migrações causadas pelas alterações climáticas
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“A migração forçada é a ameaça mais permanente contra as
populações pobres dos países em vias de desenvolvimento",
afirmou um dos autores, David Davison. “
“As enormes deslocações populacionais "vão alimentar conflitos
existentes e gerar novos em regiões do mundo - as mais pobres -
onde os recursos são mais raros", adverte a ONG, antevendo um
mundo "com muitos outros Darfur" como o "cenário de pesadelo
cada vez mais provável".”
Alfredo Maia - 2007-05-14 - Jornal de Noticias
Pelo menos mil milhões de pessoas vão emigrar daqui até 2050, em
consequência das alterações climáticas que vão agravar os conflitos
e as catástrofes naturais e de conflitos internos e regionais, alerta a
organização não governamental britânica de apoio aos refugiados
Ajuda Cristã.
Para se ter uma ideia do impacto demográfico e social do aviso,
note-se que os cenários socioeconómicos dados pelos especialistas
do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas
prevêem que, em meados deste século, a população mundial atinja
nove mil milhões.
Preocupada com o facto de as deslocações internas não serem
consideradas migrações pelo direito internacional, a Ajuda Cristã
prevê que na Colômbia, no Mali e na Birmânia o fenómeno será
mais preocupante, mas nota que muitas pessoas procurarão partir
para a Europa.
Portugal foi durante séculos um pais onde a maior parte da sua
população se viu forçada a emigrar para poder sobreviver, o que
ainda continua a acontecer.
A história de cada uma das inúmeras comunidades portuguesas
espalhadas por todo o mundo espelham esta dura realidade. Nos
últimos vinte anos, Portugal tornou-se também num destino para
muito imigrantes.
Até aos anos noventa, foi sobretudo procurado por habitantes dos
países lusófonos, mas actualmente predominam os provenientes
dos países do leste da Europa.
A grande “explosão” da imigração ocorreu a partir de 1999 e só em
2003 abrandou.
O número de imigrantes legais em Portugal, atinge 388.258 pessoas
(Meados de 2002). A situação torna-se então extremamente difícil de
controlar, sobretudo devido à acção das redes de imigração
clandestina.
A emigração portuguesa aumentou 32,9% em 2002, um ano em que
deixaram o país cerca de 27 mil portugueses, indicam dados do
Instituto Nacional de Estatística (INE).
Os números do Inquérito aos Movimentos Migratórios de Saída
(IMMS) revelam ainda que o aumento maior (53%) foi na emigração
de carácter permanente (pessoas que deixam o país por um período
superior a um ano), enquanto a percentagem dos que partiram por
um período igual ou inferior a um ano ficou pelos 25%.
A Suíça (30,3 %) e a França (21,8%) continuam a liderar a lista dos
principais destinos da emigração portuguesa, tendo a Espanha
(10,7%) subido para o terceiro lugar. No conjunto, estes três países
acolheram cerca de 63% da emigração total portuguesa em 2002.
O Reino Unido recebeu 6,8% dos portugueses que deixaram o país
no ano 2006. Segundo o IMMS, de registar é também a perda de
importância da Alemanha e do Luxemburgo.
O Brasil reapareceu como país de destino ao receber 4,0% da
emigração lusa e o Canadá acolheu 3,8% dos emigrantes. No
conjunto, os restantes países receberam 22,6 %.
Os emigrantes são na sua maioria jovens tendo-se vindo a registar,
segundo o INE, “uma importância crescente da população que se
situa no grupo dos zero aos 29 anos”.
Em 2001, 50 % dos emigrantes estavam neste grupo etário, tendo
este valor registado um aumento para cerca de 63 % em 2002. Entre
os 30 aos 44 anos, a população que emigrou manteve-se constante.
Os motivos são:
- Procura de trabalho;
- Melhor qualidade de vida;
- Novo rumo de vida.
Causas da Migração Jovem
Países, como Portugal, Espanha ou a Itália que ainda há pouco
tempo eram países "exportadores" de mão-de-obra, continuam
pouco habituados à recepção de imigrantes.
Não é pois de estranhar que os respectivos Estados não tenham
programas efectivos de integração e protecção dos imigrantes,
abandonando-os a todos os tipos de exploradores.
O Estado português, nos últimos 30 anos, acabou por cometer os
mesmos erros que acusou outros Estados de praticarem em relação
à integração dos emigrantes portugueses.
Um dos problemas que Portugal desde há anos é a fraca
capacidade do mercado de trabalho nacional para dar resposta ao
crescimento da actividade produtiva. Esta situação é agravada por
diversos factores tais como:
a) a baixa taxa de natalidade;
b) o elevado envelhecimento da população portuguesa;
c) a emigração secular que embora tenha abrandado, ainda
não estagnou;
d) a reduzida capacidade de inovação das empresas e do
Estado, nomeadamente para produzir mais e melhor com
menos recursos humanos;
É por todas estas e outras razões que se não fossem os imigrantes,
muitas das actividades produtivas do país já tinham entrado em
completa regressão, ou mesmo desaparecido com consequências
catastróficas para a economia e a sociedade portuguesa.
Nos próximos anos, estudos oficiais, apontam para as grandes
necessidades em profissões como serventes de limpeza, serventes
de construção civil, pedreiros, trabalhadores agrícolas, empregados
de mesa e cozinheiros (Diário da República, Novembro de 2001).