraduaçãoemEngenhariaCivildaUniversidadeFederalFluminense(CAMPOS,1987).

ATabelaéumsistemadeclassificaçãofacetadacomáreadeconcentraçãoemConstruçãoCivil,comcercade300conceitoshierarquizados.Aáreade abrangênciado Tesauro,da mesmaforma que a TabeladeClassificação,évoltadaparaaáreadeConstruçãoCivil.Destaforma,no

processodeelaboraçãodoTesauro,foi tomadacomopontodepartidauma estrutura facetadade conceitosque influenciou não só a

metodologiadeelaboraçãodetesauro,mastambémaestruturaçãodosconceitos.Obedecendo,assim,aessescritérios,olevantamentodostermos

sedeu,noprimeiromomento,apartirdaTabelajácitada.Masalgunsajustesforamnecessáriosdevidoàfunçãodecadainstrumento,nocaso,aTabelade

ClassificaçãoeoTesauro,comofoimencionadopelosprópriosautores:

Verificou-se,porém,que,dos300conceitosexistentesnaTabela,algunspre-cisavamseranalisadosemsuadenominação,vistoqueostesaurostrabalham

comtermos,diferentementedastabelasdeclassificação,cujopontoessencialé anotação,ouseja,a notaçãorepresentao conceito,substituindoo termo.

Numsegundomomentofoirealizadoumlevantamentojuntoà literaturatécnico-científicadaárea,ondeseverificouaexistênciadealgunsproblemasterminológicos:oraumdadotermoerausadonaliteraturaparadesignarumprocesso,oraparadesignarumproduto.Porexemplo:apalavraConstrução,naEngenhariaCivil,oraévistacomooprocessodeconstruir,oracomoa

.ê coisaconstruída(CAMPOS,MOREIRA,1989,p.6).,.."

~ OTesauropossuiumapartesistemáticaeumapartealfabética.Na§ partesistemática,ostermosestãodispostosemfacetas,subdivididosem8 classesesubclasses,obedecendoaumaseqüênciaútil estabelecidapelo

~usuário.Asfacetasadotadasforamasseguintes:Construção,Estrutura,~ ElementosdeConstrução,Material,Propriedade,Fenômeno,Processo,:§ Métodose Técnicas,Equipamento,Grandeza,Profissõese Ocupações,.Ramosda Ciência,Documentos.Napartealfabéticaforam estabelecidos

quatrotiposderelaçõesentreosconceitos,comseusrespectivossímbolos:

Page 113: linguagem documentaria

RelaçãoGenérico-Específica

TG TermoGenérico

TE TermoEspecífico

RelaçãoPartitiva

TGPTermoGenéricoPartitivo

TEP TermoEspecíficoPartitivo

RelaçãoAssociativa

TA TermoAssociado

RelaçãodeEquivalência

up usadopor

up+ usadopor,emconexãocomoutrotermo

USEpararemeteraotermopreferencial

A RelaçãoAssociativaocorreentreum conceitoe uma de suascaracterísticas,presentenadefinição,quandoelaétambémumconceito.ARelaçãodeEquivalênciaocorreentresinônimosequase-sinônimos.Umavezqueaunidadedetrabalho,nesteTesauro,éoconceito,nãose

admiteafatoraçãosintática.A(atoraçãosemânticaéutilizadasomentenoscasosemquea unidadelexical,solicitadapelosusuários,contiverdoisconceitos.Quandoistoocorre,usa-seo símboloup+. Exemplo:

Estruturadeconcretoarmado

USEESTRUTURAARMADA

USECONCRETO

ESTRUTURAARMADA

up+ Estruturadeconcretoarmado

B'Qjur:::oUo

-o'"

'§~.up+ Estruturadeconcretoarmado

CONCRETO

Page 114: linguagem documentaria

otesaurofoi elaboradorespeitandoosprincípiosdeclassificação;adotou-se,destaforma,o recursodecriarnomesartificiais,necessários

paradesignarumaclassegera!.Quandoistoocorre,o termoéseguidopelosinal+, nãopodendoserusadocomotermodeindexação.Asnotasdeaplicaçãotambémsãousadasparaorientarousuárioquantoaousodotermonaquelecontexto.Porém,sóocorremquandoostermostêmseusignificadorestringidoouampliado.Quantoàordemdeprecedênciaentreasfacetas,foi adotadaaquelaqueapresentasseuma seqüênciaútil paraa áreaemquestão,podendo"serutilizadaemsistemaspré-coordenadosparasistematizara formaçãodecabeçalhosdeassunto"(CAMPOS,MORElRA,1989,p.4) .

4.4.6 Manual de elaboração de tesaurosmonolíngües

O Manualde ElaboraçãodeTesaurosMonolíngüesfoi fruto dosprojetosrealizadosno Programade Pesquisa,EstudosTécnicoseDesenvolvimentodeRecursosHumanosparabibliotecasdasInstituiçõesdeEnsinoSuperior- PET,noâmbitodoPNBU- PlanoNacionaldeBibliotecasUniversitárias(GOMESeta!.,1990).OTesauroévisto,nesseManual,comoumsistemadeconceitos.Assim,otermodenotaoconceito

e, portanto,esteé o pontodepartida para estabeleceras relaçõesconceituaisedeterminaraformaverbalmaisadequadapararepresentá-10.Oconceitoé entendidocomo"unidadedeconhecimento",comopropõeDahlberg(1978),incluindoadefiniçãocomoelementoessencialparaafixaçãodoconceito.

C"d

~ Outroprincípioadotadoparaaorganizaçãodosconceitosemclasses~ esubclasseséo dacategorização,sendoCategoriaali entendidacomo:I

~ conjunto mais abrangentede idéias/conceitos.Paraestruturaros

~ conceitos,seusautoresadotamprincípiosdaTeoriadaClassificaçãoe~ daTeoriaGeraldaTerminologia,quesãoconvergentesemmuitoscasos.~ AsrelaçõesadotadasnoManualsãoreunidasemtrêsgrandesgrupos:

:.::;

.

Page 115: linguagem documentaria

Relaçõeslógicas

Relaçãogenérico-específica

Relaçãoanalítica

Relaçãodeoposição

Relaçõesontológicas

Relaçãopartitiva

Relaçãodesucessão

Relaçãomaterial-produto

Relaçãodeefeito

Relaçãodecausalidade

Relaçãoinstrumental

Relaçãodedescendência

Asrelaçõesdeequivalênciasãovistasnapartededicadaaosaspectoslingüísticos do tesauro,ao lado da homonímia e polissemia.Orelacionamentogenérico-específicoé indicadopelossímbolosTG/TE,respectivamente.Orelacionamentopartitivoé indicadopelossímbolosTGp,paraoTermoabrangente,eTEPparaotermopartitivo.OsdemaisrelacionamentossãoindicadospelosímboloTA- Termoassociado.

OManualsugerequeosTesaurosseapresentemsobduasformas:

sistemática,acompanhadadaapresentaçãoalfabética,ouplanigráfica,

acompanhadada apresentaçãoalfabética.É iRteressantenotarqueapartealfabéticanãoéapresentadacomoparteprincipal.Dedica,ainda,um capítulopara o usodeTesaurosem sistemaspré-coordenados,tomandocomobaseaOrdemdeCitaçãodasCategorias.

.9'Qjuc:oUo".~o

Page 116: linguagem documentaria

.5 PRINCíPIOS COMUNS ENTREAS TEORIAS

EsteCapítulotemporobjetivoacomparaçãodasteoriasanalisadasnoscapítulos2, 3 e 4,paraverificaro queexistedesemelhanteentre

elas e o que é próprio de cada uma, levando em consideração,principalmente,a baseteórico-metodológicautilizadana elaboraçãodeestruturasclassificatóriasparaaslinguagensdocumentáriasverbaisenotacionais.Oencaminhamentoadotadoéaquelequedeixaevidente

oselementosconstitutivosdaestruturaclassificatória,ouseja,conceitosetermos,relaçõesentreosconceitosesistemasdeconceitos.

5.1 CONCEITOS ETERMOS

ConceitoseTermossãoapresentadosnumaúnicaseçãoporque,neste

estudo,sãoelementosquenãosedissociam.Aseguir,algumasquestõessecolocamaesterespeito.

5.1.1 Forma de abordagem onomasiológica

O primeiro aspectocomum àstrêsáreasestudadas- TeoriadaClassificaçãoFacetada,TeoriadoConceito,TeoriadaTerminologia- é

aformadeabordagemdotermonoesquemadeclassificação,notesauro ~enaterminologia.Noatodolevantamentodostermos,paraorganizar'§

Q)

os instrumentosde representação/recuperação/comunicaçãoe para ~indexardocumentos,ostermossãotomadoscomumsignificadopróprio, :dadopelocontexto.Essesignificadoéquevaisertrabalhado,ouseja,o ~tratamento do termo é feito a partir dessesignificado assumido ~

previamente. Isso determina a abordagem adotada que é Eoonomasiológica,aocontráriodaabordagemsemasiológica,daáreada ULexicografia,quetomacomopontodepartidaapalavra,comseusváriossignificados.A abordagemonomasiológicaincorpora,obviamente,o

referenterepresentadopelotermo.

V>o'5-'ucQ:

.

Page 117: linguagem documentaria

5.1.2 A ligação linguagem-pensamento-realidade

Quandoa apropriaçãodostermossedávia significadofornecido

pelocontexto,coloca-sea questãoda ligaçãolinguagem-pensamento-realidade.O termoguardauma relaçãomuito própriacoma áreadeespecialidadenaqualestáinserido,poiselerepresenta,emsua formaescrita/oral,oconhecimentoapreendidodeumarealidadeconcretaouabstratapelosmembrosdaáreadeespecialidade.Defato,estarelaçãosedáviaconceitos,e nãoentrepalavras,por causada relaçãodiretaentreo conceitoe o termo,istoé,um conceitoé representadoporum

termoeestetermoéusadoparadesignaraqueleconceito.

Wüesterapresentaestaquestãoquandodiz queo conceitoé umaunidadedepensamento.Paraaformaçãodestasunidadesénecessárioqueexistaum indíviduoquepensesobredados/fatosdeumarealidadeconcretaou abstrata.O conceitoformadona mentedesseindivíduo

precisadeumsímboloquepermitasuacomunicação- o termo.Eledeveserprecisoe biunívoco,propriedadesquepermitemestabelecera

ligaçãolinguagem-pensamento-realidade.

Ranganathan, ao estabeleceros três planos de trabalho dadocumentação,apresentao PlanoIdeacionalcomoum espaçoonde

estáa totalidadedasidéiasproduzidaspelahumanidade,a partir daobservaçãoda realidade.No âmbitoda comunicaçãodessasidéias,apresentaoPlanoVerbaleoPlanoNotacional,noescopodalinguagem

~ enoescopodacomunicação,respectivamente,porqueparaeleanotaçãooro

C éo termo.Q)

E

i3 Nostesaurostradicionais,pelainexistênciadeumateoriaconsistente,c3 estaquestãonãosecoloca.Porém,nostesaurosterminológicos,coma

~ adoçãoda Teoriado Conceito,na qualo conceitoé vistocomouma~ tríadereferente-caracterÍstica-termo,arelaçãolinguagem-pensamento-::::I

.~ realidadeocorredeformamaisconsistente,pelofato,inclusive,de-' incorporaroreferente.

.

Page 118: linguagem documentaria

5.1.3 A questão da monossemia absoluta

Amonossemia- um termodesignandoum únicoconceito- éumaexigênciada terminologiae do tesauro.Paraoslingüistas,istotalvezpareçaum absurdo,masparaoambienterestritodeCiênciaeTecnologiaa monossemiadevee podeexistir. Essaé uma característicada

Terminologia,queéprescritiva,oqueadistinguedaLexicografia,queédescritiva.Nasclassificações,entretanto,o "termo" é a notação,que

garanteuma relaçãounívocaentreo conceitoe suadenominaçãoe,maisainda,permiteexprimirumconceito,mesmoque,paraele,aindanão existauma denominação.Esseé um dospontospositivosda

classificação,quelheconfereflexibilidadeehospitalidade,seadotadososprincípiosdoPlanoNotacionaldeRanganathan.

Emboraamonossemiaabsolutasejaum idealinatingível,esteideal

é possíveldentrodeuma áreado conhecimentoou deuma línguaespecial.Pode-sefalar, nestecaso,de monossemiarelativa, ouunivocidaderelativa,uma vezqueo termo,comorepresentantedo

conceito,édependentedaáreadeconhecimentonaqualestáinserido,eo conceito,por suavez,é fixadoa partir dospropósitosdosistemade

comunicaçãoqueestásendoorganizado.

5.1.4 Imprecisão do conceito de "termo"V>!'ti

Nostesaurostradicionais,aodefinir "termo"comoumapalavra '§

ougrupodepalavras pararepresentarum conceito,asquestõesquese ~apresentamsãodenaturezalingüística,taiscomo:ousodosingularou ~QJ

doplural,a formadotermo(composto,pré-coordenado)etc.Nosma- ~nuaisenormasdetesauros,o conceitoéapresentadocomo"algocon- ~c:

cebidonamente",comosehouvesseumúnicopensamento,umaúnica Eformadopensar.Oconceito,entendidodessaformavaga,érepresentado8pelotermooudescritor,semqueseestabeleçaqualquerrelaçãoentreo .2termoe o conceito.Naverdade,asquestõesrelativasao termosãode .§-c:

naturezalingüísticae é nesteâmbitoquesãotratadas.A fatoração ~

sintáticaeamorfológicasãoexemplosrepresentativosdestefato. 11

Page 119: linguagem documentaria

A TGTdefineo termocomoum representantedoconceito.Neste

sentido,elaavança,porqueo termo,sendoumaunidade,prescindedapreocupaçãoquantoaonúmerodepalavrasparadesigná-lo.Aquinãoexisteoconceitodetermocomposto,dafatoração,daquestãodonúmero,da inversãodoselementosqueconstituemo termoetc.Masaindasedefine o conceitocomo uma unidadede pensamento.Apesardeincorporaro objetoformal,esteconceitode "conceito" nãopermiteumacomprovaçãocientífica,porqueopensamentoéaquiloqueestánamentedecadaum.

NaTeoriadoConceito,oconceitoéumaunidadedoconhecimento,constituídoda tríadereferente-características-termo.Otermodenotao

conceito.Aqui a definiçãotemum papelrelevante,não apenasparacomprovarcientificamenteo conceito,masparafixar o conteúdodoconceitoeosignificadodotermo.

5.1.5 Precisão dos termos

Aquestãodaprecisãodostermosestárelacionadadiretamentecom

oconceitoquesetemde"termo".Nostesauros,háapreocupaçãocomaprecisãodostermos,dandoênfaseaotermopreferencial.Porestaremem um ambientederecuperaçãoda informação,ostermosdevemser

submetidosa controlesterminológicosrígidos,para possibilitaraprecisãona buscae/ou recuperação.A baseteórica dos tesauros

tradicionaisnão garantea precisãodostermospelo fato de queo~ tratamentodotermoprivilegia,quasesempre,o aspectolingüístico.

.r<J

~ Aterminologiatambémestápreocupadacomaprecisãodostermos,

~ porqueéumaexigênciadaCiência.NoambientedaCiênciaeTecnologiau

~ éprecisoqueosconceitosfiquembemestabelecidosparaacompreensãoE do termo,demodoapermitiremacomunicação.Assim,o tesauroea

~ terminologiatêmesterequisitocomum- aprecisãodotermo- porque~ um SistemadeRecuperaçãodeInformaçãotambéméumSistemadec

~ Comunicação.

11

Page 120: linguagem documentaria

Naclassificação,aunidadedetrabalhonãoédenaturezalingüística,poiso termonãoémaisrepresentadoporsímboloslingüísticos.Porém,aprecisãodotermo,mesmosendonotacional,existe.Esteaspectorecebeude Ranganathana devidaimportância, tendosido desenvolvidosprincípioseregrasparao PlanoNotacional.

5.1.6 Direção teórica para o conceito de termoe conceito

A Teoriado Conceitoé,semdúvida,aquelaque,atéo momento,ofereceo melhor suporte teórico-metodológico,no contexto darepresentação/recuperaçãodainformação,pararesolverasquestõesdoconceito e dar ao termo a sua devidadimensão.Possibilita a

representaçãodoconhecimento,umavezqueapresenta,comoum doselementosda tríade, ascaracterísticasdoconceito.Ascaracterísticas,selecionadasdentreaquelasconsideradasrelevantes,conformeospropósitosdo trabalho, evidenciamasrelaçõesentreosconceitos.Os

conceitosfixadoscomesterigor permitemcomunicaçõesprecisasnoâmbitodaCiênciaedaTecnologia.

5.2 IMPORTÂNCIA DAS CARACTERíSTICASDOCONCEITO E SEU USO

Osconceitosserelacionamentresi por existiremcaracterísticas~comunsentreeles.Sãoelasquedeterminamo tipode relaçãoquese '§

Q)

evidenciaentredoisou maisconceitos.Ascaracterísticasdoconceito ~V'>

são,então,fatorprimordialparao estabelecimentodasrelaçõesentre :conceitose seuposicionamentono SistemadeConceitos.Alémdisso, ~

Q)

auxiliamnaidentificaçãodoconceito,porquesãoestabelecidasapartir ~daseleçãodaspropriedadesrelevantesdeumdadoobjetoque,nonível Edoconceito,é conhecidocomoo referentedo conceito.NaTeoriada 3Classificação,Ranganathandesenvolveuma sériedecânonesparaa .Qa.identificaçãodascaracterísticas,a formaçãode renquese cadeias,a 'gsucessãodascaracterísticasno SistemadeConceitos.Porém,todaa ~

11

Page 121: linguagem documentaria

ênfasedadaaousodascaracterísticasvisaà elaboraçãodeestruturascIassificatóriasmaisconsistentes.

Poroutrolado,aquestãodousodascaracterísticasnaTeoriaGeraldaTerminologianãoficarestritasomenteaoposicionamentodoconceitono Sistema.Entretanto,elassãoutilizadas,principalmente,comoumelementoda definição,poisuma dasfinalidadesda terminologiaésolucionaraquestãodadenominaçãoe,paratanto,éprecisoqueestejabemclaroo significadodo termo,ou o conteúdodo conceito,queérepresentadoporum dadotermo.Umdosprincípiosda terminologia,adotado,inclusive,pelaEscolaSoviéticadeTerminologia,équeotermoévistocomoum membrodeumsistemaenãocomoumobjetoisolado.Acaracterísticadeum conceitopodesertambémconceito,estabelecerelaçãoentreosconceitosquetenhamumacaracterísticaemcomum.Issosignificaqueostermossedefinemunsemrelaçãoaosoutros.Porém,nãoépossíveldefinir,consistentemente,semseterumavisãodoSistemadeConceitosnoqualelesestãoinseridos.

Nosprincípiosqueregema elaboraçãodostesaurostradicionais,estadiscussãonãoacontece.O tesauroterminológico,entretanto,aotrazerno seubojo a Teoriada Classificação,a Teoriado Conceitoeprincípiosterminológicos,utiliza ascaracterísticascomoum elementoessencialparaoestabelecimentodasrelaçõesentreosconceitoseparaaformaçãodedefiniçõesquesãoparte integrantedestenovo tipo deinstrumento.

ra

~ 5.3 RELAÇÃO ENTRECONCEITOSCI)

5 AsrelaçõesapresentadasnastrêsTeoriasnão sãoexplicitadas/u

8 denominadasdamesmaforma.

~ A Teoriada Classificaçãoe a TeoriadaTerminologiaconsideram00

~ relaçõeslógicasasrelaçõesgenérico-específicasqueseformamapartir.~ do agrupamentodosconceitosem renquese cadeias.É interessante-'.salientarcomoosprincípios,nestaquestão,possuempontosbastante

Page 122: linguagem documentaria

semelhantes,inclusivenoprópriousodostermos"renque"e"cadeia",talvezporqueambasasteoriasadotamosprincípiosdaprópriaLógica.Ran,ganathan em sua Teoriada Classificação,diferentementedaTerminologia,nãoadotaaexpressão"relaçõeslógicas",masapresentaasrelaçõesgenérico-específicascomoum tipoderelaçãoquepossibilitaaformaçãoderelaçõeslógicas- cadeiaserenques.Emsuateoriaéqueparecemestarmaisbemdesenvolvidosospostuladosecânonesparaaformaçãoeoestabelecimentodeumaordemdecadeiaserenqueslógicos.Na Teoria do Conceito,esta relação é denominada de relaçãoparadigmática-material,incluindo a relaçãoparte-todo.A TeoriadaTerminologiainclui a relaçãoparte-todocomoum tipo de relaçãoontológica,quesedivideemdoistipos:relaçõesdecausalidadeerelaçõesdecontacto.Nestaúltima,a relaçãoparte-todoseinsere.

Poroutro lado,asdiversasrelaçõesclassificadascomorelaçãodecausalidadepor Wüesterestão,em suagrandemaioria,classificadascomorelaçõessintagmáticasfuncionaisem Dahlberg.Na TeoriadaClassificação,estetipoderelaçãonãoseapresenta,poisosEsquemasdeClassificaçãosó possuemasrelaçõesqueformamcadeiase renqueslógicosepartitivos,ouseja,ashierarquias.Apesardetodososesforçosnestesentido,ostesauros,deumamaneirageral,aprisionamemunspoucossímbolostodasasrelaçõesexistentesentreosconceitos.

ATeoriadaTerminologiaeaTeoriadoConceitoparecemapresentar,.~ocadauma,umafundamentaçãobemestabelecidaparaadeterminação~dasrelaçõesqueestãopresentesentreosconceitos.Entretanto,apesarde ;:;:

utilizaremumaformadeabordagemdiferente,nãosãoconflitantes. c:Q)

5.3.1 Relações hierárquicas x relações lógicas7ontológicas

V>c::JEou

As relações hierárquicassãodeterminadasquandoseobservaa orelaçãoexistenteentredoistermoscoma finalidadedeposicioná-los :~

c:

emuma estruturasistemática,ouseja,quandoexisteumaprecedência;:t

entredoisconceitos,omaiordeveficaracimadomenor. .

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AsrelaçõesLógicase Ontológicasnão possuema finalidadedeestabelecerumacertaordementreosconceitos,massimdedeterminar

anaturezadasrelaçõesqueocorrementreeles.Aoestabelecerasrelações,verifica-seque,em algunscasos,existemdoisou maisconceitosqueguardamentresiumarelaçãodesubordinaçãooudesuperordenação.Nesteespaço,estãoas cadeiase renques.Assim,no momentoda

apresentaçãodessesconceitosemuma estruturasistemáticaé queseimpõea questãoda hierarquiaque,por analogiacom as relaçõesexistentesentreosconceitos,remeteàsrelaçõeshierárquicas.Istonãoficasuficientementeclaronastrêsteoriasanalisadas.Porvezes,parecequeaclassificaçãopelahierarquiasubstitui aclassificaçãopelanatureza

doconceito.Éo caso,porexemplo,daapresentaçãodosconceitosque.guardamentresiumarelaçãodehiponímialógica.Quandoistoocorreemumalistaestruturada,ahierarquiaficaevidente.

Estaimprecisãoconceitualé mais evidente,ainda,nostesaurostradicionais, provavelmentepela ausênciade uma baseteóricaconsistente.Neles,asrelaçõessãoclassificadasapenascomohierárquicaenão-hierárquica.

5.4 SISTEMASDE CONCEITOS ESUAAPRESENTAÇÃO

NoSistemadeConceitos,osconceitosdevemestarrelacionadosde

modoaformarum todocoeso.Nostesaurostradicionaisdeabordagem

~ alfabética,nãosepercebeseostermosformamumtodo,porqueaordem~ alfabéticareúneostermosnãodeuma forma lógicaou sistemática,E masdeumaformaprática.Quandoexisteumapartesistemática,ela

~ apresenta,em geral,apenasashierarquias.Nãohá uma forma deo apresentaçãoquemostretodososconceitosetodasasrelaçõeseainda

~ forneçaumavisãodotodo.Aitchison,emsuastabelasdeclassificaçãoOD

~ acopladasatesauros,consegueapresentarosconjuntosdasclassesdentro.~ deumafacetaeasrelaçõesexistentesentretermosdefacetasdiferentes.-'.Organizasuatabelaporsubárease,dentrodestas,reúneasfacetasem

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categorias.Esteconjuntoassimestruturadoéquepermitequesetenhaumavisãodotodoedesuaspartes.ComomembrodoCRG,elasegueosprincípiosranganathianos.

UmadasgrandescontribuiçõesdeRanganathanfoi introduziropressupostodas CategoriasFundamentais:é a Categoriaquepermiteque os conceitospossamestarreunidosem classessegundoa suanatureza,istoé, propriedade,entidade,processoetc.,formandoum

todocoeso,poisreúneasfacetas,suasclassesesub-classes.AquestãodaCategoria,aplicadaa SistemasdeClassificação,foi desenvolvidacom

um aparatofilosóficosólidoporDahlbergemsuasOnticalStructuresand UniversalClassification(1978a),o quepermitedizerque,nestesentido,eladáumpassoàfrentedeRanganathan.

A TeoriaGeraldaTerminologia,apesardeapresentarum suporteteórico-metodológicopara o estabelecimentodasrelaçõesentreosconceitos,restringe-sesimplesmenteaumaclassedeconceitosquandoserefereaosistemadeconceitos.Istoficaevidentenomomentoemqueserelacionaosistemaàapresentaçãográfica;defato,pode-sedizerque,nestaTeoria,o quesechamadesistemaé um sistemaparcial,istoé,umaclasse.

5.5 DEFINiÇÃO ESUA FINALIDADEV>

Adefiniçãoé um elementoimportanteparaentendero conceitoe '§posicioná-loemumSistemadeConceitos.ATeoriadaClassificaçãonão ~abordaaquestãodadefinição.Nostesaurostradicionais,elaéabordada ~, Q)

somentecomoum elementoqueauxilia o entendimentodo termo.E ~empregada,eventualmente,"noscasosdedúvida"quantoaosignificado ~, c

do termo, no campo deNotasdeAplicação.E aTeoria da Terminologia Equepropiciaàdefiniçãoostatusqueeladeveternoprocessodefixação3doconceitoedeseuposicionamentoemum sistemadeconceitos. V>

oo-

Ostesaurosquesepautamemumabaseterminológicajáincorporam :~

estaquestão,havendoreferênciaà organizaçãodeum"novo"li

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instrumento,ondesereuniriamum glossárioeumtesauroemumúnicoinstrumento de representaçãoe recuperaçãoda informação, oGlossaurus.

5.6 CONSIDERAÇÕESFINAIS

Na comparaçãodastrêsáreas,fica evidenteque seocupamdesistemasdeconceitos,emboracomfinsdiferentes.Apesardisto,existembasesteóricascapazesdeaprimoraro desenvolvimentodesistemasdeconceitos,sejapara a elaboraçãode instrumentosde representação/comunicação/recuperação,sejaparaoutrosfins.

ATeoriadaClassificaçãoFacetadadáasbasesparareunirosconceitosdesdecadeiaserenques,passandopelasfacetas,atéascategorias.ATeoriaGeraldaTerminologia,porsuavez,aprimoraasquestõesreferentesàsrelaçõesentreosconceitos,alémdedar asbasesparaum tratamento

terminológico,e não lingüístico, ao termo. Inova, ainda, quandoconsideraa línguanumaperspectivasistêmica.ATeoriado Conceito,alémdeincorporarasbasesteóricasanteriores,dáespecialdestaqueàdefinição.Estaexplicitaascaracterísticasdoconceitoeéutilizadacomoum mecanismoparaposicionaro conceitonasclasses,facetase atécategorias.

O plenodomínio destasteoriasé essencialpara serealizarumtrabalhomaiseficaznoâmbitodarepresentaçãoda informação,comvistasàrecuperação.Mascomosepôdeobservarduranteoestudo,estas<li

,~ teorias têm suasbasestambémestabelecidasem outras áresde

~ conhecimento.Assim,tudoindicaqueoplenodomíniodetaisteoriassó5 sedaráà medidaqueseampliaremaspesquisasnasentidodedefinirv

(5 que áreassãoessasequepartedelasénecessáriapara o profissional daE informação.Q)01)<li::301)c:-'

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