literatura exercícios barroco

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  • 7/24/2019 Literatura Exerccios Barroco

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    Este contedo pertence ao Descomplica. vedada a cpia ou a reproduo no autorizada previamente e por escrito.Todos os direitos reservados.

    Material de apoio do Extensivo

    LiteraturaProfessor: Diogo Mendes

    Exerccios de Barroco

    Texto para a questo 1.

    Sermo de Vieira

    Ser porventura o no fazer fruto hoje a palavra de Deus, pela circunstncia da pessoa? Ser porque antigamente os pregadores eram santos, eram vares apostlicos e exemplares, e hoje ospregadores so eu, e outros como eu? Boa razo esta. A definio do pregador a vida e oexemplo. Por isso Cristo no Evangelho no o comparou ao semeador, seno ao que semeia.Reparai. No diz Cristo: saiu a semear o semeador, seno, saiu a semear o que semeia. (...)Entre o semeador e o que semeia h muita diferena: uma coisa o soldado e outra coisa o quepeleja; uma coisa o governador e outra o que governa. Da mesma maneira, uma coisa o

    semeador, e outra o que semeia; uma coisa o pregador e outra o que prega. O semeador e opregador nome; o que semeia e o que prega ao; e as aes so as que do o ser aopregador. Ter nome de pregador, ou ser pregador de nome, no importa nada; as aes, a vida, oexemplo, as obras, so as que convertem o Mundo.

    VIEIRA, Antnio (Pe). Os Sermes.Seleo de Jamil Almansur Haddad. So Paulo:Melhoramentos, 1963, p.80.

    1. (UNESP) Padre Antnio Vieira, falecido h trezentos anos, autor exponencial nas literaturasportuguesa e brasileira. Seu estilo barroco se caracteriza, entre outros procedimentos, pelo rigordo pensamento, expresso numa linguagem insinuante, rica em reiteraes, antteses,paralelismos, jogos de palavras e construes cujos efeitos chegam com frequncia ao paradoxo.No fragmento apresentado, pe em evidncia sua teoria da arte de pregar. Releia-o com atenoe, a seguir:

    a) Responda quais as expresses que o orador apresenta em paralelo com os nomessemeador, pregador, soldado e governador.

    b) Interprete, de acordo com Vieira, a diferena fundamental de sentido entre as mesmasexpresses e os nomes correspondentes.

    Texto para as questes de 2 a 4.

    Ora, suposto que j somos p, e no pode deixar de ser, pois Deus o disse, perguntar-me-eis, e com muita razo, em que nos distinguimos logo os vivos dos mortos? Os mortos so p,ns tambm somos p: em que nos distinguimos uns dos outros? Distinguimo-nos os vivos dosmortos, assim como se distingue o p do p. Os vivos so p levantado, os mortos so p cado,os vivos so p que anda, os mortos so p que jaz: Hic jacet. Esto essas praas no verocobertas de p: d um p-de-vento, levanta-se o p no ar e que faz? O que fazem os vivos, emuito vivos. No aquieta o p, nem pode estar quedo: anda, corre, voa; entra por esta rua, sai poraquela; j vai adiante, j torna atrs; tudo enche, tudo cobre, tudo envolve, tudo perturba, tudotoma, tudo cega, tudo penetra, em tudo e por tudo se mete, sem aquietar nem sossegar ummomento, enquanto o vento dura. Acalmou o vento: cai o p, e onde o vento parou, ali fica; oudentro de casa, ou na rua, ou em cima de um telhado, ou no mar, ou no rio, ou no monte, ou na

    campanha. No assim? Assim .

  • 7/24/2019 Literatura Exerccios Barroco

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    (Antnio Vieira. Trecho do Cap. V do Sermo da Quarta-Feira de Cinza.Apud: Sermes de PadreAntnio Vieira.So Paulo: Ncleo, 1994, p.123-124.)

    Segundo o Novo Dicionrio Aurlio Bsico da Lngua Portuguesa, sermo um discursoreligioso geralmente pregado no plpito.

    2. (UFSCar) De que forma o autor reproduz, no texto escrito, caractersticas prprias do discursofalado?

    3. (UFSCar) O texto apresenta uma relao de oposio entre estaticidade e movimento. Indique,no trecho destacado em negrito, qual dessas ideias abordada e a forma de construo deperodo utilizada para exprimi-la.

    4. (UFSCar) Em Padre Vieira fundem-se a formao jesutica e a esttica barroca, que sematerializam em sermes considerados a expresso mxima do Barroco em prosa religiosa emlngua portuguesa, e uma das mais importantes expresses ideolgicas e literrias daContrarreforma. Comente os recursos de linguagem que conferem ao texto caractersticas doBarroco.

    Texto para as questes 5 e 6.

    Moraliza o poeta nos ocidentes do sol a inconstncia dos bens do mundoNasce o Sol, e no dura mais que um dia,Depois da Luz se segue a noite escura,Em tristes sombras morre a formosura,Em contnuas tristezas a alegria.

    Porm se acaba o Sol, por que nascia?Se formosa a Luz , por que no dura?Como a beleza assim se transfigura?Como o gosto da pena assim se fia?

    Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,Na formosura no se d constncia,E na alegria sinta-se tristeza.

    Comea o mundo enfim pela ignorncia,E tem qualquer dos bens por naturezaA firmeza somente na inconstncia.(MATOS, Gregrio. Obras completas de Gregrio de Matos. Salvador: Janana, 1969, 7 volumes.)

    5. (UFRJ) De forma recorrente, o Barroco lana mo de figuras de sintaxe como recurso

    expressivo. Considerando o terceiro e o quarto versos da primeira estrofe do soneto, explicite as

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    duas figuras de sintaxe que, nesses versos, esto relacionadas aos termos oracionaisclassificados, tradicionalmente, como essenciais ou bsicos.

    6. Todo soneto apresenta a estruturao: tese, anttese e sntese. Com base nessa informao,faa o seguinte:

    a) Explique de que maneira a sntese do soneto de Gregrio de Matos vincula-se ao projetoesttico do Barroco.

    b) Descreva como a relao entre os sentimentos de alegria e tristeza ganha novo sentidono desenrolar do soneto.

    Texto para as questes 7 e 8.

    A certa personagem desvanecida

    Um soneto comeo em vosso gabo:Contemos esta regra por primeira,J l vo duas, e esta a terceira,J este quartetinho est no cabo.

    Na quinta torce agora a porca o rabo;A sexta v tambm desta maneira:Na stima entro j com gr canseira,

    E saio dos quartetos muito brabo.Agora nos tercetos que direi?Direi que vs, Senhor, a mim me honraisGabando-vos a vs, e eu fico um rei.

    Nesta vida um soneto j ditei;Se desta agora escapo, nunca maisLouvado seja Deus, que o acabei.

    (Gregrio de Matos)

    7. (UFRJ) O soneto de Gregrio de Matos emprega nveis de linguagem contrastantes.Transcreva uma expresso da segunda estrofe e outra da terceira que comprovem essaafirmativa.

    8. (UFRJ) No mundo barroco, predominam os contrastes. Partindo das ideias contidas no 1 e nosdois ltimos versos do soneto de Gregrio de Matos, explique a oposio bsica que confere aotexto feio satrica.