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Mesa 01 – Práticas de Leitura e Escrita Coordenadora:Stella Miller Sala: 41 Hora: 14hs LER E POETIZAR É SÓ COMEÇAR. ARAÚJO DE ETHEL PRISCILA . D. R. N. priscila.nazari@ zipmail.com.br O presente projeto “Ler e poetizar é só começar” foi iniciado com a turma da Educação de Jovens e Adultos, termos I e II da EMEF Nivando Mariano dos Santos, tendo em vista propiciar a todos os alunos letrados ou não, a oportunidade de trabalhar com uma tipologia pouco presente na vida deles que é a poesia. Escolhemos a autora CECÍLIA MEIRELES, por sua notória biografia e diversificado acervo bibliográfico. Buscamos por meio desse acervo comparar as diferentes tipologias textuais, como: poesia, prosa, biografia e auto biografia dos alunos. Fizemos também um livro individualizado para cada aluno contendo as atividades que foram realizadas três horas por semana, por três meses. Após, toda essa observação e confecção das atividades baseadas nas estruturas das poesias lidas, os alunos cada qual pode criar um a poesia confirmando o objetivo propostos pelo projeto. TRABALHANDO COM DOCUMENTOS HISTÓRICOS NAS SALAS DA EJA: UMA LEITURA CRÍTICA DO COTIDIANO. OLIVEIRA, WELLINGTON AMARANTE . Orientadora: Siqueira, Regina Aparecida Ribeiro. Departamento de Educação – Faculdade de Ciências e Letras – Unesp – Assis. PROEX Esta comunicação visa relatar a experiência construída em uma sala de aula do Projeto de Educação de Jovens e Adultos (PEJA), durante as aulas de História. O trabalho desenvolvido envolve o documento histórico como um auxiliar pedagógico no desenrolar das atividades em sala de aula. Nosso objetivo era analisar uma dada realidade a partir de um documento histórico da cidade de Assis. O documento utilizado foi um artigo de jornal do ano de 1951. A idéia era aglutinar as idéias sobre meio-ambiente trabalhadas em nosso eixo-temático, com uma realidade histórica local “o buracão”. “O buracão” consistia em uma grande erosão que existia há muito tempo na cidade, e atualmente foi transformado em um parque público. O artigo trabalhado em sala demonstra a preocupação já na década de 1950 com essa erosão, e traz possíveis idéias que poderiam ser executadas para solucionar o problema. As alunas analisaram o documento confrontando com dados bibliográficos e até mesmo orais, e a partir daí elaboraram uma análise documental, onde buscaram observar o artigo jornalístico como um documento histórico, observando não só o texto pura e simplesmente, mas com uma interpretação crítica, se colocando no papel de historiadoras, e assim levantando diversas questões para debate, como por exemplo, a situação política de nosso país, além de refletir sobre as ações pessoais movidas pelo dinheiro. CARTAS NÃO ENVIADAS: PRATICANDO LEITURA E ESCRITA NA EJA. LEITE, LÍVIA BRITO DOS SANTOS. Faculdade de Ciências e Letras, UNESP, Assis. Orientadora: Regina A. R. Siqueira. O presente trabalho, intitulado “Cartas não enviadas” foi desenvolvido no Projeto de Educação de Jovens e Adultos (PEJA)/UNESP/Assis que, por ser um projeto de extensão universitária, também valoriza a pesquisa e o ensino. As cartas aqui citadas foram produzidas por educandos do PEJA da E.E. Professora Léa Rosa de Mello Andreghetti, localizada na Vila Prudenciana, periferia de Assis. Baseados na hipótese do filtro afetivo defendido por Krashen, buscamos resgatar experiências de vida dos alunos, visando possibilitar uma maior desenvoltura na confecção das atividades, aprimorando, desta forma, seus conhecimentos lingüísticos e elevando seus níveis de letramento. Através da metodologia ação- reflexão-ação, o trabalho foi estruturado em três etapas. Na primeira delas, os educando tiveram acesso a vários textos em gênero epístolar. A partir daí, propusemos reflexões e discussões a respeito da funcionalidade das cartas na atualidade, os novos meios de comunicação, como o e-mail, por exemplo, além da estrutura e a importância deste gênero. Por fim, os educandos foram instigados a produzirem

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Mesa 01 – Práticas de Leitura e Escrita Coordenadora:Stella MillerSala: 41Hora: 14hs

LER E POETIZAR É SÓ COMEÇAR. ARAÚJO DE ETHEL PRISCILA . D. R. N. priscila.nazari@ zipmail.com.br

O presente projeto “Ler e poetizar é só começar” foi iniciado com a turma da Educação de Jovens e Adultos, termos I e II da EMEF Nivando Mariano dos Santos, tendo em vista propiciar a todos os alunos letrados ou não, a oportunidade de trabalhar com uma tipologia pouco presente na vida deles que é a poesia. Escolhemos a autora CECÍLIA MEIRELES, por sua notória biografia e diversificado acervo bibliográfico. Buscamos por meio desse acervo comparar as diferentes tipologias textuais, como: poesia, prosa, biografia e auto biografia dos alunos. Fizemos também um livro individualizado para cada aluno contendo as atividades que foram realizadas três horas por semana, por três meses. Após, toda essa observação e confecção das atividades baseadas nas estruturas das poesias lidas, os alunos cada qual pode criar um a poesia confirmando o objetivo propostos pelo projeto.

TRABALHANDO COM DOCUMENTOS HISTÓRICOS NAS SALAS DA EJA: UMA LEITURA CRÍTICA DO COTIDIANO. OLIVEIRA, WELLINGTON AMARANTE. Orientadora: Siqueira, Regina Aparecida Ribeiro. Departamento de Educação – Faculdade de Ciências e Letras – Unesp – Assis. PROEX

Esta comunicação visa relatar a experiência construída em uma sala de aula do Projeto de Educação de Jovens e Adultos (PEJA), durante as aulas de História. O trabalho desenvolvido envolve o documento histórico como um auxiliar pedagógico no desenrolar das atividades em sala de aula. Nosso objetivo era analisar uma dada realidade a partir de um documento histórico da cidade de Assis. O documento utilizado foi um artigo de jornal do ano de 1951. A idéia era aglutinar as idéias sobre meio-ambiente trabalhadas em nosso eixo-temático, com uma realidade histórica local “o buracão”. “O buracão” consistia em uma grande erosão que existia há muito tempo na cidade, e atualmente foi transformado em um parque público. O artigo trabalhado em sala demonstra a preocupação já na década de 1950 com essa erosão, e traz possíveis idéias que poderiam ser executadas para solucionar o problema. As alunas analisaram o documento confrontando com dados bibliográficos e até mesmo orais, e a partir daí elaboraram uma análise documental, onde buscaram observar o artigo jornalístico como um documento histórico, observando não só o texto pura e simplesmente, mas com uma interpretação crítica, se colocando no papel de historiadoras, e assim levantando diversas questões para debate, como por exemplo, a situação política de nosso país, além de refletir sobre as ações pessoais movidas pelo dinheiro.

CARTAS NÃO ENVIADAS: PRATICANDO LEITURA E ESCRITA NA EJA. LEITE, LÍVIA BRITO DOS SANTOS. Faculdade de Ciências e Letras, UNESP, Assis. Orientadora: Regina A. R. Siqueira.

O presente trabalho, intitulado “Cartas não enviadas” foi desenvolvido no Projeto de Educação de Jovens e Adultos (PEJA)/UNESP/Assis que, por ser um projeto de extensão universitária, também valoriza a pesquisa e o ensino. As cartas aqui citadas foram produzidas por educandos do PEJA da E.E. Professora Léa Rosa de Mello Andreghetti, localizada na Vila Prudenciana, periferia de Assis. Baseados na hipótese do filtro afetivo defendido por Krashen, buscamos resgatar experiências de vida dos alunos, visando possibilitar uma maior desenvoltura na confecção das atividades, aprimorando, desta forma, seus conhecimentos lingüísticos e elevando seus níveis de letramento. Através da metodologia ação-reflexão-ação, o trabalho foi estruturado em três etapas. Na primeira delas, os educando tiveram acesso a vários textos em gênero epístolar. A partir daí, propusemos reflexões e discussões a respeito da funcionalidade das cartas na atualidade, os novos meios de comunicação, como o e-mail, por exemplo, além da estrutura e a importância deste gênero. Por fim, os educandos foram instigados a produzirem

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suas próprias cartas, destinadas a pessoas que, de alguma forma, serviram-lhes como educadores, ensinando algo que eles consideraram importante para suas vidas. As produções textuais, freqüentemente curtas, fluíram, neste trabalho, surpreendentemente. Promover como destinatários das cartas pessoas importantes nas vidas destes educandos parece ter diminuído o filtro que opera subconscientemente nos indivíduos inibindo seu aprendizado e a aplicação deste, tornando a atividade mais uma expressão subjetiva que uma “lição”. Desta forma, os educandos puderam produzir mais e melhor, fato que eles próprios constataram ao término das cartas.

A RESPEITO DE ALGUNS ESCRITOS DE ALUNOS DE EJA – PROGRAMA DE ALFABETIZAÇÃO SOLIDÁRIA (PAS) / UNESP/IBILCE. MENDES, FILIPE TALON; PERINELLI NETO, HUMBERTO. Depto de Educação. IBILCE/UNESP. PROEX. [email protected].

O Programa de Alfabetização Solidária (PAS), assistido pela pró-Reitoria de Extensão da UNESP, propõe anualmente um Concurso de Redação, com vistas à publicação de um livro, o qual tem por nome o tema da ocasião, e formado pelas melhores redações. Tal livro vem a consagrar um ano de trabalho completo dos alfabetizadores junto aos seus alunos. Estudamos nele a escrita dos alfabetizandos com a finalidade de preparar os cursos de Capacitação que fazem parte de nossas atividades nesse Programa. Em nossos estudos, notamos fortes ligações com conceitos refinados desenvolvidos a priori no âmbito das Ciências Humanas. Nas redações do livro lançado em 2006, por exemplo, cujo tema foi "A Comunidade onde moro", depreendemos definições de espaço e território geográfico, tal como proposto pelo geógrafo Milton Santos, e a de lugar (complementar à do professor Santos), proposta pelo geógrafo Yi Fu Tuan; nas do concurso de 2007, intitulado "Os melhores anos de minha vida" mostrou, por sua vez, a proximidade da noção de tempo proveniente dos trabalhos selecionados com as definições teóricas de Milton Santos e do historiador francês Lucien Febvre. Tais regiões de contatos teóricos comprovam que o escrever não se compreende apenas em termos de ato associado, o qual fixa o pensamento por meio da palavra (o que constituiria exclusivamente o registro pictográfico em meio de expressão – código - de uma mensagem), mas permitem fixá-lo como um ato de registro do pensamento, cuja uma das características, além da fluída apreensão, é romper as limitações culturais condicionadas por fatores temporais e espaciais, impostas tanto aos atos de pensar, quanto aos de expressão do pensamento, conforme definições de linguagem formuladas por Merlau-Ponty em diversos de seus escritos. O paradoxo de encontrar-se expresso em construções textuais de repertório conceitual complexo e refinado uma linguagem usualmente definida (e mantida) como canhestra, ou, pior dito, deficiente, mostra-nos que atores marginais, pessoas letradas e semi-escolarizadas podem nos introduzir ao mundo em que esses autores vivem, rompendo efetivamente as limitações culturais que nos separam: autor, leitor, os distintos mundos em que vivemos. Estabelecer tal fato, por fim, mostrou-se bastante proveitoso em nossas aulas por todo o período de nosso trabalho no PAS, 2006-2007, de modo que a propuséssemos além dos pressupostos teóricos de uma escrita utilitarista e redutora, com os seus sentidos sempre plurais e possíveis.

PRÁTICAS DE LEITURA NA EJA: POR UMA FORMAÇÃO MAIS CRÍTICA. OLIVEIRA, KARINA; SIQUEIRA, REGINA. Departamento de Educação, Faculdade de Ciências e Letras/UNESP/ASSIS. [email protected]

Essa proposta é desenvolvida no Projeto de Educação de Jovens e Adultos, PEJA/UNESP/Assis, em uma sala da Capela São Judas Tadeu, localizada na Vila Progresso deste município, com um grupo bem heterogêneo, cuja idade varia entre 18 e 60 anos. Este trabalho visa incentivar os educandos à leitura, auxiliando-os em uma formação mais efetiva e conseqüentemente mais crítica. Por meio das concepções de leitura de Paulo Freire (2005) e Maria Helena Martins (2003) e, concomitantemente, utilizando diversos textos verbais, não-verbais e visuais, buscamos mostrar aos educandos as diferentes formas de leitura que existem e que estão presentes em nossas vidas. Neste sentido, estimulamos os mesmo a fazer uma leitura desses materiais (filmes, músicas, revistas, jornais, ilustrações etc.) a partir de suas amplas experiências de leitores do mundo. Algumas atividades escritas também foram realizadas. Foi possível observar a riqueza desses materiais em contato com os diferentes olhares desses educandos, notando

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também que a cada dia, eles vão se mostrando mais maduros tanto nas leituras e discussões quanto nas produções escritas que realizam.

O ANALFABETISMO E A FORMAÇÃO PARA O TRABALHO: UMA DISCUSSÃO. CAMARGO, GIOVANA AZZI DE; ZENORINI, RITA DA PENHA CAMPOS; RAMOS, ELIANE DE SOUZA. Universidade São Francisco. [email protected]

Este trabalho pretende discutir a problemática em torno do domínio da escrita no desenvolvimento de um curso voltado para a capacitação do trabalhador. Trata-se do curso de Formação para o Trabalho Doméstico, oferecido pela Universidade São Francisco em parceria com a Secretaria Municipal de Ação e Desenvolvimento Social do município Bragança Paulista e com o Fundo Social de Solidariedade, deste município. Tal curso foi pensado para atender os desempregados, que buscam os órgãos públicos citados acima, para auxiliá-los na (re)inserção no mundo do trabalho. Cabe a esse curso, na visão de seus organizadores, qualificar esse profissional como um facilitador para essa tarefa. Além disso, espera-se oferecer aprimoramento para aqueles que já estão empregados. Como essa iniciativa faz parte dos projetos de ação social, ao participar dessa formação os alunos recebem uma cesta básica mensal, vale transporte e todo o material necessário para realização do mesmo. Outra ação é encaminhá-los no final do curso ao Programa de Apoio ao Trabalhador (PAT) para serem indicados às vagas disponíveis na região. Após uma análise, pôde-se constatar que o curso foi pensado para pessoas alfabetizadas, pois está embasado em textos escritos e faz uso da leitura e escrita durante as aulas. No entanto, a partir das primeiras turmas, constatou-se que nem todos os alunos estavam alfabetizados. Isso trouxe algumas dificuldades para os professores. Uma das ações propostas frente a essa dificuldade foi a avaliação dos candidatos para saber quem estaria apto a freqüentar o curso, ação esta realizada antes do início da terceira turma. Outra ação foi a de encaminhar os alunos analfabetos, que estavam impedidos de participar do curso, para a EJA do município. Ante a essa situação e considerando que o curso em questão tem como finalidade oferecer oportunidades para todos que o procuram, cabem alguns questionamentos: por que ele foi pensado somente para pessoas alfabetizadas? Como contemplar a heterogeneidade existente na turma? Como possibilitar que os candidatos analfabetos possam participar do curso? Esse quadro nos remete ao analfabetismo como um mecanismo de exclusão, pois se desconsiderou o conhecimento e a experiência dessas pessoas, tendo em vista que muitos já realizam essa função. Nesse contexto e com essa finalidade sugere-se oferecer um curso que atenda a todas as pessoas que o procuram.

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NA PENITENCIÁRIA DE MARÍLIA/ANEXO SEMI-ABERTO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA. PASSOS, THAIS. BARBOSA. Curso de Pedagogia – UNESP – Campus de Marília. [email protected]

Este relato de experiência visa narrar o projeto “Escrevendo Poemas” desenvolvido com os reeducandos do Anexo Semi-Aberto de Marília. As atividades foram iniciadas em junho deste ano, com duas turmas de Nível II, equivalente ao Ensino Fundamental II – 5ª a 8ª série. São vinte e dois alunos na faixa etária de 23 a 40 anos. As principais dificuldades são relativas à heterogeneidade do grupo: a idade, o grau de instrução, a formação cultural, a quantidade de meses ou anos que abandonou a escola, o tempo que está preso e o período que ainda vai permanecer no cárcere. E estas categorias variam entre os reeducandos de forma acentuada. Atuando na perspectiva de desenvolver um trabalho significativo com as turmas, considerando o conhecimento de cada aluno e priorizando a sua inserção no processo de aprendizagem e ressocialização, o presente trabalho é resultado de um projeto que objetivou estimular a imaginação dos reeducandos para elaboração de poemas, assim como, promover o enriquecimento da capacidade individual para conhecer e entender por si mesmo os outros e o mundo através da comunicação por meio de poemas. Para isso, iniciamos com a leitura e interpretação do “Soneto de Fidelidade” de Vinícius de Moraes, análise das estruturas da linguagem poética para, posteriormente, elaborarmos os poemas. Decidimos que o tema seria livre, e o mais escolhido foi o amor. As produções foram realizadas em sala, durante dois encontros. O trabalho com poemas corrobora a visão de aprendizagem significativa, sendo percebida através do comprometimento e envolvimento dos reeducandos no projeto.

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LETRAS NO TEMPO: UM ESCLARECER DE VIDA. GODOI, MARILDA PIEDADE; CAVALCANTE, MARIA RUTH; CASTRO, TAIS CESÁRIO. UNATI - FOSJC/UNESP. Universidade do Vale do Paraíba – UNIVAP. [email protected]

Em dados estatísticos apresentados recentemente, deparamo-nos com uma realidade incontestável – o aumento da população idosa no Brasil. Fruto de significativas quedas nas taxas de mortalidade e fecundidade, decorrentes de uma destacada melhoria na qualidade de vida das pessoas. Porém, junto a este universo novo, fatores negativos, condicionados a este universo vêm acompanhados e, um dos mais preponderantes nas últimas pesquisas foi a educação, sendo que cerca de 80% dos idosos não possuem a quarta série do ensino fundamental. O nosso estudo tem como objetivo a elaboração de uma cartilha, dentro da proposta da pedagogia de Paulo Freire, refletindo a realidade vivida, refletindo as necessidades e anseios no envelhecimento, traçando uma comunicação direta ao público alvo. A partir da linguagem escrita e falada, buscaremos resgatar músicas e literaturas de época, mescladas com as atuais, textos sociais e regionais, sempre orientados pelo nosso público alvo - idoso. A pretensão final será, por meio das composições, auxiliar no processo de conscientização de valores, de respeito e de cidadania. Os direitos civis e sociais serão fundamentados nos artigos do Estatuto do Idoso, importante instrumento que possibilita questionar o papel de cidadão no seu ciclo vital de envelhecimento. A cartilha poderá contribuir como um instrumento pedagógico para uma ação educativa do professor de adultos idosos, e trabalhadores sociais da área de gerontologia, lembrando de sempre levar em conta a realidade regional e vivencial do segmento idoso.

Mesa 02 – Prática Pedagógica ICoordenadora: Luciana Aparecida de Araujo PenitenteSala: 42Hora: 14hs

A METODOLOGIA DE PROJETOS NO PEJA (PROGRAMA DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS): “A HISTÓRIA DO DINHEIRO NO BRASIL”. COLETI, LAURA MARIA BARON. Departamento de Didática. FFC – Campus de Marília. Proex. [email protected]

O trabalho no PEJA é norteado pela metodologia de projetos e esta caracteriza-se pelo trabalho mútuo, entre educador – educando, por isso existe continuamente a preocupação em fazer com que todos participem ativamente de seus estudos. Neste resumo descrevo um dos projetos interdisciplinares desenvolvidos ao longo deste ano e que ainda não foi concluído na sala I do bairro Vila Altaneira, Marília – SP. O projeto aborda a história do sistema monetário brasileiro, sugerida pelas educandas após questionarem em uma das aulas sobre o comportamento dos homens no Brasil colonial; em suas palavras referiram-se ao “Brasil de antigamente”. Inicialmente considerou-se significativo resgatar o conhecimento de mundo, lingüístico e textual destas educandas e também as suas necessidades. E após a escolha da temática, “História do dinheiro no Brasil”, educadora e educandas desenvolveram a estrutura geral do novo projeto nos seguintes âmbitos: delimitação de conteúdos, questões principais sobre o tema e as regras que orientarão todo o seu desenvolvimento. Como ainda não concluímos todas as etapas deste projeto, pode ser que modifiquemos algumas atividades, ou mesmo acrescentemos alguns conteúdos que não havíamos apontado inicialmente. A avaliação será realizada durante todo o processo, e não só em relação ao desenvolvimento das educandas, como também à minha própria prática enquanto educadora.

UMA EXPERIÊNCIA EM EJA (EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS): O ESTUDO DA HISTÓRIA DO DINHEIRO NO BRASIL. COLETI, LAURA MARIA BARON; BARBOSA, ANA SILVA; GLÓRIA, ANGELINA CARLOS DA; CONEGLIAN, ANIVES CANEZIN; FERNANDES ANTONIA VELA; SILVA, ISABEL DIAS DA; LUCA, JOSEFA; CRUZ, MARIA DAS DORES DA; PEREIRA, NOELI APARECIDA, VERZOTTO, THEREZA BELLA. Departamento de Didática. FFC – UNESP – Campus de Marília. Proex. [email protected]

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O nosso objetivo com este resumo é apresentar um projeto interdisciplinar sobre a história do dinheiro no Brasil, que estamos realizando em uma das turmas do PEJA (Programa de Educação de Jovens e Adultos), no bairro Vila Altaneira, na cidade de Marília – SP. Até agora já estudamos algumas de suas partes e desenvolvemos atividades relacionadas ao tema. Este foi sugerido após uma questão que o grupo levantou em aula sobre a história do Brasil, que depois de muita conversa fez nascer outras duas questões: entender como era o dinheiro de antigamente e porque já houve tantas mudanças na moeda brasileira. Pesquisamos as primeiras formas de troca no Brasil colonial que eram realizadas com mercadorias, as primeiras moedas a circularem no país que eram vindas de Portugal, além disso, também vimos como são feitas as moedas e as notas que utilizamos atualmente. Estamos gostando bastante dos conteúdos e a cada dia que passa progredimos mais um pouco e conhecemos mais palavras. Estaremos sempre nos esforçando para aprender cada vez mais.

CONSCIENTIZANDO A QUESTÃO DA SECA. LEME, NATÁLIA REGIANE DOURADO. Departamento De Educação - Unesp - Faculdade De Ciências e Letras - Campus de Assis.

Este é um relato de experiência que busca relacionar um trabalho de conscientização a uma dinâmica pedagógica, e que através da interdisciplinariedade o tema pôde ser desenvolvido com mais minuciosidade. No primeiro semestre de 2007 trabalhei com as alunas de alfabetização do primeiro ciclo, o eixo temático da seca. Comecei abordando o livro Vidas Secas de Graciliano Ramos, fazendo com que as alunas começassem a ter uma visão literária e crítica, confrontando em seguida com a música Segue o Seco da Marisa Monte. Logo, trabalhamos com figuras, recortes, textos históricos e geográficos proporcionando, ao mesmo tempo, uma comparação e diferenciação da realidade e a ficção literária. Por conseguinte, trabalhamos em ciências as conseqüências que a seca traz à saúde, não só humana, mas animal e vegetal, conduzindo-nos, então, à matemática, calculando a porcentagem da mortalidade e causada pela seca e a observação de gráficos. Ao final do trabalho, as alunas se conscientizaram com a questão da seca, assim como da importância do conhecimento; trazendo soluções para o problema e criando uma visão crítica para com o que está ao redor.

PROJETO VAMOS ÀS COMPRAS? VERONEZE, CARLA MARIA MORAES. Emefei “Roberto Caetano Cimino”, Marília – SP.

Este projeto apresenta uma proposta de alfabetização de jovens e adultos voltada para a realidade e as necessidades do educando em seu cotidiano. Foi realizado em uma escola municipal de Marília, envolvendo educandos do termo 1 da Educação de Jovens e Adultos. Após um levantamento no início das aulas sobre a principal motivação de cada educando para iniciar os estudos ou retornar para a escola, foi possível identificar que o principal motivo era a necessidade de superar algumas dificuldades que encontravam em seu cotidiano por não serem alfabetizados. Tais dificuldades eram encontradas ao ler a bíblia, o letreiro do ônibus, e a maioria citava fazer compras no supermercado. Por isso foi elaborado e desenvolvido um projeto buscando respeitar a autonomia e o conhecimento prévio do educando, e assim possibilitar a oferta de novas informações e conceitos importantes no processo de aquisição da leitura e da escrita. Foram desenvolvidas atividades de leitura e escrita baseadas em uma lista de compras. Para cada produto foram trabalhados um texto informativo, interpretação do texto, escrita de novas palavras envolvendo o mesmo campo semântico, sempre que possível uma receita em que um dos ingredientes era o produto em questão e para finalizar o estudo foi realizada uma visita monitorada ao supermercado para que os educandos pudessem identificar diferentes marcas de um produto, realizando leituras de forma independente. Após a realização do projeto foi possível verificar por meio de atividades em sala de aula e de relatos dos educandos em situações de seu cotidiano, que este possibilitou a oferta de questionamentos e avanços na aquisição da leitura e da escrita que favoreceram a autonomia e a superação de dificuldades em situações cotidianas, resultando em uma proposta de aprendizagem significativa.

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A VOZ DOS EDUCANDOS. AFFONSO, PAULA DE MATOS; SOUZA, MARIA BENEDITA TOLEDO LOUREDA DE; SANTOS, MARIA SANTANA DOS; LUIZ, EDUARDO JOSÉ; ARAUJO, ILDA RODRIGUES DE; SILVA, JOSÉ LUIS DA; MELO, MAURO GONÇALVES DE; ARAUJO, ALBERTO GONÇALVES DE; OLIVEIRA, MARIA ALVES DE; SOUZA, VALTER PROFIRIO. Departamento de Didática, Unesp – Marília, PROEX / Reitoria, [email protected].

Este resumo foi elaborado pelos educandos da turma do Programa de Educação de Jovens e Adultos (PEJA), do bairro Vila Nova, cidade de Marília. Durante a elaboração do resumo, os educandos foram acentuando algumas das atividades que sentem falta de poder fazer sem a professora. Mencionaram que já estão aprendendo a ler e escrever, e que ainda sentem falta de alguns outros aspectos que ainda não conseguem realizar. Juntaram-se, então, para escrever coletivamente o seguinte resumo, o qual foi elaborado da seguinte maneira: “A gente está gostando da escola e pretendemos continuar. Estamos aprendendo a ler e escrever. Precisamos do estudo para que tenhamos mais conhecimento para não precisarmos da ajuda dos outros para ler um endereço, pegar o ônibus, ler as placas das estradas, saber quantos quilômetros faltam para chegar e poder ler uma carta sozinhos”.

O PAPEL DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO DIA-A-DIA DE UMA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMILIA. MELO, TIAGO MIGUEL DE. Departamento de Didática. FFC-UNESP Campus de Marília. [email protected]

Em meu relato de experiência em Educação de Jovens e Adultos, tentarei discutir brevemente o papel da EJA como parte integrante de um trabalho desenvolvido em uma Unidade de Saúde da Família, em que o principal objetivo é a conscientização das pessoas em relação à própria saúde, da família e da comunidade. O diferencial do trabalho desenvolvido na USF Parque das Nações é dividido entre a equipe por meio de Grupos de Atividades. Tal modelo de trabalho consiste em conscientizar as pessoas sobre assuntos específicos, sendo que cada Grupo é administrado por um profissional da Unidade e o tema abordado tem relação direta com a sua área de atuação.Assim, se fazem presentes Grupos como: Vigilantes do Peso, trabalho de conscientização sobre hábitos alimentares desenvolvido por uma nutricionista e Diabéticos e Hipertensos, grupo no qual o médico dá dicas de como se prevenir dos males que podem ser provocados por essas doenças, entre outros. No meu caso, o então Grupo de EJA no qual ministro as atividades, está relacionado ao trabalho desenvolvido pela assistente social. Tenho utilizado a realidade dos educandos em relação à USF para programar minhas aulas, já que muitos deles participam de outros Grupos também. Venho procurando caminhos para conciliar atividades entre alunos alfabetizados e não alfabetizados. O que foi mais significativo até o momento, diz respeito à metodologia freireana de alfabetização, a qual utiliza palavras geradoras como forma de trabalho. Com essa metodologia, tenho conseguido resultados positivos no desenvolvimento da leitura e escrita de educandos não alfabetizados e ao mesmo tempo, fortalecido a leitura/produção de textos em alunos alfabetizados, como é o caso de uma educanda de trinta e dois anos que após retomar os estudos vem produzindo textos freqüentemente relacionados ao tema que venho trabalhando com eles em sala de aula, os atendimentos e os Grupos de Atividades que são disponibilizados para a comunidade pela USF Parque das Nações e de que forma eles podem aproveitar tal situação na melhoria da qualidade de suas vidas. Uma interessante observação a respeito do Grupo do PEJA na Unidade, diz respeito ao entendimento dos objetivos da equipe por parte dos educandos. Trabalhar tais questões através da leitura/produção de textos tem contribuído com o desenvolvimento das atividades da USF de forma geral, fato que ao meu ver atribui à realidade local e melhoria da qualidade de vida.

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA EDUCAÇÃO CONTINUADA PARA JOVENS E ADULTOS. SOARES, DANIELE P., Departamento de educação, UNESP – Faculdade de Ciências e Letras – Assis –SP. PROEX. Orientadora: Regina Aparecida Ribeiro Siqueira. [email protected].

Ao receber o educando em nossas salas de educação de jovens e adultos, devemos ter a sensibilidade de perceber que apesar desse aluno não ter tido acesso ao ensino escolarizado em tempo apropriado,

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mesmo assim traz consigo um conhecimento de mundo, ele não é um ser ignorante e vazio de conhecimento, pois aprendeu com a vida. A sala de aula deve ser um espaço de construção e reflexão do conhecimento e não de transmissão de um conteúdo pronto e acabado. Deve-se valorizar a cultura popular trazida pelo aluno, mas também trazer novas informações, levando-o a uma maior compreensão de sua própria vida e do mundo em que vive. No trabalho desenvolvido com jovens e adultos deve-se levar em conta as particularidades desse grupo e desenvolver uma pratica que corresponda aos seus interesses e suas expectativas, deve-se garantir aos jovens e adultos ainda não escolarizados o direito ao aprendizado. Para isso é preciso levá-los a se reconhecerem responsáveis pela aquisição do conhecimento, levar em consideração as características etárias, de gênero, social, ou seja, as particularidades desse grupo, reconhecer e valorizar os outros ambientes extra-escolares que oferecem a possibilidade de construção de conhecimento.

MEDICAMENTOS CASEIROS: MALEFÍCIOS E BENEFECÍOS. OLIVATTO, DENISE M. (Departamento de Didática – FFC - UNESP – Marília - PROEX. [email protected]).

O presente resumo tem por objetivo explanar o que foi idealizado e está em desenvolvimento na sala do Programa de Educação de Jovens e Adultos, situada no bairro Jardim Fontanelli em Marília. O tema “Medicamentos Caseiros” surgiu como idéia de projeto educacional mediante o compartilhamento de experiências educacionais realizadas durante a Sessão de Comunicações do IV Encontro do PEJA: “(Re)Leitura de Paulo Freire”, ocorrido no ano 2006. Ao relevar o assunto, considerá-lo como recurso pedagógico interessantíssimo e de conhecimento dos educandos participantes das aulas, os integramos na lista de projetos que poderíamos desenvolver. No início do ano, em turma, estivemos dialogando sobre as hipóteses de estudos que nos motivariam e que se tornariam pertinentes para aquisição de saberes, entre os vários temas, todos se manifestaram desejosos em aprofundar conhecimentos sobre os medicamentos caseiros. Desempenhamos atividades que partiram das interrogações, dos anseios e do exercício dialógico, as interlocuções foram concretizando-se como princípio fundamental. Os alunos puderam compreender noções elementares de Matemática, redigiram e leram textos e se depararam com a Ciência Natural. Estamos realizando diversas atividades, concretizamos nossos trabalhos através da confecção de receitas e cultivo das plantas medicinais, além de averiguarmos seus princípios medicamentosos, a atuação benéfica ou maléfica e as formas de manipulação.

Mesa 03 – Prática Pedagógica II Coordenadora: Eliane Giachetto SaravaliSala: 44Hora: 14hs

O TRABALHO COM PROJETOS NO PEJA (PROGRAMA DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DA UNESP/MARÍLIA): POSSIBILITANDO NOVOS CONHECIMENTOS E APRENDIZAGEM. SOUZA, JORCELINA DA CONCEIÇÃO; SANTOS, ANA ANGELICA M. DOS; BATISTA, MARGARIDA ANTUNES; OLIVEIRA, ARACY GONZAGA DE; FERREIRA, EDNA MELO; MARQUES, ROSALINA DA SILVA. Departamento de Didática. FFC – Unesp – Campus de Marília. Proex. [email protected]

O presente relato de experiência, realizado por nós, educandas do PEJA (Programa de Educação de Jovens e Adultos da Unesp/Marília) do Bairro Vila Altaneira em Marilia, pretende apresentar os projetos que desenvolvemos durante esse ano. No primeiro dia de aula lemos o conto “Banhos de Mar” de Clarice Lispector, relembramos momentos de nossas infâncias, e a partir disso fizemos as capas de nossos cadernos. Depois iniciamos nosso primeiro projeto do ano, intitulado por nós, “Saúde sim, dengue não!”. Estudamos sobre a origem, prevenção, tratamento, sintomas da dengue e casos em Marília, além disso, produzimos textos, panfletos e cartazes, e, por fim, tivemos uma palestra sobre a dengue com um representante da Secretária da Saúde de Marília. No segundo projeto, sobre matemática, aprendemos sobre a origem dos números, sistema de numeração decimal e outros sistemas de numeração. Atualmente estamos realizando um projeto, “O mistério do universo: da origem à atualidade”, já aprendemos sobre a origem da vida segundo a bíblia, a mitologia grega e a cultura afro-

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brasileira. Concluímos que com esses projetos conseguimos aprender mais sobre a dengue, que foi muito importante devido a grande quantidade de casos em Marília, além disso, o projeto atual está possibilitando que tenhamos mais conhecimentos sobre a origem da vida e do sistema solar, além de nos reconhecermos como integrante do universo, capaz de conhecê-lo e preservá-lo para nossas futuras gerações.

SAÚDE E EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA PARQUE DA NAÇÕES. MELO, T. M. de; SOUZA, A. C. de; LIMA, A. N.; SILVA, E. C. P. da; CAVALCANTE, J. A.; SANTOS, J. C. dos; SILVA, M. I. da; SOUZA, M. de; SOUZA, M. R. de; SANTANA, R. P. Departamento de Didática. PEJA – FFC – Unesp – Campus de Marília. [email protected].

Devido ao fato de nossas aulas acontecerem em uma Unidade de Saúde da Família, que faz parte do Programa de Saúde da Família implantado no ano de 1994 pelo Ministério da Saúde, resolvemos coletivamente estudar a realidade da USF Parque das Nações, pois faz parte do nosso dia-a-dia. Descobrimos que a USF do nosso bairro oferece diversos tipos de atendimento à saúde, dentre eles os atendimentos médico, dentário, psicológico, nutricional, fisioterápico, assistência social e ainda conta com uma enfermeira e auxiliares, agentes comunitários e voluntários. Esses atendimentos não são oferecidos somente na Unidade, pois esses profissionais realizam visitas domiciliares para descobrirem os problemas que não chegam até eles. Um outro trabalho que existe na USF Parque das Nações são os chamados Grupos de Atividades. O objetivo dos Grupos é conscientizar a população local no que diz respeito aos cuidados que devemos tomar com a nossa saúde, com a saúde de nossa família e até mesmo da própria comunidade.

AVALIAÇÃO: ATENDENDO, OU NÃO, EXPECTATIVAS DE EDUCANDOS JOVENS E ADULTOS. MESSIAS, CLÁUDIO; SIQUEIRA, REGINA A. R. Faculdade de Ciências e Letras. Unesp - campus de Assis/SP. PROEX. clmessias@estadão.com.br

Em um grupo de educandos matriculados no Peja-Assis/SP, junto ao CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), Vila Prudenciana, identificamos excessiva expectativa em relação à preparação para os exames supletivos realizados anualmente por fontes governamentais. Tal sala é composta por pessoas tanto do primeiro quanto no segundo segmento do ensino fundamental. Conhecendo os métodos e as próprias questões aplicadas em 2005 no Encceja (Exame Nacional de Certificação de Conclusão do Ensino de Jovens e Adultos), percebemos lacunas existentes entre a expectativa e as reais condições de aprovação presentes naquele grupo. Verificada tal situação, a programação de conteúdos foi revista, possibilitando a realização de uma simulação de avaliação, nos mesmos moldes dos exames supletivos. Essa prova foi constituída de 14 questões, divididas por áreas (ciências, geografia, história, língua portuguesa e matemática), tendo sido aplicada obedecendo a horários para chegada ao local, início e término das questões. Além disso, os participantes tiveram de repassar as respostas definitivas em um gabarito, cujo resultado pôde ser conferido no próprio CRAS, no dia seguinte. Frente aos resultados dessas avaliações, foi possível considerar: a) a necessidade de praticar periodicamente situações formais de avaliação, visto que nessa sala a grande maioria dos educandos sequer sabia do que se tratava um gabarito, muito menos como preenchê-lo. Dos 18 educandos avaliados, 3 tiveram questões respondidas com correção na folha de prova, mas passadas equivocadamente no gabarito; b) outro fator observado foi a dificuldade de leitura e interpretação dos problemas, não apenas nas questões de língua portuguesa, o que fez com que, a partir do início do segundo semestre, as aulas fossem preparadas sobre eixos temáticos, direcionadas para leitura, interpretação e produção de textos. Vemos, portanto, que jovens e adultos chegam à sala de aula com conhecimento e leitura de mundo que os colocam em patamar diferenciado em relação aos estudantes matriculados, em idade regular, nas instituições de ensino. Contudo, o despreparo para a realidade do próprio sistema de avaliação empregado nos exames supletivos já é o ponto inicial de uma possível seqüência de frustrações. Prepará-los, portanto, para as formalidades de um sistema institucionalizado de avaliações, reveste-se também de grande importância.

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RELATO DE EXPERIÊNCIA: UM TRABALHO COM AS HISTÓRIAS DE VIDA DOS EDUCANDOS. AFFONSO, PAULA DE MATOS. Departamento de Didática, Unesp – Marília, PROEX / Reitoria, [email protected].

Este resumo visa relatar uma experiência feita com uma turma de EJA, Educação de Jovens e Adultos, localizada no bairro Vila Nova, na cidade de Marilia. Esta turma é formada por nove educandos que estão passando pelo processo de alfabetização; alguns educandos freqüentam a turma desde o final do ano passado, outros são novos, passaram a freqüentar o grupo há pouco tempo. Este projeto com a história de vida dos educandos foi proposto como maneira de dar continuidade a um trabalho iniciado no primeiro semestre. Como finalização do projeto do primeiro semestre, os educandos elaboraram um artigo procurando divulgar o trabalho feito na Capela São Francisco de Assis, onde ocorrem as aulas, como forma de incentivar outras pessoas a participarem do mesmo. Diante disso, após uma conversa com os educandos, decidimos dar continuidade a esta divulgação, agora cada um relatando a sua história de vida, acentuando os motivos que os levaram a não estudar no período adequado. Dessa forma, os educandos foram iniciando seus relatos. Pensavam, comentavam um pouco de suas histórias e, aos poucos, iniciavam a escrita daquilo que gostariam de apresentar. Durante algumas aulas, os educandos continuaram escrevendo suas histórias e, algumas vezes, acabaram comentando que achavam interessante estar escrevendo a respeito de alguma coisa que eles conheciam muito bem e que achavam importante e interessante. Após alguns encontros, os educandos foram terminando seus escritos e, então, foi proposta uma atividade de leitura dos textos dos colegas para que pudesse haver uma troca de informações, além de incentivar os educandos a lerem algo diferente daquilo que somente eles tinham escrito. Essa troca foi muito interessante para os educandos, diante dos relatos feitos pelos mesmos ao longo do trabalho. Como finalização deste projeto, está prevista a confecção de um livro que traga todas estas histórias feitas por eles, inclusive com estas historias escritas com suas próprias letras. Por fim, espera-se que haja a divulgação deste trabalho, incluindo a distribuição de livro que está sendo elaborado.

A ESCASSEZ DA ÁGUA: CONSCIENTIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS. FERREIRA, HENRIQUE BOMFIM; HIDAKA, RENATO KENDY. FFC/UNESP – Campus de Marília. [email protected]

Atualmente, em todo o mundo, enfrenta-se o problema ambiental da escassez de água e os impactos tendem a ser cada vez mais intensos caso o uso dos recursos hídricos não seja reavaliado pela humanidade. Partindo desse pressuposto, temos a educação de jovens e adultos como um oportuno meio de conscientização desse quadro. A partir de atividades pautadas em aulas expositivas, textos didáticos, sistematização provisória das opiniões dos educandos, debates, projeção de filme e audição de músicas, a presente comunicação apresenta um material didático-pedagógico que tem por objetivo levar os educandos à sensibilização e compreensão da problemática que gira em torno da água, instigando o protagonismo desses agentes sociais, dirigindo-os à reflexão de sua responsabilidade frente ao meio ambiente, no qual se encontram inseridos e constituem parte integrante. Remete-se assim a compreensão de que a problemática sobre a água não é um caso isolado, pois está associada às questões de ordem política, social e econômicas mais amplas. Para que se possa aprofundar o tema, partir da realidade desses indivíduos se torna necessário, a fim de que estes tenham uma base real concreta acerca da questão. Está é uma preocupação que perpassa todo este material. Só assim poder-se-á trazer o aluno à compreensão da necessidade do uso racional da água, de preservação de suas fontes potáveis e da ação despoluidora.

PROJETO REVIVER (RESGATE DAS MEMÓRIAS DE EDUCANDOS EJA) ALMEIDA, LUCIANE APARECIDA DOS SANTOS. Departamento de Didática Unesp de Marília. [email protected]

Contribuo como educadora no PEJA de Marília há 5 meses na creche Nossa Senhora da Glória no bairro Monte Castelo durante a noite. Tenho nove alunos e há um mês desenvolvo o Projeto que se intitula “Reviver”, escolhido pelos próprios alunos. No projeto trabalho com o resgate das memórias dos

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educandos colocando que a vida tem ciclos e que cada educando constrói a sua história ao longo dos anos. Trabalho com a valorização da cultura que os educandos possuem e a partir dela avançamos no conhecimento deles, os alunos escrevem as suas história e como eram quando crianças desenvolvendo um resgate dos lugares onde nasceram e como estão os mesmos atualmente. Pretendo trabalhar com aspectos do passado e a partir disso introduzir conteúdos que sejam atuais e que fazem parte da história do lugar onde nasceram envolvendo os respectivos Estados e a cidade de Marília. Está havendo muitos progressos e muitos educandos estão felizes com as aulas e a possibilidade que se abriu para uma nova etapa de suas vidas, pois sentem -se mais importantes e respeitados por familiares e amigos. Penso ser primordial trabalhar para o desenvolvimento da auto-estima e a possibilidade de que os educandos são capazes de aprender independente da idade, pois é necessário respeitar as dificuldades que os educandos tiveram para estudar ao longo de suas vidas e ajudá-los na superação fornecendo os meios para que possam ter acesso ao conhecimento elaborado.

RELATOS DE ALUNOS DO PEJA (BAIRRO MONTE CASTELO) ALMEIDA, LUCIANE APARECIDA DOS SANTOS , MARQUES, APARECIDO ANTÔNIO, GERMANO, EFIGÊNIO , SIQUEIRA, DIVINA S. , OLIVEIRA, JOÃO CARLOS DE , SILVA, MARIA DAS DORES DA , GERMANO, MARIA DOS SANTOS , VALDIVA, VIEIRA S. DOS. Departamento de Didática. FFC. Campus de Marília. [email protected]

Estudar na EJA está sendo muito bom, pois aprendemos muito. Atualmente vemos os escritos nas vitrines das lojas e sabemos reconhecê-los, pensamos ser importante a aprendizagem da leitura, escrita e cálculo para realizarmos as atividades do dia-a-dia. Não sabíamos escrever um texto, agora escrevemos muito e bem melhor do que antes, o texto que fizemos sobre o lugar onde nascemos foi um sucesso. Estamos aprendendo, mesmo que às vezes temos algumas dificuldades na leitura ou escrita, estamos tentando superá-la. Chegamos em casa alegres e com satisfação pelas horas que passamos na escola, agora temos companhia, pois ficávamos em casa muitas vezes sozinhos, atualmente temos as aulas que além de serem um estímulo para a vida, nos ajuda a aprendermos a ler e escrever. Muitos de nós quando começamos estudar não sabíamos assinar o nome, atualmente além de termos aprendido escrever o nome, sabemos reconhecer o preço e o nome dos produtos quando vamos ao supermercado sem precisarmos perguntar para outras pessoas.

Mesa 04 – Pesquisas e EstudosCoordenadora: Martha dos ReisSala: 45Hora: 14hs

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO CENTRO DE RESSOCIALIZAÇÃO DE MARÍLIA: UM ESTUDO ANALÍTICO. PASSOS, THAIS BARBOSA; MIGUEL, JOSÉ CARLOS. Curso de Pedagogia, Departamento de Didática. UNESP - Faculdade de Filosofia e Ciências – Campus de Marília. FAPESP [email protected]

O presente estudo tem por objetivo analisar o papel da Educação de Jovens e Adultos – EJA – na ressocialização de sujeitos em processo de cumprimento de pena. Para tanto, a partir de observações e entrevistas no interior do Centro de Ressocialização – CR – de Marília, buscamos refletir acerca das representações e concepções do reeducando jovem e adulto sobre a escola e suas dificuldades de aprendizagem, bem como discutir princípios gerais para educação de jovens e adultos no sistema carcerário. Valendo-se do objetivo proposto, analisar e compreender como se dá a EJA no CR, o estudo partiu de pesquisa bibliográfica e tem como método a abordagem qualitativa a partir da realização de entrevistas com os educadores e educandos. Assim, teremos a apreensão dos dois pontos de vista, sobre como se desenvolve o processo educacional. Aos educandos presos será solicitado que falem acerca do modo como concebem a escola por trás das grades. Assim como, as suas expectativas de reinserção na sociedade, ou seja, se eles acreditam que as medidas sócio-educativas os possibilitarão não reincidir no mundo do crime. Depois de concluído o levantamento bibliográfico e o fichamento das obras, visitamos o CR de Marília, foram analisadas as descrições minuciosas de suas características. Num primeiro

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momento fizemos a observação da instituição a fim de colher informações sobre os sujeitos a serem pesquisados e principalmente o processo de escolarização. Todas as informações são registradas pela pesquisadora num caderno de campo. Com os dados obtidos nas observações foi elaborado o roteiro das entrevistas. Feito isto, partiremos para a execução das entrevistas que posteriormente serão transcritas e sistematizadas. Esses dados fundamentarão as discussões, assim como, o referencial teórico. A partir destes resultados, analisaremos também as divergências e semelhanças entre as entrevistas dos educandos presos e as entrevistas dos educadores confrontando-as com os dados obtidos por meio dos relatórios.

A EJA - UM PANORAMA GERAL GARROSSINO, SILVIA REGINA BARBOZA. Mestranda em Educação pela Unesp – Marília

Durante muito tempo os profissionais da Educação de Jovens e Adultos (EJA) eram leigos, a sua principal tarefa era a de ensinar a decifração do código escrito. Por volta dos anos 60, a percepção do jovem e adulto como sujeito de sua aprendizagem, deu origem a uma proposta de alfabetização conscientizadora. O contexto político pós 64 refreou essas iniciativa, retomando as práticas mecanicistas. Mas, grupos dedicados à educação popular deram continuidade às experiências no âmbito da Educação de Jovens e Adultos, e hoje existem muitos estudantes voltando hoje à sala de aula. Quem não teve oportunidade de estudar na idade apropriada, ou por algum motivo abandonou a escola antes de terminar a educação básica, está procurando as instituições de ensino para completar seus estudos. Aqueles que não sabem ler e escrever pretendem ser alfabetizados. Ou mesmo desejam adquirir outros saberes e um diploma para que tenham chances no concorrido mercado de trabalho. A Secretaria Municipal de Educação da cidade de Marília informou que os alunos matriculados na EJA estão distribuídos em dezesseis EMEFEs e, as aulas são diárias com ensino presencial, com duração de três horas e sempre no período noturno. As matérias ministradas são: Língua Portuguesa, Matemática e Estudos da Sociedade e da Natureza, norteados pela proposta curricular que foi elaborada pela ação não governamental Ação Educativa, combinando atividades de pesquisa, assessoria e informação. Ao atrair o jovem e adulto para a escola é preciso garantir que eles não a abandonem. São altas as taxas de evasão. O perfil da evasão na rede de Marília se concentra mais na faixa etária de 26 a 35 anos e com um percentual maior no sexo masculino. Os motivos da evasão relatados são: problemas relacionados com o convívio familiar, trabalho noturno, falha na matrícula, gravidez, saúde e falta de interesse do aluno. Algumas ações podem evitar que os alunos se afastem da escola: mostrar que a atitude de voltar a estudar é motivo de orgulho, ajudar o aluno a identificar o valor e a utilidade do estudo, mostrar que a aula é um momento de troca entre todos e que o saber do professor não é mais importante que o dele e valorizar e utilizar os conhecimentos e as habilidades de cada um.

FALAR E ESCREVER NA ALFABETIZAÇÃO DE ADULTOS: UMA RELAÇÃO TENSA. CAMARGO, GIOVANA AZZI DE; BRAGA, ELIZABETH DOS SANTOS. Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação, Universidade São Francisco. Capes. [email protected].

Nesta apresentação, pretendemos discutir a tensão existente entre a fala e a escrita no processo de alfabetização de adultos. Essa questão surge no decorrer da pesquisa de Mestrado em Educação que tinha como objetivo inicial observar o trato dado à oralidade no processo de alfabetização. Ao considerar que oralidade e escrita estão relacionadas, emergem as seguintes questões: Como a relação entre fala e escrita se constitui em uma sala de aula da EJA? Que indícios da tensão presente nessa relação podemos depreender da observação dessas aulas? De que forma o professor considera as falas dos alunos no processo de alfabetização? Essas questões foram tomando forma durante a pesquisa de campo, realizada em sala de alfabetização de jovens e adultos, da Rede Municipal de Ensino de uma cidade do interior de São Paulo. Para realizar esse estudo, optou-se pela metodologia de pesquisa qualitativa, especificamente o estudo do tipo etnográfico. Os dados foram coletados por meio de observação que eram registradas no diário de campo ou em audiogravações. Outro instrumento utilizado foi a entrevista semi-estruturada com professores e alunos. A análise dos dados foi feita a partir dos princípios teórico-metodológicos de Vigotski e Bakhtin, e por meio da análise microgenética.

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A pesquisa se pauta nas contribuições de estudiosos que consideram a linguagem como constitutiva do humano; nas discussões sobre a relação entre oralidade e escrita, sobre letramento e oralidade como práticas sociais; considerações sobre a presença da oralidade na escola, a importância da palavra no processo educativo e alfabetização como processo discursivo e significativo. Nossas análises problematizam a consideração da oralidade no processo de alfabetização em sala de aula: de que forma as falas dos alunos são consideradas? Na reescrita de textos, como a participação dos alunos é incorporada? Tendo isso em vista, enfocamos também, a primazia do texto escrito no processo de alfabetização e as concepções de aluno, de analfabeto, de apropriação do conhecimento que norteiam o trabalho do professor.

POLÍTICAS PÚBLICAS DESTINADAS À EDUCAÇAO DE JOVENS E ADULTOS: UM ESTUDO DO PROGRAMA BRASIL ALFABETIZADO. SILVA, MICHELLE CHAVES DA , MIGUEL, JOSÉ CARLOS. Departamento de Didática – FFC/UNESP –Campus de Marília – SP. PROEX. michelle. [email protected]

Esta pesquisa tem por objetivo analisar as políticas públicas que são elaboradas para alfabetizar jovens e adultos no Brasil. Desde a constituição de 1988, o direito à educação tem se colocado como um dever do Estado, não somente para aqueles que ingressam na escola na idade apropriada, mas também para aqueles que não tiveram a oportunidade de escolarização na idade própria. Dessa forma, nos últimos anos surgiu no Brasil as discussões que procuram analisar a alfabetização de jovens e adultos não apenas no quesito acesso, mas principalmente as contribuições que as políticas públicas traz para estes indivíduos, ou seja, quais são as “visões” que estas políticas públicas expressam ao proporem os seus programas. Que indivíduos queremos formar, aquele que utiliza o conhecimento na sua prática social? Ou apenas alfabetizar para instrumentalizá-los? A nossa pesquisa sobre o programa Brasil Alfabetizado, tem justamente esta preocupação, propor uma reflexão acerca da estrutura deste programa para buscar as suas contribuições para a alfabetização de jovens e adultos. Queremos compreender como as políticas públicas desenvolvidas pelo Estado para alunos de EJA, utilizam o conhecimento, se para a prática social, ou como instrumentalização de indivíduos. Resultados do INAF (Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional) mostram a necessidade de o ensino básico, seja para crianças, jovens e adultos, propiciar o uso do conhecimento na prática social já que isto implica no conceito amplo de formação para a cidadania. A conclusão da pesquisa constitui-se na compreensão de como se articula dentro da sociedade a elaboração, o desenvolvimento e a aplicação deste programa criado para atender a população excluída do processo de ensino.

LIMITAÇÕES EXISTENTES NA IMPLEMENTAÇÃO DAS TÉCNICAS DE ENSINO UTILIZADAS COM AS CRIANÇAS E PROPOSTAS AOS JOVENS E AOS ADULTOS. RICOMINI, INGRID DA SILVA; GIROTTO, CYNTÍA G.G. SIMÕES. Departamento de Didática. Unesp- Campus de Marília. Fundunesp. [email protected].

A referida comunicação é uma tentativa de estabelecer uma analogia e uma possível reflexão acerca de um trabalho desenvolvido com crianças de idade entre os 7 - 10 anos, que se encontram em fase inicial de alfabetização e uma sala de E.J.A. em que os jovens e os adultos também se deparam numa fase similar quanto ao aprendizado e a posterior apropriação de leitura e da escrita. Assim, procura-se demonstrar que algumas das técnicas teórico-metodológicas que são implementadas com essa turma de crianças, poderão constituir com a devida adequação recursos importantes a serem implementados para o desenvolvimento do trabalho com os adultos, são algumas destas: a correspondência entre as turmas de E.J.A. ou entre as próprias alunas, a roda de conversa, aula passeio, trabalho com as receitas, poesias, músicas e os contos, professor como escriba no inicio das produções de texto dos seus alunos, a confecção do livro da vida, diário de classe, todas estas atividades propiciando além da socialização necessária entre as(os) alunas (os), contribui para o desenvolvimento das funções psíquicas superiores como: a atenção, a memória, o raciocínio lógico, elementos estes essenciais para o desenvolvimento omnilateral do individuo que deve estar sempre em atividade, daí a importância do Educador, munido das suas perspectivas teórico-metodológicas criar sempre a necessidade para o real aprendizado sendo com as crianças ou com os adultos. A metodologia escolhida é a pesquisa ação que oferece, dentre

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outros, os elementos necessários para uma melhor apreensão e entendimento daquilo que ocorre no complexo processo de ensino e de aprendizagem. Os objetivos a serem alcançados, com uma aula pautada em tais pressupostos seria: o desenvolvimento da autonomia do educando, iniciativa e constante participação nos trabalhos desenvolvidos em grupo e individualmente e o reconhecimento de si próprios como sujeitos importantes no processo de constituição da sua história de vida. Os resultados ainda não podem ser apresentados, devido a fase inicial da referida reflexão acerca da implementação de técnicas semelhantes de ensino para os adultos e para as crianças.

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO SISTEMA PRISIONAL: EDUCADORES E AGENTES, UMA AÇÃO NECESSÁRIA. TRINDADE E SILVA, JUSSARA D.G ;SILVA, ELOIZA J. INSTITUTO AÇÃO REAL. [email protected] ; [email protected]

O presente trabalho surgiu da necessidade da construção de um material didático específico para educandos jovens e adultos privados de liberdade, condizente com sua realidade em conviver com o fato de estar preso e não ser preso. De acordo com dados das Nações Unidas o Brasil atualmente conta com uma população de mais de 360 mil pessoas cumprindo pena em regime fechado,dos quais 95% são pobres, 70% não completaram o Ensino Fundamental e 10,5% são analfabetos. Entre os principais objetivos apresentados nas ações já desenvolvidas estão a possibilidade de garantir a qualidade de oferta da educação nas prisões e contribuir para a formação específica dos profissionais envolvidos nos processos de ressocialização. Entre a grande maioria dos estudiosos do sistema penal é consenso o entendimento de que o universo prisional deve ser um todo articulado, em que todos os envolvidos devem ser compreendidos como educadores de jovens e adultos em uma situação específica. Por isso Instituto Ação Real em parceria com a Editora Educarte, iniciou em 2006 junto à SEDUC- Secretaria de Educação do Ceará, no município de Paraipaba um trabalho de formação continuada para agentes e educadores do sistema prisional, com o intuito de subsidiar a prática educativa dos profissionais penitenciários que atuam na modalidade Educação de Jovens Adultos. Este trabalho envolveu cerca de 150 profissionais possibilitando discussões sobre como desenvolver atividades interdisciplinares com a utilização do livro didático, além de fomentar o debate sobre o papel do trabalho como princípio educativo nas propostas de remissão penal para educandos jovens e adultos trabalhadores detentos e egressos do sistema penitenciário. Esta proposta deve ser entendida como início de uma atividade continuada que possibilite dar voz aos próprios agentes e educadores, restabelecendo uma nova relação de escuta entre os trabalhadores do sistema, com o objetivo de propiciar uma nova percepção desses sujeitos, cuja ótica vise efetivamente a ressocialização em detrimento de uma concepção educacional repressiva e punitiva. A viabilidade dessas ações confirma-se pelos depoimentos dos próprios agentes envolvidos nas discussões e construção de tal empreendimento.

Mesa 05 – Educação Inclusiva Coordenadora: Anna Augusta Sampaio de OliveiraSala: 46Hora: 14hs

ESTUDO DE CASO E PLANO INDIVIDUALIZADO DE ENSINO PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA MENTAL, MATRICULADOS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA) NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE BAURU. ESCOBAR, MARIZA. Secretaria Municipal da Educação. [email protected] .

A Secretaria Municipal da Educação de Bauru, com o objetivo de identificar as necessidades da Rede Municipal de Ensino, desenvolveu um estudo preliminar que resultou no Mapeamento diagnóstico da situação educacional de responsabilidade da Educação Especial. O levantamento diagnóstico apontou alunos com deficiência mental e necessidades educacionais especiais matriculados e freqüentando as salas de aula da Educação de Jovens e Adultos (EJA). O diagnóstico teve como sujeitos os professores dessas salas de aula e buscou-se identificar os alunos com deficiência mental matriculados nos períodos da manhã, tarde e noite, que encontram dificuldades para acompanhar o currículo de suplência de lª a 4ª série. Estes alunos não concluíram o ensino fundamental obrigatório, encontram dificuldades para

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aprender, não acompanham o currículo escolar proposto, permanecendo retidos principalmente nos 1º e 2º termos. Observa-se que a Educação de Jovens e Adultos (EJA) é composta por 54 salas de aula, distribuídas em diversos bairros da periferia da cidade atendendo alunos a partir de 13 anos. É pertinente salientar que a Divisão de Educação de Jovens e Adultos desde 1988, implementou adaptações em seu projeto pedagógico, sendo que todos os professores lecionam com currículo de suplência do 1º ao 4º termo. Ao analisar o estudo concluiu-se que os alunos com deficiência mental e necessidades educacionais especiais, não acompanham o currículo escolar proposto, permanecendo retidos de 01 a 03 semestres principalmente nos 1º e 2º termos. Fica explícito que os Estudos de Caso e os Planos Individualizados de Ensino constituem possibilidades educacionais de atuação frente às dificuldades de aprendizagem dos alunos com deficiência mental e necessidades educacionais especiais matriculados nas salas de aula do EJA. Destaca-se que os Estudos de Caso e os Planos Individualizados de Ensino propostos são medidas que buscam a flexibilidade, o dinamismo e individualização do atendimento pedagógico. Considerando que todo aluno tem o direito de ter acesso ao saber historicamente construído e a importância de se atender às exigências legais. Esta demanda justifica e requer a implementação de Estudos de Caso, e a elaboração de Plano Individualizado de Ensino, para alunos com deficiência mental e necessidades educacionais especiais, objeto do presente projeto.

EDUCAÇÃO PARA O TRABALHO: O PENSAR DE MULHERES COM DEFICIÊNCIA MENTAL; ROCHA, MACEDO ELZA. Departamento de Educação Especial. FFC – UNESP - Campus de Marília. [email protected].

A atividade profissional de um individuo - trabalho ou estudo - ocupa um papel importante na história de sua vida ou prática cotidiana. Alguns autores enfatizam que, quando se fala em profissionalização, não pode ser desconsiderada a alfabetização, embora a maioria dos trabalhos não qualificados não exija uma leitura funcional ou atividades numéricas; mas na prática o analfabetismo é um dos fatores que dificultam a colocação do deficiente no mercado de trabalho. Principalmente em um país como o Brasil, onde a mão de obra é abundante e barata, um individuo que além de ser classificado como deficiente mental e analfabeto, sofre um duplo estigma, o que o impossibilita de competir por um emprego em termos de igualdade com os demais. O trabalho pode favorecer tanto o desenvolvimento profissional quanto o pessoal do indivíduo, assim é necessário que instituições escolares, familiares e de preparação profissional que oferecem programas de preparação para o trabalho adotem posturas que possibilitem a integração do deficiente no mercado competitivo. O referente estudo tratou de analisar como vivem e o que pensam as mulheres com deficiência mental a respeito das oportunidades de trabalho. A metodologia utilizada é uma pesquisa de campo, incluindo transcrições de entrevistas e citações explicativas. Foram entrevistadas três mulheres com o diagnóstico de deficiência mental. Todos os depoimentos coletados foram considerados importantes, pois existiu o interesse em verificar como se manifestam nas interações cotidianas as oportunidades de trabalho. O que se pode observar tanto nas entrevistas quanto na discussão da maioria dos autores sobre a dependência da mulher com deficiência mental, está relacionada à família e em sua característica de superproteção, principalmente por parte da mãe.

ENSINO INCLUSIVO EM CLASSE DE ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS – PAI (PROGRAMA DE ALFABETIZAÇÃO E INCLUSÃO). CASTILHO, MYRIAN LUCIA RUIZ. FCET – Universidade de Marília - [email protected].

Esta comunicação descreve os resultados do trabalho pedagógico inclusivo desenvolvido voluntariamente por alunos do curso de Pedagogia da Universidade de Marília no contexto do PAI – Programa de Alfabetização e Inclusão, que se destina à alfabetização e complementação do I Ciclo do Ensino Fundamental destinado aos funcionários da instituição e também aberto a toda a comunidade. O programa é resultado de uma parceria entre a Secretaria de Educação com a Universidade. Participam do programa duas jovens alunas, sendo uma com discreta deficiência física e comprometimento da fala, e a outra com certa deficiência mental e de fala, que vêm apresentando um grande desenvolvimento social e no aprendizado, já percebido pelas suas famílias, desde que iniciaram a participação no curso. É necessário que os alunos do curso de formação de professores entendam, concebam, definam e pensem

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a deficiência. Sendo o homem um ser em construção com potencial a ser desenvolvido visando sempre melhorar as condições de vida, torna-se imprescindível que sua formação seja ampla e irrestrita, pois é no processo de interação com a cultura e de interlocução com o outro que o indivíduo se forma e se constitui como sujeito histórico, político e social. As conclusões apontam que o aluno adulto portador de necessidades especiais apresenta um desenvolvimento significativo ao freqüentar uma classe de Educação de Jovens e Adultos, pois sente-se incluído, valorizado na sua auto-estima. Em relação à deficiência, as características físicas são observáveis e em alguns casos relacionam-na a recursos especiais. Para os participantes do projeto e que fazem parte da comunidade escolar, o deficiente aprende, é inteligente e se integra. No mundo atual as relações estão assentadas cada vez mais em sistemas integrados globalmente e devido a esse aspecto, a busca de educação para todos deve responder ao desafio de construção de um modelo de desenvolvimento produtivo, norteado pela equidade visando à construção de uma sociedade mais justa e solidária.

LETRAMENTO DE JOVENS E ADULTOS ESPECIAIS. SANTOS, ANDREIA TENORIO DOS. Universidade Presbiteriana Mackenzie. Centro de Ciencias e Humanidades. Coordenadoria De Extensão. [email protected]

O trabalho tem como proposta apresentar o projeto de alfabetização de jovens e adultos que é realizado em parceria Universidade Presbiteriana Mackenzie e Alfabetização Solidária (Alfasol). Parceria que se fortalece há 10 anos e busca contribuir com a erradicação do analfabetismo propiciando oportunidade aos que não tiveram condições de entrar no mundo letrado e/ou continuar sua escolaridade. O trabalho irá explicitar a amplitude e a seriedade com a alfabetização das pessoas jovens e adultos, além de apresentar um breve relato enquanto alfabetizadora do programa Alfasol. Como resultado em 8 anos o Alfasol – Mackenzie formou inúmeros alfabetizadores que letraram jovens e adultos especiais: presidiários, portadores do vírus HIV, moradores de rua, surdos e mudos e muitos idosos.

O ESTUDANTE SURDO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS. CAMARGO, GIOVANA AZZI;RAMOS, ELIANE DE SOUZA; ZENORINI, RITA DA PENHA CAMPOS.Universidade São Francisco. [email protected].

A escola brasileira é marcada pelo fracasso e pela evasão de uma parte significativa de estudantes surdos, que são marginalizados pelo insucesso, por privações constantes e pela baixa auto-estima resultante da exclusão escolar e social. Os caminhos percorridos até então para que a escola acolha a todos os alunos, indistintamente, têm se chocado com o caráter eminentemente excludente, segregativo e conservador do sistema escolar. A proposta revolucionária de incluir todos os alunos no ensino regular tem encontrado algumas barreiras, entre as quais se destaca a cultura assistencialista e terapêutica da Educação Especial. As soluções sugeridas para a reversão desse quadro parecem pretender resolver essa situação a partir de ações que não recorrem a outros meios, não buscam novas saídas e não vão a fundo nas causas geradoras do fracasso escolar, fracasso esse que continua sendo do aluno, uma vez que a escola reluta em admiti-lo como seu. Alunos surdos são vítimas de seus pais, de seus professores, dos profissionais da área da saúde e, sobretudo, da falta de conhecimento sobre a cultura surda e a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, dos envolvidos com essa população. Esses estudantes são conhecidos pelas escolas, pois repetem as mesmas séries várias vezes, evadem, são rotulados como incapazes e com hábitos que fogem ao protótipo da educação formal. Assim sendo, parece-nos que a EJA tem se mostrado como uma nova possibilidade dos jovens e adultos surdos retornarem à escola e alcançarem graus mais avançados de escolarização. A Universidade São Francisco, atenta a esses apontamentos, estabeleceu uma parceria junto de uma escola pública do município de Bragança Paulista – SP, que atende estudantes surdos em uma sala de EJA. Nessa parceria ações são planejadas e desenvolvidas por professores e estudantes dos cursos de graduação, com a finalidade de partilhar o conhecimento produzido no contexto universitário junto dessa população. Diante disso, nessa apresentação pretende-se promover discussões a partir das experiências vivenciadas com o estabelecimento dessa parceria.

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Mesa 06 – Políticas, saberes e cultura Coordenadora: Sueli Guadelupe de Lima MendonçaSala: 47Hora: 14hs

PRODUÇÃO AUDIOVISUAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA NO PEJA – MARÍLIA, E CONTRIBUIÇÕES NA FORMAÇÃO DE UMA EDUCADORA DAS SÉRIES INICIAIS. AVANTE, ROWANA QUADROS, Departamento de Didática, Universidade Estadual Paulista Campus de Marília. E-mail: [email protected]

Com o objetivo inicial de pôr em prática conceitos estudados em técnicas audiovisuais, bem como ilustrar o IV Encontro do PEJA, nasceu o documentário Ah, Aprendi!, que contribuiu aos seus produtores não apenas o crescimento na experiência acadêmica, mas também exigiu um intenso estudo do “outro” enquanto sujeito portador de elementos sócio-culturais. Assim, falar sobre o Programa de Educação de Jovens e Adultos de Marília-SP sem falar sobre seus educandos seria o mesmo que descolar os sujeitos de seu contexto histórico-cultural. Perder-se-ia, portanto, o eixo sobre o qual todo o Programa foi desenvolvido, o indivíduo. Isto, pois, o projeto é embasado no pensamento de Paulo Freire e na teoria histórico-cultural de Liev Vygotsky, onde ambas partem da cultura primeira do educando para alcançar a cultura elaborada, desenvolvendo as capacidades humanizadoras do sujeito. Enquanto educadora das séries iniciais do ensino fundamental, da Rede Municipal de Ensino de Marília, pude fazer analogias observando as características dos educandos do PEJA, durante a produção do audiovisual, e suas posições em relação à sua condição de não-letrado, com alunos da sala de reforço da EMEF Prof. Antonio Moral, que também compartilham dos sentimentos advindos de sua condição. Ambos os grupos têm necessidade de aprovação, até mesmo da professora que os leciona; de serem ouvidos e terem suas histórias respeitadas; de lutar constantemente pelo resgate da auto-estima e de serem motivados pelo educador a continuarem estudando, mesmo com as dificuldades que os rodeiam. Pretendo mostrar com este trabalho, que produzir um audiovisual sobre o Programa de Educação de Jovens e Adultos, e, sobretudo, estudar os educandos que tiveram suas experiências de vida compartilhadas neste vídeo, muito contribuiu para compreender que, mesmo sendo de universos diferentes, adultos e crianças que não tiveram a oportunidade ou não acompanharam os conteúdos escolares em período “normal”, enfrentam basicamente os mesmos preconceitos e dificuldades conseqüentes de sua condição de não-letrado, e necessitam ser ouvidos, seja mediante um documentário, como foi o caso dos educandos do PEJA, seja na própria sala de aula, aos ouvidos de um único professor.

GRUPO DE TEATRO DA UNATI – UNESP DE MARÍLIA EM PARCERIA COM O PROJETO “RESPEITE O IDOSO”: DESVELANDO PRECONCEITOS E INTEGRANDO GERAÇÕES. CORDEIRO, ANA PAULA; OSHIRO, ROBERTA MIDORI. Departamento de Didática – FFC – Unesp/Marília – PROEX – [email protected], [email protected].

O presente trabalho tem por objetivo apresentar a experiência de uma parceria estabelecida no ano de 2007 entre o grupo de teatro da UNATI – UNESP de Marília e o projeto “Respeite o Idoso”, ligado ao Rotary Club Marília Pioneiro. Este projeto visa levar a população local a discutir acerca da importância da participação da pessoa idosa em todas as esferas sociais e suscitar o debate sobre o respeito á sua integridade física e dignidade. No mês de fevereiro, recebemos o convite do Rotary Club Marília Pioneiro para apresentar uma peça teatral na EE “Amílcare Mattei”, na cidade de Marília – SP. O convite foi aceito e a partir daí iniciamos os ensaios da peça “Momentos do dia-a-dia”, uma criação coletiva do grupo de teatro da UNATI, que trata dos preconceitos em relação à pessoa idosa nas mais diversas situações cotidianas. O trabalho foi apresentado na EE “Amílcare Mattei” no dia 26 de maio de 2007, para todos os alunos do Ensino Médio da escola. Cerca de 300 alunos assistiram à peça e dialogaram sobre o tema abordado com o grupo de teatro da UNATI e com os integrantes do projeto “Respeite o Idoso”. Os alunos professores da escola avaliaram positivamente o trabalho apresentado e destacaram que já presenciaram muitas das situações apresentadas na peça: o desrespeito ao idoso na rua, em casa, no ônibus etc.. Através dessa parceria, pudemos obter uma importante via de comunicação

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com a comunidade estudantil de Marília e os alunos da UNATI desempenharam papel de agentes culturais ao levarem o trabalho de criação coletiva ao público jovem. Esse tipo de interação possibilita a mobilização por mudanças de concepções e à minimização dos preconceitos relacionados á pessoa idosa.

MOMENTOS DO DIA-A-DIA: ABORDAGEM DOS PRECONCEITOS EM RELAÇAO À PESSOA IDOSA ATRAVÉS DE PEÇA COLETIVA ELABORADA PELO GRUPO DE TEATRO DA UNATI-UNESP DE MARÍLIA. CORDEIRO, ANA PAULA; OSHIRO, ROBERTA MIDORI. Departamento de Didática – FFC – UNESP/Marília – PROEX – [email protected], [email protected]

Esta comunicação tem por objetivo apresentar os resultados de um trabalho coletivo de apresentação teatral desenvolvido durante os anos de 2006 e 2007 pelo grupo de teatro da UNATI (Universidade Aberta à Terceira Idade) – UNESP de Marília. O grupo, que conta com vinte pessoas nasceu do projeto de extensão “Oficinas de Teatro da UNATI – UNESP de Marília” e tem como principal objetivo levar os participantes a experimentarem todo o processo de criação teatral, desde a elaboração de uma peça, passando por sua montagem e apresentação. O principal procedimento utilizado para o êxito desta proposta é o oferecimento de oficinas baseadas em jogos teatrais e no estimulo ao diálogo entre os participantes. Durante as oficinas todos são convidados a criar e improvisar através de jogos teatrais que estimulam e valorizam o dialogo, as vivencias e memórias dos participantes. Tendo as oficinas como ponto de partida, o grupo cria coletivamente peças teatrais baseadas em suas experiências de vida e as apresenta à diversos públicos. Nos anos de 2006 e 2007 o grupo reestruturou uma peça teatral criada anteriormente por todos os participantes, intitulada “Momentos do dia-a-dia”. Trata-se de uma peça curta, com duração de vinte minutos, que apresenta, através de uma junção de esquetes, diálogos, frases soltas e ações variadas relacionadas aos preconceitos á pessoa idosa nas mais diversas situações cotidianas: em casa, na rua, no ônibus, no trabalho. O grupo criou o texto, cuidou dos aspectos técnicos referentes à montagem e apresentou em diversas ocasiões, na FFC – UNESP e em uma escola estadual da cidade de Marília. Os objetivos do grupo de teatro foram alcançados, visto que todos os participantes puderam experienciar os processos de criação teatral de maneira profunda e completa, tornando-se agentes culturais ao levar o espetáculo aos mais diversos públicos.

“MENINA TAMBÉM TEM QUE SER GENTE!” – GÊNERO COMO UMA CATEGORIA DE ANÁLISE NOS DEPOIMENTOS DAS EDUCANDAS DO PEJA – VILA ALTANEIRA. RAVAZZI, MARINA MONTEIRO DE QUEIROZ; MUSSI, EDUARDO PEREIRA; SOUZA, JORCELINA DA COMCEIÇÃO; COLETI, LAURA MARIA BARON; AVANTE, ROWANA QUADROS. Departamento de Sociologia e Antropologia – Universidade Estadual Paulista – Campus Marília – [email protected] Ao realizar no ano de 2006, em parceria com um grupo de amigos, o documentário “Ah, aprendi!” sobre o PEJA de Marília, substancialmente sobre as salas do Vila Altaneira; percebi de imediato o alto número de mulheres presentes nas salas de aula. Observação que permeou minhas conversas com as educandas durante a produção do vídeo. Nos depoimentos, percebi o quanto a história das educandas aproximava-me a uma análise de gênero de suas falas, de suas histórias de vida – dentro e fora do processo de alfabetização. A vida escolar dessas mulheres foi interrompida inúmeras vezes e por motivos diversos. Durante a infância pela necessidade de trabalharem para auxiliar na renda de seus genitores; para ajudarem na criação de seus irmãos mais novos; ou, para darem aos irmãos (homens) a oportunidade de estudarem. Antônia – 73 anos, viúva e mãe de dois filhos – nos relata tal acontecimento em sua vida: “Os meninos, ‘homi’ era sagrado ir pra escola, só ficou nós três (as três irmãs, mulheres, mais velhas) pra trás”. Já na fase adulta, algumas educandas deixaram os estudos ou não o retomaram pela necessidade de cuidarem de seu lar e família ou por trabalharem fora, em sua grande maioria como costureiras ou faxineiras. Constatei que as educandas não possuem uma posição feminista consolidada; mas o anseio pela igualdade de oportunidades sim: “Menina também tem que ser gente” frase de Antônia nos aponta isso. A inquietude, a curiosidade e a vontade de aprender fazem estas mulheres

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irem para a sala de aula; mas um fator, a viuvez, foi o propulsor da “liberdade” para voltarem a estudar. A igualdade sonhada as realizam como pessoas, como indivíduos compostos de potencialidades e habilidades; segundo Antônia: “(Estou) realizada por ter surgido, a gente achava que nunca mais ia surgir”. Assim, podemos analisar através do prima de relações de gênero a história de vida destas educandas, como também sua formação sócio-cultural enquanto indivíduo.

A EDUCAÇÃO QUE ME EXCLUI QUANDO CRIANÇA E A EDUCAÇÃO VOLTADA PARA OS JOVENS E ADULTOS QUE ME RESGATOU: FACES DA MESMA MOEDA? PEREIRA, GIOVANO ALVES . (FFC – Unesp / Marília – [email protected].) .

A democratização do ensino e do saber está intrinsecamente relacionada com o resgate daqueles que ao longo de nossa história foram sendo deixados de lado no processo educativo , tais pessoas que na realidade geraram a riqueza desse país contribuindo com seu esforço e ganhando salários aquém da dignidade humana e que hoje se vêem diante de um mundo que se transforma em múltiplas tecnologias e praticamente os ignoram, mas que felizmente tem na educação dos jovens e adultos a possibilidade de mudar essas trajetórias e contar com esse reconhecimento de sua importância. Nesse sentido, gostaria de contribuir com esse V encontro do PEJA narrando minha trajetória escolar que começou a mudar no dia em que me vi dentro de uma classe aos 17 anos com senhores e senhoras grisalhos; naquele dia vi o quanto de infame estava sendo nossa educação no decorrer da história do nosso país. Vi pessoas capazes e com alto grau de conhecimento prático, inteligentes e espirituosos, vi senhoras que davam lições de vida, cerceadas outrora por machismos retrógrados e catastróficos para a nossa nação. Hoje dentro da universidade constato como foi imprescindível aquele ano na minha trajetória escolar e como vencer a barreira do primário mudou minha visão diante do mundo, diante de mim mesmo. É de suma importância que lutemos para que toda a criança freqüente a escola, mas é uma questão de solidariedade humana e de dever e direito que os educadores não esqueçam dos jovens e adultos, pois, são em geral os mais carentes que sofrem mais com os erros das políticas e da história educacional brasileira por vezes equivocada, diante disso, projetos como o PEJA devem dar respeito e orgulho a todos que participam desse processo.

O EJA EM BAURU E SUA TRAJETÓRIA DE SUCESSO. ROVER, APARECIDA IDALINA C.; SOUZA, MARILENE FRANCO DE. Secretaria Municipal da Educação, [email protected]@bauru.sp.gov.br.

A Prefeitura Municipal de Bauru firmou convênio em 1986 com a Fundação Educar, após a extinção do MOBRAL para expedição de documentos e criou a Divisão de Educação de Jovens e Adultos, pela lei municipal nº. 2656 em 25/04/86. Em 1990 foi autorizado o funcionamento do Curso supletivo - Suplência I. Em 12 de maio de 1998 foi autorizado o funcionamento do Centro Educacional de Jovens e Adultos CEJA – Curso supletivo informal. Constituído de 59 classes, tendo 1.537 alunos matriculados. A Divisão de Educação de Jovens e Adultos/CEJA tem como objetivo principal proporcionar escolarização equivalente às quatro primeiras séries do Ensino Fundamental. Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº. 9394/96, art. 4º. Item VII: está determinado que a Educação de Jovens e Adultos tenha características e modalidades adequadas às necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola. A Prefeitura Municipal de Bauru/Secretaria Municipal da Educação desenvolveu um projeto em 2005 visando a construção de 10 Pólos de alfabetização com estrutura física diferenciada e mobília adequada para faixa etária. Já foram entregues a população bauruense sete pólos totalmente equipados e com previsão de construção de mais três pólos até 2008, para assim atender à política de inclusão escolar. O CEJA hoje é constituído por 68 classes localizadas em diversos bairros da cidade, atendendo a demanda de alunos. Funcionam em Escolas Municipais de Educação Infantil, Ensino Fundamental, Centros Comunitários, Igrejas, Regionais Administrativas, Entidades ou qualquer espaço que ofereça infra-estrutura mínima para comportar aproximadamente vinte alunos. As classes são organizadas em setores de coordenação, sendo em média 20 classes por setor.

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INTEGRAÇÃO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL À EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS. FERREIRA, MARIA DAS GRAÇAS, JORGE, CÉULI MARIANO, RIBEIRO, CARINA SKURA, Departamento de Educação e Trabalho – Secretaria de Estado da Educação do Governo do Paraná. [email protected]

As políticas educacionais que marcaram a década de 1990, em nosso país, não favoreceram a formação dos trabalhadores que freqüentavam a escola pública em sua perspectiva de formação integral, na qual a profissionalização estaria presente. A Lei 9.394/96 estabeleceu uma nova configuração para a Educação Profissional regulamentada pelo Decreto 2.208/97 e Portaria MEC 646/97. Com a revogação do Decreto 2.208/97 e a promulgação do Decreto 5.154/04, o qual possibilitou a organização curricular integrada entre educação profissional e educação geral no âmbito do ensino médio, inicia-se no Paraná o processo de retomada da oferta pública e gratuita da formação para o trabalho, e assume-se a concepção de ensino e currículo em que a articulação trabalho, cultura, ciência e tecnologia constituem os fundamentos sobre os quais os conhecimentos escolares devem ser assegurados, na perspectiva da escola unitária e de uma educação politécnica. Com o Decreto 5.478/05 o Governo Federal, por meio do Ministério de Educação, sob a coordenação da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica - SETEC dá origem à integração da educação profissional técnica ao ensino médio na modalidade de educação de jovens e adultos - PROEJA, caracterizando-se para além de um programa, institucionalizando uma política pública. O Estado do Paraná assume essa política a ser implantada na rede estadual de educação, a partir de 2008, tendo como horizonte a universalização da educação básica, aliada à formação para o mundo do trabalho, com atendimento específico a jovens e adultos, com idade igual ou superior a 21 anos, preferencialmente, e com trajetórias escolares descontínuas, aos quais não foi possível a conclusão do Ensino Médio. Essa política tem o compromisso de oferecer uma educação profissional integrada à educação de jovens e adultos que toma o trabalho como princípio educativo, princípio este que considera o homem em sua totalidade histórica levando em conta as diferentes contradições que o processo produtivo contemporâneo traz para a formação humana. Assim, a integração que se busca é aquela que valoriza os saberes da formação geral e profissional e também os cotidianos, promovendo a ruptura com a visão hierárquica e dogmática do conhecimento.

REFREXÕES PERTINENTES A UM MUNDO ATUAL; RODRIGUES, LEANDRO ROSA; RIBEIRO, JOSUEL STENIO – Unesp- [email protected] ; jô@marlia.unesp.br

O presente trabalho pretende oferecer uma breve reflexão sobre a atuação do intelectual orgânico como agente revolucionário na educação de jovens e adultos. Para assim podermos proceder, tomamos como referência Antonio Gramsci, intelectual italiano (1891-1937) que apesar de não ser um estudioso da educação fez valiosas contribuições para mesma. No Brasil a educação dos trabalhadores sempre foi jogada para segundo plano, o que, provoca uma alienação da mentalidade revolucionária da massa e possibilita uma hegemonia das elites sedimentando a classe trabalhadora a uma condição permanente de exploração, para reverter esta situação Antonio Gramsci, propõe a educação das massas pelo que também chama de intelectual orgânico, ou seja, uma pessoa capaz de compreender o funcionamento da super-estrutura e decodificá-la possibilitando a construção de uma infra-estrutura revolucionária. Venho assim expor a posição do PEJA de Marília que coloca na sala de aula, não intelectuais tradicionais mas antes indivíduos da própria comunidade que são educadores e também são educados mas pelas mamas.

Mesa 07 – Formação de Professores Coordenadora: Andréia da Silva PereiraSala: 48Hora: 14hs

CONSIDERAÇÕES EM TORNO DO ATO DE REGISTRAR: TRAJETÓRIA E MEMÓRIA DO TRABALHO DO GRUPO DE ESTUDOS EM EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS.

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AOYAMA, ANA LUCIA FERREIRA. Departamento de Educação. Universidade Estadual de Londrina. [email protected]

O presente trabalho tem por objetivo contribuir com as discussões acerca da Educação de Jovens e Adultos a partir da experiência em um Grupo de Estudos, cujo foco foi a formação de professores para essa modalidade. As ações desse grupo foram marcadas pela diversidade de sujeitos e práticas, estas, concretizadas nas ações de professores de diferentes instituições e áreas do conhecimento, como alfabetização, ensino fundamental, ensino médio, pedagogos e pesquisadores. Assim, nesse estudo, nosso objetivo é chamar a atenção para a necessidade de escrevermos e/ou historiarmos nossas ações enquanto educadores, enfatizar a importância do registro como meio para a reflexão da nossa prática educativa, bem como para a organização e sistematização de nossos trabalhos. Para nós, trabalhadores em educação, o registro diário de nossas atividades deveria tornar-se hábito. Não estamos nos referindo a mais uma atividade mecânica, obrigatória ou imposta, mas, sim, algo que seja realizado a partir da necessidade do próprio educador. Enquanto professores/educadores deveríamos ter o hábito de escrever e registrar o cotidiano educativo, fazer desse, um momento para revermos, refletirmos e repensarmos nossas ações. As atividades propostas no Grupo de Estudos propiciaram aos professores envolvidos um reexame de suas práticas, uma vez que tais atividades fizeram com que os mesmos olhassem para o seu cotidiano e tivessem que refletir sobre suas ações, sendo que a proposta era que os participantes apresentassem de forma organizada e sistematizada o registro de suas atividades. Cabe ressaltar que o processo de participação dos professores no Grupo de Estudos não se deu de forma tranqüila: essa trajetória foi marcada pela resistência desses profissionais em “olhar” para a sua prática de forma sistematizada. Denominamos essa resistência de “medo da escrita”. Como resultado desse trabalho, podemos afirmar que mesmo sendo de forma “tímida” tivemos uma boa participação e envolvimento dos professores no trabalho de registro e reflexão de suas atividades. Em parte o consideramos falho, tendo em vista que boa parte das reflexões deixou de ter seu registro feito, da mesma forma que muitos trabalhos não retrataram com exatidão as ações e reflexões sobre o trabalho desenvolvido. A participação no grupo aguçou nossa percepção do quanto o registro das ações permite ao professor rever seu trabalho e refletir sobre o mesmo. Consideramos que registrar e sistematizar ações é uma forma de “fazer memória” e, nesse caso, é também uma forma de compartilhar os desafios que são colocados para a Educação de Jovens e Adultos.

APROPRIAÇÃO DA ESCRITA SOB O OLHAR DE UMA EDUCADORA DE EJA (EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS): ENTRE O COMO E O PARA QUÊ. PEREIRA, A. S. Programa de Pós Graduação em Educação – Universidade Estadual Paulista – Faculdade de Filosofia e Ciências – Campus de Marília – CNPq. Orientadora: Cyntia Graziella Guizelim Simões Girotto – e-mail: [email protected].

Nesta comunicação científica, objetivo apresentar resultados da pesquisa acerca da minha trajetória como educadora do PEJA (Programa de Educação de Jovens e Adultos), da Universidade Estadual Paulista, Campus de Marília. O enfoque de análise reside em quais concepções de escrita estavam implícitas – ou explícitas –em minhas proposições de ações de escrita às educandas. A pesquisa, de caráter qualitativo, tem base na análise documental, a partir de semanários e anotações de aula, assim como a produção escrita de três educandas selecionadas para a participação nas análises. Os documentos foram analisados a partir da teoria da enunciação e do enfoque histórico-cultural, partindo da concepção de que a apropriação da escrita é momento de produção de sentidos e de humanização, que se dão através do discurso. A apropriação da linguagem escrita, desse modo, representa um momento de dizeres e possibilidades de diálogo e criação de necessidades e motivos de escrita. Aprender a ler e a escrever se torna um dos elementos essenciais para a comunicação, não seu foco de estudo, visto que a técnica de escrita é parte da apropriação da linguagem escrita. A partir dessas considerações e das análises dos dados, os resultados obtidos identificam quatro momentos de ação com as educandas, sendo: 1) negação do Método Paulo Freire; 2) prática intuitiva; 3) didatização da alfabetização e 4) prática discursiva. Outro resultado da pesquisa confirma a importância da reflexão acerca de como o sujeito aprende e dos modos pelos quais a concepção de escrita presente na prática de um educador possibilita – ou não – a produção de sentidos e a aprendizagem da escrita.

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EJA: PRINCÍPIOS E AÇÕES PARA O EDUCADOR – FORMAÇÃO CONTINUADA NA MODALIDADE A DISTÂNCIA, SILVA, ELOIZA JAGUELTE; TRINDADE E SILVA, JUSSARA D. G. EDITORA EDUCARTE. [email protected].

O projeto que ora apresentamos pretende contribuir para a formação continuada de educadores da Educação de Jovens e Adultos. Enfrentando desafios e buscando possibilidades, os educadores da EJA, assim como todo profissional da educação, precisam estar em sintonia com as exigências de uma melhor qualificação profissional. É nesse contexto que se insere a Educação a Distância, uma modalidade de ensino virtual que deve ser tratada como possibilidade de acesso à informação e ao desenvolvimento da autonomia, criticidade e domínio de novas linguagens tecnológicas necessárias para a construção do conhecimento. Diante deste cenário, surgiu a proposta de se desenvolver um Curso de Formação Continuada de Educação a Distância para professores da EJA, que abrangesse desde a Capacitação à Especialização. O Curso EJA: Princípios e Ações para o Educador é uma parceria entre a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO, PR., a EDITORA EDUCARTE, pioneira na elaboração e produção de material didático-pedagógico específico para a EJA, o IBAC, Instituto Base de Conteúdos, e o CEJA, Centro Integrado de Educação para Jovens e Adultos – Ensino Fundamental e Médio. Os educadores cursistas, acompanhados por um tutor, utilizam a Plataforma Jornada para o estudo das disciplinas, composta de textos, vídeos, locuções, links para sites externos, imagens, gráficos, mapas; avaliação em processo e realização das atividades programadas para cada módulo, como fóruns, trabalhos em grupo, chats, correio eletrônico. O acesso pode ser realizado a partir de qualquer local onde o educador cursista disponha de computador e conexão estável de Internet. A fase presencial ocorre ao final de cada módulo com aplicação de provas por disciplina, em espaços físicos, nos pólos determinados. O curso possibilita às instituições que desenvolvem a Educação de Jovens Adultos oferecer, aos seus professores, uma formação continuada que utiliza os mais avançados recursos da tecnologia na modalidade a distância. Destacamos como resultados positivos os benefícios da inclusão digital desses professores, sua valorização como sujeitos ativos da aprendizagem e construtores do conhecimento, flexibilidade de tempo para estudar, abordagens inovadoras e reflexões teóricas e metodológicas como alicerces à prática docente na EJA e intercâmbio e discussões de experiências com seus pares.

FORMAÇÃO DE PROFESSORES NAS POLÍTICAS NEOLIBERAIS CONTEMPORÂNEAS. SANTOS, CLAUDINEA ANGÉLICA DOS. Curso de Especialização em Educação de Jovens e Adultos. Universidade Estadual de Londrina. [email protected]

O presente estudo tem como objetivo reconhecer quais são os pressupostos teórico-metodológicos da formação do professor da Educação de Jovens e Adultos do Centro Estadual de Educação Básica de Jovens e Adultos da Universidade Estadual de Londrina - CEEBEJA-UEL. Entre os pontos de discussão está a questão da exigência que se faz, na a sociedade contemporânea, da formação superior inicial de qualidade que permita a desmistificação da Educação de Jovens e Adultos amparada no paradigma de transmissão de conhecimentos e conceitos generalizados de alfabetização. Outros pontos de aprofundamento dos estudos são: o resgate da trajetória histórica dessa modalidade de educação e as conseqüências explicitadas nos parâmetros postos pelo mundo neoliberal à educação e à formação de professores no Brasil. O estudo é predominantemente qualitativo, ampara-se na análise documental do projeto político pedagógico da instituição analisada e de documentos e/ou legislação pertinente a temática. Além disso, a observação in loco, em salas de aula de Educação de Jovens e Adultos está prevista e visa estabelecer contatos que favoreçam a coleta de dados através de questionários aos professores, bem como a realização de entrevistas semi-estruturadas junto aos alunos da instituição analisada. Pretende-se obter com a investigação, um conjunto de aspectos que caracterizem as práticas pedagógicas desenvolvidas na Educação de Jovens e Adultos e que fornecem subsídios para a própria instituição, enquanto formadora de professores de tal modalidade.

GRUPO DE ESTUDOS PEDAGÓGICOS EM EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (GEPEJA – LONDRINA): RELATANDO SUAS AÇÕES. AOYAMA, ANA LUCIA FERREIRA;

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FERREIRA, MARIA DAS GRAÇAS; GOMIDE, ANGELA GALIZZI VIEIRA; PERRUDE, MARLEIDE RODRIGUES DA SILVA. Universidade Estadual de Londrina. Projeto Financiado Pelo Convênio Mec/Sesu. [email protected]

O Grupo de Estudos Pedagógicos em Educação de Jovens e Adultos (GEPEJA) trata-se de um projeto de extensão desenvolvido com o apoio do convênio MEC/SESU SECAD PROEXT 2004. O presente relato destaca as ações desenvolvidas em um curso de atualização pedagógica para professores atuantes na Educação de Jovens e Adultos (EJA) das Redes Estadual e Municipal de Londrina. As ações trataram de questões teóricas e metodológicas sobre o processo de ensino e aprendizagem do aluno jovem e adulto. Teve sua justificativa na ausência de discussões e/ou reflexões a respeito da EJA nos cursos de formação de professores, na necessidade de discutir a atuação pedagógica à luz de teorias que fundamentam a prática de sala de aula. As ações desencadeadas tiveram por objetivo possibilitar a reflexão sobre propostas teóricas e metodológicas no ensino para jovens e adultos, formular e implementar práticas mais adequadas ao ensino na EJA. O projeto teve seu desenvolvimento com a presença dos professores quinzenalmente em grupos de estudos e oficinas pedagógicas. Apontamos como resultados, a implementação de grupos de estudos pedagógicos, integrando professores que atuam na EJA, caracterizados pela heterogeneidade de trabalhos, ou seja, os integrantes atuavam em diferentes espaços: alfabetização, ensino fundamental, ensino médio e professores que atuavam no sistema prisional. Contamos ainda, com o envolvimento de estagiários das diferentes licenciaturas, o que deu ao grupo de estudos o caráter mais legítimo de um espaço de formação de professores. Assim além do contato direto com profissionais da EJA em atuação, eles tiveram a oportunidade de vivenciar a escola por dentro, enriquecendo a sua formação. Assim, acreditamos que na ação vivenciada, por meio deste projeto, expressamos a realidade, as interpretações, as análises, e a metodologia de trabalho de professores que buscaram pensar e fazer uma Educação de Jovens e Adultos diferenciada. Acreditamos ainda, que na riqueza da construção coletiva se encontre o real sentido do fazer pedagógico, trazendo a diversidade, as diferentes leituras e contribuições na busca da concretização de nossos objetivos, valorizando as trajetórias, as identidades e os espaços de diálogo na construção de uma educação de Jovens e Adultos diferenciada e que atenda as reais necessidades dos alunos.

DIÁLOGO NA SALA DE AULA DO PEJA (PROGRAMA DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS): A PARTICIPAÇÃO DOS EDUCANDOS NA ORGANIZAÇÃO DOS PROJETOS. SOUZA, JORCELINA DA CONCEIÇÃO. Departamento de Didática. FFC – Unesp – Campus de Marília. Proex. [email protected]

O presente resumo tem como objetivo discutir a importância do diálogo entre educadores-educandos e educandos-educandos no processo de ensino e aprendizagem de jovens e adultos. Os aspectos aqui apresentados são pautados em minha prática enquanto educadora do PEJA (Programa de Educação de Jovens e Adultos da Unesp/Marília) da sala II do Bairro Vila Altaneira, e nas bases teóricas que direcionam o planejar, o ensinar e o refletir. Os momentos de diálogo na sala de aula, mediados pela ação do educador, tornar-se-á essencial para (re)construção da história de vida, da identidade dos sujeitos e pelo desenvolvimento de sua criticidade a partir de idéias que lhes são apresentadas e da realidade social que partilham. É nesse sentido que direciono meu olhar: ouvir os sujeitos da aprendizagem, suas histórias de vidas, anseios, para então planejar o projeto coletivamente a ser desenvolvido de forma a privilegiar ao máximo às especificidades dessas educandas. Inicialmente, esse planejar coletivamente e o trabalho com a metodologia de projetos causou muito estranhamento. Isso é justificável, pois, a educação que conheceram, seja pelo pouco que estudaram ou pela escola de seus filhos, era aquela conhecida como ‘bancaria’ em que o professor era o único responsável em decidir os conteúdos e atividades a serem propostas. Gradativamente, nos constantes momentos de diálogos que permeavam as atividades de leitura e escrita, as educandas passaram a opinar incessantemente, a se colocarem frente a um assunto, e conseqüentemente, passaram a participar ativamente da organização dos projetos. Ser educadora nesse contexto foi superar-me a cada atividade, sendo muitas vezes necessário utilizar-me da metodologia tradicional, para compararmos com a que utilizamos, avaliando assim, qual seria positiva para que aprendessem significativamente. Nas palavras das educandas ficam nítidas essas mudanças de pensamentos, de emancipação tanto no âmbito escolar como no âmbito social, fazendo assim, a leitura do mundo que as circundam e das palavras de maneira consciente.

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PROJETO: “PROBLEMATIZAÇÃO DO ENSINO: O ENSINO DA HISTÓRIA EM QUESTÃO” PURINI, GRISELDA LUIZA. Departamento Pedagógico. Secretaria Municipal da Educação de Bauru. [email protected]

De maneira geral, a disciplina História nas escolas está relacionada a memorização de fatos e datas, apresentados aos alunos de forma linear, através de manuais didáticos ou exposições orais dos professores. As possíveis consequências dessa metodologia de ensino, ainda muito empregada, em especial nas séries iniciais do Ensino Fundamental tem limitado as possibilidades de aprendizagem e apreeensão, pelos alunos, do mundo a sua volta. No caso dos jovens e adultos, a opção por essa metodologia pode causar limitações ainda maiores do que em outros segmentos escolares, por atingir diretamente o exercício da cidadania. Este trabalho desenvolveu-se com um grupo de 60 docentes da Divisão de Jovens e Adultos do Município de Bauru, no decorrer do primeiro semestre de 2006. A proposta foi a de refletir e aprofundar conhecimentos sobre o ensino da História em sala de aula, em especial para grupos de alunos, na sua maioria, advindos das classes populares. Através de textos teóricos, vídeos e dinâmicas, estabeleceram-se bases para a desconstrução da concepção da disciplina História e dos seus decorrentes conteúdos programáticos, como mero exercício de memorização, que retira da História seu fundamental papel de transformação da sociedade excludente, em especial no século XXI. Avaliando e analisando os ítens do programa pela sua significação para os alunos envolvidos nos processos de aprendizagem, propusemos uma metodologia baseada na problematização da realidade, com recursos didáticos que favoreçam a apropriação pelos alunos do conceito de história, que leve em conta as pluralidades culturais, temporalidades históricas e os contextos nos quais as narrativas históricas se constituíram como ciência.

Mesa 08 – Ensino de MatemáticaCoordenadora: José Carlos MiguelSala: 49Hora: 14hs

A MATEMÁTICA E A EJA: UMA RELAÇÃO QUE TRANSFORMA. VERONESE, PAULA CRISTINA DE FARIA; MIGUEL, JOSÉ CARLOS. Pós-Graduação em Educação – Unesp – FFC – Campus de Marília – [email protected])

Este resumo completa a série de reflexões a respeito do Ensino da Matemática na EJA – Educação de Jovens e Adultos, elaborados durante o primeiro semestre de 2007, onde esta Educação e suas implicações pedagógicas foi o tema principal de uma disciplina do curso de Mestrado em Educação que faço nesta Universidade. Um programa de alfabetização para Jovens e Adultos, principalmente em nosso país, é uma questão muito complexa. Historicamente pensada por profissionais da Educação, como Paulo Freire, educador pernambucano, que apesar de exilado pela Ditadura que dominou o país, tornou-se conhecido e respeitado em todos os continentes, pois inspirou trabalhos de educação junto aos povos pobres de todos os cantos do mundo, a EJA no Brasil, iniciou com Paulo Freire um tipo de educação transformadora, e é nesse sentido também que se deve caminhar o ensino de matemática nas classes da EJA: um ensino transformador. Este deve ter como ponto de partida dois fatores fundamentais a serem levados em consideração: o conhecimento matemático que os alunos trazem e que foram adquiridos durante as experiências vivenciadas ao longo da história de suas vidas e atividades matemáticas que sejam planejadas com a intenção de possibilitar a contextualização com os problemas vivenciados por esses alunos. A Matemática é uma linguagem, e como tal deve ser lida e interpretada tendo sentido para quem a adquire, não pode ser vista somente como um saber que “decodifica” símbolos. Esta deve dar significado aos conhecimentos que os alunos da EJA trazem, porque estão diretamente relacionadas às suas práticas sociais. O saber matemático está em função das demandas sociais. A aquisição desses conhecimentos, são de tal forma importante para as pessoas que buscam a EJA, porque podem incluí-las no mundo do trabalho ou excluí-las, caso eles não se apropriem corretamente desse conhecimento. Essa situação exige um profissional que tenha competência profissional, sensibilidade e que busque por metodologias diferenciadas, capazes de despertar o

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interesse e a compreensão da Matemática pelos alunos da EJA. Levar em conta suas necessidades, além de oferecer a eles instrumentos matemáticos que os possibilitem observar, medir, inferir, esquematizar, levantar hipóteses e validá-las, assim como representar e aprender com os erros, é o caminho certo para um ensino eficaz da Matemática na Educação de Jovens e Adultos.

RELATO DE EXPERIÊNCIA: A CONVIVÊNCIA COM UM GRUPO DE ALUNOS MATRICULADOS NO EJA (EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS). COSTA, ALBERTO LUIZ PEREIRA DA. Rede Estadual de Ensino Público do Estado de São Paulo. [email protected]).

O presente trabalho apresenta um relato de experiência na disciplina de física com alunos matriculados no Ensino Médio de uma escola pública da região de Marília. A experiência vivenciada aconteceu com alunos que estiveram fora da escola num período de dois à vinte anos aproximadamente, sendo que a média de idade desses alunos variavam entre dezoito à cinqüenta anos de idade. No art. 37 da LDB, indica que a Educação de Jovens e Adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no Ensino Fundamental e Médio na idade adequada. A metodologia desenvolvida foi através de perguntas elaboradas pelo professor referente a área de ciências exatas, e conhecimento experimental desses alunos ao longo do tempo escolar e no trabalho. O grupo composto por quarenta e dois alunos matriculados, porém vinte e oito (66,7%) eram presentes e finalizaram a disciplina de física com aproveitamento de 100%, o restante quatorze (33,3%) faltavam muito, ou só apareciam quando ficavam sabendo que iria ter avaliação. Esses alunos que trabalham e estudam, percebem que os sistemas de ensino e das escolas, procuram reproduzir a competição na formação do mercado de trabalho. O resultado com maior relevância no relato foi que as faltas dadas por esses alunos eram por causa do horário de trabalho que não compatibilizava com o horário escolar, e foi possível constatar que as profissões com maior índice de referência foram: ajudante geral, agente comunitário, empregada doméstica, pedreiro, mecânico/ funileiro, vendedor, feirante e marceneiro. A nossa análise também constatou um grande índice de desemprego, o que não altera o desejo de ser reconhecido no meio social, por isso estes alunos voltaram à escola, para garantir um espaço que possa refletir sua existência na sociedade.

AQUISIÇÃO DE CONCEITOS MATEMÁTICOS PELO ALUNO DE EJA MARINHO, SANDRA. Programa de Pós-Graduação em Educação – FFC – UNESP – Marília – SP. [email protected]

A escola apresenta, ainda hoje, muita dificuldade para lidar com a questão do processo de ensino-aprendizagem do aluno jovem ou adulto. O foco dessa questão vem sendo sempre colocado no como ensinar o aluno dessa modalidade da educação, sendo que, na verdade, deveria ser direcionado para como esse aluno aprende. Quando a preocupação está centrada apenas no como ensinar, o princípio que rege o processo de ensino-aprendizagem é o do professor. No entanto, quando a preocupação passa a ser centrada no como o aluno aprende torna-se possível atender as necessidades e expectativas dos alunos da EJA. Isto porque, o aluno da EJA, possui muitos conhecimentos que adquiriu de forma prática no decorrer de sua vivência. Esse conhecimento deverá ser considerado pela escola para que o conhecimento escolarizado se torne significativo para o aluno. Significativo pelo fato de que o aluno da EJA, em seu cotidiano, lida com situações matemáticas de forma prática, no entanto, conhece apenas o fenômeno matemático e não sua essência, sua estrutura. Ou seja, não domina os conceitos relativos à matemática e quando se depara com os conteúdos ensinados de forma escolarizada não vê relação entre o que sabe com o que está sendo ensinado. Assim, é importante que a escola utilize situações matemáticas concretas, que fazem parte do cotidiano de jovens e adultos para que esse aluno possa conhecer a estrutura da matemática, ou seja, adquira os conceitos matemáticos a partir do que ele já conhece. Nessa forma de conceber o processo de ensino-aprendizagem a transposição didática se torna um instrumento de grande valia. A transposição didática permite que o aluno adquira os conceitos matemáticos através de situações práticas que ele vivencia em seu cotidiano. A partir desse posicionamento pedagógico, a escola passa a considerar o conhecimento que o aluno possui assim como as situações presentes no cotidiano social instrumentalizando-o de forma que possa agir

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conscientemente nas situações existentes no cotidiano social e, com isso, melhorar sua qualidade de vida.

APRENDIZAGEM DIALÓGICA NA EDUCAÇÃO DE PESSOAS JOVENS E ADULTAS COMO ALTERNATIVA PARA O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA. MENEZES, LÍGIA;LOGAREZZI, AMADEU JOSÉ MONTAGNINI; CONTI, CELSO LUIZ APARECIDO; BENTO, PAULO EDUARDO GOMES ; MELLO, ROSELI RODRIGUES DE. Departamento De Metodologia De Ensino. Universidade Federal De São Carlos. Instituição Financiadora: Pró-Reitoria De Extensão Da Ufscar

Este trabalho relata a atividade de extensão desenvolvida pelo Núcleo de Investigação e Ação Social e Educativa (Niase/Universidade Federal de São Carlos – Ufscar) e vem sendo financiado pela Pró-Reitoria de Extensão desta universidade. Trata-se da adaptação do livro espanhol “Matemáticas para adultos” para o contexto brasileiro. O processo de adaptação envolveu grupos de estudo de matemática em salas de educação de pessoas adultas e um curso de formação de educadores e educadoras. Agora, em sua fase final, o trabalho tem sido o de revisão dos capítulos para editoração do livro. O projeto tem como bases a etnomatemática, a importância da matemática escolar e a aprendizagem dialógica como base teórica a referenciar o processo de ensino e aprendizagem. O objetivo do projeto é produzir um material didático de qualidade para a aprendizagem da matemática escolar pelas pessoas adultas brasileiras, aproveitando seus conhecimentos matemáticos cotidianos advindos da experiência de vida e partindo de uma obra que, em sua edição original, fora desenvolvida para a educação de jovens e adultos do contexto espanhol. Os sete princípios da aprendizagem dialógica (diálogo igualitário, inteligência cultural, transformação, dimensão instrumental da educação, criação de sentido, solidariedade e igualdade de diferenças) – elaborados pelo Centro de Investigação em Teorias e Práticas Superadoras de Desigualdades da Universidade de Barcelona – são o guia teórico para a ação do grupo nos diferentes âmbitos do projeto, também em sintonia com a orientação teórica do trabalho espanhol que resultou no livro original. Enquanto resultado deste trabalho podemos apontar a versão adaptada do livro e o fato de que, no processo de articulação de conhecimentos escolares e não escolares em torno da matemática, foram geradas importantes aprendizagens para todas as pessoas nele envolvidas. A versão brasileira do livro, a ser publicada pela Editora da Ufscar, está em fase de finalização e tem contado com grande contribuição e entusiasmo das pessoas participantes da educação de jovens e adultos (educandos/as e educadores/as). Destaca-se, na produção desse material, o fato de ter sido concebido (na versão espanhola – original) e adaptado (na versão brasileira) sob a mesma orientação teórica, com base em Freire e Habermas, a qual tem revelado importante potencial transformador nesse e em outros contextos educativos. Nesse sentido, o processo de adaptação do livro foi também um primeiro teste do material aplicado à realidade brasileira, no qual confirmou seu potencial didático.

MEDICAMENTOS CASEIROS E MATEMÁTICA: PROFESSORES E ALUNOS TROCANDO SABERES E CONSTRUINDO CONHECIMENTO. CONCEIÇÃO DA S. RIBEIRO, DENISE M. O. BARROS, MÁRCIO A. DE PAULA, PALMIRA M. PINTO, ROSÂNGELA SILVA, SÔNIA P. DE LIMA, TEREZINHA C. MARTINHÃO. Universidade Estadual Paulista – FFC – Campus de Marília. PROEX. [email protected].

No presente resumo apresentaremos um relato de experiência sobre as atividades realizadas pela nossa turma do Programa de Educação de Jovens e Adultos (PEJA) de Marília, no período de março a setembro de 2007. Estudamos numa sala da Casa do Pequeno Cidadão – Unidade VI localizada na Rua José Silva, 480, bairro Jardim Fontanelli I, cidade de Marília. Nosso grupo é formado por 7 pessoas: 2 professores e 5 alunas. Tivemos diferentes matérias e um bom aproveitamento em cada uma delas, estudamos matemática (situação-problemas), leitura e redação de textos. Trabalhamos em matemática com o auxílio do material dourado, as operações de adição, subtração e multiplicação resolvendo situação-problemas e montando as contas das referidas operações. Estudamos noções de milhar, dezena, centena e unidade, como também, noções de medida, numerais romanos e contagem. Realizamos uma pesquisa, escolhida por nós mesmos, sobre medicamentos caseiros principalmente por dois motivos: primeiro, devido à necessidade de conhecermos quais os usos de algumas plantas, segundo, porque

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alguns já traziam esse saber apreendido com seus avós e os utilizavam em casa. Para conhecermos melhor, ter à disposição e compreendermos suas funções, resolvemos plantar mudas que trouxemos de casa. Essas plantas, depois de cultivadas serão expostas para o público, seja ele acadêmico ou não, de modo que todos possam ter uma maior proximidade com as mesmas. Em seguida, confeccionaremos um caderno de receitas apresentando algumas das possibilidades de uso dessas plantas. Aprendemos a importância dos medicamentos caseiros e também como manipulá-los corretamente, sabendo a dosagem certa e as contra-indicações. Nosso projeto encontra-se em andamento, estamos conhecendo melhor a estrutura das plantas e aprendendo a classificá-las diante da diversidade de espécies. Essas aulas são importantes porque nos motiva a aprender e incentiva nossa permanência na escola.

Mesa 09 – Direitos Humanos e Cidadania Coordenadora: Tânia Suely Antonelli Marcelino BraboSala: 50Hora: 14hs

EDUCAR PARA A CIDADANIA: PARTICIPAÇÃO NO GRÊMIO ESTUDANTIL SOB UMA PERSPECTIVA DE GÊNERO. BRABO, T. S. A. M. Departamento de Administração e Supervisão Escolar – Faculdade de Filosofia e Ciências – Universidade Estadual Paulista, Campus de Marília/SP-Brasil.

O presente texto traz parte das constatações de uma pesquisa, em andamento desde o ano 2000, que foi realizada em duas escolas da cidade de Marília (SP-Brasil), com o objetivo de observar como a democracia é vivenciada no seu cotidiano, nos órgãos colegiados (Conselho e Associação de Pais e Mestres) e no Grêmio Estudantil; conhecer se e como direitos humanos e a questão de gênero aparecem no currículo e nas relações interpessoais que acontecem nesses órgãos. Está sendo realizada nos moldes de uma pesquisa qualitativa, através de observação, de entrevistas e da análise do projeto político pedagógico das escolas. Foi motivada pelo fato de o ideário de direitos humanos e a questão de gênero estarem contemplados na LDB e nos Parâmetros Curriculares Nacionais, assim como a educação para a cidadania. Apesar disso, as escolas, nas sociedades democráticas capitalistas, vivem contradições que emergem da criação de um sistema de igualdade política e de direitos, dentro de um sistema de desigualdade econômica, social e cultural. Temos como pressuposto que a democracia, para se concretizar na educação, demanda investimento: na concepção de escola, que deve ser entendida como locus de participação democrática e, no currículo, que deve contemplar os valores da democracia, os direitos humanos e a questão de gênero. O estudo revelou que, no ambiente escolar, há dificuldades para o vivenciar da democracia, entretanto, no que se refere à participação dos(as) jovens, se a escola incentiva a participação no Grêmio Estudantil, possibilita um aprendizado de diálogo democrático e de relações sociais de gênero igualitárias fazendo com que exerçam a cidadania no cotidiano. Entretanto, no geral, gênero não é conhecido na escola, o currículo esquece as contribuições femininas na sociedade, o que contribui para que as alunas assimilem uma cidadania imperfeita. Apesar de a democracia e a formação em direitos humanos constarem das políticas educacionais brasileiras, sua concretização é um projeto em construção; quanto à educação em gênero ainda há um longo caminho a percorrer.

INTERAÇÃO ENTRE EJA, EDUCAÇÃO INFANTIL E FUNDAMENTAL: POSSIBILIDADES PARA A PEDAGOGIA. SILVA, CLÁUDIO RODRIGUES DA, FFC – UNESP – Marília. [email protected]

O insucesso da educação é tema recorrente nos discursos dos docentes, especialmente daqueles lotados em escolas públicas dos bairros mais periféricos. As literaturas relacionadas ao ensino-aprendizagem, principalmente na perspectiva histórico-crítica, ressaltam a influência marcante das condições socioeconômicas no desempenho escolar. Nas periferias, via de regra, estão concentradas as populações de baixo poder aquisitivo, desempregadas, subempregadas, dentre outras condições adversas, como o baixo nível de escolaridade e analfabetismo dos pais ou responsáveis. Estes fatores, associados ou não, podem afetar o desempenho escolar na educação infantil (EI) e séries iniciais da educação fundamental

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(EF), período em que as crianças precisam de mais apoio. As condições precárias de trabalho docente não possibilitam atenção adequada aos alunos, em especial aqueles que apresentam dificuldades de aprendizagem. Esta situação é agravada pelo fato de os alunos não poderem contar com auxílio para a execução das atividades propostas para realização em casa, fazendo com que as tarefas sejam realizadas parcialmente ou mesmo retornem por fazer, aumentando ainda mais a defasagem em relação ao plano de ensino. A interação entre EJA, EI e EF, em especial nas séries iniciais, se apresenta como importante aliada da Pedagogia, uma vez que a freqüência às aulas e o envolvimento dos pais e responsáveis, além de reduzir a distância histórica que a escola mantém da comunidade, pode contribuir na conscientização da importância da educação, tanto para as crianças como para os adultos; além disso, essa interação pode resultar em cooperação e benefícios mútuos, dada a relativa proximidade dos conteúdos. Portanto, além da questão pedagógica, essa interação se apresenta como potencial democratizante, tanto no que diz respeito ao acesso, condições de permanência e redução da evasão escolar – quantidade -, como em relação à qualidade, uma vez que para que a educação seja democrática, esses fatores devem estar imbricados.

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E PARTICIPAÇÃO POPULAR. SILVA, CLÁUDIO RODRIGUES DA. – FFC Unesp Marília. - [email protected]

Ainda hoje, há um enorme distanciamento da maioria das escolas em relação à comunidade nas quais estão inseridas. A legislação relacionada à educação, teoricamente, garante a gestão democrática do sistema público de ensino, por meio do Conselho de Escola. Nas bibliografias relacionadas à temática é ressaltado o caráter alheio da escola, tanto em relação ao cumprimento de determinadas leis, quanto às necessidades da comunidade local. A escola, na maioria das vezes, se apresenta como instituição estranha e repulsiva, impondo e/ou aumentando a distância em relação aos pais e responsáveis pelos estudantes, bem como em relação à comunidade de forma geral, especialmente a mais pobre que, na maioria das vezes, se sente intimidada e impotente diante da instituição. Esse distanciamento imposto e mantido sob diferentes formas, como restrição ao acesso, falta de condições de permanência, diferenças culturais, dentre outras, faz com que a comunidade deixe de exercer dois de seus principais direitos, que são o acesso à educação e a efetiva participação nas decisões de alçada do Conselho de Escola. A Educação de Jovens e Adultos, não como mera instrumentalização, mas como proposta de formação omnilateral, se apresenta como importante potencial de estímulo à participação popular, seja no tocante à universalização da educação, seja como disseminadora e estimuladora do exercício democrático, uma vez que, estando os pais e os responsáveis pelos alunos e também os demais membros das comunidades inseridos na escola, estes segmentos têm a possibilidade de reduzir ou eliminar alguns estigmas – às vezes mútuos - em relação à instituição, conhecer e exercer seus direitos, tomar conhecimento da realidade da escola e assim, opinar, intervir e apresentar propostas para problemas que a instituição não consegue resolver. A partir da participação nas instâncias mais próximas, como o Conselho de Escola, e da constatação da possibilidade e da importância da intervenção, bem como de seus efeitos positivos, a comunidade pode se conscientizar da relevância da auto-organização e mobilização para lutar em defesa de seus interesses e direitos, bem como da necessidade e relevância da participação em outros conselhos, nos processos decisórios mais amplos, e assim, passar a exigir o direito de participação nas instâncias para as quais não está prevista a participação popular.

PROGAMA DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (PEJA) E ETNOGRAFIA: CONTRIBUIÇÕES DO PENSAMENTO ANTROPOLÓGICO PARA O TRABALHO DE EM SALA DE AULA. MÁRCIO ADRIANO DE PAULA. (Departamento de Sociologia e Antropologia. FFC – UNESP – Campus de Marília. PROGRAD. [email protected]).

Nossas indagações surgem a partir de uma experiência inicial como professor numa sala de aula do PEJA, a partir do projeto “A formação do Educador de Jovens e Adultos” do “Núcleo de Ensino de Marília”. De acordo com a proposta de ser professor em EJA nos deparamos com a delicadeza que envolve esse trabalho: Jovens e Adultos oriundos da classe trabalhadora que, apesar do conhecimento adquirido ao longo de suas vidas, sentem a necessidade de entrar em contato com alguns conteúdos ensinados nas escolas, tentando superar os seus limites sociais. Diante deste cenário, a idéia norteadora

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do PEJA propõe que os conteúdos escolares estejam relacionados aos saberes trazidos pelos alunos e, também, conectados ao seu cotidiano. Desse modo, buscamos na teoria antropológica, mais especificamente, na etnografia elementos para um melhor desenvolvimento das aulas.Visamos discutir a condição de ser professor em EJA (Educação de Jovens e Adultos), procurando fazer uma comparação com a postura de um pesquisador que se propõe a realizar um trabalho etnográfico. Para tanto, lançamos as seguintes questões: 1) como o professor sabe que tem acesso ao saber que o aluno porta em sala de aula?; 2) os resultados de uma pesquisa etnográfica podem oferecer elementos que auxiliem o professor do PEJA nesta proposta pedagógica? Elas conduzem a uma investigação. Realizamos observações através da metodologia de pesquisa da antropologia. Nela, estão presentes duas exigências que orientam a conduta do pesquisador e são adequadas para atender às perguntas acima. Primeira, a obrigatoriedade de levar em consideração as pré-noções daqueles a quem se deseja conhecer (no caso, ensinar). Segunda, a obrigatoriedade de pensar estas pré-noções enquanto efeitos de uma aprendizagem. Estes dois preceitos aspiram uma desnaturalização. Com ela, gestos, formas de comunicação e pensamento passam a ser vistos como aprendidos e não como inerentes ao grupo (os alunos não nasceram com dificuldades e possuem habilidades não imediatamente apreendidas pelo professor). Aquilo que antes era percebido e verbalizado como natural deixa de sê-lo. Isto abre a possibilidade para o professor conhecer a existência de outros modos de perceber, falar, raciocinar e conviver. A etnografia apresenta-se como uma ferramenta de alta significância para o trabalho como professor do PEJA. A desnaturalização permite o trânsito ao saber do aluno no interior da sala de aula. Além disso, esta investigação vem abrindo espaço para discutir os limites entre ser professor e ser pesquisador, ou ainda, se é possível esta demarcação.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A PRÁTICA DE ENSINO DE JOVENS E ADULTOS NO MST UMA ALTERNATIVA PRODUCENTE. OLIVEIRA. De Jesus. Daniele.Departamento de Sociologia e Antropologia – Faculdade de Filosofia e Ciências –Unesp- Campus de Marília- [email protected].

O presente trabalho visa discutir a prática de ensino desenvolvida entre jovens e adultos aplicada nos assentamentos do Movimento- Sem-Terra no Bairro do Bom Retiro localizado na cidade de Itapetininga –SP, cuja abordagem educativa lança mão da prática agricultável desenvolvida no local para trazer elementos de disciplinas tais como: Geografia, História, Matemática entre outras. Esta feita à partir do cotidiano dos assentados é possível por meio de uma didática freireana inserir os educandos no mundo das Ciências escolares, na medida em que os educadores ali presentes em sua maioria assentados, procuram ensinar de maneira clara lançando mão a própria experiência diária dos trabalhadores, cuja produtividade em sala de aula têm-se mostrado eficaz, visto que o interesse dos alunos se faz real pelo fato deles estarem percebendo que não consiste em explanação teórica, mas que o que se diz em sala de aula é decorrência da atividade laborial de seu dia-a – dia. Decorrendo uma significação por parte do discente ao conteúdo apresentado. Outros conhecimentos adquiridos serão imediatamente aplicado nas suas cooperativas, no cultivo das hortaliças, onde está atrelado conhecimentos matemáticos, biológicos, geográficos e históricos sem haver dicotomia entre o saber escolar e a vida. Entretanto, a experiência ali desenvolvida, conforme pudemos observar toma como ponto de partida, sobretudo, a educação ambiental objetivando o conhecimento através da adoção de práticas de agricultura e pecuária que orientem para um auto - consumo sem que os recursos naturais sejam danificados, por conseguinte a teoria ensinada em sala faz-se presente no trabalho diário, cuja reciprocidade ensino-prática se faz notória e a relação aluno – professor é mediatizada pela busca de um saber elaborado que mostre ao aluno que esse é sujeito histórico, e que a interação corpo orgânico e corpo inorgânico, de forma salutar, corrobora para uma equidade social, cuja base está no fato de que é ávida que faz a consciência e não o contrário, assim o papel assumido pela educação é fundamental para tal prática.

DIREITOS HUMANOS: UMA DESCONSTRUÇÃO. RIBEIRO, JOSUEL STENIO P; RODRIGUES, LEANDRO ROSA; GONÇALVES, ANIE CAROLINE (Universidade Estadual Paulista- UNESP/ CNPQ - [email protected], [email protected]).

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Este trabalho é parte de uma pesquisa mais ampla, em que têm sido estudados os princípios dos direitos humanos e suas atuações, por meio de políticas públicas de caráter compensatório, pesquisa essa que é financiada pelo CNPq. No entanto, nossos objetivos são a partir desses estudos teóricos compará-los com os parâmetros curriculares nacional e a efetiva presença dos direitos humanos em sala de aula, enfatizando onde o descumprimento deste corrobora para que haja um grande número de adultos não alfabetizados, o que corresponde o público do PEJA. Trataremos, também, das causas que não são exclusivas da sala de aula, mas indiretamente fazem parte dela, ou seja, as múltiplas determinações do mundo da vida, que ignora os direitos humanos, então, será feito uma desconstrução da trajetória de vida do que corresponde a maioria dos alunos do PEJA. Ainda levamos em consideração estudos feitos no Núcleo de Direitos Humanos de Marília, que por sua vez tem um caráter amplamente pedagógico, dada a composição de seus membros e suas diretrizes. Desse modo, demonstraremos a importância do ensino pautado em valores como a justiça, a igualdade, equidade e a sociabilidade, o que proporcionaria relações sociais mais justas, solidárias e democráticas, que respeitem as diferenças físicas, psíquicas, ideológicas, culturais e socioeconômicas.

AS IMPLICAÇÕES EM IGNORAR O PLURALISMO CULTURAL NO ÂMBITO DA DISCIPLINA E OS ELEMENTOS DE SUPERAÇÃO. RODRIGUES, LEANDRO ROSA; RIBEIRO, JOSUEL STENIO; GONÇALVES, ANIE CAROLINE -UNESP-Marília-CNPQ- [email protected], [email protected].

A problemática da (in)disciplina é que norteia todo o descontentamento com a educação, provocando desinteresse aliada a falta de preparo dos agentes educacionais, o que geralmente ocasiona um recrudescimento de imposições das regras por parte do professor, caracterizando uma violência simbólica. Na visão de Bourdieu isso corrobora para a imposição de determinado padrão de cultura da classe dominante sobre a classe subalterna, impondo seus valores e normas, o que é um total desrespeito aos direitos humanos, vez que, desconsidera a pluralidade cultural impedindo as manifestações da subjetividade de cada aluno. Desse modo, é extremamente importante trabalhar o tema em questão, pois, para poder enfrentar o problema da indisciplina, é necessário compreendê-lo, entender o que está acontecendo hoje com a disciplina na sala de aula, na escola e na sociedade. Então, para melhor discutir este tema que é tão comum mais pouco entendido, buscamos os diversos conceitos de (in)disciplina (que é um dos ícones que levaram e levam a alunos abandonarem a escola na mocidade, e que ainda dificulta o trabalho do/no PEJA), procuramos os conceitos de (in)disciplina do ponto de vista da comunidade escolar e do ponto de vista teórico, o que proporciona diversas apreensões, principalmente a disciplina como fonte de normas de comportamentos. Porém, com todos se sentindo “fazedor” das normas, elas passam a serem entendidas como condição necessária ao convívio social e a indisciplina dá lugar à disciplina, o que tem um grau de importância e eficácia muito maior do que a subserviência cega. Esperamos como resultado, corroborar para a desmistificação da idéia de que a disciplina escolar é ordem fixa e imutável de procedimentos comportamentais e esclarecer que a disciplina no âmbito escolar não está associada ao se manter “estático”, quieto. Ao contrario, ser disciplinado exige participação ativa, ou seja, o aluno é parte integrante do processo do fazer aprender, o professor não impede o aluno de criar ao dar regras, ele possibilita a criação, contudo, essas regras devem ter como critério o agente possibilitado da criação, respeitando a diversidade do pluriculturalismo cada vez mais corrente em uma sociedade globalizada.

ESTÉTICA DO CORPO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS. FERREIRA, HENRIQUE BOMFIM; HIDAKA, RENATO KENDY. FFC/UNESP – campus de Marília. [email protected]

As transformações ocorridas no sistema de produção capitalista, neste último século, colocaram em evidência contradições da sua dinâmica que necessitam ser abordadas com cautela. Dentre diversos aspectos, apontamos a estética do corpo humano, cujo sentido vem, sendo manipulado pela lógica e padrão do consumismo. A imposição de um padrão ideal de beleza vem atender diretamente as necessidades do mercado, fomentando o consumismo na medida em que os indivíduos buscam através do consumo de mercadorias a aproximação a um padrão estético que acaba os aprisionando por meio da incorporação de valores estranhos ao sujeito. Assim, este trabalho apresenta uma proposta de material

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didático pautado nos conteúdo da sociologia, para ser utilizado em atividades da educação de jovens e adultos. O material tem como intuito desenrolar o processo de aprendizado dos educandos a partir da problematização de aspectos comuns da realidade cotidiana dos mesmos, constituindo um eixo temático, a questão dos padrões de beleza. Trata-se de possibilitar que os alunos desenvolvam uma postura crítica, sendo capazes de compreender, problematizar e atuar em suas realidades. Objetiva-se desconstruir o ideal de um corpo perfeito, pois este é inatingível, uma vez que não se encontra na realidade, é uma construção social, manipulada pelos interesses da indústria cultural. Pois no encalço da beleza ideal, os indivíduos se alienam da possibilidade de uma relação saudável com próprio corpo para empreender uma série de admoestações cujo fim é a satisfação de desejos que logo serão substituídos por outros. Como proposta inicial de trabalho o material propõe a realização de um conjunto de atividades ao longo de dez aulas, como aulas expositivas, sistematização provisória das opiniões dos alunos, debates, projeção de filme, fotografias, audição de música e recortes de revistas e jornais, partindo da percepção imediata comungada pelos alunos à construção de uma visão crítica e mais complexa do tema e, sobretudo, da realidade.

Mesa 10 – Educação Básica em Interface. Coordenadora: Cyntia Graziella Guizelim Simões GirottoSala: 51AHora: 14hs

CONTRIBUIÇÕES DA ESCOLA DE VIGOTSKI PARA O APRENDIZADO DA LEITURA E DA ESCRITA: TEORIA E PRÁTICA PEDAGÓGICA. CAMILO, TELMA CRISTINA; GIROTTO; CYNTIA GRAZIELLA GUIZELIM SIMÕES. Departamento de Didática – FFC – Unesp/Marília – FUNDUNESP - [email protected]

A presente comunicação visa apresentar dados do projeto de leitura e escrita “Ler e escrever em contextos significativos: contribuições da Metodologia de Projetos e da Teoria Histórico-Cultural” vinculado ao Núcleo de Ensino de Marília e ao Grupo de Estudo e de Pesquisa Processos de Leitura e de Escrita: Apropriação e Objetivação. O projeto está em andamento em uma 2ª série de uma E.M.E.F. localizada na cidade de Marília. Os integrantes do projeto são: a professora-coordenadora, a professora-parceira, duas bolsistas e três voluntárias do curso de Pedagogia. O projeto tem por objetivos: discutir e contribuir com a prática pedagógica da professora-parceira da pesquisa; analisar o trabalho com projetos e suas implicações para o aprendizado significativo da leitura e da escrita; orientar estudos, reflexões e procedimentos metodológicos sob a concepção de leitura e escrita enquanto atribuição de sentido ao escrito e processo de construção de significado, considerando a função social da escrita. Os recursos teórico-metodológicos utilizados são: observação e registro - documentação pedagógica - da ação docente da professora-parceira pelas estudantes pesquisadoras e reuniões semanais para análise, discussão e propostas relacionadas à ação docente e a textos fundamentados na Metodologia de Projetos e na Teoria Histórico-Cultural. Os resultados parciais obtidos em decorrência das observações realizadas em sala de aula até o presente momento são: articulação entre teoria e prática ao propiciar condições para “a reflexão da prática e a prática da reflexão” por meio das observações da prática educativa e das discussões nas reuniões teóricas; contribuição para a formação continuada da professora-parceira da pesquisa e para a formação inicial das estudantes pesquisadoras; contribuição para a formação e o desenvolvimento da personalidade e da inteligência da criança e para a formação do leitor e produtor de textos.

MEDIAÇÃO, ATIVIDADE E APROPRIAÇÃO: O ENSINO DESENVOLVIMENTAL NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS. CYNTIA GRAZIELLA GUIZELIM SIMÕES GIROTTO; ELIEUZA APARECIDA DE LIMA. UNESP - Faculdade de Filosofia e Ciências - Marília. FUNDEC – Dracena. PEJA – Programa de Educação de Jovens e Adultos. Programa de Pós Graduação em Educação. Grupos de Pesquisa: Implicações Pedagógicas da Teoria Histórico-Cultural e Processos de Leitura e Escrita: apropriação e objetivação. [email protected]; [email protected].

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Este trabalho tem como objetivo discutir alguns conceitos da Teoria Histórico-Cultural dentre os quais mediação, atividade, apropriação, intrinsecamente (co) relacionados, com base nos postulados de Vigotsky, Leontiev, Davidov e Elkonin. Com isso, buscamos revisitar o conceito de Educação, como prática cultural intencional de produção e internalização de significados, concretizada mediante um ensino desenvolvimental, capaz de promover o desenvolvimento da inteligência e personalidade dos indivíduos, no caso os educandos de EJA. Segundo os autores citados, o ensino desenvolvimental é aquele que propicia mudanças qualitativas no desenvolvimento de capacidades tipicamente humanas, tais como o pensamento teórico. Nesse sentido, a educação deve ensinar os alunos a pensar teoricamente e, para isso, é essencial a apropriação de riquezas da cultura humana, num processo mediatizado de transformação da atividade coletiva em atividade individual, em que as ações do sujeito aprendiz, impregnadas de sentidos subjetivos, constituem-se em atividades de estudo, cujas emoções, necessidades e desejos – esfera mais relevante na atividade científica, segundo Davidov –são a base para as diferentes atividades entre os homens incluindo as tarefas do pensar. Na EJA, podemos valermo-nos dessas compreensões e ressignificarmos o papel do ensino como o processo propiciador de mudanças qualitativas no desenvolvimento da psique dos sujeitos aí inseridos, buscando a formação do pensamento teórico, por meio de um ensino vivo e compartilhado, que pode ser caracterizado, em última instância, como ensino desenvolvimental.

O(A) PROFESSOR(A) DA QUARTA SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL: SUAS ATITUDES E INFORMAÇÕES A RESPEITO DA TEMÁTICA DA SEXUALIDADE E A EDUCAÇÃO SEXUAL. ISTILLI, ROSANA GARCIA. FFC- Faculdade de Filosofia e Ciência, UNESP, Campus de Marília. [email protected].

Essa pesquisa apresenta como temática central questões ligadas à sexualidade e educação sexual, focalizando no ensino fundamental o(a) professor(a) da quarta série. Através desse estudo serão realizadas uma avaliação e análise de possíveis comportamentos e atitudes desse profissional, quando assim lhe for solicitado em situações simuladas que lhe serão propostas. Tais como: piadas ou comentários marcadas por forte discriminação de gênero, a apreensão de revistas ou objetos de origem pornográficas pelo(a) professor(a), surpreender alunos e alunas trocando carícias ou toques nas nádegas ou áreas genitais, as mudanças no comportamento no trajar do(a) aluno(as) desiguinadas culturalmente para o sexo biológico oposto ao seu, etc. Através dessa análise comparativa será possível levantar questionamentos e problematizar assuntos envoltos em tabus de complicado direcionamento, bem como verificar as atitudes e manifestações destes professores em paralelo com as orientações e sugestões propostas pelo conhecimento científico na área da sexualidade e da educação sexual . Quanto à metodologia utilizada trata-se de uma pesquisa avaliativa, que se encontra em fase inicial, portanto está sendo efetuado o levantamento bibliográfico dentro desta temática. Posteriormente, serão elaboradas algumas situações sob forma de questões apresentados a um determinado número de professores(as) da quarta série do ensino fundamental de uma escola pública. Por este procedimento serão coletados os dados e as informações necessárias para a realização da análise comparativa, permitindo assim a continuidade da pesquisa. O objetivo do trabalho consiste em estabelecer elementos que auxiliem a verificação do nível de conhecimento das(os) professoras(es) e verificação de suas atitudes diante de situações em relação a temática da educação sexual e a sexualidade para com seus alunos no contexto escolar.

O MÉTODO DE PROJETOS: DA ESCOLA NOVA A EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA. BECKER, MÁRCIA FIORINDO; ARENA, DAGOBERTO BUIM. Departamento de Didática FFC/UNESP – Marília [email protected]

A Escola Nova surgiu com uma proposta de revisar as formas tradicionais do ensino, com um “espírito crítico” em relação ao ensino tradicional basicamente oral e mecânico, pela qual a aprendizagem do aluno era comprovada a partir de atividades alheias à realidade. Em oposição a esse método de ensino tradicional são propostas várias idéias que visaram a modificar esse sistema de ensino. Entre essas idéias surge o Método de Projetos, tendo como principais características a globalização das disciplinas e a significação das atividades desenvolvidas nas escolas. Com o intuito de verificar a relação entre o

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Método de Projetos, proposto pela Escola Nova e as suas recomendações na educação atual, principalmente pela teoria Construtivista, no ensino da língua, será desenvolvida uma pesquisa qualitativa descritiva de cunho bibliográfico com estudos exploratórios de material que já recebeu tratamento analítico, abrangendo autores da Escola Nova e da atualidade estudiosos da Pedagogia de Projetos. Até o momento, as leituras realizadas indicam que é possível se pensar que o Método de Projetos proposto por Dewey foi reanalisado e reaplicado por metodologias no final e no início do século XX.

LITERATURA INFANTIL,FILOSOFIA E EDUCAÇÃO: POR UMA EXPERIÊNCIA DO PENSAR. SOUSA, PÉRCIA SILVA ZANIN DE; PAGNI, PEDRO ANGELO. Departamento de administração e supervisão escolar. Unesp – FFC/campus de Marilia. Bolsa monitoria. [email protected].

Quantos argumentos nos levam a crer que precisamos formar um aluno crítico, participativo e reflexivo? Em todo o discurso pedagógico, seja no âmbito escolar, na sociedade em geral ou no campo acadêmico, nos deparamos com a necessidade de um despertar da consciência visando uma educação que possibilite um pensamento criativo, autônomo, capaz de propor soluções inovadoras, de um espírito competitivo demonstrando originalidade e liderança entre outras competências exigidas pelo contexto educacional e pelas políticas oficiais do ensino que orientam os projetos pedagógicos das escolas. Nesse âmbito do discurso circulante, e pautada sobre uma perspectiva filosófica da educação, reside o início de nossa preocupação, pois parece até um discurso já tão gasto que ninguém sabe mais como executar esse despertar da consciência adequado às necessidades do mercado; porém, sob um olhar mais amplo, longe de uma consciência crítica em seus múltiplos fatores e de um pensar reflexivo na educação. Diante dessas preocupações, interessa-nos concentrar esforços em entender a literatura infantil como algo que pudesse oferecer alguns conceitos que farão a criança elaborar suas concepções de mundo, suas formas de entender a realidade a sua volta: algo que fosse capaz de abrir caminhos, de ampliar horizontes para que novas dimensões pudessem ser resolvidas no interior de cada criança pelo estímulo à fantasia e a imaginação, e que de alguma forma não leve a um lugar exato e previsível, mas que provoque a ruptura e a descontinuidade, indagando então, um possível encontro entre a experiência do pensar e a arte de contar histórias para as crianças, um encontro em que crianças e adultos possam pensar juntos e por si sós, como sujeitos da experiência. A metodologia usada para a pesquisa atém-se a analise da bibliografia no sentido de possíveis interfaces entre a arte de contar, filosofia e experiência do pensar. Sugerindo a possibilidade de um lugar para o pensar reflexivo na arte de contar histórias, utilizando desse espaço-tempo literário como um veículo fomentador de um processo investigativo na infância, este trabalho se encaminha para conceber o uso do conto de histórias para crianças como arte, incluindo suas dimensões estéticas e reflexivas sem a qual torna-se impossível esse despertar da consciência em prol de uma experiência do pensar na e pela infância.

MEDIAÇÃO: A RELAÇÃO DIALÓGICA ENTRE PROFESSOR-ALUNO E ALUNO-ALUNO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA ESCRITA. AMARAL, INAIARA DE PAULA; GIROTTO, CYNTIA GRAZIELLA GUIZELIM SIMÕES. Departamento de Didática UNESP – FFC – Câmpus de Marília. [email protected]

Esta comunicação visa compartilhar uma experiência sobre a mediação na relação professor-aluno e aluno-aluno sobre a questão do professor como mediador entre a apropriação do conhecimento e o aluno como sujeito cognoscente capaz de apropriar-se do objeto do conhecimento, obtidas na pesquisa-ação, desenvolvida no projeto Ler e escrever em contextos significativos: contribuições da Metodologia de projetos e da Teoria Histórico Cultural, vinculado ao Núcleo de Ensino de Marília. O projeto procura conciliar a teoria aliada a prática, mantendo reuniões semanais de estudos com seus integrantes e a investigação em uma classe de 2ª série do Ensino Fundamental de uma escola pública do Município de Marília. Tendo como um resultado patente, a mediação como conceito da Teoria Histórico Cultural, presente na relação professor-aluno para a apropriação do conhecimento e o aluno como sujeito cognoscente capaz de apropriar-se do objeto do conhecimento, sendo sujeito mediador (parceiro mais experiente) de outro aluno de classe. A relevância do professor se comportar na sala de aula como

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mediador e instigar os alunos mais experientes a compartilharem seus conhecimentos com os outros, para o desenvolvimento das capacidades psíquicas superiores de todos da sala de aula, se faz necessária para tornar o ato de ler e escrever mais significativo a partir da mediação de alunos, do professor, bolsistas e voluntárias parceiras do projetos.

A CONSTRUÇÃO DO HOMEM: ALGUMAS CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL. VALIENGO, AMANDA. Pós-Graduação do Programa de Educação. UNESP- FFC/ Marília. [email protected]

Esta exposição é parte do trabalho de mestrado que tem como um dos seus objetivos a discussão da constituição do homem. Nesta reflexão, a pretensão é apontar como o homem constituiu-se homem na evolução da filogênese e da ontogênese. Para a Teoria Histórico-Cultural, base para esse trabalho, o ser humano não existiu sempre como hoje, durante muito tempo o seu desenvolvimento foi somente biológico determinado pela hereditariedade. A partir do momento em que começou a utilizar os instrumentos e a existir as formas primitivas de trabalho o desenvolvimento humano passa ser regido, não mais pelo biológico, mas sim pelo social. Leontiev destaca que a passagem dos animais ao homem compreende vários estágios desde a preparação biológica até a passagem ao homo sapiens. Esse processo, chamado de hominização, passagem de animal a homem, ocorreu durante um longo processo: a partir do desenvolvimento morfo e fisiológico, o homem passa a se desenvolver por meios de atividades criadoras e produtivas, cuja expressão maior é o trabalho. O trabalho, realizado pelo homem, tem a função de mediação entre o indivíduo e a natureza. Por meio dele o homem constrói modificando e alterando mediante as necessidades que tem. A atividade é sempre realizada por ferramentas, cada vez mais complexas, que o homem vai criando. Neste processo o homem apropria e objetiva-se, diferentemente de todos os outros animais. Nesta perspectiva, este trabalho realiza um estudo de uma parte da evolução da ontogênese do homem: o desenvolvimento da formação da criança de seis, sete anos a partir das bases formadoras. Do ponto de vista da prática, a investigação envolveu coleta de dados em duas turmas do primeiro ano do Ensino Fundamental, no município de Vera Cruz (SP). A coleta de dados foi feita por meio de anotações das observações no diário de bordo e entrevistas com dez crianças de cada turma e as respectivas professoras. Esses dados coletados serão analisados a partir do enfoque mencionado. Os resultados são ainda parciais, no entanto é possível revelar indícios de se e como a escola do ensino fundamental está colaborando ou não para ampla educação das crianças pequenas visando um desenvolvimento harmônico do homem.

A ATIVIDADE DE ALUNOS E DE PROFESSORES NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: O PONTO DE VISTA DE VIGOTSKI E COLABORADORES. ELIEUZA APARECIDA DE LIMA; CYNTIA GRAZIELLA GUIZELIM SIMÕES GIROTTO. UNESP - Faculdade de Filosofia e Ciências – Marília (Departamento de Didática); FUNDEC - Dracena. Grupos de Pesquisa: Implicações Pedagógicas da Teoria Histórico-Cultural e Processos de Leitura e Escrita: apropriação e objetivação. [email protected]; [email protected].

Este trabalho decorre dos estudos realizados nos Grupos de Pesquisa “Implicações Pedagógicas da Teoria Histórico-Cultural” e “Processos de Leitura e Escrita: apropriação e objetivação” dos quais participo. Nosso foco de estudo são os postulados advindos das investigações da Psicologia Histórico-Cultural – também conhecida no Brasil como a Escola de Vigotski. Dentre as diferentes temáticas que subsidiam nossos estudos e reflexões, a questão da atividade tem sido central nas nossas pesquisas, na busca por orientar nossa prática docente nos diferentes níveis de ensino e, sobretudo, repensar a participação ativa dos alunos. Particularmente no que se refere à Educação de Jovens e de Adultos (EJA), estes estudos têm contribuído nas considerações acerca da relação de interdependência do ensino e da aprendizagem, ambos elementos constitutivos da atividade educativa. Com base na tese de que a atividade não é qualquer fazer dos sujeitos, mas se trata do envolvimento do sujeito em vivências capazes de conciliar os motivos que levam o sujeito a agir ao objetivo a ser alcançado, na EJA, uma educação capaz de ampliar as aprendizagens dos alunos está baseada num ensino intencional e consciente por parte dos professores. Nessa vivência denominada atividade, do ponto de vista da Teoria estudada, o sujeito se envolve totalmente, do ponto de vista emocional (interesses, motivos) e cognitivo

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(capacidades psíquicas). Com base nesta tese e em diferentes pesquisas já realizadas nos grupos mencionados, depreendemos algumas considerações: a escola pode se tornar espaço de atividades promotoras de aprendizagens e, portanto, de desenvolvimento cultural ao se constituir espaço de colaboração e de participação ativa tanto da parte de quem ensina como de quem aprende; a educação pode se tornar, assim, potencializadora ao possibilitar a inserção dos alunos – considerados capazes de aprender as riquezas da cultura elaborada historicamente, dentre as quais as capacidades leitura, de escrita, de pensamento, de escuta, de comunicação – e dos professores, indivíduos que, ao se assumirem sujeitos ativos de sua prática pedagógica, tornam o ensino atividade de planejamento, de pesquisa, de mediação e de criação de mediações entre o aluno e a cultura a ser apropriada. Neste sentido, o ensino intencional pode, portanto, potencializar atividades essenciais a um desenvolvimento amplo da personalidade e da inteligência de crianças, jovens e adultos.

UNIVERSALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO EM ISTVÁN MÉSZÁROS FERREIRA,TALES AMARO. Departamento de filosofia.– UNESP –F.F.C/Marília. Orientador: Vandeí Pinto da Silva. [email protected].

Ao realizarmos as leituras das obras de Istiván Mészáros, nos fica claro a sua radicalidade perante o término do sistema capitalista, para isso utiliza vários conceitos marxistas.Entretanto, faz com que esses conceitos marxistas, do século XIX, seja pensado e repensado hoje, em sua obra A educação para além do capital, o autor demonstra que a educação tornou-se produto, no entanto a compreende como grande ferramenta de mudança e até mesmo para o fim do sistema do capital.Nessa obra, Mészáros chega a dizer que o fracasso de vários esforços anteriores, de superação do sistema do capital, deve-se a reprodução que a educação faz das determinações que o sistema do capital apresenta como irreformáveis, assim produziremos sempre a alienação. Perante as dificuldades elencadas por Mészáros a única proposta possível, neste momento, é de uma educação na forma mais ampla possível, para toda a vida, onde todos estejam incluídos, possibilitando pensar, ensinar e produzir uma contra-interiorização, oposto a este que é opressivo e dominante. Concluindo, uma Educação para além do Capital propõe uma sociedade qualitativamente diferente, pois é através da universalização do trabalho e da educação, que a alienação, proposta como grande ferramenta do Capital, terá seu fim.

BOURDIEU, GRAMSCI e VIGOTSKI CONTRIBUIÇÕES A FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO. RIBEIRO, JOSUEL STENIO; RODRIGUES, LEANDRO ROSA; GONÇALVES, ANIE CAROLINE; – UNESP-CNPQ- [email protected].

Este trabalho consiste em uma breve análise de teses de três autores que embora distintos se completam. Gramsci não é um teórico da educação, no entanto, via na cultura o papel de construir uma nova civilização, influenciando desse modo muitos teóricos da filosofia da educação; Bourdieu pensa as pedagogias como formas de violências simbólicas, ou seja, dissimula a imposição de uma cultura sobre a outra, da forma de agir e pensar do dominante sobre o dominado; já Vigostski é aquele que melhor trabalha a importância da subjetividade na educação. O que os três têm em comum é a idéia de que o problema consiste quando a escola presume a igualdade no ponto de partida, nesse sentido, desconsiderando as particularidades que fazem uns mais aptos que outros a uma determinada educação escolar. Bourdieu justifica essa teoria de modo muito convincente em sua obra “Os Herdeiros”, no entanto, enquanto este não vê possibilidades de superação, Gramsci desenvolve uma teoria que será conhecida pela escola única, em que, a igualdade não se dá no ponto de partida mais sim no ponto de chegada, buscando uma reforma intelectual e moral. Contudo, entendemos que se Bourdieu articula e percebe os problemas de uma forma muito eficaz, Gramsci é aquele que ainda nos dá possibilidade de ter na escola elementos de emancipação, em que, esta tem uma função social que vai além da manutenção da ordem vigente, e se trabalharmos com as proposições de Vigotski apreenderemos um acarboço teórico para lidar com a prática da sala de aula considerando a subjetividade dos alunos. Buscaremos nesse trabalho expor parte do legado desses três autores que muito contribuem para a filosofia da educação, e assim, entendermos o papel da educação em nossa sociedade e como é importante trabalhar a subjetividade no PEJA, sendo esse o seu maior diferencial educacional até hoje.