mitos e significado em medicina chinesa

7/25/2019 Mitos e Significado em Medicina Chinesa

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Mito e Significado em Medicina Chinesa

Lonny Jarrett

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Paulo

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Todos os modelos de medicina so baseados em vises mundiais que refletem as crenase suposies obscuras sobre a vida, inerente cultura nas quais foram formuladas. Asformas de aprendizado na China Antiga concentravam-se em entender os movimentos do

Dao, tanto da forma como se apresentam externamente no universo, assim comointernamente nos seres humanos. Os meridianos e pontos da acupuntura refletem a formacomo o chins vira o macrocosmo do universo mapeado no microcosmo do corpo. Estemapa nos guia para o equilbrio dinmico das relaes funcionais que mantm aintegridade do corpo/mente/esprito humano.O Yijing pode ser considerado como umaferramenta que guia nossa intuio um entendimento dos movimentos implcitos doDao no mundo. De forma similar, o conhecimento sobre as imagens dos pontos deacupuntura nos do acesso s formas pelas quais o Dao empenha-se em expressar a simesmo atravs de cada indivduo, assim como as formas pelas quais esse esforo bloqueado, resultando em desequilbrio e prejuzos sade.

Para o praticante da acupuntura tradicional, o paciente como uma pintura pontilhada.Durante cada tratamento, o praticante utiliza seus diagnsticos para compreender oretrato energtico do paciente. O praticante, ao escolher o tratamento, preocupa-se comem qual lugar do retrato dever colocar um ponto (o ponto de acupuntura) e qual cordever usar (qualidade da energia), tornando assim a pintura completa naquele momento.

De forma a realmente apreciar a funo dos pontos, aconselhvel que se compreendacomo os chineses antigos pensavam sobre seu mundo. A antiga concepo chinesa douniverso encontra-se bem refletida em sua mitologia. atravs da compreenso de suamitologia [shen hwa] (1) e os espritos dos pontos tornam-se vivos e se comunicamconosco.

Neste artigo, explorarei um dos mitos fundamentais da cultura chinesa, e a forma comoele se relaciona com o esprito do ponto de acupuntura Vaso Governador 20 e a tradiointerior de cura da medicina chinesa.

O Mito de Gun e Yu

"O Grande Dao Transborda (2)

O Dao De Jing (DDJ) caracteriza o Dao como um vasto redemoinho que constantementemove-se para fora e retorna para sua fonte no processo de seu prprio tornar-se

(ziran).(3) O captulo 25 do DDJ chama a natureza fundamental do Dao de catica [hun]e o sbio, alinhando a si mesmo com o Dao, guia-se pela tocha do caos e dvida.(4)


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Nas palavras de Lagerwey:

"Se o caos eterno, a ordem introduzida dentro do caos do universo possui um fim,assim como possui um incio. por isso que nomes lentamente chegam ao seu fim;sistemas polticos inventados em tempos mais simples deixam de funcionar; antigas valas

de irrigao chocam-se com nova vegetao; as guas do caos comeam a se erguer.(5)

O Dao como um rio o qual suas guas esto constantemente subindo, e o DDJ ummanual de sobrevivncia nos informando que, atravs do cultivo da virtude [de] (6),poderemos canalizar o fluxo e evitar que sejamos inundados por ele. Por isso, Zhuangzialega: "Ainda que as guas da inundao atinjam os cus, ele {o sbio} no se afogar.(7)

Controlar as enchentes era um problema constante na China antiga, e a imagem e tema deum irmo e uma irm que sobreviveram um grande dilvio, chegando s montanhas deKun Lun e dando origem incestuosamente raa humana difundida na mitologia antiga

chinesa. A inundao em si representa os esforos do Dao para manter sua naturezaoriginal e espontnea na sociedade humana, onde fora civilizada, para que tudo possaser esquecido e se ter um novo incio. Este drama se repete eternamente, como sehumanos perdessem sua natureza original de tornar a si mesmo, e buscam controlar ocaos resultante. O tema do dilvio bem representado no mito de Gun e Yu, no qual seencontra os fundamentos para se compreender a tradio interior da cura na medicinachinesa.

Durante a poca de Yao (cerca de 2356 AC, durante o perodo lendrio), as inundaesalcanaram os cus e Yao incumbira Gun, o bisneto de Huangdi, de controlar a enchente.(8) Gun criara barragens feitas de um material que incha que teria roubado de Huangdi.

As barragens, no entanto, eram continuamente destrudas devido a fora da inundao.Por sua negligncia com as ordens [fang-ming:] quanto a controlar as enchentes, Gunfora executado pelo executor celestial de Huangdi, Zhurong, o esprito do fogo, naMontanha Pluma (9). Gun cara no abismo de plumas tomando seu esprito a forma deuma tartaruga.

Yu, filho de Gun, fundador da dinastia Xia (2205~1766 AC), foi ento apontado para atarefa de controlar as inundaes no lugar de Gun. Yu trabalhou devotamente por 13 anoscavando fossos e criando tneis atravs das montanhas para fornecer um caminho (Dao)para que as guas dos rios fossem canalizadas at o mar. Aqui, o mar o grande abismo[tai yuan] (10) o qual, como o Dao, pode receber a tudo sem tornar-se cheio, e ao mesmotempo nunca se acaba embora usado constantemente.

Este mito serve como metfora para diversos princpios fundamentais da medicinachinesa. Ao descrever o caminho do Cu, o DDJ afirma: O que se excede reduzido, oque est deficiente complementado.(11) A mesma idia expressa por Chang Ts'ung-cheng no Jumen Shih-ch'in (Cerca. 1228):


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"(Mdicos que) consideram a suplementao (teraputica) para pessoas que foramafetadas por ms (influncias) acumulaes (j) so seguidores de Gun que se afogara nogrande dilvio (por ter aplicado o mtodo errado para dren-lo.).(12)

Gun, ao tentar suprimir diretamente o sintoma do desequilibrio do Dao (a inundao)

bloqueando sua expresso, no obteve sucesso. Ao se suprimir qualquer sintoma, asinfluncias, como o Dao, iro eventualmente expressar a si mesmos, derrubandoquaisquer barreiras postas no caminho. Apenas atravs da abertura dos canais e o auxilioao paciente em trazer a a energia da vida por conta prpria, o tratamento poder ser bemsucedido. Zhuangzi informa:

"Em todas as coisas, o caminho no deseja ser obstrudo, pois se h obstruo, h coliso;se a coliso no cessa, h desordem; e a desordem fere a vida de todas as criaturas.

"Todas as coisas que possuem conscincia, dependem da respirao. Porm, se noconseguem sua parcea de ar, no culpa dos Cus. Os Cus abrem os caminhos e os

nutre dia e noite sem parar. Mas o homem, ao contrrio, bloqueia os orifcios. (13)Esta canalizao da energia bem expressada na palavra chinesa ming [:destino]. (14) Oestudioso Tang Chun-I define ming como existente: Na mutualidade do cu e dohomem, i.e., em sua mtua influncia e resposta, sua mtua doao e recebimento.Mencius afirma: O que ordeno a mim aquilo que os cus tm a inteno de me dirigir;portanto, o ming celestial estabelecido atravs de mim (15) Para Mencius a forma dese compreender o cu atravs da compreenso da sua prpria natureza [original], a qual,em seqncia, conhecida por meio da exaustiva ou extrema devoo de seu corao;por outro lado, a forma de se servir ao cu preservando-se seu corao e nutrindo suaprpria natureza [original].(16) atravs do agir como um recipiente para o Dao, e

trazer o corao dos cus ao mundo, que a algum cumpre seu destino. O Tso Chuanatenta que aquele que ignora seu prprio ming (Destino) Provavelmente no ir retornarpara casa novamente. (17) Gun, que ignorara seu ming, morrera no abismo de plumaspara nunca mais retornar para casa. Yu, o corao do compromisso, embora tenhapassado pelas portas de sua casa trs vezes, retornou para casa apenas quando completouseu ming e controlara (zhi) (18) as inundaes. O autor do Shen Nung Ben Cao, textomais antigo referente ervas da China, nos conta claramente que A mais alta classe dasmedicinas... governa a nutrio do destino e corresponde ao cu...(19) a mais alta cura,que auxilia as pessoas a completarem seus destinos, trazendo seus coraes e o coraodos cus totalmente presente, de forma que assim possam retornar para casa.

Durante o perodo em que Yu estava ocupado canalizando as guas, ele tambmcompilara As Escrituras das Montanhas e Mares:

"Sempre que ele vinha a uma famosa montanha ou um grande pntano, ele conjuraria osespritos e lhes rogaria que concedessem a profunda estrutura das montanhas e rios, ostipos de pedras preciosas, pssados, feras e rpteis encontrados ali, assim como oscostumes relativos aos povos em todos os oito lados e fronteiras, qualidade dos solos, e


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tamanho dos vrios estados. Ele, Yi e Kuei escreveram tudo isso e o chamaram de AsEscrituras das Montanhas e Mares.(20)

Assim como Yu tornara-se familiar com os Cem demnios ou espritos das estruturasmais profundas, assim deve o acupunturista conhecer intimamente a natureza do esprito

presente em cada ponto de acupuntura. Os meridianos {mai} so os rios internos domicrocosmo, onde cada ponto de acupuntura representa um aspecto especfico do ser noreino interior do indivduo.

De acordo com o mito, aps domar as inundaes, Yu tornara-se imperador e fundador daDinastia Xia (2205-1766 AC):

"Aps trs anos ele examinara o mrito [de seus ministros]; dentro de cinco anos seugoverno encontrava-se seguramente estabelecido. Ele ento partira em uma viagem portudo que se encontra sob os cus, e quando retornada ao Grande Yueh, subira o MonteMao para que tivesse uma audincia referente ao que acontecia nos quatro cantos, assim

como para inspecionar os senhores feudais da Provncia Central. Quando Contra-o-Ventochegara atrasado, Yu decapitara-o e expora [sua cabea] multido como forma dedeixar claro de que tudo sob os cus pertencia a ele. Ento foi feita uma grandeassemblia (hui) para decidir (chi) como governar o estado. Dentro, ele louvara o mrito(kung) do [texto encontrado no] Monte Caldeiro [de forma que] estabilizasse a terra; fora, ele demonstrara a santssima virtude (de) que tornara a ele um homem em busca doCorao Celestial. Ento ele mudara o nome do Monte Mao para Montanha daAssemblia (hui) dos Julgamentos (chi). (21)

Ao convocar os cem demnios ao topo do Monte Mao, Yu foi capaz de trazer unidadespiritual China Antiga. Contra-o-Vento no era um sdito leal, mas uma energia

rebelde que ir, como os ventos estelares, impeder a comunicao que ir ocorrerdurante o ritual. No microcosmo do corpo, o ponto de acupuntura Bai Hui (DU20),localizado no vrtice da cabea, nomeado como os cem encontros. O texto Daosta DaoZang (Dao Oculto) afirma que a cabea o ponto de reunio dos cem espritos.(22) DU20, ento, o local no topo da cabea (Monte Mao) no qual os 100 espritos encontram-se. A funo tradicional do VG-20 de drenar o vento da cabea est implcita nadecaptao de Contra-o-Vento, a influncia que ameaa a integridade do reino ao seopor ordem de Yu. Por isso Yu quem estabelece a harmonia ao controlar asascendentes guas do caos.

Vento, na medicina chinesa, visto como qualquer sinal ou sintoma em um indivduo quemuda de local e intensidade rapidamente. Sua apresentao normalmente se d como ocaos, e exemplificada como espasmos musculares, adoecimento repentino, explosesviolentas de raiva, ou dores de cabea. O ponto DU 20 ajuda a equilibrar no nvel maisfundamental, recupera o controle, e dirige os recursos do paciente para abrandar o caos.


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Governador 20 o ponto que nos alinha com a estrela polar (23), a qual todas as estrelasmenores fazem reverncia (24) e a virtude de Yu em ser um homem atrs do coraodos cus que permite que ele obtenha o controle do reino. seu poder de inteno emvisualizar os espritos que o permite convoc-los e transform-los em um corpo, umaassemblia (hui) de tudo sob os cus. O ntimo conhecimento de Yu a respeito dos

espritos dos rios e montanhas (mai-li veias da terra) permitiram-no drenar as guas daporta sudeste porta da terra e leva-la ao abismo do mar. (25)

Lagerwey aponta a similaridade entre as funes de um sacerdote em um ritual Daoista ea de Yu ao domar as enchentes e unir o imprio. O que Yu fizera para a China Antiga aocontrolar as enchentes e unificar o reino, o acupunturista tradicional faz para cadapaciente. Ao aprender intimamente a natureza dos espritos que habitam nas estruturasinternas do paciente, e canalizando o excesso e suplementando as deficincias, oacupunturista tradicional capaz de manter e restaurar a harmonia no reino doCorpo/Mente/Esprito.

Este artigo foi originalmente publicado de forma similar no Jornal da Sociedade deAcupuntura Tradicional. A Citao completa : Jarrett, LS, (II): Mito e significado em

medicina chinesa, Jornal da Sociedade de Acupuntura Tradicional, Inglaterra, No. 11,

Abril,'92, p. 45-48 Nenhuma parte deste artigo deve ser reproduzida sem a citao

completa.

Notas Finais

1) Shen hwa significa, literalmente, "fala do espirito".

2) DDJ Cap.34 em: Chen, P. 137

3) DDJ cap. 4 e 25 em: Chen, P.60 & 117. Interessantemente, os Marxistas adotaram estetermo para indicar materialismo dialctico.

4) Watson, B., P.38

5) Lagerwey, J., P.11

6) O character de traduzido como virtude e composto de trs componentes chave. Oprimeiro a imagem de um homem andando, e implica movimento ou ao. O segundosignifica perfeitamente correto e sugere que algo examinado pelo olho de todos os

ngulos, no demonstrara desvios. O ultimo componente denota o corao. Pode serinterpretado como o comportamento de um homem virtuoso reflete perfeitamente seucorao que, sob observao, no demonstra desvios. Chen (p.184) define de como "Odom original da natureza anterior s distines morais e esforos conscientes.

7) Watson, B., P.27,-palavras em itlico acrescentadas pelo autor.

8) Ver Girardot, N.J.


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9) Christie, A., P.87

10) Lagerwey supe que Montanha Pluma seja a montanha dos homens-passaro como osDaostas so frequentemente chamados. -Lagerway, J., P.41

11) Tai yuan ou grande abismo o nome do ponto de acupuntura Pulmo 9.

12) DDJ Ch.77 in: Chen, E. M., P. 223.

13) Ju-Men shih Ch'in, ch.2 in: Unschuld, P.U., P.216.

14) Watson, B. P.138.

15) De acordo com Wieger, este character a pintura de uma ordem escrita, com o seloda autoridade sobre ela, e a boca dos cus ditando ao homem seu destino entre o cu e aterra. Weiger, L., P.47.

16) T'ang, Chun-I, The T'ien Ming [Decreto Divino] Na China Pr-Ch'in, Filosofia eCultura, Oriente e Ocidente, Vol. 12, Apr. '62, P.34

17) Ibid. Page 33

18) T'ang Chun-I, Jan. '62, P.208.

19) O significado do character zhi por em ordem, usado na literature mdica com osignificado de curar ou tartar. O nome do imperador Yu um homfono para osignificado do caracter moderno yu curar, que a imagem de um barco sobre o caracter

de corao. Outro homfono encontrado no significado da palavra yu significandoencontrar.

20) "Shen Nung Ben Tsao", Chung I Ku chih Chu Bian She, Bei Jing, 1982.

21) Anais de Wu e Yueh 2.3b in: Lagerway, J., P.160.

22) Ibid. P.151

23) Ellis, A., Wiseman, N., and Boss, K., P. 344.

24) A estrela polar, ti, o corao do cu assim como o imperador, Ti, o corao danao. A estrela polar o centro do universo e o vaso governador o meridiano quecentraliza as funes do corpo/mente/esprito ao eixo do cu. Chan, Wing-Tsit, P.22.-Omais notvel acerca dessas estrelas o grupo de estrelas que formam um redemoinho asua volta, agitando-nos atravs do redemoinho da vida. A grande constelao da ursamaior a administrao central do cu na qual vivem os deuses primordiais do destinofundamental (veja Anderson, P.61). Os textos alqumicos referem-se ao processo de se


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afastar da sua natureza original [de], que leva doena como partir.A restaurao danatureza original referida como reverter o curso do manipulador da constelao.

25) Lagerway, J., P.11.

Bibliography

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Lonny S. Jarrett, M. Ac., is a graduate of the Traditional Acupuncture Institute (1986)and holds a Masters Degree in neurobiology. He practices traditional acupuncture andherbalism in Stockbridge, Massachusetts.

Shen Nung Ben Tsao, Chung I Ku chih Chu Bian She, Bei Jing, 1982.

T'ang, Chun-I, (1962), The T'ien Ming [Heavenly Ordinance] in Pre-Ch'in China,Philosophy and Culture: East and West, Vol. 11, Jan. '62, 195-218.

T'ang, Chun-I,(1962). The T'ien Ming [Heavenly Ordinance] in Pre-Ch'in China-II,Philosophy and Culture: East and West, Vol. 12, Apr. '62, 29-49.

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