livro de poemas
DESCRIPTION
Livro de poemas ainda não publicadoTRANSCRIPT
1
Meu projeto de livro
1) Um lugar de música em mim
2) No céu, sem diamantes
3) Partida em Saudade (para constar)
4) Aqui e acolá
Uma nova seleção; alguns do meu projeto anterior (que pode se
manter, caso apareça alguma outra, possibilidade.
Para constar, uma saudade
2
Este livro é uma saudade
De um presente que morre sempre
Que resiste, existindo,
Dentro de nós
3
Sumário
Pelos lugares
Carnavalesca
Mareada
Urbana
Íntima
Despeço-me
4
Pelos lugares
5
Pátria Amada
As músicas se espalham pelo Brasil
Se unificam no Brasil
Sambando
Cantando
Em minha cidade Natal
Que será Fortaleza
Eu pulso em Recife
e Desaguo no Rio
Que a baía proporcionou
Este refluxo
Fluxo Eu Fluo
E deixo a vida
Via Paralelas infinitas
Me levar
Me Salvar
Eu me unifico
Quando me espalho
Pelo Brasil
E ecoa em Portugal
Tanto Mar
Tanto Amar."
Natal, 18/12/2009
6
Fortaleza
Tantos pedintes, desordenados, esculhambados,
Tantos aceitos
Desculpas... Por Existir
A metrópole escaneia uma face
E se engole mal
A gente se engole Mal
E anda sorrindo
E Vão subterfúgios
Aquela Novela Daquele dia Naquele Bar
Vão barreiras invisíveis
Desses Sistemas Invasores
Vêm essas Invasões Bárbaras
Dessas globalizações
São tantas vendas
São tantas moedas
E o Mercado Da Metrópole
Esse Mar Essa Vista
A metrópole tem tantas faces
Coragem
Desculpas... Por resistir
A metrópole É a garota
Cartão-postal, Crime
Desespero... Pra se vestir
Fortaleza, 2005
7
Recife
Recife é música
Para os meus ouvidos
Que o batuque me leve
Em boa hora
Pegue o batuque
E me leva embora.
Recife, Fevereiro de 2004
8
Mar a cato
Ainda não conseguiram construir no mar
E é assim que eu sei, sem ver
Essa água
Esses desenhos que essa audácia fez
Em Recife
Delirante
Esse samba
Esse batuque Desse Maracatu
Nesses limites
A corda-bamba Dessa Nau
Firme
A gente ri, desafia, Com os pés
Mar a Cato.
Recife, Março 2005
9
Renovar
Let time pass
Let time pass and clean everything
With renewed strength
Let me step into the wild
And the wind on my skin
Make it reborn … For every new day
Is a possibility of a new “me”
In a new place
Undiscovered today
Que eu consiga respirar paz para dentro de mim
Esperar e agir ansiosa por um amanhã
Que me renova e limpa sempre
Em que língua penso? Em que idioma sou?
Deixe tudo aberto e meu corpo ao avesso
Para lavar minhas entranhas
Eu sou sempre estrangeira em mim
E cada dia é uma possibilidade-de-ser
É qualquer tipo de invenção
Aceitar o tempo como vento
A purificar. A fertilizar.
Qualquer chão
É um caminho
Que se faz
Caminhando
Edinburgh, 10 de novembro, 2013
10
A Praia Imensa
Um areal imenso
Na Praia do Futuro
Um fortalezense se perde
E se encontra
Sem futuro
A natureza alcança o que a vista não
Os mares bravios amedrontam
Tentativas
De domesticação
A praia grande
já diminuiu de tamanho
Sua perda incontável
Sua dimensão incompreensível
Os ventos únicos moradores certos
Limpam o chão
E a maresia
Abre caminhos.
Natal, 8 abril 2010
11
Fortaleza dos Ais!
Ai!
Fortaleza dos Ais!
Tudo, e rápido, e agora!
Acontecendo
Ai meu Deus!
Caótica e bela
Sem descanso
Sem digestão
Uma coisa atrás da outra
E mais uma na frente
e nós no meio
Nós
Desenlaça a tua vida
Na paisagem rápida
E transitória
E nós acontecemos
Fortemente
E suspiramos
Coração sente saudade
de tanta Fortaleza
De tanta ação
Natal, 15.março.2010
12
Belgium
I cannot restrain my sense of sorrow
When I come, when I get into Belgium
Back to Belgium, shortly,
When I see the land, the flat land,
And the language,
That is lost, that is retained, somewhere,
deep, in me.
A precious and confounded treasure within me
For those my first years
When things were simple, joyful, and honest
And, by god! I have lost it!
However the country IS STILL
I am again, and back,
As I enter Belgium and recognize it
as a part at the same time undisturbed and unreachable
within me,
I cry
I cry for all I've lost,
I cry for what could have been
I cry for what has been, and is no more
My twisted life, I cry for my sorrows
For I am damaged
But I am still, and am free...
The phrase that remains, as such other words,
untranslated, and as an unfulfilled dream
that I only touch in now my holidays,
the phrase that I retained in my soul
13
Ik wil zo graag terug naar Belgie gaan
And I have lost again
For I now belong to so much, to so many
By surviving the worst
I became, and lost myself, in many
This is so natural
And so strange
That I see Belgium and I see my soul laid in front of me
And I weep
And I silence it
For I cannot go back
In time
And must accept, always,
As I have
The ever changing world
With Grace
As I reinvent (and loose) myself
Constantly.
Flandres, 3 Janeiro 2014
14
Carnavalesca
15
SE, mas não (mais não)
É que tudo na vida é
Em corda bamba, bamba
samba
É que tudo no ar
Levita – E é solto
E aí o corpo que se foi
Foi também um vazio
Esbofeteado na cara
Porque AR comprime o VAZIO
É que também só assim
Escutarei músicas
E tons – cores - de alegria
Há que ter muita calma
Paz, e esperança
Para relativizar
A bamba da vez
Que no passo da dança
Caminha lindamente
Para a frente
16
E te fisga de lado.
Você do lado
De cá
É bem mais legal.
Natal, 18. Agosto. 2012
17
Dance !
Em quantas danças
Você expôs a sua alma
E sorriu?
Em quantos carnavais
A sua existência
Superou qualquer significado?
E você, dançando, se calou
Pés cansados
E alma liberta.
Taíba,17 de fevereiro de 2010
18
E a música às vezes é tão linda Que dói
eu não vou conseguir escrever isto
Eu devaneio E minha alma corre solta
Minha mente e meu corpo esvoaçam
E sou ritmo
Em produção Contempla Ação
São estas cordas Este passo
Com passo
A música é tão linda
Insustentável leveza
Alma aguda e ferida E linda
Ah, meu senhor
Que há extravio em qualquer situação de minha vida
Eu ultrapasso o limite de ti
Extrapolando meu corpo
Eu sou música
E tudo dói E tudo sara
Tudo consola e instiga
A vida é tão linda Que dói
Meu coração e corpo
Embalados e soltos Em espiral
Esta brincadeira séria De dedos acariciando
Estas cordas
E a possibilidade de um grito
E silêncio
Meu som Sonho extrapola e evidencia meu corpo
E minha alma fica tão linda
Que dói. Fortaleza, 2007
19
É carnaval
De quem essas pessoas lembram quando
toca-se música romântica?
Quantas esquecem nessas músicas de samba?
Dança,
Dança, Querida
É carnaval
É alegria
Se agarra nesses teus passos
E pisa nessa memória,
prisão
É carnaval
Vertigem
Liberdade
É esquecimento
E um sorriso no rosto.
Recife, 2005
20
Me faz
O quê eu direi da música?
É que ela entra em mim E me expande
Um pouco mais
É uma vitrolinha E meus pés
Que chegam A diversas paisagens
E vários sorrisos
eu sou Rio
Extravaso
E me curvo Até onde me alcançam
Fora de alcance
Com a falta de teu toque
E a possibilidade linda
De outros a mais
E eu
Eu
Serei indivisa E máxima
Com a liberdade
Que O vento me traz
E música
me faz
Pipa, Janeiro de 2008
21
Completa
O meu corpo também tem vontades
Não é só a minha mente
A minha mente também tem vontades
Não é só o meu corpo
Você ainda não absorveu
O complexo de mim
Você entendeu?
Eu já nem sei
Mas sorrio Com malícia
E eu danço E escuto
E sinto E vejo
E música me faz quase tão completa
Quanto você poderia
Recife, 2005
22
Para preparar meu espírito
Escutando música
Para preparar meu espírito
porque hoje a noite é minha
Hoje a noite é rua
É minha
Me deixar à flor da pele
Desabrochar a noite
Renascendo em mim
Música faz de mim
Pacífico despertar
Lindo libertar
Encontrará, quem sabe
Alguém na rua
Lindo
Me descobrirá
Eu já nua rua
Sorriso teu
Meu será
Ou só meu espírito
Escutando música para me preparar
Natal, 11 de março de 2010
23
Você em mim
Quero ver você sambar 'pra mim'
Quero ver você dançar pra mim
Quero ver você cantar pra mim
Quero ver você olhar pra mim
Quero ter você feliz pra eu
Poder ser em você
E você ser em mim
Fortaleza, 2003
24
Dona Doninha
Dona Doninha
Mandou encher o copo
Repetir a dose
E chorar nos prantos
Para sim
Experimentar tudo
E testar aquilo
Que já passou de um teste
Sim, a Dona quer.
Saber se o costume é normal
Ou se as pessoas não quiseram ousar
Quis ver a cerveja transpirar
E os corpos também
A cana arder, o tanto que Seu Francisco conseguiu
E a fumaça secar O que o sol extraiu
Dona Doninha quis
Ver se podia
ou se era feliz
Arrisca
A risca
Desse plano
Adimensional
Beijar a boca
Da Aventura
Que é você
Fortaleza, 2004
25
Um Sentir Grande
Tão sensível porque eu tive e perco
Constantemente
Os momentos
Eu não posso segurar
Estanca meu coração
Abre mais um furo
Que também deixa luz entrar
Eu me firo tanto porque amo tanto
Eu me curo porque tenho tanto para amar
Eu sinto muito e dói e é lindo
Eu escuto música e eu pulso
E peço por gentileza
Ter coração tão grande quanto asas
Para voar
Pairar
Cair
Mergulhar
E pulmão também
Respirar
E ser grande
26
Sobreviver com muitos tons
Na minha pele
Que veio de algum ti
Eu morri de amor
Várias vezes
E ainda estou aberta
Para arranhar na guisa dos lábios
Muitos outros sorrisos.
Londres, 13.03.2014
27
Urbana
28
Pelo encontro
É pelo amor pelo encontro
Que eu amo
A cidade
Meus calos,
Meus joelhos
É pelo que eu encontrei que eu amo
O espaço que me apraz
Que te conduz
Até algum outro
É pelo amor à companhia que eu prezo
Olhar para dentro de mim, sozinha
Com música
Para digerir e encontrar
Equilíbrio
E não te atropelar no encontro contigo
Não me atropelar ao te avistar
É nessa vida que eu vivo
E que tento me realizar
É por amar que eu respiro
E acelero, e paro, e escuto
29
Viver é algum tipo de arte
Que com pés, olhos, sorrisos E tons, Se desenha
Alguma tatuagem de mim em mim
E em outro
Londres, 07.12.2013
30
Sitiada
Desde quando a tua grandeza me obstruiu?
É o pó dessas construções
E a sombra destes prédios
É o meu caminho reto E intercalado
Por sinais Que nada me dizem
É o reflexo De um milhão de coisas
Que eu não sei o que são
É uma Fortaleza sitiada
É o duro e opaco Muro
É o sol quente Que não vejo
A estufa daquele quarto Preto
É meu coração descompassado
É o barulho o ruído
E o silêncio
Silêncio?
De um domingo
É uma eleição É um teatro
Sem espectadores
É meu corpo doído
É meu corpo
Alguma coisa me castiga mais que eu
É muita gente
E vários amparos Vacilantes
É um excesso e falta
Alguma coisa que é nada
Eu engoli Meu soluço contínuo
31
À procura contínua
A uma solução
As minhas pernas sujas
E soltas pelo chão.
Fortaleza, 2006
32
Rompida
E minha alma chora
Murmuro baixinho com toda a força do meu grito uma
música
Que há de me entender e refletir
Eu, que não me entendo
Meus olhos vagueiam por essa cidade
E faço das ruas cheias o vazio
Luzes tão estáticas Os carros passam lentamente
As pessoas gritam lentamente. O silêncio reina
Eu, tão delirante
Ainda tenho uma sede interrompida
Ainda tenho pedaços
Rompida
Estralhaço de vez em quando o mundo
Explodo de vez em quando essa sombra de ti
Só pra ver se consigo sentir algum tipo de fogo
Nem que fosse raiva
Eu, armada, injustiçada
Borro o alvo
E mantenho um olhar amistoso
Mal me protege de mim
Fortaleza, 2004
33
Na Rua Perdida
A lama não impede de andar
A lama faz, desta paisagem dolorida,
Rua
A minha alma despeja e caminha
E algo de sujo se encontra na cidade
Algo de sujo se perde pela cidade
E se esconde
No misto de discursos
Incongruente
É ainda melhor cantar e dançar
E esquecer
Sem mentir
É preciso ainda sentir
Para poder ser
Pelos becos da cidade
Se esconde
Algum amor verdadeiro
Pelos becos da cidade
Se perdeu
Algum real seu
34
Que agora corre loucamente pela avenida
Pelo tempo da vida
Você se esconde
Tentando se encontrar
Pela alma perdida de pés
Eu tento ver
Quem está a me esperar
Em que endereço eu posso ser
Qualquer um
Teu adereço.
Decifra-me!
A cidade tem mais lógica
Que eu
Londres, 15.12.2013
35
Thank You
Open the doors
On a Monday
Just give me the floor
To walk on
The street
To tread upon
I’ll be happy enough
Because life is so beautiful
Although I loose myself
There’s no other way to find out
New places
New faces
In me
Give me a new week
A new heart
New feet
And I will continue
Restlessly
My horizon is the energy
That I can find in the world
And renew it
36
Through my hungry eyes
There is so much to see
So many ways to be
A beleza é uma questão de olhar
Londres 10.03.2014
37
Na China é Ano Novo
O dia com sol
Carinhosamente toca de dourado
A cidade
E minha alma
Eu sorrio sozinha caminhando na cidade
Que pulsa
Eu pulso
Porque faço o caminho
E tem tanta vida
E tem tanta energia
Que eu agradeço
Ao amanhecer permanente
Em minha alma
Londres, 31.01.2014
38
Do lado de lá
É que se o homem
Com toda a sua grande sabedoria
Fez-lhe mal
Não desespere
Há ainda por aí a natureza
A quebrar-te a paisagem
Que não privilegia
Do lado de lá do rio se vê
A margem de cá
Olhos melhores?
Do lado de lá ainda se tem
Uma perspectiva
Que te salva de ti mesmo
Se tu não inflares o peito
E manteres o pé no chão
Tu terás em medida teus passos
Resguarda aquele que não se infla
Porque esquecido
Estar no seio do desconhecido
É sobreviver
39
Sem se coagir
Estar perdido e sem amparo
É ainda algo bom
Olhares para todos os lados
E, esquecido
Poder se perder
De si.
Natal, 13.11.2014
40
Mareada
41
Mareada
Em algum lugar do mar
Jaz a minha libertação
E eu vou aos poucos me expandindo da cidade
Despedindo
Em algum lugar Ar em mim
Jaz o meu ser, que precisa se libertar
E ter carinho e movimento, para além de mim
Em algum lugar, meu mar
Eu sei me entregar
E eu sou ser de sal, água e sol
Nada mais, nada mais...
Eu sou tudo isso,
Eu inspiro a maresia
E me lavo por inteira
Meu sorriso olho é luz em reflexo
Em qualquer dia
E minha cidade é qualquer
Mar que me dá.
Natal, 17 de maio de 2012.
42
Esperando o mar
Ai que saudade do mar!
De correr ao ar!
Solta, rápida, contente!
Uma vela a me guiar
Meu corpo usado
Eu solta, leve, inteira
Sem limites, sem medo
Que saudade de devanear
De derivar ...
Ah que saudade dos H's
que quebram as palavras
E dão espaço aos meus mergulhos
Profundos e leves
Que saudade
De me encontrar!
De me perder...
No mar
Fortaleza, 11. março. 2011
43
Depois do surf, carnaval
O meu corpo e alma
Se realizam – plenamente – no mar
Inútil tentar descrever - apesar das tentativas -
Que o sol é fotossíntese da alma
E como arco-íris revelam os tons dos seres
E chão
Que submerge na água
Com força se faz também velocidade
Movimenta minha alma
Acariciando a pele
Inútil tentar expressar
Meu amor pelo mar
O essencial
É visível em meus olhos
Porque meu corpo é todo alma
Depois de deixar tudo de ruim
Escorregar para fora de mim
E me encharcar de ar.
Fortaleza, 21.fevereiro.2012
44
Paz-ciência
O que o mar me dá
E me ensina
Humildade, paciência e persistência
Que tudo lindo virá
E eu estarei em casa
No imprevisível mar
Que me toma em equilíbrio
Nas ondas vagas do tempo
Um ritmo que me ensina
A esperar.
Para poder andar nas águas
Não é milagre
É só tudo isso de energia
Admiração
E respeito.
Fortaleza, 2. Janeiro. 2012
45
Paz
Eu deixo a cidade em paz
E vou tão somente
Devanear no mar
Que espelha o céu e eu dentro de mim
Como descrever algo tão simples?
Como descrever algo tão forte em si?
Eu troco de cenário
e a cidade - com todas as suas lógicas
E “des-lógicas”
e mortes lentas de vida apressada -
É apenas meu cenário, não está em mim
Está para mim, quando eu puder
Minha casa flutua na certeza de não poder ser construída
Meu coração flutua na certeza de não pertencer
Ao piso esmaga dor
Aos entrepisos em que não caibo
Em que pouco respiro e mal vejo
Eu perco a vista no horizonte e não preciso pensar no que
veem
Se me veem, se gostam ou não
46
No mar eu SOU, simplesmente
Um repouso para o sol, um encontro com a água
Entre meus fios me dão ar
Sou da graça
De graça.”
Natal, novembro 2012
47
Reflexo
Que meu corpo é, também, feito de água
E em alguma parte a luz que reflete na água
E transforma sua cor
Interage em mim
Cor da minha pele
E meus átomos reverberam, e se acalmam
Com o vento que me aconchega
E me conduz
E sou qualquer coisa que precisa também escrever
– Além de agir, de ser entendida –
Algo em mim, mais profundo
Precisa sempre sair do cotidiano
E encontrar o conselho das águas, ares
De sonho
De sono
Que também é feito de ritmo
Das ondas temperamentais
Nunca iguais Em mim
A água também é um corpo
Universo Em que submerso
48
Um corpo cheio
Um copo vazio.
Fortaleza 13. Agosto.2011
49
Mar
Quero para mim um eterno verão
Intercalado
Levemente interrompido
Meu corpo busca o mar
No sol e na chuva
Na brecha do meu cotidiano
E na totalidade da minha folga
Folga (?)
Encontrarei teu espaço em meu tempo
Meu destino
São essas águas
E nas férias volto à minha casa
Que era outra
Nas férias exploro
O tão familiar
Desconhecido Mar
O Futuro de mim em passados
Verdes Bravios
A água a mesma
O oceano o mesmo
Eu mudo de lugar
E preciso o mar
Para me reconhecer
Em ti
Me encontrar.
Fortaleza 9.julho.2009
50
Íntima
51
Obrigada
Aos olhos do entusiasmado tudo ganha vida
E a arte transpira: pele, voz, olhos, ouvido
Aos olhos da vida tudo inspira
E a existência passa ao largo De ser mero atropelo
Para ser dia passado semeando amanhã
Sempre presente
Aos olhos da ação e da Criação: Sorrio.
Tudo Sim
E Nada Não
Londres, 7 de Outubro 2013.
52
Gratidão
É tanto amor e tanto acontecimento
Que eu acho que vou transbordar
De mim, e em mim mesma
Eu nem caibo mais em mim
Em energias eu me espalho
Ou ao menos tento
Que fique uma mão de carinho na minha irmã
Na minha família
E que eu exista neles assim como eles em mim
Porque eu preciso
E sempre continuarei
Caminhando
Que o pôr do sol também me enche
E me transborda Profundamente
Linda contradição
Que meus olhos sempre tragam luz
E que meu corpo nunca canse
Apesar tanta ação
Gratidão
São Paulo, 26 .Agosto.2013
53
Presente
Um sentimento bom de imprevisível vem dentro de mim
E do que eu já sei que aconteceu
Não faço questão de imaginar
Meu pensamento é só o próximo passo
Que a vida já me encharca só de abrir os olhos
Minha ocupação é só seguir
E aceitar desafios
Desfazendo fios que quase amarraram
Eu olho ao redor
E tudo que é livre
É uma possibilidade linda de expansão
- E ainda tem sol, e ainda tem música, e ainda tem livros
E ainda tem mares -
E meu corpo
Em sensações eu serei em toda parte
Em arte eu me desfaço e me reinvento
E danço em homenagem
A qualquer possível hoje
Natal, 10 Agosto 2013.
54
Nova
E a cidade se prepara para um novo Ano
A humanidade se prepara
Para um Novo que virá
Quê Virá
O corpo se prepara
Para um Novo Amor
Que virá
Se Virá
O amor se prepara
Para um novo corpo
Mais velho
Mais outro
Quem em mim
Nova Eu
Será?
Natal 20.dez.2009
55
Não sei o quê, mas é
É uma pontada na cabeça
É espaço faltando, espaço sobrando
É um quarto do lado de mim
Vazio
E me empurrando
Entrando dentro de mim
É pouca coisa
É muita coisa
É tudo isso que eu pedi
E meu corpo digere em tempo diferente de mim
É ter paciência com meu corpo
Foi um passado que voltou
Sem anunciar
É a mente que prega peças
E eu não consigo mais te ver
É minha mente confusa
Porque a sede sempre é tão grande
Que minha vida se equilibra
No contínuo insustentável
De ti, que não me viu
O outro que me perseguiu
56
De mim que não entendo
Eu perco e perco anos
De algo tradicional que deveria estar acontecendo
Que eu atropelei e deixei em algum outro universo
É a pontada na minha alma
Que não me sossega na cama
É a necessidade do sono
E a impossibilidade de dormir, bem,
Porque os sonhos denunciam
E o acordar anuncia
É o movimento insustentável
De um encontro contínuo
Com alguma barreira
Quando eu me vi tive medo do espelho
Eu olhei bem forte em meio a escuridão
Porque não queria a claridade
E tudo ficou um difuso enorme
Eu fico extremamente dividida
Se eu não consigo espalhar meu corpo no mar
Se eu não consigo fazer arte no papel
Se eu não consigo correr numa montanha
Porque a minha vista não aguenta
57
O que está dentro de mim
E uma sede sempre me faz querer ingerir
Algo que possa moldar meu corpo
E deixar minha alma
Repousar em outro alguém
Em outro ninguém
Que não eu.
Natal, 16 junho 2013
58
Águas de Março
Quão estranhos nos tornamos
E eu? Estrangeira em mim
Que do Amor grande Estranhamento
Quão estranho você
Que as rodas da vida
Me giraram
Tenho medo de proferir
O que repousa No mais profundo do meu ser?
Minha grafia é outra
Algum tipo de escrito Me ultrapassou
Tenho Declarações Conquistadas
Só eu não consegui
Me colonizar
Vivo desbravando
Alguma coisa Mágica
De remédio Nos outros
Virá Veneno?
Eu estrangeira em mim
Eu estrangeira
Não, você não compreendeu
Você, vocês me perderam
Nos hiatos dessas traduções
Minhas palavras apressadas
Desses gestos presumidos
Não, não choro mais
Meu caminhar Vem de uma Dor há muito consumida
59
Eu só me doo um pouco Em ti
Estrangeira
Procuro
Minha Pátria Ou Morte
Ou Vida
Anônima
Lucy, Só, Somente, Lúcida (?).
Natal, Março 2009
60
Ar te Liberta
Eu quero poemas poesias contos música
Para afirmar uma força que sou eu
eu quero o romantismo bem-datado de nossos encontros
e não quero mais chorar
eu quero o amor e o desgarrar dele
porque a arte liberta
a música liberta O preso de mim
A palavra li Aberta
Porque eu quero ar, o vazio que compõe meu ritmo
que era teu
eu quero desviar de cheios Quero me compor Cheia
E vazia lua luz CHEIA E tanto vento
E mergulho no mar
Sim, eu quero a poesia e o Amor De mim
visível por todos os lados, porque em pé só
risível por todos os lados e traslados
Este poema escrevo para alguém, para ninguém
Este poema escrevo, a música escuto, aquele texto leio
O mar mergulho e o ar CORRO, percorro
porque há um Amor
Na liberdade De se deixar levar
De se deixar E levar
A vida.
Fortaleza, janeiro.2008
61
É preciso alma
É preciso calma para ver o horizonte nascer
É preciso calma para ver o horizonte
Alma para ver
E me canso
O que se quer dizer "Voltar para as origens"?
É olhar, calmamente, para dentro de si
Encontrar o centro de si
E se perdeu?
Eu preciso desenhar para dissecar o que vi
Eu preciso escrever para orientar meus pensamentos
Confusos e claros
Eu também sou luz e sombra
Ocupo espaços E não mais te procuro
Mas vou te achar
Em algum outro tempo
Outros ventos
Por enquanto, é preciso calma
Para enxergar o caminho
Fortaleza 2007
62
Frágil
Eu tenho medo de me dar
Porque sei do meu ser Frágil
Se dar é quase uma coragem
E eu tenho medo
Porque eu Sei
Eu Sei Que no derradeiro Instante
Não Sei pedir
Não sei pedir que a outra Pessoa
Não se Vá
A minha teimosia de liberdade
Não passa de Prisão
Minha contradição
É que às vezes me dou à nada
Ao vento que me acha
A minha redundância
Minha insólita redundância
O Problema É que você longe está
E minha mente trabalha atropelando
Tanto
Que do duvidoso Acredito em nada
E tenho A tendência De procurar me desenrolar
Só pra não ter a certeza
De que ninguém estava me segurando
Fortaleza, 2006
63
Vontades
O quê é que você quer? Mesmo?
Até quando importa eu querer te dar?
Até aonde se é racional?
E a liberdade de todos é permitida?
Ou ela é assassinada nessa busca?
Sim, ando batendo em paredes
Trancada por inquisições
Das suas vontades na liberdade de mim
Sou também ferida
E nem sei mais se tenho vontades
Preciso que essas ligações sejam passivas
Quem ? Quem ?
Se alegra da minha alegria
Ou se apraz do meu conforto
Quem me olha no olho e não me devora selvagem
Quem me faz
Eu querer?
Quem não está onde estou?
Fortaleza, 2005
64
Lero-lero
Eu não ligo mais
Mudei de empreitada
Fui fazer outro jogo
Já fiquei tempo demais
Nesse lero-lero
Tanta coisa Tanta coisa
Que foi quase nada
Porque faltou
Faltou demais
E eu tentei desenrolar
Dancei tanto Que meus pés doeram
Meu caminho envelhecido
E eu mudei
Porque continuei a mesma
E eu mudei
Porque foi muito
Porque faltou
E lascou demais
Ter que admitir
Que eu tinha que
Exposição Severa
Por trás das cortinas
Minha vida de Amante
Me deu Asas mas não me deu chão
E eu 'Tô' mudando O jogo
Estou jogando vários
65
Só pra ver
Se quem brinca agora
Sou Eu
Só pra brincar
Só pra esquecer
Encher a minha cabeça
E destruir O compartimento do teu número
E eu estou
Sou
Alguém Com um potencial
Agora
Não mais o seu
Nunca serei a sua
Fortaleza, 2006
66
Amor
É no silêncio total que os meus pensamentos
Ganham voz
E você ecoa dentro de mim Eu esparramo para fora de
mim
É na música que meu corpo
Extrapola para além de mim
E eu te seguro para salvar a mim
Para te salvar
Eu me seguro
Para te aguentar
É na escuridão
Que você ganha curvas
É no mistério que eu te sei
E No meu mistério
Eu ganho curvas.
Fortaleza, 2006
67
O Cúmulo
O programa que quero
Não é classificado em jornal
Nem eu sei com antecedência
O que quero
Sem você
Tudo é um opaco enorme
E dor
E falta
Apesar de resignada
nada
Estou?
Bata em outra porta
Vê se me encontra na esquina
Ou do outro lado do mundo
Tanto faz
O mundo acumula
O cúmulo
De ter que ser
Depois de você
Fortaleza, 2007
68
Abriu Abril
O primeiro funeral que eu fui
O primeiro funeral que senti
Foi o do meu coração
Dá seus sinais de vida, por certo
Alguns sinais
Um golpe ou outro
Que perde força
Que pede força
Ao vento
Eu fiquei com medo
Tanto medo
Que nem bebi mais muito
Nem senti mais muito
Eu fiquei com tanto medo de lembrar
Meu velório
Que eu não mais me senti
Eu sem ti.. Agora descubro
Novamente
Que eu não posso é mais
Ficar sem mim
Preciso agarrar Cá comigo
Minhas dores, meus amores
Meus Eus... Minhas inúmeras vidas
Deixar- me correr
Falar baixinho pra minha força
Ter vontade de mostrar as caras
69
Que quase esqueço minha feição já
Eu escuto música e fico praticamente
profundamente Completa
Complexa
E simples
Como esse batuque
Eu vou dançar
E deixar um par
Se arrumar.
Sem par
Eu vou é me arrumar.
Fortaleza, Abril de 2009
70
Extensão
A minha palavra vai chegar ao teu corpo
E lhe acariciar
Meu toque vai lhe dizer
Quanto tempo falta
Para nada mais faltar
Meus sentidos vão se fazer união
Com os seus
Sentimentos
Eu vou lhe completar
Com o nosso verso
Eu vou te buscar para mim
Do fundo do meu ser de sono
E sonho
Eu vou te deixar ser para mim
A tua voz vai me percorrer
E a minha
vai ser simplesmente
Tua extensão
Fortaleza, 2006
71
Do meu amor
Ao leve toque Do meu amor
Meu coração se esparrama
Minh'alma arrepiada
Ele mitiga meu egoísmo
E eu quero dar a ele
Um sorriso Dele E meu
Para que nossos Ecos sejam sempre felizes
O meu amor Me toca
E evidencia Toda a possibilidade
De Meu
De Nosso
Ser.
Pipa, 2006
72
Ano Novo
E a cidade se prepara para um novo Ano
A humanidade se prepara
Para um Novo que virá
Quê Virá
O corpo se prepara
Para um Novo Amor
Que virá
Se Virá
O amor se prepara
Para um novo corpo
Mais velho
Mais outro
Quem em mim
Nova Eu
Será?”
Natal, 20 de dezembro de 2009
73
Por Respeito
Fecham-se os escritos
Um momento de silêncio, faz favor
Qualquer erro de conduta
Pode ser uma agressão
Neste momento
Calar-se é admitir
Que as palavras faltam
E são necessárias também
Para virar o momento
Palavras virão
Eu olharei para o vento
E esperarei
O virar do dia
Semear, na tempestade,
Toda a energia do sol
Que meu corpo Espera
Por enquanto
Eu vou só Receber.
Fortaleza, 16. janeiro. 2013.
74
Para viver
Tentando viver do lado de uma montanha de problemas
Tentando sobreviver soterrada numa pilha mal-humorada
Que se desfaçam os fios e que libertem minha alma
Que eu tenha paz de espírito para não virar este problema
Que o humor não me abandone, apesar do desespero
Que eu não desista de resolver
Que eu consiga extrair de raiz profunda
O discernimento, a paz, a força-motriz e boas energias
Que eu não desanime
Que meus amigos me entendam apesar desta carga
Que eu consiga aniquilar esta carga e caminhar bem
Que eu consiga dançar
No rosto dos desafortunados que me dificultam a vida
Que eu ofereça a eles minha vida em flor
E que seus venenos para mim se transformem
E se despedacem no mar.
Fortaleza, 26 de janeiro 2013
75
Sempre Nova
Que a dor não venha
Sem algum tipo de aprendizado
Que o suave não cegue
Ao conformismo
Que se tenha coragem
Para enfrentar
E também se deixar ir
Ao favor da maré
Que os olhares reflitam
Algo de dentro de mim
Que eu não posso ver
Que eu me respeite mais
Que eu tenha paz para deixar
O que precisa ser esquecido
Que eu sorria muito
Sem ter quem veja
Que a minha vida seja apenas uma consequência
De um caminhar em acordo
E minha pele uma pequena transição
76
Da minha energia de dentro pra fora
Da energia de fora para dentro
Em harmonia
Que eu saiba buscar
E possa compartilhar.
Valorizar o que for bom
E deixar o resto
Cair
Toda prece é algum tipo de esquecimento
Fortaleza, 31 de Dezembro 2012
77
Sim enterra não
Jogar paciência
E escutar uma música
Enquanto o mundo cai
Porque mesmo?
Porque eu não tenho força para tudo isso
Porque me fará bem
Apesar de todo esse mal
Dispensar todo esse mal
Porque o que não posso segurar
De efêmero
Terá que ser vivido
Apesar de incontrolável
Meu destino
É minha criação
Porque é melhor um sorriso
Cara a tapa
Que o peso
Me enterre não.
Natal, 9 novembro, 2012
78
Precisava e tinha
Se precisasse de desculpas para viver já teria
Algum sentido No sentir-o-mar
Se precisasse de desculpas para viver. Faria
Mesmo em meio a tanta escuridão e incertezas
Festejar o novo ano, velho ano
E desejar o infinito começo e fim
De cada dia
Que a vida promete
Apesar
Da escuridão
Se precisasse de desculpas para viver: Encontraria
Um amigo, uma amiga
Que lhe entenderia
Com e sem palavras
A silenciar este não.”
Natal, 20.10.2012 (para Amanda)
79
Espalhados ao Vento
Minhas festas e partidas e repartidas da vida
Não têm lá uma turma tão grande
Não cabe em mim
conseguir digerir
TANTAS pessoas tão grandes como essas que aqui estão
Estarão ao meu lado
Eu já mal caibo em mim
E não cabe a mim
determinar
Quem o destino me sopra ao vento
E se encontra ao lado de mim
E se deixa repousar
Mas são GRANDES e ÚNICAS pessoas
A quem agradeço o reflexo na existência
E que por estarem espalhadas
Vivo a vida com uma saudade
Que cadencia meu passo
Eles passarão, eu passarei
E levarei comigo
E redescobrirei já sabendo
80
Pessoas metade de mim
Meu infinito é feito de vários
E poucos
Únicos
Natal, 8. Agosto. 2012
81
Seria
Na teoria seria
Na teoria Si Ria
do oceano que separava
O universo de palavras - Da natureza
Que dominava
À flor da pele seria
O leito de algum sonho
Que se perdia em imagens
E sentimentos
Nada que pudesse explicar
A felicidade e a angústia
Daquele dia
Em que me abandonou
Nada que pudesse
Nada que explicasse
Na teoria se Ria
Na prática engasgada
Num mar de choro
Mas também sem explicação
A transformação de si
Encontrada livre
82
No nada, pelo vento
Sem mais nenhuma pretensão.
Fortaleza, 21.julho.2010
83
Mundana
Talvez eu chegue a um ponto na minha vida
Em que eu consiga apenas simplesmente admitir
Que fui humana
Que não controlei minhas carências
Mas que mantive uma linha raciocínio Orgulho
Que me arrancou de mim e me manteve O caminho
Meu
Que me trouxe e me atirou em portos
E fui surpreendida – continuamente – comigo mesma
Aprendi e desaprendi, e esqueci se havia o que saber
O que saber, que não fosse o que sentir
Talvez eu admita, que apesar de todas as incursões
Não há um sorriso que não abra a porta certa
Que a única solução é buscar a pitada de alegria
Num universo de tristezas, que definhará...
(Justamente por isso)
Talvez eu tenha mais coragem, e me desgarre do cômodo
E saiba que é preciso, aceitar a liberdade
Que os sustos irão
Me colorir, e suspirar, e sorrir-grito!
Talvez eu saiba admitir e aceitar
84
Que apenas um caminho incerto pode chegar
Em algum pedaço inteiro de mim.
Fortaleza 19.julho.2012
85
Para não se Perder
Eu já aceitei
Muita esmola como se fosse tesouro
Eu já pedi
Muita esmola e tratei como tesouro
Sorria iludida e com fome
E me perdia de mim
É preciso quebrar esta linha
O que eu aceito é o que peço
Aprender
O que eu peço é o que eu aceito
Nada mais virá senão
Se eu me dou em flor e há tanta energia em mim
Amor em mim, sorrindo para “tis”
Sou tesouro
Porque frágil
Não tenho moeda de troca
Tenho dores de despejo
E preciso sempre
Valorizar
Simplesmente para não quebrar
86
É preciso estar atenta e bem consigo
Para não aceitar um qualquer...
Meia palavra, meia vida
E me despejar
Tão preciosa, por aí,
E andar doendo.
Londres 06.03.2014
87
Estou protegida por todas as frentes
Porque eu caminho entre interiores exteriores e há por
todo lado tanto amor
Porque eu também sou amor
Da cabeça aos meus pés
Que comprimem o chão e dão leveza ao meu corpo
E eu ganho imaginação em livros
Que expandem meu ser
Que pouco sabem do que eu recrio a partir deles
Das palavras que me dão
E Meu ser é todo imaginação
Em criação.
Londres, 05.02.2014
88
My Feelings
My house is being taken over
By birds
Invaded
They lash their wings over me
As I try to hide myself
My life is drifting
And the inevitable time
Is taking over
Is taking me over
And I am drifting
Time is drifting away
And me...
I fight
I resist
I loose Myself
For lack of wanting to find me
I hide away
And nature
Shows whose boss
I accept it As I run wildly
Too fast, too slow
89
I need to drift
I can’t allow myself to drift
I fight
And try to rest
But there is no peace in my home
In my heart
I resist
But life has taken me over
Oh! So many times
And I let myself
Fade away
I let all people
Fade away
There is no peace in my country
No peace in my heart
My Eternal war
Is thrived
Underneath this perpetual
Sun
Exasperatingly
Overwhelmingly
Misunderstood
90
In this endless summer
Natal, 27.09.2014
91
Isto também Passará
Cantando e trabalhando
E tendo calma para me preservar
Justa a mim mesma
E ao dia, que ainda me vem, hoje
Presente
Que o caminho não há
Ele se faz
Em se traçando
E a janela que eu tenho agora
É só Esta
Mas a casa é minha
O corpo é meu
E eu não posso esquecer
Das flores
Do canto
Dos pássaros
E que a minha consistência
Foi feita
Para aguentar, sempre.
Muito mais que isso
92
E superar
Com um passo no pé
Um sorriso
Forte No Rosto
E avante, sempre...
Olhando, sempre, ao meu redor
Para não perder a primavera
Que também Passará.
Natal, 03.10.2014
93
Despeço-me
94
Apenas um detalhe
Era muito pequena, muito tímida
A flor que deu cor à cinza
Era muito vento e ainda
A flor não caía
Era muito vulnerável
O pequeno sentimento bonito que se instalava
E gritava algum tipo de independência
Apesar, a pesar
Das carências
Era um detalhe
Mas fez alguma - e toda - a diferença
Era muito simples a nossa cor
Que passava despercebido
Para quase todos
No entanto deu sentido para minha vida
E guiou meu caminho imprevisível
Para apenas um sensível tradutor
Saber me ler
Me ver.
É um sorriso apenas, que o vento leva,
E me eleva,
95
Uma nota que se perde
Um vento que me bate
E eu já fui.
Fortaleza 10.julho.2012
96
A deus
Eu lhe desejo muita paz
Pra lidar com as adversidades
Eu lhe desejo muito Amor
Pra lidar com as correntezas
Lhe desejo muita Fé
Pra ficar Em pé Consigo mesmo
Eu lhe desejo
Meu bem-querer
Tudo que quero pra mim
Pra que os ventos nos comuniquem
Um som agradável
Eu desejo
E meu sono será tão profundo
Quanto meu acordar
Eu vou resplandecer Alegria
E, de alguma forma,
Terei ela de volta Pra mim
Para algum 'Nós'
Fortaleza, 22 de maio de 2008
97
Á deriva
Meu destino é andar por aí
Só risos
Pescar alguma coisa no vento
Capturar o Ar
Desse e daquele momento
E expirar
Meu destino é plainar
Viver Por aí
No leito daquele mar
Que será sem medida
Me soltar
O porto qual quer?
Um porto qualquer.
Fortaleza 28.01.2010
98
Retrospectiva
Em quantos portos eu já não estive?
Minhas saudades
Quantas plataformas
E distâncias Em meu peito
E recordações
E quantas coisas
Hoje
Presente
Esse mundo e pessoas
Aceleram meu coração
taquicardia
pelo destino
Eu sou um pouco tudo
Mas não consegui uma forma de me espalhar
Por todos
E me aperta E me constrói
Essa condição
Mesmo mar de ligação e distância
Eu mergulho nesse devir
E o caminho é que me faz o momento
Eterno
Até mais
sobre o oceano atlântico (entre Portugal e Brasil) 2005
99
Respectfully, Yours
Maybe I just feel too much
Your grace, my disgrace
Maybe this life is just too much
Too little
Maybe it is just so beautiful
That I explode from within
Because I cannot take it in Me
And carry it away
I am extremely thankful
While I cry for the uncertainty of it all
I accept it with some grace
I fall in pieces but I can see
The air between me that gives me, also,
Some kind of laughter
I love and I accept leaving, and I grow
And I feel small
For some inquisitions that wait for me, still
For too much air and wind and joy
That takes my ground away from me
100
However, trembling, I am still able to walk
Maybe I feel too much
As I leave myself behind in you
And have to accept
My forever transitory way
And my breaking and given away
In so many places
Je vais dans la vie
Contre le flux
Protegé pour mes amies
Répartie en mes amies
Londres, 05.04.2014
101
The Sun is Out
It’s sunny and there’s no time to get gloomy
The sun is out and there’s no time left
To feel gloomy
Life is springing from every remote corner
And there is no time for you
And to feel gloomy
I’m sorry
But I’m not
I breathe and there is so much life that comes,
Constantly,
Into me
That there is no time
To feel ungrateful
I smile and I hug the unreachable air
And I must fly and miss all of this
That I have been living
Ferociously
Time is my present and my only master
I’m not sorry
102
I breathe in
And I’ll take a few other smiles with me
As I leave this
And leave myself here
Catch me there
Don’t catch me anywhere
Londres, 13.04.2014
103
Partida em Saudade
I am walking with wholes
Filling me up
I am so light and so heavy
I leave you with the certainty that
I am more whole because this all happened
was incredible
I am undefined now
I'm not sure of tomorrow
I am unbalanced today
But I can only accept
With some grace
And know that I have to smile
To be true to life
But as I leave you
There is a fear creeping in me
There is a bit of me left behind
There is too much air
Over too much water
Deixo uma parte de mim
E ando enviesada
Como eu posso segurar o tempo?
104
Como eu posso dar conta dele?
Como eu posso continuar com minha terra desventurada
Quando criei outra casa?
Quando eu já tinha outra casa?
Como eu posso encontrar aconchego depois de tudo isso?
Partida ao meio, aos quartos
Do mundo
A mim me falta me ter
Em ti que eu me deixei ser
Vou desenhando
Alguma existência simplória
Algo de sobrevida gritada com paixão
Em respeito ao que sou
E ao que fui
É preciso continuar
É preciso caminhar
A pesar de deslocada
Ainda sou mais que antes
Ainda te tenho também em mim
Lisboa, 03 de maio, 2014