modernismo portuguÊs - externatoescola.com.br filee a nossa grande raça partirá em busca de uma...

20
MODERNISMO PORTUGUÊS

Upload: vokhue

Post on 11-Nov-2018

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

MODERNISMO PORTUGUÊS

CONTEXTO HISTÓRICO

- 1890: Ultimato inglês (Portugal rendido)

- 1908: assassinato do rei D. Carlos e seu filho

- 1910: República

- 1926: golpe militar (Salazar)

- 25/abril/1974: Revolução dos cravos

Correntes e revistas

Sentimento nacionalista

Saudosista (Revista: A Águia – 1910/1936)

E a nossa grande raça partirá em busca de uma Índia nova, que não existe no espaço, em naus que são construídas daquilo de que os sonhos

são feitos. (Pessoa)

REVISTA ORPHEU

(Superação do saudosismo; contato com vanguardas)

MENSAGEM (OUT/1934)

I. Brasão: formação da nação portuguesa.

II. Mar portuguez:período das grandes navegações.

III. O encoberto:decadência pós apogeu; sebastianismo

PRODUÇÃO LITERÁRIA

I. POESIA ORTÔNIMA

- Poesia Fernando Pessoa “ele mesmo”

- Expressão do desconforto da alma

- Desamparo e solidão (sonho?)

- Sondagem do destino cósmico humano

- Mistério da existência

- Preocupação com o fazer poético

- Lucidez

Autopsicografia

O poeta é um fingidor. Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve, Na dor lida sentem bem, Não as duas que ele teve, Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda Gira, a entreter a razão, Esse comboio de corda Que se chama coração.

Poema Isto

Dizem que finjo ou minto Tudo que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto Com a imaginação. Não uso o coração.

Por isso escrevo em meio Do que não está ao pé, Livre do meu enleio, Sério do que não é.

Sentir? Sinta quem lê!

Tudo o que sonho ou passo, O que me falha ou finda, É como que um terraço Sobre outra coisa ainda. Essa coisa é que é linda.

Por isso escrevo em meio Do que não está ao pé, Livre do meu enleio, Sério do que não é. Sentir! Sinta quem lê!

Mar portuguez

Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu.

O que penso eu do Mundo? Sei lá o que penso eu do Mundo! Se eu adoecesse pensaria nisso.

Que ideia tenho eu das coisas? Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos? Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma E sobre a criação do Mundo? Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos E não pensar. É correr as cortinas Da minha janela ( mas ela não tem cortinas).

Para ser grande, sê inteiro: nada Teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és No mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda Brilha, porque alta vive.