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Metanação do CO2 usando Catalisadores de Óxidos Bimetálicos suportados de Níquel - Lantanídeos Pedro Daniel Espanhol de Brito Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Química Orientadores: Doutor Joaquim Miguel Badalo Branco Doutora Ana Cristina Gomes Ferreira da Silva Parreira Júri Presidente: Professora Carla Isabel Costa Pinheiro Orientadores: Doutor Joaquim Miguel Badalo Branco Vogal: Professor Carlos Manuel Faria de Barros Henriques Novembro 2018

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Metanação do CO2 usando Catalisadores de Óxidos

Bimetálicos suportados de Níquel - Lantanídeos

Pedro Daniel Espanhol de Brito

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Química

Orientadores: Doutor Joaquim Miguel Badalo Branco

Doutora Ana Cristina Gomes Ferreira da Silva Parreira

Júri

Presidente: Professora Carla Isabel Costa Pinheiro

Orientadores: Doutor Joaquim Miguel Badalo Branco

Vogal: Professor Carlos Manuel Faria de Barros Henriques

Novembro 2018

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III

Agradecimentos

Gostaria de começar por agradecer aos meus orientadores, Doutor Joaquim Branco e Doutora Ana

Ferreira, em primeiro lugar por me terem concedido a oportunidade de fazer esta tese com eles, e em

segundo, por toda a ajuda que me ofereceram. Sem os seus conhecimentos e apoio este documento

não seria possível.

A todas as pessoas que conheci no CTN. A vossa companhia conseguia sempre tornar todas as

dificuldades em sorrisos.

Quero agradecer a todos os amigos que me ajudaram neste percurso. A vossa presença tornou esta

viajem em mil histórias que me irão sempre acompanhar.

Aos meus pais, irmã e avós, agradeço todo o carinho, apoio e dedicação. Todo este caminho seria

impossível sem a vossa presença.

Finalmente quero agradecer à minha namorada Rita, pela companhia, ajuda e conselhos

imprescindíveis.

A todos, o meu sincero obrigado.

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V

Resumo

O principal objetivo deste trabalho foi o estudo da hidrogenação catalítica do CO2 visando a

produção de CH4. Foram sintetizados por impregnação a seco e eletrofiação catalisadores de óxidos

bimetálicos Ni-Ln (Ni/Ln=5, Ln= La, Ce, Pr, Sm, Dy e Yb) suportados em SiO2 e em γ-Al2O3. Todas as

amostras foram caracterizadas por SEM-EDS, XRD (pós), BET e H2-TPR. No caso dos catalisadores

suportados em SiO2, foram obtidas partículas de formato esférico (0,3-4,0μm), enquanto no caso dos

suportados em γ-Al2O3, as partículas não apresentaram uma forma definida (10-50μm). Em ambos os

casos, foi possível confirmar a presença dos óxidos bimetálicos Ni-Ln distribuídos de forma homogénea

na superfície dos suportes.

Os estudos de metanação do CO2, realizados num reator de leito fixo, mostraram que a

introdução de lantanídeos no catalisador aumenta pelo menos 5 vezes a sua atividade quando

comparada com a atividade do catalisador monometálico de Ni. Os melhores resultados foram obtidos

com os óxidos bimetálicos de Ni-Pr e Ni-Ce suportados em SiO2 e γ-Al2O3. O aumento da atividade

verificado para os óxidos bimetálicos Ni-Ln foi associado: i) ao efeito de dopagem destes sobre as

partículas de Ni, diminuindo o tamanho de partícula, aumentado a acessibilidade e a atividade catalítica

e ii) à existência de um sinergismo entre ambos os metais, que potencia a atividade catalítica do Ni.

Evidências para este sinergismo foram encontradas no comportamento dos catalisadores sob

atmosfera redutora (H2-TPR) e na sua boa estabilidade temporal (≈72h), um facto pouco usual para

catalisadores de níquel que merece ser realçado.

Palavras chave: Óxidos bimetálicos suportados, Níquel, Lantanídeos, Eletrofiação, Metanação,

Dióxido de carbono.

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VII

Abstract

The main goal of this work was to study the catalytic hydrogenation of CO2 for the production of

CH4. Supported bimetallic oxides of Ni – Ln (Ni / Ln = 5, Ln = La, Ce, Pr, Sm, Dy and Yb) on SiO2 and

γ-Al2O3 were synthesized by incipient wetness impregnation and electrospinning. All samples were

characterized by SEM-EDS, XRD (powder), BET and H2-TPR. In the case of the SiO2 supported

catalysts, spherical particles (0.3-4.0 μm) were obtained whereas, in the case of those supported on γ-

Al2O3, the particles did not present a defined shape (10-50 μm). In both cases, the presence of Ni-Ln

bimetallic oxides well distributed on the surface of the supports was confirmed.

The CO2 methanation studies were carried out in a fixed bed reactor. They show that the

introduction of lanthanides increases at least 5 times its activity when compared to the activity of the

monometallic Ni catalyst. The best results were obtained over supported Ni-Pr and Ni-Ce bimetallic

oxides on both SiO2 and γ-Al2O3. The increase in Ni-Ln bimetallic oxides activity was associated with: i)

the doping effect of these on Ni particles, decreasing the particle size, increasing its accessibility and

the catalytic activity, and ii) the existence of a synergism between both metals that increases Ni catalytic

activity. Evidences for this synergism were found in the behavior of the catalysts under the reducing

atmosphere (H2-TPR) and at its good stability on the gaseous phase (≈72 h), an unusual fact for nickel

catalysts that deserves to be highlighted.

Keywords: Supported bimetallic oxides, Nickel, Lanthanides, Electrospinning, Methanation, Carbon

dioxide.

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Comunicações

1. Pedro Brito, Ana C. Ferreira, Joaquim B. Branco, “CO2 hydrogenation over supported bimetallic

nickel-lanthanides oxides”, III Encontro do Colégio da Química, Junho 2018, Lisboa, Portugal.

2. Pedro Brito, Ana C. Ferreira, Joaquim B. Branco, “CO2 methanation over bimetallic nickel-

lanthanides oxides supported on SiO2”, Escola Ibero-Americana de Catálise, Setembro 2018,

Lisboa, Portugal.

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Índice Geral

Introdução ...........................................................................................................................1

1.1 Motivação ................................................................................................................................ 1

1.2 Transformação do CO2 ............................................................................................................ 2

1.3 Mecanismo reacional ............................................................................................................... 2

1.4 Influência dos parâmetros experimentais ................................................................................ 5

1.5 Catalisadores para a metanação do CO2 ................................................................................ 6

1.6 Tecnologia Atual ...................................................................................................................... 9

1.7 Desafios na metanação do dióxido de carbono .................................................................... 11

1.8 Objetivos do presente trabalho.............................................................................................. 12

Parte Experimental .......................................................................................................... 13

2.1 Métodos de síntese ............................................................................................................... 13

Técnica de eletrofiação (Electrospinning) ......................................................................... 13

Método sol-gel ................................................................................................................... 14

Impregnação a seco .......................................................................................................... 14

2.2 Síntese dos catalisadores bimetálicos suportados ............................................................... 15

Síntese dos suportes ......................................................................................................... 15

Síntese dos catalisadores suportados .............................................................................. 17

2.3 Técnicas de caracterização dos catalisadores ...................................................................... 19

Microscopia eletrónica de varrimento (SEM) .................................................................... 19

Difração de raios-X de pós (XRD) ..................................................................................... 20

Áreas superficiais (BET, Brunauer, Emmett, Teller) ......................................................... 21

Redução a temperatura programada (H2-TPR)................................................................. 23

Absorção e Dessorção a Temperatura Programada de CO ............................................. 25

2.4 Estudos catalíticos da reação de metanação do CO2 ........................................................... 27

Resultados Experimentais .............................................................................................. 31

3.1 Caracterização dos catalisadores ......................................................................................... 31

SEM-EDS .......................................................................................................................... 31

Difração de raios-X (XRD) ................................................................................................. 33

Redução a temperatura programada ................................................................................ 37

3.2 Estudo da reação de hidrogenação do CO2 .......................................................................... 39

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XII

Efeito da temperatura ........................................................................................................ 39

Efeito do método de síntese .............................................................................................. 42

Efeito do suporte................................................................................................................ 42

Efeito da terra rara ............................................................................................................. 44

Efeito do tratamento da pré-redução dos catalisadores ................................................... 47

Estabilidade dos catalisadores .......................................................................................... 49

Comparação com outros catalisadores ............................................................................. 50

4. Conclusão e perspetivas futuras ................................................................................... 51

5. Bibliografia ....................................................................................................................... 53

6. Anexos .............................................................................................................................. 58

A. Otimização do método de eletrofiação: soluções testadas. .......................................................... 58

B. Quantidades pesadas na síntese de catalisadores por impregnação. ......................................... 59

C. Imagens SEM dos óxidos bimetálicos suportados em sílica e alumina ....................................... 60

D. Difração de raios-X dos óxidos bimetálicos suportados em alumina ........................................... 63

F. Estabilidade dos óxidos bimetálicos suportados em sílica ............................................................ 67

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XIII

Lista de Figuras

Figura 1. Produtos provenientes da hidrogenação do CO2 (adaptado de [2]). ...................................... 2

Figura 2. Metanação direta vs. metanação em que intervém um intermediário (adaptado de [7]). ....... 3

Figura 3. Mecanismo reacional proposto para a metanação do CO2 usando Ru/TiO2 como catalisador

[9]; ............................................................................................................................................................ 3

Figura 4. Efeito da temperatura e pressão na reação de metanação do CO2 (adaptado de [2]). ......... 5

Figura 5. Esquema de um reator de plasma não térmico (adaptado de [51]). ..................................... 10

Figura 6. Montagem característica da técnica de electrofiação: (a) esquema; (b) imagem real da

aparelhagem usada neste trabalho. ...................................................................................................... 13

Figura 7. Passos da metodologia do método sol-gel. .......................................................................... 14

Figura 8. Metodologia da técnica de impregnação a seco. .................................................................. 14

Figura 9. Resumo da (s) metodologia (s) usada (s) na preparação dos catalisadores. ...................... 15

Figura 10. Imagem do composto precursor de alumina, após o processo de desidratação. .............. 16

Figura 11. Impregnação a seco: montagem usada (a), catalisador após impregnação (b). ................ 18

Figura 12. SEM-EDS, MicroLab Instituto Superior Técnico. ................................................................ 19

Figura 13. Difractograma de raios-X obtido para o catalisador de NiO/SiO2, antes da reação. .......... 20

Figura 14. Aparelho de medição das áreas superficiais Micromeritics ChemSorb 2720. .................... 21

Figura 15. Resultado característico de uma medição de área superficial. .......................................... 21

Figura 16. Reta de calibração para consumos de N2 ........................................................................... 22

Figura 17. H2-TPR, termograma obtido para o catalisador NiO/SiO2. .................................................. 23

Figura 18. Consumo de H2: reta de calibração obtida para o óxido de níquel usado como padrão. ... 24

Figura 19. Adsorção de CO - técnica pulsada: espetro característico obtido para um catalisador de

platina (5%Pt/Al2O3, comercial Aldrich) usado como referência. .......................................................... 25

Figura 20. Dessorção de CO a temperatura programada (CO-TPD): espetro característico obtido após

os estudos de adsorção pulsada sobre Ni-Pr/SiO2. .............................................................................. 26

Figura 21. Efeitos difusionais, estudo da variação do parâmetro GHSV para o catalisador Ni-Ce/SiO2 a

300ᵒC. .................................................................................................................................................... 27

Figura 22. Montagem usada nos estudos catalíticos. .......................................................................... 28

Figura 23. Cromatograma tipo obtido no cromatógrafo Agilent 4890D GC, usando um detetor TCD e

uma coluna Restek ShinCarbon ST, L=2m, ϕ=1/8 in., ID=1mm. ......................................................... 29

Figura 24. Imagens SEM da sílica obtida por eletrofiação: (a) sem calcinação (b) após calcinação a

550 ᵒC (0,5ºC/min). ................................................................................................................................ 31

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XIV

Figura 25. Imagens SEM do catalisador Ni-La/SiO2: (a) Imagem a x16000 com inserção de ampliação

x65000 (b) mapeamento da amostra (EDS: azul=Si; vermelho=La; verde=Ni). ................................... 32

Figura 26. Imagens SEM das partículas de alumina obtidas pelo método sol-gel (a), imagens SEM do

catalisador suportado Ni-Ce/Al2O3 (b) (inserção na ampliação x 45000). ............................................ 32

Figura 27. Imagens SEM das fibras de a) sílica e b) alumina. ............................................................. 33

Figura 28. Imagens SEM das fibras dos catalisadores suportados em: a) sílica (Ni-La) e b) alumina (Ni-

Ce). ........................................................................................................................................................ 33

Figura 29. Difractogramas de raios-X dos óxidos bimetálicos suportados em sílica. .......................... 34

Figura 30. Difractogramas de raios-X obtidos após reação para os óxidos bimetálicos suportados em

sílica. ...................................................................................................................................................... 34

Figura 31. Difractogramas de raios-X obtidos após reação para os óxidos bimetálicos suportados em

sílica com pré-tratamento de redução. .................................................................................................. 35

Figura 32. Difractogramas de raios-X obtidos para os óxidos bimetálicos suportados em γ-Al2O3. .... 36

Figura 33. Perfis de H2-TPR obtidos para os catalisadores suportados em sílica. .............................. 37

Figura 34. Perfis de H2-TPR obtidos para os catalisadores suportados em alumina. ......................... 38

Figura 35. Efeito do catalisador, suporte e terra rara no rendimento em CH4 (H2/CO2=4, GHSV=15000

mL CO2 / gcat.h). ..................................................................................................................................... 39

Figura 36. Efeito da temperatura sobre o rendimento em CH4 usando catalisadores suportados em

sílica; na figura o Ni-Pr / SiO2 (H2/CO2=4, GHSV=15000 mL CO2 / gcat.h). .......................................... 40

Figura 37. Aplicação da lei de Arrhenius aos catalisadores suportados em sílica com pré-redução

(relação entre 1/T, T=250, 300, 350, 400, 450 ᵒC e ln (conversão de CO2; H2/CO2=4, GHSV=15000 mL

CO2 / gcat.h). ........................................................................................................................................... 41

Figura 38. Efeito do método de síntese sobre o rendimento dos catalisadores em CH4..................... 42

Figura 39. Comparação dos resultados catalíticos obtidos usando a sílica eletrofiada e sílica comercial

como suportes (H2/CO2=4, GHSV=15000 mL CO2 / gcat.h, Temp. reação=300 ᵒC). ............................. 43

Figura 40. Comparação de resultados catalíticos obtidos para os catalisadores suportados de Ni-La

em sílica e alumina, obtidas estas últimas por eletrofiação (H2/CO2=4, GHSV=15000 mL CO2/gcat.h,

Temp. reação=300 ᵒC). ......................................................................................................................... 43

Figura 41. Comparação de catalisadores suportados em sílica (eletrofiação) e alumina (sol-gel).

(H2/CO2=4, GHSV=15000 mL CO2 / gcat.h, Temp. reação=300 ᵒC). ..................................................... 44

Figura 42. Efeito da temperatura sobre o rendimento em CH4. ........................................................... 45

Figura 43. Efeito do tamanho de partículas de NiO no rendimento dos catalisadores suportados em

sílica. (H2/CO2=4, GHSV=15000 mL CO2 / gcat.h). ................................................................................ 46

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XV

Figura 44. Efeito do tamanho de partículas de NiO no rendimento dos catalisadores suportados em

alumina. (H2/CO2=4, GHSV=15000 mL CO2 / gcat.h). ........................................................................... 47

Figura 45. Efeito do pré-tratamento sob hidrogénio na atividade dos catalisadores suportados em sílica

(H2/CO2=4, GHSV=15000 mL CO2 / gcat.h, Temp. reação=300 ᵒC). ..................................................... 48

Figura 46. Efeito do pré-tratamento sob hidrogénio na atividade dos catalisadores suportados em

alumina (H2/CO2=4, GHSV=15000 mL CO2 / gcat.h, Temp. reação=300 ᵒC). ....................................... 48

Figura 47. Estabilidade do catalisador Ni-Ce/SiO2 na fase gasosa (H2/CO2=4, GHSV=15000 mL CO2 /

gcat.h) ..................................................................................................................................................... 49

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XVII

Lista de Tabelas

Tabela 1. Compilação de alguns dos melhores catalisadores referenciados na literatura para a reação

de metanação do CO2. (H2/CO2=4) ......................................................................................................... 9

Tabela 2. Projetos Industriais envolvendo a metanação do CO2 [21]. ................................................. 10

Tabela 3. Análise semi-quantitativa dos catalisadores suportados em sílica sintetizados por

impregnação. ......................................................................................................................................... 18

Tabela 4. Análise semi-quantitativa dos catalisadores suportados em alumina sintetizados por

impregnação. ......................................................................................................................................... 18

Tabela 5. Áreas superficiais dos catalisadores suportados em sílica e alumina.................................. 22

Tabela 6. H2-TPR, valores teóricos e experimentais obtidos para o consumo de hidrogénio usando os

catalisadores suportados em sílica. ...................................................................................................... 24

Tabela 7. H2-TPR, valores teóricos e experimentais obtidos para o consumo de hidrogénio usando os

catalisadores suportados em alumina. .................................................................................................. 24

Tabela 8. Áreas metálicas da espécie ativa (Ni) para os catalisadores usados neste trabalho. ......... 27

Tabela 9. Tamanho de partículas de NiO e Ni para os catalisadores suportados em sílica. ............... 35

Tabela 10. Tamanho de partículas de NiO e Ni para o catalisador de óxido bimetálico suportado em

alumina. ................................................................................................................................................. 36

Tabela 11. Energia de ativação aparente para os catalisadores testados estimada a partir da equação

de Arrhenius. ......................................................................................................................................... 41

Tabela 12. Valores de temperatura para uma isoconversão de 10% de CO2 e respetiva seletividade em

CH4. ....................................................................................................................................................... 45

Tabela 13. Comparação nas mesmas condições dos nossos resultados com os de dois catalisadores

de referência: resultados obtidos a 300 ᵒC usando um GHSV de 15000 mLCO2/g.h .......................... 50

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XVIII

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1

Introdução

1.1 Motivação

Numa economia mundial baseada no petróleo e nos seus derivados, onde o crescimento

continua dependente da disponibilidade e extração deste, os níveis de dióxido de carbono (CO2,

produto final desta cadeia energética) na atmosfera terrestre têm crescido exponencialmente e com

grande impacto ambiental. Estudos revelam que a concentração de CO2 aumentou de 280 ppm do

período pré-industrial para um valor atual de 405 ppm, representando um aumento de cerca 40 %,

destacando-se um crescimento médio de 2 ppm/ano nos últimos 10 anos. O aumento da concentração

deste gás na atmosfera, considerado um dos principais gases de efeito de estufa, tem consequência

direta na temperatura média terrestre, tal como noutros parâmetros ambientais.

Estudos feitos pela “International Energy Agency” em 2015, mostram que houve um aumento

de 6,131 para 23,322 TWh no consumo energético desde 1973 até 2013 e que este valor irá aumentar

cada vez mais devido ao contínuo aumento populacional e ao aumento do nível de vida, principalmente

nas economias em desenvolvimento da Ásia e do Médio Oriente. A necessidade de uma maior

produção de energia é especialmente gravosa se levarmos em conta que mais de 60% da geração de

energia elétrica mundial é proveniente de combustíveis fósseis, o que contribuí para o aumento da

concentração de CO2 na atmosfera terrestre. Tendo em conta que o aquecimento global é uma

consequência do aumento de gases de efeito de estufa (CO2, CH4, N2O) e uma das principais ameaças

ambientais, o desenvolvimento de fontes de energia renováveis e a diminuição dos níveis de CO2 na

atmosfera são dois dos temas de investigação mais prementes e atuais.

Atualmente, as principais alternativas em estudo para a redução do CO2 na atmosfera são: i) a

captura e armazenamento de CO2 (do inglês, CCS) em formações geológicas com características

apropriadas e que garantam a sua retenção durante longo tempo (milhões de anos) [1]; ii) a

transformação do CO2 em produtos de valor acrescentado, por exemplo hidrocarbonetos ou álcoois [2].

A primeira alternativa envolve a captura do CO2 antes de ser libertado na atmosfera, por exemplo nas

emissões das centrais termoelétricas, cimenteiras, refinarias, e o seu transporte por gasoduto ou navio

até ao local de armazenamento, onde o CO2 é injetado a grandes profundidades em formações

geológicas. Esta é sem dúvida uma alternativa muito estudada, mas com vários riscos de segurança

associados ao transporte do CO2 no estado liquefeito e no processo de injeção deste no local de

armazenamento geológico. Para além dos perigos associados ao CCS do CO2, também existe

ameaças do próprio processo de armazenamento geológico: efeitos biológicos em plantas,

contaminação de águas, aumento do risco de sismicidade e a libertação gradual do produto

armazenado [3]. Por este motivo, a transformação do CO2 em produtos de valor acrescentado tem

emergido paulatinamente como a melhor solução envolvendo, por exemplo, reações de hidrogenação

seletiva para a produção de diversos produtos químicos com acrescidas potencialidades económicas

e ambientais (Figura 1). O uso de CO2 como matéria-prima traria benefícios económicos e,

simultaneamente, mitigava as preocupações relativas às alterações climáticas.

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2

Figura 1. Produtos provenientes da hidrogenação do CO2 (adaptado de [2]).

1.2 Transformação do CO2

A molécula de CO2 possui duas ligações duplas em torno do mesmo átomo de carbono que lhe

concedem uma estabilidade elevada quando comparada com a de outros compostos de carbono. De

forma a conseguir usar o CO2 como reagente numa reação química, é essencial escolher um reagente

que torne essa reação termodinamicamente favorável. Por exemplo, o H2 que quando usado como co-

reagente permite a conversão do CO2 em CH4 e H2O, numa reação reversível, exotérmica e

termodinamicamente favorável (∆𝐺ᵒ = −114 kJ. mol−1). Esta reação é atualmente um dos principais

focos de investigação, embora o processo tenha sido descoberto em 1897 pelo cientista Paul Sabatier,

ficando conhecida como reação de Sabatier (Eq. 1) [4].

𝐶𝑂2 + 4𝐻2 → 𝐶𝐻4 + 2𝐻2𝑂

∆𝐺ᵒ = −114 kJ. mol−1 ; ∆𝐻ᵒ = −165 kJ. mol−1[5]

Eq. 1

A redução de um átomo de carbono complemente oxidado numa molécula de CH4 é um

processo que envolve a transferência de oito eletrões com limitações cinéticas, sendo essencial o uso

de catalisadores que permitam o aumento do rendimento e a diminuição da temperatura da reação [6].

1.3 Mecanismo reacional

Apesar da redução do CO2 a CH4 ser uma reação simples, a natureza dos compostos

intermediários e passos envolvidos tornam-na numa reação química sofisticada, onde ainda não existe

um consenso para a sua cinética. Dois caminhos reacionais têm sido propostos: um que implica a

hidrogenação direta do CO2 sem que haja a passagem por um composto intermédio [7],[8], e outro que

passa pela formação de um composto intermédio, o monóxido de carbono (CO) [9]–[11]. Este último é,

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3

até à data, o mecanismo reacional mais aceite. No entanto ainda não existe uma concordância sobre

os passos do mesmo [11], [12] (Figura 2).

Foi sugerido que este composto intermédio resulta da dissociação do CO2, mas a sua natureza

poderá diferir, desde a formação do ião formato (CHOO-), que por sua vez se irá decompor em

monóxido de carbono (CO) e água (H2O), ou diretamente em CO. Em ambas as hipóteses é aceite que

o passo limitante será a dissociação do CO2 [13],[14].

Figura 2. Metanação direta vs. metanação em que intervém um intermediário (adaptado de [7]).

Através de estudos de espetroscopia “in situ” durante a metanação do CO2 usando Ru/TiO2

como catalisador foi confirmada a presença do ião formato e de CO na sua superfície [9]. A análise

também concluiu a presença do ião bicarbonato na superfície do catalisador e da sua associação à

formação do ião formato. Estes resultados mostram que a reação passa por uma primeira fase de

transformação do CO2 em CO, que envolve a hidrogenação do ião bicarbonato em ião formato, que irá

dissociar-se em CO, seguindo-se as restantes etapas de hidrogenações do CO e formação do CH4

como produto final. A Figura 3 representa o caminho reacional proposto.

Figura 3. Mecanismo reacional proposto para a metanação do CO2 usando Ru/TiO2 como catalisador [9]; S: Suporte; M: Metal; I: Interface metal - suporte.

Estudos feitos por Lapidus et al. [10] utilizando catalisadores de cobre (Cu) e níquel (Ni)

permitiram conclusões muito semelhantes aos resultados descritos acima com o catalisador de Ru/TiO2

(Marwood et al., [9]). Quando utilizado cobre como catalisador apenas foram detetados CO e H2O na

superfície do catalisador, não sendo este ativo para a formação de CH4, contrariamente ao catalisador

de níquel onde também se detetou a presença de CH4.

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4

Os resultados obtidos por Lapidus et al. [10] permitiram aferir que:

I. Existe uma maior afinidade dos catalisadores para o CO2 comparativamente ao H2, quando

estes competem pelos mesmos centros ativos.

II. O rápido equilíbrio verificado para a adsorção do H2 e CO2 na superfície do catalisador

assegurou que estes passos não são os passos lentos da reação.

III. Testes com D2 confirmaram que o hidrogénio reage na forma atómica, o que provou que a

adsorção do H2 à superfície do catalisador é um processo dissociativo. Este resultado também

foi verificado por Marwood et al. [9] nos testes com Ru.

IV. A presença do complexo carboxílico (COOH-) na superfície do catalisador foi comprovada por

estudos de espectroscopia de massa e DRIFT (do inglês Diffuse Reflectance Infrared Fourier

Transform Spectroscopy), evidência também constatada por Marwood.

V. Foi possível verificar que existe um atraso no aparecimento do CH4 relativamente ao

aparecimento do CO no início da reação. Ambos os resultados IV e V apoiam a hipótese de

que o CO é o composto intermédio na hidrogenação do CO2.

VI. Existe uma diminuição na concentração de saída de CO quando reduzido o caudal de entrada

de H2. Este facto apoia que existe uma reação com o H2 no passo na formação do CO.

VII. A velocidade de reação não se altera quando se adiciona o CO como reagente de entrada

juntamente com CO2. Este resultado apoia que a hidrogenação do CO é um passo rápido, e

que a dissociação do CO2 é o passo determinante na cinética da metanação.

Com base nestes resultados, foi proposto o seguinte mecanismo reacional (X representa a área

ativa do catalisador) (Esquema 1).

1. 𝐶𝑂2 + 𝑋 ↔ 𝐶𝑂2𝑋

2. 𝐻2 + 2𝑋 ↔ 2𝐻𝑋

3. 𝐶𝑂2𝑋 + 𝐻𝑋 ↔ 𝐶𝑂2𝐻𝑋 + 𝑋

4. 𝐶𝑂2𝐻𝑋 + 𝐻𝑋 ↔ 𝐶𝑂𝑋 + 𝐻2𝑂𝑋 – Passo limitante

5. 𝐻2𝑂𝑋 ↔ 𝐻2𝑂 + 𝑋

6. 𝐶𝑂𝑋 + 6𝐻𝑋 ↔ 𝐶𝐻4𝑋 + 𝐻2𝑂𝑋

7. 𝐶𝐻4𝑋 ↔ 𝐶𝐻4 + 𝑋

Esquema 1. Mecanismo reacional proposto para a hidrogenação do CO2 [10].

Assim sendo, parece existir uma concordância em vários estudos [9]–[11] sobre a cinética da

reação de metanação do CO2 que passa pela formação do CO como composto intermédio. A maioria

das investigações também concluem que o passo limitante corresponde à transformação CO2→CO. O

mecanismo reacional difere consoante o catalisador utilizado e das condições reacionais. Contudo, de

uma forma simplificada pode-se resumir o mecanismo reacional mais consensual a 4 passos: i) a

adsorção química do CO2 na superfície do catalisador, ii) a dissociação deste e formação de COadsorvido,

iii) a redução do COadsorvido por reação com Hadsorvido,e iv) a dessorção do composto formado, o CH4 [6],

[11].

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1.4 Influência dos parâmetros experimentais

A reação de metanação do CO2 pode não produzir apenas o produto pretendido (CH4), mas

também compostos secundários como outros hidrocarbonetos (de cadeia mais longa) e monóxido de

carbono. Como em todas as reações químicas, as condições de processo são fatores determinantes

na conversão do (s) reagente (s) e na seletividade do (s) produto (s) desejado (s). A pressão, a

temperatura, a razão entre reagentes, o tempo de contacto e o tipo de catalisador são fatores com

grande influência no rendimento da metanação do CO2.

Segundo o equilíbrio termodinâmico, a pressão de trabalho tem grande influência nesta reação.

Da equação da reação CO2+4H2↔CH4+2H2O, verifica-se uma diminuição de 5 moles de reagentes

para apenas 3 moles de produtos, tendo isto como consequência uma diminuição considerável do

volume de leito reacional. Segundo os princípios termodinâmicos de Le Chatelier, ao aumentar-se a

pressão de um sistema, o equilíbrio irá deslocar-se no sentido de menor volume estequiométrico. Neste

caso, pressões maiores originam um deslocamento do equilíbrio para o lado dos produtos, aumentando

a conversão de CO2. Numa análise termodinâmica feita por Jiajian et al. [5], este fator foi comprovado

com o estudo da reação a várias pressões de trabalho, tendo-se verificado que a conversão do CO2

aumenta com a pressão.

De uma forma semelhante, também o aumento da temperatura de reação provoca um aumento

rápido na conversão do CO2, mas contrariamente à pressão, este efeito tende para um limite. A

temperaturas elevadas verifica-se um efeito contrário, isto é, uma diminuição no rendimento da reação

em CH4. Devido à natureza exotérmica da reação, o aumento da temperatura leva a que o equilíbrio da

reação seja deslocado no sentido endotérmico, ou seja, no sentido dos reagentes [5],[15]–[17]. Para

além deste fator, a subida de temperatura da reação promove o aparecimento de reações secundárias,

principalmente com a produção de CO, que tem implicações imediatas na seletividade em CH4,

diminuindo o seu rendimento. Sendo a produção de CO proveniente de processo de decomposição do

CO2, o aumento da temperatura afeta desfavoravelmente o rendimento em CH4, uma vez que estas

reações são mais favoráveis a temperaturas mais elevadas. Figura 4 representa a variação da

conversão de CO2 e seletividade em CH4 em função da temperatura e pressão.

Figura 4. Efeito da temperatura e pressão na reação de metanação do CO2 (adaptado de [2]).

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6

Outros estudos mostram que, quer a razão dos reagentes, quer o tempo de contacto na

superfície do catalisador são parâmetros que também influenciam a reação de metanação do CO2. Os

resultados obtidos mostram que qualquer razão abaixo da quantidade estequiométrica (H2/CO2=4)

favorece a formação de resíduos de carbono e consequente desativação do catalisador [5]. Desta

forma, para obter um alto rendimento em CH4 e evitar deposição de carbono, a razão entre os reagentes

não poderá ser abaixo de 4. Para razões superiores, verifica-se uma maior seletividade em CH4.

O tempo de contacto (h) foi testado pela variação do GHSV (do inglês Gas Hourly Space

velocity, mL/g.h). Sendo estes dois parâmetros inversamente proporcionais, o aumento do GHSV irá

provocar uma diminuição do tempo de contacto entre os reagentes e o catalisador. Estudos revelaram

que existe um decréscimo na conversão do CO2 com o aumento do GHSV [18], [19]. Este resultado

pode ser explicado devido à diminuição do tempo de contacto, que ocorre com o aumento do fluxo no

reator. Contrariamente, a seletividade não mostrou dependência com o aumento do GHSV. Desde

modo, para metanação a temperaturas baixas é benéfico um baixo GHSV.

1.5 Catalisadores para a metanação do CO2

Para além das condições de processo, a conversão e seletividade dependem também do tipo

de catalisador e do suporte. Desde a descoberta do processo por Sabatier usando níquel como

catalisador, vários metais têm sido estudados como possíveis alternativas para a reação de metanação

do CO2, principalmente os metais de transição dos grupos 8 a 11. Analisando os resultados catalíticos

obtidos com vários metais, foi possível estabelecer uma ordem para a atividade e seletividade [20]–

[22]:

Ru > Rh > Ni > Fe > Co > Os > Ir > Mo > Pd > Ag > Au Atividade

Pd > Pt > Ir > Ni > Rh > Co > Fe > Ru > Mo > Ag > Au Seletividade em metano

Os catalisadores de metais nobres, em particular ródio e ruténio, são os que apresentam

melhores resultados catalíticos, com conversões de CO2 entre 60 e 80% e seletividades em CH4 muito

próximas de 100% (temperaturas de reação entre 300 e 400ᵒC, caudal de reagentes de 40mL/min [50%

He, 40%H2 e 10% CO2] e GHSV de 10000 mL.(gcat..h)-1 [23], [24]). Abu Bakar et al. [25] obteve uma

conversão de CO2 de 99%, num estudo onde combinava no mesmo catalisador Ni e Ru. Contudo o

elevado preço dos catalisadores contendo metais nobres torna-os incompatíveis numa utilização à

escala industrial [26]. De entre as várias alternativas, os catalisadores de molibdénio apresentam as

melhores seletividades em C2+ (10% etano e 4% propano) [27], enquanto os catalisadores de Fe

apresentam uma razoável atividade para conversão de CO2 (22%) mas uma seletividade em CH4 muito

baixa (67%) quando comparada com outros catalisadores [28]. Desta maneira, os catalisadores à base

de níquel são atualmente a alternativa mais viável, principalmente devido aos valores que apresentam

para a conversão de CO2 (≈40%) e seletividade em CH4 (>85%), ambos bastante competitivos quando

comparados com os valores obtidos nas mesmas condições com catalisadores de Ru e Rh [29].

Apesar da atividade / seletividade de um catalisador estar focada no seu centro ativo, no caso

dos catalisadores suportados a influência do suporte não deve ser descurada (catalisadores

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bifuncionais) e continua a ser motivo de investigação. Características procuradas para os suportes são

uma grande área superficial que ajude na dispersão dos centros ativos na superfície deste, e interações

ideais entre reagentes e suporte, de forma a favorecer os passos de adsorção e dessorção. Os suportes

mais comuns associados a esta reação são óxidos metálicos com áreas especificas altas: alumina (γ-

Al2O3), sílica (SiO2), óxido de titânio (TiO2). Estudos feitos por Dharmendra et al. [30] com recurso à

técnica de dessorção a temperatura programada de CO2 (CO2-TPD), permitiram obter uma ordem para

a capacidade de adsorção do CO2 em diversos suportes, nomeadamente os mais usuais para reação

de metanação do CO2:

SiO2 < ZrO2 < TiO2 < Al2O3

Este resultado sustenta que a absorção do CO2 na superfície do catalisador tem um impacto

real no rendimento em CH4 e que o crescente caráter anfotérico / básico do suporte permite uma maior

interação e adsorção do CO2. Para além destes suportes mais comuns, outros compostos também têm

sido a ser alvo de estudo. Os MOFs (do inglês metal-organic frameworks) têm surgido cada vez como

uma nova classe de suportes para catalisadores suportados devido as suas altas áreas superficiais

(>1000 m2.g-1). Zhen et al. testou o uso destes suportes em catalisadores de Ni (Ni/MOF-5) na reação

de metanação do CO2, obtendo valores de 75% para a conversão com 100% de seletividade em CH4

(300 °C, GHSV= 2000 h-1, pressão atmosférica) [31]. Também a utilização de zeólitos como suporte

continua a ser objeto de muitos estudos [32]. O zeólito USY com Ni foi testado na metanação do CO2

e exibe conversões de 68% e seletividade em CH4 de 94% (400 °C, GHSV= 43000 h-1). Um outro estudo

comparativo de catalisadores à base de Ni com diferentes suportes, onde são comparados vários

materiais cristalino - porosos, foi realizado por Aziz et al. [33], obtendo a seguinte ordem de atividade:

Ni/γ-Al2O3 < Ni/SiO2 < Ni/HY (zeólito) < Ni/MCM-41 < Ni/MSN-55*

*(MSN - Mesostrutured sílica nanoparticles; MCM - Mobile Crystalline Material)

A combinação de diferentes metais tem sido também alvo de vários estudos com o objetivo de

combinar diferentes vantagens num só catalisador. A introdução de um segundo metal na superfície do

catalisador influência as suas propriedades físicas e químicas, estrutura eletrónica e geométrica,

permitindo maximizar a especificidade de cada um deles ou até gerar um centro ativo diferente [34].

Um estudo realizado por Swalus et al. [35] mostrou que a temperaturas reacionais baixas (125ᵒC) um

catalisador bimetálico combinado de ródio (Rh) e Ni apresenta um aumento de 4 vezes no rendimento

em metano quando comparado com o valor obtido com o catalisador contendo apenas Rh. O resultado

catalítico foi explicado devido às diferentes propriedades de cada metal: Rh tem uma maior afinidade

para a adsorção e dissociação do CO2, enquanto que o Ni mostra uma maior interação para a adsorção

e ativação do H2. A sinergia obtida quando utilizado os metais em conjunto melhora significativamente

a atividade global do catalisador, mantendo-se uma seletividade em CH4 de 100%.

Rene et al. [34] obtiveram resultados semelhantes quando testaram a adição de ferro (Fe),

cobalto (Co) e Cu a um catalisador de Ni. A 250 °C, os catalisadores de Ni dopados com Fe e Co

revelaram uma subida de 35 para 80% na conversão de CO2 relativamente ao catalisador

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monometálico de Ni, enquanto que o catalisador com Cu mostrou um decréscimo na conversão. O

catalisador de Fe e Ni também mostrou melhores resultados na seletividade em CH4 quando

comparado com o catalisador de Ni, contrariamente ao que se observou nos catalisadores de Co e Cu,

que mostraram uma maior seletividade em etano (30 e 40% respetivamente). A análise por

infravermelho in situ revelou que a presença de Fe no catalisador melhora a adsorção e dissociação

do CO2. Também mostrou que existe uma diminuição na concentração de carbonatos e bicarbonatos

à superfície do catalisador, que se formam devido a interações do CO2 com oxigénio ou grupos

hidróxidos, concluindo-se que a adição de Fe inibe a formação destes compostos. Para além destes

fatores, a adição de um segundo metal favorece a dispersão de Ni na superfície do catalisador

juntamente com a diminuição do tamanho de partícula [34].

A adição de elementos do bloco f a catalisadores contendo outros metais foi também objeto de

alguns estudos [36], [37]. Em particular, os lantanídeos têm sido usados como aditivos para promoção

de características eletrónicas e / ou estruturais de outros metais. Estudo realizado por Kudo e Kato [38]

com catalisadores de Ni dopados com lantanídeos na reação foto - catalítica de water - spliting,

revelaram que a adição de lantanídeos aumenta o rendimento da reação. A caracterização dos

catalisadores mostrou uma diminuição considerável do tamanho da partícula formada, de 2-3 μm para

0,1-0,7 μm, e a formação de uma estrutura em degrau na superfície do catalisador bimetálico, enquanto

que no catalisador monometálico de Ni a superfície é plana, o que favoreceu o aumento da sua área

superficial. A soma destes fatores resulta num catalisador com uma maior dispersão de área ativa e

numa melhor atividade catalítica. Estudos semelhantes feitos por Parida et al. [39] e Mohamed et al.

[40], onde foram testadas misturas de diferentes lantanídeos e diferentes métodos de preparação

(impregnação e sol-gel) chegaram às mesmas conclusões: o uso de lantanídeos como aditivos favorece

um menor tamanho de partícula e uma maior área superficial, resultando numa maior atividade

catalítica.

Num outro estudo, cujo objetivo era avaliar as diferenças estruturais em catalisadores de Ni e

Cu usando o Ce como promotor, foi observada a formação de complexos do tipo CeMyOx (M=Ni, Cu)

que funcionavam como reservatórios de H2, conseguindo adsorver grandes quantidades de hidrogénio

[41]. Estes compostos apresentaram atividade catalítica para hidrogenação de alcenos mesmo na

ausência de H2 como reagente, quando estes foram previamente tratados com um fluxo de H2. No

mesmo sentido vão os estudos realizados por Ahmad et al. [42] que testaram a combinação de Ni com

lantânio (La), cério (Ce), prasiodímio (Pr), európio (Eu) e gadolínio (Gd), comprovando que a presença

dos elementos f melhora a conversão de CO2 comparativamente ao catalisador apenas com Ni,

obtendo valores de atividade e seletividade muito semelhantes aos catalisadores bimetálicos com Ni e

metal nobre. Este melhoramento foi atribuído novamente a uma maior dispersão de metal na superfície

do catalisador, a um menor tamanho de partícula quando comparado com o catalisador monometálico

de Ni e a um aumento da capacidade de absorção de H2. Para além destes, também outros estudos

confirmaram o efeito positivo da presença de terras raras em catalisadores bimetálicos contendo Ni,

mostrando que podem ser uma alternativa real aos catalisadores de metais nobres [43], [44].

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1.6 Tecnologia Atual

Como já referido, a utilização do CO2 como um reagente é um importante objetivo e a variedade

de catalisadores testados é enorme. A Tabela 1 resume os resultados obtidos com alguns dos melhores

catalisadores reportados na literatura para a reação de metanação do CO2 em condições semelhantes

à usadas neste trabalho (pressão atmosférica, T ≤ 450 °C).

Tabela 1. Compilação de alguns dos melhores catalisadores referenciados na literatura para a reação de

metanação do CO2. (H2/CO2=4)

A Tabela 1 reforça que o suporte utilizado tem influência na atividade do catalisador,

apresentando melhores resultados nos catalisadores monometálicos em alumina, apesar de a uma

temperatura maior. A utilização das terras raras, quer no suporte, quer como espécies a ser

impregnadas, mostra ter uma grande influência na resposta do catalisador, obtendo conversões acima

dos 80% e seletividades perto do 100%.

Para além de investigação, já existem alguns projetos industriais para a reação de metanação

do CO2, quer a nível piloto quer a nível comercial. A maioria dos projetos encontram-se na Alemanha

devido a objetivos governamentais, nomeadamente relativos ao consumo energético ser 100%

proveniente de fontes renováveis. A Tabela 2 resume os principais projetos industriais já

implementados para a metanação do CO2.

Catalisador Temp. (ᵒC)

Conversão de CO2 (%)

Seletividade em CH4 (%)

GHSV (mL.gcat

-1.h-1) Ref.

5% Ni/SiO2 350 35 85,5 30000 [45]

10% Ni/γ-Al2O3 450 82 99 60000 [42]

10% Ni/TiO2 350 31 98 10000 [46]

10% Ni/CeO2 350 90 100 45000 [47]

5% Ni/CeO2.ZrO2 350 60 97,3 120000 [45]

5%La.12%Ni/γ-Al2O3 300 85 96 60000 [42]

5%Ce.12%Ni/γ-Al2O3 300 90 98 6000 [42]

5%Pr.12%Ni/γ-Al2O3 300 98 100 6000 [42]

5%Eu.12%Ni/γ-Al2O3 300 87 98 6000 [42]

5%Gd.12%Ni/γ-Al2O3 300 87 98 6000 [42]

15%Ni.2%CeO2/Al2O3 300 71 99 15000 [43]

1% Rh/Al2O3 300 70 100 1000 [24]

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Tabela 2. Projetos Industriais envolvendo a metanação do CO2 [21].

Nome do Projeto Localização Situação Capacidade (kW)

“CO2 recycling plant” (IMR) Sendai (Japão) Instalação piloto 1996 (desativada)

-

“PtG ALPHA plant Stuttgart” (ZSW, Etogas)

Stuttgart (Alemanha)

Instalação piloto 2009

25

“PtG ALPHA plant Morbach” (Juwi AG, ZSW, Etogas, Etogas)

Morbach (Alemanha)

Instalação piloto 2011

25

“PtG ALPHA plant Bad Hersfeld” (ZSW, IWES)

Bad Hersfeld (Alemanha)

Instalação piloto 2012

25

“PtG test plant Stuttgart” (ZSW, IWES, Etogas)

Stuttgart (Alemanha)

Instalação piloto 2012

250

“PtG test plant Rapperswil” (Erdgas Obersee AG, Etogas, HSR)

Rapperswil (Suíça)

Instalação piloto 2014

25

“E-Gas/PtG BETA plant” (ZSW, Audi, Etogas, EWE, IWES)

Werlte (Alemanha)

Operação Comercial 2013

6300

“The Copenhagen Project of PtG” Avedore

(Dinamarca) Operação Comercial 2016

1000

“PtG Jupiter 1000” Marselha (França)

Operação piloto 2018

1000

Em complemento aos sistemas baseados exclusivamente em catalisadores, ultimamente têm

surgido sistemas híbridos combinando, plasma e catalisador [48], [49]. O plasma é atualmente

considerado um quarto estado da matéria, consistindo num fluxo de partículas carregadas

eletricamente (eletrões, catiões e radicais) e neutras. O plasma é um sistema complexo, que pode ser

usado como indutor de reações químicas devido ao constante impacto de eletrões ionizados e

recombinações de radicais [50]. O uso de um reator de plasma promove a reação química devido à

excitação dos reagentes permitindo-lhe vencer barreiras energéticas normalmente inacessíveis. A

Figura 5 mostra o esquema de um reator típico de plasma não térmico (NTP, non termal plasma).

Figura 5. Esquema de um reator de plasma não térmico (adaptado de [51]).

O estudo da reação de metanação do CO2 nestas condições tornou-se num relevante ponto de

interesse. Jwa et al. [52], estudaram a reação de metanação do CO2, utilizando um sistema híbrido de

um reator de plasma DBD (do inglês dielectric barrier discharge), onde o catalisador de Ni/β-zeólito foi

colocado imediatamente após o plasma. Os resultados comprovaram que o sistema plasma /

catalisador aumenta significativamente a conversão de CO2, especialmente a temperaturas de reação

baixas (180 - 260ᵒC). A 200 ᵒC, conversões de cerca 15% no reator puramente catalítico aumentam

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para valores perto de 95% com o auxílio do plasma. Estes resultados foram associados à influência

das espécies reativas geradas pelo plasma intervirem no passo limitante da reação, ou seja, na

transformação do CO2 em CO.

Outros estudos com catalisadores de Ru [51] e plasmas não térmicos (NTP), obtiveram

resultados semelhantes: a presença do plasma aumenta fortemente a conversão de CO2. Estes

estudos não avançam nenhuma outra justificação para a influência do plasma sobre a reação, apenas

que a interação plasma - catalisador permite a excitação de reagentes, reduzindo a barreira de energia

de ativação e induzindo um aumento de atividade. Esta técnica mostra ser de grande interesse, não só

devido à atividade catalítica que promove, mas também porque obtém esses valores a temperaturas

mais baixas, refletindo-se em menores consumos energéticos. No entanto, pouco tem sido debatido

sobre o seu efeito na seletividade da reação.

1.7 Desafios na metanação do dióxido de carbono

A desativação do catalisador traduz-se num dos maiores problemas relacionados com a

catálise heterogénea. Esta pode ocorrer de várias formas, sejam de natureza física ou química. São

normalmente classificadas em 3 categorias: envenenamento, sinterização térmica e transformação de

fase [53].

A formação de coke como forma de envenenamento e a sinterização são os problemas mais

usuais associados à desativação de catalisadores usados na metanação do CO2, especialmente para

os catalisadores à base de níquel. Em reações catalíticas que envolvem hidrocarbonetos, é usual

ocorrerem reações secundárias na superfície do catalisador, conduzindo à formação de resíduos de

carbono que tendem a ficar nela depositados. A deposição reflete-se na perda de atividade catalítica

devido à obstrução dos centros ativos e dos poros. As reações que se destacam neste fenómeno são

a reação de Boudouard (Eq. 2) e o cracking do metano (Eq. 3), ambas promovendo a formação de

carbono [54], [55]:

2 𝐶𝑂 → 𝐶𝑂2 + 𝐶 ∆𝐻 = −172.9 𝑘𝐽. 𝑚𝑜𝑙−1 Eq. 2

𝐶𝐻4 → 2 𝐻2 + 𝐶 ∆𝐻 = 74.8 𝑘𝐽. 𝑚𝑜𝑙−1 Eq. 3

Estes fenómenos são mais notórios em catalisadores à base de Ni devido ao alto potencial

termodinâmico deste para a agregação e formação de coke [55]. Os processos de sinterização térmica

resultam na aglomeração de partículas e centros ativos à superfície do catalisador, originando uma

perda de área superficial ativa. A desativação por transformação de fase ocorre devido à transformação

de uma fase cristalina de uma dada espécie do catalisador numa diferente devido à utilização de altas

temperaturas. Este problema pode afetar tanto as espécies ativas como o suporte. Por exemplo, a

transformação de γ-Al2O3 em δ-A2O3 pode implicar a perda de área superficial em 3 vezes [53].

Contudo, as temperaturas usualmente utilizadas na metanação do CO2 não são suficientes altas para

induzir uma transformação de fase nos compostos (excluindo a ativação do próprio Ni), pelo que este

problema não é normalmente visível nesta reação.

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12

A adição de terras raras a catalisadores de Ni provou ser uma via eficaz para ultrapassar estes

problemas devido à capacidade destes compostos gerarem uma maior dispersão do Ni sobre a

superfície do suporte, promoverem a estabilização dos centros ativos e às suas propriedades de auto

de-coke e regeneração da superfície do catalisador [56]–[58].

1.8 Objetivos do presente trabalho

Pela investigação já desenvolvida, a reação de metanação do CO2 é determinada pela

dissociação da molécula de CO2 nos seus constituintes. Temperaturas baixas (até 400 °C), pressões

de trabalho altas (>10 bar) e uma razão elevada entre os reagentes (H2/CO2) são fatores favoráveis

para se obterem maiores rendimentos em CH4. Os catalisadores mais ativos e seletivos têm na sua

constituição metais nobres, no entanto, estes são muito caros. As alternativas mais viáveis, quer

cataliticamente quer economicamente, são catalisadores que contêm Ni na sua composição. Para além

disso, a adição de outros metais a estes catalisadores tem demonstrado vantagens importantes no

aumento do rendimento da reação e estabilidade do catalisador, destacando-se a utilização de

elementos do bloco f.

Dada a relevância do tema, o presente trabalho teve como principais objetivos: (1)

desenvolvimento de catalisadores de óxidos bimetálicos suportados, com a combinação de níquel e

seis elementos representativos do bloco 4f (lantânio, cério, praseodímio, samário, disprósio e itérbio)

em dois suportes diferentes: sílica e γ - alumina; (2) aplicação dos materiais obtidos no estudo da

metanação do CO2; estudando nos melhores casos a influência do elemento do bloco f e a estabilidade

dos catalisadores. Desta forma, esta dissertação irá dividir-se em 4 capítulos. O capítulo atual

corresponde à introdução, onde é apresentado a motivação do trabalho, os estudos atuais e os

problemas associados à investigação corrente. O 2º capítulo corresponde às técnicas laboratoriais

utilizadas ao longo do estudo. O 3º capítulo apresenta todos os resultados obtidos, bem como a sua

discussão. No 4º e último capítulo serão apresentadas as conclusões tiradas do trabalho experimental

bem como as sugestões para ultrapassar os desafios que surgiram no decorrer desta investigação.

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13

Parte Experimental

Neste capítulo são descritas as técnicas experimentais utilizadas na preparação e

caracterização dos catalisadores sintetizados, bem como a descrição do sistema e procedimentos

utilizados nos testes catalíticos para o estudo da reação de metanação do dióxido de carbono.

2.1 Métodos de síntese

Técnica de eletrofiação (Electrospinning)

A eletrofiação é uma técnica desenvolvida para a produção de fibras ultrafinas com diâmetros

da ordem dos micrómetros ou nanómetros através da aplicação de forças eletrostáticas [59]. Este

método permite obter fibras com uma área superficial muito elevada e baixo peso molecular. É uma

técnica versátil que permite ajustar várias propriedades, como o tamanho de poro, tamanho da fibra,

morfologia da fibra, resistência mecânica, entre outras. A primeira patente sobre a técnica surgiu em

1934 (Patente EUA nº 1,975,504 [60]), mas desde então vários trabalhos surgiram sobre o

melhoramento da técnica [61], [62].

De modo genérico, a configuração da montagem usada neste trabalho (Figura 6) engloba 3

componentes: a fonte de alta tensão; a bomba de infusão onde é colocada uma seringa com a solução

a fiar, com ponta metálica que funciona como polo positivo; um alvo plano eletricamente condutor que

funciona como polo negativo. Vários parâmetros como a velocidade de fiação, a viscosidade da

solução, a tensão utilizada, entre outros, permitem controlar aspetos morfológicos das fibras obtidas

[63]. Esta foi a técnica de síntese mais usada neste trabalho para a preparação dos suportes.

(a) (b)

Figura 6. Montagem característica da técnica de eletrofiação: (a) esquema; (b) imagem real da aparelhagem usada neste trabalho.

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14

Método sol-gel

O método sol-gel é geralmente utilizado para a síntese de nanopartículas de óxidos metálicos,

seguindo uma sucessão de transformações: hidrólise, polimerização, nucleação e crescimento [64].

Pechini desenvolveu um processo de sol-gel modificado para a produção de nanopartículas e aplicável

ao caso de metais [65]. Na literatura, a maioria das sínteses em que é aplicado o método Pechini, é

utilizado o ácido cítrico e etilenoglicol para promover uma reação de esterificação, uma reação

sequencial que leva à formação de um poliéster Figura 7. Neste trabalho, aplicámos o método de

Pechini exclusivamente à produção de micropartículas de alumina.

Figura 7. Passos da metodologia do método sol-gel.

Impregnação a seco

A impregnação a seco (do inglês “incipient wetness impregnation”) é a técnica mais comum para

a síntese de catalisadores heterogéneos suportados. Normalmente, os precursores dos metais ativos

(acetatos, nitratos, halogenetos ou outros) são dissolvidos em soluções aquosas ou orgânicas e

adicionados ao suporte, seguindo-se um processo de secagem e calcinação para evaporação dos

componentes voláteis e depósito do (s) metal (ais) na superfície do catalisador. A percentagem máxima

de metais depositada está dependente da solubilidade dos precursores na solução e a formação das

espécies ativas do processo de calcinação final. Esta foi a principal técnica usada neste trabalho para

a preparação dos catalisadores suportados. A Figura 8 esquematiza a metodologia usada.

Figura 8. Metodologia da técnica de impregnação a seco.

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15

2.2 Síntese dos catalisadores bimetálicos suportados

Para a síntese dos catalisadores foram usados dois métodos: impregnação a seco e eletrofiação,

onde a solução a fiar continha quer o precursor do suporte, quer os precursores do catalisador

bimetálico (níquel e lantanídeo). No caso da impregnação a seco, a produção dos suportes foi

conseguida com o auxílio de duas técnicas distintas: eletrofiação e método sol-gel; a primeira cujo

objetivo é obtenção de fibras, e a segunda de partículas, mas ambas para maximizar a sua área

superficial. Para efeitos de comparação foram também usados suportes comerciais. A Figura 9 resume

a globalidade do processo.

Figura 9. Resumo da (s) metodologia (s) usada (s) na preparação dos catalisadores.

No caso da alumina, utilizaram-se dois métodos diferentes porque se revelou impossível de

obter apenas por eletrofiação a quantidade necessária para a preparação de todos os compostos dentro

do tempo útil disponível para a realização deste trabalho.

Síntese dos suportes

Os suportes utilizados na síntese dos catalisadores foram a sílica (SiO2) e a alumina (γ - Al2O3),

tendo sido selecionados devido às suas elevadas áreas superficiais (> 100 m2.g-1), à sua capacidade

de adsorção da molécula de CO2 e às diferenças nas sua propriedades ácido-base: a sílica ligeiramente

ácida e a alumina anfotérica [30]. Para as suas sínteses foram utilizadas duas metodologias: a técnica

de eletrofiação e método sol - gel. Os procedimentos experimentais serão a seguir enunciados.

Sílica (SiO2)

Para a síntese da sílica recorreu-se à técnica de eletrofiação em duas etapas: i) preparação da

solução precursora e ii) a fiação da mesma. Para a preparação da solução precursora [63] foram

utilizadas 3,78 g do polímero polivinilpirrolidona (PVP Mw=40000, AlfaAesar) em 20 mL etanol absoluto

(>99 %, Carlo Erba Reagents) (24 wt.% PVP/etanol), tendo sido posteriormente adicionados lentamente

1,2 mL de tetraetoxisilano (TEOS, >99 %, AldrichChemistry) (7 wt.% TEOS/etanol). Para a fiação, esta

solução é colocada numa seringa de 5 mL (agulha 18 G) e aplicada uma voltagem DC de 15 kV (0,0004

A) entre a ponta da agulha e o alvo metálico, distantes de 10 cm. A velocidade da bomba de infusão foi

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16

de 1 mL.h-1. O material coletado foi calcinado a 550 ᵒC durante 2 horas, a uma velocidade de

aquecimento de 0,5 ᵒC.min-1.

Esta descrição corresponde ao método otimizado tendo sido testadas diferentes combinações

mássicas entre os reagentes de partida por forma a obter-se uma solução apta a fiar e cuja morfologia

fosse reprodutível. Todas as soluções testadas podem ser consultadas no Anexo A.

Para efeitos de comparação, na síntese dos catalisadores também foi usada uma sílica

comercial (Evonik Degussa; 200 m2/g) que antes de ser utilizada foi calcinada a 550 o C durante 2 horas,

com uma velocidade de aquecimento de 0,5 ᵒC.min-1.

Alumina (γ-Al2O3)

Para a síntese da alumina foram utilizadas duas metodologias: a técnica de eletrofiação e

método Pechini (sol-gel modificado). À semelhança da sílica, a síntese da alumina por eletrofiação

implicou a preparação de uma solução precursora e a sua fiação. Para a preparação desta solução

foram utilizadas 3,150 g de PVP (Mw=40000, AlfaAesar) em etanol absoluto (>99 %, Carlo Erba

Reagents) (40 wt. % PVP/etanol) e 241,43 mg de AlCl3.6H2O (1 mmol) (99%, SigmaAldrich). Os

parâmetros de fiação da solução foram os mesmos usados para a preparação da sílica, apenas

diferindo no processo de calcinação em que o material coletado foi calcinado a 900 ᵒC durante 3 horas,

com uma velocidade de aquecimento de 1 ᵒC.min-1.

Para a síntese da alumina através do método Pechini modificado, foram dissolvidos na mínima

quantidade de água bidestilada 1,879 g (5 mmol) de nitrato de alumínio nonahidratado (Al(NO3)3.9H2O,

99%, Panreac) com 2,884 g (15 mmol) de ácido cítrico (99,5%, Acros Organics). Seguidamente, foi

adicionado etilenoglicol (2:3 mol/mol de etilenoglicol para ácido cítrico, 99,5% Panreac). A solução foi

aquecida a 80-90 ᵒC num banho de areia sob agitação constante, até à formação de um gel (reação de

poliesterificação entre o ácido cítrico e etilenoglicol). O gel obtido é desidratado a 250 ᵒC durante 2

horas (Figura 10) e o produto obtido moído e peneirado a 200 mesh (75 μm). O composto final foi obtido

após calcinação a 900 °C durante 3h, com uma velocidade de aquecimento de 5 ᵒC.min-1.

Figura 10. Imagem do composto precursor de alumina, após o processo de desidratação.

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Síntese dos catalisadores suportados

Os catalisadores suportados foram sintetizados dois 2 métodos: 1) por eletrofiação conjunta do

suporte (SiO2) e espécies ativas (e.g. nitrato de níquel e nitrato de lantanídeo); 2) por impregnação a

seco das espécies ativas nos suportes sintetizados.

Síntese por eletrofiação

À semelhança do descrito anteriormente para a síntese dos suportes por eletrofiação, neste

método de síntese dos catalisadores foi produzida uma solução contendo os precursores do suporte e

catalisador bimetálico apta a ser fiada. Para a preparação utilizaram-se 0,963 g de PVP em 10 mL de

etanol absoluto (12% PVP/etanol), onde posteriormente foi adicionado lentamente 1,6 mL de TEOS

(20% TEOS/etanol). De seguida, adicionaram-se a esta solução 226 mg de Ni(NO3)2.6H2O (99%,

Aldrich Chemistry) e 80,1 mg La(NO3)3.6H2O (99%, Merck) (proporção molar de 5:1 entre Ni e Ln) e

procedeu-se à sua fiação colocando-a numa seringa de 5 mL (agulha 18 G) e aplicando uma voltagem

DC de 12 kV (0,0004A) entre a ponta da agulha e o alvo metálico, distantes de 10 cm. A velocidade da

bomba foi de 1 mL.h-1. O material coletado foi calcinado a 550 ᵒC durante 2 horas, com uma velocidade

de aquecimento de 0,5 ᵒC.min-1.

Impregnação a seco

A preparação dos catalisadores por esta via englobou a dissolução dos metais numa solução

aquosa e a impregnação desta no suporte (Figura 11). A título de exemplo, na preparação do

catalisador Ni-La/SiO2 foram utilizadas 48,33 mg de Ni(NO3)2.6H2O (Aldrich Chemistry, 99%) e 14,43

mg La(NO3)3.6H2O (Merck, 99%), (proporção molar de 5:1 entre Ni e Ln = La, Ce, Pr, Sm, Dy e Yb).

Esta solução foi adicionada a 20 mg de suporte (0,2 mmol dos sais de metais para cada 20 mg de

suporte [66]). A mistura foi levada à secura num banho de areia a 60 ᵒC sob agitação constante. O

material obtido foi posteriormente calcinado a 550 o C durante 2 horas, com o incremento de temperatura

de 0,5 ᵒC.min-1. Após o processo de calcinação, o produto final foi moído e o tamanho de partícula

reduzido a 200 Mesh. O procedimento para as impregnações dos restantes catalisadores foi

semelhante, podendo as quantidades ser consultadas no Anexo B. Todos os nitratos dos metais foram

usados como recebidos. A Tabela 3 e Tabela 4 compilam os catalisadores sintetizados, bem como os

resultados da análise quantitativa obtida por SEM-EDS. A nomenclatura de todos os catalisadores será

apresentada na seguinte forma: Ni-Ln/suporte. A razão atómica esperada para Ni/Ln é de 5. Os valores

semi-quantitativos obtidos mostram uma concordância bastante boa.

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(a) (b)

Figura 11. Impregnação a seco: montagem usada (a), catalisador após impregnação (b).

Tabela 3. Análise semi-quantitativa dos catalisadores suportados em sílica sintetizados por impregnação.

Catalisador

Composição atómica (%) (SEM-EDS)

Si O Ni Ln Razão Ni/Ln

NiO/SiO2 12,6 49,7 37,7 --- ---

10NiO.La2O3/SiO2 26,4 41,1 28,5 4,0 7,1

10NiO.La2O3/SiO2* 42,4 51,2 5,3 1,1 4,8

5NiO.CeO2/SiO2 24,1 58,8 14,0 3,1 4,5

10NiO.Pr2O3/SiO2 24,4 54,4 17,5 3,8 4,6

10NiO.Sm2O3/SiO2 25,8 65,9 6,7 1,6 4,3

10NiO.Dy2O3/SiO2 26,9 59,9 10,8 2,5 4,4

10NiO.Yb2O3/SiO2 23,9 59,5 13,4 3,2 4,1

CeO2/SiO2 27,6 65,2 --- 7,2 ---

*obtido por eletrofiação.

Tabela 4. Análise semi-quantitativa dos catalisadores suportados em alumina sintetizados por impregnação.

Catalisador Composição atómica (%) (SEM-EDS)

Al O Ni Ln Razão Ni/Ln

NiO/Al2O3 37,9 35,2 26,9 --- ---

10NiO.La2O3/Al2O3 21,7 46,4 27,3 4,6 5,9

NiO.CeO2/Al2O3 24,5 57,2 15,6 2,8 5,6

10NiO.Pr2O3/Al2O3 27,6 51,3 18,2 2,9 6,2

10NiO.Sm2O3/Al2O3 28,9 43,4 22,0 4,7 4,6

10NiO.Dy2O3/Al2O3 12,9 42,2 40,8 4,1 10,0

10NiO.Yb2O3/Al2O3 22,3 54,9 20,4 2,4 8,4

CeO2/Al2O3 9,6 24,6 --- 65,8 ---

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2.3 Técnicas de caracterização dos catalisadores

De forma a compreender importantes propriedades dos catalisadores, tais como a atividade,

seletividade e estabilidade, é essencial uma boa caracterização físico-química, estrutural e morfológica

dos mesmos. Nos subcapítulos seguintes serão enunciadas as técnicas utilizadas para a

caracterização dos materiais sintetizados.

Microscopia eletrónica de varrimento (SEM)

A microscopia eletrónica de varrimento (SEM, do inglês Scanning Electron Microscopy) fornece

informações sobre a morfologia das amostras. Da interação de um feixe primário de eletrões de alta

energia (100-400 keV) com a camada fina exposta da amostra resulta a emissão de diferentes tipos de

sinais (raios-X, luz visível, eletrões secundários, eletrões retrodifundidos, eletrões Auger). Para a

obtenção da imagem de SEM são utilizados os eletrões secundários de baixa energia (10-50 eV)

provenientes da superfície da amostra, que apresentam um forte contraste topográfico essencial para

uma caracterização morfológica das amostras, e os eletrões retrodifundidos provenientes de camadas

mais profundas que permitem a distinção de regiões de átomos leves e pesados. Este sistema pode

ser associado à técnica de espectroscopia dispersiva de raios-X (EDS, do inglês Energy-Dispersive X-

ray Spectroscopy), que permite obter informação semi-quantitativa sobre a composição elementar dos

elementos na superfície das amostras [67].

Neste trabalho as medições por SEM-EDS foram realizadas no Microlab do Instituto Superior

Técnico usando um microscópio eletrónico de varrimento FE-SEM JEOL JSM-6500, operando entre

15-20 keV e 80A e um sistema B-U Bruker Quantax 400 EDS (Figura 12).

Figura 12. SEM-EDS, MicroLab Instituto Superior Técnico.

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Difração de raios-X de pós (XRD)

A difração de raios-X é uma técnica utilizada para determinar a estrutura cristalina dos

compostos. Da incidência dos raios-X com a superfície da amostra resulta uma interação com os

eletrões de valência dos átomos presentes na mesma, um processo chamado dispersão de Rayleigh.

Neste processo, os raios-X são elasticamente difundidos por estes eletrões, que existindo periodicidade

a longa distância no arranjo atómico (cristalinidade) origina uma matriz de ondas raios-X e, em algumas

direções, essas ondas interferem e reforçam-se mutuamente, sendo o fenómeno detetado como um

pico de difração. Os picos obtidos são depois comparados com picos de estruturas padrão e associados

a estruturas cristalinas. A Figura 13 exemplifica um difractograma obtido por esta técnica.

Figura 13. Difractograma de raios-X obtido para o catalisador de NiO/SiO2, antes da reação.

As condições de interferência construtiva das ondas magnéticas emergentes são expressas

pela lei de Bragg (Eq. 4) em que: 𝑛 - ordem de difração; 𝜆- comprimento de onda da onde incidente;

𝑑−distância interplanar entre planos cristalinos; 𝜃- ângulo de incidência da radiação entre planos

cristalinos.

𝑛. 𝜆 = 2. 𝑑. 𝑠𝑒𝑛𝜃 Eq. 4

A largura do pico pode ainda ser utilizada para estimar o tamanho médio das cristalites, pela

lei de Scherrer (Eq. 5) em que: 𝑑𝑖 - tamanho das cristalites; 𝑘−constante de Scherrer (0.8 < k < 1.39);

𝜆- comprimento de onda da onde incidente; 𝛽−largura a meia altura do pico (FWHM); 𝜃 - ângulo de

incidência da radiação entre planos cristalinos.

𝑑𝑖 =𝑘. 𝜆

𝛽. 𝑐𝑜𝑠 𝜃

Eq. 5

Neste trabalho, o aparelho utilizado nas medições foi um difractómetro de raios-X, marca

PANalitycal X’Pert Pro, usando uma radiação incidente monocromática de Cu (kα, λ=1.5406 Å). Em

todos os testes os parâmetros operacionais utilizados foram: voltagem = 40 kV; corrente = 35 mA;

intervalo de varrimento angular de 2 de 19 – 81° com um de passo de 0,03° a uma velocidade de

varrimento de 0,003°. s-1.

0

500

1000

1500

2000

20 30 40 50 60 70 80

Inte

nsi

dad

e (u

. a.)

2θ (ᵒ)

Ni-SiO2

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Áreas superficiais (BET, Brunauer, Emmett, Teller)

Esta técnica envolve a adsorção de N2 (monocamada) à superfície de um catalisador para a

determinação da sua área superficial. Neste trabalho, esta técnica foi aplicada aos catalisadores

sintetizados usando para tal o aparelho da Micromeritics ChemSorb 2720 (Figura 14). Foi usada uma

mistura de 30% N2 em He (Air Líquido, 99.9995%) e um fluxo total de 20 mL.min-1.

Figura 14. Aparelho de medição das áreas superficiais Micromeritics ChemSorb 2720.

As medições efetuadas basearam-se apenas num ponto de pressão relativa (P/P0=0,3), que

cada ensaio foram repetidas 3 vezes (3 ciclos de adsorção / dessorção). Em cada ciclo, a amostra é

arrefecida inicialmente com azoto líquido (adsorção de N2) e posteriormente aquecida até à temperatura

ambiente (dessorção de N2), por simples remoção do Dewar que contém o azoto líquido. A Figura 15

exemplifica um perfil característico obtido por esta técnica em que cada ciclo demora tipicamente 20

min (10 min para a adsorção e 10 min para-a dessorção).

Figura 15. Resultado característico de uma medição de área superficial.

0 10 20 30 40 50 60

TCD

(u

. a.)

Tempo (min)

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22

O cálculo da área superficial baseou-se nos picos de dessorção, nas áreas medidas para os

mesmos e numa reta de calibração obtida para a resposta do detetor usando para volumes conhecidos

de azoto (Figura 16).

Figura 16. Reta de calibração para consumos de N2

A partir do declive desta reta é possível calcular o volume de azoto dessorvido e usando a Eq.

6, a área superficial do composto, em que: V – volume de gás adsorvido (a condições de pressão e

temperatura normais); A – área de cada molécula de gás adsorvida; N – número de Avogadro; 𝑃0 – pressão

de saturação ; 𝑀 – volume molar do gás [68].

𝑆 = 𝑉. 𝐴. 𝑁. (1 −

𝑃𝑃0

𝑀)

Eq. 6

A Tabela 5 compila os valores das áreas superficiais obtidos para os diferentes catalisadores.

Tabela 5. Áreas superficiais dos catalisadores suportados em sílica e alumina.

Catalisador Área Superficial

(m2.g-1) Catalisador

Área Superficial (m2.g-1)

SiO2 comercial 175 --- ---

SiO2 401 Al2O3 62

Ni/SiO2 184 Ni/Al2O3 35

Ni-La/SiO2 115 Ni-La/Al2O3 19

Ni-Ce/SiO2 155 Ni-Ce/Al2O3 48

Ni-Pr/SiO2 121 Ni-Pr/Al2O3 40

Ni-Sm/SiO2 73 Ni-Sm/Al2O3 23

Ni-Dy/SiO2 64 Ni-Dy/Al2O3 24

Ni-Yb/SiO2 90 Ni-Yb/Al2O3 31

Ce/SiO2 140 Ce/Al2O3 64

y = 4,37E-01x + 4,07E-04R² = 1,00

0,000

0,400

0,800

1,200

0 0,5 1 1,5 2

Volu

me d

e N

2 (m

L)

Área do pico (u.a.)

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23

Redução a temperatura programada (H2-TPR)

A redução a temperatura programada com H2 (H2-TPR do inglês “Temperature Programmed

Reduction”) é uma técnica de análise que permite estudar a redutibilidade / estabilidade das amostras

em atmosfera redutora. Neste trabalho, esta técnica foi aplicada aos catalisadores sintetizados usando

para tal o aparelho multifuncional da Micromeritics ChemSorb 2720 (Figura 14) usando para tal uma

mistura de 10 % H2 em árgon, um fluxo total de 20 mL/min e um varrimento de temperatura dos 20 até

aos 1000 °C a uma taxa de aquecimento de 10 ᵒC.min-1. Este aparelho utiliza um detetor de

condutividade térmica para medir o sinal proveniente do processo de redução (consumo de H2). Em

todos os procedimentos foi utilizada uma massa de amostra entre os 10-20 mg. A Figura 17 exemplifica

um termograma característico obtido por esta técnica.

Figura 17. H2-TPR, termograma obtido para o catalisador NiO/SiO2.

Os dados obtidos são qualitativos e quantitativos. Os qualitativos compreendem as

temperaturas (Tm) dos diferentes máximos, das diferentes reações de redução, enquanto que os

quantitativos se apoiam na quantidade de H2 consumida em cada etapa de redução. Qualitativamente,

os oxigénios presentes nos óxidos bimetálicos serão tão mais lábeis quanto menor for a temperatura,

o que permite criara uma escala de labilidade e posterior correlação com a atividade catalítica. Os

cálculos quantitativos baseiam-se na determinação das áreas correspondentes aos diferentes picos e

permitem determinar o consumo de H2 inerente a cada etapa de redução e relacioná-lo com o (s) valor

(es) expectável (eis) para uma dada amostra. Para tal foram realizadas calibrações prévias da resposta

do detetor com diferentes massas de um padrão, neste caso óxido de níquel (Figura 18) e a partir da

reta obtida é possível quantificar o consumo de hidrogénio total e em cada uma das etapas de redução

(diferentes picos).

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24

Figura 18. Consumo de H2: reta de calibração obtida para o óxido de níquel usado como padrão.

As Tabela 6 eTabela 7 compilam os resultados obtidos para os diferentes óxidos bimetálicos

usados como catalisadores neste trabalho. De realçar a boa concordância entre os valores teóricos e

experimentais obtidos nesta análise por H2-TPR para a redução da fração NiO dos catalisadores.

Tabela 6. H2-TPR, valores teóricos e experimentais obtidos para o consumo de hidrogénio usando os catalisadores

suportados em sílica.

Catalisador Moles Teóricas

de NiO Consumo de

H2 (moles) Razão

Exper./Teórico Temperatura Máxima (ᵒC)

Ni/SiO2 6,63E-05 6,74E-05 1,0 396 ± 2

Ni-La/SiO2 7,81E-05 1,04E-04 1,3 363 ± 2

Ni-Ce/SiO2 5,67E-05 6,80E-05 1,2 386 ± 2

Ni-Pr/SiO2 6,47E-05 7,60E-05 1,2 377 ± 2

Ni-Sm/SiO2 5,97E-05 5,52E-05 0,9 352 ± 2

Ni-Dy/SiO2 5,72E-05 6,91E-05 1,2 383 ± 2

Ni-Yb/SiO2 6,40E-05 7,18E-05 1,1 381 ± 2

Tabela 7. H2-TPR, valores teóricos e experimentais obtidos para o consumo de hidrogénio usando os catalisadores

suportados em alumina.

Catalisador Moles Teóricas

de NiO Consumo de

H2 (moles) Razão

Exper./Teórico Temperatura Máxima (ᵒC)

Ni/Al2O3 --- --- --- 384 ± 2

Ni-La/Al2O3 9,39E-05 8,41E-05 0,9 417 ± 2

Ni-Ce/Al2O3 1,14E-04 1,10E-04 1 407± 2

Ni-Pr/Al2O3 1,09E-04 1,02E-04 0,9 412 ± 2

Ni-Sm/Al2O3 9,08E-05 1,00E-04 1,1 409 ± 2

Ni-Dy/Al2O3 7,20E-05 7,21E-05 1 412 ± 2

Ni-Yb/Al2O3 1,06E-04 9,77E-05 0,9 417 ± 2

y = 4,975E-06xR² = 9,867E-01

0,00E+00

1,00E-04

2,00E-04

3,00E-04

4,00E-04

5,00E-04

6,00E-04

7,00E-04

0 50 100 150

H2

Consum

ido (

mole

s)

Área do Pico (u.a.)

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25

Absorção e Dessorção a Temperatura Programada de CO

A atividade de um catalisador pode ser expressa de variadas maneiras. No entanto, aquela que

se afigura como a mais correta traduz o número de vezes que uma dada reação ocorre por centro ativo.

Tal nem sempre é possível, no entanto, no caso dos catalisadores à base de níquel não parece haver

dúvidas que o centro ativo é o átomo de níquel. Assim sendo, a quantificação dos mesmos é importante

e neste trabalho tentou-se quantificá-los usando como molécula sonda o monóxido de carbono (CO).

Esta é uma técnica largamente conhecida e usada, que beneficia da capacidade do CO se ligar a

centros metálicos [68].

A técnica envolve o envio de pulsos de CO até que mais nenhum do CO injetado seja adsorvido

ou seja, que a amostra está saturada em CO (Figura 19). Após este estudo também foi monitorizado a

dessorção do CO aquecendo a amostra saturada desde a temperatura ambiente até 550ᵒC com uma

velocidade de aquecimento de 10ᵒC.min-1 (Figura 20). Ambos os testes foram feitos com recurso ao

aparelho Micromeritics ChemSorb 2720 já mencionado anteriormente, usando uma mistura de CO

(10%) em hélio e um fluxo total de 20 mL/min. No caso da dessorção apenas com hélio puro e o mesmo

fluxo.

Figura 19. Adsorção de CO - técnica pulsada: espetro característico obtido para um catalisador de platina

(5%Pt/Al2O3, comercial Aldrich) usado como referência.

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26

Figura 20. Dessorção de CO a temperatura programada (CO-TPD): espetro característico obtido após os estudos

de adsorção pulsada sobre Ni-Pr/SiO2.

Os estudos de absorção com CO permitem estimar a área metálica de níquel acessível aos

reagentes na superfície de um catalisador e usá-la para calcular a atividade dos mesmos. Neste

trabalho, este técnica envolveu o envio de pulsos de 0,01 cm3 de CO para as amostras previamente

reduzidas e o estudo do consumo parcial de CO em cada um deles, e no final o consumo total (Eq. 7).

Com o valor do volume total adsorvido, e tendo em conta que o fator estequiométrico entre CO e Ni é

1, é então possível calcular a área metálica de Ni (Eq. 8) disponível à superfície do catalisador.

• Cálculo do volume

adsorvido 𝑉𝑎𝑑𝑠 =

𝑉𝑖𝑛𝑗

𝑚𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎∗ ∑ (1 −

𝐴𝑟𝑒𝑎 𝑖

𝐴𝑟𝑒𝑎 𝑆𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎𝑑𝑎)

Eq. 7

• Área metálica Á𝑟𝑒𝑎 𝑀𝑒𝑡á𝑙𝑖𝑐𝑎 = 𝑆𝑓 .

𝑉𝑎𝑑𝑠

𝑉𝑚. 𝑁𝑎 . 𝜎𝑚.

Eq. 8

Em que 𝑆𝑓 − Fator estequiométrico; 𝑁𝑎 − Número de Avogadro; 𝜎𝑚 − área ativa por átomo.

Apesar de testados, não foi possível a obtenção de resultados para todos os catalisadores

sintetizados devido, em grande parte, a uma massa insuficiente e limitada pela aparelhagem usada. A

tabela seguinte reúne as áreas metálicas conseguidas:

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27

Tabela 8. Áreas metálicas da espécie ativa (Ni) para os catalisadores usados neste trabalho.

Catalisador Volume Adsorvido

(cm3.g-1) Área Metálica

(m2.g-1)

Ni-La/SiO2 nd * -

Ni-Ce/SiO2 0,361 0,629

Ni-Pr/SiO2 0,160 0,280

Ni-Sm/SiO2 nd -

Ni-Dy/SiO2 0,070 0,122

Ni-Yb/SiO2 nd -

5%Pt/Al2O3 0,474 1,020

5%Rh/Al2O3 4,113 8,310

NiO/CeO2 0,838 1,462 *nd, não detetado

2.4 Estudos catalíticos da reação de metanação do CO2

O estudo da reação de redução do CO2 foi feito em contínuo num reator de quartzo em U

(diâmetro interno de 9mm, 1 mm de espessura) de leito fixo (lã de quartzo) e volume interno de 7 cm3,

à pressão atmosférica. A mistura gasosa de entrada foi constituída por H2 e CO2 na proporção

estequiométrica (4:1, respetivamente) e He. O aquecimento do reator é feito com recurso a um forno

tubular, sendo a temperatura controlada por um termopar colocado junto ao leito catalítico, num gama

de temperaturas entre 250 e 450 °C. Cada catalisador foi testado usando uma massa de

aproximadamente 10 mg, o tamanho de partícula < 200 Mesh (peneiração) e um GHSV (do inglês Gas

Hourly Space Velocity) de 15 000 mL de CO2 / gcat.h. A escolha destes parâmetros baseou-se em

estudos prévios que permitiram definir os limites de ausência de problemas difusionais (Figura 21). A

possível existência de problemas difusionais foi testada nos catalisadores, relacionando a variação da

conversão de CO2 com a variação do GHSV, com medições para diferentes massas.

Figura 21. Efeitos difusionais, estudo da variação do parâmetro GHSV para o catalisador Ni-Ce/SiO2 a 300ᵒC.

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28

Na ausência de problemas difusionais, à medida que o tempo de contacto diminuí (aumento do

GHSV) a conversão diminui até se atingir um patamar correspondente à conversão de equilíbrio. Para

além deste facto, não havendo limitações difusionais externas, diferentes massas deverão

corresponder à mesma conversão [68]. Ambos estes fenómenos são detetados no estudo apresentado

na Figura 21, observando-se que depois de uma dependência com o GHSV, os resultados tendem para

uma reta a partir do valor de 12500 (mL CO2/gcat.h), assegurando que a concentração entre a vizinhança

da superfície ativa e a fase homogénea é a mesma a partir deste valor.

A composição do gás à saída do reator foi analisada online por cromatografia gasosa, com

recurso a dois tipos de detetores e a um sistema tandem: FID (Flame Ionization Detector; coluna capilar

HP_PLOT_U, L=30 m, 322 1/8 in., ID = 0.32 mm; Agilent 7820A GC) e TCD (Thermal Conductivity

Detetor, coluna Restek ShinCarbon ST, L=2m, ϕ=1/8 in., ID=1mm; Agilent 4890D GC). A injeção online

implicou o uso de válvulas de 6 portas com um loop interno de 0,25 μm.

Figura 22. Montagem usada nos estudos catalíticos.

Esta técnica permite a separação dos vários componentes da mistura gasosa (fase móvel),

baseando-se nas diferenças de afinidade para os constituintes da coluna de análise (fase estacionária).

Neste trabalho o principal detetor usado foi o TCD, servindo o FID apenas para quantificar o metano e

confirmar a não formação de outros hidrocarbonetos ou outros produtos oxigenados. A Figura 23

mostra um cromatograma característico obtido com o cromatógrafo Agilent 4890D usando o detetor

TCD em que é possível observar uma mistura reacional à saída do reator contendo além dos reagentes

(CO2 e H2), os produtos (CH4 e CO). O primeiro pico corresponde à saída do H2, (pico negativo, H2 tem

maior condutividade térmica que o gás de arraste, He) seguindo-se o pico do O2, N2, CO, CH4 e CO2

(todos positivos porque estes gases têm menor condutividade térmica que o He). A partir das áreas

destes picos e usando as equações de retas de calibrações obtidos usando quantidades padrão de

volumes conhecidos de cada gás é possível quantificar a evolução de cada um dos reagentes e

produtos.

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29

Figura 23. Cromatograma tipo obtido no cromatógrafo Agilent 4890D GC, usando um detetor TCD e uma coluna

Restek ShinCarbon ST, L=2m, ϕ=1/8 in., ID=1mm.

A atividade catalítica foi definida como o volume de CO2 convertido por grama de catalisador

por hora. (mLCO2/gcatalisador.h). A seletividade foi definida como a percentagem de moles de CH4 obtidas

por moles de CO2 convertido). A conversão de cada catalisador foi calculada com recurso a um balanço

ao átomo de carbono das espécies envolvidas. As equaçõesEq. 9, 10 e Eq. 11Eq. 10 refletem esse

balanço. Todos os resultados reportados representam os valores de atividade catalítica após 1 hora de

reação. Os valores obtidos apresentam uma confiança superior a 95%.

𝐶𝑜𝑛𝑣. 𝐶𝑂2 =𝑛𝐶𝑂2 𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑖𝑑𝑎𝑠

𝑛𝐶𝑂2 𝐼𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑖𝑠

Eq. 9

𝑆𝑒𝑙. 𝐶𝐻4 =𝑛𝐶𝐻4 𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢𝑧𝑖𝑑𝑎𝑠

𝑛𝐶𝑂2 𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑖𝑑𝑎𝑠

Eq. 10

𝑆𝑒𝑙. 𝐶𝑂 =𝑛𝐶𝑂 𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢𝑧𝑖𝑑𝑎𝑠

𝑛𝐶𝑂2 𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑖𝑑𝑎𝑠

Eq. 11

Picos de compostos C2

Picos de compostos C3

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30

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31

Resultados experimentais

3.1 Caracterização dos catalisadores

A caracterização dos catalisadores foi feita com o auxílio das seguintes técnicas: SEM-EDS, para

caracterização morfológica e análise semi-quantitativa dos elementos; XRD, para identificação do tipo

de fases cristalográficas e estimar o tamanho das cristalites; BET, para medir áreas específicas e H2-

TPR, para caracterização da sua estabilidade em atmosfera de hidrogénio.

SEM-EDS

Na Figura 24 e Figura 25 são apresentadas imagens de SEM, onde é possível observar a

morfologia da sílica e do catalisador bimetálico Ni-La suportado em sílica, respetivamente. A Figura 24a

mostra o material coletado após eletrofiação (Si/PVP), constituído por micropartículas esféricas com

dimensões que variam entre 0,3 a 4,0 μm. A sílica é obtida após a calcinação (550 ºC), mantendo-se a

forma esférica das partículas e uma diminuição no seu tamanho (< 1 μm), presumivelmente devido à

eliminação do polímero (Figura 24b).

(a) (b) Figura 24. Imagens SEM da sílica obtida por eletrofiação: (a) sem calcinação (b) após calcinação a 550 ᵒC

(0,5ºC/min).

Após o processo de impregnação, a morfologia da sílica mantém-se e é possível observar as

partículas de óxidos bimetálicos (Ni-La) na sua superfície (Figura 25a). Foi também realizado um

mapeamento das amostras onde se confirmou a sua homogeneidade (Figura 25b). Através de análises

pontuais em diferentes pontos da amostra (Tabela 3, secção 2.2.2.2) conclui-se que os elementos estão

bem distribuídos e que a razão Ni/Ln é próxima do esperado (5:1), sendo a percentagem mássica de

Ni à superfície de aproximadamente 25 a 30% em todos os catalisadores, um valor consistente com o

valor teórico. As imagens de SEM apresentadas são representativas da morfologia dos restantes

catalisadores suportados, independentemente do lantanídeo utilizado. As imagens de SEM dos

restantes catalisadores podem ser consultadas no Anexo C.

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32

(a) (b)

Figura 25. Imagens SEM do catalisador Ni-La/SiO2: (a) Imagem a x16000 com inserção de ampliação x65000 (b)

mapeamento da amostra (EDS: azul=Si; vermelho=La; verde=Ni).

A Figura 26 mostra as imagens de SEM obtidas para a alumina (Figura 26a) e, a título

exemplificativo, para a alumina impregnada a seco com níquel e cério (Figura 26b). As partículas de

alumina não têm uma forma tão definida como as partículas de sílica, o que se deve ao método de

preparação (sol-gel). As partículas de alumina estão mais aglomeradas, com tamanhos maiores (10 e

50 μm), sendo possível observar em ampliações maiores que são aglomerados de nanopartículas com

tamanho médio de ≈ 50 nm. A análise global e pontual do óxido bimetálico suportado confirma que a

razão Ni/Ce é próxima do esperado. A Tabela 6 (secção 2.2.2.2) compila os resultados obtidos para

todos os catalisadores e as restantes imagens obtidas por SEM podem ser consultadas no Anexo C.

(a) (b)

Figura 26. Imagens SEM das partículas de alumina obtidas pelo método sol-gel (a), imagens SEM do catalisador

suportado Ni-Ce/Al2O3 (b) (inserção na ampliação x 45000).

1 μm

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33

Embora para os estudos catalíticos tenham sido utilizados catalisadores de sílica e alumina na

forma de partículas, foi também possível obter fibras quer dos suportes, quer dos catalisadores

suportados. No entanto, em ambos os casos, o rendimento deste processo não permitiu um uso mais

alargado em catálise. A Figura 27 mostra as imagens SEM obtidas para as fibras da sílica e da alumina

obtidas por eletrofiação. A Figura 28 mostra as imagens SEM obtidas para as fibras dos catalisadores

Ni-La e Ni-Ce suportados obtidos por impregnação a seco das fibras de sílica e alumina,

respetivamente. De realçar que os catalisadores conseguiram manter a morfologia em fibras mesmo

após os tratamentos de oxidação a alta temperatura que lhe dão origem.

(a) (b)

Figura 27. Imagens SEM das fibras de a) sílica e b) alumina.

(a) (b)

Figura 28. Imagens SEM das fibras dos catalisadores suportados em: a) sílica (Ni-La) e b) alumina (Ni-Ce).

Difração de raios-X (XRD)

A Figura 29 mostra os difractogramas de raios-X obtidos para os catalisadores de óxidos

bimetálicos suportados em sílica (sem pré-redução). Foi observado a fase cúbica do NiO, sendo o

suporte amorfo. Relativamente às fases oxidas dos elementos do bloco f, apenas foi observada para o

catalisador Ni-Ce/SiO2 (fase cúbica de CeO2, <10 nm). Este facto pode ser devido tanto à pouca

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34

quantidade, como à baixa cristalinidade dos óxidos de terras raras a baixas temperaturas (<700 °C)

[69], exceto para o cério (compostos foram obtidos após etapa de oxidação a apenas 550 °C). No caso

dos catalisadores puros pré-reduzidos apenas se observa, como esperado, a presença do Ni (não

mostrado).

Figura 29. Difractogramas de raios-X dos óxidos bimetálicos suportados em sílica.

Após reação, foi observada a redução parcial (Figura 30) ou mantida a redução total (Figura

31) da fase de óxido de níquel a níquel metálico, dependendo se o catalisador sofreu ou não uma pré-

redução. Deve ter-se em conta que no caso dos catalisadores sem pré-redução a temperatura máxima

testada para a reação de metanação do CO2 foi de 450 °C, não sendo suficiente para reduzir toda a

fração de NiO, enquanto que dos catalisadores com pré-redução o tratamento foi feito a 650 °C de

modo a garantir a redução total da fração NiO.

Figura 30. Difractogramas de raios-X obtidos após reação para os óxidos bimetálicos suportados em sílica.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

20 30 40 50 60 70 80

Inte

nsid

ade (u.a

.)

2θ (ᵒ)Ni-La/SiO2 Ni-Ce/SiO2 Ni-Pr/SiO2 Ni-Sm/SiO2

Ni-Dy/SiO2 Ni-Yb/SiO2 Ni/SiO2

NiO CeO2

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

20 30 40 50 60 70 80

Inte

nsid

ad

e (u

.a.)

2θ (ᵒ)Ni-La/SiO2 Ni-Ce/SiO2 Ni-Pr/SiO2 Ni-Sm/SiO2

Ni-Dy/SiO2 Ni-Yb/SiO2 Ni/SiO2

Ni NiO CeO2

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35

Figura 31. Difractogramas de raios-X obtidos após reação para os óxidos bimetálicos suportados em sílica com pré-tratamento de redução.

O tamanho médio das cristalites do óxido de níquel e do níquel metálico dos diferentes

catalisadores suportados em sílica foi calculado através dos picos de difração (2 0 0) e (1 1 1),

respetivamente, usando para tal a equação de Scherrer (Eq. 5). Os resultados estão compilados na

Tabela 9.

Tabela 9. Tamanho de partículas de NiO e Ni para os catalisadores suportados em sílica.

Catalisador Sem Pré-Redução Com Pré-Redução

Antes da reação

Após reação Antes da reação

Após reação

NiO (nm) NiO (nm) Ni (nm) Ni (nm) Ni (nm)

Ni/SiO2 31,3 ± 0,7 17,6 ± 0,0 26,1 ± 0,9 --- 32,2 ± 0,1

Ni-La/SiO2 22,0 ± 0,5 19,7 ± 0,3 23,0 ± 0.2 --- 22,9 ± 0,3

Ni-Ce/SiO2 16,7 ± 0,3 10,1 ± 0,7 13,8 ± 0,2 --- 16,4 ± 0,2

Ni-Pr/SiO2 10,2 ± 0,4 14,0 ± 0,2 17,6 ± 0,2 --- 14,2 ± 0,5

Ni-Sm/SiO2 17,5 ± 0,9 12,3 ± 0,4 17,9 ± 0,0 --- 19,0 ± 0,7

Ni-Dy/SiO2 14,7 ± 0,8 13,8 ± 0,1 17,1 ± 0,0 --- 16,9 ± 0,5

Ni-Yb/SiO2 22,2 ± 0,6 13,8 ± 0,1 19,1 ± 0,0 --- 17,6 ± 0,3

Os dados obtidos mostram que existe um efeito do lantanídeo sobre o tamanho das partículas

de Ni, havendo uma diminuição de até ≈70% quando comparado com o catalisador monometálico de

Ni. O efeito mais visível foi o obtido para o catalisador de praseodímio (10 versus 31 nm do catalisador

monometálico de Ni). Estes valores vão de encontro às conclusões de outros estudos [42]. Foi obtida

a seguinte ordem decrescente para o efeito do lantanídeo sobre o tamanho da partícula: Pr > Dy > Ce

> Sm > Yb ≈ La. Para os catalisadores pré-reduzidos, os dados obtidos mostram também que após

reação existe igualmente uma diminuição do tamanho da partícula, tendo sido obtida uma ordem para

0

1000

2000

3000

4000

5000

20 30 40 50 60 70 80

Inte

nsid

ad

e (u

.a.)

2θ (ᵒ)

Ni-La/SiO2 Ni-Ce/SiO2 Ni-Pr/SiO2 Ni-Sm/SiO2

Ni-Dy/SiO2 Ni-Yb/SiO2 Ni/SiO2

Ni CeO2

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36

o efeito da terra rara semelhante à dos catalisadores sem tratamento de redução, diferindo apenas no

itérbio: Pr > Ce > Dy > Yb > Sm > La.

Em relação aos catalisadores de óxidos bimetálicos suportados em alumina, a Figura 32 mostra

os difractogramas de raios-X obtidos. Da mesma forma que para os catalisadores suportados em sílica,

foi observada a formação da fase cúbica do NiO e, contrariamente aos catalisadores de sílica, são

observados os padrões cristalográficos correspondentes às fases mais estáveis para todos os óxidos

de lantanídeos: hexagonal para o lantânio e cúbica para os restantes. No caso destes catalisadores

são também detetados picos (2θ = 37,0°; 45,5° e 66,5°) referentes ao suporte (γ-alumina). Tal como se

verificou para os catalisadores bimetálicos suportados em sílica, após a reação, com ou sem pré-

redução, foi observada a redução parcial ou total do NiO. Estes difractogramas podem ser consultados

no Anexo D.

Figura 32. Difractogramas de raios-X obtidos para os óxidos bimetálicos suportados em γ-Al2O3.

Em relação ao tamanho das cristalites procedeu-se do modo já descrito para os catalisadores

bimetálicos suportados em sílica estando os resultados compilados Tabela 10.

Tabela 10. Tamanho de partículas de NiO e Ni para o catalisador de óxido bimetálico suportado em alumina.

Catalisador Sem Pré-Redução Com Pré-Redução

Antes da reação Após reação Antes da reação Após reação

NiO (nm) NiO (nm) Ni (nm) Ni (nm) Ni (nm)

Ni/Al2O3 30,9 ± 0,5 --- --- --- ---

Ni-La/Al2O3 20,8 ± 0,1 --- 19,8 ± 0,3 --- 19,4 ± 0,4

Ni-Ce/Al2O3 17,3 ± 0,2 --- 20,6 ± 0,6 --- 19,1 ± 0,3

Ni-Pr/Al2O3 10,7 ± 0,2 --- 12,8 ±0,7 --- 14,7 ± 0,3

Ni-Sm/Al2O3 20,4 ± 0,2 --- 19,8 ± 0,5 --- 20,1 ± 0,3

Ni-Dy/Al2O3 15,3 ± 0,3 --- 17,2 ± 0,1 --- 18,4 ± 0,4

Ni-Yb/Al2O3 18,8 ± 0,1 --- 20,6 ± 0,6 --- 18,2 ± 0,1

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37

Em semelhança com a sílica, verifica-se que o lantanídeo tem um efeito sobre o tamanho da

partícula, reduzindo o seu tamanho. A ordem decrescente obtida para efeito induzido pela terra rara no

tamanho da cristalite é quase igual ao resultado obtidos para os catalisadores suportados em sílica,

apenas diferindo o Sm, que apresenta um tamanho ligeiramente maior, trocando de posição com o Yb:

Pr > Dy > Ce > Yb > Sm > La [42]. Semelhante aos catalisadores suportados em sílica, o processo de

pré-redução evidencia um aumento no tamanho da partícula de Ni para quase todos os catalisadores,

sendo o itérbio a exceção. O efeito dos lantanídeos nos catalisadores com o pré-tratamento de redução

foi o seguinte: Pr > Yb > Dy > Ce > La > Sm.

Redução a temperatura programada

A Figura 33 apresenta os perfis de H2-TPR obtidos para os catalisadores bimetálicos

suportados em sílica. Tendo em conta que os óxidos de terras raras são estáveis nestas condições

[69], os perfis foram atribuídos à redução do NiO. A análise dos mesmos mostra que a redução ocorre

a temperaturas mais baixas quando os lantanídeos são introduzidos na composição do catalisador,

mostrando que existe uma influência efetiva da presença do lantanídeo no catalisador (a temperatura

redução mais elevada corresponde ao catalisador monometálico de Ni). Desta forma foi possível

estabelecer uma ordem de labilidade para o oxigénio do NiO (a maior labilidade indexada à menor

temperatura do máximo de redução, Tm): Ni-Sm > Ni-La > Ni-Pr > Ni-Dy > Ni-Ce > Ni-Yb > Ni.

Figura 33. Perfis de H2-TPR obtidos para os catalisadores suportados em sílica.

Para além da análise qualitativa, procedeu-se também a uma análise quantitativa do H2

consumido. A Tabela 6 (secção 2.3.4) mostra os resultados dessa análise, confirmando uma boa

correlação entre os valores teóricos e valores experimentais para a redução da fração NiO dos

catalisadores.

De maneira semelhante, a Figura 34 mostra os resultados obtidos para os catalisadores de

alumina, salientando-se mais uma vez que existe uma influência do lantanídeo (embora menos evidente

entre eles) sobre o máximo da temperatura de redução dos catalisadores (Tm).

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38

Figura 34. Perfis de H2-TPR obtidos para os catalisadores suportados em alumina.

Comparando os resultados com os da Figura 33 nota-se um aumento da temperatura de

redução para todas as amostras e que essa redução ocorre a temperaturas mais elevadas quando

existe introdução dos lantanídeos na composição do catalisador, expondo também que existe uma

influência efetiva da presença do lantanídeo no catalisador (pico de redução a temperatura mais baixa

corresponde ao catalisador monometálico de Ni). Um estudo que dopou catalisadores de Ni/Al2O3 com

Ce chegou a um resultado semelhante, relacionando este resultado a uma possível cobertura do Ni à

superfície do catalisador pelo próprio Ce [43] resultando num aumento da temperatura de redução. Foi

também possível estabelecer a seguinte ordem de labilidade para o oxigénio: Ni-Ce ≥ Ni-Sm > Ni-Dy =

Ni-Pr > Ni-La = Ni-Yb. De igual forma, a Tabela 7 (secção 2.3.4) compila os resultados da análise

quantitativa, realçando-se mais uma vez a boa concordância entre valores teóricos e valores reais

obtidos para a redução da fração de NiO presente nos catalisadores.

Em suma, os resultados obtidos na caracterização dos catalisadores confirmam a presença de

Ni e lantanídeos nos catalisadores sintetizados na proporção esperada (EDS, razão molar entre Ni e

lantanídeo de 5:1). As imagens obtidas por SEM mostram, no caso da sílica, cristalites esféricas com

os óxidos bimetálicos suportados e bem distribuídos à superfície. Nas condições reacionais e da análise

dos catalisadores usados é possível observar a presença do níquel metálico que se forma durante a

reação devido á atmosfera da mesma. Tal foi confirmado pelos estudos de H2-TPR tendo sido possível

estabelecer uma ordem para a labilidade do oxigénio da fração óxido de níquel que, sendo o Ni a

espécie ativa, muito provavelmente poderá ser correlacionada com a atividade dos diferentes

catalisadores. Da globalidade das técnicas de caracterização dos catalisadores pode-se afirmar que foi

possível a síntese de catalisadores bimetálicos de níquel e lantanídeos suportados em sílica e alumina

com as características inicialmente desejadas.

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39

3.2 Estudo da reação de hidrogenação do CO2

O comportamento catalítico dos óxidos bimetálicos suportados foi testado na hidrogenação do

CO2 nas condições anteriormente descritas (secção 2.2.3). Ao longo desta secção serão descritos e

discutidos os resultados catalíticos obtidos para a metanação do CO2 usando os diferentes

catalisadores bimetálicos suportados. Foram avaliados diversos parâmetros como a temperatura, efeito

do suporte, efeito da terra rara e tempo de reação na conversão de CO2 e seletividade em CH4.

Efeito da temperatura

Estudos preliminares mostraram que (Figura 35):

1) A molécula de CO2 não é ativa na ausência do catalisador;

2) O suporte sílica não é ativo nas condições testadas;

3) A terra rara não apresenta atividade catalítica;

4) O catalisador monometálico de NiO é ativo para a metanação do CO2;

5) Existe uma subida acentuada da atividade quando os óxidos bimetálicos são usados

como catalisadores; apontando para um claro sinergismo entre os dois metais e para

um claro efeito da terra rara e sendo este especialmente notório a baixas temperaturas.

Estes resultados estão de acordo com os resultados na literatura sobre o efeito das terras raras

no incremento do rendimento em CH4 em catalisadores à base de Ni [42]–[44].

Figura 35. Efeito do catalisador, suporte e terra rara no rendimento em CH4 (H2/CO2=4, GHSV=15000 mL CO2 /

gcat.h).

A temperatura mostrou assim ter um grande impacto sobre o rendimento da reação em CH4,

aumentando para um valor máximo à medida que a temperatura de reação aumenta. (Figura 36).

Devido à natureza exotérmica da reação, o aumento da temperatura faz com o equilíbrio se desloque

no sentido endotérmico da reação (sentido dos reagentes), fazendo com que após um patamar, a

conversão de CO2 decresça para as temperaturas mais elevadas.

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40

Figura 36. Efeito da temperatura sobre o rendimento em CH4 usando catalisadores suportados em sílica; na figura

o Ni-Pr / SiO2 (H2/CO2=4, GHSV=15000 mL CO2 / gcat.h).

As seletividades em CH4 foram sempre superiores a 85% em todas as temperaturas de

trabalho, obtendo-se valores perto de 100% para temperaturas mais baixas (≤ 350 ᵒC). O efeito

negativo que a temperatura tem sobre a seletividade em CH4 deve-se ao facto de temperaturas mais

elevadas favorecerem as reações secundárias e o regime termodinâmico do processo, aumentando a

seletividade em CO (CO2 ⇌ CO + ½ O2). Ambos os efeitos estão de acordo com os resultados descritos

na bibliografia [42]. As progressões de conversão e seletividade observáveis na Figura 36 são

representativas de todos os catalisadores de óxidos bimetálicos. Os restantes resultados podem ser

consultados no Anexo E.

A conversão e seletividade da reação são diferentes se esta estiver a ser governada por um

regime termodinâmico, ou seja, o equilíbrio está a originar o produto termodinamicamente mais estável,

ou pelo regime cinético, isto é, a reação estar a gerar o produto cinético mais favorável (dependente do

catalisador). Desta forma, é importante garantir que qualquer comparação seja feita com recurso a

dados do regime cinético uma vez que qualquer comparação de resultados em regime termodinâmico

é inadequada. Para o caso da hidrogenação catalítica do CO2, o produto termicamente favorável é o

CO, enquanto o CH4 é o produto mais favorável em regime cinético [70]. Portanto, neste estudo foi

essencial assegurarmo-nos que estamos perante um regime cinético e não no regime termodinâmico.

A Figura 37 mostra as curvas obtidas com a aplicação da equação de Arrhenius aos resultados obtidos

com os catalisadores suportados em sílica que nos permitiu não só estimar a energia de ativação

aparente (Ea) como estabelecer a gama de temperatura em que a reação opera em regime cinético.

30

40

50

60

70

80

90

100

0

10

20

30

40

50

60

250 300 350 400 450

Se

letivid

ad

e C

H4 (%

)

Ren

dim

en

to e

m C

H4

(%)

T (ºC)

Rendimento CH4 (Ni-Pr/SiO2)

Seletividade CH4 (Ni-Pr/SiO2)

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41

Figura 37. Aplicação da lei de Arrhenius aos catalisadores suportados em sílica com pré-redução (relação entre 1/T, T=250, 300, 350, 400, 450 ᵒC e ln (conversão de CO2; H2/CO2=4, GHSV=15000 mL CO2 / gcat.h).

Os dados obtidos mostram que a dependência linear do logaritmo do rendimento com o inverso

da temperatura abrange apenas o intervalo de temperatura entre 250 e 350 °C, ou seja, apenas nesta

gama de temperatura existe um controlo cinético da reação. Desta forma, a comparação da atividade

catalítica dos vários catalisadores deverá apenas abranger os dados obtidos entre 250 e 350 ᵒC, assim

como o cálculo da energia de ativação aparente (Ea) usando a equação de Arrhenius. A Tabela 11

compila os valores da Ea obtidos para os catalisadores de óxidos bimetálicos suportados em SiO2

(eletrofiação) e Al2O3 (sol-gel) tendo sido obtidas a seguintes ordens crescente para Ea, respetivamente:

Sílica, Ni-Pr < Ni-Sm < Ni-Ce < Ni-La < Ni-Dy < Ni < Ni-Yb; Alumina, Ni-Sm < Ni-Dy < Ni-Pr <Ni-Ce <

Ni-La < Ni-Yb < Ni.

Tabela 11. Energia de ativação aparente para os catalisadores testados estimada a partir da equação de Arrhenius.

Catalisador Ea (kJ/mol) Catalisador Ea (kJ/mol)

Ni/SiO2 48,3 Ni/Al2O3 69,6

Ni-La/SiO2 39,2 Ni-La/Al2O3 46,3

Ni-Ce/SiO2 37,2 Ni-Ce/Al2O3 39,2

Ni-Pr/SiO2 30,0 Ni-Pr/Al2O3 36,9

Ni-Sm/SiO2 33,7 Ni-Sm/Al2O3 29,7

Ni-Dy/SiO2 43,4 Ni-Dy/Al2O3 33,4

Ni-Yb/SiO2 57,5 Ni-Yb/Al2O3 58,0

1/T(K)

Ln R

end

imento

CO

2 (

mL/g

cat.h

)

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42

Efeito do método de síntese

A Figura 38 ilustra o efeito do método de síntese na preparação dos catalisadores suportados,

mostrando que o método de impregnação a seco apresenta resultados significativamente melhores

quando comparado com a eletrofiação conjunta. A explicação avançada é de que a síntese por

eletrofiação conjunta, contrariamente ao método de impregnação a seco, não potencia a presença das

espécies ativas na superfície do catalisador, originando assim “perdas de atividade” porque grande

parte das espécies ativas de níquel permanecem no interior do catalisador e, portanto, inacessíveis aos

reagentes. Este resultado é comprovado pela análise de SEM-EDS (Tabela 3, secção 2.2.2) que mostra

uma composição em níquel muito menor quando usado o método de eletrofiação. Logo, e a menos que

estipulado em contrário, o método de impregnação a seco foi o método eleito para este trabalho.

Figura 38. Efeito do método de síntese sobre o rendimento dos catalisadores em CH4.

Efeito do suporte

Um dos objetivos deste trabalho, para além do estudo da influência de várias terras raras nos

catalisadores suportados de níquel, era testar se o processo de eletrofiação se traduz em vantagens

para as propriedades catalíticas dos catalisadores (suporte incluído). O outro ponto importante

envolveria o estudo do tipo de suporte a usar, com diferentes propriedades ácido-base e a sua

proveniência: comercial ou não. Nesse sentido foram escolhidos dois dos suportes mais comuns, a

sílica e a alumina. Ambos polares, mas de natureza diferente: a sílica é ligeiramente ácida e a alumina

anfotérica.

Os resultados obtidos mostram claramente que os catalisadores suportados em sílica obtida

por eletrofiação têm melhor comportamento catalítico que os catalisadores obtidos com recurso à sílica

comercial (Figura 39). Assim sendo, e a menos que estipulado em contrário, o método de eletrofiação

foi o método eleito para preparar o suporte sílica usado este trabalho.

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43

Figura 39. Comparação dos resultados catalíticos obtidos usando a sílica eletrofiada e sílica comercial como

suportes (H2/CO2=4, GHSV=15000 mL CO2 / gcat.h, Temp. reação=300 ᵒC).

Foi anteriormente demonstrado que o suporte não apresenta atividade catalítica (Figura 35),

pelo que esta diferença pode ser explicada pela maior capacidade de armazenamento (maior área) que

a sílica obtida por eletrofiação apresenta (Tabela 5, secção 2.3.3), traduzindo numa melhor atividade

dos catalisadores.

No entanto, no caso da alumina não foi possível estender esta técnica à preparação de todos

os catalisadores suportados devido ao tempo moroso que o processo de fiação apresentou, mesmo

quando comparado com o da sílica, tendo inviabilizado a obtenção das quantidades necessárias em

tempo útil. No entanto, foi possível comparar os resultados obtidos com o lantânio, único catalisador

em que também a alumina foi obtida por eletrofiação (Figura 40). O resultado obtido mostra claramente

que o melhor resultado catalítico corresponde ao catalisador suportado em sílica (Figura 40), tendo sido

esta escolhida como nosso suporte de eleição.

Figura 40. Comparação de resultados catalíticos obtidos para os catalisadores suportados de Ni-La em sílica e

alumina, obtidas estas últimas por eletrofiação (H2/CO2=4, GHSV=15000 mL CO2/gcat.h, Temp. reação=300 ᵒC).

5

8 8

4

21

910

14

11

8

4

0

5

10

15

Ni-La Ni-Ce Ni-Pr Ni-Sm Ni-Dy Ni-Yb

Rendim

ento

CH

4(%

)

Comercial Eletrofiação

3

10

0

5

10

15

Rendim

ento

CH

4(%

)

Ni-La

Al2O3 SiO2

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44

Neste trabalho, o suporte alumina foi maioritariamente obtido pelo método de sol-gel e apesar

de as condições para comparar os resultados não serem as ideais (suportes com métodos de síntese

diferentes), algumas conclusões podem ser tiradas. A Figura 41 mostra que a generalidade dos

resultados obtidos com a alumina são idênticos ou inferiores aos obtidos com o suporte de sílica,

nomeadamente os dos catalisadores de Ni-Pr e Ni-Sm, confirmando a sílica como o suporte com

melhores caraterísticas para esta reação. Esta conclusão vai em encontro com estudos referidos na

literatura, que apontam a sílica com melhores resultados que a alumina [33]. Este facto poderá estar

relacionado com diferença na labilidade do oxigénio do NiO que pode ser observado nas Figura 33

eFigura 34, que mostram que os catalisadores suportados em sílica apresentam menor temperatura de

redução que os catalisadores suportados em alumina, indicando que a redução do NiO a Ni metálico é

mais favorável no suporte de sílica.

Figura 41. Comparação de catalisadores suportados em sílica (eletrofiação) e alumina (sol-gel). (H2/CO2=4, GHSV=15000 mL CO2 / gcat.h, Temp. reação=300 ᵒC).

Efeito da terra rara

A análise do efeito da terra rara levou em conta os resultados obtidos a isoconversão de 10%

de CO2, tendo em conta a escala de temperatura obtida e considerando que a uma menor temperatura

corresponde uma maior atividade. A Figura 42 ilustra o efeito da temperatura na atividade de todos os

catalisadores. Os valores obtidos para isoconversão de CO2 de 10% estão compilados na Tabela 12.

A análise efetuada permitiu estabelecer a seguinte ordem de atividade (inversa da temperatura): Pr >>

Sm > Ce > La >Dy >> Yb >> Ni. De realçar que as seletividades em metano são sempre > 96%, exceto

para o Ni/SiO2 (50%).

10

12

8 89

5

910

14

11

8

4

0

5

10

15

Ni-La Ni-Ce Ni-Pr Ni-Sm Ni-Dy Ni-Yb

Rendim

ento

CH

4(%

)

Alumina Silica

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45

Figura 42. Efeito da temperatura sobre o rendimento em CH4.

Tabela 12. Valores de temperatura para uma isoconversão de 10% de CO2 e respetiva seletividade em CH4.

Catalisador Temp. de

isoconversão (10%) (ᵒC)

Seletividade CH4 (%)

Ni/SiO2 367 51

Ni-La/SiO2 302 96

Ni-Ce/SiO2 299 96

Ni-Pr/SiO2 288 98

Ni-Sm/SiO2 296 98

Ni-Dy/SiO2 304 97

Ni-Yb/SiO2 316 96

Observa-se que o catalisador monometálico de Ni suportado em sílica é claramente o menos

ativo e que o catalisador mais ativo é o de praseodímio, havendo um diferencial de temperatura entre

ambos de cerca de 80 °C. Em relação ao pior resultado obtido com as terras raras, o do itérbio, o

praseodímio precisa de menos 30 ᵒC para conseguir o mesmo rendimento em CH4 de 10%. A boa

atividade do Pr não é uma novidade e estudos semelhantes, em que foi estudada a dopagem de Ni

com várias terras raras, confirmam que o melhor resultado é obtido com o praseodímio [42]. A ordem

de atividade encontrada está de acordo com a ordem inversa da variação da energia de ativação

aparente calculada para os diferentes catalisadores (Tabela 11, secção 3.2.1).

Estudos na literatura apontam que da interação entre as misturas de óxidos de Ni e Ln, resultam

compostos com uma grande absorção, que funcionam como reservatórios de hidrogénio [5], [41].

Sabendo que a concentração de H2 tem uma grande influência na seletividade em CH4, esta conclusão

pode justificar o grande incremento na seletividade em CH4 dos catalisadores bimetálicos quando

comparados com o monometálico de Ni. Este resultado foi verificado por vários autores onde a

introdução de terras raras a um outro metal ativo revelou um incremento muito positivo no rendimento

no produto desejado [42], [47], [71], [72]. Outro fator a ter em conta é o da existência de uma correlação

0

10

20

30

40

50

250 300 350 400 450

Convers

ão e

m C

H4

(%)

T (ᵒC)

Ni/SiO2 Ni-La/SiO2 Ni-Ce/SiO2 Ni-Pr/SiO2Ni-Sm/SiO2 Ni-Dy/SiO2 Ni-Yb/SiO2

Page 64: Metanação do CO usando Catalisadores de Óxidos Bimetálicos suportados de … · introdução de lantanídeos no catalisador aumenta pelo menos 5 vezes a sua atividade quando comparada

46

entre a atividade dos catalisadores e a temperatura de redução da fração oxida da espécie ativa (Ni).

Os catalisadores que apresentam pior atividade, nomeadamente o catalisador Ni-Yb/SiO2, são os que

apresentam Tm mais elevadas. Contudo esta correlação não pode ser generalizada para todos os

catalisadores.

A dispersão e acessibilidade aos centros ativos num catalisador suportado são fatores muitos

importantes que condicionam a atividade catalítica destes e em larga medida dependentes do tamanho

e morfologia das partículas do catalisador [38]. Neste trabalho verificámos que existe uma dependência

inversa entre o tamanho da cristalite da espécie ativa (Ni) e a sua atividade (Figura 43 e Figura 44). No

caso dos catalisadores suportados em sílica, o maior tamanho de partícula estimado foi o do catalisador

monometálico de Ni (31 nm) que apresenta o pior rendimento em CH4, enquanto que o melhor

rendimento foi obtido com o catalisador de Pr, o qual possui as cristalites de menor tamanho (13 nm).

Este efeito não é tão evidente, mas existe também para os catalisadores suportados pela alumina, com

a exceção do catalisador Ni-Pr/Al2O3 (Figura 44). Este resultado encontra-se de acordo com outros

mencionados na literatura [38]–[40].

Figura 43. Efeito do tamanho de partículas de NiO no rendimento dos catalisadores suportados em sílica.

(H2/CO2=4, GHSV=15000 mL CO2 / gcat.h).

375

600

1 3201 455

1 5901 725

2 14531

22

22

20

1816

13

10

15

20

25

30

35

0

500

1000

1500

2000

2500

Tam

anho d

e p

art

ícula

(nm

)

Rendim

ento

CH

4 (m

L/g

ca

t.h)

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47

Figura 44. Efeito do tamanho de partículas de NiO no rendimento dos catalisadores suportados em alumina.

(H2/CO2=4, GHSV=15000 mL CO2 / gcat.h).

Efeito do tratamento da pré-redução dos catalisadores

O pré-tratamento dos catalisadores de níquel sob hidrogénio tende à formação da fase ativa,

níquel metálico, é algo comum e amplamente mencionado na literatura [32]. Assim sendo, neste

trabalho, estudou-se também o efeito de uma pré-redução dos catalisadores na reação de

hidrogenação do CO2. As Figura 45 e Figura 46 mostram os resultados obtidos para os catalisadores

suportados em sílica e alumina, respetivamente, com e sem pré-redução. Estes mostram duas

situações bem diferentes, enquanto no caso da alumina os melhores resultados são obtidos com a pré-

redução dos catalisadores, exceto para o lantânio, no caso da sílica apenas existe um efeito positivo

da pré-redução para o Yb e Ce, mas, mesmo este último, pode ser considerado marginal.

738

1 244 1 2721 375

1 570

1 727

21 21

13

17

21

18

10

15

20

25

30

35

0

500

1000

1500

2000

Tam

anho d

e p

art

ícula

(nm

)

Rendim

ento

CH

4 (m

L/g

ca

t.h)

Page 66: Metanação do CO usando Catalisadores de Óxidos Bimetálicos suportados de … · introdução de lantanídeos no catalisador aumenta pelo menos 5 vezes a sua atividade quando comparada

48

Figura 45. Efeito do pré-tratamento sob hidrogénio na atividade dos catalisadores suportados em sílica (H2/CO2=4,

GHSV=15000 mL CO2 / gcat.h, Temp. reação=300 ᵒC).

Figura 46. Efeito do pré-tratamento sob hidrogénio na atividade dos catalisadores suportados em alumina

(H2/CO2=4, GHSV=15000 mL CO2 / gcat.h, Temp. reação=300 ᵒC).

Ao relacionar estes resultados com as temperaturas de redução dos compostos suportados em

sílica (Figura 44), nota-se que para aqueles cuja temperatura de redução é maior (Ce e Yb), este efeito

é positivo. No mesmo sentido vai o resultado positivo obtido para os catalisadores suportados em

375

1 455

1 590

2 145

1 725

1 320

600

450

900

1 845

1 410

1 095

1 320 1 365

0

500

1000

1500

2000

2500

Rendim

ento

CH

4(m

L/ g

ca

t..h

)

Sem Pré Tratamento de Redução Com Pré Tratamento de Redução

1 570

1 727

1 272 1 2441 375

738

1 264

2 595

1 433

1 767 1 757

1 548

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

Rendim

ento

CH

4(m

L/g

ca

t.h)

Sem Pré Tratamento de Redução Com Pré Tratamento de Redução

Page 67: Metanação do CO usando Catalisadores de Óxidos Bimetálicos suportados de … · introdução de lantanídeos no catalisador aumenta pelo menos 5 vezes a sua atividade quando comparada

49

alumina. Tendo em conta que estes catalisadores apresentam maiores temperaturas de redução

comparativamente aos catalisadores de sílica (Figura 467, secção 2.3.4), nas condições reacionais

nem todo o NiO é reduzido (ver XRD após reação). A pré-redução a mais alta temperatura favorece o

aumento de espécies ativas (Ni) à superfície dos catalisadores e consequentemente o aumento da

atividade.

São poucos os estudos na literatura que tentam explicar o efeito da pré-redução na atividade

dos catalisadores de Ni. Um deles mostra que para catalisadores de Ru existem perdas de atividade

com o aumento da temperatura de pré-redução (400 para 600 ᵒC), associando isto a um aumento do

tamanho de partícula (sinterização) e perda de área superficial ativa [73]. Tendo em conta que neste

trabalho o pré-tratamento foi igual para todos e que a temperatura foi relativamente alta (650 ᵒC), um

aumento do tamanho da partícula após reação pode ser uma possível explicação para a perda de

atividade da maioria dos catalisadores suportados em sílica.

Estabilidade dos catalisadores

A capacidade de um catalisador manter a sua atividade catalítica durante um longo período de

tempo é uma propriedade essencial e altamente desejada para uma eventual aplicação industrial. A

Figura 47 mostra os resultados obtidos com o catalisador de Ni-Ce/SiO2. No Anexo F encontram-se os

restantes estudos de estabilidade obtidos para outro catalisador (Ni-Dy/SiO2).

Figura 47. Estabilidade do catalisador Ni-Ce/SiO2 na fase gasosa (H2/CO2=4, GHSV=15000 mL CO2 / gcat.h)

Os resultados obtidos mostram uma boa estabilidade ao longo de aproximadamente 80h em

que os catalisadores permaneceram em atmosfera reacional, voltando o rendimento em metano

sempre aos valores característicos de uma dada temperatura (ver resultados a 350 °C). É referido na

literatura que a introdução de lantanídeos como aditivos a diferentes catalisadores aumenta a sua

capacidade de de-coke (redução da quantidade de carbono que se forma à superfície), devido à sua

capacidade de aumentar o número de espécies de oxigénio na superfície provenientes da adsorção de

H2O, o que justifica os bons resultados obtidos [74]. Um outro aspeto a ter em conta para explicar esta

350 ºC

400 ºC

300 ºC

450ºC

350 ºC

0

10

20

30

40

50

0 20 40 60 80

Rendim

ento

CH

4(%

)

t (h)

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50

estabilidade é o efeito exercido pelos lantanídeos sobre a morfologia dos mesmos (menor tamanho da

partícula que normalmente leva a uma maior dispersão) que pode contribuir para numa maior

estabilidade dos centros ativos, reduzindo o efeito sinterização e aumentando a sua estabilidade

temporal [56][57].

Comparação com outros catalisadores

A Tabela 1 (secção 1.6) compila os melhores resultados descritos na literatura para

catalisadores de níquel e catalisadores contendo lantanídeos suportados. Contudo, qualquer

comparação com os nossos resultados torna-se difícil porque as condições experimentais não são

semelhantes, nomeadamente em termos de GHSV. Assim sendo, optou-se por testar dois

catalisadores de referência de entre os melhores para esta reação (ródio e outro de níquel–cério [20]–

[22], sintetizado de acordo com [43]), nas mesmas condições experimentais e usar o seu

comportamento catalítico para a metanação do CO2 como termo de comparação (Tabela 13).

Tabela 13. Comparação nas mesmas condições dos nossos resultados com os de dois catalisadores de referência:

resultados obtidos a 300 ᵒC usando um GHSV de 15000 mLCO2/g.h

Catalisador Rendimento (%)

Seletividade (%)

Atividade (mL CH4 / m2

área ativa Ni.h-1)

Ni-La/SiO2 10 96 ---

Ni-Ce/SiO2 11 96 2437

Ni-Pr/SiO2 14 98 7530

Ni-Sm/SiO2 12 98 ---

Ni-Dy/SiO2 9 97 ---

Ni-Yb/SiO2 4 94 ---

NiO/CeO2 Ref. 28 98 2899

Rh/Al2O3 35 100 641

Os resultados obtidos revelam que os catalisadores sintetizados têm rendimentos em metano

inferiores aos dos catalisadores de referência, as seletividades são da mesma ordem de grandeza,

exceto o catalisador de ródio que tem uma seletividade de 100%. Este resultado aparentemente

negativo inverte-se quando, nos casos em que tal foi possível, comparamos a sua atividade expressa

por área superficial do centro ativo (Ni). Os valores de atividade encontrados são em todos os casos

superiores aos obtidos com o catalisador de ródio e, no caso do catalisador de praseodímio, superiores

aos do catalisador de NiO/CeO2, tido como um dos melhores, senão o melhor, referenciado na

literatura. Estas observações reforçam a relevância do uso de elementos do bloco f em catalisadores

para a metanação do CO2, sendo os catalisadores de níquel, quando associados a elementos do bloco

f, uma verdadeira alternativa a catalisadores de metais nobres.

Page 69: Metanação do CO usando Catalisadores de Óxidos Bimetálicos suportados de … · introdução de lantanídeos no catalisador aumenta pelo menos 5 vezes a sua atividade quando comparada

51

4. Conclusão e perspetivas futuras

O trabalho desenvolvido visou a valorização catalítica do CO2 para a produção de CH4. Para

tal, foram sintetizados catalisadores óxidos bimetálicos níquel-lantanídeo (Ni/Ln=5, Ln= La, Ce, Pr, Sm,

Dy e Yb) suportados em sílica e em γ-alumina (percentagens mássicas de Ni de 26 ± 3%).

Os catalisadores foram sintetizados principalmente por impregnação a seco e os suportes por

eletrofiação e método sol-gel. As amostras foram caracterizadas por SEM-EDS, XRD (pós), BET e H2-

TPR. No caso dos catalisadores suportados em sílica, foram obtidas partículas de formato esférico,

(0,3-4,0 μm) enquanto no caso dos suportados em alumina, as partículas não apresentaram uma forma

definida (10-50 μm). Em ambos os casos, foi possível confirmar a presença dos óxidos bimetálicos

níquel-lantanídeo distribuídos de forma homogénea na superfície. Assim sendo, a caracterização

confirmou que obtivemos os catalisadores com as características inicialmente desejadas.

Os estudos de metanação do CO2, realizados num reator de leito fixo (P=1atm), mostraram que

a introdução de elementos do grupo 4f aos catalisadores tem um efeito positivo, traduzindo-se num

aumento de atividade de pelo menos 5 vezes quando comparados com o catalisador monometálico de

níquel. Os melhores resultados foram obtidos principalmente com os óxidos bimetálicos de Ni-Pr e Ni-

Ce suportados quer em sílica, quer em γ-alumina. No entanto, o uso da sílica obtida por eletrofiação

revelou-se a melhor opção porque os catalisadores obtidos apresentam uma maior área superficial e

uma melhor atividade. De realçar que os catalisadores monometálicos contendo exclusivamente

lantanídeos não apresentaram atividade para esta reação. Estes resultados vão de encontro às

conclusões de outros estudos da literatura e o aumento da atividade verificado para os óxidos

bimetálicos níquel - lantanídeo foi associado: i) ao efeito de dopagem destes sobre as partículas de

níquel, diminuindo o tamanho de partícula (até 70% menor quando comparado com o catalisador

monometálico de Ni) e consequentemente aumentando a acessibilidade e a atividade catalítica e ii) à

existência de um sinergismo entre ambos os metais que potencia a atividade catalítica do níquel.

Evidências para este sinergismo foram encontradas no comportamento dos catalisadores sob

atmosfera redutora (H2-TPR) e na sua boa estabilidade temporal (≈72 h, perdas de atividade inferiores

a 3%), um fato pouco usual para catalisadores de níquel, demonstrando que os lantanídeos têm

capacidades de de-coke e de estabilização dos centros ativos, impedindo a sinterização do Ni (principal

causa de desativação dos catalisadores de Ni).

Os resultados obtidos mostram também que não é necessário o habitual pré-tratamento

redutivo dos catalisadores de Ni porque a presença dos lantanídeos provoca uma diminuição da

temperatura de redução do NiO (estudos H2-TPR, tornando a redução do NiO a Ni metálico um

processo possível à própria temperatura de reação (≤ 450ºC).

No futuro, seria importante estudar o efeito da variação da razão entre o lantanídeo e o Ni e

avaliar os seus efeitos na morfologia e na atividade do catalisador. Um outro parâmetro que poderá ser

testado seria o método de síntese utilizado, com o objetivo de conseguir-se um menor tamanho da

cristalite de Ni e uma maior dispersão, já que foi verificado que este tem grande influência na atividade

dos catalisadores. Relativamente às condições de reação, o estudo desta reação sob pressão seria

também um fator a testar, já que a variação volumétrica entre reagentes e produtos aponta para um

grande incremento no rendimento de CH4. O uso de plasma (NTP) em conjunto com o reator de leito

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fixo pode também dar bons resultados, nomeadamente devido ao facto de podermos operar a

temperaturas mais baixas, refletindo-se em menores consumos energéticos e condições mais

favoráveis.

Em conclusão, a ideia de transformar um poluente ambiental num produto de alto valor é o

caminho certo e o reaproveitamento do CO2 como matéria-prima para outros processos, é

definitivamente uma das perspetivas mais atrativas atualmente. Os resultados obtidos mostram que o

uso de terras raras é uma mais valia e o trabalho futuro passa por um aprofundamento deste

conhecimento, nomeadamente para explicar os bons resultados obtidos com o praseodímio.

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6. Anexos

A. Otimização do método de eletrofiação: soluções testadas.

A Tabela A1 compila as várias soluções testadas aquando da otimização das soluções a usar

na técnica de eletrofiação, destacando-se as duas soluções efetivamente usadas, quer para a síntese

de partículas (verde), quer de fibras (azul).

Tabela A1. Combinações mássicas entre os reagentes de partida para a solução sol-gel de sílica.

Mw PVP (g/mol) PVP/etanol (wt. %) TEOS/etanol HCl/TEOS Condição

40000

45 10 --- Não possível de se fiar.

40 12 --- Não possível de se fiar.

40 20 --- Não possível de se fiar.

24 7 --- Síntese de partículas

17 5 --- Não possível de se fiar.

40 12 20 Síntese de fibras

1 300 000 40 10 --- Não possível de se fiar.

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B. Quantidades pesadas na síntese de catalisadores por

impregnação.

A tabela B1 compila os valores experimentais usados na síntese dos catalisadores suportados

de sílica e alumina pelo método de impregnação a seco.

Tabela B1. Quantidades dos reagentes usadas na preparação dos catalisadores suportados em sílica

(eletrofiação) e alumina (sol-gel) por impregnação a seco.

Catalisador

Quantidades (mg)

Suporte Ni(NO3)2.6H2O Nitrato de Ln

NiO 20 48,33 ---

Ni-La 20 48,33 14,43

Ni-Ce 20 48,33 14,47

Ni-Pr 20 48,33 14,50

Ni-Sm 20 48,33 14,80

Ni-Dy 20 48,33 15,22

Ni-Yb 20 48,33 14,97

CeO2 20 --- 72,37

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C. Imagens SEM dos óxidos bimetálicos suportados em sílica e alumina

As Figuras C1 e C2 mostram Imagens de SEM de todos os catalisadores de óxidos bimetálicos

suportados em sílica (eletrofiação) e alumina (sol-gel), respetivamente.

Ni-La/SiO2 Ni-Ce/SiO2

Ni-Pr/SiO2 Ni-Sm/SiO2

Ni-Dy/SiO2 Ni-Yb/SiO2

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Ce/SiO2 Ni/SiO2

Ni-Ce/SiO2 - Após Reação Ni-Dy/SiO2 - Após Reação

Figura C1. Imagens de SEM de todos os catalisadores de óxidos bimetálicos suportados em sílica (eletrofiação).

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Ni-La/Al2O3 Ni-Ce/Al2O3

Ni-Pr/Al2O3 Ni-Sm/Al2O3

Ni-Dy/Al2O3 Ni-Yb/Al2O3

Figura C2. Imagens de SEM de todos os catalisadores de óxidos bimetálicos suportados em alumina (sol-gel).

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D. Difração de raios-X dos óxidos bimetálicos suportados em alumina

As Figuras D1 e D2 mostram os difractogramas de raios-X obtidos após reação para os

catalisadores de óxidos bimetálicos suportados alumina (sol-gel), sem e com pré-redução,

respetivamente.

Figura D1. Difractograma de raios-X obtidos após reação para os catalisadores bimetálicos suportados em alumina.

Figura D2. Difractograma de raios-X obtidos após reação para os catalisadores bimetálicos suportados em alumina

submetidos a um prévio tratamento de redução.

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E. Resultados catalíticos obtidos para os óxidos bimetálicos

suportados em sílica e alumina

As Figuras E1 a E6 mostram o efeito da temperatura sobre o comportamento catalítico para a

reação de metanação do CO2 para os catalisadores suportados em sílica (obtida por eletrofiação e

comercial) e alumina (obtida por sol-gel), neste último caso também são mostrados os resultados

obtidos para o catalisador com pré-redução (Figura E6).

Figura E1. Efeito da temperatura sobre o rendimento em CH4 usando catalisadores suportados em sílica

(H2/CO2=4, GHSV=15000 mL CO2 / gcat.h).

Figura E2. Efeito da temperatura sobre a seletividade em CH4 usando catalisadores suportados em sílica

(H2/CO2=4, GHSV=15000 mL CO2 / gcat.h).

0

10

20

30

40

50

60

250 300 350 400 450

Re

nd

ime

nto

CH

4(%

)

T (ºC)Ni/SiO2 Ni-La/SiO2 Ni-Ce/SiO2 Ni-Pr/SiO2

Ni-Sm/SiO2 Ni-Dy/SiO2 Ni-Yb/SiO2

30

40

50

60

70

80

90

100

250 300 350 400 450

Se

letivid

ad

e C

H4

(%)

T (ºC)

Ni-La/SiO2 Ni-Ce/SiO2 Ni-Pr/SiO2 Ni-Sm/SiO2

Ni-Dy/SiO2 Ni-Yb/SiO2 Ni/SiO2

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Figura E3. Efeito da temperatura sobre o rendimento em CH4 usando catalisadores suportados em sílica com pré-

tratamento redutivo (H2/CO2=4, GHSV=15000 mL CO2 / gcat.h).

Figura E4. Efeito da temperatura sobre o rendimento em CH4 usando catalisadores suportados em sílica comercial

(H2/CO2=4, GHSV=15000 mL CO2 / gcat.h).

0

15

30

45

60

250 300 350 400 450

Rendim

ento

CH

4(%

)

T (ºC)

Ni5La Ni5Ce Ni5Pr Ni5Sm Ni5Dy Ni5Yb

0,0

15,0

30,0

45,0

60,0

250 300 350 400 450

Re

nd

ime

nto

CH

4(%

)

T (ºC)

Ni5La Ni5Ce Ni5Pr Ni5Sm Ni5Dy Ni5Yb

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Figura E5. Efeito da temperatura sobre o rendimento em CH4 usando catalisadores suportados em alumina (H2/CO2=4, GHSV=15000 mL CO2 / gcat.h).

Figura E6. Efeito da temperatura sobre o rendimento em CH4 usando catalisadores suportados em alumina com pré-tratamento de reduçaõ (H2/CO2=4, GHSV=15000 mL CO2 / gcat.h).

0

15

30

45

60

250 300 350 400 450

Ren

dim

en

to C

H4

(%)

T (ºC)

Ni5La Ni5Ce Ni5Pr Ni5Sm Ni5Dy Ni5Yb

0

15

30

45

60

250 300 350 400 450

Ren

dim

en

to C

H4

(%)

T (ºC)

Ni5La Ni5Ce Ni5Pr Ni5Sm Ni5Dy Ni5Yb

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F. Estabilidade dos óxidos bimetálicos suportados em sílica

As figuras F1 e F2 mostram os resultados obtidos para a estabilidade do catalisador Ni-Dy

suportado em sílica obtida por electrofiação (Figura F1) e comercial (Figura F2).

(a)

(b)

Figura F148. Estabilidade do catalisador Ni-Dy/SiO2 na fase gasosa (H2/CO2=4, GHSV=15000 mL CO2 / gcat.h):

(a) conversão de CO2 e (b) seletividade em CH4. Sílica obtida por electrofiação.

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Figura F3. Estabilidade do catalisador Ni-Dy/SiO2 na fase gasosa (H2/CO2=4, GHSV=15000 mL CO2 / gcat.h): (a)

conversão de CO2 e (b) seletividade em CH4. Sílica comercial.