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MÉTODO BASEADO NA TEORIA GREY PARA PRIORIZAÇÃO DE RISCOS OCUPACIONAIS Cristiano Roos (UFSC) [email protected] Leandro Cantorski da Rosa (UFSM) [email protected] Edson Pacheco Paladini (UFSC) [email protected] Este trabalho apresenta a gestão de riscos ocupacionais inserida numa abordagem de melhoria da gestão preventiva de acidentes de trabalho, doenças ocupacionais e incidentes críticos. O objetivo foi desenvolver e testar um método de priorizaação baseado na teoria Grey que possibilite a aplicação de pesos diferentes aos índices da ferramenta Occupational Risk Modes and Effects Analyses (ORMEA), buscando identificar as vantagens e desvantagem quando comparado ao método tradicional de priorização. Este trabalho, com base nos objetivos, é classificado em pesquisa exploratória e, com base nos procedimentos técnicos, é classificado em pesquisa experimental. Procedeu-se inicialmente com o desenvolvimento do método de priorização baseado na teoria Grey e posteriormente com o teste experimental deste por meio de um conjunto de dados reais. Os resultados mostraram que ao se utilizar diferentes pesos para os índices de severidade, ocorrência e detecção se tem diferenças nos rankings de priorização resultantes formados segundo o método baseado na teoria Grey, confirmando-se a hipótese construída para o problema de pesquisa: se forem atribuídos diferentes pesos aos índices, então serão diferentes os rankings constituídos a partir do método. As vantagens e desvantagens em se utilizar um método em detrimento do outro são dadas principalmente em função da complexidade, confiabilidade e razões de ordem financeira. O método tradicional apresenta baixa complexidade, baixa confiabilidade e baixo custo de execução, enquanto o método baseado na teoria Grey apresenta alta complexidade, alta confiabilidade, porém os custos mais elevados de execução. Assim, o desenvolvimento deste trabalho mostrou a importância da integração da gestão de riscos ocupacionais com novas técnicas da engenharia, como a ferramenta ORMEA, através de métodos que buscam trazer customização às analises que orientam a gestão de riscos ocupacionais. Palavras-chaves: gestão de riscos ocupacionais, método de priorização, teoria Grey XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão. Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

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MÉTODO BASEADO NA TEORIA GREY

PARA PRIORIZAÇÃO DE RISCOS

OCUPACIONAIS

Cristiano Roos (UFSC)

[email protected]

Leandro Cantorski da Rosa (UFSM)

[email protected]

Edson Pacheco Paladini (UFSC)

[email protected]

Este trabalho apresenta a gestão de riscos ocupacionais inserida numa

abordagem de melhoria da gestão preventiva de acidentes de trabalho,

doenças ocupacionais e incidentes críticos. O objetivo foi desenvolver

e testar um método de priorizaação baseado na teoria Grey que

possibilite a aplicação de pesos diferentes aos índices da ferramenta

Occupational Risk Modes and Effects Analyses (ORMEA), buscando

identificar as vantagens e desvantagem quando comparado ao método

tradicional de priorização. Este trabalho, com base nos objetivos, é

classificado em pesquisa exploratória e, com base nos procedimentos

técnicos, é classificado em pesquisa experimental. Procedeu-se

inicialmente com o desenvolvimento do método de priorização baseado

na teoria Grey e posteriormente com o teste experimental deste por

meio de um conjunto de dados reais. Os resultados mostraram que ao

se utilizar diferentes pesos para os índices de severidade, ocorrência e

detecção se tem diferenças nos rankings de priorização resultantes

formados segundo o método baseado na teoria Grey, confirmando-se a

hipótese construída para o problema de pesquisa: se forem atribuídos

diferentes pesos aos índices, então serão diferentes os rankings

constituídos a partir do método. As vantagens e desvantagens em se

utilizar um método em detrimento do outro são dadas principalmente

em função da complexidade, confiabilidade e razões de ordem

financeira. O método tradicional apresenta baixa complexidade, baixa

confiabilidade e baixo custo de execução, enquanto o método baseado

na teoria Grey apresenta alta complexidade, alta confiabilidade,

porém os custos mais elevados de execução. Assim, o desenvolvimento

deste trabalho mostrou a importância da integração da gestão de

riscos ocupacionais com novas técnicas da engenharia, como a

ferramenta ORMEA, através de métodos que buscam trazer

customização às analises que orientam a gestão de riscos

ocupacionais.

Palavras-chaves: gestão de riscos ocupacionais, método de

priorização, teoria Grey

XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão.

Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

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1. Introdução

Diante do surgimento de novas atividades de trabalho, que requerem novos procedimentos

operacionais e novos equipamentos e, por conseqüência, de segurança, percebe-se que tais

assuntos vão adquirindo crescente importância (FREITAS e SUETT, 2006). O aprimoramento

da gestão de riscos ocupacionais vem integrando intensamente os estudos nesta linha desde

meados dos anos 80. Cada vez mais pesquisadores e organizações buscam estratégias para

aumentar a garantia da segurança dos trabalhadores. A estabilidade das organizações está

ligada à sua capacidade de planejar e desenvolver ações para satisfazer essas necessidades,

evitando a ocorrência de acidentes de trabalho, doenças ocupacionais e incidentes críticos,

que podem vir a interferir no equilíbrio das relações sociais e econômicas.

A adoção de práticas de segurança do trabalho, dentro das organizações, passa a ser tratada

como uma condição para dar sustentabilidade ao negócio. O espírito de prevenção vem

conquistando um considerável espaço nos planos estratégicos e táticos das organizações,

refletindo-se no aumento da importância que é dada às certificações dos sistemas de gestão de

saúde e segurança do trabalho no mundo (LAPA, 2006).

Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi desenvolver e testar um método de priorização

baseado na teoria Grey que possibilite a aplicação de pesos diferentes aos índices da

ferramenta Occupational Risk Modes and Effects Analyses (ORMEA). A importância de se

atribuir pesos diferentes aos índices da ferramenta ORMEA é dada em razão desta ação

possibilitar uma análise diferenciada e customizada ao processo de priorização.

Para tanto, organizou-se este texto nas seções que seguem. A segunda seção apresenta o

delineamento metodológico da pesquisa. A terceira seção traz uma visão teórica sobre a

ferramenta ORMEA. A quarta seção apresenta o método tradicional de priorização, bem

como o método baseado na teoria Grey desenvolvido neste trabalho. A quinta seção apresenta

os testes experimentais realizados. A sexta seção expõe e discute os resultados obtidos. A

sétima seção traz as considerações finais.

2. Delineamento metodológico

O delineamento metodológico desta pesquisa propõe um direcionamento que visa à obtenção

de resultados capazes de sustentar a construção de um conhecimento mais aprofundado sobre

um modelo de gestão de riscos ocupacionais baseando-se para isto, na teoria Grey. Seguindo

as definições de Gil (2002), esta pesquisa, com base nos objetivos, é classificada em pesquisa

exploratória e, com base nos procedimentos técnicos, é classificada em pesquisa

experimental.

Seguindo as definições de Bell (2008), a abordagem de pesquisa, que orientou o processo de

investigação, e que estabeleceu formas de aproximação aos objetivos desta pesquisa, é a

abordagem quantitativa. Seguindo as definições de Salomon (2001), os métodos de pesquisa

utilizados para dar sustentação aos resultados obtidos nesta pesquisa foram o indutivo e o

dedutivo. O método de pesquisa indutivo foi utilizado em maior parte, pois neste trabalho

partiu-se de peculiaridades e caminhou-se para generalizações. O método de pesquisa

dedutivo foi utilizado toda vez que se passou a agir no contexto da justificação.

A pesquisa experimental foi o procedimento utilizado como meio e como fim nesta pesquisa,

pois possibilitou a concretização de um método de priorização baseado na teoria Grey que

possibilite a aplicação de pesos diferentes aos índices da ferramenta ORMEA. O problema de

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pesquisa formulado na pesquisa experimental foi: a atribuição de diferentes pesos aos índices

da ferramenta ORMEA interfere na orientação estratégica do método? A hipótese construída

para o problema de pesquisa foi: se forem atribuídos diferentes pesos aos índices, então serão

diferentes os rankings constituídos a partir do método.

O objeto de estudo da pesquisa experimental realizada é a interferência nos rankings

constituídos a partir do método; a variável que seria capaz de influenciar o objeto de estudo é

o conjunto de pesos atribuídos aos índices da ferramenta ORMEA; e a forma de controle e de

observação dos efeitos que a variável produz no objeto são os rankings de priorização

resultantes. Desta maneira, o plano experimental foi definido para o problema de pesquisa

conforme a Tabela 1. Os valores dos pesos dos índices da ferramenta ORMEA (s, o e d,

que são os pesos dos índices de severidade, ocorrência e detecção), foram atribuídos

arbitrariamente, sendo que podem ser quaisquer valores positivos e que cuja soma seja 1.

Utilização de pesos com interferência na orientação estratégica do método de priorização

s 1

0

0

0

o 0

1

0

0,9

d 0

0

1

0,1

Resultados na variável dependente (orientação estratégica do método de priorização: ranking)

Tabela 1 – Plano de experimento relacionado ao problema de pesquisa

Ainda para a pesquisa experimental, determinou-se o sujeito da pesquisa como sendo os

métodos de priorização da ferramenta ORMEA. O ambiente de pesquisa foi assim

caracterizado: ambiente de campo com a garantia de que o fenômeno ocorreu de maneira

suficientemente pura e notável. A pesquisa experimental e respectiva interpretação dos

resultados, bem como as conclusões obtidas, estão apresentadas no decorrer deste trabalho.

Cabe ressaltar que este trabalho, no contexto da gestão de riscos ocupacionais, é uma parte de

uma pesquisa iniciada em 2007 e que atualmente está sendo parcialmente financiada pelo

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

3. Ferramenta ORMEA

A ferramenta de gestão de riscos ocupacionais ORMEA, proposta por C. Roos, é divida em

três atividades chave: o “mapeamento de processo”, a “abordagem preliminar”, e a

“abordagem sistêmica” (ROOS et al., 2008). A “abordagem sistêmica” é de caráter opcional,

isto é, pode-se finalizar a ferramenta já na atividade chave denominada “abordagem

preliminar”. Na seqüência estão apresentadas detalhadamente cada uma das atividades chave.

3.1. Mapeamento de processo do modelo proposto

Empresas que utilizam a gestão de processos possuem o mapeamento de seus processos. A

ferramenta ORMEA requer uma alteração simples na forma de apresentação destes

mapeamentos. A Figura 1 ilustra a maneira de apresentação requerida para o ORMEA, onde:

“S” é o valor associado à severidade do risco ocupacional caso este venha a ocorrer; “O” é o

valor associado à ocorrência no sentido da quantidade de acidentes já ocorridos no processo

ou sub-processo em questão; “D” é o valor associado à detecção no sentido da probabilidade

de se detectar o acidente de caráter ocupacional antes que este ocorra; “T” corresponde a

soma da severidade, ocorrência e detecção; o número que aparece no canto inferior esquerdo

de cada retângulo identifica o processo ou sub-processo em questão. Processos ou sub-

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processos com os maiores valores de “T” estarão no topo do ranking e serão prioritários para

intervenção com melhorias (ROOS et al., 2008).

Sub-processo 1 Sub-processo 2 Sub-processo 3 Sub-processo 4

S O D T S O D S O D S O DT T T

4321

Figura 1 – Modelo proposto (ORMEA) para a gestão de riscos ocupacionais

Nota-se que o modelo assemelha-se à ferramenta Failure Modes and Effects Analysis

(FMEA) em relação aos índices abordados (severidade, ocorrência e detecção), porém a sua

forma de apresentação tem como vantagens a objetividade, tornando o modelo dinâmico e

prático. O escopo da ferramenta de auxílio à gestão da qualidade denominada FMEA é

determinar um conjunto de ações corretivas ou ações que minimizem a ocorrência de modos

ou causas de falha em potencial (MORETTI E BIGATTO, 2006; STAMATIS, 2003;

HELMAN, 1995).

A justificativa de se apresentar desta maneira os índices da ferramenta ORMEA é simples: na

gestão de processos tem-se o contato permanente com o mapeamento dos processos e ao se

acrescentar os índices a cada processo estar-se-á qualificando-os quanto aos riscos

ocupacionais. É importante que os mapeamentos dos processos estejam visíveis e acessíveis

para todos na empresa, alertando quanto aos riscos ocupacionais. Assim, a forma de

apresentação torna-se objetiva e interessante, pois sinaliza como um kamban os riscos

ocupacionais (ROOS et al., 2008).

3.2. Abordagem preliminar do modelo proposto

Na abordagem preliminar inicia-se o estudo dos processos ou sub-processos. Essa abordagem

está descrita na seqüência de uma maneira sucinta. Foram novamente utilizados como base os

procedimentos da ferramenta FMEA, visto que essa é uma ferramenta significativamente

utilizada pelas empresas e seus respectivos procedimentos já são bem conhecidos e difundidos

(ROOS et al., 2008).

Ao se iniciar a abordagem preliminar, assim como na FMEA, um dos erros mais comuns da

implantação é a execução de um planejamento deficiente, ou seja, pode-se incorrer em

desvios de objetivo e limitar a utilidade dos resultados do estudo. Assim, apresentam-se os

principais pontos que devem ser planejados antes do inicio da pesquisa: o processo a ser

estudado; as pessoas participantes e maneiras de participação; a pessoa responsável; o que se

deve avaliar primeiro; o momento de início; o cronograma parcial de duração da pesquisa; o

investimento financeiro necessário; a aprovação perante a direção.

Após o término do planejamento e das respectivas definições, passa-se a uma etapa seguinte.

Esta etapa refere-se ao início do preenchimento de um formulário. Este formulário será

chamado de formulário ORMEA (Figura 2). Preenche-se o cabeçalho com as informações

pertinentes ao ORMEA, tais como título, descrição do processo ou sub-processo, data,

componentes do grupo, e número do processo ou sub-processo ao qual o formulário se refere.

Isto é, este número deve ser o número que consta no canto inferior esquerdo de cada retângulo

do processo ou sub-processo.

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ORMEA – OCCUPATIONAL RISK MODES AND EFFECTS ANALYSES Descrição: Descrição Descrição Descrição

Nome / Cargo: Nome 1/Cargo Nome 2/Cargo Nome 3/Cargo

Abreviações: S / severidade O / ocorrência D / detecção

Página X de X Original: Modificado: Modificação nº.: Número do ORMEA:

Risco Potencial Efeitos S Causas O Controles D

Total: → →

Média arredondada: → →

Figura 2 – Modelo de formulário ORMEA

A seguir, preenche-se a coluna “risco potencial”. Deve-se descrever de maneira sucinta o

modo de risco ou os modos de riscos ocupacionais associados ao processo ou sub-processo

em questão, levando em consideração, que os riscos ocupacionais serão sempre reduções do

nível de segurança esperado. Na seqüência preenche-se a coluna “efeitos", onde se descreve

as conseqüências de um acidente relacionado aos modos de riscos potenciais. Em outras

palavras, como as pessoas seriam atingidas se um acidente ocorresse. Completa-se a coluna

correspondente a severidade (S), que avalia a gravidade do efeito do acidente de ordem

ocupacional. Essa é medida segundo uma escala. Atribui-se valores aos índices de cada

processo utilizando-se a escala proposta na Figura 3, onde para cada valor existe uma

justificativa e uma cor associada.

0

1

2

3

4

Severidade nula ou muito baixa

Severidade baixa

Severidade moderada

Severidade alta

Severidade crítica

0

1

2

3

4

Ocorrência improvável

Pequena chance de ocorrência

Moderada chance de ocorrência

Grande chance de ocorrência

Ocorrência certa

0

1

2

3

4

Detecção certa ou quase certa

Grande chance de detecção

Moderada chance de detecção

Pequena chance de detecção

Detecção improvável

ESCALA DE

SEVERIDADE (S)

ESCALA DE

OCORRÊNCIA (O)

ESCALA DE

DETECÇÃO (D)

Figura 3 – Escalas aplicáveis ao formulário ORMEA

A coluna para indicação das possíveis “causas” é preenchida com as condições que propiciam

a ocorrência do acidente relacionado aos modos de riscos ocupacionais. Esta etapa, mais do

que as outras deve ser sustentada por dados ou registros da empresa, que também servirão

para facilitar o preenchimento da coluna seguinte que é a ocorrência (O). Na coluna

ocorrência apresenta-se uma avaliação que estima com que freqüência um acidente de ordem

ocupacional tem chances de ocorrer. Esta avaliação, como na avaliação da severidade,

também é feita através de uma escala (Figura 3).

Na coluna “controle”, identificam-se e descrevem-se as formas de controle existentes para o

acompanhamento do produto, processo ou serviço ou possibilidades que a empresa possui

para identificar os acidentes de ordem ocupacional, ou causas destes, antes que estes ocorram.

A coluna detecção (D) é relacionada fortemente com a anterior, pois é nela que a equipe será

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solicitada a avaliar a eficácia de detectar cada acidente de ordem ocupacional ou as causas

correspondentes.

Calcula-se a média correspondente aos índices de severidade, ocorrência e detecção e os

resultados inteiros, arredondados para mais, são transcritos para os espaços correspondentes

no mapeamento de processo. Para cada processo ou sub-processo calcula-se “T”. É

importante que todos os funcionários da empresa tenham acesso aos resultados, de preferência

em um mural ou meio digital tal como no ambiente principal da intranet, alertando através

das cores empregadas a localização e características dos riscos ocupacionais.

3.3. Abordagem sistêmica do modelo proposto

A abordagem sistêmica do modelo proposto está relacionada com a melhoria do cenário

identificado na abordagem preliminar. É uma abordagem de caráter opcional, ou seja, pode-se

utilizá-la como seqüência do modelo ou não. Na abordagem sistêmica objetiva-se zerar os

índices (severidade, ocorrência e detecção) relacionados a cada processo ou sub-processo.

Para tanto, criou-se um fluxograma de melhoria contínua (Figura 4) para auxiliar na

investigação a ser realizada em cada um dos processos ou sub-processos.

Inicio da investigação

Os níveis

das escalas são iguais

a zero?

Aplicar o diagrama dos

Cinco Porquês

Os níveis

das escalas

diminuíram?

Aplicar a ferramenta

FMEA

Os níveis

das escalas

diminuíram?

Documentar

Documentar

Final da investigação

SIM

SIM

SIM

SIM

NÃO

NÃO

NÃO

Figura 4 – Abordagem sistêmica do modelo proposto (ORMEA) para a gestão de riscos ocupacionais

Podem-se verificar na Figura 4 que são empregadas metodologias conhecidas para a

investigação dos riscos ocupacionais e a elaboração de ações de melhoria quais sejam: a

ferramenta FMEA e o diagrama dos cinco porquês (ROTHWELL, HOHNE e KING, 2007;

MILLER, 2002).

Os processos ou sub-processos com maior índice total ("T" na Figura 1) deverão ser tratados

prioritariamente. Pode-se utilizar no tratamento dos processos também outras metodologias

associadas àquelas sugeridas na Figura 4, tais como: diagrama de causa e efeito, gráfico de

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Pareto, brainstorming, matriz GUT (ROTHWELL, HOHNE e KING, 2007; BRASIL, 1999).

4. Métodos de priorização na ferramenta ORMEA

4.1. Método tradicional

O método tradicional de priorização na ferramenta ORMEA é baseado no método tradicional

de priorização na ferramenta FMEA. O método tradicional da ferramenta FMEA, através do

cálculo do Risk Priority Number (RPN), foi inicialmente utilizado pela National Aeronautics

and Space Administration (NASA) em 1963. Algum tempo depois, o método foi levado à

indústria automobilística, onde foi usado para detectar, quantificar e ordenar possíveis

defeitos potenciais no estágio de projeto de produtos, antes de chegarem ao consumidor final

(PUENTE et al. 2002).

Ao final da década de 1980, representantes da General Motors Corporation, Ford Motor

Company e Chrysler Corporation desenvolveram a norma QS 9000, onde a FMEA foi

adotada como uma das ferramentas de planejamento avançado da qualidade. Em 1993, a

Automotive Industry Action Group (AIAG) e a American Society for Quality Control (ASQC)

criaram um manual e patentearam os padrões relacionados à FMEA. A Society of Automotive

Engineers (SAE) obteve os direitos sobre o procedimento SAE J-1739 que trata da FMEA

(MORETTI E BIGATTO, 2006). O método tradicional de priorização na ferramenta FMEA

propõe que para a obtenção do RPN do modo ou causa de falha i, se multiplique a pontuação

dada para as classificações de severidade (si), ocorrência (oi) e detecção (di). Já o método

tradicional de priorização na ferramenta ORMEA propõe que para a obtenção do “T” do

modo ou causa de risco potencial do processo i, se some a pontuação dada para as

classificações de severidade (Si), ocorrência (Oi) e detecção (Di).

4.2. Método baseado na teoria Grey

A teoria Grey tem um papel importante no contexto teórico, sendo utilizada em estudos que

buscam verificar a relação entre séries qualitativas e quantitativas discretas (ÇAKIR, 2008;

CHEN e TING, 2002; CHEN et al., 2004; DAOWU et al., 2004; GUO e LOVE, 2005; LI,

YAMAGUCHI e NAGAI, 2007; ROOS e ROSA, 2008; WANG, LIN e HU, 2007; XIZHE et

al., 2004; YUEHUA e WEI, 2008; ZHANG e CHEN, 2004).

Baseado na teoria Grey, desenvolveu-se neste trabalho um método para buscar uma nova

relação entre os índices de priorização na ferramenta ORMEA. Neste método é possível a

aplicação de pesos diferentes aos índices de severidade, ocorrência e detecção, sendo que a

priorização é feita através de uma mensuração para verificar a relação entre séries qualitativas

e quantitativas discretas, onde os componentes das séries devem estar de acordo com algumas

características pré-definidas (LEAL, PINHO E ALMEIDA, 2005; CHANG, LIU E WEI,

2001).

O método proposto usa uma seqüência de procedimentos para chegar ao ranking de processos

prioritários para intervenção com melhorias baseando-se nos modos ou causas de riscos.

Inicia-se com o estabelecimento de uma série comparativa que é representada por uma matriz

(equação 1), onde: Si é o índice de severidade para o modo de risco potencial do processo i; Oi

é o índice de ocorrência para o modo ou causa de risco potencial do processo i; Di é o índice

de detecção para o modo ou causa de risco potencial do processo i; X é a série comparativa.

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8

iii

222

111

DOS

DOS

DOS

X

(1)

Na seqüência tem-se o estabelecimento de uma série padrão que é representada por uma

matriz (equação 2), composta através dos menores índices de severidade, ocorrência e

detecção contidos nas escalas das tabelas de referência usadas na construção dos formulários

ORMEA, onde: sp é o menor índice de severidade da tabela de referência; op é o menor índice

de ocorrência; dp é o menor índice de detecção; Y é a série padrão.

ppp

ppp

ppp

dos

dos

dos

Y

(2)

A seguir subtrai-se Y de X, resultando na matriz Z (equação 3).

iii dos

dos

dos

Z

222

111

(3)

São então calculados os pesos relativos, representados numa matriz (equação 4), onde: γsi é o

peso relativo da severidade para o modo de risco potencial do processo i (equação 5); γoi é o

peso relativo da ocorrência para o modo ou causa de risco potencial do processo i (equação

6); γdi é o peso relativo da detecção para o modo ou causa de risco potencial do processo i

(equação 7); β é uma constante (equação 8); ξ é um identificador que apenas afeta o valor

relativo do risco, sem alterar a priorização de modos ou causas de risco potencial, podendo

assumir um valor entre 0 e 1 (em geral 0,1); MIN é o menor valor contido na matriz Z; MÁX é

o maior valor contido na matriz Z; M é a matriz que contém os pesos relativos.

iii dos

dos

dos

M

222

111

(4)

MÁXi

is

s

(5)

MÁXi

io

o

(6)

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MÁXi

id

d

(7)

MÁXMIN (8)

No próximo passo é estabelecido o grau de relação entre os índices de severidade, ocorrência

e detecção. Isto é expresso numa matriz (equação 9), onde: Ci é o grau de relação para o modo

ou causa de risco potencial do processo i (equação 10); s, o e d são pesos maiores ou

iguais a zero atribuído aos índices de severidade, ocorrência e detecção respectivamente

(equação 11); N é a matriz que contém os graus de relação.

iC

C

C

N

2

1

(9)

dioisii dosC (10)

1 dos (11)

O ranking de priorização é estabelecido a partir dos graus de relação contidos na matriz N.

Quanto maior é o grau de relação, menor é o efeito do modo ou causa de risco potencial do

processo i. Assim o menor grau indica o risco crítico e o maior, o de risco mínimo. O grau de

relação indica a relação entre a pontuação do modo ou causa de risco potencial e os valores

ideais para os fatores de decisão.

5. Procedimentos experimentais com os métodos de priorização abordados

Num primeiro momento, com a intenção de verificar possíveis diferenças nos rankings de

priorização formados, comparou-se o método tradicional com o método baseado na teoria

Grey, utilizando-se pesos iguais para os índices de severidade, ocorrência e detecção. Foram

utilizados dados reais de referência que são alusivos a vinte sub-processos apresentados por

Roos et al. (2008). Na Tabela 2 são apresentados: os resultados segundo o método tradicional;

o ranking de priorização segundo este método; e os dados reais de referência. Na Tabela 3 são

apresentados: a seqüência de cálculos e os resultados segundo o método baseado na teoria

Grey; e o ranking de priorização segundo este método. Foram considerados para os cálculos

os valores do identificador ξ igual a 0,1 e dos pesos s, o, d iguais a 1/3.

Dados de referência Método tradicional

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172143143

114

1436527656556

276518

65

11411418118120027

T

011012012

112

102113214113113213

214113224

113

112112001001000214

DOS

tsr

q

ponmlk

jih

g

fedcba

rankingprocesso

tsr

q

ponmlk

jih

g

fedcba

processo iiiiii

Tabela 2 – Dados de referência e resultados segundo o método tradicional

Método baseado na teoria Grey

1714141114626652616

11111818202

8693,08254,08254,07600,08254,07284,06607,07284,07284,06845,06607,07284,06168,07284,07600,07600,09346,09346,00000,16607,0

0000,18039,08039,00000,18039,06721,00000,18039,06721,08039,08039,06721,08039,00000,16721,08039,08039,05775,06721,08039,05062,08039,08039,05775,08039,08039,05775,06721,08039,05775,06721,08039,05062,08039,08039,05775,06721,06721,05062,08039,08039,05775,08039,08039,06721,08039,08039,06721,00000,10000,18039,00000,10000,18039,00000,10000,10000,16721,08039,05062,0

011012012112102113214113113213214113224113112112001001000214

000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000

011012012112102113214113113213214113224113112112001001000214

tsr

q

ponmlk

jih

g

fedcba

NMZYX

rankingprocesso i

Tabela 3 – Cálculos e resultados segundo o método baseado na teoria Grey

Num segundo momento, com os mesmos dados reais de referência, realizou-se uma pesquisa

experimental segundo o plano de experimento apresentado na Tabela 1. Com o método

baseado na teoria Grey utilizou-se pesos diferentes para os índices de severidade, ocorrência e

detecção (s, o e d). Na Tabela 4 são apresentados: os resultados segundo o método

baseado na teoria Grey; os rankings de priorização segundo este método; e os conjuntos de

pesos atribuídos para s, o, d.

Primeiro experimento Segundo experimento Terceiro experimento Quarto experimento

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148235,0148235,0148235,068039,0

179804,068039,027907.068039,068039,027907,027907,068039,016721,068039,068039,068039,0

180000,1180000,1180000,127907,0

150000,1150000,1150000,168039,068039,068039,016721,068039,068039,016721,016721,068039,016721,068039,068039,068039,0

150000,1150000,1150000,116721,0

28039,028039,028039,028039,0

170000,128039,028039,028039,028039,028039,028039,028039,016721,028039,028039,028039,0

170000,1170000,1170000,128039,0

178039,0116721,0116721,0116721,0116721,055775,015062,055775,055775,055775,015062,055775,015062,055775,0

116721,0116721,0178039,0178039,0200000,115062,0

1,09,00100010001

rankingNrankingNrankingNrankingN

tsr

q

ponmlk

jih

gfedcba

prociiiii

dosdosdosdos

Tabela 4 – Resultados da pesquisa experimental segundo o método baseado na teoria Grey

6. Resultados e Discussões

No primeiro estudo realizado – comparação do método tradicional com o método baseado na

teoria Grey – pôde-se verificar que não existem diferenças na formação dos respectivos

rankings de priorização. Afirma-se então que, ao se utilizar pesos iguais a 1/3 para os índices

de severidade, ocorrência e detecção, não se tem diferenças nos resultados obtidos segundo os

dois métodos abordados.

No segundo estudo realizado – utilização do método baseado na teoria Grey com a atribuição

de pesos diferentes para os índices de severidade, ocorrência e detecção (s, o e d) – pôde-se

verificar que existem diferenças na formação dos rankings de priorização quando pesos

diferentes são atribuídos os índices. Afirma-se desta maneira que a atribuição de diferentes

pesos aos índices da ferramenta ORMEA interfere na orientação estratégica do método de

priorização baseado na teoria Grey, confirmando-se a hipótese construída para o problema de

pesquisa: se forem atribuídos diferentes pesos aos índices, então serão diferentes os rankings

constituídos a partir do método.

As características dos dois métodos de priorização abordados foram apresentadas numa tabela

comparativa (Tabela 5). É possível visualizar nesta tabela as diferenças entre as características

dos dois métodos, cabendo ressaltar os resultados possíveis de cada método. O método

tradicional apresenta 13 resultados possíveis entre os valores 0 e 12. O método baseado na

teoria Grey apresenta infinitos resultados possíveis entre os valores 0 e 1 em razão da

possibilidade de atribuir-se pesos infinitos aos índices s, o, d e ao identificador relativo do

risco.

Uma característica que pode ser considerada idêntica a partir dos resultados encontrados é

quanto ao nível de detalhamento das priorizações. Os dois métodos apresentaram os mesmos

números de priorizações, ocorrendo os mesmos empates nos rankings formados. Assim,

quando se quer um maior detalhamento das priorizações, o método tradicional e o baseado na

teoria Grey apresentam bom desempenho, visto que o detalhamento pode ser até de ordem

unitária, isto é, por processo ou sub-processo.

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→ Método tradicional Método baseado na teoria Grey

Característica dos métodos de

priorização utilização de uma equação utilização de onze equações

Complexidade dos métodos de

priorização baixa alta

Confiabilidade dos métodos de

priorização baixa alta

Execução dos métodos de

priorização

não requer a utilização

de software

é facilitada quando há

utilização de software

Resultados possíveis (utilizando

escalas de referência de 0 à 4)

(13) onde 0 é o menor valor

e 12 é o maior valor

(∞) todos números reais

entre 0 e 1

Possibilidade de atribuição de

pesos diferentes para S, O e D não sim

Possibilidade de atribuição de

peso ao identificador de risco não sim

Implicações práticas dos métodos

de priorização

não possibilita a organização

customizar a priorização

possibilita a organização

customizar a priorização

Tabela 5 – Comparativo entre os métodos de priorização abordados

As vantagens em se utilizar um método em detrimento de outro são principalmente dadas

quanto à possibilidade de aplicação de pesos diferentes aos índices de severidade, ocorrência

e detecção, bem como ao identificador relativo do risco. Quanto à aplicação de pesos

diferentes aos índices de severidade, ocorrência e detecção, apenas o método baseado na

teoria Grey permite fazê-lo o que se torna vantajoso na prática quando a organização necessita

customizar a priorização, dando maior peso a um índice, por exemplo: quando necessita dar

maior peso ao índice detecção, visto que detectar um risco potencial no processo é mais

importante do que a ocorrência ou a severidade deste.

O método baseado na teoria Grey também é o único que permite a atribuição de peso ao

identificador relativo do risco, o que se torna vantajoso na prática quando a organização

necessita testar os efeitos da manipulação dos índices. A importância em se atribuir pesos

diferentes aos índices de ocorrência, severidade e detecção é dada em razão desta ação

possibilitar uma análise diferenciada e customizada ao processo de priorização (CHANG, LIU

E WEI, 2001).

Quanto à complexidade do método, o tradicional é mais vantajoso quando se busca

simplicidade, uma vez que o procedimento para a formação do ranking de priorização

resume-se a soma dos valores dos três índices considerados. O método baseado na teoria Grey

é mais vantajoso quando se busca customização na análise, pois utiliza onze equações para a

formação do ranking, que por sua vez pode ser customizado a partir de uma estratégia

decisiva da organização dando maior peso para a severidade, ou para a ocorrência, ou para a

detecção de modos ou causas de riscos ocupacionais.

As desvantagens de um método em comparação aos demais estão principalmente relacionadas

ao aspecto financeiro e ao aspecto confiabilidade. No aspecto financeiro o método baseado na

teoria Grey pode ser desvantajoso pela maior complexidade. No aspecto confiabilidade, o

método tradicional tem como desvantagem o fato de apresentar na sua análise uma estrutura

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rígida de cálculos, tornando desta maneira a análise impossibilitada de customização do

processo de priorização.

7. Considerações finais

As vantagens e desvantagens em se utilizar um método em detrimento do outro são dadas

principalmente em função da complexidade, confiabilidade, razões de ordem financeira e

possibilidade de customização da análise. O método tradicional apresenta baixa

complexidade, baixa confiabilidade, menor custo de execução e a impossibilidade de

customização da análise. O método baseado na teoria Grey apresenta alta complexidade, alta

confiabilidade, maior custo de execução e a possibilidade de customização da análise.

Verifica-se a partir disto que o grande diferencial do método baseado na teoria Grey é

justamente a possibilidade de customização da análise, indiferente das desvantagens que o

método possa ter.

Visualizando uma situação prática, pode-se verificar a importância de customizar a análise:

uma organização necessita de maior confiabilidade nos resultados da análise com enfoque

customizado no índice detecção de um eventual acidente, visto que a não detecção implica

mais negativamente nos fatores econômico, social e ambiental daquela organização quando

comparado às implicações dos índices de severidade e de ocorrência. Por exemplo, numa

organização distribuidora de combustíveis, num processo de verificação do volume contido

nos tanques de armazenagem, tem-se o risco de explosão do tanque quando o trabalhador

mergulha o instrumento de medição no combustível. Neste caso, a organização deve priorizar

a detecção deste risco, pois mais importante que saber o quanto severo é o eventual acidente

ou quais as chances de ocorrência deste, é saber quais as chances que se tem para detectar o

acidente antes que este de fato venha a ocorrer.

Assim, a realização deste estudo proporcionou uma reflexão acerca da gestão de riscos

ocupacionais além de mostrar a importância da utilização de diferentes métodos de

priorização para diferentes necessidades da ferramenta ORMEA. A limitação deste estudo é o

foco em dados de referência de apenas um estudo de caso. Ainda que o estudo forneça

evidências das vantagens e desvantagens de cada método de priorização, é reconhecido que

são limitadas a um único conjunto de dados. Metodologicamente, não se podem generalizar as

inconsistências específicas nos resultados para outros contextos. Pesquisas futuras devem

enfocar em outras aplicações da ferramenta ORMEA para investigar se existem diferenças

significantes nos resultados comparativos entre os métodos de priorização.

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