lixo hospitalar: uma atividade de …µes ambientais: possibilidades para a sala de aula, de...

18
LIXO HOSPITALAR: UMA ATIVIDADE DE MODELAGEM MATEMÁTICA ENVOLVENDO DIFERENTES REGISTROS DE REPRESENTAÇÃO Gislaine Ferreira Gomes 1 [email protected] Paulo Henrique da Silva Kazulle 2 [email protected] Karina Alessandra Pessôa da Silva 3 [email protected] RESUMO Neste trabalho abordamos o estudo de uma atividade de Modelagem Matemática que tem como tema o lixo hospitalar. A partir da compreensão do objeto matemático “função definida por várias sentenças”, por meio da coordenação entre os diferentes registros de representação abordados por Raymond Duval, é possível concluir que uma atividade de Modelagem Matemática pode propiciar um ambiente em que haja a coordenação entre diferentes registros de representação. Para tanto, foi desenvolvida uma atividade de Modelagem Matemática a partir dos dados obtidos em um laboratório de análises clínicas da cidade de Arapongas, PR. Dessa forma, pudemos entrar em contato com várias informações sobre o tema, abordar diferentes registros de representação semiótica e, ainda, mostrar como a Modelagem Matemática pode ser uma alternativa pedagógica no ensino e na aprendizagem da Matemática. PALAVRAS-CHAVE: Lixo Hospitalar; Modelagem Matemática; Funções. 1. INTRODUÇÃO Muito se tem falado na Educação Matemática sobre a utilização de encaminhamentos metodológicos que os professores podem seguir para desenvolver os conteúdos matemáticos e que podem propiciar a melhor assimilação de conhecimentos matemáticos por parte dos alunos. Nesses encaminhamentos, a Modelagem Matemática se faz presente, a fim de auxiliar no enriquecimento do processo pedagógico, pois propicia a intervenção dos alunos em problemas reais do ambiente social e cultural em que vivem e permite que eles tenham maior participação no processo de ensino e aprendizagem da Matemática. Neste trabalho, apresentamos uma atividade de Modelagem Matemática desenvolvida no âmbito de um projeto de extensão — Modelagem Matemática em 1 Graduanda de Licenciatura em Matemática, com ênfase em Informática, da FAP – Faculdade de Apucarana. 2 Graduando de Licenciatura em Matemática, com ênfase em Informática, da FAP – Faculdade de Apucarana. 3 Professora mestre em Ensino de Ciências e Educação Matemática. 36

Upload: lamdien

Post on 23-Nov-2018

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: LIXO HOSPITALAR: UMA ATIVIDADE DE …µes ambientais: possibilidades para a sala de aula, de formação inicial de professores da Faculdade de Apucarana, PR. A atividade de Modelagem

LIXO HOSPITALAR: UMA ATIVIDADE DE MODELAGEM MATEMÁTICA

ENVOLVENDO DIFERENTES REGISTROS DE REPRESENTAÇÃO

Gislaine Ferreira Gomes1

[email protected] Paulo Henrique da Silva Kazulle2

[email protected] Karina Alessandra Pessôa da Silva3

[email protected]

RESUMO

Neste trabalho abordamos o estudo de uma atividade de Modelagem Matemática que tem como tema o lixo hospitalar. A partir da compreensão do objeto matemático “função definida por várias sentenças”, por meio da coordenação entre os diferentes registros de representação abordados por Raymond Duval, é possível concluir que uma atividade de Modelagem Matemática pode propiciar um ambiente em que haja a coordenação entre diferentes registros de representação. Para tanto, foi desenvolvida uma atividade de Modelagem Matemática a partir dos dados obtidos em um laboratório de análises clínicas da cidade de Arapongas, PR. Dessa forma, pudemos entrar em contato com várias informações sobre o tema, abordar diferentes registros de representação semiótica e, ainda, mostrar como a Modelagem Matemática pode ser uma alternativa pedagógica no ensino e na aprendizagem da Matemática. PALAVRAS-CHAVE: Lixo Hospitalar; Modelagem Matemática; Funções.

1. INTRODUÇÃO

Muito se tem falado na Educação Matemática sobre a utilização de

encaminhamentos metodológicos que os professores podem seguir para desenvolver os

conteúdos matemáticos e que podem propiciar a melhor assimilação de conhecimentos

matemáticos por parte dos alunos. Nesses encaminhamentos, a Modelagem Matemática se

faz presente, a fim de auxiliar no enriquecimento do processo pedagógico, pois propicia a

intervenção dos alunos em problemas reais do ambiente social e cultural em que vivem e

permite que eles tenham maior participação no processo de ensino e aprendizagem da

Matemática.

Neste trabalho, apresentamos uma atividade de Modelagem Matemática

desenvolvida no âmbito de um projeto de extensão — Modelagem Matemática em

1 Graduanda de Licenciatura em Matemática, com ênfase em Informática, da FAP – Faculdade de Apucarana. 2 Graduando de Licenciatura em Matemática, com ênfase em Informática, da FAP – Faculdade de Apucarana. 3 Professora mestre em Ensino de Ciências e Educação Matemática.

36

Page 2: LIXO HOSPITALAR: UMA ATIVIDADE DE …µes ambientais: possibilidades para a sala de aula, de formação inicial de professores da Faculdade de Apucarana, PR. A atividade de Modelagem

questões ambientais: possibilidades para a sala de aula, de formação inicial de

professores da Faculdade de Apucarana, PR. A atividade de Modelagem desenvolvida por

um dos grupos de estudo e que faz parte desse trabalho, refere-se à coleta de lixo hospitalar

em um laboratório localizado na cidade de Arapongas, no estado do Paraná.

Segundo Vertuan (2007), atividades de Modelagem Matemática proporcionam o

uso de diferentes registros de representação semiótica. Isso ocorre porque os objetos

matemáticos são inacessíveis à percepção, necessitando de uma representação para se

tornarem acessíveis.

Visando contribuir com a compreensão do objeto matemático “função definida

por várias sentenças”, presente nesta atividade de Modelagem Matemática, é que

utilizamos a Teoria dos Registros de Representação Semiótica, de Raymond Duval. Para o

autor, a utilização de diferentes registros de representação, associados a um mesmo objeto

matemático e à coordenação adequada entre estes registros, representa uma possibilidade

do aluno compreender o objeto matemático como um todo.

Ao utilizar o referencial teórico dos Registros de Representação Semiótica, de

Raymond Duval, e a Modelagem Matemática como alternativa pedagógica para o ensino e

a aprendizagem da Matemática, abordamos uma atividade de Modelagem Matemática e a

analisamos, a fim de verificar a disposição dos diferentes registros de representação

semiótica e a coordenação entre tais registros, envolvida nela.

2. QUADRO TEÓRICO QUE FUNDAMENTA O TRABALHO

2.1 Sobre o conceito de função e seus diferentes registros de representação

Perceber as regularidades que nos cercam auxilia-nos a observar a repetição de

certo fenômeno tantas vezes quanto julgarmos necessário, tentando prever resultados para

podermos elaborar estratégias de ação. Neste sentido, o conceito de função é muito

utilizado em várias áreas do conhecimento, pois permite explicar e modelar fenômenos

físicos e sociais.

No âmbito da Educação Matemática, como está explicitado nos PCNEM

(BRASIL, 1998), “é preciso que o aluno perceba a Matemática como um sistema de

códigos e regras que a tornam uma linguagem de comunicação de idéias e permite modelar

a realidade e interpretá-la”(p. 40).

Para Zuffi (2001), parece não existir consenso entre os diversos autores, sobre a

37

Page 3: LIXO HOSPITALAR: UMA ATIVIDADE DE …µes ambientais: possibilidades para a sala de aula, de formação inicial de professores da Faculdade de Apucarana, PR. A atividade de Modelagem

origem do conceito de função. Alguns deles consideram que os babilônios já possuíam um

instinto do que é função, desde cerca de 2000 a.C., em seus cálculos com tabelas

sexagesimais de quadrados e de raízes quadradas, as quais podiam ser tomadas como

“funções tabuladas”, e que eram destinadas a um fim prático. Os gregos também possuíam

tabelas que faziam uma conexão entre Matemática e Astronomia, mostrando que

percebiam a idéia de dependência entre variáveis. Os franceses demonstraram indícios de

idéias primárias de função anteriores a 1361, quando Nicole Oresme descreveu

graficamente o movimento de um corpo com aceleração uniforme.

Segundo Youschkevitch (1976, apud ZUFFI, 2001), há três fases principais do

desenvolvimento da noção de função:

• a Antigüidade, na qual o estudo de casos de dependência entre duas

quantidades ainda não havia isolado as noções de variável e de função;

• a Idade Média, quando as noções eram expressas sobre uma forma

geométrica e mecânica, mas em que ainda prevaleciam, em cada caso

concreto, as descrições verbais ou gráficas;

• o período Moderno, a partir do século XVII, quando começam a

prevalecer as expressões analíticas de função.

De acordo com Zuffi (2001), foi Leibniz quem, na década de 1670, usou o termo

‘função’ para se referir a “certos segmentos de reta cujos comprimentos dependiam de

retas relacionadas a curvas”. Jean Bernoulli em 1673 utilizou o termo função para

designar quantidades que dependem de uma variável e utilizou várias notações para uma

função de x , das quais a que mais se aproxima da notação atualmente em uso é ‘ fx ’.

Segundo Sierpinska (1992, apud ZUFFI, 2001), outra definição foi dada por

Leonard Euler,

uma função de uma quantidade variável é uma expressão analítica, composta de alguma maneira desta mesma quantidade e de números ou quantidades constantes. Assim, qualquer expressão analítica a qual, além da variável z , contém também quantidades constantes, é uma função de z (p. 12).

Euler trouxe grandes contribuições para a linguagem simbólica e as notações que

utilizamos hoje para denotar uma função de x , entre elas, )(xf .

Segundo Sierpinska (1992, apud ZUFFI, 2001), função, também foi definida pelo

matemático francês Jean-Louis Lagrange,

38

Page 4: LIXO HOSPITALAR: UMA ATIVIDADE DE …µes ambientais: possibilidades para a sala de aula, de formação inicial de professores da Faculdade de Apucarana, PR. A atividade de Modelagem

Chama-se função de uma, ou várias quantidades, toda expressão de cálculo nas quais estas quantidades entram de uma maneira qualquer, misturadas ou não com outras quantidades, que se vêem como valores dados e invariáveis, de modo que as quantidades da função podem receber todos os valores possíveis. Assim, nas funções consideram-se somente as quantidades que sejam variáveis, sem consideração às constantes que podem estar aí misturadas (p. 12).

Ainda como apresentado em SIERPINSKA (1992, apud ZUFFI, 2001), para o

matemático francês Augustin Cauchy, “chamam-se funções de uma ou várias quantidades

variáveis às quantidades que se apresentam, no cálculo, como resultados de operações

feitas sobre uma ou várias outras quantidades constantes ou variáveis” (p. 13).

Zuffi (2001) relata que em 1837, Peter Gustav Lejeune-Dirichlet, propôs a

seguinte definição geral de função, que foi amplamente aceita até meados do século XX

Se uma variável y está relacionada a uma variável x de modo que, ao se atribuir qualquer valor numérico a x , existe uma regra de acordo com a qual um único valor de y é determinado, então y é dito ser uma função da variável independente x (p. 13).

Neste trabalho consideramos a definição de função dada por Iezzi et all (2002).

“Se x e y são duas variáveis reais tais que para cada valor atribuído a x existe, em

correspondência, um único valor para y , dizemos que y é função de x ” (p. 40).

A função definida por várias sentenças é um objeto matemático que apresenta

diferentes registros de representação. A coordenação entre esses diferentes registros é

importante para que ocorra a conceitualização do objeto matemático em estudo.

2.1.1 Os diferentes registros de representação da função definida por várias sentenças

Em Matemática, a comunicação é feita basicamente por meio de representações.

Para ensinar conceitos, propriedades, estruturas e relações advindas dos objetos

matemáticos, o professor precisa levar em consideração as diferentes formas de

representação desse objeto. O que se estuda e se ensina são as representações dos objetos

matemáticos e não os próprios objetos matemáticos.

Para Damm (1999): A matemática trabalha com objetos abstratos. Ou seja, os objetos matemáticos não são diretamente acessíveis à percepção, necessitando para sua apreensão o uso de uma representação. Neste caso as representações através de símbolos, signos, códigos, tabelas, gráficos, algoritmos, desenhos são bastante significativas, pois permitem a comunicação entre os sujeitos e as atividades

39

Page 5: LIXO HOSPITALAR: UMA ATIVIDADE DE …µes ambientais: possibilidades para a sala de aula, de formação inicial de professores da Faculdade de Apucarana, PR. A atividade de Modelagem

cognitivas do pensamento, permitindo registros de representação diferentes de um mesmo objeto matemático. Por exemplo, a função pode ser representada através da expressão algébrica, tabelas e/ou gráficos que são diferentes registros de representação (DAMM, 1999, p. 137).

Para Duval (2003), “o acesso aos objetos matemáticos passa necessariamente por

representações semióticas”. As representações semióticas são externas e conscientes na

pessoa. Elas realizam uma função de tratamento intencional, fundamental para a

aprendizagem humana. As representações semióticas desempenham o papel de comunicar,

exteriorizar as representações mentais, a fim de torná-las acessíveis às outras pessoas.

Entre os exemplos de representações semióticas, podemos destacar a escrita em

língua natural, a escrita algébrica e os gráficos cartesianos. Esses diferentes registros4 são

perceptíveis no estudo de função. No entanto, ao trabalhar com funções, por exemplo, os

gráficos, as tabelas e as equações são registros parciais do objeto matemático em questão

(funções). Para Dominoni (2005), sendo parcial, um registro pode complementar o outro.

No entanto, é preciso relacionar os diferentes registros de representação, com suas próprias

especificidades, para que se possa conceitualizar o objeto matemático.

Para que um sistema de representação semiótica seja considerado um registro de

representação semiótica, Duval (2003) afirma que é preciso que esse sistema permita três

atividades cognitivas:

• a formação de uma representação identificável, ou seja, a partir de um

registro de representação, saber qual é o objeto matemático que está sendo

representado;

• o tratamento de um registro de representação, ou seja, transformações de

representações dentro de um mesmo sistema de registros;

• a conversão de um registro de representação, ou seja, transformações de

representações onde há mudanças de sistemas de registros, conservando os

objetos estudados5.

É importante transitar entre os diferentes tipos de representação, fazendo a

conversão de um registro para outro. Para Duval (2003, p. 16), “[...] do ponto de vista

4 Em alguns momentos, utilizamos registros ou registros de representação para nos referirmos aos registros de representação semiótica, a fim de evitar repetição. 5 Neste trabalho, adotamos a conversão como uma atividade cognitiva que envolve mudança de sistemas de registros. Embora consideremos que a atividade de conversão pode ser vista como mais complexa ou menos complexa, de acordo com o fenômeno de congruência e não-congruência, não faremos essa análise neste trabalho.

40

Page 6: LIXO HOSPITALAR: UMA ATIVIDADE DE …µes ambientais: possibilidades para a sala de aula, de formação inicial de professores da Faculdade de Apucarana, PR. A atividade de Modelagem

cognitivo, é a atividade de conversão que, ao contrário, aparece como a atividade de

transformação representacional fundamental, aquela que conduz aos mecanismos

subjacentes à compreensão”.

Para Damm (1999, p.144), quanto maior for a mobilidade com registros de

representação diferentes do mesmo objeto matemático, maior será a possibilidade de

apreensão deste objeto.

No entanto, para que ocorra a conceitualização do objeto matemático em estudo,

além de se realizar conversões de um registro para outro, é necessário que exista uma

coordenação entre os registros, ou seja, é preciso compreender que os diferentes registros

referem-se ao mesmo objeto matemático e podem se complementar no sentido de que um

registro pode expressar características ou propriedades do objeto matemático, que não são

expressas com clareza em outro registro.

O conceito “função” é utilizado em várias áreas do conhecimento e, levando em

consideração a importância do estudo da Função, definida por várias sentenças,

encaminhamos nossa proposta pedagógica para o estudo dos diferentes registros de

representação desta função.

A Função definida por várias sentenças pode ser representada por meio de

diferentes registros que transparecem suas propriedades. O estudo desses diferentes

registros pode contribuir para a construção da conceitualização desse objeto matemático.

No desenvolvimento do estudo de Função, definida por várias sentenças, podem-se

destacar registros de representação, como: o da língua natural, o tabular, o gráfico e o

algébrico.

A língua natural corresponde à linguagem materna com a qual o ser humano se

comunica. O registro de representação tabular usa uma disposição espacial, em forma de

tabela, que contém elementos de dois conjuntos. Para que uma tabela represente uma

Função definida por várias sentenças, ela deve incorporar as propriedades desta função. No

registro gráfico existe o plano cartesiano, onde estão dispostos dois eixos ortogonais, o x0

e o y0 , que têm a mesma origem, o 0 . Esse plano é utilizado para localizar pontos,

realizar construções geométricas, como linhas e curvas, que representam a função. A

representação algébrica utiliza-se de um conjunto de operações entre coeficientes

numéricos e variáveis, geralmente expressas por letras, de tal maneira que possa

representar a relação entre as variáveis.

Para Duval (2003), quando o trabalho com atividades matemáticas tende a

41

Page 7: LIXO HOSPITALAR: UMA ATIVIDADE DE …µes ambientais: possibilidades para a sala de aula, de formação inicial de professores da Faculdade de Apucarana, PR. A atividade de Modelagem

diversificar os registros de representação, este uso diversificado tende a desenvolver

capacidades cognitivas do aluno e contribui fortemente para a aprendizagem. Vertuan &

Almeida (2007) perceberam que as atividades de Modelagem viabilizam a utilização e a

exploração de diferentes registros de representação semiótica, bem como o tratamento, a

conversão e a coordenação entre os registros.

Dessa forma, abordamos o uso da Modelagem Matemática como alternativa

pedagógica para estabelecer coordenação entre os diferentes registros de representação da

função definida por várias sentenças.

2.2 Sobre Modelagem Matemática na Educação Matemática

Segundo Caldeira (2005), a Modelagem Matemática, na área da Educação

Matemática, pode ser vista como uma alternativa pedagógica para que os alunos possam

ter uma visão mais clara da importância que a Matemática desempenha na vida das

pessoas, visto que suas aplicações esclarecem os conteúdos matemáticos que precisam ser

desenvolvidos, estabelecendo relações destes com o dia-a-dia, sua aplicação, utilização e

importância. Além disso, Bassanezi (2002, p. 31) afirma que “a modelagem eficiente

permite fazer previsões, tomar decisões, explicar e entender; enfim participar do mundo

real com capacidade de influenciar em suas mudanças”.

No trabalho com Modelagem Matemática, o professor desenvolve um papel de

colaborador e participante no processo de investigação dos alunos, dialogando com eles

sobre os procedimentos que estão sendo realizados e orientando-os quando precisarem.

Assumimos, neste trabalho, a Modelagem Matemática enquanto alternativa

pedagógica, caracterizada, por Almeida & Brito (2005), como sendo uma alternativa

pedagógica na qual fazemos uma abordagem, por meio da Matemática, de um problema

não essencialmente matemático, no qual a Modelagem6 pode proporcionar ao aluno a

possibilidade de atribuir sentido e construir significados para os conceitos matemáticos

com que se defronta nas aulas de Matemática.

Na Modelagem Matemática, o modelo matemático, segundo Almeida (2005),

pode ser definido como um conjunto consistente de estruturas e relações matemáticas que

descreve um fenômeno ou uma situação real. O modelo matemático é, assim, uma

representação da realidade. A Modelagem Matemática consiste na obtenção, aplicação e

validação deste modelo. 6 Quando utilizarmos o termo Modelagem estamos nos referindo à Modelagem Matemática.

42

Page 8: LIXO HOSPITALAR: UMA ATIVIDADE DE …µes ambientais: possibilidades para a sala de aula, de formação inicial de professores da Faculdade de Apucarana, PR. A atividade de Modelagem

Segundo Bassanezi (2002), a Modelagem Matemática consiste, essencialmente,

na arte de transformar situações da realidade em problemas matemáticos, cujas soluções

devem ser interpretadas na linguagem usual, que é uma representação da situação que está

sendo estudada. Vertuan & Almeida (2007) perceberam que as atividades de Modelagem

viabilizam a utilização e exploração de diferentes registros de representação semiótica,

bem como o tratamento, a conversão e a coordenação entre os registros.

Assim, encaramos a Modelagem Matemática como um processo que procura

entender e explicar os fenômenos da realidade, ou seja, que trata, por meio da Matemática,

de assuntos não-matemáticos e que podem proporcionar a abordagem de diferentes

registros de representação.

Ao se trabalhar com a Modelagem Matemática é importante seguir algumas

etapas, como, por exemplo, segundo Burak (2004, p. 3): escolha do tema; pesquisa

exploratória; levantamento dos problemas; resolução dos problemas e desenvolvimento da

matemática relacionada ao tema; e análise crítica das soluções.

Levando em consideração algumas das contribuições da Modelagem, apontadas

na literatura, apresentamos uma situação de Modelagem Matemática por meio da qual é

possível desenvolver o estudo da função definida por várias sentenças. A situação

apresentada é oriunda de um trabalho desenvolvido em um projeto de Modelagem

Matemática.

3. ATIVIDADE DE MODELAGEM MATEMÁTICA DESENVOLVIDA E OS

DIFERENTES REGISTROS DE REPRESENTAÇÃO UTILIZADOS

Essa atividade foi desenvolvida por um grupo de estudantes do Curso de

Graduação em Matemática, com ênfase em Informática, em um projeto de Modelagem

Matemática, na FAP – Faculdade de Apucarana. A atividade iniciou-se com a reflexão

sobre qual é o destino do lixo produzido por hospitais e laboratórios, pois uma das

integrantes do projeto, que trabalha em um laboratório de análises clínicas na cidade de

Arapongas, disse que a empresa que coleta o lixo laboratorial (hospitalar) emitia

certificados mensais, salvo alguns meses em que a quantidade de lixo produzida era

pequena.

Com base nos dados que apuramos junto aos certificados emitidos pelo

laboratório, optamos por desenvolver a atividade. Interessados no estudo do tema “lixo

43

Page 9: LIXO HOSPITALAR: UMA ATIVIDADE DE …µes ambientais: possibilidades para a sala de aula, de formação inicial de professores da Faculdade de Apucarana, PR. A atividade de Modelagem

hospitalar” procuramos informações em diferentes fontes e constatamos que, segundo

Sobreira (2009), lixo é definido como algo que não presta e que se joga fora, por não ter

mais utilidade, mas, ainda esse lixo que se joga, se não for tratado de maneira adequada,

pode ser muito prejudicial à saúde dos seres humanos e ao meio ambiente. Em especial, o

lixo hospitalar apresenta risco potencial à saúde e ao meio ambiente, devido à presença de

material biológico, químico, radioativo, perfuro-cortante. O tratamento adequado previne

infecções cruzadas, proporciona conforto e segurança à clientela e à equipe de trabalho,

bem como mantém o ambiente limpo e agradável.

A partir dos certificados que coletamos, que correspondem aos meses de

julho de 2008 a abril de 2009, organizamos os dados em disposição espacial em forma de

tabela, obtendo os seguintes registros de representação tabular, apresentados nas Tabelas 1,

2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8.

Tabela 3: Coleta do mês de Outubro

de 2008 DATA DA COLETA

QUANTIDADE (KG)

15/10/2008 8 21/10/2008 5 29/10/2008 10

Tabela 5: Coleta do mês de

Dezembro de 2008 DATA DA COLETA

QUANTIDADE (KG)

Tabela 2: Coleta do mês de Agosto de 2008

DATA DA COLETA QUANTIDADE (KG)

06/08/2008 10 12/08/2008 13 20/08/2008 10 26/08/2008 12

Tabela 4: Coleta do mês de Novembro de 2008

DATA DA COLETA

QUANTIDADE (KG)

04/11/2008 6 11/11/2008 7 18/11/2008 4 25/11/2008 10

Tabela 1: Coleta do mês de Julho de 2008

DATA DA COLETA

QUANTIDADE (KG)

08/07/2008 12 16/07/2008 12 22/07/2008 8 24/07/2008 14 30/07/2008 13

44

Page 10: LIXO HOSPITALAR: UMA ATIVIDADE DE …µes ambientais: possibilidades para a sala de aula, de formação inicial de professores da Faculdade de Apucarana, PR. A atividade de Modelagem

02/12/2008 10 09/12/2008 12 16/12/2008 10 25/12/2008 10 29/12/2008 2

Tabela 7: Coleta do mês de Março de

2009 DATA DA COLETA

QUANTIDADE (KG)

04/03/2009 15 10/03/2009 10 18/03/2009 12 24/03/2009 10 31/03/2009 16

Neste caso, fizemos uma conversão dos dados apresentados em língua natural nos

certificados para os registros tabulares (Tabelas 1 a 8). A partir das informações

apresentadas nas tabelas, fizemos tratamentos nos registros tabulares, somando a

quantidade de lixo dos respectivos meses e construindo um registro tabular único (Tabela

9). Além disso, admitimos como variável independente, o tempo t (em meses), e, como

variável dependente, a quantidade de lixo coletada Q (em kg).

Tabela 9: Quantidade de lixo coletada de acordo com os meses t MÊS/ANO (Q) QUANTIDADE DE LIXO

COLETADA (KG) 0 JULHO/2008 69 1 AGOSTO/2008 45 2 7SETEMBRO/2008 34 3 OUTUBRO/2008 23

7 Por algum motivo não houve coleta no mês de setembro, logo, “tomamos a liberdade” de fazer uma média entre as coletas dos meses de agosto e de outubro.

Tabela 8: Coleta do mês de Abril de 2009

DATA DA COLETA

QUANTIDADE (KG)

09/04/2009 15 16/04/2009 15 24/04/2009 15 29/04/2009 12

Tabela 6: Coleta do mês de Janeiro de 2009

DATA DA COLETA

QUANTIDADE (KG)

05/01/2009 3 13/01/2009 10 20/01/2009 15 27/01/2009 10

45

Page 11: LIXO HOSPITALAR: UMA ATIVIDADE DE …µes ambientais: possibilidades para a sala de aula, de formação inicial de professores da Faculdade de Apucarana, PR. A atividade de Modelagem

4 NOVEMBRO/2008 27 5 DEZEMBRO/2008 44 6 JANEIRO/2009 38 7 8FEVEREIRO/2009 32 8 MARÇO/2009 31 9 ABRIL/2009 57 10 MAIO/2009 35

A partir dos dados apresentados na Tabela 9, utilizando o programa

computacional Curve Expert e fizemos a conversão do registro tabular para o registro

gráfico (Figura 1).

S = 9.52154610r = 0.80900178

t (Anos)

Q (Q

uant

idad

e de

lixo

em

qui

los)

0.0 1.8 3.7 5.5 7.3 9.2 11.018.40

27.60

36.80

46.00

55.20

64.40

73.60

Figura 1: Registro gráfico do lixo hospitalar coletado de julho de 2008 a maio

de 2009

Observando o comportamento dos plotados no gráfico, chegamos à conclusão de

que a melhor hipótese a ser utilizada é a de que os dados se ajustam a uma função definida

por várias sentenças. A partir dessa hipótese, optamos por ajustar os dados em uma função

definida por três sentenças. Para tanto, separamos os dados coletados em três partes que

representamos nas Tabelas 10, 11 e 12.

9Tabela 10: PARTE 1 – Lixo coletado de julho de 2008 a outubro de 2008 t MÊS/ANO QUANTIDADE DE LIXO COLETADA (KG) 0 JULHO/2008 69 1 AGOSTO/2008 45 2 SETEMBRO/2008 34

8 Devido não ter sido feita a coleta no mês de fevereiro, fez-se uma média da coleta do mês de março. 9 Organizamos os dados das três partes da função em três tabelas para um melhor entendimento.

46

Page 12: LIXO HOSPITALAR: UMA ATIVIDADE DE …µes ambientais: possibilidades para a sala de aula, de formação inicial de professores da Faculdade de Apucarana, PR. A atividade de Modelagem

3 OUTUBRO/2008 23

A partir dos dados da Tabela 10, fizemos uma conversão do registro tabular para o

registro algébrico, em que tais dados se ajustam a uma função exponencial do tipo bxeay .= , ou seja, utilizando as variáveis estabelecidas, bteatQ .)( = , cujos coeficientes10

são: 172095,68=a e 36692913,0−=b .

Assim, obtivemos a função 36692913,0.172095,68)( −= etQ , cuja representação

gráfica é apresentada na Figura 2.

S = 1.92391056r = 0.99680607

t (Anos)

Q (Q

uant

idad

e de

lixo

em

qui

los)

0.0 0.6 1.1 1.7 2.2 2.8 3.318.40

27.60

36.80

46.00

55.20

64.40

73.60

Figura 2: Gráfico Parte 1 – Lixo coletado de julho de 2008 a outubro de 2008

Ao fazer a conversão do registro algébrico para o registro gráfico, inferimos que

tais registros se referem ao mesmo objeto matemático “função exponencial”, no entanto,

possuem características e propriedades distintas que os complementam. Isso reforça o que

Dominoni (2005) afirma de que um registro pode complementar o outro, visto que um

registro é uma representação parcial do objeto matemático. Dessa forma, é preciso

relacionar os diferentes registros de representação, com suas próprias especificidades para

que se possa conceitualizar o objeto matemático “função exponencial”.

A Tabela 11 apresenta a segunda parte da função definida por várias sentenças.

Essa tabela foi obtida observando-se as regularidades dos dados.

Tabela 11: PARTE 2 – Lixo coletado de dezembro de 2008 a março de 2009

t MÊS/ANO QUANTIDADE DE LIXO COLETADA (KG)

10 Tais coeficientes foram obtidos com a ajuda do software Curve Expert, assim como os gráficos plotados.

47

Page 13: LIXO HOSPITALAR: UMA ATIVIDADE DE …µes ambientais: possibilidades para a sala de aula, de formação inicial de professores da Faculdade de Apucarana, PR. A atividade de Modelagem

5 DEZEMBRO/2008 44 6 JANEIRO/2009 38 7 FEVEREIRO/2009 32 8 MARÇO/2009 31

A partir dos dados da Tabela 11, fizemos uma conversão do registro tabular para o

registro algébrico, em que tais dados se ajustam a uma função quadrática do tipo

cbxaxy ++= 2 , ou seja, utilizando as variáveis estabelecidas, cbtattQ ++= 2)( , cujos

coeficientes são: 25,1=a , 75,20−=b e 75,116=c .

Assim, obtivemos a função 75,116.75,20.25,1)( 2 +−= tttQ , cuja representação

gráfica é apresentada na Figura 3.

S = 1.11803399r = 0.99423626

t (Anos)

Q (

Qua

ntid

ade

de li

xo e

m q

uilo

s)

4.7 5.3 5.9 6.5 7.1 7.7 8.329.70

32.30

34.90

37.50

40.10

42.70

45.30

Figura 3: Gráfico Parte 2 – Lixo coletado de dezembro de 2008 a março de 2009

Ao fazer a conversão do registro algébrico para o registro gráfico, inferimos que

tais registros se referem ao mesmo objeto matemático “função quadrática”. Assim,

utilizou-se três registros de representação distintos para o mesmo objeto matemático –

função quadrática – e, de acordo com Duval (2003), isso representa uma originalidade da

atividade matemática.

A Tabela 12 apresenta a terceira parte da função definida por várias sentenças.

Essa tabela foi obtida observando-se as regularidades dos dados.

Tabela 12: PARTE 3 – Lixo coletado de abril de 2009 a maio de 2009

t MÊS/ANO QUANTIDADE DE LIXO COLETADA (KG) 9 ABRIL/2009 57 10 MAIO/2009 35

48

Page 14: LIXO HOSPITALAR: UMA ATIVIDADE DE …µes ambientais: possibilidades para a sala de aula, de formação inicial de professores da Faculdade de Apucarana, PR. A atividade de Modelagem

A partir dos dados da Tabela 12, novamente fizemos uma conversão do registro

tabular para o registro algébrico, em que tais dados se ajustam a uma função linear do tipo

baxy += , ou seja, utilizando as variáveis estabelecidas, battQ +=)( , cujos coeficientes

são: 22−=a e 255=b .

Assim, obtivemos a função 255.22)( +−= ttQ , cuja representação gráfica é

apresentada na Figura 4.

S = 0.00000000r = 1.00000000

t (Anos)

Q (Q

uant

idad

e de

lixo

em

qui

los)

8.9 9.1 9.3 9.5 9.7 9.9 10.132.80

37.20

41.60

46.00

50.40

54.80

59.20

Figura 4: Gráfico Parte 3 - Lixo coletado de abril de 2009 a maio de 2009

Ao fazer a conversão do registro algébrico para o registro gráfico, inferimos que

tais registros se referem ao mesmo objeto matemático “função linear”.

A partir das funções obtidas com os dados coletados, fizemos um tratamento no

registro algébrico para obter uma função definida por várias sentenças:

⎪⎩

⎪⎨

≥+−≤≤+−

≤≤

=

9 para 255.2285 para 75,116.75,20.25,1

30 para .172095,68)( 2

.36692913,0

ttttt

tetQ

t

Além disso, fizemos uma conversão do registro algébrico para o registro

gráfico e percebemos como a função, definida por várias sentenças, se comporta nesses

intervalos de tempo considerados. A Figura 5 apresenta o gráfico obtido utilizando-se o

programa computacional Maple 7.0:

49

Page 15: LIXO HOSPITALAR: UMA ATIVIDADE DE …µes ambientais: possibilidades para a sala de aula, de formação inicial de professores da Faculdade de Apucarana, PR. A atividade de Modelagem

Figura 5: Gráfico - Função definida por três sentenças

Na etapa que corresponde à validação do modelo matemático, obtemos

dados próximos aos reais, como apresentados na Tabela 13. Nesse caso, fizemos

tratamentos no registro algébrico da função definida por várias sentenças e apresentamos

os resultados obtidos nesses tratamentos sob a forma de uma representação tabular. Nesse

caso, fizemos a conversão do registro algébrico para o registro tabular.

Tabela 13: Comparativo entre dados reais e modelados

t MÊS/ANO (Q) QUANTIDADE DE LIXO COLETADA (KG)

REAL

(Q) QUANTIDADE DE LIXO COLETADA (KG)

MODELADA 0 JULHO/2008 69 68,17 1 AGOSTO/2008 45 47,23 2 SETEMBRO/2008 34 32,73 3 OUTUBRO/2008 23 22,67 4 NOVEMBRO/2008 27 2711 5 DEZEMBRO/2008 44 44,25 6 JANEIRO/2009 38 37,25 7 FEVEREIRO/2009 32 32,75 8 MARÇO/2009 31 30,75 9 ABRIL/2009 57 57 10 MAIO/2009 35 35

Nesta atividade, os registros mobilizados foram: língua natural, tabular, algébrico

e gráfico. As atividades cognitivas (tratamento e conversão) estiveram presentes como

apresentada na Figura 6.

11 Devido ao fato deste ponto não se ajustar, nem na primeira, nem na segunda parte da função, decidimos não usá-lo na procura do modelo.

Língua natural Registro tabular Registro algébrico Registro gráfico

Conversão Conversão Conversão

Tratamento Tratamento

50

Page 16: LIXO HOSPITALAR: UMA ATIVIDADE DE …µes ambientais: possibilidades para a sala de aula, de formação inicial de professores da Faculdade de Apucarana, PR. A atividade de Modelagem

Figura 6: Registros de representação e atividades cognitivas na abordagem da função definida por várias sentenças.

No desenvolvimento desta atividade de Modelagem Matemática, mobilizamos

diferentes registros de representação e diferentes objetos matemáticos estiveram presentes

— função exponencial, função quadrática e função linear — para obtermos a representação

do objeto matemático “função definida por várias sentenças”, que representa o tema em

estudo. Segundo Duval (2003), mais importante que a conversão, é a coordenação entre os

registros. Isso implica em perceber, nos diferentes registros, o mesmo objeto matemático,

no caso, a função definida por várias sentenças.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Acreditamos que a Modelagem Matemática seja uma alternativa pedagógica

interessante para aproximar situações da realidade de conteúdos matemáticos

desenvolvidos em sala de aula. Com isso, a Modelagem Matemática pode proporcionar um

ambiente para o ensino e a aprendizagem de conceitos matemáticos.

A Modelagem Matemática, enquanto alternativa pedagógica, possibilita ao aluno

coordenar diferentes registros de representação e fazer conjecturas a partir de dados da

realidade para chegar a uma solução matemática do problema. Estes registros, segundo

Duval (2003), evidenciam o modo como os alunos entendem determinado objeto

matemático ao mesmo tempo que promovem novas interpretações acerca destes objetos e

de outros relacionados. Vale lembrar que “[...] passar de um registro de representação à

outro não é somente mudar de modo de tratamento, é também explicar as propriedades ou

os aspectos diferentes de um mesmo objeto” (DUVAL, 2003, p. 22).

Observando as características de cada registro de representação, percebemos que

um complementa o outro e que sua relevância no ensino e na aprendizagem do conceito da

Função definida por várias sentenças, pois é no reconhecimento, na conversão e na

coordenação entre os diferentes registros que é possível manipular o objeto matemático

abstrato, tornando-o significativo.

Registro tabular

Conversão

51

Page 17: LIXO HOSPITALAR: UMA ATIVIDADE DE …µes ambientais: possibilidades para a sala de aula, de formação inicial de professores da Faculdade de Apucarana, PR. A atividade de Modelagem

Em termos gerais, verificamos, por meio da atividade descrita neste trabalho, que,

de fato, as atividades de Modelagem Matemática viabilizam a utilização e exploração de

diferentes registros de representação semiótica, bem como os processos de tratamento, de

conversão e de coordenação entre registros.

É importante destacar que o modelo matemático obtido nesta atividade não tem

como objetivo fazer previsões, mas perceber como a situação se comporta nos intervalos

de tempo estabelecidos e com os dados coletados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Lourdes M. W. Introdução à Modelagem Matemática: Notas de aula do curso de Mestrado em Ensino de Ciências e Educação Matemática. UEL, Londrina, 2005.

ALMEIDA, Lourdes M. W.; BRITO, Dirceu S. O conceito de função em situações de Modelagem Matemática. Zetetikê, v.13, n. 23, p. 63-86, jan./jun., 2005.

BASSANEZI, Rodney C. Ensino-aprendizagem com modelagem matemática: uma nova estratégia. São Paulo: Contexto, 2002.

BRASIL; Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais Mais Ensino Médio: PCNEM. Brasília: MEC, 1998.

BURAK, D. A modelagem matemática e a sala de aula. In: Encontro Paranaense de Modelagem na Educação Matemática — EPMEM, 1, Universidade Estadual de Londrina, Londrina. Anais... Londrina, 2004.

CALDEIRA, A. D. A modelagem matemática e suas relações com o currículo. In: Conferência Nacional sobre Modelagem na Educação Matemática — CNMEM, 4, Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana. Anais... Feira de Santana, 2005.

DAMM, Regina F. Registros de Representação. In: MACHADO, Silvia D. A. et. al. Educação Matemática: uma introdução. São Paulo: Educ, p. 135-153, 1999.

DOMINONI, Nilcéia R. F. Utilização de diferentes registros de representação: um estudo envolvendo Funções Exponenciais. 2005. Dissertação (Mestrado) — Ensino de Ciências e Educação Matemática, Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2005.

DUVAL, Raymond. Registros de Representações Semióticas e Funcionamento Cognitivo da Compreensão em Matemática. In: MACHADO, Silvia D. A. Aprendizagem em Matemática: Registros de Representação Semiótica. Campinas, SP: Papirus, p. 11-34, 2003.

IEZZI, Gelson et all. Matemática: Volume único. São Paulo: Atual, 2002.

52

Page 18: LIXO HOSPITALAR: UMA ATIVIDADE DE …µes ambientais: possibilidades para a sala de aula, de formação inicial de professores da Faculdade de Apucarana, PR. A atividade de Modelagem

SOBREIRA, E. Centro nacional de Educação à Distância. Disponível em: http://www.cenedcursos.com.br/lixo-hospitalar.html capturado em 18/6/2009.

VERTUAN, Rodolfo E. Um olhar sobre a Modelagem Matemática à luz da Teoria dos Registros de Representação Semiótica. 2007. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Educação Matemática) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina.

VERTUAN, Rodolfo E.; ALMEIDA, Lourdes M. W. O uso de diferentes registros em atividades de Modelagem Matemática. In: Conferência Nacional sobre Modelagem na Educação Matemática — CNMEM, 5, Universidade Federal de Ouro Preto/Universidade Federal de Minas Gerais, Ouro Preto. Anais... Ouro Preto, 2007.

ZUFFI, Edna M. Alguns aspectos do desenvolvimento histórico do Conceito de Função. Educação Matemática em Revista: Revista da Sociedade Brasileira de Educação Matemática, ano 8, n. 9/10, p. 10 – 16, 2001.

53