módulo didático enem 2013 (volume i)
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Módulo Didático Enem 2013 (volume I)TRANSCRIPT
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Módulo I - Ciências Humanas e suas
tecnologias: novas sensibilidades para pensar
o ensino de História
Vol. 1 - 2014
Campina Grande
PB
CADERNOS
DIDÁTICOS
PET HISTÓRIA
UFCG
2
Caro estudante,
Atualmente, o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) é utilizado como critério de
seleção para os estudantes que pretendem concorrer a uma bolsa no Programa Universidade
para Todos (ProUni). Além disso, cerca de 500 universidades já usam o resultado do exame
como critério de seleção para o ingresso no ensino superior, seja complementando ou
substituindo o vestibular. O ENEM tem o objetivo de avaliar o desempenho do estudante ao
fim da escolaridade básica. Podem participar do exame alunos que estão concluindo ou que já
concluíram o ensino médio em anos anteriores.
Foi pensando nessa abrangência, relevância para a formação do grupo e a necessidade
de estreitarmos os laços com o ensino básico que o PET Historia UFCG, iniciou em 2011, o
projeto “ENEM - Ciências Humanas e suas tecnologias: novas sensibilidades para pensar o
ensino de História”. E nesse sentido, este módulo foi elaborado com o objetivo de facilitar a
compreensão da proposta do ENEM para a área de CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS
TECNOLOGIAS, melhorando o desempenho dos participantes em seus estudos dentro e fora
da oficina.
Contamos com sua participação para que possamos aprimorar este módulo em edições
futuras e esperamos que suas notas reflitam seu esforço, dedicação, tempo de estudo e que
seus sonhos e objetivos sejam alcançados.
Organizadoras
Regina Coelli Gomes Nascimento
Tutora/PET História
Rozeane Albuquerque Lima
Mestranda/PPGH/UFCG
Autores (as) Petianos PET História UFCG Ana Carolina Monteiro Paiva
Elson da Silva P. Brasil
Janaína Leandro Ferreira
Jaqueline Leandro Ferreira
Jonathan Vilar dos S. Leite
José dos Santos C. Júnior
Maria Aline Souza Guedes
Paula Sonály N. Lima
Paulo Montini de Assis Souza Júnior
Priscila Gusmão Andrade
Raquel Silva Maciel
Ronyone de A. Jeronimo
Silvanio de Souza Batista
Valber Nunes da Silva Mendes
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Sumário I. Competência de área 1 – Compreender os elementos culturais que constituem
as identidades: “Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. Uma construção da
identidade brasileira?”.............................................................................................04
II. Competência de área 2 – Compreender as transformações dos espaços
geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder:
“Transformações dos espaços geográficos, fluxos populacionais e poder”............14
III. Competência de área 3 – Compreender a produção e o papel histórico das
instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes
grupos, conflitos e movimentos sociais: “Lutas por cidadania no Brasil”...........26
IV. Competência de área 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e
seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento
e na vida social: “Mídia e poder”..........................................................................40
V. Competência de área 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para
compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia,
favorecendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade: “Democracia,
cidadania e participação”........................................................................................53
VI. Competência de área 6 – Compreender a sociedade e a natureza,
reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e
geográficos: “Homem e espaço geográfico”..........................................................70
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Competência de área 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as
identidades.
MACUNAÍMA: O HERÓI SEM NENHUM CARÁTER. UMA CONSTRUÇÃO DA
IDENTIDADE BRASILEIRA?
Jaqueline Leandro Ferreira
Valber Nunes da Silva Mendes
Maria Aline Souza Guedes
PARA COMEÇAR A HISTÓRIA...
O livro Macunaíma o herói sem nenhum caráter, de Mário de Andrade, foi publicado
em 1928 e constrói um personagem que representa uma das imagens do “típico brasileiro”. O
romance pretendia valorizar as “raízes” da cultura brasileira, especialmente as indígenas, já
que o autor recorreu a inúmeras lendas e mitos indígenas como também a elementos do
folclore e da cultura popular para compor uma identidade nacional através do personagem
Macunaíma. O título do livro O herói sem nenhum caráter nos diz muito quanto às intenções
do autor, em primeiro lugar porque ele dá o nome de herói a um personagem que não é aquele
convencional herói europeu loiro, alto, bonito, forte, corajoso, etc. Em segundo lugar, a ideia
de não ter “nenhum caráter” remete a falta de valores e princípios próprios da cultura
europeia, isso não quer dizer que o autor quis mostrar um personagem sem moral, mas
ressaltar que muito do que entendemos por eticamente certo ou errado é construído a partir de
influências e contatos. Pois bem, se a intenção do autor é criar um personagem que
“represente a identidade brasileira” se faz importante ressaltar o quanto nos influenciamos
Disponível em <http://fichacorrida.wordpress.com/2014/02/03/domnio-do-fato-isso-a/> Acesso em: 16/03/2014.
<http://www.pimenta.blog.br/tag/lingua/> Acesso em: 16/03/2014
<http://literalmeida.blogspot.com.br/2008/02/para-enternder-leitura-de-macunama.html> Acesso em:
16/03/2014.
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pelo contato com o outro a ponto de adotarmos determinados traços que não são imutáveis,
mas, vão também se modificando através desse contato.
Outra coisa importante notar é como Macunaíma muda seu físico e também seu
comportamento: o modo de falar, de se portar e até mesmo a cor da sua pele, de acordo com a
região em que está. Isso ressalta a capacidade de adaptação desta identidade brasileira de
acordo com o contato com regiões distintas, evidenciando assim multiplicidade de nossos
traços culturais e como o sujeito pode adquirir novos comportamentos e, consequentemente,
modificar sua identidade por influência do contato com outras regiões. É a cara dos diferentes
traços físicos e culturais do povo brasileiro que o autor pretende mostrar.
O Personagem principal da obra de Mário de Andrade e que dá nome ao livro,
Macunaíma, possui determinadas características para negar valores e princípios europeus e
mostrar mudanças de comportamento de acordo com sua caminhada por diferentes regiões do
país, o herói brasileiro nasce negro, não possuía a preocupação de trabalhar, percorre distintas
realidades: do índio ao africano, da mata à cidade, do místico ao acadêmico, etc. Outra
característica importante da obra é o tempo, a narrativa acontece em momentos distintos e o
próprio personagem se metamorfoseia durante o romance, de acordo com sua caminhada
retomando a todo o momento culturas e costumes diversos.
O livro trás á tona um dos principais traços que veremos no movimento modernista no
Brasil, a negação à influência europeia e, consequentemente, valorização de elementos das
‘raízes’ brasileiras. A obra de Mário de Andrade (1928) recebeu influência da Semana de Arte
Moderna de 1922. Este evento reuniu escritores, pintores e artistas que pretendiam romper
com os padrões anteriores. Os participantes desse movimento buscavam uma “identidade
própria” e influenciaram muitos autores e pintores do movimento modernista posterior. A
década de 1920 no Brasil e no mundo se caracteriza por uma grande efervescência cultural e
artística, foram os anos posteriores ao fim da Primeira Guerra Mundial. No campo das artes, o
Modernismo visava uma ruptura com as formas tradicionais da arte, da literatura, etc. No
Brasil esse movimento artístico e literário se voltou para romper com a influência europeia e
buscar novas formas próprias na arte, na literatura, na música, enfim, em vários campos
artísticos. Assim o Modernismo utilizou também a ideia de identidade nacional para compor
suas obras.
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A obra Macunaíma: O herói sem nenhum caráter foi adaptado ao cinema no ano de
1969, com roteiro e produção de Joaquim Pedro de Andrade, e o ator Grande Otelo
representado o papel de Macunaíma. Voltando-se para o gênero da comédia, o filme tem uma
duração de 108 minutos. Elogiado pela critica e buscando manter fidelidade ao livro de Mario
de Andrade, o diretor e roteirista, Joaquim, aproximou-se bastante da obra literária para
compor sua produção, apesar de ser uma adaptação, como qualquer filme com base em obras
literárias, precisa ajustar-se quanto à narrativa e o tempo do longa-metragem, como também
quanto aos cenários. O diretor buscou ao máximo tentar refletir as paisagens e espaços que
Mário de Andrade descreve na sua obra. Tanto o livro Macunaíma como a adaptação
cinematográfica podem ajudar a pensarmos a ideia de identidade brasileira, sua
(des)construção, questionar a influência de valores europeus, perceber como a ideia de
identidade pode modificar-se de região para região e até mesmo como ela pode ganhar, perder
ou adaptar características de acordo com o contato com outras culturas.
As paisagens narradas no livro (1928) e recuperadas no filme Macunaíma (1969) nos
trazem outros aspectos da identidade: o simbólico e cultural. Determinados espaço físicos,
naturais, artificiais, etc., evidenciam sentimentos de pertencimento, de traços culturais que se
fazem mais fortes e distintos de espaço para espaço. Assim, a paisagem também pode nos
dizer muito sobre identidade: ela nos remete a memórias, a sentimentos e ocasiões vividas; o
espaço, portanto, está carregado de elementos simbólicos, culturais e de pertencimento.
Vale a pena conferir...
REFLEXÃO
A produção literária do movimento modernista, que propunha desenvolver uma arte
que estivesse fora dos padrões estéticos literários utilizados no estilo europeu, para produzir
modelos genuinamente nacionais, fornece um exemplo de como as identidades culturais
brasileiras foram construídas a partir de fontes provenientes de momentos históricos
específicos. Ou seja, toda a efervescência cultural da década de 1920, impulsionada pelo
movimento modernista, proporcionou novas formas de pensar nossa construção identitária.
Vejamos:
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Erro de português (Oswald de Andrade)
Quando o português chegou
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena! Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português.
Brasil (Oswald de Andrade).
— O Zé Pereira chegou da caravela
E perguntou pro guarani da mata virgem
- Sois cristão?
— Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da
Morte
Teterê Tetê Quizá Quizá Quecê!
Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!
O negro zonzo saído da fornalha
Tomou a palavra e respondeu
— Sim pela graça de Deus
Canhém Babá Canhém Babá Cum Cum!
E fizeram o Carnaval.
Estes poemas de Oswald de Andrade, participante do movimento modernista,
demonstram como esta tendência literária fabricou imagens da nossa construção enquanto nação
no sentido de apontar para as miscigenações, as interações e os contatos culturais que fornecem a
base para entender as identidades culturais brasileiras. Oswald de Andrade assume a postura de
enfatizar as relações culturais no processo de colonização, ou seja, expor a tentativa de
aculturação aos povos indígenas – isto é, ‘vestir’ o indígena que não cobria suas ‘‘vergonhas’’, a
cristianização dos nativos – pelos portugueses, bem como as péssimas condições de trabalho dos
negros cativos e a conversão ao cristianismo.
Dessa forma, é diante deste cenário em
que as interações culturais se processam de
maneira dinâmica, conflituosa e adaptativa nas
quais valores e costumes ora são apropriados,
ora são renegados, que se constitui um amplo e
complexo processo no qual podemos pensar a
construção das identidades culturais brasileiras.
A Lavagem do Bonfim, festa que antecede às
devoções ao Nosso Senhor do Bonfim é um dos
exemplos mais contundentes de sincretismo religioso
na historia do Brasil.
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BRASIL, MOSTRA TUAS CARAS!
Os contatos entre culturas – durante o período colonial e posteriores - pôs frente a frente
diferentes etnias, crenças, costumes, religiões, valores e maneiras de sentir e pensar. E a partir
desse amálgama entre sistemas culturais tão distintos, podemos entender que não existe apenas
uma identidade nacional (apesar das representações que buscam formar uma homogeneização de
todas as culturas em um mesmo espaço, ou seja, se constrói uma ideia de nação), mas sim vários
‘lugares’, nos quais cada identidade se coloca e que em conjunto com os demais, dialogam,
estabelecem vínculos e fronteiras.
Nesse sentido, perceber a pluralidade das identidades e a riqueza (materiais e/ou
imateriais) em que consistem seus elementos culturais é considerar que não há culturas
superiores ou inferiores, por mais que em determinados contextos históricos, tentou-se sobrepor
uma cultura as demais. Um exemplo ocorreu durante os primeiros séculos da colonização na
América, em que as tentativas de cristianização dos nativos e afrodescendentes, se utilizou o
discurso da demonização das divindades, destruição dos templos sagrados, assassinatos de
lideres religiosos e formação de tribunais e visitas da Inquisição.
No entanto, o que caracteriza esse processo de construção das identidades, é perceber os
sincretismos, os hibridismos e as ‘apropriações’ que rompem a ideia de uma cultura pura, fixa,
estável, insolúvel. No campo da religião, o diálogo de crenças entre o catolicismo e o candomblé
é notável. Uma delas ocorre no mês de Janeiro com a Lavagem do Bonfim, na qual por ordens
dos senhores no século XVIII, os escravos eram obrigados a lavar as escadarias da Igreja Colina
Sagrada um dia antes das festividades de Nosso Senhor do Bonfim. Com o tempo os adeptos do
candomblé passaram a identificar o Senhor do Bonfim com Oxalá (o mais respeitado de todos os
Orixás do panteão africano) e passaram a realizar suas festividades em devoção à sua divindade,
com a tradicional lavagem das escadarias com essências perfumadas ao som de atabaques e
palmas e relembrando os antepassados que legaram este culto ao deus de todas as religiões
africanas.
A pluraridade de identidades culturais é
um dos aspectos mais característicos da
sociedade brasileira. Indígenas,
portugueses, africanos (de várias
etnias), italianos, judeus, alemães,
árabes, japoneses, haitianos, etc.
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FOLCLORE E PRÁTICAS CULTURAIS.
O folclore consiste na maneira como um povo pensa, cria seus costumes, práticas e
valores no sentido de poder construir significados à identidade cultural a qual está vinculado.
Essas tradições culturais são repassadas ao longo das gerações através de discursos que buscam
legitimar a existência e reafirmar o lugar que ocupam no cenário das identidades. (Rainer Sousa)
Portanto formam-se nesse contexto os mitos fundadores, a exaltação de personagens,
estórias, lendas, festividades, monumentos, culinárias e uma série de componentes culturais que
visam enaltecer a identidade local. No campo das festividades, um leque de exemplos demonstra
a forte ligação das gerações atuais com as tradições. Vejamos:
A festa do Fogaréu é uma
tradicional festividade que
ocorre na cidade de Goiás.
Realizada desde o século XVIII,
acontecem na quarta-feira da
semana santa e representa os
últimos momentos de Jesus.
Disponível em:
http://encantosdocerrado.com.br/
n/9414. Acesso em 31 de
Janeiro.
A capoeira é um dos esportes mais tradicionais no
Brasil. Trazida pelos negros da África no período
colonial, por muitas vezes tentou-se reprimir e
inibir suas práticas por serem consideradas
agressivas. No entanto, hoje é patrimônio cultural.
Disponível em:
http://capoeiragungadourado.blogspot.com.br/201
3_03_01_archive.html. Acesso em 30 de Janeiro.
O Festival de Paritins, realizado na Ilha de
Paritins, na região Norte. Representa uma
festividade centenária que têm como história,
a lenda de Negro Francisco e Catirina.
Disponível em:
http://tvabmanaus.blogspot.com.br/2012/06/s
howfestival-de-parintins-2012-tudo-que.html.
Acesso em: 31 de Janeiro.
A Oktoberfest realizada em Blumenau - SC
caracteriza-se pela influência alemã na região,
com bebidas, danças, músicas que relembram a
tradição alemã. Disponível em:
http://g1.globo.com/sc/santa-
catarina/oktoberfest/2012/noticia/2012/10/29-
oktoberfest-de-blumenau-encerra-neste-
domingo-apos-19-dias-de-festa.html. Acesso
em: 30 de Janeiro.
A festa do Fogaréu é uma tradicional
festividade que ocorre na cidade de
Goiás. Realizada desde o século XVIII,
acontecem na quarta-feira da semana
santa e representa os últimos momentos
de Jesus. Disponível em:
http://encantosdocerrado.com.br/n/9414.
Acesso em: 31 de Janeiro.
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APRENDA FAZENDO
QUESTÃO 05 - ENEM 2012
Torna-se claro que quem descobriu a África
no Brasil, muito antes dos europeus, foram
os próprios africanos trazidos como
escravos. E esta descoberta não se restringia
apenas ao reino lingüístico, estendia-se
também a outras áreas culturais, inclusive à
da religião. Há razões para pensar que os
africanos, quando misturados e
transportados ao Brasil, não demoraram em
perceber a existência entre si de elos
culturais mais profundos. SLENES, R.
Malungu, ngoma vem! África coberta e
descoberta do Brasil. Revista USP, n. 12,
dez./jan./fev. 1991-92 (adaptado).
Com base no texto, ao favorecer o contato
de indivíduos de diferentes partes da África,
a experiência da escravidão no Brasil tornou
possível a:
a) Formação de uma identidade cultural
afro-brasileira.
b) Superação de aspectos culturais africanos
por antigas tradições européias.
c) Reprodução de conflitos entre grupos
étnicos africanos.
d) Manutenção das características culturais
específicas de cada etnia. E resistência à
incorporação de elementos culturais
indígenas.
QUESTÃO 18 – ENEM 2012.
Portadora de memória, a paisagem ajuda a
construir os sentimentos de pertencimento;
ela cria uma atmosfera que convém aos
momentos, fortes da vida, às festas, às
comemorações. CLAVAL, P. Terra dos
homens: a geografia. São Paulo. Contexto,
2010 (adaptado)
No texto, é apresentada uma forma de
integração da paisagem geográfica com a
vida social. Nesse sentido, a paisagem,
além de existir como forma concreta,
apresenta uma dimensão.
a) Política de apropriação efetiva do
espaço.
b) Econômica de uso de recurso do espaço.
c) Privada de limitação sobre a utilização
do espaço.
d) Natural de composição por elementos
físicos do espaço.
e) Simbólica de relação subjetiva do
indivíduo com o espaço.
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SAIBA MAIS
FILMES
Narradores de Javé. Direção de Eliane Caffé. Brasil:
Vania Catani, 2003 (100min). Narradores de Javé conta
a historia de moradores ameaçados ficarem sem suas
terras devido à construção de uma hidrelétrica no lugar,
Assim, tentarão justificar aos oficiais que no lugar há um
patrimônio cultural e por isso precisa ser preservado,
então tiveram a ideia de reunir diferentes historias para
tentar convencê-los. Historias fantástica serão contadas!
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Trm-
CyihYs8> Acesso em 17 de mar. 2014
Curta-metragem: Águas de Romanza. Direção
Glaucia Soares. Brasil, Patrícia Baia, 2002 (35min). O
enredo mostra a história de uma menina que desejava
conhecer a chuva, acontecimento que não ocorria há 6
anos na região, então sua vó decide realizar o sonho de
sua neta, e as acompanham a um caixeiro viajante. O
curta acontece no sertão nordestino mostrando a
identidade formada a partir da forma de pensar, falar,
ouvir sobre determinados aspectos.
Disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=jfSdeELacVw> Acesso
em 06 de fev. 2014
SITES
Vídeo relacionado a Competência 1
<http://www.youtube.com/watch?v=NX8c5lp_z8Q&list
=PL_XuB9G-lZwN21RdHUBp66KqRv5p1C2-J> Trata
de uma exposição da Competência de área 1, da matriz
Referência de Ciências Humanas e suas Tecnologias.
Acesso em 14/09/2013.
Índios do Nordeste <http://indiosnonordeste.com.br/> O
site é composto por artigos, imagens, vídeos,
documentos, dissertações, teses e as mais diversas
informações sobre história Indígena. Embora o título
direciona-se a região nordeste, o site de maneira
nenhuma se limita as causas indígenas nessa região, pelo
contrário, o site enfoca vários assuntos sobre as diversas
etnias em todo o Brasil.
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RESPOSTAS COMENTADAS
QUESTÃO 1 - ENEM 2012
Comentário da Revista Veja:
“A vinda para o Brasil de diferentes grupos africanos, trazidos de distintas regiões
daquele continente, possibilitou a identificação e a superação de algumas desigualdades
culturais existentes entre eles”. Dessa forma o sincretismo entre bantos, sudaneses e
malês, por exemplo, contribui para a formação de uma identidade cultural africana no
Brasil.”
Disponível em <http://veja.abril.com.br/educacao/enem-resolvido-
2012/Q13.pdf>Acesso em: 16 de out. 2013
A questão do Enxame Nacional do ensino médio (ENEM) da edição de 2012 apresenta
referência bibliográfica completa fidedigna extraída da Revista USP. Seu texto possui
coesão e coerência com um vocabulário acessível a todos e com a situação
nacionalmente conhecida, pois se trata da formação da identidade brasileira. O
enunciado é bastante claro referente ao tema Brasil colonial, mais precisamente a
importância do tráfico de escravos trazidos da África para o país, da qual formou uma
identidade cultural afro-brasileira.
Alternativa Correta: Letra A
QUESTÃO 2 - ENEM 2012
Comentário da professora de Geografia Ludmila Dutra Soares:
“A paisagem constitui a aparência do espaço é o que se pode visualizar no horizonte,
sendo composta por elementos naturais e elementos artificiais produzidos pelo homem.
Além da dimensão concreta, os elementos da paisagem carregam uma dimensão
simbólica e cultural, uma vez que a percepção da paisagem é individual e carregada de
elementos subjetivos. Duas pessoas que visualizam a mesma paisagem, possivelmente
não vão descrevê-la da mesma maneira.”
Disponível em: <http://ludmilageografia.blogspot.com.br/2013_07_01_archive.html>
Acesso: 25 de set. 2013
Curso Objetivo:
“A relação é subjetiva na medida em que o espaço não pode ser tocado, mas as
relações, os movimentos, as atividades humanas são todas realizadas nesse espaço, que
se consubstancia na paisagem geográfica.”
13
Disponível em: <http://www.curso-
objetivo.br/vestibular/resolucao_comentada/enem/2012/enem2012_1dia.pdf> Acesso
em: 06 de ago. 2013
Alternativa Correta: Letra E.
REFERÊNCIAS
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.
ANDRADE, Mário de. Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. São Paulo: Martins,
1970.
BARCALA. Valter Aparecido Macunaíma, a trajetória de um herói moderno. São
Paulo. [s.d]
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/cultura/cultura-folclorica.htm> Acesso
em: 15 de mar. 2014
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/cultura/> Acesso em: 16 de mar. 2014
Disponível em: <http://fichacorrida.wordpress.com/2014/02/03/domnio-do-fato-isso-a/>
Acesso em: 16 de mar. 2014.
Disponível em: <http://www.pimenta.blog.br/tag/lingua/> Acesso em: 16 de mar. 2014
Disponível em: <http://literalmeida.blogspot.com.br/2008/02/para-enternder-leitura-de-
macunama.html> Acesso em: 16 de mar. 2014
Disponível em: <http://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-
concurso/questoes/instituicao/ENEM?gclid=CNKR08bKzL0CFSsQ7AodpC0AWg>
Acesso em 12 de dez. 2013.
Disponível em: <http://www.bocc.ubi.pt/pag/barcala-valter-macunaima.pdf> Acesso
em: 11 de mar. 2014.
14
TRANSFORMAÇÕES DOS ESPAÇOS GEOGRÁFICOS, FLUXOS
POPULACIONAIS E PODER
Janaína Leandro Ferreira
Ronyone de Araújo Jeronimo
PARA COMEÇAR A HISTÓRIA...
O que as imagens nos dizem? Use seus conhecimentos prévios!
A segunda metade do século XIX e começo do XX trouxeram significativas
mudanças nas cidades brasileiras. Com o processo de modernização e industrialização
que se intensifica na segunda metade do século XX. Foram se desenhando também as
mudanças de ordem político, social, cultural e espacial nos centros urbanos, São Paulo
de forma mais representativa se tornaria o exemplo de “cidade” moderna e
influenciariam as demais cidades brasileiras. No entanto, sabe-se que o processo de
urbanização aconteceu de forma desigual: à segregação urbana, as favelas são alguns
dos “problemas” acarretados muitas vezes por falta de um planejamento urbano
Disponível em: http://www.google.com.br/imghp?hl=pt-BR&tab=wi
Competência de área 2 – Compreender as transformações dos espaços
geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder.
Disponível em: <http://www.google.com.br/imghp?hl=pt-BR&tab=wi> Acesso em: 08 de set.13
15
Os Retirantes de Candido Portinari:
http://meninasemarte.files.wordpress.c
om/2012/03/expressionismo-no-brasil-
i1.jpg Acesso: 16 de mar. 2014
“igualitário”. As primeiras décadas do século XIX, de fato, trouxeram ao Brasil toda
uma incorporação de valores urbanos à nossa sociedade, o que acarretou toda uma
transformação no cenário urbano acelerando o dinamismo das cidades, as
transformações da paisagem urbana. Todos esses fatores combinados trariam a esses
espaços uma conotação bastante atrativa a população que concentravam no campo suas
perspectivas econômicas e de sobrevivência. Há quem pretenda explicar esses fluxos
populacionais que se fizeram bem mais intensos nas décadas de 1960 e 70 no sentido
Nordeste - Sudeste pelo fator climático, ou seja, a seca teria feito com que milhares de
retirantes saíssem de seus lugares de origens em busca de promessas de uma vida
melhor. A seca teve sua contribuição no que se
refere à elevação da miséria no período
tratado, de fato, no entanto não devemos
admitir esse fator como o principal elemento
explicativo do problema, pois se assim
pensarmos estaríamos elevando e transferindo
para natureza um problema que é sobretudo
político, econômico e social.
Esses fluxos populacionais que
aconteceram historicamente de maneira
desordenada deixaram suas marcas nas paisagens
e no cotidiano urbano, especialmente nos grandes
centros, pois seriam nas periferias onde essas populações encontrariam abrigo, muitas
vezes em condições tão precárias quanto as que lhes impulsionaram a sair de seus
lugares de origem. Especialmente no caso brasileiro, as favelas foram historicamente
construídas como o espaço dos “marginalizados” levaram às periferias uma conotação
bastante pejorativa, e por vezes espaços “invisíveis” aos olhos do poder público, desta
forma, são espaços privilegiados no tocante a problemas de falta de saneamento básico,
acarretando grandes preocupações na atualidade. Deve-se perceber dentro desse
contexto a importância das formas e relações de poder que se expressam nos espaços,
sejam eles urbanos ou rurais como normalizadores e construtores de nossa sociedade,
nossa nação e nossas relações cotidianas.
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REFLEXÃO
O Nome da Cidade
(Adriana Calcanhotto)
Onde será que isso começa
A correnteza sem paragem
O viajar de uma viagem
A outra viagem que não cessa
Cheguei ao nome da cidade
Não a cidade mesma espessa
Rio que não é Rio: imagens
Essa cidade me atravessa
Ôôôôêh boi êh bus
Será que tudo me interessa
Cada coisa é demais e tantas
Quais eram minhas esperanças
O que é ameaça e o que é promessa
Ruas voando sobre ruas
Letras demais, tudo mentindo
O Redentor que horror, que lindo
Meninos maus, mulheres nuas
Ôôôôêh boi êh bus
A gente chega sem chegar
Não há meada, é só o fio
Será que pra meu próprio Rio
Este Rio é mais mar que mar
Ôôôôêh boi êh bus
Sertão ê mar.
(O NOME DA CIDADE de Caetano Veloso. In: Senhas. Intérprete: Adriana Calcanhotto
Senhas, 1992. Disponível em: <http://www.vagalume.com.br/adriana-calcanhoto/discografia>
Acesso em 09 de set. 2013).
Capa do CD “Senhas”. Disponível
em:<http://www.djzepedro.com.br/t
extos.php?p=3> Acesso: 16 de mar.
2014
Imagem 2.
Imagem 1: Inglaterra do século
XVIII. Disponível em:
<http://marcosbau.com.br/geobras
il-2/1434-2/urbanizacao-no-
mundo/>
Imagem 2: São Paulo século XXI.
Disponível
em:<http://oglobo.globo.com/foto
s/2010/07/02/>
Acesso em: 16 de mar. 2014
Imagem 1.
17
O processo de industrialização se deu inicialmente na Inglaterra, o que
convencionalmente chamamos de Revolução Industrial ocorrendo no contexto europeu
no século XVIII e progressivamente foi substituindo o trabalho artesanal pelo
industrializado, contribuiu significativamente para transformações das cidades
modernas. A influência no Brasil, no início do século XX, colocou o país diante de um
novo panorama para os espaços urbanos: questões sobre reformas urbanas, sanitárias e a
industrialização faziam do urbano um local de novas experiências para os indivíduos,
bem como significava um atrativo econômico, social e cultural para aqueles que
queriam melhores condições de vida. Desta forma, o espaço vai se transformando de
acordo com os novos interesses dos que fazem a cidade. As paisagens são construídas,
reformadas e reorganizadas, já que o espaço também é movimento, modificável,
instável.
A música citada acima nos diz muito sobre como pensar os sentidos que os
espaços possibilitam aos indivíduos praticantes dela, como se expressa, e como essa
expressão é fruto do uso, das relações do ser humano que transforma constantemente
seu espaço geográfico. Segundo o historiador Michel de Certeau (2009) “a cidade, à
maneira de um nome próprio, oferece, a capacidade de conceber e construir o espaço a
partir de um número finito de propriedade estáveis”, e a propriedade de transformá-la
são atribuídas a múltiplos sujeitos, associações e indivíduos, transformações essas que
são produtos das relações socioeconômicas e culturais de poder”. A partir dessas
premissas, iremos analisar como a música O nome da Cidade, composição de Caetano
Veloso inspirada no livro A hora da estrela da escritora Clarisse Lispector, expressa a
saída de um indivíduo para uma cidade desconhecida. Percebemos na letra os anseios e
esperanças que atravessam o “viajante” e algumas questões que podem nos fazer pensar:
Quais eram as esperanças do personagem? As expectativas traçadas por ele foram
alcançadas? Quais problemáticas sociais podem ser percebidas na letra?
TEXTO DE APOIO
As cidades são espaços de intenso movimento, intensa transformação, as
paisagens são construídas e reconstruídas, podemos observar isso ao nosso redor, no
nosso bairro, os processos de reprodução das cidades são também influenciados por nós,
além disso, devemos entender o espaço urbano como produto das relações
18
socioeconômicas e culturais de poder, como nos diz o historiador Antônio Paulo
Rezende, a cidade:
Está sempre em movimento. Um movimento que é impossível de ser
percebido na sua fatalidade e que tenha talvez um sentido comum. Ou as
coisas ou os homens mudam. A fragmentação toma conta da cidade moderna,
na medida em que cresce nela a ideia de que se pode sempre aperfeiçoá-la.
Ela não cessa, então, de ser reconstruído criar-se uma obsessão. A imagem
que se tem dela passa a ser modificada constantemente, a dialética entre o
novo e o velho ganham dimensões incríveis. (REZENDE apud FILHO p.60.)
A leitura do fragmento acima permite vislumbrar as transformações vivenciadas
nas cidades, os passantes moldam os espaços, tecem lugares de acordo com seus
interesses e necessidades. Os objetos de intervenções de poder mudam o espaço, como
também os homens mudam; o espaço é constantemente alterado, não apenas pela
racionalidade urbana, mas também pelos que resistem às suas imposições. Pensar a
cidade de forma ordenada ou planejada é também admitir a pluralidade de sentidos que
a compõem: Ela é a relação do velho e o novo, a linguagem do poder que a “urbaniza” e
o movimento contraditório que se combina fora do poder. A citação de Rezende (1997)
reflete as transformações dos espaços e suas constantes mudanças. Albuquerque Júnior
(1999) destaca as mudanças paisagísticas vividas pela região Nordeste a partir da
modernização e da industrialização que chega ao “campo”, retratando a emblemática
simbologia da modernização que “emerge” para trazer o novo, civilizar os espaços e
modifica-los sobre o viés do discurso do “moderno” que chega aos antigos engenhos de
açúcar do Nordeste, base econômica durante toda a época colonial para o
desenvolvimento da região:
O Nordeste é filho da ruína da antiga geografia do país, segmentada entre
“Norte” e “Sul”. No início dos anos vinte, a percepção do intelectual que
desembarca no Recife, vindo dos Estados Unidos, é de que a própria
paisagem, o próprio físico da região, altera-se profundamente. Seria outra, a
sua crosta. Outra, a fisionomia. Seu olhar que entrara em contato com o
mundo moderno é obrigado a admitir que a paisagem perdera o ar ingênuo
dos fragrantes de Koster e de Henderson para adquirir o das modernas
fotografias de usinas e avenidas novas. (ALBUQUERQUE JÚNIOR, 1999,
p.51)
A industrialização, que chega ao campo com as usinas substituindo os
engenhos, ocorre paralelamente ao “declínio” do ciclo do açúcar, mas como podemos
relacionar esta chegada com as transformações do espaço geográfico? Além das
modificações que a modernização do campo trouxera à paisagem rural, nesse caso do
Nordeste, havia a procura por uma maior oportunidade de trabalho relacionada a regiões
mais desenvolvidas; especialmente na segunda metade do século XX, a região Sudeste
19
Árvores submersas, sob as águas da barragem
de Sobradinho. Disponível em:
<http://gerson.leite.zip.net/images/DSC00336.
JPG /> Acesso: 18 de mar. 2014
surgiria como um poderoso atrativo para os nordestinos que estrategicamente
procuraram em grandes cidades minimizar as penúrias do cotidiano, que periodicamente
era assolado pelas grandes secas, transformando a paisagem das grandes cidades.
Os espaços possuem seus cheiros, que nos fazem lembrar locais agradáveis ou
até mesmo de locais que não nos agradam. Os sentidos nos trazem memórias boas e
ruins. Segundo Albuquerque Junior (2008), em O espaço em Cinco Sentidos, as
paisagens podem ser construídas a partir da audição, do paladar, do tato e do olfato. A
visão seria apenas complementar, diante do que estava à frente do individuo que
contempla. Os sentidos são fundamentais em nossa vida e cada representação de um
aspecto, pode ser vista em qualquer lugar, tudo possui uma característica em nossa
memória. Então cada setor da área urbana ou rural, tem o seu cheiro, a lembrança de um
gosto ou de um toque, seguido de um som, que nos leva a uma visão de uma bela
paisagem, nunca vista, pelos olhos. Já que estes, distraídos, não veem a beleza das
coisas mais simples e belas que o mundo nos proporciona.
Como diria Albuquerque Junior (2008), a visualização de outras dimensões e
aspectos da realidade entorpece os nossos outros sentidos. Os indivíduos tecem suas
relações com o espaço, então, como pensar aqueles que são deslocados
compulsoriamente de seus lugares de origem, em favor da chegada da modernização,
sendo obrigados a se distanciar das memórias que esses espaços lhes trazem? Se
lembrarmos das construções de barragens,
como a de Sobradinho, localizada na
Bahia, por exemplo, que na década de 70
levou milhares de pessoas que se
abrigavam às margens da represa e cidades
vizinhas a saírem de suas casas, podemos
estabelecer um sentido à sensibilidade
humana sobre os espaços. As memórias
dessas populações, obviamente, são cheias de
afetividades e histórias a serem contadas
sobre suas experiências, expectativas e
angústias trazidas pela retirada forçada e a transferência de todo um cotidiano de
vivências que foram formuladas a custa de anos.
20
APRENDA FAZENDO
Questão 01 (ENEM 2011)
SOBRADINHO
O homem chega, já desfaz a natureza.
Tira gente, põe represa, diz que tudo vai
mudar.
O São Francisco lá pra cima da Bahia
Diz que dia menos dia vai subir bem
devagar
E passo a passo vai cumprindo a profecia do
beato que dizia que o Sertão ia alagar.
SÁ E GUARABYRA. Disco Pirão de peixe
com pimenta. Som Livre, 1977 (adaptado).
O trecho da música faz referência a uma
importante obra na região do rio São
Francisco. Uma das consequências sócio
espaciais dessa construção foi
A) a migração forçada da população
ribeirinha.
B) o rebaixamento do nível do lençol
freático local.
C) a preservação da memória histórica da
região.
D) a ampliação das áreas de clima árido.
E) a redução das áreas de agricultura
irrigada
Questão 02 (ENEM 2011)
O professor Paulo Saldiva pedala 6 km em
22 minutos de casa para o trabalho, todos os
dias. Nunca foi atingido por um carro.
Mesmo assim, é vítima diária do trânsito de
São Paulo: a cada minuto sobre a bicicleta,
seus pulmões são envenenados com 3,3
microgramas de poluição de metal em
suspensão, sulfatos, nitratos, carbonos,
compostos orgânicos e outras substâncias
nocivas.
ESCOBAR. H. Sem ar. O Estado de São
Paulo. Ago. 2006.
A população de uma metrópole brasileira
que vive nas mesmas condições
socioambientais das do professor citado no
texto apresentará uma tendência de:
A) Ampliação da taxa de fecundidade.
B) Diminuição da expectativa de vida.
C) Elevação do crescimento vegetativo.
D) Aumento na participação relativa de
idosos.
E) Redução na proporção de jovens na
sociedade.
21
SAIBA MAIS
DESENHO
ANIMADO
A compreensão construída a partir do filme "Morte e Vida Severina"
colabora com a competência e as habilidades trabalhadas, que enfatizam
as ocupações dos espaços através das migrações. “Das paisagens áridas e
secas do interior de Pernambuco sai o retirante Severino. Para escapar da
morte lá “morrida antes dos trinta” e em busca de melhores condições de
vida, o retirante segue rumo ao litoral.” Em sua romaria, Severino usa o
rio Capibaribe como guia e, por todos os lugares em que passa, dá de cara
com a morte e com a vida “Severina” – aquela que para ele é “a vida mais
vivida do que defendida”. “Produzida pela TV Escola, a versão animada
do livro de João Cabral de Melo Neto, Morte e Vida Severina – Um Auto
de Natal Pernambucano se baseia também nos quadrinhos do cartunista
Miguel Falcão. Preservando o texto original, a animação 3D dá vida e
movimento aos personagens da história, publicada originalmente em
1956.”
Disponível em:
http://www.vermelho.org.br/tvvermelho/noticia.php?id_noticia=160052&
id_secao=29 Acesso em 15 de jul. 2013.
SITE
http://www.historiadigital.org/. Página que trata da temática da história
abordando as suas mais variadas temporalidades, que vai da pré-história,
aos dias atuais. Vídeo disponível no YouTube da TV Henfil sobre a
competência 2 da área de ciências humanas.
Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=rN_H_qnj7WI&list=PL_XuB9G-
lZwN21RdHUBp66KqRv5p1C2-J Acesso: 11 de out. 2013.
LIVROS
Resenha: A invenção do Nordeste e outras artes (1999) livro do
pesquisador e historiador Durval Muniz de Albuquerque Júnior.
Seu texto analisa de forma poética a evolução de uma região do
Brasil, situando-a no conjunto dos mecanismos constitutivos de
um projeto de bases culturais e sociais diversificadas. O autor
busca compreender o conteúdo e as modalidades da ação dessas
bases culturais, as especificidades dos agentes, os princípios
norteadores de sua intervenção, analisando as determinações mais
amplas da regionalização e diversificação dessa cultura.
Resenha Disponível em:
<http://luizreginaldo.blogspot.com.br/2009/01/resenha-de-inveno-do-
22
nordeste-e-outras.html> Acesso: 11 de out. 2013.
"Vidas Secas", romance publicado em 1938, retrata a vida
miserável de uma família de retirantes sertanejos obrigada a se
deslocar de tempos em tempos para áreas menos castigadas pela
seca. A obra pertence à segunda fase modernista, conhecida como
regionalista, e é qualificada como uma das mais bem-sucedidas
criações da época. Disponível em:
<http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/literatura/vidas-secas-
resumo-obra-graciliano-ramos-702011.shtml> Acesso: 11 de out.
2013.
FILME
Narradores de Javé é um filme dirigido por Eliane Caffé, lançado em
2003, que suscita o debate histórico, porque confronta o público que o
assiste com uma variedade de significados que emergem das vivências de
seus personagens. Javé é um povoado do interior baiano, idealizado como
um espaço urbano que foi condenado ao desaparecimento pela construção
de uma hidrelétrica, cujas águas inundaram o lugar.
Disponível em: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-52182/>
Acesso: 11 de out. 2013.
23
RESPOSTAS COMENTADAS
Questão 01 (ENEM 2011):
Comentário:
A questão proposta traz como texto base um trecho da música “Sobradinho” gravada por vários
grupos musicais, no entanto a referência utilizada é a seguinte: SA E GUARABYRA. Disco
Pirão de peixe com pimenta. Som Livre, 1977 (adaptado). O trecho da música se remete à
construção da barragem de Sobradinho, como o próprio título da mesma faz referência, a letra é
utilizada de forma fidedigna sem nenhum tipo de adaptação, tratando da já antiga questão da
transposição do Rio São Francisco que remonta ao século passado, pretende-se que o aluno
consiga perceber a relação da construção da barragem de Sobradinho e as conotações sociais
que esse tipo de investida causou na vida da população que vivia às margens do Rio São
Francisco.
A questão não traz nenhuma imagem para complementação do enunciado, junto com a letra da
música compõem de maneira bastante clara e elucidativa o desenvolvimento da problemática
proposta, que é fazer uma ligação das transformações do meio ambiente e das fontes de água
para fins econômicos e como isso implicaria numa transformação sócio-espacial no ambiente.
Podemos observar então que a letra explora aspectos relacionados à construção da represa de
Sobradinho e as implicações que essa construção causou na vida cotidiana daqueles moradores
que se abrigavam às margens do rio, pretendendo problematizando as consequências sociais
dessa obra para a população ribeirinha. Portanto, a construção da problemática e do enunciado
se encontram bem articuladas, remetendo claramente à alternativa (A), ou seja, a migração
forçada da população que vivia às margens da barragem, nem todas as alternativas
complementariam de forma satisfatória o enunciado, a exemplo da alternativa (E), pois em
momento algum, de forma mais direta, se faz alusão à diminuição de áreas irrigadas, embora
seja uma possibilidade de problemática a ser tratada em outro tipo de questão sobre transposição
de águas.
Alternativa correta: Letra A.
Questão 02 (ENEM 2011):
Comentário:
O item apresenta uma matéria jornalística do “O Estado de São Paulo” de agosto de 2008. No
tocante a coesão e coerência do enunciado da questão, podemos considerar o texto utilizado
24
como satisfatório, visto que trata da questão da poluição e do aumento populacional das cidades
em especial das grandes metrópoles como um agravante no tocante à saúde da população. O
enunciado e as referências não trazem nenhuma adaptação em relação ao texto original. No que
se refere à utilização de fatos nacionalmente conhecidos, podemos argumentar que o tema é
bastante atual e recorrente, pois, como sabemos, os assuntos que tratam a questão da poluição
são extremamente utilizados pelo Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). O texto é claro e
objetivo no tocante ao tema da poluição. Pretende fazer uma a ligação de como efeitos da
poluição afeta as grandes cidades, nos fazendo refletir a partir de um personagem: “o professor
Paulo”. Este, indo para o trabalho todos os dias de bicicleta é vitima diária do trânsito e do ar
poluído da metrópole em que vive. Embora pratique exercícios e tente levar uma vida saudável,
usando a bicicleta para chegar ao trabalho, e consequentemente não contribuindo para a
liberação de gases poluentes, “o professor Paulo” tem os pulmões envenenados todos os dias.
Para tal interpretação é necessário que o aluno possa distinguir que o professor vai para o
trabalho de bicicleta não somente para não contribuir com os efeitos poluentes produzidos pelos
automóveis nas grandes cidades, mas que também a adoção da bicicleta como transporte seria
uma forma de praticar exercícios e assim aumentar o que conhecemos como “qualidade de
vida”. Nem todas as alternativas se relacionam com o texto, por exemplo, a alternativa (E), em
momento nenhum no enunciado se fala da redução de jovens por qualquer motivo na sociedade,
embora a questão queira tratar das problemáticas de faixas etárias, ou a alternativa (A), que trata
na questão de fecundidade. Dessa forma, consideramos que a alternativa mais correta,
certamente seja a (B)
Alternativa correta: Letra B
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE JUNIOR, Durval Muniz de. A invenção do Nordeste e Outras Artes.
Recife; FJN; Massagana: São Paulo. Cortez, 1999.
ALBUQUERQUE JR. Durval Muniz. O espaço em Cinco Sentidos. Sobre cultura, poder e
representações espaciais. Recife: Bagaço, 2008, P. 97-124.
DA SILVA, Edcarlos Mendes. Desterritorialização sob as águas de Sobradinho: ganhos e
desenganos. Dissertação de Mestrado.PPGG-UFBA. Salvador, 2010.
25
FILHO, José Adilson. A cidade atravessada: Velhos e novos cenários na politica belo-
jardinense. Dissertação de Mestrado PPGH-UFPE, Recife, 2002.
REZENDE, Antônio Paulo. (Des) Encantos Modernos. História da cidade do Recife na
década de 1920. Recife, Fundarpe, 1997.
Disponível em: <http://www.google.com.br/imghp?hl=pt-BR&tab=wi> Acesso: 08 de set. 2013
Disponível em: <http://meninasemarte.files.wordpress.com/2012/03/expressionismo-no-brasil-
i1.jpg> Acesso: 16 de mar. 2014
Disponível em: <http://www.djzepedro.com.br/textos.php?p=3> Acesso: 16 de mar. 2014
Disponível em: <http://www.vagalume.com.br/adriana-calcanhoto/discografia> Acesso: 09 de
set. 2013
Disponível em: <http://marcosbau.com.br/geobrasil-2/1434-2/urbanizacao-no-mundo/> Acesso:
16 de mar. 2014
Disponível em: <http://oglobo.globo.com/fotos/2010/07/02/> Acesso: 16 de mar. 2014
Disponível em: <http://nitroimagens.com.br/nitronline/2011/12/02/historias-guardias/> Acesso:
04 de fev. 2014
Disponível em:
<http://www.vermelho.org.br/tvvermelho/noticia.php?id_noticia=160052&id_secao=29>
Acesso: 15 de jul. 2013.
Disponível em: <http://luizreginaldo.blogspot.com.br/2009/01/resenha-de-inveno-do-nordeste-e-
outras.html> Acesso: 11 de out. 2013.
Disponível em: <http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/literatura/vidas-secas-resumo-obra-
graciliano-ramos-702011.shtml> Acesso: 11 de out. 2013
Disponível em: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-52182/> Acesso: 11 de out. 2013.
Disponível em: <http://gerson.leite.zip.net/images/DSC00336.JPG/> Acesso: 18 de mar. 2014
26
Sim.
LUTAS POR CIDADANIA NO BRASIL
Ana Carolina Monteiro Paiva
Elson da Silva Pereira Brasil
PARA COMEÇAR A HISTÓRIA...
Fomos bestializados? Somos bestializados?
Uma das frases mais comuns ao se falar em Proclamação da República no Brasil é a frase
atribuída a Aristides Lobo, que segundo o historiador e cientista político José Murilo de
Carvalho haveria afirmado: “o povo teria assistido ‘bestializado’ à proclamação da República
sem entender o que se passava”.
Muito se disse nos primeiros anos da República sobre a “falta de cidadania” dos
brasileiros durante os períodos colonial e imperial, assim como se criticou esse fenômeno nos
primeiros anos da República, chegando a afirmar que o povo brasileiro não se comportava como
cidadãos. Muitos destes críticos da República, a exemplo do próprio Aristides Lobo, faziam
parte de uma elite conservadora que idealizara uma República ao modelo europeu para o Brasil.
Não imaginaram, porém que o Brasil era muito diferente da Europa: um país que abrigava
culturas migrantes de quase todas as partes do mundo em um mesmo lugar, modos de pensar
distintos, modos de agir diferentes entre si provavelmente não resultaria em uma República aos
moldes das europeias nem à norte-americana.
Competência de área 03 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais,
políticas e econômicas, associando-as aos diferentes grupos, conflitos e movimentos sociais.
Marechal Deodoro da Fonseca / Presidente Dilma Rousseff. Disponível em:
<http://www.brasilescola.com/historiab/governos-republicanos.htm > Acesso em: 8 out.2013.
27
Este tipo de comentário continua em pleno século XXI. O sistema republicano teve suas
mudanças ao longo do tempo, mas em meio aos escândalos de corrupção, práticas abusivas e
negligenciadoras para com a população. Conquistamos a liberdade de expressão e vivemos em
meio a direitos iguais, mas será que tomamos consciência do nosso papel de cidadãos na
sociedade e exigimos nossos direitos (assim como cumprimos com nossos deveres)?
REFLEXÃO
Vale recapitular o cenário político que levou à República, antes de refletir sobre o papel
que tiveram, ao longo da História do país, os vários sujeitos, instituições e movimentos.
Duas forças políticas tinham interesse em implantar a República no Brasil, essas forças
tinham pontos de vista diferentes tanto no âmbito social quanto no ideológico. O Partido
Republicano e os Militares
eram os dois grupos mais
expressivos que apoiavam a
proclamação da República o
mais rápido possível. O Partido
Republicano, com partidos
regionais, defendia um governo
descentralizado, no qual elites
com interesses em cada região
deveriam governar o país. Os
militares defendiam uma
República centralizada e
militarizada; estavam mais preocupados com a unidade nacional.
No dia 15 de novembro de 1889 são os militares quem proclamam a República. Nomes
como os Marechais do exército, Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, são até hoje exaltados
como os pais da República dos Estados Unidos do Brazil. Nesse sentido outros grandes nomes
que, desde a colonização, lutaram pela construção de um país mais justo, são ofuscados pelo
glamour dos trajes militares. Após dois curtos e conturbados mandatos, os militares cedem
espaço para uma elite civil. Assim, o ideal do Partido Republicano triunfa com a aprovação da
Constituição Federal em 1891, implantada uma República federativa, com três poderes regendo
as leis e consequentemente o país.
Tendo sido proclamada por militares, a proclamação da Republica no
Brasil é quase sempre representada com a ausência dos populares.
Disponível em:
<http://international.loc.gov/service/hisp/brfbnth/154347p8a.gif>
Acesso em: 06/02/2014
28
Quando falamos em mudanças,
estamos nos remetendo à mudança na
forma de governo, o direito ao voto,
instituição do casamento civil e etc. Os
anos que antecederam a Proclamação da
República foram marcados por lutas de
negros almejando a liberdade e revoltas
contra o Império. Já na República, se nos
dispusermos a refletir sobre Canudos, movimento classificado como messiânico, liderado por
Antônio Conselheiro que nos primeiros momentos da República agrega uma grande quantidade
de pessoas, em sua grande maioria pobre, revoltada com as mudanças resultantes do novo estado
político que se instalara, assolados pela seca e nutridos pelas pregações de Conselheiro, estamos
diante de um dos primeiros movimentos sociais de grande impacto contra a nova ordem vigente,
ocorrido entre 1896 e 1897. Formou-se no interior da Bahia um povoado, maior que a grande
maioria das cidades da época, Canudos
contava com cerca de 25 mil habitantes. Do
ponto de vista do governo Canudos, era um
reduto de monarquistas perigosos e
dispostos a desestabilizar o regime, por isso
o arraial foi destruído pelas tropas federais
em 1897.
Os movimentos estavam apenas
começando; o século XX seria marcado por
numerosas ‘revoltas’ que demonstram como os
brasileiros estavam incomodados com as
desilusões que a República trazia sob seus
seios que só amamentavam as elites e
aumentavam as desigualdades. Em 1904, o então presidente Rodrigues Alves reúne um
engenheiro, um médico sanitarista e um engenheiro urbanista para realizar a reforma urbana na
cidade do Rio de Janeiro, de maneira a demolir os casarões onde viviam grande parte da
população pobre, alegando que prejudicava o fluxo da cidade moderna, e obrigando a vacinação
contra a varíola que assolava a população. Assim, a população inconformada com as medidas
sanitárias, se rebelou, dando origem à Revolta da Vacina.
Arraial de Canudos. Disponível em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Canudos.jpg>
Acesso em: 06 de fev. 2014
Jornal “O século” Notícia as ordens do prefeito
Pereira Passos de derrubar construções coloniais para
no lugar construir uma larga avenida. Disponível em:
<http://www.jblog.com.br/hojenahistoria.php?catid=1
51&blogid=57&archive=2008-0> Acesso em 15 de
mar. 2014.
29
Uma das novas ideias que emergem com a República no Brasil, é o higienismo. O
discurso médico higienista vai fazer-se presente no país no início do século XX pregando uma
sanitarização e uma higieniação dos costumes da população. É esse tipo de discurso que vai dar
margens para as reformas urbanas feitas nas grandes cidades, a exemplo do Rio de Janeiro e
Recife que derrubam casarões colônias, que representavam o sujo e o atrasado, e abrem longas e
largas avenidas que representavam na época o moderno e o limpo. O discurso médico higienista
será, também, um dos responsáveis pela disseminação dos ideais eugênicos no Brasil, que muito
contribuíram para enraizar o preconceito étnico-racial no Brasil.
A Eugenia buscava, por meio do controle social, evitar a “degeneração da raça
brasileira”, essa degeneração seria a união entre as várias raças coexistentes no país, brancos,
negros e índios, sua mistura, segundo os eugenistas, causaria um enfraquecimento na raça
brasileira. Posteriormente a teoria de branqueamento dos eugenistas enfraquece, principalmente
por violar os direitos humanos. Vale lembrar que essas ideias deixaram uma herança de
preconceito racial forte.
Em 1910 os marinheiros tomam os navios exigindo o fim dos castigos corporais
aplicados pelos oficiais nos marujos, pedindo uma série de medidas às autoridades, esse evento
ficou conhecido como a Revolta da Chibata. Todavia, foram escanteados pelo Governo e
acabam presos ao se entregarem.
Outro movimento também de caráter messiânico, tal qual Canudos, ocorreu de 1912 à
1916: o beato José Maria liderou milhares de pessoas pobres e insatisfeitas com a situação de
miséria em uma região de Santa Catarina, mais conhecida como a Revolta do Contestado. Os
camponeses pobres queriam terra para plantar, pois tiveram as suas terras confiscadas para
construção de uma estrada de ferro, mas terminam
mortos, assim como seu líder.
Em fins do século XIX e estendendo-se
até quase metade do século XX, temos o
Cangaço, um grupo de homens e algumas
mulheres que atuaram no Nordeste do Brasil
realizando saques e manifestando-se contra as
desigualdades políticas dos coronéis.
Considerados bandidos, por alguns e heróis por
outros, o cangaço ao mesmo tempo em que
despertava o ódio de governantes, despertava
Cabeço do bando de Lampião exposta após
morte do bando em 27 de julho de 1937.
Disponível em:
http://hid0141.blogspot.com.br/2011/01/image
ns-do-cangaco.html Acesso em 13 de fev.
2014.
30
também alta popularidade entre os pobres que viam alguns cangaceiros, como Lampião, com
grande respeito e admiração. Ainda hoje estudiosos dividem opiniões sobre caráter heróico ou de
vilania dos cangaceiros.
Mas dentre todos esses movimentos na
história da República brasileira, um em
especial vai usar dos discursos
historiográficos para se legitimar. A chamada
‘revolução de 1930’ vai tirar do poder a elite
agrícola que mantinha a chamada “Republica
do Café com leite”, oligarquias de Minas
Gerais e São Paulo que se intercalavam na
presidência. Após serem excluídos dessa
rotatividade os mineiros vão buscar apoio dos
gaúchos que lançam o nome de Getúlio Vargas à
presidência. Vargas perde, mas com a morte de
seu vice: o paraibano João Pessoa, há uma comoção nacional e no final desse movimento Vargas
assume o poder.
No poder Vargas vai tratar de dar legitimidade ao seu novo modo de governar, e logo os
se inscreverão novos termos para designar a republica. A fase anterior à Getulio seria nomeada
como República Velha, representaria uma fase nefasta da republica brasileira, seria a fase da
desigualdade. A fase a partir de Getúlio receberia o nome de República Nova, a novidade, e
para tanto se passaria a dizer que ouve uma ‘revolução’, para alguns historiadores essa revolução
não teria ocorrido, pois ainda quem permanecia no poder eram militares e representantes da
burguesia brasileira. A escolha do termo, República nova, implicaria na tentativa de
conscientizar as massas que se vivia um tempo diferente e bom, em contraposição ao anterior.
Nessa nova fase todos esses movimentos acontecidos anteriores a 1930 são tomados como de
pouca importância, o que de fato era marcante na história do país era o acontecido em 1930.
OS BRASILEIROS LUTAM
Intelectuais que se dedicam a analisar esse momento da História do Brasil os menos
abastados financeiramente, os ditos povo, na afirmação de Aristides Lobo, não assistiram
apáticos as transformações políticas e culturais. Historiadores como Mary Del Priore e Renato
Funeral de João Pessoa, após peregrinar por quase
todo o país seu corpo é enterrado no Rio de
Janeiro. Isso na intenção de torná-lo o novo mártir
da história do país. Disponível em:
<http://dochico.blog.terra.com.br/category/sem-
categoria/> Acesso em 13 de fev. 2014.
31
Venâncio, José Murilo de Carvalho, Nicolau Sevcenko contribuem para a desconstrução desse
mito da apatia política dos brasileiros.
O primeiro argumento é deixar de comparar e inferiorizar os movimentos populares do
Brasil com os da Europa ou dos Estados Unidos. Essa comparação que nunca igualará um a
outro, devido às características econômicas e culturais de cada um, só tende a induzir a
precipitadas conclusões sobre o exercício da cidadania no país. Pode-se também iniciar uma
leitura própria de fatos políticos e cotidianos da história que desconstroem esse discurso de que o
povo brasileiro é apático politicamente. Os cidadãos e seus movimentos sociais organizados ou
desorganizados, homogêneos ou não, deram sua contribuição para a formação da cidadania
brasileira – formação que ainda se encontra em processo. Todavia, o que se tem hoje não são
movimentos de contestação pela instauração da República, mas pelo funcionamento da mesma
que, em certos aspectos, continua com sua política de marginalização.
Em 1980, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra inicia sua luta pela
reforma agrária, presente na maioria dos estados brasileiros e promovendo ocupações de terras
principalmente improdutivas como uma forma de chamar atenção do governo. É um movimento
que até os dias de hoje ganha força e chama atenção pela sua organização social e sua
importância para a população, pois a questão fundiária continua presente mesmo após vários
assentamentos e foi um fator de atuações sociais e políticas durante todo o governo do presidente
Fernando Henrique Cardoso.
Também temos os movimentos
dos grupos étnicos, como os índios de
diversas etnias que cada vez mais
aparecem nos noticiários. Em nome do
progresso, o governo tem tomado
medidas que acabam entrando em
choque com os índios, como é o caso
do projeto de construção das usinas
hidrelétricas no Rio Tapajós e Belo
Monte, no sudeste do Pará; das novas
regras de demarcação de terras indígenas;
e mais recentemente, da demolição do
antigo prédio da FUNAI, no Rio de
Janeiro, para a construção de sedes para a Copa de 2014. Tudo isso tem levado vários índios a se
reunirem em protestos, ganhando apoio da população com campanhas de incentivo, para
Situação do MST na década de 1990. Foto de Sebastião
Salgado. Disponível em:
<http://www.nonada.com.br/wp-
content/uploads/2011/04/Nonada_SemTerra_Cr%C3%
A9tido_Sebasti%C3%A3oSalgado-300x206.jpg>
Acesso em: 8 de out. 2013.
32
tentarem um diálogo com o governo e barrar a construção das usinas, mas este alega que o país
precisa da energia e do crescimento
econômico que trará.
Manchete dos noticiários de todo
o Brasil, a onda de protestos iniciada no
mês de junho de 2013 repercutiu
internacionalmente, ganhando apoio de
países como Alemanha, Argentina,
Canadá, Estados Unidos e Reino Unido.
Tudo começou com o aumento da tarifa
de ônibus em São Paulo, e bastou para que a
população fosse às ruas reivindicar seus
direitos, como se o grito de protesto e de
insatisfação estivesse preso na garganta há anos. A família brasileira encontrava-se em meio à
multidão, cada um com sua indignação; cartazes que iam desde a melhoria no transporte público,
um basta na violência, não à corrupção, apoio aos homossexuais, melhorias na educação e saúde.
Um movimento social que se transformou em uma carta aberta de repúdio à atual situação em
que vivemos que demonstra o quanto nosso sistema republicano tem a mudar. Se chegamos a
essa situação é a prova maior que a República Brasileira não se transformou em instrumento de
diálogo entre as classes dirigentes do país e a grande massa de proletários rurais e urbanos, e que
a ausência deste diálogo acabou sendo pedra fundamental para que uma série de revoltas
colocasse em questão o enorme vão que separa o Estado e as maiorias que deveria de fato
representar.
TEXTOS DE APOIO
Havia a poeira de garotos e moleques; havia o vagabundo, o desordeiro profissional, o
pequeno-burguês, empregado, caixeiro e estudante; havia emissários de políticos
descontentes. Todos se misturavam, afrontavam as balas.
(...) Numa esquina, numa travessa, forma-se um grupo, seis, dez, vinte pessoas diferentes,
de profissão, inteligência e moralidade. Começa-se a discutir, ataca-se o Governo, passa o
bonde e alguém lembra: vamos queimá-lo. Os outros não refletem, nada objetam e correm
a incendiar o bonde.
Textos extraídos de SEVCENKO, Nicolau. “A Revolta da Vacina: mentes
insanas em corpos rebeldes.” São Paulo: Scipione, 1993.
Disponível em: <http://viatrolebus.com.br/wp-
content/uploads/2013/06/Protestos-Passe-Livre.jpeg,
acesso em: 8 de out. 2013.
33
(...) Quando a sociedade, ou uma parte dela, se mobiliza em nome de um ideal ou de uma
proposta, em nome de uma vontade de protesto ou de um desejo de mudança, não há
partido ou regime que fique de pé. Não só de Bastilhas queremos falar aqui, mas também
da Índia de Gandhi, ou da Polônia de Walesa, ou da Europa Oriental inteira, em 1989.
Em todos os lugares, mais do que partidos, havia por trás o sentimento compartilhado de
uma vontade profunda de renovação e mudança.
SCARRONE, Marcelo. (assinado em: 25/06/2013) Disponível em:
<http://www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos/dialogo-apartidario acessado dia
09/09/13> Acesso em: 08 set. 2013.
Rompendo as fronteiras do Brasil, a história possui movimentos de cunho social, político
e religioso dos mais variados: a Queda da Bastilha, na França de 1789; o movimento de
independência indiana, com Mahatma Gandhi; o movimento dos direitos civis dos negros, nos
Estados Unidos, com Martin Luther King; são alguns que podemos destacar. A pluralidade
desses movimentos é clara. Mas a partir do momento que um conjunto de pessoas com um ideal
em comum se juntam em defesa desse mesmo, há um deslocamento de posições.
Na maioria dos movimentos houve uma tendência à violência, mortes e degradação de
patrimônio público (no passado como no presente). Essa é uma discussão atual, em meio a série
de protestos que nosso país enfrentou. Muitos em meio a esse turbilhão de indignação e revolta
criticam o papel da justiça ao serem punidos. Por serem na maioria pessoas comuns (professores,
estudantes, trabalhadores e quem abraça a causa), alegam que a justiça é falha ao repreenderem
quem está na rua lutando pelos direitos, ao invés daqueles fora da lei. Vale a reflexão sobre o
papel da justiça como instituição na organização da sociedade.
PENSANDO A PARTIR DA CHARGE
(Disponível em: <http://www.willtirando.com.br/?post=727> Acesso em: 18 de mar. 2014.)
34
Charge capa da revista O Malho, de 1904.
Disponível em: http://1.bp.blogspot.com
APRENDA FAZENDO
Questão 1 – ENEM (2011)
É difícil encontrar um texto sobre a
Proclamação da República no Brasil que não
cite a afirmação de Aristides Lobo, no
Diário Popular de São Paulo, de que “o povo
assistiu àquilo bestializado”. Essa versão foi
relida pelos enaltecedores da Revolução de
1930, que não descuidaram da forma
republicana, mas realçaram a exclusão
social, o militarismo e o estrangeirismo da
fórmula implantada em 1889. Isto porque o
Brasil brasileiro teria nascido em 1930.
MELLO, M. T. C. A república consentida:
cultura democrática e científica no final do
Império. Rio de Janeiro: FGV, 2007
(adaptado).
O texto defende que a consolidação de uma
determinada memória sobre a Proclamação
da República no Brasil teve, na Revolução
de 1930, um de seus momentos mais
importantes. Os defensores da Revolução de
1930 procuraram construir uma visão
negativa para os eventos de 1889, porque
esta era uma maneira de:
a) Valorizar as propostas políticas
democráticas e liberais vitoriosas.
b) Resgatar simbolicamente as figuras
políticas ligadas à Monarquia.
c) Criticar a política educacional
adotada durante a República Velha.
d) Legitimar a ordem política
inaugurada com a chegada desse grupo ao
poder.
e) Destacar a ampla participação
popular obtida no processo da Proclamação.
Questão 2 – ENEM (2012)
A imagem representa as manifestações nas
ruas da cidade do Rio de Janeiro, na
primeira década do século 20, que
integraram a Revolta da Vacina.
Considerando o contexto político-social da
época, essa revolta revela:
a) A insatisfação da população com os
benefícios de uma modernização urbana
autoritária.
b) A consciência da população pobre
sobre a necessidade de vacinação para a
erradicação das epidemias.
c) A garantia do processo democrático
instaurado com a República, através da
defesa da liberdade de expressão da
população.
d) O planejamento do governo
republicano na área de saúde, que abrangia a
população em geral.
e) O apoio ao governo republicano pela
atitude de vacinar toda a população em vez
de privilegiar a elite.
49
SAIBA MAIS...
RESENHA
Resenha de “Os Sertões”, de Euclides da Cunha (por Tainá Passos de
Menezes PET-JUR).
O grupo PET de Direito da PUC-Rio, que pesquisa sobre As Bases
Materiais do Constitucionalismo Brasileiro, realiza resenhas sobre obras
brasileiras de cunho político – como também Macunaíma. Entre elas, a
petiana Tainá Passos de Menezes escreveu uma resenha sobre a obra “Os
sertões”, do escritor Euclides da Cunha que relata, em 1902, o episódio
que é uma das peças centrais para entender as tensões que assinalam a
cultura brasileira no século XX, narrando desde os aspectos geográficos
da região, as figuras brasileiras (o jagunço, o sertanejo, o gaúcho), as
expedições e os últimos dias da revolta que tomava conta dos habitantes
de Canudos, no norte da Bahia, em 1897.
Disponível em: <http://pet-jur.blogspot.com.br/2012/05/resenha-os-
sertoes_15.html> Acesso em: 13 fev. 2014
FILME Policarpo Quaresma, o herói do Brasil. Direção de Paulo Thiago.
Brasil: Riofilme e Filmark, 1998. (123 min.)
Trata-se da adaptação do livro Triste Fim De Policarpo Quaresma,
escrito por Lima Barreto, em 1911. A temática passa pela questão do
nacionalismo – na figura de Policarpo, um sonhador que tem planos para
a nação perfeita -, mas também fala do abismo existente entre as pessoas
idealistas e aquelas que se preocupam apenas com seus interesses. O
filme possui alguns aspectos cômicos, e críticas ao presidente Floriano
Peixoto – que governou entre 1891 a 1894 –, descrevendo politicamente o
país nesse período inicial de instituição da República e traçando um rico
panorama social e humano dos subúrbios cariocas.
VÍDEO
História do Brasil (República Velha), por Bóris Fausto.
Recomendamos um vídeo produzido por Bóris Fausto – um renomado
historiador e cientista político brasileiro – sobre o período da República
Velha, desde a proclamação da república, em 1889, até a subida de
Getúlio Vargas ao poder, em 1930. O vídeo tem quase 30 minutos de
duração, sendo bem claro e preciso fazendo um panorama breve sobre
esse período. É um excelente material de pesquisa!
Disponível em: <http://www.historiadigital.org/historia-do-brasil/brasil-
republica/republica-velha/video-republica-velha/> Acesso em: 10
set.2013.
36
Você sabia? Brasil República é o tema mais cobrado no ENEM!
Um levantamento feito pelo portal Universia Brasil apontou que o tema Brasil República é o mais
cobrado nas provas de história do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O resultado foi
dado com base na análise das últimas 13 edições da avaliação, realizada desde 1998. A Era
Vargas é o segundo assunto mais frequente, seguido de perto por Brasil Colônia e Segunda
Guerra Mundial.
Segundo Maria Lúcia Zanutto, integrante da equipe de conteúdo do portal, o estudante deve saber
interpretar e relacionar diferentes assuntos. "A ideia é compreender o conteúdo e saber associá-lo
a outros momentos da história”
Brasil República é o tema mais cobrado no ENEM. O Estadão. 12 jun.2012. Disponível em:
<http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,brasil-republica-e-o-tema-mais-cobrado-no-
enem,885425,0.htm> Acesso em: 07 out.2013.
REVISTA
Revista História Viva: "República: obra em progresso"
A edição de número 121 da Revista História Viva, traz o dossiê república,
que repassa sobre o processo de mudança de regime. Com os olhares de
José Murilo de Carvalho mostrando como o povo ficou alheio aos
acontecimentos; Cláudia Viscardi revisa os interesses dos diferentes
setores que tramaram para o regime; Américo Freire defende que o país,
de fato, mudou de rumo em 1891; Surama Conde Sá Pinto retrata os
processos eleitorais da Primeira República e Claudia Bojunga mostra o
estado de abandono do templo positivista, no Rio de Janeiro.
Disponível em
<https://www.lojaduetto.com.br/produtos/?idproduto=3120&action=info>
Acesso em: 22 nov.2013
37
RESPOSTAS COMENTADAS
Questão 1 – ENEM (2011)
O enunciado apresenta claramente o que deve ser suprimido com o que os defensores da
revolução de 1930 queriam negativando os eventos de 1889, pois acreditavam em um país
moderno, contra as oligarquias. Pode ocasionar dúvidas, ao responder, a alternativa A e, a D
correta, por induzir ao erro, quando a alternativa aborda sobre a valorização das propostas
políticas democráticas, porém, observamos que Getúlio Vargas concentrou o poder todo em suas
mãos e o congresso é fechado.
Alternativa correta: D.
Questão 2 – ENEM (2012)
O assunto em questão é a Revolta da Vacina. A imagem é clara e retrata o conflito entre a
população e os oficiais. O enunciado reforça a temática e foca no contexto político-social da
época, buscando saber o que essa revolta significou. Desde o início do século 20, o Rio de Janeiro
passava por uma série de reformas urbanísticas e sanitárias. A urbanização do centro da cidade
tinha resultado na demolição de cortiços e no deslocamento da população de baixa renda para os
morros e subúrbios. Os descontentamentos dessas camadas sociais alcançaram seu ápice com a
obrigatoriedade da vacina antivariólica em 1904, levando essa massa a se manifestar nas ruas da
cidade. Alternativa correta: A.
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE JUNIOR, Durval Muniz de. A invenção do Nordeste e Outras
Artes. Recife; FJN; Massagana: São Paulo. Cortez, 1999.
ALMANAQUE ABRIL; Edição 2011, ano 37.
Brasil Escola – O Brasil Republicano. Disponível em:
<http://www.brasilescola.com/historiab/governos-republicanos.htm> Acesso em: 02 de
abr. 2014.
CARVALHO, José Murilo de. “Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que
não foi”. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
38
CERTEAU, MICHEL DE. A invenção do cotidiano: Artes de fazer. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2009.
DÁVILA, Jerry. Diploma de brancura: política social e racial no Brasil (1917-1945).
Trad. Claudia Sant'Ana Martins. São Paulo: Editora UNESP, 2006.
FILHO, José Adilson. A cidade atravessada: Velhos e novos cenários na politica
belojardinense (1969-2000). Dissertação de mestrado PPGH- UFPE. Recife, 2002.
VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo . História para o Ensino Médio: História
Geral e do Brasil; São Paulo, Editora Scipione, 2002.
REZENDE, Antônio Paulo. (Des) Encantos Modernos. História da cidade do Recife
na década de 1920. Recife: Fundarpe, 1997.
SEVCENKO, Nicolau. “História da vida privada no Brasil (volume 3)”, São Paulo:
Companhia das Letras, 2012.
História Digital – Vídeo: República Velha. Disponível em:
<http://www.historiadigital.org/videos/video-republica-velha/> Acesso em: 02 de abr.
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História licenciatura- Imagens do Cangaço. Disponível em:
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Hoje na Historia/JBlog - 1903: Prefeito Pereira Passos. Disponível em:
<http://www.jblog.com.br/hojenahistoria.php?itemid=6588> Acesso em: 02 de abr.
2014.
Loja Duetto - Produto: Revista História Viva – República, obra em progresso.
Disponível em:
<https://www.lojaduetto.com.br/produtos/?idproduto=3120&action=info> Acesso em:
02 de abr. 2014.
39
O Estadão - Notícia: Brasil República é o tema mais cobrado no ENEM. Disponível
em: <http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,brasil-republica-e-o-tema-mais-
cobrado-no-enem,885425,0.htm> Acesso em: 02 de abr. 2014.
PET- JUR. PUC- RIO - Resenha “Os Sertões”. Disponível em: <http://pet-
jur.blogspot.com.br/2012/05/resenha-os-sertoes_15.html> Acesso em: 02 de abr. 2014.
Project The United States and Brazil: Expanding Frontiers, Comparing Cultures -
The Republic, A República. Disponível em:
<http://international.loc.gov/intldl/brhtml/br-1/br-1-6.html> Acesso em: 02 de abr.
2014.
Recife Minha Cidade, Minha História - Recife e João Pessoa. Disponível em:
<http://dochico.blog.terra.com.br/> Acesso em: 02 de abr. 2014.
Revista de História – Diálogo apartidário. Disponível em:
<http://www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos/dialogo-apartidario> Acesso em: 02
de abr. 2014.
Sem-terra - Crédito: Sebastião Salgado. Disponível em:
<http://www.nonada.com.br/wp-
content/uploads/2011/04/Nonada_SemTerra_Cr%C3%A9tido_Sebasti%C3%A3oSalga
do-300x206.jpg> Acesso em: 02 de abr. 2014.
Via trolebus - Protestos do passe livre. Disponível em: <http://viatrolebus.com.br/wp-
content/uploads/2013/06/Protestos-Passe-Livre.jpeg> Acesso em: 02 de abr. 2014.
Wikipédia - Ficheiro: Canudos.jpg. Disponível em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Canudos.jpg> Acesso em: 02 de abr. 2014.
Willtirando - Proclamação da República. Disponível em:
<http://www.willtirando.com.br/?post=727> Acesso em: 02 de abr. 2014.
40
Competência de área 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e
seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na
vida social.
MÍDIA E PODER
Silvanio de Souza Batista
Priscila Gusmão Andrade
PARA COMEÇAR A HISTÓRIA
Brasileiros ‘descobrem’ mobilização em redes sociais durante protestos
A mobilização de usuários do Facebook e do Twitter, os dois sites de redes sociais mais
acessados do Brasil, foi considerada uma das principais forças por trás das manifestações
que atingiram todo o país durante o mês de junho. Na internet, tanto usuários experientes
quanto iniciantes se tornaram organizadores, comentaristas e protagonistas dos protestos.
O Twitter é apontado por usuários entrevistados pela BBC Brasil como uma das principais
fontes de informação em tempo real sobre o que acontecia durante as manifestações. O
Facebook, por outro lado, foi usado principalmente para organizar atos de protesto e
demonstrar posicionamentos políticos.
Facebook e Twitter não divulgaram dados sobre o número de perfis novos criadas no Brasil
Redes sociais tiveram picos de participação de usuários brasileiros em junho. Por: Camilla Costa, da BBC
Brasil em São Paulo/ Atualizado em 11 de julho, 2013 (Brasília).
Disponível em:
<http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/07/130628_protestos_redes_personagens_cc.shtml>
Acesso em: 06 de set. 2013
41
no período. No entanto, um levantamento da consultoria Serasa Experian, divulgado pelo
jornal Valor Econômico, aponta que o Facebook teve uma taxa de participação (perfis de
usuários que tiveram atividade) de 70% dos brasileiros com presença no site no dia 13 de
junho ─ o terceiro pico de participação do ano. O Twitter, por sua vez, contabilizou cerca de
11 milhões de tweets com a palavra "Brasil" e 2 milhões mencionando "protesto" entre os
dias 6 e 26 de junho.
A movimentação também fez o caminho inverso ─ além de levar internautas para as ruas,
trouxe pessoas também para dentro das redes virtuais.
(Disponível em:
<http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/07/130628_protestos_redes_personagens_cc.shtml>
Acesso em: 06 de set. 2013.)
REFLEXÃO
Em um período de tempo, relativamente curto, observa-se a incorporação das
ferramentas digitais na vida contemporânea e a diversificação das possibilidades de
uso, tais como a busca e produção de informações e de conhecimento, a conexão de
pessoas e de grupos, atividades comerciais, organização social e política, oferta de
serviços públicos e privados, entre outros. Nesse sentido, nota-se que a Internet já
exerce uma transformação significativa em um conjunto de dinâmicas econômicas,
sociais, políticas e culturais e que, a cada uma dessas dinâmicas, verifica-se a
presença cada vez mais significativa das novas tecnologias de informação e de
comunicação.
SEGURADO, Rosemary. Entre a regulamentação e a censura do ciberespaço. 2011.
Disponível em:
<http://revistas.pucsp.br/index.php/pontoevirgula/article/view/13919> Acessado em:
12 de mar. 2014).
O fragmento do texto da Cientista Política, Rosemary Segurado, vai nos mostrar
como as ferramentas digitais adentraram a vida das pessoas e proporcionaram
transformações significativas a vida social, em um curto período. Uma das mudanças
marcantes na “era digital” é o maior acesso a informações e também a liberdade de
expressão, que pode ser utilizada de forma positiva ou negativa. As novas tecnologias
de informação e comunicação proporcionam assim um ambiente de liberdade “da
palavra” que intervém no espaço social, transformando-se, de acordo com Javier
Cremades, em Micropoder. A respeito do tema o mesmo coloca:
A principal contribuição da revolução do micropoder à regeneração da
democracia não é, portanto, nenhum avanço tecnológico, como poderia ser o
voto eletrônico. Sua principal contribuição é tornar possível um verdadeiro
diálogo social entre os cidadãos, e entre os cidadãos e os poderes públicos.
(CREMADES, Javier. Micropoder: a força do cidadão na era digital. Trad.
Edgard Charles. São Paulo, 2009, p.28.).
42
Imagem disponível em:
<http://www.tsf.pt/multimedia/galeria/Default.aspx?PageI
dx=5&content_id=2186782&page_galeria=39> Acesso
em: 04 de fev. 2014
Um exemplo do poder da tecnologia, em intervir no diálogo social está presente
na influência exercida pelas redes sociais (principalmente o facebook e Twitter) nas
manifestações que ocorreram no Brasil a partir do período de junho de 2013, com o
slogan “o gigante acordou”, como podemos observar na reportagem “Brasileiros
descobrem mobilização em redes sociais durante protestos” de Camila Costa
(encontrada mais acima). Podemos também citar as revoltas que ocorreram no mundo
Árabe, que se iniciou em dezembro de 2010 e ficou conhecida como “Primavera
Árabe", onde o ministro da Indonésia culpou as redes sócias por tais revoltas.
Entretanto antes da
chegada da internet e do impacto
que a mesma vai causar na vida
das pessoas, tivemos a criação do
rádio e da televisão que tanto
facilitou o acesso a informação e
ao entretenimento em velocidades
antes não conhecidas. No Brasil
as transmissões de televisão se
iniciam em 18 de setembro de 1950,
sendo trazida por Assis
Chateaubreand, que fundou o canal
Tupi.
TEXTO DE APOIO
Conheça as revoltas que marcaram a história do Brasil
Imagem disponível em: <https://www.google.com.br/search?hl=pt-
BR&site=imghp&tbm=isch&source=hp&biw=1360&bih=624&q=guerra+de+canudos&oq=guerr
a+de+canudos&gs_l> Acesso em 20 de set. 2013
43
“Em relação ao conceito de revolta, a professora Tania Regina de Luca, professora do
departamento de história da UNESP (Universidade Estadual Paulista), explica que a ela
surge após um movimento de manifestação e que em muitos casos possui atos de
violência. Além disso, ela exige mudanças mais pontuais do que em uma revolução.
Um exemplo pelo mundo é a série de protestos na Turquia. “Primeiro a população se
manifestou contra a construção do shopping center para defender o espaço verde do
local. Mas agora essa manifestação já se transformou em uma revolta contra o
governo”, explica Tania.
Na história brasileira também há bons exemplos de movimentos revoltosos.
“Aqui tivemos em Minas a Inconfidência Mineira, uma revolta contra um imposto
que. iniciou com manifestações contrárias a ele. Tivemos também a Revolta do
Vintém, em dezembro de 1879, no Rio de Janeiro, contra o aumento de alguns vinténs
do preço de passagem de bonde”, destaca a professora da UNESP. A professora ainda
lembra da Revolta da Vacina, na qual as pessoas se revoltaram no Rio de Janeiro
contra a aplicação da vacina porque acharam que não era correto obrigar as pessoas a
aceitarem o que estava sendo exigido”.
(Texto disponível em: <http://educacao.uol.com.br/noticias/2013/06/22/onda-de-protestos-no-
brasil-ainda-nao-e-revolta-popular-saiba-por-que.htm#fotoNav=100> Acesso em: 20 de set.
2013.)
INCONFIDÊNCIA MINEIRA: MOVIMENTO FOI RESPOSTA AO EXCESSO
DE IMPOSTOS
“A Inconfidência Mineira, também chamada de Conjuração Mineira, foi a conspiração
de uma pequena elite de Vila Rica - atual Ouro Preto (MG) -, ocorrida em 1789, contra
o domínio português. Desse grupo, fizeram parte intelectuais, religiosos, militares e
fazendeiros, dentre os quais estava o alferes Joaquim José da Silva Xavier sempre
lembrado como principal líder do movimento. O motivo principal da Inconfidência foi
a questão da derrama: tratava-se de uma operação fiscal realizada pela Coroa
portuguesa para cobrar os impostos atrasados. O chamado quinto, como o próprio
nome já indica, correspondia à cobrança de 20% (1/5) sobre a quantidade de ouro
44
extraído anualmente. Quando o quinto não era pago, os valores atrasados iam se
acumulando. Então, a Metrópole podia lançar mão da "derrama" para cobrar esses
impostos, utilizando-se até mesmo do confisco dos bens dos devedores. Todos os
líderes da Inconfidência estavam endividados com o Real Erário Português, motivo
pelo qual, segundo especialistas, teriam sido instigados a se envolver na revolta contra
a Metrópole. Emblemático, nesse sentido, foi o fato de a eclosão do movimento ter sido
agendada justamente para o dia em que se esperava que o governador da Capitania de
Minas Gerais, visconde de Barbacena, ordenasse a cobrança da derrama. Esperavam,
com isso, ganhar o apoio da população à sua luta anticolonial.
Ideias republicanas
Em geral, a Inconfidência Mineira sempre é apresentada como um movimento
que, combatendo o domínio português e inspirada nas experiências revolucionárias da
França e dos Estados Unidos, defendia a transformação do Brasil em uma república.
Não raro associada à essa ideia, está a questão da igualdade social - o que seria uma
influência direta dos exemplos das revoluções francesa e norte-americana. Embora os
inconfidentes falassem de república, é preciso ter em vista que o significado do termo
naquele momento estava associado à sua viabilidade num pequeno território, como
Minas Gerais, por exemplo - ou, quando muito, incluindo o Rio de Janeiro e São
Paulo”.
(Texto disponível em: <http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/inconfidencia-
mineira-movimento-foi-resposta-ao-excesso-de-impostos.htm> Acesso em 20 de dez. 2013.)
DUAS REVOLTAS E O MESMO PROPÓSITO: O RIO DE HOJE E A GUERRA
DO VINTÉM CONTRA O AUMENTO DE PASSAGEM
Historiadores debatem semelhanças de protestos atuais com o movimento deflagrado
pelo aumento do bonde
“RIO. Em primeiro de janeiro de 1880, os cariocas inauguraram, por assim dizer, uma
nova modalidade de protesto na cidade: a manifestação social. O motivo era bem claro,
a cobrança de uma taxa de 20 réis (ou um vintém, a menor moeda que existia na época)
sobre um dos principais meios de transporte urbano de então, o bonde puxado a burros.
A despeito de reclamações nos dias anteriores, no primeiro dia da vigência do novo
45
imposto, a maioria das empresas simplesmente o repassou para a passagem, atingindo
em cheio o bolso dos menos favorecidos.
A revolta foi generalizada e rapidamente tomou as ruas do Centro em forma de
protesto espontâneo, amalgamando outras insatisfações e ganhando o apoio de diversos
setores, entre eles a classe média dos funcionários públicos e também a ‘tropa mais
barra-pesada do Centro e da zona portuária’, nas palavras do historiador José Murilo de
Carvalho, da UFRJ. Inicialmente pacífica, segundo os jornais da época, a manifestação
descambou para a violência diante da ação truculenta da polícia, munida com os longos
e grossos cassetetes conhecidos como ‘bengalas de Petrópolis’.
Pelo menos três morreram
O povo atacou os policiais com paralelepípedos arrancados do calçamento,
destruiu trilhos, espancou condutores, virou bondes, esfaqueou animais. A polícia
respondeu com mais violência, abrindo fogo contra os manifestantes, e os protestos
acabaram se estendendo até o dia 4. Houve saques, roubos e depredação do patrimônio
público por várias ruas do Centro, resultando em um saldo de pelo menos três mortos e
vários feridos. Tirando os burros, a semelhança com o movimento que ganhou as ruas
há duas semanas é grande, segundo historiadores, e sua análise, dizem, pode colaborar
para a compreensão do fenômeno atual - um dos maiores desafios para políticos,
cientistas sociais e jornalistas, que se esforçam para entender, afinal, o que está
acontecendo no país e por quê.
Para José Murilo de Carvalho, há semelhanças entre os dois movimentos, para
além do valor do aumento, de 20 réis e de 20 centavos: “Passagens, tanto em 1880
como hoje, pesam no bolso dos usuários. O ato de aumentar foi um bom gatilho então e
é agora” afirma o historiador.
Segundo o historiador Marcos Breta, também da UFRJ, os transportes urbanos
sempre foram um dos principais motivos de distúrbios populares no Rio de Janeiro : “É
um ponto muito sensível porque envolve praticamente todo mundo; é o sistema
nervoso da cidade. E para quem tem um orçamento apertado, 20 réis ou 20 centavos
pesam no bolso. É um erro achar que não”.
46
O distanciamento partidário dos manifestantes é apontado por Sandra Graham,
no artigo ‘O Motim do Vintém e a cultura política no Rio de Janeiro - 1880’, na
Revista Brasileira de História, como uma marca dominante daquela revolta. Segundo
ela, os protestos se converteram numa ‘fonte de poder até então nunca utilizada’, capaz
de transformar a ‘violência da rua’ em parte integrante da ‘equação política’ e, assim,
‘arrastar a política das salas do Parlamento para as praças da cidade’.
Como apontam analistas hoje, se alguma certeza se pode ter é que as
manifestações deixaram muito claro o distanciamento entre povo e governo. De fato, o
imposto de 1880 foi imediatamente revogado como resultado direto do movimento,
bem como o aumento das passagens de ônibus na semana passada.
Os atos de vandalismo de parte dos manifestantes e a violência policial são
outras semelhanças apontadas por José Murilo de Carvalho:
“Em 1880, houve quebra de bondes e destruição de trilhos. Finalmente, a violência foi
agravada pelo ato insensato do comandantes da tropa do Exército destacada para conter
os manifestantes - relembra. - No Largo de São Francisco, atingido por uma pedra
atirada por um manifestante, ele deu ordem de fogo, da qual resultaram mortos e
feridos”.
Para Bretas, autor do livro ‘A guerra das ruas: povo e polícia na cidade do Rio
de Janeiro’, a polícia hoje é mais bem preparada do que jamais foi, embora ainda haja
um longo caminho a percorrer:
- Tradicionalmente, a polícia é muito mal preparada e também muito mal vista pela
população. Ela sempre foi muito odiada - explica Bretas. - Oriunda de um mundo
escravista, ela é vista como aquela que pode bater nas pessoas, que é violenta em
relação ao trabalhador e aos que não têm recurso. Por sua vez, os policiais eram
recrutados à força, eram mal preparados, mal pagos e também chicoteados por seus
superiores.
Tradição escravocrata
José Murilo de Carvalho concorda.
- O grande inimigo das manifestações populares era já naquela época a polícia.
47
Seguramente, nossas polícias continuam não sabendo lidar com essas manifestações -
sustenta. - Desde a Primeira República, nossas polícias foram militarizadas, fato que se
exacerbou durante a ditadura. Sua mentalidade e seu treinamento têm que ser
reformados.
A ditadura militar, na análise de Bretas, capitalizou formas policiais já
consagradas, mas que sempre existiram. Talvez, diz, não causassem tanto choque por
seguirem uma tradição escravocrata e serem dirigidas a classes menos favorecidas.
- A gente só começou a estranhar na época da ditadura porque começaram a bater na
classe média - opina o historiador. - O grande ganho do movimento pós-ditadura é a
noção de que os direitos humanos são para todo mundo”.
(Texto disponível em: <http://oglobo.globo.com/historia/duas-revoltas-o-mesmo-proposito-rio-
de-hoje-a-guerra-do-vintem-contra-aumento-da-passagem-8779375> Acesso em 28 de jan.
2014.)
Imagem disponível em:
<https://www.google.com.br/search?hl=ptBR&site=imghp&tbm=isch&source=hp&biw=1360&
bih=624&q=revolta+do+vint%C3%A9m&oq=revolta+do+vint%C3%A9m&gs_l=img.3..0j0i24
.3305.8424.0.8671.17.9.0.5.5.0.1088.3244.3j1j2j5> Acesso em: 28 de jan. 2014.
49
APRENDA FAZENDO...
Questão 1 – (ENEM 2010)
A chegada da televisão
A caixa de pandora tecnológica penetra
nos lares e libera suas cabeças falantes,
astros, novelas, noticiários e as
fabulosas, irresistíveis garotas-
propaganda, versões modernizadas do
tradicional homem-
sanduíche. (SEVCENKO, N. (Org).
História da Vida Privada no Brasil 3.
República: da Belle Époque à Era do
Rádio. São Paulo: Cia das Letras,
1998.)
A TV, a partir da década de 1950,
entrou nos lares brasileiros provocando
mudanças consideráveis nos hábitos da
população. Certos episódios da história
brasileira revelaram que a TV,
especialmente como espaço de ação da
imprensa, tornou-se também veículo de
utilidade pública, a favor da
democracia, na medida em que:
a) amplificou os discursos nacionalistas
e autoritários durante o governo Vargas.
b) revelou para o país casos de
corrupção na esfera política de vários
governos.
c) maquiou indicadores sociais
negativos durante as décadas de 1970 e
1980.
d) apoiou, no governo Castelo Branco,
as iniciativas de fechamento do
parlamento.
e) corroborou a construção de obras
faraônicas durante os governos
militares.
Questão 2 – (ENEM 2011)
A introdução de novas tecnologias
desencadeou uma série de efeitos
sociais que afetaram os trabalhadores e
sua organização. O uso de novas
tecnologias trouxe a diminuição do
trabalho necessário que se traduz na
economia liquida do tempo de trabalho,
uma vez que, com a presença da
automação microeletrônica, começou a
ocorrer a diminuição dos coletivos
operários e uma mudança na
organização dos processos de trabalho.
(Revista eletrônica de Geografia y
Ciências Sociales. Universidade de
Barcelona. Nº 170(9), 1 ago. 2004.)
A utilização de novas tecnologias tem
causado inúmeras alterações no mundo
do trabalho. Essas mudanças são
observadas em um modelo de produção
caracterizado
a) Pelo uso intensivo do trabalho
manual para desenvolver
produtos autênticos e
personalizados.
b) Pelo ingresso tardio das
mulheres no mercado de
trabalho no setor industrial.
c) Pela participação ativa das
empresas e dos próprios
trabalhadores no processo de
qualificação laborai.
d) Pelo aumento na oferta de vagas
para trabalhadores
especializados em funções
repetitivas.
e) Pela manutenção de estoques de
larga escala em função da alta
produtividade
49
SAIBA MAIS...
FILME
Os Inconfidentes é uma produção cinematográfica do diretor
Joaquim Pedro de Andrade, que utilizou como fontes para a
produção do seu filme, dados da devassa, assim como poesias de
Cecília Meireles. O filme contesta versões oficiais sobre a história
dos inconfidentes, dando uma nova abordagem sobre a temática.
SITES
http://www.historiadigital.org/. Página que trata da temática
da história abordando as suas mais variadas temporalidades,
que vai da pré-história, aos nossos dias atuais.
Vídeo sobre a competência disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=fyQjRLK5aY4>
Acesso: 16 de set. 2013.
LIVROS
História para o Ensino Médio é um livro dos historiados
Cláudio Vicentino e Gianpaolo Dorigo, cujo objetivo é
trazer ao estudo da história um novo significado para
questões relativas ao mundo de hoje.
Micropoder - A Força do Cidadão na Era Digital O
advogado Javier Crema desfaz uma análise de como a
internet e as novas tecnologias possibilitaram o surgimento
de micropoder, ou seja, o poder de cada indivíduo votar,
expressar sua opinião, tomar novos grupos, otimizando a
democracia na sociedade moderna. Blogs, wikis, etc. são as
novas ferramentas a favor da liberdade de expressão.
50
RESPOSTAS COMENTADAS
Questão 1 – (ENEM 2010)
A questão aborda a função social da televisão e, indiretamente, defende a liberdade de
imprensa no país. Interessante a abordagem, em um momento em que alguns setores
políticos no país estão ameaçando esta liberdade. Sendo um instrumento a favor da
democracia, anulamos todas as outras alternativas.
O texto apresenta referência completa e de acordo com as normas da ABNT. A
referência é fidedigna e cita o livro onde se encontra o texto. O texto base é adequado e
apresenta coesão com as alternativas propostas, as alternativas são adequadas com a
proposta do ENEM de ser correta a que mais se aproxime do texto proposto, e a
linguagem é utilizada é clara e objetiva.
Alternativa Correta: Letra B
Questão 2 – (ENEM 2011)
Comentários: Entre as inúmeras alterações no mundo do trabalho provocadas pela
utilização de novas tecnologias, estão: a substituição do trabalho manual e repetitivo,
seja de homens, seja de mulheres, por máquinas automáticas ou robôs; o aumento
planejado da produtividade, que reduz (e não aumenta) os estoques de mercadorias; e,
finalmente, a exigência de trabalhadores cada vez mais qualificados, aptos a lidar com
toda a sofisticação tecnológica dos tempos atuais.
A questão apresenta referência completa de acordo com as normas da ABNT. A
referência é fidedigna e cita revista internacional de Geografia e Ciências Sociais. Em
termos de coesão e coerência é possível dizer que o texto-base é adequado, sendo
composto de forma objetiva, contextualizada e com forte articulação com o enunciado,
onde é exposta a situação-problema. A linguagem usada no item é clara, concisa e
objetiva. Utiliza termos específicos da área de tecnologia e engenharia, mas que são
frequentemente abordados em diversos meios de comunicação de massa. Por isso
mesmo a linguagem usada é nacionalmente conhecida.
Alternativa Correta: Letra C
51
REFERÊNCIAS
A Revolta Árabe. Imagem disponível em:
<http://www.tsf.pt/multimedia/galeria/Default.aspx?PageIdx=5&content_id=2186782&page_gal
eria=39> Acesso em: 15 de jul. 2014.
Angelo, Vitor Amorim de. Inconfidência mineira: movimento foi resposta ao excesso de
impostos. 2005. Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-
brasil/inconfidencia-mineira-movimento-foi-resposta-ao-excesso-de-impostos.htm> Acesso em
20 de dez. 2013.
Barros, Flávio. Guerra de Canudos. 1897. 1 fotografia, color. , 800 x 520 pixels.
COSTA, Camila. Brasileiros ‘descobrem’ mobilização em redes sociais durante protestos.
Reportagem. Da BBC Brasil em São Paulo/ Atualizado em 11 de julho, 2013 (Brasília).
Disponível em
<http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/07/130628_protestos_redes_personagens_cc.sh
tml> Acesso em: 06 de set. 2013.
CREMADES, Javier. Micropoder: a força do cidadão na era digital. Trad. Edgard Charles. São
Paulo, 2009
Cruz, Bruna Souza. Conheça as revoltas que marcaram a história do Brasil. 2013.
Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/noticias/2013/06/22/onda-de-protestos-no-brasil-
ainda-nao-e-revolta-popular-saiba-por-que.htm#fotoNav=100> Acesso em: 20 de set. 2013.
HISTORIA para o ensino médio. Capa de produção; Ûchoa Cintra. São Paulo, 2007.
Jansen, Roberta. Duas revoltas e o mesmo propósito: O Rio de hoje e a Guerra do Vintém
contra o aumento de passagem. 2013. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/historia/duas-
revoltas-o-mesmo-proposito-rio-de-hoje-a-guerra-do-vintem-contra-aumento-da-passagem-
8779375> Acesso em: 28 de jan. 2014.
Os INCONFIDENTES. Produção de Joaquim Pedro de Andrade. Brasil/Itália: RAI, 1972. 1
videocassete.
Revolta do vintém. Imagem disponível em: <https://www.google.com.br/search?hl=pt-
BR&site=imghp&tbm=isch&source=hp&biw=1360&bih=624&q=guerra+de+canudos&oq=guer
ra+de+canudos&gs_l> Acesso em: 20 de set. 2013.
52
SEGURADO, Rosemary. Entre a regulamentação e a censura do ciberespaço. 2011. Artigo
Cientifico. Disponível em <http://revistas.pucsp.br/index.php/pontoevirgula/article/view/13919>
Acesso em: 12 de mar. 2014.
Vicentino, Cláudio. História para o ensino médio: história geral e do brasil/ Cláudio
Vicentino, Gianpaolo Dorigo; ilustrações Cassiano Röda. – São Paulo: Scipione, 2005.
53
Competência de área 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os
fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo uma atuação consciente do indivíduo na
sociedade.
DEMOCRACIA, CIDADANIA E PARTICIPAÇÃO
José dos Santos Costa Júnior
Raquel Silva Maciel
PARA COMEÇAR A HISTÓRIA...
Fotografia de uma urna eletrônica. Disponível em:
<http://www.justicaeleitoral.jus.br/imagens/fotos/urn
a-eletronica-2/image> Acesso em: 19 de out. de
2013.
Fotografia que ilustra um grupo de manifestantes do
movimento de maio de 68 apoiando aqueles que foram
às ruas brasileiras participar da série de manifestações
em junho de 2013. Disponível em:
<http://www.clubedocabeloecia.com.br/2013/06/manife
stacoes-2013-eu-fuipor-um-brasil.html> Acesso em: 19
de out. de 2013.
Pintura de Péricles, expoente da democracia Grega, na
Ágora Ateniense, com a Acrópole ao fundo. Disponível
em: <http://www-storia.blogspot.com.br/2012/02/guerra-
do-peloponeso-na-grecia-431-ac.html> Acesso em: 19 de
out. de 2013.
54
O que é democracia?
O termo democracia é de origem grega e significa "poder do povo". Consiste em uma
forma de governo em que todas as importantes decisões políticas são tomadas pelo povo, de
forma compartilhada. Nas democracias modernas, contudo, a democracia precisou se adaptar a
novas condições históricas e assim configurou-se a chamada democracia representativa ou
indireta. Assim, através do voto elegemos aqueles que julgamos poder representar os nossos
interesses no governo da cidade. Essa organização pode existir, por exemplo, no sistema
presidencialista, no qual o presidente é o maior representante do povo; no parlamentarismo, em
que existe o presidente, eleito pelo povo, e o primeiro ministro, que toma as principais decisões
políticas, e em outras formas de governo.
Um caminho é fortalecer a democracia direta, pois temos nela uma forma de organização
na qual todos os cidadãos/as podem participar diretamente no processo de tomada de decisões.
A democracia tem princípios que protegem a liberdade humana e baseiam-se no governo
da maioria, associado aos direitos individuais e das minorias. No entanto, nem sempre todos
tiveram direito ao voto, existindo, por exemplo, exclusões étnicas, de gênero e de classes
sociais.
Embora a maioria das sociedades contemporâneas denominem-se democráticas é
possível perceber que há grupos que têm sido historicamente excluídos dos benefícios
econômicos, sociais e culturais produzidos coletivamente. Para ilustrar esse tipo de situação
podemos perceber que ainda em pleno século XXI as mulheres ainda têm remuneração inferior
aos homens mesmo quando ocupam cargos iguais dentro de uma empresa, corporação, etc. Esse
Disponível em:
<http://quemtemmedodademocracia.
com/> Acesso em: 14 de set. de 2013.
Disponível em:
<http://www.uarevaa.com/2012/08/democra
cia-uma-farsa.html> Acesso em: 15 de set.
de 2013.
55
tipo de atitude tem um componente histórico importante, na medida em que foi a partir do
século XX que as mulheres passaram a reivindicar, através de movimentos sociais organizados,
a transformação da situação de opressão em que viviam. Depois da Segunda Guerra Mundial
(1939-1945), com a criação da Organização das Nações Unidas (ONU) e a formulação da
Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) os grupos historicamente excluídos, e
dentre eles as mulheres, passaram a ter, no plano formal, o reconhecimento da sua
particularidade e da situação de desigualdade a que eram submetidos.
Os direitos humanos, enquanto formulação teórica e política são frutos de um momento
histórico turbulento, marcado pela violência sofrida por judeus, negros, ciganos, homossexuais,
mulheres, crianças, etc. Neste sentido, os direitos humanos enquanto proposta política precisa
ser compreendido historicamente, percebendo que fez parte de um conjunto de necessidades e
problemas que se apresentaram naquela época. Por esse motivo, é interessante fazer a
comparação com o contexto histórico atual, no século XXI, e atentar para as “críticas” que são
feitas aos direitos humanos, seja pela sociedade de um modo geral, seja ainda por setores
específicos como a mídia. Para perceber um olhar crítico sobre os direitos humanos no século
XXI, indicamos ao final deste capítulo o texto “Três teses equivocadas sobre os direitos
humanos”, de Oscar Vilhena Vieira. A partir deste texto esperamos que você pense sobre
questões como “de que direitos humanos precisamos hoje?” e “qual a compreensão que os
direitos humanos têm do ser humano?”.
É possível perceber que em alguns lugares a situação não mudou muito, nas ilhas Fiji,
por exemplo, as restrições étnicas visam barrar a maioria dos indianos em favor dos grupos
étnicos fijianos. Atualmente, apenas sete países muçulmanos do Oriente Médio, entre esses a
Arábia Saudita, ainda não permitem que as mulheres votem.
REFLEXÃO
Atualmente podemos notar que diversos meios de comunicação tratam do tema
“cidadania”, ora relacionando-o com a prestação de serviços à comunidade, ora com o exercício
do voto em períodos de eleições municipais, estaduais ou federais. No entanto, a noção de
cidadania enquanto conceito político historicamente construído aponta para uma dimensão mais
ampla e complexa que envolve o exercício de direitos e deveres do cidadão na sua vida
cotidiana. Ser cidadão não é apenas votar, ter título de eleitor ou participar de campanhas que
prestam serviços básicos de higiene, emissão de documentos, etc.
56
‘A Escola de Atenas’, de Rafael,
representa a Ágora, o epicentro da
vida pública da Polis Grega.
Disponível em:
<http://casadasaranhas.wordpress.com
/2012/09/07/somos-governados-por-
politicos-ou-conspiradores/> Acesso
em: 15 de set. de 2013.
Para compreender então como a cidadania foi
construída vamos viajar com esse conceito na história...
Na Grécia antiga, especificamente na Atenas do
século V a. C, conhecida por ser o berço da civilização,
foram construídas as noções de democracia enquanto
sistema de governo e cidadania enquanto relação dos
indivíduos com o governo da coletividade. A pólis grega
surgiu no século VI a. C, e ela simboliza uma mudança
histórica importante, pois naquele momento a sociedade, que
era basicamente rural, passava a se urbanizar e isso provocou
a invenção da escrita, as primeiras leis escritas e a reflexão
filosófica.
Nesse contexto o cidadão era aquele que tinha a
possibilidade de participar de maneira ativa das assembleias e opinar sobre o destino da cidade.
Todavia, não eram todos os habitantes da pólis que tinham essa possibilidade, pois embora a
Grécia tenha sido o berço da cidadania, essa não era vivida por todos. Assim, as mulheres,
crianças, os estrangeiros e os metecos (escravos) não eram considerados cidadãos e por isso não
tinham direito à participação política.
Pensadores da Grécia antiga
A antiguidade grega é famosa também pelo legado filosófico que deixou para o Ocidente.
Três pensadores marcaram a história da Filosofia ao formular princípios e pensamentos que
contribuiriam para o desenvolvimento da ciência e da própria Filosofia ao longo dos séculos:
Sócrates (469-399 a. C) pôs a reflexão filosófica no sentido de apreensão da verdade,
algo que não estava no horizonte dos sofistas que, segundo ele, estariam mais preocupados com a
retórica (que significa a arte do bem falar, do uso das palavras para convencer alguém sobre
determinado argumento) do que com a conquista da verdade. Na concepção de Sócrates
poderíamos conhecer de forma clara o caráter do ser humano. Para isso era preciso fazer uso do
diálogo através do qual o indivíduo fornece informações sobre seus valores e crenças. Nesse
sentido pode-se dizer que Sócrates desenvolveu um método para a produção do conhecimento. O
método socrático pode ser dividido em dois momentos: a ironia, através de perguntas cada vez
mais complexas o mestre fazia com que o discípulo entrasse em contradição e percebesse seus
erros, opiniões equivocadas, etc.,e a maiêutica, que em grego antigo significa “parto de ideias”.
57
Nesse momento, depois de ter percebido suas dúvidas, erros e equívocos o discípulo poderia
criar novas ideias sobre si, compreender melhor a vida, a natureza e a sua experiência. É
importante dizer também que Sócrates não escreveu nada a respeito de suas ideias. O seu
pensamento é acessado por nós a partir dos escritos de Platão, seu discípulo.
Platão (427-347 a. C) deu continuidade ao processo de compreensão do real iniciado
pelo seu mestre,Sócrates. “Retomando a questão da definição, Platão descobre que, para dizer o
que uma coisa é, faz-se necessário afirmar dois princípios: o da identidade e o da permanência,
ou seja, uma coisa é aquilo que é e não outra coisa [identidade] e deve sempre ser do mesmo
modo [permanência]” (ARANHA & MARTINS, 2005: 108). Mas estes princípios não podem
ser aplicados às coisas concretas, pois, por exemplo, existem muitas casas e uma não é igual à
outra. Por isso, o pensamento de Platão é relacionado à existência do mundo das ideias e o
mundo dos sentidos. Para ele as ideias são perfeitas, mas o mundo dos sentidos não. Portanto, os
sentidos podem nos enganar já que o mundo sensível é uma cópia imperfeita do mundo das
ideias.
Aristóteles (385-322 a. C) criticou a teoria das ideias de Platão, principalmente a divisão
que ele fez entre mundo das ideias e mundo sensível. Segundo Aristóteles, existem três tipos de
saber:
O conhecimento fruto da experiência – este tipo de conhecimento se constrói pela
familiaridade com cada coisa. É um conhecimento imediato e concreto e não pode ser
transmitido, pois é individual e particular.
O saber fazer (a técnica) – é o conhecimento dos instrumentos necessário para a
produção de algo. Por exemplo, se uma costureira deseja fazer um vestido ela sabe que
precisa de tecido, linha, agulha, e dependendo do tipo de vestido e do tecido a ser usado
ela precisará também de uma máquina de costura.
A sabedoria (sophia) – este conhecimento é o que define as coisas e as suas causas. A
atividade filosófica busca compreender as ações, os sentimentos e os valores humanos.
Por exemplo, a Filosofia dedica-se a pensar a liberdade. Algumas perguntas filosóficas
que podemos fazer para pensar este tema são: “o que é a liberdade”, “é possível vivenciar
uma total liberdade?”, “quem define o significado de liberdade e com que intenções?”,
“quem define as condições para o exercício da liberdade? E ainda, “se são definidas
condições para se exercer isso, é possível dizer que há liberdade por parte dos
indivíduos?”.
Para Aristóteles o conhecimento é fruto de todas essas formas de conhecer o mundo.
Diferente de Platão, ele diz que esses conhecimentos se enriquecessem uns aos outros, não se
58
Afresco Cícero denuncia Catilina que
representa o senado romano reunido
na Cúria Hostilia. Palazzo Madama,
Roma. Disponível em:
<http://www.dhnet.org.br/direitos/anth
ist/12tab.htm> Acesso em: 15 de set.
de 2013.
Pirâmide que representa a divisão
social na Roma antiga. Disponível
em:<http://casadasaranhas.wordpress.
com/2012/09/07/somos-governados-
por-politicos-ou-conspiradores/>
Acesso em: 15 de set. de 2013.
anulam. Os filósofos gregos deixaram importantes contribuições para a Filosofia. É possível
notar isso tendo em vista que foram responsáveis por estabelecer a diferença entre conhecimento
sensível e conhecimento intelectual; entre aparência e essência; entre opinião e saber; as regras
da lógica, isto é, como passar de um juízo para outro de forma correta e coerente para se alcançar
a verdade.
Em relação a Roma antiga podemos considerar a
soberania que essa sociedade assumiu em um momento no
qual inúmeras cidades-estados da Grécia entravam em
decadência e Roma passou a ocupar a posição de senhora
do mais vasto império da Antiguidade, e por isso nota-se a
importância do estudo das suas instituições políticas. Seu
prestígio se deve ao domínio que exerceu em várias
regiões do mundo, deixando um importante legado para a
vida institucional, política e jurídica de boa parte do mundo
ocidental.
A Roma antiga passou por diferentes momentos políticos, mas o que nos interessa nessa
competência é o estudo do seu período republicano que se constituiu como sistema
governamental até 27 a.C. Nesse contexto temos as lutas desencadeadas pelos plebeus para
conquistarem os mesmos direitos reservados aos patrícios. Esse processo durou cerca de
duzentos anos e resultou na obtenção de inúmeros direitos sociais, tornando praticamente
inexistente a diferença entre essas duas camadas sociais.
Entre as grandes conquistas alcançadas através
dos movimentos organizados pelos plebeus temos a
possibilidade de serem representados no governo
romano, pelos chamados tribunos da plebe. Além disso,
houve a conquista de acesso às leis romanas, sendo
concretizada na publicação da famosa Lei das Doze
Tábuas. “Depois das conquistas obtidas pelos plebeus,
todo cidadão romano podia candidatar-se a qualquer cargo
público e exercê-lo, fosse ele plebeu ou mesmo patrício”
(ANDRADE, José de Arimatéia Alburquerque de &
OLIVEIRA, Michael Seymour Alves de. Temas de
59
Imagem que representa relação se suserania
e vassalagem. Disponível em:
<http://www.infoescola.com/idade-
media/vassalagem/> Acesso em: 05 de fev.
de 2014.
Queda da bastilha durante a Revolução
Francesa em 1789. Disponível em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3
%A7%C3%A3o_Francesa> Acesso em:
05 de fev. de 2014.
História. João Pessoa, F&A Gráfica e Editora 2010, p. 27). Mesmo com as vitórias obtidas esses
encontraram resistências por parte dos patrícios que instituíram os censores como seus
representantes e criaram barreiras para a chegada dos candidatos plebeus ao governo.
O período histórico denominado de Idade Média1
é aquele que se estende da conquista da Gália, por
Clóvis, até o fim da guerra dos cem anos. Nesse
momento, a cidadania, que como vimos, havia
recebido suas bases filosóficas com os antigos, será
sufocada, pois as relações feudo-vassálicas não abriam
possibilidades para a necessária autonomia do sujeito
que pudesse ser tido como cidadão para atuar ativamente
na sociedade. Não havia um espaço de debate aberto,
como a antiga ágora, onde todos pudessem opinar e
discutir as questões coletivas. A Igreja Católica Romana passou a ser a mantenedora da ordem
social e não abriu possibilidades para democratizar a organização social. A religião exerceu forte
domínio político e econômico, na medida em que era detentora de grande parte dos feudos.
Nesse sentido, este período pode ser caracterizado como aquele em que as ideias de democracia
e cidadania não se desenvolveram por conta do próprio contexto histórico medieval. Essas ideias
só seriam retomadas posteriormente, com o Renascimento e o advento da modernidade.
É preciso ainda quebrar um mito que foi
construído ao longo do tempo. A Idade Média também
foi por muito tempo chamada de Idade das Trevas. O
motivo para isso seria o fato de que ela estaria
localizada entre dois períodos muito produtivos
culturalmente, isto é, a Antiguidade e a Modernidade.
No entanto, pesquisas históricas realizadas a partir do
século XX vêm mostrando como o período da Idade
Média também é rico em aspectos culturais, econômicos
e religiosos. Assim, percebe-se que este período deve
1É bom deixar claro que ao falarmos em Idade Média, nos referimos a uma ideia que foi criada pelo Ocidente e se
refere a um período histórico entre a Antiguidade e a Idade Moderna. Este momento é caracterizado pelo
feudalismo, as relações de suserania e vassalagem, as ordens de cavalaria e ainda pela ocorrência da Peste Negra,
onde dois terços da população morreu por conta da peste bubônica.
60
ser particularizado e não comparado com outros de modo a dizer que este momento teria sido
inferior em qualquer aspecto.
Foi na Idade Moderna que ocorreu o desenvolvimento dos Estados Modernos cuja
característica inicial foi o absolutismo, quando o poder político esteve centralizado na figura do
rei, tido como indivíduo iluminado e escolhido por Deus para governar um determinado
território através de um governo vitalício. Foi também nesse período que houve um conjunto de
‘revoluções’, como a Francesa em 1789 e as inglesas em 1640 e 1688. Através delas as ideias de
democracia e cidadania foram ressignificadas a partir das necessidades do próprio momento
histórico. O objetivo era a libertação da opressão de um Estado centralizado e que não
representava os interesses da maioria.
Durante o século XVII, a Inglaterra foi palco de uma série de disputas políticas entre a
monarquia e o parlamento, controlados pela burguesia. Essa rivalidade foi responsável pela
sangrenta Guerra Civil (1642-1649), que opôs as tropas do Rei Carlos I contra as forças do
Parlamento, lideradas por Oliver Cromwell, este acabou vitorioso e governando a Inglaterra de
1649 a 1658. Após o governo de Cromwell e do período de restauração da monarquia dos
Stuarts, houve um grande descontentamento da grande burguesia e da nobreza anglicana em
relação ao rei, o que acabou provocando a chamada Revolução Gloriosa (1688-1689), que pôs
fim ao absolutismo monárquico inglês (EUFRÁSIO, Marcelo Alves Pereira.Cidadania e
direitos fundamentais, uma luta emancipatória em diferentes momentos históricos. In.
História do direito e da violência: recortes de uma abordagem interdisciplinar. Campina
Grande: EDUEPB, 2009, pp. 53-67.
Na modernidade, houve o processo de formulação das ordenações jurídicas que passaram
a reconhecer os direitos fundamentais do cidadão. Os ideais de igualdade, liberdade e
fraternidade são espécies de “símbolos” dos empreendimentos modernos. A vivência da
cidadania foi norteada em grande medida pelo contratatualismo, caracterizado pela ênfase no
indivíduo, tendo em vista a sua preservação e a prática do não autoritarismo, sendo assim uma
oposição ao absolutismo. O pensamento contratualista de Jean Jacques Rosseau (1712-1778)
consistia na ideia de que o Estado seria a instituição social garantidora da ordem e da segurança
coletiva. Todavia, a ideia de contrato social estava alicerçada no princípio de que o cidadão
abriria mão de um pouco da sua liberdade em troca da segurança que o Estado lhe garantiria.
Surge então um interessante problema político e filosófico: embora estivesse em um Estado
democrático, que suporia a vivência da liberdade, o indivíduo não a vive de forma completa, pois
em nome da segurança precisava submeter-se às leis e regras estatais, instituídas sem que ele
pudesse participar ativamente dessa formulação.
A partir do exposto podemos afirmar que a modernidade abriu a possibilidade do retorno
da democracia e da cidadania porque, diferentemente da Idade Média, o sujeito passou a ser
valorizado como autônomo e os valores religiosos não seriam mais hegemônicos. Nesse
61
contexto, o pensamento científico daria condições para a produção do conhecimento pelo próprio
sujeito, que não mais precisaria da revelação divina para produzir o saber.
O papel dos movimentos sociais
O que esta competência solicita do candidato é que ele consiga pensar como os direitos
foram conquistados ao longo do tempo a partir de lutas sociais e políticas. Em diferentes
contextos históricos, houve o desencadeamento de movimentos sociais que buscavam mudanças
nas legislações ou nas políticas públicas. No Brasil a história das lutas sociais compreende desde
aquelas organizadas durante o período colonial e do segundo reinado como a Cabanagem, a
Revolução Praieira, Revolta do Malês, Sabinada, Farroupilha e outras que, apesar de
possuírem particularidades que as diferenciavam, são importantes na medida em que
reivindicavam os interesses populares e perante a insatisfação de diferentes camadas sociais.
A cidadania no Brasil não foi dada de graça, mas conquistada. Assim como a democracia,
a cidadania foi sendo construída aos poucos e houve momentos em que também ambas foram
postas em risco. Aliás, isso ocorre ainda hoje. Como cidadãos devemos ficar atentos quando um
determinado grupo social, partido ou líder político ocupa de forma hegemônica os espaços
públicos, pois uma maioria pode perder direitos importantes quando há uma presença contínua e
oportunista de um pequeno e esperto grupo.
A Constituição de 1824, por exemplo, não foi construída de forma democrática,
contando com a participação do povo. Dom Pedro I dissolveu a assembleia constituinte de 1823
porque temia que esta elaborasse uma carta constitucional que limitasse os seus poderes. Logo
depois o imperador formou o Conselho de Estado, presidido por ele mesmo e composto por um
grupo de apoiadores e formulou a primeira constituição do Brasil, promulgada no dia 24 de
março de 1824. Através do chamado Poder Moderador, ele manteve o seu poder, pois embora
houvesse um princípio de descentralização e autonomização das províncias todas as decisões
políticas de caráter amplo precisariam passar por seu crivo.
Passamos também pelo momento de Ditadura Militar (1964-1985), no qual alguns
princípios referentes à democracia foram esmagados pela força do Estado. É interessante
destacar, no entanto, que a Ditadura no Brasil se impôs de forma legal. O que significa isso?
Significa dizer que a ditadura estava de acordo com a lei. A estratégia dos militares, logo após o
Golpe de 1964, foi mudar a Constituição, ou seja, o documento que organiza a sociedade de
modo geral. Antes dessa nova Constituição ficar pronta o governo atuava por meio de Decretos-
lei que tinham o mesmo peso que uma lei. Em 1967, no governo do presidente Castelo Branco,
foi sancionada a nova Constituição. A partir desse momento tudo o que os militares fizessem
62
estaria de acordo com a lei, isto é, seria legítimo, e por isso a população não poderia questionar
suas atitudes.
O ano de 1968 pode ser considerado como um ano de efervescência social, sendo
emblemático pelos vários movimentos sociais importantes ocorridos no Brasil e no mundo.
Naquele momento se “[...] pretendia cobrar uma postura do governo frente aos problemas
estudantis e, ao mesmo tempo, refletia o descontentamento crescente com o governo; dela
participaram também intelectuais, artistas, padres e grande número de mães de estudantes”
(RECCO, s/d). No cenário mundial temos também em 1968 a eclosão de movimentos como a
chamada “Primavera de Praga”, na qual havia reivindicações de mudanças políticas e sociais
por parte de intelectuais, estudantes e operários. E na França o famoso “maio de 1968” “[...] foi
uma revolução política e, mesmo derrotado, abriu o caminho para um conjunto de mudanças
sociais e culturais, além de garantir a ampliação de direitos a grupos até então discriminados,
como as mulheres e os jovens. A manutenção das estruturas políticas tradicionais foram
compensadas pela ampliação dos direitos e por uma mudança social revolucionária” (RECCO:
s/d).
Em 1968 inúmeras manifestações sociais que tiveram grande importância ocorreram em
diferentes regiões e com várias reivindicações sendo um processo mundial que abarcou
diferentes setores da sociedade. O ano de 1984 no Brasil também foi impactado pelo movimento
popular das “Diretas Já!”, considerada uma das maiores manifestações populares deste país,
entre as reinvindicações estava a realização imediata de eleições diretas. No ano de 1992 ocorreu
o movimento dos “caras pintadas” que em suas lutas reivindicavam a deposição de Fernando
Collor de Mello e “(...) tornariam-se ícones de um novo modo que o povo descobriu de se fazer
democracia: a deposição de seus dirigentes incompetentes ou corruptos.” (SANTIAGO,
Emerson. Caras pintadas. Disponível em: <http://www.infoescola.com/historia-do-brasil/caras-
pintadas/> Acesso em: 05 de fev. de 2014.)
Podemos considerar que o ano de 2013 foi nitidamente um período em que a insatisfação
popular ganhou força levando milhares de pessoas às ruas em diferentes cidades brasileiras e
ganhando apoio de outros países que também realizaram manifestações nas ruas em
solidariedade a luta popular que aqui ocorria. Processo semelhante à Primavera Árabe, Occupy
Wall Street e outros que tiveram uma espécie de propagação viral, contando com o auxílio dos
atuais meios de comunicação a exemplo da internet para sua divulgação.
Entre as reinvindicações e insatisfações populares que influenciaram esse movimento
podemos citar o aumento nas tarifas de transporte público, melhorias nos sistemas de saúde e
Educação, oposição aos gastos públicos em eventos esportivos internacionais a exemplo da Copa
63
do Mundo de 2014 e as Olímpiadas de 2016, pela não aprovação do Projeto de Decreto
Legislativo 234/11 conhecido popularmente como “cura gay” que busca estabelecer novas
normas para atuação dos psicológos em relação à orientação sexual, assim como pela rejeição à
PEC 37 que retiraria o poder de atuação do Ministério Público em investigações criminais.
Todos esses movimentos foram e são importantes para a construção da nossa cidadania
enquanto sujeitos com direitos e deveres, para o estabelecimento dos princípios democráticos e
da participação política.
TEXTO DE APOIO
Desenvolvendo e aprimorando as habilidades dessa competência
1. Não é em todo lugar do mundo que existe liberdade de imprensa. Procure informações sobre
a ONG Repórteres sem Fronteiras. Conheça a sua atuação pelo mundo. A instituição divulga
uma lista em que classifica os países conforme o nível de liberdade de imprensa. Relacione
as características comuns entre os primeiros colocados na lista. Faça o mesmo com os
últimos.
2. Até que ponto a imprensa colabora para a democracia e até que ponto pode representar
somente as classes dominantes? Veja o documentário “Muito Além do Cidadão Kane” e
pense a esse respeito. Você pode encontrá-lo no site www.midiaindependente.org.
3. Estude o Movimento Cocaleiro na Bolívia. Descubra quais suas reivindicações e qual sua
forma de atuação. Compreenda como esse movimento social conseguiu eleger o presidente
daquele país.
4. O Sistema Único de Saúde (SUS) foi uma conquista de vários movimentos sociais no Brasil.
Faça uma pesquisa sobre isso. Depois assista ao documentário “Sicko – SOS Saúde”, do
diretor Michael Moore e compare nosso sistema de saúde com o americano.
5. Vários países passaram, ou passam, por períodos em que é negada a democracia e a
cidadania à população. Em 1974, a canção “Grandola, Vila Morena” foi uma das senhas
utilizadas para o início da Revolução dos Cravos, que libertou Portugal da ditadura fascista
de Franco. Conheça a música e reflita sobre a relação entre a letra da música e períodos
ditatoriais do Brasil (1937 a 1945 e de 1964 a 1980). Se quiser conhecer melhor a história,
procure o filme “Capitães de Abril”, de Maria Medeiros, ou pesquise na Internet.
Disponível em: <http://ultimosegundo.ig.com.br/colunistas/mateusprado/estude-a-historia-da-
cidadania-e-democracia-para-o-enem/c1597305157623.html> Acesso em: 15 de set. de 2013.
64
APRENDA FAZENDO
Questão 1 - ENEM 2009
O ano de 1968 ficou conhecido pela
efervescência social, tal como se pode
comprovar pelo seguinte trecho, retirado de
texto sobre propostas preliminares para uma
revolução cultural. “É preciso discutir em
todos os lugares e com todos. O dever de ser
responsável e pensar politicamente diz
respeito a todos, não é privilégio de uma
minoria de iniciados. Não devemos nos
surpreender com o caos das ideias, pois essa
é a condição para a emergência de novas
ideias. Os pais do regime devem
compreender que autonomia não é uma
palavra vã; ela supõe a partilha do poder, ou
seja, a mudança de sua natureza. Que
ninguém tente rotular o movimento atual;
ele não tem etiquetas e não precisa delas”.
Journal de lacomuneétudiante.
Textesetdocuments.
Paris: Seuil, 1969 (adaptado).
Os movimentos sociais, que marcaram o ano
de 1968,
a) foram manifestações desprovidas de
conotação política, que tinham o objetivo de
questionar a rigidez dos padrões de
comportamento social fundados em valores
tradicionais da moral religiosa.
b) restringiram-se às sociedades de países
desenvolvidos, onde a industrialização
avançada, a penetração dos meios de
comunicação de massa e a alienação cultural
que deles resultava eram mais evidentes.
c) resultaram no fortalecimento do
conservadorismo político, social e religioso
que prevaleceu nos países ocidentais durante
as décadas de 70 e 80.
d) tiveram baixa repercussão no plano
político, apesar de seus fortes
desdobramentos nos planos social e cultural,
expressos na mudança de costumes e na
contracultura.
e) inspiraram futuras mobilizações, como o
pacifismo, o ambientalismo, a promoção da
equidade de gênero.
Questão 02 - ENEM 2009
Segundo Aristóteles, “na cidade com
o melhor conjunto de normas e naquela
dotada de homens absolutamente justos, os
cidadãos não devem viver uma vida de
trabalho trivial ou de negócios — esses tipos
de vida são desprezíveis e incompatíveis
com as qualidades morais —, tampouco
devem ser agricultores os aspirantes à
cidadania, pois o lazer é indispensável ao
desenvolvimento das qualidades morais e à
prática das atividades políticas.”
VAN ACKER, T. Grécia. A vida
cotidiana na cidade-Estado. São
Paulo: Atual, 1994.
O trecho, retirado da obra Política, de
Aristóteles, permite compreender que a
cidadania
a) possui uma dimensão histórica que deve
ser criticada, pois é condenável que os
políticos de qualquer época fiquem
entregues à ociosidade, enquanto o resto dos
cidadãos tem de trabalhar.
b) era entendida como uma dignidade
própria dos grupos sociais superiores, fruto
de uma concepção política profundamente
hierarquizada da sociedade.
c) estava vinculada, na Grécia Antiga, a uma
percepção política democrática, que levava
todos os habitantes da pólis a participarem
da vida cívica.
d) tinha profundas conexões com a justiça,
razão pela qual o tempo livre dos cidadãos
deveria ser dedicado às atividades
vinculadas aos tribunais.
e) vivida pelos atenienses era, de fato,
restrita àqueles que se dedicavam à política
e que tinham tempo para resolver os
problemas da cidade.
65
SAIBA MAIS
LIVRO O livro “Os bestializados – O Rio de Janeiro e a República que
não foi”, do cientista político José Murilo de Carvalho aborda o
processo de implantação da República no Brasil. A obra oferece
uma interessante contribuição para pensarmos noções como regime
republicano, cidadania, participação social. No link a seguir você
encontra uma resenha do livro escrita de forma objetiva e clara,
com autoria de Taciana Barreto.
Disponível em: <http://historiaufpe2009-
2.blogspot.com.br/2012/04/resenha-do-livro-os-bestializados-de.html>
Acesso em 04: de fev. de 2014.
SÉRIE E
VÍDEOS
A minissérie “A casa das sete mulheres”, escrita por Maria
Adelaide e Walther Negrão, e baseada na obra homônima de
Letícia Wierzchowski, retrata a Revolução Farroupilha
(1835-1835), uma das revoltas do período regencial que
questionaram a forma como a nação vinha se constituindo.
O vídeo realizado pela Mídia NINJA (Narrativas
Independentes: Jornalismo em ação) mostra a cobertura
diferenciada das manifestações ocorridas ao longo do mês
de junho em 2013 fazendo referência à atuação dos
chamados black blocs (termo em inglês que remete ao grupo
de indivíduos mascarados e vestidos de pretos,
anticapitalistas que atuam nas manifestações destruindo o
patrimônio público) e o surgimento dessa organização
independente que faz de qualquer cidadão um divulgador de
informações. Disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=5yjvo9RJ50U> Acesso em:
05 de fev. de 2014.
O especial realizado pela TV Cultura discute questões
acerca do movimento de maio de 1968, evidenciando seu
surgimento, sua ocorrência em universidades como a de
Nanterre na França, depoimentos de época, suas críticas,
etc. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=bWI8_-
Vf4cY> Acesso em: 05 de fev. de 2014.
O diagnóstico de Zigmunt Bauman para a pós-modernidade.
Em entrevista à TV Cultura o sociólogo Zigmunt Bauman
fala sobre a cidadania que vivemos hoje. Disponível em:
<http://www.cpflcultura.com.br/2013/04/09/zygmunt-bauman-
estrategias-para-a-vida-participacao-de-luiz-felipe-ponde-
franklin-leopoldo-e-silva-frank-usarski-e-catherina-koltai/>
Acesso em: 15 de set. de 2013.
66
Como a competência “Utilizar os conhecimentos históricos para compreender
e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo uma
atuação consciente do indivíduo na sociedade”é cobrada no ENEM?
Nessa competência teremos questões relacionadas aos conceitos de cidadania e
democracia. Assim “[...] o aluno deve valorizar a democracia ocidental. A construção
dela e a conquista da cidadania serão os temas das questões dessa competência.
Direitos não são dados, são conquistados. Nesse sentido, é importante conhecer as lutas
sociais que levaram às mudanças nas legislações. Revolução francesa, declaração dos
direitos do homem e do cidadão, evolução da liberdade de imprensa, direito ao voto no
Brasil, Constituição Brasileira de 1988, Código de Defesa do Consumidor e alguns
estatutos, como o da Criança e do Adolescente, o do Idoso e o das Cidades são
conteúdos desejáveis. Devem ser valorizadas, na hora de responder a algumas das
questões, as estratégias que promovam a inclusão social. É grande a possibilidade de o
tema da redação estar relacionado a essa competência”.
Disponível em: <http://ultimosegundo.ig.com.br/colunistas/mateusprado/enem-como-e-a-
prova-de-ciencias-humanas/c1237805947619.htm> Acesso em: 15 de set. de 2013.
RESPOSTAS COMENTADAS
Questão 01 – ENEM 2009
Em meio à Primavera de Praga; à Guerra do Vietnã, ao enaltecimento da sociedade de
consumo, entre outros fatos, o ano de 1968 ficou notabilizado pela emergência de ideias
que constavam com a ordem reinante. As novas propostas, de grande abrangência,
constituíram numa verdadeira revolução cultural que inspirou movimentos posteriores,
como o pacifismo, o ambientalismo e a defesa dos direitos das minorias.
Alternativa correta: Letra E
Disponível em: <http://g1.globo.com/Noticias/Vestibular/anglo/2010/enem/01/q53.pdf> Acesso
em: 15 de set. de 2013.
Questão 02 – ENEM 2009
No texto, Aristóteles defende que o “lazer” (mais apropriado seria dizer o ócio) é
“indispensável ao desenvolvimento das qualidades morais e à prática das atividades
políticas”. Deixa claro, assim, que o exercício da política e a resolução dos problemas
da cidade exigiam tempo livre, de que apenas os cidadãos dispunham.
Alternativa correta: Letra E
Disponível em: <http://g1.globo.com/Noticias/Vestibular/anglo/2010/enem/01/q60.pdf> Acesso
em: 15 de set. de 2013.
67
REFERÊNCIAS
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de.Temas de História. João Pessoa: F&A Gráfica e Editora, 2010.
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Filosofia. 3ª ed. rev. São Paulo: Moderna, 2005.
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constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988. Brasília: Senado Federal,
Subsecretaria de Edições Técnicas, 2008. 88 p.
CARVALHO, José Murilo de. (Org.) A construção nacional. Rio de Janeiro:
Fundación Mapfre e Editora Objetiva, 2012.
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não foi”. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
DIREITOS HUMANOS NA INTERNET. O que é formação para a cidadania?
Entrevista com o sociólogo Francisco de Oliveira, realizada por Silvio CacciaBava,
diretor da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (ABONG), em
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emancipatória em diferentes momentos históricos. In. História do direito e da
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Sociologia. São Paulo: Ática, 2003, pp. 47-65.
PINSKY, Jayme & PINSKY, Carla Bassanezi. (Orgs.) História da cidadania. 3ª ed.
São Paulo: Contexto, 2005.
68
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Pintura de Péricles, na Ágora Ateniense. Disponível em: <http://www-
storia.blogspot.com.br/2012/02/guerra-do-peloponeso-na-grecia-431-ac.html> Acesso
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apoiando aqueles que foram as ruas brasileiras participar da série de manifestações em
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69
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Pirâmide que representa a divisão social na Roma antiga. Disponível em:
<http://casadasaranhas.wordpress.com/2012/09/07/somos-governados-por-politicos-ou-
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Afresco. Cícero denuncia Catilina. Disponível em:
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Imagem que representa relação se suserania e vassalagem. Disponível em:
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Movimentos de 1968 na França. Disponível em:
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Fotografia em uma das manifestações ocorridas em junho de 2013. Disponível em:
<http://blogdotarso.com/tag/manifestacoes/> Acesso em: 05 de fev. 2014.
Imagem do folder do filme “Muito além do cidadão Kane”. Disponível em:
<http://blogdoprofessorhenry.blogspot.com.br/2012/04/sociologia-filme-muito-alem-
do-cidadao.html> Acesso em: 15 de mar. 2013.
70
O HOMEM E ESPAÇO GEOGRÁFICO
Jonathan Vilar dos S. Leite
Paulo Montini de A. Souza Júnior
Paula Sonály N. Lima
PARA COMEÇAR A HISTÓRIA...
Com um pouco de sorte, os homens poderão no futuro encarar este século como um
momento extraordinário – o momento em que a espécie humana esteve à beira do desastre.
Nos últimos anos uma quantidade razoável de armas nucleares, armazenadas em silos
subterrâneos, tem esperado por um sinal de radio para destruir grande parte da humanidade
e liberar resíduos de incalculáveis consequências genéticas para os sobreviventes.
Mesmo utilizada para fins pacíficos, a energia nuclear pode trazer danos
irreparáveis ao meio ambiente com a acumulação do lixo nuclear. Em 1970, havia nos
Estados Unidos mais de 75 milhões de galões de refugo, principalmente da produção de
Competência de área 06 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas
interações no espaço em diferentes contextos históricos e geográficos.
Marcha durante a Cúpula dos Povos, na Rio+20, cobrando dos governos justiça ambiental e
social. Disponível em: <http://www.greenpeace.org/brasil/pt/quemsomos/Missao-e-Valores-/>
Acesso em dez. 2013
71
explosivos nucleares, armazenados em cerca de duzentos tanques subterrâneos. Até 1980
outros dois milhões de galões de lixo das usinas atômicas se acumulariam.
Ao lado disso, há a produção de resíduos industriais. As indústrias não só produzem
grande quantidade de mercadorias baratas, e em boa parte inúteis, como também
consomem enormes quantidades de energia e geram imensa quantidade de refugo. Ao
olharem para o século XX é provável que os historiadores do futuro se espantem com nosso
uso desregrado dos recursos planetários, especialmente aqueles que não se renovam, como
o petróleo, o carvão e outros minerais.
Outras formas de poluição aumentam com extrema rapidez, especialmente a
causada por dióxido sulfúrico, decorrente da queima do petróleo, por escapamento da
fumaça de automóveis e várias formas de poeira. O ar dos Estados Unidos age como
depósito de lixo para 23 milhões de toneladas de compostos sulfúricos por ano, 15 milhões
de toneladas de óleo e substâncias fuliginosas (muitas das quais são agentes cancerígenos
potenciais),12 milhões de toneladas de poeira e 10 milhões de outros vapores.
Um dos efeitos da atividade industrial global é lançar na atmosfera grandes
quantidades de dióxido de carbono originadas pela queima de combustíveis fósseis. Em
cem anos essa quantidade aumentará para 360 bilhões de toneladas. O dióxido de carbono
está naturalmente presente na atmosfera em pequenas quantidades e é essencial para as
plantas. Mas a presença desse gás tem também um importante efeito sobre o clima: permite
que o calor do Sol seja absorvido, mas impede que seja irradiado de volta para o espaço.
Esse efeito estufa produziu um clima global mais quente do que teríamos de outro
modo. Mas a quantidade excessiva que se despeja na atmosfera pode tornar o clima ainda
mais quente – e os efeitos disso serão extremamente perigosos. Uma estimativa sugeria
que, até o fim do século, a temperatura global do ar na Terra poderia elevar-se dois graus
Celsius. Isso pode desencadear mudanças climáticas irreversíveis, como o derretimento das
calotas polares e a consequente elevação do nível dos mares, com perdas catastróficas de
terras e cidades por todo o mundo.
Adaptado de: John Davy. A crise do meio ambiente. In: História do século XX. São Paulo, Abril
Cultural,1973.v. 6. P.2866-71.
72
PARA SABER MAIS
Reunido em Estocolmo, na Suécia, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças
Climáticas (IPCC), um relatório crucial, mas permeado de polêmicas, sobre o
aquecimento global.
Por um lado, há um relativo consenso sobre o impacto da atividade humana no
aumento das temperaturas. Pelo rascunho do relatório que será publicado, ao qual a
BBC teve acesso, o nível de certeza científica sobre isso aumentou. Segundo o painel,
há hoje 95% de certeza de que "a influência humana no clima é responsável por mais da
metade dos aumentos médios de temperatura observados entre 1951 e 2010".
No entanto, a polêmica se intensifica quando a discussão gira em torno da
desaceleração do aquecimento, que vem ocorrendo desde 1998, com muitos
demandando mais explicações sobre o fenômeno. Desde 2007, há um crescente foco no
fato de que as temperaturas médias globais não terem subido acima do recorde histórico,
em 1998. No rascunho, o painel concorda que "a taxa de aquecimento nos últimos 15
anos é mais baixa do que as tendências anteriores".
Disponível em:
<http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/09/130920_mudanca_climatica_mdb.shtml>
Acesso em: 24 de set. 2013
Desaceleração do aquecimento da superfície terrestre vem ocorrendo desde 1998. Disponível em:
<http://www.paraiba.com.br/2013/09/24/31731-pausa-no-aquecimento-global-gera-polemica-no-
painel-do-clima> Acessado em 16 de mar. de 2014
73
REFLEXÃO
Mas afinal, no decorrer da
história, que relação há entre o
espaço geográfico e o homem?
O espaço geográfico
corresponde ao espaço construído e
alterado pela humanidade; além do
mais, pode ser definido como
sendo o palco das realizações
humanas, nas quais estão as
relações entre os seres humanos e
desses com a natureza. O espaço
geográfico abriga o ser humano e
todos os elementos naturais, tais
como relevo, clima, vegetação e
tudo que nela está inserido.
Em sua etapa inicial, o espaço geográfico apresentava somente os aspectos
físicos ou naturais presentes, como rios, mares, lagos, montanhas, animais, plantas e
toda interação e interdependência entre eles. Dessa maneira, desde que surgiu, o ser
humano usufrui da possibilidade de interferir no meio a partir do corte de uma árvore
para construção de um abrigo e da caça, por exemplo, impactando e transformando o
espaço geográfico.
Nesse primeiro momento, as transformações eram quase que insignificantes,
uma vez que tudo que se retirava da natureza servia somente para sanar as necessidades
básicas de sobrevivência, processo chamado de “meios de existência”. Boa parte das
modificações executadas na natureza é proveniente do trabalho humano. É através do
trabalho que o ser humano é capaz de construir e desenvolver tudo aquilo que é
indispensável à sua sobrevivência. O termo “trabalho” significa todo esforço físico e
mental humano com finalidade de produzir algo útil a si mesmo ou a alguém.
O conjunto de atividades desempenhadas pelas sociedades continuamente
promove a modificação do espaço geográfico. A partir da Revolução Industrial, o
Disponível em:
<http://www.trajanosilva.com.br/2013/09/04/agricultura/>
Acesso em: dez. 2013
74
homem enfatizou a retirada de recursos dispostos na natureza a fim de abastecer as
indústrias de matéria-prima, que é um item primordial nessa atividade, ao passo que a
população crescia acompanhada pelo alto consumo de alimentos e bens de consumo.
Com o avanço tecnológico, o homem criou uma série de mecanismos para
facilitar a manipulação dos elementos da natureza, máquinas e equipamentos facilitaram
a vida do homem e dinamizaram o processo de exploração de recursos, como os
minerais, além do desenvolvimento de toda produção agropecuária com a inserção de
tecnologias, como tratores, plantadeiras, colheitadeiras e muitos outros.
Na extração mineral, o espaço geográfico é bastante atingido, sofrendo
profundos impactos e mudando de forma drástica todo arranjo espacial do lugar
que está sendo explorado.
Nos centros urbanos, as alterações são percebidas nas construções presentes,
essas transformações ocorrem em loteamentos que em um período era somente
uma área desabitada e passou a abrigar construções residenciais, além de áreas
destinadas ao comércio e indústria. Desse modo, nas cidades de todo mundo
sempre ocorrem modificações no espaço, são identificadas nas novas
construções, nas reformas de residências, lojas e todas as formas de edificações.
Na produção agropecuária se faz necessário transformar o meio, pois retira-se
toda cobertura vegetal original que é substituída por pastagens e lavouras.
Dessas derivam outros impactos como erosão, poluição e contaminação do solo
e dos mananciais.
Sobre este último é necessário frisar também não apenas os aspectos físicos que
são postos em cheque, mas também (e não menos importante), fatores de relevância
econômico social. Nos países pobres a modernização da agricultura deixou muitos
produtores à margem do processo, principalmente famílias que viviam da agricultura de
subsistência, ou agricultura familiar, em pequenas propriedades rurais. Estes, privados
de técnicas e métodos modernos, como irrigação, maquinários e insumos, perderam a
competitividade, o que levou ao abandono do campo, em um fenômeno conhecido
como êxodo rural, acabando por propiciar um grande aglomerado de cidadãos vindos do
campo nas grandes cidades. Com isso, grandes proprietários do agronegócio passam a
75
possuir largas faixas de terras com uma produção maximizada e com foco principal para
o mercado externo, abastecendo de forma precária o mercado interno, criando assim um
paradoxo, pois como se tem um aumento técnico e espacial dessa produção agrícola,
mas por outro lado não há abastecimento interno proporcional?
Diante dessas considerações constata-se que o espaço geográfico não é estático,
pois até mesmo a deterioração de um edifício ou monumento é considerado uma
alteração do espaço e automaticamente da paisagem, por isso as mudanças são
contínuas e dinâmicas.
Ao mesmo tempo que as constantes intervenções humanas no espaço causam
uma infinidade de benefícios e avanços em prol de uma melhor qualidade de vida, há
também uma degradação que recentemente tem se voltado contra o homem. Desse
modo, a natureza está devolvendo boa parte daquilo que as ações antrópicas causaram.
São vários os exemplos decorrentes das profundas alterações ocorridas principalmente
no último século no planeta, como o aquecimento global, efeito estufa e escassez de
água em alguns lugares.
Outro ponto polêmico que vêm causando intensos debates nos mais diversos
meios pelo planeta se refere aos organismos geneticamente modificados (OGMs).
Defendidos por uns pelo fato de aumentar a produtividade outros se opõem ao afirmar
que a inserção de um ou mais genes no código genético de um organismo causaria o
No caso do Brasil, por exemplo, o novo
código florestal vem propondo uma série
de mudanças drásticas que podem levar a
uma nova configuração do território verde
brasileiro. Dentre estas mudanças há uma
série de jogos de interesses vindos de altos
escalões do governo que irão praticamente
legalizar extração de árvores e devastações
de vegetação para a criação de campos para
o agronegócio pecuário, por exemplo.
Disponível em:
<http://blogdosonambulo.blogspot.com.br/2011/0
4/sera-que-destruir-floresta-no-brasil.html>
Acesso em: 14 de mar. 2014
76
aparecimento de superpragas, poluição genética (perda da biodiversidade) e resistência
antibiótica, além de tornar pequenos agricultores reféns de multinacionais que
produzem sementes ou herbicidas.
As décadas de exploração ocasionaram a extinção, somente no século XX pelo
menos 15% das espécies da fauna e da flora foram extintas. A partir das afirmativas,
fica evidente que o homem necessita da natureza para obter seu sustento, no entanto, o
que tem sido promovido é uma exploração irracional dos recursos. Se continuar nesse
ritmo, provavelmente as próximas gerações enfrentarão sérios problemas. Além disso, a
vida de todos os seres vivos na Terra ficará comprometida, inclusive do homem, caso o
problema não seja solucionado.
Disponível em <http://www.mundoeducacao.com/geografia/transformacao-no-espaco-
geografico.htm> Acesso 03 de out. 2013
77
APRENDA FAZENDO...
QUESTÃO 35 – ENEM 2012:
Na charge faz-se referência a uma
modificação produtiva ocorrida na
agricultura. Uma contradição presente
no espaço rural brasileiro derivada
dessa modificação produtiva está
presente em:
a) Expansão de terras agricultáveis, com
manutenção de desigualdade sociais.
b) Modernização técnica do território, com
redução do nível de emprego formal.
c) Valorização de atividades de
subsistência, com redução da
produtividade da terra.
d) Desenvolvimento de núcleos
policultores, com ampliação da
concentração fundiária.
e) Melhora na quantidade dos produtos,
com retração na exportação de produtos
primários.
QUESTÃO 6 – ENEM 2011:
O Centro-Oeste apresentou-se
como extremamente receptivo aos
novos fenômenos da urbanização, já que
era praticamente virgem, não possuindo
infraestrutura de monta, nem outros
investimentos fixos vindos do passado.
Pôde assim, receber uma infraestrutura
nova, totalmente a serviço de uma
economia moderna.
SANTOS, M. A Urbanização Brasileira. São
Paulo: EDUSP, 2005 (Adaptado)
O texto trata da ocupação de uma
parcela do território brasileiro. O
processo econômico diretamente
associado a essa ocupação foi o avanço
da
a) Industrialização voltada para o setor de
base.
b) Economia da borracha no sul da
Amazônia.
c) Fronteira agropecuária que degradou
parte do Cerrado.
d) Exploração mineral na chapada dos
Guimarães;
e) Extrativismo na região pantaneira.
78
SAIBA MAIS...
SITES
http://www.greenpeace.org/brasil/pt/
Página que cobre a atuação de uma das maiores
organizações não governamentais do mundo.
Espalhado por 40 países e com conteúdo exclusivo
para os usuários brasileiros, o site expõe os métodos
revolucionários utilizados pelo grupo na luta contra a
destruição do meio ambiente.
http://www.akatu.org.br/
Site da organização não governamental e sem fins
lucrativos que propõe um consumo consciente.
LIVRO
Primavera Silencionsa (Silent Spring). Escrito por Rachel
Carson, publicado pela editora Houghton Mifflin, em 1962.
A obra escrita por Rachel Carson traz questionamentos
quanto aos problemas ambientais causados pelos pesticidas
nos Estados Unidos. Com a obra, Carson acabaria levando à
proibição do DDT no país.
FILMES
Erin Brockovich: Uma mulher de talento (Erin
Brockovich ). Direção de Steven Soderbergh.
Estados Unidos: Universal Pictures., 2000.
(130min). Erin trabalha num pequeno escritório de
advocacia, e quando descobre que a água de uma
cidade no deserto está sendo contaminada e
espalhando doenças entre seus habitantes, convence
seu chefe a deixá-la investigar o assunto. A partir de
então, utilizando-se de todas as suas qualidades
naturais, desde a fala macia e convincente até seus
atributos físicos, consegue convencer os cidadãos da
cidade a cooperarem com ela, fazendo com que
tenha em mãos um processo de 333 milhões de
dólares.
(Adaptado de: <http://www.catho.com.br/carreira-
sucesso/dicas-emprego/filmes-que-inspiram-erin-brokovich-
uma-mulher-de-talento> Acesso em: 14 de mar. 2014)
O Conflito das Águas (Tambíen la Lluvia ).
Direção de Icíar Bollaín. Espanha: Morena
Films; Alebrije Cine y Video; Mandarin Cinema.,
79
2010. (104min). “Uma equipe de viagem espanhola,
de baixo orçamento, chega em Cochabamba,
Bolívia, para rodar um filme sobre a chegada de
Cristovão Colombo, e a relação dos conquistadores
espanhóis, que praticamente dizimaram a população
indígena que ali habitava, explorando-os
comercialmente, e matando os insubordinados. A
equipe escala atores e figurantes locais, mas o que
não esperavam é que a população enfrenta o
governo, por conta do uso da água, e isso atrapalha o
rendimento das filmagens, pondo em risco a vida de
todos após a eclosão de uma rebelião civil.’’
(Disponível em: <http://filmow.com/conflito-das-aguas-
t32135/> Acesso em: 14 de mar. 2014)
Ouro Azul: A Guerra Mundial da Água (Blue
Gold). Direção de Sam Bozzo. Japão: Purple
Turtle Films., 2008. (90min). “Documentários
sobre as atuais e futuras Guerras Mundiais por água.
Mostra como a água mundialmente está sendo mal
gerida, esgotada e poluída. A falta de água em
muitos países do mundo devido à manipulação e
corrupção por parte dos Governos, administrações
locais e, claro, as corporações multinacionais de
água. As constantes lutas entre o povo e os altos
poderes econômicos e governamentais. As Guerras e
revoluções diárias por uma fonte de vida de todos os
seres humanos e seres vivos deste planeta.’’
(Disponível em: <http://filmow.com/ouro-azul-guerra-mundial-
da-agua-t32734/> Acesso em: 14 de mar. 2014)
O Mundo Segundo a Monsanto (Le Monde Selon
Monsanto). Direção de Marie-Monique Robin.
Documentário. França: Image et Compagnie;
Arte France; Office National du Film du
Canada., 2008. (108min). “O documentário “O
Mundo Segundo a Monsanto’’ traça a história da
principal fabricante de organismos geneticamente
modificados (OGM), cujos grãos de soja, milho e
algodão se proliferam pelo mundo, apesar dos alertas
de ambientalistas.’’
(Disponível em: <http://filmow.com/o-mundo-segundo-a-
monsanto-t16425/> Acesso em: 14 de mar. 2014)
80
RESPOSTAS COMENTADAS
QUESTÃO 35 - (ENEM 2012)
Nas últimas décadas, houve expressivo avanço do agronegócio no espaço rural
brasileiro visando o abastecimento dos mercados externo e a indústria. O crescimento
deu-se, inclusive, sobre novas terras agricultáveis e em decorrência da elevação da
produtividade relacionada ao uso da biotecnologia (incluindo a utilização crescente de
transgênicos), mecanização e insumos (agrotóxicos e fertilizantes). A modernização do
setor não eliminou problemas tradicionais do espaço agrário brasileiro como a
desigualdade social e a concentração fundiária.
Alternativa correta: Letra A
Disponível em: <http://ludmilageografia.blogspot.com.br/2013/06/questao-para-
exercitar.html> Acesso em: 14 de set. 2013
QUESTÃO 06 (ENEM 2011)
A expansão das fronteiras agrícolas brasileiras se deu em direção à Região
Centro-Oeste, que passou a contar com melhor acesso a partir da criação de Brasília,
incrementado pelo acesso rodoviário à região. Ao mesmo tempo em que destruía o
Cerrado (já dizimado em cerca de 50% de sua área original), a expansão da agricultura
se fazia com elevado grau de mecanização, bloqueando a possibilidade da utilização de
mão de obra. Assim, grande parte dos fluxos migratórios que se dirigiam para a região
acabou por concentrar-se nas cidades, intensificando a urbanização.
Alternativa correta: Letra C
Disponível em:
<http://www.cursoobjetivo.br/vestibular/resolucao_comentada/enem/2011/enem2011_dia1.pdf>
Acesso em: 14 de set. 2013
REFERÊNCIAS
DAVY, John. A crise do meio ambiente. In: História do século XX. São Paulo, Abril
Cultural,1973.v. 6. P.2866-71
Disponível em:
<http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/09/130920_mudanca_climatica_mdb.s
html> Acesso em: 24 de set. 2013
81
Disponível em: <http://www.mundoeducacao.com/geografia/transformacao-no-espaco-
geografico.htm> Acesso em: 03 de nov. 2013
Disponível em: <http://www.greenpeace.org/brasil/pt/quemsomos/Missao-e-Valores-/>
Acesso em: 21 dez. 2013
Disponível: <http://www.paraiba.com.br/2013/09/24/31731-pausa-no-aquecimento-
global-gera-polemica-no-painel-do-clima> Acesso em: 16 de mar. 2014
Disponível em: <http://www.trajanosilva.com.br/2013/09/04/agricultura/> Acesso em
20 dez. 2013
Disponível em: <http://blogdosonambulo.blogspot.com.br/2011/04/sera-que-destruir-
floresta-no-brasil.html> Acesso em: 14 de mar. 2014
Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/web/enem/edicoes-anteriores/provas-e-
gabaritos> Acesso em: 22 de dez. 2013
Disponível em: <http://www.greenpeace.org/brasil/pt/> Acesso em: 12 de mar. 2014.
Disponível em: < http://www.akatu.org.br/> Acesso em: 12 de mar. 2014.
Disponível em: <http://www.catho.com.br/carreira-sucesso/dicas-emprego/filmes-que-
inspiram-erin-brokovich-uma-mulher-de-talento> Acesso em: 14 de mar. 2014.
Disponível em: <http://filmow.com/conflito-das-aguas-t32135/> Acesso em: 14 de mar.
2014.
Disponível em: <http://filmow.com/ouro-azul-guerra-mundial-da-agua-t32734/> Acesso
em: 14 de mar. 2014
Disponível em: <http://filmow.com/o-mundo-segundo-a-monsanto-t16425/> Acesso em
14 de mar. 2014