logÍstica de comÉrcio exterior: estratÉgias...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E ECONÔMICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA
JORGE LUIZ DOS SANTOS JUNIOR
LOGÍSTICA DE COMÉRCIO EXTERIOR: ESTRATÉGIAS INOVATIVAS DE ALGUNS OPERADORES CAPIXABAS FRENTE AO
PARADIGMA DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
VITÓRIA
2005.
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JORGE LUIZ DOS SANTOS JUNIOR
LOGÍSTICA DE COMÉRCIO EXTERIOR: ESTRATÉGIAS INOVATIVAS DE ALGUNS OPERADORES CAPIXABAS FRENTE AO
PARADIGMA DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Economia do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Economia.
Orientador: Profº Dr. Arlindo Villaschi Filho
VITÓRIA
2005
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JORGE LUIZ DOS SANTOS JUNIOR
LOGÍSTICA DE COMÉRCIO EXTERIOR: ESTRATÉGIAS INOVATIVAS DE ALGUNS OPERADORES CAPIXABAS FRENTE AO
PARADIGMA DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Economia do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Economia.
Aprovada em 01 de julho de 2005.
COMISSÃO EXAMINADORA
_________________________________________
Profº Dr. Arlindo Villaschi Filho
Universidade Federal do Espírito Santo
Orientador
Profª Drª Maria José da Costa
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Profº Dr. Rogério Arthmar
Universidade Federal do Espírito Santo
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Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)
(Biblioteca Central da Universidade Federal do Espírito Santo, ES, Brasil)
Santos Junior, Jorge Luiz dos, 1980- S237l Logística de comércio exterior : estratégias inovativas de alguns
operadores capixabas frente ao paradigma das tecnologias da informação e comunicação / Jorge Luiz dos Santos Junior. – 2005.
126 f. : il. Orientador: Arlindo Villaschi Filho. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Espírito Santo,
Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas. 1. Inovações tecnológicas. 2. Logística empresarial – Espírito Santo
(Estado). 3. Tecnologia da informação. I. Villaschi Filho, Arlindo. II. Universidade Federal do Espírito Santo. Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas. III. Título.
CDU: 33
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À minha “Grande Família” que com todo o seu amor, carinho, atenção e acalanto esteve ao meu lado em todos os momentos de minha vida.
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AGRADECIMENTOS
Não poderia deixar de ser diferente começar agradecendo à Deus. Sem dúvidas, existe uma
força divina que esteve ao meu lado por todos estes tempos, e Sua Presença pôde ser
sentida em momentos cruciais como o desafio do vestibular e a prova de seleção do
Mestrado.
Agradeço em segundo lugar à minha família, em especial, aos meus pais que me deram a
primeira educação, me ensinaram a ser digno, me ensinaram a prática do respeito mútuo, o
trabalho. Ensinaram-me a buscar na vida o que ela tem para nos oferecer, e não esperar que
venha do “céu” algo que pode não vir. Dívidas tenho com meus irmãos, pela atenção
dispensada naqueles momentos difíceis, aqui é o momento para começar a saldá-las.
Agradeço à meu Orientador Arlindo Villaschi, que além de Mestre foi um grande
incentivador da prática da pesquisa, da participação na academia. Suas aulas, seu grande
espírito, sua humildade e seu alto astral foram marcantes na minha estada no Mestrado em
Economia da UFES. Talvez ele não saiba, mas pequenos detalhes como as histórias
contadas e outros não tão pequenos, como suas espontâneas gargalhadas em conversas no
Departamento de Economia, fizeram-me crer, cada vez mais, que a vida é para ser vivida e
que por mais alto que seja o degrau que alcancemos na escada da vida, não podemos
esquecer de nossas raízes, nossos pais, irmãos, amigos.
Agradeço também à Professora Maria José da Costa (a Zezé) que foi com certeza uma das
grandes responsáveis pela minha formação acadêmica. Seja como professora na graduação,
seja como orientadora de iniciação científica, seja como parceira de pesquisa, seja como
amiga e agora como examinadora de minha dissertação. Obrigado Zezé por fazer parte de
muitos capítulos de minha história.
A todos os professores do Mestrado em Economia da UFES, aos amigos, colegas de turma
e todas as pessoas que participaram junto comigo da riqueza desses anos de universidade .
Obrigado mais uma vez a todos!!!
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“Aprender é descobrir aquilo que você já sabe. Fazer é demonstrar que você o sabe. Ensinar é lembrar aos outros que eles sabem tanto quanto você” Platão
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RESUMO
O objetivo geral nesta dissertação consiste em analisar as estratégias inovativas adotadas
por algumas empresas operadoras de logística de comércio exterior no Estado do Espírito
Santo, buscando entender de que forma as práticas inovativas conferem a esse setor uma
das configurações mais dinâmicas e competitivas do Brasil. Nesse sentido, realizamos uma
densa revisão teórica sobre os elementos que fazem parte da dinâmica do processo
inovativo. Destarte, foi discutido o papel das variáveis Dado, Informação, Conhecimento e
Aprendizado, na geração de um ambiente propício à inovação das empresas. Realizamos
também um estudo sobre as principais mudanças ocorridas no setor de logística, sobretudo
com a expansão do uso das tecnologias de informação e comunicação que passaram a fazer
parte da maioria das atividades comerciais em nível global, fizemos ainda uma
apresentação do cenário do comércio exterior na economia capixaba. Para a verificação das
estratégias inovativas foi aplicado um questionário de pesquisa em duas EADI´s e uma
TRA. Ao final da pesquisa concluímos que essas empresas articulam devidamente
estratégias inovativas, estas se consubstanciam no desenvolvimento de tecnologias de
informação e comunicação próprias, treinamento e qualificação dos recursos humanos,
incorporação de tecnologias de ponta, entre outras, o que as conferem maior
competitividade e dinâmica.
Palavras - chave: Conhecimento, operadores de logística, estratégias, inovação.
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ABSTRACT
The general objective of this research is to analise the innovative strategies used by some
international business logistic operators firms in the state of Espírito Santo, trying to
understand how the innovative practices characterize this sector as one of the most dynamic
and competitive configuration of Brazil. A deep theorycal review about the elements that
are part of the innovative process’ dynamics was accomplished. Therefore, was discussed
the function of the variables Data, Information, Knowledge and Learnig in the criation of a
propitiate enviroment to the firm’s innovation. It was also accomplished a study about the
main changes that happened in the logistic sector, especially with the expansion of the
information and communication technologies, which became part of the majority of the
commercial activities in global level. Furthermore, a presentation of the international
scenary in Espírito Santo’s economy was also made. To verify the innovative strategies, a
research questionary was directed to two EADI’s and one TRA. At the end of the research,
it was conclued that those firms duly articulate innovative strategies that results on the
development of its own information and communication technologies, human resources
practices and qualification, incorporation of top technologies etc, giving these firms more
competitiveness and dynamic.
Key - Words: Knowledge, logistic operators, strategies, innovation.
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LISTA DE SIGLAS
ABML – Associação Brasileira de Movimentação e Logística
ADERES – Agência de Desenvolvimento em Rede do Espírito Santo
CEL – Centro de Estudos em Logística
CODESA – Companhia Docas do Espírito Santo
CVRD – Companhia Vale do Rio Doce
EADI – Estação Aduaneira de Interior
EDI – Eletronic Data Interchange
EFVM – Estrada de Ferro Vitória Minas
EMS – Enhaced Messaging Service
ERP - Enterprise Resourse Planning
FUNDAP – Fundo de Desenvolvimento das Atividades Portuárias
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPES – Instito de Pesquisa e Apoio ao Desenvolvimento Jones dos Santos Neves
JIT – Just in Time
MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
OL – Operador Logístico
PINTEC - Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica
PSL – Prestador de Serviço Logístico
SAD - Sistemas de Apoio à Decisão
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e a Pequena Empresa
SGIE – Sistema de Gerência de Informações Estratégicas
TIC – Tecnologia da Informação e Comunicação
TQM – Total Quality Manegement
TRA – Terminal Retroportuário Alfandegado
UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro
WMS – Warehouse Management System
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LISTA DE TABELAS
Tabela 01: Evolução da exportação de café e cana de açúcar em anos selecionados do
século XIX.
74
Tabela 02: Grau de abertura: regiões e Unidades Federadas selecionadas – 1970/2001
80
Tabela 03: Participação das Regiões e Estados Selecionados no Comércio Exterior Brasileiro – 1970/2001
81
Tabela 04: Participação das Empresas e Portos do Espírito Santo no Comércio Exterior Brasileiro – 1990/2003
82
Tabela 05: Coeficientes de exportação e importação por regiões e Unidades Federadas selecionadas
83
Tabela 06: Valores e Volumes das Exportações e Importações dos Portos do Espírito Santo – 1993/2003
85
Tabela 07: Pauta de Exportações dos Portos Capixabas por Valor Agregado (em %) – 1990/2003
86
Tabela 08: Exportação por Categoria de Uso – Trimestre: julho-setembro - 2003/2004
88
Tabela 09: Exportações capixabas por via de transporte – 2004
90
Tabela 10: Importações capixabas por via de transporte – 2004
90
Tabela 11: Sistema Rodoviário do Espírito Santo
96
Tabela 12: Sistema Ferroviária do Espírito Santo
98
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LISTA DE QUADROS
Quadro 01: Comparação das características dos operadores logísticos com
prestadores de serviços tradicionais.
65
Quadro 02: Complexo Portuário do Espírito Santo 94
Quadro 03: Agentes de Comércio Exterior no Espírito Santo 101
Quadro 04: Importância atribuída pelas empresas entrevistadas às atividades
inovativas
110
Quadro 05: Grau de importância percebida pelas empresas sobre os impactos das
inovações implementadas.
111
Quadro 06: Nível de qualificação dos funcionários nas empresas entrevistadas 112
Quadro 07: Importância atribuída pelas empresas entrevistadas a cada categoria de
fonte de informação.
113
Quadro 08: Importância de cada categoria de parceiro nos processos cooperativos
de inovação o objeto de cooperação estabelecida.
115
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LISTA DE GRÁFICOS E FIGURAS
Gráfico 01: Composição da Pauta de Exportações das Empresas do ES – 1990 e 2001
89
Figura 01: Abrangência dos termos: Dados x Informações x Conhecimento
26
Figura 02: Localização geográfica do Espírito Santo
79
Figura 03: Infra-estrutura logística no Espírito Santo
92
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO GERAL 15
CAPÍTULO I: FLUXO DE INFORMAÇÃO E DE MERCADORIAS:
O PARADIGMA DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO E A ERA DO CONHECIMENTO
22
1.1 INTRODUÇÃO 22
1.2 INFORMAÇÃO, CONHECIMENTO, APRENDIZADO E INOVAÇÃO:
CORRELAÇÃO COM O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
23
1.2.1 Dado, Informação e conhecimento: em busca de uma conceitualização 23
1.2.2 Dos dados ao aprendizado: geração e difusão do conhecimento 28
1.3 O SIGNIFICADO DA REVOLUÇÃO INFORMACIONAL E A ERA DO
CONHECIMENTO
32
1.4 CONHECIMENTO, INOVAÇÃO E AS VANTAGENS COMPETITIVAS NA
LOGÍSTICA
41
CAPÍTULO II: A LOGÍSTICA COMO ATIVIDADE ESTRATÉGICA PARA O
COMÉRCIO EXTERIOR
46
2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO 46
2.2 ENTENDENDO O SIGNIFICADO DE LOGÍSTICA EMPRESARIAL DE
COMÉRCIO EXTERIOR
47
2.3 OS PRESTADORES DE SERVIÇOS LOGÍSTICOS: DENOMINAÇÕES E
FORMATOS
54
2.3.1 Considerações gerais 54
2.3.2 Terceirização dos serviços logísticos 55
2.3.3 Diferentes denominações e formatos dos Prestadores de Serviços Logísticos. 61
2.4 A LOGÍSTICA COMO ATIVIDADE ESTRATÉGICA: EVOLUÇÃO
E ADOÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS
65
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CAPITULO III: VOCAÇÃO EXTERNA DA ECONOMIA CAPIXABA E A
INFRA ESTRUTURA LOGÍSTICA
73
3.1 INTRODUÇÃO 73
3.2 BREVE RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA FORMAÇÃO ECONÔMICA
CAPIXABA
74
3.3 ALAVANCAGEM DO COMÉRCIO EXTERIOR CAPIXABA 75
3.4 ASPECTOS ECONÔMICOS DO COMÉRCIO EXTERIOR CAPIXABA 78
3.5 INFRA-ESTRUTURA DE APOIO A LOGÍSTICA DE COMÉRCIO EXTERIOR 90
CAPITULO IV: OPERADORES DE LOGÍSTICA DE COMÉRCIO
EXTERIOR NO ESPÍRITO SANTO: ESTRATÉGIAS INOVATIVAS
100
4.1 INTRODUÇÃO 100
4.2 OS OPERADORES LOGÍSTICOS NO ESPÍRITO SANTO 101
4.3 A ESTRUTURAÇÃO DA PESQUISA DE CAMPO 104
4.4 RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO 106
CONCLUSÕES 116
REFERÊNCIAS 119
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INTRODUÇÃO GERAL
O objetivo geral nesta dissertação consiste em analisar as estratégias inovativas adotadas
por algumas empresas operadoras de logística de comércio exterior no Estado do Espírito
Santo, buscando entender de que forma as práticas inovativas conferem a esse setor uma
das configurações mais dinâmicas e competitivas do Brasil. Para tanto, o entendimento
sobre esta nova configuração e sobre a forma de atuação desses agentes no segmento
específico, se torna relevante, uma vez que fornece os elementos para se pensar numa
organização produtiva eficiente e eficaz, capaz de enfrentar os desafios da Era do
Conhecimento.
Formulamos, dentro dessa proposta de estudo, os seguintes objetivos específicos:
• Apresentar uma reflexão sobre a influência do aumento e melhorias dos fluxos de
informação na dinâmica capitalista e, de forma especial, no setor de logística;
• Destacar os aspectos relevantes que tornam a atividade logística numa atividade
estratégica;
• Definir, a partir da literatura existente, o conceito de operadores de logística, e
• Caracterizar a atividade de comércio exterior no Estado do Espírito Santo.
Justificamos a escolha desse segmento, pois o comércio exterior possui grande participação
na economia capixaba, desde o auge das exportações de café até a sua substituição por
mercadorias como minério de ferro. Este segmento ganhou maior dinâmica com políticas
de desenvolvimento dos anos de 1960 e 1970, principalmente com a abertura comercial dos
anos de 1990. Tal abertura foi fundamental para o surgimento de estruturas dinâmicas como
as Estações Aduaneiras de Interior – EADI´s (Portos Secos) que passaram a ter papel de
destaque para o comércio internacional, principalmente com o aumento da importação de
automóveis que se realizavam de forma intensa pelos portos do Espírito Santo. Nesse
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período, as EADI`s instaladas no referido estado desenvolveram uma série de competências
que as transformam em genuínos “operadores de logística1”.
O setor de logística de comércio exterior, ao longo das últimas décadas, tornou-se um dos
elementos mais dinâmicos da economia local, sendo responsável por parcela considerável
de sua renda interna, principalmente nas últimas décadas, apresentando grande
diversificação e maior qualidade dos serviços oferecidos aos clientes, sobretudo após a
intensa incorporação de tecnologias da informação e comunicação (softwares e hardwares).
No Estado do Espírito Santo, vários estudos vêm sendo desenvolvidos com o objetivo de
apresentar a contribuição do comércio exterior para a economia capixaba, destacando-se os
trabalhos de Villaschi e A. Deus (2000), Lorenção (2003), Tinoco (2003) e Loureiro
(2005). Todavia, o setor de Logística de Comércio Exterior, que se apresenta como um
setor dinâmico para a economia capixaba, ainda carece de estudos que busquem entender a
nova configuração de sua dinâmica na Era da informação, do conhecimento e do
aprendizado2 principalmente no que se refere à atuação dos operadores de logística.
Sendo as operações logísticas fator estratégico para o desenvolvimento da economia
capixaba e, considerando o pouco destaque que vem sendo dado à questão da inovação
enquanto fator de competitividade em estudos sobre as atividades de logística de apoio ao
comércio exterior no Espírito Santo, justifica-se um estudo que procure analisar as
mudanças ocorridas nesse setor tendo como foco as estratégias inovativas envolvidas no
processo.
Estudar os mecanismos que facilitam/inibem a criação dessas estratégias, que se
consubstanciam em capacidade inovativa e analisar quais são seus impactos na estrutura do
setor, são fundamentais para que a esfera pública possa atuar como indutora do
desenvolvimento, principalmente como coordenadora dos atores e fornecedora dos
instrumentos necessários (infra-estrutura e estabilidades econômica e política).
1 Chamamos atenção para o fato de que o conceito de operadores de logística utilizado neste trabalho é bastante específico e será apresentado no capítulo II. No entanto, lembramos que um operador de logística, deve possui competências na área de desembaraços legais, armazenamento, distribuição, dentre outras. 2 Podemos definir esta era como sendo a etapa histórica caracterizada por mudanças ensejadas pela ascensão das novas tecnologias da informação e comunicação. Dedicamos seções do próximo capítulo para mostrar as características dessa nova era.
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A escolha pelo referencial teórico, que trata especificamente de inovação e competitividade
justifica-se pelo fato de que as últimas décadas do século XX foram marcadas por
mudanças sem precedentes na história das nações, mudanças estas de caráter sistêmico, que
revolucionaram não somente a estrutura econômica e política das organizações, sobretudo a
forma de produzir e as relações de troca, como também ocasionaram mudanças
significativas na estrutura social dos países, sejam esses em desenvolvimento ou de
primeiro mundo.
Conforme Castells (1999) devem ser considerados ao menos três processos que se
desenvolveram durante a última década do século XX e que se realimentam, tornando o
mundo diferente do que era. Os dois primeiros são a globalização e a desregulamentação,
que tornaram o mundo menor, mais integrado e mais dinâmico. O terceiro estaria
representado pela informatização, que apesar de introduzida no mundo dos negócios já na
década de cinqüenta, ganha novo fôlego e força depois do surgimento do microprocessador.
No cerne dessas mudanças encontram-se as novas tecnologias da informação e
comunicação baseadas na microeletrônica, que revolucionam todo o modo de produzir,
vender, se relacionar, aprender, se capacitar e etc; inaugurando um novo “paradigma
técnico-econômico3” que muitos convencionaram chamar de terceira revolução industrial.
Passos (1999, p.60) apresenta algumas características desse novo paradigma, as quais
estariam a indicar essa terceira revolução, quais sejam: (a) desenvolvimento de um
conjunto de inovações tecnológicas; (b) formas de gestão inovadoras; (c) revolução nos
processos produtivos; e (d) modificações nos processos organizacionais.
No emergir desse novo mundo ou dessa “nova economia”, apresentam se como cruciais os
mecanismos de promoção e difusão do conhecimento e do aprendizado, destacando-se as
novas formas de cooperação intra e interfirmas, criando interações capazes de gerar
competências que as permitam sobreviver num ambiente cada vez mais dinâmico. Andrade
(2002) lembra que do ponto de vista organizacional, as empresas, durante o século XX,
3 O conceito de paradigma tecno-econômico está relacionado a uma série de combinações viáveis de inovações técnicas, organizacionais e institucionais que transformam, alteram e direcionam o comportamento da economia. É caracterizado por sistemas tecnológicos hegemônicos que refletem um ciclo longo da economia com origem em inovações radicais que alteram significativamente os mercados e a estrutura de produção. Ver Freeman & Perez (1988).
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foram alvos de alterações significativas em seu comportamento e formas de
relacionamento, tanto do ponto de vista interno quanto externo.
Assumimos como direcionamento teórico a literatura de cunho neoshumpeteriana,
fundamentada principalmente nos trabalhos de Johnson e Lundval (2001) e de alguns
autores que, no Brasil, articulam esse referencial, destaque para Lemos (1999), Villaschi
(2002), Vargas (2002) e Brito (1999). Justificamos esta escolha por acreditarmos ser este
referencial o que melhor abarca as questões relativas aos fluxos de informação, geração de
conhecimento e difusão do aprendizado, os quais tanto influem nas atividades inovativas
como fator de competitividade, principalmente no setor de logística onde o gerenciamento
da informação é fundamental para o desenvolvimento do setor.
O entendimento existente sobre a natureza das inovações e seus efeitos sobre o crescimento
econômico é ainda muito limitado. A busca de maior compreensão deste processo levou ao
notável crescimento dos estudos nessa área, ao longo das últimas décadas (LEMOS, 2003,
p.58). A inovação nesses estudos é o principal elemento para engendrar competitividade
nas empresas. Essa característica é condicionada por um cenário econômico e social em
transformação.
Considerando que as inovações geram vantagens competitivas, torna-se claro que as
empresas que não puderem acompanhar o processo de modernização ou “reestruturação
produtiva” podem vislumbrar somente o fracasso como futuro próximo. As empresas
procuraram, e ainda procuram, especializar-se nas funções as quais são mais eficazes e
eficientes4, e nesse ambiente competitivo a terceirização ou descentralização das atividades
(outsourcing estratégico) aparece como uma necessidade imanente a atual etapa do
processo civilizatório.
Dentre as atividades que foram terceirizadas, destaca-se a logística, que desempenha função
estratégica para as empresas por envolver várias etapas do processo produtivo, desde a
4 De acordo com Leitão (2002) a eficácia diz respeito a resultados decorrentes de uma atividade qualquer. Trata-se da escolha da solução certa para determinado problema ou necessidade. A eficácia é definida pela relação entre resultados pretendidos/resultados obtidos. Já a eficiência diz respeito ao processo, o modo certo de fazer coisas, definida e estabelecida pela relação entre o resultado obtido e os recursos consumidos.
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compra de insumos, passando pela assistência técnica (logística de pós-venda) até chegar à
distribuição de mercadorias (logística de distribuição).
Devido às infinitas acepções para o termo logística e, de forma derivada, à imensa
quantidade de atividades em que este conceito pode ser aplicado, limitou-se nesta
dissertação ao estudo da logística empresarial de comércio exterior, a qual é definida no
segundo capítulo.
O foco dado à caracterização dos operadores de logística justifica se pelo número crescente
de operadores no Brasil e de forma particular no Espírito Santo. Lembramos que a literatura
sobre operadores de logística ainda é muito incipiente, sobretudo no Brasil, destacando-se
nessa área os trabalhos desenvolvidos no âmbito das atividades do Centro de Estudos em
Logística (CEL) da COPPEAD/UFRJ5. Não há consenso sobre as características dessa
atividade, dessa forma, pretendemos apresentar aqui as possibilidades de entendimento
buscando aquela que mais se adequa a este trabalho.
Nesta dissertação foram articulados procedimentos metodológicos da pesquisa teórica
reunindo os aspectos relativos ao papel da melhoria no fluxo de informações nas formas de
comunicação para o desenvolvimento da sociedade capitalista. Esta revisão sobre tais
aspectos foi fundamentada na literatura disponível na economia da inovação, nas ciências
sociais e na ciência da informação. Ainda no âmbito teórico, reunimos nesta dissertação
aspectos relevantes sobre o tema “logística” a partir dos trabalhos desenvolvidos pelo
CEL/COPPEAD; por exemplo: Figueiredo (2003), Goebel (1996), Leitão (2002) e Pinto
Junior (2002) e trabalhos da literatura internacional, onde destacam-se Dougherty (1999) e
Razaque & Sheng (1999).
Na pesquisa quantitativa, apresentamos vários dados sobre a economia e o comércio
exterior capixaba. Nesta fase foi fundamental a utilização da ferramenta “ALICE WEB”
que é o Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior via Internet do
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Outros dados
foram obtidos a partir de fontes como o IPES (Instituto de Apoio à Pesquisa e ao
5 Para encontrar informações e trabalhos elaborados no âmbito das atividades do CEL, acesse: http://www.cel.coppead.ufrj.br/
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Desenvolvimento Jones dos Santos Neves) e o Ministério dos Transportes. Todos esses
dados subsidiaram a análise qualitativa feita sobre a economia capixaba.
Outro método utilizado foi o questionário de pesquisa. Tal questionário foi elaborado a
partir de similares como o PINTEC/IBGE, o de caracterização de APL´s (Arranjos
Produtivos Locais) da REDESIST6 e o roteiro de perguntas utilizado pelo CEL na pesquisa
sobre o estágio de desenvolvimento dos prestadores de serviços de logística no Brasil. Esse
último subsidiou a caracterização das estratégias inovativas nos operadores pesquisados.
A dissertação está dividida em quatro capítulos, além desta seção (introdução) e da parte
conclusiva. No primeiro capítulo apresentamos uma reflexão sobre o papel da melhoria dos
fluxos de informações para a configuração de uma sociedade informacional na era do
conhecimento e para tanto revisamos, a partir da literatura disponível, as definições para os
conceitos de Dados, Informação e Conhecimento.
No segundo capítulo revisamos o conceito de logística, destacamos sua importância no
processo produtivo e as principais características do setor num ambiente de características
estruturais de alta tecnologia (High tech). Estabelecemos uma relação com a análise
apresentada no primeiro capítulo, mostrando de que forma o novo paradigma de
desenvolvimento influenciou na dinâmica e no desempenho das operações logísticas.
No terceiro capítulo contextualizamos a dinâmica do comércio exterior capixaba,
apresentando os elementos que justificam a importância dessa atividade tanto no nível
regional quanto em nível nacional. Neste capítulo analisamos elementos como o grau de
abertura da economia capixaba, coeficientes de exportação e importação, características
operacionais e infra-estruturais.
6 Rede de pesquisa em sistemas produtivos e inovativos locais.
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21
No quarto capítulo sintetizamos os resultados obtidos com a aplicação do questionário.
Reunimos as informações em quadros que comparam serviços prestados e clientes
atendidos; infra-estrutura de transporte e armazenagem; tecnologias da informação e
comunicação adotadas; atividades inovativas e suas fontes de financiamento; impactos das
inovações; Recursos humanos; Fontes de informação e cooperação para inovar e estratégias
organizacionais. Como objetivo final e a partir destas informações, buscamos evidenciar de
que forma as estratégias inovativas adotadas por esses operadores estão em consonância
com os desafios do atual paradigma de desenvolvimento e, em seguida, apresentamos as
conclusões.
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CAPÍTULO I: FLUXO DE INFORMAÇÃO E DE MERCADORIAS: O
PARADIGMA DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO E A ERA DO CONHECIMENTO
Conhecimento é uma “arma nuclear” numa corrida competitiva (DOUGHERTY, 1999, p.262).
1.1 INTRODUÇÃO
Neste capítulo apresentamos reflexões acerca da correlação existente entre informação,
conhecimento e aprendizado e as transformações ocorridas no meio ambiente sócio-
econômico e empresarial. O objetivo é apresentar uma reflexão que evidencie o papel
estratégico dessas variáveis nas mudanças estruturais que puderam ser observadas nas
“ondas longas” de desenvolvimento e, de maneira especial, nas últimas décadas do “breve
século XX”1.
Essas variáveis se apresentam como insumos para o processo inovativo e a inovação, como
concebida por Schumpeter (1984), é a principal variável para engendrar competitividade
para as empresas através de um processo de diferenciação2. Dessa forma, este capítulo nos
ajudará a entender de que forma as transformações ocorridas nas operações logísticas tem
forte ligação com as mudanças dessa nova fase do processo de desenvolvimento.
1 Este termo é utilizado pelo historiador Erick HOBSBAWN para caracterizar um século em que as mudanças ocorreram de forma tão acelerada, onde as nações mal puderam se acostumar com as oscilações provocadas pelo modelo de produção em massa e já se mergulhou em uma nova onda de desenvolvimento muito mais “violenta”. 2 Seguimos as idéias de Schumpeter quando este autor credita ao processo inovativo a função de engendrar competitividade para as empresas e de transformar a estrutura do sistema econômico capitalista.
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1.2 INFORMAÇÃO, CONHECIMENTO, APRENDIZADO E INOVAÇÃO:
CORRELAÇÃO COM O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
1.2.1 Dado, Informação e conhecimento: em busca de uma conceitualização
Nos últimos séculos, sobretudo no século XX, houve um aumento exponencial do fluxo de
informações entre pessoas (modernização dos serviços de comunicação pessoal, ex:
correio), entre empresas (disseminação do uso de programas de computador e formas mais
eficazes de comunicação, ex.: EDI, FAX, INTRANET), entre países (surgimento de novas
formas de transmissão de dados Via Satélite, World Wide Web, FTP). Tal fato resulta das
constantes melhorias nas tecnologias da informação e comunicação (TIC´s) que
proporcionaram e continuam proporcionando a redução do tempo médio de transmissão de
dados e informações e os custos envolvidos nesse processo, modificando a dinâmica das
relações sociais e comerciais.
Tais mudanças proporcionaram o aumento da produtividade média do trabalho e do capital,
o que fez com que o ambiente organizacional e institucional das firmas e dos países
tivessem que se transformar, reestruturar e se adaptar ao novo processo de
desenvolvimento. Adicionalmente, observarmos que a informação tornou-se nesse
ambiente o principal insumo para a geração de competitividade, na medida em que viabiliza
a capacidade para inovar das firmas.
Todavia, pode-se reportar à história do desenvolvimento das nações para entendermos
melhor o que significam essas mudanças. Lastres & Albagli (1999, p.29) lembram que:
“Inteligência e competência humana sempre estiveram no cerne do desenvolvimento
econômico em qualquer sociedade. Assim, informação e conhecimento sempre
constituíram importantes pilares dos diferentes modos de produção.”
Desde a pré-história, a necessidade de realização de trocas fez com que os meios ou
métodos de comunicação se desenvolvessem. Poderíamos fazer um esforço de reflexão para
imaginar o que representou para os “homens das cavernas” a descoberta da possibilidade de
transmitirem informações uns aos outros, ou para as gerações futuras, através das pinturas
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rupestres (desenhos em pedras). Podemos ainda encontrar no relato Bíblico do episódio da
entrega dos “Dez Mandamentos” ao povo Hebreu um exemplo importante sobre a ampla
capacidade de transferência de informação ou conhecimento através de uma técnica
específica (neste caso a escrita em pedra)3.
O aparecimento do símbolo gráfico possibilitou o estabelecimento de relações novas entre
dois pólos operacionais (emissor e receptor), relações essas exclusivamente características
da humanidade, isto é, como reflexo de um pensamento simbolizador na medida em que o
homem moderno possui. Os arqueolinguistas chegaram à conclusão de que os grafismos
não eram uma representação inocente do real, mas sim do abstrato, o que demonstra que
essa passagem da linguagem falada ao grafismo denota um extraordinário desenvolvimento
intelectual dos pré-históricos4.
O homem possui a capacidade criativa de “inventar” sua comunicação com a formulação de
símbolos que tem significados diferentes conforme a formação cultural; isso é possível
porque o “[...] símbolo é eminentemente transformável. Não depende diretamente da
natureza orgânica, pois é feito de outra matéria. Assim as sociedades humanas se habilitam
não somente por inventar suas próprias convenções, como também a substituí-las por
outras[...]” (RODRIGUES, 1989, p.34). O homem tem ainda a capacidade de transmitir
socialmente sua técnica de comunicação a outros seres humanos, principalmente, aos seus
descendentes5.
Marx, em sua obra “O Capital”, já apontava a diferença existente entre a vida humana e as
outras formas de vida no processo de trabalho. Citando o exemplo de uma colméia de
abelha, Marx chama a atenção para a incontestável engenhosidade dessa sociedade,
perfeição de uma construção que é a colméia. A teia de uma aranha, o ninho de um pássaro,
a casa de um “João de Barro”, são outros exemplos de construções interessantes para as
limitações dessas espécies. Mas Marx lembra de um detalhe crucial, qual seja, de que
3 Evidentemente neste período histórico, a escrita já era conhecida, no entanto, pretendemos chamar atenção para a capacidade de transmissão do conhecimento, neste caso a norma legal (depois do código de Hamurabi o decálogo é um dos códigos legais mais antigos, e talvez seja o mais conhecido no Ocidente.) 4 Veja, LEROI-GOURHAN, André. O Gesto e a Palavra Técnica e Linguagem. Vol 1. Lisboa. Edições 70. 5 Um cão se levado do Brasil para a China certamente irá ladrar como um cão de sua raça, independente de sua interação com outros cães. Todavia, um homem se levado para a China ainda em seus primeiros anos de
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somente a espécie humana é capaz de construir a partir de um projeto pré-elaborado por
outras pessoas.
Construir a partir de um projeto pode ser traduzido como aprender a trabalhar a partir de
informações que são repassadas, que são transmitidas, ou seja, nada mais nada menos que o
fluxo de informações, ou conhecimento codificado, gerando novos conhecimentos a partir
de processos de aprendizagem.
Na era do conhecimento, as questões relativas ao fluxo de informações, geração de
conhecimento e mecanismos de aprendizado são extremamente relevantes, pois estão
relacionadas ao próprio desenvolvimento do sistema na medida em que proporcionam o
aumento dos processos inovativos.Todavia, existe uma imensa dificuldade em se entender a
distinção/interação entre dados, informações e conhecimento. Estas são três esferas
importantes de um contexto maior o qual alguns estudiosos6 convencionaram chamar de
Sociedade Informacional7, onde estas variáveis possuem importância estratégica.
Faremos ao longo dos próximos parágrafos uma breve diferenciação/separação8 entre essas
variáveis, sempre com o intuito de procurar entender como elas correlacionam-se com o
conceito de competitividade e com operações de logística. Apresentamos a seguir uma
hierarquia entre os termos dados, informação e conhecimento, evidenciado, por Paixão
(2004).
vida certamente comerá arroz, falará mandarim, usará em seus dias de luto o branco e participará com toda reverência da “festa da primavera”. 6 Dentre eles Castells (1999) e Lojkine (1995). 7 A Sociedade Informacional pode ser entendida como aquela que se formou com a Era da Informação, do Conhecimento e do Aprendizado.
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Figura 01: Abrangência dos termos: Dados x Informações x Conhecimento
Conhecimento
Informações
Dados
Fonte: Paixão (2004)
Numa linguagem matemática, poderíamos afirmar que o conjunto “Dados” está contido no
conjunto “Informações”, que está contido no conjunto “Conhecimento”. Dados,
Informações e Conhecimento fazem parte de um único Universo, a saber, a Sociedade
Informacional.
“Davenport & Prusak9” (apud Paixão, 2004) definem dados como sendo o conjunto de
fatos distintos e objetivos, relativo a eventos. Já a informação é concebida como o conjunto
de dados organizados com finalidade definida. Nessa ordem, o conhecimento aparece como
a soma das experiências, valores, contexto e insight, com origem e aplicação na mente de
seus detentores.
Barton et al10 (apud Zegarra, 2000) fazem uma vinculação entre a informação e os fatos,
dados e conhecimentos. O fato aparece como algo que tenha sido verificado enquanto que
dados são fatos obtidos de pesquisas empíricas ou observações. Já os conhecimentos
representam os fatos ou dados recolhidos de distintas formas e armazenados para referência
futura.
8 Lembramos que essa diferenciação é realizada apenas para fins de entendimento, no entanto, não podemos esquecer que existe uma relação de interconectividade entre essas variáveis. 9 DAVENPORT, T. H.; PRUSAK, L. Conhecimento empresarial: como as organizações gerenciam o seu capital intelectual. 4 ed. Rio de Janeiro: Campus, 1998, 237p. 10 BARTON, P. et al. Information system in construction management: principles and applications. Londres, Batsford Academic and Educacional, 1985.
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Para Dougherty (1999, p.264) a grande diferença entre informação e conhecimento está no
fato de que “enquanto a informação pode ser obtida de algum lugar, o conhecimento
somente pode ser obtido de outra pessoa”. Acrescenta ainda que o uso pessoal da
informação se combina com as experiências individuais daquele que trata a informação.
Analisando as definições apresentadas, concordamos com esforço feito por muitos autores
na busca por uma diferenciação para cada uma das variáveis, todavia nos parece claro que
todas se tratam de conhecimento. A diferença reside no fato de que cada uma representa um
estágio na construção do conhecimento sistematizado11. Os dados são relevantes na medida
em que fornecem o insumo básico para a criação/geração da informação. Todavia, a
informação somente se transforma em conhecimento sistematizado no momento em que é
interpretada pelos seres humanos. A partir daí, a distinção entre o Homo Sapiens Sapiens e
os outros animais torna-se evidente.
O homem, a partir de suas relações/interações, sociais cria instrumentais psicológicos que
lhes permite interpretar as informações disponíveis e transformá-las em conhecimento. É a
capacidade psico-cognitiva do homem que lhe possibilita transformar os dados numa
informação útil. A informação, nesse contexto, deve ser vista como um fator estratégico, ou
seja, possuir informação significa estar apto a desenvolver habilidades específicas,
desenvolvendo o conhecimento necessário para estabelecer uma posição de destaque no
meio ambiente social/empresarial.
O mainstream das Ciências Econômicas, apesar de tratar a informação como algo
importante para as relações sociais de produção (através dos estudos sobre assimetrias e
imperfeições informacionais), não conseguiu visualizar o verdadeiro papel que o fluxo
informacional possui no sistema econômico, que não somente aquele relacionado às
mudanças na Curva de Phillips, aos modelos de percepção equivocada dos agentes, etc.
Entender o verdadeiro significado que a informação/conhecimento possui dentro do sistema
econômico (principalmente no processo de produção e distribuição de bens e serviços)
11 Entendemos por conhecimento sistematizado o conjunto de conhecimentos; seja sobre a forma de dados, informações ou àqueles que estão nas pessoas; que possibilita ações estratégicas por parte de indivíduos e/ou organizações, buscando benefícios nas relações sociais e/ou comerciais.
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torna-se uma tarefa adequada para situar a Teoria Econômica num contexto de grandes
transformações que tem como base as TIC´s.
Muitas outras definições poderiam ser dadas às variáveis Dados, Informação e
Conhecimento. Todavia, acreditamos que aquelas aqui apresentadas satisfazem ao
propósito deste trabalho. A seguir, fazemos uma reflexão sobre o processo de geração e
difusão do conhecimento.
1.2.2 Dos dados ao aprendizado: geração e difusão do conhecimento
Embora o conhecimento seja um assunto de grande atualidade, não é novo no pensamento
econômico e organizacional. O que é novo é a importância que lhe é atribuída como ativo
estratégico para a sobrevivência das empresas, necessitando ser gerido de forma mais
rigorosa e elaborada (NICOLAU, 2002).
As diversas formas de conhecimento existentes são estudadas na literatura
neoshumpeteriana. Johnson e Lundval (2001), por exemplo, apresentam uma discussão
acerca dessa temática. Esses autores dividem o conhecimento em quatro categorias, as
quais podem ser aplicadas ao nível individual, organizacional ou regional. No nível das
organizações estas categorias se referem à informação compartilhada, banco de dados,
rotinas compartilhadas, etc. No nível regional, elas se identificam com pessoas, culturas,
instituições e redes. Vejamos:
• Know what: Refere-se a conhecimento sobre fatos (o número de habitantes de uma
cidade, ingredientes de uma receita). Esse conhecimento se aproxima da chamada
informação, que pode ser transmitida sob a forma de dados.
• Know why: Conhecimento sob a forma de princípios, leis de movimentos da
natureza, mente humana e da sociedade. Contribui para o avanço tecnológico e
redução de erros em processos de tentativa e erro.
• Know how: Habilidade de desenvolver alguma atividade (talento do artesão, de um
engenheiro, um artista plástico, etc.), algo que está na intelectualidade dos
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indivíduos, nas competências centrais das organizações e nas vantagens
competitivas das regiões. Entretanto é um equívoco falar que esse conhecimento é
desprovido de teoria. Até a solução de um problema matemático é provido de
intuição.
• Know who: Informação sobre quem sabe o quê, e quem sabe o que fazer; refere-se a
habilidade de cooperar e se comunicar com diferentes tipos de pessoas e de
especialistas.
Johnson e Lundval (2001) abordam o que existe de público e privado nesses tipos de
conhecimento. Assim, por exemplo, mesmo sendo crescente a quantidade de informações
disponíveis sobre a forma de banco de dados (Know what) ainda a melhor forma de se obter
orientação/informação é estabelecendo contato com um especialista da área, para procurar
uma informação específica (Know who). Os dados não falam por si só.
O conhecimento científico (Know why) necessita de alguém com conhecimento específico
para que possa traduzir a informação, assim mais uma vez o Know who ocupa lugar de
importância no sentido de que aumenta o/a acesso/interpretação da informação.
Know how é o conhecimento que possui o mais limitado acesso público e com a mediação
mais complexa. Isso ocorre porque este tipo de conhecimento envolve especificidades que
não podem ser descritas ou repassadas de maneira eficiente. Ou seja, um artesão pode
descrever todo o método de criação de uma escultura, no entanto há coisas implícitas e de
caráter pessoal que sequer o próprio artesão saberia descrever. O acesso ao Know how
geralmente só ocorre com a contratação dos experts no assunto.
No que se refere ao Know who, é necessário saber quem sabe fazer o quê. Não adianta
termos posse da informação se não sabemos interpretá-la, pior, se não visualizarmos quem
sabe interpretá-la. Assim, há uma enorme questão a ser destacada na era do conhecimento,
que é a necessidade do estabelecimento de redes de relacionamentos. As relações sociais
são concebidas como algo não público e que por outro lado não podem ser adquiridas
através da compra.
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Johnson e Lundval (2001) acrescentam que muito do conhecimento não está disponível a
todas as pessoas, devido a dificuldades de acesso e, ainda, devido a grande quantidade de
conhecimento tácito o qual não pode ser separado da pessoa ou organização. No entanto, no
longo prazo, a tendência é que a maior parte do conhecimento possa ser adquirida por meio
de compra de serviços de pessoas ou empresas, ou seja, através do aprendizado interativo,
mestre e aprendiz, esquemas de cooperação, etc.
Diante dessas considerações, questiona-se o papel desempenhado pelas tecnologias da
informação. Nesse contexto, Dougherty (1999) afirma:
Como o conhecimento está nas pessoas, a tecnologia da informação deve ser entendida como uma ferramenta de conexão entre pessoas, já que são elas, as pessoas, que decidem se vão ou não compartilhar conhecimentos, se vão ou não utilizar as ferramentas de conexão.
A despeito do fato de serem as pessoas os principais atores na articulação do conhecimento,
não podemos esquecer que parte desse conhecimento somente pode ser gerada levando em
conta o meio ambiente organizacional, seja de uma empresa, de um centro de pesquisa, seja
na região onde uma empresa esteja localizada12. Esse tipo de conhecimento não é
facilmente transferível devido ao seu caráter tácito. Vemos então que a Ciência Moderna é
um fenômeno coletivo dada a necessidade da interação para a geração e difusão do novo.
A geração do conhecimento depende das capacidades cognitivas e individuais das pessoas
no trato dos dados e das informações disponíveis, já a difusão do conhecimento depende
das relações sociais envolvidas nesse processo. Atualmente, acreditamos que uma das
formas mais relevantes de difusão de conhecimento ocorre através do aprendizado por
interação. Dougherty (1999) lembra que a cultura organizacional de muitas empresas
atualmente passa a reconhecer na interação virtudes ainda não reconhecidas. O lema dessas
empresas é “interagir para competir”.
Lemos (1999) contribui nesse debate lembrando que o processo de geração de
conhecimentos e de inovação implica no desenvolvimento de capacitações científicas,
12 Existem, dentro da literatura econômica, vários estudos que buscam entender como organizações geograficamente próximas, e que compartilham vantagens de uma mesma região ou local, beneficiam-se de condições favoráveis de transmissão e circulação da informação e do conhecimento. Destacam-se por
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tecnológicas e organizacionais e esforços substanciais de aprendizado com experiência
própria, no processo de produção (learning by doing), comercialização e uso (learning by
using), e na interação com fontes externas, como fornecedores de insumos, componentes e
equipamentos, clientes, usuários, consultores, institutos de pesquisa, entre outros (learning
by interacting). No contexto da busca incessante de novas soluções técnicas nas unidades
de pesquisa e desenvolvimento ou em instâncias menos formais (learning by searching),
Lemos (1999, p.07) faz a seguinte afirmação:
A relevância do conhecimento como base da inovação é recurso fundamental desta fase e impõe a exploração e interação das mais diferentes fontes para sua obtenção. Com todos os recursos disponíveis atualmente e com a rapidez com que as mudanças vêm se dando, há uma exigência crescente de combinação de fontes de informação e conhecimento, facilidade por estes recursos. Isto levou a um crescimento substancial do grau de interação entre as organizações.
Diante da crescente complexidade associada atualmente ao processo de geração, difusão e
uso de novos conhecimentos e da própria incerteza decorrente da globalização, a
capacidade de manter processos de aprendizado tornou-se um fator crucial para a
sobrevivência e para a criação de competitividade de empresas e regiões. Entretanto, no
âmbito da Teoria Econômica, mesmo sendo o conhecimento e a competência humana
reconhecidos como elementos centrais no processo de desenvolvimento, “[...] verifica-se
ainda uma dificuldade intrínseca da maior parte dos enfoques teórico-conceituais em lidar
com o conhecimento e o aprendizado enquanto variáveis endógenas em seus modelos
analíticos” (VARGAS, 2002, p.20)13.
O processo de aprendizado reflete o uso de informações e a geração e difusão de
conhecimentos (tácitos ou codificados), constituindo-se numa atividade coletiva que integra
a experiência de indivíduos e organizações. Seu desenvolvimento efetivo encontra-se,
portanto, vinculado à natureza das interações entre diferentes atores sociais e ao
estabelecimento de canais eficientes de comunicação que, por sua vez, refletem as
exemplo os Distritos Industriais do Norte da Itália, Meios Inovadores na França, os Clusters Industriais em geral analisados por Porter (1990) e os Arranjos Produtivos no Brasil. 13 Para uma melhor visualização sobre essa questão, ver por exemplo, SHIKIDA & LOPEZ. A questão da mudança tecnológica e o enfoque neoclássico. 1997.
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condições do ambiente social, cultural e institucional (AMIN, WILKINSON, apud
VARGAS, 2002, p.20).
Bessant et al.( apud Lastres e Albagli, 1999) apontam algumas características fundamentais
do aprendizado, quais sejam:
• O mesmo não é automático; é necessário investimento explícito para aprender;
• O aprendizado pode envolver o domínio e a mudança desde tarefas corriqueiras até
processos mais intensivos em conhecimento e transformações radicais, sendo que
quanto mais radical a mudança, maior a necessidade do investimento em
aprendizado;
• Aprender a aprender é fundamental e envolve tanto componentes formais como
aqueles tácitos e, portanto, seu caráter interativo e dependente do contexto.
No caso do setor de logística, devido ao ambiente cada vez mais competitivo e a abertura
dos mercados mundiais, conhecer como operam as empresas de vanguarda14 na logística
internacional é muito importante para promover novos conhecimentos, impulsionar a busca
por soluções logísticas adequadas as configurações específicas do local.
1.3 O SIGNIFICADO DA REVOLUÇÃO INFORMACIONAL E A ERA DO
CONHECIMENTO
Alguns autores (Kondratiev, Schumpeter, Mandel, Freeman e Perez) preocuparam-se em
estudar as longas ondas de desenvolvimento econômico a fim de elucidar fatores
explicativos para as grandes oscilações no crescimento econômico mundial.
Não obstante as várias interpretações existentes e as várias controvérsias que persistem
sobre este assunto, a maioria dos autores contemporâneos concordam que atualmente
14 Entendemos por empresas de vanguarda aquelas que atuam no cenário mundial com alto grau de competitividade.
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vivemos uma onda de desenvolvimento em que o “carro chefe” ou fator chave15 é a
microeletrônica.
De acordo com Lojkine16 (apud LASTRES & ALBAGLI, 1999, p.39):
Este fim de século acena com uma mutação revolucionária para toda a humanidade só comparável à invenção da ferramenta e da escrita e que ultrapassa largamente a da Revolução Industrial.(...). A Revolução Informacional está em seus primórdios e é primeiramente uma revolução tecnológica que se segue à Revolução Industrial (...). A transferência para as máquinas de um novo tipo de funções cerebrais abstratas encontra-se no cerne da Revolução Informacional.
No atual paradigma de desenvolvimento a informação, o conhecimento e os mecanismos de
aprendizagem passam a constituir, como evidenciam Lastres & Alblagi (1999, p.38), “[...]
recursos básicos do crescimento econômico (em lugar dos tradicionais insumos energéticos
e materiais)”. Os autores citados chamam atenção ainda para o fato de “[...] estes recursos
não serem esgotáveis; além disso, o consumo dos mesmos não os destrói e seu descarte
geralmente não deixa vestígios físicos [...]”. Acrescentamos que a informação e o
conhecimento são os únicos bens que, quando utilizados, ao invés de desaparecerem, se
multiplicam e se disseminam pela sociedade, gerando externalidades positivas.
Nicolau (2002) apresenta a seguinte ponderação:
Os serviços às empresas são compostos por um conjunto vasto de actividades que, nas últimas décadas vem ganhando progressiva relevância nas economias, por exigências crescentes do sistema econômico. Este conjunto é composto, por um lado, por actividades que não são muito exigentes em conhecimentos complexos e que recorrem basicamente a mão-de-obra pouco qualificada como são os casos da limpeza, restauração e segurança, e, por outro, por actividades de conhecimento intensivo que se destinam a resolver problemas complexos e são exigentes em qualificações e competências elevadas. Estas últimas são particularmente importantes nos processos de inovação nas empresas porque não só são fontes produtoras de conhecimento especializado, como são fontes difusoras desse mesmo conhecimento através dos múltiplos contactos que a sua actuação proporciona.
15 Utilizando-se do termo proposto por Freeman & Perez (1988) op.cit. 16 16 LOJKINE, J. A Revolução informacional. São Paulo: Cotez, 1995.
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Os serviços intensivos em conhecimento são os que mais se transformaram com a
revolução informacional. A quantidade de tecnologias baseadas na microeletrônica
dinamiza imensamente a produtividade na prestação destes serviços.
Muitas vezes o termo Era do Conhecimento não é plenamente entendido em todo o seu
significado, quando alguns pesquisadores, de maneira mecanicista, o associam ao aumento
do fluxo de informações, ou à disseminação dos microprocessadores e da internet, que
facilitaram o acesso à informações e ao banco de dados mundiais. De fato, esses fenômenos
têm total relação com o termo, todavia, este possui um significado maior para aqueles que
se dedicam ao estudo dos acontecimentos e desdobramentos relativos a essa “Nova Era”.
Diante dessa constatação, faz-se necessários algumas considerações a respeito dessa nova
fase do processo de desenvolvimento econômico mundial.
Villaschi (2002) apresenta um conjunto de fatores que fazem com que esse novo estágio de
desenvolvimento do processo civilizatório se distinga dos que os antecederam, destacando
que:
• pela primeira vez na história da humanidade a informação em todas as suas
formas tem velocidade independente daquela possibilitada pelos meios
existentes para o transporte de bens e serviços;
• a redução acentuada e crescente nos custos de capacitação, tratamento,
transmissão e recepção de informações de todos os tipos e conteúdos, vem
aumentando a intensidade com que a informação é gerada/coletada, tratada,
transmitida e difundida em escala mundial, e
• é considerável a mudança do eixo de participação do trabalho humano no
esforço produtivo, da mão-de-obra para a ação pensada e articulada.
Chandler (1992) em seu clássico texto What is a firm? Apresenta um exemplo para
entendermos o que é a Era do Conhecimento. E esse autor mostra algumas transformações
que ocorreram na Europa Ocidental do Século XIX que culminaram numa onda de
inovações tecnológicas. Tais transformações ocorreram devido às modernas ligações de
transporte e comunicação que foram criadas as quais permitiram o aparecimento de firmas
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como modernas redes, operadas, aumentadas e coordenadas através de grandes firmas
hierárquicas.
O fluxo de informação e de mercadorias cresceu exponencialmente e levou à chamada
“segunda revolução industrial”. Essas características apresentadas por Chandler
assemelham-se às considerações feitas por Villaschi sobre a Era do Conhecimento. A
diferença entre as duas “Eras”, porém, residi basicamente sobre dois pontos, quais sejam: a
velocidade, intensidade e tamanho das transformações ocorridas e o papel atribuído ao
conhecimento e ao aprendizado.
A Revolução Industrial transferiu a força humana para as máquinas, aponta-se agora para o
início de outro processo de transferência, qual seja, o de experiências e capacitações até
então exclusivas aos seres humanos, como aquelas incorporadas, por exemplo, em
softwares (LASTRES; ALBAGLI, 1999, p.40). Estes autores lembram que o impulso para
o desenvolvimento de um novo Paradigma Técnico-Econômico (PTE) é considerado
resultante de avanços da ciência e pressões (competitivas e sociais) persistentes,
objetivando: (a) superar os limites ao crescimento dados ao padrão estabelecido e (b)
inaugurar novas frentes e sustentar a lucratividade e a produtividade.
Em 1985, Porter e Millar (apud S. Silva; 1995) já apontavam de que forma a revolução da
informação afetava a competição entre empresas e identificaram três formas básicas de
mudança:
• Alteração na estrutura do mercado, que desta forma, nas regras de competição;
• Criação da vantagem competitiva pela disponibilização de novas formas de
suplantar os concorrentes e
• Geração de negócios inteiramente novos dentro das operações existentes nas
empresas.
Quando abordamos o tema Revolução Informacional há que se chamar atenção para o
aumento em escala planetária do fluxo de circulação de informações e, em função da
disseminação do uso da microeletrônica nos processos produtivos, esse fluxo de informação
é impulsionado pelas TIC´s.
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De acordo com Lemos (1999, p.06):
A incorporação de ferramentas, cada vez mais velozes e de menor custo, se dá em todos os setores da economia, permitindo acesso a informações como nunca foi possível e, para aqueles que concentram esforços na aquisição de conhecimentos uma maior capacidade de gerar alternativas tecnológicas. Estas tecnologias alteram radicalmente os padrões até então estabelecidos e vêm exercendo uma influência decisiva em inúmeros aspectos das esferas sócio-econômico-político-cultural. Assim é que se considera que as mesmas são a base técnica do que vem sendo chamado por alguns autores de “revolução informacional” que contribui para a conformação de uma nova Era, Sociedade ou Economia da Informação, do Conhecimento e/ou do Aprendizado17.
A microeletrônica foi capaz de revolucionar toda a estrutura produtiva, aumentando e
dinamizando imensamente o fluxo de informação. Lastres & Albagli (1999, p.40) atentam
para o fato de que a Revolução Informacional “[...]é vista como transformando mais
radicalmente o modo como o ser humano aprende, faz pesquisa, produz, trabalha, consome,
se diverte, exerce cidadania, etc”.
Para Lastres e Albagli (1999, p.33) as tecnologias de informação afetam, embora de forma
desigual, todas as atividades econômicas. Neste contexto, setores como o têxtil se
rejuvenescem, surgem novas indústrias, como o software, que constituem a base de novo
processo de desenvolvimento, encontrando-se no cerne dessas mudanças o crescimento
cada vez mais acelerado dos setores intensivos em informação e conhecimento.
Os autores citados apresentam alguns efeitos da difusão das tecnologias de informação e
comunicação através da economia e que merecem destaque neste trabalho, quais sejam:
• A crescente complexidade dos novos conhecimentos e tecnologias utilizados pela sociedade;
• A aceleração do processo de geração de novos conhecimentos e de fusão de conhecimentos, assim como a intensificação do processo de adoção e difusão de inovações, implicando ainda mais velozes reduções dos ciclos de vida de produtos e processos;
• A crescente capacidade de codificação de conhecimentos e a maior velocidade, confiabilidade e baixo custo de transmissão, armazenamento e processamento de enormes quantidades dos mesmos e de outros tipos de informação;
17 As várias denominações dadas a essa Nova Era são devido ao enfoque dado por cada autor. Para um maior entendimento dos vários enfoques ver por exemplo Lojkine (1995), Castells (1997), Foray e Lundvall (1996), Lundvall e Borrás (1998), Cassiolato e Lastres (1999).
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• O aprofundamento do nível de conhecimentos tácitos implicando a necessidade do investimento em treinamento e qualificação, organização e coordenação de processos, tornando-se a atividade inovativa ainda mais “localizada” e específica, nem sempre comercializável ou passível de transferência;
• A crescente flexibilidade e capacidade de controle nos processos de produção com a introdução de sistemas tipo: CAM (Computer Aided Manufacturing), FMS (Flexible Manufacturing Systems), etc, que permitem a redução de tempos mortos, erros, falhas e testes destrutivos, assim como o aumento da variedade de insumos e produtos;
• As mudanças fundamentais nas formas de gestão e de organização empresarial, gerando maior flexibilidade e maior integração das diferentes funções da empresa (pesquisa, produção, administração, marketing etc.), assim como maior interligação de empresas (destacando-se os casos de integração entre usuários, produtores, fornecedores e prestadores de serviços) e destas com outras instituições, estabelecendo-se novos padrões de relacionamento entre os mesmos;
• As mudanças no perfil dos diferentes agentes econômicos, assim como dos recursos humanos, passando-se a exigir um nível de qualificação muito mais amplo dos trabalhadores; e
• As exigências de novas estratégias e políticas, novas formas de regulação e novos formatos de intervenção governamental.
Na Era da Informação, do Conhecimento e do Aprendizado o que passa a valer na força de
trabalho não é a sua força braçal ou a sua mão-de-obra. O que passa a valer são os atributos
racionais e psicológicos, visto que a mente dos indivíduos são fonte de conhecimento18.
No paradigma associado à Era do Conhecimento, destaca-se o papel crucial desempenhado
pelos processos de aprendizagem, como os destacados na seção anterior. Vargas (2002,
p.28) citando Dodgson (1996), lembra que o aprendizado passa a ser descrito como a forma
pela qual as firmas constroem, suplementam e organizam conhecimentos e rotinas em torno
de competências e culturas inerentes, ao mesmo tempo em que adaptam e desenvolvem sua
eficiência organizacional através da melhoria destas competências.
Andrade (2002) ressalta que nos anos de 1980 havia uma suposição de que a
informatização revolucionaria sozinha todo o mundo dos negócios, mas o que se viu foi
18 Esse processo tem sido tratado pela literatura Schumpeteriana como desmaterialização ou informacionalização. Para mais esclarecimentos sobre este assunto ver, por exemplo, MARQUES. Desmaterialização e trabalho. 1999.
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que, sem transformações organizacionais, a tecnologia agravaria os problemas de
burocracia e rigidez das empresas, em vez de solucioná-los.
Com todas essas transformações, fruto de uma nova economia baseada na microeletrônica,
o foco de análise passa a estar na forma como as empresas gerenciam tanto a informação
quanto as suas ferramentas. A gerência da informação requer que esta esteja disponível,
seja devidamente selecionada e possa ser eficientemente e eficazmente utilizada de forma a
gerar vantagem competitiva para a empresa. A incorporação das ferramentas depende da
necessidade estratégica, da visão de futuro dos colaboradores da empresa e da
disponibilidade financeira.
Uma das formas para atingir e aumentar a eficiência e eficácia na gerência da informação
foi a criação dos Sistemas de Gerência de Informações Estratégicas (SGIE). A principal
crítica feita a esses sistemas refere-se ao fato deles terem atribuído a maior relevância e
utilizado como principal instrumental os sistemas informáticos, com ênfase na construção
de banco de dados, sistemas de codificação, indexação de arquivos, etc., esquecendo o fator
humano.
A imensa quantidade de informação disponível e os intensos fluxos de informações
dificultam o trabalho de identificação e seleção das informações que serão incorporadas
como vantagem para a empresa. Neste contexto, existe uma grande dificuldade para
identificar o fator estratégico da informação, pois a quantidade de dados disponíveis é
superior a capacidade de absorção por parte da empresa.
O problema que se coloca não é de acesso à informação, mas de decifrar o seu valor estratégico para utilizá-la no momento apropriado. Segundo esse mesmo autor os diversos estudos sobre as causas das falências das organizações apontam que 70% das mortes das empresas resultam de um conhecimento incompleto do seu ambiente: clientes, concorrentes, fornecedores, regulamentação, etc. Ocorre que muitas vezes a informação se encontrava dentro da empresa e não foi explorada devido ao fato de não ter sido previamente processada para o fim a que se destina: o consumo e não o estoque (SANTOS, 2000).
O autor em destaque pondera que diante do fracasso da utilização intensa dos sistemas
operacionais informáticos visualizou-se que a gerência da informação necessitava da
incorporação de um outro componente crucial, qual seja, o componente comportamental, ou
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mais explicitamente o componente humano, o profissional da informação para
desempenhar um papel enquanto produtor de conhecimento, cabendo-lhe buscar sua
estratégia de atuação como ator social, privilegiando, na sua formação, competências sobre
o domínio e a rentabilização de fluxos de informação.
Esses profissionais desenvolvem o Know how, ou seja, a competência, a habilidade e o
conjunto de processos utilizados na gerência da informação o que na Ciência da Informação
tem sido chamado de Inteligência Competitiva. Assim, na Era da Informação, do
Conhecimento e do Aprendizado o foco deve residir em dois recursos fundamentais: o
humano e o microeletrônico. Com o domínio da microeletrônica no processo produtivo, o
capital da empresa passa a ser composto por algo mais que máquinas e equipamentos. Os
ativos intangíveis como habilidades, conhecimentos, tornaram-se elementos dinâmicos e
cruciais no processo concorrencial.
Lemos (1999) afirma que “[...] as tecnologias líderes desta fase são resultado de enormes
esforços de pesquisa e desenvolvimento. As altas taxas de inovações e mudanças recentes
implicam, assim, em uma forte demanda por capacitação para responder às necessidades e
oportunidades que se abrem”. Exigem, por sua vez, novos e cada vez maiores investimentos
em pesquisa, desenvolvimento, educação e treinamento que são determinantes para que a
empresa gere competências para desenvolver atividades inovativas.
As competências desenvolvidas e adquiridas pelas empresas que engendram práticas
inovativas têm como foco a busca pela diferenciação, por uma posição privilegiada capaz
de oferecer lucro de monopólio19. Para Nicolau (2002) as empresas devem definir
estratégias que aproveitem e valorizem essas competências, avaliando as potencialidades
internas e, a partir delas, construir caminhos próprios que podem ser inovadores,
considerando as características do meio envolvente.
É necessário entender a relevância relegada à inovação para que se possa compreender sua
conexão com o processo de desenvolvimento econômico. As inovações, que podem ser de
19 O lucro de monopólio pode ser entendido como um lucro extraordinário. Nesse caso, mesmo em condições de grande concorrência, as firmas que possuem estratégias inovativas engendram a possibilidade de auferir uma lucratividade acima da média que está sendo auferida pelas empresas atuantes no mesmo mercado.
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caráter radical ou incremental20, podem gerar ganhos de eficiência técnica, aumento de
produtividade, redução de custos, aumento de qualidade e mudanças no meio ambiente
organizacional e institucional transformando todo o sistema produtivo.
Nesse ambiente, a capacidade de estabelecer “relacionamentos interativos” (seja com
clientes, fornecedores e até mesmo concorrentes) é um atributo extremamente positivo para
as firmas. Shapiro e Varian (1999, p.5) ressaltam que o ato de formar uma rede envolve
mais do que fabricar um produto: encontrar parceiros, formar alianças estratégicas e saber
como dar partida no movimento de apoio podem ser tão importantes quanto as habilidades
de engenharia. Brito (1999) acrescenta que “[...] através de interações com outros agentes
inseridos na rede, uma firma particular obtém acesso a recursos e competências
complementares que reforçam sua competitividade em relação a outras firmas não inseridas
no arranjo”.
No que se refere à cooperação no interior da firma (intrafirma), as novas formas
organizacionais ocupam lugar de destaque, pois é a forma como a firma se organiza
internamente para cooperar/competir e para gerir seu conhecimento interno, é o que vai
determinar seu sucesso ou fracasso. Mesmo a intensa
maquinização/automação/informatização não pode mudar um aspecto fundamental da
organização, qual seja, “o trabalho vivo”, sobretudo a sua capacidade de criar, aparece
enquanto recursos primordiais para o sucesso, ou melhor, para a existência da firma.
1.4 CONHECIMENTO, INOVAÇÃO E AS VANTAGENS COMPETITIVAS NA
LOGÍSTICA
Neste item analisamos de que forma as questões levantadas acima se relacionam com o
tema desta dissertação, qual seja, a logística. Primeiramente, faz-se necessário destacarmos
20 De acordo com Freeman e Perez (1988, p.46-47) as inovações incrementais ocorrem de forma aproximadamente contínua em algumas atividades industriais e de serviços. Não devidas a pesquisa e desenvolvimento (P&D), mas resultado de melhorias sugeridas por engenheiros e/ou usuários. Tem pequenos efeitos macroeconômicos. Já as inovações radicais são eventos descontínuos e em termos recentes são resultado de P&D em Universidades e laboratórios do Governo. São importantes para impulsionar o crescimento de novos mercados e novos investimentos. Envolvem combinações de inovações em produto, processo e organização.
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quais são os dados relevantes na gestão logística para na seqüência, analisarmos como a
comunicação é relevante nessa temática, e em seguida evidenciarmos as informações
estratégicas para o setor.
Alves (2000, p.19) ao analisar as tecnologias de coleta de dados na gestão logística, afirma
que os dados podem variar desde identificadores de produto e de suas características como
data de validade, lote de produção, condições de armazenagem, até o que ele chama de
identificadores de relacionamento, que incluem o número do pedido, condições de entrega,
garantias, etc.
De acordo com o autor citado os dados, desde que sejam tratados de forma adequada, vão
gerar um conjunto de informações que se converterão numa vantagem competitiva para o
prestador do serviço logístico21. Ao transformarem dados em informação, e isso depende
do aprendizado ao longo do tempo, o Prestador de Serviço Logístico deve procurar
maximizar os ganhos com as informações disponíveis, buscando criar competências
específicas que lhe garantam a oferta de um serviço de qualidade. Oliveira (1998, p.07)
afirma que “[...] nos dias atuais, a empresa que não consegue comunicar-se com o mundo
externo, está em posição de grande desvantagem no mercado”.
Seideman (apud Oliveira, 1998) enfatiza que:
[...] em uma economia onde inventários são negociados através da informação, os reis são os dados disponíveis. Em nenhum lugar isso é mais verdadeiro do que nos negócios envolvendo depósitos e armazéns, onde a capacidade de se comunicar tem evoluído do estágio de conveniência para o de necessidade.
Argumentar que os “reis são os dados” pode obscurecer um fato que ocorre no processo de
aquisição de vantagens competitivas na gestão logística. Não basta estar de posse dos dados
e possuir as ferramentas para operacionalizá-los. É necessário estabelecer estratégias
organizacionais que capacitem a empresa a gerir de forma adequada os dados, transformá-
los em informações estratégicas e utilizar-se de competências específicas para que possam
21 O Prestador de Serviços Logísticos pode ser entendido como aquele que fornece vários serviços neste ramo de atividade seja transporte, estocagem, distribuição. Uma definição mais adequada será apresentada posteriormente neste trabalho.
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ser diferentes22 na atuação no mercado. A tecnologia para o processamento de dados está
disponível a todos, o que diferencia é como essa ferramenta é utilizada.
Em qualquer atividade empresarial, a troca de informações entre uma firma, seus
fornecedores, seus consumidores e quaisquer outros parceiros é um fator determinante para
o sucesso do negócio. Atualmente, a qualidade dos serviços apresenta-se como um fator
estratégico de competitividade, e qualidade na prestação de serviços logísticos está
associada à procedência comprovada do produto, processamento ágil de pedidos, entrega
otimizada (menor tempo e mínimo prejuízo), custos operacionais baixos, estoques
mínimos, produtos com qualidade e outros fatores que somente se obtêm com um fluxo
perfeito de informações e com o uso cada vez mais intensivo de TIC´s.
A comunicação adequada entre as empresas é imprescindível para dinamizar as interações
que se estabelecem nas relações comerciais. Para Oliveira (1998, p.05-6) nas operações
logísticas, mais do que em qualquer outra atividade, existe a necessidade de se estabelecer
um diálogo objetivo. Esse autor afirma que “[...] quando uma empresa consegue
compreender os objetivos, ou as necessidades, de uma outra, o diálogo entre as duas está
aprimorado, ou seja, existe uma comunicação sólida e objetiva entre ambas”. Acrescenta
ainda que “comunicar-se é algo acima do falar. Faz-se necessário que haja o entendimento,
que um compreenda o que o outro realmente está querendo. Não apenas uma troca de
palavras e opiniões: é a busca pelo entendimento”.
Oliveira (1998, p.08) acrescenta que:
[...] um processo de comunicação diferenciado depende do tipo de operação realizada, além da estrutura existente na empresa que o está utilizando. Em corporações com certo grau de evolução tecnológica, bem como uma adequada estrutura operacional, a tendência é de que os processos de comunicação tenham um perfil mais informatizado.
A empresa deve utilizar-se da informação para planejar como garantir a disponibilidade de
serviço, se espera sobreviver no mercado competitivo da economia global. A informação
22 Como apregoado por Schumpeter, “ser diferente” é a principal motivação do empreendedor. A Concorrência Schumpeteriana apresenta-se assim como o inverso da Concorrência Perfeita. Uma boa discussão sobre esse tema pode ser encontrada em POSSAS (2002).
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possibilita ao prestador de serviço logístico e adequar-se às mudanças ocorridas na
demanda e, muitas vezes, até e antecipar-se a essas mudanças.
Cavalcanti Netto (2001, p.138) destaca que, particularmente na prestação de serviço
multimodal, “[...] o acesso às informações de mercado e a capacidade de atendê-lo
adequadamente são cruciais para a lucratividade de longo prazo da empresa. Manter o
Market Share dos clientes e parceiros estratégicos é um requisito chave para a
sobrevivência das empresas [...]”.
Na Era onde se destacam as novas e mais eficientes tecnologias da informação e
comunicação, os operadores que possuem a capacidade de incorporar essas tecnologias para
o gerenciamento de dados estratégicos podem adquirir maior vantagem competitiva. No
entanto, voltando à discussão sobre a importância da capacitação dos funcionários, somente
aquelas empresas que possuírem as rotinas23 e os recursos24 adequados poderão maximizar
o uso dos sistemas informáticos, logrando assim maior êxito em suas atividades de
negócios.
No paradigma do Fordismo, a diferenciação era estabelecida através de vantagens
adquiridas no processo produtivo. A produção em massa, com a produtividade dos
recursos, possuía íntima ligação com a quantidade de capital físico que a firma era capaz de
acumular.
De acordo com Schmitt (2002, p.22):
[...] como reflexo da facilidade ao acesso a novas tecnologias, pela melhoria das formas de comunicação e pela popularização do acesso à informação, grande parte dos operadores logísticos chegaram a um mesmo patamar tecnológico nos seus negócios, principalmente no que se refere à automatização e controle de processos, no controle de recursos
23 De acordo com Nelson & Winter (1977) a rotina é o conjunto de técnicas e processos organizacionais que caracterizam o modo através do qual as mercadorias e serviços são produzidos, desde as atividades cotidianas até as inovativas. 24 Os recursos existentes nas empresas não se resumem aos ativos físicos e financeiros, mas incluem outros ativos que possuem grande relevância e que são por naturezas intangíveis, tais como: reputação; cultura; conhecimentos específicos; dentre outros que serão utilizados na construção de competências organizacionais específicas.
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humanos, de fornecedores, de vendas, de armazém, de estoques, de qualidade, além de melhorar a eficiência interna como resultado disso.
Dessa forma, apareceu a necessidade da diferenciação, da inovação, da busca por novas
competências.
Foi a partir da década de 90 que se observou as principais mudanças no setor de logística.
Tais mudanças estiveram atreladas a alguns mecanismos, que são apontados por
BOWERSOX & CLOSS (2001), quais sejam:
• mudança nas regulamentações: em 1980, (...) que criou um ambiente propício à inovação nos transportes e modificou o escopo de atuação para o transporte privado, a exemplo do que ocorreu em vários países do mundo;
• comercialização do microcomputador: o setor logístico foi um receptor entusiasta dessa nova tecnologia de informática descentralizada e altamente sofisticada, que exerceu grande impacto sobre a logística integrada;
• revolução da informação: o início de experiências com a tecnologia de código de barras, a utilização do Electronic Data Interchange - EDI (Intercâmbio Eletrônico de Dados) e a interligação de computadores resultaram numa tecnologia rápida, precisa e abrangente, que evidenciou a era da logística baseada em prazos;
• movimentos pela qualidade: a ampla adoção do Total Quality Management - TQM (Gerenciamento da Qualidade Total) nos diferentes segmentos industriais reorientou os processos das empresas e mesmo entre elas, pela sistemática e contínua adoção de padrões e conformidades, onde erros e defeitos passaram a ser inaceitáveis. Este raciocínio influenciou e expandiu-se para a logística; e
• alianças: a idéia de desenvolver parcerias se tornou um fator essencial para uma melhor prática logística, pois propiciou o desenvolvimento de acordos de cooperação que permitissem o aumento da eficiência do trabalho e contribuíssem para o sucesso mútuo das empresas e seus fornecedores e clientes – agora parceiros.
Bowersox e Closs25 (apud ALVES, 2000, p.18) apresentam de que forma a informação se
torna estratégica na atividade logística, mostrando que:
25 BOWERSOX, D.J. & CLOSS, D.J. Logistical Management: the integrated Supply Chain Process. New York. McGraw Hill, 1996, Cap.4, p.101.
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[...] para alcançar um certo grau de cooperação, é necessário que os participantes da cadeia compartilhem informações. Incluindo não apenas dados transacionais, mas informações estratégicas. (...) Tal colaboração na troca de conhecimentos é essencial para que as empresas façam a coisa certa de forma mais eficiente.
A informação na gestão logística é estratégica na medida em que fornece aos prestadores de
serviços logísticos a capacidade de atender à demanda da forma mais adequada, evitando,
assim, atrasos no processamento de pedidos e conseqüentemente na entrega do produto,
aumentando a qualidade do serviço prestado. A busca por um nível de qualidade mais alta
na prestação do serviço é elemento crucial para gerar competitividade para as empresas.
Atualmente os serviços logísticos são muito intensivos em conhecimento. No próximo
capítulo apresentamos algumas características desse setor e as principais tecnologias que
estão sendo utilizadas por empresas desses ramos.
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CAPÍTULO II: LOGÍSTICA COMO ATIVIDADE ESTRATÉGICA
PARA O COMÉRCIO EXTERIOR
2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
No entendimento da maioria das pessoas o termo logística está associado a duas palavras-
chave, quais sejam, “distribuição” e “movimentação”. Essas duas palavras nos habilitam a
começar a entender o papel de