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    Manual do NS

    Título: Manual do NS

    Edição: Instituto de Socorros a Náufragos

    Design: Leonardo Springer Marques Moreira

    Fonte: Gill Sans MT

    Impressão ------

    Tiragem: 6.000 exemplares

    Março 2008

    ISBN ------

    Depósito Legal n.º ------

    Instituto de Socorros a Náufragos

    Rua Direita de Caxias, 31

    2760-042 Caxias

    Tel.: 214 544 712

    Fax.: 214 410 390

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    Lista de Abreviaturas

    AIT Acidente Isquémico Transitório

    AC Ataque Cardíaco

    AVC Acidente Vascular Cerebral

    CTE Compressões Torácicas Externas

    DAE Disfribrilhação Automática Externa

    EAM Escola de Autóridade Marítima

    ERC European Resuscitation Counsil

    ISN Instituto de Socorros a Náufragos

    NS Nadador Salvador

    PCR Paragem Cárdio-Respiratória

    PLS Posição Lateral de Segurança

    RCP Reanimação Cárdio-Pulmonar

    SAV Suporte Avançado de Vida

    SBV Suporte Básico de VidaSIEM Sistema Integrado de Emergência Médica

     

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    ÍNDICE

    PREFÁCIO  10

    CAPÍTULO 1 

    Introdução ao Curso de NS 12

    Provas de Admissão, Estrutura do Curso e Provas Finais 12

    CAPÍTULO 2 

    Historial  14

    A Natação em Portugal 15

    CAPÍTULO 3 

    Nadador Salvador 17

    São Deveres do NS 17

    São Deveres Especiais do NS 18São Direitos do NS 18

    O NS deve ter sempre presente que 18

    O Auto Salvamento 19

    CAPÍTULO 4

    Enquadramento Legal da Actividade do NS  20

    1. Introdução 20

    2. Conceitos/Denições Relevantes 20

    3. Entidades que Tutelam a Actividade do NS 214. Princípios Gerais da Conduta do NS 22

    4.1 Dignidade 22

    4.2 Proibição de Discriminação 22

    4.3. Transmitir Segurança no Utente da Zona Balnear 22

    4.5. Prestação de Cuidados aos Banhistas 22

    4.6. Respeito por qualicações e competências 22

    4.7. Respeito pelos interesses dos banhistas 22

    4.8. Crianças, Idosos e Decientes 22

    4.9. Respeito Pela Vida Humana 23

    4.10. Preenchimento de Relatórios 23

    4.11. Espírito de Equipa e Relações comOutros Intervenientes no Socorro 23

    4.12. Correcção 23

    4.13. Isenção 23

    4.14. Actualização dos Conhecimentose Preparação Física 23

    5. Outros deveres do NS 23

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    5.1. Deveres Gerais 23

    5.2. Prevenção 24

    5.2.1. Conselhos aos Banhistas 24

    5.2.2. Conselhos a Transmitir aos Banhistas sobre Banhos 24

    5.2.3. Conselhos para Prevenir Lesões da Coluna 25

    5.2.4. Conselhos a Transmitir aos Banhistas Sobre

    Exposição Solar 25

    6. Proibição de Exercer Outras Actividades 25

    7. Direito a Seguro 26

    8. Responsabilidade Contra-Ordenacional do NS 26

    8.1. Contra-ordenações 26

    8.2. Punibilidade da Tentativa e Negligência 26

    8.3. Competência para a Instruçãodo Processo de Contra-Ordenação 27

    8.4. Sanção Acessória 27

    8.5. Medida Cautelar 28

    8.6. Direito de Audiência e Defesa do NS 28

    9. Responsabilidade Criminal e Civil do NS 28

    CAPÍTULO 5 

    Saúde e Condição Física do NS  30

    1. Condição Física do NS 30

    1.1. Capacidades Físicas a Desenvolver na Condição Física 30

    1.1.1. Capacidades Condicionais 30

    1.1.2. Capacidades Coordenativas 301.1.3.Capacidades Volitivas (Estamina) e Conança 31

    2. Alimentação 31

    3. Álcool 31

    4. Tabaco 31

    5. Protecção Solar 32

    CAPÍTULO 6 

    A Concessão e o seu Enquadramento 33

    Dispositivo de Segurança 331. Material e Equipamentos de Assistência nas Praias 33

    1.1. Posicionamento do Posto de Praia na Zona

    de Apoio Balnear 34

    1.1.1. A Concessão e o seu Enquadramento – Material de Assistência nas Praias 34

    2. Descrição do Material Obrigatório dos Postos de Praia 35

    2.1. Cercado de Protecção 35

    2.2. Armação de Praia 35

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    2.3. Mastro de Sinais 35

    2.4. Bóia Circular 35

    2.5. Bóia Torpedo 36

    2.6. Barbatanas (Pés de Pato) 36

    2.7. Cinto de Salvamento 37

    2.8. Vara de Salvamento 37

    2.9. Carretel Amovível 37

    2.10. Prancha de Salvamento 38

    2.11. Bandeiras de Sinais 38

    3. Material Complementar ao Posto de Praia 39

    3.1. Embarcação de Praia, Mota 4x4ou Mota de Salvamento Marítima e Viatura Sea-Master 39

    3.2. Linha com Flutuadores 39

    3.3. Binóculos 39

    3.4. Meios de Comunicação 39

    3.5. Placas de Sinalização 40

    3.6. Torre de Vigilância Tipo I 40

    3.7. Torre de Vigilância Tipo II 40

    3.8. Uniforme do NS 40

    3.9. Máscara de Reanimação 41

    3.10. Bloco de Notas e Lápis 41

    3.11. Relatório de Salvamento 41

    CAPÍTULO 7

    Avaliação das Condições Ambientais 431. Estado do Mar 43

    1.1.Formação e Rebentação das Ondas ou Surf 43

    1.1.1. Tipos de Ondas 44

    1.1.2. Tipo de Correntes 44

    1.1.3. Gradiente de Praia 47

    1.1.4. Buracos ou Fundões 47

    1.1.5. Marés 47

    1.1.6. Rios e Águas Interiores 48

    1.1.7. Retorno 491.1.8. Remoinhos 49

    1.1.9. Funil ou Escoadouro 49

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    CAPÍTULO 8

    Salvamento no Meio Aquático 50

    1. Princípios do Salvamento 50

    1.1. Algoritmo de Salvamento Aquático 52

    1.1.1. Categorias de Náufragos 52

    1.1.1.2. Náufrago Consciente Cansado 52

    1.1.1.3. Náufrago Consciente em Pânico 52

    1.1.1.4. Náufrago Aparentemente Inconsciente 53

    1.1.1.5. Número de Pessoas em Diculdade 53

    1.1.1.6. Ajuda Disponível 53

    1.1.1.7. Entrada com Corrente 54

    1.1.1.8. Componentes de Resgate 54

    2. Procedimentos Para o Início do SBV Aquático 54

    2.1. Respiração Externa de Reanimação na Água 54

    2.1.1. Procedimentos com Máscara 55

    3. Meios e Técnicas de Salvamento 553.1. Vara de Salvamento 55

    3.2. Bóia Circular 56

    3.3. Cinto de Salvamento 56

    3.4. Bóia Torpedo 58

    3.5. Prancha de Salvamento 59

    4. Técnicas de Defesa do NS 62

    4.1. Técnicas de Libertação 62

    4.1.1.Estrangulamento de Frente 62

    4.1.2.Estrangulamento de Costas 624.1.3. Prisão Alta das Mãos Pelos Pulsos 63

    4.1.4. Abraço de Frente 63

    4.1.5. Abraço de Costas com Prisão dos Braços 63

    4.1.6.Prisão dos Dois Pés 63

    5. Evacuação do Náufrago da Água (Transportes) 63

    5.1.Transporte 64

    5.1.1 Marcha com Assistência ao Náufrago 64

    5.1.2. Arrasto 64

    5.1.3. Transporte “à Bombeiro” 645.1.4 Transporte a Dois 64

    5.2. Evacuações em Piscinas (Retirar o Náufrago) 64

    5.3. Sinalização 65

    5.3.1. Sinais Básicos Gestuais 65

    5.3.1.1. Informação a Partir da Zona de Segurança 65

    5.3.1.2. Sistema de Sinalização com Apito 66

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    CAPÍTULO 9

    Pré-Socorro e Socorro a Vítimas  67

    1. Reanimação 67

    1.1.Técnicas de Reanimação 67

    1.2. Considerações Gerais Perante o Acidente 67

    1.2.1. Avaliação da Situação de Acidente 67

    1.2.2. Riscos para o Reanimador 68

    1.2.3.Fisiologia da Vítima e Abordagem 69

    1.3. SBV 72

    1.3.1. Abordagem da Vítima e Avaliação da Situação 72

    1.3.2. Procedimentos do SBV 72

    1.3.2.1. Abertura da Via Aérea 74

    1.3.2.2. Reconhecimento de Pulso Carótideo Radial (PCR) 74

    1.3.2.3. Compressões Torácicas Externas (CTE) 74

    1.4. Algoritmo para Adulto European Resuscitation Council(ERC) 2005 75

    1.4.1. Posição Lateral de Segurança (PLS) 78

    1.4.2. Desobstrução da Via Aérea 79

    1.4.2.1. Vítima Consciente 79

    1.4.2.2. Vítima Inconsciente 80

    1.5. Casos Especiais do SBV 80

    1.5.1. Crianças 81

    1.5.1.1. Compressões Torácicas Externas (CTE) 81

    1.5.1.2. Activação do SIEM (112) 82

    2. O Afogamento 842.1. Denição de Afogamento 85

    2.2. Sinais do Afogamento Activo 85

    2.2.1. Fases do Afogamento Activo 86

    2.3. SBV no Afogamento 88

    2.3.1. Técnica a Utilizar Para as Insuações Dentro de Água 90

    2.4. Morte 90

    3.Trauma 90

    3.1. O Período de Ouro 91

    3.1.1. Reconhecer Traumatismos Graves (Vértebro-medular) 923.1.2. Sinais de Trauma Vértebro-medular 92

    3.2.Princípios de Abordagem a Vítimas de Trauma 93

    3.2.1. Avaliação Primária 93

    3.2.2 Exame Sistematizado do Trauma 94

    3.3. Trauma Aplicado a Situações de Socorro a Náufragos 96

    3.3.1.Compressões Torácicas Externas (CTE) 99

    3.3.2.Vómito Durante a Manobra de Reanimação 100

    3.4. Lesões Músculo-Esqueléticas Frequentes 100

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    3.4.1. Tipos de Lesão 100

    3.4.1.1. Fractura 100

    3.4.1.2. Sinais e Sintomas de LesõesMúsculo-Esqueléticas das Extremidades 101

    3.4.1.3. Procedimentos 101

    3.5. Doença Súbita - Outras Situações Associadas à PCR 102

    3.5.1.Choque 102

    3.5.2.Hemorragia 104

    3.6. Lesões Causadas Pelo Envolvimento 105

    3.6.1. Provocadas pelo Frio (Hipotermia) 105

    3.6.2.Provocado pelo Excesso de Calor (Hipertermia) 106

    3.6.2.1.Cãibras de Calor 107

    3.6.2.2. Hipertermia Aguda (Síncope por Calor,Heat Exaustion, Hitzeerschoepfung) 107

    3.6.2.3. Hipertermia Crónica ou Extrema – Golpe de Calor(Golpe de Calor, Heat Stroke, Hitzschlag) 108

    3.6.2.4.Insolação 1093.6.2.5.Queimaduras 110

    3.7. Envenenamento, Picadas e Mordeduras 111

    3.8. Epilepsia 112

    CAPÍTULO 10

    Segurança em Piscinas e Parques Aquáticos  114

    A organização, comunicação e regulamentação 115

    CAPÍTULO 11

    Oxigénioterapia  117

    1. Regras de Segurança 117

    2. Sinais e Sintomas de Carência de O2 117

    3. Material 118

    3.1. Administração de O2 118

    3.1.1. Métodos de Administração de O2 118

    3.1.2. Meios para Administrar O2 118

    3.2. Capacidade e Autonomia da Garrafa 118

    3.2.1. Margens de Segurança 119

    ANEXOS

    Farda de NS 120

    Algorítmo Suporte Básico de Vida Aquático 124

    Algorítmo Suporte Básico de Vida 125

    Algorítmo Desobstrução Via Aérea 126

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    PREFÁCIO

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    O Director-Geral da Autoridade Marítima eComandante Geral Policia Maritíma

     José Manuel Penteado e Silva Carreira

    Vice-Almirante

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    CAPÍTULO 1

    Introdução ao Curso de NS

    Este manual tem como objectivo preparar Nadadores Salvadores pararealizar o salvamento de pessoas que se encontrem em perigo de mortepor afogamento. Uma vez realizado o curso, este manual deve ser usadocomo guia de treino, permitindo a revisão das técnicas aprendidas e

    contribuindo para uma actualização permanente e sustentada do NS.

    Deve-se realçar que para desempenhar com sucesso a sua actividade, oNS necessita de treino contínuo, mantendo sempre a melhor condiçãofísica possível.

    Banhos de mar, de rio, albufeiras, lagoas e barragens, bem como passeiosem pequenas embarcações, oferecem por vezes perigos, principalmenteàs pessoas que não sabem nadar. Qualquer pessoa que se encontre emcondições de prestar auxílio a outrem que esteja em perigo de se afogar,não deve hesitar em fazê-lo, executando o salvamento ou solicitandoa ajuda e cooperação de outras pessoas que, actuando em conjunto,poderão fazer o salvamento em condições mais fáceis e seguras.

    Por vezes acontece que, para salvar alguém que está em apuros dentrode água, acorre alguém que nada sabe sobre as técnicas de salvamentoou sequer nadar, sendo o resultado quase sempre fatal para ambos.

    Qualquer pessoa pode salvar outra, se tiver aprendido a fazê-lo, mesmoque não saiba nadar. Basta um simples alerta (pedir ajuda), lançar umabóia, falar com o náufrago e incutir-lhe conança. Por outro lado, umindivíduo pode nadar muito bem e ser incapaz de efectuar um salvamen-to por nunca ter aprendido como fazê-lo.

    Provas de Admissão, Estrutura do Curso e Provas Finais

    Provas de Admissão

    Prova deAdmissão

    Tempo Classicação Observações

    100 m 1’50 ‘’ Apto/Inapto Em técnica ventral

    Recolha de2 objectos

    S/ tempo Apto/Inapto Sem utilização de equipamentoadicional (ex. máscara, oculosnatação). Submerso a uma pro-fundidade de cerca de 2.5 m,afastados entre si cerca de 2 m

    Apneia 20’’ Apto/Inapto Em propulsão subaquática

    25 m S/ tempo Apto/Inapto Batimento de pernas em téc-nica de costas

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    Estrutura Curricular do Curso de Formação de NS

    O curso de NS é constituído por componentes teórico-práticas numtotal de 135 horas.

    Componentes da fomação Carga horária

    teóricas práticas total parcial

    Técnicas de natação 1 hora 20 horas 21 horas

    Técnicas de salvamento meioaquático

    5 horas 10 horas 15 horas

    Técnicas de utilização de meiosde salvamento

    8 horas 20 horas 28 horas

    SBV 15 horas 10 horas 25 horas

    Enquadramento legal da activi-dade do NS

    2 horas 3 horas 5 horas

    Oxigenoterapia aplicada no afoga-mento

    20 horas 11 horas 31 horas

    Técnicas de resgate em piscina 3 horas 7 horas 10 horas

    Total de horas de curso 135 horas

    Provas Finais

    Prova Final Tempo Classicação Observações

    100 m 1’ 40‘’ Apto/Inapto Em técnica ventral

    400 m 9’ 15’’ Apto/Inapto Em técnica ventral

    Resgate demanequimsubmerso

    em apneia(mínimo de20 m)

    S/ tempo Apto/Inapto Em propulsão subaquática

    Golpes dedefesa comreboque

    S/ tempo Apto/Inapto Demonstra a execução técnicacorrecta

    Meios deSalvamentoe técnicas

    S/ tempo Apto/Inapto Demonstra a execução técnicacorrecta

    Teórica 20’ Percentagem Composta por perguntas de

    resposta múltipla, em quedeverá obter nota mínima de75%

    SBV 15’ Apto/Inapto Actuação prática seguindo oalgoritmo, sem realizar errosgraves.

    Quadros: Condições, provas de admissão e nais do curso de NS (Minis-tério da Defesa Nacional – Marinha. Autoridade Marítima Nacional,circular a ser emitida pelo ISN no início de cada ano.

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    CAPÍTULO 2

    Historial

    O naufrágio junto da costa sempre preocupou as Nações Marítimas.Os grandes naufrágios ocorridos no século XVIII e princípios do séculoXIX impressionaram os povos civilizados, despertaram os sentimentoshumanitários e deram origem a um movimento de solidariedade huma-

    na que se concretizou com a criação de instituições particulares, cujoobjectivo era o salvamento de náufragos.

    No início do século XIX a costa portuguesa, ou “Costa Negra”, comoera apelidada pelos estrangeiros, dispunha de poucos e inadequadosfaróis, levando a navegação a manter-se afastada dela. Como a navegaçãocomercial apenas frequentava os portos de Lisboa e Porto, os naufrágiosnas barras do Tejo e Douro eram frequentes.

    Por ordem do Rei D. Miguel foi criada em 1828, em São João da Foz doDouro, a Real Casa de Asilo dos Náufragos, destinada a casa de abrigopara náufragos salvos. O Real Instituto de Socorros a Náufragos foicriado por Carta de Lei de 21 de Abril de 1892, mantendo-se comopresidente a sua fundadora, a Rainha Dona Amélia, até à implantação daRepública em 5 de Outubro de 1910, passando então a designar-se porInstituto de Socorros a Náufragos.

    O ISN começou como uma organização privada, sob a égide da Marinhade Guerra, formada por voluntários.

    Devido a diculdades de fundos e de pessoal para as suas embarcaçõessalva-vidas, passou o ISN, a partir de 1 de Janeiro de 1958, a ser umorganismo do Estado na dependência directa da Marinha.

    Ao abrigo do Decreto-Lei Nº 349/85, de 26 de Agosto, o ISN passou aser um organismo da Direcção-Geral da Autoridade Marítima, dotadode autonomia administrativa e com a atribuição de promover a direcçãotécnica respeitante à prestação de serviços com vista ao salvamento devidas humanas nas áreas de jurisdição marítima.

    O ISN é um organismo com ns humanitários e exerce as suas funçõesem tempo de paz ou de guerra, assistindo igualmente qualquer indivíduo,indistintamente da sua nacionalidade ou qualidade de amigo ou inimigo.

    Os serviços prestados com meios do ISN, desde a sua criação em 1892até 31 de Dezembro de 2008, cifraram-se no salvamento de 41.383vidas e 9.127 embarcações, e na assistência a 373.081 vidas e 61.426embarcações.

    Os meios de salvamento do ISN dispõem-se ao longo do litoral, localiza-

    dos em 27 Estações Salva-vidas operado por pessoal do quadro do ISN.

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    A Natação em Portugal

    Em Portugal, a prática da natação aparece no início do sec. XX, inician-do-se por pequenos torneios de verão nas praias mais frequentadas dopaís. Em 1902 o Ginásio Clube Português fundou na Trafaria uma escolade natação e, quatro anos mais tarde, realizou-se a primeira corrida denatação, da meia milha, na baía do Alfeite, para disputar a taça D. Carlos.

    É pois natural que o primeiro registo de apoio a banhistas apareça norelatório da comissão central de 1909 e rera a praia da Trafaria, ondeparece ter nascido a modalidade da natação no nosso país. Nele se dizque, para evitar acidentes marítimos, se vai montar um sistema de vig-ilância com uma embarcação que percorrerá a praia durante os banhos.Os primeiros sistemas de apoio foram montados nas praias da Trafaria ede Albufeira.

    Em 1910 foram implantados 120 postos de praia, os quais dispunhamde duas bóias grandes, duas bóias pequenas com uma retinida de 25 m,

    dois cintos de salvação, uma retinida de 100 m, e nalmente, um quadroexplicativo dos primeiros socorros a prestar aos náufragos.

    Os postos de praia cavam à guarda e ao cuidado do banheiro queprestava serviço na praia e que tantas vezes foi a pessoa que nos deu oprimeiro banho de mar e que nos ensinou a nadar. A vigilância nas praiascom embarcação foi-se estendendo lentamente ao longo das praias dopaís, mas não deixa de ser interessante vericar que nos primeiros trintaanos não há registos de acidentes mortais, o que parece indicar que nãosó a auência era pequena como a prática da natação devia ser muitolimitada. Toda esta actividade era apoiada pela Autoridade Marítima, soba vigilância do cabo de mar que, no princípio dos anos 40 aparecem naspraias.

    Em 1956 realizou-se pela primeira vez um curso de nadadores salva-dores com uma frequência de 90 alunos. A partir desse ano, os instru-endos e os cursos de nadadores salvadores não deixaram de crescer,sendo que houve um aumento notável de frequência no ano de 1994 emque, nos primeiros nove meses, foram formados 970 nadadores salva-dores, comparativamente com os 680 no ano anterior.

    No nal da década de 60, princípios da de 70, o apoio às praias teveuma projecção digna de nota. Tal facto deveu-se ao Ministro da Marinhada altura, que se interessou pessoalmente pelo salvamento marítimoe o serviço de socorro a náufragos nas praias, despachando, por vezesdirectamente, com os chefes de secção do Instituto sem atender à cade-ia hierárquica, para que as suas ordens chegassem mais rapidamente.

    Em 1995 surgiram novos meios de salvamento, nomeadamente as bóiastorpedo, as novas pranchas e os cintos de salvamento. Em 1998, nasequência de um protocolo rmado entre o ISN e a Mitsubishi Motors

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    de Portugal começou, por parte do Instituto, um projecto denominadoSeamaster, que consiste na assistência a náufragos em praias não vigiadasatravés de várias viaturas 4×4 devidamente equipadas com material desalvamento, primeiros socorros e comunicações, atribuídas operacional-mente a 24 Capitanias.

    Desde o ano 2000, à semelhança do já efectuado em 1972, o ISN tem

    levado a cabo operações de sensibilização e demonstrações de salva-mento, usando diversos meios e vários métodos, simulando diferentessituações de perigo, em variadíssimas praias da orla costeira continental.

    Em 2001 o ISN e a Universidade Técnica de Lisboa, através da Facul-dade de Motricidade Humana celebraram um protocolo de coopera-ção, prevendo, para além da interacção na área da formação técnica,o desenvolvimento especíco de um manual técnico para nadadoressalvadores, orientado para a segurança, emergência e resgate em meioaquático. Desta parceria resultou o primeiro Manual do NS. A elabora-ção deste manual, uma acção de inquestionável valor público e cívico, sófoi possível com um esforço notável de cooperação por parte de muitaspessoas.

    Numa tentativa permanente de adequação às necessidades, actualmente,o dispositivo que o Instituto tem implementado pela orla costeira nacio-nal é constituído por diversas embarcações salva-vidas, distribuídas pelasEstações Salva-vidas e cedidas a Corporações de Bombeiros do litoral edo interior, em espaço sob jurisdição da Autoridade Marítima e do inte-rior do continente, bem como algumas motos de água de salvamentomarítimo e motos 4x4 de salvamento marítimo.

     

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    CAPÍTULO 3

    Nadador Salvador 

    Considera-se nadador-salvador pessoa singular habilitada com o cursode nadador salvador pela EAM e certicado pelo ISN, com a função devigilância, socorro, salvamento e assistência aos banhistas.

    São Deveres do NS

    1. Vigiar a forma como decorrem os banhos observando asinstruções técnicas do ISN e as do órgão local da AutoridadeMarítima em caso de acidente pessoal ocorrido com banhistasou de alteração das condições meteorológicas

    2. Auxiliar e advertir os banhistas para situações de risco ouperigosas que, no meio aquático, constituam risco para a saúdeou integridade física, próprias ou de terceiros

    3. Socorrer os banhistas em situações de perigo, de emergência ou

    de acidente4. Manter durante o horário de serviço a presença e proximidadenecessárias à sua área de vigilância e socorro

    4. Cumprir a sinalização de bandeiras de acordo com as instruçõestécnicas do ISN

    5. Usar uniforme, de acordo com os regulamentos em vigor,permitindo a identicação por parte dos utentes e autoridadesde que se encontra no exercício da sua actividade

    6. Colaborar na manutenção dos equipamentos destinados àinformação, vigilância e prestação de socorro e salvamento, e

    sua vericação, de acordo com as normas xadas pelo órgãolocal da Autoridade Marítima competente ou pelo ISN

    7. Participar às autoridades competentes as situações de socorro,aplicando os primeiros socorros, e providenciar, de imediato,a intervenção daquelas autoridades para a evacuação das vítimasde acidentes que se veriquem no seu espaço de intervenção

    8. Participar em acções de treino, simulacros de salvamentomarítimo ou aquático e outros exercícios com característicassimilares

    São Deveres Especiais do NS1. Colaborar com os agentes de autoridade ou com outras

    entidades habilitadas em matéria de segurança dos banhistas,designadamente, na elaboração de planos de emergência,

    vigilância e prevenção de acidentes no meio aquático

    2. Colaborar, a título excepcional, e sem prejuízo da observânciado seu dever prioritário de vigilância e socorro, em operaçõesde protecção ambiental, bem como em acções de prevenção deacidentes em locais públicos, de espectáculos e divertimento,com locais para banhos, mediante solicitação das autoridades

    competentes

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    3. Participar, a nível de salvamento no meio aquático na segurançade provas desportivas que se realizem no seu espaço de

    intervenção, com observância das determinações da AutoridadeMarítima Nacional

    São Direitos do NS

    1. Desempenhar as tarefas correspondentes à sua actividade

      funcional e recusar quaisquer actividades estranhas à suafunção

    2. Exercer a sua actividade a título remunerado ou gratuito

    3. Possuir no âmbito do contrato celebrado, a cargo do

    empregador, um seguro prossional adequado à sua actividade

    3. Dispor de uniforme adequado, a cargo da entidade patronal, queobedeça às especicações técnicas legalmente estabelecidas

    4. Dispor dos meios e equipamentos afectos à segurança, vigilância,

    socorro, salvamento e assistência aos banhistas, em boas

    condições de utilização e de acordo com as instruções técnicasdo ISN

    O NS deve ter sempre presente que

    1. Não é agente da autoridade, nem seu substituto

    2. Não tem formação em medicina ou outras ciências de saúdeque lhe permita passar além das manobras básicas dereanimação, devendo cooperar em manobras de reanimação anáufragos, caso alguém se identique como credenciado para ofazer

    3. Não deve efectuar uma tentativa de salvamento caso exista umgrande risco de segurança e de vida, evitando uma dupla morte

    4. Deve efectuar um salvamento mesmo que fora da sua área deresponsabilidade caso não esteja a ser realizado por alguémcredenciado

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    O Auto Salvamento

    O Auto Salvamento é a primeira capacidade a desenvolver nos NS,. Semsabermos cuidar de nós próprios não poderemos socorrer os outros. OAuto Salvamento pode ser dividido em preparação, prevenção e desem-penho.

    1. A preparação consiste na preparação física e mental, bem como

    a preparação do equipamento2. A prevenção consiste em detectar e evitar potenciais problemas

      A Faça a manutenção regular do equipamento, antecipeos potenciais problemas, imaginando mentalmente asacções e procedimentos a executar passo a passo

    3. O desempenho lida com os problemas quando eles surgem,apesar da preparação e prevenção efectuadas previamente

      A Sempre que enfrentar um problema, consigo ou comoutros, tente seguir o que aprendeu na sua formação,não reaja instintivamente e de forma irreectida

      B Pare para analisar a situação e as consequênciasprevisíveis

      C Respire fundo para agir melhor

      D Pense em soluções alternativas com prós e contras

      E Actue com convicção uma vez seleccionada umaalternativa

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    CAPÍTULO 4

    Enquadramento Legal da Actividade do NS

    1. Introdução

    A inserção do presente módulo no Manual do NS é feita à luz da Lei n.º

    44/2004, de 19 de Agosto, com a redacção introduzida pelo Dec. -Lein.º 100/2005, de 23 de Junho, que dene o regime jurídico da assistên-cia bem como o Dec. -Lei n.º 118/2008 de 10 Julho, que veio denir oregime jurídico da actividade do Nadador Salvador e o seu estatuto,e do Dec. -Lei n.º 96-A/2006, de 2 de Junho, que veio regulamentar asnormas dos artigos 10.º e 13.º-A dos referidos diplomas, estabelecendoum regime contra ordenacional no âmbito da assistência aos banhistasnas praias de banhos.

    Atendeu-se ainda a outras fontes legais, por exemplo o Código do Tra-balho, o Código Civil e o Código Penal, para delimitação do enquadra-mento legal da actividade de NS a mais completa possível, com vistaà desejável disponibilização de toda a informação necessária ao bomdesempenho daquela actividade.

    Trata-se, no fundo, aqui, de agregar todas as normas em vigor, que regu-lam a actividade de NS, dispersas em vários diplomas legais, e de explici-tar o seu sentido e alcance através de exemplos práticos, com o objec-tivo de proporcionar ao NS um conhecimento dos deveres que sobre sirecaem, e das implicações jurídicas resultantes da violação dos mesmos,para que não se sinta, também ele, um náufrago no meio do oceano, sem

    vela nem bússola, sem remo nem mastro.

    Num momento em que se assiste a uma crescente cultura de maiorresponsabilização do NS, assegurar a qualidade da informação para a suaformação agura-se de primordial importância para garantir níveis deexcelência.

    2. Conceitos/Denições Relevantes

    1. «Assistência a banhistas», o exercício de actividades de

    informação, vigilância, salvamento e prestação de socorro pornadador-salvador

    2. «Banhista», o utilizador das praias marítimas e das praias deáguas uviais e lacustres, reconhecidas pelas entidadescompetentes como adequadas para a prática de banhos locais

    3. «Concessionário», o titular de licença ou autorização para aexploração de equipamentos ou instalações balneares,mediante o pagamento de uma taxa, bem como prestação dedeterminados serviços de apoio, vigilância e segurança aosutentes da praia

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    4. «Época balnear», o período contínuo de tempo xadoanualmente por determinação administrativa da autoridadecompetente, ao longo do qual vigora a obrigatoriedade degarantia da assistência aos banhistas

    5. «Formador de nadador-salvador», pessoa habilitada pela EAMcom o curso de formador nadador-salvador, apta a ministrar ocurso de nadador-salvador

    6. «Frente de praia», comprimento da faixa de areal sujeita aocupação balnear

    7. «Praia concessionada», a área de uma praia relativamente à qualé licenciada ou autorizada a prestação de serviços a utentes porentidade privada

    8. «Praias de águas uviais e lacustres», as que se encontremqualicadas como tal por diploma legal

    9. «Praias de banhos», as praias marítimas e de águas uviais elacustres qualicadas como tal por diploma legal

    10. «Praias marítimas», as que se encontrem qualicadas como tal

    por diploma legal

    3. Entidades que Tutelam a Actividade do NS

    Ao Ministério da Defesa Nacional, através da Autoridade MarítimaNacional compete:

    1. Estabelecer os critérios e condições gerais para o cumprimentoda prestação da actividade nos espaços de jurisdição marítima

    2. Denir os materiais e equipamentos necessários ao exercíciodas mesmas

    3. Estatuir os critérios, entidades e métodos competentes para ascalização do cumprimento da garantia do pessoal habilitadopara o exercício da assistência a banhistas

    4. Difundir, através dos órgãos locais da Direcção Geral daAutoridade Marítima, as determinações aos banhistas, através deedital de praia e demais informações tidas como necessárias

    A Autoridade Marítima Nacional scaliza a actividade de vigilância, salva-mento e prestação de assistência aos banhistas.

    Ao ISN cabe certicar os cursos de NS, bem como, realizar inspecçõesàs praias conforme estatíuto no Dec. -Lei n.º 118/2008 de 10 Julho.

    Ministério das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente – enti-dade que tutelam as áreas de jurisdição marítima e a quem compete, juntamente com o Ministério da Defesa Nacional, ao abrigo das alíneasb) e c), do artigo 2.º, da Lei n.º 44/2004, de 19 de Agosto, qualicar aspraias de banhos em conformidade com a Directiva 76/160/CEE, queestabelece as condições adequadas para a prática balnear.

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    4. Princípios Gerais da Conduta do NS

    4.1. Dignidade

    O NS deve em todas as circunstâncias ter uma conduta exemplar edigna no exercício da sua actividade, designadamente através de umdesempenho competente e prossional, da apresentação, aprumo ecomportamento, devendo abster-se de condutas que possam atentar

    contra o prestígio e dignidade das suas funções, ou afectem as suasdecisões, tais como o alcoolismo, a droga ou o tabaco.

    4.2. Proibição de Discriminação

    O NS deve prestar a sua actividade de forma não discriminatória, nãopodendo privilegiar, beneciar, ou prejudicar nenhum banhista em razãoda sua ascendência, sexo, raça, religião, nacionalidade, condição económi-ca ou outras.

    4.3. Transmitir Segurança no Utente da Zona Balnear  

    O NS deve manter uma atitude tranquilia e serena criando empatia comos utentes. No exercício da sua actividade, estes factores são determi-nantes para evitar dúvidas ou apreensões injusticadas, e transmitemsegurança.

    4.5. Prestação de Cuidados aos Banhistas

    O nadador salvador deve prestar aos banhistas os melhores cuidados aoseu alcance, agindo com prontidão, correcção e delicadeza, tendo sem-pre presente que estes poderão estar em situações de tensão e angústia.

    4.6. Respeito por qualicações e competências

    No desempenho da sua actividade, o NS não deve ultrapassar os limitesdas suas qualicações e competências, devendo respeitar as hierarquiastécnicas.

    4.7. Respeito pelos interesses dos banhistas

    O NS deve respeitar os interesses das vítimas e dos seus familiares,não revelando informação sigilosa, como sejam dados de saúde, a elesrespeitantes.

    4.8. Crianças, Idosos e Decientes

    O NS deve dar especial atenção às crianças, pessoas idosas, decientes,outras não habituadas ao mar, nomeadamente quando vericar que osseus responsáveis não são sucientemente capazes ou cuidadosos parazelar pela sua segurança.

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    4.9. Respeito Pela Vida Humana

    Deve o NS guardar respeito pela vida humana e pela integridade físicados banhistas, tendo sempre presente que nenhuma vida humana é maisvaliosa do que outra, mas sim de igual valor.

    4.10. Preenchimento de Relatórios

    O NS deve registar cuidadosamente as ocorrências detectadas e todas

    as observações que considere relevantes.

    4.11. Espírito de Equipa e Relações com Outros Intervenientes

    no Socorro

    No interesse dos banhistas, deve o NS procurar desenvolver um rela-cionamento cordial e um espírito de equipa, baseado no respeito mútuopelas responsabilidades próprias e especícas de cada prossional.

    4.12. Correcção

    O NS deve durante o decurso da sua actividade agir com a maior cor-recção, tratando com respeito quer os utentes da zona balnear, quer ospróprios colegas, devendo abster-se de expressões desrespeitosas, refer-ências depreciativas à actuação dos colegas e outros intervenientes naprestação do socorro.

    4.13. Isenção

    O NS deve actuar com independência e atender a todos por igual, nãoretirando vantagens directas ou indirectas, pecuniárias ou outras, dasfunções que exerce.

    4.14. Actualização dos Conhecimentos e Preparação Física

    Deve o NS deve ter uma atitude de permanente aperfeiçoamento, actu-alização dos seus conhecimentos e manutenção da sua boa preparaçãofísica, tendo em vista o melhor e mais qualicado desempenho possívelda sua actividade.

    5. Outros deveres do NS

    5.1. Deveres GeraisConstituem deveres gerais do NS, aqueles que nos termos do artigo121.º do Código do Trabalho se impõem a todo e qualquer trabalhador,sendo eles:

    1. Respeitar e tratar com urbanidade e probidade o empregador,os superiores hierárquicos, os companheiros de trabalho e asdemais pessoas que estejam ou entrem em relação com ele

    2. Comparecer ao serviço com assiduidade e pontualidade

    3. Realizar o trabalho com zelo e diligência

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    4. Cumprir as ordens e instruções do empregador em tudo o querespeite à execução e disciplina do trabalho, salvo na medidaem que se mostrem contrárias aos seus direitos, garantias, eautonomia técnica

    5. Guardar lealdade ao empregador, nomeadamente nãodivulgando informações referentes à sua organização

    6. Velar pela conservação e boa utilização dos bens relacionados

    com o seu trabalho que lhe forem conados pelo empregador

    5.2. Prevenção

    No cumprimento do dever de prevenção e de advertir os banhistas paraa ocorrência de situações de risco ou perigosas, o NS deve aconselharos banhistas:

    5.2.1. Conselhos aos Banhistas

    Internacionalmente, está cada vez mais difundida a ideia que a funçãoprioritária dos NS é evitar que os utentes dos espaços aquáticos e

    público em geral passem por situações perigosas. Frequentemente umsimples conselho no tempo certo evita um salvamento perigoso e porvezes desastroso.

    A função, talvez a mais importante, do NS é a prevenção das situaçõesde perigo divulgando e aconselhando os utentes dos potenciais incident-es e acidentes. Procure actualizar os seus conhecimentos em relaçãoa todos os aspectos relacionados com os benefícios e malefícios dasactividades aquáticas mantendo-se bem informado.

    5.2.2. Conselhos a Transmitir aos Banhistas sobre Banhos

    1. Cumpra as indicações das autoridades marítimas e dos NS

    2. Preste atenção aos sinais das bandeiras e respeite-os

    3. Tome banho em praias vigiadas

    4. Tome banho nas áreas indicadas como zona de banhos

    5. Tome banho acompanhado

    6. Nade sempre acompanhado, mesmo que seja bom nadador

    7. Nade paralelamente ao longo da praia ou das margens

    8. Nade em locais sem correntes

    9. Tome banho em locais sem algas ou limos

    10. Tome banho em locais onde a corrente não seja forte ou existagrande rebentação ou remoinhos

    11. Após demorada exposição ao sol entre na água lentamente

    12. Depois de comer aguarde 3 horas antes de entrar na água

    13. Se não sabe nadar, entre na água só até à cintura

    14. Se ingerir álcool não deve tomar banho

    15. Se der saltos/mergulhos procure locais que conheça esalte de pés

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    16. Se nadar mal, não se afaste da praia ou das margens

    17. Se sentir diculdades, peça socorro sem hesitação

    18. Se sentir cansaço, procure utuar (boiar)

    19. Se sentir frio saia da água

    20. Dê especial atenção às crianças, aos idosos ea pessoas não habituadas ao mar

    21. Flutue só onde puder nadar

    22. Use sempre auxiliares de utuação (colete) em qualquertipo de embarcação

    5.2.3. Conselhos para Prevenir Lesões da Coluna

    1. Nade em áreas vigiadas e protegidas por NS

    2. Consulte o NS sobre o estado do Mar e quais os locais maispropícios para nadar ou praticar a sua actividade

    3. Pare, olhe e ande para a água

    4. Não mergulhe de cabeça em zonas desconhecidas

    5. Não mergulhe contra o fundo, face a ondas de forte rebentação6. Não vire as costas às ondas e ao Mar

    7. Não salte de penhascos, pontões e pontes

    8. Ao fazer “carreiras” nas ondas, mantenha um braço à frentepara proteger a cabeça e o pescoço

    9. Em caso de dúvida não arrisque nem mergulhe

    5.2.4. Conselhos a Transmitir aos Banhistas SobreExposição Solar 

    1. 30 Minutos antes da exposição ao sol aplique o cremeprotector solar

    2. Repita frequentemente as aplicações

    3. Evite a exposição às horas de maior calor (11h – 16h)

    4. Faça períodos curtos de exposição solar

    5. Não exponha crianças com menos de 3 anos de idade ao sol

    6. Proteja as crianças (creme protector solar, chapéu, T-Shirt)

    7. Vigie o estado da sua pele, atente aos seus (novos) sinais,em caso de dúvida consulte um médico

    *Segundo informação da Liga Portuguesa contra o Cancro

    6. Proibição de Exercer Outras Actividades

    Os nadadores Salvadores não podem desempenhar tarefas estranhasà sua actividade funcional sejam elas: aluguer e montagem de barracas,exploração de toldos ou embarcações, serviço de mesa e bar, transportede aprestos e cadeiras e, no geral, todas as actividades que possamprejudicar a sua função de salvaguarda da segurança dos banhistas.

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    7. Direito a Seguro

    Os nadadores salvadores têm direito a beneciar de seguro contra aci-dentes de trabalho, a constituir pelas entidades contratantes respectivas.

    7. Proibição de Exercer Outras Actividades

    Os nadadores Salvadores não podem desempenhar tarefas estranhasà sua actividade funcional sejam elas: aluguer e montagem de barracas,

    exploração de toldos ou embarcações, serviço de mesa e bar, transportede aprestos e cadeiras e, no geral, todas as actividades que possamprejudicar a sua função de salvaguarda da segurança dos banhistas.

    8. Responsabilidade Contra-Ordenacional do NadadorSalvador 

    8.1. Contra-Ordenações

    Conforme artigo 4º do Dec. -Lei n.º 96/x/2006 de 2 de Junho, constituicontra-ordenação punível com coima de € 100 a € 1000 os seguintesactos praticados pelos nadadores salvadores:

    1. Afastamento injusticado da área de vigilância e socorro,durante o horário de serviço

    2. Falta de atenção com a zona de banhos, assumindocomportamentos contrários aos deveres especiais dediligência e compostura no exercício das suas funções, denidosno número 4 do presente manual, que prejudiquem a suaactividade prossional

    3. Incumprimento da sinalização de bandeiras em desrespeito àsinstruções e determinações que as autoridades marítimas locaislhes tenham dado

    4. Içar a bandeira indicativa de serviço de salvamentotemporariamente desactivado sem justicação adequada

    5. Estar uniformizado de forma irregular e que não permitavisualizar estar no exercício da sua função de NS

    8.2. Punibilidade da Tentativa e Negligência

    A tentativa por parte do NS de praticar alguma das infracções previstas

    no número anterior é punível.

    Exemplo: o NS que durante o horário de serviço apronta os instru-mentos para pescar mas, quando começa a pescar, é descoberto porum agente da Polícia Marítima; incorre na prática da contra-ordenaçãoreferida no número 7 do presente manual, na forma tentada. Ou seja,apesar de a contra-ordenação não se ter consumado, a sua conduta éreprovável pelo Direito, pois o NS actuou com dolo (com intenção de apraticar), só não a tendo praticado por razões exteriores à sua vontade – ter sido surpreendido pela Autoridade Marítima.

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    Negligência punível nos casos das alíneas 1) e 2) do número anterior.

    Exemplo: o NS que por falta de atenção com a zona de banhos nãoprestou auxílio a um banhista em situação de perigo por, nesse instante,estar de costas para a frente de praia a conversar com um amigo;incorre na contra-ordenação prevista na al. 1) do número 8.1 dopresente Manual, por negligência (descuido, imprudência), isto é, não

    obstante não ter agido com dolo (com intenção de não socorrer o ban-hista), a sua conduta é censurável a título negligente por não ter proce-dido com os cuidados a que está obrigado enquanto NS.

    No caso da infracção ter sido praticada por negligência ou quando setratar de tentativa, os montantes das coimas são reduzidos a metade,nos seus limites mínimos e máximos.

    8.3. Competência para a Instrução do Processo

    de Contra-Ordenação

    A instauração e instrução dos processos de contra-ordenação relativosa infracções ocorridas nas praias marítimas são da competência dasautoridades marítimas locais, bem como a aplicação das respectivassanções e medidas cautelares.

    Nas praias de águas uviais e lacustres, as competências referidas naalínea anterior são exercidas pela Comissão de Coordenação e Desen-volvimento Regional territorialmente competente.

    8.4. Sanção Acessória

    Em função da gravidade da infracção e da culpa do NS, as autoridadescompetentes podem, simultaneamente com a coima, determinar asuspensão da actividade de NS, pelo período balnear em que a contra-ordenação ocorreu.

    Exemplo: O NS que resolve içar a bandeira xadrez para ajudar o conces-sionário na montagem de barracas, num dia de muito calor e estando apraia cheia de banhistas.

    8.5. Medida Cautelar As autoridades competentes para a instrução e decisão do processocontra ordenacional podem, em qualquer fase do processo, suspenderpreventivamente o NS de exercer a sua actividade, quando a infracçãopor ele praticada for de tal modo grave, que se revele adequado o seuafastamento para evitar lesões ou atenuar a lesão dos interesses prote-gidos em causa.

    Exemplo: o NS que devido ao estado de embriaguez em que voluntari-amente se colocou não socorreu um banhista em situação de perigo.

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    8.6. Direito de Audiência e Defesa do NS

    É proibida a aplicação de coima ou sanção acessória sem antes se terassegurado ao NS a possibilidade de se pronunciar sobre a contra-ordenação que lhe é imputada e a sanção em que incorre.

    9. Responsabilidade Criminal e Civil do NS

    Sem prejuízo da responsabilidade contra ordenacional, o NS pode, ainda,

    incorrer em responsabilidade criminal e civil quando da violação dosseus deveres tenham resultado danos para os banhistas, tais como amorte, lesões corporais, ou perigo para a vida.

    Exemplo1: O NS que, determinado por ódio, não presta auxílio a umbanhista seu vizinho, com quem tinha fortes desavenças, em situação deperigo, não obstante ter previsto a sua morte como consequência pos-sível da falta de auxílio. O banhista morre por afogamento.

    Exemplo2: O NS que perante uma vítima de paragem respiratória den-

    tro de água, não inicia as manobras de SBV aquático por estar conven-cido de que a sua boa forma física e as condições de mar lhe permitiri-am remover rapidamente a vítima para terra a tempo de aí procederàs insuações e de a salvar. Durante o percurso o banhista acaba porperder a vida.

    Na situação descrita no exemplo1, provando-se que se fosse auxiliadoo banhista não teria morrido, o NS incorre em responsabilidade crimi-nal pela prática de um crime de homicídio (matar uma pessoa) doloso(intenção/vontade de deixar morrer) por omissão (não agir/nada fazer),

    nos termos do artigo 131.º, conjugado com os artigos 14.º, n.º 3, e 10.ºn.º 2, do Código Penal, na medida em que previu a possibilidade de obanhista vir a morrer por afogamento e conscientemente optou pornão o salvar.

    Quanto à hipótese referida no exemplo2, provando-se que se fossecorrectamente socorrido teria sobrevivido, o NS incorre na prática deum crime de homicídio negligente por omissão, conforme artigo 137.º,conjugado com o n.º 2 do artigo 10.º, do Código Penal, por não ter efec-tuado o salvamento de acordo com as legis artis (regras da arte ou boa

    prática da actividade), segundo as quais perante uma vítima de paragemrespiratória deve utilizar-se o SBV aquático – 2 insuações, seguidas de1 insuação cada 5 segundos.

    Em síntese: em ambas as situações descritas o NS violou o dever espe-cial que sobre si recai de garantir (salvaguarda da vida humana), evitaro resultado morte, incorrendo, por isso, num crime de homicídio poromissão.

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    Na primeira das situações descritas actuou dolosamente, isto é, nãoimpediu a morte do banhista porque não quis, teve intenção de o deixarmorrer.

    Na segunda, actuou com negligência, a morte do banhista derivou donão cumprimento de um dever objectivo de cuidado, o mesmo é dizer,por não ter actuado com os cuidados exigíveis pelas circunstâncias

    Mas, para além da responsabilidade penal, a conduta do NS acima descri-ta é passível, ainda, de gerar responsabilidade civil, nos termos do artigo129.º do Código Penal, e 483.º do código Civil. Ou seja, os familiares davítima lesados, poderão, querendo, deduzir um pedido de indemnizaçãocivil para exigir o ressarcimento dos prejuízos sofridos [morais (des-gosto, sofrimento) ou patrimoniais (v.g., o caso de os pais do banhistadeixarem de auferir uma determinada quantia em dinheiro que todosos meses aquele lhes pagava)] estando, o NS, obrigado a ressarci-los deacordo com o princípio geral de direito segundo o qual quem causardanos a outrem deverá indemnizá-los.

     

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    CAPÍTULO 5

    Saúde e Condição Física do NS

    1. Condição Física do NS

    O NS utiliza o seu próprio corpo como instrumento de trabalho, à

    semelhança de qualquer desportista prossional. Daí ser muito impor-tante que todos os NS atinjam e mantenham um bom nível de condiçãofísica.

    Normalmente, após terminar o curso, o NS desleixa-se, diminui assuas capacidades físicas, pondo em perigo a sua vida e a vida de quemsocorre.

    A principal função do NS é a segurança dos banhistas. Ao efectuar umsalvamento, o NS põe em risco a sua segurança pessoal, factor que podeser agravado se o NS não estiver treinado e apto sicamente.

    Diariamente deve efectuar o seu treino, nadar, vericar o estado do mar,correntes, temperatura da água, utilizar diversos meios de salvamento,sem numca desguarnecer a sua zona.

    1.1. Capacidades Físicas a Desenvolver na Condição Física

    1.1.1. Capacidades Condicionais

    1. Resistência cárdio-respiratória (endurance)

    2. Força neuro-muscular

    3. Força superior (cintura escapular, braços e ombros)4. Força média (abdominais e dorsais)

    5. Força inferior (cintura pélvica e membros inferiores) trabalhadaem regime de resistência e força máxima.

    6. Destreza, velocidade e agilidade

    7. Flexibilidade e alongamento

    1.1.2. Capacidades Coordenativas

    1. Orientação

    2. Encadeamento de acções3. Diferenciação

    4. Equilíbrio

    5. Ritmo

    6. Reacção

    7. Mudança

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    1.1.3.Capacidades Volitivas (Estamina) e Conança

    Fazer uma avaliação inicial das suas capacidades, denindo objectivosrealistas, mantendo registo dos “treinos” e controlando a sua evoluçãoé uma das melhores formas de se manter motivado. Crie e mantenharotinas, que é sem dúvida o que mais custa.

    É fundamental a manutenção da condição física ao longo do ano, o NS

    deverá treinar nos meses em que não está na praia; caso não mantenhaa sua condição física corre um risco acrescido à sua actividade no inícioda época balnear. O NS deve treinar para manter a sua condição física(ex. efectuar 400 m de acordo com a tabela de NS para aferir o seunível de forma).

    É do interesse do NS participar regularmente, fora das horas de serviço,em actividades físicas aquáticas que aumentem a sua destreza motora eenriqueçam a sua experiência sobre o meio (ex.: surf, bodyboard, canoa-gem, vela, pólo-aquático, mergulho, etc.).

    2. Alimentação

    Ter em atenção o tipo e quantidade de alimentos ingeridos duranteo período de actividade de modo a não prejudicar a sua capacidadede executar um salvamento, nem por em perigo a sua vida. Para issodeve alimentar-se ao longo do dia (mínimo 5 vezes), utilizar alimentosvariados, não fazer refeições pesadas, comer fruta, beber muitos líqui-dos, ingerir hidratos de carbono complexos, como massa, frutos secos,etc. Deverá evitar alimentar-se sistematicamente à base das chamadasrefeições fáceis, muito processadas (“plásticas”) e de fraco valor nutri-

    tivo, típicas da praia (ex. hambúrgueres, sandes, refrigerantes, etc.).

    3. Álcool

    Um elevado nível de álcool no sangue afecta as decisões do NS e colocaem risco e a sua própria saúde, por vezes a sua vida e a do náufrago. NSnão deve ingerir grandes quantidades de álcool, inclusive à noite, porqueo nível de álcool sanguíneo mantém-se alto, mesmo após 12 a 20 horasapós a sua ingestão, provocando a desidratação do corpo.

    4. Tabaco

    O tabaco diminui a resistência física ao esforço, por reduzir o consumode oxigénio, sendo comprovadamente nocivo para a saúde.

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    5. Protecção Solar 

    A demasiada exposição à radiação solar pode causar queimadurassolares (eritema), danicação geral da pele e, em última consequência,cancro da pele. Os raios solares são indispensáveis ao bom funciona-mento do nosso corpo, mas em excesso podem ser nocivos para asaúde:

    1. A exposição demorada, ou nas horas de radiação maisintensa pode provocar insolações e queimaduras que causam oenvelhecimento da pele

    2. Pode ainda provocar o cancro cutâneo, de onde 90% são devidoà exposição solar incorrecta

    A natureza do trabalho do NS implica que ele esteja muitas vezesexposto ao sol, seguem-se alguns conselhos:

    1. Procure estar à sombra sempre que possível, entre as 11h00 e

    as 16h00, quando a radiação solar é mais perigosa (debaixo dochapéu de sol junto ao posto de praia, ou em local onde sejapossível manter a vigilância da praia)

    2. Use boné

    3. Use “T-Shirt”, de preferência com mangas grandes e largas

    4. Use um protector solar em todas as áreas expostas segundo asespecicações dos fabricantes

    5. Use óculos de protecção solar adequados (UV400) durante operíodo de trabalho

    6. Beba bastante água durante o período de trabalho

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    CAPÍTULO 6

    A Concessão e o seu Enquadramento

    O Domínio Público Marítimo pode ser concessionado pelo Estado paraexploração comercial (bares, toldos, etc.). Os concessionários camobrigados pela Autoridade Marítima a garantirem a segurança na suaárea de concessão.

    Dispositivo de Segurança

    1. Para assegurar a vigilância e o socorro necessários durante ohorário estabelecido para as praias concessionadas, devemexistir dois nadadores-salvadores por frente de praia

    2. Nos casos em que a frente de praia tem uma extensão igual ousuperior a 100 metros, é obrigatório manter um nadador-

      -salvador por cada 50 metros

    3. Durante o período de almoço é obrigatória a presença de um

    nadador-salvador4. Sempre que razões de segurança o exijam, e obtido parecervinculativo do ISN, compete às capitanias dos portos, atravésde edital a axar nas praias marítimas e nos demais locais deutilização balnear, ou à Administração de Região Hidrográcanas águas uviais e lacustres, promover as alterações ao quantitativo de nadadores savadores por posto

    Embora em última análise o NS seja assalariado do concessionário, nãopode em nenhuma circunstância descurar as suas funções de salvaguarda

    da vida no mar nem o bom estado do material de salvamento.

    1. Material e Equipamentos de Assistência nas Praias

    1. Compete ao ISN denir as especicações técnicas dosmateriais e equipamentos destinados à informação, vigilância eprestação de salvamento, socorro a náufragos e assistência abanhistas

    2. Os materiais e equipamentos destinados à assistência abanhistas englobam o posto de praia, bem como o materialcomplementar de salvamento e socorro a náufragos a ser

    utilizado pelos nadadores salvadores no exercício da suaactividade

    3. A aquisição dos materiais e equipamentos destinados àassistência a banhistas é da responsabilidade do concessionárioda respectiva zona de apoio balnear (ZAB)

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    1.1. Posicionamento do Posto de Praia na Zona de ApoioBalnear 

    É competência do ISN denir as especicações técnicas do materialde salvamento pertencente ao posto de praia que os concessionáriosdevem instalar nas zonas de apoio balnear.

    1. O posto de praia e demais material complementar destinado à

    informação, vigilância e prestação de salvamento, socorro anáufragos e assistência a banhistas, é instalado nas ZAB nostermos determinados por edital da capitania do porto, ou daadministração regional hidrográca, de acordo com instruçõestécnicas do ISN

    2. O posto de praia é colocado no local que melhor permita aobservação, vigilância e acesso à zona de banhos, sempre quepossível a meio da frente da praia

    1.1.1. A Concessão e o seu Enquadramento – Material de

    Assistência nas PraiasMateriais e equipamentos destinados à informação, vigilância e prestaçãode socorro e salvamento obrigatórios nos postos de praia, devendo osconcessionários adquirir estes equipamentos.

    1. Cercado de protecção

    2. Armação de praia

    3. Mastro de sinais

    4. Bóia circular

    5. Bóia torpedo6. Barbatanas (pés de pato)

    7. Cinto de salvamento

    8. Vara de salvamento

    9. Carretel amovível

    10. Prancha de salvamento

    11. Bandeiras de sinais

    12. Mala de primeiros socorros

    Material complementar ao posto de praia, não obrigatório, podendo osconcessionários adquiri-lo em coordenação com a Autoridade MarítimaLocal.

    1. Embarcação de pequeno porte, preparada para assistência abanhistas

    2. Viatura 4x4 preparada para assistência a banhistas

    3. Moto de salvamento marítmo para assistência a banhistas

    4. Moto 4x4 de assistência a banhistas

    5. Torre de vigia tipo 1, para praias vigiadas

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    6. Torre de vigia tipo 2, para praias não vigiadas

    6. Binóculos de aproximação

    2. Descrição do Material Obrigatório dos Postos de Praia

    2.1. Cercado de Protecção

    É um dispositivo de segurança e protecção do posto de praia, consti-tuído por:

    1. Quatro estacas espetadas na areia, aproximadamente com ummetro de altura acima do solo

    2. Forma quadrada com 2.5 m de lado

    3. Topos superiores rodeados por uma retinida (cabo) para suadefesa

    Só em caso de necessidade deve ser utilizado o apetrechamento que

    está dentro do cercado, isto é, quando houver necessidade de prestarqualquer socorro.

    2.2. Armação de Praia

    É uma construção metálica que forma o posto de praia, é constituídapor:

    1. Dois prumos verticais ligados por travessas

    2. Um caixilho onde se colocam instruções sobre os

    procedimentos a tomar, na parte superior da construção  A Lado A: Conselhos aos Banhistas e Nadadores

      B Lado B: Número de Emergência Nacional (112) enúmero da Autoridade Marítima

      C As instruções e conselhos serão convenientementeprotegidos por Acrílico (PMMA) ou outro materialapropriado de forma a serem lidas com facilidade

    3. Os quatro ganchos que se encontram nos prumos lateraisservem para colocação dos meios de salvamento

    2.3. Mastro de SinaisMastro que se destina a hastear/arrear as bandeiras de sinais informati-vas do estado do mar, visível de toda a concessão de praia. Deverá serposicionado na área adjacente do posto de praia.

    2.4. Bandeiras de Sinais

    São bandeiras destinadas a indicar a perigosidade ou possibilidade detomar banho ou nadar e devem ser içadas no mastro com a alturanecessária para ser visível. As bandeiras devem ser de lele ou de nylon,de um único pano com as dimensões mínimas de 70 x 46 cm.

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    2.6. Bóia Torpedo

    É uma bóia de formato como mostra a gura, com um comprimentode 70 cm com 3 pegas, duas laterais e uma traseira e deve satisfazer asseguintes condições:

    1. Ser Fabricada em material plástico muito resistente de corlaranja

    2. Ter uma utuabilidade de +/ – 250 kg podendo rebocar 1náufrago inconsciente ou 3 cansados

    3. Ser composta por corpo ou bóia, cabo de 2.20 m decomprimento amarrado numa das suas extremidades, e umcinto de 70 cm no seguimento do cabo, o qual é colocado atiracolo do NS, a m de fazer o reboque

    2.7. Barbatanas (Pés de Pato)

    Barbatanas de borracha que devem satisfazer as seguintes condições:

    1. Terem tamanho apropriado ao NS

    2. Serem de cor vermelha ou amarela

    3. Serem utuantes

    4. Possuir xação ao calcanhar por tira de borracha

    4. Estarem penduradas no posto de praia

    2.8. Cinto de Salvamento

    É um cinto de forma rectangular, como mostra a gura, de materialesponjoso super resistente e exível, o que permite moldá-lo em tornodo tronco do náufrago. Deve satisfazer as seguintes condições:

    1. Ter cor vermelha e medir 100 x 14 x 7.5 cm

    2. Ter nas suas extremidades um mosquetão e uma argola, paraunião, onde é preso um cabo com 2 m de comprimento quetermina numa cinta de 70 cm, utilizada a tiracolo do NS a m defazer o reboque.

    2.9. Prancha de Salvamento

    A prancha de salvamento é fabricada em poliuretano expandido, reves-tida a resina de poliéster com bra de vidro. Deve satisfazer as seguintescondições:

    1. Ter cor laranja e as iniciais do ISN a vermelho

    2. Ter como medidas máximas o comprimento de 280 cm por60 cm de largura e peso de 6 kg.

    3. Dispor de seis pegas laterais

    A prancha pode também ser usada como maca de evacuação impro-visada.

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    2.10 Carretel Amovível

    É um cilindro metálico que gira em torno de um eixo, cujas extremi-dades assentam nos suportes existentes nos prumos da armação depraia. Deve satisfazer as seguintes condições:

    1. Dispor de um suporte metálico que o torna autónomopermitindo que assente na areia da praia

    2. Ter um cabo com 220 metros de comprimento, presa por umdos chicotes a uma ranhura do tambor e pelo outro a um gatode barbela metálica que prende o cinto de salvamento (transportado pelo NS quando vai em socorro de um náufrago)

    3. Ter cabo de nylon (leve e resistente), com 8 a 10 mm dediâmetro e de cor laranja

    Em caso de necessidade poder-se-á ligar também a retinida da bóia cir-cular ao carretel, obtendo-se assim uma cabo de 236 metros.

    2.11. Vara de Salvamento

    É uma vara leve de alumínio, podendo ser de cana-da-índia ou de outromaterial aconselhável, de fácil manejo. Deve satisfazer as seguintescondições:

    1. Ter pelo menos 5 metros de comprimento

    2. Ter na extremidade mais delgada um arco em forma de raquete,de material rijo, bastante leve e macio.

    A vara pode ser estendida a qualquer pessoa que caia à água e estejaem perigo, que deverá procurar agarrar-se ao aro ou ená-lo num dosbraços, de modo a poder ser puxada para junto do salvador.

    Este objecto está colocado verticalmente junto à armação do posto depraia e pode ser retirada facilmente por qualquer pessoa, em socorrode outra que esteja em perigo.

    2.12 . Mala de Primeiros Socorros

    de material impremiavel, com protecao aproipriada, e deve estar identi-cada: mala de primeiros socorros. contendo o seguinte material:

    1. Duas Máscaras de reanimação

    2. Spray analgésico

    3. Materiasl de limpeza e desinfectante

    4. Compressas

    5. Ligaduras

    6. Adesivo anti-alergico

    7. Pensos rapidos

    8. Pinça

    9. Tesoura

    10. Pomada para queimaduras solares

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    12. Soro seológico

    13. Luvas de látex

    14. Manta térmica

    15. Três colares cervicais (pequeno, médio, grande)

    3. Material Complementar ao Posto de Praia

    Nas praias onde se justique poder-se-á acrescentar o seguinte materialcomplementar do Posto de Praia.

    3.1. Embarcação de Praia, Mota 4x4 ou Mota de SalvamentoMarítima e Viatura Sea-Master 

    A embarcação de praia é uma embarcação pneumática ou de bra comcaixa-de-ar, devendo estar provida de meios de salvamento e ser man-tida próxima da água, de forma a ser utilizada o mais rápido possível.

    3.2. Linha com Flutuadores

    É constituída por uma linha de nylon, com 220 metros de comprimento,com utuadores espaçados de 2 em 2 metros. Utiliza-se em praias, naszonas de banhos, para delimitar a concessão e simultaneamente paraproteger os banhistas que não sabem nadar ou nadam mal. Ficando umdos chicotes (cabo) preso ao fundo do mar e o outro preso na praia.

    3.3. Binóculos

    Material auxiliar que permite ver e auxiliar com o apoio de meios decomunicação à distância

    3.4. Meios de Comunicação

    Nas praias os sistemas de comunicação são cada vez mais importantesno bom desempenho do socorro e emergência. Para além da utilizaçãode rádios de dois sentidos (e.g. VHF, UHF), são cada vez mais utilizadosos telefones móveis com capacidade para funcionar como walkie-talk,numa rede predenida, premindo apenas um botão, ou activando exter-namente o sistema integrado de emergência médica (SIEM) através do(112), registando automaticamente as horas em que os meios são accio-nados, aspecto importante no registo de incidentes e na melhoria dotempo de resposta.

    Também têm sido utilizados com sucesso, os sistemas de mensagensSMS, através de mensagens pré-escritas, descrevendo diferentes tiposde ocorrências ou locais da praia. Esta função permite reduzir grande-mente os tempos de comunicação e aumentar a quantidade de infor-mação na fase de alerta. Um protocolo com a Fundação Vodafone tempermitido a distribuição de telefones móveis ao posto de praia, dandocobertura nas praias com este sistema tão ecaz.

    A inscrição do número do NS especíco das diversas zonas balneares

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    permite um accionamento rápido do salvamento aquático, facilitadopela extensa divulgação e utilização de telefones móveis por parte doscidadãos.

    Algumas praias dispõem de torres xas de acesso (S.O.S), que permitema qualquer pessoa aceder ao socorro premindo apenas um botão parafalar. As torres são alimentadas por painéis solares.

    3.5. Placas de Sinalização

    A sinalização das praias é feita por placas de sinalização, construídasem contraplacado marítimo, pintadas a branco com uma bordadura avermelho. As placas têm as seguintes características:

    1. 85 cm comprimento

    2. 40 cm altura

    3. 0,5 cm espessura

    4. 4 cm largura das faixas de cor5. 22 cm altura das faixas brancas ou vermelhas dos postos

    6. 50 cm diâmetro da placa “Zona Perigosa”

    7. 200 cm altura do poste (do chão à placa)

    8. A informação das placas é igual na frente e no verso

      A Escrita em quatro línguas ordenadas: Português, Francês,Inglês e Alemão (com as bandeiras correspondentes)

    B Fonte tipo ARIAL com 4cm altura

      C A informação é serigrafada

    9. Prumos para xação de Placa

      A Construídos em tubo metálico tipo ”Facar” 5x3 cm,com 200 cm de comprimento

    B Tratamento anti-corrosão (decapagem e metalização)pintados com duas demãos de tinta “epoxy” vermelha

      C Fechados no topo com um ponto de apoio, por forma asuportar a placa através de parafusos.

    Nota: As placas e os prumos terão de ser executados conforme asamostras existentes no ISN.

     3.6. Torre de Vigilância Tipo I

    1. Estrutura de madeira tratada que possibilita um plano deobservação mais elevado, garantindo uma melhor visão da áreaa vigiar

    2. Possuir uma cadeira e toldo para protecção solar

    3. Rampa para acesso rápido, seguro e frontal à frente de praia

    Esta torre de vigia destina-se a praias balneares vigiadas, estão associadas

    a um posto de praia e são posicionadas em áreas adjacentes a este.

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    2. Corpo

      A Parte que apoia na face do náufrago, com rebordomaleável que se ajusta à face de forma a fazer umavedação perfeita e estanque

    3. Bolsa de transporte

    3.10. Bloco de Notas e Lápis

    Para o registo de qualquer informação ou para a comunicação com pes-soas com deciência.

    3.11. Relatório de Salvamento

    O preenchimento dos relatórios é obrigatório e fundamental paraaumentar a qualidade do serviço prestado, constituindo uma compo-nente essencial de qualquer intervenção do NS. O registo da informaçãopermite que o sistema alimente a sua memória e conhecimento, vistoque qualquer incidente ou acidente não relatado é como se não tivesseexistido.

    Actualmente as responsabilidades legais e jurídicas implicadas na activi-dade dos NS são muito grandes, pois podemos estar a lidar com danosextremamente sérios, tais como danos ambientais e físicos como aprópria vida humana – o valor mais protegido na Constituição daRepública Portuguesa. Também toda a actividade das companhias segu-radoras exigem relatórios e provas para assegurar a correcta actuaçãodos técnicos intervenientes.

    O preenchimento cuidado dos relatórios de acidente, e incidente con-stitui um mecanismo imprescindível de defesa e de prova da correctaactuação dos NS.

    Nota: Os NS antes de prestarem serviço nas áreas de JurisdiçãoMarítima deverão recolher os relatórios de salvamento na AutoridadeMarítima (Capitanias de Porto e Delegações Marítimas), para posteriorpreenchimento.

    Nota: Deverão ser efectuados impressos que poderão ser descarrega-

    dos a partir do site do ISN em forma de PDF. (cheiros Adobe Acrobat),este procedimento conduzirá a uma uniformização de preenchimento.Existe a possibilidade do preenchimento ser feito a partir da Internet(formulários electrónicos), o que criará à partida relatórios de basedigital, evitando a posterior introdução de dados, com os respectivoscustos.

     

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    CAPÍTULO 7

    Avaliação das Condições Ambientais

    Para que possa fornecer indicações aos banhistas, hastear as bandeirasde sinais e saber em todos os momentos qual a melhor estratégia eperigosidade para efectuar um salvamento, o NS tem de estar apto aavaliar as condições relacionadas com o ambiente – o tempo e o estado

    do mar.

    1. Estado do Mar 

    Em relação ao estado do mar ou dos planos de água, o NS deve ter emespecial atenção:

    1. Tipo de ondas

    A energia e força que a onda exerce dependem:

      a Velocidade do vento

      b Distância na qual o vento exerce a suainuência

      c Duração dos efeitos do vento

    2. Tipo de correntes

    3. Gradiente de praia

    4. Buracos

    5. Vento

    6. Maré

    7. Rebentação ou Surf 

    1.1. Formação e Rebentação das Ondas ou Surf 

    As ondas (formas ondulantes de energia, podendo percorrer distânciasde quilómetros) são causadas pelo efeito do vento sobre a superfície daágua, o seu tamanho depende de:

    1. Intensidade do vento

    2. Duração do vento

    3. Distância a que o vento se faz sentir

    4. Presença ou ausência de obstáculos e relevo de fundo

    Quanto maior for a duração e intensidade do vento, maior será aactividade das ondas. A formação das ondas obedece a um fenómenode propagação cíclico. Isto quer dizer que se forma um grupo de ondas,com intervalos de tempo iguais e distâncias constantes entre elas (Set,conjunto de ondas), mas com maior intensidade no nal do set.

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    Esta distância é directamente proporcional à força do vento. O queacontece, na maior parte dos casos, é um fenómeno de sincronizaçãoentre a ondulação e o vento, que tem como consequência o aumento daonda. Entre os sets, ocorre um fenómeno de acalmia denominado sota.

    À medida que a onda passa, as partículas de água não avançam nadirecção da onda, mas completam uma órbita voltando ao ponto de

    partida. Quando as ondas entram em zonas de menor profundidade, ocontacto (atrito) com o fundo diminui a velocidade das camadas maisbaixas, atrasando-as e fazendo com que as camadas superiores ganhemaltura, avancem, se precipitem e rebentem.

    1.1.1. Tipos de Ondas

    1. Onda mergulhante

    A Este tipo de onda rebenta sempre com uma forçatremenda e pode, facilmente, atirar um nadador parao fundo do mar. Ocorrem geralmente na maré baixa,

    quando a água nos bancos de areia é baixa.2. Onda progressiva

    A Esta onda aparece quando a crista da onda (o seutopo) rebenta à frente de si. Surgem principalmente navazante, pois nesta altura há menor altura de água acimados bancos de areia sobre os quais a onda rebenta.

      B Podem formar os tubos ou túneis.

    3. Onda espraiada

    A Esta onda apenas rebenta quando chega à linha de praia.Esta situação deve-se ao facto de haver uma grande

    profundidade de água, de forma que a onda não perdevelocidade e, portanto, não ganha altura.

    B Este tipo de onda é extremamente perigoso porquequando rebenta pode derrubar os banhistas earrastá-los para o fundo.

    1.1.2. Tipo de Correntes

    1. Correntes de maré

      A As correntes de maré são causadas pela subida ou

    descida da maré. Estas correntes nem sempre úemna direcção ou contra a direcção da praia. Podem uirparalelamente ou em ângulo em relação à margem. Istoocorre sobretudo na entrada de baías, enseadas ou fozde rios.

    2. Correntes de mar

      A As correntes de mar são causadas pelo retorno ao marda água das ondas e são normalmente mais fortes ondea praia tem o gradiente mais acentuado.

      B As Correntes laterais podem ser produzidas por ondas

    rebentando sobre um banco de areia ou em ângulo emrelação à praia ou ambos.

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    3. Agueiros ou “Rip Current”

      A As “Rip Current” (‘agueiros’, ‘golas’, etc.) sãocorrentes de mar perigosas para os banhistas.

    A corrente do agueiro ou “Rip Current” é formada,após a rebentação das ondas na praia, pelo retorno daágua do mar no local de menor resistência e maiorprofundidade.

    B As “Rip Currents” podem ser:  a Estacionárias ou relativamente permanentes

      b Móveis

     Podem ser móveis ao longo de um segmen-•to de praia antes de desaparecerem

      c Súbitas

    Quando aparecem subitamente, podem ser•muito fortes, mas são de curta duração.

     Quando as condições do mar são calmas,•as correntes consequentemente são calmas.Mas quando as condições se agravam osagueiros vão-se tornando mais fortes,atingindo velocidades muito superiores àsvelocidades de nado olímpicas (aproximada-mente 2m.seg-1). Segundo estatísticas dosEstados Unidos mais de 80% dos acidentesnas praias resultam das vítimas serem suga-das por agueiros

      C Numa “Rip Current” deverá observar-se:

      a Cor da água, acastanhada devido ao

    arrastamento da areia do fundo  b Espuma à superfície da água, que se estende

    para além da rebentação

      c Tremura da água no agueiro quando em redor élisa (difícil de avaliar quando há vento)

      d Deslocamento de materiais e destroçosutuantes

      e Ondas maiores e mais frequentes nos doislados desta corrente

    Este tipo de corrente permanece na mesma• área durante meses ou mesmo anos, devidoao fundo do mar naquela zona não se alter-ar. Outros factores que podem contribuirpara este tipo de corrente são os fundosrochosos ou estruturas permanentes (Ex.:Pontão)

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      D Instruções a transmitir ao banhista relativamente aosAgueiros ou “Rip Current”:

      a. Nunca nade sozinho

      b. Seja sempre muito cauteloso, especialmentequando frequenta praias não vigiadas, em casode dúvida não tome banho

      c. Prera as praias vigiadas, onde a segurança é

    maior  d. Não tome banho em molhes e esporões

      e. Obedeça às instruções dos NS, que sabem ondese encontram os agueiros

      f. Se for apanhado num agueiro, mantenha-secalmo para não gastar energia, pense no quefazer

    Não lute contra a corrente, nade paralelo à•costa até sair do agueiro e depois dirija-separa terra

     Se não for capaz de sair do agueiro, utue•e deixe-se afastar até sentir que o efeito dacorrente vai diminuindo, quando estiver forado agueiro então nade para terra

     Se não for capaz de escapar do agueiro,•vire-se para terra, acene com os braços egrite por ajuda

      g. Se vir alguém em apuros num agueiro, chame deimediato o NS

    Se a praia não for vigiada ligue para o 112•

    Tente atirar à vítima algo que utue e tente•acalmar o banhista dando-lhe algumasinstruções

    Não se atire à água pois pode também•tornar-se uma vítima do agueiro

    Muitas pessoas morrem por tentarem salvar outras dos agueiros (Insti-tuto Hidrográco, 2006).

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    1.1.3. Gradiente de Praia

    É o declive mais ou menos acentuado que a praia apresenta na zona derebentação. Quanto mais acentuado for o declive, maior é o gradienteda praia e maiores são as ondas e rebentação junto à costa.

    1.1.4. Buracos ou Fundões

    Próximo das zonas de correntes de mar existem buracos que podem

    criar graves problemas aos banhistas.Os buracos aparecem paralelos à praia e podem ter uma profundidadevariável (desde alguns centímetros até alguns metros). Este tipo de situa-ção exige ao NS uma vigilância constante sobre os banhistas, especial-mente sobre os grupos de risco (idosos, crianças, etc.).

    1.1.5. Marés

    Geralmente, os oceanos atingem o seu nível mais alto (preia-mar), duasvezes por dia, com um intervalo entre cada preia-mar de, aproximada-mente, 12 horas e 25 minutos.

    A previsão meteorológica é fornecida pelos Serviços Meteorológicos,sendo possível obter informação como as temperaturas mínimas emáximas registadas no dia anterior ou a previsão para o próprio diapara várias cidades, a nebulosidade do céu, a hora do nascer e do pôr-do-sol e da lua e o horário da preia-mar e da baixa-mar.

    Vários serviços fornecem também Mapas de Superfície actualizados, quedeverão ser axados diária e regularmente.

    Os Mapas de Superfície representam linhas traçadas sobre cartas,que unem os pontos que têm a mesma pressão atmosférica (linhasisobáricas). Os mapas de superfície permitem a previsão da ocorrênciade vento ou calmaria, assim como da sua direcção. Permitem tambémprever a ocorrência de chuva.

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    1.1.6. Rios e Águas Interiores

    Os rios são, cada vez mais, locais procurados para a prática de activi-dades aquáticas. Para além de formarem cenários naturais espectacu-lares e idílicos, apresentam muitas vezes riscos e perigos sob uma super-fície aparentemente estável e calma. Actualmente decorrem nos riosinúmeras actividades, tais como o remo, a canoagem, o rafting, a descidade canhões (canyonning), entre outras, atraíndo um grande númerode pessoas para estes locais, o que exige, naturalmente, a presença detécnicos de segurança.

    Devido aos perigos acrescidos a quantidade do equipamento de pro-tecção individual para o resgate nos rios com águas correntes ou águasbravas é maior:

    1. Colete de utuação com utuabilidade e que possibilite totalmobilidade a nível dos membros superiores

    2. Botins de protecção aderentes com boa xação ao pé

    3. Capacete apropriado, perfurado para permitir o escoamento daágua

    4. Faca ou “corta-linhas” com bainha, para os casos de se operarcom cordas e cabos

    5. Fato isotérmico, com espessura adequada à temperatura da água

    6. Luvas de protecção mecânica e térmica

    Existe uma diferença muito marcante entre as águas correntes no mare nos rios. No mar as correntes na zona de rebentação sofrem o efeitocíclico das ondas, havendo uma fase de impacto, reuxo e interrupção.

    No rio a água corre ininterruptamente. Ficar, por exemplo, com um pépreso num espaço entre duas rochas do fundo, com água por altura do joelho, pode reter um indivíduo até ao esgotamento e morte por afoga-mento, se não for ajudado.

    A água doce, ao ter menor densidade, proporciona menor utuabilidadeaos nadadores. Em termos de temperatura, a água corrente provocaum escoamento de calor mais acelerado, provocando um arrefecimento

    muito superior às águas paradas.

    A corrente da água dos rios é inuenciada por vários factores, comoas irregularidades do leito, conguração e estreitamento das margens,saltos e rochas. Estes factores provocam ondas, remoinhos, marmitas,rolos, retornos, rápidos e contracorrentes, isto para não falar de con-struções humanas, como açudes, represas ou pesqueiras, que causamperigos únicos.

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    Os rios navegáveis classicam-se segundo o grau de diculdade e perigoapresentados para os transpor. Os graus variam entre o grau I, comáguas calmas e com pouca corrente e o grau VI, com um limite de di-culdade extremo, quase não navegável e potencialmente fatal.

    1.1.7. Retorno

    A água a cair sobre um obstáculo forma uma corrente de retorno sobre

    ele próprio. O efeito provocado é que tanto a corrente a montantecomo o a corrente de retorno, a jusante, úem para um buraco. Umretorno conserva nele tanto embarcações como nadadores que nelecaiam.

    1.1.8. Remoinhos

    O remoinho é um fenómeno visível à superfície da água e gera-se sem-pre que duas camadas de água, de diferentes velocidades, entram emcontacto uma com a outra, ocorrem na junção de dois rios e atrás degrandes obstáculos.

    Na eventualidade de ser impossível escapar à superfície devemos ir parao fundo e tentar sair obliquamente, apoiando-nos no fundo para darimpulso. Esta manobra de mergulhar é perigosa e deverá ser um últimorecurso de Auto Salvamento.

    1.1.9. Funil ou Escoadouro

    O Funil ou Escoadouro tem um aspecto à superfície idêntico aoredemoinho, só que a corrente drena sem interrupção através de umaabertura, um obstáculo extremamente perigoso.

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    CAPÍTULO 8

    Salvamento no Meio Aquático

    1. Princípios do Salvamento

    Em todos os salvamentos estão presentes 3 fases:

    1. Reconhecimento:

      A Constatar a emergência

      B Assumir a responsabilidade

      C Reconhecer as prioridades da emergência e quais osprocedimentos necessários

    2. Planeamento:

      A Planear a acção

      B Pensar antes de agir

    3. Acção:  A Efectuar o salvamento

      B Assistência prestada até à chegada da ajuda médica

    Técnicas de salvamento:

    C Alcançar

    D Lançar

    E Entrar na água com pé

    F Usar uma embarcação

    G Alcançar o náufrago por nataçãoH Rebocar o náufrago por natação

    Das técnicas baseadas em terra, a mais ecaz é a obtenção do alcancecom um meio auxiliar rígido (vara de salvamento). Os NS apenas devemusar técnicas que envolvam nadar quando as técnicas baseadas em terrafalharam ou não são apropriadas, por exemplo, por motivo de distânciaao náufrago ou ele estar inconsciente.

    Deve ser relembrado que as condições podem alterar-se durante osalvamento (uma pessoa consciente, pode passar a inconsciente, o NS

    falhou uma tentativa de lançamento, alteração do estado mar, etc.).Assim um plano de acção não deve nunca ser considerado nal e podeter de ser ajustado no decorrer da acção.

    Fases do salvamento:

    1. Reconhecimento

    A Alertar S.O.S. – 1ª Ajuda – (dirigida a outros NS,Autoridade Marítima, Concessionário, Viatura

    Sea-Master)

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      B Despir/vestir rapidamente a farda/fato para facilitar osalvamento

      C Vericar o número de vítimas ou de náufragos

      D Localizar onde se encontram

      E Avaliar as condições do mar (embora as deva tersempre presente)

    2. Planeamento

      A Optar pelo método de salvamento adequado à situação,após o reconhecimento (alcançar, lançar, caminhar,remar, nadar, rebocar)

    3. Acção

      A Seleccionar o meio de salvamento de acordo com ométodo denido no planeamento

    B Entrando rapidamente na água, aproxime-se do náufragosem nunca o perder de vista

    C A aproximação ao náufrago deve ser feita em nataçãode salvamento e com grande precaução

      D Logo que o náufrago esteja a distância audível (3 a 4metros aprox.), fale com ele e transmita-lhe calma econança

    E Avaliação do náufrago

    Perante a situação de:

    1. Nadador consciente

      A Fale com serenidade e dê ordens precisas, incuta

    conança, para facultar o meio de salvamento  B Desloque-se para uma posição segura face ao náufrago,

    (3 a 4 metros aprox.) interpondo o meio auxiliar deutuação

      C Não nade debaixo de água para assumir uma posiçãoposterior, pode causar pânico ao náufrago

    2. Nadador inconsciente

    A Sinalize gestualmente para a restante equipa (agite o

    braço sobre a cabeça) para que seja activada a 2ª –Ajuda – Chamar 112

      B Alcance rapidamente o náufrago inconsciente. Aceleridade é vital, se o náufrago ainda não está emparagem respiratória isso não tardará a acontecer

      C Observe continuamente o náufrago na eventualidade deele submergir

    D Agarre o náufrago, traga-o à superfície se estiversubmerso, verique as vias respiratórias e dê-lhe5 insuações

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      E Dê prioridade à estabilização do estado da vítima, e sódepois ocupe-se com o resgate

      F Resgate o náufrago de acordo com o método/meio desalvamento utilizado

      G Saia da água e transporte o náufrago para um localseguro

    Depois de uma abordagem abrangente do salvamento aquático, ondeforam apresentadas as 3 fases que constituem os salvamentos e o algo-ritmo de salvamento aquático, analisaremos com mais pormenor estedesencadear de acções.

    1.1. Algoritmo de Salvamento Aquático

    1.1.1. Categorias de Náufragos (NáufragoConsciente/Inconsciente)

    1.1.1.2. Náufrago Consciente Cansado

    1. Antes do Salvamento

      A Pode utilizar os braços e pernas para se aguentar àsuperfície

      B Normalmente encontra-se virado para terra

      C Pode submergir periodicamente

      D Pode repelir alguma água que entre na sua boca

      E Pode gritar a pedir por socorro

      F Aspecto cansado e assustado

    2. Durante o salvamento

      A Vericar se cumpre as instruções do NS

      B Vericar se colabora com o NS no regresso a terraajudando-o co