memórias de 1964
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O fantasma de inflação e a carta de Vargas; o positivo e o negativo em JoãoGoulart; existem mesmos as forças ocultas?; Jango tenta conciliar oinconciliável; as raízes que Jango deixou; Brizola e a luta anti-imperialista;de Juscelino a Mauro Borges; no tempo de Arraes; Cony, “Correio daManhã”, Hermano, Márcio, a “Última Hora”; Sobral Pinto, velho leão doliberalismo; o Supremo reagiu sozinho; os ideólogos da Frente ParlamentarNacionalista; a posição dos intelectuais; a corrupção e os “esteios morais”;governo de velhos com velhas mentalidades; os inocentes úteis doimperialismo; faltou amadurecimento ao CGT; a UNE lidera a juventude; aquestão dos sargentos; nacionalismo nas forças armadas e o esquemaAssis Brasil; o exemplo de Floriano; generais do petróleo; a tradição doclube militar; o esquema do General Assis Brasil; a igreja de Cristo na mirada “revolução”; o oportunismo de certos governadores; um partido políticopara as esquerdas; um partido nacionalista; e o futuro?; a reta final.TRANSCRIPT
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DJALMA MARANHO
MEMRIAS DE 1964
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N D I C E
1. UM OLHAR SOBRE A POLTICA BRASILEIRA: INSTITUIES E HOMENS
O fantasma de inflao e a carta de Vargas; o positivo e o negativo em Joo Goulart; existem mesmos as foras ocultas?; Jango tenta conciliar o inconcilivel; as razes que Jango deixou; Brizola e a luta anti-imperialista; de Juscelino a Mauro Borges; no tempo de Arraes; Cony, Correio da Manh, Hermano, Mrcio, a ltima Hora; Sobral Pinto, velho leo do liberalismo; o Supremo reagiu sozinho; os idelogos da Frente Parlamentar Nacionalista; a posio dos intelectuais; a corrupo e os esteios morais; governo de velhos com velhas mentalidades; os inocentes teis do imperialismo; faltou amadurecimento ao CGT; a UNE lidera a juventude; a questo dos sargentos; nacionalismo nas foras armadas e o esquema Assis Brasil; o exemplo de Floriano; generais do petrleo; a tradio do clube militar; o esquema do General Assis Brasil; a igreja de Cristo na mira da revoluo; o oportunismo de certos governadores; um partido poltico para as esquerdas; um partido nacionalista; e o futuro?; a reta final.
2. ASPECTOS DA ADMINISTRAO MUNICIPAL DE NATAL
Secretariado de alto gabarito; realizar e no roubar; prestando contas ao povo
3. MANIFESTOS
Palavras ao povo (Correio da Manh, novembro de 1964); Mensagem ao povo brasileiro (Montevidu, julho 1965).
4. A POESIA NECESSRIA
Evocao de Natal
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1. UM OLHAR SOBRE A POLTICA BRASILEIRA: INSTITUIES E HOMENS
O FANTASMA DE INFLAO E A CARTA DE VARGAS
Sem a Reforma agrria, solucionando o problema da produo, (...) enchendo a barriga do povo e sem executar o projeto regulamentando a remessa de lucros, caminho certo para estabilizar a nossa moeda, evitando
que Cruzeiro fique cada vez mais desvalorizado e consequentemente
desmoralizado, no possvel deter a inflao. No preciso ser professor de Economia Poltica para chegar
concluso que a reforma agrria e a lei disciplinado a remessa de lucros para o exterior, so os pontos fundamentais para enfrentar a espiral
inflacionria, que pior do que um cncer e corroe o organismo nacional.
Imaginam o que representa isto? Cutucar o co com vara curta. Declarar guerra, simultaneamente, ao Latifndio e ao Imperialismo. Uma
luta corpo a corpo em duas frentes, com os mais temveis adversrios. O governo Castelo Branco, forjando estatsticas, um governo que no tem medo do ridculo. A orgia da alta dos preos, particularmente dos
gneros de primeira necessidade, est levando o pas ao desespero. Estamos na antecmaras de um colapso financeiro e o pnico comea a
dominar os grupos empresariais, com a falncia de vrias indstrias.
A iluso de que haver um afluxo de capitais estrangeiros, leva o governo a uma posio super-entreguista, desnacionalizando em ritmo
aterrador, o que resta da indstria nacional. A subordinao criminosa poltica do Fundo Monetrio
Internacional leva o governo Castelo Branco a deixar uma herana
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catastrfica, um pas faminto vtima de uma inflao galopante.
Getlio Vargas deu um tiro no peito e deixou a sua Carta
Testamento, que deve ser lida e discutida por todos os brasileiros, pois, agora, mais do que nunca, torna-se necessrio a sua divulgao, anlise e
amplos debates, em torno das foras da corrupo internacional que aviltam, rebaixam, desonram, a soberania das naes economicamente
fracas, como o caso do Brasil.
O POSITIVO E O NEGATIVO EM JOO GOULART
A bandeira de Getlio Vargas ficou nas mos de Joo Goulart. Sua Carta Testamento, que j pertence histria, o brevirio dos nacionalistas brasileiros. irreversvel o processo de emancipao econmica do Brasil. Deter a emancipao, no tarefa nem para gigantes, quanto mais para os
anes que fizeram a quartelada de Abril. Alguns foram sacrificados, muitos desistiro, mas, a grande maioria
continua marchando dentro das trevas, na certeza de que os cnticos dos galos, comeam a anunciar o sol da madrugada. A simplicidade dos versos de uma poetisa, cujo nome no recordo, reflete muito bem a situao.
Nacionalismo finca p, como amor contrariado Quanto mais se combate E a famlia persegue... Mais se ama, mais se quer.
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O surdo tropel das legies nacionalistas, partidos de todos os rinces
da ptria, hoje, amanh, um pouco mais tarde, no importa o dia ou ano, do ao Sr Joo Goulart uma tranqila garantia de que ele ser o grande rbitro das futuras decises, influindo no caminho que o povo brasileiro
ter de percorrer, na reconquista da Democracia. Um jogador de pquer diria que Joo Goulart jogou com cartas marcadas. Teriam sido blefados os velhos marechais? E onde estariam os
seus conselheiros polticos? Os gnios habitantes nos estados maiores, no teriam visto a armadilha preparada?
Jango poderia ter resistido e no resistiu. Porque? Dolorosa
interrogao! Teria o Presidente deposto preferido deixar o abacaxi, a batata-quente nas mos dos revolucionrios?
A deposio de Joo Goulart seria uma repetio da renncia de Jnio? O Pentgono, dentro da teoria de que a muleta do Estado Militarista
a propaganda, poderia responder esta pergunta. Incmoda pergunta,
tambm, para os homens do Departamento de Estado.
EXISTEM MESMOS AS FORAS OCULTAS?
Poderamos repetir da mesma maneira que o espanhol, que no
acreditando na realidade das bruxas, afirmava, entretanto, que elas existiam.
As foras ocultas existem. No simbolizam velhas rouquenhas de
vassoura na mo. Muitas vezes so belas mulheres, homens elegantes, diplomatas insinuantes, hbeis economistas, slidos industriais, jornalistas versteis, comerciantes de ventre avantajados, militares prontos a defender a civilizao ocidental e crist, ameaada pelo comunismo.
Aonde se localizam as mos, os olhos e o crebro das foras ocultas?
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O Departamento de Segurana Nacional, sabe, mas no pode divulgar. Um
dia divulgar.
Jnio Quadros, pressentiu, numa noite de insnia, a pisada macia das Foras Ocultas. Abriu o olho vesgo e ao amanhecer arrumou as malas.
Deixou uma mensagem ao Povo brasileiro, na mesma linguagem da Carta Testamento de Vargas. Coincidncia? Sim, triste coincidncia.
Infeliz pas que trs presidentes da Repblica so vtimas das foras
ocultas. Um suicidou-se, outro renunciou e o terceiro foi deposto. E Jeca Tatu, apalermado, analfabeto e doente, ainda pergunta se as
foras ocultas existem... Repete-se a histria de Monteiro Lobato, o grande
contador de estrias para as nossas crianas e bravssimo pioneiro da luta pelo nosso petrleo. As Foras Ocultas tambm diziam que no subsolo
brasileiro no existia petrleo. Monteiro Lobato tirou a mscara das Foras Ocultas e hoje o petrleo uma realidade, apesar da Petrobrs estar na mira, como ltima etapa de entrega da economia brasileira aos capitais
estrangeiros, transformando o Brasil numa Banana Republics. Agora, no o caso de tirar a mscara das Foras Ocultas, como fez
Monteiro Lobato, no episdio do petrleo. Precisamos furar os olhos das foras ocultas, para que elas no cobicem com tanta senvergonhice as fabulosas riquezas do Brasil. As mscaras, estas sim, sero arrancadas das
caras cnicas dos traidores brasileiros, agentes solertes das Foras Ocultas. Em nenhum inqurito, em nenhum dos milhares de IPMs instalados
pela revoluo, no que se refere corrupo, houve a menor indagao
sobre os grupos econmicos estrangeiros e seus testas de ferro nacionais. Por que?
Por que o governo Castelo Branco trouxe o compromisso de alterar a Lei de Remessas de Lucros ? E j alterou. Comprar o ferro velho das concessionria de AMFORF. E a negociata j foi realizada. A entrega do
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minrio de ferro HANNA. E j foi entregue. o dedo do gigante, o dedo das Foras Ocultas. Castelo Branco quer aprovar um projeto de Reforma Agrria flor de laranja, mas, que no vai ser executado, no existe clima, com uma macia, compacta, slida maioria de reacionrios empalmando o
poder. Paradoxo? No. Mistificao.
JANGO TENTA CONCILIAR O INCONCILIVEL
O termo, abertura para a esquerda, foi muito usado pelas foras
populares italianas, ganhando mundo, chegando ao Brasil e aqui tornando-
se moda, vestindo roupagens novas. O governo do Sr. Joo Goulart era, tipicamente, um governo
centrista, conservador, como todos os nossos governos, gravitando na rea do dlar, de pires na mo, aguardando que os banqueiros norte-americanos,
principalmente os do Fundo Monetrio Internacional, autorizassem os
nossos Ministros da Fazenda a sentar na poltrona e desfiar o rosrio, solicitando prorrogao dos vencimentos dos ttulos anteriores e a
concesso de novos emprstimos. Internamente tinha as suas fumaas nacionalistas, o apoio do movimento sindical, o jovem aplauso dos estudantes. Era, entretanto, um governo marcado pelos militares, de formao norte-americana, que agem dentro da rbita do Pentgono.
Recebeu a herana de uma pondervel parcela da indstria nacional,
que no anterior governo de Juscelino Kubstichek, atingiu a sua fase mais alta de desenvolvimento.
Tinha a oposio da maioria dos grandes cafeicultores, plantadores de cana de acar e cacau.
Joo Goulart, no poderia nunca pensar em instalar um regime
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socialista no Brasil, porque se assim fizesse, estaria contra os seus prprios
interesses.
Tentou a abertura para a esquerda, buscando um governo de centro-esquerda, levando para o Ministrio, os altos postos, socialistas moderados
como Almino Afonso, Paulo de Tarso, Darcy Ribeiro, Valdir Pires etc. Comeou, ento, a fase de conciliar o inconcilivel.
O Ministrio da Fazenda e o Banco do Brasil, eram as chaves do
problema. O termmetro por onde se orienta no somente a vida econmica, mas, tambm, a poltica do Pas. As esquerdas, com o setor
radical dos nacionalistas frente, desejavam a mudana de orientao do nosso tradicional esquema econmico financeiro, comprometendo-se em fazer poderosas presses de massa, a fim de levar o Congresso Nacional a
votar as Reformas de Base. Jango, no mais autntico estilo getulista, manobrava, dando tempo ao
tempo. Mas, a histria, dificilmente se repete. E o funil foi se apertando.
Nas incertezas das greves e crises polticas, sofrendo uma intensa campanha de descrdito no estrangeiro, o presidente partiu para o
restabelecimento dos seus poderes presidencialistas. Recebeu a consagrao do povo brasileiro, atravs do plebiscito. Marchou resoluto para as Reformas de Base, tnica de todos os seus pronunciamentos.
Brizola mandava brasa. Magalhes, Ademar e Lacerda, conspiravam.
Jango continuava tranqilo, tentando conciliar o inconcilivel.
Miguel Arraes trabalhava desesperadamente para modificar a estrutura ultrapassada, obsoleta, dos engenhos e das usinas pernambucanas,
abrindo perspectivas para o trabalhador rural ganhar melhores salrios e a agroindstria do acar maiores lucros. Enquanto isto, o general Justino
Alves, comandante do IV Exrcito, armava cerco do Nordeste.
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Impassvel, Jango continuava tentando a conciliao. Carvalho Pinto
deixa o ministrio da fazenda. A reao se assanha.
Os Governadores do Nordeste, Virglio Tavora, Alosio Alves, Pedro Gonalves Lomanto Jnior, Newton Belo, Portela, so mais realistas
do que o rei e disputam com lderes sindicais o prestgio da intimidade presidencial.
E Jango acredita. Bajulao uma coisa gostosa... O CGT, Comando Geral dos Trabalhadores, um formigueiro de
tanta atividade. Comeam a aflorar os Grupos dos Onze. Os latifundirios
iniciam a compra de armas.
Jango ainda acredita na conciliao. Mouro Filho, Castelo Branco, Cordeiro de Farias, Odlio Denys.
Eurico Dutra, Costa e Silva, tecem a rede da conspirao, nas barbas do governo. O general Assis Brasil, Chefe da Casa Militar, tranqilizava o
Presidente. No h nada no (...). Os marinheiros quebram a disciplina. Os sargentos superlotam o Automvel Club para aplaudir o Presidente. As mulheres surgem nas marchas das famlias substituindo os homens da
revoluo. Chegamos ao comcio da Central, o Ministro da Guerra, general Jair Ribeiro, interna-se em um hospital. o comeo do fim.
Jango, entretanto, ainda tenta conciliar o inconcilivel, falando com
os seus generais de confiana, Amauri Kruel e Justino Alves, comandantes do II e IV Exrcito , at a vspera , peas do esquema militar do general
Assis Brasil.
Inconcilivel, como no podia deixar de acontecer, venceu.
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AS RAZES QUE JANGO DEIXOU
Joo Goulart tem todas as possibilidades de renascer das cinzas do golpe de 1 de abril. Ele no deixou somente alimento para o esprito da
imagem shakesperiana, lanou, tambm, sementes econmicas, para robustecer a matria.
Estas razes esto disseminadas pelo vasto hinterland do Pas, nos
mais distantes municpios, ou melhor, em todos os municpios, nas clulas vivas da comunidade brasileira.
O juiz de direito, promotor, delegado de polcia, professora, faltando somente o vigrio, para completar o esquema que orienta a vida das abandonadas populaes interioranas. Jango, atingiu, em cheio, este
esquema, montou uma mquina suprapartidria, absolutamente a margem da influncia poltica da UDN, PSD, PTB, PSP etc. as siglas partidrias e
as diferenas ideolgicas, no influram no dispositivo janguista. Uma jogada tipicamente getuliana, altamente maquiavlica. Entremos no mrito do assunto. Jango levantou a bandeira da
Federalizao da Justia e das polcias militares. Havia autorizado o Ministrio da Educao a examinar a suplementao dos vencimentos do professorado primrio dos municpios, equiparando-os ao salrio mnimo,
pagando o governo federal a diferena. Sabemos do drama da magistratura na esmagadora maioria dos
estados, vivendo nos limites extremos da misria. Um juiz e um promotor, que necessitam, pelo exerccio do cargo que ocupam, manter uma certa dignidade, no podem, muitas vezes, nem sequer comprar sapatos para
mandar os filhos escola. A federalizao da justia o objetivo, a idia fixa da magistratura. Assim sendo, todos os elementos ligados
magistratura, aguardam, ansiosos, o retorno de Jango...
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O oficial, o sargento, delegado ou comandante dos destacamentos
municipais, os soldados, percebendo um soldo que os envergonha de
informar quanto percebem mensalmente, (com exceo de duas ou trs corporaes) depositam na federalizao da polcias, as suas derradeiras esperanas. E assim sendo, soldados e oficiais das polcias militares, dirigem suas preces pela volta de Jango, na expectativa de que podero
comer um pedao de carne nas suas refeies, hoje proibitiva nos cardpios populares.
E as professoras municipais? Esta uma dolorosa interrogao, que
pode se transformar na trgica-tristeza de uma afirmao. Ganham um
misria uma gratificao, uma espcie de ajuda de custos. A esmagadora maioria dos municpios brasileiros, sem arrecadao prpria, vivendo na
dependncia da chamada quota federal, no tm condies de pagar condignamente o seu professorado. O magistrio primrio, principalmente
o leigo, pela descrena orgnica, atvica, ficou estarrecido, sem acreditar.
A suplementao lhe pareceu a miragem da caminhante perdida no deserto. A professora primria, na hora do meio dia fica vendo miragem, a
suplementao, o salrio mnimo, o pensamento voltado para o ex-presidente. um suporte muito forte: Juiz, Promotor, Delegado, Professora... E nos grandes centros urbanos, a massa obreira, como dizem os castelhanos, colocando a cabea de fora, no para ser degolada pelos
gorilas, mas, na nsia de obter a liberdade sindical.
E como handicap maior, a carta de Vargas, acenando, acenando... Qual o vento mais forte que sopra nos horizontes da Ptria? O vento das Reformas de Base. As reformas de Jango. O lado negativo das razes de Jango, foram a falta de segurana para
a classe empresarial e o aventureirismo que durante o seu governo,
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desenvolveu-se em determinados setores das classes armadas, vcios de
origens, dos quais dificilmente se desvencilhar o ex-presidente .
BRIZOLA E A LUTA ANTI-IMPERIALISTA
A revolucionria bandeira da luta anti-imperialista, est nas mos de
Leonel Brizola. Seguir a frmula de Nasser, ou os mtodos de Fdel
Castro? No tem nenhuma semelhana com Peron, porque o Caudilho argentino se parece mais Joo Goulart. E que afinidades ter Brizola com
os lderes das jovens naes africanas, Bem Bella, Nkrumah, Keniata, Nyerere, que emancipados os seus pases do colonialismo e sobrevivendo ao tribalismo, crescem dia- a dia, acobertados pela gigantesca sombra
deixada por Patrice Lumunba? A renncia de Jnio e as demarches para a posse de Joo Goulart,
abriram a Brizola a grande oportunidade de desfraldar a bandeira da
legalidade. Bandeira a tremular das librrimas campinas gachas, soprado pelo minuano, o vento da liberdade chegou aos campos gerais, s sofridas
regies nordestinas, ao litoral , ao serto, s serras, vadeou rios, transps matas, alegrou lares, tranqilizou as classes conservadoras, acalmou os sindicatos, entusiasmou estudantes, pacificou a Nao beira da guerra
civil.
Ganhou, ento, o direito de ser chamados de Comandante.
E a voz de comando passou a ser ouvida do Rio Grande do Sul -
poderosa voz que havia congregado o povo, em frente ao Palcio Piratini - que dialogou com o General Machado Lopes que se colocou testa do
bravio III Exrcito, cujo ncleo libertador estava em Santa Maria com o general Osrio e na vanguarda aquele herico major Joaquim Incio, filho e herdeiro das tradies patriticas de Felicssimo Cardoso. Ressurge a
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epopia dos Farrapos e a vocao libertaria das gachos, consolidada na
ponta das lanas e encontra em Brizola, o lder h muito tempo
ansiosamente procurado. No tabuleiro de xadrez da poltica brasileira, Brizola teve o mrito de
compreender, que aps o 25 de agosto, no era possvel a conciliao. E partiu para a luta.
A candidatura de Leonel Brizola a deputado federal, pela Guanabara,
constituiu-se na clarinada das foras nacionalistas, transformando-as em veculo de uma pregao de mbito nacional.
Antes de assumir o governo do Rio Grande do Sul, Brizola havia, por
breve perodo, exercido o mandato de deputado federal. Notabilizou-se pelo episdio de fazer silenciar, de revolver em punho, a malcriao de
Carlos Lacerda, em um dos habituais ataques do lder direitista memria de Vargas.
Equacionou os mais srios e explosivos problemas nacionais.
Estabeleceu e cumpriu um corajoso itinerrio, abrindo um imenso debate, sulcando profundamente a opinio pblica, ao microfone da rdio Mairynk
Veiga, ou nos comcios, nas praas pblicas. Acusando e sendo acusado, atacando e se defendendo, sempre de p, sem recuar um passo. Atingiu o objetivo, que era interessar o povo, despertar as elites, criar o dilogo, estarrecer a nao com as suas denncias, para , finalmente, obrigar o imperialismo a tirar a mscara, atravs da controvrsia com Linconl
Gordon, embaixador dos Estados Unidos, que Brizola classificou como um
autntico Inspetor de Colnias. Elegeu-se pela Guanabara, com a maior votao j obtida por um deputado federal, em toda a histria poltica do Brasil. Causticou a poltica dos minrios, notadamente o ferro e o mangans,
investindo contra Hanna, Benthelehem Steel e outros trustes, ops tenaz
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resistncia tentativa de internacionalizao da Hileia Amaznica;
combateu a desnacionalizao da nossa indstria farmacutica e a compra
do ferro velho da AMFORP; concentrou em si, o dio do Fundo Monetrio Internacional; abriu fogo cerrado contra os poderosos grupos que
esquematizaram a alienao da economia brasileira; defendeu a Petrobrs. Muitos dos que ontem combatiam encarniadamente Leonel Brizola,
hoje em busca da opinio pblica, tentam imit-lo, como por exemplo, os papa-ventos da LDER... ridculo, ver, Dona Sandra Cavalcanti, na televiso, usando a dialtica brizolista, mas, sem a autenticidade do
gacho...
Neocolonialismo e imperialismo confundem-se de tal maneira que no fcil identificar o dedo do gigante, cada qual maior, no processo de
espoliao das naes economicamente fracas. O povo no entende estas filigranas, debates acadmicos, frmulas mgicas, sistemas interpretativos.
O povo, entretanto, entendeu a linguagem de Brizola, trocando em
midos, explicando o que era inflao. Exemplo: voc dorme com uma nota de cem cruzeiros, debaixo do travesseiro. No dia seguinte, acorda e a
nota est valendo somente noventa e nove cruzeiros. Todo mundo fala na lei de Remessa de Lucros para o exterior. Brizola criou aquela imagem da bomba de suco, drenando, sugando, as
riquezas do Brasil (...) Luta anti-imperalista, a histria de Joo da Silva, que amanheceu o
dia lavando os dentes com dentifrcio estrangeiro e durante 12 horas, at o
instante de dormir, consumiu produtos pertencentes aos trustes, at que apagou a luz, que tambm era Light... Assim o Brasil, o organismo
nacional, sugado permanentemente pelos morcegos dos monoplios internacionais, que levam para o estrangeiro, os fabulosos lucros de suas
empresas, deixando a nossa ptria na misria.
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Brizola rompeu a nvoa de espuma, a cortina de fumaa., a
nebulosidade dos tericos cartesianos, aonde se acobertavam os agentes do
imperialismo.
Satirizou a burrice dos reacionrios, com o seu tempestuoso esprito
polmico, desnudando falsos heris, destruindo dolos de ps de barro. Estabeleceu os pontos cardeais do roteiro revolucionrio. Abriu uma
grande brecha na Bastilha imperialista. Desafiou o tigre de papel.
Morto na luta, Brizola ser o Patrice Lumumba da Amrica Latina. Vivo, o porta-estandarte da revoluo verde-amarela do Brasil. Difcil
dilema, para o imperialismo escolher...
No podemos, entretanto, desprezar o povo, quando fazemos a apologia do lder. A espetacular vitria de Brizola, na Guanabara,
enquanto , na mesma oportunidade, o seu candidato ao governo do Rio Grande do Sul, era derrotado por uma coligao direitista, deve-se ao nvel
poltico do povo carioca, o mais elevado do Brasil. A f nas lideranas, nas
individualidades, precisa ser compensada pela tese da elevao da conscincia do povo, pela organizao de massas, para que no se caia no
aventureirismo.
DE JUSCELINO A MAURO BORGES
Juscelino foi o gnio que construiu Braslia, mas, o pai da inflao
brasileira. O realizador de Furnas e Trs Marias, aumentando o potencial
hidreltrico de uma nao, que anseia para ser uma das maiores potncias do mundo, mas teve a responsabilidade de comprar este elefante branco
que se chama porta-avies Minas Gerais. JK foi o estadista que teve a viso do futuro, mas, que no teve o
cuidado de cercar-se de uma boa equipe, preferindo os penidos, que eram
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pequenos demais. Abriu os horizontes para o nosso desenvolvimento, mas,
deixou que a indstria verde-amarela fosse alienada. Rasgou no corao
das selvas, a estrada Belm-Braslia, insurgindo-se contra a ultrapassada civilizao de caranguejos, arranhando as praias, mas no se preocupou que os velhos caciques da poltica instalassem no DNOCS e no DNER, a indstria das secas, da malversao das verbas federais.
Juscelino o otimismo, o riso franco, a malcia mineira, o peixe
vivo, o p de valsa, cruzando cus nas asas de um avio, que de cinco anos de governo, nos deu a real viso de cinqenta anos, nos acertos e
desacertos. Corao de brasileiro, perdoou os baderneiros de Aragaas e
Jacareacanga, que no vacilaram um minuto em persegu-lo
impiedosamente.
JK criou graves contradies que encontraram seu paradigma no abismo que se cavou entre o setor industrial e o setor agrrio, segundo
Franklim de Oliveira e embora o surto de progresso industrial tivesse sido
sem precedentes, nunca a economia brasileira atingiu a tamanha orgia imperialista, na opinio de Caio Prado Jnior.
Assinou, a revelia do Congresso, os nefastos acordos de Fernando de Noronha e Robor, mas, em compensao, lanou a Operao Pan-americana.
Criou a SUDENE, a GEIA, a GLICON, visando o desenvolvimento do Nordeste, da indstria automobilstica e da indstria naval.
A cassao do seu mandato de senador e dos direitos polticos foi um
golpe-baixo, autntica rabulice udenista, rapinagem eleitoral da pior espcie, amedrontados com a sua candidatura presidncia da repblica.
O seu mais imperdovel erro foi decidir a eleio de Castelo Branco, que ele, anteriormente, havia promovido a general. Na presidncia da
Repblica, o grande ingrato, sem a menor dor de conscincia, cassou o
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mandato e exilou o seu benfeitor. Hoje, JK deve sentir a amargura de haver levado os amarais, felintos, e vitorinos pessedistas a votar em Castelo
Branco, quando j se encontrava praticamente assegurada a vitria de outro general, Amauri Kruel, apoiado pelo PTB.
So as contradies, danas e contradanas da poltica, que ainda continua sendo, dentro daquele antigo aforismo, a arte de engolir sapo...
A moral pessedista, a mais elstica de todas. Uma repetio
surrada, muito esfarrapada e distorcida do conceito do Bem e do Mal, e que no existe nenhum mal que no traga um bem, capaz de fazer Plato
estremecer no seu sono eterno.
A vocao do PSD, a de mulher de Apache. Mas, a sua voracidade pelo poder, a de cortes francesa...
No velho estilo da poltica brasileira, ningum manobra melhor do que o Partido Social Democrtico. Nas horas de perigo, recua e fica
cochilando como um crocodilo, capaz at de derramar lgrimas. Quando vislumbra a possibilidade de subir as escadarias de um palcio, ningum o supera, nem mesmo as famosas raposas udenistas, que apreenderam todos
os saltos, na cartilha marota de Otvio Mangabeira, udenista com alma de pessedista. Foi assim, no episdio de Gois.
Mauro Borges, um jovem lder que se projetava no cenrio nacional, emergindo do Planalto Central, realizando uma administrao progressista,
equacionando, corajosamente, os seculares problemas do povo goiano. Era um novo meteoro que surgia. Poderia ter sido o denominador comum entre Brizola e Arraes, na liderana da revoluo brasileira.
Teve receio de voar na altitude das guias, ficou no rasteiro bater de asa dos nambus. Recolheu-se e engolfou-se no provincianismo caduco,
alimentando a fogueira da odiosa disputa, entre as oligarquias dos
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Ludovicos e dos Caiados.
O presidente Goulart, tambm tem a sua parcela de responsabilidade,
uma parte da culpa, quando negou a Mauro Borges, os recursos econmicos que o estado urgentemente necessitava, lanando,
definitivamente, o ingnuo governador, nos braos dos conspiradores golpistas, Magalhes Pinto e Perachi Barcelos...
O resto a grande farsa. Na posse de Castelo Branco, eufrico,
Mauro Borges batia palmas, sob o olhar inquisitorial da Linha Dura. Depois, a luta humilhante, emocional e desesperada para sobreviver, caindo
sozinho, trado pela cpula pessedista, que continuou manobrando,
manobrando...
NO TEMPO DE ARRAES
O caboclo Miguel Arraes virou mito. Os camponeses o chamam
carinhosamente de Pai Arraia. o homem mais srio do atual cenrio da poltica brasileira.
Mais cedo, ou mais tarde, chegar Presidncia da Repblica. No prognstico, uma anteviso de acontecimentos futuros. a lgica dos fatos, o caminho natural, levado pelos setores bsicos da sacrificada e
claudicante economia nacional. Miguel Arraes, no fiquem estarrecidos, o lder capaz de
concretizar as aspiraes do nosso potencial econmico, da burguesia, do
capitalismo nacional asfixiado pelo imperialismo. O prprio presidente Castelo Branco, em pronunciamento dirigido a
parlamentares nordestinos, admitiu que a soluo para o problema da indstria aucareira, aquela preconizada pelo senhor Miguel Arraes. E
no mistrio, nenhum segredo, que a agroindstria do acar,
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principalmente no Nordeste est indo a falncia. O acar produto
gravoso no mercado internacional. O homem indicado para salvar os
usineiros, atolados no massap, por mais incrvel que seja, o reformista Miguel Arraes, preconizador de uma reformulao na estrutura scio-
econmica, a chamada realidade social. Em Pernambuco, no governo de Arraes, no era a polcia que
resolvia as pendncias trabalhistas entre camponeses e senhores de
engenho, descendo o espadago-rabo-de-galo no lombo do trabalhador. Era a Assessoria Sindical, argumentando junto a patres e empregados, com a tabela das tarefas do Campo.
Arraes um desafio permanente aos agentes dos interesses anti-nacionais, imbatvel, crestado pelo sol africano de Fernando de Noronha,
martirizado pelos anes a servio do imperialismo, crescendo no corao do povo, esperana das multides sacrificadas pela inflao.1
O caboclo Miguel Arraes est para o Brasil, na mesma dimenso de
grandeza, como o ndio Juarez esteve para o Mxico e o nativo Sukarno para a Indonsia: restituir o patrimnio e as riquezas nacionais ao povo,
abrindo o caminho brasileiro para a socializao progressiva dos meios de produo. O Movimento de Cultura Popular ( hoje tristemente transformado em Fundao Kennedy, para vergonha dos altivos pernambucanos, que tiveram nas batalhas dos montes Guararapes, o feito maior das lutas nativistas para
expulsar do territrio brasileiro, na poca do Brasil Colnia, o invasor
estrangeiro), foi o magnfico instrumento de democratizao da cultura, na administrao Miguel Arraes, na Prefeitura do Recife e no Governo do
Estado.
1O autor esteve preso em Fernando de Noronha, na mesma poca de Arraes, mas somente o viu uma vez, assim mesmo de longe.
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Antnio Callado, no seu livro, Tempo de Arraes padres e
comunistas na revoluo sem violncia- afirma que o governo de Miguel
Arraes, em Pernambuco, era o mais democrtico da Federao, porque correu todos os riscos inerentes democracia.
O capital estrangeiro necessrio ao Brasil, ou so o Brasil e as naes subdesenvolvidas necessrias ao capital estrangeiro? Esta polmica
pergunta continua de p, principalmente no que se refere empresas
estatais. A siderurgia nacional, pouco a pouco, paralisa seus fornos, dramtica a situao de Volta Redonda e da Fbrica Nacional de Motores.
As indstrias txteis e eletrodomstica de So Paulo desempregam milhares
de operrios, face impiedosa restrio do crdito industrial, porque do comercial e do agrcola, nem bom falar. A desigualdade de tratamento
entre as firmas nacionais e as empresas internacionais, gritante, acintosa,
acelerando a descapitalizao das organizaes brasileiras e o que mais
grave, gravssimo, contribui para aumentar impiedosamente a taxa de
inflao e consequentemente a fome do povo. a lgica de quem deseja raciocinar. E a soluo? A soluo Arraes.
O caboclo nordestino surge como sada para a burguesia nacional. Quem estiver contra as teses de Roberto Campos , Gouveia de Bulhes, da Consultec, todas sopradas por Lincoln Gordon e executadas pelos inocentes
teis do imperialismo, iro, direita ou indiretamente, desaguar na caudal nacionalista, com Miguel Arraes na crista dos acontecimentos, falando do
alto, dos pncaros escarpados da Serra da Borborema.
Miguel Arraes no homem para acomodaes, para cambalear. Tem a marca rude daqueles que nasceram no serto e no somente um
forte definio euclidiana, antes de tudo, um homem que viu com os prprios olhos e sentiu na prpria carne, o drama do campons, sem terra,
faminto, esmolambado, vtima de uma ultrapassada, anacrnica, medieval,
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sociedade agrria.
Arraes o renascentismo brasileiro. O humanismo com novas
roupas. O dialtico abrindo o grande dilogo da emancipao. O forte trao de unio entre as amplas camadas nacionais e a nascente burguesia
nacional. Aceitando a colaborao dos padres e dos comunistas. Um homem sem preconceito. Um lder em torno do qual se poder estruturar a
unio das foras que realmente tenham razes nacionais. Fez, em
Pernambuco, a experincia que ser a realidade do Brasil de amanh. Arraes o denominador comum para a coexistncia das tumultuadas,
atropelantes, impacientes, (...) foras do desenvolvimento brasileiro. A roda da histria continua girando, mas, no possvel prosseguir impulsionada pela arcaico sistema das manivelas. Vivemos a poca da
fora motriz. Arraes o dnamo. Vamos impulsionar este poderoso motor. O Brasil no pode parar, mas, est parando, acorrentado pelas
instrues da Sumoc, no campo econmico; amordaado pelo terror dos
IPMs; no setor poltico servilmente cabisbaixo, na rea diplomtica; claudicante, envelhecido, tropeante ressentindo-se de rejuvenescimento, fsico e de idias no leme da administrao, no poder Executivo, porque o Legislativo e o Judicirio, esto sob meia interveno. O jeito que tem, esperar a volta do tempo de Arraes. No somente em Pernambuco, mas, agora, em todo o Brasil. Vamos aguardar a passagem da Procisso do Terceiro Mundo. Vai
soar a hora do Brasil na liderana da Amrica Latina. Esto contados os
dias do falso neoliberalismo. No seremos mais um povo marginalizado na histria. Uma nao de gigantes dirigidas por anes.
Na rebelde cidade do Recife, no dia de sua posse, Arraes disse que somente tinha para oferecer ao povo, duas mos e o sentimento do mundo.
Mensagem, que atualmente est no corao da esmagadora maioria
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do povo brasileiro.
CONY, CORREIO DA MANH, HERMANO, MRCIO, A LTIMA HORA
Resistir na hora do desastre geral. No abandonar a casa, no instante
em que se alastra o incndio. Evitar o contgio psicolgico do pnico. Ser
o cronmetro de sua prpria vontade. Deixar de lado a tranqilidade pessoal e olhar o bem coletivo. Suplantar o medo, dentro de si mesmo e
no permitir que os nervos tenham domnio sobre o crebro e o corao.
Era como se a besta do Apocalipse tivesse talado as terras do Brasil. Desapareceu, como por encanto, voando nas asas do dio, ou num passe
de bruxaria aquele esprito cristo, altamente humano, que sempre norteou a vida poltica brasileira.
Implantou-se o terror, impiedosamente supliciaram presos indefesos
dentro dos quartis, santurios aonde se deve aprender a amar a ptria e respeitar os vencidos, lei sagrada, ensinada nas cartilhas de todos os
exrcitos. Os gales de muitos oficiais ficaro eternamente tintos com sangue de inocentes patriotas, cujo nico crime seguir o exemplo de Tiradentes, continuar lutando pela emancipao econmica do Brasil, da
tutela estrangeira.
Mulhereshienas, hipocritamente de rosrio na mo, como se
estivessem em um circo romano, pedindo o sacrifcio do que existe de
melhor na juventude brasileira, contrariando as fraternais mensagens de Joo XXIII, Paulo VI e Helder Cmara e da grande maioria do Episcopado
brasileiro. o drama pungente de um povo duplamente faminto, de alimento e de liberdade.
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O Correio da Manh salvou a dignidade do Brasil, dignificou a
democracia, restaurou as esperanas perdidas, iniciando a mais bela e
herica batalha, do povo desarmado, contra o estado militarista. Carlos Heitor Cony surgiu como figura de romance moderno que
lutando contra os tanques, espadachim defrontando-se contra a horda de hunos, humildemente entrando para a histria, deixando do lado de fora
uma arrogante legio de anes, fantasiados de salvadores da Ptria, ptria
minha, como diria Vincius de Moraes. Cony, um grego redivivo nas areias de Copacabana, para defender a democracia e matar de vergonha Eduardo
Gomes, heri ultrapassado no tempo e no espao.
O grande jornal que se insurgiu contra a ditadura, rompendo as comportas do Estado Novo, publicando o Manifesto dos Mineiros (hoje acocorados em torno de Magalhes Pinto), divulgando, dando eco ao grito de Jos Amrico (atualmente murchando sob a sombra da revoluo na praia de Tamba), cresce, agigantando-se, ocupando o imenso vazio, a cratera aberta pelo Golpe de Abril na opinio pblica nacional. Digno da linhagem de Edmundo e Paulo Bittencourt foi a lcida,
corajosa e patritica atitude de Niomar Moniz Bittencourt, apoiada por M. Paulo Filho e Osvaldo Peralva. - Jornalista, ocupa o teu posto!
E antes que a ressonncia da voz se perdesse na redao, Hermano Alves e Mrcio Moreira Alves estavam sentados em suas mesas,
matraqueando as velhas mquinas de datilografia. Quem haveria de dizer que o ponderado Hermano se transformasse em to poderoso gladiador? E Marcito, que em menino ainda, cobriu para o seu jornal, o clebre tiroteio na Assemblia de Alagoas, ele entra na histria sem medo, com uma coragem que est fazendo escola. E os outros, serenamente, vieram
chegando; Edmundo, Otto Maria Carpeaux, Srgio Bittencourt, Antnio
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Callado, Newton Rodrigues, Joo Paraguass, Al Right, Guima, J.J. & J e
os annimos editorialistas.
A sanha vandlica atingiu a ltima Hora. Ferida, sangrando, amputada de seus melhores colaboradores, voltou, entretanto, para
combater o bom combate. O velho Jos Bispo reveza-se com Miguel Neiva em hilrios e, ao mesmo tempo, causticantes comentrios,
dissecando os democratas da abrilada. Flvio Tavares, (...) Tereza Alvim, Stanislau Ponte Preta, Paulo Silveira no abandonam o (...). Dentro do pantanal, suplantando o coaxar das rs, surgem vibrantes
protestos, estridentes clarinadas. Mrio Martins, na pureza do seu
idealismo, (...) Silveira, na sinceridade sentimental de sua solidariedade. Secas e roucas gargantas, em outras regies, ainda sufocadas,
tambm comeam a protestar.
SOBRAL PINTO, VELHO LEO DO LIBERALISMO
O ltimo dos grandes liberais. Defensor pblico da Liberdade,
orculo jurdico de uma gerao. O frum o seu campo de batalha. A palavra, a sua arma. Um advogado com dimenso internacional. Orgulho de um Pas. Teimosia, honestidade, coerncia de atitudes, desvairada
paixo pelas causas que patrocina. Desprendimento econmico, altivez, coragem, muita coragem, invejvel coragem. Muitas vezes divergimos de Sobral Pinto, mas, nunca poderemos
perder o respeito pelas suas atitudes. Precisamos compreender que ele um Liberal , no estilo clssico,
um intransigente defensor da Declarao dos Direitos do Homem, um paladino da Justia, um advogado por vocao, que se reencontra na
perenidade dos debates, adquirindo novas energias, um raro e bravssimo
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lutador.
Com estrutura jurdica de Rui Barbosa, mas, sem as deformaes polticas e a volpia pelos bens materiais do genial baiano. Sobral Pinto lembra a imagem do jequetib, sobressaindo-se e emoldurando a grandiosidade do ambiente, pela solidez de suas convices, imutabilidade de suas prprias diretrizes.
Agigantou-se no cenrio nacional, quando, faz quase trinta anos, a
noite negra da ditadura amortalhava a democracia brasileira. Ento, Felinto Muller era o catedrtico da reao (abjeta figura que, no se sabe porque, escapou ao julgamento dos Monstros de Nuremberg) e Borer engatinhava no aprendizado das torturas em Luis Carlos Prestes e Harry Berger, dirigentes comunistas presos, que sofreram o mais desumano e aviltante
tratamento.
Levanta-se, esto, a voz de Sobra Pinto, perante uma Nao
aterrorizada, ameaada pelos campos de concentrao. Solicitava para
Prestes e Berger, pelo menos, o tratamento da Lei de Proteo aos Animais. E cresceu na luta, defendendo seus constituintes.
Quando o jovem Carlos Lacerda ainda no havia se acomodado sob o manto protetor do imperialismo e era um fogoso tribuno esquerdista, marcado pelos dolos vermelhos de sua formao como Lacerda lembra
Mussolini foi preso, o leo que existe adormecido na pele de Sobral Pinto rugiu.
Cenas idnticas repartiram-se, no decorrer da agitada vida poltica do
Brasil. Fizeram poca, as suas cartas de protestos, os seus eloqentes telegramas, pronunciamentos, rusgas, atritos, discursos e conferncias.
Ameaada a pose de Jucelino Kubstichek presidncia da Repblica, coube a Sobral Pinto fundar a Liga de Defesa da Legalidade, quebrando
arestas e dando contedo moral e jurdico para que o suporte militar do
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general Teixeira Lott funcionasse.
Interpretando o radicalismo dos grupos de direita, o jornalista Hlio Fernandes, caustica em ferro e brasa o governo Joo Goulart. Revela segredo militares, recusando-se, em nome da liberdade de imprensa, a
indicar as origens de sua fontes. Preso, tem contra ele o Ministro da Guerra, Jair Dantas Ribeiro. Ainda bem no havia transposto o porto do
quartel, Sobral Pinto entrava com uma ordem de habes-corpus, no Supremo
Tribunal Federal, libertando-o. Vitoriosa a revoluo, a burrice provocadora da neo-gestapo
brasileira arma o Processo dos Chineses. Nove patrcios de Mao Tse Tung,
sete homem de negcio e dois jornalistas, vieram ao Brasil, em 1964, em misso comercial, convidados pelo ento presidente Jnio Quadros, com passaportes devidamente legalizados. Escndalo terrvel, denunciados de que teriam vindo para matar com injees venenosas (no seriam de pio?), entre outros, o velho Dutra e o maduro Lacerda. A Nao fica estarrecida.
E se no fosse Sobral Pinto, desmascarando a farsa luz da verdade, dificilmente ultrapassaria a cortina da mentira.
Sobral Pinto um tpico liberal democrata, anti-comunista e anti-facista. Combateu Hitler e Stalin. Ele se identifica bem com a clebre frase de Voltaire: No concordo com uma nica palavra do que dizeis,
mas defenderei at a morte o vosso direito de diz-la. Um velho e feroz leo do liberalismo.
O SUPREMO REAGIU SOZINHO
Ainda h Juiz em Berlim! Velha, repetida e sempre atualizada frase, que atravessando pocas, ressurge, todas as vezes em que a majestade da Justia se encontra ameaada e as garantias pblicas, vilipendiadas pelo
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tiranos e aprendizes de ditadores.
O Supremo Tribunal Federal, nos regimes democrticos, a viga
mestra, a ltima instncia, o poder desarmado, mas que se alicera no poderio inviolvel da Lei.
Os corujes, habituados s trevas, que empalmaram o poder, no Brasil, tudo fizeram para dobrar e consequentemente desmoralizar o
Supremo Tribunal Federal. Tranqilo, sem exaltao, consciente da misso
histrica que estava vivendo, o Supremo manteve-se inflexvel, julgando dentro dos cdigos, indiferente tempestade que do norte a sul desabava.
Era a luz bruxuleante norteando e salvando os ltimos vestgios da
democracia. O Brasil inteiro acompanhou estes lances dramticos. Nas mais
longnquas comarcas , velhos e novos Juizes, apalpavam as suas togas a
nos Tribunais Estaduais, desembargadores que deram uma existncia a
servio da Justia, emocionados e confiantes, seguiam as decises dos
mestres do Supremo. Habeas-corpus o sagrado direito do cidado ir e vir livremente
foram julgados sob a mais asfixiante tenso. Na pauta dos julgamentos estiveram ex-governadores como Seixas Doria, Mauro Borges, Plnio Coelho, o escritor Astrogildo Pereira, quase criando um caso militar, o
economista Srgio Resende, filho do marechal Taurino (que era da Linha Dura at a priso do filho) centenas de intelectuais, porque a reao foi tremendamente brutal contra a inteligncia, professores, jornalistas, escritores, estudantes e centenas de operrios. O terror intelectual deixou as suas sinistras garras, que um dia, atravs de Hitler, tambm atingiram a
cultura alem.
Cabe uma referncia especial classe dos advogados, patrocinadores
das vtimas, que vencendo ameaas, foram dignos do sagrado
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compromisso, assumido na oportunidade de suas formaturas. Sobral Pinto
e Nelson Hungria, pela respeitabilidade dos seus nomes, figuram e
primeiro lugar, para depois podermos enumerar Raul Lins, Vivaldo Vasconcelos, Osvaldo Mendona, Evaristo Morais Filho, Paulo
Mercadante, Arione Barreto, Cndido Oliveira Neto, Marcelo de Alencar, Alfredo Tranjan, Modesto da Silveira, J. Werneck, Godofredo Baker, Paulo Arguelas, George Tavares, Heleno Fragoso, todos nos foros da
Guanabara e Braslia; Raul Chaves e Pedreira Lapa, na Bahia; Varela Barca, talo Pinheiro, Carvalho Neto, no Rio Grande do Norte; Bris Trindade, Fernando Tarso, professor Antnio Brito Alves, Rui Antunes e
Juarez Vieira da Cunha, em Pernambuco. Juristas como Seabra Fagundes, ex-ministro da Justia, com a sua
notvel cultura, toma iniciativa de propor na Ordem dos Advogados, uma moo de solidariedade ao Supremo. Na imprensa surgiram
pronunciamentos, dentre os quais poderemos ressaltar as declaraes do
professor Pontes de Miranda: O Ato Institucional foi um buraco na Constituio, um ato de hipocrisia, porque arrebentou com a legalidade,
dizendo conserv-la. O que nos resta intacto o Supremo Tribunal Federal, desde o Imprio, sempre tivemos alto nvel jurdico. Curta, muito curta, a memria dos homens. Mas, aquelas
personagens que entram para a histria, atravessam geraes e sero
sempre recordadas, particularmente quando tiveram marcante atuao no
ciclo dos fenmenos histricos.
Na modstia desta homenagem, lembremos os seus nomes, que j se encontram plasmados na conscincia dos brasileiros - Ministros do
Supremo Tribunal Federal: Joo Villas Boa, Ribeiro da Costa, Hermes Lima, Victor Nunes Leal, Evandro Lins e Silva, Hanneman Guimares,
Lafaiete de Andrade, Cndido Mota Filho, Antnio Gonalves de Oliveira,
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Pedro Chaves, Samir Galotti.
OS IDELOGOS DA FRENTE PARLAMENTAR NACIONALISTA
A Frente Parlamentar Nacionalista, atravs dos problemas levantados, deu ressonncia e altitude ao Parlamento Nacional, que nos
ltimos tempos vinha atravessando uma fase de decadncia, pela ausncia
na tribuna de oradores que no 1 e 2 Imprio, na Repblica Velha e nos perodos anterior e posterior revoluo de 1930, pela eloqncia e seriedade dos assuntos tratados, despertavam o interesse de toda a Nao.
Quantas vezes a Cmara parou para ouvir, com respeito e profundo interesse, Gabriel Passos e Barbosa Lima Sobrinho.
E os projetos de Lei, srios, definitivos, quase profticos de Srgio Magalhes, Temperani Pereira e Jos Jofily. Minrios atmicos, assunto
explosivo que Gabriel Passos falava de ctedra, afugentando os anes do
imperialismo, que nunca o enfrentaram no debate, sempre arremetendo traio. Nacionalizao das empresas estrangeiras, doutrina em que
Barbosa Lima Sobrinho insupervel e que irrita profundamente os corifeus do entreguismo. Remessa de Lucros, fonte de empobrecimento do pas na mensagem de Srgio Magalhes, ferro em brasa, queimando as
banhas do imperialismo. Reavaliao dos Ativos das Empresas Estrangeiras o caminho que Temperani Pereira ensina, para se poder fazer
a encampao dos trustes sem o escndalo verificado com o ferro velho da
AMFORP. Jos Jofily vendo com lucidez o problema da Reforma Agrria. Os discursos condoreiros de Almino Afonso, a vigilncia ininterrupta
de Aurlio Viana, o petrleo na palavra de Seixas Dria, as denncias no campo da economia e finanas de Hermgenes Prncipe, a rplica corajosa de Neiva Moreira s investidas dos reacionrios, Ferro Costa, Adail
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Barreto, Jos Aparecido, Roberto Saturnino, Celso Passos, lutando para
injetar sangue novo UDN, atravs da Bossa Nova. Paulo de Tarso e Plnio de Arruda Sampaio enfatizando a cristianizao das reformas, Fernando Santana, Hlio Cabral, Silvio Braga, Rog Ferreira, Ramon de Oliveira,
Celso Brant, Artur Lima, Clidenor de Freitas etc. etc.. Examinando, com brilho, perceptibilidade, clareza, os assuntos fundamentais da vida
nacional, Josu de Castro analisando, com autoridade, o problema da fome
e Eloi Dutra, estarrecendo a nao com o tremendo libelo contra o IBAD. A Frente Parlamentar Nacionalista transformou a tribuna do
parlamento no mais amplo pulmo, por onde respirava a liberdade do
povo.2
Desfraldou, acima das siglas partidrias, a vigorosa bandeira da
emancipao econmica do Brasil. Marcou uma bela fase na histrica luta contra o subdesenvolvimento,
a fome, a doena, o analfabetismo em que se encontra vergonhosamente
mergulhado o pas. Sofreu, na prpria carne, a fria vandlica da revoluo. Com
rarssimas excees, foram cassados os mandatos dos seus lderes, que eram e continuam sendo os mais categorizados dirigentes do povo brasileiro.
No pode existir democracia sem o dilogo entre o governo e oposio.
Os revolucionrios cassaram os mandatos e direitos polticos da
esmagadora maioria dos parlamentares nacionalistas, acusados de subverso, de agitadores, sob a alegao ridcula de que o novo regime
necessitava de paz. Paz dos cemitrios o que a abrilada deseja, em que somente tm direito a falar, os coveiros da democracia.
2 O autor, ex-deputado federal, integrou os quadros da Frente Parlamentar Nacionalista.
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No haver dilogo ideolgico, porque os idelogos da Frente
Parlamentar Nacionalista esto com os seus direitos polticos cassados.
Haver o monlogo, triste e desprezvel monlogo, sob a batuta nazi-fascista deste sinistro ventrloquo que se chama Francisco Campos.
A POSIO DOS INTELECTUAIS
Temos dois tipos de intelectuais, na atual conjuntura nacional. Os que se mantm fiis mensagem de amor liberdade de Romain Rolland e
os que desejam eleger o marechal Castelo Branco para a Academia de Letras e que na ausncia de maiores mritos literrios, leva a vantagem de contar com o apoio do Pentgono e do Departamento de Estado.
A grande maioria dos nossos intelectuais, a exemplo de Marcel Proust, busca reconquistar o tempo perdido. o desejo de ver o Brasil como um dos lderes do Terceiro Mundo. Os outros, preferem viver no
quintal, humilhante quintal, plantando batata, comendo banana. A participao dos intelectuais, no esclarecimento do povo brasileiro
em torno das Reformas de Base, foi digna sob todos os ttulos. Estiveram em todas as frentes e combateram o bom combate. Nunca o livro despertou tanto interesse. Surgiram colees populares, a preo reduzido, para
compensar a alta do custo do papel, que de passagem se diga, monopolizado pelos trustes.
As editoras Civilizao Brasileira, Universitria, Fulgor, etc. etc.
estiveram na vanguarda. O ISEB (Instituto Superior de Estudos Brasileiros) gestes de Rolando Corbusier e lvaro Vieira Pinto, plasmando uma jovem mentalidade, abrindo perspectivas, rasgando novos horizontes, arejando a inteligncia nacional. O ISEB era o oposto da Escola Superior de Guerra, um rgo reacionrio.
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O Comando dos Trabalhadores Intelectuais, apesar do curto perodo
de sua existncia, tornou-se histrico e aqueles que subscreveram o seu
manifesto (com excepo de meia dzia que se acovardou), tm uma posio definida no cenrio literrio do pas. Era dirigido por uma
comisso integrada por Alex Viana, lvaro Lins, lvaro Vieira Pinto, Barbosa Lima Sobrinho, Dias Gomes, Edson Carneiro, Enio Silveira, Jorge
Amado, M. Cavalcanti Proena, Moacyr Flix, Nlson Werneck Sodr,
Oscar Niemeyer, Osny Duarte Pereira. No foram simples pioneiros do nada, nem vendedores de iluses.
Mergulharam na realidade brasileira, agitaram a gua traioeira do pntano,
empenhados na mudana das velhas estruturas. Institucionalizou-se o terror cultural, numa revivescncia dos
ultrapassados tempos de Hitler. Universidades militarmente ocupadas e os coronis da linha dura, inquisitorialmente, boalmente, interrogando as
expresses maiores da inteligncia e da cultura do Brasil, apreendendo
livros, dando buscas nas livrarias, confiscando como subversivos, Guerra e Paz, Nosso Homem em Havana, O Vermelho e o Negro. Esses interrogatrios e essas apreenses de livros, se no fossem as trgicas conseqncias das torturas, dariam um saboroso anedotrio, uma antologia folclrica, um expressivo atestado de burrice.
Poderamos simbolizar em alguns, o elevado nmero de homens de pensamento, vilmente perseguidos.
Mrio Shemberg, mestre dos universitrios paulistas, o maior sbio
brasileiro em fsica nuclear. Teve a solidariedade das importantes entidades cientficas do mundo, mas, nem assim, deixou de ser perseguido
impiedosamente pelos dedos-duros da ditadura, na devastadora companha contra o que de mais expressivo existia na inteligncia brasileira.
Enio Silveira, o editor, que no somente o comerciante e o
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industrial do livro, mas, tambm, o intelectual, com os olhos abertos para a
realidade nacional, dando uma impressionante contribuio para o
desenvolvimento no campo editorial brasileiro, superior mesmo, ao pioneirismo de Monteiro Lobato. Perseguido pelos IPMs que nele
simbolizavam uma das colunas mestras da inteligncia do pas, precisando, urgentemente, de ser imobilizado, deixar de pensar, crime de lesa-ptria, na
cubata dos botocudos...
Oscar Niemeyer, arquiteto que ultrapassou as fronteiras do Brasil para se transformar em figura internacional, um dos mais famosos do
universo. O crebro que realizou Braslia. No tem condies de viver em
sua Ptria.
Celso Furtado, que atravs da SUDENE, planificou os problemas do
Nordeste, criando a primeira equipe de economistas com formao, mentalidade, unidade autenticamente brasileira. Hoje a SUDENE est descaracterizada e dirigida pelos gringos da Aliana para o Progresso e
Celso Furtado exilado da ptria. Paulo Cavalcanti, um dos nossos mais puros e lcidos escritores,
presidente da Unio dos Escritores de Pernambuco. Perseguido e humilhado pela ditadura militarista, recebeu impressionantes manifestaes de solidariedade, inclusive de intelectuais de Portugal.
Darcy Ribeiro, a fora criadora que possibilitou surgir a jovem Universidade de Braslia, marco imperecvel em nossa histria educacional
(...), vive no exlio. A liberdade de imprensa, para os jornais sindicais, estudantis, ideolgicos, desapareceu, em todo o territrio nacional.
Na chamada grande imprensa os golpistas no conseguiram tudo como desejavam, sobrevivendo dois ou trs rgos, em oposio ao governo, da mesma maneira que no episdio da cassao dos mandatos dos
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deputados e senadores, pouparam Doutel de Andrade, Aurlio Viana,
Ermiro de Morais e mais trs ou quatro, para que restasse um arremedo de
parlamento, dentro do plano de mistificao da opinio pblica. A liberdade desapareceu, tambm, dos plpitos. Sacerdotes foram
proibidos de falar, principalmente os padres ligados ao Grupo de Ao Popular, orientadores espirituais da Juventude Universitria Catlica e os
identificados com o sindicalismo rural. Nem a Igreja escapou ao regime da rolha. O arcebispo de Braslia Dom Jos Newton de Almeida Batista, foi indiciado em um IPM, como subversivo. Vrios padres foram presos e
outros esto exilados.
A resistncia dos homens de inteligncia, autntica resistncia de maquis da liberdade, efetivou-se nos quadrantes da Ptria.
Escritores da estatura de Tristo de Atayde, Oto Maria Carpeaux, Nelson Werneck Sodr, desmascararam a hipocrisia revolucionria,
daqueles que violentaram a legalidade, sob o pretexto defend-la.
Poetas como Moacir Flix, Vincius de Morais, etc., continuaram cantando a clara e humana cano, mensagem de f no despertar das
madrugadas anunciando que o sol da liberdade no morre e que o eclipse totalitrio j entrou em declnio. A cegueira, a ignorncia, a incapacidade de raciocinar dos
condestveis da revoluo, no permitem que eles sintam aquilo que os intelectuais norte-americanos j divulgaram: A Amrica Latina est nos espasmos de um dos grandes movimentos revolucionrios dos tempos
modernos. Tal movimento comeou no Mxico em 1910, e sua mais recente manifestao ocorreu em Cuba. Muito antes de se passar outro
meio sculo, ele ter abalado e transformado toda aquela vasta regio.
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A CORRUPO E OS ESTEIOS MORAIS
Muita coragem, coragem em mamar em ona. Muita falta de vergonha, tambm, esta histria de que a revoluo foi feita contra a
Corrupo. - E o Dr. Adhemar de Barros como vai?
- Como passa o general Mendes de Morais?
- E Manoel Novais tem mandado notcias do Vale do So Francisco?
- E o deputado Armando Falco est bem?
E a imensa quadrilha que rouba este pas, servindo a todos os governos, financiando toda espcie de candidatos, foi molestada? Os
inquritos do DNOCS, DNER, IBC, LOIDE, DNEF, DPRC, nos Institutos, Caixas Econmicas, o imenso Panam, em que deu? Deu em nada,
porque a maioria dos ladres que j vinha no bojo da conspirao passou a apoiar a revoluo, colaborando na obra de reconstruo nacional... E a gorjeta risonha e franca. E o cordo dos gorjeteiros, cada vez engrossa mais.
Tem muita gente faturando alto. Existem marmeleiros recebendo de vrias fontes. Primeiro foram certos governadores, que atravs de
presentes, no entraram no listo das cassaes de mandatos, escapando. Os IPMs nunca procuraram esclarecer estes fatos. A caixinha passou a
ser instituio nacional, amm.
Seria o sujo falando do mal lavado. Falta autoridade moral. Os maiores corruptos que o Brasil conheceu, desde os mais recuados tempos,
cinicamente, deslavadamente, atrevidamente, provocativamente, falando em combater a corrupo, enchendo as bochechas de honestidade,
arrotando dignidade.
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O ridculo tambm mata. E a revoluo caiu no ridculo.
Perseguiu modestos funcionrios, catou migalhas, mas, no teve coragem
de meter a mo no formigueiro, porque entre os formiges, estavam muitos dos pr-homens da abrilada, amaciaram muito rapidamente...
E os testas de ferro dos grupos imperialistas? E os malandros de alto coturno do sub e do super faturamento?
E os grandes sonegadores do Imposto de Renda?
E os reis do contrabando? Todos continuam tranqilos, apresentando-se como salvadores da
civilizao ocidental e crist, oferecendo banquetes e brilhantes recepes
no caf soaite, aos mais categorizados lderes revolucionrios . triste, mas verdade.
GOVERNO DE VELHOS COM VELHAS MENTALIDADES
Revoluo mudana, transformao social, modificao das instituies fundamentais do Estado, alterao das estruturas econmicas
da sociedade, da tradio cultural. No havendo isto, revoluo aspeada, golpe, quartelada, abrilada. Sociologicamente, tivemos no dia 1 de abril, um golpe, no
tradicional estilo sul-americano, dirigido por um grupo de generais, insuflado pelos Estados Unidos da Amrica do Norte.
A base militar do movimento, foi a revanche do 25 de agosto, quando a liderana poltica esteve nas mos dos udenistas, evidentemente, com infiltrao, tanto militar como poltica, de elementos conservadores de
todas as reas. A poltica externa do governo e as reformas de base, serviram de
denominador comum para aglutinar as foras interessadas na manuteno
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do status-quo do pas. Poderosos interesses econmicos estavam sendo
contrariadas e foi fcil manipular os inocentes teis do imperialismo, na
velha base da ameaa comunista, pretexto sempre renovado para deter a emancipao brasileira da espoliao dos trustes, sem ptria e sem
bandeira, adoradores exclusivamente do dinheiro, mais srdidos do que o avarento de Molire.
Retrocedemos no tempo e nos encontramos na poca do Conselho de
Ancios, provectas e respeitveis mmias, cochilando, aguardando, serenamente, que a Revoluo Francesa e a revoluo Industrial Inglesa,
operassem as grandes transformaes sociais.
Temos, no Brasil, um governo de homens velhos, e o pior, com velhas mentalidades. A tnica do regime, o reumatismo, o bocejo, o conformismo. Parece a Frana no tempo de Petain. Eduardo Gomes lembra uma milenar figura egpcia e Juarez Tvora
tem nobreza mitolgica. Suplicy de Lacerda uma curiosa figura barroca e
Buzizio um autntico bonzo chins. Na presidncia da tvola, que no redonda, o marechal Castelo Branco, com a sisudez dos homens provectos da Idade Mdia, assessorado pelos anacrnicos Eurico Dutra e Odilio Denys.
OS INOCENTES TEIS DO IMPERIALISMO
Falou-se muito em inocentes teis do comunismo. Falemos, agora,
em inocentes teis do imperialismo. Faamos, antes, um esclarecimento, de que o inocente til, no tem a
periculosidade e os mesmo crime do testa de ferro, do caixeiro viajante ou do scio dos grupos econmicos, que corroem e solapam a riqueza do
Brasil.
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O inocente til, no recebe dinheiro, no se vende, no um
mercenrio. Vamos citar trs exemplos de inocentes teis do Imperialismo:
Juarez Tvora, Juraci Magalhes e Gustavo Coro. O bravo ministro Juarez Tvora um caso de retardamento mental.
O ilustre embaixador e ex-governador Juracy Magalhes, por excesso de vaidade, chegou mesmo a afirmar num gesto servil que o que bom para
os Estados Unidos bom para o Brasil. O virtuoso Gustavo Coro
inocente til pelo horror ao comunismo.
O caso de Eugnio Gudin, diferente. tipicamente um testa de ferro exercendo cargos executivos, de gerncia, direo, nas empresas
estrangeiras instaladas no Brasil. O professor Roberto Campos pode ser catalogado, classificado, para
usar um termo tcnico, to a gosto do eminente terico do entreguismo, como caixeiro viajante do imperialismo. A categoria mais alta, a de scio, de agente direto do capital
estrangeiro, pertence queles que esto entrosados com os poderosos cartis internacionais. Exemplo: Sebastio Paes de Almeida, scio do
truste mundial do Vidro Plano e Walther Moreira Sales ligado rede bancria internacional. Todos eles so responsveis pelo atraso, retardamento, prejudicando o desenvolvimento do Brasil. Direta ou indiretamente esto implicados na grande conspirao arquitetada pelo imperialismo.
Foram joguetes na preparao do golpe militar. E como conseqncia, o Brasil perdeu a sua liderana continental, voltando a ser um fongrafo do Departamento de Estado.
Na cartilha dos inocentes teis do imperialismo, so considerados subversivos aqueles que seguem o exemplo de Tiradentes e patriotas os
comparsas de Calabar. Ontem e hoje, a luta a mesma.
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FALTOU AMADURECIMENTO AO CGT
A tradio de luta dos trabalhadores brasileiros merece todo respeito. um longa caminhada de sacrifcios, pontilhada de frustraes, mas, tambm, com assinalados marcos de vitrias, forjando uma luta, uma liderana martirizada pela reao, politizada na dura escola dos Sindicatos,
calejada nos piquetes para deter os fura greves, imolada nas brigadas de choque nos embates para deter a prepotncia policial, que ainda hoje continua pensando que o problema social uma questo de policia.
As primeiras grandes greves brasileiras eclodiram no perodo de
1920-1922. So Paulo, Rio de Janeiro e Recife, foram os cenrios aonde o proletariado, em primeiro lugar, comeou a tomar conhecimento de sua
fora de classe, ensaiando os seus primeiros passos, parando fbricas, detendo navios nos portos, imobilizando as locomotivas nas estaes das
estradas de ferro, lutando pela jornada de oito horas de trabalho, pelos primitivos aumentos de salrios. No existiam ainda os Sindicatos e as organizaes operrias denominavam-se Ligas, Centros, Resistncias,
como as famosas Resistncias dos Porturios. Era a forte mensagem que chegava, nos pores dos negros cargueiros alemes, trazendo notcias das greves dos estivadores do porto de Hamburgo...
A Legislao Trabalhista de Getlio Vargas, codificada por Lindolfo Collor, representa a carta de alforria do trabalhador brasileiro, apesar da
tendncia corporativista.
Clarearam os horizontes e o nosso proletariado ganhava maioridade e tinha de assumir maiores responsabilidades, principalmente no campo
poltico. Partiram, da, os sindicatos. O estivador lvaro Ventura, eleito por Santa Catarina para a Assemblia Constituinte, foi o primeiro trabalhador, escolhido pelo voto
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direto, para o Congresso Nacional, como candidato especfico da classe
operria.
Vrias tentativas foram feitas para a organizao de uma Central Operria, congregando, nacionalmente, as entidades operrias.
A mais sria articulao, verificou-se em 1945, na fase da redemocratizao do pas.
Surge o MUT Movimento Unificador dos Trabalhadores -
presidido por Humberto Morena, como embrio de uma futura Confederao, que encontrou os seus primeiros obstculos na Consolidao
das Leis do Trabalho, moldada, conforme afirmamos anteriormente, em
alguns captulos no estatuto corporativista de Mussolini. O MUT terminou interditado pela justia e pela polcia, dentro da orientao reacionria do governo do Sr. Eurico Dutra. (O autor esteve presente na reunio de fundao do MUT). Durante o Estado Novo houve profunda distoro nas lideranas
sindicais. Predominou o paternalismo do Ministrio do Trabalho. Surgiram, ento os pelegos, e o peleguismo transformou-se em instituio
nacional. Originariamente, o pelego destinava-se a combater as lideranas independentes, e de uma maneira especial, os comunistas. O peleguismo fruto do anticomunismo. Isto, entretanto, no invalida o fato, de que
muitos comunistas, transformaram-se em pelegos. Estamos falando em tese. Deocleciano Holanda a figura clssica do pelego de gabarito
internacional. O velho Duque, cacique durante muito tempo da orla
martima do Rio de Janeiro, outro pelego clebre, mas de notoriedade regional. Com o correr do tempo, a classificao de pelego tomou outras
amplitudes e serve, nas acusaes mtuas, para identificar, de maneira pejorativa, qualquer dirigente sindical. A presena do Sr. Joo Goulart, no Ministrio do Trabalho,
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posteriormente na Vice presidncia da Repblica e ultimamente a
Suprema Magistratura do Pas, fortaleceu, bastante, o movimento sindical
brasileiro. Depois de Jango, os polticos que mais se identificaram com os trabalhadores, foram os ex-Ministros do Trabalho, Danton Coelho e
Almino Afonso.
Chegamos, finalmente, ao CGT, Comando Geral dos Trabalhadores.
A exemplo do MUT, destinava-se a transformar-se em uma poderosa
Central Proletria nos moldes das existentes na Frana, Argentina, Inglaterra, Alemanha.
Na estrutura ministerial, funcionavam dentro de suas categorias
profissionais, vrias Confederaes e Federaes, como sejam CNTI, (Confederao Nacional Trabalhadores na Indstria), CONTEC, CNTC, CONTCOD, CONTAF, CNTT, CBTC, CONTA, slidas Federaes, como as dos Estivadores, Martimos, Bancrios e Ferrovirios.
Paralelo ao CGT, funcionavam o PUA, Pacto de Unidade e Ao,
inclusive do martimos, porturios, e ferrovirios, CONSIMTRA, Conselho Sindical dos Trabalhadores, etc.
O CGT projetou-se nacionalmente. Em quase todos os Estados instalaram-se comandos sindicais de trabalhadores e, nas cidades industriais do interior, comandos municipais de trabalhadores.
Clodomisth Riani, deputado estadual por Minas Gerais, era o Presidente do Comando Geral dos Trabalhadores e o dirigentes dos
estivadores Osvaldo Pacheco, do PUA. Melo Batista, Hrcules Corria,
Pelacani, Chamorro, Tenrio, Marneli, Pernambuco, Aroeira, Plcido, Cerqueira, Bastitinha, etc, haviam conquistado a liderana de suas
categorias profissionais, no desenrolar de muitas lutas, no deflagrar de muitas greves.
O CGT cresceu aos saltos, rapidamente, assustando, assombrando
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mesmos os setores empresariais do Pas, na sua maioria, com uma estreita
viso do que realmente deve ser a convivncia entre o Capital e o Trabalho,
o primeiro gerando maiores lucros e o segundo desejando melhores salrios. Estes setores no se preocupavam em aprofundar o problema e
conhecer a realidade, na qual se identificam as foras externas da espoliao nacional, que no permite a expanso do nosso parque industrial
(...). O fantasma de uma Repblica Sindicalista, comeou a tirar o sono de muitos generais, inclusive de uns que at esqueceram os ensinamentos
do positivismo.
O vertiginoso crescimento do CGT, no permitiu que ele se estruturasse devidamente. Funcionava de cima para baixo e no de
baixo para cima, segredo do xito de todas as instituies populares. No havia organizao de bases, nos setores de trabalho.
O divisionismo tambm prejudicou. A ao solerte de Gilberto (...) de S, assessor sindical do Presidente da Repblica, pelego do novo tipo, comandando um grupo revisionista e oportunista, dificultou a ao do
CGT, enfraquecendo-o nas suas decises. Alguns dirigentes do CGT tambm estavam to autosuficientes, com as minhocas tomando conta de suas cabeas, com olhos nas nuvens, longe da terra firme, mas estes eram
poucos. A grande maioria tinha lucidez, capacidade de comando. At s vsperas da abrilada, o CGT no havia adquirido uma
estrutura definitiva, vivia uma fase de formao, procurando consolidar-se.
Na hora de tomar a grande deciso, quando o dispositivo militar do governo falhou, e as massas deviam passar ofensiva, o Comando Geral
dos Trabalhadores demonstrou que ainda lhe faltava o necessrio amadurecimento. Perdeu uma batalha - e que grande batalha -, mas ainda
no perdeu a guerra...
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A UNE LIDERA A JUVENTUDE
A Unio Nacional dos Estudantes nasceu sentindo o cheiro da plvora. Os pracinhas embarcavam para a Europa e os estudantes
garantiam a retaguarda, lutando na frente interna, enfrentando e derrotando o Estado Novo nos ltimos estertores da ditadura.
A UNE um smbolo, o toque mgico que deu acento a uma
gerao sacrificada pelos dogmas do totalitarismo. Quem participou de suas lutas continuar pela vida afora combatente da democracia.
A revoluo de 1 de Abril voltou-se, principalmente, contra os estudantes e os operrios. Um dio de morte UNE e ao CGT.
No poder sobreviver muito tempo um movimento que se volta contra a juventude, que se antepe ao futuro, que se irrita com o franco sorriso e tem receio da agitada participao estudantil.
Antes e depois da UNE, o divisor de guas, na vida universitria brasileira.
Os mais lcidos dirigentes do Brasil, nestes ltimos quinze anos, fizeram o seu aprendizado nos diretrios estudantis, fabulosa escola de poltica. Hlio de Almeida, Jnio Quadros, Almino Afonso, Paulo de Tarso, Armando Monteiro Filho, Rog Ferreira, etc. verdade que existem os realistas cnicos que foram revolucionrios na juventude e hoje so os melhores amigos dos Estados Unidos. A UNE plantou uma semente, que se transformou na rvore da
Liberdade cuja seiva teve alento no sangue quente da juventude, no sangue de Demcrito de Souza Filho.
A UNE ensinou que ningum pode deter, acorrentar, aprisionar, oito
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milhes de brasileiros no roteiro de sua emancipao econmica.
Os congressos estudantis debatiam problemas, que eram autnticas
plataformas de governo, orientando, alertando, esclarecendo a juventude. Eram campos experimentais, em miniatura, para o amplo e patritico
exame da realidade brasileira. A tribuna aonde os jovens se iniciavam no dilogo, descarnando as falsas teses e apontando execrao pblica os
vende- Ptria. Um dia os anais dos Congressos UNE sero reunidos e
publicados, como exemplo soberbo e edificante para as geraes futuras. O CPC da UNE, Centro Popular de Cultura, fonte criadora,
esbanjando inteligncia, levando ao povo, atravs da poesia e da msica, a fraternal mensagem de democratizao da cultura, que deve ser um bem de todos e no um privilgio dos bens nascidos.
Teatro da UNE, com as suas peas revolucionrias, ou seus coros falados, os seus declamadores, a figura de Oduvaldo Viana Filho, to
diferente da mofina teatralizao estudantil de Pascoal Carlos Magno.
Imprensa Universitria, corajosa, vanguardeira, terrivelmente polmica no bom sentido, ponto de partida para muitos jornalistas que hoje dignificam a classe. Editora Universitria, fazendo o lanamento de livros que ajudaram a modificar, para melhor, a histria das idias no Brasil. Cristianismo
Hoje um destes livros marcantes. E, finalmente, a UNE VOLANTE. Meteoro rasgando as dimenses
continentais do Brasil. Um rastro de fogo, uma mensagem de f, Estrela
Vespertina, prenncio de libertao. Cano do subdesenvolvido, de Francisco de Assis e Carlos Joo da Silva, e O Falso nacionalista, de
Billy Blanco. Z da Silva (...) do trilhozinho, Guilheiro. Os fabulosos poemas de Ferreira Gullar.
Jovens lderes estudantis que hoje so legendas: Eirado, Aldo
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Arantes, Betinho, Jos Serra, Natanias von Shosten, Paulo Oliveira, Marcos
Lins etc., Vincius Caldeira Brant, Marcelo Cerqueira.
Justifica-se, portanto, o dio dos homens do 1 de abril contra a UNE. o choque inevitvel de duas mentalidades. O passado tentando, desesperadamente, resistir ao futuro. Velhas e enegrecidas idias, aterrorizadas com o rubro claro das madrugadas.
Pensam parar com baionetas, a roda da Histria. Burros e ingnuos.
O Presidente Castelo Branco extinguiu a UNE, na desesperada tentativa de degolar, mesmo por decreto, a juventude brasileira.
A QUESTO DOS SARGENTOS
Democratizao ou indisciplina das foras armadas? Estamos diante de um paiol de plvora, tese controvertida, que apaixona e provoca mtuas
agresses, abrindo velhas e profundas cicatrizes.
Teriam os sargentos, como norma, direito a chegar ao generalato, ao almirantado, ao brigadeirato? Isto faria desaparecer o esprito de elite, na
formao da oficialidade, a deformao da casta, atingindo a tradio de ilustres famlias de militares? Osrio no foi um rude soldado de cavalaria e Tamandar um
simples marinheiro? E porque a elevao de Cndido Arago ao posto de almirante, despertou tanto dio? Osrio e Tamandar, foram homens que
se identificaram com as classes dirigentes da poca. Arago no perdeu as
suas razes e continuou, para desespero do almirantado, sendo um almirante com a vivncia, a formao e a mentalidade de um sargento fuzileiro
naval, na autenticidade de sua origem camponesa, vindo dos latifndios paraibanos, tangido pela seca, como milhares de nordestinos, sobreviver
nas fileiras da marinha. A promoo do ento capito de Mar e Guerra
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F.N. Cndido Arago, ao posto de Contra-Almirante, estabeleceu um pleno
divisor de guas entre as duas origens. Vimos o pr vencendo as barreiras
do convecionalismo arcaico e criando uma espcie de frustrao no tradicionalismo naval, verdadeiro rompimento da estanqueidade de acesso
do homem do povo aos mais altos escales da Marinha. E por isto foi chamado de Almirante do Povo.
A revoluo de 1930 possibilitou que muitos sargentos fizessem carreira, atingindo ponto mximo na hierarquia militar. A conspirao em Pernambuco, Paraba e Rio Grande do Norte,
devido concentrao de contigentes do Exrcito, no cerco a Joo Pessoa,
candidato a vice-presidente da Repblica, como companheiro de Getlio Vargas, na chapa da Aliana Liberal, deu aos sargentos as suas primeiras
chances. Quando Agildo Barata e Juraci Magalhes mataram o general legalista Lavanere Wanderley, estavam apoiados nos sargentos, porque era
muito reduzida a participao da oficialidade na conspirao. Depois da
vitria da Revoluo de 30, TODA a oficialidade aderiu. Mais ou menos como aconteceu, agora, aps o golpe de 1 de abril.
Naquela poca chamavam-se de autnticos. Hoje intitulam-se Linha Dura.3
Os sargentos se deslumbraram com o xito do 25 de agosto, apoiando o movimento de Brizola e Machado Lopes, que levantaram em armas o Rio Grande do Sul. Os sargentos constituram a retranca, o
impasse, a mola decisiva que impediu as foras reacionrias dirigidas por
Denys, Silvio Heck e Grun Moss de sair dos quartis e enfrentar o rolo compressos do III Exrcito.
Foi, realmente, decisiva, a participao dos sargentos para a posse de Joo Goulart, Presidncia da Repblica.
3 O autor, menino ainda, participou da revoluo de 30, possuindo um documento firmado pelo ento
vice-rei do Norte, Juarez Tvora.
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E os sargentos comearam a sonhar com os bordados de general.
Nada mais humano. Faltava, entretanto, maturidade, um mnimo de
condies reais. Dentro da velha estrutura poltica, militar, econmica no existe
possibilidade de transformar em realidade as aspiraes dos sargentos. Encontramos, entretanto, na interpretao dialtica dos fatos, uma
sada baseados na luta anti-imperialista. Anteriormente os sargentos
haviam sido liderados pelos generais Zenbio da Costa e Teixeira Lott, em defesa de reivindicaes essencialmente prticas: estabilidade aos 10 nos,
direito de casar, melhorias de vencimentos...
Depois de 25 de agosto, despontava um lder civil, Leonel Brizola, e as reivindicaes polticas, acenando aos sargentos, a possibilidade de
ocupar altos postos.
Isto, somente seria admissvel em um Exrcito Nacionalista,
libertado da tutela norte-americana. E os sargentos engajaram-se na luta anti-imperialista. um fenmeno novo, um fato srio, serssimo. Aparentemente no se nota em profundidade como so perigosas as guas
profundas, o caldo de cultura aonde atuavam os sargentos. Tinham um forte e saudvel colorao anti-imperialista. Isto no desapareceu. Continua latente. uma mensagem muito forte, principalmente na poca em que estamos vivendo, com um governo sem possibilidades de sensibilizar as reas populares, ausente, distante da
democracia, enrodilhado no cipoal da filosofia entreguista de Roberto
Campos. Os sargentos esperam.
A eleio de Garcia Filho para a Cmara Federal, deu classe o seu primeiro porta-voz, oriundo de suas fileiras. um fato novo. O grande exemplo de que os sargentos tambm podem participar da suprema direo
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nacional. E o mesmo, inteligentemente, intitulava-se de sargento-
deputado.
Os sargentos deslumbraram-se. Concorrendo, na Guanabara, com um marechal, o sargento Garcia
Filho elegeu-se. O Marechal Mendes de Morais ficou na suplncia e somente ocupou o posto, quando a revoluo cassou o mandato de Marco
Antnio. Um humorista (...) glosou o episdio, afirmando: mais vale um sargento eleito, do que um marechal na reserva (...) dupla reserva, militar e poltica.
Estamos diante da revolta de Braslia. Uma atitude de protesto, um
positivo gesto de desespero. O grande responsvel foi a Justia Eleitoral. Registrou, em todo Brasil, as candidaturas dos sargentos. Muitos deles
foram eleitos. Na hora da posse, surgiu a chicana da impugnao, o golpe baixo, particularmente em So Paulo e nos pampas, sedes dos dois maiores
exrcitos, o II e o III. No Rio Grande do Sul o nome do sargento Arimor
transformava-se em uma nova bandeira. Os seus companheiros ansiavam por v-lo na tribuna do Parlamento. No Recife, o sub Medeiros, elege-se
vereador, passando categoria de representante do povo da mais libertria cidade brasileira. Confirmada a deciso da Justia Eleitoral, degolando os sargentos
eleitos, numa repetio grosseira dos fatos que antecederam 1930, no tempo da chamada Repblica Velha, os sargentos empunharam suas
armas, momentaneamente dominaram Braslia, deixando a Nao
estarrecida. A rea Alfa da marinha e a base Area, sublevaram-se. O Exrcito ficou de fora. A liderana da revolta, coube ao sargento Prestes, da Aeronutica, que no tem nenhum parentesco com o Sr. Lus Carlos
Prestes.
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Na recapitulao dos grandes conflitos sociais, alm de outros,
poderemos enumerar Fulgncio Batista, Sandino e Timoschenko. O
sargento Batista derrubou uma ditadura, em Cuba, para depois, com a marcha do tempo, amaciado pelo imperialismo, transformar-se em um
tirano, em um ditador da direita, dentro do figurino de Hitler. O sargento Sandino foi um nome legendrio na Nicargua, assassinado pelos agentes
das foras ocultas, quando encaminhava a sua ptria no rumo da
emancipao econmica. Timoschenko, sargento do exrcito tzarista, transformou-se em Marechal do Exrcito Vermelho, em Heri da II Grande
Guerra.
Existe no ar uma interrogao. Aonde estavam os sargentos no dia 1 de abril? Eles que de maneira to entusiasta haviam recepcionado o
presidente Goulart, no ato pblico realizado na sede do Automvel Clube. Dois fatores decidiram a situao. Em primeiro lugar a surpresa, que
na arte da guerra, representa cinqenta por cento do xito do
empreendimento. E o sistema governamental de ento, foi completamente
surpreendido ficando perplexo, atnito, sobressaltado. O segundo fator, foi a falta de uma voz de comando. Se o Presidenta da Repblica, Ministro da Guerra, Aeronutica, Marinha, Chefe da Casa Militar, autorizasse a luta, o
Brasil teria cado na guerra civil, ou no recuo dos golpistas, porque os sargentos teriam ido para as trincheiras.
Tivemos um retrocesso no processos do desenvolvimento nacional e
imensos prejuzos para o Brasil. Os vitoriosos implantaram o terror e o (...) est campeando pelo pas inteiro. Torturas medievais, mtodos hitleristas,
misses, deixando centenas de famlias morrendo de fome. A piedade secando no corao dos homens e mulheres que esqueceram a lio do
Cristo e se deliciam com o suplcio e a misria dos seus compatriotas.
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Consola saber que a tirania nunca foi eterna e triste o fim dos tiranos. (...) no tivera, fora para demover a marujada amotinada. A imagem de Krilenko devia estar fantasiando a mente de muitos marinheiro... O Almirante Silvio Mota, ento Ministro da Marinha, que puniu os
marinheiros, teve oportunidade, no discurso pronunciado no tradicional almoo ao Almirantado, no final do ano de 1963, de responsabilizar o alto comando naval pelo desencontro existente entre oficiais e subalternos.
Outro Ministro da Marinha, o ltimo do governo Joo Goulart, almirante Paulo Mrio, apontado com um dos vares de Plutarco das foras
armadas, em pronunciamento pblico, denunciou a m alimentao servida
aos marinheiros e que as divergncias entre oficiais e praas tinham um motivo bsico: o fato de os oficiais fazerem bacanais a bordo dos navios,
tomando bebedeiras e levando mulheres de toda espcie, e os soldados no poderem tomar parte nessas farras. Estas declaraes do almirante Paulo
Mrio, irritaram profundamente os escales superiores da marinha,
principalmente pela discriminao denunciada entre os que vivem no convs e os que habitam os pores.
Quando o Presidente Goulart compreendeu a gravidade da situao, delegou poderes ao Ministro da Justia Abelardo Jurema para resolver a questo. Antes j haviam falhado nessa misso o Coronel Dagoberto Fernando Rodrigues, diretor do Departamento dos Correios e Telgrafos, e o deputado federal Fernando Santana, mesmo porque o general Assis
Brasil, Chefe da casa Militar, patrocinava, at certo ponto, a tese, realmente
vlida, de que se o Presidente no contava com a oficialidade, tinha de apoiar-se nos marujos. A liderana da Associao dos Marinheiros manteve-se intransigente.
Era o grande pretexto que a reao esperava: a quebra da disciplina.
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O pingo dgua que justificou o golpe, agravado com o discurso do Automvel Clube4
NACIONALISMO NAS FORAS ARMADAS E O ESQUEMA ASSIS BRASIL
Nunca o dio manifestou-se to cruel, de maneira to impiedosa, nas
foras armadas, como nos dias que se seguiram ao golpe de 1 de abril. Uma revoluo que no disparou um tiro e nem derramou gota de
sangue e que os seus chefes, at nas antevsperas, rendiam todas as
homenagens ao presidente deposto e haviam recebido dele e dos seus antecessores (Jnio e Juscelino), alm de promoes, favores e prestgio. uma noite negra, a histria de um submundo, um mergulho nos subterrneos do terror.
Pela primeira vez foram demitidos oficiais da Foras Armadas,
sumariamente, sem processo, sem julgamento, sem condenao. Quebrou-se uma tradio secular, um perigoso precedente, um exemplo que poder
gerar as mais lamentveis conseqncias.
Respeitveis generais, almirantes, brigadeiros, categorizados coronis (...) e guerra, comandantes de maiores e menores patentes das foras de terra, mar e ar, foram enxovalhados, sem acesso ao mais elementar e humano direito de defesa.
Pesa, no ar, uma interrogao. Para onde marcha o Brasil?
4A Associao dos marinheiros, nos seus pronunciamentos afirmava lutar para extinguir a chibata moral, a obteno do direito de voto, dos direitos democrticos. Queria assegurar o livre trnsito de organizao e pensamento, de viver como seres humanos. Reivindicava a reforma do Regulamento Disciplinar da Marinha, considerado anacrnico; reconhecimento a elas, autoridades navais da AMFB; Estabilidade para cabos, marinheiros fuzileiros navais e superiores, pois considerava os seus associados uma parcela do povo fardado. Alm do Rio, a AMFP tinha o seu ncleo mais forte em Natal, que a segunda concentrao naval do pas presidida pelo marinheiro Zenildo Rebouas Barreto, ao lado de Valdecir Aguiar, Roque Carvalho, Amarento Rodrigues, Antnio Firmino, Jos Augusto Sobrinho e Aldecir Queiroz. Na base de Ladario, Mato Grosso, o lder era o marinheiro Edson Brasil, que teve grande notoriedade. Em Recife, coube a presidncia da Associao a Carlindo Vitorino dos Santos.
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Antigas e profundas so as razes nacionalistas nas foras armadas.
O militar , essencialmente nacionalista, por formao e por vocao. O
nacionalismo, entretanto, sofre profundas distores e muitas vezes leva ao fanatismo, ao radicalismo da direita, s falsas posies e teorias do
fascismo, no auge da exacerbao patritica. A marcha da Coluna Prestes, realizando o pioneirismo da idia da
integrao nacional, a primeira e maior manifestao nacionalista de
nossas foras armadas. Com a vitria da Revoluo de 30 e a prematura morte de Siqueira Campos, houve a inevitvel diviso. Lus Carlos Prestes
e Miguel Costa inclinaram-se para a esquerda, enquanto Juarez Tvora e
Cordeiro de Farias, abriram para a direita, para citar unicamente estes como exemplo.
Posteriormente a 1930, tivemos outros movimentos. O constitucionalista de 1932, acusado de profundamente reacionrio; esquerdizante de 1935, apontado como uma intentona comunista; integralista de 1938, tambm chamada de revoluo dos Covardes, pelo seu prprio chefe, tenente Fournier. Nestes movimentos, houve tiros e
mortes, diferente do golpe de 1 de abril, quando no houve nem tiros de festim.
Mas, em compensao, fez desabar uma tempestade de dio.
O EXEMPLO DE FLORIANO
Que imensa falta est fazendo ao Brasil um novo Floriano! Este, sim, o smbolo maior do nacionalismo nas foras armadas.
O plano super-entreguista do atual governo fatalmente ter de chocar-se com o esprito nacionalista da oficialidade.
O limite ser a Petrobrs. Sente-se que o esquema imperialista
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fecha-se em torno do petrleo