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Avaliao de RiscoEstudo comparativo entre diferentes mtodos de Avaliao de Risco, em situao real de trabalhoDissertao elaborada com vista obteno do Grau de Mestre na Especialidade de Ergonomia na Segurana no Trabalho

Professor Doutor Rui Miguel Bettencourt Melo

JriProf. Doutor Francisco dos Santos Rebelo Professora Doutora Maria Celeste Rodrigues Jacinto Professor Doutor Rui Miguel Bettencourt Melo

Filipa Catarina Vasconcelos da Silva Pinto Marto Carvalho

2007

Avaliao de RiscoEstudo comparativo entre diferentes mtodos de Avaliao de Risco, em situao real de trabalhoDissertao elaborada com vista obteno do Grau de Mestre na Especialidade de Ergonomia na Segurana no Trabalho

Professor Doutor Rui Miguel Bettencourt Melo

JriProf. Doutor Francisco dos Santos Rebelo Professora Doutora Maria Celeste Rodrigues Jacinto Professor Doutor Rui Miguel Bettencourt Melo

Filipa Catarina Vasconcelos da Silva Pinto Marto Carvalho

2007

Onde esto os Riscos? no Futuro ... que pode ser duvidoso e nos forar a mudanas... nas Mudanas ... que podem ser inmeras e nos foram a decises... nas Decises ... que podem no ser as mais correctas... Walter de Abreu Cybis (2003)

Agradecimentos

AGRADECIMENTOS

Embora uma dissertao seja, pela sua finalidade acadmica, um trabalho individual, h contributos de natureza diversa que no podem nem devem deixar de ser realados. A conquista tem que ser dividida com todos os que contriburam, de forma directa ou indirecta para a concretizao e concluso deste projecto. A todos gostaria de expressar os meus sinceros agradecimentos:

Professora Doutora Lusa Melo Barreiros, pela amizade e por tudo o que fez e ainda vai fazendo por mim. Por acreditar nas minhas capacidades, por me incentivar e desafiar na conquista de novos saberes. ao meu orientador, Professor Doutor Rui Melo, que desde o inicio me incentivou para a concretizao deste trabalho. Pelo seu companheirismo, amizade, mas sobretudo, pela dedicao, pelas crticas e sugestes, feitas durante a orientao. Professora Doutora Anabela Simes, pela preocupao que manifestou quando me desafiou para a realizao deste mestrado. ao Professor Doutor Francisco Rebelo, por acreditar que eu conseguia ultrapassar mais este desafio (leia-se, nos tempos legais previstos), incentivando-me nos momentos difceis. aos responsveis da empresa, onde o estudo foi realizado, por proporcionarem a concretizao deste trabalho, disponibilizando a minha entrada sem qualquer entrave. aos operadores de manuteno, que permitiram a concretizao deste trabalho. aos colegas e amigos, Professor Doutor Jos Carvalhais, Professora Doutora Raquel Santos, Mestre Paulo Noriega e Mestre Teresa Cotrim que me apoiaram nos momentos crticos, incentivando e oferecendo ajuda em tudo o que podiam. Enf Genevive Santorum, pelo apoio, companheirismo e amizade que sempre manifestou. Professora Doutora Isabel Carita, pela disponibilidade manifestada. aos meus alunos, pelo companheirismo, amizade, compreenso e incentivo. aos professores deste mestrado, em particular aqueles que me despertaram a ateno para a importncia deste tema, obrigando a reflectir e a debruar-me sobre o assunto. Aqui devo destacar a Professora Doutora Mnica Barroso, Dr. Fernando Cabral e o Eng. Fernando Frade. aos meus colega, companheiros e amigos do Mestrado, obrigada pela vossa fora e sugestes.

Filipa Carvalho

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Agradecimentos

ao Eng Joo Hiplito, pela amizade, incentivo e por ter acreditado neste projecto, colaborando e disponibilizando uma das ferramentas de trabalho. Percentil, Lda., pelo apoio, colaborao e disponibilizao de dados, que proporcionaram o enriquecimentos deste estudo. minha grande amiga Catarina Trindade, por toda a sua amizade, disponibilidade, companheirismo, nos momentos crticos desta caminhada. Mnica, na qualidade de amiga e colega, por tudo o que fez realidade. minha famlia, o meu sentido agradecimento, pelo apoio incondicional (prestado nos momentos mais difceis) e pela compreenso que teve pelos perodos que estive ausente. ao meu marido, pela amizade, pela fora, pelo incentivo, pela pacincia e compreenso reveladas ao longo destes meses, mas sobretudo, pelo inestimvel apoio familiar. Sem ele nada disto teria sido possvel. Obrigada Cludio! por ltimo (mas no menos importantes), s minhas filhas, Beatriz e Matilde. A elas, um sincero pedido de desculpa, pela ausncia sentida nestes ltimos dois anos. e que tornou este sonho uma

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Filipa Carvalho

Resumo

RESUMO

Este estudo centrou-se na anlise comparativa entre 10 mtodos de avaliao de risco de natureza semi-quantitativa (MASqt). Pretendemos investigar se o Nvel de Risco obtido pelos diferentes MASqt era idntico para cada um dos riscos previamente identificados e, se o Tipo de risco identificado poderia influenciar o Nvel de Risco obtido por esses mesmos MASqt. Aplicaram-se 10 MASqt para estimar e valorar 150 riscos decorrentes da realizao de 6 tarefas de manuteno. O estudo compreendeu 4 etapas: Caracterizao da Situao de Trabalho; Identificao dos Perigos e associao dos potenciais riscos e respectivas consequncias; Estimativa do Risco e Valorao do Risco. A recolha dos dados foi feita a partir de observaes livres e sistematizadas e recorreu a registo em vdeo, pesquisa documental, grelhas de anlise e questionrios desenvolvidos especificamente para esse fim. Para o tratamento dos dados recorreu-se aos programas informticos SPSS e Excel. O teste no paramtrico de Friedman foi a tcnica estatstica utilizada para testar as hipteses formuladas. Na generalidade dos casos, registaram-se diferenas estatisticamente significativas (apenas 19% apresentaram solues equivalentes). Para a maioria das categorias de risco, o mtodo a escolher no deve ser indiferente do Tipo de risco a avaliar. Encontrou-se alguma unanimidade na potncia revelada pelos mtodos, no que se refere proteco que conferem ao trabalhador.

Palavras-chave: Ergonomia; Avaliao de Risco; Anlise de Risco; Valorao de Risco; Perigo; Risco.

Filipa Carvalho

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Abstract

ABSTRACT

This study makes a comparative analysis of 10 semi-quantitative risk assessment methods (MASqt). We wished to test if the Risk Level obtained by the different MASqt was identical for each of the previously identified risks and if the Risk Type could influence the Risk Level obtained by the same MASqt. Ten MASqt were used to estimate and evaluate 150 risks resulting from the performance of 6 maintenance tasks. The study comprised 4 stages: Characterization of Work Situations; Identification of the hazard, associated risks and consequences, Risk Estimation and Risk Evaluation. Data collection relied on free and systematized observations and made use of video recording, documental research, analysis grids and questionnaires specifically developed for this purpose. For data processing we resorted to the Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) and Microsoft Excel. The non parametric Friedman test was the statistical technique used for testing the formulated hypothesis. In most cases, significant statistical differences were registered for the Risk Level (only 19% presented equal solutions). For most of the Risk Types, the method should be carefully chosen, taking the assessed risk into consideration. There was some consistency in the power revealed by the methods regarding the protection they conferred the workers.

Key words: Ergonomics; Risk assessment; Risk analysis; Risk evaluation; Hazard; Risk.

Filipa Carvalho

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ndice Geral

1. ndice geralAGRADECIMENTOS .................................................................................................................................... I RESUMO....................................................................................................................................................... III ABSTRACT..................................................................................................................................................... V 1. 2. 3. 4. 5. NDICE GERAL ................................................................................................................................ VII NDICE DE FIGURAS........................................................................................................................IX NDICE DE TABELAS .......................................................................................................................XI NDICE DE GRFICOS..................................................................................................................XIII NDICE DE QUADROS .................................................................................................................... XV

INTRODUO................................................................................................................................................ 1 I. CAPTULO 1. ENQUADRAMENTO TERICO ................................................................................ 5

ENQUADRAMENTO GERAL ................................................................................................................... 5 1.1 Avaliao de Risco (AR) - Conceitos de base ............................................................................ 5 1.1.1 Perigo......................................................................................................................................... 6 1.1.2 Risco........................................................................................................................................... 6 1.1.3 Avaliao de Risco..................................................................................................................... 7 1.2 Fases da Avaliao de Risco ..................................................................................................... 8 1.2.1 Anlise de Risco......................................................................................................................... 8 1.2.2 Valorao do Risco.................................................................................................................... 9 1.3 Etapas da anlise de risco ....................................................................................................... 10 1.3.1 Identificao do perigo e possveis consequncias.................................................................. 10 1.3.2 Identificao das pessoas expostas.......................................................................................... 12 1.3.3 Estimativa do risco .................................................................................................................. 13 1.4 Metodologias de Avaliao de Risco versus Mtodos de Valorao do Risco ........................ 13 1.4.1 Mtodos de Avaliao Qualitativos (MAQl) ............................................................................ 14 1.4.2 Mtodos de Avaliao Quantitativos (MAQt) .......................................................................... 15 1.4.3 Mtodos de Avaliao Semi-Quantitativos (MASqt)................................................................ 16 2. DEFINIO DO PROBLEMA ................................................................................................................. 17 2.1 Objectivos do estudo ................................................................................................................ 18 2.2 Pertinncia do estudo .............................................................................................................. 20 2.2.1 Actualidade da questo............................................................................................................ 20 2.2.2 Significado e importncia da questo...................................................................................... 21 II. CAPTULO 1. 2. METODOLOGIA ........................................................................................................ 23

ETAPAS DO ESTUDO ............................................................................................................................ 23 AMOSTRA ........................................................................................................................................... 25 2.1 Tarefas analisadas ................................................................................................................... 25 2.2 Operadores .............................................................................................................................. 26 2.3 Riscos vs Consequncias associadas ....................................................................................... 27 3. PROTOCOLO EXPERIMENTAL .............................................................................................................. 27 3.1 Definio das Variveis ........................................................................................................... 27 3.2 Recolha de dados ..................................................................................................................... 30 3.2.1 Etapa 1..................................................................................................................................... 30 3.2.1.1 Questionrio........................................................................................................................ 30 3.2.1.2 Pesquisa documental........................................................................................................... 31 3.2.1.3 Observaes sistematizadas................................................................................................ 32 3.2.1.4 Registo em vdeo ................................................................................................................. 32 3.2.1.5 Sonmetro ........................................................................................................................... 33 3.2.2 Etapa 2..................................................................................................................................... 33 3.2.3 Etapa 3..................................................................................................................................... 34 3.2.4 Etapa 4..................................................................................................................................... 39

Filipa Carvalho

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ndice Geral

4.

DESCRIO DOS MTODOS UTILIZADOS ............................................................................................ 39 4.1 Mtodo de matriz simples Somerville ...................................................................................... 41 4.2 Mtodo de matriz simples (3x3) ............................................................................................... 42 4.3 Mtodo de matriz simples CRAM.......................................................................................... 45 4.4 Mtodo de matriz simples (4x4) ............................................................................................... 47 4.5 Mtodo de matriz simples (5X4) .............................................................................................. 49 4.6 Mtodo de matriz composta P............................................................................................... 51 4.7 Mtodo de matriz composta CM ........................................................................................... 54 4.8 Mtodo de matriz composta NTP330.................................................................................... 58 4.9 Mtodo de matriz composta DGEMN ................................................................................... 64 4.10 Mtodo de WTF........................................................................................................................ 67 5. TRATAMENTO DOS DADOS .................................................................................................................. 72 III. CAPTULO 1. APRESENTAO E DISCUSSO DOS RESULTADOS.................................. 75

AVALIAO DO NVEL DE RISCO OBTIDO POR CADA UM DOS MTODOS ........................................... 79 1.1 Mtodos com 3 nveis de ndice de risco.................................................................................. 79 1.2 Mtodos com 4 nveis de ndice de risco.................................................................................. 81 1.3 Mtodos com 5 nveis de ndice de risco.................................................................................. 83 2. RESULTADOS DOS TESTES NO PARAMTRICOS DE FRIEDMAN ........................................................... 86 2.1 Resultados do teste Hiptese nula 1...................................................................................... 86 2.1.1 Mtodos com 3 nveis de ndice de risco.................................................................................. 86 2.1.2 Mtodos com 4 nveis de ndice de risco.................................................................................. 87 2.1.3 Mtodos com 5 nveis de ndice de risco.................................................................................. 89 2.2 Resultados do teste Hiptese nula 2...................................................................................... 91 2.2.1 Mtodos com 3 nveis de ndice de risco.................................................................................. 94 2.2.2 Mtodos com 4 nveis de ndice de risco................................................................................ 105 2.2.3 Mtodos com 5 nveis de ndice de risco................................................................................ 118 IV. CAPTULO V. CAPTULO CONCLUSES...................................................................................................... 135 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 139

ANEXOS....................................................................................................................................................... 143

anexo 1

Lista da Legislao, Comunitria e Nacional, aplicvel situao de trabalho em estudo ...................................................................................................................................... 145 anexo 2 - Questionrio aplicado.................................................................................................................... 151 anexo 3 Guia Metodolgico de Observao (GMO) ................................................................................. 163 anexo 4 Sntese dos mtodos aplicados ...................................................................................................... 187 anexo 5 Tabela de valores crticos de Z para # C comparaes mltiplas ................................................ 191 anexo 6 Output s do SPSS: Anlise descritiva relativa H02 .................................................................... 195

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Filipa Carvalho

ndice de Figuras

2. ndice de FigurasFigura 1 Fases de um processo de gesto de risco profissional..................................................................... 8 Figura 2 Organizao do estudo. ................................................................................................................. 24 Figura 3 Relao entre as vrias etapas do estudo e identificao das variveis independentes e dependentes, em cada etapa. ....................................................................................................... 29 Figura 4 Exemplificao da Grelha de anlise, efectuada em EXCEL, para auxiliar a Etapa 2 deste estudo. ................................................................................................................................ 34 Figura 5 Exemplificao da Grelha de anlise, efectuada em EXCEL, para auxiliar a Etapa 3 e 4 deste estudo. ............................................................................................................................. 37 Figura 6 Relao entre as variveis Probabilidade (P) e Gravidade (G), segundo o mtodo de matriz simples Somerville, para determinao da Magnitude do Risco (R)................................ 41 Figura 7 Relao entre as variveis Probabilidade (P) e Gravidade (G), segundo o mtodo de matriz simples (3x3), para determinao da Magnitude do Risco (R). ....................................... 44 Figura 8 Relao entre as variveis Probabilidade (P) e Gravidade (G), segundo o mtodo de matriz simples CRAM, para determinao da Magnitude do Risco (R)...................................... 47 Figura 9 Relao entre as variveis Probabilidade (P) e Gravidade (G), segundo o mtodo de matriz simples (4x4), para determinao da Magnitude do risco (R). ........................................ 48 Figura 10 Relao entre as variveis Frequncia (F) e Severidade (S), segundo o mtodo de matriz simples (5x4), para determinao da Magnitude do risco (R). ........................................ 50 Figura 11 Fluxograma do processo de associao entre variveis (Mtodo de matriz composta CM).............................................................................................................................................. 54 Figura 12 Relao entre as variveis Nvel de exposio (NE) e Nvel de deficincia (ND), segundo o mtodo de matriz composta CM, para determinao do Nvel de probabilidade (NP)...................................................................................................................... 56 Figura 13 Relao entre as variveis Nvel de severidade (NS) e Nvel de probabilidade (NP), segundo o mtodo de matriz composta CM, para determinao da Magnitude do risco (R). ...................................................................................................................................... 57 Figura 14 Fluxograma do processo de associao entre variveis (Mtodo de matriz composta NTP330). ..................................................................................................................................... 59 Figura 15 Relao entre as variveis Nvel de exposio (NE) e Nvel de deficincia (ND), segundo o mtodo de matriz composta NTP330, para determinao do Nvel de probabilidade (NP)...................................................................................................................... 61 Figura 16 Relao entre as variveis Nvel de consequncia (NC) e Nvel de probabilidade (NP), segundo o mtodo de matriz composta NTP330, para determinao da Magnitude do risco (R)................................................................................................................ 63 Figura 17 Fluxograma do processo de associao entre variveis (Mtodo de matriz composta DGEMN). .................................................................................................................................... 64 Figura 18 Relao entre as variveis Nvel de Gravidade (NC) e Nvel de probabilidade (NP), segundo o mtodo de matriz composta DGEMN, para determinao da Magnitude do risco (R). ................................................................................................................................. 66

Filipa Carvalho

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ndice de Tabelas

3. ndice de TabelasTabela 1 Tabela 2 Tabela 3 Tabela 4 Tabela 5 Tabela 6 Tabela 7 Tabela 8 Tabela 9 Tabela 10 Tabela 11 Tabela 12 Tabela 13 Tabela 14 Tabela 15 Tabela 16 Tabela 17 Tabela 18 Tabela 19 Tabela 20 Tabela 21 Tabela 22 Tabela 23 Tabela 24 Tabela 25 Tabela 26 Tabela 27 Tabela 28 Tabela 29 Tabela 30 Tabela 31 Tabela 32 Tabela 33 Tabela 34 Tabela 35 Tabela 36 Tabela 37 Tabela 38 Tabela 39 Tabela 40 Tabela 41 Tabela 42 Tabela 43 Tabela 44 Tabela 45 Vantagens e Limitaes associadas aos mtodos de Valorao do risco...................................... 16 Sntese das tarefas analisadas. ...................................................................................................... 25 Variveis estudadas, de acordo com as etapas do estudo. ............................................................ 28 Sntese das principais caractersticas dos mtodos utilizados neste estudo (durante a Etapa 3 e 4). ................................................................................................................................ 35 Escalas de Probabilidade (P) e Gravidade (G) (Mtodo matriz simples Somerville). .................. 41 ndice de risco (Mtodo matriz simples Somerville)...................................................................... 42 Escala de Probabilidade (P) (Mtodo matriz simples (3x3))......................................................... 43 Escala de Probabilidade (P)(Mtodo matriz simples (3x3)). ........................................................ 43 ndice de risco e Prioridade de Interveno (Mtodo matriz simples (3x3))................................. 45 Escala de Gravidade (G) (Mtodo matriz simples CRAM).......................................................... 46 Escala de Probabilidade (P) (Mtodo matriz simples CRAM). ................................................... 46 Escalas de Probabilidade (P) e Gravidade (G) (Mtodo matriz simples (4x4)).......................... 48 ndice de risco e Prioridade de Interveno (Mtodo matriz simples (4x4))............................... 49 Escala de Frequncia (F) (Mtodo matriz simples (5x4)). .......................................................... 50 Escala de Severidade (S) (Mtodo matriz simples (5x4)). ........................................................... 50 ndice de risco e Prioridade de Interveno (Mtodo matriz simples (5x4))............................... 51 Escala de Frequncia (F) (Mtodo matriz composta - P). .......................................................... 52 Escala de Severidade (S) (Mtodo matriz composta - P)............................................................. 52 Escala de Procedimentos e condies de segurana (Ps) (Mtodo matriz composta P). ................................................................................................................................................ 53 Escala de N de pessoas afectadas (N) (Mtodo matriz composta - P). ...................................... 53 ndice de risco e Prioridade de Interveno segundo a Magnitude do risco (R) obtida (Mtodo matriz composta P). ................................................................................................... 53 Escala de Nvel de exposio (NE) (Mtodo de matriz composta CM). ................................... 55 Escala de Nvel de deficincia (ND) (Mtodo de matriz composta CM). ................................. 55 Escala de Nvel de probabilidade (NP) (Mtodo de matriz composta CM).............................. 56 Escala de Nvel de severidade (NS) (Mtodo de matriz composta CM). .................................. 57 ndice de risco e Prioridade de Interveno segundo a Magnitude do risco (R) obtida (Mtodo de matriz composta CM). ........................................................................................... 58 Escala de Nvel de exposio (NE) (Mtodo de matriz composta NTP330). ............................ 59 Escala de Nvel de deficincia (ND) (Mtodo de matriz composta NTP330). .......................... 60 Escala de Nvel de probabilidade (NP) (Mtodo de matriz composta - NTP330). ...................... 61 Escala de Nvel de consequncia (NC) (Mtodo de matriz composta NTP330). ...................... 62 ndice de risco e Prioridade de Interveno segundo a Magnitude do risco (R) obtida (Mtodo de matriz composta NTP330)..................................................................................... 63 Escala de Nvel de exposio (NE) (Mtodo matriz composta DGEMN)................................. 65 Escala de Nvel de procedimentos de segurana (NPS) (Mtodo matriz composta DGEMN). .................................................................................................................................... 65 Interpretao do Nvel de probabilidade (NP) (Mtodo matriz composta DGEMN). .............. 65 Escala de Nvel de gravidade (Mtodo matriz composta DGEMN). ........................................ 66 ndice de risco e Prioridade de Interveno segundo a Magnitude do risco (R) obtida (Mtodo de matriz composta DGEMN). ................................................................................... 67 Escala de Factor consequncia (Fc) (Mtodo WTF)................................................................... 68 Escala de Factor exposio (Fe) (Mtodo WTF). ....................................................................... 68 Escala de Factor probabilidade (Fp) (Mtodo WTF).................................................................. 69 ndice de risco e Prioridade de Interveno segundo a Magnitude do risco (R) obtida (Mtodo WTF). ............................................................................................................................ 70 Factor custo (fc) (Mtodo WTF).................................................................................................. 71 Grau de correco (gc) (Mtodo WTF). ...................................................................................... 71 ndice de Justificao (J) versus Grau de actuao (Mtodo WTF)............................................ 71 Sntese dos dados obtidos para cada uma das variveis analisadas na Grelha de EXCEL (criada para a recolha de dados na Etapa 2)................................................................. 76 Tipo de risco vs Categorias de riscos. ......................................................................................... 77

Filipa Carvalho

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ndice de Tabelas

Tabela 46 Sntese de alguns dos resultados obtidos pelos mtodos com 3 nveis de ndice de risco........................................................................................................................................... 81 Tabela 47 Sntese de alguns dos resultados obtidos pelos mtodos com 4 nveis de ndice de risco........................................................................................................................................... 83 Tabela 48 Sntese de alguns dos resultados obtidos pelos mtodos com 5 nveis de ndice de risco........................................................................................................................................... 85 Tabela 49 Tipo / Categorias de riscos que foram integradas no teste de Friedman para testar a H02 deste estudo. ....................................................................................................................... 93 Tabela 50 Tipo / Categorias de riscos que foram integradas no teste de Friedman para testar a H02 deste estudo. ....................................................................................................................... 94 Tabela 51 Relao entre o tipo de risco e os mtodos que se revelaram mais potentes, do ponto de vista da proteco do trabalhador. .................................................................................... 131 Tabela 52 Sntese dos resultados obtidos nos testes correspondentes H01.............................................. 132 Tabela 53 Sntese dos resultados obtidos nos testes correspondentes H02.............................................. 133

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Filipa Carvalho

ndice de Grficos

4. ndice de GrficosGrfico 1 Caracterizao das tarefas (n de casos avaliados), segundo, as variveis em estudo................ 76 Grfico 2 Valores percentuais dos Nveis de risco obtidos pelo Mtodo matriz simples Somerville.................................................................................................................................. 79 Grfico 3 Valores percentuais dos Nveis de risco obtidos pelo Mtodo matriz simples CRAM............... 79 Grfico 4 Valores percentuais dos Nveis de risco obtidos pelo Mtodo matriz composta CM. ............... 80 Grfico 5 Valores percentuais dos Nveis de risco obtidos pelo Mtodo matriz simples (4x5). ................... 82 Grfico 6 Valores percentuais dos Nveis de risco obtidos pelo Mtodo matriz composta NTP330. .................................................................................................................................... 82 Grfico 7 Valores percentuais dos Nveis de risco obtidos pelo Mtodo matriz composta DGEMN..................................................................................................................................... 82 Grfico 8 Valores percentuais dos Nveis de risco obtidos pelo Mtodo matriz simples (3x3). ................... 84 Grfico 9 Valores percentuais dos Nveis de risco obtidos pelo Mtodo matriz simples (4x4). ................... 84 Grfico 10 Valores percentuais dos Nveis de risco obtidos pelo Mtodo matriz composta P.................. 85 Grfico 11 Valores percentuais dos Nveis de risco obtidos pelo Mtodo WTF. ......................................... 85 Grfico 12 Distribuio dos riscos avaliados por Tipo/categoria de Risco................................................. 92

Filipa Carvalho

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ndice de Quadros

5. ndice de QuadrosQuadro 1 Sntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos mtodos com 3 nveis de ndice de risco (Output SPSS). .................................................................................................. 87 Quadro 2 - Sntese dos resultados obtidos nos testes efectuados posteriori do teste de Friedman aos mtodos com 3 nveis de ndice de risco............................................................................. 87 Quadro 3 Sntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos mtodos com 4 nveis de ndice de risco (Output SPSS). .................................................................................................. 88 Quadro 4 Sntese dos resultados obtidos nos testes efectuados posteriori do teste de Friedman aos mtodos com 4 nveis de ndice de risco............................................................................. 88 Quadro 5 Sntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos mtodos com 5 nveis de ndice de risco (Output SPSS). .................................................................................................. 89 Quadro 6 - Sntese dos resultados obtidos nos testes efectuados posteriori do teste de Friedman aos mtodos com 5 nveis de ndice de risco............................................................................. 90 Quadro 7 Sntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos mtodos com 3 nveis de ndice de risco na categoria de risco R2 Risco Elctrico (Output SPSS)................................ 95 Quadro 8 - Sntese dos resultados obtidos nos testes efectuados posteriori do teste de Friedman aos mtodos com 3 nveis de ndice de risco R2 Risco Elctrico......................................... 95 Quadro 9 Sntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos mtodos com 3 nveis de ndice de risco na categoria de risco R4 Contacto directo com PQ (Output SPSS). .............. 96 Quadro 10 - Sntese dos resultados obtidos nos testes efectuados posteriori do teste de Friedman aos mtodos com 3 nveis de ndice de risco R4 Contacto directo PQ. ............................... 96 Quadro 11 Sntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos mtodos com 3 nveis de ndice de risco na categoria de risco R5 Contacto directo com superfcies cortantes (Output SPSS)............................................................................................................ 97 Quadro 12 Sntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos mtodos com 3 nveis de ndice de risco na categoria de risco R7 Contacto directo/Inalao de poeiras (Output SPSS)............................................................................................................................ 98 Quadro 13 - Sntese dos resultados obtidos nos testes efectuados posteriori do teste de Friedman aos mtodos com 3 nveis de ndice de risco R7 Contacto directo/Inalao de poeiras....................................................................................................................................... 98 Quadro 14 Sntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos mtodos com 3 nveis de ndice de risco na categoria de risco R10 Exposio ao Rudo (Output SPSS)....................... 99 Quadro 15 Sntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos mtodos com 3 nveis de ndice de risco na categoria de risco R11 Queda a diferentes nveis (Output SPSS). ........... 100 Quadro 16 - Sntese dos resultados obtidos nos testes efectuados posteriori do teste de Friedman aos mtodos com 3 nveis de ndice de risco R11 Queda a diferentes nveis...................... 101 Quadro 17 Sntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos mtodos com 3 nveis de ndice de risco na categoria de risco R13 Risco de coliso (Output SPSS)........................... 102 Quadro 18 Sntese dos resultados obtidos nos testes efectuados posteriori do teste de Friedman aos mtodos com 3 nveis de ndice de risco R13 Risco de coliso.................... 102 Quadro 19 Sntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos mtodos com 3 nveis de ndice de risco na categoria de risco R14 Sobresforo (Output SPSS). ................................ 103 Quadro 20 - Sntese dos resultados obtidos nos testes efectuados posteriori do teste de Friedman aos mtodos com 3 nveis de ndice de risco R14 Sobresforo. .......................................... 103 Quadro 21 Sntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos mtodos com 3 nveis de ndice de risco na categoria de risco R15 Tropeamento/Escorregadela/Queda ao mesmo nvel (Output SPSS)..................................................................................................... 104 Quadro 22 - Sntese dos resultados obtidos nos testes efectuados posteriori do teste de Friedman aos mtodos com 3 nveis de ndice de risco risco R15 Tropeamento/Escorregadela/Queda ao mesmo nvel............................................................ 104 Quadro 23 Sntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos mtodos com 4 nveis de ndice de risco na categoria de risco R2 Risco Elctrico (Output SPSS).............................. 106 Quadro 24 Sntese dos resultados obtidos nos testes efectuados posteriori do teste de Friedman aos mtodos com 4 nveis de ndice de risco R2 Risco Elctrico. ..................... 106

Filipa Carvalho

xv

ndice de Quadros

Quadro 25 Sntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos mtodos com 4 nveis de ndice de risco na categoria de risco R4 Contacto directo com PQ (Output SPSS). ............ 107 Quadro 26 - Sntese dos resultados obtidos nos testes efectuados posteriori do teste de Friedman aos mtodos com 4 nveis de ndice de risco R4 Contacto directo PQ. ............................. 108 Quadro 27 Sntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos mtodos com 4 nveis de ndice de risco na categoria de risco R5 Contacto directo com superfcies cortantes (Output SPSS).......................................................................................................... 109 Quadro 28 - Sntese dos resultados obtidos nos testes efectuados posteriori do teste de Friedman aos mtodos com 4 nveis de ndice de risco R5 Contacto directo com superfcies cortantes.................................................................................................................................. 109 Quadro 29 Sntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos mtodos com 4 nveis de ndice de risco na categoria de risco R7 Contacto directo/Inalao de poeiras (Output SPSS).......................................................................................................................... 110 Quadro 30 - Sntese dos resultados obtidos nos testes efectuados posteriori do teste de Friedman aos mtodos com 4 nveis de ndice de risco R7 Contacto directo/Inalao de poeiras..................................................................................................................................... 110 Quadro 31 Sntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos mtodos com 4 nveis de ndice de risco na categoria de risco R10 Exposio ao Rudo (Output SPSS)..................... 111 Quadro 32 Sntese dos resultados obtidos nos testes efectuados posteriori do teste de Friedman aos mtodos com 4 nveis de ndice de risco R10 Exposio ao Rudo.............. 112 Quadro 33 Sntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos mtodos com 4 nveis de ndice de risco na categoria de risco R11 Queda a diferentes nveis (Output SPSS). ........... 112 Quadro 34 - Sntese dos resultados obtidos nos testes efectuados posteriori do teste de Friedman aos mtodos com 4 nveis de ndice de risco R11 Queda a diferentes nveis...................... 113 Quadro 35 Sntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos mtodos com 4 nveis de ndice de risco na categoria de risco R13 Risco de coliso (Output SPSS)........................... 114 Quadro 36 - Sntese dos resultados obtidos nos testes efectuados posteriori do teste de Friedman aos mtodos com 4 nveis de ndice de risco R13 Risco de coliso. ................................... 114 Quadro 37 Sntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos mtodos com 4 nveis de ndice de risco na categoria de risco R14 Sobresforo (Output SPSS). ................................ 115 Quadro 38 - Sntese dos resultados obtidos nos testes efectuados posteriori do teste de Friedman aos mtodos com 4 nveis de ndice de risco R14 Sobresforo. .......................................... 115 Quadro 39 Sntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos mtodos com 4 nveis de ndice de risco na categoria de risco R15 Tropeamento/Escorregadela/Queda ao mesmo nvel (Output SPSS)..................................................................................................... 116 Quadro 40 - Sntese dos resultados obtidos nos testes efectuados posteriori do teste de Friedman aos mtodos com 4 nveis de ndice de risco risco R15 Tropeamento/Escorregadela/Queda ao mesmo nvel............................................................ 116 Quadro 41 Sntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos mtodos com 5 nveis de ndice de risco na categoria de risco R2 Risco Elctrico (Output SPSS).............................. 119 Quadro 42 - Sntese dos resultados obtidos nos testes efectuados posteriori do teste de Friedman aos mtodos com 5 nveis de ndice de risco R2 Risco Elctrico....................................... 119 Quadro 43 Sntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos mtodos com 5 nveis de ndice de risco na categoria de risco R4 Contacto directo com PQ (Output SPSS). ............ 120 Quadro 44 - Sntese dos resultados obtidos nos testes efectuados posteriori do teste de Friedman aos mtodos com 5 nveis de ndice de risco R4 Contacto directo PQ. ............................. 120 Quadro 45 Sntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos mtodos com 5 nveis de ndice de risco na categoria de risco R5 Contacto directo com superfcies cortantes (Output SPSS).......................................................................................................... 122 Quadro 46 - Sntese dos resultados obtidos nos testes efectuados posteriori do teste de Friedman aos mtodos com 5 nveis de ndice de risco R5 Contacto directo com superfcies cortantes.................................................................................................................................. 122 Quadro 47 Sntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos mtodos com 5 nveis de ndice de risco na categoria de risco R7 Contacto directo/Inalao de poeiras (Output SPSS).......................................................................................................................... 123 Quadro 48 - Sntese dos resultados obtidos nos testes efectuados posteriori do teste de Friedman aos mtodos com 5 nveis de ndice de risco R7 Contacto directo/Inalao de poeiras..................................................................................................................................... 123

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ndice de Quadros

Quadro 49 Sntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos mtodos com 5 nveis de ndice de risco na categoria de risco R10 Exposio ao Rudo (Output SPSS)..................... 124 Quadro 50 - Sntese dos resultados obtidos nos testes efectuados posteriori do teste de Friedman aos mtodos com 5 nveis de ndice de risco R10 Exposio ao Rudo. ............................. 124 Quadro 51 Sntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos mtodos com 5 nveis de ndice de risco na categoria de risco R11 Queda a diferentes nveis (Output SPSS). ........... 126 Quadro 52 - Sntese dos resultados obtidos nos testes efectuados posteriori do teste de Friedman aos mtodos com 5 nveis de ndice de risco R11 Queda a diferentes nveis...................... 126 Quadro 53 Sntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos mtodos com 5 nveis de ndice de risco na categoria de risco R13 Risco de coliso (Output SPSS)........................... 127 Quadro 54 Sntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos mtodos com 5 nveis de ndice de risco na categoria de risco R14 Sobresforo (Output SPSS). ................................ 129 Quadro 55 - Sntese dos resultados obtidos nos testes efectuados posteriori do teste de Friedman aos mtodos com 5 nveis de ndice de risco R14 Sobresforo. .......................................... 129 Quadro 56 Sntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos mtodos com 5 nveis de ndice de risco na categoria de risco R15 Tropeamento/Escorregadela/Queda ao mesmo nvel (Output SPSS)..................................................................................................... 130 Quadro 57 - Sntese dos resultados obtidos nos testes efectuados posteriori do teste de Friedman aos mtodos com 5 nveis de ndice de risco risco R15 Tropeamento/Escorregadela/Queda ao mesmo nvel............................................................ 130

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Introduo

INTRODUOSomavia, nas Directrizes Prticas da Organizao Internacional do Trabalho (OIT), refere que nos dias de hoje o progresso tecnolgico e as profundas presses competitivas do origem a rpidas mudanas nas condies de trabalho, nos processos de trabalho e na organizao de trabalho (OIT, 2002). Refere, tambm, que a proteco dos trabalhadores contra as enfermidades, doenas e leses relacionadas com o trabalho faz parte da misso histrica da OIT , salientando a importncia que o trabalho seguro representa para a produtividade e crescimento econmico.

Julga-se ainda pertinente dizer que a OIT estima que todos os anos ocorrem, no mundo, cerca de 270 milhes de acidentes de trabalho e que so registadas aproximadamente 160 milhes de doenas profissionais, de que resulta a morte de mais de 2 milhes de trabalhadores.

De acordo com a Fenprof, so enormes os custos econmicos originados por esta situao, ultrapassando 4% do PIB mundial e so incalculveis os custos sociais e pessoais (Fenprof, 2005).

Ainda segundo a Fenprof (2005), o balano efectuado sinistralidade na ltima dcada refere quase 3 milhes de acidentes de trabalho, que causaram a morte de mais de 7 mil trabalhadores, provocaram a perda de 6 milhes de dias de trabalho e custaram ao pas 30 milhes de Euros (no total de custos directos e indirectos). Anualmente, continuam a ocorrer cerca de 200 a 300 mil acidentes de trabalho, de que resulta a morte de centenas de trabalhadores e milhares de feridos e incapacitados. .

Esta mesma fonte, acrescenta Quanto a doenas profissionais a situao tambm alarmante, verificando-se nos ltimos anos um crescimento muito significativo de doenas relacionadas com trabalhos que sujeitam os trabalhadores exposio e manuseamento de substncias qumicas; doenas da audio (surdez) e fadiga fsica e psquica devido exposio ao rudo; leses adquiridas na execuo de tarefas e movimentos repetitivos (tendinites); doenas relacionadas com as mais diversas formas de violncia nos locais de trabalho (stress laboral). Neste caso em particular, a ausncia de dados estatsticos ainda mais grave, pois continua a verificar-se um inaceitvel incumprimento da lei no que respeita participao obrigatria do diagnstico de doena profissional ao Centro Nacional de Proteco contra Riscos Profissionais. .

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Introduo

De facto, em Portugal, apesar da insuficincia de indicadores reveladores da realidade em toda a sua extenso, os dados que vo sendo conhecidos, mesmo com significativos atrasos, colocam-nos como um dos pases com maior sinistralidade laboral na Unio Europeia.

De um modo geral, os sectores de actividade que surgem no topo das estatsticas, com mais acidentes de trabalho, referem-se s indstrias extractivas e construo . De acordo com a Direco Geral de Estudos, Estatstica e Planeamento, esta realidade ainda mais marcada quando se faz referncia aos acidentes de trabalho mortais (DGEEP, 2001). Contudo, e apesar do peso que os acidentes mortais representam para a sociedade em geral, e para as empresas em particular, o seu nmero ainda reduzido face totalidade dos acidentes ocorridos, pois, o nmero total de acidentes apurados em 2001 foi de 244 936, dos quais apenas 365 foram mortais (0,14%).

Segundo a mesma fonte, constata-se que 85% dos acidentes ocorridos em 2001 se ficaram a dever a quatro tipos de contacto1, a saber: Pancada por Objecto em Movimento, Coliso com no especificado ;

Constrangimento Fsico do Corpo, Constrangimento Psquico no especificado ; Esmagamento em Movimento Vertical ou Horizontal sobre/contra um Objecto Imvel , e Contacto com Agente Material Cortante, Afiado, spero no especificado ,

que assumem proporo, tendencialmente, igual nos sectores de actividade com maior dimenso de emprego/risco.

Todos estes dados salientam a precariedade das condies de trabalho actuais, apesar de a Segurana e Sade do Trabalho ser um direito que assiste a todos (artigo 4 do Decreto-Lei n 441/91 de 14/11e o artigo 276 da Lei n 99/2003, de 27/8), obrigando as empresas a estabelecer os seus servios de acordo com as suas caractersticas (n 1 do artigo 219 da Lei n 35/2004 de 29/07).

Este direito Segurana e Sade do Trabalho confere Avaliao de Risco um lugar central nas abordagens preventivas.

A preocupao de integrar a Avaliao de Risco na preveno, referida no artigo 4 da Conveno n 155 da OIT, onde se impe aos estados membros da OIT a integrao de uma poltica nacional que seja coerente, em matria de segurana e sade dos trabalhadores e do

1

Modalidade da leso, segundo a forma do acidente.

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Introduo

ambiente de trabalho, e que tenha por objectivo a preveno dos acidentes de trabalho e dos perigos para a sade dos trabalhadores, atravs da maior reduo possvel das causas dos riscos.

Na realidade, sendo a preveno entendida como toda a aco para evitar ou diminuir os riscos profissionais, julgamos ser lcito afirmar que a preveno deve integrar o desenvolvimento sistemtico de uma sequncia metodolgica, capaz de contribuir para as adequadas disposies e medidas a adoptar em todas as fases e domnios da actividade da empresa.

Nesta sequncia metodolgica, a Avaliao de Risco constitui, por sua vez, a etapa chave do processo de preveno, na medida em que, ao permitir conhecer a existncia do risco, bem como a sua natureza, contribui com informao muito importante para o planeamento das intervenes preventivas adequadas.

Face ao exposto e a toda a conjuntura do trabalho actual, marcada pela globalizao e forte competitividade dos mercados, os servios de Segurana, Higiene e Sade no Trabalho tornam-se um imperativo indispensvel sobrevivncia das organizaes, independentemente do sector de actividade em que se inserem, cujo objectivo primordial assenta na preveno dos riscos profissionais. No entanto, no nos podemos esquecer que no nosso quotidiano e enquanto indivduos, todos temos atitudes diferentes perante os riscos que enfrentamos (WBCSD, 2004).

Assim, ainda que a legislao seja essencial, insuficiente em si, para chamar a ateno para todas essas mudanas ou para estar actualizada face aos novos riscos sempre emergentes (OIT, 2002).

De facto, a evoluo do trabalho nas ltimas dcadas, caracterizada por uma forte evoluo tecnolgica, tem conduzido a profundas alteraes das condies de trabalho e, consequentemente, das suas exigncias. Estas alteraes, associadas natureza do trabalho, podem ser responsveis por problemas diversos, cujas repercusses tanto se fazem sentir sobre o indivduo (na sua vida profissional e social), como no prprio sistema produtivo.

Em sntese, apesar de positivas, estas alteraes so tambm desencadeadoras de novos agentes agressores, habitualmente designados por Perigos que, consoante as condies externas e internas do trabalho, se concretizam ou no em Risco. Embora a Avaliao de Risco constitua uma obrigao legal, em termos metodolgicos no existem regras fixas sob a forma como esta deve ser realizada. Tendo presente que as avaliaes de

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Introduo

natureza semi-quantitativa (MASqt) se tornam, na maior parte dos casos, as ferramentas disponveis para levar a cabo as obrigaes impostas pela legislao, j que so mtodos generalistas e geralmente de fcil aplicao, no podemos descorar a lacuna existente na validao dos resultados das suas aplicaes.

Com este estudo pretendeu-se realizar uma anlise comparativa entre 10 mtodos de avaliao de risco de natureza semi-quantitativa (MASqt), integrando um duplo objectivo. Por um lado, perceber se o Nvel de Risco obtido pelos diferentes mtodos utilizados sempre idntico, e por outro lado, perceber se o tipo de risco em avaliao pode influenciar esses mesmos resultados.

A dissertao que agora se apresenta est organizada em duas partes.

A primeira parte, correspondente ao I Captulo, faz um enquadramento terico da temtica em estudo. Este, por sua vez, est dividido em dois sub-captulos. O primeiro apresenta a reviso bibliogrfica e procura situar e sistematizar a temtica estudada. No segundo apresenta-se o problema em anlise, ou seja, os objectivos e a pertinncia do estudo.

A segunda parte refere-se ao estudo propriamente dito, realizado para a concretizao dos objectivos traados. Esta parte integra 3 captulos. O primeiro captulo integra os planos operacionais da metodologia utilizada. Faz referncia s etapas do estudo, amostra e ao protocolo experimental, onde so definidas as variveis do estudo e se descrevem as tcnicas utilizadas para a recolha de dados. Inclui ainda a descrio dos 10 mtodos utilizados e do tratamento de dados efectuado.

O segundo captulo integra a apresentao e discusso dos resultados. Este captulo est estruturado em dois sub-captulos que apresentam, separadamente, os resultados decorrentes das hipteses testadas. No final deste captulo encontra-se uma sntese esquemtica de todos os resultados.

Por ltimo, o terceiro captulo apresenta as concluses, onde se procurou dar nfase aos resultados mais relevantes, de acordo com os objectivos do estudo. So tambm traadas algumas perspectivas de prolongamento do estudo realizado.

A terminar esta dissertao, possvel encontrar os anexos de apoio realizao deste estudo.

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Enquadramento Terico

I. CAPTULO -

ENQUADRAMENTO TERICO

Neste captulo comearemos por fazer uma breve apresentao do problema, a qual ser dividida em duas partes. Na primeira parte apresentaremos um breve enquadramento geral, visando situar a temtica escolhida. Na segunda ser definido o problema, fazendo referncia aos objectivos do estudo, bem como sua pertinncia.

1.1.1

Enquadramento GeralAvaliao de Risco (AR) - Conceitos de base

A terminologia utilizada na avaliao do risco frequentemente confusa, j que, os mesmos conceitos ou termos assumem diferentes significados (Bruce, s/ data; Hartln, Fllman, Back, & Kemakta, 1999). Desta forma, comear-se- por esclarecer alguns dos termos fundamentais para a interpretao da temtica em questo.

Genericamente, pode considerar-se que uma Avaliao de Risco no mais do que um exame cuidadoso, realizado nos locais de trabalho, de forma a detectar os componentes, a existentes, capazes de causar dano(s) ao(s) trabalhador(es) expostos. Na prtica, trata-se de um processo dinmico que rene um duplo objectivo: Estimar a Gravidade (magnitude) que um determinado risco pode ter para a sade e segurana dos trabalhadores, no trabalho, resultante das circunstncias em que o perigo pode ocorrer. Obter, na sequncia do objectivo anterior, a informao necessria para que o empregador rena condies para uma tomada de deciso apropriada, nomeadamente informao sobre a necessidade e o tipo de medidas preventivas a adoptar (Europeia, 1997; OIT, 2002; Roxo, 2003).

Subjacente noo de Avaliao de Risco existem dois conceitos importantes a distinguir: o de Perigo e o de Risco. Embora a literatura seja unnime na definio destes dois conceitos, uma vez que se encontram no centro de todo o processo, parece-nos importante clarific-los.

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Enquadramento Terico

1.1.1

Perigofonte ou situao com um

De acordo com a norma NP 4397 (2001), o perigo entendido como

potencial para o dano, em termos de leses ou ferimentos para o corpo humano ou de danos para a sade, para o patrimnio, para o ambiente do local de trabalho, ou uma combinao destes . Refere-se propriedade ou capacidade intrnseca de uma coisa (materiais, equipamentos, mtodos e prticas de trabalho,...) potencialmente causadoras de danos (seja sobre as pessoas ou no ambiente) (Europeia, 1997). Na opinio de Miguel (2005) estes danos podem ser em termos de leses ou ferimentos para o corpo humano, de danos para a sade, de danos para o ambiente do local de trabalho ou uma combinao destes. Segundo a Health and Safety Executive (HSE) (2003) o perigo significa ainda qualquer coisa que pode causar dano/ferimento (produto qumico, electricidade,...). Segundo Stern & Fineberg (1996) in (Hartln et al., 1999) (...) um acto ou um fenmeno que possui potencial para produzir dano . Para Gadd, Deborah, & Balmforth (2003), o perigo refere-se fonte do risco (...) uma qualquer situao, fsica ou objecto, que tem potencial para causar dano nas pessoas .

1.1.2

Risco

Tambm de acordo com a norma NP 4397 (2001), o risco entendido como uma combinao da Probabilidade e da(s) consequncia(s) da ocorrncia de um determinado acontecimento perigoso . A mesma designao assumida por Hartln et al. (1999). Para a Health and Safety Executive (HSE), o risco uma Probabilidade, elevada ou baixa, de que algum ir ser ferido pelo perigo . Para Xavier & Serpa (2006), o Risco tambm pode ser definido atravs das seguintes expresses: combinao de incerteza e de dano; razo entre o perigo e as medidas de segurana; combinao entre o evento, a Probabilidade e suas consequncias.

Em termos prticos, pensamos ser lcito considerar que o risco a Probabilidade de algum poder sofrer um dano como consequncia da exposio a um determinado perigo, evidenciando assim que a exposio ao perigo que faz emergir o risco, pelo que um perigo isolado jamais constituir risco. Por outras palavras, o risco o resultado de uma relao estabelecida entre o perigo e as medidas de preveno e de proteco adoptadas para o controlar, j que, medida que os nveis de segurana aumentam, a Probabilidade do perigo se transformar em risco, diminui.

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Enquadramento Terico

1.1.3

Avaliao de Risco

Ainda segundo a norma NP 4397 (2001), a Avaliao de Risco pode ser encarada como uma ferramenta muito til tomada de decises, fazendo mesmo parte integral de qualquer sistema de gesto. Alguns autores (Gadd et al., 2003) consideram a Avaliao de Risco como sendo a componente essencial para a concretizao das fases de planeamento e implementao , previstas nos Sistemas de Gesto da Segurana e Sade no Trabalho (SGSST).

Na realidade, pensamos que o processo de Avaliao de Risco dever resultar na compreenso do nvel de significncia que um dado risco representa para uma dada situao. Torna-se, assim, promotor das decises relacionadas com a implementao de medidas de controlo e reduo do mesmo.

A Avaliao de Risco constitui um processo dinmico, uma vez que, os riscos profissionais que a entidade patronal se v obrigada a avaliar, quer no plano do enquadramento geral (Cdigo do trabalho Lei n 99/2003 de 27 de Agosto, e sua regulamentao Lei n35/2004 de 29 de Julho e

Decreto-Lei n 441/91 de 14 de Novembro), quer no plano do enquadramento especfico (como o caso dos diversos diplomas especficos de segurana e sade no trabalho), no fica definitivamente determinada, mas vai evoluindo medida que alteraes se vo efectuando, em funo: do desenvolvimento progressivo das condies de trabalho; das investigaes cientficas em matria de riscos profissionais, tal como previsto no Acrdo de 15/11/2001, Proc. C-49/00 do tribunal de Justia da Unio Europeia (Roxo, 2003).

Segundo Hartln et al. (1999) e Roxo (2003), na Avaliao de Risco pretende-se conhecer em que medida uma dada situao de trabalho segura, ou por outras palavras, pretende-se objectivar se o Nvel de Risco aceitvel ou se outras medidas de controlo devem ser postas em prtica para o controlar e reduzir o risco.

Em sntese, pensa-se que na prtica a Avaliao de Risco dever ser realizada periodicamente, para que qualquer alterao, quer em termos de produto, quer em termos de processo, no desencadeie novas situaes de perigo, possibilitando, assim, um acompanhamento progressivo e adequado dos mesmos.

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Enquadramento Terico

1.2

Fases da Avaliao de Risco

Na opinio de Gadd et al. (2003) e Roxo (2003), a Avaliao de Risco deve compreender duas fases: A Anlise de Risco, que visa determinar a Magnitude do risco; A Valorao do Risco, que visa avaliar o significado que o risco assume. A Figura 1 (adaptada de Roxo, 2003) esquematiza as duas fases da Avaliao de Risco, bem como a sua relao num processo de gesto do risco.

Por Gesto de Risco entende-se

o conjunto da avaliao do risco e do controlo do risco (...) que

compreende a aplicao sistemtica de polticas de gesto, procedimentos e prticas de trabalho para analisar, valorar e controlar o risco (Burriel Lluna in Roxo, 2003).

Identificao do Perigo e possveis consequncias

A n l i s e d e Ri s c o

A v a l i a o d e Ri s c o

Identificao das pessoas expostos

Ge s t o d o Ri s c o

Estimativa do Risco R=PxG

Valorao do Risco

Controlo do RiscoFigura 1 Fases de um processo de gesto de risco profissional (adaptado de Roxo, 2003).

1.2.1

Anlise de Risco

A Anlise de Risco, tambm designada por Avaliao de Risco (Hartln et al., 1999) objectiva uma anlise pormenorizada, atravs da decomposio detalhada do objecto que foi seleccionado para alvo de avaliao (uma simples tarefa, um local, um equipamento, uma situao, uma organizao ou at o prprio sistema...), visando, na opinio de Roxo (2003):

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Enquadramento Terico

a caracterizao dos riscos; o seu modo de desenvolvimento; a probabilidade de ocorrncia; a sua extenso; e o potencial danoso. Neste sentido, a concretizao da Anlise de Risco deve compreender 3 etapas, como se pode visualizar na Figura 1: Identificao do perigo e possveis consequncias; Identificao das pessoas expostos; Estimativa do risco (R = P x G).

1.2.2

Valorao do Risco

A valorao do risco corresponde fase final da Avaliao de Risco e visa comparar a Magnitude do risco com padres de referncia e estabelecer o grau de aceitabilidade do mesmo. Trata-se de um processo de comparao entre o valor obtido na fase anterior referencial de risco aceitvel (Roxo, 2003). Nesta fase deve reunir-se informao que permita: Avaliar as medidas de controlo implementadas; Priorizar as necessidades de implementao de medidas de controlo; Definir as aces de preveno/correco a implementar. Em suma, o resultado desta fase deve permitir a definio das aces de melhoria, que podem assumir carcter de curto ou longo prazo. Anlise de Risco e um

A noo de aceitabilidade do risco assume alguma ambiguidade na literatura consultada, j que, para uns vem referida como sendo sinnimo de risco tolervel (Roxo, 2003), enquanto que para outros, estes dois termos devem ser diferenciados (Uva & Graa, 2004; Worsell, 2000a).

De acordo com Fishhoff et al, in Roxo (2003) a aceitabilidade corresponde ao risco de acidente ou falha que os actores de um sistema aceitam incorrer conscientemente, apesar de se dispor de solues conhecidas ou potenciais que, sem dvida, podem ainda reduzir esse risco. No entanto, tais solues contm um agregado de inconvenientes que levam sua renncia (tais como o seu custo, o desempenho, a qualificao das pessoas,...). Em suma, de acordo com estes autores, pensamos que a aceitabilidade do risco no se resume ao desconhecimento de medidas de controlo

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Enquadramento Terico

passveis de eliminar o risco, mas sim, a um processo consciente na escolha da opo mais aceitvel.

Considerando que, de acordo com o Glossrio de Sade e Segurana do Trabalho (Uva & Graa, 2004), a tolerabilidade ou no tolerabilidade resulta no essencial da avaliao entre o custo do controlo dos riscos e os benefcios da resultantes. , pensamos que a noo de aceitabilidade do risco ento comparvel noo de tolerabilidade, ou seja, de risco tolervel . Ainda de acordo com o mesmo autor o custo tolervel se a reduo do risco no for possvel tecnicamente ou se o seu custo for desproporcionado em relao ao benefcio obtido. .

No entanto, parece-nos que o risco, ao ser considerado aceitvel quando a avaliao do risco permite, luz do conhecimento cientfico, determinar a mais baixa prioridade de gesto do risco assume um entendimento diferente (Uva & Graa, 2004).

Em sntese, pensamos que a valorao do risco, em particular no domnio da Segurana, se refere a um processo de definio qualitativa, o que envolve uma dimenso de considervel subjectividade. J no domnio da Higiene, pode-se considerar que um conjunto significativo de situaes alvo de definio de valores quantitativos referenciados na legislao que estabelece prescries quanto a determinados riscos especficos (ex: nveis de rudo, dose de radiaes ionizantes, nveis de aco e valores limites de exposio a determinadas substncias qumicas,...).

1.3

Etapas da anlise de riscoIdentificao do perigo e possveis consequncias

1.3.1

Na identificao do perigo pretende-se verificar que perigos esto presentes numa dada situao de trabalho e suas possveis consequncias, em termos dos danos sofridos pelos trabalhadores sujeitos exposio desses mesmos perigos.

A identificao das possveis consequncias pode assumir abordagens diversas consoante os objectivos definidos. Assim, segundo Gadd et al. (2003), a identificao das possveis consequncias decorrentes da exposio ao perigo pode recair na: avaliao de Quem; avaliao dos Efeitos, em termos fsicos, da Severidade ou Gravidade do dano causado.

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Enquadramento Terico

Segundo estes mesmos autores, citando IChemE (1985) existem dois tipos de Risco: Risco Individual e Risco Social. Entendem por Risco Individual a Frequncia com que um indivduo espera sofrer um dado nvel de dano como consequncia da realizao de um determinado perigo e por Risco Social a relao entre a Frequncia e o nmero de pessoas atingidas devido a um nvel especfico de dano, numa dada populao, como consequncia da realizao do perigo .

Acrescentam ainda, citando agora AlChemE (1989), que os riscos Individuais e Sociais so diferentes formas de apresentao da mesma combinao de Frequncia e Consequncia2.

Gadd et al. (2003) concluem que o Risco Individual a medida do risco para um indivduo em particular, enquanto que, o Risco Social a medida do risco para a sociedade como um todo.

Em sntese, podemos considerar que: Se o objectivo for avaliar o Risco Individual, a estimativa da magnitude das consequncias pode ser obtida pela determinao da Severidade com que um determinado nvel de dano ser experienciado ; Se o objectivo for avaliar o Risco Social, a estimativa da magnitude das consequncias pode ser obtida pela determinao do nmero de pessoas que podem experienciar um especfico nvel de dano. Nesta etapa, os perigos associados realizao da actividade de trabalho podem decorrer do resultado de um ou da combinao dos seguintes componentes: substncias, mquinas, processos, organizao do trabalho, ambiente, modos operatrios, pessoas ou circunstncias, pelo que, para a sua concretizao deve comear-se por reunir o mximo de informao pertinente, nas mais variadas fontes disponveis: legislao, manuais de instrues das mquinas, fichas de dados de segurana das substncias ou preparaes perigosas, processos e mtodos de trabalho, dados estatsticos relativos ocorrncia de acidentes, experincia dos trabalhadores, normas internacionais relevantes, entre outros (Gadd et al., 2003; Roxo, 2003).

Esta etapa considerada por Gadd et al. (2003) como a mais crtica em todo o processo de uma AR, na medida em que, um perigo no identificado um perigo no avaliado e, consequentemente, no controlado.

2

Entenda-se por Frequncia e Consequncia respectivamente a Probabilidade e Gravidade, ou seja, as duas variveis necessrias para a estimativa do risco (ver Figura 1, pg: 8)

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Enquadramento Terico

No que respeita s metodologias utilizadas para a identificao dos perigos, estas podem ser definidas em funo do objecto em anlise, do mbito da anlise e dos recursos disponveis. Esta etapa deve ser convenientemente planeada e organizada, de forma a conseguir classificar-se as diversas naturezas dos perigos existentes (ex: perigos associados aos processos de trabalho, s fontes de energia, aos produtos, s mquinas, etc.). As tcnicas mais utilizadas so: Listas de verificao (check-list), entrevistas com elementos da empresa e brainstorming .

1.3.2

Identificao das pessoas expostas

A estimativa do risco (fase subsequente) prev o conhecimento, objectivo ou subjectivo, da Gravidade ou Severidade que um determinado dano pode assumir, bem como, da Probabilidade de ocorrncia do mesmo. Esta Probabilidade de ocorrncia vai depender: do tipo de pessoas expostas, ou seja, consoante o nvel de formao, sensibilizao, experincia, susceptibilidade individual, etc., ser diferente a Probabilidade de sofrer um determinado nvel de dano; da Frequncia da exposio.

Quando a avaliao visa o Risco Social, a Gravidade ou Severidade vai depender do nmero de pessoas que podem sofrer um determinado nvel de dano (Gadd et al., 2003).

De acordo com algumas referncias bibliogrficas (Europeia, 1997; Gadd et al., 2003; HSE, 2003) importante considerar todas as pessoas que podero estar expostas, ou seja, no s os trabalhadores directamente afectos ao posto de trabalho em anlise, mas tambm todos os outros trabalhadores no espao de trabalho. Importante ainda, considerar tambm aqueles que podem no estar sempre presentes, tais como: clientes, visitantes, construtores, trabalhadores de manuteno, assim como grupos de sujeitos que possam ser particularmente vulnerveis: trabalhadores jovens e inexperientes, grvidas e lactantes, trabalhadores deficientes, trabalhadores com imunidade deficiente ou doena crnica, ou ainda trabalhadores que tomam medicao passvel de aumentar a sua susceptibilidade.

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Enquadramento Terico

1.3.3

Estimativa do risco

Nesta fase, o objectivo consiste na quantificao da Magnitude do risco, ou seja, da sua criticidade.

Segundo diferentes autores (Fernandes, 2006; Gadd et al., 2003; Roxo, 2003), a Magnitude do risco funo da Probabilidade de ocorrncia de um determinado dano e da Gravidade a ele associada, sendo representada pela equao (Eq. 1):

Risco (R) = Probabilidade (P) x Gravidade (G)

(Eq. 1)

Na estimativa de cada uma das variveis (P) e (G), devem ser tidas em considerao as medidas de segurana j implementadas (ex. sistemas de deteco e combate a incndio, proteco de segurana num determinado equipamento, procedimentos de segurana associados realizao de determinada tarefa, entre outros), uma vez que estas iro interferir na Magnitude do risco.

A estimativa destas duas variveis assume particularidades consoante os mtodos utilizados, isto , consoante se recorra a avaliaes quantitativas, semi-quantitativas ou qualitativas. (Gadd et al., 2003).

Assim, pensamos que a escolha do mtodo deve ter em conta: O objectivo da avaliao (Risco de qu?; Risco para quem?; Risco devido a qu?); O nvel de detalhe para a avaliao (necessrio ou pretendido); Os recursos disponveis (humanos e tcnicos); A natureza dos perigos e respectiva complexidade.

1.4

Metodologias de Avaliao de Risco versus Mtodos de Valorao do Risco

Em termos metodolgicos, no existem regras fixas sobre a forma como a Avaliao de Risco deve ser efectuada. De qualquer modo, na inteno de uma avaliao devero ser considerados dois princpios que se revelam fundamentais (Europeia, 1997): Estruturao da operao, de modo a que sejam abordados todos os perigos e riscos relevantes; Identificao do risco, de modo a equacionar se o mesmo pode ser eliminado. Qualquer que seja a metodologia que se pretenda implementar, a abordagem dever ser comum e integrar os seguintes aspectos (adaptado de Europeia, 1997):

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Caracterizao do meio circundante do local de trabalho; Identificao das tarefas realizadas; Observao da actividade; Considerao da opinio das pessoas envolvidas na avaliao; Considerao de situaes de referncia; Considerao de factores externos que podem afectar as condies de trabalho.

Em sntese, pensa-se que, as metodologias de Avaliao de Risco devem ser eficientes e suficientemente detalhadas para possibilitar uma adequada hierarquizao dos riscos e consequente controlo. Tal como referem alguns autores (Gadd et al., 2003; HSE, 2006), o rigor das avaliaes deve ser proporcional complexidade do problema e da magnitude previsvel do risco envolvido.

Assim, e tal como j referido, nas fases de estimativa e valorao do risco, podem ser empregues vrios tipos de mtodos: Mtodos de Avaliao Qualitativos (MAQl) Mtodos de Avaliao Quantitativos. (MAQt) Mtodos de Avaliao Semi-Quantitativos (MASqt) que passaremos a apresentar, referindo de modo sucinto, as suas principais caractersticas, vantagens e limitaes.

1.4.1

Mtodos de Avaliao Qualitativos (MAQl)

Os MAQl consistem em exames sistemticos realizados nos locais de trabalho, com vista identificao de situaes capazes de provocar dano s pessoas. Esta avaliao baseia-se numa avaliao subjectiva da adequao das medidas preventivas adoptadas, no exigindo que se siga, de forma explcita, todos os passos apresentados na Figura 1 (Gadd et al., 2003). Geralmente, com os MAQl recorre-se a uma avaliao de cenrios individuais, estimando os diferentes riscos na base da resposta a questes do tipo o que acontecer se....? .

Os MAQl referem-se a avaliaes puramente qualitativas da Severidade e da Probabilidade, sem que haja qualquer registo numrico associado.

Este tipo de mtodo apropriado para avaliar situaes simples, cujos perigos possam ser facilmente identificados pela observao e comparados com princpios de boas prticas, existentes para circunstncias idnticas.

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Em sntese, podemos considerar que uma Avaliao de Risco dever comear por uma avaliao qualitativa que inclua consideraes sobre as boas prticas utilizadas. No entanto, por vezes, tornase necessrio o recurso a avaliaes mais rigorosas, recorrendo-se ento a avaliaes quantitativas ou semi-quantitativas.

1.4.2

Mtodos de Avaliao Quantitativos (MAQt)

As avaliaes quantitativas envolvem a quantificao objectiva dos diferentes elementos do risco, nomeadamente, da Probabilidade e da Gravidade das consequncias.

So mtodos que visam obter uma resposta numrica da Magnitude do risco, pelo que, o clculo da Probabilidade faz recurso a tcnicas sofisticadas de clculo que integram dados sobre o comportamento das variveis em anlise. Permitem determinar um padro de regularidade na Frequncia de determinados eventos. A quantificao da Gravidade recorre a modelos matemticos de consequncias, de forma a simular o campo de aco de um dado agente agressivo e o clculo da capacidade agressiva em cada um dos pontos desse campo de aco, estimando ento os danos esperados (Roxo, 2003).

Este tipo de mtodos particularmente til nos casos de risco elevado ou de maior complexidade (ex.: na indstria nuclear, na indstria qumica, etc..). Para a aplicao de MAQt existe uma variedade de metodologias e tcnicas especiais que devem ser utilizadas na etapa da identificao dos perigos. A especificidade destas metodologias e tcnicas recomenda que no devem ser utilizadas de modo indiscriminado para qualquer situao. Na opinio de Gadd et al. (2003) as diversas metodologias e tcnicas disponveis apresentam diferentes nveis de robustez e fragilidade.

As tcnicas que abaixo se apresentam so habitualmente utilizadas na identificao dos perigos, em particular nos processos qumicos industriais: Preliminary Hazards Analysis (PHA); Failure Mode and Effects Analysis(FMEA); Fault Tree Analysis (FTA); Hazard and Operability Study (HazOP); Even Tree Analysis (ETA); Task Analysis; ...

Orientaes sobre o modo de utilizao, a aplicabilidade, as vantagens e desvantagens, destas tcnicas de identificao de perigos podem ser encontradas em IChemE (1996) e Glossop, Ioannides, & Gould (2000).

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1.4.3

Mtodos de Avaliao Semi-Quantitativos (MASqt)

Quando a avaliao realizada pelos MAQl se torna insuficiente para alcanar uma adequada valorao de risco e, a complexidade subjacente aos MAQt no justifica o custo associado sua aplicao, pode recorrer-se a MASqt. Nestes, estima-se o valor numrico da Magnitude do risco profissional (R), a partir do produto entre a estimativa da Probabilidade do risco (P) se materializar e a Gravidade esperada (G) das leses (de acordo com a (Eq. 1)). Para a aplicao deste mtodo necessrio construir a escala de hierarquizao da Probabilidade, da Gravidade e do ndice de risco.

Aps esta referncia aos diferentes tipos de mtodos, apresentamos, na Tabela 1 as principais vantagens e limitaes que lhes esto associados.

Tabela 1

Vantagens e Limitaes associadas aos mtodos de Valorao do risco.

MTODOS

VANTAGENSMtodos simples, que no requerem quantificao nem clculos; No requerem identificao exacta das consequncias; Tornam exequvel o envolvimento dos diferentes elementos da organizao.

LIMITAESSo subjectivos por natureza; Dependem muito da experincia dos avaliadores; No permitem efectuar anlises Custo/Benefcio. Apresentam complexidade e morosidade de clculos; Necessitam de metodologias estruturadas necessitam de dispor de base de dados experimentais ou histricos de adequada fiabilidade e representatividade; So bastante onerosos requerem recursos humanos experientes e com formao adequada; Requerem elevada quantidade e tipo de informao; Revelam dificuldade na valorao quantitativa do peso da falha humana (erro de deciso, de comunicao, entre outros). Apresentam subjectividade associada aos descritores utilizados nas escalas de avaliao; So fortemente dependentes da experincia dos avaliadores.

MAQl

MAQt

Permitem resultados objectivos (mensurveis); Permitem a anlise do efeito da implementao de medidas de controlo de risco; Permitem efectuar anlises Custo/Benefcio; Assumem linguagem objectiva (facilitando a sensibilizao da administrao).

MASqt

Mtodos relativamente simples; Identificam as prioridades de interveno atravs da identificao dos principais riscos; Sensibilizam os diferentes elementos da organizao.

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Enquadramento Terico

2.

Definio do Problema

Actualmente, a ausncia de princpios ergonmicos na concepo dos postos de trabalho reconhecida como um factor que serve de travo ao aumento da produtividade e melhoria da qualidade dentro das empresas. Na realidade, uma concepo no ergonmica, origina frequentemente uma falta de motivao nos trabalhadores envolvidos e uma elevada prevalncia de doenas profissionais. Tais factos podem conduzir a elevados custos para a empresa que, por vezes, se objectivam no aumento do absentismo, do turn-over e dos prprios acidentes de trabalho.

A Ergonomia, ao perspectivar a optimizao das interaces entre o ser humano e o meio que o rodeia, segundo critrios de segurana, eficincia e conforto, torna indubitvel que a eliminao e/ou controlo de todos os perigos, ou factores de nocividade, presentes em qualquer situao de trabalho e/ou utilitria, esto patentes no seu objectivo geral, reflectindo uma clara orientao no sentido da promoo da sade e segurana.

Do exposto nos pontos anteriores, podemos dizer que a Avaliao de Risco constitui o elemento central de todo o processo de preveno, na medida em que, ao permitir conhecer a existncia dos riscos, bem como a sua natureza, contribui com informao, como j referimos, para o planeamento das intervenes preventivas adequadas.

Na maior parte dos casos, a legislao no determina que tipo de mtodo de Avaliao de Risco deve ser utilizado. No entanto, como foi referenciado no ponto 1.4, diversos so os mtodos disponveis, pelo que a seleco deve ser adequada ao nvel de complexidade do sistema em anlise.

Tendo em considerao as limitaes associadas s avaliaes quantitativas, em particular a complexidade envolvida e os custos associados (decorrentes do tempo requerido, da formao exigida aos profissionais que a aplicam, etc.) as avaliaes semi-quantitativas e qualitativas merecem uma ateno especial, j que se tornam, na maior parte dos casos, as ferramentas disponveis para levar a cabo as obrigaes impostas pela legislao. No obstante, as vantagens destas avaliaes mais expeditas, os resultados das suas aplicaes so praticamente desconhecidas.

Na realidade, na bibliografia consultada sobre a Avaliao de Risco, a maioria dos estudos e publicaes centra-se no sector industrial, envolvendo particularmente os mtodos de Avaliao de

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Risco de natureza quantitativa. No que diz respeito a este tipo de avaliaes foi possvel encontrar, na reviso bibliogrfica j efectuada, orientaes detalhadas que vo desde os procedimentos gerais de uma Avaliao de Risco (etapas, conceitos, caractersticas) s orientaes especficas, em funo do contexto da sua aplicao (processo qumico, industrial, nuclear, petrolferas, etc.). Em contrapartida, as avaliaes qualitativas ou semi-quantitativas, so muito menos exploradas, j que escassos foram os trabalhos cientficos encontrados. excepo do mtodo de William T. Fine (1971), constatmos que, a maioria das abordagens apresentam um carcter emprico, sendo da responsabilidade de cada empresa/instituio ou organizao elaborar as suas prprias grelhas de valorao do risco, luz das respectivas especificidades e no mbito do seu sistema de gesto da segurana e sade no trabalho.

Apesar da liberdade existente na aplicao da avaliao semi-quantitativa, a literatura unnime no que respeita ao facto de considerar que as matrizes utilizadas devem ser capazes de fazer a descriminao entre os diferentes nveis de risco presentes numa dada situao, imputando s escalas utilizadas (de Probabilidade e Gravidade), a respectiva responsabilidade no alcance desse objectivo (Gadd et al., 2003; HSE, 2006).

2.1

Objectivos do estudo

Tendo presente o exposto anteriormente, consideramos a aplicao de mtodos de Avaliao de Risco de natureza semi-quantitativa como o problema fulcral deste estudo. De facto, a importncia que eles assumem na maioria das situaes de trabalho leva-nos a pensar que necessrio descobrir informao mais precisa sobre o resultado que estes mtodos proporcionam. Entendemos que estudos desta natureza so cada vez mais urgentes, sob pena de no se alcanarem os verdadeiros objectivos para que so utilizados, em particular a: Identificao dos riscos que ultrapassam os nveis aceitveis ou tolerveis; Hierarquizao dos riscos encontrados de acordo com as prioridades de interveno.

Em sntese, realizou-se um Estudo comparativo entre diferentes mtodos de Avaliao de Risco de natureza Semi-quantitativa em Situao Real de Trabalho. Com este estudo procurou-se dar resposta s seguintes questes:

Q1

Ser que o Nvel de Risco obtido, pelos diferentes MASqt utilizados, idntico para cada

um dos riscos/consequncias associadas? .

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Q2

Ser que o tipo de risco em avaliao influencia o Nvel de Risco obtido pelos diferentes

MASqt utilizados? .

As questes formuladas conduziram-nos formulao das seguintes Hipteses Nulas:

H0 -1 H0 -2

No existem diferenas significativas entre o Nvel de Risco obtido pela aplicao dos

diferentes MASqt. O tipo de risco em avaliao no influencia significativamente o Nvel de Risco obtido pela

aplicao dos diferentes MASqt.

Para testarmos as hipteses atrs formuladas, recorreu-se situao de trabalho de operadores de manuteno de uma empresa que opera no mercado da Sade e Bem-estar, que por questes de confidencialidade no ser aqui identificada.

A opo por este sector de actividade prendeu-se com os seguintes aspectos: o tempo requerido para realizar uma dissertao de mestrado e, consequentemente, a facilidade quer no acesso, e quer na obteno de um consentimento favorvel por parte da empresa. Ainda que estes aspectos tenham sido pessoalmente sentidos, tornaram-se critrio de seleco aps vrias reflexes. Para tal, muito contribuiu a leitura de Fortin (1999) que aponta estes critrios como sendo essenciais exequibilidade de qualquer projecto.

Para alm do acima exposto, tambm consideramos que este sector de actividade se revela de importncia, j que, no foram encontrados estudos em contextos similares, apesar de a legislao ser clara na obrigatoriedade da Avaliao de Risco em todo e qualquer posto de trabalho, independentemente da sua natureza ou do sector em que este se insira.

De acordo com Bruce, Fred, & Donald (2003), os operadores de manuteno so reconhecidos como o grupo de trabalhadores que sofre danos de maior dimenso, facto que se deve, parcialmente, ao elevado nmero e diversidade de riscos associados natureza do trabalho.

Na realidade, no podemos esquecer que as tarefas de manuteno assumem uma particular importncia na segurana dos sistemas de trabalho, qualquer que seja o contexto. Estas tarefas devem ser realizadas por pessoal com formao especializada, pois exigem uma gama variada de competncias para a resoluo de problemas inerentes variabilidade das situaes. Para aqueles mesmos autores, o trabalho de manuteno frequentemente perigoso porque a segurana dos

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operadores que realizam este tipo de tarefas no adequadamente considerada aquando da concepo dos equipamentos ou da sua disposio nos locais de trabalho. Tal facto, frequentemente, conduz o operador de manuteno a invalidar ou anular as proteces de segurana dos equipamentos de forma a conseguir realizar o seu prprio trabalho.

2.2

Pertinncia do estudo

Segundo Fortin (1999), existem alguns elementos que justificam a pertinncia de um estudo, destacando, entre outros a actualidade da questo e a importncia ou significado que a questo representa para o objectivo traado.

2.2.1

Actualidade da questo

a questo deve ser actual, isto (...) pertinente para a prtica profissional (...) (Fortin, 1999).

Actualmente reconhecido que a Avaliao de Risco no deve ser utilizada apenas nas situaes em que h uma ameaa de perigo iminente mas, tambm, como uma ferramenta de melhoria da produtividade e eficincia dos sistemas. Esta afirmao corroborada por Bruce et al. (2003) ao dizerem que (...) as empresas que realizam avaliaes de riscos, encontram frequentemente maior nmero de perigos e melhores solues para a reduo dos riscos associados, resultando estas aces em menos tempo gasto em reparaes, menores custos e maior produtividade.

Se considerarmos os objectivos da Ergonomia, onde a melhoria da produtividade surge como um dos critrios sempre presente, ento a Avaliao de Risco pode ser considerada uma ferramenta extremamente til para a prtica profissional do ergonomista.

Consideramos ainda que, a imposio legal relativa a esta temtica vem reforar a pertinncia deste estudo. Na realidade, tendo presente os princpios gerais da preveno, referidos em vrios diplomas legais (Directiva 89/391/CEE de 12/06 e Decreto-lei n 441/91 de 14/11 artigo 6, Lei n 99/2003 de 27/08 artigo 273

artigo 8), evidente o lugar central que a Avaliao de Risco

assume em toda as abordagens preventivas. Este facto ainda realado pela sua referncia em todos os diplomas legais relativos Segurana e Sade no Trabalho, independentemente da sua natureza.33

Existem diplomas relacionados com a Gesto da Segurana e Sade nas empresas e diplomas especficos de determinados tipos de Risco.

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