meio: imprensa pág: 12 -...
TRANSCRIPT
Meio: Imprensa
País: Portugal
Period.: Semanal
Âmbito: Lazer
Pág: 12
Cores: Cor
Área: 18,00 x 25,30 cm²
Corte: 1 de 12ID: 72853711 28-12-2017 | GPS
12
PALCO & PLATEIA
CAÇADOR DE MENTES Como já vem sendo hábito, boa parte dos melhores conteúdos audiovisuais do ano surgiram na televisão, desta-cando-se as séries nórdicas e franco-fonas na RTP, a visceralidade de Ta-boo, no AMC, os enganos de Apple Tree Yard, da BBC, e sobretudo esta invenção de David Fincher, da Netflix, um guilty pleasure onde o diálogo é psicótico e soberano, que mistura serial killers e FBI. PEDRO MARTA ~os
THE HANDMAID'S TALE A adaptação do romance homónimo de Margaret Atwood estreou em Portu-gal apenas em Dezembro, na NOS Play - mais vale tarde do que nunca, espe-cialmente quando falamos da série que arrecadou os principais prémios Emmy de 2017. Elisabeth Moss e Jo-seph Fiennes protagonizam esta série sobre uma sociedade distópica em que as mulheres estão forçadas à condição de pandeiras. MARKUS ALMEIDA
SÉRIES Tudo o que 2017 trouxe de melhor
Das séries aos livros, da comida à moda, escolhemos as grandes criações do ano com a ajuda dos nossos críticos. Tirando espectáculos e exposições, tudo pode ser consumido em 2018
STRANGER TH1NGS A miudagem continua atrás do De-mogorgon - uma espécie de mons-
tro que reúne todos os medos de infância - ao mesmo tempo que revisita clássicos dos anos 80 e 90. As referências sucedem-se
nesta séne da Netflix que homena-geia Stephen King, Caça-Fantas-
mas, John Carpenter, Steven Spiel-berg, Dungeons & Dragons e a mú-
sica cuada com sintetizadores. ÁGATA XAVIER
Foi um ano terrível. que ceifou AI Jarreau, Chuck Berry, Tom Petty. Fats Domino, Charles Bradley e o nosso Zé Pedro. fez Chns Comell e depois o amigo Chester
Bennington (Linkin Park) suicidarem-se e levou realizadores (como Jonathan Derme) e actores de Martln Landau a Jerry Lewis, John Hurt. David Cassidy e o (também nosso) João Ricardo.
No entanto, 2017 também foi - como acontece
quase sempre; talvez a nossa sanidade mental na verdade dependa disso - um ano cheio de sur-presas e grandes criaçõess. Escolhemos as mais interessantes nas áreas artísticas - das séries aos livros, filmes, discos, exposições e espectáculos -. mas também na gastronomia, com a nossa crítica a revelar o melhor que comeu em 2017, e na moda e beleza, com uma selecção dos produtos e novos espaços comerciais preferidos. O
THIS IS US Poucas séries dos últimos anos lo-
graram o feito de This is Us: ser lacri-mosa doseando a lamechice. Com
unia excelente banda-sonora, a série mostra fases da vida dos irmãos Ka-te, Kevin e Randall e dos seus pais, Jake e Rebecca. Em pano de fundo
surgem temas como a condição hu-mana, a vida conjugal, a fama, as
drogas e o racismo. Em Portugal, a segunda temporada está a ser exibi-da na FOX Life. O próximo episódio é
transmitido a 11 de Janeiro. GONÇALO CORREM
Meio: Imprensa
País: Portugal
Period.: Semanal
Âmbito: Lazer
Pág: 13
Cores: Cor
Área: 18,00 x 25,30 cm²
Corte: 2 de 12ID: 72853711 28-12-2017 | GPS
NARCOS Na Netflix, a terceira temporada
de Narcos teria, à partida, um pro-
blema: já não haver Pablo Esco-
bar (nem Wagner Moura, portanto)
para os agentes do combate ao
narcotráfico da DEA perseguirem.
Foi-se o Pablo, mas ficaram
os cartéis - agora com Pêpê Ra-
pazote - a disputar a liderança
do tráfico de cocaína. Problema
resolvido e com distinção: esta
temporada de Narcos é tida
como a melhor das trés.rm
FILHA DA LEI Anabela Moreira é a inspectora•
-chefe Garcia, há 17 anos na Poli-
cia Judiciária, Psicologicamente
instável, reúne forças para perse-
guir um serial killer com preferên-
cia por jovens adolescentes. Com
Ivo Canelas, Alba Baptista, Vítor
Norte, João Baptista e Elmano
Sancho. Filha da Lei foi realizada
por Sérgio Graciano e exibida na
RTP. Actualmente, pode ser vista
e revista na RTP Play. AIA
BIG LITTLE LIES Baseada no bestseller com o
mesmo nome escrito por bane
Monanty's,Big Little Lies tem
em Reese Witherspoon. Nicole
Kidman e Shailene Woodley as
três mulheres cujos segredos
se vão revelar após um homi-cídio. Uma série da HBO que.
sendo sobre o desespero, é
também sobre a amizade e
que já tem segunda tempora-
da prometida. A primeira foi
exibida na TV-Séries e está disponível na NOS Play. AM o
Il
PAÍS IRMÃO
Para evitar que um grande escándalo
chegue aos jornais, passe pela boca
do povo e chegue ao ámago do Esta-
do, o governo português tem uma
Ideia: abrir um concurso para urna te-
lenovela luso-brasileira. Escrito por
Tiago R. Santos (crítico de cinema do
GPS), João Tordo e Hugo Gonçalves e
com realização de Sérgio Graciano,
País Irmão está em exibição na RTP e
pode ser visto completo na RTP Play.
ANGELA MARQUES
THE DEIJCE
James Franco faz de Vincent e Frankie
Martino, dois irmãos gémeos de Brooklyn.
Muito diferentes (Vinca só quer gerir um
bar), acabam por ficar ligados à máfia, à
prostituição e ao emergir da indústria
pomo nos EUA. Escrita e concebida por
George Pelecanos e David Simon (de lhe
Wire), evoca com mestria as ruas da Nova
Iorque do início dos 70's e em Portugal a
primeira temporada pode ser vista no TV
Séries. Já foi confirmada a preparação de
uma segunda temporada.
GONÇALO CORREM
Meio: Imprensa
País: Portugal
Period.: Semanal
Âmbito: Lazer
Pág: 14
Cores: Cor
Área: 18,00 x 25,30 cm²
Corte: 3 de 12ID: 72853711 28-12-2017 | GPS
RE, ".;
ft,
LADY MACBETH O melhor filme do ano é esta long9 de
William Oldroyd, encenador londrino de 38 anos. Esta não é a Lady Macbeth de
Shakespeare ou de Turgueniev, mas a da novela de 1865 de Nikolaí Sheskov, embora se ouça o bardo durante a re-
volta homicida da heroína de Kathenne (Florence Pugh, extraordinária), vendida a um ogre na Inglaterra rural do século
XIX. Monstro ou heroína feminista? PEDRO MARTA SANTOS
A CRIADA Pari( Chan-wook de alto nível, da complexa estrutura - mudando de ponto de vista (com sobreposição de cenas fulcrais) entre as duas mulheres que tentam escapar ao mundo opressivo dos homens - até à exploração dos limites do comportamento e das emoções. A Criada não é apenas uma elegante, perversa e bela história de amor: é também um importante comentário sobre a sexualização do olhar e da narrativa e um mani-festo feminista num ano em que o movimento Me-Too levantou os punhos contra os abusos sexuais. TIAGO R. SANTOS
LA LA - MELODIA DO AMOR
Leram bem: La La 'Fucking" Land. O filme tem tanta pinta que resistiu, sem proble-
mas, ao contra-ataque da massa critica que o tentou reduzir a obra menor - como se fosse defeito usar as suas referências à
vista de todos. Nào é. O filme continua di-vertido, inteligente, triste e romântico, crian-
do um mundo onde Emma Storie e Ryan Gosling podem sapatear e flutuar até que a realidade os obrigue a descer de novo à ter-ra. É escapismo do melhor sem nunca per-der o contacto com as relações humanas.
TRS
LUCKY Uma breve balada do Oeste contemporâneo, pungente como flor no deserto, carregada de or-gulho fordiano, humor idiossin-crático e a presença magnética do nonagenário Harry Dean Stanton, que morreria 14 dias antes da estreia. Na sua despre-tensiosa simplicidade, Lucky en-sina-nos que personagens úni-cas, filmadas sob o sol tórrido da fronteira com o México, con-tinua a ser receita imortal. ms
A FÁBRICA DE NADA A primeira longa-metragem de Pedro Pinho é parte documenta-do, parte ficção e parte musical. Estreada em Maio no Festival de Carmes, onde venceu o prémio da crítica, A Fábrica de Nada junta actores e não actores para reflectir sobre a crise económica e o lugar de trabalho, com várias camadas de leitura, a partir da história real do fecho de uma fábrica na Póvoa de Santa Iria. WANGS ALMEJDA
GET OUT Como se John Carpenter bebes-se três garrafas de bourbon com George Romero numa noite sua-da do Louisiana durante um mo-
tim racial, e acordasse no dia seguinte para votar em Obama.
É um huis dos satírico sobre a hipocrisia e a Intolerância
e. orgulhosamente travestido de filme de terror, resulta em co-mentário sociológico obrigatório sobre a América de Trump. pfits
Meio: Imprensa
País: Portugal
Period.: Semanal
Âmbito: Lazer
Pág: 15
Cores: Cor
Área: 18,00 x 25,30 cm²
Corte: 4 de 12ID: 72853711 28-12-2017 | GPS
FÁTIMA De João Canijo (Ganhara Vida,
de 2001. Noite Escura, de 2004,
Sangue do Meu Sangue, de 2011 ou É o Amor, de 2012), com Rita
Blanco, Cleia Almeida e Anabela
Moreira, Fátima acompanha um
grupo de mulheres em peregrina-
ção a Fátima. É um road movie
a pé, com um texto criado pelas actrizes (11), que fizeram a pere-
grinação que ali contam, entre
Vinhais, Trás-os-Montes, e Fátima.
ANGELA MARQUES
• MOONLIGHT Filme de 2016, chegou a Portugal em
Março de 2017 e o seu impacto man-tém-se: três vinhetas, num impressio-nismo de cores fortes e contrastadas,
para três momentos no coming of age
de um miúdo a quem saiu a lotaria
do 'infortúnio": é pobre, negro e gay.
Melancólico, de uma fúria silenciosa,
é um magnífico hino à beleza da igualdade na diferença. Ptils
SeC.Pr • c
FILMES
GOOD TIME Dois irmãos participam num
assalto a um banco que corre mal. Um deles é detido, o outro
faz tudo para o libertar. É cinema
com nervo, visceral e imprevisí-
vel, a remeter para Scorsese ou Friedkin dos anos 70, sem
nunca prescindir da sua forte personalidade. É também o cul-
minar da transformação de Ro-
bert Pattinson: o vampiro depri-
mido que o celebrizou já não
passa de uma má memória. rRs
R,
EU NÃO SOU O TEU NEGRO
Um grito de revolta, lamento
profundo e denúncia necessária
do sistema opressivo que corre como doença nas veias da Terra
dos Livres. Raoul Peck, o realiza-dor, sobrepõe a brilhante análise crítica de James Baldwin, o escri-
tor, a indignas imagens de ódio
e discriminação na América, transformando o filme num soco
de punho fechado a que ninguém
se consegue esquivar. TRS
1 A GHOST STORY
Sem estreia em Portugal (mas já em DVD), A Ghost
Story, de David lowery, bizarro,
intimista, grandioso e absurdo, viagem única e tributo à força
das ideias produzido por apenas 100 mil dólares, com Casey Affleck debaixo de um
lençol e Rooney Mara a comer
uma tarte inteira num único take. Parece que toda
a experiência humana - antes e depois da morte - cabe
no filme. TRS
SÃO JORGE Foi a estreia portuguesa do ano, a
obra de Marco Martins que chegou ao cinema com um premio de rele-
vo no currículo: Melhor Actor para Nuno Lopes, no prestigiado Festival de Veneza. Não era para menos: o
filme (denso, realista, violento, a mostrar a pobreza sem pudor) é um retrato cru e emocionante de
um pugilista sem emprego, que por amor se faz cobrador de dívidas.
RITA BERT1W4D
O
Meio: Imprensa
País: Portugal
Period.: Semanal
Âmbito: Lazer
Pág: 16
Cores: Cor
Área: 18,00 x 25,30 cm²
Corte: 5 de 12ID: 72853711 28-12-2017 | GPS
O
VALERIE JUNE - THE ORDER OF TIME Numa altura em que, nos EUA, ultrapassar o estig-ma da cor ainda é uma tarefa quase diária, em lhe Order of Time, Valerie June assume e amplifica as raízes atro-americanas da sua música: canta os seus hinos, como se estivesse na sua igreja, na sua escola ou no seu quarto, e projecta, em quem ouve, uma sensação de quase redenção. É um álbum in-temporal, religioso, que nos toca de forma imediata. FlUPE (AMEIAS
VALEM JUME
o
SURMA - ANTWERPEN Multi-instrumentista e apaixonada pela música electrónica, Surma (o nome artístico da leiriense Débora
Umbelino), criou um universo sonoro intimista no seu álbum de estreia, recolhendo as influências da cantora americana Annie Clark (St. Vincent) e da pop glaciar dos islandeses Múm. Antwerpen é um
trabalho envolvente e o seu mento reside na criatividade e no sentido
exploratório da autora. PEDRO SALGADO
16
BENJAMIM E BARNABY KEEN - 1986
Parceria entre o músico português Benjamim e o inglês Bamaby Keen,
abordando sonoridades como a pop dos anos 80, o samba e a bossa nova. Ao lon do
disco, o duo apresenta um equilíbrio temático que engloba a
introspecção e a vivacidade. destacando-se igualmente
o sentido melódico das canções, a validar o bom
trabalho da dupla. ps
MAGNETIC FIELDS 50 SONG MEMOIR
O regresso dos Magnetic Fields aos álbuns épicos - como 69 Love Songs (de 1999).
Mais que um mero disco, 50 Song Memoir é um compêndio de sensações e
percepções misturadas com memórias, em forma de canções, que celebra os 50
anos de idade do vocalista da banda. Stephin Memtt, que, inspirado pela
própna vida, fez canções intemporais.
FLEET FOXES CRACK-UP
Crack-Up é um disco de base folk - cuja dimensão ultrapassa, no
entanto, em multo, o género -, fei-to de canções inspiradas que, de tão avassaladoras e independen-
tes de estados de espírito, pode dizer-se que vão do Inverno ao Ve-
rão. Nele, o líder Robin Pecknold é um porta-voz, expressando de
forma ímpar anseios. gostos. preocupações e maneira de estar
de unia geração inteira. a
Meio: Imprensa
País: Portugal
Period.: Semanal
Âmbito: Lazer
Pág: 17
Cores: Cor
Área: 18,00 x 25,30 cm²
Corte: 6 de 12ID: 72853711 28-12-2017 | GPS
LCD SOUNDSYSTEM AMERICAN DREAM Sendo sublimemente produzido, é um álbum
marcado por uma atmosfera negra. remeten-
do para ambientes contíguos aos que Bowie
introduziu no seu último Blackstar. Longe da
eufona de Daft Punk is Playing at my House
ou do sarcasmo de North Amencan Scum,
Arnencan Dream abre as portas a um admirá-
vel mundo novo de canções surpreendentes.
kkil LCD SOUNDSYSTEM
AMERICAN
THE GIFT - ALTAR Depois do colorido pop de Explode,
os The Gift decidiram renovar a sua
identidade, apostando em temas
de maior profundidade emocional.
Altar beneficiou igualmente da
visão experimentalista do produtor Brian Eno, traduzida em ambientes
sugestivos, assentes numa perspec-
tiva musical inovadora. O facto de
conciliar bem a vertente comercial e
artística é a grande virtude de Altar.
PS
KENDRIC LAMAR - DAMN. DAMN. é muito mais que um mero
registo musical passageiro. É o ex-
poente de um género musical que
nos últimos anos, se tem revelado
em grande forma. DAMN. é música do bairro, de linhagem afro-ameri-
cana, que retrata o quotidiano de
quem pouco ou nada tem, à qual
subjazem duas grandes dimen-
sões: a crónica urbana e a verten-
te de protesto que, na maioria das
vezes, andam de mão dada.
a
ÉME - DOMINGO À TARDE Tomando como referências principais a
música popular portuguesa e os nomes
de Zeca Afonso e José Mário Branco,
Éme desenvolveu um trabalho diversifi-
cado. alternando momentos de anima-
ção com fases de melancolia, e privile-
giou as harmonias sonoras. A dinâmica
instrumental e a forma confiante como
Éme e os seus músicos interpretaram
as várias canções são os pontos fortes
de um disco cativante. PS
ÉME Domingo à Tarde
LUÍS SEVERO LUÍS SEVERO Na elaboração do seu segundo
disco, Luis Severo retratou Lisboa na óptica de um casal de namo-rados, abordando de forma ro-
mântica a ligação do par ao quo-tidiano - afiuxo turístico incluído.
Com inteligência, o autor colocou a sua voz sedutora ao serviço de canções de extrema sensibilida-de, atravessando com naturalida-de diversos estados de espírito.
PS
Meio: Imprensa
País: Portugal
Period.: Semanal
Âmbito: Lazer
Pág: 18
Cores: Cor
Área: 18,00 x 25,30 cm²
Corte: 7 de 12ID: 72853711 28-12-2017 | GPS
LIVROS
rebehhil
O tvu nksin am.urll.i II)
'
, 1ff '4"'"‘ BEST OF
QUANDO PERDES TUDO NÃO TENS PRESSA DE
IR A LADO NENHUM O romance de estreia de Dulce
Garcia confirmou a vitalidade da ficção nacional escrita por mulheres. Numa prosa seca,
isenta de autocomplacència, a autora ilustra o terreno movedi-
ço dos interditos: sexo, droga, violéncia e disfunções familia-res, atrito conjugal. Epftome do
estranhamento, a "mulher do saco" entrou assim na galeria
das heroínas de ficção. o,
r
UNJO PORNO6RÀFICO ÁVIDA DE lãiSI
OV CASTRO
O TEU ROSTO AMANHA Romance em três partes, O
Teu Rosto Amanhã é a obra mais famosa do espanhol ia-
vier Marfas, eterno nobelizá-vel. Oscilando entre presente e passado, cruzando toda a
sorte de referências culturais, políticas e sociológicas, o vir-
tuosismo do autor faz um mur d'horizon ao século. Os volumes subtitulam-se, res-
pectivamente, Febre e lança, Dança e sonho e Veneno e
Sombra e Adeus. Notável. Ep
O ESCRITOR FANTASMA
INSTRUMENTAL MEMÓRIAS DE MÚSICA,
MEDICINA E LOUCURA A autobiografia precoce do
pianista britânico James Rhodes oscila entre um relato cru, mag-nánimo e egocêntrico e um ma-
nual de auto-ajuda para vencer a depressão e sobreviver ao século
XXI. Vive no limite da xaropada e é nessa fronteira que agarra o leitor, entregue à dureza das
palavras e descrições do músico. ANDRÉ SANTOS
O ESCRITOR FANTASMA Toda a gente ouviu falar de Nathan Zuckerman, o protago-nista de nove romances que Philip Roth publicou entre 1979 e 2007.0 Escritor Fan-tasma inaugurou a série, mas chegou ao nosso país depois dos outros. Digressão sobre as origens judaicas do autor, a cena literária de Manhattan, a vida americana nos «hes e as contingências do sexo, o livro é um prodígio de sarcasmo em prosa de primeiríssima água. o,
REBELDIA Chegada tarde à vida literária, Cristina Carvalho tem vindo a impor-se à revelia dos lobbies instalados. Rebeldia, o seu romance mais recente, conta a história de uma mulher que, no auge do salazarismo, decide ser senhora do seu destino. Narrado com a tinta forte do realismo, o livro tem passagens de rara violência verbal, carga sexual incluída. EDUARDO MA
Quando perdes tudo
mio rens pressa de ira lado
nenhum
Dulce Garcia
O ANJO PORNOGRÁFICO A biografia de Nelson Rodri-gues escrita por Ruy Castro é um monumento do género. Nelson, dramaturgo, cronista, romancista, contista, repórter e guionista, não foi uma perso-nagem lisa, e é provável que só Ruy Castro estivesse à altura de pôr em letra de forma a vida do homem controverso que fez o teatro brasileiro entrar no sé-culo XX. A vários títulos, 0 Anjo Pornográfico é um capítulo da história do Brasil. o,
INSTRL' NIEN TAL JAMES RHODES
LINCOLN NO BARDO Celebrado como contista, George Saunders estreou-se no romance com Lincoln no Bardo. Em registo tardo-mo-dernista, o livro ficcionaliza a depressão sofrida por Abra-ham Lincoln após a morte do terceiro filho. A sintaxe des-concerta, a filiação à literatura do absurdo obscurece por ve-zes a narrativa, mas o leitor deixa-se levar pelos fantasmas que assombram a obra. Ep
CHRISTINE VOGEI •
GUERRA AOS JESUÍTAS Ao contrário do que sugere a
nossa miopia histórica, a pro-paganda sistemática e destruti-va não começou no século XX. Aqui, é examinado o episódio
histórico da perseguição e supressão da Companhia de
Jesus no século XVIII por inicia-tiva da monarquia portuguesa, e do seu ministro plenipoten-ciário, o Marquês de Pombal.
Esta é a história de uma guerra modal de propaganda.
MIGUEL MORGADO
GUERRA AOS JESUÍT
Meio: Imprensa
País: Portugal
Period.: Semanal
Âmbito: Lazer
Pág: 19
Cores: Cor
Área: 18,00 x 25,30 cm²
Corte: 8 de 12ID: 72853711 28-12-2017 | GPS
LAMENTO DE UMA AMERICA EM RU/NAS Testemunho na primeira pes-
soa do sofrimento da classe
pobre branca na região dos
Apalaches americanos, por
vezes é mesmo chocante na
revelação da degradação e do desespero. É também um
livro que contraria os
economistas, que tendem a justificar a questão social com fenómenos económicos. MM
19
BEST OF
Performa na Esfe Públi
Ell
o
dias
HOJE ESTARAS COMIGO NO PARAISO Com uma escrita polida até
ao osso, Bruno Vieira Amaral é
das vozes mais assertivas da
ficção nacional - ao ponto de
ter inscrito o Bairro Amélia no cãnone. Hoje Estarás Comigo
no Paraíso demonstra como, a
partir de uma grelha autobio-
gráfica habilmente faccionada, o romance coloca ao leitor
questões da sua própria contemporaneidade. Ep
DIAS ÚTEIS O conceito de semana força
a rotina e a prisão do casa-
-trabalho-casa em que a fe-
licidade se esfuma. Patrícia
Portela aproveita os dias da
semana para a protagonista
idealizar um plano de esca-
pe, um futuro diferente, ima-
ginado, diferente daquele futuro roubado pela rotina.
Mas é algo que desmaia à
mesma velocidade com que
surge. Quem nunca passou
por isso? as
o hoje estaras
comigo no paraíso
BRUNO VIEIRA AMARAI. ratsao~,A...mwo
CANÇÃO DOCE As descrições de Leila Slima-
ni do dia-a-dia de uma em-
pregada/ama na casa dos
seus patrões arrebatam pela
ternura e expressam o senti-do de dever de alguém cuja
vida fora do emprego está no
limiar da sobrevivência. Can-ção Doce vive de contrastes
sociais e de um mistério que
surge na página inicial, des-
montado como se fosse um
filme de Michael Haneke.As
II /10..40 1/11414,
['PLANOU FILES
A TRAGÉDIA DE UM POVO A Pleroluple R411144 1891 1924
A TRAGÉDIA DE UM POVO Num ano de 100.° aniversário
da tragédia (a revolução russa
de 1917) e em que ainda sub-
siste tanto sectarismo ideológico a calcar a verdade dos factos,
a leitura deste livro de Orlando
Figos é ainda mais determinante
para quem quer saber o que aconteceu, do delírio ideológico ao ódio político, do banho de sangue à repressão e reconstru-ção social. Enfim, os ingredien-tes da catástrofe. MM
P! - PERFORMANCE NA o ESFERA PÚBLICA
Em ano de centenário da confe-
rência futurista de Almada
Negreiros (e da excelente retros-
pectiva a ele dedicada na Gul-benkian), Ana Pais coordenou
um livro que reúne ensaios de
diversos autores sobre a impor-tância da performance no domí-
nio do espaço público na actua-lidade, se ainda pode ou não
ter o impacto público, social e estético de outros tempos. As
GEORGE STEINER
NO
THE NEW YORKER
REVOLTADA Um testemunho sem adornos
de uma jovem anarquista de 29 anos, Evgénia lamslavskaia--Markon, que viveu a revolução
comunista. O texto foi desco-berto nos arquivos secretos rus-sos e é o relato de uma mulher,
prestes a ser fuzilada (em 1931), sobre as suas convic-
ções políticas e a dura e longa viagem para chegar aos ideais
que a levaram à morte. As
GEORGE STEINER NO THE NEW YORKER Seguir o raciocínio de Steiner, o último renascentista vivo, releva do puro prazer. Esta selecção de 28 ensaios publicados na revista New Yorker, de 1967 a 1997, corroboram o papel central do autor no pensamento das últimas seis décadas. Soljenitsm. Céline, Borges, Chomsky ou Brecht são dissecados com a sua -força bruta de inteligência". EP
o
Meio: Imprensa
País: Portugal
Period.: Semanal
Âmbito: Lazer
Pág: 20
Cores: Cor
Área: 18,00 x 25,30 cm²
Corte: 9 de 12ID: 72853711 28-12-2017 | GPS
1)F
20
JORGE PINHEIRO É um dos mais interpelantes artistas portugue-
ses do pós-guerra: aplicou à pintura (ou à com-posição, quase autonomizada em »ciência")
o pitagorismo e a semiótica. Percebeu os im-passes das vanguardas, que radicalizou.
e retomou um classicismo derivado do geome-trismo. Único. Aqui - no Museu de Senalves,
Porto, Setembro-Janeiro/2018 - comissariado por Pedro Cabrita Reis.
cv
TODO O MUNDO É UM PALCO Os encenadores partiram da ideia de teatro na comunidade para assinalar os 150 anos do Trindade, num encontro feliz entre 19 in-
o térpretes, a maioria amadores, de diferentes nacionalidades, a residir em Lisboa. Contam as suas histórias de vida e sonhos, cantam,
dançam, representam e traduzem as línguas uns dos outros, criando um momento irrepe-tível e verdadeiro que, entre a perplexidade e
a gargalhada, religa o teatro da cidade aos cidadãos do presente. GISELA PISSARRA
AS BACANTES A coreógrafa partiu do repto de
As Bacantes, de Eunpedes, para apresentar um espectáculo de cruza-
mento de linguagens artísticas, em que bailarmos e músicos fazem uma festa dionisíaca, burlesca e selvagem a partir de objectos simples, criando uma linguagem teatral, coreográfica
e sonora que chegou a um expoente de criatividade e sentido lúdico.
OP
SelPk0 Tiago Rodrigues partiu de uma ideia original, e bem concretizada, por via da cha-mada de Cristina Vidal - a tra-balhar como ponto há quatro décadas no teatro - da habi-tual sombra para as luzes do palco. Cristina é o fio condu-tor por entre histórias, memó-rias e excertos de peças que, com grande equilíbrio entre drama e humor, revelam e ho-menageiam os alicerces do próprio teatro, criando mo-mentos raros. cr
ALMADA NEGREIROS No Museu Gulbenkian (Lisboa, Março/Junho), uma enorme investigação revelou alguns aspectos da obra multiforme de Almada: o ac-tor, o performer, o homem do filme de animação, o pu-blicitário, o pintor (sem a al-tura expressiva de Amadeo); seja como for, a poucos mais pertence o século )0(. CARLOS VIDAL
FRANCISCO TROPA Tropa continuou, na Fundação Car-mona e Costa (Lisboa, Abril/Maio). a sua pesquisa poética, entre in-venção e subtileza, o ultraleve, o imperceptível, merecendo referên-cia ex-aequo nos melhores de 2017 com os videos de Francisco Queirós no Colégio das Artes (Coimbra. Dezembro-Janeiro) e de João Onofre no MAAT (Lisboa, Maio/Setembro). cv
Meio: Imprensa
País: Portugal
Period.: Semanal
Âmbito: Lazer
Pág: 22
Cores: Cor
Área: 18,00 x 25,30 cm²
Corte: 10 de 12ID: 72853711 28-12-2017 | GPS
O
1111111~.:
O FIEL MAS CARO AMIGO Bernardo Agrela no Cave 23, em
Lisboa, desafia pratos tradicio-nais, arriscando transformar bo-
las de Berlim ou Pão de Deus em algo indefinido entre o doce e o
salgado. Mas o que mais impres-siona é a sua deliciosa versão do
Bacalhau à Brás. É por ele que queremos voltar - apesar do pre-ço elevado do menu degustaçào:
nove pratos. €.55. Que tal um menu à carta para 2018?
CP 1/4
O
ENTRE VINHAS E ROCHEDOS Nos arredores de Viseu, o Mesa de Le-mos tem arquitectura arrojada, vista para as vinhas do Dão e sobretudo o fabuloso menu de 2017. criado pelo chef Diogo Rocha, que se pode ver em acção na cozinha aberta para a sala. Destaque para o bacalhau da Islándia com 9 meses de cura, inspirado numa receita de Mana de Lurdes Modesto, com várias texturas, pão e tomate. CÉUA PEDROSO
O PÃO DO DIOGO Em 2017, Diogo Amorico e a sua padaria Gleba suscitaram mais romanas a Alcãntara que a estada de Madonna no hotel mais caro da zona. Não sabe-mos se a diva pop já provou a broa de milho amassada por ele ou se pós os filhos a comer o seu pão de nozes, mas, se o fizesse. encontrana uma fonte deliciosa de hidratos de carbo-no, de fermentação lenta e na-tural, e tomar-se- ia, como nós, serva desta Gleba. CP
PORTUGUESE JEWELLERY X EL CORTE INGLÉS Num dos cantos do primeiro piso do El Corte Inglés, a montra de jóias de novos designers divide espaço com marcas já estabelecidas no mercado. Por cinco meses, já com um pé no novo ano (até Março), esta iniciativa a car-go da AORP vai apresentar dez marcas nacio-nais: Carlton Jewellery, Filipe Fonseca, Iglezia, Joana Mota Capitão, Mimata, Portugal Jewels, Razza Joias, Rosarinho Cruz. Sara Sousa Pinto e Sopro Jewellery. INES MENDES OUVEM
GONÇALO PEIXOTO Bem sabemos que é um designer, mas este foi o seu ano e o destaque é merecido. Além de ter conquistado Londres - pela primeira vez com apenas meia dúzia de anos de experiên-cia na área - lançou-se à conquista de Portu-gal e abriu a sua primeira loja, online. IMO
MODA CUIDADO
DE CONTORNO DE OLHOS NUXE
Da gama Nuxellence, este novo cuidado é 3 em 1:
além de ser antienvelheci-mento, graças ao aplicador
zamak alisa e ilumina a área dos olhos. Dispensa o corrector de olheiras já que
é um creme com cor. Os efeitos são imediatos e, por
isso, merece um lugar nos nossos destaques do ano.
IMO
Meio: Imprensa
País: Portugal
Period.: Semanal
Âmbito: Lazer
Pág: 23
Cores: Cor
Área: 18,00 x 25,30 cm²
Corte: 11 de 12ID: 72853711 28-12-2017 | GPS
o
3D HIGHLIGHTER PALEI IL. HUDA BEAUPs'
Para todos os olhares menos atentos, este
foi um ano de estreias na beleza. A (tão espe-
rada) marca Huda Beauty, da vlogger Huda
Kattan, já voou até Portugal. Esta paleta é ins-pirada no seu truque de juntar óleo aos ilumi-
nadores para um brilho ainda mais intenso. IMO
CASA PAU BRASIL Na concept store Casa Pau
Brasil, no Príncipe Real, res-
pira-se Brasil, mas fala-se o português europeu. 2017 marcou também o ano da
conquista de Lisboa pelo
samba. pelo cheiro a café e
pelas marcas brasileiras que
habitam esta casa: da roupa de Juliana Hem, à cosmética
diferenciadora da Granado, passando pelo mobiliário de
Sergio Rodrigues. IMO
PERFUME GOLDEA BVLGARI
A marca quer iniciar um novo capítulo na perfumaria
e esta fragrância é a sua
nova assinatura olfactiva.
Os aromas do jasmim, da
peónia e da rosa conjugados com aromas almiscarados
e ainda as notas de topo da amora, bergamota
e pimenta preta fazem deste um eau de parlum acima
de tudo sensual. IMO
o
o BEST Of
EXFOLIANTE CAPILAR LORÉAL Se nunca ouviu falar deste tipo de pro-
duto, não desespere. Esta máscara pré--champó, a primeira da gama Phytoclear, da Elvive, é o primeiro passo para reduzir a caspa e acalmar o couro cabeludo. Nos seus componentes exfoliantes estão a perlite e o pó de casca de argão, combinados com óleos essenciais.
IMO
E IV 1 VE ""8"-"."4". amommomo ~me -
23
PERFUME GABRIELLE CHANEL Numa homenagem ao espírito livre de Coco, a nova fragrância da maison é jovem, apaixonada e re-belde, por isso esqueça o aroma do clássico N.°5. O perfumista Olivier Polge criou este perfume à base de flores brancas: flor de laranjeira, jasmim, ylang-ylang e tuberosa de Grasse. imo
CREME HIDRATANTE O VICHY MINERAL 89
O hidratante Minéral 89 é unia conquista da Vichy,
que pela primeira vez con-segue um concentrado da sua água termal com esta
percentagem. Associada ao ácido hialurónico, re-
sulta neste recente creme de textura em gel que age
como unia barreira natural contra a poluição,
o stresse e a fadiga. IMo
Meio: Imprensa
País: Portugal
Period.: Semanal
Âmbito: Lazer
Pág: 1
Cores: Cor
Área: 4,20 x 5,14 cm²
Corte: 12 de 12ID: 72853711 28-12-2017 | GPS
12 O MELHOR DO ANO
Da arte à moda, eis
a selecção do que
nos marcou em 2017
22 ENTREVISTA
Como The Legendary
Tigerman criou o novo
Misfit na América
g dOURME1
p PALCO & PEQUEI