monografia julio marchiori - briquetes

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  • 7/31/2019 Monografia Julio Marchiori - Briquetes

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    UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIROINSTITUTO DE FLORESTAS

    CURSO DE ENGENHARIA FLORESTAL

    Aproveitamento de Resduos de Madeira para Confeco de

    Briquetes

    Julio Cesar Marchiori de Paula

    Orientadora: rika da Silva Ferreira

    Seropdica, RJ

    2006

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    Aproveitamento de Resduos de madeira para Confeco deBriquetes

    RESUMO

    Este trabalho discute o aproveitamento dos resduos, produzido

    desde a explorao florestal at o processamento mecnico da

    madeira, e sugere como fonte alternativa para gerao de

    energia a fabricao de briquetes. No Brasil ocorrem problemas

    ambientais relacionados a contaminao do solo, ar e gua,

    atravs do descarte inadequado de resduos gerados durante o

    processo de transformao da madeira. Portanto, torna-se

    necessrio obter-se mais informaes sobre os problemas

    inerentes origem e quantidades envolvidas neste processo, no

    sentido de proporcionar um uso mais adequado desses materiais.

    Existem vrias opes para o aproveitamento dos resduos,

    dentre as mais relevantes pode-se citar: a utilizao como

    cama para aves em granjas, indstrias de painis de madeira

    reconstituda, compostagem, gerao de energia pela queima

    direta ou transformao dos resduos em briquetes.

    Reutilizando os resduos como matria-prima na produo de

    briquetes, o que era descartado torna-se um novo produto,

    contribuindo para o controle do desmatamento e economia de

    energia.

    Palavras-chave: Resduos de madeira, briquete, bioenergia.

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    UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIROINSTITUTO DE FLORESTAS

    CURSO DE ENGENHARIA FLORESTAL

    Aproveitamento de Resduos de Madeira para Confeco deBriquetes

    Julio Cesar Marchiori de Paula

    Monografia apresentada ao Curso deEngenharia Florestal, comorequisito parcial para obteno doTtulo de Engenheiro Florestal,Instituto de Florestas daUniversidade Federal Rural do Riode Janeiro.

    Orientadora: rika da Silva Ferreira

    Seropdica, RJ2006

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    Monografia aprovada em 22 de setembro de 2006.

    Comisso examinadora,

    Orientadora: ________________________________________________Prof. Msc. rika da Silva Ferreira

    Titular 1: ___________________________________________________Prof. Dr. Edv Oliveira Brito

    Titular 2: ___________________________________________________Prof. Dr. Alexandre Miguel Nascimento

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    Utilization of Wood Residues for Briquetts Production

    ABSTRACT

    This work discusses the use of residues, produced from the

    forest exploration up to mechanical processing of wood, and it

    suggests as alternative source for generation of energy the

    briquetts production. In Brazil it happens environmental

    problems related of the contamination of the soil, air and

    water through the inadequate discard of residues generated

    during the process of transformation of the wood. Therefore,

    it becomes necessary to obtain more information on the

    inherent problems to the origin and amounts involved in this

    process, providing more appropriate uses of those materials.

    Several options exist for the use of the residues, among the

    most important it can be mentioned: the use as covering for

    chicken farms, industries of panels of reconstituted wood,

    composting, generation of energy for the burns direct or

    transformation of the residues in briquetts. Reusing the

    residues as raw material for briquetts production, the one

    that was discarded becomes a new product, in that way the

    control of the deforestation is aided and it contributes with

    the economy of energy.

    Keywords: Wood Residues, briquetts, bioenergy.

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    A Deus, porque Dele, por Ele e para Ele so todas as

    coisas. Aos meus amados pais, Sra. Aurea Regina

    Marchiori de Paula e Sr. Marco Antonio de Paula, pelo

    apoio e o incentivo em todos os momentos de minha

    vida.

    Dedico

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    AGRADECIMENTOS

    A Deus por ter me sustentado e fortalecido a cada manh.

    Aos meus pais por dedicarem as suas vidas com amor para aformao do meu carter, o que me levar a um futuro desucesso. Eu os amo muito.

    minha irm, Juliana Marchiori de Paula que sempre teve umaresposta para as minhas dvidas e por ser um referencial desucesso para minha vida.

    minha querida namorada, Carolinne Matias de Souza por sempreestar ao meu lado me incentivando com muito amor, semeando fem meu corao para crer que eu venceria mais esta etapa davida e por ser a pessoa mais linda e especial que Deus podedar para um homem.

    Ao meu cunhado Marcelo Lemos Stoltzenburg , pelo incentivo,pelo exemplo de vitria e pela ampliao da minha viso defuturo.

    famlia da minha namorada, Sr. Orlando, Sr. Ktia e Jssica

    por me acolherem e me incentivarem em todos os momentos em queprecisei.

    Ao Pr. Vladimir e Pra. ster pelas oraes e incentivo.

    Ao Pr. Mrcio Rocha e Pra. Marisngela Ciqueira por sempreprofetizarem bnos sem medida e me fazerem crer que o melhorde Deus ainda est por vir.

    Ao Pr. Marcus Gregrio e Pra. Cristina Almeida por me fazerentender o princpio de prosperidade e sabedoria divina.

    Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, que foi ainstituio que me recebeu e formou o meu carterprofissional.

    minha orientadora rika da Silva Ferreira que aceitou odesafio, acreditou em meu potencial e contribuiu de formasignificativa com os seus conhecimentos para a concluso destetrabalho.

    Ao Prof. Dr. Edva de Oliveira Brito, que contribuiu com apoio,

    informao e orientao para a concluso deste trabalho.

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    Ao Prof. Dr. Alexandre Miguel do Nascimento, pelo auxliodurante a minha jornada acadmica.

    Ao Prof. Dr. Alexandre Monteiro de Carvalho, que atravs dosseus conhecimentos, contribuiu para o enriquecimento da minhaformao acadmica.

    Ao Prof. Dr. Azarias Machado de Andrade, que contribuidiretamente para o sucesso do presente trabalho.

    Aos professores do Departamento de Silvicultura, pelosconhecimentos oferecidos para a minha formao profissional.

    A todos os professores do Departamento de Produtos Florestais,

    que me deram conhecimento e me apoiaram nas horas necessrias.

    Aos funcionrios Sebastio, Z Carlos e Daniel, pelo apoio emtodos os trabalhos desenvolvidos durante a graduao e pelosmomentos de descontrao.

    Empresa BIOMACHINE, pelas informaes disponibilizadas combastante eficincia e clareza sobre o tema abordado.

    Ao Sr. Edgard Jorge, por ter me ensinado que onde h vontade,h um caminho.

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    SUMRIO

    1. INTRODUO................................................ 1

    2. A PROBLEMTICA DA GERAO DE RESDUOS NO SETOR FLORESTAL.. 4

    3. BALANO ENERGTICO NACIONAL (MME, 2005).................. 12

    3.1. Energia Primria....................................... 123.1.1. Lenha .............................................. 19

    4. BRIQUETAGEM.............................................. 22

    4.1. Processo de Briquetagem................................ 234.1.1. Resduos Ligno-Celulsicos ......................... 234.1.2. Carvo Vegetal ..................................... 24

    4.2. Quadro comparativo briquete x lenha.................... 29

    4.3. Mercado Consumidor..................................... 30

    4.4. Utilizaes do Produto................................. 30

    4.5. Custos de Implantao de uma Usina de Briquetes........ 32

    5. CONSIDERAES FINAIS..................................... 33

    6. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS............................... 34

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    NDICE DE FIGURAS

    Figura 1. Etapas dos processos de industrializao da madeira

    e descrio dos resduos gerados. ........................ 7

    Figura 2. Etapas do processo de industrializao da madeira e

    descrio dos resduos gerados. ......................... 11

    Figura 3. Estrutura da Oferta Interna de Energia OIE (%)

    renovvel e no renovvel no Brasil e no Mundo. ......... 13

    Figura 4. Consumo setorial de biomassa no Brasil por um

    perodo de trs dcadas. ................................ 15

    Figura 5. Variao da oferta mundial de energia por tipo de

    fonte analisada, dcada de 70 e atual. .................. 17

    Figura 6. Variao do consumo mundial de energia por tipo de

    fonte analisada, dcada de 70 e atual. .................. 17

    Figura 7. Consumo de lenha, para gerao de energia e consumo

    comercial, por setor. ................................... 20

    Figura 8. Fluxograma: gerao de resduos x processo de

    briquetagem. ............................................ 27

    Figura 9. Diversos tipos de materiais briquetados........... 28

    Figura 10. Exemplos de utilizao em aquecedores para hotis e

    piscinas. ............................................... 31

    Figura 11. Exemplos de utilizao em secadores e torradores de

    gros. .................................................. 31

    Figura 12. Exemplos de utilizao em caldeiras.............. 31

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    NDICE DE TABELAS

    Tabela 1. Descrio dos tipos de resduos que so gerados ao

    longo da cadeia produtiva florestal ................. 8

    Tabela 2. Consumo de lenha no Brasil 2003 / 2004, nos vrios

    setores do pas (103t) ............................. 19

    Tabela 3. Quadro comparativo (briquete x lenha)............. 29

    Tabela 4. Quadro comparativo................................ 29

    Tabela 5. Comparao entre consumo mensal de briquetes x

    lenha .............................................. 30

    Tabela 6. Custos de implantao de uma usina de produo de

    briquetes .......................................... 32

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    1. INTRODUO

    No Brasil, ocorrem problemas ambientais relacionados a

    contaminao dos solos e lenis freticos devido ao acmulo e

    descarte inadequado de resduos das indstrias madeireiras.

    De modo geral a serragem gerada queimada ou disposta

    em aterros inadequados acarretando o desprendimento de

    chorumes provocando danos ao ambiente, principalmente em

    crregos, rios e mananciais.

    O grande volume de resduos gerados pelas indstrias de

    transformao da madeira um problema existente em

    praticamente todas as serrarias brasileiras. Embora as

    empresas modernas incluam em sua atividade o gerenciamento

    ambiental e o aproveitamento integrado de seus subprodutos, a

    maioria das serrarias instaladas ainda est despreparada para

    o descarte apropriado de seus rejeitos (Revista da Madeira,

    2005).

    A indstria brasileira produziu 166.310 milhes de

    metros cbicos de madeira de reflorestamento ou nativa no ano

    de 2000, estima-se que pelo menos a metade desse volume, cerca

    de 80 milhes demetros cbicosde madeira foi transformada em

    resduos (CARVALHO & CMARA, 2002).

    Quanto mais informaes e conhecimento sobre os

    problemas inerentes sua gerao, de suas caractersticas, da

    qualidade que pode ser obtida e das quantidades envolvidas,

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    maiores sero as chances de um uso mais adequado desses

    materiais (ESTEP, 1973).

    Existem vrias opes para o aproveitamento dos

    resduos, como exemplo pode-se citar a utilizao como

    coberturas em granjas, indstrias de painis de madeira

    reconstituda, compostagem, gerao de energia pela queima

    direta ou transformao dos resduos em briquetes, entre

    outras possibilidades.

    A produo de briquetes j bastante conhecida no

    exterior, principalmente nos EUA e Europa, atravs da

    briquetagem de carvo vegetal. No Brasil, no existe uma

    tradio industrial na produo de briquetes de carvo vegetal

    ou de resduos ligno-celulsicos.

    Segundo QUIRINO (2003), entre 30 e 40 usinas de

    briquetagem j funcionam no pas, produzindo briquetes dos

    mais variados resduos ligno-celulsicos.

    O alto poder calorfico torna o briquete ideal para uso

    em caldeiras industriais, fornos de padarias, pizzarias,

    cermicas, lareiras e outros.

    Com o reaproveitamento dos resduos como matria-prima

    na produo dos briquetes, o que era resduo se transformar

    em energia, ajudando assim na preservao da natureza e na

    economia de energia.

    Este trabalho disponibiliza uma viso crtica sobre o

    aproveitamento dos resduos gerados desde a explorao

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    florestal at o processamento mecnico da madeira, bem como a

    utilizao dos mesmos como fonte alternativa para a gerao de

    energia e produo de briquetes.

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    2. A PROBLEMTICA DA GERAO DE RESDUOS NO SETOR FLORESTAL

    Segundo QUIRINO (2003), resduo tudo aquilo que resta

    de um processo de explorao ou produo, de transformao ou

    utilizao. Sendo tambm considerado toda substncia, material

    ou produto destinado por seu proprietrio ao abandono.

    Os resduos originados do processamento da madeira em

    indstrias madeireiras ou moveleiras, palletes em desuso,

    mveis velhos, artigos de madeira em geral, estacas, moires,

    galhos de rvores podadas, resduos de culturas agrcolas,

    como palha de arroz, bagao de cana-de-acar etc, so

    resduos ligno-celulsicos. Os resduos ligno-celulsicos

    geralmente apresentam formas e granulometria bastante

    heterognea, baixa densidade e elevado teor de umidade

    (QUIRINO, 2004).

    A explorao florestal uma grande fonte de resduos

    ligno-celulsicos. At mesmo no lixo urbano encontrada uma

    porcentagem significativa destes resduos provenientes de

    utenslios e embalagens de madeira (QUIRINO, 2004).

    QUIRINO (2003) observa que resduos ligno-celulsicos

    tambm podem estar associados a outros produtos qumicos, tais

    como, madeira associada a tintas, resinas, vernizes e produtos

    de conservao. Estes fatores podem atribuir aos resduos,

    caractersticas de emisses contendo gases txicos durante a

    utilizao energtica destes resduos.

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    Sem a presena destes materiais contaminantes, o resduo

    pode ser considerado como banal e no inerte, pois

    biodegradvel classificado pela NBR 10004 (ABNT, 1987) como

    classe 21, com possibilidades de ser reaproveitado em processos

    de reciclagem por processos diferentes dos processos

    industriais iniciais e de ser transformado em produtos de uso

    similar ou diferente ao da madeira serrada inicial (TEIXEIRA,

    2005).

    Segundo QUIRINO (2004), esses resduos podem ser

    transformados em partculas e constituir-se em painis base

    de madeira, sendo tambm utilizado energeticamente na produo

    de calor, de vapor ou de eletricidade em termoeltricas. Outro

    aproveitamento deste material sob a forma de combustvel

    slido, como o carvo vegetal.

    Os resduos das serrarias podem ser queimados em

    caldeiras, gerando energia. A maior parte destes resduos so

    depositados em reas perifricas das serrarias e quando

    queimados contribuem com aumento da poluio do ar provocando

    danos ao meio ambiente e s populaes existentes prximas a

    essas indstrias (SILVA, 2002).

    O aproveitamento de toda a rvore pelas indstrias

    madeireiras est em torno de 30% a 60%, variando de empresa

    para empresa (IBAMA, 2000; FREITAS, 2000).

    1Classe II (no-inertes) apresentam periculosidade, porm no so inertese podem ter propriedades de combustibilidade, biodegradabilidade ou

    solubilidade em gua. Ex: papel, lamas de sistemas de tratamento de guas,resduos provenientes de caldeiras e lodos.

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    De modo geral, os resduos gerados em uma cadeia

    produtiva de madeira serrada constituem-se de 7% de casca, 10%

    de serragem e 28% de pedaos, isto sem considerar as perdas na

    extrao da madeira (REMADE, 2005).

    TEIXEIRA (2005) constatou que os resduos industriais de

    madeira so oriundos do processamento mecnico das toras.

    Durante o processo de descascamento, desdobro primrio,

    desengrosso, aplainamento e usinagem h gerao de vrios

    tipos de sobras slidas peculiares a cada etapa citada.

    O resduo de madeira considerado a sobra aps uma ao

    ou processo produtivo passando a serem descartados e

    acumulados no meio ambiente (REFERNCIA, 2003).

    GONALVES & RUFFINO (1989) correlacionaram cada etapa da

    cadeia produtiva gerao de diferentes tipos de resduos,

    como pode ser observado na figura 1.

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    FONTE: GONALVES & RUFFINO (1989).

    Figura 1. Etapas dos processos de industrializao da madeirae descrio dos resduos gerados.

    Normalmente, os resduos so dispostos em silos expostos

    ao tempo ou em terrenos nas cercanias do setor produtivo. Este

    tipo de armazenamento pode levar degradao do resduo pelo

    encharcamento por gua da chuva ou apodrecimento por agentes

    biolgicos (TEIXEIRA, 2005). Os diferentes tipos de resduos

    encontrados esto discriminados na tabela 1.

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    Tabela 1. Descrio dos tipos de resduos que so gerados ao

    longo da cadeia produtiva florestal

    RESDUO DESCRIO EXEMPLO

    GALHOS E PICES

    Sobras do processo paradeixar apenas a rvorelivre de partes finas eperpendiculares parteprincipal do tronco.

    CASCAS

    Sobra do processo dedescasque, quando seretira toda a parte daproteo natural dotronco (casca).

    COSTANEIRAS

    Sobra no formato de meia-

    lua contendo uma parte demadeira e casca noremovida, proveniente dareduo da tora em peasde seo retangular ouquadrada.

    DESTPOProveniente do corte daspontas estragadas ouinteis dos troncos,tbuas ou pranchas.

    SERRAGEM

    Proveniente da ao mecnica de serras emquinas de desbaste da madeira. Para cada

    tipo de mquina ou de serra h um resduopeculiar, mas podem-se classificar tais sobrascomo finas ou grossas, conforme mostradasabaixo:

    SERRAGEM GROSSA

    Formada de lascas,flocos, maravalha ecavacos. Mantm uma boaquantidade das fibras dotronco.

    SERRAGEM FINA

    Formada por p de serrade diferentes tamanhos departcula. Apresenta-separecida como a farinhade mandioca.

    P DE LIXAMENTO

    Proveniente do processode lixamento, na fase deacabamento, de uma pea.Apresenta-se como um pmuito fino cuja partculavaria de acordo com onmero de aspereza dalixa.

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    SOBRAS

    Peas processadas eacabadas, apresentandoboa qualidade tcnica ecomercial, mas que noforam usadas nos produtosfinais.

    REJEITOS

    Peas que, ao sofrer oprocessamento, ficaramabaixo dos padrestcnicos ou comerciaisgeralmente por estaremquebrados, empenados,rachados ou trincados.

    FONTE: TEIXEIRA (2005).

    Classificao dos usos de resduos oriundos de empresas

    moveleiras e seus impactos no ambiente Instituto Brasileiro de

    Qualidade e Produtividade do Paran - IBQP (2002):

    a) Tipo de matria-prima utilizada - no caso da madeira

    macia o resduo no txico, podendo ser aproveitado

    em granjas como cama para a criao de animais, e tambm

    na agricultura para auxiliar na reteno de umidade do

    solo. O descarte indevido pode causar poluio nos

    recursos hdricos, inutilizao de reas que poderiam

    ser mais bem aproveitadas e poluio de maneira geral;

    b) Tipo de processo empregado - o maquinrio mais moderno

    dispe de recursos que reduzem perdas e coleta resduos

    com maior eficcia;

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    c) Tamanho da empresa - em pequenas empresas existe menor

    controle na gerao de resduos, na sua coleta e

    reaproveitamento;

    d) Localizao da empresa o aproveitamento dos resduos

    pode ser facilitado pela proximidade de setores que os

    utilizem em seus processos.

    Acredita-se que aumentando e melhorando o aproveitamento

    de resduos com a otimizao do uso da madeira contribuir-se-

    na reduo dos efeitos da potencial escassez. Nesse sentido,

    torna-se relevante a realizao de cursos de curta e mdia

    durao havendo a disseminao de idias para as empresas

    empregarem novas tcnicas de classificao, estimarem a

    quantidade de resduos gerados, planejarem formas de

    armazenamento, transporte e transformao em subprodutos de

    maior valor agregado (IBQP, 2002).

    Atualmente j so verificadas iniciativas de

    aproveitamento de resduos onde os fabricantes de painis

    reconstitudos compram de serrarias, atravs de contratos de

    mdio e longo prazo, painis compensados, e das indstrias de

    mveis, grandes quantidades de resduos de madeira: serragem,

    cavacos, dentre outros. O destino final a produo de

    aglomerado e MDF (IBQP, 2002).

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    A indstria madeireira vista de maneira global usa os

    recursos naturais de maneira ineficiente, tanto na obteno da

    matria prima, quanto na fase de produo dos produtos, como

    tambm no descarte dos produtos no fim de sua vida til,

    significando uma grande explorao dos recursos madeireiros

    principalmente das florestas nativas, e a grande gerao de

    resduos a prova desta ineficincia (TEIXEIRA, 2005).

    Fonte:TEIXEIRA e CSAR (2004); TEIXEIRA (2005).

    Figura 2. Etapas do processo de industrializao da madeira edescrio dos resduos gerados.

    A figura 2 demonstra todo o caminho do material, desde agerao at o descarte e seu reaproveitamento. Tornando o

    processo produtivo mais eficiente e valorizando os resduos,

    reduz-se o impacto negativo do descarte ao meio ambiente.

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    3. BALANO ENERGTICO NACIONAL (MME, 2005)

    A estrutura geral do balano energtico nacional composta

    por quatro partes:

    Energia primria;

    Transformao;

    Energia secundria;

    Consumo final.

    A interao de cada parte influenciar na obteno da matriz

    energtica nacional e demonstra o perfil de consumo por

    setores de produo.

    3.1. Energia Primria

    caracterizada por produtos energticos providos pela

    natureza na sua forma direta, como o petrleo, gs natural,

    carvo mineral, resduos vegetais e animais, energia solar,

    elica, lenha, produtos da cana-de-acar, etc.

    No Brasil, cerca de 43,9% da Oferta Interna de Energia

    (OIE) tem origem em fontes renovveis (figura 2) enquanto que

    no mundo essa taxa de 13,6% e nos pases desenvolvidos de

    apenas 6%. Dessa participao da energia renovvel, 14,4%

    correspondem gerao hidrulica e 29,4% a biomassa. Os 56,1%

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    restantes da OIE vieram de fontes fsseis e outras no

    renovveis.

    Fonte: MME, 2005

    Figura 3. Estrutura da Oferta Interna de Energia OIE (%)renovvel e no renovvel no Brasil e no Mundo.

    Essa caracterstica, bastante particular do Brasil,

    resulta do grande desenvolvimento do parque gerador de energia

    hidreltrica desde a dcada de 50 e de polticas pblicas

    adotadas aps a segunda crise do petrleo, ocorrida em 1979,

    visando reduo do consumo de combustveis oriundos dessa

    fonte e dos custos correspondentes sua importao, poca,

    responsveis por quase 50% das importaes totais do pas.

    No Brasil, a dcada de 70 foi especialmente marcada por

    grande substituio da lenha por derivados de petrleo, o que

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    reduz significativamente a sua participao na OIE. No incio

    da dcada de 80 o processo de substituio na indstria

    atenuado, com a elevao dos preos internos do leo

    combustvel e do gs natural, favorecendo um maior uso da

    lenha e do carvo vegetal.

    No que diz respeito biomassa (figura 4), o setor

    industrial com cerca de 67% do consumo (inclui o uso de bagao

    na produo de lcool), e o residencial com cerca de 16%, so

    os principais consumidores. Em seguida vem o setor de

    transporte com 12%, em razo da utilizao do lcool

    carburante. O alto incremento do uso industrial de biomassa,

    na primeira metade da dcada de 80, se deve ao carvo vegetal,

    em substituio ao leo combustvel; ao bagao de cana

    utilizado na produo de lcool e expanso da siderurgia a

    carvo vegetal. O consumo de biomassa nos setores residencial

    e agropecurio cai em razo da menor utilizao da lenha.

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    Fonte: MME, 2005Figura 42. Consumo setorial de biomassa no Brasil por um

    perodo de trs dcadas.

    A partir de 1985, com a queda nos preos internacionais

    do petrleo (de mais de 40 dlares o barril, para cerca de

    quinze dlares), as vantagens comparativas das fontes

    nacionais de energia foram perdendo fora, havendo o retorno

    parcial dos derivados de petrleo.

    De 1985 a 1993, foi atenuado o ritmo de crescimento das

    exportaes de produtos intensivos em energia e houve boa

    recuperao dos combustveis ciclo Otto. Apesar de sucessivos

    planos, a economia no deslanchou, apresentando taxa mdia de

    2

    tep - tonelada equivalente ao petrleo;COM. & PB. - Comercial e Pblico.

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    crescimento de 1,8% aa. A OIE cresceu a 1,7% aa, com o ciclo

    Otto crescendo a 4,6% aa, a eletricidade a 4,2% aa e a

    biomassa, com performance negativa de 1% aa.

    De 1993 a 1997, com a estabilizao da economia,

    estabeleceu-se um novo ciclo de desenvolvimento que elevou os

    ndices de expanso da economia e do consumo de energia.

    Nesse perodo o PIB cresceu a 3,9% aa e a OIE cresceu a 4,8%

    aa, com os derivados de petrleo apresentando taxa mdia de

    crescimento de 7% aa, a eletricidade de 5,1% aa e a biomassa

    de 2% aa, correspondendo, respectivamente, a elasticidades de

    1,79, 1,31 e 0,52 em relao ao PIB. A eletricidade

    residencial (8,4% aa) e comercial (8,6% aa), a gasolina

    automotiva (13,8% aa) e o querosene de aviao (9,4% aa) foram

    os grandes indutores das altas taxas de consumo de energia,

    por conta da melhor distribuio de renda, causada pelo Plano

    Real. Neste perodo, as exportaes de produtos intensivos em

    energia estagnaram ou regrediram.

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    %

    Pet r leo Carvo

    M ineral

    Gs Energias

    Renovveis

    H idrulica Nuc lear Out ros

    1973

    2002

    Fonte: MME, 2005

    Figura 5. Variao da oferta mundial de energia por tipo defonte analisada, dcada de 70 e atual.

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    %

    Petrleo Gs Carvo

    Mineral

    Energias

    Renovveis

    Eletricidade Outros

    1973

    2002

    Fonte: MME, 2005

    Figura 6. Variao do consumo mundial de energia por tipo defonte analisada, dcada de 70 e atual.

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    O Brasil aumentou ainda mais as vantagens comparativas

    com o resto do mundo em termos de utilizao de fontes

    renovveis de energia. No pas, em 2004, 43,9% da OIE foi de

    energia renovvel, enquanto que, em 2002, a mdia mundial foi

    de 13,6% e nos pases da Organizao para a Cooperao e

    Desenvolvimento Econmico - OECD foi de 6%.

    Os pases com elevada gerao de eletricidade de origem

    trmica apresentam perdas de transformao e distribuio

    entre 25% e 30% da OIE. No Brasil estas perdas so de apenas

    7%, dada a alta participao da gerao hidrulica. Esta

    vantagem, complementada por grande utilizao de biomassa, faz

    com que o Brasil apresente baixa taxa de emisso de CO2, de

    1,62 tCO2/tep, pela utilizao de combustveis, quando

    comparada com a mdia mundial, de 2,32 tCO2/tep.

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    3.1.1. Lenha

    Os nmeros da tabela 2 mostram que a utilizao da lenha

    no Brasil ainda significativa, principalmente, nas

    carvoarias para produzir carvo vegetal e na coco de

    alimentos nas residncias.

    Tabela 2. Consumo de lenha no Brasil 2003 / 2004, nos vrios

    setores do pas (103t)

    ESPECIFICAO 2003 2004 % 04/03PRODUO DE LENHA 83758 90896 8,5

    CONSUMO EM CARVOARIAS 34277 39702 15,8

    CONSUMO FINAL DE LENHA 49090 50814 3,5

    CONSUMO RESIDENCIAL DELENHA

    25691 26044 1,4

    CONSUMO DE CARVO VEGETAL 8409 9834 16,9

    Fonte: MME, 2005

    Em 2004, o setor residencial consumiu cerca de 26

    milhes toneladas de lenha, equivalentes a 29% da produo

    (figura 7) e 1,4% superior ao consumo de 2003 (tabela 2). Este

    acrscimo, embora com menor vigor, repete o comportamento dos

    ltimos anos, complementando o baixo desempenho do consumo

    residencial de GLP na coco. Na produo de carvo vegetal

    foi consumida cerca de quarenta milhes de toneladas (44% da

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    produo), em razo, do forte crescimento da produo de ferro

    gusa a carvo vegetal. Os restantes 17% representam consumos

    na agropecuria e indstria.

    Fonte: MME, 2005

    Figura 7. Consumo de lenha, para gerao de energia e consumocomercial, por setor.

    Em 2004, o consumo de carvo vegetal cresceu 16,9%

    (tabela 2), resultado da continuidade de boas performances da

    produo de ferro gusa e da produo de silcio metlico.

    A lenha e carvo vegetal representaram 13,2% da matriz

    energtica brasileira de 2004, resultado 0,3% acima de 2003.

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    Analisando-se os dados referentes a matriz energtica

    nacional fica evidente a dependncia do pas aos recursos

    naturais renovveis dando nfase lenha e ao carvo vegetal.

    O consumo de lenha no Brasil em 2004 atingiu 90.896

    milhes de toneladas, considerando-se que de todas as

    tipologias florestais de onde provm esta lenha ocorra um

    rendimento mdio de 200 estreos por hectare, e que cada

    estreo tenha 300kg, o consumo de lenha corresponderia a uma

    rea de aproximadamente 1.515 milhes de hectares de

    florestas. A produo de briquetes pode, sem dvida, diminuir

    a extrao de madeira nas reas florestais plantadas e

    nativas, deixando-as para serem utilizadas com um fim mais

    nobre.

    Desse modo torna-se necessrio utilizao dos resduos

    gerados pelas indstrias de base florestal para a produo de

    alternativas energticas, sendo uma delas a confeco de

    briquetes como substituto da lenha reduzindo a presso nas

    florestas nativas.

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    4. BRIQUETAGEM

    A briquetagem um processo de densificao de resduos.

    Todo resduo de origem vegetal pode ser compactado pela

    briquetagem, bastando atender s necessidades de granulometria

    e teor de umidade exigido pelo processo. Esse processo possui

    a vantagem de transformar um resduo de baixssima densidade

    em uma lenha de alta qualidade(QUIRINO, 2004).

    Em 1848, foi concedida uma Patente para William Easby

    para um mtodo de converso de carvo mido em torres

    slidos. A utilidade e a vantagem da descoberta so que,

    atravs desse processo, um artigo de pequeno valor, quase

    desprezvel, pode ser convertido em um artigo valioso de

    combustvel para navios a vapor, forjas, culinria e outras

    finalidades, assim economizando o que agora perdido (BROSCH

    & FURUNO, 1968).

    A lenha ecolgica, como conhecido o briquete produzido

    com p de serragem e com restos de madeira descartados por

    indstrias, pode ser uma boa alternativa de produo de

    energia alm de um meio adequado de se lidar com os resduos

    vegetais.

    Alm de carvo e resduos de madeira, outros resduos

    ligno-celulsicos podem ser utilizados na produo de

    briquetes, como por exemplo, a casca de arroz, palha de milho,

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    sabugo, bagao de cana, etc., e obter briquetes com qualidade

    superior a qualquer lenha.

    4.1. Processo de Briquetagem

    4.1.1. Resduos Ligno-Celulsicos

    A densificao do resduo atravs deste processo

    consiste na compactao a elevadas presses, o que provoca a

    elevao da temperatura do processo da ordem de 100C. O

    aumento da temperatura provocar a plastificao da lignina,

    substncia que atua como elemento aglomerante das partculas

    de madeira. Isto justifica a no utilizao de produtos

    aglomerantes (resinas, ceras, etc). Para que a aglomerao

    tenha sucesso, necessria que a umidade do resduo esteja

    compreendida entre 8 e 15% e que o tamanho da partcula esteja

    entre 5 e 10 mm (LIPPEL, 2006).

    O dimetro ideal dos briquetes para a queima em

    caldeiras e fornos em geral est entre 83 mm e 93 mm e

    comprimento entre 250 e 400mm. Dimetro de 63 mm so bem

    aceitos em estufas, foges com alimentao automtica,

    grelhas, churrasqueiras etc (LIPPEL, 2006).

    Quando se dispem de resduos com estas caractersticas,

    a fabricao de briquetes muito rentvel (40 a 60 KWh/t).

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    4.1.2. Carvo Vegetal

    O carvo vegetal, sendo um combustvel slido de baixa

    densidade e elevada friabilidade, gera grande quantidade de

    finos na produo durante o transporte e na estocagem. Alm

    disso, pelas suas caractersticas, apresenta inconvenientes

    como, rpida combusto, implicando recargas a curtos

    intervalos de tempo e elevado gasto de transporte (FONTES,

    1989).

    Para a briquetagem de finos de carvo, a indstria

    recebe os finos de outros fornecedores ou faz o carvoejamento

    de cavacos de madeira em retorta contnua. Um moinho de

    martelo usado para promover uma distribuio granulomtrica

    previamente determinada por testes de resistncia com o

    briquete. A faixa granulomtrica ideal, normalmente abaixo de

    3mm, funo da natureza do carvo, do tipo de prensa, da

    forma e do tamanho do briquete. A granulometria influi

    diretamente no consumo de ligantes e na resistncia final. O

    grau de moagem considerado correto, o que produz uma

    quantidade de p suficiente para preencher os vazios entre as

    partculas maiores, evitando a desagregao na prensagem. O

    material, que sai do moinho, passa em uma peneira vibratria e

    os pedaos retidos so recirculados (ANTUNES, 1982).

    O prximo passo na produo a mistura com o ligante.

    Praticamente qualquer adesivo pode ser usado como ligante. A

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    seleo feita em funo do custo e do uso final que se

    pretende para o briquete. Um briquete tpico contem: 87% de

    carvo, 8% de amido e 5% de umidade(ANTUNES, 1982).

    Os ligantes podem ser classificados entre os no

    emissores de fuligem, que incluem amido, melao de cana,

    cimento e licor sulftico (subproduto da fabricao de papel).

    O principal componente aglomerante dos licores sulfticos a

    lignina. Os ligantes emissores de fuligem, incluem o pixe

    de petrleo e o alcatro de carvo vegetal ou mineral(ANTUNES,

    1982).

    A proporo de amido no briquete pode variar de 1 a 8%,

    dependendo do tipo de carvo e do mtodo usado. No caso de se

    usar amido em p, este misturado ao carvo juntamente com 5

    a 10% de gua. desejvel deixar a mistura esfriar levemente

    antes de envi-la prensa. Isto permite que a massa adquira

    um grau de coeso maior do que o grau de adeso, contribuindo

    para evitar formao de trincas e a colagem de material dentro

    das cavidades da prensa(ANTUNES, 1982).

    Segundo ANTUNES (1982), nos EUA os seguintes aditivos

    so adicionados na composio dos briquetes:

    Serragem de madeira, para introduzir o sabor

    defumado nos churrascos;

    leo vegetal ou mineral, para tornar o

    acendimento mais fcil;

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    Argila plstica, para evitar a formao de

    chamas, tornando a queima mais prolongada e

    suave;

    Carvo mineral, para reduzir o custo.

    Aps a mistura do fino de carvo com o ligante, inicia-

    se a briquetagem propriamente dita, que a aplicao de

    presso sobre a massa. A intensidade e o perodo de aplicao

    da presso variam com as caractersticas do material e com o

    tipo de prensa. A prensa de cilindros giratrios o modelo

    mais utilizado pela indstria americana, por ser a mais

    adequada para alta produo. A presso e o tempo de aplicao

    so funes do tamanho da cavidade, do dimetro e da

    velocidade dos rolos. A alimentao insuficiente resulta em

    um briquete frgil e de baixa densidade (ANTUNES, 1982).

    A forma mais indicada para briquetes de carvo vegetal,

    a de uma pequena almofada quadrada, com os cantos

    arredondados. Esta forma evita quebra em cantos vivos, gera

    baixo ndice de vazios na estocagem e permite a manuteno

    fcil dos cilindros(ANTUNES, 1982).

    Outra prensa utilizada a de extruso, que produz

    briquetes com a forma de pequenos cilindros. Este modelo

    mais indicado para materiais com alto teor de matrias

    volteis. So briquetados sob alta presso, sem a necessidade

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    de ligantes, como a serragem, bagao de cana e resduos

    agrcolas (ANTUNES, 1982).

    Pela briquetagem do carvo vegetal, consegue-se um

    combustvel com homogeneidade granulomtrica, bem maior

    densidade e resistncia gerao de finos. O efeito de

    densificao proporcionado pela briquetagem produz um

    combustvel com maior concentrao energtica por unidade de

    volume, que, aliado resistncia adquirida, viabiliza tcnica

    e economicamente o transporte a distncias maiores (FONTES,

    1989).

    Na figura 8 pode-se observar detalhadamente como ocorre

    o processo de briquetagem, desde a explorao florestal,

    gerao de resduos at a obteno do produto final.

    Figura 8. Fluxograma: gerao de resduos x processo debriquetagem.

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    Na figura 9 pode-se observar diferentes briquetes obtidos

    atravs de diversos tipos de materiais.

    FONTE: BIOMACHINE, 2006 Figura 9. Diversos tipos de materiais briquetados.

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    4.2. Quadro comparativo briquete x lenha

    Tabela 3. Quadro comparativo (briquete x lenha)

    BRIQUETE LENHAAlto poder calorfico Baixa temperatura da chamaArmazenagem racionalpaletizada

    Grandes reas paraarmazenamento

    Reduo da mo de obra nomanuseio

    Maior mo de obra

    Reduo de volume na estocageme no transporte

    Sujeira no local de estocageme no transporte

    Menos poluio com maisenergia

    Grande quantidade de cinzas

    Maior temperatura da chama

    Quebras de partes internas da

    fornalhaIsento de licenas especiais Licenas especiaisBaixo teor de cinzas Baixa uniformidade de calor

    Material com grande umidadeFonte: BIOMACHINE, 2006

    Tabela 4. Quadro comparativo

    Fonte: BIOMACHINE, 2006

    BRIQUETES

    TIPO DEMATERIAL

    CASCADE

    ARROZ

    RESDUOSDE

    ALGODO

    RESDUOSDE

    PINUS

    RESDUOSMADEIRADE LEI

    RESDUOSDE

    EUCALIPTOLENHACOMERCIAL

    PODERCALORFICOKcal/Kg

    3.800 4.300 4.680 4.900 4.8002.200-2.500

    PESOESPECFICO

    1,1 1,1 1,17 1,2 1,18 0,6

    PESO AGRANEL/M3

    650-700 650 700 700 - 750 750 - 800 720 - 780 350 400

    UMIDADE 11 % 12 % 9 % 11 % 11 % 25 30 %

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    4.3. Mercado Consumidor

    Toda empresa que possuir um forno ou uma caldeira na

    qual possa ser utilizado lenha um cliente potencial para

    usar o briquete, tais como padarias, pizzarias, lareiras,

    caldeiras, churrascarias e outros.

    Tabela 5. Comparao entre consumo mensal de briquetes x lenha

    QUADROConsumo Mensal de

    BriquetesConsumo Mensal de

    LenhaFoges a lenha 1,0 ton 7 m3Lareiras mdias 1,0 ton 7 m3Padarias forninho 1,5 ton 11 m3Pizzarias forno 6pizzas

    2,0 ton 14 m3

    Caldeiras 2tn k/hr 15 ton 105 m3Caldeiras 4tn k/hr 30 ton 210 m3

    Fonte: BIOMACHINE, 2006

    4.4. Utilizaes do Produto

    A briquetagem uma forma bastante eficiente para

    concentrar a energia disponvel da biomassa. Um metro cbico

    de briquetes contm pelo menos cinco vezes mais energia que

    1,00 m3 de resduos. Isso, levando-se em considerao a

    densidade a granel e o poder calorfico mdio desses

    materiais. Devido dimenso e s grandes distncias internas

    do pas, o aspecto concentrao energtica assume tambm

    grande importncia (QUIRINO, 2003).

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    O briquete pode ser utilizado em fornos de pizzarias e

    restaurantes, em lareiras, para aquecimento de gua em hotis,

    em lavanderias, para aquecimento de piscinas, etc

    (LIPPEL,2006).

    O briquete uma lenha ecolgica que substitui com muita

    eficincia o leo bpf utilizado em caldeiras industriais, o

    gs, a energia eltrica e outros(LIPPEL,2006).

    Fonte: LIPPEL,2006Figura 10. Exemplos de utilizao em aquecedores para hotis e

    piscinas.

    Fonte: LIPPEL,2006

    Figura 11. Exemplos de utilizao em secadores e torradores degros.

    Fonte: LIPPEL,2006

    Figura 12. Exemplos de utilizao em caldeiras.

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    4.5. Custos de Implantao de uma Usina de Briquetes

    Na tabela 6 demonstrado os custos totais para a

    implantao de uma usina de briquetagem com uma linha de

    produo.

    Tabela 6. Custos de implantao de uma usina de produo de

    briquetes

    Modelo CapacidadeMotor

    Princ.Pot.Total Preo

    BriquetadeiraB 85/210

    1100 Kg/h 60 cv 68,5 cvR$

    216.617,00Silo Seco 4 m3 3 cv InclusoSecadorTambor

    B 12000 1100 Kg/h 7 cvR$

    142.600,00Ventil.Exausto

    15 cv 16,5 cv Incluso

    Ventil.Transporte

    7,5 cv 9 cv Incluso

    Silo mido ou

    Redler 3 m3

    5 cv

    R$

    26.074,00Total daUsina

    1100 Kg/h 80 KWR$

    385.291,00

    PicadorBM

    600/16075 cv 101.857,00

    Transp.Picador p/Silo mido

    R$27.661,00

    Total c/picador

    R$514.809,00

    Fonte: BIOMACHINE, 2006

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    5. CONSIDERAES FINAIS

    Com a grande rea florestada e reflorestada brasileira,

    ampla a utilizao da madeira processada (madeira serrada,

    mveis, usos na construo civil, polpa celulsica, etc.) e

    fins energticos (carvo e lenha). Com a baixa agregao de

    tecnologia no setor florestal, evidente a elevada gerao de

    resduos, sendo estes, produzidos em toda as etapas da

    manipulao da matria-prima at a obteno do produto final.

    Portanto, deve-se estimular o aprimoramento da

    eficincia durante o processo produtivo e a valorizao dos

    resduos, principalmente pela transformao das indstrias

    convencionais em sistemas eco-eficientes.

    O uso destes resduos como matria-prima para novos

    produtos ajudam a preservao dos recursos florestais,

    diminuindo a presso sobre as florestas nativas e plantadas.

    A utilizao destes resduos para a produo de

    briquetes poder torna-se vivel, desde que sejam utilizados

    equipamentos de qualidade, que a linha de produo seja

    constante sem a ocorrncia de perodos ociosos do maquinrio,

    uma matria-prima fsica e quimicamente adequada e

    principalmente se houver mercado consumidor para que o produto

    seja escoado com relao custo-beneficio positivo.

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    6. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    ANTUNES, R. C. Briquetagem de Carvo Vegetal. Fundao Centro

    Tecnolgico de Minas Gerais CETEC. Produo e Utilizao de

    Carvo Vegetal. Belo Horizonte, 1982. Srie de Publicaes

    Tcnicas n8 p:197 206.

    BIOMACHINE. Disponvel em:.

    Acesso em: 04 set. 2006.

    BROSCH, C. D. & FURUNO, J. K. Aproveitamento dos Finos de

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