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Coletânea de TCC´s do Curso de Pedagogia Virtual Jorge Fernando Hermida (org.) 2012 Volume 1 (TCC´s defendidos em 2011)

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Page 1: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

Coletânea de TCC´s do Curso de Pedagogia Virtual

Jorge Fernando Hermida (org.)2012Volume 1 (TCC´s defendidos em 2011)

Page 2: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

SUMÁRIO

Apresentação..............................................................................................................

Jorge Fernando Hermida (Professor do componente TCC)

O fazer pedagógico na pré-escola: um olhar crítico sobre a práxis das

professoras.......................................................................................................

Benedito José de Queiroz (aprendente)

Jorge Fernando Hermida (professor orietador)

O brincar no desenvolvimento social e cognitivo da criança na educação infantil...

Edilson Gomes da Silva (aprendente)

Rosemary Evaristo Barbosa (professora orietadora)

Interdisciplinaridade através das cantigas de roda na Educação Infantil..............

Jocélia Santos Batista de Souza (aprendente)

Karla Lucena de Souza (professora orietadora)

O ensino lúdico da matemática nas séries iniciais do Ensino Fundamental

Michelle Rodrigues de Aguiar (aprendente)

Jorge Fernando Hermida (professor orietador)

Aurora Camboim Lopes de Andrade Lula (professora co-orietadora)

Nos trilhos da modernidade: uma experiência com inclusão digital nos trens urbanos de

João Pessoa.....................................................................................................

Eliana Diniz Araujo e Silva (aprendente)

Aurora Camboim Lopes de Andrade Lula (professora orietadora)

O brincar na educação infantil: uma reflexão sobre as concepções de brincadeiras em

uma creche do município de Campina Grande/PB..................................................

Jeane Gomes de Lima (aprendente)

Telma Cristina Gomes da Silva (professora orietadora)

Page 3: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

Os contos literários favorecendo a prática da leitura oral no ambiente escolar de

Educação Infantil....................................................................................................

Josiane Rodrigues Gonçalves (aprendente)

Gracileide Alves da Silva (professora orietadora)

A importância do lúdico na Educação Infantil: Identificando o conhecimento de

docentes...............................................................................................

Neide de Souza Maranhão Lima (aprendente)

Cristiane Sousa de Assis (professora orietadora)

Educação Infantil: o lúdico na aprendizagem da criança.................................

Sueleide Severo da Silva (aprendente)

Ivana Maria Medeiros de Lima (professora orietadora)

Page 4: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

Coletânea de TCC´s do Curso de Pedagogia – Modalidade a Distância da UFPB

Volume 1 (TCC´s defendidos em 2011)

Jorge Fernando Hermida (org.)

2012

APRESENTAÇÃO

Apresentamos aos leitores uma coletânea de Trabalhos de Conclusão de Curso,

que foram defendidos no ano de 2011 (Turmas 2011.1 e 2011.2). Eles têm um duplo

mérito: além de fazer parte das duas primeiras turmas de formandos do Curso de

Pedagogia – Modalidade a Distância, do Centro de Educação da Universidade Federal

da Paraíba (EAD/UAB/UFPB), os trabalhos monográficos aqui apresentados foram

reconhecidos pelas bancas examinadoras como sendo relevantes para nossa área.

A produção de conhecimentos científicos é um caminho de desafios,

contradições, descobertas, escolhas e invenções. Na opinião de NUNES (2008, p. 15),

Um caminho predominantemente tortuoso, somente trilhado por

aqueles que se deixam imantar pela busca da verdade, em sua

provisoriedade histórica e densidade política. Não é uma

heurística somente acessível a iluminados, é um esforço

criterioso pautado na disciplina intelectual, no senso de dever,

na relevância política e determinação de esclarecimento.

A questão da produção de conhecimento científico é essencial para o

desenvolvimento de uma práxis pedagógica transformadora e emancipadora. Não há

conhecimento desinteressado e neutro, e sim conhecimentos objetivos.

Com a publicação da primeira coletânea de Trabalhos de Conclusão de Curso

(TCC´s ano 2011), procuramos socializar parte das pesquisas desenvolvidas por nossos

aprendentes, para mostrar à comunidade acadêmica e a sociedade em geral que o Curso

Page 5: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

de Pedagogia – Modalidade a Distância da UFPB esta comprometido com a produção

de conhecimentos de qualidade.

Os temas tratados pelas monografias têm uma natureza ampla e abrangente (o

fazer pedagógico na pré-escola; o brincar no desenvolvimento social e cognitivo da

criança; interdisciplinaridade através das cantigas de roda; o ensino lúdico da

matemática; inclusão digital; o brincar na educação infantil; os contos literários e a

prática da leitura oral; a importância do lúdico na Educação Infantil; o lúdico na

aprendizagem da criança). A diversidade temática e a qualidade dos trabalhos aqui

apresentados servem para demonstrar a potencialidade criativa e crítica que teve nossas

duas primeiras turmas de formandos – pioneiros nesta modalidade educativa na nossa

universidade (UFPB).

Tal diversidade e qualidade temáticas também servem para comprovar que a

modalidade a distância do curso de Pedagogia não é um ensino de segunda categoria,

pelo simples fato de ser ensino virtual ou educação a distância. Há certo preconceito na

comunidade acadêmica contra esta modalidade de ensino e esperamos que esta

coletânea de textos produzidos por nossos aprendentes sirva para desconstruir essas

críticas pouco fundamentadas.

A publicação também é uma vitória da persistência e dedicação exemplares de

uma criteriosa equipe de professoras mediadoras – orientadoras dos trabalhos

monográficos, que trabalharam comigo no componente curricular no transcurso do

primeiro ano de existência do mesmo. Foram elas as professoras Rosemary Evaristo

Barbosa, Karla Lucena de Souza, Cristiane Souza de Assis, Ivana Lima, Aurora

Andrade Lula, Gracileide Alves da Silva, Claudia Luciene de Melo Silva e Telma

Cristina Gomes da Silva. Para a equipe toda, meu eterno agradecimento.

Também queremos registrar nosso agradecimento às professoras Edna Gusmão

de Góes Brennand (ex-coordenadora do Curso) e Lebiam Tamar Silva Bezerra (atual

coordenadora) pelo incondicional apoio dado que permitem concretizar hoje esta valiosa

ferramenta que esperamos seja muito útil para aqueles aprendentes que procurem bons

exemplos para construir suas monografias.

Esperamos que os textos apresentados nesta coletânea possam servir como fonte

de consulta para os aprendentes do nosso curso assim como também para estudantes da

Page 6: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

comunidade acadêmica da nossa universidade, que tenham como objeto de estudo a

Educação Infantil e Séries Iniciais do Ensino Fundamental. Acreditamos que eles

servem para motivar o processo criador daqueles que procurem nestas páginas

fundamentos para serem utilizados no processo de produção intelectual.

Seu caráter interdisciplinar aporta dados relevantes para poder compreender as

complexidades que caracterizam os processos de ensino e aprendizagem no mencionado

setor educacional. Além de aportar mais uma obra, nesta ocasião no formato e-book,

para a formação e atualização dos acervos bibliográficos locais e nacionais na área da

Educação Infantil e Séries Iniciais do Ensino Fundamental.

João Pessoa, PB. 12 de julho de 2012.

Jorge Fernando Hermida

Professor do componente TCC

Curso de Pedagogia – Modalidade a Distância da UFPB

Page 7: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CURSO DE PEDAGOGIA NA MODALIDADE À DISTÂNCIA

BENEDITO JOSÉ DE QUEIROZ

O FAZER PEDAGÓGICO NA PRÉ-ESCOLA: UM OLHAR CRÍTICO SOBRE A PRÁXIS DAS PROFESSORAS.

POMBAL - PB 2011

Page 8: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

BENEDITO JOSÉ DE QUEIROZ

O FAZER PEDAGÓGICO NA PRÉ-ESCOLA: UM OLHAR CRÍTICO SOBRE A PRÁXIS DAS PROFESSORAS.

Trabalho de Conclusão de Curso – TCC apresentado como requisito para obtenção do título de Graduação Plena em Pedagogia na Modalidade a Distância pela Universidade Federal da Paraíba – UFPB Virtual.

Orientação: Profª Drª. Rosemary Evaristo

Co-Orientação: Prof. Dr. Jorge Fernando Hermida

POMBAL - PB 2011

Page 9: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CURSO DE PEDAGOGIA NA MODALIDADE À DISTÂNCIA

O FAZER PEDAGÓGICO NA PRÉ-ESCOLA: UM OLHAR CRÍTICO SOBRE A PRÁXIS DAS PROFESSORAS.

BENEDITO JOSÉ DE QUEIROZ Trabalho de Conclusão de Curso submetido ao corpo docente do Curso de Pedagogia na Modalidade a Distância promovido pela Universidade Federal da Paraíba, aprovada em _________/_________/__________.

Banca Examinadora:

________________________________________________________ Orientadora

________________________________________________________

Co-Orientador

________________________________________________________ Examinador Interno

________________________________________________________

Examinador Externo

POMBAL - PB 2011

Page 10: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

Q3f QUEIROZ, Benedito José de.

O fazer pedagógico na pré-escola: um olhar crítico sobre

a práxis das professoras. / Bendito José de Queiroz –

Pombal-PB, 2011.

61 p.

Bibliografia.

Orientadora: Dra. Rosemary Evaristo Barbosa.

Monografia (Graduação) UFPB/CE/VIRTUAL.

1. Educação Infantil. 2. Pré-escola 3.Professor. 4. Prática

Pedagógica.

CDU- 373.2(043.2)

Page 11: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

Como forma de manifestar o meu amor,

carinho e gratidão dedico esta produção

aos pequeninos Brígida Caterine e

Adam´s Heron (meus filhos) que apesar

de suas inocências souberam

compreender minha ausência durante o

curso e os momentos em que precisei

resguardar-me para elaboração deste

trabalho.

Com mesmo afeto, dedico também a

Terezinha (minha mãe) e a Sandra

(minha esposa), que sempre me

estimularam a prosseguir e vencer os

obstáculos durante esta jornada.

Page 12: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

AGRADECIMENTOS

A Deus que pela sua infinita bondade tem me proporcionado conquistas diversas.

Ao Professor Dr. Jorge Fernando Hermida e a Professora Drª. Rosemary Evaristo,

pelos incentivos, atenção, compreensão e empenho para alcançar os objetivos

desejados.

A todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste

trabalho.

Page 13: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

Não há suficientes Santos (grifo nosso)

para preencher todas as funções do

magistério, por isso os seres humanos,

imperfeitos, também podem levar a cabo

essa tarefa gloriosa, que é a educação

dos indivíduos.

Maria Helena Novaes.

Page 14: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

RESUMO

A Educação Infantil como etapa inicial e fundamental de escolarização, requer múltiplas estratégias de ensino que contribuam para o desenvolvimento integral da criança e para sua autonomia intelectual. Por isso, objetivamos nessa pesquisa investigar as práticas pedagógicas desenvolvidas pelas professoras da pré-escola, partindo das seguintes hipóteses: a prática pedagógica das professoras da pré-escola da Escola Municipal Ernesto Ferreira não está pedagogicamente adequada às orientações dos Referenciais Curriculares Nacionais para Educação Infantil (RCNEI); bem como não favorece o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças através de atividades lúdicas. Metodologicamente, optamos pela realização de uma pesquisa de campo, fundamentada na abordagem qualitativa à luz da pesquisa participante, na qual realizamos observações com anotações sistemáticas e aplicação de questionário semi-estruturado através dos quais levantamos informações e dados sobre o fazer pedagógico das ensinantes da pré-escola, suas concepções de ensino e aprendizagem, planejamento, avaliação e teorias que embasam suas práticas. Esses procedimentos foram fundamentais para embasar nossas argumentações teóricas sobre o objeto em estudo e seu contexto, com a intenção de compreendê-lo e explicá-lo. Como resultado, a pesquisa aponta a necessidade de uma proposta pedagógica para a Educação Infantil articulada com as orientações dos RCNEI, com a perspectiva de proporcionar mudanças na prática pedagógica. Contudo, a pesquisa conclui que diante dos inúmeros desafios da prática pedagógica na Pré-escola, os professores e demais atores com ela envolvidos, necessitam assumir uma postura pautada na díade Educar e Cuidar, de modo a construírem práticas mais significativas para a aprendizagem e o desenvolvimento integral das crianças e seu contexto sócio-cultural. Palavras-chave: Educação Infantil. Pré-escola. Professor. Prática pedagógica.

Page 15: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

ABSTRACT

The childish education as first and fundamental step of schooling requires of the teachers multiple strategies of teaching that contribute to the integral development of child and to their intellectual autonomy. Because, we objectify in this research to

investigate the pedagogic practices development for teachers of the preschool, starting of the following hypothesis: the pedagogic practice of teachers of the preschool Ernesto Ferreira city school is not pedagogically adequate the orientations of the national curriculum reference to childish education (NCRCE); and not help the children's development and learning through playful activities. As methodology, we opt for realization of a field research, based on qualitative approach the light of action research participant, in the through which we realized observations with systematic annotations and application of semi-structured questionnaire through which we raised information and data about the pedagogic of the teachers of the preschool, their teaching and learning conceptions, planning, evaluation and theories that underlie their practices. These proceedings were fundamental to underlie our theoretic arguments about the object on study and its context, with intention of changes it, but only understand and explain it. As result, the research show the need of a pedagogical proposal for the childish education, articulated with the orientations of (NCRCE), with the perspective of to proportionate changes in the pedagogical practice. However, the research concludes that of the many challenges of the pedagogic practice in the preschooler, the teachers and others authors involved with it, they need to assume a posture based in the dyad education and Care, in order to built practices more meaningful for learning and overall development of the children and their social and cultural context.

Key words: Childish Education. Preschool. Teacher. Pedagogic practice

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................

10

2 BREVE HISTÓRICO SOBRE A EDUCAÇÃO IFANTIL E DAS IDEIAS PEDAGÓGICAS NO BRASIL................................................................................

15

2.1 Algumas considerações................................................................................ 15 2.2 A Educação Infantil à luz da legislação vigente.......................................... 19 2.3 O professor da Educação Infantil e as especificidades de seu fazer.......

24

3 CURRÍCULO E DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL.................................... 29 3.1 Proposta curricular para Pré-escola............................................................. 29 3.2 Educar e cuidar: elementos norteadores da didática Pré-escolar............. 34 3.3 Jogos, brinquedos e brincadeiras: concepções que podem Ajudar a desengessar o currículo Pré-escolar.................................................................

36

4 A PESQUISA DE CAMPO................................................................................. 39

4.1 Caracterização da pesquisa.......................................................................... 39 4.2 Os sujeitos da pesquisa................................................................................. 42 4.3 Instrumentos utilizados na coleta dos dados.............................................. 43 4.4 Procedimentos metodológicos.....................................................................

44

5 A PRÁTICA PEDAGÓGICA NA ESCOLA MUNICIPAL ERNESTO FERREIRA.............................................................................................................

46

5.1 Aspectos históricos da escola...................................................................... 46 5.2 Organização, espaço e recursos pedagógicos: sustentáculos da prática pedagógica...............................................................................................

47

5.3 Formação do educador e qualidade do processo ensino-aprendizagem 49

5.4 Estrutura curricular e projeto político pedagógico: fios condutores da prática pedagógica.........................................................................................

51

6 A PRÁXIS PEDAGÓGICA NO CONTEXTO ESCOLAR.................................... 53 6.1 O planejamento das atividades pedagógicas para a Pré-escola: uma investigação no contexto....................................................................................

53

6.2 A gestão do conteúdo: rumo a um novo fazer curricular........................... 56 6.3 A gestão da sala de aula: o nó do fazer pedagógico..................................

59

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................ 62

REFERÊNCIAS......................................................................................................

66

APÊNDICES...........................................................................................................

70

ANEXO................................................................................................................... 79

Page 17: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

10

1 INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, a Educação Infantil tem se tornado objeto de ampla

discussão no cenário educacional e, por conseguinte servido de pano para muitas

pesquisas de cunho científico. Paralelo aos avanços destas pesquisas, surgem

várias teorias, na tentativa de melhorar a qualidade do seu fazer, adequando-a as

reais necessidades e especificidades das crianças de 0 a 5 anos de idade.

Neste cenário, percebemos que o fazer pedagógico na Educação Infantil,

ainda é marcado por práticas tradicionais de ensino-aprendizagem, imperando a

transmissão de conhecimentos através de conceitos e procedimentos que a maioria

das crianças não compreende seus significados e por isso não são aprendidos.

Partindo dessa compreensão, o marco deste estudo busca compreender a

educação a partir da Pedagogia Histórico-crítica elaborada pelo educador brasileiro

Dermeval Saviani (2003). Para o autor, a pedagogia é entendida como uma ciência

da educação, dotada de conteúdos necessários de serem assimilados pelos

homens, tendo em vista a constituição da segunda natureza humana: o mundo da

cultura. Fundamentando-se no materialismo histórico e dialético, Saviani (2003)

define o trabalho educativo como uma atividade intencional, produzida histórica e

coletivamente pelo conjunto dos homens na sua vida em sociedade.

Por essa razão, pretendemos com essa pesquisa, apontar elementos que

possam contribuir para uma prática pedagógica na Educação Infantil, pautada na

díade “educar e cuidar” de modo indissociável, favorecendo o desenvolvimento

integral da criança, bem como, a autonomia intelectual de cada uma, haja vista o

Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil deixar claro que as crianças,

enquanto sujeitos dotados de particularidades são capazes de construir múltiplas

habilidades e competências durante o processo de investigação daquilo que

desejam conhecer.

Desse modo, torna-se importante investigar como se dá a prática pedagógica

no âmbito da Educação Infantil, uma vez que, ela proporciona condições para que

as crianças avancem em seus processos de crescimento e desenvolvimento motor,

psicológico, neurológico, afetivo, cognitivo, social e emocional, como fatores

essenciais para a aprendizagem.

Daí os motivos pelos quais o fazer pedagógico deva ter como princípio a

criança como sujeito social e histórico, dotada de particularidades que precisam ser

Page 18: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

11

conhecidas, compreendidas e respeitadas pelos professores e demais profissionais

que atuam na Educação Infantil, tendo em vista que, o pretendido é proporcionar

aprendizagens pautadas nas capacidades infantis e na realidade social e cultural de

cada criança, conforme preconiza o RCNEI (1998).

Isso posto, fica evidente que o fazer pedagógico em qualquer nível é

perenizado pela subjetividade. Na Educação Infantil, este aspecto se manifesta com

maior intensidade, haja vista a criança ser um sujeito dotado de particularidades e

especificidades que requer dos professores formação específica para fazer do cuidar

e do educar momentos de aprendizagens múltiplas, superando o paradigma do

assistencialismo, ainda presente em significativa parcela das escolas de Educação

Infantil.

Neste contexto, observamos que a maioria das creches e pré-escolas ainda

não (re)conheceram o seu verdadeiro papel frente às necessidades das crianças;

por isso, precisam desenvolver ações integradoras que incorporem ao ato de cuidar

algo educativo e vice-versa, de modo a contribuir para o desenvolvimento integral

das crianças, bem como para a construção de suas identidades e o exercício de sua

cidadania.

Dessa forma o trabalho educativo nas creches e pré-escolas precisa

desenvolver a socialização das crianças; como também os aspectos afetivos,

cognitivos e emocionais, de modo que as crianças tenham acesso e ampliem seus

conhecimentos sobre a realidade social e cultural do contexto no qual estão

inseridas.

Considerando estas e outras razões, optamos fazer uma investigação que

possibilite maior aproximação com o fazer pedagógico das professoras na Pré-

escola da Escola Municipal Ernesto Ferreira em Frutuoso Gomes – RN. Partindo do

pressuposto de que a prática pedagógica das professoras da Pré-escola da Escola

Municipal Ernesto Ferreira não está pedagogicamente adequada às orientações do

Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil; bem como não favorece o

desenvolvimento e a aprendizagem das crianças através de atividades lúdicas,

questiona-se: Como as professoras da Pré-escola da Escola Municipal Ernesto

Ferreira desenvolvem suas práticas pedagógicas?

Em função da problemática em estudo, desenvolvemos um estudo com base

na “abordagem qualitativa” (CARVALHO, 2009, p.181), à luz da “pesquisa

participante” (CARVALHO, p. 183), uma vez que através desta podemos

Page 19: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

12

compartilhar de momentos junto aos sujeitos pesquisados, o que nos permite maior

aproximação do objeto de estudo, cujas investigações foram aprofundadas através

da aplicação de questionário com perguntas abertas e fechadas, e observações

participantes com anotações sistemáticas, tendo em vista obter maiores informações

sobre os procedimentos desenvolvidos pelas professoras junto às crianças.

Ao optarmos por realizar uma pesquisa participante, pretendemos estreitar os

laços entre pesquisador e pesquisados, a fim de coletar informações mais

consistentes, além de propiciar o redirecionamento dos procedimentos de análise

conforme as condições apresentadas pelas investigações.

Levando em consideração o objeto de estudo elucidado, utilizamos como

categoria de análise o fazer pedagógico das professoras da Pré-escola da Escola

Municipal Ernesto Ferreira e seus reflexos no desenvolvimento e na aprendizagem

das crianças; por isso professoras e crianças são fundamentais para nossa análise.

As informações e discussões apresentadas sobre o contexto investigado têm

como base a realização das observações com anotações sistemáticas em fichas

sobre a organização do plano e a capacidade de planejar; gestão do conteúdo:

estratégias que favoreçam as crianças aprenderem os conteúdos; gestão da classe:

atitudes de investigação sobre as situações de aprendizagem; realização da

avaliação do plano e das atividades desenvolvidas com as crianças.

Para fortalecimento de nossas argumentações, contamos com as informações

levantadas através do questionário aplicado junto às professoras com a finalidade de

obter dados sobre o fazer pedagógico, o nível de organização ambiental e

infraestrutura da escola, bem como as características dos sujeitos pesquisados e do

contexto no qual desenvolvem suas práticas docentes.

Desse modo, as estratégias e instrumentos de coleta de dados trouxeram

elementos para elucidação do objeto de estudo investigado, embora saibamos que

não são os únicos meios para se obter informações que possam ser relevantes para

uma pesquisa de tal envergadura; por isso, não temos a pretensão de esgotar as

discussões sobre a temática, deixando em aberto a possibilidade de

aprofundamentos futuros.

Para enveredarmos no campo de estudo, elegemos como objetivo geral

Investigar as práticas pedagógicas desenvolvidas pelas professoras da Pré-escola

da Escola Municipal Ernesto Ferreira, que se tornara alcançável com o auxílio dos

seguintes objetivos específicos: 1) Apresentar um breve histórico da Educação

Page 20: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

13

Infantil e suas ideias pedagógicas no Brasil; 2) Conceituar Currículo e Didática na

Educação Infantil; 3) Descrever como se dá a prática pedagógica e o

desenvolvimento das atividades na Pré-escola na referida unidade de ensino; 4)

Verificar se a proposta de trabalho que norteia a prática pedagógica das professoras

é compatível com o projeto político pedagógico da escola e 5) Comparar a proposta

pedagógica para Educação Infantil da Escola Municipal Ernesto Ferreira com as

orientações contidas no Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil.

Tais pretensões nos levam a descortinar a problemática em questão,

considerando sê-la de extrema relevância para o cenário da Educação Infantil, uma

vez que, muitas práticas pedagógicas na Pré-escola se mostram desvinculadas das

orientações curriculares nacionais para este nível de ensino, bem como, do convívio

social e cultural das crianças, que acabam sendo esquecidas durante o processo de

construção do conhecimento.

Contudo, elucidamos que o conhecimento superficial da problemática aguça o

desejo de adentrarmos no contexto a ser investigado e dele extraímos dados que ao

serem confrontados com as teorias existentes levantem subsídios que possam

contribuir para um fazer pedagógico na Pré-escola mais significativo, através dos

quais as crianças se sintam sujeitos ativos, críticos e criativos.

Como forma de sistematizar a produção, dividimos as argumentações em

cinco capítulos. No primeiro temos a preocupação de fazermos um breve histórico

sobre a Educação Infantil e as Idéias Pedagógicas no Brasil, levando em

consideração a compreensão de vários estudiosos e da legislação vigente, a fim de

melhor compreendermos como se deu o atendimento à criança em diferentes

momentos históricos até a legalidade desse direito enquanto ação pedagógica.

No capítulo seguinte faremos uma discussão sobre Currículo e Didática na

Educação Infantil, no qual apontamos elementos norteadores do currículo na Pré-

escola e alguns elementos inerentes à didática na Pré-escola que acenam para

novas práticas pedagógicas, considerando a indissociabilidade entre o cuidar e o

educar e a importância dos jogos e brincadeiras para o desenvolvimento integral das

crianças.

No terceiro capítulo, fazemos uma abordagem sobre a pesquisa de campo,

deixando claro o tipo de pesquisa pelo qual optamos, bem como, os sujeitos

envolvidos, os instrumentos utilizados para coleta de dados e os procedimentos

Page 21: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

14

metodológicos que nos conduziram a uma melhor compreensão acerca do objeto

em estudo.

No capítulo que sucede apresentamos alguns aspectos históricos da Escola –

lócus da pesquisa - adentrando em algumas questões específicas que dão

sustentação à prática pedagógica e ao processo de ensino-aprendizagem, tais

como: organização, espaço, recursos pedagógicos, formação do educador, estrutura

curricular e projeto político pedagógico.

No quinto capítulo, trataremos da práxis pedagógica no contexto escolar,

tratando de alguns pontos específicos investigados e observados na pesquisa, que a

nosso ver, merecem destaques. Dentre eles, discutimos a questão do planejamento,

e das gestões do conteúdo e da sala de aula, procurando estabelecer um paralelo

entre as teorias atuais, os documentos oficiais existentes que orientam a prática

pedagógica na Educação Infantil e a realidade investigada.

Encerramos nossa produção monográfica com as considerações finais,

apresentado sinteticamente os principais resultados que validam as hipóteses

previamente pensadas, bem como, abordando pontos que possam servir de reflexão

para um fazer pedagógico mais significativo na Pré-escola, de modo a considerar a

criança como sujeito ativo, crítico e criativo no processo de construção do

conhecimento sobre o seu entorno familiar, social e de mundo.

Page 22: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

15

2 BREVE HISTÓRICO SOBRE A EDUCAÇÃO INFANTIL E DAS IDEIAS

PEDAGÓGICAS NO BRASIL

Ao decidirmos discutir as práticas pedagógicas na Educação Infantil,

consideramos fundamental, fazermos uma retrospectiva histórica ainda que sucinta

sobre o referido nível de ensino e as idéias pedagógicas que lhes dão sustentação.

Com essa pretensão organizamos nossas ideias a partir de estudiosos como

Kuhlmann Júnior (2011), Kramer (2006), Nascimento (2007) e outros, além dos

documentos e/ou legislações oficiais que garantem o direito e tratam do atendimento

à Educação Infantil no Brasil.

2.1 Algumas considerações

Durante muitos séculos a educação da criança esteve sob a responsabilidade

exclusiva da família, principalmente da mulher a quem era atribuída à tarefa de

cuidar dos filhos. Tal concepção se sustentava na idéia de que é no convívio com os

adultos e outras crianças que ela participava das tradições e aprendia as normas e

regras da sua cultura.

O sistema de produção capitalista impulsionou novas formas de organização

social, afetando os modos de a família cuidar e educar seus filhos. Nesse contexto,

a mulher ingressa no mercado de trabalho e passando a vender sua força de

trabalho necessita de ambientes que assumam a responsabilidade de cuidar dos

filhos.

A partir de então, a criança começa a receber atendimento em Creches,

Escolas Maternais e Jardins de Infância que a princípio desenvolviam suas

atividades de modo assistencialista, voltando suas ações para a guarda, a higiene, a

alimentação e os cuidados físicos das crianças.

Segundo Kuhlmann Jr. (2011), a proposição do assistencialismo e de

educação popular, previa atendimento as crianças pobres com poucos

investimentos, como forma de promover a submissão e a exploração social.

Kramer (2006) esclarece que de 1922 até meados de 1970, as instituições de

Educação Infantil pouco se expandiram, embora, tenham sido assistidas por

diferentes órgãos de atendimento à criança, vinculados aos Ministérios da Saúde, da

Page 23: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

16

Justiça e Negócios Interiores, da Previdência e Assistência Social e por último ao

Ministério da Educação e Cultura.

Isso mostra que as políticas públicas voltadas para o atendimento à criança

não tinham um foco específico, ora entendia a criança como sujeito que necessitava

suprir as carências nutricionais, ora como sujeito necessitado de proteção,

assistência social e educacional.

Nesse prisma de discussão Kramer (2006) pontua que ao longo das décadas,

diferentes formas de arranjos foram se constituindo para atender às crianças das

classes menos favorecidas. Uma das instituições brasileiras mais duradouras de

atendimento à infância, que teve seu início antes da criação das Creches, foram as

Casas de Misericórdia que recebiam e cuidavam das crianças abandonadas pelas

mães ou qualquer outra pessoa da família.

A mesma autora evidencia ainda, que no final do século XIX, período

marcado pela abolição da escravatura, pela migração para as grandes cidades e

pelo início da República, houve iniciativas isoladas de proteção à infância, no sentido

de combater os altos índices de mortalidade infantil.

Kramer (2006) ressalta ainda, que nesse contexto, um número significativo de

Creches foram criadas, não pelo poder público, mas por organizações filantrópicas,

que com baixos investimentos desenvolviam ações voltadas para o atendimento às

crianças pobres, filhas de mães trabalhadoras que não tinham onde deixar seus

filhos.

Para a autora, na História da Educação Infantil Brasileira, as Creches e

Jardins de Infância foram implantados no final do século XIX e primeiras décadas do

século XX, sustentadas pelos paradigmas médico-higienista e religioso que tinham a

finalidade de combater a mortalidade infantil tanto em âmbito familiar quanto nas

instituições de atendimento às crianças.

A autora, afirma ainda que no Brasil, as Creches foram criadas

exclusivamente com caráter assistencialista, sem levar em consideração o caráter

pedagógico atribuído a essas instituições nos países europeus e norte-americanos.

Nesse sentido Didonet (2001, p. 13) esclarece que:

Enquanto as famílias mais abastadas pagavam uma babá, as pobres se viam na contingência de deixar os filhos sozinhos ou colocá-los numa instituição que deles cuidasse. Para os filhos das mulheres trabalhadoras, a creche tinha que ser de tempo integral; para os

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filhos de operárias de baixa renda, tinha que ser gratuita ou cobrar muito pouco; ou para cuidar da criança enquanto a mãe estava trabalhando fora de casa, tinha que zelar pela saúde, ensinar hábitos de higiene e alimentar a criança. A educação permanecia assunto de família. Essa origem determinou a associação creche, criança pobre e o caráter assistencial da creche.

Nesse sentido, fica evidente que o processo de implantação da

industrialização no país, a inserção da mão-de-obra feminina no mercado de

trabalho, os movimentos operários e outras formas de organizações sociais,

despertaram novas concepções sobre os modos de organização nos centros

urbanos, bem como as reivindicações por melhores condições de trabalho; dentre

estas a criação de instituições de educação e cuidados para com as crianças filhas

das trabalhadoras.

Para Oliveira (1992) os movimentos operários e sociais impulsionaram os

donos de fábricas a concederem novos benefícios sociais aos trabalhadores,

embora procurassem controlar o comportamento operário dentro e fora das fábricas.

Para tanto, criaram as Vilas Operárias, Clubes Esportivos, Creches e Escolas

Maternais para os filhos dos operários. Com isso os empresários procuravam

proporcionar maior satisfação às mães trabalhadoras, acreditando que elas

produziam melhor, vendo seus filhos assistidos em Creches, Escolas Maternais e

Jardins de Infância.

Em meio às discussões, Haddad (1993) confirma que os movimentos

feministas tiveram papel relevante, uma vez que, conseguiram modificar o quadro de

atendimento às crianças pequenas. Foi a partir de então, que o poder público

começa a expandir e manter um maior número de instituições de Educação Infantil,

assegurando a todas as mulheres atendimento à seus filhos em Creches e Pré-

escolas; independente de suas necessidades de trabalho e condição econômica.

Tanto as Creches, quanto as Pré-escolas ganharam novos enfoques e

passaram a ser reivindicadas como um direito de todas as crianças filhas de

trabalhadoras. As ações se baseavam na “abordagem da privação cultural”

(KRAMER, 2006, p. 32), considerando que o atendimento à criança pequena fora do

lar possibilitaria a superação das precárias condições sociais a que ela estava

sujeita, recebendo uma “educação compensatória” através da qual a criança recebia

métodos pedagógicos adequados para corrigir as defasagens educacionais.

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Considerando as argumentações de Kramer (2006), a educação

compensatória tão enfatizada por Pestalozzi, Froebel, Montessori e McMillan,

durante o século XIX, funcionava como verdadeiro antídoto para a privação cultural,

uma vez que, buscava corrigir precocemente as ‘defasagens sócio-culturais’ das

crianças.

Ao discutir o atendimento das crianças das classes menos favorecidas

Kramer (2006) ressalta que o discurso do poder público, parte de uma concepção de

infância, que reconhece esse período da vida da criança de maneira padronizada e

homogênea, com a ideia de que as crianças oriundas das classes sociais dominadas

são “[...] carentes, deficientes e inferiores [...] ao padrão estabelecido; [faltando] a

essas crianças privadas culturalmente, determinados atributos ou conteúdos que

deveriam ser nelas incutidos” (KRAMER, 2006, p. 24). Por esse motivo, e a fim de

superar as deficiências de saúde e nutrição, assim como as deficiências escolares,

são oferecidas diferentes propostas no sentido de compensar tais carências. Nessa

perspectiva, a Pré-escola funcionaria, segundo a autora acima citada, como mola

propulsora da mudança social, uma vez que, possibilitaria a democratização das

oportunidades educacionais; acrescentado ainda que:

A proposta que ressurge, de elaborar programas de educação pré-escolar a fim de transformar a sociedade no futuro é uma forma de culpar o passado pela situação de hoje e de focalizar no futuro quaisquer possibilidades de mudança. Fica-se, assim, isento de realizar no presente ações ou transformações significativas que visem a atender às necessidades sociais atuais (KRAMER, 2006, p. 29-30).

Isso posto, fica a compreensão de que há certa confusão entre as mudanças

no fazer pedagógico com as mudanças sociais, como também entre a Pré-escola e

a solução dos problemas sociais, econômicos e raciais, conforme essas

argumentações de Kramer (2006).

A literatura aponta que até o final dos anos 70, pouco se fez em favor da

garantia da oferta de Educação Infantil (Creches e Pré-escolas). Já na década de

80, diferentes forças de iniciativa civil e organizações não governamentais se uniram

em prol da garantia do direito da criança a uma educação de qualidade desde o

nascimento.

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Tal direito foi assegurado a partir da promulgação da Constituição Federal de

1988, que em seu artigo 208, inciso IV, assegura que “[...] O dever do Estado com a

educação será efetivado mediante a garantia de oferta de Creches e Pré-escolas às

crianças de zero a seis anos de idade” (BRASIL, 2004, p.122).

A partir de então, as Creches, anteriormente vinculadas à área de assistência

social, passaram a ser de responsabilidade da educação e novos rumos foram

dados a essas instituições que a partir de então começam tanto a cuidar das

crianças quanto a desenvolver atividades educativas. Mesma proposição é atribuída

ao atendimento das crianças em idade pé-escolar, haja vista, ser reconhecida como

etapa fundamental de escolarização e aquisição de conhecimentos prévios para o

ingresso nos demais níveis de ensino.

Após a criança ser reconhecida como cidadão de direitos pela Constituição

Federal de 1988, surge outras legislações que complementam a asseguram os

direitos das crianças de 0 a 6 anos de idade; dentre elas citamos: o Estatuto da

Criança e do Adolescente (ECA) – Lei 8.069/90, a Lei de diretrizes e Base da

Educação Nacional (LDBEN) – Lei 9.394/96.

Considerando as discussões, percebemos que no Brasil, as crianças foram

durante muito tempo, ignoradas em seus direitos, tanto pela sociedade como pelo

poder público, mas atualmente dispõe de uma farta legislação que busca a garantia

de seus direitos.

2.2 A educação Infantil à luz da legislação vigente

A Constituição Federal de 1988, ao determinar em seu artigo 208, inciso IV

que “O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de [...]

atendimento em Creche e Pré-escola às crianças de 0 a 6 anos de idade” (BRASIL,

2004, p.122) assegura de fato o direito à Educação Infantil pública para todas as

famílias que optarem por matricular os seus filhos no referido nível de ensino.

Essa determinação constitucional proporcionou maior expansão da Educação

Infantil no Brasil, haja vista, a determinação de que “Os Municípios atuarão

prioritariamente no Ensino Fundamental e na Educação Infantil” (BRASIL, 2004,

p.123) conforme o parágrafo 2º do artigo 211. Mesmo assim, os municípios não se

estimularam muito para fazer tal atendimento uma vez que, “[...] não estabelece com

clareza o montante ou mesmo a percentagem [de recursos] que deve ser destinado

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à Educação Infantil” (NASCIMENTO, 2007, p. 105), um dos motivos que justifica a

significativa parcela de crianças fora desse nível de escolaridade da Educação

Básica.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA – Lei Nº 8.069/90) em seu

artigo 54, inciso IV reforça o direito de atendimento às crianças de 0 a 6 anos em

Creches e Pré-escolas e aborda um ponto extremante relevante para o processo

educacional, e em especial para Educação Infantil, quando assegura em seu artigo

58 que “ No processo educacional respeitar-se-ão os valores culturais, artísticos e

históricos próprios do contexto social da criança [...], garantindo a estes a liberdade

de criação e o acesso às fontes da cultura.” (BRASIL, 2006, p. 21)

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, além de tratar da

composição dos níveis escolares, inseriu a Educação Infantil como primeira etapa da

Educação Básica, definindo que a finalidade da Educação Infantil é promover o

desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, complementando a ação

da família e da comunidade. (BRASIL, 2001).

Partindo do pressuposto de que a lei assegura direitos universais, elencamos

alguns pontos direcionados à Educação Infantil definidos pela LDBEN 9.394/96,

(apud NASCIMENTO, 2007, p.102-103), conforme abaixo:

1º) ela é um direito da criança de 0 a 6 anos e um dever do Estado que se efetiva mediante atendimento em Creches e Pré-escolas (art. 4º, IV); 2º) não é obrigatória, o que significa que não há responsabilidade do estado em prover imediatamente vagas para todo o universo populacional de 0 a 6 anos, nem todas as crianças entre 0 a 6 [anos] tem obrigatoriamente que frequentar Educação Infantil; 3º) o atendimento, sempre que oferecido pelo Estado, é gratuito independentemente da condição social daquele que o procurar; 4º) a Educação Infantil será submetida a ‘padrões mínimos de qualidade de ensino’ que se operacionalizam, ‘por variedade de quantidade mínima, por aluno, de insumos indispensáveis para o desenvolvimento do processo ensino aprendizagem’ (art. 4º, IX); 5º) o poder público contemplará o acesso à Educação Infantil conforme as prioridades legais e constitucionais (art. 5º, § 2º).

Mesmo assim, Abramowicz (2011) argumenta que no Brasil há uma

compreensão de que a Pré-escola é uma escola de crianças pequenas destinada

aos filhos de classe social de maior poder econômico e as creches são vistas como

instituições destinadas às crianças pobres filhas das classes populares. Essas

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concepções condicionaram o surgimento de diferentes profissionais para atuação na

Educação Infantil. Na primeira os profissionais são designados de professores e na

segunda de monitores.

Em meio a essas dicotomias, apresentadas por Abramowicz (2011), alguns

avanços são percebíveis no que diz respeito ao direito ao atendimento educacional

das crianças de 0 a 5 anos, em Creches e Pré-escolas, tornando sua oferta dever do

Estado e opção da família, assegurados pelas legislações, conforme mostrou

Nascimento (2007) anteriormente.

Contudo, Hermida (2009) destaca que a legislação mais recente que versa

sobre o atendimento educacional de crianças e adolescentes é a lei 11.274, de 06

de fevereiro de 2006, que altera a redação dos artigos 29, 30, 32 e 87 da LDBEN de

1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, dispondo sobre a

duração de nove anos para o Ensino Fundamental, com matrícula obrigatória a partir

dos 6 anos de idade. Ficando então, determinado que a Educação Infantil é um

direito da criança de 0 a 5 anos, uma vez que, a partir dos 6 anos de idade seu

ingresso é obrigatório no primeiro ano do ensino fundamental, que passa a ter

duração de nove anos.

Segundo o autor acima, a lei 11.274/06 consolida o processo de extensão das

redes de ensino estaduais e municipais em todo o país, além de assegurar a todas

as crianças um tempo maior de aprendizagem seguindo a orientação da LDBEN e

do PNE. O texto da lei estabelece um prazo de cinco anos para que as escolas

públicas e particulares se adaptem à nova organização da Educação Nacional.

Nesse sentido, o autor ressalta que o Brasil é retardatário na inclusão das crianças

de 6 anos no Ensino Fundamental, uma vez que, há anos os países da América

Latina como: Argentina, Chile e Uruguai, já vivenciam essa realidade.

Diante do exposto, ressaltamos que no cenário da Educação Infantil, os

debates atuais se acirram em torno das políticas de formação profissional, da

definição de currículo adequado ao referido nível de ensino, das condições dignas

de trabalho e da valorização dos profissionais, conforme argumenta Abramowicz

(2011).

À luz do Plano Nacional de Educação (PNE – Lei Nº 10.172/2001) a

Educação Infantil como etapa fundamental para o desenvolvimento integral da

criança, deve ser “[atendida] com profissionais especializados capazes de fazer a

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mediação entre o que a criança já conhece e o que pode conhecer [...]”. (BRASIL,

2011, p. 1).

Isso evidencia que os professores da Educação Infantil são sujeitos que

devem ter domínio e competência para proporcionarem às crianças oportunidades

múltiplas de aprendizagem, partindo daquilo que a criança já conhece, planejando e

criando novas e significativas situações de aprendizagens.

O PNE/2001 faz referência a uma Educação Infantil de qualidade,

compreendendo que esta deva ser assistida por profissionais devidamente

qualificados, com mobiliários, brinquedos e outros materiais pedagógicos, além de

infra-estrutura adequada, capaz de garantir aprendizagem, conforto e bem-estar às

crianças, algo que até então, não condiz com a realidade vivenciada por grande

parte das escolas de Educação Infantil.

Ao fazermos uma análise do conjunto das vinte e seis metas estabelecidas

pelo PNE/2001 em prol da Educação Infantil, podemos dizer que a grande maioria

não foram alcançadas e por isso foram condensadas nesse novo Plano Nacional de

Educação, que ora se formula através do Projeto de Lei - PL 8.035/2010 para o

decênio 2011-2020, que tem como meta única para Educação Infantil “Universalizar

até 2016, o atendimento escolar da população de 4 e 5 anos, e ampliar, até 2020, a

oferta de Educação Infantil, de forma a atender a 50% da população de até 3 anos”.

(BRASIL, 2011, p. 2).

Nascimento (2007) defende que o principal avanço da Educação Infantil está

relacionado à inclusão das Creches e Pré-escolas à Educação Básica, embora, haja

divergências entre o real caráter da Creche, pois enquanto a LDBEN a define com

caráter escolar, “[...] outros documentos oficiais definem que é no binômio cuidar e

educar que deve estar centrada às funções complementares e indissociáveis dessa

instituição.” (NASCIMENTO, 2007, p. 104).

Contudo, fica evidente a necessidade de profissionais devidamente

qualificados para atender as especificidades das crianças de 0 a 3 anos em

Creches, e de 4 a 6 anos em Pré-escolas, conforme aponta a LDBEN 9.394/96.

Nesse sentido Nascimento (2007, p. 107) faz a seguinte crítica:

Embora e a Educação Infantil seja parte integrante da Educação Básica, sua especificidade é pouco reconhecida [...] a única diferença apontada pela lei entre a Creche e a Pré-escola diz respeito à faixa etária. [...] o fato de ter sido definida como um nível de ensino implica

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uma série de normatizações próprias à instituição escola. A criança, alvo do atendimento multifacetado que deveria dar conta das questões afeitas ao cuidado e à educação, passa a ser vista como aluna, mesmo que tenha três meses de idade.

Desse modo, sentimos que há um fosso entre o que a lei determina e o que a

autora acima entende que deve ser considerado e praticado no cotidiano das

escolas de Educação Infantil.

No tocante aos profissionais da Educação Infantil, o Ministério da Educação e

da Cultura, através de suas políticas públicas de atendimento à Educação Básica,

reconhece que os professores das Creches e da Pré-escola devem ter adequadas

“[...] condições de trabalho, plano de carreira, salário e formação continuada

condizentes com o papel que exercem” (BRASIL, 1994, p. 12), explicitando ainda

que, a política de formação desses profissionais deva pautar-se nas seguintes

diretrizes:

- Formas regulares de formação e especialização, bem como mecanismos de atualização dos profissionais de Educação Infantil deverão ser asseguradas. - A formação inicial, em nível médio e superior, dos profissionais da Educação Infantil deverá contemplar em seu currículo conteúdos específicos relativos a esta etapa educacional. - A formação do profissional de Educação Infantil, bem como a de seus formadores, deve ser orientada pelas diretrizes expressas neste documento. - Condições deverão ser criadas para que os profissionais de Educação Infantil que não possuem a qualificação mínima, de nível médio, obtenham no prazo máximo de oito anos. (BRASIL, 1994, p. 12).

Nesse sentido, fica evidente a necessidade de os programas de formação dos

professores de Creches e Pré-escolas contemplarem em seus processos formativos,

um currículo que cumpra as funções de educar e cuidar, necessárias à formação

desses profissionais.

De fato, a Educação Infantil ainda não é aquela que desejamos, mas

podemos dizer que após sua regulamentação nas legislações vigentes (CF/1988,

ECA/1990, LDBEN/1996, PNE/2001 e Lei 11.274/06), tem sofrido modificações

plausíveis, principalmente no que diz respeito ao reconhecimento da criança como

sujeito de direitos, assegurando o atendimento à educação em instituições públicas

de qualidade com profissionais devidamente qualificados.

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Segundo Hermida (2009), o direito a educação é assegurado às crianças, por

um lado, pelo Estado, que enquanto tutor deve promover políticas que garantam aos

cidadãos um mínimo de bem-estar, tendo a educação como principal componente.

Por outro lado, os pais, que diretamente devem assumir a responsabilidade pelos

menores. Desse modo, compete ao estado promover a realização efetiva do direito à

educação e aos pais a responsabilidade de escolher a forma em que se dá o

exercício deste direito. Contudo, concordamos com o autor, quando ele enfatiza que:

a educação é uma responsabilidade compartilhada [...] entre Estado e pais, uma vez que ambos são promotores ou representantes dos interesses ou dos direitos dos filhos e dos cidadãos, na medida em que são responsáveis diretos pela prestação ou concretização destes direitos. (HERMIDA, 2009. p. 46)

Assim, fica evidente que, a concretização do direito à educação das crianças,

está atrelada ao nível de consciência que os pais têm sobre esse bem cultural que

deve ser assegurado aos filhos desde a mais tenra idade, bem como, do nível de

responsabilidade e compromisso que cada um busca assumir para com o exercício

da cidadania.

2.3 O professor da Educação Infantil e as especificidades de seu fazer

Apesar de nas últimas décadas, as discussões em âmbito nacional,

apontarem para a necessidade de uma Educação Infantil que atenda as

necessidades globais das crianças, percebemos que muitas práticas pedagógicas

no referido nível de ensino se pautam em transmissão de ensinamentos em forma

de conteúdos, sem levar em consideração as especificidades das crianças. Pois

segundo Oliveira-Formosinho (apud BONETTI, 2009, p. 4), “[...] a docência na

educação infantil, apresenta aspectos similares e também diferenciadores da

docência dos demais níveis de ensino”, por conseguinte deve levar em consideração

os seguintes aspectos:

- as características das crianças ou da ‘globalidade, vulnerabilidade e dependência da família’, levando em conta os aspectos afetivo, cognitivo, social e biológico; - ‘a diversidade de missões e ideologias, a vulnerabilidade da criança, o currículo integrado, [...];

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- a integração e interação ‘entre o conhecimento e a experiência, [...] entre os saberes e os afetos’. (OLIVEIRA-FORMOSINHO, apud BONETTI, 2009, p. 4).

Além dos aspectos mencionados pela autora citada, o Referencial Curricular

Nacional para Educação Infantil (RCNEI), aponta para uma nova concepção de

Educação Infantil pautada no binômio educar e cuidar de modo indissociável,

entendendo que:

Educar (grifo nosso) significa, portanto propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros, em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso pelas crianças aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. (RCNEI, 1998, p. 23). Cuidar (grifo nosso) [...] exige conhecimentos, habilidades e instrumentos que extrapolam a dimensão pedagógica, ou seja, cuidar de uma criança em um contexto educativo demanda a integração de vários campos de conhecimentos e a cooperação de profissionais de diferentes áreas. (RCNEI, 1998, p. 24).

Neste prisma de entendimento, o RCNEI (1998) deixa claro que a garantia da

aprendizagem das crianças está atrelada ao fazer pedagógico do professor que

deve priorizar as necessidades das crianças, compreendendo que estas serão

sujeitos da aprendizagem em contínuo crescimento em seus diferentes estágios de

desenvolvimento.

Na concepção de Mario (2008) educar e cuidar deve ocorrer de modo

indissociável. Para o autor o cuidar não é tarefa principal da Educação Infantil, no

entanto deve superar as atividades de alimentação, de higiene, do trocar roupas e

do brincar com as crianças etc.; compreendendo, no entanto, que essas atividades

também fazem parte do processo educacional. Por isso, alerta que, se utilizadas de

forma isoladas mais deseducam do que educam.

Segundo a ótica de interpretação do autor, a Educação Infantil deve primar

pelo educar, compreendendo que enquanto se educa se cuida. Defendendo

ferrenhamente que “[...] o cuidar nem sempre engloba o educar, da mesma maneira

que educação pressupõe a instrução, mas a instrução nem sempre realiza a

educação” (MÁRIO, 2008, p. 1).

No entanto o RCNEI (1998, p. 27) deixa claro que para as crianças

desenvolverem a capacidade de criação é necessário uma diversificação nas

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experiências que são proporcionadas pelas instituições, seja através de brincadeiras

ou de intervenções diretas do professor; o importante é que proporcione

aprendizagens significativas para as crianças.

Isso nos remete à compreensão da necessidade do professor organizar

situações de ensino-aprendizagem coerentes com a faixa etária de idade na qual se

encontra as crianças da pré-escola (4 - 5 anos) de modo a favorecer a construção

de conhecimentos pautados nas experiências das crianças, sem esquecer o

desenvolvimento dos aspectos afetivo, físico, psicossocial, cognitivo e linguístico.

Quanto ao desenvolvimento do aspecto linguístico Kishimoto (apud BONETTI,

2009) diz que quando a criança (com menos de seis anos) em seu cotidiano

desenha, pinta, faz observações dos elementos da natureza e do meio que o cerca,

assiste vídeo, brinca, manipula brinquedos, conversa com os coleguinhas, com o

professor e outros adultos etc., ela está em pleno desenvolvimento de sua

linguagem.

Pelo exposto, sentimos que a Educação Infantil é permeada por uma

multiplicidade de fazeres que se bem compreendidos e trabalhados contribua

positivamente para o desenvolvimento das crianças em etapas posteriores. Caso

contrário, muitas práticas educativas podem influenciar negativamente no

desenvolvimento integral das crianças e consequentemente nas futuras etapas de

sua escolarização.

Nesse sentido Cunha (2008, p.128), afirma que:

É necessário conversar com os pequeninos, sobre várias questões [...] sobre seu jeito de ser, suas percepções e desejos, não necessariamente falando e sim, principalmente, brincando; mas em qualquer situação de iteração com as crianças é necessário que nos tornemos capazes de ouvi-las, levá-las em consideração e aceitar o que expressam, por mais diferentes de nós que sejam. [...] Acredito que esse processo de aproximação do professor com seus alunos requer uma atenção para a convivência cotidiana das crianças entre si e com o professor.

Com isso a autora nos chama atenção para valorizar o diálogo enquanto

estratégia para o desenvolvimento das linguagens corporal e gestual das crianças,

como também, para o reconhecimento do lúdico, enquanto prática pedagógica a ser

vivenciada com as crianças.

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O RCNEI (1998, p. 30) assegura que as aprendizagens infantis ocorrem com

sucesso se o professor proporcionar momentos pedagógicos que favoreçam os

seguintes aspectos:

- a interação com crianças da mesma idade e de idades diferentes em situações diversas com fator de promoção da aprendizagem e do desenvolvimento e da capacidade de relacionar-se; - os conhecimentos prévios de qualquer natureza, que as crianças já possuem sobre o assunto, já que elas aprendem por meio de uma construção interna ao relacionar suas idéias com as novas informações de que dispõem e com as interações que estabelece; - a individualidade e a diversidade; - o grau de desafio que as atividades apresentam e o fato de que devam ser significativas e apresentadas de maneira integrada para as crianças e o mais próximo possível das práticas sociais reais; - a resolução de problemas como forma de aprendizagem.

Para o professor exercer sua prática docente com foco nas propostas acima,

é necessário buscar uma formação adequada em cursos de formação inicial,

continuada e atualização constante para responder com qualidade às necessidades

das crianças, quebrando os paradigmas que engendram o fazer pedagógico na

Educação Infantil.

Tal pensamento é reforçado pelo RCNEI (1998, p. 41), quando afirma:

- a implantação e/ou implementação de uma proposta curricular de qualidade depende principalmente dos professores que trabalham nas instituições. Por meio de suas ações que devem ser planejadas e compartilhadas com seus pares e outros profissionais da instituição [...]; - para que os projetos educativos das instituições possam de fato, representar esse diálogo e debate constante, é preciso ter, professores que estejam comprometidos com a prática educacional, capazes de responder as demandas familiares e das crianças, assim como as questões específicas relativas aos cuidados e aprendizagens infantis.

Isso posto, fica evidente que a Escola de Educação Infantil precisa favorecer

momentos de discussão coletiva, de modo que os professores possam trocar ideias,

refletirem sobre seu fazer pedagógico e no coletivo levantar estratégias que melhor

correspondam às necessidades das crianças e da comunidade na qual está inserida.

Desse modo, podemos dizer que em nada adianta uma proposta pedagógica

que os educadores não sejam os principais protagonistas; afinal, as práticas que

ocorrem em sala de aula e/ou fora dela dependem de sua formação, motivação,

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entusiasmo e nível de envolvimento com os determinantes sociais, culturais,

políticos e econômicos das crianças.

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3 CURRÍCULO E DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Tratar da questão curricular e didática na Educação Infantil é adentrar num

universo de múltiplas discussões que envolvem as especificidades da criança, seu

contexto sócio-cultural e as práticas pedagógicas vivenciadas nas escolas de

Educação Infantil. Por isso, acreditamos ser necessário, uma apresentação crítica

desses dois componentes fundamentais para a práxis pedagógica escolar,

procurando elaborar uma argumentação que estabeleça conexões entre a criança,

seu contexto social, econômico e cultural e o fazer pedagógico escolar.

3.1 Proposta curricular para pré-escola

Priorizamos partir das concepções sobre currículo apresentadas por

Kishimoto (apud MANSUR, 1999) e Saviani (2003), tendo em vista que esses

estudiosos apresentam discussões plausíveis acerca do fenômeno educativo. Do

primeiro, buscamos uma compreensão específica sobre a Educação Infantil e do

segundo, uma concepção mais ampla da educação.

Kishimoto (apud MANSUR, 1999, p. 231) define o “[...] currículo como o

conjunto das experiências que o aprendiz adquire sob a responsabilidade da escola

priorizando o aluno e suas experiências e não apenas o conteúdo disciplinar.”

De forma mais abrangente Saviani (2003, p. 18) define currículo como sendo

a “organização do conjunto das atividades nucleares distribuídas no espaço e no

tempo escolares”. Com isso, o autor procura esclarecer que a escola precisa além

do saber sistematizado, ter finalidade e desempenhar sua função provendo as

condições necessárias para a construção do conhecimento; possibilitando às

crianças a passagem do saber espontâneo (assistemático) ao saber erudito

(sistemático).

Numa outra perspectiva, Saviani (2003, p. 13) afirma que “[...] a natureza

humana não é dada ao homem, mas é por ele produzida sobre a base da natureza

biofísica”. Para esse estudioso é nesse processo de construção da segunda

natureza humana que o trabalho educativo ocupa um lugar central; deixando claro

que:

[...] o trabalho educativo é o ato de produzir direta e intencionalmente, em cada individuo singular, a humanidade que é

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produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens. Assim, o objeto da educação diz respeito, de um lado à identificação dos elementos culturais que precisam ser assimilados pelos indivíduos da espécie humana para que eles se tornem humanos e, de outro lado e concomitantemente, à descoberta das formas mais adequadas para atingir esse objetivo (SAVIANI, 2003, p. 13).

Essa segunda natureza humana defendida pelo autor em referência é

construída através do trabalho educativo (já citado na introdução); tais evidências

ficam explícitas quando ele afirma o seguinte:

[...] o homem não se faz homem naturalmente; ele não nasce sabendo ser homem, vale dizer, ele não nasce sabendo sentir, pensar, avaliar e agir. Para saber pensar e sentir; para saber querer, agir ou avaliar é preciso aprender, o que implica o trabalho educativo. Assim o saber que interessa diretamente à educação é aquele que emerge como resultado do processo de aprendizagem, como resultado do trabalho educativo. Entretanto, para chegar a esse resultado a educação tem que partir, tem que tomar como referência, como matéria prima de sua atividade, o saber objetivo produzido historicamente. (SAVIANI, 2003, p. 7).

Nesse prisma de entendimento, Saviani (2003), nos leva a compreensão de

que a educação enquanto trabalho não-material que busca a produção do saber, se

naturaliza pela indissociabilidade entre produto e produção, que se manifestam

através das atividades de ensino e múltiplas relações entre professor e aluno.

Isso posto, fica evidente que na Educação Infantil, o currículo deve levar em

consideração as especificidades das crianças, seus conhecimentos sobre o contexto

social e cultural, e a partir deles, a escola e seus agentes educativos definirem suas

propostas de ações, buscando a satisfação das reais necessidades e desejos das

crianças.

Nesse sentido Cunha (2008) apesar de reconhecer que a Educação Infantil

vem ganhando lugar de destaque social, enfatiza que:

Muitas vezes professores não se enxergam como sujeitos da prática educativa e também desconhecem as crianças como sujeitos de uma história e cultura, não as enxergam como pessoas com características próprias, incluindo aí condições de vida, relações com outras pessoas, desejos, sentimentos, valores e gostos específicos. Enfim, [...] professores desconhecem seus alunos e a si mesmos, por isso sabem cada vez menos o que fazer na sala de aula. (CUNHA, 2008, p. 122-123).

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As palavras da autora acima, nos levam a compreensão de que as práticas

pedagógicas no âmbito das escolas de Educação Infantil por um lado, são

desvinculadas da realidade das crianças e por outro não seguem uma proposta

curricular, haja vista, desconhecerem as experiências das crianças, seu contexto,

suas especificidades e os próprios procedimentos didáticos utilizados no cotidiano.

Nessa ótica, cabe ressaltar que uma proposta curricular para se tornar

coerente com os anseios da comunidade escolar deve “[...] reunir tanto bases

teóricas quanto as diretrizes práticas nelas fundamentadas e também aspectos de

natureza técnica que viabilizam sua concretização” (KRAMER, apud MANSUR,

1999, p. 231).

Nesse sentido, Mansur op. cit. alerta que:

Todos os profissionais exercem fundamental importância na elaboração das idéias e críticas da proposta. Esta se mostrará sempre preocupada em analisar as transformações sociais e respeitar a diversidade cultural, levando em consideração os diferentes valores e a estrutura de cada família, privilegiando a democracia no sentido de que todos deverão ter direito ao conhecimento produzido coletivamente. Do ponto de vista teórico e político, entendemos que devemos observar cada vez mais as alternativas pedagógicas para elaboração ou a reorganização constante da proposta curricular de uma escola, no sentido de torná-la real e condizente com uma prática crítica e transformadora. (MANSUR, 1999, p. 231).

Com essas argumentações o autor alerta para a necessidade de elaborar um

currículo de modo coletivo e democrático, onde os diferentes segmentos das

instituições educativas participem ativamente do processo de elaboração e

organização da proposta pedagógica e curricular, de modo a torná-la o verdadeiro

retrato do contexto escolar, tornando os conteúdos mais significativos para os alunos

e demais atores sociais envolvidos, esclarecendo que:

Os professores deverão ter vez, voz ativa e participação efetiva na elaboração das concepções que uma escola deseja percorrer. Por meio dos registros de professores e alunos – prática que deve ser cultivada -, podemos enxergar claramente aspectos que são alvo de avaliação tanto da atuação dos profissionais quanto de sua construção de conceitos a respeito do que desenvolvem. (MANSUR, 1999, p. 232).

Page 39: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

32

Isso tudo nos leva a crer, que a construção de um currículo para a Pré-escola

não é algo fácil, haja vista, os inúmeros fatores que devem ser considerados para

torná-lo algo real, dinâmico, flexível e sobre tudo democrático.

Por isso, Kramer e Nunes (apud MANSUR, 1999, p. 232) argumentam que:

Uma coisa é a proposta [curricular] que vem; ela pode ter, sim, muito a contribuir com meu trabalho. Outra coisa é que essa proposta pode estar vindo de uma maneira tão apressada, tão contraditória – fala-se em construção, fala-se em partir da realidade do professor -, que, na verdade, prejudica-se a possibilidade de a contribuição dessas teorias, dessas propostas se efetivarem.

Isso evidencia que, na maioria das vezes, os professores seguem as

propostas curriculares como receitas, em vez de construírem uma proposta

curricular coerente com o contexto escolar (professores, crianças, famílias,

comunidade); por isso, acabam desenvolvendo práticas pedagógicas embaraçosas,

que não chegam a ser coerentes com as orientações curriculares nacionais para a

Pré-escola e tampouco com as necessidades, desejos e aspirações das crianças.

Cabe ressaltar, que o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil

(1998), orienta que o currículo para Educação Infantil deve ser organizado em

categorias de conteúdos a serem trabalhados considerando as particularidades das

seguintes faixas etárias: de 0 a 3 anos – Creche e de 4 a 6 anos – Pré-escola;

devendo abranger dois âmbitos de experiências: Formação Pessoal e Social e

Conhecimento de Mundo.

O RCNEI estrutura o Currículo da Educação Infantil a partir dos seguintes

âmbitos:

- Formação Pessoal e Social (grifo nosso) refere-se às experiências que favorecem prioritariamente, a construção do sujeito. Está organizado de forma a explicitar as complexas questões que envolvem o desenvolvimento de capacidades de natureza global e afetiva das crianças, seus esquemas simbólicos de interação com os outros e com o meio, assim como a relação consigo mesmas. O trabalho com este âmbito pretende [...] que as crianças aprendam a conviver, a ser e a estar com os outros e consigo mesma em uma atitude básica de aceitação, de respeito e de confiança. Este âmbito abarca um eixo de trabalho denominado Identidade e autonomia. - Conhecimento de Mundo (grifo nosso) refere-se à construção das diferentes linguagens pelas crianças e às relações que estabelecem com os objetos de conhecimento. Este âmbito traz uma ênfase na relação com as crianças com alguns aspectos da cultura.

Page 40: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

33

[No entanto], [...] abarca os seguintes eixos de trabalho: Movimento, Artes visuais, Música, Linguagem oral e escrita, Natureza e sociedade, Matemática. (BRASIL, 1998, v.1, p. 46).

Embora essas orientações possam dar conta do que deve ser priorizado no

currículo na Educação Infantil, entendemos que cada instituição deste nível de

ensino, deve de modo coletivo, discuti-las e lançar um olhar específico, conforme o

contexto, as especificidades e desejos de cada uma, se de fato pretendem elaborar

e vivenciar uma proposta curricular coerente com a realidade e mais significativa

tanto para as crianças como para o fazer pedagógico dos professores e o contexto

escolar.

Nesse sentido, os argumentos de Cunha (2008, p.124), reforçam nossa

compreensão, quando afirmam que:

O processo de ensinar e aprender [...] requer que alguém se dedique a construí-los nas condições reais existentes. Tal ação pode ser produzida pelo professor com sua capacidade de sentir, pensar, analisar, fazer, principalmente quando se junta com o grupo de docentes da escola para discutir e construir soluções coletivas e originais para os problemas ou situações vivenciadas no cotidiano escolar.

Considerando o exposto, Saviani (2003) considera dois aspectos como de

fundamental relevância para a especificidade do ato educativo: a identificação dos

elementos culturais a serem assimilados e as formas adequadas para o

desenvolvimento do trabalho pedagógico. Com relação ao primeiro ele alerta que é

necessário à escola definir as prioridades do seu trabalho educativo

(intencionalidades do seu currículo) que se complementa com a segunda

especificidade que é a de prover os meios (conteúdos, espaço, tempo e

procedimentos) para os indivíduos produzir de modo sistemático e progressivamente

seus conhecimentos.

Contudo, defendemos que a construção coletiva, o conhecimento real do

contexto escolar e as necessidades de novas práticas engendram um currículo rico

de significados para as crianças e demais sujeitos envolvidos com o fazer

pedagógico escolar.

Page 41: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

34

3.2 Educar e Cuidar: elementos norteadores da didática pré-escolar

Compreender o binômio cuidar e educar como elemento norteador dos

procedimentos didáticos na Pré-escola, requer um olhar sobre a formação dos

professores e articulações com a proposta curricular da instituição e seus agentes,

principalmente os ensinantes.

No entanto, a literatura existente em torno da temática mostra que há uma

separação nítida entre educar e cuidar. Como embasamento para essa afirmação,

buscamos as concepções de Azevedo e Schnetzler (2011, p. 6) ao esclarecerem

que “A dicotomia cuidado – educação apresenta-se, [...] como uma dificuldade que

está subjacente ao trabalho dos profissionais, isto é, à sua formação inadequada

para o trabalho com crianças pequenas [...]”.

Para superar essa bipolarização didática entre o cuidar e o educar, vivenciada

pela maioria das instituições de Educação Infantil, Rivero (apud AZEVEDO e

SCHNETZLER, 2011, p. 8) ressalta a necessidade de pensarmos

[...] a formação inicial como espaço que introduza elementos para a construção de uma postura profissional de valorização de práticas como a observação à discussão e a reflexão sobre os movimentos das crianças, como instrumentos fundamentais da prática pedagógica em educação infantil.

Pelo exposto, a formação do professor da Pré-escola é elemento primordial

para um currículo que busque atender as crianças em seus aspectos motores,

afetivos, cognitivos e sociais, conforme preceitua a literatura que orienta o fazer

pedagógico na Educação Infantil.

Na discussão acerca do papel educativo, o Referencial Curricular Nacional

para Educação Infantil esclarece que:

As novas funções para Educação Infantil devem [...] considerar as crianças nos seus contextos sociais, ambientais, culturais e mais concretamente, nas interações e práticas sociais que lhes fornecem elementos relacionados às mais diversas linguagens e ao contato com os mais variados conhecimentos para a construção de uma identidade autônoma. (BRASIL, 1998, v. 1, p. 23).

E acrescenta ainda que “A instituição de Educação Infantil deve tornar

acessível a todas as crianças que a freqüentam, indiscriminadamente, elementos da

Page 42: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

35

cultura que enriquecem o seu desenvolvimento e inserção social.“. (BRASIL, v. 1,

1998, p. 23)

Isso posto, fica evidente que o professor da pré-escola precisa ter uma

formação sólida, para articular teoria e prática de modo a engendrar uma proposta

educativa com inovações didáticas capazes de atender a multiplicidade de fazeres

que torne a criança sujeito ativo, crítico e criativo no processo de construção do

conhecimento, que sem dúvidas lhe servirá como base de sustentação para outras

etapas de escolarização.

No tocante ao cuidado com a criança, o RCNEI (1998) deixa claro que as

instituições de Educação Infantil devem integrá-lo as ações educativas, haja vista

que através do cuidado são valorizados o desenvolvimento e as capacidades das

crianças que sem dúvidas são os princípios para o desenvolvimento biológico,

cognitivo, afetivo, psicológico e social.

Nessa perspectiva, o professor precisa entender o cuidado como algo

inerente ao seu fazer pedagógico. Desse modo,

o cuidado precisa [...] [ser considerado a partir das] necessidades das crianças, que quando observadas, ouvidas e respeitadas, podem dar pistas importantes sobre a qualidade do que estão recebendo. Os procedimentos de cuidado também precisam seguir os princípios de promoção à saúde. Para se atingir os objetivos dos cuidados com a preservação da vida e com o desenvolvimento das capacidades humanas, é necessário que as atitudes e procedimentos estejam baseados em conhecimentos específicos sobre o desenvolvimento biológico, emocional e intelectual das crianças, levando em consideração as diferentes realidades socioculturais. (BRASIL, 1998, v. 1, p. 25)

Contudo, cabe retomarmos neste final de texto as idéias pedagógicas de

Saviani (2003), a fim de compreendermos o papel da pedagogia histórico-crítica

para a educação, a partir das seguintes proposições:

a) Identificação das formas mais desenvolvidas em que se expressa o saber objetivo produzido historicamente, reconhecendo as condições de sua produção e compreendendo as suas principais manifestações, bem como as tendências atuais de transformação. b) Conversão do saber objetivo em saber escolar, de modo que se torne assimilável pelos alunos no espaço e tempo escolares. c) Provimento dos meios necessários para que os alunos não apenas assimilem o saber objetivo enquanto resultado, mas apreendam o

Page 43: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

36

processo de sua produção, bem como as tendências de sua transformação. (SAVIANI, 2003, p. 9).

Em meio a essas proposições, fica evidente a necessidade dos professores

de Educação Infantil ter formação específica para atuarem enquanto mediadores do

processo educar e cuidar, de modo a não separá-los, tornando-os via de mão dupla

que articula todas as ações didáticas a serem desenvolvidas com as crianças; bem

como, compreender a educação como um fenômeno próprio da existência humana

que requer ação intencional do homem na transformação da natureza em seu

próprio benefício.

3.3 Jogos, brinquedos e brincadeiras: concepções que podem ajudar a

desengessar o currículo Pré-escolar

A princípio, entendemos os jogos, brinquedos e brincadeiras como elementos

didáticos que dão ao fazer pedagógico do professor novas perspectivas de ensino-

aprendizagem, pautadas na dinamicidade das relações entre criança-criança e

professor-criança, de modo a tornar a sala de aula e os conteúdos trabalhados mais

próximos da realidade infantil, mais alegres e divertidos, sem perder seu potencial

didático-pedagógico.

Nessa ótica, Moyles (2002, p. 17) defende que “[...] brincar é, no mínimo, um

fenômeno reconhecível, com um significado para os participantes [...]”. Essa

proposição nos leva a compreender que as brincadeiras mesmo que esporádicas

sem a mediação do professor têm importância para o sujeito que brinca.

Segundo Moyles (2002), o brincar garante que o cérebro e o corpo das

crianças se mantenham estimulados e ativos, bem como possibilita aos pequenos o

domínio de situações familiares e estimula a busca de respostas para situações

inesperadas. Assim, fica implícito que entre o real e o imaginário a criança busca

“[...] informações, [constrói] conhecimentos, habilidades e entendimentos.”

(MOYLES, 2002, p. 20).

Desse modo, devemos reconhecer que o brincar na Educação Infantil deve

ser o principal meio da ação pedagógica do professor da Pré-escola, tendo em vista,

que a brincadeira proporciona várias vantagens para o desenvolvimento integral da

Page 44: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

37

criança, sobretudo em seu processo de aprendizagem; conforme especifica Moyles

(2002, p. 21-22):

- [Ajuda] no desenvolvimento da maturação [da criança]; - Cria atitude alegre em relação à vida e a aprendizagem; - ‘ Desenvolve a criatividade, a competência intelectual, a força e a estabilidade emocionais [...] ’; - [Favorece] a estimulação, a variedade, o interesse, a concentração e a motivação; - Permite ao participante uma interação significativa com o meio ambiente; - Ajuda aos participantes a desenvolver confiança em si mesmo e em suas capacidades; - Ajuda a julgar as variáveis presentes nas interações sociais e a ser empático com os outros; - Leva as crianças a desenvolver percepções sobre as outras pessoas e compreender as exigências bidirecionais de expectativa e tolerância; - Oportuniza a exploração de conceitos com liberdade; - Oferece situações para a prática das habilidades tanto físicas quanto mentais; - Permite a oportunidade de explorar o desenvolvimento da flexibilidade e da espontaneidade.

Por tudo que os brinquedos e as brincadeiras proporcionam aos sujeitos,

especialmente às crianças, reforçamos que a prática pedagógica na Educação

Infantil deve pautar-se nessas ações didáticas, uma vez que possibilitam às crianças

momentos de descontração e aprendizagens variadas.

No tocante aos jogos, Kishimoto (2008, p. 57) aponta que muitas discussões

giram em torno de classificá-los como “um ato de expressão livre, um fim em si

mesmo, ou um recurso pedagógico, um meio de ensino”.

No entanto, somos adeptos a definição de Vives (apud KISHIMOTO, 2008, p.

63) que define o jogo “[...] como uma meio de expressão de qualidades espontâneas

ou naturais da criança como recriação, momento adequado para observar a criança,

que expressa através dele sua natureza psicológica e inclinações”.

Parafraseando Kishimoto (2008), dizemos que tal definição deixa implícita a

idéia de que o jogo traz consigo influências biológicas, psicológicas e estreita

relação com a educação, uma vez que se realiza de modo espontâneo, prazeroso e

mobiliza os instintos.

Page 45: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

38

Contudo, Ide (2010, p. 106) alerta que “[...] o jogo não pode ser visto, apenas

como divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o

desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo, social e moral.”.

Daí as razões pelas quais defendemos que os jogos, os brinquedos e as

brincadeiras são potentes estratégias pedagógicas capazes de desengessar o

currículo da Educação Infantil, tornando-o prazeroso para as crianças, além de

possibilitar o desenvolvimento integral da criança.

Para tanto, os professores precisam repensar os paradigmas que sustentam

suas práticas, e sobre tudo, ousarem em suas estratégias de ensino, pois os jogos,

brinquedos e brincadeiras não se encaixam nas concepções tradicionais de ensino-

aprendizagem que priorizavam a transmissão e a aquisição de conhecimentos em

detrimento de sua construção.

Nesse sentido, Mrech (2010, p. 142) esclarece que:

[...] brinquedos, jogos e materiais pedagógicos não são objetos que trazem em seu bojo um saber pronto e acabado. Ao contrario, eles são objetos que trazem um saber em potencial. Este saber pode ou não ser ativado pelo aluno.

Sendo assim, os jogos, brinquedos e brincadeiras são recursos através dos

quais os professores enquanto mediadores do processo ensino-aprendizagem deve

fazer uso para ajudar as crianças a se sentirem sujeitas ativas, criativas, pensantes

e, sobretudo mais felizes no processo de construção do próprio conhecimento.

Desse modo, os professores precisam planejar intencionalmente suas

atividades, levando em consideração as especificidades das crianças, seus gostos,

desejos e necessidades, priorizando os jogos, brinquedos e brincadeiras como

elementos didáticos indispensáveis para o desenvolvimento da autonomia, da

flexibilidade e da sociabilidade das crianças.

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39

4 A PESQUISA DE CAMPO

Realizar uma pesquisa de campo requer decisão sobre o objeto que

desejamos estudar, além de uma clara definição dos sujeitos a serem pesquisados,

dos instrumentos a serem utilizados e dos paradigmas científicos que dão

sustentação às argumentações e orientam os caminhos a serem seguidos. Por isso,

procuramos sinteticamente apresentar alguns pontos que esclarecem ao leitor o

desenrolar desse estudo.

4.1 Caracterização da pesquisa

Considerando a multiplicidade de fatores que permeiam o objeto em estudo,

sentimos a necessidade de coletarmos dados e informações diversas através de

uma pesquisa de campo, também conhecida como pesquisa aplicada, segundo

Carvalho (2009). Lakatos e Marconi (1991) defendem que:

Pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles. (LAKATOS e MARCONI, 1991, p. 186).

No entanto, optamos por esse paradigma de sustentação de pesquisa, pelo

fato de necessitarmos levantar dados in loco sobre a prática pedagógica na Pré-

escola da Escola Municipal Ernesto Ferreira em Frutuoso Gomes – RN.

Ao decidirmos enveredar pelo campo empírico, fundamentamos nossa

pesquisa na abordagem qualitativa, pois segundo Minayo (apud FIGUEIREDO,

2009) essa abordagem responde a questões específicas se preocupando com fatos

e acontecimentos da realidade que não podem ser quantificáveis. Nessa linha de

raciocínio, Santos Filho (2001), valendo-se dos argumentos de Taylor e Bogdan;

afirma que:

a pesquisa qualitativa rejeita a possibilidade de descoberta de leis sociais e está mais preocupada com a compreensão (verstehen) ou interpretação do fenômeno social, com base nas perspectivas dos atores por meio da participação em suas vidas. Seu propósito fundamental é a compreensão, explanação e especificação do fenômeno. (SANTOS FILHO, 2001, p. 43)

Page 47: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

40

Desse modo, escolhemos intencionalmente o método qualitativo, por

entendermos que através dele compreenderíamos como as professoras da Pré-

escola da Escola Municipal Ernesto Ferreira desenvolvem suas práticas

pedagógicas; haja vista, possibilitar maior “[...] adaptação ao desenrolar dos

acontecimentos durante o trabalho de campo; [bem como] a elaboração teórica

contextualizada” (CARVALHO 2009, p. 182).

Compreendendo que a pesquisa de campo divide-se em grupos distintos,

optamos por realizar um estudo exploratório-descritivo, com o propósito de obter

uma “[...] visão geral e de forma aprofundada acerca do fenômeno estudado”.

(MEDEIROS e OLIVEIRA, 2011, p. 639). Desse modo, os estudos exploratórios

são investigações de pesquisa empírica/[de campo] cujo objetivo é a formulação de questões ou de um problema, com tripla finalidade: desenvolver hipóteses, aumentar a familiaridade do pesquisador com um ambiente, fato ou fenômeno, para a realização de uma pesquisa mais precisa ou modificar e clarificar conceitos. (LAKATOS e MARCONI 1991, p. 188)

Com a pretensão de melhor compreender o fenômeno em estudo,

desenvolvemos uma pesquisa participante, com a finalidade de gerar conhecimentos

e explicações sobre a realidade investigada, sem descartar as articulações entre o

pesquisador e os sujeitos pesquisados.

Nesse sentido, Severino (2007), enfatiza que a pesquisa participante requer

que pesquisador e pesquisados compartilhem das diferentes situações vivenciadas

pelos diferentes atores envolvidos na investigação.

Esse autor define a pesquisa participante como sendo “aquela em que o

pesquisador, para realizar a observação dos fenômenos, compartilha a vivência dos

sujeitos pesquisados, participando de forma sistemática e permanente, ao longo do

tempo da pesquisa, das suas atividades.” (SEVERINO, 2007, p. 120)

Santos (2011, p. 1), assinala que: “a pesquisa participante busca o

envolvimento da comunidade na análise de sua própria realidade. Ela se desenvolve

a partir da interação entre pesquisadores e membros das situações investigadas

[...]”.

Essa definição de Santos (2011) reafirma o pensamento de Severino (2007),

quando ele relata que na pesquisa participante o pesquisador interage com os

pesquisados durante as diversas situações e ações praticadas pelos sujeitos.

Page 48: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

41

Segundo Severino (2007, p. 120), o pesquisador participante, sistematiza sua

pesquisa “observando as manifestações dos sujeitos e as situações vividas, [...]

registrando descritivamente todos os elementos bem com as análises e

considerações que fizer ao longo dessa participação.”.

Brandão e Borges (2007) relatam alguns fundamentos e princípios que dão

ampla compreensão dos vieses metodológicos que a pesquisa participante pode

assumir, durante sua realização. Dentre os fundamentos e princípios comentados

pelos autores, apresentamos sinteticamente os seguintes:

- O ponto de origem da pesquisa participante deve estar situado em uma perspectiva da realidade social, tomada como uma totalidade em sua estrutura e em sua dinâmica. - Deve-se partir da realidade concreta da vida cotidiana dos próprios participantes individuais e coletivos do processo, em suas diferentes dimensões e interações. - Os processos, as estruturas, as organizações e os diferentes sujeitos sociais devem ser contextualizados em sua dimensão histórica. - Deve-se partir sempre da busca de unidade entre a teoria e a prática, e construir e re-construir a teoria a partir de uma sequência de práticas refletidas criticamente. - As questões e os desafios surgidos ao longo de ações sociais definem a necessidade e o estilo de procedimentos de pesquisa participante. (BRANDÃO e BORGES, 2007, p. 54-55).

Essas proposições explicitam que a pesquisa participante tem como base a

metodologia dialética, uma vez que “[...] assume o contexto histórico, privilegia a

apreensão e o tratamento dos conflitos sociais, propugna a transcrição histórica e

acredita no fator humano como capaz de interferir em condições objetivas dadas.”

(DEMO, apud SANTOS, 2011, p. 2)

Todavia, durante o desenvolvimento desse estudo, procuramos atender aos

três momentos essenciais da pesquisa participante, mencionados por Demo (apud

SANTOS, 2011): o autodiagnóstico, o percurso entre a teoria e a prática e a

definição de estratégias para enfrentamento do problema.

Além disso, damos alguns passos a mais, quando buscamos analisar,

interpretar e compreender os fatos observados e vivenciados coletivamente no

contexto investigado.

Page 49: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

42

4.2 Os sujeitos da pesquisa

O Município de Frutuoso Gomes – RN conta com apenas Escolas da Rede

Pública Municipal e Estadual, em um total de aproximadamente 12 unidades de

ensino distribuídas nas Zonas Urbana e Rural. Desse universo apenas uma das

escolas que fica localizada no Conjunto Residencial Raimundo Belarmino, bairro

periférico da cidade de Frutuoso Gomes – RN, oferece Educação Infantil, atendendo

crianças de 0 a 5 anos de idade.

Ressaltamos que apesar da referida escola ser a única a oferecer a Educação

Infantil para crianças de 0 a 5 anos, suas instalações físicas não são compatíveis

com os padrões mínimos exigidos pelo Ministério da Educação, para esse nível de

escolarização, além de funcionar no mesmo ambiente e turno no qual é feito o

atendimento ao ensino fundamental do 1º ao 9º.

Lembramos, que por se tratar de uma cidade com baixo Índice de

Desenvolvimento Humano (IDH), as crianças que freqüentam a Educação Infantil

são oriundas de famílias de baixo poder econômico, cuja renda fixa está atrelada

aos Programas Sociais do Governo Federal como o Bolsa Família.

Nesse Universo contamos com apenas cinco turmas de Educação Infantil,

sendo três de creche (0 - 3 anos) e duas de pré-escolar (4 -5 anos).

Considerando as diversidades do universo a ser pesquisado, optamos por

fazer um recorte com uma amostragem nas duas turmas da pré-escola da Escola

Municipal Ernesto Ferreira, haja vista, se encontrarem no mesmo nível de

desenvolvimento cognitivo e biopsicosocial, cujas práticas pedagógicas das

ensinantes (foco da nossa pesquisa) convergem para um mesmo fim.

A opção por trabalharmos com uma amostragem se dá pelo fato de facilitar o

processo de investigação, análise e compreensão do objeto investigado, que nas

palavras de Lakatos e Marconi (1991, p. 223) significa dizer que:

[...] a amostragem é, portanto escolher uma parte (ou amostra), de tal forma que ela seja a mais representativa possível do todo e, a partir dos resultados obtidos, relativos a essa parte, poder inferir, o mais legitimamente possível, os resultados da população total [universo] se esta fosse verificada.

Isso posto, elucidamos que a escolha da Escola Municipal Ernesto Ferreira se

deu pelo fato de apenas ela oferecer Educação Infantil, nosso foco da pesquisa.

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43

Gil (apud MEDEIROS e OLIVEIRA, 2011, p. 658), diz que a amostragem é um

‘subconjunto do universo ou da população, por meio do qual se estabelecem ou se

estimam as características desse universo ou população’. Nesse sentido, os dados

apontam que a escola (campo da investigação) neste ano de 2011, atende a 144

crianças, sendo 82 crianças em três turmas de Jardim (Creche) e 62 em duas

turmas de Pré-escolar; assim distribuídas: 22 crianças no Jardim I (1-2 anos), 60 em

duas turmas de Jardim II (3 anos) e 62 em duas turmas de Pré-escolar (4-5 anos).

As referidas turmas de Educação Infantil são atendidas no turno matutino no horário

das 7h às 11h.

Nesse contexto, contamos com dez professoras que desenvolvem suas

práticas pedagógicas no âmbito das salas de aulas da Educação Infantil, sendo em

cada turma uma professora titular e outra auxiliar. No entanto, apenas quatro delas

constituíram o recorte da nossa investigação, haja vista delimitarmos nosso objeto

de estudo em apenas duas turmas da Pré-escola da referida unidade de ensino,

com as quais tivemos a oportunidade de estreitar laços de aproximação e diálogos

constantes, a fim de coletar o maior número de dados e informações possíveis sobre

a realidade investigada.

4.3 Instrumentos utilizados na coleta dos dados

Para a coleta dos dados e informações, utilizamos instrumentos como o

questionário e observações participantes.

O questionário com perguntas abertas e fechadas foi utilizado com o

propósito de reunir informações sobre o fazer pedagógico das professoras, o nível

de organização ambiental e estruturação física da escola, bem como, as

características dos sujeitos pesquisados e do seu contexto sociocultural, objetivando

compreendê-los e descrevê-los do modo mais fidedigno possível.

Esse instrumento foi aplicado às quatro professoras da Pré-escola, da Escola

Municipal Ernesto Ferreira em Frutuoso Gomes – RN, que responderam às questões

no contra turno de trabalho e devolveram-nos para nossa análise.

As observações participantes proporcionaram a elaboração e a partilha de

conhecimentos entre o pesquisador e os pesquisados. Ao pesquisador coube a

tarefa de sistematizar a observação, inserir-se no contexto da investigação e dele

coletar os dados na e da ação. Quanto aos pesquisados, reservamos o papel de

Page 51: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

44

colaboradores com as próprias ações, que se tornaram dados de extrema relevância

para a compreensão do fenômeno em estudo.

Para Medeiros e Oliveira (2011, p. 657) na “[...] observação participante,

diferentemente da figura de espectador, o pesquisador aplica a técnica imerso no

campo de pesquisa, fazendo parte da situação como membro atuante do próprio

cenário do objeto”.

Valendo-se das palavras de Richardson (apud MEDEIROS e OLIVEIRA 2011,

p. 657), os autores acrescentam que ‘o observador participante tem mais condições

de compreender hábitos, atitudes, interesses, relações pessoais e características da

vida diária da comunidade do que o observador não participante’.

Desse modo, fica esclarecida a escolha dos instrumentos e técnicas para a

coleta de dados de nossa pesquisa.

4.4 Procedimentos metodológicos

Procurando alcançar os objetivos propostos, a pesquisa foi desenvolvida em

duas etapas.

1ª Etapa: Nela foi feito um levantamento da realidade sócio-cultural e

pedagógica da escola, dos instrumentos didático-pedagógicos, do número de

crianças e turmas que atendem a Educação Infantil, bem como das professoras.

Além disso, levantamos dados relativos à estrutura curricular, ao projeto político

pedagógico e a organização do tempo e do espaço para atendimento as crianças de

0 a 5 anos de idade.

Para tanto, aplicamos um questionário misto composto por 27 perguntas

abertas e fechadas com as quatro professoras que trabalham nas turmas da Pré-

escola.

Tivemos o cuidado de estruturar o questionário em blocos temáticos, com o

intuito de não gerar ambiguidades de interpretações, possibilitando que os sujeitos

pesquisados compreendessem o propósito de nosso estudo e apontassem

respostas que servissem para a descrição do contexto investigado.

2ª Etapa: Nela levantamos dados e informações sobre o fazer pedagógico das

Professoras da Pré-escola. Essa etapa foi permeada por uma série de observações

participantes in loco nas salas de aula.

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45

Para a realização das sessões de observações, elaboramos sistematicamente

fichas de anotações, focando, sobretudo os procedimentos didático-pedagógicos

das professoras, considerando:

▪ A organização do plano e a capacidade de planejar;

▪ A gestão do conteúdo: estratégias que favoreçam as crianças aprenderem

os conteúdos;

▪ A gestão da classe: atitudes de investigação sobre as situações de ensino-

aprendizagem;

▪ As formas de avaliação do plano e das atividades desenvolvidas com as

crianças.

A interpretação e análise dos dados foram feitas através do confronto entre os

dados colhidos no questionário e nas observações com as concepções teóricas

existentes, que sustentam nosso estudo.

Nesse sentido, Medeiros e Oliveira (2011, p. 665) afirmam que:

Independentemente da abordagem da pesquisa, [...] não existe análise ou interpretação sem confrontação ente a empiria (informações colhidas sobre o fenômeno de estudo no campo empírico) e a teoria (construto teórico evidenciado para subsidiar o entendimento sobre o fenômeno).

Com essa argumentação, os autores, chamam atenção para

compreendermos que no processo de construção do conhecimento científico deve

haver estreita relação entre os dados coletados no campo empírico e as teorias já

existentes em torno do fenômeno em estudo; de modo a validar as análises,

interpretações e argumentações acerca do objeto em estudo, bem como uma

compreensão mais sólida sobre o fenômeno.

Page 53: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

46

5 A PRÁTICA PEDAGÓGICA NA ESCOLA MUNICIPAL ERNESTO FERREIRA

O fazer pedagógico escolar é permeado por um conjunto de fatores

intrínsecos e extrínsecos as professoras, as crianças e demais sujeitos envolvidos

no contexto escolar. Por isso, buscamos fazer uma breve descrição de alguns

desses elementos que consideramos fundamentais para o desenvolvimento de

práticas pedagógicas mais significativas, que levem em consideração a realidade

sócio-cultural, as necessidades e interesses das crianças.

5.1 Aspectos históricos da escola

De acordo com documentos oficiais do município, a Escola Municipal Ernesto

Ferreira, iniciou suas atividades educacionais no ano de 1997, com o nome Cid

Augusto Rosado, oferecendo apenas a 1ª e 2ª séries do Ensino Fundamental,

fechando seu ciclo de implantação no ano de 1999, com 12 turmas funcionando nos

turnos matutino, intermediário e vespertino.

Através do Decreto Municipal de Nº 003/2000, a Escola Municipal Ernesto

Ferreira passa a ser de fato criada e autorizada pelo Poder Municipal a responder

pelos seus atos administrativos e pedagógicos praticados.

A regulamentação de todos os serviços educacionais foi feita através do Ato

de Criação Nº 03/00 de 14/06/2000 e da Portaria de Autorização Nº 74/05 de

16/11/2005, expedida pelo Conselho Estadual de Educação do Estado do Rio

Grande do Norte (CEE-RN).

A referida unidade de ensino fica localizada num Conjunto Habitacional na

periferia da cidade, atendendo a uma clientela oriunda de famílias com baixo poder

econômico, que têm como principal fonte de renda os recursos financeiros

repassados pelos Programas Sociais do Governo Federal como o Bolsa Família e o

Benefício Variável Jovem.

Conforme observação in loco a maioria das crianças que frequentam a

Educação Infantil apresentam características de extrema necessidade nutricional,

fator que deve ser ponto de reflexão para a elaboração de cardápios de Merenda

Escolar que atenda as carências nutricionais da clientela.

Page 54: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

47

5.2 Organização, espaço e recursos pedagógicos: sustentáculos da prática

pedagógica

Segundo dados coletados no questionário direcionado as professoras e as

informações constantes no Projeto Político Pedagógico, a Escola Municipal Ernesto

Ferreira funciona no turno matutino atendendo a 144 crianças da Educação Infantil

sendo: 22 crianças com idade de 1-2, 60 com idade de 3 anos e 62 com idade de 4-

5 anos e 250 alunos do Ensino Fundamental (1º ao 5º Ano). No turno vespertino

atende a 131 alunos do ensino fundamental (6º ao 9º Ano) e no turno seguinte

atende a 98 alunos da Educação de Jovens e Adultos.

As crianças de 1-2 anos ficam todas em uma turma considerada pela escola

como Jardim I, as crianças de 3 anos em duas turmas de Jardim II e as de 4-5 anos

em duas turmas de Pré-escola.

Contudo, fica evidente que a Escola não é exclusiva de Educação Infantil, no

entanto, não estar em conformidade com os Parâmetros Básicos de Infra-estrutura,

exigidos pelo Ministério da Educação para o atendimento às crianças de 0 a 5 anos.

O PNE/2001 em seu diagnóstico deixa claro em seu texto que:

É possível que muitos dos estabelecimentos sejam anexos a escolas urbanas de ensino fundamental, onde o espaço externo é restrito e tem que ser dividido com muitos outros alunos. Dada a importância do brinquedo livre, criativo e grupal nessa faixa etária, esse problema deve merecer atenção especial [...], sob pena de termos uma educação infantil descaracterizada, pela predominância da atividade cognoscitiva em sala de aula. (BRASIL, 2011, p.3)

Esse trecho do PNE/2001 parece tocar na realidade da maioria das Escolas

Públicas Municipais que atendem à Educação Infantil. Pelo menos o contexto

investigado, ele retrata com muita propriedade.

Embora as respondentes ao questionário tenham considerado a infra-

estrutura, os equipamentos e recursos didático-pedagógicos da escola como

satisfatórios para o desenvolvimento do trabalho pedagógico com as crianças, as

observações feitas in loco constataram que o espaço físico da escola não

proporciona o desenvolvimento de atividades lúdicas, contato com o meio ambiente

e outros espaços para as crianças se sentirem desafiadas e estimuladas a aprender.

Page 55: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

48

Além disso, as salas de aulas são pequenas, pouco ventiladas, com

iluminação insuficiente, com mobiliário inadequado e recursos didático-pedagógicos

pouco estimulantes para a aprendizagem das crianças.

Com relação aos fatores mencionados nos parágrafos anteriores, Frison

(apud SILVA, 2011), chama a atenção para importância que o espaço físico e

organização da escola exercem sobre o processo ensino-aprendizagem das

crianças, afirmando que:

A estruturação do espaço físico, as formas como os materiais estão dispostos e organizados influenciam os processos de ensino e de aprendizagem e auxiliam a construção da autoestima, da estabilidade e da segurança emocional da criança. Para bem desenvolver sua identidade, é fundamental que ela sinta-se protegida e esteja inserida em um universo estável, conhecido e acolhedor. Os espaços são concebidos como componentes ativos do processo educacional e neles estão refletidas as concepções assumidas pelo educador e pela escola. (FRISON, apud SILVA, 2011, p.366)

Daí as razões pelas quais as Escolas de Educação Infantil precisem de

espaços exclusivos para seu funcionamento. Caso contrário pode estar castrando

parte do potencial de desenvolvimento das crianças.

Quando questionamos sobre a forma como as professoras realizam suas

atividades de ensino aprendizagem, todas enfatizaram que suas práticas são

desenvolvidas no espaço de sala de aula, utilizando-se de jogos e brincadeiras

educativas, embora, nas sessões de observações realizadas essas afirmativas não

tenham se confirmado.

No tocante aos recursos didático-pedagógicos e outros matérias que

favorecem o ensino e a aprendizagem, as respondentes deixam claro que utilizam

os mais variados: TV, DVD, jogos, livros paradidáticos, revistas para recorte e

colagem, livros didáticos e vídeos específicos para Educação Infantil, etc., embora

durante nossas observações não tenhamos presenciado esses momentos.

Através do questionário, procuramos ainda investigar a existência e utilização

dos diferentes espaços, nos quais podem ser desenvolvidas atividades pedagógicas

e, as pesquisadas informaram a existência de pátio para brincadeiras, sala de

leitura, biblioteca adequada para Educação Infantil etc. No entanto, tal afirmativa não

condiz com a realidade, de fato a escola conta com apenas as salas de aulas como

espaço pedagógico.

Page 56: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

49

Nesse sentido, Silva (2011, p. 367), afirma que:

se os espaços da escola forem devidamente organizados, para que as crianças se sintam desafiadas e estimuladas a aprender nos aspectos cognitivos, social e motor, de forma que possam andar, saltar, subir e descer, ou seja, desempenhar atividades que promovam o conhecimento e o controle do próprio corpo, o conhecimento do ambiente externo, identificando o cheiro das flores, de alimentos sendo preparados, o barulho da chuva, dos cantos dos pássaros, a brisa do vento, o calor do sol, enfim, um ambiente rico e variado onde também se estimulam os sentidos, certamente sua aprendizagem e seu desenvolvimento serão significativos [...].

Essa afirmativa nos faz entender que há uma enorme lacuna a ser

preenchida, no que diz respeito a organização dos espaços necessários a

aprendizagem e ao desenvolvimento integral das crianças que freqüentam a pré-

escola na unidade de ensino investigada.

Quando questionadas sobre as tarefas que frequentimente desenvolvem com

as crianças, as professoras elegeram as atividades de coordenação, leitura oral,

escrita, pintura, jogos e brincadeiras.

Em nossos questionamentos, procuramos levantar as principais dificuldades

enfrentadas pelas professoras para desenvolver seus trabalhos pedagógicos em

sala de aula com as crianças e elas enumeraram as seguintes: sala de aula

pequena, pouca iluminação, pouca participação dos pais na vida escolar das

crianças e indisciplina das crianças.

5.3 Formação do educador e qualidade do processo ensino-aprendizagem

Levando em consideração o questionário aplicado com as professoras da

Pré-Escola e o Projeto Político Pedagógico da Escola Municipal Ernesto Ferreira,

afirmamos que todas as professoras da Educação Infantil possuem formação de

nível médio, na modalidade Normal, conforme assegura a Lei de Diretrizes e Bases

da Educação Nacional (LDBEN – Lei Nº 9.394/96) em seu artigo 62:

A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura de graduação plena, [...], admitida como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal. (BRASIL, 2001, p. 38)

Page 57: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

50

Embora a LDBEN 9.394/96, deixe clara a formação mínima para atuação

docente na Educação Infantil, o Plano Nacional de Educação (PNE – Lei Nº

10.172/2001), considera que a formação desses profissionais merece atenção

especial estabelecendo as seguintes metas:

- Que em cinco anos, todos os professores [da Educação Infantil] tenham habilitação específica de nível médio e, em dez anos, 70% tenham formação específica de nível superior; - A partir da vigência deste plano, somente admitir novos profissionais na Educação Infantil que possuam titulação mínima em nível médio, modalidade normal, dando-se preferência à admissão de profissionais graduados em curso específico de nível superior; - No prazo máximo de três anos a contar do início deste plano, colocar em execução programa de formação em serviço, em cada Município ou grupo de Municípios [...], para a atualização permanente e o aprofundamento dos conhecimentos dos profissionais que atuam na Educação Infantil. (BRASIL, 2011, p. 6).

Partindo das considerações apresentadas acima, ressaltamos que o conjunto

dessas metas não foi alcançado; uma vez que o Município de Frutuoso Gomes

como a maioria dos demais municípios brasileiros, forma seu quadro de professores

utilizando-se de critérios eleitoreiros, desconsiderando o que a legislação determina

para se alcançar uma educação pública de qualidade.

Frente a essa realidade, podemos dizer que o processo de ensino-

aprendizagem fica comprometido, haja vista, não priorizar o nível de formação dos

educadores, embora o perfil dos professores da Educação Infantil venha sendo pano

de muitas discussões. Para Medeiros e Cabral (apud SOUZA, 2009, p. 178),

A formação docente, tanto inicial quanto a contínua, precisa ser consistente, crítica e reflexiva, para o desenvolvimento das capacidades intelectuais do professor, direcionando-o ao seu fazer pedagógico. O professor ao ter domínio do conhecimento dos aportes teóricos relativos às concepções de aprendizagem fica clara sua decisão de escolher as melhores formas de trabalhar.

Concordamos com as autoras acima quando afirmam a necessidade de uma

sólida formação dos professores que garantam um fazer pedagógico mais

significativo para as crianças, no entanto, sabemos que inúmeros fatores vêm

contribuindo para a relatividade dessa formação, dentre eles, citamos: cursos de

licenciatura aligeirados, currículo desvinculado dos propósitos para a área de

Page 58: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

51

formação e atuação dos profissionais, baixa auto-estima dos profissionais, causada

pela desvalorização profissional e outros.

Nesse sentido, o Projeto de Lei Nº 8.035/2010 que se configura como novo

PNE para o decênio 2011-2020, traça apenas duas estratégias para a formação dos

educadores das crianças de 0 a 5 anos. A primeira diz respeito ao fomento da

formação inicial e continuada dos profissionais do magistério da Educação Infantil e

a segunda ao estímulo e articulação entre programas de pós-graduação stricto

sensu e cursos de formação de professores para o referido nível de ensino; mas não

fixa prazos para o cumprimento dessas estratégias, correndo-se o risco de mais uma

vez não serem devidamente cumpridas.

5.4 Estrutura curricular e projeto político pedagógico: fios condutores da

prática pedagógica

Compreendendo que a prática pedagógica é norteada pelo Projeto Político

Pedagógico (PPP), e uma Estrutura Curricular que atenda aos anseios e

necessidades da comunidade escolar, buscamos através do questionário levantar

pontos que nos desse subsídio para compreendermos as relações que as

professoras da Pré-escola, estabelecem com os referidos instrumentos e o

Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil.

Embora as pesquisadas confirmem através do questionário seus

conhecimentos sobre o PPP, a Estrutura Curricular da Educação Infantil e o

Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil, constatamos através de

observações participantes que suas práticas pedagógicas em sala de aula ocorrem

desvinculadas desses instrumentos de orientação pedagógica.

Além disso, o PPP da Escola Municipal Ernesto Ferreira, não deixa claro os

rumos a serem seguidos pela Educação Infantil, bem como, não apresenta a

Estrutura Curricular a ser seguida por esse nível de ensino; fatores que a nosso ver,

contribuem para não efetivação de uma prática pedagógica capaz de proporcionar o

desenvolvimento integral das crianças. Segundo Souza (2009, p. 181),

[...] não basta aprender metodologias de ensino e a confecção de recursos pedagógicos para dinamizar o processo educativo, é preciso que o professor tenha a compreensão de que teoria está

Page 59: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

52

basando sua prática, em que base epistemológica se situa e, mais que isso, aonde irá chegar com tal postura metodológica.

Tal concepção evidencia que a prática pedagógica dos professores deve ser

fomentada por aporte teórico-metodológico, que aponte além dos caminhos a serem

trilhados o alvo aonde chegar. Para isso, é necessário que os professores se tornem

críticos, criativos e reflexivos de sua própria prática e nesse processo retro

alimentem o seu fazer, sem “[...] incorrer em um mero praticismo”. (MEDEIROS e

CABRAL, apud SOUZA, 2009, p. 181).

Page 60: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

53

6 A PRÁXIS PEDAGÓGICA NO CONTEXTO ESCOLAR

As discussões apresentadas fundamentam-se em dados obtidos através de

um questionário direcionado as professoras, cuja análise apresenta-se no capítulo

III, desta produção monográfica e de observações participantes realizadas nas duas

turmas da Pré-escola da Escola Municipal Ernesto Ferreira, com a preocupação de

obtermos informações sobre o fazer pedagógico das professoras.

A consistência de nossas argumentações se dá à medida que estabelecemos

comparações com os Referenciais Curriculares Nacionais para Educação Infantil

(2001) e às ideias de alguns estudiosos como Cunha (2008), Silva (2008), Souza

(2009), Martins (2011), Vasconcellos (1999) e outros que abordam a temática em

questão.

Como a temática envolve uma multiplicidade de interpretações subjetivas,

deixamos claro que foge a nossa pretensão esgotar as discussões à cerca da

problemática.

Todavia, procuramos discutir os dados empíricos coletados, de forma

fidedigna, com o intuito de levantar questionamentos que sirvam para reflexões do

fazer pedagógico escolar na Educação Infantil, especialmente na Pré-escola.

6.1 O planejamento das atividades pedagógicas para a Pré-escola: uma

investigação no ontexto.

A princípio focamos nossa atenção sobre o nível de organização do plano de

aula e a capacidade e planejar (Apêndice I), que a nosso ver são elementos chaves

para uma boa prática pedagógica.

Conforme prevemos, as observações evidenciaram que de fato as práticas

pedagógicas das professoras da Pré-escola não estão pedagogicamente adequadas

às orientações do RCNEI (1998), tendo em vista, que as professoras não estruturam

seus planos de aulas conforme as orientações didáticas com conteúdos, objetivos,

estratégias, metodológicas e avaliação. De fato, apresentam atividades a serem

cumpridas pelas crianças, que demonstram pouco interesse para realizá-las.

Esse procedimento didático é refutado pelo RCNEI (1998), quando orienta

que a prática dos professores na Educação Infantil deve ser cuidadosamente

planejada, tendo como foco o alcance dos objetivos, conforme as particularidades e

Page 61: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

54

necessidades das crianças. Isso mostra que as professoras não norteiam seu fazer

pedagógico a partir da reflexão sobre:

Por que ensinar? (princípios e finalidades); para que ensinar? (Objetivos); o que ensinar? (conteúdos); para quem ensinar? (público-alvo); como ensinar? (metodologias); quando ensinar (o tempo curricular); onde ensinar? (espaço curricular); com que ensinar? (recursos didático-pedagógicos). (SILVA, 2008, p. 413- 414).

Para Vasconcellos (1999), esses questionamentos são elementos

fundamentais do planejamento didático, haja vista, demonstrar a intencionalidade

dos professores partindo da análise da realidade, suas finalidades e formas de

mediação.

Considerando o exposto, deixamos claro que não foi possível estabelecer

ralações de coerências entre objetivos, procedimentos metodológicos e avaliação

das atividades propostas e desenvolvidas pelas crianças, uma vez que a ausência

de um plano sistematizado impossibilitou o levantamento de informações, que nos

servisse como pano de fundo para uma análise mais acurada.

Em meio a essas constatações, podemos dizer que as professoras

desenvolvem suas atividades orientadas por uma concepção pedagógica não

recomendada pelo RCNEI (1998), uma vez que desvinculam os conteúdos e seus

procedimentos pedagógicos do contexto social e cultural das crianças. Tal afirmação

não se fundamenta pela simples fuga aos padrões rígidos de um plano de aula, mas

pelo fato de considerarem que “o trabalho docente, sendo uma atividade intencional

e planejada, requer estruturação e organização, a fim de que sejam atingidos os

objetivos do ensino.” (LIBÂNEO, 1994, p. 179).

Com isso Libâneo (1994), deixa explicita a ideia da necessidade do

planejamento e a articulação de seus elementos (conteúdos, recursos, estratégias

metodológicas e de avaliação) com as necessidades e interesses das crianças,

apontando a flexibilidade e a perspicácia do professor como fatores determinantes

para uma prática pedagógica mais significativa e coerente com a realidade e as

necessidades da clientela.

Nesse sentido, recorremos a Vasconcellos (1999, p. 105) para reafirmar que

“Os professores devem ganhar consciência de que não é possível educar no sentido

Page 62: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

55

concreto – não abstrato ou ideológico -, sem partir da realidade e sem estar sempre

a ela vinculada.”.

Outro aspecto que confirma a hipótese de que a prática pedagógica das

professoras da Pré-escola diverge das orientações do RCNEI (1998), diz respeito à

articulação entre cuidar e educar. Durante as observações na Escola – Campo de

pesquisa - essa articulação, ainda não estar muito bem definida, uma vez que não

constatamos qualquer ação pedagógica que nos levasse ao entendimento de que as

professoras tenham conhecimento dessa articulação em suas práticas.

Segundo o que pudemos observar, as atitudes de cuidar ocorrem de modo

dissociado do educar, se restringindo o acompanhamento das crianças até o

banheiro, sem pelo menos solicitar das mesmas que lavem as mãos após uso do

sanitário, ou mesmo antes da merenda que é servida em sala de aula.

A partir dessas observações, sentimos que as professoras não têm uma

concepção teórico-prática, que valorize o cuidado, enquanto ação pedagógica capaz

de contribuir para o desenvolvimento de capacidades das crianças; embora o RCNEI

(1998) deixe claro que:

O desenvolvimento integral [da criança] depende tanto dos cuidados relacionais, que envolvem a dimensão afetiva e dos cuidados com os aspectos biológicos do corpo, com a qualidade da alimentação e dos cuidados com a saúde, quanto da forma como esses cuidados são oferecidos e das oportunidades de acesso a conhecimentos variados. (BRASIL, 1998, v.1, p. 24).

Isso explicita cada vez mais a falta de coerência entre o fazer pedagógico das

professoras da Pré-escola e as orientações do RCNEI (1998), conforme temos

enunciado desde o princípio.

Nessa discussão, queremos deixar clara a falta de exploração de diferentes

espaços curriculares, uma vez que, todas as atividades foram desenvolvidas em

sala de aula, pois algumas das professoras externaram informalmente que: - “outro

dia os levei [as criança] para a sala de vídeo, mas quase enlouquecia não se

concentraram, não entenderam nada do filme, foi uma manhã perdida. Outra

professora disse: - Eu nem me ocupo em levá-los, fico aqui mesmo e pronto.”

As argumentações das professoras são fundamentais para elucidar que a

escola não tem uma Proposta Pedagógica para Educação Infantil. No entanto, o

lugar por excelência para o desenvolvimento de práticas pedagógicas é a sala de

Page 63: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

56

aula. A questão do espaço curricular, a seleção dos recursos pedagógicos e suas

importâncias para o processo de ensino-aprendizagem, ainda não foi despertada

pelas professoras e demais atores envolvidos com o fazer pedagógico da Pré-escola

da Escola Municipal Ernesto Ferreira; embora o RCNEI (1998) deixe claro que a

aprendizagem das crianças se torna significativa, quando as professoras planejam

adequadamente, considerando os diferentes espaços e materiais a serem

explorados pelas crianças.

Ainda conforme o RCNEI (1998), a prática educativa na Pré-escola deve

ultrapassar as paredes das salas de aulas e proporcionar momentos de

aprendizagens diversos, através de passeios ao redor da escola, no pátio, na praça,

nos supermercados, nas quadras de esportes etc.

A nosso ver, essas orientações ainda não são de conhecimento das

professoras e demais sujeitos envolvidos com o fazer pedagógico da escola - campo

da pesquisa - uma vez que, suas práticas ocorrem desvinculadas da realidade social

e cultural das crianças, sem estabelecer relações entre os conteúdos trabalhados,

sua indissociabilidade entre o cuidar e o educar, bem como, suas articulações com

os diferentes ambientes propícios para aprendizagens significativas das crianças.

Contudo, ao confrontarmos os dados e informações sobre a prática

pedagógica desenvolvida pelas professoras da Pré-escola da Escola Municipal

Ernesto Ferreira, com as orientações do RCNEI (1998) e as proposições de

estudiosos da área, percebemos um enorme distanciamento do que é recomendado

para ser vivenciado nessa etapa de escolarização.

6.2 A gestão do conteúdo: rumo a um novo fazer curricular

Sem mudar o foco de nossos objetivos, buscamos através de nossas

observações levantarmos informações acerca de como as professoras fazem à

gestão do conteúdo em sala de aula. Nossas idéias foram guiadas através dos

pontos sistematizados no Apêndice II.

Nesse sentido, buscamos compreender como as professoras abordavam os

conteúdos para as crianças, se a partir do paradigma da disciplinaridade, da

interdisciplinaridade, da transversalidade, ou de outros. Os resultados não foram

surpreendentes nem diferentes, uma vez que, todas as professoras abordam os

conteúdos para as crianças com base na concepção da disciplinaridade, separando

Page 64: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

57

momentos para atividades de Português e outros para atividades de Matemática,

como se as crianças tivessem gavetinhas diferentes para guardar cada ensinamento

que lhes foram dados nos diferentes momentos.

Deixamos claro que os procedimentos metodológicos das professoras se

sustentam na Pedagogia Diretiva, que se caracteriza por uma postura através da

qual “[...] o professor observa seus alunos entrarem na sala, aguarda que sentem e

fiquem quietos e silenciosos. As carteiras estão devidamente enfileiradas [...], o

professor fala e o aluno escuta [...]” (BECKER, 2001, p.15-16).

Contrariamente a essa concepção pedagógica que norteia a abordagem dos

conteúdos observados nas salas de aulas da Pré-escola, Silva (2008) e o RCNEI

(1998), esclarecem que o paradigma da disciplinaridade não serve de sustentáculo

para as práticas pedagógicas na Educação Infantil, explicitando que o currículo para

esse nível de ensino deva ser construído e vivenciado numa perspectiva de

transversalidade haja vista, o conhecimento a ser construído pelas crianças se nutrir

das descobertas e percepções das crianças que não fragmentam seu conhecimento

de mundo; sendo para isso a melhor estratégia metodológica a Pedagogia de

Projetos.

Nesse sentido, o RCNEI (1998) orienta que o professor deve elaborar seu

planejamento levando em consideração que as aprendizagens das crianças ocorrem

de modo integrado, sendo necessário um trabalho intencional do professor, de modo

a contemplar as seguintes categorias de conteúdos:

Os conteúdos conceituais (grifo nosso) referem-se à construção ativa das capacidades para operar com símbolos, idéias, imagens e representações que permitem atribuir sentido à realidade. Os conteúdos procedimentais (grifo nosso) referem-se ao saber fazer. [...] possibilidade de a criança construir instrumentos e estabelecer caminhos que lhes possibilitem a realização de suas ações. Os conteúdos atitudinais (grifo nosso), tratam dos valores, das normas e das atitudes. (BRASIL, 1998, v.1, p. 50-51).

Em meio a essas recomendações, garantimos que o fazer pedagógico das

professoras não contempla de modo intencional tais categorias de conteúdos, uma

vez que, as estratégias de ensino utilizadas priorizaram a exposição dos conteúdos,

a transcrição de palavras do quadro de giz para o caderno e orientações individuais

ou em grupo para a correção de erros cometidos pelas crianças, ficando evidente

Page 65: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

58

que o processo ensino-aprendizagem se pauta na transmissão e na reprodução de

conhecimentos; o que mais uma vez reafirma a falta de conexões entre a prática

pedagógica das professoras pesquisadas com as orientações do RCNEI (1998).

Durante nossas observações, as professoras utilizaram apenas o quadro de

giz e alguns materiais como: cola, aparas de lápis (já trituradas), coleção, papel

ofício (com desenho reproduzido). Outros recursos pedagógicos e materiais não

foram utilizados como estímulos para a aprendizagem das crianças.

Além disso, os jogos, brinquedos e brincadeiras como potencializadores da

aprendizagem infantil não foram possibilitados. Nesse sentido, uma das professoras

disse: - “A sala é tão pequena que não podemos fazer nenhuma brincadeira, [...] de

vez em quando a gente retira as carteiras e brinca. Eles acham tão bom, mas [...] “.

Essas expressões da professora nos fazem compreender que ela reconhece a

necessidade de brincar das crianças, embora não possamos afirmar se essas

brincadeiras são mediadas pela professora, se são desenvolvidas com

intencionalidades pedagógicas ou não.

Tal postura pedagógica torna verdadeira a afirmação de que as práticas

pedagógicas das professoras da Pré-escola, também não favorecem o

desenvolvimento e a aprendizagem das crianças através de atividades lúdicas.

Essas posturas, quando analisadas a luz das recomendações didáticas

contidas no RCNEI (1998), nos conduzem à compreensão de que as professoras da

Pré-escola da Escola – campo de investigação - não levam em consideração que os

materiais e o desenvolvimento de atividades lúdicas possibilitam o desenvolvimento

de tarefas educativas.

Nessa ótica, o RCNEI (1998) orienta a prática pedagógica na Pré-escola sob

a perspectiva da valorização e diversificação de materiais, brinquedos, brincadeiras,

jogos, etc. como formas de estimular a ação das crianças; tendo em vista que esses

instrumentos permitem aproximação das crianças com o mundo real, a partir de

experiências diversas, que serão aprofundadas através da mediação pedagógica do

professor.

Em meio a tudo isso, evidenciamos a inexistência de um Projeto Político

Pedagógico que tenha em seu bojo uma proposta de trabalho voltada para

Educação Infantil, de modo a nortear o fazer pedagógico das professoras.

Por essa razão, fica difícil trazermos para nossa discussão elementos do

contexto investigado que apontem para uma coerência entre o que o RCNEI (1998)

Page 66: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

59

propõe para Educação Infantil e o que de fato a Escola Municipal Ernesto Ferreira

tem como propósito e intencionalidade para esse nível de ensino.

6.3 A gestão da sala de aula: o nó do fazer pedagógico.

Considerando que a maioria das práticas pedagógicas ocorre no espaço da

sala aula, sem favorecer o desenvolvimento e aprendizagem das crianças através

de atividades lúdicas variadas, conforme orientam o RCNEI (1998), procuramos

investigar como as professoras da Pré-escola gerenciam esse espaço (Apêndice III),

haja vista, ser palco de muitas angústias e alegrias decorrentes das relações

interpessoais entre professoras/crianças e crianças/crianças.

Nessa perspectiva, defendemos que a sala de aula deve ser assumida

enquanto espaço de múltiplas relações entre os sujeitos, de um lado os professores

que procuram mediar situações educativas e de cuidados; do outro lado às crianças

que precisam se desenvolver a partir dessas situações que lhes são propiciadas.

Desse modo, buscamos compreender essas relações a partir de observações

participantes em diferentes momentos do fazer pedagógico das professoras em sala

de aula. Esses momentos nos deram à condição de perceber que as expressões

faciais e o timbre de voz das professoras diante de situações inesperadas sofrem

variações diversas que deixam as crianças tensas e apreensivas. Fatores que sem

dúvidas interferem no desenvolvimento cognitivo, afetivo e social das crianças.

Nesse sentido Cunha (2008), defende que o trabalho educativo com crianças

deve ser construído numa relação dialógica entre professor/criança, de modo que

dessa relação nasçam às possibilidades de conhecimento da criança, suas

singularidades, desejos e necessidades e, a partir destas múltiplas possibilidades do

fazer pedagógico do professor.

A autora acima, ressalta ainda que é conversando com as crianças, sobre

uma variedade de coisas que o professor é capaz de planejar suas ações

pedagógicas, conforme a percepção de mundo, desejos e necessidades das

crianças, afirmando que esses elementos são facilmente levantados quando o

professor propicia situações lúdicas, através das quais as crianças falam e

manifestam diferentes modos de interação que se bem aproveitados estreitam os

laços de aproximação e efetividades entre professor e a criança, proporcionando

momentos riquíssimos de trocas de experiências e melhor convivência cotidiana.

Page 67: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

60

O exposto nos faz compreender que a gestão da sala de aula deve ser

mediada por relações dialógicas recíprocas, onde professores e crianças interajam

tanto através da fala quanto através das diversas situações lúdicas que devem ser

vivenciadas em sala de aula e em outros espaços curriculares favoráveis a ação

pedagógica, haja vista esses momentos favorecerem maior aproximação e

conhecimento das crianças, como defende Cunha (2008).

As observações in loco, nos conduzem ao entendimento de que as

professoras buscam por crianças ideais, pela homogeneidade de comportamentos,

atitudes e desenvolvimento cognitivo e afetivo; pois inúmeras vezes demonstraram

irritação para orientar as crianças a desenvolverem suas tarefas, consumindo boa

parte do tempo reclamando as inquietações das crianças e suas manifestações

agressivas para com seus pares.

Parafraseando Martins (2011) podemos dizer que o valor das interações em

sala de aula está na heterogeneidade dos alunos que com seus diferentes modos de

ser, pensar e agir dão o verdadeiro sentido da construção do conhecimento que sem

dúvida ocorre com a multiplicidade de saberes que cada um traz de sua cultura, de

seu meio familiar e social para a sala de aula.

Com isso, o autor defende que a interatividade em sala de aula deve

possibilitar que ambos os sujeitos nela imensos, devam externar seus pensamentos

e ideias, acatando ou refutando as argumentações levantadas, de modo que

cheguem a uma compreensão que seja favorável a todos, convergindo sobre tudo

para a construção de conhecimentos, através dos quais as crianças se sintam

imersas na dinamicidade do processo, enquanto sujeitos, ativos, críticos e criativos.

Embora saibamos que a parceria entre professor/criança de Pré-escola não

seja algo fácil, nada impede as professoras de ousarem e se experimentarem nesse

campo das relações mútuas, especialmente onde o cuidar e o educar assumem

papel de extrema relevância para o desenvolvimento integral das crianças,

requerendo das professoras uma postura reflexiva sobre e para as crianças.

Nesse sentido Martins (2011), defende que o professor deve assumir uma

postura mediadora através da qual às crianças se sintam valorizadas tanto em sua

auto-estima como em sua capacidade de aprender; sendo a escola o principal lócus

para o desenvolvimento de práticas pedagógicas e de múltiplas interações entre

criança/criança e professor/criança, que sem dúvidas favorecem a troca de saberes,

que se consolidam em conhecimento elaborado a partir da mobilização do potencial

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61

cognitivo das crianças, que reorganizam novas formas de compreensão e ação

sobre o meio físico e social no qual estão inseridos.

As argumentações apresentadas, nos resta reafirmar que a sala de aula

apesar de ser um espaço de construção coletiva, os sujeitos que nela estão

envolvidos assumem diferentes papéis: de um lado, o professor que media as

situações de aprendizagem e do outro as crianças que trazem consigo uma

bagagem de saberes sociais e culturais que necessitam ser transformados em

conhecimentos sistematizados (científicos). O que de fato só ocorre através das

trocas de saberes e interações entre os sujeitos envolvidos com o fazer pedagógico.

Desse modo, entendemos que a práxis pedagógica no contexto escolar se

constrói a partir de múltiplas facetas que sem dúvidas são extraídas da relação

teoria-prática e vice-versa, exigindo do professor reflexões sobre o seu fazer

pedagógico, rumo à construção de uma proposta de trabalho que defina claramente

“[...] o que fazer e para quê, [...] como e por que fazer” (SILVA e SILVA, 2009, p. 41),

caso contrário o professor poderá cair no imediatismo, na improvisação e num

pragmatismo sem fundamentação para o ensino e para aprendizagem das crianças.

Considerando as argumentações apresentadas neste capítulo, bem como

suas fundamentações empíricas e teóricas, temos condição de afirmar que a prática

pedagógica das professoras de Pré-escola da Escola Municipal Ernesto Ferreira não

está pedagogicamente adequada às orientações do RCNEI (1998), como também,

não favorece o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças através de

atividades lúdicas.

Page 69: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

62

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As argumentações utilizadas nesta pesquisa, têm entre outras

intencionalidades aproximar o leitor sobre o desenvolvimento das práticas

pedagógicas desenvolvidas no âmbito da Educação Infantil, especificamente na Pré-

escola da Escola Municipal Ernesto Ferreira.

O reconhecimento de que a Educação Infantil é fundamental para o

desenvolvimento integral das crianças, fez-nos concentrar esforços para

compreender como as professoras da Pré-escola desenvolvem suas práticas

pedagógicas de modo a favorecer o desenvolvimento biopsicossocial das crianças.

Nesta ótica, os dados coletados através do questionário aplicado às

professoras e as observações com anotações sistemáticas, foram fundamentais

para descortinar dados relativos ao planejamento das aulas e seus meios

(conteúdos, recursos, espaços, tempos e estratégias); bem como, para entender o

processo de interação professor-criança, e a relação existente entre a prática

pedagógica das professoras, a proposta pedagógica da escola e as orientações do

Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (RCNEI).

Apesar das professoras considerarem que a organização, o espaço, o tempo

os recursos materiais e equipamentos são favoráveis ao desenvolvimento das

atividades pedagógicas na Pré-escola, nossas observações in loco confirmam o

contrário, uma vez que, evidenciamos a necessidade de adequação na

infraestrutura, dos mobiliários e dos recursos didático-pedagógicos, de modo a

favorecer o desenvolvimento de práticas pedagógicas voltadas para as reais

necessidades e interesses das crianças.

Nesse sentido, deixamos claro que há uma divergência entre o que as

professoras responderam no questionário e a realidade presenciada nas

observações. De fato, constatamos que as professoras utilizam como principal

recurso para o desenvolvimento de suas aulas, o quadro de giz. O microsistem, o

vídeo, a televisão e o DVD são utilizados esporadicamente, quase sempre, para

preencher o tempo, sem um planejamento prévio, capaz de estabelecer pontes entre

os conteúdos em estudo e o contexto social e cultural das crianças.

Nossa pesquisa elucidou ainda, que as professoras não consideram os jogos,

brinquedos e brincadeiras como eixos articuladores do fazer pedagógico na Pré-

Page 70: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

63

escola, uma vez que priorizam atividades desprovidas de sentido e significado para

as crianças, como: escrita no quadro de giz e no caderno, pintura de desenhos

xerografados e outras atividades correlatas.

Isso posto, entendemos que a prática pedagógica das professoras da Pré-

escola da Escola Municipal Ernesto Ferreira ainda tem como base a Pedagogia

Diretiva mais conhecida como Tradicional, focalizando suas ações no cumprimento

de atividades mecânicas, sem estabelecer vínculos com a realidade e o cotidiano

das crianças.

As constatações acima tornam verdadeira a afirmativa de que as práticas

pedagógicas das ensinantes da Pré-escola, não favorecem o desenvolvimento e a

aprendizagem das crianças através de atividades lúdicas, e ao mesmo tempo

justifica a necessidade de um fazer pedagógico pautado em um Projeto Político

Pedagógico que tenha a criança como sujeito histórico e social, dotada de

singularidades e características próprias que sentem e pensam o mundo de um jeito

muito próprio, conforme afirmam o RCNEI.

Outro fator que ficou constatado é a falta de uma proposta de trabalho

voltada para Educação Infantil, pois, a prática pedagógica das ensinantes da Pré-

escola ocorre desvinculada das atuais tendências teórico-metodológicas, o que sem

dúvida compromete a qualidade do processo ensino-aprendizagem; haja vista,

ficarem susceptíveis ao praticismo, causado pela falta de planejamento

sistematizado, de intencionalidades em seus fazeres e pela desvinculação de suas

práticas do contexto sócio-cultural das crianças.

O educar e o cuidar enquanto elementos indissociáveis da prática pedagógica

na Educação Infantil, assim, não se configuraram durante nossas observações, o

que pode contribuir negativamente para o desenvolvimento das capacidades de

apropriação e conhecimento das potencialidades corporais, afetivas, emocionais,

estéticas e éticas da criança.

Isso tudo, confirma mais uma de nossas hipóteses quando no princípio do

nosso estudo cogitamos que a prática pedagógica das ensinantes na Pré-escola da

Escola Municipal Ernesto Ferreira não está pedagogicamente adequada as

orientações do Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil.

Considerando todas as constatações e nossas afirmações prévias, sobre o

fazer pedagógico das professoras da Pré-escola, podemos dizer que são inúmeros

os fatores que dificultam o desenvolvimento de uma prática pedagógica que

Page 71: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

64

considere a criança como sujeito ativo, crítico e criativo em seu processo de

formação pessoal e social e sobretudo no conhecimento do mundo que o cerca.

Por essas razões, apontamos algumas proposições que podem favorecer

novos olhares e fazeres pedagógicos mais coerentes com as necessidades das

crianças; dentre elas citamos:

▪ Definir uma proposta pedagógica para Educação Infantil pautada nos

RCNEI, reconhecendo a criança em seus aspectos motores, neurológicos,

cognitivos, sociais, psicológicos e afetivos;

▪ O professor deve levar em consideração os conhecimentos prévios que as

crianças trazem consigo do meio familiar, social e cultural e a partir deles mediar à

construção de novos e significativos conhecimentos;

▪ Organizar e desenvolver os planos de aula considerando o contexto social e

cultural das crianças, de modo que elas percebam a relação das situações de

ensino-aprendizagem com a vida cotidiana;

▪ Utilizar o jogo, o brinquedo e a brincadeira como elementos pedagógicos

que favorecem a aprendizagem infantil, a partir de uma diversidade de experiências

múltiplas realizadas e vivenciadas pela própria criança;

▪ Selecionar e organizar adequadamente os espaços e materiais

pedagógicos, de modo a tornar as situações de ensino-aprendizagem mais

prazerosas;

▪ Diversificar os recursos e equipamentos didáticos, a fim de estimular a

curiosidade e tornar as atividades mais atrativas para as crianças.

Essas proposições fogem a pretensão de receitas, mas se refletidas podem

contribuir para a construção de práticas pedagógicas inovadoras que contribuam

para o desenvolvimento integral das crianças.

Contudo, esse estudo proporcionou-nos uma melhor compreensão sobre a

problemática em questão, deixando claro que o fazer pedagógico na Pré-escola,

deve ser permeado por situações educativas e cuidados diversos que de modo

indissociáveis proporcionam as reais condições para a aprendizagem das crianças

desde que proporcionadas e orientadas intencionalmente pelos professores.

Assim, deixamos claro que foram muitas as limitações e dificuldades

apresentadas em nosso estudo, causadas principalmente pela inexperiência do

pesquisador e pela ausência de alguns elementos que poderiam fornecer dados

para uma melhor compreensão sobre o objeto investigado. Por isso, consideramos

Page 72: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

65

essa produção apenas como insight científico descritivo-analítico; ficando em aberto

a possibilidades de novos estudos para aprofundamento e melhor compreensão do

objeto que ora estudamos.

Page 73: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

66

REFERÊNCIAS

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Page 74: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

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Page 77: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

70

APENDICE A – Questionário

Esta pesquisa tem o propósito de investigar a prática pedagógica dos

professores na Educação Infantil. Por motivos éticos, sua participação será sigilosa.

Desde já agradecemos.

A – IDENTIFICAÇÃO

1. Sexo:

( ) Masculino.

( ) Feminino.

2. Idade:

( ) 18 a 25 anos.

( ) 26 a 35 anos.

( ) acima de trinta e cinco anos.

3. No caso de formação superior, qual(is) o(s) curso(s)? __________________.

4. Há quanto tempo exerce a atividade docente?

( ) Menos de 1 ano.

( ) de 1 a 5 anos.

( ) de 6 a 10 anos.

( ) há mais de 10 anos.

5. Há quanto tempo exerce atividade docente na Educação Infantil?

( ) Menos de 1 ano.

( ) de 1 a 5 anos

( ) de 6 a 10 anos.

( ) há mais de 10 anos.

6. Possui experiência anterior em sala de aula de Educação Infantil?

( ) Sim, em escola pública.

( ) Sim, em escola privada.

( ) Não.

7. Você melhor se identifica em que situação?

( ) Na sala de aula de 1º ao 5º Ano.

( ) Na sala de aula de Educação Infantil.

( ) Fora da sala de aula em outras atividades pedagógicas.

Page 78: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

71

8. Você é professor(a):

( ) por vocação.

( ) por falta de outras oportunidades.

( ) por status social e financeiro.

B – CARACTERIZANDO A CLIENTELA

9. As crianças que você trabalha são em sua maioria oriundas de:

( ) famílias de boas condições financeiras.

( ) famílias carentes.

10. Qual(is) a(s) principal(is) fonte(s) de renda das famílias?

___________________________________________________________________

C- DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESEVOLVIDAS NO COTIDIANO DE SALA

DE AULA E DO AMBIENTE ESCOLAR.

11. No dia a dia como realiza as atividades de ensino-aprendizagem com as

crianças? (Observação: Pode assinalar mais de um item)

( ) Apenas no espaço de sala de aula.

( ) Passeios no pátio da escola.

( ) Passeios no bairro da escola.

( ) Utilizando jogos educativos.

( ) Utilizando brincadeiras educativas.

( ) Explorando teatro, danças e atividades físicas (Exploração pedagógica do corpo

da criança).

12. Você considera que as instalações físicas da sala de aula e da escola são e/ou

contam com: (Observação: Pode assinalar mais de um item)

( ) amplas.

( ) arejadas.

( ) claras.

( ) confortáveis.

( ) mesas e cadeiras adequadas para a idade das crianças.

( ) carteiras escolares adequadas para a idade das crianças.

( ) ventiladores.

Page 79: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

72

( ) ar condicionado.

( ) bebedouro.

( ) quadro para escrever.

( ) livros didáticos adequados a Educação Infantil.

( ) revistas para recorte e colagem.

( ) jogos educativos.

( ) computadores.

( ) vídeos adequados a Educação Infantil.

( ) livros paradidáticos adequados a Educação Infantil.

13. Qual a duração das aulas?

( ) 3 horas.

( ) 4 horas.

( ) Toda a manhã.

( ) Toda a tarde.

( ) Integral ( Manhã e tarde).

14. Você trabalha em que turno?

( ) Manhã.

( ) Tarde.

( ) Integral.

15. Em qual etapa da Educação Infantil você trabalha? (Observação: Pode assinalar

mais de um item)

( ) Beçário.

( ) Maternal/Jardim.

( ) Pré-escola.

16. De que modo você desenvolve as atividades educativas?

( ) explicações orais.

( ) jogos, Brincadeiras (de forma lúdica).

( ) utilizando livros didáticos específicos da educação infantil.

( ) atividades planejadas por você e transcritas no caderno da criança.

( ) atividades planejadas por você e orientadas no quadro de giz.

( ) orientação de atividades como dever de casa.

17. A escola dispõe de: (Observação: Pode assinalar mais de um item)

( ) banheiros adequados para educação infantil.

( ) acervo bibliográfico com historinhas infantis.

Page 80: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

73

( ) refeitório adequado para educação infantil.

( ) pátio para brincadeiras.

( ) refeitório para as crianças.

( ) área de lazer e recreação.

( ) local para prática de brincadeiras desportivas.

( ) sala de leitura.

( ) biblioteca adequada para educação infantil.

( ) sala de vídeo/ TV escola.

D – RELAÇÃO DO FAZER PEDAGÓGICO DO(A) PROFESSOR(A) COM A

PROPOSTA PEDAGÓGICA DA ESCOLA E OS REFRENCIAIS

CURRICULARES NACIONAIS PARA EDUCAÇÃO INFANTIL.

18. Você tem conhecimento do projeto político pedagógico da escola?

( ) Sim

( ) Não.

19. A escola tem uma proposta pedagógica exclusiva para Educação Infantil?

( ) Sim.

( ) Não.

20. Você tem conhecimento dos Referenciais Curriculares para Educação Infantil?

( ) Sim.

( ) Não.

21. De que forma é desenvolvido o planejamento das atividades para as crianças?

( ) Não há planejamento.

( ) Coletivamente com orientação da coordenação pedagógica.

( ) Exclusivamente pelos professores da educação infantil considerando as etapas

(Beçário, maternal/jardim da infância, pré-escola).

( ) Coletivamente com todos os professores dos diferentes níveis de ensino sem

orientação da coordenação pedagógica.

( ) Coletivamente com todos os professores dos diferentes níveis de ensino (

Educação infantil e Ensino Fundamental) com orientação da coordenação

pedagógica.

( ) Coletivamente com todos os professores dos diferentes níveis de ensino (

Educação infantil e Ensino Fundamental) sem qualquer orientação.

Page 81: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

74

22. Há momentos de estudos para:

( ) Planejamento das atividades.

( ) Estudos dos referenciais Curriculares Nacionais para Educação Infantil.

( ) Discussão e implementação da proposta pedagógica da escola para educação

infantil.

( ) há apenas reuniões administrativas com o gestor e sua equipe.

23. Você considera o jogar e o brincar:

( ) Mero passatempo em sala de aula.

( ) Atividade pedagógica necessária ao desenvolvimento integral da criança.

( ) Desnecessários em sala de aula uma vez que a criança já joga e brinca demais

em casa.

( ) Sem qualquer valor pedagógico, podendo levar a criança ao vício, ao

descompromisso com as atividades escolares.

24. Como você classifica o cuidar das crianças:

( ) Desnecessário em sala de aula uma vez que é uma tarefa para a família.

( ) Necessário uma vez que a educação infantil deve ser meramente

assistencialista.

( ) De extrema relevância para o desenvolvimento integral da criança, uma vez que

é indissociável de seus aspectos educativos.

25. Para desenvolver as atividades educativas com as crianças você:

( ) Não considera o contexto social, familiar e cultural das crianças.

( ) Toma como ponto de partida os conhecimento prévios das crianças sobre sua

cultura, história de vida, seu entorno familiar e etc.; propondo atividades

diversificadas, conforme as necessidades e especificidades de cada criança.

( ) Desenvolve atividade única para todas as crianças, considerando que todas

devem ter ou desenvolver as mesmas habilidades e competências ao mesmo

tempo.

( ) Desenvolve atividade única para todas as crianças, para não tratá-las

diferentes.

26. Cite as atividades que frequentimente você desenvolve com as crianças.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Page 82: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

75

27. Cite as principais dificuldades/problemas que você enfrenta para desenvolver o

seu trabalho pedagógico de sala de aula com as crianças.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Page 83: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

76

APÊNDICE B - Organização do plano de aula e capacidade de planejar

BLOCO I

1.1 Estruturação do plano de aula

1.2 Coerência entre objetivos e procedimentos metodológicos

1.3 Coerência entre objetivos e atividades propostas

1.4 Estratégias de avaliação

BLOCO II

2.1 Relação entre os conteúdos e o contexto social e cultural das crianças

2.2 Articulação entre cuidar e educar

2.3 Articulação com diferentes ambientes (Biblioteca, brinquedoteca, sla de vídeo e

etc.)

Page 84: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

77

APÊNDICE C – Gestão do conteúdo

1. Abordagem do conteúdo

2. Estratégias utilizadas

3. Concepções de ensino e aprendizagem implícitas ou explicitas na abordagem

dos conteúdos.

4. Capacidade de inovação e criatividade

Page 85: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

78

APÊNDICE D - Gestão da sala de aula

1. Timbre de voz

2. Orientação individual e grupal para realização das atividades

3. Reação diante de situações inesperadas

4. Relações interpessoais entre professora-criança e criança-criança

Page 86: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

79

ANEXO A – Termo de consentimento livre e esclarecido

Nome do Pesquisador: Benedito José de Queiroz

Você está sendo convidado(a) para participar desta pesquisa. Ao integrar esse

estudo, estará permitindo a utilização dos dados aqui fornecidos. Você tem liberdade

de se recusar a participar em qualquer fase da pesquisa, sem qualquer prejuízo

pessoal. Todas as informações coletadas neste estudo são estritamente

confidenciais.

Consentimento Livre e Esclarecido.

Tendo em vista o esclarecimento acima, eu, manifesto livremente o meu

consentimento em participar desta pesquisa.

Frutuoso Gomes – RN, 04 de maio de 2011.

Nº Nome do Participante Assinatura do Participante

01 Maria Nalva Xavier

02 Maria Valdenice do Nascimento

03 Maria de Fátima Silva

04 Maria de Fátima Nunes Santana

Page 87: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA

MODALIDADE A DISTÂNCIA

EDILSON GOMES DA SILVA

O BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COGNITIVO DA CRIANÇA NA

EDUCAÇÃO INFANTIL

JOÃO PESSOA

2011

Page 88: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

EDILSON GOMES DA SILVA

O BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COGNITIVO DA CRIANÇA NA

EDUCAÇÃO INFANTIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à

Coordenação do Curso de Licenciatura Plena em

Pedagogia na Modalidade a Distância, do Centro

de Educação da Universidade Federal da Paraíba,

como requisito institucional para obtenção do

título de Licenciado em Pedagogia

Orientador (a): Rosemary Evaristo Barbosa

JOÃO PESSOA

2011

Page 89: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

EDILSON GOMES DA SILVA

O BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COGNITIVO DA CRIANÇA NA

EDUCAÇÃO INFANTIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação do Curso de Licenciatura Plena

em Pedagogia na Modalidade a Distância, do Centro de Educação da Universidade Federal da

Paraíba, como requisito institucional para obtenção do título de Licenciado em Pedagogia.

APROVADA EM: ____/12/2011

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________________________

Prof (a). Rosemary Evaristo Barbosa

Universidade Federal da Paraíba - UFPB

______________________________________________________________________

Universidade Federal da Paraíba – UFP

______________________________________________________________________

Universidade Federal da Paraíba - UFPB

JOÃO PESSOA

2011

Page 90: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus fonte de toda a sabedoria e a todos que de forma direta ou

indiretamente contribuíram para o meu crescimento acadêmico.

A minha orientadora pela ajuda, compreensão e carinho, imprescindíveis em todas as

fases de desenvolvimento desde estudo.

Agradeço aos professores que contribuíram para a realização deste sonho.

E, aos tutores a distancia e presencial que colaboraram com a minha evolução

acadêmica.

Page 91: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

DEDICATÓRIA

Dedico este Trabalho de Conclusão de Curso aos meus familiares, em especial meus

pais, pelo exemplo de coragem, simplicidade e persistência em suas metas; e aos meus

amigos, que, no decorrer dessa jornada, me deram força para o meu crescimento profissional.

Page 92: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

RESUMO

Este estudo se caracteriza como uma pesquisa bibliográfica, que tem como foco a análise do

lúdico como ferramenta e fonte de desenvolvimento infantil. Isto porque é inegável a

importância do brincar no âmbito do processo de ensino aprendizagem. O êxito da educação

infantil depende em grande parte da relação estabelecida entre o educando e o professor,

cabendo ao educador motivar, entusiasmar o aluno, de modo que possa mediar de forma

promissora o processo de aquisição do conhecimento. Para isto, faz-se necessário transmitir

conteúdos de forma agradável e satisfatória, que prenda a atenção, e respeite as

particularidades de cada criança, seus interesses e suas necessidades. Assim, o educador

precisa desenvolver estratégias para a consecução dos objetivos envoltos na educação infantil.

E, nesse contexto, insere-se o ato de brincar que pode ser utilizado como ferramenta

pedagógica no âmbito do processo de ensino-aprendizagem, pois é inegável a sua

contribuição no desenvolvimento integral da criança. A partir deste pressuposto, o presente

estudo visou refletir sobre a influência do brincar no desenvolvimento infantil, tecendo

considerações sobre o comportamento interativo das crianças, as brincadeiras, a influência da

brincadeira no processo de aprendizagem. Além de enfatizar algumas diretrizes pedagógicas,

aspectos referentes ao espaço escolar para o desenvolvimento da ludicidade, o papel do

professor frente ao universo infantil, e a brincadeira em si, no âmbito escolar, com todas as

suas modalidades, tipificações, funcionalidade na educação infantil, formas de utilização e

vantagens no uso correto no processo de ensino-aprendizagem.

Palavras-Chave: Brincar. Educador. Aprendizagem. Desenvolvimento da Criança.

Page 93: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

ABSTRACT

This study is characterized as a literature that focuses on the analysis of play as a tool and

source of child development. This is because it is undeniable the importance of play in the

process of teaching and learning. The success of early childhood education depends largely on

the relationship established between the student and the teacher, being the teacher to motivate,

enthuse the student, so that it can mediate a promising start the process of knowledge

acquisition. For this, it is necessary to convey content in a pleasant and satisfying, that holds

the attention and respect the specificities of each child, their interests and needs. Thus, the

educator needs to develop strategies for achieving the objectives shrouded in early childhood

education. And in this context is part of the act of playing that can be used as a pedagogical

tool in the teaching-learning process, as is its undeniable contribution to the development of

the child. From this assumption, the present study aimed to reflect on the influence of play in

child development, with considerations on the interactive behavior of children, the fun, the

influence of play in the learning process. Besides some guidelines emphasize pedagogical

aspects related to the school for the development of playfulness, the role of the teacher before

the child's universe, and the game itself, in the school, with all its forms, classifying, feature

in early childhood education, forms use and advantages and proper use in the teaching-

learning process.

Keywords: Play. Educator. Learning. Child Development.

Page 94: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................09

2 A LUCIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL.............................................................12

2.1. O CURRÍCULO ESCOLAR NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL..............13

2.2. O LÚDICO E A PRÁTICA DOCENTE: A RELAÇÃO DA FORMAÇÃO INICIAL

COM A DISCIPLINA DE LUDICIDADE..............................................................................15

2.3. O TRABALHO COM A LUDICIDADE EM SALA DE AULA: DO PLANEJAMENTO

À EXECUÇÃO DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS..............................................................17

3 O BRINCAR, A APRENDIZAGEM E O DESENVOLVIMENTO

INFANTIL...............................................................................................................................21

3.1. O BRINCAR COMO FONTE DE CONHECIMENTO: ALGUMAS

CONSIDERAÇÕES.......................................................................................................21

3.2. O PAPEL DO BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DA CRIANÇA

.....................................................................................................................................23

3.3. A BRINCADEIRA NA FORMAÇÃO SOCIAL DA CRIANÇA...... ..............................28

4 A BRINCADEIRA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: ALGUMAS REFLEXÕES E

DIRETRIZES PEDAGÓGICAS....................................................................................33

4.1. O ESPAÇO ESCOLAR, A APRENDIZAGEM E O PRAZER........................................34

4.2. PAPEL DO PROFESSOR FRENTE AO UNIVERSO INFANTIL..................................36

4.3. A BRINCADEIRA NO ESPAÇO ESCOLAR: TIPIFICAÇÕES E FUNCIONALIDADE

NA EDUCAÇÃO INFANTIL..................................................................................................38

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................45

REFERÊNCIAS.............................................................................................................47

Page 95: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

9

1 INTRODUÇÃO

Quando se analisa a literatura acerca da educação infantil é possível perceber o quanto é

importante o ato de brincar na vida das crianças. Isso porque a brincadeira não se restringe

apenas em ser um ato de lazer, uma distração, pois através da brincadeira a criança pode

imitar o real, entender o sentido das coisas, abrangendo, assim, um campo com inúmeras

possibilidades.

Assim, o ato de brincar pode ser utilizado como uma ferramenta pedagógica de grande

valia para o desenvolvimento social da criança. A ludicidade possibilita o enriquecimento do

processo de ensino aprendizagem, uma vez que a criança pode expressar seus sentimentos,

medos, anseios, sua visão do mundo, além de desenvolver sua capacidade motora e cognitiva,

possibilitando ao educador estabelecer uma interação estimulante com o educando

(OLIVEIRA, 2007).

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e do Referencial Curricular Nacional

para Educação Infantil (RCNEI) procuraram resgatar a importância do brincar no cotidiano

das instituições de ensino infantil, pois foi visto como uma relevante contribuição para o

processo de ensino-aprendizagem. No entanto, o movimento não é instantâneo nem está

garantido pelo fato de existir espaço para as discussões, as reflexões ou as leituras críticas

sobre o assunto.

Afora isto, necessário se faz também ter coragem para assumir que o brincar é

primordial no âmbito da educação infantil, pois, apesar dos avanços ocorridos na área de

educação, ainda existem muitos diretores e profissionais no âmbito escolar que possuem uma

concepção arcaica acerca do processo de ensino-aprendizagem, embora vários teóricos como

Piaget, Vygotsky e Paulo Freire salientarem em algumas pesquisas a importância da

ludicidade e sua influência no desenvolvimento pedagógico das crianças.

A partir deste pressuposto, o presente estudo, por intermédio de uma revisão de

literatura, busca refletir sobre a influência do brincar no desenvolvimento infantil.

A escolha do tema justifica-se por reconhecer que a criança possui necessidades e

características peculiares e a escola deve desempenhar um papel importante nesse aspecto que

é oferecer um espaço favorável às brincadeiras associadas às situações de aprendizagem que

sejam significativas, contribuindo para o desenvolvimento de forma agradável e saudável.

Além disso, a ludicidade contribui para o desenvolvimento do potencial e integral da

criança, proporcionando liberdade criadora, oportunidades de socialização, afetividade e um

encontro com o seu próprio mundo, descobrindo-se de maneira prazerosa.

Page 96: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

10

Nas brincadeiras, as crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes tais

como: atenção, imitação, memória, imaginação. Amadurecem também algumas capacidades

de socialização, por meio da interação e da utilização e experimentação de regras e papeis.

O ato de brincar corresponde a um impulso natural da criança, satisfaz uma necessidade

interior, pois o ser humano apresenta uma tendência lúdica. Dessa forma, a escola deve ser

um lugar de brincadeiras, de atividades que façam sentido para a criança, que façam parte do

seu modo de ser e entender o mundo. Dentro desta perspectiva, a pesquisa abordou como o

problema a influência do brincar no desenvolvimento social e cognitivo da criança na

Educação Infantil.

Assim estruturada a pesquisa, traçou-se o seguinte objetivo geral para desenvolvê-la:

Refletir sobre a influência do brincar no desenvolvimento social e cognitivo da criança na

Educação Infantil. A fim de dar conta deste objetivo geral, elaboraram-se os seguintes

objetivos específicos: 1. Discutir sobre o comportamento interativo das crianças na Educação

Infantil; 2. Descrever as brincadeiras com as quais as crianças mais se identificam na

Educação Infantil; 3. Explicar as influências das brincadeiras na aprendizagem das crianças na

Educação Infantil e a relação do desenvolvimento cognitivo com a aprendizagem.

Para isto, o presente estudo foi dividido em três capítulos. O primeiro capítulo trata da

ludicidade na educação infantil de maneira genérica, além de verificar o que o RECNEI e a

LDB descreve sobre esse contexto, sem deixar de ressaltar a importância do currículo escolar

no contexto da educação infantil, o lúdico e a prática docente, bem como a relação da

formação inicial do profissional com a disciplina de ludicidade, além de descrever as

impressões da prática profissional ao longo do cotidiano.

O segundo capítulo trata de forma mais específica o brincar dentro do processo de

aprendizagem, ressaltando-o como fonte do conhecimento, o papel do brincar no

desenvolvimento cognitivo infantil e a brincadeira na formação social da criança.

Por fim, no terceiro e último e capítulo, aborda-se a brincadeira na educação infantil,

trazendo algumas diretrizes pedagógicas nesse contexto, bem como de aspectos referentes ao

espaço escolar para o desenvolvimento da ludicidade, o papel do professor frente ao universo

infantil, e a brincadeira em si, no âmbito escolar, com todas as suas modalidades, tipificações,

funcionalidade na educação infantil, formas de utilização e vantagens no uso correto no

processo de ensino aprendizagem.

Espera-se que esta pesquisa, somada à literatura a respeito desta temática, possa dar sua

contribuição, uma vez que a utilização do lúdico no processo de ensino-aprendizagem

contribui de maneira significativa para o desenvolvimento social e cognitivo da criança.

Page 97: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

11

Assim, espera-se ajudar na disseminação do conhecimento acerca do brincar no âmbito da

educação infantil, a fim de que possa despertar o interesse em estudiosos e pesquisadores por

este tema, contribuindo no surgimento de novas abordagens.

Page 98: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

12

2 A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Antes de qualquer consideração, se faz necessário conceituar o que seja lúdico e

ludicidade. De maneira genérica, pode-se definir o lúdico como tudo que pode ser relativo a

jogos, brincadeiras e divertimentos. Noutras palavras, é toda atividade que produz prazer e

divertimento ao executante.

O lúdico pode também ser descrito como uma evocação de sentimentos que estão

aquém da realidade e, parecem estarem no âmago. É toda atividade que permite liberdade,

espontaneidade de ação, de modo que faça aflorar essa evocação. Assim, o jogo e a

brincadeira são atividades de caráter lúdico, pois envoltas estão na emoção, na fantasia, no

lirismo inerente das coisas simples. Enquanto que o termo ludicidade é oriundo da palavra

lúdico, podendo ser descrito como a capacidade de utilizar o lúdico como meio de ensino, ou

seja, é a capacidade de ensinar brincando, com intuito de transformar o ensino em algo

agradável, desejoso. (FERLAND, 2006).

Partindo-se destas definições, pode-se dizer que o ato de brincar é um fenômeno do qual

a criança se utiliza para explorar o espaço ao seu redor, utilizando sua visão, suas emoções,

sensações, seus medos e anseios, assim como a sua curiosidade, servindo como a base em que

irá se sedimentar sua futura interação social no âmbito em que vive.

Em conformidade com o que definiu Ferland (2006), o ato de brincar pode ser

concebido como uma atitude de caráter subjetivo em que o prazer, o senso de humor e a

curiosidade se unem em busca da satisfação individual ou coletiva das crianças, uma vez que

geralmente essa atividade é escolhida de forma livre, sem que se espere qualquer resultado ou

expectativa.

A brincadeira possui uma linguagem própria, identificada de forma diversa por cada

criança, capaz de ajudar no desenvolvimento psicológico, cognitivo, motor, emocional, social,

na aprendizagem e interação social, fazendo com que a criança consiga comunicar-se consigo

mesma, com o outro e com o mundo ao seu redor.

É por isso que Ferland (2006, p.5) escreveu:

Mesmo sem utilizar as palavras, as crianças podem comunicar seus sentimentos,

tanto positivos quanto negativos. Jogar um objeto no chão, sorrir a um personagem,

rasgar um desenho, apresentar um objeto a um parceiro, provocar um acidente, eis aí

tantos gestos que a criança pode utilizar para comunicar o que sente.

Isso ocorre porque o ato de brincar se situa na simbiose entre a realidade interna e

externa, gerando um mundo atemporal, onde tanto a fantasia como o real podem coexistir de

Page 99: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

13

maneira mútua e promissora. É capaz de despertar na criança a iniciativa, o senso crítico, a

procura por soluções, de modo que ela possa buscar a satisfação das suas próprias

necessidades.

Brincar é uma atividade natural presente no mundo todo desde seu início. Outros

animais também brincam, mas a diferença é que o ser humano é dotado de uma cultura,

porque ele procura sua existência, adquire conhecimentos através de brincadeiras construídas

e alcançam a simbolização.

Segundo Kishimoto (2002), o brincar é uma atividade dotada de uma significação social

capaz de proporcionar uma série de benefícios a criança. No entanto, assim como outras

atividades, necessita de aprendizagem, sendo esta adquirida pela participação nas

brincadeiras, pela observação de outras crianças brincando, assim como por intermédio das

instruções dos pais e educadores.

Afora este fato, conforme Ferland (2006, p.9):

Observar uma criança brincando possibilita saber quais as habilidades nas diferentes

esferas de seu desenvolvimento. De fato, a brincadeira testemunha o que é a criança.

A criança que brinca tem mais recursos em habilidades e características próprias,

que influem no seu modo de brincar e que são, por sua vez, estimuladas e

modificadas pela experiência do brincar [...] quanto mais a criança brincar, mais ela

se tornará hábil.

Ao brincar, a criança ensaia em suas brincadeiras comportamentos e situações reais e

imaginárias, e isto faz com que ela possa se preparar, no futuro, ao assumir os papéis e valores

sociais que serão necessários à sua vida em sociedade e também adquirir a motivação, atitudes

e habilidades sociais, aprendendo, assim, de forma gradativa, a enfrentar situações em que

necessitam explorar sua criatividade, poder de decisão, iniciativa e expressão.

Isso porque, na medida em que se relaciona no âmbito do ato de brincar, o processo de

desenvolvimento infantil vai avançando, de modo que a criança possa se sentir mais segura,

serena, no seu contato com crianças da mesma faixa etária, com crianças de maior idade, não

tendo necessidade de se refugiar nos pais ou adultos.

2.1 O CURRÍCULO ESCOLAR NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), a lei n°

9394/96, a educação infantil oferecida em creches e pré-escolas deve ser desenvolvida de

modo a considerar as especificidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas das crianças.

Noutras palavras, deve ter em seu currículo atividades embasadas em princípios que lhes

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14

permitam exercitar atividades que possam ir ao encontro das necessidades do educando.

Dentre estas atividades, pode-se encontrar o referente ao direito que a criança tem de utilizar a

brincadeira como forma particular de interação e comunicação.

Em Barros (2009), há uma descrição precisa acerca da evolução histórica da legislação

brasileira acerca da educação infantil, onde foi possível identificar que desde os primórdios do

nosso ordenamento jurídico, houve uma preocupação em salvaguardar a educação e o

desenvolvimento da criança de forma promissora.

Isso porque brincando as crianças têm a possibilidade de recriar e repensar o mundo ao

seu redor. Além disso, a brincadeira possibilita ainda que a criança acione seus pensamentos

para a resolução de problemas, proporciona mobilidade física, relação com objetos,

desenvolvimento da linguagem oral e gestual, incorporação de valores e atitudes, permitindo

assim a fixação da noção de que a interação com o outro é definida por limites estabelecidos

por regras.

Assim como a LDB (1996), o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil,

(RECNEI, 1998) também reafirma a importância do brincar no âmbito da infância. Segundo

este documento,

[...] a brincadeira é uma linguagem infantil que mantém um vínculo essencial com

aquilo que é o “não-brincar”. Se a brincadeira é uma ação que ocorre no plano da

imaginação isto implica que aquele que brinca tenha o domínio da linguagem

simbólica. Isto quer dizer que é preciso haver consciência da diferença existente

entre a brincadeira e a realidade imediata que lhe forneceu conteúdo para realizar-se.

Nesse sentido, para brincar é preciso apropriar-se de elementos da realidade

imediata de tal forma a atribuir-lhes novos significados. Essa peculiaridade da

brincadeira ocorre por meio da articulação entre a imaginação e a imitação da

realidade. (BRASIL, 1998, p.10).

Daí a necessidade de haver uma preocupação com a formação do corpo docente para

desenvolver no âmbito da escolar o lúdico, de modo que este possa se tornar uma ferramenta

de fundamental importância no processo de ensino-aprendizagem.

O artigo 62 da LDBEN/96 dá algumas orientações com relação à formação do

professor:

A formação dos docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior,

em curso de licenciatura de graduação plena em universidades e institutos superiores

de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na

educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida

em nível médio na modalidade normal. (BRASIL, 1996, p.8).

No entanto, mesmo diante de todas estas exigências com relação à formação do

professor, o que se verifica, salvo raríssimas exceções, é que na educação infantil alguns

professores não têm a capacitação e a qualificação devida, sem condições, portanto, de

Page 101: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

15

desenvolver habilidades e competências que possam condizer com as necessidades das

crianças. Isso porque é de fundamental importância que o professor saiba incorporar na sua

pratica pedagógica o ato de brincar, de modo que este se torne numa atividade essencial no

processo de aprendizagem e interação social do educando.

Incorporar o ato de brincar no ensino não é o mesmo que dar apenas oportunidade para

as crianças brincarem. Não é o mesmo que ampliar o horário do recreio, aumentar o estoque

de brinquedos, mas que as crianças se mantenham interessadas pelas brincadeiras

desenvolvidas, que conteúdos do ensino possam ser incorporados a dinâmica e assimilados

pelo educando. É preciso que o educador selecione o que é funcional, promissor, espontâneo e

seja capaz de envolver a criança, preenchendo suas expectativas, e proporcionando o

aprender. (FERREIRA, 2008).

É oportuno ressaltar que o educador necessita ter bom senso e comportamento ético, de

modo que não permita que as crianças sejam expostas ao ridículo, a chacota, ou que passem

por situações constrangedoras ou até mesmo violentas. Isso porque, segundo Kami (1991, p.

125):

Educar não se limita a repassar informações ou mostrar apenas um caminho, aquele

caminho que o professor considera o mais correto, mas é ajudar a pessoa a tomar

consciência de si mesma, dos outros e da sociedade. É aceitar-se como pessoa e

saber aceitar os outros. É oferecer várias ferramentas para que a pessoa possa

escolher entre muitos caminhos, aquele que for compatível com seus valores, sua

visão de mundo e com as circunstâncias adversas que cada um irá encontrar. Educar

é preparar para a vida.

Nesse sentido, reitera-se a importância da formação de profissionais da educação

infantil para que saibam trabalhar o brincar no seu cotidiano escolar, sendo os responsáveis

por observar as brincadeiras, diferenciar os diversos tipos de comportamento e intervir no

momento certo e da maneira oportuna, uma vez que só assim é possível desenvolver o

trabalho com o lúdico de forma saudável, promissora e indispensável no processo de

educação infantil.

2.2 O LÚDICO E A PRÁTICA DOCENTE: A RELAÇÃO DA FORMAÇÃO INICIAL

COM A LUDICIDADE

A formação do docente é, sem dúvida alguma, de primordial importância para pratica da

ludicidade no processo de ensino-aprendizagem. Isso porque a formação e capacitação no

âmbito da educação infantil permitem ao educador o conhecimento de suas possibilidades e

Page 102: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

16

limitações, de modo que possa ter consciência sobre a importância do jogo e do brinquedo

para a vida da criança.

De acordo com o Trilhas do Aprendente Vol. 3, do Componente Curricular Ludicidade

e Desenvolvimento da Criança I (2009)1, foi possível compreender a dimensão e importância

do lúdico no processo de desenvolvimento e de aprendizagem da criança, subentendendo-se a

responsabilidade do docente durante todo esse processo. (BRENNAND e ROSSI, 2009).

Além da formação e capacitação, o professor necessita sentir prazer em utilizar o lúdico

na sala de aula, de modo que possa se sentir totalmente integrado ao processo. Uma vez que a

ludicidade não se restringe apenas a jogos ou brinquedos, é mais do que isso, é uma atitude do

educador que seja capaz de incorporar o educando naquela atividade desenvolvida, a fim de

envolver, criar laços afetivos, desenvolvendo assim, os benefícios proporcionados por esta

atividade nas crianças.

Nessa perspectiva, toda atividade lúdica necessita de uma predisposição interna, que vai

além dos conhecimentos teóricos e práticos do docente. Ou seja, faz-se preciso que se tenha

envolvimento, que se acredite em tal atividade, pois só assim irá procurar desenvolver a

atividade da melhor forma possível, buscando sempre a forma mais promissora e eficaz.

Haja vista que a atividade lúdica é capaz de permitir que a criança projete todo o seu

conhecimento adquirido e acumulado para este momento, faz com que o momento lúdico se

torne um instante de diversão, conhecimento e possibilidades para novas aprendizagens, bem

como de interação social entre todas as partes envolvidas no processo. De acordo com

Kishimoto (2002, p.37):

[...] função lúdica: o brinquedo propicia diversão, prazer e até desprazer, quando

escolhido voluntariamente; e função educativa: o brinquedo ensina qualquer coisa

que complete o indivíduo em seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão do

mundo.

Assim, subentende-se que o brinquedo não pode ser visto apenas como um objeto com o

qual a criança se diverte e se distrai, pois sua função vai muito além da brincadeira - pode ser

concebida como uma forma de conhecer a si própria, os indivíduos que a cercam e o mundo

que a rodeia. É um instrumento de socialização, capaz de proporcionar à criança várias noções

intelectuais como atividade educacional.

1

1 BRENNAND, E. D. G; ROSSI, S. J. (Org). Trilhas do aprendente (vol. 3). Universidade Aberta do

Brasil – UAB. Centro de Educação – CE. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba - UFPB,

2009.

Page 103: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

17

De acordo com Oliveira (2005) várias funções cognitivas estão interligadas com o

brincar: o afeto, a motricidade, a linguagem, a representação entre outros.

Soma-se a isto o fato desta auxiliar no equilíbrio afetivo da criança, desenvolvendo

condições intrínsecas para o relacionamento com o mundo.

O ato de brincar é algo espontâneo e natural da criança. É por isso que o bebê tenta

explorar o universo a sua volta da sua maneira, por intermédio do seu corpo e dos objetos a

sua volta. E, de forma gradativa, inicia-se assim, a preferência por formas de brincadeiras,

assim sucessivamente. Percebe-se, aos poucos, a importância do brincar para as crianças,

como forma delas se inserir ao mundo, tentando explorar o ambiente, descobrindo e

entendendo o que se apresenta mais atrativo para si.

É por isso que Fantin (2000, apud SILVA, 2001, p. 36), afirma que a criança, ao

brincar:

[...] se relaciona, experimenta, investiga e amplia seus conhecimentos sobre si

mesma e sobre o mundo que está ao seu redor. Através da brincadeira podemos

saber como as crianças vêem o mundo e como gostariam que fosse, expressando a

forma como pensam, organizam e entendem o mundo. Isso acontece porque, quando

brinca, a criança cria uma situação imaginária que surge a partir do conhecimento

que possui do mundo em que os adultos agem e no qual precisa aprender a viver.

Dessa forma, cabe ao professor entender que o processo de aprendizagem da criança

deve levar em consideração as necessidades e particularidades da criança, respeitando suas

características físicas, psicológicas, cognitivas, de modo que o ato de brincar possa ser

inserido de maneira promissora e ajude no seu desenvolvimento e na sua interação social,

respeitando sua visão de mundo e a forma com que interage com o meio.

2.3 O TRABALHO COM LUDICIDADE EM SALA DE AULA: DO PLANEJAMENTO A

EXECUÇÃO DE TAREFAS

É praxe afirmar que os primeiros anos de vida da criança são decisivos para sua

formação. Sendo assim, surge a necessidade das instituições escolares ampliarem suas

concepções a respeito da utilização do brinquedo, fazendo com que o aprendizado e a

formação das crianças transcorram num ambiente mais natural possível, aproximando-se

daquilo que elas podem vivenciar em casa, deixando-as conviver em grupos, com crianças de

diferentes faixas etárias, e em diversos lugares, explorando dessa maneira sua criatividade e

seu conhecimento sobre o mundo que a rodeia. Todavia, para que isto ocorra de forma

Page 104: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

18

promissora, necessário se faz que haja planejamento, organização do espaço e do trabalho da

ludicidade em sala de aula.

A atividade lúdica é essencial na vida da criança, pois ela dá liberdade de ação,

possibilita repetição, realização simbólica dos desejos, desperta a fantasia, dentre outras

vantagens abordadas nesse estudo. Porém, quando são impostas e utilizadas sem qualquer

preparo ou planejamento, perdem não só a sua eficácia como passam também a não

representar significação alguma para a criança, gerando assim um desprazer por não suprir a

necessidade da criança nem respeitar suas particularidades.

De acordo com o Trilhas do AprendenteVol. 4 do Componente Curricular Ludicidade e

Desenvolvimento da Criança II (2009) 2, foi possível compreender as práticas lúdicas na

infância, bem como formular sua importância no desenvolvimento da criança, tanto no âmbito

da escola como da família, à luz de estudos teóricos sobre a inserção do ato de brincar na

educação infantil. (BRENNAND e ROSSI).

Por causa disto, é preciso o educador adequar a atividade a ser desenvolvida não só as

particularidades da criança, mas também o seu tempo de duração, a forma como irá ser

colocada em prática, os objetivos a serem alcançados, de modo que a atividade não possa

causar qualquer tipo de estranhamento nas crianças.

Sobre esse aspecto, Dias (1996, p. 54-55) comenta:

É preciso resgatar o direito da criança a uma educação que respeite seu processo de

construção de pensamento, que lhe permita desenvolver-se nas linguagens

expressivas do jogo, do desenho e da música. Estes, como instrumentos simbólicos

de leitura e escrita do mundo, articulam-se ao sistema de representação da

linguagem escrita, suja elaboração mais complexa exige formas de pensamento mais

sofisticadas para sua plena utilização.

Mas, a utilização da atividade lúdica enquanto educativa só faz com que a criança tenha

compreensão do mundo, desperte a sua atenção, imaginação e interesse, se for bem elaborada,

dentro das especificidades do ambiente onde irá ocorrer e em conformidade com o conteúdo

que se deseja ministrar. Isso porque toda e qualquer atividade lúdica no âmbito da educação

infantil deve ser entretenimento e aprendizado. Daí a necessidade de educadores preparados

para incrementar essas atividades em sala de aula.

2

2 BRENNAND, E. D. G; ROSSI, S. J. (Org). Trilhas do aprendente (vol. 4). Universidade Aberta do

Brasil – UAB. Centro de Educação – CE. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba - UFPB,

2009.

Page 105: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

19

Isso se dá porque por meio das brincadeiras as crianças satisfazem seus desejos e

interesses. Sendo de fundamental importância que as instituições acrescentem em seu

cotidiano atividades lúdicas para que contemplem as necessidades das crianças, pois toda

criança gosta de brincar, pois é algo natural, elementar, e isso, deve ser utilizado de maneira

promissora como uma atividade no âmbito do processo de ensino-aprendizagem.

Assim, na sala de aula, a criança busca satisfazer seus desejos não realizados

imediatamente, se envolvendo em um mundo imaginário, e com outras crianças, em que seus

desejos podem ser concretizados. Nesse ínterim, o educador deve implantar o brincar no

ambiente escolar, de forma ordeira, organizada, planejada, pois a atividade lúdica é uma

ferramenta de fundamental importância para o desenvolvimento da criança.

Sendo assim, o papel do educador será, segundo Cória-Sabini e Lucena (2004, p. 42-

43):

[...] orientar a criança a descobrir todas as possibilidades oferecidas pelos jogos, de

pensar juntos, porém respeitando o momento de aprendizagem dos alunos. As

sugestões devem ser enriquecidas pelas situações criadas pela própria criança. É

interagindo com um meio rico em possibilidades de agir que ela sistematizará os

conceitos e dominará as ações.

É oportuno salientar também que para implantação das atividades lúdicas em sala de

aula no âmbito da educação infantil, é preciso que o professor proponha ao educando

perguntas que agucem a curiosidade, como uma forma de não só chamar atenção, mas de

demonstrar implicitamente que suas necessidades podem ser preenchidas por intermédios das

atividades a serem desenvolvidas.

Para que o professor se sinta seguro ao atuar frente às crianças propondo atividades

lúdicas, o mesmo deverá realizar seus planejamentos antes de concretizar as atividades

necessárias para aquela faixa etária e de como será o processo de realização da mesma.

Assim, o planejamento deve ser utilizado como ferramenta que auxilia o professor durante

suas atividades do dia-a-dia, servindo também como ferramenta de reflexão da sua própria

prática.

O professor precisa também observar muito bem os espaços onde as atividades irão ser

aplicadas. Isso porque o brincar deve ser realizado em diversos ambientes, desde que em

todas as possibilidades de consecução do mesmo possam ser promissoras. O brincar se realiza

dentro e fora das salas de aula, no parque, na quadra, desde que o ambiente esteja totalmente

integrado a atividade, de modo que o brincar seja capaz de estimular a imaginação, a fantasia

e a interação com meio.

Page 106: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

20

A instituição escolar deve e podem contar com uma brinquedoteca em seu interior,

desde que seja organizada de maneira harmoniosa com o tamanho da sala e a quantidade de

alunos. Nela podem existir diversos brinquedos, objetos, fantasias, livros, sucatas, enfim,

objetos que façam com que a criança sonhe, desperte a sua imaginação e estimule a

socialização. Assim, a brinquedoteca deve ser um ambiente que desenvolva a criatividade,

um local que a criança brinque de faz-de-conta, dramatize, construa, encontre soluções para

problemas, invente, enfim, possa ter suas necessidades atendidas, sem prejuízo ao processo de

ensino-aprendizagem.

Dessa maneira há de se repensar sempre o papel do professor para que o processo de

ensino ocorra de forma promissora, de modo que a pratica do ensino seja revista, observe o

cotidiano de sua sala, para depois incluir em seus projetos atividades que juntamente com o

lúdico propiciarão aprendizagem para a criança.

Sobre este contexto, Paschoal e Mello (2007, p. 51) asseguraram acerca da natureza do

trabalho dos educadores que:

O desafio está em deixarmos as crianças livres para brincar num espaço provocador

de experiências ricas e diversificadas e aprender a enxergar nessa atividade, todos

aqueles objetivos que anunciamos em nossas práticas. Se aprendermos a ver no

brincar todas as suas possibilidades, nosso trabalho será mais agradável para nós

mesmos, educadores, e profundamente mais importante para nossas crianças, em seu

presente e futuro.

Daí o cuidado na utilização do brincar, pois o professor deve saber o que está fazendo

em sala de aula, uma vez que a brincadeira como atividade pedagógica não pode ser encarada

como um passatempo. Por isso, deve ser pensada e planejada antecipadamente, para que o

mesmo se sinta mais seguro frente a sua difícil tarefa de ensinar.

Dessa forma, o papel do professor se torna indispensável para a formação dessas

crianças, pois muitas passam grande parte do dia nas instituições escolares. Isso porque é o

mediador do processo de ensino aprendizagem, urgindo sempre a necessidade de rever sua

prática, seus conceitos e suas condutas referentes ao lúdico, de modo que se possa utilizá-lo

de forma correta, promissora e indispensável, atendendo as necessidades e levando em

consideração as particularidades das crianças.

Page 107: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

21

3 O BRINCAR, A APRENDIZAGEM E O DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Como viu-se no capítulo 1 deste estudo, é inegável que o ato de brincar ajuda no

desenvolvimento da criança. O brincar faz com que a criança se sinta integrada, protegida,

emocionalmente mais segura, aprendendo a se relacionar com o outro, a respeitar regras e

liberar suas emoções e sentimentos. Tendo assim, a possibilidade de construir seu próprio

conhecimento.

Daí a necessidade de se inserir o brincar no âmbito da educação infantil, uma vez que

propícia mudança importante na vida das crianças, como o desenvolvimento para executar

operações, a expansão da visão do mundo, aumenta da capacidade motora, dentre outras.

(KAMI, 1991).

Afora isso, por intermédio da brincadeira, a criança pode demonstrar satisfação, prazer,

indo além das suas limitações e do próprio comportamento apresentado, uma vez que se solta

mais, tem interesse por outras atividades, aumentando sua percepção, entendimento, de modo

que desperte o interesse pelo seu próprio processo de aprendizagem. (FERLAND, 2006).

Isso ocorre porque no âmbito do brincar não existem fronteiras delimitadas, pois o real e

o irreal convivem de forma harmoniosa, fazendo com que a criança se sinta a vontade, sem

pressão ou qualquer tipo de cobrança. Assim, o ensino se torna não apenas mais agradável

para criança, como também mais efetivo, dinâmico, possibilitando que a criança prossiga

sempre além do conteúdo, da realidade a sua volta, com fantasia, satisfação e uma curiosidade

suscitada pelo contato com o novo.

3.1 O BRINCAR COMO FONTE DE CONHECIMENTO: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

O brincar é uma atividade lúdica, livre, na qual a criança pode entreter-se, utilizar sua

imaginação, sentir prazer e satisfação naquilo que está efetuando, mesmo que não esteja

obtendo sucesso na empreitada. Quando a criança brinca experimenta sensações muitas vezes

desconhecidas, apropria-se do conhecimento e vai construindo de maneira gradativa o seu

repertório de preferências. (KISHIMOTO, 2002).

Através da brincadeira a criança assimila o mundo a sua maneira, sem maiores

compromissos com a realidade, uma vez que a fantasia, a imaginação pode tomar conta do

processo de brincar, sem que esta aliene a criança, mas, ao contrário, ela contribui para a

fixação do conhecimento. É por isso que o ato de brincar ajuda no desenvolvimento da

criança, seja pela imitação do real, pela interação social ou pela assimilação do mundo a sua

Page 108: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

22

volta. Sendo assim, a criança ultrapassa limites, incorpora significados, apropriando-se de

tudo que a brincadeira pode lhe proporcionar.

O ato de brincar ajuda a criança a se inserir de maneira promissora no seu contexto

social, de modo que possam assimilar e recriar as experiências a sua volta, observando no

comportamento dos adultos um protótipo para as suas ações e questionamentos.

Assim, o ato de brincar é de primordial importância no âmbito da educação infantil,

pois faz com que a criança se desenvolva a partir da interação estabelecida com as outras

crianças, seus familiares, educadores e demais pessoas envolvidas na instituição de ensino.

É por isso que Brougère (apud WAJSKOP, 2001, p. 31) asseverou que:

[...] é o lugar da socialização, da administração da relação com outro, da apropriação

da cultura, do exercício da decisão e da invenção. Mas tudo isso se faz segundo o

ritmo da criança e possui um aspecto aleatório e incerto. Não se pode organizar, a

partir da brincadeira, um programa pedagógico preciso. Aquele que brinca pode

sempre evitar aquilo que não gosta. Se a liberdade caracteriza as aprendizagens

efetuadas na brincadeira, ela produz também a incertitude quanto aos resultados. De

onde a impossibilidade de assentar de forma precisa às aprendizagens na

brincadeira. Este paradoxo da brincadeira, espaço de aprendizagem fabuloso e

incerto.

O brincar no âmbito do processo de ensino-aprendizagem deve ser entendido como uma

forma prazerosa de se educar, cuja construção do conhecimento ocorre por intermédio do

lúdico que ajuda na compreensão de símbolos, na apropriação da linguagem e na

representação do mundo.

Por causa disto, Bettelheim (apud Kishimoto, 2002, p. 69) assegurou que:

[...] o brincar da criança não está somente ancorado no presente, mas também tenta

resolver problemas do passado, ao mesmo tempo que se projeta para o futuro. A

menina que brinca com bonecas antecipa sua possível maternidade e tenta enfrentar

as pressões emocionais do presente. Brincar de boneca permite-lhe representar seus

sentimentos ambivalentes, como o amor pela mãe e os ciúmes do irmãozinho que

recebe os cuidados maternos. Brincar com bonecas numa infinidade de formas está

intimamente ligado à relação da menina com a mãe.

O ato de brincar faz com que a criança experimente vivenciar a representação do que

pode acontecer na sua vida adulta. Uma vez que a brincadeira, tanto pode remeter a criança ao

passado, como ao seu futuro. Por meio da brincadeira, é possível desenvolver o imaginário, a

capacidade motora, pois tudo é transmitido de maneira espontânea, enriquecido pela

experiência sensorial, privilegiando o desenvolvimento afetivo, intelectual, criativo, tornando

o processo de aquisição do conhecimento em algo vivo, dinâmico, sendo construído e

transformado pelo imaginário da criança.

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23

3.2 O PAPEL DO BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO

Segundo Piaget (apud KAMI, 1991), o ato de brincar no contexto da educação infantil é

essencial na vida da criança, porque através da brincadeira a criança pode ter noção acerca

dos limites, noções de respeito ao próximo, senso do coletivo, desde que cada jogo seja

definido por etapas e sejam classificados em conformidade com a faixa etária de cada criança,

desenvolvendo assim, as bases para o desenvolvimento cognitivo, as quais são bem analisadas

pelo construtivismo. (KAMI, 1991).

A teoria piagetiana pretende explicar a capacidade de conhecer como fruto da interação

meio-X-organismo, responsável pela própria construção das estruturas mentais. De acordo

com essa teoria há três tipos de estruturas no organismo humano. Em primeiro lugar,

estruturas totalmente programadas, como a do aparelho reprodutor que nos capacitam

determinados comportamentos, tornando manifesto em determinadas épocas. Em segundo

lugar, as estruturas parcialmente programadas, como as do sistema nervoso, cujo

desenvolvimento e construção dependem já em grande parte do meio. Em terceiro lugar,

teríamos o que Piaget chama de estruturas programadas, que são as estruturas mentais

específicas para o ato de conhecimento. É claro que as possibilidades genéticas do ser

humano, com respeito às estruturas mentais específicas para o conhecer, estão determinadas

pela espécie, mas sua utilização vai depender do meio. (KAMI, 1991).

Piaget é convicto de que a hereditariedade desempenha um papel no desenvolvimento

cognitivo, embora ela sozinha não possa responder pelo desenvolvimento intelectual. Ele

afirmou que a hereditariedade impõe limites amplos para o desenvolvimento, em qualquer

momento. A maturação, a manifestação do potencial herdado, é o mecanismo pelo qual estes

limites são estabelecidos. Para ele (PIAGET, 1980, p. 78):

Maturação, no que se refere às funções cognitivas-conhecimento, simplesmente

determina o alcance das possibilidades num estágio específico. Ela não causa

atualização das estruturas. A maturação simplesmente indica se a construção de

estruturas específicas é oi não possível naquele estágio específico. Ela não contém

em si uma estrutura pré-formada, mas apenas abre as possibilidades. A nova

estrutura tem, ainda, que ser construído.

Assim sendo, a maturação (fatores herdados) coloca amplas restrições ao

desenvolvimento cognitivo. Estas restrições mudam à medida que a maturação progride. A

realização do potencial subtendido por estas restrições a qualquer ponto do desenvolvimento

depende das ações da criança sobre o seu meio. Dessa forma, a partir de um equipamento

biológico hereditário, a criança começa a formar estruturas mentais com a finalidade de

Page 110: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

24

organizar o caos de sensações e estados internos desconhecidos.

Quando nascem as crianças não são dotadas de capacidade mentais prontas, mas apenas

de alguns reflexos, como chupar e agarrar, além de tendências inatas de exercitá-las e

organizar suas ações. Herdam, portanto, não uma inteligência organizada, mas alguns

elementos (a estrutura biológica e neurológica) que determinam seu modo de reagir ao

ambiente, que é, no início da vida, absolutamente caótico para a criança. (PIAGET, 1980).

Devido à sua imaturidade neurológica e psicológica, a criança não tem qualquer

conhecimento da realidade externa (objetos, pessoas, situações) ou de seus estados internos

(fome, etc). Ou seja, a criança, através de seu aparato sensorial, dispõe apenas de sensações

provenientes tanto do exterior como do interior, mas de nenhuma capacidade para discriminar

qualquer uma delas.

Piaget defende que a construção das estruturas que permitirão o conhecimento da

realidade acontece na relação sujeito-X-meio através do processo de equilibração. O

equilíbrio é um fator interno, porém não geneticamente programado. Um processo de auto-

regulação, ou seja, uma série de compensações ativas do sujeito como reação a perturbações

exteriores. Isso porque o processo de equilíbrio é, na realidade uma propriedade intrínseca e

constitutiva da vida orgânica e mental: todo o organismo vivo mantém um estado de

equilíbrio nos intercâmbios com o meio com o fim de conservar sua organização interna.

(PIAGET, 1974).

O sistema cognitivo dos seres humanos participa da tendência de todos os organismos

vivos a restabelecer o equilíbrio perdido sendo que, nesse caso, o equilíbrio atua como um

verdadeiro motor de desenvolvimento. A adaptação do ser humano ao meio se realiza por

meio da ação, elemento nuclear da teoria piagetiana, responsável pela interação

meio/organismo. Nesse processo global de adaptação estão implicados os processos

complementares de assimilação e acomodação que ocorrem no âmbito do ato de brincar.

(KAMI, 1991).

O processo de assimilação se refere à tentativa, feita pelo sujeito, de solucionar

determinada situação, utilizando uma estrutura mental já formada, isto é, a nova situação, ou o

elemento é incorporado e assimilado a um sistema já pronto. Já o processo de acomodação

destina-se à modificação de estruturas antigas com vistas à solução de um novo problema de

ajustamento, a uma nova atuação, a adaptação à nova exigência da realidade.

Portanto, percebe-se que os processos de assimilação e acomodação são

complementares, acham-se presentes durante toda a vida do indivíduo e permitem um estado

de adaptação intelectual. Trata-se, portanto, de um aspecto extremamente dinâmico e envolve

Page 111: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

25

tanto a assimilação como a acomodação, possibilitando um crescimento no desenvolvimento

pessoal, na medida em que o sujeito adquiriu uma competência e uma flexibilidade cada vez

maior para lidar com as situações da prática. (PASCHOAL e MELLO, 2007).

Sendo assim, o desenvolvimento consiste numa passagem constante de um estado de

equilíbrio para um estado de desequilíbrio para um equilíbrio superior e, no processo, a

criança terá desenvolvido uma maneira mais eficiente (poderíamos dizer, mais inteligente) de

lidar com seu ambiente.

O sistema de Piaget requer que a criança atue sobre o meio ambiente para que ocorra o

desenvolvimento cognitivo. O desenvolvimento das estruturas cognitivas é assegurado

somente quando a criança assimila e acomoda os estímulos do ambiente, o que acontece

quando os sentidos da criança entram em contato com o meio ambiente. Quando a criança

está agindo no meio, movimentando-se no espaço, manipulando objetos, observando com os

olhos e ouvidos, ou pensando, ela está obtendo dados brutos para serem assimilados e

acomodados. Estas ações resultam no desenvolvimento de esquemas mentais. (KAMI, 1991).

Piaget preocupou-se mais com o estudo do desenvolvimento mental ou cognitivo, isto é,

com o desenvolvimento da forma como os indivíduos conhecem o modo exterior e com ele se

relacionam. Sua teoria defende que o desenvolvimento intelectual procede de uma série de

etapas definidas, cada uma delas com uma estrutura própria. Essas estruturas não são

observáveis, a única coisa que se observa são as condutas efetivas, concebidas como

manifestações dessa estrutura. Segundo Ferreiro (2008, p.119): “para Piaget a inteligência é,

antes de mais nada, adaptação. Não é uma ´faculdade´ da mente nem uma estruturação entre

outras: é preciso buscar seu modo de formação nos mecanismos sensório-motores mais

elementares”.

A inteligência aparece como a forma adaptativa mais elaborada, mais flexível e estável

quando o intercâmbio entre o organismo e os objetos que o rodeiam ultrapassa o imediato e o

momentâneo, aumentando as distâncias e alcançando relações mais complexas e integradas.

Apesar de centrar sua análise nos aspectos cognitivos, Piaget também aborda a relação

afetividade e cognição na medida em que considera que o desenvolvimento intelectual

apresenta dois componentes, um cognitivo e outro afetivo. Afeto e cognição formam uma

unidade no funcionamento intelectual. Para Piaget (1980, p. 96):

É impossível encontrar um comportamento oriundo apenas da afetividade, sem

nenhum elemento cognitivo. É igualmente, impossível encontrar um comportamento

composto só de elementos cognitivos... Embora os fatores afetivos e cognitivos

sejam indissociáveis, num dado comportamento, eles parecem ser diferentes quanto

à natureza. É óbvio que os fatores afetivos estão envolvidos mesmo nas formas mais

Page 112: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

26

abstratas de inteligência. Para um estudante resolver um problema da álgebra ou

para um matemático descobrir um teorema, deve haver um interesse-intrínseco, um

interesse extrínseco ou uma necessidade de partida. Enquanto trabalha, estados de

prazer, desapontamento, ansiedade tanto quanto sentimentos de fadiga, esforço,

aborrecimento e etc; entram em cena. Ao finalizar o trabalho, sentimento de sucesso

ou fracasso pode ocorrer; e finalmente o estudante pode experienciar sentimentos

estéticos fluindo da coerência de sua solução.

O aspecto afetivo tem uma profunda influência sobre o desenvolvimento intelectual.

Ele pode acelerar ou diminuir o ritmo de desenvolvimento ou ainda determinar sobre que

conteúdo a atividade intelectual se concentrará. De acordo com Piaget, o aspecto afetivo, em

si, não pode modificar as estruturas cognitivas (esquemas), embora, ele possa influenciar

quais as estruturas modificar.

A esse respeito, Piaget (1980, p. 76), salienta que:

Embora a questão afetiva cause o comportamento, embora ela acompanhe

constantemente o funcionamento da inteligência e embora ela acelere o freie o ritmo

de desenvolvimento, ela, em si mesma, no entanto, não pode gerar estruturas de

comportamento e não pode modificar as estruturas em cujo funcionamento ela

intervém.

À medida que os aspectos cognitivos se desenvolvem, há um desenvolvimento paralelo

da afetividade. Os mecanismos de construção são os mesmos. As crianças assimilam as

experiências aos esquemas afetivos do mesmo modo que assimilam as experiências às

estruturas cognitivas. O resultado é o conhecimento.

Muito embora se reconheça que nenhuma teoria possa ser colocada em prática, muitas

concepções oriundas dos estudos de Piaget passaram a fazer parte do discurso dos educadores

e serviram de base para diversas pesquisas sobre o processo de construção do conhecimento

pelo ser humano. Em destaque, têm-se as contribuições em pesquisas nas áreas de educação

matemática e na aquisição da leitura e escrita. Entretanto, é no nível conceitual mais amplo

que essas contribuições se fazem mais presentes. (KAMI, 1991).

Um exemplo disso é a própria noção de construção do conhecimento que define o

construtivismo. De acordo com Piaget (1980), não há conhecimento sem conceitos e o

conhecimento, por sua vez, parte da ação de uma pessoa sobre o meio em que vive. Se o

objeto do conhecimento é o meio, abrangendo os aspectos físicos e culturais, o sujeito do

conhecimento para Piaget (1980), é o sujeito epistêmico. Esse sujeito ideal, universal, não

corresponde a ninguém particular, embora sintetize as possibilidades de cada uma das pessoas

e de todas as pessoas ao mesmo tempo. É, então, o sujeito que constrói o próprio

conhecimento. (KAMI, 1991; KASHIMOTO, 2002).

Para Piaget, a aprendizagem será feita em função do nível de desenvolvimento

Page 113: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

27

cognitivo do sujeito. De maneira geral, somente progridem os sujeitos que se encontram em

um nível operatório próximo ao da aquisição da noção que será aprendida (nível

intermediário), pois está a meio caminho entre a ausência da noção e sua completa aquisição.

A aprendizagem pelo sujeito do conhecimento vai depender, portanto, do nível cognitivo

inicial desse sujeito, ou seja, o que um aluno pode realizar em termos de aprendizagem está,

obviamente, limitado por seu nível atual de competência cognitiva. (FERREIRO, 2001).

Nessa perspectiva, é aconselhável analisar os conteúdos da aprendizagem escolar com o

fim de se determinarem às competências cognitivas necessárias para que se possa assimilá-los

corretamente. Se uma criança é forçada a aprender um conteúdo que ultrapassa suas

capacidades, muito provavelmente o resultado, se é que obtém, será a memorização mecânica

ou a compreensão incorreta. Respaldando o exposto Cool (1996, p. 119) afirma:

A aprendizagem escolar não consiste em uma recepção passiva de conhecimento,

senão que em um processo ativo de elaboração; os erros de compreensão provocados

pelas assimilações incompletas ou incorretas do conteúdo são degraus necessários e,

freqüentemente úteis, neste processo ativo de elaboração.

Assim, o aluno constrói o conhecimento por meio de ações efetivas ou mentais que

realiza sobre o conteúdo da aprendizagem. A atividade auto-estruturante da criança, ou seja, a

atividade cuja origem, organização e planejamento correspondem à criança por meio do ato

de brincar é o melhor caminho para aprendizagem. Se as crianças cometerem erros, na

perspectiva construtivista estes serão tratados de forma positiva, isto é, a partir dele será

apresentado caminhos para superá-los.

A análise do erro sob esse prisma é, talvez, a idéia piagetiana de maior impacto na

educação. Para Andrade (2003), o modelo construtivista esforça-se, contrariamente ao

tradicional, não para eliminar o erro e sim lhe conferir uma condição bem mais positiva. A

meta é sempre a de chegar a erradicá-los das produções dos alunos, mas se admite que, para

chegar a tanto, é preciso deixá-los aparecer, até mesmo algumas vezes provocá-los, se

queremos conseguir tratá-los melhor.

O ambiente coloca continuamente a criança diante de questões que rompem o estado de

equilíbrio do organismo e eliciam a busca dos comportamentos mais adaptativos. No caminho

em busca de um novo estado de adaptação o “erro” é a natural consequência do

desenvolvimento da lógica interna da criança. Assim, o ponto de vista construtivista percebe o

erro sob uma nova condição: a de indicador e analisador dos processos intelectuais

desenvolvidos pelos educandos no processo de aprendizagem e um mecanismo através do

qual a lógica infantil se transforma em lógica adulta. (FERREIRO, 2001).

Page 114: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

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E, neste ponto, pode-se mencionar que Piaget valoriza a curiosidade intelectual e a

criatividade, sugerindo que o ato de conhecer é prazeroso e gratificante, constituindo-se em

uma força motivadora para o próprio desenvolvimento e construção de sentidos e

significados. (KAMI, 1991).

O ensino eficaz, em uma perspectiva construtivista, é o ensino que consegue ajustar o

tipo e a intensidade da ajuda ao processo de construção de significados realizados pelas

crianças. O processo de construção de significados que, em maior ou menor medida, é

realizado pela criança por intermédio da brincadeira que visa fixar conteúdos de ensino, é

inseparável do processo, mediante o qual atribui este ou aquele sentido a esses conteúdos.

Assim, a criança constrói determinado significado sobre os conteúdos, à medida que,

simultaneamente, atribuí-lhe determinado sentido sendo que o processo mediante o qual

chegam a atribuir um sentido ao que aprendem está diretamente vinculado aos ingredientes

afetivos e relacionais da aprendizagem escolar que utiliza a brincadeira como importante

ferramenta pedagógica. (COOL, 1996).

3.3 A BRINCADEIRA NA FORMAÇÃO SOCIAL DA CRIANÇA

Para Vygotsky (1987), o desenvolvimento infantil é construído de maneira gradativa,

sendo suas funções psicológicas construídas no decorrer de todo processo histórico. Para ele,

a criança pode utilizar a regra do jogo para regular o seu comportamento durante o processo

de interação social, uma vez que as maiores aquisições de uma criança são conseguidas ao

brincar. Isso ocorre porque o brinquedo suscita uma zona de desenvolvimento proximal da

criança, pois ao brincar a criança coloca em prática sua visão de mundo, podendo uma visão

mais ampla e real ser alcança com o auxilio dos educadores. (VYGOTSKY, 1987)

Por isso, Vygotsky (1987, p. 106) escreveu:

[...] se as necessidades não realizáveis imediatamente, não se desenvolvessem

durante os anos escolares, não existiriam os brinquedos, uma vez que eles parecem

ser inventados justamente quando as crianças começam experimentar tendências

irrealizáveis.

Embora seu tema central seja a relação entre pensamentos e linguagem, ele introduziu

uma perspectiva histórica na compreensão acerca do desenvolvimento infantil, procurando

demonstrar como o ser humano interage com os aspectos sociais e culturais. Antes mesmo de

concebida biologicamente, a criança já faz parte do universo cultural dos homens como objeto

do discurso dos outros e esse universo constitui o seu meio natural. (KHOL, 1995).

Page 115: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

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Vygotsky (1987) trabalha com a função mediadora dos instrumentos e dos signos na

atividade humana, fazendo uma analogia entre o papel dos instrumentos de trabalho na

transformação e no controle da natureza e o papel dos signos enquanto instrumentos

psicológicos, ferramentas auxiliares no controle da atividade psicológica.

O sistema de representação da realidade é a linguagem, sistema simbólico básico de

todos os grupos humanos. É o grupo cultural onde o indivíduo se desenvolve que fornece

formas de perceber e organizar o real, as quais vão constituir os instrumentos psicológicos que

fazem a mediação entre o indivíduo e o mundo.

A linguagem humana é fundamental para a mediação entre o sujeito e objeto de

conhecimento, ordenando em categorias conceituais cujo significado é compartilhado pelos

usuários dessa linguagem. Para Vygotsky: “Os conceitos são construções culturais,

internalizados pelos indivíduos ao longo de seu processo de desenvolvimento”. (Apud,

KOHL, 1995, p. 28).

É também o grupo onde o indivíduo se desenvolve que vai lhe fornecer, o universo de

significados que ordena em conceitos que podem ser espontâneos ou científicos. Os conceitos

espontâneos são desenvolvidos no decorrer da atividade prática da criança, em suas interações

sociais enquanto que os conceitos científicos são aqueles adquiridos por meio do ensino,

como parte de um sistema organizado de conhecimentos, ou seja, de sociedades letradas. Os

membros dos grupos culturais que não têm acesso aos conhecimentos científicos funcionam

com base em conceitos espontâneos, gerados nas situações concretas e nas experiências

pessoais.

É por isso que Vygotsky (1987, p.116) assegurou que:

[...] a interação com o brincar propicia à criança a criação de um espaço para a

realização de desejos, que não podem ser satisfeitos imediatamente na situação real,

através de situações imaginárias de faz-de-conta, que emancipam a criança das

pressões situacionais.

Para Vygotsky (1987), interação social é o maior fator do desenvolvimento humano,

pois permite que o ser entre em contato com o meio, sendo modificado por este e

modificando-o. Assim, a criança tem a possibilidade de construir não só a sua forma de

conhecer a realidade, como de interagir com ela. Por causa disto, ele concebe o ato de brincar

como um momento de maior interação. Por esta razão surge a necessidade de se voltar

atenção especial para esta atividade, principalmente no âmbito da educação infantil.

Isso porque, o processo de mediação social é uma operação, que inicialmente representa

uma atividade externa é reconstruída, começa a ocorrer internamente em um processo

Page 116: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

30

interpessoal, termina por transformar-se, até que uma função intrapsicológica aparece

mediante o processo de internalização. “A internalizacão não é um processo de copia da

realidade externa num plano interior já existente, é mais do que isso, é um processo em cujo

seio se desenvolve um plano interno da consciência”. (ONRUBIA, 1996, p.83).

Em outras palavras, todas as funções superiores se originam como relações entre seres

humanos. Para que se efetive a formação dos processos psicológicos é necessário que haja à

mediação.

Neste contexto, Vygotsky (1987, p. 451-452) considera que:

O processo de desenvolvimento não coincide com o de aprendizagem, o processo de

desenvolvimento segue-se ao de aprendizagem, que cria uma área de

desenvolvimento potencial.

Portanto, não existe desenvolvimento sem aprendizagem, nem aprendizagem sem

desenvolvimento, ou seja, os processos são interdependentes. O processo de aprendizagem

consiste em uma interiorização progressiva dos instrumentos mediadores e tem início no meio

exterior, por meio de processos de aprendizagem que somente mais adiante se transforma em

processos de desenvolvimento interno.

A concepção de que o aprendizado é que possibilita o despertar de processos internos do

indivíduo, liga o desenvolvimento da pessoa a sua relação com o ambiente sócio-cultural em

que vive. (KHOL, 1995).

Um aspecto relevante refere-se à constituição das funções psicológicas superiores,

principal objeto de interesse de Vygotsky. Enquanto processos voluntários, essas funções são

tipicamente humanas, pois (é o que difere dos animais) aparecem tardiamente e apresentam

um maior grau de autonomia em relação aos fatores biológicos, sendo resultado da

socialização e inserção do homem com o meio social.

Vygotsky chama a atenção para o fato de que para compreender adequadamente o

desenvolvimento deve-se considerar não apenas o nível de desenvolvimento real da criança,

mas também o seu nível de desenvolvimento potencial, isto é sua capacidade de desempenhar

tarefas com a ajuda de adultos ou de companheiros mais capazes. (ONRUBIA, 1996).

Este autor ainda explica o desenvolvimento humano com base na interação da criança

com a sua cultura, seu meio social, através do processo de mediação. Segundo ele, no

processo da aprendizagem humana dois níveis estão presentes. Ou seja, a aprendizagem se

desenvolve a partir Zona de Desenvolvimento Atual (ZDA) até alcançar a Zona de

Desenvolvimento Proximal (ZDP), levando o sujeito, finalmente, a adquirir autonomia.

(ONRUBIA, 1996).

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31

A ZDP é o lugar onde, graças aos suportes e a ajuda de outros, as crianças que no início

do processo necessitam de ajuda para avançar, podem se libertar realizando suas tarefas de

maneira autônoma. Ou seja, é possível ao educador oferecer uma ajuda ajustada no processo

de aprendizagem, criando zonas de desenvolvimento proximal e nelas intervir, oferecendo

assistência adequada. E, sem dúvida alguma, o ato de brincar é de suma importância para o

desenvolvimento da criação e a sua formação social.

De acordo com Onrubia (1996, p. 137):

Diante de um grupo de alunos que se sentem pouco competentes para as

aprendizagens escolares, que têm uma longa história de fracasso, que não mostram

interesse por aquilo que a escola pode lhes oferecer, buscar o vínculo afetivo e

emocional que sirva de suporte aos aspectos mais estreitamente cognoscitivos da

aprendizagem pode transforma-se em uma tarefa prioritária para o professor e para a

classe.

Uma característica típica da ajuda na ZDP é promover a utilização independente dos

conhecimentos aprendidos pelas crianças, permitindo continuar aprendendo de maneira

autônoma seu conhecimento, no processo de aprendizagem através da utilização de

brincadeiras. Um aspecto importante na criação da ZDP é justamente o relacionamento entre

o que as crianças sabem previamente e aquilo que tem de aprender, utilizando o uso adequado

da linguagem para avançar na ZDP, com um vocabulário acessível às crianças com termos

práticos e de forma explicita facilitando o processo de compreensão. A interação

educador/criança é fonte básica da criação da ZDP com a ajuda sistemática e organizada do

professor. No entanto a interação entre alunos é fundamental para que os participantes

progridam na aprendizagem através da ZDP. A ZDP garante que cada desenvolvimento seja

individual, apesar de sua construção interativa e social.

Nesse processo educacional, é fundamental a relação que se concebe entre

professor/aluno muito embora professor ocupe um lugar relativamente secundário no processo

de construção de conhecimento, que se interpreta como resultado de um ato autônomo do

aluno em interação com o objeto de conhecimento.

No entanto, cabe ao professor importante função a desempenhar como orientador, guia

ou facilitador da aprendizagem, sendo de sua competência criar condições para se produzir as

interações necessárias para que o aluno se aproprie do objeto de conhecimento. E, neste

contexto, a brincadeira como ferramenta pedagógica é de primordial importância uma vez que

permite com que o professor fixe conceitos, ministre conteúdos, proporcionando ao educando

o seu desenvolvimento motor, cognitivo, além do estabelecimento da interação social da

criança com o universo ao seu redor.

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32

Isso porque a prática de ensino deve ser entendida como um processo ativo da criança,

na qual a mesma enriquece os seus esquemas de conhecimento. Assim, a brincadeira deve

instigar e apontar, de forma essencial, para aquilo que as crianças não dominam e não

conhecem, colocando-as diante de situações novas, de conflitos sócio-cognitivos, atingindo a

ZDP, os quais servirão de base para uma eficiente aprendizagem.

Page 119: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

33

4 A BRINCADEIRA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: ALGUMAS REFLEXÕES E

DIRETRIZES PEDAGÓGICAS

A brincadeira no âmbito da educação infantil é algo que vem despertando cada vez mais

o interesse de pesquisadores e estudiosos acerca desta temática. Isso porque o ato de brincar

faz parte da vida da criança como algo inato, sendo inegável a vantagem da utilização da

brincadeira como ferramenta pedagógica no processo de ensino-aprendizagem. Uma vez que

o jogo, o brinquedo e a brincadeira auxiliam a criança no estabelecimento de ralações,

proporcionando assim aquisição de conhecimento, amadurecimento, desenvolvimento motor e

visão do mundo e das coisas que a cercam.

Além disso, a criança aprende a respeitar o outro, a respeitar regras, a compartilhar

coisas com o próximo, além de sentir prazer, divertir-se e adquirir conhecimento, dando asas a

sua imaginação, fantasia, de modo que o real e o imaginário convivam de maneira

complementar. É por isso que o ato de brincar no âmbito do processo de ensino-aprendizagem

é de suma importância, pois ajuda no desenvolvimento das habilidades motoras, sociais e

cognitivas. Isso porque o ato de brincar proporciona situações de conflitos, estabelece

ligações com o outro, devendo a criança estabelecer estratégias, seguir regras, de modo que

entenda, divirta-se e aprenda.

Todavia, é oportuno ressaltar que para a utilização do ato de brincar como ferramenta

pedagógica, é preciso que o educador saiba articular a brincadeira, estabelecer os objetivos

que deseja alcançar, levando em consideração os fatores sócio-culturais da criança, a estrutura

onde será realizada a dinâmica, assim como também seu tempo de atenção, de modo que a

criança tenha interesse, curiosidade, satisfação e prazer.

Dessa forma, a criança irá se sentir segura e capaz, porque estará motivada com a

dinâmica, que foi planejada para sua satisfação e aprendizado, impulsionando, assim, as

vantagens proporcionadas pelo ato de brincar como ferramenta pedagógica. (FREIDMANN,

1996).

As crianças não brincam mais como antigamente, quando as brincadeiras geravam

movimentos e interações com o outro possibilitando uma vida bem mais saudável e dinâmica,

promovendo de maneira satisfatória o seu desenvolvimento cognitivo, motor e de

conhecimento.

O ato de brincar oferece um desafio à criança. E, isso provoca estímulo, contato com o

novo, despertando a imaginação e o interesse da criança pela brincadeira no processo de

aprendizagem. Assim, o ato de brincar ajuda o professor no processo de mediação do

Page 120: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

34

conhecimento, pois a utilização de dinâmica no âmbito do processo de ensino-aprendizagem

desperta no educando indagações e curiosidade de toda natureza, porque só através desta é

que o conhecimento torna-se atrativo.

Daí surge a necessidade de a escola proporcionar as condições ideais para o professor

no âmbito da educação infantil utilizar jogos, brincadeiras, atividades práticas, de modo que a

escola possa possibilitar a inclusão das atividades lúdicas como ferramentas pedagógicas.

Visto que não adianta o professor saber utilizar o brincar como ferramenta do ensino, se este

não tiver as condições necessárias para tanto.

A escola precisa pensar o brincar não apenas como uma atividade recreativa, mas como

um instrumento importante no âmbito da educação infantil, de modo que os pais também

possam se conscientizar acerca da importância da atividade lúdica na aprendizagem e

incentivar e apoiar o educador na sua prática pedagógica.

4.1 O ESPAÇO ESCOLAR, A APRENDIZAGEM E O PRAZER

O ato de brincar, como foi enfatizado ao longo deste estudo, é algo natural, inato, que

pode ajudar no processo de aprendizagem infantil. Isso porque o brincar faz com que a

criança use não apenas a sua imaginação, como a incorpore ao real, fazendo com que a

apreensão do contexto a qual está inserida seja ampliada. Afora isso, a brincadeira permite

que os ciclos de desenvolvimento infantil sejam respeitados, sem deixar de ajudar na evolução

cognitiva, social e de aquisição do conhecimento.

A educação é um processo contínuo e permanente. Por causa disto, a escola deve

priorizar um ambiente saudável e digno para o desenvolvimento do processo de ensino-

aprendizagem. Neste contexto, pode-se situar o ato de brincar como um instrumento

pedagógico que auxilia a criança no seu processo de desenvolvimento motor, sensorial,

cognitivo, afetivo, de aquisição de conhecimento, pois permite que a criança estabeleça

relações com o outro, com o mundo a sua volta e consigo mesmo.

Assim, a educação infantil não apenas tem o dever de educar, mais o de recrear, de

promover interações, de modo que a criança possa avançar na aquisição do conhecimento e no

seu relacionamento com o meio e com as pessoas. Isso porque a escola deve cumprir seu

papel transformador em outras instâncias, pois a criança deve ser concebida como ser social,

parte integrante de um meio, de uma família, que devem ser levados em consideração no

decorrer do processo de ensino-aprendizagem.

Page 121: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

35

Além disso, cabe ressaltar ainda que o ato de brincar ganha especial significação no

momento em que na sociedade moderna privilegia-se o uso da tecnologia em detrimento de

brincadeiras e jogos do passado. Daí reside à relevância da escola como uma instituição

guardiã do ato de brincar, das tradições, costumes e bens culturais de uma sociedade. Nesse

sentido, o brincar, como momento de aprendizagem, é uma atividade que necessita ser

incluída na proposta pedagógica da escola, para proporcionar continuidade às ações

desenvolvidas em sala de aula.

O brincar necessita ser incluído na proposta pedagógica da escola, para proporcionar

novos caminhos para a aprendizagem, inovando as ações desenvolvidas em sala de aula e

primando por um espaço que possibilite à criança a vivência de um tempo com qualidade de

experiência.

Por causa disto Silva (2001, p. 14) escreveu:

A formação lúdica deve proporcionar ao futuro educador conhecer-se como pessoa,

saber de suas possibilidades e limitações, desbloquear suas resistências e ter uma

visão clara sobre a importância do jogo e do brinquedo para a vida da criança, do

jovem e do adulto.

O educador necessita estar informado a respeito dos métodos de ensino, de como

utilizar o ato de brincar na sua prática pedagógica, de modo que o lúdico pode ajudar de

maneira promissora no seu papel de mediar do processo de conhecimento e no

desenvolvimento infantil.

Neste contexto, é importante assegurar o caráter social da escola no âmbito do ensino-

aprendizagem e o papel que a atividade lúdica tem neste contexto. Isso porque a criança por

intermédio da brincadeira interage com outras crianças, com o educador e com os demais

membros da comunidade escolar, de modo que a criança possa se apropriar de papeis sociais,

da cultura e da visão de mundo, proporcionando, assim, conhecimento e a exploração do meio

a sua volta.

A criança deseja na escola satisfazer seus desejos, aprender com seus anseios levados

em conta. Assim, a escola, por intermédio das atividades lúdicas, pode transformar o ensino

em algo prazeroso, porque se torna em um lugar onde se pode aprender e se divertir ao

mesmo tempo. Desta forma, a criança pode apreender diferentes papéis na sociedade por

intermédio de representação dos mesmos, de modo que a sua imaginação incorpore

características do real. (VYGOTSKY, 1987).

A brincadeira não tem apenas um caráter de diversão ou de passatempo. Pela

brincadeira a criança, sem a intencionalidade, estimula uma série de aspectos que contribuem

Page 122: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

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tanto para o desenvolvimento individual do ser quanto para o social. A brincadeira desenvolve

os aspectos físicos e sensoriais. Os jogos sensoriais, de exercício e as atividades físicas que

são promovidas pelas brincadeiras auxiliam a criança a desenvolver os aspectos referentes à

percepção, habilidades motoras, força e resistência, dentre outras. (MELLO, 1999).

Outro aspecto ressaltado na brincadeira deve ser sobre o desenvolvimento emocional e

da personalidade da criança. Isso porque entre as razões que estimulam a criança a brincar,

está o prazer que esta proporciona, além de propiciar que a criança se exprima, colocando

para fora seus pontos de vistas, suas emoções, sua agressividade. Além disso, aumenta a

experiência e o estabelecimento de contatos sociais, permitindo com que a criança possa

verificar seus erros e acertos, podendo reformular sua estratégia, seu entendimento, dentre

outros fatores que podem dar lastro a novas ações. (FRIEDMANN, 1996).

O ato de brincar também é uma rica fonte de comunicação, pois até mesmo na

brincadeira solitária a criança, pelo faz de conta, imagina que está conversando com alguém

ou com os seus próprios brinquedos. Com isso, a linguagem é desenvolvida com a ampliação

do vocabulário e o exercício da pronúncia das palavras e frases.

A cognição e o desenvolvimento intelectual são exercitados em jogos onde a criança

possa testar principalmente a relação causa-efeito. Na vida real isto geralmente é impedido

pelos adultos para evitar alguns desastres e acidentes. Entretanto, no jogo ela pode vivenciar

estas situações e testar as mais variadas possibilidades de ações. (FRIEDMANN, 1996).

4.2 PAPEL DO PROFESSOR FRENTE AO UNIVERSO INFANTIL

A brincadeira, como pôde ser vista ao longo deste estudo, é algo de grande importância

na educação infantil. E, como mediador no processo de ensino-aprendizagem, o professor

possui papel fundamental tanto na sua prática pedagógica, como na utilização do ato de

brincar no âmbito de ensino, pois compete a ele a escolha, a estruturação, a limitação e

oferecimento de materiais utilizados na dinâmica, assim como a preparação do local.

O educador precisa ter consciência que a brincadeira no âmbito da aprendizagem é uma

ação voltada pra um sujeito social e, por intermédio desta, permite com que se construa a

subjetividade, a sensibilidade da criança, de modo que a compreensão da realidade concreta

possa ser percebida por intermédio do ato de brincar.

Possibilitar a utilização do lúdico no âmbito do processo de aprendizagem é o mesmo

que ajudar na utilização da criatividade, na criação dos sonhos, na promoção da interação

social, vinculando a aquisição de conhecimento ao prazer, a forma de como se pode aprender

Page 123: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

37

brincando, divertindo-se, tudo em um clima agradável e promissor. Nesse sentido, pode-se

afirmar que o brincar enquanto promotor da capacidade e potencialidade da criança deve

ocupar um lugar especial na prática pedagógica, tendo como espaço privilegiado a sala de

aula, onde as crianças tenham condições de participarem de atividades que deixem florescer o

lúdico.

Para que isso ocorra, faz-se necessário que o educador se veja como um dos

participantes, acompanhando as atividades, mediando os conflitos, estipulando a duração, de

modo que possa planejar as atividades, a fim de que ocorram de forma mais promissora

possível.

A atividade lúdica exige do professor desprendimento, conhecimento e crença na sua

utilidade, pois é necessário que ele esteja comprometido em proporcionar ao educando uma

prática pedagógica prazerosa, estimulante, um convite à curiosidade, ao interesse, a fim de

que a aquisição de conhecimento transcorra em um ambiente divertido, de interação social,

criatividade e imaginação.

Isso porque por intermédio da ludicidade a criança pode pensar, agir, sentir, aprender,

de modo que venha se desenvolver em um ambiente agradável, suave e instigante. Assim,

cabe ao educador analisar a prática pedagógica mais adequada, refletindo sobre sua concepção

de ensino, a fim de que possa ter clareza quanto à utilização do lúdico no processo de

aprendizagem.

O brincar para a criança é uma atividade mágica, uma forma de abstração da realidade.

É uma forma que a criança tem de mediar o mundo infantil e com o mundo adulto. As

atividades lúdicas representam a imaginação da criança em ação, elaborando seus processos

internos a fim de ajudar no processo de assimilação e compreensão da realidade.

Cabe, portanto, ao professor utilizar o lúdico como uma forma na qual o processo de

aquisição de conhecimento possa se estabelecer em um ambiente prazeroso, onde a criança

pode soltar sua fantasia, utilizar sua imaginação, construindo pontes entre o real e o

imaginário, de modo que possa assimilar, compreender e entender a dimensão do meio a sua

volta e da interação social. Assim, o professor irá ser um verdadeiro mediador do processo de

ensino-aprendizagem no âmbito escolar.

Page 124: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

38

4.3 A BRINCADEIRA NO ESPAÇO ESCOLAR: TIPIFICAÇÕES E

FUNCIONALIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A brincadeira é algo de primordial importância no âmbito do desenvolvimento infantil,

podendo ser utilizada como ferramenta pedagógica no processo de aprendizagem.

Vygotsky (1987) entende a brincadeira como um meio pelo qual a criança supre

algumas de suas necessidades, sendo também um meio de aprendizado, de desenvolvimento

da imaginação, da compreensão da realidade, do domínio de regras e da construção de uma

situação imaginária, base para o pensamento abstrato adulto.

O desenvolvimento infantil é permeado pelo ato de brincar. Suas possibilidades são

imensas. E, no âmbito do processo de educação, a brincadeira permite que a criança

estabeleça interações e possa ampliar seus horizontes de percepção e conhecimento, sendo

também instrumento de comunicação pelo qual a criança exprime seus sentimentos

(CARVALHO, ALVES e GOMES, 2005).

Noutras palavras, pode-se dizer que a brincadeira assume diversas funções no

desenvolvimento da criança, de maneira que o seu desenvolvimento social, cognitivo,

emocional, psicomotor e na aquisição do conhecimento ocorra de forma integral, partindo de

situações imaginárias e suas co-relações com situações reais.

Isso ocorre devido à funcionalidade da brincadeira no âmbito escolar, visto que a

brincadeira apesar de cada uma possuir suas características, objetivos, formas de utilização,

todas elas, indistintamente, funcionam.

O ato de brincar é algo inerente a natureza. Não há qualquer tipo de diferença de ordem

econômica, social, cultural capaz de impedir o surgimento do desejo de brincar. Uma vez que

a brincadeira permite que a criança estabeleça uma ampla variedade de interações, seja ela

social, cultural, sempre utilizando sua imaginação, sua capacidade motora, cognitiva, daí a sua

importância no âmbito da educação.

Page 125: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

39

Acerca das brincadeiras e suas implicações sociais, encontramos o seguinte quadro:

Quadro 1 – Descrição dos tipos de brincadeiras e suas implicações.

Brincadeiras/Tipos Implicações

Brincadeiras Solitárias Há muito que explorar no mundo: forma, textura (áspero, liso, escorregadio),

consistência (duro, macio), cor, gosto. Tudo deve ser explorado, sentido, cheirado,

experimentado. No início brincar, significa isso, e a presença de outra criança não

oferece nenhum interesse.

Brincadeiras em

paralelo

Antes de mostrar interesse nas brincadeiras de outras crianças, a criança que está

brincando ao lado de seus novos amiguinhos, sem fazer esforço para estabelecer

contato. Ficará contente em brincar ao lado de outras crianças, “em paralelo” e se

absorverá na sua própria atividade.

Observar Brincadeiras Uma modificação muito grande acontece quando a criança passa a mostrar interesse

nas atividades de outras crianças. No início, tal interesse parecerá bastante passivo, e

bom espaço de tempo será gasto, simplesmente, na observação de brincadeiras. Pode-

se notar, porém, que esse comportamento será bem diferente de uma olhada sem

compromisso, pois a criança estará obviamente envolvida, muito absorvida em sua

observação.

Brincar com os outros

do próprio grupo

Os primeiros movimentos em direção a se juntar as brincadeiras de um grupo podem

tanto ser tranquilos quanto tempestuosos; isto depende do grupo em questão e da

criança que pretende juntar-se.

Brincadeiras

Cooperativas

Na brincadeira cooperativa é muito importante pertencer ao grupo. A criança tem um

lugar definido, bastante diferente daquele decorrente da atividade individual que

caracteriza as brincadeiras solitárias ou em paralelo e, diferente até, da simples

socialização peculiar ao processo de se juntar a um grupo. A criança toma parte em

atividades compartilhadas, fazendo as mesmas coisas, divide brinquedos, espera a sua

vez, trabalha com outros. A conversa é principalmente em torno da própria atividade.

Cooperação Complexa Nesse tipo de brincadeira as crianças assumem papéis, esperam a vez, e toda atividade

depende mais do desempenho conjunto do grupo. Certas brincadeiras, como imitar

papai e mamãe, por exemplo, podem durar vários dias ou semanas, com graus variáveis

de elaboração e com instruções causadas por outros interesses. A conversa gira

principalmente em torno dos papéis representados.

Fonte: Maluf (2003, p. 25).

No quadro acima pode ser observado como a criança no seu processo de

desenvolvimento interage com o ato de brincar e que cada tipo de brincadeira possui as suas

implicações, fazendo com que cada criança reaja de maneira diferente em seu contato com a

brincadeira. Daí a necessidade do educador levar em consideração na sua prática pedagógica

as peculiaridades de cada tipo de criança, uma vez que só assim o processo de aquisição do

conhecimento poderá ser promissor.

Page 126: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

40

Quadro 2 – Descrição da forma básica, dos detalhes e dos exemplos da brincadeira.

Forma Básica Detalhe Exemplos

Brincar

Físico

Motor Amplo Construção

Destruição

Blocos de Montar

Argila/Areia/Madeira

Motor Fino Manipulação

Coordenação

Blocos de encaixar

Instrumentos musicais

Psicomotor Aventura

Movimento Criativo

Exploração sensorial

Brincar com objetos

Aparelhos de subir

Dança

Modelagem de sucata

Mesa descobertas

Brincar

Intelectual

Linguístico Comunicação/Função/

Explicação/Aquisição

Ouvir/

Contar histórias

Científico Exploração/ Investigação/

Resolução de problemas

Brincar com água/

Cozinhar

Simbólico/Matemático Representação/faz-de-

conta/mini-mundo

Casa de bonecas

Teatro/Jogos com números

Criativo Estética/Imaginação

Fantasia/Realidade

Pintura/Desenho/

Modelagem

Brincar

Social/

Emocional

Terapêutico Agressão/Regressão/

Relaxamento/Solidão/

Brincar Paralelo

Madeira/Argila/Música

Linguístico Comunicação/

Interação/Cooperação

Marionetes/Telefone

Receptivo Domínio/Controle Qualquer coisa

Empático Simpatia/Sensibilidade Animais de estimação/

Outras crianças

Autoconceito Papéis/Emulação

Moralidade/Etnicidade

Oficinas de serviços/

Discussão

Jogos Competição/Jogos Jogos de palavras/Números

Fonte: Maluf (2003, p. 25).

No quadro 2, é possível verificar como o brincar pode influenciar de maneira positiva a

criança nos seus aspectos físicos, sociais e emocionais. Para cada tipo de brincadeira, para

cada especificidade da criança, há um fator que pode influenciar no processo de

desenvolvimento da criança. Visto que o universo e os precedentes abertos pelo ato de brincar

são inúmeros, cabendo ao educador saber explorar as dinâmicas que se mostrem mais

promissoras para o educando, levando em consideração as particularidades de cada um, o

local onde serão realizadas, bem como o tempo de duração e outros fatores que precisam ser

analisados para que possa haver eficácia do ato de brincar como uma ferramenta pedagógica.

Assim, o professor pode utilizar diversos tipos de materiais, de objetos em suas

dinâmicas. Há alguns brinquedos industrializados também que podem ser utilizados no

processo de aprendizagem, assim como objetos e materiais que podem ser reciclados. Como

exemplo, pode-se ensinar alguns conceitos matemáticos por intermédio de caixas de fósforo,

ou por intermédio de dados efetuados com papel, ou ainda, com boliche com garrafas pet,

além de muitos outros materiais. Porém, é oportuno salientar que esses materiais precisam se

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41

enquadrar às características da atividade, bem como ao local onde será desenvolvida a

dinâmica.

O educador para trabalhar com movimentos e danças, pode criar objetos que podem

servir como instrumentos musicais e sons, como latas de tambor reciclado, chocalho de lata

de refrigerante, garrafas de água mineral, além de muitos outros. Assim, o educador pode

envolver a criança na produção dos próprios instrumentos que serão utilizados na dinâmica,

de modo que estas possam utilizar suas habilidades, criatividade, uma vez que além de reduzir

os custos da dinâmica, faz com que a criança se comprometa com a produção da diversão em

si.

Isso porque qualquer material, desde que trabalhado com criatividade, pode ser utilizado

em uma dinâmica, uma vez que o processo pedagógico pode ser desenvolvido utilizando-se a

estratégia de aprender brincando, utilizando-se os mais variados objetos no âmbito de ensino-

aprendizagem.

Afora isso, os jogos podem ser utilizados também no processo de aprendizagem, uma

vez que as regras estabelecidas neles incrementam o espírito lúdico e a necessidade humana

de comunicação da qual as brincadeiras infantis são a manifestação do imaginário, do real e

da visão do mundo das crianças. Existem vários tipos de jogos como: jogo de xadrez; jogo de

futebol; jogos olímpicos; jogo de damas; jogos de azar; jogo de palavras; jogo de empurra,

entre outros. Os jogos desempenham papel importante no desenvolvimento físico e intelectual

da criança, podendo ser fortes aliados no âmbito do ensino.

Outro fator que deve ser ressaltado nos jogos infantis são os jogos simbólicos; neles

originam-se a imitação e representação. No jogo simbólico existe uma verdade subjetiva: este

jogo constitui uma transposição simbólica que submete as coisas à atividade própria, sem

regras ou limitações, permitindo que a criança exercite sua fantasia, imaginação, indo além da

realidade, como também sendo utilizados como recurso terapêutico, de estímulo, dentro da

estratégia pedagógica adotada pelo professor.

Isso porque o jogo possibilita a percepção da criança além da sua realidade, além de

desenvolver seus aspectos motor, social, intelectual e afetivo, de modo, a contribuir de

maneira significativa no processo de aprendizagem, haja vista que o jogo exige da criança

uma série de operações cognitivas como classificação, seriação, antecipação, conservação,

compensação, ação, reação, unindo essas operações às emoções suscitadas na criança.

(KISHIMOTO, 2002).

Brincando e jogando a criança aplica seus esquemas mentais à realidade que a cerca,

apreendendo-a, assimilando-a e reproduzindo as suas vivências. O jogo é uma necessidade

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infantil, tem uma finalidade educacional porque começa como exercício funcional. Daí a

necessidade de se inserir o jogo no âmbito do processo de ensino-aprendizagem, pois o

mesmo pode ser carregado de significações e conteúdos de ensino, desde que utilizado de

maneira adequada pelo docente.

Além disso, toda criança gosta de jogar. Isso porque por intermédio do jogo, a criança

pode experimentar, colocar para fora seus sentimentos, vivências, de modo que possa se

inserir no meio entre outras crianças.

Através do jogo, a criança satisfaz suas necessidades que não podem ser realizadas em

outro contexto ou de forma imediata. Assim, o jogo utilizado na escola pode ajudar a criança

na satisfação dos seus desejos, auxiliando na aprendizagem, pois a criança terá sua atenção

voltada para o conteúdo, uma vez que o jogo utilizado como ferramenta pedagógica ajuda na

fixação do conhecimento.

Por causa disto, o educador necessita incorporar o jogo no ambiente escolar, pois ele é

uma ferramenta importante dentro da prática pedagógica, pois pode contribuir de maneira

promissora para a aquisição do conhecimento, assim como para o desenvolvimento

intelectual, corporal e psicológico da criança, ajudando também no processo de interação do

educando na escola e no seu relacionamento com os familiares, pois o jogo por ter regras,

exigir estratégias, pode levar a criança a respeitar os limites, a autoridade do superior, como

também o seu parceiro ou oponente no âmbito do jogo, apreendendo noções de civilidade, de

respeito ao próximo e as diferenças.

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Quadro 3 – Descrição dos materiais e atividades, assim como os exemplos do potencial lúdico.

Material/Atividade Exemplos do Potencial Lúdico

Argila, massa de modelar,

areia, água, blocos grandes

Crianças agressivas e disruptivas podem obter satisfação ao ser legitimamente

construtivas e destrutivas. Tais materiais permitem a sociabilidade: embora as

crianças muitas vezes trabalhem sozinhas, pelo menos garantem que elas

trabalhem em paralelo ou mesmo cooperativamente com os colegas.

Mini-mundos As crianças mandonas e implicantes em geral ficam satisfeitas ao controlar seu

mini-mundo de garagem, fazenda ou casinha. As crianças aquisitivas podem fazer

pequenos itens com sucata e ficar com eles. A imaginação se desenvolve a partir

das experiências reais e correntes na esfera da fantasia e do futuro.

Marionetes, telefones, TV,

espelhos

Todos ideais para as crianças com necessidades de linguagem de qualquer tipo.

Dois telefones (pode ser de brinquedo) vão encorajar a interação. Uma televisão

(sem tubo de imagem), ou uma caixa grande com uma tela cortada, vai encorajar

apresentadores de telejornal e da previsão do tempo que, se tiverem disponível as

roupas adequadas, também podem se vestir para ocasião. As crianças com

dificuldades de articulação se beneficiam imensamente ao brincar diante de um

espelho, especialmente se tiverem um adulto para modelar as palavras e os sons.

Classificação/materiais

naturais e manufaturados

Escolha para as crianças com dificuldades perceptivas e para aquelas com

problemas de retenção.

Jogos de cartas, de tabuleiro

e da memória

Ajudam à motivação e a concentração, desenvolvendo o autocontrole,

especialmente se, nos primeiros dias, forem jogados na companhia de um adulto.

Os dois últimos jogos auxiliam particularmente a memória, assim como os jogos

com palavras.

Ursinhos, bonecas, super-

heróis, família de bonecos

Brinquedos macios ajudam as crianças solitárias ou perturbadas, transmitindo

conforto e companhia. Esses materiais podem ajudar a criança a elaborar um

problema em segunda mão, assim, como os livros e as histórias, fazendo com que

elas estejam no controle.

Aparelhos e recursos

locomotores dentro e fora

da sala

Eles frequentemente dão à criança letárgica ou hiperativa chance de experimentar

sentimentos de bem-estar físico e mental.

Lojas, “cantinho da casa”,

figurinos

Ajuda as crianças mais jovens a resolver do “eu”, você, eles explicar melhor,

aprender cooperação, coordenação das necessidades pessoais e alheias, usarem a

linguagem, a imaginação, a paciência, as experiências e a concentração. A

criança tímida ou abusada pode “ser” outra pessoa durante alguns momentos.

Fonte: Maluf (2003, p. 25).

No quadro acima está descrita uma série de materiais e atividades que demonstram o

potencial lúdico de cada uma, bem como o perfil da criança que melhor se sobressai nela. Isso

precisa ser levado em consideração, pois o educador antes de inserir o ato de brincar no

processo de aprendizagem, necessita levar em consideração as peculiaridades de cada criança,

haja vista que cada criança responde de forma diferente ao estímulo, além do fato de

receberem influência variada da família e do contexto social em que vivem. Daí a necessidade

de se analisar as características de cada uma, pois só assim o ato de brincar poderá ser

utilizado de maneira promissora, tendo seu potencial lúdico explorado ao máximo.

Isso também deve ser levado em consideração ao brinquedo, uma vez que é um suporte

para brincadeira, e supõe uma relação íntima com a criança, com suas aptidões, seus gostos, e

que precisa ser utilizado em conformidade com as preferências da criança e com um sistema

de regras que organize sua utilização. (KISHIMOTO, 2002).

Page 130: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

44

O brinquedo desempenha papel primordial no desenvolvimento da criança, assim como

é um meio extremamente favorável para a criança conhecer o mundo a sua volta, para se

relacionar com o adulto, haja vista que permite que se realizem descobertas, que a criança

solte sua imaginação, suas emoções, influenciando assim, suas ações, seu pensamento e

reações. “O brinquedo é uma atividade que gera prazer, ao mesmo tempo em que atende as

necessidades das crianças”. (SEVERINO, 1991, p. 181).

Nesse sentido o brinquedo facilita a apreensão da realidade e é muito mais um processo

do que um produto. Ou seja, consiste em um processo, uma operação mental que implica em

envolver uma ação física, sentimentos, além de provocar na criança desafio mental,

favorecendo a construção do saber-fazer. É um instrumento onde a criança explora o mundo,

passando a entender melhor seus sentimentos, suas idéias, traduzindo a realidade para o

mundo infantil.

Assim, pode-se enfatizar que o ato de brincar é algo típico da infância, isto é, uma

atividade natural da criança, que não implica em compromisso, planejamento ou seriedade e

que envolve comportamentos espontâneos e geradores de prazer, levando a criança além da

realidade, desempenhando um papel decisivo na evolução dos processos de desenvolvimento

humano, como maturação, aprendizagem, imaginação, emoção, pensamento, dentro muitos

outros.

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45

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No discorrer desta pesquisa foi possível identificar na literatura acerca da educação

infantil a importância do ato de brincar no desenvolvimento da criança. Isso porque a criança

possui uma série de peculiaridades que necessitam ser levadas em consideração no processo

de aprendizagem. Daí a necessidade da escola proporcionar a criança maneiras para que ela

possa aprender de maneira agradável, saudável, a fim de que suas potencialidades possam ser

exploradas de maneira promissora.

Nesse ínterim foi possível entender que o lúdico contribui de maneira significativa para

o desenvolvimento integral da criança, podendo ser utilizado como ferramenta dentro da

prática pedagógica, uma vez que o ato de brincar proporciona oportunidades de socialização,

afetividade, levando a criança a soltar sua imaginação, bem como a oportunidade do professor

fixar conteúdos por intermédio de jogos, brincadeiras, despertando a curiosidade e o interessa

da criança.

Além disso, o ato de brincar ajuda a desenvolver a memória, a linguagem, o

pensamento, a atenção, o sentimento da criança, pois o ato de brincar é impulsionado por uma

necessidade que só pode ser satisfeita quando a criança sai da realidade e parte para o

imaginário, suprimindo, assim, as suas necessidades e seus desejos irrealizáveis no cotidiano,

o que contribui de maneira significativa para interação da criança no ambiente escolar.

Então, é inegável a influência exercida do brincar no desenvolvimento cognitivo e

social da criança, pois além de contribuir de maneira significativa no desenvolvimento motor,

contribui na interação social da criança e na sua maturação intelectual, de modo que ela possa

se relacionar com os demais colegas de sala, com a comunidade escolar, familiares e amigos.

É imprescindível que o brincar seja utilizado no âmbito do processo de ensino-

aprendizagem. Desde que o professor esteja preparado para utilizar o brincar como

instrumento pedagógico, levando em consideração a natureza de cada dinâmica, a estrutura

onde será realizado, o tempo de duração, o conteúdo que se deseja transmitir, a organização,

enfim, tudo que diz respeito à brincadeira, à atividade ou ao jogo utilizado, pois toda dinâmica

como ferramenta para o ensino deve ser utilizado da melhor maneira possível, a fim de que os

objetivos possam ser atingidos.

Afora isso, faz-se necessário também que o educador tenha consciência acerca das

particularidades de cada criança, uma vez que cada uma delas possui características próprias,

reagindo de maneira diversa a cada atividade desenvolvida. Assim, é preciso que o professor

conheça o potencial lúdico de cada atividade, de modo a utilizar a que melhor se encaixa no

Page 132: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

46

perfil da criança, pois este é o caminho viável para consecução dos objetivos propostos em

cada atividade.

Por fim, é oportuno ressaltar que a escola precisa proporcionar ao corpo discente e

docente a estrutura necessária para a inserção do brincar no processo de ensino-aprendizagem,

desde a estrutura adequada, assim como os materiais utilizados nas dinâmicas, pois sem o

apoio da escola, torna-se inviável a inserção do brincar como ferramenta pedagógica, bem

como da conscientização dos pais acerca da importância do brincar no desenvolvimento

integral da criança, passando a ser concebido como um elemento indispensável dentro do

processo de aprendizagem.

Page 133: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

47

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Page 136: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA – UFPB VIRTUAL

UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL –UAB

CURSO DE PEDAGOGIA NA MODALIDADE A DISTANCIA

JOCÉLIA SANTOS BATISTA DE SOUZA

INTERDISCIPLINARIDADE ATRAVÉS DAS CANTIGAS DE RODA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

DUAS ESTRADAS – PB

2011

Page 137: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

1

JOCÉLIA SANTOS BATISTA DE SOUZA

INTERDISCIPLINARIDADE ATRAVÉS DAS CANTIGAS DE

RODA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Trabalho de Conclusão de Curso - TCC apresentado como requisito para obtenção do título de Graduação em Pedagogia Plena na Modalidade a Distância pela Universidade Federal da Paraíba – UFPB Virtual. Orientadora: Karla Lucena de Souza

DUAS ESTRADAS – PB 2011

Page 138: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

2

JOCÉLIA SANTOS BATISTA DE SOUZA

INTERDISCIPLINARIDADE ATRAVÉS DAS CANTIGAS DE RODA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Trabalho de Conclusão de Curso submetido ao corpo docente do Curso de Pedagogia na Modalidade a Distância promovido pela Universidade Federal da Paraíba.

Aprovada em: ___/ ___/ ___

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________

Professora Karla Lucena de Souza – UFPB (Orientadora)

______________________________________________ Professor. Dr. Marcello Fernandes Bulhões Martins

(Examinador Interno)

______________________________________________ Professor. Ms. Sam Thiago Borges

(Examinador Interno)

Page 139: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

3

Ao meu esposo, pelo companheirismo e apoio incondicional. Aqueles que me ensinaram a amar a vida, com base na ética e na perseverança os quais não desistiram de mim, investindo na minha educação como fator primeiro para minha formação, a quem chamo de pai e mãe. A minha família, pelas palavras de incentivo. A todos que fazem educação, em especial, aqueles que amam a educação.

Dedico

Page 140: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

4

AGRADECIMENTOS

Sou grata a Deus por todas as coisas permitidas em minha vida.

Aos meus pais que sempre me incentivaram a estudar e seguir uma profissão

na qual almejasse.

Agradeço a meu esposo, amigo e companheiro nas horas que eu mais

precisei.

A todos que acreditam no meu trabalho e na minha força em lutar sempre por

uma educação melhor para todos.

Page 141: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

5

Perceber-se Interdisciplinar

É sentir-se componente de um todo. É saber-se filho das estrelas,

Parte do universo e um universo à parte... É juntar esforços na construção do mundo, Desintegrando-se no outro, para, com ele,

Reintegrar-se no novo... É ter consciência de que a natureza o gerou;

De que é fruto dela, jamais seu senhor... É saber que a humanidade terrena surgiu de uma evolução,

E que, talvez, não seja ela única no espaço sideral...

É saber que a liberdade está em afirmar-se integrando-se, Que o crescer histórico consiste em ser retratado,

Nunca eternamente impedido... É reconhecer no “uni – verso”, “unidade na diversidade”

E estar consciente de que o evoluir é lei geral... É saber que, etimologicamente, “mundris” é pureza

E (quem sabe?) encontrar a paz interior... Pois,

“Quando a mente é perturbada, produz-se a multiplicidade das coisas;

quando a mente é aquietada, a multiplicidade das coisas desaparece”.

(Maria Elisa de M. P. Teixeira)

Page 142: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

6

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo analisar a prática das brincadeiras e cantigas de

roda através da perspectiva interdisciplinar no espaço escolar da Educação Infantil

(Educação Infantil) na qual contempla as séries do 1ª ao 3ª ano do ensino

fundamental da Escola Municipal de Ensino Fundamental Francisco Felipe dos

Santos – Duas Estradas-PB. A pesquisa buscou atender enfoco teóricos sobre a

perspectiva histórica – conceitos e concepções das brincadeiras infantis, o ato de

brincar e a ação interdisciplinar que todo esse processo abarca dentro do espaço

escolar. Embora a interdisciplinaridade já esteja sendo por muito tempo no círculo

das discussões, é percebido que alguns educadores ainda sentem inquietações em

sua execução. Um olhar sobre o desenvolvimento que essa ação promove se

baseou também na pratica desafiadora que o processo de mudança provocada nos

educadores. Adotou-se a pesquisa, descritiva e exploratória, na qual fez-se uso de

entrevistas com docentes da referida escola. O estudo procurou priorizar e

oportunizar sua liberdade de conhecimento, criando e recriando capacidades de

aprender cada vez mais o que foi transmitido da melhor forma possível, com a

finalidade de um maior desenvolvimento na formação das crianças através do prazer

e divertimento do brincar que acima de tudo implique no aprendizado integral das

crianças, os fazendo cidadãos de direitos, aptos a participar com igualdade e

respeito na sociedade que esteja inserida.

Palavras-chave: Interdisciplinaridade. Cantigas de Roda. EducaçãoInfantil

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7

ABSTRACT

This work aims to analyze the practice of games and rhymes through interdisciplinary

perspective in the school of early childhood education in which contemplates the

series of the 1 st to 3 rd year of primary School Municipal Elementary School

Francisco Felipe dos Santos - Two Roads -PB. The survey sought to meet theorists

focus exclusively on the historical perspective - concepts and principles of children's

play, the act of playing and interdisciplinary action that this process embraces within

the school environment. Although interdisciplinarity is already in the long round of

discussions, it is noticed that some teachers still feel uneasiness in his running. A

look at the development that promotes this action is also based on practices that the

challenging process of change caused educators. We adopted the research,

descriptive and exploratory, which was made use of interviews with teachers of that

school. The study sought to create opportunities and prioritize their freedom of

knowledge, creating and recreating ability to learn more what has been handed the

best possible way, with the aim of further developing the training of children through

the pleasure and fun to play that up all learning involves full of children, making them

citizens of rights, able to participate equally in society and respect that is inserted.

Key-words: Interdisciplinarity. CantigasdeRoda.Early Childhood Education.

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8

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 09

2 BRINCADEIRAS INFANTIS NA PERSPECTIVA HISTÓRICA – CONCEITOS E CONCEPÇÕES...........................................................................

15

2.1 A Importância do Ato de Brincar....................................................................... 17

3 A AÇÃO INTERDISCIPLINAR NAS CANTIGAS DE RODA....... 19

3.1 A Interdisciplinaridade no Espaço Escolar........................................................ 21

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.................................. 25

4.1 Caracterização da Pesquisa............................................................................. 27

4.2 Participantes – Sujeitos Envolvidos.................................................................. 28

4.3 Instrumento e Coleta de Dados........................................................................ 29

5 ANÁLISE DOS DADOS.............................................................. 31

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................ 38

REFERÊNCIAS...................................................................................................... 44

ANEXOS

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9

1 INTRODUÇÃO

Tendo conhecimento do universo da criança, suas particularidades e

singularidades no âmbito das práticas educacionais, percebe-se que o mundo

infantil, deve ser construído, desvendado e reconhecido como um espaço voltado

para uma visão rica e diversificada, que perceba e compreende o processo da

aprendizagem escolar da criança como aspecto primordial para seu

desenvolvimento físico, motor e afetivo.

Sabe-se que a educação de crianças pequenas é vista como um elemento

desafiador, e neste processo de ensinar, cuidar e aprender leva-se em consideração

todos os aspectos essenciais a ela, bem como os diversos procedimentos que o

educador deve desempenhar na escola para que esse procedimento do instruir-se,

do viver, aceitar e assimilar aconteça e se desenvolva de acordo com o que diz

Vygotsky (1998), na qual a criança nasce em um meio cultural repleto de

significações social e historicamente produzidas, definidas e codificadas, que são

constantemente ressignificadas e apropriadas pelos sujeitos em relação,

constituindo-se, assim, em motores do desenvolvimento.

Na escola, a existência do brincar é natural, é comum encontrar essa prática

sendo em sua maioria vivenciada, transmitida e aprendida através das interações

que as crianças têm umas com as outras, partindo dos conhecimentos que fora

transmitidos de geração em geração, os quais proporcionaram muitas possibilidades

do aprender, resgatado e trazido de casa, ampliadas e externadas pelo falar, agir,

sentir, ser, viver e se relacionar.

Observa-se que o contato das crianças com as brincadeiras muito tem se

diversificado, brincar hoje, pressupõem outras variantes, principalmente depois dos

avanços do meio moderno, onde acultura da criança passa a ser cultura para

criança, movida pelo desejo dos brinquedos industrializados, idealizado para durar

pouco, viabilizando a linha do consumismo demasiado, que nesta proposição

influencia de maneira direta no repertorio de brincadeiras disponíveis a crianças

principalmente no contexto escolar.

No entanto, pela amplitude e variedade existente de brincadeiras infantis é

possível perceber que essa prática ainda vem sendo executadas nos momentos de

aula e recreação nas escolas, oriundas de uma pedagogia encantadora que

Page 146: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

10

enriquece toda a motricidade, linguagem e prazer de aprender brincando. Os

avanços na educação infantil mostraram que as crianças conseguem se desenvolver

cognitiva e afetivamente diante do brincar, em ambientes organizados (JOWETT;

SYLVA, 1986).

As manifestações naturais e espontâneas, denominadas brincadeiras infantis,

praticadas no cotidiano escolar é fruto de uma tenra infância, de uma cultura que se

carrega imperceptivelmente, que neste caso não pode ser suprimida tão pouco

estagnada, antes deve ser legitimada e instigada no ambiente da escola como

elemento central de uma perspectiva educativa, que viabiliza as formas de

conhecimento que a criança carrega enquanto discente, as quais serviram de base

em tantos outros momentos de suas vidas.

As competências trazidas pelas crianças à escola são aquelas vivenciadas

em casa. Se puderam vivenciar essas experiências, tiveram a oportunidade

deconstruir um repertório maior sobre as brincadeiras e seus conhecimentos,

cabendo a escola o papel tomar proveito dessas habilidades e transformar o prazer

em espaços de conhecimento, ressignificando seus sentidos no contexto de novas e

desafiadoras aprendizagens.

Diante do exposto, visando trabalhar com cantigas de roda dentro da

perspectiva interdisciplinar onde as atividades são desenvolvidas para e pela criança

com encanto e recreação, promovendo ao mesmo tempo intencionalidades que

servem de base para disseminar nas crianças aprendizagens múltiplas, levando a

assimilação e aumento do brincar no contexto de sua vivência cotidiana, questiona-

se na diversificação do brincar, se é possível que a interdisciplinaridade seja

trabalhada através das cantigas de roda na educação infantil? Como se dá essa

relação interdisciplinar? E se o espaço escolar promove essa ação dentro das

brincadeiras infantis voltadas para as cantigas de roda?

Tomando consciência da necessidade desse olhar que se aprimora sobre as

possíveis aprendizagens tendo o foco a questão interdisciplinar e a contextualidade

do aprender brincando, essencial em toda e qualquer criança as quais apresentam

consigo possibilidades infinitas de desenvolvimento, de interação e de

aprendizagem, ligadas aos estímulos e as oportunidades que lhe são apresentadas.

O interesse de estudar as questões interdisciplinares parte da visão holística

que o universo infantil tem e com propriedade, a ação adquire novos significados. As

razões de se trabalhar com esse tema está apontada para as contribuições que as

Page 147: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

11

áreas do conhecimento podem proporcionar as crianças um maior conhecimento

voltado para a compreensão dos elementos que estão ao seu redor, ou seja, sua

realidade, visto que tal postura garante a construção de modo a romper os muros

das disciplinas, uma vez que a mera transmissão não contemplaria um ensino

satisfatório que neste caso se justifica porque estabelece a integração e a promoção

de uma qualidade curricular mais acentuada em todo contexto escolar, pois as

muitas formas do aprender contextualizado atingem a transmissão e reprodução de

várias atividades no espaço escolar e tem entre outros fins o de conhecer e adquirir

aprendizagens, em vista, preservar e resgatar a cultura das crianças como diz Freire

(1997, p.13): "Negar a cultura Infantil é, no mínimo, mais uma das cegueiras do

sistema escolar".

A prática do brincar proporciona à criança a oportunidade de aprender a

viver socialmente, consegue compreender e respeitar regras, desempenhando

normas, em grupo entende e partilha movimento os quais são importantes para a

interação e o diálogo. Em sala essa dicotomia do brincar e aprender podem ser

exploradas e usadas ao longo das múltiplas atividades do discurso escolar.

Entretanto, essa pesquisa tem como objetivo geral, analisar a possibilidade

de trabalhar a interdisciplinaridade através das cantigas de roda, quanto ao seu

relacionamento e promoção das brincadeiras na educação infantil, subsidiado pelos

objetivos específicos, que se compete a:

Identificar em que momento as brincadeiras de roda se fazem

presentes no cotidiano da sala de aula;

Verificar como a interdisciplinaridade é desenvolvida em sala de aula

e/ou espaço de recreação;

Analisar como as ações interdisciplinares podem ser desenvolvidas

tendo como base as brincadeiras de cantigas de roda;

Apontar em quais níveis o trabalho interdisciplinar é desenvolvido na

escola com as crianças.

É a partir das brincadeiras que a criança estabelece suas experiências na

qual começa a incluir-se com o mundo de maneira mais intensa, ao se deparar com

as áreas do conhecimento na escola por vezes sentem certo estranhamento visto

que na fase inicial o seu saber não é muito segmentado.

Page 148: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

12

Nesta troca de saberes, quando adentram no Ensino Fundamental menor, os

jogos e brincadeiras da cultura popular representam à preservação de valores

sociais de uma classe e/ou comunidade, é através dessas vivências que as crianças

aprendem o significado das atividades grupais, experimentam diferentes papéis e

adquirem experiências sociais que terão significados para a formação da

personalidade (FRIENDMANN, 1996).

Para tanto, as brincadeiras conseguem ir além do prazer de brincar, e mesmo

que este princípio focalize sua principal importância, a promoção de vários outros

saberes consegue ser adquiridos, pensados e assimilados, isto é, em decorrência

desse processo, tendo em vista a introdução de conteúdos, as crianças ampliam

abertamente seu universo de conhecimento aprimorando seu desenvolvimento, pois

as brincadeiras nutrem e alimentam a imaginação das crianças, seu o espírito

criador do faz-de-conta consegue ser explorado, onde o brincar se faz novo a cada

possibilidade brincada, sendo (re)descoberto, (re)vivido, (re)aprendido (PEREIRA,

2002).

É no aprendizado transmitido que cada criança apresenta e manifesta um

repertório ímpar na construção do saber, e neste sentido, não se pode negar que o

brincar é hoje, entrada para olhar o outro, cujas intenções produzem o respeito, a

integração e aceitação que atinge a diversidade de gênero que culmina também a

infância.

A proposta do educador nesse aspecto é essencial, sendo importante que

atenda as necessidades das crianças, possibilitando a elas mergulhar cada vez mais

na simbologia do mundo que as cercam, devem, portanto, conhecer e reconhecer o

brincar como um momento importante, de interação, influência mútua e

desenvolvimento, conferindo liberdade às crianças levando em consideração sua

função de mediador na ação fundamental de se estar sempre harmonizando

momentos enriquecedores por meio das brincadeiras, e deste momento tirar o

máximo de proveito possível, devendo possibilitar as crianças sua entrada no mundo

de possibilidades.

Sabendo que a Educação Infantil detém muita relevância na formação do

sujeito, sobretudo na contemporaneidade que flui sobre a força da globalização. A

emergência de se adquirir cada vez mais novas maneiras de ensinar e aprender são

de fundamental importância para o desenvolvimento integral desses sujeitos. Uma

das questões que se inquieta é como formar esse cidadão, e como formar esse

Page 149: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

13

cidadão tão novo e cheio de essência. Neste sentido, a interdisciplinaridade aparece

não como um mero mecanismo e estratégia para um ensino que foge o

tradicionalismo das disciplinas separatistas, mas como postura de conhecimento

frente à vida e a realidade do cotidiano escolar, que abrange sérias transformações

de ver e conceber o mundo ao seu redor.

Para tanto, a composição dessa análise tem em sua abordagem

subsequente, tendo início com a Introdução, seguida de alguns capítulos, que

serviram de referências e parâmetro desse estudo. O capítulo I, aborda as

Brincadeiras Infantis na Perspectivas Históricas – Conceitos eConcepções, que

discorre sobre, o processo o surgimento das brincadeiras tradicionais e populares,

na qual retrata com grande ênfase os estudos do autor Fhilippe Áries, durante a

Idade Média no século XVII. Tem como subtítulo “A importância do ato de brincar”,

que complementa a compreensão dessas brincadeiras hoje, levando em

consideração a expressão e o comportamento das crianças frente ao processo

escolar subsidiado entre outras teorias pelo Referencial Curricular da Educação

como fulcro dos princípios norteadores das ações referente à criança na

espontaneidade do brincar.

O capítulo II, A Ação Interdisciplinar nas cantigas de Roda,visa compreender

como esse tipo de brincadeira pode ser desenvolvido e vivenciado na escola.

Expressa e reflete algumas concepções desse ato que é transmitido de geração em

geração através de um resgate cultural que transforma no prazer e na arte do

brincar, subsidiado pelo subtítulo “A interdisciplinaridade no espaço escolar”, que

busca não apenas conceber sua importância e significado voltado para a Educação

Infantil, mas se caracteriza como eixo central dessa pesquisa, pois está

fundamentado em uma proposta rica e desafiadora da prática pedagógica, que

estabelece mudança e atitudes comportamentais dos educadores frente ao processo

de transformação que a educação hoje se insere.

Acrescido a esse estudo, o capítulo III, trás os Procedimentos Metodológicos,

que demonstram quais os caminhos foram percorridos para que o estudo fosse

executado. No entanto, a pesquisa se apresenta descritiva, porém, não participante,

cujo observador apenas descreve as características da pesquisa elencada. É

exploratória e qualitativa, com enfoque na entrevista entre os sujeitos como técnica

para a coleta de dados. Por tratar de uma abordagem metodológica de investigação

que está relacionada à busca compreender, explorar ou apresentar fatos, busca

Page 150: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

14

refletir sobre possíveis conflitos com relação ao fenômeno estudado. Para tornar-se

enfática, a metodologia apresenta três subtemas, que se inicia com caracterização

da Escola Municipal de Ensino Fundamental Francisco Felipe dos Santos / Duas

Estradas - PB, como universo da pesquisa, que demonstra as seis professoras da

Educação Infantil do 1º ao 3º ano, manhã e tarde como população e/ou sujeitos

participantes envolvidos nesse estudo.

O instrumento usado assim como a coleta de dados deu-se por uma

entrevista as docentes da referida escola tendo como base seis perguntas

discursivas e abertas, que norteou uma maior interpretação do possível problema

que delineou e contribuiu para as informações necessárias no desenvolvimento

desta pesquisa.

O capítulo IV, trata da Análise de Dados, compreendido pelas falas das

educadoras entrevistas, delineados criticamente, como substratos para a

compreensão da temática abordada, de forma que, a partir desse recorte, possa

apresentar uma visão do tema discutido de forma mais concreta e menos

generalista. E logo em seguida as Considerações Finais, as quais acredita que as

abordagens feitas nesse estudo sirvam de inspiração e motivação para que se

perceba a importância da interdisciplinaridade como fonte de conhecimento as quais

podem ser alicerçadas pelo prazer de brincar em todos os momentos do convívio

escolar das crianças e o desafio que tem a escola pública, como autoras e

responsáveis na formação de sujeitos capazes para as múltiplas convivências nas

diferentes práticas sociais.

Page 151: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

15

2 BRINCADEIRAS INFANTIS NA PERSPECTIVA HISTÓRICA –

CONCEITOS E CONCEPÇÕES

As brincadeiras tradicionais são, em algumas situações sociais,vista e

determinadas como brincadeiras populares, praticadas pelos sujeitos infantis, em

boa parte por crianças de classe social menos privilegiada. Acontecem com mais

frequências nos espaços de casa, nas ruas, bairros e são também encontradas em

pátios de escolas quando conseguem fazer parte do cotidiano entre os participantes

na interação e recreação que acontece entre as próprias crianças.

A ênfase das brincadeiras de faz-de-conta, são por vezes influenciadas pelas

situações do mundo adulto, onde a criança se deixa levar pela construção das

atividades simbólicas, uma vez brincando, representam casinhas, escolinhas,

brincam de pai e mãe entre outros... Spodek eSaracho 1998, p.210, afirma que é

muito “difícil definir a brincadeira, mas, em certo sentido, ela se auto-define”. As

brincadeiras habituais são manifestações inspiradas no foco regional, que se

caracteriza pela forte influência dos costumes culturais de um determinado povo.

Muitos autores e estudiosos colocam o brincar como eixo principal quando o assunto

está relacionado ao desenvolvimento integral da criança.

Philippe Ariés (1981) em pesquisas realizadas em documentos da Corte

francesa, menciona as brincadeiras usadas durante a Idade Média na Europa, no

século XVII, na ocasião relata os brinquedos que interessavam ao filho do Rei (o

Delfim), que posteriormente tornou-se Rei da França com o nome de Luís XIII. Foi

através de documentos escritos pela classe mais privilegiada que as concepções de

brincadeiras também foram propagadas, no entanto, Ariés (1981, p.82) afirma que

na primeira metade do século XVIII, “na corte de Henrique IV, as crianças, reais

legitimas e bastardas recebiam o mesmo tratamento que todas as outras crianças

nobres, não existindo uma diferença absoluta entre os palácios reais e os castelos

fidalgos”.

Diante desse apanhado feito pelo autor, observa-se que as brincadeiras

realizadas pelo filho do Rei eram as mesmas praticadas pelas outras crianças do

reino, o que se induz a pensar que as classes sociais ainda não eram separadas

radicalmente. Ainda no substrato do que afirmou Ariés, as brincadeiras que

envolviam a criança na primeira infância; tais como: cavalo de pau, cata-vento, e

Page 152: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

16

pião. Uma rebeca foi lhe dada ainda por volta de um ano meio, bem como uma

carruagem cheia de bonecas.

Com três anos de idade brincava com miniaturas de madeira. Aos cinco anos

praticava arco e flecha e participava de danças populares. Mesmo depois dos seis

anos de idade quando foi levado a abandonar os trajes de infância, e os brinquedos,

não abandonou as brincadeiras, observa-se que elas são descritas por Áries são

conhecidas até hoje, muitas dessas brincadeiras da infância de séculos

antecedentes permanecem vivos e aflorados na memória mesmo que os valores das

atividades lúdicas venham a se transformar com o passar dos tempos.

O aparecimento das diversas brincadeiras infantis está ligado à reprodução

das mesmas. Assim como elas, os jogos também podem nessa escala, ser visto

como algo que não se pode datar, uma vez que sua raiz está ligada a origem dos

seres humanos. Delorme (2004) afirma que desde as civilizações mais antigas,

dentre elas a Egípcia e a Grega, observam-se as brincadeiras que permeavam as

ações diárias. Os registros que se tem das brincadeiras infantis são provenientes

das diferentes culturas, que remota à pré-histórica, época que evidencia que é

natural do ser humano, independente de sua ascendência que demarcam o tempo, a

atividade do brincar se faz presente em todo processo de desenvolvimento

civilizatório.

A educação de crianças pequenas ficava a cargo da família; embora não

houvesse instituições de ensino na época, os pais e irmãos mais velhos ensinavam

às brincadeiras as crianças. Para tanto, com a institucionalização, o processo

gradativo da educação começa a ser desmembrado do colo familiar.

Retomando mais uma vez a Philippe Ariés, é imprescindível agruparmos

nesta discussão o conceito ou a ideia que se tem da criança, sobretudo da infância,

a qual foi historicamente construída onde, por muito tempo, não foi vista como um

ser em desenvolvimento, com características e necessidades próprias, e sim como

um adulto em miniatura. Ou seja, a história da infância, ou a concepção sobre a

criança em si, surge como possibilidade para muitas reflexões sobre a forma como

entendemos e nos relacionamos atualmente com a ela. Em toda cultura antiga, a

criança não foi valorizada, na qual apenas o mundo adulto fora considerado.

Posteriormente, observa Delorme (2004), que os movimentos culturais do

século XVII e XVIII, puseram a ideia de criança em forte ascensão, distinguindo o

mundo adulto do infantil. Neste aspecto, um novo olhar é atribuído à criança, as

Page 153: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

17

mudanças na postura em relação à utilização de atividades lúdicas na educação

começam a ganhar notoriedade. A educação Infantil conquista seu espaço,

mudando o antigo conceito de ensino, que busca apreciar e valorizar a criança em

todos os aspectos, físico, psíquico, social, cultural. As brincadeiras, no entanto,

passam a servir de base para as diversas ações didáticas, visando à aquisição de

conhecimentos antes jamais pensada.

2.1 A importância do Ato de Brincar

Diante de seres em desenvolvimento, as brincadeiras vão sendo também

desenvolvidas de acordo com cada estágio vivenciado pela criança. É ao longo

desse processo que elas vão construindo novas competências que possam levá-las

a compreender de forma clara o mundo a sua volta. As brincadeiras se apresentam

nos seis primeiros anos de vida e uma criança com muito mais eficácia do que em

qualquer outro estágio dela, a espontaneidade de algo que é novo é vivenciado com

muita intensidade e prazer.

Packer (1994, p.271) afirma que brincar é uma atividade prática, “na qual a

criança constrói e transforma seu mundo, conjuntamente, renegociando e

redefinindo a realidade”; “uma construção da realidade, a produção de um mundo e

a transformação do tempo e do lugar em que ele pode acontecer”. A participação da

criança nesta atividade “requer um senso de realidade compartilhado do que é

verdadeiro ou falso, certo ou errado”.

Sabe-se que o brincar também pode está relacionado a tradição oral, cantar

neste sentido, implica aumentar as múltiplas alternativas de reinventar a modalidade.

Além de ser um modo a mais no que faz divertir impulsiona a troca e a interação

com o outro que é muito importante também para essa fase.

A importância do brincar para o desenvolvimento infantil está relacionada ao

fato de que também contribui para possíveis mudanças na relação da criança com

os objetos, pois estes perdem sua força determinadora na brincadeira. “A criança vê

um objeto, mas age de maneira diferente em relação ao que vê. Assim, é alcançada

uma condição que começa a agir independentemente daquilo que vê” (VYGOTSKY,

1998, p.127).

A criança aprende a brincar, deste modo o brincar é cultural, pois nenhuma

criança nasce sabendo. Neste sentido é necessário que elas convivam com o outro

Page 154: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

18

para aprender com ele. É na interação, nas relações de convivência que os aspectos

de aprender fazer se tornam nascidos.

Segundo Cascudo (1988, p.58) “o brincar trazidos pela memória, todos

gratuitos, alguns com música, facilitando a decoração, outros com ritmo que substitui

a música, fácil, bonita, inesquecível”, isto é, a brincadeira ou o universo do brincar

deve ser considerado como único e inegável a criança.

O brincar além de ser um direito assegurado por lei, é para a criança algo

significativo que não pode ser negado. É que tem de mais belo e sério, intrínseco e

essencial. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil estabeleceu a

brincadeira como um de seus princípios norteadores, definindo-a como um direito da

criança em seu desenvolvimento, pensamento e capacidade de expressão, além de

situá-la em sua cultura.

As atividades de brincadeira na Educação Infantil são praticadas há muito

tempo, tornando-se imprescindível que o professor distinga o que é brincadeira livre

e o que é atividade pedagógica que envolve brincadeira.Se quiser fazer brincadeiras

com a turma, deve considerar que o mais importante é o interesse da criança por

ela; se seu objetivo for a aprendizagem de conceitos, habilidades motoras, pode

trabalhar com atividades lúdicas, só que aí não está promovendo a brincadeira, mas

atividades pedagógicas de natureza lúdica(MEC, 1998).

Page 155: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

19

3 A AÇÃO INTERDISCIPLINAR NAS CANTIGAS DE RODA

As cantigas e brincadeiras de roda advêm das experiências de vida de uma

determinada coletividade humana. São conjuntos de canções anônimas,

inominadas, que fazem parte da cultura espontânea de um povo sendo

consideradas como manifestações do brincar infantil.

Melodia simples e de fácil repetição musical, as cantigas de roda conquistam

por apresentar um repertório que inclui entre a dança o jogo cênico, um variedade

de fatores tal como o aprimoramento oral da linguagem que se refaz no ato de

brincar. Possivelmente, esteja alinhado ao termo FOLK-LORE, “saber tradicional do

povo”, que no dia vinte e dois de agosto de 1846, foi pensado pelo arqueólogo inglês

William John Thoms, através de suas pesquisas. Por meio da coletânea de contos,

lendas, provérbios, adivinhas, mitos, adágios, canções, narrativas, e dizeres

populares, transmitidos oralmente, organizada por ele, mostrava-se seu interesse

nas chamadas “Antiguidades Populares” (Frade, 1997), disseminam a origem desse

resgate na transmissão que perpassam gerações.

Segundo Camara Cascudo (1988), as Brincadeiras-de-roda referem-se a

brincadeiras do folclore dançadas ou cantadas apresentando melodias e

coreografias simples. Grande parte delas se apresentam com os participantes se

colocando em roda e de mãos dadas, mas existem também variações, como os

brinquedos-de-roda assentada, de fileira, de marcha, de palmas, de pegar, de

esconder, incluindo também as chamadas para brinquedos e as cantigas para

selecionar jogadores.

De acordo ainda com Cascudo (1988), mantendo correlação com

modalidades diversas de canções populares, as Cantigas e Brincadeiras-de-Roda se

destacam pela sua presença "(...) apesar de serem cantadas uma dentro das outras

e com as mais curiosas deformações das letras, pela própria inconsciência com que

são proferidas pelas bocas infantis" (ibid., p.676). São conduzidas oralmente por

vezes adormecidas, mas ressurgidas "numa sucessão ininterrupta de movimento e

de canto quase independente da decisão pessoal ou do arbítrio administrativo" (ibid.,

p.146).

Page 156: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

20

Conhecendo o mundo infantil, bem como o gosto pelo brincar, através desse

apanhado, temos em mãos fortes sinais de que as cantigas de roda podem e devem

ser lançadas no contexto escolar para as crianças da Educação Infantil sob formade

brincadeiras atendendo o lúdico, tendo em vista o universo do brincar, buscando

elementos e pressuposições de comoeles são realizados e construídos na escola,

aceitando as cantigas de roda como elemento fundamental na assiduidade das

brincadeiras, visando condições de aceitabilidade e motivação das crianças com

relação às dicotomias que invadem as brincadeiras e os saberes que podem ser

adquiridos através delas.

Segundo, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil(RCNEI),

é por meio do brincar que a criança desenvolve sua identidade e sua autonomia,

podem ainda aprimorar sua capacidade de atenção, imitação, memória, e

imaginação principalmente das brincadeiras de faz-de-conta (BRASIL, 1998, v.2,

p.22). Para as crianças, a brincadeira é a melhor maneira que a criança tem em se

comunicar com o outro. Brincando, elas aprendem muito sobre o mundo a sua volta,

tendo a oportunidade de se integrar da melhor forma possível (BRASIL, 1995, p.58).

A importância de valorizar as brincadeiras como prioridade desde cedo na

Educação Infantil é uma questão emergente. A oportunidade do brincar neste

aspecto merece ser lembrada como ponto de partida para que a aprendizagem se

evidencie na escola e fora dela.

Segundo Neira & Nunes (2008, p.252).

Socializar e ampliar o repertório de brincadeiras, rodas cantadas e lengalengas pertencentes à cultura corporal. Conhecer suas variações regionais, procedimentais e nominais. Adaptá-las para as condições do grupo (número de alunos, espaço físico, tempo de aula). Adotar uma postura participativa e não preconceituosa em relação às diferenças físicas, sexuais e raciais.

Áries(1981), aponta o conceito ou a ideia que se tem da criança, sobretudo da

infância, a qual foi historicamente construída onde, por muito tempo, não foi vista

como um ser em desenvolvimento, com características e necessidades próprias, e

sim como um adulto em miniatura.

A criança teve em seu passado um histórico excludente, era vista como algo

sem valor, alheia a sociedade, hoje, dona de temas e debates, a criança está no

centro discussões, sendo analisada e estudada para uma maior e melhor

Page 157: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

21

compreensão de sua vida e efetivação no processo escolar. Talvez não se tenha

atentado para o fato de que jogos, como amarelinha, pegador, cantigas de roda têm

exercido, ao longo da história, importante papel no desenvolvimento das crianças.

As abordagens pelo interesse em formar crianças, teve um crescimento muito forte,

uma vez que a necessidade em torná-las aptas para exercer seu papel na sociedade

se tornou prioridade em todo país.

Hábitos de aprender brincando possivelmente ficaram um pouco adormecidos

na prática de algumas escolas, pois toda criança aprende mais e melhor quando se

diverte e se essa ação não for praticada na escola o que poderá ocorrer é um déficit

de crianças com prováveis dificuldade e deficiência no aprender.Buscar as causas

da dificuldade ou ainda detectar o problema é um principio questionador, uma vez

que é soluto aceitar e praticar estratégias de ensino para que as crianças sintam-se

convidados a se apaixonar pelo aprender de forma prazerosa e instintiva, garantindo

sua formação, seu desenvolvimento, suas habilidades de conhecer, entender, ler e

escrever o mundo a sua volta.

3.1 A Interdisciplinaridade no Espaço Escolar

O debate frente às transformações educacionais na contemporaneidade é de

fato emergente. Muito se tem ouvido falar nesse processo de mudança que

continuamente busca alcançar a sociedade acelerada. Por vezes, os possíveis

encalços de um ensino mal sucedido tenham levado educadores a pensarem numa

prática desafiadora a qual rege uma postura diferenciada do seu habitual. Neste

caso, a educação assim como a infância está alicerçada num campo de investigação

teórico –metodológico de natureza interdisciplinar, que se diz inter, numa visão de

ensino compartilhado, integrado, voltado para estratégias de formação das crianças

do agora.

No Brasil, o responsável por introduzir as compreensões sobre

interdisciplinaridade, foi o autor Japiassú, decorrentes do Congresso de Nice, na

França, em 1969. No entanto, Ivani Fazenda são responsáveis por propagar do

tema no Brasil, onde Japiassú apoia-se em foco temático epistemológico, e

Fazenda, pedagógico. Segundo (ALVES, BRASILEIRO e BRITO, 2004). De acordo

Page 158: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

22

com eles, a interdisciplinaridade é vista como saída para as dificuldades e

problemas da disciplinaridade, tida na contextualidade como doença, devendo, ser

superada/curada, pelo meio da prática interdisciplinar. Segundo Japiassú (1976), à

interdisciplinaridade faz-se mister a intercomunicação entre as disciplinas, de modo

que resulte uma modificação entre elas, através de diálogo compreensível, uma vez

que a simples troca de informações entre organizações disciplinares não constitui

um método interdisciplinar. Segundo (FAZENDA, 1993), a interdisciplinaridade

surgiu em um período caracterizado por movimentos e reivindicações que

apontassem um ensino mais sintonizado com as amplas questões de ordem social,

política e econômica da época. A própria autora Ivani Fazenda (1993, p.69-70)

afirma que:

A metodologia interdisciplinar parte de uma liberdade científica, alicerçada no diálogo e na colaboração, funda-se no desejo de inovar, de criar, de ir além e suscita-se na arte de pesquisar, não objetivando apenas a valorização técnico-produtiva ou material, mas, sobretudo, possibilitando um acesso humano, no qual desenvolve a capacidade criativa de transformar a concreta realidade mundana e histórica numa aquisição maior de educação em seu sentido lato, humanizante e libertador do próprio sentido de ser no mundo.

Antes de afinar o discurso sobre as questões interdisciplinares no contexto

escolar, tomando como base as cantigas de roda,énecessário a compreendê-la de

forma íntegra e coerente. Ainda segundo Japiassú (1976), à interdisciplinaridade

faz-se mister a inter comunicação entre as disciplinas, de modo que resulte uma

modificação entre elas, através de diálogo compreensível, uma vez que a simples

troca de informações entre organizações disciplinares não constitui um método

interdisciplinar. Para tanto, na década de 60, mais precisamente em seu final, a

interdisciplinaridade chegou ao Brasil exercendo uma forte influência na estrutura e

elaboração das diretrizes curriculares para a educação, lei número 5.692/71, que

desde então passa a ser contemplada com mais ênfase na nova LDB, lei nº

9.394/96, bem como configurada nos documentos dos Parâmetros Curriculares

Nacionais (PCN’s).

A interdisciplinaridade supõe um eixo integrador, que pode ser o objeto de conhecimento, um projeto de investigação, um plano de intervenção. Nesse sentido, ela deve partir da necessidade sentida pelas escolas, professores e alunos de explicar, compreender, intervir, mudar, prever, algo que desafia uma disciplina isolada e atrai a atenção de mais deum olhar, talvez vários (BRASIL, 2002, p. 88/89).

Page 159: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

23

Sobre esses aspectos, sobretudo da sua grande relevância dentro das novas

estratégias de ensino, é possível acreditar que a interdisciplinaridade possa ocorrer

como base estrutural em sala de aula, atribuindo um novo olhar para o prazer de

aprender por vezes adormecido na educação. A proposta em questão trata em

conhecer o universo das brincadeiras de roda a partir desse olhar interdisciplinar,

transparecendo elementos que constituem a amplitude de enxergar a criança como

seres capazes de concretizar aprendizagens distintas. Para Sonia Kramer (1996,

p.28):

Estudar a infância exige, como, vimos, consciência interdisciplinar, mas exige, também o entendimento que a interdisciplinaridade, longe de significar justaposição de perspectivas teóricas diversas, só pode se gerada se as ciências humanas e sociais se tornarem dialéticas, tomando o sujeito social – neste caso, a criança – no âmago da vida social e da pesquisa.

Na educação Infantil, a formação do sujeito deve ser de grande relevância,

uma vez que a criança passa a ser entendida não apenas como um ser imaturo sem

saberes. É preciso salientar que o universo da criança seja em primeiro plano

contemplado, para que esses sujeitos possam integralmente sentir-se parte da

sociedade, e para isso, novos estilos de ensinar se faz cada vez mais presente no

contexto educacional vigente. Para tanto, a interdisciplinaridade que vai além de

uma mera opção do ensinar e aprender surge como uma nova maneira de conceber

a realidade frente ao conhecimento, que estabelece uma ruptura com modelos

tradicionais de ensino. Embora alguns autores afirmem que a interdisciplinaridade

não tenha sentido totalmente definido, a sua prática somente dependerá se fazer

presente mediante as atitudes e postura do professor.

Entendemos por atitude interdisciplinar, uma atitude diante de alternativas

para conhecer mais e melhor; atitude de espera ante os atos consumados,

atitude de reciprocidade que impele à troca, que impele ao diálogo - ao

diálogo com pares idênticos, com pares anômalos ou consigo mesmo -

atitude de humildade diante da limitação do próprio saber, atitude de

perplexidade ante a possibilidade de desvendar novos saberes; atitude de

desafio - desafio perante o novo, desafio em redimensionar o velho - atitude

de envolvimento e comprometimento os projetos e com as pessoas; atitude,

pois, de compromisso em construir sempre da melhor forma possível,

atitude de responsabilidade, mas, sobretudo, de alegria, de revelação, de

encontro, enfim, de vida (FAZENDA, 1993).

Page 160: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

24

De acordo com esses significados percebe-se que a educação atravessa um

momento de grande mudança no que diz respeito ao processo de qualificação de

ensino, bem como a formação dos sujeitos de direitos aqui denominados de

crianças. A partir dessa reflexão consegue-se compreender a

interdisciplinaridadecomo um novo paradigma que redescobre o sujeito fazendo

capaz de pensar, agir e ultrapassar suas próprias habilidades.

Page 161: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

25

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Tendo percebido a importância do contato com o universo das brincadeiras de

roda na Educação Infantil que enfatiza as crianças como elemento central dessa

pesquisa para uma visão interdisciplinar, o estudo dessa pesquisa explora alguns

recursos teórico-metodológicos que serviram de subsídio assistencial para

determinar o método e o percurso da investigação circunstanciada. Minayo (1994,

p.16), explica o método como sendo “o caminho do pensamento e a prática exercida

na abordagem da realidade”.

Isto é, busca-se viabilizar entre outros aspectos, procedimentos

metodológicos que procuram atender as perspectivas do estudo elencado,

sobretudo no processo de construção e compreensão desse processo tendo as

brincadeiras de roda no aspecto essencial dessa proposta (CASTRO apud KÖCHE,

1976), diz que toda pesquisa em sua amplitude deve perpassar pela etapa

preparatória de planejamento, mantendo práticas e diretrizes de forma completa.

Tais determinações devem ser pensadas de imediato, mesmo entendendo a

flexibilidade que toda pesquisa tem, o trabalho que a antecede é de fato

indispensável a sua prática.

Sobre a caracterização, essa pesquisa é do tipo descritiva, pois tenta delinear

as propriedades dos elementos, descrevendo as características do assunto

estudado, não participante visto que o observador apesar de ter concebido relação

com os sujeitos pesquisados ou realidade estudada, não integrou-se a ela,

conservando a neutralidade na tomada de decisões.

Deve-se salientar que a pesquisa teve enfoco descritivo, porque entre outros

aspectos aqui elencados,desde os dados registrados e analisados que procurou

encontrar suas causas e relações com os fatos.

Segundo Gil(1994, p.46),

Algumas pesquisas descritivas vão além da simples identificação da existência de relações entre variáveis, pretendendo determinar a natureza dessa relação. Neste caso tem-se uma pesquisa descritiva que se aproxima da explicativa. Mas há pesquisas que, embora definidas como descritivas a partir de seus objetivos, acabam servindo mais para proporcionar uma nova visão do problema, o que as aproxima das pesquisas exploratórias.

Page 162: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

26

Neste sentido, a pesquisa também é exploratória, pois, teve o intuito de

conhecer enfaticamente o fenômeno estudado. De acordo com Malhotra (2001,

p.155) a pesquisa qualitativa é uma “metodologia de pesquisa não-estruturada,

exploratória, baseada em pequenas amostras, que proporciona insights e

compreensão do contexto do problema”. Do ponto de vista de seus objetivos essa

pesquisa visa proporcionar maior intimidade com o problema com vistas a torná-lo

explícito, envolve também o levantamento a dialogicidade com os sujeitos que

tiveram experiências práticas com a problemática pesquisada assim as análises

estimularam de forma essencial a sua compreensão, pois se procurou trabalhar

levando em consideração valores, crenças, opiniões, representações e atitudes.

Diante do fenômeno estudado, a pesquisa em sua abordagem se caracteriza

qualitativa, segundo Maanen, (1979, p.520),

A expressão “qualitativa” assume diferentes significados no campo das

ciências sociais. Compreende um conjunto de diferentes técnicas

interpretativas que visam a descrever e a decodificar os componentes de

um sistema complexo de significados. Tem por objetivo traduzir e expressar

o sentido dos fenômenos do mundo social; trata-se de reduzir a distância

entre indicador e indicado, entre teoria e dados entre contexto e ação.

O enfoque qualitativo vem sendo empregado com muito mais frequência nas

áreas das ciências sociais, pois há uma necessidade muito forte por parte dos

pesquisadores em adotar e trabalhar o significado expresso na realidade do universo

que os cercam. Segundo Triviños(1987, p.120), “o aparecimento da pesquisa

qualitativa surgiu de maneira mais ou menos natural: tem suas raízes nas práticas

desenvolvidas pelos antropólogos”. A pesquisa com enfoque qualitativo surgiu da

necessidade de propor “alternativas metodológicas para a pesquisa em educação”.

Triviños (1987, p.116).

No entanto, percebe-se a importância da pesquisa qualitativa para a

educação, na qual vem contribuir para possíveis transformações da realidade social

cuja escola está inserida. É possível que se proponha mudanças nos resultados dos

estudos, pois esse tipo de método viabiliza uma ruptura no modo de pensar e agir na

visão na visão tanto do pesquisador quanto do pesquisado.

Neste sentido, é possível, entender que a metodologia enquanto qualitativa

tende a delinear problemas complexos cujo foco analisa a influência mútua das

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27

variáveis, buscando compreender e considerar os aspectos vividos por

determinados grupos, visualizando com mais intensidade as peculiaridades e

atitudes de cada sujeito envolvido (RICHARDSON, 1999).O trabalho de descrição da

pesquisa qualitativa tem caráter fundamental no estudo qualitativo, pois, é por meio

dele, que os dados são coletados (MANNING, 1979, p.668). Considera-se que a

pesquisa qualitativa esteja diretamente ligada a relação do fenômeno pesquisado

aos sujeitos atribuindo significados que dispensam técnicas e estatísticas, o que há

é um ambiente espontâneo para que se faça uso da coleta de dados e estes serem

analisados, ou seja, a pesquisa aqui elencada reconhece o espaço vivenciado na

qual permite a interação considerando a subjetividade dos sujeitos.

A pesquisa qualitativa compreende esse aprofundamento que não mede o

fato pesquisado, mas pretende descrevê-los, compreende-los e interpretá-los.

Haguette (2003, p.63) afirma que “os métodos qualitativos enfatizam as

especificidades de um fenômeno em termos de suas origens e de sua razão de ser”.

Semelhantemente a proposta de Godoy (1995, p.62), ressalta a diversidade

existente entre os trabalhos qualitativos e enumera um conjunto de características

essenciais capazes de identificar uma pesquisa desse tipo, a saber: (1) o ambiente

natural como fonte direta de dados e o pesquisador como instrumento

fundamental;(2) o caráter descritivo; (3) o significado que as pessoas dão às coisas

e à sua vida como preocupação do investigador; (4) enfoque indutivo.

4.1 Caracterização da Pesquisa

A escola escolhida para aplicação dessa pesquisa é pública, e faz parte da

educação infantil, foi fundada em 1991, na gestão do ex-Prefeito o senhor Zacarias

Mauricio de Pontes, com a intitulação inicial de Grupo Escolar, construído com base

nas necessidades de atender a comunidade carente local. Por se tratar de um prédio

pequeno e pouco estruturado, contava apenas com duas salas de aula indicadas

para o ensino das crianças pequenas, a chamada alfabetização e ensino primário.

A carência do então Grupo Escolar foi por muitos anos negligenciados,

colocada à margem sobre olhar do poder público da época. Até o início dos anos

2000, o significado da educação infantil não tinha muito significado na apreciação da

criança como seres de direitos. O nome dado a então instituição foi uma

Page 164: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

28

homenagem ao primeiro prefeito do município o senhor Francisco Felipe dos Santos,

fatalmente acidentado naquele ano.

Fez-se perceber que as crianças participantes da escola não eram apenas as

locadas naquela comunidade em especifico, a cada início de ano o número de

matrículas adivinha também de outros centros, e a escola não tinha mais como

acolher as crianças principalmente pelo ambiente físico de duas salas de aula, que

conferia a escola. Somente no ano de 2004, que o então Grupo escolar, passa a ser

denominada Escola Municipal de Ensino Fundamental Francisco Felipe dos Santos,

cuja implementação se refere às mudanças que as escolas tiveram depois de

sancionada a Lei 9.394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação, onde o ensino

passa a ser fundamental e imprescindível ao qual prevê um novo olhar sobre a

educação no país.

Embora tardia, e com muitos ajustes a serem aplicados; a escola começa a

ganhar referência as crianças que estavam ingressando no Ensino Fundamental

menor, a qual consegue ser reconhecida como uma instituição responsável pela

base educacional das crianças que mais tarde despontariam para o ensino de nove

anos. Ou seja, com recursos próprios a gestão municipal, fez uma importante

ampliação na escola, murando e construindo mais duas salas de aula, uma área

coberta como espaços para a recreação, das crianças e reforma de cantina,

depósito para merenda, pisos e tetos mais adaptados para atender as crianças

dessa faixa etária.

Dessa forma, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Francisco Felipe

dos Santos, hoje funciona os dois turnos (manhã e tarde) com um total de 150

alunos, distribuídos em quatro salas, que atende do pré escolar ao 3º ano. Em tese,

a escola possui Projeto Político Pedagógico, conselho escolar e regimento interno,

que qualificam o trabalho pedagógico, bem como o trabalho docente que engloba

todo o funcionamento da escola, nas ações conjuntas, conjuntas, que envolvem

educadores, pais e comunidade escolar, na formação das crianças em toda sua

plenitude.

Page 165: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

29

4.2 Participantes – Sujeitos Envolvidos

Participaram desta pesquisa seis professoras da Escola Municipal de Ensino

Fundamental “Francisco Felipe dos Santos” Duas Estradas- PB, que neste caso

foram denominadasneste estudo de Professora 1, professora 2, professora 3,

professora 4, professora 5, professora 6. Todas as professoras investigadas têm ou

estão na fase conclusiva do curso superior, e fazem parte do quadro regular efetivo

da educação. Os alunos que também estão envolvidos nessa pesquisa, estão

subdivididos aqui em dois turnos, pela manhã funcionam as seguintes turmas: 1º

ano “A” (manhã), 21 alunos, sendo 13 meninas e 08 meninos, na faixa etária de 06

anos. 1º ano “B” (tarde), 21 alunos, sendo 11 meninas e 10 meninos, na faixa etária

de 06 e 07 anos. 2º ano “A” (tarde), 16 alunos em seu total, 11 meninas e 5 meninos,

na faixa etária de 07 e 08 anos. 2º ano “B” (manhã), com 18 alunos, 08 meninas e 10

meninos, na faixa etária de 07 e 08 anos. 2º ano “C” (tarde), com 18 alunos, 08

meninas e 10 meninos, na faixa etária de 07 e 08 anos. E um 3º ano “único” (tarde)

com 23 alunos, sendo 13 meninas e 10 meninos, na faixa etária de 08 anos de

idade.

Desse modo, tendo em vista um universo mais amplo e subjetivo do assunto

em questão, os sujeitos da pesquisa, foram caracterizados pelas seis professoras as

quais aqui assumem o importante papel viabilizando todo o processo a ser estudado

e desenvolvido a partir de então.

4.3 Instrumento e Coleta de Dados

Os procedimentos que antecederam a pesquisa se deram teoricamente

através de termos de consentimento requerido tanto a gestora, (Anexo2) e com as

professoras (Anexo 3), cuja aceitação serviu de base para explorar todo o

questionamento da análise desejada. Diante do consentimento, a pesquisa teve

inicio com a coleta dos dados. Foram selecionadas seis, das oito professoras que

regem a escola as quais submeteram a entrevista (anexo 1)composta por cinco

perguntas discursivas, dialogadas, abertas, que provocaram um novo olhar sobre as

possíveis interrogações contidas na análise da pesquisa aqui especificada que

segundoRodrigues (2007, p.133),

Page 166: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

30

É uma técnica de coleta de informações de uso universal em ciências sociais, isto é, psicólogos, sociólogos, pedagogos, antropólogos, historiadores, enfim, todos os ramos da pesquisa social fazem uso desta técnica. [...] o diálogo entre entrevistador e entrevistado faz da entrevista ‘uma forma de interação social’.

Neste caso, a entrevista é verbal, aberta e não estruturada, na qual

possibilitou uma maior compreensão dos aspectos dos sujeitos pesquisados,

levando em consideração a flexibilidade da sua realização o que facilitou a

compreensão dos dados coletados. A entrevista baseou-se num roteiro mínimo, o

que norteou o diálogo com vistas a detectar com exatidão as entrelinhas de suas

falas, com interação face a face, com a finalidade de se obter informações mediante

uma conversação de natureza profissional com as docentes da referida escola,

estabelecendo um levantamento sistemático que proporcionou a identificação do

objeto de estudo, sem a interposição e/ou interferência da pesquisadora, apontou

classificar, descobrir e interpretar o fenômeno explorado.

Page 167: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

31

5 ANÁLISE DOS DADOS

A técnica padronizada de coleta de dados foi de fundamental importância

para interpretação do estudo pesquisado. A partir dos dados obtidos com as

entrevistas realizadas com as seis professoras da referida escola, pode-se delinear

com mais exatidão as informações que foram coletadas para a análise seguinte. A

entrevista foi elaborada com base em cinco perguntas, as quais seguiu o mesmo

roteiro estrutural com o resultado abaixo especificado:

1. Como você vê a realização de brincadeiras dentro do espaço escolar?

Professora 1

É uma coisa muita boa, pois toda brincadeira faz parte do cotidiano da criança.

Professora 2

Bem, vejo que se as brincadeiras não existisse as aulas ficariam ate sem graça.

Professora 3

A visão que nós educadores temos que ter é sempre boa, pois as brincadeiras fazem parte da vida da criança.

Professora 4

Vejo com algo do dia a dia das aulas, pois todas as crianças devem brincar também na escola, na hora do recreio... As brincadeiras são muito boas.

Professora 5

Ah, as brincadeiras são muito boas para o desenvolvimento das crianças, eu vejo como uma coisa boa, pois no espaço da escola a criança deve também se divertir.

Professora 6

É uma prática que não pode ser deixada de ser usada na sala, brincar não tem hora, brincar é muito bom, toda criança gosta de brincar.

O modo de realizar as brincadeiras dentro do espaço escolar foi visto como

algo bom por todas as professoras entrevistadas. Acrescentada as falas, a

Professora 1 citou que toda brincadeira faz parte do cotidiano da criança, assim

como a Professora 2, que sem elas a aula ficaria sem graça e a Professora 3, que

faz parte da vida da criança. A Professora 4 e 6 tratam com pouca ênfase e muita

naturalidade o fato do brincar. Observando as falas das professoras, é percebível

que os vários aspectos voltados para as brincadeiras são em sua maioria

apontadasapenas como ato livre. Apenas a fala da professora 5, consegue perceber

que no espaço escolar as brincadeiras podem ser vistas para o desenvolvimento das

crianças, mesmo que as divirtam, entende que as brincadeiras no espaço escolar

sem sombra de dúvida são indispensáveis para o desenvolvimento das crianças, isto

Page 168: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

32

é, que não poderão ser inseridas no repertório cotidiano do brincar por brincar

simplesmente, para preencher um determinado tempo durante a aula. Segundo

Oliveira Ramos (2002) brincando as funções cognitivas tais como motricidade, afeto

a linguagem permanecem integradas beneficiando o equilíbrio afetivo da criança e

contribuindo para sua percepção e formação social.

É possível enxergar que as brincadeiras detém um poder encantador que

conseguem se apropriar da espontaneidade para infiltrar-se no aprendizado das

crianças. Ou seja, conseguem ser divertidas e estudas ao mesmo tempo.

2. Você já pensou em introduzir as brincadeiras de cantigas de roda para seus alunos? Se sim, por qual motivo?

Professora 1

Sim, já pensei, brincar de roda é muito divertido, as crianças adoram, a aula fica mais animada porque as brincadeiras deixam as crianças mais a vontade para aprender e se desenvolver melhor em sala.

Professora 2

Sim, porque através das cantigas de roda os alunos se divertem mais nas horas das brincadeiras.

Professora 3

Sim, já pensei e já até executei várias vezes as brincadeiras de roda em sala de aula, mas não tive o efeito esperado por conta do que já falei, os meninos não conseguem brincar, eles preferem outros tipos de brincadeiras.

Professora 4

Sim, eu faço sempre brincadeiras de roda com eles, a pesar de que tem muitos alunos que gostam de jogo, de competir, mas eu fico variando.

Professora 5

Sim, já pensei. E por qual motivo? Ah, porque os alunos não podem ficar na mesma coisa o tempo todo deve aprender coisas novas.

Professora 6 Sim, já pensei, e já brinquei com eles cantando várias delas.

Na escola o brincar tem valor significativo, a imensa gama de brincadeiras

ocorridas na escola possam e devem ser aproveitadas de maneira que a criança se

sinta estimulada a prender e com isso amplie seu universo de significados. As

cantigas de roda tem esse poder, elas conseguem levar as crianças a um mundo

fantasioso embaladas pela sonoridade das melodias e das letras de fácil repetição.

Quando perguntadas as professoras sobre a introdução dasbrincadeiras de cantigas

de roda para seus alunos, todas responderam que havia pensado nesse tipo de

brincadeira em sala, e por motivos diversos, a professora 1, fala do aprendizado

como desenvolvimento através dessas brincadeiras, na qual sabe-se que é possível

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33

que aconteça, assim, como o prazer do divertimento lembrado na fala da professora

2, e pela variação das brincadeiras citadas pela professora 4 e 5, a professora 3,

chama atenção para as questões de gênero ao introduzir as brincadeiras de roda

com sua turma que tem em sua maioria meninos os quais preferem outro tipo de

brincadeira.

Neste caso, é de fundamental importância que as cantigas sejam vistas de

forma a acrescentar um modelo de aprendizagem que se enquadre acima do fato do

brincar, uma vez que o Ensino Fundamental já apresenta um currículo de disciplinas

que podem ser trabalhados de forma intensa e significativa, e mais, segundo Fantin

(2000) o resgate dos jogos tradicionais infantis demonstra estilos e vivências, ativam

a maneira de pensar, sentir, falar enquanto a criança brinca, quando interage

presencia o passado no presente.

3. De que forma as brincadeiras de roda contribuem para o aprendizado das crianças?

Professora 1

Contribuem para uma maior qualidade de vida delas, pois ao brincar elas conseguem se relacionar melhor com os coleguinhas e etc.

Professora 2

Contribui para o aprendizado de forma prazerosa, pois quando elas brincam elas se sentem mais felizes e conseguem prestar mais atenção em tudo ao seu redor.

Professora 3

Para a aprendizagem de forma geral, nós sabemos que brincadeiras são muito importantes para elas.

Professora 4

De que forma? Na forma de aprendizagem mesmo. Elas gostam muito de qualquer brincadeira, quando eu chego elas perguntam: “Vamos brincar de que tia”? Elas adoram brincar.

Professora 5

As brincadeiras de roda contribui para que criança brinque, cante e se divirta na escola. Mas elas também podem brincar em casa, na rua, onde quer que estejam. Brincadeiras de roda são ótimas para elas.

Professora 6 As brincadeiras de roda, assim como toda brincadeira contribui para o aprendizado da criança de varias forma, elas aprendem a codificar os sentidos das coisas e podem trabalhar o corpo na dançae no ritmo da brincadeira.

As contribuições para o aprendizado das crianças através das brincadeiras de

roda pode ser apresentados de várias formas. Segundo o que disse a professora 1,

elas contribuem para uma maior qualidade de vida pois conseguem melhorar o

relacionamento entre as crianças. De forma prazerosa, importante e alegre, as

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professoras 2 e 3 pouco enfatizam as possíveis contribuições, nas quais foram muito

expressadas pela professora 6, que fala sobre a aprendizagem mencionando o

codificar aos sentidos das coisas, ou seja, contribui para reunir o que lhe foi

ensinado.

A Professora 4 dá pouco destaque as brincadeiras de roda. Observa-se ainda

que na fala da professora 5, as brincadeiras de roda estão associadas a um ato

qualquer do brincar no cotidiano, quando diz “ Mas elas também podem brincar em

casa, na rua, onde quer que estejam”.

Sendo assim, o ato de brincar e mais especificamente as brincadeiras de roda

não implicam segundo a professora, necessariamente que estejam voltadas para

aprendizagem escolar. Ao conseguir se relacionar com as outras crianças, assim

como produzirem mais atenção e divertimento, as brincadeiras de roda traduzem

uma bagagem cultural muito intensa que embora apoiada na mentalidade popular,

se propaga muitas vezes pela oralidade, podendo encontrar no aprendizado das

crianças formas enriquecedoras do construir múltiplas aprendizagens.

Nessa perspectiva, sabe-se que vários teóricos assumem papéis particulares

quanto a jogos e brincadeiras, a exemplo dos estudos da epistemologia genética de

Piaget (1978), onde ele afirma que pela brincadeira e pela repetição é que o

desenvolvimento e o processo cognitivo da criança se constroem, para o autor, a

brincadeira é idealizada como conteúdo da inteligência, é na verdade um

comportamento livre, natural, que a criança expressa com espontaneidade

puramente pelo prazer que a brincadeira lhe dá.

No entanto, as brincadeiras de roda podem contribuir para atividades

diversas, comumente ocorridas no cotidiano das aulas entre as disciplinas que

fazem parte da grade curricular para cada série em questão. Quando brincada, a

cantiga de roda exerce uma função de linguagem, de números, propicia a

aprendizagem, ou seja, não apenas a língua portuguesa e a matemática estão

encabeçadas nesse processo, as artes de forma geral, a ciência e a geografia

também se fazem presentes nesse aspecto de construção de conhecimento.

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4. É possível trabalhar as brincadeiras de roda na perspectiva interdisciplinar? Se sim de que forma? Se não, por quê?

Professora 1

Sim, é possível, de forma que una as disciplinas e os conteúdos programáticos.

Professora 2

É, de forma planejada, pois a interdisciplinaridade é indispensável na formação dos alunos.

Professora 3

Se for bem planejada é possível sim, de forma que veja as necessidades dos alunos em sala e que eles tirem o maior proveito disso.

Professora 4

Sim, é possível, na sala de aula ou quem sabe em outro lugar que as crianças se sintam bem e gostem das brincadeiras.

Professora 5

É possível sim e deve ser trabalhada muito essa questão da interdisciplinaridade, não apenas com as brincadeiras de roda, mas em vários outros assuntos do dia a dia.

Professora 6 Sim, de forma bem compreensiva, porque trabalhar com interdisciplinaridade não é fácil.

O trabalho assim como o processo de aprendizagem na educação infantil

procura ser entendido como algo fundamental para o desenvolvimento da criança.

Com as diversas transformações do mundo contemporâneo, é preciso acompanhar

todas as mudanças que invadem não apenas a sociedade, mas a educação como

num todo. De acordo com a legislação e as propostas curriculares, a

interdisciplinaridade ganhou força diante das possíveis mudanças ocorridas no

discurso das escolas e principalmente na atuação prática de professores nos mais

variados tipos de ensino e com a educação infantil não é diferente.

Neste caso, as formas de trabalhar a interdisciplinaridade tendo como base as

brincadeiras de roda podem ser representadas de formas diversas. Mesmo que

todas seis professoras tenham respondido que sim, que é possível trabalhar as

brincadeiras de roda na perspectiva interdisciplinar, nenhuma delas situaram de que

forma ou maneira essa prática pode ser desenvolvida em sala sobre a forma de

conteúdo. Neste sentido elas citam os caminhos e não os procedimentos.

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, o trabalho

interdisciplinar garante essa associação temática entre as disciplinas, que visa as

habilidades e competências dos alunos (BRASIL, 2002)

Desse modo, a proposta interdisciplinar mobiliza e promove a integração da

comunidade escolar com objetivos superiores de quaisquer conteúdos disciplinares.

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5. Quais os benefícios de ensino aprendizagem a prática interdisciplinar provoca se estiver inserida no planejamento didático da educação infantil?

Professora 1

Como eu disse, torna o processo de ensino aprendizagem mais agradável e espontâneo, faz com que o aluno libere energias, se divirta, sorria e aprenda de forma a saber fazer uso do que foi aprendido e essas brincadeiras devem sempre contar no nosso planejamento.

Professora 2

Bom, são vários os benefícios, a começar pelo divertimento que a criança produza na sala de aula, que torna o planejamento e as aulas mais ricas e espontâneas.

Professora 3

Os benefícios das brincadeiras são muitos. Primeiro lugar a criança passa a ter mais momentos lúdicos, pois brincando conseguem ter suas vontades.

Professora 4

Se estiver no planejamento as brincadeiras deixam as aulas mais divertidas

Professora 5

Os benefícios são enormes, que vai da diversão até a aprendizagem, pois em todos os momentos a crianças consegue aprender.

Professora 6 Os benefícios são muitos, além de tornar uma aula mais atrativa o que elas aprendem também é levado em consideração.

Os benefícios do ensino com base na interdisciplinaridade são

imprescindíveis, abrangem uma extensa reflexão sobre a proposta de educação que

se quer inserir para as crianças hoje. Quando perguntadas sobre esses benefícios

as professoras entrevistas deram respostas satisfatórias ao processo de inclusão

interdisciplinar em seu planejamento. Na verdade, as melhorias do ensino infantil

devem perpassar a superficialidade de um querer momentâneo, ou seja, o ensino

deve ser aguçado, motivado e investido.

A fala da professora 1, muito coincide com a proposta do brincar e aprender

ao caracterizar tal beneficio pelo processo de aprendizagem com base no sorriso

que alude para forma de afeto que todo ensino deve ser principiado (ALMEIDA,

1990). Remete ao bom desenvolvimento psicomotor e psicossocial que a criança

terá através das brincadeiras assim como as levará à socialização e à contribuição

para a sua vida afetiva. As professoras 2, 4 e 5, aposta no divertimento como elo

entre o prazer que a criança tem ao brincar. A ludicidade lembrada pela professora

3, bem como a atração na forma de chamar atenção das crianças ditas pela

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37

professora 6, mostram que o ensino interdisciplinar é visto com bons olhos, embora

não seja uma prática constante na referida escola.

Assim, quando se discute a questão do conhecimento pedagógico, ocorre

forte tendência em se colocar o problema [da interdisciplinaridade] de um

ponto de vista puramente epistemológico, com desdobramento no curricular.

Mas entendo que é preciso colocá-lo sob o ponto de vista da prática efetiva,

concreta, histórica (SEVERINO, 1998, p.33).

O professor tem neste caso, papel fundamental para aguçar e aperfeiçoar o

imaginário das crianças, estimulando a participação e o senso crítico enquanto

brincam. A escola enquanto democrática, entre outras funções deve desencadear

entre seus educadores processos que mobilizem cada vez mais um aprendizado

conciso as crianças que não mais estão interessadas na teorização do que lhe é

transmitido.

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38

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando entre outros aspectos, um oportuno diálogo entre o resgate das

brincadeiras de roda e o fator aprendizagem, defende-se a oportunidade de

aprender brincando intensificado pelo processo das disciplinas alinhadas a formação

dos sujeitos em sua consciência crítica bem como na elaboração dos vários saberes

privilegiados pelos conteúdos que se fazem presentes as novas e possíveis

descobertas. Neste sentido, sendo natural da criança o ato de brincar, compreende-

se que este, pode também ser aprendido, assimilado e transmitido

espontaneamente e externados na escola, canalizando conhecimentos que

perpassam a ação do brincar em sua natureza simbólica.

Através das brincadeiras e aqui mais precisamente com o intuito de abordar

as cantigas de roda, as crianças constroem e reconstroem seu mundo peculiar,

conseguem reproduzir com exatidão a prática desses exercícios sendo capazes de

interagir umas com as outras refletidas no prazer que a brincadeira proporciona;

assim o que é brincadeira toma forma de aprendizado, pois é na escola que as

crianças se deparam com mundos cada vez mais diversificados.

Neste caso, a pesquisa foi realiza sendopossível analisar as possibilidades

de trabalhar a interdisciplinaridade por intermédio das cantigas de roda, na

educação infantil, investigando os momentos que por ventura se fizeram presentes,

assim como também a possível constatação do nível de desenvolvimento no

cotidiano da referida escola

Para tanto, existe, e com grande propriedade a possibilidade de se trabalhar a

interdisciplinaridade através das cantigas de roda. Porém, tão somente pensar as

necessidades ao mesmo tempo em que ser vista com bons olhos, não concebe que

a interdisciplinaridade seja efetivada em sala.

No caso dessa pesquisa, a relação interdisciplinar embora se mantivesse em

condições de aceitação o sendo essa bem aceita pelas educadoras, não foi

expressa como prática pedagógica de forma direta, tão pouco constatou-se uma

prática consciente da interdisciplinaridade na ação em relação as cantigas de roda,

contemplado nos conteúdos das aulas das crianças, ou seja, em nenhum momento

as educadoras afirmam onde, quando e como trabalham o processo interdisciplinar

Page 175: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

39

demonstrando um aparente conhecimento da palavra, porém, não do sentido real da

mesma na prática.

Todavia, o espaço escolar que foi o universo investigado, deixou perceber na

fala das educadoras que por mais intenções que se tenha em querer criar situações

novas de aprendizagem as quais aqui são induzidas pela questão da

interdisciplinaridade, essa prática muito terá que ser revista na forma conjunta e

coletiva no planejar a qual venha em momentos futuros serem introduzidas como

formação e aprendizagens dessas crianças.

É preciso atentar para questões de currículo, de formação do aluno, na ação

conjunta estabelecem elos dos saberes diverso. Neste caso, tendo como base as

cantigas e brincadeiras de roda, a interdisciplinaridade pode ser trabalhada levando

em consideração os elementos textuais que fazem parte do aprimoramento da

linguagem das cantigas que são repetidas pelas crianças enquanto brincam. Em

“Ciranda Cirandinha”,cantiga de roda muito usada na escola, o elemento central

busca entender o ensino da matemática e da geometria, uma vez que as crianças

são levadas a formarem uma ciranda, um círculo.

“Ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar, vamos dar a meia volta, volta e meia vamos dar. O anel que tu me deste, era vidro e se quebrou, o amor que tu me tinhas, era pouco e se acabou. Por isso menina agora entre dentro dessa roda, diga um verso bem bonito, diga adeus e vá embora”.

Enquanto cantam as crianças comumente formam uma ciranda que pode ser

claramente entendida, comparada e estudada após a brincadeira. O ensino

geométrico na educação infantil é muito importante para o raciocínio perceptual das

crianças. Ainda com relação ao ensino matemático a cantiga “A carrocinha”, volta-se

para o aprendizado dos números que por muito tempo foi concebido de forma

errônea.

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40

“A carrocinha pegou três cachorros de uma vez tra-la-la-lá que gente é essa? tra-la-la-lá que gente má”!

As crenças e mitos sobre a Matemática estão presentes no cotidiano escolar

no qual interferem na forma de ensinar e de aprender. Segundo os PCN’s

Matemática, esse tipo de trabalho ganhou notoriedade nessa última década, com

destaque para o Programa Etnomatemática, que têm alternativas e estratégias para

a ação pedagógica considerando um relacionamento estreito da matemática com

aspectos socioculturais e políticos isto é procura compreender as atitudes do

explicar e entender atuando de acordo com a realidade cultural do próprio indivíduo

(BRASIL, 1977).

O papel do educador nessa perspectiva é auxiliar a criança a entender esses

conhecimentos que fazem ponte com o processo interdisciplinar, possibilitando

habilidades, proporcionando vivência e interpretação do mundo matemático ao seu

redor. “Peixe Vivo”, também é outra cantiga muito usada na escola, na qual alude

para fatores e questões ambientais, assunto que também deve ser discutido na

escola como forma de prevenção e conservação do meio ambiente.

“Como pode um peixe vivo viver fora da água fria como poderei viver sem a tua, sem a tua sem a tua companhia”.

O trabalho interdisciplinar que pode ser retratado nessa cantiga é muito

intenso, uma vez que as ciências naturais também abrangem uma aprendizagem

significativa para o currículo das crianças na educação infantil. Assim, as questões

de relevância social podem ser também reforçadas na escola com muita propriedade

através dos temas transversais que sequência Ética, Meio Ambiente, Saúde;

Pluralidade Cultural e Orientação Sexual. Isto é esses temas tem como princípio

norteador a dignidade, a não discriminação, o respeito a diversidade e o direito

igualitário entre os sujeitos os quais deve ser trabalhado desde cedo na infância.

A transversalidade e a interdisciplinaridade se constituem por ser eixos de

estudos nas questões sociais os quais são de fundamental importância para o

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41

aprendizado da atualidade. Brincar, cantar, aprender e desenvolver um trabalho

voltado para as práticas de conscientização, tais como poluição de rios e mares,

desmatamento, água, lixo e reciclagem, apontam para um ensino mais consciente

crítico e participativo que se inicia com esses pequenos cidadãos.

A importância da criança passou a ser considerada quando lhe foi assegurado

por lei seus direitos. Mesmo que tenha passado por grandes períodos de negligência

como um ser indiferente a sociedade a criança hoje consegue ser identificada como

alguém que é capaz de conceber e transmitir aprendizagens diversas. No entanto, o

universo infantil expressado pelas emoções e sentimentos do brincar jamais pode

ser dissociado do encanto e da espontaneidade que cada criança carrega em seu

interior, pois as brincadeiras anunciam desejos e sensações que podem ser

expressas e aprendidas tanto na escola como fora dela. Nessa perspectiva,

Vygotsky (1989), vê o mundo como fruto de resultados históricos, onde as

brincadeiras decorrem de processos sociais.

Ou seja, o brincar é visto como uma atividade sociocultural livre advinda de

valores que está relacionado um determinado grupo ou comunidade social.

Semelhantemente ao que diz Bruner (1986), a brincadeira surge como um artifício

pertinente ao comportamento natural e social na qual estabelece comunicação de

uma realidade partilhada entre indivíduos. Isto é o brincar está diretamente coligado

à natureza social da criança; com uma linguagem própria que concentra em si a

necessidade de integração e partilha com o outro (crianças e adultos).

Devido ao tênue valor que possivelmente alguns educadores têm dado a

dimensão lúdica do brincar, a criança passa pela escola sem conhecer o

divertimento, se deixando levar por num aprendizado ineficiente. A valorização pelo

professor do caráter lúdico e educativo das brincadeiras no espaço escolar

consegue tornar o ambiente mais apreciativo, dinâmico e mais divertido, pois o

brincar nessa pesquisa, que foi delineado pelas cantigas e brincadeiras de roda no

espaço escolar teve como proposta metodológica e prática a ação interdisciplinar

que consegue interpretar de maneira consciente sua concepção e estruturas no

âmbito escolar.

O que se percebe, no entanto é que a ação do brincar embora seja

empregada no espaço escolar, ainda esteja um pouco à margem do

brincar/aprender que podem ser associados para a totalização de estratégias de

ensino aprendizagem mais envolvente canalizada para a educação infantil, pois o

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42

ato de brincar proporciona que a criança crie e recrie situações do seu imaginário, as

quais são expressadas de forma visível nas diferentes formas das dimensões

lúdicas. Na escola a criança deve ser vista como ser capaz que pode desenvolver

suas aprendizagens de acordo com que lhe é transmitido, isto é deve ser

apresentado a elas um repertório infinito de escolhas.

A proposta investigativa arrolada nessa pesquisa buscou compreender a

possibilidade de tornar o ambiente escolar mais agradável utilizando as brincadeiras

e cantigas de roda de modo interdisciplinar. Segundo Fazenda (1993, p.17), “no

projeto interdisciplinar não se ensina, nem se aprende: vive-se, exerce-se”.

A concretização do processo interdisciplinar através das brincadeiras na

escola deixou transparecer um universo quase ainda intocado por muitos

educadores em nossa atualidade. Neste sentido, o principio básico que se expõe

como referência para o trabalho interdisciplinar aponta essencialmente para as

ações coletivas.

Essa pesquisa preocupou-se em entender como a interdisciplinaridade pode

ser trabalhada no espaço escolar da educação infantil, de modo que elegeu as

brincadeiras e cantigas de roda como fruto de uma aprendizagem mais prazerosa,

que transmite conhecimentos enquanto se deixa levar pelo simples ato de brincar.

Segundo Fazenda (1999) "numa sala de aula interdisciplinar há ritual". De encontro -

no início, no meio e no fim."

Contudo, a primeira vista, o que se viu foi que a interdisciplinaridade é posta

numa categoria superficial da prática educativa, e se desafiadora ou ainda

incompreensiva não está intimamente ligada com o processo pedagógico no lócus

pesquisado. Sabe-se que o educador deve procurar meios, técnicas e

procedimentos diversos que agucem e diversifique o repertório de atividades nessa

fase escolar, na qual será lembrada por toda vida educativa. Segundo o Referencial

Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998, p.29),

Cabe ao professor organizar situações para que as brincadeiras ocorram de

maneira diversificada para propiciar às crianças a possibilidade de

escolherem os temas, os papéis, objetos e companheiros com quem brincar

ou jogos de regras e de construção, e assim elaborarem de forma pessoal e

independente suas emoções, sentimentos, conhecimentos e regras sociais.

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43

A escola, universo da pesquisa em questão, embora tenha se submetido a

grandes saltos, ainda passa por momentos de carência quanto aprática pedagógica

coletiva, mas, está familiarizada com educadores que buscam maiores interesses

em abordar questões de interesse para o aluno, isto é procuram de maneira tal,

formar crianças conscientes, críticas, e participativas diante de todas as dificuldades

que se enfrentam quando o assunto é educação.

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47

FONTES DE PESQUISA:

Disponível em:<http://www.ilea.ufrgs.br/episteme/portal/pdf/numero19/episteme19_a rtigo_alves_brasileiro_brito.pdf>. Acesso em: 01 jun 2011. Disponível em:<http://www.qdivertido.com.br/cantigas.php>. Acesso em:25 mai 2011. Disponível em:<http://pt.scribd.com/doc/19046471/Interdisciplinaridade-o-que-e-isso>. Acesso em: 10 mai2010.

Page 184: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

48

ANEXO

Page 185: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

49

ANEXO 1 – ENTREVISTA

1. Como você vê a realização de brincadeiras dentro do espaço escolar?

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

2. Você já pensou em introduzir as brincadeiras de cantigas de roda para seus

alunos? Se sim, por qual motivo?

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

3. De que forma as brincadeiras de roda contribuem para o aprendizado das crianças?

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

4. É possível trabalhar as brincadeiras de roda na perspectiva interdisciplinar? Se sim

de que forma? Se não, por quê?

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

5. Quais os benefícios de ensino aprendizagem a prática interdisciplinarprovoca se

estiver inserida no planejamento didático da educação infantil?

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

Page 186: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

50

ANEXO 2 – TERMO DE CONSENTIMENTO

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA – UFPB

CENTRO DE EDUCAÇÃO – CE Curso de Graduação em Pedagogia – Modalidade Educação Infantil

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título do Projeto: Pesquisadora Responsável (Orientadora): Professora Karla Lucena de Souza Pesquisadora Acadêmica Responsável: Jocélia Santos Batista de Souza

Prezado (a) Senhor (a), Sou acadêmica do Curso Pedagogia e neta ocasião pretendo realizar uma pesquisa cujo objetivo é verificar como os educadores utilizam as brincadeiras de roda no espaço escolar da Pre escola nesta instituição de ensino. Os procedimentos adotados serão a realização de uma observação nas aulas, bem como a realização de um questionário com as educadoras responsáveis pelas referidas turmas. Será também imprescindível a realização de intervenções da pesquisadora nas aulas com a participação das crianças. Esta pesquisa não oferecerá riscos ou prejuízos previsíveis e contribuirá para um maior conhecimento do produto para a área de educação infantil. Informamos ainda que a participação é voluntária, que não receberá pagamento para isto, sendo também garantido o direito de desistir da pesquisa, em qualquer tempo, sem que essa decisão o prejudique. Mesmo não tendo benefícios diretos em participar, indiretamente você estará contribuindo para a compreensão do fenômeno estudado e para a produção de conhecimento científico. Caso o (a) Senhor (a) consinta, será necessário assinar este termo. Solicitamos o seu consentimento também para a publicação e divulgação dos resultados, garantindo o seu anonimato nos veículos científicos e/ou de divulgação (jornais, revistas, congressos, dentre outros), que as pesquisadoras acharem convenientes. Esperamos contar com seu apoio, e

desde já agradecemos sua colaboração.

Pesquisador (a) responsável: Jocélia Santos Batista de Souza [email protected]

_________________________________________

Pesquisador

_________________________________________

Participante Voluntário

Duas Estradas, _____/_____/______

Page 187: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

51

ANEXO 3 – TERMO DE AUTORIZAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA – UFPB

CENTRO DE EDUCAÇÃO – CE Curso de Graduação em Pedagogia – Modalidade Educação Infantil

TERMO DE AUTORIZAÇÃO INSTITUCIONAL

Duas Estradas, 01 de Junho de 2011.

Ilustríssimo (a) Senhor (a)

Eu, Jocélia Santos Batista de Souza, responsável principal pelo projeto de

graduação, venho pelo presente, solicitar vossa autorização para realizar o projeto de

pesquisa na Escola Municipal de Ensino Fundamental Francisco Felipe dos Santos,

para o trabalho de pesquisa sob o título Interdisciplinaridade na educação Infantil,

orientado pelo Professor (a) Karla Lucena de Souza. Este projeto tem como objetivo verificar

como os educadores utilizam as ações interdisciplinaridade com as brincadeiras de roda no

contexto escolar. Os procedimentos adotados serão a realização de uma entrevista aberta,

gravada aplicada aos educadores responsáveis pelas turmas do 1º, 2º e 3º ano, nos turno

da manhã e tarde. A qualquer momento vossa senhoria poderá solicitar esclarecimento

sobre o desenvolvimento do projeto de pesquisa que está sendo realizado e, sem qualquer

tipo de cobrança, poderá retirar sua autorização. O pesquisador está apto a esclarecer estes

pontos e, em caso de necessidade, dar indicações para solucionar ou contornar qualquer

mal estar que possa surgir em decorrência da pesquisa.

Os dados obtidos nesta pesquisa serão utilizados na publicação de artigos científicos

e que, assumimos a total responsabilidade de não publicar qualquer dado que comprometa

o sigilo da participação dos integrantes de vossa instituição como nome, endereço, imagem

e outras informações pessoais não serão em hipótese alguma publicadas. Na eventualidade

da participação nesta pesquisa, causar qualquer tipo de dano aos participantes, o

pesquisador se compromete em reparar este dano, e ou ainda prover meios para a

reparação. A participação será voluntária, não fornecemos por ela qualquer tipo de

pagamento.

Page 188: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

52

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA – UFPB CENTRO DE EDUCAÇÃO – CE

Curso de Graduação em Pedagogia – Modalidade Educação Infantil

AUTORIZAÇÃO INSTITUCIONAL

Eu,_________________________________________________ responsável

pela instituição Escola Municipal de Ensino Fundamental Francisco Felipe dos

Santos declaro que, fui informado dos objetivos da pesquisa acima, e concordo em

autorizar a execução da mesma nesta instituição. Caso necessário, a qualquer

momento como instituição CO-PARTICIPANTE desta pesquisa poderemos revogar

esta autorização, se comprovada atividades que causem algum prejuízo a esta

instituição ou ainda, a qualquer dado que comprometa o sigilo da participação dos

integrantes desta instituição. Declaro também, que não recebemos qualquer

pagamento por esta autorização bem como os participantes também não receberão

qualquer tipo de pagamento.

_________________________________________

Pesquisador

_________________________________________

Responsável pela Instituição

Documento em duas vias:

1ª via instituição

2ª via pesquisador

Observação: informamos que no curso de graduação o responsável pela pesquisa é o

professor/orientador.

Page 189: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

1

UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL - UAB

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA – UFPB

CENTRO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA - MODALIDADE A DISTÂNCIA

MICHELLE RODRIGUES DE AGUIAR

O ENSINO LÚDICO DA MATEMÁTICA NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO

FUNDAMENTAL

João Pessoa – PB

2011

Page 190: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

2

MICHELLE RODRIGUES DE AGUIAR

O ENSINO LÚDICO DA MATEMÁTICA NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO

FUNDAMENTAL

Monografia apresentada à coordenação do Curso de

Pedagogia - Modalidade a Distância - da

Universidade Aberta do Brasil (UAB), Universidade

Federal da Paraíba (UFPB), como requisito para a

obtenção do título de pedagoga.

Orientador: Prof. Dr. Jorge Fernando Hermida

Aveiro

Co-orientadora: Profª. Aurora Camboim Lopes de

Andrade Lula

Área de concentração: Pedagogia

João Pessoa – PB

2011

Page 191: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

3

MICHELLE RODRIGUES DE AGUIAR

O ENSINO LÚDICO DA MATEMÁTICA NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO

FUNDAMENTAL

Monografia apresentada à coordenação do Curso de

Pedagogia - Modalidade a Distância - da

Universidade Aberta do Brasil (UAB), como

requisito para a obtenção do título de pedagoga, e

apreciada pela banca examinadora composta pelos

seguintes membros:

Aprovado em ____/____/_______

COMISSÃO EXAMINADORA

______________________________________________________

Profª. Ms. Aurora Camboim Lopes de Andrade Lula

Orientadora

______________________________________________________

Prof. Dr. Eládio José de Góes Brennand

Examinador

______________________________________________________

Profª. Drª Nádia Jane de Sousa

Examinadora

Page 192: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

4

Dedico esta monografia a Maria Rodrigues e a Luiz

Ferreira, que nunca mediram esforços para que eu

realizasse os meus sonhos, guiaram-me pelos

caminhos corretos, ensinaram-me a fazer as

melhores escolhas, mostraram-me que a honestidade

e o respeito são essenciais à vida e que devemos

sempre lutar pelo que queremos. A eles devo a

pessoa que me tornei. Por isso, sou extremamente

feliz e tenho muito orgulho de chamá-los de pai e

mãe.

Page 193: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

5

AGRADECIMENTOS

A Deus, meu refúgio e força, em quem sempre encontrei respostas para os meus problemas e

agradeço todos os dias por estar aqui e ter conseguido alcançar meus objetivos;

Aos meus irmãos, Milene e Márcio, pelo carinho, pela ajuda e compreensão e por sempre

estarem ao meu lado, me apoiando durante todo esse processo;

Ao meu sempre companheiro Hamilton, por acreditar em minha capacidade e jamais deixar

que eu desistisse dos meus ideais;

Aos colegas de curso, que tornaram essa jornada verdadeiramente especial, mostrando que a

distância é apenas algo imaginário e que, na amizade, não existem barreiras de tempo ou

lugar;

À professora Aurora Camboim, pela atenção, paciência, compreensão e brilhante capacidade

de orientar durante o período da construção deste trabalho;

Ao professor Jorge Fernando Hermida, que sempre partilhou comigo os conhecimentos, com

muita atenção e carinho, pelos livros emprestados, por não nos abandonar nunca nessa tão

difícil jornada, sempre disposto a nos ouvir e ajudar.

Aos diretores, professores e alunos das escolas que, voluntariamente, aceitaram participar

desta pesquisa e contribuíram para o seu enriquecimento;

A todos os que fizeram e fazem parte do Curso de Pedagogia a Distância - Professores,

Mediadores, Tutores, Coordenadores do Polo de Apoio Presencial - que contribuíram para

nosso crescimento e por estarem sempre dispostos a nos atender;

Enfim, a todos aqueles que, direta ou indiretamente, acreditaram em mim e me incentivam a

buscar os meus ideais.

Page 194: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

6

"A principal meta da educação é criar homens que

sejam capazes de fazer coisas novas, não

simplesmente repetir o que outras gerações já

fizeram. Homens que sejam criadores, inventores,

descobridores. A segunda meta da educação é

formar mentes que estejam em condições de criticar,

verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe."

Jean Piaget

Page 195: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

7

RESUMO

O presente trabalho procura demonstrar a importância dos jogos e das atividades lúdicas nas

aulas de matemática, nas séries iniciais do Ensino Fundamental, uma vez que a ludicidade tem

ocupado um espaço bastante significativo como suporte de aprendizagem para o

desenvolvimento das potencialidades afetivas, criativas, emocionais, cognitivas e sociais da

criança e como elemento facilitador da aprendizagem. A pesquisa buscou, ainda, levar em

consideração a concepção que perpassa a história da Matemática, bem como as teorias que

tratam sobre o tema. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi verificar como os educadores

utilizam a ludicidade no ensino de matemática, nas séries iniciais do Ensino Fundamental, e

observar e comparar a atuação deles em relação ao uso da ludicidade e a concepção que os

alunos têm acerca dessa disciplina. Participaram da pesquisa duas professoras das séries

iniciais do Ensino Fundamental - uma do ensino público e a outra do ensino privado - que

responderam a uma entrevista sobre o tema. As turmas em que lecionam também participaram

através de uma discussão num grupo focal sobre as aulas de matemática. Os resultados

mostraram o quanto é importante que o ensino lúdico esteja presente na sala de aula, como

parte integrante do cotidiano escolar, e o quanto contribui para o desenvolvimento da

aprendizagem e uma posterior aproximação dos alunos da referida disciplina. Além disso,

auxilia no desenvolvimento cognitivo, afetivo, emocional e social da criança. Os aspectos

encontrados certamente farão com que os educadores se motivem para realizar novos estudos

sobre o tema abordado.

Palavras-chave: Matemática. Ludicidade. Aprendizagem.

Page 196: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

8

ABSTRACT

This paper seeks to demonstrate the importance of games and recreational activities in

mathematics classes in early grades of elementary school, since the playfulness has occupied

a very significant space like support of learning for the development of emotional, creative,

emotional, cognitive and social child, and as facilitator of learning. The research has also tried

to take into account the concept that pervades the history of mathematics, as well as theories

related to the matter. In this sense the objective of this study was to determine how teachers

use the playfulness in teaching mathematics in early grades of elementary school, and even

observe, identify and compare the performance of teachers regarding the use of playfulness in

mathematics classes. Do not forgetting, but the concept that students have about this subject.

Two teachers participated in this study of early grades of elementary school, a public school

and the other from private school, who responded to an interview on the subject. The classes

of these teachers also participated in a discussion through a focus group on the math classes.

The results showed how important it is that the teaching of play is present in the classroom as

part of everyday school life, educational and entertaining as this allows the development of

learning and a further approximation of these students of mathematics, as well as assists in

developing cognitive, affective, emotional and social development. Thus concluding that the

issues will certainly found that the educators to motivate new studies about the topic.

Keywords: Mathematics. Playfulness. Learning.

Page 197: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

9

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 10

2 - A LUDICIDADE NA INFÂNCIA: HISTÓRIA E TEORIAS .............................. 16 2.1 RETROSPECTIVA HISTÓRICA .............................................................................. 16

2.2 TEORIAS ACERCA DA LUDICIDADE .................................................................. 17

2.3 A TEORIA DE PIAGET ............................................................................................ 19

2.3.1 Esquema .......................................................................................................... 20

2.3.2 O processo de equilibração ............................................................................ 21

2.3.3 Períodos do desenvolvimento cognitivo ........................................................ 22

2.3.4 A construção da realidade segundo Piaget ................................................... 24

3 ENSINO DA MATEMÁTICA: TENDÊNCIAS TEÓRICAS E

METODOLÓGICAS....... .............................................................................................. 25

3.1 HISTÓRICO DA MATEMÁTICA ............................................................................ 25

3.2 O ENSINO DA MATEMÁTICA ............................................................................... 26

3.3 TENDÊNCIAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DO ENSINO DA MATEMÁTICA

NO BRASIL ..................................................................................................................... 26

3.3.1 Tendência formalista clássica ........................................................................ 27

3.3.2 Tendência formalista moderna ..................................................................... 27

3.3.3 Tendência empírico-ativista .......................................................................... 28

3.3.4 Tendência tecnicista e suas variações ........................................................... 28

3.3.5 Tendência construtivista ................................................................................ 29

3.3.6 Tendência socioetnicocultural ....................................................................... 29 3.4 DESMISTIFICANDO CONCEITOS DE MATEMÁTICA ...................................... 30

3.5 IMPORTÂNCIA DA LUDICIDADE NO ENSINO DA MATEMÁTICA ............... 30

3.6 ATIVIDADES LÚDICAS PARA O ENSINO DA MATEMÁTICA........................ 31

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................. 32 4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ..................................................................... 32

4.2 PARTICIPANTES ..................................................................................................... 32

4.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ......................................................... 32

4.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................... 33

5 DESCRIÇÃO DOS RESULTADOS .......................................................................... 34

6 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ........................................................................... 38

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 42

REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 44

APÊNDICES ................................................................................................................... 47

ANEXOS ......................................................................................................................... 53

Page 198: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

10

1 INTRODUÇÃO

O ensino da matemática, nas séries iniciais do Ensino Fundamental, é considerado

indispensável, uma vez que oferece os fundamentos necessários para o desenvolvimento

físico, psíquico, cognitivo, emocional e social das crianças. Uma das maneiras mais eficazes

para envolver as crianças nas atividades educacionais é a ludicidade. O lúdico tem origem na

palavra ludus, que quer dizer jogo, no entanto, tal atividade está associada às brincadeiras, a

um jogo ou qualquer atividade que permita uma situação de interação.

Brincar é, sem dúvida, um meio pelo qual a criança é naturalmente atraída e uma

atividade espontânea que faz parte da infância. Logo, a presença da brincadeira em situações

educacionais, além de ser um meio de diversão, é um recurso por meio do qual o educador

pode desenvolver a aprendizagem de maneira significativa. Segundo Kishimoto (2011, p.

36), a brincadeira participa do conteúdo da inteligência, à semelhança da aprendizagem.

No Brasil, as propostas pedagógicas para a Educação Infantil apoiam-se no

Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), de 1998, que considera

que os professores deveriam incluir a brincadeira como um dos componentes das ações

educacionais. Logo, pode-se dizer que educar significa

propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma

integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis

de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de

aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais

amplos da realidade social e cultural (BRASIL, 1998, p. 23).

O RCNEI é um material de reflexão empregado para incentivar a discussão

pedagógica e um recurso didático para os educadores. Tal como acontece com outros

documentos oficiais que traçam diretrizes para a educação, o RCNEI, tende a auxiliar no

processo educativo. Hermida (2009, p. 103) refere que,

[...] com a ampliação do Ensino Fundamental de oito para nove anos de idade, a

partir de 2007, as crianças com idade de seis anos passaram a frequentar mais cedo

as escolas. Pressupondo que a inclusão dessa idade nesse setor de ensino propiciará

que o RCNEI possa vir se tornar um importante material de consulta na hora de

planejar as atividades.

O ato de brincar é um meio pelo qual a criança é atraída de maneira natural, porquanto

faz parte da natureza humana da criança. O lúdico é um meio de a criança se expressar, ou

Page 199: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

11

melhor, o seu meio de expressão fundamental (MARCELLINO, 1990, p. 77). Assim, ensinar

matemática, através de atividades lúdicas, é uma forma de se proporcionar uma familiarização

entre a matemática e os alunos. E os jogos e as atividades lúdicas tendem a oferecer condições

do educando vivenciar várias situações. A partir do desenvolvimento desses jogos, a criança

vivencia também diversas experiências lógicas e o raciocínio como um todo, o que favorece e

estimula as reações cognitivas.

O jogo pedagogicamente planejado, enquanto uma das formas culturais de a criança

se relacionar com o meio onde vive, pode significar desafio e desenvolver

estratégias para resolver problemas muitas vezes transcendentes ao próprio jogo. É

um meio interativo no qual as crianças aprendem umas com as outras.

Frequentemente, o jogo solicita a imaginação da criança, que atribui aos objetos do

cotidiano significados novos conforme seu objetivo. Assim, um cabo de vassoura

pode representar um cavalo, a mão, uma unidade de medida, um pedaço de barbante,

um comprimento, uma fileira de lajotas, a distância entre dois pontos, e assim por

diante (LORENZATO, 2008, p. 58).

Sabemos também que o ensino da matemática é visto como um elemento desafiador, o

que não se resume somente aos alunos, mas também aos docentes, quando se trata de lecionar

essa disciplina de maneira eficaz, nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Tais desafios são

alimentados por mitos que conceituam a matemática como algo abstrato, difícil e

incompreensível.

Como a matemática tem inúmeras relações com os jogos, ao realizar atividades lúdicas

no ensino dessa disciplina, o educador ajuda o educando a compreender bem mais a lógica

matemática, razão por que deve empregar formas didáticas cada vez mais diferenciadas, posto

que as atividades lúdicas estimulam a criança a sentir o desejo de pensar logicamente.

É preciso considerar que, embora algumas crianças apresentem uma predisposição

para não gostar da disciplina, tais recursos auxiliam o educador a reverter esse quadro,

implantando atividades lúdicas na escola. A partir de então, passa a haver uma relação muito

próxima entre a ludicidade e a educação matemática.

Na escola, a criança deve envolver-se com atividades de cunho criativo, prazeroso e

dinâmico. Nesse sentido, a ludicidade pode ser considerada como uma estratégia pedagógica

para o desenvolvimento de uma aprendizagem que garanta a troca entre os alunos e os

educadores, de forma que, através dessas atividades, demonstrem seus medos de agir, pensar e

sentir. Essa é uma forma de desenvolver a aprendizagem no ensino da matemática de forma

teórico-prática. Assim, a ludicidade possibilita que a matemática não seja concebida pelos

alunos com a visão de matéria mais difícil de estudar.

Page 200: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

12

Podemos, então, inferir que os instrumentos desafiadores que se infiltram no processo

de ensino da matemática podem e devem ser desmistificados, pois não há componente mais

difícil ou mais fácil. Na verdade, todos são essenciais para a construção do saber, e cada um,

com sua particularidade, é importante, principalmente se falarmos da questão interdisciplinar

que tem dado sua efetiva contribuição para que o ensino se enriqueça cada vez mais. Na

matemática, essa educação deve construir a aprendizagem de forma significativa, pois o

conhecimento matemático se manifesta como uma estratégia para a realização das

intermediações criadas pelo homem, entre sociedade e natureza.

Através desse apanhado, temos em mãos fortes sinais de que o ensino da matemática

pode e deve ser repensado e aprimorado, pois, com criatividade e empenho, podemos fazer

com que as aulas de matemática sejam mais prazerosas e participativas. Acrescente-se a isso

os jogos como um recurso indispensável na sala de aula, pois a busca por tal metodologia é o

resgate para um ensino mais concreto, frente às atividades que se tentam desempenhar na

escola. Isso também corresponde a uma infinidade de tarefas que o professor pode realizar

dentro da sala de aula.

Nessa perspectiva, as atividades lúdicas, diretamente mediadas pelo educador, poderão

propiciar diversas situações de aprendizagem que articulem esses recursos didáticos e as

capacidades cognitivas das crianças, unindo também seus conhecimentos prévios aos

conteúdos matemáticos.

Ressalte-se, porém, que a prática desenvolvida por muitos educadores ainda é

tradicional e não estimula seus alunos a construírem uma aprendizagem voltada para a

realidade em que estão inseridos. E devido aos problemas de aprendizagem e às dificuldades

dos educandos, poucos educadores se arriscam a trabalhar pedagogicamente com jogos e

atividades lúdicas no ensino da matemática, por desconhecerem as formas de correlacionar

conteúdos e ações. No entanto, alguns buscam caminhos para solucionar essa deficiência no

que diz respeito ao ensino de matemática, como afirma Kishimoto (2011, p. 81):

As referências ao uso do jogo no ensino de matemática nos últimos anos têm sido

constantes. Os congressos brasileiros sobre os jogos realizados na Universidade de

São Paulo, em 1989 e em 1990, já faziam referência ao jogo no ensino da

Matemática.

Podemos afirmar que, nos últimos anos, os debates relativos ao ensino de matemática

têm fomentado discussões e reflexões sobre o uso de jogos e atividades lúdicas na escola, e

Page 201: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

13

vários deles devem ser utilizados justamente por estarem diretamente ligados às necessidades

das crianças.

Considerando que as atividades lúdicas podem ser de grande importância no

desenvolvimento das crianças, o problema desta pesquisa pode ser definido da seguinte

maneira: Quais as influências dessas atividades no ensino da matemática? Nas séries iniciais

do Ensino Fundamental, a ludicidade deve ser empregada no ensino de matemática, de forma

descontraída e inovadora, através de atividades como jogos, brinquedos e brincadeiras, que

desenvolvam a imaginação, o raciocínio lógico, a criatividade e a interação, para ajudar a

criança a assimilar os conhecimentos e a construir sua realidade.

Infelizmente, a sociedade, muitas vezes, desvaloriza o lúdico, que vem sendo negado

às crianças cada vez mais precocemente. E as razões são as mais variadas, por isso não

podemos apontar uma única causa, e a escola deve ser um lugar de desenvolvimento da

ludicidade. Portanto, é imprescindível que a escola considere toda a cultura da criança e o

valor do componente lúdico, e para que essa atividade seja desenvolvida com excelência, é

preciso criar um trabalho de pesquisa a fim de implantar nos educadores a ideia de união entre

educar e brincar. Para isso, é importante que, desde cedo, o lúdico seja trabalhado no ensino

da matemática, para evitar que o número de alunos que não gostam de matemática e que não

conseguem assimilar os conteúdos passados em sala de aula aumente. Por meio das atividades

lúdicas, os educadores podem aproximar os alunos da matemática para eliminar o desinteresse

deles pela disciplina.

Acredita-se, então, que a inserção da ludicidade, como recurso didático para a criação

de um ambiente interativo, é uma forma de se buscarem soluções para as possíveis

dificuldades no aprendizado da matemática, para que os alunos ampliem sua capacidade de se

apropriar dos conteúdos, o que, certamente, favorecerá diretamente a sua aprendizagem.

Logo, considerando-se os aspectos até abordados, o objetivo principal desta pesquisa é

verificar como os educadores utilizam a ludicidade no ensino de matemática nas séries iniciais

do Ensino Fundamental.

Para dar conta desse assunto, foram elaborados os seguintes objetivos específicos:

Verificar como os professores pensam sobre sua prática de ensino de matemática;

Comparar a atuação de um professor de uma escola pública com a de um de uma

escola privada nas aulas de matemática;

Observar e identificar o método que os professores empregam para ensinar

matemática e verificar sua adequação;

Page 202: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

14

Identificar quais as concepções das crianças sobre as aulas de matemática;

Comparar as concepções de um educador de escola pública com o de escola privada

sobre o ensino da matemática;

Comparar as concepções das crianças com a dos educadores.

Este trabalho monográfico é uma pesquisa descritiva, de campo. Gil (2002) assevera

que as pesquisas descritivas têm como objetivo descrever as características de determinada

população. Podem ser elaboradas também com a finalidade de identificar possíveis relações

entre variáveis. As pesquisas de grupo caracterizam-se pela interrogação direta das pessoas

cujo comportamento se deseja conhecer (GIL, 2002).

Para colher os dados, aplicou-se uma entrevista com questões subjetivas para os

educadores de escola pública e privada, observando-se como utilizam a ludicidade nas aulas

de matemática e como concebem sua importância. Outro procedimento de coleta de dados foi

a realização de um grupo focal, em que foram identificadas as concepções das crianças sobre

a ludicidade nas aulas de matemática. Por entender a importância de um contato que visou

diagnosticar o universo a ser pesquisado e com a convicção do seu valor apreciativo, foi

realizada também a observação dos locais e das aulas de matemática ministradas por seus

respectivos educadores. Na ocasião, foi desenvolvido um mapa de registro dos fenômenos

encontrados para uma posterior análise.

Os sujeitos que participaram desta pesquisa foram crianças de duas turmas do 1º ano,

na faixa etária de 6 e 7 anos de idade - uma da rede pública e outra da rede privada, além do

educador responsável por cada turma, a fim de verificar como esses educadores utilizam a

ludicidade no ensino de matemática.

No que diz respeito à estrutura, o trabalho foi dividido em cinco capítulos. O primeiro

trata da retrospectiva histórica e das teorias acerca da ludicidade, apresenta uma abordagem

histórica sobre a formação e o desenvolvimento da ludicidade, ao longo dos tempos, e aponta

alguns historiadores e pensadores, destacando o surgimento e o uso de atividades lúdicas, bem

como a importância de se aprender brincando. Também são feitas considerações sobre as

teorias da ludicidade e uma breve descrição das concepções teóricas de Walter Benjamin,

Vital Didonet, Froebel, Vygotsky, Winnicott e Piaget, no qual se apoia este trabalho

monográfico, e em cujos apontamentos se destacam importantes aspectos acerca do brincar,

do brinquedo e da brincadeira, como formas e instrumentos educativos e de aprendizagem.

O segundo capítulo traz uma abordagem histórica sobre o ensino de matemática e suas

tendências teóricas e metodológicas, versando sobre vários pontos em relação ao seu uso e

Page 203: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

15

suas atribuições ao longo dos tempos. Também são feitas considerações sobre o ensino de

matemática, sob o ponto de vista de D’Ambrózio, a respeito da importância de o educador

utilizar os conhecimentos dos alunos para que eles adquiram novos conhecimentos. O capítulo

trata, ainda, das teorias sobre o ensino de matemática. Através das abordagens de Varotto,

podemos observar como conceber o ensino de matemática. Ainda nesse capítulo,

desmistificamos os conceitos que permeiam o ensino de matemática, através das abordagens

de Souto e Almeida. Por fim, tratamos da importância do uso da ludicidade no ensino dessa

ciência, trazendo alguns aportes a respeito de atividades que podem ser usadas para tal

objetivo e que servem como recursos pedagógicos eficazes para a construção do

conhecimento, e de aspectos que são indispensáveis para que se trabalhe o lúdico no ensino de

matemática nas séries iniciais do Ensino Fundamental.

No terceiro capítulo, são descritos os procedimentos metodológicos que foram

empregados na pesquisa e sua caracterização, os participantes, os instrumentos de coletas de

dados e os procedimentos adotados.

O quarto e o quinto capítulos fazem referência à descrição e à discussão dos

resultados. Por fim, são tecidas as considerações finais, bem como a bibliografia de apoio à

pesquisa realizada.

Page 204: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

16

2 A LUDICIDADE NA INFÂNCIA: HISTÓRIA E TEORIAS

2.1 RETROSPECTIVA HISTÓRICA

Nos dias atuais, o ato de brincar é colocado como importante e essencial para a vida de

uma criança. Tal importância nos leva a uma breve historização a respeito da formação e do

desenvolvimento ao longo dos tempos.

Segundo alguns historiadores, podemos situar, na antiga Roma e na Grécia, o

aparecimento das primeiras reflexões, no que diz respeito à importância do brinquedo na

educação. Pensadores como Platão e Aristóteles já sugeriram o uso de atividades lúdicas, bem

como a importância de se aprender brincando.

Platão, em Les Lois (1948), comenta a importância de se aprender brincando [...].

Da mesma forma, Aristóteles sugere, para a educação de afianças pequenas, o uso de

jogos que imitem atividades sérias, de ocupações adultas, como forma de preparo

para a vida futura (KISHIMOTO, 1995, p. 39).

Na Idade Média, a infância era concebida como abstrata, uma vez que a criança não

era conhecida como um ser singular, e o índice de mortalidade infantil era alto. Além disso,

não havia distinção de gênero para as crianças, porquanto, tanto para os meninos quanto para

as meninas, os brinquedos e as brincadeiras eram os mesmos e realizados por ambos os sexos.

Por volta dos sete anos de idade, as crianças abandonavam os trajes da infância e passavam a

se vestir como adultos, pois se acreditava que sua capacidade de assimilação era igual à do

adulto. Aos sete anos, abandonavam os trajes da infância, e sua educação era entregue aos

cuidados dos homens (ARIÈS, 1981, p. 87).

Com o advento do Cristianismo, à sociedade cristã era imposta uma educação

disciplinadora. As escolas episcopais e as que eram anexas aos mosteiros da época sempre

buscaram uma educação cercada de dogmas. Kishimoto (1995, p. 40) cita que os mestres

recitavam e liam cadernos, e aos alunos cabia decorá-los. Nesse clima, não havia condições

para a expansão dos jogos, considerados delituosos, à semelhança da prostituição e da

embriaguez.

Novas concepções pedagógicas só ocorreram durante o Renascimento. Nessa época,

começa a ser válido o uso de jogos, não apenas como diversão, mas como uma tendência

natural do ser humano, assim como o uso de exercícios de caráter lúdico. Assim, o ensino

Page 205: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

17

escolástico começou a ser substituído pelo emprego das tábuas murais na educação das

crianças.

O Renascimento vê a brincadeira como conduta livre que favorece o

desenvolvimento da inteligência e facilita o estudo. [...] o jogo infantil torna-se

forma adequada para a aprendizagem dos conteúdos escolares (KISHIMOTO, 2011,

p. 32).

Com o advento do Romantismo, o jogo passou a ser entendido como um recurso

importante para o ensino, posto que o brincar educativo facilita a socialização, a motivação e

a criatividade.

O Romantismo constrói, no pensamento da época, um novo lugar para a criança e

seu jogo, tendo como representantes filósofos e educadores como Jean–Paul Richter,

Hoffmann e Froebel, que consideram o jogo como conduta espontânea, livre e

instrumento de educação da pequena infância (IDEM, 2011, p. 33-34).

Devido a isso, a importância e o uso do jogo na educação oscilaram ao longo dos

tempos, inclusive durante mudanças de reformulação da educação. Hoje, a criança não pode

mais ser considerada um adulto em miniatura, mas um ser histórico-social, com características

próprias, e capaz de expressar sua autonomia e suas emoções.

Diante do exposto, podemos levar em consideração as definições de jogo feitas por

Huizinga, para quem o jogo está entre a natureza e a cultura humana. Ele mostra, assim, a

função social do jogo, que define como sendo uma categoria primária da vida, que contém o

instinto e o espírito humano.

Em suas abordagens, o autor exalta o jogo de tal forma que o concebe como tão

importante para a humanidade quanto o raciocínio e o fabrico de objetos. Ele refere que,

depois do Homo faber e, talvez, no mesmo nível de Homo Sapiens, a expressão Homo ludens

merece um lugar em nossa nomenclatura (HUIZINGA, 2000).

Tal afirmação classifica a atividade do jogo e do lúdico como mais que um fenômeno

fisiológico, que ultrapassa os limites biológicos e físicos.

2.2 TEORIAS ACERCA DA LUDICIDADE

Um autor muito importante, no que se refere às discussões sobre ludicidade é o

pensador Walter Benjamin, que realizou vários estudos sobre a história do brinquedo e do

brincar e suas concepções históricas. Em seus estudos, ele enuncia que os brinquedos

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18

estiveram presentes na vida das crianças desde as origens, quando os adultos os criavam para

as crianças. Benjamin também defende que as crianças são sujeitos de sua história, e não,

apenas, adultos miniaturizados, sendo, pois, parte da humanidade.

Assim, é através do brincar que a criança se encontra com o mundo, de corpo e alma,

percebe como ele é e dele recebe elementos importantes para a sua vida, desde os mais

insignificantes hábitos, até fatores determinantes da cultura de seu tempo (BERTOLDO;

RUSCHEL, 2000). Portanto, é brincando que a criança vê o mundo e se coloca em relação a

ele.

Didonet comunga com Benjamin no que diz respeito à produção e ao uso dos

brinquedos. Ele relata que, desde os primórdios, as crianças usavam brinquedos. Por essa

razão, podemos dizer que faz parte da cultura natural da criança usar os brinquedos de

maneira espontânea, como suporte para o brincar, e não há como dissociá-los.

Com base nessas considerações, citamos ainda Didonet (apud BERTOLDO;

RUSCHEL, 2000):

[...] é uma verdade que o brinquedo é apenas o suporte do jogo, do brincar, e que é

possível brincar com a imaginação. Mas é verdade, também, que, sem brinquedo, é

muito mais difícil realizar a atividade lúdica, porque é ele que permite simular

situações.

É importante ressaltar que os dois estão intimamente ligados. Friedrich Froebel é uma

figura importante no contexto educativo, porque trouxe várias contribuições acerca do jogo na

educação, que, sob seu ponto de vista, é um instrumento educativo, com o qual é possível

trabalhar várias disciplinas e manter uma correlação entre a linguagem, as ciências e a

matemática, relacionando-as com os estudos da natureza. A criança encontra nos objetos

naturais uma forma apropriada para a modelagem, a pintura e o desenho, e os conceitos de

espaço, forma e número, Geometria e Aritmética desenvolvem-se simultaneamente

(KISHIMOTO, 2008, p. 68).

Nessa perspectiva, o jogo é uma atividade importante no desenvolvimento da criança e

que, ao mesmo tempo, traz vários elementos positivos para seu desenvolvimento, postulando

assim a brincadeira como metafórica, livre e espontânea, sobremaneira importante para o

desenvolvimento das crianças. Segundo Froebel (1912 apud KISHIMOTO, 2008, p. 68),

“brincar é a fase mais importante da infância - do desenvolvimento humano nesse período -

por ser a autoativa representação do interno - a representação de necessidades e impulsos

internos”. Ele acrescenta que

Page 207: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

19

[...] a brincadeira é a atividade espiritual mais pura do homem nesse estágio e, ao

mesmo tempo, típica da vida humana enquanto um todo da vida natural interna no

homem e de todas as crianças. [...] A criança que brinca sempre, com determinação

auto-estima, preservando, esquecendo sua fadiga física, pode certamente tornar-se

um homem determinado, capaz de auto-sacrifício para a promoção do seu bem e de

outros... Como sempre indicamos, a brincar em qualquer tempo não é trivial, é

altamente sério e de profunda significação (IDEM, 2008, p. 68).

Vygotsky defende que o brinquedo desempenha um papel muito importante, posto que

preenche as atividades básicas das crianças. Portanto, é considerado um motivo para ação.

É na interação com as atividades que envolvem simbologia e brinquedos que o

educando aprende a agir numa esfera cognitiva. Na visão do autor, a criança

comporta-se de forma mais avançada do que nas atividades da vida real, tanto pela

vivência de uma situação imaginária, quanto pela capacidade de subordinação às

regras (VYGOSTSKY, 1984 apud SANTOS, E., 2010, p. 3).

Essas regras não podem se separar do brinquedo, porquanto, de acordo com Vygotsky,

não existe brinquedo sem regras. Logo, a situação imaginária de qualquer forma de brinquedo

já contém regras de comportamento, embora possa não ser um jogo com regras formais

estabelecidas a priori (VYGOTSKY, 1991, p. 108).

Considerando tais colocações, podemos afirmar que formas didáticas diferenciadas

devem ser oferecidas pelo educador, através de atividades lúdicas, para que a criança sinta o

desejo de pensar. A atividade lúdica é importante porque desenvolve no educando o desejo de

aprender a matéria que ele tem dificuldade de assimilar.

Para Winnicott, a brincadeira é universal, e brincar ajuda no crescimento e na saúde

física e mental da criança. A brincadeira conduz o relacionamento grupal, que pode ser

relacionado com a psicoterapia, e ajuda a criança a se comunicar com as pessoas

(BERTOLDO; RUSCHEL, 2000, p. 6).

As crianças apresentam motivações para o desenvolvimento de atividades lúdicas para

buscar o prazer, expressar possíveis agressões, controlar ansiedade, para estabelecer contatos

sociais, para comunicar-se com outras pessoas, entre outras motivações (Idem, 2000, p. 6).

2.3 A TEORIA DE PIAGET

Piaget ficou conhecido por seus trabalhos no campo da inteligência infantil e passou

grande parte de sua vida estudando e interagindo com crianças. Dedicou cerca de 60 anos de

sua vida a observar e pesquisar, a fim de compreender e explicar o desenvolvimento

Page 208: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

20

cognitivo, social e emocional das crianças. Diante disso, seus estudos sobre o processo de

raciocínio tiveram grande impacto nos campos da Pedagogia e da Psicologia.

No campo da Educação, a teoria piagetiana é de fundamental importância, no que diz

respeito aos conceitos de ensino-aprendizagem, uma vez que o educador não pode ser apenas

um transmissor de conhecimentos, mas deve ver a criança como um ser ativo, que age sobre o

meio, com capacidade de transformá-lo.

Assim, este trabalho monográfico busca apoio na teoria piagetiana, para delinear a

importância do uso da ludicidade como forma de conhecimento para as crianças, através da

qual se pode exercer um repertório ímpar de múltiplas aprendizagens. Ainda em relação a

Piaget, podemos dizer que suas pesquisas sobre o desenvolvimento intelectual foram

influenciadas por seus estudos como biólogo. Por essa razão, ele afirma que a mente e o corpo

não são independentes, posto que as atividades mentais seguem as mesmas leis das atividades

biológicas.

Adotando um uso metafórico da brincadeira como conduta livre, espontânea, que a

criança expressa por sua vontade e pelo prazer que lhe dá, e seguindo seus pensamentos,

podemos dizer que, na teoria piagetiana, a brincadeira, como ação assimiladora, aparece como

forma de expressão da conduta, dotada de características metafóricas, como espontânea,

prazerosa, semelhantes às do Romantismo e da Biologia. Ao colocar a brincadeira no

conteúdo da inteligência, e não, na estrutura cognitiva, Piaget distingue a construção de

estruturas mentais da aquisição de conhecimentos (KISHIMOTO, 2011, p. 36).

Assim, podemos dizer que a brincadeira, como assimilativa, participa da inteligência,

à semelhança da aprendizagem. Tal processo de desenvolvimento se dá a partir da construção

que a criança realiza com o meio social e físico, em que ela vai conhecendo o mundo a partir

da sua ação sobre ele.

Para entender como ocorre o desenvolvimento cognitivo, é preciso conhecer os

conceitos abordados por Piaget, que são: esquema, assimilação, acomodação e equilibração.

2.3.1 Esquema

Piaget (1973) define esquema como estruturas que se modificam com o

desenvolvimento mental e que se tornam cada vez mais refinados à medida que a criança vai

se tornando apta a generalizar os estímulos. Ele refere que “os esquemas são unidades de

comportamento suscetíveis de repetição mais ou menos estável e de aplicação a situações ou

Page 209: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

21

objetos diversos” (PIAGET, 1973, apud MARTIN, 2007, p. 14). Por meio dessas estruturas

cognitivas, os indivíduos se adaptam ao meio e organizam-no.

2.3.2 O processo de equilibração

O processo de equilibração requer o conhecimento dos processos de assimilação e de

acomodação. A adaptação desses dois processos é o que chamamos de equilibração.

A assimilação é um processo cognitivo de adaptação do sujeito ao meio. Em outras

palavras, é o processo pelo qual o indivíduo capta e organiza o meio, para ampliar seus

esquemas.

A assimilação designa o fato de que a iniciativa na interação do sujeito com o objeto

é do organismo. O individuo constrói esquemas de assimilação mentais para abordar

a realidade. Todo esquema de assimilação é construído e toda abordagem à realidade

supõe um esquema de assimilação. Quando o organismo (a mente) assimila, ele

incorpora a realidade a seus esquemas de ação, impondo-se ao meio (MOREIRA,

1995, p. 100).

Ocorre assimilação sempre que o indivíduo incorpora os dados externos aos esquemas

que ele já detém. Vale salientar que ela apenas amplia os esquemas, mas não os transforma. A

acomodação é a modificação necessária dos esquemas para poder incorporar esses dados

externos (PIAGET, 1973 apud MARTIN, 2007, p. 14).

É através das acomodações (que, por sua vez, levam à construção de novos

esquemas de assimilação) que se dá o desenvolvimento cognitivo. Se o meio não

apresenta problemas, dificuldades, a atividade da mente é, apenas, de assimilação,

porém, diante deles, ela se reestrutura (acomodação) e se desenvolve (MOREIRA,

1995, p. 100).

Piaget também concebe a assimilação como um dos processos fundamentais para o

desenvolvimento cognitivo do indivíduo.

A importância da noção de assimilação é dupla. De um lado, implica, como

acabamos de ver, a noção de significação, o que é essencial, pois todo conhecimento

refere-se a significações (índices ou sinais perceptivos, tão importante desde o nível

dos instintos, até a função simbólica dos antropóides e do homem, sem falar das

abelhas e dos golfinhos). Por outro lado, exprime o fato fundamental de que todo

conhecimento está ligado a uma ação e que conhecer um objeto ou acontecimento é

utilizá-los, assimilando-os a esquemas de ação (Piaget, 1973 apud MARTIN, 2007,

p. 15).

Page 210: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

22

Convém enfatizar que não há acomodação sem assimilação, pois a primeira é a

reestruturação da assimilação e da acomodação de maneira inseparável. Com isso, podemos

recorrer a Piaget (1978) e a Dolle (1981), nas palavras de Becker (1997 apud MARTIN, 2007,

p. 15), que definem a relação entre esses dois processos.

Se a assimilação é a ‘incorporação do meio à estrutura’, acomodação é a

‘modificação dessa estrutura em função das modificações do meio’ (DOLLE, 1981

p. 50). ‘Se denominarmos acomodação a esse resultado de pressões exercidas pelo

meio [...] poderemos dizer, portanto, que a adaptação é um equilíbrio entre a

assimilação e a acomodação’ (PIAGET, Nascimento da Inteligência p. 117). “No

domínio do comportamento chamaremos acomodação à variação de um esquema”

(Piaget, Aprendizagem e Conhecimento -1, p. 63). Por exemplo, o esquema de

preensão é modificado pelo esquema de puxar. Isto pode levar a descobertas

inesperadas, daí sua relevância para a aprendizagem. Pois a impossibilidade de

estender a tendência à assimilação para além de certos limites, corresponde ao inicio

da aprendizagem (PIAGET, APRENDIZAGEM E CONHECIMENTO - 1, p. 62).

Assim, o equilíbrio entre acomodação e assimilação é a adaptação à situação. E esse

processo das operações formais continua na idade adulta, em algumas áreas de experiência do

indivíduo (MOREIRA, 1995, p. 100).

2.3.3 Períodos do desenvolvimento cognitivo

Para Piaget, o processo de transformação do indivíduo depende de como ele deve

assimilar e elaborar suas interações como o meio. Ele destaca quatro períodos no processo

evolutivo do ser humano, que se dividem seguindo a faixa etária em que o indivíduo se

encontra.

- Período Sensório-motor (0 a 2 anos)

Segundo Piaget, o período vai do nascimento até a aquisição da linguagem, por volta

dos dois anos de idade. O contato com o meio é imediato, sem representação ou pensamento.

A criança, nesse estágio, não diferencia o seu eu do meio que a rodeia: ela é o centro

e os objetos existem em função dela. Suas ações não são coordenadas, cada uma

delas é ainda algo isolado e a única referência comum e constante é o próprio corpo

da criança, decorrendo daí um egocentrismo praticamente total (MOREIRA, 1995,

p. 96).

Isso significa que tudo o que a criança vê é uma extensão do seu próprio corpo, e ela

não se percebe como um ser que tem vontades e desejos que, na verdade, são as causas de

Page 211: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

23

suas ações. No final desse período, ela começa a descentralizar suas ações em relação ao seu

corpo e considera-se um objeto entre os demais.

- Período pré-operacional (2 a 7 anos)

Esse período vai dos dois aos sete anos de idade e se caracteriza pelo aparecimento da

linguagem. Inicia-se, nesse período, uma nova etapa do desenvolvimento mental da criança,

com o uso dessa linguagem, dos símbolos e das imagens.

Seu pensamento começa a se organizar, mas não é ainda reversível, isto é, não é

capaz de percorrer um caminho cognitivo e, após, percorrê-lo mentalmente em

sentido inverso, de modo a reencontrar o ponto de partida não modificado (Idem,

1995, p. 97).

Ressalte-se, no entanto, que, embora esse alcance do pensamento seja muito

importante, a criança ainda continua no egocentrismo, pois ainda não concebe uma realidade

da qual não faz parte e a vê como ela a afeta.

- Período operacional-concreto (7 aos 11, 12 anos)

Por volta dos sete anos, começa o período operacional concreto, que se estende até os

11 ou 12 anos, e o no desenvolvimento mental da criança passa por uma modificação. Nessa

fase, a criança começa a desenvolver uma capacidade de estabelecer relações e coordenar

pontos de vista diferentes, integrando-as de uma maneira lógica e coerente. Assim, podemos

dizer que “o pensamento da criança, agora mais organizado, possui características de uma

lógica de operações reversíveis” (MOREIRA, 1995, p. 97-98).

Nessa fase, a criança ainda não é capaz de operar hipoteticamente e recorre a objetos e

a acontecimentos concretos.

Entretanto, embora suas explicações e previsões não sejam mais baseadas em uma

perspectiva egocêntrica, seu pensar está ainda grandemente limitado: as operações são de fato,

concretas, isto é, incidentes diretamente sobre objetos reais (Idem, 1995, p. 98).

- Período das operações formais (12 anos em diante)

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24

Aqui, a criança amplia as capacidades adquiridas anteriormente e consegue raciocinar

sobre hipóteses, pois não é apenas com objetos concretos que as estruturas cognitivas

amadurecem.

A característica básica desse período é a capacidade de manipular construtos mentais

e reconhecer relações entre esses construtos. O período das operações formais

prolonga-se até a idade adulta, porém cabe ainda registrar que, no estágio

correspondente à adolescência, o indivíduo manifesta um último tipo de

egocentrismo: o adolescente atribui grande poder ao seu próprio pensamento, a sua

capacidade de raciocinar formalmente, e julga, muitas vezes, que somente ele está

certo (Idem, 1995, p. 99).

2.3.4 A construção da realidade segundo Piaget

Diante dessas colaborações de Piaget, fica claro que suas propostas configuram uma

teoria construtivista do desenvolvimento cognitivo humano. Ou seja, o indivíduo vai

adaptando-se, através de um processo constante do seu desenvolvimento cognitivo, e novos

níveis de conhecimentos vão sendo construídos por meio das interações do sujeito com o

ambiente.

No construtivismo de Piaget, o processo de construção do conhecimento confunde-

se com o próprio processo de constituição e de desenvolvimento do sujeito, na sua

relação com o mundo, que é físico e ao mesmo tempo simbólico. Esse sujeito se

define como tal a partir do momento em que se constitui junto com o objeto do

conhecimento, que não é apenas, nem necessariamente, físico. Dessa forma, falar em

construção do conhecimento significa falar ao mesmo tempo em construção do

sujeito que conhece e do objeto a ser conhecido. Ambos “aparecem como resultado

de um processo permanente de construção” (COLL, 1987, p. 186 apud SANCHIS;

MAHFOUD, 2007, p. 166).

Podemos dizer que pensar em construtivismo é, sobretudo, pensar em algo não

acabado, porém dinâmico, no qual o educador deve basear-se, e para que um ambiente de

ensino seja construtivista, é fundamental que o educador conceba que todo conhecimento e

todo desenvolvimento cognitivo só serão efetivos se forem baseados em uma interação entre o

sujeito e o objeto.

Com sua teoria, Piaget não aponta respostas de como ensinar e o que ensinar, mas

permite que se compreenda como o ser aprende, fornecendo referenciais para a identificação

das possibilidades e das limitações das crianças, e assim poderem trabalhar melhor com elas.

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25

3 O ENSINO DA MATEMÁTICA: TENDÊNCIAS TEÓRICAS E METODOLÓGICAS

3.1 O HISTÓRICO DA MATEMÁTICA

A matemática, desde muitos anos, já era usada por babilônios e egípcios. Nesse tempo,

não era utilizada para o conhecimento, mas apenas para as suas necessidades básicas. Muitas

descobertas aconteceram depois, e os símbolos surgiram através de estudos feitos no Egito

Antigo, a partir de desenhos. Como afirma Oliveira (2003, apud PIAGENTE et al., 2008, p.

2), “[...] a criação dos símbolos foi um passo muito importante para o desenvolvimento da

matemática. Na Pré-história, o homem juntava 3 bastões com 5 bastões para obter 8 bastões.

Hoje sabemos representar está operação por meio de símbolos: 3+5=8”.

Hoje isso é muito mais fácil, pois utilizamos as operações e não necessitamos mais de

objetos. Depois de alguns anos, a ciência dos gregos entrou em eclipse, e a matemática entrou

em um estado latente. Com isso, os árabes logo encontraram outro tipo de cultura matemática

- a Álgebra e a Aritmética. Depois de algum tempo, a matemática passa a ter seus

conhecimentos mais aprimorados e surgem novas descobertas, que estão sendo usadas até

hoje.

Atualmente, a matemática é vista como dificuldade, e muitos professores não buscam

uma nova didática que derrube esses conceitos e estimulem as pessoas a gostarem dela.

Gálvez (2001 apud PIAGENTE et al., 2008, p. 3) destaca que

[...] o objetivo fundamental da didática da matemática é averiguar como funcionam

as situações didáticas, quer dizer, quais das características de cada situação são

determinantes para a evolução do comportamento dos alunos e, consequente, de seus

conhecimentos.

E assim fica destacado que os educadores devem sempre buscar meios diferenciados

que atraia os alunos despertando a curiosidade desses, e assim possam se interessar por essa

ciência.

3.2 O ENSINO DA MATEMÁTICA

Há muito tempo, a matemática vem sendo vista como uma ciência que fornece um

campo muito promissor para o desenvolvimento do pensamento. Tomando como base os

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26

estudos de Jean Piaget, nos quais se apoia este trabalho, entendemos que a matemática é uma

ponte de ligação entre o espírito humano e o mundo. Assim, podemos afirmar que

[...] a visão de que o ensino de matemática requer contribuição de outras áreas de

conhecimento e de que o fenômeno educativo é multifacetado é, para o professor de

matemática, algo recente e ainda, infelizmente, pouco difundido e aceito (PEREIRA

et al. 2010, p. 74).

Nessa perspectiva, ensinar matemática é bem mais que passar conteúdos, é, sobretudo,

trabalhar, de maneira interdisciplinar, no desenvolvimento do raciocínio lógico, estimulando o

pensamento e a criatividade, para auxiliar na capacidade de resolver problemas.

A importância da matemática no ambiente escolar está diretamente ligada ao papel

desenvolvido pelo educador na sala de aula. Esse papel deve perpassar a visão do educador,

uma vez que ele não deve esperar apenas pelos recursos de que a escola dispõe, mas ser um

estimulador e se basear nas diretrizes pedagógicas para ampliar seus conhecimentos, sem

perder o foco dos conteúdos, visando ao sujeito histórico, com vistas ao seu crescimento e

desenvolvimento. Por isso, a relação existente entre educador e aluno deve ser o ponto de

partida para o desenvolvimento de um ambiente social, afetivo e intelectual, o que resulta em

uma aprendizagem promissora. A esse respeito, D’Ambrózio (1994 apud ALVES, 2001, p.

23) afirma:

[...] a verdadeira educação é uma ação enriquecedora para todos os que com ela se

envolvem, e sugere que em vez de despejarmos conteúdos desvinculados da

realidade nas cabeças dos alunos, devemos aprender com eles, reconhecer seus

saberes e juntos buscarmos novos conhecimentos.

Assim, podemos desenvolver momentos de interação criativos e felizes em sala de

aula. É necessário, ainda, que os alunos convivam em um ambiente rico em materiais e

oportunidades e, de modo particular, devemos levar em consideração tais preceitos para o

ensino da matemática, para que se consiga evitar o desenvolvimento de mitos e preconceitos

em relação a essa ciência.

3.3 TENDÊNCIAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DO ENSINO DE MATEMÁTICA NO

BRASIL

Algumas tendências teóricas e metodológicas caracterizam o ensino, em geral, e a

matemática, em particular. O ensino de matemática também sofre influências das concepções

Page 215: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

27

do educador, tanto na questão de seus valores quanto na sua visão de homem, mundo e

sociedade. Dito de outra forma, o educador ensina de acordo como a concebe. No caso da

escola, configura-se pelas funções determinadas pela sociedade. Dessa forma, formulam-se as

seguintes tendências, que procuram conceber o ensino matemático: Tendência Formalista

Clássica, Formalista Moderna, Empírico-ativista, Tecnista e suas variações, Construtivista e

Socioetnicocultural.

3.3.1 Tendência formalista clássica

Até a década de 1950, o Brasil passou por uma fase de ênfase às ideias e às formas da

Matemática clássica, cujo ensino se baseava em livros didáticos, com destaque para a

transmissão e a exposição do conteúdo pelo professor, através de preleções ou de

desenvolvimentos teóricos na lousa. O aluno aprendia de forma passiva, memorizando e

reproduzindo raciocínios e procedimentos ditados pelo professor ou pelos livros. Sobre esse

aspecto, Varotto e Bernardi (2007, p. 60) expressam:

É baseada no pensamento euclidiano e platônico, considerados teoremas primitivos,

que têm a ideia de que os princípios matemáticos são independentes dos homens, e

se encontram adormecidos na mente de cada um e são descobertos pela intuição. A

meta é de atingir a natureza suprema, a qual só se conseguiria pelo raciocínio lógico,

por isso enfatiza a geometria e a forma; o processo de ensino-aprendizagem depende

da transmissão do conhecimento do professor, assim o aluno se torna um agente

passivo que deve exercer a cópia, a reprodução e a imitação precisa. A crítica

destinada a essa tendência é proveniente dos escolanovistas que pregavam uma

abordagem pragmática (instrumentalização técnica para o indivíduo resolver seus

problemas).

3.3.2 Tendência formalista moderna

Essa tendência surgiu no Brasil, na década de 1960, promovendo um retorno ao

formalismo matemático com um único fundamento: as estruturas algébricas e a linguagem

formal da matemática contemporânea. No processo de ensino e aprendizagem, não haverá

grandes mudanças porque o ensino continuará centrado no professor, que exporá o conteúdo e

o explicará, essencialmente, no quadro.

Enfatiza a lógica, com a ideia de que a matemática é auto-suficiente e se justifica por

suas propriedades estruturais, reduzindo à forma de organização/sistematização dos

conteúdos, deixando o aspecto histórico para segundo plano. A relação professor-

aluno é igual à tendência clássica, com o objetivo de melhoria da qualidade de

Page 216: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

28

ensino para a sociedade moderna, por meio de ideias lógico-estruturais (VAROTTO;

BERNARDI, 2007, p. 61).

3.3.3 Tendência empírico-ativista

Emergiu no Brasil na década de 1920. Nessa tendência, o professor será o facilitador

da aprendizagem, e o aluno, o centralizador da aprendizagem, ou seja, será o ser ativo, pois

passará a ser o selecionador dos conteúdos a serem ensinados, atendendo ao seu

desenvolvimento psicológico.

Institucionalizada no ensino pela Reforma de Francisco Campos, seu pensamento

está vinculado ao desenvolvimento psicológico e biológico do ser, com a ideia de

que os pressupostos matemáticos são descobertos, mas preexistem no mundo natural

e material em que vivemos e o homem os extrai pelo sentido. Por isso, que sua

ênfase se encontra na pesquisa, a qual tem o papel de investigar as características da

criança para assim, desenvolver atividades que a leve a aprender pela experiência,

promovendo a criatividade. O processo de ensino-aprendizagem, então, se fixa na

desenvoltura de atividades por pequenos grupos os quais devem manipular, agir e

experimentar o objeto de aprendizagem. O professor atua como orientador das

atividades e o aluno é o centro dessa tendência com participação ativa. Seu objetivo

é uma educação que desenvolva a criatividade, potencialidade e interesses

individuais para a construção de uma sociedade em que a individualidade de todos

seja respeitada (VAROTTO; BERNARDI, 2007, p. 60).

3.3.4 Tendência tecnicista e suas variações

Surgiu no Brasil entre a década de 1960 e a de 1970. Essa tendência tem como

característica fundamental a ênfase às tecnologias de ensino relativas ao planejamento, à

organização e ao controle do sistema de ensino, subordinando a educação à sociedade, cuja

função é de preparar indivíduos competentes.

Tendo influência da corrente behaviorista com os pressupostos de racionalização do

modo de produção capitalista, a qual se funda no ideal de que a ordem e estabilidade

seriam as condições para o progresso, mas isso só seria possível se a escola

integrasse o ser útil e capaz na sociedade. O ensino, então, se vincula à resolução de

exercícios pelo modelo, garantindo a centralização nas técnicas e recursos, com isso

a aprendizagem se funda no desenvolvimento de habilidades e atitudes para se fixar

conceitos, que objetiva a melhoria do ensino no controle e organização do trabalho

escolar (VAROTTO; BERNARDI, 2007, p. 61).

3.3.5 Tendência construtivista

Emergiu no Brasil, a partir dos anos 1980, com a influência de Piaget.

Page 217: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

29

Seu método é baseado em materiais concretos para se construir o pensamento

lógico-matemático, que parte da ideia da qual a criança constrói o conhecimento

internamente a partir de sua interação com o mundo, pode-se concluir que o ponto

de partida do conhecimento é o sujeito. Nesse sentido, o conhecimento matemático é

concebido da ação do indivíduo de forma interativa e consciente com o meio. Tendo

a concepção de que a matemática é uma construção humana, e por isso se prioriza o

processo que faz do ensino-aprendizagem a realização de atividades nas quais as

crianças junto com os companheiros e o professor discutirão e confabularão o

aprender. A pesquisa é objetivada para investigar como a criança constrói seu

conhecimento e proporciona meios para que esse conhecimento seja construído

(VAROTTO; BERNARDI, 2007, p. 61).

3.3.6 Tendência socioetnicocultural

Essa tendência tem como objetivo acabar com o fracasso escolar, que se vincula ao

fato de o aluno não conseguir relacionar a aprendizagem escolar com sua vida cotidiana, por

meio da compreensão da realidade, para transformá-la e libertar os oprimidos, como ressaltam

Varotto e Bernardi (2007, p. 61).

Tal tendência se aproximará dos aspectos sociais e culturais. Trazendo em seu ideário

pedagógico o pensamento de Paulo Freire, ela propõe uma educação crítica e não alienante

quanto à matemática e à educação. A matemática passará a ser vista como atividade humana,

determinada socioculturalmente pelo contexto onde se realiza.

Nessa visão, a matemática vincula-se à aplicação na vida cotidiana de cada grupo

social, e com isso adquire a significação valiosa para cada grupo cultural. A relação

professor-aluno é baseada na troca de conhecimentos por meio do diálogo e, com

isso o processo de ensino-aprendizagem é pautado na pesquisa e discussão dos

problemas da realidade dos alunos. Dessa forma, a aprendizagem seria mais efetiva

pelo “aprender a ser” a partir da compreensão do saber do aluno, pois se espera que

o aluno construa significados congruentes a mesma atividade extra-escolar

(VAROTTO; BERNARDI, 2007, p. 61).

Page 218: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

30

3.4 DESMISTIFICANDO CONCEITOS DE MATEMÁTICA

Para se discutir o ensino de matemática na educação básica, devem-se refletir e

desmistificar, também, alguns conceitos e características da matemática como conhecimento

sistematizado.

Ensinar matemática é desenvolver o raciocínio lógico, estimular o pensamento

independente, a criatividade e a capacidade de resolver problemas. Segundo Souto e Almeida

(2010, p. 3),

a matemática é uma disciplina encarada, na maioria das vezes com desconfiança. A

exigência do raciocínio lógico e de concentração que essa matéria requer faz com

que os alunos criem certo bloqueio por ela. Quando apresentados em sala de aula, os

jogos, os quiz ou outras formas de brincadeiras mostram-se eficientes no

aprendizado, uma vez que desmistificam o conteúdo abordado.

No processo de ensino e aprendizagem, devem-se considerar os conhecimentos

matemáticos dos educandos. Como exemplo disso, podemos citar uma criança que trabalha

como vendedora e que, para dar o troco, precisa utilizar a matemática de forma adequada. O

que acontece, na verdade, é o fracasso desses alunos no âmbito escolar, que empregam

abordagens bastante diferentes para resolver problemas na rua.

3.5 IMPORTÂNCIA DA LUDICIDADE NO ENSINO DE MATEMÁTICA

O trabalho com o lúdico, no ensino de matemática, é fundamental no processo

aprendizagem, razão por que as escolas precisam, de forma clara e acessível, despertar a

curiosidade dos alunos, levando-os a desafios em que eles possam produzir saberes em

diferentes níveis de aprendizagem.

A matemática, como as demais disciplinas, deve ser muito bem trabalhada, para que

futuramente os alunos não apresentem dificuldades muito grandes, pela falta de

desenvolvimento do pensamento lógico e abstrato; as atividades lúdicas como

brincadeiras e jogos, são altamente importantes na vida da criança. Primeiro, por

serem atividades nas quais ela está interessada naturalmente; segundo, por ser no

jogo que a criança desenvolve suas percepções, sua inteligência, suas tendências à

experimentação e seus instintos sociais (PONTES; SILVA, 2010).

No momento em que a criança está brincando, podemos observar um comportamento

verdadeiro e natural. Por isso, é muito importante o trabalho com jogos e métodos lúdicos no

ensino. Assim, as crianças se sentem interessadas e verdadeiramente seduzidas pelo brincar, e

Page 219: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

31

isso facilita a aprendizagem e uma posterior socialização. Logo, participando de uma

recreação com meios lúdicos, serão garantidas a interação e a construção de conhecimentos

dessas crianças.

3.6 ATIVIDADES LÚDICAS PARA O ENSINO DE MATEMÁTICA

Os jogos acompanham a humanidade desde a pré-história e, desde então, vêm

auxiliando o homem no seu desenvolvimento intelectual, estimulando também a capacidade

de raciocínio rápido, de abstração e de concentração. Portanto, o jogo é considerado um

importante aliado para o ensino formal de matemática. Através de jogos como, por exemplo,

dominó, sudoku, quebra-cabeça, xadrez, jogo da memória, jogo da velha e cubo mágico,

podem-se ampliar e aperfeiçoar habilidades operatórias.

Assim, os jogos podem ser considerados elementos fundamentais para que os

processos de ensino e de aprendizagem de matemática possam superar os indesejáveis

métodos da “decoreba”, dos conteúdos prontos e repetitivos. Nesse contexto, os jogos são

elementos importantes, por meio dos quais a criança aprende com prazer, como sujeito ativo

dessa aprendizagem.

A aplicação dos jogos lúdicos desenvolve habilidades e potencialidades. Assim, a

utilização desses meios alternativos de ensino acaba por incrementar as atividades didáticas,

proporcionando um maior rendimento tanto ao professor quanto ao aluno. Consta nos PCNs

(BRASIL, 1997, p. 35) que

o recurso aos jogos lúdicos além de ser um objeto sociocultural em que a

matemática está presente, o jogo é uma atividade natural no desenvolvimento dos

processos psicológicos básicos; supõe um ‘ fazer sem obrigação externa e imposta’,

embora demande exigências, nomes e controle. No jogo, mediante a articulação

entre conhecimento e o imaginado, desenvolve-se o auto-conhecimento – até onde

se pode chegar – e o conhecimento dos outros – o que se pode esperar e em que

circunstâncias.

Os jogos, se convenientemente planejados, são um recurso pedagógico eficaz para a

construção do conhecimento matemático. Podemos citar alguns exemplos de atividades

lúdicas que poderiam ser aplicadas nas aulas de matemática (Anexo A).

Page 220: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

32

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Trata-se de um estudo descritivo, de campo, cujo objetivo é o de verificar como os

professores utilizam a ludicidade no ensino de matemática, o que pensam sobre a ludicidade,

na prática de ensino, e identificar as concepções das crianças sobre as aulas de matemática.

Para a avaliação desta pesquisa, foi aplicada uma entrevista com os professores e realizado

um grupo focal com as crianças.

4.2 PARTICIPANTES

Participaram deste estudo duas turmas de alunos das séries iniciais do 1º Ano do

Ensino Fundamental. A turma 1 é constituída de sete meninos e sete meninas de uma escola

da rede pública; a turma 2 é composta de onze meninos e oito meninas de uma escola da rede

privada. A idade dos estudantes varia entre seis e sete anos. Também participaram do estudo

as professoras de matemática de ambas as turmas. A educadora da escola privada tem 35 anos

de idade, leciona há 18 anos e é graduada em Pedagogia; a da escola pública tem 31 anos,

leciona há cinco e é formada em Pedagogia.

4.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Os educadores foram submetidos a uma entrevista (Apêndice C) sobre o uso da

ludicidade no ensino de matemática. Tal entrevista foi composta por dezessete questões, que

versam sobre a maneira como esses educadores utilizam a ludicidade nas aulas de

matemática, bem como sua concepção acerca da importância dela. Foram feitas perguntas que

questionavam como o educador percebe o interesse da turma pelas aulas de matemática, como

as planeja, quais os recursos que utiliza e com que frequência isso acontece.

Foi realizado um grupo focal com os educandos, que deram sua opinião sobre as aulas

de matemática. Foram discutidas questões que abordavam qual a matéria de que eles mais

gostavam, se gostam das aulas de matemática, se a professora utiliza jogos ou brincadeiras

nas aulas de matemática e se eles gostam desses recursos. Tendo como objetivo identificar as

concepções das crianças sobre a ludicidade nas aulas de matemática.

Page 221: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

33

4.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para a realização desta pesquisa monográfica, foram escolhidas duas escolas que

trabalhassem com crianças nas séries iniciais do Ensino Fundamental - uma da rede pública e

outra da rede privada. Os procedimentos que antecederam a pesquisa se deram teoricamente

através de termos de consentimento, que serviram de requisito para que as escolas

permitissem a execução da pesquisa. Os termos referentes foram destinados às educadoras

(Apêndice A) e às gestoras (Apêndice B) e serviram de base para o desenvolvimento da

análise desejada. Diante do consentimento, teve início um prévio agendamento com a

educadora de cada turma selecionada, para que ocorressem visitas às escolas nas aulas de

matemática durante o período de quinze dias.

Foram selecionadas duas educadoras, uma de cada escola escolhida, que se

submeteram a uma entrevista. As entrevistas foram realizadas em um dia, no interior das

próprias escolas, com uma duração média de trinta minutos cada, e foram gravadas para que

não se perdesse nenhum ponto que, posteriormente, poderia ser considerado de suma

importância para o questionamento da análise desejada.

Seguindo a linha de pensamento de que era preciso focar a concepção também das

crianças acerca das aulas de matemática e do uso da ludicidade, os alunos foram submetidos a

uma discussão em um grupo focal, que foi desenvolvido na sala de aula, onde permaneceram

apenas a pesquisadora e os alunos, a fim de que não houvesse nenhum tipo de interferência

das educadoras em relação às respostas dos alunos. A discussão teve um tempo aproximado

de execução de vinte minutos em cada turma selecionada.

Durante a realização desta pesquisa, procedeu-se também à observação dos locais e às

aulas de matemática, ministradas por suas respectivas educadoras. Na ocasião, foi

desenvolvido um mapa de registro dos fenômenos encontrados para posterior análise.

Page 222: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

34

5 DESCRIÇÃO DOS RESULTADOS

PARTE 1 - Esta parte se refere à entrevista com as professoras.

(1) Interesse dos alunos pelas aulas de matemática

Ambas as professoras avaliaram positivamente o interesse dos alunos pelas aulas de

matemática e pontuaram:

- Boa recepção do conteúdo;

- Boa motivação e participação.

(2) Planejamento das aulas de matemática

As professoras afirmaram que o planejamento das aulas é realizado com a

coordenadora da escola.

(3) Definição de atividade lúdica

As definições foram semelhantes. A atividade lúdica foi entendida como atividades

que levam à aprendizagem, através de brincadeiras descontraídas e espontâneas.

(4) Recursos utilizados nas aulas

Em relação a essa questão, existe uma diferença nas respostas das professoras.

A professora da escola pública afirma que a escola não dispõe de recursos para a

realização de aulas lúdicas. O principal recurso utilizado é o quadro. Para trabalhar com jogos

ou brincadeiras, ela precisa trazer de casa ou confeccionar na sala de aula. Logo, a maioria

dos jogos é feita à mão com sucata.

Frequência de utilização a cada assunto novo

A professora de escola privada afirma que utiliza os jogos que a escola disponibiliza.

Apesar de também confeccionar alguns jogos, quase todos eles são industrializados.

Frequência de utilização: a cada assunto novo, no início e no final do conteúdo

(5) Importância do uso de atividades lúdicas

Ambas as professoras afirmaram que, através do lúdico, a matemática é assimilada

mais facilmente, e a aprendizagem é significativa.

PARTE 2 - Esta parte trata da discussão com o grupo focal (crianças).

Page 223: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

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(1) A matéria de que mais gostam

As crianças da escola privada apontaram Matemática e Inglês como matérias

preferidas; já para as da escola pública, Língua Portuguesa e Artes.

Tabela 1: Frequência de respostas dos alunos da escola privada quanto às

matérias preferidas

Matérias F

Matemática 15

Inglês 4

Tabela 2: Frequência de respostas dos alunos da escola pública quanto às

matérias preferidas

Matérias F

Língua Portuguesa 10

Artes 4

(2) Gostam das aulas de matemática

Todas as crianças, de ambas as instituições, afirmaram que gostam das aulas de

Matemática porque é bom aprender a contar e o preço das coisas.

(3) Frequência com que a professora utiliza jogos na aula de matemática

Todas as crianças afirmaram que a professora sempre utiliza jogos nas aulas de

matemática.

(4) A professora ensina bem matemática?

Todas as crianças responderam que sim.

Escola pública: “Porque ela tem paciência e ensina bem, pois já aprenderam todos os

números e a contar”.

Escola privada: “Porque é uma boa professora, sempre traz jogos”.

PARTE 3 - Esta parte se refere à observação feita nas aulas de matemática da escola

pública e da privada.

Page 224: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

36

As observações foram realizadas no período de quinze dias. Só foram registradas as

aulas de matemática, apesar de terem sido realizadas observações de todas as aulas.

(1) Atividades lúdicas observadas

Na escola pública, foram observadas três aulas de matemática, com a utilização de

jogos, e quatro aulas com explicações expositivas. Na escola privada, foram observadas seis

aulas de matemática, com a utilização de jogos, e duas, com explicações expositivas.

Tabela 3: Tipos de aulas ministradas

Tipos de aula Escola pública

F

Escola privada

F

Lúdicas 3 6

Expositivas 4 2

Total 7 8

(2) Jogos utilizados pelas professoras

Os jogos utilizados pelas professoras Nesse período de observação, foram empregados

os seguintes jogos:

Escola pública: Fantoches de sucata, bingo, dominó da adição.

Escola privada: Barbante (para aprender maior e menor), baralho, material dourado,

pega-varetas, cédulas de dinheiro.

(3) Desenvolvimento das aulas

Escola Pública: Durante a observação das aulas de matemática foi observado que a

educadora faz o uso de recursos lúdicos. Mesmo que a mesma não disponha de recursos

suficientes, tendo que confeccionar a maioria dos jogos e ou brinquedos. Essa ainda procura

fazer com que a ludicidade esteja presente durante as aulas de matemática. No entanto, como

ela não dispõe de muitos recursos como já destacados, suas aulas são na maioria das vezes

expositivas.

Ainda durante a observação das aulas, foi constatado que as crianças se colocam

bastante participantes e interessadas nas aulas.

Page 225: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

37

Escola Privada: Durante a observação das aulas de matemática foi observado que a

educadora utilizou na grande maioria de suas aulas os recursos lúdicos, o que desenvolve nas

crianças um interesse em estudar a disciplina. Inclusive podemos levar em consideração que

a escola oferece uma grande quantidade de materiais lúdicos, para o desenvolvimento das

aulas.

Quanto à reação das crianças durante as aulas, elas se mostraram bastante receptivas e

interessadas.

Page 226: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

38

6 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Para analisar os pressupostos teóricos levantados neste estudo, a seguir, foram

analisados os resultados obtidos durante a pesquisa de campo, efetuada em duas turmas do 1º

ano do Ensino Fundamental de duas escolas - uma de rede pública e outra de rede privada.

Vale destacar que a pesquisa de campo foi direcionada aos alunos e aos professores

das turmas em questão. A pesquisa procedeu-se através de três momentos: entrevista com as

educadoras, discussão com as crianças (grupo focal) e observação do espaço escolar e da sala

de aula.

A partir da análise das entrevistas, constatamos que ambas as educadoras consideram

que as atividades lúdicas são essenciais e necessárias para o processo de ensino e

aprendizagem das crianças. Como afirmam Vygotsky (1987) e Piaget (1976), o lúdico exerce

papel fundamental na educação, principalmente na educação infantil. As educadoras veem

essas atividades como facilitadoras da aprendizagem num contexto geral, ou seja, tanto

auxiliam o aluno a assimilar conteúdos quanto a se relacionar como o outro e consigo mesmo,

contribuindo para o desenvolvimento do ser humano. Assim, seguindo o pensamento de

Froebel (apud ALMEIDA, 1994, p. 18), “a melhor forma de conduzir a criança à atividade, à

auto-expressão e à socialização seria através dos jogos”.

Durante as entrevistas, as educadoras foram questionadas quanto ao planejamento das

aulas de matemática. Elas afirmaram que o planejamento é realizado em conjunto com as

coordenadoras, o que é muito interessante, pois o planejamento escolar “é um processo de

racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e

a problemática do contexto social” (LIBÂNEO, 1992 apud BAFFI, 2002).

Já em relação aos recursos que as educadoras disponibilizavam para trabalhar a

ludicidade nas aulas de matemática, houve uma disparidade. A da escola pública afirma que,

embora a escola seja boa, não lhe oferece os recursos necessários para que desenvolva mais

aulas fazendo uso de jogos ou brincadeiras. Nota-se, porém, que essa educadora tem interesse

em levar mais atividades lúdicas para a sala de aula. Por isso, sempre que possível, ela leva

alguns jogos de casa ou confecciona na sala. Em quase todos, ela usa sucata como matéria-

prima. O que se pode considerar de bastante significância, uma vez que o educador não deve

apenas se prender as possibilidades dos jogos e/ou brinquedos industrializados. E

considerando que a referida educadora procura desenvolver a ludicidade dessa maneira,

podemos dizer que ela corrobora com Piaget (1978, apud SPIGOLON, 2006), ao afirmar “que

Page 227: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

39

os jogos não são apenas uma forma de entretenimento para gastar as energias das crianças,

mas meios que enriquecem e contribuem para o desenvolvimento infantil”. Ou seja,

desenvolver a ludicidade, mesmo em meios menos propícios, permite o desenvolvimento das

realidades intelectuais.

Em contrapartida, a educadora da escola privada usa diversos recursos que são

disponibilizados pela própria escola, mas também acredita ser bastante interessante e

importante a confecção de alguns jogos ou brinquedos em conjunto com as crianças, pois

considera que auxilia outras vertentes do conhecimento.

Confeccionar o brinquedo favorece o envolvimento com a brincadeira que ele

sugere. O fato de a criança participar dessa confecção incentiva a sua criatividade e a

sua capacidade de imaginar, de criar não só aquele brinquedo, mas de se considerar

capaz de construir outros objetos que tenha significado para ela, outros artefatos que

incrementem sua capacidade de interagir, de fazer sozinha e/ou com outras pessoas

(SILVEIRA, 2009, p. 134).

Nesse ponto, é necessário estabelecer um comparativo entre as duas educadoras.

Durante a pesquisa, foi constatado que, em especial, a da escola pública procura desenvolver a

ludicidade em suas aulas e se dispõe a envolver parte de seus recursos para custear algumas

despesas relacionadas ao desenvolvimento dos materiais necessários para as atividades

lúdicas. Esse caso é uma exceção, diante do quadro em que se encontra a maioria dos

educadores, que não tem a mesma disponibilidade para envolver seus rendimentos ou até

vontade própria para desenvolver tais atividades sem que haja certo estímulo por parte da

gestão das escolas em que lecionam. Já a educadora da escola privada relatou, durante a

pesquisa, que a escola lhe oferece todo o aparato e apoio necessário para o desenvolvimento

da ludicidade em suas aulas. Até destacou que essas atividades fazem parte do projeto

político-pedagógico da escola.

Ainda de acordo com as entrevistas, ambas as educadoras avaliam de maneira positiva

o interesse dos alunos pelas aulas de matemática, destacando que eles demonstram uma boa

recepção dos conteúdos, com motivação e participação.

No segundo momento da pesquisa, foi realizada uma discussão (grupo focal) com as

crianças, em que foram direcionadas a elas perguntas que tinham como objetivo identificar

suas concepções acerca da ludicidade nas aulas de matemática, que é sobremaneira

importante. Isso porque introduzir jogos nas aulas de matemática é uma possibilidade de se

diminuírem os bloqueios apresentados por muitos de nossos alunos, que temem a matemática

e não se sentem capazes de aprendê-la (BORIN, 1996, p. 9).

Page 228: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

40

Durante a discussão, percebemos que as crianças da escola privada preferiam a

disciplina de matemática. De acordo com o que foi extraído dessa discussão, essa predileção

das crianças da escola privada pela disciplina se dá pelas atitudes que a educadora tem em

relação ao uso do lúdico na maioria de suas aulas. Inclusive, muitos alunos denominaram a

disciplina como divertida e fácil de aprender. Tal afirmação nos leva a crer que o tipo de

exposição dos conteúdos matemáticos que ela desenvolve cria uma relação de proximidade

entre as crianças e a matemática de uma forma construtiva e bastante significativa.

Por outro lado, nenhuma das crianças da escola pública chegou a citar a disciplina

como preferida. Logo, podemos levar em consideração que as atividades lúdicas são pouco

empregadas nas aulas, a maioria das quais é tradicionalista, pois, devido à falta de apoio e de

recursos da escola, a professora expõe os conteúdos, quase sempre, através do quadro e de

atividades nos cadernos. Isso pode ter ocasionado certa distância das crianças da matemática,

devido à grande relevância que os jogos têm em relação ao ensino matemático, em que o uso

de jogos tem o objetivo de fazer com que os alunos gostem de aprender essa disciplina

mudando a rotina da classe e despertando assim o interesse de todos. E por ser um método

atraente e diferente, o jogo acaba por tornar as aulas de matemática mais ágeis e dinâmicas.

Ainda durante a discussão, os alunos foram questionados acerca da frequência com

que a professora utiliza jogos nas aulas de matemática e se acreditavam que ela ensina bem a

disciplina. Todas as crianças responderam positivamente a essa questão. Tal afirmação foi

comprovada através da observação das aulas e da relação que as crianças têm com a

disciplina, pois todas elas demonstram um grau de afinidade com a mesma.

No terceiro momento, as aulas de matemática foram observadas em ambas as escolas,

para verificar como as educadoras trabalhavam o lúdico e como os alunos percebem e

assimilam os conteúdos. Na escola de rede pública, foi observado, no período de quinze dias,

um total de sete aulas de matemática, sendo que em apenas três faziam-se atividades lúdicas.

Um ponto importante a registrar é que a educadora utiliza bastante a ludicidade durante as

aulas de Língua Portuguesa, pois, durante o período de observação, presenciamos também as

aulas de outras disciplinas. Sobretudo nas aulas de Língua Portuguesa, ela trabalha com meios

lúdicos, em leituras grupais, que se transformam em teatro de histórias contadas pelas

crianças, ou ainda pela inserção de musicalidade. Tal atitude pode ser a causa da predileção

dessas crianças pelas aulas de português, o que contraria a concepção que eles têm em relação

à matemática que, embora afirmem que gostam da matéria, não a classificam como sendo a

preferida.

Page 229: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

41

Na escola privada, também em observação durante o mesmo período, foi observado

um total de oito aulas de matemática, sendo que, em seis delas, a educadora fazia uso de

meios lúdicos, o que demonstra que a educadora da rede particular, por ter uma maior

disponibilidade de recursos, apoio da gestão e ter que seguir o projeto pedagógico proposto

pela escola, utiliza a ludicidade com mais frequência. Isso faz com que os alunos

desenvolvam uma melhor intimidade com a disciplina e a apontem como matéria preferida,

como foi citado anteriormente. Saliente-se, ainda, que esses educandos podem ser

considerados alunos com ótimo desenvolvimento, pois, durante a observação, demonstraram

um bom conhecimento em relação às abordagens de cunho matemático.

Dentro da situação de jogo, onde é impossível uma atitude passiva e a motivação é

grande, notamos que, ao mesmo tempo em que esses alunos falam matemática,

apresentam também um melhor desempenho e atitudes mais positivas frente a seus

processos de aprendizagem (BORIN, 1996, p. 9).

Isso justifica o motivo de que, durante o desenvolvimento das aulas em que a

ludicidade era empregada, todas as crianças eram participativas e demonstravam interesse não

somente em se divertir, mas também em aprender. Isso mostra que a ludicidade é um

excelente instrumento facilitador do processo de ensino-aprendizagem, pois desenvolve as

potencialidades humanas das crianças, proporcionando as condições adequadas para um bom

desenvolvimento físico, motor, emocional, cognitivo e social.

Page 230: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

42

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após as análises das observações, das entrevistas com as educadoras, da discussão

(grupo focal) com as crianças e do levantamento bibliográfico, constatamos a importância do

uso de jogos e atividades lúdicas nas aulas de matemática, que auxiliam para o

desenvolvimento e a construção da aprendizagem.

No decorrer desta pesquisa, ficou evidente a eficácia de se trabalhar ludicamente no

processo de interação e socialização dos alunos. Também verificamos que existem diferentes

tipos de jogos e que muitos podem ser construídos com materiais reciclados, com o auxílio

das próprias crianças, o que traz um prazer a mais, pois, como destaca Cunha (2007), o

brinquedo de sucata do tipo “eu que fiz” expressa uma emoção e um sentimento lúdico

manifestado pela emoção. Ressaltamos, ainda, a questão da diferença existente entre a escola

pública e a escola privada, no que diz respeito ao apoio e ao incentivo ao uso de jogos nas

aulas de matemática. Nesse caso, em especial, apenas a escola privada recebe apoio para

aplicar eficazmente os recursos lúdicos voltados para a educação das crianças, os quais,

inclusive, fazem inclusive parte do projeto político-pedagógico desenvolvido pela escola. Em

contrapartida, a escola pública pesquisada não dispõe de recursos materiais nem de apoio

pedagógico para que a educadora faça o uso constante de atividades lúdicas em suas aulas. E

como considera tais atividades importantes para o desenvolvimento cognitivo, leva para a

escola materiais de sua casa ou os confecciona em sala de aula.

Os resultados da pesquisa nos mostram que as atividades lúdicas, nas aulas de

matemática, são sobremaneira importantes. Com essa atitude, o educador valoriza a

participação integral da criança nas atividades, o que promove o desenvolvimento da sua

capacidade de tomar atitudes e de conviver socialmente, pois, na maioria dos casos, os alunos

precisavam atuar em equipe, e isso os ajudava a superar, pelo menos, uma parte do seu

egocentrismo natural. Portanto, o uso de atividades lúdicas é fundamental para o

desenvolvimento cognitivo do aluno. Sob o ponto de vista de Kishimoto (2008), o

desenvolvimento da criança é um processo global, e quando brinca, ela desenvolve sua

capacidade motora e social, estabelecendo relações cognitivas.

Consideramos os resultados do trabalho desenvolvido satisfatórios, pois, durante a

pesquisa, percebemos que o processo de interação dos alunos com as educadoras e com os

jogos matemáticos foi muito significativo, posto que uniu os conteúdos matemáticos ao prazer

de aprender. Assim, podemos considerar as atividades lúdicas como elementos importantes e

Page 231: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

43

fundamentais para que o processo de ensino e aprendizagem possa superar o tradicionalismo

do ensino repetitivo, que torna essa disciplina tão temida e mistificada.

Ainda seguindo tal pensamento, inferimos que as escolas da rede pública, por motivos

diversos, ainda desenvolvem metodologias de ensino que podem ser encaixadas na

perspectiva educacional tradicionalista, porquanto, na maioria de suas aulas, ainda usam o

quadro como recurso didático, pois não recebem apoio do governo responsável pela escola.

Além disso, por mais que tentem desenvolver atividades lúdicas, por acreditar que são

indispensáveis para uma educação mais significativa, não conseguem por em prática aquilo

que aprenderam em sua formação acadêmica.

Então, seria interessante rever tal realidade, para que todos fossem beneficiados com

tais mudanças. Ressaltamos, ainda, o papel e a responsabilidade da escola nesse ponto, pois,

precisa estar bem estruturada para exercer um papel relevante na formação da vida futura de

seus educandos.

De acordo com os objetivos destinados no início da pesquisa, consideramos que todos

foram atingidos positivamente. No entanto, seria interessante um posterior aprofundamento

em seus temas abordados, para que haja uma maior abrangência da área pesquisada.

Enfim, salientamos que as atividades lúdicas, além de proporcionar prazer e diversão,

podem representar um estímulo ao pensamento reflexivo do aluno, e essa pode ser uma razão

bastante forte para que se defenda seu uso no ensino de matemática. Podemos considerar que

as atividades lúdicas fazem parte do universo da criança e contribuem significativamente para

o desenvolvimento da imaginação, do raciocínio lógico, da criatividade e da interação,

auxiliando a criança na assimilação de conhecimentos e na construção de sua realidade.

Page 232: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

44

REFERÊNCIAS

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VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

Page 235: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

47

APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título do Projeto: O ENSINO LÚDICO DA MATEMÁTICA NAS SÉRIES INICIAIS

DO ENSINO FUNDAMENTAL

Pesquisadora responsável (Orientadora): Profª Aurora Camboim L. de Andrade Lula

Pesquisadora acadêmica responsável: Michelle Rodrigues de Aguiar

Prezado (a) Senhor (a),

Somos pesquisadoras do Curso de Pedagogia e pretendemos realizar um estudo cujo

objetivo é verificar como os educadores utilizam a ludicidade no ensino de matemática nas

séries iniciais do Ensino Fundamental. Os procedimentos adotados serão a realização de uma

observação das aulas de matemática; uma entrevista com o educador responsável pela referida

turma e a realização de um grupo focal com as crianças da turma. Assim, gostaríamos da sua

participação.

Nesse trabalho, o (a) participante será submetido a uma entrevista, que será gravada se

assim permitir, sobre o uso da ludicidade no ensino de matemática. A pesquisa não oferecerá

riscos ou prejuízos previsíveis e contribuirá para um maior conhecimento do produto para a

área de Educação. Informamos, ainda, que a participação é voluntária, portanto, o participante

não receberá pagamento para isso e lhe é garantido o direito de desistir da pesquisa, em

qualquer tempo, sem que essa decisão o prejudique. Mesmo não tendo benefícios diretos em

participar, indiretamente você estará contribuindo para a compreensão do fenômeno estudado

e para a produção de conhecimento científico.

Caso o (a) Senhor (a) consinta, será necessário assinar esse termo. Solicitamos o seu

consentimento também para publicar e divulgar os resultados, e o seu anonimato será

preservado nos veículos científicos e/ou de divulgação (jornais, revistas, congressos, dentre

outros), que as pesquisadoras acharem convenientes. Esperamos contar com seu apoio e,

desde, já agradecemos por sua colaboração.

Page 236: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

48

Contato com o (a) pesquisador (a) responsável:

Caso necessite de maiores informações sobre a pesquisa, favor entrar em contato com

a pesquisadora Michelle Rodrigues de Aguiar, e-mail: [email protected], (83)

8809-1858. Após ter sido informado (a) sobre a pesquisa, consinto em participar dela.

_________________________________________

Pesquisador

_________________________________________

Participante voluntário

João Pessoa, _____/_____________/_______

Page 237: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

49

APÊNDICE B - TERMO DE AUTORIZAÇÃO INSTITUCIONAL

TERMO DE AUTORIZAÇÃO INSTITUCIONAL

João Pessoa, 11 de Maio de 2011

Ilustríssimo (a) Senhor (a)

Eu, Michelle Rodrigues de Aguiar, responsável principal pelo projeto de graduação,

venho, pelo presente, solicitar sua autorização para realizar o projeto de pesquisa na

instituição _____________________________________________, para o trabalho de

pesquisa, sob o título O ensino lúdico da Matemática nas séries iniciais do Ensino

Fundamental, orientado pela Professora Aurora Camboim Lopes de Andrade Lula. Esse

projeto tem como objetivo verificar como os educadores utilizam a ludicidade no ensino da

matemática nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Os procedimentos adotados serão a

realização de uma observação das aulas de matemática, uma entrevista com o educador

responsável pela referida turma e a realização de um grupo focal com as crianças. Qualquer

informação adicional poderá ser obtida através da pesquisadora Michelle Rodrigues de

Aguiar, e-mail: [email protected], fone: (83) 8809-1858.

A qualquer momento, o/a Senhor/a poderá solicitar esclarecimento sobre o

desenvolvimento do projeto de pesquisa que está sendo realizado e, sem qualquer tipo de

cobrança, poderá retirar sua autorização. O pesquisador está apto a esclarecer esses pontos e,

em caso de necessidade, dar indicações para solucionar ou contornar qualquer mal-estar que

possa surgir em decorrência da pesquisa.

Os dados obtidos serão utilizados na publicação de artigos científicos, e assumimos a

total responsabilidade de não publicar qualquer dado que comprometa o sigilo da participação

dos integrantes de sua instituição, como nome, endereço, imagem e outras informações

pessoais, que não serão, sob nenhuma hipótese, publicadas. Caso a participação na pesquisa

cause qualquer tipo de dano aos participantes, o pesquisador se compromete em reparar esse

dano e prover meios para repará-lo. A participação será voluntária, não fornecemos por ela

qualquer tipo de pagamento.

Page 238: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

50

AUTORIZAÇÃO INSTITUCIONAL

Eu,_________________________________________________ responsável pela

instituição ________________________________________, declaro que fui informado dos

objetivos da pesquisa acima e autorizar sua execução nessa instituição. Caso necessário, a

qualquer momento, como instituição COPARTICIPANTE da pesquisa, poderemos revogar

essa autorização, se comprovadas atividades que causem algum prejuízo a essa instituição ou

qualquer dado que comprometa o sigilo da participação dos seus integrantes. Declaro,

também, que não recebemos qualquer pagamento por essa autorização bem como os

participantes.

_________________________________________

Pesquisador

_________________________________________

Responsável pela Instituição

Documento em duas vias:

1ª via instituição

2ª via pesquisador

Observação: Informamos que, no Curso de Graduação, o responsável pela pesquisa é o

professor/orientador.

Page 239: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

51

APÊNDICE C - ENTREVISTA SOBRE O USO DA LUDICIDADE PELOS

PROFESSORES NAS AULAS DE MATEMÁTICA

1- Qual o seu nome?

2- Qual a sua idade?

3- Em qual (ais) escola (s) você trabalha atualmente?

4- Há quanto tempo você leciona?

5- Qual a sua formação profissional?

6- Em quantas turmas você leciona? Quais as séries?

7- Como você percebe o interesse dos alunos pelas aulas de matemática?

8- Como é realizado o planejamento das aulas de matemática?

9- O que você entende sobre atividade lúdica?

10- Quais os recursos que você utiliza para as aulas de matemática?

11- Com que frequência você utiliza esses recursos? Por quê?

12- Você acha importante o uso do lúdico no ensino de matemática?

13- Você conhece jogos matemáticos que possam ser utilizados em sala de aula?

14- Você utiliza esses recursos (jogos e/ou brincadeiras) nas suas aulas de

matemática? (Atenção: se a resposta for sim, passe para a pergunta 15; se a resposta for não,

passe para a pergunta 16).

15- Você considera que eles contribuem para a aprendizagem e o aumento do

interesse dos alunos?

16- Por que você não utiliza?

17- A escola em que você trabalha lhe oferece o suporte necessário para que você

utilize jogos e/ou brincadeiras nas aulas de matemática?

Page 240: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

52

APÊNDICE D - QUESTIONÁRIO DIRECIONADO AOS ALUNOS (GRUPO FOCAL)

1- Qual a matéria que vocês mais gostam? Por quê?

2- Vocês gostam das aulas de matemática? Por quê?

3- A professora já trouxe jogos e /ou brinquedos para a sala de aula, nas aulas de

matemática? (Atenção: se a resposta for sim, passe para a pergunta 4; se for não, passe para a

pergunta 6).

4- Ela traz sempre ou poucas vezes?

5- Foi bom ou ruim? Vocês gostaram? Por quê?

6- Vocês gostariam que ela trouxesse jogos e/ou brincadeiras para as aulas de

matemática?

7- Vocês acham que a professora ensina bem a matemática? Por quê?

Page 241: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

53

ANEXO A - ATIVIDADES LÚDICAS PARA O ENSINO DA MATEMÁTICA

1. Quanto cabe? (conceitos e medidas)

- Material: um copo plástico, uma colher e um balde ou bacia com água

- Desenvolvimento: Dê um copo plástico e uma colher para cada criança. No meio da

sala ou do pátio, coloque uma bacia ou um balde com água. Peça à criança que experimente

pegar colheres de água de dentro do balde ou da bacia e colocar no copo plástico. Assim que

todos terminarem de encher o copo plástico com água, perguntar para cada criança: “Quantas

colheres de água você pegou para encher o copo plástico?” Pode-se variar essa atividade,

utilizando mantimentos como: feijão, milho, etc (MALUF, 2009, p. 54).

2. Explorando os termos: maior e menor

- Material: nenhum.

- Desenvolvimento: O educador deve trabalhar o vocabulário específico de tamanho:

maior e menor, através de exercícios concretos. As crianças, no pátio ou na sala, ao ouvirem a

“ordem” do educador, deverão executá-la imediatamente. Exemplo: Coloque a sua mão perto

de um coleguinha, observe qual é a menor. Quem da turma é o maior? Quem é o menor?

Dessa maneira, seguem-se as perguntas (MALUF, 2009, p. 56).

3. Jogo lógico

- Material: três dados, sendo um de formas, outro de cores e o outro de quantidades.

No dado de formas, serão utilizados o quadrado, o círculo e o triângulo. Cada forma será

colocada duas vezes no dado, uma em um lado e a outra no lado oposto. Com as cores,

proceder da mesma forma: escolher três cores e colocar em outro dado sempre a mesma cor

na face oposta. No dado das quantidades, colocar pequenos círculos pretos na configuração do

dado tradicional, isto é, sempre os lados opostos deverão somar sete. Acompanham o jogo

noventa peças pequenas (quatro centímetros), sendo dez círculos e dez triângulos de cada cor,

as mesmas cores que aparecem no dado de cores.

- Desenvolvimento: nesse jogo, podem participar de dois a quatro alunos. Com todas

as formas espalhadas na mesa, jogam-se os dados um de cada vez e verifica-se o resultado.

Page 242: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

54

Depois, selecionam-se as formas pela cor e pela quantidade e as retira da mesa. O próximo

jogador repete a operação, e assim sucessivamente, até se esgotarem todas as formas.

Ganha o jogo quem conseguir o maior número de formas. O educador pode estipular

outras maneiras de ganhar, como pela cor, ou pelo tipo de formas (SANTOS, S., 2010, p. 62).

4. Roda pião

- Material: um tabuleiro quadrado, dividido em dezesseis quadrados menores. Os

quadrados menores são separados por quatro cores diferentes e distribuídos aleatoriamente no

tabuleiro. Cada cor é numerada por um valor numérico que vai de dois a cinco; depois, deve-

se colocá-lo no fundo de uma caixa quadrada. Acompanham também um pião e um conjunto

de material de contagem para marcação dos pontos (pedrinhas miúdas ou fichas pequenas).

- Desenvolvimento: podem participar de dois a quatro parceiros. Roda-se o pião no

tabuleiro e, conforme o número e a cor sobre o qual o pião parou, o jogador retira as peças do

material de contagem. O jogo termina quando as peças acabam. Ganha quem conseguir o

maior número de peças. Outra forma de ganhar é pelo número de peças em cada cor.

Quando o jogador não encontrar o material de contagem da cor correspondente, passa

a vez ou joga novamente. O grupo é quem resolve (SANTOS, S., 2010, p. 63).

Page 243: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA

MODALIDADE A DISTÂNCIA

ELIANA DINIZ ARAUJO E SILVA

NOS TRILHOS DA MODERNIDADE: UMA EXPERIÊNCIA COM INCLUSÃO

DIGITAL NOS TRENS URBANOS DE JOÃO PESSOA

João Pessoa - PB

2011

Page 244: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

2

ELIANA DINIZ ARAUJO E SILVA

NOS TRILHOS DA MODERNIDADE: UMA EXPERIÊNCIA COM INCLUSÃO

DIGITAL NOS TRENS URBANOS DE JOÃO PESSOA

Monografia apresentada ao Curso de Pedagogia na

Modalidade a Distância, pela Universidade Federal da

Paraíba, como requisito institucional para Conclusão do

Curso de Graduação em Licenciatura em Pedagogia.

Orientadora: Aurora Camboim Lopes de Andrade Lula

João Pessoa - PB

2011

Page 245: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

3

ELIANA DINIZ ARAUJO E SILVA

NOS TRILHOS DA MODERNIDADE: UMA EXPERIÊNCIA COM INCLUSÃO

DIGITAL NOS TRENS URBANOS DE JOÃO PESSOA

Monografia apresentada ao Curso de Pedagogia na

Modalidade a Distância, pela Universidade Federal da

Paraíba, como requisito institucional para Conclusão do

Curso de Graduação em Licenciatura em Pedagogia.

Aprovada em: _____/______/_______

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________

Profa. Ms. Aurora Camboim Lopes de Andrade Lula

Orientadora - UFPB

_____________________________________________________

Prof. Dr. José Washington de Morais Medeiros

Examinador - UFPB

_____________________________________________________

Profa. Ms. Daniele dos Santos Dias

Examinadora - UFPB

Page 246: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

4

DEDICATÓRIA

Aos meus pais, por tudo o que me ensinaram.

A minha mãe, em especial, pelo apoio e amor incondicional a minha existência, e ao meu pai,

Antônio Medeiros (in memoriam), cujos ensinamentos nunca serão esquecidos;

Ao meu filho, Paulo de Tarso Filho, a luz da minha vida;

Ao meu esposo, Paulo de Tarso, por facilitar minha vida nessa jornada, pela admiração e por

fazer da sua alma um cais seguro, onde eu pude ancorar o barco da minha existência;

As minhas irmãs, Ana Alice e Adriana, e ao meu irmão, Renato, pelo estímulo e pela

confiança de manterem unidas as minhas às suas mãos e pela honra de poder chamá-las de

irmãs e irmão;

A Shayenne Diniz, pela força e pela admiração que sempre me dedicou e por acreditar que eu

posso ir cada vez mais longe.

Page 247: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

5

AGRADECIMENTOS

À Professora Edna Brennand, pessoa admirável, por sua extraordinária capacidade de gerir,

coordenar e fazer valer a credibilidade do Curso de Pedagogia a Distância, dando

oportunidades de enxergarmos um “admirável mundo novo” com a formação acadêmica

gerada no ventre das Tecnologias da Informação e Comunicação, e pela oportunidade de me

iniciar na pesquisa científica;

Ao professor Jorge Hermida, por não nos deixar solitárias durante a escrita deste trabalho e

por compartilhar seu rico e vasto conhecimento conosco;

À Professora-mediadora, Aurora Camboim, por laboriosa orientação durante o fascinante

período da construção deste Trabalho de Conclusão do Curso;

À amiga e companheira, Dáfia Izidoro, por romper as barreiras do imaginário durante os

quatro anos de curso e mostrar que amizade independe de distância;

A todos os que fizeram e fazem parte da Coordenação do Curso de Pedagogia a Distância,

principalmente a Jayza Morais, que esteve conosco desde o primeiro dia de aula;

Aos professores e professoras, mediadores e mediadoras, que acreditaram na Educação a

Distância;

À Coordenação do Polo de Apoio Presencial, Rosa Núbia, pela organização e

responsabilidade para gerir aquele espaço, visando sempre ao nosso sucesso e ao nosso

desempenho;

A todos aqueles que dedicam suas vidas a uma educação tecnológica mais comunicativa e

emancipatória.

Page 248: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

6

Dia a dia nega-se às crianças o direito de serem crianças.

Os fatos, que zombam desse direito, ostentam seus

ensinamentos na vida cotidiana. O mundo trata meninos

ricos como se fossem dinheiro, para que se acostumem a

atuar como o dinheiro atua. O mundo trata os meninos

pobres como se fossem lixo, para que se transformem em

lixo. E os do meio, os que não são ricos nem pobres,

conserva-os atados à mesa do televisor, para que aceitem

desde cedo, como destino, a vida prisioneira. Muita magia

e muita sorte têm as crianças que conseguem ser crianças.

Eduardo Galeano (A escola do mundo às avessas, 1999).

Page 249: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

7

RESUMO

A presente pesquisa teve como objeto do discurso a inclusão digital como perspectiva de

mudanças sociais. A ideia principal do trabalho está baseada na análise das mudanças

positivas que a inclusão digital pode trazer para a vida social de pessoas que vivem em

comunidades de baixa renda. A pesquisa foi realizada com crianças que estão mergulhadas

em um meio social carente, que utilizam os trens urbanos entre as cidades de Cabedelo, João

Pessoa e Santa Rita. Para tanto, foi empregada uma abordagem metodológica qualitativa de

cunho exploratório, vivenciadas no cotidiano dessas crianças. A produção das informações

contidas na pesquisa atravessa questões sociais, culturais, familiar e política. Sua importância

encontra-se na revelação do discurso da inclusão digital como elemento motivador do

desenvolvimento intelectual e social e que merece reflexões e análises, apontando a dimensão

modeladora da tecnologia de informação e comunicação sobre a aquisição do conhecimento

contribuindo para uma melhor qualidade de vida no futuro dos sujeitos envolvidos na

pesquisa. Verificou-se que a inclusão digital contribuiu para capacitar as crianças para

utilizarem recursos informatizados (Word, PowerPoint, WWW/Internet) na produção

intelectual, bem como na sua integração familiar; também houve um bom desenvolvimento da

linguagem, da escrita, da leitura e da sua comunicação, principalmente pelo reconhecimento

do potencial da criança em si mesma ao descobrir como utilizar as tecnologias, até então,

prerrogativa concebida aos jovens e adultos. Concluindo, as TICs contribuem para reforçar o

poder dos meios tecnológicos e comunicativos, por apresentar suporte para várias dimensões,

na construção da informação e da opinião, e por abrir portas para um admirável mundo novo,

fazendo o indivíduo vivenciar uma nova ação social gerada no ventre da inclusão digital.

Palavras-chave: Desenvolvimento social; Inclusão digital; Informação.

Page 250: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

8

ABSTRACT

This search took as object of speech digital inclusion as the perspective of social change. The

main idea of the work is based on the analysis of the positive changes that digital inclusion

can bring to the social life of people living in low-income communities. The survey was

conducted with children that are dipped into a needy social environment, using urban trains

between the cities of Cabedelo, João Pessoa and Santa Rita. For both, was employed a

qualitative methodological approach of exploratory nature, experienced in the daily lives of

these children. The production of the information contained in the survey through social

issues, cultural, family and politics. Its importance lies in the revelation of the discourse of

digital inclusion as motivating element of intellectual and social development and that

deserves reflection and analysis, pointing to the normalizing dimension information and

communication technology on the acquisition of knowledge by contributing to a better quality

of life in the future of the subject involved in research. It was found that digital inclusion has

helped to empower children to use computer resources (Word, PowerPoint, WWW/Internet)

in intellectual production, as well as his/her family integration; There was also a good

development of language, writing, reading and communication, mainly by the recognition of

the potential of the child in itself to find out how to use the technologies, until then a

prerogative designed for young people and adults. In conclusion, ICTs help to strengthen the

power of technological means and communicative, by offering support for multiple

dimensions, in the construction of information and opinion, and by opening doors to a brave

new world, making the individual experiencing a new social action generated in the belly of

digital inclusion.

Keywords: Digital inclusion; Information; Social development.

Page 251: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

9

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

(em anexo)

Imagem 1. Mapa das estações ferroviárias nos municípios da Paraíba 44

Foto 1. Trem urbano na plataforma da Estação Ferroviária de Cabedelo - PB 45

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Frequência das respostas coletadas na utilização dos instrumentos 1 e 2 32

Tabela 2. Tabela do sistema de horários do trem e municipíos interligados 45

LISTA DE SIGLAS

TICs - Tecnologias da Informação e Comunicação

CGI - Comitê Gestor de Internet

CDI - Comitê para Democratização da Informática

CBTU - Companhia de Trens Urbanos

ONU - Organização das Nações Unidas

Page 252: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

10

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 11

2 A EDUCAÇÃO NA ERA DA INTERNET 18

3 MÉTODO 28

3.1 DELINEAMENTOS DA PESQUISA 28

3.2 LÓCUS DA PESQUISA 29

3.3 PARTICIPANTES 29

3.4 PROCEDIMENTOS 29

4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 30

4.1 DESCREVENDO CATEGORIAS 30

4.2 DESCREVENDO A OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE 32

4.2.1 Conhecendo o computador 32

4.2.2 Interesse, entusiasmo e motivação quanto ao uso das TICs 33

4.2.3 O envolvimento da comunidade e as mudanças no espaço físico 33

4.2.4 Inclusão da família 34

4.2.5 Desenvolvimento e autonomia 35

4.2.6 Autonomia rumo ao espaço digital 36

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS 37

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 39

BIBLIOGRAFIA 41

ANEXOS 44

Page 253: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

11

1 INTRODUÇÃO

Esta pesquisa pretende mostrar que reflexos da exclusão social podem ser

minimizados pela ação educativa da inclusão digital. Conforme concepções apresentadas por

Edgar Morin (1999, p. 136), ao definir as potencialidades das tecnologias digitais, é possível

direcionar uma nova forma de ensinar, aprender e desenvolver-se socialmente.

As novas tecnologias digitais têm o potencial de oferecer novos olhares,

novas formas de acessar a informação, novos estilos de pensar e raciocinar.

Surgem novas maneiras de processar a construção do conhecimento e criar

redes de saberes, que podem gerar novos ambientes de aprendizagem.

Ambientes cognitivos abertos à compreensão do ser humano em sua

multidimensionalidade, como um ser indiviso em sua totalidade, com seus

diferentes estilos de aprendizagem e suas distintas formas de resolver

problemas.

O cenário atual apresenta uma verdadeira mudança no mundo educacional – todos,

agora, devem ser incluídos. Mas essa “onda inclusiva” está produzindo furos enormes em

estruturas educativas paralisadas e rupturas em paradigmas congelados. É nessa onda que a

inclusão digital revela-se profundamente desigual. A sociedade, agora tecnológica e

industrial, caracteriza o que Habermas (1980) chama de crise na estrutura de um sistema

social, em que se inicia uma nova concepção de sociedade.

Os frequentadores da escola exigem mudanças. Isso obriga dirigentes, educadores, a

família e a sociedade a olharem as coisas de forma diferente e tem motivado o interesse sobre

questões como: qual a importância do uso das Tecnologias da Informação e Comunicação no

meio sociocultural do indivíduo de baixa renda? A ação educativa da inclusão digital pode

transformar a realidade carente dessas crianças em possibilidades de melhor desenvolvimento

social?

Somos alfabetizados para poder ler tudo o que quisermos. Descobrir o que os outros

pensam ou pensaram, saber o que já aconteceu e o que pode vir a acontecer, entender melhor

o mundo em que vivemos e imaginar como muita coisa poderia ser melhor do que é. Um

universo sem fim espera por nós no mundo da tecnologia, da informação e da comunicação.

Basta termos acesso e condição para isso.

A internet é um passaporte para uma viagem que começa na primeira conexão, mas

que não se sabe jamais onde poderá terminar. Cada um viaja à sua maneira. Cada viagem é

única. E a inclusão digital favorece isso, porquanto é uma porta aberta para muitas viagens

com rumo ao mundo da informação.

Page 254: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

12

As significativas perspectivas observadas na pesquisa expõem o futuro da educação e

abrem espaços para formas mais fáceis de ver, ouvir, falar e escrever a qualquer momento, de

qualquer lugar, a custos bem menores. A reorganização no modo de fazer educação, através

da inclusão digital, torna a aprendizagem mais significativa quando oportuniza a integração e

a interatividade da comunicação, fazendo um intercâmbio cultural de conhecimentos e

informações, o qual será capaz de modificar conceitos e romper as barreiras paralisadas do

desenvolvimento educacional. É real que as novas gerações já nascem pertencendo a uma

comunidade digitalizada e virtual, consequentemente, terão mais autonomia, serão mais

intelectualizadas e formadoras de opiniões. Também é real que apenas uma minoria dessa

nova geração é que tem acesso a um computador, à tecnologia e já está incluído digitalmente.

Portanto, oferecer oportunidade para se estar incluído digitalmente é permitir que outros

indivíduos possam se beneficiar com avanços no conhecimento e no desenvolvimento

pessoal, independentemente da classe social a que pertençam. Nesse sentido, este trabalho

poderá ajudar a compreender melhor a relação entre inclusão social e inclusão digital e gerar

resultados concretos, como mais oportunidades de o indivíduo aprender e adquirir novos

conhecimentos e tornar-se um sujeito conhecedor dos seus direitos. Convém enfatizar que

tempos modernos exigem comportamento moderno. Um excluído digital é também excluído

social, e a tecnologia já faz parte do dia-a-dia do ser humano. A inclusão digital possibilita

nortear e conduzir ações capazes de considerar as diferenças presentes no ser e no estar

incluído e capaz de fazer a criança compreender o contexto no qual está inserida. Se a

inclusão digital é uma necessidade inerente deste Século, isso significa que o "cidadão" do

Século XXI, entre outras coisas, deve considerar esse novo fator de cidadania. O uso da

Tecnologia da Informação e da Comunicação, logo na infância, é um avanço significativo no

processo de formação do cidadão, posto que oferece novas oportunidades para mudanças

sociais no contexto em que essas crianças estão inseridas. Os movimentos sociais e as

diversas organizações não governamentais não conseguem suprir as adversidades impostas

pela atual conjuntura social. Valente (1993, p.41), sabiamente mostra que:

...a análise dos resultados do paradigma instrucionista são

desoladores: provocamos o êxodo do aluno da escola ou produzimos

um educando obsoleto. Os que abandonam a escola engordam a

fileira dos fracassados, dos que não conseguem aprender. Os

obsoletos não conseguem acompanhar o desenvolvimento atual da

sociedade, mais especificamente não estão preparados para trabalhar

no novo sistema de produção de bens e de serviços.

Page 255: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

13

Alimentada pela literatura acadêmica, que teoriza e discute fundamentos diversos, no

que diz respeito à inclusão digital, minimizando a exclusão social, é possível mostrar como os

discursos de autores como José Eduardo Valente, Pedro Demo, Martín-Barbero, Paulo Freire,

Eduardo Galeano, Jürgen Habermas, Pierre Lévy, Humberto Maturana, Antônio Mendes da

Silva Filho, José Manuel Moran, Edgar Morin, Rousseau, Angelita Flores, Evandro

Guerreiro, Humberto Maturana, Carlos Seabra, Mark Warschauer, entre outros, quando postos

em prática, modificam a vida cultural e social de crianças e jovens apoiados pela tecnologia

da informação e comunicação. Apoiada nesses autores, a pesquisa bibliográfica tem a

pretensão de contribuir para a formação de profissionais que consideram que a inclusão tem

valor relevante na infância e no desenvolvimento social humano. A investigação da pesquisa

em questão é baseada nesses pressupostos. Portanto, é fundamental a consolidação dos

significados trazidos por artefatos culturais da inclusão versus exclusão como ato de cidadania

e de desenvolvimento social. Assim, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos. (BRASIL.

2004, p.07) define que

pensar em inclusão social nos remete, necessariamente, ao seu reverso: a

exclusão social. Os dados da realidade brasileira e mundial são tão

marcantes quanto à exclusão, que, ao pensar em um projeto sobre ética e

cidadania, somos levados a estabelecer a inclusão como um desejo, uma

realidade que só será alcançada com grandes transformações sociais e

políticas.

O “mundo das informações” vem acelerando e aumentando, em sentido dicotômico, a

criação de novas classes sociais, e a grande busca, na contemporaneidade, é tentar, nesse novo

contexto, conciliar o desenvolvimento tecnológico com o desenvolvimento humano, partindo

do pressuposto de que eles podem ser excludentes, complementares ou antagônicos, tudo

depende do posicionamento tomado pelas sociedades.

Muitos indivíduos ainda não conhecem um computador, não sabem o que é internet, e

isso os torna excluídos de um novo contexto social. A sociedade, muito desigual, faz com que

a maioria desprovida de meios tecnológicos torne a minoria “tecnologicamente incluída”.

Segundo Guerreiro (2006, p. 171),

a tecnologia, ao mesmo tempo em que passa a ser responsável pela melhora

dos bens e serviços consumidos pela sociedade, também interfere histórica,

social, econômica e culturalmente, provocando mudanças radicais no modo

de agir, sentir e pensar da humanidade.

Page 256: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

14

A educação infantil tem uma grande relevância na vida social do sujeito; é o primeiro

pilar de sustentação para sua formação, portanto, construir esse pilar, incluindo a criança

nessa atualidade tecnologicamente cultural, é oferecer meios para minimizar a exclusão

social, principalmente agora, na contemporaneidade, quando a globalização se insinua com

tanta força. É fundamental compreender que “a capacidade de acessar, adaptar e criar novo

conhecimento, por meio do uso da nova tecnologia de informação e comunicação, é decisivo

para a inclusão social na época atual” (WARSCHAUER, 2006, p. 25). É partir da premissa de

que o processo de alfabetização deve ir além da decodificação de palavras, que é preciso ler,

escrever, desenvolver potencialidades e incluir digitalmente, com significado e igualdade, no

que diz respeito ao sentido da melhoria da qualidade de vida. É preciso incluir crianças e

jovens no processo tecnológico. Essa proposta acena para questões emergentes que irão gerar

oportunidades e transformações para que a situação de exclusão se deteriore, ao passo que

uma criança conheça e utilize a informação digitalizada, para a sucessão de um aprender mais

eficiente e coeso, o que, certamente, abrirá portas com uma nova linguagem gerada no ventre

das tecnologias.

Considerando os aspectos até aqui abordados, o objetivo geral deste trabalho consiste

em: Analisar os pressupostos e variáveis possíveis, despertado como atitude ativa e

sistemática, gerado com a inclusão digital. Quanto aos objetivos específicos a serem

explorados na pesquisa, considerando que os mesmos entram em acordo com ações

pedagógicas, são eles: Levar o educando a passar por situação autêntica de vivências e

experiências práticas quanto ao uso das ferramentas tecnológicas; Observar se as TICs

estimula o sujeito a formular propósitos definidos; Analisar como a criança recebe as

informações pesquisadas; Analisar se ocorre e como ocorrem mudanças comportamentais por

meio da aquisição da informação e do conhecimento; Analisar se as TICs estimula a iniciativa

de autoconfiança e senso de responsabilidade.

Os aspectos metodológicos da pesquisa são de natureza qualitativa e possibilita

apreender fenômenos relacionados às questões educativas com reflexões sobre a visão do

indivíduo, frente à realidade social e seu desenvolvimento em relação ao uso das TICs. Os

dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturada e individuais com as crianças e

seus familiares. A observação participante também foi adotada no trabalho, por ser mais uma

possibilidade de fazer as análises explicitando, da forma mais clara possível, os resultados

obtidos durante todo o período da pesquisa e para um melhor engajamento com a realidade da

comunidade estudada. A pesquisa é também de campo e apresenta caráter sociológico, visto

que procede à observação de fatos e fenômenos sociais do modo como aconteceram no real.

Page 257: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

15

Este trabalho foi realizado como sendo mais um desafio gerado no ventre das

tecnologias de informação e comunicação compreendendo a inclusão digital como um

instrumento capaz de fazer recuperar e fortalecer a cidadania, o desenvolvimento pessoal e

profissional. Na perspectiva de Silveira (2001, p.42)

cada vez mais aumenta o fosso entre as sociedades baseadas nas tecnologias

de gestão do conhecimento e aquelas que se assentam em práticas pré-

informacionais. O grande desafio é enfrentar a herança do analfabetismo

funcional ao mesmo tempo em que combatemos o apartheid tecnológico.

Alegar que primeiro se erradica um para depois enfrentar o outro é um erro

primário. O distanciamento da sociedade informacional alimenta a exclusão

e impede que nossa sociedade se prepare massivamente para os desafios

cada vez maiores do mercado de trabalho e da inserção minimamente

competitiva no atual cenário de mundialização.

A inclusão digital surge como um instrumento de educação e justifica-se por sua

importância no desenvolvimento social do individuo e no comportamento da humanidade

frente às mudanças. A pesquisa indica que o acesso livre ao conhecimento estimula o pensar e

fomenta a busca pelo desenvolvimento. É seguro fazer com que o sujeito torne-se autônomo,

como diz Paulo Freire (2009, p. 148), “que se emancipe através de sua consciência crítica, na

sua capacidade de construir propostas próprias” e que seja incluído social e culturalmente.

Ao longo do desenvolvimento deste trabalho, no que diz respeito à inclusão digital,

acredita-se que seja possível formar indivíduos observadores, reflexivos e questionadores, em

um processo em que o compromisso com a ação inclusiva seja os valores primordiais de cada

um. A inclusão digital pode contribuir para o desenvolvimento social, pois as dificuldades

motivadas pelos problemas sociais e nos sistemas de ensino evidenciam a necessidade de

confrontar as práticas discriminatórias de forma educativa, com apoio das TICs, que oferecem

alternativas para superá-las.

Promover a participação social dos cidadãos, sob o desafio de melhor viver em

interação com tecnologia e a informação, é valorizar esse ideal entre as necessidades

educativas fundamentais para o desenvolvimento de quem aprende. Podemos vislumbrar a

materialização do sonho das tecnologias sendo incorporadas ao cotidiano de muitos, quando

não dentro, mas, principalmente, fora dos muros da escola.

Nessa perspectiva, desenvolver compreensões acerca da importância da aprendizagem

apoiada com as novas tecnologias da informação como um estudo abrangente, moderno e

autônomo é oferecer a igualdade de direitos, o que remete à perspectiva de oportunidades de

igualdade para muitos.

Page 258: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

16

De acordo com Fróes (1988, p.80-2),

os recursos atuais da tecnologia, os novos meios digitais: a multimídia, a

Internet, a telemática traz novas formas de ler, de escrever e, portanto, de

pensar e agir. O simples uso de um editor de textos mostra como alguém

pode registrar seu pensamento de forma distinta daquela do texto manuscrito

ou mesmo datilografado, provocando no indivíduo uma forma diferente de

ler e interpretar o que escreve, forma essa que se associa, ora como causa,

ora como consequência, a um pensar diferente.

Todos nós sabemos que educar é por si só, um ato de cidadania, então, envolver o

aluno nesse processo é articular sua aprendizagem com o mundo contemporâneo, na

perspectiva de melhorar a aquisição da informação e, consequentemente, promover uma

aprendizagem mais significativa. Estamos em um período em que tudo é tecnológico, digital,

e a Informática é uma das peças principais. Porém a maioria das escolas ignora essa tendência

tecnológica, da qual fazemos parte, e, em vez de levar a Informática para toda a escola, e de

modo pedagógico, apresentam-na circunscrita em uma sala, presa em um horário fixo e sob a

responsabilidade de um único professor. Assim, perdemos tempo e a oportunidade de

fortalecer o processo pedagógico.

As “Novas Tecnologias”, que já ficaram velhas para muita gente, para os não

cibernéticos, elas são “novinhas” e dão um grande incentivo na vida de quem às descobre. É

na verdade sinônimo de evolução no tempo. E comparando o termo ‘inclusão digital’ com seu

antônimo, ‘exclusão digital’, remete-nos ao conhecimento de que ‘inclusão digital’ significa a

erradicação de muitas coisas, entre elas; o analfabetismo digital, o abandono social, o

abandono intelectual, da democratização do conhecimento informatizado, da cidadania, falta

de oportunidade para melhor qualificação profissional, entre outros.

Nessa perspectiva, a pesquisa mostra que a educação digital é um ato de cidadania e

pode ser iniciada em qualquer espaço público, como ressalta Becker (2001, p. 28-76) “a sala

de aula deve ir além dos muros da escola, tem que ser fator de relevância e de transformação

social, trabalhando com os alunos uma visão mais ampla de universo, despertando a crítica

nos mesmos em relação à sociedade que fazem parte e estão inseridos”. Para uma melhor

compreensão dos assuntos abordados neste trabalho, resumidamente, segue uma analise dos

conteúdos desenvolvidos na pesquisa. Os motivos pelos quais se vive em sociedade hoje,

rapidamente são possíveis de desvendar. É como se houvesse uma prevalência do meio social

em que se vive sob o individuo. É na verdade uma relação de forças entre posições sociais,

que vão sendo dominadas por quem ocupa melhor posição nesta cadeia.

Page 259: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

17

Mas o grande risco dessa dominação é cair na armadilha da conformidade e não

conhecer a verdadeira motivação de interesses que cerca o individuo estimulado em suas

potencialidades.

A produção do conhecimento na era da internet abordada no capítulo adiante traz

reflexões sobre a internet e suas potencialidades mediadas pelas tecnologias de informação e

comunicação direcionadas para uma forma mais moderna de desenvolver o processo

ensino/aprendizagem. Aborda também, a importância de se fazer a inclusão digital logo na

infância, principalmente com crianças de baixa renda, visto que o cotidiano deles é arrolado

pela pobreza e embutido em uma realidade tão exclusiva que os obriga a seguirem por

caminhos fora da escola reproduzindo ainda mais sua situação de carência.

Alguns autores retratam a questão da inclusão digital de forma muito positiva, visto

que, a inclusão digital está intimamente ligada à inclusão social, com chances e oportunidades

de fazer o individuo romper barreiras e sonhar com um futuro melhor. Acrescente a isso o fato

de que, quanto mais cedo à criança tiver os primeiros contatos com as ferramentas

tecnológicas, mais cedo saberá que caminho tomar rumo inclusão social.

Os resultados atingidos foram além das expectativas. O principal fator de motivação

dos participantes residia na possibilidade de fugir da rotina de sala de aula, de descrever seus

sonhos e ideais utilizando as TIC, de possibilidades de mudanças de vida e principalmente de

aprender algo novo. A realidade do trabalho infantil envolve a maioria das crianças

participantes e é algo decorrente de fatores econômicos, sociais e culturais. O abandono social

e familiar que muitas delas enfrentam compromete muito seu desenvolvimento escolar e sua

vida futura. É preciso envolvê-las em algo que as deixe a salvo da negligência, da

discriminação, da exploração sexual, da violência, da crueldade e da opressão. Foi possível

perceber que com informações específicas o ideal de mudanças foi despertado na maioria

delas, bem como em seus familiares que solicitaram a pesquisadora, a também participação no

processo de iniciação de uso das ferramentas tecnológicas por meio das TICs.

Page 260: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

18

2 A EDUCAÇÃO E A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NA ERA DA INTERNET

Costumamos dizer que “a internet chegou”! Na verdade a tecnologia é uma junção de

fatores, de uma série de experimentos, de estudos e de necessidades, da evolução dos tempos,

entre outros. A evolução tecnológica desenvolveu-se de modo tão veloz que as

transformações de valores e de atitudes, na sociedade, não conseguem acompanhar. Podemos,

então, dizer que promover a inclusão digital é trabalhar para melhorar as condições cotidianas

de determinadas comunidades de baixa renda por meio da informação fornecida pela

tecnologia. O ponto de partida é que a tecnologia e a internet tornaram-se símbolos de status

muito excludentes fazendo surgir um novo tipo de desigualdade: a impossibilidade de acesso

dos mais pobres ao computador, à internet e aos conhecimentos básicos de informática. É a

desigualdade social que expande seus domínios e, agora, apresenta sua mais nova aliada - a

exclusão digital.

E fazer com que essas ferramentas auxiliem, de fato, o desenvolvimento de pessoas de

baixa renda, o ensino e a produção de conhecimentos em salas de aula de comunidades

carentes, não é tarefa fácil: exige treinamento, ética, vontade política e procedimentos

pedagógicos. Nessa perspectiva, a inclusão digital parece ser uma oportunidade para

democratizar o conhecimento e a cultura, ampliando horizontes e leituras do mundo. Portanto,

é necessário ressaltar a importância da tecnologia ser incorporada à sala de aula, à escola, e à

vida de pessoas de baixa renda, é ato de cidadania democrática, participativa e responsável,

como sugere Flores (1996).

A Informática deve habilitar e dar oportunidade ao aluno de adquirir novos

conhecimentos, facilitar o processo ensino/aprendizagem, enfim ser um

complemento de conteúdos curriculares visando o desenvolvimento integral

do indivíduo.

O ensino fragmentado, que privilegia a memorização de definições e fatos, não atende

às exigências deste novo milênio. O momento requer uma forma mais moderna de se pensar e

agir para lidar, com rapidez, com a abrangência das informações e com o dinamismo do

conhecimento. Nesse segmento, a melhor forma de ensinar é aquela que propicia aos alunos o

desenvolvimento de competências para lidarem com as características da sociedade atual, que

prioriza a autonomia do aluno para novas compreensões, para uma grande diversidade de

situações que exigem um posicionamento crítico e reflexivo do indivíduo, estimulando-o a

fazer suas escolhas e definir suas prioridades.

Page 261: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

19

Se a internet é uma necessidade inerente deste século, isso significa que o "cidadão"

do século XXI, entre outras coisas, deve considerar esse novo fator de comunicação. Elisa

Wolynec (2007. p. 01) explicita bem essa necessidade, quando diz que “o mundo mudou

radicalmente. Vivemos na sociedade do conhecimento, conectados e interagindo através de

tecnologias digitais”.

É importante evidenciar que as TICs serão capazes de preparar os indivíduos para

enfrentar os desafios dessa nova sociedade e considerar que serão eles mesmos os

protagonistas da sua descoberta, buscando a melhoria da sua qualidade de vida com

competência profissional. Hoje é muito mais fácil um intercâmbio com outras culturas e com

lugares distantes do que era há dez anos. Há um vínculo entre conhecimento e internet, e

quem não estiver ligado a esse vínculo está excluído dele. Sobre isso, Wolynec (2007, p. 02)

refere:

Não podemos mais ensinar os estudantes de hoje com metodologias e

tecnologias de séculos atrás. Não sabemos todas as respostas, mas sabemos o

suficiente para iniciar as mudanças. O caminho é longo, mas temos que

iniciar a jornada já.

O indivíduo não precisa, apenas, da informação que a tecnologia veicula. Ele precisa

das formas e das fontes de informação, levando em conta os aspectos ideológicos, políticos,

econômicos, culturais e estéticos nas quais as TICs estão envoltas. A troca de ideias e de

experiências com pessoas de diversos contextos pode ampliar a visão do aluno, no sentido de

fornecer novas informações para suas reflexões. Essa hipótese se fundamenta na

compreensão da natureza comunicativa da cultura tal como define Martín-Barbero (1997, p.

287), como um “processo produtor de significações e não mera circulação de informações, no

qual o receptor não é um simples decodificador daquilo que o emissor colocou na mensagem,

mas também um produtor”. Dessa forma, oportunizar o contato com a existência de um novo

estilo de saber é oferecer uma aprendizagem significativa e substancial para a interação

dialógica entre quem ensina e quem aprende, ou seja, "ensinar com as novas mídias será uma

revolução, se mudarmos simultaneamente os paradigmas convencionais do ensino, que

mantêm distantes professores e alunos" (MORAN. 2000, p.57). Portanto, fazer educação, na

era da internet, requer planejamento, objetivos definidos e participação de todos, porém uma

das grandes preocupações, quanto ao uso da internet, é que não podemos depositar nossa

confiança apenas em sistemas de segurança, tipo software de monitoramento. A segurança

depende, principalmente, da orientação passada para a criança e o adolescente.

Page 262: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

20

Com educação apoiada nas TICS, são grandes as possibilidades de o aluno poder

diversificar o conhecimento, a aquisição de novos conceitos e estratégias, de utilizar

diferentes formas de linguagens e de reestruturar seu pensamento. Entramos com força na

pós-modernidade, por isso é fundamental que tenhamos acesso a terminais de computadores

e, principalmente, saibamos operar, pelo menos, com algum sistema básico de tecnologia.

Educadores e aprendentes ganham com a oportunidade de aprender e de aprofundar seus

conhecimentos, assim como a sociedade, estimulando atitudes favoráveis com elementos

estruturantes e diferentes possibilidades de formação, com significativos resultados, que serão

levados por toda a vida.

O que hoje conhecemos como internet, “principal canal de comunicação e suporte de

memória da humanidade a partir do início do século 21”; “novo espaço de comunicação, de

sociabilidade, de organização e de transação e gerenciamento econômicos” (Lévy, 1999, p.

92; 167). Remete-nos a premissa de que tempos modernos exigem comportamento moderno.

Um excluído digital é também excluído social.

O computador e a internet já estão agregados a vida cotidiana. A educação por meio

das TICs traz a possibilidades de transcender paredes e ampliar o potencial cognitivo do ser

humano, favorecendo-lhe mudanças cognitivas e cooperativas. A ampliação do potencial

cognitivo se dá a partir do momento em que se permite ao indivíduo participar da construção

de sua história, de forma consciente e reflexiva, ou seja, a partir do momento em que o

indivíduo recebe a informação, unindo com a que já detém e transforma tudo em uma nova

informação. Essa questão reside no fato de que as tecnologias - cada vez mais sedutoras -

tornam o indivíduo mais dinâmico e capaz de, em um mundo de grandes mudanças, poder

crescer continuamente, evoluir e comunicar-se plenamente. Moran (2002, p. 01) explicita bem

a importância do uso das TICs e sua interação no mundo moderno.

Ensinar e aprender, hoje, não se limita ao trabalho dentro da sala de

aula. Implica em modificar o que fazemos dentro e fora dela, no

presencial e no virtual, organizar ações de pesquisa e de comunicação

que possibilitem continuar aprendendo em ambientes virtuais,

acessando páginas na Internet, pesquisando textos, recebendo e

enviando novas mensagens, discutindo questões em fóruns ou em

salas de aula virtuais, divulgando pesquisas e projetos.

Como a educação é um caminho por meio do qual se rompem as barreiras da exclusão

social, é também uma forma de se fazer a inclusão digital. Primeiro, tem que se oferecer o

acesso à tecnologia, aos computadores e à internet.

Page 263: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

21

Nesse contexto, o acesso às ferramentas tecnológicas deve ser visto como um

facilitador da aprendizagem, da aquisição do conhecimento e, como bem define a

Constituição Federal de 1988, no artigo 205, “a educação, como um direito de todos, deve

garantir o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o

trabalho”. O fato é verdadeiro, porquanto a internet desempenha um papel importante na vida

das pessoas. O computador é o veículo de comunicação de grande alcance no mundo e o meio

de entretenimento e informação mais utilizado, cuja influência é inegável. Trata-se de um

enorme e democrático caminho aberto para o mundo da informação e do conhecimento, “um

novo meio de se fazer comunicação, que pode ajudar-nos a rever, a ampliar e a modificar

muitas das formas atuais de ensinar e de aprender” (MORAN, 2000, p.57). Diante do cenário

que hoje se apresenta, envolvido em novas tecnologias, cabe ao educador trabalhar na

perspectiva de favorecer aprendizagens que ajudem o aprendiz a desenvolver suas

potencialidades, exercitar a sua curiosidade e explorar a dúvida. As mudanças que cada

geração enfrenta são imperativas em seu desenvolvimento. Para Bruner (1971, p. 1), o

comportamento de cada nova geração é o que estimula as mudanças na forma de se fazer

educação.

Cada geração dá nova forma às aspirações que modelam a educação em seu

tempo. O que talvez esteja surgindo, como marca da nossa, é um amplo

renovar da preocupação com a qualidade e os objetivos intelectuais da

educação – sem que abandonemos, porém, o ideal de que ela deve ser um

meio para preparar homens bem equilibrados para uma democracia.

Estamos no momento do (auto) conhecimento, e os meios tecnológicos invadem

nossas casas, trabalho, cotidiano, enfim, a vida de todos nós. A escola não pode estagnar. Os

alunos avançam no tempo e não são mais os mesmos de dez anos atrás. O sujeito, hoje, é

motivado a pensar de modo diferente, e a demanda de exigências do mundo atual pede que a

aprendizagem seja para a formação do ser integral. Tudo isso exige um novo perfil. É um

novo desafio a ser enfrentado por educadores.

A intenção da inclusão digital é abrir novos horizontes, ajudar a descobrir novos

conceitos, quebrar barreiras e, cada vez mais, ligar pessoas e espalhar ideias, formando essa

imensa rede de troca de informações. É a porta que se abre para se ter acesso a negócios,

educação, conhecimento etc. Usar a tecnologia, na educação infantil, é poder garantir um

aluno mais concentrado, mais interessado, personalizado no estudo e leitor, visto que se lê

muito na internet.

Page 264: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

22

Essa ação, acompanhada pelo trabalho docente, funciona como uma mágica na vida de

uma criança, e a educação deverá ir além para ambos. O fato é que a pesquisa e a leitura

digital garantem, ao longo do tempo, mais desenvolvimento intelectual e, a cada dia, mudam-

se as formas de se relacionar, de aprender e de viver em sociedade. A geração atual está

marcada pelas transformações causadas pelo advento da tecnologia, com uma linguagem

gerada no ventre das navegações virtuais. (BORBA E PENTEADO, 2007, p.17) refere que

o acesso à Informática deve ser visto como um direito e, portanto, nas

escolas públicas e particulares o estudante deve poder usufruir de uma

educação que no momento atual inclua, no mínimo, uma‘alfabetização

tecnológica’. Tal alfabetização deve ser vista não como um curso de

Informática, mas, sim, como um aprender a ler essa nova mídia. Assim, o

computador deve estar inserido em atividades essenciais, tais como aprender

a ler, escrever, compreender textos, entender gráficos, contar, desenvolver

noções espaciais etc. E, nesse sentido, a Informática na escola passa a ser

parte da resposta a questões ligadas à cidadania.

Nesse sentido, é necessário pensar na interdisciplinaridade como um elemento-chave

para alavancar o trabalho da inclusão digital e unir o que for preciso em prol do

desenvolvimento social, contribuindo para a adoção de um novo paradigma educacional que

privilegie a aprendizagem, em vez do ensino, e o ser, em vez do ter. Mas não podemos

esquecer que, antes de pensar em inclusão digital e no uso consciente das TICs por crianças, é

preciso dominar o uso de tais recursos, analisar cada um deles e ser capaz de empregá-los de

forma crítica, consciente e pedagógica.

A inclusão parece algo simples de fazer. Mas exige responsabilidades e depende de

vontades, de educadores, de gestores, de organização e de planejamento. Ter consciência de o

quanto a inclusão digital pode contribuir para o desenvolvimento social e para a educação

infantil é levar crianças ao reino da contemplação do saber. Apesar de a Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional, em vigor desde 1996, já preconizar a necessidade da

"alfabetização digital" em todos os níveis de ensino, do fundamental ao superior. A inclusão

digital não se faz com a simples utilização de um computador e da internet. É, antes de tudo,

o ato de aceitar a inclusão de um novo conhecimento, representada em atos de

desenvolvimento social e informacional.

A educação inclusiva digital pressupõe que muitas crianças em idade escolar tenham a

mesma oportunidade de acesso, de permanência e de aproveitamento do uso das TICs,

independentemente da classe social a que pertençam. Para que isso ocorra, é fundamental que

elas tenham o apoio de que precisam.

Page 265: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

23

Mas o mais importante de tudo é que o educador, a família e a comunidade escolar

estejam convencidos de que responsabilidade e ética são fundamentais na inclusão digital,

para que a aprendizagem seja, antes de tudo, pedagógica e que vise ao desenvolvimento

intelectual e social da criança. Crianças gostam de explorar, de enfrentar desafios, de ver

como as coisas funcionam. Utilizar o computador para escrever, fazer cálculos matemáticos e

visualizar imagens é dispor de novos conceitos e acreditar neles, é possibilitar sua utilização

em projetos que busquem a motivação dos alunos, o aumento e o interesse pela pesquisa, para

ampliar e compartilhar as suas descobertas.

O Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI) divulgou, em 28/08/2010, que, no final

desse mesmo ano, 86% dos brasileiros conectados acessaram redes sociais. Cinco horas e 20

minutos por dia é o tempo médio que brasileiros passam nas redes sociais, e 51% das pessoas

que acessam a internet, no Brasil, são das classes C, D e E.

É óbvio que esses dados indicam que muitos brasileiros de classes baixas acessam a

internet mais que a classe alta. Mas a exclusão digital não ocorre somente por ausência de

computadores, acessórios e conexões, mas também pela falta de recursos adicionais que

permitem o uso adequado da tecnologia. Silva Filho (2006) questiona muito bem essa

premissa e afirma:

Para termos uma ideia da quantidade de excluídos, basta responder a

perguntas simples, como por exemplo: Quantos brasileiros possuem

computador pessoal em suas residências? Quantos possuem linha telefônica?

que são os equipamentos essenciais para a conexão digital.

Então, fica claro o quanto a inclusão digital é necessária e está presente no cotidiano

de muitos. Segundo Mesquita (1994, p. 171),

a democratização da educação é necessária porque ela é à base da liberdade:

Só pode gozar da liberdade aquele que sabe: o homem educado. Em

consequência, a educação do povo numa República constituir-se-ia num

dever e num interesse do Estado: Um dever, porque a administração do

dinheiro público exige a criação de escolas; um interesse porque a educação

cria, consolida e mantém a posse da liberdade. Finalmente, a educação

popular é necessária para habilitar os cidadãos a participarem das conquistas

do progresso. Para tanto, a nova escola deveria ser capaz de inculcar no

espírito do povo os sentimentos de uma pátria moderna, livre e laboriosa,

pois sem preparo intelectual nenhum povo pode habilitar-se para as

conquistas do progresso e nenhum homem está apto para as lutas do

trabalho.

Page 266: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

24

Permitir e favorecer meios para que o indivíduo desfrute dessa ação, como sujeito de

direitos, é oferecer oportunidade para que possam, gradativamente, melhorar seu

desenvolvimento, bem como sua qualificação, pensando, em um futuro próximo, ter trabalho

e remuneração digna, o que resulta em desenvolvimento social e pessoal.

É nesse sentido que a inclusão digital é fundamental e, portanto, deve chegar à outra

parcela da população, aquela que ainda não teve a chance de se integrar à geração de nativos

digitais, que ainda não conhece um computador nem sabe o que é internet. Essa carência, se

não for modificada, poderá acarretar um custo social muito elevado, visto que o

desenvolvimento social desses indivíduos será diferente dos de outros sujeitos que convivem

com a tecnologia da informação e comunicação. A tecnologia trouxe a necessidade de

mudança sociocultural e passa a exigir dos indivíduos a capacidade de renovar ou modificar

seus conceitos e seus paradigmas. Nessa perspectiva, só a educação pode proporcionar menor

desigualdade social e melhor desenvolvimento pessoal, razão por que é importante promover

a inclusão digital nas escolas logo e na educação infantil. A desigualdade social é sustentada

pela falta de oportunidades aos indivíduos. Sem melhores oportunidades de se qualificar,

esses sujeitos fazem perpetuar nos seus filhos a disparidade do nível de educação entre os

mais pobres, que não têm acesso a uma educação de qualidade, e os mais ricos, com

privilégios educacionais. Silveira (2003, p. 29-30) define assim a carência digital:

[A exclusão digital] torna-se um fator de congelamento da condição de

miséria e de grande distanciamento em relação às sociedades ricas (...) e a

velocidade com que a combatemos é decisiva para que a sociedade tenha

sujeitado e quadros em número suficiente para aproveitar as brechas de

desenvolvimento no contexto da mundialização (...) e para adquirir

capacidade de gerar inovação. [Além disto,] trata-se de uma questão de

cidadania [pois,] hoje, o direito à comunicação é sinônimo de direito à

comunicação mediada por computador.

A necessidade digital é iminente e emergente para indivíduos carentes e excluídos,

visto que o cotidiano deles é arrolado pela pobreza e embutido em uma realidade tão

exclusiva que os obriga a seguirem caminhos fora da escola, em busca de melhores

oportunidades e qualidade de vida. E fora da escola poucos caminhos se encontram. Cada vez

mais, a ação da inclusão digital é necessária para, desde cedo, romper os obstáculos sobre a

difícil tarefa de combinar tecnologia e educação. Isso porque a inclusão digital visa muito

além do simples uso do computador e da internet, ela visa minimizar os efeitos da exclusão

social e melhorar os quadros sociais, sobretudo, o das desigualdades que se expressam sob o

rótulo da pobreza.

Page 267: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

25

Alguns autores buscam retratar a questão da inclusão digital numa ótica positiva para a

inclusão social. É bom lembrar que a inclusão digital está intimamente ligada à inclusão

social, pelo fato de haver uma democratização na ação de incluir e permitir o acesso à

informação, disponibilizando tecnologia à população. Alguns pesquisadores têm buscado

responder a esse processo se posicionando sobre o objetivo da inclusão digital, como Martini

(2005, p. 2): “objetiva tão somente o uso livre da tecnologia da informação, com a ampliação

da cidadania, o combate à pobreza, a garantia da privacidade e da segurança digital do

cidadão, a inserção na sociedade da informação e o fortalecimento do desenvolvimento local”.

Cabe ressaltar que o principal objetivo da inclusão digital não é disponibilizar a tecnologia em

si, mas oportunizar a capacitação profissional, intelectual e a integração do indivíduo excluído

digitalmente na sociedade.

A globalização, iniciada nos anos 70, eliminou as fronteiras socioculturais, o que

possibilita a troca de experiências e conhecimentos com qualquer pessoa, em qualquer lugar

do mundo e a qualquer momento. De maneira análoga, também aumentou o abismo criado

entre as classes sociais, decorrente da grande desigualdade na distribuição de renda, e tem

gerado empancamento no desenvolvimento social.

Estudos recentes publicados pelo Comitê para Democratização da Informática (CDI)

mostram que 67% dos 188 milhões de brasileiros nunca se conectaram à internet, e 54%

nunca usaram computador. Diante desses dados, é real o fato de que a exclusão digital tira de

milhões de brasileiros a oportunidade de romper fronteiras e sonhar com um futuro, já que

informação e conhecimento são os caminhos mais valorizados e procurados atualmente. A

exclusão digital aprofunda ainda mais a exclusão social. Sem acesso à informação, à

tecnologia e à capacitação, milhares de pessoas têm se tornado reféns da violência, da

marginalidade e se tornaram incapazes de decidir sobre suas próprias vidas e de participar da

sociedade como cidadãos de direitos. Portanto, a inclusão digital vem para permitir ao cidadão

instrumentos capazes de inseri-los no mercado de trabalho e, ao mesmo tempo, contribuir para

que sejam abertas janelas para o mundo do conhecimento e para a interação com outras

pessoas. Dessa forma, é possível uma sociedade mais justa e solidária. Acrescente-se a isso o

fato de que, quanto mais cedo à criança tiver os primeiros contatos com o uso das TICs, mais

cedo o jovem será incluído socialmente.

Isso tanto no âmbito físico, quanto no intelectual, e será um fator importante no

combate à violência e à marginalidade, na medida em que amplia as oportunidades de

desenvolvimento, conhecimento, informação e as chances de desenvolvimento social. Na

opinião de Chris Laws (2011), analista da Maplecroft,

Page 268: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

26

o acesso a tecnologias de informática e comunicações (TIC) é considerado

uma questão importante para o desenvolvimento e, por isso, tem-se tornado

um fator de risco político, econômico e social. A exclusão digital também

inibe o acesso individual e empresarial a recursos educacionais e de tomada

de decisão, e compromete a formação de talentos necessários para

empregabilidade.

Sarah Escoreal, baseando-se nos trabalhos de Hannah Arendt e de Castel, considera a

exclusão social como “um processo que envolve trajetórias de vulnerabilidade, fragilidade ou

precariedade e até ruptura de vínculos, em cinco dimensões da existência humana em

sociedade: trabalho, sócio-familiar, política, cultural e humana” (ESCOREAL APUD

LESBAUPIN, 2000, p. 35). Pierre Lévy (1994) reforça essa importância, ao afirmar que “as

novas Tecnologias de Informação e Comunicação - TICs - vêm se tornando, de forma

crescente, importantes instrumentos de nossa cultura, e sua utilização, um meio concreto de

inclusão e interação no mundo”. Isso define que as novas tecnologias têm meios para ampliar

o desenvolvimento social e pessoal. Silveira (2003, p. 44) afirma “que somos cada vez mais

uma sociedade tecnodependente. O controle da tecnologia torna-se vital e dita às

possibilidades de desenvolvimento e inclusão social”.

À medida que se permite e favorece o acesso de indivíduos de baixa renda ao uso das

tecnologias da informação, teremos como resultado a reversão da situação de analfabetismo

digital, minimizando, ao máximo, a exclusão digital e abrindo espaço para o progresso do

desenvolvimento social. Vasconcelos (2010) nos diz que o "usuário aprende que o

computador é um meio de acesso à educação, ao trabalho, ao contato e troca com a sua

comunidade, ao pensamento crítico e ao exercício pleno de sua cidadania”. Em 2003, a ONU

divulgou a Declaração do Milênio que, entre outros, aponta o desafio de se usar a tecnologia

para promover as metas de desenvolvimentos, como a erradicação da pobreza e da fome

extrema, o combate a doenças e a garantia da sustentabilidade ambiental.

A ação da inclusão digital estimula o uso das TICs, contribuindo para o

desenvolvimento social, intelectual, econômico e político da população. O benefício é

coletivo, e a melhoria da qualidade de vida é sensível de modo imediato no dia a dia.

Carlos Seabra (2005) diz que “as novas gerações devem ser preparadas para superar a

subalternidade, através do domínio tecnológico”. “Mas não basta apenas surfar na Internet:

também é preciso aprender a fazer onda!”. Segundo Edson Iizuka (2003, 163 p.), “na

chamada Sociedade do Conhecimento, é imprescindível que as pessoas tenham acesso e

utilizem a informação para a sua sobrevivência e desenvolvimento”.

Page 269: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

27

Claro que a inclusão digital precisa ser planejada, mas sem preconceitos ou

imposições. Nesse aspecto, o importante é gerar meios de a população alavancar potenciais e

tapar os furos de estagnação da aprendizagem. Essa evolução acontece à medida que a criança

vai percebendo e conhecendo o mundo a partir das relações que estabelece com a tecnologia

da informação e comunicação e com a realidade em que está inserida.

Este estudo ainda exige criatividade aberta e infinita e se contrapõe ao finito do

momento e ao concreto da situação. O pilar deste estudo é a importância da inclusão digital no

processo do desenvolvimento social e como ela pode ser incorporada nos níveis mais

elementares da educação. Não se podem deixar os estratos carentes da sociedade de fora,

incorrendo no risco de, na globalização atual, tornarem-se ainda mais exclusos do

conhecimento digital e do desenvolvimento social.

Então, contextualizar sobre a necessidade de se fazer e exercitar inclusão digital como

um ato de cidadania na democracia participativa é permitir que os atores sociais busquem

construir alternativas favoráveis que contribuam para o enfrentamento da pobreza, da

exclusão social e das desigualdades sociais. Esses fenômenos são destoantes na educação e na

comunicação, para que se reconheça o outro como sujeito de direitos.

A inclusão digital privilegia a utilização do computador como a ferramenta que auxilia

no processo de construção do conhecimento e quando o "usuário aprende que o computador é

um meio de acesso à educação, ao trabalho, ao contato e troca com a sua comunidade, ao

pensamento crítico e ao exercício pleno de sua cidadania” (VASCONCELOS, 2010). Neste

momento, o computador é um meio e não um fim, devendo ser usado considerando o

desenvolvimento de cada indivíduo. Conclui-se que ações como estas contribuem para a

inclusão sócio-digital, elevando a auto-estima, promovendo à cidadania e provocando

verdadeiras mudanças para a melhoria da qualidade de vida dos envolvidos.

Page 270: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

28

3 MÉTODO

3.1 DELINEAMENTOS DA PESQUISA

A opção metodológica adotada neste trabalho consiste em um estudo qualitativo de

cunho exploratório, descritivo, no qual foi utilizada a técnica de observação participante, que

segundo Pedro Demo (1984, p. 104-130), a pesquisa participante surge como uma

anteposição às formas tradicionais de se fazer pesquisa. Seguidamente, foi feito um

questionário semiestruturado direcionado às crianças participantes; depois, a pesquisadora fez

observações quanto ao nível de aprendizagem dos participantes frente aos recursos

metodológicos e tecnológicos utilizados e, finalmente, a análise dos dados coletados. Assim,

este trabalho foi desenvolvido através dos seguintes passos:

a) Elaboração da fundamentação teórica baseada nos autores pesquisados;

b) Seleção dos sujeitos envolvidos e do lócus da pesquisa;

b) Catalogação dos dados coletados;

d) Mapeamento dos participantes que têm contatos com recursos tecnológicos;

e) Elaboração das informações colhidas na observação;

f) Elaboração dos resultados da pesquisa.

3.2 LÓCUS DA PESQUISA

Com base em breve histórico observado em lócus, foi escolhido o trem para realização

da pesquisa, por perceber que esse meio de transporte é utilizado por indivíduos de nível

socioeconômico muito baixo, da mesma forma como é o aglomerado urbano, que surgiu no

entorno da ferrovia entre as cidades de João Pessoa, Cabedelo e Santa Rita.

Ao longo dos anos, esse meio de transporte, conforme dados dos relatórios de

operação da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), em 2002, passavam, em média,

cerca de quatro mil pessoas, por dia útil, nas estações de trens da grande João Pessoa. Hoje

são mais de oito mil, com picos de até 12 mil passageiros em apenas um dia.

As estações ferroviárias cortam comunidades de baixa renda, onde os índices de

violência são comuns, e o reflexo da exclusão social apresenta-se fortemente dominando o dia

a dia dos seus moradores e dos usuários do trem. As comunidades de realização da pesquisa

são: Cabedelo, Recanto do Poço, Jacaré, Renascer, Mandacaru, João Pessoa, Ilha do Bispo,

Alto do Mateus, Bayeux, Várzea Nova e Santa Rita.

Page 271: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

29

3.3 PARTICIPANTES

A princípio, foram envolvidas cerca de 150 crianças durante o ano. A pesquisa foi

realizada por grupos de idade e série escolar, que foram divididos assim: 50 crianças com

idades de cinco e seis anos, que estavam em fase de alfabetização; 50, com sete anos, que

estavam no 1º ano, e 50, com oito anos, que cursavam o 2º ano - todas do ensino fundamental.

A maioria dos participantes – cerca de 80 crianças - era do sexo feminino. Muitas

delas estão no trabalho infantil e ajudam na renda familiar. Nenhuma delas, antes da pesquisa,

havia tido contato com computador nem sabia o que é internet. Todos os pais ou responsáveis

pelos participantes foram abordados sobre a permissão ou não dos seus filhos neste trabalho e

sobre a importância e os objetivos da pesquisa. Os participantes são crianças de baixíssima

renda e vivem em comunidades de altos índices de violência.

3.4 PROCEDIMENTOS

Os dados foram coletados no início do ano letivo de 2009, transitando por entre os

vagões dos trens urbanos entre as cidades de Cabedelo, João Pessoa e Santa Rita, com viagens

que duravam em torno de cinqüenta minutos. A observação e aplicação de algumas da

metodologia exposta acima se deram nos horários em que as crianças voltavam da escola ou

que estavam indo, ou seja, no horário entre 11:30 da manhã até as 14:00 horas da tarde.

Conforme horário estabelecido pela escola.

As primeiras abordagens e as devidas explicações referentes à inclusão digital naquele

espaço foram feitas de forma sutil. Inicialmente, foi feito um “convite-pedido” aos pais e

responsáveis dos participantes para que permitissem a participação das crianças na pesquisa.

A pesquisadora iniciou os trabalhos com informações básicas do que é a internet e sobre a

importância de saber/conhecer as TICs. As atividades com o uso do computador foi feita tanto

para transmitir a informação para a criança, como criando condições para que a mesma

construísse novos conceitos por meio da descoberta construída.

Page 272: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

30

4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Os dados foram elaborados e analisados por categorias, de acordo com o

desenvolvimento e a eficácia das ações dos indicadores aqui definidos. Os resultados

apresentados abaixo são concernentes à entrevista realizada nos instrumentos 1 e 2. Para a

primeira questão do questionário, “O que você faz quando não está na escola?”, foram

elaboradas quatro categorias. A mais frequente foi “Atua no trabalho infantil”, seguida da

categoria “Ficam na rua” e, por fim, da “Ficam em casa”.

Tabela 1. Frequência das respostas coletadas na utilização dos instrumentos 1 e 2

CATEGORIAS F

1. Trabalho Infantil 67

2. Ficam na rua 52

3. Ficam em casa 31

TOTAL 150

4.1 - DESCREVENDO AS CATEGORIAS

4.1.1 Categoria 1. Trabalho infantil

O trabalho infantil consiste em um fenômeno complexo, decorrente de fatores

econômicos, culturais e sociais, e sua utilização traz consequências negativas para o

desenvolvimento da criança, porquanto provoca a reprodução da pobreza, a infrequência e a

evasão escolar. No início das entrevistas, as crianças apresentavam certo receio em comentar

sobre suas atividades quando não estão na escola, por medo de que houvesse alguma

investigação por parte dos conselhos tutelares. Ao serem questionadas sobre as atividades que

realizam quando não estão na escola, 67 crianças responderam que participam ativamente do

trabalho infantil, ou seja, atuam com seus familiares como vendedores de balas e doces e

trabalham ajudando seus pais no trabalho informal, quando não, praticando mendicância no

terminal de passageiros (rodoviária) na cidade de João Pessoa. As crianças estão

comprometidas com o trabalho infantil porque ajudam na renda familiar. Diante do

envolvimento tecnológico e como participantes da pesquisa, as crianças descobrira-se com

potencialidades e que são totalmente capazes de modificar suas escolhas.

Page 273: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

31

O acesso à informação e à apropriação do conhecimento consciente é capaz de fazer a

criança compreender que podem decidir quando, como e para que utilizá-lo. Claro que não é

apenas ensinando uma criança a navegar na internet que ela alcançará o tão esperado

desenvolvimento social pleno ou que estará automaticamente incluída em sociedade. Mas

oferecer oportunidades de desenvolvimento e de melhorar sua qualidade de vida não pode

deixar de ser considerada uma vantagem. A eficiência das TICs, frente ao desenvolvimento

humano, contribui para promover o sujeito no mercado de trabalho, diminui o abandono

escolar, reduz significativamente o trabalho infantil e melhora a formação profissional de

adolescentes e jovens de baixa renda.

4.1.2 Categoria 2. Crianças que ficam na rua

A exclusão social, em que as crianças que vivem nas comunidades em torno da

ferrovia estão embutidas, distancia-as de muitas coisas, de informação, de oportunidades, de

aceitação, de educação, da profissionalização, da cultura, de direitos, de moradia digna, da

saúde, do lazer, da convivência familiar e comunitária e muito mais.

É um fator relevante e uma barreira a ser vencida. Essa exclusão representa um

elemento de estagnação, não apenas para o crescimento econômico, mas também para a

redução da pobreza e impede o desenvolvimento social. Outra parcela de crianças

participantes, quando não estão na escola, ficam “perambulando” pelas ruas das comunidades

onde vivem ou “pedindo” pelas ruas da cidade de João Pessoa. Isso é uma das maiores

dificuldades encontradas para reduzir a marginalização e fazer a conscientização das mesmas,

quanto à importância de ser ter uma profissão e de estar preparado para ser aceito no mercado

de trabalho.

Envolvê-las em programas de inclusão digital fora do horário escolar pode ser a saída

e um meio de colocá-las a salvo da negligência, da discriminação, da exploração, da

violência, da crueldade e da opressão. Nessas comunidades faltam programas sociais,

acompanhamento de assistência social regular, garantia de que as políticas sociais sejam

direcionadas, de maneira específica, para as áreas de excluídos e que os capacitem de acordo

com sua real necessidade. Romper com o círculo vicioso da exclusão exige múltiplas

iniciativas. A primeira delas é fazer com que a inclusão seja produtiva e consolidada para

melhorar a vida dos menos favorecidos.

Page 274: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

32

4.1.3 Categoria 3. Crianças que ficam em casa

Com a mulher conquistando espaço no mercado de trabalho, a maioria não tem lugar

adequado para deixar suas crianças enquanto trabalham, e muitas delas são obrigadas a deixar

os filhos sozinhos em casa. Sozinhas em casa, as crianças correm riscos de acidentes

domésticos, de abusos sexuais e muito mais. Nas comunidades carentes e nas periferias das

grandes cidades, há uma carência enorme de creches, por isso, quase sempre, as crianças

ficam em casa sozinhas, cuidando de irmãos menores. Os dados quantitativos obtidos na

pesquisa e os levantamentos relativos ao número de crianças de cinco a oito anos, que ficam

em casa sob os cuidados de irmãos maiores ou que cuidam de irmãos menores, é também

relevante. Entretanto, não há dados mais abrangentes referentes às crianças sobre onde e como

vivem e o que fazem que possibilitassem um maior conhecimento da situação em que estão

vivendo. É importante relatar que, no decorrer deste trabalho, uma das crianças participantes,

com oito anos deidade, foi atropelada nos trilhos do trem, quando corria atrás de uma bola, e

veio a óbito. Essa realidade é resultado do abandono a que muitas das crianças, nesse imenso

mundo, são submetidas.

4.2 DESCREVENDO A OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE

Esta segunda parte trata dos resultados que se referem à observação participante

durante todo o período da pesquisa. As observações foram organizadas por tema, para facilitar

a compreensão e para evidenciar as informações relevantes encontradas durante as

observações.

4.2.1 Conhecendo o computador

A partir da realidade vivenciada durante a pesquisa, foi possível relatar a motivação

explícita no desejo das crianças de aprenderem a utilizar o computador, bem como as

modificações pessoais ocorridas durante o processo de iniciação da inclusão digital. O fato de

100% dos participantes nunca terem acessado um computador e a internet é uma realidade

que merece atenção. É como se vivessem fora do contexto, alheios à realidade informatizada,

como se estivessem ainda numa época bem distante.

Page 275: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

33

Portanto, quanto mais cedo iniciar as crianças no uso das tecnologias, mais chances

elas terão de se tornar cidadãs conhecedoras de informações vitais e mais chances de

melhores condições de trabalho no futuro. A familiarização das crianças com o computador

foi feita por meio de exercícios com jogos e desenho livre no paintbrush, para que elas

aprendessem a utilizar o mouse; apresentação de jogos educativos que servissem de apoio à

fixação dos conteúdos escolares, como Matemática e Português; vídeos educativos, com

filmes de curta duração, e a utilização do Word na atividade de escrita (digitação) e de leitura

de pequenos textos, para que aprendessem a utilizar o teclado. Nessa fase, a atenção das

crianças foi emocionante, e o silêncio foi tanto que era possível pensar que não havia ninguém

no trem. Os olhares chegavam a fixar-se como se estivessem estáticos. Devido à concentração

dos participantes e à rapidez com que se familiarizavam com a ferramenta tecnológica, foram

dadas noções de internet básica e de como navegar na web, juntamente com informações

sobre ética e os devidos cuidados a serem tomados em relação à conduta e de como se portar

na comunicação online.

4.2.2 Interesse, entusiasmo e motivação quanto ao uso das TICs

Como resultado da observação do estudo de caso, e de acordo com os desempenhos

demonstrados durante o processo de utilização do computador, as crianças desenvolveram e

aumentaram muito a sua atenção/concentração, o seu entusiasmo e motivação. O interesse foi

aguçado depois da intervenção da pesquisadora, que buscou conscientizar os passageiros

participantes, de forma prática e objetiva, sobre a importância de conhecer as tecnologias da

informação e comunicação e se familiarizar com elas, para que possam atuar na construção de

seus saberes, transformar sua realidade e ter uma melhor qualidade de vida no futuro. É

fundamental que se configure uma educação que vá além do aprender a ler e a escrever, que

ensine a ler o mundo e possibilite a mudança da qualidade de vida. O relacionamento da

pesquisadora com os participantes foi de atenção e de cuidados em verificar se eles

desenvolviam interesse, aprendizagem e descobertas.

4.2.3 O envolvimento da comunidade e as mudanças no espaço físico

As mudanças no espaço físico observadas nos vagões do trem foram significativas e

aconteceram naturalmente. No início da pesquisa, por questões de segurança, foi necessária a

presença de dois policiais, que a pesquisa pudessem ser desenvolvida.

Page 276: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

34

A falta de confiança entre os indivíduos era explícita nos olhares. As mães pareciam

encolhidas por cima dos seus filhos e filhas. Os motivos eram variados - no trem, transitam

indivíduos que devem ficar sob vigilância (embriaguês, pedofilia, assédio sexual, jovens

fazendo pequenos furtos). O comportamento social observado nas primeiras semanas da

pesquisa dava a impressão de que os membros de uma mesma comunidade iriam se enfrentar.

Mas, aos poucos, a hostilidade foi dando espaço para a educação e a tecnologia. Devido à

seriedade e à confiança com que a pesquisa foi iniciada, os participantes e seus familiares

abraçaram a chance de conhecer algo novo e contribuíram com respeito e apoio à pesquisa.

Fizeram também divulgações sobre a pesquisa para os membros da comunidade onde vivem,

e os passageiros dos outros vagões passaram a compreender que aquele espaço era educativo

e que oferecia chances para as pessoas que ali se encontravam. Por essa razão, não foi mais

necessária a presença de policiais no vagão onde ocorria o desenvolvimento da pesquisa. As

mães sentiram-se livres e, com segurança, acompanhavam seus filhos nos primeiros contatos

com o computador. Realmente houve uma grande mudança no comportamento das pessoas

dentro do trem.

4.2.4 Inclusão da família

No Brasil, o crescimento econômico ampliou a oferta de empregos formais, e os

programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, por exemplo, foram

fundamentais para a população mais carente, que precisava complementar a renda para

sobreviver com dignidade. Mas, apesar de todos esses esforços e dos avanços conquistados,

ainda existem muitas famílias e jovens que permanecem em situação de extrema pobreza e

que precisam de apoio e de oportunidades. Portanto, é de suma importância a inclusão social

de crianças de baixa renda para que possam ter, no futuro, uma qualidade de vida mais digna.

Assim, diante das informações oferecidas às crianças, quanto ao uso das ferramentas

tecnológicas, os familiares, pais, irmãos e irmãs demonstram total interesse em iniciar-se

juntamente com as crianças e tornar-se incluídos digitalmente, aproveitando a oportunidade

para se tornarem, também, sujeitos críticos e conhecedores de informações e,

consequentemente, dos seus direitos. É importante lembrar que a inclusão digital é também

social; é uma prestação de serviços, e não, um ato de “caridade”. E o grande desejo das

crianças e dos seus familiares é desenvolver-se no limite das limitações delas. E a cada

pequeno passo, que é uma grande conquista, aumenta esse limite, criando um cenário de

crescimento constante.

Page 277: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

35

O aprendizado de hoje é o domínio de amanhã, e esse domínio gera novos

aprendizados. É importante citar como exemplo outro papel social desenvolvido na pesquisa -

a inclusão da família. Muitos dos familiares que acompanharam as crianças no trem também

participaram ativamente da iniciação do processo de inclusão digital. Solicitavam informações

sobre a retirada de documentos, sobre leis previdenciárias, como iniciar pequenos negócios e,

até, sobre a troca de notícias com familiares distantes.

4.2.5 Desenvolvimento e autonomia

A perspectiva de desenvolvimento social e pessoal foi iniciada. Como resultados da

pesquisa sobre inclusão digital nos trens urbanos, é possível citar alguns exemplos de

realização de alguns passageiros que acompanhavam seus irmãos menores. O fato é que duas

irmãs encontraram um meio de montar seu próprio negócio e criaram o “artesanato

reciclável”. Tiveram essa iniciativa depois que viram, na internet, por meio da ajuda do irmão

menor, como confeccionar objetos com garrafas pets e outros materiais recicláveis. As jovens

passaram a confeccionar pequenos objetos, brinquedos e tapetes com material reciclável e

estão obtendo sucesso com a venda dos seus artigos, que podem ser encontrados em mercados

de artesanato na cidade de João Pessoa e em feiras de rua. Outro exemplo é de um jovem,

cuja irmã menor participou da pesquisa. Ele abriu uma pequena lan house, com apenas um

computador, para dar assistência aos membros da comunidade onde vivem. Envia e recebe e-

mails para parentes distantes dos membros da sua comunidade. Faz pesquisas e ajuda crianças

nos trabalhos escolares, dá ideias para moradores do bairro montarem o próprio negócio.

Além disso, criou o dia “Criança na net”, um dia só para crianças assistirem a vídeos

educativos e realizarem atividades pedagógicas. Tudo isso no quintal da sua casa.

4.2.6 Autonomia rumo ao espaço digital

A iniciativa é o primeiro passo para a realização dos desejos. As crianças, agora

familiarizadas com a internet e com o computador, descobriram-se autônomas e relatam, com

riqueza de detalhes, que vão às lan houses do bairro onde residem, para fazer pesquisas

escolares, e que gostam muito dos jogos eletrônicos. A comunidade tem apenas uma lan

house com três computadores. Já é um grande avanço. Muitas delas já não acompanham mais

os pais no trabalho, agora frequentam as lan houses e tornaram-se autônomas em busca da

informação, dos jogos eletrônicos e das pesquisas escolares.

Page 278: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

36

Correlacionando os resultados obtidos na pesquisa com a fundamentação teórica é

possível dizer que o encantamento de crianças frente ao novo mundo tecnológico que começa

a se descortinar abre janelas de oportunidades oferecendo fundamentos a sua formação que

serão utilizados no futuro. A inclusão digital é uma ação social estruturada e apoiada pelas

TICs capaz de ajudar os excluídos a ingressar na vida produtiva e cidadã.

Educar para a inclusão digital implica em promover a comunicação e a troca de

informações por meio de recursos tecnológicos que “ampliam a capacidade da mente”

(LÉVY, 1999, p. 173), possibilitando a criança à autonomia da sua própria aprendizagem.

Iniciativas, em prol do desenvolvimento social, podem permitir que indivíduos de

comunidades de baixa renda tornem-se cidadãos mais qualificados e bem mais capacitados

para serem envolvidos no mercado de trabalho, o que colaborará tanto para o

desenvolvimento social quanto regional e pessoal. À medida que populariza-se o acesso

público às redes, que redesenha todo o processo comunicacional da sociedade, aumentam as

possibilidades do ser humano de desenvolver a sua capacidade de “pensar de modo

inimaginável” (LÉVY, 1999, p.121). As discussões abordadas até aqui permitem afirmar que,

apesar dos avanços tecnológicos e das conquistas com a democratização da informática é

óbvio que só inserir o indivíduo na era digital não é suficiente para garantir seu

desenvolvimento social, mas é um início para um novo comportamento social. O processo de

estar incluído digitalmente inclui variações favoráveis, de inclusão de pessoas que se

encontram em posições de classes desfavorecidas e mais exploradas, como mostram os

estudos de Martini 2005; O Comitê para Democratização da Informática, 2011; Chris Laws,

2011; Silveira, 2003; Vasconcelos, 2010; Iizuka, 2003, mencionados no corpo deste trabalho.

A questão gloriosa deste trabalho é o valor da contribuição da pesquisadora ao

promover os primeiros contatos de crianças carentes com o que a sociedade chama de

inclusão digital e que teve como finalidade a oportunidade de, através da informação e da

tecnologia, mostrar um caminho para modificar uma realidade social carente e excludente. E

uma das formas dessa superação surge com o domínio das ferramentas tecnológicas. Essa é

mais uma razão para iniciar a inclusão digital logo na infância.

Page 279: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

37

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Neste momento, é necessário que se retome o problema da investigação que foi proposto

na introdução deste trabalho: Qual a importância do uso das Tecnologias da Informação e

Comunicação no meio sociocultural do indivíduo de baixa renda? Ou seja, a ação educativa

da inclusão digital pode transformar a realidade carente de crianças de baixa renda em

possibilidades de melhor desenvolvimento social? Para que seja possível uma resposta a estes

questionamentos, faz-se necessário que seja também retomado o objetivo geral desta pesquisa,

enunciado no mesmo tópico da introdução, bem como as categorias de análise que emergiram

durante a construção dos dados. O objetivo geral estabelecido para a pesquisa consistiu em

analisar os pressupostos e variáveis possíveis, despertados como atitude ativa e sistemática,

gerados com a ação educativa da inclusão digital.

Este trabalho foi uma ponte de passagem para compreender melhor a relação entre

inclusão social e inclusão digital, sendo a segunda geradora de resultados concretos na

primeira com capacidade de oportunizar e conduzir ações capazes de considerar as diferenças

presentes no ser e no estar incluído. A pesquisa também permitiu observar que os

participantes são conscientes e conhecedores do contexto no qual estão inseridos, mas não

tinham nenhuma informação sobre a importância do uso das TICs e do uso das ferramentas

tecnológicas como facilitadores do processo da aquisição da informação e do conhecimento.

Nenhum os participantes, nem seus familiares tinham consciência dos caminhos

importantes que podem ser gerados pela inclusão digital para o processo de mudanças na vida

social e para o sucesso profissional. Os objetivos específicos explorados durante o trabalho

pode-se considerar que dentro das limitações dos sujeitos envolvidos na pesquisa foram sendo

atingidos à medida que iam sendo propostos aos participantes, sistematicamente, por meio de

várias atividades de pesquisa, leitura e utilização da internet desenvolvidas no primeiro

semestre letivo do ano de 2009.

A experiência com inclusão digital apoiada pela tecnologia da informação e

comunicação permitiu que muitos dos participantes pudessem externar, ao longo do processo,

as suas impressões, as suas dúvidas, as suas percepções sobre os conteúdos pesquisados e

informações que iam percebendo. A análise dos resultados alcançados com a utilização das

atividades de digitação, leitura e escrita apontadas como passo inicial do processo de inclusão

digital, diante de fatos relatados por familiares facilitou o desempenho dos alunos nas

atividades escolares.

Page 280: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

38

Os assuntos abordados pelos participantes nas pesquisas escolares que realizavam no

computador iam se consolidando e proporcionado a criança uma maior compreensão das

atividades que realizavam na escola, como matemática e português.

Durante o desenvolvimento da pesquisa sobre inclusão digital, pode-se dizer que as

crianças desenvolveram conceitos relacionados com a importância da inclusão digital como

sendo uma oportunidade para melhorar seu conhecimento e consequentemente sua qualidade

de vida. Os resultados das atividades realizadas no computador permitiu que os participantes

pudessem firmar uma melhor interação entre os demais indivíduos (pais, amigos, familiares) e

entre os instrumentos utilizados. Durante essa fase, foi observado que a troca de informações

acontecia naturalmente entre as crianças envolvidas na pesquisa e seus familiares. O

desenvolvimento de novos conceitos interferiu positivamente na possibilidade de mudanças

de atitude perante exercício da responsabilidade e da autonomia, ação observada pela

permanência das crianças participantes durante todo o período da pesquisa, visto que, não

houve nenhuma desistência das crianças envolvidas. Eles passaram a ter uma consciência

maior do seu próprio processo e a reconhecer os aspectos positivos dos estudos e da inclusão

digital, principalmente suas aplicações no dia-a-dia.

No que diz respeito às mudanças apresentadas e as que irão se apresentar, a inclusão

digital é um processo que envolve dimensões da existência humana como respalda Escoreal

(2000, p.35), Silveira (2003, p. 44), Vasconcelos (2010), Seabra (2005) os quais foram citados

no corpo deste trabalho.

Quanto aos resultados relatados no capítulo quatro, a análise das potencialidades

desenvolvidas, revelou-se com destaque para a resolução de problemas cotidianos, com idéias

para resolver a falta de emprego de alguns familiares das crianças participantes, para

conscientização da permanência da criança na escola, para redução do trabalho infantil e por

tudo que foi exposto, é indiscutível a necessidade de fazer inclusão digital direcionada,

principalmente para a população excluída do universo tecnológico e informacional.

Aqui, cabe ainda comentar que, participando efetivamente de processos como a

inclusão digital a população menos privilegiada e menos informada, será capaz de adotar

medidas importantes na sua vida cotidiana pensando no seu crescimento pessoal, na sua

evolução social, educacional, cultural e econômica.

Page 281: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

39

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

É preciso ressaltar que este trabalho não tem nenhuma pretensão de ineditismo, mas

foi construído visando outro olhar sobre a inclusão digital versus exclusão social. A pesquisa

em questão se volta para o fato de que encontrar as melhores formas de explicar e

compreender um determinado conhecimento é importante, mas também é preciso apreender e

compreender os diferentes elementos que compõem essa realidade. A pesquisadora continua

com trabalhos em campo, visando desenvolver fontes de informação na área de educação e

inclusão digital, com esperanças de que possa ajudar na elaboração de materiais para

estimular a inclusão de crianças e jovens quanto ao uso das TICs.

Pelo exposto nos resultados acima, é premente a necessidade da inclusão digital, visto

que ainda é muito grande a parcela da população excluída do universo tecnológico e de uma

melhor qualidade de vida. Para isso, é necessário que, além do desenvolvimento social, a inclusão

digital seja conhecida por aqueles que dela necessitam e que sejam aplicadas em grande escala.

Assim, muitos irão se beneficiar com isso. Quando se pensa em integrar o sujeito excluído,

trata-se de fazê-lo naquilo que já existe e que é um direito seu. A inclusão digital tem se

mostrado uma árdua tarefa, visto que a exclusão não se limita ao universo daqueles que têm

versus os que não têm acesso a computador e à Internet.

A espiral da exclusão digital leva à exclusão social, a condições ruins de saúde,

moradia, educação e desemprego crônico. Se, em vez disso, a inclusão digital for pensada

como processo ou como relação social, não existirão “excluídos” claramente separados dos

“incluídos”, mas relações sociais em constante dinâmica. O resultado esperado é o interesse,

por parte de gestores, considerando a crescente necessidade de criar projetos e programas que

sejam utilizados com base em critérios claros e objetivos, tendo como meta final a real

melhoria das condições de vida de uma população. É preciso considerar os diferentes tipos de

informação e de habilidades para a inclusão digital constituir-se, de forma aberta, um meio no

processo de ensino-aprendizagem, tendo como fim o sucesso do desenvolvimento social e

pessoal. O acesso às novas tecnologias não depende tanto da vontade do indivíduo, posto que,

no meio, estão à situação de baixa renda e a pobreza, impedindo parte da população de ter

acesso às tecnologias da informação, consolidando e elevando o contingente número dos

excluídos digital. Depois de toda a tentativa de refletir sobre as contribuições da inclusão

digital como forma de diminuir as desigualdades sociais, algumas questões merecem ficar

como conclusão do trabalho. Por ser um tema muito pesquisado e comentado, a inclusão

digital oferece um grande acervo bibliográfico consistente sobre o tema em questão.

Page 282: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

40

A maior limitação foi à falta de apoio para elaborar a pesquisa em campo, que já vem

sendo realizada há dois anos e conta com recursos próprios da pesquisadora. Este estudo é

uma oportunidade para que novas pesquisas sobre o tema sejam desenvolvidas. O passo

seguinte será procurar interessados em formar uma parceria para intensificar esse projeto,

visando atender a um maior número de crianças. A transformação da inclusão digital versus

exclusão social é um caminho de passo a passo para driblar as dificuldades e transformar

formas de agir e de pensar, fazendo o sujeito acreditar que vale a pena lutar por aquilo que ele

quer e em que acredita. Então, unir educação e tecnologia, para conquistar conhecimento e

com ele vencer barreiras, modificando paradigmas, certamente fará o crescimento pessoal ser

alcançado. Difícil será imaginar que o futuro virá sem grandes esforços.

A utilização dos métodos operacionalizados na pesquisa tornou a observação

fidedigna, já que ela traz definições, critérios e especificação da condição social dos

participantes e a descrição do material utilizado, especificando exatamente como se procedeu

à observação e à utilização do material. O computador teve papel fundamental nesse processo,

visto que foi uma ferramenta eficaz para a avaliação da pesquisa e por ajudar nos primeiros

contatos dos participantes sobre o que seja o uso da tecnologia e da informação e a

importância de saber utilizar esses recursos, o que resultou positivamente no desenvolvimento

de algumas atividades escolares dos participantes.

Page 283: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

41

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Page 286: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

44

ANEXOS

______________________________________________________________________

Companhia de Trens Urbanos - CBTU

O sistema de trens urbanos de João Pessoa é administrado pela CBTU, através da

Superintendência de Trens Urbanos de João Pessoa. Tem, aproximadamente, 30 km de

extensão e 11 estações interligando os municípios de Cabedelo, João Pessoa, Bayeux e Santa

Rita, na Região Metropolitana de João Pessoa. Atualmente, transporta cerca de oito mil

passageiros por dia.

Mapa das Estações

Imagem 1- Mapa das Estações que interligam os municípios de Cabedelo, João Pessoa, Bayeux e

Santa Rita

Criação da CBTU (1984 - Atualmente)

O sistema de trens urbanos para transporte de passageiros foi reativado na Paraíba, e

em 22 de fevereiro de 1984, surgiu a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), com o

Decreto-lei nº 89.396, vinculada à Secretaria Nacional de Transportes do Ministério dos

Transportes, que administra os trens urbanos de João Pessoa. Em 1996, o governo federal

privatizou o transporte de carga, atualmente operado pela Companhia Ferroviária do

Nordeste. Em 2007, a RFFSA é extinta. Atualmente, o sistema de trens urbanos de João

Pessoa opera apenas 30 km em bitola métrica.

Page 287: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

45

Foto 1. http://brejo.com/wp-content/uploads/2011/04/trem1_pequeno-90x65.jpg

Características do sistema

Esse sistema, atualmente, tem 30 km de extensão e é servido por 10 estações. Os

veículos desse sistema têm uma velocidade comercial de 30 km/h. A bitola é métrica em via

singela, e os trens são movidos a diesel.

Tabela do Sistema

Linha Terminais Inauguração Comprimento

(km) Estações

Duração

viagens

(min.)

Funcionamento

Central

Santa Rita

Cabedelo

A partir de

1984 30 11 50

Diariamente, das

04h30min às

19h30min

Tabela 2- Tabela do sistema de horários e municipíos interligados

Page 288: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

46

ALGUMAS PERGUNTAS FEITAS AOS ALUNOS:

Instrumento 1

1. Qual o seu nome?

2. Quantos anos você tem?

3. Você estuda?

4. Qual série que você está?

5. Você sabe ler e escrever?

5. Você mora com seus pais?

Instrumento 2

1 – O que você faz quando não está na escola?

A) Ajuda os pais _______

b) Fica na rua _________

c) Fica em casa ________

2 – Sua escola tem computador? Sim ( ) Não ( )

3 – Você já utilizou um computador? Sim ( ) Não ( )

Se sim. Onde? _______

4 – Gostaria de saber utilizar o computador?

5 – Você sabe o que internet?

Page 289: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA NA MODALIDADE A DISTÂNCIA

JEANE GOMES DE LIMA

O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL:

UMA REFLEXÃO SOBRE AS CONCEPÇÕES DE BRINCADEIRAS EM UMA

CRECHE DO MUNICÍPIO DE CAMPINA GRANDE/PB

CAMPINA GRANDE - PB

2011

Page 290: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

JEANE GOMES DE LIMA

O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL:

UMA REFLEXÃO SOBRE AS CONCEPÇÕES DE BRINCADEIRAS EM

UMA CRECHE DO MUNICÍPIO DE CAMPINA GRANDE/PB

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado ao

Centro de Educação da Universidade Federal da

Paraíba/ Universidade Aberta do Brasil - UFPB Virtual,

como requisito para integralização curricular do Curso

e obtenção do título de Graduação em Pedagogia da

Educação Infantil, na Modalidade a Distância.

Orientadora: Profª. Ms. Telma Cristina Gomes da Silva

CAMPINA GRANDE – PB

2011

Page 291: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

© 2011 UFPB É autorizada reprodução total ou parcial deste material, por qualquer meio ou sistema desde que a fonte seja citada.

Ficha Catalográfica

L732b Lima, Jeane Gomes de.

O brincar na educação infantil: uma reflexão sobre as concepções de brincadeiras em uma

creche do município de Campina Grande-Pb. / Jeane Gomes de Lima. -- Campina Grande:

UFPB, 2011.

53 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso Pedagogia na Modalidade à Distância).

1. Educação Infantil. 2. Atividades Lúdicas. 3. Pedagogia. 4. Brincadeiras. I. Título.

22.ED CDD – 372.24

Page 292: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

JEANE GOMES DE LIMA

O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL:

UMA REFLEXÃO SOBRE AS CONCEPÇÕES DE BRINCADEIRAS EM

UMA CRECHE DO MUNICÍPIO DE CAMPINA GRANDE/PB

Trabalho de Conclusão de Curso submetido ao corpo docente do Curso de Pedagogia na

Modalidade a Distância promovido pela Universidade Federal da Paraíba,

aprovada __18__/__07__/2011.

Banca Examinadora

____________________________________

Profª. Ms.Telma Cristina Gomes da Silva - UFPB

Orientadora

____________________________________

Prof. Ms. Plínio Rogenes da França Dias - UFPB

Examinador

___________________________________

Profª. Dra. Maria Claurênia A. de Silveira - UFPB

Examinador

Page 293: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

A Deus, por ser a razão da minha existência.

A minha família pelo apoio e incentivo constante nesta jornada.

As minhas amigas que trilharam comigo todo o percurso, em especial Luciana Aretuza que

nunca deixou o nosso barco ir à deriva.

Aos meus queridos Mestres da UFPB Virtual, professores e mediadores, pois sem eles está

minha jornada não estaria completa.

As minhas queridas tutoras presenciais, Val Margarida e Mayam Andrade, pelo inestimável

apoio, com suas palavras de incentivo nas horas difíceis, cansativas e desestimulantes.

Enfim, a todos os meus professores desde a infância, presentes neste trabalho, pois com suas

sementes intelectuais me oportunizaram buscar a concretização dos meus objetivos.

Page 294: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

AGRADECIMENTOS

A Deus, pela interseção do Divino Espírito Santo, que me concedeu sabedoria, inteligência,

conselho, ciência, fortaleza, piedade e temor de Deus. Qualidades que me capacitam para

tomar a decisão acertada em situações obscuras e para reprimir as forças do orgulho, do

egoísmo e da preguiça, que se opõem à graça de Deus.

A minha família, por cuidar de mim sempre que se fez necessário no decorrer dessa jornada.

Às professoras de Educação Infantil, da rede municipal de ensino, que participaram da

pesquisa, pela receptividade e disponibilidade.

Ao Prof. Dr. Jorge Fernando Hermida Aveiro, por sua disponibilidade e atenção no percurso

da construção deste trabalho, obrigada por tão valiosos aconselhamentos.

À minha orientadora Professora e Mestra Telma Cristina Gomes da Silva, por ter construído

comigo, passo a passo, este trabalho, sempre solícita, comprometida, dedicada e

compreensiva. Suas exigências regadas de afeto e paciência fizeram-me crescer. Obrigada por

todas as orientações recebidas.

Page 295: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

“Nesta vida,

pode-se aprender três coisas de uma criança:

estar sempre alegre,

nunca ficar inativo

e chorar com força por tudo o que se quer”.

(Paulo Leminski)

Page 296: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

RESUMO

Neste Trabalho de Conclusão de Curso temos como objetivos: conhecer a concepção de

brincadeira subjacente ao trabalho pedagógico desenvolvido em uma Creche do município de

Campina Grande-PB, observando suas implicações na prática pedagógica das educadoras.

Buscou-se investigar as concepções de brincadeiras de integrantes da equipe pedagógica

responsável pela educação infantil nessa Creche; identificar que concepções predominam nas

atividades lúdicas oferecidas às crianças e refletir sobre o modo como são desenvolvidas as

atividades lúdicas no cotidiano da Creche. Para tal coletamos os dados através de

questionários e observação participante, ambos importantes componentes da realização de

uma pesquisa qualitativa. A amostra da pesquisa foi obtida de cinco professoras da referida

creche. As reflexões se fundamentaram em referências sobre o brincar na educação infantil

tomando como base o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (1998), e na

teoria referente à educação de crianças. Partimos das concepções de crianças à luz do

pensamento de Philippe Aries (1981), que entende o conceito de criança como uma

construção social, e de Rousseau (apud Muniz, 1999) que considera a infância como um

tempo à parte na vida humana. Discutimos sobre aspectos históricos e conceituais

concernentes à educação infantil, ao brincar, bem como aspectos relativos ao exercício

docente e às propostas pedagógicas para esse nível de ensino. Verificou-se que a principal

orientação para a abordagem do brincar nesse nível de ensino é para que, através dele, o

educador possa desenvolver e estimular determinados conteúdos, tais como: autonomia,

lateralidade, respeito mútuo, coordenação motora. No que se refere às considerações feitas

pelas pedagogas, destacamos a idéia de que as brincadeiras devem ser na maioria das vezes

dirigidas. Além disso, percebeu-se que as professoras desconsideram na maior parte do tempo

a imaginação na abordagem do brincar na educação infantil. Por fim, considerou-se que os

conteúdos das falas das professoras nos indicam que elas desconsideram a importância da

livre escolha no brincar, elencam pouquíssimos tipos de brinquedos e, ainda, relatam que

precisam de brinquedos educativos. Embasados em autores tais como: Kishimoto (2002),

Kuhlmann Jr (1998), Vygotsky (1992) e Piaget (1986), podemos ressaltar que se pretendemos

estimular o imaginário, a expressão de sentimentos, a curiosidade, o objetivo do brincar deve

estar embasado numa mudança qualitativa do modo como as brincadeiras e sua abordagem

são concebidas por aqueles que cuidam e educam, no trabalho pedagógico da educação

infantil.

Palavras-chave: Brincadeiras. Brinquedos. Educação Infantil. Concepções e Prática.

Page 297: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

ABSTRACT

In this end course work it is aimed to know the conception of playing an underlying to

pedagogical work, developed in a daycare in Campina Grande-PB, observing its implications

in the educators pedagogical practice. It was attempted to investigate the members of

teaching staff responsible for kindergarten in this daycare; identify concepts that dominate in

recreational activities offered to children, besides reflecting on the way the recreational

activities are developed as in everyday routine. For this putpose it was collected data through

questionnaires and participatory observation, both of them important components of

performing a qualitative research... The survey sample was composed by five teachers from

that nursery .The reflections were based on references about the playing in early childhood

education, in line with the National Curriculum for Early Childhood Education in the theory

regarding the upbringing of children. It was presented the conceptions of children according

to Philippe Ariès thought , Who understands this concept as a social construction, and

Rousseau’s Who considers the childhood as a time which is apart from a human life. It was

discussed the historical and conceptual aspects concerning to infant educational, at play, and

the aspects related to the teaching practice and pedagogical proposals for this education level

as well. It was found that the main orientation direction to approach the play in this teaching

level is that through it, the educator can teach and/or, treating certain contents such as:

autonomy, laterality, mutual respect, coordination. Regarding to the considerations made by

education majors, it was highlighted the idea that jokes should be most adressed besides, it

was observed that the teachers disregard most of times the imaginary approach of playing in

early childhood education. Finally, it was considered that teachers’ speech contents indicate

that they ignore the free choice importance at playing, elect few types of toys and also,

reportam that they need educational toys. Based on authors like: Kishimoto (2002), Kuhlmann

Jr (1998), Vygotsky (1992) and Piaget (1986), it can be pointed out that if it is aimed to

stimulate the imaginary, the expression of feelings, the curiosity the objective of playing

must be grounded in a qualitative change in the way as the jokes and its approach is viewed

by those who care for and educate, in child pedagogical work.

Key words : Play. Toys. Children's Educational. Concepts and Practices.

Page 298: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

LISTA DE TABELAS

TITULO Página

TABELA 1: Turmas existentes na Creche, turnos em que funcionam e

número de crianças atendidas

27

TABELA 2: Número de funcionários da Creche e função

28

TABELA 3: Número de professores por turnos e formação acadêmica 29

Page 299: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CF – Constituição Federativa

CEB - Câmara de Educação Básica

DCNEI – Diretrizes Curriculares para Educação Nacional para a Educação Infantil

FUNDEB – Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica

LDBEN – Lei de diretrizes e Bases da Educação Nacional

MEC – Ministério da Educação e Cultura

PPP – Projeto Político Pedagógico

RCNEI – Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil

UFPB – Universidde Federal da Paraiba

Page 300: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 12

2 CRIANÇA, EDUCAÇÃO E PRÁTICA PEDAGÓGICA NO CONTEXTO DA

EDUCAÇÃO INFANTIL

16

2.1 A construção do conceito de criança: 16

2.2 A evolução da educação de crianças pequenas: da assistência ao cuidar e educar: 18

2.3 A formação do professor de Educação Infantil 19

2.4 Propostas pedagógicas para a Educação Infantil 20

3 O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL 22

3.1 O brincar no contexto da educação infantil 22

3.2 A importância do brincar para o desenvolvimento infantil 23

4 METODOLOGIA 25

4.1 A pesquisa

4.2 O locus de realização da pesquisa

4.3 Os participantes

25

26

29

5 PRÁTICAS E CONCEPÇÕES DOCENTES: REFLETINDO SOBRE O

BRINCAR NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL

30

5.1 A análise dos dados 30

5.2 Sobre o brincar no contexto da Educação Infantil: as práticas observadas 30

5.3 As concepções das docentes sobre o papel do brincar no contexto da Educação Infantil 32

5.4 As concepções das docentes sobre a prática que desenvolvem com o brincar na

Educação Infantil

36

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 43

REFERÊNCIAS 47

ANEXOS

ANEXO A

ANEXO B

ANEXO C

48

49

50

53

Page 301: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB
Page 302: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

12

1 INTRODUÇÃO

No cotidiano da educação infantil percebemos que a preocupação com o lúdico está

sempre presente, seja nas formações continuadas, seja na mídia e até mesmo no curso de

formação para professores da Educação Infantil, a exemplo do nosso curso de Pedagogia. É

tão presente a questão do brincar que as creches municipais de Campina Grande-PB, foram

contempladas com programas de dois institutos - Instituto Avisá-la e Instituto C&A - que

visam à formação de professores, técnicos, diretores e de todo pessoal de apoio sobre a

importância do brincar.

Nesses encontros geralmente é discutido que as crianças precisam e devem ser

estimuladas a explorar o mundo ao redor, que todos os profissionais da creche entendam que

espaço e liberdade são fundamentais para que as crianças exerçam a sua criatividade. Com

esses projetos permeando os espaços da instituição, esperamos que todos os envolvidos com o

trabalho na creche compreendam a necessidade do lúdico no atendimento as crianças, na faixa

etária de 0-5 anos, evitando, outrossim, conflitos entre a equipe pedagógica e o pessoal de

apoio, que muitas vezes reclamam quando as crianças brincam com lençóis, fraldas ou mesmo

quando levam areia para o solário.

Entendemos que o brincar é fundamental para o aprendizado, devendo ser priorizado

na rotina da instituição e que é preciso que sejam oferecidos às crianças os mais diversos

materiais para serem explorados em suas brincadeiras. Também precisamos organizar espaços

seguros para que elas exerçam sua criatividade e imaginação sem riscos à sua integridade

física e mental.

De acordo com o RCNEI, Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil,

[...] brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da

identidade e da autonomia. O fato de a criança, desde muito cedo, poder se

comunicar por meio de gestos, sons e, mais tarde, representar determinado

papel na brincadeira faz com que ela desenvolva sua imaginação. Nas

brincadeiras, as crianças podem desenvolver algumas capacidades

importantes, tais como a atenção, a imitação, a memória, a imaginação.

Amadurecem também algumas capacidades de socialização, por meio da

interação e da utilização e experimentação de regras e papéis sociais

(BRASIL, 1998, p.22).

Desse modo, a instituição de educação infantil deve ser um lugar onde a brincadeira

se constitua a principal ação da criança, oferecendo um espaço planejado, com materiais e

profissionais capacitados para possibilitar à criança pequena o direito à infância.

Page 303: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

13

Cabe ao professor de educação infantil promover atividades enriquecedoras visando

desenvolver nas crianças as capacidades de atenção, imitação, memória, imaginação e de

socialização através do lúdico.

No planejamento das atividades na creche, o brincar deve ser contemplado, de modo

que as crianças possam brincar livremente, assim como, participar de atividades dirigidas.

Mesmo sem o objetivo de ensinar conteúdos escolarizados, o brincar deve ser planejado

observado e registrado, desse modo o professor pode organizar espaços na creche, criando

situações nas quais as crianças brinquem de forma espontânea, expressando a sua cultura,

valorizando as interações, porque,

nas brincadeiras as crianças transformam os conhecimentos que já possuíam

anteriormente em conceitos gerais com os quais brinca. [...] no ato de brincar

que a criança estabelece os diferentes vínculos entre as características do

papel assumido, suas competências e as relações que possuem com outros

papéis, tomando consciência disto e generalizando para outras situações. [...]

(BRASIL, 1998, pp. 27-28).

Na Instituição de educação infantil observamos que a criança brinca naturalmente,

quando toma banho ou come, transformando o sabonete e os talheres em brinquedos. Desta

maneira a atividade lúdica foge ao controle do adulto, mesmo que em alguns momentos a

criança seja reprimida nesse ato.

Portanto reprimir ou incentivar a criança, em suas expressões espontâneas do brincar,

demonstra qual a concepção que o professor tem de brinquedos, de brincadeiras e de jogos na

ação lúdica infantil.

Diante dos fatos elencados acima, com essa pesquisa pretendemos responder as

seguintes questões: Quais as concepções de brincar da equipe docente responsável pela

educação infantil numa determinada Creche do município de Campina Grande-PB? Como

essas concepções influenciam a prática pedagógica desenvolvida na instituição?

Com o intento de responder a essa problemática, definimos os objetivos a serem alcançados

com essa pesquisa. Esta pesquisa teve como objetivo conhecer a concepção de brincadeira

subjacente ao trabalho pedagógico desenvolvido em uma Creche do município de Campina

Grande-PB, observando suas implicações na prática pedagógica dessas educadoras. Buscamos

investigar as concepções de brincadeiras de integrantes da equipe pedagógica responsável

pela educação infantil nessa instituição; identificar que concepções predominam nas

atividades lúdicas oferecidas às crianças e refletir sobre o modo como são cotidianamente

desenvolvidas as atividades lúdicas.

Page 304: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

14

Para tentarmos responder ao problema da nossa pesquisa consideramos as seguintes

afirmações: na creche a concepção de brincar da equipe docente interfere no desenvolvimento

das atividades lúdicas; as diversas concepções de brincar dos docentes influenciam a prática

pedagógica na Creche.

As crianças na fase de Educação Infantil têm a necessidade do lúdico como

facilitador do processo de seu desenvolvimento físico, psíquico e social, uma vez que é a

partir das experiências, nas interações sociais, que a criança estabelece desde cedo, o gosto

pelas brincadeiras e pelo brincar. Dessa forma a brincadeira é uma atividade humana que para

as crianças se constitui num modo de assimilar e recriar as experiências do seu cotidiano.

Sendo o brincar tão fundamental na vida da criança, escolhi trabalhar essa temática,

pois, sou professora de educação infantil, trabalhando com crianças da turma de B2, ou seja,

crianças de 1 ano e 3 meses a 2 anos, e considero que ao brincar as crianças aprendem de

maneira mais significativa, melhoram o relacionamento e a socialização com os seus

cuidadores/educadores e com as outras crianças. Por outro lado, percebo que as atribuições do

cuidar e educar de forma indissociada, tem gerado um déficit no trabalho docente, uma vez

que algumas professoras demonstram preocupação apenas com o cuidar, deixando em último

plano as atividades lúdicas e educativas.

Diante do exposto é que considerei de suma importância realizar uma pesquisa de

caráter exploratório sobre as concepções do brincar no cotidiano de uma Creche em Campina

Grande-PB.

Este trabalho de conclusão de curso apresenta as características do estudo realizado, as

reflexões e questionamentos que suscitou, e está organizada em quatro capítulos. O primeiro,

intitulado “Criança, educação e prática pedagógica no contexto da Educação Infantil”, é um

apanhado teórico que abrange diferentes aspectos: inicialmente trata de como, ao longo da

história, foi sendo construído o conceito de criança; ainda apresenta brevemente aspectos

históricos da educação de crianças pequenas no âmbito da educação infantil no Brasil;

também enfatiza o papel do professor, apontando para algumas características de sua

formação; por fim, apresenta algumas propostas pedagógicas idealizadas para esse nível de

ensino e uma breve reflexão sobre elas.

O segundo capítulo, denominado “O brincar na educação infantil”, ainda tratando da

teoria referente ao objeto em questão, aborda o brincar nesse contexto, enfocando a

regulamentação desse direito nos documentos oficiais, assim como, salienta a importância do

brincar para o desenvolvimento da criança.

Page 305: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

15

O terceiro capítulo refere-se à caracterização da pesquisa. Nele, são apresentados

aspectos referentes à metodologia da pesquisa, incluindo os procedimentos de coleta de dados

e as características do locus e dos participantes, possibilitando uma visão mais ampla e uma

melhor compreensão dos dados obtidos.

O quarto capítulo apresenta os dados obtidos através das observações e dos

questionários. Traz uma análise dos aspectos que se mostraram relevantes ao entendimento

das questões que direcionaram a investigação: que concepções fundamentam o brincar na

creche, que critérios motivam as educadoras a escolherem determinadas brincadeiras, que

ações desenvolvem durante as brincadeiras espontâneas em suas turmas.

Por fim, apresentamos algumas considerações a respeito de educação infantil, do

brincar e de como se brinca na instituição campo dessa pesquisa, pretendendo, com isso,

deixar uma pequena parcela de contribuição para as reflexões sobre o fazer pedagógico que

toma por base o brincar, indicando a necessidade da presença de brinquedos e brincadeiras,

desde a mais tenra idade. Nesse sentido, compreendendo que um trabalho de pesquisa não se

esgota numa primeira versão, uma vez que suscita novas questões e motivações, nesse

capítulo, mais do que simplesmente avaliar o percurso já efetuado, buscamos traçar novos

caminhos a percorrer.

Page 306: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

16

2 CRIANÇA, EDUCAÇÃO E PRÁTICA PEDAGÓGICA NO CONTEXTO DA

EDUCAÇÃO INFANTIL

2.1 A construção do conceito de criança

O conceito de criança como conhecemos na atualidade nem sempre existiu, é

importante ressaltarmos que a visão que se tem hoje de criança e de infância foi

historicamente construída. Séculos atrás era tratada com indiferença. Nessa época as crianças

eram vistas como um ser humano em miniatura, participando, desde a mais tenra idade, da

vida adulta.

Antes do século XVII a sociedade não dava muita atenção às crianças. Por causa das

péssimas condições sanitárias, a mortalidade infantil alcançava níveis alarmantes, O índice de

natalidade também era alto, o que ocasionava uma espécie de substituição das crianças

mortas. Assim “as pessoas não podiam se apegar muito a algo que era considerado uma perda

eventual” (ARIÈS, 1981, p. 43).

O conceito de infância surge a partir do século XVII. As grandes transformações

sociais nesse século contribuíram decisivamente para a construção de um sentimento de

infância. As reformas religiosas católicas e protestantes trouxeram um novo olhar sobre a

criança e sua aprendizagem. Nesse período a afetividade ganhou mais importância no seio na

família, pois,

a idéia de infância [...] aparece com a sociedade capitalista, urbano-

industrial, na medida em que mudam a sua inserção e o papel social da

criança na comunidade. se, na sociedade feudal, a criança exercia um papel

produtivo direto (“de adulto”) assim que ultrapassava o período de alta

mortalidade, na sociedade burguesa ela passa a ser alguém que precisa de ser

cuidada, escolarizada e preparada para uma função futura. Este conceito de

infância é, pois, determinado historicamente pela modificação das formas de

organização da sociedade (KRAMER, 2003 p. 19).

A criança é um ser social e histórico, faz parte de uma organização familiar inserida

numa sociedade, com relações sociais e culturais estabelecidas, em um determinado momento

histórico. “A concepção de criança é uma noção historicamente construída e

consequentemente vem mudando ao longo dos tempos, não se apresentando de forma

Page 307: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

17

homogênea nem mesmo no interior de uma mesma sociedade e época” (BRASIL, 1998, v. I,

p. 21).

De acordo com Zilberman (1994), somente com a constituição do modelo familiar

burguês, em meio à Idade Moderna, com a emergência da noção de família nuclear, centrada

em restrita relação de parentesco com a preocupação de manter a privacidade e estimular a

relação afetiva entre seus membros, é que passou a existir uma consideração especial para

com a infância. Anteriormente, adultos e crianças compartilhavam dos mesmos eventos, mas

sem nenhum laço de afetividade.

Portanto, a noção de infância e respectiva conceituação são produtos da evolução

histórica das sociedades. A idéia de infância surge com a sociedade capitalista urbano-

industrial, no momento em que muda o papel socialmente desempenhado pela criança na

comunidade:

Para Muniz (1999), o conceito de infância utilizado pela pedagogia vem trilhando essa

evolução, mas ainda possui marcas do conceito de natureza infantil que considera a criança

como um ser universal, abstrato, desvinculado de suas reais condições existenciais, envolto

pela inocência original, que precisa ser transformada, moldada de acordo com os princípios da

sociedade em que será inserido. Considerar a infância como um tempo à parte na vida humana

remete à influência das idéias de Rousseau sobre a educação de crianças e seu lugar na

sociedade, permeando ainda hoje o pensamento pedagógico. Na visão de Rousseau, a infância

seria um tempo à parte na vida do homem, uma época feliz, período em que a pureza e a

inocência ainda não teriam sido corrompidas socialmente, devendo ser preservadas,

resguardadas das perversas influências sociais, e cultivadas por meio da educação. Vendo o

indivíduo como naturalmente bom e a sociedade como responsável pela corrupção dessa

bondade essencial, propunha que o indivíduo fosse educado fora da sociedade para que

pudesse atingir plenamente suas potencialidades individuais, desenvolvendo-se segundo a sua

natureza. Depois de formada a sua personalidade, o indivíduo poderia, então, ser inserido na

sociedade. Caberia, assim, à educação moldar a natureza humana, antes de inserir a criança no

meio social. Inclusive, o livro Emílio (1762), de Rousseau, é considerado o marco histórico da

concepção moderna de criança.

Com Rousseau, a infância ganha em valorização e reconhecimento, [...] mas

a criança é ainda vista como um “recipiente”, como alguém incapaz de

conviver socialmente por não ser dotada de raciocínio e, portanto de

julgamento de suas ações e das ações dos outros (MUNIZ, 1999, p. 246).

Page 308: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

18

O conceito de criança como ser social, sujeito de sua história, é algo relativamente

novo. A idéia de que a criança é um ser capaz de construir o conhecimento, a partir de

interações que estabelece com as outras pessoas e com o meio em que vive, surge a partir de

pesquisas realizadas com diferentes enfoques e abordagens por diversos autores, dentre eles

Piaget, Vygotsky e Wallon. “As crianças possuem uma natureza singular, que as caracteriza

como seres que sentem e pensam o mundo de um jeito próprio” (BRASIL, 1998, vol.2, p.21).

De acordo com Bastos e Dér (2002), além da família, o meio escolar é fundamental

para o desenvolvimento da criança de três a cinco anos de idade. A pré-escola ou “escola

maternal”oferece novas oportunidades de convivência, reduzindo a influência exclusiva da

família, oportunizando encontro entre crianças da mesma idade e preparando para a

emancipação futura.

A concepção de criança como ser sociocultural abre espaço para a sua formação

enquanto ser humano autônomo, criativo, produtor de cultura e sujeito de sua história.

Contudo, é a organização de cada sociedade, de acordo com as estruturas econômicas e

sociais vigentes, que irá determinar o olhar sobre a criança e a sua valorização.

Atualmente, em decorrência da valorização da criança, temos as leis garantindo a sua

participação ativa em decisões, mas sem perder a sua identidade de criança, como um ser em

fase de descobertas em torno de si, através do interagir com outras. Nesse sentido valorizamos

a necessidade de se pensar na singularidade do ser criança, sua capacidade de imaginar,

fantasiar, criar e brincar. Entendida como um ser humano criativo, interativo, histórico e

inteligente. Assim reconhecida como tal passa a ser estudada como categoria social e a ter

status na sociedade de “sujeitos de direitos”.

Desse modo, a concepção da criança como um ser em particular, com características

bem diferentes das dos adultos, e contemporaneamente como portador de direitos enquanto

cidadão gera mudanças na Educação Infantil, tornando o atendimento às crianças de 0 a 5

anos ainda mais específico, exigindo do educador/professor uma postura consciente e

formação adequada para a realização do trabalho com as crianças pequenas, de modo a

identificar e respeitar as suas necessidades enquanto cidadã.

2.2 A evolução da educação de crianças pequenas: da assistência ao cuidar e educar

As lutas pela democratização da escola pública, aliadas às reivindicações de

movimentos feministas e de movimentos sociais de luta por creches, conquistaram, na

Page 309: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

19

Constituição de 1988, o reconhecimento da educação em creches e pré-escolas como um

direito da criança e um dever do Estado, a ser cumprido nos sistemas de ensino (art. 208,

inciso IV).

Em 1990, a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente concretizou as

conquistas dos direitos das crianças, promulgados na Constituição. Posteriormente, com a

aprovação da nova LDBEN, Lei 9394/96, estabeleceu-se a educação infantil como a primeira

etapa da educação básica, o que tirou as crianças de 0 a 5 anos do confinamento em

instituições vinculadas a órgãos de assistência social. Legalmente, a educação infantil passou

a estar inserida no amplo contexto da educação, considerada como um dever do Estado e um

direito da criança, constituindo-se como a primeira etapa da educação básica e tendo como

finalidade o desenvolvimento integral da criança até os cinco anos de idade (LDBEN, 1996,

título V, Cap. II, Seção II, art. 29).

A partir de então, as novas concepções acerca do desenvolvimento cognitivo e da

linguagem vêm modificando a maneira como as propostas pedagógicas para a área são

pensadas. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil foi formulado pelo

Ministério da Educação e Diretrizes Nacionais para a Educação Infantil foram definidas pelo

Conselho Nacional de Educação (RESOLUÇÃO CEB 1/1999).

O acolhimento a crianças pequenas em instituições como creches e pré-escolas varia

de país para país. O limite da idade final de atendimento corresponde ao início da

escolaridade obrigatória em cada nação, embora geralmente ocorra por volta dos seis anos

2.3 A formação do professor de Educação Infantil

Quando as instituições de educação infantil estão atreladas aos sistemas de ensino,

exige-se que o profissional tenha formação apropriada para o desempenho da função de

professor de educação infantil. Quando estão vinculadas a programas sociais ou ao Ministério

do Trabalho, não se exige formação específica para o desempenho da função, nem mesmo

escolaridade mínima, bastando apenas saber cuidar de crianças.

De acordo com Kuhlmann Jr. (1998, p. 182), a vinculação das creches aos órgãos

governamentais de serviço social, e não aos do sistema educacional, teve como conseqüência,

durante muito tempo, a ausência do tema “formação do professor de educação infantil” nas

pesquisas educacionais e nos cursos de Pedagogia.

Atualmente, em decorrência da valorização da criança como sujeito de direitos e da

Page 310: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

20

inserção da educação infantil na educação básica, predomina a concepção escolar, o que

justifica a reivindicação da presença de professores para a interação com a criança desde o

nascimento. A formação profissional exigida para se trabalhar com a criança de zero a cinco

anos é a habilitação em nível superior, mas ainda se aceita que seja, no mínimo, em nível

médio, não limitando a experiência dos educadores “[...] apenas com a guarda e o cuidado de

crianças, como historicamente foi tratada a formação dos profissionais de educação infantil

(MACHADO, 2002, p. 37).

O tema professor de creche está presente na Lei 9394/96, no artigo 13, e aparece com

o seguinte texto:

“Os docentes incumbir-se-ão de:

I- participar da elaboração da proposta do estabelecimento de ensino;

II- elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do

estabelecimento de ensino;

III- zelar pela aprendizagem do aluno;

IV- estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor

rendimento;

V- ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de

participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à

avaliação e ao desenvolvimento profissional;

VI- colaborar com as atividades de articulação da escola com as

famílias e a comunidade”.

Em virtude da legislação atual, pode-se afirmar que o professor de creches ou pré-

escolas “[...] é um especialista no tratamento do processo de ensinar crianças muito pequenas,

que ocorre em um ambiente coletivo e diverso do familiar” (OLIVEIRA, 2005, p. 26).

2.4 Propostas pedagógicas para a Educação infantil

Dentro dessa concepção educacional, as propostas variam de acordo com: a função da

instituição, a idade da criança, o método pedagógico e os objetivos educacionais. A primeira

Page 311: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

21

proposta pedagógica na história da educação infantil data do século XVII, na França, os

programas

para crianças pequenas previam que ali elas deveriam: perder os maus

hábitos, adquirir hábitos de obediência, sinceridade, bondade, ordem, etc.;

conhecer as letras minúsculas, soletrar, aprender e somente utilizar a língua

francesa – no lugar do dialeto regional – pronunciando bem as palavras e

sílabas difíceis e adquirir as primeiras noções de moral e religião

(KUHLMANN JR, 1998, p.185)

No ano de 1998, no Brasil, o Ministério da Educação e cultura - MEC elaborou um

Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, procurando oferecer aos professores

e instituições subsídios para a elaboração de propostas para serem desenvolvidas na educação

infantil, estes subsídios devem nortear os trabalhos desenvolvidos em creches e pré-escolas.

Mesmo sendo um documento reconhecido pelos que estudam as políticas para a educação

infantil, como um grande avanço qualitativo em termos de parâmetros para as propostas

pedagógicas em creches e pré-escolas, o RCNEI ainda não é conhecido ou utilizado, pela

maioria dos professores para subsidiar os trabalhos pedagógicos, principalmente por aqueles

professores que não tiveram a oportunidade de estudar num curso de Pedagogia Específico

para a Educação Infantil.

Contudo a presença de professores e outros profissionais nas creches que,

presumidamente, conheçam as especificidades desse nível de ensino favorece a

implementação e o desenvolvimento de propostas pedagógicas adequadas às necessidades

educativas e de cuidados das crianças atendidas na educação infantil, uma vez que nesse nível

de ensino o educar e o cuidar devem ser organizados de modo indissociados.

Kishimoto (2002) defende que a educação de crianças pequenas não deve ser

organizada de forma disciplinar, considerando que as crianças aprendem em contato com o

amplo ambiente educativo que as cerca. Isto significa que as situações do cotidiano infantil

favorecem o desenvolvimento da linguagem, da imaginação, do raciocínio, além de favorecer

a socialização e a afetividade. A autora considera que o professor precisa compreender como

a criança constrói o conhecimento, para então organizar as situações de aprendizagem em

áreas mais integradas

Segundo Oliveira (2005), uma proposta pedagógica para a creche ou a pré-escola

deverá considerar a atividade educativa como uma ação intencional orientada para a

ampliação do universo cultural das crianças. Desse modo deve-se considerar também a

importância dos aspectos sócio-emocionais na aprendizagem e a criação de um ambiente

Page 312: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

22

interacional que seja rico em situações provocadoras da atividade infantil, da descoberta e de

envolvimento em brincadeiras e explorações com companheiros.

3 O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL

3.1 O brincar no contexto da educação infantil

No documento oficial do MEC, “Critérios para um Atendimento em Creche e Pré-

Escola que Respeite os Direitos Fundamentais das Crianças” (BRASIL, 2009), o direito a

brincadeira aparece como primeiro dos doze critérios a ser esboçado para a infância, tendo em

vista a importância das interações lúdicas nos espaços internos e externos das creches, entre

adulto-criança, criança-adulto e criança-criança. Nesta perspectiva, as Diretrizes Curriculares

Nacionais para Educação Infantil (DCNEI, Brasil, 1998) enfocam que os centros de Educação

Infantil - creches e pré-escolas, devem preservar o caráter lúdico próprio da criança em suas

ações espontâneas, planejadas e dirigidas, propiciando articulação prazerosa entre atividades

de comunicação e ludicidade, de modo que o processo instrucional não sobreponha o processo

educativo.

Segundo Mello (2004, p. 1,), no Brasil, após a promulgação da CF1 de 1988 e da LDB

9394/96 “o Estado brasileiro assumiu que a criança é um cidadão que tem direito à educação,

direito ao afeto, direito de brincar, direito de querer, de sonhar, de opinar, de conhecer”.

Assim, o brincar se consolidou legalmente como atividade essencial ao ser humano.

Certamente que o ser humano sempre brincou sem distinção de regras, sem a necessidade de

uma legislação para lhe dar o direito de brincar. Apesar de ser uma atividade natural de todos

os animais, o homem, considerado como animal superior aos demais, precisou que existisse

uma Lei que assegurasse o seu direito ao brincar. Desta maneira, a ludicidade adquiriu um

espaço de excelência na formação humana. O brincar tem sido abordado por muitos

estudiosos da infância como um laboratório do pensamento infantil constituído por uma

linguagem simbólica própria que se apóia em brinquedos, objetos de uso cotidiano, materiais

de construção.

Nesse sentido Kishimoto (2007, apud. SAMPAIO, 2008, p. 123) pontua que a

“brincadeira é a ação que a criança desempenha ao concretizar as regras de jogo, ao

mergulhar na ação lúdica. Pode-se dizer que é o lúdico em ação”.

1Constituição da República Federativa do Brasil (1988)

Page 313: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

23

A brincadeira é uma forma de divertimento próprio da infância, ou seja, uma atividade

natural da infância, que não envolve compromissos e seriedade. É brincando que a criança se

diverte, constrói seu conhecimento, aprende a conviver com o outro, e inicia a formação do

processo de imaginação, apropria- se das normas de comportamentos. No momento da

brincadeira a criança pode vivenciar e experimentar situações do seu cotidiano. Ela pode ser

aprendida pela criança de forma espontânea, ou transmitida através dos seus familiares de

uma geração para outra. As brincadeiras também podem ser educativas, com regras pré-

estabelecidas e com objetivos, para estimularem a responsabilidade, a disciplina, entre outros

valores sem que as crianças se sintam obrigadas a cumprir.

No RCNEl (op.cit.), o brincar é definido como uma forma de linguagem própria da

infância, não objetivando um produto, contudo, é um processo no qual as crianças interagem

umas com as outras, partilhando suas dúvidas, angústias e hipóteses sobre os mais diferentes

assuntos. Nesse documento, encontramos a seguinte afirmação:

nas brincadeiras as crianças transformam os conhecimentos que já possuíam

anteriormente em conceitos gerais com os quais brinca. (...) no ato de brincar

que a criança estabelece os diferentes vínculos entre as características do

papel assumido, suas competências e as relações que possuem com outros

papéis, tomando consciência disto e generalizando para outras situações.

(BRASIL, 1998, p. 27-28).

O brincar faz parte da vida do ser humano, principalmente da vida da criança. Durante

muito tempo essa atividade foi considerada como algo sem importância. Atualmente, é um

assunto que tem conquistado espaço nas mais diversas áreas de conhecimento. Brincar é

indispensável à saúde física, emocional e intelectual da criança, pois a criança que brinca,

acostuma-se a ter seu tempo livre utilizado criativamente.

3.2 A importância do brincar para o desenvolvimento infantil

Ao brincar, a criança estimula seu desenvolvimento intelectual e motor, aprende sem

perceber os conceitos que lhes estão sendo ensinado de forma lúdica, pois enquanto brinca ela

amplia sua capacidade corporal, sua consciência do outro, a percepção do espaço que a cerca

e de como pode explorá-lo, através da brincadeira a criança imita gestos e atitudes do mundo

adulto, descobre o mundo, vivencia regras, leis e experimenta sensações. Ao brincar a criança

Page 314: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

24

adquire hábitos e atitudes fundamentais para seu convívio social e para seu crescimento

intelectual.

A brincadeira bem conduzida estimula a memória, exalta sensações

emocionais, desenvolve a linguagem interior — e, às vezes, a exterior —,

exercita níveis diferenciados de atenção e explora com extrema criatividade

diversos estados de motivação. Ora, a aprendizagem e a construção de

significados pelo cérebro se manifesta quando este transforma sensações em

percepções e estas em conhecimentos, mas esse trânsito somente se completa

de forma eficaz quando aciona os elementos essenciais proporcionados pelo

bom brincar, que são memória, emoção, linguagem, atenção, criatividade e

motivação (ANTUNES, 2011).

O brincar da criança é uma fonte de vida, prazer, fantasias, ideais revelação de

sentimentos, interação entre o imaginário e o real. A brincadeira também é comunicação, pois

até mesmo na brincadeira solitária de faz de conta ela imagina que está conversando com

alguém ou com os seus brinquedos, ou seja, a linguagem é desenvolvida com a ampliação do

vocabulário e o exercício da pronúncia das palavras e frases. Portanto, quando a criança

brinca aprende a se expressar no mundo, criando ou recriando novos brinquedos e

participando com eles de novas experiências e aquisições. No convívio com outras crianças

trava contato com a sociabilidade espontânea ensaia movimentos do corpo, experimentando

novas sensações. No brincar da criança está presente a construção de representações de si

mesma, do outro e do mundo ao mesmo tempo em que os comportamentos e hábitos são

internalizados por meios das brincadeiras, através do brincar ela expressa sua curiosidade a

necessidade de atividade, o desejo de ser aceita, de criar e conviver em seu meio. O brincar

como atividade propicia a vivencia plena do momento, integrando a ação, o pensamento e o

sentimento. Sendo que essas práticas podem ser uma brincadeira, um jogo ou outra atividade

que possibilite a criança se expressar livremente.

O hábito de brincar, se desenvolvido de forma saudável, além de trazer satisfação, com

o passar do tempo irá se transformando em atitudes de predisposição para o trabalho. É

natural que a criança sinta interesse em desenvolver atividades, e por isso é de extrema

importância que a mesma desperte interesse para os objetos e coisas existentes na escola, onde

o brinquedo é fundamental para que sejam alcançadas a atenção e a concentração. A

importância do brinquedo decorre de sua capacidade de instigar a imaginação infantil, e é

através dele que a pedagogia se justapõe ao lúdico, ou seja, o brinquedo passa ser visto como

algo sério, consequente e não apenas o instrumento que as crianças utilizam para se divertir e

ocupar seu tempo.

Page 315: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

25

O brinquedo não necessita de um sistema de regras que organizem sua utilização, tem

como finalidade estimular a representação, a expressão de imagens que enfocam aspectos da

realidade. Os brinquedos trazem lembranças que estão presentes na memória, na imaginação.

São objetos que encantam crianças e adultos, alguns passam de geração a geração. Podemos

dizer que o brinquedo é um suporte do brincar, pois é possível brincar só com a imaginação.

Mas o brinquedo é muito importante na realização da atividade lúdica, pois ele possibilita a

simulação de situações, sendo assim o brinquedo traduz o real para a realidade do mundo

infantil. Kishimoto (apud SAMPAIO,2008, p. 123) considera que “o brinquedo é a

representação de algo, ou seja, [...] um dos objetivos do brinquedo é dar à criança um

substituto dos objetos reais, para que possa manipulá-los” ”.

4

Page 316: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

26

4 METODOLOGIA

4.1 A pesquisa

O modelo de pesquisa escolhido foi a pesquisa qualitativa. Este trabalho envolve

questões pertinentes ao contexto educacional, por isso escolhemos essa abordagem, por

entendermos que esse modelo auxiliará a compreender os fenômenos que nos propomos a

investigar, uma vez que não podemos traduzir em números a subjetividade das pessoas.

Minayo (2002, p. 22) ressalta que “a abordagem qualitativa aprofunda-se no mundo dos

significados das ações e relações humanas, um lado não perceptível e não captável em

equações, médias e estatísticas”. Quanto aos objetivos a pesquisa é de cunho exploratório2.

Quanto aos procedimentos técnicos a finalidade é fazer um arrolamento do material

bibliográfico, assim como realizar o levantamento do que pretendemos conhecer e interagir

com os participantes.

Com vistas à coleta dos dados, optamos pela realização de questionários e observação

participante, ambos importantes componentes da realização de uma pesquisa qualitativa.

A observação participante é valiosa como instrumento para a coleta de dados, pois é

nesse momento que o observador torna-se parte do contexto de observação, podendo

estabelecer uma relação face a face com os observados, modificando ou sendo modificado

pelo contexto. Neto (2002, p. 61) aponta que “[...] a importância dessa técnica reside no fato

de podermos captar uma variedade de situações ou fenômenos que não são obtidos por meio

de perguntas”.

A observação foi realizada nos momentos de brincadeiras espontâneas das crianças,

assim como nos momentos de brincadeiras dirigidas pelas professoras. Para facilitar a

recuperação posterior dos dados utilizou-se a gravação em imagem (fotos - Anexo A) e o

diário de campo, que permite o registro de situações e de detalhes não apreendidos na

gravação.

2 “A pesquisa exploratória configura-se como a que acontece na fase preliminar, antes do planejamento formal

do trabalho. Ela tem como objetivos proporcionar maiores informações sobre o assunto que vai ser investigado,

facilitar a delimitação do tema a ser pesquisado, orientar a fixação dos objetivos e a formulação das hipóteses ou

descobrir uma nova possibilidade de enfoque para o assunto. Por meio da pesquisa exploratória, pode-se avaliar

a possibilidade de desenvolvimento de um trabalho satisfatório, o que vai permitir o estabelecimento dos

critérios a serem adotados, bem como dos métodos e das técnicas mais adequadas” ( Prestes, 2008, pg. 26).

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Para a análise e interpretação dos dados obtidos através das observações e

questionários, utilizamos o método da análise de conteúdo. Segundo (Gomes, 2002, p. 76), o

emprego desse método possibilita “[...] desvendar o conteúdo subjacente ao que está sendo

manifesto [...]”.

Inicialmente, entrei em contato com as professoras para solicitar a permissão para a

realização das observações e aplicação dos questionários, expliquei que se tratava de uma

pesquisa que era parte do trabalho de conclusão do Curso de Pedagogia da UFPB-virtual e

que meu interesse se restringiria apenas ao que se relacionasse com o brincar. Também

assegurei o direito ao anonimato e o acesso as imagens e análises, caso tivessem interesse.

Uma vez que todas as professoras concordaram em participar, marquei as observações e, ao

término da última observação em cada turma, apliquei o questionário contendo onze (11)

questões (ver anexo B).

Para a análise, os dados foram organizados em diferentes categorias: as falas das

professoras sobre o objeto de estudo e as características da prática por elas desenvolvida com

o brincar. De posse dessas categorias mais gerais, busquei identificar, dentro delas, aspectos

relevantes que me dessem uma visão mais minuciosa tanto do discurso docente sobre o

brincar na educação infantil, quanto sobre a prática efetivada com o lúdico. Assim, a partir

das observações, verifiquei, por exemplo, aspectos referentes à forma como as professoras

organizam as crianças no espaço para os momentos de brincadeiras. Tal procedimento me

possibilitou uma melhor visualização e interpretação dos dados e de seus significados.

4.2 O locus de realização da pesquisa

O locus de realização da pesquisa foi uma creche na cidade de Campina Grande. ela

faz parte da rede de creches municipais e foi a primeira creche com berçário da rede,

atendendo crianças de 0 a 6 anos, em turmas de berçário, maternal e pré-escola.

A referida creche foi inaugurada no dia 20 de novembro de 1998, mas suas atividades

só tiveram inicio em março de 1999.

Ela possui uma boa área construída. São quatro salas de aulas, seis banheiros; duas

cozinhas; um refeitório com capacidade para cinqüenta crianças, um dormitório, um berçário,

quatro depósitos, um para alimentos, dois para roupas e um para material didático; uma sala

para a coordenação; duas áreas de serviço; um parquinho com escorregos e balanços; e dispõe

ainda de um pátio amplo para a recreação das crianças. Quanto a equipamentos de apoio

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pedagógico, a creche dispõe apenas de um mimeógrafo, uma televisão, um micro system e um

aparelho de DVd.

A creche é mantida com recursos do FUNDEB, ou seja, a administração financeira da

creche é de responsabilidade do Gestor Geral - Secretaria de Educação Esporte e

Cultura/Departamento de Educação Infantil, de acordo com as normas regidas por lei.

Atualmente atende 140 crianças, funcionando em horário integral para as crianças de 0

a 3 anos [berçário/ maternal I e II] em turnos parciais para as crianças de 4 e 5 anos [pré-

escola I e II]. São quatro turmas de pré-escola: duas no turno manhã e duas no turno tarde.

Esta creche não possui secretaria, sala da coordenadoria pedagógica, sala de

Professores e sala para reuniões, apenas uma sala para diretora.

Nela também não há serviços assistencialistas, uma vez que é vinculada a Secretaria

Municipal de Educação, portanto há psicólogo educacional e serviços pedagógicos.

Como citado anteriormente essa instituição de ensino atualmente atende a 140 (cento e

quarenta) crianças, que são distribuídas em 08 (oito) turmas. As turmas dos berçários e

maternais ficam na Creche em período integral, como se observa na tabela abaixo, referente

às turmas existentes, ao(s) turno(s) em que funcionam e ao número de crianças atendidas em

cada uma:

Tabela 1: Turmas existentes na Creche, turnos em que funcionam e número de crianças

atendidas

Número de alunos Turma Turno

18 Berçário I Manhã/Tarde

18 Berçário II Manhã/Tarde

20 Maternal I Manhã/Tarde

24 Maternal II Manhã/Tarde

15 Pré-escola I Manhã

15 Pré-escola II Manhã

15 Pré-escola I Tarde

15 Pré-escola II Tarde

140 TOTAL

O corpo discente da Creche é composto de crianças oriundas das comunidades do

bairro Três Irmãs - Conj. do Cinza, Jardim Verdejante, Conj. Ana Amélia, Loteamento João

Agripino-, do bairro Das Malvinas e de outras mais distantes tais como Cruzeiro e

Bodocongó. A maioria das crianças é oriunda de famílias de baixa renda, haja vista que seus

pais não têm empregos fixos e vivem de atividades informais (bicos).

Page 319: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

29

As principais carências da creche são melhoria na infra-estrutura e ausência de

recursos didáticos de acordo com as faixas etárias.

O principal desafio da escola proposto no PPP - projeto político pedagógico - é evitar

a evasão, garantir acesso e permanência a um maior número de crianças.

As principais potencialidades da escola são os recursos humanos, pois todos os

profissionais que lidam diretamente com as crianças são graduados, a maioria em pedagogia.

Quanto a infra-estrutura, precisa ser melhorada, pois uma coisa que observamos é a

considerável distância entre os banheiros, as salas de aula e o dormitório. A participação dos

pais na escola. A relação escola-família precisa de investimento constante.

Para atender à clientela, a Creche dispõe de quarenta e oito funcionários, sendo oito

em horário integral. A tabela abaixo apresenta a caracterização dos membros da equipe de

funcionários quanto à função.

Tabela 2: Número de funcionários da Creche e função

QUANTIDADE FUNÇÃO QUANTIDADE FUNÇÃO

19 Professoras 01 Psicóloga

01 Gestora 01 Assistente Social

02 Secretarias 03 Cozinheira

01 Supervisora 06 Aux. de cozinha

01 Orientadora 10 Aux. de serviço

01 Jardineiro 02 Vigia

O número de funcionários nessa instituição ainda é insuficiente para atender à

demanda, por isso alguns funcionários são convidados a fazer horas-extras para suprir

algumas necessidades pontuais nos cuidados com as crianças, como manter a higiene do

ambiente e das roupas e preparar a alimentação. No que se refere às atividades pedagógicas,

percebemos que há participação de outros profissionais, tais como assistente social, orientador

(a) educacional, supervisor(a) escolar e psicólogo(a).

Na observância dos aspectos humanos percebemos que o corpo docente da creche

apresenta níveis de formação diferenciados, indicados no quadro abaixo de acordo com os

turnos de trabalho.

Tabela 3: Número de professores por turnos e formação acadêmica

TURNOS NÍVEL

MÉDIO

NORMAL

LICENCIATURA

EM

PEDAGOGIA

OUTRA

GRADUAÇÃO

ESPECIALIZAÇÃO em

educação ou áreas afins

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30

Manhã 02 05 05 05

Tarde 03 02 02 01

TOTAL 05 07 07 06

4.3 Os participantes

A amostra da pesquisa foi composta por cinco (05) professoras de educação infantil

que, em apenas um turno (manhã ou tarde), atuam como docentes em turmas de berçário e

maternal na Creche. Quatro dessas professoras exercem atividade docente nos turnos manhã e

tarde, uma trabalha apenas um turno. Assim, também consideramos sujeitos dessa pesquisa,

as crianças de 0 a 3 anos atendidas pela instituição.

A escolaridade da maioria das professoras é o nível superior, pois apenas uma cursou

somente o nível médio na modalidade Normal. Duas das docentes possuem habilitação

específica em educação infantil. O tempo de trabalho na educação infantil varia de catorze

(14) a vinte e um (21) anos, e exclusivamente nessa creche a variação é de três (03) a dez (10)

anos. Quanto a idade, as professoras - sujeitos desta pesquisa - estão na faixa etária

compreendida entre trinta (30) e quarenta e quatro anos (44) anos.

Page 321: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

31

5 PRÁTICAS E CONCEPÇÕES DOCENTES: REFLETINDO SOBRE O BRINCAR

NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL

5.1 A análise dos dados

Para a análise e interpretação dos dados obtidos através das observações e

questionários, utilizei o método da análise de conteúdo. Segundo Bardin (apud Triviños,

1987, p. 159-160), o emprego desse método “[...] se presta para o estudo ‘das motivações,

atitudes, valores, crenças, tendências’ [...] que à simples vista não se apresentam com a devida

clareza”.

O método de análise de conteúdo foi escolhido por sua importância no campo da

pesquisa qualitativa. É também Bardin (op. cit., p. 160) que conceitua esse método como “um

conjunto de técnicas de análise das comunicações, visando, por procedimentos sistemáticos e

objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, obter indicadores [...] que permitam a

inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção [...] das

mensagens”.

Na análise dos questionários e observações, como forma de manter sob sigilo a

identidade das participantes, optei por nomeá-las como P1, P2, P3, P4 e P5 (P = professoras).

Desse modo, a partir de uma leitura atenta das respostas obtidas em cada questão e dos

aspectos mais recorrentes percebidos nas observações, organizei e agrupei os dados coletados

segundo diferentes categorias, como forma de melhor discutir o objeto de estudo eleito e

refletir sobre ele com um nível maior de aprofundamento.

Nessa perspectiva, este capítulo está subdividido em três itens: no primeiro,

apresentarei e discutirei o que foi possível perceber a partir das observações realizadas; no

segundo, discorrerei sobre os significados presentes nas falas das professoras e, no último

item, descreverei e analisarei criticamente as concepções das docentes sobre a prática que

desenvolvem na instituição onde a pesquisa foi realizada.

5.2 Sobre o brincar no contexto da Educação Infantil: as práticas observadas

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A partir da observação de momentos de brincadeiras nas salas de aula de educação

infantil, verificamos aspectos interessantes em relação à forma como as professoras

observadas orientam, em sua prática, as atividades lúdicas

Nem sempre as brincadeiras são livres, algumas professoras utilizam o momento da

brincadeira para direcionar um conteúdo, ou seja, colocam um determinado objetivo didático,

e o que constatamos é que nesse momento as crianças nem sempre estão dispostas a

atenderem ao pedido da professora, em algumas observações vimos que as crianças queriam

fazer outras coisas, por exemplo: a professora chamou as crianças para brincarem com jogos

de encaixe algumas foram se aproximando da mesa onde estavam os brinquedos de encaixe,

outras não demonstraram nenhum interesse, pois queriam brincar com a bola. A professora

insistiu e relatou para mim que naquele momento o objetivo era trabalhar a motricidade fina.

Sobre a brincadeira da criança Benjamin (1984) ressalta que “a criança quer puxar

alguma coisa, torna-se cavalo, quer brincar com areia e torna-se padeiro, quer esconder-se,

torna-se ladrão ou guarda [...], autênticos brinquedos, tanto mais autênticos quanto menos o

parecem ao adulto”. (pp. 76-77).

Observamos que durante o momento disponibilizado para as brincadeiras as crianças

interagiam o tempo todo umas com as outras. Elas aproveitavam o tempo e os brinquedos

como que prevendo que tudo aquilo tinha tempo certo para a brincadeira acabar, elas brincam

juntas ou sozinhas, dividindo ou não os brinquedos que escolhiam, e quando aconteciam as

disputas pelos brinquedos surgiam as brigas. Isso ocorria devido a pouca quantidade de

brinquedos presentes no espaço físico.

Noutro momento observado as professoras disponibilizaram vários brinquedos

espalhando-os pelo chão, dentre eles haviam utensílios domésticos e peças de encaixe,

bonecas sem cabeças, carros quebrados. As crianças ao verem logo se interessaram pelos

brinquedos. Contudo como os brinquedos estavam em péssimo estado de conservação e havia

quantidade insuficiente de brinquedos “bons”, as professoras passaram a maior parte do

tempo mediando os conflitos ocorridos, e resolviam os conflitos da seguinte forma o

brinquedo ficava na maioria das vezes com a criança que escolheu primeiro o objeto da

disputa. Os conflitos durante as brincadeiras das crianças ocorreram tanto em brincadeiras

dirigidas quanto em brincadeiras livres. Elas pareceram mais inquietas quando as brincadeiras

eram dirigidas, pois aquelas que não estavam na vez da brincadeira, permaneciam muito

tempo paradas, sem poderem ao menos levantar do lugar.

Outro aspecto ao qual atentamos durante as observações de situações de brincadeira diz

respeito à maneira como são disponibilizados os brinquedos. As professoras na sala de aula

Page 323: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

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determinam qual é a hora de brincar. Isso ficou constatado uma vez que os brinquedos não

estavam disponíveis para que as crianças brincassem na hora que tivessem vontade, os

brinquedos ficavam guardados no alto, na estante da sala de aula. Outros brinquedos ficam na

sala de leitura, pois pertenciam ao projeto paralapracá e somente estavam disponíveis para as

crianças brincarem quando eram levados para sala, em horários agendados pela professora.

Quando a professora trouxe os brinquedos para a sala as crianças escolheram livremente com

quais desejavam brincar e algumas formaram grupinhos para suas brincadeiras.

Na creche, campo dessa pesquisa, observamos ainda que quando há brinquedos nas

salas de aula, estes ficam em caixas, no canto da sala ou em cima do armário. As crianças

tinham horários para utilizarem os brinquedos para as suas brincadeiras e portanto, só

pegavam os mesmos com a permissão da professora. Ao término das brincadeiras, os

brinquedos são recolhidos pela professora com a ajuda das crianças e são guardados de volta

em seus devidos lugares. As crianças estão tão acostumadas com essa rotina que guardaram os

brinquedos sem se queixarem.

Durante as observações percebemos também que, além dos brinquedos não estarem à

disposição das crianças para elas brincarem quando sentissem vontade, também o espaço

utilizado para as brincadeiras variava de acordo com o desejo das professoras; algumas levam

as crianças e os brinquedos para um local considerado adequado para a atividade que

planejaram, podendo ser ao ar livre ou na sala. Em alguns momentos as professoras utilizaram

o pátio interno da creche, para as brincadeiras entre as crianças e entre crianças e professoras.

Nos momentos das brincadeiras livres observamos que as crianças não se dividiam por

gênero, tamanho, idade ou coisa parecida, elas se agrupavam mesmo por afinidade. Nesse tipo

de brincadeira, geralmente fora da sala de aula, no pátio interno, as professoras não

interferiam, as crianças escolhiam com quem queriam brincar e de que queriam brincar. As

crianças pegavam o brinquedo, não discriminando se tal objeto seria de menina ou menino,

elas se envolviam com os brinquedos. Nesses momentos foi possível perceber que fluía a

imaginação e a criatividade.

5.3 As concepções das docentes sobre o papel do brincar no contexto da educação

infantil

Buscando compreender o que significa para as professoras participantes trabalhar com

o brincar na educação infantil, procurei identificar, nas suas falas, pontos relevantes sobre o

Page 324: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

34

objeto de estudo e as características da prática por elas desenvolvida com o lúdico. A seguir,

analisarei os aspectos apontados pelos discursos das docentes, organizando-os em dois blocos:

o primeiro referente às concepções das educadoras sobre o brincar e o segundo, sobre o modo

como elas compreendem e significam a prática que realizam. Vejamos os gráficos que

contemplam as falas das professoras:

GRÁFICO – I: O que é brincar para você?

Professor Respostas

P.1 “Brincar é usar a imaginação, fantasiar, entrar num mundo imaginário e fazer de

conta que esse mundo é real”.

P.2 “São ações onde a criança pode se expressar de maneira espontânea seus

sentimentos, atitudes e desejos, etc”.

P.3 “É a maneira de expressar-se em suas fantasias de forma que a criança mostra em

seus atos sua realidade, seus desejos, medos, etc”.

P.4 “É um momento privilegiado em que as crianças se expressam de forma

espontânea e interagem no meio em que estão inseridas”.

P.5 “É você deixar a imaginação voar e ser o que você desejar”.

As professoras foram unânimes ao definirem o que é brincar. Todas consideraram em

sua resposta a importância da imaginação, da liberdade de expressão e de manifestação de

desejos e fantasias. Nesse aspecto, Vygotsky (1992,p.92). ressalta que “a criança em idade

pré-escolar envolve-se num mundo ilusório e imaginário onde os desejos não realizáveis

podem ser realizados e esse mundo é o que chamamos de brinquedo!” De acordo com essa

afirmação podemos considerar que teoricamente as professoras definem verdadeiramente em

que consiste o brincar para as crianças. Vejamos as respostas contidas no gráfico I.

As respostas apresentadas no gráfico I diferem muito das práticas observadas, uma vez

que em sala de aula pouco espaço há para fruição da imaginação. Na maior parte do tempo as

brincadeiras são dirigidas e com objetivos didáticos, especificamente para o desenvolvimento

da cognição. Nesse aspecto o principal documento que norteia a educação infantil ressalta que

o professor de educação infantil deve considerar que “no ato de brincar, os sinais, os gestos,

os objetos e os espaços valem e significam outra coisa daquilo que aparentam ser. Ao brincar

as crianças recriam e repensam os acontecimentos [...] que deram origem, sabendo que estão

brincando”. (BRASIL, 1998, p27)

Page 325: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

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GRÁFICO – II:Você considera importante o trabalho com o brincar na educação

infantil? Por que?

Professor Respostas

P.1 “sim, na educação infantil a aprendizagem está diretamente ligada ao brincar, pois

é brincando que a criança se socializa e resolve seus conflitos”.

P.2 “Sim. Trabalha a ludicidade das crianças, como também a aquisição de

conhecimentos e conceitos”.

P.3 “ Sim. Dessa forma trabalha-se a forma lúdica da criança se expressar

P.4 “Considero fundamental uma vez que, através das brincadeiras, as crianças

desenvolvem conteúdos. como autonomia, lateralidade, respeito mútuo,

coordenação motora entre outros. Além de ampliarem sua visão de mundo”.

P.5 “Sim, porque brincando a criança expressa seu sentimento e socializa com outras

crianças”.

No gráfico II, ressalta-se a unaminidade da resposta ao afirmarem que consideram

importante o trabalho com o brincar na educação infantil, no entanto mais uma vez o tema

está diretamente relacionado em primeiro plano ao processo de aprendizagem, a aquisição de

conhecimentos e conceitos. Percebemos que a questão emocional também fica evidenciada

nesta resposta, mas apenas P1 e P5 valorizam unicamente este aspecto enquanto as demais

relataram que os conteúdos diretamente relacionados ao brincar são fundamentais para o

processo de aprendizagem.

Sobre os aspectos evidenciados no gráfico II, ressaltamos que cotidianamente

observamos em creches e pré-escolas o brincar, ou as atividades lúdicas servindo de pretexto

para a inclusão dos conteúdos destinados a faixa etária da educação infantil. Nesse sentido

Kishimoto (1994, p.35) salienta que “se a atividade lúdica não for de livre escolha e seu

desenvolvimento não depender da própria criança, não se tem brincadeira, mas trabalho”.

Então na rotina de uma creche onde o brincar não é livre podemos afirmar que a

criança está inserida num ambiente de escolarização, absorvendo regras, seguindo comandos,

desempenhando tarefas pré-estabelecida e muitas vezes cansativa para sua pouca idade. A

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criança que frequenta a instituição de educação infantil está numa idade em que o brincar

deve ser uma atividade natural, surgida da própria criança.

GRÁFICO – III: Quais as preferências das crianças de sua turma no momento das

brincadeiras?

Professor Respostas

P.1 “Brincadeiras ao ar livre”.

P.2 “Brincadeiras com bolas, brinquedos do parquinho, como escorrego, casinha,

banco de areia”.

P.3 “Brincadeiras com bolas, parquinho, banco de areia, escorregador, etc”

P.4 “A brincadeira preferida é o faz-de-conta através de brinquedos como bonecas,

carros, bolas, baldinhos de praia, etc”.

P.5 “Eles gostam bastante das brincadeiras espontâneas”.

Ao observarmos o gráfico III sobre as preferências das crianças no momento das

brincadeiras verificamos que todas as professoras enfatizaram o gosto pela brincadeira

espontânea e pela livre escolha. A criança na idade 0 a 3, faixa etária que engloba as turmas

de berçário e maternal, prefere de fato brincar espontaneamente e muitas vezes se recusa a

obedecer ao comando do adulto, fato corriqueiro em nossas observações. Sobre a

espontaneidade no brincar Kishimoto, (2000, p.146) destaca que [...] por ser uma ação

iniciada e mantida pela criança, a brincadeira possibilita a busca de meios, pela exploração

ainda que desordenada, exerce papel fundamental na construção do saber-fazer [...] em

situações de brincadeiras a criança desenvolve a intencionalidade e a inteligência [...]

Notadamente a espontaneidade é uma característica fundamental da criança na faixa

etária da educação infantil, pois se trata de uma atividade natural para ela, que não exige

tempo ou planejamento. A criança brinca a qualquer hora ou em qualquer lugar,

independentemente do adulto.

Para a criança brincar não é preciso regras pré-estabelecidas. A espontaneidade no

brincar permite a exploração do meio através dos objetos e brinquedos presentes no espaço

físico da creche. Para a criança é fundamental a liberdade de escolha, assim ela pode

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demonstrar suas preferências, estimular o seu pensamento, construir conceitos, desenvolver-se

plenamente, uma vez que “brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento

da identidade e da autonomia” (BRASIL, 1998, p 22).

O conhecimento de que as crianças gostam de brincadeiras espontâneas possibilita ao

professor preparar o ambiente para que essas brincadeiras aconteçam, disponilizando no

espaço da instituição materiais tais como: fantasias, potes diversos, embalagens vazias de

alimentos e de produtos de higiene pessoal, instrumentos musicais, que servem para às

crianças desenvolverem sua imaginação e criatividade.

5.4 As concepções das docentes sobre a prática que desenvolvem com o brincar na

educação infantil

Segundo as professoras entrevistadas, o brincar ou as atividades lúdicas tem um

espaço garantido nas turmas de educação infantil. Geralmente esses momentos de brincar

acontecem dentro e fora da sala de aula, sendo as brincadeiras em alguns instantes livres e

noutros direcionadas pelas professoras.

GRÁFICO – IV: Na sua opinião como deve ser as brincadeiras na creche?

Professor Respostas

P.1 “Deve ter dois momentos: livre onde a criança escolhe, com o que, com quem,

onde brincar; Dirigida o professor comanda a brincadeira”.

P.2 “As brincadeiras devem ser prazerosas, espontâneas e direcionadas pelo

professor”.

P.3 “As brincadeiras precisam ser de forma prazerosa, espontâneas e monitoradas pelo

educador”.

P.4 “Brincadeiras dirigidas pelos professores. E em outros momentos as crianças

brincam espontaneamente sob o olhar atento do professor a fim de mediar ou

intervir em algum conflito”.

P.5 “Livres e dirigidas”..

Como podemos verificar no gráfico IV ao serem questionadas sobre como deve ser as

brincadeiras na creche as professoras responderam que deve haver dois momentos destinados

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ao brincar, ou seja, a brincadeira deve ser num momento livre e noutro momento dirigida

pelo professor.

Estruturar o ambiente não significa tomar decisões pelas crianças, mas oportunizar-

lhes condições para que desenvolvam suas potencialidades de forma autônoma e criativa.

Deixando o brinquedo, a fantasia, os objetos de brincar ao alcance das crianças, para que elas

possam espontaneamente brincar. É preciso que as professoras destranquem os armários,

desçam das estantes os brinquedos, facilitem a expressividade do brincar no cotidiano da

creche.

Certamente as crianças precisam de organização para estruturar seu pensamento, mas

organizar os brinquedos, classificá-los, não significa escondê-los ou distanciá-los das

crianças. Sabemos que para o educador manter os brinquedos na estante significa harmonizar

o ambiente, assim como, manter o ambiente bonito enfeitado sem bagunça de brinquedos

espalhados. Contudo é preciso considerar que as caixas de brinquedos podem ser organizadas

e guardadas de modo que a criança tenha livre acesso, facilitando, desse modo, o brincar.

GRÁFICO –V: Quais os critérios que você observa quando vai escolher um brinquedo ou

brincadeira para as crianças de sua turma?

Professor Respostas

P.1 ““O objetivo da brincadeira, porque mesmo que a criança não saiba, toda

atividade recreativa tem uma razão, um objetivo pode ser também apenas para se

divertir”.

P.2 “Observo se está de acordo com a faixa etária,se é seguro para as crianças, cores,

forma, tamanho”..”.

P.3 “Segurança, fator idade, cores, tamanhos”..

P.4 “Primeiramente, o brinquedo deve proporcionar segurança de acordo com a faixa

etária, mas,proporcionar e estimular a criatividade e a imaginação através das suas

formas e cores”.

P.5 “Em primeiro a faixa etária, o tipo de brinquedo e o objetivo que pretendo

alcançar”.

Como se observa no gráfico V, a maioria das professoras questionadas informou que

ao escolher um brinquedo ou brincadeira para as crianças de sua turma dão prioridade à

segurança, ou seja, primeiro observam se o brinquedo ou brincadeira oferece algum risco a

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integridade física da criança e posteriormente qual objetivo o brinquedo ou a brincadeira será

levada para a sala de aula.

Assim para as professoras, toda atividade recreativa tem uma razão, um objetivo

mesmo que seja apenas para se divertir. E o brinquedo deve estar de acordo com a faixa

etária, devido à segurança para as crianças. Cores, forma, tamanho, também são aspectos

considerados relevantes.

O brinquedo para a criança pode ser o objeto com o qual se brinca ou o próprio ato de

brincar. Nos brinquedos cantados a criança utiliza o corpo em movimentos ritmados, neste

momento o ato de brincar é por assim dizer o brinquedo. O brinquedo pode ser considerado

então o suporte da brincadeira, que pode ser ainda material ou imaginário. Integrando as

variadas dimensões do ser criança: afetivo, motor cognitivo e social. Kishimoto (2000, p. 19)

afirma que “O brinquedo propõe um mundo imaginário da criança e do adulto, criador do objeto

lúdico”. O brinquedo varia conforme a idade, podendo está carregado de animismo ou integrar

elementos da realidade.

GRÁFICO – VI: Você enfrenta alguma dificuldade no seu trabalho com o brincar no

cotidiano dessa instituição? Qual (ais)?

Professor Respostas

P.1 “Não

P.2 “Sim. Falta de materiais adequados para a faixa etária”.

P.3 “Há uma falta de material didático adequado para essa faixa etária”.

P.4 “A maior dificuldade é a falta de recursos para efetuar as brincadeiras. Na minha

sala, particularmente, eu comprei brinquedos como: jogo de encaixe de madeira,

bolas, bonecos, mesmo com meu pouco salário. Fico preocupada com o

desenvolvimento cognitivo, sócio-afetivo das crianças, pois é notório que os

brinquedos e brincadeiras proporcionam o desenvolvimento destes aspectos

P.5 “Não”

Quando questionadas se enfrentavam alguma dificuldade no trabalho com o brincar no

cotidiano da instituição, duas negaram a existência de dificuldades enquanto as outras três

listaram a ausência de materiais didáticos/recursos para realização das brincadeiras. No

gráfico VI percebemos expressamente que, para a maioria das professoras, para que a

brincadeira se realize é preciso à presença de recursos materiais que certamente conduzirão o

brincar para objetivos pedagógicos. Oliveira (2000, p.10) enfatiza que o lúdico “não está nas

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40

coisas, nos brinquedos ou nas técnicas, mas nas crianças, ou melhor, dizendo, no homem que

as imagina, organiza e constrói”.

GRÁFICO –VII Com que objetivo(s) você brinca com suas crianças da educação infantil?

Professor Respostas

P.1 “Fazer com que elas desenvolvam a atenção, socialização e a diversão.

P.2 “O objetivo de desenvolver habilidades motoras e incentivar a ludicidade”.

P.3 “O brincar é feito de forma com que as crianças alcancem as habilidades

necessárias e adequadas para a idade”.

P.4 “Desenvolver os aspectos cognitivos, sócio-afetivos, estimular a criatividade,

imaginação e interação entre as crianças”.

P.5 “Interagir com eles”.

No gráfico VII percebemos que o principal objetivo elencado para o brincar é

trabalhar conteúdos. Sobre esse aspecto, assinala Horn (2007: p.14), “o brincar não encontra

espaço na escola”. Quando as professoras elencam objetivos a serem alcançados com as

atividades lúdicas, retiram da criança a oportunidade de explorarem e de construirem sua

própria maneira de brincar. O prazer, a alegria e a espontaneidade deixam de existir, pois a

brincadeira passa a ser um meio para que se cumpra objetivos e as regras preestabelecidas

pelo adulto, nesse caso as professoras. No entanto podemos afirmar que toda brincadeira é

essencialmente desencadeadora de aprendizagens, uma vez que

Por meio das brincadeiras os professores podem observar e construir uma

visão dos processos de desenvolvimento das crianças em conjunto e de cada

uma em particular, registrando suas capacidades sociais de uso das

linguagens, assim como de suas capacidades sociais e dos recursos afetivos e

emocionais que dispõem (BRASIL ,1998, vol. I, p.28)

GRÁFICO – VIII: Com que frequência as crianças brincam na sua turma?

Professor Respostas

P.1 “Todos os dias”.

P.2 “As crianças brincam diariamente, pois a faixa etária requer que o ensino-

aprendizagem seja realizado com o brincar”

P.3 “As crianças brincam diariamente, pois de acordo com a faixa etária é necessário

que aconteçam esses momentos”.

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41

P.4 “Diariamente. Em intervalos pele manhã e a tarde.

P.5 “Todos os dias”.

Quando questionadas sobre a frequência com que as crianças brincam, todas foram

unânimes ao responder que diariamente a brincadeira está presente no ambiente da instituição.

De fato constatamos esta realidade quando das observações realizadas. No gráfico VIII pode-

se observar esta concordância entre todas as professoras.

Certamente que as crianças brincam diariamente independentemente de alguém que a

mande brincar, pois na idade de 0 a 3 anos, faixa etária das crianças observadas na creche

campo desta pesquisa, percebemos que somente o lúdico faz sentido, uma vez que elas estão

sempre brincando, na hora de dormir, comer, tomar banho, momentos em que para o adulto

pode ser considerado como impróprio para o brincar. Piaget (1986, p.132) salienta que os

critérios para brincar são: “Ter um fim em si; - Ser uma atividade espontânea; - Ser uma

atividade de prazer; - Ter uma relativa falta de organização; - Ser caracterizada como um

comportamento livre de conflito”

GRÁFICO – IX: Você permite que, em algum momento, as crianças brinquem livremente?

Por que?

Professor Respostas

P.1 “Sim, porque elas precisam desenvolver habilidades como autonomia e

interação”.

P.2 “Sim. A maior parte do tempo elas brincam livremente, pois na faixa etária do

berçário as brincadeiras dirigidas duram pouco tempo”.

P.3 “Sim. Há uma necessidade que as crianças se expressem de várias maneiras, sendo

uma delas livremente”.

P.4 “Sim, porque neste momento as crianças têm a oportunidade de se expressarem de

forma espontânea, de escolher suas brincadeiras ou brinquedos favoritos”.

P.5 “Sim, porque a criança escolhe sua brincadeira e com quem quer brincar. Ela

desenvolve muito a imaginação”.

No gráfico IX podemos observar nas falas das professoras, que todas consideram

importante que as crianças brinquem livremente e que permitem este livre brincar. É muito

importante que no ambiente institucional seja preservado o espaço das brincadeiras

espontâneas, pois para as crianças da educação infantil brincar é o principal meio de

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42

aprendizagem. Nesse sentido Wajskop (1995, p.68), enfatiza que “brincar é a fase mais

importante da infância - do desenvolvimento humano neste período - por ser a auto-ativa

representação do interno - a representação de necessidades e impulsos internos”. Desse modo,

Ao brincar, afeto, motricidade, linguagens, percepção, representação,

memória e outras funções cognitivas estão profundamente interligados. A

brincadeira favorece o equilibro afetivo da criança e contribui para o

processo de apropriação de signos sociais. Cria condições para uma

transformação significativa da consciência infantil, por exigir das crianças

formas mais complexas de relacionamento com o mundo [...](OLIVEIRA,

2005 p 160 )

GRÁFICO – X: Quem escolhe a brincadeira a ser desenvolvida na sala de aula?

Professor Respostas

P.1 “Às vezes o professor, às vezes as crianças”.

P.2 As professoras escolhem as brincadeiras, mas também são levados em

consideração os desejos das crianças

P.3 As educadoras escolhem as brincadeiras a serem desenvolvidas, sempre

respeitando os momentos das crianças, bem como aceitando as interferências”.

P.4 Em alguns momentos, nas brincadeiras dirigidas, a escolha é minha, já em outros

eu questiono de que eles querem brincar”.

P.5 “A maior parte das vezes a criança”.

No Gráfico X, fica evidenciado o papel das professoras na escolha das brincadeiras,

mesmo que nas questões anteriores em suas falas tenham aberto espaço para a espontaneidade

das crianças, mais uma vez se configura que é o adulto que determina na maior parte do

tempo as atividades lúdicas a serem realizadas na instituição.

Em relação à escolha das brincadeiras, como já afirmamos anteriormente, torna-se

imprescindível que haja espontaneidade na escolha do brincar, contudo consideramos

importante que as professoras estejam atentas ao modo como as crianças brincam, uma vez

que:

Por meio das brincadeiras os professores podem observar e construir uma

visão dos processos de desenvolvimento das crianças em conjunto e de cada

uma em particular, registrando suas capacidades sociais de uso das

linguagens, assim como de suas capacidades sociais e dos recursos afetivos e

emocionais que dispõem (BRASIL ,1998, vol. I, p.28)

As observações e registro de como as crianças brincam e se relacionam nas

brincadeiras é fundamental para que o professor conheça as particularidades de cada criança e

Page 333: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

43

possa então oferecer estímulos para que elas brinquem se desenvolvam e se relacionem

afetivamente com seus colegas de maneira satisfatória.

GRÁFICO – XI VOCÊ ESTÁ SATISFEITA COM OS BRINQUEDOS OFERECIDOS

PELA INSTITUIÇÃO? QUAIS OUTROS BRINQUEDOS VOCÊ SUGERIRIA PARA

SEREM TRABALHADOS?

Professor Respostas

1 “Não, os brinquedos que tem na minha sala de aula, são na maioria doações de

brinquedos, usados, velhos, bonecas sem cabeça, carro sem pneus, etc... deveria

existir brinquedos didáticos de acordo com a idade de cada turma”.

2 “Os brinquedos oferecidos são bons, mas não são suficientes para ao nosso

trabalho. Seria importante jogos de encaixe apropriados para o berçário,

brinquedos de montar, empilhar”.

3 ”. Não. Falta brinquedos adequados ao berçário. Poderiam ser oferecidos

brinquedos de acordo com essa faixa etária”.

4 ” Não. Gostaria que houvesse na minha instituição um maior número de

brinquedos educativos, em quantidade favorável ao número de crianças e também

de boa qualidade para durarem um maior tempo”.

5 “Não, brinquedos educativos

Quanto aos brinquedos existentes na instituição a maioria demonstrou insatisfação,

pois consideram que os brinquedos estão velhos, surrados, que precisariam de brinquedos de

acordo com a faixa etária, assim como de brinquedos educativos. Vejamos as falas elencadas

no gráfico XI. Certamente brinquedos confeccionados em material atrativo, resistente, em

quantidade suficiente e de uso seguro despertariam nas crianças o desejo e o prazer de brincar,

mas novamente ressaltamos que os brinquedos precisam ser de livre acesso, pois de nada

adianta os brinquedos ficarem guardados em estantes ou em armários. Os brinquedos auxiliam

o brincar.

Brincar pode ser considerado uma necessidade básica na vida das crianças, para

Santos (1999) “brincar é viver”, sendo tão necessário quanto a “nutrição, a saúde, a habitação

e a educação” na vida de uma criança. Assim o RCNEI (BRASIL,1998, p.22) ressalta

“brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da

Page 334: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

44

autonomia [...] podendo ainda desenvolver algumas capacidades importantes, tais como

atenção, a imitação, a memória, a imaginação”

Page 335: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

45

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho de conclusão de curso retrata os encontros e desencontros que ocorrem

na instituição de educação infantil que serviu de campo para a realização da pesquisa, se por

um lado as professoras demonstram ser conhecedoras da teoria, na prática ainda há muitas

contradições, pois essencialmente percebemos que o brincar tem lugar e hora marcada para a

maioria das participantes. Certamente que o trabalho na educação infantil deve ser

essencialmente lúdico, mas isso também significa que a espontaneidade do brincar deve ser

priorizada no espaço educativo.

A creche é um lugar privilegiado para a ocorrência de brincadeiras características da

infância, na medida em que as crianças passam a maior parte de seu tempo dentro dessa

instituição educativa. Brincar é a principal atividade na rotina diária de uma criança, não

havendo hora ou espaço determinado para que a brincadeira comece. É muito comum

observarmos crianças brincando com o sabonete e com a água na hora do banho, brincando

com a comida e os talheres nas horas das refeições, ou seja, não é preciso que o adulto

determine para que a criança brinque.

As professoras gostariam que na creche tivesse um acervo de brinquedos “adequados” e

em quantidade suficiente para todas as crianças, mas isso de precisar do brinquedo para que a

brincadeira aconteça não existe no mundo da criança, uma vez que tudo em seu entorno se

transforma em brinquedos. Ela brinca até quando não tem objetos próprios para isso, criando,

imaginando situações e fazendo disso a sua experiência. Para a criança a qualidade dos

brinquedos não tem significado, constatamos isso durante as observações. Várias vezes vimos

crianças brincando com carrinho sem rodinhas, boneca sem cabeça, se o brinquedo é novo ou

velho para a criança não importa, esses aspectos são irrelevantes. O mais importante é que lhe

seja garantido o espaço para que exerça a sua espontaneidade no ato de brincar.

No sentido de verificar qual a função atribuída ao brincar no contexto da educação

infantil, essa pesquisa foi realizada em uma creche do município de Campina Grande.

Buscamos compreender o que significa trabalhar com o lúdico. A partir das respostas das

cinco professoras participantes e dos momentos de observações constatamos como as

brincadeiras são abordadas.

A pesquisa realizada revelou principalmente que é comum, já nas turmas de educação

infantil, o brincar servir como propulsor, desencadeador de todo o fazer pedagógico. Nesse

Page 336: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

46

sentido, não se brinca para desenvolver a imaginação, a criatividade, ou promover

experiências emocionais significativas, mas para desenvolver atividades programadas de

acordo com o tema em estudo.

Teoricamente as professoras possuem concepções claras sobre a importância do brincar,

dos brinquedos e brincadeiras para o desenvolvimento social, físico, afetivo, a imaginação, a

criatividade, mas na prática verificou-se que a principal orientação para a abordagem do

brincar nesse nível de ensino é para que, através dele, o educador possa ensinar e/ou tratar

determinados conteúdos, tais como: autonomia, lateralidade, respeito mútuo, coordenação

motora.

Verificamos também nas observações realizadas em campo, assim como na visão dos

educadores, que a mediação deve acontecer de acordo com a intenção da brincadeira. Se a

brincadeira for dirigida pode ser mediada, se for livre deve ser apenas observada. Quanto às

condições propícias para a realização do brincar na instituição infantil, notamos que há espaço

físico e o tempo para a realização do brincar.

No que se refere às considerações feitas pelas pedagogas, destacamos a idéia de que as

brincadeiras devem ser na maioria das vezes dirigidas. Além disso, percebeu-se que as

professoras desconsideram na maior parte do tempo a imaginação na abordagem do brincar na

educação infantil. Por fim, considerou-se que os conteúdos das falas das professoras nos

indicam que elas desconhecem a importância da livre escolha no brincar, elencam

pouquíssimos tipos de brinquedos e, ainda, relatam que precisam de brinquedos educativos.

Embasado em autores tais como: Kishimoto (2002), Kuhlmann Jr (1998), podemos ressaltar

que se pretendemos estimular o imaginário, a expressão de sentimentos, e a curiosidade, o

objetivo do brincar deve estar embasado numa mudança qualitativa do modo como as

brincadeiras e sua abordagem são concebidas por aqueles que cuidam e educam, no trabalho

pedagógico da educação infantil.

Por fim, posso avaliar que a realização deste trabalho serviu para preencher uma lacuna

que eu considerava existir em minha formação enquanto professora de educação infantil:

conhecer o papel do lúdico nesse nível de ensino e refletir sobre ele. Reconheço que muito já

foi estudado e que muito ainda há de se estudar para que cheguemos a uma compreensão mais

ampla da relação entre brinquedo, brincadeira e educação infantil, e suas múltiplas

possibilidades. Desejo continuar investindo no estudo dessa área e socializar com outras

educadoras de crianças pequenas o que aprendi, para que venha a se multiplicar um trabalho

verdadeiro que valorize o direito e a liberdade de brincar dentro da instituição de educação

infantil

Page 337: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

47

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Page 339: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

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ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. 8. ed. São Paulo: Global, 1994.

Page 340: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

50

ANEXOS

Page 341: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

51

ANEXO A

Imagens das crianças brincando na creche

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52

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53

ANEXO B

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE EDUCAÇÃO - CURSO DE PEDAGOGIA A DISTÂNCIA

APRENDENTE: JEANE GOMES DE LIMA

E-MAIL: [email protected]

Solicitamos que responda o questionário que subsidiará a pesquisa de Campo do Trabalho de

Conclusão de curso

QUESTIONÁRIO

IDADE ___________ SEXO: ( ) FEMININO ( ) MASCULINO

ESCOLARIDADE (considerar o nível de formação mais alto concluído)

MÉDIO

( ) Magistério Completo ( ) Outra formação completa

SUPERIOR

( ) Licenciatura completa ( ) Completo sem licenciatura ( ) Completo sem

licenciatura (com magistério)

TURMA QUE LECIONA:_____________________________________________________

HÁ QUANTO TEMPO LECIONA? _____________________________________________

RESPONDA COM SINCERIDADE E DE FORMA BREVE AS PERGUNTAS

01 O QUE É BRINCAR PARA VOCÊ?

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

02 VOCÊ CONSIDERA IMPORTANTE O TRABALHO COM O BRINCAR NA

EDUCAÇÃO INFANTIL? POR QUÊ?

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Page 344: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

54

03 QUAIS AS PREFERENCIAS DAS CRIANÇAS DE SUA TURMA NO MOMENTO

DAS BRINCADEIRAS?

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

04 NA SUA OPINIÃO COMO DEVE SER AS BRINCADEIRAS NA CRECHE?

______________________________________________________________________

05 QUAIS OS CRITÉRIOS QUE VOCÊ OBSERVA QUANDO VAI ESCOLHER UM

BRINQUEDO OU BRINCADEIRA PARA AS CRIANÇAS DE SUA TURMA?

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

06 VOCÊ ENFRENTA ALGUMA DIFICULDADE NO SEU TRABALHO COM O

BRINCAR NO COTIDIANO DESSA INSTITUIÇÃO? QUAL(AIS)?

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

07 COM QUE OBJETIVO(S) VOCÊ BRINCA COM SUAS CRIANÇAS DA EDUCAÇÃO

INFANTIL?

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

08 COM QUE FREQÜÊNCIA AS CRIANÇAS BRINCAM NA SUA TURMA?

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

09 VOCÊ PERMITE QUE, EM ALGUM MOMENTO, AS CRIANÇAS BRINQUEM

LIVREMENTE? POR QUÊ?

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Page 345: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

55

10. QUEM ESCOLHE A BRINCADEIRA A SER DESENVOLVIDA NA SALA DE

AULA?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

____________________________________________________________

11.VOCÊ ESTÁ SATISFEITA COM OS BRINQUEDOS OFERECIDOS PELA

INSTITUIÇÃO? QUAIS OUTROS BRINQUEDOS VOCÊ SUGERIRIA PARA SEREM

TRABALHADOS?

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

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56

Anexo C

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Nome do (a) Pesquisador (a)____________________________________________________

Você está sendo convidado (a) para participar desta pesquisa. Ao integrar esse estudo, estará

permitindo a utilização dos dados aqui fornecidos. Você tem liberdade de se recusar a

participar em qualquer fase da pesquisa, sem qualquer prejuízo pessoal. Todas as informações

coletadas neste estudo são estritamente confidenciais.

Consentimento Livre e Esclarecido

Tendo em vista o esclarecimento acima, eu, manifesto livremente o meu consentimento em

participar desta pesquisa.

Local e data ____________________________________________

Nº Nome do Participante Assinatura do Participante

01

02

03

04

05

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11

1 INTRODUÇÃO

A vivência dos clássicos infantis sendo trabalhada por meio da contação de

histórias, contribui para o processo dinâmico da oralidade e aquisição da

aprendizagem significativa nas turmas de Educação Infantil. Ouvir histórias nos

transporta ao afago, aconchego e carinho. Ler ou contar histórias é um ato mágico,

que provoca emoção tanto a quem ouve como a quem ler. Ela tem o poder de

transformar e incorporar personagens, de viver emoções e viajar a lugares

fantásticos. Por isso, a arte dos contos infantis é tão importante para a vida das

crianças, na qual é necessário que a mesma seja trabalhada em sala de aula, onde

irá contribuir para uma boa vivencia de participação e socialização das mesmas.

Sabemos que desde cedo à escola é marcada na vida das crianças, como

uma segunda ruptura do cordão umbilical, já que eles irão sair da zona do conforto

que é sua casa e dos braços da mãe ou familiares, para um novo espaço que é a

escola. Por isso que esse ambiente deve ser confiável, colorido e motivado para que

esses pequeninos sintam-se seguros e protegidos. Dentre essas opções de atração,

está o fantástico mundo da leitura, que historicamente encantam a todas as idades e

gerações.

A leitura proporciona o conhecimento do mundo, a sensação maravilhosa de

viajar sem sair do lugar, de romper com a dificuldade de não saber ler. Na escola

essa prática deve começar desde cedo, mesmo antes da criança adquirir o domínio

da decodificação das letras. Pois, a leitura inicia-se mesmo antes do domínio destas.

E neste sentido, é primordial que os educadores se protagonizem como contadores

de histórias, pois isso favorece o despertar para o mundo imaginário proporcionando

assim, sua integração com a linguagem oral, permitindo uma socialização entre o

leitor, o texto e os ouvintes e, sobretudo, o início de uma paixão entre a criança e a

leitura.

Pensar a leitura oral na Educação infantil é não esquecer em nenhum

momento da prática do dinamismo para propulsão do gosto pela leitura. As cantigas

de rodas, de Niná, trava-línguas, contos literários, poesia, parlendas e quadrinhas,

representam uma diversidade textual riquíssima para o desenvolvimento da leitura

oral, além de permitir melhor sonorização e dicção, contribui também para o

desenvolvimento emocional das crianças, já que são textos do seu cotidiano

Page 348: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

12

favorecendo assim sua compreensão e sua socialização no contexto da leitura

escolar.

Ler não é decifra palavras. A leitura é um processo em que o leitor realiza um trabalho ativo de construção do significado do texto, apoiando-se em diferentes estratégias como seu conhecimento sobre o assunto. A leitura de uma história é uma rica fonte de aprendizagem de novos vocabulários. Um bom texto deve admitir várias interpretações, superando-se, assim o mito de que ler é somente extrair informações do escrito. (RCNEI 1, 1998, p.18)

Mediante esse contexto, percebemos que a leitura realiza um trabalho ativo

de construções de significados e interpretações do conhecimento. Com isso, ela se

constitui numa atividade para todos: família e escola. Esta última deve garantir uma

aprendizagem qualitativa e de equidade a todas as crianças. Entretanto, se faz

necessário um planejamento de atividades, que favoreçam o uso da linguagem. No

caso da Educação Infantil, especificamente a linguagem oral, onde irá permitir maior

acessibilidade de textos as crianças.

Como concluinte do curso de Pedagogia e aluna estagiária, percebi nas

escolas de Educação Infantil do município que moro, Alhandra- PB, a ausência de

se trabalhar a linguagem oral através dos contos infantis. Essas observações

inquietaram-me e instigou-me a pensar em práticas de leitura infantil, com ênfase na

oralidade para as turmas de Educação Infantil. Atividade pouco desenvolvida nessas

escolas. E quando realizada, percebíamos que resumia-se apenas a “hora da

oração” ou “hora do canto”.E isso além de não se constituir como prática de leitura

propriamente dita, é insuficiente para o desenvolvimento na criança pelo gosto à

leitura.

Essas inquietações gerou a problemática deste trabalho, que é pensar sobre

a dificuldade da leitura nas escolas de Educação Infantil do município de Alhandra e

isso vem favorecendo a falência da aprendizagem dessas crianças. Infelizmente é

comum ouvirmos as angústias dos professores dos anos iniciais de escolarização,

que deflagram não vir conseguindo sucesso no processo de leitura e escrita das

crianças. Como conseqüência disso, há um comprometimento também em sua

oralidade, comprovado nos momentos de serem chamados a apresentarem peças

teatrais, ler histórias de sua imaginação, etc. essas crianças demonstram medo ou

sentem inseguras.

Page 349: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

13

Enquanto estagiária, no período de observação, percebemos que as práticas

da leitura oral vivenciada pelas educadoras eram sem atrativos e sem motivação.

Segundo (PCN, 1997, p. 21), “É necessário tornar os alunos bons leitores para

desenvolver, muito mais do que a capacidade de ler, o gosto e o compromisso pela

leitura”. Nesta perspectiva, é importante que o educador crie um ambiente propicio,

para contar e ouvir histórias e os alunos se sintam motivados para tal prática.

Diante deste enfoque, elevamos nosso olhar aos contos literários,

compreendendo que a arte de ouvir e contar histórias necessita ser melhor

trabalhada na Educação Infantil, como elemento enriquecedor do processo ensino e

aprendizagem. Partindo desta, compreensão, elaboramos nosso objetivo geral que

foi analisar a importância da oralidade nos contos infantis como contribuintes para o

bom desenvolvimento da Educação Infantil. E como específicos tivemos os

seguintes: promover a socialização dos clássicos infantis, como uma ação benéfica

e estimuladora aos educandos; desenvolver a oralidade das crianças através da arte

de contar e recontar historia.

Como metodologia utilizamos uma abordagem qualitativa, fazendo o uso das

técnicas de observação, aplicação de um questionário e registros fotográficos. A

observação foi muito relevante, pois demonstrou situações não reveladas no

questionário. Já os registros fotográficos contribuíram para guardar lembranças que

ficarão para sempre registradas em nossa memória e no papel, com recordações de

momentos significantes deste trabalho. O questionário trouxe um aparato de

informações enriquecedoras, que resultou numa análise sob as práticas das

educadoras pesquisadas quanto ao seu trabalho em sala de aula.

As leituras bibliográficas que fizemos durante este processo, confirmam que,

quanto mais diversificada a experiência de leitura com alunos e mais familiaridade

tiverem com a diversidade de textos, melhor será o domínio da língua oral e esse é

um passaporte para a participação social plena e efetiva na sociedade. Então para

que a escola não se omita de sua função social, precisa redimensionar suas

atividades, para que possam dialogar numa concepção sócio interacionista de

linguagem, adquirindo transformações significativas no processo ensino-

aprendizagem.

São inúmeras as atividades que demonstram o papel essencial da leitura na formação sócio interacionista no

Page 350: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

14

qual a criança adquire uma reflexão sobre o texto lido possibilita o inter-relacionamento com outros, que já fazem parte do repertório lingüístico cultural da criança. (VYGOTSKY, 1989, p.11)

Diante desta abordagem sócio interacionista que o autor fala, percebe-se que

esta dinâmica oportuniza a criança a ter um conhecimento real dos textos

vivenciados no ambiente da sala de aula. Enfim, são atividades que estimulam e

favorecem o campo cultural da criança.

Entretanto, se faz necessário uma ação planejada e reflexiva, baseado na

utilização de diversos gêneros textuais, permitindo assim a transformação da

compreensão dos textos que favorecem a aquisição da linguagem e

conseqüentemente contribuir para preparação dessas crianças em exercer

plenamente sua cidadania, vivenciando com mais propriedade as situações do

mundo letrado.

Este trabalho está composto de seis capítulos. O primeiro trata-se desse texto

introdutório fazendo uma retrospectiva da vivência dos contos infantis presente no

universo das crianças, como um elemento favorável a oralidade, defendendo como a

linguagem oral pode ser vivenciada através da prática da contação de histórias,

além de contribuir para uma dinâmica de socialização.

O segundo capítulo aborda a arte dos narradores de histórias resgatando

assim a tradição oral, pois o oficio de contar histórias é remoto em todas as partes

do mundo. Entretanto, essa prática está ausentando-se dos lares e da escola. Pois,

a apropriação da tecnologia está levando as crianças a perderem essa motivação

pela da arte de contar e recontar histórias. Essa parte da monografia mostra ainda

que, é no contexto literário que as crianças irão se encantar com os textos, além de

possibilitar a leitura oral de forma lúdica e participativa contribuindo assim, para a

sonorização e dicção dos educandos.

O terceiro capítulo retrata que a prática docente promove o encantamento

pela leitura. Para que o ambiente escolar ocorra situações que favoreçam a prática

da leitura oral, deve-se repensar a ação docente, se realmente os professores

gostam de ler, e se faz uso da leitura como prática cotidiana, ou ainda, se estes

sentem-se motivados a gostar e favorecer o campo da leitura em suas aulas. Esta

motivação promove aos educandos o prazer de ouvir, já que o instrumento que irá

ser utilizado é a “voz”, a mesma irá dar vida aos gêneros maravilhosos. É nesse

Page 351: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

15

contexto que este trabalho foi desenvolvido para melhor compreensão e

favorecimento do processo da leitura oral no ambiente da sala de aula da Educação

Infantil.

No capítulo seguinte é apresentado o percurso metodológico, seu

desenvolvimento e como este possibilitou uma compreensão para análise das

respostas das professoras entrevistadas. Mostramos os desafios enfrentados e

nossas preocupações a partir de cada informação que ia sendo colhida na escola

estudada.

No quinto capítulo são apresentados os resultados de nossa pesquisa e

análise dos dados. Uma das partes essenciais deste trabalho, pois é lá que estão

um panorama de como está o desenvolvimento da leitura oral, através dos contos

infantis na Educação Infantil de Alhandra-PB, bem como, nossa análise enquanto,

estudiosos dessa área.

Por fim, tecemos as considerações finais, no sexto capítulo, apresentando

aos leitores, nossas indagações, afirmações e sugestões para melhoria de prática

pedagógica da escola estudada. Acreditamos ter feito um bom trabalho, que

ultrapassou nossos limites, porém, um momento ímpar e significante em nossas

vidas. Pois, daqui nasceu a percepção de que é possível colocar no papel, nossas

ideias, pensamentos, reflexões e estudos.

Page 352: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

16

2 A ARTE DE CONTAR E OUVIR HISTÓRIAS

2.1 - Breve histórico sobre a contação de histórias

A arte de contar histórias vem desde o tempo dos apóstolos, quando estes

contavam para seu povo judeu. Esse ofício de contador histórias é encontrado em

todas as partes do mundo. Os estudos indicam que, os profetas os mencionavam e

por ele se perpetuava a literatura oral, passando de pessoa para pessoa. Meireles

(1984), evoca essa tradição ao dizer que, “O gosto de contar é idêntico ao de

escrever, os narradores são antepassados anônimos de todos os escritores e o

gosto de ouvir é como o gosto de ler.” (MEIRELES,1984, p.49).

Essa arte, considerada educativa, vem de uma geração passada, onde quem

não sabia ler era contemplado com a escuta de belíssimas narrativas que podiam

ser: amorosas, sagradas, etc. As mulheres em volta da fogueira, iam contando

histórias antigas e os contos maravilhosos se faziam presente na voz destas

senhoras. Nas fazendas essas histórias eram contadas pelas amas de leite dos

filhos dos coronéis.

A história alimenta a imaginação e favorece a criação de fantasias. Estas tão

bem trabalhadas pelos diversos textos infantis literários clássicos, dentre eles, os

contos, poemas, quadrinhas e fábulas. A “[...] literatura infantil são livros que tem a

capacidade de provocar a emoção, o prazer, o entretenimento a fantasia a

identificação e o interesse da criançada.” (Alves, 2003, p.02). Os diversos gêneros

são maravilhosos, expressam emoções e afetividades.

[...] ler e contar histórias é uma forma de desenvolver o gosto pela fantasia, incentivando aspectos que dizem respeito ao seu potencial criativo. O gosto literário da criança pode ser estimulado introduzindo o livro, desde cedo, nas suas brincadeiras. Quando a criança ainda não ler é bom que alguém lhe conte histórias. Pode ser o primeiro passo para que mais tarde tenha o gosto pela leitura. (LIMA, 2011, p.33).

Esses textos devem estar adequado a idade das crianças, despertando desde

cedo o interesse pela literatura, aproveitando o espontaneísmo e a liberdade que as

crianças têm já no seu perfil.

Page 353: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

17

2.2 – A arte de contar histórias no contexto atual

No mundo contemporâneo, as crianças não escutam histórias pelos pais. Com a

justificativa de um modo de vida “corrido” e “sem tempo”, a família delegou essa

atividade à responsabilidade da Escola e a alguns programas de TV. E segundo

Granadeiro (2001):

Para muitos pais, contar aos filhos histórias clássicas, como Chapeuzinho Vermelho, Cinderela ou Aladim e a Lâmpada Maravilhosa, virou, definitivamente, coisa do passado diante dos atrativos da era da diversão eletrônica. No entanto, o público infantil nunca vai deixar de se interessar por esses personagens e enredos, desde que os adultos se empenhem em melhorar sua capacidade como bons contadores de história. (GRANADEIRO, 2001 p.03 ).

No universo educacional, o conto infantil vem se destacando cada vez mais,

e já é comum os livros didáticos trazerem esse gênero. Porém, falta entusiasmo e

aceitação dos professores, em contar histórias e desenvolver um trabalho com a

literatura de forma espontânea e significativa, onde as crianças se sintam motivadas

a ouvir e falar do conto, retratando a essência da partilha, interação entre o leitor, o

ouvinte e o texto. É essa base tríplice que contribui para uma ação pedagógica de

forma interativa e participativa.

Ler e contar história é uma forma de desenvolver o gosto pela fantasia,

incentivando aspectos que dizem respeito ao seu potencial. E a escola desenvolve

um papel extremamente importante nesse aspecto, de permear no ambiente da sala

de aula esse ato de contação de histórias, pois além de favorecer a comunicação,

possibilita a interação e o desenvolvimento da leitura e interpretação.

O prazer pela literatura deve der vivenciado pelo(a) professor(a) na sala de

aula, pois a motivação pelo gosto de ler e ouvir histórias, irá estimular os alunos ao

interesse pelo mundo da leitura despertando a vivência pelo imaginário. E isso se

inicia por uma simples frase mágica “Era uma vez... ou; A muitos e muitos anos...”.

Essa frase induz o mundo do encantamento e do deslumbramento à fantasia.

A história para imaginação precisa ser dosada conforme sua estrutura cerebral: -Pré-escolar até três anos é fase pré-magica, são indicadas histórias de bichinhos, brinquedos, objetos, seres da natureza (humanizadora).

Page 354: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

18

-Fase mágica corresponde dos três aos seis anos, são historinhas de repetição e cumulativa como: Dona baratinha, A formiguinha e a neve, e etc. (COELHO, 1997, p.12).

Mediante a fala desta autora, observamos que para cada faixa etária é

indicado um tipo de história e que devemos promover o encontro das crianças com

o texto literário, desde o inicio do processo de alfabetização.

As histórias infantis podem desempenhar uma primeira forma de comunicação sistemática das relações da realidade, que se apresentam as crianças numa objetividade correta, ou por outra, as histórias infantis são uma espécie de teoria especulativa, alem da atividade imediata social e individual da criança. (ZILBERMAN, 1984, p.18)

A hora do conto transporta aos ouvintes para um novo cenário, onde a magia

se faz presente e nessa atividade uma das principais finalidades é despertar e

explorar o mundo mágico da leitura. E o instrumento que o educador irá utilizar é a

voz proporcionando uma mediação entre a fala e a escuta. Há textos que devem ser

lidos ao ritmo da entonação da voz, sempre levando em conta a faixa etária

Compreendemos que o gosto literário está presente na vida da criança,

precisando apenas ser trabalhada pelo educador, já que os pais não passam esse

ato para os filhos, diante desse enfoque, cabe a escola vivenciar essa prática.

Nessa arte de ouvir e contar histórias é possível que o(a) educador(a) recrie

algumas delas. Essa ressignificação, exige a utilização de mudanças nos recursos

lingüísticos, discursivos e gestuais pelo contador. Esse exercício tem sido uma

prática de alguns educadores, que de forma bastante dinâmica tem dado uma outra

“roupagem” as histórias clássicas infantis.

Também já podemos observar em algumas crianças dos anos finais da

Educação Infantil, o gosto e a prática de “recontar” histórias. Os personagens e o

enredo favorecem aos alunos esse reconto.

Ao trabalhar com o reconto de histórias infantis, as crianças desenvolvem o prazer pela leitura, apreciando as histórias, compreendendo seu enredo, identificando personagens, memorizando as histórias e o vocabulário nelas envolvido e assumindo o desafio de tornarem-se contadoras de histórias, e gravando seus recontos. (MOURA, 2008, p.01)

Page 355: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

19

A linguagem oral tem que ser desenvolvida na sala de aula, já que é na

educação infantil que tudo começa e deve ser ensinado na forma lúdica e

participativa, contribuindo para um contexto lingüístico e eficaz, com segurança e

autonomia.

Para Alves (2004) há textos que devem ser lidos ao ritmo de uma criança

pulando corda e dando risadas. Como o poema “Leilão do jardim” de autoria de

Cecília Meireles. Para este autor um poema por exemplo, pode e deve ser lido no

ritmo das brincadeiras, da mesma forma que uma parlenda, uma adivinha, uma

quadrinha, etc.

A brincadeira é um processo de construção, interação, movimento, liberdade,

e esses são elementos presentes nos textos literários .O campo da aprendizagem é

amplo e o melhor é que encontramos na criança a predisposição para participar

deste processo. Nunca devemos bloquear as crianças e nem impedir a “falar”. Ouvir

e escutar são elementos imprescindíveis na língua oral e esta tem que se fazer

presente no ambiente da educação infantil.

E tudo termina quando o(a) contador(a) diz: chegamos ao término ou “entrou

pela perna do pinto e saiu pela perna de pato, o senhor mandou que contassem

quatro.” Essas frases deixam um gostinho de bis e que realmente os alunos têm que

ter acesso a esse tipo de leitura.

Nesse contexto, a arte de contar e ouvir histórias favorece uma boa situação

de escuta e fala, incentivando nos alunos o gosto pela leitura e pelo progresso

pessoal na educação. como também é uma forma de trabalhar o seu lado criativo e

critico, para que os mesmos sejam capazes de tomar decisões quando adultos no

futuro.

É dever de quem faz a educação neste país, promover a autoestima pelo seu

próprio processo de escolarização e a prática pedagógica, fazendo uso da leitura faz

toda diferença nisso.

Page 356: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

20

3- OS CONTOS LITERÁRIOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

3.1 – Contribuições para o desenvolvimento infantil

A vivência dos contos na educação infantil contribui para o processo dinâmico

de aprendizagem na sala de aula, enfatizando o gosto e a motivação para o contexto

da leitura. Relembram também as narrativas da tradição de ouvir histórias dos

nossos avós. Momentos raros no contexto atual, pois a criança vive tão envolvida

com o mundo tecnológico: televisão, jogos,etc., que dificilmente presenciamos

famílias contando histórias para seus filhos.

A maioria dos pais trabalham o dia todo, deixando as crianças na maioria das

vezes com os irmãos mais velhos, ou parentes e secretárias do lar. Sobrando

geralmente para as crianças, à opção da mídia, especificamente a televisão, como

meio de passatempo. O espaço da escola é vivenciado pelos pais como uma

“válvula de escarpe”, um lugar para elas ficarem, tornado assim, essa instituição

como um espaço com horários programado para a real necessidade dos pais.

Mediante estas reflexões, observamos que a escola ainda é vista, como um

local no qual os pais deixam seus filhos para ficarem um tempo “livre” deles. Estes

não organizam tempo e nem se predispõem para o ato de praticar, por exemplo, a

leitura de contos literários. E como educadores sabemos a importância dessa

atividade, pois induz ao processo da imaginação, favorecendo aos ouvintes uma

percepção do tempo local e os investimentos contidos na literatura.

[...] mais diálogo, mais liberdade para os alunos se expressarem, mais escuta e partilha de significados atribuídos aos textos, mais ligação entre aquilo que lê e aquilo que se vive. (SILVA, 1995, p.18)

O autor descreve a importância do diálogo como uma atividade de partilha e

de escuta, onde irá favorecer uma boa situação de aprendizagem. A literatura

favorece uma relação de autonomia, onde irá favorecer um elo entre o ouvinte e o

leitor, despertando uma relação produtora, respeitando a individualidade de cada

um.

Para a educação infantil, a linguagem oral é o conteúdo que se faz presente,

compreendendo as atividades do “faz de conta”, da imitação, do “Era uma vez”,

dentre outros. E o educador se constitui num papel muito importante, em

Page 357: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

21

proporcionar situações para que as crianças imitem e representem diferentes

personagens e animais, reproduzindo até suas falas ou comportamentos.

Compreendendo a criança como ser ativo neste processo, o adulto pode

propiciar experiência que possibilitem a aquisição de novas competências. As

narrativas favorecem a interação e a capacidade de ouvir e escutar, ambos

elementos fundamentais no processo da oralidade de significado atribuído ao texto.

Pois, sabemos que a pratica é possível, se os educadores tiverem na sua ação

pedagógica o gosto e a motivação pela leitura.

Para a aprendizagem ser significativa duas condições devem ser cumpridas. Em primeiro o conteúdo deve ser potencialmente significativo. Em segundo deve-se ter uma atitude favorável para aprender significativamente, ou seja, o aluno deve estar motivado para relacionar o que aprende com o que já sabe. (COLL, 1994, p.54-55)

Diante desse enfoque o educador tem que contribuir para uma relação

dialética, onde os alunos têm que ser usuário competente da língua oral, pois a

linguagem não pode ser considerada como um código, onde a principal função seja

a transmissão de informações. A linguagem deve ser vista como uma atividade

significativa e prazerosa, dinâmica suscetível a mudanças, fruto de práticas sociais.

E um dos principais papéis da escola é criar condições para que os alunos

utilizem os diferentes tipos de linguagem que a sociedade oferece e exige. Deve-se

buscar, portanto o desenvolvimento da linguagem oral, ou seja, da capacidade de

comunicar, produzir, receber, interpretar e dar novo significado a informação e

emoções que transitam no texto literário. E mesmo que a criança não seja ainda

leitores do ponto de vista da escrita, ela deverá desenvolver o conhecimento letrado

e a leitura oral. Isso lhe é favorecido no espaço escolar, onde a criança será

estimulada ao convívio do mundo literário, como: contos, poesias, poemas, dentre

outros. E os educadores se constituem como mediadores dessa aprendizagem,

sendo leitores para as crianças e propulsores do favorecimento da imaginação

nesse universo da leitura.

A narrativa é um meio que leva a criança se familiariza com o livro

conduzindo-a a literatura e ao prazer de ouvir histórias. O ato de ler envolve uma

construção de sentido com significações do que foi lido e ouvido. Além disso, essa

prática, posteriormente exercida pela criança contribui para melhoria da sua dicção.

Page 358: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

22

Nesse processo o(a) educador(a) deverá permear atividades que favoreçam a sua

contribuição no aspecto por exemplo, de recontar e descrever oralmente os

personagens e suas características. Com isso, a escola irá efetuar uma ação

mediadora entre o processo da leitura e a sua integração aos leitores.

Uma das razões para a ausência da literatura na escola é que os professores não acham essa atividade interessante, no entanto,os professores reconhecem que ao anúncio de uma história as crianças se aquietam,concentra-se e ficam extremamente interessados. (AMARILHA, 1992, p. 02)

Os contos infantis fascinam a todos e ultrapassa gerações, levando adultos

ao se protagonizarem crianças, para se transformarem em personagens

inesquecíveis como: chapeuzinho vermelho e o lobo mal, branca de neve e os sete

anões, Cinderela, etc. Essas narrativas favorecem a compreensão das crianças por

se tratarem de elementos familiares, vovó, madrasta, neta, mãe, filha, são parentes

próximos e família. Portanto, tem um respaldo bastante positivo na concepção das

crianças, permitindo a mesma a se tornarem agente participativo.

3.2 - Orientações para contação de histórias infantis

Como educadores observamos que, quanto mais às crianças ouvem histórias

em casa ou na escola, mais desenvolve na infância o raciocínio do pensamento

lógico e posteriormente sentirão seguras para expressarem suas opiniões. E no

ambiente escolar, isso traz resultados positivos para o(a) educador(a) no aspecto do

processo ensino-aprendizagem.

São essas as mesmas narrativas que ocupam muitas vezes o imaginário de nossas crianças, sendo contadas e recontadas, em casa e na escola. Isso faz parte do mundo infantil e são estas matérias narrativas que guardam um sabor fundamental.(COELHO, 1991,p.33).

No processo de contagem da história, o (a) educador (a) deve direcionar a

criança com estratégias, onde esta possa observar as imagens que acompanham o

texto e que auxiliam na sua compreensão. Deve-se perceber a complementaridade

entre o texto verbal, escrito e o visual, dando-lhe assim uma visão de um contexto

Page 359: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

23

amplo no que se refere ao entendimento sob a mensagem que o conto que nos

passar.

Portanto, percebe-se que há nas crianças uma predisposição para o ato de

ouvir e contar histórias e nesse processo onde ocorre à narrativa há uma tríade

entre sedução, prazer e jogo. E mostram que as crianças preferem como narrativas

o gênero maravilhoso, onde induz encantamento e magia.

A prática de contar histórias não vem sendo freqüente na escola e os próprios

livros didáticos também não estimula esse gênero. Ao contrário disso, os livros

trazem em seu conteúdo, os textos literários e que na maioria das vezes os

professores alegam que são textos longos e que as crianças não sabem ler e fica

ainda mais difícil. Os mesmos não compreendem que a leitura deve ser vivenciada

por eles, pois mesmo as crianças não sabendo ler, elas vivem no seu cotidiano, com

diversidades de gênero textuais como embalagens, rótulos, receitas, escuta de

músicas, dentre outros.

Daí percebemos que antes de vir à escola, as crianças já trazem um

repertório significante de textos na sua vida. Cabendo essa instituição se colocar

como um amante da literatura e transmitir a linguagem oral, de forma positiva,

construindo um leque de textos. Proporcionando às crianças oportunidades para a

leitura que deve ser vivenciada como estratégia para a aprendizagem.

A leitura deve ser trabalhada enquanto procedimento que facilitará o processo ensino-aprendizagem. Com isso há quatro estratégias, são elas: 1° Estratégia de seleção: ler apenas os índices úteis; 2° Estratégia de antecipação: prever o que estar por vir. 3° Estratégia de inferência: compreender o que estar dito no texto; 4°Estratégia de verificação: tornar possível e verificar a eficácia das outras estratégias. (SOLE, 1998, p.11).

Com isso, percebemos que o objetivo da leitura é favorecer as crianças

estratégias que irão contribuir para uma compreensão mais precisa do texto. Se

constituindo numa ação que favorecerá seu crescimento biopsicossocial.

Deve-se iniciar o trabalho fazendo-se um levantamento dos conhecimentos

prévios da criança a respeito do texto literário que o educador irá ler. Após essa

sensibilização do assunto, deve-se propor as crianças a ouvirem o texto enfatizando

a voz, com suspense, o clima e o desfecho da história.

Page 360: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

24

Não se faz uma leitura sem que o leitor não se envolva e ele tem que estar

comprometido e realmente passar a emoção contida no texto. Um texto literário

induz a criança ao mundo da magia e suspense, esses são elementos aliados do

professor que pode intervir colocando os mesmos a participarem através do reconto,

gravuras,cenários, além de favorecer o conhecimento também contribui para o

desenvolvimento.

Essas reflexões mencionadas, sugerem pensar numa educação infantil, que

eleve a potencialidade das crianças fazendo uso dos contos infantis, como promotor

do desenvolvimento da autonomia, da expressividade, do auto-conhecimento e

também desenvoltura na expressão oral.

Page 361: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

25

4 A PRÁTICA DOCENTE PROMOVE O ENCANTAMENTO PELA LEITURA.

4.1 A prática docente favorecendo a leitura

Compreendemos que, quando o educador gosta de ler e tem a leitura como

fonte de prazer, certamente irá fomentar o encanto pela leitura nas crianças. Bem

como, a afetividade que existe na relação do(a) professor(a) com as crianças na

escola é decisiva para introduzi-las no mundo fantasioso e emocionante das

histórias, poemas, contos, etc. Admitimos que “a educação infantil, deve ser

sensível, durante a experiência escolar, a espontaneidade poética e a abertura para

o jogo sonoro e semântico que tanto as crianças apreciam.”(RESENDE, 1993, p.16).

Diante desse contexto percebemos que o(a)s educador(a)s devem gostar e motivar

desde cedo nas crianças o encantamento pelas palavras.

A leitura produz conhecimento, curiosidade e sua prática produz o

encantamento pela pelo mundo que o rodeio por exemplo. E essa ação deve partir

dos educadores, que, como facilitadores desta prática, expõem as diversidades dos

gêneros textuais que se constituem como um leque de oportunidades lingüísticas e

imaginárias desse mundo plural.

Mais, uma vez reafirmamos que os(as) professores(as) devem gostar de ler,

pois com certeza irá contribuir nas crianças o encantamento pela leitura. A partir

disso, defendemos a necessidade de formação continuada com enfoque na leitura,

pois, não basta apenas gostar de ler, é preciso adquirir habilidades e estratégias que

fomente nas crianças o gosto e a aptidão para leitura.

Ações que capacitem os professores para tal, permitem que estes rompam

fronteiras, como, por exemplo, ampliem sua visão para exploração sobre os diversos

gêneros textuais, como: adivinhas, parlendas, quadrinhas, trava-línguas, poesias,

fábulas, contos, etc.

Na fase infantil,especificamente a idade de 3 a 6 anos, a voz do professor é

fundamental, pois sua fala, envolvendo uma boa entonação, com alteração de

acordo com o que for lendo (aumentando,diminuindo ou mudando) a voz, faz toda a

diferença e colabora para aquisição do encantamento pela leitura por parte da

criança.

E para que o professor-leitor tenha sucesso nessa tarefa tão prazerosa é

necessário que essas estratégias sejam compreendidas desde a sua formação, na

Page 362: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

26

qual o gosto e o prazer pela leitura oral têm que estar vinculada na sua formação

partindo dessa premissa, os próprios educadores serão leitores fluentes no contexto

da sala de aula.

Atentar para que os cursos de formação inicial e continuada contribuam para a formação do professor-leitor, a partir do acesso e da qualificação em relação aos diferentes gêneros literários, ampliando a concepção de educação para além dos métodos e técnicas de ensino. (UNESCO, 2004, p.182).

As reflexões acima demonstram a necessidade do professor/leitor como

mediador do processo de iniciação do leitor/criança. É evidente a importância da

leitura como poderosa fonte de formação para sensibilidade e ampliação de nossa

visão de mundo.Por isso, tornar o hábito da leitura uma prática prazerosa no dia a

dia da criança, é uma tarefa que desafia o educador. E para superar essa

dificuldade, faz-se necessário que os professores se apoderem de diversas

estratégicas lúdicas e dinâmicas, dentre elas o de ser um(a) bom/boa contador(a) de

histórias. Essa atividade cativa qualquer pessoal para o gosto pelo ouvir histórias e

conseqüentemente adquirem o prazer de ler.

4.2 – O comprometimento da escola com a formação de seus educadores

É função eminentemente da escola a prática da leitura, dentre elas, a oral,

como favorecedora de vários benefícios, como: o desenvolvimento da linguagem,

capacidade de imaginação e melhoria da dicção. Por outro lado, a prática de ouvir

um poema, um conto, uma fábula, uma parlenda e uma poesia, favorece um prazer

significativo, motivando os alunos a sentirem gosto em ouvir os textos lidos pelos

professores. Defendemos também, que nas atividades pedagógicas a leitura deve

ser realizada com amor, transmitindo os sentimentos que estão presentes na

literatura.

Dentro da sala de aula, não há modelo mais efetivo do que um professor que realmente ame os livros e a leitura. A centelha de prazer será captada pelos alunos que têm a felicidade de terem um exemplo deste tipo. Os professores lêem para sua classe todos os dias, não importa qual seja a idade ou a série de seus alunos. O material cuidadosamente escolhido, sejam livros de figuras, sejam livros capítulos, lido com entusiasmo e com expressão motivará,

Page 363: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

27

mesmo leitores mais reticentes, a continuarem escutando para descobrir o que acontece. (CRAMER, 2001, p.111).

É também função dos educadores a escolha dos livros para aquelas crianças

ainda muito pequenas e imaturas para esse fim. Pois a escolha faz toda a diferença,

no que se trata do exercício de adquirir o hábito de leitor e/ou contador de histórias.

Para Mellon (2006) contar histórias é acender uma fogueira em seu coração

para que a sabedoria e a imaginação possam transformar sua vida. É essa paixão

por contar histórias que precisa ser alimentada nos professores e praticada com

seus alunos. Pois, ensinar transcende uma transmissão não só de conteúdos, mais

a internalização do carisma da beleza e do sabor que encontramos nas palavras de

uma poesia de um conto, ou uma parlenda, por exemplo. Caminhando com esse

amor e respeito aos ouvintes, o educador irá promover o gosto pela leitura literária.

O gosto pela leitura oral se configura na habilidade, na criatividade e na

metodologia que o educador promoverá na sala de aula, o ritmo, a sonoridade, a

musicalidade, a expressividade e a escolha dos livros são partes integrantes e

importantes dos textos literários.

Quando se vai ler uma história seja ela qual for para as crianças, não se pode fazer isto de qualquer jeito, pegando o primeiro volume que vê na estante e aí, no decorrer da leitura demonstra que não estar familiarizado com uma ou outra palavra,e empacar ao pronunciar o nome de uma determinada palavra.(ABROMOVICH (1989, p.18)

Para esta autora, é imprescindível que os educadores antes de ler para seus

alunos uma história, deve conhecer o texto, para não ficar perdido, ou tendo

dificuldade ao pronunciar as palavras. A leitura oral permite a riqueza de sons que a

própria voz permite, entretanto sua leitura prévia se faz necessária, a fim de não

perder essa preciosidade de imaginação que ela possibilita aos leitores,quando se

faz uso de uma leitura com tom de voz alta, com modificação de sons e paradas

para dar espaços aos pensamentos.

Portanto, diante deste contexto que envolve os personagens da narrativa, a

professora tem que dar ênfase á entonação da voz, postura viva, abraçar a história e

descrevê-la nos mínimos detalhes para que as crianças se prendam ao contexto

desta e que sua imaginação seja transportada para o universo dos personagens da

narrativa.

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28

Os contos de fada descrevem situações que os leitores vivenciam no seu

cotidiano, como perca afastamento de parentes, morte, medo, e amor, os contos de

fada sobrevivem até hoje, alguns autores mais famosos foram: Perrault, os irmãos

Grimm. Diante destas reflexões os professores faz um repertório dos textos lidos

para os alunos, fazendo uso de escuta e reflexão da língua na qual se constitui,

como prática que contribui para a formação da própria identidade.É importante

ressaltar que o processo de mediação de leitura é uma fase na formação do leitor.

Infelizmente, em muitas escola a formação continuada de seus educadores

infantis, se restringe apenas a alfabetização e letramento dos alunos. Muitas vezes

desvinculados de um contexto que envolve as práticas sociais de leitura oral.

A conquista da escrita alfabética não garante ao aluno a possibilidade de compreender e produzir textos em linguagem escrita. Essa aprendizagem exige um trabalho pedagógico sistemático. Quando são lidas histórias ou noticias de jornal, para as crianças que ainda não sabem ler e escrever convencionalmente ensina-se a elas como são organizados, na escrita, esses dois gêneros [...] O produtor de texto é aquele que cria o discurso, independentemente de grafá-los ou não. Essa diferenciação é que torna possível uma pedagogia de transmissão oral para ensinar a linguagem que se usa para escrever.(PCNs, 1997, p.28)

Portanto,é preciso repensar as atribuições da escola, no que tange a sua

colaboração a formação de educadores. Pois compreendemos que ler para as

crianças não é simplesmente colocar guloseimas na sua boca. É muito mais do que

isso! É um momento significante em suas vidas, onde as palavras, devem ser ditas

envolvendo calor, vida e paixão. Esses sabores despertam no imaginário o gosto e à

motivação para o mundo da leitura.

O universo desta é o veículo fundamental para o desenvolvimento da

oralidade e é essencial na vida de qualquer individuo para construção de sua

cidadania. Já que esse necessita de bons profissionais, letrados e eternos leitores.

Page 365: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

29

5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Poder descrever os passos utilizados para realização deste trabalho é

também construir histórias. E depois quem saber contar essa história! Nessa

caminhada desafiadora, porém, com muitas aprendizagens,vamos percebendo no

decorrer do processo que, não se pesquisa de forma eventual. É preciso estar

envolvido de maneira intensa nos acontecimentos e estar preparados para os casos

mais inesperados que possam vir acontecer.

Esse trabalho iniciou-se desde o momento que fomos a campo, na condição

de estagiárias do curso de Pedagogia. A visitação à escola nos possibilitou a

conhecer o universo da mesma e as ações pedagógicas desenvolvidas pelas

educadoras. Foi naquele momento, que nosso olhar já começava direcionar-se para

pensar sobre o que escrever em nosso Trabalho de Conclusão de Curso. E

mediante tantas opções de estudos que a escola suscita, pensamos em analisar a

importância de trabalhar a oralidade, fazendo uso dos contos infantis.

E assim surgiu a problematização e o interesse por esse tema, quando

descobrimos à dificuldade da leitura oral na vida das crianças, na qual era ausente

na sala de aula, pois os professores só trabalhavam a oralidade na hora da oração,

e em algumas cantigas, e essa ausência leva a falência da aprendizagem das

crianças, pois se as mesmas não praticam a oralidade e não são estimuladas a isso,

bem como, fomentarem o interesse pela leitura oral desde a Educação Infantil, ficam

impossíveis de sentirem o gosto pela leitura nas fases seguintes de sua vida.

Diante desse contexto, alguns educadores tentam justificar-se que a culpa é

da superlotação da sala de aula, a família não acompanha e nem contribui com as

tarefas de casa, as próprias crianças não tem compromisso com as atividades e a

escola não tem recursos. Enfim, esses são os depoimentos dos educadores,

referente as dificuldades dos alunos. Entretanto, se faz necessário ressaltar que

mesmo antes de entrar na escola, nossas crianças já possuem uma boa experiência

com o mundo letrado, pois é diário o contato com outdoors, embalagens de produtos

industrializados, sem falar na presença da televisão e em muitos casos também do

computador nos lares brasileiros.

Se a vida “social” proporciona aos alunos esse letramento por que para a

maioria deles, ler é uma tarefa difícil? Segundo Weisz (2002, p.20) “O que move as

crianças é o esforço para acreditar que através das coisas que elas têm de aprender

Page 366: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

30

existe lógica”. A autora defende que a criança tem que aprender mediante a sua

significação e tem que ter sentido no que irá aprender.

Sabemos que alguns educadores, não têm essa pré-disposição para rever

sua prática de ensino. Diante desse contexto e nas aulas de estágio de campo,

trabalhei atividades que lhes permitiam sua participação e interesse,cujo trabalho

estava voltado a contação de histórias, trazendo a oralidade e a interação no

ambiente escolar. Buscando favorecer o gosto e a motivação pela literatura infantil,

já que essa só é vivenciada muitas vezes no ambiente escolar.

Após, esse período de estágio supervisionado, veio a disciplina direcionada

Trabalho de Conclusão de Curso, e aí já tínhamos clareza do que queríamos

escrever nessa monografia.

O campo empírico escolhido para esta pesquisa foi a Escola Municipal de

Educação Infantil e Ensino Fundamental José Fernandes Barbosa. Fundada desde o

ano de 1975, na gestão do prefeito Arnold na cidade de Alhandra – PB, mais

precisamente, localizada na zona urbana, à Rua: Joaquim Fulgêncio, Nº. 67 no

Bairro Salgadinho. Esse estabelecimento de ensino, atende no momento 198

crianças e adolescentes, com idade variando entre 4 a 16 anos, nos turnos manhã e

tarde.

A clientela atendida pela escola é proveniente do próprio bairro, comunidades

oriundas de área de assentamentos de terras e fazendas próximas ao bairro,

constituídos por famílias desfavorecidas economicamente e com renda per capta

inferior a um salário mínimo. Sendo também assistidas por programas sociais do

governo de combate a pobreza. Em sua maioria, essas famílias, não tiveram

oportunidades de estudar e boa partes delas, convivem diariamente com a violência

e drogas. Ultimamente a relação da escola com família tem se dado, por meio de

eventos, reuniões de pais e mestres, palestras com agentes de saúde, médicos, e

dentistas, programa bolsa família e renovações de matriculas.

A execução desse projeto, abordou uma metodologia qualitativa, direcionada

para escola-campo, utilizando-se de instrumentos como: observação em sala de

aula, aplicação de questionário, e registros fotográficos.

Utilizamos a observação desde o nosso período de estágio nos dois últimos

semestres, do sexto e do sétimo período do curso, como técnica favorecedora no

ambiente escolar, pois permite que o pesquisador “[...] tem mais condições de

compreender hábitos, atitudes, interesses, relações pessoais e características da

Page 367: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

31

vida diária da comunidade.”(RICHARDSON, 2007, p. 261). Esta técnica forneceu-

nos dados importantes sob a dinâmica de sala de aula e como ocorrem as

atividades de leitura oral, promovidas pela(s) professora(s) da escola estudada.

E como este trabalho objetivou observar e influenciar a prática da leitura oral

de livros infantis e contos literários no ambiente escolar da Educação Infantil, através

da observação percebemos a ausência dessa atividade e procuramos inserir essa

prática dos contos infantis como prioridade no processo de aprendizagem das

crianças e fomentar nas professoras a percepção da importância de atividades

como estas, como favorecedoras do enriquecimento da aprendizagem.

A observação se deu através de visitação na escola no período de quinze

dias, em datas alternadas, para melhor visualização da problematização estudada a

ser detectada. Bem como, a alternância de dias fez com que as professoras não se

preparassem só pra esperar nossa ida a sua sala de aula.

O questionário também foi utilizado, com recurso que possilitou-nos

informações, bastantes importantes quanto ao foco da nossa pesquisa. Ele foi

elaborado com oito perguntas, sendo quatro subjetivas e quatro objetivas,

previamente analisada pela orientadora e aplicado à quatro educadores, que

correspondeu a uma amostra de oito professores da Educação Infantil.

Possibilitando um conhecimento mais amplo sobre a linguagem oral e a importância

da mesma através dos textos literários para exploração da oralidade nas crianças.

Cada pergunta do questionário proporcionor-nos a refletir sobre algumas

questões, que ao nosso ver são importantes para o alcance dos nossos objetivos

neste trabalho. A primeira, por exemplo, remeteu-nos pensar se os contos infantis

contribuem para o processo da leitura oral das crianças. As duas seguintes

objetivaram resgatar das pesquisadas sobre sua compreensão e definição a respeito

do processo de leitura oral na vida das crianças através dos contos infantis. E as

duas últimas sobre a arte da contação de histórias favorecendo a linguagem oral e o

lúdico como um instrumento de socialização entre as crianças, através das

brincadeiras compartilhadas.

As professoras foram convidadas a responder o questionário, para obter

informações concisa que viessem favorecer melhor as análises das questões

perguntadas. E suas respostas levaram-nos a compreendemos que um dos motivos

para a ausência da literatura infantil no ambiente da sala de aula pode ser a falta de

conhecimento e preparação para realização desse trabalho. Em suas falas, as

Page 368: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

32

mesmas reconhecem que as crianças gostam de ouvir histórias, e isso reforça a

afirmação de que: “uma das razões para ausência da literatura na escola é que os

professores não acham essa atividade interessante, no entanto, os mesmos

reconhecem que ao anuncio de uma história as crianças se aquietam para

ouvir.”(AMARILHA, 1992, p. 02).

A aplicação do questionário foi bastante importante na qual serviu para reunir

informações nas respostas das professoras e conhecermos suas percepções em

relação à linguagem oral, e o que compreendem sobre a mesma e sua importância

para trabalhar-la nos contos infantis, ou seja, a união desses dois itens linguagem

oral e contos infantis são muitas precisas no desenvolvimento da aprendizagem das

crianças da Educação Infantil.

Quanto aos registros fotográficos, utilizados neste trabalho, buscou registrar

os momentos vivenciados com essa experiência. Ele foi acontecendo através de

etapas, onde visávamos guardar através das fotos, lembranças de momentos como:

o estágio no curso de Pedagogia e algumas práticas exitosas de professoras como

protagonistas em contadoras de histórias.

Algumas fotos que marcaram, esses acontecimentos foram na hora da

contação de histórias, na qual a estagiária (eu), contava-lhes histórias e elas

escutavam prestando bastante atenção, como também na hora que elas recontavam

a história e no momento da atividade de pintura relacionada à história lida. Na qual

percebemos o interesse dessas crianças por essa atividade, na qual as mesmas

foram bastantes participativas nessas aulas lúdicas, dinâmicas e prazerosa. Foi

uma satisfação muito grande poder contribuir com a alegria delas nesse momento

tão importante de estágio.

Para descrição dos fatos utilizamos uma abordagem qualitativa que, segundo

Richardson (1997, p. 25), “ essa abordagem ,tem o ambiente natural como sua fonte

direta dos dados”. E nosso público alvo foram os professores da Educação Infantil

da Escola já mencionada acima, objetivando nossa análise sobre sua forma de

ensinar levando em consideração sua prática quando a exploração da oralidade

através dos contos infantis, nos seus alunos como elemento que favorece a

construção da prática de leitura.

É significativo ressaltar que essa pesquisa favoreceu a importância de um

bom planejamento em relação às atividades de leitura oral. Diante deste enfoque

vivenciado enquanto estagiaria regente, focalizei a prática da leitura oral, através

Page 369: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

33

das riquezas dos gêneros textuais, no qual contribuiu para o desenvolvimento da

linguagem oral, incentivando as crianças a sentirem-se seguras e autônomas para

falar sobre as histórias lidas pela professora.

Compreendemos que a leitura é de suma importância, para o

desenvolvimento infantil, permitindo assim, uma socialização dos textos literários e

que um dos instrumentos presentes na literatura é a oralidade e essa contribui na

desenvoltura da linguagem oral. Entretanto, o educador deve permear, diversos

tipos de textos que venham contribuir na entonação de voz, favorecendo assim a

formação de leitores. Faz-se necessário ressaltar que, quanto maior a diversidade

de textos os alunos vivenciarem, mais eles irão se sentir estimulado a conhecerem

essa multiplicidade textuais, presente no seu cotidiano.

Socializar nas aulas os alguns gêneros literários irá permitir o conhecimento

de tempo, época, acontecimento que envolve o enredo e o desfeche. E mesmo

quando os alunos não sabem ler, o professor será o leitor, que irá facilitar a

compreensão dos ouvintes. Esta prática do professor irá estimular os alunos a terem

gosto pela leitura, e assim oportunizar novos conhecimentos adquiridos, novo

sentido, olhar e concepção para aquisição da leitura de mundo.

Page 370: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

34

6 ANÁLISE DOS DADOS OBTIDOS

Este capítulo aborda resultados e análise dos dados obtidos na pesquisa

realizada com as professoras da Educação Infantil da Escola Municipal de E.I.E.F.

José Fernandes Barbosa. Foram protagonistas desse trabalho, 04 (quatro) docentes

de um universo de 08(oito) professoras. Como instrumento, utilizamos um

questionário de característica anônima, com 08 (oito) questões, sendo 04(quatro)

objetivas e 04 (quatro) subjetivas, cuja finalidade foi atender aos objetivos propostos

no projeto que antecedeu este Trabalho de Conclusão de Curso.

O questionário também foi utilizado, como recurso que possibilitou-nos

informações, bastantes importantes quanto ao foco da nossa pesquisa. As

professoras foram convidadas a responder este instrumento de coleta de dados,

para obter informação concisa que viesse favorecer melhor as análises das

mesmas.

A seguir apresentaremos os resultados e para garantia do anonimato

preferimos chamar de P1, P2, P3 e P4 as professoras de 1 a 4.

6.1 Resultado das questões objetivas

Quadro 01 Idade das docentes pesquisadas

20 a 25 anos 01 26 a 30 anos 02

Mais de 30 anos 01

TOTAL 04

O quadro demonstra que a faixa etária das profissionais de Educação Infantil

são eminentemente jovens. Metade delas estão com idade entre 26 a 30 anos. Um

dado importante para a escola ter em seu quadro, docentes que “possivelmente”

ficará um bom tempo na área do ensino. Além, de “supostamente” estarem com

mais vigor ao desenvolvimento de práticas dinâmicas em sala de aula.

Page 371: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

35

Quadro 02 Gênero

Masculino ---- Feminino 04

TOTAL 04

Com base no que pesquisamos, percebemos que o grupo são eminentemente

do gênero feminino.Historicamente em nosso país e em Alhandra -PB não é

diferente, as mulheres vêm ocupando um grande espaço na educação e se

posicionando como a maioria. Também esse resultado remete-nos ao pensamento

que, culturalmente é dedicado às mulheres a tarefa de educar as crianças e

especificamente no que diz respeito à Educação Infantil. Daí justifica-se um grande

número de professoras mulheres assumindo nesse nível de ensino.

Quadro 03

Nível de Escolaridade

Pedagógico _

Superior Pedagogia incompleto _

Superior Pedagogia completo 04

TOTAL 04

É importante ressaltar que as quatros educadoras tem sua formação no nível

superior na área de pedagogia. Compreendemos que este curso é amplo e não está

voltado para uma abordagem multidimensional da educação como um todo. Faz-se

realmente necessário descrever que as entrevistadas têm sua formação completa no

qual favorece seu campo de atuação juntamente com teoria e prática, voltadas para

a infância.

Page 372: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

36

Quadro 04

Experiência na Educação Infantil

Menos de 5 anos 01 6 a 10 anos 02

11 a 15 anos 01

TOTAL 04

As questões objetivas também apontaram que o tempo de atuação das

professoras entrevistadas é razoavelmente jovem. Uma delas tem cinco anos de

atuação na Educação Infantil e afirmou gostar do que faz e sente-se motivada pelo

seu trabalho. Duas entrevistadas possuem mais de oitos anos e tem prazer em

trabalhar na Educação Infantil. E apenas uma tem entre 11 a 15 anos de experiência

nesta área.

6.2 Resultado das questões subjetivas

Quadro 01 Os contos literários contribuem para melhoria da oralidade das crianças? De que forma?

PROFESSORAS RESPOSTAS

P1 Sim, os contos literários favorecem a linguagem oral,

pois o instrumento que é utilizado é a língua, portanto

permite a utilização da leitura oral.

P2 Sim, porém se faz necessário uma ação pedagógica

planejada, os contos literários requer entonação na voz,

postura do leitor para que ocorra um processo dinâmico

da leitura oral.

P3

Sim, os contos literários trás para o contexto familiar,

elementos presente na vida das crianças. Sentimos

através de histórias como: de chapeuzinho vermelho,

João e Maria, pequeno polegar,etc. que fortalece a

linguagem oral.

Page 373: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

37

P4

Sim, os contos literários permitem a liberdade para as

crianças se expressarem, portanto esse recurso é

fundamental para o processo da leitura oral.

De acordo com as falas das professoras percebemos que é unânime o

entendimento de que os contos literários contribuem positivamente para o processo

da leitura oral. A primeira entrevistada demonstrou insegurança na resposta e não

trouxe uma contribuição concisa sob o que queríamos saber. A professora P2

reconhece a necessidade de um planejamento pedagógico para a prática da leitura,

pois não deve ser feito de forma aleatória ou improvisada. As duas últimas justificam

pela liberdade de expressão e desenvolvimento da linguagem oral das crianças.

Entretanto, as observações detectaram-nos que esta prática pouco se faz presente

no universo da sala de aula. E “uma das razões para ausência da literatura na

escola é que os professores não acham essa atividade interessante, no entanto, as

professoras reconhecem que um anúncio de uma história as crianças se aquietam.”

(AMARILHA, 1992, p.02). Percebemos também que, a pouca familiaridade com o

assunto colaborou para a falta de clareza em justificar que os contos literários

contribuem para o bom desempenho da oralidade.

Quadro 2 Como você define a importância da leitura oral no processo ensino e aprendizagem da Educação Infantil?

PROFESSORAS RESPOSTAS P1 A leitura oral na Educação Infantil é vivenciada através da

leitura compartilhada do corpo e imagens. É um processo

continuo onde a língua será sempre utilizada.

P2 A leitura oral se define pela prática do educador em fazer

uso de textos para os educandos. Diante desse contexto a

diversidade dos gêneros textuais, são recursos no qual o

educador irá vivenciar nas suas aulas através da leitura

compartilhada.

P3

A leitura oral na Educação Infantil é compreendida como

uma dinâmica, pois ela está vinculada na hora da oração,

nas cantigas de rodas, nas imagens presentes através dos

Page 374: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

38

desenhos, na contação de histórias e em todo o ambiente

da escola.

P4

A leitura oral envolve comunicação, expressão corporal,

desenhos, danças, ritmos, que induz a criança a sentir

liberdade para se expressar.

As professoras retratam que a leitura oral na educação infantil é vivenciada

através da leitura compartilhada junto com as mesmas, utilizando desenhos,

contação de histórias, etc. Entretanto, não conseguimos perceber em suas falas,

qual a importância da leitura oral no processo ensino e aprendizagem da Educação

Infantil? Então indagamos, não será a falta desta prática um dos motivos que

justificam essa ausência de entendimento?

Os contos literários promovem integração, melhoria da comunicação e

liberdade de expressão. E a leitura oral deve fazer-se presente no contexto da

Educação Infantil através da música, expressão corporal, dentre outros.

Quadro 3

Você conta histórias para suas crianças? Relate um pouco como

acontece essa atividade.

PROFESSORAS RESPOSTAS

P1 Não, pois não me sinto segura para a narração prefiro

colocar DVD.

P2 Sim, preparo a sala de aula e peço para que as crianças

façam um circulo e me centralizo no meio, para integrar

com os educandos.

P3

Sim, adoro e prefiro fazer contação e depois peço pra

que os mesmos recontem.

P4

Adoro e gosto de utilizar, expressões faciais e a voz, pois

assim as crianças se interessam mais pela história

contada.

Page 375: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

39

A maioria dessas professoras contam histórias para suas crianças e relataram

muito superficialmente como se dá este processo. Contudo, percebemos no

momento da observação, uma boa empolgação quando perguntávamos se

contavam histórias e como isso acontecia. Estas demonstraram gostar de realizar

esta atividade e se entusiasmam com a alegria das crianças em ouvir e muitas vezes

até completar oralmente as histórias narradas pelas professoras.

A ênfase na voz e as expressões gestuais, contribuem fortemente para o

favorecimento do imaginário das crianças. Com isso, fica explicito que a arte de

contar histórias dinamiza o processo de ensino e aprendizagem e ajuda no

desenvolvimento da socialização e interação infantil. Infelizmente a entrevistada P1

não realiza essa prática e a substitui pelo DVD. Isso é um fato preocupante ter uma

pedagoga, atuante na Educação Infantil e não preparada para o uso da contação de

histórias.

É importante que os professores de Educação Infantil, tenham clareza e

convicção de que no momento da contação de histórias deve-se levar em conta o

interesse das crianças e sua faixa etária. Pois não podemos contar histórias por

contar! É necessário conhecer as histórias, a idade dos leitores, para assim fazer a

contação. Outro enfoque importante é preparar a sala de aula, pois um ambiente

que tenha, por exemplo: tapete, almofadas, objetos da história apresentada, um

fundo musical, etc. faz toda a diferença. E ainda mais, ouvir a frase “Era uma vez”, é

algo que encanta as crianças que se aproxima do(a) professor(a) para ouvir a

história com bastante entusiasmo. Concordamos com Machado (2001), quando

afirma,

Não se contrata um instrutor de natação que não sabe nadar, no entanto, as salas de aula brasileira estão repletas de pessoas que apesar de não ler histórias, tentam ensinar”. Pois essa é uma realidade, professores formados que se sentem inseguros ao contar uma história é necessário apenas interesse, pois contar histórias é um ato simples mais que na hora precisa-se de criatividade e muita dedicação, o mesmo deve estar preparado para que as crianças sintam prazer em ouvir a história. (MACHADO, 2001, p.45)

Page 376: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

40

Quadro 4

O lúdico é um instrumento fundamental para a aprendizagem?Justifique PROFESSORAS RESPOSTAS

P1 Sim. o lúdico é o mundo da criança e é através dele que os

objetos têm vida, socializando assim os educandos no seu

mundo imaginário e infantil.

P2

O lúdico sempre será um recurso que irá possibilitar a

socialização, através das brincadeiras, dos jogos, do

mundo do faz de conta, colaborando sempre para a

interação dos alunos.

P3 Sim, o lúdico é o elemento primordial para que as crianças

se socializem com outros através do mundo do faz de

conta.

P4

Sim, o lúdico é o mundo da socialização é através das

brincadeiras, do mundo do faz de conta que objetos torna-

se educativos.

As respostas semelhantes têm sempre em comum que, o lúdico possui um

respaldo significativo e se constitui como é um elemento que possibilita a

socialização, através do uso das brincadeiras e dos jogos. E a leitura é um desses

instrumentos do brincar. Esta promovem o prazer em aprender brincando,

permitindo uma construção de resolução e aproximação com o saber.

A ida até a escola estudada para observação, possibilitou-nos ver que o

lúdico ainda está muito no discurso dos professores, quando questionado sobre isso.

Porém, o fazer ainda está muito arraigado a práticas tradicionais, sem o uso da

ludicidade para melhoria do processo ensino e aprendizagem.

Portanto, compreendemos que as professoras têm a compreensão da

relevância da contação de histórias como um elemento favorecedor de vários

aspectos na Educação Infantil, dentre eles a melhoria da oralidade, entretanto, esse

entendimento necessita ser levado para prática pedagógica, pois ainda há aqueles

que resistem a inovação, dinamismo e mudança.

Page 377: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

41

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao término desta etapa, a primeira de muitas que virão pela frente, sentimo-

nos aliviados e honrados pelo dever cumprido. Pois, ao iniciarmos este trabalho,

tínhamos consciência dos desafios que iríamos enfrentar, em um curto espaço de

tempo ter que dar conta da elaboração de um Projeto, execução e finalizar com esse

trabalho monográfico. Ousamos fazer uma pesquisa que abrangesse as etapas de

observação, escuta e aproximação junta as professoras de Educação Infantil, para

que pudéssemos conhecer de perto suas práticas e desafios enfrentados. As

dificuldades vieram ao longo do percurso, mas serviram apenas de encorajamento e

nunca motivo para desistência.

Em todo o processo de elaboração desta monografia, as leituras na área de

Educação Infantil, ludicidade, oralidade e contação de história, fundamentaram o

trabalho empírico. Hoje nos sentimos gratos e felizes em poder perceber o quanto

foi importante fazer esse trabalho, que certamente servirá de acervo bibliográfico

para reflexão na área de Educação Infantil no município de Alhandra.

Os estudos bibliográficos e a pesquisa de campo, nos levou a conhecer o

lugar legítimo da Educação Infantil no currículo escolar, referendando-o ainda como

um nível de ensino “padecendo” de algumas carências, dentre elas a formação dos

professores nessa área. Como pedagogos, devemos refletir sobre os cursos iniciais

e continuados, no que tange ao trabalho específico da Educação Infantil, que ainda

é pouco trabalhado nessas formações.

Sob formação destacamos Francisco (2006) e Freitas (2005), estas autoras

trabalham com formação docente e os desafios enfrentados nesse campo. Dentre

eles destacamos a distância entre o que se aprende nas formações e o que se pode

colocar em prática. Na Educação Infantil isso é mais forte ainda. E há insuficiência

de políticas públicas para formação na área, resultando em carências de professores

preparados. E os cursos existentes nessa área, precisam de uma forte articulação

com a realidade vivenciada pelos educadores.

Mediante o que foi vivenciado nesta pesquisa, sentimos que o processo da

leitura deve estar vinculado ao conhecimento, a ludicidade, espontaneidade, e

prazer. E de posse desse entendimento, formaremos verdadeiros amantes da

leitura. É neste contexto que desejamos a todos os educadores muito entusiasmo

pelos contos infantis e que eles façam presente no seu trabalho pedagógico de sala

de aula como um recurso utilizado de forma prazerosa e significativa.

Page 378: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

42

Os resultados deste estudo possibilitaram a certeza de que só podemos

formar leitores quando os educadores tiverem o prazer e a motivação pela leitura.

Em nossas escolas públicas ainda persiste educadores que resistem a esta prática.

Leitura é magia ! Nela podemos viajar e conhecer lugares, cenários, e os mais

diversos personagens imaginários. Nesse processo, não devemos deixar de

oportunizar os livros às crianças, que vão alimentando sua imaginação e permitindo

a aquisição e o aperfeiçoamento da linguagem.

É um direito de todos os educandos ter acesso a leitura e esta deve está a

serviço de todos. Pois, formar leitores é formar cidadãos críticos e conscientes e

esta vivência deve fazer parte do campo educacional de forma lúdica e criativa.

Esperamos que este estudo venha contribuir no espaço da escola, ao favorecimento

da leitura oral para as crianças fazendo uso da contação de histórias.

Page 379: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

43

REFERÊNCIAS

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www1.folha.uol.com.br>.Acesso em: 09 ago. 2011.

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Page 380: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

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FREITAS, A. S. Os Desafios da Formação de Professores no Século XXI. Belo Horizonte: Autênica, 2005.

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www.veja.abril.com.br>. Acesso em 09 ago. 2011.

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MACHADO, Ana Maria. Texturas: sobre leitura e escritos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

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ZILBERMAN, Regina.Literatura Infantil: Autoritarismo e emancipação.São Paulo:

Ática,1984

Page 382: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

46

ANEXOS

Anexo 1 - Questionário da Pesquisa

Page 383: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

47

Anexo 2 - Fotografias

Fotos do estágio realizado na sala do Pré II, na E.M.E.I. José Fernandes Barbosa –

Alhandra/PB. Momento: Hora da história

Alunos do Pré II,ouvindo as histórias

Page 384: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

48

Alunos do pré II recontando algumas histórias.

Alunos do Pré II, realizando atividades sobre as histórias.

Page 385: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA - UFPB VIRTUAL

CURSO DE PEDAGOGIA A DISTÂNCIA

POLO DE APOIO PRESENCIAL – CONDE - PB

Neide de Souza Maranhão Lima

A importância do lúdico na Educação Infantil: Identificando

o conhecimento de docentes

Conde - PB

2011

Page 386: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

Neide de Souza Maranhão Lima

A importância do lúdico na Educação Infantil: Identificando

o conhecimento de docentes

Trabalho de Conclusão de Curso - TCC

apresentado como requisito para obtenção do

título de Graduação em Pedagogia Plena na

Modalidade a Distância pela Universidade

Federal da Paraíba – UFPB Virtual.

Orientadora: Profa. Ms. Cristiane Sousa de

Assis

Conde – PB

2011

Page 387: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

A importância do lúdico na Educação Infantil: Identificando

o conhecimento de docentes

Trabalho de Conclusão de Curso, aprovado como requisito final para obtenção da

Licenciatura em Pedagogia, no Curso de Educação a distância da UAB/UFPB.

Orientadora: Profa. Ms. Cristiane Sousa de Assis

Data de Aprovação: ______/_______/_______

BANCA EXAMINADORA:

______________________________________________________

Profa Ms. Cristiane Sousa de Assis

(Orientadora)

_______________________________________________________

Profa Ms. Tatiana de Medeiros Santos

(Examinadora interna)

________________________________________________________

Prof. Dr. Jorge Fernando Hermida Aveiro

(Examinador interno)

Page 388: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

A Deus, por sempre permanecer presente em minha vida, dando-

me força e paciência para perseverar com coragem e percorrer

esse caminho até o final. A minha querida mãe, Nilzete, pelo seu

apoio e pelas orações, especialmente por ter me ensinado os

valores essenciais pelos quais tenho trilhado a minha vida. Ao

meu pai Antônio (in memorian). Ao meu marido Amaral,

companheiro de luta, por todo o incentivo, compreensão,

paciência, auxílio, ajuda, presença constante e por me motivar a

cada dia, cuidador sem medidas, Amo muito você! E,

finalmente, aos meus tesouros Rubens e Laís, pela compreensão

de ter estado ausente tantas vezes, em momentos importantes de

suas vidas, em virtude das tarefas desenvolvidas durante o curso.

Muitas vezes lhes dediquei pouco tempo e atenção, sendo eles

sábios demais para perdoar minha ausência.

Page 389: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Nosso Senhor Jesus Cristo, por ter me concedido o dom da vida e ter me

ajudado nos momentos mais difíceis sempre me mostrando os caminhos a seguir, para que

minha vitória fosse alcançada, a ele toda minha gratidão.

A toda minha família que sempre esteve ao meu lado, me ajudando nas decisões mais

difíceis. E em especial a minha querida irmã Khivia pelo seu amor, apoio e dedicação e a

minha tia Neuza, por suas orações constantes.

Ao professor Jorge Fernando Hermida Aveiro, professor pesquisador deste componente

curricular de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), pelas relevantes sugestões e incentivo

constante para a realização deste trabalho.

A professora Cristiane Sousa de Assis, orientadora deste trabalho, pela grandiosa atenção e

valiosas contribuições para o desenvolvimento e aperfeiçoamento deste trabalho,

incentivando-me a acreditar que alcançaria sim, meu objetivo final e por não me deixar

desistir no meio do caminho.

A professora Telma Cristina Gomes da Silva, co-orientadora, pela grandiosa atenção,

paciência e valiosas contribuições para o desenvolvimento deste.

A minha tutora Rosires Capuchu por estar sempre disponível quando solicitada por mim,

inspirando-me confiança e ensinando-me principalmente a ter amor e empenho pelo curso ao

longo desses quatro anos de luta.

Ao Prefeito Aluízio Vinagre Régis e a Secretaria de Educação por ter implantado o ensino

através da Educação à Distância – EAD, na qual todos nós fomos beneficiados com este

grande investimento em nosso município, possibilitando-nos um curso universitário de

qualidade.

As minhas amigas: Belmira, Cleide, Dorinha, Fátima, Juliana, Jane Cleide, Pollyana,

Rosy e ao amigo Sílvio, que estavam sempre ao meu lado, nas trocas de conhecimento e

apoio. Estas amizades foram fundamentais para que eu não desistisse ao longo desta trajetória.

Aos professores da Banca Examinadora pelas contribuições

Aos professores colaboradores desta coleta de dados pela humildade e atenção.

Por fim, agradeço a todas as pessoas que de forma direta ou indireta contribuíram para a

realização deste trabalho.

Page 390: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

A atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades

Intelectuais da criança, sendo por isso, indispensável à pratica

educativa.

Jean Piaget

Page 391: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

RESUMO

A educação infantil propõe um sistema de aprender brincando, através do lúdico, inspirada

numa concepção de educação para além da instrução. Porém nem toda atividade lúdica pode

ser vista como ferramenta pedagógica. Por isso é importante à compreensão de que um jogo

e/ou uma técnica recreativa devem ser aplicados em vista de uma ação intencional. Assim,

objetivou-se com este estudo, verificar se os professores da educação infantil utilizam o

lúdico de forma consciente e planejada em suas práticas; refletir se os professores têm

embasamento teórico suficiente para trabalhar o lúdico de forma eficiente e satisfatória as

suas necessidades; identificar as dificuldades apresentadas pelos professores na utilização do

lúdico em suas práticas, na tentativa de conhecer qual o entendimento do professor para

trabalhar o lúdico na educação infantil. Em relação à natureza deste estudo, partimos da

concepção metodológica de pesquisa exploratória, pautados numa abordagem qualitativa, cuja

observação, registro no diário de campo e a aplicação de um questionário, foram os

procedimentos e instrumentos utilizados para a coleta de dados. A pesquisa foi realizada em

uma Escola da rede pública do município do Conde/PB. Participaram deste estudo dois

professores de educação infantil, que atuam na escola há mais de 10 anos. A coleta de dados

foi realizada durante o mês de maio do corrente ano na própria escola, de acordo com a

disponibilidade de horários dos participantes da pesquisa. A partir da análise dos dados,

constatou-se que os professores reconhecem a importância de se trabalhar o lúdico na

educação infantil e afirmam que as crianças aprendem com mais facilidade através da

brincadeira, no entanto, apontam a falta da oferta de recursos didáticos, por parte da escola,

como uma das grandes dificuldades para a utilização do lúdico em suas práticas. Desse modo,

considerando as particularidades e especificidades de cada contexto educativo, faz-se

necessário que o docente, desde a formação inicial até a sua formação continuada, obtenha

preparo teórico e prático para adotar uma atitude mais dinâmica, crítica e reflexiva no sentido

de exigir melhores condições para realizar suas atividades da maneira mais satisfatória

possível. Na perspectiva de favorecer uma visão clara sobre a importância do jogo e do

brinquedo para a vida da criança, sugerimos, pois, o desenvolvimento de trabalhos futuros

para aprofundar a questão das práticas lúdicas na educação infantil.

Palavras chave: Lúdico. Prática Pedagógica. Educação Infantil.

Page 392: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

ABSTRACT

Early Childhood Education is proposing a system of learning experiences through play,

inspired by a concept of education for beyond the statement, but not every play activity may

be seen as a pedagogical tool. It is therefore very important to understand that a game and

/ recreational or technique. should be applied in view of an educational benefit this sense the

objective of this study is verify that the kindergarten teachers use the playfulness of a

conscious and planned in their practice, reflect on whether teachers have sufficient theoretical

basis for the playful work efficiently and satisfying their needs, identifying the difficulties

presented by the teachers in the use of play in their practice and to know what is the

understanding of the teacher to work in the playful children's education about the nature of

this study, we design methodological exploratory research, guided by a qualitative approach

whose observation, journaling and field application of a questionnaire were the procedures

and instruments used to collect data. The survey was conducted in a public school in the

Conde City/ PB. Participated in this study two of the kindergarten teachers working in schools

for over 10 years. The data collection was performed during the month of May in this year at

the school, according to the availability of time of survey. From the results gathered, it was

found that teachers demonstrate the playful work satisfactorily They recognize the importance

of the work and play in early childhood education say children learn more easily through play,

however the point shortage of educational resources, by the school as one of the major

difficulties in their use of recreational practices. so, considering the particularities of each

educational context, it is necessary that teachers from initial formation to its continuing to

obtain theoretical and practical preparation for adopting a critical attitude and reflective about

their recreational activities and perform as satisfying as possible. View of promoting a clear

vision about the importance of games and toys for the child's life, as suggested the

development of future work to further reflection on the play in early childhood education

practices.

Keywords: Playful. Pedagogical practices. Early Childhood Education.

Page 393: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................10

2 O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL ....................................................14

2.1 Conceito do lúdico ............................................................................................14

2.2 Breve histórico do lúdico na Educação Infantil ... ............................................16

2.3 Benefícios do lúdico na Educação.....................................................................18

2.4 A Formação do Professor na perspectiva do lúdico .........................................20

3 CAMINHO TEÓRICO-METODOLÓGICO ...............................................23

3.1 Delineamento da pesquisa ..............................................................................24

3.2 Cenário ...........................................................................................................24

3.3 Sujeitos ..........................................................................................................25

3.4 Instrumentos .................................................................................................25

3.5 Procedimentos ..............................................................................................25

4 ANÁLISE DOS DADOS .............................................................................26

4.1 Caracterização da amostra ..........................................................................26

4.2 Descrevendo o trabalho com o lúdico ........................................................26

4.3 Bases teóricas para o trabalho com o lúdico ..............................................27

4.4 Teóricos que norteiam o trabalho da educadora na perspectiva lúdica ......28

4.5 Dificuldades em se trabalhar com o lúdico na sala de aula ........................28

4.6 Recursos didáticos e atividades utilizadas na perspectiva lúdica ...............29

CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................32

REFERÊNCIAS ..............................................................................................34

APÊNDICES ...................................................................................................38

Page 394: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

10

1 INTRODUÇÃO

A minha trajetória profissional na Educação Infantil começou inicialmente com a

formação em Magistério no ano de 1995, possibilitando-me o exercício da docência em uma

instituição pública de ensino infantil (creche), no município de Conde/PB. Por mais de duas

décadas, o exercício do magistério somado à vivência como secretária administrativa em uma

escola de ensino fundamental, na mesma cidade, corroboraram para despertar o interesse em

pesquisar sobre a importância de se trabalhar o lúdico na Educação Infantil, na perspectiva de

ampliar o diálogo e contribuir com a reflexão sobre o assunto.

Diante disto, pude observar, durante a vivência nestas duas instituições, que os

brinquedos/materiais pedagógicos e as brincadeiras eram pouco utilizados como recursos

didáticos pelos professores das séries iniciais do ensino infantil e, quando aconteciam, por

exemplo, os professores demonstravam ‘’insegurança’’ e/ou “despreparo” para fazê-los. Além

disso, pude observar também o comportamento de alguns colegas que, por não utilizarem o

lúdico em suas práticas, demonstravam pouca receptividade ao planejamento com as

atividades lúdicas. Em geral, pude perceber que o uso do lúdico em suas práticas representava

certa bagunça e/ou desorganização, além de ausência de planejamento pedagógico. Grosso

modo, pode-se dizer que a maioria destes profissionais acredita que a brincadeira deve ser

utilizada para ‘’preencher’’ ou ‘’completar’’ o tempo que ‘’sobra’’ da aula no intuito de não

ficar na ociosidade.

Neste contexto, justifico o interesse pelo tema, em face das inquietações que surgiram

ao longo da minha trajetória profissional, pois, segundo Souza (2007), é fundamental que o

professor aprenda o porquê e como brincar, tendo em vista que o professor brinca por brincar,

constantemente, apenas como um entretenimento. Além disso, existem vários estudiosos no

assunto, a exemplo de Bettelheim (1988), Kishimoto (1998), Oliveira (2004), dentre outros,

que discutem as evidências desta dificuldade nas escolas de educação infantil e de ensino

fundamental, em que o “brincar” é relegado à atividades, brinquedos e/ou jogos que as

crianças podem escolher depois de terminarem suas atividades pedagógicas, sem que haja de

fato um planejamento pedagógico específico para tal.

Diante do exposto e em face das dificuldades do educador infantil, será que o brincar é

verdadeiramente valorizado por estes profissionais? Com que frequência o ato do brincar e a

Page 395: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

11

escolha dos materiais lúdicos são reservados como uma atividade pedagógica? De que

maneira os professores se envolvem nas atividades lúdicas?

De acordo com Rocha (2000) cabe ao professor organizar o brincar, sendo necessário

que ele conheça suas particularidades e elementos estruturais, bem como as premissas

necessárias para seu surgimento e desenvolvimento. Por conseguinte, Leif e Brunnelle (1978),

afirmam que é indispensável assegurar a presença das atividades lúdicas na sala de aula com

reconhecimento do valor que lhes corresponde à presença de professores que saibam brincar.

Assim, acredita-se que os cursos de formação de professores precisam assumir outra forma de

pensar ementas, objetivos, conteúdos, relação professor e aluno, especialmente metodologias

e práticas pedagógicas, revendo reflexivamente todo o currículo dos cursos, visando

igualmente a uma formação lúdica. Inclusive, nas conversas informais acerca dessa temática,

presenciei várias queixas dos docentes a respeito da ausência de preparo prático na formação

profissional, fato que interfere negativamente a utilização do brincar como recurso didático.

Portanto, faz-se necessário repensar formas e métodos, de formação inicial e

continuada dos profissionais da educação infantil, no sentido de assegurar-lhes uma

fundamentação teórica sólida, que lhes dê suporte para trabalhar o lúdico como um recurso

pedagógico de maneira alegre e prazerosa. Neste sentido, é importante ressaltar que a

educação lúdica está muito distante da concepção ingênua de ‘passatempo’, pelo contrário, as

técnicas lúdicas são valiosas ferramentas pedagógicas que devem ser utilizadas pelos

educadores com a finalidade de favorecer o aprendizado saudável da criança, por meio da

criatividade, alegria e prazer. Como afirma Sneyders: “Educar é ir em direção à alegria”

(1996, p.36).

Convém destacar ainda que, para utilizar as brincadeiras com a devida “seriedade

educativa”, o professor precisa compreender que a dimensão do brincar ultrapassa as questões

de ordem cognitivas. Ou seja, o ato de brincar é uma atividade humana e, portanto, ele deve

considerar a evolução deste processo ao desenvolvimento infantil (WASSERMANN, 1990).

Apesar do reconhecimento e valor dado as atividades lúdicas, no processo educativo,

pelos grandes teóricos da área, como Rousseau (1968), Vygotsky (1987) e Piaget (1998), o

que se observa, na maioria das vezes, é que as atividades lúdicas são realizadas sem o

planejamento adequado à especificidade de cada sala de aula. Para Vygotsky:

Page 396: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

12

Os educadores devem organizar todas essas ações e todo o complexo processo de

transição de um tipo de linguagem escrita para outro. Devem acompanhar esse

processo através de seus momentos críticos até o ponto da descoberta de que se pode

desenhar não somente objetos, mas também a fala. Se “quiséssemos resumir todas

essas demandas práticas e expressá-las de uma forma unificada, poderíamos dizer o

que se deve fazer é, ensinar às crianças a linguagem escrita e não apenas a escrita de

letras” (VYGOTSKY, 1987, p.134).

E, embora seja algo bastante utilizado nas práticas pedagógicas de educação infantil,

continua a ser utilizado de forma inconsciente e recreativa, sem a intencionalidade necessária

à prática docente.

De acordo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB: Lei 9.394/96), em

seu Artigo 11º, Capítulo V, é competência dos Municípios:

Oferecer a Educação Infantil em creches e pré-escolas, com prioridade, o ensino

fundamental, permitida a atuação em outros níveis de ensino somente quando

estiverem plenamente atingidas as necessidades de sua área de competência e com

recursos acima dos percentuais mínimos vinculados pela Constituição Federal à

manutenção e desenvolvimento do ensino.

Mediante este contexto, apresentamos as seguintes questões: Será que os professores

da educação infantil utilizam o lúdico de forma consciente e planejada? Será que eles têm

embasamento teórico suficiente para trabalhar com o lúdico de forma eficiente e satisfatória?

Será que eles se sentem preparados para desenvolver os conteúdos curriculares da Educação

Infantil na perspectiva do lúdico? Qual a concepção do professor de se trabalhar o lúdico na

educação infantil?

Diante disso, o objetivo geral deste trabalho é: Verificar se os professores da

educação infantil utilizam o lúdico de forma consciente e planejada em suas práticas. Para

tanto, apresentamos os seguintes objetivos específicos: Refletir se os professores têm

embasamento teórico suficiente para trabalhar o lúdico de forma eficiente e satisfatória as

suas necessidades; Identificar as dificuldades apresentadas pelos professores na utilização do

lúdico em suas praticas; Conhecer qual o entendimento do professor para trabalhar o lúdico na

educação infantil.

Em linhas gerais, trata-se de uma pesquisa de campo, cujo percurso metodológico

pautou-se no estudo exploratório, do tipo descritivo e, o universo da pesquisa, compreende

uma escola pública de educação infantil e ensino fundamental da rede municipal do

Page 397: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

13

Conde/PB. Participaram deste estudo apenas dois sujeitos, por serem estes os professores da

educação infantil da referida instituição.

Acerca da estrutura deste trabalho, buscou-se, na introdução, fazer uma breve

exposição da temática relacionada a experiência profissional, ressaltando motivação e

inquietações, bem como as questões norteadoras e os objetivos propostos para o

desenvolvimento da pesquisa. Na sequência, exploramos o lúdico na educação infantil, o

conceito, o histórico e os benefícios do lúdico na Educação Infantil, inclusive a questão da

formação do professor na perspectiva lúdica. No capítulo 3, apresentamos o caminho

metodológico, o delineamento da pesquisa, o cenário de estudo, os sujeitos estudados e os

instrumentos utilizados para a coleta dos dados. No capítulo 4, discorremos sobre a análise

dos dados, ressaltando as bases teóricas para o trabalho com o lúdico, as dificuldades

encontradas pelos professores, os teóricos que norteiam o trabalho na perspectiva lúdica e os

recursos didáticos disponíveis para a educação infantil.

A partir da análise dos dados, foram realizadas algumas considerações acerca dos

resultados, acrescidas de recomendações para futuras investigações. Ao final, apresentamos as

referências utilizadas na pesquisa, bem como os apêndices e anexos do trabalho.

Page 398: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

14

2 O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

2.1 Conceito do Lúdico

Lúdico, conforme Ferreira (2001) refere-se a jogos, brinquedos e divertimentos. Para

Bueno (2007), diz respeito a jogos ou brinquedos, que se utilizam para diversão ou lazer.

Luckesi define o lúdico como:

O modo de ser do homem no transcurso da vida; o mágico, o sagrado, o artístico, o

científico, o jurídico, o filosófico são expressões da experiência lúdica constitutiva

da vida. O lúdico é uma forma de construir a vida de maneira criativa. Com isso, a

criança cria seu próprio mundo da fantasia, sem as preocupações da vida adulta

(1994, p.51).

Por sua vez, Kuhner (1979) conceitua o lúdico como aquilo que caracteriza toda a

atividade infantil. Segundo este autor, no lúdico, encontram-se inúmeros aspectos que o

homem percebe em si e na realidade que o cerca, sendo o aprendizado de uma nova realidade

e o caminho possível de uma descoberta. Considera também como um exercício para uma

vontade de poder e autoafirmação, servindo à realização de desejos. Para Huizinga (2000), o

lúdico é compreendido como elemento da cultura e objeto da história e educação.

Neste contexto, é possível compreender o lúdico como uma forma de construir a vida,

caracterizado como uma atividade humana que apresenta caminhos possíveis para novas

descobertas.

2.2 Breve histórico do Lúdico na Educação Infantil

O lúdico tem sua origem na palavra latina "ludus" que quer dizer "jogo”. Se este

estivesse preso a sua origem, o termo lúdico estaria se referindo apenas ao jogar, ao brincar,

Page 399: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

15

ao movimento espontâneo. O lúdico passou a ser reconhecido como traço essencial de

psicofisiologia do comportamento humano. Assim a definição deixou de ser o simples

sinônimo de jogo. As implicações da necessidade lúdica extrapolaram as demarcações do

brincar espontâneo (ALMEIDA, 2011).

Kishimoto (1998) afirma que desde a Grécia antiga e em Roma já existiam os jogos

educativos. No século XIX o ensino de línguas é destacado pelo desenvolvimento comercial e

pela expansão dos meios de comunicação e surgem os jogos para o ensino de línguas.

Estudiosos como Fröebel (1917), Montessori (1965) e Decroly (1909) dentre outros

elaboraram pesquisas a respeito da 1ª infância, trazendo grandes contribuições à educação

sobre o seu desenvolvimento. Estes foram os pedagogos pioneiros a romper com a educação

verbal e tradicionalista da época inaugurando um período da história onde as crianças

passaram a ser respeitadas e compreendidas enquanto seres ativos. Nos seus estudos os

mesmo sugeriram uma educação sensorial, à base de jogos e materiais didáticos e

manipulativos. Importa ressaltar ainda que um dos autores que mais se aprofundou no

assunto, estudando o jogo em diferentes culturas e línguas, foi Huizinga (2000). Esse autor

estudou as aplicações do jogo na língua grega, línguas hebraicas, latim, inglês, chinês,

japonês, alemão, holandês, entre outras. Ele conferiu a origem da palavra em português que

significa “jogo”; em italiano “gioco”; em francês “jeu”; em espanhol, “juico” e em latim

“jocus” , cujo sentido agregava apenas gracejar ou traçar.

De acordo com Piaget (1973), os jogos e as atividades lúdicas tornaram-se

significativas à medida que a criança se desenvolve, com a livre manipulação de materiais

variados, ela passa a reconstituir e/ou reinventar as coisas, o que já exige uma adaptação mais

completa. Essa adaptação só é possível, a partir do momento em que em que ela própria

evolui internamente, transformando essas atividades lúdicas, que é o concreto da vida dela,

em linguagem escrita que é o abstrato.

Para Melo (2005), os estudos a respeito de atividades lúdicas podem comprovar que

o jogo, consiste em fonte de prazer e descoberta para o aluno, bem como é a tradução do

contexto sócio histórico refletido na cultura, podendo contribuir significativamente para o

processo de construção do conhecimento do aluno como mediador da aprendizagem. Ou seja,

aprender e ensinar brincando, enriquece as visões do mundo e as possibilidades de

relacionamento e companheirismo, de socialização e troca de experiências, de conhecimento

do outro e respeito às diferenças e de reflexão sobre as ações.

Page 400: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

16

Assim, pode-se dizer que o lúdico consiste em importante instrumento de trabalho no

qual professor, deve oferecer possibilidades para a elaboração do conhecimento, respeitando

as diversas singularidades. Vale salientar que essas atividades, quando bem exploradas,

oportunizam a interlocução de diversos saberes.

Segundo Vygotsky (1984), o discente exerce um papel ativo no processo de

aprendizagem, por apresentar condições de relacionar o novo conteúdo a seus conhecimentos

prévios, e o docente se torna o responsável por criar zonas de desenvolvimento,

proporcionando condições e situações para que o aluno transforme e desenvolva em sua

mente um processo cognitivo mais significativo. Nesse sentido, aprender e ensinar brincando,

enriquece as visões do mundo e as possibilidades de relacionamento e companheirismo, de

socialização e troca de experiências, de conhecimento do outro da reflexão sobre a ação e do

respeito às diferenças.

Machado (1966) por sua vez, comenta que o jogo não é qualquer tipo de interação,

mas, uma atividade com traço fundamental de papéis sociais e as ações destes, derivadas em

estreita ligação funcional com as motivações e o aspecto propriamente técnico-operativo da

atividade. Assim, o autor aponta que o papel fundamental das relações humanas envolve os

jogos infantis.

2.3 Benefícios do Lúdico na Educação

Seguindo a linha de pensamento de Teixeira (1995), várias são as razões que levam os

educadores a recorrer às atividades lúdicas e a utilizá-las como um recurso no processo de

ensino-aprendizagem: impulso natural da criança; prazer e o esforço espontâneo; mobilizam

esquemas mentais; aciona as esferas motoras e cognitivas, dentre outros. Para ele, a

ludicidade é uma “atividade que tem valor educacional e deve ser utilizada como recurso

pedagógico” (1995, p. 23). De acordo com esse autor, a ideia de unir o lúdico à educação

surgiu desde 1632, com o educador Jonh Amos Comenius, através da sua obra Didactica

Page 401: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

17

Magna, cuja premissa pregava a “utilização de um método prático de ensino”, baseado na

natureza e recomendava a prática de jogos, devido ao seu valor formativo (1985, p. 39).

Para Santos (2001), a educação pela via da ludicidade propõe-se a um novo sistema de

aprender brincando, inspirado numa concepção de educação para além da instrução. No

entanto ele ressalta que nem todo jogo pode ser visto como material pedagógico, por isso, é

muito importante que o professor compreenda que um jogo ou uma técnica recreativa devem

ser aplicados em vista de um benefício educativo.

Isto significa dizer que, mais do que um passatempo, o jogo ou atividade lúdica é,pois,

um elemento indispensável para o processo de ensino-aprendizagem. Segundo Vygotsky:

A aprendizagem e o desenvolvimento estão estritamente relacionados, sendo que as

crianças se inter-relacionam com o meio, internalizando o conhecimento advindo de

um processo de construção (1984, p. 103).

Em outras palavras reflete, a Educação pelo jogo deve, portanto, ser a preocupação

básica de todos os professores que têm intenção de motivar seus alunos ao aprendizado

(TEIXEIRA, 1995).

De acordo com Bramante (1997), o lúdico constitui-se em um fator importante na

construção da cidadania, pois procura desenvolver no ser humano a respeitabilidade,

contribuindo dessa forma para a melhoria de vida, podendo ser considerado uma oportunidade

privilegiada de desenvolvimento pessoal e social, perante os aspectos de prazer e liberdade.

O ato de brincar, portanto, contém uma riqueza inesgotável e aprendizagem pelo viés

da curiosidade/descoberta com prazer e inventividade própria do ser brincante/aprendiz.

Assim, o modo como a criança manipula os brinquedos leva-a para o mundo da imaginação,

através da exploração indagadora sobre o conteúdo que a mesma manipula. Este momento de

vivência lúdica é significativo para a elaboração de relações saudáveis no seu mundo real

(MARTINS; CARVALHO, 2009).

Nessa perspectiva, Schwartz (2004) acrescenta que os conteúdos lúdicos perpassam as

atividades de lazer e não se limitam somente ao ato que diversão e recreação, mas atuam

plenamente como elemento educativo, fazendo com que o ser humano possa, da forma mais

descontraída possível, aprender conteúdos que possam enriquecer seu desenvolvimento

Page 402: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

18

intelectual e social, sendo o lúdico considerado como parte integrante do processo de

construção social e cultural de qualquer indivíduo. Por conseguinte, Moyles (2002) alerta que

as experiências do brincar proporcionam um modo experimental de confirmar ou negar as

conexões que fazemos com o nosso mundo e toda experiência dentro desse modo é

confirmada ou negada na encenação da experiência. Ela escreve que a possibilidade de

brincar de maneira livre ou intencional pode proporcionar um aprendizado de maneira ativa

pelas quais o ser humano será capaz de resolver/compreender/solucionar problemas, como por

exemplo:

1. Oportunidade de identificar, reconhecer e entender as propriedades dos materiais,

compreender a natureza.

2. Descobrir e distinguir elementos e características semelhantes e diferentes, e

combinar, separar, classificar.

3. Discutir com o grupo de pares as suas explorações e aprender a partir de outras

crianças e adultos.

4. Juntar coisas e separá-las.

5. Aprender sobre as próprias preferências, desagrados e capacidades.

6. Aprender a lidar com frustração quando as coisas não acontecem conforme o

planejando.

7. Aprender que é necessário tempo para realizar e completar uma tarefa ou chegar a

um resultado desejado;

E, ainda acrescenta que o brincar leva naturalmente à criatividade, pois facilita em

todos os níveis do brincar a possibilidade das crianças usarem diferentes habilidades e

processos que proporcionam oportunidade de seres criativos, além de obter a solução de

problemas já explorados e das habilidades de coordenação, manipulação vital para expressão

física e outros meios (MOYLES, 2002, p.76-77).

Porém, todos nós precisamos de certa motivação para expressar, de alguma maneira, a

criatividade que é inerente e latente. Desse modo, faz-se necessário reunir e compartilhar

esforços e experiências no que diz respeito ao uso do lúdico no contexto escolar. Sabe-se que

muitos docentes direcionam seus trabalhos em uso prático do lúdico como arranjos de flores,

decoração, jardins, culinária, costura, e outros preferem trabalharem através do desenho,

pinturas, poesias, levando as crianças a uma viagem pelo mundo da arte e do conhecimento.

Sem dúvida, é um desafio à educação. No entanto, é fundamental averiguar quais valores

Page 403: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

19

estão nessas vivências lúdicas e como se deve proceder, na arte de brincar e de vivenciar o

brinquedo, fazendo que com que estes visem à humanização do homem.

Serejo (1999) diz que é imprescindível respeitar e procurar compreender os valores

culturais e individuais de cada criança, pois o brincar não é neutro ou desinteressado e sempre

estará acompanhado de valores e significados que precisam ser analisados, compreendidos,

repensado e quem sabe até, modificados. Assim, devemos prestar atenção não somente no

espaço material, mas também na dimensão educativa que ele contém, pois um ambiente

construído, a cada passo exerce um impacto direto e simbólico sobre as pessoas. Assim, para

se trabalhar com o lúdico é importante a construção do espaço material, bem como o contexto

discente em que se encontra a comunidade educativa.

Barbosa e Horn (2001) afirmam que o espaço é fundamental para ajudar no

desenvolvimento motor, sensorial, lúdico, e das fronteiras do eu e do não eu. Já Vygotsky

(1984) na sua visão sócio interacionista de desenvolvimento apoia-se na ideia de interação

entre o homem e o meio ambiente e essa interação leva mudanças sobre o homem, pois

quando o indivíduo modifica o ambiente através de seus comportamentos, essas modificações

irão influenciar suas atitudes futuras.

2.4 A Formação do Professor na perspectiva do lúdico.

Na Legislação vigente, conforme se lê na Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional (LDB - Lei n° 9394/96), Seção II – página 16, que trata da Educação Infantil, temos:

Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como

finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus

aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família

e da comunidade.

Art. 30. A educação infantil será oferecida em:

I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade;

II - pré-escolas, para as crianças de quatro a seis anos de idade.

Art. 31. Na educação infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e

registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso

ao ensino fundamental.

Page 404: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

20

Ou seja, a educação infantil além de ser considerada a primeira etapa da educação

básica e modalidade específica de ensino, é assegurada por lei, como um direito da criança e

dever do estado e da família. Neste contexto, convém ressaltar que o Referencial Curricular

Nacional para Educação Infantil - RCNEI (1998), documento orientador para esta modalidade

de ensino, especifica em suas diretrizes, os vários aspectos que devem ser contemplados,

especialmente, contemplando o brincar como atividade especifica da educação infantil.

De acordo com o RCNEI (ibid), a qualidade das experiências oferecidas na educação

infantil que podem contribuir para o exercício da cidadania, devem respeitar as

especificidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas das crianças, sobretudo, com base

nos seguintes princípios:

O respeito à dignidade e aos direitos das crianças, considerando suas

diferenças individuais, sociais, econômicas, culturais, étnicas, religiosas, etc.;

O direito das crianças a brincar, como forma particular de expressão,

pensamento, interação e comunicação infantil;

O acesso das crianças aos bens sócios culturais disponíveis, ampliando o

desenvolvimento das capacidades relativas à expressão, à comunicação, à

interação, ao pensamento, à ética e à ciência (BRASIL, 1998).

A socialização das crianças por meio de sua participação e inserção nas mais

diversificadas práticas sociais e o atendimento aos cuidados essenciais, associados à

sobrevivência e ao desenvolvimento de sua identidade, promovem nas crianças o exercício da

cidadania.

Neste sentido, Rousseau (1968) escreve que as crianças têm sua própria maneira de ver,

sentir e pensar e só aprendem através da conquista ativa, assim sendo, quando elas participam

de um processo que corresponde à sua alegria natural. Cabe ressaltar que o educar significa,

portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma

integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação

interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e

confiança, e o acesso, pelas crianças aos conhecimentos mais amplos da realidade social e

cultural. Portanto, neste processo, a educação poderá auxiliar o desenvolvimento das

capacidades de apropriação e conhecimento das potencialidades corporais, afetivas,

emocionais, estéticas e éticas, na perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes

e saudáveis.

Page 405: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

21

Desde modo, entende-se que trabalho com o lúdico está contemplado tanto no

Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil quanto na Lei das Diretrizes e Bases

da Educação Nacional, cabendo, pois, aos docentes e gestores se aproveitarem ao máximo de

ambientes e situações familiares para proporcionar uma maior variedade de oportunidades e

vivências pela criança, estimulando sua sociabilidade e aprendizado sobre o mundo que a

cerca. Assim, as creches e pré-escolas, que têm a função de educar as crianças nas suas

múltiplas necessidades, devem utilizar as brincadeiras e os jogos como ferramentas de

aprendizagem e de favorecimento para o desenvolvimento infantil.

Segundo Maia (2009), podemos observar que estas ferramentas proporcionam uma ação

voluntária e que por si só já predispõem a criança para a aprendizagem, além de impor limites

no que diz respeito a tempo, espaço e regras, também contribuindo para o espírito de

criatividade, cooperação, formação da autoestima e do autoconhecimento. Vygotsky (1984)

afirma que apesar de importante, a atividade espontânea e individual da criança não é

suficiente para a apropriação dos conhecimentos acumulados pela humanidade, devendo ser

levado em consideração a importância da intervenção do docente que é entendido como o

condutor do processo, atuando na zona de desenvolvimento proximal do discente, provocando

avanços que não ocorrerão espontaneamente. Além disso, Rios (2002) afirma que,

independente da atividade lúdica proporcionar a constituição de diversos saberes, somente a

articulação das várias habilidades necessárias à docência faz um professor competente. Ela

acrescenta que as competências que o professor deve possuir são: técnica, estética, política e

ética. Esse é o conjunto de quatro componentes que define a competência. Portanto, faz-se

necessário que desde a sua formação, o docente obtenha preparo teórico e prático para realizar

as atividades lúdicas considerando as particularidades de cada escola e podendo criar

condições em que se possa ter uma atitude de reflexão crítica acerca do lúdico em sala de

aula.

Para Fortuna (2001), o professor que trabalha inspirado na ludicidade, não

necessariamente aplica uma aula com jogos, mas, apresenta características do brincar no seu

modo de ensinar, na seleção dos conteúdos e no papel em que ele oferece ao aluno. Ele

renuncia a centralização, a onisciência, o controle onipotente e reconhece o aluno como

sujeito ativo do processo ensino aprendizagem, na qual a espontaneidade e criatividade são

constantemente estimuladas. O que significa dizer que um educador comprometido com a

pedagogia da infância necessita buscar diversas formas inovadoras para oportunizar

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22

aprendizagens (educar) que sejam significativas no universo da criança ao mesmo tempo, que

assegure o seu bem estar (cuidados). Assim, será preciso exercitar o espírito lúdico do

professor para que esse interaja com as crianças através de brincadeiras e jogos, utilizando

situações da vida diária, assumindo dessa forma diferentes papéis onde serão criados vínculos

e relações entre os diversos acontecimentos da cultura infantil e do adulto.

Estes autores afirmam que para a preparação das fases mais complexas do processo de

escolarização, é preciso ações educativas inovadoras, garantindo a motivação da criança desde

a sua mais tenra idade. Portanto, é necessário que o educador planeje situações educativas que

envolvam ludicidade, criatividade e interatividade no processo “cuidar e educar”, relacionado

a crianças pequenas.

Page 407: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

23

3 CAMINHO TEÓRICO - METODOLÓGICO

3.1 Delineamento da pesquisa

Trata-se de uma pesquisa de campo, exploratória, descritiva, pautada em uma

abordagem qualitativa, cujos instrumentos para a coleta de dados deu-se por meio da

aplicação de um questionário misto, com questões abertas e fechadas, além dos registros das

observações no diário de campo.

De acordo com Nascimento (2002), a pesquisa exploratória tem como objetivo

permitir um aprofundamento maior sobre o tema ou questões com as quais o pesquisador não

esteja ainda muito familiarizado ou que disponha de poucas informações. Por sua vez,

Moreira e Caleffe (2006) afirmam que o valor da pesquisa descritiva baseia-se na premissa de

que os problemas podem ser resolvidos por meio da observação objetiva, da análise e da

descrição.

Nessa mesma perspectiva, Minayo (2006), descreve a abordagem qualitativa como

uma atividade da ciência que visa à construção da realidade, mas que se preocupa

fundamentalmente com as ciências sociais em um nível de realidade que não pode ser

quantificado. Ou seja, trabalha com o universo de crenças, valores, significados e outros

construtos profundos das relações que não podem ser reduzidos à operacionalização de

variáveis.

3.2 Cenário

A pesquisa foi realizada em uma Escola da rede pública do município de Conde/PB,

que se localiza no centro da cidade. A Escola é instalada em um prédio residencial, e oferece

o Ensino Fundamental e Infantil nos turnos da manhã e tarde; e à noite, a modalidade de

Educação de Jovens e Adultos – EJA. Sua dependência administrativa está composta de uma

sala de diretoria que serve também para as reuniões de professores e secretária.

Trabalham na instituição: Corpo administrativo: 1 diretor; 03 vice-diretores que

atendem aos 3 turnos. O corpo pedagógico é composto de: 01 supervisor, 01 orientador. O

Page 408: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

24

corpo docente é composto de 26 professores. Pessoal de apoio: merendeira – 05, vigilante- 01,

auxiliar de limpeza – 08.

Essa Instituição oferece serviços pedagógicos com supervisão e orientação. Como

serviços multimeios a escola dispõe de uma sala de informática. Quanto a recursos e

equipamentos de uso didático-pedagógico a instituição possui: Tv, vídeo, micro system,

microcomputador, retroprojetor e o antigo e tão conhecido mimeógrafo.

As dependências gerais da escola estão compostas de uma cozinha, quatro sanitários,

sete salas de aula amplas, porém não arejadas. Esta escola não dispõe de espaço suficiente

para comportar as crianças existentes na comunidade, sendo assim ela aluga um prédio

pertencente à Igreja católica que lhe serve de anexo. E é neste anexo que funcionam as duas

salas da educação infantil e parte do Fundamental I.

De acordo com as informações fornecidas pela Instituição o Plano Político Pedagógico

encontra-se num momento de reconstrução, onde estão sendo realizadas algumas reuniões por

segmento e estão sendo feitas muitas reflexões sobre a metodologia, a avaliação, participação

e a definição da base teórica que permeia o fazer pedagógico da equipe. O Conselho

Deliberativo da escola é organizado por representação de cada segmento, inclusive da

comunidade do seu entorno e sempre que solicitada, a escola abre as suas portas para atender

a comunidade, inclusive, serve de espaço físico para a comunidade evangélica local realizar

seus encontros e cultos religiosos. Nota-se que os recursos humanos e físicos são potenciais

utilizados para integrar e envolver a comunidade local.

3.3 Sujeitos

Participaram deste estudo dois professores de educação infantil, que atuam na escola

há mais de 10 anos. Neste trabalho, os participantes foram nomeados como sujeito A e sujeito

B. O sujeito A é formado em pedagogia e letras e tem especialização em meio ambiente e o

sujeito B é formado em pedagogia. Justifica-se a utilização de apenas dois sujeitos neste

estudo por ser o número total de professores da educação infantil da referida instituição.

3.4 Instrumentos

Para coletar as informações necessárias à pesquisa de campo, foi utilizado um

questionário misto, contendo perguntas fechadas e abertas, voltadas para os objetivos do

estudo. Para Gil (2002, p.114), questionário é um conjunto de questões que são respondidas

Page 409: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

25

pelo sujeito pesquisado. Este autor afirma ainda que estes podem conter tanto questões

fechadas (com alternativas de respostas a serem escolhidas) como questões abertas, de livre

resposta.

3.5 Procedimentos

A coleta de dados foi realizada durante o mês de maio do corrente ano na própria

escola, de acordo com a disponibilidade de horários dos participantes da pesquisa. Antes de

iniciar a coleta foi esclarecido para as participantes os objetivos do trabalho, a sua importância

no mesmo, e a apresentação do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, o qual foi

assinado, sem nenhuma objeção. O segundo momento foi a realização da pesquisa, em que foi

esclarecida a finalidade do estudo, garantia do anonimato e procedimento para coleta, ficando

a pesquisadora à disposição dos entrevistados para quaisquer dúvidas sobre a pesquisa.

Foi aplicado um questionário com 07 questões mistas de múltipla escolha e com

possibilidade de justificativa de resposta e, posteriormente, foi feito o aprofundamento delas

por meio de uma entrevista semiestruturada que, segundo Marconi e Lakatos (2009, p. 198) se

trata de uma conversação efetuada face a face, de maneira metódica; proporciona ao

entrevistado, verbalmente, a informação necessária. Onde o entrevistador tem liberdade de

desenvolver cada situação em qualquer direção que considere adequada. A entrevista foi

marcada antecipadamente, de acordo com o horário conveniente para os participantes do

estudo.

Importa lembrar que o questionário foi aplicado no dia 16 de maio do corrente ano e

tomando como base as respostas apresentadas e a entrevista no dia 20 do mesmo, com a

finalidade de aprofundar as questões.

Durante a entrevista foi observado que os participantes deste estudo, apesar de

apresentarem “boa vontade” em responder as questões, infelizmente não dispunham de espaço

tranquilo com disponibilidade de tempo necessário para atender a esse objetivo. Assim, as

entrevistas ocorreram em um ambiente agitado e barulhento, onde as participantes dividiam a

atenção entre as crianças ao mesmo tempo em que tentavam responder aos questionamentos

feitos. As entrevistas duraram em média uma hora, cada.

Page 410: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

26

4 ANÁLISE DOS DADOS

Para fins de demonstração, os dados analisados foram apresentados de forma

descritiva no intuito de se estabelecer uma melhor discussão sobre os mesmos.

4.1 Caracterização da amostra

Os dados abaixo apontam características dos dois sujeitos participantes desta pesquisa.

Os docentes pesquisados são do sexo feminino, com idade superior a 35 anos e ambas

residem na capital do Estado, João Pessoa. As professoras foram identificadas neste estudo

como Professora A e Professora B. Ambas têm o curso superior completo em Pedagogia,

sendo que a Professora A também é formada em letras e também tem Especialização em

Educação Ambiental e leciona também em uma escola da rede privada. Com relação ao

estado civil, são casadas, têm dois filhos e denominam-se católicas. As professoras exercem

atividades docentes há mais de 10 anos e ambas planejam suas aulas semanalmente.

4.2 Descrevendo o trabalho com o lúdico

Quando indagamos “Qual a concepção que os participantes tinham acerca de se

trabalhar com o lúdico na educação”, tivemos as seguintes respostas:

“De que as crianças aprendem com mais facilidade” (Professora A)

“Acredito que brincando também se aprende” (Professora B)

A partir das respostas obtidas, percebemos que as mesmas apresentam concepções que

se aproximam dos teóricos estudiosos da área. Pois, Piaget (1998) diz que a atividade lúdica é

o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança. Estas não são apenas uma forma de

desafogo ou entretenimento para gastar energia das crianças, mas meios que contribuem e

enriquecem o desenvolvimento intelectual. Por conseguinte, Teixeira (1995) afirma que são

vários os motivos que levam aos educadores a buscar as atividades lúdicas e a utilizá-las

como um recurso no processo de ensino-aprendizagem.

Page 411: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

27

Dessa forma, pode-se comentar que as atividades lúdicas correspondem a um impulso

natural da criança, e neste sentido, satisfazem uma necessidade interior, pois o ser humano

apresenta uma tendência lúdica, facilitando assim o processo de ensino-aprendizagem.

4.3 Bases teóricas para o trabalho com o lúdico

Ao questionar se os participantes do estudo “tiveram em sua formação embasamento

teórico suficiente para trabalhar o lúdico de forma eficiente e satisfatória”, uma delas

respondeu: “Sim, através da formação continuada” (Professora A).

A outra participante respondeu da seguinte forma:

“Não. Porque apesar de estudar sobre os teóricos que falam sobre a importância do

lúdico, senti falta durante a minha formação de um direcionamento para o lúdico. A

minha trajetória começou com educação de jovens e adultos. No começo senti um

impacto na mudança para educação infantil. Mas depois me adaptei perfeitamente e

hoje estou realizada. Pois sou uma pessoa que não tenho vergonha de me expor,

gosto de brincar, pular, dançar, quando estou junto com as minhas crianças

também me torno uma criança. Mais isso em mim é espontâneo. Mesmo não tendo

essa formação tão necessária, estou sempre procurando inovar meus

conhecimentos, buscando trabalhar o lúdico da melhor maneira possível, e sei que o

lúdico traz aprendizagens significativas para as crianças e faz parte do mundo da

criança onde ela cria e recria suas fantasias através das brincadeiras” (Professora

B).

Percebemos, pois, à necessidade de inserir, de maneira mais envolvente, a temática da

ludicidade na formação dos docentes. Além disso, percebe-se claramente uma busca por

maiores conhecimentos acerca da temática, especialmente, por atividades mais

contextualizadas e especificas para essa modalidade de ensino.

Diante do exposto, concordamos com Lombardi (2005) quando propõe a construção

de atitude lúdica docente por meio de participação ativa do futuro professor em disciplinas de

caráter lúdico, que devem ser inseridas no processo formativo do docente, ao logo do curso de

formação. De acordo com este autor, as consequências da prática educativa lúdica somente

poderão existir se houverem experiências que aprofundem o estudo da dimensão lúdica.

Page 412: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

28

4.4 Teóricos que norteiam o trabalho da educadora na perspectiva lúdica

Nas conversas informais com as professoras desta pesquisa identificamos que os

autores trabalhados por elas são os famosos Piaget e Vygotsky.

Piaget (1998) estudou empiricamente o jogo como elemento coadjuvante do processo

evolutivo da criança e sua capacidade socializadora. Ele afirma que jogo é essencial na vida

da criança, pois através dele a criança se apropria daquilo que percebe da realidade, porém o

mesmo não é determinante nas modificações das estruturas, mas pode transformar a realidade.

Por sua vez Vygotsky (1984) dá ênfase ao aspecto cognitivo do jogo, ou seja, o ser

humano se desenvolve a partir do aprendizado, que envolve a interferência direta ou indireta

de outros seres humanos. O mesmo postula sobre o faz de conta, afirmando que as maiores

aquisições das crianças são conseguidas no brinquedo.

Os autores supracitados afirmam que o jogo é um elemento fundamental na nossa

inserção no mundo oferecendo aos professores uma possibilidade de intervenção dentro de

faixas etárias, permitindo o uso de jogos da forma mais racional possível.

4.5 Dificuldades em se trabalhar com o lúdico na sala de aula

Com relação às dificuldades em trabalhar na perspectiva lúdica, seguem as respostas:

Trabalhar com o lúdico requer muita espontaneidade, pois é um trabalho que

necessita de materiais e que muitas vezes não temos e precisa ser improvisado. E

que todo o material para se trabalhar o lúdico é disponibilizado por mim que compro

ou confecciono Ex: massa de modelar, fantoches, lápis de pintar, jogos, cordas,

bolas, livros de literatura infantil entre outros. E estas aulas que envolvem o lúdico

são feitas no máximo 2 vezes por semana, porque moro em outra cidade, e se torna

muito cansativo para mim trazer esses materiais, visto que em minha sala não existe

um armário para que eu possa guardar esse material. Além da falta de material, a

carência da comunidade requer do professor habilidades para que possa através de

brincadeiras de rodas, contos, desenhos, fantoches e confecção de brinquedo, e a

partir daí desenvolver com as crianças atividades para que elas tenham um

aprendizado de qualidade. E é preciso saber respeitar o grau de individualidade de

cada criança, pois cada criança tem um ritmo diferente de aprendizagem. (Professora

A).

Já a segunda professora respondeu: “a única dificuldade é a falta de recursos

didáticos oferecidos pela escola” (Professora B). Diante disso, observamos que as

dificuldades apontadas pelas professoras são as mesmas – a falta de recursos didáticos

oferecidos por parte da escola.

Page 413: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

29

Diante dessa realidade, Bittencourt e Ferreira (2002) afirmam que o professor deverá

reconhecer além do material educativo, a força do material humano, constituído pelo

movimento das relações como um meio insubstituível para afirmar certas percepções e

desenvolver algumas formas de atenção, no sentido de por em jogo aspectos da inteligência, e

assim realizar o sonho da criança de, ao caminhar para a escola, encontrar um amigo que se

preocupa com ela, fazendo-a sorrir e aprender ao mesmo tempo.Ou seja, a utilização de

poucos recursos didáticos em sala de aula, inicialmente parece ser uma tarefa difícil para o

docente, porém quando bem discutidos e estudados, os conceitos que envolvem a atividade

lúdica e suas regras, os alunos acabam brincando com o conhecimento sem perceber, e o

professor desenvolve suas ações com bom desempenho.

No entanto, é imprescindível o comprometimento do professor com a atividade, pois

sem o conhecimento e planejamento da mesma, o docente não conseguirá se colocar como

mediador do processo de ensino aprendizagem e a atividade perderá o sentido educativo.

4.6 Recursos didáticos e atividades utilizadas na perspectiva lúdica.

Sobre os recursos didáticos e as atividades para se trabalhar a ludicidade com as

crianças, obtivemos como respostas:

A sala de aula da educação infantil deve ser equipada para acolher as crianças num

clima agradável. Equipadas com materiais, brinquedos, cantinho de leitura com

almofadas, vários livros para eles manusearem, TV, DVD. Mas infelizmente não

encontramos este mundo tão necessário na rede municipal e estadual e sim na rede

privada. Trabalho com o lúdico em minhas aulas, através do ato de contar histórias e

de fantoches, músicas, brincadeiras de roda (Professora A)

Procuro trazer ou peço às pessoas que conheço materiais como bola, brinquedos,

livros de historias infantis etc. também para inovar minhas aulas, gosto muito de

trabalhar através de poemas e músicas sempre os relacionando aos conteúdos.

Também trabalho com cantigas de rodas, trabalhos de recortes e colagem

(Professora B)

É oportuno frisar que no dia da visita, a Professora A estava contando uma história

com o uso do fantoche, depois fez perguntas sobre a história contada utilizando o fantoche.

Na referida escola o que se pode observar é que as salas de aulas possuem uma forma de

organização tradicional onde a mesa da professora se encontra à frente da classe com sua

cadeira, quadro negro e carteiras enfileiradas. Neste contexto verifica-se um entrave para

utilização do lúdico se dá a partir da organização física da sala de aula onde o espaço foi

planejado apenas para o aprendizado formal e tradicionalista. Porém, a professora buscou

Page 414: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

30

outro espaço da escola (pátio) para trabalhar a história com o fantoche com as crianças em

forma de círculo. As crianças demonstraram muita satisfação e alegria. Foi um momento

muito prazeroso para elas. Também foi observado que o tempo para essas atividades é

bastante restrito. Percebi que ela divide esse espaço de tempo em suas atividades entre o

método tradicional e o construtivista, pois é cobrado dela que as crianças copiem atividades

do quadro, e sejam quase alfabetizados durante a educação infantil.

Em relação à professora B, considerada uma ‘’amante da poesia’’(segundo a própria),

no dia da minha visita estava explorando a poesia “AS BORBOLETAS”, de Vinícius de

Moraes. Depois de recitar a poesia com as crianças, ela pediu que as crianças pintassem as

borboletas de acordo com as cores que apareciam na poesia. Então ela contou como acontece

a transformação da borboleta através de figuras de um casulo até a transformação em

borboleta. Por dispor de um pátio grande, ela levou as crianças para ver se encontrava algum

casulo, deixando as crianças bem à vontade para explorar todo o ambiente. Mas ela estava

atenta a tudo. Infelizmente nenhuma criança encontrou o tal casulo, mas a professora disse

para elas que em outro dia iam continuar procurando. Depois todos voltaram para a sala de

aula dando continuidade, explorando as cores e as letras da palavra borboleta e os nomes das

cores, colocando no quadro negro para que pudessem transcrevê-las no caderno. Houve

também recorte e colagem de figuras de borboletas.

Quando as situações lúdicas são intencionalmente criadas pelo professor, visando

estimular a aprendizagem, revela-se então à dimensão educativa, assim, entendemos que a

criatividade é uma das habilidades que o docente deve ter/desenvolver para se tirar das

atividades o máximo de aproveitamento no processo ensino aprendizagem. Para Piaget

(1998), a criatividade está extremamente ligada às artes, à linguagem e ao desenvolvimento da

representação e do simbolismo. O brincar simbólico tem relação com a ordem e favorece o

desenvolvimento das habilidades de planejamento. Ele eventualmente leva ao início do

brincar e dos jogos baseados em regras. O mesmo autor comenta que os professores podem se

guiar quando lhes proporcionam os materiais apropriados, mas o essencial é que, para que

uma criança entenda, deve construir ela mesma, deve reinventar. Cada vez que ensinamos

algo a uma criança estamos impedindo que ela descubra por si mesma. Assim, aquilo que

permitimos que descubra por si mesma permanecerá com ela.

Diante disto, o professor deverá ser o facilitador ao invés do direcionador do processo

ensino aprendizagem., conforme visa à educação infantil.

Convém lembrar que os primeiros pedagogos a romper com a educação verbal e

Page 415: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

31

tradicionalista, segundo Souza (2002), foram Friedrich Fröebel (1782- 1852), Maria

Montessori (1870- 1909) e Ovide Decroly (1871- 1932) iniciando um período da história

onde as crianças passaram a ser respeitadas e compreendidas enquanto seres ativos, propondo

uma educação sensorial, baseada na utilização de jogos e materiais didáticos e manipulativos.

Page 416: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

32

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Este estudo teve como objetivos refletir se os professores têm embasamento teórico

suficiente para trabalhar o lúdico de forma eficiente e satisfatória as suas necessidades,

Identificando as dificuldades apresentadas pelos professores na utilização do lúdico em suas

práticas para conhecer qual o entendimento do professor sobre o trabalho com o lúdico na

educação infantil.

A partir dos resultados levantados, constatou-se que os professores têm embasamento

teórico suficiente para trabalhar o lúdico de forma eficiente e satisfatória nas suas

necessidades, porém uma docente apresenta uma necessidade referente à capacitação

permanente relacionada à prática da ludicidade.

A dificuldade referida pelas professoras na utilização do lúdico em suas práticas foi a

falta da oferta de recursos didáticos por parte da escola, porém observamos que as mesmas

buscam dinamizar as aulas com os recursos que tem em mãos, criando situações e estratégias

que colaboram no processo ensino aprendizagem através do lúdico.

As professoras reconhecem a importância de se trabalhar o lúdico na educação

infantil, uma vez que as mesmas afirmaram que as crianças aprendem com mais facilidade

através da brincadeira e aplicam esse conhecimento na prática.

Assim, reconhecemos a necessidade de se oportunizar para os docentes recursos

didáticos, bem como estrutura física de sala de aula pois só assim maior será a chance deste

profissional trabalhar com a criança de forma prazerosa, favorecendo um desempenho de

excelência por parte do docente no processo ensino aprendizagem através do lúdico e um

melhor compreensão de mundo por parte das crianças.

Sugerimos também que desde a formação sejam apresentados e discutidos mais

profundamente com os futuros educadores os saberes e práticas lúdicas, favorecendo e

incentivando uma visão clara sobre a importância do jogo e do brinquedo para a vida da

criança.

O desenvolvimento deste trabalho foi muito gratificante, pois nos permitiu conhecer a

realidade do processo ensino aprendizagem de professores da educação infantil de uma escola

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33

pública através do lúdico e estes dados nos levam a buscar subsídios que alicercem ainda mais

o trabalho com a ludicidade no processo de ensino aprendizagem infantil.

Assim, identificamos que brincar é coisa séria, se constituindo em um grande desafio

para o educador infantil na construção interdisciplinar do processo ensino aprendizagem, visto

que requer dele outras habilidades que fogem da educação tradicional como: a criatividade, a

motivação, o interesse e desejo de aprender, e a sensibilidade para perceber o mundo da

criança, respeitando os limites e possibilidades das mesmas inseridas no contexto em que elas

vivem.

Page 418: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

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em:<http://www4.fct.unesp.br/pos/educacao/teses/izabel_souza.pdf> Acesso em: 09 de Abril

de 2011.

SNEYDERS, Georges. Alunos felizes. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

Page 421: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

37

SZUNDY, P. T. C. A Construção do Conhecimento do Jogo e Sobre o Jogo: ensino e

aprendizagem de LE e formação reflexiva. 2005. Tese (Doutorado em Lingüística Aplicada e

Estudos da Linguagem) – Laboratório de Estudos da Linguagem. PUC, São Paulo.

TEIXEIRA, Carlos E. J. A ludicidade na escola. São Paulo: Loyola, 1995.

VYGOTSKY, L. Pensamento e Linguagem. 3. ed., São Paulo: Martins Fontes, 1987.

VYGOTSKY, L. A Formação Social da Mente. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 1984.

WASSERMAN, Selma - Brincadeiras sérias na Escola Primária. Lisboa: Instituto Piaget,

1990.

Page 422: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

38

APÊNDICES

APÊNDICE A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Nome do (a) Pesquisador (a): Neide de Souza Maranhão Lima

Você está sendo convidado (a) para participar desta pesquisa. Ao integrar esse estudo,

estará permitindo a utilização dos dados aqui fornecidos. Você tem liberdade de se recusar a

participar em qualquer fase da pesquisa, sem qualquer prejuízo pessoal.

Todas as informações coletadas neste estudo são estritamente confidenciais.

Consentimento Livre e Esclarecido

Tendo em vista o esclarecimento acima, eu, manifesto livremente o meu

consentimento em participar desta pesquisa.

Local e data ____________________________________________

Nº. Nome do Participante Assinatura do Participante

01

02

Page 423: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

39

APÊNDICE B

Questionário

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA – CENTRO DE EDUCAÇÃO – CURSO DE

PEDAGOGIA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO: A importância do Lúdico no processo

Educacional: Identificando o conhecimento de docentes da educação infantil.

Responsável: Neide de Souza Maranhão Lima -- licenciando em Pedagogia Virtual – EAD

QUESTIONÁRIO:

Esta pesquisa tem como objetivo analisar se os professores da educação infantil utilizam o

lúdico de forma consciente e planejada em suas práticas. Por motivos éticos, sua participação

será sigilosa. Desde já agradecemos.

1- IDENTIFICAÇÃO DO PROFESSOR

Nome fictício: _

Sexo:

( ) feminino ( ) masculino

Idade:

( ) 18 a 25 anos ( )26 a 35 anos ( )acima de 35 anos

Estado civil:

Casada (o) ( ) Solteira(o) ( )

Município que mora:

Números de filhos

Um ( ) Dois ( ) mais de 2 ( )

Nível de formação:

( )magistério ( ) superior incompleto ( ) superior completo ( ) ensino médio

No caso de formação superior, qual (is) o(s) curso(s)?

Há quanto tempo exerce a atividade de docente?

( ) menos de 1 ano ( ) de 1 a 5 anos ( ) de 6 a 10 anos ( ) há mais de 10 anos

Atualmente está lecionando em escola?

Page 424: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

40

( ) pública ( ) privada

2)Qual a concepção que você tem acerca de se trabalhar com o lúdico na educação?

3) Você teve em sua formação embasamento teórico suficiente para trabalhar o lúdico de

forma eficiente e satisfatória?

Não( ) Sim( )

Por quê?

4)Com que freqüência você planeja suas aulas?

( )Todos os dias ( )Semanalmente ( )Mensalmente

( )Nunca planejo ( )Outros___________________

5)Você apresenta dificuldades na utilização do lúdico em suas práticas?

( )Não ( )Sim Por que...

( )Não tive preparo na minha formação

( )O tema não me interessa

( )Não tenho tempo

( )Não tenho espaço suficiente

( )Não tenho material disponível

( )Outros____________________________________________________

6) A escola oferece recursos materiais suficientes para se trabalhar através de brincadeiras e

jogos?

Não( ) Sim(__)

Bolas( ) Cordas( ) Material reciclável ( ) Livros, revistas, gibis ( )

Outros ( )______________________________

7) Quais as atividades que você trabalha na perspectiva lúdica?

Page 425: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL - UAB

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA - UFPB

CENTRO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA - MODALIDADE À DISTÂNCIA

SUELEIDE SEVERO DA SILVA

EDUCAÇÃO INFANTIL: O LÚDICO NA APRENDIZAGEM DA CRIANÇA

IPOJUCA/PE

2011

Page 426: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

SUELEIDE SEVERO DA SILVA

EDUCAÇÃO INFANTIL: O LÚDICO NA APRENDIZAGEM DA CRIANÇA

Monografia apresentada à coordenação do

curso de Pedagogia - Modalidade à

Distância, a Universidade Aberta do

Brasil (UAB), Universidade Federal da

Paraíba (UFPB), como requisito para a

obtenção do título de pedagoga.

Orientadora: Prof.ª Ivana Maria Medeiros

de Lima.

IPOJUCA/PE

2011

Page 427: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

SUELEIDE SEVERO DA SILVA

EDUCAÇÃO INFANTIL: O LÚDICO NA APRENDIZAGEM DA CRIANÇA

Monografia apresentada a Coordenação do Curso de Pedagogia - modalidade à distância da

Universidade Aberta do Brasil – UAB, como requisito para a obtenção do título de pedagoga.

Apreciada pela banca examinadora composta pelos seguintes membros:

Aprovado em___/___/___

COMISSÃO EXAMINADORA

________________________________________________

Prof.ª Ms. Ivana Maria Medeiros de Lima

Orientadora (UFPB)

________________________________________________

Prof.ª Ms. Márcia Paiva de Oliveira

Examinadora (UFPB)

________________________________________________

Prof.ª MS. Marlene Helena de Oliveira França

Examinadora (UFPB)

Page 428: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

S586c SILVA, Sueleide Severo da.

Educação Infantil: O lúdico na aprendizagem da

criança. / Sueleide Severo da Silva – Ipojuca-PE, 2011.

56 p.

Bibliografia.

Orientadora: Ivana Maria Medeiros de Lima.

Monografia (Graduação) UFPB/CE/VIRTUAL.

1. Jogos infantis. 2. Lúdico 3. Educação Infantil. 4.

Aprendizagem. 5. Brincadeiras.

CDU- 371.695(043.2)

Page 429: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

A minha querida família, pelo

amor e carinho e as companheiras

de estudos, dedico mais uma

louvável conquista.

Page 430: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

AGRADECIMENTOS

A Deus, por estar sempre me guiando e me protegendo.

Ao meu esposo Andrade e meus filhos Antonio Neto e Beatriz, que tanto contribuíram com

essa formação.

A minha querida mãe, Juliêta Custódia com todo meu amor.

A minha companheira de estudo Rosileide Ramos, onde juntas trocamos experiências

riquíssimas.

A mediadora presencial Antonia Calazans, que me fez ampliar novos horizontes.

A orientadora Ivana Lima, que me auxiliou na construção deste estudo.

A toda equipe (Diretora, Professoras e Funcionários) da Escola Municipal, campo de estágio e

pesquisa que contribuíram com esse trabalho.

Page 431: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

Brincar com crianças não é perder

tempo, é ganhá-lo; se é triste ver

meninos sem escola, mais triste

ainda é vê-los, sentados

enfileirados em salas sem ar, com

exercícios estéreis, sem valor para

á formação do homem.

Carlos Drummond de Andrade

Page 432: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

RESUMO

SILVA, Sueleide Severo da. Educação Infantil: O Lúdico na Aprendizagem da Criança.

João Pessoa: CE/UFPB – Centro de Educação da Universidade Federal da Paraíba, 2011.

Monografia de graduação do curso de Pedagogia.

Desenvolver um estudo sobre o lúdico na aprendizagem da criança na Educação Infantil é de

fundamental importância nos dias atuais, devido à grande relevância que vem sendo dada

atualmente a Educação Infantil e as funções que os jogos e as brincadeiras propiciam no

processo de ensino-aprendizagem. Há muito tempo discute-se o papel que os jogos e as

brincadeiras desemlocalizada numa área residencialpenham no desenvolvimento e

aprendizagem da criança. Portanto, vale destacar que o lúdico é um elemento essencial e uma

necessidade básica da personalidade, do corpo e da mente, e se situa entre os comportamentos

naturais e sociais da criança. O referido trabalho relata um breve histórico sobre o lúdico,

evidencia algumas teorias, faz uma explanação relacionada à importância dos jogos e das

brincadeiras e suas contribuições para o desenvolvimento e aprendizagem da criança, na qual

pretende a luz de teóricos, apresentar definições para jogo, brinquedo e brincadeira e o papel

da escola e da família frente à aprendizagem da criança. Trata-se de uma pesquisa qualitativa

e semi estruturada, que se realizou numa escola pública no Município do Ipojuca, localizada

numa área residencial, com três professores que atuam na Educação Infantil, para, através da

obtenção e análise de dados expostos, compreendermos qual o grau de conhecimento que os

referidos professores que atende crianças entre 4 e 5 anos tem em relação ao lúdico. Os

resultados obtidos demonstram que os professores tem conhecimento sobre o lúdico e

reconhecem a importância das brincadeiras para o desenvolvimento integral das crianças.

Palavras - chave: Educação Infantil. Aprendizagem. Jogos e brincadeiras.

Page 433: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

ABSTRACT

SILVA, Sueleide Severo da. Early Childhood Education: The Ludic on Child Learning. João Pessoa:

CE/UFPB – Education Center of Federal University of Paraíba, 2011. Graduation Monograph of

Pedagogy career.

Develop a study on the ludic child learning of early childhood education is of fundamental

importance nowadays, due to the great relevance that now is being given to early childhood

education and the functions that games and play provide in the process of teaching-learning.

Long ago, it is discussed the role that games and play make in child development and

learning. Therefore, it is worth detach that the ludic is an essential and basic element of

personality, body and mind, and is located between the natural and social behavior of the

child. This paper describes a brief history of the ludic, highlights some theories, it does an

explanation related to the importance of games and play and their contributions to child

development and learning, in which aims, under light of theoretics, introduce definitions to

game, toy and the role of school and family in the child's learning. It is a qualitative and semi-

structured research, to be conducted in a public school in town of Ipojuca, located at a

residential area, with three teachers which work in Early Childhood education, to, through

obtaining and analyzing of presented data, comprehend which grade of knowledge that these

teachers that work with 4 and 5 years old children have in relation to the ludic. The results

obtained show that teachers have knowledge about the play and they recognize the importance

of ludic for the integral development of children.

Keywords: Early Childhood Education. Learning. Games and play.

Page 434: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

LISTA DE ABREVIATURAS

DCN - (Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil)

ECA - (Estatuto da Criança e do Adolescente)

LDBEN - (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96)

RCNEI - (Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil)

PNE – (Plano Nacional de Educação)

Page 435: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

LISTA DE TABELAS

TABELA 1: Participou de cursos ou treinamentos nos últimos dois anos?

TABELA 2: você tem curso de especialização para atuar na educação infantil?

TABELA 3: Gosta do que faz, ou seja, de ensinar?

TABELA 01: Como o professor classifica as Brincadeiras livres?

TABELA 02: De que forma você ver os jogos e as brincadeiras na educação infantil?

TABELA 03: Você insere brincadeiras para a construção da aprendizagem da criança?

TABELA 04: Já estudou ou ouviu falar sobre o lúdico na educação Infantil?

TABELA 05: Se conhece o significado do lúdico?

TABELA 06: O Lúdico fez parte da sua formação?

TABELA 07: De que maneira vivencia as atividades lúdicas com as crianças?

TABELA 08: Como a direção da escola ver o lúdico no cotidiano da educação infantil?

TABELA 09: Você acredita que as crianças conseguem aprender brincando?

Page 436: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................13

2 UM BREVE HISTÓRICO DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL.....................16

2.1 O APARECIMENTO DA ATIVIDADE LÚDICA DENTRO DA LEGISLAÇÃO

BRASILEIRA...........................................................................................................................19

2.2 O LÚDICO COMO INSTRUMENTO MEDIADOR DA APRENDIZAGEM.................21

2.3 FAMÍLIAS, ESCOLA, LUDICIDADE NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO

INFANTIL................................................................................................................................24

3 O PAPEL PEDAGÓGICO DO JOGO..............................................................................30

3.1 CONTRIBUIÇÕES DOS JOGOS NA APRENDIZAGEM DA CRIANÇA.....................32

3.2 VISÕES DOS TEÓRICOS PIAGET, WALLON E VYGOTSKY SOBRE O JOGO

INFANTI...................................................................................................................................34

3.3 A IMPRESSÃO DOS BRINQUEDOS, BRINCADEIRAS E JOGOS INFANTIS...........37

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.....................................................................41

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA.............................................................................41

4.2 POPULAÇÃO DA PESQUISA..........................................................................................42

4.3 INSTRUMENTOS DA PESQUISA PARA COLETA DE DADOS.................................42

4.4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS..............................................................43

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................52

REFERÊNCIAS......................................................................................................................55

APÊNDICE .............................................................................................................................58

Page 437: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho de monografia enfatiza o lúdico na aprendizagem da criança na

educação infantil, e busca evidenciar sua importância como instrumento de mediação que

facilita e contribui com o processo de construção do conhecimento, independente do meio na

qual seja vivenciado e visando relatar os dados obtidos através da realização de uma pesquisa

sobre o mesmo tema, que foi direcionada aos educadores da educação infantil numa escola

municipal, demonstrando sua compreensão a respeito da importância do lúdico como

facilitador da aprendizagem.

As manifestações através de jogos, brinquedos e brincadeiras, historicamente fazem

parte da vida da criança desde a mais tenra idade e assume um papel relevante na construção

da aprendizagem.

Por esse motivo muitos estudiosos, tais como: Piaget, Vygotsky, Wallon, debruçaram

em profundas pesquisas, para compreender a verdadeira importância do lúdico para o

desenvolvimento e aprendizagem da criança, que através das brincadeiras adquirem inúmeras

contribuições para seu desenvolvimento individual e coletivo.

Para Piaget (1978), a criança se desenvolve através do lúdico, o brincar contribui com

o seu crescimento, sendo que o jogo se constitui como uma forma de equilibração com o

mundo. O lúdico possibilita a construção de várias concepções da criança com o mundo que a

rodeia e além de estabelecer relações ela vai se socializando e se descobrindo como um ser

ativo e capaz de ser construtor de sua própria aprendizagem e assim poder se desenvolver.

A dimensão lúdica abrange todas as idades, sendo que é na infância que se torna mais

relevante, pois na medida em que a criança vai crescendo, os momentos lúdicos vão

contribuindo para aquisição de novos conhecimentos e habilidades de acordo com a sua fase

de vida.

No contexto da educação infantil, o lúdico vem sendo bastante enfatizado e utilizado

como um poderoso recurso na qual facilita a aprendizagem da criança, que ao brincar exercita

melhor compreensão dos temas abordados. Pois são nesses momentos lúdicos que a criança se

sente estimulada para melhor se desenvolver e se relacionar com o meio.

Page 438: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

A ludicidade se faz presente em todas as fases da vida do ser humano, sendo este um

ingrediente necessário para a construção de novos saberes e como também o despertar da

imaginação e da criatividade.

Como a ludicidade é um assunto que vem conquistando espaço nas dimensões da

educação infantil, evidenciar o tema junto aos educadores visando entender sua compreensão

e vivência na prática pedagógica, nos remete a um melhor entendimento de como realmente

as crianças estão sendo assistidas no seu cotidiano educacional e o que realmente está sendo

oferecido para que o educador vivencie o lúdico na prática.

Sabendo que, a criança na fase inicial precisa de estímulos que contribuam com seu

próprio eu, e que através das relações interpessoais que ocorrem no espaço infantil, à criança

desenvolve sua aprendizagem, assimila novos conhecimentos e suas habilidades motoras e

cognitivas, é necessário pensar no lúdico como um importante instrumento que faz parte da

vida integral da criança. Para Vygotsky (1994, p. 103): (...) a aprendizagem e o

desenvolvimento estão estritamente relacionados, sendo que as crianças se inter-relacionam

com o meio objeto social, internalizando o conhecimento advindo de um processo de

construção.

Portanto, é necessário que o educador esteja capacitado para que o atendimento

possibilite o desenvolvimento integral da criança que precisa aprender com prazer e alegria,

fazendo das brincadeiras um instrumento que lhe possibilite entusiasmo na construção da

aprendizagem.

Por isso o objetivo geral desse trabalho é analisar a dimensão do lúdico no processo de

ensino e aprendizagem da criança. E como objetivos específicos teremos: Discutir a relação

do lúdico como instrumento mediador da aprendizagem; Identificar a contribuição que o jogo

trás enquanto método para a aprendizagem da criança; Pontuar as ações pedagógicas que

envolvem o lúdico no processo de ensino e aprendizagem.

A justificativa para desenvolver essa pesquisa, vem da preocupação em relação a falta

de formação e conhecimento que se encontram os educadores em relação ao lúdico. O lúdico

por si só não corresponde sua real importância, é preciso que haja mediação, e nesse caso, o

docente precisa entender e atuar com ludicidade, por isso esse trabalho tem como objetivo

principal identificar “Qual é o grau de conhecimento que os professores têm a respeito da

importância da vivência lúdica nos processos de ensino aprendizagem na educação infantil”?

Page 439: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

O lúdico na educação infantil, hoje vem sendo investigado por pesquisadores que

consideram uma ação de metacomunicação, ou seja, a possibilidade de compreender o

pensamento e a linguagem do próximo, (KISHIMOTO, 2007). Portanto, no primeiro capítulo

abordaremos o papel do lúdico no contexto da educação infantil, e suas influências no

processo de aquisição da aprendizagem.

No segundo capítulo, analisaremos as contribuições dos jogos nas atividades

dinâmicas que favorecem o desenvolvimento lógico e intelectual da criança, pois os jogos se

destacam como meio de expressão onde as crianças agem com espontaneidade e também de

forma natural desde a fase inicial da vida. No contexto social os jogos se constituem como um

instrumento de suma importância para construção da identidade e autonomia, uma vez que

para ser vivenciado é preciso que haja interações entre os participantes que precisam seguir

regras de convivência.

Segundo Piaget (1967), o jogo contribui com o desenvolvimento integral da criança,

por isso não deve ser visto apenas como um divertimento, pois favorece o desenvolvimento

físico, cognitivo, afetivo e moral. Nesse sentido, o jogo não pode ser considerado como

apenas um passatempo, com a intenção de distrair as crianças, é preciso identificar sua

extraordinária importância que estimula o crescimento e o desenvolvimento intelectual.

Principalmente, os jogos de construções que são considerados de grande importância

por enriquecer a experiência sensorial, estimularem a criatividade e desenvolver habilidades

da criança, pois, construindo, transformando e destruindo, a criança expressa seu imaginário e

permite seu desenvolvimento afetivo e intelectual.

O terceiro capítulo trará o caminho metodológico, onde foi desenvolvida uma pesquisa

com abordagem qualitativa com aplicação de questionário semi-estruturado direcionado aos

professores da educação infantil, visando assim, compreender a percepção dos mesmos a

respeito do brincar como desenvolvimento da construção do conhecimento da criança e a

importância do lúdico como instrumento de aprendizagem, seguido dos resultados que foram

obtidos junto a esses educadores, dando ênfase na sua compreensão frente ao lúdico como

instrumento da aprendizagem.

E por fim traremos as considerações finais, baseada nas reflexões levantadas durante a

pesquisa onde a partir das abordagens, vamos analisar qual é realmente a importância do

lúdico e de que forma as brincadeiras, os jogos e os brinquedos podem contribuir para o

Page 440: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

desenvolvimento e para a aprendizagem das crianças, tomando como base o olhar dos

educadores que atuam na educação infantil.

Nesta parte apresentamos algumas sugestões que podem ser colocadas em práticas

pelos docentes que atuam na modalidade de educação infantil. Tais sugestões foram

elaboradas a partir das observações realizadas durante o período do estágio curricular, bem

como das leituras realizadas para elaboração deste trabalho monográfico.

Page 441: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

2 UM BREVE HISTÓRICO DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Presente em todas as fases da vida humana, as atividades lúdicas fazem parte da

infância e aos poucos vem conquistando espaço na construção da aprendizagem da criança. O

lúdico tem sua origem na palavra latina "ludus" que quer dizer "jogo”. Se atêssemos apenas a

sua origem, o termo lúdico estaria se referindo apenas ao jogar, ao brincar, ao movimento

espontâneo, ressalta Kishimoto (1997).

Porém, por ser considerado tão importante para formação humana, o lúdico não

estacionou apenas nas suas origens, passando a ser reconhecido por muitos pesquisadores,

como traço essencial para o desenvolvimento do comportamento humano, de modo que

ganhou destaque e deixou de ser o simples sinônimo de jogo, passando a ser considerada

necessidade básica da personalidade do corpo e da mente.

Nesse sentido, nós quando estivermos nos referindo ao “lúdico” estaremos utilizando

as seguintes nomenclaturas: o brincar, as brincadeiras e os jogos, sendo estes compreendidos

como uma atividade lúdica.

A variedade de fenômenos considerados como “lúdicos” nos mostra a dificuldade em

defini-lo com mais precisão. Segundo Kishimoto (2003 p. 17), “no Brasil, termos como jogo,

brinquedo e brincadeira ainda são empregados de forma indistinta, demonstrando um nível

baixo de conceituação deste campo”.

Historicamente, é possível perceber que as várias significações atribuídas ao lúdico

são construídas socialmente. Para Kishimoto (2003 p. 17), “o jogo assume a imagem, o

sentido que cada sociedade lhe atribui”. Por isso, existem determinados brinquedos para cada

época, sendo que as gerações ficam encarregadas de passar esses conhecimentos para as

novas gerações, que os modificam ou simplesmente os enriquecem. Complementando o

exposto Riedel (1990) afirma que:

Ao longo da história, o prestígio dos jogos sofreu oscilações. Platão, por exemplo,

os colocava em igualdade de importância com a instrução formal na transmissão de

valores educativos e morais. Entre os gregos, os romanos e os maias, os jogos eram

utilizados pelos mais velhos para transmitir novas gerações valores, conhecimentos

e normas sociais. Com a ascensão do Cristianismo, os jogos caíram em descrédito e

passaram a ser visto como profanos, imorais e destituídos de qualquer significado e,

somente a partir do século XVI, foram reabilitados pelos humanistas, que

perceberam o valor educativo das atividades lúdicas. (RIEDEL, 1990, p. 48).

O jogo mesmo sem ter credibilidade, como nos aponta Kishimoto, (2010, p.31), que

“durante a Idade Média, o jogo foi considerado “não sério”, por sua associação ao jogo de

Page 442: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

azar, bastante divulgado na época”. No decorrer do tempo foi sendo reconhecido pelo homem

e assim conquistou de forma natural seu espaço no cotidiano da vida da criança e do adulto.

Na antiguidade grego-romana o jogo aparece como prática de relaxamento

necessário às atividades que exigem esforços físicos, intelectuais e escolares

(Aristóteles, Tomás de Aquino, Sêneca, Sócrates). Por muito tempo, o jogo infantil

fica limitado à recreação. (KISHIMOTO, 2010, p.31).

De acordo com Kishimoto (2010), o jogo foi importante na antiguidade, pois ele

serviu para as divulgações relacionadas aos princípios de moralidade, de ética, além de ser

usados para a transmissão de conteúdos de história, geografia e outros assuntos que fossem

importante para os seres humanos.

Considerado como um período de compulsão lúdica, foi a partir do Renascimento, e

com a expansão da educação infantil que o jogo ganha força. Pois, “o Renascimento vê a

brincadeira como conduta livre que favorece o desenvolvimento da inteligência e facilita o

estudo.” (KISHIMOTO, 2010, p.32). Diante dessa compreensão quanto à importância da

brincadeira, o Romantismo considera o jogo como forma pela qual a criança se expressa e que

se desenvolve com características próprias. A criança, então passou a ser vista como um ser

que imita e brinca, sendo também dotada de espontaneidade e liberdade. Foi assim, que a

criança e o jogo conquistaram um lugar na época. (KISHIMOTO, 2010).

As brincadeiras no decorrer da história da humanidade adquiriram grande importância

e respeito no contexto social. Através delas, os indivíduos reproduziam e aprendiam os

valores históricos, religiosos e sociais de seu povo, preparavam-se para a vida, etc. Sendo que

hoje as brincadeiras podem ser vistas como reprodutoras do que se entende e se aprende da

sociedade e de si próprio como ser.

Por ser um país miscigenado de povos portugueses, índios e negros, o Brasil herdou

uma rica cultura produzida por esta miscigenação e as brincadeiras infantis ao longo do tempo

tomaram formas e modelos de brinquedos que foram originados, construídos trazidos ou

perpetuados pelas crianças negras, índias e portuguesas. (KISHIMOTO, 1997).

Portanto, passado de geração em geração através da oralidade, o folclore português se

estabeleceu no seio da sociedade brasileira através das lendas, contos e superstições, e,

conseqüente as brincadeiras infantis, dando origem aos jogos como a amarelinha, a bolinha de

gude, jogo de botão e o pião, sendo que atualmente essas brincadeiras contêm a mesma

Page 443: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

aceitação como tinha no passado e sofrendo algumas adaptações de acordo com a região, e de

como está se brincando, e, mesmo sofrendo mudanças, a brincadeira não perde sua graça e

beleza. (KISHIMOTO, 1997).

Trazidas pelos portugueses muitas advinhas, versos e parlendas foram incorporados na

vivência lúdica das crianças brasileiras, que até os dias atuais se divertem com os antigos

personagens como a Cuca, a Mula sem Cabeça, o Bicho - papão, etc. Essas contribuições

enriqueceram nosso folclore que é recheado de personagens e brincadeiras que diverte e ao

mesmo tempo instruem tanto os adultos como as crianças. (KISHIMOTO, 1997).

2.1 O APARECIMENTO DA ATIVIDADE LÚDICA DENTRO DA LEGISLAÇÃO

BRASILEIRA

As leis brasileiras denotam uma ampla compreensão relacionada à infância e sua

singularidade, classificando a criança como: sujeito de direito, que deve ser cuidada, educada

e respeitada. E a nossa Constituição Federal em seu artigo 227 assegura que:

É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente,

com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao

lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à

convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de

negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Por ser a infância considerada por tantos estudiosos como uma fase fundamental na

construção do desenvolvimento do ser humano e, que o brincar contribui com seu

desenvolvimento cognitivo, intelectual e físico, é necessário que sejam atendidas

adequadamente. Atualmente, deparamo-nos com diversas leis sobre a infância, na qual

enfatiza as prioridades a serem cumpridas pela sociedade em geral para que as crianças

cresçam e se desenvolvam com plenitude e participem de atividades que lhe possibilitem

movimentos e lazer.

O artigo 2º do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), diz que é considerado

criança, o indivíduo com doze anos incompleto e adolescente entre doze a dezoito anos. Mais

adiante em seu artigo 59, refere-se à responsabilidade e o esforço que os Municípios, em

conjunto com os Estados e União, deverão proporcionar programações culturais, esportivas e

Page 444: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

de lazer para a infância e a juventude, com a finalidade de promover o desenvolvimento

integral da criança.

O Estatuto da Criança e do adolescente em seu artigo 59 afirma que os municípios,

com apoio dos estados e da União, estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços

para programações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância e a juventude.

Portanto, cabe aos órgãos responsáveis se comprometerem em oferecer as condições

necessárias para que as atividades lúdicas sejam realmente vivenciadas.

O âmbito social oferece, portanto, ocasiões únicas para elaborar estratégias de

pensamento e de ação, possibilitando a ampliação das hipóteses infantis. Pode-se

estabelecer, nesse processo, uma rede de reflexão e construção de conhecimentos na

qual tanto os parceiros mais experientes quanto os menos experientes têm seu papel

na interpretação e ensaio de soluções. (RCNEI, 1998, p. 31-32).

Partindo da compreensão de que o meio social favorece o desenvolvimento infantil

nos aspectos motor, emocional, intelectual e social e que uma criança bem desenvolvida e

percebida como ser em constante interação com o meio tem maiores possibilidades de

aperfeiçoar habilidades e competências que lhe são fundamentais para o exercício maduro da

cidadania em sua juventude. E que o esforço da sociedade em promover situações que as

façam interagir e desenvolver suas potencialidades corporais, afetivas, emocionais e éticas.

Podemos classificar de forma geral que as interações lúdicas se constituem como parte

essencial na construção dos aspectos infantis. (SOUZA, 2007)

O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) estabelece que as

brincadeiras façam parte das atividades permanentes, que devem ocorrer dentro da instituição

de educação infantil. Sendo que a brincadeira favorece a autoestima das crianças, auxiliando-

as a superar progressivamente suas aquisições de forma criativa. (RCNEI, 1998, p. 27).

As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCN) (Resolução CEB

nº 01, de 7 de abril de 1999 ) – em seu artigo 3º, inciso I, linha c) determina que as propostas

pedagógicas das Instituições de Educação Infantil, devem seguir e respeitar os seguintes

fundamentos norteadores: princípios estéticos da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade

e da diversidade de manifestações artísticas e culturais.

Dessa forma, as instituições têm por finalidade favorecer o desenvolvimento infantil

em diferentes aspectos. A Declaração dos Direitos das Crianças – estabelece no seu 7º artigo

que:

Page 445: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

(...) A criança deve ter a oportunidade de participar de jogos e brincadeiras,

dirigidos, sempre que possível, para a sua educação. A sociedade e as autoridades

devem se esforçar para promover o exercício deste direito.

Assim, podemos constatar que de acordo com a legislação brasileira a criança têm

direito de brincar e participar de todas as atividades que lhe possam desenvolver sua

imaginação e habilidade motora. Segundo o ECA, criança é a pessoa que tem até 12 anos,

portanto, é criança também, aquela que freqüenta o ensino fundamental e, apesar do DCN do

ensino fundamental não citar que deva ocorrer situações de ensino – aprendizagem em forma

de brincadeiras, estas crianças tem amparo no ECA e nos Direitos das Crianças, para poderem

ter a brincadeira incluída em sua vivência dentro da escola e desenvolverem suas habilidades.

No Referencial Curricular para a Educação Infantil (RCNEI, 1998, p. 22):

(...) brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da

identidade e da autonomia. Pois, brincando a criança aprende a se expressar,

escrever, ler, descobrir e socializar com o meio na qual se encontra inserida.

As propostas pedagógicas devem propiciar momentos onde as crianças possam se

apropriar de suas próprias competências, fazendo uso da imaginação e criatividade. Dessa

forma, as crianças sentem-se estimuladas a participar com mais entusiasmo dos momentos de

aprendizagem, como analisaremos a seguir.

2.2 O LÚDICO COMO INSTRUMENTO MEDIADOR DA APRENDIZAGEM

No panorama nacional o lúdico vem conquistando importante espaço nas pesquisas

realizadas frente à educação infantil, principalmente quando o assunto é relacionado à

aprendizagem da criança, onde seu uso permitiu um trabalho pedagógico que possibilita a

produção do conhecimento, da aprendizagem e do desenvolvimento por parte da criança.

O uso do brinquedo/jogo educativo com fins pedagógicos remete-nos para a

relevância desse instrumento para situações de ensino-aprendizagem e de

desenvolvimento infantil. Se considerarmos que a criança pré-escolar aprende de

modo intuitivo, adquirem noções espontâneas, em processos interativos, envolvendo

o ser humano inteiro com suas cognições, afetividade, corpo e interações sociais, o

Page 446: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

brinquedo desempenha um papel de grande relevância para desenvolvê-la.

(KISHIMOTO, 2007, p. 36).

O lúdico enquanto função educativa se constitui como um importante instrumento e

propicia a aprendizagem do educando, seu saber, sua compreensão de mundo e seu

conhecimento. Assim, o lúdico é um elemento essencial para o processo de ensino-

aprendizagem de qualquer disciplina. Nesse contexto, a utilização de brincadeiras e jogos no

processo pedagógico faz despertar o gosto pela vida e leva as crianças a enfrentarem os

desafios que lhe surgirem.

Através dos jogos e brincadeiras, o educando encontra apoio para superar suas

dificuldades de aprendizagem, melhorando o seu relacionamento com o mundo. Na criança, a

experiência e a expressão são brinquedos. A invenção é prazer, viver significa descobrir:

Abrir portas, ir além do espelho (DAMÁZIO, 1991, p. 45).

A convivência de forma lúdica e prazerosa com a aprendizagem proporcionará a

criança estabelecer relações cognitivas às experiências vivenciadas, bem como relacioná-la as

demais produções culturais e simbólicas conforme procedimentos metodológicos compatíveis

a essa prática.

De forma geral, o lúdico vem ocupando um lugar de destaque na educação infantil,

tornando-se um poderoso recurso didático, que ensina e, ao mesmo tempo, diverte e dá prazer.

(SAMPAIO, 2008). KISHIMOTO dá alguns exemplos da utilização e retribuição que o lúdico

proporciona:

O quebra – cabeça é destinado a ensina formas e cores; Os brinquedos de tabuleiros

exigem a compreensão do número e das operações matemáticas; Os brinquedos de

encaixe trabalham noções de sequencias, de tamanho e de forma; Os móbiles

destinam-se à percepção visual, sonora ou motora; Os carrinhos munidos de pinos se

encaixam para desenvolver a coordenação motora; As parlendas, músicas, danças,

para o desenvolvimento da linguagem. (KISHIMOTO, 2007, p. 36).

Nesse sentido, o lúdico pode contribuir de forma significativa para o desenvolvimento

do ser humano, seja de qualquer idade, auxiliando não só na aprendizagem, mas também no

desenvolvimento social, pessoal e cultural, facilitando no processo de socialização,

comunicação, expressão e construção do pensamento.

Page 447: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

Vale ressaltar, porém, que o lúdico não é a única alternativa para a melhoria no

intercambio ensino-aprendizagem, mas é uma ponte que auxilia na melhoria dos resultados

por parte dos educadores interessados em promover mudanças.

A inserção do lúdico na aprendizagem é um desafio no processo educacional, pois dois

fatores são essenciais para essa prática, primeiro é relacionado ao espaço físico, que a maioria

das instituições não disponibiliza, sendo esse essencial para favorecer o desenvolvimento da

autonomia da criança.

Os espaços da educação infantil precisam garantir às crianças tanto suas necessidades

básicas físicas e emocionais quanto às de participação social, sendo essas necessárias para sua

formação humana. Por essa razão, é que os momentos de trocas e interações, de constituição

de identidades, de ampliação progressiva de experiências e conhecimentos sobre o mundo,

sobre si mesma e sobre as relações entre as pessoas devem fazer parte do ambiente

educacional. Segundo o RCNEI (1998, p. 69, vol.1):

O espaço na instituição de educação infantil deve propiciar condições para que as

crianças possam usufruí em benefício do seu desenvolvimento e aprendizagem. Para

tanto, é preciso que o espaço seja versátil e permeável à sua ação, sujeito às

modificações propostas pelas crianças e pelos professores em função das ações

desenvolvidas. Deve ser pensado e rearranjado, considerando as diferentes

necessidades de cada faixa etária, assim como os diferentes projetos e atividades que

estão sendo desenvolvidos.

O segundo fator é voltado à qualificação dos educadores para usá-lo em seus

programas, e a inexistência desses fatores cria a resistência para inseri-lo na prática da sala de

aula como elemento indispensável. Pensar em política de formação profissional para a

educação infantil requer antes de tudo questionar concepções sobre criança e educação

infantil.

É necessário considerar a concepção da criança, como sujeito de direitos, isso objetiva

que os docentes devem entendê-las na sua totalidade, como sujeito integral, dotado de

aspectos físicos, emocionais e socioculturais. Diante dessa compreensão, a formação do

docente para atuar na educação infantil precisa considerar o disposto na Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional 9394/96 - LDBEN que institui as Diretrizes Nacionais para a

Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, Curso de licenciatura e de

graduação plena, para assegurar um atendimento de qualidade. Segundo Andrade e Sá (1992,

p. 28):

Page 448: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

(...) o professor precisa, necessariamente, possuir conhecimentos de índole didática,

embora filtrados pela prática, isto é, ele deve ser capaz de refletir sobre esses

conhecimentos didáticos, elucidado pela avaliação das suas próprias práticas.

Mesmo diante da legislação sobre o funcionamento e organização da instituição de

educação infantil, e, dos requisitos necessários ao professor desse nível de ensino, que em sua

totalidade não são cumpridos, pois o que vemos na realidade são instituições que oferecem

espaços inadequados e profissionais incapacitados para lidar com crianças pequenas, a

educação infantil vive um período rico e efervescente de idéias e debates, sobre a importância

fundamental das enriquecedoras experiências que as crianças devem ter nessa etapa inicial de

escolaridade, as quais serão determinantes para o desenvolvimento de suas competências e

habilidades para o resto da vida. Portanto, família e escola devem estar juntas para favorecer o

processo de desenvolvimento infantil como veremos no próximo item.

2.3 FAMÍLIAS, ESCOLA E LUDICIDADE NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO

INFANTIL

A criança desde seu nascimento busca se apoiar nas pessoas que oferecem-lhe

proximidade, atenção e afeto, o que se mostra na ação do cuidar. Assim, o adulto que oferece

cuidados para a criança crescer se oferece também como modelo de ação no mundo que

conhece. “Sendo a família seu primeiro ponto de apoio e referência, onde absorvem os

costumes, os valores, os hábitos e tudo o que a molda como pessoa nos seus primeiros anos de

vida”. (SILVEIRA, 2009, p.111). Portanto, é no contato com o mundo do adulto que a criança

vai se firmando no contexto social em que vive.

Conforme Silveira (2009, p. 111) “a vida da criança está intimamente ligada aos

adultos com quem convive”. Nesse caso, a família se apresenta como base fundamental para

todo processo de desenvolvimento, pois é nessa relação que a criança apresenta suas primeiras

descobertas. É em casa, que a criança aprende sobre as formas de se relacionar, de interagir

com as pessoas, de se reconhecer como pessoa.

Page 449: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

Com as transformações que vem ocorrendo no meio familiar, constata-se a ausência

dos pais, e, consequentemente a falta de tempo para se dedicarem às crianças, sendo que o

brincar nesses casos passa a ser visto como “perda de tempo” e as brincadeiras não recebem

sua importância merecida. Por sua vez, a criança desenvolve suas brincadeiras de forma

individual e sente falta dos estímulos necessários que provém dos próprios pais. Logo, a

presença do adulto é, portanto, indispensável ao desenvolvimento integral da criança.

Como nos aponta Sampaio (2009, p.119):

No contato entre o mundo do adulto e o mundo da criança, verifica-se que ela vai

construindo o sentido das coisas por meio de interações concretas: o fazer, o

descobrir, o tocar são experiências vitais, que deixam suas marcas carregadas de

significados.

Nesse contexto, a criança vai se aprimorando dos significados, aprendendo com a

experiência vivida, e, essa experiência dialógica com a realidade do adulto aprimora seus

conhecimentos. Sampaio (2009, p.119) considera que essa relação com o adulto “(...) é

fundamental para o estabelecimento da maturidade lógico-abstrata, que dependerá de que a

criança viva uma infância rica em estímulos à sua fantasia, à sua imaginação”.

A brincadeira é a forma mais adequada de uma criança aprender sobre o mundo que a

cerca, ou, que tenta compreender. Silveira (2009. p, 111) ressalta que

(...) ao repetir as ações dos adultos nas suas brincadeiras, ela está na verdade

buscando compreender como funciona a vida deles e como se insere nesse jogo de

relações humanas que inclui os adultos e as outras crianças.

Pelas necessidades de sobrevivência ou pela aderência a brinquedos industrializados, a

família aos poucos vem abandonando a importância da ludicidade na formação social e

cognitiva da criança. E essa ausência pode provocar lacuna no desenvolvimento da formação

social desta criança.

Nesse contexto, a escola é um espaço privilegiado que cuida e educa na mesma

proporção e pode contribuir para que a criança brinque tanto de forma livre quanto orientada.

É no espaço escolar que se busca privilegiar o aspecto pedagógico do brincar, direcionado

para a aprendizagem. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil – RCNEI

(1998) nos aponta que:

Page 450: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

Na instituição infantil, pode-se oferecer às crianças condições para as aprendizagens

que ocorram nas brincadeiras e aquelas advindas de situações pedagógicas

intencionais ou aprendizagens orientadas pelos adultos. É importante ressaltar,

porém, que essas aprendizagens, de natureza diversa, ocorrem de maneira integrada

no processo de desenvolvimento infantil. (RCNEI, 1998, p. 23).

Considerando as mudanças sociais, a escola atualmente vem assumindo um papel

relevante na educação das crianças, pois é preciso enfrentar os novos desafios que são

constituídos no próprio lar e também no contexto social, sendo que os mesmos buscam

soluções ou parte deles no cotidiano escolar.

No entanto, apesar das mudanças que não param de acontecer, a escola continua

seguindo o mesmo padrão de ensino-aprendizagem, com o professor informador para alunos

ouvintes. É preciso que as práticas pedagógicas despertem o prazer de aprender. De acordo

com Resende, (1999).

Não queremos escola cuja aprendizagem esteja centrada nos homens de “talentos”,

nem nos gênios, já rotulados. O mundo está cheio de talentos fracassados e de

gênios incompreendido, abandonados à própria sorte. Precisamos de uma escola que

forme homens, que possam usar seu conhecimento para o enriquecimento pessoal,

atendendo os anseios de uma sociedade em busca de igualdade de oportunidade para

todos. ( 1999, p. 42-43).

Se entendermos o conhecimento como uma representação mental, devemos saber que

ensinar é um convite à exploração, à descoberta, e não uma pobre transmissão de informações

e técnicas desprovidas de significados. Dessa forma, a escola precisa repensar em suas

propostas relacionadas à formação do ser humano. Aprender a pensar em diferentes assuntos é

mais importante do que memorizar dados e fatos a respeito dos assuntos.

A evolução do próprio conceito de aprendizagem sugere que educar facilite a

criatividade no processo de aprendizagem. De acordo com o Referencial Curricular Nacional

para a Educação Infantil – (RCNEI, 1998, p. 23):

Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e

aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o

desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com

os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas

crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural.

Page 451: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

A escola necessita repensar quem ela está educando, considerando a vivência e a

individualidade de cada um. Por isso, deve considerar o lúdico como ferramenta indispensável

no processo educativo, o conhecimento construído por meio da ludicidade implica uma escola

mais autônoma e democrática, porque será favorável ao desenvolvimento das crianças,

independente da classe social a que pertence.

Marcelino (1990) defende a reintrodução das atividades lúdicas na escola. A proposta

do autor nos remete a pensar numa ação educativa que considere as relações entre a escola, o

lazer e o processo educativo como um dos caminhos a serem trilhados em busca de um futuro

diferente.

Considerando que por meio da atividade lúdica a criança se prepara para a vida,

assimilando a cultura do meio em que vive, aprendendo a cooperar, a competir e a conviver

com seus semelhantes, e nesse sentido, aumenta a responsabilidade tanto da família como

também da escola, em estimular a vivência lúdica em seu contexto diário, porque a

conseqüência dessa ação é a aprendizagem em todas as dimensões: social, cognitiva e pessoal

da criança.

Tanto para Vygotsky (1984) como para Piaget (1975), o desenvolvimento da criança

não é linear, mas segue um processo evolutivo e, nesse trajeto, a imaginação se desenvolve.

Isso ocorre na medida em que a criança brinca e desenvolve a capacidade para determinado

tipo de conhecimento, ela dificilmente perde essa capacidade. É com a formação de conceitos

que se dá a verdadeira aprendizagem, e, é no brincar que está um dos maiores espaços para a

formação de conceitos. A esse respeito Negrine (1994, p.19) sustenta que:

As contribuições das atividades lúdicas no desenvolvimento integral indicam que

elas contribuem poderosamente no desenvolvimento global da criança e que todas as

dimensões estão intrinsecamente vinculadas: a inteligência, a afetividade, a

motricidade e a sociabilidade são inseparáveis, sendo a afetividade a que constitui a

energia necessária para a progressão psíquica, moral, intelectual e motriz da criança.

A ludicidade é assunto que tem conquistado espaço no panorama nacional,

principalmente na educação infantil, por ser o brinquedo a essência da infância e seu uso

permitirem um trabalho pedagógico que possibilita a produção do conhecimento, da

aprendizagem e do desenvolvimento.

Page 452: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

Toda criança que participa de atividades lúdicas, adquire novos conhecimentos e

desenvolve habilidades de forma natural e agradável, que gera um forte interesse em aprender

e garantir o prazer. É exatamente diante desses estímulos provenientes do lúdico que fazem a

criança avançar em seu desenvolvimento.

Na educação infantil, por meio das atividades lúdicas a criança brinca, joga e se

diverte. Ela também age, sente, pensa, aprende e se desenvolve. A variedade de brincadeiras

tradicionais considera sempre a capacidade da criança de interagir com o brinquedo, de dar

vida a ele, de criar a brincadeira. Silveira (2009, p.119).

A brincadeira não é um mero passatempo, ela ajuda no desenvolvimento das crianças,

promovendo processos de socialização e descoberta do mundo. São vários os benefícios das

atividades lúdicas, entre eles estão: Valores sociais; aquisição de comportamentos;

desenvolvimento de diversas áreas do conhecimento; aprimoramento de habilidades e a

Socialização.

Dessa forma, não existe tempo perdido nas brincadeiras, sejam elas direcionadas ou

simplesmente livres, e, mesmo que não apresente significação imediata, nenhuma criança

brinca só para passar o tempo, sua escolha é motivada por processos íntimos, problemas,

ansiedades, desejos. É importante evidenciar que, o que está acontecendo com a mente da

criança no momento da escolha, determina sua atividade lúdica e seus procedimentos.

Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e

da autonomia. O fato de a criança, desde muito cedo, poder se comunicar por meio

de gestos, sons e mais tarde representar determinado papel na brincadeira faz com

que ela desenvolva sua imaginação. (RCNEI 1998, p. 22, vol.1)

Nesse contexto, brincar se constitui como sua linguagem secreta, que se deve respeitar

mesmo que não a entenda. Então, faz-se necessário que o educador fique atento, para oferecer

possibilidades e promover situações de jogos e brincadeiras que contribuam com o

desenvolvimento integral da criança e atenda sua ansiedade íntima, além de oportunizá-la a

vivenciar diferentes situações evadindo-se do mundo real.

Brincar é sinônimo de aprender, brincando a criança desenvolve o pensamento, o

raciocínio, compreende o meio, desenvolve habilidades e realiza seus desejos. A criança que

brinca, torna-se mais sociável e apresenta comportamento solidário nas situações do seu

cotidiano. Pois, ao compartilhar jogos e brincadeiras a criança desenvolve a solidariedade, o

Page 453: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

respeito mútuo, e, ainda aprende a seguir regras. Sendo essa última fundamental no processo

de convivência social e nos relacionamentos interpessoais.

Portanto, no momento da brincadeira a criança tem a oportunidade de usar seus

recursos para explorar o mundo, ampliar sua percepção sobre ele e sobre si mesma, organizar

seu pensamento e trabalhar seus afetos, sua capacidade de ter iniciativa e ser sensível a cada

situação.

Dessa forma a utilização da brincadeira deve ser vista como uma forma privilegiada de

aprender e expressar conhecimentos sobre si mesmos, sobre a cultura e o mundo onde vivem.

No ato de brincar, os sinais, os gestos, os objetos e os espaços valem e significam outra coisa daquilo

que aparentam ser. Ao brincar as crianças recriam e repensam os acontecimentos que lhes deram

origem, sabendo que estão brincando. (RCNEI 1998, p. 27, vol.1).

Vale lembrar, que mesmo sendo considerado como um poderoso instrumento que

facilita a aprendizagem da criança, o mundo capitalista estar extraindo o lúdico do universo

infantil. Já não se brinca como antes, as crianças estão brincando cada vez menos e por várias

razões: uma delas é o amadurecimento precoce; a outra é a redução do espaço físico e do

tempo de brincar.

Cada vez mais aumentam o excesso de atividades atribuídas as crianças, que precisam

cumprir as exigências dos pais que acabam ocupando-as o dia inteiro. Por outro lado temos as

facilidades tecnológicas que atraem a atenção das crianças, e, assim tomam todo o tempo das

brincadeiras livres que são trocadas por brinquedos eletrônicos que fazem tudo pela criança.

O lúdico deve perpassar todo o aprendizado, favorecendo o interesse da criança pelo

aprendizado que precisa assimilar. Silveira (2009, p. 127).

No entanto, é relevante lembrar que o mais grave de toda essa situação, é que os

próprios pais estão esquecendo-se da importância do brincar no desenvolvimento integral da

criança, dando valor a outros tipos de brinquedos, ou, a outros objetos como: roupas, sapatos,

aparelhos eletrônicos, etc.

É preciso que o tempo de ser criança seja rigorosamente respeitado, sua maneira de ser

e estar no mundo, de vivê-lo, de descobri-lo, de conhecê-lo, tudo simultaneamente. E essas

descobertas só serão desvendadas através do contato com os brinquedos, que é a estrada que a

criança percorre para chegar às próprias descobertas, como veremos no próximo capítulo.

Page 454: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

3 O PAPEL PEDAGÓGICO DO JOGO

Dotado de historicidade e múltiplas significações, o jogo tal como concebemos, possui

práticas culturais, se constitui como um meio de expressão de qualidades espontâneas ou

naturais da criança e os atuais paradigmas sobre o jogo tentam redefini-lo, associando-o à sua

utilidade educativa. (SAMPAIO, 2009).

Para melhor compreensão em relação ao contexto histórico do jogo, Kishimoto (2010)

explica que no Romantismo, o jogo era visto como recreação, usado para favorecer o ensino

de conteúdos e divulgar princípios para ajustar as necessidades apresentadas pelas crianças. A

partir do Renascimento, o jogo passou a ser concebido como uma conduta livre que favorece

o desenvolvimento da inteligência da criança, como também facilita a assimilação dos

conteúdos. Contrapondo na época as práticas pedagógicas que faziam uso da palmatória e da

extensiva oratória.

Conforme Kishimoto (2010, p. 33), “o Romantismo, com sua consciência poética do

mundo, reconhece na criança uma natureza boa, semelhante à alma do poeta, considerando o

jogo sua forma de expressão”. Nesse sentido, a criança em sua essência se constitui desde os

tempos primórdios como um ser criativo e espontâneo, e sua relação com o jogo se

estabelecem como um meio na qual precisa para se expressar e se desenvolver.

Considerado como essencial na fase da infância, o jogo faz parte da vida da criança

desde a mais tenra idade, pois quando ainda usa o berço, se diverti jogando tudo que está ao

seu alcance direto no chão, e esse simples ato lhe deixa feliz e realizada. O ato de jogar os

objetos no chão reproduz as vivencias e, as transforma de acordo com suas ansiedades e

interesses a realidade, de forma criativa e dinâmica.

Esse simples ato vai despertando espontaneamente os aspectos motores, cognitivos,

afetivos e sociais, que são necessários para sua formação. “Para ser criança, é necessário

experimentar a realidade, interagindo com o mundo, inventando, criando, ou seja, brincando

ao máximo”. (SAMPAIO, 2009, p.117).

O brincar faz parte da vida cotidiana da criança, que de forma espontânea constrói suas

relações para se divertir e se relacionar com o mundo. O ato de brincar é importante para o

desenvolvimento psíquico e motor do ser humano, pois através da ação do brincar, vai se

aprimorando e construindo novas habilidades.

Page 455: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

As características que o jogo apresenta como o tempo e o espaço, a competição e o

conjunto de regras que varia conforme sua representação provoca diferentes reações nas

atitudes comportamentais da criança, que precisam se adaptar e readaptar conforme situações

que exigem que ela esteja atenta ao desempenhar seu papel social de criança. Segundo

Huizinga (2007, p.33), o Jogo é:

Uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados

limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas

absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um

sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente da vida

cotidiana.

Nesse contexto, o jogo além de representar as experiências vividas, que ocorrem tanto

na forma individual como coletiva, tem a função de preparar o individuo para as vivências

futuras, estimula as habilidades e promove o convívio social. Por tudo isso, o jogo torna-se

importante no processo educativo e evolutivo do ser humano, porque envolve a formação

intelectual, moral, física e social. Huizinga (2007) destaca certas características essenciais do

jogo, tais como:

Uma atividade livre, conscientemente tomada como ‘não – séria’ e exterior à vida

habitual, mas ao mesmo tempo capaz de absorver o jogador de maneira intensa e

total. É uma atividade desligada de todo e qualquer interesse material, com a qual

não se pode obter qualquer lucro, praticada dentro de limites espaciais e temporais

próprios, segundo certa ordem e certas regras. (HUIZINGA, 2007, p. 16).

O brincar e o jogar são tão essenciais para a criança, visto que as envolve por

completo, e prende a atenção de forma que envolvem no ato da brincadeira suas emoções e

seus sentimentos. Partindo do pressuposto de que através do jogar e do brincar a criança

organiza seu mundo, assimila conhecimentos e adquiri experiências, pode-se considerar que o

jogo tem um indiscutível valor no processo de desenvolvimento e aprendizagem da criança,

que precisa de estímulos práticos para assimilar conceitos. De acordo com Huizinga (1993,

p.13):

(...) É na troca e alternância entre as ações de escutar e expressar dentro de contínuo

que conhecemos a nós próprios e nos sentimos fortalecidos e livres em

espírito/emoção.

Page 456: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

Compreender o sentido do jogo no processo de desenvolvimento e aprendizagem da

criança nos leva a perceber que a experiência pedagógica possui uma importante ferramenta

para auxiliar o educador na vivência diária. Fazer o uso desse instrumento cria possibilidades

tanto para o educador que tem em mãos um aliado a mais, como também para o educando que

ao vivenciar, senti-se estimulado a desenvolver seus aspectos cognitivos, afetivos, motores e

físicos. Na sequencia analisaremos as reais contribuições que os jogos possibilitam no

processo de aprendizagem da criança.

3.1 CONTRIBUIÇÕES DOS JOGOS NA APRENDIZAGEM DA CRIANÇA

A expansão dos jogos na área da educação dar-se pelo crescimento da rede de ensino

infantil e pela discussão sobre as relações entre o jogo e a educação. Os jogos apresentam-se

como uma atividade lúdica na vida do ser humano, pois proporciona-lhe prazer e diversão,

enquanto brinca, a criança distrai-se, diverti-se e adquiri novas habilidades, joga-se pelo

prazer do momento. Dessa maneira, o jogo contribui tanto no sentido de educar como de

recrear ao mesmo tempo. Bettlheim (1984, p.105) afirma que:

Nenhuma criança brinca espontaneamente só para passar o tempo. Sua escolha é

motivada por processos íntimos, desejos, problemas, ansiedade. O que está

acontecendo com a mente da criança determina suas atividades lúdicas: brincar é sua

linguagem secreta, que devemos respeitar mesmo se não a entendemos.

A criança precisa de incentivos para poder desenvolver novos conceitos sociais. E para

desenvolvê-los o RCNEI (1998, p. 22) sugere que “brincar é uma das atividades fundamentais

para o desenvolvimento da identidade e da autonomia”. Nesse caso, podemos entender que

toda a atividade lúdica, mesmo que não seja orientada por um adulto, traz importantes

benefícios para construção da autonomia, como também para o próprio desenvolvimento.

Como a infância está intimamente ligada ao ato de brincar, a criança em todas as fases da

vida, tem a oportunidade de vivenciar, estabelecer novas compreensões e construir diferentes

conceitos durante toda a infância.

As relações estabelecidas com os brinquedos proporcionam a criança, momentos de

grande aprendizagem, pois são nesses momentos que sua imaginação promove transformação,

Page 457: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

construção e modificação nos objetos. Esses aspectos são determinantes e indispensáveis para

a participação ativa da criança no meio social na qual está inserida. Pois, brincar é um direito

fundamental de todas as crianças, e que “muitas brincadeiras das crianças só encontram

ressonância com a interação do adulto ou de outras crianças”, (SILVEIRA, 2009, p. 120).

Vinculado à imaginação, o jogo assume diferente papeis visando ao desenvolvimento

integral da criança, que cria diferentes possibilidades de uso. Para Moyles (2002, p. 122)

progresso está evidente no fato de ela usar espontaneamente essas habilidades em novas

construções. Seja qual for à situação oferecida, orientada ou não, o brincar constitui-se como

um importante instrumento capaz de proporcionar diferentes tipos de aprendizagem. Moyles

(2002, p.32) ainda afirma que:

Por meio do brincar livre, exploratório, as crianças aprendem alguma coisa sobre

situações, pessoas, atitudes e respostas, materiais, propriedades, texturas, estruturas,

atributos visuais, auditivos e sinestésicos. Por meio do brincar dirigido, elas têm

uma outra dimensão e uma nova variedade de possibilidades estendendo-se a um

relativo domínio dentro daquela área ou atividade.

Na brincadeira a criança tem a oportunidade de adquirir novas posturas, pois ao seguir

as regras ela vai se conscientizando do seu papel diante da ação do brincar e diante das outras

crianças, e vai socialmente se adaptando as novas situações. Pois ao brincar, a criança repensa

e recria os acontecimentos que mais lhe convém, e aprendem a conviver no espaço de

socialização.

Nesse sentido, como o brincar contribui para o desenvolvimento educacional,

contribui também para que a criança se estabeleça no meio social, reconhecendo seu próprio

“eu”, e construa sua própria personalidade. Pois, através do brincar a criança está interagindo

com o mundo e se informando sobre o mesmo.

Diante do exposto é que cada vez mais, o brinquedo e o jogo se estabelecem como

referência positiva no ensino-aprendizagem da criança. Brougère (2000, p. 98) defende que “o

brinquedo é um dos reveladores de nossa cultura, incorpora nossos conhecimentos sobre a

criança ou, ao menos, as representações largamente difundidas que circulam as imagens que

nossa sociedade é capaz de segregar”.

Os jogos e as brincadeiras devem ser vistos como essencial na aquisição dos

conhecimentos sociais, “brincar funciona como um cenário no qual as crianças tornam-se

capazes não só de imitar a vida como também de transformá-la”. (RCNEI 1998, p. 22).

Page 458: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

Portanto, é através da ação do brincar que a criança usa seus conhecimentos prévios e tenta

representá-lo na realidade. Vygotsky (1998), Piaget (1978) e Wallon (1995), fazem

referencias às benesses dos jogos e das brincadeiras para o desenvolvimento infantil, como

será analisado a seguir.

3.2 VISÕES DOS TEÓRICOS PIAGET, WALLON E VYGOTSKY SOBRE O JOGO

INFANTIL

A atividade lúdica estar para a criança, assim como a criança estar para a atividade

lúdica e essa ligação se estabelece desde o nascimento da criança e seu contato com o meio

social, e para estar no mundo ela precisa fazer uso desses recursos para desenvolver suas

habilidades físicas, afetivas e motoras.

Conforme os estudos desenvolvidos pelos teóricos Vygotski (1998), Piaget (1978),

Wallon (1995), podemos perceber a grande importância dos jogos para o desenvolvimento

infantil. Por isso, se debruçaram em pesquisas e dedicaram parte de suas vidas para

compreenderem as atribuições e a importância do jogo para o desenvolvimento e

aprendizagem da criança.

Considerados interacionistas, esses teóricos contribuíram com importantes teorias

relacionadas ao desenvolvimento e aprendizagem da criança. Para Piaget (1978), com seus

estudos sobre os aspectos cognitivos, enfatiza que a criança, enquanto ser ativo age sobre o

meio.

Piaget (1978) destaca quatro tipos de estruturas que surge na evolução do brincar: os

jogos de exercícios que ocorre na idade de zero a dois anos caracterizando assim, o período

sensório-motor do desenvolvimento cognitivo; os jogos simbólicos que ocorre no final dos

dois anos e na etapa pré-operatória do desenvolvimento cognitivo e os jogos de regras que

desenvolve por volta dos 7 aos 11 anos de vida, essa fase a criança se identifica com as regras,

essa é a etapa onde se caracteriza o estágio operatório-concreto, e, por fim os jogos de

construção onde a principal atividade é construir diferentes situações usando os objetos.

Embora as pesquisas em torno do jogo tenham se iniciado no início deste século, o

ressurgimento das pesquisas psicológicas sobre o jogo infantil nos anos 70 foi em grande

parte estimulado por Piaget e sua obra, ”A Formação do Símbolo na Criança” (1978). Nela o

autor analisa uma orientação cognitiva do jogo, integrando a vida mental caracterizada por

Page 459: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

uma particular orientação do comprometimento que denomina assimilação. Segundo Sampaio

(Apud, PIAGET, 1978 e 2009, p.115).

A criança desenvolve seu raciocínio mediante uma sucessão progressista de estágios

ou relação, a criança estabelece trocas de informações com o mundo e as assimila,

sendo que essas informações são incorporadas e transformadas em novas

informações, a que ele chama de estado de acomodação.

Portanto, na teoria piagetiana, a brincadeira aparece como forma de expressão da

conduta, dotada de características metafóricas como espontânea e livre caracterizada pelo

momento em que a criança se expressa pelo prazer que lhe proporciona. A brincadeira,

enquanto processo assimilativo participa do conteúdo da inteligência, à semelhança da

aprendizagem. Para Piaget, quando a criança manifesta a conduta lúdica, demonstra o nível de

seus estágios cognitivos e ainda constrói conhecimentos (KISHIMOTO, 2010). Pois, para

Piaget (1976, p.160):

O jogo é, portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício sensório-motor e

de simbolismo, uma assimilação da real à atividade própria, fornecendo a esta seu

alimento necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do

eu. Por isso, os métodos ativos de educação das crianças exigem que se forneça às

crianças um material conveniente, a fim de que, jogando, elas cheguem a assimilar

as realidades intelectuais que, sem isso, permanecem exteriores à inteligência

infantil.

Nesse contexto, a vivência lúdica favorece o desenvolvimento integral da criança que

precisa ser assistida adequadamente no espaço educativo. Vygotsky (1998), diz que toda

conduta do ser humano, incluindo suas brincadeiras, é construída como resultado de processos

sociais. Considerada situação imaginária, a brincadeira de desempenho de papeis é conduta

predominante a partir de três anos e resulta de influências sociais concebidas ao longo dos

anos anteriores. (KISHIMOTO, 2010). Dessa forma, Vygotsky (1998) concebe o homem

como um ser interativo e que seu desenvolvimento é construído num ambiente social, e que

sua aprendizagem é resultado da ação mediada pelo adulto que faz parte do processo de sua

aprendizagem. Vygotsky (1998, p. 109) ainda afirma que:

É enorme a influência do brinquedo no desenvolvimento de uma criança. É no

brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés de agir numa

Page 460: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

esfera visual externa, dependendo das motivações e tendências internas, e não por

incentivos fornecidos por objetos externos.

Vygotsky (1998) acerca dos aspectos sociais e históricos compreende o

desenvolvimento humano com base na concepção de homem como um ser interativo, que

constrói seu psiquismo num ambiente que é social, histórico e cultural. A teoria de (1998)

apoia-se na concepção de um sujeito interativo que através do ambiente na qual se encontra

inserido, que é a família, onde estabelecem suas primeiras relações, elabora seus

conhecimentos sobre os objetos em um processo que é mediado pelos que lhe rodeiam, nas

condições sociais, culturais e históricas.

Na compreensão de Vygotsky (1998), o jogo torna-se importante por estabelecer

relação com a realidade, ou seja, através do jogo a criança imita a realidade. Piaget (1975)

concorda com o dito por Vygotsky e afirma que no jogo a criança assimila o que geralmente

já percebeu da realidade, e o jogo não é capaz de alterar seus conceitos. Entretanto, para

Vygotsky (1998), o jogo em si proporciona alterações nas estruturas, pois ao interagir a

criança apropriasse dos conhecimentos e do mundo.

Wallon (1995), com os aspectos afetivos e de personalidade, concebe o

desenvolvimento como um sistema de relações sempre novas entre o ser e o meio, sendo o

biológico e o social indissociáveis e complementares, compreendendo a criança como um ser

geneticamente social. Através de seus estudos, Wallon (1995) procurou mostrar quais são os

diferentes momentos do desenvolvimento que ocorre nas fases da infância. “Considerando

que é pela interação entre o sujeito, o meio social e o físico e também pelas interações do

sujeito com ele próprio, que vai se dando a criação da personalidade”. (OLIVEIRA, 2008, p.

36-37).

Para Wallon (1995), a emoção é fundamental, pois as emoções são os primeiros

recursos que as crianças dispõem assim que nascem, e são essas emoções que mobilizam as

outras pessoas. Por isso, considera o meio social um fator importante para a formação da

personalidade e elege duas funções principais: A afetividade, vinculada à sensibilidade

interna; e a inteligência, vinculada às sensibilidades externas.

Conforme o RCNEI (1998, p. 33) “o estabelecimento de condições adequadas para as

interações está pautada tanto nas questões emocionais e afetivas quanto nas cognitivas”. Para

Wallon (1989), o meio favorece a comunicação que ocorre pelo corpo e pela projeção motora

Page 461: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

da criança, e toda atividade da criança é lúdica, pois por si só ela consegue transformar o meio

social.

Segundo Wallon (1989), o jogo é uma atividade voluntária da criança, por isso ele

define os jogos infantis em quatro categorias: Os jogos funcionais, caracterizados pelos

movimentos simples de exploração do corpo; os jogos de ficção correspondentes à ênfase no

faz-de-conta; os jogos de aquisição, onde a criança se esforça para compreender e os jogos de

fabricação, onde ocorre a criação ou transformação dos brinquedos.

Como podemos perceber os teóricos Piaget (1976), Wallon (1989) e Vygotsky (1998),

em seus importantes estudos relacionado ao jogo, colocam a imitação como a origem de toda

representação mental e a base do aparecimento do jogo infantil e sua importância como será

analisado a seguir.

3.3 A IMPORTÂNCIA DOS BRINQUEDOS, BRINCADEIRAS E JOGOS INFANTIS

Com a missão de proporcionar prazer e diversão, os jogos e as brincadeiras é uma

privilegiada forma de interação que os seres humanos têm para se relacionar com os outros, os

objetos e a natureza. Para Kishimoto (2010) os conceitos de jogos, brinquedos e brincadeiras

no Brasil ainda são imprecisos. Isso ocorre pelo fato de seus significados variam de acordo

com a cultura de cada povo, ou seja, um determinado jogo para uma criança indígena não tem

o mesmo significado para crianças de outras culturas.

Por isso, recorreu aos autores Henriot (1989), Wittgenstein (1975), e Brougère (1993),

que apontaram três níveis de diferenciação relacionados ao termo jogo: Primeiro, o jogo pode

ser considerado como o resultado de um sistema lingüístico que funciona dentro do contexto

social: segundo, como um sistema de regras e terceiro, como um objeto.

Os brinquedos são os objetos destinados a divertir, Kishimoto (2010, p. 20-21), afirma

que “o brinquedo coloca a criança na presença de reproduções: tudo o que existe no cotidiano,

a natureza e as construções humanas. Pode-se dizer que um dos objetivos do brinquedo é dar à

criança um substituto dos objetos reais, para que possa manipulá-lo”. Dessa maneira, o

brinquedo é a representação de algo que faz parte da vida da criança, ou seja, o brinquedo

substitui os objetos reais, que fazem parte da vida do adulto.

Page 462: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

Por não obedecer a um sistema de regras, o brinquedo estimula diferentes tipos de

manipulação, onde a criança desenvolve ações espontâneas que favorece sua aprendizagem.

Ainda conforme Kishimoto (2010, p. 39):

O uso do brinquedo/jogo educativo com fins pedagógicos remete-nos para a

relevância desse instrumento para situações de ensino-aprendizagem e de

desenvolvimento infantil. Se considerarmos que a criança pré-escolar aprende de

modo intuitivo, adquiri noções espontâneas, em processos interativos, envolvendo o

ser humano inteiro com suas cognições, afetividade, corpo e interações sociais, o

brinquedo desempenha um papel de grande relevância para desenvolvê-la.

O brinquedo educativo no contexto infantil tornou-se um poderoso recurso didático,

que ensina e, ao mesmo tempo diverte e dá prazer. Para Kishimoto (2010, p. 41) “ao assumir a

função lúdica e educativa, o brinquedo se destaca na dimensão lúdica: onde o brinquedo

propicia diversão, prazer e desprazer; e na dimensão educativa: onde o brinquedo ensina

qualquer coisa que complete o individuo em seu saber”.

Conceituada como uma ação de brincar, a brincadeira faz parte da vida de todas as

crianças, é brincando que ela ativa sua imaginação, fazendo uso de conhecimentos prévios

que foram constituídos no meio social a que pertence. Pois, ao imitar um adulto, a criança

representa uma situação que foi presenciada. Para o RCNEI (1998, p. 21), “as crianças

tendem a observar, de início, as ações mais simples e mai próximas à sua compreensão,

especialmente aquelas apresentadas por gestos ou cenas atrativas ou por pessoas de seu

circulo afetivo”.

É brincando que as crianças vão se identificando e explorando o meio, as pessoas e os

objetos que a rodeia. Portanto, no espaço educacional a presença do adulto torna-se

indispensável, pois a criança precisa de referências e estímulos para compartilhar experiências

com o mundo e eternizar conceitos. Nesse caso, o educador da educação infantil precisa criar

situações que estimulem participação e enriqueça as competências das crianças. Conforme

afirma o RCNEI (1998, p. 28):

É o adulto, na figura do professor, portanto, que na instituição infantil, ajuda a

estruturar o campo das brincadeiras na vida das crianças. Consequentemente é ele

que organiza sua base estrutural, por meio da oferta de determinados objetos,

fantasias, brinquedos ou jogos, da delimitação e arranjo dos espaços e do tempo para

brincar.

Page 463: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

Portanto, através das brincadeiras são construídas as relações interpessoais e a

apropriação de regras de convivência. Para Silveira (2009), ao vivenciar diferentes formas de

brincar, a criança tem a possibilidade de desenvolver habilidades específicas, a partir das

quais se preparam para a realidade da vida. Nesse caso, essas atividades ajudam-nas a

adequar-se aos papéis familiares que desempenham e das atividades que precisa desempenhar.

Nessa compreensão, podemos perceber que as brincadeiras abrangem diversas áreas na

formação da criança, que além de serem beneficiadas nos aspectos cognitivos, motores e

físicos, adquiriram grande contribuição na sua formação ética e moral.

Huizinga (1999, p. 3-4) enfatiza que o jogo por ser tão abrangente, ultrapassa os

limites de uma atividade exclusivamente física e biológica. Ele é uma “função significante,

isto é, encerra um determinado sentido que transcende as necessidades da vida e confere um

significado à ação”.

O jogo é a ação de jogar e estabelece significação de acordo com os fatores culturais,

pelas regras criadas e pelo objeto em si, podemos analisar o jogo como elemento cultural e

produto social, que faz parte da realidade do individuo, ele pode ter características de prazer,

de liberdade, de coisas não sérias e ter caráter fictício ou representativo. (SAMPAIO, 2009).

O jogo torna-se importante porque favorece o desenvolvimento global das crianças. As

justificativas para atribuir o papel do jogo no mundo infantil situam-se em diferentes níveis.

Conforme Bassedas (1999, p. 142). Existem duas justificativas para atribuir o papel dos jogos

na educação infantil. De um lado propõe-se que o jogo é necessário para que as crianças

aproximem-se do mundo dos adultos, de outro lado afirmam que as crianças recorrem ao jogo

precisamente para escapar desse mundo adulto que não lhe é gratificante.

Segundo Vygotsky (1998), o jogo cria uma zona de desenvolvimento próximo na

criança, de maneira que, durante o período que joga, está sempre além da sua idade real. O

jogo contém em si mesmo uma série de condutas que representam diversas tendências

evolutivas e, por isso, é uma fonte muito importante de desenvolvimento. De acordo com

Bassedas (1999 p. 143, 1999):

Esse fato acontece porque se trata de uma atividade que possibilita espaço para

ensaiar, provar, explorar, experimentar e, ao final, interagir com as pessoas e com os

objetos que estão ao redor da criança e que é um motor constante para as suas

próprias necessidades de conhecimento e de ação.

Page 464: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

Mesmo tendo um caráter espontâneo, o jogo representa a realidade e as atitudes

relacionadas ao mundo adulto, por sua vez a criança caracteriza essa realidade usando os

jogos numa ação lúdica. De acordo com Leal (2005, p. 113-114), os jogos foram delimitados

em dois grupos principais: jogos de enredo e jogos de regras. Os jogos de enredo têm várias

denominações: jogo de papéis, jogo imaginário, jogo de faz-de-conta, jogo simbólico ou jogo

social e dramático.

E os jogos de enredo favorecem a participação das crianças em experimentar a vida

em sociedade, com base nas regras sociais que são o alicerce da brincadeira, ou seja, quando

brincam de escola, as crianças obedecem às regras institucionais que funciona nessa esfera.

Quanto aos jogos de regras, a situação imaginária está implícita, e as regras orientam a

brincadeira e os participantes se concentram na finalidade do jogo e nas regras que devem ser

seguidas por todos os participantes. Além desses, temos também outros tipos de jogos, como

os jogos de construção que estimula a imaginação da criança, são considerados de grande

importância por enriquecer a experiência sensorial, estimular a criatividade e desenvolver

habilidades da criança, têm também os jogos didáticos ou educativos é destinado a aquisição

de conteúdos, como ler, calcular e escrever e importantes para o desenvolvimento da

aprendizagem. Na sequencia abordaremos o terceiro capítulo, que evidenciará os

procedimentos metodológicos da pesquisa.

Page 465: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Para alcançarmos os objetivos da pesquisa, foi utilizada uma abordagem qualitativa,

com enfoque numa pesquisa de campo e aplicação de questionário, numa escola municipal do

Município de Ipojuca - PE, na qual constatamos que o ambiente disponibilizado para o

atendimento infantil era inadequado e apesar da instituição ter o Projeto Político Pedagógico,

a educação infantil não segue uma proposta pedagógica.

Segundo Chizzotti (1991), a pesquisa qualitativa investiga o homem e o contexto em

que vive. Por isso é importante que o investigador tenha ética no ato da pesquisa e recorra à

observação e reflexão dos fatos para poder contribuir com novos significados.

Para realização da pesquisa do referido tema; Educação infantil: o lúdico na

aprendizagem da criança. Foi necessário que a investigação procedesse no espaço

educacional, considerando a participação do educador inserido no processo de ensino e

aprendizagem.

Na concepção de Godoy (1995), o investigador visa analisar o ambiente, o sujeito ou

mesmo uma situação. Pois, a contato direto é um importante instrumento de análise da

realidade que se quer investigar.

Nesse caso, é importante que o investigador mantenha-se sempre atento aos novos

elementos que emergem no processo de investigação, pois na pesquisa qualitativa um simples

detalhe é determinante para a construção e precisão dos resultados.

De acordo com Oliveira (2005, p. 60):

(...) a pesquisa qualitativa pode ser caracterizada como sendo um estudo detalhado

de um determinado fato, objeto, grupo de pessoas ou ator social e fenômenos da

realidade.

Portanto, em pesquisas qualitativas todos os dados levantados não podem ser

considerados como fatos isolados, são fatos que precisam ser considerados e refletidos para

melhor compreensão dos fenômenos a serem estudados.

Page 466: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

4.2. POPULAÇÃO DA PESQUISA

A escolha da população da pesquisa foi motivada pelo fato de estar realizando um

curso de graduação em Pedagogia na Educação Infantil, e por isso, a amostra de investigação

foi composta por 03 professores que atuam na educação infantil.

Esses professores lecionam no turno manhã, numa escola municipal que é composta

por 18 professores. Sendo que esses três professores efetivamente responderam ao

questionário e entregaram no período determinado.

4.3 INSTRUMENTO DA PESQUISA PARA A COLETA DE DADOS

Para coletar as informações necessárias à pesquisa de campo, foi utilizado um

questionário semi-estruturado, contendo perguntas fechadas e abertas, que serviram para

levantar as opiniões e concepções dos professores acerca do lúdico.

A coleta de dados, ou seja, o questionário semi-estruturado foi aplicado durante a

realização da pesquisa. Este instrumento foi composto por 17 questões, sendo 08 referentes ao

perfil dos entrevistados e 09 relacionado ao tema.

A aplicação do referido questionário semi-estruturado ocorreu no mês de maio de

2011, numa instituição municipal de Ipojuca - PE, com três professores que atuam na

educação infantil, no período de 09/05/2011 a 20/05/2011.

O referido questionário utilizou o método direto, ou seja, o próprio pesquisador aplica

o questionário através do contato corpo a corpo com os professores, de forma individual,

explicando e discutindo os objetivos da pesquisa. Assim, os professores puderam se

expressar livremente durante a aplicação do questionário, em um clima de descontração e

confiança. Segundo as orientações de Triviños:

O investigador, ao mesmo tempo em que se ajuda, deve apoiar o informante. Este,

desde o começo, deverá ter a sensação de sua utilidade, de sua importância para as

metas que se procura atingir (1987, p.147).

Page 467: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

4.4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Das primeiras informações do questionário aplicado em campo, obtidas sobre o perfil

dos 03 professores que responderam as perguntas: todas as 03 professoras são do sexo

feminino, possuem idade entre 45 anos a 55 anos.

Dessas professoras entrevistadas 02 já possuem graduação em Pedagogia, enquanto 01

professora possui apenas um curso de nível pedagógico (magistério), pois no curso de

pedagogia sempre esteve presente mais estudantes do sexo feminino.

De acordo com os dados coletados na pesquisa realizada, todas as 03 professoras

entrevistadas possuem mais de 12 anos de experiência na função de docente. Para a

representação dos demais dados que foram coletados no ato da pesquisa ainda representando o

perfil dos professores, enfatizamos na tabela-01:

TABELA 1: Participou de cursos ou treinamentos nos últimos dois anos?

Professores

Valor Absoluto Valor Relativo (%)

Sim 03 100%

Não 00 00%

Total 03 100%

FONTE: Dados da Pesquisa, 2011

Conforme a primeira pergunta que corresponde a Tabela 1, as respostas das

entrevistadas afirmaram que 100% participaram de curso e treinamentos que ocorreram nos

últimos dois anos e foram oferecidos pela rede municipal de educação de Ipojuca.

Em relação à formação de professores, Papi (2005) considera que é relevante a

formação continuada, sobretudo porque oportuniza ao longo do tempo, a adequação da

formação às demandas que surgem na atividade profissional.

Page 468: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

TABELA 2: Você tem curso de especialização para atuar na educação infantil?

Professores

Valor Absoluto Valor Relativo (%)

Sim 01 33%

Não 02 67%

Total 03 100%

FONTE: Dados da Pesquisa, 2011

De acordo com os dados da Tabela 2, na qual enfatiza se as professoras têm algum

curso de especialização para atuar na educação infantil. Apenas 33% das entrevistadas

responderam que tem curso de especialização, enquanto 67% não têm formação especializada

para atuar na educação infantil.

Os dados obtidos condizem com a realidade, onde a maioria dos educadores que

lecionam na educação infantil não tem especialização para ensinar as crianças pequenas.

É importante evidenciar o que determina o PNE (art. 62) que para atuar na educação

básica (educação infantil e ensino fundamental 1), é preciso que tenha graduação plena em

curso de licenciatura em universidades, com formação mínina para o exercício do magistério

na educação infantil.

TABELA 3: Gosta do que faz, ou seja, de ensinar?

Professores

Valor Absoluto Valor Relativo (%)

Sim 03 100%

Não 00 00%

Total 03 100%

FONTE: Dados da Pesquisa, 2011

Page 469: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

Na Tabela 3, constatamos que 100% das professoras que responderam o questionário e

contribuíram com a pesquisa, gostam de ensinar e amam o que fazem. (professora 1) “Porque

temos a possibilidade de levar conhecimento e tornar a criança um ser sociável”. (professora

2) “Amo minha profissão e me sinto feliz quando estou junto com as crianças”. (professora 3 )

“Porque a vivência em sociedade é fundamental para a transformação do homem”.

Para Freire, (2000, p. 94) “é digna de nota a capacidade que tem a experiência

pedagógica para despertar, estimular e desenvolver em nós o gosto de querer bem e o gosto da

alegria sem a qual a prática educativa perde o sentido”. É evidente que a satisfação

profissional torna o exercício mais produtivo e gratificante.

A segunda parte do questionário está relacionada ao tema da pesquisa. A primeira

pergunta do questionário da segunda parte enfatiza como o professor classifica as brincadeiras

livres.

TABELA 01: Como o professor classifica as Brincadeiras livres?

Professores

Valor Absoluto Valor Relativo (%)

Passa tempo 00 00%

Recreação 00 00%

Momento de construção 03 100%

Total 03 100%

FONTE: Dados da Pesquisa, 2011

De acordo com a Tabela 01, que enfatiza a classificação das brincadeiras livres, onde

as crianças brincam livremente, 100% das professoras entrevistadas classificam as

brincadeiras livres como um momento de construção.

Sendo que a liberdade de desenvolver as próprias brincadeiras contribui com as

relações interpessoais e o desenvolvimento de múltiplas habilidades.

Page 470: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

TABELA 02: De que forma você ver os jogos e as brincadeiras na educação infantil?

Professores

Valor Absoluto Valor Relativo (%)

Boa 00 00%

Ruim 00 00%

Ótima 03 100%

Total 03 100%

FONTE: Dados da Pesquisa, 2011

Conforme a Tabela 02, que busca compreender a visão dos professores em relação aos

jogos e as brincadeiras 100% das entrevistadas vê os jogos e as brincadeiras como uma ótima

opção. “Porque desenvolve a habilidade e o raciocínio do aluno” (professora 1); “desde que

seja um jogo educativo e prazeroso” (professora 2); “são formas de apresentação do mundo

adulto e manifestações de sua cultura” ( professora 3).

As entrevistadas consideram que os jogos e as brincadeiras contribuem com a

aprendizagem das crianças e desenvolvem suas habilidades. Evidenciando que através dos

jogos, a criança assimila o mundo adulto e dá continuidade a cultura.

TABELA 03: Você insere brincadeiras para a construção da aprendizagem da criança?

Professores

Valor Absoluto Valor Relativo (%)

Sim 03 100%

Não 00 00%

Total 03 100%

FONTE: Dados da Pesquisa, 2011

Conforme mostra a Tabela 03, ao perguntamos sobre o uso das brincadeiras na

construção da aprendizagem, 100% das professoras que participaram da pesquisa, afirmaram

Page 471: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

que inserem as brincadeiras para a construção da aprendizagem da criança. Através das

brincadeiras a criança consegue fixar o conteúdo ministrado (professora 1). Utilizo materiais

concretos, bonecos e alfabeto móvel (professora 2). A brincadeira é uma atividade dotada de

significações sociais que levam a aprendizagem (professora 3). Conforme o RCNEI (1998, p.

23):

Na brincadeira, vivenciam concretamente a elaboração e negociação de regras de

convivência, assim como a elaboração de um sistema de representação dos diversos

sentimentos, das emoções e das construções humanas.

Através das brincadeiras as crianças aprendem a respeitar o direito do outro e controlar

suas próprias emoções, que precisam se adequar aos diferentes momentos que surgem

espontaneamente.

TABELA 04: Já estudou ou ouviu falar sobre o lúdico na educação Infantil?

Professores

Valor Absoluto Valor Relativo (%)

Sim 03 100%

Não 0 00%

Total 03 100%

FONTE: Dados da Pesquisa, 2011

De acordo com a Tabela 4, ao serem perguntadas se já estudou ou ouviu falar sobre o

lúdico, 67% das professoras entrevistadas já estudou sobre o lúdico e 33% já ouviram falar.

Isso significa que os educadores que atuam na educação infantil ainda não têm

conhecimento sobre o lúdico e por essa razão ainda não estão totalmente preparados para

trabalhar com o lúdico na sala de aula e as capacitações oferecidas não enfatizam o lúdico na

educação infantil.

Page 472: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

TABELA 05: Se conhece o significado do lúdico?

Professores

Valor Absoluto Valor Relativo (%)

Sim 03 100%

Não 00 00%

Total 03 100%

FONTE: Dados da Pesquisa, 2011

De acordo com a quinta pergunta do questionário (Tabela 5) relacionada ao

significado do lúdico, constata-se que mesmo sem ter conhecimentos específicos sobre o tema

abordado na pesquisa, 100% das professoras entrevistadas responderam que conhecem o

significado do lúdico. E complementaram dizendo que é relativo a jogos, brinquedos e

divertimento e as ações que envolvem todo tipo de brincadeiras.

TABELA 06: O Lúdico fez parte da sua formação?

Professores

Valor Absoluto Valor Relativo (%)

Sim 02 67%

Não 01 33%

Total 03 100%

FONTE: Dados da Pesquisa, 2011

Na Tabela 6 perguntamos se o lúdico fez parte da sua formação e 67% afirmaram que

o lúdico já fez parte da sua formação profissional, enquanto 33% afirmaram que não

estudaram o lúdico na sua formação. Isso significa que o lúdico ainda não é visto com muita

importância nas formações e por essa razão não faz parte da formação dos professores que

atuam na educação infantil.

Page 473: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

Para Kishimoto (1999) é importante que o educador tenha formação lúdica, pois

possibilita conhecer-se como pessoa, perceber de suas possibilidades, desbloquearem

resistências e ter uma nova visão a respeito da importância do jogo e do brinquedo para a vida

da criança.

TABELA 07: De que maneira vivencia as atividades lúdicas com as crianças?

Professores

Valor Absoluto Valor Relativo (%)

Jogos e brincadeiras 02 66%

Espaços físicos 01 33%

Total 03 100%

FONTE: Dados da Pesquisa, 2011

De acordo com o questionário aplicado na pesquisa ao perguntamos de que maneira os

professores vivenciavam as atividades lúdicas com as crianças 02 professores informaram que

vivenciavam através dos jogos e brincadeiras realizadas na escola, como também através de

conto de histórias voltadas para a educação infantil.

Enquanto 01 professora afirmava a vivência da criança na brincadeira infantil estava

relacionada com o ambiente aconchegante, pois a partir do espaço físico a criança poderia

desenvolver a participação coletiva e interagir livremente.

De acordo com Silveira (2009, p. 114), “o professor deve procurar meios de promover

o enriquecimento das atividades, com vistas à melhor desenvolver essas capacidades nas

crianças”. No espaço escolar, o professor é o principal mediador entre a criança e a

brincadeira.

Page 474: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

TABELA 08: Como a direção da escola ver o lúdico no cotidiano da educação infantil?

Direção da Escola

Valor Absoluto Valor Relativo (%)

Ferramenta em

construção

01 33%

Nova visão 02 66%

Total 03 100%

FONTE: Dados da Pesquisa, 2011

Conforme a oitava pergunta do questionário realizado na pesquisa (Tabela 08), a

professora 01 afirma que a direção ver o lúdico como uma ferramenta em construção,

enquanto que as professoras 02 e 03 acreditam que a direção vê o lúdico com outros olhos,

carinho, como também apóia, mas não faz mais devido ao espaço físico disponível na escola

representando assim 67% das entrevistadas.

Diante das inquietações citadas pelas entrevistadas, podemos perceber que a falta de

espaço, não contribui para uma prática mais lúdica e onde as crianças possam realmente

desenvolver suas habilidades motoras. De acordo com RCNEI (1998, p. 33), “O faz - de -

conta é momento privilegiado de interação entre as crianças. Por isso a importância de ter

espaço assegurado na rotina ao longo de toda a educação infantil”.

TABELA 09: Você acredita que as crianças conseguem aprender brincando?

Professores

Valor Absoluto Valor Relativo (%)

Sim 03 100%

Não 00 00%

Total 03 100%

FONTE: Dados da Pesquisa, 2011

Page 475: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

A última pergunta da segunda parte do questionário (Tabela 9), onde os professores

são questionados se as crianças conseguem aprender através das brincadeiras. Os dados

obtidos mostraram que 100% das professoras consideram que através das brincadeiras as

crianças conseguem aprender. “Acredito que os jogos e as brincadeiras possibilitam

momentos criativos, prazerosos e produtivos no aprendizado do aluno”. (professor 1). “Sim,

através da música” (professor 2). “A brincadeira é um espaço de aprendizagem em que a

criança além de seu comportamento se submete as regras das situações que constrói”

(professor 3).

Conforme os comentários das entrevistadas, podemos perceber que todas reconhecem

a brincadeira como um instrumento poderoso que facilita a aprendizagem da criança e mesmo

quando está brincando de forma descontraída, conseguem assimilar conteúdos e desenvolver

sua aprendizagem.

Os achados da pesquisa empírica demonstram que, de acordo com as professoras que

fizeram parte do grupo amostral desse estudo, o lúdico é fundamental para o desenvolvimento

global das crianças da Educação Infantil. Comprovando o que foi analisado na pesquisa

teórica, com base no pensamento de renomados estudiosos, como Piaget e Vigotsky, entre

outros aqui estudados.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Essa pesquisa teve como objetivo principal realizar um estudo significante sobre

“Educação Infantil: O lúdico na aprendizagem da criança”. Sendo que o primeiro passo do

trabalho foi contemplar um breve histórico, identificando a origem do lúdico no contexto

social da educação infantil, assim como na legislação brasileira. O trabalho buscou também

evidenciar a importância do jogo e das brincadeiras como importantes instrumentos

pedagógicos.

Pesquisar sobre esse tema foi de grande importância para nosso futuro profissional,

pois o lúdico exerce um papel relevante na aprendizagem das crianças que precisam brincar

para desenvolver suas habilidades. Criança que não brinca, não tem criatividade e passa por

dificuldades em desenvolver sua aprendizagem.

Diante do exposto podemos perceber que a ludicidade contempla o desenvolvimento

integral da criança, nesse sentido, é importante evidenciar que o espaço que é destinado às

crianças da educação infantil, seja adequado assim também como o educador deve estar

capacitado e apto para exercer sua profissão.

O estudo nos levou a compreender que o lúdico é de extrema relevância e significativo

para a criança poder expressar, compreender e criar seus próprios conhecimentos que são

essenciais para sua formação individual e social.

A partir da visão das entrevistadas, os dados obtidos na pesquisa com abordagem

qualitativa constatam que o lúdico mesmo sendo considerado como um instrumento

importante e que contribui no processo de ensino e aprendizagem, ainda não é parte integrante

na formação do professor.

Mesmo assim a partir do exposto podemos concluir que as professoras que atuam na

educação infantil, a maioria obtém certo conhecimento relacionado ao tema, no entanto, é

preciso que as instituições se conscientizem e valorizem o brincar como instrumento

necessário para estimular a aprendizagem e o desenvolvimento da criança.

Compreendendo que enquanto brinca a criança resolve conflitos, vence desafios e

descobre novas alternativas e possibilidades de intervenção no mundo. A brincadeira é tão

significativa para a criança que acontece em qualquer lugar.

Page 477: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

Por isso, o educador além de está preparado, precisa valorizar os momentos lúdicos

como algo que estimule à constituição da moral, o respeito mútuo e a conscientização de que

podem ganhar ou perder. As descobertas na realização desse trabalho foram significantes para

minha formação profissional, por isso cito algumas contribuições de como trabalhar o lúdico

para o desenvolvimento da aprendizagem.

BRINCADEIRAS PARA DESENVOLVER A APRENDIZAGEM.

O jogo da memória é ótimo para assimilar qualquer conteúdo, basta incluir nas fichas.

Exemplo: Se as crianças ainda não conhecem as cores, é só pintar as fichas em pares

com a mesma cor, cada par com cores diferentes no total de 05 pares e toda vez que

estiver jogando/brincando repetir o nome da cor que tem na ficha escolhida. Podemos

usar também, os números pares/impares, o alfabeto, os animais os objetos etc.

As tampinhas são excelentes para trabalharmos tamanhos, espessuras, formas, cores e

fazermos comparações com objetos do cotidiano escolar e familiar.

Para trabalhar a atenção e a coordenação das crianças. Basta fazer um círculo com uma

corda e brincar de terra e mar. Além de se divertir vão desenvolver sua concentração.

Para vivenciar essa simples brincadeira, basta posicionar as crianças fora do círculo,

só que elas têm que obedecer a ordem, ou seja, quando falar mar todas tem que entrar

no círculo, e quando falar terra todas tem que sair do círculo, só que as crianças que

não conseguirem acompanhar a ordem vão ficando de fora da brincadeira.

Tiro ao alvo. Em duas cartolinas desenha-se 6 círculos em cada uma e pinta com cores

diferentes, só que as cores que usar em uma cartolina tem que usar na outra sem

precisar seguir a mesma sequencia.

A brincadeira acontece quando cola a cartolina na parede e posiciona duas crianças em

sua direção e faz uma pergunta para que eles respondam colocando a mão em cima da cor

correta.

Page 478: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

Exemplo: Qual a cor do pimentão? Então, as crianças correm e apontam a cor do

pimentão. Ou a cor do sapato, da escola, da porta, da bolsa, etc. (dessa forma brincam e

aprendem ao mesmo tempo).

O presente trabalho aborda teorias significantes a respeito do lúdico, porém, isso não

significa que se encerram aqui, as idéias que foram expostas e refletidas podem ser ampliadas

ou mesmo analisadas com mais profundidade. Pois, quando se trata da aprendizagem na

educação infantil, é necessário ampliar os conhecimentos e adquirir novas concepções

relacionadas ao desenvolvimento da criança que precisa ser atendida com mais qualidade em

seus primeiros anos na escola.

Page 479: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

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Page 482: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

APÊNDICE

Questionário

I. Perfil do Professor.

1- Escola:______________________________________________________________

2- Nome:

____________________________________________________________________

3- Idade:_______________________________________________________________

4- Formação profissional: _________________________________________________

5- Qual seu tempo de serviço na função de docente? ____________________________

6- Participou de cursos ou treinamentos nos últimos dois anos?

( ) sim

( ) não

7- Você tem curso de Especialização para atuar na educação infantil?

( ) Sim, Qual?

( ) não, por quer?

8- Gosta do que faz? ( )sim ( )Não. Justifique?_____________________________

II. Relacionadas ao tema.

1- Como classifica as Brincadeiras livres?

( ) Passa tempo

( ) Recreação

( ) Momento de construção

2- De que forma você ver os jogos e as brincadeiras na educação infantil?

( ) Boa ( ) Ruim ( ) Ótima

Justifique?

_____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

3- Você insere brincadeiras para a construção da aprendizagem da criança?

Page 483: Monografias 2011 Pedagogia Virtual UFPB

( ) sim, como? ( ) Não, por quê?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

4- Já estudou ou ouviu falar sobre o lúdico na educação infantil?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

5- Conhece o significado do lúdico?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

6- O lúdico fez parte da sua formação?

_____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

7- De que maneira vivencia as atividades lúdicas com as crianças?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

8- Como a direção da escola ver o lúdico no cotidiano da educação infantil?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

9- Acha que as crianças conseguem aprender brincando? ( ) Sim ( ) Não. Justifique?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

Muito obrigada por ter participado da pesquisa.