livro de contos

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Reescrita dos contos de Ricardo Azevedo e Ernani Ssó

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SUMRIO1. O ltimo dia na vida do Ferreiro........................................................ 2 2. A Morte e o Estalajadeiro ......................................................... .......... 4 3. A Morte e o Mdico .................................................................. ........... 6 4. A quase morte de Z Malandro ....................................................... 8 5. A Morte e o Pax ..................................................................... ......... 11 6. A Morte e o Ferreiro ................................................................ ......... 12 7. A Morte e a Velha .................................................................... ....... 13 8. A Morte e os gmeos ................................................................. ...... 15 9. O Moo que no queria morrer ....................................................... 17

O ltimo dia na vida do FerreiroDizem que a morte cheia de truques. Por exemplo, uma vez, no comeo do dia, apareceu a um moo bonito, cheio de sade e trabalhador. O homem ficou assustado, agarrou a enxada e ameaou: Se veio pra me levar vai ter que lutar comigo, sou jovem e ainda pretendo viver muito . Que isso homem!Eu vim dar um prmio para voc! Toda terra que voc percorrer ser sua. O homem ficou meio pensativo, mas acabou indo. A morte falou que era um dia de sorte para ele. O homem foi dizendo a morte: Eu topo! Foi-se o jovem, estrada afora. O sol caiu na boca da noite. O homem no aguentou e caiu no cho j morto, a morte o enterrou dizendo: Toma! Voc precisa disso! E assim foi a mesma conversa mole com o Ferreiro. Eu no. Afinal o que eu vou fazer com tanta terra assim? A morte fingiu ficar espantada. Mas voc no quer ficar rico, poderoso e famoso? O jovem Ferreiro disse: Cai fora desgraada! Saia daqui! A morte saiu resmungando: Voc ainda vai morrer! O Ferreiro ouviu aquilo, mas no ligou.2

Numa tarde, no caminho para casa encontrou uma velhinha na estrada, sentada num barranco. Moo, por favor, me d um pouco de comida? disse ela ofegante Eu no me alimento h trs dias. O Ferreiro tinha um nico po velho na sacola e um pedao de carne, mas deu. Depois de comer a velha disse: Posso sentir que voc tem o corao bom, por isso vou lhe dar dons, escolha trs dons. Ter ferro e carvo para eu trabalhar; uma mesa mgica que todas as vezes que eu tocar nela aparea comida e que toda vez que eu tocar a minha viola as pessoas comessem a danar. Voc vai ter tudo isso que voc pediu, porque voc merece. A partir daquele momento no faltou nada para o ferreiro, ele tinha ferro e carvo para trabalhar, no lhe faltava comida e quando tocava sua viola todos gostavam de danar. Mas o tempo um trem que sabe parar na estao. Certa vez a Morte bateu na porta do Ferreiro. Chegou a sua hora Ferreiro! O Ferreiro no queria morrer de jeito nenhum, ento disse: Se veio para me buscar, eu no vou deixar. Mas, infelizmente, eu vim te buscar. Naquele momento o Ferreiro teve uma idia, lembrou-se de sua viola e foi logo dizendo: Deixe-me fazer um nico pedido? Sim respondeu a Morte. Deixe-me tocar um pouco de viola? Tudo bem, mas no v demorar. Est bem, no demoro. E assim foi feito, o Ferreiro comeou a tocar a viola e a Morte comeou a sacudir o esqueleto, no demorou muito ela comeou a gritar: Pare de tocar essa viola, voc est me fazendo danar, pare j com isso! S se voc me der mais trs anos de vida. A Morte ficou furiosa, mas no quis entrar em acordo e o Ferreiro continuou tocando sua viola e insistiu. Pelo menos me d mais dois anos de vida. No! respondeu a Morte. No comeo da madrugada eles fecharam acordo, a Morte voltaria dali um ano para busc-lo. O Ferreiro fez um pouco de tudo: viajou, fez novos amigos, trabalhou. Mas como ningum consegue por rdeas no tempo, um ano se passou e a Morte voltou para buscar o Ferreiro. Ao bater na porta, a mulher do Ferreiro foi receb-la. Vim buscar o Ferreiro. disse a Morte. Ele no est. respondeu a mulher. A Morte ficou muito furiosa. Avise a ele que daqui uma semana voltarei para busc-lo. Quando o Ferreiro chegou em casa, a mulher desesperada contou tudo o que tinha acontecido enquanto ele viajava. Vamos fazer um plano para engan-la. E o Ferreiro pintou o cabelo de preto, colocou barba postia e um culos preto. A noite estava escura quando a Morte de repente chegou, bateu na porta do Ferreiro e disse:3

Onde est o Ferreiro? Est viajando. A Morte ficou muito, muito, muito furiosa. A mulher muito preocupada disse: O nico jeito voc sair procurando por ele. Vejo que voc tem visita. disse a Morte. Sim o meu tio que est de passagem. Tenho de cumprir a minha misso. Se o Ferreiro no est em casa, levo a sua visita mesmo. Poft!!!! E assim, dizem que nunca mais viram o Ferreiro.... (conto de Ricardo Azevedo, recontado ilustrado por Gabriella Nunes e Jade Aparecida) e

A morte e o estalajadeiroUm belo dia, um dono de uma estalagem que era conhecido com um bom sujeito tanto para os viajantes quanto para as pessoas de sua aldeia. Num dia de chuva, um sujeito de barba branca bateu em sua porta e disse: Eu estou com tanta fome e no tenho um centavo! O estalajadeiro disse: Entre meu bom velhinho. No dia seguinte depois de um bom descanso, o bom velhinho disse: Voc foi muito bondoso. Faa um pedido que tem uma mangueira no ptio, mal as mangas amadurecem uns meninos da aldeia pulam a cerca e as roubam. Porque voc no coloca um cachorro bravo?disse o velhinho. No, no! Algum poderia se machucar! Tudo bem, se algum subir na mangueira s desce se o senhor mandar. O estalajadeiro sem acreditar no falou nada. No dia seguinte o dono da estalagem foi no ptio e viu cinco meninos pendurados na mangueira sem conseguir descer, o estalajadeiro disse: Eu s vou deixar vocs descerem, se prometerem que no vo mais pegar as minhas mangas. Eles aceitaram, no dia seguinte, ele viu um vulto passando pela janela, de repente bateram em sua porta, era a morte. Chegou a minha hora? o estalajadeiro perguntou.4

Sim falou a morte. Ento vamos para o meu quintal. A morte no falou nada s foi para o quintal. Ele viu a mangueira tremendo e teve uma ideia. Ele pensou que nunca conseguiria enganar algum, e falou: Eu tenho um ltimo desejo. No meu quintal tenho uma mangueira, mas estou muito velho nela, voc poderia pegar uma manga para mim? A Morte no falou nada, s trepou na mangueira e pegou uma manga, no conseguiu descer e disse: Deixe-me descer daqui. No. S se voc me der um prazo de vida de mais uns cem ou duzentos anos. A Morte no disse nada, s colocou a manga na bolsa, dependurou-se num galho fino, cortou-o com sua gadanha e se espatifou no cho, o encantamento s falava de descer, no de cair. A Morte olhou para ele e disse: Coma! Voc s tem cinco minutos...

(Conto do Ernani Ss recontado e ilustrado por Lucas Borges e Letcia Gabriela)

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A MORTE E O MDICOUm dia um homem muito pobre que trabalhava numa cervejaria ganhou uma barrica de cerveja. Passava na rua com a barrica nas costas, como o tempo estava muito quente o homem parou para beber um pouco de cerveja e pensou em convidar algum para beber com ele. Na primeira curva passou uma velha amarelada e o homem disse: A senhora quer beber um pouco de cerveja comigo? Sim, mas estou com fome. Quem voc? Quero saber com quem eu bebo. Eu sou a Fome. Voc no justa, porque voc s persegue os pobre e no os ricos. E a mulher foi embora. Depois veio um homem com jeito de mando e o homem disse: O senhor quer beber um pouco de cerveja comigo? Sim. Mas eu no posso parar de trabalhar. Quem voc? Quero saber com que eu bebo. Eu sou o Destino. Voc no justo! Voc s complica a vida dos pobres e facilita a vida dos ricos. E o homem foi embora. O sol estava mais quente e ele estava muito cansado, foi quando viu uma caveira com capuz preto e uma gadanha. O homem falou: Bom dia, a senhora quer beber um pouco de cerveja comigo? Sim. Quem voc? Eu sou a Morte. Voc justa, voc leva ricos e pobres. A hora foi passando e a morte falou:

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Voc foi legal comigo, vou te recompensar. Porque voc foi gentil comigo vou te transformar em mdico. O homem levou um susto porque no sabia nada de medicina. A Morte o tranquilizou. Fique calmo. Quando algum estiver doente se eu estiver na cabeceira da cama voc pode d cerveja a ele que logo, logo ficar bom, mas se estiver nos ps da cama sinal que ele vai morrer. E isso foi feito. Um dia a filha do rei estava doente, o rei mandou buscar o mdico, ao chegar viu que a moa estava muito plida, percebeu tambm que a Morte estava dormindo do lado dos ps da moa. O mdico falou para o rei: Vire a cama sem fazer barulho. O rei rapidamente virou a cama, depois o mdico deu cerveja a princesa que logo melhorou e o rei ficou muito alegre. Quando a Morte acordou e percebeu o que tinha acontecido, olhou para o Mdico e poofttft... levou ele mesmo!

(Conto do Ernani Ss recontado e ilustrado por Murilo Junqueira e Gabriela Santos)

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A quase morte de Z MalandroZ Malandro era boa pessoa, mas malandro que nem ele s, em vez de trabalhar como todo mundo, preferia jogar baralho, ou ento ficava deitado na rede folgado tocando viola, por causa disso era pobre, pobre, pobre. Certo dia, bateram na porta. Era um viajante muito velho que pedia um pouco de comida. Entra ai, onde um quase no come... dois quase no vai comer tambm disse Z Malandro. Os dois riram, aps o jantar eles estavam conversando quando o viajante disse que tinha poderes mgicos. Voc foi muito generoso comigo repartindo a sua comida. Por isso, voc poder me fazer quatro pedidos.Se quiser, pode pedir pode ir para o cu quando morrer. Z Malandro pensou e disse: Prefiro ser invencvel no baralho. Concedido disse o velho. Se quiser pode pedir para o perdo de todos os seus pecados. Prefiro ter uma figueira que quem subir nela s sai com a minha ordem! Concedido disse o velho. Se quiser pode pedir para ser protegido pelo resto da vida. Prefiro ter um banquinho que quem sentar nele s sai com minha ordem! Concedido disse o velho. Se quiser pode pedir para no ir para o inferno. Prefiro ter um saco que quem entrar nele s sai com minha ordem! Concedido disse o velho: Depois que o viajante saiu, o Z Malandro plantou uma figueira e depois disso no se preocupou nada vezes nada. O tempo passou, certa noite o Z ouviu um batido na porta, era a Morte de capa preta. Z chegou a sua hora. Mas como?! Ainda me sinto to bem! A morte no era de muita conversa e foi logo dizendo: Se est pronto, ento vamos. Posso fazer um ltimo pedido de um velho miservel.8

Pode ser, mas anda logo com isso. Eu queria comer um figo antes de morrer. A morte resmungou, mais aceitou. O Z pediu a ela que ela subisse para pegar porque ele j estava muito velho e no conseguia. A Morte subiu, pegou um figo na rvore e no conseguiu mais sair de l. Com a morte aprisionada na figueira a baguna onde Z morava foi geral. Como ningum mais morria, os mdicos e hospitais perderam a clientela. E a Morte s gritava em cima da rvore. Isso contra a natureza!! Voc tem que me deixar sair daqui! O Z Malandro se divertia e afirmava: S deixo voc sair, se me der mais sete anos de vida. A morte no teve outra escolha deu os sete anos de vida e foi embora. Mas, sete anos passam muito rpido. Certa vez, Z Malandro estava em sua casa feliz da vida, quando bateram em sua porta outra vez, ao abrir deu de cara com um homem esquisito, vestido de preto. O Z perguntou: Quem voc? Sou o diabo, prepare-se que sua hora chegou. A Morte no quis vir e me pediu para busc-lo. Mas j? Deve haver algum engano. disse Z Malandro. O Diabo foi logo dizendo que no ia cair nas armadilhas dele porque a Morte j o tinha avisado. Z Malandro, que era malandro que nem ele s, abaixou a cabea e disse: Posso fazer um ltimo pedido? Por favor, j estou velho e vou morrer mesmo, gostaria de tomar um pouquinho de cachaa. Posso? O Diabo que tambm adora cachaa lambeu os beios. At que no m ideia! Z Malandro puxou o banquinho e pediu para o Diabo se sentar, o diabo sentou-se e no conseguiu mais se levantar de l. Muito assustado comeou a gritar: Me tire daqui, Z Malandro! Isso uma ordem! O Z saiu dando risada e nem ligou, foi jogar seu baralhinho. Com o diabo preso no banquinho acabaram-se todos os crimes naquela cidade e as pessoas passaram a dizer s a verdade o que gerou muita confuso porque as verdades so muitas e muitas vezes as pessoas no gostam da verdade. Mas o pior foi o Diabo passar o dia gritando, falando muitos palavres e pedindo para sair do banquinho. Z Malandro mandava ele calar a boca, mas no adiantava. Z Malandro, me solta! A minha mulher me mata, sa para te buscar j faz um ano e ainda no voltei. Diga a ela que voc ficou preso neste banquinho! respondia Z Malandro. Mas, ele continuava berrando e o Z ficou muito cansado daquele Diabo resmungando e pediu mais sete anos de vida, o Diabo no tinha escolha acabou concordando e assim fez. Sete anos passam rpido demais e quando no dia que ia completar sete anos, Z fechou toda a sua casa deixando s uma janelinha aberta, colocou o saco aberto embaixo da janela e ficou a esperar.9

No demorou muito bateram na porta. Nada. Bateram novamente. Nada. Era o Diabo e sua esposa porque desta vez ela no o deixou vir sozinho. Perceberam a janelinha aberta e pularam para dentro, s que foram parar dentro do saco. Z apareceu com um pedao de pau na mo e comeou a bater neles que gritavam: Socorroooooooooo!!!! Algum nos ajudeeeeeeeeeee!!!!! No apareceu ningum para ajud-los, claro! O casal passou o ano inteirinho dentro do saco levando pancadas todos os dias. At que um dia o Z se cansou e soltou o casal que saiu correndo e mancando. Como o Z j estava muito velho no demorou muito a fechar os olhos e ir direto para o inferno. Ao chegar l, foi recebido pelo Diabo que ficou com muito medo e comeou a berrar: Vai embora Z Malandro, aqui voc no fica! Z no disse nada, mas ficou meio perdido sem saber o que fazer. Foi direto para o cu e ao chegar l deu de cara com So Pedro. Aqui, Voc no pode ficar Z! Foi voc mesmo que no quis ser protegido, nem perdo dos pecados, nem a salvao e nem vir para o cu quando morresse! No cu voc no fica! O Z ficou confuso e sem saber o que fazer respondeu: Bem que eu no queria morrer! Ento voltou para a Terra e continua por a jogando seu baralhinho. ( Conto de Ricardo Azevedo recontado e ilustrado por Renata Casado e Ryan Leandro)

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A morte e o PaxCerta vez havia um velho Pax que saia para caminhar todas as manhs. Uma vez quando estava fazendo uma caminhada, tropeou numa pessoa, ao pedir desculpas percebeu que era a morte. O Pax saiu correndo porque ela estava de cara feia. Ele correu direto para o palcio para pedir uma audincia com o Sulto, tamanho era o medo que sentiu da morte. Ao chegar l, o Pax falou: Nunca pedi nada ao senhor, mas hoje tenho de pedir, eu quero ser nomeado governador, desde que a cidade seja longe daqui. O Sulto disse que no tinha nenhuma cidade precisando de governador. Mas, o Pax estava to desesperado e insistiu tanto que o Sulto falou: Todos os seus amigos e sua famlia moram aqui! Por que quer ir para outra cidade? O Pax explicou ao Sulto o que havia acontecido, que em sua caminhada matinal havia tropeado na morte que ela o olhou de cara feia e ele tinha ficado com muito medo. O Sulto ficou com d dele e disse: Vou te mandar para Kaymakli. Quando eu posso ir para Kaymakli? Nessa mesma madrugada. E o Pax saiu escondido. No outro dia o Sulto foi passear no seu jardim. A morte estava numa sombra debaixo de uma rvore, dormindo com a gadanha na mo direita e o Sulto perguntou curioso: Por que, ontem, voc encarou o Pax? que eu vi o vi muito longe de Kaymakli, achei estranho. Esta noite tenho um encontro com ele. E assim o coitado do Pax no conseguiu se safar!

( Conto do Ernani Ss recontado e ilustrado por Kelvyn Ramos e Wesley Nunes)

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A Morte e o FerreiroCerta vez, dois reis comearam a brigar, falando que seu reino era melhor que o outro. E ento teve uma grande batalha, onde a Morte ficou igual a um velhinho cansado e a gadanha se quebrou aos pedaos. Ento ela foi procurar um ferreiro. Foi andando e andando quando achou uma pequena casa onde morava um valente ferreiro. Ento a Morte entrou na casa sem nem bater na porta. O ferreiro perguntou: Veio me levar? No. Preciso que voc conserte a minha gadanha para eu voltar a trabalhar falou a Morte. Vou ver o que posso fazer disse o Ferreiro. No dia seguinte a gadanha estava pronta. A Morte perguntou ao Ferreiro quanto devia e ele no cobrou nada, ela agradeceu e foi embora. O Ferreiro ento pediu um favor, que ela o avisasse com antecedncia quando chegasse a sua hora para ele se preparar, a Morte concordou. Demorou muitos anos, sem a Morte visitar o Ferreiro. Uma noite, ele estava saindo de casa, quando viu um brilho nas sombras, eram os dentes da Morte. Agora veio me avisar? perguntou o Ferreiro. No. Eu vim busc-lo! Mas e o nosso trato? Voc no me avisou! Como no?! Mandei muitos avisos. No recebi nenhum! disse o Ferreiro. Seus cabelos ficaram brancos, suas pernas ficaram fracas e o seu rosto ficou com rugas? Sim ficaram, na verdade estou at usando bengala. Ento quantos avisos voc queria? Ahhhhhhhhhhh! Mas velho assim eu posso morrer com oitenta ou com cem anos. Eu queria dia e hora marcados. Est bem daqui a sete dias neste no jardim. Uma semana passa muito rpido, quando a Morte chegou o Ferreiro estava esperando por ela no jardim como tinham combinado. Ento ele deixou que a Morte o levasse. Pofftt!! O Ferreiro caiu no cho. A Morte disse: Hahahahahaha!!!! Ningum escapa de mim!!! E ela levou o Ferreiro num piscar de olhos. (Conto de Ricardo Azevedo recontado e ilustrado por Maiara Maria e Everton Oliveira)

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A Morte e a VelhaH muito tempo numa cidadezinha pequena havia uma senhora velha que viva rezando porque tinha muito medo de morrer. Um belo dia, estava acontecendo uma festa de polticos e de repente comearam a brigar a morte apareceu e no meio da confuso perdeu sua gadanha . A velha, que tinha medo de morrer, pegou a gadanha e escondeu pensando que se livraria da Morte. Naquela mesma noite bateram na porta, era a morte dizendo: Onde est minha gadanha? A velha disfarando disse: Gadanha? Sim, a gadanha. Eu sei que est aqui. Preciso da minha gadanha, sem ela no morre ningum disse a Morte. Est bem, eu te entrego, mas com uma condio, eu quero viver para sempre. Mas isso, eu no posso! Tenho de levar todos. Ento prometa me levar o mais tarde possvel. J sei, monte uma igreja e quando ela desabar, eu te levo. Est bem concordou a velha. Mas se mudar de idia, s me avisar disse a Morte. A velha, que era muito rica, mandou construir o mais rpido que pde e quando ficou pronta ela ficou muito feliz. Os anos foram passando e nada da velha morrer, todos conhecidos dela morriam e ela nada. Os cabelos tambm foram crescendo e quanto maior ficavam, mais jovem e saudvel a velha se sentia. Morreram tambm os filhos, os netos, os bisnetos e a velha forte como a igreja e bem cabeluda, na verdade morreu todo mundo at as casas da cidade comearam a ruir e s ficou a igreja e a velha cada vez mais cabeluda. A velha passava o dia andando em volta da igreja, batendo nela com a bengala e reclamando porque ela no caia. Nesta hora apareceu a Morte e perguntou: Est arrependida? Se estiver s falar. A coitada da velha levou um susto, mas disse que no estava e que s iria quando a igreja casse. A Morte foi embora outra vez e a velha voltou para casa. Ao chegar l pensou melhor e disse que estava arrependida, mal fechou a boca l estava a Morte para lev-la, a velha ainda reclamou. Mas j? Como j? Estou esperando h trezentos anos para lev-la. Olha o tamanho dos seus cabelos! No so bonitos? disse ela. Ficariam melhor numa trana respondeu a Morte.13

A velhinha disse que no conseguia mais fazer as tranas e pediu a Morte que fizesse duas que era assim que a sua me fazia que ela era pequena. A Morte concordou e comeou a fazer as tranas quando terminou a levou de uma vez.

( Conto de Ernani Ss recontado e ilustrado por Nicolly Vasconcelos e Rafael Frota)

A Morte e os gmeosH muito tempo um casal teve gmeos, Pedro e Paulo, exatamente meia-noite uma velha adivinha, conhecida da famlia, disse:14

Quando os gmeos completarem vinte anos, Pedro morrer. Os pais ficaram muito assustados e passaram a cham-los de Pedro Paulo e Paulo Pedro. No dia em que completaram vinte anos, Paulo se escondeu no armrio, desde a manh cedinho e disse para a mulher: Se algum me procurar, diga que fui viajar. A Morte foi a casa dele antes da meia-noite como sempre vestida com uma capa preta, a caveira escondida pelo capuz e a gadanha na mo direita. Quando a mulher de Paulo atendeu a porta a Morte disse: No se assuste. No com voc, com seu marido. Meu marido esta viajando. Ele precisava estar aqui. Mas esta viajando. Ele no se chama Pedro? No, ele se chama Paulo. A Morte pensou um pouquinho e se foi para a casa de Pedro. Havia l uma festa muita bebida, muita dana. A Morte foi falar com o aniversariante. Voc o Pedro? O Pedro fala: Sim, sou Pedro. Ento venha comigo A morte falou. O que foi?! Vamos. Quem voc? A morte no disse nada. S olhou para Pedro Paulo. Ele percebeu que no era algum fantasiado para a festa. Mas... j?! Voc sabe, pra morrer, basta est vivo! No justo! Eu mal fiz vinte anos! A Morte disse: Isso mesmo. E minha misso levar uma pessoa chamada Pedro que tem vinte anos. Mas eu tambm me chamo Paulo. No entendi! Olha, eu me chamo Pedro Paulo. A Morte ficou em dvida, ento voltou para casa de Paulo Pedro. No viu ningum. A Morte disse: Ento, esto querendo me enganar!

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Voltou festa. Encontrou os dois irmos alegres, pensaram que a Morte era boba. A Morte olhou para eles, a mesma cara, o mesmo cabelo. Ela se aproximou, nunca se enganava, mas dessa vez no sabia quem levar, estava confusa. Quem o Pedro? Os dois disseram: Eu - Pedro Paulo e Paulo Pedro. A Morte ainda estava muito confusa e Pedro Paulo se animou. Voc no sabe quem de ns deve levar, ento melhor no levar ningum. A Morte diz calmamente: Vou levar os dois. Mas errado! Voc no tem certeza de que pode fazer isso. Posso sim. Nasceram juntos, morrero juntos tambm. No nascemos juntos, eu sou dois minutos mais velho do que ele. disse Pedro Paulo. Ento voc mesmo que devo levar. Oua, o relgio bate meianoite... Neste momento, a Morte bate nele com a gadanha e ele morre.

(Conto de Ernani Ss recontado e ilustrado por Styven Benetti e Emili Silva)

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O moo que no queria morrerUm dia um jovem viajante estava muito cansado e parou para descansar. Num piscar de olhos apareceu um vulto e ele no sabia quem era aquela pessoa. Era a Morte e ele disse: Voc veio me buscar? Por que se for, vai ter de me levar na marra! Eu no vinte te buscar. A sua hora ainda no chegou, vai demorar muito. E a Morte desapareceu nas neblinas. O moo foi procurar um lugar onde a Morte no pudesse ir. Ele andou, andou, andou, andou at que encontrou um homem velho que carregava uma carroa cheia de pedras. Voc sabe qual o lugar onde ningum morre? No quer morrer? Fique comigo respondeu o homem velho e apontou o dedo para uma montanha. Voc est vendo aquela montanha? Enquanto eu no tirar pedra por pedra, terra por terra voc vai viver. Mas por quanto tempo? Mais ou menos cem anos pouco, quero viver mais que isso! E o moo andou, andou, andou, e andou e mais a diante encontrou um homem muito velho com um machado na mo. Voc sabe onde fica o lugar onde ningum morre? Se voc no quer morrer fique comigo! Enquanto eu na tirar terra por terra voc vai viver. Mas por quanto tempo? Mais ou menos por duzentos anos. pouco, quero mais que isso e continuou a viagem. O moo andou, andou, andou muito at que encontrou um velho com um machado na mo que ia cortar rvores. O moo perguntou: Voc sabe onde fica o lugar ningum morre? No quer morrer? Ento fique comigo, enquanto eu no cortar rvore por rvore voc no morre! Mas por quanto tempo? Ah! Uns duzentos anos. O moo no aceitou porque queria mais e continuou andando e andou mais ainda at encontrar um castelo no alto da montanha, ele subiu e quando chegou l bateu na porta, mas ningum atendeu. Depois apareceu uma princesa que o convidou para entrar. Ele entrou e perguntou: Voc sabe onde ningum morre? A Morte no vem aqui. Ento posso ficar?17

Sim. Ele ficou quinhentos anos no castelo. Um dia ele pensou em visitar seus parentes e sua cidade e a princesa aceitou, mas disse: Voc vai com meu cavalo branco que galopa muito, muito rpido. Tome cuidado e no desa dele por nada e nem como nada fora daqui. Tudo bem. Ele foi e ao chegar na cidade tudo estava diferente, seus parentes j tinham morrido, resolveu voltar. No caminho encontrou um homem vendendo ma, com fome comprou uma e deu uma mordida, s a percebeu que tinha cado na armadilha da morte e ela o levou.

( Conto de Ricardo Azevedo recontado e ilustrado por Vitria Elisa e Rogrio Gilvan)

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