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Falta de comunicação entre os
proFissionais das áreas de elétrica e
de automação na execução de seus
respectivos trabalhos pode gerar
diFiculdades na hora da instalação e
desperdício de tempo e de dinheiro.
reportagem: paulo martins
é preciso seapro ximar
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apro ximarC irculando pelas grandes, médias e até pequenas
cidades brasileiras, é natural imaginar que a área da construção civil vai muito bem, tamanha é a quantidade de obras em andamento.
mas não é apenas impressão. apesar dos problemas que comprometem um desenvolvimento ainda maior, a pujança desse setor é comprovada pelas estatísticas. de acordo com o último levantamento do gênero feito pelo iBGE, o investimento das construtoras em incorporações, obras e serviços chegou a r$ 336 bilhões, em 2012.
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para atender à demanda do cresci-mento populacional, novos empreendi-mentos imobiliários pipocam a cada dia. mas não basta mais construir por cons-truir. nos últimos anos, tem aumentado o nível de exigência dos compradores de imóveis, que passaram a valorizar ainda mais os benefícios como conforto, prati-cidade e segurança.
outra tendência é a busca pela sus-tentabilidade, tanto na fase de constru-ção quanto durante o uso dos imóveis. de carona nessa onda verde que se propaga, o morador foi promovido de espectador a protagonista. agora, ele pode gerar sua própria energia, geren-ciar o consumo de eletricidade e assim contribuir para o melhor aproveitamen-to dos recursos naturais.
tudo isso se deve a dois fatores fundamentais: o aumento do poder aquisitivo no país e a evolução da tecnologia, que permitem o acesso de uma parcela cada vez maior da po-pulação a novos produtos e serviços antes inalcançáveis ou inimagináveis.
com um simples toque em um pai-nel, tablet, smart phone ou controle remoto, é possível ativar recursos de iluminação e programar eletrônicos e eletrodomésticos em qualquer ambien-te da casa. a interface que possibilita tudo isso é a automação, a especiali-dade que contribui para deixar nossos lares cada vez mais funcionais e inteli-gentes. um detalhe nesse contexto é que a democratização da tecnologia é uma tendência que ganha força. assim, além das construções de alto padrão, determinados recursos de automação passaram a frequentar também os lares da classe média.
observo ao leitor que a revista não pretende dar seguimento aqui a qual-quer tipo de análise sociológica ou eco-nômica do quadro descrito. Esta intro-dução visa apenas posicioná-lo sobre o potencial de crescimento de um recurso cada vez mais presente em nosso dia a dia - a automação residencial e predial.
na sequência sim, ficará claro o propósito da reportagem: alertar
O desenvolvimento de um projeto executivo de instalações, tanto no âmbito da elétrica, quanto da automação, é por si só um trabalho complexo.José RobeRto MuRatoRi | auReside
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para a necessidade de se investir na infraestrutura e na qualificação para que o país consiga acompanhar me-lhor o ritmo da revolução que se de-senha. afinal, tão importante quanto produzir e adquirir novas e futurísti-cas tecnologias, é preciso aprender a integrá-las ao mundo real e às con-dições que dispomos hoje, de forma que os benefícios se complementem e multipliquem.
dito tudo isso, é o momento de avançarmos para a questão central da matéria - um problema comum que
tem chamado a atenção de vários es-pecialistas do setor eletroeletrônico. trata-se da falta de comunicação entre os profissionais das áreas de elétrica e de automação na execução de seus respectivos trabalhos, em um mesmo empreendimento.
Eis o roteiro da encrenca: imagine uma casa ou apartamento qualquer, em fase adiantada de construção. a turma da elétrica faz seu projeto e instala os dispositivos padrões - qua-dros, caixinhas, fios, etc. passado al-gum tempo, chega o pessoal da auto-
mação - que normalmente é um dos últimos a entrar numa obra -, e faz sua parte. detalhe: em nenhum momento eles se falaram. mas, para que o mo-rador possa usufruir na integralidade aquilo que se espera dos sistemas, e dentro da previsão de custos traçada, é preciso que haja total integração entre as áreas, pois elas dependem uma da outra. invariavelmente, esse desencontro tem como resultado o re-trabalho, desperdício de tempo, dor de cabeça para o proprietário e prejuízo para as empresas envolvidas.
curiosamente, não existe uma ri-validade declarada entre os times de elétrica e de automação. portanto, não é proposital quando um não deixa es-paço (físico, mesmo) para o outro en-trar. a lição principal a ser aprendida é que, apesar de todo o avanço tec-nológico registrado nos últimos anos, nada substitui a boa e velha conversa.
Produzir e adquirir novas tecnologias é muito importante, mas é preciso aprender a integrá-las ao mundo real e às condições que dispomos hoje.
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de acordo com José roberto mu-ratori, diretor-executivo da aureside (associação Brasileira de automação residencial), o fato do próprio con-tratante não ter o escopo de traba-lho bem definido tende a originar o problema. assim, quando os projetos são iniciados, alguns serviços podem ser contratados em épocas diferentes. “Sem a compatibilização de escopos, podemos ter redundâncias e sobrepo-sições, ou, o que seria ainda pior, la-cunas importantes no tratamento dos sistemas, prejudicando sensivelmente a futura integração”, aponta.
integRaçãoalguns serviços podem ser contratados em momentos
diferentes da obra, daí a necessidade de se trabalhar o
projeto pensando na elétrica e na automação.
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o especialista conta que já sentiu o problema na pele na empresa que dirige, a marbie Systems: “atuamos na área de projetos de automação e é muito comum encontrar tanto incom-patibilidade entre o escopo nosso e dos projetistas de instalações elétri-cas quanto a falta de clareza de quem contrata, com relação aos resultados esperados para o empreendimento em questão”.
conforme contextualiza o profes-sor e consultor Hilton moreno, o pro-blema se confunde com os próprios
desdobramentos do mercado. Vale fa-zer aqui o seguinte posicionamento: as instalações elétricas, como conhe-cemos hoje, existem há muitas déca-das. Já a automação residencial é bem mais recente, atingindo maior difusão nos últimos vinte anos.
no começo, os recursos da auto-mação eram limitados. abrir e fechar uma cortina, por exemplo, era um grande feito, mas não exigia muito do sistema elétrico. com o passar do tempo o sistema evoluiu e agregou outras funções. teve também a fase
de prover status e luxo, mas hoje a automação se tornou inclusive um eficiente instrumento para promover a eficiência energética, evidenciando cada vez mais a ligação com a área elétrica. “ao longo dos últimos anos aumentou a quantidade de tipos de automação, de produtos e de forne-cedores. a partir do momento em que tudo se multiplica muito, começa a ha-ver problema na obra, quando não se faz a previsão da infraestrutura elétri-ca no início”, explica Hilton, também diretor da revista potência.
CoMuniCaçãoa troca de informações entre os profissionais pode, inclusive, elevar o nível de qualidade das instalações de elétrica e automação predial.
transtorno para o morador, prejuízo para as empresas
para quem está se perguntando o que, afinal, pode dar tão errado as-sim, os especialistas têm as respostas na ponta da língua. conforme explica david Jugend, diretor geral da Jugend Engenharia, escritório de São paulo (Sp), os projetos de automação predial implicam na interface entre as duas disciplinas de modo que as funções de automação especificadas possam atu-ar nos sistemas e quadros elétricos, e
assim cumprir adequadamente o que se espera da instalação como um todo.
Segundo ele, entrar bem depois na obra gera um transtorno enorme para os projetistas de automação, porque as soluções dos outros projetos já es-tarão praticamente prontas. assim, conseguir que as mesmas mudem tor-na-se um processo trabalhoso e des-
gastante. “infraestrutura é consequên-cia, e não causa. ou seja, depende dos conceitos iniciais adotados no projeto. não pode ser feita de qualquer jeito, sem critérios firmes com relação aos sistemas eletrônicos a serem implan-tados”, alerta Jugend.
Quando isto acontece, a bomba estoura na mão do projetista de auto-
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mação que entra depois no processo e é obrigado a tentar ajustar a infraes-trutura, o que muitas vezes é impos-sível. “E, se não houver um projetista eletrônico no processo, quem sofre é o instalador, que vai ter que rever tudo com o prédio já quase pronto e a infraestrutura já instalada”, com-pleta Jugend.
Ítalo Batista, diretor-proprietário da proerg Engenharia e projetos, de Belo Horizonte (mG), confirma que a ausência de sintonia pode gerar falta de previsão de infraestrutura e retra-balhos futuros. “E, normalmente esse profissional de automação não é es-pecializado em projetos, mas sim em execução e instalação, o que dificul-ta ainda mais o processo”, lamenta.
Batista diz que além de desgastar o relacionamento com o cliente, a fal-ta de integração pode exigir interven-ções na obra para que as condições necessárias à instalação da automa-ção sejam atendidas. “isso leva a um maior custo do sistema e nem sempre é possível executar a melhor solução técnica”, destaca.
Hilton moreno também fala sobre os riscos de adaptar tardiamente um imóvel: “Quando está no fim da obra alguém lembra da automação, e aí fica complicado introduzir essa tecnologia por questões de layout e de falta de eletrodutos e de canaletas. pode até faltar espaço para instalar uma segun-da infraestrutura”.
detalhando um pouco mais a questão, david Jugend explica que a interface entre as duas disciplinas se traduz, do ponto de vista elétrico, em sua forma mais simples: em borneiras que espelham os pontos de automa-ção liberados pelo sistema. por exem-plo: se vai ser comandado um circui-to de luz, na atuação vamos ter um ponto de comando para ligá-lo e um ponto de supervisão para saber se o circuito efetivamente ligou. “do lado do projeto elétrico, isto implica em gerar, além dos diagramas unifilares dos vários quadros, como iluminação e bombas, os diagramas de comando que permitam que a parte elétrica do sistema responda adequadamente à de automação e que o conjunto fun-
a automação é lembrada apenas no final da obra, o que dificulta a introdução dessa tecnologia por questões de layout e de falta de
estrutura.Hilton MoReno | HMneWs editoRa
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cione como tem que ser”, diz. diagra-mas de comando são um dos proble-mas deste relacionamento, pois ain-da existem empresas que não têm a cultura de elaborá-los e de deixar as borneiras compatíveis conforme des-crito em seus quadros. “aí, automa-tizar uma planta predial ou mesmo industrial se torna uma tarefa mais árdua”, expõe Jugend.
conforme relatado pelos entrevis-tados, é comum no Brasil o respon-sável pela construção da edificação contratar o profissional de automação depois que o projeto elétrico foi con-cluído. mas a partir de que momento seria ideal que houvesse a ‘conversa’ entre os setores de automação e elé-trica e que vantagens isso propicia?
na opinião dos especialistas con-sultados nesta matéria, o mais ade-quado é que a contratação do sistema de automação ocorra logo na concep-ção do edifício, juntamente com os de-mais projetos, como elétrica, hidráu-
lica e ar-condicionado. “Sem dúvida, o melhor momento seria aquele da concepção do projeto de arquitetura, que é onde tudo começa. ou seja, os projetos deveriam ser contratados no momento inicial”, reforça Ítalo Batis-ta. Entre os benefícios possíveis, ele cita que a solução técnica será a mais adequada à edificação e mais barata, se feita já a partir da concepção dos projetos. “além disso, não acarretará retrabalho e intervenções no anda-mento da obra”, menciona.
david Jugend concorda: “come-çando todos juntos, o relacionamen-
No Brasil, é comum o responsável pela construção da edificação
contratar o profissional de automação apenas depois que o
projeto elétrico foi concluído.to entre os projetos é estabelecido no início, tornando muito mais fácil a compatibilização dos mesmos, tanto na parte física de infraestrutura e lo-cação de equipamentos como na par-te lógica, viabilizando com tempo as interfaces adequadas”.
José roberto muratori observa que o desenvolvimento de um projeto exe-cutivo de instalações, tanto no âmbito da elétrica quanto da automação, é por si só um trabalho complexo e até exaustivo. por isso é altamente reco-mendável esgotar todas as dúvidas e questionamentos na fase inicial dos
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projetos, evitando futuros desgastes que geram atrasos e possíveis pro-blemas na obra. “Se a compatibi-lização de escopos e de objeti-vos for feita inicialmente e de forma consistente, o trabalho posterior de detalhamento do projeto será muito amenizado e mais ágil”, acredita.
para Hilton moreno, os benefícios da integração no tempo certo é extensi-vo aos três lados: pessoal da elétrica, turma da au-tomação e, principalmen-te, para o cliente. na sua opi-nião, o contratante é beneficiado nos aspectos econômico e de resultados. “Quando se trabalha junto no projeto integrado, o resultado vai ser o custo da instalação menor e a melhor solu-ção possível”.
o consultor destaca que o fato de iniciar junto o trabalho pode permitir em muitos casos o compartilhamento da infraestrutura - o que seria muito
difícil, com as etapas sendo feitas em momentos distintos. “a princípio, não pode colocar no mesmo eletroduto um cabo de sinal, que seria de automação, junto com um cabo de elétrica. mas pode, por exemplo, colocar o cabo de energia em uma divisão interna
de uma canaleta e na outra divisão o cabo de automação. pode fazer isso também em uma eletrocalha ou per-filado. Quando faz com planejamento, dentro do que a norma nBr 5410 per-mite, consegue-se até compartilhar a infraestrutura”, informa Hilton.
a ausência de sintonia entre os profissionais pode gerar falta de previsão de infraestrutura e retrabalhos futuros.Ítalo batista | PRoeRg
mercado cobra melhor qualificação profissional
e normalização apesar de ainda persistir, o proble-
ma gerado pela precária comunicação existente entre elétrica e automação já foi pior no passado. o próprio cres-cimento da aplicação da automação
tem ampliado essa cultura no país e forçado uma maior integração entre os profissionais das mais diversas áreas.
outro fato que pode contribuir para minimizar esse impasse é o advento da tecnologia sem fio. Graças a ela, a au-tomação depende cada vez menos da estrutura física de elétrica. Entretanto, segundo a opinião de alguns especia-listas, esse sistema ainda não consegue atender todas as demandas.
conforme aponta Hilton moreno,
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a tecnologia sem fio de fato tem aju-dado a reduzir os conflitos, mas ele observa que dificilmente será possí-vel manter um sistema como esse em 100% de áreas muito grandes. além disso, equipamentos como dimmers, modens, painéis de comando e senso-res ainda dependem de alimentação elétrica. “Sem fio minimiza o proble-ma, mas a elétrica sempre vai ter que deixar prevista alguma coisa para a automação”, resume.
para Ítalo Batista, da proerg, a tec-nologia sem fio contribui em parte nessa história. “o wireless resolve o problema para aplicações que não demandam banda larga, ou seja, maior velocidade.
usuáRioa aproximação entre os
profissionais permite ao cliente economizar dinheiro e receber uma
instalação de melhor qualidade.
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Hoje, com a demanda de aplicações de vídeo via internet, a necessidade de ban-da larga é um fato. com isso é neces-sário o uso de cabos tecnologicamente adequados”, destaca.
david Jugend entende que a tecno-logia wireless destina-se a aplicações limitadas, pois teria alcance restrito e estaria sujeita a interferências, o que é um problema, quando se busca a segu-rança dos sistemas. “a rede sem fio é uma extensão da rede com fio, que é o cabeamento estruturado que tem que ser implementado. Em situações muito específicas, são utilizados alguns ele-mentos wireless em automação e segu-
rança. o restante é todo cabeado, seja na forma de rede de dados, seja com cabos específicos, dependendo da ne-cessidade, do produto envolvido e da aplicação”, analisa.
Jean pascal nathan de Simone, di-retor da Flex automation, fabricante brasileira de produtos e soluções para automação, destaca que a tecnologia sem fio “minimiza qualquer dor de cabeça”, mas reconhece que persiste alguma dependência do meio elétrico. “Eu ainda tenho que ligar o aparelho. Sem fio é apenas o comando. ou seja, não preciso dos cabos de comando, mas continuo tendo que usar os cabos de alimentação”, sintetiza.
Segundo Jean, que é representante na américa latina da Z-Wave alliance, organização de fomento do protocolo de automação residencial Z-Wave, quando
avançoO número de usuários de automação predial tem crescido no Brasil, fato que exige melhor preparo dos profissionais.
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se aplica a tecnologia sem fio num projeto, as in-tervenções eventu-almente necessá-rias nas instalações elétricas são mínimas. Ele cita um caso em que a empresa responsável pelo projeto elétrico esqueceu de preparar a estrutura para automatizar a per-siana da sala de todos os apartamentos de um edi-fício. “conseguimos resolver o problema principalmente devido à tecnologia sem fio”, comenta.
Jean diz que o sistema sem fio é apli-cável inclusive em um espaço que não foi preparado para receber automação, como é o caso das construções mais an-tigas: “mesmo nos casos de retrofit, o fato de ser sem fio minimiza demais o nível de intervenções que tem que fazer. dependendo do nível de recursos que a pessoa quer, a automação com fio se torna inviável no retrofit”.
o especialista explica ainda que a tecnologia wireless permite uma redu-ção de pelo menos 20% em materiais
Na formação dos profissionais, o direcionamento para a interface entre as disciplinas de elétrica e automação seria importante em ambos os cursos.david Jugend | Jugend engenHaRia
como conduítes, co-bre, caixas de passa-
gem e quadros, além de mão de obra, quando
comparada com a automação ca-beada.
comparações de tecno-logia à parte, existem ou-tros instrumentos que, na opinião dos entrevistados, podem contribuir para solu-cionar os problemas mencio-
nados. um deles é a melhor qualificação nas escolas que formam técnicos, tecnó-logos e engenheiros, que são os profis-sionais que normalmente vão lidar com os dois assuntos - elétrica e automação.
para Hilton moreno, os profissio-nais que desempenham suas funções nas áreas de projeto e instalação de-veriam ter na sua formação aulas das duas disciplinas integradas. “não é que o mesmo profissional precisa conhe-cer muito dos dois assuntos. Ele pre-cisa saber que existem os dois lados”, diz. Entretanto, o especialista consta-ta que esses temas ainda têm pouca ênfase nos atuais currículos escolares. “instalação elétrica é um assunto meio que marginal nos cursos técnicos, tec-nológicos e de engenharia elétrica. a automação, então, está numa posição mais secundária ainda”, critica.
Hilton cita uma situação na qual a informação e o conhecimento pode-riam fazer muita diferença: é bastante comum que o proprietário de um imó-vel em construção sequer cogite, num primeiro momento, colocar automação no ambiente. mas, na opinião de Hilton, hoje é praticamente inconcebível elabo-
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rar um projeto que não preveja nenhum recursos de automação: “o projetista de elétrica deveria tomar algumas pro-vidências básicas no projeto, para que o dia que o morador quisesse fazer auto-mação, não precisasse quebrar o pré-dio. Só que falta conhecimento para o pessoal da elétrica, no sentido de deixar o mí-nimo necessário para al-gum dia lá na frente entrar a automação”.
aproveitando a deixa, Hilton volta a mencionar que a simples comunicação também poderia ajudar em casos como esse. “Se o profissional de elétrica entendesse mais de automação, se o pro-fissional de automação entendesse mais de elé-trica, ou se cada um só en-tendesse da sua área, mas eles se falassem durante o pro-jeto, tudo isso seria facilmente resolvido”, finaliza.
david Jugeng confir-ma que quando estu-dou não havia disciplina de elétrica nos cursos de eletrônica e acredita que o direcionamento para in-terface entre as disciplinas de
elétrica e automação seria importante em ambos os cursos. de acordo com ele, a Jugend Engenharia está aten-ta a essa integração o tempo todo e procura qualificar seus colaboradores.
“Somente terminamos o projeto de automação das disciplinas
de elétrica, hidráulica e de ar-condicionado quando temos em mãos as ver-sões finais desses pro-jetos. aí elaboramos lis-
tas de pontos detalhadas para cada quadro, equipa-
mento e sistemas, como medi-ção, bombas, iluminação, etc.
para isto, todos os proje-tistas são exaustivamen-te treinados para ler os projetos elétrico, hidráu-lico e de ar-condicionado
e extrair as informações necessárias para gerar a
interface adequada entre estes projetos e aqueles dos siste-
mas eletrônicos descritos”, relata.
Ítalo Batista também aposta na qualificação mais completa para que o
mercado evolua. “a abra-sip-mG, que é a associação
da qual participamos e somos sócios-fundadores, promove sistema-ticamente treinamentos com profis-sionais reconhecidos da área e forne-cedores de materiais e equipamentos destinados a esse fim. a proerg, além de participar desses programas, promo-
O projetista de elétrica deveria tomar algumas providências básicas
no projeto, para que o dia em que o morador quisesse fazer automação,
não precisasse quebrar o prédio.
evoluçãoOs prédios mais novos e modernos têm colaborado para o avanço da automação no Brasil.
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pelo menos para Jean de Simone, diretor da Flex automation, a falta de integração entre as equipes de elétrica e automação não chega a ser um gran-de estorvo. isto se deve não só ao fato da empresa ter um portfólio baseado nas soluções wireless, mas principalmente ao sistema de trabalho adotado pela companhia. “Executamos serviços em muitos prédios, que são entregues totalmente automatizados. E temos índice zero de problemas”, orgulha-se o especialista.
o diferencial da empresa é perceptível já no mo-mento do contrato com os responsáveis pela obra. o primeiro passo é fechar um pacote completo com a construtora, incluindo o fornecimento, a instalação e a programação das soluções. “a contrapartida da construtora é deixar a infraestrutura elétrica adequa-da para aquele projeto”, revela Jean.
Ele explica que uma das primeiras etapas a serem executadas é a compatibilização entre os projetos elétrico e de automação. um ponto que ajuda bastante é o bom rela-cionamento existente entre os profissio-nais dessas áreas: “no momento em que a construtora fecha com a gente, ela já nos informa qual empresa é responsável pelo projeto elétrico daquela obra. normal-mente são as maiores do mercado, então a gente já conhece todas elas, que também já nos co-nhecem e sabem como fun-ciona a automação Z-Wave”.
na sequência um proje-tista da Flex se reúne com a empresa responsável pelo projeto de elétrica. as partes se entendem sobre os recursos de au-tomação que terá o empreendimento e definem a infraestrutura elétrica que será necessária.
a obra tem início e, no momento em que a construtora começa a rasgar a pare-de para passar dispositivos como conduí-tes e caixas, a Flex faz uma vistoria in loco
- normalmente existe um apartamento modelo - para checar se o combinado está sendo seguido. as torres vão subindo normalmente e, na hora de entrar com os recursos de automação, a Flex faz outra vistoria em cada unidade. todo esse trabalho evita deslocamentos em vão da equipe e dos equipamentos a uma obra que eventualmente não esteja com a infraestrutura elétrica toda preparada. “Quando a construtora começa a en-tregar os apartamentos, eles sinalizam para a gente. Fazemos a vistoria e já alertamos para que eles vol-tem em caso de problema. não deixo meu funcionário perdendo tempo lá”, observa Jean.
apesar de toda precaução, Jean conta que já se deparou com barreiras para fazer o trabalho de auto-mação. Foi feito o devido o check-list, mas o pessoal da elétrica ‘comeu bola’ em determinado momento.
Quando o problema é grave, a solução é acionar os responsáveis. mas, em casos
mais simples, a própria Flex já providen-ciou o ‘conserto’ da situação.
“uma vez faltou um cabinho, que estava em contrato. Eu não puxo
fio. por isso faz parte do pro-jeto. mas chegamos na obra e não havia o cabo para in-terligar um determinado dis-
positivo. naquele momento a gente julgou que era menos
complicado ir na loja e comprar um rolo de cabo. nós mesmos passamos o fio e ficou por isso mesmo”, conta Jean. Existe ainda outra caracterís-
tica que diferencia o trabalho da Flex. Segun-do Jean, a empresa foi a primeira a vender soluções de automação diretamente para as construtoras - até então, sempre haviam in-termediários nesse processo. “nós quebramos
esse paradigma. chegamos mais próximos da construtora e acho que por isso não er-ramos, ou erramos pouco: porque estamos
muito perto deles”, acredita.
Vistorias prévias evitam surpresas desagradáveis na obra
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ve regularmente treinamentos internos para seus colaboradores”, garante.
José roberto muratori confirma que ainda não existe formação acadê-mica na área de automação predial ou residencial. o país tem apenas cursos isolados e de fabricantes que tentam suprir esse lapso. desta forma, o espa-ço tem sido ocupado por profissionais oriundos tanto da elétrica quanto de áreas correlatas. dando sua parcela de contribuição para o mercado, a aure-side mantém um programa de capaci-tação e atualização para profissionais
de automação. inclusive, existem cur-sos que dão ênfase à parte elétrica e à formação de especialistas com visão de integração.
Segundo os entrevistados ouvidos nesta matéria, existem outras medidas importantes que poderiam ser tomadas pelo mercado. uma delas envolve o con-tato mais próximo entre as associações que representam as áreas e os profis-sionais envolvidos no tema. também é importante haver maior divulgação para conscientizar o consumidor, ou seja, os proprietários de imóveis, a respeito das novas tecnologias que surgem e as pos-sibilidades que elas proporcionam.
Segundo muratori, seria impor-tante que os contratantes também
compatibilização entre os projetos elétrico e de automação deve ser uma das primeiras etapas a serem executadas em uma obra.Jean PasCal natHan de siMone | Flex autoMation
Casasconstruções residenciais também exigem atenção dos profissionais envolvidos.
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fizessem a sua parte, desenvolvendo memoriais e cadernos de especifica-ções desejáveis para orientar minima-mente os projetistas: “normalmente encontramos esses cadernos repletos de recomendações normativas, mas é obrigação do projetista ter conhe-cimento prévio disso. o que estamos falando aqui é de um caderno de atri-butos e características desejáveis que o incorporador ou proprietário da fu-tura edificação tenha consolidado e ofereça como um ‘guia’ para orientar os projetistas. logicamente sempre haverá espaço para incorporar novas ideias a cada projeto, mas uma boa parte do que se deseja já está decidi-do pelo incorporador, embora poucas vezes esteja explícito como deveria”.
claro que não se pode exigir qual-quer tipo de conhecimento mais apro-
fundado de um cidadão comum quanto ao nível de automação que ele deseja para seu imóvel, mas as construtoras, por exemplo, estão ou deveriam estar habilitadas a assumir isso.
por último, amarrando esse assunto como um todo, seria preciso investir no trabalho normativo, conforme defende Hilton moreno: “a nBr 5410, que fala de elétrica, não menciona atualmente uma linha sequer, explicitamente, so-bre automação. além disso, não temos uma norma específica de automação que cite a parte elétrica. a normaliza-ção técnica seria um instrumento mui-to importante para promover essa in-tegração”, opina.
Avanços na normalização técnica seriam muito importantes para ajudar a promover a integração entre as áreas de elétrica e automação predial.
agilidadeQuando o projeto elétrico considera também a parte de automação, a execução da instalação se torna mais fácil e rápida.
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