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MAGALHÃES, Marcos. Uma reforma que deu certo. Sala mundo 2011. p.148-157. Marcos Magalhães, nasceu em Sertânia – PE e aos 59 anos, assumiu a presidência das operações da Philips na América Latina em janeiro de 2000, após ter presidido a Philips América do Sul (novembro de 1996 a dezembro de 1999) e a Philips do Brasil (fevereiro de 1996 a outubro de 1996). Graduado em Engenharia Elétrica pela Escola de Engenharia da Universidade Federal de Pernambuco, o executivo iniciou sua trajetória na empresa em 1971, em Eindhoven na Holanda, país onde está situada a sede da empresa, após terminar sua pós- graduação em Telecomunicações naquele país, tendo assumindo posteriormente diversas funções na Philips Eletrônica do Nordeste. Magalhães atou como presidente da Philips do Brasil e América Latina e na atualidade dirige o Instituto de Corresponsabilidade pela Educação (ICE). O autor enfatiza que explanará sobre a gestão na educação - o assunto abordado, considerado de “extrema importância” é inicialmente comparado ao nível da empresa privada, uma vez que foi feito o trocadilho aparentemente antagônico acerca do trabalho na empresa e a vida escolar serem a mesma coisa sob a seguinte afirmação: “a cada dia, uma empresa parece mais uma escola, e uma escola parece mais uma empresa. Falo isso no contexto de ambientes de aprendizagem[…] binômio ensino- aprendizagem”(p. 148). Mediante isso, convém refletir: a que tipo de empresa se refere, a alguma empresa paternalista, pois não parece falar 1

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Page 1: MAGALHÃES2

MAGALHÃES, Marcos. Uma reforma que deu certo. Sala mundo 2011. p.148-157.

Marcos Magalhães, nasceu em Sertânia – PE e aos 59 anos, assumiu a

presidência das operações da Philips na América Latina em janeiro de 2000, após

ter presidido a Philips América do Sul (novembro de 1996 a dezembro de 1999) e a

Philips do Brasil (fevereiro de 1996 a outubro de 1996). Graduado em Engenharia

Elétrica pela Escola de Engenharia da Universidade Federal de Pernambuco, o

executivo iniciou sua trajetória na empresa em 1971, em Eindhoven na Holanda,

país onde está situada a sede da empresa, após terminar sua pós-graduação em

Telecomunicações naquele país, tendo assumindo posteriormente diversas funções

na Philips Eletrônica do Nordeste. Magalhães atou como presidente da Philips do

Brasil e América Latina e na atualidade dirige o Instituto de Corresponsabilidade pela

Educação (ICE).

O autor enfatiza que explanará sobre a gestão na educação - o assunto

abordado, considerado de “extrema importância” é inicialmente comparado ao nível

da empresa privada, uma vez que foi feito o trocadilho aparentemente antagônico

acerca do trabalho na empresa e a vida escolar serem a mesma coisa sob a

seguinte afirmação: “a cada dia, uma empresa parece mais uma escola, e uma

escola parece mais uma empresa. Falo isso no contexto de ambientes de

aprendizagem[…] binômio ensino-aprendizagem”(p. 148).

Mediante isso, convém refletir: a que tipo de empresa se refere, a alguma

empresa paternalista, pois não parece falar de empresa capitalista. Sabe-se muito

bem que as empresas não estão preocupadas com a aprendizagem /dificuldades

dos funcionários, pois se não demonstram bom desempenho são despedidos

compulsoriamente. Diferente do espaço escolar, onde todos estão preocupados em

ajudar os alunos, independente do tempo que custe e das dificuldades, do

desempenho positivo e negativo, sempre o conteúdo é retomado, as chances de

refacção existem, também a progressão continuada. Então há uma grande diferença

entre o trabalho sob os olhos da empresa que exige lucro e a aprendizagem na

escola.

Outra comparação foi realizada entre empresa e escola, a busca de metas,

missão, clientela, processo produtivo. Para falar da questão da atuação dos

gestores, o autor parte da falta de organização do governo que municipaliza o

ensino e após a divisão de responsabilidades, na qual o estado fica com ensino

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médio, o governo com o ensino superior e os municípios com o ensino fundamental,

não consegue efetuar a responsabilização e cobrar diante de afirmações de que o

ensino fundamental no Brasil está péssimo. Para ele, é necessário repensar o tipo

de governo e melhor definir a atuação dos secretários da educação do estado que

deveriam trabalhar como elos de articulação entre a educação no estado e no

município.

Durante o projeto de modelo educacional de ensino médio para Pernambuco,

chegou-se a conclusão de que o “Ciclo PDCA (plan-do check-act:planejar, executar,

avaliar e agir)”(p.149), seria um instrumento de eficácia tal como utilizada nas

empresas. Assim, torna-se necessário criar uma estratégia, avaliar e agir sobre os

resultados observados. Embora os sistemas avaliativos, Prova Brasil, Saeb, Ideb,

sejam ferramentas relevantes para detectar/avaliar os problemas, esses se

constituem apenas de meras fotografias da situação de aprendizagem, pois não se

costuma agir sobre os resultados. E quanto ao diretor da escola, cabe-lhe o papel de

cuidar dos alunos, (foco central) , manutenção da harmonia da equipe escolar, zelar

pelo projeto pedagógico, infraestrutura, equipamentos e material didático. Além

disso, deve atrair a presença dos pais e a participação desses. Por isso, não há

tempo para a gestão eficaz desenvolvida pelo profissional.

Devido a isso, o autor afirma a necessidade de se ter um modelo de

gestão tal como a Tecnologia Empresarial Socioeducacional que está em

desenvolvimento. E no ciclo PDCA, além da definição do plano de ação, há também

treinamento para os gestores. É apropriado que haja melhoria no desempenho dos

gestores, pois se torna difícil a atuação desses diante de rotinas complexas, por

exemplo, na agenda coletiva, o gestor precisa ocupar-se com os índices de

desempenho dos professores, alunos e de aprovação da comunidade e na agenda

pessoal precisa ocupar-se das verificações de tarefas dos professores, cumprimento

de metas entre outras. Mas, o autor não prevê apenas um plano de ação para

melhoria do papel de gestor, porque pretende a inclusão da equipe escolar e

professores a serem treinados e avaliados.

Outro aspecto discutível é o fato de o autor questionar o estudo das áreas de

humanas e exatas no ensino médio, seguindo a matriz curricular, independente da

escolha de profissão, consequentemente, do tipo de vestibular. Parece que fala-se

de perda de tempo e desinteresse por falta de adequação curricular. No entanto,

pode-se indagar sobre a certeza dos adolescentes no ato da escolha profissional.

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Como saber da definição definitiva da carreira, se isso prossegue na vida real, as

incertezas poderiam deixar o aluno sem qualquer perspectiva de vida profissional se

esse no momento da seleção das disciplinas escolheu e depois após o vestibular,

percebeu que não era o que desejava para a vida. Será que os alunos adolescentes

conseguem efetuar escolhas definitivas sobre o futuro profissional, fazendo

sabiamente a distinção entre a profissão que possui mais habilidade e que gosta

com a aquela que apenas conduz a saldos bancários abastados, porém com

extrema dificuldade e insatisfação pessoal? Parece ficar claro a inexatidão lógica da

amoldagem curricular aos adolescentes e jovens brasileiros que começam a busca

de uma profissão. Cabem ainda, inúmeras reflexões, até mesmo se é benéfico ao

país a imitação de um modelo europeu, entre outros aspectos.

Portanto, trata-se de texto instigante que discute a questão da necessidade

de mudança na educação, por meio de programas avaliativos e que possam

conduzir a reais mudanças e modificações a fim de aumentar o nível de

desempenho do índice educacional no Brasil. O texto dirige-se a todos aqueles que

atuam na educação.

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