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Monge Satyananda Apta (Marco Natali)
Bacharel em Teologia - Mestrando em Ciência da Religião Credenciado na ABTCRSP Nº 1.120.060.006
Se você quer saber como foi o seu passado, olhe para quem você é hoje;
se quer saber como será seu futuro, olhe para o que está fazendo hoje.
Siddharta Gautama
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Esta foi a capa da Primeira Edição em 1999.
BUDISMO
PARA
LEIGOS
Satyananda (Marco Natali)
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DEDICATÓRIA:
Dedico este livro, com grande carinho,
à memória do Sr. Shunsaku Matsumoto
(o Tarzan japonês),
à Senhora Helena Sigeko Matsumoto e
à encantadora Marli Sanae Matsumoto.
A todos os meus alunos do curso de Filosofia
Kung Fu e dos cursos de Budismo da Ordem
Niskama Karma.
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MENSAGEM
Existem pessoas que ao passarem por este mundo
fazem de seu ideal a tarefa de levar amor e sensibilidade aos
corações que delas se aproximam.
Da mesma forma que o jardineiro não consegue
tirar das mãos o perfume das flores que colhe, tais pessoas
mantém no semblante a irradiação do amor que exprimem.
Que tuas pegadas sobre a terra sejam marcos
preciosos, atestando que por estes caminhos passa um ser
humano que se lembra do exemplo do nazareno e sabe,
como ele, num ato de respeito à divindade interior, doar-se
com amor em prol de um ideal construtivo e gratificante,
que contribui para fazer de nosso pequenino planeta um
mundo melhor.
Marco Natali
"Quando chega a algum lugar o viajante cuida
primeiro de obter alojamento para passar
à noite e depois vai se divertir.
Da mesma forma, quando chegamos neste mundo
devemos primeiro conseguir um lugar de
descanso, na profundidade de nosso ser,
para que em seguida possamos nos dedicar,
sem temor, às tarefas diárias.".
Ramakrishna
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PREFÁCIO:
O Budismo é uma vereda cativante, cordial e fácil de ser seguida, até
mesmo para o leigo.
Gautama (Gotama), o Buda, era, antes de tudo, um homem simples
que sempre esteve muito mais próximo do homem comum do que do
monge.
Em dias como de hoje, em que os noticiários nos fazem ver monges
budistas se pegando a tapas em disputa de um poder tolo, nada mais útil
que um livrinho que reconduza os peregrinos à senda do verdadeiro
Budismo.
O verdadeiro Budismo é aquele ensinado por Gautama, o caminho
da pureza de coração, da simplicidade e da cordura, que nada tem a ver
com o “Budismo” religioso.
Como Jesus, Buda também ensinou durante toda a sua vida,
princípios básicos e úteis, ao alcance do homem simples.
Assim como, cerca de sessenta anos após a morte do último
apóstolo, foram escritos os evangelhos e a eles atribuídos, também o
mesmo aconteceu com Buda; muitos anos após sua morte foram escritos
textos sobre o que ele disse e sobre esses textos criaram-se religiões.
Mas Buda, como Jesus, também não criou nenhuma religião; criou
apenas um caminho e seu caminho era tão humilde e cordial que o
denominou caminho do meio.
Não há no caminho do meio nenhuma pretensão maior, nenhum
orgulho pueril, nenhuma ousadia, há apenas verdades boas e simples, que
tocam o coração cansado e propõem uma cura saudável e gentil – a cura
da dor.
Durante toda a minha vida, tenho semeado as palavras de Buda,
aqui e ali, algumas vezes elas caíram em terreno fértil, outras, a aridez do
mundo não permitiu que se enraizasse.
Espero, todavia, que a leitura deste livro, possa dar sua pequena
contribuição à busca interior.
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E se você quiser minha ajuda para divulgar estes ensinamentos,
basta entrar em contato e farei palestras gratuitas para grupos de pessoas
interessadas, na medida de minhas possibilidades de tempo.
Espero que tenha tanto prazer em ler este livrinho, quanto tive em
prepará-lo.
Monge Satyananda (Marco Natali)
Caixa Postal 121
18010-971 – Sorocaba – SP
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BREVE INTRODUÇÃO AOS
PRINCÍPIOS BUDISTAS.
AVISO AOS DESAVISADOS
Tudo que está sendo exposto aqui se fundamenta numa concepção particular do
Budismo que, para distinguir das concepções mais populares, foi intitulado Budismo
Transformacionalista.
O Budismo Transformacionalista é uma doutrina (*) moral, não religiosa,
calcada na consciência individual.
Para mim, a maior distinção que existe entre o Budismo Transformacionalista e os
Budismos religiosos está em que uma religião pode satisfazer-se com uma adesão verbal
ou gestos e rituais de adoração, mas uma filosofia prática que não se transforma em
atitudes práticas diante da vida, não tem o menor valor.
De onde se pode facilmente concluir que o Budismo Transformacionalista tem que
ser praticado para existir.
O Budismo Transformacionalista como aqui ensinado tem sua origem nos
ensinamentos transmitidos pela Ordem Monástica e Filosófica Budista Niskama Karma
uma entidade beneficente e assistencial sem fins lucrativos.
Gestos, mantras, leituras de sutras e outros rituais podem atender ao Budismo
religioso, mas não possuem substância diante deste sistema filosófico que espera atitudes
práticas de seus simpatizantes.
É óbvio que essas atitudes se fundamentam no estudo dos sutras budistas, mas a
mera leitura dos sutras não transforma você, é o que você pratica daquilo que aprendeu no
estudo dos sutras que transforma você.
Em 1993 fui convidado por um aluno a visitar uma seita budista japonesa.
Lá chegando eu e Helena Saito, uma amiga nissei, fomos recebidos com muita
cordialidade e simpatia.
Sentamo-nos numa grande sala cheia de cadeiras e as pessoas foram chegando e
sentando-se ao nosso redor.
Em seguida seguiu-se a leitura em voz alta de um sutra, extremamente longo e
cansativo.
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Logo depois teve uma palestra de um conferencista recém-chegado do Japão que
representava a ala jovem dessa seita.
(*) Doutrina = Conjunto de princípios que servem de base a um sistema filosófico.
Moral = Conjunto de regras de conduta – um Budismo para leigos.
Enquanto todas essas coisas aconteciam notei que algumas pessoas recitavam o
sutra incessantemente (como se fosse um mantra ou uma oração) de forma desesperada,
pedindo graças.
Houve depoimentos a respeito de graças recebidas e de pessoas adultas que
narravam experiências disciplinares recebidas através dos pais para que recitassem o
sutra diariamente.
Fiquei tremendamente constrangido.
Pedir graças é cultivar apegos, é cultivar a dor, é contrariar todos os
ensinamentos do Buda.
Para praticar o Budismo Transformacionalista é preciso que você faça com que
seus atos concordem com suas opiniões.
O budista transformacionalista, ao principiar sua prática, verifica que está preso a
certos apegos e hábitos e não se liberta sem algum sofrimento; mas a discordância entre
seus atos e suas opiniões é para eles mais dolorosa do que todas as renúncias.
Da mesma forma que um músico não gostaria de passar toda a sua vida ante ruídos
dissonantes, o verdadeiro budista também sente que a desarmonia filosófica é para ele um
sofrimento.
Para nós do Budismo Transformacionalista, a única maneira de viver é
transformar a vida numa obra de arte.
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CAUSA FUNDAMENTAL
Buda resumiu sua filosofia em quatro aforismos fáceis de serem compreendidos,
conhecidos como AS QUATRO NOBRES VERDADES. A saber:
1 - Fora daquilo que lhe pertence tudo é dor.
2 - A causa da dor é o apego.
3 - Cessando o apego cessa a dor.
4 – O método para cessar a dor é a Senda Reta dos Oito Caminhos.
O primeiro aforismo (Fora daquilo que lhe pertence tudo é dor) procura mostrar
que dado à impermanência das coisas deste mundo, nada que satisfaça nossos desejos é
duradouro e, portanto, tende a ter como resultado final a dor.
O segundo aforismo (A causa da dor é o apego) demonstra que a raiz dos nossos
sofrimentos se situa no apego pelas coisas que nos trazem prazer e no apego aos objetos
do desejo.
O terceiro aforismo (Cessando o apego cessa a dor) apresenta a solução para os
nossos problemas e o segredo para a obtenção de uma vida feliz.
O quarto aforismo (O método para cessar a dor é a Senda Reta dos Oito Caminhos)
demonstra o amor de Buda que embora já tendo ensinado tudo que era preciso saber para
compreender a dor e fazer cessá-la, por amor à humanidade, nos deu um método para
realizar essa tarefa.
Procure notar que embora o método que ensinou inclua a meditação (o oitavo
caminho), não inclui a repetição de mantras, os rituais posteriormente criados nas
"religiões" budistas, nem mudrás, nem girar rodas de orações, nem outras
superficialidades inúteis.
Se você quer praticar o lado inútil das religiões budistas dos dias de hoje, é critério
seu afinal a vida é sua, você pode fazer dela o que quiser, mas parafraseando uma frase
atribuída a Jesus, em Mateus 23:23 – fazer estas coisas sem omitir aquelas – não perca de
vista o que é realmente importante.
E importante no Budismo é se ater e colocar em pratica as Quatro Nobres
Verdades.
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NÃO É RELIGIÃO
O Budismo não é religião e não foi intenção do Buda apresentar ao mundo um
método religioso.
Se nos dias de hoje existem religiões budistas, se deve a um desvirtuamento das
intenções originais de Buda, que jamais se preocupou em tecer conjeturas a respeito de
uma teologia budista.
A intenção de Buda sempre foi pregar a felicidade nesta própria vida, não
buscando resultados após a morte e sim neste mesmo mundo.
Se você está familiarizado com a vida de Buda lembrar-se-á que sua intenção
inicial era solucionar o problema da dor e do sofrimento diante da descoberta da miséria,
da doença, da velhice e da morte.
Segundo Buda, é o caminho do meio (o caminho da virtude) que conduz à
felicidade.
Mas apenas sabe-lo, não nos torna felizes, temos que adota-lo incondicionalmente
em todos os nossos atos, dessa forma nos tornando responsáveis por nossas atitudes diante
dos fatos da vida.
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ENFRENTANDO O APEGO
Desde que compreendemos que o apego é a raiz de todos os nossos males, como
devemos enfrenta-lo?
Existem dois procedimentos possíveis diante do apego; o primeiro consiste em fugir
dos objetos de nossos desejos, fugir de tudo que nos traga prazer; o segundo consiste em
desapegarmo-nos dos objetos de nossos desejos.
O primeiro procedimento não é próprio do budista, visto que preconiza as
privações levadas ao excesso, sem que necessariamente aquele que as pratique esteja
desapegado dos objetos de seus desejos.
O segundo procedimento é sábio porque não exige que o praticante do Budismo se
afaste das coisas que lhe dêem prazer e sim que não se apegue a elas.
Torna-se óbvio que ao adotar este segundo procedimento o budista assume uma
atitude compassiva com relação ao apego, pois não estará buscando a realização de seus
desejos (o que causa prazer) e sim os aceitando sem se apegar a eles.
Quando permitimos que um desejo se aloje em nossa mente estamos dando origem
ao esforço de concretiza-lo, o que toma conta de nossa vontade e nos torna escravos.
Assim se originam as três dores do desejo, a dor da ansiedade, a dor da
impermanência, e a dor da perda.
A dor da ansiedade provém do fato mesmo de desejarmos e termos que direcionar
esforços por conseguir o objeto de nosso desejo (às vezes esse esforço se resume na
ansiedade em si mesma).
Um agravante da ansiedade é a possibilidade de jamais virmos a concretizar esse
desejo - jamais conseguirmos obter o objeto de nosso desejo.
Mesmo que o consigamos, sofremos duas vezes, a primeira, através dos esforços de
obte-lo, que nos escravizam, e a segunda por saber de antemão que o objeto de nosso
desejo é impermanente.
A impermanência é dolorosa porque nos lembra de que um dia perderemos o objeto
de nossos desejos - essa é a dor da perda.
Como as pessoas se alienam diante da impermanência e tentam ignora-la,
acumulam a dor da impermanência à dor da perda.
Por isso que a morte de pessoas amadas tanta dor causa a quem não venceu o
apego.
O sábio budista sabe que esses três sofrimentos são causados pelo envolvimento
emocional (apego) com o objeto do desejo e não pelo objeto do desejo em si.
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Considere atentamente que não é um objeto ou uma pessoa que fazem você sofrer e
sim o conteúdo emocional que você projeta sobre eles.
Diante da impossibilidade de conviver com essas verdades e manejá-las
apropriadamente, alguns budistas primitivos adotaram a vida religiosa (monástica) como
meio de fugir a todos os prazeres, escapando às armadilhas colocadas pela vida como
meios de entrega-los ao sofrimento.
Mas Buda nunca preconizou essa fuga como uma maneira de se atingir a sabedoria
(estado búdico).
Embora o próprio Buda tenha sido um asceta itinerante, que percorria o seu país (a
Índia) transmitindo essa concepção filosófica, não impôs a si mesmo a vida monástica (não
vivia em comunidade, embaixo de regras congregacionais e não criou nenhuma
congregação).
Buda preferiu uma vida simples que consistia em caminhadas de uma a outra
aldeia, trocando seus conhecimentos pelo alimento diário; uma vida árida, com seus
incômodos naturais, que representa a forma mais facilmente suportável e, por conseguinte
a preferida por muitos dos que buscam o caminho da sabedoria.
Os grandes pensadores sempre preferiram uma vida mais simples; veja, por
exemplo, a vida de Diógenes, Epíteto, Francisco de Assis, Tolstoi e Jesus.
Jesus nada possuía de seu a não ser suas próprias vestes: "o filho do homem não
tem onde reclinar a cabeça. - Mateus 8,20.".
O homem sábio pode atingir a felicidade satisfazendo apenas as necessidades mais
urgentes e abstendo-se de todo o supérfluo.
Isso resulta da convicção de que é mais fácil reduzir ao mínimo os desejos e as
necessidades, do que alcançar a sua satisfação, até mesmo porque à medida que se
satisfazem os desejos estes crescem até o infinito.
Para o budista não interessa tanto a renúncia aos desejos e sim à consciência de
que todos os bens e prazeres são dispensáveis.
Quando obtém essa consciência (quando atinge o estado búdico) o praticante do
Budismo aceita a impossibilidade de realizar os desejos sem dificuldade e sem prejuízo da
felicidade pessoal.
Aconselho que interrompa a leitura e medite com atenção no texto a seguir - se dê
esse presente.
A dor não é consequência do "não ter" e sim do "querer-ter-e-
não-ter", sendo, portanto o "querer ter" a condição necessária para
que o "não ter" se transforme em dor.
Não é a miséria que nos torna "miseráveis" e sim o
descontentamento que temos diante dela.
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O ATINGÍVEL
Felizmente não é necessário que nos atenhamos à sublimação de todos os desejos,
para conseguirmos a felicidade (estado búdico); basta que transcendamos o desejo das
coisas possíveis e atingíveis.
Não nos causa incomodo os males inevitáveis que atingem a todos, nem sequer os
bens inatingíveis.
O que pode colocar empecilhos à nossa felicidade são os males que podemos evitar
e os bens que podemos conseguir.
De onde concluímos que nossa felicidade se baseia na proporção entre o que
queremos e o que conseguimos.
Que tal memorizar isso para o resto de sua vida?
Vou dizer outra vez:
Todo sofrimento (dor) resulta da desproporção entre aquilo que queremos e o que
conseguimos.
Ora, essa proporção ou desproporção é determinada por nossa vontade, logo;
somos responsáveis por nossa felicidade ou infelicidade.
Cada vez que um homem perde o controle sobre as circunstancias que se
manifestam em sua vida (permitindo-se o desânimo, a ira, ou a perda da coragem), esta
permitindo à sua vontade determinar em sua mente uma desproporção.
A compreensão da impermanência ajuda muito a entender este ponto.
Tudo que nos traz alegria, satisfação e prazer, não traz alegria contínua, satisfação
contínua, ou prazer contínuo; portanto apenas ilude nossa mente e nos impede a
felicidade a menos que cultivemos o total desapego.
Todas as coisas boas e todas as alegrias momentâneas são emprestadas pelo
acaso que as tomará de volta a qualquer momento.
A dor baseia-se na ilusão do triunfo (posse) e na ilusão da desgraça (perda).
Tanto a posse quanto a perda são dois lados de uma mesma moeda e devem ser
tratados como iguais.
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Esse princípio foi magistralmente ilustrado numa estrofe da poesia "Se" de
Rudyard Kipling que diz o seguinte: "Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires;
tratar da mesma forma a esses dois impostores...".
Para que não mergulhemos no mar de Maya (ilusão e alienação) que subjuga a
mente permitindo que nela se introduza a desproporção, temos que aprender a distinguir
entre aquilo que depende de nós e aquilo que não depende de nós.
Se você meditar profundamente a esse respeito perceberá que a única coisa que
depende de você é a sua vontade; tudo o mais não depende de você.
Mas não subestime a vontade nem suponha que é pouco o que depende de você.
A vontade é que permite a avaliação da proporção em nossa mente; dando-nos a
responsabilidade final de sermos felizes ou infelizes.
Assim sendo, quando estamos na posse daquilo que depende de nós - a nossa
vontade - podemos nos permitir a felicidade ou a infelicidade, a satisfação ou o
descontentamento, o triunfo ou a desgraça.
Evidentemente que a posse da vontade implica na aceitação da responsabilidade
pessoal por nossa própria felicidade.
A maioria das pessoas não está disposta a fazer o esforço de assumir suas
responsabilidades diante do mundo e de si mesma e escolhe deixar ao mundo a decisão
final sobre sua própria felicidade.
Fazem isso não por ser o mais racional, nem sequer por ser o mais fácil e sim
porque se contentam com pouco - satisfazem-se em culpar os outros por seus próprios
fracassos e em não ver suas responsabilidades diante da opção de serem felizes ou
infelizes.
Tais pessoas cultivam cuidadosamente a alienação e costumam viver no passado e
no futuro visto que o presente lhes exige decisões e decisões exigem vontade e consciência.
Viver no presente implica em se tornar consciente da impermanência como
condição sine qua non de todas as coisas existentes.
Portanto, ao viver no presente, estamos admitindo implicitamente que o que temos
no aqui e agora é impermanente, não tendo existido em algum momento do passado e
tendo sua existência prestes a cessar em determinado momento do futuro.
Se conseguirmos conviver com essa lucidez sem nos apegarmos às coisas do aqui e
agora estamos permitindo nossa felicidade permanente.
Se, ao contrário, apegamo-nos às coisas e pessoas que nos dão prazer, estamos
permitindo a infelicidade, mesmo que as coisas e pessoas aparentemente nos
proporcionem prazer no aqui e agora.
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A IMPERMANÊNCIA
Dentro do universo onde vivemos não nos pertence a certeza sobre muitas coisas.
Não sabemos praticamente nada a nosso respeito, nem a respeito das pessoas que
amamos ou do lugar onde vivemos.
Quando vamos dormir não temos certeza que iremos acordar.
Quando fazemos uma viagem, não sabemos se chegaremos a nosso destino.
Diante de nossos filhos não sabemos qual será o destino que o futuro lhes reserva.
Quando iniciamos uma construção não sabemos se nos será permitido termina-la
ou se isso ficará a cargo de nossos herdeiros.
De nossas existências só temos certeza de uma coisa: nada é permanente.
A avançada ciência deste século não conhece nenhuma forma de vida capaz de
existir para sempre.
Nem sequer em condições especiais conseguimos prolongar a vida por muito
tempo.
Tudo o que sabemos é que o que existe hoje não existiu algum dia e não conseguirá
existir para sempre.
Nada é permanente e essa é a essência da própria vida.
Tudo o que existe no universo, seja no macrocosmo formado pelas estrelas, seja no
microcosmo da vida celular, esta vinculado a esta lei da impermanência.
Você pode notar a presença da impermanência em tudo que o cerca.
Na ascensão e queda das nações; nas mudanças culturais; nos modismos; no
envelhecimento natural de todas as coisas; nas forças da natureza; no desemprego de seu
vizinho; na criança que caiu da bicicleta; etc...
O próprio ato de andar é um testemunho da impermanência.
A cada vez que você leva uma perna à frente, esta extinguindo uma ação e
iniciando outra.
A impermanência é a única realidade.
O que faz a música harmoniosa, o que permite a harmonia no vôo do pássaro, o que
traz beleza à tela do pintor, o que faz com que o carro ande, o que cria um bolo, o que
conduz ao amor, é a impermanência - tudo na vida é fruto da impermanência.
A compreensão da impermanência é um dos grandes objetivos do Budismo.
Quando nos conscientizamos da impermanência, muitas coisas de nossas vidas, que
antes eram atrativas, perdem seu fascínio.
Conseguimos transcender essas coisas.
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É como se começássemos a enxergar através delas, em direção a uma realidade
maior que as transcende.
Estaremos então mais fortalecidos e capazes de abandonar nossos apegos e
temores.
Há alguns anos conheci um menino chamado Pablo, que veio numa das festas de
meus filhos.
Depois disso mudei de São Paulo e fiquei muitos anos sem revê-lo.
Algum tempo depois, no lançamento do livro de um amigo meu, encontrei um
rapagão mais alto do que eu, nesses muitos anos que não o vi, Pablo se dedicou com
afinco a pratica das artes marciais e chegou a uma faixa elevada no Karatê.
Foi então que um acidente ocorreu e teve que colocar um pino na perna.
Hoje está inutilizado para a pratica das artes marciais (pelo menos para a prática
da parte física das artes marciais).
A vida lhe ensinou de uma forma dura a lei da impermanência.
Ao aprender essa lição, ele teve a oportunidade de aprender outras coisas na vida e
a voltar sua atenção para outros campos do saber que ultrapassam em muito as artes
marciais - isso pode ser uma bênção disfarçada para quem tem olhos de ver e ouvidos de
ouvir.
Quando morava em Niterói, me apaixonei por uma mocinha com todo o amor de
meu coração, com a melhor das boas intenções manifestei minha vontade de ter um lar ao
lado dela.
Ela simplesmente me jogou fora e me senti usado sexualmente.
Sofri muito, para mim foi como a dor de um pai que perde uma filha há quem muito
amava.
Descobri, com muita dor, que por mais que amemos alguém, não basta amarmos
para sermos amados.
E foi apenas nessa ocasião que aprendi a duras penas a lei da impermanência.
E você? Precisará receber uma lição da vida para aprender a lei da
impermanência?
No exato momento em que nos conscientizamos da impermanência, adquirimos uma
nova percepção que nos torna conscientes do fato de estarmos vivos.
Então passamos a nos desapegar de nossas máscaras e das inúmeras atitudes que
costumamos assumir como um gesto de defesa contra a sociedade que nos cerca.
Percebemos então, mais claramente, que algumas vezes temos desejado coisas que
- diante da lei da impermanência - irão apenas nos prejudicar e causar-nos dor.
Note bem que a conscientização dessa lei não irá automaticamente transformar
nossas vidas.
Haverá ainda a necessidade de transcendermos hábitos que não mais se justificam,
padrões de comportamento que passaram a se tornar indesejáveis etc...
Mas, teremos a vantagem de nos tornarmos mais conscientes dos obstáculos reais.
Percebemos que os verdadeiros obstáculos são nossos desejos e apegos que nos
levam a repetir constantemente comportamentos injustificáveis diante da impermanência
da vida.
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Evidentemente essa percepção entrará em choque com a maneira com que nos
avaliamos e até mesmo com aquilo que passamos a aceitar como sendo a nossa
personalidade.
É muito difícil abandonarmos padrões de comportamento estereotipados com que
convivemos a tanto tempo que acabamos por identificar com nossa própria pessoa.
Se for difícil nos conscientizarmos do processo que gerou esse estado de coisas,
pelo menos nos serve de consolo saber que, depois de identificado, fica muito mais fácil
modifica-lo ou transcende-lo.
Quando vivemos no mundo ilusório criado por nossas mentes, somos incapazes de
perceber a impermanência que está presente em nossos mínimos gestos.
Criamos então um conceito de vida que parece se fundamentar na crença de que
nossa vida na terra não terá um fim.
Dessa forma, cessamos de viver o momento presente, na ilusão de realizações
futuras e de recordações do passado.
Esse modo de proceder acaba por nos envolver em situações difíceis geradas em
conflitos interiores.
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O DESAPEGO
O desapego a certas coisas materiais é muitas vezes alcançado sem grandes
dificuldades.
É muito mais fácil nos desapegarmos da riqueza e das propriedades do que
abandonar velhos hábitos emocionais.
Temos imensas dificuldades em abandonar hábitos perniciosos como a critica, a
língua ferina, o sentimento de perda, o sentimento de orgulho pelas nossas realizações
etc...
Podemos criar o hábito de observar atentamente nossos padrões de
comportamento.
À medida que aumenta nossa percepção começamos a perceber a importância de
trabalhar nossas emoções e apegos.
Quando começamos a modificar nossas atitudes, começamos a progredir.
Quando decidimos agir de maneira saudável e coerente, automaticamente nossa
vida começa a modificar seus padrões para melhor.
Como essas modificações ocorrem em nosso íntimo não há necessidade de
abandonarmos nossa família, nem abandonarmos nosso trabalho, nem abandonarmos a
cidade em que moramos.
Basta que abandonemos nossas atitudes de apego.
Lamentavelmente nem sempre entendemos as mensagens filosóficas do oriente.
Imaginamos incorretamente que uma pessoa que deseja viver uma vida espiritual
deva abandonar o mundo e os prazeres do mundo.
Mas fugir não é vencer.
Uma pessoa que vive intensamente sua própria espiritualidade pode viver
confortavelmente, zelar por seus familiares, ser um excelente profissional em sua área de
trabalho e ter uma posição de relevo na sociedade em que vive.
Abandonar não é sinônimo de transcender.
Transcender não significa fugir ou evitar, antes de qualquer coisa, tem o sentido de
não se identificar nem se apegar ao objeto dos desejos.
Não adianta fugir do mundo para viver numa caverna ou em um mosteiro.
Estaríamos apenas substituindo uma alienação por outra.
Seja na caverna ou no mosteiro, se não tivermos transcendido nossos apegos,
seremos igualmente vitimados por nossas emoções.
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EGOÍSMO E CONSCIÊNCIA
Muitas pessoas acusam os budistas de serem egoístas porque estão sempre voltados
ao seu próprio aperfeiçoamento.
Essas pessoas esquecem-se que milhares de culturas, religiões e filosofias tentaram
mudar o mundo - olhe ao seu redor e veja por si mesmo o que conseguiram.
É impossível mudar o mundo - é uma tarefa demasiada para nossas forças; mas o
aperfeiçoamento de si mesmo é uma tarefa proporcional aos meios que dispomos e mais
que um mérito é o dever de cada um de nós.
Não existimos isoladamente.
Somos todos parte do ambiente em que vivemos e da sociedade com a qual nos
relacionamos.
Por essa razão, qualquer mudança em nossos padrões de comportamento modifica
aqueles que entram em contato conosco.
Os antigos educadores romanos diziam: - Exemplum docet! (o exemplo ensina).
A única maneira de que dispomos para melhorar o mundo é a auto melhoria; dessa
forma estaremos espargindo os benefícios desse aperfeiçoamento a todos aqueles que
estejam ao nosso alcance.
Os budistas não são egoístas, só por buscarem o auto aperfeiçoamento, pois
quando estão cuidando de si mesmos e voltados a pratica de seus métodos de
autodisciplina, não o estão fazendo de forma egoísta e gananciosa e sim com um
sentimento de profundidade e auto-respeito.
Não faz parte dos objetivos budistas a realização material e ambiciosa, mas sim a
busca da harmonia pessoal e do autocontrole.
Muitas de nossas aflições se originam do fato de termos nos habituado a viver em
função de um passado ou de um futuro que, por serem intangíveis, perdem seu cunho de
realidade.
O problema é que nem sempre conseguimos nos relacionar de uma forma franca
com as contingências impostas por nossos afazeres diários.
Mantendo as mãos no presente ao mesmo tempo em que mantemos a cabeça no
passado ou no futuro, não conseguiremos manejar satisfatoriamente as situações com que
lidamos.
Estamos sempre esperando que o futuro nos reserve alguma coisa maior ou mais
satisfatória, por essa razão nunca estamos plenamente satisfeitos.
Fizemos de nossa vida um constante preparo para alguma coisa que deveria vir no
futuro, mas que nunca chegará.
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OS OBJETIVOS DO HOMEM
Conta-se que em certa época viveu um homem que tinha grandes objetivos na
cabeça, mas que não via a oportunidade de coloca-los em ação.
Quando era garoto esse homem pensava: - Vou fazer uma grande obra que deixará
marcada minha passagem por este mundo, mas agora tenho que estudar e não tenho
tempo, quando terminar a oitava série eu o farei.
Aí ele entrou no segundo ciclo, mas os estudos se complicaram e ele pensou: -
Agora não tenho tempo porque tenho muita matéria para estudar, mas quando entrar na
faculdade o mundo verá do que sou capaz.
Os anos se passaram e ele entrou na faculdade, mas as atividades acadêmicas, as
dependências em certas matérias, o convívio com os colegas fizeram-no pensar: - Bom,
ainda não deu, mas assim que me formar tomarei todas as providências necessárias para a
realização de meus objetivos.
Ele se formou, mas viu-se envolvido no torvelinho da vida, casou-se com uma
colega da faculdade e teve que arranjar um emprego.
Pensou: - Logo que consiga comprar minha casa já terei tempo disponível para a
grande tarefa a que me propus.
Mas, mal acabou de comprar sua casa, surgiram os filhos e os problemas típicos da
vida familiar, o tratamento dentário da esposa, contas a pagar, aumento do custo de vida...
E ele pensou: - Não tem jeito mesmo, vou ter que por de lado meus objetivos até
que as crianças cresçam, enquanto isso estarei adquirindo experiência e mais tarde
poderei realiza-los.
Mas depois que as crianças se tornaram adultas vieram às noras e os genros, os
netos e as netas, aumentaram as atividades em família e o tempo disponível se tornou mais
exíguo ainda.
E o homem mais uma vez pensou: "- É, parece que ainda não é desta vez, mas
dentro de cinco anos me aposento e então terei todo o tempo do mundo para fazer tudo que
desejar.".
Mas assim que se aposentou aquele homem morreu.
Lembre-se: seja o que for que tenha a fazer, faça-o hoje, o futuro é agora!
O que você sabe não tem valor algum, o valor está no que você
faz com o que sabe.
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A BUSCA DO CAMINHO ESPIRITUAL
Quando começar a ocorrer em seu interior à mudança fundamental que os místicos
costumam denominar Senda Espiritual, você perceberá a dificuldade em retornar a seu
modo de viver anterior, mesmo que o deseje.
Se você ainda não atingiu os primeiros efeitos dessa mudança fundamental, não a
perceberá, mas, à medida que os atinja, ocorre uma mudança positiva que motiva a
prosseguir.
Você estará diante da descoberta do caminho espiritual.
Perceberá então que a mudança fundamental está aqui e agora - seja o que for que
você esteja fazendo.
Se não nos capacitamos a promover a revolução interior necessária à mudança
fundamental, mas temos alimentado essa perspectiva em nosso íntimo - o caminho virá a
nós.
Mesmo que você não se esforce para perceber que o sorvedouro do desejo e do
apego lhe seja destrutivo, suas próprias frustrações, mágoas e desapontamentos
conduzirão a certa moderação e ajudarão a obter um novo ângulo no seu posicionamento
diante da vida.
Todos que se dedicam à mudança fundamental esbarram, no inicio dessa busca,
com obstáculos que a seus olhos parecem de grandes proporções.
À medida que sua transformação interior atingir estágios mais elevados você
perceberá que esses obstáculos eram gerados por sua própria mente para tentar forçar sua
desistência visto que a ela (a mente) não interessa sua evolução espiritual.
Você não deve desistir, não importa quais sejam os esforços de auto
aperfeiçoamento a que tenha que se dedicar e não importam as proporções dos obstáculos
que tenha que enfrentar.
Se você desistir de enfrentar esses obstáculos agora, terá que enfrenta-los mais
tarde, não poderá fugir deles, não poderá esquivar-se a eles, não poderá justificar-se por
não tê-los enfrentado.
29
VIVA AGORA!
Agora mesmo você tem tudo para agarrar sua vida com as próprias mãos e fazer
dela o que quiser.
A decisão será sempre sua - se hesitar em dar o primeiro passo ou se caminhar
aleatoriamente para frente e para trás com indecisão, estará apenas desperdiçando seu
próprio tempo.
Lembre-se: O tempo não passa o que passa é você.
Você pode decidir-se agora mesmo a encarar sua vida com honestidade.
As pessoas estão sempre tentando proteger seus egos (autoimagem?) e esse é o
habito mais difícil de ser abandonado.
O ideal seria que houvesse uma maneira de realizarmos a transformação interior
sem que houvesse a possibilidade de ferirmos o ego; sem análises; sem raciocínios (outra
vez a mente!); sem mastigações mentais e sem que sentíssemos o impulso autodestrutivo de
preservar.
Lamentavelmente não é possível realizar a transformação fundamental sem que
removamos as nódoas e as manchas que nos impedem de ter uma percepção límpida e real.
Se você tiver uma vasilha cheia de água turva irá notar que, a menos que remova a
sujeira que existe dentro dela, não importa que quantidade de água limpa lance sobre a
água turva, ela continuará sempre turva.
As pessoas que conviveram com alguns dos grandes místicos indianos (Ramana
Maharishi, Ramakrishna, Yogananda etc...) notaram que todos eles tinham em comum um
olhar de grande compaixão.
Os grandes místicos possuem esse olhar de compaixão porque percebem mais do
que ninguém como as pessoas a sua volta estão desesperadas e exaustas pelo constante
apego e pelas angustiantes tentativas de agarrar todas as coisas que a vida lhes oferece.
Certamente você já ouviu falar que o urso destrói suas vitimas menores a patadas e
dentadas e seus adversários maiores agarrando-os, fincando suas unhas nas costas deles e
esmagando-os contra seu próprio corpo.
Certa vez li a história de um lenhador do Canadá que foi surpreendido em seu
acampamento por um imenso urso pardo e não tendo nenhuma arma, arremessou-lhe a
chaleira de água quente com que pretendia preparar seu café.
30
O interessante dessa história é que ao sentir a queimadura o urso que estava
acostumado a agarrar suas vitimas, ao invés de arremessa-la longe, agarrou-se a ela
desesperadamente - quando mais lhe ardiam às queimaduras, mais ele se agarrava à
chaleira.
As pessoas são exatamente assim!
Sabemos que os apegos nos magoam e acabam por nos destruir, mas cada vez mais
nos agarramos a nossos apegos.
A maioria das pessoas não possui muita determinação, não sabendo muito bem o
que esperam de suas vidas e tendo apenas mesquinhas ambições pessoais, ânsia de
satisfazer os próprios desejos, certo desespero para viver uma vida confortável, uma ânsia
de ser feliz a qualquer custo - tudo isso temperado com muita excitação e sensualidade.
Somos consumidos por nossos apegos, da mesma forma que a
mariposa é consumida pela chama que a atrai.
Você pode perceber que suas ansiedades e apegos são incapazes de lhe
proporcionar uma satisfação permanente, apenas lhe criam mais dor e dependência?
É um circulo vicioso: o apego gera dor e a dor faz com que nos agarremos mais
ainda a nossos apegos (porque temos a ilusão de que eles nos deem consolo).
31
O CACHORRO DESDENTADO
No Tibet viveu o famoso yogue Milarepa, possuidor de grandes poderes e grande
sabedoria.
Tão grandes foram seus feitos que até em línguas ocidentais podemos encontrar
muitas obras a seu respeito.
Certa vez Milarepa foi visitado por um viajante que, espantado por seus grandes
conhecimentos espirituais, interrogou-o sobre qual o principal obstáculo que impedia o
homem de atingir a evolução espiritual.
Laconicamente Milarepa atirou um osso a um cão desdentado que estava ali
próximo e foi embora.
O visitante não entendeu o gesto de Milarepa.
Veja a explicação dada pelo lama Tarthang Tulku do Centro Tibetano de
Meditação Nyingma:
"O visitante não compreendeu o gesto de Milarepa porque não observou com
atenção a reação do cão desdentado".
O cão começou a roer o osso, mas como não tinha dentes, suas gengivas se feriram
e sangraram.
Sentindo o gosto do sangue o cão começou a achar o osso suculento e saboroso e
passou a roe-lo ainda mais vorazmente.
Assim são as pessoas, apegam-se desesperadamente a coisas que agradam ao ego e
não percebem que esse apego as destrói.".
E o que é pior, é que mesmo sabendo que existem atitudes mais saudáveis do que os
apegos, você continua a se mover nesse circulo vicioso e a deixar-se dominar pelo ego.
Agora que sabe essas coisas, acaba de gerar a oportunidade de acabar com esses
hábitos.
Por que não se interessar o suficiente pela verdadeira natureza de seu ser, a ponto
de admitir que exista esse habito em sua vida e iniciar as mudanças necessárias para se
libertar deles?
Por que você continua tentando enganar a si mesmo?
32
O MEDO DE MUDAR
Toda mudança implica em medo, visto que exige que abandonemos velhos padrões
de comportamento para adotar alternativas.
Mas o pior tipo de medo é aquele que nos impede de descobrir por que temos medo
de crescer e assumir aquele aumento de responsabilidade que surge quando crescemos.
Embora superficialmente nossa mente nos faça crer que queremos crescer, em um
nível mais sutil tememos que o crescimento e a transformação fundamental ameacem
nossas pequenas falhas e dependências psicológicas que ilusoriamente parecem nos dar
tanto prazer.
Nossa mente interfere em nossas tentativas de auto aperfeiçoamento, causando-nos
desalentos e frustrações que parecem diminuir resultados que conseguimos atingir.
Uma das armas mais eficazes de nossa mente é fazer com que nos sintonizemos com
pequenos detalhes e ninharias que não seriam obstáculos se soubéssemos nos desapegar
do ego.
A maioria das pessoas quando toma a decisão de meditar ao invés de simplesmente
sentar e meditar perde-se em toda sorte de preparativos - arruma a sala, acende incensos,
estende um colchonete no chão etc... e quando começa a meditar perde-se num torvelinho
de complicações que parece formar uma espiral de recordações.
Ao invés de manter a mente focalizada no presente, no aqui e agora, conduz a
mente a lembranças passadas e a planos para o futuro.
Algumas pessoas mesmo depois de anos e anos de tentativas, nada conseguem, pois
se dedicaram nesse tempo todo a pesquisar novos métodos, a estudar temas espirituais e
filosóficos; a decidir se deve adotar este ou aquele ásana (posição física do Yoga), a ouvir
este ou aquele conferencista ao invés de sentar e meditar.
Pessoas que tentam obter mais e mais conhecimento ao invés de simplesmente
praticar as teorias que já aprenderam, nunca chegam a começar uma verdadeira busca
espiritual.
Muitas pessoas perdem tempo buscando um "guru" que lhes dêem todas as
respostas e que lhes apontem um caminho para chegar à verdade.
O verdadeiro "guru" é a experiência pessoal; podemos criar o hábito de aprender
através de nossos pequenos sofrimentos e decepções, através das confusões que geramos
ou que presenciamos.
Podemos aumentar a nossa percepção de forma sistemática, de maneira a
compreender como surgem dentro de nós as emoções básicas que costumamos extrapolar
em nossos contatos diários com outras pessoas.
Podemos aprender a reconhecer nossos erros e muda-los.
33
O problema é que nosso ego é nosso principal inimigo e quando nosso verdadeiro
eu nos faz ver a necessidade de mudar um determinado comportamento, nosso amor
próprio (uma das principais armas de nosso ego), tenta nos fazer crer que esses nossos
pequenos defeitos são socialmente aceitáveis e que existem pessoas que os tem piores.
Justificativas como essas transbordam de nossa mente sem que precisemos nos
esforçar para encontra-las.
Caso você se surpreenda em alguma justificativa, esmague-a em sua própria
origem, não permitindo que se instale em suas emoções.
Na primeira oportunidade que tenha, medite sobre a circunstância ou
acontecimento que deu origem a essa tentativa de justificar-se e certamente descobrirá que
ela não surgiu em seu verdadeiro eu e sim é uma espécie de câncer emocional gerado por
seu ego.
Medite sobre os assuntos que acabou de estudar e encontre maneiras de aplica-los
à sua vida diária.
Você só tem a ganhar com isso.
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OBSERVAÇÃO DIÁRIA
É necessário que observemos honestamente nossos atos na vida diária e que
procuremos enfrentar frontalmente nossas pequenas fraquezas e tentações.
Essa dedicação ao que é correto não precisa necessariamente ser chamada de
religião, busca espiritual ou filosofia de vida; o que realmente importa é que ajamos
corretamente e que nossa mente não mascare nossos atos com segundas intenções.
Se tivermos dentro de nós um amor sincero pela verdade e o desejo de agirmos
honestamente, poderemos revolucionar as nossas vidas.
A vida não nos pede que aceitemos esta ou aquela religião, nem nos impõe este ou
aquele sistema filosófico.
Para falar a verdade, não é necessário que sigamos nenhum sistema de formação
filosófica ou religiosa.
Não é preciso que nos identifiquemos com nenhum rotulo, com nenhuma
comunidade, com nenhum agrupamento de pessoas.
Temos que nos desenvolver à nossa própria maneira, a partir de percepções que
surjam de nossos corações e de nossas próprias experiências diante da vida.
O maior passo que podemos dar em direção à nossa realização espiritual é
assumirmos integralmente esse dever que temos, de encontrar a verdade.
35
A HONESTIDADE
A honestidade é necessária para que sejamos coerentes no exame de nossas
atitudes e atos diante da vida.
A menos que sejamos honestos, iremos nos enganar, tentando encobrir nossos
erros, tentando justificar nossas falhas e deslizes, tentando fugir às dificuldades que
surgirem no caminho, ao invés de enfrentarmos a nós mesmos e as nossas fraquezas,
produzindo em nós a mudança transformadora.
Se buscamos a verdadeira harmonia e o autoconhecimento, por que enganarmos a
nós mesmos?
Aliás, à medida que atinja níveis evolutivos mais elevados, acabará por perceber
que, mesmo que aparentemente algum ato seu esteja enganando alguém, na realidade
muito mais que enganar aos outros, você estará enganando a si mesmo.
36
A BUSCA DO PRAZER
As pessoas desejam a felicidade e lutam violentamente, egoisticamente,
desesperadamente, por ela.
Acordam pela manhã com ânsia e preocupação de serem felizes e nessa busca
incessante entregam-se a inúmeras atividades estafantes e dilapidadoras cuja finalidade é
satisfazer o ego.
Dessa forma tentam se enganar, tentam enganar às próprias frustrações, tentam
esquecer a inutilidade dessa angústia toda.
A carência de vivência interior é tanta que essas pessoas se atiram à busca
desenfreada de prazeres que, agradando momentaneamente os sentidos, parece fazer com
que esqueçam a falta de direção que tem em suas vidas.
Seria muito melhor que essas pessoas aprendessem a assumir o dever que tem para
consigo mesmas, ao invés de tentar fugir a esse dever ocultando-se atrás de distrações e
atividades que contentam (momentaneamente) apenas o ego.
Quando tentamos contentar o ego estamos na realidade fugindo a nossas
responsabilidades, ao nosso dever de procurar nossa liberdade interior.
Quando assumimos esse dever estamos aprendendo a ser responsáveis por nossa
própria individualidade e passamos a viver em harmonia, vivenciando em nossos atos o
sentido profundo da liberdade interior, que dá propósito a nossas vidas e que nos permite
a tranqüilidade mesmo quando atravessamos as situações mais difíceis.
Quando observamos a maneira com que gastamos nosso tempo, descobrimos que
por falta de método, por não programarmos as coisas que temos intenção de fazer, mesmo
que o dia nos pareça atarefado, desperdiçamos boa parte dele em confusões, devaneios
inúteis e outras perdas de tempo.
Devemos estar sempre conscientes do que estamos fazendo, não com objetivos
pessoais (do ego), como o desejo de ficar rico, de ser poderoso, de possuir muitos bens
materiais, mas com o objetivo de viver o mais harmoniosamente possível, vivenciando o
próprio ato de estar vivo.
37
CUIDANDO DE SI MESMO
Alguns executivos e certamente a maioria dos presidentes das grandes empresas,
tem muitas dificuldades nas mãos, pois são responsáveis pelas necessidades de centenas de
pessoas.
Mas a proposta que a vida lhe faz é que seja responsável por si mesmo.
Se você tivesse que cuidar de cinquenta ou cem pessoas, estaria em maus lençóis e
certamente teria que lidar com muitos problemas, mas não é tão difícil cuidar de si mesmo
- afinal você estará lidando com apenas uma pessoa!
Lamentavelmente as escolas nos ensinam muitas coisas inúteis, mas não ensinam a
sermos responsáveis pelo nosso próprio desenvolvimento interior.
De repente você descobre que mesmo sendo adulto e tendo constituído sua própria
família, não aprendeu como ter uma vida harmoniosa e significativa.
Ainda que tenhamos conseguido atingir certo padrão financeiro que nos dê algum
sentimento de segurança e realização material muitas vezes ainda não somos capazes de
ter domínio pleno sobre nossas emoções e sobre os apegos gerados pelo nosso ego.
Ainda que nos imaginemos autossuficientes e adultos, se não tivermos domínio
sobre nossas emoções e sobre nosso ego, estaremos apenas nos enganando.
No momento que tivermos que enfrentar alguma crise é que saberemos se nosso
conhecimento interior é capaz de gerar forças suficientes para que possamos enfrentar as
dificuldades.
Às vezes costumamos nos enganar tentando fugir de nosso dever de busca interior,
creditando aos outros a culpa de nossos problemas.
É fácil criticar os outros, qualquer imbecil consegue fazer isso com sucesso, mas é
difícil criticarmos a nós mesmos e, ter a capacidade de enfrentar nossos erros e fraquezas
sem culpar os demais é ainda mais difícil.
38
FUGA E ALIENAÇÃO
Algumas pessoas imaginam que fugindo ou se alienando conseguirão superar os
próprios problemas.
Algumas delas chegam a se isolar do mundo, entrando em um convento ou seguindo
alguma seita ou caminho espiritual bizarro.
Apenas para compreender anos mais tarde que lá, dentro do templo onde se ocultou
para fugir dos problemas do mundo, estão também todos os seus problemas.
Quando você foge, leva consigo todos os seus problemas.
Ao entrar num templo, num Ashram, numa comunidade, com o objetivo de se
alienar dos problemas do mundo, você estará levando o mundo e os problemas do mundo
com você.
Alienações e fugas não resolvem os problemas da vida.
Os problemas da vida se resolvem quando assumimos a responsabilidade pelo
nosso desenvolvimento interior.
Muitas pessoas buscam o caminho espiritual porque se sentem atraídas pelo lado
romântico dessa vida.
O que estão procurando são modos exóticos de se vestirem, sistemas alimentares
estranhos, rituais e símbolos que apelem a seus sentidos.
Na realidade não estão buscando um caminho espiritual e sim uma alienação que
agrade a seu ego agredindo o assim chamado "sistema" (padrões sociais).
A vereda espiritual nada tem a ver com rituais e costumes originais e alienantes e
sim diz respeito apenas ao dever que temos de assumir a responsabilidade por nós mesmos
e por nosso autodesenvolvimento.
Quando uma pessoa atinge determinado desapego em sua busca espiritual recebe,
na Índia, o título de swami; essa palavra significa dono de si mesmo e tem tudo a ver com
o dever que temos de assumir a responsabilidade por nós mesmos e por nosso
autodesenvolvimento.
Muito mais que nossos medos, nossas ansiedades e nossas preocupações, o que nos
prejudica é a recusa em assumirmos nossa responsabilidade diante desses medos, dessas
ansiedades e dessas preocupações.
Por mais que tentemos, jamais deixaremos de sermos nós mesmos e o ato de ser
implica em termos consciência, em percebermos em plenitude, em assumirmos nossa
própria natureza essencial.
Ao assumirmos e reconhecermos o poder de nossas emoções estamos eliminando
estados de solidão e desespero inúteis.
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Passamos a aprimorar gradualmente nosso relacionamento com as outras pessoas
e pouco a pouco o ambiente que nos cerca, a própria sociedade em que vivemos se torna
mais positiva e harmoniosa.
40
O CONTÁGIO DAS EMOÇÕES
Procure observar ao seu redor e notará que as emoções contagiam.
Quando alguém ri, as outras pessoas parecem entrar em sintonia e são levadas a
rir também.
Quando alguém chora, outras pessoas também sentem um impulso incontrolável
para chorar.
O mesmo acontece quando as pessoas se aproximam de alguém que esta passando
por alguma grande mágoa ou está em desespero.
O pensamento negativo atua como uma infecção; pessoas negativas costumam
atrair pessoas negativas - em inglês elas até recebem um nome especial; são chamadas de
negaholics - bêbedos de negatividade.
O oposto também é verdadeiro, pessoas otimistas costumam atrair pessoas
otimistas.
Compreenda a importância de aumentar seu nível de percepção, substituir seus
pensamentos negativos, controlar suas emoções e assumir a responsabilidade por seu
desenvolvimento interior.
O momento em que sentir que está se tornando triste, confuso ou solitário, é o
momento de começar a assumir a responsabilidade por si mesmo.
Tudo o que disse aqui não tem nada a ver com metas utópicas que poderão ou não
ser realizadas em algum tempo no futuro.
Trata-se de idéias fundamentais, procure coloca-las em pratica imediatamente.
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ESTEJA CONSCIENTE
Esteja consciente do momento que esta vivendo.
A cada momento seu corpo e sua mente estão sofrendo mudanças de natureza
fisiológica e psicológica a diversos níveis.
Podemos dizer sem medo de errar que neste minuto você já é diferente do que era
um minuto atrás.
E é essa eterna mudança que torna a vida possível.
Essa mudança constante é a própria vida.
Ao nos tornarmos conscientes desse eterno processo de modificação, estamos
tomando cada vez mais consciência de nossa própria vida.
Todos os nossos pequenos gestos tomam uma nova dimensão e as pequeninas coisas
adquirem um novo significado.
Compreenderá então que pode usar de forma nutritiva cada momento.
Pois é desses momentos que a vida é feita.
É importante que sejamos capazes de estar conscientes a cada instante, olhando e
pensando tudo aquilo que estejamos presenciando e fazendo no aqui e agora.
Podemos controlar nossa impulsividade tornando conscientes cada um de nossos
atos ao invés de agir aleatoriamente e através de impulsos emocionais.
Quando não refletimos sobre nossas ações não podemos ver com clareza
exatamente o que estamos fazendo e acabamos criando sonhos, fantasias e ambições
egoístas que nos causam inúmeros problemas e nos trazem dificuldades a cada passo.
Podemos aprender a ter consciência de nosso corpo e de nossas emoções.
Aprenda a perceber que as informações que nos chegam do mundo são sempre de
natureza real e não emocional - somos nós que acrescentamos nossas emoções aos fatos e
informações que nos atingem.
Você pode se libertar do mundo de recordações e lembranças que lhe tolhem os
passos e o impedem de ver a realidade como ela é.
Você pode se libertar dos padrões sociais que lhe impõem modelos romantizados e
irreais de emoções e sentimentos.
Você pode ter consciência imediata do que se passa em sua mente e em seus
sentimentos.
Você pode modificar os padrões emocionais que tem adotado até este momento com
relação à sua própria vida e aos fatos com que convive diariamente.
Analise seu modo de pensar e as ações que são geradas por essa atitude diante dos
acontecimentos que lhe ocorrem nas circunstancias do dia-a-dia.
Se você se habituar a fazer esse exame com regularidade todos os dias, todas as
horas, todos os momentos, estará desenvolvendo uma originalidade de percepção que o
tornará consciente o tempo todo.
42
Sua vida se tornará mais simples e ao mesmo tempo mais útil e construtiva; você
não estará mais interessado apenas em buscar satisfação para si mesmo.
Estar consciente a cada minuto, enfrentar cada situação conscientemente é uma
das melhores maneiras de aceitar a responsabilidade de cumprir seu dever de
autoconhecimento.
43
DHARMA
Em termos genéricos os ensinamentos de Buda são denominados "Dharma",
palavra sânscrita derivada da raiz Dhr (suportar, sustentar, transportar), que pode ser
traduzida de inúmeras maneiras, tais como: sustentação através da lei; apoio (ou suporte)
através da virtude; apoio do conhecimento; caminho da sabedoria; caminho da verdade;
aquilo que dá apoio, sustentação e suporte.
De onde podemos deduzir que o Dharma é uma espécie de conhecimento
transcendental que nos possibilita ter "sustentação", "apoio" e "suporte" diante das
vicissitudes da vida.
É interessante notar que na civilização indiana anterior ao Budismo, era
denominado Dharma o conjunto de leis e rituais peculiares a cada uma das castas (Varna)
adotadas por esse povo.
De acordo com uma crença popular em voga naquele país, as pessoas nascem em
determinadas castas segundo seus méritos ou deméritos em ações praticadas em vidas
anteriores.
Outra característica marcante daquele povo é a divisão da existência em quatro
áreas de conduta, a saber: Artha (a busca das posses materiais); Kama (a busca do amor e
do prazer), Dharma (a realização dos deveres religiosos e morais); e Moksha (libertação -
auto realização espiritual).
Como vemos, o conceito Dharma faz parte da civilização indiana em diversos
contextos e desde tempos muito remotos anteriores ao surgimento do Budismo. Apesar de
suas origens anteriores, a conceituação Budista sobre o Dharma é muito evoluída e possui
conotações bastante particulares.
Partindo da premissa que este universo como o concebemos seja uma manifestação
de uma Inteligência Superior que se dá a conhecer através de leis cósmicas (Macro e
Microcósmicas) que regem a gravidade interplanetária, o surgimento da vida em suas
miríades de formas e todas as infinitas nuances deste mundo manifesto; há que haver uma
regra fundamental que seja fator determinante da convivência harmoniosa entre todas as
coisas.
A essa regra (lei) o Budismo denomina Dharma.
Mas, sabendo-se que cada coisa, cada ser, cada manifestação do Universo possui
um Dharma particular, é preciso que tenhamos Prajna (Sabedoria) para que possamos
avaliar corretamente nosso próprio Dharma.
Evidentemente, se existe uma regra a reger o universo, devemos procurar agir em
harmonia com ela para que nos tornemos capazes de aproveitar ao máximo os potenciais
que a vida possa nos oferecer.
Um conceito indiano muito antigo nos diz que a soma de todas as coisas manifestas
e imanifestas (o todo) chama-se Paramatman (que costumo traduzir por Absoluto) e que
uma partícula desse todo existe no interior de todos os seres viventes com o nome de
Atman (que costumo traduzir por eu ou eu interior).
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A concepção indiana considera o Paramatman como a soma de todos os Atman.
Partindo do princípio que o ABSOLUTO deverá necessariamente, conter todos os
relativos, podemos compreender facilmente que o conceito de Paramatman está muito
próximo do conceito ocidental de um Deus Todo-Poderoso, criador de todas as coisas.
O conceito indiano sobre o Paramatman se diferencia do conceito de Deus
comumente aceito pelos ocidentais em um ponto básico:
O ocidental conceitua Deus como possuindo existência separada de sua criação,
portanto, para o ocidental a existência do homem está separada da existência de Deus.
Todas as religiões ocidentais são separatistas, note-se o conceito do "pecado
original" tão propagado no mundo católico.
Para o Indiano o Paramatman (chamemo-lo Deus se preferirmos outro rótulo
qualquer) possui duas naturezas intrínsecas e inseparáveis:
Natureza manifesta (representada pelo universo que podemos perceber através de
nossos sentidos) e; Natureza imanifesta (representada pela energia potencial e qualidades
subjetivas que costumeiramente atribuímos a Divindade).
Ora, nesses termos, tudo que existe é Paramatman, embora a soma de tudo que
está manifesto seja apenas uma fração do Paramatman - diante do incomensurável
resultante do acréscimo de sua parte imanifesta ao universo como o concebemos.
Sabemos que o Todo é a soma das partes, logo, podemos concluir que cada parte
do Todo também é o Todo embora seja apenas uma fração dele.
Se retiramos uma pequena partícula de um Todo, obviamente esse Todo deixará de
se um Todo e passará a ser apenas uma parte (imensamente grande sem dúvida, mas ainda
assim será apenas uma parte).
Logo, a pretensão dos ocidentais de possuir uma existência separada do Todo
(Paramatman - Deus – Absoluto) parece tola aos indianos, tão tola quanto pretender
separar o Criador de sua criação, não passando de uma blasfêmia presunçosa típica de
ignorantes.
Isso fica bem claro quando tentamos comparar o conceito ocidental de Religião
com o conceito oriental de Yoga.
A palavra Religião tem sua origem nos idiomas grego e latino (Religios e Religare),
significando unir novamente, religar, voltar a ligar - partindo do princípio que
originalmente Deus e o Homem estavam unidos e depois se separaram (pecado original?)
necessitando de uma série de exercícios espirituais (religião) para que voltem a se unir.
A palavra Yoga em sânscrito significa União, dando a entender que jamais nos
separamos do Absoluto (Deus), apenas enfraquecemos a consciência dessa união.
Ora, se o homem possui em si mesmo uma Essência Divina (Atman) que o une com
a realidade sustentadora do Universo (Paramatman) deve procurar se tornar consciente
de sua Natureza Divina de maneira a compreender seu papel diante do Universo e
realizar-se plenamente transcendendo as mazelas do mundo.
Qual é o papel do homem diante do Universo (de Deus, do Paramatman, do
Destino ou seja lá o rótulo que preferirmos)?
Esse papel evidentemente estará de acordo com os potenciais de cada ser humano
(portanto varia de pessoa para pessoa) e recebe o nome de Dharma.
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Se podemos conceber uma Divindade benevolente e compassiva, temos que
acreditar que Ela não queira o nosso mal, logo, não exigirá de nós mais do que possamos
lhe dar.
Nada nos é exigido que não esteja dentro de nossos potenciais ou que não seja
conseqüência de atos que praticamos no passado (visto que o Budismo clássico acredita
em vidas anteriores).
Compreender o Dharma é compreender nossos potenciais e o comportamento ético
resultante das ações que esses potenciais irão produzir no mundo em que vivemos.
Realizar o Dharma é cumprir nosso dever com relação a nossos potenciais e sua
correspondente responsabilidade ética.
Mesmo sendo essencialmente Divino, a vontade do homem, sua capacidade de
discernir entre este ou aquele comportamento, é fator importante a nortear sua vida.
Visto que sua capacidade de discernir será proporcional a seu nível evolutivo, seu
Dharma (seu dever) será proporcional a seu nível de consciência.
Quanto mais sabemos mais responsáveis nos tornamos diante de nossos atos.
O homem tem ao dispor de seu critério pessoal a capacidade de agir de forma justa
e de acordo com a harmonia do Universo (Vontade Divina?).
Em outras palavras: pode desenvolver seus potenciais não pela imposição de um
código de procedimento exterior, mas aprendendo a fazer o que é certo, por escolha
pessoal, porque compreende que isso colabora para o bem comum, para o bem de todos e
dele mesmo.
Ao tentar compreender as verdades transcendentais a respeito de si mesmo e de seu
papel neste mundo, fatalmente chegará à conclusão que a meta suprema de sua própria
evolução consiste em viver em perfeita harmonia com as leis que regem o Universo
(Vontade Divina se você preferir).
Antiga lei indiana denominada Karma ensina que colhemos aquilo que semeamos;
ou seja, tornamo-nos receptáculos das conseqüências dos atos que praticamos.
Velho provérbio brasileiro diz: Quem semeia ventos colhe tempestades.
Quando praticamos o mal temos experiências que nos fazem sofrer e que podemos
aprender a relacionar com o mal que fazemos.
Quando agimos corretamente passamos por experiências gratificantes que nos
levam a concluir que resultam do bem que fazemos.
Dessa forma aprendemos (às vezes a duras penas) que existe uma lei maior regendo
o Universo e que quando a afrontamos a vida nos puxa as orelhas.
Quanto mais compreendemos essa lei maior (Dharma) melhor nos preparamos
para viver em harmonia com ela, proporcionando a nós mesmos e a todos os que conosco
convivem os frutos de uma semeadura sadia e benfazeja.
Para praticarmos nosso Dharma (nosso dever) devemos praticar o bem em todas as
ocasiões, cumprindo nossas responsabilidades diante da vida de forma inexorável e
sistemática ainda que isso possa nos causar algumas dificuldades diante de uma sociedade
que não compartilha conosco este nível de consciência.
Existe uma lei (Dharma) regendo o Universo e apenas quando aprendemos a viver
em perfeita harmonia com essa lei podemos obter a perfeita ventura e felicidade.
Segundo o budismo clássico (que é reencarnacionista) pode ser necessário um
incontável número de vidas até que alguém seja capaz de viver de uma forma totalmente
46
justa confiando cegamente no Dharma, mas todos terão que assimilar esta lição cedo ou
tarde.
É impossível o pleno conhecimento de si mesmo e a Iluminação a menos que antes
de tudo aprendamos a realizar o nosso Dharma visto que a retidão é à base da vida
espiritual.
Como podemos descobrir o que é certo ou errado diante das inúmeras
circunstâncias impostas pelo mundo a todos aqueles que nele vivem?
O amadurecimento (da percepção e não da idade) ensina o homem que os maus
atos geram sofrimento e que os bons criam felicidade e regozijo permitindo que aprenda
cada vez com mais eficiência, pelo método de tentativa e erro a evitar o erro e as
tendências que o levam ao mal.
Da mesma forma que quando desejamos eliminar um mau hábito precisamos por
em prática simultaneamente duas espécies de ação (uma que elimine o mau hábito e outra
que gere um bom hábito para substituir aquele que queremos eliminar) temos que
aprender a eliminar de nossos atos aqueles que são ruins ao mesmo tempo em que
cultivamos os que são bons.
Não basta evitarmos o mal, é necessário que pratiquemos o bem.
A verdadeira vida religiosa não consiste em adotar certos dogmas teológicos e
praticar os rituais pertinentes a uma determinada crença, mas sim na adoção de atitudes
retas, desapegadas, impessoais e que estejam em harmonia com o Dharma (Vontade
Divina) a todo o momento.
Quando eliminamos nossas preferências pessoais e passamos a nos dedicar a uma
existência inteiramente voltada a realização de nossos potenciais (Dharma) e ao bem
comum, praticamos aquilo que é conhecido como Niskama Karma (ação desinteressada).
Isso significa transcender os desejos pessoais interessando-se apenas em cumprir o
Plano Divino fazendo o que for necessário de acordo com nossa individualidade e os
potenciais (capacidades) que possuímos.
O Dharma de cada um de nós consiste em fazer sempre o que é
certo, no momento certo, do modo certo e por razões certas, até onde
for de nosso entendimento.
Não somos responsáveis por aquilo que não sabemos; nossa responsabilidade cessa
onde se iniciam circunstâncias que desconheçamos, mas somos totalmente responsáveis
pelo que sabemos.
A situação que se descortina diante de nós, resulta do Dharma, do dever que temos
que cumprir perante esta existência.
Seja ela uma situação importante ou insignificante, notada pela sociedade ou
despercebida por ela; não vem ao caso, o que se nos impõe é a obrigatoriedade em
cumprirmos o nosso dever (Dharma).
É preciso que nos conscientizemos que somos incapazes de impedir o cumprimento
do Plano Divino, mas que se não colaborarmos com ele criaremos complicações para nós
mesmos e teremos obstáculos ao nosso progresso espiritual.
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Embora o peixe não seja capaz de alterar o curso do rio por mais que se esforce,
terá maiores dificuldades quando nadar contra a corrente e aumentará sua velocidade
quando somar aos seus esforços o poder da corrente a favor.
O indivíduo reto melhora a si mesmo e melhora a sociedade em que viver, pois atua
sobre ela à medida que age.
Apesar de nos esforçarmos nem sempre conseguiremos fazer o que é certo, mas se
nos mantivermos determinados a cumprir o Dharma, gradualmente aumentará nosso
Prajna (Sabedoria) e nossa percepção ampliada nos permitirá compreender o modo
correto de agir em cada circunstância.
A capacidade de discernir o que é certo só é desenvolvida fazendo o que nos pareça
certo em cada circunstância e observando o resultado.
Quando isso se tornar parte de nós mesmos cessará todo esforço e a vida fluirá de
modo fácil e consciente.
Mas lembre-se:
Apenas o desejo de agir de modo correto não é suficiente para produzir
transformações no caráter e propiciar melhoria espiritual.
Muitos de nós se interessam pela necessidade de adotar um modo de viver mais
correto e até começamos a fazer o que é certo desde que isso não afete nossos interesses e
hábitos pessoais.
Mas não causaremos uma profunda transformação e nós mesmos, apenas
acreditando no que é correto; é necessário que o coloquemos em prática sempre, não
apenas quando nos convier.
Temos que fazer o que é certo em todas as circunstâncias, mesmo que possamos
ter perdas ou sofrimentos.
Para conseguirmos faze-lo, temos que estar sempre alertas, temos que agir de
forma inflexível escolhendo o que é certo em todas as ocasiões.
Alguns sofrimentos estão à espera de todos que tomam esta decisão, pois tão logo
decidam cumprir seu Dharma, começam a surgir todo tipo de tentações e impedimentos.
Desde que me entendo por gente, jamais pude perceber que exista uma vontade
divina que atue de maneira despótica sobre a evolução das pessoas, antes, tenho
observado que seja o que for que exista como vontade superior (a que alguns chamam
Deus), permite que cada um tenha a liberdade de agir à sua maneira e aprender com seus
próprios erros.
O Dharma de cada pessoa resulta da soma dos diferentes tipos de motivações que
atuam sobre ela, por isso não existe um conjunto de regras rígidas (como os dez
mandamentos, por exemplo) que sirva igualmente a todas as pessoas como condutoras a
uma vida de retidão.
Através da meditação sobre estes conceitos o praticante do Budismo
Transformacionalista evolui em sua concepção do Dharma e aprende a cultivar as
atitudes necessárias a uma vida correta.
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A compreensão de nosso verdadeiro Dharma vem da percepção espiritual que nos
conduz à purificação de nossa mente e a conseqüente transcendência de nossos desejos.
O que nos deve orientar é a nossa individualidade e não nossa personalidade (a
soma das atitudes artificiais e dos desejos impostos por nosso ego).
Disse Gautama:
"Depois de minha morte, o Dharma será o vosso mestre,
observai o Dharma e sereis fieis a mim."
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TRANFORMAÇÃO PESSOAL - O DESAPEGO
Desapegar é se libertar da dependência psicológica e emocional que nos ata a
fatos e objetos presentes em nossa vida diária.
É bom que entendamos que desapegar não é sinônimo de desistir ou abandonar.
Não há mérito nenhum em desistirmos de alguma coisa em função das dificuldades
e decepções que temos ao lidar com elas.
O valor está em nos libertarmos de valores e hábitos que não tenham mais
significação construtiva para nossas existências.
Nem sempre é fácil nos desapegarmos de coisas que antes nos davam prazer e
satisfação, para substituí-las por outras que sejam mais construtivas e harmoniosas para
nosso desenvolvimento pessoal e para a realização dos objetivos a que nos propusemos
como nossa meta na vida.
Livrarmo-nos de ambições e apegos inúteis é um ato de liberdade que nos dá a
oportunidade de maiores realizações dentro das atividades que sejam mais construtivas
para nosso auto aperfeiçoamento.
Desistência não significa desapego.
A pessoa que desiste, o faz por não conseguir atender satisfatoriamente a uma
necessidade, ou por ter problemas e dificuldades em lidar com elas.
A pessoa que desistiu não se desapegou, no íntimo ainda mantém o desejo de
realizar certas coisas, mas não encontra dentro de si a determinação e a disciplina
necessárias para concretiza-las; limita-se a submeter-se a suas inclinações e aos
acontecimentos a seu redor que a arrastam a uma vida infeliz e sem objetivos.
Esse tipo de pessoa (mais comum do que se pensa) sofre por sua incapacidade de
realização, por sua incapacidade de fazer o que deve ser feito e por seu esmorecimento no
cumprimento do que é seu dever.
Se não criar em si mesma a autodisciplina e o censo de dever, acabara por perder o
respeito por si mesma e passara a se desprezar, descambando para o terreno do vício e da
preguiça, terminando por destruir a própria vida.
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VIVENDO O MOMENTO
Viver o momento em sua plenitude é um dos mais aperfeiçoados métodos de
alcançar a vida espiritual.
É necessário que aumentemos nossa capacidade de conscientização se desejamos
viver cada momento em sua plenitude.
Visto que não somos preparados desde a infância para observar as transformações
que ocorrem em nosso interior no decorrer da vida, somos incapazes de perceber as coisas
que nos geram sofrimentos.
Nessa tarefa de perceber, podemos examinar atentamente os acontecimentos de
cada momento, procurando perceber as mudanças sutis que ocorrem em nosso íntimo.
Além de nos dedicarmos a essa percepção das modificações que ocorrem a cada
momento, podemos também examinar as experiências passadas, principalmente aquelas
que nos despertaram sentimentos intensos.
Á medida que nos familiarizarmos com nossos momentos de depressão e angústia,
estaremos mais aptos a tomar a decisão de não sofrer mais.
Apenas a partir dessa decisão passaremos a ver claramente a insensatez desse
processo de autotortura que criamos para nós mesmos.
Descobrimos então, que a modificação de nossas reações, a modificação da vida
interior em si mesma, é um constante processo de aprendizado.
Através da observação constante e desapegada das coisas que parecem nos causar
sofrimento, podemos aprender a compreender a nós mesmos e a natureza profunda de
nosso eu.
As frustrações, as dificuldades, as angústias e os sofrimentos nos fazem
compreender que a única maneira de escapar a dor e ao sofrimento é passando através
dela, indo além, transcendendo-a.
Quando estamos vivendo experiências felizes, não nos interessamos em observar
nosso interior e cessamos nossa busca, mas quando passamos por experiências que nos
causam frustrações e sofrimentos sentimo-nos impelidos a buscar ainda mais fundo.
É por esse motivo que as pessoas que mais sofreram na vida são as que mais
amadureceram e que possuem maior capacidade de atuar construtivamente no meio em
que vivem.
Não é quando estamos ociosamente cultivando nossos prazeres que nos sentimos
incentivados a iniciar uma busca profunda, mergulhando fundo na natureza real do ser.
Quando estamos passando por momentos de provação sentimo-nos inclinados a
iniciar essa busca, a desenvolver essas percepções e a meditar.
O sofrimento em si mesmo não é suficiente para nos dar respostas a certas questões
fundamentais, mas é através dele que sentimos o impulso construtivo de iniciar a busca.
Estamos convidando você a um caminho de vivência espiritual autentica.
Não nos deve interessar a vivência espiritual no sentido de ostentações externas,
frequência a cultos, praticas ostensivas de falsa caridade e outras coisas do gênero.
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Tais ostentações não impedem que a pessoa continue a ter em seu íntimo desejos de
poder, de posição, de destaque; o que significa medíocre vivência espiritual.
A melhor maneira de nos protegermos de nossos desejos egoísticos é manter
constante vigilância no sentido de ter percepção da impermanência e a certeza da morte.
Pode ocorrer que ao ler estas coisas você sinta certa aversão a estes assuntos, mas,
se aguçar sua percepção, verificará que essa aversão não é genuinamente sua, que não
surge do mais íntimo de seu ser e sim que resulta dos condicionamentos sociais a que se
tem submetido durante toda a vida.
A morte e a impermanência das coisas são fatos que não podem ser negados e
recusarmo-nos a encara-los de frente é apenas um ato de covardia moral e psicológica que
não irá impedir que esses fatos ocorram.
Nas rádios do interior e nos jornais de todas as cidades, costumam ser anunciadas
as mortes dos cidadãos.
Os obituários dos jornais não chegam a impressionar muito porque neles só se
publica o anúncio da morte de pessoas de destaque; mas se você vive numa cidade do
interior, terá a oportunidade de ouvir diariamente noticias sobre a morte de pessoas
simples e humildes como qualquer um de nós.
Irá verificar se ouvir o rádio com certa frequência, que diariamente morrem muitas
pessoas mesmo em uma cidade pequena.
Essas notícias sobre a morte são uma constante lição sobre a vida e teríamos
muitas vantagens se não as ignorássemos.
Quando compreendemos a impermanência de cada um de nossos atos, de cada uma
de nossas realizações, desenvolvemos a capacidade de adaptação.
Tornamo-nos capazes de encarar as circunstancias da vida de uma forma mais
amadurecida, sem nos agarrarmos a elas e sem nos sentirmos arrastados por ela.
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JUSTIFICAÇÕES DE VIDA
À medida que vamos passando por diversas vivências durante a vida, adquirimos
algum conhecimento e alguma experiência.
Porém, devido às nossas angústias e desejos, raramente vemos os fatos da vida com
olhos honestos.
Diante das decisões que nosso modo de vida nos impõe, muitas vezes estamos
conscientes do que temos a fazer, mas decidimos fazer o oposto, se o oposto nos parece
mais fácil.
E depois de não termos cumprido com nossas obrigações ou de não termos feito o
que era preciso, pedimos desculpas ou o que é pior, nos justificamos!
Nossa mente (por não ser exatamente nossa) é nossa inimiga e nos apresenta
opiniões e julgamentos para justificar o fato de agirmos inadequadamente.
Praticamente não existem vícios ou falhas de personalidade que não possam ser
vastamente justificadas por uma mente doentia e egocêntrica.
Algumas vezes, quando nos dispomos a fazer um esforço real no sentido do nosso
auto aperfeiçoamento, acabamos por aumentar nossas inseguranças sugerindo a nós
mesmos que o que estamos fazendo não é direito.
Algumas pessoas chegam ao ponto de se criticarem tanto que acabam retornando
ao ponto de partida e negando a se enfrentarem.
Desse estado de coisas resultam duas posições antagônicas: a primeira é o fato de
ainda ignorarmos certas coisas, e a outra é o fato de conhecermos certas coisas, mas
termos certa incapacidade de admiti-las como fazendo parte da realidade que vivemos.
Mesmo quando estamos vendo com clareza uma determinada situação, temos a
tendência a interpreta-la em nosso próprio beneficio e acabamos por tentar enganar a nós
mesmos.
Quando iniciamos algum esforço sistemático no sentido de modificarmos algum
padrão de comportamento que sabemos estar em conflito com nossas necessidades
evolutivas, muitas vezes somos tentados a esquecer o que sabemos e a ficarmos
preguiçosos, voltando a mente a outros assuntos.
A principal causa para esse modo de agir incoerente é o medo - medo resultante da
falta de força interior.
Esse medo toma conta de nossa mente de modo sutil, interferindo em nossa
capacidade de avaliar as coisas com clareza.
O medo é uma das mais poderosas armas do ego para se proteger, porque quando
ocorrem sentimentos de medo ou fraqueza, desistimos de enfrentar nossas próprias
realidades ou a nós mesmos.
Dessa forma mascaramos nossos verdadeiros sentimentos e pensamentos, de
maneira a perder a autenticidade de nosso modo de pensar.
E quando perdemos a autenticidade de nosso modo de pensar, nosso modo de
sentir, de olhar, de falar e de agir não é autentico.
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Essa hipocrisia mórbida acaba por nos envolver de tal forma que passamos a
esconder completamente o que sentimos por nós mesmos e pelos outros, evitando a
conscientização do fato de que estamos tão longe da verdadeira compreensão.
Se alguém tivesse a ousadia de sugerir que nossos egos estão assumindo o controle
e que estamos desperdiçando nossas vidas, certamente encontraríamos inúmeras
justificações e desculpas para a defesa de nossas atitudes.
Mas, se num gesto de amadurecimento, através da pratica do Yoga, da meditação
ou de quaisquer outros métodos efetivos para o despertar da consciência nos atrevermos a
nos observar com atenção e sinceridade, seremos levados ao ponto em que teremos que
admitir que estamos nos escondendo de nós mesmos.
A percepção desse estado de coisas, embora salutar, nem sempre nos leva a ações
modificadoras.
Tal fato ocorre porque nos sentimos esmagados pelas possíveis transformações que
antevemos que cairão sobre nossas vidas se realmente tivermos a coragem de lançar fora
nossas máscaras e assumir nossa posição real diante de nossas vidas.
Tememos tanto a mudança que achamos mais fácil enfileirar justificativas e negar
constantemente a necessidade de mudança, do que mudar.
Mesmo que tenhamos consciência do que precisamos fazer para tornar nossas vidas
significativas e dignas de serem vividas e mesmo que saibamos como faze-lo - somos fracos
demais para começar.
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OS JOGOS SOCIAIS
Recentemente foi descoberto um novo campo dentro da Psicologia, denominado
Análise Transacional.
Esse "novo" campo do conhecimento humano veio apenas comprovar certos fatos
que já eram conhecidos por todas aqueles que se dedicam à busca espiritual.
A percepção espiritual primeiro e Análise Transacional bem mais tarde, chegaram
à conclusão que disputamos constantemente jogos sociais.
Duas são as razões para disputarmos esses jogos: primeiramente, porque nosso
desempenho neles agrada o nosso ego e nos dá aceitação social; em segundo lugar,
porque isso nos traz a possibilidade de atingirmos a realização de nossos desejos de poder.
A habilidade (inteligência emocional) que possuímos em seguir os padrões sociais
(regras sociais - como regras de um jogo) nos proporciona a capacidade de jogarmos bem
e conseguir uma vida bem sucedida (pelos padrões da sociedade em que estivermos
vivendo).
O fato de possuirmos habilidade para os jogos sociais não tem nada a ver com
nossa capacidade de atingirmos uma percepção profunda de nossa vida interior.
Quando nos encontramos de manhã com um de nossos vizinhos e trocamos com ele
um diálogo nem sempre estamos realmente interessados nele, nem ele esta especialmente
interessado em nós.
Estamos apenas trocando um sorriso amarelo por outro sorriso amarelo.
Muitas vezes nos envolvemos tanto nesses jogos que já não podemos distingui-los
de nos mesmos e acabamos por perder contato com nossa natureza interior.
Esses jogos nos levam a um comportamento doentio - daí a sociedade estar doente -
e embora nos sintamos extremamente cansados com o jogo, continuamos a jogar.
Podemos até tomar consciência do fato de que estamos apenas disputando jogos,
mas nossa maneira de viver cria situações de tensão que parecem impedir-nos de agir de
acordo com nossos sentimentos interiores mais autênticos.
Os jogos sociais têm diversos níveis de atuação.
Nos ambientes profissionais eles adquirem uma dimensão tal que a capacidade de
manipular os outros, de usar a argúcia e a manha, de ser corrupto e de fazer com que as
aparências sejam normais enquanto ocorrem sujeiras subterrâneas, seja aceitável,
respeitável e até digno de elogios e admiração.
Há jogos de todos os tipos e para todos os gostos e a atitude geral é mais ou menos
a seguinte: "- Como farei para vencer, não importando os meios que uso?".
Ninguém esta muito preocupado com o fato de que alguém ou alguma coisa podem
estar sendo destruídos no processo - a única coisa que importa é vencer.
Entretanto, no desenrolar desse processo nos tornamos tensos e a insegurança
gerada por nossos próprios atos recai sobre nós.
E no meio de tudo isso não sabemos o que fazermos para nos libertarmos.
Para todo lado que olharmos vemos a dor, a solidão, o medo e a confusão - e
ficamos ansiosos para escapar de tudo isso.
Numa tentativa desesperada de fuga (alguns se suicidam no processo), fazemos
excursões nos fins de semana e planejamos atividades e divertimentos para nossas mentes.
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Apesar dessas atividades em que apenas trocamos uma alienação por outra, nosso
sofrimento mental e nosso desassossego interior continuam.
Mesmo que realmente decidamos que precisamos mudar e resolvamos percorrer um
caminho de desenvolvimento interior, titubeamos, sentindo que precisamos primeiro
terminar nosso trabalho, depois abandonar nosso emprego e só depois iniciar a nossa
busca interior.
E, no fim, simplesmente nunca chegamos a fazer nada disso realmente.
Certamente temos sonhos bonitos e decentes, mas na realidade, quase nada
realizamos em nossa vida espiritual e material.
No mundo todo as pessoas passam suas vidas sonhando com uma vida diferente e
espiritualmente desenvolvida, sem fazer nada para tomar uma iniciativa séria nesse
sentido.
Uma das razões para o adiamento desse tipo de decisão é que nossa sociedade foi
estruturalmente organizada de tal forma que a menos que nos conformemos com o atual
estado de coisas, não conseguiremos sobreviver.
Assim sendo, nos sentimos constrangidos e incapazes de tomar as decisões
necessárias para mudar nossas vidas. Ainda que comecemos a percorrer um caminho
espiritual, isso não quer dizer que continuaremos.
Não porque estejamos a nos impor uma disciplina rígida demais ou acima de
nossas forças e sim porque nos falta coragem e confiança.
Ignoramos nossos potenciais para sobrevivermos sobre nossos próprios valores -
sempre fomos incentivados pela sociedade a levarmos uma vida dependente.
Não significa que a espiritualidade em si mesma não possua motivações suficientes
para nos incentivar a continuarmos a nossa busca, o problema é que para mantermos uma
atitude voltada para a espiritualidade entramos em conflito com nosso modo de pensar
costumeiro.
As razões de nossas dificuldades é que queremos percorrer ao mesmo tempo dois
caminhos diferentes - aquele que nos trás o sucesso no mundo e aquele que nos
proporciona uma vida espiritual mais significativa.
O mais provável é que sigamos um caminho espiritual por algum tempo e
desistamos assim que esbarramos nos primeiros problemas.
Talvez tenhamos idealizado fantasias e expectativas irreais, talvez percebamos que
o simples fato de decidirmos iniciar um caminho espiritual não nos impeça de encontrar
muitos dos problemas e hábitos que supúnhamos tivessem sido deixados para trás.
Sempre haverá uma diferença significativa entre nossas expectativas e nossa
experiência real e, às vezes, por não nos apercebermos disso, chegamos à conclusão que o
tempo que dedicamos a nossa busca espiritual foi perdido.
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IDEOLOGIA
Tudo na vida é uma questão de ideologia, até mesmo a busca ou não da
espiritualidade.
Quando você era uma criança, teve a necessidade de adquirir um sistema de
valores que lhe permitisse sobreviver ao mundo a seu redor.
Esse sistema de valores (que mais tarde acabaria por compor sua ideologia) lhe foi
imposto de fora, a partir dos critérios de julgamento de seus pais, professores e outras
pessoas que, de alguma forma exerceram alguma influencia sobre você.
Pare um minuto e considere que todas as influencias que lhe venham de fora na
intenção de fazer a sua cabeça, são alienantes.
A palavra alienação deriva do termo "alien" que significa aquilo que vem de fora.
Quando conceitos, atitudes e procedimentos nos são impostos a partir de outras
pessoas, temos sempre a opção de aceita-los ou não.
Caso os aceitemos sem vivencia-los, sem que os tenhamos encontrado através de
nossa experiência pessoal, estamos nos alienando.
A palavra ideologia contém em si dois termos, a saber: idéia e lógica.
Idéia é uma percepção personalizada; com isso quero dizer que ela surge de sua
concepção, de sua ideação da realidade.
Para facilitar o raciocínio, aceite por hipótese, que o termo ideologia seja um
sinônimo dos valores que você determinou para si mesmo como sua filosofia de vida.
Ora, suas idéias são exclusivamente suas, mesmo vivendo num mundo em que a
televisão e outros meios de comunicação tentam fazer a sua cabeça, a última palavra é
sempre sua e você decide até que ponto aceita essas influencias.
Desde que, a partir de uma informação vinda do exterior, você vivencie um fato e
passe a construir um determinado critério pessoal a respeito desse fato, você está
adotando uma ideologia.
No entanto, se ao invés de construir um critério próprio você aceitar junto com as
informações que lhe vêem do exterior uma avaliação que não seja a sua, então você estará
se alienando.
Com isso, poderá concluir que você só terá uma ideologia se ela partir de si
mesmo, de sua própria avaliação da realidade, de sua própria maneira de ver o mundo, de
sua víscera, de dentro de si mesmo.
E tudo o mais que tentem lhe impor ou que, pior ainda, você aceite sem vivenciar,
será exclusivamente alienação.
Quando descobrir em si mesmo um antagonismo interior entre seus desejos com
relação ao sucesso no mundo e sua busca de espiritualidade, verifique quais os pontos em
seu sistema de valores (sua ideologia) que estão em conflito com seus desejos.
Localizado o ponto, reconstitua os meios de que se valeu para adota-lo, verifique
atentamente se os valores que lhe serviram de base eram autenticamente seus ou se eram
de alguma forma impostos (ou aceitos sem o crivo de sua vivência pessoal) de fora.
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Fazendo essa auto verificação você não só descobrirá as razões que estão por trás
dos empecilhos à sua busca espiritual, como também caminhará com passos certos em
direção a seu autoconhecimento.
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UM POUCO DA HISTÓRIA DO BUDISMO:
No nordeste da Índia, na região de Maghadi, existiu um Clã chamado Sakya, onde,
por volta de quinhentos Antes de Cristo, nasceu um príncipe chamado Gautama (Gotama),
que mais tarde viria a ser conhecido pelas alcunhas de Siddhartha ou Buda.
Da mesma forma que "Cristo" é uma alcunha de Jesus, que significa "ungido" assim
também, "Buda" é uma alcunha de Gautama que significa "iluminado" e "Siddhartha" é
outra alcunha que significa "aquele que tem poderes".
Gautama, depois de passar por inúmeras peripécias lendárias, decidiu abandonar
sua condição de príncipe e tornar-se um asceta.
Abandonando suas três esposas e seu filho recém-nascido (Rahula), procurou se
instruir junto aos mais eminentes mestres de seu tempo.
Mas, após alguns anos de estudo dos métodos desses mestres, que incluíam Yoga,
Meditação, e outras práticas ascéticas e filosóficas, chegou à conclusão de que esses
conhecimentos todos não eram suficientes e não o haviam levado mais próximo à Verdade.
Possuindo forte determinação, Gautama sentou-se sob uma árvore Banyan (que
existe ainda hoje na Índia, apesar de haverem passado 2500 anos desde aquela ocasião) e
recusou-se a se alimentar e a se erguer, até que tivesse alcançado a iluminação.
Segundo a tradição, Gautama superou inúmeros obstáculos tanto físicos quanto
mentais, durante essa árdua meditação, mas, finalmente emergiu através dela, tendo
alcançado a iluminação e passando a ser conhecido desde então como Buda.
A iluminação de Buda deu origem ao conceito de Nirvana, que seria um estado de
transcendência, em que se desperta para a derradeira realidade, que transcende a vida e a
morte.
Após sua iluminação Buda dedicou-se a transmitir seus ensinamentos por toda a
Índia, durante aproximadamente quarenta e cinco anos, até sua morte, que se deu quando
contava aproximadamente oitenta anos.
Seus primeiros discípulos foram justamente seus mestres e colegas de meditação,
seguindo-se seus parentes mais próximos.
Os ensinamentos de Buda (denominados Doutrina por seus seguidores religiosos)
receberam o nome de Dharma.
Você já leu a respeito do Dharma neste livro, em capítulo anterior.
Os ensinamentos de Buda se dividiam em quatro partes, denominadas As Quatro
Nobres Verdades, que tratam da origem do sofrimento.
A última dessas partes é a Senda Reta dos Oito Caminhos que, somadas ao
conceito do Desapego, formam o arcabouço do código moral do Budismo.
Para a época histórica em que surgiu, houve um forte obstáculo à difusão do
Budismo devido a sua recusa em aceitar o sistema de castas hindu, que era uma afronta
aos valores políticos e sociais vigentes.
Alguns historiadores chegam a acreditar que se não fosse por essa atitude
socialmente moral, porém politicamente incorreta, o Budismo teria alcançado uma
divulgação tão grande que teria superado o Cristianismo, mesmo entre as culturas
ocidentais.
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Pessoalmente, discordo desses historiadores, pois não consigo conceber nem o
Cristianismo nem o Budismo como religiões, visto que Jesus não tinha nenhuma religião,
não freqüentava nenhum templo, (a não ser para brigar com os que lá estavam) e não
instituiu nenhuma religião.
No contexto histórico do tempo de Cristo, criar uma Igreja (egrégora) era o mesmo
que criar uma Associação (esse o verdadeiro sentido da palavra Igreja) o que não
implicava na criação de uma religião.
Mas, a meu ver, tanto Jesus como Buda, foram vítimas das influências políticas e
sociais que fizeram de seus ensinamentos novas religiões, sem que eles tenham sido
consultados a esse respeito.
Ainda me causa espanto conceber que Jesus, que passou toda a sua vida adulta
lutando contra o sistema religioso que existia em sua pátria, tenha seus ensinamentos
transformados em religião.
Os ensinamentos de Jesus afirmavam que o homem não estava separado de Deus;
constantemente afirmava: "- Eu e o Pai somos um."; mas seus seguidores não o
respeitaram e transformaram seus ensinamentos em Religião (do grego "religios" e do
latim "religare") que pressupõe que o homem existe separado de Deus e que é preciso
seguir-se uma doutrina para voltar a unir-se a Ele.
Quanto a Buda, ele não era um monge, e sim um asceta.
Pressupõe-se que um monge pertença a uma congregação religiosa, o que implica
em seguir doutrinas e dogmas, mas Buda era um praticante de meditação e exercícios
morais (ascetismo), o que não implica em pertencer a uma comunidade religiosa ou ater-se
a dogmas e doutrinas.
Infelizmente nem Jesus nem Buda deixaram escritos.
Todas as referencias que possuímos a respeito de seus ensinamentos foram
transmitidas através de tradições orais e muito depois transcritas e copiadas.
Os historiadores relatam que trechos inteiros da Bíblia foram reescritos dezenas de
vezes, segundo a conveniência política e social de um determinado momento histórico.
Isso nos faz pressupor que o mesmo tenha acontecido com as escrituras budistas
(muito embora os orientais fossem – agora já são - menos dados a essas manipulações
espúrias).
O que resta então àquele que está verdadeiramente interessado em encontrar a
verdade?
Parece-me, à luz de meus parcos conhecimentos, que é de bom alvitre esquecer-se
todas as interpretações publicadas a respeito do que Jesus e Buda disseram (sejam os
evangelhos, sejam os tripitakas) e atermo-nos aos princípios básicos que nos ensinaram,
procurando escutar a voz de nossos corações.
Quanto a Jesus, existe um ensinamento profundo e maravilhoso, muito maior do
que qualquer coisa que tenham escrito sobre ele ou sobre as coisas que ele disse.
Trata-se de "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.".
Aquele que se diz seguidor de Cristo, não precisa de mais nada, além disso, ao
invés de perder tempo lendo a Bíblia ou freqüentando cultos, deveria meditar diariamente
sobre essa frase e colocá-la em prática a cada momento (coisa que poucos pastores ou
padres fazem).
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Quanto a Buda, seus seguidores deveriam meditar e praticar mais as Quatro
Nobres Verdades e a Senda Reta dos Oito Caminhos.
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ESTUDANDO UM BUDISMO ÚTIL
Vamos meditar um pouquinho a respeito das Quatro Nobres Verdades, para que
possamos mais tarde nos tornarmos capazes de praticar com convicção a Senda Reta dos
Oito Caminhos.
Um Budismo útil implica em meditar e praticar os ensinamentos de Buda e não em
se dedicar a cultos de ordem religiosa e devocional.
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AS QUATRO NOBRES VERDADES
As Quatro Nobres Verdades são bem simples e fáceis de serem entendidas.
Não subestime a simplicidade delas, pois são muito profundas e quando aplicadas
incondicionalmente à sua vida, podem transforma-lo numa pessoa mais digna, mais feliz e
mais útil para a sociedade humana.
Primeira: Fora daquilo que lhe pertence, Tudo é dor.
Segunda: A causa da dor é o apego.
Terceira: Cessando o apego, cessa a dor.
Quarta: O método para se conquistar o domínio do apego é a Senda Reta dos Oito
Caminhos, também conhecida por Ashtanga Yana (O Caminho das Oito Partes).
Vamos agora refletir a respeito de cada uma das QUATRO NOBRES VERDADES:
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PRIMEIRA NOBRE VERDADE: TUDO É DOR
Quando comecei a estudar o Budismo, a Primeira Nobre Verdade me pareceu
exagerada, eu ainda não estava preparado para entendê-la e não me parecia que Tudo é
Dor.
Como eu ainda me percebia como uma individualidade separada das outras
pessoas e como em alguns momentos me sentia feliz e vivenciava experiências que me
eram agradáveis, não conseguia entender como Tudo é Dor.
Foi apenas após muitas meditações e com o amadurecimento que a vida trás que
comecei a perceber quão verdadeira é a Primeira Nobre Verdade.
Evidentemente que, fiel aos meus princípios de não me deixar levar pelos textos e
sim, ouvir a voz do meu coração, sei apenas pequena parte dessa verdade e vou
descobrindo cada vez mais à medida que vou vivenciando a realidade da vida.
Isso significa que você também, pode ir descobrindo cada vez mais a profundidade
de cada uma das Quatro Nobres Verdades, à sua maneira, no seu próprio ritmo, através
das experiências que for vivendo.
Recorrendo ao método de Jesus e de Buda, que usavam de parábolas e metáforas
para transmitirem os ensinamentos mais profundos, vou transcrever a seguir alguns
exemplos de como percebo a Primeira Nobre Verdade: Tudo é Dor.
Primeiro Exemplo:
Maria é uma bela moça morena, de cabelos longos, lindos olhos e sorriso gentil.
Na pequena cidade em que mora muitos rapazes suspiram pelo amor e pela atenção
de Maria.
Dentre eles, há cinco que estão perdidamente apaixonados por ela.
São eles: o José, o João, o Roberto, o Antonio e o Dagoberto.
Maria faz a sua escolha e se casa com Dagoberto.
Dagoberto sente-se o mais feliz dos homens e por isso não consegue acreditar que
Tudo é Dor.
Mas no mesmo momento em que Dagoberto se sente feliz, o José, o João, o Roberto
e o Antonio estão sofrendo muito, estão tristes e de coração partido, para eles Tudo é Dor.
Segundo Exemplo:
Milton gosta muito de fumar e acabou de comprar um maço de cigarros; colocando-
o no bolso da camisa.
Vai andando pela rua satisfeito, sente-se feliz, se lhe disséssemos que Tudo é Dor
ele não acreditaria em nós.
Só que à medida que vai caminhando, o maço de cigarros cai de seu bolso, sem que
ele o perceba.
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Pouco depois passa por esse mesmo caminho o Edson, que não fuma, vê o maço de
cigarros e o chuta para o lado continuando sua caminhada.
Pouco depois do Edson, passa por ali o Manoel e encontrando o maço diz: "- Oba!
Novinho em folha! Sou um homem de sorte!".
Manoel, que gosta de fumar, apanha o maço do chão e sente-se feliz, se você disser
a ele que Tudo é Dor, ele rirá na sua cara.
Nesse mesmo momento Milton resolve fumar um cigarro, põe a mão no bolso e
descobre triste e com raiva que perdeu aquilo que lhe causa apego, para ele nesse momento
Tudo é Dor.
Terceiro Exemplo:
Laura entra numa lanchonete e pede um suco de laranja; ela gosta muito de suco de
laranja e toma uns três copos por dia - este suco que acabou de pedir já é o terceiro de hoje.
Laura está satisfeita e vai tomar o suco que gosta, se você lhe disser que Tudo é
Dor, ela vai zombar de você.
Enquanto espera o suco ser preparado, começa a ler um artigo sobre a Macrobiótica
que foi publicado numa revista.
Esse artigo menciona que se a produção de laranja mundial fosse dividida pelo
número de pessoas, caberia a cada pessoa apenas três laranjas por ano.
Ela acha curiosa essa informação, presta atenção no rapaz que prepara o suco e nota
que só para preparar o copo de suco que vai tomar, foram usadas três laranjas; toma o suco,
sai da lanchonete feliz da vida e vai cuidar de seus afazeres; nem se lembra mais do que
leu.
Mas em algum lugar do mundo três pessoas não poderão experimentar uma laranja
sequer durante todo este ano.
Perceba como Tudo é Dor.
Quarto Exemplo:
Zacarias é um bom homem, trabalhador, honesto, bom pai, bom cidadão.
Só que Zacarias tem um vício, ele gosta de prostitutas.
Mesmo sendo casado, Zacarias separa uma parte do salário e uma vez por semana
vai ao prostíbulo onde transa com a Tábata, sua prostituta favorita.
Zacarias não liga pra isso, já se tornou um hábito e ele prefere não pensar muito a
esse respeito.
Toda vez que vai ao prostíbulo se sente muito feliz e se você lhe disser que Tudo é
Dor ele lhe dirá que você só pensa assim porque não sabe se divertir.
Tábata não gosta de Zacarias, tem verdadeiro nojo dele, mas quando ele chega ela
sorri e finge gostar dele porque precisa do dinheiro dele para cuidar de sua mãe que é cega
e não pode mais trabalhar e de sua filhinha que está no hospital.
Ela detesta trabalhar como prostituta, mas não sabe fazer outra coisa e o emprego
de doméstica ou balconista, que são os únicos que consegue, não pagam o suficiente para
que consiga sustentar a mãe e a filhinha.
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Para ela é muito sofrido o trabalho no prostíbulo e durante as horas em que ela o faz
Tudo é Dor.
Quinto Exemplo:
Dona Nair é a mãe do Fernando e o ama muito e sofre todos os dias quando ele sai
da favela e vai para as ruas, ela sabe que o filho é um marginal viciado em crack, que não
gosta de trabalhar e que consegue dinheiro assaltando as pessoas.
Dona Nair teme pela vida dele.
Já lhe deu muitos conselhos, mas de nada adiantou, agora ela reza todos os dias por
ele e pede a Deus que o proteja e que o leve ao bom caminho.
Dona Nair não tem muito tempo para cuidar de Fernando, pois foi abandonada pelo
marido e lava roupa para fora e faz faxina o dia inteiro, para poder cuidar de seus outros
oito filhos pequenos.
Para ela Tudo é Dor.
Fernando gosta da vida que leva e se sente o rei da malandragem quando assalta
alguém e “descola uma grana” para comprar tóxico.
Vai levando a vida num “lero” e se você disser a ele que Tudo é Dor ele vai lhe
dizer que a vida só é dor para quem é otário.
Ele não percebe que o grande otário é ele mesmo.
Espero que com estes exemplos você tenha conseguido perceber, como eu percebi
que realmente Tudo é Dor e que aquilo que causa prazer e felicidade a uma pessoa, pode
estar causando necessidade e infelicidade a outras pessoas.
Note que quando Buda afirma que Tudo é Dor, ele sabe que muitas pessoas
experimentam momentos de prazer em suas vidas.
Na realidade, Tudo é Dor não porque seja impossível o prazer e a felicidade e sim
porque as pessoas colocam suas possibilidades de prazer e felicidade nas coisas e nas
pessoas ao invés de colocar em si mesmas.
Se, para que você tenha prazer e felicidade, depende das coisas e das pessoas,
alguma coisa pode acontecer que o impeça de ter as coisas e as pessoas que você deseja e
isso pode fazer com que se sinta infeliz.
Você entenderá isso melhor quando meditarmos a respeito da Segunda Nobre
Verdade logo a seguir.
Note que o José, o João, o Roberto e o Antonio, prefeririam terem se casado com a
Maria, no lugar do Dagoberto.
Note que o Milton preferiria não ter perdido o maço de cigarros.
Note que as três pessoas ao redor do mundo teriam preferido que a Laura não
gostasse tanto de suco de laranja (ou que a produção mundial aumentasse).
Note que o Zacarias preferiria que a Tábata gostasse realmente dele e a Tábata
preferiria não ter que ser uma prostituta.
Note que a Dona Nair preferiria que o Fernando fosse um rapaz decente e
trabalhador e que o Fernando preferiria que sua mãe não “pegasse tanto no seu pé”.
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Todas essas pessoas colocaram a expectativa de felicidade em coisas,
circunstâncias e pessoas que não lhes pertencem!
Lembre-se sempre que só lhe pertence o seu pensamento, as suas ações e as coisas
que dependem de seus pensamentos e suas ações.
Para uma pessoa que não compreende verdadeiramente isso; que não consegue
criar atitudes mentais que lhe permitam administrar confortavelmente esse estado de
coisas, Tudo é Dor.
Procure meditar no que acabou de ler e antes de prosseguir, procure observar
como o que lhe causa prazer, pode estar causando dor a alguém.
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A SEGUNDA NOBRE VERDADE:
A CAUSA DA DOR É O APEGO
Se você pensa que a dor é a conseqüência do "não ter", você está enganado; a
causa da dor é o "querer ter e não ter", sendo, portanto o "querer ter" a condição
necessária para que o "não ter" se transforme em dor.
Não é a miséria que nos torna "miseráveis" e sim o descontentamento que temos
diante dela.
Quando me lembro da história do Milton perdendo o maço de cigarros (que você
acabou de ler), sempre acho interessante que ao perdê-lo ele não sentiu dor alguma, ele
sentiu dor apenas quando soube que o tinha perdido.
Perder o maço foi "não ter", mas ele não sentiu nenhuma dor.
Perceber que tinha perdido o maço foi "querer ter e não ter", foi aí que ele sentiu a
dor.
Na realidade, tudo é dor não porque seja impossível o prazer e a felicidade e sim
porque as pessoas colocam suas possibilidades de prazer e felicidade nas coisas e nas
pessoas ao invés de coloca-las em si mesmas.
Se, para que eu tenha prazer e felicidade, dependo das coisas e das pessoas,
alguma coisa pode acontecer que me impeça de ter as coisas e as pessoas que eu desejo e
isso pode fazer com que me sinta infeliz.
Isso aconteceu comigo dezenas de vezes.
Dezenas de vezes amei e não fui correspondido; dezenas de vezes quis ter certas
coisas e nunca as consegui, ou; (o que é pior) as consegui para perdê-las logo depois.
Hoje sofro menos, não porque esse estado de coisas tenha deixado de acontecer,
mas porque hoje sei que só me pertencem o meu pensamento, minhas ações e as coisas
que dependem de meus pensamentos e de minhas ações.
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A TERCEIRA NOBRE VERDADE:
CESSANDO O APEGO CESSA A DOR.
A caminhada necessária para que se instalasse em mim essa verdade foi árdua e
precisou ser conquistada aos pouquinhos, a custa de muitos sofrimentos e de uma
necessária evolução espiritual.
Mas hoje posso mostrar-lhe o caminho - embora não possa ajuda-lo (a) a caminhar
por ele.
O caminho para cessar o apego consiste em duas práticas simples, ao alcance de
qualquer pessoa.
A primeira prática consiste em se desapegar das pequenas coisas antes de tentar se
desapegar das coisas grandes.
Para que essa prática funcione, você pode, por exemplo, a cada vez que compra (ou
ganha) alguma coisa, por menor que seja, dizer a si mesmo (mentalmente): "- Isto é parte
das coisas que não me pertencem, portanto, se quebrar se for roubado, se desaparecer, se
gastar com o tempo, posso escolher aceitar esses fatos, sem sentir dor.".
Quando conhecer alguém, ou quando for apresentado a alguém, você pode dizer a
si mesmo (mentalmente): "- Esta pessoa é parte das coisas que não me pertencem,
portanto, se me abandonar, se me trair, se me ignorar, se me esquecer, se me tratar de
forma diferente daquela com que gostaria de ser tratado, posso escolher aceitar esses
fatos, sem sentir dor.".
Ao fazer isso, você começa a se conscientizar do apego, antes que ele se instale
profundamente dentro de você.
Não podemos nos libertar daquilo que não conhecemos.
Ao identificarmos as possibilidades de apego, estamos nos conscientizando de sua
existência e fica muito mais fácil nos libertarmos dele.
A Segunda prática consiste em viver o aqui e agora, conscientizando-se de que está
no mundo da fantasia, quando para lá for.
Note que você não está proibido de ir para o mundo da fantasia de vez em quando,
mas esteja consciente de que está lá, quando para lá for.
Você só vive o aqui e agora, quando está em consciência externa ou consciência
interna; quando entra em fantasia, você sai do aqui e agora.
"Fique no aqui e agora; viva sua fantasia, não a interprete; perceba como você
interfere no seu modo de funcionar; não manipule sua experiência.“
Paulo Barroso in "Tornar-se Presente.".
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"É mais útil se tornar mais consciente de si, como você é agora, do que tentar se
modificar, impedir ou evitar algo que não gosta em si. O importante não é ajustar-se à
sociedade; é ajustar-se a si; ajudando-se a descobrir sua própria realidade, sua própria
existência, sua própria humanidade e se sentir bem com ela."
John Stevens (tradução livre)
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VIVER O AQUI E AGORA:
A realidade é a percepção do presente; do aqui e agora.
A percepção do presente se divide em dois tipos de consciência; a consciência
externa: - contato sensorial presente com objetos e acontecimentos (o que você percebe no
mundo fora da pele) e; consciência externa - contato sensorial presente com eventos
interiores (o que você sente no mundo dentro da pele).
Além da percepção do presente (realidade), que se divide, como vimos, em
consciência externa e interna, sua mente também é capaz de ter consciência da fantasia.
Chamo de consciência da fantasia, toda atividade mental que não seja a percepção
do presente (elucubrações que lhe vêm ao pensamento, no mundo criado ou recriado pela
mente).
Se você vai para o mundo da fantasia e não está consciente de que está lá, você
está se alienando da realidade (fugindo da realidade), você não está no aqui e agora e isso
faz surgir dentro de você à ilusão de que seja seu aquilo que não lhe pertence.
Acreditar que seja seu, o que não lhe pertence, gera apego e o apego gera dor.
Revise agora as duas práticas que acabei de lhe ensinar.
A primeira prática consiste em se desapegar das pequenas coisas antes de tentar se
desapegar das coisas grandes.
A segunda prática consiste em viver o aqui e agora, conscientizando-se de que está
no mundo da fantasia, quando para lá for.
Para que aprenda a colocar em prática esses dois conceitos, criei para você alguns
exercícios.
Como tudo que lhe é ensinado aqui, você não é obrigado a pratica-los, mas, se o
fizer, alcançará grandes progressos no domínio da sua mente.
1 - Seja um observador de sua consciência e veja para onde ela vai; à medida que
os pensamentos vão se sucedendo, diga: "- Agora eu percebo..." Quando você disse: "- Eu
percebo X"; você estava em consciência externa, consciência interna ou em consciência
de fantasia?
2 - Dirija sua atenção a alguma coisa e presentifique-a mais. Note que enquanto
você se ocupa com uma divagação, sua consciência externa ou consciência interna,
diminui ou desaparece.
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3 - Perceba como a distinção entre consciência de fantasia e consciência de
realidade (interna ou externa) pode simplificar a sua vida.
Procure se conscientizar de que quando você focaliza sua atenção em alguma
coisa, as demais coisas tendem a sumir da sua consciência.
Preste atenção em algum ruído fora do ambiente em que você está. Agora leve sua
atenção para suas mãos.
Observe que quando peço a você que ouça um determinado ruído, você se torna
inconsciente das sensações em suas mãos.
Quando menciono suas mãos, sua atenção se move para elas.
Antes de iniciar os próximos exercícios, anote a hora e o minuto exato em que for
começar.
EXERCÍCIOS:
1 - Adivinhe qual é o nome de minha mãe.
2 - Explique o que é poesia.
3 - Imagine um rinoceronte azul.
4 - Interprete a seguinte frase: "- O bom é o pior inimigo do melhor.".
5 - Pense na última pessoa que você viu antes de começar a ler.
6 - Compare uma cebola com um alho.
7 - Planeje uma ida ao cinema.
8 - Recorde a última vez em que você comeu fora.
9 - Antecipe como será o seu dia de amanhã.
10 - Pense em algum artista que você não goste e explique o porquê.
Agora que terminou os exercícios, anote o minuto exato, subtraia o menor do maior
e descubra quantos minutos se passaram desde que iniciou os exercícios.
Esse tempo todo você não estava no aqui e agora; você estava no mundo da
fantasia.
Toda atividade mental rouba seu aqui e agora.
Atividades como adivinhar, explicar, imaginar, interpretar, pensar, comparar,
planejar, recordar, antecipar ou criticar, são atividades mentais, portanto são consciência
de fantasia e roubam de você o aqui e agora.
Isso significa que ao fazer os exercícios que acabou de fazer, você esteve fora da
realidade do mundo por "X" minutos.
Talvez você tenha até mesmo se esquecido de levar em conta a segunda prática que
lhe sugeri que pedia que você se conscientizasse de estar no mundo da fantasia, quando
para lá fosse.
Agora procure correlacionar essas fugas do aqui e agora e perceba como as
frustrações, as angústias, as ansiedades, roubam você da realidade.
Procure aumentar sua auto percepção, pois se você vai ao mundo da fantasia e
perde a consciência de que está lá, surge o apego e a dor.
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A QUARTA NOBRE VERDADE:
O MÉTODO PARA SE CONQUISTAR
O DOMINIO DO APEGO É A
SENDA RETA DOS OITO CAMINHOS.
A Quarta Nobre Verdade, afirma que a saída para a dor é a Senda Reta dos Oito
Caminhos.
Mas em que consiste a Senda Reta dos Oito Caminhos?
A Senda Reta consiste na prática de oito princípios (Oito Caminhos) que levam à
virtude.
São eles:
ASHTANGA YANA
1 - COMPREENSÃO CORRETA - Conhecimento da verdadeira natureza da
existência.
2 - ASPIRAÇÃO CORRETA (PENSAMENTO CORRETO) – Livre da sensualidade,
da má vontade e da crueldade.
3 - PALAVRA CORRETA - Isenta de falsidade, de mexerico, de rudeza e de
tagarelice.
4 - AÇÃO CORRETA - Evitando matar, roubar e ter conduta sexual repreensível.
5 - MEIO DE SUBSISTÊNCIA CORRETO - Uma ocupação que não prejudique
nenhum ser vivo conscientemente.
6 - ESFORÇO CORRETO - Treinamento da vontade.
7 - CONSCIÊNCIA CORRETA (ATENÇÃO CORRETA) – O aperfeiçoamento da
capacidade de atenção.
8 - MEDITAÇÃO CORRETA (CONCENTRAÇÃO CORRETA) - Cultivo de estados
mentais mais elevados, com vistas a um conhecimento direto do Incondicionado,
a realidade última além do universo relativo.
Vamos agora examinar atentamente cada um deles.
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PRIMEIRO PRINCÍPIO: COMPREENSÃO CORRETA.
Compreensão Correta pode ter muitos significados; para mim significa
compreender as três primeiras Nobres Verdades.
Mas não significa uma compreensão passiva; quando digo "compreender" estou me
referindo ao desenvolvimento da capacidade de aplicar no dia a dia as três primeiras
Nobres Verdades, por meio de uma transformação dos pensamentos que se manifestam
através de atitudes, ações e hábitos.
No momento em que a Compreensão Correta começa a fazer parte da minha vida,
começa a se manifestar nos meus atos e nas minhas atitudes.
Existe também outro ângulo; - passo a perceber as consequências da falta da
Compreensão Correta nas vidas das outras pessoas.
Quando vejo alguém sofrer porque se apegou a alguma coisa que não lhe pertence,
percebo que essa pessoa sofre porque quer que seja sua uma coisa que não lhe pertence,
aprendo então a me desapegar ainda mais e tenho a oportunidade de avaliar o quanto fui
abençoado ao conhecer as Quatro Nobres Verdades, que me libertaram desse sofrimento.
Isso tudo é Compreensão Correta para mim, mas há ainda mais uma coisa.
Quando percebo o quanto as outras pessoas sofrem por desconhecerem as Quatro
Nobres Verdades, meu coração se enche de compaixão por elas.
Passo a aceitar melhor os seus defeitos e erros, pois compreendo que erram porque
não tiveram a oportunidade que tive.
Procuro então incentivar essas pessoas a desenvolverem suas percepções internas e
o desapego (essa também foi a razão de me decidir a escrever este livro).
Foi agindo assim que compreendi o sentido da palavra Bodhisattva.
Existem duas palavras de expressão excepcional no Budismo; são elas: Buda e
Bodhisattva.
Buda é todo aquele que vivencia plenamente a Compreensão Correta, aplicando em
cada um de seus mínimos gestos, as Quatro Nobres Verdades.
O estado búdico, atingido pelos que praticam as Quatro Nobres Verdades é
chamado de iluminação - a palavra "Buda" (como já vimos) significa "aquele que é
iluminado".
Bodhisattva é um Buda que compartilha seus conhecimentos com as outras pessoas
para que elas também tenham a oportunidade de se iluminarem.
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Na Índia existe uma lenda a respeito de um homem que se dedicava profundamente
à busca espiritual e que revelava tão profunda caridade e amor em sua vivência do dia a
dia, que o próprio Shiva (um dos Deuses da Índia) o procurou e lhe ensinou um Mantra
sagrado que ao ser pronunciado uma só vez, conduziria qualquer pessoa à iluminação.
Mas esse homem foi advertido que não deveria ensinar esse Mantra a pessoa
alguma, sob pena de se prender a um castigo eterno.
Nem bem ouviu o Mantra, esse homem agradeceu a Shiva e correu para a janela de
sua casa, escancarando-a e ensinando o Mantra às pessoas que passavam pela rua.
Diante da ira de Shiva que o admoestou a respeito da advertência que fizera,
justificou-se afirmando que mesmo diante da perspectiva de um castigo eterno, a felicidade
de ter contribuído para a iluminação dos outros homens era prêmio suficiente para sua
atitude.
Compreendendo a profunda caridade que havia no coração desse homem, Shiva o
perdoou.
Esse é o verdadeiro conceito de Bodhisattva - compartilhar o que é útil.
Enquanto aquele que se torna Buda está fazendo um bem para si mesmo (e por
extensão, para as pessoas que com ele convivem), o Bodhisattva não se contenta em
iluminar a si mesmo, quer participar ativamente da iluminação de seu próximo!
Puxa que coisa magnífica!
Esse é o verdadeiro herói, essa é a pessoa que verdadeiramente compreendeu o
ensinamento de Buda!
Quando encontro alguém assim, meu coração se enche de alegria e chega a vir
lágrimas a meus olhos - esse sim é um exemplo digno de ser seguido.
Mesmo que, para se tornar Buda a pessoa tenha que adotar uma atitude ativa, ser
Bodhisattva é adotar uma atitude ainda mais ativa, participante, compartilhadora!
Li em algum lugar que a Doutrina Espírita afirma que Bezerra de Menezes
desencarnou e tinha méritos morais suficientes para passar para esferas espirituais mais
evoluídas, mas preferiu permanecer próximo à terra, trabalhando na assistência às
pessoas encarnadas que oram por seu auxílio e amparo.
Não sou espírita, mas o exemplo de Bezerra de Menezes sempre me comove, pois
está de acordo com aquilo que entendo por Bodhisattva.
É por essas razões que incentivo as pessoas a praticarem o NISKAMA KARMA.
Também faz parte da Compreensão Correta, compreender que cada ação gera uma
conseqüência proporcional - essa é a Lei do Karma.
A Lei do Karma afirma que quando você faz o bem, quando você compartilha o que
é bom (atitude do Bodhisattva), está contribuindo para tornar melhor o mundo ao seu
redor e isso faz com que as bênçãos caiam sobre você.
NISKAMA KARMA significa "Ação Desinteressada".
Quando você compartilha com alguém os conhecimentos contidos neste livro, por
exemplo, você está indiretamente contribuindo para a evolução dessa pessoa e tornando o
mundo um bocadinho melhor.
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Evidentemente, que a Natureza, sábia como é, traz benefícios adicionais à sua vida,
como conseqüência de qualquer NISKAMA KARMA que você pratique (por menor que
seja).
Isso é viver no espirito do Bodhisattva.
Pessoalmente procuro praticar o NISKAMA KARMA em toda a ocasião que me
aparece.
Compreender que a ajuda não pode ser forçada e deve ser dada apenas a quem a
aceita, é também parte daquilo que entendo por Compreensão Correta.
Ao que parece tudo tem seu tempo certo sob o céu; as pessoas chegam às mesmas
verdades, mas em épocas e datas diferentes para cada um.
A mesma pessoa que tem dificuldade para aprender a andar de bicicleta em tenra
idade, consegue sair-se facilmente dessa tarefa quando fica um pouco mais velha.
Alguns alimentos que são desagradáveis na juventude, passam a ser mais
apreciados em idade mais avançada e vice-versa.
Portanto, não apresse o rio, ele corre sozinho!
Quando alguém se recusa a ser ajudado, é porque não chegou o momento, haverá
um momento certo mais tarde, se essa pessoa fizer por merecer.
Tenho o hábito de meditar sobre a Compreensão Correta e como ela atua em minha
vida, durante três dias em cada mês; nos dias 1, 10 e 28. (Repare que a soma dos dígitos
desses números perfazem sempre um que é o número desse princípio na Senda Reta dos
Oito Caminhos.).
Você também pode adquirir esse hábito, com grande proveito pessoal. Que tal
planejar isso e incluir em sua agenda, hoje mesmo?
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SEGUNDO PRINCÍPIO: ASPIRAÇÃO CORRETA.
Aspiração Correta pode ter muitos significados; para mim significa querer apenas
as coisas que me pertencem e aprender a me contentar com o que necessito, ao invés de
pretender alcançar mais do que necessito, na proporção de minhas forças.
Levei muito tempo para aprender a diferença entre o que eu necessito e o que eu
quero.
Essa tarefa foi tão difícil para mim, que só consegui aprender esse conceito graças
a um menino, que na ocasião em que escrevi estas linhas, tinha 18 anos.
Até então esse menino era um consumista nato e desejava ter tudo de bom que a
vida oferece - eu também já fui assim quando jovem e posso compreender como ele se
sentia.
Mas é errado desejar ter tudo de bom que a vida oferece?
Sim e não.
Foi muito difícil para eu compreender isso e vou fazer o melhor que posso para lhe
explicar.
Em primeiro lugar, há a questão da proporção de minhas forças; se o que quero
está entre as coisas que dependem de mim (de minha capacidade de escolha, de meu poder
de compra, dos resultados de meus esforços e de meu trabalho) não é errado desejá-lo ou
tê-lo, se isso não ferir a nenhum outro ser vivente.
A questão é que mesmo que estivesse na proporção de minhas forças tornar-me um
criminoso, eu não o faria, pois não quero ferir a outro ser vivente (isso contraria o "Meio
de Subsistência Correto" que é o quinto princípio).
Esta é a primeira questão, (que está em primeiro lugar); em segundo lugar está a
questão do que verdadeiramente necessito, que nem sempre equivale a aquilo que eu
quero.
O que eu preciso para viver?
Alimento, roupas e um lugar para dormir - nada além disso.
É claro que, se puder ter o melhor alimento, as melhores roupas e o melhor lugar
para dormir e se isso estiver na proporção de minhas forças e não ferir a nenhum outro
ser vivente, isso estará bem para mim.
Mas nem sempre isso é possível e procuro aprender a me contentar com o pouco
que tenho.
Isso às vezes "chateia" algumas pessoas; mas essas pessoas se “chateiam” apenas
até compreenderem que o que um homem quer nem sempre é o que ele necessita.
Posso me contentar com meio copo de água e um punhado de comida realmente
pequeno; o que não me impede de comer muito bem, quando tenho a oportunidade.
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Passei fome muitas vezes em minha vida e sei o que é comer frugalmente - muitos e
muitos dias comi apenas ovo com biscoito por serem as únicas coisas que possuía para
comer.
Lembro-me de ter passado muitos dias comendo apenas aveia molhada com água,
sem açúcar e sem leite, pois era tudo que tinha.
E não morri.
Sou uma pessoa razoavelmente saudável para minha idade e quando mais jovem
aparentava bem menos idade do que a que realmente tinha.
Trabalho desde minha juventude e na época em que escrevi este livro muitas vezes
trabalhava das 7 da manhã a 1 da manhã do dia seguinte e embora tenha muitas vezes sido
ajudado por minha mãe, e por muitas outras pessoas, não me lembro de ter pedido nada a
ninguém.
Não é vergonha trabalhar, não é vergonha ganhar pouco, vergonha é pedir,
vergonha é querer ter o que não se esforçou por merecer.
A história conta que Buda jejuava continuamente e que chegou a viver ingerindo
apenas um grão de arroz por dia.
Na Bíblia se conta que Jesus não tinha sequer um lugar onde recostar sua cabeça
(Mateus 8:20) - jamais serei melhor do que Buda ou Jesus - seria um absurdo pretender ter
mais do que eles.
Isso não significa que você não deva ter as "coisas boas da vida", (desde que as
tenha conquistado na proporção de suas forças e sem ferir a outro ser vivente), mas
aprenda a passar sem elas, pois o dia que elas vierem a faltar, não lhe causarão
sofrimento.
Na ocasião em que escrevi este livro minha mãe (hoje falecida) foi fazer um exame
médico e uma senhora que conheceu no consultório mencionou que foi obrigada a ficar
dezesseis horas de jejum para poder se submeter a um exame.
Minha vida inteira vivi praticando 17 horas de jejum quase todos os dias.
Teve época em que ingeria apenas uma refeição por dia (no almoço) e depois só ia
comer novamente no mesmo horário no dia seguinte, portanto 23 horas e meia de jejum
por dia.
Isso nunca me fez mal, pelo contrário, tenho menos resfriados que a maioria das
pessoas que comigo convivem e ainda faço exercícios todos os dias, mesmo na minha
idade!
Fico triste quando vejo uma criança mimada a querer tudo de maneira fácil, a
aborrecer os adultos com os seus pedidos - por outro lado, sempre admiro quem é capaz de
trabalhar de sol a sol e conquistar o seu sustento através de suas próprias forças.
Nunca conheci meu pai, fui criado por um padrasto extremamente severo, mas
muito correto, que me levou uma vez para ver uma estação de trem às 4 horas da
madrugada, quando desembarcavam centenas de operários que vinham da periferia para
trabalhar nos bairros da zona leste de São Paulo.
Quando morava em Niterói, costumava sair às 4 da manhã de casa para viajar e
visitar meus filhos que moravam no interior de São Paulo em Campos do Jordão - quando
passava na Avenida Brasil no Rio, via os ônibus lotados de operários vindos de Pavuna e
outros bairros da Baixada Fluminense - eles não sabem quem eu sou e jamais saberão,
mas eu os admiro muito.
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Recentemente estive em Manaus dando cursos; devido ao fuso horário, meu curso
acabava às 23hs de São Paulo, equivalendo às 22hs em Manaus - só então é que eu tinha a
oportunidade de ir jantar (em um horário em que não estou acostumado a comer - como
sabem) e sentado no restaurante do hotel em que estava hospedado; num cruzamento da
Av. Epaminondas, observei um homem com sua barraquinha de rua, vendendo saquinhos
de bananas fritas.
Não conheço esse homem, nem sei se jamais o voltarei a ver, mas por alguns
momentos senti como se ele fosse meu irmão e o admirei.
Seja qual for o momento em que você esteja lendo estas palavras, em algum lugar
de sua cidade existe alguém trabalhando com toda a dignidade e é digno de minha
admiração.
Enquanto isso, aquele menino que mencionei não trabalhava e não se interessava
em estudar.
Ele não precisava fazer nenhuma dessas duas coisas, pois enquanto seu pai e sua
ex-esposa vivessem, ele sempre teria um prato de comida e um lugar onde dormir, mas
certamente seus pais prefeririam que ele fosse um garoto esforçado, como tantos que se
vêm por aí.
Mas isso é um erro dos pais dele, pois estão pretendendo ter uma coisa que não
lhes pertence - isso é uma aspiração incorreta.
Sei que um dia ele vai crescer e compreender essas coisas e se tornar um cidadão
útil; pois eu também um dia cresci e hoje me esforço diariamente por ser útil a meu
próximo.
INFORMAÇÕES SOBRE ESSE MENINO NOS DIAS ATUAIS: Hoje esse menino
já é um homem, está com 37 anos, o que aconteceu com ele desde então? Apaixonou-se
por uma menina que não correspondeu à sua paixão. Isso fez com que fosse acometido de
esquizofrenia e hoje vive sob medicação constante. Abandonou a faculdade sem concluir o
curso universitário. Atualmente está empregado embora não seja o emprego que ele
preferiria e nem ganhe tanto quanto gostaria de ganhar. O sonho dele sempre foi ser
cineasta, ele possui várias câmeras, mas nunca realizou um filme sequer.
Procuro cuidar dos desejos do meu coração, verificando se eles brotam de
Aspirações Corretas - coisas que me sejam necessárias e não apenas coisas que atendam a
meus anseios pessoais.
Às vezes é difícil contentar-me com pouco, mas sei que cada vez que o consigo,
estou me tornando mais forte e mais capaz de resistir na próxima vez.
Tenho o hábito de meditar sobre a Aspiração Correta e como ela atua em minha
vida, durante quatro dias em cada mês; nos dias 2, 11, 20 e 29. (Repare que a soma dos
dígitos desses números perfazem sempre dois que é o número desse princípio na Senda
Reta dos Oito Caminhos.).
Você também pode adquirir esse hábito, com grande proveito pessoal.
Que tal planejar isso e incluir em sua agenda, hoje mesmo?
81
TERCEIRO PRINCÍPIO: PALAVRA CORRETA.
A palavra é o maior entre os poderes mágicos que permeiam nossas vidas. Não é
para menos que o Evangelho de João afirme: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava
com Deus e o Verbo era Deus" e mais a frente: "Todas as coisas foram feitas por ele e sem
ele nada do que foi feito se fez.".
Segundo Northrop Frye: "A palavra impõe ordem ao caos."
As tradições religiosas do Oriente afirmam não haver diferença entre Deus e a
palavra que representa o Seu nome.
A Bíblia afirma que o a palavra que representa o nome de Deus é sagrada e está
cheia de poder.
Jesus também ensinava que somos julgados por cada palavra que sai de nossa
boca, porque o Verbo é criação.
Para mim a Palavra Correta tem dois significados, igualmente profundos.
Em primeiro lugar diz respeito àquilo que digo a mim mesmo, quando estou dentro
de meus pensamentos e faço valer os princípios e os padrões morais que norteiam a minha
vida.
Em segundo lugar tem a ver com as coisas que digo às pessoas com quem convivo.
Você já observou que, na maior parte das vezes, pensamos formulando frases
dentro de nossas mentes?
Quando não pensamos através da formação de frases, pensamos através da
visualização de idéias, ou da recordação visual de fatos do passado ou de sonhos para o
futuro.
Mas em tudo isso, há sempre a repetição constante de frases que expressam
opiniões de valor.
E o que é uma opinião de valor?
É a emissão de um juízo ou de uma avaliação, que implica num julgamento em
relação aos fatos que a vida nos trás; ou, o que é bem pior, um julgamento que leva em
conta a avaliação que fazemos a respeito de nós mesmos ou de nossos desempenhos, em
relação aos fatos que a vida nos trás.
Quantas vezes você já ouviu expressões como:
"- Nada do que eu faço dá certo."
"- Tudo para mim é difícil."
"- Eita vida desgraçada."
"- Eu não sou mesmo uma anta?"
82
O uso dessas expressões negativas seja através do pensamento, seja pela emissão
de palavras, gera componentes subconscientes negativos que só contribuem para
complicar nossas vidas.
Os indianos acreditam que as palavras que dizemos se tornam profecias em nossas
vidas, portanto, cuidado com o que você diz, pois estará fazendo uma profecia para si
mesmo.
Aquilo que você teme e exprime em palavras (mesmo que seja apenas dentro de sua
mente), tende a se realizar.
Jó já o afirmava, quando dizia: "aquilo que eu temia, me aconteceu"; os temores
que você abriga em sua mente, tendem a se tornar realidade em sua vida.
Conheci um homem que sofria de aracnofobia (medo de aranhas) e quando estava
dentro de uma lanchinha, no meio do mar, indo de São Sebastião para Ilhabela (cidades
do litoral paulista), uma aranha caiu em seu colo!
Dentro do elevador do prédio onde ele morava, uma aranha desceu sobre ele!
Conheci uma senhora da Vila Formosa em São Paulo, que tinha pavor de assaltos e
foi assaltada 28 vezes!
Minha ex-esposa tinha pavor de baratas voadoras, certa feita na cidade de Niterói,
no Rio de Janeiro, uma barata passou por mim voando e foi assentar no vestido dela!
O mesmo acontece com pessoas que têm medo de doença e de acidentes, parece que
elas os atraem.
Pessoas amarguradas tendem a atrair acontecimentos funestos, que tornam as
coisas ainda mais difíceis para elas.
É, portanto útil que você abrigue em sua mente, apenas pensamentos bons, que lhe
tragam boas vibrações tanto para si e sua vida, quanto para as pessoas com quem você
convive.
E para isso, basta que admita dentro de sua mente apenas as Palavras Corretas.
Quanto às coisas que dizemos às pessoas com as quais convivemos, somos
responsáveis por nossas reprimendas, por nossas críticas e pelas opiniões que emitimos a
respeito delas e das suas atitudes.
Dizendo de outra forma, as palavras que falamos, podem afetar profundamente as
outras pessoas, queiramos ou não.
Uma palavra incorreta, usada em momento não apropriado, pode causar profunda
depressão, pode motivar atitudes impensadas e até mesmo levar pessoas a cometerem
crimes contra si mesmas e contra as demais.
Procure observar as pessoas que você conhece.
Aquelas com quem você tem maior prazer em conviver são justamente as que têm
um ponto de vista positivo a seu respeito e o expressam através de palavras elogiosas e
apreciações a respeito das coisas que você faz.
Dificilmente gostamos de conviver com pessoas criticas que expressam desânimo,
desaprovação ou negatividade através de suas palavras, comentários ou mesmo expressões
usuais.
O Dom maior que distingue os homens dos animais é o uso da palavra, que permite
a comunicação uns com os outros.
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Suponhamos por exemplo que você encontre alguém que evita fazer caridade
supondo que o dinheiro ou o esforço despendido com esse objetivo é inteiramente
desperdiçado.
Você poderá lhe dizer, por exemplo:
"O rio entrega todas as suas águas ao oceano e nem por isso está vazio."
Suponhamos que você conviva com alguém que se queixa da ingratidão das
pessoas; você poderá dizer-lhe:
"Não voltes sobre teus passos para apanhar as rosas que plantaste também as que
colhes nasceram dos cuidados de outras mãos".
"O céu manda suas águas sobre a terra, mesmo sabendo que a terra nunca lhe
mandará suas rosas."
E quando alguém vive a se queixar das desgraças e dos sofrimentos da vida, você
poderá comentar:
"É preciso à noite para que compreendamos que existe a luz. É rolando no fundo
dos rios que se lapidam os cascalhos. Foi atravessando os rigores do inverno que o tempo
chegou à primavera."
Outro ponto importante é quando você tiver que lidar com um comportamento
difícil, expressar sua opinião falando a respeito de si mesmo e de como se sente.
Por exemplo, quando o filho chega tarde, a mãe pode dizer: "- Você chegou tarde
outra vez!!! Não tem nenhuma consideração por mim!" ou poderá falar a respeito de como
se sente: "- Fico triste e me sinto abandonada, quando você chega tarde.".
Essa segunda maneira de se expressar não emite críticas, fala apenas de
sentimentos e é mais impessoal.
Tenho o hábito de meditar sobre a Palavra Correta e como ela atua em minha vida,
durante quatro dias em cada mês; nos dias 3, 12, 21 e 30. (Repare que a soma dos dígitos
desses números perfazem sempre três que é o número desse princípio na Senda Reta dos
Oito Caminhos.).
Você também pode adquirir esse hábito, com grande proveito pessoal.
Que tal planejar isso e incluir em sua agenda, hoje mesmo?
84
QUARTO PRINCÍPIO: AÇÃO CORRETA.
A pratica da Ação Correta implica em conservar as mãos e a mente ocupadas com
tarefas que sejam significativas à nossa missão de vida.
Esse princípio implica, portanto, em dois aspectos importantes da mesma
realidade: primeiro: descobrir qual é a nossa missão de vida; segundo: agir de acordo com
a nossa missão.
Para descobrir qual é sua missão de vida, faz-se necessário que medite bastante a
respeito de seus potenciais e de como pretende direciona-los para sua realização pessoal,
ao mesmo tempo em que desempenha um papel útil para as pessoas que dependam de você,
para com seus familiares e para com a sociedade em que você vive.
Se você agir apenas para atender seus anseios pessoais, cedo descobrirá que sua
vida perdeu o sentido.
É apenas quando você se dedica a seus afazeres tendo em vista um bem maior, que
você consegue atingir a realização plena.
Outro fator a ser levado em consideração são as "facilidades" que você possui.
Não estou me referindo às facilidades materiais nem ao auxílio e apoio que sua
família possa lhe proporcionar; estou me referindo aos potenciais, aos talentos que você
possui.
Admitindo-se que exista uma inteligência superior gerindo os eventos do universo
em que vivemos, deve haver uma razão especial para que algumas pessoas possuam
talentos que outras pessoas não possuem.
Talvez você tenha recebido um determinado talento porque exista uma inteligência
superior que está destinando você a alguma tarefa especial (sua missão de vida).
Eis por que você deve meditar, buscando conhecer seus valores pessoais
(autoconhecimento), de maneira a descobrir quais as coisas que são feitas por você com
maior facilidade (facilidade = talento).
Existe um provérbio brasileiro que nos diz que devemos aprender com os nossos
erros, mas afirmo a você que devemos aprender principalmente com nossos acertos.
Não há nada de errado em aprender com os erros, quando aprendemos com nossos
erros, aprendemos a errar menos.
Mas, quando aprendemos com nossos acertos, aprendemos a acertar mais.
O que pode ser melhor que isso?
Mesmo que você aprenda a evitar erros, você não estará necessariamente
aprendendo a fazer o que é certo para você.
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Veja por exemplo o caso de dois artistas plásticos natos (pintores de quadros),
igualmente dotados e igualmente sem recursos para prosseguirem em suas carreiras, um
deles se chama Fernando e o outro Francisco.
Ambos resolvem montar bancas de frutas para sobreviver.
No processo de vender as frutas, ambos aprendem - através de seus erros - que tipo
de fruta comprar, qual é a época ideal para vender uma fruta e não outra, quanto tempo
uma fruta aguenta permanecer armazenada etc...
Todas essas coisas eles aprendem através de seus erros.
Mas esses erros os estão ensinando a aprenderem a serem melhores vendedores de
frutas, absolutamente não estão contribuindo para torná-los artistas melhores.
No entanto, Fernando e Francisco possuem Paradigmas diferentes.
O Paradigma de Fernando é aprender com os erros - ele abandona toda a
esperança de desenvolver seus talentos artísticos e dedica-se inteiramente à tarefa de
administrar sua banquinha de frutas.
No entanto, o Paradigma do Francisco é diferente, ele aprende com seus acertos,
então, toda a folguinha que sua banca lhe permite, ele pensa nos elogios que recebeu
quando fazia seus desenhos e pintava suas aquarelas e dedica uma parte do que ganha a
comprar materiais de pintura e a continuar se desenvolvendo.
É claro que a vida do Francisco é um pouco mais dura do que a vida do Fernando,
pois ele fica com menos dinheiro para si já que investe uma parte do que ganha em
materiais destinados a desenvolver seus talentos.
Ele também dorme menos que o Fernando, pois quando o outro já foi dormir ele
ainda está estudando técnicas de desenho e pintura altas horas da noite, pois de dia ele
tem que atender à banquinha.
Mas com o passar dos anos a vida dos dois passa a adquirir características bem
diferentes - Francisco se tornou um artista famoso e hoje mora numa excelente casa em um
bairro progressista, com o dinheiro que ganhou com seu talento, agora reconhecido após
anos e anos de esforços dedicados a aprender com seus acertos.
Fernando também está com uma vida razoável, pois ampliou muito sua banca de
frutas - aprendendo com seus erros - e hoje possui uma quitanda.
Mas qual dos dois você acha que é mais feliz e se sente mais realizado como
pessoa?
Ambos ganham suas vidas honestamente, ambos contribuem para o sustento de suas
famílias e para o bem social, mas um sufocou seus talentos e transformou-se em
comerciante, o outro incentivou, poliu e aperfeiçoou o que havia de melhor dentro de si e
hoje se sente plenamente realizado.
Perceba como um Paradigma pode alterar todo o sentido de sua vida.
Procure, portanto, dedicar uma parte de seu tempo de lazer a meditar a respeito de
suas facilidades (talentos) pessoais.
Pense em seu passado, reveja com os olhos da mente os fatos que lhe ocorreram
desde a infância e procure observar o que quer que tenha feito que tenha despertado a
admiração e o respeito das outras pessoas.
Se alguma coisa que você fez despertou a admiração e o respeito de alguém, isso
provavelmente significa que você possui algum talento especial.
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Procure descobrir o que deve fazer para ampliar e desenvolver esses talentos e
dedique-se a isso - fazer isso é praticar a Ação Correta.
Reflita nesta frase atribuída a Buda:
"Se você quer saber como foi o seu passado, olhe para quem você é hoje; se você
quer saber como será o seu futuro, olhe para o que você está fazendo hoje."
Se for verdade que existe uma inteligência permeando os fatos deste universo, esse
talento não lhe foi dado a troco de nada.
Deve haver um objetivo transcendental por trás dos talentos que você possui,
senão, por que você os possui e os outros não?
Agora vamos direcionar nossa atenção à parte da "ação".
Você certamente já participou de algum jogo de tabuleiro (dominó, damas, gamão,
xadrez) ou de algum tipo de videogame.
Nesses jogos suas capacidades, seus talentos e suas habilidades estão competindo
com as capacidades, talentos e habilidades de alguma outra pessoa ou com o programa de
um computador.
Quando você faz alguma coisa em sua própria vida você também está competindo
(sadiamente) com as outras pessoas ao seu redor.
O que quero lhe demonstrar é que suas ações no mundo, suas atividades
profissionais, também são um tipo de jogo - o jogo da vida.
Só que as conseqüências do jogo da vida são muito mais marcantes que as
conseqüências de um jogo de tabuleiro ou de um videogame.
Se você perde um jogo de tabuleiro, você dá de ombros e toca a bola pra frente.
Mas se você perde o jogo da vida, você se tornar um fracassado, é abandonado
pelas pessoas que ama, sente-se depressivo e vencido.
Procure observar, portanto que o "grande jogo", aquele jogo imperdível, que
merece ser jogado com toda a "garra" e com o máximo de seu talento é o jogo da vida.
Meus filhos tinham videogames e quando dispunha de alguns minutos de lazer eu
também jogava com eles.
Mas não há videogame nesse mundo - por mais moderna que seja sua geração, que
me motive mais que o jogo da vida.
Acho excitante jogar o videogame, mas mesmo que eu marque grandes pontos e
supere a marca de todos aqueles que estão competindo comigo, o que me resta depois?
Apenas uma vitória vazia de que ninguém mais se lembra.
Mas, quando me saio bem no jogo da vida, estou melhorando meu desempenho,
estou conquistando bens materiais e espirituais, estou transformando este pequenino
planeta num mundo melhor.
Quando você pratica a Ação Correta, aplicando-se com o máximo de seu esforço e
dedicação à sua missão, você está proporcionando a si mesmo, às pessoas que você ama e
ao mundo ao seu redor um estilo de vida mais rico e mais significativo.
Você termina cada dia com o sentimento do dever cumprido, com a sensação de ter
contribuído para a felicidade de todos e em especial das pessoas que você ama.
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Se você se levanta de manhã se sentindo esmurrado pela vida, se você se arrasta
para o seu trabalho e se obriga a trabalhar sonhando com o fim de semana, você está
passando pela vida, mas não está vivendo.
Sua vida perdeu o sentido, seu trabalho carece de significação para você e
dificilmente você consegue ser amado por alguém, pois você não se ama e a pessoa que
não se ama não merece ser amada por mais ninguém.
Para reverter esse estado de coisas, faça um exame de consciência, reveja suas
realizações no passado, descubra seus potenciais e facilidades encontrando sua missão de
vida.
Depois que encontrar sua missão de vida, é só arregaçar as mangas e "meter a mão
na massa", dedicando-se à sua realização pessoal em cada minuto do seu dia.
Sua vida será mais alegre e feliz do que jamais imaginou que seria possível em seus
sonhos mais ousados.
E isso é tudo o que a vida significa.
O universo só conspira a favor da ação - você tem que agir ao invés de só pensar.
Tenho o hábito de meditar sobre a Ação Correta e como ela atua em minha vida,
durante três a quatro dias em cada mês; nos dias 4, 13, 22 e 31. (Repare que a soma dos
dígitos desses números perfazem sempre quatro que é o número desse princípio na Senda
Reta dos Oito Caminhos.).
Você também pode adquirir esse hábito, com grande proveito pessoal.
Que tal planejar isso e incluir em sua agenda, hoje mesmo?
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QUINTO PRINCÍPIO: MEIO DE SUBSISTÊNCIA CORRETO.
Existem dois aspectos a serem examinados para que possamos compreender o meio
de subsistência correto: primeiro: é o seu trabalho que lhe proporciona os meios de
subsistir; segundo: aquilo que você come também é responsável por sua subsistência
(física).
Assim sendo, ao praticar o quinto princípio, procuro me ater a esses dois aspectos,
meditando sobre eles para poder compreendê-los mais e mais a cada dia que passa e
pratica-los quando as oportunidades se apresentarem.
Certa feita tive uma aluna que exercia a função de advogada para o BNH e sua
função era providenciar o despejo de famílias inadimplentes, que não conseguiam pagar
em dia a prestação de suas casas.
Ela estava perfeitamente consciente de que a maioria dessas famílias se tornava
inadimplente devido à falta de empregos e outras mazelas sociais dificilmente superáveis,
mas continuava exercendo essa atividade alegando que se não a fizesse, outros a fariam.
Infelizmente esse é um argumento muito utilizado por todos aqueles que não
conseguem justificar, por meios saudáveis, as atividades que exercem.
A mim não me importa se outras pessoas se decidem a exercer uma atividade
perniciosa através da simples alegação de que, se não a exercessem outros o fariam - isso
absolutamente não me justifica e não me dedicaria a essa atividade de forma alguma.
Gosto de me sentir bem.
Gosto de saber que estou de alguma forma, dando minha contribuição para o bem
comum e não me sentiria bem se estivesse colocando pais desempregados, filhos famintos e
móveis na sarjeta.
Tive como aluno na cidade de Sorocaba, um grande criminalista que raramente
perdia um processo e cuja atividade consistia em soltar criminosos através de bem
preparadas intervenções junto ao tribunal de júri.
Esse homem conseguia soltar verdadeiras feras humanas e se gabava muito disso -
qual o benefício social de um homem desses?
Não consigo encontrar nada de bom no que ele fazia, embora fosse um advogado
muito bem sucedido e respeitado em seu meio social.
Um dos critérios para se avaliar o Quinto Princípio, é que suas atividades
profissionais não prejudiquem ser algum.
E aqui entra o vendedor que engana seus clientes alegando benefícios no uso dos
produtos que vende e que não correspondem à realidade.
Aqui também entra o mecânico que inventa peças para trocar ou apresenta custos
de serviços não feitos.
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Aqui entra o professor que enrola seus alunos e estica aulas com conversa fiada,
sem acrescentar conhecimentos úteis a seus educandos.
Aqui entra o político que se elege através de promessas que jamais pretende
cumprir.
Mas todas essas coisas não ocorrem quando se tem amor pelo trabalho que se faz.
É essa desonestidade básica que faz com que nossa sociedade tenha tantos altos e
baixos e que haja tão pouco amor nas atividades profissionais da maioria das pessoas.
Mas esse é o mundo em que vivemos e é nele que temos que conviver (viver com os
outros), se cada um de nós não fizer um pequeno esforço para amar o que faz e faze-lo
dignamente, muito em breve estaremos nos devorando uns aos outros e seremos piores que
os animais - e não haverá segurança nem para nós, nem para os nossos filhos - é esse o
mundo que você quer para você?
Quanto ao segundo aspecto deste princípio, já que aquilo que comemos também é
parte de nosso meio de subsistência, podemos examinar com algum cuidado o “não comer
carne”, que é um dos pontos dogmáticos do Budismo religioso.
Mesmo colocando aparte a questão dos malefícios que comer carne trás para nossa
saúde fisiológica, resta o malefício social.
A quantidade de terra necessária para produzir alimento para o gado produz muito
mais proteína e outros nutrientes do que, a carne do gado que dela se alimenta, produzirá
após o abate.
Assim sendo, se apenas um quarto da humanidade atual deixasse de comer carne,
eliminaríamos a fome do mundo!
Pense nisso quando assistir aquelas reportagens sobre a fome na África e em
algumas regiões do Brasil.
Mas não se atenha apenas à carne, uma alimentação correta e sadia implica em
escolher melhor o que se come, evitando substancias artificiais e ingerindo uma maior
quantidade de alimentos vegetais crus - isso também faz parte de sua escolha como meio
de subsistência.
Uma das melhores escolhas que você pode fazer em direção ao Meio de
Subsistência Correto é comer menos, mas você não deve comer menos apenas por questões
de peso.
Quando há alguns anos realizei extensas pesquisas a respeito dos métodos
conhecidos para alcançar longevidade - a pedido de uma editora que me pediu um livro a
respeito (que nunca foi publicado), deparei-me com as pesquisas do Dr. Roy Walford -
famoso gerontólogo da Casa Branca em Washington e fiquei assombrado com o que
descobri!
O Dr. Roy conseguiu multiplicar por três a duração da vida de ratos de
laboratório, diminuindo a quantidade de alimentos que ingeriam e forçando um jejum dia
sim, dia não.
Ratos que em condições normais viveriam cerca de dois anos, passaram a viver
cerca de seis anos!!!
Poderia me estender mais a respeito desse assunto, mas os fatos que apresentei
(que foram extensamente pesquisados por mim e por pessoas a quem os ensinei) são
suficientes para que você descubra por si mesmo.
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Se você comer pequenas quantidades, poderá comer qualquer coisa - até mesmo
frituras emagrecem, quando ingeridas em pequenas quantidades.
Se você duvida, procure ler "A Dieta Inteligente" de Eduardo Almeida Reis
publicado pela EMW Editores.
O autor desse livro, um ex-gordo, conta suas aventuras em busca da magreza, sem
que se privasse de nada, apenas diminuindo a quantidade de alimentos que ingeria.
Ora, se você não precisa se privar de nada do que gosta nada impede que você
coma uma quantidade menor; afinal de contas, poderá voltar a comer do mesmo alimento
daqui a algumas horas - a comida não vai fugir (a menos que você seja da família Sauro,
hehehehe!).
Seguindo essas dicas você manterá o sistema digestivo funcionando o dia todo,
poderá comer qualquer coisa que goste, desde que em pequenas quantidades; vai parar de
ingerir alimentos cedo e provavelmente dormirá divinamente.
Tenho o hábito de meditar sobre o Meio de Subsistência Correto e como ele atua
em minha vida, durante três dias em cada mês; nos dias 5, 14 e 23. (Repare que a soma dos
dígitos desses números perfazem sempre cinco que é o número desse princípio na Senda
Reta dos Oito Caminhos.).
Você também pode adquirir esse hábito, com grande proveito pessoal.
Que tal planejar isso e incluir em sua agenda, hoje mesmo?
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SEXTO PRINCÍPIO: ESFORÇO CORRETO.
A questão do Esforço Correto exige atenção no que se refere aos princípios de
disciplina a serem aplicados a si mesmo durante o exercício de sua atividade profissional
tanto quanto das demais atividades do dia a dia.
Não entrarei aqui no mérito da questão ética relativa ao que você faz no
desempenho de suas atividades, já que esse assunto mereceu nossa atenção quando
tratamos do Quinto Princípio.
O mais relevante agora é considerar que, após ter tomado suas decisões a respeito
de sua carreira profissional e de suas escolhas a respeito de uma atividade nesta vida,
seguindo os padrões recomendados no Meio de Subsistência Correto, agora você deve
determinar a "maneira" como irá realizar isso, tomando decisões que envolvam o
"esforço" que fará de maneira correta.
Certa feita tive a oportunidade de conhecer o Sensei Okuda, professor de Karatê na
cidade de São Paulo. Na ocasião ele estava próximo de seus 50 anos de idade e
continuava a praticar entre 500 a 1000 chutes todos os dias.
Considerando-se a idade dele, esse era um Esforço admirável, raramente seguido
por outros praticantes da mesma faixa etária.
A questão aqui é bem simples e nos faz pensar: - quanto, do Esforço que você
dedica para alcançar seus objetivos é Correto?
Não só a "quantidade" de dedicação deve ser levada em conta, você tem que
considerar também as intenções que estejam por trás de seus esforços.
Para explicar esse ponto, vou contar um apólogo de origem japonesa:
No Japão medieval um Samurai presenciou um delinqüente quando matava
covardemente um homem idoso e desarmado.
Imediatamente, imbuído de sua noção de honra, desembainhou sua espada e
enfrentou o marginal.
Seguiram-se alguns minutos de peleja e o Samurai, usando suas habilidades
desarmou o oponente.
No instante seguinte ergueu sua espada para desferir o golpe fatal que mataria seu
adversário, quando este, acuado e apavorado diante da morte eminente, cuspiu no rosto do
Samurai.
O Samurai guardou sua espada, limpou o rosto e foi embora.
Por quê?!
Porque ao ser atingido pelo cuspe do adversário o Samurai se ofendeu, sentiu-se
irado e furioso.
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Perdeu a paciência e a coisa toda se tornou uma questão pessoal.
Ora, ele estava enfrentando o assassino por uma questão de Honra em sua
condição de Samurai.
Ao receber a cuspida no rosto, a questão deixara de se tornar honrosa para se
tornar uma questão pessoal - se o matasse agora, seria um ato de ódio, uma vingança
pessoal e o Esforço não seria Correto.
Medite um pouco a respeito desse apólogo e conclua como é frágil a questão do
Esforço Correto.
Primeiro há a questão da quantidade de Esforço.
Você tem se esforçado o suficiente para conseguir cumprir seus objetivos nesta
vida?
Como saber se você tem se esforçado o suficiente?
Quando que o suficiente é o bastante?
Na antiga Kodokan do Prof. Jigoro Kano, o Esforço só era julgado suficiente
quando o quimono ficava intensamente molhado e o suor dos praticantes molhasse o chão.
Em alguns estilos de Karatê primitivos, o Esforço só era julgado suficiente quando
um dos adversários perdesse sangue.
Tudo isso é marcante e certamente significa uma boa dose de esforço, mas não toca
no ponto relevante da questão.
Antes que se possa decidir qual a quantidade de Esforço Correto, é preciso que se
defina qual é a missão de vida (Meio de Subsistência Correto).
Ou seja, recordando do apólogo que você acabou de ler; quais as intenções que
estão por trás de seus esforços?
Por que você se esforça?
O Esforço só é Correto se as intenções e as finalidades que estão por trás dele, o
justificarem.
Conta-se que em determinado ocasião Buda foi apresentado a um homem que
aprendera a caminhar sobre a água.
Buda perguntou-lhe quanto tempo levara para aprender tal façanha e, quando o
homem lhe respondeu que se dedicara 40 anos, treinando e praticando durante cerca de 15
horas por dia, Buda lhe respondeu: "- Você jogou 40 anos de sua vida fora, quando por
apenas algumas moedas poderia pagar ao barqueiro que o levaria ao outro lado do rio.".
Eis aí a grande questão, qual a razão dos seus Esforços?
Quando me refiro à questão do “ESFORÇO” estou me referindo ao que cada um
de nós devolve ao mundo na forma de trabalho produtivo e útil.
As pessoas medíocres sempre devolvem em termos de trabalho apenas aquilo pelo
que acham que estão recebendo e algumas o fazem mal e mal.
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Acredito que devamos dar o melhor de nós mesmos em tudo que fazemos.
Afinal de contas, como diz a neurolingüística:
Se você continuar fazendo o que sempre fez, continuará
conseguindo o que sempre conseguiu. Para conseguir coisa melhor,
você tem que começar a fazer alguma coisa diferente.
Se você, como o Samurai do apólogo, definiu de antemão qual a sua missão na vida
(Meio de Subsistência Correto), então todos os Esforços que empreenda serão
justificados.
Mas se não o fez, então recue sobre seus passos e cuide primeiro das primeiras
coisas, para então e, só então, dedicar-se ao seu Esforço.
Apenas após decidir sua missão seu Esforço será Correto.
Pare então um pouquinho, medite sobre sua Missão de Vida (Dharma), e anote
aqui embaixo. (Lembre-se sua Missão de Vida não precisa ter nada a ver com o que você
faz agora; mas tem tudo a ver com quem você é - com seus deveres para consigo mesmo e
para com a humanidade).
Minha Missão de Vida consiste em:____________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
E farei os seguintes Esforços Corretos para concretizá-la: _________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
Tenho o hábito de meditar sobre o Esforço Correto e como ele atua em minha vida,
durante três dias em cada mês; nos dias 6, 15 e 24. (Repare que a soma dos dígitos desses
números perfazem sempre seis que é o número desse princípio na Senda Reta dos Oito
Caminhos.).
Você também pode adquirir esse hábito, com grande proveito pessoal.
Que tal planejar isso e incluir em sua agenda, hoje mesmo?
94
SÉTIMO PRINCÍPIO: CONSCIÊNCIA CORRETA.
A Consciência Correta para mim implica entre outras coisas em praticar
corretamente a Senda Reta dos Oito Caminhos, somando os dígitos de cada dia do mês,
reduzindo-o a um só algarismo e praticando assiduamente cada princípio relativo ao dia
em pauta, sem que, em qualquer momento, descuide dos outros princípios.
Vamos rememorar:
1º - Você soma os dígitos que compõem os dias do mês.
No caso dos dias que vão de 1 a 9, não precisa somar é claro; basta praticar cada
um dos princípios que recebe esse número.
No caso dos demais dias do mês, somam-se cada um dos dígitos que os compõem e
teremos um algarismo que vai de 1 a 9 novamente, praticando-se cada um dos princípios
relativos a esses números.
Exemplo de soma de dígitos: dia 12 = Princípio Três (1+2=3); dia 27 = Princípio
9 (2+7=9) e assim por diante.
Para facilitar, oriente-se pela tabela a seguir:
TABELA DE CONVERSÃO DE DÍGITOS: Medite a respeito e pratique o Princípio 1 (Compreensão
Correta) nos dias 1, 10, 19 e 28 de cada mês.
Princípio 2 (Aspiração Correta) nos dias 2, 11, 20 e 29.
Princípio 3 (Palavra Correta) nos dias 3, 12, 21 e 30.
Princípio 4 (Ação Correta) nos dias 4, 13, 22 e 31.
Princípio 5 (Meio de Subsistência Correto) nos dias 5, 14 e 23.
Princípio 6 (Esforço Correto) nos dias 6,15 e 24.
Princípio 7 (Consciência Correta) nos dias 7, 16 e 25.
Princípio 8 (Meditação Correta) nos dias 8, 17 e 26.
Princípio 9 (Dharma – Encontrar o sentido da vida) nos dias 9, 18 e 27.
2º - Nos dias que correspondem a cada princípio, você revê os valores que eles
significam (reler os textos referentes a eles pode ser uma boa) e verifica se os tem posto
em prática corretamente a cada dia.
3º - Medite e analise como melhorar a prática do Princípio relativo a esse
determinado dia.
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4º - Ponha em prática o que decidiu, cuidadosamente.
Além dessa conotação de por em prática e verificar a Senda Reta dos Oito
Caminhos, ainda existem outras conotações que merecem uma dedicação especial no que
se refere ao Sétimo Princípio.
Uma dessas conotações é o conceito da morte.
A única certeza da vida é a morte, mas manter consciência disso, nos ajuda a
procurar coisas mais significativas em nossas vidas.
Se você se soubesse eterno, provavelmente não se esforçaria muito para realizar o
que quer que fosse, pois teria toda a eternidade para começar a se esforçar; mas, quando
você sabe que não é eterno, o tempo que dispõe passa a ser precioso e certamente você
tomará a resolução de aplica-lo mais produtivamente e em uma melhor direção (que dê
maior significado à sua vida).
Isso também o leva a perceber que o mundo em que vive é o produto direto ou
indireto da vida de milhares de seres que o precederam.
Tanto a evolução tecnológica quanto a evolução filosófica e espiritual é resultante
da soma de todos esses esforços individuais.
Assim sendo, a consciência da morte serve para lembrá-lo continuamente para que
faça todo o esforço necessário para tornar este pequenino planeta num mundo melhor,
tanto para você, quanto para seus filhos e para os descendentes de seus filhos.
Não creio que a vida exija de você nada tão excepcional, mas eu espero de você,
que seja capaz de dar a sua contribuição, por menor que seja para tornar este mundo um
lugar um bocadinho melhor.
Eu estou fazendo o melhor que posso para dar a minha parte, se você também o
fizer e todos nós o fizermos, este mundo terá se transformado em algo melhor porque nós
existimos.
Não espero que nenhum de meus leitores (as) vire um santo - isso seria muito pouco
perto do que eu espero de você.
Espero que cada um faça a sua parte, a cada dia, a cada hora, a cada momento.
E isso não é muito fácil, por isso dou tanto valor ao pensamento de Robert Louis
Stevenson que cito a seguir:
“Qualquer um pode carregar o seu fardo, por mais pesado que seja até o cair da
noite.
Todos podem realizar o seu trabalho, por mais árduo que seja, durante um dia.
Qualquer um pode viver docemente, pacientemente, amorosamente, puramente,
até o pôr-do-sol.
E isso é tudo o que a vida realmente significa.".
Decore esta frase e procure colocá-la em prática a cada dia enquanto viver.
Veja bem que estou perfeitamente consciente dos maus momentos que a vida
oferece, das mágoas, da angústia e da dor.
Não sou diferente de você, também tenho que suportar o quinhão de dor que coube
a mim nesta vida e nem sou capaz de lhe garantir que o suporte melhor ou mais
bravamente do que você.
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Mas a grande glória da vida consiste exatamente em fazer o que é preciso ser feito,
não nos momentos de alegria e paz em que é bem fácil fazê-lo e sim nos momentos em que
fazer o que é preciso, torna-se desafiador, difícil e até mesmo desagradável por força das
circunstâncias.
É aí, que você descobrirá o seu valor.
É quando os entes queridos que você mais ama, o abandonam, o ferem ou morrem
que você precisa, mais ainda, descobrir o valor real que existe dentro de si e continuar a
caminhar, por mais penoso que seja cada passo, em direção à verdade a que se propôs.
É quando, por muito sofrer, você julga que não existe um Deus ou que Ele o
abandonou que é mais necessário do que nunca, que você continue a caminhar, mesmo que
tropegamente, fazendo com que um passo siga-se a outro, em direção ao que é certo.
Não, eu não espero de você que se torne um super-herói; isso é muito fácil.
Eu espero muito mais de você; eu espero que você seja capaz de fazer as coisas que
devem ser feitas, aquelas coisas do dia a dia, que ninguém valoriza que ninguém elogia,
que ninguém o incentiva a fazer, mas que você faz porque sabe ser o seu dever.
É muito fácil ser herói aos olhos da multidão (e muito pequeno também), mas é bem
mais difícil ser o homem comum, que vive no anonimato do dia a dia, sofrendo pressões,
sendo abandonado, curtindo a dor e o sofrimento que a vida lhe impõe e mesmo assim não
abandonando a luta.
Ter consciência disso é uma das conotações da Consciência Correta, embora
existam muitas outras como descobrirá ao permanecer na senda.
A Consciência Correta lhe dá um sentido para a vida.
Você estará sofrendo, se esforçando e trabalhando por uma verdade maior em sua
vida; alguma coisa que dê um sentido a isso tudo.
Sentido esse que se faz mais e mais necessário à medida que as dificuldades
aumentam, somando-se umas as outras.
É muito fácil ser um herói em condições ideais; muitas pessoas o são, por tirarem
proveito de uma oportunidade qualquer que tenha caído em cima delas independente de
suas escolhas.
Mas ser capaz de trilhar o seu caminho e enfrentar os obstáculos que surjam, sem
esmorecer e fazendo o que é preciso ser feito, isso é outra história.
Fazer isso implica em ter um plano de vida; administrar seu tempo proficuamente;
fazer escolhas nem sempre muito fáceis e, muitas vezes, deixar de lado o prazer
momentâneo em busca de algo mais significativo em termos de ações que produzam um
momento futuro mais adequado.
Fazer o que precisa ser feito exige administrar a dor; estar presente onde você tem
que estar, goste ou não; muitas vezes obrigar-se a deixar o prazer de lado para concretizar
um dever.
É claro que esse caminho não foi feito para os covardes e nem para os heróis de
gibi.
Esse é o caminho do bravo, do homem de coragem, daquele que aceita um desafio e
tem a hombridade de conduzi-lo à concretização plena, custe o que custar.
Espero que você seja uma dessas pessoas, que escolhe cumprir, um dos mais árduos
provérbios do Kung Fu, que afirma:
Aquele que vence a si próprio é o maior dos guerreiros.
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Tenho o hábito de meditar sobre a Consciência Correta e como ela atua em minha
vida, durante três dias em cada mês; nos dias 7, 16 e 25. (Repare que a soma dos dígitos
desses números perfazem sempre sete que é o número desse princípio na Senda Reta dos
Oito Caminhos.).
Você também pode adquirir esse hábito, com grande proveito pessoal.
Que tal planejar isso e incluir em sua agenda, hoje mesmo?
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OITAVO PRINCÍPIO: MEDITAÇÃO CORRETA.
Dhyana Chitta Vritti Nirodha, em sânscrito, significa: A Meditação é a parada das
ondas mentais.
Ou seja, meditar é concentrar a mente de tal forma que o objeto da meditação
permaneça o tempo todo em mente, sem divagações e dispersões.
No entanto, como em sânscrito já existe uma palavra para definir concentração
(dharana) então meditação é mais do que a simples concentração do pensamento.
Se meditação é mais do que simplesmente concentrar o pensamento, a Meditação
Correta para mim não é apenas um exercício mental de repetição de mantra ou quaisquer
daqueles exercícios de meditação que o Yoga e outras escolas indianas ensinam.
Embora respeite as concepções de diferentes escolas, Meditação Correta para mim
implica em ater-me a alguma qualidade ética ou moral e desenvolvê-la em minha mente,
procurando significados cada vez mais amplos e profundos.
Para isso, inicio minha meditação examinando os atos de meu dia anterior e
verificando falhas e progressos (exame de consciência) procurando aprimorar minha
prática da Senda Reta, bem como descobrir novas perspectivas em perceber e por em
prática (filosofia e práxis) cada um dos oito caminhos.
Segundo John White, autor do livro Everything You Want To Know about TM
Including How To Do It, a pratica regular da meditação diminui o consumo de oxigênio,
diminui a freqüência respiratória, diminui o batimento cardíaco, diminui a pressão arterial
e aumenta as ondas alpha.
A meditação é a arte do autocontrole mental.
Cada técnica de meditação é um exercício que me ajuda a entender e controlar
minha mente e meus pensamentos.
Relacionar-me com minha mente significa afastar-me para observar o que está
ocorrendo nela, sem prender-me a um pensamento em particular.
O tempo dedicado à meditação ilumina minhas idéias e faz com que o tempo pareça
se expandir; se adequando às necessidades à medida que surgem.
Depois de feito o exame de consciência, examino as questões mais marcantes do
dia anterior e procuro analisá-la à luz das emoções mais comuns – o que teria acontecido
nessa mesma circunstância se eu estivesse mais calmo; mais atento; dispondo de um maior
estado de recursos?
Passo a seguir a examinar áreas mais amplas de minha vida, à luz da experiência
que estou examinando; normalmente divido a vida em algumas áreas: física, mental,
familiar, profissional, social e espiritual; mas você pode escolher outras divisões se assim
o desejar.
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Ao examinar essas áreas mais amplas penso em perdas e ganhos; COMO que o que
acabei de vivenciar pode causar danos (ou ganhos) para minha realidade física? E
mental? E familiar? E profissional? E social? E espiritual?
Procuro “girar” a vivência dentro de minha mente, cobrindo o máximo possível de
informações e de áreas de possibilidades – à medida que o faço, novas perspectivas
começam a surgir, o que abre prerrogativas para minhas próximas meditações, inovando
os ângulos e as abordagens.
Tenho o hábito de meditar sobre a Meditação Correta e como ela atua em minha
vida, durante três dias em cada mês; nos dias 8, 17 e 26. (Repare que a soma dos dígitos
desses números perfazem sempre oito que é o número desse princípio na Senda Reta dos
Oito Caminhos.).
Você também pode adquirir esse hábito, com grande proveito pessoal.
Que tal planejar isso e incluir em sua agenda, hoje mesmo?
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NONO PRINCÍPIO: O DHARMA.
O Budismo em termos da prática das Quatro Nobres Verdades é suficiente para
conduzir você a uma vida bem ordenada e correta, você não precisa do nono princípio
para alcançar todo o proveito que a pratica desta disciplina possa lhe oferecer.
Por que a Senda Reta do Budismo tem oito princípios e não sete ou nove?
Porque o número 8 na Índia é uma espécie de número sagrado.
Mas, para o nosso propósito que consiste em praticar uma disciplina todos os dias,
ficaria mais fácil se tivéssemos apenas sete princípios, pois poderíamos nos dedicar a
pratica de um princípio por dia, nos sete dias da semana, renovando a experiência na
semana seguinte.
Por outro lado, se o caminho original prescrito pelo Buda contém oito princípios,
não podemos, a título de praticarmos uma disciplina diária, excluir quaisquer desses
princípios.
Como saberíamos qual o menos útil?
E se fizesse falta um desses princípios para que conseguíssemos concretizar o
objetivo da Senda?
Encontrei então duas maneiras de você praticar o método da Senda Reta a cada
dia.
PRIMEIRA MANEIRA:
Dedique-se a praticar todos os oito princípios a cada dia, da seguinte forma.
No Domingo pratique o primeiro princípio, sem desleixar os demais princípios.
Na segunda prossiga praticando o segundo princípio, na terça o terceiro, na quarta
o quarto, na quinta o quinto, na sexta o sexto, no sábado o sétimo – sempre sem desleixar
os demais princípios.
Mas além de cada um desses princípios a que é dedicado um dia da semana,
pratique a meditação todos os dias.
Agindo assim estará praticando todos os oito princípios, a meditação todos os dias,
e os demais princípios todos os dias também, mas dedicando uma atenção especial a cada
um dos sete primeiros princípios a cada dia da semana.
SEGUNDA MANEIRA:
Como todos os dias do mês podem ser reduzidos (somando-se os dígitos) a números
que vão de um a nove, um bom recurso é acrescentar mais um princípio de forma que,
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alcançando o número 9, possamos somar os dígitos do mês de forma a sempre termos um
número que nos remeta a um princípio a ser praticado aquele dia.
Quando você examinou a Tabela de Conversão de Dígitos, nas páginas anteriores,
talvez tenha estranhado a inclusão de um Nono Princípio já que o Buda ensinou apenas
oito.
Bem, na realidade Buda não ensinou apenas oito princípios, ensinou muitos outros
princípios, talvez dezenas deles; mas preferiu enfeixar apenas oito na Senda Reta.
Por que então, acrescentar mais um Princípio?
Em primeiro lugar porque não se trata de apenas mais um Princípio, é “O”
Princípio, já que o Buda o considerava tão relevante que afirmou que quem o praticasse
estaria sendo fiel aos seus ensinamentos (vide o capítulo sobre o Dharma); em segundo
lugar, porque, acrescentando-o aos Oito Princípios da Senda Reta, o leitor (a) terá a seu
dispor um método bastante pragmático para por em prática cada um desses princípios em
um determinado dia do mês.
O método que lhe passei neste livrinho: somar os dígitos de cada dia do mês e
praticar um desses princípios com mais afinco e atenção nesse determinado dia, é muito
útil para mantê-lo na Senda e lhe dar meios de empreender esforços sistemáticos na
prática do Budismo.
Tenho o hábito de meditar sobre o Dharma e como ele atua em minha vida, durante
três dias em cada mês; nos dias 9, 18 e 27. (Repare que a soma dos dígitos desses números
perfazem sempre nove.).
Como Dharma é o nome que se dá de forma genérica a pratica fundamental do
Budismo, no dia de me dedicar ao Dharma estudo os Sutras do Budismo.
Você também pode adquirir esse hábito, com grande proveito pessoal.
Que tal planejar isso e incluir em sua agenda, hoje mesmo?
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PALAVRAS FINAIS:
Sem autodisciplina nenhuma forma de desenvolvimento mental vai longe.
Disciplina vem do latim = disciplinare = ensinar alguma coisa a si mesmo.
Autodisciplina é ensinar-se a agir e a pensar em direção aos objetivos
previamente determinados e evitar agir e pensar em direção contrária a esses objetivos.
A autodisciplina não é um fim em si mesmo, é um meio para se atingir um fim.
Existe diferença entre necessidade e desejo.
Necessito apenas das coisas que são essenciais a minha existência como pessoa.
Desejo coisas que me dão prazer.
Quando não sei que uma determinada coisa pode me dar prazer, não a desejo.
Se experimento uma coisa que me dá prazer, então passo a querer tê-la novamente
- isso é desejo.
Nem sempre o que desejo é uma necessidade.
Nem sempre o que é uma necessidade, significa prazer para mim.
O desejo antes de se tornar real em minha mente, foi objeto da atenção de meus
sentidos.
Controlando meus sentidos posso manter meu desejo sob controle também.
Quando não desejo uma determinada coisa e a vejo, isso não altera meus
sentimentos internos.
Quando desejo uma determinada coisa e a vejo, isso aumenta meu desejo e cria
uma ansiedade dentro de mim até que esse meu desejo seja satisfeito.
Se não consigo satisfazer a esse desejo, surge a frustração dentro de mim.
E a frustração é dor.
Se me recuso a olhar para alguma coisa que me desperta o desejo, consigo manter
meu desejo dentro dos limites de minha capacidade de autocontrole.
Esse é um esforço pequeno, mas pode ser suficiente para controlar meu desejo e
evitar a dor (da frustração de não ter o que desejo).
Mas, melhor do que me recusar a olhar para alguma coisa que me desperta o
desejo é olhar sem apegar-me.
Minhas emoções se manifestam como conseqüência de meus desejos.
Quando elevo minha voz e falo de forma irada, estou elevando minha voz porque há
ira dentro de mim.
E a ira surge de uma frustração, e a frustração surge de um desejo que não consigo
realizar, e isso me ensina que se não houvesse o desejo, eu não ficaria irado.
E a ira me causa dor de várias maneiras.
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É dor perder o autocontrole e elevar a minha voz.
É dor para mim, a dor que provoco nas outras pessoas com a elevação da minha
voz.
É dor ter que me desculpar depois de ter perdido o controle.
É dor ter permitido que as emoções tomassem conta da minha mente, a ponto de
elevar a minha voz.
Quando uma frustração faz surgir à ira dentro de mim a ponto de me fazer erguer
minha voz, o erguimento de minha voz me faz ficar ainda mais irado, pois tenho agora
duas frustrações: a primeira de ter erguido a minha voz; a segunda de me tornar
consciente de que ao ceder a minha ira, cedi a meus desejos e me tornei o responsável por
minha própria dor (frustração).
Quando a despeito de uma frustração consigo manter minha voz suave, isso elimina
a segunda frustração que é conseqüência da primeira e já é um primeiro passo para
transcender a minha ira e compreender qual o desejo que a gerou.
O maior problema no caminho do autodesenvolvimento não está em compreender
seus princípios e sim em colocá-los em prática.
Por essa razão construí como meu lema básico a seguinte frase:
"O que sei não tem valor algum; o valor está no que faço com o que sei."
Existem três maneiras de você se incentivar a prosseguir no caminho de seu auto
aperfeiçoamento.
São três formas de auto motivação:
PRIMEIRA: Autogratificação - quando cumprir seu programa de autodisciplina se
recompense com alguma coisa que lhe agrada.
SEGUNDA. Autopunição - quando não cumprir seu programa de autodisciplina,
puna-se se impondo alguma coisa que lhe desagrada ou tirando pequena porção daquilo
que lhe agrada.
TERCEIRA. A virtude é a recompensa de si mesma.
Se você não se decidiu a respeito de qual das três usar - precisa meditar a respeito.
Os antigos gregos praticavam o Hedonismo que era a busca do prazer.
Não me consta que alguém busque a dor, a menos que seja masoquista.
Não sei de nenhum sistema filosófico que buscasse a dor e quando alguma
determinada religião busca a punição como uma forma de controle do pecado e chama
essa punição de sacrifício, está desvirtuando o sentido do que é sagrado (sacreficare).
Existem dois tipos de prazer: conseguir aquilo que agrada e se livrar daquilo que
desagrada.
O que desagrada é a dor.
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Tenho dor quando não consigo aquilo que desejo; tenho dor quando perco aquilo
que desejo etc...
Além da dor física, existe também a dor mental.
A dor mental de não conseguir aquilo que desejo, pode ser chamada de frustração.
A dor mental de perder aquilo que desejo também pode ser chamada de frustração.
Quando analiso mais profundamente percebo que a frustração não é causada
realmente por não conseguir o que desejo ou por perder o que desejo; a frustração é
causada por desejar aquilo que não necessito.
Ao me frustrar em relação a algum desejo, gero dentro de mim ansiedade,
ressentimento e orgulho.
Gero ansiedade dentro de mim quando tenho pressa de obter aquilo que desejo;
quando acho que posso perder o que desejo; quando constato que não conseguirei o que
desejo.
Quanto mais desejos tenho, mais ansioso fico.
Gero ressentimento dentro de mim quando me magoo (frustração) contra as
pessoas ou coisas que se colocaram como obstáculos entre mim e a realização de meus
desejos.
Ressentir é sentir outra vez, sentir outra vez, sentir outra vez.
Gero orgulho dentro de mim quando me espanto das misérias humanas estarem
acontecendo para uma pessoa como eu que não procura o mal de ninguém (e aí estou
procurando o meu próprio mal).
Gero orgulho dentro de mim, quando me permito demonstrar meus conhecimentos
diante de outras pessoas, quando não solicitado.
Gero orgulho dentro de mim quando adoto atitudes de autoafirmação; de
conquistar e de manter prestígio e quando sinto prazer quando alguém se refere a minha
importância.
Como percebo que abrigo em mim atitudes de ansiedade, ressentimento e orgulho?
Percebendo se fico ansioso, se sinto aversão a alguém ou a alguma coisa e se me
engano supondo-me importante.
O ponto de partida para encontrar forças dentro de mim para transcender essas
forças negativas (que não existem de per si, pois eu mesma as gero), é a prática da Senda
Reta.
Ao praticar os ensinamentos deste livrinho você estará praticando um Budismo
salutar, bem próximo daquele que Gautama ensinou ha mais de dois mil anos e com
certeza bem mais decente do que esse budismo religioso que está fazendo com que
marmanjos, que se intitulam monges budistas e vestem vestes açafroadas estejam trocando
sopapos em busca de poderes e méritos egoísticos.
Este é o caminho suave, o caminho do meio, ao alcance do Budista leigo.
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BUDISMO TRANSFORMACIONALISTA
FILOSOFIA BUDISTA PURA
NÃO RELIGIOSA E NÃO SALVACIONISTA
O Budismo Transformacionalista ensina a filosofia budista pura, sem pretensões religiosas ou salvacionistas, buscando apenas fornecer instrumentos para que cada praticante tenha a oportunidade de encontrar dentro de si os recursos necessários para conquistar a felicidade pessoal.
Os cursos do Budismo Transformacionalista são de Utilidade Imediata, totalmente práticos, cada participante realiza exercícios onde põe em pratica cada um dos temas abordados, capacitando-se a cada pratica a aplicar em sua própria vida o que acabou de aprender. É impossível participar dos cursos do Budismo Transformacionalista, aplicando os ensinamentos nele transmitidos, sem que a vida se transforme substancialmente para melhor em todos os seus setores. Os cursos do Budismo Transformacionalista são indicados para todas as pessoas que estejam interessadas em uma vida melhor, mais rica, mais estável emocionalmente, mais realizada. Especialmente indicado para pessoas interessadas em crescer interiormente, encontrando a paz e alcançando uma melhor harmonia em sua vida. Se você deseja participar desses cursos ou promove-los em sua cidade, escreva solicitando informações para [email protected]
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Sobre o autor:
Autor de destaque em assuntos ligados ao orientalismo, artes e culturas
orientais, o Dr. Marco Natali, mais uma vez, brinda o povo brasileiro com um
de seus saborosos livros, que tem por característica a facilidade da leitura,
eivada de vivências pessoais, sem perder a profundidade necessária para que
seja aplicável à vida prática do leitor.
Tema atualíssimo, o Budismo em nossos dias não está mais restrito aos
templos orientais, tendo já, se incorporado ao viver diário tanto das pessoas
simples quanto de ocupados executivos, líderes em diferentes setores do
mundo empresarial.
Este é um daqueles livros que, apesar da leveza do texto, trás ao leitor
uma vasta gama de informações, sempre direcionadas a uma aplicação
prática no dia a dia, sem dúvida contribuindo para o desenvolvimento dos
valores espirituais já tão defasados em nosso tempo.
Esta obra aborda os conceitos fundamentais do Budismo que é uma das
mais suaves e profundas escolas do pensamento humano.
Este livro em particular, desenvolve esses conceitos de forma bem
pragmática, apresentando inclusive um método simples e objetivo de aplicá-
los no dia a dia do leitor.
Sendo um texto que, embora para leigos, apresenta alguns conceitos
bastante profundos a respeito do apego, da impermanência e da libertação da
dor, é sem dúvida, uma obra que não pode faltar na estante do leitor
interessado em dar um novo sentido à sua vida aprofundando de forma
prática sua busca espiritual.
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