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MANUAL DE
CRIAO
DE PEIXES EMVIVEIROS
Regina Helena SantAna de FariaMarister Morais
Maria Regina Gonalves de Souza SorannaWillibaldo Brs Sallum
2013
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Copyright 2013 Companhia de Desenvolvimento dos Vales So Francisco e doParnaba Codevasf
permitida a reproduo de dados e informaes contidas nesta publicao,
desde que citada a fonte
Disponvel tambm em: ISBN: 978-85-89503-13-6Tiragem desta edio: 10.000 exemplaresImpresso no Brasil
Elaborao: Lettera ComunicaoEditora: Ana Nabuco/Lettera ComunicaoEditor-executivo: Lucien Luiz Silva
Produo de texto: Regina Helena SantAna de Faria, Marister Morais, Maria ReginaGonalves de Souza Soranna e Willibaldo Brs SallumEdio de Arte: Jo Acs e Paula RindeikaProjeto Grco e Diagramao: More Arquitetura de Informao
Fotos de Capa: Da esquerda para a direita, Hermano Luiz Carvalho dos Santos eRozzanno Antnio C. R. de Figueiredo; abaixo, Thompson Frana Ribeiro NetoNormalizao Bibliogrca: Biblioteca Geraldo Rocha - Codevasf
Manual de criao de peixes em viveiro. / Regina Helena SantAna de Faria...[et al]. Braslia: Codevasf, 2013.
ISBN: 978-85-89503-13-6
1. Piscicultura 2. Peixe 3. Tanque escavado 4. Viveiros. I. Regina HelenaSantAna de Faria. II. Codevasf
CDU 636.98
Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)
(Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Distribuio:Companhia de Desenvolvimento dos Vales do So Francisco e do Parnaba
SGAN 601 Conj. I Ed. Deputado Manoel NovaesCEP: 70830-901 Brasilia DFTel.: (61) 2028-4682 Fax: (61) 2028-4718www.codevasf.gov.br
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COD
EVASF
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APRESENTAO
INTRODUO
1. VISITA TCNICA
2. PESQUISA DE MERCADO
3. LEGALIZAO DO EMPREENDIMENTO NOSRGOS AMBIENTAIS
4. ELABORAO DO PROJETO
5. CONSTRUO DA INFRAESTRUTURA
6. GUA
7. MANEJO PRODUTIVO
8. PRINCIPAIS PEIXES CRIADOS EM VIVEIROS NO BRASIL
9. DOENAS
10. LINHAS DE CRDITO
RGOS ESTADUAIS DE APOIO PISCICULTURA
ANEXOS
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
SUMRIO
79
18
22
13
98
29
39
5466
124
128
132
106
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APRESENTAO
Aarte da criao de peixes pelos chineses remonta do perodo
anterior era crist. Neste sentido tambm existem regis-
tros sobre criao de peixes durante os imprios egpcio e
romano. Nos idos de 1930 tornou-se clebre a frase haver-
emos de criar peixes como se criam galinhas, proferida pelo cientista
brasileiro Rodolpho von Ihering. Desde ento, os conhecimentos vm
se multiplicando sobre essa atividade zootcnica com fins comerciaispelo interesse particular da comunidade cientfica, tudo isso aliado
s excepcionais condies existentes neste pas, como a riqueza de
recursos hdricos, diversidade de espcies aptas piscicultura, clima
favorvel, moderna indstria nacional, institutos/universidades forma-
dores de profissionais na rea da aquicultura, entre outras.
A partir da dcada de 1980, a Companhia de Desenvolvimento dos
Vales do So Francisco e do Parnaba (Codevasf) vem se destacando na ge-rao de trabalhos cientficos, notadamente nas reas de reproduo e lar-
vicultura de espcies nativas da bacia do rio So Francisco e na produo
de alevinos dessas espcies com fins ambientais e socioeconmicos. O
objetivo da Codevasf a manuteno dos estoques pesqueiros por meio
de peixamentos, bem como a implementao de aes concretas de
apoio ao fortalecimento dos Arranjos Produtivos Locais de Piscicultura ex-
istentes no mbito de sua rea de atuao. Nessa perspectiva, a Codevasf
possui sete Centros Integrados de Recursos Pesqueiros e Aquicultura para
o desenvolvimento de novas tecnologias, alm do fornecimento de alevi-
nos de espcies aptas piscicultura comercial em sua rea de atuao.
Com a criao do Ministrio da Pesca e Aquicultura (MPA), os
setores pesqueiro e aqucola tiveram o devido reconhecimento quanto
sua importncia social, ambiental e econmica. A solidez dessa insti-
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tuio poltica vem refletindo no continuado aumento da produo de
pescado pelas cadeias produtivas desses setores advindos da formula-
o e implantao de polticas pblicas efetivas.
Considerando a realidade dos empreendimentos pisccolas carac-
terizados, na sua grande maioria, por pisciculturas de pequeno porte,
o MPA e a Codevasf firmaram parceria para a viabilizao deste manual
de criao de peixes em viveiros. O objetivo especfico o de propor-
cionar, especialmente ao tcnico extensionista e ao pequeno produtor
rural, o acesso gratuito a conhecimentos atualizados de piscicultura
com espcies tropicais, tendo como horizonte o substancial cresci-mento da oferta de pescado, por conseguinte, o alcance da meta do
consumo de 12 kg/habitante/ano, recomendado pela Organizao
Mundial da Sade.
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INTRODUO
A piscicultura no Brasil
No Brasil, a criao de peixes foi uma novidade introduzida pelos
holandeses, quando ocuparam parte do territrio do Nordeste, no s-
culo XVIII. Mas, foi a partir da dcada de 1930 que comeou a se desen-
volver, com o povoamento de audes pblicos no Nordeste, destinados
ao armazenamento de gua, e que permitiam, tambm, atender s ne-cessidades de pesca das populaes circunvizinhas.
Nesta poca, o pesquisador brasileiro Rodolpho von Ihering e
sua equipe desenvolveram a tcnica da desova artificial, que permite
a reproduo em cativeiro de espcies reoflicas (que precisam reali-
zar a piracema, ou seja, nadar contra a correnteza para se reproduzir).
A partir da, outros cientistas no Brasil e no mundo utilizaram e aper-
feioaram a tcnica, dominando a reproduo de diversas espcies.A partir das dcadas de 1960 e 1970, foi introduzido um mod-
elo de piscicultura popular aplicado a pequenos produtores, com o
objetivo de complementar sua renda familiar. Este modelo se car-
acterizava pela escala de produo muito pequena, pelo sistema de
criao extensivo.
Na dcada de 1990 surge o fenmeno pesque-pague, que
revelou o fascnio dos brasileiros pela pesca e provocou um impres-
sionante incremento na procura por peixes vivos. Neste momento, a
piscicultura comeou a tornar-se um negcio rentvel.
Em 2003, o governo federal criou a Secretaria Especial de Aquicul-
tura e Pesca, transformada no atual Ministrio da Pesca e Aquicultura, a
partir de 2009. Desde ento, so formuladas e implementadas polticas
pblicas para incrementar a produo de pescado no pas.
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Manuteno da sustentabilidade ambiental
Como todas as atividades humanas, a piscicultura uma ativi-
dade que pode ter impactos significativos sobre o meio ambiente,
tanto na implantao dos viveiros quanto na sua operao. E, atual-
mente, a produo de pescado com qualidade uma exigncia do
mercado consumidor. No entanto, com a adoo de tcnicas e mane-
jos adequados, possvel produzir reduzindo a interferncia sobre o
meio ambiente a um mnimo indispensvel, de modo a preservar a
biodiversidade e os recursos naturais. A sustentabilidade ambiental
dos sistemas de produo pode ser melhorada com a adoo de boas
prticas de manejo. No caso da criao em viveiros escavados, as
principais prticas para reduzir o impacto ambiental so:
Reduo da taxa de renovao de gua;
Uso de rao balanceada e de forma controlada para evitar sobras;
Controle rigoroso na adubao dos viveiros;
Uso dos efluentes como gua para fertirrigao; Uso de lagoas de decantao para tratamento do efluente dos
viveiros aliado colocao de telas e construo de filtro;
Priorizar a criao de espcies da bacia hidrogrfica onde est
localizada a piscicultura;
Adoo da prtica do policultivo para aproveitar melhor o espao e
os recursos naturais dos viveiros;
Construo dos viveiros preferencialmente em reas j degradadas.
O apoio da Codevasf piscicultura
A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do So Francisco
e do Parnaba (Codevasf) tem participado ativamente do avano da
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piscicultura brasileira. Na dcada de 1980, importou, adaptou e di-
fundiu um pacote tecnolgico de reproduo de peixes, sendo pos-
svel hoje a reproduo artificial de vrias espcies brasileiras.
O domnio dessa tecnologia permitiu a reproduo em cativeiro
e a produo de alevinos de dezenas de espcies, entre elas o Suru-
bim (Pseudoplatystoma corruscans)e o Pir (Conorhynchos coniros-
tris), peixe smbolo do rio So Francisco.
Ainda na dcada de 1980, a Codevasf iniciou pesquisas para a
criao intensiva de peixes em gaiolas, no reservatrio da hidrel-
trica de Trs Marias, em Minas Gerais. Atualmente, a criao depeixes em tanques-rede uma realidade em todo o Brasil.
A empresa mantm, na atualidade, sete Centros Integrados de
Recursos Pesqueiros e Aquicultura ao longo do Vale do So Fran-
cisco. Essa estrutura produz anualmente milhes de alevinos de
espcies nativas da bacia do rio So Francisco, destinados princi-
palmente recomposio da fauna dos rios da bacia, projetos de
pesquisas e segurana alimentar, com nfase na criao em audespblicos, alm de apoiar os pequenos produtores que desenvolvem
a piscicultura comercial.
A produo de peixes no Brasil
No ano de 2010, segundo o Ministrio da Pesca e Aquicultura, aproduo brasileira de pescado, oriunda da aquicultura, atingiu 394 mil
toneladas, o que corresponde a 37,9% de toda a produo, incluindo a
pesca extrativa, marinha e continental. Dessa produo, 82,25% vieram
da gua doce, conforme mostra a tabela 1.
INTRODUO
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Tabela 1: Produo brasileira de pescado em gua doce
REGIO PRODUO PERCENTUAL
Sul 133.425,1 toneladas 33,8%
Nordeste 78.578,5 toneladas 19,9%
Sudeste 70.915,2 toneladas 18,0%
Centro-Oeste 69.840,1 toneladas 17,7%
Norte 41.581,1 toneladas 10,5%
Adaptado do Ministrio da Pesca e Aquicultura (2010)
As espcies mais utilizadas em piscicultura
O Brasil possui diversas espcies de peixes de gua doce com po-
tencial para a piscicultura, merecendo destaque a produo de tam-
baqui, tambacu e pacu, que somados alcanaram 24,6% da produo
nacional. Porm, a tilpia e a carpa (ambas espcies exticas) so as
espcies de peixes mais criadas e representam 63,4% da produo na-cional, conforme mostra a tabela 2.
Tabela 2: Peixes mais utilizados na piscicultura brasileira
ESPCIE PRODUO PERCENTUAL
Tilpia 155.450,8 toneladas 39,4%
Carpa 94.579 toneladas 24,0%Tambaqui 54.313,1 toneladas 13,8%
Tambacu 21.621,4 toneladas 5,5%
Pacu 21.245,1 toneladas 5,4%
Total 347.209,4 toneladas 88,0%
Adaptado do Ministrio da Pesca e Aquicultura (2010)
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1. VISITA TCNICA
Antes de qualquer passo, o produtor rural que deseja iniciar uma pisci-
cultura precisar providenciar a visita de um tcnico propriedade. Normal-
mente, este profissional est disponvel nos escritrios dos rgos estaduais
de assistncia tcnica e extenso rural, como a Emater (Cear, Distrito Fed-
eral, Gois, Minas Gerais, Par, Paraba, Paran, Rio de Janeiro, Rio Grande
do Norte e Rio Grande do Sul), EBDA (Bahia), Emdagro (Sergipe), Epagri
(Santa Catarina), Ipa (Pernambuco), Seagri (Alagoas), Instituto de Pesca (SoPaulo), Agerp (Maranho), entre outros. A Codevasf, como empresa de de-
senvolvimento regional, tambm assiste associaes ou cooperativas, por
meio de suas Superintendncias Regionais e Centros Integrados de Recur-
sos Pesqueiros e Aquicultura. Na visita, o tcnico ir avaliar se a propriedade
rene as condies necessrias para a piscicultura. Com a anlise preliminar
de vrios aspectos, o profissional e o produtor construiro juntos o projeto
de maneira adequada realidade do produtor e da propriedade. Sero ob-servados os itens descritos a seguir.
1.1. Infraestrutura da propriedade
As caractersticas da propriedade vo determinar o porte fsico do
empreendimento, seus custos de instalao e manuteno. Com a ajuda
do tcnico em piscicultura, o produtor deve fazer uma avaliao detal-hada dos aspectos seguintes.
rea e topografia - A piscicultura necessita prioritariamente de
reas com pouca declividade (at 3%). O tamanho da rea disponvel
e com condies adequadas para implantao dos viveiros o que
vai determinar a escala da produo, lembrando que 70% da rea dis-
ponvel ser utilizada para os viveiros e o restante para vias de circula-
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o e depsito para rao e equipamentos. importante salientar que
a rea disponvel para implantao do projeto dever respeitar a legis-
lao ambiental.
Tipo de solo- Os solos argilosos so os mais favorveis porque apresen-
tam menor infiltrao de gua, permitindo a construo de viveiros mais
estveis. Solos arenosos ou com grande quantidade de cascalho, geral-
mente apresentam alta infiltrao, exigindo maior uso de gua. Por isso,
necessria a avaliao prvia do tipo de solo da propriedade. Essa avaliao
pode ser feita em laboratrio de anlise de solo. Se no houver laboratrio
de solo na regio, pode-se fazer um teste prtico de permeabilidade ou de
textura, o que ir ajudar na tomada de deciso, conforme descrito a seguir.
A)Teste de Permeabilidade Este teste mostrar a condio de maior
ou menor infiltrao de gua no local. Basta cavar um buraco com pro-
fundidade de 1,80 m e encher de gua. Ao final do dia, observe o nvel
da gua e se for necessrio, encha-o novamente. Na manh seguinte,
verifique de novo. Caso a gua tenha desaparecido novamente, sig-nifica que o solo no o mais indicado para piscicultura.
B)Teste de Textura Este teste avalia as quantidades de limo, argila
e areia presentes no solo. Retire uma amostra do solo abaixo da cobe-
rtura vegetal e passe esta amostra em uma peneira comum (malha de
2,0 mm). Pegue uma pequena quantidade da terra peneirada, faa uma
bola e jogue para o alto (cerca de meio metro), aparando-a com a mo.Se a bola esfarelar, significa que o solo tem muita areia, sendo necessrio
procurar outro local na propriedade. Outra avaliao de textura molhar
um pouco o solo peneirado (A) e apertar uma pequena quantidade em
uma das mos (B). Ao abrir a mo, se permanecer a marca dos dedos na
amostra (C), significa que o solo indicado para a piscicultura. (figura 1)
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Esses testes so bastante prticos e do uma boa ideia das
condies do solo para reter a gua no viveiro, lembrando que pelo
menos um deles dever ser realizado em vrios locais da rea em es-tudo. Em propriedades onde o solo no retm gua, convm utilizar
mantas prprias para impermeabilizar os viveiros.
gua- A propriedade precisa ter fonte de gua de boa qualidade, sem
contaminao por poluentes e em quantidade mnima para abastecer os
viveiros, repor as perdas por infiltrao e evaporao e atender as neces-
sidades do manejo. na visita tcnica que o profissional determinar avazo dgua existente na propriedade para projetar o tamanho da pi-
scicultura. De modo geral, recomendada a quantidade em torno de 15
litros de gua por segundo para cada hectare de viveiro (10.000 m de
lmina dgua), considerando a reposio de 5% a 10% ao dia nos viveiros.
A avaliao da quantidade de gua disponvel ao projeto deve ser feita
nos meses mais crticos de estiagem, que em boa parte do pas ocorre em
1. VISITA TCNICA
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Figura 1.Teste de textura
CHAKROFF,1976
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setembro e outubro, os quais antecedem o perodo chuvoso.
A gua um item to importante na piscicultura que ter um captulo
exclusivo neste manual (Captulo 6), com foco na qualidade e anlises
de rotina.
Energia eltrica Energia eltrica fundamental, principalmente
nas criaes intensivas. Ter a rede eltrica prxima aos viveiros possi-
bilita a instalao de aeradores, alimentadores automticos e bombas
dgua para uso normal ou de emergncia, se necessrio. A iluminao
da rea dos viveiros facilita o manejo e tambm dificulta o furto, alm
de contribuir em atividades emergenciais.
Mo de obra- muito importante a mo de obra receber qualifica-
o para a atividade, uma vez que as observaes dirias so realizadas
pelos funcionrios e repassadas ao responsvel. O tratador, em especial,
dever ser bastante observador, pois a rao o insumo mais caro no
processo de produo. O treinamento da mo de obra pode ser real-
izado por meio por meio de instituio de ensino e extenso rural. Otcnico do rgo de extenso rural tambm pode orientar o produtor
sobre onde buscar essa qualificao.
1.2. Infraestrutura regional
importante observar se existem fornecedores de insumos(rao, alevinos, adubo etc.) e se a estrutura viria regional per-
mite o transporte da produo e dos produtos durante o ano todo.
A proximidade com um polo produtor de peixes benfica, pois
neste local costuma-se encontrar boa oferta de insumos, reduzindo
o custo de produo.
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Insumos Em piscicultura existem dois insumos principais: a rao
e os alevinos. comum, principalmente em locais desprovidos desses
insumos, a parceria entre piscicultores no momento da compra, possi-
bilitando obter maiores descontos. Por isso, interessante o piscicultor
ser integrante de alguma associao ou cooperativa para produzir com
maior eficincia.
Assistncia tcnica Tambm necessrio considerar a presena
de assistncia tcnica e extenso rural, como a Emater, ou empresa tc-
nica privada. Este item de suma importncia para a sobrevivncia da
atividade, principalmente na pequena propriedade.
Vias de escoamento Estradas em bom estado o ano inteiro pos-
sibilitam a chegada dos insumos e o escoamento da produo com
menor custo, maior rapidez e segurana, melhorando a competitivi-
dade.
1.3. Regularizao do empreendimento
A visita tcnica tambm o momento para o produtor discutir
amplamente com o tcnico em piscicultura todas as exigncias para
obter o licenciamento ambiental, outorga de uso de recursos hdricos,
o registro e licena de aquicultor. Devero ser analisados os custos e o
tempo necessrios at a obteno da licena de aquicultor, que rep-resenta a ltima fase da regularizao. Leia mais sobre licenciamento
ambiental, outorga de gua, registro e licena de aquicultor no cap-
tulo 3 deste manual.
1. VISITA TCNICA
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2. PESQUISA DE MERCADO
A pesquisa de mercado uma das ferramentas mais importantes para o
produtor obter informaes fundamentais para o planejamento e o sucesso
financeiro na piscicultura. Neste captulo, sero abordados, em linhas gerais,
os aspectos principais em relao ao mercado. Para obter essas informaes,
o produtor dever conversar com os tcnicos do rgo de extenso rural,
com fornecedores de insumos, com outros piscicultores, associaes e com-
pradores (supermercados, peixarias etc.). Uma excelente fonte de ajuda no
planejamento econmico e financeiro o Sebrae (Servio Brasileiro de Apoio
s Micro e Pequenas Empresas), que inclusive tem uma unidade dedicada
aquicultura. Os escritrios do Sebrae esto presentes em todas as regies do
pas.
2.1. Conhecimento do mercadoO produtor que deseja iniciar uma criao de peixes deve antes se
informar como o mercado, quais as espcies comercializadas, peso e
tamanho de venda e as formas de apresentao do produto. A seguir,
as principais variveis a serem conhecidas.
Consumidor- quem vai comprar o peixe, portanto, o elemento
principal no mercado e vai definir quase tudo, das espcies que serocriadas forma de apresentao do produto, incluindo o preo prati-
cado. Por isso, em primeiro lugar, necessrio saber para quem se vai
produzir e quais so as preferncias desse consumidor.
Fornecedor - de quem o produtor vai comprar rao, alevinos,
adubos, gelo e outros insumos. importante que estes fornecedores
sejam idneos, comercializem produtos de boa qualidade (principal-
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mente rao e alevinos) e, se possvel, estejam prximos propriedade.
Concorrentes- A competitividade um fator importante na disputa pelo
mercado. fundamental saber se sua estimativa de preo de venda estcompatvel com os preos praticados por outros vendedores. Entretanto,
interessante efetuar parcerias com os concorrentes no momento de aqui-
sies de insumos e na comercializao, para oferta de maior volume de
pescado.
Espcies comercializadas A definio das espcies a serem criadas
depende principalmente da demanda do consumidor. Por isso, o produtor
deve procurar saber quais os peixes preferidos na regio. De modo geral,
apesar da grande variedade de espcies consumidas, sabe-se que na regio
Norte h grande consumo de tambaqui, pirarucu e matrinx. Nos Estados
do Centro-Oeste grande a produo de peixes redondos, como tambaqui,
tambacu e pacu, o que indica uma preferncia de consumo dessas espcies.
No Nordeste e no Sudeste expressivo o consumo de tilpia. Na regio Sul,
destaca-se o consumo de tilpia e de carpa. Lembrando que sempre h es-pao para o mercado de outros peixes.
Preo de venda Para definir o preo de venda, o produtor precisa
levar em conta trs coisas: o custo de produo por quilo de peixe, a
margem de lucro desejada e o preo que est sendo praticado no mer-
cado local e regional.
Peso/tamanho de venda O peso ou tamanho de venda do peixemuda conforme a espcie e o mercado consumidor, variando de 700
gramas a 3 quilos. Devido ao crescimento que vem ocorrendo nos ltimos
anos pode-se afirmar que em breve haver demanda por peixes peixes
menores (entre 250 e 500 gramas) para a produo de polpa (carne me-
canicamente separada de espinho, escamas e pele) destinada merenda
escolar, hospitais, entre outros, dentro do mercado institucional.
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Apresentao do produto As formas de apresentao do peixe
tambm dependem da preferncia do consumidor. O pescado pode ser
vendido fresco ou congelado, inteiro, em posta ou em fil. H tambm
produtos como empanados, linguia, hambrguer e outros derivados
de maior valor agregado.
2.2. Capacidade de absoro dos mercados
O produtor precisa conhecer qual a capacidade de absoro do
mercado consumidor em que est inserido, local e regional. Isso serfundamental para dimensionar e planejar a produo, de modo que
ela seja totalmente comercializada, nas melhores condies de preo,
evitando prejuzos. O questionrio apresentado a seguir poder ajudar
o piscicultor no planejamento da produo.
Quais espcies de peixes so as mais aceitas no mercado
local e regional?
Quais e quantos so os estabelecimentos que compram
peixes prximos ao local de produo?
Qual a distncia da criao at o local de venda ou distribuio?
Qual o peso mais aceito?
Quantos quilos de peixes compram e qual o intervalo
de compra: dirio, semanal ou mensal?
O consumo na regio uniforme ao longo do ano? Se no, quais
as pocas de maior consumo (Quaresma, Semana Santa, Natal,
Semana do Peixe)?
Como os compradores pagam? vista ou a prazo?
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2.3. Canais de comercializao
Para o piscicultor que est comeando, a escolha do canal de co-
mercializao depender do volume, regularidade e qualidade de sua
produo, podendo vender diretamente sua produo ou por interm-
dio de associaes ou cooperativas que congregam piscicultores, de
modo a atingir grandes escalas de produo.
Est se tornando interessante a possibilidade de comercializao
de peixes para o mercado institucional, por meio de compras governa-
mentais (governo federal, estadual e municipal), onde est reservada
a possibilidade de aquisio de produtos da agricultura familiar. Neste
universo, h demanda de compra, desde polpa e fils para uso na me-
renda escolar, at peixes para atender zoolgicos.
ONDE VENDER SEU PEIXE?
2. PESQUISA DE MERCADO
21
FIQUE DE OLHO
Produtor, fazendo parte de uma cooperativa ou associao
voc ter acesso mais fcil informao e a melhores condies
para comprar insumos e comercializar sua produo.
PISCICULTURA
BARES
SUPERMERCADOS
FEIRAS LIVRES
RESTAURANTESUNIDADE DE
BENEFICIAMENTO
CENTRAIS DEDISTRIBUIO CEASA
PESQUEPAGUE
MERCADOINSTITUCIONAL
PEIXARIAS
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3. LEGALIZAO DO EMPREENDIMENTONOS ORGOS AMBIENTAIS
A pretenso deste captulo esclarecer, de forma resumida, o
processo de regularizao dos empreendimentos pisccolas nos
rgos responsveis, tendo em vista que, na atualidade, a grande
maioria das pisciculturas instaladas no Brasil no atende integral-
mente a legislao. Por esse motivo, o piscicultor deixa de investirpelo temor s penalidades (multas, apreenses e at mesmo suspen-
so da operao) pelos rgos fiscalizadores, apesar das condies
favorveis de qualidade e quantidade de gua, clima, insumos, mer-
cado consumidor e da poltica de fomento existente. Neste sentido,
desde a visita do tcnico propriedade rural importante conhecer
as exigncias legais, as etapas, os custos e o tempo necessrio para
obteno da Outorga de Direito de Uso de Recursos Hdricos, do Li-
cenciamento Ambiental, bem como do Registro e Licena de Aqui-
cultor.
Alm disso, importante consultar, ao utilizar espcies de outros
pases e bacias hidrogrficas, como tilpias, carpas, bagre africano,
entre outros, a legislao vigente, pois existem regras estabelecidas
com o objetivo de evitar que essas espcies escapem para o meio
ambiente, uma vez que elas podem interferir nas taxas de sobre-
vivncia, predao e reproduo das espcies nativas, assim como
na transmisso de doenas.
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Sendo assim, o produtor rural, antes de iniciar o empreendimento,
dever procurar os seguintes rgos ilustrado no quadro abaixo:
Qual a importncia da legalizao/regularizao da piscicul-
tura?
So vrias as vantagens da legalizao/regularizao, que podem
assim serem descritas:
Para o piscicultor:1)Tranquilidade no exerccio da atividade (emisso de nota fiscal
de venda, comprovao da origem do pescado, transporte dos
produtos etc.);
2)Obteno de financiamento com acesso a juros subsidiados
pelo governo federal (Exemplo: Plano Safra da Pesca e Aqui-
cultura);
23
1. OUTORGA2. LICENCIAMENTO
AMBIENTAL
3. LICENA E REGISTRO
DE AQUICULTOR
rgo estadual de
recursos hdricos
ou
Agncia Nacional de
guas - ANA
rgo municipal ou
estadual de meio ambiente
ou
Instituto Brasileiro
de Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais
Renovveis - IBAMA
Superintendncia
Federal de Pesca e
Aquicultura
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3)Atendimento ao mercado cada vez mais exigente quanto
preservao ambiental;
4)Participao nos programas de aquisio de alimentos dos
governos municipal, estadual ou federal (mercado institucional);
5)Garantia de sustentabilidade ambiental e, por consequncia,
a continuidade do processo produtivo.
Para os rgos pblicos:
Os rgos pblicos passam a conhecer melhor os piscicultores,
sabendo quantos so, onde esto, o que produzem, qual a suarealidade atual e assim, de forma mais racional, podem realizar:
1)O ordenamento para o uso dos recursos hdricos;
2)A manuteno da qualidade ambiental;
3)A formulao e implantao de polticas pblicas efetivas para
o fortalecimento da cadeia produtiva da piscicultura.
3.1. Outorga de Direito deUso de Recursos Hdricos
A outorga dgua , na prtica, a quantidade de gua reservada
pelo rgo regulador para a atividade solicitada, conforme pedido do
produtor interessado, garante, dessa forma, a quantidade e a qualidade
da gua necessria para a realizao de diversas atividades, como pi-
scicultura, irrigao, lazer, uso animal e humano etc., ou seja, assegura
o direito de acesso gua.
As guas so classificadas como estadual ou federal e cabe, respec-
tivamente, ao rgo estadual de recursos hdricos e Agncia Nacional
de guas (ANA) a emisso da outorga de direito de uso de recursos
hdricos. Desta forma, o extensionista ou o proprietrio rural dever
verificar a classificao do corpo hdrico que fornecer a gua para a
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piscicultura e solicitar ao rgo competente a outorga.
3.2. Licenciamento Ambiental
Sabendo que toda e qualquer atividade produtiva causa algum im-
pacto ao meio ambiente e tendo como princpio a necessidade de garan-
tir o meio ambiente ecologicamente equilibrado s futuras geraes, os
rgos ambientais classificam as diversas atividades de acordo com os
diferentes graus de impacto ambiental, podendo ser eles: alto, mdio ou
baixo.Desta forma, quanto maior o grau de impacto ao meio ambi-
ente, maiores sero as exigncias pelo rgo ambiental (municipal,
estadual ou federal).
A Licena Ambiental nada mais do que umcertificado atestando
que, do ponto de vista da proteo do meio ambiente, o empreendi-
mento ou atividade encontra-se em condies de operar.
Na Resoluo do Conselho Nacional de Meio Ambiente
(CONAMA) n. 413, de 26 de junho de 2009, do Ministrio do Meio
Ambiente (MMA), esto definidas as normas e critrios para o licen-
ciamento ambiental da aquicultura. Nesta Resoluo esto descritos
os critrios bsicos utilizados para a classificao quanto ao poten-
cial de impacto ambiental da piscicultura, baseado no porte (rea de
lmina dgua) e no potencial de severidade das espcies utilizadas
no empreendimento.
Sendo assim, para empreendimentos pisccolas, classificados como
de alto ou mdio impacto ambiental, so exigidas trs etapas no pro-
cesso de licenciamento ambiental:
Licena Prvia (LP) concedida e fundamentada em informaes
formalmente prestadas pelo interessado na fase inicial do planeja-
3. LEGALIZAO DO EMPREENDIMENTO ...
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mento da atividade (projeto tcnico) e estabelece os requisitos bsi-
cos e as condicionantes que devero ser atendidas nas prximas
fases de implementao.
Licena de Instalao (LI) fornecida com base no projeto tc-
nico, autorizando a instalao do empreendimento ou atividade, de
acordo com as especificaes constantes dos planos, programas e pro-
jetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais
condicionantes estabelecidas na LP.
Licena de Operao (LO) expedida somente aps vistoria, teste
de operao ou qualquer outro meio tcnico que verifique o efetivo
cumprimento do que consta nas licenas anteriores (LI e LP). Esta li-
cena autoriza a operao da atividade.
Caso a piscicultura j esteja em operao, sem licena ambiental,
o caminho para a regularizao no rgo ambiental licenciador a so-
licitao da Licena de Operao (LO).Nessa Resoluo tambm est previsto o procedimento simpli-
ficado de licenciamento ambientalpara alguns casos. Portanto, com
base nas informaes contidas no projeto tcnico, o rgo licenciador
(municipal, estadual ou federal) far o devido enquadramento da pisci-
cultura em relao s exigncias necessrias para a emisso da licena
ambiental.
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3.3. Categoria de Aquicultor doRegistro Geral da Atividade Pesqueira (RGP)
O Registro Geral da Atividade Pesqueira (RGP) foi institudo
pelo Decreto-Lei n 221, de 28 de fevereiro de 1967, e ratificado
pela Lei n 11.959, de 26 de junho de 2009, conhecida como a nova
Lei da Pesca. Trata-se de um instrumento do Governo Federal que visa
contribuir com a gesto e o desenvolvimento sustentvel da atividade
pesqueira, bem como permite ao interessado o exerccio das atividades
de pesca e aquicultura.
Assim, aqueles que exercem atividade de piscicultura comercial
devem estar inscritos na categoria de aquicultor no RGP, que regula-
mentada pela Instruo Normativa do MPA n 6, de 19 de maio de 2011,
da seguinte maneira:
3.3.2. Registro de Aquicultor
O aquicultor que exerce ou que pretende exercer a piscicultura co-mercial dever requerer a inscrio no Registro de Aquicultor, mesmo
que no possua, ainda, outorga dgua e/ou licenciamento ambiental.
Para tanto necessrio o preenchimento de um formulrio de
inscrio, onde so inseridos dados gerais da pessoa fsica ou ju-
rdica e do empreendimento. Esse formulrio pode ser obtido no
stio do MPA (www.mpa.gov.br ou http://sinpesq.mpa.gov.br/rgp)
e deve ser impresso, assinado e protocolado na Superintendncia
Federal da Pesca e Aquicultura (SFPA) do Estado onde estiver local-
izada a piscicultura (endereos e telefones das superintendncias
encontram-se no anexo II).
importante saber que na fase preliminar de inscrio para obten-
o do Registro de Aquicultor no existe custo algum.
3. LEGALIZAO DO EMPREENDIMENTO ...
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REGISTRESE!
O PRIMEIRO PASSO PARA SE LEGALIZAR.
3.3.1. Licena de Aquicultor
A Licena de Aquicultor o ltimo documento necessrio para o
incio da atividade aqucola, ou seja, a ltima etapa para a plena le-
galidade da aquicultura/piscicultura. Todavia, para a obteno da Li-
cena de Aquicultor, emitida pelo MPA, o piscicultor necessitar, almde outros documentos pertinentes, apresentar a licena ambiental da
atividade (licena de operao) ou o documento de dispensa de licen-
ciamento ambiental, assim como a outorga dgua. Atendidos os requi-
sitos, a anlise e expedio da Licena de Aquicultor rpida, podendo
ser feita em at um dia til.
AQUICULTOR, SUA LICENA GARANTE SEUS DIREITOS.
INSCREVASE NO RGP.
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4. ELABORAO DO PROJETO
4.1. Definio da estratgia de produo
Com base nas informaes levantadas nos captulos 1, 2 e 3 (Visita Tc-
nica, Pesquisa de Mercado e Legalizao do Empreendimento nos rgos
Ambientais) hora de elaborar o projeto de piscicultura. Antes de iniciar, o
produtor precisa definir em qual segmento ir atuar, se na produo alevi-
nos ou juvenis para outras pisciculturas ou na engorda, e de que forma sera comercializao: venda direta em peixarias, feiras livres, restaurantes, in-
dstrias processadoras etc. Tambm o momento de definir a(s) espcie(s)
a ser(em) utilizada(s), o sistema de criao (tab. 3) e o tipo de criao.
4.1.1. Escolha da espcie
Segundo o MPA, a produo nacional mostra uma preferncia pelatilpia, peixe que no brasileiro, mas se tornou estrela da piscicultura
comercial pelo sabor da carne e rendimento em fil, chegando a aproxi-
madamente 40% de toda a produo nacional. Quando comercializada
na forma de fils de 100 gramas e 150 gramas, seu peso varia entre
600 gramas e 900 gramas. Em segundo lugar vem a carpa, de origem
chinesa, muito consumida no sul do Brasil, comercializada inteira entre
800 gramas e 1 quilo. Os peixes brasileiros tambaqui, tambacu (hbrido
tambaqui x pacu) e pacu so comercializados sempre acima de 1 quilo.
4.1.2. Sistemas de produo
Os sistemas de criao de peixes podem assim ser descritos:
Extensivo- Nesse sistema de criao os peixes dependem do ali-
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mento natural presente no corpo dgua (aude, represa), no sendo
utilizados rao e suplementos alimentares. Geralmente no h
renovao contnua de gua nem maiores cuidados com a qualidade
da gua. A taxa de estocagem de peixes por viveiro baixa, como
ilustrado na tabela 3, podendo ser utilizada uma ou mais espcies
conjuntamente.
Semi-intensivo- So construdos viveiros prprios para a criao
comercial (fig. 2), permitindo controle sobre o abastecimento e escoa-
mento da gua. So usadas a calagem e a fertilizao para o incremento
do alimento natural, tornando a gua levemente esverdeada (vide Cap-
tulo 6), juntamente com o fornecimento regular de rao balanceada e
controle da qualidade da gua. comum a utilizao de duas ou mais
espcies com hbitos alimentares diferentes (policultivo) e dependendo
da espcie, qualidade de rao, nveis de fertilizao etc. A produtividade
pode variar em torno de 8 mil a 10 mil quilos por hectare/ano.
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Figura 2. Sistema semi-intensivo de criao de peixes
THOMPSONFRANCARIBEIRONETO
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Todavia, em determinadas regies brasileiras com pouca incidncia
de chuva, como no caso do semirido, possvel a criao de peixes
em viveiros sem circulao de gua, desde que tenha o mnimo para
compensar as perdas por evaporao e infiltrao. Desta forma, de
acordo com essas perdas recomendado a recomposio do nvel
normal de gua do viveiro. Nesse sistema, o volume de peixes no vi-
veiro menor em comparao ao sistema com renovao de gua.
um sistema que exige muita ateno do piscicultor.
Intensivo- Neste sistema de criao os viveiros apresentam maior
taxa de renovao de gua, podendo utilizar aerao suplementar (fig.
3). Normalmente, a opo pelo monocultivo, com densidades mais
elevadas (dependendo da espcie, acima de 20 mil alevinos por hect-
are), utilizando-se rao de qualidade superior e maior frequncia de
alimentao. Este sistema permite atingir produtividade acima de 20
mil quilos por hectare/ano.
4. ELABORAO DO PROJETO
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Figura 3. Sistema intensivo de criao de peixes
HERMANOLUIZCARVALHODOS
SANTOS
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Superintensivo - Neste sistema, utilizada alta densidade de
peixes por m3e alimentao intensiva. Por isso, necessria alta taxa
de renovao da gua para permitir a eliminao das fezes e metabli-
tos excretados pelos peixes (tabela 3). Para suportar o alto fluxo de
renovao de gua necessria so utilizados tanques de concreto ou
de fibra de vidro com aproximadamente 30 m3de gua (figura 4). Esse
sistema, tambm conhecido como raceway, necessita de acompanha-
mento de um profissional capacitado.
4.1.3. Tipos de criao
Monocultivo Apenas uma espcie criada no viveiro. Geralmente,
esse tipo de criao utilizado nos sistemas intensivo e superintensivo.
Uma desvantagem a subutilizao (sobra) dos alimentos naturais no
consumidos pela espcie escolhida.
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Figura 4. Sistema superintensivo de criao de peixes
TH
OMPSONRIBEIRO
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Policultivo Duas ou mais espcies de hbitos alimentares diferen-
tes so criadas no mesmo viveiro, explorando melhor as fontes naturais
de alimento existentes. Este tipo de criao mais utilizado em criaes
extensivas e semi-intensivas.
Consrcio a criao de peixes associada com outras espcies
animais ou com vegetais (aquaponia ou fertirrigao).
4.2. Definio da meta de produtividadeDefinir uma meta de produtividade importante para que todos os
envolvidos na produo saibam qual o objetivo final, servindo como
orientao do trabalho. preciso levar em conta os fatores externos e
internos, como o mercado consumidor, a infraestrutura de transporte e
da propriedade, a oferta de insumos e a disponibilidade de mo de obra.
4. ELABORAO DO PROJETO
33
Tabela 3: Caractersticas dos sistemas de criao de peixes
SISTEMAS DE CRIAO
CARACTERSTICAS EXTENSIVO SEMIINTENSIVO INTENSIVO SUPERINTENSIVO
Renovao Normalmente De 1% a 5% De 5% a 10% Mnimo de
de gua no h do volume do volume uma renovao
renovao total do viveiro total ao dia total por hora
de gua ao dia (24 horas) (24 horas)
Densidade Em torno de 1 peixe/m2 Acima de Acima de
1 peixe/5m2 de de lmina dagua 3 peixes/m2 de 70 peixes/m
lmina dagu lmina dagua
Tipo de criao Policultivo Mono ou Policultivo Monocultivo Monocultivo
Produtividade Cerca de 1.000 8.000 a 10.000 Acima de 20.000 Acima de 70
kg/ha/ano kg/ha/ano kg/ha/ano kg/m/ciclo
de produo
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4.2.1. Insumos e infraestrutura necessrios
gua A existncia de gua na quantidade necessria e de boa
qualidade o principal fator que define a produtividade na criao
de peixes. Isso ser detalhado no Captulo 6.
rea A rea disponvel e em condies para implantao dos
viveiros determina o porte do empreendimento.
Energia eltrica Importante para bombear gua ou fazer uso
de aeradores, iluminao do empreendimento etc.
Alevinos Para cumprir a meta de produtividade preciso que
haja oferta de alevinos das espcies de interesse, de origem con-
fivel e preferencialmente prximos ao local da criao.
Alimento A alimentao pode ser naturalmente produzida nos
viveiros (micro-organismos) ou na forma de rao industrializada.
A alimentao um dos fatores de maior importncia para a pisci-
cultura, pois est ligada capacidade dos peixes converterem o
alimento recebido em ganho de peso e representa a maior parcela
dos custos operacionais de produo.
Mo de obra O nmero de funcionrios necessrios e sua qual-
ificao dependem do tamanho do empreendimento e do sistema
de criao, conforme os exemplos a seguir:
1)Na criao extensiva, que no tem escala comercial, o produtor
pode contratar diaristas, caso haja necessidade em momentos es-
pecficos, como a despesca.
2)No caso de um sistema semi-intensivo de engorda de peixes (o
mais praticado no Brasil), com rea de at 1 hectare de viveiros es-
cavados, sero necessrios dois funcionrios rurais fixos: um com
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treinamento e disponibilidade para efetuar os manejos dirios (ali-
mentao, limpeza, controle da gua, manejo de peixes e despesca)
e outro como auxiliar.
3)Pisciculturas de grande porte necessitam de um profissional com
conhecimento tcnico (engenheiro de pesca, engenheiro de aqui-
cultura, zootecnista, veterinrio ou bilogo) para o gerenciamento
das tarefas, assim como de funcionrios auxiliares, que podem ser
treinados pelo profissional responsvel para a execuo dos ser-
vios de rotina (alimentao dos peixes, controle da qualidade da
gua, manejos gerais dos peixes, controle sobre a rao, limpeza
dos equipamentos, utenslios e roadas).
4.3. Elaborao da planilha de custos
4.3.1. Investimento
Projetos pequenos e simples, apenas de engorda de peixes, no
apresentam alto custo, podendo ser construdos utilizando ps, enxa-
das, roadeiras, carrinho de mo e a mo de obra de alguns trabalha-
dores. Entretanto, projetos maiores apresentam como principal item
do investimento a construo dos viveiros e outras obras complemen-
tares. Neste caso necessrio realizar um levantamento topogrficona rea definida para executar o projeto e elaborar a planta baixa do
empreendimento, que o desenho da disposio de todas as estru-
turas: viveiros, comportas, canaletas de abastecimento, sistemas de
drenagem, de tratamento de efluentes, depsitos etc. (figura 5). Essa
planta baixa ser inicialmente exigida no processo de licenciamento
ambiental e posteriormente utilizada pela firma contratada para a im-
plantao da proposta (figura 6).
4. ELABORAO DO PROJETO
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Veja a seguir os itens de uma planilha bsica de custos, na qual o
produtor preencher a coluna custo com os valores pesquisados no
mercado para compor o planejamento do projeto.
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Figura 6. Vista area do Centro Integrado de Recursos Pesqueiros eAquicultura de Itiba (AL)
CODEVASF
BRUNOCARDOSOGONALVESDAROCHA
Figura 5.Desenhode umaplanta de
piscicultura
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Tabela 4: Planilha de custos de implantao do projeto de piscicultura
ITEM DISCRIMINAO CUSTO
Construo Civil Movimentao de terra
Monges ou
cachimbos/cotovelos (dreno)
Materiais para proteo de taludes
e cristas dos viveiros
Canais de abastecimento
Canais de drenagem
Sistema de filtragem
Depsito
Equipamentos bsicos Balana
Kit de anlise de gua
Rede de despesca, tarrafa e pu
Caixas de isopor e baldes
Veculo utilitrio
(se o proprietrio no tiver)Levantamento topogrfico Elaborao da planta baixa
Contratao de tcnico Elaborao do projeto tcnico
rgos governamentais Obteno da outorga,
licenciamento ambiental
e licena de aquicultor
TOTAL (R$)
Fonte: Adaptado da Srie Perfil de Projetos: Piscicultura (Sebrae, 1999)
4.3.2. Determinao do custo de produo
A determinao do custo de produo de qualquer atividade comer-
cial exige consultoria tcnica competente, entretanto o piscicultor necessita
ter uma estimativa do custo de produo/quilo de peixe produzido na sua
4. ELABORAO DO PROJETO
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piscicultura para definio do preo de comercializao. Esse clculo pode
ser definido pela diviso da soma de todos os custos da produo ao final
do ciclo pela produo em quilos de peixes (R$/quilo). Assim, importante
o piscicultor ter o controle dirio de todos os gastos, fazendo o registro em
uma planilha. Veja alguns dos itens de custos de produo a considerar:
Preparao dos viveiros (corretivos e fertilizantes)
Alevinos
Rao
Mo de obra (salrios + encargos)
Retirada do produtor
Calagem
Fertilizantes
Energia
Telefone
Combustvel
Despesas administrativas
A vantagem da determinao do preo de custo/quilo de peixe
saber se sua piscicultura competitiva e lucrativa.
4.3.3. Capital de giro
o total de dinheiro necessrio para cobrir as despesas da produo
at a despesca e comercializao, compreendendo a compra de mat-
rias-primas (alevinos, adubao, calcrio, rao etc.) e levando em conta
o tempo da atividade que pode variar conforme a regio do Brasil e da
espcie criada. Assim, o produtor tem condies de calcular a quantia
necessria para sustentar a atividade. Para esses clculos, o aquicultor
pode procurar ajuda do extensionista ou dos tcnicos do Sebrae (Servio
Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas).
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5. CONSTRUO DA INFRAESTRUTURA
5.1. Limpeza da rea
Os viveiros devem ser construdos em locais livres de vegeta-
o, de rochas e de formigueiros, pois dificultam a operao das
mquinas e fa-
vorecem a infil-
trao dgua,comprometendo
o enchimento do
viveiro e a qua-
lidade da gua.
Todavia, se for ne-
cessrio retirar a
vegetao (des-matamento), isso
deve ser feito de
acordo com o que
determina a legis-
lao ambiental.
5.2. Viveiro - Taludes e Fundo
Para a definio do formato dos viveiros na rea selecionada,
a regra seguir o bom senso, de modo a ocupar a maior rea pos-
svel, vislumbrando o deslocamento mais prtico entre os viveiros.
importante considerar as aes desenvolvidas no dia a dia da
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Figura 7. Mquinas utilizadas para a construo dosviveiros (Scraper e trator de esteira)
REGINA
DEFARIA
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atividade, como despesca, arraoamento (fornecimento de rao),
anlise da gua, carregamento de peixes etc. Quando o terreno per-
mitir, a construo de viveiros retangulares representa praticidade,
sendo os mais utilizados.
Para o estabelecimento do tamanho dos viveiros no existe uma
regra nica a ser seguida. Para fins de manejo em pisciculturas peque-
nas e mdias, o recomendado utilizar viveiros menores para rece-
berem as ps-larvas ou alevinos pequenos (entre 1 e 2 cm) para a fase
de cria e posteriormente aloj-los em viveiros maiores (repicagem) at
alcanarem o peso de abate (fases de recria e terminao). Entretanto, comum piscicultores criarem peixes desde alevinos at o peso de abate
em viveiros de 300 a 1.000 m, lembrando que a construo de diversos
viveiros pequenos mais cara e exige maior rea que a construo de
um viveiro grande. Todavia, com fins prticos, pode-se adotar os se-
guintes tamanhos para a criao:
Fase de alevinagem (a partir de ps-larva ou de alevinos pequenos)
viveiros de 300 a 500 m.
Fases de recria e terminao (para alevinos acima de 20 a 30 gramas
at o peso de abate) viveiros entre mil a 5.000 m.
5.2.1. Taludes
Os taludes so as paredes laterais inclinadas dos viveiros. A sua
construo deve ser livre de matria orgnica e a compactao feita emlminas de terra de espessura inferior a 20 cm, utilizando equipamen-
tos adicionais para compactao (rolo compactador ou p de carneiro),
quando for o caso. A inclinao do talude varia em razo do material de
aterro, garantindo na parte interna do talude (rea molhada) uma inclina-
o mais suave por conta do efeito erosivo das ondas. A tabela 5 mostra
a inclinao indicada para cada parte do talude:
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Fonte: Modificado de Proena e Bittencourt, 1994.
5.2.1.1. Largura da crista
A largura da extremidade mais alta do talude, denominada crista,
deve ser adequada s dimenses do viveiro, garantindo o trfego se-
guro de pessoas e veculos. Em pisciculturas pequenas, onde o trabalho
5. CONSTRUO DA INFRAESTRUTURA
41
Figura 8.Inclinao dostaludes dos
viveiros
REGINADEFARIA
Tabela 5: Inclinao recomendada do talude por tipo de solo
TIPO DE SOLO TALUDE INTERNO TALUDE EXTERNO
REA MOLHADA
Areno-argiloso 2,5 a 3 metros de base 1,5 metro a 2 metros de
para cada metro de altura base para cada metro de altura
Silto-argiloso 2 a 2,5 metros de base para 1 a 1,5 metro de base para
cada metro de altura cada metro de altura
Argiloso 1,5 a 2 metros de base para 1 metro de base para cada
cada metro de altura 1 metro de altura
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de produo todo manual, as dimenses so menores (figura 9). Na
prtica, pode ser recomendado:
Taludes principais: largura mnima da crista de 3 a 4 metros para
permitir a passagem de veculos;
Taludes secundrios: largura da crista deve permitir o trfego de
veculos menores e a roada mecanizada;
Taludes pequenos: a largura da crista pode ser igual altura do talude.
5.2.2. Fundo
O fundo dos viveiros deve ser bem compactado para controle da
infiltrao e favorecimento da despesca. A escavao deve ser feita
de forma a permitir uma inclinao longitudinal (no sentido do com-
primento) em torno de 0,5% a 2% no sentido do escoamento da gua
(parte mais funda do viveiro). Isso significa que a cada 100 metros
42
Figura 9. Largura da crista
HERMANOLUIZCARVALHODOSSANTOS
HERMANOLUIZCARVALHODOSSANTOS
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de comprimento o desnvel ser de 50 cm a dois metros, respectiva-
mente. Desta maneira, um viveiro de 50 metros de comprimento ter
o desnvel entre 25 cm a 100 cm (figura 10). Esta inclinao permitiro escoamento total da gua por gravidade na despesca dos peixes.
5.2.2.1 Profundidade
A profundidade dos viveiros no deve ser menor que 80 centmetros
nem maior que 1,80 metro, todavia, o tcnico extensionista poder reco-
mendar profundidade maior para promoo do bem-estar dos peixes em
razo do clima da regio. Em ambientes rasos h o favorecimento do cres-
cimento de plantas aquticas (macrfitas) e algas filamentosas indesejveis
piscicultura, podendo tomar conta de todo o viveiro, com reduo da
rea til. De modo geral, so recomendadas as seguintes profundidades:
80 cm a 1,2 m na parte mais rasa (entrada da gua);
1,5 a 1,8 metro na parte mais funda (sada da gua).
5. CONSTRUO DA INFRAESTRUTURA
43
Figura 10. Fundo do viveiro
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5.2.2.2. Borda livre (de segurana)
Entre o nvel mximo da gua e a crista do talude deve haver uma borda
de segurana entre 30 e 40 centmetros para viveiros de at 5 mil m, a fimde evitar o transbordamento da gua, principalmente no perodo chuvoso.
Quanto maior o tamanho do viveiro, maior dever ser a borda livre. Aps o
trmino da construo, devem ser adotadas prticas de conteno de encosta,
como o plantio de gramas, braquirias etc. (figura 11). Isso importante tanto
entre os viveiros quanto nas cristas, assim como em todos os taludes externos
e internos, at o nvel da gua, com a finalidade de evitar eroses. Nos taludes
e crista deve ser evitado o plantio de rvores, poisestas favorecem a infiltrao dgua.
5.2.2.3. Caixa de coleta
Na extremidade oposta entrada da gua, no dreno (monge),
poder ser construda uma estrutura adicional denominada caixa de
despesca ou caixa de coleta (figura 12). Ela no obrigatria, mas ajuda
44
Figura 11.Borda livre
de segurana
JANLEIDECOSTA
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na captura dos ltimos peixes que escaparam da rede de arrasto (figura
12). A forma mais comum um rebaixamento do fundo, em torno de 30
cm, prximo ao talude, bem compactado, com paredes e fundo em alve-
naria, preferencialmente em formato retangular,ocupando no mximo
5% da rea total do viveiro.
A seguir, alguns exemplos de construo de buracos para criaode peixes, sem orientao tcnica (sem inclinao correta, sem com-
pactao e sem conteno de encosta)(figuras 13 e 14).
5. CONSTRUO DA INFRAESTRUTURA
45
Figura 12. Caixa de coleta em alvenaria
Figura 13.Taludes seminclinaocorreta e semcompactao,em terrenocom lenolfretico raso
MRCIORUANAMORIM
THOMPSON
RIBEIRO
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5.3. Sistemas de abastecimento e drenagem
5.3.1. Sistema de abastecimento
A gua pode ser proveniente de crregos, rios ou audes, ou poos arte-
sianos, porm com quantidade e qualidade para piscicultura, conforme de-
scrito no Captulo 6. Utilizar a gravidade no abastecimento dos viveiros reduzcustos com eletricidade ou combustvel para o bombeamento (figura 15). Por
isso, ao se projetar os viveiros importante verificar a localizao da fonte
de gua e aproveitar a
topografia do terreno.
Se necessrio, construir
uma barragem promov-
endo a elevao do nvel
da gua para distribu-la
por gravidade at os vi-
veiros.
So condies
bsicas para a captao
dgua por gravidade:
46
Figura 15. Sistema de Abastecimento
LINCOLNN.OLIVEIRASEAGRIDF
Figura 14.
Construoseminvestigaodo solo, emterreno comlenol freticoraso
REGINADEFARIA
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O sistema deve permitir controle total sobre o volume a ser captado;
A captao deve ser superficial por meio de canal aberto (canaletas
de cimento tipo meia cana ou terra firme) ou por tubulao (figura15);
Para determinao da dimenso do canal de abastecimento deve
ser levada em conta a vazo mdia de 15 litros de gua por segundo
(considerando as condies de infiltrao dos viveiros, evaporao
etc.) por hectare de rea alagada, disponvel no perodo crtico da
estiagem na regio;
Em represa, a captao deve ser feita prxima superfcie, onde a quali-
dade da gua, na maioria das vezes, apresenta melhor qualidade (maior
concentrao de oxignio, maior quantidade de plncton e menor con-
centrao de resduos orgnicos).
Distribuio de gua por gravidade
Antes da distribuio da gua, conveniente a construo de um sistema defiltragem para impedir a entrada de resduos e espcies indesejveis para a pisci-
cultura. O sistema deve permitir limpeza peridica ou ser projetado de maneira a
5. CONSTRUO DA INFRAESTRUTURA
47
Figura 16.Filtro mecnico
CODEVASF
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promover a retrolavagem (manobra para limpeza dos filtros). No entanto, existem
vrios modelos de filtros simples e eficientes, prprios para pequenas pisciculturas
(figuras 16 e 17). conveniente tambm a construo de uma caixa de alvenaria
para controle da quantidade de gua destinada a cada viveiro.
Distribuio de gua por bombeamento
possvel praticar a piscicultura por bombeamento quando a fonte
dgua encontra-se abaixo do nvel da gua dos viveiros, em poos, represa
ou riacho.
Outra variante o bombeamento dgua para um reservatrio em cota ac-
ima dos viveiros para posterior abastecimento destes por gravidade.
5.3.2. Sistema de drenagem
O tamanho do viveiro vai influenciar no tipo e propores de seu
sistema de escoamento (monge ou cotovelo/cachimbo). Esse sistema de-
ver possibilitar a drenagem total da gua do viveiro, ser construdo na
rea mais profunda, assentado em terreno firme, evitando desvios ou rup-
48
Figura 17.
Filtro parareteno deespciesindesejveis piscicultura ematria orgnica,como folhas,galhos, entre
outras
CODEVASF
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turas que possam afetar o talude. Os principais sistemas de drenagem de
viveiros so:
Monge- consiste em uma caixa de seco, geralmente retangular,construda em alvenaria, placas de concreto ou em madeira, com altura
correspondente ao nvel da crista do talude. Essa estrutura favorece que a
gua usada saia do fundo do viveiro, o que possibilita sua renovao. No
fundo dessa caixa acoplada a tubulao de escoamento, situada na base
do talude. Internamente as paredes possuem ranhuras ou canaletas de
metal (2 a 3 centmetros de abertura) posicionadas verticalmente, para-
lelas e distanciadas em torno de
20 centmetros uma da outra,
onde so sobrepostas tbuas
que se encaixam promovendo
a vedao com enchimento de
terra ou p de serragem entre as
tbuas paralelas. O nvel da gua
5. CONSTRUO DA INFRAESTRUTURA
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Figura 18.Detalhe
do Monge
THOMPSONFRANARIBEIRONETO
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no viveiro ser controlado pela sobreposio ou retirada das tbuas. Na
base do monge deve ser instalada uma tela de conteno, compatvel com
o tamanho dos peixes, para impedir a sua fuga (figura 18).
5.3.2.2. Cotovelo/cachimbo
um sistema simples, barato e eficiente, muito utilizado em viveiros
pequenos (at 800m2), assentado no fundo da estrutura, prximo ao talude.
O cotovelo/cachimbo pode ser assentado no interior do viveiro (figura 19.G).
Como no monge, dotado de tela, a fim de evitar o escape de peixes do
viveiro e deve ter dimenso compatvel com o tamanho do viveiro (normal-
mente, utilizam-se tubos de PVC de 100 a 200mm). A sequncia de fotos, a
seguir (figura 19), ilustra a montagem do cotovelo/cachimbo. O tubo de es-
gotamento determinar a altura da lmina dgua do viveiro e deve possuir o
mesmo dimetro do tubo aterrado, diminuindo o tempo de esvaziamento do
viveiro. No manejo da despesca, o tubo de esgotamento dever ser trocado
por outro menor (mais curto), permitindo a descida parcial da gua. Para a co-leta final dos peixes, esse tubo deve ser retirado, permitindo o esvaziamento
total do criadouro.
50
A) Tubo de 100mmaterrado e estacade suporte docotovelo/cachimbo
B) Tubo acopladocom joelhode 90
C) Tubo de 100mmcom reduopara 50mm
WILLIBALDOBRSSALLUM
Figura 19. Sequncia de montagem e instalao de cotovelo/cachimbo
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D) Tubo de esgotamentomontado
5. CONSTRUO DA INFRAESTRUTURA
51
E) Tubo (camisa)de 150mm que
ir encamisaro tubo deesgotamento
F) Tubo (camisa) comabertura para acoplar aotubo aterrado e tela paraevitar escape de peixes,devidamente posicionada
WILLIBALDOBRSSALLUM
G) Cotovelo/cachimbo montado efixo no fundo do viveiro
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5.3.2.3. Canal de drenagem
O canal de drenagem con-
duz os efluentes da pisciculturaat o destino final (lagoa de de-
cantao) e deve ser dimencio-
nado para receber toda a gua
dos viveiros da piscicultura. Pode
ser construdo a cu aberto, es-
cavado no solo ou em alvenaria,
devendo apresentar declividade
mnima de 0,5% e permitir limpe-
zas peridicas.
5.4. Estruturas bsicas para
tratamento do efluenteOs nutrientes provenientes dos resduos orgnicos oriundos da de-
composio das fezes dos peixes e sobras de rao estimulam a produo
de plncton, conjunto de organismos que vivem na gua. Em excesso es-
ses nutrientes podem deteriorar a qualidade da gua. Todavia, na desp-
esca que ocorre o agravamento da qualidade da gua devido a suspenso
da matria orgnica depositada no fundo do viveiro para a coluna dgua.
Por isso, a gua dos criadouros no deve ser descartada diretamente no
ambiente (crregos, rios, lagos etc.). Preocupados com esta possibilidade,
os rgos ambientais adequaram a legislao exigindo o manejo cor-
reto do efluente por meio da construo de lagoas de decantao, que
recebem a gua drenada de todos os viveiros.
Na lagoa de decantao deve-se colocar plantas aquticas (aguap,
taboa etc.), pois estas utilizam os nutrientes dissolvidos, diminuindo sua
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Figura 20. Estruturas bsicas de umapiscicultura
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concentrao (figura 21). Tambm importante manter, sem o forneci-
mento regular de rao, alguns exemplares adultos de peixes de espcies
nativas, como piscvoros (que se alimentam de peixes), filtradores (que se
alimentam de micro-organismos ) e onvoros (que se alimentam de vrios
tipos de alimentos) para consumo dos peixes que escaparam dos viveiros,
do plncton e da matria orgnica, respectivamente, melhorando assim a
qualidade do efluente.
5.5. Estruturas complementares
Alm da construo dos viveiros, dos sistemas de abastecimento e da
drenagem, o projeto de uma piscicultura precisa contemplar a construo
de instalaes complementares necessrias ao desenvolvimento da ativi-dade, como local para guardar equipamentos, almoxarifado, depsito de
raes, escritrio, alojamento com banheiros, garagem etc.
Em pequenas criaes necessrio apenas um galpo fechado que
permita guardar raes, equipamentos e apetrechos (balana, redes,
pus, baldes, caixas de isopor, ferramentas etc.).
5. CONSTRUO DA INFRAESTRUTURA
53
Figura 21.Lagoas de
decantao
com plantasaquaticas
HERMANOLUIZCARVALHODOSSANTOS
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6. GUA
6.1. Qualidade da guaO aumento da carga de matria orgnica na gua, causado pelos
restos de rao, fezes e metablitos excretados pelos peixes, pode des-
encadear uma srie de consequncias, comprometendo o equilbrio
qumico, fsico e biolgico da gua. Isso leva ao crescimento de organ-
ismos indesejveis piscicultura, ao desequilbrio no pH, reduo dos
nveis de oxignio e at morte de peixes. O manejo da piscicultura
deve ser feito de modo a reduzir ao mximo as perdas de rao para o
meio ambiente e preciso monitorar constantemente as variveis de
qualidade da gua.
O desenvolvimento dos peixes, assim como de todos os organ-
ismos aquticos, depende diretamente da qualidade da gua. E essa
qualidade varia de acordo com um dinmico e complexo equilbrio en-
tre fatores fsicos, qumicos e biolgicos, ligados diretamente s intera-es entre as caractersticas do meio ambiente, como o solo, o clima e
todos os organismos que vivem nesse local.
Os fatores meteorolgicos, como radiao solar, temperatura do ar,
velocidade do vento, chuva e umidade afetam as propriedades fsicas da
gua, como temperatura, cor, turbidez, entre outros. Essas alteraes po-
dem provocar mudanas nas propriedades qumicas da gua, como pH,
concentrao de oxignio dissolvido, gs carbnico e outros elementosvitais aos organismos aquticos. Outro fator que interfere na qualidade
da gua de um viveiro o excesso de fertilizao, de rao e de matria
orgnica em decomposio (fezes de peixes, folhas e galhos). Por isso, o
sucesso na piscicultura depende, entre outros fatores, da manuteno
da qualidade da gua dentro dos parmetros exigidos para cada espcie.
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6.2. Anlises de rotina
A qualidade da gua deve ser avaliada antes, durante e depois
(efluentes) do desenvolvimento da atividade de piscicultura. En-
tretanto, durante a atividade a frequncia de monitoramento ir variar
dependendo do tipo e do sistema de criao. As criaes semi-intensi-
vas e intensivas exigem anlises dirias de algumas variveis a fim de
fornecer dados para o melhor manejo dos viveiros.
Os principais parmetros ou variveis de qualidade da gua que
necessitam ser analisados frequentemente pelos piscicultores so:
Temperatura
Transparncia
pH
Oxignio dissolvido
Amnia
6.2.1. Temperatura
Os peixes no tm capacidade de manter a temperatura corporal con-
stante, por isso a temperatura da gua uma das variveis mais relevantes
na piscicultura, exercendo influncia direta nos processos fisiolgicos, como a
taxa de respirao, assimilao do alimento, crescimento, reproduo e com-
portamento.
Valores de temperatura da gua muito elevados podem acarretar dificul-
dades nos processos digestrios relacionados incapacidade de absorver nu-
trientes, diminuindo assim a taxa de crescimento dos peixes ou possibilitando
a mortalidade.
O aumento da temperatura da gua tambm ocasiona a diminuio da
concentrao de oxignio dissolvido, o que dificulta o processo de respirao
dos peixes. Em contrapartida, baixas temperaturas podem provocar reduo das
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6.2.2. Transparncia
O monitoramento da transparncia da gua do viveiro impor-
tante, principalmente quando no se dispe de medidores de oxignioe nem de sistemas de aerao para eventuais emergncias, porque per-
mite acompanhar a concentrao da populao planctnica (fitoplanc-
ton e zooplancton). Assim, o piscicultor pode prever e evitar possveis
diminuies na concentrao de oxignio dissolvido na gua, principal-
mente no perodo noturno, quando o fitoplncton cessa o processo de
fotossntese e consequentemente para de produzir oxignio.
A baixa transparncia pode indicar excesso de matria orgnica,
plncton, matria em suspenso decorrente de chuvas ou revolvi-
mento do fundo, o que impede a penetrao da luz, diminuindo a
produo de oxignio realizada pelas microalgas (fitoplncton).
Entretanto, a alta transparncia indica falta de plncton, que pode
ocasionar grande variao de pH ao longo do dia. Isso traz conse-
quncias prejudiciais criao, alm de favorecer o aparecimento
de algas filamentosas e plantas aquticas que dificultam o manejo
no momento da despesca. Na tabela 7 encontra-se a relao entre
a transparncia e colorao da gua dos viveiros, possveis causas,
consequncias e medidas mitigadoras.
A medio da transparncia feita utilizando-se um instrumento
denominado Disco de Secchi (figura 22 ). Esta ferramenta, de uso bas-
tante prtico e de baixo custo, consta de um disco pintado de brancoe preto, com dimetro variando de 20 a 30 centmetros, suspenso por
uma corrente ou cordo graduado de 10 em 10 centmetros, contendo
um peso que permite ao disco afundar com facilidade quando imerso
na gua (figura 23). O Disco de Secchi pode ser substitudo por outro
objeto que permita estabelecer visualmente a medida da penetrao
de luz na gua, quando afundado no viveiro. Como exemplo, um prato
raso pintado de branco suspenso por uma fita mtrica.
6. GUA
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Figura 22. Ilustrao de um Disco de Secchi.
A anlise feita em dias ensolarados entre as 12 e 14 horas, afun-
dando-se o disco e verificando at que profundidade ele pode ser visto.
O ideal para criao de peixes que o disco possa ser visto en-
tre 30 e 60 centmetros de profundidade, indicando a existncia de
quantidade adequada de plncton (gua levemente esverdeada). Se o
disco desaparecer da viso antes da profundidade de 30 centmetros,
a indicao de baixa transparncia, devendo-se cessar a adubao/
fertilizao do viveiro, diminuir o arra-
oamento e aumentar o fluxo de gua,
a fim de trocar parte da gua do viveiro.Nesta condio, corre-se o risco dos
peixes morrerem por falta de oxignio,
principalmente no perodo noturno.
58
Figura 23. Utilizaodo Disco de Secchi
CODEVASF
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Por outro lado, quando se pode enxergar o disco a profundidades
maiores que 60 centmetros, a indicao de elevada transparncia,
sendo recomendado incrementar a fertilizao do viveiro e reduzir o
fluxo de gua ao mnimo possvel at a transparncia retornar ao valor
adequado.
A tabela 7 (pg. 62 a 65) ilustra os valores adequados de transparncia,
assim como as medidas necessrias para manter o equilbrio dessa varivel.
6.2.3. Parmetros qumicos
6.2.3.1. Oxignio dissolvido
A concentrao de oxignio dissolvido (O.D.) o parmetro mais
importante para a piscicultura, sendo medido por meio de aparelho ele-
trnico (oxmetro) ou de kits de anlise facilmente encontrados em lojas
especializadas. Esse gs est presente na gua devido, especialmente, a
ao dos ventos, que permite a transferncia do oxignio (O2) presenteno ar (atmosfera) para a gua, e ao processo de fotossntese realizado
pelas microalgas do plncton, que tambm liberam oxignio para o meio
aqutico.
A solubilidade do oxignio na gua afetada pela tempera-
tura, salinidade e presso atmosfrica. Sabe-se que quanto maior a
temperatura e a salinidade, menor a concentrao de oxignio na
gua. noite, quando as microalgas cessam a produo de oxignio,devido interrupo do processo de fotossntese, a concentrao
de O.D. diminui, atingindo nveis crticos durante a madrugada. A
partir do incio da manh, os valores de O.D. aumentam e as maiores
taxas ocorrem no perodo da tarde, como resultado da retomada do
processo de fotossntese pelo fitoplncton.
A concentrao de O.D. mais indicada para a criao de peixes
6. GUA
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ao crescimento e reproduo dos
peixes.
O pH da gua muda, conforme
a temperatura, o poder tamponante
da gua (alcalinidade total), os pro-
cessos de respirao dos peixes e a
fotossntese das microalgas, sendo
menor desde o incio do anoitecer
at a madrugada, aumentando com a luz do dia. No final da tarde so
observados os valores mais elevados, que podem potencializar a aotxica da amnia presente na gua do viveiro. Em altas concentraes
podem levar mortalidade dos peixes. Por isso, recomenda-se o moni-
toramento do pH diariamente, de preferncia ao final da tarde. A tabela
7 ilustra os valores adequados de pH, assim como as medidas necessrias
para manter o equilbrio dessa varivel.
6.2.3.3. Amnia
A amnia no ionizada (NH3) um parmetro importantssimo na
piscicultura. Em nveis elevados pode levar os peixes morte. A po-
tencializao da sua toxidez devida ao alto pH e a alta temperatura
da gua. Por isso, importante renovar parte da gua do viveiro em
criaes intensivas para a retirada do excesso dessa amnia. A am-
nia (NH3e NH4+) tem vrias origens no meio aqutico, principalmentesendo pela decomposio da matria orgnica, pelos excrementos dos
peixes, decomposio da protena contida nas sobras de rao e pela
morte de microalgas, quando estas crescem excessivamente. A concen-
trao de amnia ideal para criao de peixes abaixo de 0,05 mg/L.
A tabela 7 ilustra os valores adequados de amnia txica (NH3), assim
como as medidas necessrias para manter o equilbrio dessa varivel.
6. GUA
61
Figura 24.
Mediode pH
utilizando kitcolorimtrico
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25C a 32 C
Pela manh;
Incio da tarde(horrio mais
quente do dia)
2 vezes ao diaTermmetroTemperatura
Abaixo de0,05 mg/L
Ao final da tardeSemanalKit de anlisede gua
Amniatxica (NH3)
*A frequncia de monitoramento indicada na tabela apenas uma sugesto, podendo ser maiorou menor, dependendo dos problemas ocorridos rotineiramente no viveiro.
Tabela 7: Resumo dos principais parmetros (variveis) de qualidade da gua analisados
em piscicultura e dos manejos necessrios para manter o padro ideal das variveis.
NVEIS ADEQUADOSPARA CRIAO DEPEIXES TROPICAIS
PRINCIPAISHORRIOS DE
MEDIO
FREQUNCIA DEMONITORAMENTO*
EQUIPAMENTOUTILIZADO PARA
ANLISE
PARMETRO/VARIVEL
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6. GUA
63
Evitar manejar os peixes(biometria)
Diminuir ou suspender aalimentao (arraoamento)
Em locais onde ocorremgeadas com frequncia ou at
mesmo o congelamento dacamada de gua superficial,recomenda-se a construo
de uma regio mais profunda,que sirva de abrigo para ospeixes e/ou instalao deestufas para proteger os
viveiros, principalmente noperodo noturno
Renovar parte da gua Utilizar aerao mecnica Diminuir ou suspender a
alimentao
O peixe praticamente parade se alimentar
Temperatura da guaabaixo de 10 C pode serletal maioria dos peixes
tropicais Possibilidade de ocorrncia
de doenas e mortalidade
Reduo no consumo dealimento
Possibilidade de ocorrnciade doenas e mortalidade
Baixa temperaturaatmosfrica
Temperatura da
gua menor que18 C
Diminuir a quantidade de
rao oferecida diariamente. Trocar parte da gua doviveiro.
Diminuir ou suspender afertilizao/adubao do
viveiro. Acionar o aerador
subletal
Letal para muitas espcies
Decomposio da
matria orgnicaexcrementosdos peixes,
decomposio daprotena da rao,
decomposiode microalgas
(Bloom)
0,05 0,4mg/L
0,4 2,5 mg/L
MEDIDAS A SEREMADOTADAS PARARESOLVER
OU DIMINUIR O PROBLEMA
POSSVEIS EFEITOSNOS VIVEIROS OUSOBRE OS PEIXES
POSSVEISCAUSAS
POSSVEISALTERAES
Temperatura dagua maior que
34C
Alta temperaturaatmosfrica
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NVEIS ADEQUADOS
PARA CRIAO DEPEIXES TROPICAIS
PRINCIPAIS
HORRIOS DEMEDIO
FREQUNCIA DEMONITORAMENTO*
EQUIPAMENTO
UTILIZADO PARAANLISE
PARMETRO/VARIVEL
30 a 60 cmIncio da tarde
(perodo de maiorluminosidade)
2 vezespor semana
Disco de SecchiTransparncia
Acima de 5mg/L
Oxmetro
Kit de anlisede gua
Oxigniodissolvido
Tabela 7: (Continuao)
*A frequncia de monitoramento indicada na tabela apenas uma sugesto, podendo ser maiorou menor, dependendo dos problemas ocorridos rotineiramente no viveiro.
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6. GUA
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MEDIDAS A SEREMADOTADAS PARA
RESOLVEROU DIMINUIR O PROBLEMA
POSSVEIS EFEITOS
NOS VIVEIROS OUSOBRE OS PEIXES
POSSVEISCAUSAS
POSSVEISALTERAES
Fertilizar o viveiro Aguardar alguns dias at a
colonizao do viveiro por fitoe zooplncton para introduzir
os alevinos
Trocar parte da gua doviveiro.
Diminuir a quantidade derao oferecida diariamente
Trocar parte da gua doviveiro
Diminuir ou suspender afertilizao/adubao do
viveiro Acionar o aerador
Favorece o crescimentode algas filamentosas e
plantas aquticas Maior variao de pH da
gua
Obstruo das brnquiasdos peixes, dificultando as
trocas gasosas (O2/CO2) Leses/ulceraes
Diculdade naalimentao
Diminuio daconcentrao de O.D. nagua, podendo levar mortalidade dos peixes
Ausncia defitoplncton
Excesso departculas de argila
em suspensodevido ao hbito
natural de algumasespcies de peixes
que remexem ofundo do viveiro(por exemplo,
carpa)
Excesso demicroalgas
(Bloom)
O Disco de Secchipode ser visualizado
a profundidadesmaiores do que 60
cm, podendo-se vero fundo do viveiro
com facilidade
O Disco de Secchidesaparece daviso antes de
alcanar 30 cm deprofundidade e acor aparente dagua marrom/
barrenta
O Disco de Secchidesaparece daviso antes de
alcanar 30 cm deprofundidade e acor aparente da
gua fortementeesverdeada ouavermelhada
Diminuir a quantidade derao oferecida diariamente
Trocar parte da gua doviveiro
Diminuir ou suspender afertilizao/adubao do
viveiro Acionar o aerador
Asxia dos peixes Peixes nadando nasuperfcie da gua
(boqueando) Concentrao de peixes na
entrada dgua
Nmero elevadode peixes no
viveiro (biomassaelevada)
Desequilbriona concentraode fitoplncton
(bloom)
Abaixo de 3 (faixasubletal a letal)
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7. MANEJO PRODUTIVO
7.1. Preparao do viveiro
A preparao do viveiro visa disponibilizar alimento natural (plncton =
fitoplncton + zooplncton) em quantidade e qualidade necessrias ao de-
senvolvimento de peixes em seus diferentes estgios de desenvolvimento,
alm de contribuir com a manuteno da qualidade da gua. Basicamente,
o preparo do viveiro envolve sua limpeza, calagem, adubao e enchimento.
7.1.1. Limpeza e desinfeco
Antes do enchimento importante efetuar uma limpeza prvia nos
viveiros retirando, na parte externa, o excesso de vegetao em toda a sua
margem, por meio de roadas. Na parte interna, retirar a matria orgnica
presente, representada por plantas, folhas, galhos, restos de fezes e even-
tualmente de rao, pois, como visto anteriormente, a decomposio
dessa matria orgnica piora a qualidade da gua. Para eliminar larvas de
insetos prejudiciais piscicultura (liblulas), parasitas, fungos e larvas de
peixes, sapos e rs, utilizada cal virgem espalhada no fundo do viveiro,
na quantidade de at 100 g/m.
Entre os ciclos de produo, deve-se esvaziar totalmente o viveiro
e aplicar cal virgem em toda a sua extenso, principalmente dentro das
poas de gua. importante que o viveiro possa permanecer vazio por
no mnimo cinco dias, para total secagem pelo sol, quando for possvel.
7.1.2. Calagem
Em piscicultura, a calagem uma tcnica, na qual utilizado
o calcrio para melhorar a qualidade qumica, fsica e biolgica da
66
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INTRODUO
67
gua e do solo do fundo do viveiro. Consiste na aplicao de um
composto rico em clcio ou na combinao de clcio e magnsio
(calcrio), muito utilizada na agricultura. O aumento dos teores de
clcio e magnsio elevam a alcalinidade e reduzem a amplitude de
variao diria do pH da gua.
O ideal fazer uma anlise do solo do fundo do criadouro, em
uma camada de 15 centmetros de espessura, para determinar a
quantidade exata de calcrio necessria para a correo do pH, como
ilustrado na tabela 8. Se isso no for possvel, recomendado apli-
car de mil a 3 mil quilos de calcrio por hectare a lano por todo ofundo e nas paredes do
viveiro (figura 25).
A calagem deve
ser feita com uma an-
tecedncia de 10 dias ao
enchimento. Quando os
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Figura 25. Viveiro aps o procedimento de calagem
CODEVASF
HERMANOLUIZCARVALHOD
OSSANTOS
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viveiros j esto cheios, o calcrio pode ser aplicado diretamente na
gua, em sacos imersos que permitam o escoamento do produto ou a
lano por toda a superfcie do criadouro.
Tabela 8: Calagem conforme pH e tipo de solo
PH DO SOLO NO FUNDO TIPO DE SOLO QUANTIDADE CALCRIO
Argiloso Arenoso
4,5 3.000 kg/ha 1.500 kg/ha
5,0 2.500 kg/ha 1.500 kg/ha
5,5 1.500 kg/ha 1.000 kg/ha
6,0 1.000 kg/ha 500 kg/ha
Fonte: Adaptado de ZIMMERMANN, 1998
7.1.3. Fertilizao (adubao)
A fertilizao dos viveiros pode ser qumica ou orgnica e utilizada
para promover a produo de fitoplncton. Esta uma prtica bastanteinteressante quando se criam espcies filtradoras, pois elas filtram a gua
do viveiro pelas brnquias (guelras), utilizando os microorganismos dis-
ponveis (fitoplncton e zooplncton) para a sua alimentao. Conside-
rando que a rao balanceada representa o item de maior custo varivel
na criao de peixes, a prtica da adubao diminui o custo de produo,
exatamente pela diminuio da quantidade de rao necessria por ciclo
de criao.
Desta forma, a adubao dos criadouros deve ser realizada pre-
viamente ao povoamento com os peixes, visando o fornecimento de
alimento em quantidade e qualidade adequadas s diferentes fases de
desenvolvimento dos peixes. Esta metodologia exige monitoramento se-
manal, utilizando o Disco de Secchi, pois cada viveiro possui caractersti-
cas e necessidades distintas.
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INTRODUO
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7.1.3.1. Adubao orgnica
Os fertilizantes orgnicos so compostos vegetais e/ou esterco de ani-
mais domsticos, ricos em fsforo e micronutrientes, utilizados na forma deadubo seco (curtido). A adubao orgnica deve ser aplicada com cautela,
sempre considerando sua qualidade e quantidade, pois o processo de de-
composio deste composto afeta a quantidade de oxignio disponvel para
os peixes e demais organismos do viveiro, podendo seu uso incorreto oca-
sionar a morte dos peixes. A tabela 9 apresenta as doses recomendadas para
guas bem oxigenadas, com pH entre 7 e 8 e temperatura superior a 20C.
Tabela 9: Dosagens de esterco curtido em viveiros
TIPO DE ESTERCO DOSAGEM QUINZENAL
Aves 1.000 kg/ha
Bovinos 3.000 a 5.000 kg/ha
Fonte: Adaptado de ZIMMERMANN, 1998
FIQUE DE OLHO
Produtor, consulte a legislao pertinente em seu Estado
quanto a permisso para utilizao de adubo orgnico.
Frequncia na adubao orgnicaNa adubao inicial o composto deve ser aplicado sete dias aps a
calagem, distribudo a lano, de maneira uniforme no fundo do viveiro
vazio ou por toda a superfcie da gua quando cheio. Tambm pode ser
acondicionado em sacos perfurados e estes permanecerem submersos,
permitindo a liberao gradativa dos nutrientes na gua.
Na primeira adubao deve-se aplicar uma dosagem maior do
7. MANEJO PRODUTIVO
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composto orgnico, que vai contribuir com a fertilizao e com a im-
permeabilizao do fundo do viveiro.
O monitoramento peridico da qualidade da gua, principalmente da
transparncia utilizando o Disco de Secchi, permite avaliar a necessidade
de readubao. Desta forma, sempre que a transparncia da gua aumen-
tar acima de 60 centmetros recomendvel complementar a adubao.
7.1.3.2. Adubao qumica
Os adubos qumicos proporcionam rpida disponibi