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MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA DE TRANSPORTES LEANDRO DE OLIVEIRA SILVA APLICAÇÃO DE VANTS NA LOGÍSTICA HUMANITÁRIA: PROCEDIMENTO PARA DISTRIBUIÇÃO E ROTEAMENTO DE VEÍCULOS Rio de Janeiro 2016

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MINISTÉRIO DA DEFESA

EXÉRCITO BRASILEIRO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA DE TRANSPORTES

LEANDRO DE OLIVEIRA SILVA

APLICAÇÃO DE VANTS NA LOGÍSTICA HUMANITÁRIA:

PROCEDIMENTO PARA DISTRIBUIÇÃO E ROTEAMENTO DE

VEÍCULOS

Rio de Janeiro

2016

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INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

LEANDRO DE OLIVEIRA SILVA

APLICAÇÃO DE VANTS NA LOGÍSTICA HUMANITÁRIA:

PROCEDIMENTO PARA DISTRIBUIÇÃO E ROTEAMENTO DE

VEÍCULOS

Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de

Mestrado em Engenharia de Transportes do Instituto

Militar de Engenharia, como requisito parcial para a

obtenção do título de Mestre em Ciências em

Engenharia de Transportes.

Orientador: Prof.ª Renata Albergaria de Melo Bandeira,

D.Sc.

Co-orientador: Prof.ª Vânia Barcellos Gouvêa Campos,

D.Sc.

Rio de Janeiro

2016

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ii

c2016

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

Praça General Tibúrcio, 80 – Praia Vermelha

Rio de Janeiro – RJ CEP: 22290-270

Este exemplar é de propriedade do Instituto Militar de Engenharia, que poderá

incluí-lo em base de dados, armazenar em computador, microfilmar ou adotar

qualquer forma de arquivamento.

É permitida a menção, reprodução parcial ou integral e a transmissão entre

bibliotecas deste trabalho, sem modificação de seu texto, em qualquer meio que

esteja ou venha a ser fixado, para pesquisa acadêmica, comentários e citações,

desde que sem finalidade comercial e que seja feita a referência bibliográfica

completa.

Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do(s) autor(es) e

do(s) orientador(es).

629.04

Silva, Leandro de Oliveira

S586a Aplicação de VANTS na logística humanitária: procedimento para distribuição e roteamento de veículos / Leandro de Oliveira Silva; orientado por Renata Albergaria de Melo Bandeira; Vania Barcellos Gouvêa Campos – Rio de Janeiro: Instituto Militar de Engenharia, 2016. 140p.: il. Dissertação (Mestrado) – Instituto Militar de Engenharia, Rio de Janeiro, 2016. 1. Curso de Engenharia de Transportes – teses e dissertações. 2. Logística. I. Bandeira, Renata Albergaria de Melo. II. Campos, Vânia Barcellos Gouvêa. III. Título. IV. Instituto Militar de Engenharia.

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INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

LEANDRO DE OLIVEIRA SILVA

LOGÍSTICA HUMANITÁRIA: PROCEDIMENTO PARA

DEFINIÇÃO DE CENTROS DE DISTRIBUIÇÃO E ROTEAMENTO

DE VEÍCULOS

Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado em Engenharia de

Transportes do Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a obtenção do

título de Mestre em Ciências em Engenharia de Transportes.

Orientador: Prof.ª Renata Albergaria de Mello Bandeira, D.Sc

Co-orientador: Prof.ª Vânia Barcellos Gouvêa Campos, D.Sc.

Aprovada em 19 de Maio de 2016 pela seguinte Banca Examinadora:

______________________________________________________________________

Prof.ª Renata Albergaria de Mello Bandeira – D.Sc. do IME - Presidente

______________________________________________________________________

Prof.ª Vânia Barcellos Gouvêa Campos - D.Sc. do IME

______________________________________________________________________

Prof.ª Adriana Leiras - D.Sc. da PUC-Rio

______________________________________________________________________

Prof. Jacy Montenegro Magalhães Neto, M.Sc. do IME

Rio de Janeiro

2016

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Para Joyce Cristina Vieira. Este é o início da nossa

jornada.

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v

AGRADECIMENTOS

Agradeço a professora Renata Albergaria de Mello Bandeira que considero uma

excelente profissional e orientadora e, acima de tudo, um grande exemplo, sempre

auxiliando de uma forma bastante criativa nas incontáveis dificuldades que surgiram

durante a realização deste trabalho. Agradeço também a professora Vânia Barcellos

Gouvêa Campos que sempre se mostrou disposta a me auxiliar quando tive dúvidas,

principalmente na forma de conduzir o trabalho.

À Universidade de Uberaba e ao curso de Engenharia de Produção pelo apoio e

paciência nestes dois anos de Mestrado.

Aos meus pais Ana Marcia e Nestor que foram exemplo de força e determinação,

estando presentes na minha jornada acadêmica e profissional desde o início. Ao meu irmão

Vitor que é meu exemplo de vida. A minha esposa Joyce que participou ativamente deste

trabalho, dedicando carinho, paciência e amor para que eu pudesse finalizar este trabalho.

Aos colegas e amigos do IME, em especial Márcio Friber e Simone Lie Issomura pela

amizade, incentivo e força em continuar as viagens entre Minas e Rio. Finalmente, gostaria

de agradecer ao IME a toda equipe de colaboradores pela infraestrutura e pelo ensino de

qualidade, sem os quais essa dissertação dificilmente poderia ter sido realizada.

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SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ........................................................................................... 7

LISTA DE TABELAS ................................................................................................... 11

LISTA DE SIGLAS ....................................................................................................... 13

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 16

1.2 OBJETIVO GERAL E ESPECÍFICOS .............................................................. 18

1.3 JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 18

1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO .................................................................. 19

2 PROJETO DA REDE DE DISTRIBUIÇÃO FÍSICA NA LOGÍSTICA HUMANITÁRIA 21

2.1 CONCEITUAÇÃO DE LOGÍSTICA E ASSISTÊNCIA HUMANITÁRIA ..... 21

2.2 ARMAZENAGEM E DISTRIBUIÇÃO NA LOGÍSTICA HUMANITÁRIA .. 24

2.3 FATORES DE LOCALIZAÇÃO NA LOGÍSTICA HUMANITÁRIA ............. 30

2.4 PROJETO DA REDE DE DISTRIBUIÇÃO: COSTA (2013) ........................... 33

3 TECNOLOGIAS E APLICAÇÕES DO VEÍCULO AÉREO NÃO

TRIPULADO ..................................................................................................... 38

3.1 VEÍCULO AÉREO NÃO TRIPULADO ............................................................ 41

3.2 TECNOLOGIAS E APLICAÇÕES .................................................................... 44

3.2.1 VANT E AEROFOTOGRAMETRIA ................................................................ 46

3.2.2 CONSTRUÇÕES MILITARES .......................................................................... 48

3.3 VANT E A OPERAÇÃO HUMANITÁRIA ...................................................... 51

3.3.1 APLICAÇÕES NA LOGÍSTICA HUMANITÁRIA .......................................... 51

4 ELABORAÇÃO DO PROCEDIMENTO PARA DEFINIÇÃO DOS

CENTROS DE DISTRIBUIÇÃO E ROTEAMENTO DE VEÍCULOS ...... 55

4.1 ESTRUTURA DO PROCEDIMENTO .............................................................. 56

4.2 ESTÁGIO I: PREPARAÇÃO ............................................................................. 58

4.2.1 IDENTIFICAR E MAPEAR ÁREAS DE RISCO ............................................. 59

4.2.2 AVALIAR CAPACIDADE DE RESPOSTA ..................................................... 60

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4.2.3 ATUALIAR BANCO DE DADOS DE LOGÍSTICA HUMANITÁRIA .......... 63

4.2.4 ORGANIZAR E DISPOR AS INFORMAÇÕES NO SIG ................................. 68

4.3 ESTÁGIO II: MAPEAR REGIÃO AFETADA NO PÓS-DESASTRE ............. 70

4.3.1 ESTABELECER OS LIMITES DE INVESTIGAÇÃO ..................................... 70

4.3.2 ESCOLHER TECNOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO ........................................ 70

4.3.3 MAPEAR REGIÃO AFETADA ........................................................................ 71

4.4 ESTÁGIO III: INTEGRAR AS INFORMAÇÕES AO SIG .............................. 75

4.5 ESTÁGIO IV: DEFINIR REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE AJUDA ................. 76

4.6 ESTÁGIO V: ESTABELECER ROTEIRIZAÇÃO ........................................... 79

5 APLICAÇÃO DO PROCEDIMENTO PARA DEFINIÇÃO DOS

CENTROS DE DISTRIBUIÇÃO E ROTEAMENTO DE VEÍCULOS ...... 83

5.1 CARACTERIZAÇÃO ........................................................................................ 83

5.2 APLICAÇÃO DO PROCEDIMENTO PROPOSTO ......................................... 85

5.2.1 ESTÁGIO I: PREPARAÇÃO ............................................................................. 85

5.2.2 ESTÁGIO II: MAPEAR REGIÃO AFETADA NO PÓS-DESASTRE ............. 85

5.2.3 ESTÁGIO III: INTEGRAR AS INFORMAÇÕES AO SIG .............................. 98

5.2.4 ESTÁGIO IV: DEFINIR REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE AJUDA ................. 99

5.2.5 ESTÁGIO V: ESTABELECER ROTEIRIZAÇÃO ......................................... 113

5.3 RESULTADOS E ANÁLISES DO PROCEDIMENTO .................................. 119

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ......................................................... 123

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 127

8. ANEXOS ........................................................................................................... 137

ANEXO 1: ALGORITMO DE CLARKE AND WRIGHT .............................. 138

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

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FIG. 2.1 - A cadeia de abastecimento para ajuda humanitária ............................................ 23

FIG. 2.2 - Processo geral de um armazém .......................................................................... 25

FIG. 2.3 - Fluxo físico dos recursos na cadeia de abastecimento humanitária. .................. 29

FIG. 2.4 - Etapas do procedimento de apoio às ações humanitárias em desastres naturais. 33

FIG. 3.1 - Resumo das bases pesquisadas ........................................................................... 39

FIG. 3.2 - Resumo do número final de artigos .................................................................... 40

FIG. 3.3 - Esquema ilustrativo dos componentes de um VANT. ........................................ 44

FIG. 3.4 - Processo operacional de mapeamento. ............................................................... 47

FIG. 3.5 - Desenho do FT-200. ........................................................................................... 49

FIG. 3.6 - Desenho do Horus FT-100. ................................................................................ 49

FIG. 3.7 - Desenho do FT-150 X1. ..................................................................................... 50

FIG. 4.1 - Macro fluxo para a definição dos centros de distribuição e o roteamento de

veículos. ....................................................................................................................... 55

FIG. 4.2 - Estágios para a elaboração do procedimento. ..................................................... 57

FIG. 4.3 - Fluxo de decisão inicial no pré-desastre. ............................................................ 59

FIG. 4.4 - Detalhe do banco de dados para cadastro das informações. ............................... 63

FIG. 4.5 - Esquema geral do processo para a determinação da altura de voo. .................... 72

FIG. 4.6 - Recobrimento. .................................................................................................... 73

FIG. 4.7 - Sobreposição. ...................................................................................................... 73

FIG. 4.8 - Bloco Fotogramétrico. ........................................................................................ 74

FIG. 4.9 - Configuração da Sub-região Impactada (SRI). .................................................. 76

FIG. 4.10 - Representação genérica de Redes. .................................................................... 79

FIG. 5.1 - Município de Duque de Caxias (RJ). ................................................................. 83

FIG. 5.2 - Situação do Distrito de Xerém horas após a enxurrada do dia 3 de janeiro de

2013. ............................................................................................................................. 84

FIG. 5.3 - Situação do Distrito de Xerém dois dias após a enxurrada do dia 03 de janeiro de

2013. ............................................................................................................................. 84

FIG. 5.4 - Vista espacial do município de Duque de Caxias (RJ). ...................................... 86

FIG. 5.5 - Geologia e Hidrografia do município de Duque de Caxias (RJ). ....................... 86

FIG. 5.6 - Uso do Solo, Cobertura Vegetal e Rodovias do município de Duque de Caxias

(RJ). .............................................................................................................................. 87

FIG. 5.7 - Identificação das áreas de risco no Distrito de Xerém. ...................................... 87

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FIG. 5.8 - Porção do terreno capturado. .............................................................................. 90

FIG. 5.9 - Processo de importação dos dados coletados durante o voo. ............................. 91

FIG. 5.10 - Processo inicial para o alinhamento das imagens às coordenadas geográficas. 92

FIG. 5.11 - Execução do processo de alinhamento das imagens às coordenadas geográficas.

...................................................................................................................................... 93

FIG. 5.12 - Resultado preliminar do alinhamento: nuvem de pontos e o modelo 3D. ........ 93

FIG. 5.13 - Processo de alinhamento dos pontos. ............................................................... 94

FIG. 5.14 - Definição da qualidade. .................................................................................... 94

FIG. 5.15 - Construção do modelo. ..................................................................................... 95

FIG. 5.16 - Definição dos parâmetros. ................................................................................ 95

FIG. 5.17 - Geração do modelo preliminar. ........................................................................ 95

FIG. 5.18 - Texturização do modelo. .................................................................................. 96

FIG. 5.19 - Texturização do modelo. .................................................................................. 96

FIG. 5.20 - Processo de importação da ortofoto para o TransCAD. ................................... 98

FIG. 5.21 - Criação da base de dados de pontos. .............................................................. 100

FIG. 5.22 - Criação da base de dados de linhas. ............................................................... 101

FIG. 5.23 - Sobreposição dos layers pontos e linhas. ....................................................... 102

FIG. 5.24 - Identificação dos pontos de atendimento inviabilizados para ajuda. ............. 102

FIG. 5.25 - Processo de identificação das áreas bloqueadas. ............................................ 103

FIG. 5.26 - Relação dos locais disponíveis para aturar na resposta. ................................. 104

FIG. 5.27 - Estimação da Sub-região Impactada (SRI). .................................................... 105

FIG. 5.28 - Estimação da Sub-região Impactada (SRI). .................................................... 106

FIG. 5.29 - Identificação dos PDD e CTD nas SRIs. ........................................................ 108

FIG. 5.30 - Ilustração dos pontos centrais de cada SRI. ................................................... 108

FIG. 5.31 - Ilustração dos pontos centrais de cada SRI quanto a PDD ou CTD. .............. 110

FIG. 5.32 - Ilustração dos pontos centrais de cada SRI quanto a PDD ou CTD. .............. 111

FIG. 5.33 - Ilustração do resultado da rede de distribuição. ............................................. 112

FIG. 5.34 - Campos de identificação do depósito (CD). ................................................... 114

FIG. 5.35 - Campos de identificação das paradas (PDDS e CTDs). ................................. 114

FIG. 5.36 - Campos de identificação dos veículos. ........................................................... 115

FIG. 5.37 - Criação da matriz de roteamento. ................................................................... 115

FIG. 5.38 - Identificação dos veículos no sistema. ........................................................... 116

FIG. 5.39 - Identificação das paradas no sistema. ............................................................. 117

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FIG. 5.40 - Identificação dos depósitos no sistema. .......................................................... 117

FIG. 5.41 - Geração da solução do problema de roteirização. .......................................... 118

FIG. 5.42 - Identificação das melhores rotas com janela de tempo. ................................. 118

FIG. 5.43 - Resultado final da rede de distribuição e do roteamento de veículos dentro da

área afetada ................................................................................................................. 121

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LISTA DE TABELAS

TAB. 1.1 - Danos humanos nacionais por tipo de evento de desastre, em 2013. ............... 17

TAB. 2.2 - Comparação dos sistemas de distribuição empresarial e de assistência. .......... 27

TAB. 2.3 - Lista de tarefas de referência para armazenagem ............................................. 28

TAB. 2.4 - Grupos de fatores de localização ...................................................................... 31

TAB. 2.5 - Fatores para localização de armazém para operação humanitária .................... 32

TAB. 2.5 - Configuração da Sub-região Impactada (SRI). ................................................. 35

TAB. 3.1 - Análise geral dos periódicos quanto à contribuição na Logística Humanitária

(LH). ............................................................................................................................. 41

TAB. 3.2 - Nomenclaturas utilizadas para Veículos Aéreos não Tripulados. .................... 43

TAB. 3.3 - Vantagens e desvantagens entre as concepções de VANT. .............................. 45

TAB. 3.4 - Informações Técnicas do FT-200. .................................................................... 49

TAB. 3.5 - Informações Técnicas do Horus FR-100. ......................................................... 50

TAB. 3.6 - Informações Técnicas do FT-150 X1. .............................................................. 50

TAB. 3.7 - Casos envolvendo aplicações de VANT e com intensões humanitárias. .......... 52

TAB. 4.1 - Formulário das Capacidades. ............................................................................ 61

TAB. 4.2 - Processo de avaliação do Formulário das Capacidades - CPRD ...................... 62

TAB. 4.3 - Diversos tipos de veículos e suas disponibilidades. .......................................... 66

TAB. 4.4 - Documento de comparação da situação antes e após o desastre. ...................... 75

TAB. 4.5 - Capacidade de armazenamento para atendimento previsto em m². .................. 77

TAB. 5.1 - Cadastro das informações no arquivo “locais de apoio” do banco de dados. ... 97

TAB. 5.2 - Cadastro das informações no arquivo “cadastro de veículos” do banco de

dados. ........................................................................................................................... 97

TAB. 5.3 - Documento de comparação da situação antes e após o desastre em Xerém. .... 99

TAB. 5.4 - Relação dos locais disponíveis para aturar na resposta como PDD. ............... 104

TAB. 5.5 - Relação dos locais disponíveis para aturar na resposta como CD. ................. 104

TAB. 5.6 - Capacidade de armazenamento necessário para atendimento (m²), prevendo

2.247 habitantes. ......................................................................................................... 107

TAB. 5.7 - Identificação de PDD ou CTD nas SRIs ......................................................... 109

TAB. 5.8 - Identificação dos potenciais locais quanto CD, PDD e CTD nas SRIs. ......... 109

TAB. 5.9 - Identificação das instalações selecionadas em cada SRI. ............................... 110

TAB. 5.10 - Identificação das instalações selecionadas em cada SRI. ............................. 111

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TAB. 5.11 - Resultado da distância entre áreas, em km, após aplicação da EQ. 2.9. ....... 112

TAB. 5.12 - Resultado final da roteirização partindo do CD ............................................ 121

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LISTA DE SIGLAS

ANAC Agência Nacional de Aviação Civil

ANTT Agência Nacional de Transporte Terrestre

ARP Aeronave remotamente pilotada

CENAD Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres

CINDACTA Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo

DECEA Departamento de Controle do Espaço Aéreo

DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes

IFRC International Federation of Red Cross and Red Crescent Societies

NOTAM Notice to Airmen (aviso aos militares da Força Aérea)

OCHA United Nations Office for the Coordination of Humanitarian Affairs

PNGRD Plano Nacional de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres

RPA Remotely-Piloted Aircraft (Aeronave Remotamente Pilotada)

SARP Sistemas de aeronaves remotamente pilotadas

SIG-T Sistema Informação Geográfica para Transportes

SINPDEC Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil

SISVANT Sistema de Veículo Aéreo Não Tripulado

UAV Unmanned Aerial Vehicle

VANT Veículo aéreo não tripulado

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RESUMO

O presente trabalho reflete a contribuição acadêmica a nível nacional e internacional, por

envolver o desenvolvimento das habilidades técnicas, de recursos humanos e valoração dos

compromissos sociais, por estar centrado na valorização da vida das pessoas como ponto

central dos estudos. Com tal característica, o trabalho destaca a consolidação de um

procedimento de auxílio às ações de resposta à desastres de início súbito ao incitar a

construção da rede de distribuição de ajuda em conjunto às tecnologias investigativas por

veículos aéreos não tripulados (VANT).

Inicialmente, uma pesquisa bibliográfica é realizada para entender os fatores de decisão

que estariam ligados à definição da rede de distribuição na logística humanitária, os diversos

tipos de VANT que poderiam ser aplicados às situações de crises e quais estudos de

localização poderiam auxiliar na formatação do procedimento. Esta etapa do estudo permitiu

planejar o desenvolvimento do procedimento para localizar as estruturas de atendimento

ideais, integrando VANT e Sistemas de Informações Geográficas. O procedimento proposto é

uma ferramenta que auxilia o processo decisório das equipes de coordenação logística local

nos mais diversos processos de atendimento às vítimas, mapeando a situação atual com

VANT e localizando instalações adequadas para o atendimento à população afetada.

É importante destacar que, devido às características do desastre, a infraestrutura de

atendimento local pode não estar disponível ou ter sido destruída. Desta forma, o

procedimento proposto pode ser utilizado tanto para o projeto da rede de distribuição bem

como para o refinamento do plano no pós-desastre, com dados atualizados obtidos por meio

do VANT.

O procedimento é aplicado a uma situação de crise real, tomando como base as

características do pós-desastre no município de Duque de Caxias no estado do Rio de Janeiro

em 2013. Os resultados obtidos envolvem a avaliação da situação da região no pós-desastre, a

localização das instalações de atendimento dentro da região afetada, a localização dos centros

de abastecimento, o roteamento de veículos e a distribuição das informações em tempo real.

Com a aplicação, foi possível verificar que o procedimento é capaz de gerar informações em

tempo real, bem como auxiliar as equipes de coordenação quanto à escolha dos pontos de

atendimento e distribuição dos recursos e organizar as rotas no atendimento às vítimas.

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ABSTRACT

This work reflects the academic contribution to national and international level, to

involve the development of technical skills, human resources and valuation of social

commitments, to be focused on the value of people's lives as the focal point of the studies.

With this feature, the work highlights the consolidation of aid procedure to response actions

to sudden disaster to urge the construction of the aid distribution network together to

investigative technologies for unmanned aerial vehicles (UAV).

Initially, a literature search is conducted to understand the decision of factors that would

be linked to the development of the distribution network in humanitarian logistics, the various

types of UAVs that could be applied to situations of crisis and which location studies could

help formatting procedure . This stage of the study allowed us to plan the development of the

procedure to find the ideal service structures, integrating UAV and Geographic Information

Systems. The proposed procedure is a tool that assists the decision-making process of

coordinating local logistics teams in various processes of care to the victims, mapping the

current situation with UAV and locating appropriate facilities to care for the affected

population.

It is important to note that due to disaster characteristics, the local service infrastructure

may not be available or have been destroyed. Thus, the proposed procedure may be used for

both the distributing network design and to the plane of refining the post-disaster with

updated data by means of the UAV.

The procedure is applied to a real crisis situation, based on post-disaster characteristics in

Duque de Caxias municipality in the state of Rio de Janeiro in 2013. The results involve

assessing the situation in the region in the post-disaster, the location of service facilities

within the affected area, the location of the supply centers, vehicle routing and distribution of

real-time information. With the application, we found that the procedure is able to generate

real-time information as well as assist the coordination teams in the choice of service points

and distribution of resources and organize routes in caring for victims.

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CAPÍTULO I

1. INTRODUÇÃO

Desastres podem ocorrer em qualquer lugar e a qualquer momento. Sua definição é de um

evento súbito, calamitoso e que interrompe as atividades de uma sociedade ou comunidade,

causa perdas humanas, materiais, econômicas ou ambientais e ultrapassa a capacidade de

recuperação no local atingido a seu estágio inicial antes de sua ocorrência (IFRC, 2008).

O crescimento desordenado das áreas urbanas, aliado à degradação ambiental, sobre

todos os ecossistemas, reflete em consequências graves para a população, que está cada vez

mais propensa a sofrer a ação de desastres naturais, tais como terremotos, tsunamis, furacões,

tornados, epidemias, secas e inundações (Van Wassenhove, 2006). Anualmente, cerca de 400

desastres naturais ocorrem ao redor do mundo e afeta aproximadamente 140 milhões de

pessoas. Inúmeros prejuízos materiais são contabilizados e cerca de 99 mil indivíduos foram a

óbito, conforme média observada entre os anos de 2003 a 2013 (GUHA-SAPIR et al., 2015).

Em 2014, o prejuízo material decorrente de desastres naturais correspondeu a uma quantidade

média de 99,2 bilhões de dólares. Além disso, um estudo desenvolvido pelas Nações Unidas

prevê que, para o ano de 2050, as perdas que envolvam desastres naturais podem chegar a 300

bilhões de dólares (LAVELL, 2003). Com esse panorama desenhado, se faz essencial uma

ajuda humanitária bem estruturada, buscando agilidade na resposta e, consequentemente, a

minimização do sofrimento humano.

No cenário nacional, também se verifica uma tendência crescente do número de desastres

naturais, de vítimas e prejuízos materiais. O Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e

Desastres (CENAD) divulgou que aproximadamente 18 milhões de pessoas foram afetadas

por desastres naturais em 2013 (CENAD, 2014) e 27 milhões de pessoas afetadas em 2014

(GUHA-SAPIR et al., 2015). Um número que representa 19,28% dos eventos mundiais

(GUHA-SAPIR et al., 2015). Dos desastres naturais que ocorrem no País, constata-se que a

estiagem é o desastre que mais afetou a população brasileira em 2013, seguida por chuvas

intensas e inundações, que juntos são responsáveis por 40,98% do número de óbitos e 53,18%

do número de enfermos. Esses números são justificados, principalmente, devido à má

utilização e ocupação do solo (CENAD, 2014). A TAB. 1.1 apresenta o histórico de desastres

registrados no Brasil.

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TAB. 1.1 - Danos humanos nacionais por tipo de evento de desastre, em 2013.

Eventos Óbitos Feridos Enfermos Desabrigados Desalojados Desaparecidos Outros Afetados

Estiagem 9 5.020 68.047 2.040 10.009 2 11.194.527 11.953.305

Chuvas

Intensas 30 468 3.607 25.585 103.278 5 1.604.303 1.757.668

Inundação 36 1.461 13.283 59.023 208.274 6 1.083.402 1.389.454

Outros 19 78 67.395 7.601 1.039 0 1.282.603 1.358.735

Enxurradas 38 787 2.324 17.266 118.074 92 778.694 931.608

Erosão 1 86 466 2.826 3.964 0 343.906 351.249

Alagamentos 4 279 4.306 44.330 48.260 0 180.641 277.820

Deslizamento 41 133 88 6.721 6.843 0 219.530 233.356

Granizo 1 95 8 5.551 9.967 0 160.315 176.936

Vendaval 4 166 33 4.553 6.552 0 107.432 123.735

Incêndio

Florestal 0 0 139 113 145 0 2.970 3.367

Geada 0 0 0 0 0 0 0 0

Total 183 8.573 159.696 175.609 516.405 105 16.958.323 18.557.233

Fonte: CENAD, 2014

Neste contexto, as operações humanitárias ganharam destaque na comunidade

internacional (KENT, 2004), assim como as operações de logísticas no segmento

(OVERSTREET et al., 2001), por possuírem papel essencial na operação de resposta no pós-

desastre (THOMAS, 2003).

Abusos e desperdícios tendem a ocorrer, a todo o momento, no processo de distribuição

até os beneficiários, motivado pela ineficiência e a desigualdade do sistema logístico

(MCCOY, 2013). Costa (2013) cita que para minimizar esta ineficiência, o projeto da rede de

distribuição de ajuda deve atuar de forma proporcional, equitativa e controlada. Thomas &

Kopczack (2007) e Van Wassenhove (2006) complementam que a eficiência logística é

ampliada no desenho da rede de distribuição, por ser planejada na fase de resposta e agregar a

responsabilidade do fluxo de bens e serviços por toda a cadeia de ajuda.

Outra forma de apoiar a operação de resposta e ampliar a eficiência logística é a

utilização das tecnologias de investigação e mapeamento da situação atual em tempo real.

Sandvik et al. (2014) consideram que a aplicação dos veículos aéreos não tripulados

(VANT) nas operações humanitárias podem favorecer o desenvolvimento de novas

possibilidades de atuação. O VANT é sugerido devido à rapidez com que as informações são

geradas e disponibilizadas às equipes de coordenação, destacando a avaliação local, a

detecção de áreas bloqueadas e a identificação de desastres secundários (XU ZHIQIANG et

al., 2014).

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Portanto, o estudo tem por objetivo propor um modelo para planejamento de seleção de

centros de distribuição para operações humanitárias na fase de resposta, utilizando as funções

de equidade. A construção do modelo de seleção dos centros de distribuição será conduzida

para eventos de início súbito, utilizando do referencial espacial estruturado por um SIG e

tecnologias VANT. A proposta é auxiliar as equipes de coordenação logística local nos

processos de atendimento às vítimas no pós-desastre, mapear a situação atual com veículo

aéreo não tripulado e identificar e estabelecer as melhores regras de posicionamento dos

centros de distribuição e roteamento de veículos. O trabalho é sustentado pelas aplicações em

logística humanitária dos trabalhos de Costa (2013), que permite entender o mecanismo de

seleção e decisão dos melhores locais de distribuição vinculado à cadeia de suprimentos, e

Bastos (2013), que propõe o uso de um modelo conceitual de banco de dados para logística

humanitária para apoiar opções de resposta, catalogando informações prévias e amparando a

tomada de decisões nos eventos de pós-desastre.

1.2 OBJETIVO GERAL E ESPECÍFICOS

O objetivo geral a ser alcançado neste trabalho consiste em desenvolver um procedimento

para a definição de centros de distribuição regional e local e para a roteirização de veículos, a

partir de dados geográficos emitidos por veículo aéreo não tripulado (VANT) na fase de

resposta a desastres de início súbito e com a utilização de sistemas de informações

geográficas (SIG). Este objetivo é baseado nos princípios que norteiam a logística

humanitária: humanidade, neutralidade e imparcialidade (TOMASINI & VAN

WASSENHOVE, 2004).

Os objetivos específicos deste trabalho são:

a) Avaliar as tecnologias e aplicações do veículo aéreo não tripulado (VANT)

para o mapeamento no pós-desastre em logística humanitária;

b) Verificar o uso de imagens geradas pelo VANT em um sistema de

informações geográficas (SIG);

1.3 JUSTIFICATIVA

Após um desastre natural (como terremotos, inundações, deslizamentos, incêndios ou

furacões), as vítimas precisam ser fornecidas com itens básicos de sobrevivência, como

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alimentos, medicamentos, cobertores, tendas, produtos de higiene e outros artigos de socorro

(BALCIK E BEAMON, 2008b). Assim, conhecer as características e a intensidade de um

desastre é fundamental para o planejamento da resposta (WANG et al., 2012) e as

consequentes ações de socorro e atendimento às vítimas, mediante a magnitude dos danos e

dos prejuízos provocados pelo evento calamitoso (TOMINAGA et al., 2009).

Holguín-Veras et. al (2012) menciona lacunas para o aprimoramento das estruturas

decisão, pautando a utilização de tecnologias de sensoriamento remoto, possivelmente

combinado com sensoriamento local, para avaliar o estado das redes de transporte e os locais

de entrega; modelos de roteamento que incorporem os custos de privação; e o planejamento

de pontos de distribuição local. Roh et al. (2013), por outro lado, avaliam o desenvolvimento

de estruturas de armazém virtual por tecnologias e algoritmos de decisão em tempo real, que

elevem a eficiência operacional e a visibilidade do inventário global da operação de ajuda.

Rath & Gutjahr (2014) analisa que, para a decisão das estruturas preposicionadas de

atendimento, primeiro deve-se analisar a localização dos centros de distribuição primários e

secundários (destinados à coleta, separação e distribuição dos recursos provenientes de

fornecedores e doadores) e depois, decidir sobre a localização e a designação dos pontos de

distribuição local que atenderá população na área afetada.

Por conseguinte, a dissertação é proposta com uma abordagem mais ampla no

planejamento de centros de armazenagem para distribuição no ambiente humanitário. Voltado

para um procedimento logístico de apoio à tomada de decisão, a dissertação foca a utilização

de tecnologias investigativas de mapeamento para aprofundar o conhecimento sugerido por

Holguín-Veras et. al (2012), Roh et al. (2013) e Rath & Gutjahr (2014). O procedimento

proposto nesta dissertação visa suprir de forma eficiente, ou seja, no menor tempo e no

atendimento ao maior número de indivíduos, a prestação de ajuda, além de auxiliar as

atividades de armazenagem (posicionamento e destinação), alocação (relacionamento da

demanda das regiões afetadas aos embarques) e entrega (seleção de veículo-rota relacionado

com as quantidades - produtos enviados a cada localização).

1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

O presente trabalho se encontra dividido em seis capítulos:

No Capítulo 1 (um) são apresentadas as considerações gerais sobre o tema, o objetivo, a

justificativa e a estrutura do trabalho.

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O Capítulo 2 (dois) apresenta uma revisão de literatura dos processos de armazenagem e

distribuição na logística humanitária para conceituar projeto de rede de distribuição.

No Capítulo 3, são apresentadas as diferentes tecnologias do VANT e suas aplicações na

logística humanitária, sendo levantados os principais casos em que esta tecnologia foi

utilizada em operações de resposta a desastres.

No Capítulo 4 (quatro), é apresentado o procedimento de posicionamento dos centros de

distribuição e roteirização de veículos para o processo de distribuição de suprimentos em

operações de resposta a desastres naturais, utilizando imagens captadas pelo VANT em um

sistema de informação geográfica.

No Capítulo 5 (cinco,) é apresentada uma aplicação do procedimento proposto,

utilizando-se o cenário pós-desastre do município de Duque de Caxias após a tragédia

ocorrida no Distrito de Xerém em 2013.

No Capítulo 6 (seis) são apresentadas as conclusões e recomendações deste trabalho.

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CAPÍTULO II

2. PROJETO DA REDE DE DISTRIBUIÇÃO FÍSICA NA LOGÍSTICA

HUMANITÁRIA

Este capítulo trata do estado da arte, procurando fundamentar os estudos relativos aos

processos de armazenagem e distribuição à logística humanitária, bem como à formação,

estrutura e atuação da rede de distribuição no pós-desastre.

Para efeito desta pesquisa, os processos de armazenagem e distribuição são direcionados

a elaboração do conceito de um protótipo da rede de distribuição. O conceito está vinculado

ao potencial oferecido para a distribuição dos recursos, na gestão do fluxo de materiais e

informações da operação até os beneficiários.

A busca pelo conhecimento, quanto aos periódicos citados neste capítulo, encontra-se

estruturado pela utilização combinada dos grupos de palavras “armazém”, “distribuição” e

“localização”, vinculado ao grupo de palavras referente aos eventos de interesse e utilizados

na revisão da literatura de Leiras et al. (2014) – “desastre”, “ajuda” e “logística humanitária”

– com a inclusão das palavras “emergência” e “crise” (FONTAINHA et al., 2015).

Embora esta pesquisa tenha por enfoque conceituar os elementos para o projeto da rede

de distribuição física, é feito uma abordagem mais genérica do procedimento estabelecido por

Costa (2013). O procedimento de Costa (2013) é o pilar de sustentação do protótipo da rede

de distribuição desta pesquisa.

2.1. CONCEITUAÇÃO DE LOGÍSTICA E ASSISTÊNCIA HUMANITÁRIA

A ajuda humanitária é a ação de alívio ao sofrimento de uma comunidade, provocada por

desastres de origens naturais (como tsunamis, enchentes, terremotos) ou antropogênicas

(como guerras e explosões nucleares) (THOMAS, 2003). Em algumas situações, a ajuda

humanitária também é compreendida como a desenvolvedora de projetos assistenciais,

destinados à redução e à eliminação das causas de vulnerabilidade e de pobreza (KOVÁCS &

SPENS, 2012).

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O Fritz Institute1 define a ajuda humanitária como a assistência prestada no salvamento

de vidas com o objetivo de aliviar o sofrimento e manter a dignidade humana (Thomas, 2003).

Em todos os lugares, cidadãos, governos e agências, podem iniciar a assistência humanitária,

atuando em conjunto com organizações coordenadoras (KOVÁCS & SPENS, 2012).

As agências de ajuda humanitária e organizações coordenadoras possuem o papel de

mobilizar recursos financeiros e de materiais, provenientes de doação (nacionais e

internacionais) (LEIRAS et al., 2014), e atuar como administradores dos beneficiários em

áreas vulneráveis por algum tipo de desastre (natural ou provocado pelo homem) (BALCIK &

BEAMON, 2008b). Desta forma, a logística faz parte do processo humanitário e de

assistência como integrador dos sistemas e atividades na mobilização de recursos,

conhecimento, pessoas e habilidades que venham a facilitar o processo de ajuda às vítimas em

áreas vulneráveis (Van Wassenhove, 2006).

O Council of Supply Chain Management Professionals2 define a logística como processo

responsável por todas as atividades de movimentação e armazenagem que facilitam o fluxo de

produtos desde o ponto de aquisição dos recursos até o ponto de consumo final, assim como

dos fluxos de informação que colocam os produtos em movimento, com o propósito de

providenciar níveis de serviços adequados aos clientes e ao melhor custo (POZO, 2008). No

contexto humanitário, a operação logística envolve processos bem definidos com o objetivo

de facilitar os fluxos de informações e de materiais ao longo da cadeia de abastecimento

humanitária (BALCIK & BEAMON, 2008b). Atuando desde as operações de transporte e

distribuição, armazenamento, importação e exportação, além da coordenação dos vários

processos integrantes na ação de busca e salvamento, a logística humanitária tem como foco o

atendimento igualitário de modo a minimizar o sofrimento e a perda de vidas humanas

(BEAMON 2004).

Os processos que envolvem a gestão de desastre (ou a gestão de emergência) são

divididos em um ciclo cronológico de quatro fases: mitigação, preparação, resposta e

1Organização sem fins lucrativos que trabalha em parceria com governos, organizações sem fins lucrativos e

empresas ao redor do mundo para inovar soluções e facilitar a adoção de melhores práticas nas fases de resposta

e recuperação de um desastre, de início súbito ou lento, de maneira rápida eficaz.

2Council of Supply Chain Management Professionals: Fundada em 1963, o instituto proporciona educação,

desenvolvimento de carreira e oportunidades de networking para os membros e para toda a profissão Supply

Chain Management. É o símbolo de formação internacional.

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recuperação (ANAYA-ARENAS & RUIZ, 2014). Altay & Green (2006), Haddow et al.

(2011) e McLoughlin (1985) sugerem que as quatro fases do ciclo cronológico da gestão de

desastre correspondam ao maior nível de abstração e de agrupamento dos processos e

atividades. Para os autores, as fases de mitigação e de preparação se iniciam antes da

ocorrência de um desastre, com o objetivo de reduzir as probabilidades de ocorrência e

minimizar seus possíveis impactos, e as fases de resposta e recuperação iniciadas após um

desastre, ajudando na minimização do sofrimento humano e na retomada do estado de

normalidade da população afetada. (ALTAY & GREEN, 2006).

Imediatamente após um desastre natural, a população afetada precisa ser atendida com

suprimentos de sobrevivência e recursos médicos (como água, alimentos, cobertores, abrigo,

medicamentos, produtos de higiene e outros) (RATH & GUTJAHR, 2014) e a infraestrutura

local, que se encontra inutilizada ou bloqueada, deve ser reconstruída para servir de suporte à

operação de resposta (BALCIK & BEAMON, 2008b). Assim, integrado na rede de fluxos de

bens, serviços, finanças e informações, o modelo da cadeia de abastecimento de resposta para

ajuda humanitária é construído por Thomas (2003), relacionando processos e atividades entre

doadores, beneficiários, fornecedores e diferentes organizações e agências com a finalidade de

prestar ajuda à população afetada (HOWDEN, 2009). O modelo da cadeia de abastecimento

para ajuda humanitária, em destaque na FIG. 2.1, esboça a ponte entre o conhecimento das

áreas de atividades logísticas e decisões (THOMAS, 2003), além de destacar os processos que

devem ser realizados antes e após um desastre no intuito de prevenir vidas humanas, reduzir o

impacto econômico e retomar a situação ao estado de normalidade antes da ocorrência do

desastre (ALTAY & GREEN, 2006).

FIG. 2.1 - A cadeia de abastecimento para ajuda humanitária

Fonte: Thomas, 2003.

O modelo de referência de Thomas (2003), para a cadeia de abastecimento, engloba os

processos prevenção, avaliação, mobilização, aquisição, armazenagem e movimentação,

transporte e avaliação de desempenho.

O processo de prevenção atua como parte do esforço de preparação da população, em

área vulnerável, na operação de resposta (ALTAY & GREEN, 2006), onde as avaliações e

atividades preliminares buscam entender e reduzir os graus de exposição da população frente

Prevenção Avaliação / Recursos Mobilização de recursos Aquisição / captaçãoArmazenagem e movimentação

Transporte e distribuição Avaliação de desempenho

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à calamidade (THOMAS, 2003). Na ocorrência de um desastre, a operação de assistência

deve trabalhar o mais rápido e preciso na avaliação da situação atual e apuração dos recursos

necessários à assistência às vítimas (THOMAS, 2003), auxiliando nas decisões a serem

tomadas dentro das primeiras horas (LEIRAS et al., 2014).

Um apelo preliminar de socorro por doações e dinheiro (até 36 horas após a ocorrência do

evento calamitoso) é feito aos doadores e fornecedores internacionais, regionais e locais

(RATH & GUTJAHR, 2014). Este apelo é o ponto de partida para a mobilização dos recursos

em larga escala, que dependem do tempo de chegada das informações nos pontos de

fornecimento e do transporte até os locais afetados (THOMAS, 2003).

Paralelo ao apelo preliminar de socorro por doações, ocorre o processo de

aquisição/captação iniciado como uma atividade de apoio na identificação e compra de

recursos diretos, equipamentos e serviços necessários à assistência (THOMAS, 2003), assim

como para as atividades de negociação com fornecedores, processos contratuais e

regulamentação de doadores e doações, entrega e pagamento das ordens de compras (pedidos)

(BLECKEN, 2009).

Todos os recursos/suprimentos são enviados para centros de armazenamento para

distribuição em posição estratégica no país que, a partir deste ponto, faz a distribuição para

centros de distribuição regional e local no atendimento às vítimas (BALCIK & BEAMON,

2008b). A operação de resposta é coordenada com relatórios que mensuram os níveis de

serviços de assistência durante e após o desastre. Os relatórios trabalham como notificações

prévias que ajudam a informar como as doações estão/foram empregadas e quais recursos

ainda são essenciais para a operação de resposta e reconstrução (THOMAS, 2003).

A seguir são detalhados apenas os processos de armazenagem e distribuição na logística

humanitária, dado que estes são o foco desta dissertação.

2.2.ARMAZENAGEM E DISTRIBUIÇÃO NA LOGÍSTICA HUMANITÁRIA

As estruturas de armazenamento são componentes essenciais ao sistema logístico,

projetados com a função de equilibrar flutuações de demanda e a manutenção dos custos

operacionais de transporte e de produção (BALLOU, 1992). A eficiência operacional da

estrutura de armazenagem compreende exigências burocráticas e operacionais para

flexibilizar as dimensões capacidade, recebimento, estocagem e distribuição para atender às

necessidades do mercado (CASTIGLIONI, 2009).

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O armazém, estrutura chave da cadeia de abastecimento, corresponde a uma configuração

da operacionalização do fluxo de distribuição (BALLOU, 1992), operado no sistema pull

(puxado), destinado a receber cargas consolidadas (just-in-time) de vários fornecedores a

serem, posteriormente, encaminhadas aos locais de atendimento (necessidades) – como

destacado na FIG. 2.2.

FIG. 2.2 - Processo geral de um armazém

Fonte: Autor, 2015.

A distribuição trata dos recursos em larga escala próximo aos locais de consumo

(demanda) e dos movimentos entre armazéns regionais (centralizado) e locais (em menor

escala, destinado à pulverização dos recursos conforme demanda) (BALLOU, 1992). Neste

aspecto, os centros de armazenagem, nos ambientes empresariais, estarão voltados na

promoção da capacidade de resposta rápida e no aumento do giro dos estoques. Magalhães

(2011, p.17) destaca que as atividades do armazém para distribuição são direcionadas a seis

macros funções:

Armazenamento temporário de bens e funções de inventário, de

forma a obter economias de escala na produção, transporte e

manuseamento de materiais ao distribuir os bens (se e quando existir

procura pelos mesmos). Este aspecto é relevante para uma empresa

devido à dificuldade em prever, com precisão, a procura para

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determinados sectores/produtos, tornando-se essencial possuir stock

(corrente e de segurança);

Proteção de bens, devido ao facto de um armazém ter de possuir

instalações e sistemas de proteção adequados para a guarda e

proteção dos produtos comercializados;

Planeamento e gestão de encomendas nacionais e internacionais,

para obter reduções de custos ao diminuir a frequência e

aumentando a dimensão das entregas;

Execução de tarefas de valor acrescentado, tais como embalagem de

produtos, preparação de encomendas cumprindo as especificações

de clientes, verificação de produtos recebidos e acréscimo de

componentes a produtos;

Serviços pós-venda, nomeadamente, tratamento de devoluções e

reclamações;

Atividades de identificação e faturamento de produtos (impressão de

documentação para transporte nacional ou internacional, tais como

guias de transporte e identificação de volumes através de numeração

e rotulagem, de acordo com as exigências dos clientes).

A obtenção de vantagem competitiva, em um armazém para distribuição, é alcançado

quando a operação compreende os mecanismos funcionais de agregação de valor no fluxo de

atividades do armazém (MAGALHÃES, 2011). Em síntese, a logística de distribuição em um

ambiente empresarial é fator determinante no posicionamento e na função das instalações de

armazenagem, coordenação dos fluxos de mercadorias e de informações de milhares de

pontos de vendas dos mais variados bens e serviços − uma definição integrada e estratégica

(BOWERSOX, 2001).

No setor de assistência e ajuda a desastres, a operação logística apresenta as mesmas

características que a logística empresarial na coordenação dos centros de armazenagem e

distribuição, com a diferença que os centros locais de atendimento à demanda são

temporários, ao em vez de permanentes, e a intenção está direcionada ao salvamento de vidas

(TZENG et al. 2007; BLECKEN, 2009). Os papeis entre os sistemas de distribuição

empresarial e de assistência se diferenciam quanto ao objetivo, papel, característica e trade-

offs (TZENG et al. 2007) e, que pode ser observado na TAB. 2.1.

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TAB. 2.1 - Comparação dos sistemas de distribuição empresarial e de assistência.

Comparação do sistema empresarial e humanitário de distribuição

Itens de comparação Distribuição Empresarial Sistema Humanitário

Objetivo do sistema Maximizar Lucro. Equidade e eficiência.

Papel dimensional

Fábricas. Pontos de recolha para commodities.

Centros de distribuição. Depósitos de transferência para

commodities.

Clientes. Pontos de demanda de commodities.

Características Instalações regulares.

Instalações temporárias. Existência substancial / tangível.

Planejamento / Programação

Longo prazo: localização.

Decisões urgentes com base nas

informações disponíveis.

Médio prazo: tamanho dos veículos da

frota.

Curto prazo: agendamento.

Trade-offs entre algoritmo de

eficiência e otimização Atenção dirigida na otimização. Ênfase da eficiência do algoritmo.

Modelos de entrega Entrega de ida e volta; entrega de

circulação. Entrega de ida e volta.

Fonte: Tzeng et al. (2007)

Os centros de armazenagem para distribuição humanitária são configurados com estoques

preposicionados em armazéns primários (BALCIK & BEAMON, 2008a), que terão a função

de identificar, separar e estocar os recursos provenientes das doações e ou dos fornecedores

homologados no sistema (BLECKEN, 2009). As tarefas, que referenciam a operação de

armazenagem, seguirão os níveis estratégico, tático e operacional, como referenciado na TAB.

2.3 propostas por Blecken (2009).

A execução das tarefas de referência para armazenagem, posicionada por Blecken (2009),

enfrentam dificuldades na implantação devido ao modo e a gravidade como os desastres

podem vir a ocorrer. Como a rede de distribuição está intimamente ligada aos fornecedores e

doadores e à capacidade de reação/atendimento, um novo projeto de rede de distribuição deve

ser avaliado para que resposta seja iniciada (RATH & GUTJAHR, 2014).

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TAB. 2.2 - Lista de tarefas de referência para armazenagem

Nível Tarefa Referência

Estratégico Plano da capacidade do armazém

Plano da rede do armazém

Tático

Plano de posicionamento de emergência

Plano de garantia da qualidade

Plano do layout do armazém

Definir política de controle de inventário

Operacional

Montar Kits

Garantir qualidade

Verificar recepção de mercadorias

Verificar qualidade

Expedir mercadorias

Contagem do estoque

Criar packing list

Criar folha de itinerário

Descarte de mercadorias

Emitir pedido de reposição

Marcar e identificar mercadorias (rótulos)

Monitorar ações

Seleção e embalo de mercadorias

Preparar documentos de embarque

Preparar certificações especiais

Preparar transferência de estoque

Receber mercadorias programadas e não programadas

Retornar mercadorias

Armazenar mercadorias

Movimentar e Transportar mercadorias de / para

Atualizar inventário

Verificar informações de remessa

Fonte: Adaptado de Blecken (2009, p.130-133) para a dissertação.

A avaliação da situação atual é submetida após o alerta de emergência (socorro) dado

pelas autoridades no país afetado, ou pela comunidade internacional dependendo da escala e

da gravidade do desastre/crise, no prazo de até 24 horas após a ocorrência do desastre

(ANAYA-ARENAS & RUIZ, 2014; BLECKEN, 2009). A avaliação situacional é

fundamental aos off-site logísticos por transformar informações em solicitações de recursos,

necessários à operacionalização da resposta (BALCIK & BEAMON, 2008a) que contará com

todas as formas de suprimentos possíveis (HOLGUÍN-VERAS et al., 2012).

Nas situações em que a cadeia de suprimento local não é afetada severamente pelo

desastre a recuperação é considerada rápida, e a população local pode ser abastecida pelos

próprios fornecedores locais (HOLGUÍN-VERAS et al., 2012) como um incentivo à

recuperação do estado de normalidade (ANAYA-ARENAS & RUIZ, 2014). Já em uma

situação severa, Holguín-Veras et al. (2012) analisam que o ser humano, a comunidade e a

infraestrutura necessária para a ajuda podem estar comprometidos ou destruídos, portanto, a

implantação de um novo sistema de transporte é importante para responder as necessidades

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locais e atender a população afetada (BALCIK & BEAMON, 2008b; RATH & GUTJAHR,

2014).

Assim uma das primeiras decisões a serem tomadas, após o reporte da avaliação da

situação atual, é o projeto da rede de distribuição dentro da área vulnerável (área afetada pelo

desastre) (HOLGUÍN-VERAS et al., 2012). A discussão do projeto da rede de distribuição

consiste na eleição do conjunto de centros logísticos, abrigos e pontos de distribuição local

temporário que serão utilizados na ajuda (ANAYA-ARENAS & RUIZ, 2014). Este projeto

levará em consideração o máximo da infraestrutura existente na região afetada, estabelecidos

previamente (antes da ocorrência do desastre) que apoiarão a operação (Costa, 2013).

A elaboração do projeto da rede de distribuição para resposta é abordada nos trabalhos de

Black & Beamon (2008a), Becker (2009), Silva (2011), Holguín-Veras et al. (2012), Costa

(2013), Rath & Gutjahr (2014) e Anaya-Arenas & Ruiz (2014), ao compreender o fluxo físico

dos recursos na cadeia de abastecimento humanitária vinda de diversas localidades, como

demostra a FIG. 2.3.

FIG. 2.3 - Fluxo físico dos recursos na cadeia de abastecimento humanitária.

Fonte: Adaptado de BALCIK & BEAMON (2008a)

Idealmente, no projeto da rede de distribuição para resposta, um centro de armazenagem

primário é estabelecido e preposicionado a um aeroporto ou porto para receber todos os

recursos de assistência (BALCIK & BEAMON, 2008a). A função deste centro é o de estocar

os recursos básicos de assistência, doações de comida, aquisições feitas por fornecedores e

outros (SILVA, 2011). A partir do centro de armazenagem primário, os recursos são

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destinados para os centros de armazenagem para distribuição regional, localizado em cidades

metrópoles, onde são armazenados, classificados e transferidos para os pontos de distribuição

local de assistência conforme necessidade (BALCIK & BEAMON, 2008a).

Os centros de armazenagem para distribuição regional são posicionados para

consolidação dos recursos de assistência (HOLGUÍN-VERAS et al., 2012), abastecendo

continuamente os pontos de distribuição local (PDDs). Dentre as atividades exercidas, que

farão parte do novo projeto de rede de distribuição, são destacados os serviços logísticos

integrados às operações de resposta com suporte técnico, gerenciamento da demanda,

licitações de controle de qualidade, armazenamento, recebimento, expedição, importação e

exportação (BALCIK & BEAMON, 2008a; BLECKEN, 2009; RATH & GUTJAHR, 2014).

A distribuição dos recursos, em volumes fragmentados para as áreas afetadas, é realizada

pelos pontos de distribuição local (PDDs) que recebem, além dos centros de distribuição

regional, remessas de recursos diretamente de fornecedores locais (BALCIK & BEAMON,

2008a; SILVA, 2011). Para a operação humanitária, este ponto de distribuição local é

indiferente à escolha, ou seja, podendo ser uma barraca, uma unidade pré-moldada e até

mesmo instalações existentes, como escola, igreja e ginásios (BALCIK & BEAMON, 2008a).

A configuração de localização do centro de armazenagem primário, segundo Balcik &

Beamon (2008a), é um fator decisivo para a resposta e, por isso, a localização do armazém

regional deve ser um ponto geoestratégico e bem relacionado com os processos de

distribuição de longo curso (próximo de um porto ou aeroporto, por exemplo).

Um dos principais problemas que ocorrem na operação de assistência é a dificuldade de

atualização das informações geográficas locais para a reestruturação das equipes (Xu

Zhiqiang et al., 2014), pois em determinados locais a acessibilidade de plataformas de

manipulação móvel, como veículos terrestres, é impossível (Danko et al., 2014).

Ainda, para o que o sistema de armazenagem para distribuição funcione até os locais

afetados, a localização é crucial, por interagir com clientes, fornecedores e outras

organizações e agências envolvidas no processo (BOWERSOX, 2001). A seção a seguir

discute os fatores de localização no contexto a logística humanitária.

2.3. FATORES DE LOCALIZAÇÃO NA LOGÍSTICA HUMANITÁRIA

As decisões de localização podem ser estabelecidas sob a forma qualitativa – fatores que

influenciam as escolhas de localização – e ou quantitativa – por uso de Sistema de Informação

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Geográfica (SIG) na identificação de segmentos de mercado e na melhor forma de atendê-los

(KRAJEWSKI et al, 2010).

A decisão de localização para qualquer operação deve ser determinada pela influência

dos fatores internos e externos à operação (SLACK, 2001, p. 179). Nos estudos de gestão

empresarial, Krajewski et al. (2010) organizam seis grupos de fatores preponderantes de

localização, sendo os fatores satisfação e atendimento ao cliente/consumidor com maior

relevância para as organizações de serviços. Slack (2001) propõe uma lista de fatores

relevantes à localização, dividindo a análise em duas etapas: a primeira por influência do

suprimento e a segunda por influência da demanda. Devido à semelhança dos fatores

propostos por Slack (2001) e Krajewski et al. (2010), é possível atribuir características iguais

para ambos, como apresentado na TAB. 2.4.

TAB. 2.3 - Grupos de fatores de localização Grupo de Fatores

Característica Slack (2001) Krajewski et al. (2010)

Suprimento

Custos da mão-de-

obra

Ambiente de trabalho

favorável

Disponibilidade de mão de obra, atitude em relação ao

trabalho, qualificação (educação e treinamento),

capacidade de atração de mão de obra para o local.

Custos da terra Serviços de utilidade

pública, impostos e

custos de imóveis.

Impostos locais, estaduais e federais, incentivos de

financiamento, serviços de utilidade pública (energia,

comunicação, água), infraestrutura, acessibilidade local

(chegada e saída). Custos de energia

Custos de

transporte Proximidade dos

mercados Proximidade dos locais de demanda.

Demanda

Adesão do local

em si

Imagem do local Qualidade de vida Desenvolvimento local, geração de emprego, estilo de

vida, facilidade de acesso pelos colaboradores.

Conveniência para

os clientes

Proximidade de

fornecedores e recursos

Quando dependente de recursos e insumos volumosos,

perecíveis e pesados, é enfatizado uma localização mais

próxima.

Habilidade da mão

de obra

Proximidade das

instalações da matriz

Ao fazer parte de uma rede de abastecimento, onde outras

unidades dependem de um ponto central de abastecimento,

a coordenação e a comunicação se tornam mais complexas

à medida que a distância aumenta.

Fonte: Autor, 2015.

O fator de localização dos centros de distribuição para resposta a um desastre é

determinado pela sua capacidade de resposta aos níveis de serviços logísticos da operação

humanitária (BALCIK & BEAMON, 2008a). Normalmente, os centros de distribuição

regional e os pontos de distribuição local são preposicionados, na fase de preparação, dado

um conjunto de fatores (ANAYA-ARENAS & RUIZ, 2014). Balcik & Beamon (2008a)

destaca inúmeros fatores a considerar no processo de escolha e indica os fatores “proteção”,

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“segurança” e “infraestrutura” como os que mais se destacam no processo de decisão na

operação de ajuda.

Roh et al. (2013) elaboraram um estudo para determinar os principais fatores de

localização a partir da experiência de vinte e cinco especialistas espalhados na América,

Europa, África e Ásia. O resultado do estudo é organizado em cinco critérios-chaves e vinte e

cinco subcritérios para se chegar à localização ideal do centro de armazenagem regional e dos

pontos de distribuição local, tal como apresenta a TAB. 2.5. Anaya-Arenas & Ruiz (2014, p.

61-62) complementa o estudo levantado por Roh et al. (2013) indicando três novos fatores:

limites de capacidade, fornecimento/aquisição e designação dos recursos.

TAB. 2.4 - Fatores para localização de armazém para operação humanitária

Critérios Chaves Subcritérios Descrição dos Subcritérios

Localização

Localização geográfica Localização geográfica física do armazém

Proximidade dos beneficiários Proximidade e a acessibilidade aos beneficiários

Local livre de desastre Zona de segurança. Fora do alcance de ser afetado por desastres

(provocados pela natureza ou pelo homem).

Opinião do doador A opinião dos doadores sobre a importância dos locais

Clima O impacto do clima na área

Proximidade com outro armazém A distância geográfica para outro armazém regional / local

Proximidade de locais sujeitos a

outros desastres

A distância geográfica da área de ocorrência de desastres

frequentes.

Logística

Aeroportos

Considera a capacidade para lidar com aeronaves de grande

porte, companhias aéreas nacionais e conexões possuindo

disponibilidade para tráfego com carga e capacidade operacional.

Porto Marítimo

Considera a acessibilidade aos portos marítimos, à frequência dos

serviços de transporte, a qualidade do porto marítimo, a manejo

dos recursos dentro da cidade portuária e a distância do armazém

principal / regional / local.

Rodovias Infraestrutura rodoviária considera o serviço de transporte por

caminhão, conexões com outros países e condições.

Armazém Considera a infraestrutura do armazém quanto à instalação,

segurança, capacidade e proximidade aos recursos urbanos.

Estabilidade do

País

Estabilidade política Decisões políticas estáveis ou mudança política

Estabilidade social Risco de manifestações ou protestos contra o governo

Estabilidade econômica Significativo crescimento do PIB e controle da inflação

(estabilidade)

Custo

Trabalho Custo do trabalho.

Terreno Custo da terra.

Armazenamento Custo de manutenção do armazenamento.

Reposição

Impacto da alteração dos custos no reabastecimento devido a

preços competitivos, produtividade e acesso de itens de ajuda

humanitária.

Logística Custo logístico do armazém para os beneficiários dentro do país.

Cooperação

Governo Acessibilidade das nações e de meios militares, ajuda financeira a

incentivos.

ONGs Internacionais Cooperação com informações, instalações, equipes (pessoal) e

outros, compartilhados no país. ONGs Nacionais / Locais

Nações Unidas

Países vizinhos Ajuda aos países vizinhos com itens de emergência, instalações e

outros recursos.

Agentes de logística Formar agentes de logística e arrendar/alugar/locar instalações

para logística

Fonte: Adaptado de Roh et al. (2013) para dissertação.

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Enfim, as decisões de localização afetam diretamente a operação de logística de resposta,

e as melhores formas de minimizar o problema é a analisar a decisão por modelos de

localização de facilidades (BRAHIMI e KHA, 2014) por procurar maximizar a satisfação dos

clientes em detrimento dos custos necessários para o alcance de tal objetivo (LORENA,

2001).

Esta dissertação trata do problema de localização de centros de atendimento e de

roteirização de veículos para operações humanitárias. O protótipo da rede de distribuição a

ser sugerida para esta dissertação tem como base o trabalho de Costa (2013), denominado

“procedimento para estruturação do processo de distribuição em operações de logística

humanitária”. A seção a seguir apresenta o procedimento proposto por Costa (2013).

2.4. PROJETO DA REDE DE DISTRIBUIÇÃO: COSTA (2013)

Costa (2013) propõe um procedimento para a estruturação da rede logística, considerando

em especial o problema de localização de facilidades. O procedimento de Costa (2013) é

dividido em cinco estágios integrados, como apresenta a FIG. 2.4.

FIG. 2.4 - Etapas do procedimento de apoio às ações humanitárias em desastres naturais.

Fonte: Costa (2013).

O primeiro estágio do procedimento de Costa (2013), “identificação e delimitação da

região atendida”, identifica e caracteriza as condições das áreas habitadas na região afetada.

Esta etapa define um referencial espacial de localização, orientação e distância para apoiar a

rede de distribuição de ajuda, como previsto nos trabalhos de Thomas (2003), Altay & Green

(2006), Balcik & Beamon (2008b), Blecken (2009) e Rath & Gutjahr (2014) na avaliação da

situação atual no pós-desastre. O estágio possibilita que a equipe de coordenação tenha um

mapa matricial de orientação para o projeto da rede das regiões comprometidas.

O mapa de orientação trabalhará sob a classificação “livre”, “afetada” e “crítica” em

função dos quesitos “integridade das construções”, “acessibilidade e mobilidade”,

“interrupção de serviços essenciais e do acesso a alimentos”, “número de vítimas” (feridas e

Identificação e delimitação da região atingida

Estimativa da demnaa de abastecimento

Identificação da infraestrutura

Classificação da insfraestrutura

Definição da rede de distribuição

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fatais) e “quais instalações para distribuição poderão de utilizadas na resposta” (podendo ser

fixas e ou móveis) (COSTA, 2013).

O segundo estágio vincula a estimação da quantidade de itens/recursos de abastecimento

e dos locais necessários para armazenagem. Costa (2013) estima a população impactada pela

densidade demográfica da região atingida e, com base neste dado, estima à demanda e a

quantidade de armazéns necessários para o atendimento.

O terceiro estágio estabelece a identificação dos possíveis pontos de distribuição local

(como escolas, igrejas, clubes, associações atléticas, depósitos, transportadores e outras

instalações) que possam apoiar a operação. A ação é estabelecida previamente e registrada em

um banco de dados, pois quanto maior for o banco de dados, maior será o alcance às áreas

afetadas (COSTA, 2013).

Após a identificação das possíveis instalações locais e posicionamento no mapa matricial

de orientação, o terceiro estágio refere-se à classificação da infraestrutura quanto à capacidade

de atendimento. As instalações poderão ser fixas e ou temporárias. Costa (2013) estabelece o

crivo “pontos de distribuição” para instalações fixas e familiares aos demandantes afetados,

como ponte de integração entre população e redes colaborativas de ajuda, e “centros

temporários de distribuição” para instalações temporárias (tendas ou veículos de grande porte)

onde não houver infraestrutura disponível. É proposto um algoritmo para determinar as

instalações que trabalharão como “pontos de distribuição”, a qual zona desta irá atender, onde

serão os “centros temporários de distribuição” e qual “ponto de distribuição” será responsável

por seu suprimento, trabalhando também como um depósito intermediário.

Ao final, a rede de distribuição é construída. A localização dos pontos de distribuição de

atendimento local e as definições de atendimento dentro da região crítica e afetada, que não

dispõem de infraestrutura fixa disponível, serão apresentadas e consolidadas. Esta ação

corresponde ao quinto estágio do procedimento.

A forma como cada um destes cinco estágios foi modelado por Costa (2013) é destacado

a seguir, para uma abstração maior da estruturação do processo de distribuição física em

operações de logística humanitária.

O primeiro estágio consiste na identificação e delimitação da região atingida a partir da

seleção do mapa de coordenadas da região afetada. Costa (2013) propõe o estabelecimento de

uma distância máxima de caminhada e o dimensionamento das sub-regiões impactadas

(SRIs).

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As sub-regiões impactadas (SRIs) correspondem a um referencial espacial que divide a

região impactada em áreas quadradas adjacentes de mesma dimensão, como destaca a FIG.

2.5. As SRIs consideram a distância máxima de caminhada como o fator humanitário para

reduzir o sacrifício da população em busca de ajuda.

TAB. 2.5 - Configuração da Sub-região Impactada (SRI).

Fonte: Costa (2013).

O segundo estágio busca estimar a demanda de abastecimento a partir do número de

pessoas afetadas por quilometro quadrado, o número de pessoas afetadas pelo desastre e a

quantidade de pessoas que demandarão ajuda.

Estabelecida à capacidade necessária de atendimento (demanda), determina-se a

capacidade de armazenamento necessário para atendimento em m².

O terceiro e quarto estágios são destinados à identificação e classificação da estrutura

considerando: (a) a criação do banco de informações de identificação dos possíveis pontos de

distribuição que possam apoiar a operação e as condições mínimas de espaço operacional

reconhecido pela sociedade local; e (b) a classificação dos possíveis pontos segundo a

capacidade para se tornar um ponto de distribuição ou um centro temporário de distribuição.

O quarto estágio é a definição da rede de distribuição a partir da definição dos pontos de

distribuição para atendimento à população das sub-regiões impactadas (SRIs). Costa (2013, p.

102-104) apresenta as seguintes observações quanto ao Estágio V:

1. A localização dos pontos de atendimento nas SRIs é considerada no ponto central

de cada quadrado (centroide por sub-região) com as suas localizações definidas

pela linha e a coluna de referência de cada área;

2. A distância entre os pontos será euclidiana, com a aplicação de um fator de

correção referente à sinuosidade do trajeto considerado linear;

3. A estrutura da solução considera os seguintes conjuntos e variáveis:

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I = {i | i = PDDs com capacidade disponível para atender SRIs; i = 1...n}.

J = {j | j = SRIs em que não haja PDD para atendimento; j = 1...m}.

C = {ci | ci = número de SRIs que a instalação i I é capaz de atender; i = 1...n}.

Isel é o conjunto dos subconjuntos de I cuja soma das capacidades dos seus

elementos é maior ou igual ao total da área necessária para atender às SRIs j

J.

Imin é o conjunto dos elementos de Isel, de menor dimensão.

Isol é o conjunto das combinações (ik, j), onde ik é um elemento do conjunto de

ordem k pertencente à Imin e j J, que têm a solução de menor distância total

entre ik e j(∑ ∑ 𝑑𝑖𝑗𝑖𝑗 ) dentre todas as alternativas do conjunto de ordem k

pertencente à Imin.

𝑑𝑖𝑗 é a distância corrigida entre um ponto de atendimento e uma SRIs j.

Distsol é o conjunto das distâncias dij dos elementos do conjunto Isol.

S é o conjunto solução de pares ordenados (i, j) de menor distância total

(∑ ∑ 𝑑𝑖𝑗𝑖𝑗 ) dentre os elementos de Isol.

4. São considerados pontos de distribuição os locais que suprirem centros

temporários de distribuição e que atendam aos seguintes requisitos:

a) áreas disponíveis superiores às necessárias para o atendimento das respectivas

sub-regiões impactadas sob sua responsabilidade;

b) área excedente livre de um possível ponto de distribuição corresponder à

demanda de, no mínimo, mais uma SRIs; com isto a capacidade total de um

ponto de distribuição possível ser localizado na área i deve ser ≥ 2 . 𝐴𝑎.

Enfim, o procedimento para estruturação do processo de distribuição proposto por Costa

(2013) atende com propriedade a complexidade das operações de logística humanitária. O

estudo permite entender o mecanismo de seleção das alternativas de distribuição, vinculado à

rede, assim como oportunizar a decisão mais segura. Porém, para aumentar os níveis de

confiabilidade e performance do modelo proposto, Costa (2013) indica como sugestão para

futuros trabalhos a utilização do referencial espacial estruturado por um Sistema de

Informações Geográficas (SIG) devido à sua maior precisão. Desta forma, a proposta da

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dissertação, aqui desenvolvida, irá utilizar do estudo inicial de Costa (2013) para formalizar o

protótipo da rede de distribuição, vinculando SIG e tecnologias investigativas.

Uma diferença desta dissertação, com o trabalho de Costa (2013), é a formalização do

projeto da rede de distribuição por tecnologias investigativas, que, por serem mais rápidas e

mais ágeis, permitem que as equipes cheguem até os locais mais hostis, favorecendo avaliação

situacional, detectando áreas bloqueadas e desastres secundários (XU ZHIQIANG et

al.,2014). Outra diferença consiste na utilização de SIG, devido à sua maior precisão, e a

agregação ao procedimento da etapa de roteirização de veículos.

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38

CAPÍTULO III

3. TECNOLOGIAS E APLICAÇÕES DO VEÍCULO AÉREO NÃO TRIPULADO

A proposta deste terceiro capítulo é vincular as tecnologias e aplicações do veículo aéreo

não tripulado (VANT) às operações de logística humanitária. O desenvolvimento do capítulo

inclui uma revisão de literatura para compreender os tipos de tecnologias disponíveis que são

vinculadas ao VANT e as experiências da aplicação na logística humanitária.

O capítulo é dividido em duas partes: a primeira é uma passagem rápida de

contextualização do VANT no ambiente militar e civil; e a segunda, direcionada ao uso do

VANT no setor humanitário.

A revisão segue as diretrizes propostas por Dollaghan (2007), que cita a oportunidade de

novos conhecimentos quando uma síntese entre múltiplos estudos de contribuição científica,

com base em critérios adequados e procedimentos explícitos e transparentes, são

parametrizados.

O protocolo de pesquisa da revisão narrativa deste capítulo foi estabelecido por uma

estrutura base de pesquisa; critérios de inclusão e exclusão de textos; definição de palavras

chaves; e período de busca.

As bases selecionadas para estudo e revisão foram: a Web of ScienceTM Core Collection, a

Science Direct e a Scopus. A combinação de palavras para cada uma destas bases segue a

estrutura elaborada em grupos. O primeiro grupo evidencia o VANT, ao selecionar os termos

“veículo aéreo não tripulado”, “drone” e “planador”. O segundo grupo faz referência aos

eventos de interesse e são estruturados conforme cita Leiras et al. (2014) e Fontainha et al.

(2015) – “desastre”, “ajuda”, “logística humanitária”, “emergência” e “crise”.

O resultado do conjunto de palavras ([“VANT” OU “drone” OU “planador”] E

[“desastre” OU “ajuda” OU “logística humanitária” OU “emergência” OU “crise”]) é

aplicado às três bases de pesquisa. Com relação ao protocolo definido à pesquisa, exclusões

foram realizadas sobre o critério: título e resumo são lidos e esclarecidos; quando da dúvida

ou da indefinição do conteúdo do artigo, o texto é analisado na íntegra. Aos resultados

vinculados à base Science Direct, foi aplicado o critério “exclusão” e desconsiderados na

busca os tópicos “archaeological, parasitology, biologic, orbs and espace euro”.

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FIG. 3.1 - Resumo das bases pesquisadas

Fonte: Autor, 2015.

21

313

348

4

69

65

0 100 200 300 400 500

UAV and Humanitarian

UAV and disaster

UAV and humanitar* or

disaster or relief

Scorpus

1º Busca

Filtro

9

122

135

4

38

42

0 50 100 150 200

UAV and Humanitarian

UAV and disaster

UAV and humanitar* or

disaster or relief

Web of Science

1º Busca

Filtro

31

222

332

10

14

25

0 100 200 300 400

UAV and Humanitarian

UAV and disaster

UAV and humanitar* or

disaster or relief

Science Direct

1º Busca

Filtro

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FIG. 3.2 - Resumo do número final de artigos

Fonte: Autor, 2015.

Ao final da pesquisa, os resultados de cada base são cruzados, como destacado na FIG.

3.1 e FIG. 3.2, para analisar o quantitativo real de textos e iniciar o estudo proposto neste

capítulo. Trinta e cinco resultados (apenas artigos) passam a ser considerados como “materiais

de referência” para estudo.

O resumo dos trinta e cinco resultados é destacado na TAB. 3.1, organizados pelo ano de

publicação em ordem crescente, tipo de veículo utilizado e a contribuição no ciclo de vida do

desastre ou à Logística Humanitária. Após leitura, discussão e organização dos trinta e cinco

artigos, optou-se desconsiderar os artigos que estavam em chinês, japonês e ou coreano,

assinalando “não” para a coluna “contribui para a logística humanitária?”.

Total de artigos localizados:

348

Total de artigos selecionados:

35

Resultado final

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TAB. 3.1 - Análise geral dos periódicos quanto à contribuição na Logística Humanitária (LH).

Autor (s) Veículo aéreo não tripulado

utilizado / citado no periódico

Contribui para o (a)

Ciclo de Vida? LH?

(1) (2) (3) (4)

Schawe et al. (2002) Planador Não

Ambrosia et al. (2003) Planador x x x Sim

Harmon et al. (2005) Drone / planador / balão x x Sim

Palazzi et al. (2005) Drone Não

Yoohwanhee et al. (2006) Drone Não

Murphy et al. (2008) Drone / planador x Sim

BIRK et al. (2009) Drone x x Sim

Gong et. Al (2010) Drone / planador x Sim

Habib et al. (2010) --- x x x x Sim

Kulkarni et al. (2010) Drone Não

Lentilhac et al. (2010) Drone Não

Murray et al. (2010) Drone / planador x Não

Zhou et al. (2010) --- Não

김민규 et al. (2010) Drone x x x Sim

Chang-Chun et al. (2011) --- x x x Sim

Kim et al. (2011) Drone / planador / balão x x x x Sim

Maza et al. (2011) Drone x x Sim

Stefanik et al. (2011) Drone Não

유동원 et al (2011) Drone Não

윤호 et al. (2011) Drone x x Sim

Gong et. Al (2012) Drone / planador x x Sim

Jung et al. (2012) --- x x Sim

남수현; 최명환 et al. (2012) --- Não

박진희 et al. (2012) Drone x Não

Kruijff et al. (2013) --- x Sim

이인수 et al. (2013) Drone Não

Lin et al. (2013) Drone / planador x Sim

윤부열 et al. (2014) Drone / planador Não

Danko et al. (2014) --- x Sim

Kang et al. (2014) Drone x x x Sim

Krawiec et al. (2014) Drone / planador x Sim

Sandvik et al. (2014) Drone x Sim

Tuna et al. (2014) Drone x Sim

김덕인 et al. (2014) Drone Não

Xu et al. (2014) Drone x Sim

Fonte: Autor, 2015.

3.1.VEÍCULO AÉREO NÃO TRIPULADO

O Brasil é responsável por gerenciar e administrar uma área equivalente a 8.511.965 km²,

mais o espaço sobrejacente à área oceânica, que se estende até o Meridiano 10ºW, perfazendo

um total de 22 milhões de km² (BRASIL, 2013a). Para garantir a integridade da população

dos perigos e riscos no espaço aéreo, o Brasil utiliza de uma estrutura bem definida de

aerovias, procedimentos de subida e descida, delimitação de áreas condicionadas que

restringem, proíbem ou alertam sobre possíveis perigos aos aero navegantes, e procedimentos

e regras de utilização das aeronaves no espaço aéreo (BRASIL, 2013a).

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A Gestão do Tráfego Aéreo no Brasil é sensibilizada por normas e procedimentos

recomendados pela Organização de Aviação Civil Internacional (OACI), no intuito de

equilibrar a segurança, a necessidade dos usuários e a capacidade disponível de infraestrutura,

respeitando as condições meteorológicas e as limitações operacionais das aeronaves. Para

Gerenciar o Tráfego Aéreo, o Brasil utiliza de três segmentos denominados de

“Gerenciamento do Espaço Aéreo”, “Gerenciamento de Fluxo de Tráfego Aéreo” e “Serviços

de Tráfego Aéreo”, que são específicos e complementares (BRASIL, 2010).

O veículo aéreo não tripulado (VANT), também conhecido como aeronave remotamente

pilotada (ARP ou RPA), está sujeito às mesmas regras do ar, estabelecidas pelo Departamento

de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) - subordinado ao Ministério da Defesa e ao Comando

da Aeronáutica. A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) é responsável por analisar e

aprovar todos os propósitos de voos no território nacional, independentemente do tipo de

equipamento.

Todos os VANT que voam no espaço aéreo brasileiro seguem a Circular de Informações

Aeronáuticas AIC N21/10, publicado pelo DECEA. Segundo a AIC N21/10, os voos com

VANT deverão ser realizados em espaços aéreos condicionados, devido à ausência de pilotos

abordos da aeronave e da impossibilidade de cumprir requisitos previstos nas legislações

aeronáuticas, e por autorização prévia, a ser julgado quanto aos aspectos concernentes à

segurança dos usuários do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro. A AIC N21/10

inclui seis requisitos quanto ao voo com VANT:

i. a operação de qualquer tipo de VANT não deverá aumentar o risco

para pessoas e propriedades (no ar ou no solo);

ii. a garantia de manter, pelo menos, o mesmo padrão de segurança

exigido para as aeronaves tripuladas;

iii. a proibição do voo sobre cidades, povoados, lugares habitados ou

sobre grupo de pessoas ao ar livre;

iv. os VANT deverão se adequar às regras e sistemas existentes, e não

receberão nenhum tratamento especial por parte dos Órgãos de

Controle de Tráfego Aéreo;

v. o voo somente poderá ocorrer em espaço aéreo segregado, definido

por NOTAM, ficando proibida a operação em espaço aéreo

compartilhado com aeronaves tripuladas; e.

vi. quando for utilizado aeródromo compartilhado para a operação do

VANT, as operações devem ser paralisadas a partir do início do táxi

ou procedimento equivalente até o abandono do circuito de tráfego,

na sua saída, e da entrada no circuito de tráfego até o estacionamento

total, na sua chegada.

(BRASIL, 2010, p. 5).

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No Brasil, o VANT é caracterizado como qualquer tipo de veículo aéreo que permaneça

no ar de forma intencional, independente de sua forma, peso e tamanho, e controlado

remotamente. Conceitualmente, é um projeto para operar sem tripulação e possuir carga útil

embarcada para o cumprimento de uma missão ou objetivo específico (BRASIL, 2010 e

BRASIL, 2014).

Dentre as nomenclaturas utilizadas para veículo aéreo não tripulado no ambiente militar e

civil, os mais conhecidos são: drone, VANT, RPA e RPAS, cujas caracterizações são

apresentadas na TAB. 3.2.

TAB. 3.2 - Nomenclaturas utilizadas para Veículos Aéreos não Tripulados.

Nomenclatura Características Exemplo Imagem

Drone

Nome comercial nos Estados Unidos para

definir veículo aéreo não tripulado. Caracteriza-

se por qualquer objeto voador não tripulado

para fins profissionais, recreativo, militar,

comercial e outros (BRASIL, 2015).

Quadricóptero FPV

Hubsan H107d de

fabricação comercial.

Veículo Aéreo Não

Tripulado (VANT)

É a terminologia oficial, prevista pelos órgãos

reguladores brasileiros do transporte aéreo, de

caráter não recreativo e possuidor de carga útil

(BRASIL, 2015).

Horus FT 100: VANT

de fabricação

brasileira e integrado

ao Exército.

Aeronave

Remotamente

Pilotada (RPA ou

ARP)

É definido como “Aeronave Autônoma” e uma

subcategoria de VANT. Seu uso é proibido no

Brasil por ser programada e não permitir

intervenção externa durante a realização do voo

(BRASIL, 2015). Hermes 450: VANT

de fabricação

israelense integrado à

esquadra da FAB

desde 2011.

Sistemas de

Aeronaves

Remotamente

Pilotadas (RPAS)

Um RPAS é um tipo de RPA que envolve todos

os recursos do sistema que o faz voar: a estação

de pilotagem remota, o link ou enlace de

comando que possibilita o controle da

aeronave, seus equipamentos de apoio, e outros.

(BRASIL, 2015).

Fonte: Autor, 2015.

Os veículos aéreos não tripulados podem ser construídos para diversas finalidades, como

reconhecimento e combate (para obtenção de informações de inteligência e ataque), logística

e atividades comerciais (específicos para operação com carga) e pesquisa e desenvolvimento

(para geração de conhecimento e desenvolvimento tecnológico de integração às aeronaves não

tripuladas).

O desenvolvimento tecnológico permite empregar o VANT nas mais diversas áreas e nos

mais diversos propósitos. O DECEA cita os propósitos de filmagens, fotografias, atividades

agrícola, missões militares, mapeamento geográfico, combate ao crime, patrulha de fronteiras,

monitoramento meteorológico e defesa civil como os mais aplicados e ainda, que suas ações

ainda estão em desenvolvimento (BRASIL, 2015).

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3.2. TECNOLOGIAS E APLICAÇÕES

O veículo aéreo não tripulado (VANT) é definido, pela Força Brasileira, como

“tecnologia investigativa” para áreas de difícil acesso e de alta complexidade. Sua utilização

está diretamente relacionada à atividade militar (com monitoramento de fronteiras,

espionagem, localização de alvos e apoio às tropas em solo) assim como à atividade civil (na

inspeção de dutos e canais, agricultura, monitoramento de tráfego e de linhas de transmissão).

A estrutura operacional de um VANT é dividida em módulos, denominados: módulo de

voo, módulo de controle em solo e módulo de comando e controle; além da força humana,

necessária à operação, e da infraestrutura de apoio (BRASIL, 2014). A interação entre estes

módulos é esquematizada na FIG. 3.3. O módulo de voo é constituído por equipamento

(aeronave, motores, combustível e sistemas embarcados) e carga paga (optrônicos, rádios,

armamento e outros), que são específicos de cada missão (BRASIL, 2014). O módulo de

controle em solo envolve os componentes fixos e móveis da estação de controle de solo,

destinado à condução da missão, controle da aeronave e da operação da carga paga (BRASIL,

2014). O módulo de comando e controle é responsável pela transmissão dos dados da carga

paga e pela comunicação aos órgãos de Controle de Tráfego Aéreo (BRASIL, 2014).

FIG. 3.3 - Esquema ilustrativo dos componentes de um VANT.

Fonte: EB20-MC-10.2014 (BRASIL, 2014).

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A escolha do tipo de aeronave não tripulada depende da escolha e da capacidade de

adaptação dos sensores úteis a bordo para executar a missão. Os sensores mais comuns para

as aeronaves remotamente pilotadas são os eletro-óptico (EO), as câmeras de cores vermelho,

verde e azul (RGB), as câmeras de infravermelho (NIR), as câmeras termais (TIR), os

sensores de detecção e os mecanismos de disparos de armas (MURRAY et al.,2010).

Os modelos de veículo aéreo não tripulado se baseiam nas concepções: dirigível,

helicóptero e avião; e as regras aerodinâmicas, físicas e geométricas (MEDEIROS, 2007). A

escolha entre dirigível, helicóptero e avião é estabelecida conforme o propósito da missão, as

condições de campo, investimentos, trajetória e outros (MEDEIROS, 2007). A comparação

entre estas três concepções (escolha de aeronave) é apresentada na TAB. 3.3.

TAB. 3.3 - Vantagens e desvantagens entre as concepções de VANT.

Concepção Avião Helicóptero Dirigível

Aspectos Vantagem Desvantagem Vantagem Desvantagem Vantagem Desvantagem

Pouso e

decolagem

Necessidade de uma

área para pouso e

decolagem

Em qualquer

lugar pousa e

decola

Decola em

qualquer

local

Necessita de

uma área de

pouso

Trajetória Possui a

capacidade de

realizar a rota

Possui a

capacidade de

realizar a rota

determinada

Depende das

condições de

vento para

seguir na rota

Condições

climáticas

Possui um grau de

tolerância maior

para voar com

ventos

Possui um

grau de

tolerância

maior para

voar com

ventos

Possui uma

baixa

tolerância em

condições de

ventos

Custos Possui um custo

de construção e

manutenção

relativamente

baixo

Alto custo de

aquisição e

manutenção

Alto custo de

aquisição e

manutenção

Transporte Possui recurso de

desmonte

Fácil

transporte e

locomoção

Difícil de

transportar

devido ao

grande volume

do reservatório

de gás

Transporte

de carga

Suporta uma

carga

considerável

Suporta uma

carga

considerável

Não suporta

uma carga

considerável

Fonte: Medeiros (2007).

Em outras situações, o VANT pode ser construído com multirotores e comumente

chamados de drones. Este tipo de construção permite que a aeronave tenha um desempenho

de voo melhor. A vantagem na utilização dos equipamentos aéreos não tripulados com

multirotores está no conjunto tecnológico de estabilização autônoma, pouso e decolagem

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vertical em espaço restrito, programação, baixo peso da plataforma, câmeras especiais,

integração com a estação base e capacidade de customização e convergência de tecnologias.

3.2.1 VANT E AEROFOTOGRAMETRIA

A fotografia aérea, também conhecida por aerofotogrametria3, é amplamente utilizada no

ambiente civil e militar para determinar forma, dimensão e posição de objetos contidos em

uma imagem. A fotogrametria permite executar medições precisas de mapeamento

topográfico (MEDEIROS, 2007), assim como apoiar às equipes de campo na obtenção dos

dados qualitativos e quantitativos em tempo real. Seu uso é aplicado à solução dos mais

diversos problemas de planejamento e gerenciamento (CARVALHO & ARAÚJO, 2009),

além de ser impulsionado pela confiabilidade das informações que são geradas pelos

processos de registro, medição e interpretação das próprias imagens fotográficas (LOCH &

LAPOLLI, 1989).

A aerofotogrametria pode utilizar de diversas plataformas, como satélites, aeronaves

tripuladas (avião ou helicóptero) e aeronaves não tripuladas (balão, dirigível, drone, VANT ou

RPAS). Os dados provenientes de satélites, que incluem as gravações das imagens em

movimento (videografia), são plataformas que garantem a estabilidade e confiabilidade das

imagens, porém apresentam limitações de resolução (baixa resolução temporal, média

resolução espacial e interferências atmosféricas) que afetam o processo de montagem de

mosaicos (MEDEIROS, 2007). As fotografias obtidas por aeronaves, tripuladas ou não

tripuladas, proporcionam fotos com resolução espacial melhor por vincular condições

meteorológicas e sinais de satélites captados por GPS durante o voo (CARVALHO &

ARAÚJO, 2009; MEDEIROS, 2007; LOCH & LAPOLLI, 1989).

Em trabalhos que envolvem grandes áreas o uso de VANT, por exemplo, pode agilizar o

processo de interpretação de parâmetros que seriam difíceis, demorados ou onerosos, caso

fossem obtidos única e diretamente no campo por um satélite ou uma aeronave tripulada

(CARVALHO & ARAÚJO, 2009). A aerofotogrametria em voos com VANT permite que as

equipes de campo analisem informações integradas aos processos de registro, medição e

3 Aerofotogrametria: é a ciência e a arte de se obterem medidas dignas de confiança por meio de fotografias

(MARCHETTI; GARCIA, 1989, p. 13).

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interpretação, e a custo mais acessível (CARVALHO & ARAÚJO, 2009; LOCH &

LAPOLLI, 1989).

A integração VANT-AEROFOTOGRAMETRIA inclui um planejamento meticuloso,

detalhando os objetivos do voo, o tamanho da área a ser sobrevoada, a seleção do tipo de

aeronave e de carga paga (IBGE, 2015a), os pedidos de liberação/autorização de voo junto a

ANAC (caso Brasil), além do conhecimento meteorológico e da seleção da ferramenta

colaborativa de manipulação gráfica e/ou não gráfica das imagens digitais obtidas no final do

voo (FILHO & IOCHPE, 1996).

Nos voos com captação de imagens digitais que ocorrem com VANT, as imagens podem

ser integradas ao Sistema de Informações Geográficas4 (SIG) (TEMBA, 2009). O processo de

aerofotogrametria nos voos de VANT pode ser configurado em um fluxo lógico a partir dos

estudos de IBGE (2015a), Temba (2009), Carvalho & Araújo (2009), Medeiros (2007), Filho

& Iochpe (1996) e Loch & Lapolli (1989). O fluxo geral deste processo é esquematizado na

FIG. 3.4.

FIG. 3.4 - Processo operacional de mapeamento.

Fonte: Autor, 2015.

4 Ferramenta colaborativa de manipulação gráfica e não gráfica de dados geográficos. Integra diversos

programas, equipamentos, processos, usuários, dados e metodologias; visa à captura, armazenagem,

manipulação, análise, gerenciamento e consulta de dados georreferenciado para a solução de problemas de

planejamento e gerenciamento (FILHO & IOCHPE, 1996).

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É importante frisar que enquanto o VANT não possuir os sistemas embarcados, ele é

considerado um aeromodelo. O que torna o aeromodelo em um VANT é o seu sistema

embarcado, composto por um sistema inercial (que é um GPS) e uma câmera digital. Durante

o voo, o sistema registra imagens brutas que serão interpretadas (ou seja, processadas). No

processamento das imagens são aplicadas correções de distorções das lentes e as variação do

relevo para a geração da ortofoto. A ortofoto é similar a um mapa de traço que pode ser

utilizado para fazer medidas lineares, angulares e vetoriais.

As imagens digitais fotogramétricas podem ser integradas ao SIG pelo sistema digital de

plotagem denominado DVP (em inglês, Digital Video Plotter) ou pelo sistema digital de

fotogrametria denominado DPS (em inglês, Digital Photogrammetric System). O DVP e o

DPS têm a função de reconstruir a equivalência geométrica entre fotografia e filme, ou seja,

restabelecer a posição exata de cada fotografia no momento da exposição antes de integrar ao

SIG. Os arquivos digitais gerados pelo DVP ou DPS traduzem as informações espaciais sobre

operações algébricas, usadas pelo SIG no cruzamento de dados (BRASIL, 2014; TEMBA,

2009).

3.2.2 CONSTRUÇÕES MILITARES

Em 2010, o Ministério da Defesa reconheceu o caráter estratégico dos VANT para a

Defesa Nacional e consolidou o Programa Horus junto às Formas Armadas do Brasil como

um Produto Estratégico de Defesa (PED) pela portaria nº 2.640/MD. Os VANT militares

produzidos pelo Exército Brasileiro são construídos em conjunto a três entidades: o Centro

Tecnológico do Exército (CTEx), o Instituto Militar de Engenharia (IME) e a FT Sistemas

S.A., de São José dos Campos (SP). Dentre os VANT militares produzidos pelo Exército

Brasileiro, destacam-se as aeronaves FT-200, o Horus FT-100 e o FT-150X1.

A aeronave FT-200 é uma tecnologia de médio alcance e de média altitude. É aplicado no

reconhecimento de posição de alvos de artilharia, avaliações de danos e monitoramento em

grandes áreas. Do ponto de vista comercial, o FT-200 é visto como um equipamento para

áreas agrícolas por ser ideal em operações em regiões determinadas e conhecidas.

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FIG. 3.5 - Desenho do FT-200.

Fonte: Imagens cedidas pela FT Sistemas, em 2015, para esta dissertação.

TAB. 3.4 - Informações Técnicas do FT-200.

Envergadura 4,2 metros Resistência 15h (typ)

Comprimento 2,8 metros Rádio 100 nm (max)

Peso 45 a 60g Velocidade de cruzeiro 63kt

Carga útil

Médio alcance E/O& IR, Ponto de laser, LRF,

SIGINT/COMINT, AIS, Ampla disseminação

fotográfica do espaço sobrevoado. Fonte de energia

2 curso JP1 ou

AVGAS

Fonte: Informações cedidas pela FT Sistemas, em 2015, para esta dissertação.

O Horus FT-100 é uma aeronave para missões de curto alcance e desenvolvida para atuar

junto a pelotões, companhias e batalhões. As aplicações envolvem a busca de alvos de

artilharia e o auxílio ao deslocamento de Infantaria e Cavalaria, passando por Operações

Especiais e Contraterrorismo, Reconhecimento Policial Urbano e Vigilância Perimetral.

No país, o Horus FT-100 teve sua primeira missão em janeiro de 2013 para levantamento

de áreas atingidas pelo desastre natural que atingiu a cidade de Duque de Caxias/RJ e o

Distrito de Xerém/RJ.

FIG. 3.6 - Desenho do Horus FT-100.

Fonte: Imagens cedidas pela FT Sistemas, em 2015, para esta dissertação.

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TAB. 3.5 - Informações Técnicas do Horus FR-100.

Envergadura 2,7 metros Resistência 1-2h

Comprimento 1,9 metros Rádio 9-15 km

Peso 6-7Kg Velocidade de cruzeiro 33 kt

Carga útil Curto alcance E / S & IR, Ponto de laser, SIGINT,

Fotografia Aéreo. Fonte de energia Bateria

Fonte: Informações cedidas pela FT Sistemas, em 2015, para esta dissertação.

O FT-150 X1 faz parte dos novos projetos de aeronaves leves para missões de médio

alcance e média altitude junto a companhias e batalhões. Este modelo permite operar sem a

presença de pista e em navios sem convés de voo. Em situações não militares, o FT-150 X1 é

aplicado às operações em áreas remotas e de difícil acesso, a partir de embarcações. O Estado

do Amazonas registra uma utilização maior desta aeronave por permitir monitorar estradas,

hidrovias e floresta a partir de pontos móveis.

FIG. 3.7 - Desenho do FT-150 X1.

Fonte: Imagens cedidas pela FT Sistemas, em 2015, para esta dissertação.

TAB. 3.6 - Informações Técnicas do FT-150 X1.

Envergadura 3.3 metros Resistência 18h

Comprimento 1,7 metros Rádio 100 nm (max)

Peso 20Kg Velocidade de cruzeiro 52kt

Carga útil

Médio alcance E/O& IR, SAR, Ponto Laser,

LRF, SINGNT/COMINT, Ampla disseminação

fotográfica do espaço sobrevoado. Fonte de energia

2 curso JP1 ou

AVGAS

Fonte: Informações cedidas pela FT Sistemas, em 2015, para esta dissertação.

O desenvolvimento das tecnologias e aplicações do VANT, nos ambientes empresariais e

militares, oportuniza a criação de novas abordagens e mecanismos de integração às operações

humanitárias (SANDVIK et al.,2014). Por ser uma ferramenta de investigação, para o

cumprimento da justiça social, o VANT tende a fornecer melhorarias às relações de

assistência à população atingida (CHEN et al., 2012).

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3.3 VANT E A OPERAÇÃO HUMANITÁRIA

A avaliação da situação atual, no pós-desastre, é um processo crítico que afeta a operação

de resposta quanto às ações de busca, salvamento e recuperação (THOMAS, 2003; ALTAY &

GREEN, 2006; VAN WASSENHOVE, 2006; BALCIK & BEAMON, 2008c).

As tecnologias investigativas são ferramentas de apoio importantes no processo de

avaliação e monitoramento da situação atual (SANDVIK et al., 2014). O mecanismo de maior

poder destas tecnologias é a comparação das informações geográficas antes e após a

ocorrência de um desastre (CHEN et al., 2012; XU et al.,2014), se enquadrando perfeitamente

nas situações de emergência (OCHA, 2014; CHEN et al., 2012).

O VANT tem sua atuação na operação de resposta como um recurso alternativo e de

apoio à investigação (OCHA, 2014; CHEN et al.2012). Por analisar e mapear as diversas

situações de perigo e risco, Sandvik et al. (2014) citam que o emprego de VANT na operação

humanitária possibilita a extensão de novos projetos de atuação no ciclo de vida de um

desastre: mitigação, preparação, resposta e ou recuperação (ALTAY & GREEN, 2006). Por

isso, o VANT é visto no contexto humanitário como o provedor de muitas funcionalidades

que incluem, mas não se limitam a coleta de dados em tempo real, monitoramento da situação

atual, busca e salvamento, detecção de áreas bloqueadas, comunicações, mapeamento,

prestação de ajuda e, principalmente, suporte logístico (MEIER, 2015; OCHA, 2014; XU et

al., 2014).

Dentre os produtos finais que um VANT pode ofertar à logística humanitária, na situação

de crise, são elencados: mapas de riscos; modelos de superfície; modelos abrangentes de

elevação; identificação de áreas isoladas; e potenciais instalações físicas que possam se tornar

pontos de atendimento local (OCHA, 2014; XU et al. 2014); além do cumprimento da justiça

social, ao melhorar as relações de assistência à população atingida em áreas hostis (CHEN et

al., 2012).

3.3.1 APLICAÇÕES NA LOGÍSTICA HUMANITÁRIA

Em um panorama geral de aplicações de VANT em desastres (tanto para início súbito

como lento), e em observação às publicações indicadas no início deste capítulo, o uso da

tecnologia VANT está diretamente ligado às situações consideradas graves e de alto impacto

(KANG et al., 2014).

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Os exemplos de aplicações de VANT nas operações de logística humanitária podem ser

percebidos em vários países ao redor do mundo. Em alguns países os projetos estão em

desenvolvimento avançado e com a intensão de intensificar o uso do VANT nas operações de

logística humanitária. Alguns destes projetos são citados na TAB. 3.7 para conhecimento.

TAB. 3.7 - Casos envolvendo aplicações de VANT e com intensões humanitárias.

Local Estudos desenvolvidos / em desenvolvimento

Austrália Desenvolvimento de projetos centrados na busca e no salvamento de pessoas

perdidas.

Canadá Integração dos sistemas de comunicação (celulares pessoais) no rastreamento de

pessoas.

República Democrática

do Congo

Em conjunto com o Conselho de Segurança da ONU, os VANT são usados na

avaliação dos movimentos da população, a fim de promover a paz e a segurança

local.

República Dominicana Desenvolvimento de VANT para entrega de alimentos, remédios e outros itens,

para áreas remotas e de difícil acesso.

Inglaterra Busca e salvamento de pessoas feridas.

Haiti

Aplicado no planejamento da infraestrutura local, avaliação e diagnose das áreas

urbanas em Porto Príncipe. Mapeamento dos campos quanto à utilização da água

e dos níveis de qualidade – que podem afetar a saúde pública.

Japão

Após o desastre em 2011 na Fukushima Daiichi, os VANT foram usados para

capturar imagens dos reatores danificados, assim como para avaliar a situação

pós-desastre, resgate as pessoas e pesquisas.

Nova Zelândia O VANT é aplicado como ferramenta de apoio na recuperação dos esforços no

pós-desastre. Desenvolvimento de modelos de projetos para resposta.

Filipinas

Avaliação das áreas afetadas por desastres naturais. É utilizado como ferramenta

de apoio na criação de postos de assistência médica e de integração para a

coordenação de ações para locais de difícil acesso.

Bósnia-Herzegovina

Enviou um VANT, juntamente com ferramentas de mapeamento 3D, a fim de

auxiliar as equipes militares e civis na avaliação de danos, detecção de falhas em

diques, mapeamento, inspeção de aéreas e a localização de resíduos explosivos de

guerra que foram deslocados devido aos deslizamentos de terra.

Fonte: Adaptado dos estudos de Meier (2015).

Registros da utilização de VANT em lugares extremos (como em oceanos, montanhas e

cordilheiras) tem se intensificado, por antever desastres secundários, avaliar danos e planejar

a recuperação. Exemplos da utilização nestes lugares foram registros em 2005 no México e

em 2008 na China. No evento de 2005, no México, a costa de Cancun foi devastada pelo

furacão Wilma (de categoria 5). O VANT foi utilizado como um recurso de investigação dos

danos causados pelo furacão em partes da cidade de Marco Island, ao sobrevoar a superfície

do mar. O propósito do VANT, lançado ao mar, foi o de diagnosticar o tamanho dos estragos

provocados pelo furacão e mensurar as perdas envolvidas (MURPHY et al.,2008). Em 2008,

após o terremoto de Wenchuan, na China, o VANT foi utilizado para investigar perigos

geológicos e gerar conhecimento para o processamento e construção dos modelos de

distribuição de perigo (GONG et al., 2010). Entre as ações solicitadas para o uso do VANT na

China, a mensuração dos impactos em conjunto com os satélites de sensoriamento remoto

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foram os que mais obtiveram resultados significativos. O VANT teve a missão de sequenciar

as imagens, de ambos os equipamentos, e montar um prospecto da situação local antes,

durante e após o terremoto (GONG et al., 2012).

A ampliação das tecnologias de VANT em operação humanitária é estratégica, devido ao

uso dos mecanismos de proteção e de manipulação favorecer o atendimento rápido às pessoas

que sofrem (KRAWIEC et al., 2014). Logo, a melhoria do desempenho dos VANT nas

operações humanitárias “tem e deve” ser ampliado.

Harmon et al. (2005) contribuem para o desenvolvimento dos VANT na ampliação dos

estudos de melhoria dos sistemas de propulsão das aeronaves, para ampliar o tempo de

duração dos voos em missão. Birk et al. (2009) e Chang Chun et al. (2011) reconhecem que a

melhoria das imagens fornecidas por VANT são fundamentais no processo de tomada de

decisão. Desta maneira, Birk et al. (2009) testam a qualidade dos mapeamentos em tempo real

para os operadores das estações de terra em condições climáticas difíceis analisando

diferentes VANT, e Chang Chun et al. (2011) ampliam o uso das imagens geográficas em

grandes áreas, através dos métodos de processamento de imagens rápidas e de agrupamento

em tempo real.

Nas áreas de robótica, Danko et al. (2014) citam o aprendizado dos modelos de controle

de manipulação das aeronaves para criar mecanismos de estabilização e de movimentos dos

VANT em áreas vulneráveis. Murray et al. (2010) citam o uso de múltiplos VANT para

ampliar os sistemas de comunicação, pois considera que eventuais alterações nos cenários de

resposta podem ocorrer a qualquer momento. Murray et al. (2010) e SANDVIK et al. (2014)

analisam que em uma situação de início súbito, como os desastres naturais, o uso de múltiplos

VANT pode favorecer o estabelecimento dos sistemas de comunicação e de emergência local,

tanto para busca e salvamento quanto para a comunicação de desastres secundários (CHEN et

al.2012; SANDVIK et al., 2014). Maza et al. (2011), Lin et al. (2013) e Tuna et al. (2014)

citam outras possibilidades para o uso de múltiplos VANT frente a desastres, como a

integração com as redes de sensores sem fio (RSSF) no propósito de integrar processos de

colaboração (VANT-Sensoriamento Remoto) em situações críticas.

Outros estudos importantes foram desenvolvidos nas áreas de regulamentação para a

exploração de VANT nas fases de mitigação e resposta aos desastres, na investigação de

danos (Kim et al., 2011) e no monitoramento de áreas de terra com avaliação de precisão

espacial e mapas temporais (김덕인 et al., 2014).

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Outros estudos de casos são analisados e registrados por Meier (2015), a fim de conhecer

e apoiar a investigação sobre a aplicação dos VANT. Meier (2015) cita alguns casos de uso de

VANT potencial para operações humanitárias e que estão citados na TAB. 3.7.

Como a avaliação da situação atual, no pós-desastre, e a divulgação das informações são

tarefas críticas da operação, o VANT é destacado como a ferramenta mais eficaz no

levantamento das informações e da produção de dados georeferenciados (JUNG et al. 2012;

XU et al. 2014; AMBROSIA et al., 2003).

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CAPÍTULO IV

4. ELABORAÇÃO DO PROCEDIMENTO PARA DEFINIÇÃO DOS CENTROS DE

DISTRIBUIÇÃO E ROTEAMENTO DE VEÍCULOS

O processo de avaliação da situação no pós-desastre visa à atualização das informações

de campo, fator determinante para o sucesso da ação humanitária na região afetada

(BLECKEN, 2009). A avaliação da situação no pós-desastre é contínua e estabelece as bases

de decisão das prioridades da operação, assim como no julgamento da abertura, continuação

ou fechamento da ação de ajuda. Por este aspecto, a estrutura desenhada para investigar a

situação de avaliação atual e estabelecer os melhores centros de atendimento e roteirização,

considera as características de distribuição humanitária, tratado no Capítulo 2, Sistemas de

Informações Geográficas (SIG) e tecnologias investigativas, apresentadas no Capítulo 3. O

esboço geral do procedimento a ser detalhado neste capítulo é exposto na FIG. 4.1.

FIG. 4.1 - Macro fluxo para a definição dos centros de distribuição e o roteamento de veículos.

Fonte: Autor, 2015.

É válido ressaltar que o procedimento para a definição dos centros de distribuição e

roteamento esboçado neste capítulo, pode ser aplicado tanto para os locais previamente

identificados como área de risco como para locais sem histórico de desastres.

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4.1 ESTRUTURA DO PROCEDIMENTO

Imediatamente após o acontecimento do evento calamitoso e o alerta de emergência,

diversos atores de assistência se deslocam até as áreas atingidas. Os desafios enfrentados por

estes atores na fase de resposta são numerosos, a contar dos processos descoordenados,

recursos limitados, infraestrutura e pessoal (TOMASINI & VAN WASSENHOVE, 2004).

Nesse momento, o estabelecimento de uma ação que opere na emergência com horários de

entregas, pontos de suprimentos locais e rotas de veículos (BALCIK & BEAMON, 2008a) é

complexo e suscetível às oscilações de mudanças no ambiente. Por esta circunstância, é

estratégico que estes atores formem um único núcleo de coordenação5 (BLECKEN, 2009) a

fim de estabelecer as melhores ações de resposta à população afetada a partir dos planos de

preparação idealizados.

Desde modo, o procedimento para definição dos centros de distribuição e o roteamento

de veículos é estabelecido como uma ação de campo que objetiva melhorar a confiabilidade

do fluxo de informações, ao núcleo de decisão humanitária, e a efetividade dos trabalhos de

busca e salvamento no melhor tempo de resposta possível. O procedimento proposto tem

como objetivo auxiliar o processo de avaliação da situação atual, seleção das melhores

localizações de depósitos de ajuda e estabelecer as melhores rotas de abastecimento. A partir

da coleta dos dados referente à situação e avaliação da capacidade de resposta das áreas de

riscos, o procedimento processará as informações um Banco de Dados de Logística

Humanitária integrado a um Sistema de Informações Geográficas para preparar os processos

de resposta à possível situação de crise. Com a ocorrência do desastre de início súbito, o

procedimento conduzirá as equipes de resposta à elaboração da rede de distribuição e o

roteamento de veículos para atendimento à população. Para condução do procedimento cinco

macros estágios são descritos para facilitar o processo de construção, caracterizados em: (I)

preparação, (II) mapeamento da região afetada no pós-desastre, (III) integração ao SIG, (IV)

definição da rede de distribuição e (V) roteirização.

5 Modelo gerencial de concepção sistêmica e contingencial, que padroniza as ações de resposta em situações de

crise de qualquer natureza ou tamanho, permite a adoção de estrutura organizacional integrada, sem

prejuízo às competências e limitações jurisdicionais. Vantagens: maior segurança para os atores

envolvidos; alcance dos objetivos e prioridades previamente estabelecidas; uso adequado dos recursos.

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FIG. 4.2 - Estágios para a elaboração do procedimento.

Fonte: Autor, 2015.

É importante salientar que a colocação do Estágio I no procedimento eleva os níveis de

serviços logísticos durante a ação de resposta. O Estágio I torna o processo de resposta mais

efetivo ao disponibilizar um Banco de Dados e um Sistema de Informações Geográficas (SIG)

com informações e recursos necessários para a resposta. Ou seja, esta é uma ação que torna

ágil o mapeamento da região no pós-desastre e a montagem da rede de distribuição.

Para os casos em que houver uma situação de crise de início súbito e a região não estiver

preparada para responder ao evento, o fluxo de decisão no pós-desastre prevê uma ação direta

pelo Estágio II, desconsiderando as atividades e tarefas definidas de preparação do Estágio I

tal como destacado no macro fluxo para a definição dos centros de distribuição e o roteamento

de veículos da FIG. 4.1.

Os macros estágios são desdobrados em tarefas e atividades para guiar as equipes de

campo no uso do procedimento, campo e dispostas no formato de uma estrutura analítica:

1. Estágio I: Preparação

1.1. Identificar e mapear as áreas de risco

1.2. Avaliar capacidade de resposta

1.3. Criar/Atualizar banco de dados de logística humanitária

1.4. Organizar e dispor as informações no SIG

2. Estágio II: Mapear região afetada

2.1. Estabelecer os limites de investigação

2.1.1. Delimitar área de investigação

2.1.2. Estabelecer local a ser fotografado

2.2. Escolher tecnologia de investigação

2.3. Mapear região afetada

3. Estágio III: Integrar as informações ao SIG

3.1. Acessar o Sistema de Informações Geográfica da Região

3.1.1. Importar base geográfica do pós-desastre

3.1.2. Importar mapa da região antes do desastre

3.2. Gerar documento de comparação antes e após o desastre

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3.2.1. Gerar relatório da infraestrutura local de atendimento e acesso

4. Estágio IV: Definir rede de distribuição de ajuda

4.1. Avaliar infraestrutura local

4.1.1. Bloquear/Retirar os locais com obstrução na análise

4.1.2. Atualizar banco de dados

4.2. Definir locais de depósito de ajuda

3.1.1. Aplicar algoritmo de Costa (2013)

4.2. Avaliar rede de distribuição

5. Estágio V: Estabelecer Roteirização

5.1. Selecionar algoritmo de localização

5.2. Roteirizar

5.3. Formalizar sistema de roteirização

4.2 ESTÁGIO I: PREPARAÇÃO

A preparação é um “estado de prontidão” para responder eventos de crise ou qualquer

outro tipo de situação de emergência (HADDOW et al.,2011). Seus processos incluem

avaliação e verificação da disponibilidade de recursos e a identificação das potenciais fontes

de ajuda (BLECKEN, 2009). Com tal característica, o Estágio I institui que os processos de

preparação sejam obrigatórios a todas as regiões ou municípios dentro de “áreas de risco”

(vulnerável), para tornar a ação de resposta, ao final do procedimento, mais rápida e

confiável.

O processo de preparação deverá ser dinâmico, atualizado periodicamente com

atividades, treinamentos e recomendações dos Municípios, Estados ou Governo Federal.

Desde modo, o Estágio I prevê quatro tarefas: (1) identificar e mapear a região ou município

localizado em área de risco; (2) avaliar a capacidade de resposta; (3) criar/atualizar o banco de

dados de logística humanitária; e (4) organizar e dispor as informações no SIG e aguardar o

surgimento de uma situação de crise.

Para o caso de haver uma situação adversa, ou seja, desastre em regiões localizadas fora

da área de risco, o Estágio I não será viável, pois toda a ação será dedicada à resposta. Desta

forma, o núcleo de coordenação contará apenas com as informações da avaliação situacional

no pós-desastre para a elaboração da rede de distribuição. Esta circunstância está prevista no

procedimento, como destaca o fluxo de decisão inicial no pré-desastre na FIG. 4.3.

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FIG. 4.3 - Fluxo de decisão inicial no pré-desastre. Fonte: Autor, 2015.

4.2.1 IDENTIFICAR E MAPEAR ÁREAS DE RISCO

A identificação das regiões em áreas de risco (vulnerável) segue as orientações fornecidas

pela Defesa Civil (no caso Brasil) e pela incidência dos desastres no território nacional.

Outros aspectos podem ser utilizados para classificar uma região em uma área de risco, como

a construção de assentamentos, casas ou instalações em locais não recomentados e a

quantidade de perdas ou danos decorrentes de desastres.

Após a identificação das áreas de risco, inicia-se o processo de mapeamento. O

mapeamento é realizado com a missão de posicionar a equipe conjunta de coordenação sobre

a situação da região, os potenciais locais de atendimento e distribuição, os fatores de

vulnerabilidade (TOMASINI & VAN WASSENHOVE, 2004) e o grau de complexidade para

a ação de resposta que são classificados em: fatores que causam o desastre; fatores que não

estão relacionados com o desastre, mas que afeta a ação de resposta; e fatores que não estão

relacionados com o desastre e com a operação, mas que afetam a vulnerabilidade.

O mapeamento das áreas de risco poderá ser executado cumprindo as seguintes tarefas:

a) identificar os tipos de processos naturais a ser investigado (escorregamentos,

inundações e enchentes, por exemplo);

b) identificar quais processos naturais são mais frequentes e a forma como ocorrem,

utilizando como base os condicionantes naturais6 e os condicionantes antrópicos7.

6 Determinado pelas características geomorfológicas, geológicas, pedológicas e geotécnicas da região afetada.

7 Determinado pelo padrão de uso e ocupação do solo da região afetada. Por exemplo: encostas desmatadas;

obras de terraplanagem com estabilidade precária; habitações populares oriundas de assentamentos

clandestinos.

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c) identificar quando (previsão) e onde (local) os processos naturais irão ocorrer; e

d) estabelecer as medidas de precaução estruturais ou não estruturais cabíveis de

preparação.

4.2.2 AVALIAR CAPACIDADE DE RESPOSTA

A capacidade de resposta é uma ação de planejamento que inclui meios físicos,

institucionais ou sociais (a incluir liderança e gestão) para reduzir os efeitos de um desastre.

A avaliação da capacidade de resposta envolve as diretrizes propostas pela Defesa Civil

(BRASIL, 2013c), construídas após vários cenários de crise no Brasil:

1. Criação do órgão municipal de proteção e defesa civil como Unidade

Gestora de Orçamento (UO), inscrita no Cadastro Nacional de Pessoa

Jurídica, visando obter CNPJ próprio, vinculado ao CNPJ do município,

para consequente abertura de conta no Banco do Brasil, a qual estará

vinculada o Cartão de Pagamento de Defesa Civil, destinado à transferência

obrigatória de recursos do governo federal, de forma célere para a resposta

a desastres;

2. Capacitação dos funcionários em proteção e defesa civil em cursos

relacionados à proteção e defesa civil.

3. Mapear das áreas de risco no município;

4. Constituição dos sistemas de monitoramento, alerta e alarme para desastres;

5. Elaboração dos respectivos planos de contingência para os principais

desastres e sua consequente verificação de exequibilidade, por meio da

realização de exercícios simulados;

6. Solicitação - via ofício ao Secretário Nacional de Defesa Civil, Setor de

Grandes Áreas Norte, Quadra 906, Edifício Celso Furtado, CEP 70790-060,

Brasília/DF - do cadastramento de um usuário e da senha para acesso ao

Sistema Integrado de Informações sobre Desastres - S2ID que informatizou

o processo de homologação e reconhecimento de Situações de Emergência

ou Estado de Calamidade Pública, de transferência de recursos em virtude

de desastres, bem como o acesso às informações sobre desastres em

diversos níveis. Devendo ser informado no ofício o nome completo do

servidor responsável pela inserção de dados no sistema, CPF, E-mail

institucional, telefone institucional, celular, órgão de proteção e defesa civil

que representa e endereço completo.

De posse destas diretrizes, o Estágio I estabelece aos municípios em áreas de risco o

preenchimento do “Formulário das Capacidades”, indicado pelo CENAD, seguido do

levantamento das informações gerais que facilitarão a resposta.

O “Formulário das Capacidades”, em destaque na TAB. 4.1, tem a missão mensurar e

classificar municípios quanto a “Capacidade de Proteção e Resposta a Desastres do

Município”, chamada pela Defesa Civil de CPRD, diagnosticando quais ações de proteção e

defesa civil de âmbito municipal já são desenvolvidas e quais ações precisam ser ampliadas.

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A CPRD classifica os municípios de acordo com o cumprimento das ações relacionadas

aos instrumentos, normas e planos para atuação para gestão de riscos e gerenciamento de

desastres, como detalha a TAB. 4.2. Em termos qualitativos, a classificação dos municípios é

dividida em: muito alta para os atendem o mínimo de 88% das ações; alta para os atendem o

mínimo de 75% das ações; moderada para os atendem o mínimo de 62% das ações; baixa para

os atendem o mínimo de 38% das ações; e muito baixa para os atendem até 38% das ações.

TAB. 4.1 - Formulário das Capacidades.

Nº PERGUNTA RESPOSTA

1 O município possui Coordenadoria Municipal de Defesa Civil? ( ) sim ( ) não

2 O município possui Núcleos Comunitários de Defesa Civil? Quantos? ( ) sim ( ) não

3 O município possui Conselhos ou Comitês Locais de Defesa Civil? Quantos? ( ) sim ( ) não

4 O município desenvolve ações de prevenção e mitigação de riscos? Qual frequência?

( ) frequente

( ) eventualmente

( ) raramente

( ) não aplica

5 O município possui PMRR (Plano Municipal de Redução de Riscos)? Qual a data? ( ) sim ( ) não

6 O município possui legislação específica de proteção civil? ( ) sim ( ) não

7 O município conta com plano de contingência ou emergência? Qual a abrangência do plano? ( ) sim ( ) não

8 O município tem estabelecido abrigos para serem utilizados em situação de emergência? ( ) sim ( ) não

9 As autoridades do município são comunicadas acerca das atividades realizadas pelo órgão? ( ) sim ( ) não

10 As autoridades do município participam das ações em situações de emergências? Com que

frequência?

( ) frequente

( ) eventualmente

( ) raramente

( ) não participa

11 Existem normativas em âmbito municipal que reguem as funções da Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil? ( ) sim ( ) não

12 A Coordenadoria Municipal de Defesa Civil possui recursos humanos e materiais adequados para a

sua atuação de prevenção e resposta a desastres?

( ) satisfatório

( ) insatisfatório

13 A Coordenadoria Municipal de Defesa Civil? Está articulada com outras organizações locais para

atuar em situações de emergência? ( ) sim ( ) não

14 Existe divisão de tarefas estabelecidas pelo órgão? ( ) sim ( ) não

15 Conhecem programas federais de apoio à prevenção, mitigação e resposta a desastres? ( ) sim ( ) não

16 O município possui fundos para utilizar em situações de emergência? ( ) sim ( ) não

17 O município possui sistema de monitoramento e alerta prévio a desastre? ( ) sim ( ) não

18 Realiza simulados de preparação para responder aos desastres junto às comunidades, escolas e outras

agências de proteção? Com que frequência? ( ) sim ( ) não

19 O município possui cadastro das pessoas que estão em áreas de risco? ( ) sim ( ) não

20 O município possui canis de comunicação em estas pessoas? ( ) sim ( ) não

21 As instituições de saúde municipal estão capacitadas para atender a população em situação de

desastre?

( ) satisfatório

( ) insatisfatório

22 O município possui estoques de alimentos, cobertores e colchonetes para situações de emergência? ( ) satisfatório

( ) insatisfatório

23 Tem estabelecido vínculos com os centros de assistência social para a operacionalização dos abrigos,

distribuição de recursos e atendimento à população? ( ) sim ( ) não

24 O município conta com acervos de informação de histórico de ocorrências de desastres anteriores e as

ações adotadas? ( ) sim ( ) não

25 A população está informada sobre o que fazer em situação de emergência? ( ) sim ( ) não

26 A população conta com equipe de comunicação para atuar em situações de emergência? ( ) sim ( ) não

27 O município conta com Sistema de Informação de Geográfica (SIG) para processar e analisar

informações cartográficas para mapear os pontos críticos em sua localidade? ( ) sim ( ) não

28 O município possui Plano Diretor de Defesa Civil? ( ) sim ( ) não

29 O município possui Plano Diretor de Municipal? ( ) sim ( ) não

30 O município recebe recursos para obras do PAC? ( ) sim ( ) não

31 O município participa do Programa de Reforma Fundiária? ( ) sim ( ) não

32 Tem conhecimento se o programa está sendo executado em áreas de risco de seu município? ( ) sim ( ) não

Fonte: CENAD, 2014.

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TAB. 4.2 - Processo de avaliação do Formulário das Capacidades - CPRD

Descrição Pontuação CPRD Julgamento

Municípios que atendem no mínimo 88% das ações

relacionadas à: instrumentos, normas e planos para

atuação para gestão de riscos e gerenciamento de

desastres. Executam ações de prevenção, preparação e

resposta. Destinam recursos para ações de prevenção.

Desenvolvem ações articuladas entre diferentes

setores. As comunidades estão informadas e

preparadas para enfrentar os eventos adversos.

De 0,8764187 a

1,0000000 Muito Alta

Sim – 2 pontos

Não – 1 ponto

Frequentemente – 4 pontos

Eventualmente – 3 pontos

Raramente – 2 pontos

Não desenvolve – 1 ponto

Satisfatório – 2 pontos

Insatisfatório – 1 ponto

Municípios que atendem no mínimo 75% das ações

relacionadas à: instrumentos, normas e planos para

atuação para gestão de riscos e gerenciamento de

desastres. Executam ações de prevenção, preparação e

resposta. Destinam recursos para ações de prevenção.

Desenvolvem ações articuladas entre diferentes

setores. As comunidades estão informadas e

preparadas para enfrentar os eventos adversos.

De 0,7528374 a

0,8764187 Alta

Municípios que atendem no mínimo 62% das ações

relacionadas à: instrumentos, normas e planos para

atuação para gestão de riscos e gerenciamento de

desastres. Executam ações de prevenção, preparação e

resposta. Destinam recursos para ações de prevenção.

Desenvolvem ações articuladas entre diferentes

setores. As comunidades estão informadas e

preparadas para enfrentar os eventos adversos.

De 0,6292560 a

0,7528374 Moderada

Municípios que atendem no mínimo 38% das ações

relacionadas à: instrumentos, normas e planos para

atuação para gestão de riscos e gerenciamento de

desastres. Executam ações de prevenção, preparação e

resposta. Destinam recursos para ações de prevenção.

Desenvolvem ações articuladas entre diferentes

setores. As comunidades estão informadas e

preparadas para enfrentar os eventos adversos.

De 0,3820934 a

0,6292560 Baixa

Municípios que atendem até 38% das ações

relacionadas à: instrumentos, normas e planos para

atuação para gestão de riscos e gerenciamento de

desastres. Executam ações de prevenção, preparação e

resposta. Destinam recursos para ações de prevenção.

Desenvolvem ações articuladas entre diferentes

setores. As comunidades estão informadas e

preparadas para enfrentar os eventos adversos.

De 0,0000000 a

0,3820934 Muito Baixa

Fonte: FURTADO (2014).

A próxima ação, na avaliação da capacidade de resposta, é o levantamento das

informações gerais da região ou município. De posse da identificação e do mapeamento das

áreas de riscos, são catalogados todos os recursos disponíveis para a resposta, a incluir

equipamentos, locais com potencial de atendimento (como igrejas, escolas, hospitais, áreas de

lazer,), reservas ecológicas, agências de proteção (como polícias, bombeiros e defesa civil),

centros comunitários e outros.

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4.2.3 ATUALIAR BANCO DE DADOS DE LOGÍSTICA HUMANITÁRIA

Tendo definido as áreas de risco e a capacidade de resposta, o Estágio I institui, para o

procedimento, a utilização do “Banco de Dados de Logística Humanitária8” criado por Bastos

(2013) como o ponto de partida para o conhecimento prévio das condições locais de

atendimento e da estruturação da rede de distribuição. Logo, todo o processo de preparação

realizado anteriormente estará incluído no banco de dados.

O Banco de Dados de Logística Humanitária é uma ferramenta para o processo de

mobilização dos diversos recursos e serviços da operação de resposta, com um baixo custo de

utilização (BASTOS, 2013). Ou seja, é um mecanismo que potencializa a capacidade de

resposta semelhante a um prestador na veemência de reduzir custos operacionais no pós-

desastre (BASTOS, 2013; BLECKEN, 2009).

FIG. 4.4 - Detalhe do banco de dados para cadastro das informações.

Fonte: Bastos (2013)

8 O Modelo Conceitual de Banco de Dados foi criado por Bastos (2013) para apoiar a operação de resposta,

catalogando informações prévias e amparando a tomada de decisões e a ação. É utilizado em regiões de alta

vulnerabilidade, que apresentam histórico de desastres, podendo ter ampla utilização.

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Como destaca a FIG. 4.4, o banco de dados permite cadastrar todas as informações da

área de risco, que inclui o nome da área vulnerável, coordenadas geográficas (localização),

histórico de acidentes, tipologia de ocupação urbana, nome de córregos, rios e bacia

próximos, assim como outras informações que considerar útil na fase de resposta.

Além das informações sobre áreas de risco, o banco de dados concede a opção de

cadastrar locais que poderão servir a se tornar pontos de apoio operacional na fase de

resposta. O cadastro dos locais de atendimento à operação será feito conforme sua capacidade

em responder ao desastre, subjugando-os em centro de gerenciamento da crise (localizado

fora da área de risco), centro de distribuição regional ou ponto de atendimento local à

população afetada. Para o cadastro dos locais no banco de dados é possível criar um conjunto

de informações úteis, como citada Costa (2013):

a) identificação do potencial local: nome;

b) função / atividade comercial: atividade desempenhada na instalação de

responsabilidade pública ou privada, que tenha uma construção em sua área:

escola, clube, igreja, associação de moradores, outros;

c) função pública: aplicado a áreas de propriedade do ente público, sem construções

prediais em seus espaços, caracterizadas por: praças, campos de futebol, quadras

públicas, entre outros.

d) endereço;

e) responsável: quem deve ser contatado para uma operação;

f) contatos telefônicos;

g) área livre estimada (m²): espaço estimado para uma operação de distribuição,

considerando a guarda e a distribuição;

h) localização: localização geográfica (latitude e longitude);

i) situação: condição operacional (disponível ou não) de acordo com a acessibilidade

á área em que esteja localizado ou as condições de uso da instalação após o

desastre (satisfatório ou insatisfatório).

Para o caso dos centros de gerenciamento de crise, que será um local estratégico à

resposta, o Estágio I cita quatro requisitos de seleção com base nas orientações de Bastos

(2013):

a) sinalizar, no banco de dados, os potenciais locais candidatos a centro de

gerenciamento da crise;

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b) escolher, dentre os potenciais locais, o melhor local que possa atender as condições

necessárias de recursos humanos, voluntariado e espaço físico;

c) ter a possibilidade de consolidar as grandes áreas de gestão: logística, saúde,

informação, etc.;

d) requisitar a ajuda necessária, como equipamentos, pessoal, recursos financeiros e

veículos a governos, prefeituras, exército, e outros, por exemplo.

Durante o cadastramento das informações no banco de dados dos “locais de apoio” e

“cadastro de veículos”, é importante que a base de dados esteja com todos os campos

obrigatórios preenchidos para que o SIG-TransCAD possa criar a solução do problema de

roteirização.

a) Para o banco de dados dos “locais de apoio”, identificados como potencial centro de

distribuição (CD), os campos obrigatórios são:

i. ID: identificador que relaciona os dados do banco de dados com o mapa;

ii. Nome: nome do depósito;

iii. Open Time: tempo inicial relacionado à janela de tempo quanto à hora de

abertura do depósito;

iv. Close Time: tempo final relacionado à janela de tempo quanto à hora de

fechamento do depósito;

v. Node ID: identificador do nó da rede, mais próximo do depósito, ou seja, é o

ID do nó mais próximo às localizações dos depósitos no mapa.

b) Para o banco de dados dos “locais de apoio”, identificados como potencial ponto de

distribuição (PDD), os campos obrigatórios são:

i. ID: identificador que relaciona os dados do banco de dados com o mapa;

ii. Name: nome da parada;

iii. Open Time: tempo inicial relacionado à janela de tempo quanto à hora de

abertura da parada;

iv. Close Time: tempo final relacionado à janela de tempo quanto à hora de

fechamento da parada;

v. Node ID: identificador do nó da rede, mais próximo da parada, ou seja, é o ID

do nó mais próximo às localizações das paradas no mapa;

vi. Delivery Demand: demanda por entrega;

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vii. Fixed Time: tempo fixo para realizar a operação de entrega dos recursos nas

paradas;

viii. Time per Unit: tempo por unidade na operação de entrega dos recursos nas

paradas.

c) Para o banco de dados “cadastro de veículos”, os campos obrigatórios são:

i. Depot ID: referente ao ID do depósito ao qual o veículo está disponível;

ii. Type: identificação do tipo de veículo;

iii. Capacity: capacidade dos veículos;

iv. Number of Vehicles: quantidade de veículos nos depósitos;

v. Cost: custo operacional do veículo.

Além desses requisitos, é essencial que o banco de dados “cadastro de veículos” forneça

para a operação opções de veículos que possam ser utilizados de forma apropriada no

atendimento às diversas finalidades no pós-desastre (FRITZ INSTITUTE, 2012), tal como

destaca a TAB. 4.3.

TAB. 4.3 - Diversos tipos de veículos e suas disponibilidades.

Tipo de Veículo9 Capacidade (peso bruto máximo) Peso útil Comprimento (metros)

2 eixos, 4 rodas (4x2) 3,5 1,0 diferentes tamanhos

2 eixos, 6 rodas (6x2) 7,5 3,5 diferentes tamanhos

2 eixos, 6 rodas (6x2) 18,8 12,0 12,0

3 eixos, rígido 26,0 18,0 12,0

4 eixos, rígido 36,0 25,0 12,0

3 eixos, articulado 26,0 18,0 16,5

4 eixos, articulado, trator e

reboque 38,0 24,0 16,5

5 eixos, articulado, trator e

reboque 40,0 24,0 16,5

6 eixos, articulado, trator e

reboque 41,0 27,0 16,5

Semirreboque 40,0 26,0 18,75

Fonte: Fritz Institute (2012).

Para uma finalidade de distâncias longa com limitação leve da velocidade média do

veículo, terrenos regulares onde estradas são bem pavimentadas e planas com curvas e serras

9 Classificações abreviadas para a indicação de quantas rodas têm capacidade de tração. Por exemplo, a sigla 4x2

indica que o veículo tem 4 rodas, mas apenas duas rodas tracionam.

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suaves, as configurações 4x2 e 6x2 são sugeridas, ou seja, veículos trator acoplado a um

semirreboque ou veículo rígido, com ou sem reboque com engate de até 60 toneladas. Em

uma situação onde há uma limitação média da velocidade média do veículo, transportes

pesados em estradas mal pavimentadas e topografia acidentada, convém-se o uso de veículos

com as configurações 4x2, 6x2, 8x2, 6x4 e 8x4, ou seja, veículos trator acoplado a um

semirreboque ou veículo rígido com ou sem reboque com engate e combinação de transporte

pesado (DNIT, 2008).

Para a finalidade de distribuição ou construção, com ou sem limitação da velocidade

média do veículo, terrenos regulares onde estradas são bem pavimentadas e planas com

curvas e serras suaves, sugere-se o uso de veículos com as configurações 4x2 e 6x2, ou seja,

veículo rígido ou a combinação de reboque e trator em operação local. Em uma situação

contrária, com ou sem limitação da velocidade média do veículo, transportes pesados em

estradas mal pavimentadas e topografia acidentada, convém-se o uso de veículos com as

configurações 4x4, 6x2, 8x2, 6x4, 8x4 e outro eixo de tração múltipla com configurações, ou

seja, operação dentro e fora de estrada com veículo semirreboque, caçamba basculante ou

caminhão rígido com ou sem reboque (DNIT, 2008).

Com tal característica, quatro campos são criados à identificação do tipo de veículo:

vi. Peso bruto máximo

vii. Peso útil

viii. Comprimento

ix. Finalidade de Uso: longa distância, distribuição ou construção

x. Tipo de Terreno: regular ou acidentado

Durante a fase de resposta, a operação poderá precisar de veículos terceiros (fornecidos

por uma transportadora, por exemplo) nas situações que as necessidades forem maiores que a

capacidade planejada (FRITZ INSTITUTE, 2012). Desta forma, três novos campos deverão

ser criados no banco de dados “cadastro de veículos”:

xi. Forma de aquisição: terceirizado, próprio ou de utilidade pública;

xii. Custo: cotação prévia da utilização do veículo registrado;

xiii. Responsável: quem deve ser contatado para a operação;

Veículos menores também poderão (e devem) ser utilizados na operação de distribuição.

Estes veículos geralmente são destinados para entregas locais pequenas ou emergenciais.

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Logo, o cadastro destes veículos também deverá estar destacado no banco de dados “cadastro

de veículos” na identificação “ii. Type”.

4.2.4 ORGANIZAR E DISPOR AS INFORMAÇÕES NO SIG

Após a construção das tarefas de identificação e mapeamento, avaliação da capacidade de

resposta e o registro das informações no Banco de Dados de Logística Humanitária, o Estágio

I finaliza a tarefa de preparação com a criação de um arquivo geográfico compacto de

visualização web, comumente chamado de shapefile10.

O arquivo geográfico é construído através de um Sistema de Informação Geográfica

(SIG) com a missão de compreender e facilitar a análise, gestão e representação das áreas de

vulnerabilidade da população aos desastres de início súbito, acidentes industriais e

tecnológicos, e a criação de ações específicas de prevenção, conferindo representatividade e

fidelidade às condições reais para iniciar as ações de resposta.

Dentre os softwares de SIG disponíveis no mercado, o Estágio I recomenda o uso do

software TransCAD11 por ser um SIG projetado para planejamento, gerenciamento, operação

e análise das características dos sistemas de transportes. O TransCAD é uma ferramenta

completa que suporta uma quantidade de estruturas como redes, vias, nós, linhas e matrizes de

fluxo, além das operações espaciais, geoprocessamento e sobreposições entre dados vetoriais

e dados matriciais (ROSE, 2001). E como o procedimento necessitará de recursos geográficos

para determinar a melhor posição de centros de distribuição e a roteirização, o TransCAD

passa a ser um SIG gerenciador de banco de dados indicado para manipulação e resolução

destes problemas.

O arquivo geográfico compacto ou shapefile será constituído de layers12 que

representarão os mapas da região ou município afetado (área), os potenciais locais de apoio

10 Arquivos shapefiles fazem parte dos programas ArcView/ArcGIS da empresa norte americana ESRI. Sua

função é armazenar dados geográficos no formato vetorial, podendo ser do tipo área, ponto ou linha. O

arquivo é formado pelas extensões: .shp, .shx e .dbf.

11 Software fabricado e fornecido pela empresa norte americana CALIPER para planejamento de transporte.

12 Organização dos mapas em camadas, formados por um grupo de elementos do mesmo tipo, pontos, linhas ou

área. Um layer pode conter, além das informações geográficas (localização) de cada elemento no mapa,

qualquer outro tipo de informação.

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(pontos) e a infraestrutura de acesso (linhas). Para a melhor condução desta atividade, o

Banco de Dados de Logística Humanitária deverá estar disponível e atualizado (completo).

O processo de criação do arquivo geográfico compacto ou shapefile seguirá os seguintes

passos:

1. Abrir o Banco de Dados de Logística Humanitária;

a. Exportar o bando de dados “locais de apoio” na extensão .xls ou .txt.

2. Acessar o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE):

a. No menu do IBGE clicar na opção download;

b. Selecionar o ícone geociências e clicar na opção “Malhas_Digitais”;

c. Na secção “Municípios_2014”, selecione o estado que deseja trabalhar e

faça download.

3. [Opcional, caso não tenha acesso à malha digital rodoviária da região] Acessar o

Google Maps:

a. Abrir um mapa novo ou existente no My Maps;

b. No painel esquerdo, clique na camada que deseja usar;

c. Na barra de ferramentas clique no ícone de linha ou forma . Escolha se

deseja adicionar uma linha, forma ou trajeto;

d. Inicie o desenho. O cursor mudará para um sinal de "+". Mova o cursor até

o local onde deseja começar a desenhar e clique uma vez. Para concluir o

desenho da linha, clique duas vezes no último ponto. Para concluir o

desenho, clique no ponto inicial;

e. Pressione Enter e nomeie o trabalho como “ruas”.

f. Clique no botão do menu do mapa ou forma , no painel esquerdo:

i. Selecione “Exportar como KMZ”;

ii. Escolha a camada que deseja exportar ou clique em “mapa

inteiro”;

iii. Clique em exportar.

4. Abra o TransCAD e crie um novo arquivo (new file):

a. Abra o arquivo “locais de apoio” na extensão .xls ou .txt e transforme-o

em um arquivo geographic file (.cdf, .dbd). Feche;

b. Importe o arquivo “ruas” na extensão .kml ou .kmz, e transforme-o em um

arquivo geographic file (.cdf, .dbd). Feche;

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c. Abra o arquivo “Municípios_2014” e importe os arquivos “locais de

apoio” e “ruas” salvos na extensão .dbd. O arquivo “Municípios_2014”

corresponderá à primeira camada ou layer intitulada área, o arquivo

“locais de apoio” corresponderá ao layer pontos e o arquivo “ruas”

corresponderá ao layer linhas.

5. No menu ferramentas (tools), selecione a opção exportar (export):

a. Selecione a opção “to – ESRI Shape”;

b. Escolha todos os registros na lista suspensa exportar (export);

c. Clique em Ok para salvar;

d. Digite o nome do novo arquivo e selecione a pasta desejada;

e. Clique em salvar.

4.3 ESTÁGIO II: MAPEAR REGIÃO AFETADA NO PÓS-DESASTRE

A construção do Estágio II considera três pontos principais: (a) estabelecer os limites de

investigação; (b) escolher tecnologia de investigação; e (c) mapear da região afetada.

4.3.1 ESTABELECER OS LIMITES DE INVESTIGAÇÃO

O núcleo de coordenação deverá estabelecer os limites de investigação da região afetada

com base nos condicionantes naturais e antrópicas.

A investigação deverá ser pautada nos mapas da região antes da ocorrência do desastre a

fim de deixar clara a existência dos possíveis fatores de vulnerabilidade.

4.3.2 ESCOLHER TECNOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO

Diversos tipos de tecnologias investigativas, como satélites, balões, veículos aéreos

tripulados e não tripulados, podem ser escolhidos para o processo de avaliação da situação no

pós-desastre. A escolha do tipo de tecnologia a ser utilizado deverá levar em consideração à

facilidade e o custo de operacionalização, a velocidade no processamento da informação,

identificação de objetivos, resolução das imagens e a incorporação de outras tecnologias.

Satélites apresentam ótima estabilidade e confiabilidade na geração de

informações espaciais e representam o meio mais comum de obtenção de imagens

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áreas. Em um panorama geral, os satélites são afetados por mudanças climáticas

ou quaisquer tipos de interferência atmosférica, possuem baixa resolução

temporal e um tempo longo de atualização das imagens para uma situação de

crise.

Balões são equipamentos de fácil construção e manipulação, considerados de

baixo custo. Precisam ser construídos em áreas livres de estruturas pontiagudas e

dependem exclusivamente da alta radiação solar e de poucos ventos, visto que a

luminosidade contribui para a qualidade das fotografias e o ajuste do foco. São

veículos frágeis, por isso requerem cuidados especiais de manipulação.

VANT opera em menores altitudes e em espaços reduzidos. Possui um tempo de

resposta rápido e permite a criação de frameworks de processo de imagens on

time. Operam off line e apresentam maior facilidade na incorporação de novas

tecnologias de sensoriamento remoto, por estarem equipados com uma vasta gama

de equipamentos de monitoração. Sua desvantagem está por possuir baixa

estabilidade de voo e baixa autonomia.

4.3.3 MAPEAR REGIÃO AFETADA

O mapeamento terá como função comparar a situação da região antes e após o desastre

com o uso de indicadores para ampliar as estratégias de resposta dentro da região vulnerável

(TOMASINI & VAN WASSENHOVE, 2004; BLECKEN, 2009; OLIVEIRA, 2010). O

mapeamento da região da região será constituído de três passos: a) plano do voo; b) coleta dos

dados; e c) processamento das imagens.

O plano de voo corresponde ao planejamento do veículo aéreo a ser utilizado no campo

que inclui a escolha do tipo de sensor de câmera, o menor tamanho dos objetos de

investigação e a altura de voo; e o estabelecimento das faixas de voo. O plano de voo e a

coleta dos dados são determinados a partir das seguintes ações:

1. Definir e especificar câmera RGB;

2. Definir o menor tamanho do objeto a ser investigado, ou seja, o menor nível

de detalhamento ou GSD13, como é comumente definido na fotogrametria;

13 Em inglês, ground sample distance, refere-se ao tamanho real, em unidades de terreno, que um determinado

pixel representa em função da resolução de uma imagem.

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3. Definir altura ideal de voo. A determinação da altura de voo dependerá das

informações básicas da câmera RGB (distância focal14 e tamanho do pixel da

imagem) e do GSD estabelecido, como demonstra a FIG. 4.5.

Tamanho do pixel da imagem (μm) = largura do CCD15 (m)

largura do pixel da imagem (piexel) (4.1)

Altura de voo (m) =

GSD (m)x distância focal (m)

tamanho do pixel de imagem (m) (4.2)

FIG. 4.5 - Esquema geral do processo para a determinação da altura de voo.

Fonte: Autor, 2015.

4. Estabelecer o tamanho da porção de terreno que será capturada, ou seja, o

recobrimento. A porção do terreno capturado na imagem será determinada

pelo tamanho da imagem do CCD na proporção do tamanho do GSD (onde

cada pixel equivalerá a um GSD).

Largura (m) = Largura do CCD (pixels) x GSD (m) (4.3)

Comprimento (m) = Comprimento do CCD (pixels) x GSD (m) (4.4)

14 Capacidade de uma lente em focalizar um alvo,

15 É um dispositivo de carga acoplada para captação de imagens. O componente é responsável por captar a luz

das cenas e transformá-la em imagens coloridas.

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FIG. 4.6 - Recobrimento.

Fonte: Autor, 2015.

5. Aplicar sobreposição e entender a quantidade de imagens que serão geradas.

Este processo leva em consideração o tamanho do recobrimento e o tamanho

da área a ser investigada. Para chegar ao mapeamento total da região, cada

recobrimento será sobreposto por uma fração da próxima imagem de

recobrimento, estabelecido por 60% de sobreposição longitudinal e ou por

30% de sobreposição latitudinal. A FIG. 4.7 ilustra cada sobreposição para

que se possa determinar a quantidade de imagens necessárias para cobrir toda

a área a ser investigada.

FIG. 4.7 - Sobreposição.

Fonte: Autor, 2015.

A diferença entre o comprimento e a fração sobreposta da imagem

longitudinal ou latitudinal (que depende do sentido do voo) permite

estabelecer o momento ideal de captura de cada imagem, ou seja, saber de

quantos em quantos metros o veículo deverá obter uma fotografia para

recobrir toda a área a ser investigada.

6. Estabelecer o bloco fotogramétrico. O processo consiste na criação das faixas

de voo (sequência de imagens) e a criação do junto de imagens sobrepostas

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para a formação de um bloco. Para melhor entender a forma de criação do

bloco fotogramétrico a FIG. 4.8 é apresentada.

FIG. 4.8 - Bloco Fotogramétrico.

Fonte: Adaptado de IBGE (2015a).

O bloco fotogramétrico será a base para a geração do mosaico que será

integrado nos Sistemas de Informações Geográficas.

7. Inserir os pontos de controle. A função base dos pontos de controle é

aumentar o nível de confiança das informações geográficas, a partir de pontos

fixos e conhecidos delimitados na área de voo.

Estabelecido estas sete ações, o VANT é liberado para varredura (coleta de dados) e as

tarefas a serem estabelecidas durante o mapeamento da região. Após a conclusão do voo, os

resultados são exportados para dois bancos de informações, o primeiro com extensão .jpg e o

segundo com extensão .log.

Para a estratificação das informações de voo, o Estágio II sugere o uso do Programa

AgiSoft Photoscan16, por possuir um algoritmo computacional de aerotriangulação eficiente e

estar orientado para drones e VANT. Dentre os recursos disponíveis no Photoscan, destaca-se

o uso da calibração automático de câmera, a correção das distorções das lentes, geração de

nuvens de pontos e os modelos poligonais, ortofoto e sobreposições longitudinal e lateral. Os

produtos resultantes do programa são os mosaicos de ortofotos e os modelos digitais de

superfícies (MDS).

16 Programa de aerotriangulação da empresa Agisoft.

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4.4 ESTÁGIO III: INTEGRAR AS INFORMAÇÕES AO SIG

O Estágio III é estruturado de forma a obter o máximo de informação da região afetada,

sem perder a qualidade e a confiabilidade das informações ao menor tempo possível e

preparar o requinte de dados para a definição da rede de distribuição.

O Sistema de Informações Geográficas (SIG) o Estágio III é o TransCAD, como definido

e justificado no Estágio I, e a missão é a avaliar a situação da região antes e após o evento de

crise. As atividades previstas são:

a) acessar o sistema de informações geográficas da região;

b) importar ortofoto, gerada pelo AgiSoft Photoscan, em uma das extensões GeoTiff,

XYZ, KML, Wavefront OBJ, VRML, COLLADA ou PDF;

c) analisar a situação da região antes e após o desastre;

d) identificar áreas em situação vulnerável e locais com restrição/obstrução de

acesso;

e) gerar documento de comparação da situação atual.

Após o processo de análise no SIG, um documento de comparação da situação atual é

criado. O objetivo desta ação é atualizar as equipes de campo quanto à situação antes e após a

ocorrência do desastre e ampliar as possibilidades de assistência. Este processo é citado por

Oliveira (2010) como requisito importante de operacionalização do sistema ao apontar os

acidentes do terreno, edificações importantes, zonas de trabalho, instalações padronizadas,

localização dos recursos designados e outras informações necessárias à compreensão da

operação. O modelo geral do documento de comparação da situação antes e após o desastre é

apresentado na TAB. 4.4.

TAB. 4.4 - Documento de comparação da situação antes e após o desastre.

1. Área sobrevoada 2. Data/Hora 3. Responsável Documento

nº 000X 4. Número de habitantes –

dados Censo (IBGE)

5. Pontos de atendimento /

distribuição local

6. Cronograma de

voos/atualização

7. Mapa da área sobrevoada antes do desastre

8. Mapa da área sobrevoada após o desastre

Fonte: Autor, 2015.

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4.5 ESTÁGIO IV: DEFINIR REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE AJUDA

O Estágio IV consiste na análise da infraestrutura local disponível, atualização do banco

de dados de logística humanitária e aplicação do algoritmo de Costa (2013) para definir a rede

de distribuição. Todas estas ações poderão ser realizadas em paralelo ao Estágio III.

Consolidado a situação da região no Estágio III e a atualização dos potenciais locais de

apoio, o processo para a definição da rede de distribuição é iniciada, aplicando o algoritmo de

Costa (2013) como apresentado no Capítulo II e transformado nas seguintes ações:

1. A primeira ação é dimensionar, dentro da área afeta, os lados que dividirão as

sub-regiões impactadas (SRIs) (EQ. 4.6) e a distância máxima de caminha da

população (EQ 4.5). É considerado, conforme cita Costa (2013), que a velocidade

média de caminha (𝑣𝑐) de uma pessoa na região afetada é de 4 km/h há um tempo

máximo ( 𝑡𝑚á𝑥) de 50 minutos e o coeficiente de sinuosidade do trajeto (α) igual a

1,4.

𝑑𝑚á𝑥 =𝑣𝑐 . 𝑡𝑚á𝑥

𝛼 (4.5)

𝑙𝐴 =𝑑𝑚á𝑥

√2 (4.6)

FIG. 4.9 - Configuração da Sub-região Impactada (SRI).

Fonte: Costa (2013).

2. A partir das informações de distância máxima de caminha e o tamanho da área

das SRIs (ver FIG. 4.9), a segunda ação é calcular a densidade demográfica (EQ.

4.7), mensurada em hab./km², o tamanho da área (EQ. 4.8) e o número de

habitantes (EQ. 4.9) na região afetada.

𝜌𝑟 =𝑛ℎ

𝐴𝑟 (4.7)

𝐴𝑖 = 𝑙𝑎² (4.8)

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𝑛𝑖 = 𝐴𝑖 . 𝜌𝑟 (4.9)

Para um melhor desempenho do cálculo da densidade demográfica, o Estágio IV

sugere utilizar o censo no último ano para mensurar o número de habitantes (𝑛ℎ) e

o tamanho da área mapeada pelo VANT, para definir o tamanho da área afetada

(𝐴𝑟). Com estes pontos definidos, e na sequência de análise, é possível estimar o

número de habitantes que poderão necessitar de ajuda (EQ. 4.10) nos locais de

atendimento, aplicando um fator de expectativa de pessoas que recorrerão à ajuda

definido entre 0,4 ≤ 𝑓𝑒𝑥 ≤ 0,6 do número de habitantes na região afetada.

𝑛𝑑 = 𝑛𝑖 . 𝑓𝑒𝑥 (4.10)

3. Considerando a cota diária para uma pessoa da classe de ajuda e o número

esperado de habitantes que necessitarão de ajuda, a terceira ação define a

capacidade de armazenamento para atendimento (EQ. 4.11) e a área necessária

(espaço físico) para os possíveis pontos de distribuição (EQ. 4.12). Este processo

pode ser construído no formato de uma tabela, como destaca a TAB. 4.5.

𝐶𝑎 = (∑ 𝑛𝑑. 𝑐𝑗

𝑗

) . 𝑓𝑒 (4.11)

𝐴𝑎 = (∑𝑛𝑑 . 𝑐𝑗

𝑞𝑗𝑗

. 𝑒𝑗) . 𝑓𝑒𝑓𝑚 (4.12)

TAB. 4.5 - Capacidade de armazenamento para atendimento previsto em m².

Classe de Ajuda (𝑪𝒋) Alimento Água Cobertor Higiene

Cota/dia (kg)

Área por unidade de armazenagem (m²) (𝒆𝒋)

Peso por unidade de armazenagem (kg) (𝒒𝒋)

Necessidade/dia (kg)

Fator de cobertura (dias)

Necessidade/dia (kg)

Necessidade/unidade armazenada

Cobertura de estoque (dias)

Fator de movimentação

Necessidade Armazenagem diária (m²)

Fonte: Autor, 2015.

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Observação: Costa (2013) considera o fator de cobertura dos estoques (𝑓𝑒) igual há

1,5 dias e o fator de movimentação (𝑓𝑚) igual a 30%; para a cota diária para uma

pessoa (consumo/dia) é definido que alimento corresponda a 0,540 kg, água, 8

unidades de 500 ml, cobertor, 1 unidade de 1,32 kg, e Kit de Higiene, 0,260 kg.

Todos estes parâmetros serão mantidos no procedimento.

4. A quarta ação, prevê o estabelecimento dos potenciais locais que se tornarão

pontos ou centros de distribuição na montagem da rede de distribuição:

a) classificar cada instalação de acordo com sua capacidade de atendimento:

depósito central, pontos de distribuição (PDD) e centros temporários de

distribuição (CTD);

b) todas as áreas com infraestrutura poderão atuar como um PDD nas SRIs:

i. será um PDD as instalações que tiverem área disponível maior ou

igual ao espaço necessário para guardar a quantidade necessária ao

atendimento das vítimas, ou seja, maior que a área 𝐴𝑎;

ii. PDD com sobra de capacidade se candidatará a um possível

fornecedor de recursos para atender CTD.

iii. caso haja mais de uma instalação em uma SRI, o gestor deve

escolher aquela de maior capacidade de armazenagem.

c) todas as áreas sem infraestrutura poderão atuar com um CTD abastecido

por um PDD, com capacidade de armazenamento para tal ação:

i. PDD serão instalados nas regiões onde não houver infraestrutura e

serão abastecidos por PDD;

ii. definir PDDs que serão base de suprimentos/abastecimento dos

CTD, analisando: utilizar o menor número possível de PDD;

percorrer a menor distância total para o suprimento de todos os

CTD; respeitar o número máximo de CTD que cada PDD pode

atender (capacidade estática, medida através da área de

armazenamento de itens de ajuda); e ter cada CTD atendido por

apenas um PDD;

iii. a localização dos pontos de atendimento nas Sub-regiões

Impactadas (PDDs e CTDs) será considerada no ponto central de

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cada quadrado (centroide por sub-região) com as suas localizações

definidas pela linha e a coluna de referência de cada área;

5. Validar a rede de distribuição no Banco de Dados de Logística Humanitária,

identificando quais locais ficam estabelecidos como CD e PDDs.

Toda esta estrutura pode ser discutida utilizando a ferramenta em Microsoft Excel

desenvolvida por Costa (2013), analisando duas linhas de ação: (a) privilegiar o menor

número de centros de distribuição a ser utilizados; e (b) privilegiar a menor distância total

para o abastecimento dos locais de atendimento à população.

4.6 ESTÁGIO V: ESTABELECER ROTEIRIZAÇÃO

A concepção da rede de distribuição é definida como uma entidade que conecta vários

pontos através de rotas. Relacionados aos problemas de transporte, a interpretação das redes

são vistas como um conjunto de ofertas Oi (i = 1,..., O) e de demandas Dj (j = 1,..., D) que

transitam, entre si, bens tangíveis despachados e recebidos. Cada item enviado de um ponto

de oferta (origem) oi para um ponto de demanda (destino) dj apresenta custos de transporte

associados ijc e quantidades de bens enviados

ijx , em que o objetivo dos problemas que

envolvem transporte é sempre minimizar o custo total.

FIG. 4.10 - Representação genérica de Redes.

Fonte: Acervo do autor, 2015.

Com tal característica, a intensão do Estágio V é planejar a entrega dos recursos e

estabelecer o melhor conjunto de rotas que minimizem os custos de distribuição na operação

de resposta e atender todos os PDDs e CTDs. Logo, o problema geral de roteirização analisará

a localização dos veículos em determinados depósitos centrais (𝑖) que serão programados para

visitar os pontos específicos para atender demanda (𝑗), relacionando capacidade, distância,

custo e tempo. A formulação do problema geral de roteirização trabalhará com a estrutura:

i j

Arco (i,j)

i j

Capacidade

iju

Fluxo ijx

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a) função objetivo: Minimizar custos totais de distribuição, que incluem os custos fixos e

os custos variáveis; Minimizar distância total percorrida; Minimizar quantidade de veículos;

b) restrições de veículos: limitação de capacidade; limitação com relação ao tipo de

carga; operação de carga e descarga dos veículos; número e tipo de veículos disponíveis;

c) restrições com demanda: janela de tempo das demandas; atendimento total das

demandas; atendimento parcial das demandas; tempo máximo permitido para carregamento e

descarregamento;

d) restrições de rotas: horário de início e término das viagens; tempo máximo de viagem

de um veículo; distância máxima percorrida; locais de parada fixas;

e) variáveis de decisão: roteiro a ser percorrido por cada veículo; veículo; quantidade de

carga transportada; tempo de atendimento.

Para a construção das rotas, os veículos são definidos e estruturados para responder à

rede. A intensão é que um ou mais veículos partem dos CDs para os vários locais de

atendimento entorno da região afetada. Para a ação desta etapa, o processo da roteirização

considera que:

a) o “cadastros de veículos” e “locais de apoio” estejam devidamente cadastrados no

Banco de Dados de Logística Humanitária;

b) os veículos são carregados com a máxima capacidade possível;

c) o roteiro de distribuição seguirá agrupamentos, com objetivo de minimizar o tráfego

entre rotas;

d) paradas sequenciadas e sem sobreposição;

e) o melhor roteiro de distribuição será o que obtiver o maior uso dos veículos

disponíveis, ou seja, melhor aproveitamento de carga, distância, tempo e custo.

Integrando ao modelo teórico de roteirização, o Estágio V mantém o uso do Sistema de

Informação Geográfica para Transportes (SIG-T) por permitir solucionar problemas

complexos de roteirização com janela de tempo, frota heterogênea, restrições de tamanho de

rota e o uso de múltiplos centros de distribuição (depósitos) na rede de distribuição. Além

disso, o TransCAD apresenta ferramentas analíticas e gráficas para o trabalho de redes de

transportes, incluindo o algoritmo usual do caixeiro viajante e o método heurístico das

economias de Clarke e Wright (com janelas de tempo).

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O Método de Clarke e Wright – identificado no TransCAD como Routing with Time

Windows – tem por princípio construir roteirizações inteligentes que buscam a menor

distância percorrida possível, com o menor número de veículos a um custo ótimo de

operacionalização, seu conceito é que o ganho está vinculado a uma economia na distância

percorrida entre duas situações hipotéticas. A estrutura deste do algoritmo é detalhada no

ANEXO 1.

Assim, para o roteamento de veículos utilizando TransCAD, quatro sequências de

atividades são planejadas: (1) preparação dos dados de entrega, (2) a criação da matriz de

roteamento, (3) solução e (4) destacar os resultados. Atento a este referencial, o processo de

roteirização no Estágio V é alcança utilizando os seguintes passos:

1. Acessar Banco de Dados de Logística Humanitária e preparar os dados de entrada

no SIG:

a) Acessar arquivo “cadastro de veículos”

i. Identificar e sinalizar no banco de dados quais veículos

cadastrados estarão disponíveis para roteirizar;

ii. Cadastrar a disponibilidade dos novos veículos para a ação no

banco de dados conforme diretrizes (item 4.2.3);

iii. Verificar o preenchimento dos campos: tipo de veículo,

localização, capacidade, quantidade e custo de cada tipo de

veículo;

iv. Atualizar banco de dados;

v. Aplicar filtro no campo “finalidade de uso" para exibir a seleção

de veículos cadastrados conforme as especificações para uso em

distâncias longas, distribuição ou construção;

vi. A seguir, aplicar filto no campo “tipo de terreno” para exibir a

seleção dos veículos cadastrados conforme as especificações para

uso em terrenos regulares ou terrenos acidentados;

vii. Exportar o resultado, veículos ideais para roteirização, em planilha

eletrônica, MS-Excel por exemplo.

2. Criar a matriz de roteirização (origem/destino)

a) Acessar o TransCAD;

b) No meu Routing/Logistics selecionar a opção Routing Matrix;

c) Selecionar as paradas que deseja incluir;

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d) Selecionar os depósitos que deseja incluir;

e) Selecionar o método que deseja usar para medir distância e tempo: rede ou

linha.

3. Resolver o problema de roteirização de veículos

a) Selecionar o conjunto de depósitos e o conjunto de paradas;

b) Identificar capacidade dos veículos no sistema;

c) Identificar a demanda em cada parada;

d) Clicar em Ir e analisar relatórios:

i. Acessar arquivo texto com itinerários de cada veículo;

ii. Lista das paradas em cada rota.

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CAPÍTULO V

5. APLICAÇÃO DO PROCEDIMENTO PARA DEFINIÇÃO DOS CENTROS DE

DISTRIBUIÇÃO E ROTEAMENTO DE VEÍCULOS

O procedimento para definição dos centros de distribuição e roteamento de veículos

elaborada no Capítulo IV é consolidado neste capítulo ao iterar o evento de crise ocorrido no

município de Duque de Caxias, no início de 2013.

FIG. 5.1 - Município de Duque de Caxias (RJ).

Fonte: NIMA, 2009.

O capítulo V reconstrói o cenário de crise e aplica, de forma ordenada, com os cinco

macros estágios do procedimento, (I) preparação, (II) mapeamento da região afetada, (III)

integração das informações no SIG, (IV) definição da rede de distribuição e (V) roteirização

de veículos. A missão é aplicar o procedimento de maneira a operacionalizar a rede de

distribuição para atender a população afetada a um menor tempo, minimizando o sofrimento e

atento às possibilidades de melhoria nos processos de resposta.

5.1 CARACTERIZAÇÃO

Entre os dias 02 e 03 de janeiro de 2013, o município de Duque de Caxias registra um

índice de 212 milímetros de precipitação pluviométrica ao pé da Serra dos Órgãos. A lâmina

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d’água de 4 a 5 metros de altura transborda o Rio Saracuruna, provoca eventos de enxurrada

no Rio Capivari e nos córregos da região, afetando os Distritos de Xerém, Imbariê e Campos

Elíseos, todos pertencentes ao município de Duque de Caxias (SINPDEC, 2013).

O Distrito de Xerém é a região mais afetada com os deslizamentos de terra, enchentes e

enxurradas, destruição de pontes, casas inteiras e pavimentação de ruas e avenidas, como

registra as FIG. 5.2 e FIG. 5.3. Em Xerém, são registradas 02 mortes, 60 feridos, 270

desabrigados, 1.126 desalojados e cerca de 50.000 afetados no pós-desastre (SINPDEC,

2013). Os números oficiais incluindo o alagamento dos Distritos de Campos Elíseos e Imbariê

somam 20.000 pessoas afetadas aos 51.458 afetados da região de Xerém.

A ação de resposta ao evento foi iniciada pela população local retirando e salvando as

famílias próximas às margens do rio Capivari e dos córregos na região, seguido do apoio da

prefeitura de Duque de Caxias, Defesa Civil, militares e instituições religiosas.

FIG. 5.2 - Situação do Distrito de Xerém horas após a enxurrada do dia 3 de janeiro de 2013.

Fonte: Veja, 2013.

O Prefeito de Duque de Caxias estabelece um gabinete de crise no Distrito de Xerém 13

horas após o evento calamitoso com 100 homens, 20 caminhões e 10 tratores a fim de apoiar a

operação de ajuda e iniciar os processos de desobstrução dos rios e retirada da lama.

FIG. 5.3 - Situação do Distrito de Xerém dois dias após a enxurrada do dia 03 de janeiro de 2013.

Fonte: Veja, 2013.

A operação de ajuda foi estruturada e centralizada na Igreja Wesleyana como um centro

de distribuição regional, localizado na Estrada Rio D'ouro a 17 minutos do centro de Xerém.

Por ser um espaço climatizado e ter uma área coberta de 300 m² foi instalado posto médico,

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posto de vacinação e assistentes sociais. A centralização permitiu amparar a população local,

receber e distribuir as doações até os pontos de atendimento dentro do distrito mobilizado pela

Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Guarda Municipal, Prefeitura de Duque de Caxias,

Bancos e Igrejas.

5.2 APLICAÇÃO DO PROCEDIMENTO PROPOSTO

5.2.1 ESTÁGIO I: PREPARAÇÃO

O Estágio I é construído no procedimento com a finalidade de preparar as regiões em

situação vulnerável, para responder aos eventos de crise. Assim, o Estágio I prevê a ação de

quatro tarefas pragmáticas: (1) identificar e mapear a região ou município localizado em área

de risco, (2) avaliar a capacidade de resposta, (3) criar/atualizar o banco de dados de logística

humanitária, e (4) organizar e dispor as informações no SIG aguardando o surgimento de uma

situação de crise.

Porém, devido à incapacidade em antever o evento de crise, que assolou o município de

Duque de Caxias em 2013, o Estágio I não foi acionado. Como esta situação está prevista no

fluxo de decisão no pós-desastre, em destaque na FIG. 4.1 do capítulo IV, os Estágios II e III

assumem a responsabilidade de preparar todas as informações necessárias para colocar o

procedimento em ação e com mesma eficiência.

5.2.2 ESTÁGIO II: MAPEAR REGIÃO AFETADA NO PÓS-DESASTRE

O mapeamento da região é realizado nos passos definidos a contar da identificação das

áreas de vulnerabilidade, previstas no Estágio I. Como na região de Duque de Caixas não

havia processos de preparação e o núcleo de coordenação precisa dos mapas da situação

anterior para criar as melhores ações de resposta, três atividades são acionadas

simultaneamente: (1) organizar os mapas geográficos da região anterior ao desastre e

identificar áreas de risco; (2) executar o mapeamento da região no pós-desastre; e (3)

identificar quais recursos estão disponíveis na região para ajuda (locais para atendimento,

profissionais, veículos, fontes de suprimentos e outros).

A identificação das possíveis áreas de risco considera o banco de informações

geográficas do município, destacados nas FIG. 5.4, FIG. 5.5 e FIG. 5.6.

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FIG. 5.4 - Vista espacial do município de Duque de Caxias (RJ).

Fonte: Google Pro, 2015.

FIG. 5.5 - Geologia e Hidrografia do município de Duque de Caxias (RJ).

Fonte: NIMA, 2009.

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FIG. 5.6 - Uso do Solo, Cobertura Vegetal e Rodovias do município de Duque de Caxias (RJ).

Fonte: NIMA, 2009

Após análise e investigação dos condicionantes naturais e antrópicos, as áreas de risco

são identificadas, ponderadas e delimitadas no mapa da região anterior ao desastre, tal como

apresenta a FIG. 5.7.

FIG. 5.7 - Identificação das áreas de risco no Distrito de Xerém.

Fonte: Autor, 2015.

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O mapeamento da região no pós-desastre é direcionado à investigação das áreas de risco,

delimitadas na FIG. 5.7, assim como as áreas de serra e mata, extensão de rios e afluentes e

áreas povoadas próximas aos locais de risco. A investigação cobrirá toda a área impactada,

então, fica estabelecido mapear uma área com extensão de 6,8 km a partir do centro do

Distrito de Xerém

Para o mapeamento nos eventos de crise, o Estágio II estabelece o uso do VANT ou

drones devido à agilidade e baixo custo na coleta de dados. Portanto, o mapa da região no

pós-desastre é feito com o apoio de um plano de voo17, que inclui a escolha o tipo de sensor

de câmera, o menor tamanho dos objetos de investigação (GSD) e a altura de voo, e a

restituição dos dados em um mapa georreferenciado para uso no SIG. Deste modo, o VANT

Horus FT-100 é escolhido para sobrevoar o Distrito de Xerém, partindo da coordenada

geográfica 22º34’52.93” latitude sul e 43º18’31.42” longitude oeste de Greenwich.

Para a elaboração do plano de voo utiliza-se o próprio software da estação de solo do

Horus FT-100, que possui interface de carregamento de mapas e inserção de waypoints para a

missão de varredura e GPS Micro INS Athena da Rockwell Collins (que faz parte do sensor

inercial do Horus FT-100).

A câmera escolhida é a Sony Cyber-Shot DSC-H70 de 12 megapixel (4608 x 2592), tela

LCD TFT de 3 polegadas, CDD18 de 6,16 x 4,26 mm, reconhecimento inteligente de cena,

função panorâmica para a aerofotografia e vídeo.

Com os requisitos do VANT definidos, a altura de voo é calculada pelas equações EQ.

4.1 e EQ. 4.2. Observação: como o objetivo do mapeamento é verificar a situação das áreas

vulneráveis e os possíveis empecilhos na infraestrutura local, fica demarcado um GSD de 20

cm.

Tamanho do pixel da imagem (μm) = largura do CCD (m)

largura do pixel da imagem (piexel) (EQ. 4.1)

Tamanho do pixel da imagem (μm) = 6,16 mm

4608 pixels= 1,3368055 𝜇𝑚

17 O plano de voo corresponde ao planejamento do veículo aéreo a ser utilizado no campo que inclui: a escolha

do tipo de sensor de câmera, o menor tamanho dos objetos de investigação e a altura de voo.

18 Corresponde à capacidade de resolução do tamanho e número de células fotoelétricas. Quanto maior o número

de pixels, maior a área que pode ser fotografa.

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Altura de voo (m) =GSD (m) x distância focal (m)

tamanho do pixel de imagem (m) (EQ. 4.2)

Altura de voo (m) =0,2 (m) x 0,004(m)

1,3368055 (μm)= 598 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠

Definida altura ideal de voo, inicia-se o processo de determinação do recobrimento19, que

corresponde ao tamanho da porção do terreno a ser capturado na fotografia utilizando as

dimensões de largura (EQ 4.3) e comprimento (EQ. 4.4) total de uma imagem.

Cada recobrimento é sobreposto por uma fração da próxima imagem de recobrimento,

estabelecido por 60% de sobreposição longitudinal e ou por 30% de sobreposição latitudinal,

como visto passo a passo no Capítulo IV e gerado automaticamente na fase de processamento

das imagens.

A diferença entre o comprimento e a fração sobreposta da imagem longitudinal ou

latitudinal (que depende do sentido do voo) permitirá estabelecer o momento ideal de captura

de cada imagem, ou seja, saber de quantos em quantos metros o VANT deverá fotografar uma

porção do terreno para recobrir toda a área de interesse.

Largura (m) = Largura do CCD (pixels) x GSD (m) (EQ. 4.3)

Largura = 4608(pixels) x 0,2 (m) = 921,6 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠

Comprimento (m) = Comprimento do CCD (pixels) x GSD (m) (EQ. 4.4)

Comprimento (m) = 2592 (pixels) x 0,2 (m) = 518,4 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠

19 É uma ação que aplica sobreposições de imagens até chegar ao mapeamento total da região

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FIG. 5.8 - Porção do terreno capturado.

Fonte: Autor, 2015.

Após todo este processo, o VANT é liberado para varredura a uma altitude próxima de

590 metros do solo, prevendo localizar alvos com tamanho de até 20 cm.

Os dados fornecidos durante o voo (imagens/fotografias e coordenadas) são gravados

pelo sistema embarcado do Horus FT-100 e armazenados em dois arquivos distintos nas

extensões .jpg e .log. A fase seguinte ao voo é o georreferenciamento das imagens/fotografias

utilizando o programa AgiSoft Photoscan, indicado no Estágio II.

O processo de criação das ortofotos georreferenciadas, da região afetada, considera a

parametrização de imagens e informações de voo (angulação do voo, latitude, longitude e

altitude), alinhamento, modelagem e geração de produto final. A geração da ortofoto começa

a partir da abertura programa AgiSoft Photoscan, a importação das imagens (fotografias) na

extensão .jpg, seguida da importação dos dados de voos na extensão .log. Esta ação é visível

passo a passo na FIG. 5.9.

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FIG. 5.9 - Processo de importação dos dados coletados durante o voo.

Fonte: Autor, 2015.

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O alinhamento das imagens às coordenadas geográficas são realizadas automaticamente

pelo AgiSoft Photoscan a partir da correta calibração da câmera de voo e incursão das

informações do tamanho do pixel na imagem, altura de voo e GSD. O processo de

alinhamento é acionado pelo comando “alinhar fotos” no menu “fluxo de trabalho”, como

destaca a FIG. 5.10. O comando “alinhar fotos” irá localizar pontos comuns (FIG. 5.11) e

entregará, como resultado, uma nuvem escassa de pontos em comum num modelo 3D (FIG.

5.12).

Os pontos de nuvem servem apenas para a avaliação visual da imagem e qualidade do

alinhamento antes da restituição geométrica, última etapa do processamento.

FIG. 5.10 - Processo inicial para o alinhamento das imagens às coordenadas geográficas.

Fonte: Autor, 2015.

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FIG. 5.11 - Execução do processo de alinhamento das imagens às coordenadas geográficas.

Fonte: Autor, 2015.

FIG. 5.12 - Resultado preliminar do alinhamento: nuvem de pontos e o modelo 3D.

Fonte: Autor, 2015.

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A restituição da geometria do Distrito de Xerém é realizada a partir da construção do

modelo poligonal (texturização), destacado passo a passo nas FIG. 5.13 a FIG 5.18. O para a

restituição, o processo consiste em alinhar os pontos (FIG 5.13), definir qualidade do modelo

(FIG. 5.14), construir o modelo (FIG. 5.15) e definir parâmetros de entrada (FIG. 5.16), gerar

o modelo preliminar (FIG. 5.17 e aplicar a texturização (FIG. 5.18).

FIG. 5.13 - Processo de alinhamento dos pontos.

Fonte: Autor, 2015.

FIG. 5.14 - Definição da qualidade.

Fonte: Autor, 2015.

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FIG. 5.15 - Construção do modelo.

Fonte: Autor, 2015.

FIG. 5.16 - Definição dos parâmetros.

Fonte: Autor, 2015.

FIG. 5.17 - Geração do modelo preliminar.

Fonte: Autor, 2015.

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FIG. 5.18 - Texturização do modelo.

Fonte: Autor, 2015.

Ao final do processamento de texturização, o AgiSoft Photoscan possibilita exportar os

resultados finais nos formatos MDE em XYZ, LAS, Wavefront OBJ, VRML, COLLADA,

PDF, Mosaico em GeoTiff e Google KML para leitura em um SIG.

Como o procedimento prevê o uso do SIG, de maneira a investigar os pontos em

obstrução, o resultado final da texturização é exportada no formato GeoTiff, como destaca a

FIG. 5.19.

FIG. 5.19 - Texturização do modelo.

Fonte: Autor, 2015.

As tarefas de quantificação e cadastramento dos recursos necessários à ajuda podem ser

realizadas paralelas às tarefas de identificação e mapeamento, para acelerar a execução do

procedimento. Para à continuidade do procedimento, este trabalho deve identificar locais com

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potencial de ajuda (a incluir centros de distribuição), profissionais e veículos que atuem na

ação de ajuda. O resultado da identificação é destacado na TAB 5.1 e TAB. 5.2 tal como foi

cadastrado distintamente no banco de dados: “locais de apoio” ou stop layer e “cadastro de

veículos” ou vehicle table.

TAB. 5.1 - Cadastro das informações no arquivo “locais de apoio” do banco de dados.

Instalação -ID Longitude Latitude Descrição Local Função

1 -43308223 -22572284 Campo de Esporte Privada

2 -43309313 -22572774 Igreja Católica Religiosa

3 -43307295 -22574815 Igreja Presbiteriana Religiosa

4 -43305311 -22576668 Farmácia Privada

5 -43305477 -22577614 Supermercado Privada

6 -43302006 -22579437 Atacadista Privada

7 -43299667 -22578961 Igreja Shekinah Religiosa

8 -43299131 -22576980 Igreja Católica Religiosa

9 -43304302 -22581641 Escola Pública

10 -43306040 -22582131 Espaço de Festa Privada

11 -43305745 -22578307 Escola Pública

12 -43304340 -22578983 Pátio Aberto Pública

13 -43303586 -22579087 Campo aberto Pública

14 -43305091 -22583999 Igreja Católica Religiosa

15 -43305080 -22585613 Estádio Pública

16 -43306094 -22585871 Igreja Evangélica Religiosa

17 -43303379 -22586728 Escola Pública

18 -43303251 -22585217 Igreja Evangélica Religiosa

19 -43305176 -22587416 Praça Central – Aberta Pública

20 -43304439 -22592565 Campo Aberto Pública

21 -43304093 -22589853 Igreja Presbiteriana Religiosa

22 -4318209 -2235154 Igreja Presbiteriana Religiosa

23 -43311678 -22597242 Agricultor / Cereais Privada

24 -43299683 -22600580 Igreja Evangélica Religiosa

25 -43299458 -22600263 Escola Pública

26 -43292516 -22601492 Hospital Pública

27 -43290467 -22601086 Escola Pública

28 -43294834 -22598629 Campo Aberto Pública

29 -43295789 -22599253 Campo de Futebol Pública

30 -43291841 -22597609 Escola Pública

31 -43290800 -22592607 Centro de Distribuição Pública

32 -43283644 -22589120 INMETRO Pública

33 -43262079 -22585940 Laticínio Privada

34 -43286728 -22568425 Campo Aberto Pública

35 -43290089 -22581569 Igreja Religiosa

36 -43302800 -22581933 Mercearia - Médio Porte Privada

37 -43300083 -22580821 Campo Aberto Pública

38 -43295440 -22600714 Campo Aberto Pública

Fonte: Autor, 2015.

TAB. 5.2 - Cadastro das informações no arquivo “cadastro de veículos” do banco de dados.

ID Tipo Quantidade Limite de Capacidade Disponibilidade Custo / Km*

1 Toco 4 5 toneladas Integral R$ 1,83

2 Truck 8 16 toneladas integral R$ 2,50

Fonte: Autor, 2015.

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É importante ressaltar que o Banco de Dados de Logística Humanitária fica à disposição

da equipe de resposta e atualizado, sempre que possível na ação de resposta. O Cadastro dos

arquivos “locais de apoio” e “cadastro de veículos” serão os dados de informações mais

importantes para o procedimento.

5.2.3 ESTÁGIO III: INTEGRAR AS INFORMAÇÕES AO SIG

O processo de integração ao SIG é iniciado com a importação da ortofoto

georreferenciada do AgiSoft Photoscan (resultado final do Estágio II) para o TransCAD,

como destaca a FIG. 5.20.

FIG. 5.20 - Processo de importação da ortofoto para o TransCAD.

Fonte: Autor, 2015.

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A seguir à importação da ortofoto, é ativada a ferramenta Google Hybrid do TransCAD

para criar um ambiente de comparação da situação anterior à ocorrência do desastre. A

comparação entre os mapas da região antes e após o desastre é distribuído às equipes de

campo no formato de um documento de comparação da situação local. Este documento é

preenchido e exemplificado na TAB. 5.3.

TAB. 5.3 - Documento de comparação da situação antes e após o desastre em Xerém.

1. Área sobrevoada: Leito Rio Capivari,

Estrada de Xerém e Estrada Geraldo

Cardoso

2. Atualização da Imagem:

15/01/2013 – 12h05

3. Responsável:

Defesa Civil Doc. nº

01

4. População do município: 855.048 hab. 5. Nenhum ponto de

atendimento definido 6. Voo 02 / 04

7. Mapa da área sobrevoada antes do desastre

8. Mapa da área sobrevoada após o desastre

Fonte: Autor, 2015.

Este documento de comparação é um dos requisitos de avaliação citado no “Livro Texto

do Projeto Gerenciamento de Desastres” (OLIVEIRA, 2010) e tem por objetivo distinguir as

áreas de destruição, facilitar a troca de informações entre os locais de atendimento à

população, maximizar a proteção à vida, estabilizar a situação crítica, proteger propriedades e

preservar o meio ambiente.

5.2.4 ESTÁGIO IV: DEFINIR REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE AJUDA

A rede de distribuição é construída a partir do mapa da região no pós-desastre, do Banco

de Dados de Logística Humanitária e das informações dos locais de atendimento à população

em área segura. Todas estas informações são reunidas no TransCAD para verificação e

determinação dos melhores locais de atendimento.

O banco de dados com o cadastro dos possíveis locais de atendimento (arquivo “locais de

apoio”) é importado para o TransCAD com a extensão .xls ou .txt, como demonstra a FIG.

5.21. Com a importação do banco de dados o TransCAD reconhecerá a base de dados como

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uma base de pontos (ou layer pontos) por conter informações geográficas, descrição dos

locais (instalações), espaço físico e outras informações.

É importante ressaltar que o município de Duque de Caxias não possui banco de dados

das instalações no desastre em 2013, assim, a base de pontos concebida para a dissertação é

construída a partir das informações coletadas após a ocorrência do desastre, do ano de 2015 e

registradas na TAB 5.1.

FIG. 5.21 - Criação da base de dados de pontos.

Fonte: Autor, 2015.

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Após a criação da base de dados de pontos no TransCAD, a base de dados de linhas (ou

layer linhas) é construída contendo os acessos rodoviários à região afetada, destacando ruas,

avenidas, estradas e rodovias. Como o Distrito de Xerém não possui base de dados dos

acessos desenhados em arquivo compatível com o SIG, os acessos são criados utilizando o

Google Maps ou o próprio TransCAD. O Google Maps é uma ferramenta de mapeamento que

disponibiliza online na web a ferramenta traçado de linhas que possibilita criar e exportar

traçados em extensões reconhecidas pelo SIG. A base de dados de linhas é exportada do

Google Maps na extensão .kml e importado pelo TransCAD para sobrepor os layers de

pontos, Ortofoto e Google Hybrid, como detalhada a FIG. 5.22 e FIG. 5.23.

FIG. 5.22 - Criação da base de dados de linhas.

Fonte: Autor, 2015.

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FIG. 5.23 - Sobreposição dos layers pontos e linhas.

Fonte: Autor, 2015.

A ortofoto (mapa da situação atual) é sincronizada às sobreposições do TransCAD no

intuito de avaliar quais acessos aos possíveis locais de atendimento à população estão

bloqueados ou inviabilizados após o desastre, a visualização dos impedimentos a FIG. 5.24

mostra cinco locais inviabilizados para o atendimento à população por destruição da

infraestrutura de acesso.

FIG. 5.24 - Identificação dos pontos de atendimento inviabilizados para ajuda.

Fonte: Autor, 2015.

2

1

3

4

5

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Este processo de identificação dos pontos de atendimento inviabilizados para ajuda é

feito diretamente no TransCAD aplicando o processo de sobre sobreposição, como ilustra

com maior detalhe a FIG. 5.25.

FIG. 5.25 - Processo de identificação das áreas bloqueadas.

Fonte: Autor, 2015.

Todos os locais (TAB 5.1) identificados como “inviabilizados” no processo de ajuda são

retirados do planejamento e atualizados na Base de Dados de Logística Humanitária. Após o

filtro de identificação dos locais disponíveis para a ação, apenas 12 instalações são indicados

como potencial ponto de distribuição (PDD) como destaca a FIG. 5.26, e 3 locais para centro

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de distribuição (CD). A relação de cada um destes locais atualizados no Bando de Dados de

Logística Humanitária é listada na TAB 5.4 e TAB 5.5.

FIG. 5.26 - Relação dos locais disponíveis para aturar na resposta.

Fonte: Autor, 2015.

TAB. 5.4 - Relação dos locais disponíveis para aturar na resposta como PDD.

Instalação – ID Longitude Latitude Descrição Local Situação

1 -43308223 -22572284 Campo de Esporte Disponível

2 -43302006 -22579437 Atacadista Disponível

3 -43303586 -22579087 Campo aberto Disponível

4 -43304439 -22592565 Campo Aberto Disponível

5 -43307269 -22595965 Campo Aberto Disponível

6 -43294834 -22598629 Campo Aberto Disponível

7 -43295789 -22599253 Campo de Esporte Disponível

8 -43283644 -22589120 INMETRO Disponível

9 -43262079 -22585940 Laticínio Disponível

10 -43286728 -22568425 Campo Aberto Disponível

11 -43300083 -22580821 Campo Aberto Disponível

12 -43295440 -22600714 Campo Aberto Disponível

Fonte: Autor, 2015.

TAB. 5.5 - Relação dos locais disponíveis para aturar na resposta como CD.

Instalação - ID Longitude Latitude Descrição Local Situação

1 -43304302 -22581641 Escola Disponível

2 -4328364 -2258912 INMETRO Disponível

3 -4318209 -2235154 Igreja Presbiteriana Disponível

Fonte: Autor, 2015.

A próxima rotina do procedimento é avaliar a distância máxima de caminhada, as sub-

regiões impactadas (SRIs), a densidade demográfica média da região e o número de pessoas

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estimadas dentro da região impactada com as informações disponíveis do último censo do

IBGE (2015b) que antecede o desastre no município de Duque de Caxias.

A distância máxima de caminha da população e o dimensionamento os lados que

dividirão as sub-regiões impactadas (SRIs), como determina o procedimento, são calculadas

pelas as equações EQ. 4.5 e EQ. 4.6. É válido lembrar que as SRIs corresponderão a um

referencial espacial de divisão da região impactada em áreas quadradas adjacentes de mesma

dimensão para reduzir o sacrifício da população em buscar ajuda, ao envolver as condições do

terreno e a distancia máxima de caminhada.

𝑑𝑚á𝑥 =𝑣𝑐 . 𝑡𝑚á𝑥

𝛼 (4.5)

𝑙𝐴 =𝑑𝑚á𝑥

√2

(4.6)

O procedimento considera que um coeficiente de sinuosidade do trajeto (α) igual a 1,4 e

que uma pessoa em área afetada caminha a uma velocidade média (𝑣𝑐) de 4 km/h há um

tempo máximo ( 𝑡𝑚á𝑥) de 50 minutos. Ou seja, ao aplicar as equações EQ. 4.5 e EQ. 4.6, a

distância máxima de caminhada é conhecida e igual a 2,38 km [= (4×50 60) 1,40] e os

lados que dividirão as SRIs igual a 1,68 km [= (2,38 √2)], como ilustra a aplicação na FIG.

5.27.

FIG. 5.27 - Estimação da Sub-região Impactada (SRI).

Fonte: Autor, 2015.

A partir destas informações, o referencial espacial com área de 2,8344 km² [= (2,38

√2)²] é aplicado sobre o mapa da região criando 16 [= (46,24 2,8344] SRIs para a área da

unidade territorial mapeada igual a 46,24 km² [= 6,8 × 6,8]. Este referencial é desenhado no

TransCAD sobre o layer de área utilizando a ferramenta map editing toolbox. Este referencial

espacial é esquematizado na FIG. 5.28.

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FIG. 5.28 - Estimação da Sub-região Impactada (SRI).

Fonte: Autor, 2015.

A estimação do número de habitantes que requisitarão ajuda nos locais de atendimento

(𝑛𝑑) é ponderado e estimado em 2.247 habitantes [= (3.745×0,6)]. O cálculo considera uma

população de 61.129 habitantes, segundo o censo de 2010 do IBGE (2015b), densidade

demográfica (𝜌𝑟), estimada em 1.322 hab./km² [= (61.129 46,24)], número de habitantes

que necessitarão de ajuda (𝑛𝑖) nas SRIs, igual a 3.745 habitantes [= (2,8322×1322)], e fator de

expectativa (𝑓𝑒𝑥) de pessoas que recorrerão à ajuda, definido entre 0,4 ≤ 𝑓𝑒𝑥 ≤ 0,6 do número

de habitantes na região afetada.

𝜌𝑟 =𝑛ℎ

𝐴𝑟 (4.7)

𝐴𝑖 = 𝑙𝑎² (4.8)

𝑛𝑖 = 𝐴𝑖 . 𝜌𝑟 (4.9)

𝑛𝑑 = 𝑛𝑖 . 𝑓𝑒𝑥 (4.10)

Logo, a quantidade e a necessidade de armazenamento para atendimento, prevendo 2.247

habitantes, são avaliadas e calculada segundo a cota diária para uma pessoa da classe de

ajuda. Os resultados deste processo são destacados em detalhe na TAB.5.6 utilizando as

equações EQ. 4.11 e EQ. 4.12 do procedimento.

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𝐶𝑎 = (∑ 𝑛𝑑. 𝑐𝑗

𝑗

) . 𝑓𝑒 (4.11)

𝐴𝑎 = (∑𝑛𝑑 . 𝑐𝑗

𝑞𝑗𝑗

. 𝑒𝑗) . 𝑓𝑒𝑓𝑚

(4.12)

TAB. 5.6 - Capacidade de armazenamento necessário para atendimento (m²), prevendo 2.247 habitantes.

Classe de Ajuda Alimento Água Cobertor Higiene TOTAL

Cota/dia (kg) 0,54 4,20 1,32 0,26

Área por unidade de armazenagem (m²) 1,32 0,96 1,20 0,93

Peso por unidade de armazenagem (kg) 480,00 785,00 1.188,00 540,00

Necessidade/dia (kg) 1.213,38 9.473,40 2.966,04 584,22 14.201,04

Fator de cobertura (dias) 1,50 1,50 1,50 1,50

Quantidade necessária para armazenamento (kg) 1.820,07 14.156,10 4.449,06 876,33 21.301,56

Necessidade/unidade armazenada 4 19 4 2

Cobertura de estoque (dias) 1,58 1,58 1,60 1,85

Fator de movimentação 30% 30% 30% 30%

Área necessária de armazenamento diário (m²) 7,54 26,06 6,86 2,66 43,11

Fonte: Autor, 2015.

A rotina seguinte do procedimento é criar a rede de distribuição considerando os locais

disponíveis listados na TAB. 5.4 e TAB 5.5. Os locais destacados na TAB. 5.4 se tornarão

possíveis PDDs enquanto que os locais registrados na TAB. 5.5 se tornarão possíveis centros

de distribuição (CD).

O programa Microsoft Excel e a ferramenta Solver20 é escolhido para solucionar o

problema de escolha e distribuição dos possíveis CD, PDD ou centro temporário de

distribuição (CTD) nas SRIs.

Os CDs, PDDs ou CTDs serão localizados no ponto central de cada SRI, com as suas

localizações definidas pela linha e a coluna do referencial espacial mostrado na FIG. 5.30 e

ilustrado na FIG. 5.31. O procedimento prevê que apenas um local (instalação) será utilizado

como CD, PDD ou CTD em cada SRI.

20 É um termo genérico que indica uma peça de software matemático, eventualmente sob a forma de um

programa de computador independente ou como uma biblioteca de software, que 'resolve' um problema

matemático.

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FIG. 5.29 - Identificação dos PDD e CTD nas SRIs.

Fonte: Autor, 2015.

FIG. 5.30 - Ilustração dos pontos centrais de cada SRI.

Fonte: Autor, 2015.

A decisão sobre quais locais serão CD, PDD ou CTD será pelo tamanho do espaço físico

disponível no local e a presença de infraestrutura na SRI (ou seja, a presença de pelo menos

uma instalação disponível na SRI). A avaliação inicial de haver ou não infraestrutura na SRI é

exposta na TAB. 5.7 classificando PDD para SRIs com infraestrutura e CTD para SRIs sem

infraestrutura.

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TAB. 5.7 - Identificação de PDD ou CTD nas SRIs

Localização

SRIs Infraestrutura Identificação

Localização

SRIs Infraestrutura Identificação

(1,1) NÃO CTD (3,1) NÃO CTD

(1,2) SIM PDD (3,2) SIM PDD

(1,3) SIM PDD (3,3) SIM PDD

(1,4) NÃO CTD (3,4) NÃO área de mata

(2,1) SIM PDD (4,1) NÃO CTD

(2,2) SIM PDD (4,2) SIM PDD

(2,3) SIM PDD (4,3) NÃO área de mata

(2,4) NÃO CTD (4,4) NÃO CTD

Fonte: Autor, 2015.

A escolha da instalação como CD ou PDD na SRI é dada de acordo com a capacidade de

atendimento, como destaca a TAB. 5.8.

TAB. 5.8 - Identificação dos potenciais locais quanto CD, PDD e CTD nas SRIs.

Instalação

- ID

Localização na

SRIs Área Livre (m²) Situação Identificação

1 (1,3) 2.000 Disponível PDD1

2 (2,3) 88 Disponível PDD2

3 (2,3) 240 Disponível PDD3

4 (2,2) 240 Disponível PDD4

5 (1,2) 240 Disponível PDD5

6 (2,1) 240 Disponível PDD6

7 (2,1) 110 Disponível PDD7

8 (3,2) 817 Disponível CD 3

9 (4,2) 314 Disponível CD 2

10 (3,3) 348 Disponível PDD8

11 (2,3) 240 Disponível PDD9

12 (2,1) 240 Disponível PDD10

1* (1,2) 300 Disponível CD 1

* Igreja Presbiteriana identificada na TAB 5.5 e que não consta na TAB 5.4 de locais

Fonte: Autor, 2015.

Para SRIs com infraestrutura, fica definido que: será identificado um PDD as instalações

com área disponível maior ou igual ao espaço necessário para guardar a quantidade necessária

ao atendimento; PDDs com sobra de capacidade se candidatam a um possível fornecedor de

recursos para atender CTD; e, caso haja mais de uma instalação na SRI, é escolhida apenas a

de maior capacidade de armazenagem. Para o caso de SRIs sem infraestrutura, fica definido

que: CTDs serão instalados nas regiões onde não houver infraestrutura; PDDs serão base de

suprimentos dos CTD; haverá apenas um CTD em cada SRI; e ter apenas um CTD atendido

por apenas um PDD. A FIG. 5.31 destaca quais SRIs poderão receber um PDD ou CTD.

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FIG. 5.31 - Ilustração dos pontos centrais de cada SRI quanto a PDD ou CTD.

Fonte: Autor, 2015.

Ao avaliar as SRIs para alocação dos PDDs, como destaca na FIG.5.29, é possível

observar que mais de uma instalação está presente na SRI. Assim, seguindo as orientações do

procedimento, apenas uma instalação é selecionada como PDD. A escolha das instalações

candidata a PDD são destacadas na TAB. 5.9.

TAB. 5.9 - Identificação das instalações selecionadas em cada SRI.

Localização

SRIs Identificação

Instalação -

ID

Localização

SRIs Identificação

Instalação -

ID

(1,1) CTD --- (3,1) CTD ---

(1,2) PDD 5 (3,2) PDD 8

(1,3) PDD 1 (3,3) PDD 10

(1,4) CTD --- (3,4) área de mata ---

(2,1) PDD 6 (4,1) CTD ---

(2,2) PDD 4 (4,2) PDD 9

(2,3) PDD 3 (4,3) área de mata ---

(2,4) CTD --- (4,4) CTD ---

Fonte: Autor, 2015.

A correspondência entre instalação e SRIs são listadas e destacadas na TAB. 5.10 e FIG.

5.32.

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TAB. 5.10 - Identificação das instalações selecionadas em cada SRI.

Localização

SRIs Identificação

Instalação – ID

correspondente

Localização

SRIs Identificação

Instalação – ID

correspondente

(1,2) PDD 1 1 (2,3) PDD 5 3

(1,3) PDD 3 4 (3,2) PDD 8 9

(2,1) PDD 4 5 (3,3) PDD 7 10

(2,2) PDD 2 6 (4,1) PDD 6 8

Fonte: Autor, 2015.

FIG. 5.32 - Ilustração dos pontos centrais de cada SRI quanto a PDD ou CTD.

Fonte: Autor, 2015.

As demais instalações citadas na TAB. 5.4 e que não estão identificadas na TAB 5.10

foram desconsideradas, pois para cada SRI apenas uma única instalação é implementada

como PDD.

A rede de distribuição entre PDDs e CTDs é criada considerando que a distância entre os

pontos é euclidiana com a aplicação de um fator de correção referente à sinuosidade do trajeto

(α) igual a 1,4. Para o processo, o programa Microsoft Excel é utilizado.

𝑑𝐴𝐵 = 𝛼 . 𝑙𝑎 . √(𝑥𝐴 − 𝑥𝐵)² + (𝑦𝐴 + 𝑦𝐵)² (5.1)

Onde:

𝑑𝐴𝐵 é a distância entre duas áreas, A e B, em km.

𝑥𝐴 , 𝑦𝐴 são coordenadas da área A e 𝑥𝐵 , 𝑦𝐵 são coordenadas da área B.

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A equação EQ.5.1 permitirá entender quais PDDs abastecerão cada CTD nas SRIs sem

infraestrutura. Os resultados da aplicação da EQ. 5.1 são apresentados na TAB. 5.11.

TAB. 5.11 - Resultado da distância entre áreas, em km, após aplicação da EQ. 2.9.

SRI Localização PDD 1 PDD 2 PDD 3 PDD 4 PDD 5 PDD 6 PDD 7 PDD 8

(1,3) (2,2) (1,2) (2,1) (2,3) (4,2) (3,3) (3,2)

1 (1,1) 4,70 3,33 2,35 2,35 5,26 7,44 6,65 5,26

2 (1,4) 2,35 5,26 4,70 7,44 3,33 8,48 5,26 6,65

3 (2,4) 3,33 4,70 5,26 7,06 2,35 6,65 3,33 5,26

4 (3,1) 6,65 3,33 5,26 2,35 5,26 3,33 4,70 2,35

5 (3,4) 5,26 5,26 6,65 7,44 3,33 5,26 2,35 4,70

6 (4,1) 8,48 5,26 7,44 4,70 6,65 2,35 5,26 3,33

7 (4,3) 7,06 5,26 7,44 6,65 4,70 2,35 2,35 3,33

8 (4,4) 7,44 6,65 8,48 8,48 5,26 4,70 3,33 5,26

Fonte: Autor, 2015.

Com os resultados das distancias entre áreas, a solução da rede de distribuição privilegia

o menor número de centros de distribuição a ser utilizados, e a menor distância total para o

abastecimento dos locais de atendimento à população. As restrições impostas para a solução

consideram as limitações impostas no procedimento, citadas anteriormente, onde CTDs serão

abastecidos apenas por PDD. O resultado final da rede é destacado na FIG. 5.33.

FIG. 5.33 - Ilustração do resultado da rede de distribuição.

Fonte: Autor, 20

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113

Como a ação de resposta requer efetividade e ao menor risco possível, o CD central é

escolhido ponderando o grau de risco dentre três alternativas possíveis (TAB. 5.5) com a

missão de suprir PDDs, que por sua vez suprirão CTDs. Ou seja, a escolha avalia a distancia

total percorrida até a entrega dos recursos nos CTDs. Assim, o CD central escolhido é

instalado na coordenada geográfica 22º35’15.4” latitude sul e 43º18’20.9” longitude oeste de

Greenwich.

5.2.5 ESTÁGIO V: ESTABELECER ROTEIRIZAÇÃO

A roteirização dos veículos na rede de distribuição é o último estágio do procedimento,

com a missão de selecionar as melhores rotas na rede e minimizar os custos de distribuição

entre CD, PDDs e CTDs.

O Estágio V prevê o uso do SIG-TransCAD em conjunto ao método heurístico de Clarke

e Wright para solucionar o problema de roteamento com janela de tempo.

Inicialmente, o Banco de Dados de Logística Humanitária é verificado a fim de constatar

se os arquivos geográficos trabalhados nos estágios anteriores estão com os campos de

cadastro devidamente cadastrados e integrados no SIG-TransCAD. O arquivo de identificação

dos CD, PDDs e CTDs, transformados anteriormente em arquivos geográficos (layer pontos),

agora são separados em um arquivo geográfico de identificação de depósito (CD) e outro de

identificação de paradas (PDDs e CTDs).

O arquivo geográfico de identificação do depósito (CD) deverá estar com os quatro

campos obrigatórios preenchidos, como destaca a FIG. 5.34.

ID: identificador que relaciona os dados do banco de dados com o mapa;

Nome: nome do depósito;

Open Time: tempo inicial relacionado à janela de tempo quanto à hora de abertura

do depósito;

Close Time: tempo final relacionado à janela de tempo quanto à hora de

fechamento do depósito;

Node ID: identificador do nó da rede, mais próximo do depósito, ou seja, é o ID

do nó mais próximo às localizações dos depósitos no mapa.

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FIG. 5.34 - Campos de identificação do depósito (CD).

Fonte: Autor, 2015.

O arquivo geográfico de identificação das paradas (PDDs e CTDs) deverá estar com os

seis campos obrigatórios preenchidos, como destaca a FIG. 5.35.

ID: identificador que relaciona os dados do banco de dados com o mapa;

Name: nome da parada;

Open Time: relacionado à janela de tempo quanto à hora de abertura da parada;

Close Time: relacionado à janela de tempo quanto à hora de fechamento da

parada;

Node ID: identificador do nó da rede, mais próximo da parada, ou seja, é o ID do

nó mais próximo às localizações das paradas no mapa;

Delivery Demand: demanda por entrega;

Fixed Time: tempo fixo para realizar a operação de entrega nas paradas;

Time per Unit: tempo por unidade na operação de entrega dos recursos nas

paradas.

FIG. 5.35 - Campos de identificação das paradas (PDDS e CTDs).

Fonte: Autor, 2015.

O banco de dados “cadastro de veículos” (destacado na TAB. 5.2) também deverá ser

transformado em um arquivo geográfico e importado no TransCAD, para formar a base do

processo de roteamento. O arquivo deverá conter as seguintes informações:

Depot ID: referente ao ID do depósito ao qual o veículo está disponível;

Type: identificação do tipo de veículo;

Capacity: capacidade dos veículos;

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Number of Vehicles: quantidade de veículos nos depósitos;

Cost: custo operacional do veículo.

FIG. 5.36 - Campos de identificação dos veículos.

Fonte: Autor, 2015.

Com os arquivos “locais de apoio” e “cadastro de veículos” corretamente preenchidos e

importados no TransCAD, o próximo passo é criar a matriz de roteamento (origem / destino),

tal como apresenta a FIG. 5.37. A missão desta tarefa será a de estabelecer os parâmetros

entre a distância e o tempo de viagem entre o CD, PDDs e CTDs, assim, para criar a matriz de

roteamento o Estágio V especifica as seguintes rotinas:

a) acessar o programa TransCAD;

b) no meu Routing/Logistics e selecionar a opção Routing Matrix;

c) selecionar as paradas que deseja incluir;

d) selecionar os depósitos que deseja incluir;

e) selecionar o método que deseja usar para medir distância e tempo: rede ou linha.

FIG. 5.37 - Criação da matriz de roteamento.

Fonte: Autor, 2015.

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Em sequência à criação da matriz de roteamento, utilizando a rotina Vehicle Routing do

TransCAD, o problema de roteamento é solucionado. Para a solução, o Estágio V especifica

as seguintes rotinas:

a) Selecionar o conjunto de depósitos e o conjunto de paradas;

b) Identificar capacidade dos veículos no sistema;

c) Identificar a demanda em cada parada;

d) Identificar os depósitos no sistema;

e) Clicar em Ir e analisar relatórios:

i. Acessar arquivo texto com itinerários de cada veículo;

ii. Lista das paradas em cada rota.

FIG. 5.38 - Identificação dos veículos no sistema.

Fonte: Autor, 2015.

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FIG. 5.39 - Identificação das paradas no sistema.

Fonte: Autor, 2015.

FIG. 5.40 - Identificação dos depósitos no sistema.

Fonte: Autor, 2015.

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FIG. 5.41 - Geração da solução do problema de roteirização.

Fonte: Autor, 2015.

A rotina Vehicle Routing terá como resultado caminhos convertidos em um arquivo

geográfico de rotas sobre um mapa. Este arquivo permite a análise de filas ou análises

espaciais de qualquer rota ou combinação de rotas, como destaca a FIG. 5.42.

FIG. 5.42 - Identificação das melhores rotas com janela de tempo.

Fonte: Autor, 2015.

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5.3 RESULTADOS E ANÁLISES DO PROCEDIMENTO

Após a finalização do procedimento para definição dos centros de distribuição e

roteamento de veículos, findado pelo macro Estágio V (item 5.2.5), todo o conjunto de ações

promovidas para operacionalizar a rede de distribuição e o atendimento à população afetada é

avaliada e consolidada nesta seção.

Banomyong et al. (2009 apud KOVACS e SPENS, 2012) relaciona que as diversas

situações crise possuem processos logísticos muito parecidos e que podem servir de padrão à

resposta, mesmo tendo características únicas em suas ocorrências. O procedimento para

definição dos centros de distribuição e roteamento de veículos é então normalizado com os

principais padrões logísticos na identificação da rede, destacando os níveis mais altos do

desempenho da rede de distribuição pelas dimensões: (1) necessidades dos clientes

(beneficiários) são atendidas; e (2) custo do atendimento às necessidades dos clientes

(beneficiários) é minimizado, pois a tendência da operação de resposta é reduzir os custos de

estocagem ao consolidar e limitar o número de instalações na rede de distribuição.

Por estar divido em cinco macros estágios, tal como se fossem passos de execução, o

procedimento consegue estabelecer a rede de distribuição por uma dinâmica mais confiável e

eficaz, reduzir custos e satisfazer as necessidades dos beneficiários em termos de demanda e

responsividade.

Cada estágio do procedimento foca processos decisórios de projeto de rede, de maneira

intrínseca, partindo da definição de uma estratégia de cadeia (Estágio II) da configuração das

instalações distribuidoras (centros de distribuição) e locais desejáveis de atendimento (Estágio

III), escolhas de localização e alocação de capacidade (Estágio IV) e roteamento de

abastecimento (Estágio V).

Em observação à aplicação do procedimento, refazendo o projeto de rede de distribuição

do desastre ocorrido em Duque de Caixas, é possível constatar que o procedimento atende às

especificações no tempo de avaliação da situação no pós-desastre descrito por Anaya-Arenas

& Ruiz (2014), Banomyong et al. (2009 apud KOVACS e SPENS, 2012) e Blecken (2009).

Os autores citam que a avaliação da situação da região afetada (pós-desastre) deva ser

concluída no prazo de até 24 horas após a ocorrência do desastre.

Por assim ser verdade, fica estabelecido que o procedimento seja aplicado imediatamente

após a ocorrência do desastre, a contar do alerta de emergência (socorro) dado pelas

autoridades no país afetado ou pela comunidade internacional, dependendo da escala e da

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gravidade do desastre/crise. Em consonância às observações, o primeiro macro estágio do

procedimento (Estágio I) permite que as tarefas e as atividades sejam convertidas em ações

simultâneas à avaliação da situação no após-desastre, por favorecer o conhecimento das áreas

de riscos e dos recursos disponíveis em um banco de dados de uso comum às operações

humanitárias.

As fases de mapeamento da região afetada – vinculada ao Estágio II – e a interpretação

do mapeamento no SIG-TransCAD – vinculada ao Estágio III – são tratadas no procedimento

de maneira separadas, são aplicadas no campo (situação real) de forma contínua tal como se

fosse um único estágio de avaliação. Esta ação permite que as equipes de campo entendam

exatamente o que acontece na área afetada e organizem os esforços de resposta, para os locais

que realmente precisam de ajuda, como foi destacado nos documentos de alerta da TAB. 5.3.

A diretriz traçada nos Estágios II e III equilibram os esforços na área afetada e evita que

as equipes de campo trabalhem de forma espaçada. É importante frisar que o trabalho

executado nestes estágios é favorecido pelo Banco de Dados de Logística Humanitária citado

por Bastos (2013) e integrado ao procedimento. A formalização da rede de distribuição e o

roteamento dos veículos são destacados em uma ação que depende exclusivamente dos mapas

da situação no pós-desastre e do Banco de Dados de Logística Humanitária.

Tendo como base o trabalho de localização de instalações para apoio humanitário de

Costa (2013), o procedimento reaviva o modelo gravitacional de localização integrando os

mapas geográficos da situação atual e os Sistemas de Informações Geográficas. É importante

frisar que o uso do modelo gravitacional no procedimento supõe que tanto a demanda

(beneficiários) quanto as fontes de recursos (centro regional de distribuição) podem ser

distribuídos como pontos de grade em um plano, como destacada na FIG. 5.29. Em síntese, o

macro Estágio IV do procedimento alcança a proposta de localização das instalações ideias

para apoio humanitário indicando que apenas 8 PDDs (FIG. 5.33) dos 12 PDDs disponíveis

(TAB 5.4) seriam suficientes para atender a região afetada. O mesmo critério é visto na

seleção dos centros de distribuição, que julgam que dos 3 CDs possíveis ao atendimento

apenas 1 seria suficiente para abastecer todos os 8 PDDs.

Como o SIG-TransCAD não analisa fatores como disposição de carga no veículo e a

variação da velocidade média do veículo ao longo do percurso, os resultados alcançados no

final do procedimento (Estágio V) são aproximados à realidade da operação. O SIG-

TransCAD apresentou resultados que orientam a operação quanto às atividades de

distribuição sobre quais veículos atenderiam quais PDDs a partir do depósito central (CD)

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instalado na coordenada geográfica 22º35’15.4” latitude sul e 43º18’20.9” longitude oeste de

Greenwich, como apresentado na TAB 5.12.

TAB. 5.12 - Resultado final da roteirização partindo do CD

Identificação Localização Geográfica Início do

Abastecimento Rota Percurso

Tempo médio

em Rota longitude latitude

PDD 1 -43308223 -22572284

08h00

5 3,6 km

1h06

PDD 2 -43302006 -22579437 7 2,5 km

PDD 3 -43304439 -22592565 8 1,8 km

PDD 4 -43307269 -22595965 4 5,1 km

PDD 5 -43303586 -22579087 6 3 km

PDD 6 -43283644 -22589120 3 7,7 km

PDD 7 -43286728 -22568425 2 9,3 km

PDD 8 -43262079 -22585940 1 14,9 km

Fonte: Autor, 2015.

Em resumo ao roteamento, em destaque na TAB. 5.12 e findado na FIG. 5.42 e FIG. 43,

dos 12 veículos disponíveis para a operação de abastecimento, apenas 8 veículos são

suficientes para operar toda a rede de distribuição. Por esta avaliação, é possível entender que

nem todos os pontos de distribuição identificados na fase de preparação são utilizados na

resposta, assim como os veículos disponíveis.

FIG. 5.43 - Resultado final da rede de distribuição e do roteamento de veículos dentro da área afetada

Fonte: Autor, 2015.

Assim, após a finalização do procedimento para localização de centros de distribuição e

roteamento de veículos é possível observar uma ação de estruturação dos locais de

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atendimento em menor tempo maximizado pelo atendimento ao maior número de indivíduos à

prestação de ajuda. Dos resultados encontrados, é destacado o auxílio às atividades de

armazenagem (posicionamento e destinação), alocação (relacionamento da demanda das

regiões afetadas aos embarques) e entrega (seleção de veículo-rota relacionado com as

quantidades - produtos enviados a cada localização), respeitando a capacidade instalada em

cada PDD e em cada veículo utilizado para efetuar o abastecimento diário à população.

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CAPÍTULO VI

6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Conforme discutido nos capítulos iniciais, o problema de localização afeta diretamente a

operação de logística humanitária na fase de resposta ao pós-desastre. E o caso dos centros de

distribuição e o roteamento de veículos, objeto deste trabalho, não é exceção. Com esta

relevância, este trabalho objetivou propor um procedimento para identificação da melhor

localização dos centros de distribuição regional e local, no atendimento dentro das áreas de

vulnerabilidade, e para roteamento dos veículos, utilizando de dados geográficos emitidos por

veículo aéreo não tripulado (VANT) integrado a um Sistema de Informações Geográficas

(SIG).

A metodologia adotada neste estudo permitiu identificar as principais características da

operação de distribuição na logística humanitária, assim como os fatores de decisão ligados à

sua localização e as diversas aplicações do VANT na logística humanitária para formatar o

procedimento proposto neste estudo.

Inicialmente, realizou-se uma pesquisa bibliográfica utilizando como base: periódicos,

dissertações e teses acadêmicas nacionais e internacionais. O objetivo desta etapa do estudo

foi entender quais fatores de decisão estariam ligados à definição da rede de distribuição na

logística humanitária, os diversos tipos de VANT que poderiam ser aplicados às situações de

crises e quais estudos de localização poderiam auxiliar na formatação do procedimento. Este

estudo inicial permitiu planejar um procedimento para localizar estruturas de atendimento,

integrando VANT e Sistemas de Informações Geográficas.

Posteriormente à pesquisa bibliográfica, um procedimento é proposto para auxiliar as

equipes de campo no planejamento dos centros de distribuição regional e local no

atendimento à população afetada.

O procedimento proposto neste estudo é dividido em cinco macros estágios – (I)

preparação, (II) mapeamento da região afetada, (III) integração das informações no SIG, (IV)

definição da rede de distribuição e (V) roteirização de veículos – e integra, em sua concepção,

um modelo de localização de facilidades, proposto por Costa (2013), uma estrutura de banco

de dados para logística humanitária, proposta por Bastos (2013), processos de mapeamento

aéreo com VANT e algoritmo de roteirização em SIG.

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O primeiro estágio (Estágio I) estabelece processos que anteveem a situação crise,

identificando e mapeamento áreas de risco para tornar visíveis os locais propensos à

ocorrência de novos desastres, avaliação da capacidade de resposta, estruturação do Banco de

Dados de Logística Humanitária e preparação do SIG. Os demais estágios (Estágios II, III, IV

e V) estabelecem processos complementares de ação à resposta (pós-desastre) iniciado com

processos de avaliação da situação da região afetada, mapeamento aéreo e procedimentos

aerofotogramétricos para integração ao SIG, identificação e comunicação das áreas críticas,

avaliação de demanda (necessidades), estabelecimento e validação da rede de distribuição,

formalização do sistema de entregas e roteirização de veículos.

O procedimento para definição de centros de distribuição e roteamento de veículos,

sugerido neste estudo, é aplicado ao evento de crise que atingiu o município de Duque de

Caxias em 03 de janeiro de 2013, com a intenção de verificar sua consistência e criticar a

atuação de cada estágio. A escolha deste evento se deu pelo fato de que foi o primeiro registro

de VANT em uma ação humanitária no Brasil. O vetor utilizado na ação foi o Horus FT-100,

de fabricação nacional em conjunto com o Instituto Miliar de Engenharia, com a missão de

assistência público-social de resgate, reconhecimento e monitoramento da região afetada pelo

desastre.

Ao utilizar o VANT Horus FT-100 na ação de resposta, a equipe de campo teve a

possibilidade de medir e autenticar sua eficiência e sua capacidade de avaliação e detecção

das regiões em área vulnerável no pós-desastre, assim como na identificação e localização de

acessos e infraestruturas interrompidas, dimensionamento do tamanho do impacto causado

pelo desastre e o planejamento e organização dos pontos de distribuição (PDDs) integrando

processos de aerofotogrametria, banco de dados de logística humanitária e SIG-TransCAD.

Os resultados obtidos no trabalho mostram que uma vez definida a quantidade e o

posicionamento dos pontos de distribuição local (PDDs) e os centros de distribuição (CDs),

todo o desempenho da operação fica de fato condicionada a esta decisão. Os estoques, que

desempenham um papel significativo na capacidade de atendimento da cadeia de ajuda de dar

suporte à estratégia dos CDs e PDDs, também serão influenciados por esta decisão, assim

como os principais custos logísticos. Outro resultado obtido com a aplicação do procedimento

é a organização do tráfego de veículos viabilizado pela escolha do tipo de veículo estar

vinculado à sua finalidade de uso no Banco de Dados de Logística Humanitária. A ação

permite ampliar a flexibilidade e o uso da capacidade máxima dos diversos tipos de veículos,

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trabalhar com programação diária, maior controle da operação de transporte, utilizando-os da

forma mais apropriada no atendimento às diversas finalidades no pós-desastre.

Em resumo, o procedimento proposto provoca ações de efeito prático à operação de

resposta ao integrar os processos de preparação às tecnologias VANT e aos Sistemas de

Informações Geográficas para Transporte (SIG-T). Outra observação a ser feita para o

procedimento é a execução simultânea de tarefas e atividades que promovem não só a criação

da rede de distribuição de ajuda, mas os trabalhos de busca e salvamento. Uma contribuição

importante desta dissertação está no uso do VANT na avaliação da situação no pós-desastre,

mapeamento e identificando áreas impactadas em tempo real ao projeto da rede,

possibilitando às equipes prever e identificar novas áreas de risco, assim como atender locais

mais hostis.

Por fim, espera-se que com este trabalho tenha-se conseguido demonstrar a possibilidade

de se trazer avanços à estruturação dos processos de localização dos centros de distribuição

local à operação de logística humanitária em desastres de início súbito, com a introdução de

novos procedimentos.

Entretanto, como toda a aplicação do estudo descrito neste trabalho é direcionada a

aplicação do procedimento em uma situação real, alguns pontos críticos da implementação na

ação de resposta podem ser observados, destacando:

Reconhecimento do munícipio quanto aos aspectos de vulnerabilidade e o

cumprimento das diretrizes estabelecidas pela Defesa Civil, assim como a

execução dos processos de preparação (Estágio I) vinculados ao procedimento;

Identificação prévia (na fase de preparação) das instituições que disponibilizam

drones e VANT para ações de reconhecimento.

O conhecimento prévio das equipes de campo no uso dos Sistemas de

Informações Geográficas para Transporte, pois o ponto de entrave na promoção

da solução está no uso dos recursos vinculados aos algoritmos de transportes e de

localização;

Ainda, algumas recomendações para trabalhos futuros são indicadas:

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Estruturar a localização dos centros de distribuição do procedimento (item 5.2.4)

realizado no MS-Excel para a plataforma GISDK21 no intuito de integrar as

soluções em uma única atividade e agilizar, ainda mais, o processo de criação da

rede de distribuição;

Integrar o procedimento às diretrizes da Defesa Civil no país, de maneira a

complementar o trabalho existente e criticar eventuais lacunas do procedimento.

Integrar ao procedimento a incerteza no algoritmo de otimização de localização e

distribuição.

21 GISDK é uma linguagem de programação completa para desenvolvimento de menus, caixas de diálogo

(inclusive barras e caixas de ferramentas) e escrita de macros.

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8. ANEXOS

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ANEXO 1: ALGORITMO DE CLARKE AND WRIGHT

O algoritmo de Clarke e Wright estabelece que:

1. Duas situações hipotéticas são criadas e testas a partir da saída de um veículo do

centro de distribuição regional: a primeira estabelece um local de demanda 𝑗

atendido logo após a um primeiro centro de distribuição local 𝑖 com duas viagens

(𝑠 = 2 . 𝑑𝐷,𝑖 + 2 . 𝑑𝐷,𝑗) sendo 𝑑𝐷,𝑖 e 𝑑𝐷,𝑗 as distâncias entre os locais de

distribuição de demanda; a segunda hipótese analisa os dois locais de demanda 𝑖 e

𝑗 unidos na mesma rota e para um único percurso (𝑠′ = 𝑑𝐷,𝑖 + 𝑑𝐷,𝑗 + 𝑑𝑖,𝑗);

2. O ganho (𝑔𝑖,𝑗) será determinado pela diferença entre os percursos 𝑠 e 𝑠′ (𝑔𝑖,𝑗 =

𝑑𝐷,𝑖 + 𝑑𝐷,𝑗 − 𝑑𝑖,𝑗), ou seja, à medida que os locais 𝑖 e 𝑗 se afastam dos centros de

distribuição regional, assim como os locais 𝑖 e 𝑗 ficam próximos entre eles,

melhor será o ganho (𝑔𝑖,𝑗);

3. Todos os pontos de demanda são combinados dois a dois para se estabelecer o

ganho (𝑔𝑖,𝑗 = 𝑑𝐷,𝑖 + 𝑑𝐷,𝑗 − 𝑑𝑖,𝑗);

4. As combinações 𝑖 e 𝑗 são ordenadas por ganho (𝑔𝑖,𝑗) de forma decrescente;

5. A partir da combinação dos dois nós que apresentaram melhor ganhos (𝑔𝑖,𝑗), é

aplica uma análise comparativa decrescente para todos os demais pares de pontos

(𝑖,𝑗);

6. Um par de pontos (𝑖,𝑗) é retirado da sequencia de combinações e avaliado se já

fazem parte de uma rota iniciada:

a) Se 𝑖, 𝑗 não foram incluídos em nenhuma das roteirizações já iniciadas,

estabelecer uma nova rota com este par;

b) Se o ponto 𝑖 pertencer a um rota iniciada, verificar se o ponto é o primeiro

ou o último dessa rota (sem considerar em conta o centro de distribuição

regional): para uma situação em que a resposta for positiva, acrescente o

par de pontos (𝑖,𝑗) na extremidade; para uma situação em que a resposta

for negativa, retorne para o item “5”; repita esta mesma análise para o

ponto 𝑗.

c) Se os dois pontos 𝑖 e 𝑗 fizerem parte de uma rota já iniciada, mas

diferentes, verificar se ambos são extremos das respectivas rotas: para uma

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sinalização positiva, funda as duas rotas em um só nó (unir 𝑖, 𝑗); caso

contrário, avance para “7”.

d) Se os dois nós 𝑖, 𝑗 pertencerem à mesma rota, avance para “7”.

7. Cada vez que houver o acréscimo de uma ou mais pontos em uma rota, ou quando

houver a união de duas rotas em uma só, verificar se a nova configuração satisfaz

as restrições de tempo e de capacidade. Aceitar a nova configuração quando os

limites forem aceitos;

8. Encerrar: quando todos os pontos de demanda estiverem incluídos na roteirização.

A heurística das economias de Clarke e Wright possui um nível de precisão aceitável para

problemas em que as características mudam rapidamente, sendo preferível se ter uma solução

razoável, em um tempo curto, do que a ótima mais demorada.