mestrado em geografia · 2014. 11. 3. · 1 leandro aranda a centralidade do aglomerado urbano...

140
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA - MESTRADO LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL MARINGÁ 2010

Upload: others

Post on 19-Jan-2021

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

0

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA - MESTRADO

LEANDRO ARANDA

A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO

APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL

MARINGÁ

2010

Page 2: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

1

LEANDRO ARANDA

A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO

APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL

Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade Estadual

de Maringá, como requisito parcial para a obtenção do grau de

Mestre em Geografia, área de concentração: Análise Regional.

Orientador: Prof. Dr. César Miranda Mendes

MARINGÁ

2010

Page 3: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

2

Page 4: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

3

AGRADECIMENTOS

A Deus, o criador e norteador de minha vida.

Ao meu orientador Professor Dr. Cesar Miranda Mendes, pela paciência, pela

disposição de sempre me atender, pelos grandes ensinamentos, pela orientação e

principalmente pela confiança depositada no meu trabalho de dissertação, além da

amizade adquirida.

Aos amigos em que convivi no curso durante a realização das disciplinas,

especialmente ao meu grande amigo Ricardo Luiz Töws.

A Professora Tânia Fresca, pelos ensinamentos repassados em suas aulas.

A todos os órgãos que estiveram à disposição desta pesquisa, de forma especial,

Prefeitura Municipal de Apucarana, FIEP, IBGE, FECEA e DER-PR.

A todos os professores, funcionários e alunos do Mestrado em Geografia da

UEM, e todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram a realização desta

dissertação.

E... Especialmente a minha esposa Ana Cláudia, minha mãe Cida e a toda a

minha família que sempre acreditaram na conclusão deste trabalho.

Page 5: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

4

RESUMO

O trabalho disserta sobre as cidades de Apucarana e de Arapongas, na Mesorregião

Norte-Central Paranaense sob os aspectos geográficos relacionados à centralidade e à

dinâmica das cidades na rede urbana. As cidades estudadas fazem parte de um

complexo e dinâmico eixo no Norte do Paraná polarizado pelas cidades de Londrina e

de Maringá, institucionalizadas como Regiões Metropolitanas. Londrina, por sua vez,

possui trâmite de inserir as cidades de Apucarana e de Arapongas em sua região

metropolitana, com o intuito de fortalecimento das relações, sobretudo políticas. A

centralidade urbana foi trabalhada no contexto intra e interurbano, sobretudo o último,

com ênfase ao setor secundário da economia e as exportações industriais para ilustração

da importância das mesmas. Trabalhamos como variáveis algumas indústrias de móveis

e de alimentos, de Arapongas, bem como indústrias do ramo de alimentos e têxtil de

Apucarana. Utilizamos como variável ainda as Instituições de Ensino Superior (IES)

para demonstrar o número de alunos que são de outras localidades e se deslocam para as

cidades em busca de formação. Caracterizamos as cidades a partir da discussão teórica

da rede urbana, buscando identificar o grau de influência que as cidades exercem na

rede urbana em que se inserem. Trabalhamos ainda com a produção do espaço urbano,

na tentativa de identificar a importância dos proprietários dos meios de produção no

desenvolvimento das cidades estudadas.

Palavras-chave: Apucarana; Arapongas; Centralidade; Produção do espaço Urbano;

Rede Urbana.

Page 6: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

5

ABSTRACT

The work is about the cities of Apucarana and Arapongas in North Central mesoregion

of Parana about the geographic aspects related to the centrality and the dynamics of

cities in the urban network. The cities studied are part of a complex and dynamic shaft

in northern Parana polarized by the cities of Londrina and Maringa, institutionalized as

metropolitan areas. Londrina, in turn, owns proceeding of entering the cities of

Apucarana and Arapongas in its metropolitan area, with the aim of strengthening

relations, especially political. The urban centrality was built up in the intra and

interurban context, especially the last, with emphasis on the secondary sector of the

economy and industrial exports to illustrate the importance of them. We work as

variables some furniture and food manufacturers from Arapongas and industries in food

and textile sector from Apucarana. We still used as variable the Higher Education

Institutions to demonstrate the number of students who are from other places and move

to the cities in search of formation. We characterize the cities from the theoretical

discussion of the urban network in order to identify the degree of influence that cities

play in the urban network in which they are inserted. We also work with the production

of urban space in attempt to identify the importance of owners of means of production

in the development of the cities studied.

Keywords: Apucarana; Arapongas; Centrality; Poduction of urban space; Urban

Network.

Page 7: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

6

LISTA DE SIGLAS

ABRAFAB‟ Q - Associação Brasileira dos Fabricantes de Bonés de Qualidade

APL – Arranjo Produtivo Local

CMNP – Companhia Melhoramentos Norte do Paraná

CTNP – Companhia de Terras Norte do Paraná

FACNOPAR - Faculdade do Norte Novo de Apucarana

FAP – Faculdade de Apucarana

FIEP - Federação das Indústrias do Paraná

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IES – Instituições de Ensino Superior

IPARDES – Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social

IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

PNPB - Programa Nacional de Produção e Uso do Biodíesel

REGIC – Região de Influência das Cidades

SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SIMA – Sindicato das Indústrias de Móveis de Arapongas

UTFPR – Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Page 8: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

7

LISTA DE TABELAS

TABELA 1: COMPARAÇÃO ENTRE OS CENSOS DEMOGRÁFICOS DE 2000 E DE 2007 DAS CIDADES DE

APUCARANA E DE ARAPONGAS ............................................................................................................... 15

TABELA 2: PRINCIPAIS PRODUTOS, VALORES E PERCENTUAIS DE EXPORTAÇÃO DE APUCARANA

EM RELAÇÃO AO PARANÁ E AO BRASIL, EM 2008 ............................................................................... 64

TABELA 3: NÚMEROS DO SETOR MOVELEIRO EM 2005 ................................................................................. 75

TABELA 4: PRINCIPAIS PRODUTOS, VALORES E PERCENTUAIS DE EXPORTAÇÃO DE ARAPONGAS

EM RELAÇÃO AO PARANÁ E AO BRASIL, EM 2008 ............................................................................... 77

TABELA 5: PERCENTUAL DE ALUNOS DE OUTRAS LOCALIDADES MATRICULADOS NAS IES DE

APUCARANA .................................................................................................................................................. 92

TABELA 6: PRINCIPAIS RAMOS INDUSTRIAIS E TOTAL DE INDÚSTRIAS DE APUCARANA E DE

ARAPONGAS EM 2002 ................................................................................................................................. 105

TABELA 7: NÚMERO DE EMPREGOS FORMAIS NOS PRINCIPAIS RAMOS INDUSTRIAIS DE

APUCARANA E DE ARAPONGAS, EM 2002............................................................................................. 106

TABELA 8: PRINCIPAIS RAMOS INDUSTRIAIS E TOTAL DE INDÚSTRIAS DE APUCARANA E DE

ARAPONGAS EM 2008 ................................................................................................................................. 108

TABELA 9: NÚMERO DE EMPREGOS FORMAIS NOS PRINCIPAIS RAMOS INDUSTRIAIS DE

APUCARANA E DE ARAPONGAS, EM 2008............................................................................................. 109

TABELA 10: APUCARANA E ARAPONGAS: COMPOSIÇÃO SETORIAL DO PIB, 2007 ................................ 111

Page 9: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

8

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1: RELAÇÃO DOS APLS VALIDADOS, SEGUNDO FATORES RELEVANTES (SOMENTE OS

APLS DO NORTE CENTRAL PARANAENSE) ............................................................................................. 59

QUADRO 2: DESTINO DE VENDAS DOS PRODUTOS DA EMPRESA KOWALSKI POR ESTADOS E

REGIÕES (2010) .............................................................................................................................................. 69

QUADRO 3: DESTINO DE VENDAS DOS PRODUTOS DA EMPRESA MOINHO ARAPONGAS S/A POR

ESTADOS E REGIÕES (2010) ........................................................................................................................ 78

QUADRO 4: ARAPONGAS E DOS MUNICÍPIOS VIZINHOS GRAU DE URBANIZAÇÃO E NÍVEL DE

CENTRALIDADE .......................................................................................................................................... 120

Page 10: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

9

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: ORGANOGRAMA TEÓRICO-METODOLÓGICO DA PESQUISA .................................................... 20

FIGURA 2: CIDADE DE APUCARANA – 2009. ...................................................................................................... 27

FIGURA 3: APUCARANA NA DÉCADA DE 1960 .................................................................................................. 29

FIGURA 4: CIDADE DE ARAPONGAS NA DÉCADA DE 1950 ............................................................................ 34

FIGURA 5: ARAPONGAS ATUALMENTE (2009) .................................................................................................. 38

FIGURA 6: PRODUTOS DESENVOLVIDOS PELA CARAMURU ALIMENTOS ................................................ 66

FIGURA 7: INDUSTRIALIZAÇÃO AO LONGO DA RODOVIA BR -369 ............................................................. 71

FIGURA 8: MOINHO DE TRIGO ARAPONGAS ..................................................................................................... 78

FIGURA 9: INDÚSTRIAS DE ARAPONGAS NO LIMITE MUNICIPAL. .............................................................. 98

FIGURA 10: PERÍMETRO MUNICIPAL E URBANO DAS CIDADES ESTUDADAS, EM 2010 ....................... 123

Page 11: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

10

LISTA DE MAPAS

MAPA 1: ARAPONGAS E APUCARANA NO CONTEXTO DA MESORREGIÃO NORTE-CENTRAL

PARANAENSE E EIXO LONDRINA-MARINGÁ ......................................................................................... 26

MAPA 2: EVOLUÇÃO URBANA DA CIDADE DE APUCARANA ....................................................................... 32

MAPA 3: EVOLUÇÃO URBANA DE ARAPONGAS .............................................................................................. 37

MAPA 4: AMBIENTE INDUSTRIAL E TECNOLÓGICO DA REGIÃO APUCARANA -IVAIPORÃ .................. 63

MAPA 5: DESTINOS NACIONAL E INTERNACIONAL DAS VENDAS DA EMPRESA CARAMURU

ALIMENTOS NO ANO DE 2008 .................................................................................................................... 67

MAPA 6: EXPORTAÇÕES INDUSTRIAIS DE APUCARANA NO ANO DE 2008................................................ 68

MAPA 7: APL DE MÓVEIS DE ARAPONGAS ........................................................................................................ 73

MAPA 8: MUNICÍPIOS QUE COMPREENDEM O TERRITÓRIO DO SIMA, 2008. ............................................. 74

MAPA 9: DISTRIBUIÇÃO DO EMPREGO DO SETOR NO ESTADO DO PARANÁ (2007), COM DESTAQUE

PARA ARAPONGAS ....................................................................................................................................... 76

MAPA 10: DISTRIBUIÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS DO SETOR NO ESTADO DO PARANÁ (2007),COM

DESTAQUE PARA ARAPONGAS ................................................................................................................. 76

MAPA 11: ESPACIALIZAÇÃO DAS VENDAS DA EMPRESA MOINHO ARAPONGAS S/A, 2010 ................. 79

MAPA 12: EXPORTAÇÕES INDUSTRIAIS DE ARAPONGAS NO ANO DE 2008 .............................................. 80

MAPA 13: USO DO SOLO URBANO DA CIDADE DE ARAPONGAS, 2008 ....................................................... 83

MAPA 14: CIDADES DE ORIGEM DOS ESTUDANTES MATRICULADOS NAS IES DE APUCARANA (PR)

EM 2008 ............................................................................................................................................................ 91

MAPA 15: PERÍMETRO URBANO DE ARAPONGAS ........................................................................................... 96

MAPA 16: PERÍMETRO URBANO DE APUCARANA ......................................................................................... 102

MAPA 17: LEI DE ZONEAMENTO E DE OCUPAÇÃO DO SOLO DE APUCARANA COM DESTAQUE PARA

OS PARQUES INDUSTRIAIS E PARA OS NÚCLEOS HABITACIONAIS ............................................... 103

MAPA 18: NÍVEL DE CENTRALIDADE DAS CIDADES DA MESORREGIÃO NORTE CENTRAL

PARANAENSE, EM 1993 .............................................................................................................................. 115

MAPA 19: HIERARQUIA DOS CENTROS URBANOS......................................................................................... 116

MAPA 20: DESLOCAMENTO DE PASSAGEIROS NO MÊS DE MAIO DE 2005 .............................................. 117

MAPA 21: MOVIMENTO PENDULAR NO NORTE DO PARANÁ, COM DESTAQUE PARA ARAPONGAS,

EM 2005. ......................................................................................................................................................... 119

Page 12: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

11

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1: MATRÍCULAS E NÚMERO DE CONCLUÍDOS DO ENSINO SUPERIOR DE ARAPONGAS ..... 93

GRÁFICO 2: PRINCIPAIS RAMOS INDUSTRIAIS E TOTAL DE INDÚSTRIAS DE APUCARANA E DE

ARAPONGAS EM 2002 ................................................................................................................................. 105

GRÁFICO 3: NÚMERO DE EMPREGOS FORMAIS NOS PRINCIPAIS RAMOS INDUSTRIAIS DE

APUCARANA E DE ARAPONGAS, EM 2002............................................................................................. 107

GRÁFICO 4: PRINCIPAIS RAMOS INDUSTRIAIS E TOTAL DE INDÚSTRIAS DE APUCARANA E DE

ARAPONGAS EM 2008 ................................................................................................................................. 109

GRÁFICO 5: NÚMERO DE EMPREGOS FORMAIS NOS PRINCIPAIS RAMOS INDUSTRIAIS DE

APUCARANA E DE ARAPONGAS, EM 2008............................................................................................. 110

Page 13: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

12

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS ............................................................................................................................... 3

RESUMO .................................................................................................................................................... 4

ABSTRACT ................................................................................................................................................ 5

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................ 13

PRESSUPOSTOS METODOLÓGICOS ............................................................................................... 18

1. CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA DAS CIDADES ESTUDADAS .......................... 22

1.1. A GÊNESE E A ESTRUTURAÇÃO URBANA ................................................................... 22

1.2. A EVOLUÇÃO URBANA DAS CIDADES DE APUCARANA E DE ARAPONGAS E O

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO ............................................................................................. 25

1.3. A REDE URBANA DO NORTE DO PARANÁ E A INDÚSTRIA ............................................ 39

1.4. A REDE URBANA DO NORTE-PARANAENSE E A PRODUÇÃO INDUSTRIAL: A INSERÇÃO

DAS CIDADES ESTUDADAS ......................................................................................................... 44

1.5. ALGUNS RECORTES ESPACIAIS E INSTITUCIONAIS RELACIONADOS ÀS CIDADES

ESTUDADAS E A REDE URBANA ................................................................................................ 47

2. O ESPAÇO URBANO: OS AGENTES SOCIAIS COMO DEFINIDORES DA

CENTRALIDADE INTRA E INTERURBANA .................................................................................... 50

2.1. OS PROPRIETÁRIOS DOS MEIOS DE PRODUÇÃO ........................................................... 53

2.2. A PRODUÇÃO INDUSTRIAL NAS CIDADES, OS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS E AS

EXPORTAÇÕES ........................................................................................................................... 57

2.3. O ESTADO CAPITALISTA E SEU PAPEL NA ORGANIZAÇÃO ESPACIAL ......................... 81

2.4. A INFLUÊNCIA DOS AGENTES NA (RE)DEFINIÇÃO DA CENTRALIDADE URBANA .......... 84

2.5. AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR COMO UMA DAS VARIÁVEIS PARA DEFINIR A

CENTRALIDADE DAS CIDADES ................................................................................................... 87

2.5.1. Características das IES de Apucarana ................................................................. 87

2.5.2. As IES como expressão da Centralidade em Apucarana ..................................... 88

2.5.3. Características das IES de Arapongas ................................................................. 93

3. ESTUDO COMPARATIVO: APUCARANA E ARAPONGAS ........................................ 95

3.1. A PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO NAS CIDADES A PARTIR DAS ESTRATÉGIAS DOS

PROPRIETÁRIOS DOS MEIOS DE PRODUÇÃO E DO ESTADO .......................................................... 95

3.2. AS VARIÁVEIS DA PESQUISA E SUAS PARTICULARIDADES NAS CIDADES ESTUDADAS104

3.3. REDE URBANA E A CENTRALIDADE DAS CIDADES ESTUDADAS ................................. 112

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................. 122

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................... 126

APENDICE ............................................................................................................................................. 131

ANEXOS ................................................................................................................................................. 133

Page 14: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

13

INTRODUÇÃO

O crescimento da população em todo o mundo, com maior intensidade após a

Revolução Industrial do século XIX, o êxodo rural, causando uma inversão do local de

moradia da população, que passou a ser majoritariamente urbana e a diversificação na

produção econômica fizeram com que as cidades se expandissem, chegando a atingir

níveis cada vez mais dinâmicos de ocupação dos espaços.

As regiões de atividade econômica mais intensa viram suas pequenas

aglomerações urbanas se transformarem em grandes cidades, metrópoles e megalópoles.

Nas grandes áreas de concentração populacional do planeta, as cidades

apresentaram crescimento horizontal e vertical, muitas delas encontrando-se com outras,

ligando suas vias de acesso urbano e criando interdependências na prestação de serviços

aos cidadãos, na influência política e administrativa, tendo como resultado o surgimento

da centralidade daquelas com maior poder de melhor atender a sua população e dos

demais centros da rede urbana.

No caso de Apucarana e de Arapongas, cidades de portes semelhantes no

aspecto populacional, perfazendo no aglomerado urbano uma população absoluta de

211.992 habitantes (tabela 1), há fluxos materiais e imateriais interagindo-se

continuamente. Há a necessidade de se levantar estes fluxos, com ênfase maior aos

materiais, para compreendermos a dinâmica do aglomerado urbano. A cidade de

Apucarana tem uma população maior, mas desde a década de 1990, Arapongas

apresenta um maior crescimento, cujos fatores serão apresentados no decorrer do

trabalho.

Nesses termos, a presente pesquisa tem como objetivo discutir a “Centralidade

Urbana” referente às estruturas urbanas da área colonizada pela Companhia de Terras

Norte do Paraná, bem como identificar a centralidade do aglomerado urbano de

Apucarana e Arapongas, tomando como referência as relações geo-espaciais,

econômicas, políticas e sociais. Ambas as cidades possuem importante papel na rede

urbana do Norte Central Paranaense.

Ainda referindo-se aos objetivos, a pesquisa propõe o conhecimento do que é e

como se processa a centralidade das cidades de Apucarana e Arapongas; a identificação

através da produção industrial e do setor educacional superior a centralidade de

Apucarana e de Arapongas. Assim, teremos mais subsídios para a compreensão da

Page 15: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

14

lógica da rede urbana do norte central paranaense e a sua influência no território

nacional.

Para tanto, a metodologia utilizada será a de pesquisa bibliográfica e o

levantamento das variáveis já apresentados no que refere ao fluxo

Apucarana/Arapongas, e este com as respectivas cidades polarizadas. Estas cidades são

localidades que formam Arranjos Produtivos Locais, mas a produção do aglomerado

urbano não está somente na especificidade de cada arranjo. É importante salientar que

estas cidades são influenciadas pelas cidades pólos do norte do Paraná, Londrina e

Maringá.

A escolha deste tema para a execução da pesquisa deve-se à importância e à

necessidade de aprofundamento de conhecimentos sobre o mesmo, tendo em vista

tratar-se de um caso específico do Estado do Paraná, de cidades limítrofes com

equivalências ou semelhanças numéricas no sentido populacional e econômico, com

disputa no sentido de liderar os municípios circunvizinhos.

Por residir na cidade de Apucarana e ter contato constantemente com a cidade de

Arapongas é perceptível na população, uma discussão sobre a liderança de serviços

ofertados por estas para os municípios da região. É uma rivalidade histórica, que

envolveu inclusive o poder executivo de ambas as cidades.

Pretende-se, ainda, através desta pesquisa fornecer futuros subsídios para

estudos que vierem a ser realizados, principalmente aqueles relacionados à rede urbana

paranaense.

É fato que Londrina e Maringá têm a liderança da mesorregião Norte Central

Paranaense, com uma centralidade maior para a primeira. Posteriormente, em um grau

menor, aparece a cidade de Apucarana (CUNHA, 2005). A cidade de Arapongas,

contudo, está atualmente em um crescimento econômico maior que Apucarana (iniciado

durante a década de 1980), refletindo diretamente no crescimento populacional

proporcional, conforme pode ser constatado pela tabela abaixo:

Page 16: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

15

TABELA 1: COMPARAÇÃO ENTRE OS CENSOS DEMOGRÁFICOS DE 2000 E DE 2007 DAS

CIDADES DE APUCARANA E DE ARAPONGAS

Ano 2000 2007 (1)

Apucarana 107 827 115 323

Arapongas 85 428 96 669

Fonte: IBGE (1) Conatagem divulgado em setembro de 2007.

A taxa de crescimento populacional de Apucarana foi de aproximadamente 7%,

enquanto a de Arapongas foi de aproximadamente 12%.

A conurbação destas duas cidades, embora seja menos provável em curto prazo

no sentido físico, com ligações de ruas e avenidas, hoje já existe no que refere à

interdependência delas. Certamente haverá o acirramento no sentido de definir uma

liderança maior por parte de uma delas.

Tem-se a intenção, por meio deste trabalho, de verificar quais os municípios que

Apucarana e Arapongas polarizam e determinar os fatores que contribuam para a

mobilidade entre essas localidades. A respeito disso, Corrêa (1994, p. 21) coloca que:

A centralidade de um núcleo, por outro lado, refere-se ao grau de

importância a partir de suas funções centrais: maior o número delas,

maior a sua região de influência, maior a população externa atendida

pela localidade central, e maior a sua centralidade.

Além disso, a centralidade de um núcleo na rede urbana pode modificar, ou seja,

pode aumentar ou diminuir:

A posição de cada centro na hierarquia urbana não é mais suficiente

para descrever e explicar a sua importância na rede de cidades. É

necessário que se considere suas especializações funcionais, sejam

industriais ou vinculadas ao serviço, muitos dos quais criados

recentemente (CORREA, 2005, p. 99).

Tanto Apucarana e Arapongas são cidades com especializações produtivas

industriais. A primeira com a indústria de bonés e confecções; e a segunda, com a

indústria moveleira. Mas essas especializações produtivas, no entanto, não significam

exclusividade, pois os dois núcleos urbanos contam com diversidade industrial

significativa, que será apresentada no transcorrer deste trabalho.

Page 17: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

16

A problemática deste trabalho está vinculada à determinação da centralidade de

Apucarana e de Arapongas, além de determinar a influência de cada uma das cidades

em relação à distribuição de bens e serviços para a rede urbana do Norte Central

Paranaense.

Em relação ao aglomerado Apucarana/Arapongas, este se distingue da

aglomeração urbana de Londrina, Cambé e Ibiporã1, já que estas são cidades mais

dependentes de Londrina em relação à distribuição de bens e serviços.

A partir da revisão teórica sobre a centralidade intra e inter-urbana e da própria

rede urbana, a investigação sobre uma tendência de centralidade maior em uma do que

em outra cidade, parte de hipóteses no que se refere ao número de habitantes, à

influência da PR-444 (Arapongas- Mandaguari) sobre o crescimento e desenvolvimento

econômico mais acentuado em Arapongas, que, por sua vez, pode ter influenciado no

desvio da intensidade dos fluxos materiais existentes entre Londrina e Maringá (cidades

que polarizam o Norte do Paraná) e as cidades estudadas (Arapongas e Apucarana). A

pesquisa revelará outras particularidades e contemplará as hipóteses ilustradas.

Enfim, o primeiro capítulo ilustra a caracterização geográfica das cidades, com

ênfase à gênese e a evolução das cidades e a inserção das mesmas no contexto regional.

Procurou-se demonstrar a evolução das cidades a partir de um demonstrativo do

desenvolvimento econômico, do aumento da população e do desenvolvimento

territorial. Trabalhamos com a caracterização da rede urbana Norte paranaense com

ênfase nas cidades e, ainda no capítulo, ressaltamos os recortes institucionais e espaciais

ligados às cidades.

No capitulo dois trabalhamos com os agentes produtores do espaço urbano e sua

importância na produção do espaço das cidades de Arapongas e de Apucarana.

Detalhamos a atuação do poder público e dos proprietários dos meios de produção, que

representaram e participaram do processo que transformou as cidades em

especializações produtivas. Trabalhamos nesse capítulo com as variáveis escolhidas

para a delimitação da centralidade bem como delineamos e apresentamos os dados

empíricos referentes às entrevistas e às exportações e vendas das empresas e/ou

1 Para aprofundamento: O Aglomerado urbano-industrial de Londrina: sua constituição e dinâmica industrial. Cláudio

Roberto Bragueto. Tese de Doutorado (USP – 2007)

Page 18: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

17

indústrias entrevistadas. A partir da produção industrial e do ensino superior,

juntamente com estudos anteriores, estabelecemos variáveis para a classificação

hierárquica das cidades.

O último capítulo tem como foco a comparação das cidades estudadas. Vale

salientar que o estudo comparativo oferece riscos, pois os dados adquiridos em uma

cidade pode não confrontar com a outra realidade, permitindo margens de interpretação.

Entretanto damos ênfase aos temas trabalhados anteriormente, sobretudo relacionados

aos dados referentes ao número de estabelecimentos industriais e número de empregos

formais ofertados. Trabalhamos ainda com algumas considerações sobre a

espacialização e a interferência da indústria na atuação do Estado e, por fim, fechamos a

discussão sobre a rede urbana, a centralidade e a conurbação das cidades.

Page 19: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

18

PRESSUPOSTOS METODOLÓGICOS

Este trabalho tem como base metodológica a pesquisa bibliográfica, com a

utilização de uma literatura impressa e eletrônica, que permita responder as questões

relacionadas ao tema. Trata-se de uma pesquisa teórica e empírica, fundamentada nas

informações contidas no material consultado e comentadas também a partir do

conhecimento relacionado à observação e vivência nas comunidades objeto deste

estudo.

Por isso, as categorias pesquisadas foram as seguintes: Produção do espaço

urbano (através das categorias proprietários dos meios de produção) e o do Estado na

organização espacial, a centralidade urbana, a rede urbana e o significado dos APLs2.

No trabalho empírico, realizou-se entrevistas com algumas empresas no ramo de

alimentos e couros em Apucarana e, em Arapongas as entrevistas foram realizadas na

indústria do ramo alimentício e móveis. Adquirimos materiais referentes às exportações

das cidades e à economia dessas cidades para compor o quadro referente à importância

no cenário mundial. Buscamos materiais nas prefeituras, como nos Planos Diretores

Municipais, que possibilitaram um maior conhecimento da realidade das cidades

estudadas. Visitamos as IES das cidades, na tentativa de adquirir dados, pois o ensino

superior é considerado nessa pesquisa como variável para a discussão da centralidade.

Em Apucarana adquirimos diversas informações, que ajudaram compor um quadro

sobre os alunos que vêm de outras localidades. Já em Arapongas, foram somente

obtidos os dados referentes ao total de alunos e a quantidade dos que são do próprio

município, não obtendo os dados dos estudantes que são de outra localidade.

Foram visitadas de ambas cidades a Associação Comercial e Industrial para

aquisição de informações referentes à atividade industrial de modo geral, sendo que

através das instituições, foi possível a escolha - e a conseqüente visita - a algumas

indústrias.

Em Apucarana, pesquisamos junto a Caramuru Alimentos, a Kowalski e

Apucacouros. As duas primeiras cederam entrevistas, nas quais possibilitaram a

sistematização de dados para a pesquisa. Os dados mais relevantes referiram-se aos

2 Arranjo Produtivo Local: aglomeração de empresas com especialização produtiva – será discutido no capítulo 2.

Page 20: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

19

destinos das vendas e das exportações, relacionados à produção, bem como o total de

funcionários e seu local de origem, relacionados ao fluxo de pessoas.

Em Arapongas utilizamos também de entrevistas, ou seja, que relacionaram

tanto os dados da produção quanto do número e origem dos funcionários. As empresas

pesquisadas na cidade foram: Moinho Arapongas S/A e Pennacchi, do ramo

alimentício; Moval S/A, do ramo moveleiro. A única empresa que cedeu entrevista foi a

Moinho Arapongas S/A, sendo que as demais não quiseram passar as informações que

suscitávamos. Todavia, utilizamos os dados adquiridos pela empresa para

sistematização sobre os temas da pesquisa.

Para obtermos os dados referentes à indústria moveleira, entretanto, de crucial

importância para a pesquisa devido a relevância do setor, buscamos as informações no

Sindicato das Indústrias Moveleiras de Arapongas (SIMA).

Realizamos ainda uma pesquisa na Federação das Indústrias do Paraná (FIEP –

Unidade de Apucarana e de Arapongas) para aquisição de dados industriais - ilustrados

no decorrer da pesquisa. Adquirimos ainda informações junto ao SEBRAE (Serviço

Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).

Os dados sobre exportações foram realizadas através da página eletrônica do

Ministério da Indústria e Comércio. Isso só foi possível com códigos próprios de cada

produto. Estes códigos e todo processo de como realizar esta pesquisa foi repassada pela

Faculdade Estadual de Ciências Econômicas de Apucarana.

Por fim, pesquisamos as instituições públicas, como as prefeituras e as câmaras

de vereadores para a aquisição de materiais relacionados à atuação do Estado, e

adquirimos os Planos Diretores Municipais aprovados e atualizados, de grande valia

para a compreensão do papel do Estado e as transformações espaciais recentes.

Em suma, na parte prática da pesquisa, realizou-se a confecção e a adaptação de

mapas, tabelas, gráficos e fotografias (Figura 1), conforme demonstrado no

organograma a seguir.

Page 21: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

20

FIGURA 1: ORGANOGRAMA TEÓRICO-METODOLÓGICO DA PESQUISA

Page 22: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

21

CAPÍTULO 1

Page 23: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

22

1. CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA DAS CIDADES ESTUDADAS

1.1. A GÊNESE E A ESTRUTURAÇÃO URBANA

A evolução histórica da região onde se inserem as cidades estudadas, o Norte do

Paraná como um todo, já foi contada, trabalhada e minuciosamente detalhada por

diversos autores, os quais tratavam e tratam do processo como um grande

empreendimento imobiliário.

Fresca (2004) contou a história da região subdividindo-a por períodos de

ocupação ou etapas. Para ela, a primeira etapa corresponde ao intervalo entre 1850 e

1899, com a fundação da colônia militar de Jataí, atualmente, a cidade de Jataizinho

A ocupação mais efetiva ocorreu na porção extrema do leste do norte

do Paraná através das grandes posses lideradas por mineiros

praticantes de uma agricultura de subsistência e a criação de suínos.

São dessa fase as gêneses das cidades de Jacarezinho, Ribeirão Claro,

Santo Antônio da Platina, Tomazina, dentre outras (FRESCA, 2004,

p.46).

Para a autora, a segunda etapa de ocupação respeita o intervalo entre 1900 e

1929, quando a ocupação avançou em direção oeste, tendo a cafeicultura como motor da

frente pioneira. “Foi o momento das grandes fazendas cafeicultoras com base no

colonato” (FRESCA, 2004, p.48). O destaque especial dessa fase deve ser dado à

Londrina, que teve sua gênese em 1929 e foi “a primeira ocupação de uma fase

vindoura: a dos grandes projetos de loteamentos (...) Londrina é o marco de uma nova

etapa” (FRESCA, 2004, p. 49).

A terceira etapa de ocupação do Norte do Paraná, para Fresca (2004), se iniciou

em 1930, quando se iniciou a ocupação e fundação de cidades lideradas por companhias

imobiliárias, sendo delas a principal Companhia de Terras Norte do Paraná (C.T.N.P.).

Não se tratava apenas de comercialização de terras, da construção de

estradas e de ferrovias como elementos cruciais para fazer avançar a

ocupação. Não mais, grandes fazendas, mas o predomínio absoluto e

relativo das pequenas e médias propriedades. Foi a fase da

concretização da pequena produção mercantil no norte do Paraná

(FRESCA, 2004, p. 49).

Nesse contexto foi fundada a cidade de Apucarana, como a última cidade

fundada pela C.T.N.P. antes da empresa colonizadora mudar de nome. Nesse período,

segundo a autora, proliferaram os núcleos fundados em direção norte e oeste. A

finalização dessa etapa ocorreu nas imediações da cidade de Maringá, cuja gênese é de

Page 24: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

23

1942 (FRESCA, 2004). Assim, esse período constituiu o consolidador das estratégias

privadas de colonização, no entanto, somente no período seguinte - a última etapa de

colonização (após 1945) - que ocorreu a maior etapa de colonização no sentido de área

ocupada e cidades fundadas. “Sob a ação da Companhia Melhoramentos Norte do

Paraná, - CMNP – sucessora da CTNP (denominação adotada apenas em 1951, mas

desde 1944, sob o controle do capital nacional), proliferaram as companhias loteadoras

e a fundação das cidades” (FRESCA, 2004, p. 50).

Apucarana e Arapongas localizam-se numa parte da região Norte do Paraná,

cuja ocupação teve como agente hegemônico a empresa acima citada, que agiu

estrategicamente na organização deste espaço (BOEIRA, 2003). Uma série de

estratégias geoeconômicas e socioespaciais foi colocada em prática para assegurar o

sucesso do empreendimento (BOEIRA, 2003) que gerou o sucesso de cidades como

Londrina, Maringá, Apucarana, Arapongas, dentre outras.

Carvalho (2000) atribui o sucesso à construção da ferrovia: a ferrovia foi

fundamental para o sucesso da colonização da área. As cidades que estão próximas à

ferrovia são maiores, concentrando a maior parte da população do Norte do estado.

Segundo o autor, a atuação da companhia também foi fundamental para o

desenvolvimento das cidades. Esse processo não foi apenas bem pensado e planejado,

como também, muito bem executado nos detalhes, na tecnologia empregada e a

sistematização dos trabalhos (GIMENEZ, 2007). Complementando a importância da

ferrovia para a região, Monbeig (1988) alegou que

Aqui está o dado essencial. O trilho e a estrada de rodagem criam os

sítios favoráveis a fundações urbanas. A facilidade das relações com

as velhas zonas e com os desbravamentos opera uma verdadeira

seleção entre os patrimônios, para transformá-los em cidades

(MONBEIG, 1988, apud GIMENEZ, 2007, p.84).

Gimenez (2007) afirma que a rede urbana foi planejada nas terras da Companhia

de Terras Norte do Paraná. As cidades eram implantadas em média a 15 Km uma da

outra, sendo que a cada 100 Km, uma cidade maior, para servir de pólo regional, seria

implantada. Essa estratégia da empresa colonizadora tinha por objetivo facilitar o

atendimento à população nos quesitos de abastecimento e de fácil deslocamento,

principalmente.

Além da distância entre os núcleos urbanos situados às margens da

ferrovia, com distância aproximada de 15 km entre os mesmos,

Page 25: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

24

previu-se a implantação de núcleos urbanos de maior porte a cada 100

km. Estas distâncias são em valores aproximados e medidas ao longo

do desenvolvimento do traçado ferroviário. Esta previsão é uma

tentativa de se hierarquizar as cidades e só foi tomada após o sucesso

obtido nas primeiras implantações, Londrina, Cambé, Rolândia,

Arapongas e Apucarana. O notável desenvolvimento de Londrina

definiu esta localidade como uma das cidades de maior porte, sendo a

contagem dos 100 km iniciada a partir daí. Todavia, convém

esclarecer que esta hierarquização não estava prevista para ocorrer

desta forma, pois o plano inicial de Londrina não previa uma cidade

de porte grande para ser uma cidade central ou capital regional.

Maringá foi concebida para ser uma capital regional, posicionada no

centro geométrico das terras da Companhia. Cianorte e Umuarama

também foram concebidas para serem capitais regionais, sendo, em

planos, cidades de maior porte que as demais (CARVALHO, 2000, p.

89 e 90).

Entre as cidades de Londrina e de Maringá, obedecendo ao espigão, ou seja, ao

divisor de águas entre a bacia hidrográfica do rio Pirapó e do Rio Ivaí, coincidindo com

a ferrovia, conforme já apontado, foram fundadas as cidades de Apucarana (em 1938,

como será mais adiante detalhado) e a cidade de Arapongas, que foi elevada à categoria

de município em 1947.

Cabe ressaltar, ainda, que é importante definir o recorte territorial em que as

análises serão realizadas. Na verdade, quando se trata de influência e centralidade

interurbana é difícil se ater a limites estatísticos ou pré-fixados politicamente. Por isso,

em alguns momentos, como este, é trabalhado o Norte do Paraná, de modo geral, para

compreender a gênese, a formação e a importância da rede urbana onde se inserem as

cidades estudadas. Em alguns momentos, no entanto, para delimitar algumas variáveis

empíricas, será utilizado o recorte da mesorregião Norte Central Paranaense, limite

definido pelo IBGE em 1988. Assim, não é pretensão ficar limitado a um recorte

geográfico ou regional preestabelecido, mas verificar a importância das cidades no

contexto regional em que se inserem. Para isso, faz-se necessário o estudo da gênese e

da evolução das cidades de Apucarana e de Arapongas.

Page 26: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

25

1.2. A EVOLUÇÃO URBANA DAS CIDADES DE APUCARANA E DE

ARAPONGAS E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Os municípios que constituem o recorte espacial da pesquisa se localizam na

mesorregião norte central paranaense, no eixo dinâmico Londrina-Maringá. A

proximidade com Londrina e a localização junto ao eixo consolidam-nas como cidades

de grande importância para a região que se inserem, ainda que com peculiaridades

distintas que serão retratadas, principalmente no que se refere à centralidade e a

importância distinta de ambas.

Foram planejadas pela empresa de capital inglês, Companhia de Terras Norte do

Paraná (CTNP) que mais tarde passou a ser de capital acionário nacional, com a

mudança de nome para Companhia de Melhoramentos Norte do Paraná (CMNP). O

planejamento seguiu a conformação do relevo, junto à cabeceira de drenagem,

configurando o espaço produzido na alta vertente, ou seja, de longe se avista a paisagem

urbana de ambas. São igualmente vizinhas, Arapongas a Norte e Apucarana a Sul e são

interligadas pela BR-376. As cidades se desenvolveram obliquamente à linha férrea.

As duas cidades fazem parte da mesorregião norte central paranaense e

localizam-se no eixo dinâmico Londrina-Maringá (Mapa 1).

Page 27: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

26

NORTE CENTRAL PARANAENSE

BRASIL PARANÁ

LEGENDA

MUNICÍPIOS DO COMPLEXO URBANO LONDRINA-MARINGÁ

DEMAIS MUNICÍPIOS DO NORTE CENTRAL PARANAENSE

ÁREA URBANA

EIXO RODOVIÁRIO DO COMPLEXO URBANO LONDRINA-MARINGÁ

BASE: IPARDES/SEMA/PRÓPRIAELABORAÇÃO: TÖWS, RICARDO LUIZ, 2008ADAPTAÇÃO: ARANDA, L., 2008

MUNICÍPIO DE APUCARANA

MUNICÍPIO DE ARAPONGAS

MAPA 1: ARAPONGAS E APUCARANA NO CONTEXTO DA MESORREGIÃO NORTE-

CENTRAL PARANAENSE E EIXO LONDRINA-MARINGÁ

Page 28: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

27

Apucarana possui uma área de 558 km², sendo fronteiriço aos municípios de

Arapongas, Cambira, Califórnia, Mandaguari, Mandaguari, Marilândia do Sul, Novo

Itacolomi, Rio Bom, Sabáudia e Londrina. O município ainda abrange no seu território

além da sede, os distritos de Correia de Freitas, Pirapó, São Pedro e Vila Reis. Sua

população total e de 115.323 (IBGE 2007) e sua taxa de urbanização em 2000 era de

93% (IPARDES, 2005).

Os colonizadores teriam chegado na região de Apucarana por volta de 1930. Ela

foi projetada pela Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP), conforme já

colocado, em 1934. No ano de 1938, Apucarana foi elevada à categoria de vila. Em 28

de janeiro de 1944, Apucarana foi elevada a município, sendo seu primeiro prefeito o

coronel Luís José dos Santos.

FIGURA 2: CIDADE DE APUCARANA – 2009. Fonte: Skycrapercity, 2009.

Durante a década de 40, de acordo com o Plano Diretor de Apucarana (2003), o

dinamismo econômico da região atraiu maciços contingentes demográficos para o Norte

do Paraná. Isso se traduziu no crescimento explosivo da população rural e no

incremento ainda mais intenso da população de sua rede urbana, constituída pelas

Page 29: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

28

inúmeras cidades e vilas que foram sendo criadas na esteira do movimento de

apropriação do espaço regional. No bojo desse conjunto, destacou-se o crescimento do

povoado de Apucarana que, já no Censo de 1950, havia superado largamente a

população e o perímetro urbano previstos no seu projeto original. De fato, na década de

40 surgiram 26 loteamentos em Apucarana, somando o total de 154,4ha à sua área

urbanizada e acrescentando 2.417 novos lotes ao estoque inicial, o que representou um

acréscimo de 84,1% sobre os 183,5ha do seu projeto original, fazendo a área urbanizada

da cidade atingir a 337,9ha e seu acervo de lotes chegar a 4.325 unidades em 1950.

Cabe registrar que esses 26 loteamentos surgiram apenas entre 1945 e 1950, com a

média de 4,3 loteamentos por ano, o que se explica pelo extraordinário dinamismo do

Norte do Paraná após o fim da Segunda Guerra Mundial, já comentado no capítulo

sobre a gênese da região. Em 1950, quando o município apareceu pela primeira vez em

um censo demográfico, sua população urbana compreendia um contingente de 11.981

habitantes que, referido à área urbanizada de 337,9ha, resultava em uma densidade de

35,5hab/ha. Tal nível de ocupação do solo significa um rebaixamento em relação à

densidade embutida no projeto urbanístico original, o que pode ser explicado pelo fato

de que na década de 40 foi criado um número de lotes muito superior ao que foi

efetivamente ocupado em função do crescimento demográfico, representando a redução

da economicidade e coesão internas da área urbanizada da cidade (APUCARANA,

2003).

Nos anos de 1950, conforme elucida Apucarana (2003), a ocorrência de duas

fortes geadas em 1953 e 1955 teve um efeito devastador sobre a cafeicultura da região,

afetando negativamente seu nível de atividade econômica, o que, entre outras

consequências, provocou a redução do ritmo de crescimento demográfico e físico de

suas cidades, inclusive Apucarana.

Embora o número de loteamentos aprovados entre 1951 e 1960 tivesse

aumentado para 33, a média anual de loteamentos aprovados caiu para

3,3, representando a incorporação de apenas 79,2ha e 2.064 lotes à

área urbanizada da Cidade. Dessa forma, esta última passou a 417,1ha,

com um acréscimo de 23,4% em relação aos 337,9ha de 1950,

enquanto o número de lotes subiu a 6.389, significando um aumento

de 47,7% sobre o estoque desse ano. No Censo Demográfico de 1960

a população urbana de Apucarana chegava aos 21.203 habitantes, com

um incremento de 80,0% no decênio, a qual, referida à área

urbanizada de 417,1ha naquele ano, correspondia a uma densidade

média de 50,8hab/ha, o que significou a recuperação de níveis de

densidade bastante próximos daqueles contidos no projeto urbanístico

original, representando um resultado bastante positivo no quociente

Page 30: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

29

entre o crescimento da população e o da área urbana (APUCARANA,

2003, p. 71).

A recuperação econômica da região durante os anos 60 (Figura 3) teve

rebatimento no nível do município, quando foram implantados 53 novos loteamentos,

com a incorporação de 225,6ha ao quadro urbano da sede, o que fez sua área urbanizada

chegar a 642,7ha em 1970, representando um acréscimo de 54,1% em relação aquela de

1960 (APUCARANA, 2003). Quanto ao número de lotes, foram criados nada menos

que 4.625 unidades na década, o que fez o seu estoque chegar a 11.014 datas em 1970,

devendo-se registrar que dentre estas, 1.274 (27,5% do total) surgiram em conjuntos

habitacionais populares, como conseqüência da criação do Banco Nacional da

Habitação - BNH em 1965 (Idem, 2003). No Censo Demográfico de 1970 a população

da cidade chegou a 41.813 habitantes, com um incremento 97,2% na década, que reflete

a supra referida recuperação econômica da região. Tal contingente populacional,

dividido pela área de 642,7ha acima resulta em uma densidade demográfica de

65,1hab/ha, ou seja, quase 30,0% maior que aquela registrada em 1960, o que traduziu

um saudável adensamento da ocupação urbana no período (Idem, 2003).

FIGURA 3: APUCARANA NA DÉCADA DE 1960 Fonte: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=717118, visita em 05/06/2010

Page 31: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

30

Em função do sucesso econômico dos anos 40 a 70, obtido graças aos ciclos

madeireiro, cafeeiro e da atividade comercial cerealista, a cidade rapidamente se tornou

um centro comercial dinâmico, referência de serviços e comércio de bens de todo o vale

do Ivaí (na época uma próspera região agrícola) e dotada de uma ampla rede bancária. A

base econômica do desbravamento foi a atividade madeireira, que representou o berço

da atividade industrial da cidade e abriu espaço para a agricultura.

Na década de 1970, houve a “geada negra”, interferindo na agricultura,

principalmente a do café. Um ciclo vicioso se estabeleceu e ocorreu uma vertiginosa

queda da atividade econômica e da renda per capita. Na última década do século XX,

voltou a ter um ritmo de lenta retomada do desenvolvimento, com alguns sinais de

recuperação empresarial e com iniciativas industriais, como o Arranjo Produtivo Local

(APL) de bonés.

Retomando a década de 1980, no Censo de 1980 a população urbana de

Apucarana chegava a 67.161 habitantes, com um crescimento de 60,6% no decênio, a

qual, referida à área urbanizada de 946,7ha acima, produzia a densidade de 70,9hab/ha,

significando a manutenção do superávit na relação entre crescimento demográfico e

expansão urbana verificado nas décadas anteriores (APUCARANA, 2003).

Nos anos 80 prosseguiu a transição da monocultura cafeeira para o

modelo de agricultura diversificada capital intensiva, iniciada na

década de 70, cujas lavouras, entretanto, eram todas menos

empregadoras de mão-de-obra do que a cafeicultura, mantendo-se,

com isso, o processo de liberação de população do campo e das

pequenas cidades da Região, comentado anteriormente. A maior parte

dessa população, todavia, já havia migrado do Norte do Paraná

durante a década de 70, tendo-se reduzido grandemente seu estoque

demográfico passível de migração, motivo pelo qual nos anos 80 o

crescimento populacional de centros capazes de absorver fluxos

migratórios foi muito menor que nos anos 70, sem falar na atração

predominante exercida por Londrina e Maringá sobre essas migrações

(...). No Censo de 1991 a população urbana de Apucarana atingiu a

86.079 habitantes, a qual, referida à área urbanizada de 1.287,5ha,

correspondia à densidade de 66,9hab/ha, o que significou uma

retração nos níveis de adensamento, em comparação com os referentes

ao Censo de 1980 (APUCARANA, 2003, p.73).

Nos anos de 1990, o Plano Diretor Municipal relatou que em Apucarana a

consolidação da agricultura poupadora de mão-de-obra, junto com o advento de novas

lavouras de café que também passaram a utilizar mão-de-obra volante em regime

temporário de trabalho, o que continuou causando perda de população rural, ao lado do

crescimento discreto da população urbana, que não passou dos 16,5% na década.

Page 32: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

31

Em 2003, o Plano Diretor de Apucarana assinalou que de um total de

aproximadamente 40.000 imóveis territoriais na cidade, cerca de 12.000 ainda estavam

vagos, perfazendo 30,0% do estoque total de lotes do perímetro urbano. Considerando-

se o grande número de loteamentos aprovados e a moderada taxa de crescimento

demográfico da cidade entre 1991 e 2000, deixa claro que durante a década de 90, foi

criado um número de lotes muito superior ao necessário para absorver o crescimento da

população. Isso se traduz em excesso de lotes vagos e infra-estrutura ociosa que

penaliza financeiramente o município e a sociedade. Tal constatação coloca a

necessidade imperiosa e urgente de se reduzir a superfície total do perímetro urbano,

para se evitar que sejam aprovados loteamentos distantes da área urbanizada atual, a fim

de não se comprometer a coesão funcional e não aumentar os custos sociais de

urbanização na cidade (APUCARANA, 2003).

Page 33: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

32

500 1000 1500m0

Década de 70

Década de 80

Década de 90

Década de 00

Década de 60

Década de 50

Década de 40

Prefeitura do Município de ApucaranaFONTE:

EVOLUÇÃO URBANA

M ria ngá

Londrina

Curitiba

MAPA 2: EVOLUÇÃO URBANA DA CIDADE DE APUCARANA Fonte: Plano Diretor de Apucarana (2003)/ Adaptação: ARANDA, L., 2009

Page 34: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

33

Já Arapongas possuía uma população total de 96.669 com uma área de 380 km²,

(IBGE 2007), perfazendo aproximadamente uma densidade demográfica de 258

hab/km². Faz divisa com Apucarana, Londrina, Rolândia e Sabáudia.

A cidade de Arapongas foi fundada pela referida Companhia, pioneira do

progresso e desbravamento de toda uma região. A cidade, como as demais idealizadas,

planejadas e instituídas pela iniciativa privada, não surgiu por acaso, nem foi construída

sem um planejamento, previamente elaborado (ARAPONGAS, 2005).

O núcleo inicial da cidade de Arapongas data de 1943, tendo sido

implantado no platô entre as nascentes do córrego Mantiqueira,

ribeirão Três Bocas, córrego do Arlindo, córrego do Damásio, ribeirão

Campinho e seus afluentes, córrego Tapajós e ribeirão Bandeirantes

do Norte, tendo como limite, a leste, o leito da atual rodovia BR 369 e

da estrada de ferro. O projeto inicial correspondia a 206,10 hectares

(ARAPONGAS, 2008, p.118).

No ano de 1937, foram povoadas as glebas destinadas às colônias formadas por

imigrantes japoneses e eslavos, surgindo, assim, em 1937, as Colônias Esperança e

Orle, que muito contribuíram para o progresso e expansão do novo patrimônio.

Com base no Plano Diretor de Arapongas, descreve-se o desenvolvimento

urbano da cidade: com a economia cafeeira em expansão (em Arapongas e em toda a

região norte-paranaense), o sucesso do primeiro empreendimento motiva novos

parcelamentos, entre eles a Vila Conceição. Ainda na década de 1940 são acrescidos

mais 14,49 ha ao redor do núcleo primitivo, compondo 220,59 ha de área urbana até o

final da década de 40 (ARAPONGAS, 2008).

Arapongas continuou a fazer parte do território do município de Londrina até o

ano de 1943, quando foi criado o de Rolândia, ao qual passou a pertencer, já agora

como distrito judiciário, criado pela Lei nº 199 de 30 de dezembro de 1943, que

aprovou a nova divisão administrativa do Paraná, para vigorar no quinqüênio 1943-

1947 (ARAPONGAS, 2005).

Novas expansões ocorreram na década de 1950. A cidade expandiu-se

principalmente junto à ferrovia, sobretudo a oeste desta estrada de ferro. Nesse período,

a Vila Cascata é implantada na cabeceira do ribeirão Bandeirantes do Norte. Ao findar a

década de 50 a cidade tem cerca de 21 mil habitantes (ARAPONGAS, 2008).

Devido à falta de transportes, o distrito crescia vagarosamente e esse problema

se agravou ainda mais em decorrência das restrições motivadas pela segunda grande

Page 35: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

34

guerra. Nessas condições, até o ano de 1945, a sede distrital possuía umas 600 casas e

era servida pela então Estrada de Ferro São Paulo-Paraná que, logo depois, foi

incorporada, passando a integrar o patrimônio da Rede de Viação Paraná - Santa

Catarina.

Somente no ano de 1947, o Governo Estadual, pela lei nº 2 de 10 de outubro,

criava o município de Arapongas desmembrando-o de Rolândia. Naquela época, o

município se compunha dos distritos administrativos da sede municipal, Astorga e

Sabáudia.

FIGURA 4: CIDADE DE ARAPONGAS NA DÉCADA DE 1950 Fonte: plano Diretor de Arapongas (2009)/ Adaptação: ARANDA, L., 2010

Durante a década de 1960 o núcleo urbano expande-se, principalmente em

direção leste, pelo eixo indutor da estrada ferroviária e rodovia BR 369, inclusive

ultrapassando-as. Outras pequenas expansões são vistas a sul e norte do sítio urbano,

bem próximas ao núcleo inicial. Na década 1950/60 a população urbana havia crescido

72% (ARAPONGAS, 2008).

Arapongas se configurava em duas zonas bem distintas: a primeira delas ao

longo da rodovia BR 369, sentido norte/sul; uma outra parte era composta pelo núcleo

de origem e alguns poucos loteamentos surgidos entre 1950/1960 (sentido

noroeste/sudeste). Nesse período, destacou-se a continuidade do crescimento da malha

Page 36: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

35

urbana ao longo do ribeirão Bandeirantes do Norte e do ribeirão Campinho, córrego

Damásio e ribeirão Três Bocas. É desse período também o surgimento do núcleo urbano

de Aricanduva, distante 7,3 km do centro da cidade, pela rodovia BR 369, sentido

Apucarana (ARAPONGAS, 2008).

Ao findar 1970 a cidade possuia 48 mil habitantes: sua população havia crescido

31,7% em relação à década anterior. A partir do final da década de 1990, os novos

loteamentos aglomeram-se:

1) em torno do núcleo inicial, pelo lado sul, avançando sobre as

cabeceiras do ribeirão Campinho, córregos Tabapuan e Aimorés; e do

lado norte, na cabeceira do córrego Uri;

2) ao norte, no prolongamento natural das áreas urbanizadas nas

décadas anteriores, caminhando em direção às nascentes do córrego

do Arlindo;

3) para noroeste, pelo eixo direcional da estrada de acesso à cidade de

Sabáudia (atual rua Gaturamo), com destaque para o aparecimento dos

conjuntos habitacionais construídos pelo poder público; no caso, o C.

H. José Bretas Cupertino (1969) e C. H. Semiramis B. Braga (1978);

4) para sudoeste, pelo eixo direcional da atual rua Tangará

(ARAPONGAS, 2008, p. 119-120).

No período 1980/1991 a população de Arapongas cresceu 24,5%, totalizando,

em 1991, 60.025 habitantes. Durante a década de1980, a cidade expandiu-se ao longo

do eixo da ferrovia/BR 369, no sentido Rolândia, implantando setores industriais; nas

proximidades da nascente do córrego Três Fontes; para Sul, entre o córrego Mantiqueira

e ribeirão Campinho; entre os córregos Tabapuan e Aimoré; e outros loteamentos

isolados. Destacam-se os loteamentos para conjuntos habitacionais do poder público: o

Conjunto Habitacional Jardim Tropical (1988), localizado na rodovia de acesso à

Sabáudia; C. H. Padre Chico (1981); C. H. Flamingos (1981); C. H. Palmares (1989)

(ARAPONGAS, 2008).

No período 1991/2000 o incremento na população urbana é de 36,17%,

atingindo, em 2000, cerca de 82 mil habitantes. A malha urbana expande-se 672,44 ha e

a expansão se dá em todos os quadrantes. São destaques:

1) O aparecimento de loteamentos para fins industriais/comerciais/

serviços na extremidade nordeste (saída para Rolândia) e na

extremidade sul (saída para Apucarana), ambos junto à rodovia BR

369. Nas proximidades desse último irão comparecer os projetos de

moradia popular do poder público: C. H. Bussadori (1995); C. H.

Page 37: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

36

Mário Ribeiro Rezende (1995). É o início de um novo núcleo urbano,

distante do restante da malha urbana;

2) O crescimento da malha urbana em direção à cabeceira do córrego

Mantiqueira (Jardim Columbia);

3) O avanço da malha urbanizada nas terras situadas ao longo do

córrego Tabapuan;

4) Crescimento nas áreas situadas entre a rua Tangará e a rua

Gaturamo, até os limites do contorno rodoviário - rodovia PR 444;

5) Aparecimento de loteamentos junto à rodovia PR 218, saída para

Sabáudia, além do C. H. Jardim Tropical;

6) Novos loteamentos, ao leste, ocupando as cabeceiras do ribeirão

Três Bocas, córrego Criador e córrego do Arlindo (ARAPONGAS,

2008, p.120).

Page 38: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

37

MAPA 3: EVOLUÇÃO URBANA DE ARAPONGAS

Page 39: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

38

FIGURA 5: ARAPONGAS ATUALMENTE (2009) Fonte: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=712140, visita em 05/2010

Entre 2000 e 2007, a cidade de Arapongas consolida o núcleo urbano que havia

sido criado na extremidade sul da rodovia BR 369 (saída para Apucarana), com o

aparecimento de novos loteamentos (Mapa 3). Novos empreendimentos são

implantados ao leste, nas cabeceiras do córrego do Arlindo, e entre o córrego do Criador

e córrego Três Bocas. O crescimento urbano também se dá ao longo do córrego Três

Fontes, na extremidade nordeste, junto à rodovia BR 369 (saída para Rolândia) e nas

terras situadas entre o ribeirão Campinho e a rodovia PR 444 (contorno rodoviário). Ao

findar 2007 a cidade tem 2.496 hectares de área urbanizada e população de 96.669

habitantes (ARAPONGAS, 2008).

Page 40: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

39

1.3. A REDE URBANA DO NORTE DO PARANÁ E A INDÚSTRIA

Tendo em mente que a rede urbana se expressa pela divisão territorial do

trabalho, acredita-se que a produção industrial é uma variável que explica a rede urbana

e a importância de determinada cidade.

Tendo em vista a significativa expansão da produção industrial no

norte do estado, importante se torna a análise de como esta produção

altera a rede urbana norte-paranaense, mediante diferentes processos

para a re-inserção dos núcleos urbanos na divisão territorial do

trabalho (...) Nesse contexto é preciso entender a rede urbana

articulada à produção industrial, questão esta há muito já colocada por

Corrêa (1989) quando nos fala da rede urbana e da divisão territorial

do trabalho (FRESCA, 2009, s/p).

Fresca (2009) contribui com seu texto ao trabalhar com diversas cidades

paranaenses nesse quesito, elencando que no Norte do Paraná há cidades com um setor

industrial numericamente expressivo no contexto da rede urbana tais como Londrina,

Cambé, Ibiporã, Rolândia, Arapongas, Apucarana, Campo Mourão, Marialva, Maringá,

Paranavaí, Cianorte e Umuarama. “A expansão da produção industrial gerando inclusive

especializações produtivas em determinados ramos para várias cidades, sejam elas de

nível muito fraco, fraco, médio para fraco de centralidade” (FRESCA, 2009, s/p).

A autora registrou necessidades de novas pesquisas em direção a entender a

dinâmica da produção industrial e suas articulações com as cidades, independente de

seus níveis de centralidade. “Em uma rede urbana densa, complexa e diversificada como

é a norte-paranaense torna-se fundamental analisar os diferentes processos de

industrialização” (FRESCA, 2009, s/p), fazendo-se necessário adicionar a variável

industrial para entender a dinâmica das cidades. Por isso, ressalta-se a importância das

cidades na rede urbana norte paranaense, por meio da espacialização de número de

trabalhadores e estabelecimentos industriais do norte do Paraná bem como apresenta a

importância na hierarquia dos centros urbanos.

Nesse raciocínio e, a partir dos estudos da autora, acreditamos que “a rede norte-

paranaense na atualidade coloca-se como muito complexa e diversificada, relacionada à

intensificação dos processos de produção, circulação, distribuição e consumo,

ressaltando-se uma forte heterogeneidade de centros e continuidade da diferenciação e

redefinição das re-inserções dos núcleos na rede” (FRESCA, 2009, s/p).

Page 41: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

40

Para Fresca (2004; 2009), cinco aspectos são fundamentais para o entendimento

da rede norte-paranaense na atualidade:

A inserção na divisão territorial do trabalho mediante produção

agropecuária; a dinâmica populacional; a expansão da produção

industrial; a melhoria da circulação, enquanto etapa necessária entre

produção e consumo; e a inserção dos núcleos urbanos em pelo menos

duas redes (FRESCA, 2009, s/p.).

A partir dos elementos acima citados, discorreremos sobre cada um deles para

realizar um exercício comparativo entre a teoria e a realidade analisada.

O primeiro aspecto assinalado, de acordo com a autora, correlaciona-se ao

processo geral de modernização da agricultura brasileira que, ao atingir a rede,

provocou uma diversidade produtiva que teve como uma de suas mais importantes

expressões a implantação de complexos agroindustriais submetidos à lógica da

produção e reprodução do capital industrial (FRESCA, 2009).

Esse processo, especificamente no norte do Paraná, sobretudo no referenciado

complexo urbano Londrina-Maringá (MENDES E TÖWS, 2008), gerou necessidades

como bens de consumo coletivos, gestão e organização do território para melhor atender

aos expressivos fluxos de mercadorias, entre outros (MENDES, 1992). O autor estudou

a cidade de Maringá, mas, em estudos posteriores realizados pelo autor e por outros, nos

mostra que a modernização da agricultura influenciou de maneira significativa no

aumento da população urbana das cidades estudadas. Em relação à Apucarana, se

retornarmos ao capítulo que elucida a evolução urbana das cidades elencadas pela

pesquisa, percebemos nitidamente a inserção de elementos urbanos que, mais tarde, por

volta de década de 1980, darão suporte à instalação da agroindústria na cidade. Em

Arapongas, percebemos a criação de um parque industrial que, ao não incorporar

diretamente os processos relacionados à produção agrícola, percebeu notoriedade

importante com a inserção da especialização industrial.

Retomando as idéias da autora, verificamos que o segundo aspecto que explica a

rede urbana norte-paranaense vincula-se à dinâmica populacional que, após ter passado

por intenso processo de esvaziamento demográfico no campo – êxodo rural articulado

às leis trabalhistas e a mecanização e tecnificação do campo – tendo como destino as

maiores cidades do estado do Paraná e da rede urbana do norte do estado, apresenta-se

na atualidade com algumas mudanças qualitativas, sobretudo relacionadas à diminuição

Page 42: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

41

da população no campo, mas aumento significativo da população urbana (FRESCA,

2009).

De acordo com C.M.N.P. (1977), o processo que culminou a inversão da

população esteve relacionado à decadência do café e à conseqüente substituição pelo

binômio soja-trigo e a mudança substancial da estrutura fundiária. Isso explica em parte

o esvaziamento demográfico no campo, pois a população que vivia da cultura

permanente teve que adiantar seu deslocamento para as cidades, na medida em que o

café perdeu o valor econômico como conseqüência da crise, e a produção foi ceifada

como conseqüência da geada negra de 1975. Essa é, também, uma das explicações para

o processo de modernização da agricultura, anteriormente assinalado pela autora.

Essa discussão está ligada às transformações no campo, bem elencadas por Moro

(1991) e Endlich (1999; 2009). Se compararmos os processos já ilustrados com as

transformações no campo, percebemos certa assimetria entre os respectivos processos,

pois podemos indicar como transformações no campo as seguintes dinâmicas (em

restrito, as ocorridas no norte do Paraná):

- Substituição de culturas agrícolas e diversificação agropecuária - o

café foi gradualmente cedendo espaço para as lavouras temporárias

como soja, algodão e trigo, e, posteriormente, para uma maior

diversificação agropecuária na região; - Concentração fundiária - a

estrutura fundiária tornou-se mais concentrada, sendo que a

característica regional de numerosas pequenas propriedades rurais,

alterou-se, transformando também as relações espaciais, anteriormente

pressupostas;

- Distribuição da população – antes predominantemente rural, agora

urbana. As causas da mobilidade espacial da população são atribuídas

à inviabilidade da permanência no campo de muitos pequenos

proprietários que venderam suas terras, além de arrendatários,

parceiros e trabalhadores permanentes que tiveram de sair do campo.

Este grupo provocou a inversão do local de residência da população

na região, do campo para a cidade;

- Relações cidade-campo - as relações cidade-campo antes eram mais

escassas, já que os estabelecimentos agropecuários eram quase auto-

suficientes e estes não demandavam produtos, assistência técnica e as

diversas orientações que a agricultura modernizada exige. A

agricultura passou a depender mais de relações mercantis e financeiras

por causa do crédito agrícola e comercialização dos produtos. O

agricultor intensificou suas relações com bancos, cooperativas

agropecuárias e comércio especializado (MORO, 1991; ENDLICH,

2009, p. 899).

Page 43: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

42

Relacionado ao processo de modernização e à dinâmica da população, temos o

terceiro aspecto apontado por Fresca (2009): Refere-se à produção industrial que, desde

meados dos anos 1980 vem apresentando um importante processo de crescimento nos

núcleos da rede urbana do norte do Paraná. Para a autora, existem dois processos

articulados à expansão desta produção: o primeiro se refere ao crescimento de uma

produção previamente existente na área, de origem local e regional, que na fase

recessiva brasileira, a partir dos anos de 1980, iniciou ampliações pela conquista de

nichos de mercados e aprimoramento técnico da produção (FRESCA, 2009). O

segundo processo articula-se às transformações industriais de plantas para as cidades da

rede, similar à discussão sobre desconcentração industrial (FRESCA, 2009).

Na interpretação sobre os dois processos, relacionando com as cidades

estudadas, percebemos que o primeiro vincula-se à existência das primeiras “portas”

que nasceram nas cidades, cada uma relacionada à sua atual especialização produtiva,

que, através de sua ampliação, culminou nos parques especializados que hoje existem,

em Apucarana, relacionados à área têxtil e Arapongas relacionado ao setor moveleiro.

Não nos aprofundamos para saber se o segundo processo de expansão industrial teve

importância significativa na cidade, tendo em vista que isso exigiria uma pesquisa mais

aprofundada sobre cada uma das instalações industriais para perceber a origem. De

modo geral, no entanto, percebemos que as indústrias “nasceram” e se expandiram nas

cidades.

O processo engendrado pela agricultura modernizada e a formação de um

complexo agroindustrial gerou, além do consumo de produtos e serviços, a composição

de um meio técnico-científico-informacional (ENDLICH, 1999) que, conforme Santos,

(...) é o meio geográfico do período atual, onde os objetos mais

proeminentes são elaborados a partir dos mandamentos da ciência e se

servem de uma técnica informacional da qual lhes vem o alto

coeficiente de intencionalidade com que servem às diversas

modalidades e às diversas etapas da produção (Santos, 1993, p. 187).

A industrialização explica o processo de produção do espaço nas cidades

estudadas. Pode-se afirmar, de imediato, que as ações dos agentes ligados à indústria

fomentaram a atuação do Estado e dos demais agentes na produção das cidades. Esse

aspecto é bem visível em Arapongas, onde se tem um parque industrial criado pelo

Estado como incentivo às instalações industriais.

Page 44: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

43

O quarto aspecto para o entendimento da rede urbana na atualidade, de acordo

com Fresca (2009) refere-se à melhoria geral da circulação, entendida como uma das

etapas do processo de produção e articulada à intensidade produtiva instaurada. Isso é

visível nas cidades, pois, se deixarmos de lado todos os níveis de circulação e nos

atermos somente nas vias de circulação criadas, sobretudo as rodovias (BR-369 e PR-

444), percebemos uma nítida possibilidade de incremento na rede urbana em que se

propõe o estudo.

E, por fim, elencamos a possibilidade das cidades estudadas serem inseridas em

mais de uma rede urbana, posto que se discute ao analisarmos as múltiplas escalas de

análise que permeiam a discussão da rede urbana como teoria.

Page 45: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

44

1.4. A REDE URBANA DO NORTE-PARANAENSE E A PRODUÇÃO

INDUSTRIAL: A INSERÇÃO DAS CIDADES ESTUDADAS

O espaço geográfico é composto por uma infinidade de elementos que o tornam

cada vez mais dinâmico e complexo no que tange à sua compreensão. A velocidade

como alguns espaços vêm se transformado no que diz respeito a sua forma e função,

sobretudo na atual conjuntura3, tem cada vez mais chamado à atenção para as discussões

a respeito das cidades, pois estas são o palco das decisões e dos acontecimentos que

comandam o espaço como um todo.

Partindo do pressuposto de Corrêa (1999), de que a cidade é um reflexo e

condicionante social, local da reprodução do capital e da sociedade, deve-se salientar

que as cidades possuem várias facetas e formas de se analisar o espaço urbano.

Primeiramente, o espaço urbano pode e deve ser analisado sob um viés interno, ou seja,

compreende-lo a partir das relações que acontecem dentro de sua própria dinâmica, suas

articulações e demais características que o tornam heterogêneo, ou seja, a análise intra-

urbana. Já a outra forma de ser analisado refere-se às relações e articulações que

determinada cidade exerce com outra. Trata-se de entender qual é o papel de

determinada cidade seja num contexto regional, nacional ou global. Diante disso, o

estudo a cerca das redes urbanas são de fundamental importância na medida em que se

tem a possibilidade de compreendermos as cidades enquanto um conjunto de centros

funcionalmente articulados (CORRÊA, 1999).

Dessa maneira, a temática sobre a rede urbana tem cada vez mais, atraído a

atenção para estudos e reflexões acerca desta categoria de análise espacial. Segundo

Corrêa, (1995, p.17), as categorias mais importantes dizem respeito à “diferenciação das

cidades em termos de funções, dimensões básicas de variação, relações entre tamanho

demográfico e desenvolvimento, hierarquia urbana e relações entre cidade e região”.

Isso significa que as cidades se relacionam através de uma determinada configuração no

espaço, seja por relações de dependência uma das outras no que se refere a algum tipo

de serviço prestado, ou pela subordinação a órgãos de gestão do território4.

3 Quando nos referimos ao termo “atual conjuntura”, estamos fazendo alusão ao meio técnico cientifico

informacional (SANTOS, 2005) e o processo de globalização vigente no mundo.

4 Não temos a intenção de discutir a questão a cerca do território neste capitulo. Apenas estamos fazendo menção aos

órgãos que comandam e organizam o território, sendo que estes podem ser tanto da esfera pública como ativos

institucionais, bem como as corporações.

Page 46: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

45

Assim sendo, a análise da rede urbana segundo Dias (1995), exige uma

abordagem que apresente as suas relações com a urbanização, com a divisão territorial

do trabalho (D.T.T) e com a diferenciação crescente das cidades, fato este evidenciado

nas trocas de funções que as cidades adquirem constantemente. Assim sendo, Fresca

(2007, p.202) coloca que “a rede urbana é uma condição e reflexo da divisão territorial

do trabalho”, pois é através das funções articuladas que se torna possível a D.T.T.

Assim, afirma também Corrêa:

A cidade em suas origens constitui-se não só em uma expressão da

divisão entre trabalho manual e intelectual, como também em um

ponto do espaço geográfico que, através da apropriação de excedentes

agrícolas, passou de certo modo a controlar a produção rural. Este

papel de condição é mais tarde transmitido à rede urbana: sua gênese e

evolução verificam-se na medida em que, de modo sincrônico, a

divisão territorial do trabalho assumia progressivamente, a partir do

séc. XVI, uma dimensão mundial. (1994, p.49)

Com a alteração dos processos econômicos e a consequente modificação da

dinâmica, as redes influem e são influenciadas. Ela garante a reprodução da sociedade,

acabando por garantir a sua existência.

É através desta rede que os grandes centros de produção, circulação e

acumulação deslocam investimentos, que ocasionam desigualdades. Esta é a lógica

capitalista. É uma estratégia logística do capital, que tem como expressão as cidades que

possuem meios técnicos científicos que facilitam a expansão do mercado.

Em fase pré-capitalista, os centros de mercado eram pouco articulados entre si,

numa pequena área espacial, pequeno volume de troca e conseqüentemente uma

pequena divisão territorial do trabalho (CORRÊA, 1995).

Tomando por base os estudos feitos por Roberto Lobato Corrêa, a rede urbana

pode ser definida como “um conjunto de centros funcionalmente articulados”

(CORRÊA, 1999, p.8), ou “para que se possa também compreender o sentido da rede

urbana, é imprescindível a abordagem dos fluxos entre as cidades” (CORRÊA, 1999,

p.8). Nesse sentido, o movimento é quem dá a razão para a existência da rede no

território. Sobre esse movimento, Corrêa (1995) denomina de interações espaciais.

Segundo este autor, as interações espaciais constituem um horizonte complexo de

deslocamento de pessoas, mercadorias, capital e informação sobre o espaço geográfico,

Page 47: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

46

bem como “um produto social cujo papel através de interações espaciais articula a

sociedade no espaço garantindo a sua existência e reprodução” (CORRÊA, 1995, p.93).

Desde sua gênese, os estudos sobre redes urbanas tinham a necessidade de buscar

fatores que explicassem a distribuição espacial das cidades e no que implicava o

estabelecimento de uma hierarquia de um centro sobre os demais. Partindo sempre da idéia

de que as cidades se configuravam de forma hierárquica, os critérios para tal menção

basearam-se inicialmente naqueles em que o mercado é o mecanismo definidor através da

distribuição de bens e serviços (DRUCIAKI, 2009).

Recorrendo às contribuições formuladas por Christaller (1966), notamos que sua

teoria das localidades centrais é calcada na construção de um modelo que explica a

dinâmica e o comportamento dos centros urbanos. Tal proposta mostra que cada localidade

central, independente do grau de relevância na hierarquia urbana, apresenta uma influência

em seu entorno, que é exercida através da disponibilidade e oferta de bens e serviços. Foi

uma proposta de fundamental importância na medida em que não somente o mercado

estrutura a rede (DRUCIAKI, 2009), mas também os fluxos, os transportes e a indústria.

Os estudos de Christaller representam a forma clássica de abordagem

da rede urbana, e, com o surgimento da Geografia Crítica, os estudos

desta natureza passam a ter outras indagações, as quais começaram a

buscar nas questões a cerca da produção do espaço urbano, na sua

relação homem-natureza de forma dialética, apontamentos que

explicassem sob um outro viés como se estrutura uma rede urbana

(DRUCIAKI, 2009, p. 34).

De acordo com os pesquisadores do IPEA, et AL (2002),

Os geógrafos passaram então, a analisar as relações existentes entre

uma grande cidade, os centros urbanos de menor porte e as zonas

rurais, para demonstrar que, tanto no tempo como no espaço, as

relações entre cidade e região são, historicamente e geograficamente,

muito diferenciadas (IPEA, et al, 2002, p. 28).

Esse estudo procura complementar as palavras do IPEA (2002), onde temos por

objetivo analisar as relações e as diferenciações existentes entre as cidades de

Apucarana e Arapongas e, destas com a sua respectiva rede urbana.

Page 48: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

47

1.5. ALGUNS RECORTES ESPACIAIS E INSTITUCIONAIS

RELACIONADOS ÀS CIDADES ESTUDADAS E A REDE URBANA

Complementando a discussão da rede urbana e, sobretudo o último tópico

estabelecido por Fresca (2009) para compor as características da rede urbana do norte

do Paraná, elaboramos uma discussão que parte da identificação de uma determinada

rede, bem como dos recortes adotados pelos diversos estudos no que diz respeito à rede

urbana e à centralidade.

É de conhecimento que Apucarana e Arapongas estão em trâmite para

ingressarem na Região Metropolitana de Londrina. Londrina foi institucionalizada

como região metropolitana pela Lei Estadual Complementar Nº. 81 - 17/06/98,

acrescida pela Lei Estadual Complementar Nº. 91 - 05/06/2002, constituída pelos

municípios de Londrina, Cambé, Jataizinho, Ibiporã, Rolândia, Tamarana, Bela Vista do

Paraíso e Sertanópolis (RIBEIRO, 2007). Não discutiremos aqui os méritos e as

características para a classificação de Londrina metrópole como outros trabalhos já

tentaram. Tampouco discutiremos se as cidades de Apucarana e de Arapongas podem

ser incluídas de maneira satisfatória, no entanto é mais um recorte político que se

estabelece tendo como pressuposto o realce de algumas cidades em detrimento de

outras, influenciando, inclusive, na hierarquia das cidades em relação à rede urbana em

que se aloca. Essa discussão pode ser contemplada como um recorte espacial de análise

no estudo das cidades.

Um segundo recorte, esse, institucional, refere-se à delimitação das

mesorregiões pelo IBGE. Primeiramente, deve-se destacar que as regionalizações

paranaenses sempre estiveram ligadas as divisões regionais brasileiras. Isso se deu a

exemplo das regionalizações anteriores, propostas pelo IBGE, quando não eram feitas

através de modelos importados a fim de propiciar uma regionalização de acordo com os

interesses dos diversos agentes produtores do espaço regional, sobretudo aqueles que

dizem respeito às multinacionais inseridas no território nacional e estadual a partir da

década de 1970.

A proposta da criação das mesorregiões foi instituída pelo IBGE em 1989, sendo

que foi uma estratégia de planejamento territorial com o intuito de criar e intervir com

as ações necessárias para o desenvolvimento e sustentabilidade desses recortes

territoriais, constituindo uma delimitação político-administrativa. Segundo Mendes

Page 49: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

48

(1996, p.14) apud IBGE (1989), a definição da proposta da criação das mesorregiões se

define como:

Uma área individualizada, em uma Unidade da Federação, que

apresente formas de organização do espaço definidas pelas seguintes

dimensões: o processo social, como determinante, o quadro natural,

como condicionante e, a rede de comunicação e de lugares, como

elementos de articulação espacial. Estas três dimensões deverão

possibilitar que o espaço delimitado como mesorregião tenha uma

identidade regional. Esta identidade é uma realidade construída

através do tempo pela sociedade que aí se formou.

Algumas dessas dimensões nos suscitam a pensar na rede urbana e a elaborar, a

partir desse pensamento, alguns questionamentos: Essa delimitação explica a rede

urbana? Estaria a rede urbana das cidades estudadas delimitadas espacialmente pelo

critério acima especificado? Ainda que sirva como instrumento de planejamento e seja

adotado em alguns mapeamentos desse trabalho para explicar algumas variáveis,

acreditamos que as respostas das perguntas são negativas.

Por isso recorremos a uma nova classificação, baseada em um estudo realizado

pelo próprio IBGE em parceria com o IPEA e outros órgãos institucionais, nomeado

REGIC, ou seja, região de influência das cidades, elaborado em 2007.

De acordo com o REGIC (2007), Apucarana apresenta hierarquia de

centralidade como Centro Sub-regional A e Arapongas, como Centro de Zona A, duas

categorias abaixo da primeira. Ambas são polarizadas por Londrina e a proximidade

com a capital regional as inserem na dinâmica da Região Metropolitana.

A partir desse estudo, estabelecemos que é um critério mais contundente para

explicar a cidade no contexto de sua rede urbana, assim como para atribuir níveis de

centralidade para as mesmas, objeto também enfatizado nesse trabalho.

Outros recortes espaciais foram estabelecidos pelos autores, como da análise de

todo o norte do Paraná por Fresca (2009), por exemplo. Entretanto, dependendo da

análise que se propõe, a delimitação espacial tende a ampliar, sobretudo quando

relacionada à industrialização e a exportação dos produtos, tema a ser desenvolvido nos

capítulos posteriores, assim como a comparação entre as cidades no que tange à rede

urbana em que se inserem.

Page 50: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

49

CAPÍTULO 2

Page 51: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

50

2. O ESPAÇO URBANO: OS AGENTES SOCIAIS COMO DEFINIDORES

DA CENTRALIDADE INTRA E INTERURBANA

No contexto das ciências humanas, colocar a cidade como um objeto de estudo

significou um grande esforço e exigiu uma variedade de olhares, todos significativos

(TÖWS, 2009).

No Brasil, assim como em outros países, temos a tradição em pensar e em

analisar a cidade e a questão urbana (TÖWS, 2009). Quando estudamos as dinâmicas

que se territorializam e que se expressam no espaço urbano, logo percebemos que se

pode fazer diferentes leituras desses, seja por meio de uma descrição de suas

características, seus dados sócio-econômicos e formas, seja uma análise cultural de seus

costumes ou partindo das políticas adotadas para o desenvolvimento de um centro

urbano, uma cidade, um bairro, uma via, dentre outras (MACHADO e MENDES,

2006).

Partindo da assertiva de que são muitas as possibilidades de se estudar a cidade,

que se constitui como sinônimo de espaço urbano, adota-se a pergunta realizada por

Corrêa (1999): O que é o espaço urbano?

Para o autor, o espaço de uma grande cidade capitalista constitui-se no conjunto

de usos da terra justapostos entre si.

Tais usos definem áreas, como o centro da cidade, local de

concentração das atividades comerciais, de serviços e de gestão, áreas

industriais, áreas residenciais distintas em termos de forma e conteúdo

social, de lazer e, entre outras, aquelas reservadas para futura

expansão (CORRÊA, 1999, p. 7).

O autor trata desses diferentes usos da terra como complexos que, em realidade,

é a organização espacial da cidade ou simplesmente o espaço urbano (CORRÊA, 1999).

Rolnik (1995), outra autora que trata do conceito, alega que,

O espaço urbano deixou assim de se restringir a um conjunto denso e

definido de edificações para significar, de maneira mais ampla, a

predominância da cidade sobre o campo. Periferias, subúrbios,

distritos industriais, estradas e vias expressas recobrem e absorvem

zonas agrícolas num movimento incessante de urbanização (ROLNIK,

1995, p.12).

Page 52: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

51

Há, evidentemente, de acordo com Mendes (1989) uma expansão do espaço

urbano sobre o campo, sendo a cidade, um espaço em constante transformação em

proporções mais significativas que no campo (rural),

pelo ritmo acelerado em que tem crescido nos países

subdesenvolvidos, principalmente nas três últimas décadas e os níveis

de concentração populacional que tem atingido gerando uma série

muito grande de dificuldades a serem superadas. Esse processo de

transformação traduz-se em constantes modificações na estrutura

interna da cidade, seja pela modificação do solo devido ao

crescimento territorial, ou pela distribuição dos novos atributos

locacionais no processo de constante reestruturação da cidade

(MENDES, 1989).

Entendendo o predomínio da cidade sobre o campo e, em uma análise sobre a

urbanização brasileira, rendendo-se à verdadeira inversão do local de moradia da

população do país, que era predominantemente rural e, de 1940 a 1980 se transformou

em urbana (SANTOS, 1993), a cidade passou a ser o local privilegiado para a

reprodução capitalista (FRESCA, 2009). Há, dessa forma, uma correlação entre a cidade

e o modo de vida da população, assim como as formas que essa população passou a

criar mecanismos de sobrevivência. Em outras palavras, há o privilégio das atividades

comerciais sobre as demais atividades no espaço urbano. “Desse modo entendemos que

a análise do comércio permite uma melhor compreensão do espaço urbano, na medida

em que esses são elementos articulados, inseparáveis historicamente” (ASALIN, 2008,

p.9).

As formas comerciais, conforme Lefebvre (1999), são antes de

qualquer coisa as formas sociais, pois são as relações sociais que

produzem as formações, ao mesmo tempo em que essas ensejam as

relações sociais. Ao analisar as formas comerciais, que são formas

espaciais históricas, se permite a verificação das diferenças presentes

no conjunto urbano, o entendimento das distinções que se delineiam,

entre espaços sociais (ASALIN, 2008, p.9).

Entre essas diferenças apontadas pelo autor, algumas são de fundamental

importância para a compreensão do que é o espaço urbano. Para Corrêa (1999), o

espaço urbano capitalista é fragmentado, articulado, reflexo e condicionante social,

conjunto de símbolos e campo de lutas.

Fragmentado, pois cada parte da cidade mantém relações com as demais partes,

em intensidade muito variável (CORRÊA, 1999). Há, evidentemente, espaços

diferenciados dentro da cidade, sobretudo subdividindo a cidade em classes sociais

Page 53: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

52

distintas e em tipos de usos diferenciados, como uso industrial, comercial, residencial,

entre outros, caracterizando a fragmentação da cidade.

Articulado, devido aos variados fluxos, de veículos e de pessoas, os

deslocamentos quotidianos, os deslocamentos menos frequentes (CORRÊA, 1999). “As

relações espaciais integram, ainda que diferentemente, as diversas partes da cidade,

unindo-as em um conjunto articulado cujo núcleo de articulação tem sido,

tradicionalmente, o centro da cidade” (CORRÊA, 1999, p.8).

O espaço urbano é reflexo e condicionante social, pois reflete tanto as ações que

se realizam no presente como as ações pretéritas, que deixam suas marcas impressas nas

formas espaciais, tendo o substrato capitalista, a segregação e a complexa estrutura

social sempre presente (CORRÊA, 1999). É também um conjunto de símbolos e campo

de lutas, onde as crenças, valores e mitos criados são projetados em forma de símbolos e

as reivindicações da população são expressas no espaço urbano capitalista.

Entendendo os diversos processos que estão presentes no espaço urbano, é

necessário, para a compreensão da totalidade e da produção e reprodução do espaço

urbano, o estudo dos agentes que produzem o espaço. Para Capel (1983) a cidade não

pertence a seus habitantes e não é modelada em função de seus interesses, mas de

acordo com os interesses de uma série de agentes: Os proprietários dos meios de

produção; os proprietários do solo; os promotores imobiliários e as empresas de

construção; os órgãos públicos.

Corrêa (1999) compartilha da opinião de Capel (1983) e define que os principais

agentes produtores do espaço urbano são: os proprietários dos meios de produção,

sobretudo os grandes industriais, os proprietários fundiários, os promotores

imobiliários, o Estado e os grupos sociais excluídos.

Para o entendimento dos objetivos dessa pesquisa, destaca-se os proprietários

dos meios de produção, pois transformam de maneira significativa o espaço urbano das

cidades capitalistas onde se instalam, pois são grandes consumidores do espaço

(CORRÊA, 1999). E também, o Estado, pois tem uma atuação complexa e variável,

mas que corresponde aos interesses da pesquisa conhecer um pouco das suas estratégias

e ações.

Page 54: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

53

2.1. OS PROPRIETÁRIOS DOS MEIOS DE PRODUÇÃO

Como uma das variáveis para o entendimento da centralidade das cidades

estudadas, é exatamente a indústria, faz-se necessário o entendimento das estratégias e

ações, além da importância dos proprietários dos meios de produção para a cidade

capitalista. Os proprietários dos meios de produção ou os grandes industriais, conforme

pondera Corrêa (1999) são os grandes consumidores do espaço. Historicamente foram

peças importantes para o desenvolvimento das cidades capitalistas, inclusive as

brasileiras, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e, mais tarde

Curitiba, dentre inúmeras outras que viram o crescimento industrial interferirem na

dinâmica das cidades, gerando grandes transformações nas mesmas.

No nível nacional, a expansão e a diversificação da produção industrial, após a

revolução de 1930 refletiram-se também na organização da indústria da construção

(MAUTNER, 1999). Esta teve, ao longo do processo de industrialização e de

urbanização no país, um papel importante na implementação de mudanças que afetaram

tanto a produção de mercadorias como a reprodução da força de trabalho (MAUTNER,

1999).

E até hoje abrange um largo espectro de formas de produção: da

capitalista à doméstica, em seus extremos, refletindo no seu

entrelaçamento as condições impostas pela forma peculiar da

reprodução expandida no país. Assim, como a tendência à

generalização da forma da mercadoria, criou ao longo da história

diferentes formas de trabalho assalariado, que induziu também a

produção de um espaço urbano desigual e fragmentado (MAUTNER,

1999, p. 248)

Ou seja, a industrialização das cidades e a forma como aconteceu, sempre sobre

o crivo de estratégias que viessem a satisfazer os seus interesses, favoreceu o mercado

da construção civil, pois, com o aumento dos postos de trabalho e a incessante busca por

um posto, a população nas cidades aumentavam, favorecendo e criando a necessidade

de se construir mais nas cidades, no entanto, essa produção era desigual e fragmentada.

Percebe-se uma grande relação entre a industrialização e a produção da cidade

pelos demais agentes. No Brasil, segundo Mautner (1999), a garantia da reprodução da

força de trabalho por meio da intervenção do Estado jamais foi colocada como

necessidade imediata para a acumulação de capital.

Page 55: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

54

O investimento sistemático em áreas da economia consideradas

estratégicas para o desenvolvimento econômico e o descaso para com

a reprodução da força de trabalho impediu uma leitura mais sutil de

formas de provisão habitacional dirigidas aos setores estratégicos da

força de trabalho necessária para a consolidação do desenvolvimento

econômico (MAUTNER, 1999, p.249).

Tendo “carta branca” do Estado, que se importava para o desenvolvimento

econômico, os proprietários dos meios de produção tiveram como empecilho a terra

urbana, pois a mesma tem um duplo papel: o de suporte físico e o de expressar

diferencialmente requisitos locacionais específicos às atividades (CORRÊA, 1999).

Essas relações, todavia, segundo o autor, são mais complexas.

A especulação fundiária, geradora do aumento do preço da terra, tem

duplo efeito sobre as suas atividades. De um lado onera os custos de

expansão na medida em que esta pressupõe terrenos amplos e baratos.

De outro, o aumento do preço dos imóveis, resultante do aumento do

preço da terra, atinge os salários mais elevados, os quais incidirão

sobre a taxa de lucro das grandes empresas, reduzindo-a (CORRÊA,

1999, p.14).

Como a especulação fundiária não é de interesse dos grandes industriais, então

esses travam conflitos com os proprietários fundiários, a fim de negociarem e atingirem

seus anseios. A necessidade de solo industrial abundante, que cumpra com as condições

de localização requeridas pelos industriais, ao mesmo tempo em que sejam baratas,

determina as estratégias das empresas, que se dirigem a evitar a especulação do solo

(CAPEL, 1983). Essas estratégias conduzem, inevitavelmente, a conflitos com os

proprietários fundiários (CAPEL, 1983), conforme já colocado. Conforme pondera

Corrêa (1999), no entanto, é importante considerar que os conflitos entre os

proprietários industriais e os proprietários fundiários não mais constituem algo absoluto

como no passado. Isto deve-se a:

(a) o desenvolvimento das contradições entre capital e trabalho torna

perigosa a abolição de qualquer forma de propriedade, entre elas a da

terra, pois isto poderia levar a que se demandasse a abolição da

propriedade capitalista;

(b) através da ideologia da casa própria, que inclui a terra, podem-se

minimizar as contradições entre capital e trabalho;

(c) a própria burguesia adquiriu terras, de modo que a propriedade

fundiária passou a ter significativo papel no processo de acumulação;

(d) a propriedade da terra é pré-requisito fundamental para a

construção civil que, por sua vez, desempenha papel extremamente

Page 56: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

55

importante no capitalismo, amortecendo áreas da atividade industrial;

e,

(e) a propriedade fundiária e seu controle pela classe dominante tem

ainda a função de permitir o controle do espaço através da segregação

residencial, cumprindo, portanto, um significativo papel na

organização do espaço (CORRÊA, 1999, p.15).

Nesse sentido Capel (1983) complementa que “las empresas industriales posen

la posibilidad – facilitada, además, por las fuertes interconexiones personales y

financeras existentes a veces entre los consejos de administración – de estabelecer

relaciones y asociaciones entre ellas com vistas a la adopción de decisiones conjuntas

que afectam a grandes espacios, promovendo de esta forma vastos procesos de

renovación (CAPEL, 1983, p. 93).

Os autores auxiliam na contribuição sobre as estratégias que esses agentes

utilizam através de parcerias e acordos com o Estado e também com os proprietários

fundiários, para a instalação das empresas e/ou indústrias em áreas locacionais

privilegiadas, dotadas de infra-estrutura, sobretudo viária, portuária e de fácil aquisição

de matéria prima. Em outras palavras, buscam a facilidade nos transportes, tanto da

matéria prima quanto do produto industrializado, buscam-se instalar em área providas

de infra-estruturas, na maioria implementadas pelo próprio Estado, além de benefícios

como isenção de impostos, proximidade de bairros operários, entre outros quesitos.

Exemplificando isto, pode-se citar a década de 1990, com as “guerras fiscais” entre os

estados brasileiros, na tentativa de atrair grandes indústrias nacionais e transnacionais

para seu território.

Quando essa indústria, instalada no passado, se vê envolvida fisicamente por

usos residenciais de status, verifica-se o fenômeno da relocalização industrial

(CORRÊA, 1999). A indústria, por meio dessa estratégia, ganha nova localização, onde

há a possibilidade de expansão e extrai elevada renda fundiária ao implantar um

loteamento nas antigas instalações (CORRÊA, 1999).

Pero las grandes empresas industriales, y junto a ellas ahora las des

servicios, contribuyen también a la organización des espacio urbano

por las opciones que adoptam sobre localización de sus sedes sociales,

y que contribuyen al mantenimiento y reforzamiento del centro urbano

(...) El prestígio de una localización dentro de un sector del espacio

urbano particularmente magnificado en la imagen que se posee de la

ciudad, y pleno de resonancias simbólicas, influye claramente en esta

localización, a la vez que refuerza este elemento funcional del espacio

urbano (CAPEL, 1983, p.95).

Page 57: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

56

Tendo o conhecimento das estratégias desse agente, importamos as

contribuições dos autores para a realidade dessa pesquisa. Arapongas, possui, na

industrialização, sobretudo no ramo moveleiro, a grande força econômica da cidade.

Apucarana tem prestígio em todo o Vale do Ivaí (região de abrangência), por ter a

atuação desses agentes estabelecidos na cidade.

Se a complexidade desses agentes nas cidades estudadas são diferenciadas, cabe

a pesquisa empírica decifrar. No entanto, há de ponderar que a atuação dos mesmos nas

cidades capitalistas se difere no tempo e no espaço, mas a essência de suas estratégias, a

constante necessidade de terra urbana para instalação e para expansão, bem como a

metamorfose que geram nas cidades após a instalação se repetem nas cidades

brasileiras, inclusive nas cidades estudadas, guardadas as escalas de abrangência. Desse

modo, a produção do espaço urbano capitalista é realizada também, dentre os agentes,

pelo Estado, que é um dos grandes responsáveis pela configuração das cidades (TÖWS,

2009).

Page 58: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

57

2.2. A PRODUÇÃO INDUSTRIAL NAS CIDADES, OS ARRANJOS

PRODUTIVOS LOCAIS E AS EXPORTAÇÕES

A cidade de Arapongas, nos últimos anos, sofreu grande impulso econômico,

como conseqüência do bem sucedido APL de móveis, tornando-se um dos principais

pólos moveleiros do país, e Apucarana se firmou como um pólo têxtil, por meio do APL

instituído.

Como o surgimento dos APLs possuem grande importância para o

desenvolvimento de ambas as cidades, é necessário o resgate de tal processo. No

entanto, como sistematizar o significado de APLs, tendo em vista o surgimento

espontâneo e a adoção política? Para uma resposta satisfatória, recorreu-se a diversos

autores que trabalham com as aglomerações produtivas.

Assim, as aglomerações produtivas atuais recebem diversas denominações em

função das diferentes estratégias organizacionais ou diferentes abordagens conceituais

(MORAES, 2006). Dentre os conceitos de aglomerações produtivas estudadas pelo

autor, destaca-se o Distrito Industrial Marshalliano e o cluster, que veremos a seguir:

Pyke, Becattini e Sengenberger (1990) definem distritos industriais

como: “um sistema produtivo local, caracterizado por um grande

número de firmas que são envolvidas em vários estágios, e em várias

vias, na produção de um produto homogêneo”. Um traço desse

conceito é ser composto, em sua maioria, por MPMEs (MORAES,

2006, p. 97).

Os atributos, segundo o autor, de um distrito industrial são:

a) proximidade geográfica;

b) governos regionais e municipais apoiadores;

c) especialização setorial;

d) competição entre as firmas baseada em inovação;

e) predominância de firmas de tamanhos pequeno e médio;

f) colaboração estreita entre as firmas;

g) identidade sócio-cultural que favorece a confiança, e

h) organizações de auto-ajuda ativas.

O referido autor ainda complementa que, embora existam controvérsias acerca

do conceito (PYKE, BECATTINI e SENGENBERGER, 1990), podemos abrigar

Page 59: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

58

debaixo desse guarda-chuva conceitual o „sistema produtivo territorial‟, a „estrutura

territorial local‟, o „ecossistema localizado‟, os „arranjos inovativos endógenos‟ e o

„sistema industrial localizado‟ (AMARAL FILHO, 2002). Os „distritos‟ da Terceira

Itália5 são exemplos desse conceito.

Já o modelo cluster pretende ser, segundo Amaral Filho (2002), uma síntese dos

conceitos anteriores, incorporando vários aspectos dos mesmos, e abrindo espaço

também, para as grandes empresas (MORAES, 2006). O autor, ao estudar Amaral Filho

(2002), citou o conceito de Rosenfeld: Cluster é “uma aglomeração de empresas;

(cluster) é uma concentração sobre um território geográfico delimitado de empresas

interdependentes, ligados entre elas por meios ativos de transações comerciais, de

diálogo e de comunicações que se beneficiam das mesmas oportunidades e enfrentam os

mesmos problemas”.

Através dos conceitos citados e também de trabalhos de campo sobre 26

aglomerações produtivas no Brasil, realizadas a partir de 1998, o Instituto de Economia

da UFRJ desenvolve notas conceituais sobre os APLs. Diversos pesquisadores

(ALBAGLI, 2003; AMARAL FILHO, 2002; TORRES, ALMEIDA e TATSCH, 2004,

AUN, CARVALHO e KROEFF, 2005; dentre outros) defendem o conceito

desenvolvido pela REDESIST6, citando os perigos, as limitações e dificuldades de se

fazer uma transposição das experiências e metodologias estrangeiras para a nossa

realidade (MORAES, 2005). Para o autor, o conceito APL, desenvolvido com base em

estudos sobre casos reais, disponibiliza aportes teóricos e metodologias que apontam

soluções de intervenções sociais em agrupamentos produtivos no sentido de viabilizar o

sucesso dos mesmos.

O conceito de APL é definido como “um conjunto de instituições que

conjuntamente e individualmente contribuem para o desenvolvimento e difusão de

tecnologias” (CASSIOLATO e LASTRES, 2003). Outra definição proposta pela

REDESIST é o que segue:

5 Existe uma farta bibliografia acerca do „fenômeno‟ Terceira Itália. Uma sugestão de leitura: Urani

André et al., Empresários e empregos nos novos territórios produtivos: o caso da Terceira Itália. Rio de

Janeiro, DP&A, 1999, onde encontramos uma série de abordagens sobre o tema. Ver também Hiratuka e

Garcia, 1998.

6 Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais (RedeSist).

Page 60: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

59

arranjos produtivos locais são aglomerações territoriais de agentes

econômicos, políticos e sociais - com foco em um conjunto específico

de atividades econômicas - que apresentam vínculos mesmo que

incipientes. Geralmente envolvem a participação e a interação de

empresas - que podem ser desde produtoras de bens e serviços finais

até fornecedoras de insumos e equipamentos, prestadoras de

consultoria e serviços, comercializadoras, clientes, entre outros – e

suas variadas formas de representação e associação. Incluem também

diversas outras instituições públicas e privadas voltadas para:

formação e capacitação de recursos humanos (como escolas técnicas e

universidades); pesquisa, desenvolvimento e engenharia; política,

promoção e financiamento.

A partir desses conceitos, situa-se os Arranjos Produtivos Locais validados na

Mesorregião Norte Central Paranaense (Quadro 1). Esses APLs foram instituídos

através de uma parcela de contribuição do poder público, que visa estratégias de

desenvolvimento urbano e regional. Com base nisso, destaca-se as peculiaridades da

formação e desenvolvimento de cada um desses APLs, buscando caracterizar a parcela

atribuída pelo Estado, tanto no nível municipal, como é verificado em Arapongas, como

no nível do governo do Estado, que, através de pesquisas, incentivos e organizações

institucionais, releva a importância de cada um desses APLs, que contribuem para o

desenvolvimento local, regional, estadual e, consequentemente, do país (TÖWS;

DRUCIAKI, 2008).

QUADRO 1: RELAÇÃO DOS APLS VALIDADOS, SEGUNDO FATORES RELEVANTES

(SOMENTE OS APLS DO NORTE CENTRAL PARANAENSE)

APLs LOCAL FATORES RELEVANTES

Confecções - Bonés Apucarana Governança Local Especialização de

produto (bonés)

Importância das

MPMEs*

Confecções Maringá Organização

institucional

regional/ estadual

(Sindvest/Vestpar)

Várias classes

industriais

relacionadas

Importância de

MPMEs

Móveis Arapongas Maior pólo

moveleiro do

Estado e de forte

expressão

nacional

Importância de

MPMEs

Potencial

Exportador

Software Londrina

Maringá

Atividade

Inovadora e

Prioritária

Transversalidade Importância da

produção estadual

no país

Fonte: SEPL, IPARDES, In TÖWS e DRUCIAKI, 2008.

* Micro, Pequena e Média Empresa

Em relação à realidade apucaranense, verificou-se que se tornou a “capital

nacional do boné” e conta, atualmente com cerca de 70 indústrias responsáveis por 60%

da produção brasileira de bonés, com cerca de 1,5 milhões de peças/mês. A produção

Page 61: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

60

nasceu a partir da ação de Jaime Ramos, produtor artesanal de chapeuzinhos e tiaras

vendidos nos estádios de futebol. Com a aceitação positiva do mercado, criou a Cotton‟s

Bonés Promocionais e passou a confeccionar bonés. Com o sucesso do negócio, outras

empresas foram criadas (FRESCA, 2004).

Em 1974 se iniciou a fabricação de bonés na cidade, a partir da produção

artesanal de bandanas e tiaras que eram comercializadas nas exposições, nas feiras

agropecuárias e no litoral do estado. No início de 1980, começaram a surgir as primeiras

empresas do segmento, entre elas a Faroli, a Cotton‟s, a Sementec e a Kep's. Entretanto,

não havia na região, os elos da cadeia produtiva de bonés e confecções. A dublagem de

tecidos era realizada em São Paulo, assim como a aquisição da matéria-prima e das

máquinas e equipamentos (IPARDES, 2005).

Em 1986 há o surgimento das primeiras empresas da cadeia produtiva de bonés,

entre elas a Dalplast, Showa e outras. Os empresários do setor de bonés reuniram-se em

torno de um objetivo comum: melhorar a qualidade e a produtividade das empresas do

segmento. Contrataram consultoria especializada nas áreas de qualidade, processo

produtivo, formação do preço e controle de custos. Dividiram a produção em células e

deram início ao processo de capacitação das costureiras do setor com o apoio do Senai

Apucarana. Através da cooperação, as empresas conseguiram melhorar a qualidade e a

produtividade da indústria de bonés. Surgiram os primeiros contratos promocionais em

nível nacional e internacional. Entre eles, cita-se o da Cofap, o da Arisco e de franquias

de filmes mundiais como o Jurassic Park. O fato marcante na formação do arranjo de

bonés, contudo, foi a celebração do contrato com o Banco Nacional. Através desse

contrato, o piloto Ayrton Senna tornou-se o primeiro garoto propaganda do setor, o que

contribuiu para a projeção da indústria de bonés de Apucarana na mídia nacional

(IPARDES, 2005).

O IPARDES (2005) relata ainda, que, no começo da década de 1990, a partir da

expansão da demanda nacional de bonés em promoção, houve um crescimento

desordenado do número de empresas do setor. Nesta fase, as empresas engajaram-se

numa competição via preços que afetou a rentabilidade e a lucratividade, na razão direta

do crescimento da concorrência interna. A estratégia de diferenciação utilizada pelas

empresas foi buscar agregar valor ao boné, com a finalidade de manter e/ou ampliar o

market share. Entre 1994 e 1996, dois fatos importantes marcaram a mudança de

paradigma na fabricação de bonés em Apucarana: a importação de máquinas de bordado

Page 62: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

61

computadorizado e o surgimento na região de empresas distribuidoras de matérias-

primas (Dalplast, Dicatex, Boneon, Paranatex e Conviex) e fornecedores de máquinas e

equipamentos, tais como: Taicry e M.A.B. Fortuna, entre outras. Teve início uma nova

geração de bonés: a indústria de bonés bordados, com maior valor agregado e

diferencial competitivo. As empresas do segmento investiram pesadamente em

Marketing e Apucarana conquistou um espaço importante na mídia televisiva, sendo

conhecida como a 'Capital do Boné', em referência à produção de um dos brindes mais

utilizados pelas empresas no país.

A partir do ano 1997, houve iniciativas do escritório regional do Sebrae em

Apucarana, através do desenvolvimento de ações de articulação, estimulando a

cooperação, interação e aprendizagem. A primeira iniciativa foi à constituição, com 13

empresas, da Associação Brasileira dos Fabricantes de Bonés de Qualidade

(ABRAFAB‟Q), onde foi elaborado e realizado um projeto de exportação com o apoio

da APEX; certificação ISO 9000 e central de compras. A segunda iniciativa consistiu na

implantação da Associação das Indústrias de Bonés e Brindes de Apucarana

(ASSIBBRA), formada por 17 empresas. Um dos principais objetivos da ASSIBBRA

foi operacionalizar uma central de compras; formar estoques reguladores e produzir, de

forma conjunta, os insumos para a montagem de bonés (IPARDES, 2005).

Aponta-se também o grande contingente de pessoal envolvido com a produção e

comercialização de bonés, que, segundo o IPARDES (2005), só de postos de trabalho

formal, em 2003, trabalhavam 4.659 pessoas no setor. Inserindo os trabalhadores

informais, tem-se a quantia de 9.912 trabalhadores diretamente relacionados ao Arranjo

Produtivo Local de Bonés7.

A produção de bonés, uniformes e confecções em Apucarana é um dos

principais segmentos econômicos de desenvolvimento da cidade, com influência em

toda a economia da cidade. Atrelado a isso e, juntamente com o capital agroindustrial de

todo o Vale do Ivaí, houve a aplicação na produção da verticalização da cidade (TÖWS

et al, 2008).

Além da produção de bonés, da indústria alimentícia e do ramo agroindustrial

regional, Apucarana conta com um ambiente industrial e tecnológico com os seguintes

7 O Arranjo Produtivo Local de Bonés não se restringe somente à cidade de Apucarana, mas a toda a APL

(Apucarana e Região), mas vale considerar que em Apucarana concentra a maior parte desse segmento.

Page 63: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

62

segmentos: Instituições Públicas Ensino Superior: FECEA-Apucarana; Instituições

Privadas Ensino Superior: FAP–Apucarana; Profissionalizante e Extensionismo: Senai

Apucarana e Sebrae Apucarana; Entidades Patronais; Entidades de Trabalhadores;

Assessoria em Gestão Empresarial; Contabilidade e Auditoria; Processamento de Dados

e Publicidade (IPARDES, 2004). Essas e outras instituições compreendem o Ambiente

Industrial e Tecnológico da Região Apucarana - Ivaiporã (Mapa 4).

Page 64: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

63

NORTE CENTRAL PARANAENSE

LEGENDA

ÁREA DE INFLUÊNCIA DA REGIÃO APUCARANA-IVAIPORÃ

MUNICÍPIO DE APUCARANA

MUNICÍPIOS DO COMPLEXO URBANO LONDRINA-MARINGÁ

DEMAIS MUNICÍPIOS DO NORTE CENTRAL PARANAENSE

ÁREA URBANA

EIXO RODOVIÁRIO DO COMPLEXO URBANO LONDRINA-MARINGÁ

1

2

3

4

1 - APUCARANA2 - BOM SUCESSO3 - BORRAZÓPOLIS4 - CALIFORNIA5 - CANDIDO DE ABREU6 - FAXINAL7 - GRANDES RIOS8 - IVAIPORÃ9 - JANDAIA DO SUL10 - JARDIM ALEGRE11 - KALORÉ 12 - LIDIANÓPOLIS13 - MANOEL RIBAS14 - MARILÂNDIA DO SUL15 - MAUÁ DA SERRA16 - NOVA TEBAS17 - SÃO JOÃO DO IvAÍ18 - SÃO PEDRO DO IVAÍ

5

6

78

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

MAPA 4: AMBIENTE INDUSTRIAL E TECNOLÓGICO DA REGIÃO APUCARANA -

IVAIPORÃ8

Base: IPARDES/SEMA/ Própria Elaboração: TÖWS, R.L., 2008

8 Esse mapa foi produzido de acordo com tabela sobre o Ambiente Industrial e Tecnológico Apucarana-Ivaiporã. Os

municípios selecionados são somente os indicados como referência em algum indicador, ou seja, não se espacializou

toda a APL de Apucarana.

Page 65: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

64

Como o desenvolvimento de outras atividades na cidade também é relevante,

para a pertinente análise que se realiza, buscou-se informações sobre os números

relativos a essas exportações realizadas pela cidade.

TABELA 2: PRINCIPAIS PRODUTOS, VALORES E PERCENTUAIS DE EXPORTAÇÃO DE

APUCARANA EM RELAÇÃO AO PARANÁ E AO BRASIL, EM 20089

2008 (US$ F.O.B.)

PRODUTO EXPORTADO Apucarana PR % Brasil %

FARINHA DE MILHO 15.728.921 15.987.141 98% 22.991.870 68,41%

GRÃOS DE MILHO, DESCASCADOS, EM

PEROLAS, CORTADOS, ETC. 5.954.689 6.140.749 97% 8.337.138 71,42%

OLEO DE MILHO, EM BRUTO 9.331.720 14.636.604 64% 38.551.750 24,21%

GRUMOS E SEMOLAS, DE MILHO 6.055.385 8.626.887 70% 10.048.784 60,26%

OUTS. COUROS/PELES, BOVINOS,

PREPARADOS 7.744.663 - - - -

OUTS. CALÇADOS DE COURO NATURAL,

C/BIQUEIRA PROT. DE METAL 3.869.810 6.568.399 59% 9.532.380 40,60%

OUTS. COURO BOVINOS, INCL. BUFALOS,

CORTADOS, ETC. 8.355.387 - - - -

OUTS. COUROS/PELES, BOVINOS, INCL.

BUFALOS, UMIDOS 248.655 7.791.165 3% 159.190.942 0,16%

OUTS. COUROS BOVINOS, INCL. BUFALOS,

DIVD. UMID. PENA FLOR 1.959.266 16.632.119 12% 160.934.139 1,22%

CARNES DE CAVALO, ASININO E MUAR,

FERSCAS, REFRIG. OU CONG. 5.357.880 13.209.692 41% 27.741.740 19,31%

OLEO DE SOJA, REFINADO, EM

RECIPIENTES COM CAP. - 5L 3.888.513 10.015.874 39% 96.228.816 4,04%

Fonte: MDIC, 2008 Elaboração Própria

Percebe-se que, mesmo tendo significativa importância para a cidade o título de

“capital do boné”, conforme dito e mesmo as atividades relacionadas a esse APL

gerarem para a cidade e para todo o vale do Ivaí emprego, renda, trabalho, entre outros

fatores, percebe-se que os produtos de exportação mais significativos estão relacionados

com a produção alimentícia e de couros, inclusive a produção da farinha de milho

corresponder a 98% da exportação do estado do Paraná e aproximadamente 70% de

toda a exportação nacional, com um crescimento considerável nos últimos anos. Assim,

verifica-se que Apucarana é diversificada em termos industriais.

Para comprovar essa constatação, realizou-se uma entrevista na empresa

Caramuru Alimentos, que é uma das grandes responsáveis pelo processamento

9 As tabelas dos anos anteriores estão em anexo. A análise total será possível após a qualificação.

Page 66: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

65

alimentício na cidade de Apucarana bem como na empresa Kowalski, também do ramo

alimentício.

A empresa Caramuru Alimentos foi fundada na cidade de Maringá no ano de

1964. Em 1970, houve uma transformação por incorporação da firma individual para

produtos alimentícios Caramuru. Já, no ano de 1971, a empresa abriu uma filial na

cidade de Apucarana e em 1973, houve a transferência da matriz para a cidade de

Apucarana. Com o crescimento da empresa, houve, em 1975 a abertura de uma nova

filial na cidade de Itumbiara (GO). As décadas de 1980 e 1990 foram fundamentais para

o Grupo firmar sua presença, aproximando-se do setor rural, com 52 armazéns gerais

distribuídos pelos estados de Goiás, Mato Grosso e Paraná. Com a expansão das

atividades, a empresa lançou, em 1983, a marca Sinhá e, em 1986, na filial de Goiás, a

abertura das fábricas de óleo degomado, farelo de soja e pré-cozidos de milho, além da

unidade administrativa (CARAMURU, 2009).

Em 1995, a empresa implantou a indústria de óleo de soja em São Simão (GO),

voltada para a produção de farelo de soja, pioneira na região em capacidade de co-

geração de energia, tendo a sua produção escoada pela hidrovia Tietê-Paraná. Entre

outras inaugurações e aquisições, a empresa adquiriu locomotivas, e foi integrada ao

Programa Nacional de Produção e Uso do Biodíesel (PNPB) com o objetivo de agregar

valor e diversificar a produção (CARAMURU, 2009).

De fato, a empresa trabalha com produtos de consumo (Figura 6), no segmento

animal, no segmento industrial, em commodities e também na área do biodíesel,

constituindo-se assim, em uma empresa com múltiplas atividades.

Atualmente a empresa vende seus produtos para os estados do Paraná,

propriamente dito, para o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais,

Rio de Janeiro e Espírito Santo, e exporta para a França, a Angola e as Ilhas Cabo

Verde, totalizando 27% da sua produção (Mapa 5). Comprova-se dessa forma, o que

Santos (1987) dizia sobre a instalação dos grandes industriais na cidade em que as

formas flexíveis de produção, além de impor mudanças na própria estrutura interna das

cidades, coloca-as cidades em uma rede de relações entre cidades. Acrescenta-se que

essas relações não respeitam fronteiras e barreiras administrativas.

Sinalizando para a perspectiva de continuidade da pesquisa nesse tema, abordou-

se rapidamente, através dos dados do Ministério do Desenvolvimento da Indústria e

Page 67: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

66

Comércio Exterior, de 2008, as informações de todas as exportações de Apucarana para

os diversos países, além dos valores dessas exportações. Assim, verificou-se que o

principal país comprador de produtos industriais de Apucarana é Angola, seguido de

Coréia do Sul e Hong Kong (Mapa 6).

FIGURA 6: PRODUTOS DESENVOLVIDOS PELA CARAMURU ALIMENTOS

Page 68: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

67

0 400 800 Km

N

Escala

Fonte: Pesquisa Empírica realizada em 2009Base Cartográfica: IBGE, 2007Elaboração e Confecção: ARANDA, L.; TÖWS, R.L., 2009

Apucarana

ANGOLA

FRANÇACABO VERDE

MERCADO EXTERNO

MAPA 5: DESTINOS NACIONAL E INTERNACIONAL DAS VENDAS DA EMPRESA CARAMURU ALIMENTOS NO ANO DE 2008

Page 69: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

68

LEGENDA (EM US$ 1.000)

De 147 a 1.000De 1.000 a 2.000De 2.000 a 3.000De 3.000 a 4.000

De 4.000 a 5.000

6.834

7.201

24.395

Apucarana

0° 60°60° 120°120° 180°180°

30°

30°

60°

90°

90°

60°

ESCALA 1:200.000.000

PROJEÇÃO DE ROBINSON

1000 2000 km0

N

CHINA

INDONÉSIA

COSTA DO MARFIM

COLÔMBIA

NOVA ZELÂNDIA

C. VERDE

CAMARÕES

ARÁBIASAUDITA

PANAMÁ

EUA ESPANHA

VIETNÃ

CHILE

CUBA

TUNÍSIA

AFRICA DO SUL

VENEZUELA

TURQUIA

HOLANDA

ARGENTINA

JAPÃOGEÓRGIA

QUÊNIA

FRANÇA

PARAGUAI

URUGUAI

ITÁLIA

HONG KONG

CORÉIA DO SUL

ANGOLA

BASE CARTOGRÁFICA: IBGE, 2005FONTE DOS DADOS: MINISTÉRIO DO DESELVOLVIMENTOINDÚSTRIA E COMÉRICO EXTERIOR, 2009ELABORAÇÃO: ARANDA, L.; TÖWS, R.L., 2009

MAPA 6: EXPORTAÇÕES INDUSTRIAIS DE APUCARANA NO ANO DE 2008

Page 70: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

69

A Empresa Kowalski Alimentos inicia suas atividades na área de

comercialização de cereais em 1935, na cidade de Curitiba, com sócio Fundador

Nicolau Kowalski. Em 1952, visualizando a força do interior e a proximidade com os

produtores, abre uma filial em Apucarana no norte do Paraná, onde consolida seu nome

expandindo a atuação para todo o Brasil. Em 1974, redireciona seus investimentos para

equipamentos e tecnologias, inicia sua atividade na área de industrialização de produtos

de milho, selecionando os melhores grãos, atendendo às exigências dos padrões

industriais do mercado consumidor. Em 1986, inaugura na cidade de Rio Verde, Goiás,

uma unidade armazenadora de cereais e posteriormente uma de industrialização de

milho. Em 1993, na unidade de Apucarana, é inaugurada a indústria de óleo. Em 1995,

inicia suas atividades no setor de rações e alimentos para pequenos animais. Em 2002,

aumenta seus investimentos no setor de Alimentos para Pequenos Animais com a

instalação de uma moderna unidade fabril em Apucarana. Em 2003, moderniza os

equipamentos da degerminação e moagem e aumenta a capacidade de produção na

unidade de Rio Verde. Em Apucarana é iniciada a instalação de uma planta para

degerminação semi úmida (KOWALSKI, 2010).

Dentre os produtos fabricados pela empresa, destacamos o fubá, a canjica, grits,

óleo de milho, farelo de gérmen de milho e rações para cães e gatos. Os principais

destinos dos produtos dentro do país são os estados do Sudeste (São Paulo e Minas

Gerais, principalmente), no entanto há o alcance em quase todos os estados do país

(Quadro 2).

Já as vendas externas, ou seja, as exportações têm como principais destinos os

Estados Unidos (42% das exportações), Angola (30%), Coréia (20%) e Uruguai (8%).

QUADRO 2: DESTINO DE VENDAS DOS PRODUTOS DA EMPRESA KOWALSKI POR

ESTADOS E REGIÕES (2010)

Região Sul Sudeste Centro Oeste Nordeste Norte

PR: 23,65% SP: 24,85% MS: 0,92% AL: 0,51% AM: 0,33%

SC: 4,62% RJ: 2,57% MT: 0,52% BA: 2,08% PA: 0,24%

RS: 7,10% MG: 9,01% GO: 2,83% CE: 1,56%

ES: 0,96% DF: 0,52% PB: 1,18%

RN: 1,01%

MA: 0,45%

PE: 0,32%

PI: 0,09%

SE: 0,61% Fonte: Pesquisa Empírica, 2010.

Page 71: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

70

Em Arapongas o processo foi diferenciado no que tange ao tipo de matéria para

produção industrial. Enquanto a anterior se desenvolveu no ramo de confecções e de

alimentos, principalmente, mas em uma configuração de mais variedades produtivas,

Arapongas tem como virtude a criação de um parque industrial moveleiro.

O desenvolvimento econômico da cidade se deu com a criação do parque

industrial, na década de 1960, identificando e confirmando a teoria de que a inserção

industrial nas cidades transforma o espaço urbano (Corrêa, 1999). Com a crise do setor

produtivo do café, determinado pelo fator climático principalmente, os negócios

imobiliários na cidade pararam, sobretudo na área rural em que, anteriormente, eram

intensos. Com a decadência no setor, houve a necessidade da criação do parque

industrial, idealizado pelo prefeito vigente no período, Sr. Grassano (ARAPONGAS,

2007). O IPARDES coloca que,

O parque industrial de móveis de Arapongas surgiu em 1966, por

meio de incentivos da Prefeitura Municipal pela Lei n.º 654, que

fomentou a implantação de novas indústrias e a ampliação das

existentes, mediante a doação de terrenos e a concessão de isenção de

impostos municipais. O objetivo dessa política pública era o de

promover a atividade industrial e diversificar a economia do

município, que era dependente da agricultura, particularmente da

cultura do café (2006, p. 09).

Os primeiros imóveis para tal foram adquiridos/ construídos às margens da

Rodovia BR-369. Foram fixadas as primeiras empresas no ramo moveleiro, começando

com a MOVAL, seguida pelas demais. Outras empresas de outros segmentos que se

instalaram inicialmente devem ser destacadas, como a PENNACHI, PRODASA e

PRODUTOS a GOSTO, e a transferência da NORTOX de Apucarana10

.

Essa rodovia se tornou a principal referência para a instalação desse segmento

econômico da cidade até os dias atuais (Figura 7).

10 Baseado no Guia Cultural de Arapongas – Depoimento de Dr. José Colombino Grassano no Livro “Plantando

Chaminés” – de Naici Vasconcelos de Souza – em 1998.

Page 72: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

71

FIGURA 7: INDUSTRIALIZAÇÃO AO LONGO DA RODOVIA BR -369 Fonte: GoogleEarth, 2008

Entretanto, até meados dos anos 70 a economia do município estava

baseada na agropecuária, particularmente na extração de madeira,

criação de gado e plantações de café. Após a grande geada de 1975,

que destruiu a maior parte dos cafezais, o Município de Arapongas,

como os demais da região, sofreu uma reestruturação da atividade

econômica local, passando a focar seus esforços na atividade

moveleira. Em 1978 foi criada a Associação Profissional das

Indústrias da Serraria, Carpintaria, Madeiras Compensadas e

Laminadas e da Marcenaria (móveis de madeira) de Arapongas, ou

Associação dos Moveleiros de Arapongas. Em 1982, a Associação dos

Moveleiros de Arapongas transformou-se em sindicato das indústrias

de serrarias, carpintarias, tanoarias, madeiras compensadas e

laminadas, aglomerados e fibras de madeira e da marcenaria (móveis

de madeira), móveis e mobílias em geral, inclusive vime, junco e

tubulares (estruturas metálicas), além de vassouras e ainda cortinas,

cortinados e estofados de Arapongas, denominado Sindicato das

Indústrias de Móveis de Arapongas (SIMA) (IPARDES, 2006, p. 09).

Arapongas é reconhecida como uma das Capitais Moveleiras do país, setor de

grande importância no desenvolvimento dos setores econômicos da cidade. Com a

implantação dessas e de outras indústrias na cidade, ocorre um desenvolvimento urbano

com grandes transformações territoriais, tanto horizontais - com a criação de bairros,

loteamentos e o próprio Parque Industrial - como verticais, com a construção de

Page 73: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

72

edifícios. Através dessa especialização da industrialização na cidade, instituiu-se,

através de programas governamentais, o chamado Arranjo Produtivo Local de Móveis

de Arapongas – APL, com o intuito de especialização no setor e desenvolvimento

regional e local (TÖWS, 2008).

Corrêa (1999) aponta que a ação espacial dos proprietários industriais leva à

criação de amplas áreas fabris em setores distintos das áreas residenciais nobres da

cidade (TÖWS, 2009). “Deste modo a ação deles modela a cidade, produzindo seu

próprio espaço e interferindo decisivamente na localização de outros usos da terra”

(CORRÊA, 1999, p. 15).

Há que se pontuar que existe interferência dos proprietários dos meios de

produção no desenvolvimento urbano, como coloca Capel (1983, p. 89):

De lo que hemos expuesto sobre los factores del crescimiento urbano

puede deducirse el papel fundamental que desempeña la localización

de los médios de producción en la organización y evolución de la red

urbana. Pero la misma organización del tejido urbano se encuentra

afectada por las decisiones y las estratégias de los propietarios de los

médios de producción y, en general, de las grandes empresas

industriales y de sevicios.

O APL de móveis de Arapongas “saiu” do contexto intraurbano e se expandiu

para as cidades vizinhas, ou seja, empresas do segmento se instalaram nas cidades

próximas, que também estão atreladas ao suporte oferecido por Arapongas,

caracterizando um aglomerado de empresas, como colocado no conceito, um Arranjo

Produtivo. Os municípios que compreendem esse arranjo são: Arapongas, Apucarana,

Cambe, Rolândia e Sabáudia (Mapa 7).

Page 74: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

73

MAPA 7: APL DE MÓVEIS DE ARAPONGAS

Base: IPARDES/SEMA/ Própria Elaboração: TÖWS, R.L., 2008

É de interesse sinalizar que essa discussão tem por objetivo dar suporte e

comprovar a importância desse tipo de atividade para a cidade, tanto em termos de

desenvolvimento urbano, transformações na cidade, quanto na importância econômica e

de centralidade que configura para a localidade.

Page 75: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

74

NORTE CENTRAL PARANAENSE

LEGENDA

TERRITÓRIO DO SIMA

MUNICÍPIO DE ARAPONGAS

DEMAIS MUNICÍPIOS DO NORTE CENTRAL PARANAENSE

ÁREA URBANA

EIXO RODOVIÁRIO DO COMPLEXO URBANO LONDRINA-MARINGÁ

18

6 79

11

10 2

34

1 -ARAPONGAS2 - APUCARANA3 - CAMBÉ4 - ROLÂNDIA5 - SABÁUDIA6 - CAMBIRA7 - CALIFORNIA8 - LONDRINA9 - JANDAIA DO SUL10 - MARIALVA11 - MANDAGUARI

BASE: IPARDES/SEMA/PRÓPRIAELABORAÇÃO: ARANDA, L./TÖWS, R. L., 2009

5

Assim, para destacar a importância do setor, buscou-se informações no

Sindicado da Indústrias de Móveis de Arapongas. As informações, sobretudo os

números do setor, não se restringem somente à cidade de Arapongas, devido a

abrangência. Mas é necessário pontuar para entender a dinâmica do setor e a

representatividade do mesmo para Arapongas.

Como dito, é importante verificar que a base territorial do SIMA ultrapassa os

limites do APL de móveis de Arapongas, pois considera os seguintes municípios:

Arapongas, Apucarana, Califórnia, Cambé, Cambira, Jandaia do Sul, Londrina,

Mandaguari, Marialva, Rolândia e Sabáudia (Mapa 8).

MAPA 8: MUNICÍPIOS QUE COMPREENDEM O TERRITÓRIO DO SIMA, 2008.

Page 76: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

75

Pelo mapa (9) é possível perceber a expansão da centralidade somente pelo

quesito da união sindical dos empresários. Na verdade, os limites são bem maiores, se

consideradas as exportações (Tabela 3), como será sinalizada.

TABELA 3: NÚMEROS DO SETOR MOVELEIRO EM 2005

ANO 2005 ARAPONGAS

PÓLO

MOVELEIRO

NORTE PR

BRASIL

Número de

Funcionários 7.890 11.570 189.372

Faturamento Anual R$ 877 mi. R$ 1,4 bi. R$ 12,05 bi.

Exportação Anual US$ 48,8 mi. US$ 57 mi. US$ 990,42 mi. Fonte: SIMA, 2009.

Em Arapongas, os números são os seguintes: Eram 145 empresas no segmento,

com 7.890 funcionários (empregos diretos) e 2.350 funcionários (empregos indiretos),

em 2005. A grande diferenciação é que o setor representa aproximadamente 65% do

PIB do município de Arapongas, com um faturamento em 2005, de R$ 877 milhões e 48

milhões de exportação.

Reportando para o ano de 2007, os mapas 9 e 10 demonstram a distribuição do

emprego no setor no estado do Paraná e a distribuição dos estabelecimentos. Em 2007,

já se tinha 9685 funcionários e 157 empresas, demonstrando que há a expansão do setor.

O segmento é significativo na cidade e, como coloca TÖWS, et.al. (2009), há a

transformação no espaço urbano pelo capital industrial de Arapongas.

Esse capital refere-se ao industrial, por meio da instalação do Parque

Industrial de Arapongas, onde houve o desenvolvimento da indústria

moveleira, principalmente, acarretando à criação do Arranjo Produtivo

Local de Móveis de Arapongas (APL). Ela tem sua gênese atrelada ao

capital oriundo da agricultura, mas sofre grandes transformações com

a inserção do Parque Industrial. Os proprietários dos meios de

produção, conforme designados têm o importante papel no

desenvolvimento urbano, pois altera substancialmente a paisagem

urbana, tanto no local onde se instala, às margens da Rodovia PR-369,

quanto no desenvolvimento no espaço urbano, com retorno local

aplicado, também, na produção vertical (TÖWS, et.al., 2008, p. 37).

Page 77: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

76

MAPA 9: DISTRIBUIÇÃO DO EMPREGO DO SETOR NO ESTADO DO PARANÁ (2007),

COM DESTAQUE PARA ARAPONGAS Fonte: FIEP, 2008

MAPA 10: DISTRIBUIÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS DO SETOR NO ESTADO DO

PARANÁ (2007),COM DESTAQUE PARA ARAPONGAS Fonte: FIEP, 2008

Page 78: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

77

É possível observar, nas áreas onde existem os parques industriais, a expansão

da ocupação, sobretudo das classes sociais com menos poder aquisitivo, servindo de

mão de obra no setor moveleiro (Mapa 13). As transformações no espaço urbano

também são derivadas da atuação dos proprietários dos meios de produção.

Em relação às exportações (Tabela 4), de modo geral e não só do setor

moveleiro, através da pesquisa realizadas no Ministério do Desenvolvimento da

Indústria e Comércio Exterior, de 2008, adquirimos as informações de todas as

exportações de Arapongas para os diversos países, além dos valores dessas exportações.

Os maiores compradores de Arapongas são Hong Kong e Argentina (Mapa 12).

TABELA 4: PRINCIPAIS PRODUTOS, VALORES E PERCENTUAIS DE EXPORTAÇÃO DE

ARAPONGAS EM RELAÇÃO AO PARANÁ E AO BRASIL, EM 2008

2008 (US$ F.O.B.)

PRODUTO EXPORTADO Arapongas PR % Brasil %

MOVEIS DE MADEIRA P/QUARTOS DE

DORMIR 23.280.562 39.568.526 59% 289.531.719 8,04%

OUTROS MOVEIS DE MADEIRA 17.894.443 35.724.439 50% 297.342.085 6,02%

MOVEIS DE MADEIRA

P/COZINHAS 3.735.802 6.259.718 60% 53.870.981 6,93%

ASSENTOS ESTOFADOS,COM

ARMACAO DE MADEIRA 2.031.007 4.523.040 45% 63.512.899 3,20%

MOVEIS DE MADEIRA P/ESCRITORIOS 475.996 923.727 52% 24.614.235 1,93%

CARNES DE GALOS/GALINHAS,N/

CORTADAS EM PEDACOS,CONGEL. 2.345.487 679.163.051 0% 2.207.043.371 0,11%

PEDACOS E MIUDEZAS,COMEST.DE

GALOS/GALINHAS,CONGELADOS 10.072.812 872.460.468 1% 3.612.183.077 0,28%

TRIPAS DE BOVINOS,FRESCAS,REFRIG.

CONGEL.SALG.DEFUMADAS 5.442.060 7.952.935 68% 244.103.926 2,23%

OUTRAS MIUDEZAS COMESTIVEIS DE

BOVINO,CONGELADAS 4.809.274 9.530.416 50% 153.338.146 3,14%

ALIMENTOS PARA CAES E GATOS 1.188.611 1.543.273 77% 27.709.750 4,29%

BOMBONS,CARAMELOS,CONFEITOS E

PASTILHAS, SEM CACAU 1.459.738 7.632.605 19% 104.442.884 1,40%

Fonte: MDIC, 2008 Elaboração Própria

Devemos, no entanto, pontuar outras atividades importantes para a cidade, em

relação à indústria, que não se monopoliza somente pela atividade acima apresentada.

Arapongas também se destaca em outros setores, com menos ênfase do que o setor

moveleiro, mas que devem ser contempladas. Assim, entrevistamos a empresa Moinho

Arapongas S/A, do ramo alimentício.

Em 1963 começou a história do MOINHO ARAPONGAS com início da sua

construção, começando a produzir em 1964. Eram apenas 200 sacos de farinha por dia e

todo o trigo vindo direto da Argentina, pois o norte do Paraná era essencialmente de

cafeicultores, não existia trigo na região, mas com um potencial agrícola imensa para

Page 79: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

78

esse produto. O proprietário da empresa, com sua incrível capacidade de gerar negócios

e fazer amigos, conseguiu em parceria com órgãos especializados em trigo no sul, trazer

o trigo para o norte do Paraná (MOINHO ARAPONGAS, 2010) (Figura 8).

A empresa se especializou na fabricação de farinha de trigo e, mais

recentemente, de fubá e de massas alimentícias. Não produz para o mercado externo, no

entanto realiza vendas por diversos estados brasileiros das regiões Sul, Sudeste e

Centro-Oeste (Quadro 3 e Mapa 11).

QUADRO 3: DESTINO DE VENDAS DOS PRODUTOS DA EMPRESA MOINHO ARAPONGAS

S/A POR ESTADOS E REGIÕES (2010)

Região Sul Sudeste Centro Oeste

PR: 84,63% SP: 20% MS:0,35%

SC: 0,50% RJ:2% MT: 0,20%

RS:2% MG:5% GO: 1%

ES:0,50% Fonte: Pesquisa Empírica, 2010.

Em relação ao número de funcionários, a empresa possui 378 funcionários da

cidade, 05 de Apucarana, 07 de Rolândia, 01 de Sabáudia, 06 de Londrina, 08 de

Cambe, 06 de Maringá, 03 de Jandaia do Sul, 02 de Guarapuava, 03 de Cianorte e 02 de

Cornélio Procópio que, em sua maioria, sobretudo os que residem nas cidades mais

próximas, se deslocam diariamente para a realização do trabalho.

FIGURA 8: MOINHO DE TRIGO ARAPONGAS Fonte: www.moinhoarapongas.com.br

Page 80: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

79

0 400 800 Km

N

Escala

Fonte: Pesquisa Empírica realizada em 2010Base Cartográfica: IBGE, 2007Elaboração e Confecção: ARANDA, L.; TÖWS, R.L., 2010

Arapongas

MAPA 11: ESPACIALIZAÇÃO DAS VENDAS DA EMPRESA MOINHO ARAPONGAS S/A,

2010

Page 81: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

80

LEGENDA (EM US$ 1.000)

De 430 a 1.000De 1.000 a 2.000De 2.000 a 3.000De 3.000 a 4.000

De 4.000 a 5.000

De 5.000 a 7.000

8.393

9.042

12.313

Arapongas

0° 60°60° 120°120° 180°180°

30°

30°

60°

90°

90°

60°

ESCALA 1:200.000.000

PROJEÇÃO DE ROBINSON

1000 2000 km0

N

PANAMÁ

EUAESPANHA

CHILE

CUBA

TUNÍSIA

AFRICA DO SUL

VENEZUELA

ALEMANHA

ARGENTINA

JAPÃO

PARAGUAI

URUGUAI

HONG KONG

ANGOLA

BASE CARTOGRÁFICA: IBGE, 2005FONTE DOS DADOS: MINISTÉRIO DO DESELVOLVIMENTOINDÚSTRIA E COMÉRICO EXTERIOR, 2009ELABORAÇÃO: ARANDA, L.; TÖWS, R.L., 2009

EMIRADOSÁRABES

CASAQUISTÃO

EQUADOR

PERÚ

MÉXICO

NAMÍBIA

MOÇAMBIQUE

PORTUGAL

BOLÍVIA

C.RICA

HONDURASGUATEMALAEL SALVADOR

HAITI

MAPA 12: EXPORTAÇÕES INDUSTRIAIS DE ARAPONGAS NO ANO DE 2008

Page 82: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

81

2.3. O ESTADO CAPITALISTA E SEU PAPEL NA ORGANIZAÇÃO

ESPACIAL

É de real importância compreender o papel do Estado enquanto agente produtor

da cidade capitalista, pois o Estado atua na organização espacial do espaço urbano

capitalista. Se não é detentor dos meios de produção, viabiliza a inserção dos demais

agentes e favorece a entrada e a (re) produção do capital no espaço urbano.

Assim, conforme contribui Villaça (1999), o Estado brasileiro tem atuado sobre

as cidades de várias maneiras, instalando redes de abastecimento de água e de coleta de

esgotos; construindo avenidas, parques e casas populares; regulamentando a delimitação

de zonas urbanas, a abertura de loteamentos e a construção de edifícios pela iniciativa

privada, etc. Afetaram de forma significativa as cidades brasileiras, sobretudo as

grandes e médias, nos anos 1970 e 1980, no que tange às ações do governo federal nos

campos do saneamento, transporte e habitação. Cabe ressaltar, porém, que nas cidades

estudadas, em particular Arapongas, o Estado foi responsável pela criação do Parque

Industrial, que mais tarde atingiu a dimensão atual e tem uma configuração destacada na

paisagem urbana.

Para Corrêa (1999), o Estado atua como grande industrial, consumidor do espaço

e de localizações periféricas, proprietário fundiário e promotor imobiliário, “sem deixar

de ser também um agente de regulação do uso do solo e o alvo dos chamados

movimentos sociais urbanos” (CORRÊA, 1999, p. 24).

No entanto, é através da implantação de serviços públicos, como

sistema viário, calçamento, água, esgoto, iluminação, parques, coleta

de lixo, etc., interessantes tanto às empresas como à população em

geral, que a atuação do Estado se faz de modo mais corrente e

esperado. A elaboração de leis e normas vinculadas ao uso do solo (...)

constituem outro atributo do Estado no que se refere ao espaço urbano

(CORRÊA, 1999, p.24).

Além desses atributos, compete ao Estado algumas estratégias e ações, que o

autor acima citado interpreta como instrumentos que podem ser empregados em relação

ao espaço urbano. São os seguintes, entre outros:

a) direito de desapropriação e precedência na compra de terras;

b) regulamentação do uso do solo;

c) controle e limitação dos preços de terras;

Page 83: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

82

d) limitação da superfície da terra de que cada um pode se apropriar;

e) impostos fundiários e imobiliários que podem variar segundo a

dimensão do imóvel, uso da terra e localização;

f) taxação de terrenos livres, levando a uma utilização mais completa

do espaço urbano;

g) mobilização de reservas fundiárias públicas, afetando o preço da

terra e orientando espacialmente a ocupação do espaço;

h) investimento público na produção do espaço, através de obras de

drenagem, desmontes, aterros e implantação da infra-estrutura;

i) organização de mecanismos de credito à habitação;

j) pesquisas, operações-teste sobre materiais e procedimentos de

construção, bem como o controle de produção e do mercado deste

material (CORRÊA, 1999, P.25).

Ou seja, cabe ao Estado a interferência sobre o espaço urbano, onde o mesmo

detêm, ainda que diferenciando as classes sociais, poderes sobre o espaço através dos

instrumentos acima citados. Dessa maneira, é importante compreender seu papel, suas

estratégias e suas ações para compreender o espaço urbano de modo geral. É

importante, por excelência, sua interferência na localização das coisas, na viabilização e

na gestão de políticas para atração de investimentos do capital privado, sobretudo os

proprietários dos meios de produção, que geram emprego para a população, atraem

investimentos e rendas para a localidade, reforçam a centralidade e a importância do

espaço urbano no contexto em que se insere.

Mesmo demonstrando a importância do Estado e dos proprietários dos meios de

produção para a produção do espaço urbano, é necessário a (re)definição que a

centralidade sofre no transcorrer no tempo e ação dos agentes.

Page 84: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

83

MAPA 13: USO DO SOLO URBANO DA CIDADE DE ARAPONGAS, 2008 Fonte: Plano Diretor de Arapongas, 2008/ Adaptação: ARANDA, L., 2009

Page 85: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

84

2.4. A INFLUÊNCIA DOS AGENTES NA (RE)DEFINIÇÃO DA

CENTRALIDADE URBANA

A partir da consolidação do sistema capitalista de produção é que ocorreu a

propagação do processo de urbanização e a ampliação da divisão espacial nas cidades,

processos resultantes das mais variadas modificações espaciais e temporais com o

intuito de ampliar e acumular capital (ASALIN, 2008).

“(...) a centralidade é entendida enquanto processo, e o centro ou os centros

como expressão territorial” (SPÓSITO 1996, p. 4). A centralidade está relacionada aos

processos que se materializam em certos pontos da cidade, identificados pela densidade

dos fluxos e fluidez no território, permitindo a emergência de uma centralidade múltipla

e complexa, no lugar da centralidade principal (ASALIN, 2008). Esse processo está

atrelado às diversas formas de capital no espaço urbano, que se inserem para atrair a

população.

Corrêa (1995, p. 21) coloca que:

A centralidade de um núcleo [...] refere-se ao grau de importância a partir de

suas funções centrais: maior o número delas, maior a sua região de influência,

maior a população externa atendida pela localidade central, e maior a sua

centralidade.

Além disso, a centralidade de um núcleo na rede urbana pode modificar, ou seja,

pode aumentar ou diminuir:

A posição de cada centro na hierarquia urbana não é mais suficiente para

descrever e explicar a sua importância na rede de cidades. É necessário que se

considere suas especializações funcionais, sejam industriais ou vinculadas ao

serviço, muitos dos quais criados recentemente (CORREA, 1996, p. 99).

A centralidade urbana pode ser abordada em duas escalas territoriais: a

intraurbana e a da rede urbana (SPÓSITO, 1998). Este trabalho está vinculado à rede

urbana, que, segundo Asalin (2008, p.46),

a análise toma como referência a cidade ou aglomeração urbana principal em

relação ao conjunto de cidades de uma rede, essa, por sua vez, podendo ser vista

em diferentes escalas e formas de articulação e configuração, ao tornar

compreensível os papéis da cidade central.

No primeiro nível é possível enfocar as diferentes formas de expressão dessa

centralidade tomando como referência o cidadão ou da aglomeração urbana, a partir de

seu centro ou centros. No segundo nível, a análise toma como referência a cidade ou

Page 86: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

85

aglomeração urbana principal, em relação ao conjunto de cidade de uma rede, essa por

sua vez podendo ser vista em diferentes escalas e formas de articulação e configuração,

de maneira que se possa compreender os papéis da cidade central.

A análise da redefinição da centralidade das cidades ganha cada vez

mais relevância em função de quatro dinâmicas que marcam as

transformações em curso:

1. As novas localizações dos equipamentos comerciais e de serviços

concentrados e de grande porte determinam mudanças de impacto no

papel e na estrutura do centro principal ou tradicional, o que provoca

uma redefinição de centro, de periferia e da relação centro-periferia.

2. A rapidez das transformações econômicas que se expressam,

inclusive, através das formas flexíveis de produção impõem mudanças

na estruturação interna das cidades e na relação entre as cidades de

uma rede.

3. A redefinição da centralidade urbana não é um processo novo, mas

ganha novas dimensões, considerando-se o impacto das

transformações atuais e a sua ocorrência não apenas nas metrópoles e

cidades grandes, mas também em cidades de porte médio.

4. A difusão do uso do automóvel e o aumento da importância do lazer

e do tempo destinado ao consumo redefinem o cotidiano das pessoas e

a lógica da localização e do uso dos equipamentos comerciais e de

serviços (SANTOS, 1987, p. 28).

A densidade espacial das cidades, nódulos essenciais da urbanidade, toma

proporções nunca vistas, arrastando consigo novas dimensões na relação homem/meio.

A progressiva industrialização, fazendo por redefinir o arranjo espacial, estabelece a

dinâmica do fluxo migratório. No módulo do espaço urbano, a cidade cresce em

densidade absorvendo como demanda cada vez mais crescente a mão-de-obra e a força

de trabalho necessária.

Este é um processo, pode-se dizer clássico onde o mundo da manufatura torna-se

hegemônico. E nesta densidade acarretada, amplia-se a divisão social do trabalho, a

interdependência das atividades, portanto, não só a produção, mas também a circulação

tem sua geografia dilatada.

Com a evolução capitalista, a diferenciação das cidades acaba se enfatizando,

incluindo-se aí a hierarquia, o qual é tradicionalmente objeto de estudo das redes

urbanas. Sobre isso, Corrêa coloca que:

Todas as cidades são dotadas de funções centrais, isto é, atividades de

distribuição de bens e serviços para uma população externa, residente

Page 87: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

86

na região complementar (hinterlândia, área de mercado, região de

influência), em relação à qual a localidade central tem uma posição

central. A centralidade de um núcleo, por outro lado, refere-se ao seu

grau de importância a partir de suas funções centrais. (1994, p. 21).

É notável que através da reprodução da cidade se processa a centralidade, sendo

manifestada através das condições de atração, acessibilidade e mobilidade.

Por meio do conhecimento das formas de centralidade (intra e interurbana), é

possível identificar algumas variáveis para interpretação da lógica das cidades

estudadas. Ainda que na metodologia é realizado o “recorte” de dados para confirmar,

ou, pelo menos, para demonstrar, por meio das variáveis, a importância das cidades, é

de igual importância demonstrar algumas variáveis utilizadas por alguns autores que

estudaram as cidades da região para confirmar a centralidade, sobretudo interurbana,

dos espaços urbanos trabalhados em suas pesquisas.

Ribeiro (2007) trabalhou em suas pesquisas com as cidades de Londrina e de

Maringá sob o aspecto da centralidade. Para identificar a centralidade de ambas

cidades, o autor trabalhou com as interações espaciais como meio de avaliar as

características e padrões espaciais da rede urbana: estudou os deslocamentos e

comunicações correlatas, relacionadas às dinâmicas econômicas que são oriundas de

momentos históricos diferenciados e de capitais distintos, em escala e origem. Assim, o

autor fez uma breve análise dos fluxos materiais, sobretudo do transporte de passageiros

e de cargas, aéreo e rodoviário que envolvem as cidades de Londrina e de Maringá, para

uma mais precisa caracterização de suas relações interurbanas e diferentes

conectividades.

Asalin (2008) realizou pesquisas sobre a cidade de Maringá (PR) para identificar

a centralidade exercida pela cidade com uma única variável: o comércio atacadista de

confecções. Com base nos deslocamentos e nos fluxos dos compristas e dos guias, o

autor identificou a importância do setor para a cidade, assim como a centralidade

exercida pela cidade de Maringá em vários estados no Brasil, nesse quesito. O autor

ainda identificou a articulação existente entre os agentes comerciais e a construção civil

na cidade de Maringá, ou seja, uma intrínseca relação entre eles e a devida aplicação de

seus capitais.

Page 88: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

87

2.5. AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR COMO UMA DAS

VARIÁVEIS PARA DEFINIR A CENTRALIDADE DAS CIDADES

2.5.1. Características das IES de Apucarana

A instalação da Faculdade Estadual de Ciências Econômicas de Apucarana foi

uma luta do povo de Apucarana que através do deputado Jorge Amim Maia teve seus

anseios levados até Curitiba.

A Faculdade teve a autorização para funcionamento no Diário Oficial da União

no governo de Juscelino Kubitschek no dia 5 de julho de 1960, através do decreto n°

48.376.

Conta atualmente com os seguintes cursos de graduação: Administração,

Ciências Contábeis, Ciências Econômicas, Secretaria Executivo Trilíngue, Serviço

Social e Turismo.

Em 29 de novembro de 2006 foi autorizado o funcionamento da Universidade

Tecnológica Federal do Paraná – campus Apucarana através da Portaria MEC n°1.862.

Atualmente a UTFPR oferece o curso de Tecnologia em Design de Moda. Esta surgiu

através da expansão da Rede Federal de Educação Tecnológica.

A partir da década de 1990, houve em todo território brasileiro uma expansão do

ensino superior privado. Esta expansão do setor privado está baseado nas políticas

neoliberais (MOTA, 2007). Sendo assim, no ano de 1999, surge a primeira IES privada

de Apucarana, a Faculdade de Apucarana.

A Faculdade de Apucarana teve a autorização para o primeiro curso superior -

Sistemas de Informação, em 24 de junho de 1999. Além dessa graduação a instituição

oferece mais nove cursos: Administração, Ciências Biológicas, Direito, Enfermagem,

Fisioterapia, Matemática, Nutrição, Pedagogia e Turismo.

A Faculdade do Norte Novo de Apucarana teve o credenciamento concebido

através da Portaria MEC n.° 2.277 de 18 de outubro de 2001. Agronegócios, Direito,

Comunicação Social, Comércio Exterior, Design de Interiores, Marketing, Negócios

Imobiliários, Pedagogia e Recursos Humanos são os cursos oferecidos por essa

instituição.

Page 89: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

88

2.5.2. As IES como expressão da Centralidade em Apucarana

Como colocado anteriormente, comprova-se nesta parte do trabalho, uma

centralidade em Apucarana, exercida pelas IES. Como colocou Corrêa (1995), é

necessário que se considere suas especializações funcionais, sejam industriais ou

vinculadas ao serviço, muitos dos quais criados recentemente. Apucarana apresenta

como especialização funcional o segmento têxtil, voltado para a produção de bonés e

artigos de confecções, como uniformes. No entanto, como colocou também o autor, há

uma crescente e importância tendência às atividades de prestação de serviços, entre elas,

a educação. Nos últimos anos, Apucarana têm se destacado nesse segmento, de suma

importância na centralidade urbana.

Vale considerar, todavia, que Apucarana perde sobremaneira a centralidade para

Londrina e Maringá em vários segmentos, inclusive, na educação. Essa pesquisa,

porém, tem como pressuposto demonstrar que a mesma exerce uma grande influência

sobre todo o vale do Ivaí, mas não só, pois, como pode ser observado no mapa 14, há

alunos de várias regiões do Estado do Paraná, do Estado de São Paulo, de Minas Gerais,

do Mato Grosso do Sul e do Rio Grande do Sul.

A Faculdade de Ciências Econômicas de Apucarana é uma das instituições

públicas e a mais importante da cidade. Em 2008, estavam matriculados, 2322 alunos,

dos quais 831 são de Apucarana e os demais vêm de outras localidades, acima

mencionadas. Verifica-se que a maior parte dos alunos não residia em Apucarana,

principalmente os de outros estados e, percebe-se, uma grande mobilidade dos alunos

que residem na região. Comprova-se tal afirmação (Tabela 4) pelo número de

matriculados que residem em Arapongas, Rolândia, Cambé e Londrina que, somados,

ultrapassam o número de alunos de Apucarana, ou seja, 921 alunos, contra 831 de

Apucarana.

RELAÇÃO DE ESTUDANTES MATRICULADOS POR ESTADO

PARANÁ

LOCALIDADE FECEA FACNOPAR FAP UTFPR TOTAL

APUCARANA 831 270 835 26 1962

ANDIRÁ 1 1

ARAPONGAS 321 81 152 7 561

ASSAÍ 1 1

ASTORGA 29 1 30

BANDEIRANTES 1 1

BARBOSA FERRAZ 1 1

BELA VISTA DO PARAÍSO 1 1

BOM SUCESSO 7 4 8 19

BORRAZÓPOLIS 8 12 20

Page 90: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

89

CALIFÓRNIA 27 44 71

CAMBARÁ 1 1

CAMBÉ 100 5 1 106

CAMBIRA 30 9 24 1 64

CENTENÁRIO DO SUL 11 2 13

CIANORTE 1 1

CORNÉLIO PROCÓPIO 1 1

CRUZMALTINA 1 1

CURITIBA 1 1 2

FAXINAL 21 4 28 53

FLORESTÓPOLIS 6 6

GOIOERÊ 1 1

GRANDES RIOS 8 8

GUARACI 2 2

IBIPORÃ 10 1 11

ITAMBARACÁ 1 1

IVAIPORÃ 1 4 5

JAGUAPITÃ 10 4 14

JANDAIA DO SUL 73 7 31 1 112

JARDIM ALEGRE 3 9 12

JATAIZINHO 1 1

JUSSARA 1 1

KALORÉ 6 6 12

LIDIANÓPOLIS 2 2 4

LONDRINA 388 3 5 18 414

MANDAGUARI 84 14 1 99

MANOEL RIBAS 1 1

MARIALVA 6 6

MARILÂNDIA DO SUL 31 32 1 64

MARINGÁ 12 2 14

MARUMBI 9 2 2 13

MAUÁ DA SERRA 10 13 23

NOVA TEBAS 1 1

NOVO ITACOLOMI 3 1 17 21

ORTIGUEIRA 32 1 12 45

PARAÍSO DO NORTE 1 1

PARANAVAÍ 1 1

PITANGA 1 1 2

PITANGUEIRAS 6 4 10

PONTA GROSSA 1 1

PORECATU 25 1 3 29

PRADO FERREIRA 2 2

RIO BOM 10 11 1 22

ROLÂNDIA 112 1 13 1 127

ROSÁRIO DO IVAÍ 1 5 6

SABÁUDIA 14 2 2 18

SÂO JOÂO DO IVAÍ 10 2 9 21

SÃO MARTINHO 1 1

SÃO PEDRO DO IVAÍ 14 16 30

SIQUEIRA CAMPOS 1 1

TAMARANA 1 1

TELÊMACO BORBA 1 2 3

UMUARAMA 1 1 2

TOTAL 4079

SÃO PAULO

LOCALIDADE FECEA FACNOPAR FAP UTFPR TOTAL

AVARÉ 1 1

BAURU 2 2

Page 91: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

90

BIRIGUI 1 1

CAMPINAS 1 1

ESTRELA DO OESTE 1 1

IRAPURÚ 1 1

JACAREÍ 2 2

JALES 1 1

LORENA 1 1

MARÍLIA 1 1 2

OURINHOS 1 1

PALMITAL 1 1

PARAGUAÇU PAULISTA 3 3

PEDERNEIRAS 5 5

PRESIDENTE EPITÁCIO 1 1

PRESIDENTE PRUDENTE 2 2

PROMISSÂO 1 1

RANCHARIA 4 4

SANTA CRUZ DO RIO

PARDO 1 1

SOROCABA 1 1

TAQUARITUBA 2 2

TUPÂ 2 2

TOTAL 37

MINAS GERAIS

LOCALIDADE FECEA FACNOPAR FAP UTFPR TOTAL

VARGINHA 1 1

TOTAL 1

RIO GRANDE DO SUL

LOCALIDADE FECEA FACNOPAR FAP UTFPR TOTAL

ACEGUÁ 1 1

TOTAL 1

MATO GROSSO DO SUL

LOCALIDADE FECEA FACNOPAR FAP UTFPR TOTAL

TRÊS LAGOAS 1 1

TOTAL 1

TOTAL GERAL 2322 388 1345 64 4119

A UTFPR oferece o curso Tecnologia em Design de Moda. Um dos fatores da

implantação do curso é a grande demanda causada pela especialização do setor de

confecções em Apucarana. É uma tendência das cidades especializadas no Paraná, cita-

se como exemplo, a cidade de Cianorte, que, por ser a capital do vestuário, abriga o

curso superior de Moda, ofertado pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). No

caso da UTFPR, estavam matriculados 64 alunos no curso, dos quais, apenas 26 são de

Apucarana. É uma realidade que comprova que a maior parte dos estudantes é de outras

localidades, confirmando a mobilidade populacional, que causa um fluxo diário, pois a

maioria é das cidades circunvizinhas.

Na FAP, estavam matriculados em 2008, 1345 alunos, das mais diversas

localidades (Tabela 4). Destes, 835 são residentes em Apucarana e os demais, 510

alunos, eram provenientes de outras localidades. Já, na Facnopar, estão matriculados

388 alunos, dos quais 270 residem em Apucarana.

Page 92: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

91

MAPA 14: CIDADES DE ORIGEM DOS ESTUDANTES MATRICULADOS NAS IES DE

APUCARANA (PR) EM 2008

Page 93: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

92

Verifica-se que ocorre, nas IES privadas, o fenômeno inverso, ou seja, a maior

parte dos estudantes reside na cidade-sede da instituição. É elevado, entretanto, o

número de estudantes provenientes de outras localidades, por isso, a importância na

análise. É importante considerar que a grande maioria destes estudantes vem

diariamente a Apucarana, ou seja, realizam o movimento pendular. Ocorre esse fato, por

residirem próximos a Apucarana. No caso das IES públicas, os estudantes, em grande

parte, por essa centralidade, vêm a Apucarana e fixam residência, por tempo

determinado.

Comprova-se dessa maneira, o exposto por Corrêa (1995), que diz que a

centralidade de um núcleo também se refere ao grau de importância a partir de suas

funções centrais: maior o número delas, maior a sua região de influência, maior a

população externa atendida pela localidade central (Tabela 5), e maior a sua

centralidade, podendo-se afirmar os dois últimos fatores, para Apucarana.

TABELA 5: PERCENTUAL DE ALUNOS DE OUTRAS LOCALIDADES MATRICULADOS

NAS IES DE APUCARANA

TOTAL %

Nº DE ALUNOS DE

APUCARANA

1962 47,6

Nº DE ALUNOS DE OUTRAS

LOCALIDADES

2157 52,4

TOTAL 4119 100

Fonte: Pesquisa Empírica realizada em 06/2008

Page 94: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

93

2.5.3. Características das IES de Arapongas

Unopar é a única instituição de ensino superior de Arapongas. Possui

aproximadamente 2500 alunos, sendo que 35% são de Arapongas11

. A instituição é de

caráter privado, oferecendo em torno de nove cursos sendo enfermagem, direito,

química, marketing, medicina veterinária, administração de empresas, educação física,

letras e análise desenvolvimento de sistemas, não existente cursos relacionado à

engenharia, agronomia ou arquitetura (CREA, 2009).

Nos cursos em geral apresenta-se um índice baixo de concluintes, entre 13,50%

à 20,40%, tendo o ano de 2005 com o maior índice proporcional, como é possível

verificar no gráfico 1.

GRÁFICO 1: MATRÍCULAS E NÚMERO DE CONCLUÍDOS DO ENSINO SUPERIOR DE

ARAPONGAS

Fonte: CREA, 2009

O alto índice de desistência deve-se ao fato de a instituição ser privada,

contrapondo o que ocorre em Apucarana, com duas IES públicas. Ou seja, diversos

alunos tem dificuldades financeiras para conseguir pagar as mensalidades, gerando,

consequentemente, este grande índice.

No próximo capítulo, veremos alguns comparativos entre Apucarana e

Arapongas, relacionado, ao número de empregos, número de indústrias e relacionado à

hierarquia urbana.

11 A espacialização dos dados referentes à origem dos estudantes não foi possível, pois a instituição não divulgou essa

informação.

Page 95: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

94

CAPÍTULO 3

Page 96: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

95

3. ESTUDO COMPARATIVO: APUCARANA E ARAPONGAS

3.1. A PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO NAS CIDADES A PARTIR DAS

ESTRATÉGIAS DOS PROPRIETÁRIOS DOS MEIOS DE PRODUÇÃO E DO

ESTADO

Não se pretende nessa parte do trabalho evidenciar novamente os dados

referentes à produção industrial nem tampouco expressar as informações teóricas já

trabalhadas sobre os agentes. É oportuno apresentarmos as transformações que

ocorreram nas cidades a partir da atuação dos distintos agentes. Já temos ciência, como

nos dizia Capel (1983) que a cidade não pertence a seus habitantes, mas sim, aos

agentes que a produzem, que, por sua vez, dominam o setor da construção civil,

dominam as estratégias de ocupação e de produção do espaço e, sobretudo, possuem

conhecimento antecipado sobre o mercado de terras nas cidades. O Estado contribui de

maneira significativa para o processo de produção da cidade, na medida em que, como

nos alertava Corrêa (1995), possui ferramentas como, por exemplo, a legislação urbana,

sobretudo àquelas que alteram a configuração e a paisagem das cidades. Uma das leis

que o poder público regulamenta é a denominada Lei do Perímetro Urbano e, nessa,

temos que realizar algumas interferências.

Em Arapongas foi aprovada a nova Lei do Perímetro Urbano em 2008 (Mapa

15). A Lei tem como características o mapeamento dos limites da cidade e a subdivisão

nos seguintes itens: Área Urbanizada, Expansão Urbana Prioritária e Expansão Urbana

Secundária. Se analisarmos a dimensão da área urbanizada e da área de expansão urbana

prioritária, já temos um espaço significativo para ampliação, sem a real necessidade de

mais uma área, caracterizada pela expansão urbana secundária. Geralmente essas áreas

são definidas por conflitos entre os proprietários de terras e o Estado (RIBEIRO, 1997).

Acontece que é alarmante o tamanho da área aprovada para expansão. É perceptível

também uma proposta de continuidade da malha urbana margeando as rodovias. Isso

possibilita uma possibilidade de aumento considerável nos Parques Industriais.

Como ilustrado no capítulo que trata da urbanização, percebemos que o aumento

da cidade é conseqüência do aumento da industrialização, pois os novos bairros da

cidade são aprovados próximos a essas áreas industriais. Töws et al (2009) nos ilustra

que a cidade de Arapongas teve sua gênese atrelada ao capital oriundo da agricultura,

mas sofre grandes transformações com a inserção do Parque Industrial.

Page 97: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

96

MAPA 15: PERÍMETRO URBANO DE ARAPONGAS Fonte: ARAPONGAS, 2008

Page 98: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

97

Os proprietários dos meios de produção, conforme designados têm o

importante papel no desenvolvimento urbano, pois altera

substancialmente a paisagem urbana, tanto no local onde se instala, às

margens da Rodovia (...), quanto no desenvolvimento no espaço

urbano, com retorno local aplicado, também, na produção vertical

(TÖWS, et al, 2009, p. 37).

Ou seja, houve um direcionamento da urbanização atrelada à nova forma de

capital que passou a se desenvolver na cidade a partir da implementação do Parque

Industrial. Vale lembrar que a estratégia de criação do Parque foi iniciativa do Estado,

como já dito. O Estado (poder público) aprovou em 2008 a nova Lei de Zoneamento da

cidade, ampliando esse Parque Industrial inicialmente proposto12

. Na Lei de

Zoneamento, a localização industrial da cidade passou a ser subdivida em duas, a Zona

Industrial I e a Zona Industrial II.

As Zonas Industriais - ZIN destinam-se predominantemente ao

exercício das atividades industriais e de comércio e serviços

incômodos, nocivos ou perigosos. As zonas industriais subdividem-se

em:

I. ZIN1 - Zona de Indústrias não Poluitivas: destina-se à instalação de

indústrias, comércio e serviços não nocivos ou perigosos;

II. ZIN2 - Zona de Indústrias potencialmente poluitivas: destina-se à

instalação de indústrias, comércio e serviços potencialmente

incômodos, nocivos ou perigosos (ARAPONGAS, 2008).

De acordo com o mapa da distribuição das áreas industriais na cidade,

percebemos que a Zona Industrial I já está consolidada na cidade, ou seja, é contornada

por bairros urbanos. Já a Zona Industrial II é mais evidenciada fora da área urbana. O

que se nota é um exagero na área de expansão desse segundo Parque Industrial da

cidade, que atinge, inclusive, o limite municipal, em direção a Apucarana (Figura 9),

sendo esse, um dos processos que dão suporte para explicar a tendência de futura

conurbação contínua entre as duas cidades.

12 As diversas leis de zoneamento que são aprovadas sempre ampliaram as áreas industriais da cidade.

Page 99: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

98

FIGURA 9: INDÚSTRIAS DE ARAPONGAS NO LIMITE MUNICIPAL. Fonte: Skycrapercity, 2009

Em Apucarana temos uma conotação diferenciada ao analisarmos a atuação dos

agentes e sua direta interferência na produção do espaço. Primeiro, porque há uma

maior preocupação do poder público em relação à expansão, sobretudo pela cidade

apresentar características ambientais que interferem no processo de ocupação, tais como

declividades acentuadas e áreas de preservação permanente.

Com respeito à ocupação do solo, o modelo de assentamento vigente

apresenta aspectos preocupantes, com a diluição da população em um

quadro urbano exageradamente superdimensionado e que se traduz,

como já referido, em uma densidade de ocupação do solo bastante

rarefeita. Tal disfunção acarreta a fragmentação do tecido urbano e o

aumento nos custos sociais de urbanização, dificultando a implantação

de infra-estrutura por parte do Poder Público, o que penaliza

pecuniariamente toda a população da cidade e trabalha em sentido

contrário à elevação de seus padrões de qualidade de vida. A baixa

densidade demográfica média recomenda a redução da superfície do

perímetro legal, não só para adequá-lo ao crescimento esperado da

população, mas, igualmente, para submetê-lo às restrições de caráter

ambiental que se impõem à expansão do quadro urbano da Cidade

(APUCARANA, 2003, p. 19).

Page 100: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

99

Assim, percebemos uma nítida intenção em reduzir o perímetro, pois há, na

cidade, o que alguns sociólogos denominam de “urbanização em saltos”, fenômeno que

se apresenta quando aprova loteamentos distantes deixando áreas em especulação vazias

para futuras ocupações. Na verdade há critérios estipulados na Lei visando o controle e

a restrição do perímetro da cidade bem como o direcionamento da ocupação urbana.

(...) verifica-se o desajuste desse perímetro em relação às tendências

espontâneas de crescimento da Sede Municipal, estando ele muito

folgado em alguns de seus setores e já próximo da saturação em

outros, principalmente no quadrante leste. Paralelamente, constata-se

que os diversos usos presentes na malha urbana sofrem de

estruturação deficiente, causada pelos seccionamentos que os

inúmeros cursos d‟água, os dois ramais ferroviários e algumas

reservas florestais produzem na mesma, resultando em

descontinuidades na ocupação do solo que mantém bairros segregados

entre si e condena seus moradores ao isolamento social, além de

interrupções viárias que prejudicam a organização funcional da cidade

e a implantação de infra-estrutura, contribuindo, ambas, para rebaixar

a qualidade do seu espaço urbano (APUCARANA, 2003, p. 19).

De acordo com o Plano Diretor, a lei do perímetro urbano (Mapa 16) delimita as

zonas urbanas do município, estabelecendo a distinção entre as áreas urbanas e as rurais,

para efeitos tributários, fundiários e de gestão territorial. Segundo os ditames da

autonomia municipal, as primeiras ficam sob a competência institucional e tributária do

Município, enquanto as últimas inscrevem-se na esfera de competência da União quanto

aos aspectos fiscal e fundiário, colocando-se sob a égide de ambos os níveis de governo,

de forma compartilhada, para efeito de organização territorial. A lei municipal que

estabelece o perímetro urbano da Sede do Município de Apucarana é a Lei n.° 103/96

que contempla também os perímetros urbanos das sedes dos distritos de Pirapó, São

Pedro, Correia de Freitas e Vila Reis. As propostas para alteração dessa lei incluem,

dentre os pontos, o seguinte:

reduzir em 45,4% a área de 110,1km² do perímetro da sede municipal,

mantendo-o em torno de 60,1km² que, segundo se espera, deverá ser

suficiente para absorver a expansão urbana no futuro e, ao mesmo

tempo, assegurar a coesão, a funcionalidade e a economicidade da

malha urbana, com o necessário respeito às características do meio

ambiente ((APUCARANA, 2003, p. 56).

Diferente do que ocorre na maioria das cidades, inclusive na de Arapongas, com

a qual estamos comparando, em Apucarana há, efetivamente, políticas para a redução

do perímetro urbano, com as devidas preocupações acima discriminadas. Não podemos,

entretanto, esquecer que a cidade passou por um processo histórico de urbanização

Page 101: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

100

ligado inicialmente ao capital agrícola, na sequencia agroindustrial e, acompanhando o

movimento das iniciativas privadas, a inserção das atividades ligadas ao setor têxtil e

alimentar, conforme já apresentado no capítulo anterior. Dessa forma, tivemos uma

atuação significativa dos agentes ligados ao setor da indústria que, por sua vez, tiveram

participação na produção do espaço urbano apucaranense. Percebemos, ao analisar o

mapa 17, que, diferentemente de Arapongas, tivemos uma maior distribuição da

industrialização pela cidade e, o que se nota, é uma consonância com a atuação do poder

público e suas estratégias na aprovação de grandes loteamentos populares às margens

desses parques industriais.

A título de exemplo, tivemos a implementação do Núcleo Habitacional Dom

Romeu Alberti (Mapa 17) após a criação do Parque Industrial Zona Norte da cidade.

Percebemos, no entanto, que junto aos demais parques industriais, há a presença de

Núcleos Habitacionais criados antes ou depois da implementação do Parque Industrial.

A localização industrial, em consonância com a proximidade de bairros que ofertam a

mão-de-obra, confirma o que Corrêa (1999) afirmou: A indústria “desloca-se para áreas

mais amplas e baratas, com infra-estrutura produzida, em muitos casos, pelo Estado”

(CORRÊA, 1999, p. 15). O Estado reelabora o zoneamento com o pensamento de

facilitar a atuação dos agentes ligados ao setor secundário da economia. Para isso,

utilizam áreas onde há infraestrutura, como rodovias, por exemplo, e próximas aos

loteamentos habitacionais que ofertam a mão de obra solvável.

Desse modo, o mapa 17 demonstra também as zonas urbanas da cidade de

Apucarana delimitadas e aprovadas pelo Plano Diretor Municipal. Percebemos que a

cidade possui diversos Núcleos Habitacionais como resultado de estratégias do poder

público na produção do espaço urbano. Foi considerada como Zona Urbana Especial

todas as áreas relacionadas à esses núcleos. Outrossim, percebe-se que, na mesma Lei

de Zoneamento, as áreas consideradas como Zona Industrial, além de se situarem em

áreas com infraestrutura, como já salientado, estão muito próximas a esses núcleos.

Evidenciamos que tanto um (a indústria) quanto o outro (os núcleos habitacionais), por

estratégias de redução de custos, situam-se nas áreas periféricas da cidade.

Chamamos a atenção para o Parque Industrial Zona Norte, com indústrias ou

centros de distribuição de produtos industriais como a Perdigão, a Gás Butano, Rank

Pneus, dentre outras. É uma área em expansão de ocupação industrial que se direciona

para o limite de município com Arapongas, contribuindo para o pensamento da

Page 102: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

101

pesquisa, de uma futura conurbação contínua entre as cidades por intermédio de

estratégias ligadas aos proprietários dos meios de produção em consonância com a

atuação do poder público.

Entendemos que para compreender os movimentos relacionados à expansão das

cidades, é necessário que se realize estudos das estratégias e ações desses distintos

agentes, conforme nos propôs Corrêa (1999). São eles que direcionam o crescimento do

espaço urbano, por isso foram de fundamental importância na análise que comprova as

tendências de crescimento de ambas. Ainda que as variáveis definidas objetivem a

compreensão da centralidade das cidades e se, por meio dessa centralidade há a

influência da hierarquia na rede urbana, podemos expressar que a necessidade da análise

da produção industrial se fez fundamental, assim como nos propôs Fresca (2009).

Assim, para um melhor detalhamento da atividade industrial nas cidades, na

sequência, realizamos uma abordagem econômica, com o objetivo de demonstrar o

processo e a importância desse setor para as cidades elencadas. Diga-se de passagem,

que o exposto a seguir tem como ênfase tanto o setor secundário da economia, ou seja, a

produção industrial, quanto o terciário, sobretudo ligado aos serviços, com destaque

para as Instituições de Ensino Superior. Salientamos que a análise a seguir compreende

a comparação das cidades sob uma aproximação das variáveis.

Page 103: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

102

ÁREA URBANA CONSOLIDADA

ÁREA DE EXPANSÃO URBANA

LIMITE DO PERÍMETRO URBANO

VIAS DE CIRCULAÇÃO

ESTRADAS RURAIS

REDE HIDROGRÁFICA

DIVISAS

LEGENDA

DIVISAS DO DISTRITO

DELIMITAÇÃO DA DIVISA DO DISTRITO

MAPA 16: PERÍMETRO URBANO DE APUCARANA Fonte: APUCARANA, 2003

Page 104: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

103

MAPA 17: LEI DE ZONEAMENTO E DE OCUPAÇÃO DO SOLO DE APUCARANA COM DESTAQUE PARA OS PARQUES INDUSTRIAIS E PARA OS

NÚCLEOS HABITACIONAIS Fonte: APUCARANA, 2003/ Adaptação e Organização: ARANDA, 2010

Page 105: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

104

3.2. AS VARIÁVEIS DA PESQUISA E SUAS PARTICULARIDADES NAS

CIDADES ESTUDADAS

O entendimento dos agentes produtores do espaço nos dá subsídio para analisar

como a indústria e seus agentes se articulam na cidade capitalista, bem como sua

importância para o tema da pesquisa. Por isso, foram trabalhados detalhadamente para

sustentar o que se pretende expor. Assim, nesse tópico estudamos a industrialização das

cidades sob os aspectos do número de estabelecimentos e do número de empregos

formais gerados nas cidades em 2002 e 2008.

Para o entendimento da produção industrial em Apucarana e Arapongas é

necessário possuir os dados oficiais do número de indústrias e do número de

trabalhadores dos principais ramos industriais. Para a construção de parâmetros que

pudessem ser comparados, utilizamos os dados dos principais ramos industriais das

duas cidades bem como o número de indústrias e de empregos formais.

Em relação aos principais ramos industriais, classificamos nos seguintes: Têxtil,

vestuários e confecções agrupados, alimentícia e bebidas, couros e móveis, por

verificarmos que são ramos que apresentam números significativos nas duas cidades se

comparados com outros ramos. Os demais correspondem, juntos, a percentuais bem

menores como será demonstrado no decorrer dessa análise.

Em relação ao período, não estabelecemos um período fechado para análise de

todos os dados, tendo em vista a aquisição de dados diferenciados nas duas cidades,

com datas diferentes de aquisição e de levantamento dos mesmos. As informações

obtidas nos permitem, todavia, observar o processo de evolução tanto do número de

indústrias quanto do número de empregos formais. Dessa forma, foi possível relacionar

os ramos que atingiram desenvolvimento positivo e negativo.

Em 2002, a cidade de Apucarana possuía 573 indústrias. Desse total, 316

indústrias ligadas ao setor têxtil e do vestuário, o que representava mais de 55% do

total. Dentre as atividades mais representativas, destacavam-se, ainda, os setores de

alimentos e de bebidas, com aproximadamente 10% do número de indústrias na cidade.

Temos que destacar que essas atividades respondiam por mais da metade do número de

estabelecimentos industriais existentes na cidade (Tabela 07 e Gráfico 02).

Page 106: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

105

316

58

26 36

137

573

51 64

25

169

73

382

0

100

200

300

400

500

600

700

Têxtil/ vestuário/

confecções

Alimentícia e

bebidas

Couros Móveis Outros Total

Principais Ramos Industriais

mero

de I

nd

ústr

ias

Apucarana

Arapongas

TABELA 6: PRINCIPAIS RAMOS INDUSTRIAIS E TOTAL DE INDÚSTRIAS DE

APUCARANA E DE ARAPONGAS EM 2002 Ramos Industriais Apucarana % Arapongas %

Têxtil/ vestuário/ confecções 316 55,1 51 13,4

Alimentícia e bebidas 58 10,1 64 16,8

Couros 26 4,5 25 6,5

Móveis 36 6,3 169 44,2

Outros 137 23,9 73 19,1

Total 573 100 382 100

Fonte: MTE: RAIS/ CAGED, 2002

Se compararmos com o número de estabelecimentos industriais existentes na

cidade de Arapongas no mesmo ano, percebemos que outro setor, como era de se

prever, despontava como de maior importância: a produção moveleira. Diga-se de

passagem que esse setor já representava, no início da década de 2000, por quase a

metade do número de estabelecimentos ligados à indústria araponguense. Outros setores

industriais, contudo, se comparamos os dados da tabela 07, também possuíam

significativa importância, visto que o ramo industrial de alimentos e bebidas bem como

o ramo industrial têxtil, juntos, representavam mais de 30% do número de

estabelecimentos (Gráfico 02).

GRÁFICO 2: PRINCIPAIS RAMOS INDUSTRIAIS E TOTAL DE INDÚSTRIAS DE

APUCARANA E DE ARAPONGAS EM 2002

Fonte: MTE: RAIS/ CAGED, 2002

Quando realizamos uma leitura do gráfico 02, verificamos que as discrepâncias

ocorreram nos setores que motivaram o surgimento das especializações produtivas,

ressaltadas diversas vezes no decorrer do trabalho. O setor de alimentos e couros se

aproximava, pelo menos no número de estabelecimentos.

Page 107: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

106

Se compararmos as informações do número de estabelecimentos industriais de

cada ramo industrial com o número de empregos formais, temos uma configuração

distinta. Em Apucarana, o setor têxtil era representado por 316 estabelecimentos, com

um percentual de 55%. Esse percentual se aproximava do número de empregos formais,

pois detinha aproximadamente 58% sobre todas as demais atividades. Ressaltamos que

nos referimos somente aos dados oferecidos pelo Ministério do Trabalho em Emprego,

não sendo possível relatar o número de empregos informais, que são muitos.

No ramo alimentício e de couros, segue a mesma seqüencia percentual, se

compararmos com o número de estabelecimentos.

Em Arapongas há uma maior distinção: enquanto o ramo moveleiro representava

44% do número de estabelecimentos industriais, o número de empregos formais do

setor ultrapassava 65%. Era, portanto, primordial, no estabelecimento de relações de

produção do espaço urbano, por abrigar um grande contingente de mão-de-obra bem

como por representar uma especialização produtiva que culminou na

institucionalização, por parte do poder público, do Arranjo Produtivo Local de Móveis

de Arapongas. O setor de alimentos e de bebidas era representativo, no que concerne ao

alto percentual de empregos formais: mais de 80% dos empregos formais do setor

secundário de Arapongas estavam ligados ao ramo moveleiro e alimentício (Tabela 08 e

Gráfico 03).

TABELA 7: NÚMERO DE EMPREGOS FORMAIS NOS PRINCIPAIS RAMOS INDUSTRIAIS

DE APUCARANA E DE ARAPONGAS, EM 2002 Ramos Industriais Apucarana % Arapongas %

Têxtil/ vestuário/ confecções 5358 58,2 239 2,2

Alimentícia e bebidas 1117 12,1 2109 19,0

Couros 786 8,5 159 1,4

Móveis 438 4,8 7285 65,8

Outros 1511 16,4 1283 11,6

Total 9210 100 11075 100

Fonte: MTE: RAIS/ CAGED, 2002

Page 108: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

107

5358

1117

786

438

1511

9210

239

2109

159

7285

1283

11075

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

Têxtil/ vestuário/

confecções

Alimentícia e

bebidas

Couros Móveis Outros Total

Principais Ramos Industriais

mero

de E

mp

reg

os F

orm

ais

Apucarana

Arapongas

GRÁFICO 3: NÚMERO DE EMPREGOS FORMAIS NOS PRINCIPAIS RAMOS INDUSTRIAIS

DE APUCARANA E DE ARAPONGAS, EM 2002

Fonte: MTE: RAIS/ CAGED, 2002

Em 2002, ano em que foi possível adquirir dados do número de estabelecimentos

industriais e do número de empregos formais, tínhamos na cidade de Apucarana 9.210

empregos formais contra 11.075 de Arapongas, números do setor secundário. Ou seja,

há uma inversão entre as cidades, pois, enquanto Apucarana possuía uma população de

aproximadamente 107 mil habitantes em 2000, no mesmo ano Arapongas possuía

aproximadamente 85 mil habitantes. Assim, verificamos que o setor secundário de

Arapongas era mais significativo, em termos de empregos formais, do que o de

Apucarana.

Outro dado que contraria, até certo ponto, a lógica das cidades se refere ao PIB:

Em 2002 Apucarana possuía um PIB de aproximadamente R$ 691 milhões, enquanto,

Arapongas, no mesmo ano, teve um PIB mais elevado, de aproximadamente R$ 768

milhões. Verificamos também que o PIB per capita de Arapongas era mais elevado que

o de Apucarana, sendo R$ 6.199 em Apucarana contra R$ 8.409 em Arapongas. Esses

dados serão retomados mais adiante na tabela 11, pois apresentam significativa

evolução.

Para comparar o setor secundário das cidades em uma ótica sobre seu processo

de crescimento e de transformação, analisamos também dados mais recentes, referentes

Page 109: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

108

ao ano de 2008 para as duas cidades. A lógica pouco se alterou, mas os valores tiveram

alterações significativas, sobretudo positivas.

Em 2008, Apucarana detinha 902 estabelecimentos industriais, sendo 549

ligados ao ramo têxtil e do vestuário, 77 ligadas ao ramo alimentício, 30 de couros, 47

de móveis e todas as demais atividades concentradas em 199 estabelecimentos (Tabela

9). Verificamos que houve um acréscimo percentual das indústrias do ramo têxtil e

alimentício sobre as demais, se compararmos com o ano de 2002. Em 2008, os 04

ramos mais significativos representavam aproximadamente 80% de todos os

estabelecimentos industriais. Em relação ao número de empregos formais contabilizados

nessas indústrias, os percentuais pouco se alteram na cidade de Apucarana, pois, dos

14.604 empregos formais, 9.519 estão ligados ao ramo têxtil e do vestuário. Desses, a

grande maioria se dedicam à produção de bonés e jeans.

TABELA 8: PRINCIPAIS RAMOS INDUSTRIAIS E TOTAL DE INDÚSTRIAS DE

APUCARANA E DE ARAPONGAS EM 2008 Atividade Econômica Apucarana % Arapongas %

Têxtil/ vestuário/ confecções 549 60,9 37 7,2

Alimentícia e bebidas 77 8,5 64 12,4

Couros 30 3,3 27 6,0

Móveis 47 5,2 202 40,5

Outros 199 22,1 169 33,9

Total 902 100 499 100

Fonte: MTE: RAIS/ CAGED, 2008

O gráfico 4 ilustra a grande quantidade de estabelecimentos industriais nas

cidades pesquisadas em 2008. Percebemos que há, evidentemente, uma quantidade de

estabelecimentos industriais em Apucarana bem superior a Arapongas, destacando o

setor principal. Se analisarmos o número de empregos formais, no entanto, conforme

ilustra a tabela 10, verificamos uma quantidade superior em Arapongas, ou seja, 16.947

contra 14.604 empregos formais de Apucarana. Em entrevistas realizadas em Apucarana

e por meio da observação empírica, foi possível verificar que essa quantidade de

número de empregos formais menor em Apucarana do que em Arapongas se refere à

grande informalidade gerada pelo setor têxtil e de confecções. Na verdade, as facções

abertas na cidade possuem menor organização se comparadas, por exemplo, com o setor

moveleiro de Arapongas, que possui um Sindicato representativo (o SIMA) e uma

maior organização na cidade, inclusive em uma continuidade que alguns autores

apontam como a formação de clusters ou especializações produtivas. Retomamos, dessa

forma, a discussão apresentada anteriormente sobre a produção do espaço urbano em

Page 110: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

109

549

77

30 47

199

902

37 6

4

27

202

139

499

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

Têxtil/ vestuário/

confecções

Alimentícia e

bebidas

Couros Móveis Outros Total

Principais Ramos Industriais

mero

de I

nd

ústr

ias

Apucarana

Arapongas

Arapongas, onde as áreas destinadas à industrialização foram previamente delimitadas,

permitindo uma organização do setor moveleiro na cidade.

Já o exaustivo número de facções que produzem bonés e jeans, dentre outros

produtos espalhados pela cidade de Apucarana, contribui para a informalidade

relacionada à mão-de-obra, pois a fiscalização é dificultada pela rotatividade dessas

empresas, pela localização e pelo próprio tamanho das facções.

GRÁFICO 4: PRINCIPAIS RAMOS INDUSTRIAIS E TOTAL DE INDÚSTRIAS DE

APUCARANA E DE ARAPONGAS EM 2008

Fonte: MTE: RAIS/ CAGED, 2008

TABELA 9: NÚMERO DE EMPREGOS FORMAIS NOS PRINCIPAIS RAMOS INDUSTRIAIS

DE APUCARANA E DE ARAPONGAS, EM 2008 Ramos Industriais Apucarana % Arapongas %

Têxtil/ vestuário/ confecções 9519 65,2 225 1,3

Alimentícia e bebidas 1318 9,0 3160 18,6

Couros 648 4,4 241 1,4

Móveis 434 3,0 11039 65,1

Outros 2685 18,4 2302 13,6

Total 14604 100 16967 100

Fonte: MTE: RAIS/ CAGED, 2008

Devemos ainda destacar que utilizamos como variável de análise no capítulo

anterior o ramo alimentício nas cidades, tanto que foi possível entrevistar empresas

ligadas ao setor. O gráfico ilustra a quantidade de estabelecimentos ligados ao ramo

alimentício e de bebidas, bem menor do que as principais atividades realizadas nas

cidades, entretanto, de importância significativa. Em Apucarana, no ano de 2008, foram

contabilizadas 77 indústrias do setor contra 64 de Arapongas. Os empregos formais em

Arapongas dobram, todavia, o de Apucarana, ou seja, enquanto as empresas de

Page 111: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

110

95

19

13

18

64

8

43

4

26

85

14

60

4

22

5

31

60

24

1

11

03

9

23

02

16

96

7

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

Têxtil/ vestuário/

confecções

Alimentícia e

bebidas

Couros Móveis Outros Total

Principais Ramos Industriais

me

ro d

e E

mp

reg

os

Fo

rma

is

Apucarana

Arapongas

Apucarana possuem 1.318 empregos formais, em Arapongas são 3.160. Novamente

chamamos a atenção para esse elemento que se tornou importante em nossa análise

comparativa.

GRÁFICO 5: NÚMERO DE EMPREGOS FORMAIS NOS PRINCIPAIS RAMOS INDUSTRIAIS

DE APUCARANA E DE ARAPONGAS, EM 2008

Fonte: MTE: RAIS/ CAGED, 2008

Assim, mesmo Arapongas possuindo menor número de estabelecimentos

industriais, de modo geral apresenta um maior número de empregos formais, pois, se

compararmos o tamanho das indústrias, percebemos que no setor moveleiro há uma

maior alocação de mão-de-obra, ou seja, se há um maior número de empregos, há,

evidentemente a hipótese de que esse tipo de atividade (setor moveleiro) compreende

indústrias maiores do que de outros setores, sobretudo relacionados ao setor têxtil. Essa

hipótese foi confirmada a partir do trabalho empírico.

Enfim, as principais atividades desenvolvidas, se analisarmos somente o número

de indústrias e de trabalhadores, desconsiderando o faturamento total por setor,

verificamos que permanece em crescimento o setor têxtil e de confecções para a cidade

de Apucarana e do setor moveleiro para a cidade de Arapongas.

As analises acima correspondem, de acordo com o ano de 2007, a

aproximadamente 30% do PIB de Apucarana e a 41% do PIB de Arapongas, pois estão

relacionados ao setor secundário da economia, ou seja, da indústria.

Page 112: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

111

Se analisarmos o setor terciário, cuja variável da pesquisa para exemplificar esse

setor ficou restrito às instituições de ensino superior (IES), correspondem a um valor

bem maior em ambas as cidades, sendo aproximadamente 64% do PIB apucaranense e

53% do PIB de Arapongas (Tabela 11). Podemos observar que há uma diferença

significativa em percentuais entre os setores da economia nas cidades, sendo a cidade de

Arapongas mais voltada para a indústria do que Apucarana.

TABELA 10: APUCARANA E ARAPONGAS: COMPOSIÇÃO SETORIAL DO PIB, 2007

Setores Apucarana - 2007 Arapongas - 2007

Valor (R$) % Valor(R$) %

Primário 78.483 6,3 88.676 5,9

Secundário 361.392 28,9 617.811 41

Terciário 811.544 64,8 799.468 53,1

Total 1.251.419 100 1.505.955 100

Fonte: IBGE (2007). Obs: os Impostos sobre produtos líquidos de subsídios foram diluídos nos três setores.

Os dados da pesquisa mostraram o quanto é importante diferenciar as cidades

nos quesitos econômicos, sobretudo ligados à industrialização, pois é fator fundamental

para análise da importância das cidades na rede urbana. Ainda que outros setores

possuem valores maiores, um recorte de análise do setor secundário nos permitiu

visualizar a dinâmica industrial nas cidades, elencando a importância que as mesmas

exercem na rede em que se inserem. Desse modo, a partir dos dados apresentados,

realizamos a seguir um desfecho do entendimento da rede urbana, pautada nos estudos

anteriores e nos dados empíricos analisados até o momento.

Page 113: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

112

3.3. REDE URBANA E A CENTRALIDADE DAS CIDADES ESTUDADAS

Retomando a teoria sobre a rede urbana e a indústria no norte do Paraná,

concordamos com Fresca (2009) que no norte do Paraná há cidades com um setor

industrial numericamente expressivo no contexto da rede urbana tais como Londrina,

Cambé, Ibiporã, Rolândia, Arapongas, Apucarana, Campo Mourão, Marialva, Maringá,

Paranavaí, Cianorte e Umuarama. “A expansão da produção industrial gerando inclusive

especializações produtivas em determinados ramos para várias cidades, sejam elas de

nível muito fraco, fraco, médio para fraco de centralidade” (FRESCA, 2009, s/p).

A abordagem ressaltada pela autora e novamente retomada é resultado de uma

análise sobre os estudos referentes à hierarquia dos centros urbanos brasileiros,

dirigidos pelo IPEA e pelo IBGE. Na publicação de 1998, os níveis de centralidade são

os ressaltados por Fresca (2009), conforme consta no mapa 18.

Rosa Moura e Débora Werneck, no trabalho sobre “Rede, Hierarquia e Região

de Influência das cidades: Um Foco sobre a Região Sul”, trabalham com dados do

REGIC (Região de influência das cidades) do IBGE de 1987 e 2000, com o intuito de

caracterizar a rede urbana da região sul, bem como os sistemas urbanos formados a

partir dessas. Trabalhamos aqui com os dados de 1998, sobre a hierarquia da rede

urbana na Mesorregião Norte Central estabelecida em 1993, publicada apenas em 1998

por este órgão.

No mapa 18, as autoras classificam cada cidade com um determinado nível de

centralidade, o que expressa seu papel na hierarquia da rede de cidades. Sendo assim,

foi classificado em: máximo e muito forte, casos de Maringá e Londrina, nível forte

para médio, que é o caso único de Apucarana, nível médio e médio para fraco, casos de

Arapongas, Rolândia, Nova Esperança, Mandaguari, Colorado e Ivaiporã. Essa

configuração data de 1993, plausível de discussões, pelas transformações ocorridas na

última década, caracterizando os processos recentes, de institucionalização de regiões

metropolitanas (Londrina e Maringá) e criação de Arranjos Produtivos Locais. Percebe-

se que essa classificação, tanto da autora, para 1993, quanto do IPEA, para 1998, já

houve alterações de hierarquia de centralidade. Já temos a confirmação, no entanto, de

que Apucarana tem um nível de centralidade superior ao de Arapongas, comprovado

através de estudos direcionados que analisam, por meio da metodologia, inúmeras

variáveis. Como este trabalho analisa poucas variáveis, mas, diga-se de passagem,

importantíssimas para a análise da centralidade, da rede urbana e da produção do espaço

Page 114: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

113

urbano, acabamos por comprovar essa centralidade e importância maior do papel de

Apucarana em relação à rede urbana do norte do Paraná.

Na análise sobre a rede urbana na região sul, Moura e Werneck (2001)

verificaram que na pesquisa de 1993, Curitiba e Porto Alegre se mantêm com nível de

centralidade máxima. Londrina perdeu o papel de destaque como único centro regional

com nível muito forte na hierarquia, passando a compartir, segundo o mesmo nível, com

Maringá, Florianópolis, Passo Fundo, Santa Maria e Pelotas. Para estabelecer os níveis

de centralidade, o IBGE utiliza a concepção de Christaller, para a configuração

hierárquica entre centros.

A rede de localidades centrais, além de materializar o sistema de

produção, articulando circulação, distribuição e consumo, também

cristaliza o sistema de decisão e gestão, por meio da localização

seletiva de órgãos da administração pública e sedes de grandes

corporações, oferecendo um nítido posicionamento hierarquizado dos

centros (MOURA & WERNECK, 2001, p.28).

Os mapas seguintes espacializam as relações de centralidades existentes em

1993. As autoras trabalharam com dados do IBGE, em relação ao desempenho dos

principais municípios da região sul relativamente ao nível de centralidade. Em 1993, o

nível de centralidade de Londrina e Maringá eram de 2, Apucarana, 4, Arapongas e

Ivaiporã, 5, e Nova Esperança, 6. A metodologia utilizada pelo IBGE para essa

classificação, tinha em vista a teorização acima explicitada e muitas outras variáveis, em

que:

(...) operacionalização das pesquisas se deu com base na definição de

um rol de bens e serviços que, medidos o volume e a origem da

procura, traduziram a diferenciação entre as localidades centrais e

ofereceram condições para que fosse estabelecida a escala hierárquica

dos centros. (...) A pesquisa de 1993 considerou 46 funções centrais

(bens e serviços), das quais 14 eram de baixa complexidade e

freqüentes nas cidades de hierarquia mais baixa, 30 geradoras de

fluxos de média e alta complexidade e duas de fluxos relativos à busca

de serviços de informação. Foram definidos oito níveis de

centralidade: máximo, muito forte, forte, forte para médio, médio,

médio para fraco, fraco e muito fraco (MOURA & WERNECK, 2001,

p.28-9).

A partir da espacialização dos dados (de acordo com a classificação de 1993),

verificamos que a cidade de Apucarana possui centralidade de forte para médio,

conforme já dito, tendo seus níveis de fluxos de partida médio para Londrina e para

Maringá, e muito fraco para as cidades do Vale do Ivaí, como por exemplo Rio Bom,

Page 115: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

114

Cruzmaltina, Califórnia, Marilândia do Sul e Mauá da Serra. Recebe fluxos fortes de

Arapongas e de Jandaia do Sul.

Arapongas foi classificada na hierarquia como uma cidade que possui

centralidade de nível médio. A cidade recebe níveis de fluxos de partida médio de

Rolândia, nível muito fraco de Sabáudia, Astorga, Iguaraçu, Munhoz de Melo, Flórida e

Ângulo. Vale salientar que a mesma estabelece nível de dependência em relação aos

fluxos de partida forte em relação à Apucarana, ou seja, a mesma “depende” de

Apucarana, confirmando a teoria.

Se observarmos a nova classificação elaborada pelo REGIC (Região de

Influência das Cidades), publicado em 2007, assim como já ilustramos em capítulo

anterior, verificamos a classificação superior de Apucarana em relação a Arapongas. A

cidade de Apucarana tem vínculos e fluxos diretos com todo o Vale do Ivaí, sobretudo

por sua importância regional e sua localização geográfica estratégica em relação à essa

parte da mesorregião Norte Central Paranaense. A cidade é classificada como Centro

Sub-regional de Nível “A”, sendo superada na mesorregião somente por Londrina e por

Maringá.

Já, Arapongas, possui uma relação de dependência direta com Londrina, sendo

considerada uma cidade como Centro de Zona “A”, ou seja, na análise realizada em

1993, Arapongas é classificada hierarquicamente em um nível abaixo de Apucarana; já

em 2007, Arapongas é classificada com dois níveis abaixo de Apucarana. Dessa forma,

percebemos que uma década de análise alterou uma posição do grau de centralidade das

cidades. Ou seja, mesmo percebendo um nítido desenvolvimento urbano de Arapongas,

tanto no quesito de expansão como de ocupação e de desenvolvimento econômico, a

localização da cidade, sua importância na rede urbana, dentre outros fatores analisados

pelo REGIC (2007) foram elementos que influenciaram negativamente na classificação,

frente à importância regional da cidade de Apucarana.

Page 116: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

115

MAPA 18: NÍVEL DE CENTRALIDADE DAS CIDADES DA MESORREGIÃO NORTE

CENTRAL PARANAENSE, EM 1993

Page 117: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

116

MAPA 19: HIERARQUIA DOS CENTROS URBANOS

Fonte: REGIC, 2007

Page 118: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

117

Ao tratarmos da centralidade urbana das cidades analisadas, é importante

observar um estudo realizado pelo Plano Diretor de Arapongas (2008) que diz respeito a

uma metodologia para designar os fluxos de passageiros nas cidades do entorno. Na

verdade, a amostra partiu do mês de maio de 2005, mas já retrata a dimensão do

processo. Percebemos que esse estudo restrito também nos dá suporte para analisarmos

a centralidade das cidades, pois Arapongas atrai pessoas de Astorga e de Sabáudia;

Apucarana atrai pessoas da própria Arapongas e de algumas cidades do Vale do Ivaí,

sendo uma amostra que ajuda a confirmar o trabalho publicado no REGIC (2007) sobre

a importância das cidades.

MAPA 20: DESLOCAMENTO DE PASSAGEIROS NO MÊS DE MAIO DE 2005 Fonte: Plano Diretor de Arapongas, 2008

Page 119: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

118

Um outro quesito que não foi considerado como variável para a pesquisa, mas

que estudos dos Institutos de Planejamento e de Pesquisa do Paraná nos auxiliam,

refere-se ao movimento pendular. O texto de Moura et al (2005) nos chama atenção

para o conceito: Na verdade, é um conceito originado nos estudos das dinâmicas

metropolitanas pelos demógrafos e pelos geógrafos, oriundo do conceito de “migração

pendular”. O conceito de “movimento pendular”, é antigo na geografia (MOURA, et al,

2005).

Aparece nas análises de Beaujeu-Garnier (1980) e Derruau (s/d),

dentre outros clássicos da Geografia Humana, com ênfase em

Geografia da População. Contudo, a perspectiva de análise do

geógrafo difere da do demógrafo, particularmente em razão da

natureza da preocupação da Geografia com a espacialização dos

fenômenos. Entre os estudos clássicos, observa-se uma certa

compreensão de que os movimentos migratórios variam quanto à

duração e à escala de abrangência, e que aqueles de caráter cotidiano

devem ser compreendidos no contexto em que se inserem,

predominantemente urbano (MOURA, et al, 2005, p. 123).

Por isso, a importância de realizarmos uma ênfase desses movimentos ao

analisarmos as cidades. Ainda que as cidades estudadas não sejam pólos metropolitanos,

as mesmas estão inseridas na dinâmica metropolitana a partir da análise do eixo

dinâmico Londrina-Maringá, que são pólos, ainda que politicamente, considerados

como Regiões Metropolitanas.

Assim, podemos perceber no mapa 21 os fluxos do movimento pendular no

norte do Paraná, tendo grande centralidade, por esse quesito, as cidades de Londrina e

de Maringá, pela importância regional bem como uma centralidade secundária em

Apucarana, tendendo novamente para o Vale do Ivaí. Arapongas aparece como uma

cidade “elencada" no eixo, sendo seus fluxos estabelecidos com Apucarana e Londrina.

Page 120: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

119

MAPA 21: MOVIMENTO PENDULAR NO NORTE DO PARANÁ, COM DESTAQUE PARA

ARAPONGAS, EM 2005. Fonte: Plano Diretor de Arapongas, 2008

Em uma análise sobre outros dados apresentados no Plano Diretor de Arapongas

(2008), verificamos que o grau de urbanização de Arapongas é mais elevado do que o

de Apucarana (Quadro 4). Apesar de a análise se referir ao ano 2000, verificamos, como

mostraremos adiante, que o perímetro urbano de Arapongas é maior do que o perímetro

urbano de Apucarana, pois o poder público das cidades possuem distintas estratégias,

sobretudo ligadas à ampliação dos parques industriais.

Page 121: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

120

QUADRO 4: ARAPONGAS E DOS MUNICÍPIOS VIZINHOS GRAU DE URBANIZAÇÃO E

NÍVEL DE CENTRALIDADE Município Grau de Urbanização 2000 Nível de Centralidade 1993

ARAPONGAS 95,74 2

APUCARANA 92,97 3

Rolândia 90,36 1

Sabáudia 74,56 0

Londrina 96,96 5

Fontes: IBGE/ IPEA/ IPARDES/ UNICAMP/ ARAPONGAS, 2008

Se nos referirmos ao complexo urbano do eixo Londrina-Maringá, percebemos

que as cidades fazem parte de uma dinâmica onde Londrina e Maringá disputam a

centralidade do norte do Paraná e do próprio eixo. Esse eixo compreende a ligação

rodoviária e ferroviária que une os municípios de Paiçandu, Maringá, Sarandi, Marialva,

Mandaguari, Jandaia do Sul, Cambira, Apucarana, Arapongas, Rolândia, Cambe,

Londrina e Ibiporã. Ao mesmo tempo, entretanto, em que há essa ligação estabelecida

pelos fluxos de pessoas, mercadorias e imateriais, bem como ressaltando a importância

das principais cidades, sobretudo no que tange ao setor terciário, existem duas cidades,

Apucarana e Arapongas, que detêm uma industrialização significativa e atraem pessoas

e serviços ligados a esse setor.

As cidades possuem mais ligações e fluxos com Londrina do que com Maringá,

tanto que o mapa elaborado pelo estudo do REGIC (2007) (Mapa 19), ilustra bem essa

tendência. Ao analisarmos a espacialização de Maringá nesse estudo, percebemos que a

mesma estabelece relações principais com outros centros, como Cianorte, Umuarama e

Paranavaí. Dessa forma, Arapongas e Apucarana estão ligadas no contexto londrinense,

tanto que podem, futuramente, serem anexadas à sua Região Metropolitana.

É importante destacar a localização estratégica, com maior ênfase, de

Apucarana. Como Arapongas está mais próxima à Londrina, as relações de dependência

a essa cidade sempre foram maiores do que de Apucarana com Londrina.

Características relacionadas ao processo de desenvolvimento das cidades e sua

importância na rede respaldaram Apucarana como de maior importância. A cidade têm

influência em todo o Vale do Ivaí, tanto na oferta de empregos quanto de prestação de

serviços médicos, educacionais, entre outros. Dessa forma, a cidade sempre teve uma

importância maior.

O que se percebe é que, atualmente, Arapongas se desenvolve mais, há um

aumento populacional maior do que Apucarana e a cidade cresce economicamente.

Assim, a partir da pesquisa empírica e dos dados apresentados no trabalho, chamamos a

Page 122: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

121

atenção para os seguintes fatores: em primeiro lugar, pela própria localização, pois, por

estar próxima a Londrina e estar inserida em políticas relacionadas à cidade pólo, é

atrativa; em segundo lugar, pela consolidação do pólo moveleiro, pois, com o

desenvolvimento do setor, há a criação de eventos na cidade, atração de mão-de-obra

especializada e de outros serviços que sustentam essa industrialização; em terceiro

lugar, devido a estratégias do poder publico, pois aumentou drasticamente o perímetro

urbano, ofertando novos solos para a ocupação urbana.

Devemos ressaltar que as variáveis estudadas demonstraram diversos aspectos

relacionados a esse maior crescimento e desenvolvimento de Arapongas, mas

salientamos que, se analisarmos somente os dados referentes aos fluxos e a atração

populacional que usufruem de serviços esporádicos ou temporários, como a vinda diária

para estudo, verificamos que Apucarana possui uma centralidade mais significativa.

Se analisarmos pelas exportações industriais, verificamos que as duas possuem

rotas de exportações consolidadas, ligadas aos principais produtos. Como demonstrado

nos mapas sobre as exportações realizadas em 2008, verificamos que os mercados

apucaranenses são, de menor para maior importância, EUA, América do Sul (Argentina,

Paraguai e Uruguai), Europa, África (com exceção de Angola, sua maior compradora) e

Sudeste Asiático. Já Arapongas possui outros mercados, sendo, de menor para maior

importância, EUA, América Central e México, países andinos, Alemanha, Cazaquistão,

Japão, alguns países da África, MERCOSUL e Hong Kong, de maior expressão.

Page 123: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

122

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho apresentou resultados importantes para a avaliação, tanto da

centralidade, quanto, da importância das cidades na rede urbana e, como “pano de

fundo”, a conurbação descontínua e a tendência à conurbação contínua das duas

cidades.

Verificamos que estudos anteriores trabalharam, com metodologias que

contemplavam inúmeras variáveis para a compreensão da centralidade entre as cidades,

como por exemplo, o estudo publicado em 2007 pelo IPEA. Neste, foi investigado as

principais ligações de transportes regulares, em particular as que se dirigem aos centros

de gestão, e os principais destinos dos moradores dos municípios para obter produtos e

serviços. A pesquisa evidenciou que a centralidade de Apucarana é bem maior do que a

centralidade de Arapongas, o que, como demonstrado no decorrer do trabalho, nos

incitaram a buscar explicações, já que as cidades são próximas (vizinhas), fazem parte

de uma mesma dinâmica, foram colonizadas em um mesmo contexto e são integrantes

do mesmo eixo.

As explicações buscadas evidenciaram que o principal fator se refere à própria

localização, pois, mesmo próximas, Apucarana detém uma importância regional, de

oferta de serviços hospitalares, de educação e outros, de maior aporte para o Vale do

Ivaí, região em que centraliza. Arapongas fica inserida entre Apucarana, Londrina e

Maringá, cidades que, historicamente, possuíram uma maior importância regional.

Devemos salientar que isso não reflete negativamente em Arapongas, visto que a

cidade possui amplo parque industrial, oriundo de estratégias do poder público de

estruturar a cidade no setor secundário. O ramo moveleiro sempre se destacou, desde a

década de 1960, tendo importância significativa no desenvolvimento, nas estratégias do

Estado bem como na atração populacional para a cidade.

Percebemos que Apucarana possui uma dinâmica de atração de pessoas de

outras cidades para trabalho e estudo maior do que Arapongas, pois, como dito,

Apucarana centraliza diversos municípios pequenos direcionados para o centro do

estado do Paraná, locais onde os índices de desenvolvimento são baixos. Já Arapongas,

possui atração principal no setor secundário, pois o terciário é significativo nas cidades

do entorno, sobretudo Londrina e sua região metropolitana. Isso nos remeteu a analisar

que os trabalhadores da indústria geralmente mudam para a cidade e estabelecem

Page 124: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

123

residência próximo ao local de trabalho, o que ocorre em Arapongas. Já, as pessoas que

só estudam ou procuram outras atividades ligadas à prestação de serviços, são

intermitentes na cidade, pois visitam diariamente ou esporadicamente, não fixando

residência, caracterizando um maior fluxo, é o que ocorre em Apucarana.

Em relação à conurbação das cidades, percebemos que, através das leituras dos

mapas, Apucarana “chegou” primeiro no seu limite municipal Norte, que faz divisa com

Arapongas. Já a dinâmica de crescimento da cidade de Arapongas é posterior, mas

percebemos que há políticas públicas que tendem para essa conurbação contínua, já que

a conurbação descontínua já foi verificada (Figura 10).

FIGURA 10: PERÍMETRO MUNICIPAL E URBANO DAS CIDADES ESTUDADAS, EM 2010 Fonte: PDM. de Arapongas e de Apucarana, 2010

Page 125: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

124

No que se refere à produção do espaço urbano, Arapongas tem menos

urbanização em saltos, mas cabe refletir se esse escancarado aumento no perímetro

urbano possa interferir na organização. Apucarana cresceu mais fragmentada, no

entanto, políticas públicas intencionam para uma redução no perímetro e um controle

mais eficaz do crescimento, tendendo para maior ordem.

Em relação à análise do desenvolvimento do trabalho, apontamos que foram

encontradas algumas dificuldades: as indústrias, principalmente de Arapongas, tiveram

uma postura de não divulgação de dados referentes a sua produção. Mesmo a

Associação Comercial e Industrial de Arapongas fazendo a conexão com elas, muitas

foram contraditórias à pesquisa, além da dificuldade na sistematização de dados, pois

estes foram de diferentes fontes. Percebemos que ambas as prefeituras não tem dados

relevantes a respeito do setor secundário ou terciário. Elas não conhecem

profundamente a realidade de suas cidades, ou seja, há um conhecimento muito

genérico.

Em relação aos setores referentes aos APLs, em Arapongas há uma maior

organização. O SIMA tem acesso a diversos dados finais das indústrias do setor

moveleiro: faturamento, mão de obra, participação no mercado nacional e internacional.

Até fisicamente o SIMA tem uma ótima estrutura, fica localizado no último andar do

principal edifício comercial de Arapongas. É perceptível que o setor moveleiro nacional

é bem organizado, facilitando dados mais reais deste setor. Em Apucarana, acontece o

contrário, ou seja, os dados da ASSIBRA não são muito atuais, percebemos que não há

uma regularidade na atualização dos dados do setor. Outra constatação está na

informalidade do emprego. As chamadas “facções” de bonés, além de não registrarem o

trabalhador, utiliza mão de obra com menores de 16 anos, o que também é proibido por

Lei. Ficou claro que as indústrias de bonés não apresentam emprego informal, ou seja,

fato constado somente nas facções terceirizadas do setor, que funcionam no fundo de

residências.

Fica evidente, até mesmo pelo REGIC (2007) que Apucarana apresenta uma

maior centralidade vinculada ao setor de serviços. Se levarmos em consideração a

expressividade da produção industrial, Arapongas acaba se destacando por um ter um

parque industrial com uma infraestrutura fisicamente melhor. Seus produtos alcançam

Page 126: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

125

diversas partes do mundo, observando que seus principais produtos estão vinculados ao

APL e entre as dez maiores indústrias de Arapongas, oito são do setor moveleiro.

O objetivos da pesquisa foram alcançados, ou seja, foi discutido a centralidade

urbana, a influência das Instituições de Ensino Superior e o principal foco, a produção

industrial, explicitado constantemente no referencial teórico/metodológico.

Concluimos que a Centralidade pode e deve ser verificada por diversas variáveis,

não mais somente pela distribuição de bens e serviços, sendo que as variáveis podem

levar a resultados diferenciados.

Page 127: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

126

REFERÊNCIAS

ALBAGLI, S. Informação, territorialização e inteligência local. In: Encontro Nacional

de Pesquisa em Ciência da (ENANCIB), 5., 2003, Belo Horizonte. Anais. Belo

Horizonte: ECI/UFMG, 2003, in CDROM.

AMARAL FILHO, J. do. É negócio ser pequeno, mas em grupo. In: Castro, Ana Célia

(Org.). Desenvolvimento em debate: painéis do desenvolvimento brasileiro II. Rio de

Janeiro: BNDES, 2002. Disponível em:

<http://www.ipea.gov.br/workshop/textos.htm>. Acesso em: 2 jun. 2004.

AMORIM FILHO, O.B. de; SERRA, R.V. Evolução e Perspectivas do papel das

cidades médias no planejamento urbano e regional. In: ANDRADE, T.A., SERRA,

R.V. (Orgs.) Cidades Médias Brasileiras. Rio de janeiro: IPEA, 2000.

APUCARANA. Plano Diretor de Desenvolvimento. Apucarana: Prefeitura Municipal

de Apucarana., 2003.

ARAPONGAS. História do Município (2005). Disponível em:

http://www.arapongas.pr.gov.br/historia.php. Acesso em 22 de setembro de 2007.

ARAPONGAS. Plano Diretor de Desenvolvimento. Arapongas. Prefeitura Municipal de

Arapongas, 2008.

ASALIN, G.A. Os Shopping Centers Atacadistas de Maringá: A lógica de uma

centralidade criada pela indústria e comércio de confecções. (Dissertação de Mestrado)

UEM-PGE, Maringá, 2008, 125p.

AUN, Marta Pinheiro; CARVALHO, Adriane M. A . de KROEFF; Rubens, L. Arranjos

produtivos locais e sustentabilidade: políticas públicas promotoras de desenvolvimento

regional e da inclusão social. UNIVALI, [s.l.], v.12, n.3, p. 317-333, set/dez 2005.

BOEIRA, J.J. (2003) Espaço Urbano de uma metrópole regional de porte médio:

Maringá. Dissertação (Mestrado em Geografia) Maringá: PGE/UEM, 2003, 138f.

CAPEL, H. Capitalismo Y Morfologia Urbana em Espana. Realidad Geográfica.

Barcelona. Ed. Los Libros de la Frontera. Vol. 04, 1983.

CARAMURU. Entrevista com sócio-gerente. Apucarana, Caramuru, 2008.

CARVALHO, L.D.C.(2000) O posicionamento e o traçado urbano de algumas cidades

implantadas pela Companhia de Terras Norte do Paraná e sucessora, Companhia.

Melhoramentos Norte do Paraná. Dissertação (Mestrado em Geografia) Maringá:

PGE/UEM, 2000, 174f.

CASSIOLATO, J.E.; LASTRES, H. M. O foco em arranjos produtivos e inovativos

locais de micro e pequenas empresas. In: LASTRES, H. M.; CASSIOLATO, J. E.;

MACIEL, M. L. (Orgs.). Pequena empresa: cooperação e desenvolvimento local. São

Paulo: Relume Dumará, 2003. Cap.1, p.21-34.

CASSIOLATO, J. E.; SZAPIRO, M. Uma caracterização de arranjos produtivos locais

de micro e pequenas empresas. In: LASTRES, H. M.; CASSIOLATO, J. E.; MACIEL,

Page 128: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

127

M. L. (Orgs.). Pequena empresa: cooperação e desenvolvimento local. São Paulo:

Relume Dumará, 2003. Cap.2, p.35-50.

CASTELLO BRANCO, M. L. Algumas considerações sobre a identificação das

cidades médias. In: SPÓSITO, M. E. B. (Org.). Cidades Médias: espaços em transição.

São Paulo: Expressão Popular, 2007.

COMPANHIA MELHORAMENTOS NORTE DO PARANÁ. Colonização e

desenvolvimento do Norte do Paraná. 2. Ed. São Paulo: Ave Maria, 1977.

CORRÊA, R. L. O espaço urbano. São Paulo: Ática, 1999.

_______. A Rede Urbana. São Paulo: Ática, 1994.

_______. Região e organização espacial. São Paulo: Ática, 1995.

_______. Trajetórias Geográficas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.

CUNHA, F. C. A. da. A metrópole de papel: a representação “Londrina metrópole” na

institucionalização da região metropolitana de Londrina. Tese defendida no Curso de

Doutorado em Geografia na Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente, 2005.

DIAS, L. C. Redes: Emergência e organização. In: CASTRO, I. E. de (org.) et al.

Geografia: Conceitos e Temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995.

DRUCIAKI, V.P. As (des) articulações de Guarapuava com Maringá e Londrina: Uma

análise a partir da rede de transporte rodoviário de passageiro. Dissertação (Mestrado

em Geografia. Maringá: PGE-UEM, 2009, 231f.

ENDLICH, A.M. Maringá e o tecer da rede urbana regional. 1998. Dissertação

(Mestrado em Geografia) Presidente prudente: UNESP, Presidente Prudente.

_______. Pensando os papéis e significados das pequenas cidades. Presidente

Prudente: Editora Unesp, 2009.

FRESCA, T. M. A rede urbana norte-paranaense e cidades especializadas em

produções industriais: Arapongas, Apucarana e Cianorte.

_______. Abordagens geográficas para uma economia contemporânea. Relatório para

ascensão acadêmica. Londrina,: UEL, 2008.

_______. A Rede Urbana do Norte do Paraná. Londrina: Eduel, 2004.

_______. Pequenas cidades da rede urbana Norte-paranaense e especialização em

produção industrial: re-inserções complexas. Londrina: DGEO, 2009.

GEÓGRAFOS DA AMÉRICA LATINA, 10., 2005, São Paulo. Anais... São Paulo:

Usp, 2005. p.5554-5574.

GIMENEZ, H.M.M. Interpretação do espaço urbano de Maringá: A lógica da

verticalização período de 1990 a 2005. (2007) Dissertação (Mestrado). Maringá:

UEM/PGE, 2007.

Page 129: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

128

IBGE. Cidades. Disponível em: http://ibge.gov.br/cidadesat/default.php. Acesso em 06

de outubro de 2007.

IPARDES. Arranjo Produtivo Local de Apucarana. Curitiba, 2005. Disponível em:

http//www.ipardes.gov.br

_______. Arranjo Produtivo Local de Arapongas. Curitiba, 2005. Disponível em:

http//www.ipardes.gov.br

_______. Leituras Regionais: mesorregiões geográficas paranaenses. Curitiba, 2004.

Disponível em: http//www.ipardes.gov.br

_______. Os vários Paranás: Identificação de espacialidades socioeconômico-

institucionais como subsídio a políticas de desenvolvimento regional. Curitiba, 2006.

Disponível em: http//www.ipardes.gov.br

IPEA. Notas sobre a Rede Urbana Sul. Campinas: IPEA, 2002.

KOWALSKI. Entrevista. Arapongas, 2010.

MACHADO, J.R.; MENDES, C.M. Transformações espaciais no contexto intra-

urbano do centro tradicional de Maringá. In: MENDES, C.M.; SCHMIDT, L.P. (Orgs).

A Dinâmica do Espaço Urbano-regional: pesquisas no norte central paranaense.

Guarapuava: Unicentro Editora, 2006, pp. 97-125.

MAUTNER, Y. A periferia como fronteira de expansão do capital. In: DEÁK, C.;

SCHIFFER, S.R. (Orgs.) O processo de urbanização no Brasil. São Paulo: Edusp, 1999,

pp. 73-110.

MENDES, C. M. Uma abordagem teórica na expansão territorial urbana: a questão da

localização. Boletim de Geografia, Maringá, v. 7, n. 1, p. 91-95, 1989.

_______. O edifício no jardim, um plano destruído. A verticalização de Maringá. Tese

(Doutorado em Geografia) FFCHL, USP, 1992.

MENDES, C.M., TÖWS, R.L. As transformações intra-urbanas e suas consequencias

sócio-ambientais das Regiões Metropolitanas de Maringá e Londrina e seu respectivo

eixo - PR - Brasil In: 3er Congreso Internacional: Desafíos para la sustentabilidad

territorial en Latinoamérica. México, D.F.: 2008. v.01. p.01 – 20.

MOINHO ARAPONGAS. Entrevista. Arapongas, 2010.

MORAES, L. B. A Espiral do Conhecimento Interorganizacional: a força dos valores

sócio-culturais dos arranjos produtivos locais (APLs) – O caso das Confecções do

Prado/Bh (Dissertação de Mestrado). Belo Horizonte, UFMG, 2006.

MORO, D.A. Substituição de culturas, modernização agrícola e organização do espaço

rural no Norte do Paraná. Rio Claro, 1991, 353p. Tese (Doutorado em Geografia).

Instituto de Geociências e Ciências Extatas, UNESP.

Page 130: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

129

MOURA, R.; WERNECK, D. Z. Rede, hierarquia e região de influência das cidades:

um foco sobre a Região Sul. Revista Paranaense de Desenvolvimento, Curitiba:

IPARDES, n.100, p.25-56, jan./jun. 2001.

PREFEITURA DE APUCARANA. Dados do Município. Apucarana, ASPLAN, 1994.

PYKE, F.; BECATTINI, G.; SENGENBERGER, W. Industrial districts and inter-firm

co-operation in Italy. International institute for labour studies Geneve, 1990.

REGIC, Região de Influência das Cidades. Brasil: IBGE/ IPEA, 2009.

REGO, R. L.; MENEGUETTI, K. S. A forma urbana das cidades de médio porte e dos

patromônios fundados pela Companhia Melhoramentos Norte do Paraná. Maringá.

2006. Revista Acta Scientiarum Online.V.28, n.1, p. 93-103.2006

RIBEIRO, W.S. Londrina e Maringá enquanto cidades médias: Desconstruindo o mito

de Regiões Metropolitanas do Norte do Paraná. In. SPÓSITO, M.E.B. Cidades Médias:

Espaços em Transição. Expressão Popular, SP, 2007. pp.551-586.

ROLNIK, R. O que é cidade? 5. ed. São Paulo: Brasiliense, 1995.

SANTOS, M. O espaço do cidadão. São Paulo: Nobel, 1987.

_______. A urbanização brasileira. São Paulo: Hucitec, 1993.

SILVA, W. R. Londrina e Maringá enquanto cidades médias: descontruindo o mito das

regiões metropolitanas do norte do Paraná. In: SPÓSITO, Maria Encarnação Beltrão

(Org.). Cidades Médias: espaços em transição. São Paulo: Expressão Popular, 2007.

SPÓSITO, M.E.B. A gestão do território e as diferentes escalas da centralidade.

Revista Território, Rio de Janeiro, UFRJ, v. 3 n. 04. 1998.

TORRES, R.; ALMEIDA, S.; TATSCH, A. L. Cooperação e aprendizado em arranjos

produtivos locais: aspectos conceituais e indicadores da Redesist. In: NOTA técnica do

projeto de pesquisa: aprendizado, capacitação e cooperação em arranjos produtivos e

inovativos locais de MPEs: implicações para políticas. Rio de Janeiro: Instituto de

Economia da UFRJ e OEA, 2004.

TÖWS, R.L. Atuação do capital imobiliário na produção vertical e a legislação

urbanística na Avenida Brasil, em Maringá (PR) In: MENDES, C.M.; TÖWS, R.L.

(Orgs.) A geografia da verticalização urbana em algumas cidades médias no Brasil.

Maringá: Eduem, 2009, pp.59-79.

TÖWS, R.L.; ARANDA, L.; MENDES, C.M.; A Centralidade de Apucarana através

do ensino: A realidade das instituições de Ensino Superior – FECEA, UTFPR, FAP e

FACNOPAR. In Anais do 1° Simpósio sobre Pequenas Cidades e Desenvolvimento

Local. Maringá: UEM, 2008.

TÖWS, R.L.; MENDES, C.M. GIMENEZ, H.M.; DRUCIAKI, V.P. O processo de

verticalização no Norte Central Paranaese: O caso de Apucarana. In MENDES, C.M.;

TÖWS, R.L. (Orgs.) A geografia da verticalização urbana em algumas cidades médias

no Brasil. Maringá: Eduem, 2009, pp.95-117.

Page 131: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

130

_______. O processo de verticalização no Norte Central Paranaese: O caso de

Arapongas. In MENDES, C.M.; TÖWS, R.L. (Orgs.) Geografia Urbana e temas

transversais. Maringá: Eduem, 2009, pp.17-39.

TÖWS, R.L.; MENDES, C.M.; DRUCIAKI, V.P.; GIMENEZ, H.M.M. Apontamentos

sobre o processo de verticalização em Apucarana-PR. In Anais do III SIMPGEO. Ponta

Grossa: UEPG, 2008, pp.15-29

VILLAÇA, F. Uma contribuição para a história do planejamento urbano no Brasil. In

DEÁK, C.; SCHIFFER, S.R. (Orgs.) O processo de urbanização no Brasil. São Paulo:

Edusp, 1999.

Page 132: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

131

APENDICE

Page 133: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

132

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

I - INFORMAÇÕES CADASTRAIS

FIRMA OU RAZÃO SOCIAL:

MUNICÍPIO:

II - INFORMAÇÕES ECONÔMICAS DA UNIDADE LOCAL

INFORMAÇÕES DOS PRODUTOS FABRICADOS E DOS SERVIÇOS INDUSTRIAIS PRESTADOS PELA UNIDADE LOCAL

DESCRIÇÃO SO PRODUTOS E SERVIÇOS INDUSTRIAIS VENDAS REALIZADAS NO ANO

(R$)

_________________,00

_________________,00

DESTINO DAS VENDAS TOTAIS DE FUNCIONÁRIOS

ESTADOS PAÍSES

III - OBSERVAÇÕES

NOME DO INFORMANTE:________________________________________________________________________________________________

CARGO:____________________________________________________________ TELEFONE: (043) _______________-_________________.

Page 134: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

133

ANEXOS

Page 135: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

134

Anexo I: Exportações de Apucarana em 2008

EXPORTAÇÕES DE APUCARANA

2008 (US$ F.O.B.)

PRODUTO EXPORTADO Apucarana PR % Brasil %

FARINHA DE MILHO 15.728.921 15.987.141 98% 22.991.870 68,41%

GRÃOS DE MILHO, DESCASCADOS,

EM PEROLAS, CORTADOS, ETC. 5.954.689 6.140.749 97% 8.337.138 71,42%

OLEO DE MILHO, EM BRUTO 9.331.720 14.636.604 64% 38.551.750 24,21%

GRUMOS E SEMOLAS, DE MILHO 6.055.385 8.626.887 70% 10.048.784 60,26%

OUTS. COUROS/PELES, BOVINOS,

PREPARADOS 7.744.663 - - - -

OUTS. CALÇADOS DE COURO

NATURAL, C/BIQUEIRA PROT. DE

METAL

3.869.810 6.568.399 59% 9.532.380 40,60%

OUTS. COURO BOVINOS, INCL.

BUFALOS, CORTADOS, ETC. 8.355.387 - - - -

OUTS. COUROS/PELES, BOVINOS,

INCL. BUFALOS, UMIDOS 248.655 7.791.165 3% 159.190.942 0,16%

OUTS. COUROS BOVINOS, INCL.

BUFALOS, DIVD. UMID. PENA FLOR 1.959.266 16.632.119 12% 160.934.139 1,22%

CARNES DE CAVALO, ASININO E

MUAR, FERSCAS, REFRIG. OU CONG. 5.357.880 13.209.692 41% 27.741.740 19,31%

OLEO DE SOJA, REFINADO, EM

RECIPIENTES COM CAP. - 5L 3.888.513 10.015.874 39% 96.228.816 4,04%

Page 136: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

135

Anexo II: Exportações de Apucarana em 2006

EXPORTAÇÕES DE APUCARANA

2006 (US$ F.O.B.)

PRODUTO EXPORTADO Apucarana PR % Brasil %

1 FARINHA DE MILHO 5.091.261 10.851.567 47% 11.109.429 46%

2 GRÃOS DE MILHO, DESCASCADOS,

EM PEROLAS, CORTADOS, ETC. 2.003.925 - - - -

3 OLEO DE MILHO, EM BRUTO 3.788.505 5.886.651 64% 20.745.338 18%

4 GRUMOS E SEMOLAS, DE MILHO 1.397.566 2.438.265 57% 2.711.108 52%

5 OUTS. COUROS/PELES, BOVINOS,

PREPARADOS 14.039.117 - - -

6

OUTS. CALÇADOS DE COURO

NATURAL, C/BIQUEIRA PROT. DE

METAL

1.570.505 2.983.402 53% 4.208.449 37%

7 OUTS. COURO BOVINOS, INCL.

BUFALOS, CORTADOS, ETC. - - - - -

8 OUTS. COUROS/PELES, BOVINOS,

INCL. BUFALOS, UMIDOS 734.696 7.703.056 10% 77.711.293 1%

9 OUTS. COUROS BOVINOS, INCL.

BUFALOS, DIVD. UMID. PENA FLOR 1.685.581 15.921.996 11% 215.302.758 1%

10 CARNES DE CAVALO, ASININO E

MUAR, FERSCAS, REFRIG. OU CONG. 9.170.030 18.551.823 49% 33.923.235 27%

11 OLEO DE SOJA, REFINADO, EM

RECIPIENTES COM CAP. - 5L - - - - -

Page 137: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

136

Anexo III: Exportações de Apucarana em 2004

EXPORTAÇÕES DE APUCARANA

2004 (US$ F.O.B.)

PRODUTO EXPORTADO Apucarana PR % Brasil %

1 FARINHA DE MILHO 63.645 89.868 71% 549.330 11,59%

2

GRÃOS DE MILHO,

DESCASCADOS, EM PEROLAS,

CORTADOS, ETC. 113.825 140.086 81% 457.782 24,86%

3 OLEO DE MILHO, EM BRUTO 4.640.147 6.385.962 73% 23.511.861 19,74%

4 GRUMOS E SEMOLAS, DE MILHO 4.384.884 5.942.086 74% 6.665.197 65,79%

5

OUTS. COUROS/PELES, BOVINOS,

PREPARADOS 5.049.788 5.063.850 100% 84.750.369 5,96%

6

OUTS. CALÇADOS DE COURO

NATURAL, C/BIQUEIRA PROT. DE

METAL 2.420.646 3.096.521 78% 3.848.637 62,90%

7

OUTS. COURO BOVINOS, INCL.

BUFALOS, CORTADOS, ETC. - - - - -

8

OUTS. COUROS/PELES, BOVINOS,

INCL. BUFALOS, UMIDOS 449.106 1.245.516 36% 30.873.849 1,45%

9

OUTS. COUROS BOVINOS, INCL.

BUFALOS, DIVD. UMID. PENA

FLOR 4.058.281 19.260.315 21% 241.606.840 1,68%

10

CARNES DE CAVALO, ASININO E

MUAR, FERSCAS, REFRIG. OU

CONG. 9.691.538 19.078.621 51% 31.360.720 30,90%

11

OLEO DE SOJA, REFINADO, EM

RECIPIENTES COM CAP. - 5L - - - - -

Page 138: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

137

Anexo IV: Exportações de Arapongas em 2008

EXPORTAÇÕES DE ARAPONGAS

2008 (US$ F.O.B.)

PRODUTO EXPORTADO Arapongas PR % Brasil %

1 MOVEIS DE MADEIRA P/

QUARTOS DE DORMIR 23.280.562 39.568.526 59% 289.531.719 8,04%

2 OUTROS MOVEIS

DE MADEIRA 17.894.443 35.724.439 50% 297.342.085 6,02%

3 MOVEIS DE MADEIRA

P/COZINHAS 3.735.802 6.259.718 60% 53.870.981 6,93%

4 ASSENTOS ESTOFADOS,COM A

RMACAO DE MADEIRA 2.031.007 4.523.040 45% 63.512.899 3,20%

5 MOVEIS DE MADEIRA

P/ESCRITORIOS 475.996 923.727 52% 24.614.235 1,93%

6

CARNES DE GALOS/GALINHAS

,N/CORTADAS EM

PEDACOS,CONGEL.

2.345.487 679.163.051 0% 2.207.043.371 0,11%

7

PEDACOS E MIUDEZAS,

COMEST.DE

GALOS/GALINHAS,CONGELADOS

10.072.812 872.460.468 1% 3.612.183.077 0,28%

8

TRIPAS DE

BOVINOS,FRESCAS,REFRIG.CONGEL.

SALG.DEFUMADAS

5.442.060 7.952.935 68% 244.103.926 2,23%

9 OUTRAS MIUDEZAS COMESTIVEIS

DE BOVINO,CONGELADAS 4.809.274 9.530.416 50% 153.338.146 3,14%

10 ALIMENTOS PARA CAES E

GATOS 1.188.611 1.543.273 77% 27.709.750 4,29%

11 BOMBONS,CARAMELOS,CONFEITOS

E PASTILHAS,SEM CACAU 1.459.738 7.632.605 19% 104.442.884 1,40%

Page 139: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

138

Anexo V: Exportações de Arapongas em 2006

EXPORTAÇÕES DE ARAPONGAS

2006 (US$ F.O.B.)

PRODUTO EXPORTADO Arapongas PR % Brasil %

1 MOVEIS DE MADEIRA

P/QUARTOS DE DORMIR 11.886.768 28.419.894 42% 288.230.166 4%

2 OUTROS MOVEIS

DE MADEIRA 13.662.585 33.169.408 41% 288.974.002 5%

3 MOVEIS DE MADEIRA

P/COZINHAS 2.723.959 5.563.524 49% 48.734.809 6%

4 ASSENTOS ESTOFADOS,COM

ARMACAO DE MADEIRA 4.599.710 8.392.849 55% 92.466.831 5%

5 MOVEIS DE MADEIRA

P/ESCRITORIOS 557.456 1.018.034 55% 30.886.526 2%

6

CARNES DE

GALOS/GALINHAS,N/CORTADAS

EM PEDACOS,CONGEL.

16.643 340.861.081 0% 936.857.085 0%

7 PEDACOS E MIUDEZAS,COMEST.DE GALOS

/GALINHAS,CONGELADOS 4.358.025 482.085.748 1% 1.978.623.636 0%

8 TRIPAS DE BOVINOS,FRESCAS,REFRIG.

CONGEL.SALG.DEFUMADAS - - - - -

9 OUTRAS MIUDEZAS COMESTIVEIS

DE BOVINO,CONGELADAS 564.305 4.581.441 12% 64.019.910 1%

10 ALIMENTOS PARA

CAES E GATOS 272.464 485.814 56% 22.395.332 1%

11 BOMBONS,CARAMELOS,CONFEITOS

E PASTILHAS,SEM CACAU 2.444.327 7.178.606 34% 95.850.344 3%

Page 140: MESTRADO EM GEOGRAFIA · 2014. 11. 3. · 1 LEANDRO ARANDA A CENTRALIDADE DO AGLOMERADO URBANO APUCARANA/ARAPONGAS (PR) BRASIL Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

139

Anexo VI: Exportações de Arapongas em 2004

EXPORTAÇÕES DE ARAPONGAS

2004 (US$ F.O.B.)

PRODUTO EXPORTADO Arapongas PR % Brasil %

1 MOVEIS DE MADEIRA P/

QUARTOS DE DORMIR 9.264.850 22.881.792 40% 307.182.977 3,02%

2 OUTROS MOVEIS DE

MADEIRA 8.163.256 30.713.100 27% 309.328.790 2,64%

3 MOVEIS DE MADEIRA

P/COZINHAS 2.616.461 3.582.746 73% 37.918.464 6,90%

4 ASSENTOS ESTOFADOS,COM

ARMACAO DE MADEIRA 9.871.382 19.907.811 50% 81.895.795 12,05%

5 MOVEIS DE MADEIRA

P/ESCRITORIOS 352.854 1.159.781 30% 29.636.824 1,19%

6 CARNES DE GALOS/GALINHAS,

N/CORTADAS EM PEDACOS,CONGEL. - - - - -

7

PEDACOS E MIUDEZAS,

COMEST.DE GALOS/GALINHAS,

CONGELADOS

4.368.091 386.350.108 1% 1.692.075.428 0,26%

8 TRIPAS DE BOVINOS,FRESCAS,REFRIG.

CONGEL.SALG.DEFUMADAS - - - - -

9 OUTRAS MIUDEZAS COMESTIVEIS

DE BOVINO,CONGELADAS 133.212 4.390.481 3% 53.477.240 0,25%

10 ALIMENTOS PARA

CAES E GATOS 403.209 506.052 80% 17.354.434 2,32%

11 BOMBONS,CARAMELOS,CONFEITOS

E PASTILHAS,SEM CACAU 1.129.847 5.259.806 21% 96.003.826 1,18%