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MONICA KARINA HANSELE
PORTUGUES COMO LINGUA ESTRANGE IRA NO BRASIL
Monografia apresentada a disciplina deNetodoiogia de Pesquisa para obten<:;aode grau de Especialista no curso deEspecializa<:;.3o em Lingua Portuguesa daUniversidade Tuiuti do Parana.Orientadora: Dra. Denize Araujo
CURITIBA
2000
SUMARIO
1 INTRODU<;:AO .............•...•................ 2
FATORES DE APRENDIZAGEM
o APOIO DIDATICO
o LODICO
5 MATERIAlS AUDIOVISUAlS
......•...•...•..•...... 6
15
A ARTlFlCIALIDADE NA LINGUAGEM
18
21
237.CONSIDERA<;:OES FINAIS
REFERENCIAS BIBLIOGRA.FICAS 24
INTRODU<;:AO
Romper as fronteiras lingUisticas culturais e a
palavra chave num mundo governado pela globaliza~ao. )Jao se
tern mais sete anos para aprender urna lingua estrangeira. Par
iS50 as tecnicas de ensino de vern ser aprimoradas e
discutidas.
Devido a grande procura do ensino de partugues para
estrangeiros, identificarnos urna deficiencia de bons materiais
didaticos e principalmente tearieas para serem usados como
suporte de trabalho.
Portanto, aliando a pesquisa te6riea a experiemcia em
campo, acredi ta-se que 0 terna gere frutos provei tosos.
Este trabalho tern como objetivo relacionar alguns
estudiosos sabre 0 terna e demonstrar que para 0 ensine de
partugues para estrangeiros, aqui no Brasil, 0 aluna precisa
de urn metoda com uma abordagern comunicativa para que, alem de
compreender a lingua, consiga cornunicar-se criando ambientes
de dialogos em situac;6es reais, extraclasse.
Atraves da lei tura de textos te6ricos que abordem como
tema central a aquisiyao da linguagem, 0 professor po de
proporcionar ao aluno urn metodo no qual possa perceber que a
lingua e mui to rnais do que uma reuniao de frases prontas.
Este metodo deve ser dinamico, possibilitando ao
professor uma flexibilidade que Ihe permita expandir 0 input
atraves de exercicios lingllisticos de acordo com a corrente
de interesse do aluno.
2 FATORES DE APRENDIZAGEM
Ensinar alguem a falar faz parte de urn processo 10ngo
que requer tecnica e conhecimentos de aquisi~ao de linguagern,
pois muitos fatores podem interferir no processo de
aprendizado.
No primeiro instante temos que identificar os diferentes
fatores que afetam 0 desempenho cognitivo dos nossos alunos:
fatores bio16gicos, de ordem afetiva, 0 ambiente e 0 input
lingUistico.
Como ja foi comprovado em estudos, dentre as quais 0
artigo de Ricardo Schutz, possivelmente a assimila~ao da
lingua ocorre via hemisferio direito (lado criativo) e e
sedimentado do lade esquerdo. Com exce~ao nas crianGas, a
assimila<;ao ocorre de maneira diferenciada, ha uma maior
interac;ao entre os dois hemisferios cerebrais.
(www viavale.com.br - by Ricardo Schutz, 1998.)
o aluno adulto tern capacidade de lidar com conceitos
abstratos, enquanto as crian<;as dependem fundamentalmente de
experiencias concretas, de percep<;ao direta.
Fatores psico16gicos que sao decisivos como:
desrnot.ivac;ao (aus€mcia de motivo ou frustra<;ao de nao
conseguir proficiencia atraves do estudo formal);
perfeccionismo, (tendencia a preocupar-se excessi vamente com
a forma, e ideia radicalizada do conceito de certo e errado
em se tratando de linguas); ansiedade (causada pela
expectativa de obten<;ao de resultados), pode frustrar 0
trabalho desenvolvido.
Esses fatores podem ocorrer tanto em crian<;as quanto em
adul tos e 0 professor precisa estar consciente dos mesmos
para que quando se deparar com urn deles saiba como
administra-los, tornando a ensino aprendizagem efetivo.
Outro rat~r relevante e 0 ambiente o input
lingliistico. Quando urn adulto se dirige a uma crian<;a usa urn
linguajar proprio, modificando tanto no plano estrutural como
no vocabulario, para se aproximar ao nivel de compreensao da
crian<;a. Ja no ambiente em que os adultos vivem, 0 tipo de
linguajar e pensamento e mais amplo, ou seja, a linguagem par
eles almej ada e a eles dirigida tende a ser mais complexa e
as assuntos mais abstratos.
E para tornar 0 ensino ainda mais efetivo, vale lembrar,
segundo Luiza Maria Carravetta, que aprende-se 10~ do que
se le, 20% do que se ouve, 30% do que se ve, 50% do que se
ve e ouve, 70% do que se diz 90% do que se faz.
(CARRAVETTA, Luiza Maria. Metodos e tecnicas no Ensino do
Portugues, 1991 p. 20).
Assim, ciente desses fatores, pode-se partir com rnais
seguran<;a para 0 ensino de portugues para est:rangeiros no
Brasil.
3 0 APOIO DIDATICO
Quando se aprende uma lingua estrangeira, normalmente
anseia-se em falar 0 mais rapido possivel e conseguir
entender 0 que esta sendo di to. Mesmo sem saber, os alunos
est~o querendo por em pratica urn dos principios basicos da
linguistica moderna. "Urn dos principios fundamentais da
linguistica moderna e 0 de que a lingua falada e mais basica
do que a escrita." (LYONS, John. Lingua (gem) e Lingiiistica,
1987, p. 24.).
E, se a fala e a base de uma lingua, deve-se observar na
escolha do metodo para que este nao pri vilegie demasiadamente
escrita, priorizando as necessidades e interesses
particulares de cada aluno. Mas, se 0 metodo tende a impor a
escrita como principio de aprendizado, 0 professor deve
viabilizar miscigena~ao do conteudo, tornando-o
comunicativo.
Caso 0 professor opte pelo trabalho com 0 livro didatico
deve ter bern claro que apenas urn apoio e que e
indispensavel complementar 0 seu trabalho com textos
informativos, programas de televisao gravados, atividades
ludicas e musicas. Tude para tornar 0 alune inserido num
contexte socioeducacional.
seu aprendizado sera contextualizado
conseqUentemente mais efetivo, sem que seja necessaria urn
metoda teoricamente magnifico.
Os ffietodos de cabine, programas espetaculares de
computa9ao, propagandas do tipo "aprenda em seis meses" podem
parecer muito atrativos. E podem realmente ensinar algo, mas
sera que depois de seis meses sem contata com a lingua 0
aluno vai lembrar de alga? Dificilmente, pois falta 0 que
Kraschen defende:
o born ensino nao e aquele atrelado a urn pacote diditticooredeterminado, nem aaueletecno16g1cos, mas sim'pessoais do instrutor em erial:voltadas as areas de interesse- by Ricardo Schiltz, 1998.)
utiliza modernos recursosque explora as habilidadessitua<;oes de comunicayao realdo aluno. (www.viavale.com.br
A grande maioria dos Iivros didaticos "oferece" ao
aprendiz um metodo facil, rapido e eficiente.
Muitos professores, talvez por ingenuidade ou
desinforma<;ao, acreditam em promessas de fazer 0 seu aluno
aprender a lingua usando apenas 0 material e chegam realmente
a acreditar nissa, pais os alunos estao (re)produzindo frases
"corretas" durante as aulas. Mas isso na~ e suficiente para
que se ensine as quatro habilidades da linguagem.
Os objetivos dos cursos 0 ensino de linguas sao quasesempre definidos nas quatro "habilidades delinguagem": linguagem oral, falar, ler e
dizem respeito ao tipo de atividade
que os alunos terao que produzir. (~HDDOl'lS0N, H.G. Ensino delinguas para comunicar;ao, 1991, p. 13.)
Nao se critica aqui 0 usa do livro didatico, mas 0
professor que fizer a op~ao em usa-Io devera ter consciencia
de que nem tudo 0 que ali e apresentado e sin6nimo de
aprendizado eficiente e efetivo.
Tomemos como exemplo a primeira lic;ao do livr~ Avenida
Brasil 1.
- Bom-dia.- Bom-dia- Como e seu nome?- Heu nome e charles.
- E como a senhor se chama?- Eu me chamo Peter Watzlawik.- Como?- Peter ~·latzlawik.- Como se escreve a seu sob rename?-w- A- T- Z- L- A- "\<1-I- K. E a senhora como se chama?
- 0 senhor e americana?- Sou sim. E a senhora, e alema?- Nao, nao sou, sou holandesa.
- Qual e sua profissao?- Sou Jornalista. Tabalha no Jarnal do Brasil.- Onde 0 senhor mora?- Moro na Fran~a, em Paris.
Segundo autora 0 objetivo dessa unidade
cumprimentar, pedir e dar informac;6es pessoais, soletrar,
despedir-se, comunicar-se em sala de aula e conhecer alguns
verbos regulares da primeira conjugac;ao, 0 verba irregular
ser, aleID dos substantivos masculinos, femininos, as pronomes
pessoais e possessivos, as contrac;6es no, na, e a preposic;ao em.
Ao ouvirmos urn di,3:logo dessa natureza constata-se uma
linguagem artificial, pois as persona gens nao falam numa
velocidade real e entonam sua voz como se estivessem fazendo
leitura de contos de fadas para crian.:;as. Entao, apesar de
estar se propondo trabalhar com a habilidade auditiva, este
objetivo nao alcan<;ado porque 0 aprendizado nao e
imediatamente semelhante ao que 0 aluno ouvira quando sair da
sala.
Tendo em vista que a grande maioria dos alunos ja
conhece alguns conceitos de uma lingua estrangeira, e ja
possuem facilidade maior de abstra<;ao lingUistica, seria
frustrante discutir nas primeiras aulas apenas este
vocabulario, e alem de tudo nao contextualizado.
Uma sugestao para trabalharmos este conteudo vocabular e
gramatical e trazer para a aula urn formulario de hotel. Assim
ap6s urn trabalho vocabular seria possi vel formar urn dialogo
entre recepcionista e 0 h6spede. 0 conteudo estaria sendo
trabalhado obedecendo a porcentagem de informa<;:oes visuais e
auditivas, ja citado no capitulo anterior, onde 0 aluno
estaria ouvindo, venda e praduzindo, conseqUentemente fixando
corn maior facilidade.
Outro questionamento a fazer e: qual 0 objetivo em
apresentar apenas os verbos da prime ira conjuga<;:ao? Sera que
nas primeiras semanas de aula 0 aluna 56 vai ouvir e usar
10
verbos terminados em ~ar? Vale lembrar que, segundo Peter
Bimme11, as alunos nao podem ficar dependentes do seu
professor. Se nos intervalos das aulas ele ouvir au procurar
no dicionario urn outro verba nao podera conjuga-lo.
A proposta aqui e que 0 professor prepare uma tabela de
verbos encontrada em gramaticas au nos livros de portugues
para estrangeiros, para que 0 aluno a manipule dentro e fora
da sal a como material de apoio, permitindo-lhe consulta-la
quando necessitar fazer alguma conjuga<;ao. Assim, evita-se
que numa necessidade de comunica<;ao ele use apenas 0 modo
infinitivQ dos verbos.
o professor pode fugir desses textos simples que segundo
Manfred prokop2 levam a tradu<;ao e naD ao entendimento global
do contexto,. atraves do usa de manchetes jornalisticas que
possuem a vantagem de serem sempre atuais e podem ser
escolhidas de acordo com as areas de interesse do aluno.
Sele<;ao busca 7°titulo do !?re-OlimpicoA sele<;:~o brasileir-a tenta heje contra 0 Uruguai, as 17horas,no Estadio do Cafe, 0 setimo titulo do pre-Olirnpieo. l>. equipegarantiu a classifica<;:ao para as Olirnpiadas na Sexta-feira aoveneer 0 Chile por 3 ale precisa de urn empate para sercampea. A Argentina e Chile decidem a Segunda vaga, as 15heras. Gazeta do Povo de 06/02/2000
1 "LCOlellde. die kcillc oti ••,. inllcfTektive Lernsstratcgien entwik~kel, hlcibcn \'on der Lerkmll ubhiingig. Sie sind (L,raufIlllgewiescn. das." die Lchrerin Ihnen \"\)I"~hrci1x:n, welche Obllngen.u111 die Frcllldsprnchc ZII k11K'I1 "(BlN1MEL, Pekr. l.emslrtlleKien im I)elllscllllillern'chl FI"(:lIlIlspmclle Dell/Jeh S, 1993, p. 1S)
~ "Ueim Linearcn LclllilnSlltz kle1x:1l die Lemcndcn Mulig :J111ain7.elwon ... sic nbcr·sclzen Wort fiir Wort in ihrcMutk,.spr,lChc ... Regcln wcrdenohne Wick auf dic SprnclulU\\'cndung 11llSwendig gelt-'1ll\. H
(pROKOP, Ivlilllfroo. Lemen kTlICII - ab<,.,.j••!Aber \\;c? Frcmdspmche lJcuL<;ch 8, 1993, p. 17.)
11
Para trabalhar este texto sugere-se que inicialmente
seja explicada a fonetica do portugues do Brasil. Depois faz-
se leitura oral. Para explicar vocabuHlrio
alternativa e pedir ao aluna que procure estrangeirismos au
palavras de origem latina que sejam evidentes comparando-se
com sua lingua materna. Assim, facilita-se 0 entendirnento
global do contexto.
Ap6s a prirneira fase concluida volta-se ao texto
original e pocte-se introduzir 0 conteudo de numeros ordinais,
cardinais, horas e datas.
Em um segundo momento deve-se identi ficar as verbos e
explicar-se 0 tempo presente as tres con]ugac;:oes,
oferecendo-lhe urn material para consulta.
Na aula seguinte, usanda como base 0 texto da aula
anterior, cria-se urn contexto para explicar preterito
perfeito e imperfeito, inclusive 0 composto "fui falar". 0
exercicio de fixac;ao sera recontar a manchete no preterito.
E por fim cria-se uma si tua.;ao real de dialogo onde 0
aluno vai falar do seu esporte preferido, como e no seu pais,
e se 0 time de seu pais vai participar das olimpiadas de
Sydnei, par exemplo.
Quando as aulas sao programadas nessa linha 0
aproveitamento e maior do que os dialogos apresentados pelos
livros didaticos.
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E necessaria lembrar sempre que 0 professor precisa
estar bern preparado, naD 56 com conhecimento te6ricc sobre
aquisic;ao da linguagem como tambem com conhecimentos
gramaticais e lingi.1isticos, pais, nessa proposta, embora 0
conteudo deva ser dirigido e delimitado, possibilita-se uma
abertura para muitos tipos de perguntas. E 0 professor
precisa, aincta, estar preparado para responder e ensinar 0
que ele realmente considera importante.
Assim foge-se do que widdowson afirma ser feito por
muitos professores:
Urn pressuposto freqUente entre as professores delinguas parece 5e!:, como ja apontamos anteriormente, 0 de quea tarefa essencial e a de ensinar uma sele<;:ao de palavras eestruturas, eu seja, elementos da forma, e que isso por si s6atendera as necessidades comunicativas qualquer que seja aarea de uso relevante para 0 estudante num estagio superior.(~'1IDDO\·ISON, H.G. Ensine de linguas para cemunica9.§o, 1991, p.32. )
Muitos professores ouvindo comentarios sabre
contextualiza<;ao criam au capiam textos para introduzir urn
t6pico gramatical, mas nao se preocupam muito com 0 contexto,
querem apenas introduzir 0 conteudo, ficando assim com uma
si tua<;ao de dialogo extremamente arti ficial. Por exemplo no
primeira dialogo da unidade 1 do livro Avenida Brasil 1 ja
citado anteriormente, para introduzir a tema masculino e
feminin~ formularam a seguinte pergunta: "Qual e a sua
profissao?"
13
Citando apenas essa frase podemos constatar que 0
material da enfase linguagem formal. Segundo Gehard
Neuner3, esse tipo de linguagem tern pOlleD ver com a
realidade. E sabe-se que dificilmente urn falante nativQ
farmularia a pergunta dessa forma. Ele perguntaria: "Onde e
que voce trabalha?", "0 que que voce faz?". Estas frases
gramaticalmente incorretas servern, ainda, para alertar 0
aluna de que 0 que ele esta aprendendo em sala faz parte da
lingua padrao, e 0 que ele ouvira em seu cotidiano tera
interferencias dialetais.
Por i550 nao basta saber que e necessaria trabalhar com
textos, 0 principal e saber escolhe-los.
o conteudo gramatical que deveria ser trabalhado com 0
texto exemplificado aeima seria introdut6rio ao ensino de
genero feminino e masculin~. Seria pouco interessante abordar
apenas 0 genero das profissoes. Antes disso, seria util
mostrar-lhe como identificar 0 feminino e masculino dos
substantivos de urn modo geral, e, num segundo momento,
ensina-lo a formar 0 genero dos substantivos de urn grupo
Desta forma, segundo Widdowson:
especifico.
J "In \'iclcl1 Lchrg;ingcn lind Lchwcrkcn stell! das Erlcrcn rormalsprachlichcr Erschcinungcn till Vordcrgrund.Oicsc h;lbcn schr ort mit den rcaicn Vcrsliindigullgsinlcrcsscn venig"l.u lun.~(NEUNER. GEHARD.(Jbllllgs~)'polo~;e :11111kOlllllllikmil'(!1/ Delff.~cJ/Ulllerricht. 1995. p. 3·1.)
14
A pesSOd que domina uma lingua estr-angeira sabe mais doque compreencier, falar, let: e escrever oracoes. Ela tambemconhece as rnaneiras como as ord<;:oes sao utilizadas Ddraconseguir urn efeito comunicativo. (\HDDOI'ISON, H.G. Ensin; delinguas para comunicao:;:ao, 1991, p. 13.)
Sendo assirn, 0 professor deve tomar cuidado ao
apresentar apenas lingua padrao, para que as nuances
lingUisticos das variantes brasileiras nao sejam estranhos
aos ouvidos do aluna, oferecendo-lhe metoda no qual possa
perceber que a lingua e mui to mais do que uma reuniao de
frases prontas, capacitando-o auditivamente e condicionando-o
ao uso.
A solu~ao para utilizar 0 texto referido seria 0
professor oferecer varias possibilidades de cumprimentos,
inclusive girias. Assim 0 aluno tem cantata com
vocabulArio mais rico e v§rios tipos de pronOncias, e ai sim
pode-se dar enfase para a tipo de situac;ao que 0 aluno
encantrara com mais freqtiencia.
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4 0 LUDICO
o ltidico e urn dos itens que deveria sempre estar
presente no processo de ensino, pois 0 individuo va~ para
aula depois de urn dia cansativQ de trabalho, mais par
obriga<;ao do que par op<;ao e precisa de urn elemento que 0
"transporte", atraia sua aten<;ao para adquirir as
conhecimentos com mais facilidade.
Como 0 livro didatico apresenta novos conteudos
constantemente ha pOllca tempo para fixa<;:ao. Muitos
professores 5e iludem e acredltam que 0 aluno a fara sozinho
em urn tempo livre. 1550 seria 0 ideal, mas muitas vezes 0
professor precisa interferir e fazer 0 trabalho de fixa<;:ao e
porque naQ faz§-lo de mane ira ludic a no inicio da aula?
Esse trabalho pade ser feito atraves de varias
atividades, dentre elas alguns jogos de memoria,
confeccionados ou improvisados pelo proprio professor, de
acordo com as necessidades vocabulares do aluno. Assim 0
aluno associa a palavra a figura e com certeza fixara 0
vocabuL3rio.
Uma vez fixado 0 vocabulario, uma outra possibilidade de
exercicio com estes jogos e fazer com que 0 aluno produza
frases orais depois de visualizar as figuras, lembrando-se
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que ha mui to mais complexidade na formula<;ao oral que na a
formulacao escrita, pais, quando escrevemos temos 0 fatar
visual que facilita a reflexao e a recordac;:ao do que ja foi
escrito.
Outra atividade interessante, caso 0 alunc naQ goste de
ter a sensa<;ao de estar "brincando" e a caixa de vocabuL~rio.
Leva-se uma caixa com cinco repartic;oes e cartoes de
tres cores para dividir os substantivos em genera (azul para
masculino e vermelho para feminine) e a Dutra cor para as
demais classes grarnaticais (verbos, adjetivos, adverbios,
etc.). Ao final da aula 0 alunc anota nessas fichas as novas
palavras e as coleca na primeira repartic;ao. Na aula seguinte
o alunc pega a fixa da primeira repartic;ao e se ainda souber
aplica.-la passa-a para a segunda coluna. Caso n.:1o saiba
descreve-la deve recoloca-la no lugar onde se encontrava. Se
por acaso 0 aluno esquecer 0 significado da palavra quando
estiver na quarta ou quinta reparti<;ao deve recoloca-la na
prime1ra.
Aten<;ao, como e uma atividade a longo prazo nao deve
tomar mais do que cinco ou dez minutos da aula, pois a aula
ficaria desinteressante e perderia a sua fun<;ao de mostrar ao
aluno 0 que ele ja sabe, au seja, deixaria de ser urn
incentivo.
Quando 0 professor ensinar nUmeros, uma atividade muito
17
apreciada por adu!tos e crianc;as e a amissao de multiplos,
como por exemplo: urn, dais, tres, pin, cinco, seis, sete,
pin .. Urn jogo aparentemente facil, mas que requer uma
reflex~o imediata, peculiar a urn falante nativo.
Ja para conjugar verbos, utiliza-se urn dado e urn baralho
de verbos. 0 aluno precisa comprar uma carta na qual esta
indicado 0 verba e 0 tempo a ser conjugado. Joga-se 0 dado, e
o resultado equivalera a pessoa a ser usada na conjuga<;ao.
Pergunta indiscreta e atividade ideal para criar
si tuac;6es de conversa<;ao ern sala. Cada aluno formula uma
pergunta indiscreta e 0 seu colega tern que formular urna
resposta que obrigatoriamente seja oralizada durante
minutos.
Esses sao alguns exemplos de como 0 professor podera
enriquecer sua aulas atraves do ludico. Com criatividade
descobre-se uma atividade para cada conteudo gramatical,
enfatizando a oralidade.
18
S.MATERIAIS AUDIOVISUAlS
Como Gerhard Neuner afirma, as meios audiovisuais sao novos
recursos pedag6gicos nos meios lingtiisticos e teorias de
aprendizado, difundido principalmente nos anos 60. (NEUNER,
GEHARD. Ubungstypologie zurn komunika ti ven Deutsch-
unterricht, p.ll, 1995).
Segundo ele, usanda esses recursos a fala ganha a sua
real importancia. A lingua e vista como urn meio real de
comunicacao e aprender uma lingua requer urn processo de
condicionali zac;ao.
Outro fator par ele defendido e de que 0 alune aprende
muito mais sabre a cultura de urn pais, ouvindo e venda
situac;oes cotidianas do pova.
Aqui 0 tate para trabalhar esse recur so deve ser maier,
pois, se a escolha do programa all dialogo naD for acertada
podera haver a interferencia dos fatores psicol6gicos ja
citados no primeiro capitulo.
Deve-se observar rnuito bern os principios didaticos ao
trabalhar com esse recurso.
priorizar 0 oral;
condizer com conteudo trabalhado em sala (0 aluno nao
deve sentir a sensayao de irnpotencia, por isso, no
inicio, recomenda-se que se trabalhe 0 vocabuL3.rio em
urn pre-texto);
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dar autenticidade nos dialogos;
dificul tar progressi vamente.
Assim como 0 ludico, as atividades aqui propostas pod em
ser as mais variadas e produtivas.
o mercado audiovisual de portugues para estrangeiros
ainda e praticamente inexistente. Por i550 na~ se pode
esquecer, ao trazer urn material paradidatico, de adaptar 0
conteudo ao nivel de entendirnento do aluno.
Para que 0 traba!ho nao seja angustiante para 0 aluno
(constata-se que uma das maiores dificuldades dos aluTIos sao
os exercicios de audi<;ao) 0 professor deve sempre direciona-
10 atraves de atividades de fixa<;ao, variando-as.
No Brasil temos uma fonte culturalmente rica para
apresentar ao nosso aluno: as novelas. Pode-se gravar
diversos capitulos e, a partir dai, come~ar a desenvolver nao
56 a lingua com tambem mostrar a cultura do povo brasileiro.
Outra possibilidade sao os programas de entrevista,
desenhos animados, noticias diarias gravadas do radio,
propagandas.
Algumas atividades propostas sao:
- exercicios de substitui~ao: ap6s ouvir ou assistir urn
dialogo de apresentac;:ao de duas pessoas, por exemplo, 0
professor entrega cartas variando 0 local de orlgem,
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profissio, estado civil, idade e assim par diante;
cornpletar lacunas, exercicio muito usado para
trabalhar musicas;
reproduzir 0 dialogo;
formar frases com palavras aprendidas aplicando-as
em outras s1 tuac;oes;
representar;
recontar no discurso indireto;
Essas atlvidades aliadas a outras de leitura, escrita, e
oral, facilitarn a contextualiza<;ao da lingua portuguesa.
6 A ARTIFICIALIDADE NA LINGUAGEM
21
Normalmente 0 aluno aprende uma linguagem em sal a e
quando entra em contato com falantes de lingua nativa surgem
perguntas do tipo: "Por que se diz ir no banheiro se me foi
ensinado ir ao banheiro?"
It inevita.vel que 0 aluno entre em contato com algumas
situac;5es desse tipo, mas 0 professor deveria esclarece-Ias
imediatamente e nao deixar que ele generalize e deduza que
todas as regras gramaticais podem ser subvertidas. Tem-se que
ter claro que 0 aluno nao estudou lingUistica e cabe ao
professore esclarece-Ia.
Sao varios t6picos a serem destacados:
verbas pranaminais;
pronomes (uso cuI to e usa popular) i
linguagem calaquial;
"gente" .
o usa dos verbos pronominais como, orgulhar-se,
apaixanar-se, queixar-se ... , muitas vezes contaminam
semanticamente verbos nao pronominais como,
simpatizar.
Os pronomes do caso reto assumiram, no Brasil, 0 papel
deparar,
de complementa verbal. Por exemplo diz-se: "Eu vi ela".
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E e perfeitarnente ace ita a fusao de tereeira e segunda
pessoas. "voce fez 0 que eu te pedi?"
o usa da expressao gente est.§. consagracta no lugar do
n6s, mas deve-s9 observar 0 usa e apenas coloquial.
Depois de saber-se a origem que motivou a mudan<;a 0
professor precisa encontrar textos autenticas para trabalhar
com 0 aluno. Ai pademas recorrer a urn recurso riquissimo da
nassa lingua, a musica.
"A gente naD quer 56 dinnheiro di versao bale. "Nesse
pequeno trecho da musica, Comida, de Arnalda Antunes temos
uma possibilidade de desenvolvermos urn trabalho lingUistico e
alem de ser urn otimo texto para uma aula de conversa~ao.
Aqui necessita-se de urn trabalho de pesquisa e e muito
importante que 0 professor tente respei tar 0 genera musical
apreciado pelo aluno, caso contrario a aula nao agradara ao
aluno e 0 professor nao conseguira cumprir 0 seu objetivo.
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7. CONSIDERACOES FINAlS
Mesma que 0 aluno esteja num estagio inicial de
aprendizado nao podemos esquecer que ele se encontra no pais
de origem da lingua e que tern pressa em se comunicar com as
falantes nativos e pouea tempo para estudar.
Muitos professores se enganam ao achar que 0 aluno nao
tern capacidade de aprender as peculiaridades lingiiisticas e
simplesmente as omitem. Mas se elas forero contextualizadas 0
aluno nao 56 aprendera como tambem as utilizara.
Conclui-se aqui que 0 ensino do portugues como lingua
estrangeira no Brasil e urn trabalho que exige born sensa, e
acima de tudo conhecimentos te6ricos e praticos, lernbrando
que naD e possi vel seguir urn unico metodo e de que nao ha
perspectivas da cria~ao de urn material didatico completo e
totalmente eficaz, tendo-se que enrlquecer as aulas com
materiais paradida.ticos.
24
REFERENCIAS BIBLIOGRAFlCAS
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